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SOLDADO
æ Língua Portuguesa
æ Raciocínio Lógico
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conteúdo
æ Direito Penal Militar
æ Atualidades (On-line)
æ Direitos Humanos (On-line)
æ Igualdade Racial e de Gênero (On-line)
ON-LINE
CURSO COM 10H
DE VIDEOAULAS
Polícia Militar da Bahia
PM-BA
Soldado
NV-004JH-21
Cód.: 7908428800703
Obra Produção Editorial
Organização
Arthur de Carvalho
Autores
Roberth Kairo
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Saula Isabela Diniz
Giselli Neves e Isabella Ramiro
DIREITOS HUMANOS (ON-LINE) • Ariel Zvoziak, Ana Phillipini e Ana Beatriz Mamede
Camila Cury João Augusto Borges
Projeto Gráfico
Edição:
Junho/2021
Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.
BÔNUS:
• Curso On-line.
à Geografia da Bahia: Geografia da Bahia: Aspectos Políticos, Físicos, Econômicos,
Sociais e Culturais;
à Legislação Estadual: Lei Estadual n° 7.990/2001; Lei Estadual nº 13.201/2014;
à Atualidades: Globalização: Conceitos, Efeitos e Implicações Sociais, Econômicas,
Políticas e Culturais; Multiculturalidade, Pluralidade e Diversidade Cultural;
à Tecnologias de Informação e Comunicação: Conceitos, Efeitos e Implicações Sociais,
Econômicas, Políticas e Culturais.
CONTEÚDO COMPLEMENTAR:
• Atualidades.
• Direitos Humanos.
• Igualdade Racial e de Gênero.
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LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS........................................................................... 11
ORTOGRAFIA OFICIAL........................................................................................................................ 27
CLASSES DE PALAVRAS.................................................................................................................... 31
PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 61
RACIOCÍNIO LÓGICO.........................................................................................................79
NOÇÕES DE LÓGICA........................................................................................................................... 79
LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO........................................................................................................... 90
CONECTIVOS LÓGICOS...................................................................................................................... 93
ANÁLISE COMBINATÓRIA..............................................................................................................................100
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS..........................................................................................................................120
ECONOMIA.......................................................................................................................................................120
ESCRAVIDÃO....................................................................................................................................................121
EXPANSÃO TERRITORIAL...............................................................................................................................122
DIA DO FICO.....................................................................................................................................................122
ASSEMBLEIA CONSTITUINTE........................................................................................................................126
O CORONELISMO.............................................................................................................................................127
REVOLUÇÃO DE 1930.......................................................................................................................127
HISTÓRIA DA BAHIA.........................................................................................................................139
INDEPENDÊNCIA DA BAHIA.............................................................................................................140
REVOLTA DE CANUDOS....................................................................................................................140
CONJURAÇÃO BAIANA....................................................................................................................141
SABINADA .........................................................................................................................................141
GEOGRAFIA DO BRASIL................................................................................................ 147
RELEVO BRASILEIRO........................................................................................................................147
PROBLEMAS AMBIENTAIS..............................................................................................................151
CLIMA.................................................................................................................................................152
PRESSÃO ATMOSFÉRICA...............................................................................................................................153
UMIDADE..........................................................................................................................................................156
TEMPERATURA................................................................................................................................................158
INFORMÁTICA.................................................................................................................. 173
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS
(WORD, WRITER), PLANILHAS (EXCEL, CALC), APRESENTAÇÕES (POWERPOINT, IMPRESS).173
WINDOWS 7......................................................................................................................................................205
WINDOWS 10 ...................................................................................................................................................216
LINUX................................................................................................................................................................224
CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................234
COMPUTAÇÃO EM NUVEM..............................................................................................................246
POSITIVISMO JURÍDICO.................................................................................................................................256
ÁREA DE REGULAÇÃO E ÁREA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, TITULARIDADE DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE......258
GARANTIAS SOCIAIS.......................................................................................................................267
DA ORDEM SOCIAL...........................................................................................................................271
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA.........................................................................294
FEDERAÇÃO.....................................................................................................................................................294
UNIÃO...............................................................................................................................................................295
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.......................................................................................................303
DA SEGURANÇA PÚBLICA...............................................................................................................310
ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................336
PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................359
DO CRIME E A CONTRAVENÇÃO.....................................................................................................369
ELEMENTOS.....................................................................................................................................................372
CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.........................................................................................................................374
CRIME IMPOSSÍVEL........................................................................................................................................377
DESRESPEITO A SUPERIOR............................................................................................................................428
RECUSA DE OBEDIÊNCIA................................................................................................................................428
REUNIÃO ILÍCITA.............................................................................................................................................429
PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA............................................................................................................429
INTRODUÇÃO Dica
Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- to, nas linhas apresentadas.
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse A primeira e mais importante delas é identificar a
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e orientação do pensamento do autor do texto, que fica
a aprovação. perceptível quando identificamos como o raciocínio
Além disso, seja a compreensão textual, seja a dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
interpretação textual, ambas guardam uma relação de da análise de dados, informações com fontes confiáveis
proximidade com um assunto pouco explorado pelos ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- das consequências, a fim de se identificar as causas.
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma Por isso, é preciso compreender como podemos
linguística pode assumir. interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
Portanto, neste material você encontrará recursos Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
para solidificar seus conhecimentos em interpreta-
que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
ção e compreensão textual, associando a essas temá-
neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que,
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
precisa ser reconhecido por quem o lê. que focam nas formas de inferência sobre um texto.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
breve diferença entre os termos compreensão e o processo de inferência, que se dá por dedução ou
interpretação textual. por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste O marido da minha chefe parou de beber.
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor Observe que é possível inferir várias informações
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
interpretação realiza ligações com o texto a partir ciador é casada (informação comprovada pela expres-
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. são “marido”), a segunda é que o enunciador está
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no trabalhando (informação comprovada pela expressão
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- enunciador bebia (expressão comprovada pela expres-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
essencialmente relacionados à significação das palavras do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. essas informações.
Sabendo disso, é importante separarmos os con- Tratando-se de interpretação textual, os processos
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
LÍNGUA PORTUGUESA
um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes c) em todos os jogos/ domingo...
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- d) Resposta certa
tar seu conhecimento de mundo. e) Os carros.../ meu automóvel... Resposta: Letra D.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item, relativo à
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso dedução e indução.
cérebro associar informações, a fim de compreender A conclusão de um argumento dedutivo é uma con-
o novo texto que está em processo de interpretação. sequência necessária da verdade da conjunção das
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- premissas, o que significa que, sendo verdadeiras
cício para atestarmos a importância da ativação do as premissas, é impossível a conclusão ser falsa.
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: ( ) CERTO ( ) ERRADO 13
O pensamento dedutivo parte do conhecimento
GÊNERO TEXTUAL
geral, visando ao conhecimento particular, assim,
para a lógica dedutiva as premissas verdadeiras
não podem gerar enunciados falsos. Resposta:
Certo. FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO
Narrativo
Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml
16
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico acima apresenta as informações per-
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- tinentes sobre o panorama mundial da situação da
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira Assim como os tipos textuais apresentados ante-
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente. riormente, os textos expositivos também apresentam
Organização do texto descritivo: uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
mentativos que são classificados como expositivos,
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:
Instrucional ou Injuntivo
NOTÍCIA
A notícia é um gênero textual de caráter jornalís- É importante ressaltar que, com o advento das
tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o
gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen-
diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a
tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua
informação, porém também abre margem para a cria-
composição linguística, por isso, é fundamental sem-
ção de notícias falsas que se baseiam nesse esquema
pre termos em mente as características basilares de
de organização das notícias tentando passar alguma
todos os principais tipos textuais, os quais tratamos credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos
anteriormente. afirmar que a fonte de publicação é tão importante
Como aprendemos no início deste capítulo, os para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
gêneros textuais possuem características que os dis- tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter O próximo gênero que trataremos é a reportagem
um apelo a questões sociais, um propósito comunica- que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
tivo e apresentar uma configuração mais ou menos cia e também é muito abordada em provas de concursos.
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto
entre os gêneros. REPORTAGEM
Por ser um gênero, a notícia também apresenta
LÍNGUA PORTUGUESA
essas características. Seu propósito comunicativo é A reportagem é um gênero textual que, diferen-
informar uma comunidade sobre assuntos de inte- temente da notícia, além de oferecer informações
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada acerca de um assunto, também apresenta os pontos
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra argumentativo; essa é a principal diferença entre os
importante característica da notícia é a sua configura- gêneros notícia e reportagem.
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
leitores de uma comunidade. buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
Essa configuração própria da notícia é reconheci- nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
totípico desse gênero: a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. 21
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre ARTIGO DE OPINIÃO
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
diente” dos textos desse gênero que são representados, O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
predominantemente, pela sequência argumentativa. que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen-
É importante relembrarmos que o tipo textual tação para analisar, avaliar e responder a uma ques-
argumentativo é organizado em três macro partes: tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que
padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
de ampla repercussão e interesse do público, algo que sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis-
não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia cussão de um problema de âmbito social. E, por meio
busca apenas a divulgação da informação. dessa discussão, podemos defender nossa opinião,
Diante disso, o suporte de veiculação das repor- como também refutar opiniões contrárias às nossas,
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, ou ainda, propor soluções para a questão controversa.
como a televisão, o computador, o tablet, o celular. A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele
As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
terá que usar de informações, fatos, opiniões que
ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Bar-
podem ser veiculadas em suportes escritos, como
bosa aponta:
revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que
ção desse gênero atualmente. se busca convencer o outro de uma determinada
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre meio de um processo de argumentação a favor de
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. uma determinada posição assumida pelo produtor
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons- um processo que prevê uma operação constante de
trua sua própria opinião sobre o tema. sustentação das afirmações realizadas, por meio
A despeito dessas diferenças na construção dos da apresentação de dados consistentes que possam
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar- convencer o interlocutor (2011. p. 305).
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero,
perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como:
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos.
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
É por meio da escolha de determinados recursos lin-
primeira por seu caráter essencialmente informativo.
guísticos que percebemos que nada é por acaso, pois,
a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade
NOTÍCIA REPORTAGEM de interpretação presente no cotidiano da linguagem
Apresenta um fato de Questiona fatos e efeitos fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas
forma simples e objetiva; de um fato determinado; intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determi-
Apresenta argumentos nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento
Objetivo é informar;
sobre um mesmo fato; sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos
Apuração dos fatos de opinião são especialistas no assunto por eles abor-
Apuração extensa; dado. Ao escolherem um assunto, os autores devem
objetiva;
considerar as diversas “vozes” já existentes sobre
Conteúdo sem ordem mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar
determinada, pode apre- ou negar determinadas vozes.
Conteúdo de curto prazo;
sentar entrevistas, dados, Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de
imagens, etc. um texto de opinião deve ser simples, direta, convin-
Conteúdo segue o mode- cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei-
lo da pirâmide invertida ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal;
(conf. acima). porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
to, fazendo com que sua produção textual não fique
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado. centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
É importante ressaltar que nenhum gênero é com- guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
posto apenas por uma única sequência textual e que, estruturação:
portanto, a reportagem também apresentará esse
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu- z Identificação do tema, acompanhada de seus ante-
mentativo, porém pode apresentar outras sequências cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
textuais a fim de alcançar seu objetivo final. z Tomada de posição, exposição de argumentos de
A seguir, daremos continuidade aos nossos estu- modo a justificar a tese;
dos sobre os principais gêneros textuais objeto de pro- z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti-
22 provas de seleções: o artigo de opinião. culadas e o texto é concluído.
seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO
tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
Identificação da questão polêmica que cobrem redação.
Introdução
alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento de- EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR
fendido) – Tese contrária (posicio- PARÁGRAFOS
Desenvolvimento namentos de terceiros) – Aceitação
ou refutação – Argumentos a favor Apresentação do tema (situando o leitor)
da tese do autor do texto Parágrafo 1 e já com um posicionamento definido. Ser
didático ao apresentar o assunto ao leitor
Fechamento do texto e reforço do
Conclusão Contextualização do tema, comparando-
posicionamento adotado
-o com a realidade e trazendo as causas
Parágrafo 2 e indicativos concretos do problema.
No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
Mais uma vez, posicionamento sobre o
so estar atento aos elementos de coesão que ligam as
assunto
ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex-
tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais Análise e as possíveis motivações que
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com tornam o tema polêmico (ou justificativas
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer
A fim de mantermos a linha de pensamento nos dados factuais, exemplos concretos que
estudos de textos argumentativos, seguimos nossa ilustram a argumentação
abordagem apresentando outro gênero sempre pre- Conclusivo, com o posicionamento crí-
sente nas provas de língua portuguesa em concursos Parágrafo 4 tico final, retomando o posicionamento
públicos: o editorial. inicial sem se repetir
O editorial, além de ser um gênero muito comum Apesar de as formas de texto verbais serem o for-
nas provas de interpretação textual em concursos mato mais comum na construção de uma crônica,
públicos, também é, recorrentemente, cobrado por atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas
muitas bancas em provas de redação. Por isso, a em outros formatos, como vídeo, muito divulgados
nas redes sociais. 23
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, Dica
trata-se de um texto com estrutura argumentativa
Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
padrão (introdução, desenvolvimento, conclusão),
ração verbal; como todo discurso materializa-se
muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex-
um gênero que passeia pelos ambientes literários e
tuais torna-se mais adequada para essa pers-
jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas
observação dos fatos sociais mais atuais. Outra carac-
variantes vocabulares de acordo com as deman-
terística presente nesse gênero é o uso de figuras de das sociais e culturais de estudo dos gêneros.
linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam
na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O
que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que EXERCÍCIOS COMENTADOS
podemos identificar as principais características des-
se gênero: 1. (CPCON – 2016) Leia o texto a seguir para responder
à questão 1
O que é um livro? A pergunta se impõe neste Os adultos que educam hoje vivem na cultura que
momento em que que a isenção de impostos sobre incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a
o objeto primeiro da cultura e do conhecimento consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais,
está em risco. Uma contribuição tributária de 12% consumimos informações, ideias, estilos de ser e de
afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre- viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de
cisa dela. vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas
Um livro é: variadas, aparência do corpo, a obrigatoriedade de ser
– A casa das palavras. Acabei de gravar um feliz etc. Até a educação escolar virou item de consu-
vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o mo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas
ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, vezes cegamente a esse imperativo.
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi- Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo
da, vesti-las com harmonia. não sabe mais como seria a vida sem essa inovação
– A nave espacial que nos permite viajar no tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta
tempo para a frente e para trás. Habitar o passa- cria a demanda em sociedades consumistas, que é o
do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado
outro ponto de vista, inalcançável quando o passa- oferece passam a ser considerados absolutamente
do aconteceu: o do presente, com todos os conhe- necessários a partir de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar
cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver.
de consumistas, boa parte das vezes sem crítica algu-
[…]
ma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e
porque almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido
Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra. para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja:
Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de pre- para descansar de uma atividade, nos ocupamos com
servação do alheio e ponto de encontro com nosso outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais
disponíveis, para que cada um possa abrir a sua. do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensi-
dragões enfrentam centauros. O pântano onde as namos a consumir o que é oferecido; quando um filho
hidras agitam suas múltiplas cabeças. pede para o pai levá-la ao show do RBD, e este leva
– Todas as palavras do sagrado, todas elas mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a
foram postas nos livros que deram origem às reli- consumir, seja qual for a estética em questão; quando
giões e neles conservadas. um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma fes-
ta e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
mais importante do que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a
Como podemos notar, a crônica trata de um assun- existir quando o consumo determina a vida. Isso é
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci- extremamente perigoso, principalmente quando os
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua filhos chegam à adolescência. Há um mercado gene-
opinião e segue argumentando sobre a importância roso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir des-
de cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea-
eles recusem essa oferta. Como?!
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação. Na educação, essa nossa característica leva a conse-
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- quências sutis, mas decisivas na formação dos mais
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas aparen-
tam poder consumir e não por aquilo que são e pelas
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas
ideias que têm e que o grupo social deles é formado por
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em pares que consomem coisa semelhantes. Não é à toa
algumas metodologias (e também em alguns editais de que os pequenos furtos são um fenômeno presente em
24 concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar c) Discutir um problema importante do cotidiano.
que os objetos perdem sua primeira função. Um car- d) Argumentar sobre a importância da preservação da
ro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone água.
celular deixa de ser um meio de comunicação; ambos
passam a significar status, poder de consumo, condi- O texto apresenta uma peça publicitária que busca
ção social, entre outras coisas. persuadir o leitor a realizar uma determinada ação.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autôno- No caso em questão, busca-se que o leitor economi-
mas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses
ze água. Os gêneros publicitários usam, predomi-
dois conceitos se transformaram completamente e
nantemente, a sequência textual injuntiva, na qual
perderam o seu sentido original. Os jovens hoje acre-
ditam que têm liberdade para escolher qualquer coi- predomina verbos no imperativo, como os verbos
sa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem utilizados na primeira oração do cartaz avaliado.
estão, na maioria das vezes, determinadas pelo con- Resposta: Letra B.
sumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
Rosely Sayão. O QUE SÃO OS GÊNEROS DIGITAIS?
Fonte: https://bit.ly/3jCKFT1. Acessado em 18/09/2020.
Os gêneros digitais são formas de construção de tex-
O texto pode ser considerado: tos que foram criadas especificamente para serem usa-
das em meios digitais, sejam eles orais ou escritos. Como
a) Resenha, porque tem a finalidade de criticar, avaliar e já abordamos, muitos deles surgiram naturalmente, de
orientar o leitor, estimulando ou desestimulando-o ao acordo com as demandas das plataformas digitais. Exis-
consumismo. tem plataformas cuja apresentação das informações
b) Relato pessoal, pois tem o objetivo de relatar experiências
ocorre por vídeos, outras somente por áudio, outras por
vividas, episódios marcantes na vida de quem escreve.
fotos com legendas, por isso, cada um deles configura
c) Gênero Jornalístico Notícia, pois tem a intenção de
informar o leitor sobre os valores que regem o consu- um gênero que vamos abordar mais à frente.
mismo, de forma objetiva e impessoal.
d) Artigo de opinião, por ser um texto argumentativo que CARACTERÍSTICAS DOS GÊNEROS DIGITAIS
aborda um tema polêmico e de interesse social.
e) Depoimento, por narrar acontecimentos de vida dos z Variedade: ao contrário do que pensamos, os
jovens. gêneros digitais apresentam grande variedade de
tipos textuais e de características, por isso, esse é o
Como podemos notar pela leitura, o texto apresenta primeiro ponto a ser destacado. Não há uma una-
a opinião da autora sobre um tema bem atual que nimidade de características, nem tampouco uma
envolve o consumo de bens em excesso e a criação linearidade entre os gêneros digitais.
de indivíduos nesse sistema. Sobre a configuração
z Grau de formalidade: podem apresentar diferen-
do texto, podemos identificar bem a tese defendida
tes graus de formalidade, a depender da platafor-
por Sayão, as informações que compreendem os
argumentos desenvolvidos e a retomada da tese ini- ma e da intenção do texto.
cial na conclusão, dando ao texto um teor de gênero z Escrita: existem alguns gêneros que exigem o uso
opinativo. Resposta: Letra D. da norma culta da língua, seguindo a variedade
padrão e uma linguagem mais formal, no entan-
2. (PREFEITURA DE CONTAGEM – 2016) to, há também os gêneros informais, que aceitam
o uso de abreviações, gírias e vocabulário próprio
para um grupo social.
z Linguagem: a linguagem das mídias digitais geral-
mente é clara e objetiva, pois há um interesse na
rapidez das informações e conversas. Além dis-
so, os produtores de conteúdo buscam audiência
e para tanto, precisam atrair os interlocutores o
mais rápido possível, para que eles permaneçam
em suas postagens, sejam elas escritas, fotos ou
vídeos. O que nos leva ao próximo tópico.
z Forma: a forma é muito variável. Existem gêne-
ros em texto, como a notícia, que já existia antes
das mídias digitais; outros são apenas em formato
de áudio, como o podcast; outros ainda são curtos
como as legendas das fotos; podem ser também
híbridos, utilizando imagens e textos verbais,
LÍNGUA PORTUGUESA
DEMAIS E DE MAIS
É muito comum haver confusão com os usos das
formas dos porquês, pois no contexto de uso discursi- Demais
vo (fala) não necessitamos distinguir foneticamente.
Porém, existem quatro formas de escrita dos porquês, Advérbio de intensidade. Assume também a fun-
as quais se distinguem por função sintática, morfo- ção de pronome indefinido.
lógica e pela sua posição no período. Veja a tirinha a Ex.: Gritamos demais no jogo, por isso estamos
28 seguir e como são realizadas essas distinções: roucos. (advérbio)
Eu amo essa cantora, ela é demais! (advérbio) De encontro a
Sabemos o motivo principal, os demais não foram
divulgados. (pronome indefinido) Indica “oposição”, “confronto”, “colisão”.
Ex.: A sua maneira de agir veio de encontro à
De mais minha. (sentido de “confronto”)
O caminhão foi de encontro ao poste. (sentido de
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para
“colisão”)
diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo,
O que ele fez foi de encontro ao que havia dito.
“de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”.
(sentido de oposição”)
Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o
meu paladar.
Preparei comida de mais, vou precisar congelar. SENÃO / SE NÃO
É só uma injeção, não tem nada de mais.
Senão
A CERCA DE / ACERCA DE / HÁ CERCA DE
Significa “do contrário, caso contrário”, “mas sim,
A cerca de mas”, “a não ser, exceto, mais do que”, “mas também”,
“falha, defeito, obstáculo (como substantivo)”.
Quando se referir a algo ou alguém, com ideia de
Ex.: Saio cedo, senão chego atrasado.
quantidade aproximada.
Não era diamante nem rubi, senão cristal.
Ex.: Ele falou a cerca de mil ouvintes.
Ninguém, senão os convidados, podia entrar na festa.
Acerca de O aprendizado não depende somente do professor,
senão do esforço do aluno.
Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”. Não encontrei um senão em seu texto. (substanti-
Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos vo com sentido de “falha”)
científicos.
Se não
Há cerca de
Formado de uma conjunção condicional se e do
Quando se trata de uma média de tempo passado.
advérbio de negação não, tem valor de “caso não”,
Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta.
“quando não”.
Ex.: Se não fizer sol, não lavarei roupas.
Dica
Havia duas pessoas interessadas, se não três.
Para evitar redundância, não se deve usar o “há
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas- Para não errar mais:
sado numa mesma sentença. Se não (separado): Caso não
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado) Ex.: Se não estudar, será reprovado.
Há cerca de trinta dias. (adequado) Senão (junto): Caso contrário
Ex.: Estude, senão será reprovado.
SEÇÃO / SESSÃO / CESSÃO
HÁ / A (EXPRESSÃO DE TEMPO)
Seção
Há
Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”.
Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada. Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.
Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Sessão Saiba que o verbo há pode ser substituído também
por faz, sendo invariável, sempre no singular.
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de
tempo”. casa faz duas horas.
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão
disponíveis. A
EM VEZ DE / AO INVÉS DE Para não errar mais, faça a seguinte operação sem-
pre que em dúvida: Mal é antônimo de Bem / Mau é
Em vez de antônimo de Bom.
Significa “substituição”, “troca”.
Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os
amigos.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Ao invés de
Muitas são as regras de acentuação das palavras
Indica “algo inverso”, “oposição”.
da língua portuguesa; para compreender essas regras,
Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
TRAZ / TRÁS / ATRÁS respeitar a divisão das sílabas.
2. (FCC – 2019) “Um juramento expõe a beleza da von- z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois
tade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
mostra também nossos limites”. meninos eram bons em português.
Numa nova e igualmente correta redação da frase
acima, iniciada agora pelo segmento “A quebra de um z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
juramento mostra nossos limites”, pode-se seguir esta série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
coerente complementação: “não fosse a beleza que gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
também têm na quebra mesma da nossa vontade”. z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
( ) CERTO ( ) ERRADO novo emprego.
A forma verbal ter admite a marcação de plural z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
com o uso do acento diferencial ^, porém na recons- nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
trução da frase mencionada o sujeito está no singu- de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
lar, não sendo necessário o uso do plural do verbo metade do pagamento.
citado. Resposta: Errado.
Um numeral ou um artigo?
ARTIGOS
Durante a votação, houve um deputado que se
posicionou contra o projeto.
Os artigos devem concordar em gênero e número
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
minantes dos substantivos.
cionou contra o projeto.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-
gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter-
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
segundos funcionam como determinantes imprecisos.
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
z Artigos definidos: o, os; a, as.
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. por exemplo. 31
Já na segunda oração, a alteração do gênero não z Concreto: Designam seres com independência
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
deputado, marcando a quantidade. Deus, fada, carro;
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta- z Comum: Designam determinados seres e lugares.
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre- Ex.: homem, cidade;
cede será sempre no masculino
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. Maria, Fortaleza;
z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
Dica manada.
I. A quadragésima quinta Feira do Livro foi um sucesso (45ª). Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
II. Pela milésima vez ele acenou positivamente (1000ª). ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
III. Há uma década que não o vejo (10 anos). para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
formes. Os substantivos uniformes podem ser:
Os numerais entre parênteses foram grafados correta-
mente, conforme apresentados em destaque, em: z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
a) 1 e 2, apenas. pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
b) 2 e 3, apenas. / a cliente; o líder / a líder.
c) 1 e 3, apenas.
d) 1, 2, e 3. z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sentam distinção entre masculino e feminino; a
Todas as frases colocam adequadamente os nume- diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
rais nas frases, por extenso, e entre parênteses. Res- ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
posta: Letra D. macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
girafa macho / girafa fêmea.
SUBSTANTIVOS
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
característica básica dessa classe é admitir um deter- ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio- A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
nam-se em gênero, número e grau.
Os substantivos biformes, como o nome indi-
Tipos de Substantivos ca, designam os substantivos que apresentam duas
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
A classificação dos substantivos admite nove tipos professor/professora.
diferentes de substantivos. São eles: Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
z Simples: Formados a partir de um único radical. mas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: vento, escola;
z Composto: Formados pelo processo de justaposi- Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
Outros substantivos modificam o radical para
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
designar formas diferentes no masculino e no femini-
substantivo. Ex.: pedra, dente;
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
32 pedreiro, dentista; Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Gênero e Significação Substantivo + adjetivo:
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
É importante salientar que alguns substantivos
uniformes podem aparecer com marcação de gênero Adjetivo + substantivo:
diferente, ocasionando uma modificação no sentido. Ex.: boas-vindas;
Veja, por exemplo:
Numeral + substantivo:
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime; Ex.: terça-feira / terças - feiras.
z O testemunho: relato de experiência, associado a
religiões. z Varia apenas um elemento:
Além disso, algumas palavras na língua causam Palavra invariável + palavra invariável.
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- Ex.: abaixo-assinados.
das em contextos informais com gêneros diferentes, é
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese; Verbo + substantivo.
a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o Ex.: guarda-roupas.
telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria- Redução + substantivo.
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no Ex.: bel-prazeres.
masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
Flexão de Número tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os
saca-rolha.
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. Variação de Grau
Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc. Geralmente, deve- A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
mos acrescentar -es ao singular das formas termina-
de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
das em R ou Z, como: flor / flores; paz / pazes. Porém,
diminuição.
há exceções, como mal/males.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
aceitas meles e méis. fogaréu, boqueirão, poetastro.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs- Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
tantivos que admitem até três formas de plural:
pequenina, papelucho.
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
Dica
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
z Vilão: vilãos, vilões, vilães. dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
vras, podendo assumir um valor:
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
Afetivo: filhinha;
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
LÍNGUA PORTUGUESA
Os substantivos compostos são aqueles formados O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
por justaposição; o plural dessas formas obedece às para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
seguintes regras: da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
z Variam os dois elementos:
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil;
substantivo + substantivo: Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da
Ex.: mestre-sala / mestres-salas; Vice-presidência. 33
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
nome próprio, este também deverá ser escrito com É importante destacar que mais do que “decorar”
inicial maiúscula. formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
damental reconhecer as principais características de
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri- uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
zes e Bases da Educação (LDB). apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da da on-line.
Vacina; Guerra Fria. Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre- posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã- zando o substantivo “abertura”.
-Bretanha, Timor-Leste. Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
EXERCÍCIO COMENTADO demonstrando seu caráter adverbial.
As locuções adjetivas também desempenham fun-
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Organiza-se o sentido, nos versos 1 e 3, por meio de numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
sequências verbais, das quais se destaca o uso recor- com açúcar.
rente do substantivo “seco” devidamente flexionado. Já as locuções adverbiais desempenham função
Terra seca árvore seca de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos,
E a bomba de gasolina orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
Casa seca paiol seco fome; agiu com rapidez.
E a bomba de gasolina
Adjetivo de Relação
( ) CERTO ( ) ERRADO
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
A palavra “seco” no contexto mencionado não é o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
substantivo, e sim funciona como adjetivo. Respos- relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
ta: Errado. Para identificar um adjetivo de relação, observe as
seguintes características:
ADJETIVOS
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan- sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
podem indicar: jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
de quem o descreve.
z Qualidade: professor chato. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Estado: aluno triste. relação sempre são posicionados após o substanti-
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. vo. Ex.: casa paterna.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
Locuções Adjetivas tivo por derivação prefixal ou sufixal.
z Não admitem variação de grau: os graus compa-
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos rativo e superlativo não são admitidos.
adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo, Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- te americano (não é subjetivo; posicionado após o
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. substantivo; derivado de substantivo; não existe a
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
importantes para seu estudo: roteiro carnavalesco.
z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:
Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)
Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).
z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.
Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.
z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.
Adjetivos Pátrios
LÍNGUA PORTUGUESA
Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.
35
Veja abaixo alguns deles:
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que possuem marcas
diferentes de outros adjetivos, como a de não poder ser empregado antes do substantivo a que se refere, nem receber
grau superlativo. Assinale a opção que indica o adjetivo do texto que não está incluído nessa categoria:
a) Herói nacional.
b) Guerra mundial.
c) Diferença social.
d) Povo cordial.
e) Traço cultural.
Como vimos, uma outra característica dos adjetivos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não denotam
questões subjetivas, tal qual o adjetivo “cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de relação. Resposta: Letra D
ADVÉRBIOS
Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém; decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
36 resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:
Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:
z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).
Locuções dverbiais
As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura agramatical, por
isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.
Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.
Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.
Advérbios Interrogativos
Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.
Exs.:
LÍNGUA PORTUGUESA
De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.
Grau do Advérbio
Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau: 37
GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -
Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.
GRAU SUPERLATIVO
Advérbios e Adjetivos
O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.
Palavras Denotativas
São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.
Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.
z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado após o verbo ou complemento verbal, caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas.
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras denotativas não foram bem classificadas:
Pronomes são palavras que representam ou acom- z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- Importante lembrar que não devemos usar prono-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos- mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
caso reto como complemento verbal, desde que ante-
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
papel importante na análise sintática e também na
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
interpretação textual, pois colaboram para a comple-
trei apenas ela na festa.
mentação de sentido de termos essenciais da oração,
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
além de estruturar a organização textual, contribuindo
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
para a coesão e também para a coerência de um texto. cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes Pessoais Pronomes de Tratamento
Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- Os pronomes de tratamento são formas que expres-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são: sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
PRONOMES PRONOMES apresentam algumas peculiaridades importantes:
PESSOAS DO CASO DO CASO
RETO OBLÍQUO z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a
1º pessoa do Me, mim, esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
EU
singular comigo do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
Constituição.
2º pessoa do
TU Te, ti, contigo z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo
singular
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do
3º pessoa do Se, si, consigo, Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje
ELE/ELA
singular o, a, lhe à noite.
1ª pessoa do
NÓS Nos, conosco. Como mencionamos anteriormente, os pronomes
plural
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na
2º pessoa do linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
VÓS Vos, convosco mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
plural
instituídos pelos falantes.
3º pessoa do Se, si, consigo, Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes
ELES/ELAS
plural os, as, lhes de tratamento só devem ser utilizados em contextos
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen-
Os pronomes pessoais do caso reto costumam te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre
LÍNGUA PORTUGUESA
substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio- de tratamento com as funções sociais que designam:
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
com o namorado; Maura saiu comigo. z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos;
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
mei-o sobre todas as questões. z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
respectivos femininos;
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
a ele). z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes; 39
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
cerimonioso a comerciantes importantes; z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
Usamos este, esta, isto para indicar:
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
Bispos. z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
Os exemplos acima fazem referência a pronomes minha; Entreguei-lhe isto como prova.
de tratamento e suas respectivas designações sociais
conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre- z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
sidência da República; portanto, essas designações começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
devem ser seguidas com atenção quando o gênero prestação da casa.
textual abordado for um gênero oficial. z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata- e Carla no shopping, esta procurava um presente
mento, é importante destacar: para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
mo mencionado).
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o Usamos esse, essa, isso para indicar:
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
combinou muito com você.
da República nunca deve ser abreviado.
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
Pronomes Indefinidos Não me fale mais nisso; A população não confia
nesses políticos.
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
variar e podem ser invariáveis, vejamos: z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas; falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
sa sua expressão.
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete,
z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem; quem é aquele ali perto da porta?
Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
As palavras certo e bastante serão pronomes mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer- z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não
to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o conheço aquela mulher.
modelo de carro certo (adjetivo). z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro
A palavra bastante frequentemente gera dúvida termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan-
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá,
do, por isso, fique atento: aquela, refrigerante.
Pronomes Demonstrativos
Casos que atraem o pronome para próclise: Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
ção enunciada pelo verbo.
Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.:
Não me submeto a essas condições. z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu-
Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- dei muito para ser aprovado.
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
apresente como um rico investidor, ele nada tem.
Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli-
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.:
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe Tempos
agradecemos.
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
Orações interrogativas, exclamativas, opta-
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
Porém, existem ramificações específicas.
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo.
z Presente: pode expressar não apenas um fato
Casos que atraem o pronome para mesóclise: atual, como também uma ação habitual. Ex.:
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que Estudo todos os dias no mesmo horário.
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum Uma ação passada.
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
jos agora...” Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
Casos que atraem o pronome para ênclise: passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que
pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou du-
Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
rativa. Ex.: Estudava todos os dias.
to honrada com esse título.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior
Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
à outra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já
Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
transbordara da banheira.
quanto sou importante.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader- realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). rei bastante ano que vem.
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
(correto). muito, se tivesse me planejado.
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). A partir dessas informações, podemos também iden-
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
VERBOS tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
Certamente, a classe de palavras mais complexa e presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são
importante dentre as palavras da língua portuguesa é formados por dois verbos, um auxiliar e um principal,
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais
e os agentes desses atos, além de ser uma importante
dos tempos simples e compostos, respectivamente:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso; fique atento às nossas dicas.
Flexões modo-temporais – tempos simples
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um MODO MODO
TEMPO
fato. INDICATIVO SUBJUNTIVO
As flexões verbais são marcadas por desinências -e(1ªconjugação)
que podem ser: número-pessoal, indicando se o Presente * e -a ( 2ª e 3ª
verbo está no singular ou plural, bem como em qual conjugações)
pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem-
Pretérito -ra(3ª pessoa do
poral, que indica em qual modo e tempo verbais a *
perfeito plural)
ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên-
cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi- -va (1ª conjuga-
Pretérito
nências modo-temporais, precisamos explicar o que ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
42 são o modo e o tempo verbais: conjugações)
Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
MODO MODO
TEMPO jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
INDICATIVO SUBJUNTIVO
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Pretérito Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
mais-que-per- -ra * que ele ensina.
feito Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
Futuro -rá e -re -r
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
Futuro do conjugação; Partir - 3ª conjugação.
-ria *
pretérito
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
* Nem todas as formas verbais apresentam desi- orações reduzidas.
nências modo-temporais.
Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
(Indicativo) + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
(presente do indicativo) + verbo principal particí-
pio. Ex.: Tenho estudado. Não confunda locuções verbais com tempos com-
postos. O particípio formador de tempo composto na
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi- voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- do sua missão.
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do Classificação dos Verbos
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.:
Terei saído. Os verbos são classificados quanto a sua forma de
conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das
particípio. Ex.: Teria estudado. formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
des de cada um a seguir:
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
(Subjuntivo) z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
de compreender, pois apresentam regularidade no
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí- bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado. têm o paradigma morfológico com o radical, que
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
estudado INDICATIVO
Eu canto Cantei
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim-
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Tu cantas Cantaste
Ex.: (quando eu) tiver estudado. Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
Vós cantais Cantastes
As formas nominais do verbo são as formas infi- Eles/ vocês cantam Cantaram
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
determinados contextos. São chamadas nominais pois z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. alteração no radical e nas desinências verbais, por
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
LÍNGUA PORTUGUESA
valor indica duração de uma ação e, por vezes, prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se que utilizamos como exemplo, isso é importante
compadeceu. para não confundir os verbos irregulares com os
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
PRETÉRITO PERFEITO
número e gênero. PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação Eu estou Estive
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
Tu estás Esteves
nado. Pode ser pessoal ou impessoal. 43
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO nos temporais também apresentam essa caracte-
INDICATIVO
rística, como latir, bramir, chover.
Ele/ você está Esteve � Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Nós estamos Estivemos nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
é importante lembrar que esses pronomes não
Vós estais Estiveste apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
Eles/ vocês estão Estiveram
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se
melhor desse processo no capítulo funções do SE em z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
verbos transitivos direto. parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
Só podemos transformar uma frase da voz ativa nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
exerce essa função, jamais terá uma função sin-
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
com a presença do objeto direto.
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
mãe, quando olhou a filha.
bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode
ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu. que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no
Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais sentido e na compreensão global do texto. A partícu-
indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar la de realce não exerce função sintática, pois é desne-
do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram. cessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos. 45
z Conjunção: o SE será conjunção condicional, quan-
do sugerir a ideia de condição. A conjunção SE exer- PRESENTE - INDICATIVO
ce função de conjunção integrante, apenas ligando Eu Ponho
as orações e poderá ser substituída pela conjunção
caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser aprovado. Tu Pões
Ele/Você Põe
Conjugação de Verbos Derivados
Nós Pomos
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- Vós Pondes
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais. Eles/Vocês Põem
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais São conjugados da mesma forma os verbos: dispor,
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en-
ção são, predominantemente, regulares. trepor, supor.
PRESENTE - INDICATIVO
EXERCÍCIO COMENTADO
Eu Crio
1. (FCC – 2018) “Uma tendência que já coroava as edi-
Tu Crias ções anteriores do prêmio”.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que
Ele/Você Cria
se encontra acima está sublinhado em:
Nós Criamos
a) Por meio do qual definia uma suposta obra de arte.
Vós Criais b) O novo prêmio atenderia o mercado.
c) Ou o que o contraria.
Eles/Vocês Criam d) O leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas.
e) Ele contempla os títulos com mais chance.
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
mente, são irregulares e apresentam alguma modi-
“Coroava”, assim como “definia”, está conjugado no
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o
pretérito imperfeito do indicativo. Resposta: Letra A.
verbo passear, são derivados dessa terminação os
verbos:
PREPOSIÇÕES
z Preposição + artigo:
VALOR NOCIONAL DAS
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. SENTIDO
PREPOSIÇÕES
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das,
do, dos, dum, duns, duma, dumas. Posse Carro de Marcelo
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, O cachorro está sob a
Lugar
no, nos, num, nuns, numa, numas. mesa
Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por Considerando-se o contexto, o vocábulo para exprime
Preposições ideia de finalidade em:
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O uso da conjunção “embo- Regra geral: haverá crase sempre que o termo
ra” pela conjunção “conquanto” prejudicaria o sentido ori- antecedente exija a preposição a e o termo conse-
ginal do texto: quente aceite o artigo a.
( ) CERTO ( ) ERRADO Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
Nem precisamos ler o texto mencionado pela ques- ge preposição).
tão para sabermos que o item está errado, pois Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
conquanto, assim como embora, é uma conjunção palavra que não aceita artigo).
concessiva. Resposta: Errado. Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
INTERJEIÇÕES dam no momento de identificação:
As interjeições também fazem parte do grupo de
palavras invariáveis, tal como as preposições e as con- Casos Convencionados
junções. Sua função é expressar estado de espírito e
emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti- z Locuções adverbiais formadas por palavras
ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler femininas:
a uma frase. Ex.: Tchau! Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
As interjeições, como mencionamos, indicam rela- Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um Espero vocês à noite na estação de metrô.
quadro com os sentimentos e sensações mais expres- Estou à beira-mar desde cedo.
sos pelo uso de interjeições:
z Locuções prepositivas formadas por palavras
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO femininas:
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
z Locuções conjuntivas formadas por palavras
Alívio Arre! Ufa! Ah! femininas:
Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva! Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
� Quando indicar marcação de horário, no plural
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena! que de = a / da = à, portanto:
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh! aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
É salutar lembrar que o sentido exato de cada àquele outono.
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- Por favor, entregue as flores àquela moça que está
texto; por isso, em questões que abordem essa classe sentada.
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
expresso no texto. � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- de:
va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por Referimo-nos à de preto.
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen-
dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado. � Com o pronome relativo a qual, as quais:
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras de sair.
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
LÍNGUA PORTUGUESA
Casos Proibitivos
USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor
orientação de quando não usar a crase.
Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção � Antes de nomes masculinos
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
junção da preposição a + os pronomes relativos aque- rial agrada a todos.” (MM)
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela O carro é movido a álcool.
marcação (`) + (a) = (à). Venda a prazo. 49
� Antes de palavras femininas que não aceitam � Antes de pronomes possessivos no singular
artigos Ex.: Iremos a/à sua residência.
Ex.: Iremos a Portugal.
� Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Macete de crase: “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Se vou a; Volto da = Crase há! às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? afeto.” (CBr. 1, 67)
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza. Casos Especiais
� Antes de forma verbal infinitiva Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Ex.: Os produtos começaram a chegar. Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar forem femininos, normalmente a crase não será utili-
com franqueza, parecem dar a entender que o zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
fazem por exceção de regra.” (MM) evitar ambiguidades.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
� Antes de expressão de tratamento Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa instrumento)
Excelência. Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
instrumento)
a regência do verbo exigir preposição
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes. Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja Nomes de Lugares
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
o pacote.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu- � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do passo pela Bahia)
contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação Macetes
suspeita de fraude.
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Eles estavam conservando a certa altura.
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Faremos a obra a qualquer custo. a, com a, à moda de, durante a;
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
� Antes de demonstrativos Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
personalidades históricas uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. por a este, a esta e a isto;
O pacote foi entregue a ti ontem.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a nomes de cidades quando esses termos estiverem
lado) acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal tância de 200 metros do pico da montanha.
de justiça.
A compreensão da crase vai muito além da estética
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
sem determinante dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Astronauta volta a Terra em dois meses. pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
Os pesquisadores chegaram a terra depois da ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
expedição marinha. como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
Vocês o observaram a distância. advérbio de instrumento da ação de pintar.
Crase Facultativa
� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem I. O anúncio foi feito por meio da rede de miniblogs Twirter,
se tem proximidade à qual ele aderiu duas semanas atrás.
50 Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara. II. Estou esperando por você desde às 8 horas da manhã.
III. Alguns investigadores preferiram seguir a pista do � Composto: possui duas ou mais orações.
dinheiro à da honra. Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
IV. Cabe a cada um decidir o rumo que dará à sua vida. (Chico Buarque)
Chegou Em Casa E Tomou Banho.
a) Somente as proposições II e IV estão corretas.
b) Estão corretas somente as proposições I, III e IV. PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO
c) Estão corretas somente as proposições II, III e IV.
d) Estão corretas somente as proposições I, II e III. Os termos que formam o período simples são dis-
e) Todas as proposições estão corretas. tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
grantes (complemento verbal, complemento nominal
Justificativa do erro no item II: a palavra “desde” e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
é uma preposição que “designa o ponto de partida adjunto adverbial e aposto).
de um movimento ou extensão (no espaço, no tem-
po ou numa série), para assinalar especialmente a Termos Essenciais da Oração
distância” (ROCHA LIMA, 1997). Portanto, a forma
correta é “desde as 8h”.As outras alternativas estão São aqueles indispensáveis para a estrutura básica
corretas: na I, cabe crase antes do pronome relativo; da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
na III, há paralelismo – no primeiro termo, “a pista” ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
tem artigo, no segundo, deverá ter também, além da leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
preposição a, originando a crase. exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a
seguir cada um deles.
SUJEITO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
pelo verbo.
CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE O sujeito pode ser:
Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre � o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
os grandes grupos de palavras existentes na língua, � o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru- pelo verbo;
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
� o termo que pode ser substituído por um pronome
nós construímos um painel morfológico.
do caso reto;
As palavras normalmente recebem uma dupla
classificação: a morfológica, que está relacionada à � o termo com o qual o verbo concorda.
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela- Ex.: A população implorou pela compra da vacina
cionada à função específica que assumem em deter- da COVID-19.
minada frase.
No exemplo anterior a população é:
Frase
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Frase é todo enunciado com sentido completo. rou pela compra da vacina);
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um z O elemento que pratica a ação de implorar;
conjunto de palavras. z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Ex.: Fogo! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
Silêncio! z O termo que pode ser substituído por um pronome
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano do caso reto.
Ramos) (Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)
Enunciado que se estrutura em torno de um verbo O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
tá-lo completo ou incompleto. do determinada função sintática, que atua ou sofre
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
LÍNGUA PORTUGUESA
Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: A construção verbal “Levaram-me”, da alternativa
A, indica que o sujeito está na 3ª pessoa do plural
Simples e é indeterminado porque não se sabe quem levou.
Resposta: Letra A.
DETERMINADO Composto
Com verbos flexionados na 3ª Esse tipo de situação ocorre quando uma oração
pessoa do singular não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do são impessoais e normalmente representam fenôme-
se (índice de indeterminação do nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer
sujeito) ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná.
Usado para fenômenos da Fazia um mês que tinha sumido.
INEXISTENTE natureza ou com verbos Basta de confusão.
impessoais Há dois anos esse restaurante abriu.
1. (FURB – 2019) Assinale a alternativa que contém z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
a classificação correta do sujeito da oração “Neste mas um estado momentâneo ou permanente que
primeiro momento, foram entregues 30 aparelhos relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
auditivos”. o predicativo do sujeito.
z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
a) Sujeito composto. tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
b) Oração sem sujeito. buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
c) Sujeito oculto (desinencial). Ex.: O garoto está bastante feliz.
d) Sujeito indeterminado. Verbo de ligação: está.
e) Sujeito simples. Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte.
Verbo de ligação: é.
O sujeito da oração é “30 aparelhos auditivos”. Na Predicativo do sujeito: muito forte.
ordem direta, a sentença fica: “30 aparelhos audi-
tivos foram entregues neste primeiro momento”.
Como o sujeito é formado por apenas um núcleo, o EXERCÍCIO COMENTADO
sujeito é simples. Resposta: Letra E.
1. (AMEOSC – 2019) “Elas são diferentes uma da outra,
PREDICADO [...]”. Na oração, os termos destacados exercem fun-
ção sintática de:
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter- a) Predicado nominal.
mos essenciais na oração, há casos em que a oração b) Predicado verbal.
c) Predicado verbo-nominal.
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
d) Predicativo do sujeito.
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
impossível existir uma oração sem sujeito.
O verbo “são” é de ligação, o que confere uma
característica do sujeito com os termos posteriores
O predicado pode ser:
“diferentes uma da outra”, que são o predicativo do
sujeito. Portanto, a alternativa correta é a A, consi-
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. derando que o predicado da oração é nominal. Res-
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” posta: Letra A.
(José de Alencar)
Predicado: seguem sua marcha Predicado Verbal
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
to (oração sem sujeito):
LÍNGUA PORTUGUESA
requerem o uso da preposição para não perder o sen- z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
tido de “alvo” do sujeito. dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros uma mensagem.
facultativos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.
Não entendo nem a ele nem a ti. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Respeitava-se aos mais antigos. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Amavam-se um ao outro. presença de um complemento nominal nos contextos
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
feita.” (Ciro dos Anjos) do do nome. 55
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. Se indicar posse ou o agente daquilo que
Estou longe de casa e tão perto do paraíso. expressa o substantivo abstrato.
Para melhor identificar um complemento nomi- Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
nal, siga a instrução:
Será complemento nominal: se indicar o alvo
Nome + preposição + quem ou quê
daquilo que expressa o substantivo.
Como diferenciar complemento nominal de com-
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
plemento verbal?
foi respeitada.
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
Notava-se o amor pelo seu trabalho.
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
diretamente ao verbo “obedecia”)
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).
Agente da Passiva
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) Identifique os adjuntos
É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
adnominais das orações abaixo.
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
raramente, da preposição de.
a) Os inscritos atrasados não puderam entrar.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
b) As consequências serão graves.
ser, estar, viver, andar, ficar.
c) Os alunos calados estiveram atentos.
d) Os funcionários da recepção continuaram calados.
Termos Acessórios da Oração
e) O romance da jovem escritora foi publicado.
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
a) “atrasados”, qualificando o termo “inscritos”
ra básica da oração, são importantes para compreen-
b) “As”, artigo relacionado do termo “consequências”
são do enunciado porque trazem informações novas.
d) “calados”, qualificando o termo “alunos”
Esses termos são chamados acessórios da oração.
d) “da recepção”, indicando quais são os funcionários
e) “da jovem escritora”, indicando de quem é o
Adjunto Adnominal
romance. Resposta.
São termos que acompanham o substantivo,
Adjunto Adverbial
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar Termo representado por advérbios, locuções
como adjunto adnominal: adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
z Artigos circunstâncias.
z Adjetivos
z Numerais z Tempo: Quero que ele venha logo;
z Pronomes z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
z Locuções adjetivas z Modo: O dia começou alegremente;
z Intensidade: Almoçou pouco;
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto. z Causa: Ela tremia de frio;
Iam cheios de si. z Companhia: Venha jantar comigo;
Estava conquistando o respeito dos seus. z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
O novo regulamento originou a revolta dos roupas;
funcionários.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
z Finalidade: Vivia para o trabalho;
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
exercem essa função sintática quando assumem
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
valor de pronomes possessivos.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
z Origem: Descendia de nobres.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal? Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
Quando o adjunto adnominal for representado por adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
uma locução adjetiva, ele pode ser confundido com nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
complemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica: o sentido seja parecido.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
Será adjunto adnominal: se o substantivo ao é um adjunto adnominal)
qual se liga for concreto. Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
56 Ex.: A casa da idosa desapareceu. adjunto adverbial)
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
EXERCÍCIO COMENTADO fato expresso pela oração, ou uma palavra que
condensa.
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) O termo grifado em: Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
“Watson estava numa sala ao lado” exerce a função preocupação.
sintática de: O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
ideia que não me agrada.
a) Adjunto adnominal
b) Objeto direto � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
c) Predicativo Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
d) Complemento nominal para as perguntas.
e) Adjunto adverbial Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.
z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Separa-se do substantivo a que se refere por uma adnominal: Normalmente, é possível retirar a
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões preposição que precede o aposto. Caso seja um
ou dois-pontos. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram fica prejudicada.
ontem, acabaram de voltar de férias. Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que O clima de Fortaleza é quente.
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante- (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo. z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
riachos. adjetivo.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância. Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- jetivo)
malmente, por um pronome indefinido. Homem desesperado, João sempre perde o con-
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos trole.
estavam empolgados com a feira. (aposto; núcleo: homem – substantivo)
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste,
países africanos onde se fala português.
EXERCÍCIO COMENTADO
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem 1. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No trecho, as vírgulas iso-
rumo.
LÍNGUA PORTUGUESA
mento nominal)
Tenho necessidade de que você me apoie. (com- � Orações subordinadas adverbiais comparati-
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com- vas: são introduzidas por: como, assim como, tal
pl. nom.) qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
z Orações subordinadas substantivas predicati- que a importada.
vas: funcionam como predicativos do sujeito da
oração principal. Sempre figuram após o verbo de � Orações subordinadas adverbiais concessivas:
ligação ser. indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São
sujeito) introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que,
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do por mais que, se bem que etc.
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.) Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. 59
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, prepositiva.
contanto que, a menos que etc. Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
conjunção
� Orações subordinadas adverbiais conformati-
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
(desenvolvida)
do, consoante. O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Orações Reduzidas de Infinitivo
são introduzidas por: que (precedido na oração
anterior de termos intensivos como tão, tanto, Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
que, sem que.
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
perfumadas que me estontearam.” (Cecília Mei- Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
reles) direta reduzida de infinitivo)
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi- predicativa reduzida de infinitivo)
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
por: para que, a fim de que, porque e que (= para completiva nominal reduzida de infinitivo)
que). Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
tivessem bom estudo.
z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- pelas mãos.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro- O meu manual para fazer bolos certamente vai
porção que, quanto mais, quanto menos etc. agradar a todos.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
aprecio. z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
continua jogando bola.
� Orações subordinadas adverbiais temporais: Sem estudar, não passarão.
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, Ele passou mal, de tanto comer doces.
depois que, assim que, sempre que, cada vez que, Orações Reduzidas de Gerúndio
agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
sitivas, adjetivas, adverbiais.
Para separar as orações de um período composto, é
necessário atentar-se para dois elementos fundamen- z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos livre dos juros.
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
ajudando um ao outro. (subjetiva)
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu- Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
ções verbais. Exs.: (objetiva direta)
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o
oração coração.
[para fixar outros] – 2ª oração
[que os rodeiam] – 3ª oração z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª contou a verdade.
oração (M. de Assis)
Orações Reduzidas de Particípio
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
basta, pertencente à 1ª (oração principal). Podem ser adjetivas ou adverbiais.
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração. � Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Nosso planeta, ameaçado constantemente por
Orações Reduzidas nós mesmos, ainda resiste.
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas ria problemas. (condicional)
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo); Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
(causal/temporal)
z As que são substantivas e adverbiais: nunca são Comprada a casa, a família se mudou logo.
iniciadas por conjunções; (temporal)
z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
O particípio concorda em gênero e número com os
por pronomes relativos;
termos referentes.
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre-
60 conectivos; quentes em provas de concurso.
Períodos Mistos Oração subordinada subjetiva da principal: as
penitenciárias cumpram seu papel
São períodos que apresentam estruturas oracio- Oração coordenada sindética adversativa da ante-
nais de coordenação e subordinação. rior: no entanto a realidade não é assim.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
das a uma oração principal.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
2ª 1. (UEPA – 2013) No trecho: “Até hoje, os prédios resi-
1ª oração 3ª oração
oração denciais no Brasil têm dois elevadores: o social, para
os patrões e aqueles no topo da hierarquia social, e
O homem entrou na e pe- que todos calas-
sala diu sem. o elevador de serviço, apropriado para empregados
e pobres”. A repetição do conectivo “e” tem efeito de
verbo verbo verbo marcar uma:
a) descontinuidade de fatos.
1ª oração: oração coordenada assindética.
b) sequência cronológica dos fatos.
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva
c) coordenação entre as ideias principais.
em relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª ora-
d) implicação natural de consequência dos dois últimos
ção.
fatos em relação ao primeiro.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva di-
e) subordinação entre a sequência dos fatos.
reta em relação à 2ª oração.
O conectivo “e” junta duas ideias coordenadas “o
Resumindo: período composto por coordenação e
[elevador] social” e “o elevador de serviço”. Respos-
subordinação. ta: Letra C.
As orações subordinadas são coordenadas entre si,
ligadas ou não por conjunção. 2. (CEPERJ – 2013) “É razoável que as pessoas tenham
medo de assaltos”. Abaixo estão cinco (5) formas
z Orações subordinadas substantivas coordena- de reescrever-se essa frase. Assinale a única forma
das entre si errada.
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
meus pais, nem que culpe meus parentes. a) É razoável as pessoas temerem assaltos.
Oração principal: Espero b) É razoável que as pessoas temessem assaltos.
Oração coordenada 1: que você não me culpe c) É razoável que as pessoas tenham medo de ser assaltadas.
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais d) É razoável que assaltos causem medo às pessoas.
Oração coordenada 3: nem que culpe meus e) É razoável que assaltos sejam temidos pelas pessoas.
parentes.
A forma “que as pessoas temessem” está também
no subjuntivo, mas pertence a tempo verbal diferen-
Importante! te da frase original, alterando o sentido. Resposta:
O segredo para classificar as orações é per- Letra B.
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
relativos).
PONTUAÇÃO
� Orações subordinadas adjetivas coordenadas
entre si Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é mos a seguir as regras sobre seus usos.
cautelosa, não faz tudo sozinha.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva Uso de Vírgula
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
LÍNGUA PORTUGUESA
entre si
Ex.: Não só quando estou presente, mas também orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
quando não estou, sou discriminado. qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
presente
Oração subordinada adverbial 2: quando não
� Para separar os termos de mesma função
estou
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
mo período z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram enumeração.
seu papel, no entanto a realidade não é assim. Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
Oração principal: Presume-se arrastado pelo tsunami. 61
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos
já apareceu na frase) do verbo apontados são faces de uma nova abordagem meto-
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. dológica para a proteção do meio ambiente.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des-
filmes de terror. pender recursos financeiros com o recolhimento das
� Para separar palavras ou locuções explicativas, custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve-
retificativas dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 a restituição, se julgada procedente a sua pretensão.
anos. d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari-
zação entre os setores de planejamento e produção,
� Para separar datas e nomes de lugar
privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
coordenada.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou
e, nem, ou. discricionário –, há que ser praticado com a observân-
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. cia formal e ideológica da lei.
A vírgula também é facultativa quando a expres- No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, restituição, se julgada procedente a sua pretensão”,
mas uma palavra só. Exemplos: as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
justifica-se pela condicional “se julgada procedente
em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / a sua pretensão”. Resposta: Letra C.
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono Uso de Ponto e Vírgula
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
ficou com sono durante a aula. É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia e vírgula (;):
amanhã, se não chover.
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste.
� Entre o sujeito e o verbo
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
ram a explicação. (errado) Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- to, exausto.
sertaram minha visão. (errado) � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
dicativo do sujeito: ouvinte.
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
ção. (errado) sorvete.
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) � Em enumerações, portarias, sequências
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
(errado) o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República;
� Entre um substantivo e seu complemento nominal o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
ou adjunto adnominal.
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
Dois-pontos
pelos alunos. (errado)
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
passiva: não foi concluída.
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele Servem para:
professor para a feira. (errado)
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”.
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
EXERCÍCIO COMENTADO distributivo ou uma oração subordinada substan-
tiva apositiva
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que não apresenta
sores, jornalistas, médicos.
erro de pontuação:
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
cobertos por petróleo, são questões ambientais que saber, como.
teriam suficiente relevância para alarmar a população, Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
62 e automaticamente, motivar encontros e discussões. Filosofia, Ciências...
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas � Entre parênteses para indicar incerteza:
(relação semântica de oposição, explicação/causa Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
ou consequência) que havia palavra melhor no contexto.
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
homem culto.
surpresa:
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
cautela.
� E interrogações retóricas:
� Marcar invocação em correspondências Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Ex.: Prezados senhores: que não jogaremos comida fora à toa”).
Comunico, por meio deste, que...
Ponto de Exclamação
Travessão
� É empregado para marcar o fim de uma frase com
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de entonação exclamativa:
discurso de interlocutor: Ex.: Ex.: Que linda mulher!
– Bom dia, Maria! Coitada dessa criança!
– Bom dia, Pedro!
� Aparece após uma interjeição:
� Serve também para colocar em relevo certas Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
colchetes: Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) marcar uma ênfase:
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
vamos jantar. (oração intercalada) metros em 20 segundos!!!
� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser Define-se como a adaptação em gênero e número
substituída pela conjunção “ou”: que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
64 Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Dica
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. O termo mesmo no sentido de “realmente” será
Muro alto. / Muros altos. invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
Casos com adjetivos
z Só / sós
z Com função de adjunto adnominal: quando o Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
ver após os substantivos, poderá concordar com Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
as somas desses ou com o elemento mais próximo. apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Encontrei colégios e faculdades ótimos.
ficar a sós.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas � Quite / anexo / incluso
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- Concordam com os elementos a que se referem.
tencer somente a este. Ex.: Estamos quites com o banco.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Seguem anexas as certidões negativas.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
� Meio
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- Quando significar “metade”: concordará com o
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- elemento referente.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Existem complicadas regras e conceitos. Quando significar “um pouco”: será invariável.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- � Grama
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
francesa e alemã. do significar unidade de medida, é masculino.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a � É proibido entrada / É proibida a entrada
língua inglesa, a francesa e a alemã. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
z Com função de predicativo do sujeito seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
rão com o determinante.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
com a soma dos elementos. nhada está boa.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- entrada de crianças.
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
quanto com o nome mais próximo. � Menos / pseudo
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- São invariáveis.
vam abandonados a casa e o quintal. Ex.: Havia menos violência antigamente.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
to é pseudo-objetivo.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome: � Muito / bastante
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. Quando modificam o substantivo: concordam com
(substitui-se por “eles”) ele.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Quando modificam o verbo: invariáveis.
existem complicados”. Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, irritados.
então é um adjunto adnominal. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados.
z Com função de predicativo do objeto Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
LÍNGUA PORTUGUESA
Recomenda-se concordar com a soma dos substan- tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- � Tal qual
dância com o termo mais próximo. Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. com o substantivo posterior.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
seus subordinados. pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Algumas convenções quais os pais.
Silepse (também chamada concordância figurada)
� Obrigado / próprio / mesmo É a que se opera não com o termo expresso, mas o
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. que está subentendido.
A própria enfermeira virá para o debate. Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
Elas mesmas conversaram conosco. linda!) 65
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria
com o estabelecimento aberto no final de semana.) [meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta-
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi- de do termo masculino grama] grama de sal e meia
leiros, estamos esperançosos.) porção [...]. Resposta: Letra D
� Possível PLURAL DE COMPOSTOS
Concordará com o artigo, em gênero e número, em
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. Substantivos
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Conheci crianças as mais belas possíveis. O adjetivo concorda com o substantivo referen-
te em gênero e número. Se o termo que funciona
como adjetivo for originalmente um substantivo fica
invariável.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
também é um substantivo; mantém-se no singular)
1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
elementos que compõem a oração precisam estar em um substantivo; mantém-se no singular)
harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que
NÃO há erro de concordância nominal: Adjetivos
� Nos substantivos compostos formados por tema Concordância Verbal com o Sujeito Simples
verbal ou palavra invariável + substantivo ou
adjetivo: Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
bate-papo – bate-papos; sujeito.
quebra-cabeça – quebra-cabeças; Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
arranha-céu – arranha-céus; exorbitante.
ex-namorado – ex-namorados;
vice-presidente – vice-presidentes. Diferentes situações:
� Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento: z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
zum-zum – zum-zuns; sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
tico-tico – tico-ticos; multidão gritou entusiasmada.
lufa-lufa – lufa-lufas; z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
reco-reco – reco-recos. bo posterior ao pronome relativo concorda com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
� Nos substantivos compostos grafados ligada-
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
mente, sem hífen:
girassol – girassóis; z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
pontapé – pontapés; verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
mandachuva – mandachuvas; quem resolveu a questão.
fidalgo – fidalgos.
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
� Nos substantivos compostos formados com cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
grão, grã e bel: nós quem resolvemos a questão.
grão-duque – grão-duques;
grã-fino – grã-finos; z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
bel-prazer – bel-prazeres. demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
Não flexão dos elementos de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
re em frases substantivadas e em substantivos essa questão.
compostos por um tema verbal e uma palavra z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
invariável ou outro tema verbal oposto: zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
o disse me disse – os disse me disse; Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
o leva e traz – os leva e traz; ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
o cola-tudo – os cola-tudo. artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
Unidos continuam uma potência.
CONCORDÂNCIA VERBAL Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A
É a adaptação em número – singular ou plural – cidade de Santos fica em São Paulo.”)
LÍNGUA PORTUGUESA
Concordância do Infinitivo Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Sujeito posposto distanciado
to esclarecido) Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito brasileira seres estranhos.
implícito “nós”)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. � Verbos impessoais (haver e fazer)
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
LÍNGUA PORTUGUESA
z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Advérbios Terminados em “mente”
fizeram rir.
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
regência dos adjetivos:
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura análoga / analogicamente a
brasileira. contrária / contrariamente a
compatível / compativelmente com
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a diferente / diferentemente de
ciência. (1,5% corresponde ao singular) favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
z Chegaram/Chegou João e Maria. próxima / proximamente a/de
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram relativa / relativamente a
aqui.
Preposições Prefixos Verbais
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
brasileira. Alguns nomes regem preposições semelhantes a
z O problema do sistema é/são os impostos. seus “prefixos”:
Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- V. T. D: esquecia
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Objeto direto: os favores recebidos.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
nome é um termo regente, e seu complemento é um V. T. I.: se esquecia
termo regido, pois há uma relação de dependência Objeto indireto: dos favores recebidos.
entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre ini- No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
forma de pronome oblíquo átono. alterando seu significado.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
foram leais. Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei- (aspiramos = sorvemos)
70 to (desprovido de preposição) V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
Os funcionários aspiram a um mês de férias. vo indireto)
(aspiram = almejam) O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
V. T. I.: aspiram to e indireto)
Objeto indireto: a um mês de férias
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto
A seguir, uma lista dos principais verbos que
geram dúvidas quanto à regência: Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
to com sentido de “convocar”)
� Abraçar: transitivo direto Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. dicativo do objeto com sentido de “denominar,
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço qualificar”)
� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- reto; intransitivo
to com sentido de “acariciar”) Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto indireto com sentido de “ser difícil”)
no sentido de “ser agradável a”) A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não � Esquecer: admite três possibilidades
personificado) Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto Esqueci-me dos acontecimentos.
personificado) Esqueceram-me os acontecimentos.
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi- � Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
reto: refere-se a coisas e pessoas) transitivo direto e indireto
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
e objeto indireto. (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) disposição”)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
indireto) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
� Informar: transitivo direto e indireto
rege apenas objeto direto:
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudaram o ladrão a fugir.
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
sobre
direto:
Ajudei-o muito à noite. Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- sa: objeto indireto, com a preposição a
sitivo direto com sentido de “angustiar”) Informaram a condenação ao réu.
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” reto, com as preposições em e por
como complemento) Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- tivo direto e indireto
vo direto com sentido de “respirar”) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo sitivo com sentido de “cortejar”)
indireto no sentido de “desejar”) Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto indireto com sentido de “desejar muito”)
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
“prestar assistência” ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
LÍNGUA PORTUGUESA
CONOTAÇÃO
Parônimos
z Absorver/absolver
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.
Todos os cavaleiros que integravam a cava- a) “ela estava por dentro de tudo”.
laria do rei participaram na batalha. (homem b) “logo se viu nadando em oportunidades”.
que anda de cavalo) c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”.
Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de
sempre as portas para eu passar. (homem edu- dinheiro”.
cado e cortês) e) “O mercado ficou saturado”. 73
A linguagem figurada é também chamada lingua- O que trouxe vocês aqui?
gem conotativa, e a única alternativa em que encon-
Nada, não tenho o que falar, não tenho o que discutir, não
tramos o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é
queria vir, não preciso vir aqui. Já falei para o meu pai.
na alternativa D. Resposta: Letra D.
Mas já que veio, não poderia contar do que se trata?
2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em Quero viajar, encontrar minha mãe que mora fora, que-
sentido conotativo em: ro ir morar com ela. Meus pais são separados, ele não
quer me deixar, mas vou assim mesmo.
a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera Você tentou falar com ele?
pronto para amar.” Não adianta, ele não quer ouvir, e por isso que minha
c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe mãe foi embora e eu não quero mais falar disso. (Esta-
uma estátua.” ria repetindo o gesto da mãe, indo embora sem con-
d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan- versa, sem explicação?)
tes por aí...”
Parece que o diálogo não é bem-vindo em sua casa.
Em “não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” Não, levanta-se para sair, não é isso.
- temos um sentido figurado, pois “faca no peito” dá
Talvez quisesse que seu pai conversasse com você,
sentido de cobrança. Resposta: Letra A.
em vez de lhe trazer para falar com uma psicóloga que
não conhece nem pediu pra conhecer.
Esse é o único momento em que Maria olha de fato
HORA DE PRATICAR! para Ana.
É isso mesmo, diz e dirige-se à porta.
1. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa que apresenta uma
palavra grafada de forma incorreta. Na sala de espera, Ana diz ao pai:
Sua filha quer que você fale com ela, quer ser ouvida
a) A mesa de pingue-pongue está desmontada. por você, não por mim. Ela não tem o que falar para
b) Há de ser um super-homem para dar conta de tudo mim, mas tem muito a dizer a você.
isto.
Não, não, não sei falar com ela, não entendo o que ela
c) O exército nacional decidiu contra-atacar. diz, é igual à mãe, por isso a trouxe aqui, para que você
d) É preciso ser muito cara-de-pau para fingir tão bem. fale com ela.
e) Não havia mais lugares no micro-ônibus.
Vamos então falar juntos?
2. (IBFC – 2020) Quanto às normas para o uso do acento Não, não posso.
grave, assinale a alternativa correta.
Levantam-se e saem para nunca mais voltar.
a) Os médicos atenderão nas salas de 1 à 5. (LOEB, Sylvia. Diálogos. In: Contos do divã. Cotia: Ateliê Editorial,
b) Desde às duas horas estou no ponto. 2007. P. 73)
c) Eu assisti à cerimônia do casamento de minha sobrinha.
Assinale a alternativa correta.
d) As encomendas já foram repassadas à todas as escolas.
Observe a ocorrência de crase em “é igual à mãe” (26º§)
e) A moça vai à pé todos os dias para o trabalho.
e assinale a opção em que a substituição do substan-
tivo “mãe” provocaria a impossibilidade da ocorrência
3. (IBFC – 2017) Leia o texto a seguir para responder às desse fenômeno linguístico.
questões 3 a 8.
a) é igual à Ana.
Diálogos b) é igual à sua mãe.
c) é igual à todas.
Ele telefonou aflitíssimo. d) é igual à tia.
e) é igual à minha família.
Preciso marcar um horário, não é para mim, é para
minha filha. 4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.
No fragmento “Talvez quisesse que seu pai conversas-
Que idade tem sua filha? se com você” (21ª§), os verbos estão flexionados no
Quinze anos. mesmo tempo e modo indicando:
Não, não, ela entra sozinha. a) combina com uma prática comum na casa da menina
Maia.
A menina levanta-se e dirige-se para a sala de consulta. b) indica a vontade de Maria de conversar com a psicóloga.
74
c) mostra o hábito de conversar, típico das famílias. Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mes-
d) contrasta-se com a incapacidade dialógica do pai. mo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, [...]
e) revela os diálogos realizados entre o marido e a ex-mulher. não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas
foram engradadas. Mas os assaltos continuaram. Foi
6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. Em rela- feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa
ção ao texto, pode-se perceber que: o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado
no condomínio no banco de trás do carro de um pro-
a) após inúmeras tentativas, o pai não conseguiu conver- prietário, com um revólver apontado para a sua nuca.
Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado,
sar com a filha.
com crachás roubados. [...]
b) o pai procurou uma psicóloga para reforçar o desejo
da filha. Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira
c) a psicóloga já conhecia a ex-mulher do homem que foi cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas
à consulta. para serem roubadas, mudaram-se para uma cha-
d) a filha procurou uma psicóloga, pois precisava muito mada área de segurança máxima. E foi tomada uma
conversar com alguém. medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio.
e) o pai não dialogava com a filha, semelhantemente, ao Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela
guarda, sob sua severa vigilância e por curtos perío-
que fazia com sua ex.
dos. E ninguém pode sair. Agora, a segurança é com-
pleta. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa
7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam
A informação entre parênteses, presente no décimo pela calçada só conseguem espiar através do grande
oitavo parágrafo, revela: portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômi-
no agarrado às grades da sua casa, olhando melanco-
a) a fala de revolta do pai. licamente para a rua. [...]
b) o diagnóstico verbalizado pela psicóloga à menina.
Luis Fernando Veríssimo
c) uma confissão da menina à psicóloga.
d) uma intervenção equivocada do narrador. A tipologia textual se relaciona com a estrutura e
e) um comentário acessório sugerindo a reflexão do aspectos linguísticos de como um texto se apresen-
leitor. ta; já os gêneros textuais são formações advindas de
contextos culturais e históricos e possuem função
8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. social específica. Quanto ao gênero do texto “Seguran-
Em “Chegam na consulta antes da hora.” (7º§), de ça”, assinale a alternativa correta.
acordo com a norma padrão, percebe-se um desvio de:
a) Narração.
b) Crônica.
a) concordância nominal. c) Anedota.
b) regência. d) Relato.
c) acentuação. e) Fábula.
d) concordância verbal.
e) ortografia. 10. (IBFC – 2020) Analise as afirmativas abaixo e assinale
a alternativa correta.
9. (IBFC – 2020) Leia o texto a seguir para responder às I. O vocábulo “condomínio” recebe acento agudo porque
questões 9 a 14. é uma oxítona terminada em ditongo.
II. Já o vocábulo “condômino” recebe acento circunflexo
Segurança porque todas as proparoxítonas devem receber este
acento.
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua III. O vocábulo “possível” recebe acento agudo porque é
segurança. Havia as mais belas casas, os jardins, os uma paroxítona terminada em “l”.
playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, a) Apenas a afirmativa III está correta.
segurança. Toda a área era cercada por um muro alto. b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) Apenas a afirmativa I está correta.
Havia um portão principal com muitos guardas que
d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só e) Apenas a afirmativa II está correta.
entravam no condomínio os proprietários e visitantes
devidamente identificados e crachados. Mas os assal- 11. (IBFC – 2020) Analise as afirmativas abaixo e dê valo-
tos começaram assim mesmo. Os ladrões pulavam res Verdadeiro (V) ou Falso (F).
os muros. Os condôminos decidiram colocar torres
LÍNGUA PORTUGUESA
a) “Havia as mais belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas,” [...] É obrigatório o uso da vírgula para separar
termos com funções semelhantes.
b) “Agora, a segurança é completa”. É facultativo o uso da vírgula para separar adjuntos adverbiais, de pouca extensão,
antepostos.
c) “Houve protestos, mas no fim todos concordaram”. É obrigatório o uso da vírgula para separar orações coordenadas
sindéticas adversativas.
d) “Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, não conseguiriam entrar nas casas”. É recomendável o uso da
vírgula para separar orações subordinadas adverbiais condicionais quando vierem antes da principal.
e) “Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas”. É obrigatório o uso da vírgula para separar verbos com
tempos e modos diferentes.
13. (IBFC – 2020) Observe o enunciado extraído do texto: “Nem as babás. Nem os bebês”. Assinale a alternativa que apre-
senta a correta classificação da conjunção em destaque.
a) coordenativa negativa.
b) coordenativa explicativa.
c) coordenativa conclusiva.
d) coordenativa aditiva.
e) coordenativa causal.
14. (IBFC – 2020) O vocábulo “mas” aparece repetidas vezes no texto. Assinale a alternativa que apresenta corretamente sua
relação estabelecida dentro do corpo textual.
a) consequência.
b) causa.
c) adversidade.
d) explicação.
e) adição.
Assinale a alternativa em que se faz uma classificação incorreta do pronome destacado da tirinha acima.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O nome “bivalente” quer dizer que só há 2 resultados 3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na primeira
para uma proposição: verdadeiro ou falso. Sabendo coluna fazendo o agrupamento pela metade do núme-
disso, a lógica bivalente obedece ao princípio da não
ro de linhas da tabela.
contradição, segundo o qual uma proposição não
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
assume simultaneamente valores lógicos distintos.
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F).
Resposta: Errado.
P Q PVQ
4. (FUNDATEC – 2019) A alternativa que apresenta uma
proposição composta com a presença do conectivo V
condicional é: V
F
a) Paulo não está com febre, entretanto está desidratado.
b) Algum paciente está com febre. F
c) Qual a temperatura do paciente do quarto?
d) Se Mario tem febre, então deve permanecer internado 4º passo: Preencher as demais colunas com agru-
por 48 horas. pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela meta-
e) Mário, você deve ser internado imediatamente! de do agrupamento anterior.
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima
Lembrando das exceções de proposições lógicas, será de 1 em 1).
percebemos que as letras B, C e E já podem ser des-
consideradas. Sobrando as letras A e D. A nomencla- P Q PVQ
tura condicional refere-se ao conectivo lógico “se...,
então”. Na letra A temos uma conjunção (conectivo V V
e) disfarçado pela “virgula + entretanto”, portanto V F
descartamos. Resposta: Letra D. F V
Teremos resposta verdadeira quando pelo menos Exemplo 2: A proposição (P Λ Q) → (PQ) é uma
um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro. tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só
possui V.
P Q PVQ
V V V P Q (P^Q) (PQ) (P^Q)→(PQ)
V F V V V V V V
F V V V F F F V
F F F F V F F V
Exemplos:
Todo A é B.
Todo homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
que “Todo A é B” significa que todo elemento de A
também é elemento de B. Logo, podemos representar Veja que em todas as representações de A e B possuem
com o diagrama: intersecção. Então, quando “Algum A é B” é verdadeira,
os valores lógicos das outras proposições categóricas,
B interpretando o diagrama, serão os seguintes:
A z Todo A é B: É indeterminado;
z Nenhum A é B: É falsa;
z Algum A não é B: É indeterminado.
z NENHUM
PARTICULAR NEGAÇÃO UNIVERSAL
“Nenhum A é B” é equivalente a dizer “Todo A
não é B”.
VERBO NEGAÇÃO VERBO NEGATIVO
AFIRMATIVO
Vemos aqui que: troca-se “nenhum” por “todo”, a
primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
VERBO VERBO Exemplo: “Nenhum macaco é branco” = “Todo
NEGAÇÃO
NEGATIVO AFIRMATIVO
macaco não é branco”.
EQUIVALÊNCIA
Esquematizando tudo:
A questão pede a negação do “algum” – quantifica- 5. (VUNESP – 2019) Considere como verdadeira a pro-
dor particular afirmativo. Já aprendemos que, para
posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
fazer essa negação, usamos um quantificador uni-
versal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”, enuncia que tal proposição implica, necessariamente,
pois o mesmo é universal negativo. Assim, a nossa que
sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o I. se Carlos é matemático, então ele é dialético.
julgamento” II. se Pedro é dialético, então é matemático.
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga- III. se Luiz não é dialético, então não é matemático.
mento” Resposta: Letra D. IV. se Renato não é matemático, então não é dialético.
3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres-
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas
da informação são bons desenvolvedores”. apenas:
Exemplo: B
A
Todo A é B.
O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro z 3ª Regra – O termo médio nunca pode estar na
do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por conclusão. Exemplo:
três proposições, em que de duas delas, que funcio-
nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra Toda planta é ser vivo.
proposição que é a sua conclusão ou consequente. Todo animal é ser vivo.
Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de Todo ser vivo é animal ou planta.
argumento.
z 4ª Regra – O termo médio tem de estar distribuído
Estrutura do silogismo categórico pelo menos uma vez. Exemplo:
z Premissa maior (geralmente é a primeira): Con- Alguns (não distribuído) homens são ricos.
têm o termo maior (T), que é sempre o predicado Alguns (não distribuído) homens são artistas.
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da Alguns artistas são ricos.
qual faz parte.
z Premissa menor (geralmente é a segunda): Con-
Regras relativas às proposições:
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
z 5ª Regra – De duas premissas negativas nada se
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
pode concluir. Exemplo:
médio (M).
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
maior e termo menor. Aparece nas duas premis- Nenhum palhaço é chinês.
sas, mas nunca aparece na conclusão. Nenhum chinês é holandês.
Logo, (não se pode concluir).
Veja os exemplos abaixo:
Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-
Exemplo 1: ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
que não existe nenhuma relação entre estes e o termo
z Todos os mamíferos são animais. médio (que é o único que nos permite relacioná-los).
z Os cães são mamíferos.
z Logo, os cães são animais.
z 6ª Regra – De duas premissas afirmativas não se
Termo maior: animais; pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo:
Termo menor: cães;
Termo médio: mamíferos. Todos os mortais são desconfiados.
Alguns seres são mortais.
Exemplo 2: Alguns seres não são desconfiados.
z Todos os homens são mortais. z 7ª Regra – A conclusão segue sempre a parte mais
z Sócrates é homem. fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa
z Logo, Sócrates é mortal. for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se
uma premissa for particular, a conclusão tem de
Termo maior: mortais;
ser particular. Exemplo:
Termo menor: Sócrates;
Termo médio: homem.
Todos os homens são felizes.
REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO Alguns homens são espertos.
Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca
Regras relativas aos termos: pode ser geral)
z 1ª Regra – O silogismo tem três termos: o maior, o z 8ª Regra – De duas premissas particulares, nada se
menor e o médio. Exemplo: pode concluir. Exemplo:
As margaridas são flores.
Algumas mulheres são Margaridas. Alguns italianos não são vencedores.
Logo, algumas mulheres são flores. Alguns italianos são pobres.
Logo, (nada se pode concluir).
Veja que “margaridas” e “Margaridas” é termo
equívoco. Não respeitamos esta regra, porque este Pelo menos, uma premissa tem de ser universal,
silogismo tem 4 termos. O termo “margaridas” está para que possa existir ligação entre o termo médio e
88 empregue em 2 sentidos, valendo por 2 termos. os outros termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando! 3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres-
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia
da informação são bons desenvolvedores”.
REGRAS
a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”. 4. (VUNESP – 2019) A alternativa que corresponde à
b) “Quem não é pescador não sabe nadar” negação lógica da proposição composta: “todos os
c) “Todos os pescadores sabem nadar”. cantores são músicos e existe advogado que é can-
d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”. tor”, é:
e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”.
a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que
Veja que a questão pede a negação do quantificador seja cantor.
“nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe
negar o “nenhum” usando o quantificado “todo” e advogado que seja cantor.
vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estra- c) Há cantores que são músicos e existe advogado que
tegicamente as alternativas C, D e E. Como temos não é cantor.
um quantificador universal negativo e sabemos que d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que
para negar precisamos de um particular afirmativo, seja cantor.
só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga-
não está de acordo com a regra. Você também pode- do que é cantor.
ria usar o lembrete “NENHUM nega com PEA”.
Resposta: Letra A. Só podemos negar um Quantificador Universal
(“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen-
2. (FUNDATEC – 2019) A negação da sentença “algum cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim,
assistente social acompanhou o julgamento” está na eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas
alternativa: as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor-
gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo.
a) Algum assistente social não acompanhou o Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q:
julgamento. P: todos os cantores são músicose (^)
b) Todos os assistentes sociais acompanharam o Q: existe advogado que é cantor.
julgamento. Negando:
c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o ~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos
julgamento. um não é = algum não é) ou (v)
d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento. ~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe =
e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou
RACIOCÍNIO LÓGICO
Mat.
Vamos analisar agora um argumento usando
conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
devemos usa o seguinte lembrete:
III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
também que temos um dos casos de equivalência
premissas são verdadeiras;
lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva).
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
conectivo envolvido no argumento;
co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático
3°. Se der ERRO (não ficar de acordo com o padrão
como vimos nos diagrama da alternativa II).
de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
Resposta: Letra A.
mento é válido.
Veja na prática:
p1: Todas as crianças gostam de chocolate; Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
p2: Patrícia não é criança; proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
ma é falso e o tempos ficar nublado é verdadei-
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura ro. Distribuímos os valores lógicos para proposição
de argumentos utilizando os quantificadores lógicos, composta pelo conectivo “se...então” na primeira
vamos representar através dos diagramas lógicos premissa, de acordo com cada proposição. Perceba
para saber a validade de um argumento. Veja que que a proposição não vou ao cinema está negando o
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: que está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
valor lógico dela. Assim,
Gostam de chocolate
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Crianças
Logo, vou ao cinema. (F)
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
Gostam de chocolate O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)
um tem sua nomenclatura e representação simbólica. posição original. O símbolo que iremos utilizar é
Veja a tabela abaixo: ¬p ou ~p.
p: O gato é amarelo.
CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
~p: O gato não é amarelo.
e Conjunção ^ peq q: Raciocínio Lógico é difícil.
ou Disjunção v p ou q ~q: É falso que raciocínio lógico é difícil.
r: Maria chegou tarde em casa ontem.
Disjunção
ou...ou v Ou p ou q ~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em casa
exclusiva
ontem. 93
A negação além da forma convencional, pode ser econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
escrita com as expressões abaixo: representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
são proposições simples adequadamente escolhidas.
É falso que ...
Não é verdade que... ( ) CERTO ( ) ERRADO
Agora que já fomos apresentados aos conectivos A representação simbólica apresentada para julgar-
lógicos, vamos ver algumas “camuflagens” dos opera- mos é de uma conjunção. E na questão foi apresen-
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja: tada uma proposição composta pela condicional na
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
z Conectivo “e” usando “mas” e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor. 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considere as seguintes
proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
z Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
ambos” Tendo como referência essas proposições, julgue o
item a seguir, considerando que a notação ~S significa
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, a negação da proposição S.
mas não ambos. A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se
o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
z Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso, cação ou não receberá visitas.
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”
( ) CERTO ( ) ERRADO
Exemplos:
P: O paciente receberá alta;
Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia. ~P: O paciente não receberá alta;
Caso você estude, irá passar no concurso.
Q: O paciente receberá medicação;
Basta Ana comer massas, e engordará.
R: O paciente receberá visitas.
Quem joga bola é rápido.
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida:
Todos os médicos sabem operar.
Se o paciente NÃO receber alta, então ele receberá
Qualquer criança anda de bicicleta.
Toda vez que chove, não vou à praia. medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
a b c
ELEMENTOS DE TEORIA d
DOS CONJUNTOS, ANÁLISE
COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE Interpretando os conjuntos acima, temos:
O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
INTRODUÇÃO À TEORIA DE CONJUNTOS pois ele está numa região que não tem contato com
o conjunto Y, já o elemento “c” faz parte somente ao
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas conjunto Y.
que possuem a mesma característica, por exemplo, Perceba que o elemento “b” pertence aos dois con-
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só juntos, ou seja, faz parte da interseção entre os con-
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam juntos X e Y. A representação simbólica é feita por X ∩
de músicas eletrônicas. Y. Como o elemento “b” faz parte dessa região, temos:
Representamos um conjunto da seguinte forma: b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
dos conjuntos X e Y.
Conjunto X Já o elemento “d” não faz parte de nenhum dos
dois conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é a
y
junção das regiões dos dois conjuntos e é representa-
da simbolicamente por X ∪ Y. Assim, d ∉ (X ∪ Y) – o
x elemento “d” não pertence à união entre os conjuntos
X e Y.
Vamos analisar uma outra situação:
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
Vamos à resolução:
1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
5
Matemática Português
10+10+20+5 = X
X = 45 alunos é o total dessa sala.
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula:
Total = X
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas
André Bernardo
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-
beu um grande carregamento de frango congelado,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
10 800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Carol Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
ne suína.
( ) CERTO ( ) ERRADO
4. Preencha as demais informações no diagrama;
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
André Bernardo diagramas:
800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 produtos;
300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
0 12 0
100 contêineres com frango e carne suína.
10 Bovina Frango
9 4 50 100 X
0 Carol
6 0
150 100
Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe-
mos que os três gostaram de dez músicas, depois
preenchemos com as demais informações: 200 Suína
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram apenas
diagramas: em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti-
800 contêineres distribuição; veram apenas em C. Veja ainda que 6 passageiros
0 contêineres com os 3 produtos; estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram
300 contêineres carne bovina;
somente em um desses dois países. Logo,
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
A B
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
100 contêineres com frango e carne suína.
Bovina Frango
X 6 25 – 6 – x =
50 100 X
19 – x
150 100
200 Suína
C 5
FATORIAL
1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi
(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares informada a quantidade de algarismos que devem ter
esses números inteiros, assim eles podem ser conjun-
(a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares
to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga-
rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram
∙
m linhas ∙ números de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo
∙ de 1000. Para resolver esse problema, iremos utili-
zar primeiro o princípio multiplicativo e logo após o
(am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares princípio da adição, onde somaremos os resultados de
cada um dos possíveis conjuntos de números em rela-
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como
SOMA (princípio aditivo), assim temos: 101
formas possíveis de sequências de números podem
1algarismo: três possíveis: 1,2,3;
ser observadas? Assim, usando a definição de arranjo
2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo); com repetição temos:
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo);
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9
A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
Logo, temos nove pares possíveis de números
ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES
sorteados.
Da definição do princípio fundamental da conta-
gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór- Permutação
mulas de agrupamentos, simplificando com notação Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
de fatorial e definindo alguns casos particulares. chamamos de permutação dos n elementos a todo
arranjo onde r=n. Denotado por:
Arranjos
n! n! n!
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an}, An, n = = = = n! = Pn
chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r (n – n)! 0! 1
(1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
toda r-upla formada com elementos de N todos distin- Dica
tos. Denotado por:
A permutação é um caso particular do arranjo,
em que se queira combinar todos elementos.
An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
r fatores Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3},
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou
Com simplificação fatorial temos: seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número
de permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2
∙ 1=6 .
n!
An, r Em situações que envolvam condições de con-
(n – r)! tagem, como em anagramas de palavras, em que o
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir
Na mesma definição de arranjo, se as r-upla orde- alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti-
nadas são formadas por elementos de N não necessa- liza-se a técnica de permutação com elementos repeti-
riamente distintos, temos a definição de arranjo com
dos, de forma geral temos:
repetição:
ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr n!
Pnn₁, n₂, ⋯, nr =
r fatores n1!n2! ⋯ nr!
Então, no exemplo do início da seção em que o Suponha que se deseja saber quantos anagramas
conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini- podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA?
to de números de três algarismos distintos, formado Então, usando a definição de permutação com repe-
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com
os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, repetição:
feito com princípio multiplicativo, temos o resultado
n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem n = 10
repetição temos: A à n1 = 5
R à n2 = 3
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5! n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3!
8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
Note que a solução usando o princípio fundamen- = 5040
tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o 3∙2∙1
mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda
que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio Combinações
multiplicativo.
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},
Para exemplificar o arranjo com repetição pode- chamamos de combinações dos n elementos tomados
mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
número sorteado é reposto na urna e pode ser sor- tos. Denotado por:
teado novamente, ou seja, com reposição (repetição).
Seja nesse contexto uma urna com os números 1, n!
2 e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
102 na urna, e o segundo número é sorteado. Quantas r!(n – r)!
Como define-se combinação sendo subconjuntos, a Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de
ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon- árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
juntos {a,b} e {b,a}são iguais. veis seleções para cada termo do fator, temos:
O exemplo clássico de combinações são os pro-
blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
administrativo, e se queira formar uma comissão com
3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
sões são subconjuntos com elementos funcionários e
a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
pode ser feita a partir da combinação:
n! 15! 15!
Cn, r = à C15,3 = = =
r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!
n! 15! 15!
An, r = à A15,3 = = =
(n – r)! (15 – 3)! 12!
15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
= 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!
BINÔMIO DE NEWTON
Usamos as técnicas de contagem como o diagra- Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙
ma de árvore e o princípio fundamental da contagem a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3
para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
n ∈ N e x, a ∈ ℝ. Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em
Alguns casos particulares já são conhecidos: forma de combinações temos o seguinte: do binômio
(x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
z (x + a)0 = 1; mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
z (x + a)1 = x + a; fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3,
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2; ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ-
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 . to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de
uma única forma que é com a escolha de x para os três
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento
mais trabalhoso fica: do binômio é 1 ou C3,0.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)
RACIOCÍNIO LÓGICO
tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
binômio (x+a)n. repetição temos: 103
só aconteceria se pelo menos três deles estivessem
3!
p3
1,2
= = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2. presentes. O número de maneiras distintas que esse
1!2! grupo pode se reunir e estudar é:
( )
9
1
volvimento do binômio de Newton x + é: a) 3.
x2
b) 5.
a) 72. c) 6.
b) 78. d) 7.
c) 80. e) 9.
d) 84.
e) 92. Seja o número de elementos dos conjuntos de empre-
sas dos polos A e B, respectivamente, n(A) = 72 e n(B)
( )
9
1 = 54, se devemos ter o mesmo número de empresas
No desenvolvimento do binômio , o x+ em cada grupo e esse número seja o maior possível,
x2
então a diferença entre o número de empresas do
termo independente é aquele cuja a potência é nula,
polo A em relação a B é de 18. Retirando esses 18 do
assim o termo geral do binômio é:
polo B temos os dois polos com a mesma quantidade
()
p
1 de empresas, 54 tanto para A quanto para B. Desses
C9,p x 9–p
= C9,p x9 – p (x –2)p = C9,p x9 – p x –2p = 54 podemos distribuir grupos de 18 empresas para
x2
cada polo, ficando então 3 grupos de 18 empresas
C9,p x9 – p –2p = C9,p x9 –3p para o polo A e B, sobrando mais um grupo de 18
9 – 3p = 0 → p = 3 empresas só do polo B, assim, o polo A ficou com 3
grupos de 18 empresas e o polo B com 4 grupos de
C9,3 x9 – 3∙3 = C9,3x0 = C9,3∙ 1 = 84 18 empresas.
Logo, o coeficiente do termo independente, x0, é 84. Logo, número de grupos formados por 18 empresas
Resposta: Letra D. desses polos foi de 7. Resposta: Letra D.
2. (COMPERVE – 2017) Sete amigos montaram um gru- 4. (QUADRIX – 2017) Um anagrama de determinada
po com o objetivo de estudar para um concurso públi- palavra é uma “palavra” — que pode ou não ter signifi-
104 co, mas estabeleceram a seguinte ressalva: o estudo cado — formada pelas mesmas letras da palavra dada
inicialmente. Assim, a quantidade de anagramas que IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática
se pode formar com a palavra TERRACAP, de modo Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v.
que as quatro primeiras letras sejam os anagramas de
RRAA — as letras repetidas da palavra dada — é: IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica-
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v.
a) Inferior a 150.
b) Superior a 150 e inferior a 160. LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com
c) Superior a 160 e inferior a 170. a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3
d) Superior a 170 e inferior a 180. v.
e) Superior a 180.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São
Fixando as letras repetidas no anagrama da pala- Paulo: Moderna, 2010. 3 v.
vra TERRACAP, n=8 letras, como as quatro primei-
ras letras, então temos duas situações de contagem, SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline
e após isso o uso do princípio multiplicativo entre da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São
eles, devido a interseção dos resultados pedidos. Paulo: FTD, 2016. 3 v.
Então fixando RRAA para as quatro primeiras pode-
mos usar a permutação com repetição para ver de PROBABILIDADE
quantas formas possíveis podemos permutar essas
letras nas quatro primeiras do anagrama: Conceito
n = 4; n1 = 2; n2 = 2
n! 4! 4 ∙ 3 ∙ 2! 4 ∙3 A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti-
Pnn1,n2 = à P42,2 = = = =6 ca que cria modelos que são utilizados para estudar
n1!n2! 2!2! 2 ∙ 1 ∙ 2! 2 ∙1 experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ-
Assim, temos 6 resultados possíveis para as 4 pri- são do resultado de determinado experimento.
meiras letras do anagrama. Para as outras 4 letras
que faltam, temos ainda a permutação das letras Espaço Amostral e Evento
TECP, Pn = n! à P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24. Logo, pelo
princípio multiplicativo temos 6x24=144, que é infe- Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
rior a 150. Resposta: Letra A. os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
5. (FPS – 2017) Para a realização de certa cirurgia são uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
necessários 2 cirurgiões, 1 anestesista e 3 enfermei- isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
ros. Dentre os profissionais de um hospital aptos para conjunto dos resultados possíveis de um determinado
realizar a cirurgia, estão 5 cirurgiões, 4 anestesistas e experimento aleatório (não se pode prever o resul-
10 enfermeiros. De quantas maneiras pode ser consti- tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
tuída a equipe que fará a cirurgia? algum padrão).
Agora pense que você só tem interesse nos núme-
a) 4700. ros impares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
b) 4800. ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
c) 4900. apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
d) 5000. cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
e) 5100. la para calcular a probabilidade de um evento de um
determinado experimento aleatório, é o que podemos
Nesse caso, temos que para realização da cirurgia chamar de probabilidade de um evento qualquer.
são necessários 6 profissionais, dentre eles 2 cirur-
giões, 1 anestesista e 3 enfermeiros. Dispomos de Dica
um total de 19 profissionais, sendo 5 cirurgiões, 4
anestesistas e 10 enfermeiros, logo esses últimos Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
são nossos n, nc = 5; nanest = 4; nenf = 10,, já os neces- des possíveis e o evento é um subconjunto do
sários na cirurgias nossos r, rc = 2; ranest = 1; renf = 3. espaço amostral.
Para contar a quantidade de combinações possíveis
em cada grupo de profissionais usaremos a técnica PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
de combinatório, visto que a troca de posição ou de
ordem dos profissionais não interfere, ou seja, são n (evento)
subconjuntos semelhantes ou iguais. E por fim, apli-
Probabilidade do Evento =
RACIOCÍNIO LÓGICO
Dica 2
P (A\B) = = 66,6%
Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1. 3
Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤ Uma outra forma de calculá-la é através da seguin-
100%. te divisão:
Eventos Independentes P (A k B)
P (A\B) =
P (B)
Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-
tos consecutivos do dado, obtermos um resultado A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocorrer,
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe- dado que B ocorreu, é a divisão entre a probabilidade
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança- de A e B ocorrerem simultaneamente e a probabilidade
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado de B ocorrer. Para que A e B ocorram simultaneamente
do primeiro lançamento em nada influencia o resulta- (resultado ímpar e inferior a 4), temos como possibi-
do do segundo. lidades o resultado igual a 1 e 3. Isto é, apenas 2 dos 6
Quando temos experimentos independentes, a resultados nos atende. Logo, P (A∩B) = 2 = 1 .
6 3
probabilidade de ter um resultado favorável em um e
um resultado favorável no outro é feito pela multipli- Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
cação das probabilidades de cada experimento: 3 1
que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2
Usando a fórmula acima, temos:
P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2) 1
P (A\B) =
P (A + B) 3 = 1 · 2 = 2 =66,6%
Em nosso exemplo, teríamos: =
P (B) 1 3 1 3
2
P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%. Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles:
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
P (A e B) = P(A) x P(B)
A fórmula pode ser traduzida como “a probabilida-
Sendo mais formal, também é possível escrever de da união de dois eventos é igual a soma das pro-
P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção babilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
entre os eventos A e B. subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
eventos simultaneamente”.
PROBABILIDADE CONDICIONAL
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem recor- tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
rente em questões de concursos. Imagine que vamos lan- (A) + P (B).
çar um dado, e estamos analisando 2 eventos distintos: Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
A – sair um resultado ímpar numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
B – sair um número inferior a 4 acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- plo de 3 ou de 5?
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
damente a probabilidade de cada um desses eventos: do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
fórmula:
3 1
P(A) = = 0,5 = 50%
6 2 P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
3 1 Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
P(B) = = 0,5 = 50% 6
6 2 P(A) =
20
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento: P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
106 de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
4 Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
P(B) = 20 que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo obter os casos favoráveis.
de 3 e 5 Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo 1 – 1/6 = 5/6. Resposta: Letra E.
tempo.
2. (VUNESP – 2017) Um centro de meteorologia infor-
1 mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva
P(A ∩ B) =
20 no dia programado para ocorrer a operação. Mediante
essa informação, o oficial no comando afirmou que as
Aplicando na fórmula, temos:
probabilidades de que a operação seja realizada nesse
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não
6 4 - 1 6+4-1 9 houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de
P (A ∪ B) = + = = que a operação ocorra no dia programado é de
20 20 20 20 20
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS a) 59%.
EVENTOS b) 46%.
c) 41%.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A d) 34%.
probabilidade de A ∩ B é dada por: e) 28%.
a) 1/6. a) 2/3.
b) 2/6. b) 1/2.
c) 3/6. c) 1/4.
d) 4/6. d) 1/8.
e) 5/6. e) 3/4. 107
Precisamos calcular a probabilidade do primeiro joga- Achando o menor denominador comum (mmc):
dor tirar coroa e o segundo jogador obter cara. Pro-
babilidade de o primeiro tirar coroa: 1/2 e o segundo
3–4 2 (aqui vamos dividir sempre pelo menor número primo possível)
tirar cara: 1/2. Logo, 1/2 · 1/2 = 1/4. Resposta: Letra C.
1
Com base nessas informações, julgue os próximos
S4 = 30
itens, sabendo que o número de alunos presentes às
aulas não pode ser negativo.
No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos. Soma dos infinitos termos de uma progressão
geométrica
( ) CERTO ( ) ERRADO
Suponha que você corra 1000 metros, depois,
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25) você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
Termo Geral da P.A. e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
an= a1 + (n-1).r correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a25 = 215 + (25-1) · (-2) Observe que o que temos é exatamente uma progres-
a25 = 215 + (24· -2) são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. 113
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- y² = (y + 30) × (y - 60)
tanto, substituindo, teremos: y² = y² -60y +30y -1800
y² - y² +60y -30y = -1800
a1 # (0 - 1) 30y = -1800
S∞ = y = -1800/30
q-1
y = -60
a1 Resposta: Letra D.
S∞ =
q-1
4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for-
Dica ma uma progressão geométrica. O valor de x é:
Em uma progressão geométrica, o quadrado do a) 40.
termo do meio é igual ao produto dos extremos. b) 120.
{a1, a2, a3} (a2)2 = a1 × a3 c) 150.
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} d) 200.
82 = 4 × 16 e) 250.
64 = 64. Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
x2 = (x-120) × (x+600)
EXERCÍCIOS COMENTADOS x2 = x2 + 600x – 120x -72000
x2 - x2 = 480x – 72000
480x = 72000
1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre- x = 72000/480
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão x = 150
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR-
Resposta: Letra C.
RETO afirmar que o valor de q é igual a:
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de
a) 2.
razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a 968.
b) 3.
Então, o primeiro termo dessa progressão é:
c) 4.
d) 8. a) Maior que 18.
b) Maior que 15 e menor que 18.
Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
c) Maior que 12 e menor que 15.
la geral da PG para acharmos a razão:
d) Maior que 9 e menor que 12.
an = a1 × qn-1
e) Menor que 9.
a6 = a1 × q6-1
192 = 6 × q5 Vamos usar a fórmula da soma da PG:
192/6 = q5
32 = q5 n
a1 # (q - 1)
q=
5
32 Sn =
q-1
q=2
Resposta: Letra A. n
a1 # (3 - 1)
968 =
3-1
2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo a1 # (243 - 1)
12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a: 968 = 2
3. (ACCESS – 2020) Observe a sequência infinita a 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.
seguir: Numa tropa com 80 soldados, sabe-se que 37 deles
gostam de natação, 25 gostam de futebol. Sendo que,
LOGICALOGICALOGICALOGICA... nesses dois grupos, 8 gostam de ambas as modalida-
des. Nessas condições, o total de soldados que não
A 2020ª letra dessa sequência é: gostam de nenhuma dessas modalidades é:
a) C. a) 54
b) A. b) 26
c) L. c) 36
d) O. d) 20
e) I. e) 10 115
2. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. 7. (IBFC – 2017) Se o valor lógico de uma proposição p é
Antônio gastou 50% de dois quintos do valor que pos- verdade e o valor lógico de uma proposição q é falso,
suía e ainda sobraram R$ 160,00 a ele. então é correto afirmar que o valor lógico:
Nessas circunstâncias o valor gasto por Antônio foi:
a) da conjunção entre p e q é falso
a) R$ 200,00 b) da disjunção entre p e q é falso
b) R$ 160,00 c) do bicondicional entre p e q é verdade
c) R$ 60,00 d) do condicional entre p e q, nessa ordem, é verdade
d) R$ 80,00 e) da negação entre a disjunção entre p e q é verdade
e) R$ 40,00
8. (IBFC – 2020) Observe as duas proposições P e Q
3. (IBFC – 2020) Em uma prateleira de uma biblioteca, apresentadas a seguir.
deseja-se dispor 4 livros de maneiras distintas. Saben-
do que a prateleira possui 10 espaços em que os livros P: Ana é engenheira.
podem ser colocados, assinale a alternativa que apre- Q: Bianca é arquiteta.
senta corretamente a quantidade de maneiras que
Considere que Ana é engenheira somente se Bianca é
esses livros podem ser dispostos nessa prateleira.
arquiteta e, assinale a alternativa correta.
a) 3628800
a) Ana ser engenheira não implica Bianca ser arquiteta
b) 5040
b) Ana ser engenheira é condição suficiente para Bianca
c) 151200
ser arquiteta
d) 720 c) Uma condição necessária para Bianca ser arquiteta é
e) 24 Ana ser engenheira
d) Ana é engenheira se e somente se Bianca não é arquiteta
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. e) Uma condição necessária para Bianca ser arquiteta é
O nono termo da sequencia lógica 3, - 6, 12, -24, ..., Ana não ser engenheira
representa o total de candidatos presentes num con-
curso público. Se 210 desses candidatos foram apro- 9. (IBFC – 2020) Observe a disjunção: “Marcelo não gos-
vados, então o total de candidatos reprovados foi de: ta de futebol ou Bruno não gosta de natação”, assinale
a alternativa correta que apresenta a negação dessa
a) 1426 disjunção.
b) 878
c) 558 a) Marcelo gosta de futebol e Bruno não gosta de natação
d) 768 b) Marcelo gosta de futebol se e somente se Bruno gosta
e) 174 de natação
c) Ou Marcelo gosta de futebol ou Bruno gosta de
5. (IBFC – 2020) Conjunções são proposições compos- natação
tas em que há a presença do conectivo “e” e podem d) Marcelo gosta de futebol e Bruno gosta de natação
ser representadas pelo símbolo “^”. Sendo assim, assi- e) Marcelo não gosta de futebol e Bruno não gosta de
nale a alternativa correta. natação
a) Se P é verdadeira e Q é verdadeira, então P^Q é falsa 10. (IBFC – 2017) A frase: “Se o soldado chegou atrasado,
b) Se P é verdadeira e Q é falsa, então P^Q é falsa então não fez atividade física” é equivalente à frase:
c) Se P é falsa e Q é falsa, então P^Q é verdadeira
d) Se P é falsa e Q é verdadeira, então P^Q é verdadeira a) O soldado chegou atrasado e não fez atividade física
e) P^Q só será verdadeira se P e Q forem falsas b) O soldado chegou atrasado e fez atividade física
c) O soldado chegou atrasado ou fez atividade física
d) O soldado não chegou atrasado ou não fez atividade
6. (IBFC – 2020) Considere que os símbolos →, ↔, ^ e v
física
representam os operadores lógicos “se…então”, “se e
e) O soldado chegou atrasado se, e somente se, não fez
somente se”, “e” e “ou”, respectivamente. Analise as
atividade física
sentenças abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso
(F).
11. (IBFC – 2020) Considere a proposição: “Todo pesqui-
sador é estudioso.”
( ) (7 – 2 ÷ 2 = 5) v (3 > 2) Assinale a alternativa que não apresenta uma negação
( ) (3 + 2 = 4) ↔ (1 > 3) da proposição anterior.
( ) (3 x 5 + 6 = 21) → (18 ÷ 3 - 1 = 7)
( ) (4 x 4 + 3 = 19) ^ (9 - 2 = 7) a) Existe algum pesquisador que não é estudioso
b) Algum pesquisador não é estudioso
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- c) Pelo menos um pesquisador não é estudioso
reta de cima para baixo. d) Existe pesquisador que não é estudioso
e) Nenhum pesquisador é estudioso
a) V, V, F, V
b) F, V, F, V 12. (IBFC – 2018) Considere a seguinte proposição, P: “O
c) V, V, V, F político foi incapaz de resolver os problemas anterio-
d) V, F, F, V res e não conseguiu ser inovador nas soluções para os
116 e) V, V, F, F novos problemas” Verifica-se:
A proposição “O político foi incapaz de resolver os pro- 17. (IBFC – 2014) Considerando o valor lógico da propo-
blemas anteriores” é verdadeira. 2
sição p: 3 + 2 = 7 e o valor lógico de q: de 15 = 10,
A proposição “O político não conseguiu ser inovador é correto afirmar que: 3
nas soluções para os novos problemas” é falsa.
a) o valor lógico de p ou q é falso.
Assinale a alternativa que apresenta a conclusão b) o valor lógico de p e q é verdade.
correta sobre a proposição P a partir das condições c) o valor lógico de p então q é falso.
dadas acima. d) o valor lógico de p bicondicional q é falso.
a) Então a proposição P será falsa 18. (IBFC – 2014) Considerando o valor lógico da proposi-
b) Então a proposição P será verdadeira ção p: o sucessor do número 32 é 31 é proposição q:
c) Então a proposição P será incompleta a soma entre o número 4 e o numero 7 é igual a 11, é
d) Então a proposição P será uma indução correto afirmar:
e) Então a proposição P será uma dedução
a) o valor lógico da proposição p conjunção q é verdade.
b) o valor lógico da proposição p disjunção q é falso.
13. (IBFC – 2018) Duas proposições A e B são utilizadas
c) o valor lógico da proposição p então q é verdade.
para compor uma nova. Na proposição composta temos
d) o valor lógico da proposição p se e somente se q é
a negação de B e empregamos a condição “ou” (disjun-
verdade.
ção inclusiva) para estabelecer a relação entre B e A.
Analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro 19. IBFC – 2013 Valor lógico de uma proposição q é falso.
(V) ou Falso (F). Nessas condições, o valor lógico da proposição com-
posta [(~p ⇔ q) → p] ^ ~q é:
( ) A:V, B:V
( ) A:F, B:V a) Falso
( ) A:F, B:F b) Inconclusivo
c) Falso ou verdadeiro
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- d) Verdadeiro
reta de cima para baixo.
20. (IBFC – 2019) Leia a sentença: “Alguns dançarinos
a) F; F; F são vegetarianos e nenhum ator é vegetariano”.
b) F; F; V De acordo com a sentença, assinale a alternativa correta.
c) F; V; V
d) V; F; V a) Algum dançarino não é ator
e) V; V; F b) Algum dançarino é ator
c) Nenhum dançarino é ator
14. (IBFC – 2015) Dentre as alternativas, a única correta é: d) Algum ator é dançarino
a) verdadeiro 10 D
RACIOCÍNIO LÓGICO
b) falso
c) falso ou verdadeiro 11 E
d) impossível de determinar 12 A
19 D
20 A
ANOTAÇÕES
118
Inicialmente, Portugal não teve interesse imedia-
to em desbravar suas “novas” terras, uma vez que o
comércio oriental lhe era mais rentoso. Os primei-
ros contatos permitiram a criação de um imaginário
HISTÓRIA DO BRASIL
sobre o ambiente da América Portuguesa, assim como
da população que lá habitava: o lugar era um paraíso
na terra, no qual residiam todo tipo de monstros – de
Durante a elaboração deste material, alguns itens alguma forma, “os indígenas canibais” eram vistos,
do edital foram reorganizados, a fim de facilitar a também, como uma espécie monstruosa.
compreensão dessa disciplina e, em consequência, Nos primeiros trinta anos após a chegada de Por-
atingir um melhor aproveitamento dos seus estudos. tugal à América Portuguesa, a exploração econômica
se deu pela exportação da madeira do pau-brasil, que
era recolhido e movimentado por trabalho indígena.
América também grande quantidade de ouro e prata. A escravização de indígenas na região açucareira do
Sabe-se que desde o século XV os portugueses já Brasil, onde hoje também se situa Alagoas, foi relativa-
haviam se lançado em espaços africanos. Esse movi- mente comum no século XVI.
mento de aproximação se deu com o objetivo de expul-
sar os mouros da Península Ibérica, mas a manutenção ( ) CERTO ( ) ERRADO
do contato com o continente africano permitiu que cons-
truíssem ali feitorias, promovendo, por fim, sua coloni- Embora se tenha construído um mito de que os
zação. Seria apenas em 1500 que, dando sequência ao indígenas não teriam sido escravizados em detri-
seu desbravamento marítimo, Portugal se depararia mento aos escravizados africanos, as duas formas
com o Brasil, embora já em 1494 lusitanos e espanhóis de escravização ocorreram, sendo mais comum,
tivessem assinado o chamado Tratado de Tordesilhas inclusive, a escravização de indígenas no início da
que dividia o Novo Mundo entre os dois Estados. colonização. Resposta: Certo. 119
também, a uma forma de colonização que visava outro
BRASIL COLÔNIA (1530–1815) objetivo: o ganho monetário. O projeto colonial tomava
contornos de empresa colonial, exigindo maior inves-
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS timento para a produção de produtos que deveriam ser
exportados para o mercado europeu. A produção era,
O território da América Portuguesa frequentemen- portanto, direcionada para fora da colônia.
te sofria invasões de corsários de variadas nacionali- Formaram-se grandes centros produtivos, os cha-
dades, ficando evidente para a Coroa a necessidade mados latifúndios, que se dedicavam à produção de
de apossar-se efetivamente do território, uma vez que apenas um produto em grande escala. Esse produto
apenas o tratado de Tordesilhas não frearia as incur- seria, de início, a cana de açúcar. A partir de então, o
sões e estabelecimentos não autorizados. Nesse sentido, empreendimento do açúcar se estabeleceria no Nor-
foram criadas frentes colonizadoras independentes, deste da América Portuguesa.
que apresentavam pouca comunicação entre si, rela- Alguns pontos tornaram o empreendimento açuca-
cionando-se imediatamente apenas com a metrópole. reiro mais feliz na região nordeste: a proximidade com
O sistema administrativo pelo qual se optou foram as a metrópole e o clima e a hidrografia eram fundamen-
chamadas capitanias hereditárias, forma de adminis- tais para o transporte do produto internamente. Nesse
tração realizada em outros domínios lusitanos. A Coroa momento, Portugal concentrou sua atenção no Brasil
não tinha os recursos necessários para realizar a explo- e no empreendimento açucareiro, estabelecendo um
ração de tão amplos domínios, por isso, doou lotes de monopólio. Contudo, mesmo que a Coroa tenha tentado
terras a particulares que, com seus recursos econômi- controlar todo o processo de produção e mercantilização
cos e humanos, deveriam primar pelo desenvolvimen- de açúcar, isso não ocorreu, uma vez que os holandeses
to dos espaços. Esses lotes de terra eram hereditários. eram responsáveis pela comercialização, no exterior, do
O território da América Portuguesa foi dividido produto produzido na colônia portuguesa.
em quinze lotes, sendo quatorze capitanias que, por O tabaco também foi um produto importante para o
sua vez, eram administradas por doze donatários. O sistema econômico colonial, visto que era um produto
donatário era o responsável com poder proeminente e, importante a ser trocado por africanos a serem escravi-
além do uso da terra, também administrava o trabalho zados, assim como a cachaça; não havia possibilidade
indígena. As capitanias não se relacionavam entre si e de tal produto disputar com o monopólio do açúcar.
o distanciamento era evidente e preocupante, de modo A partir do século XVI, toda a empresa colonial seria
que em 1572 a Coroa Portuguesa fragmentou a admi- sustentada pelo empreendimento do açúcar: a forma-
nistração em dois governos-gerais: o Governo do Nor- ção de cidades e vilas, a divisão do território e a relação
te, que tinha como capital a cidade de Salvador e era entre os grupos sociais. Até 1763, quando a capital pas-
composto da Capitania da Baía até a capitania do Mara- sou para o Rio de Janeiro, era em Salvador que se desen-
nhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro, e volviam as atividades administrativas. Ainda assim, nos
composto pela região de Ilhéus até o Sul. Reuniam-se primeiros anos da colonização, o poder efetivo estava
regiões, ainda, que não pareciam compreender perten- localizado na casa-grande e no engenho. Daí os senhores
cerem ao mesmo espaço administrativo e político. de engenhos terem se tornado o grupo social mais des-
tacado, embora sua posição não adviesse de um arranjo
ECONOMIA hereditário, como era o caso da nobreza europeia.
No contexto colonial, no qual a economia era susten-
Extrativismo Vegetal tada pelo trabalho forçado, ser branco e não desempe-
nhar trabalho braçal já indicava alguma ascensão social,
Para a exploração do pau-brasil, a primeira fase da pelo menos para o “povo”. Havia trabalhos que eram
chegada portuguesa é caracterizada pela instituição desempenhados apenas por cativos, fossem eles indíge-
das feitorias após a chegada da esquadra de Cabral nas ou africanos, por isso, nessa sociedade marcada pelo
em 22 de abril de 1500, até a instituição das capitanias escravismo, a cor se tornou logo um indicador social.
hereditárias. Essas feitorias eram fortificações milita- Ademais, se a díade senhores e escravizados era
res que visavam garantir o domínio sobre uma área e central nessa sociedade constituída sob o empreendi-
explorá-la. Foram construídas em Porto Seguro, Cabo mento açucareiro, havia também, ao redor, os agre-
Frio e Iguaçu, fazendo a extração não apenas de pau- gados do senhor, pessoas que, embora não tivessem
-brasil, mas também do jacarandá, que possuíam valor relevância econômica, eram importantes para o
para a fabricação de embarcação, móveis, além da tin- desempenho político e social dos senhores de enge-
ta do pau-brasil para tecidos. A mão-de-obra emprega- nho. Eram, sobretudo, parentes destituídos de terra,
da foi a indígena, que trocava produtos europeus em comerciantes e homens livres que não possuíam auto-
força de trabalho e permissão no uso da madeira; essa nomia social e que viviam sob a proteção do senhor e
relação ficou conhecida como escambo. lhe davam influência política.
O açúcar não foi, nos primeiros anos de coloniza-
ção, apenas um produto produzido na colônia; ele era Extrativismo Mineral
responsável pelo surgimento de códigos, costumes e
hábitos. Foi apenas no século XVI que se desenvolveu Os bandeirantes encontraram ouro na região de
o hábito, na Europa, do consumo do açúcar feito da Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um gran-
cana, que passou de produto de requinte para um uso de fluxo migratório, em que milhares de portugueses
frequente no cotidiano das pessoas. se deslocaram para as minas, assim como se intensi-
Como já foi exposto, depois dos primeiros trinta anos, ficou o tráfico de escravizados da África (a população
reconheceu-se a necessidade de povoar, ao menos, a faixa da região chegou a 300 mil habitantes, em que 50%
litorânea de terra da nova colônia, para assim evitar as era de escravos). A vinda de forasteiros causou tensão
invasões estrangeiras que começavam a crescer. Contudo, entre os bandeirantes paulistas e os “emboabas” por-
120 já não se pretendia apenas povoar a colônia; passava-se, tugueses sobre o direito de exploração do ouro, assim,
eclodiu entre 1707 e 1709 a Guerra dos Emboabas. Os cativos eram capturados no interior do con-
Derrotados e expulsos, os bandeirantes se deslocaram tinente africano e levados para a costa; lá, eram
para oeste do território, onde encontram ouro em embarcados em navios para o Novo Mundo, onde
Cuiabá (1717) e em Goiás Velho (1721). desempenhariam o trabalho conscrito. Muitos escra-
Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu vizados morriam na longa viagem pelo atlântico,
domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de fosse pelas condições péssimas de higiene, fosse pela
ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas- falta de mantimentos ou doenças. Mas, dentro dos
sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção porões dos Navios Negreiros, essas pessoas também
da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e criavam laços com outros cativos, mesmo que muitas
depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudan- vezes fossem trazidos de partes diferentes do conti-
ça da sede do governo-geral para o Rio de Janeiro nente, iniciando ali a resistência ao regime.
(1763). O mercado interno tornou-se mais integrado Embora já existissem rotas de comércio de escravi-
para o abastecimento da Capitania das Minas. Com o zados controladas por muçulmanos na África, os por-
declínio do ciclo do ouro por volta de 1770, a popula- tugueses criaram várias feitorias e portos no litoral do
ção se espalhou, principalmente para o sul de Minas continente para suprir a constante demanda de mão
de obra escravizada no Novo Mundo, dominando o
e para a Zona da Mata. Outra consequência foi a cul-
comércio atlântico. Assim, para a América Portugue-
tural, com o florescimento das artes, em especial na
sa, vieram, sobretudo, escravizados da Senegâmbia e
arquitetura, com Aleijadinho.
costa ocidental da África.
Se os jesuítas tentaram proteger, em alguma medi-
Pecuária
da, as populações indígenas do trabalho forçado, o
mesmo não aconteceu com os negros escravizados. A
Com o estabelecimento do governo-geral, foi ado- Igreja fazia coro ao discurso que compreendia a impo-
tada a prática de doar sesmarias (grandes porções sição do trabalho forçado aos africanos como uma
de terra) destinadas à pecuária em áreas do interior. maneira de civilizá-los e impor-lhes disciplina.
Houve pecuária em vários locais onde se estabele- O trabalho compulsório, por si só, já dava ao coti-
ceram colonos. No Nordeste, essa atividade ocupou diano tons de violência. Contudo, a ordem e discipli-
uma vasta área do interior desde a Bahia até Piauí e na eram mantidas pela constante ameaça de castigos,
Goiás. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul também comunitários ou não, além de várias técnicas violentas,
eram núcleos importantes. Com o declínio do Ciclo do como a manutenção dos cativos acorrentados. Isso não
Ouro em Minas Gerais, a pecuária acabou sendo uma significa, contudo, que os escravizados não criaram
importante atividade no atual sul do estado. formas de resistência, seja ela solitária ou em grupo.
É necessário compreender a resistência tanto nos
ESCRAVIDÃO atos individuais de insubordinação diários, quanto
nas revoltas e quilombos. É preciso atentar-se, tam-
A escravidão era conhecida pelos europeus pelo bém, para a complexidade das relações entre escravi-
menos desde a Grécia e Roma antigas, contudo, a for- zados e senhores: os espaços urbano e rural traziam
ma assumida na América Portuguesa, sobretudo no diferenças significativas, sendo que o escravo urbano
empreendimento açucareiro, trouxe características possuía algum nível de mobilidade maior, pois, por
específicas. Em primeiro lugar, desde o início do tráfi- vezes, desempenhava trabalhos que exigiam que se
co atlântico, no século XVI, até seu término, no século afastasse dos senhores, enquanto nas zonas rurais o
XIX, a taxa de nascimento entre os cativos foi negativa, trabalho tendia a ser mais pesado e policiado. O sis-
em razão, sobretudo, das mortes precoces e da violência tema escravista se sustentava pela violência em um
do sistema. A escravização atlântica demonstrava novos misto de paternalismo e hierarquia.
padrões e nova intensidade: os escravizados eram des- A resistência coletiva dos escravos originou os
tituídos de suas famílias, sociedades, comunidades, e chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam-
desenraizados de tudo o que conheciam. pamento militarizado) ou mocambos (que significava
esconderijo). Na América Portuguesa, os quilombos
A grande diferença trazida pela escravidão atlântica
foram agrupamentos de escravizados fugidos, que
moderna consistiu em fazer do trabalho compulsório a
tentavam escapar do violento sistema. Esses escra-
base de todo o sistema econômico da colônia: era a par-
vizados se mantinham à margem da sociedade, em
tir do trabalho escravizado que, primeiro nos engenhos,
lugares de acesso difícil, sem, contudo, perderem as
depois na mineração e em todas as atividades econômi-
relações de proximidade com vilarejos e comunida-
cas importantes, construía-se a economia da colônia.
des das proximidades.
A escravidão também era uma instituição pre- Palmares, surgida em 1597, foi a maior comunida-
sente na África; contudo, trazia características mui- de de escravos fugidos que se tem conhecimento na
to diversas daquelas apresentadas pela escravidão história da América Portuguesa, e ficava na Zona da
HISTÓRIA DO BRASIL
atlântica. Nesse continente, o sistema de escravidão Mata, onde hoje está o estado de Alagoas. O ambien-
constituía-se em relação ao pertencimento e parentes- te favoreceu o abrigo da população do quilombo e as
co: de modo muito genérico, ser escravo não significa- palmeiras possibilitaram-lhes sustento e possibilida-
va pertencer, estar à margem, mas era uma condição de de confeccionarem-se armadilhas, roupas e cober-
que poderia mudar, pois um escravizado poderia ser tas. A partir de algum momento, Palmares passou
absolvido pela sociedade. a nomear uma confederação de comunidades com
Com a indústria do açúcar, o trabalho escravo diversos tamanhos, que se vinculavam por acordos.
passou a ser essencial, sustentando toda a economia; Era também por acordo que escolhiam seus líderes,
acreditava-se que não era possível mantê-la tão lucra- além de contar com administração pública, leis e for-
tiva sem o trabalho compulsório. O tráfico atlântico ma de governo própria, disposição militar e concep-
inaugurou também um nível de violência nas relações ções religiosas e culturais típicas que colaboravam
escravistas sem precedentes. para a coesão do grupo. 121
Obviamente, as autoridades metropolitanas per- A presença da corte no Brasil, ademais, causava
cebiam um grande risco em Palmares: além da rela- incômodo em algumas parcelas da população, sendo
ção ativa com vilas que mediavam a região, poderia o exemplo mais evidente a Revolução Pernambucana,
incentivar o imaginário dos escravizados, acenando que estourou na província de Pernambuco, em 1817.
para a fuga e resistência. Em 1612, deu-se a primeira Antes da chegada da corte em 1808, essa província
ação contra Palmares, e a última, em 1694. Durante ligava seu comércio diretamente a Portugal, posto que
1644 e 1645, período da ocupação holandesa, Palma- as dificuldades logísticas, como rotas terrestres ou flu-
res foi crescendo, aproveitando o contexto social e viais, impediam o estabelecimento de relações com
político tumultuado para se favorecer. o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim desses benefícios
As autoridades coloniais direcionavam frequente-
concedidos ao comércio pernambucano um período
mente à confederação missões de reconhecimento e
de graves secas e crises de abastecimento.
expedições para ataque, além das tentativas incessan-
O movimento revolucionário pautava a necessidade
tes de desfazer ligações comerciais dos quilombolas
com as comunidades próximas. Embora as ações das de se combater a crise e recuperar os benefícios comer-
autoridades portuguesas sempre acabassem fracas- ciais, assim como a possibilidade de se romper com
sadas, puderam ser finalmente favorecidas com as a monarquia. Em partes, e por um curto período, os
divisões internas que surgiam dentro de Palmares, revoltosos (homens livres, escravizados, ricos e pobres)
ocasionando sua derrocada. Nesse contexto, em 1678, saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir
Ganga Zumba e Zumbi se indispuseram, criando uma o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma
fissura em Palmares e dando início a anos violentos. república; contudo, foram violentamente reprimidos,
Ganga Zumba foi morto por considerar fazer um acor- com prisões e condenações em praça pública.
do com as autoridades coloniais e, por mais quinze Na Europa, cessada a agitação política entre portu-
anos, Zumbi conseguiu manter a liberdade e autono- gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim,
mia dos quilombolas. Contudo, o estado de sítio fei- gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de
to pelas tropas coloniais, em 1694, ao Cerco Real do pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse
Macaco, levou à derrota da comunidade e ao assas- a Portugal. A relutância do rei em retornar causava
sinato de Zumbi. Embora tenha tido um final trágico, indignação na população lusa, em um momento em
Palmares permaneceu no imaginário da população que a metrópole passava por uma grave crise de pro-
cativa, representando um ideal de resistência. dução agrícola e desvalorização do papel moeda. Essa
agitação culminou na chamada Revolução Liberal do
EXPANSÃO TERRITORIAL Porto, também conhecida como Regeneração de 1820.
O prolongamento da ausência régia na metrópole
A configuração dos limites territoriais alterou-
evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei”
-se bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494.
não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo-
Durante a União Ibérica, quando as possessões da
gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cida-
Espanha e Portugal foram fundidas, o respeito aos
limites do território deixou de ser levado a sério. de do Porto a fim de redigirem uma Constituição que,
Porém, a atividade bandeirante e a atividade pecuá- embora conservadora, propunha a limitação do poder
ria aumentavam o espaço ocupado por colonos ligados a do monarca e sua submissão à carta constitucional.
Portugal. O Tratado de Utrecht, de 1713, teve como obje- A Regeneração também inovava ao propor a trans-
tivo resolver esses problemas. Ele definiu que a Colônia ferência da soberania, antes circunscrita ao rei, às
de Sacramento, atual Uruguai, era posse portuguesa. chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes
O Tratado de Madri, de 1750, devolveu a Colônia constituídas fizeram com que D. João retornasse com
de Sacramento aos espanhóis, enquanto estabelecia a sua família a Portugal em abril de 1821, mas deixando
região dos Sete Povos das Missões (atual Rio Grande no Brasil seu filho, D. Pedro de Alcântara.
do Sul), do atual Centro-Oeste e boa parte da Amazô-
nia como posses portuguesas. Essa decisão seria tam- DIA DO FICO
bém confirmada pelo Tratado de Santo Ildefonso, de
1750, e pelo Tratado de Badajós, de 1801. A promulgação da Constituição proposta pela
assembleia constituinte de 1820 teria validade para
todos os portugueses, o que incluía os habitantes das
colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822) medidas, no entanto, causaram profundo desconforto
nos grandes comerciantes do Brasil que, por sua vez,
A NOMEAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE D. PEDRO I já estavam acomodados sob os privilégios concedidos
pela presença da corte na colônia.
Quando a corte portuguesa embarca, fugindo O que sucede é que a presença da corte no Brasil
estrategicamente de Lisboa em novembro de 1807, (1808-1820) foi moldando as consciências dos colonos a
o faz porque tinha consciência dos acontecimen- respeito da possibilidade de se constituir um governo real
tos recentes na Europa, em um momento em que o que permanecesse no Brasil. Assim, a ideia de indepen-
expansionismo de Napoleão Bonaparte parecia impa- dência começou a ganhar força, por volta de 1821, como
rável. Uma experiência ainda mais próxima acendeu uma reação à Regeneração de 1820, uma vez que esta era
o sinal vermelho e mostrou que os prognósticos eram entendida como uma revolução contrária ao Brasil.
corretos: o rei espanhol, Fernando VII, foi deposto do Latente o conflito de interesses, os colonos que
trono por Napoleão, em maio de 1808. A fuga da corte ganharam com a presença da corte reivindicavam um
portuguesa foi um sucesso em curto prazo; contudo, governo no Brasil que, por sua vez, evoluiu a percep-
a longo prazo, ocasionou uma quebra de legitimida- ção da necessidade de um Estado Nacional brasileiro, a
de do Império português em um momento em que os grande novidade revolucionária. É nessa configuração
122 ares eram revolucionários. que entra a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
Outra determinação polêmica das Cortes era que as A independência brasileira foi reconhecida, pri-
províncias do Brasil se transformassem em províncias meiramente, em 1824 pelos Estados Unidos e, poste-
portuguesas, o que gerou, segundo comenta D. Pedro em riormente, por meio do Tratado de Paz e Aliança, pelo
carta a seu pai, “um choque mui grande nos brasileiros”. Estado português.
O que o príncipe regente precisava fazer era se
equilibrar em um cenário instável, no qual havia a
necessidade de se cumprir os decretos das Cortes ao
mesmo tempo em que tinha que corresponder os inte-
PRIMEIRO REINADO (1822-1831)
resses do povo do território em que ele se encontrava.
Assim, as Cortes foram convocadas com a finalidade
Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis-
de reorganizar o Império Português dentro da dinâ-
trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina-
mica colonial e os colonos se agrupavam cada vez
do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava
mais em torno da ideia de separação.
a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite
Já em 1822, o príncipe regente também recebia
da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito-
pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que
res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei-
gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela
ro de 1822: o “Dia do Fico”. Nesse dia, D. Pedro recebeu
estabelecia, entre outras coisas:
um requerimento que continha 8 mil assinaturas soli-
citando-o que ficasse no Brasil. Não sabemos ao certo
z Existência do poder moderador, que poderia sus-
quais foram as verdadeiras palavras proferidas pelo
pender o poder legislativo, executivo e judiciário;
jovem príncipe regente, contudo, consagrou-se na
z Poder hereditário;
memória social a perspectiva de que ele ficaria a fim
z Voto censitário, calculado pela renda.
de preservar os interesses da população brasileira.
Um governo foi organizado por D. Pedro logo após
Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
esse evento, tendo figuras proeminentes como José
co, a Confederação do Equador, exigindo uma república
Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia
liberal, a abolição da escravidão e a ampliação de direi-
campanhas por maior autonomia da colônia, mas não
tos sociais. Esse movimento teve como principal líder
reivindicava uma separação radical. Foram convoca-
Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida com sucesso.
dos representantes de todas as províncias e, mais tar-
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
de, uma assembleia legislativa e constituinte.
entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio
da Prata. Após um desgastante e custoso conflito (o Ban-
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA co do Brasil chegou a falir), a independência do Uruguai
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL foi reconhecida. A instabilidade política também podia
ser verificada em episódios como a Noite das Garrafa-
Já a politização da sociedade colonial com a che- das, demonstrando a grande divergência entre brasilei-
gada da corte em 1808 se deu em conteúdos bastante ros e portugueses, juntava-se a isso a crise econômica e
inovadores. Aspectos da recente Revolução Francesa a disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
(1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode- D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
lo estamental de sociedade, abrangendo novas for-
mas de se organizar a sociedade, também na crítica
aos privilégios da nobreza e dos corpos sociais mais
altos. Depois da revolução de independência do Haiti EXERCÍCIOS COMENTADOS
(1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma 1. (FCC – 2018) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição
revolução menos radical que a francesa e bem menos do Império do Brasil, outorgada em 1824:
radical que a de São Domingos, segundo a perspectiva Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a orga-
das elites coloniais brasileiras. nização Política, e é delegado privativamente ao Impe-
A escravidão foi um elemento importante neste caso: rador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
a dimensão do escravismo na América Portuguesa era Representante, para que incessantemente vele sobre a
tão grande que foi capaz de influenciar todos os outros manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia
aspectos da vida social, como valores, formas de pensar, dos mais Poderes Políticos.
de comportamento, práticas políticas. A independência, Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada:
nesse sentido, mudou a forma de compreender essa Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
sociedade: não era mais uma sociedade estamental legi-
timada por Deus, embora o rico ainda fosse rico, mas (Grafia original extraída de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
havia agora um parlamento, e a escravidão tornou-se constituicao/constituicao24.htm)
HISTÓRIA DO BRASIL
Segundo Reinado
EXERCÍCIO COMENTADO
Com o golpe da maioridade, teve início o período
conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu até 1. (VUNESP – 2018) Acerca da economia brasileira no
1889. Por meio de uma manobra conhecida como “par- século XIX, é correto afirmar que:
lamentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia poder
sobre a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamento. Embo- a) com a Abertura dos Portos, em 1808, houve um rápido
ra o legislativo fosse dividido entre Partido Conservador e progressivo desenvolvimento da produção industrial
(saquaremas) e Partido Liberal (luzias), ambos tinham brasileira.
posições semelhantes, como a manutenção da escravi- b) as mais importantes atividades econômicas foram a
dão e a centralização de poder pelo imperador. produção de tabaco em São Paulo e a de algodão em
O Segundo Reinado foi marcado também por uma Minas Gerais.
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo c) a abolição da escravatura na primeira metade do sécu-
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da lo XIX gerou uma grande crise na agricultura de expor-
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu- tação do país.
midores, além de algumas condições internas: d) durante todo o século, a mais importante atividade
econômica foi a exportação de borracha para os Esta-
z A abertura de caminhos que ligavam o litoral ao dos Unidos.
interior passando pelo Vale do Paraíba; e) o Brasil continuava a ser essencialmente agrícola,
z A disponibilidade de terras herdadas da política de com um destaque especial para a produção cafeeira.
vigilância na época do ouro;
Durante todo século XIX e meados do século XX a
z O sistema de transporte que foi modernizado com
economia brasileira foi eminentemente agrícola,
a instalação das ferrovias a partir de 1860.
com destaque na produção do café, açúcar e algo-
dão, embora houvesse já o desenvolvimento de algu-
O Império começou a sofrer com legislação interna- mas manufaturas inexpressivas. Resposta: Letra E.
cional inglesa para a proibição do tráfico, o que o levou
a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de Queirós,
que extinguia o tráfico atlântico de escravos, e a Lei de
Terras, colocando que a terra só poderia ser adquirida
por meio de compra, excluindo futuros escravizados PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
libertos e os imigrantes europeus que começaram a vir.
Em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, inicia- O PRIMEIRO GOVERNO PROVISÓRIO
da a partir da intervenção brasileira sobre os gover-
nos do Uruguai e da Argentina, desagradando os Em 1889, a campanha republicana ganhou força
interesses paraguaios na Bacia Platina; em resposta, no Brasil; nesse contexto, foi criada a “Guarda Negra”,
os paraguaios invadiram o atual Mato Grosso do Sul. espécie de força paralela ao Exército composta por
A guerra opôs os paraguaios, liderados pelo ditador negros libertos, que procurava proteger a monarquia.
Solano Lopez, e a Tríplice Aliança, formada por Brasil, A situação dos libertos ainda era delicada e, na época,
Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil acabou indo acreditava-se que apenas a monarquia tornaria pos-
bem mais além que os outros dois, arrastando a guerra sível a abolição, advindo daí a lealdade da guarda à
até o assassinato de Lopez em 1870. Mesmo vitorioso, o
família imperial, pois receavam que sua condição de
Brasil passou a enfrentar um processo de crise.
libertos pudesse ser revertida.
Em 15 de junho de 1889, na saída do Teatro
HISTÓRIA DO BRASIL
( ) CERTO ( ) ERRADO
fez com que o governo planejasse, também, o controle Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios
do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio- de comunicação e sob os produtos culturais.
nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei- Médici
ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
criar uma fachada democrática. O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar-
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi rastazu Médici, o general de maior patente entre
substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança os pré-candidatos e que também pertencia à “linha
Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como
(Movimento Democrático Brasileiro), partido oposi- os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos
cionista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indire- direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser
tas para presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. acusado de subversivo, baseado em uma simples sus-
Já o terceiro Ato Institucional (AI-3) previa eleições peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte. 131
Seu governo coincidiu, ainda, com o período do Em 1976, outra morte tornou-se pública e como-
“milagre econômico”, cuja taxa de crescimento veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
ficou concentrada – e sustentada pelos juros baixos – repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
no setor de bens de consumo duráveis, além de um são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
crescimento exponencial no setor automobilístico. No tacar que embora somente esses dois casos tenham
campo social, contudo, a situação não era favorável, repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
uma vez que o arrocho salarial e a concentração de denúncias eram feitas em relação às torturas.
renda não permitiram a transformação dos ganhos de Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro-
produtividade dos trabalhadores. ta do partido governista nas eleições do ano seguinte,
O endividamento externo é, também, marca des- fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun-
se período, agravado ainda mais pela primeira crise to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão
do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
do mandato do presidente, de cinco para seis anos,
internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
eleições indiretas para governadores de Estado e a
problema estava no financiamento das indústrias
nomeação de um terço do Senado pelo presidente.
estatais mediante crédito de bancos privados inter-
A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote,
nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros inviabilizando o acesso da oposição à televisão.
altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal- O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na
tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico,
mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem- nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais,
po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên- promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo-
cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento
alocavam entre os últimos. econômico, dependendo cada vez mais de quantidade
vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar
Geisel que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em
seu governo, intercalada com períodos de crescimento,
Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como suces-
que seguiriam até o início do governo Figueiredo.
sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da
ditadura. O novo presidente ficou responsável por
Figueiredo
uma nova fase de institucionalização do regime,
conhecida como “lenta, gradual e segura” até transi-
O último presidente da ditadura foi João Baptista
ção para o um poder civil.
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o pri- lidação da abertura. O último presidente não possuía
meiro diz respeito ao reestabelecimento da profissiona- a mesma expertise política de seu antecessor e não
lização dos quadros das Forças Armadas e à redução do conseguiu manter o controle do processo de abertura.
poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu- Seu governo ficou marcado pela maior crise eco-
tenção do controle da oposição de centro e de esquerda, nômica vivida pelo país e pelo fim do AI-5. Uma série
além daqueles indivíduos considerados “subversivos”; de protestos e a emersão de novos movimentos sociais
o terceiro planejava a construção de uma democracia ocorreram sob sua governança, assim como violentos
restrita e controlada; e o quarto previa a manutenção ataques terroristas praticados pela extrema direita
das elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o militar, intencionando parar o processo de abertura.
principal mecanismo que atribuía legitimidade ao regi-
me frente às classes médias e empresariais. Reforma Agrária
Somava-se a isso a aproximação do governo à
grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci- A questão agrária, que há tempos vinha se arrastan-
mentos provam que a tendência autoritária do regime do no Brasil e foi fator importante na queda de Jango,
ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei- também começou a ser rediscutida ainda no começo
ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que do governo militar. Assim, o ministro Roberto Cam-
a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições pos apresentou uma proposta do Estatuto da Terra
de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a baseada em três aspectos: primeiro, a tributação pro-
tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no gressiva da propriedade, levando-se em consideração
seu tamanho e produtividade; o segundo previa a desa-
partido de modo a ampliar o número de votos.
propriação mediante indenização para o caso de terras
Além disso, militares de extrema direita respon-
improdutivas; terceiro, a colonização de terras ociosas.
deram violentamente às medidas propostas por Gei-
Em outubro de 1964, o texto foi enviado para a apre-
sel, participando de diversos ataques terroristas, ao
ciação do Congresso. Contudo, tratava-se de um texto
mesmo tempo em que organizações anticomunistas bastante diferente do que fora apresentado ao público
tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo, dias antes, o que refletia conflitos de interesses.
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela A principal alteração estava relacionada à des-
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen- centralização do aspecto fiscal da reforma agrária
sura foi largamente utilizada até 1976. proposta pelo governo, uma vez que o mecanismo de
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com tributação progressiva ficaria a cargo dos governos
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor estaduais. Nesse sentido, o conflito mais claro era entre
jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia a perspectiva modernizante defendida pelos militares,
suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma em detrimento à perspectiva conservadora dos gran-
vez que setores importantes da sociedade descredita- des proprietários e por membros da UDN. A queda de
vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre- braço entre o governo e as elites regionais resultou na
sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir derrota do primeiro e na impossibilidade de se imple-
132 o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo. mentar o projeto de modernização do campo.
A constituição de 1967 foi planejada desde a instau-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ração do quarto Ato Institucional, que determinava
regras para a aprovação de uma constituição que
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Entre 1967 e 1974, a dita- fortalecesse o poder executivo. Ademais, a constitui-
dura consolidou um modelo de modernização conser- ção de 1967 reuniu todos as medidas autoritárias
vadora e ditatorial, impulsionada pelo Estado. Houve, e os conteúdos dos Atos Institucionais decretados
em grande medida, uma retomada da tradição nacional- até aquele momento. A Emenda Constitucional nº 1
-estatista e da noção da importância-chave do Estado findava a reforma da constituição e incorporava ao
como promotor e regulador da economia, da política e seu texto a pena de morte e a pena por banimento,
da cultura.
em razão do aguçamento das atividades de oposi-
REIS, Daniel Aarão. História do Brasil Nação. Rio de
ção armada ao regime, a ampliação do estado de
Janeiro: Objetiva/MAPFRE, 2014, v. 5 (1964-2010), p.
sítio de 60 para 180 dias, com a possibilidade de sua
23-4 (com adaptações).
prorrogação por tempo indeterminado e a limita-
Considerando o trecho de texto acima e o período his-
tórico nele referido, julgue o item a seguir. ção dos direitos políticos, da liberdade de cátedra e
A política econômica do governo de Médici, baseada de expressão artística. Resposta: Errado.
na firme condução pelo Estado, provocou um ciclo de
DA REDEMOCRATIZAÇÃO AOS DIAS ATUAIS
grande crescimento econômico.
Governo Sarney
( ) CERTO ( ) ERRADO
A morte de Tancredo havia abatido enormemente
O “milagre econômico” foi produto de uma situação
o país, levando a uma comoção que há bastante tempo
externa favorável para a aquisição de créditos subsi-
diados, embora a juros flutuantes, da intervenção do não se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a
governo brasileiro na economia com incentivos à cons- rampa do Planalto em um gesto bastante simbólico,
trução de obras de infraestrutura, do arrocho salarial e pois se tratava do primeiro presidente civil após 21
da diminuição das taxas de juros. Resposta: Certo. anos de ditadura.
De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
2. (VUNESP – 2019) Assinale a alternativa que aponta presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
corretamente um dos fatos que influenciou o endureci- que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec-
mento do regime militar com a decretação do AI-5, em tativas da população não diminuíram. Pelos próximos
dezembro de 1968: 10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso,
organizar uma economia que herdava da ditadura
a) O comício do Presidente João Goulart na Central do dívida externa e inflação monstruosas.
Brasil. Ainda em 1985, a equipe econômica de Sarney
b) A nacionalização de empresas norte-americanas pelo decretou o congelamento dos preços, tentando dimi-
governo do Rio Grande do Sul. nuir a inflação; estabeleceu um corte de 10% do
c) O fechamento da empresa aérea Panair do Brasil. orçamento e proibiu a contratação de funcionários
d) A vitória da Revolução Cubana. públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária
e) As greves operárias nas cidades de Osasco e passou a ser determinado pela inflação dos três últi-
Contagem. mos meses. Essas medidas reduziram a inflação para
7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí-
As greves operárias em Osasco e Contagem e o colas, elevaram-na a 14% em agosto.
fracasso do governo em propor uma negociação, Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru-
a ameaça da guerrilha, os protestos de rua e os zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo
reclames e denúncias por deputados oposicionis- cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a
tas na tribuna oferecem uma explicação para o conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que
fechamento do regime, com a instalação do AI-5, cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla-
em dezembro de 1968. Ademais, uma das principais no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e
motivações para esse decreto estava na insatisfação serviços, além de basear o salário na média do poder
dos militares linha-dura com os Inquéritos Policiais de compra dos seis meses anteriores.
Militares (IPMs). Antes desse Ato Institucional, as O resultado foi a diminuição da inflação e um
tentativas de punição sofriam o entrave da conces- boom consumista, que rendeu boa popularidade ao
são de habeas corpus pela Justiça, assim, os pro- presidente naquele momento. Esse consumismo, con-
cessos eram mais demorados e as punições não se tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo
concretizavam. Resposta: Letra E. com que faltasse uma série de produtos na prateleira;
mesmo que o governo tentasse importar esses gêne-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A história da República ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita-
brasileira foi marcada por rupturas institucionais. Com
dura impossibilitava.
relação às crises na República, julgue o seguinte item:
HISTÓRIA DO BRASIL
se uma queda dos juros, dando mais abertura para Foi no território onde hoje é a Bahia que, em 22
as ações econômicas planejadas. Isso, contudo, sig- de abril de 1500, as caravelas de Pedro Álvares Cabral
nificava entrar em conflito com os interesses de ban- chegaram. Porto Seguro, fundada pelos portugueses,
queiros, o que gerou insatisfação. Resposta: Letra C. foi palco da primeira missa no Brasil, bem como do
primeiro documento oficial escrito nestas terras por
2. (CONTEMAX – 2019) No governo de Dilma Rousseff, Pero Vaz de Caminha. Até 1530, além do forte de Por-
importantes programas foram lançados na sociedade to Seguro também foi fundado o forte de Ilhéus. Em
brasileira, dentre os quais estão: 1548, a Bahia foi elevada à capitania real, e Salvador
foi elevada à capital do Brasil colônia em 1549. A cida-
I. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e de foi sede política, administrativa e jurídica do Brasil
Emprego (Pronatec); até 1763, quando aconteceu o deslocamento para o
II. Programa de Privatização de Estatais – PPE; Rio de Janeiro. 139
No fim do século XVIII, ocorreu na Bahia a Con- Na década de 1970, o Polo Industrial de Aratu e o
juração Baiana, também conhecida como Revolta dos Polo Petroquímico de Camaçari foram fundados no
Alfaiates (1798), que teve um caráter popular. Parti- contexto do Regime Militar. Atualmente, a Bahia é
ciparam dela artesãos, alfaiates, soldados e trabalha- o sétimo do estado do Brasil no ranking do Produto
dores negros, além de alguns escravos. Desde que a Interno Bruto (PIB).
Coroa transferira a sede do governo colonial para o
Rio de Janeiro, em 1763, iniciara-se um processo de
declínio socioeconômico e político de Salvador. Em
1797, a alta dos preços dos produtos levou a uma
série de incidentes nas ruas da cidade, pois soldados
INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
e populares invadiram repetidas vezes os armazéns No contexto da Independência do Brasil, em 1822,
para roubar carne e farinha. As ideias contrárias à
o brigadeiro Madeira de Melo, em nome do governo
opressão colonial encontravam um clima favorável
de Salvador, favorável a Portugal, inspecionou tropas
para serem aceitas.
Em agosto de 1798, apareceram afixados nas pare- dissidentes na intenção de afirmar a autoridade da
des de casas, igrejas e lugares públicos de Salvador Coroa. Em fevereiro de 1822, tiveram início os primei-
vários panfletos manuscritos direcionados ao “povo ros conflitos e, em pouco tempo, as lutas espalharam-
baiano”, propondo a instalação da “República Baien- -se por toda a cidade de Salvador.
se”. Os revoltosos queriam que todos aderissem ao Além das tropas portuguesas enfrentarem mili-
novo regime e que as autoridades metropolitanas fos- tares nascidos no Brasil, também invadiam casas e
sem depostas. Na proposta, aparecia também a pre- atacavam civis, tendo, como exemplo, a invasão do
tensão de abolir a escravidão e instaurar a liberdade Convento da Lapa e o assassinato da abadessa Sóror
de comércio. Joana Angélica. A derrota nativista trouxe o cresci-
Porém, não faltaram os traidores. O movimento mento da rejeição ao governo de Madeira de Melo.
foi delatado ao governador que, imediatamente, orde- Os líderes políticos locais se mobilizaram para
nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro reconhecer o príncipe regente, Dom Pedro I, e, não,
de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os con- a Coroa Portuguesa, em Lisboa. Vale frisar que essa
jurados, estava Cipriano Barato, que foi absolvido, afronta à autoridade de Madeira de Melo foi respon-
enquanto outros participantes foram condenados ao dida com violência.
exílio na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João de
Os brasileiros formaram, então, a Junta Concilia-
Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
tória e de Defesa, visando à luta contra o governo de
na forca e esquartejados.
A Colônia Leopoldina, primeira colônia alemã do Madeira de Melo. A reação vinda do interior chegou
Brasil, foi fundada em 1818 no sul da Bahia. Em mea- em outras cidades e em Salvador. As forças favoráveis
dos do século XIX, era um dos principais polos produ- à independência se organizaram contra as tropas que
tores de café da Bahia. iam sendo enviadas.
Já no período republicano, no final do século XIX, Por fim, as tropas lusitanas renderam-se em 2 de
eclodiu a Guerra de Canudos. O conflito iniciou-se julho de 1823, quando se comemora a Independência
entre sertanejos miseráveis e o governo baiano, mas da Bahia.
logo assumiu importância nacional, pois começou-
-se a exigir intervenção do Exército contra a suposta
ameaça de Canudos à ordem republicana.
REVOLTA DE CANUDOS
A reação a tantas novidades advindas pela mudan-
ça de regime e pelo boom das cidades não se mante-
ve contida apenas nas grandes cidades. Em distintas
regiões do país, foram deflagrados movimentos sociais
que combinavam questões agrárias e a luta pela pos-
se de terra, muito amparados por traços religiosos.
Exemplos desses movimentos são: Contestado, Juazei-
ro, Caldeirão, Pau-de-Colher e Canudos, o que indica o
lugar entre a mística popular e a revolta, um produto
inesperado do processo de modernização e da negli-
Sobreviventes de Canudos em 1897. gência do Estado com essa população.
Fonte: MultiRio. Em 1896, teve início um conflito de grande visi-
bilidade nos anos iniciais da República: Canudos. A
Os rebeldes, liderados por Antônio Conselheiro, rebelião opunha a população de Canudos, um arraial
criticavam o regime republicano, motivados por ques- que cresceu no interior na Bahia, ao recém-criado
tões sociais e políticas causadas pela miséria e pela regime republicano. O movimento sociorreligioso foi
submissão aos coronéis. Valores da religião popular, liderado por Antônio Conselheiro e durou de 1896 a
como a promessa de um mundo ideal e farto vindo 1897; essa população se rebelava contra o aumento do
depois do “fim dos tempos”, mobilizaram aqueles ser- imposto republicano.
tanejos. Acredita-se que o Arraial de Canudos, derro- Antes de se estabelecerem na fazenda de Canudos, o
tado após quatro ofensivas militares, tenha reunidos grupo, sob liderança de Conselheiro, peregrinava pelo
até 30 mil pessoas. sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes
No século XX, muitas construções simbolizaram após a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte.
o desenvolvimento do Estado, com destaque para O que gerou tanto incômodo no governo republi-
a exploração e o refino de petróleo no Recôncavo, cano e nos grandes proprietários de terra a respeito
a inauguração da hidrelétrica de Paulo Afonso e a do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
140 represa de Sobradinho. nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema.
Era uma experiencia social e política muito distinta Em agosto de 1798, apareceram afixados nas paredes
daquela do governo central, pois as pessoas de Canu- das casas, igrejas e lugares públicos de Salvador vários
dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri- panfletos manuscritos direcionados ao “povo baiano”,
buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além propondo a instalação da “República Baiense”. Os revol-
disso, Canudos não estava submetido nem aos pro- tosos queriam que todos aderissem ao novo regime e
prietários de terra nem aos chefes políticos da região. que as autoridades metropolitanas fossem depostas.
O Governo enviou a Canudos quatro expedições Na proposta aparecia também a pretensão de abolir a
formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces- escravidão e instaurar a liberdade de comércio.
so no quarto e último atentado. Prometeram que se Não faltaram, porém, os traidores. O movimento
a população se rendesse, sobreviveria, mas o acordo foi delatado ao governador que imediatamente orde-
não foi mantido e a comunidade foi dizimada. A Repú- nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro
blica queria transformar Canudos em um exemplo: de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os conju-
era isso que se recebia por não fazer parte do sistema. rados, encontra-se Cipriano Barato, que foi absolvido,
enquanto outros participantes foram condenados ao
degredo na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João
de Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
REVOLTA DOS MALÊS na forca e esquartejados.
(1798) teve um caráter mais popular. Participaram continente acabaram mortos em pouco menos de um
século de colonização (VICENTINO; DORIGO, 1997).
dela artesãos, alfaiates, soldados e trabalhadores
A respeito da chegada dos portugueses ao Brasil, assi-
negros, além de alguns escravos.
nale a alternativa incorreta.
Desde que a Coroa transferira a sede do governo
colonial para o Rio de Janeiro, em 1763, iniciara-se a) Além da submissão à exploração colonial, dos suces-
um processo de declínio socioeconômico e político sivos confrontos armados e da expulsão de suas
de Salvador. Em 1797, a alta dos preços dos produtos terras, os indígenas também foram destruídos pelas
levou a uma série de incidentes nas ruas da cidade, doenças trazidas pelos conquistadores
pois soldados e populares invadiram repetidas vezes b) Os conquistadores europeus, portadores de uma tec-
os armazéns para roubar carne e farinha. As ideias nologia superior e dotados da ambição comercial,
contrárias à opressão colonial encontraram um clima impuseram um verdadeiro morticínio às populações
favorável para serem aceitas. nativas 141
c) O processo de massacre aos indígenas teve início no perío- d) Em 1750 o governo português interveio e, a fim de
do colonial, manteve-se pela fase imperial e continuou pacificar e melhor administrar a região, juntou a capi-
pelo período republicano, não sendo raro na atualidade tania de São Paulo e Minas Gerais com a capitania do
d) Os primeiros séculos de contato entre brancos e Rio de Janeiro
índios revestiram-se de alguma amabilidade, pois, os e) Após vários conflitos os bandeirantes paulistas parti-
interesses dos colonizadores com o passar do tempo ram em busca de novas explorações na região do Nor-
mudaram radicalmente em relação ao dos indígenas deste sob a liderança de Manuel Nunes Viana
e) No início, os índios do Brasil foram atraídos pelo
4. (IBFC – 2017) Analise as sentenças abaixo e a seguir
escambo, isto é, troca de produtos nativos por outra e assinale a alternativa correta.
mercadoria
I. Em linhas gerais, a economia colonial na América por-
2. (IBFC – 2020) A maior parte dos engenhos aninha- tuguesa caracterizou-se pela mão de obra escrava,
va-se na mata, não muito distante dos centros por- pelo latifúndio, pela cultura de produtos tropicais e
tuários, o que se explica pela maior fertilidade dos pela exploração de metais e pedras preciosas.
terrenos e pela abundância de lenha, necessárias às II. Outras atividades também desempenharam importante
fornalhas famintas, alimentadas por um trabalho, que papel, coexistindo com aquelas que interessavam mais
às vezes ocupava o dia e a noite, de oito a nove meses, diretamente à política mercantilista metropolitana.
normalmente de julho/agosto de um ano a abril/maio III. Embora a agroindústria do açúcar tenha sido uma
do ano seguinte (DEL PRIORI; VENANCIO, 2010). atividade estratégica importante para a economia
A respeito dos engenhos de açúcar, leia as afirmativas colonial, ela foi colocada em segundo plano já que a
cultura cafeeira foi priorizada por conta da farta mão
abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
de obra escrava existente à época.
IV. A implantação da agroindústria cafeeira articulou a
( ) As primeiras mudas de canas de açúcar foram tra- exploração da América e África - esta fornecedora de
zidas da ilha da Madeira para o Brasil por Martim mão de obra - e ajudou a contornar a crise do comércio
Afonso de Souza que instalou o primeiro engenho da oriental, num período em que o monopólio português
colônia em São Vicente. das especiarias orientais era posto em xeque pelos
( ) A multiplicação dos engenhos pela costa brasileira holandeses e ingleses.
foi bastante rápida, chegando a mais de 60 em 1570
e 200 no final do século XVI. ( ) Coube a região Nor- Estão corretas as sentenças:
deste, destacadamente o litoral de Pernambuco e
Bahia, o papel de principal produtora de açúcar da a) I e II, apenas
colônia. b) I e III, apenas
c) III e IV, apenas
( ) O engenho, que em alguns casos chegava a ter perto
d) I, III e IV, apenas
de 5.000 moradores, era constituído por área exten-
e) I, II, III e IV
sas de florestas, fornecedoras de madeira; planta-
ções de cana; a residência do proprietário conhecida 5. (IBFC – 2017) Considere o trecho:
como casa grande, a capela e a senzala.
A beleza, o mistério e a pompa dos terreiros de umban-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- da e candomblé pelo Brasil afora, em particular na
reta de cima para baixo. Bahia, vêm de longe, no tempo e no espaço. Nasceram
da cultura e da religiosidade dos negros que deixaram
a) V, F, V, F tantas outras marcas profundas em nossa sociedade,
desde que foram retirados à força de suas comunida-
b) F, F, F, F
des e aqui desembarcaram em finais do século XVI,
c) F, F, V, V
trazendo crenças e ritos cuja prática muitas vezes lhes
d) V, V, F, F
custou caro.
e) V, V, V, V
CALAINHO, Daniela Bueno. Nossa história. São Paulo/Rio de Janeiro:
3. (IBFC – 2020) A descoberta do ouro em Minas Gerais Vera Cruz; Biblioteca Nacional. Ano 2, n. 18, abr. 2005, p.67.
pelos bandeirantes paulistas, em finais do século XVII,
atraiu para a região milhares de colonos de outras Com base no exposto, assinale a alternativa incorreta.
províncias, além de um grande número de europeus.
Julgando-se com direito exclusivo de exploração das a) A tradicional lavagem das escadarias da igreja do
minas, os paulistas hostilizaram os forasteiros, que Senhor do Bonfim teria surgido de um culto em home-
apelidaram de emboabas (em tupi, amô-abá significa nagem a Oxalá, orixá ioruba responsável pela criação
“estrangeiro”) (GIANPAOLO, 1997). do céu e da terra e de todos os seres
A respeito da Guerra dos Emboabas, assinale a alter- b) À mistura de tradições diferentes, por vezes até opos-
nativa correta. tas, dá-se o nome de fanatismo religioso, presente nas
procissões, nas festas populares, no pagamento de
a) Os emboabas enfrentaram os paulistas em vários promessas e no culto aos santos
combates, entre eles, o mais marcante ocorreu no cha- c) A convergência de interesses entre a Igreja Católica e
mado Capão da traição, no qual 300 paulistas foram a Coroa portuguesa levou à cristianização forçada dos
cercados pelos emboabas africanos civilizados
b) O confronto teve como motivo principal a disputa pela d) Como forma de resistência à opressão e para preser-
exploração do café produzido em grande escala na varem vivas suas tradições, os escravos incorporaram
região de Minas Gerais e adaptaram elementos do catolicismo à tradicional
c) Os paulistas desejavam ter exclusividade nas terras de religiosidade africana
Minas, pois diziam que tinham descoberto essa região e) Os escravos de origem ioruba que vieram para o Brasil
142 e pretendiam explorá-la para a plantação de açúcar trouxeram consigo, seus costumes e a fé em Oxalá
6. (IBFC – 2020) Assim, na manhã quente de 8 de c) O exercício do poder político da Primeira República foi
novembro de 1799, segundo o frei, as tropas de linha marcado pelo autoritarismo que sucessivamente lhe
ocuparam desde cedo a Praça da Liberdade, amplo imprimiram as forças que a instauraram
quadrilátero localizado no centro de Salvador. O povo d) O discurso reformista liberal da década de 1870 aca-
curioso não parava de chegar [...]. Logo após, os con- bou servindo de fachada, na verdade, para uma rea-
denados a degredo caminhavam de mãos atadas às ção aristocrática que, esvaziando o poder da Coroa e
costas, precedidos do porteiro do Conselho, com as excluindo as camadas pobres do direito de voto, pre-
insígnias do seu cargo, seguido dos quatro réus con- tendia instalar um parlamentarismo aristocrático onde
denados à pena capital pelo crime de lesa-majestade apenas as elites estivessem no controle do Estado
de primeira cabeça (VALIM, 2009).
e) Na busca de outras fórmulas que eliminassem a auto-
A respeito da Conjuração Baiana, assinale a alternati-
nomia do poder monárquico e, com ela, a possibilida-
va incorreta.
de de uma reforma social pelo alto, a aristocracia rural
aderiu sucessivamente ao federalismo e ao republica-
a) Condenados por conspirarem contra a Coroa de Portu-
nismo, especialmente depois da Lei Áurea
gal, dois alfaiates e dois soldados foram considerados
os réus do movimento qualificado pelas autoridades
do Tribunal da Relação da Bahia, em 1799, de “Sedição 9. (IBFC – 2020) Ao contrário de Euclides que, antes de
dos Mulatos” rumar para Canudos, permaneceu o mês de agosto
b) Parte dos historiadores que versaram sobre a Conju- praticamente inteiro em Salvador (aí chegou em 7 de
ração Baiana de 1798, perceberam certo grau de coe- agosto de 1897 e só partiu para o sertão no dia 31 do
rência entre a tentativa de participação política dos mesmo mês), Manuel Benício parece ter sido enviado
setores populares e a ideia de república diretamente para o campo da batalha. Pelo menos é o
c) Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter que se conclui com base na carta de 4 de julho, a pri-
burguês, que ocorreu na Bahia em 1798. Recebeu uma meira enviada de Canudos, e publicada a 3 de agosto
importante influência dos ideais do Renascimento Cul- no Jornal do Comércio. Nela, Benício informa que já se
tural e Revolução Industrial encontrava no sertão da Bahia desde 25 de junho, no
d) A Conjuração Baiana de 1798 deixa de ser um evento combate em Cocorobó, entre as forças da 2º Coluna e
de identificação regional, para tornar-se o representan- os jagunços (AZEVEDO, 2002).
te das mais profundas aspirações de amplos setores
da sociedade brasileira A respeito da Guerra de Canudos, assinale a alternati-
e) Esse movimento defendia a emancipação política do va correta.
Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal e
a instauração e implantação da República
a) Esse movimento refletia a extrema fartura em que
viviam as populações do Sertão Nordestino
7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa que completa cor-
b) A tensão política foi agravada pela expulsão dos ruralistas
retamente a lacuna.
que atuavam nas revoltas catarinenses e paranaenses
c) A região onde foi estabelecido o vilarejo de Canudos,
Dentro do universo colonial, é importante destacar o
cotidiano das relações escravistas. Embora muitos no interior de Pernambuco, era marcada por latifúndios
proprietários vissem os cativos como simples “coisas” improdutivos, pelas secas cíclicas e pelo desemprego
e usassem a força e outros recursos para conservá-los d) Os revoltosos incendiaram Canudos e mataram gran-
nessa categoria, ____. de parte do exército, fazendo-os de prisioneiros
e) Foi um movimento de resistência da população serta-
a) os escravos, os libertos e seus descendentes foram neja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medi-
agentes passivos mesmo diante das imposições fei- das repressivas oficiais
tas pelos proprietários
b) os escravos, os libertos e seus descendentes foram 10. (IBFC – 2017) Um dos mais graves problemas sociais
grandes parceiros dos indígenas no início da coloniza- e ao mesmo tempo econômico que o Brasil enfrenta é
ção portuguesa a pobreza de sua população. Sabe-se que, comumen-
c) os escravos, os libertos e seus descendentes também te, governos brasileiros têm utilizado políticas induti-
foram agentes transformadores de seu tempo vas de crescimento econômico como medida redutora
d) os escravos aceitavam as imposições culturais e reli- da pobreza, sem no entanto, obter resultados satisfa-
giosas da cultura portuguesa e, em razão disso, não tórios ou permanentes. Sabe-se também que, dentre
podem ser considerados agentes transformadores de as regiões que mais sofrem com a pobreza, no país,
seu tempo estão a Norte e Nordeste.
e) os escravos, os libertos e seus descendentes também
foram agentes conservadores de seu tempo
Estudos históricos mostram que, em razão disso, hou-
ve um conflito, no Nordeste Brasileiro, liderado por
HISTÓRIA DO BRASIL
50% mais pobres 18 15 12 14. (IBFC – 2015) Muitos alunos têm uma ideia equivo-
cada sobre quais territórios da América foram efeti-
30% seguintes 28 23 21 vamente ocupados pelos portugueses nos diferentes
momentos do processo colonizador. Sobre o ensino
15% seguintes 27 27 28 da interiorização da colonização: o desbravamento do
5% mais ricos 27 35 39 sertão de acordo com as orientações pedagógicas da
Secretaria de Educação de Minas Gerais, assinale a
alternativa correta.
(Fonte: GUIMARÃES, Alberto P.,1981)
cantilista vigente em Portugal na época da colonização, vida colonial, muitos deles inseridos nas propostas
de forma específica, e na Europa de maneira geral. curriculares do Ensino Fundamental e Médio.
d) O incentivo à produção açucareira na colônia esteve III. Não se enxerga mais a colônia como um simples
ligado aos perigos enfrentados por Portugal de perder apêndice, mas acredita-se que essa tinha vida e dinâ-
suas possessões americanas devido à concorrência mica própria.
com outras nações europeias pelo domínio das terras.
Estão corretas as afirmativas:
17. (IBFC – 2015) O estudo da sociedade mineira do sécu-
lo XVIII, sua diversificação e suas especificidades em a) I e III, apenas.
relação à sociedade açucareira é importante para a b) II e III, apenas.
compreensão tanto do papel econômico desempe- c) I e II, apenas.
nhado pela região de Minas Gerais. d) I, II e III. 145
19. (IBFC – 2015) Sobre o tópico “Inconfidências e Revo-
lução de 1817: movimentos de contestação ao poder” 7 C
e de acordo com as orientações pedagógicas da 8 A
Secretaria de Educação de Minas Gerais, leia o trecho
a seguir e assinale a alternativa correta: 9 E
10 A
Ao longo do século XX, a ____ foi evocada em ocasiões
das mais diversas para legitimar ações do presente. 11 D
Já a ____ , muitas vezes relegada a segundo plano no
processo de construção da independência do Brasil, é 12 C
hoje vista por muitos historiadores como um importan-
13 B
tíssimo movimento de enfrentamento da monarquia.
14 D
Assinale a alternativa que completa correta e respecti-
vamente as lacunas. 15 D
16 A
a) Balaiada - Sabinada.
b) Sabinada - Inconfidência Mineira. 17 B
c) Revolta Canudos - Revolução Constitucionalista.
d) Inconfidência Mineira - Revolução Pernambucana. 18 A
19 D
20. (IBFC – 2017) Leia o trecho a seguir:
20 C
“Tratava-se da primeira grande mudança de regime
político após a independência. Mais ainda: tratava-se
da implantação de um sistema de governo que se pro-
punha, exatamente, trazer o povo para o proscênio da
atividade pública.”
ANOTAÇÕES
(Carvalho, José Murilo. Os bestializados.p.11)
9 GABARITO
1 D
2 E
3 A
4 A
5 B
6 C
146
Planícies
países vizinhos na América do Sul como: Vene- cesso erosivo com superfície irregular; as áreas de pla-
zuela, Colômbia, Suriname, Guiana Francesa e nícies são áreas com intenso processo de sedimentação
Guiana. Nesta formação de relevo está localizado e; depressões são as áreas com altimetrias menores que
o ponto de maior altitude do Brasil, que é o Pico da seu entorno, e estão localizadas entre as bacias sedi-
Neblina, com altitude de 3,000 metros, na Serra do mentares e os escudos cristalinos. Resposta: Letra D.
Imeri no estado do Amazonas.
z Planalto Brasileiro: é constituído pelas seguintes 2. (IFSUL – 2019) “São formas do relevo mais ou menos
formações: Planalto Central, Planalto Meridional, planas ou suavemente onduladas, em geral de grande
Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Mara- extensão e que o processo de deposição de sedimen-
nhão e Piauí, Planalto Nordestino, e pelo Planalto tos supera o de desgaste”.
Uruguaio-Rio-Grandense, destaque para o Pico da
Bandeira, localizado na Serra do Caparaó, com alti- ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Expedições Geográficas (6º ano). São
tude em torno de 2900 metros. Paulo: Moderna, 2015. p. 109 147
O fragmento de texto revela o conceito de: território nacional. O objetivo desse acordo era que os
brasileiros continuassem empenhados na exploração
a) ravina. de recursos naturais presentes em nosso território,
b) falésia. como por exemplo a extração do ouro e do cultivo de
c) planície. gêneros tropicais. Os portugueses tinham a preocupa-
d) planalto. ção que o desenvolvimento das atividades industriais
e do comércio afetaria a mão-de-obra utilizada nas
As áreas de planícies são caracterizadas de deposi- atividades já citadas e dessa forma os lucros dos por-
ção de sedimentos. Os itens incorretos são: A, por- tugueses diminuiriam de forma drástica.
que ravinas são processos erosivos que ocorrem de O ano de 1808 marca a chegada da Família Real Por-
forma lineares do solo; B as falésias são formações tuguesa ao Brasil e uma série de mudanças, dentre elas
presentes nas áreas litorâneas e são regiões escar- o processo de abertura dos portos para as nações ami-
padas; o item D, pois planaltos estão localizados em gas de Portugal e a revogação do Alvará assinado ante-
áreas onde o processo erosivo supera o processo de riormente por D. Maria I. Porém, esse processo pouco
deposição. Resposta: Letra C. alterou a realidade industrial brasileira e a depen-
dência dos produtos industrializados importados. A
dependência, principalmente da Inglaterra, continua-
va ocorrendo. Além disso, o governo que se instala no
Brasil, chefiado por D. João VI, concede grandes bene-
URBANIZAÇÃO: CRESCIMENTO fícios aos ingleses, prejudicando e inibindo qualquer
URBANO, PROBLEMAS ESTRUTURAIS, tipo de investimento no setor industrial do nosso país.
No período conhecido como Segundo Reinado, o
CONTINGENTE POPULACIONAL Brasil enfrentava vários problemas, e a adoção da Tari-
BRASILEIRO. fa Alves Branco, que impunha uma série de impostos
a produtos importados, proporcionou um desenvolvi-
ATIVIDADES ECONÔMICAS: INDUSTRIALIZAÇÃO mento tímido do setor industrial, com alguns surtos
E URBANIZAÇÃO, FONTES DE ENERGIA E no século XIX, em especial na indústria têxtil.
AGROPECUÁRIA Alguns acontecimentos que começam a mudar a
realidade industrial do Brasil foram:
O processo de industrialização do Brasil teve seu
início no século XIX, com surtos industriais, princi- z A assinatura de leis abolicionistas, que proibiam o
palmente no Sudeste, no estado de São Paulo. Porém, trabalho escravo e ampliavam o trabalho assala-
foi somente com o declínio da lavoura cafeeira e com riado e o mercado consumidor;
a ocorrência da crise do modelo agrário exportador, z Crises e tensões na Europa;
que ruiu com a crise de 1929 e a adoção de políticas z Grande quantidade de matérias-primas;
industriais com objetivos de substituir as importa- z Modernização da infraestrutura portuária, com
ções. Contaram também com os incentivos governa- destaque para o Porto de Santos e com o acúmulo
mentais, que de fato proporcionaram um processo de de capitais oriundos da lavoura de café.
Revolução Industrial em nosso país.
Ainda assim, a realidade industrial brasileira con-
A sociedade urbana e industrial, resultado de um
tinuava extremamente dependente da manufatura
intenso processo de êxodo rural, é um fenômeno que
estrangeira.
ocorreu em nosso país de forma tardia e recente, ocor-
rendo em um período de quase 200 anos de atraso em Segunda fase (1931 - 1955)
relação à Revolução Industrial que ocorreu na Ingla-
terra por volta de 1750, no século XVIII. Já no século XX, em especial no período da 1ª Guer-
A industrialização brasileira pode ser dividida em ra Mundial (1914 -1918), o Brasil se viu na obrigação
fases que vamos listar a seguir: de adotar uma política industrial mais agressiva, pois
os nossos principais fornecedores de produtos indus-
z Primeira fase (1500 – 1930); trializados estavam envolvidos no conflito que ocorria
z Segunda fase (1931 – 1955); na Europa.
z Terceira fase (1956 – 1989); Após a crise de 1929, que determinou a Quebra
z Quarta fase (1990 - atualidade). da Bolsa de Nova York, e as constantes crises que a
lavoura cafeeira vinha passando, associados a uma
Primeira fase (1500 - 1808) mudança na política brasileira, ocorreu a chegada de
Getúlio Vargas ao poder e o Brasil começa a passar de
Neste período, entre 1500 e 1808, nosso país estava fato pela sua Revolução Industrial.
preso a acordos que atendiam única e exclusivamente No governo de Getúlio Vargas foram adotadas
aos interesses da Coroa Portuguesa, como por exemplo medidas que visavam o aumento do investimento na
o Pacto Colonial, no qual as colônias só podiam estabele- indústria brasileira, criando uma espécie de suporte
cer relações comerciais com suas metrópoles. Este acordo para as outras fases de industrialização que viriam a
proporcionou grandes vantagens para os portugueses e seguir. Vargas, com seu projeto nacionalista, investiu
gerou uma série de déficits e atrasos para o nosso país. na instalação de indústrias de base para a extração de
O Brasil era um simples fornecedor de matéria- recursos minerais como por exemplo:
-prima e recebia em troca produtos manufaturados
ou semi-industrializados, já que existia uma política z A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN);
restritiva de desenvolvimento industrial no territó- z A Vale do Rio Doce;
rio brasileiro. Esta política era o Alvará de Proibição z A Companhia Siderúrgica do Pará (COSIPA);
Industrial, que foi assinado por D. Maria I em 1785 z A Companhia Siderúrgica de Minas Gerais
148 e proibia a instalação de fábricas e manufaturas em (COSIMINAS);
z A Eletrobrás – produção de energia elétrica; É importante destacar o processo de desconcentra-
z E o projeto mais sucedido de Vargas que foi a ção das indústrias, que começa a ocorrer no período
Petrobrás: que iniciou nos anos 40 aqui em nosso em que os militares estão no poder. Nesse aspecto
país o processo da extração de petróleo. destacamos a instalação da Zona Franca de Manaus
– um polo industrial na zona Norte do país, onde os
Terceira fase (1956 - 1989) objetivos eram além de promover uma política de
desenvolvimento regional, estabelecer um processo
de integração entre as regiões do país.
Essa fase é marcada pelo início do processo de Assim como ocorreu a instalação de indústrias na
internacionalização da nossa economia, promovido região Norte, o mesmo ocorre em outras regiões sen-
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente do que esse processo é a principal características da
conhecido como JK. Foi desenvolvido o processo de próxima fase.
abertura do mercado brasileiro para sediar as filiais Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
das grandes indústrias estrangeiras, em especial das industrialização brasileira, é importante destacar o
automobilísticas. Esse período foi marcado por um processo de crise econômica ocorrida em nosso país
tripé econômico: desde os anos 70, se intensificando nos anos 80 e se
estendendo até meados dos anos 90.
z Capital Privado Internacional; O mundo viveu uma grave crise econômica nos
z Capital Privado Nacional; anos 70 ocasionado pelo 1º choque do petróleo, no
qual ocorreu um aumento no valor do barril e esse
z Capital Estatal.
aumento gerou reflexos em todo o mundo. Em nos-
so país, o choque do petróleo significou a retirada de
JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como capitais pelos investidores, e esse episódio acabou
slogan promover o crescimento do país “50 anos em 5”. expondo a grande dependência que nosso país tinha
Dentre os principais objetivos do Plano de Metas esta- em relação às questões econômicas e tecnológicas
vam a realização de investimentos nas seguintes áreas: perante as nações mais industrializadas.
Assim, com o agravamento da crise e elevação dos
z Educação; juros no mercado financeiro internacional, na década
z Transportes; de 1980, começa a ocorrer o processo de sucateamen-
z Energia; to da indústria no Brasil.
z Alimentação;
z Indústria de base. Quarta fase (1990 - atualidade)
Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover- Nos anos 90, o Brasil começa a adotar medidas
impostas por organismos financeiros internacionais,
no acreditavam que o país daria passos cada vez mais
como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que
largos para o desenvolvimento que todos tanto alme-
visava promover a implantação de medidas neolibe-
javam. Ocorreu a entrada de empresas multinacio- rais na condução da economia, privatizando empresas
nais, o que estimulou o setor de bens duráveis, como estatais (pertenciam ao Estado brasileiro), aumentan-
por exemplo o setor automobilístico, fazendo com que do o processo de internacionalização da economia.
o governo brasileiro fizesse investimentos no setor de
transportes, em especial no setor rodoviário, causan-
do um problema que se arrasta até os dias atuais: a Importante!
dependência do setor rodoviário. A chegada dessas
corporações internacionais foi provocada pelo fenô- Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econô-
meno conhecido como desconcentração industrial. micas, que começam a serem implantadas no
Desconcentração industrial é o processo de desloca- mundo nos anos 70 e 80, em nações como EUA
mentos de indústrias de regiões com elevados níveis e Inglaterra, que forma baseadas nas ideias libe-
de industrialização, que acabaram tornando-se onero- rais do pensador Adam Smith, e as ideias neo-
sos, com altos custos de manutenção, para regiões com liberais visam reduzir a participação do Estado
menores custos para a manutenção da produção (governo) na economia e permitir uma regulação
industrial. Nestes novos locais que receberiam as indús- mais flexível na condução de ações econômicas
trias, os custos com os fatores locacionais são menores. – o mercado age com mais intensidade. Para
A maior concentração de indústrias ocorria na a América Latina, essas ações foram impostas
região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, por pelo Consenso de Washington.
conta de todo o histórico de importância que a região
exercia para a economia do país desde o período colo-
GEOGRAFIA DO BRASIL
nial, perpassando por vários ciclos econômicos. Neste A entrada de capitais estrangeiros sem uma maior
contexto, merece destaque a região do ABCD Paulista, regulação do Estado brasileiro, acabou por expor a
área de elevada concentração industrial. fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico,
Nos anos da ditadura militar, em especial no final dos além do baixo poder de competitividade, e isso levou
várias empresas a falirem.
anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu o chamado Mila-
A disparidade que existia entre as regiões do Brasil
gre Econômico Brasileiro, época que o país apresentava era gritante: a região Sudeste chegou a ser responsável
taxas de crescimento econômico em torno de 10% ao ano. por concentrar cerca de 80% das indústrias presentes
Esse crescimento é medido por meio do Produto no território brasileiro. Diante desse cenário, a partir
Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todas dos anos 90, e principalmente nos anos 2000, o governo
as riquezas que o país produz durante o período de brasileiro, juntamente com governos estaduais e muni-
um ano, mas esse estudo também pode ser realizado cipais, começa a criar uma série de situações para que
de forma mensal ou trimestral, depende do objeto de determinados segmentos industriais se deslocassem
estudo realizado. para regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. 149
Tem início um período de forte isenção fiscal por par- A concentração no Centro-sul do fenômeno cartogra-
te dos gestores públicos para atrair indústrias para seu fado está relacionada a(ao):
território, iniciando um processo que ficou conhecido
a) a proximidade das jazidas carboníferas.
como Guerra Fiscal ou Guerra dos Lugares, nas quais b) maior centro consumidor e oferta de mão de obra.
as unidades da Federação disputavam para oferecer as c) produção de energia eólica.
melhores e mais atrativas cargas tributárias e atrair as d) maior proximidade das centrais sindicais com a con-
grandes marcas industriais para seus territórios. sequente articulação do operariado.
e) presença da malha ferroviária, única região do país em
que supera a rodoviária.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
PROBLEMAS AMBIENTAIS
GEOGRAFIA DO BRASIL
Considerado como um dos mais antigos e mais Nos centros urbanos, principalmente, está asso-
graves problemas ambientais que nosso país possui, ciada à falta de políticas para descarte do esgoto e
desde a chegada dos portugueses e dos diversos ciclos tratamento. Pouco mais da metade dos domicílios bra-
de exploração este problema vem sendo agravado. O sileiros têm o sistema de coleta de esgoto e fornecimen-
processo de urbanização e crescimento das cidades, a to de água potável, grande parte do esgoto doméstico
expansão das atividades agropecuárias, a extração de produzido em nosso país é lançado in natura direta-
madeira de lei e a utilização das terras para a pecuá- mente nos rios sem qualquer forma de tratamento.
ria extensiva foram determinantes para o agravamen- O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água
to desta situação. Como consequências do processo de doce do mundo, porém, somente 4% é própria para o
desmatamento podemos destacar: a destruição da bio- consumo de acordo com estudos da Agência Nacional
diversidade, os processos de erosão e empobrecimen- das Águas (ANA). Como consequências deste tipo de
to dos solos, a redução no ciclo das chuvas, o aumento problema ambiental destacamos a destruição e perda
das temperaturas e a questão do aquecimento global. da biodiversidade, falta de água com qualidade para o
consumo humano e uma queda na qualidade de vida
z As queimadas: em sua maioria estão diretamen- da população, além do agravamento de doenças asso-
te associadas às práticas de agricultura. Em nos- ciadas às questões citadas acima.
so país, as queimadas vêm aumentando de forma O Governo Federal, no mês de julho de 2020, san-
considerável nos últimos anos, vide os exemplos de cionou a Lei nº 14.026, promovida como o Marco de
2020 ocorridos no Pantanal e na Amazônia. Como Saneamento Básico, Lei essa que visa universalizar
consequências das queimadas, destaca-se o acele- no território nacional os sistemas de coleta de esgoto
ramento do processo de desertificação, a poluição e tratamento de água até o ano de 2033, promoven-
do ar e o processo de empobrecimento dos solos. do parcerias público-privadas para buscar resolver
os problemas que mais afligem os brasileiros, serão
A questão do lixo investidos cerca de R$ 753 bilhões, totalizando R$ 47
bilhões por ano no setor.
Considerado como o grande desafio das autoridades Dentre os problemas ambientais em zonas urba-
brasileiras, visto que o consumo do ser humano e a pro- nas, podemos destacar a formação das ilhas de calor
dução de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda- (também conhecidas como micro climas), que são pro-
des se potencializam com a coleta e o tratamento que vocadas por retirada da cobertura vegetal, verticali-
ocorrem de forma inadequada, mesmo com a lei federal zação das construções, o que acaba por impedir uma
nº 12.305 de 2010, também conhecida como a Lei Nacio- maior circulação dos ventos, circulação de veículos
nal de Resíduos Sólidos, que proíbe o descarte do lixo automotivos e o processo de impermeabilização dos
coletado em lixões a céu aberto (o ideal é a construção solos, causando assim um aumento da temperatura
de aterros sanitários). O problema ainda persiste por das áreas centrais em relação as áreas periféricas: tal
falta de interesse dos agentes públicos em promover aumento pode chegar a 10ºC.
políticas para resolver a questão e também pela falta de Um outro problema ambiental dos centros urbanos é
consciência da população em contribuir para amenizar a formação das chuvas ácidas que ocorrem em regiões
os impactos deste problema. Como consequências deste com alto nível de poluentes na atmosfera. Ao entrar em
tipo de problema temos a contaminação dos solos e dos contato com as gotículas de água, os poluentes promo-
lençóis freáticos, por conta da produção de chorume, a vem o aumento da acidez da chuva e traz consequên-
produção de gases tóxicos e o aquecimento global. cias como: a destruição de lavouras agrícolas localizadas
próximas a centros urbanos, a corrosão de monumentos
A poluição dos solos históricos e o aumento de doenças de pele.
Por último, vamos destacar o fenômeno da inversão
Por conta da utilização de agrotóxicos no setor agrí- térmica. O evento ocorre principalmente em áreas urba-
cola, a poluição dos solos acontece em consequência do nizadas com elevados índices de poluição, em especial
descarte incorreto dos produtos químicos utilizados no no inverno, da seguinte forma: a camada de ar poluído
meio rural. Nesse contexto, nosso país é um grande pro- impede a troca de ar na atmosfera (que é um fenômeno
dutor agrícola e o país que mais utiliza agrotóxicos em de ordem natural), esse impedimento faz que fique uma
todo o mundo. Como impactos ambientais decorrentes camada de ar frio e poluído próximo à superfície. Esse
dessa situação destacamos o processo de empobreci- fenômeno gera uma série de doenças respiratórias.
mento do solo, a contaminação dos lençóis freáticos e a
destruição da biodiversidade (flora e fauna).
Poluição do ar
CLIMA
Nosso país está entre as nações que mais emitem
dióxido de carbono. Esse problema tem como prin- O território brasileiro encontra-se quase que em
cipais causas o crescimento da indústria e uma ele- sua totalidade em regiões de baixas latitudes, prin-
vada concentração de veículos automotivos. Porém, cipalmente entre a Linha do Equador e o Trópico de
não podemos esquecer de destacar a emissão do gás Capricórnio, ou seja, nosso país está localizado na
metano na atividade pecuária. Os impactos ambien- faixa tropical e por esse motivo ocorre o predomínio
tais causados pela liberação dos gases do efeito estufa de climas úmidos e quentes. Também por isso, temos
(GEE), são: o aumento do buraco na Camada de Ozô- em nosso território regiões que apresentam grandes
nio, o agravamento de mudanças climáticas provo- índices de pluviosidade como, por exemplo, a região
cadas pelo aquecimento global e a contaminação da norte, e regiões que sofrem com a falta e a escassez de
152 água, comprometimento da fauna e da flora. chuvas, como o semiárido nordestino.
Os principais tipos climáticos do Brasil são os seguin- z Clima Tropical: este tipo climático está presente
tes, classificados de acordo com as zonas climáticas da na região Centro-Oeste e suas principais caracte-
Terra, nosso país possui 6 tipos de clima listados a seguir: rísticas são verões chuvosos e quentes e invernos
frios e secos. As estações são bem definidas e a
z Clima Equatorial; média de temperatura anual está acima de 18ºC,
z Clima Subtropical; porém, podem ocorrer momentos em que as tem-
z Clima Tropical de Altitude; peraturas registradas podem chegar até 7ºC. Em
z Clima Semiárido; relação ao clico de chuvas, a pluviosidade pode
z Clima Tropical Litorâneo; variar entre 1.000 e 1.500 mm por ano.
z Clima Tropical. z Clima Semiárido: este tipo climático está presente
na região Nordeste e tem como principais carac-
Vamos destacar as principais características dos terísticas a ocorrências de chuvas irregulares. São
tipos climáticos presentes no território brasileiro: raras em determinadas áreas do sertão nordesti-
no e têm as temperaturas bem elevadas, chegando
a registrar médias térmicas anuais em torno de
z Clima Equatorial: esse tipo climático está loca-
27ºC. Possui elevada amplitude térmica por conta
lizado em áreas próximas à Linha do Equador.
das chuvas irregulares a região sofre com a falta
Tem como principais características: temperaturas
de chuvas e a escassez de água. Essa região faz par-
bastantes elevadas em todo o ano e elevado índi- te do conhecido Polígono das Secas, área do terri-
ce pluviométrico. Está presente em toda a região tório brasileiro que sofre com a seca.
Norte do país e em partes da região Centro-Oeste.
O clima Equatorial possui uma média de tempera- PRESSÃO ATMOSFÉRICA
tura anual em torno dos 25ºC, com baixa amplitu-
de térmica (a diferença entre a maior e a menor Definida como a mistura de vários gases que exer-
temperatura registradas) e o ciclo ou regime de cem força sobre uma superfície, a atmosfera terrestre
chuvas sofre variações constantes de acordo com é uma mistura de gases – nitrogênio (78%), oxigênio
a atuação das massas de ar. (21%) e outros gases em menores quantidades –, água,
poeira, cinza etc. Conhecida, também, como a capa
Como forma de demonstrar como as massas de ar que protege o nosso planeta do choque com corpos
interferem nessa questão, ocorre o fenômeno climáti- celestes, a atmosfera filtra os raios solares e retém
co conhecido como friagem, que provoca uma queda parte do calor absorvido pela Terra. Esse fenômeno
nas temperaturas, podendo chegar a 10ºC. Esse fenô- proporciona temperaturas ideais sobre a superfície
meno é provocado pela atuação da massa de ar fria terrestre, criando, assim, as condições necessárias
polar, que atua no território brasileiro. para o desenvolvimento da vida.
Desta forma, pode-se dizer que a pressão do ar
z Clima Subtropical: é o tipo climático predominan- atmosférico ou pressão atmosférica (PA) é o peso que
te na região sul, com características bem definidas: uma coluna de ar exerce sobre a superfície terrestre.
verões quentes e invernos mais frios, mais rigo- Nesse caso, o peso é o produto da relação entre a mas-
rosos, podendo ocorrer geadas e, em raros casos, sa da atmosfera e a força gravitacional do planeta,
neve, por conta da atuação da massa de ar polar. pois todo objeto composto de massa está sujeito à for-
No clima subtropical, as chuvas são constantes e ça gravitacional.
bem distribuídas ao longo do ano, com registros de Quanto ao ar atmosférico, esse foi o primeiro “gás”
pluviosidade que variam entre 1.500 mm e 2.000 a ter a sua pressão medida. O ar, por ser um fluido, ten-
mm por ano. As médias térmicas registradas ficam de, sempre, a movimentar-se em direção às áreas de
em torno de 18ºC, porém, no período de inverno as menor pressão.
quedas de temperaturas podem ser bem maiores.
z Clima Tropical de Altitude: este tipo climático está Dica
presente na região Sudeste do país, e devido a alti- Fluido é toda substância que possui capacidade
metria do relevo, suas temperaturas são mais baixas
de fluir ou escoar e que não possui estrutura cris-
que as temperaturas registradas no tipo climático
talina. Por exemplo, os líquidos e os gases são
tropical, em média os registros são inferiores a 18ºC,
definidos como fluidos.
podendo ocorrer o registro de temperatura variando
entre 7ºC e 9ºC. As atuações das frentes frias podem
Para entender melhor sobre a pressão atmosféri-
provocar a ocorrência de geadas. Já em relação ao
ca, é necessário relatar a sua descoberta. Tal fato ocor-
GEOGRAFIA DO BRASIL
regime de chuvas o clima tropical de altitude possui reu em 1643, quando o físico e matemático italiano,
um regime semelhante ao clima tropical. Evangelista Torricelli (1608-1647), criou o tubo de Tor-
z Clima Tropical Litorâneo: está presente em toda ricelli, hoje conhecido como barômetro de mercúrio.
a faixa litorânea, principalmente entre o estado do Esse estudioso utilizou um tubo de vidro com 1 metro
Rio de Janeiro e o estado do Rio Grande do Norte, de comprimento, encheu-o de mercúrio (Hg) e virou-o
a região é quente e chuvosa e possui essas carac- dentro de um recipiente que também continha mer-
terísticas por conta da ação da massa de ar Tro- cúrio. Assim, observou que o líquido começou a des-
pical Atlântica. As médias de temperatura anuais cer, mas parou na altura de 76 cm.
variam entre 18ºC e 26ºC, com pluviosidade em Levando-se em conta que essa experiência foi rea-
torno de 1.500 mm anuais. No litoral nordestino, lizada ao nível do mar, o estudioso concluiu que uma
as chuvas ocorrem com mais frequência no outo- coluna de mercúrio de 76 cm (ou 760 mm) equivale à
no e inverno, já no litoral do sudeste, as chuvas são pressão atmosférica. Assim, hoje, diz-se que, ao nível
mais constantes e intensas no verão. do mar, a pressão atmosférica é igual a 760 mmHg. 153
Além disso, Torricelli também verificou que, ao A pressão atmosférica não é igual em todos os
realizar essa experiência no alto das montanhas, a lugares. Ela varia de um local para outro ao longo do
altura do mercúrio, no interior do tubo, ficava menor, tempo. Isso se deve às constantes mudanças na massa
ou seja, a pressão atmosférica era menor em lugares específica do ar nas camadas da atmosfera.
mais altos. Assim, concluiu-se que, como o ar é um Tais mudanças são causadas pelo aumento e/ou
fluido, ele tende a se movimentar em direção às áreas
diminuição da temperatura no conteúdo de vapor
de menor pressão. A pressão atmosférica, neste senti-
d’água. Dessa forma, a pressão atmosférica varia com
do, é menor em pontos mais altos e vai ficando cada
vez maior à medida que se aproxima do nível do mar, a altitude, porque a camada mais baixa é, natural-
já que é a maior pressão possível (vide Figura 1). mente, mais densa que a superior (ALMEIDA, 2016).
Assim, pode-se afirmar que a coluna de ar locali-
zada acima de um observador está sempre em pro-
cesso de renovação, devido ao vento, uma vez que, o
ar substituinte apresenta massa específica diferente
da que ali permanecia. Com o peso diferente, ocorrerá
uma contribuição aditiva ou subtrativa para a pres-
são, do contrário, as variações são compensadas e o
valor da PA permanece o mesmo.
Altitude (km)
Monte Everest 8,85 km (29,035 ft) Segundo Almeida (2016), a temperatura é a prin-
250 mmHg (PO2 53 mmHg)
cipal causa da variação da PA, sendo a sua influência
sentida num mesmo lugar, conforme a hora do dia ou
época do ano.
Pressão atmosférica ao nível do
mar 760 mmHg (PO2 160mmHg)
A Pressão Atmosférica e a Dinâmica Climática
z Quanto à abrangência, podem ser: Quanto aos Periódicos ou Brisa, ventos caracterís-
ticos dos litorais, são muito importantes na pesca e na
Planetários: alísios – tropicais e polares, con- modificação climática dos mesmos.
tra-alísios e ventos de oeste (Figura 5);
Regionais: Monções, Mistral, Simium (Figura 6).
Altas pressões
polares
Baixas pressões
subpolares
Altas pressões
subtropicais
Baixas pressões
equatoriais
Altas pressões
subtropicais Figura 7: Mecanismos das Brisas
Fonte: Slideplayer, 2021. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/
Baixas pressões
subpolares slide/12794437/>. Acesso em: 10 de maio de 2021.
Ar convergente e ascendente
Altas pressões Ar descendente e divergente
polares Ventos Alísios Já os ventos Periódicos Mecanismos das Monções
Ventos de Oeste sopram do Sudeste ao Sul do Continente Asiático.
Ventos de Leste
Esses são os mais importantes ventos periódicos, pois
Figura 5: Os ventos e as massas de ar regulam a economia da região (Figura 8).
Fonte: Slideplayer, 2018. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/
slide/12794437/>. Acesso em: 10 de maio de 2021.
Alta Pressão
UMIDADE
Umidade Relativa
Umidade Relativa
a
ur
Temperatura (ºC)
t
ra
pe
m
GEOGRAFIA DO BRASIL
Te
AM PM
TEMPERATURA
A temperatura provavelmente é o elemento mais discutido do tempo atmosférico. Mas, afinal, o que é tempe-
ratura? Essa é uma pergunta que, às vezes, nos confunde.
Temperatura pode ser definida com base no movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o
deslocamento dessas moléculas mais elevada será a temperatura. Para simplificar, pode-se dizer que tempera-
tura é a condição que determina o fluxo de calor que passa de uma substância para outra. Essa transferência e/
ou deslocamento de calor ocorre sempre de um corpo que possui uma temperatura mais elevada para outro com
uma temperatura mais baixa.
Neste sentido, pode-se concluir que a temperatura do ar está relacionada aos efeitos da radiação solar, uma
vez que o aquecimento da superfície terrestre ocorre, principalmente, pelo transporte de calor advindo dos raios
solares.
Para sabermos o quanto o ar de um local está aquecido ou resfriado pela energia solar e pela superfície, é
necessário medir a sua temperatura através do aparelho chamado termômetro. No Brasil, a unidade de medida
da temperatura é o Celsius (°C), no entanto, há outras escalas, como a Fahrenheit (°F), que é utilizada nos Estados
Unidos e em alguns países da Europa, e a Kelvin (K).
O aumento da temperatura, isto é, o aquecimento ocorre mediante o processo de condução molecular, o qual
ocorre de modo lento a partir da troca de calor sensível pelo contato direto entre as moléculas.
No entanto, o aumento da temperatura pode ocorrer, também, por difusão turbulenta, que é um processo mais
rápido de troca de energia, no qual as parcelas de ar aquecidas na superfície se agitam de forma convectiva e
conduzem o calor, vapor d’água, partículas de poeira e outras propriedades para as camadas superiores (SENTE-
LHAS, ANGELOCCI, 2012; ALMEIDA, 2016).
Conforme vimos, a temperatura do ar varia de acordo com o lugar e com o decorrer do tempo em uma deter-
minada localidade, sendo que vários fatores podem influenciar a distribuição dessa temperatura sobre a superfí-
cie da Terra ou parte dela. A quantia de insolação recebida, a natureza da superfície, a distância a partir dos copos
hídricos, o relevo, a natureza dos ventos predominantes e as correntes marítimas são exemplos desses fatores, os
quais se relacionam a três escalas de fenômenos atmosféricos (vide Quadro 1).
A variação temporal da temperatura do ar pode ser diária ou anual. Na variação diária, a temperatura do ar
varia conforme a disponibilidade da radiação solar na superfície terrestre, sendo que o seu valor máximo, nor-
malmente, ocorre entre 2 e 3h após o pico de energia radiante e a temperatura mínima, de madrugada, alguns
instantes antes do nascer do sol. A variação anual também segue a disponibilidade de energia na superfície, com
valores máximos no verão e mínimos no inverno.
As variações temporal e espacial da temperatura do ar estão relacionadas ao balanço de energia na superfície
e ao aquecimento do solo. A temperatura do ar é medida a uma altura entre 1,5 e 2 m acima do solo, porém há
uma diferença de cerca de duas horas entre a temperatura que ocorre no solo e a essa altura (PEREIRA, 2016,
SENTELHAS, ANGELOCCI, 2012; ALMEIDA, 2016).
Conforme vimos, a latitude, a altitude, a continentalidade, as correntes oceânicas, as massas de ar etc. são
158 fatores determinantes para a variabilidade espacial (horizontal) (Figura 12).
As condições padrão do local em que será feita a
medição da temperatura do compreendem área plana
Thermometer (topoclima) e gramada (microclima). Assim, o valor da
temperatura local terá, como consequência, apenas o
Shelter
macroclima. A altura da medição é padronizada entre
1,5 e 2 m acima da superfície do solo e os termômetros
são instalados dentro de um abrigo meteorológico,
para, assim, permitir a livre passagem do ar e impe-
Altitude
Figura 13: A variação da temperatura do solo ao longo do dia fico é, normalmente, maior sobre os continentes que
(temporal) e da profundidade (espacial) sobre os oceanos. Isso acontece, porque, nos conti-
Fonte: ESALQ/USP – 2012. Disponível em: <http://www.leb.esalq. nentes, a temperatura amplia-se bastante, principal-
usp.br/leb/aulas/lce306/Aula6_2012.pdf>. Acesso em: 10 de maio mente em certas áreas e épocas do ano. Observa-se,
de 2021. na Figura 14, que essa oscilação de temperatura chega
a ultrapassar os trópicos de Câncer e Capricórnio nos
A variação da temperatura do solo ao longo do dia períodos mais quentes do ano.
(temporal) e da profundidade (espacial) é estudada a Tal fato ajuda a produzir o efeito de continentali-
partir da elaboração dos perfis de variação da tempe- dade, isto é, quando a superfície continental se aque-
ratura denominados de Tautócronas. Para fins meteo- ce e se resfria mais rapidamente do que a superfície
rológicos e climatológicos, existe uma padronização hídrica (oceanos). Geralmente, a água absorve cinco
para a medição da temperatura do ar, isso permite a vezes mais calor, aumentando a sua temperatura em
comparação entre locais diferentes. quantidade igual à do aumento do solo (continente). 159
Em algumas áreas, o Equador Térmico permanece, Perceba que, quanto menor forem as latitudes
durante todo o ano, ao norte do Equador Geográfico, por (próximas à linha do Equador), maior serão as tem-
influência de correntes marítimas, cuja posição média peraturas e, ao contrário, quanto maior forem as lati-
é observada, por exemplo, no Atlântico Tropical. Assim, tudes (distantes da linha do Equador), menor serão as
a temperatura do ar oferece um ambiente propício aos temperaturas. São, portanto, variáveis e inversamen-
animais, às plantas e ao próprio homem, onde o cresci-
te proporcionais. Nota-se, na figura, que a maior par-
mento e o desenvolvimento ocorrem normalmente.
te do Brasil está situada entre a linha do Equador e o
Ademais, no hemisfério Norte, os verões são mais
quentes e os invernos mais frios do que no hemisfério Trópico de Capricórnio (hemisfério Sul), por isso tem
Sul, conforme mostra a tabela a seguir. posição favorável para receber irradiação solar.
Na região Sul do país, a latitude é mais alta, ou seja,
HEMISFÉRIO HEMISFÉRIO fica mais distante da linha do Equador e, com isso,
NORTE SUL apresenta clima mais frio que as demais regiões do
país (embora latitudes mais altas tenham mais horas
Verão 22, 4 °C 17, 1 °C
de luz do dia durante os meses de verão).
Inverno 8, 1 °C 9,7 °C
Sendo assim, cabe concluir que a escala maior de
Tabela 1: Temperaturas médias dos hemisférios Norte e Sul variação das condições do tempo é a anual, devido ao
Fonte: Ayoade, 1996. movimento de translação da Terra, responsável pelas
estações do ano, cujas diferenças sazonais (anuais) são
FATORES QUE DETERMINAM O CLIMA mais intensas à medida que se afasta da linha do Equador.
Os elementos meteorológicos são grandezas que
descrevem as condições meteorológicas da atmosfera, Importante!
isto é, a pressão atmosférica, a umidade do ar, a presen-
ça nuvens, a precipitação, vento, radiação solar, tempe- Não confunda irradiância solar com irradiação
ratura, dentre outros. Esses elementos variam no tempo solar. Irradiância solar é a densidade/quantida-
e no espaço e são influenciados pelos fatores geográficos. de de energia solar que incide em uma superfície,
Já os fatores climáticos são elementos naturais (ou por unidade de tempo. É, normalmente, medida
não) que exercem influência sobre o clima de uma em Watt/m2. Já irradiação solar é a irradiância
determinada região. São agentes causais, os quais con-
acumulada ao longo do tempo.
dicionam os próprios elementos, tais como a radiação
solar, a latitude, a altitude, a continentalidade e/ou
oceanidade, o tipo de corrente oceânica, a vegetação, A vegetação também é um dos fatores que deter-
a urbanização etc. Como exemplo, pode-se citar a
minam e/ou influenciam no clima. No Brasil, há, pelo
pressão atmosférica, a qual diminui com a altitude e
menos, 11 (onze) tipos de vegetação (Figura 16). As
a radiação. No caso dessa última, depende da latitude,
florestas, principalmente as densas, costumam reter
da altitude e da época do ano (Figura 15).
muita umidade, além de possuírem capacidade de
impedir a incidência dos raios solares.
PN
Zona fria
do Norte
Mata Atlântica
Floresta Amazônica
Zona temperada Matas Intermediárias
do Norte
Manguezais e Restinga
Mata de Araucárias
Mata de Cocais
Zona Caatinga
quente ou Campos
intertropical
Cerrado
Complexo do Pantanal
A influência da vegetação sobre o clima é determinada por diversos fenômenos, como o albedo (quantidade de
radiação solar refletida em uma superfície), a umidade do ar, as variações de temperatura, a incidência de chu-
vas, dentre outros. Isso significa que o desmatamento de grandes áreas de florestas provoca alterações climáticas
significativas tanto em âmbito local, quanto em outras partes do planeta.
Para se ter ideia, uma árvore de 10 metros da Floresta Amazônica é capaz de “bombear” para o ar mais de 300
litros de água por dia. Esse bioma é responsável pelas chuvas não apenas na região Norte do Brasil, mas em várias
partes do país, visto que, durante parte do ano, as massas de ar (transportando vapor de água) deslocam essa umi-
dade rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além de países vizinhos. Esses “cursos de água atmosféricos”
são os chamados “rios voadores”. Outro fator que influencia diretamente o clima de uma região é a urbanização.
Nos grandes centros urbanos, existem muitas construções, grande concentração de asfalto (ruas, avenidas) e con-
creto (prédios, casas e outras construções), elementos que aumentam a retenção do calor. Para piorar, as áreas
verdes costumam ser em pouca quantidade, em função do adensamento urbano.
Ademais, a grande quantidade de veículos automotores torna a poluição do ar elevada, favorecendo a forma-
ção de ilhas de calor e alterando o clima das grandes cidades.
Ilhas de calor é um fenômeno climático que ocorre, principalmente, nas cidades com elevado grau de urbani-
zação. A formação e a presença de ilhas de calor, no mundo, são negativas para o meio ambiente, pois favorecem
a intensificação do fenômeno do aquecimento global (Figura 18).
GEOGRAFIA DO BRASIL
Deste modo, cidades com grandes índices de urbanização tendem a concentrar mais calor, fazendo com que
a temperatura fique acima da média e, automaticamente, que a umidade relativa do ar seja baixa nessas áreas.
161
Destaca-se, ainda, o clima de regiões próximas ao Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas responsá-
litoral, que recebe influência dos oceanos (maritimi- vel por produzir informações científicas, é certo que
dade). As cidades litorâneas, geralmente, são mui- o aumento da temperatura na Terra tem sido causado
to úmidas e têm alto índice pluviométrico (chuvas). pela ação do homem.
Essa umidade é originária da evaporação da água Estima-se que, a partir da Revolução Industrial,
dos oceanos, que atinge as áreas litorâneas com mais a temperatura global média tenha aumentado cerca
intensidade que nas áreas localizadas no interior do de 0,8 °C, sendo a maior parte desse aumento causa-
continente (Figura 19). da pela atividade de queima de combustíveis fósseis
(gasolina, carvão mineral e outros) e desmatamento.
Tais atos são responsáveis pelo crescimento da con-
centração atmosférica de dióxido de carbono (CO2) e
outros gases de efeito estufa.
A fim de amenizar o problema, a Convenção Qua-
dro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima prevê
a contenção das concentrações de gases de efeito estu-
fa, buscando evitar interferências antrópicas perigosas
no sistema climático. Além disso, estudos apontam que,
para impedir danos maiores à natureza, à humanidade
e à economia global, é preciso limitar o aquecimento a
menos de 2 °C acima do nível pré-Revolução Industrial.
Quanto ao efeito estufa, ele corresponde a uma
camada composta, principalmente, por gás carbôni-
co (CO2), metano (CH4), N2O (óxido nitroso) e vapor
d’água, gases que cobrem a superfície da Terra. Esse
fenômeno natural é imprescindível para a manuten-
ção da vida na Terra, pois, em sua ausência, o planeta
pode tornar-se muito frio, o que inviabilizaria a sobre-
vivência de diversas espécies.
Naturalmente, parte da radiação solar que chega à
Terra é refletida, retornando para o espaço, enquanto
a outra parte é absorvida pelos oceanos e pela superfí-
cie terrestre devido à camada de gases em torno dela.
A parte retida é a causa do chamado Efeito Estufa
(Figura 20). À medida que a camada de gases estufa
fica mais espessa, mais calor é retido na Terra e, con-
sequentemente, maior é a temperatura da atmosfe-
Figura 19: Região litorânea de Santa Catarina
ra terrestre e dos oceanos, ocasionando o chamado
Fonte: Sua pesquisa.com, 2020. Disponível em: <https://br.images. aquecimento global.
search.yahoo.com/>. Acesso em: 12 de maio de 2021.
Ainda, pode-se citar, como consequências do Aquecimento Global, a ocorrência de eventos climáticos extre-
mos, como tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis, os
quais podem causar a extinção de espécies de animais e de plantas.
No Brasil, acredita-se que a elevação do nível do mar pode afetar regiões costeiras. Dentre os principais dese-
quilíbrios que as alterações climáticas podem causar, destacam-se o aumento da frequência e intensidade de
enchentes e secas, expansão de vetores de doenças endêmicas, mudança do regime hidrológico, perdas na agri-
cultura e ameaças à biodiversidade.
Entre as atividades humanas que favorecem o aumento do aquecimento, por emitirem ampla quantidade de CO2 e
de gases formadores do Efeito Estufa, estão a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, atividades indus-
triais e transportes, conversão do uso do solo, agropecuária, descarte de resíduos sólidos e o desmatamento. O Brasil é
um dos líderes mundiais em emissões de gases de efeito estufa (GEE) em decorrência das mudanças do uso do solo e do
desmatamento.
Vale destacar que as áreas de florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de carbo-
no, os quais absorvem e estocam CO2. No entanto, quando ocorre um incêndio florestal ou uma área é desmatada, esse
carbono é liberado para a atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. Além disso, as emissões
de GEE pela agropecuária e geração de energia vêm aumentando ao longo dos anos (Figura 22).
Água CO2
Água
Fotossíntese
Lenha Vapor água
Calor
Água+Minerais
O2
GEOGRAFIA DO BRASIL
Resíduos de
combustão
Conforme citado, os principais GEE são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso. O CO2
constitui mais de 70% das emissões de GEE, permanecendo ao redor da superfície terrestre por, no mínimo, cem
anos, causando, assim, impactos no clima ao longo de séculos. Já o CH4, embora emitido em menor quantidade,
seu potencial de aquecimento é vinte vezes superior ao do CO2. Quanto ao óxido nitroso e aos clorofluorcarbonos
(CFCs), suas concentrações na atmosfera são menores, mas o seu poder de reter calor é de 310 a 7.100 vezes maior
do que o CO2 (NAHUR; GUIDO; SANTOS, 2015; WWF, 2021). 163
Como vimos, a partir da Revolução Industrial, tanto os países desenvolvidos quanto os países em desenvolvi-
mento têm elevado, consideravelmente, suas emissões de GEE. Atualmente, a China ocupa o primeiro lugar do
ranking, em seguida, pelos Estados Unidos; o Brasil aparece em décimo terceiro lugar. Juntos, os 15 (quinze) prin-
cipais países geradores de poluição emitem 72% de todas as emissões de CO2 do planeta.
Aqui, cabe-nos um questionamento: o que se pode fazer para combater o Aquecimento Global?
Existem inúmeras maneiras de diminuir as emissões dos gases de Efeito Estufa e, consequentemente, o
aumento do Aquecimento Global. Para isso, é necessário que ocorra, em caráter de urgência, a redução do des-
matamento, o investimento em reflorestamento e a conservação de áreas naturais, o incentivo ao uso de energias
renováveis, a utilização de biocombustíveis, a redução e o reaproveitamento de materiais, o investimento em
tecnologias de baixo carbono, entre outros. Tais medidas podem ser estabelecidas através de políticas nacionais e
internacionais de clima (ANELLI, 2011; WWF, 2021).
Os países membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Frame-
work Convention on Climate Change – UNFCCC), base de cooperação internacional, buscam estabelecer políticas
para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em um nível no qual as atividades humanas não
interfiram seriamente nos processos climáticos.
Vale ressaltar que a primeira reunião aconteceu em 1992 durante a Eco 92, Conferência Internacional sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro. O texto da Convenção foi assinado e ratificado por 175 paí-
ses, os quais reconheceram a necessidade de um empenho global para o enfrentamento das questões climáticas.
Após seu estabelecimento e entrada em vigor, os representantes dos diferentes países passaram a se reu-
nir anualmente, a fim de discutir a sua implementação. Tais reuniões são chamadas de Conferências das Partes
(COPs).
Desta forma, os países desenvolvidos, por serem responsáveis históricos das emissões e por terem mais condi-
ções econômicas para arcar com os custos, seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012 (NAHUR;
GUIDO; SANTOS, 2015; MMA, 2021; WWF, 2021).
No ano de 2012, durante a COP 18, em Doha, estava prevista a finalização do Protocolo de Quioto. Porém,
164 observou-se que diversos países não atingiram as metas e o Protocolo foi prorrogado até 2020.
Importante!
O Protocolo de Quioto constituiu um tratado internacional que estipulou as metas de reduções obrigatórias
dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012. Embora tenha havido resistência por
parte de alguns países desenvolvidos, foi acordado o princípio da responsabilidade comum.
Essa é uma ferramenta de mercado que possibilita, aos países que tenham a obrigatoriedade de reduzir suas
emissões, a compra de créditos de carbono de um país que já tenha atingido a sua meta e, portanto, possui crédi-
tos excedentes para vender.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um instrumento que integra o Protocolo de Quioto e permite
que os países desenvolvidos invistam em projetos para a redução de emissões de gases em países em desenvolvi-
mento. As emissões reduzidas são contabilizadas e geram créditos de carbono, que podem ser comercializadas no
comércio de emissões. O MDL inclui, ainda, a implantação de atividades para a redução dos gases do Efeito Estufa.
Cabe ressaltar que esses projetos são baseados em fontes renováveis e alternativas de energia, eficiência e
conservação de energia ou reflorestamento. Todos com o foco nas reduções de emissões adicionais àquelas que
ocorreriam na ausência do projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação
da mudança do clima.
A Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal – REDD – é um plano de incentivo desenvol-
vido no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 2013, durante a Conferên-
cia das Partes em Bali, na Indonésia.
O principal objetivo é indenizar os países em desenvolvimento pela redução de emissões dos GEE provenien-
tes do desmatamento e da degradação florestal. Além disso, leva-se em consideração o papel da conservação de
estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal deno-
minado REED+ (REED plus em inglês) (MMA, 2016).
Felizmente, existe uma série de iniciativas sendo aplicadas tendo em vista tais mecanismos. No Brasil, o World
Wide Fund for Nature – WWF –, organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação,
investigação e recuperação ambiental, em parceria com o governo do Acre vem apoiando a construção do REDD
no âmbito do programa de pagamentos por serviços ambientais.
Neste sentido, pode-se concluir que o REDD é uma importante ferramenta para os países com florestas nativas,
a qual busca contribuir para a conservação, redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa
(Figura 23).
Outras
UNFCCC GCF
Internacional fontes
Compensação
Pagamentos por por resultados
resultados de REDD+ Resultados (tCO2e) nacionais
(USD/tCO2e)
Em suma, a distribuição de benefícios do REDD+ tem início assim que o país em desenvolvimento apresenta à
UNFCCC todos os elementos para a obtenção do reconhecimento de seus resultados de REDD+. Quando o processo
é finalizado, os resultados de REDD+ medidos em tCO2 serão inseridos no Lima Information Hub.
Na decisão 9, da CP 19, a COP decidiu estabelecer o Lima REDD+ Information Hub na REDD+ Web Platform,
como um meio para publicar informações sobre os resultados das atividades de REDD+ e os correspondentes
pagamentos baseados em resultados. O Lima REDD+ Information Hub visa aumentar a transparência das infor-
mações sobre ações baseadas em resultados de REDD+.
Assim, quando o país está apto a captar recursos de pagamentos por resultados, os pagamentos são efetuados
por diversas fontes internacionais, em particular do Fundo Verde para o Clima (GCF na sigla em inglês).
A distribuição de benefícios, portanto, ocorre de acordo com regras definidas nacionalmente. Não há regras
e/ou exigências quanto ao uso desse recurso, uma vez que o pagamento se deu por ações executadas no passado
(MMA, 2016). 165
A Resposta à Emergência Climática
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em novembro de 2021, os representantes dos
países-membros da Organização das Nações Unidas 1. (ESPCEX – 2020) A figura abaixo é uma representação
(ONU) estarão reunidos por 12 dias com o intuito de dos principais climas que atuam no Brasil.
estabelecerem novas metas e estratégias capazes de Considere os seguintes climogramas. Eles represen-
frear o avanço de um inimigo comum: a emergência tam as médias anuais de temperatura e pluviosidade
climática. de três cidades brasileiras entre os anos de 1961-1990.
Ressalta-se que será em Glasgow, na Escócia, a 26ª
Conferência das Partes sobre a Mudança Climática (°C) (mm)
(COP 26). A reunião será marcada pelo terceiro encon- 30 500
tro entre os 195 países signatários do Acordo de Paris.
Após cinco anos desde a assinatura do Acordo cli-
mático, chegou, então, a hora de fazer um balanço do
que foi realizado nesse tempo em prol da redução de
24 400
emissão de GEE. Até o final de 2020, 75 signatários,
que representam 30% das emissões, submeteram à
ONU suas Contribuições Nacionalmente Determina-
das (NDCs na sigla em inglês), por meio de documen-
tos que especificam as metas e medidas que serão 18 300
implementadas a curto, médio e longo prazo, para
diminuir as emissões.
A percepção geral foi de que as iniciativas apre-
sentadas pelos países foram insuficientes para frear
12 200
o aumento da temperatura do planeta. “Os governos
estão longe do nível de ambição necessário para limi-
tar as mudanças climáticas a 1,5 °C e cumprir os obje-
tivos do Acordo de Paris”, analisa o secretário-geral da
ONU, António Guterres, em comunicado publicado no 6 100
dia 26 de fevereiro de 2021.
Neste sentido, a orientação dada a esses países foi
de que, até a realização da COP 26, suas metas fossem
refeitas, a fim de que venham a contribuir, verda- 0 J F M A M J J O N 0
A S D
deiramente, com o controle da emergência climática
(Figura 24). Para o secretário-geral, “a ciência é clara: Climograma X
para limitar o aumento da temperatura global em 1,5
°C, devemos cortar as emissões globais em 45% até (°C) (mm)
2030, em relação aos níveis de 2010” (LOPES, 2021). 30 500
24 400
18 300
12 200
Figura 24: Retrato da emergência climática
12 200
HORA DE PRATICAR!
6 100 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.
começando a aparecer. Esse não é o milagre da multi- período conhecido por “milagre econômico”.
plicação. É o milagre da irrigação. Controlando a água,
é possível controlar todo o ciclo de vida da parreira.” Estão corretas as afirmativas:
14 E
a) Jovens negros e pardos são as principais vítimas dos
homicídios, situação que ampliada para a morte de 15 D
mulheres negras é ainda mais alarmante. A região
Nordeste lidera este índice na relação número de mor- 16 C
tes por 100 mil habitantes
b) Há uma proximidade entre Negros e Não-Negros viti- 17 A
mados por mortes violentas no caso brasileiro, e a
18 C
região Norte foi a grande responsável pela alarmante
alta das mortes violentas 19 A
GEOGRAFIA DO BRASIL
172
Microsoft Office
MICROSOFT
PROGRAMAS LIBREOFFICE O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi-
OFFICE
ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de
LibreOffice arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para
Editor de Textos Microsoft Word
Writer os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen-
to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP
Planilhas de
Microsoft Excel LibreOffice Calc (Presentation – apresentação de slides).
Cálculos
O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o
Apresentações Microsoft LibreOffice pacote com recursos especificamente úteis para os
de Slides PowerPoint Impress brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo
programático dos editais de concursos (BrOffice.org),
além das questões que já foram aplicadas pelas bancas.
As extensões dos arquivos editáveis produzidos O LibreOffice é o pacote atual, disponível para
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na download e instalação em diversas plataformas. Está
tabela a seguir. na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme-
lhantes às versões anteriores, com uma interface
EXTENSÕES MICROSOFT redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis-
LIBREOFFICE ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro-
DE ARQUIVOS OFFICE
soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc).
Editor de Textos DOCX ODT Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi-
ce usar ou estudar?
Planilhas de
XLSX ODS Para concursos das bancas CESPE/Cebraspe e Ins-
Cálculos
tituto Quadrix, você deverá ter a última versão dis-
INFORMÁTICA
Recortar
Copiar
Área de Transferência
Colar
Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte
Diminuir fonte
Folha de Rosto
Quebra de Página
Inserir
Tabelas Tabela
Imagem
Formas
Importante!
A banca organizadora de concursos CESPE/Cebraspe não costuma utilizar imagens em suas provas. Ela prioriza o
conhecimento do candidato acerca dos conceitos dos softwares. Outras bancas organizadoras, como Fundação
VUNESP e Fundação Getúlio Vargas, priorizam o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a
produção de arquivos (parte prática dos programas).
As guias possuem uma organização lógica, sequencial, das tarefas que serão realizadas no documento, desde
o início até a visualização do resultado final.
INFORMÁTICA
BOTÃO/GUIA DICA
Arquivo Comandos para o documento atual. Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar.
Tarefas secundárias. Adicionar um objeto que ainda não existe no documento. Tabela, Ilustrações,
Inserir
Instantâneos.
175
BOTÃO/GUIA DICA
Referências Índices e acessórios. Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários, etc.
Correção do documento. Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de alte-
Revisão
rações, comentários, comparar, proteger, etc.
Exibir Visualização. Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?
A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados através das opções da guia Referências.
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Página Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no menu
Estilos.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de formatação
no texto’, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação.
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou
iniciar uma digitação.
Seleção
Através do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, parágrafos
e até o documento inteiro.
Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local
Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado
Botão principal
Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor
pressionado
Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
176 ele criará um texto ‘aleatório’ com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.
Edição e formatação de fontes
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
subscrito
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independente,
que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.
Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
INFORMÁTICA
- - Âncoras de objetos
Tabelas
As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos.
178
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel.
WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos. Somente o conteúdo da primeira célula será mantido.
Índices
Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.
Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
INFORMÁTICA
forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.
Importante!
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). 179
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
EXERCÍCIOS COMENTADOS radas com números.
( ) CERTO ( ) ERRADO
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Word 2013 permite fazer z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
referência cruzada de itens localizados em um mesmo folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas
documento e também de itens localizados em documen- (nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
tos separados. z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão
XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acor-
( ) CERTO ( ) ERRADO do com quantidade de memória RAM disponível,
nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
O Word permite fazer referência cruzada de itens z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
localizados em um mesmo documento e itens locali- da célula, permite que um valor seja copiado na
zados em documentos separados. A referência cru- direção em que for arrastado. No Excel, se hou-
zada é uma ligação entre itens do documento, ou ver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 núme-
entre documentos diferentes. Quando se acessa uma ros, uma sequência será criada. Se for um texto, é
referência cruzada, ao terminar, volta para o ponto copiado. Mas texto com números é incrementado.
de origem. O editor de textos Microsoft Word per- Dias da semana, nome de mês e datas são sempre
criadas as continuações (sequências);
mite que links sejam inseridos no documento. Estes
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Haven-
links podem apontar para itens externos ‘sem voltar
do diversos valores para serem mesclados, o Excel
para o local de origem” ou para locais com possibi-
manterá somente o primeiro destes valores, e cen-
lidade de referência de sua origem. Resposta: Certo.
tralizará horizontalmente na célula resultante.
MICROSOFT EXCEL
Mesclar e Centralizar
Mesclar e Centralizar
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas
nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde Mesclar através
1 Fração: Ex.: 4
2
102 Cientifico. Ex.: 4,00E + 00
ab Texto: Ex.: 4
As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exemplo,
na verdade é um número formatado como data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.
Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00 INFORMÁTICA
O ícone % é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)
181
VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0
1 100% 100,00%
0,5 50% 50,00%
2 200% 200,00%
100 10000% 10000,00%
0,004 0% 0,40%
O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.
,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas deci-
mais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.
Simbologia específica
Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.
z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.
z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=
O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=
OPERADORES DE REFERÊNCIA
z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
INFORMÁTICA
O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
183
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:
a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
e) R$ 360,00
A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará. Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1. E se temos dois símbolos de cifrão, temos
uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).
Faz a soma de 15 e 3.
= 15 + 3
Início de fórmula, função ou Compara o valor de A1 com 5, e caso seja
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
comparação. verdadeiro, mostra 10, caso seja falso,
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
mostra 11.
O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.
Erros
Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:
Funções Básicas
No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.
185
z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
de soma nas células selecionadas, se uma condição segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi-
for atendida. ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais
serão realizadas as duas operações, somente uma
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para
delas, segundo o resultado do teste.
que seja somado)
A função SE usa operadores relacionais (maior,
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15 textos literais.
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
res de A1 até A10 que forem iguais a 10.
=SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da
célula A1 não é 10”)
z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
células selecionadas e exibe o valor médio encontrado. valor não é negativo”)
=SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples não é positivo”)
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma É possível encadear funções, ampliando as áreas
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
vazias não entram no cálculo da média. vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
z MED(valores) : informa a mediana de uma série =SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é
de valores. negativo”;”Valor é positivo”))
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for
e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5. teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
Se temos uma sequência de valores com quantida- rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não
de par, a mediana será a média dos valores que estão é menor que zero, só poderia ser maior do que zero,
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). usado somente no início da digitação da célula.
As funções CONT são usadas para informar a
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células quantidade de células, que atendem às condições
selecionadas. especificadas.
fórmula
z Os gráficos do tipo Histograma são usados para séries de valores com evolução, como idades da população. São
exemplos de gráficos do tipo Histograma: Histograma e Pareto.
z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.
z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados. São
exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no Eixo Secun-
dário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação Personalizada.
INFORMÁTICA
Classificação de dados
189
Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por formato,
incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones.
A maioria das operações de classificação é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por
linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.
CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS
Classificar números Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’ ou
‘Classificar do maior para o menor’
Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa.
190
EXERCÍCIO COMENTADO Importante!
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Microsoft Excel 2010, Apresentações de slides é um tópico pouco
é possível formatar células por meio das opções Ali- questionado em provas de concursos. Conhe-
nhamento, Borda e Fonte, desde que a formatação cendo os conceitos do Microsoft PowerPoint,
seja realizada antes da inserção dos dados. você poderá aproveitá-los quando estudar
LibreOffice Impress.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Nas planilhas de cálculos como o Microsoft Excel As apresentações de slides podem ser gravadas em
e o LibreOffice, as fórmulas e funções poderão ser formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até
inseridas nas células para a obtenção de resultados transformadas em vídeo (extensão MP4).
a partir dos valores armazenados nelas. Os recursos do PowerPoint, como animações, tran-
A formatação da célula poderá ser realizada antes sições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá
ou depois da entrada de dados. Ao acionar Ctrl+1 o ser reproduzido em outros dispositivos, como Smart
usuário pode formatar números, bordas, alinhamen- TV em totens de propagandas.
to, preenchimento, etc. O usuário poderá personali-
zar a exibição ou usar uma das máscaras de exibição
disponíveis no aplicativo. Resposta: Errado.
MICROSOFT POWERPOINT
Formato do LibreOffice
ODP
Open Document Impress, que pode ser z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresen-
Presentation. editado e salvo pelo tação (usadas para Apresentações Personalizadas).
Microsoft PowerPoint. Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e no
Formato de documen- início, escolher qual delas será exibida para o público;
to portável, sem alguns z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao sele-
Portable Docu-
PDF/XPS
ment Format.
recursos multimídia cionar algum efeito de animação entre os slides
inseridos na apresen- (guia Transições, grupo Transição para este slide),
tação de slide. será disponibilizada a opção para configuração do
Intervalo; 191
z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas animações
simultaneamente, enquanto a transição do slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saída ou Trajetórias
de Animação;
Conceito de slides
Conforme observado no item anterior, os slides são as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as pági-
nas de um documento do Microsoft Word, os slides possuem configurações como margens, orientação, números de
páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés, etc. O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais de slides,
z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações;
Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos:
z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo, o
slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de ano-
tações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para editar e alternar entre slides no painel de estrutura de
tópicos. Útil para a criação de uma apresentação a partir dos tópicos de um documento do Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classificação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas, arrastando-as. As operações de slides estão disponíveis,
como Excluir slide, Ocultar slide, etc. Mas não é possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique será
possível a edição do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.
A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
quantidade de slides, tempo da apresentação, etc.
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. O questionamento é sobre como fazer, onde configurar,
como apresentar, etc. Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5. Pode-
mos escolher o ícone ‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides. E ainda
clicar no ícone correspondente na barra de status, ao lado do zoom.
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Durante a apresentação de slides, as setas de direção permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela
preta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem os princípios do editor de textos Word. E os comandos
também são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.
192
De acordo com o formato escolhido, alguns recursos poderão ser desabilitados.
O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.
A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.
Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como
o modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pres-
sionar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides, etc.
Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.
Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua
apresentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses
intervalos para executar a apresentação automaticamente no futuro.
Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.
Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada
imagem será colocada em um slide individual.
Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você
clicar nele ou passar o mouse sobre ele.
Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.
Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e
faixas, textos explicativos e botões de ação.
193
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela
EXERCÍCIOS COMENTADOS tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma
palavra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho)
1. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) Quando o PowerPoint ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado
2013 é aberto (Apresentação em Branco), o slide exi- verde). Já a autocorreção é um recurso diferente, que
bido mostra dois espaços formatados, um para adicio- permite substituir erros comuns, como a ausência de
nar um título e o outro para adicionar um subtítulo. maiúscula no início de uma frase, corrigir o uso aci-
dental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre
( ) CERTO ( ) ERRADO maiúscula e minúscula), acentuação na palavra não
(quando digitamos naõ), e principalmente a substitui-
O Microsoft PowerPoint é o editor de apresentações ção de símbolos por palavras, definidos pelo usuário,
de slides do pacote Microsoft Office. Quando ele é no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.
aberto ou uma nova apresentação em branco é ini-
ciada (atalho de teclado Ctrl+O), um slide com o Estrutura básica dos documentos
layout “Slide de título” será exibido. Ele contém um
espaço formatado para o título e um espaço para Os documentos do LibreOffice Writer possuem a
um subtítulo. Resposta: Certo. seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos
do Microsoft Word e conceitos:
2. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) Slides somente podem
ser inseridos no PowerPoint 2013 com o mesmo layout z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text).
do slide anterior, já que não é permitido inserir um sli- Os documentos são arquivos editáveis pelo usuá-
de com outro layout em uma mesma apresentação. rio. Os Modelos, com extensão OTT (Open Template
Text), contém formatações que serão aplicadas aos
( ) CERTO ( ) ERRADO novos documentos criados a partir dele.
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo
O slide é como uma página da apresentação, e tem o tamanho do papel e margens. Definições estão no
os objetos inseridos em regiões determinadas pelo menu Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.
layout. O layout poderá ser usado em vários slides
da mesma apresentação, sem qualquer problema.
Disponível na guia Página Inicial, o Layout poderá
ser escolhido pelo usuário e alterado posteriormen-
A4
te se desejar. Resposta: Errado.
LIBREOFFICE WRITER
O botão abc é usado para fazer a verificação orto- Edição e formatação de textos
gráfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação
ortográfica o atalho é Shift+F7. A auto verificação A edição e formatação de textos consiste em apli-
ortográfica é para correção automática de todos os car estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos
erros do documento segundo as configurações pré-de- parágrafos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem
terminadas pelo editor de textos Writer. todos estes recursos, como o Microsoft Word.
194
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração
aplicada.
As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.
195
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO
Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).
Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.
Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador
1 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
2 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
3 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
4 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
196 6 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -
Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)
Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.
z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta;
A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:
Cabeçalhos
Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.
7 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
8 O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também. 197
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.
Inserir
Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.
MENU SIGNIFICADO
Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar,
Arquivo
imprimir, propriedades).
Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecio-
Editar
nar) e área de transferência do Windows/Linux,
Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom
Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos
gráficos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé.
Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e nume-
Formatar
ração, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento.
Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser
Estilos
organizadas em um índice.
Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recur-
Tabelas
so. Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida.
Impressão
Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).
198
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel
em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir nor-
malmente. O LibreOffice Calc reconhece o formato
XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de arma-
zenamento não influencia nos recursos disponíveis
no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a
extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é
um componente do ODF (Open Document Format). O
arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABA-
LHO, e poderá ser gravado no formato do Microsoft
Office, todas as versões.
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc inicia
com 1 planilha (folha de dados), identificada por abas
na parte inferior da tela de visualização. Cada planilha
é independente das demais, e usamos o sinal de ponto
final para referenciar dados em outras planilhas.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de
Havendo a possibilidade disponível na impresso- A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui
ra, serão impressas de um lado da página, ou frente e 1024 colunas). As linhas são numeradas com números,
verso automático, ou manual. Ao contrário do Word, de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
Writer divide em guias as opções da impressão. O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Micro-
soft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor
ou pior. Cuidado com as comparações. Quando a ban-
ca sugere uma comparação, menosprezando um dos
EXERCÍCIOS COMENTADOS itens, geralmente está errado.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) O aplicativo Writer, do Conceitos básicos
BrOffice, utilizado para a edição de textos, não permite
a realização de cálculos com valores numéricos, por
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon-
exemplo, cálculos com valores em uma tabela inserida
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
no documento em edição.
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
( ) CERTO ( ) ERRADO z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea-
das com uma letra;
O LibreOffice Writer possui integração com os z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
demais programas do pacote, e permite a integra- radas com números;
ção dos recursos do LibreOffice Calc (planilhas de z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
cálculos) em uma tabela do documento. O Microsoft folha de dados. Writer representa com (ponto final).
Office também é assim. Resposta: Errado. z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de
2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No aplicativo Writer, para memória RAM disponível, nomeadas como Planilha
alterar a cor da fonte de um caractere no documento 1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS;
em edição, o usuário pode utilizar o menu Formatar e, z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
em seguida, escolher a opção Fonte. da célula, permite que um valor seja copiado na
direção em que for arrastado. No Excel, se houver
( ) CERTO ( ) ERRADO 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números,
uma sequência será criada. No Calc, 1 número cria
O LibreOffice Writer poderá produzir documentos uma sequência com incremento 1. Datas, dias da
como o Microsoft Word, pois além de serem compatí- semana, nome dos meses, estas opções criam listas
veis, compartilham funcionalidades. Porém, existem pré-definidas;
itens que possuem nomes diferentes em cada editor
de textos. No Microsoft Word é Formatar, Fonte. No
LibreOffice Writer é Formatar, Texto. Resposta: Errado.
LIBREOFFICE CALC
Importante!
Uma das poucas diferenças existentes entre o
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto
A formatação condicional pode apresentar visual- de exclamação, no Calc é o ponto final.
mente as diferenças existentes nos dados da planilha
de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
z > (sinal de maior) maior que. Usado para testes,
provas.
para comparação.
Exemplo: =SE(A1>A2;”A1 é maior”;”A2 é maior”) –
Simbologia específica
efetua um teste e exibe uma mensagem.
z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
z < (sinal de menor) menor que. Usado em testes,
la da planilha. Colunas com letras, linhas com
para comparação.
números. O formato de referência é idêntico no Exemplo: =SE(A1<A2;”A1 é menor”;”A2 é menor”) –
Excel e Calc. efetua um teste e exibe uma mensagem.
Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.
z >= (sinal de maior e sinal de igual, consecutivos,
z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou sem espaço) maior ou igual a. Usado em testes,
faz uma comparação dentro de um teste. para comparação.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1 Exemplo: =SE(A1>=A2;”A1 é maior ou igual a A2”;”A2
com o valor em A2. é maior que A1”) – teste e exibe uma mensagem.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um tes-
te e exibe uma mensagem. z <= (sinal de menor e sinal de igual, consecutivos,
sem espaço) menor ou igual a. Usado em testes,
z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/ para comparação.
função. Exemplo: =SE(A1<=A2;”A1 é menor ou igual a
Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1 A2”;”A2 é menor que A1”) – teste e exibe uma
200 com o valor em A2. mensagem.
z <> (sinal de menor e sinal de maior, consecuti- Funções Básicas
vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o
símbolo ≠ Usado em testes, para comparação. z SOMA (valores) : realiza a operação de soma nas
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São células selecionadas.
iguais”) – teste e exibe uma mensagem.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis-
z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores, tentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel
tentes nas células A1 até A5
e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
matemática, apenas parênteses.
célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis-
z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’,
função ou separador de células em uma referência. operando apenas áreas quadrangulares.
Pode significar E em uma referência de valores. =SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores
Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São A1 com B1 e C1 até C3.
iguais”) – separando os três argumentos da função. =SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2
=SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu- com 3 e o valor A1 duas vezes.
mentos que serão somados.
z SOMASE (valores;condição) : realiza a operação
z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de de soma nas células selecionadas, se uma condição
faixa de células. for atendida.
Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo-
res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3, =SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo-
C1 e C2. res de A1 até A5 que sejam maiores que 15.
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
z “ (aspas) indicam expressões de textos literais. res de A1 até A10 que forem iguais a 10. A sinta-
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São xe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja
iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas. somado).
z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans- z MEDIA (valores) : realiza a operação de média
formando a referência relativa em referência mista nas células selecionadas e exibe o valor médio
ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções, encontrado.
quando ela mudar de célula, será alterada ou não.
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma
=$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células
Planilha2.
vazias não entram no cálculo da média.
z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem,
z MED (valores): obtém o valor da mediana. A
apenas um) Erro. mediana é o valor que está ‘no meio’ dos valores
ordenados informados
Mensagens de Erros
lha que contém uma célula referenciada; =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
z #NOME? ou Err:525! Nomes inválidos. Não foi área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
possível avaliar um identificador, por exemplo, nas um será mostrado.
não foi possível encontrar uma referência válida,
um nome de domínio válido, uma etiqueta de colu- z MAIOR (valores;posição) : exibe o maior valor de
na/linha, uma macro, um separador decimal incor- uma série, segundo o argumento apresentado.
reto, suplemento não encontrado;
z #DIV/0! ou Err:532! Divisão por zero. Operação =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
de divisão / quando o denominador é 0. las A1 até D6. 201
z MÍNIMO (valores) : exibe o menor valor das célu- z PROCH (o que ; onde ; linha ; aproximadamente )
las selecionadas. : procura um valor na horizontal. Caso encontre,
retorna a linha correspondente ao argumento infor-
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na mado. E a busca poderá ser exata ou aproximada.
área de A1 até D6.
Precedência dos operadores
z MENOR (valores;posição) : exibe o menor valor de
uma série, segundo o argumento apresentado. Tanto o LibreOffice Calc como o Microsoft Excel,
usam precedência de operadores matemáticos para a
=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
resolução das fórmulas.
las A1 até D6.
A ordem de prioridade é parênteses, depois expo-
nenciação (ou potência), depois multiplicação e divi-
z SE (teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor-
são, e por último, adição e subtração.
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro
^ Exponenciação A primeira operação que deve
caso seja falso.
ser executada
* Multiplicação A próxima operação a ser executa-
z CONT.VALORES (células) : esta função conta todas da, assim como a Divisão.
as células em um intervalo, exceto as células vazias. / Divisão
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da + Adição Após realizar exponenciação, multiplica-
contagem, informando quantas células estão preen- ção e divisão, faça a adição/subtração.
chidas com valores, quaisquer valores. - Subtração.
- Inversão de sinal Depois que todo o cálculo for
z CONT.NÚM (células) : conta todas as células em realizado, faça a inversão do sinal.
um intervalo, exceto células vazias e células com Obs.: o uso de parênteses altera a ordem dos opera-
texto. dores matemáticos.
P.E.M.D.A.S. = parênteses, exponenciação, multipli-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
cação, divisão, adição e subtração.
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos
z CONT.SE (células;condição) : Esta função conta quan-
e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em
tas vezes aparece um determinado valor (número ou
menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
compreender a sequência de comandos e menus do
indicar qual é o critério a ser contado)
Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan- LibreOffice Impress.
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
do o valor 5. MENU SIGNIFICADO
Slide mestre
Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:
Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.
Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.
Diferentemente da interface do Microsoft PowerPoint, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Calc.
MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano.
Acesso a recursos temporários (localizar, substituir, selecionar) e área de transferência do
Editar
Windows/Linux
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza.
Adicionar qualquer objeto na apresentação atualmente editada. Se este objeto é atualizá-
Inserir
vel, será um campo.
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição.
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em
Ferramentas
todos os próximos arquivos editados pelo aplicativo.
Iniciar a apresentação, configurar a apresentação, Cronometrar, Interação, Animação
Apresentação de slides personalizada, Transição de slides, Exibir e Ocultar slides, e criar uma apresentação
personalizada.
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos.
Menu Slide
Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.
204
Slide
SISTEMAS OPERACIONAIS
O sistema operacional proporciona a base para
execução de todos os demais softwares no computa-
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para
comunicação com o hardware (através dos drivers).
Os computadores podem receber diferentes sistemas,
segundo a sua arquitetura de construção.
É possível termos dois ou mais sistemas operacionais
instalados em um dispositivo. No caso dos computado-
res, o usuário pode criar partições (divisões lógicas) no
Menu Apresentação de Slides disco de armazenamento e instalar cada sistema (Win-
dows e Linux) em uma delas. O usuário também poderá
Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as executar no formato de Máquina Virtual (Virtual Machi-
opções e comandos para controle da apresentação. Foi ne), conforme detalhado no tópico Virtualização.
mantido nas versões seguintes. O que os sistemas operacionais têm em comum?
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresenta-
ção a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a par-
z Plataforma para execução de programas: eles
tir do slide atual. Esta é uma alteração importante,
oferecem recursos que são compartilhados pelos
pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual,
programas executados, desenvolvidos para serem
e agora é como no PowerPoint, com dois atalhos de
compatíveis com o sistema operacional;
teclado diferentes.
z Núcleo monolítico: arquitetura monobloco, onde
um único processo centraliza e executa as princi-
pais funções. No Windows, é o explorer.exe;
z Interface gráfica: mesmo oferecendo uma inter-
face de linha de comandos, a interface gráfica é
a mais utilizada e questionada em provas, com
ícones que representam os itens existentes no
dispositivo;
z Multiusuário: os sistemas permitem que vários
usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
respectiva conta e credenciais de acesso;
z Multiprocessamento: os sistemas possibilitam a
execução de vários processos simultaneamente,
EXERCÍCIOS COMENTADOS gerenciando os recursos oferecidos pelo processador;
z Preemptivo: o sistema operacional poderá inter-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2012) No aplicativo Impress do romper processos durante a sua execução;
z Multitarefas: os sistemas operacionais possibilitam
pacote BrOffice, ao se clicar o botão será ativa- a execução de várias tarefas de forma simultânea
do um cronômetro para controlar a duração da apre- e concorrentes entre si, através do gerenciamento
sentação. Essa função permite também a ativação de profundo da memória do dispositivo;
um alarme que indicará o término do tempo de uma z Interface com o hardware: o sistema operacio-
apresentação. nal contém arquivos que atuam como tradutores,
possibilitando a comunicação do software com o
( ) CERTO ( ) ERRADO hardware.
Dica
A banca prioriza o conhecimento de recursos
básicos do sistema operacional em três assun-
tos: Windows Explorer, Painel de Controle e
Teclas de Atalhos.
4 - Maximizar
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 5 - Fechar
1 - Barra de menus
Barra de
Tarefas 6 - Barra de Rolagem
Barra de Acesso Barra de
Rápido Notificação
Elementos da área de trabalho do Windows 7
No Windows, algumas definições sobre o que está sendo executado podem variar segundo o tipo de execução.
Confira:
No Windows, o atalho Ctrl+Shift+Esc abre o Gerenciador de Tarefas, que permite consultar os Aplicativos, Pro-
cessos e Serviços em execução, além de visualizar o Desempenho (processador e memória), as conexões de Rede
e os Usuários conectados.
Processos
Os aplicativos em execução no Windows poderão ser acessados de várias formas, alternando a exibição de
janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:
z Alt + Tab: Alterna entre os aplicativos em execução, exibindo uma lista de miniaturas deles para o usuário
escolher. A cada toque em Alt+Tab, a seleção passa para o próximo item, retornando ao começo quando passar
por todos;
z Alt + Esc: Alterna diretamente para o próximo aplicativo em execução, sem exibir nenhuma janela de seleção.
Painel de Controle
O Painel de Controle é o local do Windows que centraliza as configurações do sistema operacional, de alguns
programas e do hardware conectado. O Painel de Controle é exibido na forma de Categorias ou Ícones Pequenos/
Grandes. No formato de exibição Categorias, os itens disponíveis estão agrupados. Os grupos do Painel de Controle
são:
209
ÍCONE CATEGORIA ITENS AGRUPADOS
Aparência e Alterar o tema, alterar o plano de fundo da área de trabalho e ajustar a re-
Personalização solução de tela.
Facilidade de Acesso Permitir que o Windows sugira configurações e otimizar exibição visual.
No formato de exibição Ícones, os itens disponíveis estão agrupados. Os grupos do Painel de Controle são:
210
ÍCONE ITEM DESCRIÇÃO
Associação entre extensões de arquivos e programas para
Programas Padrão
execução.
No Windows, os diretórios são chamados de pastas. E algumas pastas são chamadas de Bibliotecas, por serem
coleções especiais de arquivos. São quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos.
O usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal. Elas otimizam a organização dos arquivos e
pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações dos
discos de armazenamento. Os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes).
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.
Extensões de arquivos
O Windows apresenta ícones que representam arquivos de acordo com a sua extensão. A extensão caracteriza
o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para ele de
acordo com o programa que o criou. É possível alterar essa extensão, porém, corremos o risco de perder o acesso ao
arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas Padrão do Painel
de Controle.
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos:
Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento portável
pdf
(Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas.
Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados pelo Li-
docx
breOffice Writer.
xlsx Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo LibreOffice calc.
pptx Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice Impress.
Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por vários
txt
programas do computador.
INFORMÁTICA
Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de texto
rtf
possui alguma formatação, como estilos de fontes.
Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura do primei-
mp4, avi, mpg
ro quadro. No Windows 7, o Windows Media Player reproduz os arquivos de vídeo, áudio e streaming.
211
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO
Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player pode reproduzir
mp3
o áudio.
bmp, gif, jpg, Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura da
pcx, png, tif imagem. No Windows, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens.
Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas adicionais,
zip
como o formato RAR, que exige o WinRAR.
Windows Explorer
O gerenciador de arquivos e pastas do Windows é o Windows Explorer, que pode ser acionado pelo ícone na
Barra de Tarefas, ou no menu Iniciar ou pelo atalho de teclado Windows+E.
Ele exibirá as unidades de disco de armazenamento em massa que estão conectadas no computador do usuá-
rio, sua árvore de diretórios e os conteúdos das pastas. A sua interface é exibida a seguir, com os elementos
identificados.
2 3 4 5 6 7 8
1 - Painel de navegação (unidades, pastas e Bibliotecas). Os Favoritos incluem os itens “Área de Trabalho”, “Down-
loads” e “Locais”. As Bibliotecas incluem os itens “Documentos”, “Imagens”, “Músicas” e “Vídeos”;
2 - Botões de navegação (voltar e avançar) entre as pastas acessadas;
3 - Barra de opções;
4 - Barra de endereços, que informa a localização atual;
5 - Identificação da pasta atual;
6 - Colunas (a coluna Nome está classificada em ordem alfabética, por causa do triângulo para cima inserido nela);
7 - Conteúdo (exibe unidades, pastas, bibliotecas, arquivos e atalhos);
8 - Pesquisar (tecla F3 ou Win+F);
9 - Painel de detalhes (da unidade, pasta ou Biblioteca selecionada).
Modos de Visualização
Os ícones de unidades, pastas, arquivos e atalhos são exibidos no Windows Explorer, de acordo com as opções
do modo de visualização selecionado.
Ícones Extra Grandes Visualização do conteúdo do arquivo em uma miniatura extra grande.
212
Visualização dos ícones dos itens, ordenados da esquerda para a direita, com a
Ícones Pequenos
maior densidade possível.
Lista Visualização dos ícones dos itens, ordenados de cima para baixo.
Confira na tabela a seguir os atalhos de teclado do Windows 7. Em concursos públicos, as teclas de atalhos
associadas à Área de Transferência e ao Windows Explorer são as mais questionadas.
Dica
Vários recursos presentes no sistema operacional Windows podem auxiliar nas tarefas do dia a dia. Procure pra-
ticar as combinações de atalhos de teclado, por dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e caem em
provas de concursos. 213
Área de Transferência
Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transferên-
cia é um espaço da memória RAM que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada poderá
ser inserida em outro local; ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação de pastas
e arquivos.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), estamos movendo o item selecionado para a memória RAM,
para a Área de Transferência.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inseri-
do em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma “foto da janela atual” para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.
As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de teclado
Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano, pressionando DEL
ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurá-lo, sem necessidade de acessar a Lixeira do
Windows.
Outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintScreen,
o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office. Outra forma de realizar essa
atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no Windows.
Mas, se o usuário quiser apenas gravar a imagem capturada, poderá fazê-lo com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de comandos, a realização de
ações e o controle das ações que serão desfeitas.
Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas para que a operação seja realizada com
sucesso.
z O Windows não é case sensitive, ou seja, ele não faz distinção entre letras minúsculas ou maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX;
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local;
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas), ?
(interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador de
comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “” (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcionador
de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa impresso-
ra) e AUX (indica um auxiliar), por referenciarem itens de hardware nos comandos digitados no Prompt de Coman-
dos (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT
> PRN).
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas podem estar condiciona-
das ao local em que ela é efetuada ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no
enunciado da questão, geralmente no texto associado, esses detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse ou com a combinação de ambos.
Lixeira
Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena itens que foram
excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla DELETE (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retorná-lo para o local origi-
nal. Se o local original não existir mais, porque suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira”
no menu de contexto ou na faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
com programas de terceiros, mas isso não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o local
em que o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar
o tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativá-la, excluindo os itens diretamente, e configurar
Lixeiras individuais para cada disco conectado.
Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, inde-
com a tecla CTRL pressionada pendente da origem ou do destino da ação.
Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será movido quando a tecla SHIFT for liberada, inde-
com a tecla SHIFT pressionada pendente da origem ou do destino da ação.
Arrastar com o botão principal pressionado um item Será criado um atalho para o item, independente da origem ou
com a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) do destino da ação.
215
OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE
AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clicar em itens com o botão principal, enquanto man-
Seleção individual de itens.
tém a tecla CTRL pressionada
Clicar em itens com o botão principal, enquanto man- Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o início e
tém a tecla SHIFT pressionada o último item será o final de uma região contínua de seleção.
Arrastar Arrastar+ALT
Arrastar (esquerdo) Arrastar+ CTRL Arrastar+SHIFT
(direito) (ou Ctrl+Shift)
Mesma
Mover
Unidade
Menu de Contexto Copiar Criar Atalho Mover
Unidades
Copiar
diferentes
Quando a banca organizadora do concurso público questionou teclas de atalhos nas provas anteriores, é um
sinal de que o candidato deve conhecer as opções existentes, pois ela continuará questionando estes atalhos.
Uma forma de fixar melhor este assunto é praticando. Deixe o mouse de lado e comece a usar as teclas de atalhos.
Quando menos esperar, estará operando o computador de forma ágil e ainda estará estudando para os concursos.
WINDOWS 10
Como dito anteriormente, atualmente o Windows é oferecido na versão 10, que possui suporte para os dispo-
sitivos apontadores tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para acompanhar o movimento do usuário,
como no sistema Kinect do videogame xBox).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e suportes avançados são raramente questionados. As questões apli-
cadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o modo de operação do sistema operacional em um dispositivo
computacional padrão (ou tradicional).
Importante!
A banca prioriza o conhecimento básico das configurações do sistema operacional. O usuário não encontrará
muitas questões sobre a “parte prática”, como ocorrem com outras organizadoras de concursos. Em outras
palavras, as primeiras páginas do material sobre Windows são as mais importantes para as provas da banca
CESPE/Cebraspe.
Todo dispositivo possui um sistema de inicialização. Quando colocamos a chave no contato do carro e damos
a primeira mexida, todas as luzes do painel se acendem e somente aquelas que estiverem ativadas permanecem.
Quando ligamos o micro-ondas, ele acende todo o painel e faz um beep. Quando ligamos o nosso smartphone, ele
acende a tela e faz um toque. Estes procedimentos são úteis para identificar que os recursos do dispositivo estão
disponíveis corretamente para utilização.
z POST – Power On Self Teste: autoteste da inicialização. Instruções definidas pelo fabricante para verificação
dos componentes conectados;
z BIOS – Basic Input Output System: sistema básico de entrada e saída. Informações gravadas em um chip
CMOS (Complementary Metal Oxidy Semiconductor) que podem ser configuradas pelo usuário usando o pro-
grama SETUP (executado quando pressionamos DEL ou outra tecla específica no momento que ligamos o
computador, na primeira tela do autoteste – POST Power On Self Test);
z KERNEL – Núcleo do sistema operacional: O Windows tem o núcleo fechado e inacessível para o usuário. O Linux
tem núcleo aberto e código fonte disponível para ser utilizado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem
restrição. O kernel do Linux está em constante desenvolvimento por uma comunidade de programadores, e para
garantir sua integridade e qualidade, as sugestões de melhorias são analisadas e aprovadas (ou não) antes de serem
disponibilizadas para download por todos;
z Gerenciador de BOOT : O Linux tem diferentes gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são o LILO e o Grub;
z GUI - Graphics User Interface: Interface gráfica, porque o sistema operacional oferece também a interface de coman-
dos (Prompt de Comandos ou Linha de Comandos).
Quando o sistema Windows não consegue iniciar de forma correta, é possível recuperar o acesso através de
ferramentas de inicialização. Para acesso a estes recursos, pode ser necessária uma conta com credenciais de
administrador.
216
z Restauração do Sistema: a cada vez que o Win- Navegador padrão Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res-
tauração foi criado. A cada instalação de software
ou alterações significativas das configurações, um
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
ponto de restauração é criado. Em caso de insta- Lixeira
Edge Chrome Thunderbird secure Co
Arquivos
bilidade, o usuário pode retornar o Windows para Pasta de
Arquivos
um ponto de restauração previamente criado. W X
z Reparação do Sistema: se arquivos do sistema foram Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas
seriamente modificados ou se tornaram inacessíveis, Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
Barra de Tarefas
o Windows não iniciará e não conseguirá recuperar
para um ponto de restauração. O Windows permite a Digite Aqui Para Pesquisar
criação de um disco de recuperação do sistema, que
restaura o Windows para as configurações originais. Cortana Área de Notificação
Visão de tarefas
z Histórico de Arquivos: a cada alteração, o Windo- Botão Iniciar
Central de Ações
ws armazena cópias dos arquivos originais e grava Barra de acesso rápido
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o
usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.
retornar para uma cópia anterior do mesmo item.
z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra): alte- O Windows 10 apresenta algumas novidades em
rações de conteúdos de pastas são monitorados relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega-
pelo Windows. O usuário poderá acessar no menu dor de Internet, locais que centralizam informações etc.
de contexto, item Propriedades, guia Versões ante-
riores, as cópias anteriores da mesma pasta, res- z Botão Iniciar: permite acesso aos aplicativos instala-
taurando e descartando as alterações posteriores. dos no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabé-
O Windows possui 3 níveis de acesso, que são as tica. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Win-
credenciais. dows 8 com a lista de programas do Windows 7;
z Pesquisar: com novo atalho de teclado, permite
z Administrador: usuário que poderá instalar pro- localizar a partir da digitação de termos, itens no
gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
configurações. Os programas podem ser desinsta- teclado: Windows+S (Search);
lados ou reparados pelo administrador; z Cortana: assistente virtual. Auxilia em pesquisas de
informações no dispositivo, na rede local e na Internet.
Administrador local: configurado para o z Visão de Tarefas: permite alternar entre os pro-
dispositivo; gramas em execução e abre novas áreas de traba-
Administrador domínio: quando o dispositivo lho. Atalho de teclado: Windows+TAB;
está conectado em uma rede (domínio), o admi-
z Microsoft Edge: navegador de Internet padrão do
nistrador de redes também poderá acessar o
Windows 10. Ele está configurado com o buscador
dispositivo com credenciais globais;
padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado;
z Microsoft Loja: loja de app’s para o usuário bai-
z Usuário: poderá executar os programas que foram
xar novos aplicativos para Windows;
instalados pelo administrador, mas não poderá
z Windows Mail: aplicativo para correio eletrônico, que
desinstalar ou alterar as configurações;
carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se tor-
z Convidado ou Visitante: poderá acessar apenas
os itens liberados previamente pelo administra- nar um hub de e-mails com adição de outras contas;
dor. Esta conta geralmente permanece desativada z Barra de Acesso Rápido: ícones fixados de pro-
nas configurações do Windows, por questões de gramas para acessar rapidamente;
segurança. z Fixar itens: em cada ícone, ao clicar com o botão
direito (secundário) do mouse, será mostrado o
O Windows 10, assim como o 7, oferece o Prompt menu rápido, que permite fixar arquivos abertos
de Comandos ‘básico’ e tradicional, acionado pela digi- recentemente e fixar o ícone do programa na barra
tação de CMD seguido de Enter, na caixa de diálogo de acesso rápido;
Executar (aberta pelo atalho de teclado Windows+R = z Central de Ações: centraliza as mensagens de segu-
Run). Além dele, existe o Windows Power Shell, que é rança e manutenção do Windows, como as atuali-
a interface de comandos programável, acessível pelo zações do sistema operacional. Atalho de teclado:
menu do botão Iniciar. Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automa-
ticamente quando o Windows é inicializado;
z Mostrar área de trabalho: visualizar rapidamente
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
Lixeira a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam
INFORMÁTICA
Atente-se: A banca prioriza o conhecimento de novos recursos dos softwares constantes do edital publicado.
No Windows, algumas definições sobre o que está sendo executado podem variar, segundo o tipo de execução. Confira:
Os aplicativos em execução no Windows poderão ser acessados de várias formas, alternando a exibição de
janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:
z Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em execução, exibindo uma lista de miniaturas deles para o usuário esco-
lher. A cada toque em Alt+Tab, a seleção passa para o próximo item, retornando ao começo quando passar por
todos;
z Alt + Esc: alterna diretamente para o próximo aplicativo em execução, sem exibir nenhuma janela de seleção;
z Ctrl + Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece em exibição,
podendo usar as setas de movimentação para escolha do programa;
z Windows + Tab: mostra a Visão de Tarefas, para escolher programas em execução ou outras áreas de trabalho
abertas.
Vários recursos presentes no sistema operacional Windows podem auxiliar nas tarefas do dia a dia. Procure pra-
ticar as combinações de atalhos de teclado, por dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e elas caem em
provas de concursos.
4 - Maximizar
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 5 Fechar
1 - Barra de Menus
Área de trabalho
1 . Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2 . Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para seu
tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
218 próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento). Para des-
locar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.
Disco de Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e mantém
armazenamento os dados gravados.
Sistema de Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS, FAT32, FAT são
Arquivos alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.
Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas).
Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.
Pastas ou
Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco.
diretórios
Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização e/ou edição.
Extensão
As pastas podem ter extensões como parte do nome.
Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pastas, ar-
Atalhos quivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma seta, para dife-
renciar dos itens originais.
O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.
Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
(KB) mil milhão
Byte
(B)
Ainda não temos discos com capacidade na ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos comercial-
mente, mas quem sabe um dia? Hoje estas medidas muito altas são usadas para identificar grandes volumes de
dados na nuvem, em servidores de redes, em empresas de dados etc.
1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que vale
INFORMÁTICA
zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispositivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gravada na
memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um pacote
de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua residência está
operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arquivo com 75 MB de tama-
nho, levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.
219
Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.
Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos
O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (forma-
tar discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador
de Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.
Extensões de Arquivos
O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.
220
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO
Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de docu-
PDF mento portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias
plataformas.
Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser
editados pelo LibreOffice Writer.
DOCX
Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas
pelo LibreOffice calc.
XLSX
Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo Li-
PPTX breOffice Impress.
Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser
aberto por vários programas do computador.
TXT
Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este docu-
mento de texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.
RTF
Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player
e o Groove Music, podem reproduzir o som.
MP3
Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de pro-
gramas adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.
ZIP
Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão. Alteran-
do esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajustes do
Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exi-
bida a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/ 221
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot em outro local, como em um documento do Microsoft
móvel/ Uso de dados/ Proxy. Word ou edição pelo acessório Microsoft Paint.
Modo Avião é uma configuração comum em smar- Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
tphones e tablets que permite desativar, de manei- estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, mentos da tela do Windows.
NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio. Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos. conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
Como resolver? O Explorador de Arquivos possui rência será inserido no local atual.
diferentes modos de exibição. Poderá ser em Lista, ou As ações realizadas no Windows, em sua quase
Detalhes, ou Conteúdo, entre outras. O usuário pode- totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
rá ativar ou desativar a exibição das extensões dos teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
arquivos, facilitando a manipulação dos itens. Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres-
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
informações, como, por exemplo, a data de modifica- sidade de acessar a Lixeira do Windows.
ção e o tamanho de cada arquivo. E outras ações podem ser repetidas, acionando o
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Modos de Exibição do Windows 10 Para obter uma imagem de alguma janela em
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade, é usar a
Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível
no Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem cap-
turada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na
pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recur-
sos do Windows, que permite o uso de comandos,
Ícones Extra Grandes Ícones Extra Grandes com nome (e extensão) realização de ações e controle das ações que serão
desfeitas.
Ícones Grandes com nome (e extensão)
Ícones Grandes
Ícones Pequenos
Ícones pequenos com nome (e extensão) Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-
organizados da esquerda para a direita cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
Lista
Ícones pequenos com nome (e extensão) zada com sucesso.
organizados de cima para baixo
Ícones pequenos com nome, data de z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
Detalhes
modificaçã, tipo e tamanho.
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
Lado a Lado
Ícones médios com nome, tipo e tamanho, Um arquivo chamado documento.docx será consi-
organizado da esquerda para a direita.
derado igual ao nome Documento.DOCX;
Ícones médios com nome, autores, data de
Conteúdo
modificação, marcas e tamanho.
z O Windows não permite que dois itens tenham o
mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
rem armazenados no mesmo local;
Área de Transferência
z O Windows não aceita determinados caracteres
nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
Um dos itens mais importantes do Windows não é para outras operações, que são proibidos na hora
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans- de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena vos e pastas podem ser compostos por qualquer
uma informação de cada vez. A informação armaze- caractere disponível no teclado, exceto os carac-
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
trabalhando em praticamente todas as operações de ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
manipulação de pastas e arquivos. opção), | (barra vertical, significa concatenador de
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), comandos), \ (barra invertida, indica um caminho),
estamos movendo o item selecionado para a memória “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, sig-
RAM, para a Área de Transferência. nifica unidade de disco), < (sinal de menor, signi-
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo fica direcionador de entrada) e > (sinal de maior,
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado significa direcionador de saída);
Windows+V (View). z Existem termos que não podem ser usados, como
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), CON (console, significa teclado), PRN (printer, sig-
estamos copiando o item para a memória RAM, para nifica impressora) e AUX (indica um auxiliar), por
ser inserido em outro local, mantendo o original e referenciar itens de hardware nos comandos digi-
criando uma cópia. Ao acionar o atalho de teclado tados no Prompt de Comandos. (por exemplo, para
PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da tela intei- enviar para a impressora um texto através da linha
222 ra’ para a Área de Transferência, para ser inserida de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT > PRN).
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas, pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. A
banca organizadora CESPE/Cebraspe não costuma questionar ações práticas nas provas, e raramente utiliza ima-
gens nas questões.
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensa-
Ctrl+X e Ctrl+V na mesma pasta
gem de erro.
Ctrl+X e Ctrl+V em locais diferentes Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido
Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o
Ctrl+C e Ctrl+V em locais diferentes
nome e extensão.
Tecla Delete em um item do disco Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se
rígido o item estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.
Tecla Delete em um item do disco Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de
removível unidades removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.
Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente
Lixeira
Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla DELETE (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção ‘Restaurar’, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens excluí-
dos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira, não poderão ser recuperados. É possível recuperar com progra-
mas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente, e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.
Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar na mesma unidade. onde soltar).
Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar em outra unidade de disco. onde soltar) ou “Mover aqui”.
Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, in-
a tecla CTRL pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.
Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, in-
a tecla SHIFT pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.
Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT). gem ou do destino da ação.
As ações envolvendo tela touchscreen foram questionadas quando o Windows 8 estava disponível. No Windo-
ws 10, apesar de ter suporte para telas sensíveis ao toque, não temos questões sobre as ações no sistema opera-
cional com esta interface.
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Foi solicitado a Paulo criptografar um pendrive, que contém arquivos sensíveis no siste-
ma operacional Windows 10, de modo a proteger os dados desse dispositivo contra ameaças de roubo. Nessa situa-
ção, uma das formas de atender a essa solicitação é, por exemplo, utilizar a criptografia de unidade de disco BitLocker,
um recurso de proteção de dados nesse sistema operacional.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O BitLocker é uma ferramenta de criptografia da Microsoft, disponível no Windows Vista, Windows 7, Windows 8
e Windows 10. Com este recurso, o usuário pode encriptar o disco rígido do computador, protegendo os documen-
tos e arquivos contra o acesso não autorizado. Ao ativar, o sistema codifica as informações e impede que hackers
façam uso delas sem inserir a chave definida pelo usuário. A chave de descriptografia será gravada em um disco
removível do tipo pendrive, e ele precisará estar conectado para que o dispositivo seja reconhecido e liberado
para uso. A partir do Windows 7, a Microsoft incluiu a funcionalidade BitLocker To Go, que é capaz de proteger
unidades de dados externas, como pendrives e HDs portáteis. Resposta: Certo.
LINUX
O sistema operacional Linux é uma opção ao sistema operacional Windows, com outras características próprias.
O sistema operacional Linux é mais utilizado em sistemas de baixo custo, e possui diferentes distribuições para
diferentes modelos de computadores. Por ser um sistema de código aberto, deu origem a outros sistemas como o
iOs (Apple) e o Android (Google).
Por ser um sistema operacional livre e licenciável, possui a licença GNU GPL para distribuição. O projeto GNU
foi lançado no começo dos anos 80 e atualmente é patrocinado pela FSF (Free Software Foundation). Muitos usuá-
rios descobrem que no contexto de softwares livres, ser livre não significa ser gratuito. Ao contrário do termo
freeware, que identifica uma categoria de softwares gratuitos para utilização, o termo free no Linux está relacio-
nada às liberdades de uso.
A GPL (GNU Public Licence) baseia-se em 4 liberdades ‘essenciais’:
Importante!
Diretórios e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente. Conceitos e caracte-
rísticas do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.
Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.
/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.
Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e comandos
são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.
arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários
/boot
sistemas para indicar a inicialização.
sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O
/etc/fstab
sistema de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.
/etc/group Grupos.
/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.
/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows.
ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount,
/mnt
montagem.
226
DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS
/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.
/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).
Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de
/usr
sistemas UNIX.
/usr/man manuais.
/usr/info informações.
/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).
/var/lib Bibliotecas.
Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios
/var/log
diversos, entre outros tipos de logs.
Tabela – Diretórios Linux
Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.
Comandos Linux
Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela
a seguir:
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.
init 0 Desligar
init Desligar ou reiniciar o computador.
init 6 Reiniciar
sort Ordena o conteúdo de um arquivo. sort arq1.txt Ordena o conteúdo do arquivo arq1.txt
Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto afirmar
que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.
228
Prompt de Comandos (Windows) e Console de Comandos (Linux)
A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows e Linux exis-
tem diferenças, tanto operacionais como de comandos. Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.
LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Data e Hora date, cal ou hwclock date e time
Espaço em disco df dir
Processos em execução ps
Finalizar processo kill
Qual o diretório atual? pwd cd
Subir um nível cd .. cd..
Diretório raiz cd / cd \
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Copiar arquivos cp copy
Mover arquivos mv move
Renomear mv ren
Listar arquivos ls dir
Apagar arquivos rm del
Apagar diretórios rm deltree
Criar diretórios mkdir md
Alterar atributos attrib
Alterar permissões chmod
Alterar proprietário (dono) chown
Alterar grupo chgrp
Comparar arquivos e pastas diff comp
Empacotar arquivos tar
Compactar arquivos gzip compact
Alterar a senha passwd
Concatenar, juntar e mostrar cat
Mostrar, visualizar vi type
Pausa na exibição de páginas more ou less more
Interfaces de rede ifconfig ipconfig
Caminho dos pacotes tracert route
Listar todas as conexões netstat arp -a
Apagar a tela clear Cls
Concatenar comandos | |
Direcionar a entrada para um comando < <
INFORMÁTICA
Este tópico é muito prático, e nos concursos públicos são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como ‘Histórico’, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.
Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Estes são os itens questionados em concursos públicos.
As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos), identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.
Microsoft Navegador padrão do Windows 10, que substituiu o Microsoft Internet Explorer.
Internet
Explorer
Navegador padrão do Windows 7, um dos mais questionados em concursos públi-
Microsoft
cos, por ser integrante do sistema operacional
Firefox
Chrome
Um dos mais populares navegadores do mercado, multiplataforma e de fácil
Google
utilização.
Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da Apple, atualmente está disponível
Apple
para outros sistemas operacionais.
Opera
Navegador leve com proteções extras contra rastreamento e mineração de moedas
Opera
virtuais.
INFORMÁTICA
Na Internet, as informações (dados) são armazenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os servidores
são computadores, que utilizam pastas ou diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao acessarmos uma
informação na Internet, estamos acessando um arquivo. Mas como é a identificação deste arquivo? Como acessa-
mos estas informações? Através de um endereço URL.
O endereço URL (Uniform Resource Locator) que define o endereço de um recurso na rede. Na sua tradução
literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe:
protocolo://máquina/caminho/recurso 231
‘Protocolo’ é a especificação do padrão de comuni- Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
cação que será usado na transferência de dados. Pode- ail?path=/mail/inbox#open
rá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo esquema: https://
de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text domínio: outlook.live.com
Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de transfe- porta: 5012
rência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – caminho: /owa/
protocolo de transferência de arquivos), entre outros. recurso: hotmail
‘://’ faz parte do endereço URL, para identificar que querystring: path=/mail/inbox
é um endereço na rede, e não um endereço local como fragmento: open
‘/’ no Linux ou ‘:\’ no Windows. Quando o usuário digita um endereço URL no seu
‘Máquina’ é o nome do servidor que armazena a navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
informação que desejamos acessar. servidor de nomes de domínios) será contactado para
‘Caminho’ são as pastas e diretórios onde o arqui- traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
vo está armazenado. mação será localizada e transferida para o navegador
‘Recurso’ é o nome do arquivo que desejamos que solicitou o recurso.
acessar.
Vamos conferir os endereços URL a seguir, e suas
características.
Servidor DNS
ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS
URL FICTÍCIO
Recursos de sites, combinados com os navegadores O erro está na ausência da guia Conteúdo. Ao abrir
de Internet as Opções de Internet, a primeira guia que é exibida
é Geral.
z Cookies – arquivos de texto transferidos do ser- No Internet Explorer, selecione o botão Ferramentas
vidor para o navegador, com informações sobre e escolha Opções da Internet. Na guia Conteúdo, em
as preferências do usuário. Eles não são vírus de Preenchimento Automático, escolha Configurações.
computador, pois códigos maliciosos não podem Marque a caixa de seleção Nomes de usuário e
infectar arquivos de texto sem formatação. senhas em formulários e selecione OK. Resposta:
z Feeds RSS – quando o site oferece o recurso RSS, Errado.
o navegador receberá atualizações para a página
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Google Chrome e o
sites para troca de conteúdo. Internet Explorer — programas para navegação na
z Certificado digital – os navegadores podem utilizar Web — possuem opção para se apagar o histórico de
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, navegações, a qual faz que os sítios visitados sejam
aceitam certificados digitais para validação de cone- bloqueados e não mais sejam visitados pelo usuário.
xões e transferências com criptografia e segurança.
z Corretor ortográfico – permite a correção dos tex- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tos digitados em campos de formulários, a par-
tir de dicionários on-line disponibilizados pelos O erro está em afirmar que o histórico de navega-
desenvolvedores dos navegadores. ção, ao ser excluído, não exibirá aquele site para o
usuário, por ter sido bloqueado.
Atalhos de teclado O Histórico de Navegação registra os endereços
URLs acessados pelo usuário, e sua exclusão apenas
z Para acessar a barra de endereços do navegador, apaga os registros armazenados. O endereço URL
pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6. que foi acessado, excluído do Histórico de Navega-
z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N. ção, poderá ser acessado novamente pelo usuário,
z Para abrir uma nova janela anônima, pressione pois não foi bloqueado. Resposta: Errado.
Ctrl+Shift+N. No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P.
z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4. 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os browsers para nave-
z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T. gação na Internet suportam nativamente arquivos
z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W. em Java e em Flash, sem necessidade de aplicações
z Para reabrir uma guia fechada, pressione Ctrl+ Shift+T. adicionais.
z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar
Ctrl + = (igual) ( ) CERTO ( ) ERRADO
z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar
Ctrl + - (menos) Os navegadores de Internet não possuem suporte
z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero) nativo para alguns recursos, mas estes poderão ser
z Para acessar a página inicial do navegador – Alt+ adicionados através de plugins, extensões, comple-
Home mentos ou add-ons. Se o usuário acessar um conteú-
z Para visualizar os downloads em andamento ou do que exija um complemento, ele será alertado e
concluídos – Ctrl+J. poderá adicionar os recursos no momento da nave-
z Localizar um texto no conteúdo textual da página
INFORMÁTICA
O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma Formas de acesso ao correio eletrônico
forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
que o usuário não esteja on-line, a mensagem será Podemos usar um programa instalado em nosso
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
disponível até ela ser acessada novamente. de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
O correio eletrônico (popularmente conhecido das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet, suas características e protocolos. Confira.
e se mantém usual até os dias de hoje.
FORMA DE
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS
ACESSO
O Mozilla Thunderbird é um cliente Protocolo SMTP para enviar mensa-
de e-mail gratuito com código aberto gens e POP3 para receber. As mensa-
Cliente de
que poderá ser usado em diferentes gens são transferidas do servidor para
E-mail
plataformas. o cliente e são apagadas da caixa de
mensagens remota.
O eM Client é um cliente de e-mail Protocolo IMAP4 para enviar e para re-
gratuito para uso pessoal no ambiente ceber mensagens. As mensagens são
Windows e Mac. Facilmente configu- Webmail copiadas do servidor para a janela do
rável. Tem a versão Pro, para clientes navegador e são mantidas na caixa de
corporativos. mensagens remota.
234
Dica
RFC é Request for Comments, um documento
de texto colaborativo que descreve os padrões
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
usado nas redes de computadores.
Receber – POP3 Receber IMAP4 De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
Usuário Usuário formato reduzido usuário@provedor no enunciado
das questões, ao invés do formato detalhado usuá-
rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
Cliente de e-mail Navegador de Internet
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@
Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de
Internet e mantida no servidor de e-mails. Antes do símbolo de @, identifica um
Usuário
único usuário no serviço de e-mail.
Os protocolos de e-mails são usados para a troca
de mensagens entre os envolvidos na comunicação. Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e separa
a parte esquerda que identifica o usuá-
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas @ rio, da parte à sua direita, que identifica
em concursos públicos o que vale é a configuração o provedor do serviço de mensagens
padrão, apresentada neste material. eletrônicas.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
Imediatamente após o símbolo de @,
lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo
identifica a empresa ou provedor que
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men- Nome do domínio armazena o serviço de e-mail (o servidor
sagens, e entre os servidores de mensagens do reme- de e-mail executa softwares como o Mi-
tente e do destinatário. crosoft Exchange Server, por exemplo).
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Identifica o tipo de provedor, por exem-
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de plo, COM (comercial), .EDU (educa-
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto, cional), REC (entretenimento), GOV
Categoria do
removendo-as da caixa de entrada remota. (governo), ORG (organização não-gover-
domínio
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol) namental), etc., de acordo com as defi-
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é nições de Domínios de Primeiro Nível
(DPN) na Internet.
usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail, Informação que poderá ser omitida, quan-
transferindo cópias das mensagens para a janela do do o serviço está registrado nos Estados
navegador e mantendo as originais na caixa de men- País Unidos. O país é informado por duas letras,
como: BR, Brasil, AR, Argentina, JP, Japão,
sagens do servidor remoto.
CN, China, CO, Colômbia, etc.
Dica
Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP Quando o símbolo @ é usado no início, antes
Enviar – SMTP do nome do usuário, identifica uma conta em
Enviar e Receber rede social. Para o endereço URL do Instagram
Receber – POP3 IMAP4 https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
nome do usuário é @novaconcursos.
Remetente
Cliente
Destinatário Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen-
Webmail
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título
Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
da mensagem, entre outros.
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
(Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail, Para enviar a mensagem, é preciso que exista
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder um destinatário informado em um dos campos de
INFORMÁTICA
ITEM CARACTERÍSTICAS
Figura 6. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails Privacidade O grupo poderá ser público e visível,
do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na ou restrito e visível (qualquer um pode
Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
pedir para participar), ou secreto e in-
visível (somente convidados podem
Enviar e-mail
ingressar).
no campo CCO ou BCC, ele receberá a mensagem e os no Telegram. Nos grupos de Facebook o participante
anexos, mas não terá o seu endereço revelado para envia um post, ou anúncio, ou arquivo, e todos podem
consultar na página o que foi compartilhado. Nos gru-
os outros destinatários. Como seu endereço está
pos de WhatsApp e Telegram também, e todos podem
oculto, caso a mensagem seja utilizada por alguém
consultar o grupo no aplicativo.
ou algum programa de captura de dados para envio Como funcionam os grupos de discussão?
de spams, as informações não serão reveladas. Res- O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
posta: Certo. nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
o link recebido em um convite por e-mail.
237
Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu recebem cópia em seu e-mail ou aviso de resumo das
e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem. mensagens. Resposta: Errado.
Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo
semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Os grupos de discussão
brando que nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama- são um tipo de rede social utilizada exclusivamente por
nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário. usuários conectados à Internet.
O envio para um endereço único permite a distribui-
ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia ( ) CERTO ( ) ERRADO
da mensagem e anexos se houverem, será disponibiliza-
da no mural da página do grupo, para consultas futuras. O conceito de grupo de discussão é muito mais anti-
go que o conceito de rede social, e poderá ser usado
Mensagem por usuários da Intranet ou da Internet. A Intra-
enviada para
Grupos de todos os net é uma rede local que tem os mesmos serviços
discussão participantes da Internet. Para ser uma rede social, o site/serviço
inscritos no
Mensagem enviada grupo deve oferecer cadastro de usuários, possibilidade
para o endereço de de discussão de criação de relacionamentos, envio de mensagens
e-mail do grupo
privativas, compartilhamentos, etc. Um grupo de
Usuários da Internet
Quem não é inscrito
discussão não possui todas estas características.
no grupo, não recebe Resposta: Errado.
Usuário participante a mensagem
Figura 8. Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam 3. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Em intranet, podem ser cria-
mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os dos grupos de discussão ou redes sociais corporativas
demais participantes.
para se tratar, por exemplo, de resultados de pesquisas
realizadas em determinado período pela organização
A qualquer momento o usuário poderá desistir e que utiliza a intranet.
sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
ço de e-mail próprio (unsubscribe).
( ) CERTO ( ) ERRADO
A principal diferença entre um grupo de discussão
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
A Intranet é uma rede local de acesso restrito que
com a exibição do endereço dos participantes. Em um
usa os mesmos protocolos, serviços e programas
grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
endereço que enviará cópia para todos os participan- da Internet. Portanto, se existe um servidor de rede
tes do grupo, e nas mensagens respondidas, aparece o com um gerenciador de grupos ou um gerenciador
endereço original do remetente. de redes sociais internas (como o Ning, ou o Micro-
Apesar do tópico aparecer em diversos editais soft Lync, ou o Facebook Workplace), é possível
de concursos, faz vários anos que não são aplicadas criar grupos de discussão ou redes sociais na rede
questões sobre o tema, em todos os concursos, inde- interna da empresa. Resposta: Certo.
pendente da banca organizadora.
Sites de busca e pesquisa
Dica
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm
Os Grupos de Discussão (com as características como finalidade apresentar os resultados de endere-
e funcionalidades originais) desapareceram ao ços URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
longo do tempo, sendo substituídos pelos gru- Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft
pos nas redes sociais (com novos recursos e Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
integração com os perfis delas). Este é um tópi- quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê,
co que deverá ser questionado cada vez menos, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
assim como Redes Sociais. acessibilidade das informações existentes na Internet,
indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos
navegadores de Internet, e na configuração dos bro-
EXERCÍCIOS COMENTADOS wsers temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que
permite a busca dos termos digitados diretamente na
1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Lista de discussão é uma barra de endereços do cliente web. Esta funcionalida-
ferramenta de comunicação limitada a uma intranet, ao de transforma a nossa barra de endereços em uma
passo que grupo de discussão é uma ferramenta geren- omnibox (caixa de pesquisa inteligente), que preenche
ciável pela Internet que permite a um grupo de pessoas com os termos pesquisados anteriormente e oferece
a troca de mensagens via email entre todos os membros sugestões de termos para completar a pesquisa.
do grupo. O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como busca-
dor padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm
( ) CERTO ( ) ERRADO o Google Buscas como buscador padrão. As configura-
ções podem ser personalizadas pelo usuário.
As listas de discussão e os grupos de discussão são Os sites de pesquisas incorporam recursos para
serviços disponíveis na Internet, que podem ser usa- operações cotidianas, como pesquisa por textos,
dos na Intranet, porém sem limitações como sugeri- imagens, notícias, mapas, produtos para comprar
do na questão. Assinamos um grupo de discussão, e em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, tra-
toda mensagem enviada para o grupo, os assinantes duz textos de um idioma para outro, entre inúmeras
funcionalidades.
238
Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acen- Os comandos são seguidos de dois pontos e não pos-
tuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras suem espaço com a informação digitada na pesquisa.
minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas. O site de pesquisas Google também oferece respos-
E além de todas estas características, os sites de tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe-
pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím- rece mecanismos similares.
bolos) para refinar os resultados e comandos para As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con- tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
cursos públicos, estes são os itens mais questionados. permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
de concursos públicos, esta parte você consegue prati-
car, até no seu smartphone. Comece a usar os símbolos PEDIDO USO EXEMPLO
e comandos nas suas pesquisas na Internet, e visualize
os resultados obtidos. traduzir ... para Google traduzir maçã
... Tradutor. para japonês
SÍMBOLO USO EXEMPLO
lista telefôni- Páginas com o Lista telefôni-
Aspas Pesquisa exata, na mesma “Nova ca:número telefone. ca:99999-9999
duplas ordem que forem digitados Concursos”
os termos. Cotação da bol-
código da ação GOOG
sa de valores.
Menos ou Excluir termo da pesquisa. concursos
traço –militares clima Previsão do
clima são paulo
Til (acento) Pesquisar sinônimos. concursos localidade tempo.
~públicos
Status de um
Asterisco Substituir termos na pes- inscrições * código do voo ba247
voo (viagens).
quisa, para pesquisar ‘ins-
crições encerradas’, e ‘ins-
crições abertas’, e ‘inscri- Os resultados apresentados pelas pesquisas do site
ções suspensas’, etc. são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar
Cifrão Pesquisar por preço. celulares os resultados com conteúdo adulto, evitando a sua
$1000 exibição. Quando desativado, os resultados de conteú-
do adulto serão exibidos normalmente.
Dois pontos Intervalo de datas ou preço. campeão
1980..1990
No Microsoft Bing, na página do buscador www.
bing.com, acesse o menu no canto superior direito e
Arroba Pesquisar em redes @Instagram escolha o item Pesquisa Segura.
sociais. novaconursos No Google, na página do site do buscador www.
Hashtags Pesquisar nas marcações #informática google.com, acesse o menu Configurações no can-
de postagens. to inferior direito e escolha o item Configurações de
Pesquisa.
É importante saber que, As bancas costumam
COMANDO USO EXEMPLO questionar funcionalidades do Microsoft Bing que
são idênticas às funcionalidades do Google Buscas. Ao
Resultados de ape- livro site:www.
site: inserir o nome do navegador da Microsoft na ques-
nas um site. uol.com.br
tão, a banca procura desestabilizar o candidato com a
Somente um tipo de apostila dúvida acerca do recurso questionado.
filetype:
arquivo. filetype:pdf
Definição de um
define: define:smtp
termo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
intitle: No título da página. intitle:concursos
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em uma pesquisa por meio
No endereço URL da do Google, o uso da expressão “concurso fub” -“nível
inurl: inurl:nova médio”, incluindo as aspas duplas, permite encontrar
página.
informações somente dos concursos de nível médio da
Pesquisa o horário FUB que estiverem disponíveis na Internet.
time: em determinado time:japan
local. ( ) CERTO ( ) ERRADO
related:uol.com.
related: Sites relacionados. O sinal de menos usado nas pesquisas é para excluir
br
INFORMÁTICA
Usuário final Servidor remoto HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Porta TCP 80
z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro- textos) ou bit a bit (arquivos executáveis).
tocolo seguro de transferência de hipertextos. Os navegadores de Internet possuem suporte para
z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe- acesso aos servidores FTP.
rência de arquivos. O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma mais
simples de transferência de e-mail. rápida que nos navegadores de Internet.
Pode utilizar criptografia.
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- O modo anônimo caiu em desuso, e poucos servi-
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que dores FTP ainda aceitam conexão anônima. 241
FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)
Os softwares que reproduzem conteúdo multimí-
dia, como o Windows Media Player e o Groove Music
FTP – Comando OPEN (iniciar (além de opções de terceiros como o VNC Player), reco-
transferência)
nhecem o arquivo como tendo conteúdo multimídia a
FTP – Comando PUT (para upload, partir da extensão dele.
adicionar arquivos)
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de Moving Picture Experts Group. Arquivo de
E-mail – Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525 vídeo comprimido, visível em quase qual-
.mpg quer reprodutor, por exemplo, o Real One
SMTP – enviar SMTP – enviar ou o Windows Media Player. É o formato
e-mail e-mail
para gravar filmes em formato VCD.
Cliente
E-mail Servidor Servidor Real Media Variable Bitrate. Formato de
E-mail E-mail
.rmvb vídeo com taxa variável de qualidade, de-
senvolvido pela Real Networks.
Aplicativos de áudio, vídeo e multimídia.
Formato de áudio Wave, sem compacta-
Os softwares instalados no computador, podem .wav
ção com baixa amostragem.
ser classificados de formas diferentes, de acordo com
o ponto de vista e sua utilização. Windows Media Audio, formato de áudio
.wma
Vamos conhecer algumas delas. padrão do Windows.
00 A 01 C 02 B ( ) CERTO ( ) ERRADO
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
Os protocolos são padrões de comunicação que
No modo comprimido, a técnica de compressão serão usados pelos dispositivos que pretendem tro-
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência car informações através de uma conexão.
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os A transferência de dados poderá ser realizada pelo
dados comprimidos e as informações de controle são protocolo HTTP ou HTTPS (no caso de hipertextos),
os parâmetros desta transferência. arquivos (pelo protocolo FTP), mensagens de e-mail
(protocolo SMTP), entre outros. Resposta: Certo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Dados únicos
Informações de
ser realizada de três formas diferentes: fluxo con-
controle tínuo, modo blocado (blocos) ou modo comprimi-
do. No modo de transferência por fluxo contínuo
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
os dados são enviados como um fluxo contínuo
de caracteres. No modo blocado (blocos), o arqui-
Este foi um dos temas das questões do último con- vo é transferido como blocos de dados com cabe-
curso da Polícia Federal. A transferência de dados e çalho especial (contador de 2 bytes e descritor de
arquivos pelas redes de computadores deve ser ques- 1 byte). No modo comprimido os caracteres repe-
tionado ainda mais nas próximas provas. tidos são comprimidos e a transmissão será dos 243
dados normais, dados comprimidos e informações Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada,
de controle. A questão está errada por descrever o pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T.
modo blocado, ao invés do fluxo contínuo. Resposta: Os navegadores de Internet permitem a continua-
Errado. ção da navegação nas guias que estavam abertas na
última sessão. Alterando as configurações do navega-
4. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) A principal caracterís- dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as
tica do protocolo de transferência de arquivos (FTP) é últimas guias que foram acessadas na última sessão.
Os navegadores de Internet não permitem a edição
que ele permite transferir somente dados que incluem
de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF é o
documentos. Outros arquivos, como, por exemplo,
mais popular para distribuição de conteúdo na Inter-
imagens e músicas, não podem ser transferidos por
net, e pode ser editado por aplicativos específicos
ele. como o Microsoft Word.
Os navegadores de Internet possuem mecanismos
( ) CERTO ( ) ERRADO internos que procuram proteger a navegação do usuá-
rio por sites, alertando sobre sites que tenham con-
O protocolo FTP é usado para transferência de teúdo malicioso, download automático de códigos,
arquivos, que poderá ser em modo binário (executá- arquivos que são potencialmente perigosos se execu-
veis) ou byte a byte (documentos em geral). tados, entre outras medidas.
O protocolo FTP utiliza uma porta TCP para envio
dos dados e outra porta para controle da transferên-
cia. Não há restrição quanto ao formato de arquivo Importante!
que será transferido pelo protocolo FTP. Resposta:
Os navegadores possuem mais recursos em
Errado.
comum do que diferenças. As bancas costumam
5. (INSTITUTO QUADRIX – 2018) A transmissão de ima- perguntar os itens que são diferentes ou exclusivos.
gens e som pela internet, com conteúdo transferido
para o computador, é denominada Stream. Microsoft Edge
( ) CERTO ( ) ERRADO
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre
Atualmente é um conceito popular, graças aos ser-
o kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma
viços de streaming como a Netflix. Stream é a trans-
série de itens semelhantes ao Google Chrome.
missão de imagens e sons pela Internet, ou seja,
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS-
encapsulamento de dados em pacotes TCP/IP de um
creen, permite o bloqueio de sites que contenham
servidor (de filmes da Netflix) para o dispositivo do
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar o
usuário (Smart TV). Resposta: Correto.
usuário, como páginas que pedem login/senha do car-
tão de crédito).
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
Outro recurso de proteção é usado para combater
EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que
GOOGLE CHROME)
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar-
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário.
Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o
colos da família TCP/IP, que permite a comunicação
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
entre os dispositivos nas redes de computadores. São
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese-
exemplos de protocolos de transferência de dados:
nhar’ sobre o conteúdo do PDF.
HTTP (hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma
Mantém as características dos outros navegado-
segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio
res de Internet, como a possibilidade de instalação de
eletrônico), NNTP (grupos de discussão e notícias),
entre outros. extensões ou complementos, também chamados de
Ao navegar na Internet com um navegador ou bro- plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos
wser, o usuário está em uma sessão de navegação. específicos para a navegação em determinados sites.
A sessão de navegação poderá ser em janelas ou As páginas acessadas poderão ser salvas para aces-
em guias dentro das janelas. sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos,
As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli- consultadas no Histórico de Navegação ou salvas
que em links das páginas visitadas, ou clique no link como PDF no dispositivo do usuário.
enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou ata- Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo
lho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou cli- para permitir que a navegação inicie em um dispositi-
que no link com o botão direito do mouse para acessar vo e continue em outro dispositivo logado na mesma
o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas
nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas com nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar
o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4. sugestões do Pinterest.
A janela de navegação ‘normal’ é aberta com o Outro recurso específico do navegador é a repro-
atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
mantém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link Microsoft Bing (buscador da Microsoft).
com o botão direito do mouse para acessar o menu de
contexto e escolher a opção “Abrir link em nova jane- Internet Explorer
la”. A janela poderá ser fechada com o atalho de tecla-
do Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela, Foi o navegador padrão dos sistemas Windows,
244 com o atalho de teclado Alt+F4, todas serão fechadas. e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade. vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi- rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
mento de substitutos para os programas, que deter- usuário conecta ou não em sua conta Google.
mina que a nova versão ou novo produto, terá os
recursos e irá operar como as versões anteriores ou z Modo Normal – sem estar conectado na conta Goo-
produtos de origem. gle, o navegador armazena localmente as informa-
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de ções da navegação para o perfil atual do sistema
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
As Opções de Internet, disponível no menu Fer- consultar as informações armazenadas.
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel z Modo Normal conectado na conta Google – o nave-
gador armazena localmente as informações da
de Controle do Windows, devido à alta integração do
navegação e sincroniza com outros dispositivos
navegador com o sistema operacional.
conectados na mesma conta Google.
z Modo Visitante – o navegador acessa a Internet,
Mozilla Firefox mas não acessa as informações da conta Google
registrada.
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, z Modo de Navegação Anônima – o navegador aces-
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con- sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na janela é fechada.
Internet como na Intranet.
É um navegador com código aberto, software livre, O navegador Google Chrome, quando conectado em
que permite download para estudo e modificações. uma conta Google, permite que a exclusão do histórico
Possui suporte ao uso de applets (complementos de de navegação seja realizada em todos os dispositivos
terceiros), que são instalados por outros programas conectados. Esta funcionalidade não estará disponível,
no computador do usuário, como o Java. caso não esteja conectado na conta Google.
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização Um dos atalhos de teclado diferente no Google
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con- Chrome em comparação aos demais navegadores é F6.
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan- Para acessar a barra de endereços nos outros nave-
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes gadores, pressione F4. No Google Chrome o atalho de
dados não serão sincronizados. teclado é F6.
Assim como nos outros navegadores, é possível Para verificar a versão atualmente instalada do
definir uma página inicial padrão, uma página inicial Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar “Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
a navegação das guias abertas na última sessão. dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
permite copiar para a Área de Transferência do com- Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos
putador, parte da imagem da janela que está sendo mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário com as mesmas credenciais de login.
poderá colar a imagem capturada ou salvar direta- O Google Chrome permite a personalização com
mente pelo navegador. temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles das para alterar a visualização da janela do aplicativo.
oferecem pequenas dicas para que você possa apro-
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer
novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo
da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e
EXERCÍCIOS COMENTADOS
muito mais.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) As versões mais moder-
nas dos navegadores Chrome, Firefox e Edge reconhe-
Google Chrome
cem e suportam, em instalação padrão, os protocolos
de Internet FTP, SMTP e NNTP, os quais implemen-
O navegador mais utilizado pelos usuários da
tam, respectivamente, aplicações de transferência de
Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
arquivos, correio eletrônico e compartilhamento de
como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
notícias.
muitos outros.
Uma das pequenas diferenças do navegador em
( ) CERTO ( ) ERRADO
relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de O erro está na sigla SMTP, que deveria ser IMAP4 para
pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se se tornar correta. O protocolo FTP é usado para trans-
você acessar pelo Google Chrome. ferência de arquivos, enviando (upload) ou recebendo
INFORMÁTICA
Outro recurso especialmente útil do Chrome é o (download) dados. O protocolo NNTP (Network News
Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla- Transfer Protocol) é um protocolo da Internet para
do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador grupos de discussão da chamada Usenet.
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas O protocolo SMTP é para envio de mensagens de
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa. correio eletrônico, mas é usado por um cliente de
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’ e-mail, como o Microsoft Outlook ou o Mozilla
do site de buscas, como a tradução automática de Thunderbird. Os navegadores de Internet usam o
páginas pelo Google Tradutor. IMAP4, para acesso à caixa de mensagens do usuá-
É possível compartilhar o uso do navegador com rio através da modalidade de acesso webmail. Res-
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que posta: Errado. 245
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma das ferramentas Como usar este recurso? No canto superior direito
mais completas do Mozilla Firefox é o corretor orto- da janela do Google Chrome, clique no menu. Clique
gráfico, que é instalado no navegador e contém todos em Mais Ferramentas e depois Gerenciador de tare-
os idiomas em um único dicionário. fas (ou pressione Shift+Esc). Selecione a página da
Web, extensão ou app que você deseja fechar. Clique
( ) CERTO ( ) ERRADO em Encerrar processo. Resposta: Certo.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Existem várias opções que poderão ser contratadas como serviços, sendo as principais em concursos públicos:
IaaS, PaaS e SaaS.
z Infrastructure as a Service (IaaS) fornece recursos de computação virtualizados pela Internet. O provedor hos-
peda o hardware, o software, os servidores e os componentes de armazenamento;
z Platform as a Service (PaaS) proporciona acesso às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento usados para
entregar os aplicativos;
z Software as a Service (SaaS) permite aos usuários ter acesso a bancos de dados e software de aplicativo. Os pro-
vedores de nuvem gerenciam a infraestrutura. Os usuários armazenam dados nos servidores do provedor de
nuvem.
Um sistema de computação legado, ou dedicado, é aquele que a empresa é responsável por todos os itens do
projeto, desde o fornecimento de energia para a operação dos servidores adquiridos por ela, até a disponibiliza-
ção das aplicações que licenças foram compradas para utilização.
Na computação em nuvem, é possível contratar de uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados, arma-
zenamento, servidores e sistemas de virtualização. Esta é uma Infraestrutura como um Serviço (IaaS).
Desenvolvedores podem contratar de uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados, armazenamento,
servidores, sistemas de virtualização, sistema operacional, banco de dados e segurança digital. Esta é uma Plata-
forma como um Serviço (PaaS).
Usuários podem contratar de uma operadora de nuvem tudo, desde os datacenters até as aplicações. Este é um
Software como um Serviço.
Figura 9. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido pelo usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas de um
acesso à rede.
Como é possível observar, a computação nas nuvens é uma forma de disponibilização de recursos equiva-
lente à computação local, mas remotamente. Na tabela a seguir, vamos comparar estes dois formatos e suas
responsabilidades.
Serviços
Responsabilidade do sistema operacional local. Responsabilidade da empresa.
(desfragmentador)
Antivírus Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Firewall Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Permissões de acesso Responsabilidade do usuário. Oferecido pela empresa, definido pelo usuário.
Gerenciamento da
Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
estrutura
247
Benefícios dos Serviços na Nuvem Vantagens da Computação em Nuvem
Ao contratar Infraestrutura como um Serviço O usuário não precisará se preocupar com atuali-
(IaaS), o usuário obtém economia de custo (não há zações de softwares e hardware, que serão realizadas
necessidade de comprar e manter hardwares), tempo pela empresa contratada. Elas serão automáticas e
de colocação no mercado (poderá iniciar suas opera- disponibilizadas em tempo real para todos.
ções imediatamente, sem esperar pela instalação de O compartilhamento de informações será faci-
um datacenter na empresa), disponibilidade em tem- litado, bastando que outros usuários tenham aces-
so à Internet para que possam acessar os dados
po integral e escalabilidade sob demanda (expansão
compartilhados.
ou contração da empresa de acordo com o dia-a-dia
Os serviços serão disponibilizados 24 horas, 7 dias por
da operação).
semana, com sistemas de redundância e recuperação de
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o falhas sob responsabilidade da empresa contratada.
usuário uma economia de gastos (novamente, rela- Diminui a necessidade de manutenção da infraes-
cionada ao hardware que não precisa ser adquirido), trutura física da rede local, bastando para o usuário
desenvolvimento simplificado de aplicativos (ambien- o fornecimento de energia elétrica e conexão de rede
tes de desenvolvimento para diferentes plataformas), para acesso aos serviços remotos.
colaboração (on-line com outros desenvolvedores) Por ter menos equipamentos na infraestrutura
e ambiente integrado (para teste, implementação e local, o consumo de energia elétrica, refrigeração e
gerenciamento). espaço físico serão reduzidos. Indiretamente contribui
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá econo- para preservação e uso racional dos recursos naturais.
mia de gastos (menor custo das licenças de softwares), Flexibilidade no uso e na contratação de serviços.
compartilhamento de arquivos (de forma fácil e rápi- O usuário poderá contratar um pacote básico de servi-
da), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais, ços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar
o acesso ao serviço não será impactado com novas parâmetros do contrato alterando de forma dinâmica
os limites de utilização.
instalações e configurações) e independência do siste-
Elasticidade rápida, onde os recursos são provi-
ma operacional (a troca de dados será realizada pelo
sionados dinamicamente, atendendo as necessida-
protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas
des pontuais da operação do cliente (uma loja virtual
operacionais). pode aumentar a quantidade de acessos simultâneos
ao site apenas na Black Friday, por exemplo). Esta é a
sua característica mais marcante.
COMPUTAÇÃO COMPUTAÇÃO NA
LOCAL NUVEM
Microsoft Office Microsoft Office
SOFTWARE
(instalado) (on-line)
Microsoft Windows Microsoft Windows
PLATAFORMA
10 Azure
Hardware e energia Hardware e energia
INFRAESTRUTURA elétrica do usuário elétrica da empresa
provedora
da por qualquer usuário que conheça a localização do 3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Julgue o próximo item, a
serviço, não sendo admitidas técnicas de restrição de respeito de arquitetura em nuvem e virtualização.
acesso ou autenticação. A seguinte situação hipotética caracteriza um soft-
No formato de nuvem híbrida, que tem como ware como serviço: uma empresa disponibiliza aces-
característica a infraestrutura ser composta por pelo so via Internet para um editor de textos, por meio de
menos duas nuvens, que preservam as características navegador web; os usuários pagam pelo uso e não
originais do seu modelo e estão interligadas por uma possuem controle sobre a infraestrutura de nuvem
tecnologia que possibilite a portabilidade de informa- que provê o editor de textos.
ções e de aplicações, é o tipo mais comum encontrado
no mercado. ( ) CERTO ( ) ERRADO 249
Software como um Serviço (SaaS) é disponibilizado 3. (IBFC – 2020) No MS Excel 2010, idioma português,
para o usuário final e é a camada mais conhecida da configuração padrão, existe uma função que permite
nuvem. Nessa camada estão as aplicações acessa- arredondar um número até uma quantidade especifi-
das pelo usuário final, como editor de textos on-line cada de dígitos. Assinale a alternativa correta que cor-
(Word Online, do pacote Microsoft Office 365) exe- responda a esta função.
cutado na aba ou guia do seu navegador de Internet
preferido. Resposta: Certo. a) ARRED
b) ARREDMULTB.PRECISO
4. (CESPE – 2018) Os gestores de determinado órgão públi- c) ARREDIG
co decidiram adotar a computação em nuvem como d) ARRED.PRECISO
solução para algumas dificuldades de gerenciamento e) ARRUMAR
dos recursos de tecnologia da informação. Assim, para
cada contexto, análises devem ser realizadas a fim de 4. (IBFC – 2020) Alessandro precisa montar um relató-
compatibilizar os recursos de gerenciamento e seguran- rio no MS Excel 2010, idioma português, configuração
ça com os modelos técnicos de contratação. padrão, que some o intervalo de células de A1 até A5,
Considerando essas informações, julgue o seguinte somente os valores maiores do que vinte. Assinale a
item. alternativa correta que representa a fórmula que Ales-
Se, para enviar e receber e-mails sem precisar geren- sandro irá utilizar.
ciar recursos adicionais voltados ao software de
e-mail e sem precisar manter os servidores e sistemas a) =SOMASE(A1:A5;>20)
operacionais nos quais o software de e-mail estiver b) =SE(A1:A5>20;SOMA())
sendo executado, os gestores optarem por um servi- c) =SOMA(SE(A1:A5>20))
ço de e-mail em nuvem embasado em webmail, eles d) =SOMASE(A1^A5;”>20”)
deverão contratar, para esse serviço, um modelo de e) =SOMASE(A1:A5;”>20”)
computação em nuvem do tipo plataforma como um
serviço (PaaS). 5. (IBFC – 2020) No MS Excel 2010, idioma português,
configuração padrão, existe a funcionalidade Congelar
( ) CERTO ( ) ERRADO
Painéis. Assinale a alternativa correta sobre o menu
A infraestrutura como um serviço (IaaS) provê a no qual encontra-se disponível esta funcionalidade.
parte física que dá suporte para a operação, como
o hardware e o fornecimento de energia. A platafor- a) Layout de Página
ma como um serviço (PaaS) provê o ambiente para b) Fórmulas
o desenvolvimento e testes de soluções de software. c) Dados
O Software como um Serviço (SaaS) é a interface d) Revisão
que será acessada pelo usuário, como o serviço de e) Exibição
e-mail em nuvem embasado em webmail. O erro da
questão está na última linha, pois o modelo de com- 6. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa correta quanto ao
putação em nuvem que deve ser contratado é SaaS conceito de intranet.
ao invés de PaaS. Resposta: Errado.
a) rede de propaganda de uma empresa
b) sinônimo de internet
c) rede de telecom
HORA DE PRATICAR! d) rede pública
e) rede de uso interno de uma instituição
1. (IBFC – 2020) Otavio entrou em contato com seu
provedor de internet para resolver um problema de 7. (IBFC – 2020) Eduarda precisa enviar um e-mail com
conexão com a internet em um computador que utiliza um comunicado geral a vários destinatários, de tal
Windows 10, idioma português, configuração padrão. maneira que eles não conheçam uns aos outros. Assi-
O atendente do suporte técnico solicitou a informa- nale a alternativa que apresenta corretamente a forma
ção do endereço IP do computador na rede. Assinale do envio que Eduarda deve utilizar para o comunicado.
a alternativa que apresenta corretamente como obter
este endereço em linha de comando. a) Cco
b) Coc
a) netsh -a c) Ccc
b) ipconfig d) Coo
c) getip -a e) Cc
d) ifconfig
e) ipaddress 8. (IBFC – 2020) Marcos deseja migrar seu backup de
arquivos pessoais, que atualmente encontra-se em
2. (IBFC – 2020) Sobre as Ferramentas de Lixeira do sis- seu computador, para nuvem. Assinale a alternativa
tema operacional Windows 10, idioma português, con- correta para exemplos de serviços de armazenamento
figuração padrão, assinale a alternativa incorreta. de arquivos em nuvem.
14. (IBFC – 2017) Assinale, das alternativas abaixo, a úni- 20. (IBFC – 2015) Para se copiar um arquivo ou documen-
ca que identifica corretamente uma das característi- to no computador é necessário seguir alguns passos
cas técnicas básicas da Intranet: ordenados. Preencha as lacunas com a sequência cor-
reta utilizando os números de 1 a 4.
a) não utiliza os mesmos protocolos da Internet
b) utiliza qualquer endereço de IP (Internet Protocol) ( ) Indicar a intenção de copiar
c) é restrita a um local físico ( ) Selecionar o(s) arquivo(s) que deseja copiar 251
( ) Efetuar a cópia
( ) Indicar a pasta de destino
a) 1, 2, 3, 4
b) 1, 3, 4, 2
c) 2, 1, 3, 4
d) 2, 1, 4, 3
9 GABARITO
1 B
2 C
3 A
4 E
5 E
6 E
7 A
8 D
9 E
10 D
11 D
12 A
13 A
14 C
15 D
16 D
17 A
18 C
19 E
20 D
ANOTAÇÕES
252
A Constituição de 1891 foi influenciada pelo cons-
titucionalismo dos Estados Unidos da América, neste
momento o Brasil passou a ser um Estado laico, ou seja,
a religião católica deixou de ser a religião oficial do
Brasil. O Presidente da República era eleito pelo sufrá-
DIREITO gio2 direto do povo. Entretanto, o voto era apenas um
direito para homens alfabetizados a partir dos 21 anos.
ASPECTOS HISTÓRICOS, RELAÇÃO ENTRE Ainda, o controle judicial difuso era atribuído a
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS E todos os órgãos do poder judiciário, desde que hou-
POLÍTICA vesse provocação neste sentido, também foi instituí-
da a autonomia dos municípios. Considerando que
A primeira Constituição brasileira foi outorga- a Constituição de 1891 era classificada como rígida,
da em 25 de março de 1824, teve por anteceden- suas disposições somente podiam ser alteradas por
te a declaração de independência do Brasil, em 7 um procedimento especial.
de setembro de 1822, denominada a “Constituição Por conseguinte, foi promulgada a primeira Consti-
Política do Império do Brasil”, que era classificada tuição que se preocupou com os direitos fundamentais
sociais, a Constituição de 1934, decorrente da revolu-
como uma Constituição semirrígida, pois possibilitava
ção de 30 que provocou a queda da antiga Constituição.
modificações em seu texto. Outorgada por Dom Pedro
Conforme preleciona professor José Afonso da Silva
I, inspirada pelo liberalismo clássico, ou seja, a defesa
(2017), a Carta Constitucional 1934 manteve a divisão
da liberdade individual do século XVIII, foi um texto dos poderes, a república, a federação, o presidencialis-
constitucional extenso. mo e o regime representativo4. Ainda, foi considerada a
O poder era concedido ao Imperador, e somen- “Constituição Liberal”, e se preocupou em expandir os
te pessoas que tinham uma boa condição financei- direitos sociais para o povo, inspirada na Constituição
ra poderiam votar. Nesse momento, a Constituição da Alemanha de 1919 (Constituição de Weimar). Nes-
estabelecia como religião oficial, a católica apostólica sa oportunidade, foi criado também o voto feminino, a
romana. Entretanto, a igreja era subordinada ao Esta- justiça eleitoral e a justiça do trabalho.
do, sendo que o clero (conjunto de religioso) brasileiro Mais tarde, influenciada pela Constituição fascista
era liberal e em alguns casos, maçom. da Polônia, foi a quarta constituição do Brasil. Outor-
Por meio desta Constituição foi implementado o regime gada por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937,
parlamentarista de governo, dividido em quatro poderes: sem qualquer consulta prévia, dissolveu o congresso
poder moderador (o poder se concentrava no Imperador), e deu poder ao Presidente da República com direitos
poder executivo, poder legislativo e o poder judiciário. ilimitados, período também conhecido como Estado
O poder moderador moldou o regime político Novo. Nas palavras de Pedro Lenza:
durante a vigência da Constituição, que duraram 65 Era o início do que Vargas intitulou de “nascer
anos. Era o poder concedido ao Imperador como líder, da nova era”, outorgando-se a Constituição de 1937,
com o objetivo de manter a manutenção da indepen- influenciada por ideais autoritários e fascistas, ins-
dência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes talando a ditadura (“Estado Novo”), que só teria fim
políticos. Para José Afonso da Silva (2017), o poder com a redemocratização pelo texto de 1945, e se decla-
moderador foi à chave de toda a organização política1. rando, em todo o País, o estado de emergência.5
O Império do Brasil chega ao fim em 1889, após uma Tinha como características a Instauração do Esta-
do Novo, eleições indiretas com mandatos de seis
série de fatores que contribuíram para o desgaste do
anos, autonomia e amplos poderes ao Presidente da
sistema monárquico de governo. Nesse momento, foi
República, retirados o direito de greve e admitida a
instalado um governo provisório presidido por Mare-
pena de morte para crimes políticos.
chal Deodoro da Fonseca e em 15 de novembro de 1889
Com a queda do Estado Novo e o fim do governo
que proclama a República Federativa. O Brasil inicia de Getúlio Vargas, o Brasil reorganiza sua política e
uma nova fase, o governo provisório nomeou uma democracia e, então, é elaborada a Constituição de
DIREITO CONSTITUCIONAL
comissão para elaborar um projeto de Constituição, 1946, que revoga e altera a anterior, denominada
comissão esta que fazia parte o renomado Rui Barbosa. como a Constituição da República dos Estados Uni-
Posteriormente em 24 de fevereiro de 1891 foi pro- dos do Brasil, promulgada em setembro de 1946.
mulgada a denominada “República dos Estados Uni- Conforme preleciona José Afonso da Silva (2017), com
dos do Brasil”, neste momento foi instituída de modo o fim da II guerra mundial, havia no mundo pós-guerra a
definitivo a forma federativa de Estado e a forma repu- recomposição dos princípios constitucionais, com a refor-
blicana de governo. Ainda, aboliu o poder moderador, mulação de Constituições existentes e promulgação de
voltando a prevalecer a separação entre os poderes. outras que influenciaram a redemocratização do Brasil.6
1 SILVA, José Afonso; Curso de Direito Constitucional Positivo. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2017, p. 78.
2 Sufrágio: processo de escolha por votação; eleição.
3 LENZA, op. cit, p. 108.
4 SILVA, op. cit, p. 83.
5 LENZA, op. cit, p. 112.
6 SILVA, op. cit, p. 85. 253
Nesse momento, é adotada a federação como for-
ma de Estado, assegurando a divisão e independên- Foi mantida a divisão dos poderes, criação
CF/1934
cia dos poderes. Ainda, houve o reconhecimento do do voto feminino e justiça eleitoral;
direito de greve, fim da censura, liberdade individual Dissolveu o Congresso e deu poderes ilimi-
de expressão e manifestação e fim da pena de morte CF/1937
tados ao Presidente;
(com exceção as de caráter militar em tempo de guer-
ra), o regime democrático com eleições diretas e a Reconhecimento da igualdade de todos
garantia de autonomia política e administrativa para perante a lei. Fim da censura e pena de
os estados-membros. CF/1946
morte (com exceção-caráter militar tempo
Posteriormente, com o golpe militar, outorga-se de guerra);
uma nova Constituição, em 24 de janeiro de 1967,
denominada apenas como “Constituição do Brasil”, CF/1967 Golpe militar;
momento em que o texto constitucional prioriza a
segurança nacional, concedendo amplos poderes ao Emenda Constitucional a CF 1967, reconhe-
Presidente da República, ainda, permitiu a suspensão CF/1969 cida por muitos doutrinadores como uma
dos direitos e garantias Constitucionais. Entretanto, nova Constituição outorgada.
foi uma Constituição de curta duração, pois em 1969
foi editada a Emenda Constitucional 1 de 17 de outu- Redemocratização do país, na expressão de
CF/1988
bro de 1969. Ulysses Guimarães é a Constituição Cidadã.
Nesse sentido, muitos doutrinadores consideram a
EC n 1/1969 como uma nova Constituição outorga-
CONCEITOS
da, embora do ponto de vista formal ainda seja uma
Emenda à Constituição. Assim, considera José Afonso
da Silva (2017), que teoricamente e tecnicamente, não Direito Constitucional
se tratou de apenas uma emenda, mas de uma nova
Constituição, sendo que a emenda só serviu como ins- É um ramo do direito público, o qual tem por fina-
trumento de outorga, uma vez que o texto constitucio- lidade a organização e princípios orientadores de sua
nal fora integralmente reformulado.7 aplicação. Refere-se à estruturação do poder político
Denominada “Constituição da República Federati- e seus limites de atuação. É um ramo fundamental à
va do Brasil”, com poderes especiais cedidos ao Presi- organização do povo sobre um território.
dente da República.
Em 1978, com a adoção de medidas sensíveis e Constituição
revogadoras, o Brasil iniciou um processo de rede-
mocratização, que ganha força no governo do general
João Figueiredo, que governaria o país até 1985, ano É a forma de organização do Estado (aqui entenda:
em que de forma indireta o Congresso Nacional elegeu país). Todo o Estado tem sua própria forma de orga-
o primeiro Presidente civil, após 20 anos de ditadura nização. A Constituição é a lei fundamental e dispõe
militar. Sua posse era marcada para 15 de fevereiro sobre o limite de poder do Estado, independentemen-
de 1985, mas Tancredo Neves adoeceu e faleceu em 14 te de ser formalizada em um texto escrito.
de abril de 1985, seu vice era José Sarney que assumiu
a presidência. OBJETO
Em 28 de junho de 1985, o então Presidente, José
Sarney, convocou o Congresso para propor a convo- Objeto é a própria Constituição do Estado, ou seja,
cação de uma Constituinte, que posteriormente deu
as normas que tratam da organização, estrutura e
origem a Constituição promulgada em 5 de outubro
de 1988. organização dos poderes. Divide-se em direito consti-
A atual constituição foi um marco na reestrutura- tucional particular ou especial, direito constitucional
ção do país que acabara de sair de um regime militar. geral e direito constitucional comparado.
Marca a ampliação de liberdade para os civis, bem
como a ampliação dos direitos e garantias individuais. z Direito Constitucional Particular/Especial/Posi-
É nessa constituição que os analfabetos e jovens a par- tivo ou Interno: Objetiva o estudo de uma Consti-
tir de 16 anos tem direito ao voto. tuição específica de um determinado Estado. Ex.:
Referente aos direitos trabalhistas, houve a redu- estudo específico da Constituição da República
ção de 48 para 44 horas semanais de trabalho, criação Federativa do Brasil de 1988.
de seguro desemprego, férias remuneradas, décimo
z Direito Constitucional Geral: Objetiva o estudo
terceiro salário e ampliação da licença maternidade.
da Constituição de diversos Estados (campo de
Houve também reestabelecimento do habeas cor-
pus e a criação do habeas data, o fim da censura nas ideias). Ex.: é aqui que se definem conceitos, classi-
rádios, imprensa, jornais, etc. ficação, ou seja, a formação da base de ideias para
Na área social, indígenas tiveram posse de terra o estudo da teoria geral.
em áreas determinadas e a população recebeu apoio z Direito Constitucional Comparado: Como o pró-
no combate ao racismo e preconceito. Nessa oportuni- prio nome já diz, objetiva o estudo comparado das
dade, é nomeado o Brasil como “República Federativa Constituições de diversos Estados ou de um mesmo
do Brasil.” Estado, podendo ser temporal ou vertical. Entenda:
O Estado de direito teve origem na Europa moderna A separação dos poderes foi uma teoria exposta
com objetivo de, na época, limitar o poder do Rei, sendo por Montesquieu, que determina a composição e divi-
que o Estado deveria ser orientado por leis e constitui- são do Estado, objetiva que cada poder deve ser inde-
ções e não somente pela vontade de um Soberano. pendente e harmônico entre si, como forma de dividir 257
as funções do Estado, entre poder executivo, poder d) formal.
legislativo e poder judiciário, entendimento esse tam- e) eclética.
bém chamado de Teoria da Separação dos Poderes.
Conforme estudamos, é classificada como rígida a
Poder legislativo, por sua vez, é o poder de poder de
constituição difícil de modicar, aquela que demanda
fazer, emendar, alterar e revogar leis. Já o poder exe-
um processo especial, solene. Como por exemplo, a
cutivo, tem função de administrar o Estado, e por fim
Constituição Federal de 1988, que exige um procedi-
é o poder judiciário quem tem função jurisdicional.
mento especial para sua modificação, conforme art.
Assim, preleciona Pedro Lenza:
60, § 2º da CF. Resposta: Letra B.
O Estado que estabelece a separação dos pode-
res evita o depotismo e assume feições liberais. ÁREA DE REGULAÇÃO E ÁREA DE PROTEÇÃO
Do ponto de vista teórico, isso significa que na DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, TITULARIDADE
base da separação dos poderes encontra-se a DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS,
tese da existência de nexo causal entre a divisão DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM
do poder e a liberdade individual10. ESPÉCIE
Parcelar dívidas; atrasar execução de gastos; Por conseguinte, o texto constitucional prevê a
não precisa fazer licitações. possibilidade de criação de associações e cooperati-
vas, independente de autorização. Ainda, só pode-
rão ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades
Agora que entendemos como funciona o estado
por decisão judicial. Ninguém pode ser obrigado a
de calamidade pública, vamos à análise do direito de
associar-se ou permanecer associado. Por fim, o tex-
locomoção que foi restringido.
to constitucional autoriza, desde que expressamente
Primeiramente, é importante mencionar que
autorizada, a representação dos associados pelas enti-
nenhum direito fundamental pode ser considerado
dades associativas.
absoluto (quando dizemos isso, significa que esse direi-
to pode ser violado, desde que se cumpra alguns Igualdade
requisitos), e a proporcionalidade de cada situação
deve ser observada. Princípio da igualdade, previsto também no caput
O interesse da coletividade deve ser sempre do art. 5º da CF, é muito importante, e, deste princípio,
observado e ter preferência em relação ao direito inúmeros outros decorrem diretamente, conforme
do particular, com o objetivo de aplicar o denomina- veremos a seguir.
do princípio da supremacia do interesse público
sobre o particular, que inclusive é um dos principais Igualdade na Lei x Igualdade Perante a Lei
princípios do direito administrativo.
Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que A igualdade na lei obriga o legislador a tratar
prevê o direito à saúde como sendo um dever do Esta- todos da mesma forma ao criar as normas; já a igual-
do (no sentido de nação politicamente organizada, ou dade perante a lei significa que quem administra o
seja, é um dever do País/Governo Federal). Estado também deve observar o princípio da igual-
dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis-
trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar
Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Esta-
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos
do, garantido mediante políticas sociais e econômi-
particulares.
cas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário Igualdade Formal x Igualdade Material
às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. A igualdade formal, também chamada de igual-
dade jurídica, significa que todos devem ser tratados
Ainda, cabe mencionar o princípio da propor- da mesma forma. Já a igualdade material significa
cionalidade, que tem como finalidade equilibrar os tratar igual os iguais e os desiguais com desigualdade,
direitos individuais com os da sociedade, exatamente na medida de suas desigualdades, ou seja, é uma for-
como no caso que aqui estamos analisando. ma de proteção a certos grupos sociais, certos grupos
14 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
260 2020.
de pessoas que foram discriminadas ao longo da his- No tocante aos particulares, o princípio da lega-
tória do Brasil. Isso ocorre por meio das chamadas lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade
ações afirmativas, que visam, por meio da política para criar obrigações de fazer, também chamadas de
pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o obrigações positivas, e também as chamadas obriga-
sistema de cotas para os afrodescendentes nas univer- ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e,
sidades públicas. Sobre o tema, o STF já se posicionou nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu-
pela constitucionalidade, e a decisão foi tomada no ma, é dado ao particular fazer o que bem entender,
julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em
com repercussão geral, em que um estudante questio-
lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse
nava os critérios adotados pela UFRGS para reserva
ponto o princípio da autonomia da vontade.
de vagas.15
Em refêrencia ao poder público, o conteúdo do
Igualdade nos Concursos Públicos princípio da legalidade é outro: tem a ideia de que o
Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que
Tem como base o também chamado princípio da governar é atividade cuja realização exige a edição
isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado de leis; assim, o poder público não pode atuar nem
sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo contrário às leis, nem na ausência da lei.
respectivo concurso público.
Entretanto, alguns concursos exigem, por exem- Inviolabilidade
plo, idade, altura etc. Note que todas as exigências
contidas no edital que façam distinção entre as pes- Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da
soas somente serão lícitas e constitucionais desde honra e da imagem das pessoas tem previsão no art.
que preencham dois requisitos: 5º, inciso X da CF; vejamos:
z Deve estar previsto em lei – igualdade formal; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
z Deve ser necessário ao cargo. a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
Como por exemplo, concurso para contratação de
agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí-
tal constar que é permitido somente mulheres para
dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à
investidura do cargo.
própria imagem frente aos meios de comunicação em
Exemplo muito comentado também é sobre a proi-
massa (televisão, jornais etc.).
bição de tatuagem contida nos editais de concurso
Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso
público. Sobre o tema o STF assim entendeu:
XI do art. 5º da CF:
Editais de concurso público não podem estabelecer
Art. 5º [...]
restrição a pessoas com tatuagem, salvo situa-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
ções excepcionais, em razão de conteúdo que vio-
nela podendo penetrar sem consentimento do
le valores constitucionais.
morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
Entenda: como situação excepcional tatuagem que dia, por determinação judicial;
viole os princípios constitucionais e os princípios do
Estado brasileiros. Ex.: Tatuagem de suástica nazista.
Importante!
União Estável Homoafetiva
Memorize que como dia entende-se o período
Tema muito comentado e, em 2011, o STF se posi- das 6h às 18h.
cionou sobre o reconhecimento da união estável para
casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argu-
mento que o art. 3º, inciso IV, da CF veda qualquer Note que existem exceções à inviolabilidade: fla-
discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, grante delito, desastre, prestação de socorro e deter-
nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou dis- minação judicial. Convém lembrar também que, de
criminado em função de sua orientação sexual. acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o
“O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com-
DIREITO CONSTITUCIONAL
se presta para desigualação jurídica”: conclui-se, por- partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou
tanto, que qualquer depreciação da união estável barraca); qualquer aposento ocupado de habitação
homoafetiva colide, com o inciso IV do art. 3º da CF.16 coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como
qualquer compartimento privado onde alguém exerça
Legalidade profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas.
O STF, em relevante julgamento com repercussão
Princípio da legalidade está previsto no art. 5º, geral (art. 102, § 3° da CF), firmou compreensão no
inciso II da CF, e preceitua que “ninguém será obriga- sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mes-
do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em mo no período noturno – fundamentada e devi-
virtude de lei”. Note que, quando se fala em princípio damente justificada, se indicado que no interior na
da legalidade, se está falando no âmbito particular e casa se está praticando algum crime, ou seja, em esta-
não da administração pública. do de flagrante delito.
15 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
16 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011. 261
É importante frisar que, se o agente policial entrar As correspondências são invioláveis, com exce-
na residência e não constatar a ocorrência de crime ção nos casos de decretação de estado de defesa
em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante
agentes policiais se forem apresentadas fundadas mencionar também que o STF já reconheceu a possi-
razões que os levaram a invadir aquela casa, o que, bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a
sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que inviolabilidade de correspondência não pode ser usa-
posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo da como defesa para atividades ilícitas.17
Ministério Público (a quem compete exercer o con- Possibilidade de interceptação telefônica: inter-
trole externo da atividade policial, nos termos do art. ceptação telefônica é a captação e gravação de conver-
129, VII, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar- sa telefônica, no momento em que ela se realiza, por
-se a legitimidade de eventual prova colhida durante terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer um
essa entrada à residência. dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso
Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim XII do art. 5º da CF acima mencionado, que para ser
considerou: lícita deve obedecer três requisitos:
A entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, Ordem Judicial;
quando amparada em fundadas razões, devida- Para fins de investigação
mente justificadas “a posteriori”, que indiquem Interceptação telefônica criminal;
que dentro da casa ocorre situação de flagrante Hipóteses e formas que a
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, lei estabelecer.
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nuli-
dade dos atos praticados.
Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a Ainda, a interceptação telefônica dependerá de
repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro- ordem judicial, conforme art. 1º da Lei 9.926/96.
vimento ao recurso extraordinário em que se discutia,
à luz do art. 5º, XI, LV e LVI, da Constituição, a legalida- Art. 1º A interceptação de comunicações telefôni-
de das provas obtidas mediante invasão de domicílio cas, de qualquer natureza, para prova em investi-
por autoridades policiais sem o devido mandado de gação criminal e em instrução processual penal,
busca e apreensão. O acórdão impugnado assentou observará o disposto nesta Lei e dependerá de
o caráter permanente do delito de tráfico de drogas ordem do juiz competente da ação principal, sob
e manteve condenação criminal fundada em busca segredo de justiça.
domiciliar sem a apresentação de mandado de busca Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à
e apreensão. A Corte asseverou que o texto constitu- interceptação do fluxo de comunicações em siste-
cional trata da inviolabilidade domiciliar e de suas mas de informática e telemática.
exceções no art. 5º, XI (“a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen- O segundo requisito necessário exige que a pro-
timento do morador, salvo em caso de flagrante delito dução desse meio de prova seja dirigida para fins de
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, investigação criminal ou instrução processual penal;
por determinação judicial”). Seriam estabelecidas, por- assim, não é possível a autorização da interceptação
tanto, quatro exceções à inviolabilidade: telefônica em processos civis, administrativos, disci-
plinares etc.
Já o último requisito refere-se a uma lei que deve
a - flagrante delito;
b -desastre;
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a
c) - prestação de socorro; e interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbito
d) - determinação judicial. de investigação criminal ou instrução processual penal.
A regulamentação deste dispositivo veio com a Lei
9.296/1996, que legitimou a interceptação das comu-
A interpretação adotada pelo STF seria no sentido
nicações como meio de prova, estendendo também
de que, se dentro da casa estivesse ocorrendo um cri-
a sua regulamentação à interceptação de fluxo de
me permanente, seria viável o ingresso forçado pelas
comunicações em sistemas de informática e telemáti-
forças policiais, independentemente de determinação
ca (combinação de meios eletrônicos de comunicação
judicial. Isso se daria porque, por definição, nos cri-
com informática, e-mail e outros).
mes permanentes haveria um interregno entre a con-
sumação e o exaurimento. Nesse interregno, o crime
Direito de Propriedade
estaria em curso. Assim, se dentro do local protegido o
crime permanente estivesse ocorrendo, o perpetrador
estaria cometendo o delito. Caracterizada a situação Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art.
5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF.
de flagrante, seria viável o ingresso forçado no domi-
cílio. (RE 603616/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 5.11.2015 e DJe 13.11.2015) Art. 5º [...] XXII - é garantido o direito de propriedade;
A inviolabilidade das correspondências e comu- Art. 170 A ordem econômica, fundada na valoriza-
nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
CF, vejamos. por fim assegurar a todos existência digna, con-
forme os ditames da justiça social, observados os
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das seguintes princípios:
comunicações telegráficas, de dados e das comuni- II - propriedade privada;
cações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei O direito de propriedade assegurado na constitui-
estabelecer para fins de investigação criminal ou ção como direito constitucional abrange tanto os bens
instrução processual penal; corpóreos quanto os incorpóreos.
262 17 STF. HC 70.814-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 24.06.1994.
Bens corpóreos Os bens possuidores de existência XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
física, concretos e visíveis, como por exemplo, uma públicos informações de seu interesse parti-
casa, um automóvel etc. Já os bens incorpóreos são cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
bens abstratos que não possuem existência física, ou prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi-
seja, não são concretos, mas possuem um valor eco- lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
nômico, como por exemplo, propriedade intelectual, cindível à segurança da sociedade e do Estado;
direitos do autor etc.
Em relação à propriedade de bens incorpóreos, Direito de Certidão
existe a específica proteção constitucional denomina-
da propriedade intelectual, que abrange os direitos de O Estado é obrigado a fornecer as informações
autor e os direitos relativos à propriedade industrial, solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção
como a proteção de marcas e patentes.
por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que
Desapropriação é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o
mandado de segurança, tema que também será abor-
Como característica dos direitos fundamentais, o dado no título Garantias Constitucionais.
direito de propriedade também não é um direito abso- O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV,
luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten- “b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente
da uma função social, há outras hipóteses em que do pagamento de taxas, o seguinte:
o interesse público pode justificar a imposição de
limitações. XXXIV - são a todos assegurados, independente-
Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo- mente do pagamento de taxas:
cupou em atribuir tratamento especial à política de [...]
desenvolvimento urbano. Referente à desapropria- b) a obtenção de certidões em repartições públi-
ção de imóvel rural, somente é lícita para fins de cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
interesse social, ou seja, imóvel rural que não esti- situações de interesse pessoal;
ver cumprindo sua função social é desapropriado.
Nesse sentido, é importante verificar a importân-
cia do art. 5°, XXIV, que determina o poder geral de Importante frisar aqui que, conforme entendi-
desapropriação por interesse social. Ora, desde que mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen-
seja paga a indenização mencionada neste artigo, to no sentido de que não se exige do administrado a
qualquer imóvel poderá ser desapropriado por inte- demonstração da finalidade específica do pedido.
resse social para fins de reforma agrária.
Direito Adquirido, Coisa Julgada e Ato Jurídico
Defesa do Consumidor Perfeito
Conforme prevê o art. 5º, inciso XXXII da CF “o
estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu- Assim prevê o inciso XXXVI do art. 5º da CF: “a lei
midor”. Tema também mencionado no art. 170, inciso não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
V da CF, que estabeleceu como princípio fundamental perfeito e a coisa julgada”. Entenda:
de nossa ordem econômica a “defesa do consumidor”.
Direito adquirido é aquele direito que cumpriu
Art. 170 A ordem econômica, fundada na valoriza- todos os requisitos previstos em lei, como por exem-
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exi-
por fim assegurar a todos existência digna, con- gidos para concessão da aposentadoria por idade,
forme os ditames da justiça social, observados os conforme determina o art. 201, § 7º, I da CF, tem o
seguintes princípios:
direito adquirido para requerer seu benefício.
[...]
V - defesa do consumidor;
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
Assim que foi promulgada a Constituição em 1988, de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
o legislador se preocupou em estipular um prazo de as seguintes condições:
cento e vinte dias para que fosse elaborado o Código I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
de Defesa do Consumidor, exigência estipulada por 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Disposições Consti- vado tempo mínimo de contribuição;
tucionais Transitórias. São regras que estabelecem a
harmonia da transição do regime constitucional ante- Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor-
me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes-
DIREITO CONSTITUCIONAL
z Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, z Sentença Judicial transitada em julgado: esta
desde que qualquer um deles esteja a serviço alcança apenas o brasileiro naturalizado que feriu
do Brasil; o interesse nacional. Neste caso, o indivíduo que
perdeu a nacionalidade poderá apenas readqui-
Neste caso o termo a “serviço da República Federati- ri-la por meio de uma ação, chamada de Ação
va do Brasil” engloba a serviço da administração direta e Rescisória.20
indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. z Brasileiro nato e naturalizado que adquire
voluntariamente outra nacionalidade; este ato
z Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe
engloba tanto a aceitação quanto o pedido da natu-
brasileira, desde que sejam registrados em repar-
ralização oferecida por outro país. Neste caso, exis-
tição brasileira competente (embaixada ou con-
tem duas exceções, ou seja, existem dois casos em
sulado) ou venham a residir no Brasil e optem,
em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. que é permitida a dupla cidadania:
O filho poderá optar pela nacionalidade brasileira Reconhecimento da nacionalidade pela lei
observando três requisitos cumulativos: estrangeira;
Imposição por outro país, como condição de
z Idade mínima: 18 anos; permanência em seu território ou para exer-
z Residência no Brasil; cício dos direitos civis. Exemplo: atletas/joga-
z Obedecendo aos dois requisitos acima, deve- dores de futebol quando são “vendidos” e
-se optar a qualquer tempo pela nacionalidade representam times estrangeiros.
brasileira.
A Constituição Federal em seu art. 12 § 3º determi- Atualmente compete ao Ministro da Justiça decla-
na quais os cargos que são PRIVATIVOS para brasilei- rar a perda e a requisição da nacionalidade.
ro nato, vejamos: Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
z �Presidente e Vice-Presidente da República; em caso de crime comum, praticado antes da natura-
z �Presidente da Câmara dos Deputados; lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico
z �Presidente do Senado Federal; ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
z �Ministro do STF; Importante frisar que o brasileiro nato não pode
z �Carreira Diplomática; ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao
z �Oficial das Forças Armadas; TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que; podem
z �Ministro de Estado da Defesa. ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza-
dos e estrangeiros.
Naturalizados Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal
Internacional, decreto Lei nº 4388/2002, em seu art.
Neste caso, o indivíduo não tem vínculo nem de 102, define a diferença entre a entrega e extradição,
solo nem de sangue com o Brasil, mas quer tornar- vejamos:
-se brasileiro, simplesmente por vontade, ou seja, é o
estrangeiro que optou pela nacionalidade brasileira z Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa
(art. 12, inciso II da CF). por um Estado ao Tribunal nos termos do presente
Estatuto;
z Estrangeiros provenientes de países de língua
z Por “extradição”, entende-se a entrega de uma
portuguesa devem ter um ano de residência no
pessoa por um Estado a outro Estado, conforme
DIREITO CONSTITUCIONAL
Ainda, o art. 102, I, g da CF dispõe que o Supremo A constituição também define a idade mínima que
Tribunal Federal será o responsável por processar e cada candidato, correspondente a seu cargo, deve ter:
julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
z Presidente + Vice Senador: 35 anos;
Expulsão z Governador + Vice dos Estados e DF: 30 anos;
z Deputado Federal, Estadual e Distrital, Prefeito +
Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo Vice e Juiz de Paz e 21 anos;
coativo, por infração ou ato que o torne inconve- z Vereador: 18 anos.
niente à defesa e à conservação da ordem interna do
Estado. Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos
Neste caso, a União é responsável para legislar
A perda ou suspensão dos direitos políticos estão
sobre expulsão, conforme art. 22, inciso XV da CF.
apresentadas no art. 15 da Constituição.
Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife-
rente da extradição, a expulsão não será admitida Como o nome já diz, a suspensão é o cancelamento
quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde por um tempo determinado, já a perda, o cancelamen-
que não esteja divorciado ou separado de fato) e o to por prazo indeterminado. Vejamos em quais situa-
casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos, ções podem ocorrer perda ou suspensão, analisando o
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob art. 15 da CF/88.
sua guarda e dependência econômica.
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos,
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
Deportação
I - cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julgado; PERDA.
Refere-se ao estrangeiro que ingressou ou perma-
II - incapacidade civil absoluta; (grifo nosso)
neceu de forma irregular no território nacional, ou
Suspensão
seja, é a devolução do estrangeiro por entrar no Brasil
III - condenação criminal transitada em julgado,
de forma irregular. Assim, não há deportação de brasi-
enquanto durarem seus efeitos; SUSPENSÃO
leiros no Brasil (art. 5º, inciso XV da CF).
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
XV - é livre a locomoção no território nacional em
PERDA.
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
V - improbidade administrativa, nos termos do art.
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens; 37, § 4º. SUSPENSÃO
O Brasil adota dois critérios para definir a aquisição João deve receber o benefício, pois a lei, na data em
da nacionalidade brasileira: direito de solo (na sua que foi editada, já garantia seu direito adquirido. Cui-
prova também pode ser chamada de jus solis), que dado para não confundir coisa julgada com direito
atribui nacionalidade ao território onde o indivíduo adquirido, sendo que na coisa julgada é conferida a
nasce, e direito de sangue (também pode ser chama- sentença quando não cabem mais recursos e o direi-
do de jus sanguinis), que atribui a nacionalidade ao to adquirido se dá quando o indivíduo já preencheu
vínculo sanguíneo. Resposta: Certo. todos os requisitos exigidos por lei (no tempo em que
determinada lei era vigente) para se beneficiar de
determinado direito. Resposta: Letra C.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos direitos e
garantias fundamentais, julgue o item que se segue,
tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tri-
bunal Federal.
É vedado ao legislador editar lei em que se exija o DA ORDEM SOCIAL
pagamento de custas processuais para a impetração
de habeas corpus. FUNDAMENTOS E OBJETIVOS DA ORDEM SOCIAL
Em resumo, não é possível discriminar ou retirar Recursos provenientes dos Contribuições sociais
direitos sociais do indivíduo; orçamentos Art. 195, I e II, III e IV da CF
z Empregador, da empresa
III - seletividade e distributividade na prestação dos e da entidade a ela equi-
benefícios e serviços; parada na forma da lei;
� União z Trabalhador e dos demais
segurados da previdência
Ou seja, deve-se atingir maior número possível de � Estados
social;
pessoas necessitadas de acordo com a possibilidade � Distrito Federal z Sobre a receita de concur-
econômica do sistema da seguridade social. � Municípios sos de prognósticos;
z Importador de bens ou
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.
Todos os benefícios decorrentes da seguridade
social devem ser irredutíveis; Saúde
V - equidade na forma de participação no custeio; A Saúde é direito de todos e dever do Estado, regu-
lamentada no art. 196 da CF e pela Lei nº 8.080/90,
Em suma, é a participação que cada contribuin- dispositivos que visam garantir mediante políticas
te deve fazer com a seguridade social conforme sua sociais e econômicas conjunto de ações do Estado
capacidade contributiva. destinados à redução de riscos relativos de doenças e
suas consequências. A saúde não tem natureza contri-
VI - diversidade da base de financiamento, identifi- butiva, ou seja, deverá ser prestada a quem precisar e
cando-se, em rubricas contábeis específicas para independe de pagamento, desse modo ficam sujeitos
cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ao controle, fiscalização e regulamentação do poder
ações de saúde, previdência e assistência social, pre- público, ou seja, são de relevância pública.
servado o caráter contributivo da previdência social; O poder público cumpre seu dever na relação
jurídica da saúde através do sistema único de saúde,
A seguridade será financiada por toda a sociedade, sendo um conjunto de ações e serviços organizado de
sendo que não terá apenas uma fonte de renda. acordo com a descentralização, atendimento integral
e com a participação da comunidade.
VII - caráter democrático e descentralizado da Ainda, conforme art. 200 da CF, compete ao siste-
administração, mediante gestão quadripartite, ma único de saúde o controle de substancias de inte-
com participação dos trabalhadores, dos empre- resse para a saúde e outras destinadas à prestação
gadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos sanitária, em sua área da atuação, a Emenda Consti-
colegiados; tucional 85/2015, passou a incluir também como com-
petência, o desenvolvimento científico e tecnológico e
Desta maneira, a seguridade terá a participação a inovação.
democrática e uma gestão descentralizada. Conforme art. 198, § 1º da CF, o sistema único de
Conforme dispõe o art. 195, a seguridade social saúde será financiado com orçamentos da seguridade
será financiada por toda a sociedade, nos termos da social dos entes da Federação, além de outras fontes.
lei, sendo direta (mediante o pagamento das contribui- Nesse sentido, o STF considerou que a responsabilida-
ções sociais) ou indireta (previsão na lei orçamentária de dos entes da Federação deve ser solidária, vejamos.
anual) e mediante recursos provenientes da União,
estados, DF e municípios e das contribuições sociais: EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMI-
NISTRATIVO DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO
I - do empregador, da empresa e da entidade a MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS
ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: ENTES FEDERADOS. CONSONÂNCIA DA DECI-
a) a folha de salários e demais rendimentos do SÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRIS-
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à TALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vín- RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERE-
272 culo empregatício; CE TRÂNSITO. REELABORAÇÃO DA MOLDURA
FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA Como forma de complementar o sistema único de
EXTRAORDINÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLI- saúde, é livre a iniciativa privada a assistência à saúde
CADO EM 11/07/2014. 1. O entendimento adotado mediante contrato de direito público ou convênio, ten-
pela Corte de origem, nos moldes do assinalado na do preferência às entidades filantrópicas e as sem fins
decisão agravada, não diverge da jurisprudência lucrativos. O art. 199, § 2º, veda a destinação de recur-
firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal. sos públicos para auxílios ou subvenções às instituições
Entender de modo diverso demandaria a reelabora- privadas com fins lucrativos. Bem como, conforme § 3º,
ção da moldura fática delineada no acórdão de ori- é vedada também a participação direta ou indireta de
gem, o que torna oblíqua e reflexa eventual ofensa, empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saú-
insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento de no País, com exceção dos casos previstos em lei.
do recurso extraordinário. 2. As razões do agra-
vo regimental não se mostram aptas a infirmar os Previdência Social
fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
3. Agravo regimental conhecido e não provido. (RE
A emenda constitucional nº 103 de 2019, também
855.178-RG, rel. min. Luiz Fux, j. 5-3-2015, P, DJE de
chamada como reforma da previdência, trouxe diver-
16-3-2015, Tema 793).
sas modificações ao texto constitucional, alterou o
sistema de previdência social e estabeleceu regras de
transição e disposição transitórias.
z Considerações do STF sobre o Coronavírus: ADI Conforme o art. 201 das CF, a previdência social
926 e ADPF 672 será organizada sob forma de regime geral, de filiação
obrigatória. Ainda, a previdência social tem nature-
Sobre o tema, vamos relembrar conforme estuda- za contributiva, ou seja, destinada apenas para quem
mos no decorrer deste material sobre a ADI 926/2020 contribui, devendo ser observado os critérios que pre-
e ADPF 672, ações que deram origem as considerações servem o equilíbrio financeiro e atuarial.
do STF sobre a repartição das competências em face A previdência social é uma espécie de seguro,
da pandemia do covid-19. que protege seus segurados de eventos como morte,
invalidez, reclusão ou desemprego, ou seja, dos riscos
Os legitimados da ADI 926/2020 sustentaram que sociais, são prestações pecuniárias aos segurados e às
a redistribuição de poderes de polícia sanitária intro- pessoas que contribuam para previdência.
duzida pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu
no regime de cooperação entre os entes federativos. PREVIDÊNCIA SOCIAL
Ainda, alegaram que essa centralização de com-
petência esvazia a responsabilidade constitucio- Benefícios Serviços
nal de estados e municípios para cuidar da saúde,
dirigir o Sistema Único de Saúde e executar ações É por meio do Instituto Nacional do Seguro Social
de vigilância sanitária e epidemiológica. Assim, ao – INSS que o segurado pode receber os benefícios pre-
apreciar o caso em tela, o Ministro Marco Aurélio, em videnciários relacionados nos incisos do art. 201 da
CF, são os seguintes:
decisão monocrática, considerou que a redistribuição
de atribuições pela MP 926/2020 não afasta a compe- I - cobertura dos eventos de incapacidade tem-
tência concorrente dos entes federativos, ou seja, porária ou permanente para o trabalho e idade
entendeu que a distribuição de atribuições prevista na avançada;
Medida Provisória não contraria a Constituição Fede- II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
ral, pois as providências não afastaram atos a serem III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
praticados pelos demais entes federativos no âmbi- prego involuntário;
to da competência comum para legislar sobre saúde IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
pública (artigo 23, II da CF) (ADI 6341, rel. Min. Mar- dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou
co Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em 26.03.2020).
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
Bem como, na ADPF 672 proposta pelo Conselho observado o disposto no § 2º.
Federal da OAB em face dos atos omissivos e comissi-
vos praticados pelo Poder Executivo federal decorrente O § 2º, mencionado no inciso V, determina que
da pandemia, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes benefícios que substituem o salário de contribuição
em decisão monocrática considerou que no caso de cri- ou o rendimento do trabalho do segurado não podem
se, como a que vivenciamos pela pandemia da covid-19 ter valor mensal inferior ao salário mínimo.
a cooperação entre os entes federativos são de suma A emenda constitucional nº 103 de 2019, dentre
importância para a defesa do interesse público. Assim, outras modificações, alterou os requisitos necessários
reconheceu e assegurou que os Estados e Municípios para requerimento de aposentadoria presentes no art.
DIREITO CONSTITUCIONAL
tem competência para manutenção das medidas res- 201, § 7º da Constituição. Vejamos no quadro explica-
tritivas durante a pandemia, como por exemplo, a tivo os requisitos necessários para requerimento de
suspensão das atividades de ensino e as restrições às aposentadoria após a reforma da previdência.
atividades do comércio. (ADPF 672, rel. Min. Alexandre
de Moraes, decisão em 08.04.2020, Dje em 15.04.2020) Homem - 65 anos de idade;
O texto constitucional autoriza gestores locais admitir Mulher - 62 anos de idade;
Observado tempo mínimo
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
de contribuição;
epidemias através de processo seletivo público, de acor- Exceção: Professor que
do com os requisitos específicos para sua atuação. Desse comprove tempo de efetivo
TRABALHADORES Art. 201,
modo, o regime jurídico, piso salarial e as diretrizes para URBANOS § 7º, I da CF
exercício das funções de
magistério na educação
o plano de carreira serão dispostos em lei federal.
infantil e no ensino funda-
O servidor que exerça funções equivalentes aos mental e médio fixado em
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às lei complementar: será re-
epidemias poderá perder o cargo em caso de descumpri- duzido em 5 anos o requi-
sito de idade.
mento de requisitos específicos (art. 198 § 6º). 273
Homem - 60 (sessenta) É financiada com recursos do orçamento da segu-
anos de idade; ridade social e tem natureza não contributiva, ou seja,
Mulher - 55 anos de idade.
Também se aplica para não é um seguro social, pois não depende de contri-
TRABALHADORES Art. 201, os que exerçam suas ati- buição do beneficiário.
RURAIS § 7º, II da CF vidades em regime de
economia familiar, nestes EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO
incluídos o produtor rural,
o garimpeiro e o pescador
artesanal.
Educação
Assim sendo, o acesso ao ensino obrigatório e Patrimônio este que deve ser protegido pelo Poder
gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não Público, com a colaboração da comunidade, por exem-
oferecimento ou sua oferta irregular importa respon- plo, através de tombamento, desapropriação, além de
sabilidade da autoridade competente. outras formas de acautelamento e preservação.
Antes da Emenda Constitucional nº 59/2009, a A Emenda Constitucional n. 71/2012, acrescentou
gratuidade do ensino apenas se aplicava ao ensino ao texto constitucional o art. 216-A, que estabelece o
fundamental. A EC 59/2009 inovou ao estender a obri- denominado Sistema Nacional de Cultura, que institui
gatoriedade do ensino gratuito a toda à educação bási- um processo de gestão e promoção conjunta de polí-
ca (infantil, fundamental e médio). ticas públicas de cultura organizadas em regime de
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as colaboração, de forma descentralizada e participati-
condições de cumprimento das normas gerais da edu- va. O § 1º, por sua vez, consagra os princípios orienta-
cação e autorização de qualidade pelo Poder Público.
dores do Sistema Nacional de Cultura, vejamos.
Conforme art. 34, VII, e da CF, constitui princípio
sensível à aplicação do mínimo exigido da receita I - diversidade das expressões culturais;
resultante de impostos estaduais, compreendida a pro- II - universalização do acesso aos bens e serviços
veniente de transferências, na manutenção e desen- culturais;
volvimento do ensino e nas ações e serviços públicos III - fomento à produção, difusão e circulação de
de saúde. Nesse sentido, determina o art. 212 da CF conhecimento e bens culturais;
que a União anualmente deve aplicar, não menos de IV - cooperação entre os entes federados, os agentes
dezoito, e os Estados, o DF e os Municípios no mínimo públicos e privados atuantes na área cultural;
vinte e cinco por cento, da receita resultante de impos- V - integração e interação na execução das políti-
tos, compreendida a proveniente de transferências, na cas, programas, projetos e ações desenvolvidas;
manutenção e desenvolvimento do ensino. VI - complementaridade nos papéis dos agentes
Determina o texto constitucional que a lei estabe- culturais;
lecerá o plano nacional de educação com o objetivo de VII - transversalidade das políticas culturais;
articular o sistema nacional de educação em regime VIII - autonomia dos entes federados e das institui-
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e ções da sociedade civil;
estratégias para assegurar a manutenção e o desen- IX - transparência e compartilhamento das
volvimento do ensino. informações;
X - democratização dos processos decisórios com
Cultura participação e controle social;
XI - descentralização articulada e pactuada da ges-
A cultura é um direito fundamental de terceira tão, dos recursos e das ações;
geração. Segundo o texto constitucional, no art. 215, é XII - ampliação progressiva dos recursos contidos
dever do Estado garantir a todos o pleno exercício dos nos orçamentos públicos para a cultura.
direitos culturais, apoiando e incentivando a valoriza-
ção e a difusão das manifestações culturais. Ainda, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
Os parágrafos do dispositivo mencionado preveem pios deverão organizar seus respectivos sistemas de
a proteção pelo Estado às manifestações das culturas cultura em leis próprias (art. 216-A, § 4º da CF).
populares, indígenas, afro-brasileiras e as de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional. Desporto
O Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitu-
cional n. 48/2005 para determinar que a lei estabeleça O desporto consagrado no texto constitucional não
o Plano Nacional de Cultura com o objetivo do desen- se refere somente ao esporte, mas também como for-
volvimento cultural e à integração das ações do poder ma de lazer incentivado pelo Poder Público. Assim,
público para que conduzam (art. 215, § 3º da CF): a Constituição determina que seja dever do Estado
DIREITO CONSTITUCIONAL
dedicadas à pesquisa e manipulação de material Ainda, conforme art. 225, §5º, são indisponíveis
genético;
as terras devolutas (terras que pertencem ao poder
III - definir, em todas as unidades da Federação,
espaços territoriais e seus componentes a serem público sem destinação pública) ou arrecadadas pelos
especialmente protegidos, sendo a alteração e a Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
supressão permitidas somente através de lei, veda- proteção dos ecossistemas naturais.
da qualquer utilização que comprometa a integri-
dade dos atributos que justifiquem sua proteção; DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra JOVEM E DO IDOSO
ou atividade potencialmente causadora de signifi-
cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio O termo “família” ao longo dos anos foi se transmu-
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; dando. Trata-se, por sinal, de um tema que vem sen-
V - controlar a produção, a comercialização e o do discutido constantemente. A mais revolucionária
emprego de técnicas, métodos e substâncias que mudança veio com a promulgação da Constituição Fede-
comportem risco para a vida, a qualidade de vida ral de 1988, que ampliou o conceito de família e passou
e o meio ambiente; a proteger todos os seus membros de forma igualitária. 277
É inegável a transformação da estrutura familiar, A Constituição também determina a promoção
identificada na Carta Republicana, que se ergue como de programas de assistência à criança, adolescente e
a nova tábua valorativa das relações familiares. jovem, vejamos.
Até o advento da constituição de 1988, o reconheci-
mento da família estava intimamente ligado ao casa- § 1º O Estado promoverá programas de assistên-
mento. Segundo a maioria dos estudiosos, a família cia integral à saúde da criança, do adolescente e do
era conceituada como o conjunto de pessoas que se jovem, admitida a participação de entidades não
achavam vinculadas entre si pelo matrimônio, pela governamentais, mediante políticas específicas e
filiação e pela adoção. obedecendo aos seguintes preceitos:
A partir da constituição de 1988, passou-se a reco- I - aplicação de percentual dos recursos públicos
destinados à saúde na assistência materno-infantil;
nhecer outras formas de constituição de família, que
II - criação de programas de prevenção e atendi-
não exclusivamente pelo casamento, ampliando o
mento especializado para as pessoas portadoras de
rol de entidades familiares, considerando também a deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
união estável e a família monoparental22, ainda, o tex- integração social do adolescente e do jovem portador
to constitucional consagra a família como a base da de deficiência, mediante o treinamento para o traba-
sociedade, com especial proteção do Estado. lho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
A família monoparental, por exemplo, é a família for- e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
mada só pela mãe ou só pelo pai e seus respectivos filhos, arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
conforme art. 226, § 4º da CF.
Conforme art. 226, §4º, da CF, que reconhece a Ainda, consagra a igualdade de direitos e qualifi-
família monoparental. Pedro Lenza (2020) preleciona cação aos filhos havidos ou não do casamento ou por
que, sendo assim, o Estado também deverá assegurar adoção (art. 227, § 6º da CF).
proteção especial às famílias instituídas por insemi- O art. 228 da CF, determina que os menores de
nação artificial, produção independente e etc23. dezoito anos são penalmente inimputáveis, ou seja,
Destarte, o Supremo Tribunal Federal, em 2011, no não podem responder criminalmente, sendo que,
julgamento da ADPF n. 132/RJ e ADI n. 4.277/DF, reco- após verificada prática de ato infracional, estarão
nheceu a união homoafetiva como família sob análi- sujeitos às medidas previstas em legislação especial.
se do art. 1.723 do código civil em consonância com Mais adiante, o texto constitucional também ampa-
a Constituição Federal, ou seja, reconheceu a união ra as pessoas idosas:
homoafetiva como constitucional, vejamos a ementa
do julgamento (Considerações do STF do julgamento Art. 230 A família, a sociedade e o Estado têm o dever
mencionado já foi objeto de pergunta da banca Cespe). de amparar as pessoas idosas, assegurando sua par-
ticipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUI- § 1º Os programas de amparo aos idosos serão exe-
ÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO cutados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garanti-
CONFORME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO
da a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA
DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação
Idoso é considerado pessoa com idade igual ou
em sentido preconceituoso ou discriminatório do
superior a 60 anos, conforme Lei nº 8.842/94 (Política
art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele
Nacional do Idoso) e a Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do
próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de
idoso). Por conseguinte, a Lei nº 13.466/2017 determi-
“interpretação conforme à Constituição”. Isso para
na a prioridade especial ao idoso maior de 80 anos,
excluir do dispositivo em causa qualquer significa-
devendo este ter prioridade e atendimento preferen-
do que impeça o reconhecimento da união contí-
nua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo
cial, por exemplo, nos casos de atendimento à saúde.
sexo como família. Reconhecimento que é de ser
feito segundo as mesmas regras e com as mesmas ÍNDIOS
consequências da união estável heteroafetiva. (ADI
4277 / DF, rel. Min. Ayres Brito, data do julgamento Ordenamento jurídico brasileiro valoriza as dife-
05.05.2011, DJe 14.10.2011) renças culturais, garantindo e respeitando o modo de
vida das comunidades indígenas. O texto constitucional
O casamento civil é de celebração gratuita, sendo foi um grande avanço referente os direitos indígenas,
que, o religioso terá efeito civil, nos termos da lei. No garantindo a eles a preservação da sua organização
que tange à dissolução do casamento civil, o texto cons- social, costumes, crenças, língua e tradições.
titucional foi modificado pela Emenda Constitucional A Constituição também garantiu o direito originário
n. 66/2010, que então permitiu a dissolução do casa- sobre as terras que os índios tradicionalmente ocupa-
mento civil pelo divórcio, que antes só se dava após o vam, cabendo à União demarcá-las e garantir que seus
cumprimento de alguns requisitos, agora é imediato. bens sejam respeitados, sendo inalienáveis e indisponí-
É dever do Estado, da família e da sociedade asse- veis, bem como, os direitos sobre elas, imprescritíveis.
gurar com prioridade os direitos fundamentais da Determina o art. 231, § 6º, da CF, que são nulos e extin-
criança, do adolescente, do jovem, com prioridade na tos os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio
vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissiona- e a posse das terras indígenas, ou a exploração das rique-
lização, cultura, dignidade, ao respeito, à liberdade e zas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
à convivência familiar e comunitária (art. 227 da CF). com exceção ao relevante interesse público da União.
22 - Família monoparental,
278 23 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 1512.
O poder legislativo tem o poder de fazer emendas,
Importante! alterar e revogar leis, já o poder executivo, função de
É de competência exclusiva do Congresso Nacional administrar o Estado, e por fim, o poder judiciário é
autorizar, em terras indígenas, a exploração e o quem tem a função jurisdicional, por exemplo, a apli-
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa cação do Direito em um caso concreto, através de um
processo judicial.
e lavra de riquezas minerais (art. 49, XVI da CF).
Municipal
Conforme consagra o art. 81 da CF, vagando os car-
No âmbito municipal, o Poder Executivo é coman- gos de Presidente e Vice, far-se-á eleição noventa dias
dado pelo Prefeito, o qual deve ser cidadão brasileiro para complementar o mandato, depois de aberta a
e, conforme art. 14 § 3°, VI, da CF, deve ter idade míni-
última vaga. Ainda, caso ocorra à vacância nos últi-
ma de 21 anos. O mandato é de quatro anos, contando
mos dois anos do período presidencial, a eleição
com o auxílio dos secretários municipais. Eleito pelo
sistema majoritário absoluto, para município com mais para ambos os cargos será feita em trinta dias depois
de 200 mil eleitores, e sistema majoritário simples ou da última vaga, pelo Congresso Nacional.
relativo, para municípios com até 200 mil eleitores. Importante atentar que o dispositivo em comento
Majoritário simples ou relativo: ganha a eleição o só é aplicado se não houver definitivamente Presiden-
candidato que conseguir a maioria dos votos válidos, ou te e nem Vice-Presidente.
seja, ganha o mais votado em um só turno. Linha do tempo da sucessão Presidencial:
Exemplo: 100.000 votos válidos.
Realizado no 1° domingo de outubro.
Cuidado! Se houver empate, ganha o mais idoso. ELEIÇÃO DIRETA ELEIÇÃO INDIRETA
Sistema também usado para eleição de Senadores. Primeiros 2 ANOS Últimos 2 ANOS
No âmbito nacional temos o Congresso Nacional Cuidado com o art. 57, § 3º da CF, que dispõe sobre
que é denominado bicameral, pois é composto pelas as reuniões – referente à sessão Conjunta, o qual ocor-
duas casas, a Câmara dos Deputados e Senado Federal, rerá em quatro casos, vejamos.
também chamado de bicameralismo federativo, pois é
composto por representantes dos estados e do Distrito Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anual-
Federal. mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
Câmara dos Deputados § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
transferidas para o primeiro dia útil subseqüen-
Composto por representantes do povo, eleitos te, quando recaírem em sábados, domingos ou
pelo sistema proporcional para mandatos de quatro feriados.
anos, permitindo sucessivas reeleições. § 2º A sessão legislativa não será interrompida
Sistema proporcional: o eleitor escolhe ser repre- sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.
sentado por determinado partido e preferencialmente
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constitui-
pelo candidato escolhido. Entretanto, caso o candida- ção, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
to escolhido não seja eleito, o voto será somado aos reunir-se-ão em sessão conjunta para:
demais votos da legenda, compondo a votação do par- I - inaugurar a sessão legislativa;
tido ou coligação. I - inaugurar a sessão legislativa;
Cada estado será representado de acordo com a II - elaborar o regimento comum e regular a criação
sua população, ou seja, quanto mais populoso, maior de serviços comuns às duas Casas;
será o número de representantes do ente federado III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
nesta casa. Ainda, conforme art. 45, §1° da CF, nenhu- -Presidente da República; (grifo nosso)
ma unidade da federação terá menos de oito ou mais IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
de setenta deputados, exceção territórios (que atual-
mente não existem mais, mas se voltarem a existir) Em relação ao Art. 57, § 3º, inciso III, guarde que: a ses-
282 poderão eleger quatro Deputados Federais. são acontece no primeiro ano do mandato do Presidente
z Mesas do Congresso Nacional Art. 103. Podem propor a ação direta de incons-
titucionalidade e a ação declaratória de
As mesas são os órgãos diretivos da Câmara dos constitucionalidade:
Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacio- I - o Presidente da República;
nal. As mesas têm responsabilidade de administrar II - a Mesa do Senado Federal;
sua casa, eleitos pelos próprios parlamentares. III - a Mesa da Câmara dos Deputados; (grifo
A composição da mesa do Congresso Nacional nosso)
pode ser alterada por regimentos, com mandato de
dois anos, devendo ser presidida pelo Presidente do O Presidente da mesa é o Presidente da sua res-
Senado e os demais cargos serão exercidos, alterna- pectiva casa, cabe a este declarar a perda de mandato
damente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na (art. 55 da CF).
Câmara dos Deputados e no Senado Federal, confor-
me determina o art. 57§ 5º da CF. Ainda, a presidência Estadual e Distrital
é exercida pelo presidente do Senado. Vejamos as atri-
buições para as mesas nos seguintes artigos, art. 50 § O âmbito Estadual e Distrital é composto pela
1° e § 2° CF, art. 55§ 2 e § 3° e art. 103, II e III CF. Assembleia Legislativa, através dos Deputados esta-
duais, eleitos pelo sistema proporcional (26 Deputados
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Fede- por Estado), com mandato de quatro anos, aplicando
ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão con- as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
vocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda
de órgãos diretamente subordinados à Presidência de mandato, licença, impedimentos e incorporação
da República para prestarem, pessoalmente, infor-
às Forças Armadas. Ainda, o subsídio dos Deputados
mações sobre assunto previamente determinado,
importando crime de responsabilidade a ausência Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assem-
sem justificação adequada. bleia Legislativa (art. 27 da CF).
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, Municipal
ou a qualquer de suas Comissões, por sua ini-
ciativa e mediante entendimentos com a Mesa Na esfera municipal temos os Vereadores eleitos
respectiva, para expor assunto de relevância de pelo sistema proporcional, com mandato de quatro
seu Ministério. anos – Unicameral. O número de vereadores que ocu-
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
pam a Câmara Municipal é definido de acordo com o
Senado Federal poderão encaminhar pedidos
número de habitantes da respectiva cidade, conforme
escritos de informações a Ministros de Estado
ou a qualquer das pessoas referidas no caput art. 29, IV da CF.
deste artigo, importando em crime de responsabi- Os vereadores apenas gozam da imunidade material.
lidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de
trinta dias, bem como a prestação de informações Imunidade Parlamentar
falsas. (grifo nosso)
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou A imunidade parlamentar é também conheci-
Senador: da como imunidade legislativa, pode ser imunidade
I - que infringir qualquer das proibições esta- material ou imunidade formal, vejamos: Imunidade
belecidas no artigo anterior; Material: absoluta inviolabilidade.
II - cujo procedimento for declarado incompa- Parlamentares são imunes civil e penalmente para
tível com o decoro parlamentar; suas opiniões, palavras e votos, desde que no exer-
III - que deixar de comparecer, em cada sessão
cício da atividade parlamentar. Sendo que, não
legislativa, à terça parte das sessões ordiná-
cometem no exercício da atividade parlamentar: inju-
rias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
ria calúnia e difamação. Todos os parlamentares pos-
missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos
suem essa imunidade.
políticos; A imunidade material está consagrada no art. 53 do
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos texto constitucional, que prevê que Deputados e Sena-
casos previstos nesta Constituição; dores são invioláveis civis e penalmente, vejamos.
VI - que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis,
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, civil e penalmente, por quaisquer de suas opi-
além dos casos definidos no regimento interno, o niões, palavras e votos.
DIREITO CONSTITUCIONAL
Do Processo legislativo
Aprovado
Aprovado PRESIDENTE DA
É o conjunto de atos a serem observados para a Casa revisora
REPÚBLICA
produção, criação, modificação ou revogação de nor- SENADO
mas, realizado pelos órgãos competentes. FEDERAL 15 dias
A iniciativa pode ser parlamentar (quando outor-
gada aos Membros do Congresso Nacional – Câmara
Art. 66 da CF
dos Deputados ou Senado Federal) ou extraparlamen- Alterado
tar (quando conferida aos demais órgãos ou pessoas Volta para Câmara SANÇÃO VETO
que não integram o Congresso Nacional, por exemplo,
Analisa apenas as 48 horas
através da iniciativa popular). alterações:
Pode ser
No processo legislativo de elaboração e criação de Pode mantê-las ou recu-
Promulgação derrubado pela
perar o texto original.
normas, o Senado Federal só será a casa iniciadora, Em seguida, vai para
e posterior Câmara dos
se o projeto for apresentado por Senadores ou suas publicação Deputados e
sanção ou veto
Senado Federal
comissões.
Atenção! Se tiver vindo do Senado (exceção) e for Veto: é a discordância do Presidente com o projeto
aprovado sem alterações, segue para sanção ou veto de lei aprovado, este deve ser manifestado obrigato-
do presidente da República. riamente de maneira expressa (diferente da sanção
tácita que ocorre com a inércia do Presidente dentro
do prazo de 15 dias), pode ser total ou parcial. Tem
z Se for alterado, volta para o Senado, que analisa as
prazo de 15 dias para se apresentar, ainda, deve no
mudanças da Câmara, podendo mantê-las ou recu-
prazo de 48 horas comunicar os motivos do veto ao
perar o texto original. Presidente do Senado Federal.
z Em seguida, vai para sanção ou veto do Presidente
da República. z Veto será expresso, motivado, formalizado, supe-
rável e supressivo.
Entenda: Na casa revisora, o projeto pode ser rejei-
tado (arquivado), se aprovado (depois de ser enviado O veto pode ser total, que atinge todo o projeto, ou
286 para o Presidente dar a sanção ou veto), ou emendado. parcial, que atinge somente alguns dispositivos.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a vota- I - Emenda Constitucional
ção enviará o projeto de lei ao Presidente da Repú-
blica, que, aquiescendo, o sancionará. Conforme art. 60 da CF/88, a emenda constitucio-
§ 1º Se o Presidente da República considerar o nal é um mecanismo para alteração da Constituição.
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou Assim, as emendas possuem a mesma hierarquia que
contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou a Constituição Federal, sendo que as emendas são a
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, conta- única maneira de modificar a Constituição.
dos da data do recebimento, e comunicará, dentro Bem como, o § 1º do mencionado dispositivo deter-
de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado mina que a Constituição não poderá ser emendada na
Federal os motivos do veto.
vigência de intervenção federal, de estado de defesa
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto inte-
gral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
ou de estado de sítio.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Ainda, não pode ser objeto de deliberação as pro-
Presidente da República importará sanção. posta de emenda constitucional que objetivem abolir
as denominadas cláusulas pétreas, consagradas no
Veto pode ser derrubado: art. 60, § 4º da CF/88, vejamos.
§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, den- 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
tro de trinta dias a contar de seu recebimento, só emenda tendente a abolir
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria abso- I - a forma federativa de Estado;
luta dos Deputados e Senadores. (grifo nosso) II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto envia- III - a separação dos Poderes;
do, para promulgação, ao Presidente da República. IV - os direitos e garantias individuais.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido
no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da Conforme estudamos no início deste material,
sessão imediata, sobrestadas as demais proposi-
no tópico poder constituinte derivado de reforma, a
ções, até sua votação final.
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta
matéria constante de proposta de emenda rejeitada
e oito horas pelo Presidente da República, nos casos ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulga- nova proposta na mesma sessão legislativa.
rá, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Para entender melhor, vamos relembrar o que
Vice-Presidente do Senado fazê-lo. estudamos sobre sessão legislativa:
Período denominado sessão legislativa é o perío-
O veto pode ser “derrubado” pelo Congresso do anual em que o congresso se reúne para suas
Nacional, em sessão conjunta, no prazo de 30 dias, só atividades.
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta Sessão legislativa
dos Deputados e Senadores, após, o projeto será reen- 02 de fevereiro a 17 de julho
viado ao presidente para a promulgação.
01 de agosto a 22 de dezembro
Sessão legislativa ordinária: período de ativida-
VETO de normal do Congresso (mencionado acima).
Sessão legislativa extraordinária: trabalho
realizado durante o recesso parlamentar, mediante
PRESIDENTE SENADO FEDERAL convocação.
Recesso
30 dias 18 de julho a 31 de julho
Sessão Conjunta 23 de dezembro a 01 de fevereiro
Note que, este assunto é muito cobrado em provas,
pelo fato do art. 60 da CF/88 determinar os critérios de
Deputado Federal elaboração e votação de uma emenda constitucional.
+ Também é nesse artigo que estão localizadas as cha-
Senadores madas cláusulas pétreas, vejamos:
O Congresso Nacional deve apreciar o veto dentro Art. 60. A Constituição poderá ser emendada
do prazo máximo de 30 dias em sessão conjunta, mediante proposta:
podendo rejeitá-lo pelo voto secreto da maioria I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câma-
absoluta dos Deputados e Senadores. ra dos Deputados ou do Senado Federal;
Congresso Nacional decide não manter o Veto – II - do Presidente da República;
DIREITO CONSTITUCIONAL
II - que vise à detenção ou sequestro de bens, de pou- exercer a jurisdição (administrar justiça, aplicar o
pança popular ou qualquer outro ativo financeiro; direito com o objetivo de solucionar conflito de inte-
III - reservada a lei complementar; resses), bem como, no âmbito de sua função atípica
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo administrativa, como exemplo, podemos citar o art.
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
92, inciso I - A da CF, incluído pela emenda Constitu-
do Presidente da República.
cional nº 45/2004, criando como órgão do poder judi-
ciário também o “Conselho Nacional de Justiça”.
V - Lei Delegada
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
O Presidente da República solicita ao Congresso I-A o Conselho Nacional de Justiça
Nacional delegação para legislar sobre determina-
do tema, a qual se dará por resolução do Congresso De acordo com a Constituição Federal, compete ao
Nacional. Tal resolução fixará os limites, por exem- CNJ zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
cumprimento do Estatuto da Magistratura, definir os
plo, a lei nº 13/1992, que institui gratificações de ati-
planos, metas e programas de avaliação institucional
vidade para os servidores civis do Poder Executivo. 289
do Poder Judiciário, receber reclamações, petições
eletrônicas e representações contra membros ou Importante!
órgãos do Judiciário, julgar processos disciplinares CNJ não tem competência jurisdicional.
e melhorar práticas e celeridade, publicando semes-
tralmente relatórios estatísticos referentes à atividade
jurisdicional em todo o país24, composto por membros Quinto constitucional
do Ministério Público, Advogados e representantes da
sociedade civil. O Poder judiciário é dividido em duas Conforme art. 94 da CF, um quinto dos lugares dos
esferas: Justiça Federal e a Justiça Estadual. Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Esta-
dos, e do Distrito Federal e Territórios são compostos
PODER JUDICIÁRIO de membros do Ministério Público e Advogados. Com-
posto por membros:
TJ
Ministério Público:
JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA ESTADUAL 1/5 com + 10 anos de carreira
TRF
TRABALHO ELEITORAL MILITAR JUIZADOS ESPECIAIS Como é feita a indicação destes profissionais:
Art. 111 Art. 118 Art. 124 Art. 98, inciso I e II
Através de indicações dos nomes feitas através de
Autorização cons-
titucional para a uma lista (lista sêxtupla) pelos órgãos de represen-
criação dos Juizados tação das respectivas classes. Enviada esta lista para
Especiais e a Justiça o Tribunal, este escolherá três nomes (lista tríplice)
de paz.
de sua preferência, e enviará ao Poder Executivo.
Entenda:
1. Órgãos do poder judiciário
onze membros, nomeados pelo Presidente da Repúbli- uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
ca, conforme o art. 101, parágrafo único, da CF, após administração indireta;
aprovação por maioria absoluta do Senado Federal. g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
Composto por onze Ministros do Supremo Tribunal i) o habeas corpus , quando o coator for Tribu-
Federal, os quais devem ser brasileiros natos, com ida- nal Superior ou quando o coator ou o paciente for
de entre 35 e 65 anos, cidadão em pleno gozo dos direi- autoridade ou funcionário cujos atos estejam
tos e possuir notável saber jurídico e reputação ilibada. sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tri-
bunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se jurisdição em uma única instância;
de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco julgados;
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação l) a reclamação para a preservação de sua compe-
ilibada. tência e garantia da autoridade de suas decisões;
Ainda, conforme o art. 235 da Constituição, nos dez Oitiva da assembleia Lei complementar
primeiros anos de sua criação a Assembleia Legislati- Oitiva das assembleias legislativas Aprovação de lei complementar
va será composta de dezessete Deputados se a popula- dos estados interessados; pelo Congresso Nacional.
ção do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes, Atenção! Mesmo que a assem- Congresso Nacional não é obri-
e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse núme- bleia seja desfavorável, pode gado a aprovar, mas caso assim
continuar o processo de for- decida deverá ser conforme
ro, até um milhão e quinhentos mil, o Governo terá no
mação do novo estado, não é determina art. 69 da CF/88, pelo
máximo dez Secretarias, o Tribunal de Contas terá três vinculativo. quórum de absoluta.
membros, nomeados, pelo Governador eleito, den-
tre brasileiros de comprovada idoneidade e notório
saber, o Tribunal de Justiça terá sete Desembargado- Obs.: Abordamos o tema sanção e veto presiden-
res, os primeiros Desembargadores serão nomeados cial em título específico no tópico que estudamos o
pelo Governador eleito, escolhidos conforme dispõe o processo legislativo mais adiante neste material.
inciso V do mencionado dispositivo:
MUNICÍPIOS
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta
e cinco anos de idade, em exercício na área do novo No Brasil, não só os Estados membros, mas tam-
Estado ou do Estado originário; bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, nosso pacto federativo é formado pela União, Estados,
e advogados de comprovada idoneidade e saber Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre-
jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício vista no art. 18, caput da CF/88, vejamos.
profissional, obedecido o procedimento fixado na
Constituição;
Art. 18 A organização político-administrativa
da República Federativa do Brasil compreende a
DIREITO CONSTITUCIONAL
Exemplo: Compete a União administrar os ativos pos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
financeiros em moeda estrangeira, ou seja, são as reser- d) a responsabilidade civil por danos nucleares
vas internacionais, denominadas como reservas cam- independe da existência de culpa;
biais, é como um ativo do Banco Central do Brasil, assim XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
cabe a União optar por vender esses ativos ou não. trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
IX - elaborar e executar planos nacionais e regio- exercício da atividade de garimpagem, em forma
nais de ordenação do território e de desenvolvimen- associativa.
to econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; No que tange à competência comum, que também
XI - explorar, diretamente ou mediante autoriza- pode ser chamada de competência paralela, concor-
ção, concessão ou permissão, os serviços de teleco- rente ou cumulativa, todos os Entes podem agir de for-
municações, nos termos da lei, que disporá sobre a ma independente, é a competência comum da União,
organização dos serviços, a criação de um órgão Estados, Distrito Federal e Munícipios, consagrada no
regulador e outros aspectos institucionais; art. 23 da CF, vejamos: 299
Art. 23 É competência comum da União, dos Esta- Privativa Da União
dos, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das Como memorizar?
instituições democráticas e conservar o patrimônio Os incisos do art. 22 da CF fazem menção a legislar,
público; privativa e delegável.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da Fique atento! Cabe delegação aos Estados e DF, median-
proteção e garantia das pessoas portadoras de te lei complementar sobre questões específicas.
deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
Art. 22 Compete privativamente à União legislar
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
sobre:
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
arqueológicos; ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte- trabalho;
rização de obras de arte e de outros bens de valor II - desapropriação;
histórico, artístico ou cultural; III - requisições civis e militares, em caso de iminen-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à te perigo e em tempo de guerra;
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à IV - águas, energia, informática, telecomunicações
inovação; e radiodifusão;
VI - proteger o meio ambiente e combater a polui- V - serviço postal;
ção em qualquer de suas formas; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; garantias dos metais;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organi- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transfe-
zar o abastecimento alimentar; rência de valores;
IX - promover programas de construção de mora- VIII - comércio exterior e interestadual;
dias e a melhoria das condições habitacionais e de IX - diretrizes da política nacional de transportes;
saneamento básico; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marítima, aérea e aeroespacial;
marginalização, promovendo a integração social XI - trânsito e transporte;
dos setores desfavorecidos; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces- metalurgia;
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur- XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
sos hídricos e minerais em seus territórios; XIV - populações indígenas;
XII - estabelecer e implantar política de educação XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
para a segurança do trânsito. expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego
Ainda, o parágrafo único do mencionado dispositivo e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público
estabelece que tendo em vista o equilíbrio do desenvol-
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defenso-
vimento e do bem-estar em âmbito nacional as leis com- ria Pública dos Territórios, bem como organização
plementares fixarão normas para a cooperação entre a administrativa destes;
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
geologia nacionais;
Competência legislativa: A competência legis- XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
lativa como o próprio nome já nos remete é a poupança popular;
competência para elaborar leis, classificada em XX - sistemas de consórcios e sorteios; (grifo
competência privativa, concorrente, residual e nosso)
local, são atribuições que tratam da edição de
normas gerais e abstratas; Veja Súmula Vinculante nº 2:
Competência privativa: é a competência da É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual
União para legislar sobre determinados assun- ou Distrital que disponha sobre sistemas de consór-
tos de interesse nacional, com a edição de nor- cios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
mas de interesse processual, normas de direito
material e administrativo. XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-
rial bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos
PROCESSUAL corpos de bombeiros militares;
Normas de processo civil, processo penal e processo XXII - competência da polícia federal e das polícias
rodoviária e ferroviária federais;
do trabalho.
XXIII - seguridade social;
MATERIAL XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
Normas de direito civil, comercial, penal, político-elei- XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
toral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
trabalho. em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
ADMINISTRATIVO União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe-
decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre-
Demais matérias, como requisições civis e militares, sas públicas e sociedades de economia mista, nos
tempo de guerra, trânsito, transporte etc. termos do art. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defe-
300 Art. 22 da CF sa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
Parágrafo único. Lei complementar poderá Estados exercerão a competência legislativa plena,
autorizar os Estados a legislar sobre questões para atender a suas peculiaridades.
específicas das matérias relacionadas neste arti- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
go. (grifo nosso) gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.
Delegável: Deve ocorrer por lei complementar
federal, editada pelo Congresso Nacional. Obs.: Tam- As regras de aplicação da competência concor-
bém contempla o Distrito Federal. (Art. 32, § 1º da CF.) rente estão relacionadas no § 1º ao 4º do mencionado
Não confunda a competência exclusiva da União dispositivo, que determina que a União limitar-se-á
com a competência privativa da União: a estabelecer normas gerais, entretanto não exclui a
competência suplementar dos Estados.Ainda, inexis-
tindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer-
EXCLUSIVA ART. 21 PRIVATIVA ART. 22 cerão a competência legislativa plena, para atender a
DA CF DA CF suas peculiaridades. Por conseguinte, consagra o tex-
Administrativa Legislativa to constitucional que a superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei esta-
Indelegável Delegável dual, no que lhe for contrário.
pequenas causas;
necessidade, no que medida provisória dispõe sobre
XI - procedimentos em matéria processual; providências no campo da saúde pública nacional,
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; sem prejuízo da legitimação concorrente dos Estados,
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; do Distrito Federal e dos Municípios. (ADI 6341, rel.
XIV - proteção e integração social das pessoas por- Min. Marco Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em
tadoras de deficiência; 26.03.2020)
XV - proteção à infância e à juventude; Entenda o caso: Considerou o Ministro do STF
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das que com fundamento no art. 23, II da CF que dispõe
polícias civis. da competência de todos os entes cuidarem da saú-
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- de e assistência pública. É oportuno mencionar tam-
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas bém o art. 198, inciso I da CF. Vejamos os dispositivos
gerais. mencionados.
§ 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplemen- Art. 23 É competência comum da União, dos
tar dos Estados. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 301
II - cuidar da saúde e assistência pública, da Competência Legislativa Local: Temas de
proteção e garantia das pessoas portadoras de defi- competência legislativa concorrentes desde
ciência; (grifo nosso) que seja de interesse local.
Art. 198 As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e Art. 30 Compete aos Municípios:
constituem um sistema único, organizado de acor- I - legislar sobre assuntos de interesse local;
do com as seguintes diretrizes: II - suplementar a legislação federal e a estadual no
I - descentralização, com direção única em cada que couber;
esfera de governo; (grifo nosso) Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre:
Por exemplo, em 11 de maio de 2020 o Presidente [...] § 2º A competência da União para legislar sobre
da República definiu como serviço essencial as acade- normas gerais não exclui a competência suplemen-
mias, salões de beleza e barbearias. Entretanto, com tar dos Estados.
base no entendimento do STF e o art. 23 da CF expli-
cado acima, cada estado poderá optar por receber e É sempre bom lembrar que no art. 32 da CF, o legis-
implantar as regras contidas no Decreto do Presiden- lador dispõe sobre o Distrito Federal, o qual o mesmo
te, ou seja, cada Governador poderá entender por tem competência cumulativa, ou seja, a Lei Distrital
não receber este decreto e decidir por não aplica- pode ter conteúdo estadual e municipal. (Art. 32 § 1º,
-lo em seu estado, sempre observando o princípio art. 147 e 155 da CF).
da proporcionalidade e o princípio da supremacia do
Art. 32 O Distrito Federal, vedada sua divisão em
interesse público sobre o particular29.
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e
z Competência residual aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
A competência residual é a competência dos Esta- lecidos nesta Constituição.
dos membros para se organizarem, consagrada art. 25 § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
da CF. petências legislativas reservadas aos Estados e
Em relação ao Art. 25, da CF, considere: Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
Competência Residual: Estados organizam-se observadas as regras do art. 77, e dos Deputados
e regem-se, assim fazendo a sua própria consti- Distritais coincidirá com a dos Governadores e Depu-
tuição estadual e leis observando os princípios tados Estaduais, para mandato de igual duração.
da CF/88. § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislati-
va aplica-se o disposto no art. 27.
Art. 25 Os Estados organizam-se e regem-se pelas § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
Constituições e leis que adotarem, observados os Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
princípios desta Constituição. polícia penal, da polícia militar e do corpo de bom-
§ 1º São reservadas aos Estados as competências beiros militar.
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou z A superveniência de lei federal sobre normas
mediante concessão, os serviços locais de gás cana- gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida lhe for contrária;
provisória para a sua regulamentação. z Regulamento de Uber (exemplo) deve ser fei-
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complemen- to através de lei federal, mas quem fiscaliza é o
tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações município, ora, compete à lei federal regulamentar
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa- transporte de pessoas que utilizam o aplicativo30.;
mentos de municípios limítrofes, para integrar a z STF considerou que lei estadual não pode isentar
organização, o planejamento e a execução de fun-
cobrança de estacionamento de estabelecimen-
ções públicas de interesse comum.
tos comerciais31. Da mesma forma considerou que
lei estadual não pode alterar data de vencimento
z Competência local
das mensalidades escolares32;
z STF também já considerou que compete aos muni-
É a competência atribuída aos Municípios consa-
cípios legislar sobre tempo de fila em banco.
grada no art. 30 da CF. Os municípios podem legislar
Tema de Repercussão Geral nº 27233.
sobre temas da competência legislativa concorrente,
desde que seja no interesse local e suplementando a Por fim, vejamos algumas Súmulas vinculantes34
legislação federal e estadual no que couber. importantes sobre o tema abordado:
Ex.: O município pode legislar sobre o tema de Pes-
ca se atividade econômica pescaria for predominan- Súmula Vonculante 2: É inconstitucional a lei ou
te no município, conforme o art. 30, I e II combinado ato normativo Estadual ou Distrital que disponha
com art. 24 § 2º da CF. sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
Em relação ao Art. 30, da CF, considere: bingos e loterias.
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
EXERCÍCIOS COMENTADOS Segundo José Afonso da Silva (2017), adminis-
tração pública é o conjunto de meios institucionais,
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à organiza-
financeiros e humanos destinados à execução das
ção do Estado e às funções essenciais à justiça, julgue decisões políticas35.
o item subsecutivo: A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras
A forma federativa de Estado é cláusula pétrea, por- gerais e preceitos específicos no Título III, Capítulo
que a Constituição Federal de 1988 veda a possibili- VII. São normas que tratam da organização, diretrizes,
dade de emenda constitucional tendente a aboli-la, remuneração e atuação dos servidores, acesso aos car-
não fazendo o mesmo em relação à forma de governo, gos públicos etc. Assim, a seguir passaremos a estudar as
que constitui princípio sensível da ordem federativa, regras e preceitos específicos da Administração Pública.
podendo ser autorizada intervenção federal no ente
federado que a desrespeitar. NATUREZA E ELEMENTOS
z Autarquias Federais são responsáveis pela fisca- este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente
lização e regulamentação de atividades ligadas à público recebe vantagem econômica de qualquer
telecomunicação, energia elétrica e petróleo. Ex.: natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
ANATEL, ANEEL, ANP; ou a prática de jogos de azar.
z Fundações são entidades que executam ativida- No princípio da impessoalidade (ou princípio da
des sociais (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucra- finalidade) o agente público sempre deve prezar pela
tivos. Ex.: FUNASA, FUNAI etc.;
defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia
z Empresas Públicas são entidades em que 100%
(tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun-
do capital é público, podendo ser tanto uma socie-
dade anônima como uma sociedade limitada. Ex.: ções públicas.
Correios e Caixa Econômica Federal; Já o princípio da moralidade está relacionado à
z Sociedade de Economia Mista deve ser criada ideia de boa fé e probidade, sendo que o agente deve
necessariamente sobre a forma de uma sociedade atuar buscando o interesse público e evitar se valer do
anônima (S.A). Seu capital é formado por dinheiro cargo público e do poder incumbido para se promover
público e privado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras. ou atender algum interesse individual. 305
No que tange ao princípio da publicidade, este Por exemplo, a Previdência Social defere a con-
exige que a atuação do poder público seja transparen- cessão de benefício previdenciário (por força de uma
te e com acesso à informação a toda população, sendo interpretação errônea) a um determinado cidadão,
que as informações devem ser claras e publicadas no entretanto após identificar o erro à própria Previdên-
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade cia Social pode cancelar esse benefício.
(editais) conforme a lei de acesso à informação, assim Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem
os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia
agentes públicos. de que o agente público irá desempenhar sua função
No que concerne aos princípios, o princípio da efi- observando as diretrizes da Administração Pública.
ciência, como o próprio nome já demonstra, refere-se
à atuação da administração pública com presteza e da
maneira mais eficiente possível, por exemplo, a pres- PRINCÍPIOS DA
teza do agente público no atendimento em um hospi- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tal, objetivando garantir o atendimento mais rápido EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS
possível aos pacientes, garantindo a estes o acesso ao
médico e medicamentos de maneira eficiente. Expressos art. 37 CF/88
“L I M P E”
z Princípios implícitos � Supremacia do Inte-
z Legalidade; resse Público;
Ainda, além dos princípios expressos no art. 37 da z Impessoalidade; � Razoabilidade;
Constituição, a Administração Pública também deve z Moralidade; z Proporcionalidade;
observar os da supremacia do interesse público, z Publicidade; z Autotutela;
princípio da razoabilidade, princípio da propor- z Eficiência. z Segurança Jurídica.
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da
segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha-
O Agente público deve observar os princípios
madas de “princípios implícitos” que, apesar de não
administrativos explícitos do art. 37 da CF e também
estarem expressos na Constituição, também devem
ser observados pela Administração Pública. os princípios implícitos da Administração Pública,
Os princípios implícitos são obtidos por meio de sendo que a não observância do mesmo resultará em
uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí- responsabilização criminal, civil e administrativa.
citos no texto mesmo não aparecendo expressamente.
Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES
escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele
também pode ser observado a partir do que dispõe o Nesse tópico de estudo é importante não confundir
art. 5º, inciso LXXVIII da CF, vejamos: agente público, agente político e agente administrati-
vo, pois a troca de uma simples palavra pode mudar
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra- todo contexto e definição.
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- A utilização da expressão agente público é um
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua termo genérico, pois abrange a todos que tem vínculo
tramitação. com o Estado, inclusive aqueles que têm um vínculo
temporário e não remunerado.
Referente ao princípio da razoabilidade e pro- Agentes políticos são os detentores de manda-
porcionalidade o agente público quando vai agir to eletivo, chamados também de agentes de primei-
deve praticar os atos de forma proporcional, para ro escalão, cargos previstos na CF/88, por exemplo:
evitar os excessos, serve de limite para os atos discri- o Presidente da República, Senadores, Deputados,
cionários. Por exemplo, o art. 132, VII, da Lei nº Lei Ministros do STJ, Membros do Ministério Público etc.
8.112/90, prevê a demissão do servidor público em Bem como, os agentes administrativos são aque-
caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso les que exercem uma atividade sujeita a hierarquia
das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali- funcional, ocupantes dos cargos públicos, empregos
sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso públicos e funções públicas na administração direta
de força física em alguns casos, sendo que esta não é ou indireta da Federação. O acesso ao cargo ocorrerá
uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto. a partir de nomeação, concurso público ou designa-
Já o princípio da supremacia do interesse público ção, cabendo exercer atividade de forma remunerada
se refere ao interesse público, devendo este sempre e profissional.
sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse José Afonso da Silva (2017) preleciona que, confor-
da sociedade prevalece sobre o interesse individual. me a Constituição Federal, os agentes administrativos
Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de se repartem em dois grupos: servidores públicos e
2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação militares.
pelo poder público para que ocorresse o isolamento
(lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu z Servidores públicos
direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala-
midade pública decretada, note que, o interesse da Os servidores públicos compreendem outras
coletividade deve ser sempre observado e ter prefe- quatro categorias: 1) Servidores investidos em car-
rência em relação ao direito do particular. gos (estatutário); 2) Servidores públicos investidos
No que tange ao princípio da autotutela, esse em empregos (empregados públicos); 3) Servidores
se refere ao poder que a Administração Pública tem admitidos em funções públicas (comissionados);
para anular seus próprios atos, ou seja, não depende 4) Servidores contratados por tempo determinado
306 do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas. (temporários).
AGENTES PÚBLICOS z Servidores temporários: Os servidores temporá-
rios são contratados por tempo determinado em
PARTICULARES situações excepcionais de interesse público, exer-
AGENTE AGENTE
EM
POLÍTICO ADMINISTRATIVO cem função pública remunerada de caráter tem-
COLABORAÇÃO
porário, o vínculo com a administração pública
� Servidores Públi- � Militares � Agentes é contratual (contrato de direito público – não de
cos (estatutário) � Emenda Constitu- Honoríficos natureza trabalhista). Ex.: Professores, conforme
� Empregados Pú- cional 18/1998 � Agente a Lei nº 8745/1993 que dispõe sobre a contratação
blicos (celetista) Delegado por tempo determinado para atender à necessida-
� Servidores � Agentes de temporária de excepcional interesse público.
Comissionados Credenciados
� Servidores Já os particulares em colaboração são pessoas
Temporários que transitoriamente prestam serviços para o Estado,
vejamos:
z Servidores públicos estatutários:
z Agentes Honoríficos: Solicitado para designar um
Estão sujeitos ao regime jurídico de direito públi- serviço específico, em função de sua honra para
co, ingresso por meio de concurso público, titulares de colaborar com o Estado, sem remuneração e sem
cargos efetivos. Ex.: Delegado e Analista.
vínculo. Ex.: Mesários eleitorais e Jurado.
O prazo de validade do concurso público será de
z Agente Delegado: É um particular autorizado a
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período
(art. 37, III da CF). Bem como, durante o prazo impror- realizar um determinado serviço público, remune-
rogável previsto no edital de convocação, o candidato rado pela atividade executada, sem vínculo com a
aprovado em concurso público de provas ou de pro- administração. Ex.: Leiloeiro.
vas e títulos será convocado com prioridade sobre z Agentes Credenciados: Representam o Estado
novos concursados para assumir cargo ou emprego. com um objetivo específico, sendo remunerado
(Art. 37, IV da CF). para executar a atividade determinada. Ex.: Pessoa
Ainda, conforme art. 37, VI da CF é assegurado ao ser- competente para representar o Brasil em deter-
vidor público civil o direito à livre associação sindical. minado evento em função de seu conhecimento
O art. 41 da CF consagra estabilidade para os ser- sobre tema específico.
vidores públicos após três anos de efetivo exercício
(estágio probatório), desde que cumpram os seguin- MILITARES
tes requisitos: a) aprovação em concurso público;
b) nomeação; c) avaliação especial de desempenho. A Emenda Constitucional n. 18/1998 modificou o
Vejamos o § 4º do mencionado dispositivo que deter- texto constitucional, que antes consagrava os milita-
mina a obrigatoriedade de comissão com a finalidade res como servidores públicos e dispôs dos militares
de avaliação para estabilidade: como um grupo separado, ou seja, formalmente dei-
xaram de ser tratados pela Constituição como servi-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
dores públicos.
de, é obrigatória a avaliação especial de desempe-
nho por comissão instituída para essa finalidade. Entretanto, na prática não houve mudanças e con-
tinuam sendo agentes públicos. Bem como, são remu-
Após o estágio probatório o servidor público só nerados por subsídio, conforme art. 39, § 4º da CF.
perderá o cargo em virtude de sentença transitada em
julgado, mediante processo administrativo, assegura- § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
do a ampla defesa, ou mediante procedimento de ava- eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
liação periódica de desempenho, assegurada ampla Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
defesa. Sobre esse tema, é importante a observância sivamente por subsídio fixado em parcela única,
do art. 41, § 2º da CF, sobre eventual invalidade da vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi-
demissão do servidor estável: cional, abono, prêmio, verba de representação ou
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo A seção III do título III da Constituição que trata
de origem, sem direito a indenização, aproveitado dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
em outro cargo ou posto em disponibilidade com Territórios tem apenas um artigo (art. 42), pois as
remuneração proporcional ao tempo de serviço. forças armadas são tratadas em capítulo diverso (art.
DIREITO CONSTITUCIONAL
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos Conforme art. 37, § 4º da CF os atos de improbi-
públicos, exceto, quando houver compatibilidade dade importarão na suspensão dos direitos políticos,
de horários, observado em qualquer caso o dispos- perda da função pública, indisponibilidade dos bens e
to no inciso XI: o ressarcimento ao erário.
a) a de dois cargos de professor; Ainda, a Constituição no art. 37, § 6º prevê a res-
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou ponsabilidade civil objetiva do Estado nos danos
científico;
causados por seus agentes públicos, ou seja, as pes-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
soas jurídicas de direito público e as de direito priva-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
do prestadoras de serviços públicos respondem pelos
Dica danos causados por seus agentes a terceiros.
Entretanto, é assegurado o direito de regresso
Cuidado ao responder questão de prova: confor- contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, ou
me a Constituição Federal (EC nº18/19998), os seja, caso seja comprovada o dolo ou a culpa do agen-
militares não são denominados como servidores te público pode a Administração pública ajuizar ação
308 públicos civis. contra este agente que causou o dano.
Neste caso, é necessário o particular demonstrar duração plurianual, elaborados pelos órgãos de plane-
a ocorrência entre o dano e o fato ocorrido, ou seja, a jamento, sob a orientação e a coordenação superiores
ocorrência do nexo de causalidade, configurada esta- do Presidente da República.
rá à responsabilidade civil do Estado. Como exemplo, podemos citar o plano plurianual
Vejamos o exemplo a seguir: (PPA) modelo orçamentário de planejamento e gestão
Um determinado agente público no exercício de está previsto no art. 165 da Constituição, em que as
suas funções colide com o veículo de um particular; leis de iniciativa do poder executivo estabelecerão o
O particular move ação de indenização contra o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os
Estado; orçamentos anuais.
Posteriormente o estado é condenado a pagar o O plano plurianual estabelece os programas de
dano causado. duração continuada e despesas de capital da adminis-
O Estado verifica o dolo do agente, que estava sob tração Pública, ou seja, é um planejamento de médio
efeito de álcool, então move ação de regresso para que prazo que estabelece de forma regionalizada as metas
o causador ressarça ao Estado a indenização que foi e diretrizes da administração pública.
paga ao particular; Ainda, conforme consagra o art. 15, § 3º, a aprova-
Obs.: Além das sanções administrativas que este ção dos planos e programas gerais, setoriais e regio-
Agente está sujeito. nais é da competência do Presidente da República,
Seguindo este entendimento o Supremo Tribunal sendo que, cada ano será elaborado um orçamento-
Federal, em agosto de 2019, considerou que a pessoa -programa, que pormenorizará a etapa do programa
prejudicada deve mover ação somente contra Estado plurianual a ser realizada no exercício seguinte e que
e este contra o particular, não sendo possível o parti- servirá de roteiro à execução coordenada do progra-
cular mover a ação diretamente contra o Estado e o ma anual.
Agente público. Vejamos:
Coordenação
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – RESPONSABI-
LIDADE OBJETIVA DO ESTADO – ENQUADRA- A coordenação tem como objetivo a organização da
MENTO NO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL administração pública, ou seja, objetiva evitar a dupli-
– AGRAVO PROVIDO. 1. O Tribunal de origem cidade de atuação pelos órgãos da administração.
reformou o entendimento adotado na sentença, Diante disto, as atividades da Administração
afirmando caber à vítima escolher quem demanda- Federal e, especialmente, a execução dos planos e
rá: o agente público responsável pelo ato lesivo ou programas de governo, serão objeto de permanente
o Estado. Consignou inexistirem motivos razoáveis coordenação (art. 8º Decreto-lei 200/67).
para proibir o acionamento direto do servidor cujos Bem como, a coordenação será exercida em todos
atos tenham, culposa ou dolosamente, prejudicado os níveis da administração, com a realização sistemáti-
o indivíduo. Entendeu estarem presentes os requisi- ca de reuniões e com a participação das chefias subor-
tos para responsabilização da recorrida por danos dinadas e a instituição e funcionamento de comissões
materiais, tendo em vista a ilegalidade do ato de de coordenação em cada nível administrativo.
remoção do autor. (RE 1.027.633 SP, rel, Min. Marco
Exemplo, O Ministério do Exército administra os
Aurélio, julgado em 14.08.2019, Dje em 06.12.2019)
negócios do Exército, o Ministério da Aeronáutica
PLANEJAMENTO, COORDENAÇÃO, administra os negócios da Aeronáutica e o Ministério
DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGAÇÃO DE da Marinha administra os negócios da Marinha de
COMPETÊNCIA E CONTROLE Guerra.
O agente público deve observar os princípios admi- Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou:
nistrativos explícitos do art. 37 da CF e também os Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede-
princípios implícitos da Administração Pública, sen- ral, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Cons-
do que a não observância do mesmo resultará em tituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da
responsabilização criminal, civil e administrativa. segurança pública. Entre eles não está o Departamento
310 Resposta: Letra C. de Trânsito. Resta, pois, vedada aos Estados-membros
a possibilidade de estender o rol, que esta Corte já Entretanto, apesar de ter autorização na atual
firmou ser numerus clausus, para alcançar o Departa- constituição, hoje essa polícia não existe de fato.
mento de Trânsito.
[ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11- z Polícias Civis (art. 144, § 4º da CF) são dirigidas
2005, P, DJ de 10-3-2006.] por delegados de carreiras e subordinadas aos
Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9- Governadores dos estados ou DF têm função de
2010, P, DJE de 6-4-2011 polícia judiciária (exercício da segurança pública)
Serviços da segurança pública são custeados e apuração de infrações penais, salvo as militares.
mediante impostos, sendo que não é permitida a cria-
ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remunera- Art. 144 [...]
ção dos servidores será exclusivamente por subsídio § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
fixado em parcela única, na forma do § 4º do art. 39 polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
da CF/88. tência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais, exceto as militares.
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão conselho de política de admi- Fique atento que o art. 144 § 4º não menciona a ati-
nistração e remuneração de pessoal, integrado por vidade penitenciária como atividade da polícia civil.
servidores designados pelos respectivos Poderes. A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define
[...]
incumbirem às polícias civis “as funções de polícia
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
militares”. Não menciona a atividade penitenciária,
sivamente por subsídio fixado em parcela úni- que diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais;
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, não atribui essa atividade específica à polícia civil.
adicional, abono, prêmio, verba de representação (STF. ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, DJE de 14-5-2010)
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. z Polícias militares e Corpo de Bombeiros Militar
(art. 144, § 5º da CF): as polícias militares cabem
z Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF) é órgão per- à polícia ostensiva sendo atribuído a preservação
manente, organizado e mantido pela União. Exer- da ordem pública e ao corpo de bombeiros milita-
ce a função de polícia judiciária da União, que está res objetivam a execução das atividades de defesa
disposto nos incisos I ao IV, vejamos: civil, prevenção e combate a incêndios, buscas e
salvamentos públicos.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a: Ainda, conforme consagra § 6º do art. 144 da CF
I - apurar infrações penais contra a ordem polí- ambos “subordinam-se, juntamente com as polícias civis
tica e social ou em detrimento de bens, serviços e e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governado-
interesses da União ou de suas entidades autárqui- res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”.
cas e empresas públicas, assim como outras infra-
ções cuja prática tenha repercussão interestadual
z Polícias Penais Federal, estaduais e distrital
ou internacional e exija repressão uniforme, segun-
do se dispuser em lei; (art. 144 § 5º-A) foi incluído pela Emenda Consti-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor- tucional nº 104 de 2019, às polícias penais cabe à
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca- segurança dos estabelecimentos penais, vincula-
minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros das ao órgão administrador do sistema penal da
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; unidade federativa a que pertencem.
Conforme considerações do STF, na busca e apreen-
são de tráfico de drogas o cumprimento da ordem
judicial pela polícia militar não contamina o flagrante
e a busca e apreensão realizadas.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
III - exercer as funções de polícia marítima, aero- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Conforme a CF, às polícias
portuária e de fronteiras; civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, cabe
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polí-
cia judiciária da União.
DIREITO CONSTITUCIONAL
A Polícia Ferroviária Federal surgiu no Brasil em O item “d” está em consonância com o Art. 144. § 40º: “Às
1852 por Decreto Imperial, nessa época era denomi- polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
nada como “Polícia dos Caminhos de Ferro” e tinha o reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
objetivo de cuidar das riquezas que eram transporta- funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
das pelos trilhos de ferro. penais, exceto as militares”. Resposta: Letra D. 311
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A CF, em seu art. 144, z Preâmbulo;
apresenta o rol dos órgãos encarregados da seguran- z Disposições Constitucionais: arts. 1º a 291;
ça pública. Esse rol é z Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT): arts. 1º a 66.
a) taxativo para a União e inaplicável aos estados e ao
Distrito Federal. O Preâmbulo é a parte que precede o texto arti-
b) taxativo para a União e exemplificativo para os esta- culado da Constituição. É nele que o legislador consti-
dos e o Distrito Federal. tuinte apresenta suas intenções e compromissos. Sua
c) exemplificativo para a União e taxativo para os esta- função é servir de interpretação e integração da pró-
dos e para o Distrito Federal.
pria norma constitucional ao reafirmar as intenções
d) taxativo para a União, para os estados e para o Distrito
do Estado-membro com a elaboração da Constituição.
Federal.
O texto do Preâmbulo apresenta intenções políti-
e) exemplificativo para a União, para os estados e para o
cas e, não, jurídicas. Ele reflete o momento e o desíg-
Distrito Federal.
nio do legislador quando elaborou a Constituição. Por
essa razão, pode-se entender que a expressão “pro-
Conforme entendimento do STF os órgãos que com-
mulgamos, sob a proteção de Deus”, contida nele, diz
põe a segurança pública estão relacionados nos
respeito à crença do próprio legislador e, não, à do
incisos I ao VI do art. 144 da CF são rol taxativo,
Estado-membro, que é laico.
numerus clausus (ADI 1.182, voto do rel. min. Eros
Após o Preâmbulo, encontram-se as Disposições
Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.) Fique aten-
Constitucionais, ou seja, o próprio corpo de Consti-
to! A Emenda Constitucional nº 104 de 2019 incluiu
no rol também às Polícias Penais Federal, estaduais tuição. Trata-se de 291 (duzentos e noventa e um) arti-
e distrital. Resposta: Letra D. gos divididos em seis partes.
Princípios Fundamentais
(Arts. 1º ao 3º)
dos Poderes, delegar atribuições, bem como quem for ção ao voto direto, secreto, universal e periódico (são
investido na função de um deles não poderá exercer cláusulas pétreas). A obrigatoriedade do voto, por sua
a de outro. vez, pode ser alterada (tornar-se facultativa).
Como mandamentos nucleares, a Constituição baia-
na estabelece os seguintes princípios fundamentais, de V - separação e livre exercício dos Poderes;
acordo com o art. 2º da Constituição Estadual:
A separação dos três poderes (Poder Legislativo,
Art. 2º. Princípios: Poder Executivo e Poder Judiciário) indica que cada
I - regime democrático e sistema representativo; um possui competências previstas na Constituição
estadual, sendo observados dois princípios básicos:
O regime democrático brasileiro possui caracte- independência e harmonia.
rísticas nas formas direta e indireta. A democracia A independência dos três poderes não é absoluta,
direta é exercida por plebiscito, referendo e inicia- pois existem, na própria Constituição, mecanismos
tiva popular (Art. 14, I, II e III, da CF/88), bem como que possibilitam a interferência de um no outro, com 313
o objetivo de garantir o princípio da harmonia. Trata- A quarta vedação não consta na CF/88, sendo espe-
-se do denominado mecanismo de freios e contrape- cífica da Constituição Estadual. Trata-se da proibição
sos (checks and balances). de dispor do dinheiro público, sem interesse justifica-
do e reconhecido por lei, por meio de renúncia fiscal
VI - autonomia municipal; ou isenção.
Com a CF/88, os municípios tornaram-se entes da DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Federação. Como consequência, eles adquiriram as
mesmas autonomias dos demais entes, isto é, a auto- O segundo título da Constituição trata “Dos Direi-
nomia financeira, administrativa e política. tos e Garantias Fundamentais”, o qual estabelece que,
além dos direitos e garantias previstos na Constitui-
VII - probidade na administração; ção Federal ou decorrente dela, é assegurado, pelas
leis e pelos agentes públicos, os seguintes direitos e
Esse princípio decorre no dever dos agentes públi-
garantias fundamentais:
cos de exercerem suas atividades com honestidade,
de modo a desempenhar suas funções sem benefícios, I - ninguém será prejudicado no exercício de direi-
facilidades ou favorecimentos. to, nem privado de serviço essencial à saúde e
educação;
VIII - prestação de contas da administração públi-
ca, direta e indireta. O inciso I decorre do princípio da impessoalidade
previsto no art. 37 da CF/88. Destinado tanto à Admi-
A prestação de contas decorre do Princípio da nistração Pública como ao administrado, o princípio
Publicidade, que exige a divulgação dos atos da impõe a objetividade e a isonomia da conduta admi-
Administração Pública, com o objetivo de permitir nistrativa, de modo a não privar, beneficiar ou preju-
o conhecimento e o controle por toda a sociedade. dicar qualquer pessoa no exercício do seu direito.
Vale frisar que ao administrador compete agir com Além disso, estabelece que, como a saúde e a edu-
transparência. cação são direitos de todos e dever do Estado, sendo
A Constituição Estadual traz as seguintes vedações direitos sociais previstos no art. 6º, da CF, não é pos-
constitucionais em seu art. 3º. Trata-se de repetição sível privar o indivíduo desses serviços essenciais, ou
do art. 19, da CF/88. Assim, é proibido: seja, a saúde e a educação independem de qualquer
condição, como sexo, cor, religião, condição social,
I - criar distinções entre brasileiros ou preferência
entre si, em razão de origem, raça, sexo, cor, idade,
entre outros.
classe social, convicção política e religiosa, defi- II - as autoridades são obrigadas a adotar provi-
ciência física ou mental e quaisquer outras formas dências imediatas a pedido de quem sofra ameaça
de discriminação; à vida, à liberdade e ao patrimônio, sob pena de
responsabilidade;
A primeira vedação tem, como base, o princípio
da igualdade, proibindo distinções baseadas em atri- O inciso II traz o dever dos agentes públicos de
butos pessoais, como, por exemplo, conceder uma atuarem de forma imediata quando solicitado por
determinada isenção no Estado somente àqueles que quem sofra ameaça à vida, à liberdade e ao patrimô-
nasceram no Estado da Bahia. nio, sob pena de responderem civil, administrativa e
penalmente.
II - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub-
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou III - as autoridades policiais garantirão a livre
manter, com eles ou seus representantes, relações reunião e as manifestações pacíficas, individuais
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da e coletivas, sem armas, somente intervindo para
lei, a colaboração de interesse público; manter a ordem ou coibir atentado a direito;
A segunda vedação tem relação com o fato de o O inciso III decorre do direito à liberdade de reu-
Estado ser laico. Assim sendo, o Estado baiano não nião previsto no art. 5º, XVI, da CF/88. Por reunião
pode estabelecer culto ou igrejas, bem como estabele- depreende-se o agrupamento organizado de pessoas
cer alianças com estes, excetos nos casos de interesse para uma determinada finalidade e com caráter tran-
público, como, por exemplo, uma determinada reli- sitório. Importante mencionar que a reunião deve
gião desempenhar serviço de acolhimento de crian- ser para fins pacíficos e sem armas. Assim, compete
ças abandonadas, podendo haver a colaboração do às autoridades policiais garantir tal direito, devendo
Estado. intervir apenas para manter a ordem ou coibir aten-
tado a direito.
III - recusar fé aos documentos públicos;
IV - ninguém será prejudicado, discriminado ou
A terceira vedação trata do reconhecimento dos sofrerá restrição ao exercício de atividade ou práti-
documentos públicos. Fé pública é o reconhecimento ca de ato legítimo, em razão de litígio ou denúncia,
da autenticidade de documento emitido por servidor, contra agentes do Poder Público;
ou seja, o reconhecimento de que qualquer documen-
to oficial é verdadeiro. O inciso IV traz a garantia de que ninguém poderá
ser prejudicado, discriminado ou sofrer restrição ao
IV - renunciar à receita e conceder isenções e anis- exercício de atividade ou ato legítimo por ter ingres-
tias fiscais, sem interesse público justificado e reco- sado com litígio ou denunciado agentes públicos. Visa,
314 nhecido por lei. portanto, limitar o poder de retaliação do Estado.
V - a proteção e defesa do consumidor serão promo- O inciso X trata dos direitos das pessoas detidas,
vidas pelo Estado através da implantação de siste- presas e condenadas, uma vez que o Estado baiano tem
ma específico, na forma da lei; responsabilidade de assegurar a elas, enquanto em car-
ceragem, os direitos básicos mais fundamentais, entre
O inciso V repete o art. 5º, XXXII, da CF/88, atri- os quais o direito à dignidade humana. Por essa condi-
buindo ao Estado à proteção do consumidor como ção, o ambiente deve ser adequado e salubre, de modo
direito fundamental. a não colocar em risco a vida dos presos nem a dos poli-
ciais e agentes que trabalham no local. São exemplos
VI - comprovada a absoluta incapacidade de paga- de carceragens insalubres aquelas que não possuem
mento, definida em lei, ninguém poderá ser priva- estrutura mínima para a manutenção dos presos, tais
do dos serviços públicos de água, esgoto e energia como cela sem nenhuma divisão para separar presos
elétrica; por gêneros diferentes ou espaços sem acesso a um
banheiro. Além disso, todos os demais direitos não
O inciso VI decorre do princípio da continuidade atingidos pela sentença devem ser preservados.
do serviço público. A regra é que os serviços públicos
não podem ser interrompidos. No entanto, é possível XI - será preservada a integridade física e moral
a interrupção no caso do inadimplemento do usuário. dos presos, facultando-se lhes assistência médica,
Todavia, o inadimplemento do usuário nem sempre jurídica e espiritual, aprendizado profissionalizan-
ensejará a interrupção do serviço, pois se o consumidor, te, trabalho produtivo e remunerado, além de aces-
em débito com o pagamento da tarifa de água, esgoto so a informações sobre os fatos ocorridos fora do
e energia elétrica, comprovar absoluta incapacidade de ambiente carcerário, bem como aos dados relativos
pagamento, não poderá haver a cessação do serviço. ao andamento dos processos de seu interesse e à
execução das respectivas penas;
VII - serão gratuitos para os comprovadamente
pobres, na forma da lei: O inciso XI também busca proteger os indivíduos
a) os registros civis de nascimento, casamento e da força do Estado, uma vez que assegura a integri-
óbito e as respectivas certidões; dade física e moral das pessoas presas. Além disso,
b) a expedição de cédula de identidade; assegura outros direitos, tais como o de ser assistido
por médico, advogado ou autoridade religiosa, o de
O inciso VII repete o art. 5º, LXXVI, da CF/88 ao poder exercer atividade remunerada e o de ter acesso
garantir a gratuidade dos registros civis de nascimen- à informação.
to e óbito. A Constituição Estadual amplia a gratui-
dade para o casamento, as respectivas certidões e a XII - às presidiárias e detentas serão proporciona-
das condições para que possam permanecer com
expedição de cédula de identidade. Objetiva-se, com
seus filhos durante o período de amamentação;
esse dispositivo, que todas as pessoas possam exercer
os direitos de personalidade e de cidadania sem que O inciso XII repete o art. 5º, L, da CF/88, garantindo
aqueles que não tenham condições de pagar a expedi- às mulheres presas o direito de permanecer com os
ção de determinado documento sejam excluídos, por filhos durante o período de amamentação.
conta de sua situação financeira.
XIII - será responsabilizada a autoridade admi-
VIII - toda pessoa tem direito a advogado para nistrativa que impeça a verificação imediata das
defender-se em processo judicial ou administrativo, condições de alojamento ou integridade física do
cabendo ao Estado propiciar assistência gratuita interno em instituições fechadas do Estado, por
aos necessitados, na forma da lei; representantes credenciados de quaisquer dos
Poderes ou instituições que tenham, por força da lei
O inciso VIX traz a garantia de acesso à Justiça.
ou de suas funções, tais prerrogativas;
Trata-se de repetição do estabelecido no art. 5º, LXXIV,
da CF/88, de modo a assegurar aos hipossuficientes a O inciso XIII estabelece a responsabilidade do
prestação de assistência judiciária gratuita. agente público de impedir as inspeções nos estabe-
IX - constitui infração disciplinar, punível com a lecimentos prisionais. O objetivo do dispositivo é
pena de demissão a bem do serviço público, a prá- assegurar que a execução da pena se desenvolva em
tica de violência, tortura ou coação contra os cida- local adequado com respeito aos direitos concedidos
dãos, pelos agentes estaduais ou municipais; às pessoas privadas de liberdade, bem como garantir
a regularidade formal do cumprimento das sanções
O inciso IX trata da tortura, que é um dos desdo- penais, ou seja, a verificação se a pena já foi cumprida
bramentos do direito à vida, por decorrer da violação ou se estão sendo implementados os diversos inciden-
DIREITO CONSTITUCIONAL
da integridade humana, tanto física como psicológica. tes relativos à concessão ou à revogação de benefícios,
Torturar é causar ao indivíduo sofrimento físico ou à progressão e à regressão de regime, entre outros.
mental como forma de intimidação ou castigo. É, tam-
bém, utilizar-se de métodos como forma de anular a XIV - as delegacias, penitenciárias, estabelecimen-
personalidade ou diminuir a capacidade física ou men- tos prisionais e casas de recolhimento compulsório,
tal, mesmo que sem dor. Assim, o dispositivo estabelece de qualquer natureza, sob pena de responsabilida-
que, além de crime, a tortura é infração administrativa de de seus dirigentes, manterão livro de registro,
e sujeita o agente público estadual ou municipal à pena contendo integral relação das pessoas presas ou
de demissão a bem do serviço público. internadas;
X - aos detidos, presos e condenados, ficam preser- O inciso XIV trata de uma regra relativa à segu-
vados todos os direitos não atingidos pela sentença rança prisional. Assim, ao estabelecer a obrigatorie-
ou pela lei, devendo ser alojados em estabelecimen- dade de registro das pessoas presas e internadas, sob
tos dotados de instalações salubres, adequadas e pena de responsabilidade do agente público, traz uma
que resguardem sua privacidade; regra de fiscalização do sistema penal. 315
XV - a criança ou adolescente, quando detido, terá 54). O terceiro capítulo trata dos Municípios e envolve
o direito de: a Organização Municipal (arts. 55 a 58); Competência
a) comunicar-se com a família ou com a pessoa que do Município (art. 59); Lei Orgânica (art. 60); Orça-
indicar; mento e Controle (arts. 61 a 63) e Participação Popular
b) permanecer calado e ter assistência da família e na Administração Municipal (arts. 64). Por fim, o quar-
de advogado; to capítulo trata da Intervenção no Município (art. 65).
c) identificar os responsáveis pela sua condução; Nesse título, uma das regras trazidas pela Consti-
tuição Estadual é que a Capital do Estado é a cidade de
O inciso XV traz as garantias do menor de idade Salvador, em conformidade com o art. 6º, § 1º.
quando apreendido por ato infracional. De acordo com o art. 6º, § 1º, 2 de julho é a data
A Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adoles- magna da Bahia e da consolidação da Independência
cente) estabelece, em seus arts. 110 e 111 as garantias do Brasil, sendo feriado em todo o território do Estado.
processuais das crianças e dos adolescentes. Estabelece, ainda, o art. 6º, § 2º, que o Estado da
Bahia tem, como símbolos do Estado, a bandeira, o
XVI - ninguém será internado compulsoriamente hino e as armas.
em razão de doença mental, salvo em casos excep-
cionais, definidos em parecer médico, pelo prazo
máximo de quarenta e oito horas, findo o qual só Símbolos do
Estados
se dará a permanência mediante determinação
judicial;
Bandeira Hino Armas
O inciso XVI trata da vedação à internação compul-
sória em razão de doença mental. Isso porque a inter-
nação deve ser medida excepcional que só deve ser
Outra regra diz respeito aos bens do Estado da Bah-
utilizada quando não há outro meio de tratar o doen-
ia, a qual está disciplinada no art. 7º da Constituição
te. A ordem de internação é expedida judicialmente,
que, por sua vez, repete o art. 26 da CF/88. Incluem-se,
independentemente da vontade do indivíduo, ou seja,
entre os bens do Estado:
ela representa uma resposta do Estado para uma solu-
ção médica e terapêutica daquela pessoa quando per-
I - os bens que lhe pertencem e os que lhe vierem a
sistir a necessidade de internação após o prazo de 48 ser atribuídos;
horas. Esse dispositivo se aplica, também, aos toxicô- II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
macos, alcoólatras, entre outros. estiverem em seu domínio;
III - as ilhas fluviais e lacustres e as terras devo-
XVII - é livre o acesso de ministro de confissão reli- lutas, não pertencentes à União, situadas em seu
giosa para prestação de assistência espiritual nas território;
entidades civis e militares de internação coletiva; IV - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
O inciso XVII decorre do direito à liberdade de na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
crença e culto, de modo a garantir aos internados V - a dívida ativa proveniente da receita não
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à arrecadada;
assistência espiritual e religiosa. VI - os rendimentos decorrentes das atividades e
serviços de sua competência e da exploração dos
XVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- bens móveis e imóveis de seu domínio.
vo, são assegurados a razoável duração do pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua Os bens podem ser da União, dos Estados, do Dis-
tramitação. trito Federal, dos Municípios e dos particulares. Os
bens de titularidade do Estado estão sujeitos a um
Por fim, o inciso XVIII é um dos desdobramentos regime administrativo especial, não se aplicando a
do direito à segurança, por trazer a ideia de segu- eles as regras de direito de propriedade previstas no
rança jurídica. Envolve as garantias processuais, tais Código Civil.
como os princípios da duração razoável do processo, Por essa razão, os bens do Estado não podem ser
do devido processo legal, do contraditório e da ampla doados ou vendidos, ou seja, alienados. Também não
podem ser utilizados por particulares de acordo com
defesa, entre outros.
o interesse da Administração Pública, como no caso
da cessão de uso. Não podem, ainda, ser aforados, de
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS modo a não existir a coexistência entre o domínio
direto do Estado e o domínio útil do particular. No afo-
A “Organização do Estado e dos Municípios” é o ramento, é conferido ao titular (foreiro ou enfiteuta)
terceiro título da Constituição Estadual. a plena posse do bem, ou seja, o direito de usar, gozar
Esse título é subdividido em quatro capítulos. e dispor do bem (aliená-lo, doá-lo ou transmiti-lo para
O primeiro capítulo trata do Estado e é subdividido herdeiros por exemplo), desde que pague, anualmen-
em Disposições Gerais (arts. 5º a 10); Competência do te, ao proprietário direto (União e Estado por exem-
Estado (arts. 11 e 12); Administração Pública Estadual plo) um valor denominado de foro ou pensão. Para
(arts. 13 a 28); Participação Popular na Administração que tais bens possam ser sujeitos à doação, venda,
Estadual (arts. 29 a 31); Servidores Públicos (arts. 32 aforamento e cessão de uso, a lei deverá disciplinar o
a 40); Servidores Públicos Civis (arts. 41 a 45); Servi- seu procedimento.
dores Públicos Militares (arts. 46 a 49) e Previdência Outra norma importante é a que estabelece as com-
e Assistência Social dos Servidores Públicos (arts. 50 petências do Estado, compreendendo os arts. 11 e 12
a 53). O segundo capítulo trata da Criação, incorpo- da Constituição Estadual. Fazendo-se um paralelo com
316 ração, desmembramento e fusão dos Municípios (art. a CF/88, os artigos tratados nesse capítulo repetem ou
se inspiram nas disposições contidas nos arts. 23, 24, O inciso IV decorre do objetivo fundamental do Esta-
25, § 1º, trazendo as peculiaridades locais. Assim, os do brasileiro previsto no art. 3º, III, da CF/88. A erradi-
arts. 11 e 12 cuidam, respectivamente, da competên- cação da pobreza é um desafio global e, por essa razão,
cia administrativa e legislativa do Estado da Bahia. compete ao Estado da Bahia desenvolver uma combina-
Consideram-se competência administrativa tudo ção de políticas públicas que possam estimular o cresci-
aquilo que não se refira à função legiferante, ou seja, mento econômico e diminuir a desigualdade social. Esse
de criar leis. Já a competência legislativa tem relação inciso repete o disposto no art. 23, X, da CF/88.
com a função de legislar.
Em síntese, o art. 11 repete o art. 25, § 1º, da CF, tra- V - elaborar e executar planos de ordenação do ter-
zendo a competência de atuação residual do Estado. ritório estadual e de desenvolvimento econômico e
Explicando melhor, a CF/88 estabeleceu, expressamen- social;
te, as competências da União (arts. 21, 23, 23 e 24) e dos
Municípios (art. 30), deixando aos Estados tudo aquilo Se à União compete a elaboração e a execução de
que não foi expressamente previsto (tudo aquilo que planos nacionais e regionais de ordenação do territó-
“sobrou” é de competência dos Estados). Em razão dis- rio e de desenvolvimento econômico e social, de acor-
so, a Constituição Estadual optou por colocar, nos inci- do com o art. 21, IX da CF/88, ao Estado compete a sua
sos do art. 11, algumas dessas competências residuais, complementação.
citando, ainda, algumas competências administrativas
VI - fomentar a produção agropecuária e industrial,
comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
assim como organizar o abastecimento alimentar;
Municípios (art. 23, CF/88). Vejamos:
O inciso VI repete parte do disposto no art. 23, VIII,
Art. 11 Compete ao Estado, além de todos os pode- da CF/88. Trata-se da competência comum dos entes
res que não lhe sejam vedados pela Constituição
da federação de fomentar a adoção de tecnologias de
Federal:
produção agropecuária e a organização do abasteci-
I - dispor sobre sua organização constitucional,
exercer as funções do seu governo próprio e pro- mento alimentar. Salienta-se que a Constituição Esta-
ver as necessidades da administração autônoma de dual acrescenta o fomento à produção industrial.
seus serviços;
VII - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces-
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur-
O inciso I traz o contexto do art. 25, da CF/88, ao
sos hídricos e minerais;
dispor que compete ao Estado da Bahia traçar suas
regras constitucionais, ou seja, estruturar-se como O inciso VII trata da repetição de mais uma das
ente da federação. Além disso, por se tratar de um ente competências comuns dos entes federativos. Trata-se
federativo, a Bahia possui autonomia política, razão do art. 23, XI, da CF/88.
pela qual se estabelece em governo próprio e possui
autonomia administrativa para se auto-organizar. VIII - proteger o meio ambiente e combater a polui-
ção em qualquer de suas formas, preservando as
II - decretar e arrecadar seus tributos e aplicar suas florestas, a fauna e a flora;
rendas;
O inciso VIII estabelece, como competência do
O inciso II decorre da autonomia financeira do Estado da Bahia, a proteção do meio ambiente como
Estado baiano. Como ente da federação, a Bahia pos- um todo. Trata-se da repetição do art. 23, VI, da CF/88,
sui receitas próprias, de modo que compete a ela fixar acrescida da competência para preservar as florestas,
sua estrutura tributária e os meios de arrecadação. fauna e flora.
de mandato eletivo em diretoria de entidade sindi- A Polícia Penal ainda não está disciplinada na
cal representativa da categoria, em qualquer dos Constituição Estadual.
Poderes do Estado, na forma da lei;
XXXIII – Revogado. Art. 146 A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio.
A Organização dos Poderes é o quarto título da § 1º Lei disciplinará a organização e funcionamen-
Constituição Estadual. Esse título é subdividido em to dos órgãos responsáveis pela segurança pública,
quatro capítulos. O primeiro capítulo cuida do Poder cujas atividades serão concentradas num único
Legislativo. Ele é subdividido em Assembleia Legisla- órgão de administração, em nível de Secretaria de
tiva (arts. 66 a 69); Competências da Assembleia Legis- Estado, de modo a garantir sua eficiência.
lativa (arts. 70 e 71); Processo Legislativo (arts. 72 a § 2º Os Municípios poderão constituir guardas
74); Leis (arts. 75 a 82); Comissões (arts. 83); Deputa- municipais destinadas à proteção de seus bens, ser-
dos (arts. 84 a 88); Fiscalização Contábil, Financeira, viços e instalações, na forma da lei. 321
§ 3º Os órgãos de segurança pública, além dos cur- funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
sos de formação, realizarão periódica reciclagem penais, exceto as militares. Portanto, cabe a ela a inves-
para aperfeiçoamento, avaliação e progressão fun- tigação das infrações penais (crimes e contravenções).
cional dos seus servidores. A Polícia Civil é dirigida por Delegados de Polícia
§ 4º Os órgãos de segurança pública serão asses- de carreira, cujo ingresso se fará mediante concurso
sorados e fiscalizado pelo Conselho de Segu- público de provas e títulos, observada, nas nomea-
rança Pública estruturado na forma da lei,
ções, a ordem de classificação.
guardando-se proporcionalidade relativa à respec-
Cumpre esclarecer que, de acordo com o parágrafo
tiva representação.
único, do art. 147, o cargo de Delegado de Polícia, que
§ 5º Revogado
§ 6º A polícia técnica será dirigida por perito, cargo é estruturado em carreira, é privativo de bacharel em
organizado em carreira, cujo ingresso depende de direito, cuja investidura de concurso público de provas
concurso público de provas e títulos. e títulos terá a participação de representante do Minis-
tério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil. Des-
Observe que o caput do art. 146 da Constituição te modo, o cargo de delegado de polícia é estruturado
Estadual, repete a regra constitucional ao estabelecer em quadro próprio e constitui uma das carreiras jurí-
que a segurança pública é exercida para a preserva- dicas do Poder Executivo do Estado. Ele será provido
ção da ordem pública e preservação da incolumidade por meio de concurso público de provas e títulos e o
das pessoas e preservação do patrimônio. respectivo provimento dependerá de planejamento do
O § 1º, do art. 146, da Constituição baiana, estabe- Poder Executivo, sendo efetuados de acordo com as dis-
lece a lei que irá disciplinar a organização e funcio- ponibilidades orçamentárias do Estado.
namento de tais órgãos e que essas atividades serão
concentradas num único órgão de Administração, de
modo a garantir sua eficiência. Trata-se da Secretaria Importante!
de Segurança Pública do Estado da Bahia.
A Lei nº 11.370/2009 é a Lei Orgânica da Polícia A organização e o funcionamento dos órgãos
Civil do Estado da Bahia. encarregados da segurança pública são estabe-
O § 3º trata dos cursos de formação e de reciclagem lecidos em lei. Além disso, os órgãos de segu-
profissional. Trata-se de um meio de manter os milita- rança pública, além dos cursos de formação,
res sempre treinados e preparados para agir em prol do deverão realizar, periodicamente, a reciclagem,
Estado. Assim, cabe ao Estado criar e manter uma aca- com o objetivo de aperfeiçoar, avaliar e manter a
demia especializada de polícia civil, a qual compete o progressão funcional dos seus servidores.
treinamento e a reciclagem de policiais civis de carreira.
De acordo com o § 4º, do art. 146, da Constituição
Estadual, compete ao Conselho de Segurança Pública Polícia Militar
o assessoramento e a fiscalização dos órgãos de segu-
rança pública. O Conselho será estruturado na forma Art. 148 À Polícia Militar, força pública estadual,
da lei, guardando-se proporcionalidade relativa à res- instituição permanente, organizada com base na
pectiva representação. hierarquia e disciplina militares, compete, entre
O § 6º, do art. 146, da Constituição Estadual, dispõe outras, as seguintes atividades:
acerca da polícia técnica, que será dirigida por perito I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urba-
de carreira. no e rodoviário, de florestas e mananciais e a rela-
Ainda, a Constituição Estadual estabelece, em seus cionada com a prevenção criminal, preservação e
arts. 147, 148 e 148-A, como órgãos responsáveis pela restauração da ordem pública;
segurança pública baiana, a Polícia Civil, a Polícia II - Revogado
Militar e o Corpo de Bombeiro Militar. III - a instrução e orientação das guardas munici-
pais, onde houver;
Segurança
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em
Pública da Bahia relação a seus integrantes, na forma da lei federal;
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos
órgãos públicos, especialmente os da área fazendá-
Polícia Civil Polícia Militar
Corpo de ria, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocu-
Bombeiro Militar
pação do solo e do patrimônio cultural.
Parágrafo único. A Polícia Militar, força auxiliar e
reserva do Exército, será comandada por oficial da
Polícia Civil ativa da corporação, do último posto do quadro de
oficiais policiais militares, nomeado pelo Governador.
Art. 147 À Polícia Civil, dirigida por Delegado de
carreira, incumbe, ressalvada a competência da A Polícia Militar é considerada uma força auxiliar,
União, as funções de polícia judiciária e a apuração uma reserva do Exército, ou seja, podem ser emprega-
de infrações penais, exceto as militares. das em missões de natureza estritamente militar nas
Parágrafo único. O cargo de Delegado, privativo de situações que imponham a necessidade de mobiliza-
bacharel em direito, será estruturado em carreira, ção e convocação das instituições militares estaduais
dependendo a investidura de concurso de provas e em auxílio das Forças Armadas, como nos casos de
títulos, com a participação do Ministério Público e estado de sítio ou de defesa. Trata-se, ainda, de uma
da Ordem dos Advogados do Brasil. instituição permanente estruturada nos ditames da
hierarquia e disciplina.
O art. 147 da Constituição Estadual trata da Polí- À Polícia Militar compete a polícia ostensiva, a pre-
cia Civil que é uma instituição permanente e auxiliar servação da ordem pública e a execução de atividades
da função jurisdicional do Estado, tendo, como atri- de defesa civil, por meio dos seguintes tipos de policia-
322 buições, entre outras fixadas em lei, a execução das mento elencados nos incisos do art. 148:
I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urba- z Imposto de transmissão causa mortis e doação
no e rodoviário, de florestas e mananciais e a rela- de quaisquer bens ou direitos (ITCMD): tributo
cionada com a prevenção criminal, preservação e aplicado sobre heranças e doações recebidas, sendo
restauração da ordem pública; de competência do Estado da Bahia estabelecer sua
II - REVOGADO
aplicação, suas alíquotas, cálculos e procedimentos;
III - a instrução e orientação das guardas munici-
pais, onde houver; z Imposto de operações relativas à circulação de
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em mercadorias e sobre prestações de serviços de
relação a seus integrantes, na forma da lei federal; transporte interestadual e intermunicipal e de
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos comunicação, ainda que as operações e as pres-
órgãos públicos, especialmente os da área fazendá- tações se iniciem no exterior (ICMS): tributo que
ria, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocu- incide sobre a movimentação de mercadorias em
pação do solo e do patrimônio cultural. geral, incluindo os mais variados produtos, bem
como sobre a prestação de serviços de comunica-
Corpo de Bombeiros Militar ção e de transporte interestadual e intermunicipal;
z Imposto sobre propriedade de veículos auto-
Art. 148-A O Corpo de Bombeiros Militar da Bah- motores (IPVA): tributo pago anualmente pelos
ia, força auxiliar e reserva do Exército, organizado
proprietários de veículos automotores;
com base na hierarquia e disciplina, é órgão inte-
grante do sistema de segurança pública, ao qual z Adicional de imposto de renda de até cinco por
compete as seguintes atividades:* cento sobre o valor pago à União por pessoas
I - defesa civil; físicas e jurídicas domiciliadas no Estado, inci-
II - prevenção e combate a incêndios e a situações dente sobre lucros, ganhos e rendimentos de
de pânico; capital (AIRE): imposto que tem, como fato gera-
III - busca, resgate e salvamento de pessoas e bens a dor, o pagamento do imposto de renda. Sua função
cargo do Corpo de Bombeiros Militar;* é meramente fiscal.
IV - instrução e orientação de bombeiros voluntá-
rios, onde houver; Já o art. 152, da Constituição Estadual, estabelece
V - polícia judiciária militar, a ser exercida em rela- os impostos de competência dos Municípios baianos.
ção a seus integrantes, na forma da lei federal.
Parágrafo único. O Corpo de Bombeiros Militar
São eles:
da Bahia será comandado por oficial da ativa da
Corporação, do último posto do Quadro de Oficiais
z Imposto de propriedade predial e territorial
Bombeiros Militares, nomeado pelo Governador. urbana (IPTU): tributo que tem, como fato gera-
dor, a propriedade, domínio útil ou posse de bem
Por fim, o art. 148-A trata do Corpo de Bombeiros imóvel por natureza ou por acessão física, quando
Militar. Ao Corpo de Bombeiros Militar compete a pre- localizado na zona urbana do Município;
venção e o combate de incêndios, além da execução z Imposto de transmissão intervivos, a qualquer
de atividades de defesa civil. Trata-se, também, de título, por ato oneroso, de bens imóveis por
força auxiliar, reserva do Estado e instituição perma- natureza ou acessão física, e de direitos reais
nente baseada na hierarquia e disciplina, assim como sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
ocorre com a Polícia Militar. cessão de direitos a sua aquisição (ITBI): tribu-
to que decorre da transmissão, por ato oneroso,
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO de bens imóveis, excluindo-se os decorrentes de
sucessão (causa mortis), que são de competência
A Da Tributação e do Orçamento é o quinto título da do Estado (ex.: venda e compra de imóvel);
Constituição Estadual. Esse título é subdividido em três z Imposto sobre vendas a varejo de combustíveis
capítulos. O primeiro capítulo trata do Sistema Tribu- líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (IVVC):
tário e compreende os Princípios e Disposições Gerais trata da tributação de combustíveis;
(arts. 149 e 150); os Impostos do Estado (art. 151); os z Imposto sobre serviços de qualquer natureza, não
Impostos dos Municípios (art. 152) e a Repartição das compreendidos no art. 155, inciso I, alínea b, da
Receitas Tributárias (arts. 153 e 154). O segundo capítu- Constituição Federal, definidos em lei complemen-
lo trata das Finanças Públicas (arts. 155 a 158) e o ter- tar (ISS ou ISSQN): tributo que incide na prestação
ceiro capítulo dos Orçamentos (arts. 159 a 163). de serviços realizada por empresas e profissionais
Nesse título, destacam-se as regras atinentes aos autônomos, excluindo-se os que têm fato gerador de
impostos de competência estadual e municipal. ICMS, que são de competência dos Estados.
Os artigos tratados na Constituição Estadual que
DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
DIREITO CONSTITUCIONAL
a) São estáveis após três anos de efetivo exercício, os a) A polícia federal, instituída por lei como órgão provisório,
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- organizado e mantido pela União e estruturado em carreira
vo em virtude de concurso público e o servidor públi- b) A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
co estável só perderá o cargo em virtude de sentença nente, organizado e mantido pela União e pelos Esta-
dos e estruturado em carreira
judicial transitada em julgado
c) A polícia federal, instituída por lei como órgão provisó-
b) São estáveis após cinco anos de efetivo exercício os
rio, organizado e mantido pela União e pelos Estados
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- e estruturado em carreira
vo em virtude de concurso público e o servidor públi- d) A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
co estável só perderá o cargo em virtude de sentença nente, organizado e mantido pela União e pelos Esta-
judicial transitada em julgado dos e não estruturado em carreira
c) São estáveis após três anos de efetivo exercício os e) A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- nente, organizado e mantido pela União e estruturado
vo em virtude de concurso público e o servidor público em carreira
estável perderá o cargo, entre outras hipóteses, em vir-
tude de sentença judicial transitada em julgado 12. (IBFC – 2020) Os direitos sociais, direitos de segunda
d) São estáveis após cinco anos de efetivo exercício os dimensão, apresentam-se como prestações positivas
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- a serem implementadas pelo Estado (Social de Direi-
vo em virtude de concurso público e o servidor público to) e tendem a concretizar a perspectiva de uma iso-
estável só perderá o cargo mediante processo admi- nomia substancial e social na busca de melhores e
adequadas condições de vida. Sobre a Ordem Social
nistrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa
assinale a alternativa correta.
e) São estáveis após três anos de efetivo exercício os
servidores nomeados para cargo de provimento efeti-
a) A educação é direito de todos e dever exclusivo do
vo em virtude de concurso público e o servidor público Estado
estável só perderá o cargo mediante processo admi- b) O Estado protegerá as manifestações das culturas
nistrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de gru-
pos participantes do processo civilizatório nacional
9. (IBFC – 2020) A segurança pública, dever do Estado, c) As ações e serviços públicos de saúde integram uma
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
preservação da ordem pública e da incolumidade das sistema único, organizado de forma centralizada, com
pessoas e do patrimônio. Considerando sua estrutu- direção única em cada esfera de governo
ra, assinale a alternativa que não contém um de seus d) É dever do Estado fomentar práticas desportivas for-
órgãos. mais e não formais, como direito de cada um, observa-
do a destinação de recursos públicos para a promoção
a) Guardas Municipais prioritária do desporto de alto rendimento
e) É livre a manifestação do pensamento, sendo inconsti-
b) Polícia Federal
tucional a regulamentação de diversões e espetáculos
c) Polícia Rodoviária Federal
públicos, mesmo que para a indicação de faixas etá-
d) Polícias Civis rias a que não se recomendem
e) Polícias militares e corpos de bombeiros militares
13. (IBFC – 2020) Nos termos da Constituição do Estado
10. (IBFC – 2020) A Polícia Federal, instituída por lei como da Bahia, analise as afirmativas abaixo quanto às atri-
órgão permanente, é organizada e mantida pela União buições do Governador de Estado.
e estruturada em carreira. Sobre suas atribuições,
assinale a alternativa correta. I. Compete privativamente ao Governador do Estado exer-
cer, com auxílio dos Secretários de Estado, a direção
a) Dirigida por delegados de polícia de carreira, incum- superior da administração estadual.
bem, ressalvada a competência da União, as funções II. Compete privativamente ao Governador do Estado
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, decretar e fazer executar a intervenção no Município,
exceto as militares na forma da Constituição do Estadual.
DIREITO CONSTITUCIONAL
b) Cabe a ela o exercício da polícia ostensiva e a preser- III. Compete privativamente ao Governador do Estado
vação da ordem pública decretar as situações de emergência e estado de cala-
c) Destina-se a apurar infrações penais contra a ordem midade pública.
IV. Compete privativamente ao Governador do Estado
política e social ou em detrimento de bens, serviços e
exercer o comando supremo da Polícia Militar e do
interesses da União ou de suas entidades autárquicas
Corpo de Bombeiros Militar, promover seus oficiais e
e empresas públicas, assim como outras infrações cuja nomeá-los para os cargos que lhe são privativos.
prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
nal e exija repressão uniforme, segundo dispuser em lei Assinale a alternativa correta.
d) Exerce as funções de polícia marítima e execução de
atividade da defesa civil a) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas
e) Destina-se ao patrulhamento ostensivo das ferrovias b) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas
federais, bem como prevenir e reprimir o tráfico ilíci- c) Apenas a afirmativa II está correta
to de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o d) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas
descaminho e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas 329
14. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a d) São princípios em que o Brasil rege-se nas suas rela-
Defensoria Pública nos termos da Constituição do ções internacionais a não-intervenção, a cooperação
Estado da Bahia. entre os povos para o progresso da humanidade e a
concessão de asilo político
a) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Governa-
dor e escolhido, dentre os integrantes da carreira com 17. (IBFC – 2019) A Constituição Federal de 1988 elen-
mais de 35 anos de idade, de lista tríplice composta ca os objetivos fundamentais da República Federativa
pelos candidatos mais votados pelos Defensores do Brasil. Dentre as alternativas abaixo, assinale a que
Públicos, no efetivo exercício de suas funções apresenta um desses objetivos fundamentais.
b) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Gover-
nador e escolhido, dentre os integrantes da carreira a) Conceder asilo político
com mais de 30 anos de idade, de lista tríplice com- b) Garantir o desenvolvimento nacional
posta pelos candidatos melhor classificados no Con-
c) Assegurar a defesa da paz
curso Público específico para a função de Defensor
d) Estabelecer cooperação entre os povos para o pro-
Público-Geral
gresso da humanidade
c) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presi-
dente da Ordem dos Advogados do Brasil e escolhido,
dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos 18. (IBFC – 2014) “ As hipóteses previstas na Constitui-
de idade, de lista tríplice composta pelos candidatos ção Federal de iniciativa reservada do Presidente da
mais votados pelos Advogados, no efetivo exercício República devem ser observadas em âmbito estadual,
de suas funções distrital e municipal.” A assertiva retira se fundamento
d) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presi- de validade dos Princípios:
dente do Tribunal de Justiça e escolhido, dentre os
integrantes da carreira com mais de 25 anos de ida- a) Da Simetria e da Separação de Poderes.
de, de lista tríplice composta pelos candidatos melhor b) Da Autonomia dos Entes Federativos e do Pacto
classificados no Concurso Público específico para a Federativo.
função de Defensor Público-Geral c) Do Livre Exercício dos Poderes e da Integridade
e) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presi- Nacional.
dente da Ordem dos Advogados do Brasil e escolhido, d) Da Simetria e da Integridade Nacional.
dentre os integrantes da carreira com mais de 30 anos
de idade, de lista tríplice composta pelos candidatos 19. (IBFC – 2013) Constituem objetivos fundamentais da
mais votados pelos Defensores Públicos e Promoto-
República Federativa do Brasil, exceto:
res de Justiça, no efetivo exercício de suas funções ou
em afastamento
a) Garantir o desenvolvimento nacional.
15. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta conside- b) Erradicar a pobreza e a marginalização
rando as normas previstas no texto da Constituição c) Reduzir as desigualdades sociais e regionais.
do Estado da Bahia sobre veiculação de publicidade d) Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
estadual. e) Formar de uma comunidade latino-americana de
nações.
a) Deve haver ao menos uma pessoa da raça negra quan-
do a referida publicidade tiver mais de duas pessoas 20. (IBFC – 2019) No que se refere às disposições sobre
b) Sempre deverá haver uma pessoa da raça negra na
segurança pública na Constituição Federal de 1988,
referida publicidade, independentemente do número
assinale a alternativa correta.
de pessoas nela incluídas
c) Só poderá haver pessoas da raça negra na referida
publicidade que tiver até cinco pessoas a) São órgãos pertencentes à segurança pública às poli-
d) Sempre deverá haver duas pessoas da raça negra na cias civis, polícias militares, corpos de bombeiros mili-
referida publicidade, independentemente do número tares e os agentes de saúde
de pessoas nela incluídas b) A segurança pública é direito apenas daqueles que
e) Só poderá haver pessoas da raça negra na referida pagam os impostos e taxas em dia
publicidade que tiver até três pessoas c) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
16. (IBFC – 2020) Os princípios fundamentais da Repú- União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
blica Federativa do Brasil encontram-se enumerados infrações penais, exceto as militares
de forma expressa nos artigos do 1º ao 4º da Consti- d) As polícias militares e corpos de bombeiros militares
tuição Federal de 1988. Acerca deste tema, assinale a subordinam-se apenas aos Prefeitos dos Municípios
alternativa correta.
8 C
9 A
10 C
11 E
12 B
13 D
14 A
15 A
16 D
17 B
18 A
19 E
20 C
ANOTAÇÕES
DIREITO CONSTITUCIONAL
331
ANOTAÇÕES
332
Administração Pública. A supremacia do interesse
público sobre o privado é um aspecto fundamental
para o exercício da função administrativa. Podemos
citar como exemplo a desapropriação de um imóvel
DIREITO ADMINISTRATIVO
pertencente a um particular: o particular pode ter
interesse em não ter seu bem desapropriado, ou achar
o valor da indenização injusto, mas ele não pode ter
interesse em extinguir o instituto da expropriação
administrativa. Trata-se de um instituto que deve
existir, independentemente da sua vontade.
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
PRINCÍPIOS E CONTEXTO que ao Estado também lhe incumbe uma série de
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilida-
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO de do interesse público. Tal princípio pressupõe que
ADMINISTRATIVO: LEGALIDADE, o Poder Público não é dono do interesse público, ele
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE, deve manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe.
EFICIÊNCIA É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
nio público, contratar quem ele quiser, realizar gas-
Por motivos didáticos, costuma-se dividir as nor- tos sem prestar contas a seu superior, etc. Tais atos
mas cogentes em regras e princípios. Regras são nor- configuram em desvio de finalidade, uma vez que o
mas cogentes que traduzem um comando direto, são objetivo principal deles não é de interesse público,
criadas pelo legislador (portanto, são positivadas), mas apenas do próprio agente, ou de algum terceiro
e são utilizadas para a solução de casos concretos e beneficiário.
específicos. Os princípios, por sua vez, delimitam os
valores fundamentais de um ramo do direito, pos- Princípios Constitucionais da Administração Pública
suem conteúdo muito mais abrangente. São conside-
rados mais importantes, dado o seu caráter geral e
São os princípios expressos, previstos no Texto
abstrato. Os princípios são descobertos pela doutrina,
Constitucional, mais especificamente no caput do art.
através da análise das regras, retirando os aspectos
37. Segundo o referido dispositivo:
concretos desta. O legislador, dessa forma, tem um
papel indireto na criação dos princípios.
“A administração pública direta e indireta de qual-
Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
que os princípios e as regras são normas que apresen-
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
tam força cogente máxima. Porém, como os princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-
possuem valores fundamentais de um ramo jurídico, dade e eficiência”.
são considerados hierarquicamente superiores. Vio-
lar uma regra é um erro grave, mas violar um prin-
Assim, esquematicamente, temos os princípios
cípio é erro gravíssimo: é cometer ofensa a todo um
constitucionais da:
ordenamento de comandos.
z Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Direito, as atividades do gestor público estão sub-
missas a forma da lei. A legalidade promove maior
Os princípios de Direito Administrativo são,
segurança jurídica para os administrados, na
assim, os princípios que atuam como diretrizes sistê-
medida em que proíbe que a Administração Públi-
micas do próprio regime jurídico-administrativo. Os
princípios que regem a atividade da Administração ca pratique atos abusivos. Ao contrário dos parti-
Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor- culares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém deno- proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe
tados segundo a interpretação das normas jurídicas. é expressamente autorizado por lei;
Temos, assim: princípios gerais de Direito Adminis- z Impessoalidade: a atividade da Administração
trativo, os princípios constitucionais, e os princípios Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
infraconstitucionais. haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Esse princípio apresenta
DIREITO ADMINISTRATIVO
Princípios Gerais de Direito Administrativo algumas vertentes que são importantes conhecer.
A primeira diz respeito à finalidade: há uma for-
Os princípios gerais de Direito Administrativo, te relação entre a impessoalidade e a finalidade
são os princípios basilares desse ramo jurídico, sen- pública, pois quem age por interesse próprio não
do aplicáveis ante ao fato de a Administração Públi- condiz com a finalidade do interesse público. A
ca ser considerada pessoa jurídica de direito público. outra vertente diz respeito a pessoa do adminis-
São princípios implícitos, uma vez que eles não preci- trador, pois a atividade administrativa é conside-
sam estar expressos na legislação para que a doutri- rada de seus órgãos e pessoas jurídicas, e nunca de
na aceite sua existência, afinal, sem esses princípios seus agentes; pessoas físicas. Esse é o fundamento
a Administração não poderia funcionar direito. São da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso, é
dois: o princípio da supremacia do interesse público, e vedada a possibilidade do agente público de utili-
o princípio da indisponibilidade do interesse público. zar os recursos da Administração Pública para fins
O princípio da supremacia do interesse públi- de promoção pessoal, conforme aponta o § 1º do
co é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à art. 37 da CF/1988; 333
z Moralidade: a Administração impõe a seus agen- necessária a intervenção judicial para que a própria
tes o dever de zelar por uma “boa-administra- Administração anule ou revogue esses atos.
ção”, buscando atuar com base nos valores da Não havendo necessidade de recorrer ao Poder
moral comum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e Judiciário, quis o legislador que a Administração
lealdade. A moralidade não é somente um prin- possa, dessa forma, promover maior celeridade na
cípio, mas também requisito de validade dos atos recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilí-
administrativos; cito, e garantir maior proteção ao interesse público
z Publicidade: a publicação dos atos da Administra- contra os atos inconvenientes.
ção promove maior transparência e garante eficá- Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999:
cia erga omnes. Além disso, também diz respeito
ao direito fundamental que toda pessoa tem de “A Administração deve anular seus próprios atos,
obter acesso a informações de seu interesse pelos quando eivados de vício de legalidade, e pode revo-
órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse gá-los por motivo de conveniência ou oportunida-
direito ponha em risco a vida dos particulares ou de, respeitados os direitos adquiridos”.
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
vida íntima dos envolvidos; A distinção feita pelo legislador é bastante opor-
z Eficiência: implementado pela reforma adminis- tuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anu-
trativa promovida pela Emenda Constitucional latório, e a discricionariedade do ato revogatório. A
nº 19 de 1998, a eficiência se traduz na tarefa da Administração pode revogar os atos inconvenientes,
Administração de alcançar os seus resultados de mas tem o dever de anular os atos ilegais.
uma forma célere, promovendo melhor produti- A autotutela também tem previsão em duas súmu-
vidade e rendimento, evitando gastos desneces- las do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A
sários no exercício de suas funções. A eficiência Administração Pública pode declarar a nulidade de
fez com que a Administração brasileira adquiris- seus próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administra-
se caráter gerencial, tendo maior preocupação na ção pode anular seus próprios atos, quando eivados de
execução de serviços com perfeição ao invés de se vícios que os tornam ilegais, porque deles não se origi-
preocupar com procedimentos e outras burocra- nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniên-
cias. A adoção da eficiência, todavia, não permite à cia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
Administração agir fora da lei, não se sobrepõe ao e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
princípio da legalidade;
Princípio da Motivação
Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele Os atos podem ser discricionários ou vinculados:
impõe que os atos administrativos praticados devem
ser previamente definidos em lei, não cabendo ao z Atos discricionários: possuem margem de valora-
agente competente para a prática criar atos que não ção e escolha para o agente público que o pratica,
338 sejam previamente constantes da lei. conhecida como mérito administrativo;
z Atos vinculados: há pouca ou nenhuma margem z Atos extintivos: extinguem um direito ou relação
de escolha na prática dos atos administrativos. jurídica;
z Atos modificativos: modificam situações pré-exis-
Lembrando os elementos dos atos administrati- tentes sem extinguir direitos ou obrigações;
vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), z Atos declaratórios: declaram a existência ou situa-
destacamos que a diferença nessa classificação que ção jurídica.
acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles:
motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são
vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis-
cricionários, se assim for o ato. EXERCÍCIO COMENTADO
Quanto aos Efeitos Produtivos 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com relação aos atos
administrativos e suas classificações, julgue o item
Os atos podem ser internos e externos: seguinte.
Atos administrativos de gestão são atos praticados
z Atos internos: produzem efeitos apenas dentro da pela administração pública como se fosse pessoa pri-
estrutura da administração pública; vada, o que afasta a supremacia que lhe é peculiar em
relação aos administrados. Atos administrativos de
z Atos externos: impactam os administrados.
império, por sua vez, são aqueles praticados de ofício
pelos agentes públicos e impostos de maneira coer-
Destacamos que, uma vez que os atos externos
citiva aos administrados, os quais estão obrigados a
recairão sobre o cidadão, deverão ser necessariamen-
obedecer-lhes.
te publicados, o que não se aplica aos atos internos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Quanto à manifestação de vontade
Nem sempre a Administração Pública atuará pauta-
Os atos podem ser simples, complexos ou compostos:
da na supremacia do interesse público, impondo sua
vontade ao particular. Por vezes poderá atuar em
z Atos simples: há uma única manifestação de von- posição de igualdade, o que acontece quando pratica
tade, ainda que de um órgão que seja composto os atos administrativos classificados como de gestão.
por mais de um agente público; Em oposição, os atos de império serão aqueles em que
z Atos complexos: manifestação de mais de uma estará a presente a supremacia do interesse público
vontade para que haja a produção de efeitos. Só se ou poder extroverso do Estado. Resposta: Certo.
aperfeiçoa com a manifestação de todos os agentes
competentes; ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
z Atos compostos: manifestação de uma única von-
tade. No entanto, há necessidade de manifestação Vejamos agora algumas espécies importantes de
posterior para que haja produção de efeitos. Tal atos administrativos:
manifestação de vontade é definida pela doutrina
como instrumental. z Atos normativos: trazem comandos gerais e abs-
tratos baseados em leis ou mesmo em outras nor-
Quanto à formação mas que nelas tenham se baseado;
z Atos ordinatórios: têm como destinatários os servi-
Os atos podem ser unilaterais, bilaterais ou multi- dores públicos, tendo como finalidade o bom anda-
laterais. mento do serviço;
z Atos negociais: são atos em que o particular bus-
z Ato unilateral: manifestação de apenas uma pessoa;
ca a anuência (concordância) da Administração
z Ato bilateral: manifestação de duas pessoas;
Pública para a prática de determinada atividade;
z Ato multilateral: manifestação de várias pessoas.
z Atos punitivos: impõe penalidade aos administra-
dos ou aos servidores.
Quanto ao Objeto
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato Em suma, para melhor compreender a questão da
administrativo, praticado sempre por autoridade com- vinculação e discricionariedade na atuação da Admi-
petente, que tem por fim diverso daquele previsto, nistração Pública, basta lembrar de uma lanterna
explícita ou implicitamente, nas regras de competência (Lei) iluminando uma parede escura (ato administra-
da legislação (art. 2°, par. único, e, da Lei n° 4.717/1965). tivo): o ponto central, onde é mais iluminado, é a área
A finalidade diversa não macula os requisitos essen- de vinculação dos atos administrativo à lei, e dali não
ciais dos atos administrativos (competência, objeto, há qualquer margem de liberdade. Por outro lado, nos
forma, motivo), mas tende a macular o ato, tornando-o cantos da projeção na parede, onde se situa a região
nulo. O único caminho possível para esse ato é a anu- menos iluminada, é a área da discricionariedade, pois
lação, ou seja, não há possibilidade de convalidação. O o administrador tem maior liberdade de atuação e
desvio de finalidade pode ocorrer tanto nas condutas não se encontra “preso” à iluminação intensa. Isso
comissivas, em seu campo de atuação, quanto nas con- não significa que ele pode “caminhar para a escuri-
dutas omissivas, isso é, quando o agente público se abs- dão”: apesar de ser fosca, a iluminação ainda existe.
tém de realizar tarefa legalmente imposta. 341
Atualmente, muito se questiona sobre a legalidade na legislação. Não se confunde com o decreto, que é
administrativa, que fundamenta a vinculação de seus outro ato administrativo que introduz o regulamento
atos. Dizer que a vinculação é uma simples obediên- em si. Decreto representa a forma do ato administrati-
cia à legislação é uma noção muito restrita e aquém vo, enquanto o regulamento representa seu conteúdo.
da realidade social. A legalidade, enquanto vazia ou Ambos os decretos e regulamentos são atos em
formal (noção de fazer um checklist do ato), desvincu- posição de inferioridade em relação as leis e, por
lada do cumprimento de direitos fundamentais, não isso, não são capazes de criar direitos e obrigações
se sustenta. Doutrinariamente se sustenta uma revi- aos particulares sem fundamento legal. Suas funções
são da legalidade, de modo que os administradores, primordiais, no entanto, são a redução da margem de
agora, vinculam-se não somente à Lei, e sim à Cons- interpretação das normas, pois se um decreto dispõe
tituição (constitucionalidade administrativa). Assim, qual é a forma mais correta de aplicação da lei, esta
um comando oriundo de uma lei manifestamente perde um pouco de seu caráter geral e abstrato, seu
inconstitucional pode não ser cumprida pelos agentes campo de discricionariedade é reduzido a uma úni-
públicos. ca forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por
isso, o poder regulamentar apresenta natureza
HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E REGULAMENTAR, vinculada.
PODER DE POLÍCIA Existem diversas espécies de regulamentos
administrativos:
Poder Regulamentar
z Regulamentos administrativos ou de organiza-
O poder regulamentar consiste na possibilidade do ção: são aqueles que disciplinam questões internas
Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Federa- de estruturação e funcionamento da Administra-
ção de editar atos administrativos gerais, abstratos ou ção Pública, bem como as relações jurídicas de
concretos, expedidos para dar fiel cumprimento à lei. sujeição especial do Poder Público perante par-
Seu fundamento legal encontra-se disposto no art. 84, ticulares. Exemplo: regulamento que disciplina
IV, da CF/1988: organização e funcionamento da administração
federal (art. 84, VI, a, da CF/1988);
Compete privativamente ao Presidente da Repú- z Regulamentos habilitados ou delegados: em
blica: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar alguns países, há a possibilidade de o Poder Legis-
as leis, bem como expedir decretos e regulamentos lativo delegar ao Executivo a disciplina de maté-
para sua fiel execução. rias reservadas privativamente à lei, havendo
uma transferência de competência legislativa.
O art. afirma que tal ato é de competência exclusi- Tais regulamentos não são admitidos no direito
va do Presidente, o que significa que seria indelegável administrativo brasileiro;
a qualquer subordinado. Porém, isso não é totalmen- z Regulamentos executivos: são os regulamentos
te correto: o parágrafo único do mesmo dispositivo comuns, expedidos sobre matéria disciplinada pela
constitucional diz que há a possibilidade do Presidente legislação, permitindo a fiel execução da norma
delegar algumas de suas atribuições para os Ministros legal. É a hipótese do art. 84, IV, da CF/1988;
de Estado, o Procurador-Geral da República ou ain- z Regulamentos autônomos: são os que dispõem
da para o Advogado-Geral da União. Além disso, este sobre tema não disciplinado pela legislação. Há um
poder pode ser exercido, por simetria, pelos Governa- conjunto de temas que a norma constitucional reti-
dores e Prefeitos. Assim, para fins didáticos, costuma-se rou da competência do Poder Legislativo e atribuiu
dizer que o poder regulamentar só pode ser delegado sua disciplina ao Poder Executivo. A EC n° 32/2001
excepcionalmente, com algumas restrições. elenca dois temas que só podem ser disciplinados
Vale notar quais competências do Presidente da por decreto expedido pelo Presidente da República:
República podem ser delegadas? O art. 84 pode ser a organização da administração federal; e a extinção
um tanto confuso nesse sentido, mas a interpretação de funções e cargos vagos e não ocupados.
correta é a de que, em regra, as competências do Pre-
sidente são exclusivas e indelegáveis. Excepcional- Poder Hierárquico
mente, a matéria disposta nos incisos VI (dispor
mediante decreto sobre a organização e funciona- Poder hierárquico é o poder que dispõe o Execu-
mento da administração federal quando não implicar tivo para organizar e distribuir as funções de seus
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos órgãos, bem como ordenar e rever a atuação de seus
públicos; e a extinção de funções ou cargos públicos, agentes, estabelecendo uma relação de subordinação
quando vagos), XII (conceder indulto e comutar penas, entre os servidores do seu quadro de pessoas. As rela-
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em ções de hierarquia são características únicas, existem
lei), e a primeira parte do inciso XXV (prover os car- somente no âmbito do Poder Executivo, isso é, não
gos públicos federais, na forma da lei) são competên- existe hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo e
cias que podem ser transferidas para as pessoas do Judiciário. Além disso, importante frisar que não
públicas previstas no parágrafo único do referido existe poder hierárquico entre membros da Adminis-
art. 84. Observe que a competência para extinguir o tração Indireta, pois estes são entidades autônomas,
cargo público enquanto ainda ocupado não pode ser que não se subordinam aos entes que o criaram. Pela
delegada. hierarquia, há a imposição ao subalterno da estrita
Uma das palavras chave do poder regulamentar é obediência às ordens e instruções legais superiores,
regulamento. Trata-se de ato administrativo que tem além de definir a responsabilidade de cada um de
por escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao seus agentes e órgãos públicos.
modo de aplicação dos dispositivos legais, dando maior Quanto as suas características, diz-se que o poder
342 concretude aos comandos gerais e abstratos presentes hierárquico é interno e permanente. Interno é o
poder que atinge apenas os próprios membros da vez que, por definição, elas não integram a mesma
Administração e não tem o condão de atingir as rela- linha de hierarquia. São entes diferentes do seu cria-
ções dos particulares. É também um poder perma- dor, com personalidade jurídica própria, com patri-
nente porque não é exercido de modo esporádico e mônio exclusivo e podendo se responsabilizar em
episódico, como acontece no poder disciplinar. juízo sem o auxílio da Administração Direta.
Do poder hierárquico são decorrentes certas facul- O que existe para as entidades da Administração
dades implícitas ao superior, tais como dar ordens e Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atri- lístico de seus atos, o qual denomina-se supervisão
buições, bem como rever atos de seus inferiores. ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
A delegação é a transferência temporária de com- dor, geralmente são os entes da Administração Direta
petência administrativa de seu titular, a outro órgão (União, Estados, Municípios, Distrito Federal e os seus
ou agente público. A delegação poderá ser vertical órgãos, ministérios e secretarias). A supervisão não se
quando a matéria for outorgada a um outro órgão ou confunde com subordinação, pois entende-se que na
agente público subordinado à autoridade outorgante, supervisão o ente controlado possui uma maior mar-
permanecendo na mesma linha hierárquica. Mas a gem de liberdade do que os órgãos hierarquicamente
delegação também poderá ser feita para outro órgão subordinados. A supervisão ministerial não admite,
ou agente que esteja fora da sua linha hierárquica, por exemplo, a possibilidade de revisão dos atos pra-
hipótese que denominamos de delegação horizontal. ticados pela entidade controlada, pois a revisão é uma
O art. 12 da Lei n° 9.784/1999 dispõe do mesmo forma de controle de mérito dos atos administrativos.
modo: Isso infere na autonomia garantida constitucional-
mente a essas entidades.
“Um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, Importante!
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de Cuidado para não confundir alguns conceitos.
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, Quando um ato administrativo é ilícito (contrário
jurídica ou territorial”. a Lei), a hipótese de controle recai sobre a lega-
lidade do ato. Se o vício for insanável, a hipótese
Essa transferência de competência é sempre pro- é de anulação, e pode ser realizada tanto pela
visória, o que significa que pode ser revogada a qual- Administração Pública quanto pelo Poder Judi-
quer tempo. ciário. Por outro lado, quando o ato for conside-
A regra geral é sempre a delegabilidade das com- rado inconveniente e inoportuno, discricionário,
petências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei o Poder Judiciário não pode exercer controle
n° 9.784/1999) assevera três matérias que não podem de mérito, pois essa é uma tarefa exclusiva da
ser delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato Administração, dentro da sua linha hierárquica.
de caráter normativo, pois constituem-se em regras O método mais correto para o ato inconveniente,
gerais aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com neste caso, é o da revogação.
a delegação; a decisão em recursos administrativos,
para evitar que a mesma autoridade possa julgar o
mesmo processo mais de uma vez pela delegação; e Lembrando que são considerados entes da Admi-
as matérias que forem consideradas de competência nistração Indireta: as autarquias, as fundações, as
exclusiva do órgão ou autoridade. empresas públicas e as sociedades de economia mista.
A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei Do mesmo modo, não há que se falar em Poder Hie-
n° 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autorida- rárquico quando estamos diante de pessoas e órgãos
de competente de chamar para si a competência de independentes. Por exemplo: não há uma relação de
um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida hierarquia entre as pessoas que ocupam cargos polí-
excepcional e temporária e somente pode ser realiza- ticos. Não há hierarquia, também, entre os membros
da dentro da mesma linha hierárquica, o que significa dos Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário):
que a avocação só pode ser vertical, não se admite a eles atuam de forma independente e harmônica entre
avocação horizontal. Esquematicamente, temos: si, um não se subordina ao outro.
sua ocorrência. Submete-se às regras de Direito Admi- relação de subordinação dos mesmos. A letra B está
nistrativo. No Brasil, a polícia administrativa é exer- errada: o poder regulamentar consiste na possibi-
cida por diversos órgãos de fiscalização de diversas lidade do Chefe do Poder Executivo de cada enti-
áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e
dade da Federação de editar atos administrativos
assistência social. A polícia administrativa protege os
gerais, abstratos ou concretos, para o cumprimento
interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
das leis. A letra D está errada: o poder disciplinar é
portamentos individuais que possam causar prejuízos
maiores à coletividade. aquele que impõe sanções aos servidores públicos
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará- por praticar infrações no exercício de suas funções,
ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constatação não atingindo os particulares que não têm vínculo
de um crime. Após sua ocorrência, deve a polícia judi- com o Poder Público. A letra E está errada: o abuso
ciária abrir um processo de investigação em busca de poder não é uma espécie de poder da administra-
da autoria e da materialidade do crime. Sua razão de ção pública, mas uma hipótese em que ela extrapola
ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras de seus limites. Resposta: Letra C. 345
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, reza estatutária e não-contratual.
EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS O regime dos cargos públicos é disciplinado pela
Lei Federal n° 8.112/1990, também conhecida como
ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS Estatuto do Servidor Público.
APLICÁVEIS Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello fim do período de estágio probatório. Tal alcance per-
são agentes públicos as pessoas que exercem uma mite que o servidor não seja desligado de suas funções,
função pública, ainda que em caráter temporário ou salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla judicial transitada em julgado, processo administrativo
e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que, disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica
dentro da organização da Administração Pública, de desempenho (art. 41, § 1°, da CF/1988).
exercem determinada função pública. Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
o qual comporta diversas espécies, como os agentes tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
políticos, os agentes militares, os servidores públi- tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car-
cos estatutários, os empregados públicos, os agentes gos não-vitalícios), bem como o desligamento ocorrer
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar apenas mediante sentença condenatória transitada
cada um deles com maiores detalhes. em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura,
do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do
Agentes Políticos Ministério Público.
Além da estabilidade, é também assegurado aos
Os agentes políticos possuem como característica servidores estatutários alguns direitos trabalhistas,
principal o fato de exercerem uma função pública de vejamos aqui os mais importantes:
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante
eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o Art. 39 [...]
condão de extinguir a relação destes com o Estado de § 3° CF/1988: a) salário mínimo, b) remuneração
modo automático pelo simples decurso do tempo. Per- de trabalho noturno superior ao diurno, c) repou-
cebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Esta- so semanal remunerado, d) férias remuneradas, e)
do não é profissional, mas estatutária ou institucional. licença à gestante etc.
São agentes políticos os parlamentares, o Presidente da
República, os prefeitos, os governadores, bem como seus Empregado Público
respectivos vices, ministros de Estado e secretários.
De modo diferente da contratação dos servidores, os
Agentes Militares empregados públicos são contratados mediante regime
celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Os agentes militares constituem uma categoria a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de
parte dos demais agentes políticos, uma vez que as uma vinculação contratual. A contratação de emprega-
instituições militares possuem fortes bases funda- dos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de direito privado integrantes da Administração Indireta
também apresentarem vinculação estatutária, seu (empresas públicas, sociedades de economia mista, con-
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, sórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas tam-
e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen- bém depende da sua aprovação em concurso público.
tes militares os membros das Polícias Militares e dos O regime dos empregados públicos é menos prote-
Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
Federal e Territórios, bem como os demais militares que os empregados públicos não gozam da estabilida-
ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas de que os servidores possuem. Ao serem empossados,
características que merecem destaque são: a proibi- os empregados passam por um período de experiên-
ção de sindicalização dos militares, a proibição do cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
direito de greve, e a proibição à filiação partidária. empregados públicos podem ser dispensados.
A diferença dos empregados públicos para com
Servidores Públicos os demais consiste no fato de que a sua demissão
será sempre motivada, após regular processo admi-
De modo geral, podemos dizer que a Constituição nistrativo, mediante contraditório e a ampla defesa.
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para Importante lembrar que, para a Administração Públi-
os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos ca, a motivação de seus atos, bem como o tratamento
públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
Os servidores públicos são contratados pelo regi- teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
me estatutário, enquanto os empregados públicos são um empregado público seria absolutamente inadmis-
contratados pelo regime celetista, que muito se asse- sível nessas condições.
melha às regras contidas na CLT.
Atente-se a esse conceito: Servidor público é o REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A
agente contratado pela Administração Pública, direta LEI N° 8.112/1990
ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
nado mediante concurso público, para ocupar cargos O regime dos servidores públicos possui ampla pre-
visão normativa. Além do renomado art. 37 da Consti-
346 tuição Federal, no âmbito infraconstitucional temos a
Lei n° 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos para os cargos de confiança ou em comissão (inci-
Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurí- sos I e II, do art. 9° e 10, da Lei n° 8.112/1990);
dico dos servidores públicos da União, autarquias, fun- z Promoção: é uma forma de provimento derivado,
dações, agências reguladoras e associações, todas em haja vista que ela beneficia somente os servidores
âmbito federal. Bastante exigida em concursos públi- que já ingressaram em cargos públicos em caráter
cos, convém salientar as principais características a efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o
respeito do regime dos servidores públicos: desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
Dos Cargos Públicos: conceito, investidura na função diretrizes do sistema de carreira na Administração
pública, provimento, vacância Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará-
grafo único, da Lei n° 8.112/1990);
Para todos os efeitos legais, o servidor público está z Readaptação: é, também, uma forma de provimen-
intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Con- to derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição
forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo ao servidor para um cargo com funções e respon-
público é o conjunto de atribuições e responsabilidades sabilidades distintas e compatíveis com a limita-
previstas na estrutura organizacional que devem ser ção que tenha sofrido em sua capacidade física ou
cometidas a um servidor. Os cargos públicos, acessíveis mental, verificada em inspeção médica. Assim, por
a todos os brasileiros, são criados por lei, com denomi- exemplo, um motorista de ônibus que sofre aciden-
nação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, te e acaba perdendo algum membro essencial para
para provimento em caráter efetivo ou em comissão. dirigir poderá ser readaptado para executar uma
A criação, transformação, e extinção de cargos, função similar, mas não idêntica à anterior. Na
empregos ou funções públicas depende sempre de uma hipótese do servidor readaptando se mostrar com-
lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo pletamente inválido para exercer qualquer cargo,
um cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar ele será compulsoriamente aposentado;
mediante expedição de decreto pelo Poder Executivo. z Reversão: outra forma de provimento derivado,
Para ocupar um cargo público, é necessário haver em que temos o retorno à atividade de um servi-
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato dor aposentado por invalidez, ou por puro e sim-
administrativo constitutivo e hábil para a investidu- ples interesse da Administração, desde que
ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos
requisitos para a investidura em cargo público, dis- a) tenha solicitado a reversão;
põe o art. 5° da Lei n° 8.112/1990: b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
São requisitos básicos para investidura em cargo c) estável quando na atividade;
público: d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação;
I - a nacionalidade brasileira; e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servido-
II - o gozo dos direitos políticos; res Públicos).
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais; A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício cargo resultante de sua transformação. Em termos de
do cargo; remuneração, o servidor que retornar à atividade por
V - a idade mínima de dezoito anos; interesse da Administração perceberá a remuneração
VI - aptidão física e mental. do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
sentadoria que recebia (art. 25, § 4°, idem).
Há diversas formas de provimento dos cargos
públicos, podendo ser classificados em dois grupos: z Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
to derivado consistente no retorno de servidor em
z Quanto à durabilidade: O provimento pode ser de disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e até cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em comis- os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei n°
são, quando o referido cargo não goza de estabilida- 8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
de, podendo o servidor ser destituído ad nutum, isso mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
é, de forma unilateral, sem a anuência do servidor; entrar em exercício no prazo legal, salvo comprova-
z Quanto à preexistência de vínculo: temos o provi- da doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
mento originário, que não depende de vinculação z Reintegração: é a forma de provimento derivado
DIREITO ADMINISTRATIVO
jurídica anterior com o Estado (nomeação); ou deri- que ocorre pela reinvestidura do servidor estável no
vado, se o referido servidor já possuía algum víncu- cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultan-
lo com o Estado (promoção, remoção, readaptação). te de sua transformação, na hipótese de sua demissão
ser invalidada por decisão judicial ou administrati-
O art. 8° da Lei n° 8.112/1990 dispõe sobre as for- va, tendo direito também ao ressarcimento de todas
mas de provimento em cargos públicos: as vantagens (art. 28, caput, Lei n° 8.112/1990).
z Nomeação: trata-se da única forma de provimen- Supondo que, em uma situação anterior, o servi-
to originário, uma vez que não exige uma relação dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
nomeação depende sempre de prévia habilitação ter sido erroneamente acusado de ter praticado
em concurso público de provas, ou de provas e títu- uma transgressão (falaremos das transgressões em
los. Além disso, a nomeação poderá ser promovi- momento posterior). Carlos, então, resolveu ingressar
da não somente em caráter efetivo, como também em juízo e conseguiu comprovar que a sua demissão 347
foi injusta. Assim, a decisão judicial (pode ser a admi- exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servi-
nistrativa também) determinou a invalidação de sua dor, ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será
demissão. Com isso, ele pode ser reintegrado e voltar realizada quando não satisfeitas as condições do está-
a trabalhar para a sua repartição pública. gio probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o
Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu- servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito A substituição encontra-se disposta no art. 38 do
à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain- Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os servi-
da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2°, idem). dores investidos em cargo ou função de direção ou che-
Como estamos buscando salientar, a Administra- fia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
ção não pode ficar criando cargos públicos a esmo, ele substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
tem um número certo de cargos e de servidores públi- de omissão, previamente designados pelo dirigente
cos ocupantes desses cargos. Logo, o cargo pertence máximo do órgão ou entidade.
originalmente a Carlos. Assim, se por exemplo, duran- A substituição é, assim, uma troca de um servidor
te o período que esteve fora o servidor, Márcio estava por outro, aplicável somente para os cargos de comis-
ocupando seu cargo, ele deverá ser ou reconduzido são ou função de direção e chefia, bem como cargos
para o seu cargo de origem, ou se isso não for possível de Natureza Especial. O servidor substituto indica-
(porque esse cargo foi extinto durante esse período), do assume, automaticamente, o exercício do cargo,
ele pode ser aproveitado em outro cargo similar. nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos- regulamentares do titular, bem como na hipótese de
to em disponibilidade vacância do cargo.
Um direito muito importante do servidor substitu-
z Recondução: por fim, a recondução é a forma to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
de provimento derivado consistente no retorno antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
do servidor público estável ao cargo anteriormen- pela remuneração mais vantajosa (art. 38, § 2°). Seria
te ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio injusto o substituto ganhar menos do que recebia
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela antes da substituição.
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da
Lei n° 8.112/1990). Uma situação excepcional é a Acumulação de Cargo, Emprego, e Função Pública
da extinção do cargo durante o período de estágio
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
n° 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o ser- públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
vidor será exonerado. co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
É o caso do servidor Márcio, já mencionado duran- inclusive, para as entidades da Administração Indi-
te a reintegração do servidor Carlos. A recondução reta. O caput do art. 118 da Lei n° 8.112/1990 dispõe
tem prioridade em relação a pôr o servidor em dis- no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
ponibilidade. Pôr o servidor em disponibilidade é Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
considerada uma última medida, pois o correto é a cargos públicos. Apesar do referido texto legal dispor
Administração fazer com que todos os servidores que sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
contratou trabalhem para ela, ela deve evitar de ter que também possa ser aplicado aos agentes públicos
um quadro cheio de servidores que recebem remu- dos Estados, Municípios, e Distrito Federal.
neração e outros benefícios, mas que ficam “parados” Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
porque não possuem um cargo para ocupar. Constituição Federal dispõe de um rol de casos excep-
Mas a Lei n° 8.112/1990 também faz menção das cionais em que é permitida a acumulação dessas fun-
hipóteses de vacância, isso é, são casos em que temos ções. Há entendimento praticamente unânime de que
a extinção do cargo público: se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas
aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
Art. 33 São formas de vacância dos cargos públicos:
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
I – exoneração;
titucionalmente autorizadas são:
II - demissão;
III - promoção;
IV (REVOGADO); z Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
V (REVOGADO); z Um cargo de professor com outro técnico ou cien-
VI - readaptação; tífico (art. 37, XVI, b);
VII - aposentadoria; z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
VIII - posse em outro cargo inacumulável; nais na área da saúde (art. 37, XVI, c);
IX - falecimento. z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego
ou função pública (art. 38, III);
Observe que algumas das hipóteses de vacância são z Um cargo de magistrado e outro de magistério (art.
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre 95, par. único, I);
porque, como mencionamos, o provimento derivado z Um cargo de membro do Ministério Público e outro
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica de magistério (art. 128, § 5°, II, d).
anterior entre o servidor e a Administração Pública.
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder Das prerrogativas, dos Direitos, Vantagens e
Público necessita extinguir um cargo público (uma Autorizações dos Servidores Públicos
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo.
Dessas hipóteses, a que merece maiores escla- Prerrogativa é qualquer situação de vantagem
348 recimentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
No caso dos agentes públicos, existem algumas prer- Outra prerrogativa que merece maior destaque é
rogativas que são comuns para todo e qualquer car- a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com
go público, e existem algumas prerrogativas que são a estabilidade, mas não pode ser confundida com a
mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos. mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer
Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são servidor: ela é somente concedida para alguns cargos
aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de públicos especiais.
natureza política. São considerados cargos vitalícios, segundo a pró-
No momento, é importante focar nas prerrogativas pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura
que se aplicam para todos os servidores públicos, que (art. 95, inciso I), os membros do Ministério Público
ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande (art. 128, § 5°, a), e os cargos ocupados pelos membros
prerrogativa diz respeito à estabilidade. do Tribunal de Contas da União ou TCU (art. 73, § 3°).
A estabilidade é a condição que o servidor público A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que
atinge após completar alguns requisitos. O seu princi- a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses
pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor cargos vitalícios, ela somente pode ser exonerada median-
público não pode ser demitido por razões de conve- te sentença judicial transitada em julgado. Essa é a única
niência ou oportunidade pela Administração. Ela não hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante
pode demitir o servidor estável “porque não quer uma prerrogativa maior do que apenas a estabilidade.
mais” trabalhar com ele. Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
Segundo o art. 21 do Estatuto dos Servidores Públicos aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também
Civis da União, uma vez que o servidor seja habilitado considerada como uma forma de exoneração a apo-
em concurso público e empossado em cargo de provimen- sentadoria compulsória, isso é, a concessão do referido
to efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao benefício previdenciário quando o servidor estável ou
completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade.
Interessante observar que a Constituição Federal A diferença é que, no caso da aposentadoria compul-
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida- sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece-
de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos: bendo uma “remuneração”, chamada de provento.
para o Texto Constitucional, o servidor público só A Lei n° 8.112/1990, em seus arts. 40 e 41, elen-
adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de ca diversos direitos e gratificações aos servidores
efetivo exercício. públicos, os quais são de grande importância conhe-
Isso não significa que, uma vez o servidor estando cer. Vejamos os principais direitos:
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso assim como o salário está para o empregado. Con-
o conteúdo do art. 22 da Lei n° 8.112/1990: O servidor siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judi- cargo público, cujo valor é previamente fixado
cial transitada em julgado ou de processo administrati- em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
vo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. regra, irredutíveis;
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre- z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi- to do cargo, somado a todas as outras vantagens
dor estável. São elas: pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
pago ao servidor público, independentemente de
z Por sentença judicial transitada em julgado: é sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
a forma mais demorada para se demitir um servi- te (art. 39, § 3°, da CF/1988).
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis-
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da O art. 39 da Constituição Federal apresenta algu-
sentença somente ocorre quando esgotados todos mas regras gerais sobre o regime dos servidores públi-
os recursos cabíveis; cos. Dentre as regras constitucionais, o §1° do referido
z Mediante processo administrativo em que lhe dispositivo prevê que a fixação dos padrões de ven-
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes cimento e dos demais componentes do sistema
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) remuneratório observará três aspectos: a natureza,
serão vistas mais adiante; o grau de responsabilidade e a complexidade dos car-
z Mediante procedimento de avaliação periódica gos componentes de cada carreira; os requisitos para
de desempenho, na forma de lei complementar, a investidura; e também as peculiaridades dos cargos.
DIREITO ADMINISTRATIVO
Apesar de haver previsão para concessão de licen- Servidor público não é empregado. Por isso, não se
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipóte- aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
se acabou sendo revogada pela Lei n° 9.527/1997. As também como RGPS. Os servidores possui um regime
licenças, como se depreende, são hipóteses de desli- próprio denominado Regime Próprio de Previdência
gamento temporário do servidor com o seu respectivo dos Servidores (ou RPPS).
cargo, havendo uma expectativa para o seu retorno. Esse regime tem suas políticas elaboradas e executadas
As licenças poderão ser concedidas com ou sem remu- pela Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda.
350 neração, a depender de cada situação. Neste Regime, é compulsório para o servidor público do
ente federativo que o tenha instituído, com teto e subtetos acidente em serviço, moléstia profissional ou
definidos pela Emenda Constitucional n° 41/2003. doença grave, contagiosa ou incurável, especifica-
Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam- da em lei, e proporcionais nos demais casos;
bém possui dispositivos previstos em seu Estatuto. Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de
Segundo o art. 184 da Lei n° 8.112/1990, o Plano de idade, com proventos proporcionais ao tempo de
Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a serviço; ou ainda;
que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreen- Aposentadoria voluntária, de acordo com
de um conjunto de benefícios e ações que atendam às os seguintes critérios de idade e de contribui-
seguintes finalidades: ções: aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se
homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com pro-
I - garantir meios de subsistência nos eventos de ventos integrais; aos 30 (trinta) anos de efetivo
doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina- exercício em funções de magistério se profes-
tividade, falecimento e reclusão; sor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro-
II - proteção à maternidade, à adoção e à ventos integrais; aos 30 (trinta) anos de serviço,
paternidade;
se homem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher,
III - assistência à saúde.
com proventos proporcionais a esse tempo; aos
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos
garantido os seguintes benefícios previdenciários:
proporcionais ao tempo de serviço;
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Consti-
tuição Federal quanto na Lei n° 8.112/1990. O Regi-
Importante!
me Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS)
também sofreu alterações na chamada “reforma Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
da previdência”, promulgada pela Emenda Cons- nal n° 103/2019, as regras para a aposentadoria
titucional n° 103/2019. Com isso, temos dois textos voluntária dos agentes públicos sofreram algu-
normativos que, até o presente momento, dispõem mas alterações. As chances de uma questão
sobre a aposentadoria. sobre essas novas regras caírem em uma prova
no momento são pequenas, mas é importante
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor se prevenir. Existem também regras de transição
será aposentado:
mais específicas, as quais devem ser conhecidas
pelo candidato, ao menos um pouco. Por isso,
Por incapacidade permanente para o traba-
uma leitura da emenda constitucional 103/2019,
lho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação. O Texto Constitu- na íntegra, é altamente recomendada.
cional explicita que será obrigatória a realiza-
ção de avaliações periódicas para verificação
Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natali-
da continuidade das condições que ensejaram
dade é devido à servidora por motivo de nas-
a concessão da aposentadoria, na forma de lei
cimento de filho, em quantia equivalente ao
do respectivo ente federativo;
menor vencimento do serviço público, inclusi-
Compulsoriamente, com proventos proporcio-
ve no caso de natimorto;
nais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
Salário-Família (art. 197): o salário-família
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos
é devido ao servidor segundo o número de
de idade, na forma de lei complementar n°
dependentes econômicos deste. Para todos os
152/2015. Essa Lei complementar dispõe sobre
efeitos, são considerados dependentes econô-
a aposentadoria compulsória com proventos
micos, na forma do art. 197, parágrafo único:
proporcionais, sendo aplicável aos servidores
ocupantes de cargos públicos da União, Estados,
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
Municípios, Distrito Federal e suas autarquias
os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
e fundações; aos membros do Poder Judiciário;
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
aos membros do Ministério Público; e aos mem- do, de qualquer idade;
bros da Defensoria Pública; II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 te autorização judicial, viver na companhia e às
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos expensas do servidor, ou do inativo;
DIREITO ADMINISTRATIVO
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, III - a mãe e o pai sem economia própria.
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, na idade mínima estabeleci- Licença para tratamento de saúde (art. 202),
da mediante emenda às respectivas Constitui- essa licença dependente de perícia médica, sem
ções e Leis Orgânicas, observados o tempo de prejuízo da remuneração a que fizer jus. O ser-
contribuição e os demais requisitos estabele- vidor precisa comprovar que realmente está
cidos em lei complementar do respectivo ente doente e não pode trabalhar;
federativo. Licença à gestante, à adotante e licença-pa-
ternidade (art. 207): a licença à gestante/ado-
Com base na Lei n° 8.666/1990 (art. 186), ao servi- tante/paternidade será concedida por prazo
dor federal poderá ser concedido aposentadoria: não superior a 120 dias, sem prejuízo da remu-
neração. Todavia, a servidora gestante poderá
Aposentadoria por invalidez permanente; sen- prorrogar esse prazo, desde que o requeira até
do os proventos integrais quando decorrente de o final do primeiro mês após o parto, e terá 351
duração de sessenta dias. Trata-se de uma ino- XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
vação trazida pelo Decreto n° 6.690/2008; abuso de poder.
Licença por acidente em serviço (art. 211): o
Estatuto considera como acidente em serviço o Ao mesmo tempo, o art. 117 da mesma Lei impõe
dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que aos servidores públicos diversas proibições. Trata-
se relacione, mediata ou imediatamente, com as -se de uma matéria que exige grande capacidade de
atribuições do cargo exercido; memorização, ainda que não necessite de um alonga-
Pensão por morte (art. 215): esse é um dos mento muito detalhado.
raros benefícios que não é devido ao servidor
(por motivos óbvios), mas a seus dependen- Art. 117 Ao servidor é proibido:
tes, incluindo nesse grupo o cônjuge, o cônju- I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
ge divorciado ou separado judicialmente ou prévia autorização do chefe imediato;
de fato; o companheiro ou companheira que II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
comprove união estável como entidade fami- competente, qualquer documento ou objeto da
liar; ou ainda ao filho de qualquer condição, ou repartição;
seja, todos os entes equiparados a filho (entea- III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de
do, menor tutelado), desde que preencha as
documento e processo ou execução de serviço;
seguintes condições: a) seja menor de 21 (vinte
V - promover manifestação de apreço ou desapreço
e um) anos; b) seja inválido; c) tenha deficiên- no recinto da repartição;
cia grave; ou ainda d) tenha deficiência intelec- VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
tual ou mental; dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício buição que seja de sua responsabilidade ou de seu
também devido aos dependentes do servidor, subordinado;
cujo valor poderá ser: VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
I - dois terços da remuneração, quando afastado a partido político;
por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
determinada pela autoridade competente, enquan- ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
to perdurar a prisão; parente até o segundo grau civil;
II - metade da remuneração, durante o afastamen- IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
to, em virtude de condenação, por sentença defini- ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
tiva, a pena que não determine a perda de cargo. ção pública;
X - participar de gerência ou administração de
DOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS sociedade privada, personificada ou não personifi-
SERVIDORES PÚBLICOS cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
Apesar da grande quantidade de direitos e vanta- XI - atuar, como procurador ou intermediário,
junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
gens, o Estatuto dos Servidores Públicos também atri-
tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
bui aos mesmos diversos deveres, com base no regime
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a ins-
companheiro;
tauração de processo disciplinar para a apuração de XII - receber propina, comissão, presente ou van-
infrações funcionais. tagem de qualquer espécie, em razão de suas
Nos termos do art. 116 da Lei n° 8.112/1990: atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
Art. 116 São deveres do servidor: do estrangeiro;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
cargo XV - proceder de forma desidiosa;
II - ser leal às instituições a que servir; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
III - observar as normas legais e regulamentares; repartição em serviços ou atividades particulares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
manifestamente ilegais; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
V - atender com presteza; emergência e transitórias;
a) ao público em geral, prestando as informações XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
b) à expedição de certidões requeridas para defesa com o horário de trabalho;
de direito ou esclarecimento de situações de inte- XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
resse pessoal; quando solicitado.
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade vidores públicos, o art. 121 da Lei n° 8.112/1990 é bas-
superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
tante claro ao dispor que “O servidor responde civil,
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
penal e administrativamente pelo exercício irregular
competente para apuração;
VII - zelar pela economia do material e a conserva-
de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
ção do patrimônio público; conduta praticada pelo referido servidor pode ense-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; jar em responsabilização em três esferas distintas. A
IX - manter conduta compatível com a moralidade responsabilidade civil do servidor público decorre
administrativa; da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
X - ser assíduo e pontual ao serviço; capazes de causar danos materiais ao erário (patrimô-
352 XI - tratar com urbanidade as pessoas; nio público), ou a terceiros.
A responsabilidade penal do servidor tem seu interesses próprios em face do Poder Público. O reque-
fundamento na apuração de uma conduta criminal, rimento será dirigido à autoridade competente para
isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra- decidi-lo e na sequência encaminhado por intermé-
ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade dio daquela a qual o servidor estiver imediatamente
penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma subordinado. Deve ser respeitado o princípio do con-
vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto traditório e da ampla defesa, dando espaço para que
pela condenação do servidor condenado, como pela tanto o servidor público como o Estado possam impug-
sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela nar todos os pontos do requerimento, apresentar sua
negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses defesa técnica escrita, e interpor recursos (art. 107, Lei
apenas exceções. n° 8.666/1990) das decisões que lhe prejudicarem.
A responsabilidade administrativa, por outro O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos,
lado, consiste na instauração de processo disciplinar quanto aos atos de demissão e de cassação de apo-
(art. 116 e seguintes, Lei n° 8.112/1990), pelo qual have- sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes-
rá a verificação da conduta delituosa do agente, bem se patrimonial e créditos resultantes das relações de
como a aplicação da pena mais adequada. Imprescin- trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
dível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
servidor público pressupõe um processo administra-
tivo, sendo assegurado ao acusado direito ao contra- Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito,
ditório e à ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive, Princípios, Fases e Modalidades
a presença do advogado em todas as fases do referido
processo (Súmula n° 343 do STJ). Todavia, tal entendi- O processo administrativo é o instrumento desti-
mento vem sofrendo alterações, pois o STF já reconhe- nado a apurar as responsabilidades do servidor por
ceu em Súmula Vinculante n° 5 entendimento de que infração praticada no exercício de suas atribuições ou
a falta de defesa técnica no processo administrativo relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
disciplinar não é inconstitucional. rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
Em relação às penalidades administrativas apli- A sindicância é definida como uma averiguação
cáveis aos servidores públicos, a Lei n° 8.112/1990 sumária promovida no intuito de obter informações
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: ou esclarecimentos necessários à determinação do
verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
por escrito para o servidor que cometer atos como: sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
fé a documento público; retirar qualquer docu- ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
mento da repartição sem a devida autorização; e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou Segundo o artigo 145, da sindicância poderá resul-
parente até o segundo grau; entre outros; tar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trin-
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- ta) dias;III - instauração de processo disciplinar.
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a Como forma de impedir que o servidor venha
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser interferir de forma negativa durante a investigação
aplicada por prazo maior a noventa dias; da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- afastamento preventivo do mesmo: Como medida
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- cautelar e a fim de que o servidor público não venha
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
aplicada nos casos em que o servidor: cometer atribuída, a autoridade instauradora do processo
crime contra a administração pública; abandonar administrativo-disciplinar, verificando a existência de
seu cargo; improbidade administrativa; praticar veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
conduta escandalosa na repartição; ofender fisica- nar o seu afastamento do exercício do cargo.
mente, em serviço, outro servidor; revelar segre- Uma vez encerrada a sindicância e, constatado
do o qual obteve devido a sua função; corrupção; uma conduta irregular, temos o início do processo
receber propina, comissão, ou outra vantagem de administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun-
qualquer espécie em razão de suas atribuições; do o art. 148, o processo administrativo ordinário é
etc. Muitas dessas hipóteses impedem que o infra- o instrumento destinado a apurar responsabilidade do
tor retorne ao serviço público federal, por isso tra- servidor público pela infração praticada no exercício de
DIREITO ADMINISTRATIVO
tar-se de uma das penalidades mais gravosas; suas atribuições ou que tenha relação com as atribui-
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- ções do cargo em que se encontre investido.
lidade: o servidor inativo que houver praticado Segundo o art. 149, o processo será conduzido por
falta punível com a demissão, terá a sua aposenta- Comissão composta de três servidores estáveis desig-
doria, ou sua disponibilidade cassada; nados pela autoridade competente, observado o dis-
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função posto no § 3° do art. 143, que indicará, dentre eles,
Comissionada: caso o servidor ocupante de car- o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
pena de suspensão e demissão, poderá perder o escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
seu cargo de confiança ou função comissionada. Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces-
so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”.
Por fim, é importante ressaltar que ao servidor é A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela
conferido direito de petição, na forma do art. 104 e fica encarregada de realizar um relatório contendo
seguintes da Lei n° 8.666/1990, para requerer direitos e
353
todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente indiciação do servidor, com a especificação dos fatos
investigados. a ele imputados e das respectivas provas. O indiciado
Ao todo, são três as fases do processo adminis- será citado por mandado expedido pelo presidente da
trativo disciplinar (art. 151): comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
10 (dez) dias, sendo assegurado dar vista do processo
I - instauração, com a publicação do ato que cons- na repartição, isso é, olhar página por página, parágra-
tituir a comissão; fo por parágrafo, tudo o que já foi produzido no PAD.
II - inquérito administrativo, que compreende ins- Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
trução, defesa e relatório; mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
III - julgamento. A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promo- cesso e devolverá o prazo para a defesa.
verá a tomada de depoimentos, acareações, investi- Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela-
gações e diligências cabíveis, objetivando a coleta
borará um relatório de tudo que foi constado no pro-
de prova, recorrendo, quando necessário, a técni-
cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será
cos e peritos, de modo a permitir a completa eluci-
encaminhado para a autoridade julgadora.
dação dos fatos.
A fase do julgamento tem início com o recebimento
do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
O inquérito administrativo é a fase em que temos a
dias (art. 167) para decidir se acata o relatório ou não.
apuração da responsabilidade disciplinar do servidor
O art. 168, caput e Parágrafo Único, dispõe, de
público. Ela compreende a fase instrutória (colheita
modo geral, que a autoridade julgadora não está
de provas), a citação e apresentação da defesa do ser-
subordinada ao que foi dito no relatório da Comissão.
vidor que está sendo acusado, além da produção de
O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
um documento chamado relatório.
quando contrário às provas dos autos. Quando o rela-
Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que
tório da comissão contrariar as provas dos autos, a
autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de
a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servi-
acompanhar o processo pessoalmente ou por inter-
médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu- dor de responsabilidade.
nhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial. Art. 172 O servidor que responder a processo
disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou
aposentado voluntariamente, após a conclusão
Esse art. 156 trata de um conteúdo muito impor-
do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
tante, por ser a respeito do direito de defesa do servi-
so aplicada. Ocorrida a exoneração de que trata o
dor público. Não é porque não estamos num processo parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será con-
judicial (com a figura de um membro do Poder Judi- vertido em demissão, se for o caso.
ciário) que não devem ser aplicados os princípios
mais básicos e fundamentais do mesmo. É cabível no A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão
processo administrativo o respeito ao contraditório e do procedimento administrativo de que resultou sanção
ampla defesa, a disparidade de armas, o direito de ter disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias
ciência e conhecimento do processo, o direito de ser que possam justificar a inocência do requerente, men-
representado por autoridade competente etc. cionados ou não no procedimento original (art. 174).
A seguir temos alguns meios de prova que são A revisão é uma de defesa utilizada pelo acusado
admitidos no processo administrativo. São muito ou seu representante, para que a autoridade possa
parecidos, praticamente os mesmos meios de prova realizar um novo julgamento do PAD, porque apare-
admitidos em processo judicial. ceu um fato ou circunstância nova que comprovem a
As testemunhas estão dispostas no art. 157, e serão inocência do requerente.
intimadas a depor mediante mandado expedido pelo A revisão de que trata este art. poderá ser requerida
presidente da comissão, devendo a segunda via, com em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
o ciente do interessado, ser anexado aos autos. Quem do servidor público, por qualquer pessoa da família;
chama as testemunhas para colher seus respectivos ou ainda em caso de incapacidade mental do servidor
depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos os
meios de prova, é a Comissão e não a autoridade jul- público, pelo respectivo curador (art. 174, §§ 1° e 2°).
gadora. Esta somente vai atuar no PAD quando todo o No processo revisional, o ônus da prova recai sem-
trabalho da Comissão tiver encerrado. pre ao requerente, correndo em apenso ao processo
Se a testemunha for servidor público, a expedição original (arts. 175 e 178).
do mandado tem que ser imediatamente comunicada A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do a conclusão dos trabalhos de revisão. O prazo para
dia e hora marcados para inquirição. (art. 157, parágra- julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do rece-
fo único). O servidor não pode se ausentar de seu servi- bimento do processo, no curso do qual a autoridade
ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto. julgadora poderá determinar diligências (art. 181,
Concluída a inquirição das testemunhas, a comis- parágrafo único).
são promoverá o interrogatório do acusado, obser- Lembrando que, se da revisão do processo resultar
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e a inocência do servidor, ele tem direito de ser reinte-
158. No caso de mais de um acusado, cada um deles grado ao cargo que antigamente ocupava.
será ouvido separadamente e, sempre que divergirem A revisão do processo não admite a reformatio in
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, pejus, o que significa que não poderá resultar agravamen-
será promovida a acareação entre eles. to da penalidade já aplicada (art. 182, parágrafo único).
A citação do indiciado está disposta no art. 161.
354 Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
a) Princípio da especialidade
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) Princípio da tutela
c) Princípio da impessoalidade
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Se um servidor em dis- d) Princípio da hierarquia
ponibilidade reingressa no serviço público, em cargo e) Princípio da continuidade do interesse público
de natureza e padrão de vencimento correspondentes
ao que ocupava, então, nesse caso, ocorre o que se 2. (IBFC – 2020) No que se refere aos atributos dos atos
denomina administrativos, analise as afirmativas abaixo e dê
valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
a) redistribuição.
b) aproveitamento. ( ) A imperatividade é um atributo do ato administrativo.
c) readaptação. ( ) A autoexecutoriedade é um atributo pelo qual o ato
d) recondução. administrativo pode ser posto em execução pela pró-
e) remoção. pria Administração Pública, sem necessidade de inter-
venção do Poder Judiciário.
A letra A está errada, redistribuição é o desloca- ( ) Para que um ato administrativo esteja em consonân-
mento de cargo de provimento efetivo (que já está cia com a lei e seja presumido legítimo é necessário
em serviço), ocupado ou vago no âmbito do qua- uma intervenção estatal.
dro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
central do SIPEC. A letra C está errada, pois rea- reta de cima para baixo.
daptação é a investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com a) V, V, V
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade b) V, V, F
física ou mental verificada em inspeção médica. A c) V, F, V
letra D está errada, a recondução é o retorno do d) F, F, V
servidor estável para o mesmo cargo anteriormen- e) F, V, F
te ocupado, que ocorre geralmente por inabilitação
em estágio probatório relativo a outro cargo, ou por 3. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa que corresponde
reintegração do anterior ocupante. A letra E está ao atributo do ato administrativo, segundo o qual, pre-
errada, a remoção é o deslocamento do servidor que sumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Admi-
se encontra em serviço, a pedido deste ou de ofício, nistração. Assim ocorre com relação às certidões,
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança atestados, declarações, informações por ela forneci-
de sede. Resposta: Letra B. dos, todos dotados de fé pública.
a) As afirmativas I, II e III estão corretas 9. (IBFC – 2017) Considerando as normas da Lei Esta-
b) Apenas as afirmativas I eII estão corretas dual da Bahia nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas (Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia),
d) Apenas a afirmativa I está correta assinale a alternativa correta.
e) Apenas a afirmativa II está correta
a) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
6. (IBFC – 2020) Acerca dos Poderes da Administração constituem a categoria especial de servidores públi-
Pública, em especial o Poder de Polícia, analise as afir- cos militares estaduais denominados policiais mili-
mativas abaixo. tares, cuja carreira é integrada por cargos técnicos
estruturados hierarquicamente, sendo que a hierar-
I. A polícia administrativa rege-se pelo Direito Adminis- quia e a disciplina são a base institucional da Polícia
trativo, incidindo sobre bens, direitos ou atividades. Militar
II. Costuma-se apontar como atributos do poder de polí- b) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
cia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a constituem a categoria geral de servidores públicos
coercibilidade. civis estaduais denominados policiais militares, cuja
III. A polícia judiciária rege-se pelo Direito Processual carreira é integrada por cargos técnicos estruturados
Penal, incidindo sobre pessoas. hierarquicamente, sendo que a hierarquia e a discipli-
na são a base institucional da Polícia Militar
Assinale a alternativa correta. c) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
constituem a categoria geral de servidores públicos
a) As afirmativas I, II e III estão corretas civis estaduais denominados policiais civis militari-
b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas zados, cuja carreira é integrada por cargos técnicos
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas estruturados hierarquicamente, sendo que a hierar-
d) Apenas a afirmativa I está correta quia e a disciplina são a base institucional da Polícia
e) Apenas a afirmativa II está correta Militar
d) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
7. (IBFC – 2017) Considere a expressão “Administração constituem a categoria especial de servidores públi-
Pública” e assinale a alternativa correta sobre como cos civis estaduais denominados policiais militares,
se denomina a atividade que a Administração Públi- cuja carreira é integrada por cargos políticos estru-
ca executa, direta ou indiretamente, para satisfazer a turados hierarquicamente, sendo que a hierarquia e a
necessidade coletiva, sob regime jurídico predominan- disciplina são a base operacional da Polícia Militar
temente público. e) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
constituem a categoria geral de servidores públicos
a) Intervenção militares estaduais denominados policiais militares,
b) Serviço público cuja carreira é integrada por cargos políticos estrutu-
c) Polícia judiciária rados de forma não hierárquica, sendo que a ausência
d) Polícia administrativa de hierarquia e a disciplina são a base operacional da
e) Intervenção judicial Polícia Militar
8. (IBFC – 2020) Acerca das disposições da Constituição 10. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre os
Federal de 1988 sobre a Administração Pública e os requisitos e condições para o ingresso na Polícia Mili-
servidores públicos, assinale a alternativa incorreta. tar com referência à Lei Estadual da Bahia nº 7.990, de
27 de dezembro de 2001 (Estatuto dos Policiais Milita-
res do Estado da Bahia).
a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na a) Ser brasileiro nato ou estrangeiro residente e ter o
forma da lei mínimo de dezoito e o máximo de trinta anos de idade
356
b) Ser brasileiro nato ou naturalizado e ter o mínimo de I. Os atos vinculados são aqueles que praticados pela
vinte e um e o máximo de trinta anos de idade Administração em estrito cumprimento de uma previ-
c) Ser brasileiro nato ou estrangeiro residente e ter o são legal, que determina sua emissão tão logo ocorri-
mínimo de vinte e o máximo de quarenta e cinco anos da a situação prévia e legalmente catalogada.
de idade II. Atos vinculados tanto podem ser revogados por
d) Ser brasileiro nato ou naturalizado e ter o mínimo de razões de interesse público, após a realização de um
dezoito e o máximo de trinta e cinco anos de idade juízo de conveniência e oportunidade, como podem
e) Ser brasileiro nato ou naturalizado e ter o mínimo de ser anulados na hipótese de vício de legalidade.
dezoito e o máximo de trinta anos de idade III. Os atos discricionários são praticados pela Adminis-
tração como resultante do exercício do poder discri-
11. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre cionário outorgado pela lei, em que o agente, dispondo
escala hierárquica com referência à Lei Estadual da de margem de liberdade, aplica a solução mais apro-
Bahia nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (Estatuto priada ao caso concreto, em respeito à ordem jurídica
dos Policiais Militares do Estado da Bahia). vigente, a fim de resguardar a melhor maneira de atin-
gir o interesse públicos.
a) Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por ato
do Governador do Estado e registrado em Carta Paten- A partir dessa análise, pode-se concluir que:
te; Graduação é o grau hierárquico do Praça conferido
pelo Comandante Geral da Polícia Militar a) apenas I e II estão corretas.
b) Posto e Carta Patente constituem espécies de grau b) apenas I e III estão corretas.
hierárquico do Oficial, conferidos por ato do Governa- c) apenas II e III estão corretas.
dor do Estado d) todas as proposições estão corretas.
c) Posto e Graduação constituem espécies de grau hie- e) todas as proposições estão incorretas.
rárquico do Oficial, conferidos por ato do Governador
do Estado 15. (IBFC – 2017) Considerando o atributo de autoexecu-
d) Graduação é o grau hierárquico do Oficial, conferido toriedade, assinale a alternativa correta.
por ato do Governador do Estado e registrado em Car-
ta Patente; Posto é o grau hierárquico do Praça confe- a) Atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto
rido pelo Comandante Geral da Polícia Militar em execução pela própria Administração Pública, sem
e) Posto e Graduação constituem espécies de grau hie- necessidade de intervenção do Poder Judiciário
rárquico do Oficial, conferidos por ato do Comandante b) Atributo pelo qual, presumem-se verdadeiros os fatos
Geral da Polícia Militar alegados pela Administração
c) Atributo que diz respeito à conformidade do ato com a lei
12. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a d) Atributo que estabelece a necessidade de confirma-
estrutura básica da polícia militar com referência à Lei ção judicial dos atos da Administração Pública
estadual nº 13.201, de 09 de dezembro de 2014 (Reor- e) Atributo que vincula o agente público à vontade do
ganização a Polícia Militar da Bahia). legislador
a) O único órgão colegiado é o Colégio de Coronéis 16. (IBFC – 2016) Leia as afirmações abaixo e assinale a
b) São órgãos de direção tática, o Comando de Opera- alternativa correta.
ções Policiais Militares e o Comando de Operações de
Inteligência I. O Princípio da Supremacia do Interesse Público coloca
c) São órgãos colegiados, o Alto Comando e Colégio de o particular em pé de igualdade com o Poder Público.
Coronéis II. A presunção de legitimidade do ato administrativo é
d) São órgãos de direção estratégica, Comandos de apenas relativa, isto porque a lei nos permite provar o
Policiamento Regionais e Comando de Policiamento contrário, ou seja, provar que a Administração Pública
Especializado não praticou o ato da maneira devida, causando assim
e) São órgãos de direção tática, o Comando de Opera- ilegalidade que pode levar à anulação do ato.
ções Policiais Militares e o Comando de Policiamento
Especializado a) Somente a afirmação I está correta.
b) Somente a afirmação II está correta.
13. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre qual c) Todas as afirmações estão corretas.
é o órgão diretivo superior e estratégico, que tem por d) Nenhuma das afirmações está correta.
finalidade planejar, dirigir, executar, avaliar, deliberar e
DIREITO ADMINISTRATIVO
controlar as atividades da Polícia Militar da Bahia nos 17. (IBFC – 2018) Agentes públicos são todas as pessoas
termos da Lei estadual nº 13.201, de 09 de dezembro físicas incumbidas de exercer alguma função estatal,
de 2014 (Reorganização a Polícia Militar da Bahia). definitiva ou transitoriamente. A esse respeito, assina-
le a alternativa correta.
a) Colégio de Coronéis
b) Colégio de Vogais a) Os agentes não desempenham as funções dos órgãos
c) Conselho de Oficiais a que estão vinculados
d) O Comando-Geral b) Os cargos e as funções nem sempre são independen-
e) Comando de Oficiais tes dos agentes
c) Cargo é o lugar, ao qual corresponde uma função e é
14. (IBFC – 2012) Acerca do regime jurídico dos atos provido por um agente sem estar vinculado a ele
administrativos vinculados e discricionários, analise d) O agente precisa ter ótimas noções da língua portu-
as proposições abaixo. guesa e obrigatoriamente de Direito Público e Privado
357
por conta da função, independentemente do local que c) Submissão ao período de 03 (três) anos, durante o
esteja lotado qual sua aptidão e capacidade serão objeto de avalia-
e) O agente público é aquele que atua em uma atribuição ção para o desempenho do cargo.
de acordo com a vontade do Estado d) Aceitação expressa das atribuições, deveres e respon-
sabilidades inerentes ao cargo público, com o compro-
18. (IBFC – 2012) Considere as seguintes afirmações misso de bem servir, formalizada com a assinatura de
em relação ao regime constitucional dos servidores termo pela autoridade competente e pelo servidor.
públicos: e) Retomo do aposentado por invalidez, quando os moti-
vos determinantes da aposentadoria forem declara-
I. A Constituição Federal não assegura o direito de gre- dos insubsistentes por junta médica oficial.
ve aos servidores públicos, em razão do princípio da
supremacia do interesse público. 9 GABARITO
II. os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
público devem ser computados e acumulados para
fins de concessão de acréscimos ulteriores. 1 C
III. é vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
2 B
cos, entretanto, o mesmo dispositivo constitucional
permite, quando houver compatibilidade de horários, 3 C
a acumulação de um cargo de professor com outro,
técnico ou científico. 4 D
IV. as funções de confiança, exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos 5 C
em comissão, a serem preenchidos por servidores de 6 A
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de 7 B
direção, chefia e assessoramento.
8 D
Somente é correto o que se afirma em: 9 A
a) I e II. 10 E
b) I e III.
11 A
c) II e III.
d) II e IV. 12 C
e) III e IV.
13 D
19. (IBFC – 2014) De acordo a Lei nº 869/52 - Estatuto
14 B
dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Minas
Gerais não é correto afirmar que: 15 A
358
LEI PENAL NO TEMPO
PRINCÍPIOS
Costume é a reiteração de uma conduta, de modo O estudo do Direito Penal se dá pela análise do
constante e uniforme, por força da convicção de sua Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
obrigatoriedade. Possui um elemento objetivo, relati- de 1940) e da chamada legislação penal especial ou
vo ao fato (reiteração da conduta) e ,outro, subjetivo, extravagante, que consiste nas normas penais conti-
inerente ao agente (convicção da obrigatoriedade).
das em leis fora do Código Penal (como, por exemplo,
Ambos devem estar presentes cumulativamente. No
a Lei de Crimes Ambientais, o Estatuto do Desarma-
Direito Penal, o costume nunca pode ser empregado
mento, a Lei de Drogas, entre outras).
para criar delitos ou aumentar penas.
O Código Penal (CP), que será objeto do nosso estu-
Os costumes dividem-se em:
do, é dividido em duas partes: a parte geral (art. 1° ao
art. 120) em que se apresentam os critérios a partir
z Secundum legem ou interpretativo: Auxilia o
dos quais o Direito Penal será aplicado, isto é, quan-
intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos
ou circunstâncias do tipo penal. “Assemelha-se à do determinada conduta vai constituir crime e de que
ideia de “mulher honesta”, expressão antiga que é forma deve ser aplicada a sanção, e a parte especial
compreendida de diversas formas ao longo do ter- (art. 121 ao art. 359), em que constam os crimes em
ritório nacional;” espécie e as respectivas penas.
z Contra legem ou negativo: Também conhecido Para facilitar o estudo, observe a seguinte divisão
como desuso, é aquele que contraria a lei, mas não didática (apenas didática, uma vez que o Código não
tem o condão de revogá-la; está dividido desta maneira):
z Praeter legem ou integrativo: Supre a lacuna
da lei e somente pode ser utilizado na seara das z Parte Geral:
normas penais não incriminadoras, notadamente
para possibilitar o surgimento de causas suprale- Arts. 1 ao 12: Teoria da Norma: Lei penal no tempo
gais de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade. e no espaço;
Arts. 13 ao 31: Teoria do Crime;
Princípios Gerais do Direito: Valores fundamen- Arts. 32 ao 106: Teoria da Pena;
tais que inspiram a elaboração e a preservação do Arts. 107 ao 120: Extinção da Punibilidade.
ordenamento jurídico. Não podem ser utilizados para
DIREITO PENAL
CF CP
Além dos princípios acima, existem outros que
Art. 5º Todos são iguais Art. 2º Ninguém pode ser dizem respeito à aplicação da pena (como o da indivi-
perante a lei, sem distin- punido por fato que lei pos- dualização da pena e da humanidade) ou à teoria do
ção de qualquer natureza, terior deixa de considerar crime (como o da intervenção mínima e o da taxativi-
garantindo-se aos brasi- crime, cessando em virtu- dade, por exemplo).
leiros e aos estrangeiros de dela a execução e os
residentes no País a invio- efeitos penais da sentença
Taxatividade ou da determinação
labilidade do direito à vida, condenatória.
à liberdade, à igualdade, à Parágrafo único - A lei
segurança e à propriedade, posterior, que de qualquer Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal,
nos termos seguintes: modo favorecer o agente, que deve ser suficientemente clara e precisa na for-
[...] aplica-se aos fatos ante- mulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimen-
DIREITO PENAL
XL – a lei penal não re- riores, ainda que decididos to da sanção para que exista real segurança jurídica.
troagirá, salvo para bene- por sentença condenatória Tal assertiva constitui postulado indeclinável do
ficiar o réu; transitada em julgado.
Estado de direito material: democrático e social.
O princípio da taxatividade é uma consequência
Trata-se do “princípio-exceção” da retroatividade
do princípio da legalidade: de nada adianta estabele-
da lei penal mais benéfica: a norma penal mais bené-
fica ao agente do crime, retroage, sendo aplicável a cer a conduta delituosa em lei se a definição do crime
casos em curso ou já definitivamente sentenciados. é vaga, confusa, ampla demais ou, ainda, dá margem
Trata-se de assunto pertinente ao tema Lei penal no a mais de uma interpretação, o que gera insegurança
tempo, que será visto mais adiante. e fere a legalidade. 361
Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos Princípio da Individualização da Pena
Conforme vimos anteriormente, a função do Direi- Garante que o Direto Penal seja aplicado em cada
to Penal é proteger bens jurídicos. De acordo com tal caso concreto, tendo em vista particularidades como a
princípio, dentro do Estado Democrático de Direito, a personalidade do agente e o grau de lesão ao bem jurí-
interferência do Direito Penal na liberdade dos cida- dico (impede, pois, a generalização da aplicação da
dãos só é legítima para proteger os bens jurídicos. pena). Tal princípio está expresso no art. 5º, XLVI, CF:
Princípio da Intervenção Mínima ou da
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurí- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
dicos mais relevantes, intervindo apenas o mínimo
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
necessário nos conflitos sociais e na liberdade dos
[...]
indivíduos. Em outras palavras, a força punitiva do
XLVI - a lei regulará a individualização da pena [...]
Estado deve ser utilizada apenas como último recurso
(ultima ratio).
A pena deve ser individualizada em três planos:
Princípio da Pessoalidade ou da Personalidade ou da legislativo, judicial e executório. Isto é, o princípio da
Responsabilidade Pessoal ou da Intranscendência da individualização da pena se dá em três momentos na
Pena esfera penal:
Encontra-se previsto no art. 5º, XLV, CF: z Cominação: a primeira fase de individualização
da pena se inicia com a seleção feita pelo legisla-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção dor, quando escolhe para fazer parte do pequeno
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
âmbito de abrangência do Direito Penal aquelas
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
condutas, positivas ou negativas, que atacam nos-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
sos bens mais importantes. Uma vez feita essa
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] seleção, o legislador valora as condutas, apre-
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do con- sentando penas de acordo com a importância
denado, podendo a obrigação de reparar o dano do bem a ser tutelado.
e a decretação do perdimento de bens ser, nos ter- z Aplicação: tendo o julgador chegado à conclusão
mos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável,
executadas, até o limite do valor do patrimônio dirá qual a infração praticada e começará, agora,
transferido; a individualizar a pena a ele correspondente,
observando as determinações contidas no art. 59
Tal princípio define que a pena de um agente con- do Código Penal (método trifásico).
denado não pode ser transferida para outra pessoa,
z Execução Penal: a execução não pode igual para
ou seja, apenas o indivíduo sentenciado pode ser
todos os presos, justamente porque as pessoas não
responsabilizado pela conduta criminosa praticada.
são iguais, mas sumamente diferentes, e tampou-
Não importa o tipo da pena (privativa de liberdade
co a execução pode ser homogênea durante todo
ou multa): apenas o autor da infração penal pode ser
período de seu cumprimento. Individualizar a
apenado, esta é a regra.
pena, na execução consiste em dar a cada preso
No entanto, o próprio inciso XLV traz uma exceção:
as oportunidades para lograr a sua reinserção
nas hipóteses previstas nos incisos I, II e §1º do art. 91 do
social, posto que é pessoa, ser distinto.
Código Penal (que estabelece como efeitos da condena-
ção o dever de indenizar o dano causado e o perdimento
de determinados bens), mesmo com o falecimento do Princípio da Proporcionalidade da Pena ou da
condenado a obrigação de reparar o dano e a decreta- Razoabilidade ou da Proibição de Excesso
ção do perdimento de bens alcançam os sucessores até o
limite do valor do patrimônio transferido. Deve existir sempre uma medida de justo equilí-
brio entre a gravidade do fato praticado e a sanção
imposta: a pena deve ser proporcionada ou adequada
Importante! à magnitude da lesão ao bem jurídico representada
pelo delito e a medida de segurança à periculosidade
Vimos acima a questão da responsabilidade criminal do agente.
pessoal: mas e as pessoas jurídicas, respondem A observância deste princípio impede que o Direi-
na esfera penal? Sim, atualmente, somente em to Penal intervenha de forma desnecessária ou exces-
relação aos crimes ambientais. A responsabili- siva na esfera individual, gerando danos mais graves
dade penal da pessoa jurídica é prevista na Lei do que os necessários para a proteção social.
Ambiental, Lei nº 9.605/98, em seu art. 3º. A Esse princípio tem duplo destinatário:
CF prevê a possibilidade da responsabilização
criminal da pessoa jurídica em duas hipóteses: z O poder legislativo: que tem de estabelecer penas
nos crimes ambientais e nos crimes econômicos proporcionadas, em abstrato, à gravidade do
(arts. 173 e 225, §3º, CF) mas apenas o primeiro delito.
encontra-se regulamentado e, portanto, pode ser z Juiz: as penas que os juízes impõem ao autor do
aplicado. delito tem de ser proporcionais à sua concreta
362 gravidade.
Princípio da Humanidade da Pena ou da Limitação A insignificância tem natureza jurídica de causa
das Penas de exclusão da tipicidade material, isto é, como con-
sequência, devem ser tidas como atípicas as ações ou
Em um Estado de Direito democrático veda-se omissões que afetam muito infimamente a um bem
a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem jurídico-penal.
como de qualquer outra medida que atentar contra A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não
a dignidade humana. Apresenta-se como uma dire- justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir
triz garantidora de ordem material e restritiva da lei a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, Tal princípio é utilizado, por exemplo, em casos de
e se relaciona de forma estreita com os princípios da pequenos furtos simples.
culpabilidade e da igualdade. O princípio da insignificância traz consigo uma
Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as série de discussões relevantes. A primeira delas diz
seguintes penas: respeitos aos requisitos para sua aplicação.
De acordo com o entendimento consolidado do
Supremo Tribunal Federal (STF), sua aplicação não
z de morte, salvo em caso de guerra declarada;
é irrestrita e o princípio da bagatela somente pode
z de caráter perpétuo;
ser aplicado se presentes as seguintes condições
z de trabalhos forçados;
objetivas, ligadas, portanto, ao fato (requisitos
z de banimento;
objetivos):
z cruéis.
Um Estado que mata, que tortura, que humilha o REQUISITOS OBJETIVOS DO PRINCÍPIO DA
cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão INSIGNIFICÂNCIA (STF)
que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível
dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014). M Mínima ofensividade da conduta
A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos custos individuais representados pelos efeitos lesivos das
ações reprováveis e somente eles podem justificar o custo das penas e das proibições.
O princípio axiológico da separação entre direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas meramen-
te imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive, perigosos.
Princípio da Razoabilidade
Segundo a doutrina, o razoável sobrepõe o que é legal. E isso faz com que a lei seja interpretada e aplicada em
harmonia com a realidade, de modo social e juridicamente razoável, buscando aquilo que é justo.
De acordo com o princípio do ne bis in idem (não repetir sobre o mesmo), nenhum indivíduo pode ser punido
duas vezes pelo mesmo fato. Tem aplicabilidade no âmbito do direito penal material (ninguém pode sofrer duas
penas em face do mesmo crime) e do direito processual penal (ninguém pode ser processado e julgado duas vezes
pelo mesmo fato).
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incrimina-
doras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente pode ser criados por meio de lei em sentido estrito.
( ) CERTO ( ) ERRADO
O princípio da legalidade serve de parâmetro para fixação das normas penais incriminadoras (aquelas que criam
crimes e suas respectivas penas). Não é possível a criação de tipos penais incriminadoras de nenhuma outra for-
ma que não seja por meio de lei em sentido estrito (Lei Ordinária e Lei Complementar). Nenhum outro diploma
normativo poderá criar crime e cominar penas. Previsão Legal: Artigo 1º do Código Penal e Artigo 5º, XXXIX, da
Constituição Federal. Resposta: Certo.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) É permitida a criação de tipos penais por meio de medida provisória.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Vigora no nosso ordenamento jurídico o princípio da reserva legal, desdobramento do princípio da legalidade,
juntamente com o princípio da anterioridade. O princípio da reserva legal estabelece que somente lei em sentido
estrito pode criar crimes e cominar penas. Segundo a Constituição Federal, em seu Artigo 62, § 1º, I, b, é veda-
do a edição de Medida Provisória sobre Direito Penal. Parte da doutrina e a jurisprudência do STF, admitem a
possibilidade de Medida Provisória em matéria penal, desde que seja para beneficiar o agente, mas eles também
entender não poder a Medida Provisória criar crimes ou penas. Resposta: Errado.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Com relação aos princípios de direito penal, à aplicação da lei penal e ao crime, julgue os
itens subsecutivos.
Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e indeterminadas,
visto que, no preceito primário do tipo penal incriminador, é obrigatória a existência de definição precisa da conduta
proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos e
imprecisos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Segundo posicionamento doutrinário, o princípio da legalidade é desdobrado nas seguintes vertentes. O princípio
da taxatividade proíbe a criação de tipos penais que contenham condutas indeterminadas, imprecisas. O seguinte
tipo penal seria vedado em nosso ordenamento jurídico: Violar a moralidade pública. Reclusão, de 5 a 8 anos. O
que vem a ser moralidade administrativa é um conceito vago, indeterminado, que pode ser interpretado de inú-
meras maneiras conforme a análise de cada indivíduo. Resposta: Certo.
A estrutura da lei penal apresenta um preceito primário (conduta) e um preceito secundário (pena).
As leis penais podem ser incriminadoras e não incriminadoras; completas ou perfeitas e incompletas ou
364 imperfeitas. A lei penal não é proibitiva, mas descritiva, pois descreve condutas típicas.
ESTRUTURA DA LEI PENAL
Incriminadoras Não Incriminadoras Completas ou Perfeitas Incompletas ou Imperfeitas
Ao contrário das completas, são aquelas
que precisam de elemento normativo ou al-
gum outro complemento para ser aplicável.
Por exemplo,veja o art. 33 da Lei de Drogas:
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
Não necessitam de nenhum
Definem as condutas Não preveem crimes, pelo venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
complemento normativo (va-
que se pretende prevenir, contrário, tornam lícitas ou trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
lorativo) para serem aplicá-
atribuindo determinada excluem a culpa. entregar a consumo ou fornecer drogas, ain-
veis ao caso concreto.
pena. Exemplo: Legítima defesa. da que gratuitamente, sem autorização ou
Exemplo: matar alguém.
em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Para que o artigo acima seja aplicável, é ne-
cessário definir o que se entende por droga.
Assim, faz-se necessário que uma portaria
da ANVISA defina o que é droga.
LEIS INCRIMINADORAS
Primeira Parte
Descreve a conduta típica e os demais elementos necessários para que o fato seja considerado criminoso, o que
também é chamado de preceito primário da norma incriminadora.
Exemplo: Crime de furto – caput do art. 155 do Código Penal: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel.
Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são denominados elementos ou elementares. Eles se subdi-
videm em três espécies: elementos objetivos, subjetivos e normativos.
z Elementos Objetivos: São os verbos constantes dos tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos
significados não demandam qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto. Todos
os tipos penais possuem elementos objetivos;
z Elementos Subjetivos: Dizem respeito à especial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão delituosa.
Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos. O crime de extorsão mediante sequestro, por
exemplo, consiste em sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate (Art. 159 do CP). O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter
vantagem como decorrência do sequestro;
z Elementos Normativos: Aqueles cujo significado não se extrai da mera observação, dependendo de uma
interpretação, ou seja, de um juízo de valor. No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada ele-
mento normativo, pois só se sabe se um bem é alheio quando se está diante de um caso concreto e se faz uma
análise, envolvendo o bem e a pessoa acusada de tê-lo subtraído. São poucos os crimes que possuem elemento
normativo.
Os tipos penais compostos somente por elementos objetivos são chamados de normais e aqueles que também
contêm elementos subjetivos ou normativos são classificados de anormais (por serem exceção).
Segunda Parte
A lei prevê a pena a ser aplicada a quem realizar a conduta típica ilícita. No caso do furto, a pena estabelecida
é de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Esse é o chamado preceito secundário da norma.
Além da definição legal e da respectiva pena, as normas incriminadoras podem ser complementadas na Parte
Especial por circunstâncias que tornam a pena mais grave ou mais branda.
As causas de aumento são índices de soma ou multiplicação a serem aplicados sobre a pena estabelecida na
DIREITO PENAL
fase anterior. Continuando no exemplo do crime de furto, § 1º do art. 155 do CP, a pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado durante o repouso noturno.
QUALIFICADORAS
As qualificadoras alteram a pena em abstrato (preceito secundário) como um todo, descrevendo novas penas
máxima e mínima. No crime de furto, por exemplo, além do tipo básico já mencionado e descrito no caput do art.
155, existem as qualificadoras (rompimento de obstáculo, emprego de chave falsa, escalada, concurso de agentes
etc.). 365
Art. 155 [...] não mais produz efeitos) ou tácita (quando não há
§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, revogação expressa, mas a nova lei é incompatível
e multa, se o crime é cometido: com a anterior ou regula totalmente a matéria que
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à constava na lei mais antiga).
subtração da coisa; A regra é que a lei regula todas as situações ocor-
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, ridas entre a sua entrada em vigor e sua revogação
escalda ou destreza; (tempus regit actum). Esse fenômeno jurídico é cha-
III – com emprego de chave falsa;
mado de atividade.
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Se, excepcionalmente, a lei regula situações fora
de seu período de vigência, temos o fenômeno da
ABRANDAMENTO DA PENA
extratividade.
A extratividade se dá de duas formas: quando a
Há hipóteses de abrandamento da pena, como por lei regula situações ocorridas antes de sua vigên-
exemplo, o furto privilegiado. cia (passado), chamamos a extratividade de retroa-
tividade. Se, por outro lado, a lei se aplica mesmo
Art. 155 [...]
depois de cessada sua vigência (futuro), temos a
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno
ultratividade.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 (um)
a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena de
multa. Importante!
A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua
LEIS NÃO INCRIMINADORAS aplicação somente durante seu período de
vigência. Como exceção, temos a extratividade
As não incriminadoras podem ser explicativas da lei penal mais benéfica, ou seja, sua aplicação
(também chamadas complementares ou finais) ou
para regular situações passadas (retroatividade)
permissivas.
ou futuras (ultratividade)
z Explicativas (complementares ou finais): Escla-
recem o conteúdo de outra norma, como no caso Observe o art. 2º do Código Penal:
do conceito de funcionário público, ou tratam de
regras gerais para aplicação das demais normas, Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei
como as que disciplinam a tentativa e o nexo de posterior deixa de considerar crime, cessando em
causalidade; virtude dela a execução e os efeitos penais da sen-
z Permissivas: Podem ser justificantes, quando ex- tença condenatória.
cluem a antijuridicidade, e exculpantes, quando Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
excluem a culpabilidade. São as que preveem a modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante-
licitude ou a impunidade de determinados com- riores, ainda que decididos por sentença condena-
portamentos, apesar de se enquadrarem na descri- tória transitada em julgado.
ção típica. São normas permissivas, por exemplo,
aquelas que excluem a ilicitude do aborto provo- O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma vez
cado por médico quando não há outro meio para que está analisando a aplicação da lei penal tomando
salvar a vida da gestante, ou quando a gravidez por base a data do fato delituoso. Assim, temos duas
resulta de estupro e há consentimento da gestante situações:
(Art. 128 do CP), ou, ainda, as hipóteses de isenção
de pena existentes nos crimes contra o patrimônio z Ou se aplica regra do tempus regit actum, se for
praticados contra cônjuge ou contra ascendente mais benéfico; ou
sem emprego de violência ou grave ameaça (Art. z Se aplica a lei posterior (aquela que entra em
181, do CP). vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa-
tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada
A legislação penal brasileira optou pela proibi- também de lex mitior.
ção indireta, descrevendo o fato como pressuposto
da sanção – técnica legislativa desenvolvida por Karl Observe as duas situações no Fluxograma a seguir:
Binding e chamada de teoria das normas, segundo a
qual é necessária a distinção entre norma e lei penal. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BRANDA
Feitos estes apontamentos, avançaremos para o
estudo dos assuntos novatio legis in pejus, novatio
legis in mellius, assim como sobre abolito criminis e a Fato Nova lei
Sentença
retroatividade da lei penal em vigor
Fato Nova lei em é a lei nova (novatio legis) que, sem excluir a incri-
Sentença
vigor minação, ou seja, sem constituir abolitio criminis, é
mais favorável ao agente (in mellius). Por exemplo
quando comina pena mais branda, inclui atenuantes,
LEI “A” LEI “B” permite a obtenção de benefícios como a sursis e o
livramento condicional, entre outros. Tem como con-
Revogada. Se esta Se esta for mais favo- sequências: de acordo com o art. 5º, XL, CF e art. 2º,
for mais benéfica rável, aplica-se na caput, CP, retroage para favorecer o agente, aplican-
adota-se a regra da sentença a regra geral do-se aos fatos anteriores “ainda que decididos por
DIREITO PENAL
Lei Intermediária
Note que, diferentemente do primeiro esquema,
neste o foco está na sentença e não no fato. É uma O que acontece se houver uma lei intermediária,
questão de perspectiva. ou seja, que entrou em vigor depois da data do fato
De quem é a competência para aplicar a lei poste- e foi revogada antes da sentença? Neste caso, deve
rior favorável? Antes do juiz proferir a sentença, não ser aplicada em favor do réu a mais favorável delas,
há dificuldade: cabe ao juiz de 1º grau sua aplicação; mesmo que for a intermediária (também chamada de
em grau de recurso, a competência é do Tribunal; e se intermédia) e não a última. 367
Conjugação de Leis Art. 5º (CF/88) [...]
XI A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
O que acontece se houverem várias leis sucessivas guém nela podendo penetrar sem consentimento
e cada uma delas tem uma parte, um aspecto mais do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
favorável ao sujeito. É possível combinar várias leis, desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
criando uma “terceira lei” para beneficiar o agente? dia, por determinação judicial.
Segundo a maior parte da doutrina, não, por violar o
princípio da legalidade. Essa é a posição do STJ e do STF. Observe que o dispositivo legal apresenta o termo
“casa”, porém, não se limita a somente esse tipo de
Retroatividade e a Lei Processual propriedade. Aplica-se, também, no caso concreto, aos
prédios, apartamentos, consultórios, escritórios etc.
Ainda na temática da retroatividade da lei é Vimos, então, que não se trata de uma lacuna da
importante fazer distinção entre a retroatividade da Lei, pois existe uma previsão para o caso concreto. A
lei penal e da lei processual penal. Para tanto, analisa- interpretação extensiva busca apenas ampliar o con-
remos agora alguns pontos acerca da aplicação da lei ceito e o alcance do texto legal.
processual penal.
A regra do CPP é seguir o princípio da territoria- Leis Temporárias e Excepcionais
lidade, isto é, dentro do Brasil, aplica-se o Código. No
A regra da retroatividade benéfica não se aplica
entanto, tal princípio é mitigado, com ressalva dos
no caso das chamadas leis intermitentes (leis tem-
pactos internacionais, dos crimes de responsabilida-
porárias e leis excepcionais). Veja o art. 3º, CP:
de, da competência militar, das leis especiais, da lei
eleitoral e do Tribunal Penal Internacional (TPI). Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
fato praticado durante sua vigência.
sob a vigência da lei anterior.
z Lei Excepcional: é aquela feita para vigorar em
Aplica-se, ainda, o princípio do efeito imediato, épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É
também conhecido como tempus regit actum, que aprovada para vigorar enquanto perdurar o perío-
funciona como um sistema de isolamento dos atos do excepcional. São facilmente identificáveis por
praticados, permitindo que a lei nova entre em vigor expressões como “esta lei terá vigência enquanto
imediatamente, porém preserva-se a validade dos durar o estado de calamidade pública”.
atos realizados sob a vigência da lei anterior. z Lei Temporária: é aquela feita para vigorar por
Todavia, vale destacar que o prazo já iniciado, determinado tempo, estabelecido previamente na
inclusive o estabelecido para a interposição de recur- própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de
so, será regulado pela lei anterior se essa não prescre- cessação de sua vigência. Um exemplo de lei tem-
ver prazo menor do que o fixado no CPP. porária é a Lei nº 12.663/12, denominada Lei Geral
De acordo com o art. 3º, do CPP, em matéria pro- da Copa, que criou tipos penais que duraram até o
cessual, é admitida a interpretação extensiva, além da dia 31 de dezembro de 2014.
aplicação analógica e dos princípios gerais de direito.
Posto isso, rege o art. 3º do Código Penal que, mes-
Art. 3º A lei processual penal admitirá interpreta- mo cessadas as circunstâncias que a determinaram
ção extensiva e aplicação analógica, bem como o (lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
suplemento dos princípios gerais de direito. ção (lei temporária), é possível aplica-las aos fatos pra-
ticados durante sua vigência.
Desta forma, são leis ultra-ativas, isso porque
A analogia é uma ferramenta utilizada para suprir
regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo
uma omissão legislativa e chegar a uma solução para
após sua revogação.
o caso. Por exemplo, o juiz não pode deixar de decidir
em um caso concreto, mesmo que não exista uma lei
específica para o caso em tela. Deste modo, o juiz deve- Importante!
rá recorrer a uma forma de integração da lei, “pegan-
do emprestado” uma norma, para suprir a omissão do Ultratividade: as leis de vigência temporária (excep-
caso concreto. cionais e temporárias) são ultra-ativas, no sentido
Para compreender melhor, vejamos uma previsão de continuarem a ser aplicadas aos fatos pratica-
da Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro dos durante a sua vigência mesmo depois de sua
– LINDB: auto revogação.
o que vai servir como atenuante). ca, incluindo os crimes (ou delitos) e as contravenções
(veja, por exemplo, os arts. 70, 72, 74, 76, 77 etc.). Em
Tempo do crime nas infrações permanentes e outras situações, emprega a expressão delitos como
continuadas sinônimo de infração (por exemplo, conforme consta
nos arts. 301 e 302, CPP).
Nestes casos, será aplicada regra especial, que Para os fins do nosso estudo temos, então que
consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave infração penal pode significar crime (ou delito) e
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, contravenção penal.
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade As diferenças entre crime e contravenção serão
ou da permanência”. vistas mais adiante. 369
Conceito de crime No entanto existem outros elementos que ajudam
na distinção.
O conceito de crime não é natural e sim algo arti- Em relação às penas: os crimes são punidos com
ficial, criado pelo legislador tendo em vista os interes- penas privativas de liberdade (reclusão ou detenção),
ses da sociedade. Mas o que é crime? restritivas de direitos e multa; já as contravenções são
Podemos responder esta pergunta de três dife- punidas com prisão simples e/ou multa.
rentes formas, olhando para o crime sob diferentes Com relação ao elemento subjetivo: no crime é o
aspectos: material, formal e analítico. dolo ou a culpa; na contravenção é a voluntariedade.
Vamos ver o conceito de crime de acordo com cada Por último, é possível a tentativa nos crimes,
um desses pontos de vista:
enquanto ela é incabível nas contravenções.
z Aspecto material: é o juízo, a visão que a socie-
Sujeitos do crime
dade tem sobre o que pode e deve ser proibido
por meio da aplicação de sanção penal. Sob esse
aspecto, o conceito material de crime consiste Antes de analisarmos os elementos do crime é
na conduta que ofende um bem juridicamen- importante fixar alguns conceitos sobre os sujeitos do
te tutelado (bem juridicamente considerado crime.
essencial para a existência da própria sociedade e Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na nor-
manutenção da paz social); ma penal incriminadora. O crime é uma ação huma-
na, sendo que apenas o ser humano pode delinquir.
z Aspecto formal: é a concepção sob a ótica do direi-
Animais e entes inanimados não possuem capacidade
to. Assim, o conceito formal de crime constitui
penal (conjunto de condições necessárias para que
uma conduta proibida por lei, que se realizada,
um sujeito possa ser titular de direitos e obrigações
resulta na aplicação de uma pena. Considera-se
crime, dessa forma, o que o legislador apontar na esfera penal).
como tal;
z Por fim, o conceito que interessa aos nossos estu-
Importante!
dos: sob o aspecto analítico, se procura apontar,
estabelecer os elementos estruturais do crime. A Constituição Federal prevê nos arts. 173, § 5º,
Vejamos: e 225, § 3º, que a legislação ordinária estabeleça
a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos
Conceito analítico de crime contra a economia popular, a ordem econômica
e financeira e o meio ambiente. Atualmente ape-
Do ponto de vista analítico, diferentes doutrinado- nas a Lei nº 9.605/98, Lei de Proteção Ambiental
res enxergam o crime de formas diferentes. Existem prevê essa responsabilidade. Ou seja, a pessoa
várias correntes, mas as principais são duas:
jurídica responde por crime ambientais.
� A que entende que o crime é Fato Típico + Anti-
jurídico (concepção bipartida), sendo a culpabi- Existem várias nomenclaturas em lei para se refe-
lidade pressuposto de aplicação da pena (entre rir ao sujeito ativo: “agente” (por exemplo, nos arts.
eles René Ariel Dotti, Fernando Capez, Damásio de 14, II; 15; 18, I e II; 19; 20, § 3º; 21, parágrafo único;
Jesus, Julio Fabrini Mirabete, Cleber Masson); e 23, caput e parágrafo único; 26, caput e parágrafo
z A que concebe o crime como um Fato Típico + único, todos do CP); “indiciado”, na fase do inquérito;
Antijurídico + Culpável (concepção tripartida acusado, denunciado, réu durante a fase processual;
ou tripartite) e que é majoritária tanto no Brasil “sentenciado”, “preso”, “condenado”, “detento” ou
quanto no exterior. Entre seus adeptos estão tanto “recluso”, para aqueles que já foram condenados.
aqueles que adotam a teoria da conduta finalista Usa-se, ainda, sob o ponto de vista biopsíquico, as
(como Heleno Fragoso, Eugenio Raúl Zaffaroni, expressões “criminoso” ou “delinquente”.
Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros) ou Por outro lado, sujeito passivo é entendido como
causalista (Nélson Hungria, Frederico Marques, o titular do bem jurídico cuja ofensa fundamenta o
Aníbal Bruno e Magalhães Noronha). crime. Existem duas espécies:
cídio, nas lesões corporais). Crime de perigo são os Júlio Fabrinni Mirabete e Miguel Reale Júnior, dentre
que se consumam com a mera possibilidade do dano outros penalistas.
(como, por exemplo, na rixa, art. 137, CP e no incên- Para a teoria finalista, também chamada de “teo-
dio, art. 250, CP). ria final”, “finalismo penal”, “teoria finalista da ação”
Os crimes de perigo, por sua vez, subdividem-se em: ou, ainda, “teoria da ação finalista”, o crime é fato
típico (seus elementos são: conduta, dolosa ou cul-
z Crime de perigo presumido (ou abstrato) e crime posa; resultado naturalístico; relação de causalidade
de perigo concreto: No presumido ou abstrato o ou nexo causal; e tipicidade), ilícito (antijurídico) e
perigo é presumido pela lei. Basta a ação ou omis- culpável (imputabilidade; exigibilidade de conduta
são (exemplo, art. 135, CP; art. 306, CTB e arts. 14 diversa e potencial consciência da ilicitude). 371
Fator importante a ser lembrado quando se fala nes- No entanto, em alguns casos, vão bastar apenas a
ta teoria, é que o dolo e a culpa integram o fato típico. conduta e a tipicidade. Isto ocorre nos crimes formais
Assim, segundo a teoria finalista, o conceito analí- (que dispensam a ocorrência do resultado, que é mero
tico de crime é composto pelos seguintes elementos: exaurimento; ou ainda, nem o preveem, fazendo com
que seja desnecessário verificar o nexo causal) como
z Fato Típico no exemplo abaixo:
Conduta
Resultado Conduta
Nexo causal Nexo Causal
Tipicidade Exigir que se
assine um Resultado
contrato
z Antijurídico (ou Ilícito) Não é
favorável ao necessário Tipicidade
autor, sob Não é
Contrariedade ao ordenamento jurídico ameaça necessário Adequação
entre o fato
praticado e a
z Culpabilidade previsão legal:
Art.158,CP
Juízo de reprobabilidade formado pela: (Extorsão)
imputabilidade;
Conduta
exigibilidade de conduta diversa; e
potencial consciência da ilicitude.
A conduta é toda ação ou omissão humana, cons-
ciente e voluntária, dirigida a determinada finalidade.
Vamos agora estudar os elementos do crime, de
A conduta pode se realizar:
forma separada, assim como suas causas de exclusão.
z Por uma ação (um fazer, um comportamento posi-
ELEMENTOS
tivo); ou
Fato Típico z Por uma omissão (um não fazer, uma abstenção).
Não importa a posição adotada, bipartite (Crime Existem várias teorias que tratam da definição
= Fato Típico + Antijurídico) ou tripartite (Crime = da conduta criminosa; é essencial conhecer a Teoria
Fato Típico + Antijurídico + Culpável) o primeiro Finalista da Conduta, elaborada por Hans Welzel e
elemento (requisito, característica) do conceito analí- sobre a qual já mencionamos. Para a teoria finalista,
tico de crime é o fato típico. adotada pelo cp como vimos, a conduta precisa ser
O fato típico possui 4 elementos: ou dolosa ou culposa, ou seja, dolo e culpa, integram
o Fato Típico (estão dentro da conduta, que é um de
z Conduta dolosa ou culposa; seus elementos).
Mas o que são dolo e culpa?
z Nexo de causalidade (exceto nos crimes de mera
Ainda dentro do estudo da conduta, vamos estabe-
conduta e nos formais);
lecer os conceitos de dolo e de culpa, essenciais para
z Resultado (salvo nos crimes de mera conduta); o entendimento do próprio conceito de crime. Vamos,
z Tipicidade. em primeiro lugar ao Código Penal verificar o que
está disposto sobre o dolo e a culpa.
Dos 4 elementos do fato típico, 2 deles, a conduta
e a tipicidade são obrigatórios. Em alguns casos, não Art. 18 Diz-se o crime:
são necessários o nexo de causalidade e o resultado. Crime doloso
No caso dos crimes materiais (como já vimos aci- I – doloso, quando o agente quis o resultado ou
ma, que é aquele que descreve uma conduta + um assumiu o risco de produzi-lo;
resultado naturalístico e, para que o crime ocorra, é Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resulta-
preciso que acontece o resultado descrito na norma),
do por imprudência, negligência ou imperícia.
são necessários os 4 elementos para que se configure
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei,
o crime, como por exemplo, no caso do homicídio:
ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.
Conduta
Vamos ver, agora de forma separada, o dolo e a
Nexo Causal culpa, que são os elementos subjetivos da conduta.
Resultado
Uma Relação de
facada,
por
causa e efeito
Tipicidade Importante!
entre a Sendo crime
exemplo. facada (ação) material, Não existe crime sem dolo ou culpa (princípio da
Adequação
e o resultado requer o
(morte) resultado, no
entre o fato responsabilidade subjetiva)!
praticado e a
caso, a morte. previsão legal:
Os crimes, em geral, são dolosos e, excepcional-
Art.121,CP mente, culposos (apenas quando a lei, de forma
(Matar alguém) expressa, determinar).
372
Dolo Crime Preterdoloso ou Preterintencional
Podemos definir dolo como sendo a vontade de Trata-se de uma espécie de crime qualificado pelo
produzir o resultado típico. resultado. Neste caso, o agente quer causar um deter-
minado resultado (possui dolo quanto a este resultado),
No dolo direito (ou imediato ou determinado) exis-
mas acaba causando outro resultado, de forma culposa
te a intenção do agente de ofender o bem jurídico.
(possui dolo no antecedente e culpa no consequente.
Exemplo: querendo a morte da vítima, o atirador des- Ocorre, por exemplo, na lesão corporal seguida
fere um tiro fatal. de morte, quando o agente quer lesionar (dolo) mas
Já no dolo indireto ou eventual, o sujeito assume o acaba matando (por culpa). Neste caso a conduta sub-
risco de produzir o resultado. sequente (morte) vai servir como um evento qualifica-
A diferença relevante está entre o dolo direito e o dor (vai responder pelo crime na forma mais grave).
eventual. Mas existem outras classificações de dolo,
sem muita utilidade. Dentre essas, cabe mencionar o Resultado
dolo alternativo, que pode aparecer em algum enun-
ciado de questão. O segundo elemento do fato típico é o resultado,
Dolo alternativo se configura quando o agente age que nada mais é do que a modificação do mundo exte-
rior causada pela conduta (é o que se chama de resul-
com indiferença, buscando um resultado ou outro
tado naturalístico: aplicação da teoria naturalística).
(não se trata de uma forma independente de dolo).
No entanto nem todo crime tem resultado (natu-
Exemplo de dolo alternativo é o do agente que encon- ralístico), como no caso dos crimes de mera conduta
tra uma carteira em um banco de praça e a leva para (conforme já vimos, que é aquele em que a lei descre-
casa, pouco se importando se alguém a esqueceu ali ve apenas uma conduta e não um resultado, consu-
ou é de alguém que se encontra brincado com o filho mando-se no momento da prática da conduta, como
no parque que fica dentro da praça. Neste caso pode no caso do delito de invasão de domicílio).
ter praticado o crime de furto (art. 155, CP) ou de apro-
priação de coisa achada (art. 169, II, CP). Nexo de causalidade ou nexo causal ou relação de
São elementos do Dolo: causalidade
dados necessários quanto à assepsia antes de uma to o industrial agiram com dolo ou culpa: caso nega-
cirurgia, o que acaba por causar uma infecção que tivo, não serão responsabilizados (não há fato típico).
provoca a morte do paciente. Tema importantíssimo ao tratar de nexo causal diz
respeito às concausas e seus efeitos
Sempre nas questões que envolvem o dolo even- Concausas são as causas concomitantes que se
tual e culpa consciente, se fizermos uma leitura unem para gerar o resultado. Na prática não há dis-
rápida, podemos ficar com dúvida. Portanto, vamos tinção entre causas e concausas. As causas podem ser
fazer a segunda leitura da questão e identificar as preexistentes, concomitantes e supervenientes, abso-
palavras que diferenciam o dolo eventual da culpa luta ou relativamente independentes da conduta do
consciente. sujeito. 373
A questão aqui é que temos duas possíveis causas z 3º caso (causa superveniente): uma pessoa balea-
para um único resultado, e é necessário se determinar da no peito é socorrida por uma ambulância que, no
de que forma o agente deverá ser responsabilizado, percurso até o hospital, sofre um acidente, fazendo
tendo em vista sua contribuição para o resultado final com que a vítima venha a falecer de traumatismo
do crime. Ou seja, a responsabilização vai variar de craniano. Neste caso há nexo causal, no entanto o
acordo com a relevância da concausa (se ela contri- art. 13, § 1º do CP, apresenta uma exceção, excluin-
buiu ou não para o resultado produzido). do a imputação, fazendo com que o agente só res-
Primeiramente vamos ver a hipótese das causas ponda pelos atos já praticados (superveniência de
absolutamente independentes: da conduta do sujeito. causa relativamente independente).
Vamos tratar por meio de exemplos, pois é a forma
mais fácil de se entender:
Importante!
z 1º caso (causa preexistente): imagine a situa-
ção em que o genro envenena a sogra no café da Se as causas forem relativamente independen-
manhã. O veneno “A” leva tempo para agir. Na tes (preexistentes ou concomitantes) o agente
hora do almoço, a nora envenena (veneno “B”) o responde pelo resultado. Por exceção da lei (art.
suco da sogra, que logo após, cai morta. A necrop- 13, § 1º, CP) no caso da superveniência de causa
sia conclui que o veneno “A”, exclusivamente, foi a relativamente independente, o agente só respon-
causa mortis. de pelos atos já praticados.
z 1º caso (causa preexistente): numa briga entre Para estudarmos os crimes consumados e os crimes
vizinhos, o vizinho “A” dá um golpe de estilete no tentados, é importante conhecermos a iter criminis.
braço do vizinho “B’, com a intenção de mata-lo. A
Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho
vítima era hemofílica, o que fez com que perdesse
do crime, corresponde às etapas percorridas pelo
grande quantidade de sangue, vindo a falecer. Nes-
agente para a prática de um fato previsto em lei como
te caso, existe uma relação de causalidade entre a
conduta (“estiletada”) e o resultado (morte), sen- infração penal.
do a causa da morte a hemofilia (condição). Nesta Considerando que já estudamos crime doloso,
hipótese, a conduta e a causa não são absoluta- podemos concluir que iter criminis é um instituto
mente independentes, mantendo-se o nexo causal: exclusivo dos crimes dolosos.
portanto o vizinho que desferiu o golpe vai respon- Os crimes possuem as seguintes fases:
der pelo resultado.
z 2º caso (causa concomitante): um assaltante entra z Cogitação ou fase interna: É a fase mental de pre-
numa casa e atira no morador que, no momento, paração do crime: idealização, deliberação e reso-
estava infartando, sendo que a lesão causada pelo lução. Não há conduta penalmente relevante.
projétil contribuiu para que ocorresse o evento z Atos preparatórios: O crime começa a se proje-
morte. Neste caso, há relação de dependência casa- tar no mundo exterior. O agente adquire arma
-conduta, não havendo quebra do nexo causal; de fogo. Em regra, não são puníveis, salvo nos
374 assim sendo o agente responde pelo resultado. crimes-obstáculo.
z Atos de execução: O agente começa a realizar o Tentativa
núcleo do tipo penal, de forma idônea e inequívo-
ca. Essa fase pode haver punição pela tentativa. z Branca ou incruenta (improfícua): o objeto do
crime não é atingido pela conduta. O iter criminis
z Consumação: Crime consumado é quando nele se
percorrido, o quantum de redução deve se aproxi-
reúnem todos os elementos de sua definição legal.
Fim do iter criminis. mar da fração máxima (2/3).
z Exaurimento: Não influi na tipicidade, mas pode z Vermelha ou cruenta: o objeto de crime é atingi-
influenciar na dosimetria da pena, ser reconhecido do pela conduta. Considerando o iter criminis per-
como qualificadora ou configurar crime autônomo. corrido, o quantum de redução da tentativa deve se
aproximar do mínimo (1/3).
Crime-obstáculo z Perfeita ou acabada: o agente esgota todos os
meios de execução à sua disposição e, mesmo
Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos
assim, a consumação não sobrevém por circuns-
preparatórios são punidos como crime autônomo, por
tância alheias a sua vontade.
exemplo, associação criminosa, art. 288, do CP.
z Crime falho: agente dispara tiros na vítima, mas é
Atos preparatórios e atos de execução socorrida e sobrevive.
z Imperfeita ou inacabada: o agente, por fatores
z Teoria subjetiva: importa a exteriorização da
alheios a sua vontade, não esgota os meios de
vontade criminosa pelo agente e não distingue
execução ao seu alcance, dentro daquilo que con-
atos preparatórios de atos executórios.
sidera suficiente, em seu projeto criminoso, para
z Teoria objetiva-formal (majoritária): a execu- alcançar resultado.
ção inicia-se quando o agente começa a praticar o z Tentativa propriamente dita: agente, no segundo
núcleo contido no tipo penal. Antes disso, os atos disparo, é interrompido pela chegada de policiais
são preparatórios. e o crime não se consuma por circunstância alheia
z Teoria objetiva-material: são atos executórios à sua vontade.
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, São crimes que admitem tentativa:
com base na visão de terceira pessoa alheia à con-
duta criminosa. (Rogério Cunha Sanches) z Crimes dolosos;
z Teoria objetiva-individual: são atos executórios z Crime plurissubsistentes (formais e de mera conduta);
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do z Omissivos impróprios;
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, z Crimes de perigo concreto;
com base no plano concreto do agente.
z Crimes permanentes.
z Teoria da hostilidade ao bem jurídico: a execu-
ção inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico Crimes que não admitem tentativa:
dolo de subtrair e dolo de matar, mas o resultado Salvo disposição em contrário, pune-se a tentati-
morte não ocorre por circunstâncias alheias à sua va com a pena correspondente ao crime consumado,
vontade. O fator determinante para a consumação diminuída de 1/3 a 2/3.
do latrocínio é a ocorrência do resultado morte, A tentativa é uma causa de diminuição de pena.
sendo dispensada a efetiva inversão da posse. A redução deve ser basear no iter criminis percor-
rido pelo agente.
O crime é consumado quando nele se reúnem A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é
todos os elementos da sua definição legal. A tentativa uma norma de extensão ou de ampliação, uma vez
ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma que, o tipo penal deve ser conjugado com o art. 14, II,
por circunstância alheias à vontade do agente. do CP. 375
O art. 14, II, do CP, dispõe que a tentativa é o início No exemplo 1, o crime foi consumado, por isso foi
de execução de um crime que somente não se consu- aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena pre-
ma por circunstâncias alheias à vontade do agente. vista para furto é de um a quatro anos, e multa).
O ato de tentativa é um ato de execução. No exemplo 2 o crime foi tentado, motivo pelo qual
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos execu- a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando em
tórios, daí não sobrevindo a consumação por forças 1 ano e 4 meses.
estranhas ao seu propósito, o que acarreta em tipici- A tentativa constitui-se em causa obrigatória de
dade não finalizada, sem conclusão. diminuição da pena.
A tentativa tem três elementos em sua estrutura: Incide na terceira fase de aplicação da pena priva-
tiva de liberdade, e sempre a reduz.
z Início da execução do crime; A liberdade do magistrado repousa unicamente no
z Ausência de consumação por circunstâncias alheia quantum da diminuição, balizando-se entre os limi-
à vontade do agente; tes legais, de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). Deve
z Dolo de consumação.
reduzi-la, podendo somente escolher o montante da
diminuição. E, para navegar entre tais parâmetros, o
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo
critério decisivo é a maior ou menor proximidade da
da consumação: o sujeito quer o resultado!
consumação, ou seja, a distância percorrida do iter
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na
criminis.
consumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa,
quando “A” consegue colocar a mão no celular, é sur- Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria
preendido por “C” que, à distância, percebeu a ação de subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela
“A”. Neste momento, “A” deixa o celular e foge do local. expressão “salvo disposição em contrário”.
A vontade de “A” era: subtrair o celular. Essas teorias têm a tese de que a pena para os crimes
O art. 14, II, do CP não tem autonomia, pois a tenta- consumados são as mesmas para os crimes tentados.
tiva não existe por si só, isoladamente. Aplica-se essas teorias em alguns casos.
Sua aplicação exige a realização de um tipo incri- Há casos restritos em que o crime consumado e o
minador, previsto na Parte Especial do CP ou pela crime tentado comportam igual punição: são os deli-
legislação penal especial. tos de atentado ou de empreendimento. Por exemplo:
O CP e a legislação extravagante não preveem,
para cada crime, a figura da tentativa, nada obstante z Evasão mediante violência contra a pessoa (art.
a maioria deles seja com ela compatível. 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido
Isso explica o motivo pelo qual não encontramos à medida de segurança detentiva, usando de vio-
a descrição do crime, pois há uma pena prevista em lência contra a pessoa, recebe igual punição quan-
caso de consumação e outra pena para a hipótese de do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento
tentativa. em que se encontra privado de sua liberdade;
A tentativa de furto é a combinação de “subtrair,
z Lei nº 4.737/1965 – Código Eleitoral, art. 309, no
para si ou para outrem, coisa alheia móvel” com a exe-
qual se sujeita à igual pena o eleitor que vota
cução iniciada, mas que não se consuma por circuns-
tâncias alheias à vontade do agente”. ou tenta votar mais de uma vez, ou em lugar de
Furto tentado é: art. 155, caput, c/c o art. 14, II, outrem.
ambos do CP.
Crimes punidos apenas na forma tentada
A antijuridicidade pode ser afastada por certas Está disposto no art. 23, III, segunda parte, CP. Da
causas, chamadas de “causas de exclusão da antiju- mesma forma que a anterior, não pode ser ilícita a
ridicidade” ou “justificativas”. Na incidência de uma conduta daquele que age estritamente exercendo
delas, o fato permanece típico, mas não há crime: direito seu.
excluindo-se a ilicitude, e sendo ela um quesito do cri-
me, fica excluído o próprio crime. Como consequên- Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade
cia, o sujeito deve ser absolvido.
O art. 23 do CP apresenta as causas de exclusão da Existem condutas consideradas justas pela cons-
antijuridicidade: ciência social que não se encontram previstas nas
causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
z Estado de necessidade; art. 23, CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que o con-
z Legítima defesa; sentimento do ofendido (fora das hipóteses em que o
z Estrito cumprimento de dever legal; dissenso da vítima constitui requisito da figura típi-
z Exercício regular de direito. ca), pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado em
situação justificante, como é o caso do indivíduo que
Estado de necessidade tatua o corpo de outras pessoas, praticando conduta
típica de lesões corporais, que, no entanto, são lícitas
Conforme expressa o art. 24, CP, o estado de neces- se presente o consentimento do ofendido.
sidade é a situação de perigo atual, que não foi provo-
cada voluntariamente pelo agente, na qual este viola
Excesso punível
bem de outrem, para não sacrificar direito seu ou de
terceiros, sacrifício que não poderia razoavelmente
ser exigido. Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou
Para que se configure: em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agen-
te pode encontrar-se em três situações diferentes:
z O perigo deve ser atual;
z Usa de um meio moderado e dentro do necessário
z Deve haver ameaça a direito próprio ou alheio,
para repelir à agressão.
cujo sacrifício não era razoável de se exigir;
z Que a situação não tenha sido provocada pela von- Haverá necessariamente o reconhecimento da
tade do agente; legítima defesa.
z Que seja inevitável de outro modo;
z Que o agente saiba que se encontra em estado de z De maneira consciente emprega um meio desneces-
necessidade (requisito subjetivo); sário ou usa imoderadamente o meio necessário.
z Que não haja o dever legal do agente de enfrentar
o perigo (art. 24, § 1º, CP). A legítima defesa fica afastada se for excluído um
dos seus requisitos essenciais.
O exemplo clássico é o de dois tripulantes de um
navio que, após o naufrágio, dividem um único salva- z Após a reação justa (meio e moderação) por impre-
-vidas. Percebendo que vai afundar, um deles mata o vidência ou conscientemente continua desneces-
outro com a finalidade de ficar com o salva-vidas para sariamente na ação.
si só, salvando-se.
Estará agindo com excesso o agente que intensi-
Legítima Defesa fica demasiada e desnecessariamente a reação ini-
cialmente justificada. O excesso poderá ser doloso ou
Constitui outra causa excludente de ilicitude, des- culposo. O agente responderá pela conduta constituti-
ta vez prevista no art. 25, CP. Encontra-se em legítima va do excesso.
defesa aquele que, utilizando os meios necessários
com moderação, repele injusta agressão, atual ou imi- CULPABILIDADE E SUAS EXCLUDENTES
nente, a direito seu ou de terceiros.
Para que se configure é necessário: As excludentes de culpabilidade podem ser divi-
didas, para fins de estudo, em dois grupos: as que se
z Agressão injusta atual ou iminente, ou seja, pre- relacionam com o agente e as que dizem respeito ao
sente ou prestes a acontecer; fato:
z Preservação de qualquer bem jurídico, próprio ou
alheio (legítima defesa própria ou de terceiros); z Quanto ao agente do fato:
z Repulsa utilizando os meios necessários, de forma
moderada. Existência de doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado (art. 26, caput, CP);
Estrito cumprimento do dever legal Existência de embriaguez decorrente de vício (art.
26, caput, CP);
Encontra-se no art. 23, III, primeira parte, CP. Se Menoridade (art. 27, CP).
o agente atua rigorosamente dentro do imposto por
norma legal, o comportamento não pode ser antiju- z Quanto ao fato (legais):
rídico. É o caso do oficial de justiça que, cumprindo
determinação legal, realiza a apreensão de determi- Coação moral irresistível (art. 22, CP);
378 nado bem de um cidadão. Obediência hierárquica (art. 22, CP);
Embriaguez decorrente de caso fortuito ou força z Sistema biopsicológico: exige-se que a causa
maior (art. 28, § 1º, CP); geradora esteja prevista em lei e que, além disso,
Erro de proibição escusável (art. 21, CP); atue efetivamente no momento da ação delituo-
Descriminantes putativas; sa, retirando do agente a capacidade de entendi-
mento e vontade. Desta forma, será inimputável
z Quanto ao fato (supralegais): aquele que, em razão de uma causa prevista em lei
(doença mental, incompleto ou retardado), atue no
Inexigibilidade de conduta diversa; momento da pratica da infração penal sem capaci-
Estado de necessidade exculpante; dade de entender o caráter criminoso do fato.
Excesso exculpante;
Excesso acidental. Somente há inimputabilidade se os três requisitos
estiverem presentes, sendo exceção aos menores de
Doença mental 18 anos, regidos pelo sistema biológico.
Doença mental pode ser conceituada como o qua- Questões importantes sobre inimputabilidade
dro de alterações e doenças psíquicas que retiram do
indivíduo a faculdade de controlar e comandar a pró- A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo
pria vontade. Importante esclarecer que a dependên- exame pericial feito pelo médico legal, exame que é
cia patológica, como drogas, configura doença mental denominado “incidente de insanidade mental”, em
quando retira a capacidade de entender ou querer. que se suspende o processo até o resulto final. Há
prazo de 10 dias para provar a existência da causa
Desenvolvimento mental incompleto ou retardado excludente da culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho
de 2008).
Por desenvolvimento mental incompleto se Os requisitos biopsicológicos da inimputabilidade são:
entende as limitações na capacidade de compreensão
da ilicitude do fato ou a incapacidade de se autodeter- z Somente há inimputabilidade se os três requisitos
minar de acordo com o entendimento (precário) uma estiverem presentes, sendo exceção aos menores
vez que o sujeito ainda não atingiu maturidade (seja de 18 anos, regidos pelo sistema biológico.
física ou mental). São causas: z Causal: existencial de doença mental ou de desen-
volvimento incompleto ou retardado, causas pre-
z A menoridade: os menores de 18 anos, em razão de vistas em lei.
não sofrerem sanção penal pela prática de ilícito
z Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omis-
penal, em decorrência da ausência de culpabilida-
são delituosa.
de, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio
educativos prevista no ECA; z Consequencial: perda total da capacidade de
entender ou da capacidade de querer.
z Características pessoais do agente, como a falta de
convivência social (surdo que ainda não aprendeu
a se comunicar) Dispõe o Código Penal:
Esta figura pode ser conhecida também por error O citado artigo traz apontamentos muito impor-
tantes. O primeiro é que o desconhecimento da lei é
in persona ou, ainda, por erro de tipo acidental. No
inescusável, isto quer dizer que ninguém pode usar
erro sobre a pessoa existe o crime, o agente quer o
como forma de desculpa a justificativa que praticou o
resultado, todavia confunde a pessoa visada, isto é,
fato por desconhecer que a conduta era considerada
quem ela queria realmente atingir. Por esta razão,
criminosa.
nesta hipótese inexiste isenção de pena.
Ainda no mesmo artigo é trabalhado o erro sobre
É importante diferenciar a figura erro de tipo
a ilicitude do fato evitável e o erro sobre a ilicitude
acidental da figura de erro na execução, apesar de
do fato inevitável, os conceitos deles são retirados do
muito parecidas são conceitos distintos, a diferença
parágrafo único do mesmo artigo.
principal desta última é que, como o próprio nome
diz, o erro é na execução. Exemplo: por não saber ati- z Erro sobre a Ilicitude Evitável:
rar acerta pessoa diversa.
Vamos para a tabela: O erro sobre a ilicitude evitável, como visto aci-
ma, ocorrerá quando o agente através de uma
ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO ação ou omissão praticar o fato sem consciên-
ACIDENTAL QUANTO ACIDENTAL QUANTO cia de que é ilegal, mas que pelas circunstân-
À PESSOA À EXECUÇÃO cias do fato concreto era possível e exigível que
DIREITO PENAL
grupo de extermínio, ainda que cometido por um só são fatores que tornam a conduta praticada pelo agen-
agente, será crime hediondo. te, de alguma forma, mais reprováveis por parte da
O homicídio simples só será crime hediondo quan- sociedade. A pena do homicídio qualificado está pre-
do praticado em atividade típica de grupo de extermí- vista entre 12 (doze) e 30 (trinta) anos.
nio, ainda que cometido por um só agente, conforme O Código Penal, em seu Artigo 121, § 2º, estabelece
art. 1º, I, primeira parte, da Lei nº 8.092/1990. as seguintes qualificadoras.
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº
8.092/1990, com redação dada por meio da Lei I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
nº 13.964/2019, trata de hipóteses de homicídio por outro motivo torpe;
qualificado. II - por motivo fútil; 383
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum; que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos- Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
sível a defesa do ofendido; empregados pelo agente para praticar o crime, que
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
podem estar relacionadas a meios insidiosos (empre-
nidade ou vantagem de outro crime:
go de veneno) ou cruéis (asfixia, tortura) ou que pos-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) sam resultar em perigo comum (fogo, explosivo).
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo Em relação ao emprego de veneno, segundo a
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) doutrina majoritária, tal qualificadora só irá se con-
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. figurar se ficar comprovado que a vítima ingeriu o
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do veneno sem saber que o fazia. Caso a vítima saiba que
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança está ingerindo veneno, outra qualificadora poderá ser
Pública, no exercício da função ou em decorrência aplicada, a de meio cruel.
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren-
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Importante!
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Compreenda que Direito Penal, o agente é puni-
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº do, em regra, pelo crime que queria praticar.
8.092/1990, com redação dada por meio da Lei nº Assim, caso o agente queira torturar, mas se
13.964/2019, diz que será hediondo o homicídio quali- exceda e acabe matando a vítima, irá responder
ficado em todas as hipóteses do art. 121, § 2º, incisos I, por tortura qualificada pelo resultado morte. Se
II, III, IV, V, VI, VII e VIII, do CP. o agente queria matar e usa a tortura como meio
Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do § 2º,
para atingir a sua finalidade, irá responder por
do art. 121, do CP:
homicídio qualificado pela tortura.
Se o homicídio é cometido:
Você pode entender lesão corporal como qualquer Tome cuidado para não se confundir:
alteração provocada na integridade corporal ou na
saúde de uma pessoa. LESÃO GRAVE LESÃO GRAVÍSSIMA
A lesão corporal é comum, material, instantâneo e
de forma livre, portanto, pode ser praticado por qual- Debilidade permanente de Perda ou inutilização do
quer pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins membro, sentido ou função membro sentido ou função.
de consumação, a conduta não se prolonga no tempo
Exemplo: Devido às lesões Exemplo: Devido às lesões
e pode ser praticada de qualquer maneira (pedradas,
sofridas, a vítima perde 1 sofridas, a vítima perde a
pauladas, tiros, socos, chutes, arranhões etc.).
(um) dos olhos, mas ainda visão.
As lesões corporais estão previstas no Artigo 129 do
enxerga.
Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:
z Lesão corporal simples; O Código Penal não divide as lesões em graves ou gra-
z Lesão corporal grave; víssimas. Para o CPB (Código Penal Brasileiro), todas elas
z Lesão corporal gravíssima;
são graves. Esta divisão é uma construção doutrinária.
z Lesão corporal seguida de morte;
z Lesão corporal culposa;
z Lesão corporal privilegiada. Lesão Corporal Seguida de Morte
As lesões corporais graves, gravíssimas e seguida A lesão corporal seguida de morte irá ficar configu-
de morte compõem o grupo lesões corporais qualifi- rada quando ficar configurado que o agente não que-
cadas, segundo a doutrina penalista. ria o resultado morte (dolo direto no resultado morte)
Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual no
falar da ação penal. resultado morte).
O crime de lesão corporal é classificado como delito Se o agente quer matar, ele responderá pelo
não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, sen-
homicídio. Porém, caso o agente queira apenas cau-
do necessário a realização de exame de corpo de delito.
sar lesões corporais, mas, por algum motivo, acabe
Lesão Corporal Leve se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá
responder por lesão corporal seguida de morte, desde
A lesão leve, também chamada de simples, previs- que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu
ta no Caput do Artigo 129, é residual. Teremos confi- o risco de produzir o resultado morte.
gurada tal modalidade de lesão, caso não se configure O crime de lesão corporal seguida de morte é um
nenhuma das outras. crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado
A lesão corporal qualificada está prevista nos pará- pelo resultado, em que temos dolo na conduta inicial
grafos 1º, 2º e 3º do Artigo 129. e culpa no resultado produzido.
Lesão Corporal Grave
Lesão Corporal Culposa
A lesão corporal grave irá se configurar se resultar:
A lesão corporal culposa é aquela que o agente não
z Incapacidade para as ocupações habituais, por quer causar lesão corporal na vítima, mas a produz
mais de 30 (trinta) dias; por ter sido imprudente, negligente ou imperito.
É importante que você compreenda que não há
É necessário que a incapacidade dure mais de 30 gradações na lesão corporal culposa, ou seja, ela
(trinta) dias, ou seja, a partir do 31º dia, caso contrá- não se divide em leve, grave ou gravíssima, mas tão
rio, a lesão corporal não será grave. somente irá ser lesão corporal culposa.
A incapacidade está relacionada a qualquer ocu- No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o
pação habitual, como estudo, treinos, rotinas domésti-
instituto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de
cas, e não somente ao trabalho;
aplicar a pena se as consequências da infração penal
z Perigo de vida; atingirem o agente de forma que a aplicação de san-
z Debilidade permanente de membro, sentido ou ção penal se torne desnecessária.
função; Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão cor-
386 z Aceleração do parto; poral culposa
Lesão Corporal Privilegiada A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
(dois terços):
Os motivos que levam o agente a praticar a lesão
corporal privilegiada são os mesmos do homicídio z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
privilegiado. te das forças armadas (Marinha, Exército ou Aero-
Se o agente comete o crime impelido por motivo náutica), das forças de segurança pública (Polícia
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer-
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo- roviária Federal, Policiais Civis, Policias Militares
cação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes do
sexto) a 1/3 (um terço). sistema prisional (agentes penitenciários) e da For-
É aplicável o instituto da substituição de pena nos ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da
casos de lesão corporal. função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge,
Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão pri- companheiro ou parente consanguíneo até o ter-
vilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pes- ceiro grau, em razão dessa condição.
soas se lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda
substituir a pena de detenção pela de multa. RIXA
O Código Penal traz disposições específicas para os
casos de lesão corporal praticada no âmbito de violência A rixa está prevista no artigo 137 do Código Penal.
doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais grave, O crime irá ocorrer quando o agente participar de
estando ele submetido a auto de prisão em flagrante e rixa, salvo para separar os contendores.
não somente a mero termo circunstanciado (salvo nos Estamos diante de crime de concurso necessário,
que só irá existir caso presente no mínimo 3 (três) pes-
casos de lesão grave, gravíssima ou seguida de morte).
soas, umas contra as outras. Caso seja possível definir
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência
dois grupos específicos (grupo A x grupo B), este tipo
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou
penal não irá existir.
nos seguintes casos: Para que a rixa se configure, exige-se que haja no
mínimo três grupos distintos (independentemente
z Ascendente; da quantidade de pessoas que integre cada grupo) se
z Descendente; agredindo mutuamente.
z Cônjuge ou companheiro; No caso de ocorrer uma briga entre a torcida do Corin-
z Quem conviva ou tenha convivido. thians e a torcida do Palmeiras, não há que se falar no
crime de rixa, já que temos 2 (dois) grupos bem definidos.
É importante mencionar que, caso a vítima seja Aquele que participa da rixa, apenas com a finali-
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha dade de separar os contendores não irá responder por
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação este tipo penal.
penal será pública incondicionada. O crime de rixa não admite a forma culposa.
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime de Sobre este crime, é importante que você fique
lesões corporais. Há diversas causas de aumento de pena atento aos posicionamentos da doutrina dominante.
para este crime, portanto, leia-as com bastante atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa: z Não admite tentativa;
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: z Consuma-se quando se inicia a rixa ou, caso já ini-
ciada, quando o agente entra na rixa;
z Se o crime resulta de inobservância de regra técni- z Pode ser praticado à distância, não se exigindo que
ca de profissão, arte ou ofício; necessariamente ocorre contato físico.
z Se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima; Ex.: Rixa em que os agentes jogam pedras, garrafas
ou mesas uns nos outros.
z Se o autor não procura diminuir as consequências
A rixa será qualificada quando ocorrer, devido
do seu ato;
à rixa, lesão corporal de natureza grave ou a morte.
z Se o agente foge para evitar prisão em flagrante.
Segundo a doutrina majoritária, salvo no caso de ser
possível se identificar corretamente o autor da lesão
Nos casos de lesão corporal dolosa: grave ou da morte, todos os agentes que participaram
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: da rixa irão responder pela modalidade qualificada,
exceto, também, se tiverem ingressado na rixa após a
z A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 ocorrência da lesão grave ou da morte.
(sessenta) anos;
z For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima
ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos
casos de violência doméstica vistas acima;
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
DIREITO PENAL
Antes de iniciarmos o estudo deste crime, é impor- A maior gravidade da conduta repousa no fato de
tante que você compreenda a diferença entre o ter sido o crime praticado no âmbito das relações fami-
sequestro e o cárcere privado. liares, no seio da união estável, ou ainda contra pessoa
No sequestro, ocorre restrição de liberdade da idosa, mais frágil em razão da avançada idade, e, con-
vítima, mas ela não fica necessariamente mantida em sequentemente, com menor possibilidade de defesa.
recinto fechado. Já no cárcere privado, necessaria-
mente a vítima terá sua liberdade restringida, sendo z Se o crime é praticado mediante internação da víti-
388 mantida em recinto fechado. ma em casa de saúde ou hospital:
Crime conhecido como internação fraudulenta, Em síntese, o crime de furto é definido por ser a sub-
pode ser praticado por médico ou por qualquer outra tração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.
pessoa. Há o furto (art. 155, do CP) e o furto de coisa comum
(art. 156).
z Se a privação da liberdade dura mais de 15 (quin- Sobre o bem jurídico, não há consenso na doutri-
ze) dias (inc. III): quanto mais longa a supressão da na, vejamos:
liberdade, maiores são as possibilidades de a víti-
ma suportar danos físicos e psíquicos.
z Somente a propriedade (Hungria);
Trata-se de crime a prazo. O período legalmente z A propriedade e a posse (Nucci; Greco; Masson);
exigido deve ser computado em conformidade com z A propriedade, a posse e a detenção (Mirabete;
a regra traçada pelo art. 10, do CP, compreendendo o Delmanto; Bitencourt).
intervalo entre a consumação do delito e a libertação
do ofendido. Subtrair significa retirar a coisa da posse da vítima,
passando ao poder do agente. Pode ocorrer por apo-
z Se o crime é praticado contra menor de dezoito deramento direto, quando o agente apreende a coisa
anos: manualmente, ou por apoderamento indireto, na hipó-
tese de o agente utilizar-se de terceiros ou de animal.
Aplica-se às hipóteses em que a vítima é criança ou
adolescente e, nesse último caso, impede a utilização
z Coisa: refere-se a tudo aquilo que possui existên-
da agravante genérica prevista no art. 61, II, “h”, do
cia de natureza corpórea.
CP. Não se confunde com o crime tipificado no art. 230,
z Coisa alheia: significa pertencente a outrem.
da Lei nº 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, que apresenta crime menos rigoroso.
A coisa sem dono não é objeto de furto.
z Se o crime é praticado com fins libidinosos: Não configura o crime de furto (art. 155, do CP) a
subtração de coisa própria, mesmo que em poder de
Esse inciso foi acrescido pela Lei nº 11.106/2005 terceiro, embora possa caracterizar o delito descrito
para suprir a lacuna surgida em razão da revogação no art. 346, do CP, ou o crime de furto de coisa comum
do crime de rapto, que cuidava somente da privação (art. 156, do CP).
da liberdade de mulher honesta. Atualmente, a qua- Não há furto de coisa abandonada, pois não inte-
lificadora consiste na privação da liberdade de uma gra o patrimônio de ninguém.
pessoa, homem ou mulher, com fins sexuais. Trata-se Se houver o apoderamento de coisa perdida, pode
de crime formal, de resultado cortado ou de consu- configurar o crime do art. 169, parágrafo único, II, do CP.
mação antecipada – consuma-se com a privação da Sobre o valor afetivo, para alguns autores (como
liberdade, desde que o sujeito deseje praticar atos Damásio e Rogério Greco), coisa de valor afetivo ou
libidinosos com a vítima, pouco importando se alcan- sentimental também pode ser objeto material de fur-
ça ou não o fim almejado. Se envolver-se sexualmen- to. Segundo Hungria, “a coisa subtraída deve represen-
te com a vítima, responderá, em concurso material, tar para o dono, se não um valor reduzível a dinheiro,
pelo delito em apreço e pelo respectivo crime contra a pelo menos uma utilidade (valor de uso), seja qual for,
liberdade sexual, tal como o estupro.
de modo que possa ser considerada como integrante do
O § 2º qualifica o crime se resultar à vítima, em
seu patrimônio”.
razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, gra-
No mesmo sentido: STF, RE 100103.
ve sofrimento físico ou moral. Estamos diante de crime
Em sentido contrário, uma parcela da doutrina
qualificado pelo resultado. Os maus-tratos consistem
na conduta agressiva do agente que ofende a moral, o (Nucci, por exemplo) sustenta que deve haver subtra-
corpo ou a saúde da vítima, sem produzir lesão corpo- ção de coisa com valor patrimonial.
ral. Se ocorrer lesão corporal ou morte haverá concurso Em regra, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
material entre o sequestro ou cárcere privado, na for- exceto o proprietário.
ma simples, e o crime de lesão corporal ou homicídio. O sujeito passivo à vítima do furto: o proprietário,
Por fim, saiba que este crime é comum, podendo ser o possuidor ou detentor da coisa legítima.
praticado por qualquer pessoa e permanente (muito
importante que você fique atento à Súmula 711 do STF Furto Simples
– A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à O art. 155, do CP, define o furto simples.
cessação da continuidade ou da permanência). Configura-se quando o agente subtrai, para si ou
Ex.: determinado agente pratica vários crimes em para outrem, coisa alheia móvel.
continuidade delitiva. Os primeiros atos são praticados
sob a égide de uma lei anterior menos grave. Os últimos Para entendê-lo, dividiremos em duas partes:
atos são praticados sob a vigência de uma lei posterior
mais gravosa. Aplica-se ao crime continuado ou crime z Subtrair (verbo) – consiste no ato de se apossar de
DIREITO PENAL
permanente a sob cuja égide tenha cessado a continui- propriedade de outra pessoa, seja para si ou para
dade, isto é, a última lei, mesmo que seja mais grave. outra pessoa, por exemplo, o agente subtrai para
si uma bicicleta que estava estacionada próximo
à lanchonete;
z Coisa alheia móvel – necessário que o objeto mate-
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO rial do crime de furto seja coisa móvel e que per-
tença a outra pessoa; caso seja coisa imóvel, ou que
FURTO pertença ao próprio autor, não configurará furto,
por exemplo, o agente que, aproveitando da distra-
O primeiro crime contra o patrimônio é o furto. ção da vítima, subtraia o aparelho celular. 389
Não há emprego de violência nem grave ameaça z Quanto ao proprietário, caso subtraia a própria coi-
à pessoa, distinguindo-se, nesse aspecto, do delito de sa que se encontra em poder de terceiro, não res-
roubo. ponderá por furto, mas sim pelo crime de exercício
arbitrário das próprias razões (arts. 345 ou 346, do
O furto tem as seguintes características: CP, conforme a pretensão seja legítima ou ilegítima);
z Quando a coisa pertencer a mais de uma pessoa,
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- o condômino que a subtrair responderá pelo deli-
quer pessoa, por exemplo, o agente subtrai o apa- to de furto de coisa comum (art. 156, do CP), por
relho celular; exemplo, um dos condôminos furta cadeiras da
área de uso comum do condomínio;
z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
z O funcionário público, que subtrai bem público,
tado naturalístico para fins de consumação, ou
responderá por peculato-furto (§ 1º do art. 312, do
seja, o crime só ocorre quando o sujeito ativo sub-
CP), desde que a função pública tenha facilitado a
trai a coisa móvel, por exemplo, quando o agente
subtração, pois, se em nada facilitou, o delito será
subtrai a bicicleta; de furto (art. 155 do CP);
z O furto só se pratica dolosamente;
z Não admite a modalidade culposa; Funcionário público que subtrai bem particu-
z É crime plurissubsistente, ou seja, a conduta do lar que se encontra sob a guarda ou custódia da
agente para praticar o furto é fracionada em Administração Pública, desde que a função tenha
diversos atos que somados consumam o delito, facilitado a subtração, responderá por peculato-
portanto, admite a tentativa quando o agente, por -furto. Por exemplo: policial rodoviário que sub-
motivos alheios a sua vontade pratica alguns atos trai veículo que estava apreendido no pátio do
e não ocorre a consumação do delito. Por exemplo, posto de fiscalização da Polícia Rodoviária.
o agente com animus de furtar objetos eletrôni- Funcionário público que subtrai bem particu-
cos de uma casa, pula o muro para ingressar no lar que não estava sob a guarda ou custódia da
interior da residência, mas o proprietário da casa Administração Pública ou estava, mas a função
acorda e acende a luz, momento em que o agente em nada facilitou a subtração, responderá por
deixa de praticar os demais atos. furto. Por exemplo: policial rodoviário que sub-
trai um bem que se encontrava no porta-malas
A lei tutela a propriedade e a posse. A simples de um veículo que ele foi vistoriar, mas que não
detenção não configura o crime de furto. estava apreendido, cometerá o crime de furto.
Sobre a consumação deste crime, é importan-
te conhecer o posicionamento adotado pelas cortes O sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesado
superiores (STF e STJ). ou exposto a perigo de lesão.
Os tribunais superiores adotam a teoria da O titular do bem jurídico, apesar de divergências
apprehensio, também chamada de amotio, que consi- na doutrina, prevalece que é proprietário e possuidor.
dera consumado o crime de furto (e isso vale para o O detentor é arrolado no processo como testemu-
crime de roubo) quando o agente se apossa da coisa nha, e não como vítima.
alheia móvel, mesmo que por um breve período de
tempo, não sendo necessário que a coisa saia da área Vejamos os pontos mais questionados sobre o
de vigilância da vítima. crime de furto:
Um questionamento oportuno, trata-se de verifi-
car se o bem subtraído deve ter valor econômico, ou z Coisas ilícitas: podem ser objeto de furto, por exem-
seja, se o objeto material pode ser negociável. plo, responde por furto quem subtrai mercadoria
contrabandeada e, neste caso, a vítima responderá
Vejamos os bens que integram o patrimônio: pelo crime de contrabando. Por outro lado, as coi-
sas ilícitas não podem ser objeto de furto se cons-
z Os bens corpóreos, com existência material, por tituírem elemento de outro crime, por exemplo,
exemplo, um veículo, e incorpóreos, com existên- a subtração de droga é crime do art. 33 da Lei nº
11.343/2006; a subtração de arma de fogo é crime
cia abstrata, por exemplo, um direito autoral, de
do art.16 da Lei nº 10.826/2003.
valor econômico;
z Algumas partes naturais do corpo humano: podem
z Os bens de valor afetivo ou sentimental, por exem-
ser objeto de furto se passíveis de figurarem numa
plo, cartas e fotografia; relação jurídica, por exemplo, subtração do cabelo
z Os bens úteis à pessoa, embora destituídos de valor com o fim de obter lucro. Portanto, a subtração de
econômico ou sentimental, por exemplo, folha de um rim ou outro órgão vital não é furto, e sim lesão
cheque em branco e cartão de crédito. corporal grave, ou homicídio consumado ou tentado.
z Cadáver: não pode ser objeto de furto, pois cons-
Portanto, vimos que não se pode restringir o patri- titui delito do art. 211, do CP, destruição, subtra-
mônio às coisas de valor econômico. ção ou ocultação de cadáver. Porém, se o cadáver
Além disso, o sujeito ativo do crime de furto pode tem valor econômico, por exemplo, pertencente a
ser qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum ou Faculdade de Medicina, haverá furto. Se o furto de
geral. algum objeto que foi sepultado junto ao cadáver,
por exemplo, arcada dentária de ouro, o crime
Mas, há exceção: será furto, e a vítima será o herdeiro do de cujos.
z Energia elétrica, discutia-se se constituía ou não
z Furto qualificado pelo abuso de confiança, previsto coisa móvel. O legislador penal tipificou o furto de
no art. 155, § 4º, II, por ser crime próprio, o agente energia elétrica no art. 155, § 3º, do CP, equiparan-
é aquela pessoa que a vítima confia, por exemplo, do-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
o furto praticado por um empregado; outra que tenha valor econômico, por exemplo,
390
energia radioativa, energia cinética, energia atô- A destruição e o rompimento devem ser praticados
mica, energia genética etc. Porém, a energia deve contra obstáculo, e não sobre a própria coisa furtada, por
ser suscetível de apossamento, ou seja, que possa exemplo, o agente rompe a porta do veículo para subtraí-lo.
ser separada da coisa que a produz. Assim, não Obstáculo é aquilo que protege a coisa para difi-
caracteriza furto o apossamento da energia física cultar a sua subtração, por exemplo, matar o cão de
do animal. guarda da residência, destruir as telhas para adentrar
z Instalação clandestina de TV a cabo, há duas na residência, ou mesmo, cortar os fios do alarme do
correntes: automóvel ou da cerca eletrificada.
A mera remoção de obstáculo, quando destituída
da danificação, não qualifica o furto, por exemplo,
Primeira: trata-se de fato atípico, pois não há
desparafusar o farol do automóvel e desatar o nó da
propriamente a subtração de energia e, sim,
corda que prende a canoa.
o aproveitamento de um serviço. A energia se
consome ou se reduz com o uso e isto não ocor-
Com abuso de confiança, ou mediante fraude,
re com a TV a cabo, cuja utilização não gera
escalada ou destreza:
qualquer custo adicional para a operadora. É
um mero ilícito civil. Observe que o art. 35 da
No abuso de confiança, o agente se vale da confian-
Lei nº 8.977/1995 dispõe que é “ilícito penal a ça que o dono da coisa tem nele, para poder subtrair,
interceptação ou a recepção não autorizada como, por exemplo, quando o agente é amigo do dono
dos sinais de TV a Cabo”, entretanto, não lhe da casa, que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao
cominou qualquer pena, sendo vedada a sua banheiro despreocupado. Momento em que o agente,
imposição pela via da analogia. aproveitando desta confiança, subtrai a carteira.
Segunda: dominante no STJ, considera que há O uso de fraude fica configurado quando o agente
crime de furto. Argumenta-se que o sinal de usa de artificio para enganar a vítima, para subtrair
televisão se propaga por meio de ondas, o que a coisa, a exemplo do agente que se passa por funcio-
na definição técnica se enquadra como energia nário de empresa de telefonia para conseguir entrar
radiante, que é uma forma de energia associa- numa casa e subtrair um aparelho celular que nela
da à radiação eletromagnética. estava.
Destruir é desfazer, demolir, por exemplo, o agen- No emprego de chave falsa, para subtrair a coisa, o
te destrói algo para subtrair a coisa, a exemplo daque- agente faz uso de chave distinta da chave original ou obje-
le que arromba o portão de uma casa, para entrar e to capaz de abrir um cadeado ou fechadura, por exemplo,
subtrair uma televisão. gazuas, pedaço de arame, micha, clips e etc. Anote-se que
DIREITO PENAL
Romper é abrir brecha, arrombar, arrebentar, ser- a chave falsa pode ou não ter formato de chave.
rar, forçar, rasgar etc. Por exemplo, o agente abre a A jurisprudência não é unânime no caso de se a
porta da casa com um pé de cabra para entrar e sub- ligação direta do veículo caracteriza ou não chave
trair uma televisão. falsa.
Nos dois casos, o delito deixa vestígios, sendo A abertura com a chave verdadeira, obtida ilicita-
imprescindível o exame de corpo delito. mente pelo agente, não caracteriza chave.
Em ambos há uma danificação, que é total no ver- A cópia da chave verdadeira, quando obtida lici-
bo “destruir”, sendo parcial no verbo “romper”. tamente, não é chave falsa. Se, no entanto, for tirada
O delito de dano é absorvido pelo furto qualificado, clandestinamente, incide a qualificadora do crime de
por força do princípio da subsidiariedade implícita. furto. 391
Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas: O explosivo geralmente é utilizado em furtos de
caixas eletrônicos de bancos, sendo que, diante do
O reconhecimento da qualificadora depende de advento desta nova qualificadora, encerra-se o antigo
pelo menos duas pessoas. debate travado acerca da adequação típica, que dividia
Computam-se os inimputáveis (menores e doentes as opiniões entre o furto qualificado pela destruição
mentais) e os desconhecidos. ou rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP) e
Detalhe, se o comparsa é menor de dezoito anos, o a explosão com intuito de obter vantagem pecuniária
agente responderá por furto qualificado em concurso (art. 251, § 2º, do CP). O enquadramento do art. 155, §
material com o delito de corrupção de menores, pre- 4º-A, do CP, absorve delitos de explosão e de dano, pois
visto no art. 244-B do ECA, desde que haja prova da já funcionam como causa de aumento de pena, aplican-
efetiva corrupção do menor. do-se o princípio da subsidiariedade tácita.
Sobre a presença no local do crime, basta a simples
participação, independentemente da presença na fase For de veículo automotor que venha a ser trans-
da execução. portado para outro Estado ou para o exterior:
A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua-
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de A pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
agentes, a qualificadora deve ser reconhecida. se a subtração for de veículo automotor que venha a
No delito de roubo, o concurso de pessoas gera ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
aumento de pena de um terço até metade. No furto, Não basta, porém, para a incidência da qualifica-
a pena dobra. dora, o furto de veículo automotor, pois ainda se exige
Há doutrina que sustenta a violação do princípio o efetivo transporte para outro Estado ou exterior.
da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais Veículo automotor, por exemplo, carros, motos,
grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso lanchas, aviões e etc.
de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um Não é necessário que o transporte para outro Esta-
terço até metade. do ou exterior seja realizado pelo próprio agente.
O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar Basta que o agente saiba da intenção de eventual
no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo- receptador transportar o veículo para outro Estado ou
rante do roubo”. exterior.
Quem realiza o transporte após a consumação do
Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo furto responde pelo crime de receptação. Por conse-
quência, o agente que é contratado para realizar o
O § 4º-A do art. 155, do CP, foi introduzido por meio transporte responde pelo furto, se o contrato for ante-
da Lei nº 13.654/2.018, e dispõe que: “A pena é de reclu- rior à subtração, e por receptação, se só foi contratado
são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver após a consumação.
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause Consuma-se o transporte quando o veículo trans-
perigo comum”. põe os limites das fronteiras do Estado ou do país, com
É o único furto que é crime hediondo (art. 1º, IX, da intuito de ali permanecer.
Lei 8072/90, com redação dada pela Lei 13.964/2019). A mera condução do veículo para outro Estado ou
O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo, exterior, com o intuito de retornar ao local de origem,
torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da é insuficiente para a caracterização da qualificadora.
reprimenda penal, em razão da provocação de perigo Admite-se a tentativa quando o agente realiza a
coletivo. subtração e é preso em flagrante, próximo à trans-
Meio explosivo é o que causa estrondo, por exem- posição da fronteira, antes de obter a posse pacífica.
plos, dinamite, pólvora. Sabemos que a jurisprudência considera o furto con-
Importante destacar que o tipo penal, ao contrário sumado como o simples apossamento do bem, inde-
do art. 251 do CP, não se refere a substância explosiva, pendentemente da posse pacífica. Porém, a tentativa
mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza- tornou-se impossível, pois, com o início da remoção do
do para explodir caixas eletrônicos de agências ban- bem, o furto já se consuma nas modalidades anterio-
cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
do art. 155, § 4º A, do CP. Já o crime do art. 251, do CP,
podemos trazer a hipótese de o agente que lança um For de semovente domesticável (animais, como:
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda que
as pessoas a risco. abatido ou dividido em partes no local de subtração:
O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua-
lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva, se a subtração for de semovente domesticável (ani-
mas o assunto certamente ensejará polêmica. mais, como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
Sobre o artefato explosivo, trata-se de qualquer ainda que abatido ou dividido em partes no local de
objeto confeccionado por trabalho mecânico ou à subtração.
mão, por exemplo, as denominadas bombas caseiras. O bem jurídico primário é o patrimônio do produ-
Para a incidência da qualificadora, seja um explo- tor e, o secundário é a saúde pública. Isto porque o
sivo ou artefato que causa perigo comum, ou seja, que animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem
coloque em risco um número indeterminado de pes- que haja fiscalização do poder público, principalmen-
soas ou de patrimônios. te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na
O agente que se utiliza de um explosivo com poten- condição de patrimônio lesado.
cial para causar perigo comum que, entretanto, mes- Na prática, dificilmente esta qualificadora será
mo diante da explosão, não se concretiza, responderá, aplicada, pois este tipo de delito geralmente é pratica-
em caso de destruição ou rompimento de obstáculo, do por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá a
pelo furto qualificado do art. 155, § 4º, I, do CP e não qualificadora do § 4º, IV, do art. 155, do CP, que é mais
392 pela qualificadora em análise, prevista no § 4º-A. grave.
Com efeito, presentes uma das qualificadoras do É bom lembrar que configura crime, nos termos
§ 4º, exclui-se a incidência da qualificadora em apre- do art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.846/2003,
ço, pois sua pena é mais branda, podendo funcionar, Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
nesse caso, como circunstância judicial do art. 59 do ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
CP, servindo de parâmetro apenas para dosagem da autorização ou em desacordo com determinação legal
pena-base. Entretanto, outra corrente mais favorável ou regulamentar.
ao réu que, com base no princípio da especialidade, Esse delito será absorvido pelo crime do § 7º do art.
afasta a qualificadora do § 4º quando se tratar de 155 do CP, pois já funciona como qualificadora.
semovente domesticável de produção, impondo-se, A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
nesse caso, a qualificadora específica do § 6º, conside- anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou
rando-a novatio legis in melius. de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
O objeto material é o animal domesticável de pro- litem sua fabricação, montagem ou emprego.
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração. Furto Majorado
Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi-
O furto será majorado quando a ele for aplicado a
nição deste elemento normativo é complementada
causa de aumento de pena prevista no art. 155, § 1º,
pelo juiz.
do CP.
Para a incidência da qualificadora, é necessário
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
que o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua
me de furto for praticado durante o repouso noturno.
essência. O tipo penal refere-se à subtração de semo- Sobre o repouso noturno, considere que, segundo
vente, e não de partes dele, de modo que quando o o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de
animal já estava abatido ou dividido em partes a inci- pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado.
dência da qualificadora estará condicionada à subtra- O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o
ção do todo ou das partes substanciais. Numa hipótese agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra
de o agente deixar no local apenas as patas do boi e numa casa para furtar os eletroportáteis.
subtrai o restante, persiste a qualificadora. Não teria Há discussão sobre a necessidade de a casa estar
cabimento, por exemplo, qualificar o delito pelo fur- habitada e os moradores repousando, para que incida
to de uma picanha extraída de um animal já abatido. o aumento de um terço.
Também, não incide a qualificadora quando o próprio Duas teorias tratam da discussão:
agente abate o animal, subtraindo-lhe apenas uma de Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da
suas partes. pena é a maior proteção à tranquilidade dos que
Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário repousam, bem como à incolumidade da vítima, que
que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o se encontra dormindo e desprotegida. Neste caso,
intuito da lei foi protegê-lo. restringem o aumento da pena ao furto cometido em
A subtração, por exemplo, de um porco que se casa habitada com os moradores repousando.
encontra no açougue não qualifica o delito. Teoria objetiva: o fundamento do aumento da
Não há falar-se também no delito em estudo, quan- pena é a proteção do patrimônio, que, nesse perío-
do se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzido do, encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade
pelo animal, porquanto o tipo penal refere-se à sub- da lei visa proteger primordialmente o patrimônio, e
tração do semovente e não dos bens que ele produz. depois a tranquilidade.
Nessas hipóteses, o furto será simples. As duas teorias são aceitas, mas devemos com-
preender que incide o aumento de um terço não só
em furtos de residência, mas também em bancos, joa-
A subtração for de substâncias explosivas ou de
lherias, casas comerciais, bem como de automóveis
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
estacionados na rua, de gado (abigeato).
litem sua fabricação, montagem ou emprego:
Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o
local seja área comercial ou local desabitado.
O objeto material consiste em substâncias explosi-
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon- Furto Privilegiado
tagem ou emprego de substância explosiva.
O que é substância explosiva? Substância explosi- Está previsto no art. 155, § 2º, do CP. Ocorre, por
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre- exemplo, no caso de o agente, primário, que subtraiu
bentação, por exemplos, pólvora ou dinamite. uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em inferior ao salário mínimo.
conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor-
mar quimicamente numa substância explosiva, aqui São características do furto privilegiado:
podemos exemplificar o estopim, a espoleta e o cor-
del detonante. São estes acessórios que possibilitam z Réu primário;
DIREITO PENAL
a fabricação, montagem ou emprego da substância z Coisa furtada de pequeno valor – Segundo a juris-
explosiva. prudência, até 1 (um) salário mínimo.
A fabricação é a produção ou confecção.
Montagem é a junção dos componentes. No caso do furto privilegiado, o juiz poderá ado-
Emprego é a utilização. tar uma das seguintes medidas:
O tipo penal não se refere aos maquinários e
outros objetos que também são utilizados para fabri- z Substituir a pena de reclusão pela de detenção;
car, montar ou utilizar os explosivos, mas tão somen- z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
te aos acessórios que compõe a própria substância terços);
explosiva. z Aplicar somente a pena de multa. 393
Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilé- O Código Penal é expresso ao fixar que, se a coisa
gio para o furto simples ou para o furto qualificado, comum for fungível (substituível por outra da mesma
entretanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser espécie, a exemplo do dinheiro), não será punível a
de natureza objetiva (emprego de chave falsa, por sua subtração caso o valor não exceda a quota a que
exemplo). tem direito o agente.
Suponha que Alessandro, Fabrício e Diego
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do sejam sócios. A sociedade é avaliada no valor de R$
privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). As partes na
de crime de furto qualificado, se estiverem presen- sociedade são iguais.
tes a primariedade do agente, o pequeno valor da
Assim, caso Alessandro subtraia R$ 50.000,00 (cin-
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
quenta mil), não cometerá crime, já que o valor sub-
traído não é superior à sua quota.
O termo “pequeno valor da coisa” é entendido,
pela jurisprudência, que o valor não excede ao valor
do salário mínimo. É necessário o auto de avaliação. Dica
É claro que o referencial do salário mínimo não é tão O furto de coisa comum não é tão cobrado em
rígido, admitindo-se o privilégio quando a coisa exce- provas de concursos públicos. Porém, quando
de modicamente esse valor.
cobrado, tentam misturar suas características
Considera-se “ordem subjetiva”, a hipótese de fur-
com as características do furto tradicional.
to qualificado por abuso de confiança. Deve-se identi-
ficar a confiança da vítima para com o agente. E por
isso não se trata de furto privilegiado. z Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal
A regra é que as qualificadoras do crime de fur- incondicionada.
to são objetivas, por exemplo, emprego de chave z Furto de coisa comum: coisa comum, crime pró-
falsa. Nesta regra, há compatibilidade com o furto prio e ação penal condicionada.
qualificado.
Outras Hipóteses
Furto de uso
Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar, do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri-
para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício
que foi subtraída. arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma
O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o
aplica ao crime de roubo. valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la.
Por exemplo, se o agente subtrai a coisa, com a O furto famélico é aquele em que o agente bus-
intenção de usar e devolver depois, não cometerá o ca saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo
crime de furto. se a subtração for o único meio de se alimentar. Por
Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta, exemplo, a mãe, diante da necessidade de alimentar o
devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não filho, subtrai uma maça de uma barraca de feira para
configura crime de furto. alimentá-lo.
O furto em estado de precisão, aquele em que o
Para o reconhecimento do furto de uso, necessi- agente está desempregado e subtrai alimentos, eletro-
ta da presença de dois requisitos: domésticos e etc. constitui crime. Por exemplo, o pai,
estando desempregado e sem condições de manter o
z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
uso duradouro constitui crime de furto. Tratando- teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar
-se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso
momentâneo seguido da pronta restituição exclui ROUBO E EXTORSÃO
o delito;
z Restituição imediata e integral da coisa, nesta Roubo
hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de
uso, deve deixar a coisa no mesmo lugar de onde a O roubo é a subtração de, por exemplo, um reló-
subtraiu ou nas proximidades. gio alheio, para si ou para outrem, mediante violência
contra pessoa.
Furto de Coisa Comum O roubo pode ser simples, majorado ou qualifica-
do. Veremos sobre esses assuntos mais adiante!
Mas, você acabou de dizer que é necessário que a O roubo é delito pluriofensivo, isto é, ofende mais
coisa seja alheia no crime de furto! de um bem jurídico.
Agora estamos diante de um crime específico, o A incriminação do roubo visa a tutela do patri-
furto de coisa comum. mônio, integridade fisiopsíquica, a saúde e a
O furto de coisa comum, que irá se configurar tranquilidade.
quando o agente for condômino, coerdeiro ou sócio, e Na forma qualificada como latrocínio, tutela-se
subtrair, para si ou para outrem, a quem legitimamen- também a vida.
te a detém, coisa comum. Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
Temos aqui um crime próprio, que somente pode- podendo ser praticado por qualquer pessoa.
rá ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. Nada obsta que um dos criminosos execute a vio-
É crime de ação penal pública condicionada à lência para que o seu comparsa subtraia a coisa. Nesta
394 representação. hipótese, ambos serão coautores de roubo.
E, quanto ao sujeito passivo, pode ser tanto a pes- z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
soa que sofre a violência física, moral e imprópria, tado para fins de consumação;
quanto aquela que sofre a lesão patrimonial. z Para consumação, adota-se, assim como o furto, a
teoria da apprehensio, ou amotio.
Saiba:
O agente que, no mesmo contexto, aborda diversas
Há duas definições em que devemos ter atenção:
vítimas, subtraindo bens de todas elas, por exemplo,
arrebatamento inopino e trombada.
um assalto no interior do ônibus, responde por tanto
No arrebatamento, que é o ato de arrancar com
roubos quanto forem as vítimas, em concurso formal
violência a coisa que está em poder da vítima ou no
de delitos.
corpo dela, temos por exemplo o ato de puxar o colar
No crime de roubo, a conduta do agente recai
do pescoço da vítima.
sobre a pessoa e coisa alheia móvel.
A doutrina se dividi. Alguns defendem a tese de
O objeto material é duplo: pessoa e coisa.
que a arrebatamento caracteriza violência contra coi-
sa, constituindo o delito de furto. Por outro lado, há
O roubo, previsto no Artigo 157, do CP, é dividi-
quem defenda que se trata de violência contra pessoa,
do em 3 (três) espécies:
configurando crime de roubo, teoria mais aceita.
A trombada contra a vítima tem suas divergências
z Roubo próprio: antes ou durante a subtração da
na jurisprudência.
coisa móvel, o agente emprega violência ou grave
Há quem afirma que se trata de furto, exceto quan-
ameaça;
do reduzir a vítima à impossibilidade de resistência,
z Roubo impróprio: o agente subtrai a coisa móvel,
quando então configurará roubo.
em seguida, a fim de assegurar a impunidade do
Outra parte defende que sempre se enquadrará na
crime ou a detenção da coisa para si ou para ter-
hipótese de roubo, visto que o ato tem violência física.
ceiro, emprega violência contra pessoa ou grave
Aqui, no caso de trombada, a maioria entende que
ameaça;
se trata de furto.
z Roubo com violência imprópria: o agente subtrai
coisa móvel alheia, depois de havê-la, por qualquer
Roubo Majorado
meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Exemplo 1: Tício, fazendo uso de arma de fogo para
O roubo majorado ocorre, por exemplo, quando o
intimidar a vítima, anuncia um assalto e subtrai a
agente, sabendo que a vítima está prestando serviço
mochila de Mévio – temos aqui o roubo próprio.
de transporte de valores, subtrai, mediante violência,
Exemplo 2: Tício subtrai uma garrafa de vinho
os malotes que a vítima portava.
caro em um supermercado. Ao sair, verifica que
Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis
o segurança está vindo em sua direção. Neste
ao crime de roubo.
momento, Tício, para poder fugir com a garrafa de
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até
vinho, desfere um soco no rosto do segurança, que
metade:
cai – temos aqui o roubo impróprio.
Exemplo 3: Tício conhece Mévia em uma festa.
z Se há concurso de duas ou mais pessoas;
Os dois vão para a casa dela. Ele coloca sonífero
z Se a vítima está em serviço de transporte de valo-
na bebida dela, que entra em sono profundo, em
res e o agente conhece tal circunstância;
seguida, o agente subtrai todos o dinheiro existen-
z Se a subtração for de veículo automotor que venha
te na carteira de Mévia – temos aqui o roubo com
a ser transportado para outro Estado ou para o
violência imprópria.
exterior;
z Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
Roubo Simples
tringindo sua liberdade;
z Se a subtração for de substâncias explosivas ou
Irá praticar o crime de roubo o agente que subtrair
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, pos-
coisa móvel alheia, para si ou para outrem, median-
sibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
te grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
– causa de aumento de pena acrescida pela Lei
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilida-
13.654/2018;
de de resistência.
z Se a violência ou grave ameaça é exercida com
Também irá praticar o crime de roubo o agente
emprego de arma branca. Incluído pela Lei nº
que, logo depois de subtraída a coisa, emprega violên-
13.964, de 2019, Pacote Anticrimes.
cia contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
Vejamos cada uma das majorantes:
ou para terceiro.
É importante que você não confunda o crime de Extorsão qualificada pelo resultado:
extorsão com o crime de roubo, que acabamos de
estudar: Vejamos que o § 2º do art. 158, do CP, dispõe que
Roubo: o agente emprega a violência ou grave será aplicado a extorsão praticada mediante violência
ameaça, visando à subtração; a participação da víti- ao disposto no § 3° do artigo anterior, ou seja, do cri-
398 ma é dispensável; me de roubo.
Assim, a extorsão qualificada pelo resultado ocor- No exemplo acima, ficou configurado o crime de
re quando, em razão da violência, resulta a lesão cor- extorsão mediante restrição da liberdade. Analise os
poral de natureza grave ou morte. elementos:
Na hipótese de lesão grave, a pena é de reclusão de
7 a 15 anos, além de multa; no caso de morte, reclusão z Emprego de grave ameaça;
de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. z Constrangimento à vítima;
Observe que a lesão grave ou a morte deve decor- z Objetivo de obter indevida vantagem econômica;
rer de violência física, podendo ocorrer a título de z Restrição da liberdade, que foi condição necessá-
dolo ou culpa, afastando-se a qualificadora quando ria para obtenção da vantagem.
resultar de grave ameaça.
Se, no caso de sequestro relâmpago, ocorrer o
Extorsão qualificada pelo sequestro – sequestro resultado morte ou o resultado lesão corpora de
relâmpago natureza grave, o agente será punido com as mes-
mas penas aplicadas ao crime de extorsão median-
Dispõe o § 3º do art. 158, do CP, que se o crime é te sequestro qualificada (24 a 30 anos; 16 a 24 anos,
cometido mediante restrição da liberdade da vítima, e
respectivamente).
essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos,
Extorsão Hedionda
além de multa. Se resultar lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, § 2º e
§ 3º, respectivamente. O delito de extorsão só é crime hediondo na situa-
Por exemplo, a vítima é conduzida, no seu próprio ção do art. 158, § 3º, do CP.
veículo, sendo coagida a percorrer caixas eletrônicos Esta hipótese foi introduzida pela lei 13.964/2019.
para a retirada de dinheiro, revelando ao meliante o Assim, dispõe o art. 1 º, III, da Lei nº 8.072/1990,
código secreto de seu cartão bancário magnético. que é crime hediondo a extorsão qualificada pela res-
O bem jurídico protegido é o patrimônio e a liber- trição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão cor-
dade pessoal de movimento, isto é, o direito de ir, vir e poral ou morte.
ficar no local livremente escolhido, assemelhando-se, A Lei nº 13.964/2019, em vez de manter como
destarte, à extorsão mediante sequestro. hediondo o art. 158, §2º, do CP e acrescentar o 158,
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se §3º, do CP, em sua nova redação, só fez menção ao art.
de crime comum. 158, §3º.
É ainda crime permanente, viabilizando-se, Por exemplo, o agente restringe a liberdade da víti-
enquanto não cessar o estado de permanência, a par- ma, com o emprego de violência à sua pessoa como
ticipação, a legítima defesa e a prisão em flagrante. forma de obter indevida vantagem econômica.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física
ou jurídica. Extorsão Mediante Sequestro
Admite-se a presença de mais de um sujeito passi-
vo. Por exemplo, o extorsionário realiza o sequestro A extorsão mediante sequestro, prevista no Artigo
relâmpago do dirigente de uma pessoa jurídica, obri- 159 do Código Penal, se configurará quando o agente
gando-o a assinar cheques da empresa. sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
Para sua tipificação, exige-se a presença dos ele- outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
mentos da extorsão fundamental: constrangimen- de resgate.
to, por meio de violência ou grave ameaça, para se
Neste crime, amigos, temos a restrição da liberda-
obter da vítima uma ação ou omissão, com o fim de
de da vítima (mediante sequestro ou cárcere priva-
obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
do), só que o agente possui uma finalidade específica
econômica.
(exige-se dolo específico): obter qualquer vantagem
Observe que, se a vantagem for absolutamente
(segundo a doutrina, deve ser vantagem indevida e
impossível de se obter, não há extorsão, respondendo
o agente apenas pelo delito de sequestro. Por exem- de natureza patrimonial), como condição ou preço de
plo, sequestro relâmpago para obrigar menor impú- resgate.
bere a assinar nota promissória.
Não esqueça, além do constrangimento, por meio Características da extorsão mediante sequestro:
de violência ou grave ameaça, exige ainda a restrição
da liberdade, isto é, um sequestro “relâmpago”, rápido z É crime comum – qualquer pessoa pode cometê-lo;
No roubo, a violência pode ser anterior, concomi- z É crime complexo (junção de 2 (dois) crimes –
tante ou posterior à obtenção da vantagem, ao passo extorsão mais sequestro ou cárcere privado;
que, na extorsão, o legislador é omisso quanto à vio- z É crime permanente, já que sua conduta se protrai
lência posterior, de modo que esta deve ser anterior (prolonga) – atenção com a aplicação da Súmula
ou concomitante à obtenção da vantagem. 711 do STF;
DIREITO PENAL
Para que o sequestro relâmpago fique configura- z É crime formal, que se consuma com a restrição da
do, o Código Penal exige a restrição da liberdade da liberdade, desde que motivada pela obtenção de
vítima e que essa condição seja necessária para a condição ou preço de resgate.
obtenção da vantagem econômica. z Não admite a modalidade culposa;
Ex.: “A”, criminoso conhecido na Cidade, aborda z Admite tentativa.
“B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan-
do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco- É importante mencionar que o agente deve seques-
nômica, “A” a conduz, forçadamente, em um veículo trar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas
de origem duvidosa, ao Banco, constrangendo a víti- já foi cobrado em prova), não haverá o crime de extor-
ma, que sacar R$ 1.000,00 para o autor. são mediante sequestro. 399
É importante mencionar um entendimento defendido pela doutrina majoritária: sobre o resultado morte, não
é necessário que seja a vítima, podendo ser qualquer pessoa em decorrência da extorsão mediante sequestro.
Assim, por exemplo, se um empregado for ao local combinado com os sequestradores, a pedido de seus patrões,
entregar o resgate e for morto pelos autores, a qualificadora será aplicada da mesma forma (observe que o empre-
gado não é vítima do crime – não foi sequestrado e nem pagou o resgate).
A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro, segundo entendimento doutrinário domi-
nante, quando dela for exigida a vantagem correspondente ao resgate.
A extorsão mediante sequestro traz em suas disposições a possibilidade de aplicação do instituto da delação
premiada.
A delação será aplicada no caso de o crime ser cometido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun-
ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado.
Neste caso, o concorrente que denunciou terá a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).
No § 1º do art. 159, do CP, está prevista a extorsão mediante sequestro qualificada, passando ser a pena de 8
a 15 anos para de 12 a 20 anos de reclusão, na hipótese de o sequestro durar mais de 24 (vinte e quatro) horas,
ou quando o sequestrado for menor de 18 anos, ou maior de 60 anos, ou ainda quando o crime for cometido por
quadrilha ou bando.
Trata-se de qualificadora, porque o preceito secundário tem pena própria.
Há quatro qualificadoras:
A primeira encontra sua razão de ser na maior fragilidade emocional do sequestrado menor de 18 anos, cuja
personalidade encontra-se ainda em formação.
A segunda qualificadora, o sequestro que dura mais de 24 horas, é um crime a prazo, porque o seu reconhe-
cimento depende de um lapso de tempo. Quanto mais duradouro o sequestro, maior o sofrimento da vítima e
familiares, daí a razão da qualificadora. Contam-se as horas, minuto a minuto, a partir do início da privação da
liberdade.
A terceira qualificadora foi introduzida pelo Estatuto do Idoso. Ocorre quando o sequestrado é maior de 60
anos. Se no início do sequestro era menor de sessenta, ao atingir esta idade incide a causa de aumento, caso ainda
esteja em poder dos sequestradores. Há tese que afirma que a lei diz maior de 60 anos, motivo pelo qual não se
aplica qualificadora.
A quarta qualificadora, crime cometido por quadrilha ou bando, justifica-se pela maior organização dos
sequestradores, aumentando as chances de êxito no delito. Quadrilha ou bando é a associação estável ou perma-
nente entre três ou mais pessoas, com o intuito de cometer uma série indeterminada de delitos.
Vejamos uma hipótese: o agente priva a vítima da liberdade, colocando-a sob vigilância em um cativeiro. Em
seguida, visando obter vantagem, exige de familiares da vítima o preço do resgate, mas devido a um impasse com
os familiares, o agente mata a vítima.
O § 2º do 159, do CP, dispõe que se o fato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena cominada é de reclu-
são, de 16 a 24 anos.
E o § 3º do 159, do CP, dispõe que se resulta morte, a pena será reclusão de 24 a 30 anos.
A lesão grave e a morte podem ser dolosas ou culposas.
Os delitos de homicídio e lesão corporal, sejam eles dolosos ou culposos, são, absorvidos, porque já funcionam
como qualificadoras.
A extorsão mediante sequestro seguida de morte é o crime mais grave do CP, tendo como pena mínima 24 anos
de reclusão.
Não há necessidade que seja provocado por violência física ou grave ameaça. O suicídio do sequestrado, por
exemplo, é suficiente para o reconhecimento da qualificadora, porque em tal situação é evidente a culpa dos
400 sequestradores.
A EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SERÁ QUALIFICADA NOS SEGUINTES CASOS:
Extorsão Indireta
A extorsão indireta constitui forma mais branda de extorsão, que se configurará quando o agente exigir ou
receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimen-
to criminal contra a vítima ou contra terceiro.
Como dito acima, é uma forma mais branda de extorsão, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, enquanto a extorsão, em sua modalidade simples, tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 (anos).
É um crime que exige dolo específico, já que o agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exigir ou rece-
ber) como garantia de dívida.
É necessário que o agente abuse da condição de alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, apro-
veitando-se da condição de desespero pela qual se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o filho deste
se encontra internado em estado grave e ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija documento que
possa dar causa a procedimento criminal – pronto, teremos configurada a extorsão indireta, já que o agiota abu-
sou da condição da vítima.
No verbo exigir, este crime é formal, consumando-se com a exigência do documento.
Já no verbo receber, é crime material, consumando-se com o efetivo recebimento do documento.
É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter criminis fracionado.
É crime comum, já que não se exige qualquer condição especial do sujeito.
APROPRIAÇÃO INDÉBITA
O crime de apropriação indébita está previsto no artigo 168 do Código Penal. Este crime irá se configurar quan-
do o agente se apropriar de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Para que você compreenda a apropriação indébita, é necessário que você saiba que o agente já tem a posse ou
DIREITO PENAL
z Apropriação Indébita: o agente recebe a coisa de boa-fé, depois, muda seu ânimo e passa a agir como se fosse
dono da coisa (passa a ter má-fé).
z Estelionato: o agente já recebe a coisa de má-fé, com a intenção de ficar com ela desde o início.
A apropriação indébita é crime que decorre de uma relação de confiança entre o autor e a vítima. Este entrega
a coisa móvel ao agente, devido à confiança que deposita nele. 401
O agente recebe a coisa com boa intenção, mas, z Recolher contribuições devidas à previdência
depois (parte da doutrina chama de dolo subsequen- social que tenham integrado despesas contábeis
te), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a ou custos relativos à venda de produtos ou à pres-
agir como dono dela. tação de serviços.
Veja as principais características da apropriação z Pagar benefício devido a segurando, quando as
indébita: respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
bolsados à empresa pela previdência social.
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa; Trata-se de norma penal em branco, complemen-
z Não admite a forma culposa; tada em diversos dispositivos pela lei previdenciária
z Não admite tentativa, conforme doutrina majoritá- correspondente.
ria, tratando-se de crime unissubsistente, ou seja, Veja as características do crime de apropriação
é o conjunto de um só ato, a realização da condu- indébita previdenciária:
ta esgota a concretização do delito, por exemplo, z É crime omissivo, como falado acima, já que o
apropriar-se de objeto de valor; agente não pratica a conduta que se espera dele
z É crime material, que se consuma quando o agente (repassar);
inverte a posse da coisa alheia móvel. z Não admite a modalidade culposa;
z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o
Aumento de Pena STF, não é necessário dolo específico (especial fim
de agir);
A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando z Não admite tentativa.
o agente receber a coisa:
O entendimento majoritário na doutrina é o de que
z Em depósito necessário; a apropriação indébita previdenciária é crime formal
z Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida- e, por isto, dispensa-se o enriquecimento indevido por
tário, inventariante, testamenteiro ou depositário parte do agente ou o efetivo prejuízo ao erário.
judicial; Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
z Em razão de ofício, emprego ou profissão. o crime de apropriação indébita previdenciária é
material, pois quando o agente omitiu o repasse, con-
Apropriação indébita previdenciária figurou-se o enriquecimento indevido e o consequen-
te prejuízo ao Erário.
O crime de apropriação indébita previdenciário Decisão esta que corrobora com o entendimento
é um crime próprio, pois só pode ser praticado pelo exarado na Súmula Vinculante nº 24.
substituto tributário, que é a pessoa que recolhe as Na linha da jurisprudência deste Tribunal Supe-
contribuições sociais em nome do INSS para depois rior, o crime de apropriação indébita previden-
repassá-las. ciária, previsto no art. 168-A, ostenta natureza de
No caso do contribuinte individual, ele é o res- delito material. Portanto, o momento consumativo
ponsável por esse desconto das contribuições e pelo do delito em tela corresponde à data da constitui-
repasse ao INSS, de modo que é ele que irá responder ção definitiva do crédito tributário, com o exauri-
pelo crime. mento da via administrativa (ut, (RHC 36.704/SC,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJe
No caso de sociedade, para fins penais, o sujeito
26/02/2016). Nos termos do art. 111, I, do CP, este
ativo é a pessoa física que no âmbito da empresa tem é o termo inicial da contagem do prazo prescricio-
o poder de fato para decidir se irá ou não sonegar a nal” (AgRg no REsp 1.644.719/SP, DJe 31/05/2017).
contribuição arrecadada.
Tutela-se o patrimônio do INSS, que é uma autarquia Importante estudar também o tema do princípio
federal, de modo que a competência é da Justiça Federal, da insignificância no crime de apropriação indébita
conforme o art. 109, inciso IV da Constituição Federal. previdenciária.
Logo, o sujeito passivo é o INSS. Neste caso, a Portaria nº 296/2007 da Previdência
Social diz que o INSS não executa, não move ação de
execução fiscal por dívida de até R$ 10 mil, de modo que
Importante! se o indivíduo pagasse débitos até esse valor a punibi-
lidade estaria extinta pelo perdão judicial, obviamente,
Conduta principal: ficará configurada quando o desde que ele seja primário e de bons antecedentes.
agente deixar de repassar à previdência social Não se trata de aplicação do princípio da insigni-
as contribuições recolhidas dos contribuintes, ficância, porque a dívida tem um valor significativo,
no prazo e forma legal ou convencional. mas se o valor for irrisório, por exemplo, R$ 100, R$
200 ou R$ 300 ele poderá ser absolvido pelo princípio
da insignificância.
Observe que o tipo penal principal é praticado na Quando o valor da dívida atinge uma cifra razoá-
modalidade omissiva, deixando o agente de praticar vel de até R$ 10 mil, mas o INSS diz que não é preciso
uma conduta que deveria (repassar à previdência as mover a execução fiscal, nesse caso o réu poderá rece-
contribuições recolhidas após reter os valores). ber o perdão judicial ou então ser condenado apenas
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do na pena de multa, conforme o § 3º do art. 168, CP.
crime principal o agente que deixar de: A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da
punibilidade), caso o agente, espontaneamente, decla-
z Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra re, confesse e efetue o pagamento das contribuições,
importância destinada à previdência social que importâncias ou valores e preste as informações devi-
tenha sido descontada de pagamento efetuado a das à previdência social, na forma definida em lei ou
402 segurados, a terceiros ou arrecadada do público. regulamento, antes do início da ação fiscal.
Apesar de o Código Penal estabelecer que a condu- Há uma duplicidade de erros, de quem entrega e
ta do agente, para que sua punibilidade seja extinta, de quem recebe a coisa.
seja praticada antes do início da ação fiscal, o STF e Quanto à distinção entre caso fortuito e força da
o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da puni- natureza, uma parcela significativa da doutrina consi-
bilidade com o pagamento efetuado a qualquer tem- dera as expressões equivalentes. Mesmo assim, vamos
po, desde que antes do trânsito em julgado (sentença estabelecer uma diferenciação.
definitiva). Força da natureza é o acontecimento de eventos
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita físicos ou naturais, de índole ininteligente, como o gra-
previdenciária, vamos verificar uma hipótese de per- nizo, o raio, a inundação, a tempestade e o terremoto.
dão judicial e de crime privilegiado. Caso fortuito deriva de fatos humanos, como a gre-
A Lei nº 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se ve, o motim, a guerra, a queda de um avião e etc.
de passagem (importante que você preste bastante No delito em apreço, a coisa chega ao agente atra-
atenção), acrescentou dispositivo ao Código Penal que vés de um evento imprevisível.
estabelece que a faculdade atribuída ao juiz de dei- Exemplo clássico, um vendaval lança as roupas do
xar de aplicar a pena ou de aplicar somente a pena varal do vizinho ao quintal da casa de B e este apro-
de multa não se aplica aos casos de parcelamento de pria-se delas. Ou uma mala despenca de um avião,
contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja caindo na chácara de B, que dela se apropria. Ainda,
superior àquele estabelecido, administrativamente, o animal de uma fazenda passa para a fazenda de B,
como sendo mínimo para ajuizamento de suas execu- que dele se apropria.
ções fiscais. Observe que a coisa não é entregue pela vítima ao
Faculta-se ao juiz: agente, originando-se o apossamento de um aconteci-
mento imprevisível.
z Deixar de aplicar a pena (perdão judicial); Este crime não admite a modalidade culposa,
z Aplicar somente a pena de multa (crime podendo ser praticado apenas a título de dolo.
privilegiado). Trata-se de crime comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa.
Se o agente for primário e de bons antecedentes, O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme-
desde que o agente: lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de
tesouro e a apropriação de coisa achada.
z Tenha promovido, após o início da ação fiscal
e antes de oferecida a denúncia, o pagamento Apropriação de Tesouro
da contribuição social previdenciária, inclusive
acessórios; Irá praticar este crime o agente que achar tesouro
z O valor das contribuições devidas, inclusive aces- em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte,
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido da quota a que tem direito o proprietário do prédio.
pela previdência social, administrativamente, Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se
execuções fiscais, de acordo com a Procuradoria- apropria da quota-parte que o proprietário do prédio
-Geral da Fazenda Nacional o valor mínimo para tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabe-
ajuizar execuções fiscais por débito para com o fis- lece que o tesouro deve ser dividido igualmente entre
co é de R$ 20 mil. aquele que achou e entre o proprietário do local em
que ele foi achado.
O Código Civil conceitua tesouro como depósito
Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito
antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
ou Força da Natureza
haja memória.
O tipo penal não se caracteriza com o verbo
Neste crime, a apropriação se dá, não devido a “achar”. Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não
relação de confiança existente entre autor e vítima, comete crime algum. A conduta criminosa se encontra
mas sim, porque a coisa chegou ao poder do agente no verbo “apropriar-se”, quando o agente se apropria
por erro, caso fortuito ou força da natureza. da parte a que tem direito o proprietário do prédio.
Ex.: “A” recebe em sua casa, por erro do entrega- Para que este crime se configure, é necessário que
dor das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua
agente se apropria da coisa havida por erro. proprietário.
Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas,
posteriormente, altere a posse da coisa, apropriando- Apropriação de Coisa Achada
-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa
havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado
Entretanto, para configuração do delito, o agente popular muito conhecido?
não pode ter induzido nem mantido a pessoa em erro O crime de apropriação de coisa achada não é cos-
no momento do recebimento da coisa, caso contrário, tuma ser mencionado, mas existe, mas existe.
tendo em vista a fraude, haverá o crime de estelionato. Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia
DIREITO PENAL
Na apropriação de coisa havida por erro, ao tempo perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente,
do recebimento da coisa, o agente procede de boa-fé, deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor
não percebe o erro. Este é constatado após o recebi- ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do
mento da coisa. prazo de 15 (quinze) dias.
Necessário, portanto, o dolo subsequente, isto é, o Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para
agente recebe, identifica que não lhe pertence, mas sua consumação, exige que transcorra determinado
fica com o patrimônio. período (15 dias).
O erro deve ser alheio, isto é, de quem concede a Sujeito ativo é aquele que acha a coisa perdida.
disponibilidade da coisa ao sujeito ativo. É necessário Trata-se de crime próprio, pois é praticado por
que o agente não perceba o aludido erro. aquele que acha a coisa perdida. 403
Na hipótese de o sujeito ativo emprestar a coisa Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro
à uma outra pessoa, vindo esta a apropriar-se, não e o agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela
cometerá o delito em apreço, e sim o crime de apro- estava em erro, o agente, de má-fé, faz com que ela
priação indébita, previsto no art.168, do CP. permaneça).
Se, por outro lado, o proprietário achar a própria No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
coisa e deixar de restitui-la ao legítimo possuidor, que enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de
a havia perdido, também não se configura o delito, alguma forma, a vantagem.
porque o tipo penal exige que a coisa seja alheia. Esta condição, inclusive, é fator que serve para
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor.
diferenciar o estelionato de outros tipos penais que
O objeto material é coisa alheia perdida.
com ele possam se confundir.
Trata-se de elemento normativo do tipo, cujo signi-
ficado requer um juízo de valor do magistrado. Características do crime de estelionato:
Coisa perdida é a que se encontra em lugar públi-
z Crime comum: não se exige características especí-
co ou de uso público em circunstâncias indicativas do
ficas do sujeito ativo;
extravio, por exemplos, uma carteira exposta no meio
da rua. z Crime material: o crime se consuma com a ocor-
Coisa abandonada (res derelicta) ou coisa sem rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
dono (res nullius), não haverá crime algum por parte acarretando prejuízo a terceiro;
de quem apropriar-se. z Não admite a forma culposa: só se pratica a título
Este torna-se dono da coisa. de dolo;
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente z Admite a modalidade tentada.
na vontade de apropriar-se da coisa.
Quanto à consumação, ocorre quando o agente O estelionato privilegiado é aquele em que o agen-
deixa de restituir a coisa ao dono ou legítimo possui- te é primário e é de pequeno valor o prejuízo. Poderá
dor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro o juiz, neste caso, substituir a pena de reclusão pela
do prazo de quinze dias. pena de detenção, diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou apli-
O crime de apropriação de coisa achada poderá se car somente a pena de multa.
configurar: Vejamos as formas equiparadas do crime de este-
lionato, que serão submetidas às mesmas penas.
z Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao
dono ou legítimo possuidor; Disposição de Coisa Alheia como Própria
z Se o agente deixa de entregar a coisa achada à
autoridade competente. Este crime está previsto no art. 171, § 2º, I, do CP,
ou seja, o agente vende, permuta, dá em pagamento,
Por fim, o Código Penal estabelece a possibilida- em locação ou em garantia coisa alheia como própria
de de se aplicar aos crimes previstos no capítulo da – disposição de coisa alheia como própria. O agente,
apropriação indébita, os institutos aplicáveis ao furto neste crime, faz com que coisa alheia se passe como
privilegiado. dele, enganando outrem.
Logo: Os verbos previstos no tipo são: vender, permutar
(trocar), dar como pagamento, locação ou garantia.
z Se o criminoso é primário; Vender: a venda é o contrato pelo qual as partes se
z Se é de pequeno valor a coisa. obrigam a dar uma coisa por dinheiro. Aperfeiçoa-se
com o acordo de vontades acerca da coisa e do pre-
O juiz poderá: ço, independentemente da tradição. Esta é necessária
para a aquisição da propriedade, e não para a forma-
z Substituir a pena de reclusão pela pena de ção do contrato. Consuma-se o crime com a obtenção
detenção; da vantagem e causação do prejuízo.
z Diminuir a pena de 1/3 a 2/3; Permutar (trocar): a permuta ou troca é o contrato
z Aplicar somente a pena de multa. pelo qual as partes assumem a obrigação de dar uma
coisa por outra. Aperfeiçoa-se também com o simples
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES acordo de vontades, independentemente da entrega
do bem. Consuma-se o crime quando a vítima entrega
Estelionato ao estelionatário a coisa, pois, nesse momento, opera-
-se o prejuízo e a obtenção da vantagem.
O crime de estelionato, art. 171, do CP, será pratica- Dar em pagamento: a dação em pagamento con-
do quando o agente obtiver, para si ou para outrem, siste na extinção de uma obrigação vencida pelo fato
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou de o credor consentir em receber prestação diversa
mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil da que lhe é devida. Consuma-se o crime quando o
ou qualquer outro meio fraudulento. estelionatário obtém a quitação da dívida, mediante a
O agente altera, de modo consciente, a data de óbi- promessa de entregar ao seu credor uma certa coisa.
to de seu genitor, induzindo o tabelião em erro para Locação: a locação é o contrato pelo qual uma das
não pagar multa em procedimento extrajudicial de partes se obriga a ceder a outra, por tempo determina-
inventário (vantagem econômica). do ou não, o uso e gozo de coisa infungível, mediante
Observe que o crime fala em vantagem ilícita certa retribuição. Consuma-se o crime quando o este-
(segundo a doutrina majoritária, deve ser vantagem lionatário recebe o sinal ou o pagamento do primeiro
de natureza patrimonial), podendo ser coisa móvel ou aluguel.
imóvel. Garantia: a garantia compreende o penhor, a hipo-
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se teca e a anticrese. Consuma-se o crime quando o este-
utiliza de artificio ardil (método de enganar) ou qual- lionatário obtém o empréstimo, dando em garantia
404 quer outro tipo de fraude. uma coisa alheia.
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria O crime de fraude para recebimento de indeniza-
ção ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritá-
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, II, do CP, ria, é crime formal, que se consuma com a prática da
que consiste no agente que vende, permuta, dá em conduta, independentemente de o agente conseguir
pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, ou não receber os valores referentes a indenização ou
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu valor de seguro.
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, Lembre-se que o agente não é punido penalmen-
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias. te por causar mal somente a si mesmo, sendo assim,
Temos que destacar que o objeto material do crime caso ele se lesione sem o fim de receber seguro, ele
pode ser bem móvel ou imóvel. não será sujeito passivo do crime.
Vejamos: O sujeito passivo será a seguradora.
Coisa própria inalienável – os bens inalienáveis
são: bem de família do Código Civil, bem doado com Fraude no Pagamento por Meio de Cheque
cláusula de inalienabilidade e bem deixado por testa-
mento com cláusula de inalienabilidade. Este crime está previsto no art. 171, § 2º, VI, do CP,
Coisa própria gravada de ônus, por exemplos: consiste no ato de o agente emitir cheque, sem sufi-
penhor, hipoteca, anticrese, enfiteuse, servidão, ciente prisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
superfície, uso, usufruto, habitação e superfície.
Leve em consideração que, para configuração des-
Coisa própria litigiosa: bem sub-judice é aquele em
ta forma equiparada de estelionato é necessário que o
que há uma ação judicial acerca da titularidade da agente saiba desde o início que não dispõe de fundos
propriedade. para cobrir o cheque, não se englobando nesta moda-
Imóvel próprio que prometeu vender a terceiro, lidade criminosa os casos de não pagamento de che-
mediante pagamento em prestações. que por motivos cotidianos (sem má-fé).
Observa-se que a lei é omissa em relação a imóvel É importante conhecer duas súmulas do STF, refe-
que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento rentes ao crime de fraude no pagamento por meio de
a vista. Também é omissa sobre o compromisso que cheque.
recai sobre bens móveis, ainda que em prestações.
Súmula 521: O foro competente para o processo e
Defraudação de Penhor julgamento dos crimes de estelionato, sob a modali-
dade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, III, do CP,
pelo sacado.
consiste na conduta de o agente defraudar, median-
Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem
te alienação não consentida pelo credor ou por outro provisão de fundos, após o recebimento da denún-
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do cia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
objeto empenhado.
É essencial a fraude, isto é, a falta de autorização Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que
do credor. O consentimento deste exclui o crime. se o agente pagar os valores referentes ao cheque emi-
A consumação ocorre com a efetiva defraudação, tido sem fundos, antes do recebimento da denúncia,
isto é, com a alienação, ocultação, abandono e etc. da será impedido o início da ação penal.
coisa empenhada. Vejamos também a Súmula 17 do STJ: Quando o
A defraudação parcial é suficiente para a consu- falso se exaure no estelionato, sem mais potencialida-
mação, porque diminui a garantia do credor, gerando de lesiva, é por este absorvido.
prejuízo. Entenda da seguinte forma: se o uso do documento
falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato,
Fraude na Entrega de Coisa este crime absorverá aquele.
Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, IV, do CP, crimes em concurso formal.
Observe as causas de aumento de pena previstas
em que o agente defrauda substância, qualidade ou
no Código Penal para o estelionato.
quantidade, de coisa que deve entregar a alguém.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
Vejamos, o tipo penal faz a seguinte alusão: “coisa me é praticado:
que deve entregar a alguém”, pressupondo-se, portan-
to, uma obrigação de prestação de dar entre as partes.
z Em detrimento de entidade de direito público
A obrigação deve ser a título oneroso. Se for gratui- ou de instituto de economia popular, assistência
ta, como o comodato e a doação, desaparece o delito, social ou beneficência;
porque não há prejuízo ao credor. Nos negócios gra- z É chamado de estelionato previdenciário.
tuitos não se pode reclamar sequer vício redibitório,
de modo que o devedor não é sancionado nem na A pena será aplicada em dobro:
esfera cível.
Se não houver uma obrigação antecedente, a
entrega de coisa defraudada pode configurar o delito Estelionato Contra Idoso
DIREITO PENAL
do art.171 caput.
Estelionato contra idoso é causa de aumento de pena,
que foi incluída pela Lei nº 13.228/2015, que acrescentou
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de o §4º do art. 171 do CP, cuja redação é a seguinte:
Seguro Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
contra idoso.
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, V, do CP, Idoso é a pessoa com mais de 60 (sessenta) anos ao
em que o agente destrói, total ou parcialmente, ou tempo da conduta criminosa.
oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saú- Esta majorante incide sobre todas as modalidades
de, ou agrava as consequências da lesão ou doença, de estelionato. Somente se procede mediante repre-
com o intuito de haver indenização ou valor de seguro. sentação, salvo se a vítima for: 405
z A Administração Pública, direta ou indireta; A segunda conduta incriminada é alojar-se em
z Criança ou adolescente; hotel sem dispor de recursos para efetuar o pagamen-
z Pessoa com deficiência mental; ou to. A punição, evidentemente, estende-se a fatos que
z Maior de 60 (sessenta) anos de idade ou incapaz. ocorram em estabelecimentos similares, como pen-
sões ou pousadas.
Duplicata Simulada A terceira e última conduta criminosa consiste em
utilizar-se de meio de transporte (ônibus, táxi, lota-
O crime consiste em emitir fatura, duplicata ou nota ção, barco, trem) sem possuir recursos para efetuar
de venda que não corresponda à mercadoria vendida, o pagamento.
em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. O tipo penal expressamente exige que o agente
Pena cominada é detenção, de 2 a 4 anos, e multa. realize as condutas típicas sem dispor de recursos
Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar para efetuar o pagamento naquele instante.
ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de É necessário (elementar do tipo penal) que o agen-
Duplicatas. te não tenha recursos para pagar a refeição, o aloja-
mento ou o meio de transporte.
Abuso de Incapazes Caso o agente tenha os recursos necessários, entre-
tanto, recuse-se a efetuar o pagamento, não cometerá
Este crime de estelionato consiste em abusar, em o crime de outras fraudes.
proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilida- da prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve
de mental de outrem, induzindo qualquer deles à prá- saber que não dispõe de recursos para pagar e mes-
tica de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em mo assim utilizar dos serviços descritos. Caso ocor-
prejuízo próprio ou de terceiro. ra um imprevisto, o agente perde seu dinheiro sem
saber, por exemplo, ele não será responsabilizado
Induzimento à Especulação penalmente.
Trata-se de crime promovido mediante ação penal
O induzimento à especulação é o crime de abusar, pública condicionada à representação da vítima.
em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou Admite-se a aplicação do instituto do perdão judi-
da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, cial, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especula- deixar de aplicar a pena.
ção com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo
saber que a operação é ruinosa.
Fraudes e Abusos na Fundação ou Administração de
Sociedade por Ações
Fraude no Comércio
A modalidade criminosa prevista no caput do art.
A fraude no comércio é o crime de enganar, no
177 refere-se à fundação da sociedade por ações.
exercício de atividade comercial, o adquirente ou con-
Trata-se de crime em que o fundador da socieda-
sumidor que:
de por ações (sociedade anônima ou comandita por
ações) induz ou mantém em erro os candidatos a
z Vende, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
sócios, o público ou presentes à assembleia, fazendo
falsificada ou deteriorada;
falsa afirmação sobre circunstâncias referentes à sua
z Entrega uma mercadoria por outra.
constituição ou ocultando fato relevante desta. Podem
girar elas sobre falsa informação a respeito de subs-
É também crime de fraude no comércio, a conduta
de alterar em obra que lhe é encomendada a qualida- crições ou entradas, de recursos técnicos da compa-
de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, nhia, de nomes de pseudoinvestidores e etc. Na forma
pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor omissiva, pode o agente cometer o crime ocultando o
valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, nome dos fundadores, de problemas técnicos etc., cujo
como precioso, metal de outra qualidade. conhecimento poderia prejudicar ou impedir a subs-
No crime de fraude no comércio, se o criminoso é crição de ações e a própria constituição da sociedade.
primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz A fraude pode constar de prospecto ou de comunica-
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, ção feita ao público ou em assembleia da empresa.
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a Trata-se de crime próprio em que o sujeito ativo é
pena de multa. o responsável pela fundação da sociedade por ações.
Sujeito passivo são as pessoas físicas ou jurídicas
Outras Fraudes que subscreveram o capital ludibriadas.
É crime formal que se consuma no momento em
O crime fica configurado quando o agente tomar que é lançado o prospecto ou o comunicado com a
refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utili- afirmação falsa ou contendo a omissão fraudulenta
zar-se de meio de transporte sem dispor de recursos de informação relevante, ainda que disso não decorra
para efetuar o pagamento. qualquer resultado lesivo.
A primeira conduta é tomar refeição em restauran- Sobre a pena, é claro que as figuras do § 1º do art.
te sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. 177, do CP, é subsidiário, ou seja, cede lugar quando
A lei refere-se genericamente a restaurante, de tal o fato se enquadra como crime contra a economia
forma que abrange lanchonetes, cafés, bares e outros popular da Lei nº 1.521/1951.
estabelecimentos que sirvam refeição. Esta, aliás, Nas figuras descritas no § 1º do art. 177, do CP, a
engloba a ingestão de bebidas. Entende-se que o deli- lei penal incrimina fraudes e abusos na administra-
to não se configura quando o agente é servido em sua ção da sociedade por ações, estabelecendo as mesmas
406 própria residência. penas para:
z O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por z A empresa não está legalmente constituída (art. 1º);
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan- z Inexiste autorização do Governo Federal para a
ço ou comunicação ao público ou à assembleia faz emissão (arts. 2º e 4º);
afirmação falsa sobre as condições econômicas da z Inexistem as mercadorias no documento
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo especificadas;
ou em parte, fato a elas relativo, e o liquidante, z Há emissão de mais de um título para a mesma
bem como o representante da sociedade anônima mercadoria ou gêneros especificados no título;
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que z O título não perfaz as exigências reclamadas no
pratica os atos mencionados, ou dá falsa informa- art. 15 do decreto.
ção ao Governo;
z O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por Sujeito ativo é o depositário da mercadoria. Sujei-
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de to passivo é o endossatário ou portador que recebe o
outros títulos da sociedade, e o liquidante, bem como título sem saber da ilegalidade.
o representante da sociedade anônima estrangeira, O crime se consuma quando o título é colocado
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos em circulação e a tentativa não é possível, pois, ou o
mencionados, ou dá falsa informação ao Governo; agente o coloca em circulação, consumando o crime,
z O diretor ou o gerente que toma empréstimo à
ou não o faz, sendo atípica a conduta.
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia
Fraude à Execução
autorização da assembleia geral, e o liquidante;
z O diretor ou o gerente que compra ou vende, por
O crime consiste na existência de uma senten-
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
ça a ser executada ou de uma ação executiva e
quando a lei o permite, e o liquidante;
mandamento.
z O diretor ou o gerente que, como garantia de crédi-
to social, aceita em penhor ou em caução ações da O agente, com o fim de fraudar a execução, desfa-
própria sociedade e o liquidante; z-se de seus bens por meio de uma das condutas des-
z O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em critas na lei:
desacordo com este, ou mediante balanço falso,
distribui lucros ou dividendos fictícios; z Alienando;
z O diretor, o gerente ou o fiscal que, por interpos- z Desviando;
ta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a z Destruindo ou danificando bens; ou
aprovação de conta ou parecer, e o liquidante. z Simulando dívidas.
do confere ao portador direito real de garantia sobre Antes de iniciarmos a análise de cada uma das
as mercadorias. divisões feitas acima, é importante mencionar que,
Quem possui ambos tem a plena propriedade segundo posicionamento doutrinário majoritária,
delas. confirmada pela jurisprudência do STF, a coisa deve
Delito é a circulação desses títulos em desacordo ser móvel.
com disposição legal. É importante que você saiba, também, que a recep-
Trata-se de norma penal em branco, complemen- tação é punível ainda que desconhecido ou isento de
tada pelo Decreto nº 1.102/1903. pena o autor do crime de que proveio a coisa.
De acordo com seus ditames, a emissão é irregular Logo, a punição da receptação não depende da
quando: punição do crime anterior, de que se obteve a coisa. 407
Receptação Simples No caso de receptação dolosa, aplica-se o institu-
to do privilégio, podendo o juiz, caso o agente seja
O crime de receptação, previsto no Artigo 180 do primário e seja de pequeno valor a coisa, substituir
Código Penal, pratica-se quando o agente adquirir, a pena de reclusão pela pena de detenção, reduzir a
receber, transportar, conduzir ou ocultar, em provei- pena de 1/3 a 2/3; ou aplicar somente a pena de multa.
to próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de cri- Em 2017, por meio da Lei 13.531, foi inserido
me, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, importante dispositivo ao Código Penal, que aumenta
receba ou oculte. a pena do agente ao dobro.
É crime comum, tanto em relação ao sujeito ativo, A pena prevista para a receptação simples (própria
como em relação ao sujeito passivo. ou imprópria) será aplicada em dobro, tratando-se
A doutrina divide a receptação simples em própria
de bens do patrimônio da União, de Estado, do Dis-
ou imprópria. Conheça tal divisão:
trito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mis-
z Receptação Própria: adquirir, receber, transpor-
ta ou empresa concessionária de serviços públicos.
tar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime.
Receptação de Animal
z Receptação Imprópria: influir para que terceiro,
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Trata-se de um tipo autônomo de receptação e não
uma forma qualificada de receptação, já que se altera
A receptação é crime de tipo misto alternativo,
os patamares mínimos e máximos da pena.
podendo o agente ser responsabilizado penalmente,
A receptação de animal (semovente domesticável
caso pratique qualquer um dos verbos descritos no
tipo penal. de produção) tem a pena de reclusão, de 2 a 5 anos e
multa.
O crime de receptação de animal está previsto no
Receptação Qualificada
artigo 180-A do Código Penal.
Foi inserido pela Lei nº 13.330/2016, sendo, portan-
A receptação qualificada é aquela praticada no
exercício de atividade comercial ou industrial. to, um tipo penal bastante recente.
Será qualificada a receptação quando o agente Este crime será praticado quando o agente adqui-
adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter rir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, depósito ou vender, com a finalidade de produção ou
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em de comercialização, semovente domesticável de pro-
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade dução, ainda que abatido ou dividido em partes, que
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser pro- deve saber ser produto de crime.
duto de crime. Aqui, também é admitido o dolo eventual (que
A pena no caso da modalidade qualificada será de deve saber ser produto de crime).
3 (três) a 8 (oito) anos. Semovente domesticável de produção pode ser
É admitido, na receptação qualificada, tanto o dolo entendido como o animal de bando, como bovinos e
direto quanto o dolo eventual (coisa que deve saber suínos, que constituem patrimônio de alguém, domes-
ser produto de crime). ticados com finalidade produtiva.
Será equiparada à atividade comercial, para fins Ex.: Fulano adquiri, no exercício do comércio em
de receptação qualificada, qualquer forma de comér- seu açougue, gado abatido após ser furtado em uma
cio irregular ou clandestino, inclusive aquele exerci- fazenda, com a finalidade de comercializar a carne.
do em residência. Fulano praticou o crime de receptação de animal.
Tratando-se de cônjuges divorciados ao tempo do apreensão da arma de fogo pela autoridade policial
crime, não há qualquer imunidade. Por exemplo, após para a caracterização da correspondente majorante
separados judicialmente, ex-esposa furta ex-marido. do crime.
A segunda causa, delito praticado em prejuízo
de irmão, abrange os irmãos germanos ou bilaterais ( ) CERTO ( ) ERRADO
(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou Neste caso, o agente responderá por roubo majora-
uterinos (filhos da mesma mãe). do, pois, de acordo com os tribunais superiores, dis-
É claro que a imunidade também se estende aos pensa-se a apreensão da arma quando for possível
irmãos adotivos. comprovar o seu uso por outros meios de prova. 409
Informativo 536: Não é obrigatório que a arma 5. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Em cada item a seguir, é
de fogo seja periciada ou apreendida, desde que, apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
outros meios de prova demonstrem seu potencial assertiva a ser julgada com base no direito penal.
lesivo. Exemplos de provas: testemunhas, imagens Três criminosos interceptaram um carro forte e domi-
de câmera de segurança. Resposta: Errado. naram os seguranças, reduzindo-lhes por completo
qualquer possibilidade de resistência, mediante grave
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Cada um do itens a ameaça e emprego de armamento de elevado calibre.
seguir apresenta uma situação hipotética seguida de O grupo, entretanto, encontrou vazio o cofre do veícu-
uma assertiva a ser julgada, a respeito da aplicação e lo, pois, por erro de estratégia, efetuara a abordagem
da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas depois que os valores e documentos já haviam sido
e da culpabilidade. deixados na agência bancária. Por fim, os criminosos
Um indivíduo, penalmente imputável, em continuidade acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa situa-
delitiva, foi flagrado por autoridade policial no decor- ção, ante a inexistência de valores no veículo e ante
rer da prática criminosa de furtar sinal de TV a cabo. a ausência de subtração de bens, elementos consti-
Nessa situação, de acordo com o atual entendimento tutivos dos delitos patrimoniais, ficou descaracteriza-
do Supremo Tribunal Federal, aplica-se a analogia ao do o delito de roubo, subsistindo apenas o crime de
caso concreto, no sentido de imputar ao agente a con- constrangimento ilegal qualificado pelo concurso de
duta típica do crime de furto de energia elétrica. pessoas e emprego de armas.
Vamos ser bem objetivos: Muita atenção nessa questão. Segundo o STF, “A
STF entende que “o sinal de TV a cabo não é energia, inexistência de bens ou dinheiro em poder da víti-
e assim, não pode ser objeto material do delito pre- ma de roubo não caracteriza a hipótese de crime
visto no art. 155, § 3º, do Código Penal”. impossível, uma vez que o delito de roubo é comple-
STJ entende que sinal de TV é energia, punindo-se na xo, cuja execução inicia-se com a violência ou grave
ameaça à vítima” (HC 78.700-SP, rel. Min. Ilmar Gal-
forma do art. 155, § 3º, do Código Penal. Resposta:
vão, 16.3.99). Resposta: Errado.
Errado.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de crimes con- O parágrafo único do art. 215 prevê a aplicação
tra a dignidade sexual, assinale a opção correta. também da pena de multa se o delito é praticado com
Em se tratando de crime de estupro em que a vítima a finalidade de obter vantagem econômica, como no
seja maior de dezoito anos de idade e plenamente caso do agente que deixa de pagar a prostituta após
capaz, a ação penal é pública incondicionada, ainda que a realização da conjunção carnal ou de outro ato
não tenha ocorrido violência real na prática do crime. libidinoso.
A atual redação do art. 215, CP se deu com as Art. 215-A Praticar contra alguém e sem a sua
modificações da Lei nº 12.015/09, dá qual já falamos anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer
quando estudamos o estupro. Aqui houve nova conti- a própria lascívia ou a de terceiro:
nuidade típico-normativa: o tipo do 216 foi revogado Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
e a conduta incluída no art. 215, CP. não constitui crime mais grave.
Art. 215 Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou Exemplo de conduta tratada por este tipo penal
outro meio que impeça ou dificulte a livre manifes- foi objeto de destaque na mídia em tempos recentes,
tação de vontade da vítima: que se materializava quando o sujeito, dentro de um
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. transporte coletivo, ejaculava na vítima ou se esfre-
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de gava nela.
obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Os principais aspectos sobre esse crime são:
te, por exemplo), esta se torna vulnerável, sendo § 2º o A pena é aumentada em até um terço se a
o caso então da aplicação do tipo penal do art. vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
217-A (estupro de vulnerável).
Também não confunda o art. 215 com o 213 O Párágrafo único foi vetado. Temos apenas o § 2º.
(estupro): o meio de execução é diferente: A palavra constranger, no caso do art. 216-A, não
� Art. 213 (estupro): Violência ou grave ameaça. tem o mesmo sentido do que no estupro: o assédio
� Art. 215 (violação): Fraude ou outro meio que impeça sexual tem a ideia de intimidar alguém a fazer
ou dificulte a manifestação de vontade. alguma coisa (atos sexuais, libidinosos) sem o uso
de violência ou grave ameaça. O intuito do agente é
413
obter favorecimento sexual de qualquer forma (pode z numa prova discursiva, explique as duas posições.
ser até um beijo), mediante uma ameaça (quer pode Veja o posicionamento, por exemplo, de Guilher-
ser explícita ou não) ou de uma promessa (de promo- me Nucci.
ção, por exemplo), que também pode ser explícita ou
implícita. Lembre-se que em relação à hipótese de assédio
O sujeito ativo está em posição hierarquicamente sexual entre líderes religiosos: não cabe.
superior à vitima (tem maior autoridade na estrutura
administrativa) ou que tem ascendência inerente ao
emprego, cargo ou função que exerce (setor privado);
por sua vez, o sujeito passivo é o subordinado (assédio EXERCÍCIOS COMENTADOS
vertical). É o que se chama de crime bipróprio (exige
carecterísticas especiais do sujeito ativo e do passivo). 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de crimes con-
Não há assédio sexual entre funcionários do mes- tra a dignidade sexual, assinale a opção correta.
mo nível (assédio horizontal). Também não se confi- Caracteriza o crime de assédio sexual a conduta de
gura quando o subordinado assedia o superior. médico ginecologista que, durante atendimento, pratica
São aspectos relevantes relativos ao tipo do art. 216-A: ato libidinoso contra paciente, aproveitando-se do con-
sentimento dado por ela para a realização de exame
z é crime bicomum; ginecológico.
z o flerte (paquera) ou o namoro não configuram a
conduta descrita; ( ) CERTO ( ) ERRADO
z se a vítima é menor de 14 anos, configura o tipo do
art. 217-A; Questão errada. Como vimos, a questão descreve o
z é crime formal (de resultado cortado), ou seja, clássico exemplo de violação sexual mediante frau-
consuma-se com o constrangimento; de (art. 215, CP). Resposta: Errado.
z o parágrafo § 2º determina o aumento de até um
2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Deverá responder por cri-
terço se a vítima tem mais de 14 e é menor do que
me de assédio sexual o líder religioso que, no ambien-
18 anos (cuidado que o dispositivo fala em menor
te ecumênico, por reiteradas vezes, importunar fiel
de 18, mas como vimos, os menores de 14 são cui-
para que realize ato de natureza sexual.
dados pelo art. 217-A); não estabelece, no entan-
to, o quantitativo mínimo de aumento: a doutrina
aponta que deve ser aplicado o aumento mínimo ( ) CERTO ( ) ERRADO
existente no CP: um sexto;
Questão errada. Neste caso, a doutrina aponta que
z a paixão do agente pela vítima não excluem o
não há a necessária relação de hierarquia e subor-
crime (veja o art. 28, I do CP, que afirma expres-
dinação entre religioso e fiel, necessária para a con-
samente que a emoção e a paixão não afastam a
figuração do tipo de assédio sexual. Cuidado para
responsabilidade penal);
não fazer a mesma relação existente entre professor
z conforme a doutrina majoritária é crime instan- e aluno. Resposta: Errado.
tâneo, não exigindo a prática de atos de forma
reiterada; 3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Deverá responder por
z não se exige que o assédio ocorra dentro do crime de assédio sexual o empregador que, fora do
ambiente de trabalho; e ambiente laboral, constranger funcionário a conceder
z por último temos a questão da relação professor e favorecimento sexual, valendo-se de sua condição
aluno. Existe o crime, por exemplo, quando o pro- hierárquica.
fessor, ao afirmar a uma aluna que precisava de
pontos para ser aprovada em sua disciplina, apro- ( ) CERTO ( ) ERRADO
xima-se e toca sua barriga e seus seios? Neste caso
temos duas posições: a primeira corrente afirma Questão correta. A quetão descreve perfeitamente
que não, por não haver hierarquia ou ascendência a conduda de assédio sexual (constrangimento de
do docente em relação ao aluno (já foi o entendi- subordinado com a finalidade de obter vantagem
mento predominante e ainda prevalece na dou- sexual); apenas tenta confundir incluindo a expres-
trina); já pela segunda corrente, adotada pelo STJ são “fora do ambiente de trabalho”. Como estu-
em 2019 (ao analisar exatemente um caso como damos, o tipo do assédio não estabelece qualquer
o do exemplo), afirma que, apesar de não haver condição especial em relação ao local do crime. Res-
relação de hierarquia, há um domínio do docen- posta: Certo.
te sobre o aluno, sendo aplicável o tipo do assédio
sexual. Essa discussão se aplica na relação entre REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE
líderes religiosos, como pastores e padres, e seus SEXUAL
fiéis; neste caso, aplica-se a posição da doutrina
que afirma não ser possível. Incluído em dezembro de 2018, no CP, pela Lei nº
13.772/18 é o único crime que consta do Capítulo I-A
Em relação à configuração de crime de assédio na do Título VI:
relação entre professor e aluno:
Art. 216-B Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
z numa prova objetiva, o mais indicado é seguir a por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
posição do STJ, no sentido de que é possível o assé- ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
414 dio sexual entre professores e alunos; sem autorização dos participantes:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
qualquer outro registro com o fim de incluir pes- comunicação de massa ou sistema de informática
soa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
de caráter íntimo. tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
Note que art. 216-B constitui em um tipo misto al- induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
ternativo, trazendo os seguintes núcleos: produzir, vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio. Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
Pode se configurar tal crime por exemplo, quando não constitui crime mais grave.
um locador instala um equipamento de gravação de
vídeo em um imóvel com a finalidade de captar ima- Veja bem, o art. 218-C (divulgação) prevê um crime
gens íntimas sem o conhecimento dos ocupantes. Ou, mais grave do que o previsto no art. 216-B (divulgação).
ainda, quando o vizinho filma a vizinha trocando de Uma das formas mais comuns de prática é o que
roupa. se conhece por pornô de vingança (revenge porn, em
O consentimento do ofendido, afasta a tipicidade, inglês) na qual após o término de um relacionamento,
uma vez no tipo consta a expressão “sem a autoriza- o agente divulga cenas íntimas da(o) ex-parceira(o).
ção dos participantes”. Os pontos relevantes em relação ao tipo do art.
218-C são:
Vamos aproveitar e estudar outro tipo penal que ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
tem relação direta com o crime do art. 216-B. Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Leia atentamente os verbos que constam no art.
216-B: produzir, fotografar, filmar ou registrar. Conforme podemos notar do tipo do art. 217-A,
Observe que não há a expressão divulgar. E então, não é necessário o constrangimento da vítima (me-
o que acontece se alguém divulga a cena registrada? diante violência ou grave ameaça): qualquer prática
Neste caso, incide em uma das formas previstas no de conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
art. 218-C, incluído no CP em 2018, Divulgação de pessoa menor de 14 anos, configura estupro de vul-
cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerá- nerável (o constrangimento é presumido: presunção
vel, de cena de sexo ou de pornografia: absoluta). 415
Forma equiparada O art. 217-A tem os seguintes aspectos:
O § 1º do art. 217-A apresenta a figura equiparada z é crime material, consumando-se com a prática da
do estupro de vulnerável: conjunção carnal ou de outro ato libidinoso;
z é cabível a tentativa;
[...] § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as z trata-se de tipo misto alternativo (lembre-se dos
ações descritas no caput com alguém que, por comentários já feitos em outros crimes contra a
enfermidade ou deficiência mental, não tem o dignidade sexual);
necessário discernimento para a prática do ato, ou
z assim como comentamos no caso do estupro do
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
art. 213, não é necessário o contato físico entre o
resistência.
autor e a vítima.
Assim, são considerados vulneráveis (sujeitos pas-
sivos) para os fins dos crimes sexuais: Por fim, cabe mencionar um tema muito interes-
sante: trata-se da chamada Exceção de Romeu e Ju-
z Art. 217-A, caput: lieta. Você certamente já ouviu falar do clássico de
William Shakespeare: Julieta é uma jovem que se apai-
Menores de 14 anos (o Professor Rogério San- xona por Romeu, de uma família rival. A personagem
chez denomina esta de vulnerabilidade absoluta). Julieta, na obra, tinha 13 quando se relacionou amo-
rosamente com Romeu (que, tinha 17). Agora imagine
z Art. 217-A, primeira parte: tal situação frente à legislação penal brasileira: Julieta
se enquadraria, como vimos, no conceito de vulnerá-
Enfermos e doentes mentais que não pos- vel. Segundo a teoria da Exceção de Romeu e Julieta,
suem o discernimento necessário para a prá- caso haja consentimento e, desde que haja pequena
tica do ato sexual (Rogério Sanchez denomina diferença de idade entre os parceiros (normalmente
esta de vulnerabilidade relativa, uma vez que, se fala em até 5 anos) não seria o caso de considerar o
por se tratar de critério biopsicológico, pode ato sexual, por exemplo, de um casal de namorados de
acontecer do enfermo ou doente mental ter o 13 e 18 anos, como estupro. No entanto, no Brasil, con-
discernimento exigido para a prática do ato). forme jurisprudência consolidada, tal exceção não
se aplica (lembre-se, de acordo com o STJ, “o consen-
z Art. 217-A, parte final: timento da vítima, sua eventual experiência sexual
anterior ou a existência de relacionamento amoroso
Qualquer um que, por outra causa, não pos- entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do
sa oferecer resistência (por exemplo uma crime” – Resp 148.0881/PI, julgado em 26/08/2015).
pessoa que se encontra em coma ou sob efei-
to de sedação; pessoa desacordada, por moti- CORRUPÇÃO DE MENORES
vo de embriaguez; vítima do golpe “boa noite
cinderela”). O art. 218 do CP trata do crime de corrupção de
menores
O parágrafo 5º do art. 217-A consiste em norma
penal explicativa: aplica-se a pena do estupro de vul- Art. 218 Induzir alguém menor de 14 (catorze)
nerável mesmo que a vítima tenha consentido com o anos a satisfazer a lascívia de outrem.
ato ou ainda que já tenha praticado relações sexuais Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
anteriores (ou seja a virgindade é irrelevante)
Alguns autores entendem quo nomen juris (nome do
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º crime) foi revogado (a redação anterior falava em “cor-
deste artigo aplicam-se independentemente do con- romper”, que foi trocada por “induzir”), e tratam este
sentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido delito de “indução de vulnerável à lascívia”. No entanto
relações sexuais anteriormente ao crime. essa divergência não traz maiores implicações.
Induzir, como você já sabe, é sugerir, dar a ideia de
Os parágrafos 3º e 4º apresentam formas qualifi- algo a alguém. Nesta figura, o sujeito ativo é o media-
cadas, pela ocorrência de lesão corporal grave ou de dor (intermediário ou proxeneta) que induz a vítima o
morte: menor de 14 anos a satisfazer a lascívia (desejo sexual)
de outrem (do beneficiário: o voyeur ou observador).
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natu- É importante saber que para se configurar o tipo do
reza grave: art. 218, CP, o agente deve induzir a vítima (menor de
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
14) a praticar algum ato que tenha a finalidade satis-
§ 4º Se da conduta resulta morte:
fazer a lascívia de outra pessoa (o beneficário). Veja
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
bem, o ato deve ser unicamente contemplativo (como
por exemplo, fazer a vítima vestir uma fantasia sensual
Todas as hipóteses de estupro de vulnerável (§§
ou se mostrar nua), ou seja, não ocorre contato físico
1º, 3º e 4º) são consideradas hediondas (conforme
entre o beneficiado e a vítima. Este terceiro também
prevê o art. 1º, VII, da Lei nº 8.072/90).
não pode vir a filmar, fotografar ou, de qualquer meio,
registrar a cena; caso isso ocorra, vai responder pelo
z Hediondos: previsto no art. 240 do ECA (crime mais grave, com
penas de reclusão entre 4 e 8 anos, além de multa).
Art. 217-A caput (estupro de vulnerável próprio) Caso ocorra a prática de conjunção carnal ou outro
Art. 217-A, § 3º (qualificada pela lesão grave) ato libidinoso envolvendo a vítima, aquele que indu-
Art. 217-A, § 4º (qualificada pela morte) ziu (caso tenha agido dolosamente) e beneficiado, vão
416
responder pelo tipo do art. 217-A (estupro de vulne- Proxenetismo mercenário
rável). Esta é a corrente majoritária, defendida por
Rogério Greco, Fernando Capez, Rogério Sanches e Se houver a intenção do agente em obter lucro,
Cleber Masson, entre outros. aplica-se também a pena de multa:
SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter van-
DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE tagem econômica, aplica-se também multa.
Art. 218-A Praticar, na presença de alguém menor Neste caso, se dá o nome ao o agente de proxeneta
de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, mercenário.
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem: Formas equiparadas
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
De acordo com o § 2º, incorre nas mesmas penas:
O tipo do artigo 218-A pode ser divido em duas partes:
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libi-
z praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso dinoso com vítima vulnerável em situação de pros-
apto a satisfazer o prazer sexual, na frente de víti- tiuição ou exploração sexual
ma menor de 14 anos; II – o proprietário, gerente ou responsável do local
z induzir menor de 14 a presenciar tais atos. em que ocorre a prática do delito do caput, lem-
brando, claro, que devem ter conhecimento (pois
Aspectos que merecem destaque: não há responsabilidade objetiva). Neste caso a
cassação da licença do local é efeito obrigatório
z de acordo com a maior parte da doutrina não se (§ 3º).
exige a presença física da vítima no mesmo local
onde ocorre a conjunção ou o ato libidonoso. Ou Trata-se de crime hediondo, em todas as formas:
seja, pode ser praticado por meio virtual; caput, § 2º, I e II. Agora já sabemos quais são os três os
z é tipo misto alternativo: se o sujeito induz a pre- crimes contra a dignidade sexual que são hediondos:
senciar e também pratica os atos, responde por um
só crime; z Art.213, caput e §§:
Estrupo.
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA
FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU z Art.217-A, caput e §§:
ADOLESCENTE OU DE VUNERÁVEL
Estrupo de vulnerável.
O art. 218-B tem seis núcleos:
z Art.218-B, caput e §§:
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostitui- Favorecimento da prostituição ou outra forma
ção ou outra forma de exploração sexual alguém
de exploração sexual de vulnerável.
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discer-
nimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA
ou dificultar que a abandone: Pena – reclusão, de 4 DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO
(quatro) a 10 (dez) anos. OU DE PORNOGRAFIA
O art, 218-B visa punir o sujeito que insere (subme- O tipo do art. 218-C é um crime subsidiário, que
te, induz ou atrai) o menor de 18 anos ou o vulnerável possui seis núcleos (tipo misto alternativo):
(homem ou mulher) no âmbito da exploração sexual
(prostituição e turismo sexual), tráfico para fins se- Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi-
xuais e pornografia) ou facilita sua permanência ou tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
impede ou dificulta sua saída. Em resumo é trazer divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
a vítima vulnerável para a prostiuição (ou outra comunicação de massa ou sistema de informática
forma de exploração) ou impedir que a vítima ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
saia desse meio (neste último caso trata-se de crime tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
permanente). de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
Existem 4 formas de exploração sexual: induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
DIREITO PENAL
z Prostituição;
não constitui crime mais grave.
z Turismo sexual;
z Tráfico para fins sexuais; e
z Pornografia. Visa coibir qualquer tipo de divulgação de mate-
rial que contenha:
O art. 218-B só cuida da prostiuição e do turismo
sexual envolvendo vulnerável. O tráfico é tratado z cena de estupro ou estupro de vulnerável ou que
pelo art. 149-A, CP,V (tráfico de pessoas); a pornografia faça apologia ou induza a prática de tais crimes; ou
envonvendo vulnerável, pelos arts. 240, 241, 241-A e z cena de sexo, nudez ou pornografia, sem o consen-
241-e, do ECA. timento da vítima. 417
Para os fins do art. 218-C são vulneráveis: pessoas Correm em segredo de justiça. (234-B)
com enfermidades ou doença mental ou que não pos-
sam, por qualquer razão, oferecer resistência. Veja E assim finalizamos o estudo dos crimes contra a
bem: que estas devem ter mais de 18 anos! No caso dignidade sexual.
da divulgação de imagens de estupro, estupro de vul- Agora, vamos fazer alguns exercícios.
nerável ou cenas de pornografia, nudez ou sexo, apli-
cam-se as disposições do ECA.
Bem, agora sabemos quais são os crimes contra a
dignidade sexual mais importantes (Capíulos I e II) e
quais as divergências doutrinárias e jurisprudenciais
EXERCÍCIOS COMENTADOS
que são aplicados a eles. O Capítulo III, que tratava
sobre o Rapto, está revogado. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Júnia, de quatorze anos
O Capítulo IV, nos arts. 225 e 226 apresentantam de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de
disposições gerais que se aplicam aos crimes que já ter praticado crime de natureza sexual consistente em
vimos até agora (do art. 213 ao 218-C). Veja abaixo. conjunção carnal forçada no dia do último aniversário
da jovem. Pierre, contudo, alega que o ato sexual foi
z Disposições aplicáveis a todos os crimes dos Cap. I consentido.
e II: A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a
seguir, tendo como referência aspectos legais e juris-
Procedem-se mediante ação penal pública prudenciais a ela relacionados.
incondicionada (art. 225) No caso em questão, se comprovada a prática do cri-
me, a ação penal cabível será pública incondicionada,
Aumento de pena (art. 226):
pois não há previsão de ação pública condicionada à
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o representação em crimes contra a dignidade sexual.
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ( ) CERTO ( ) ERRADO
ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companhei-
ro, tutor, curador, preceptor ou empregador
da vítima ou por qualquer outro título tiver
A questão está correta. De acordo com o art. 225,
autoridade sobre ela; CP todos os crimes dos Capítulos I e II, dentre os
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime quais se insere o estupro, procedem-se mediante
é praticado: ação penal pública incondicionada. Resposta: Certo.
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agen-
tes (estupro coletivo); 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Em relação aos crimes
b) para controlar o comportamento social ou contra a dignidade sexual, assinale a opção correta.
sexual da vítima (estupro corretivo) Considere que em uma casa de prostituição, uma
garota de dezessete anos de idade tenha sido explo-
O Capítulo V apresenta 5 tipos penais (arts. 227, rada sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar
228, 229, 230 e 232-A). Sobre estes tipos, não há diver- conjunção carnal com essa garota responderá pelo
gências doutrinárias ou jurisprudênciais, valendo a crime de favorecimento à prostituição ou outra forma
leitura da lei seca (note que o art. 232-A não tem nada de exploração sexual de vulnerável.
a ver com dignidade sexual, tratando de migração). Os
arts. 231 e 231-A foram revogados, passando o tema a ( ) CERTO ( ) ERRADO
ser tratado pelo art. 149, CP.
O Capítulo VI traz dois tipos, o do art. 233 (ato obs- A questão está correta. Neste caso, por força do art.
ceno) e 234 (escrito ou objeto obsceno). Sobre eles, 218-B, § 2º, I, o agente responde pelo favorecimen-
além da leitura da lei, cabe mencionar que há discus- to da prostituição ou de outra forma de exploração
são sobre a constitucionalidade de ambos, em relação sexual uma vez que a vítima encontra-se na condi-
ao primeiro por violação ao princípio da taxatividade ção de explorada. Fora dessa condição, o fato é atí-
(seria muito vago, subjetivo) e, quanto ao segundo, pico. Resposta: Certo.
por ferir a liberdade de expressão.
Por fim, o Capítulo VII, nos arts. 234-A e 234-B, 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em relação ao crime de
apresenta disposições que são aplicáveis a todo o
estupro, considera-se vulnerável a vítima.
Título dos crimes contra a dignidade sexual, confo-
me observado abaixo:
a) que morre em consquência da violência sexual
b) que pratica ato sexual mediante fraude ou dissimução
z Disposições aplicáveis a todos os crimes contra a
dignidade sexual:
c) mentalmente enferma, sem discernimento para o ato
sexual
Aumento de pena (234-A):
d) com quatorze anos de idade completos
III – de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resul- e) com até dezoito anos
ta gravidez;
IV – de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente: São considerados vulneráveis, para os fins dos cri-
a) transmite à vítima doença sexualmente mes sexuais, os menores de 14 anos, os enfermos e
transmissível de que sabe ou deveria saber ser doentes mentais que não possuem o discernimento
portador; necessário para a prática do ato sexual; e quem,
b) ou se a vítima é idosa (igual ou maior de 60 anos) por qualquer motivo, não possa oferecer resistên-
418 ou pessoa com deficiência. cia. A letra “a” está errada pois a morte configura
qualificadora; por sua vez a fraude ou dissimulação z Plurissubsistente, podendo (dependendo da
mencionada na letra “b” configura meio de execução. forma como for praticado) ser considerado
Neste caso, por força do art. 218-B, § 2º, I, o agen- unissubsistente;
te responde pelo favorecimento da prostituição ou z Transeunte, como regra, pois na maioria dos casos
de outra forma de exploração sexual uma vez que não será necessária a prova pericial;
a vítima encontra-se na condição de explorada. Por z O delito de associação criminosa pode ter qualquer
fim, as hipóteses das letras “d” e “e” estão erradas, pessoa na condição de sujeito ativo. Por se tratar
tendo em vista que a vunerabilidade por idade inclui de crime contra a paz pública em decorrência da
apenas os menores de 14 anos (14 anos incomple- formação do grupo criminoso, o sujeito passivo é
tos). Resposta: Letra C. a sociedade.
dio da prática de ato não previsto em lei ou não resul- portador de deficiência, adolescente ou maior de
tante de medida legal. 60 anos;
Ademais, aquele que se omite em face dessas con- z Se o crime for cometido mediante sequestro.
dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Agentes públicos
Com base no artigo 1º, inciso I, alínea a da Lei Pois não há os elementos básicos do crime de tortu-
9.455/1997, constitui crime de tortura a conduta de ra que é o sofrimento. Resposta: Errado.
constranger alguém com emprego de violência ou gra-
ve ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental
com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa. Resposta: Certo. HORA DE PRATICAR!
2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito da Lei de Cri- 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta conside-
mes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo rando os preceitos normativos e doutrinários básicos
item. sobre a aplicação da lei penal no tempo.
A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência
mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora a) Uma conduta só pode ser considerada crime se hou-
do território nacional, estabelece hipótese de extrater- ver preceito legal anterior que assim a defina
ritorialidade incondicionada. b) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
nesse sentido antes do julgamento ainda que ao tem-
( ) CERTO ( ) ERRADO po da prática não existisse a citada lei
c) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
O disposto na Lei 9.455/1997, aplica-se ainda quan- nesse sentido antes da prisão ainda que ao tempo da
do o crime não tenha sido cometido em território prática não existisse a citada lei
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando- d) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Apre- nesse sentido a qualquer tempo
sentado na doutrina como extraterritorialidade e) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
incondicionada. Resposta: Certo. nesse sentido mesmo após a declaração judicial de
inexistência do tipo penal
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo como referência a
legislação penal extravagante e a jurisprudência das 2. (IBFC – 2020) A entrada em vigor da nova Lei de Dro-
súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se gas, revogando a anterior, fez com que o crime de
segue. porte de drogas para consumo pessoal deixasse de
prever a aplicação de pena privativa de liberdade, pas-
A condenação pela prática de crime de tortura acarre-
sando a adotar as seguintes como sanções: advertên-
tará a perda do cargo, função ou emprego público e a
cia sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da
à comunidade e medida educativa de comparecimen-
pena aplicada.
to a programa ou curso educativo. Nesse sentido, no
que tange à pena aplicável ao autor do citado delito, é
( ) CERTO ( ) ERRADO correto afirmar que a nova lei de drogas constitui um
exemplo de:
A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo a) novatio legis não incriminadora
dobro do prazo da pena aplicada. Resposta: Errado. b) abolito criminis
c) novatio legis in pejus
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Se, com o objetivo de obter d) novatio legis in mellius
confissão, determinado agente de polícia, por meio de e) lei intermediária
grave ameaça, constranger pessoa presa, causando-
-lhe sofrimento psicológico: 3. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa incorreta consi-
derando os preceitos normativos e doutrinários bási-
DIREITO PENAL
a) e a vítima for adolescente, o crime será qualificado. cos sobre o crime de homicídio.
b) estará configurada uma causa de aumento de pena.
c) a critério do juiz, a condenação poderá acarretar a per- a) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
da do cargo. ao crime cometido no território nacional
d) provado o fato, a pena será de detenção. b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor-
e) quem presenciar o crime e se omitir, incorrerá na mes- reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
ma pena do agente. como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado
Considera-se aumento de pena, pois foi praticada por c) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de tratados, ao
agente público, tomem cuidado! Resposta: Letra B. crime cometido no território nacional 423
d) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de regras de 8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta consi-
direito internacional, ao crime cometido no território derando os preceitos normativos e doutrinários bási-
nacional cos sobre imputabilidade penal, quanto ao agente
e) Aplica-se a lei brasileira, afastando-se convenções, tra- que, por doença mental ou desenvolvimento mental
tados e regras de direito internacional, ao crime come- incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
tido no território nacional omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta consi- entendimento.
derando os preceitos normativos e doutrinários bási-
cos sobre a figura jurídica específica que denomina a a) O agente é isento da pena
situação em que não se pune a tentativa quando, por b) O agente terá a pena reduzida de um a dois terços
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta improprie- c) O agente terá a pena reduzida à metade
dade do objeto, é impossível consumar-se o crime. d) O agente terá a pena reduzida em um sexto
e) O agente terá a pena aumentada de um a dois terços
a) Crime irreal
b) Crime consumado 9. (IBFC – 2020) O Código Penal prevê, em seu artigo
c) Crime hediondo 140, a injúria racial como crime, considerando a ofen-
d) Crime impossível sa feita a uma determinada pessoa com referência à
e) Crime famélico sua raça, cor, etnia, religião ou origem. Sobre a injúria
racial assinale a alternativa correta.
5. (IBFC – 2017) Analise a alternativa correta conside-
rando os preceitos normativos e doutrinários básicos a) Tem como bem jurídico a dignidade humana da
sobre Desistência voluntária e arrependimento eficaz. coletividade
b) Trata-se de ação penal pública incondicionada
a) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir c) É imprescritível
na execução responde pelo crime consumado d) Cabe fiança
b) O agente que, voluntariamente, impede que o resulta- e) A pena aplicada é detenção, de um a seis meses, ou
do se produza, responde pelo crime consumado multa
c) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só 10. (IBFC – 2017) Considere as disposições do Código
responde pelos atos já praticados Penal Brasileiro e assinale a alternativa correta sobre
d) Nos crimes cometidos com violência, reparado o dano a pena aplicável pela prática do crime de injúria.
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será a) Detenção, de um a seis anos, ou multa, devendo o juiz
reduzida à metade aplicar a pena mesmo quando o ofendido, de forma
e) Nos crimes cometidos com grave ameaça à pessoa, reprovável, provocou diretamente a injúria
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi- b) Reclusão, de um a seis anos, ou multa, podendo o juiz
mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma
do agente, a pena será reduzida de dois terços a três reprovável, provocou diretamente a injúria
quartos c) Reclusão, de dois a oito anos, ou multa, devendo o juiz
aplicar a pena mesmo quando o ofendido, de forma
6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta conside- reprovável, provocou diretamente a injúria
rando os preceitos normativos e doutrinários básicos d) Detenção, de um a seis meses, ou multa, podendo o
sobre consumação e tentativa do crime. juiz deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de for-
ma reprovável, provocou diretamente a injúria
a) O crime é consumado quando lhe faltar apenas um e) Reclusão, de um a seis anos, ou multa, e Detenção de
dos elementos de sua definição legal seis meses a um ano se o ofendido, de forma reprová-
b) O crime é tentado, quando, iniciada a execução, não vel, provocou diretamente a injúria
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente 11. (IBFC – 2020) Sobre a definição de crime de importu-
c) O crime é consumado quando lhe faltar menos da nação sexual, assinale a alternativa correta.
metade dos elementos de sua definição legal
d) O crime é tentado, quando, antes de iniciada a exe- a) ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidino-
cução, não há prosseguimento por circunstâncias so com alguém, mediante fraude ou outro meio que
alheias à vontade do agente impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
e) O crime é consumado, quando, iniciada ou não a exe- vítima
cução, não se consuma por circunstâncias alheias à b) constranger alguém, mediante violência ou grave
vontade do agente ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permi-
tir que com ele se pratique outro ato libidinoso
7. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa que preencha c) praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidi-
corretamente a lacuna. noso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou
Apresenta-se como causa excludente de ilicitude ____. a de terceiro
d) induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfa-
a) o exercício regular de direito zer a lascívia de outrem
b) a inimputabilidade e) constranger alguém com o intuito de obter vantagem
c) a coação moral irresistível ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
d) a obediência hierárquica sua condição de superior hierárquico ou ascendência
424 e) o erro sobre a ilicitude do fato inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função
12. (IBFC – 2020) Em face do crime de associação crimi- c) Princípio da Consunção.
nosa, assinale a alternativa correta. d) Princípio da Subsidiariedade.
e) Princípio da Reserva Legal.
a) a pena aumenta-se até um terço se houver a participa-
ção de criança ou adolescente 17. (IBFC – 2014) Assinale a alternativa correta. Para os
b) trata-se de crime de concurso eventual de agentes efeitos penais, não são consideradas como extensão
c) configura associação criminosa o ato de constituir, do território nacional:
organizar ou manter grupo de pessoas com a finalida-
de de praticar crimes previstos no Código Penal a) as embarcações brasileiras, de natureza pública
d) a pena aumenta-se até um terço se a associação é armada ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
e) configura associação criminosa o ato de associarem- encontrem.
-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de b) as aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a ser-
cometer crimes viço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
c) as embarcações brasileiras, mercantes ou de pro-
13. (IBFC – 2018) Dentre as alternativas abaixo, assinale priedade privada, que se achem, respectivamente, no
aquela que admite a possibilidade de reconhecimento espaço aéreo ou marítimo estrangeiro.
e aplicaçãoda “ultratividade penal”: d) as embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie-
dades privada, que se achem, respectivamente, em
a) lei penal incriminadora alto-mar.
b) lei penal interpretativa e) as aeronaves brasileiras, mercantes ou de proprieda-
c) lei penal excepcional de privada, que se achem, respectivamente, no espaço
d) lei penal explicativa aéreo correspondente ou em alto-mar.
14. (IBFC – 2013) Com relação à aplicação da lei penal, 18. (IBFC – 2018) Relativamente à imputabilidade penal,
assinale a alternativa INCORRETA: assinale a alternativa correta:
a) Para fins de aplicação da lei penal no tempo, o Código a) O menor de 18 (dezoito) anos pode adquirir a emanci-
Penal considera praticado o crime no momento da ação pação penal, desde que tenha sido aprovado em con-
ou omissão do agente, ainda que outro seja o momento curso público e exercido cargo público efetivo
do resultado. b) O menor de 18 (dezoito) anos pode obter a emanci-
b) A lei penal, durante o período de vacatio legis, não pação penal, tornando-se imputável, desde que tenha
pode ser aplicada, ainda que mais benéfica ao agente. concluído curso superior reconhecido pelo Ministério
c) É vedada, em Direito Penal, a aplicação da analogia in da Educação
malam partem. c) Deve ser reconhecida a isenção de pena do agente
d) Cessada a vigência da lei penal, ela jamais poderá ter que, em virtude de desenvolvimento mental incomple-
efeitos ultrativos. to, se apresentava, no instante da ação ou da omissão,
e) Não há crime, se o agente pratica o fato durante o incapaz totalmente de compreender a antijuridicidade
período de vacatio legis da lei nova. do evento
d) O menor de 18 (dezoito) anos pode adquirir a eman-
15. (IBFC – 2017) O conceito analítico de crime apresenta cipação penal, tornando-se responsável criminalmen-
como um de seus elementos constituidores a tipici- te, desde que tenha em seu nome estabelecimento
dade. No contexto do fato típico observa-se um apa- comercial ou empresarial
rente conflito entre normas penais aplicáveis ao caso
concreto. Com base nos seus conhecimentos sobre 19. (IBFC – 2013) Assinale a alternativa correta:
Direito Penal, assinale a alternativa que não apresenta
um dos mecanismos principiológicos utilizados para a) A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
solucionar os conflitos aparentes de normas: agente, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou
a) Princípio da subsidiariedade da omissão, inteiramente incapaz de entender o cará-
b) Princípio da insignificância ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
c) Princípio da consunção esse entendimento.
d) Princípio da alternatividade b) É isento de pena o agente que, por doença mental, é,
e) Princípio da especialidade ao tempo da sentença penal condenatória, inteiramen-
te incapaz de entender o caráter ilícito do fato crimino-
16. (IBFC – 2013) O crime de infanticídio, descrito no so praticado.
artigo 123 do Código Penal, tem núcleo idêntico ao do c) A pena pode ser reduzida se o agente, em virtude de
crime de homicídio, previsto no artigo 121, caput, do perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento
mesmo código, qual seja: “matar alguém”. Todavia, o mental incompleto ou retardado, não era inteiramente
DIREITO PENAL
artigo 123 exige, para sua consumação, a presença, capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
no caso concreto de elementos diferenciadores, por minar-se de acordo com esse entendimento.
exemplo, a autora ser genitora da vítima e influência d) A emoção exclui a imputabilidade penal.
do estado puerperal, o que faz com que prevaleça e) Os menores de 21 (vinte e um) anos são penalmente
sobre o tipo penal, genérico, do artigo 121.” inimputáveis.
9 GABARITO
1 A
2 D
3 E
4 D
5 C
6 B
7 A
8 A
9 D
10 D
11 C
12 E
13 C
14 D
15 B
16 A
17 C
18 C
19 C
20 D
ANOTAÇÕES
426
Revolta
Art. 155 Incitar à desobediência, à indisciplina ou à Conforme descrito no art. 160 do CPM:
prática de crime militar:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Art. 160 Desrespeitar superior diante de outro
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem militar:
introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à Pena - detenções de três meses a um ano, se o fato
administração militar, impressos, manuscritos ou não constitui crime mais grave.
material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
em que se contenha incitamento à prática dos atos O desrespeito consiste na falta de consideração,
previstos no artigo. respeito, acatamento, praticada pelo subordinado na
relação com seu superior hierárquico, na presença de
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILITAR DE outro militar, e desde que o fato não constitua crime
SERVIÇO mais grave.
Conforme decisão do TJM/MG, o soldado que, com
O crime de violência contra superior está previsto palavras insolentes e desdenhosas, desrespeita o cabo,
no art. 157 do CPM. na presença de outros militares, fica incurso nas san-
ções do art. 160 do CPM.
Art. 157 Praticar violência contra superior: O parágrafo único do artigo em comento, apresen-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. ta circunstância qualificadora:
Sujeito ativo é o subordinado hierárquico. A auto- Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o
ridade do superior hierárquico agredido é maculada comandante da unidade a que pertence o agente,
perante o subordinado ou terceiros que tenham pre- oficial general, oficial de dia, de serviço ou de quar-
senciado ou tomado conhecimento do fato. to, a pena é aumentada da metade.
Violência = força física, próprio corpo ou objeto.
Exemplos: empurrão, bofetada, arrancar distintivo, Podemos exemplificar por meio da hipótese de
bater com um objeto. Cabo PM que molesta civis e, ao ser censurado pelo
São formas qualificadas: Sargento PM, parte para agredi-lo, ofendendo-o na
presença de outros policiais militares e civis, sendo
§1º Se o superior é comandante da unidade a que contido por colegas, praticando assim o crime de des-
pertence o agente ou oficial general: respeito a superior.
Pena - reclusão, de três a nove anos.
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é
RECUSA DE OBEDIÊNCIA
aumentada de um terço.
Art. 158 Praticar violência contra oficial de dia, de A ordem que trata o texto legal deve ser impe-
serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou rativa, uma exigência para o subordinado; pessoal,
plantão: dirigida a um ou mais subordinados, descartando as
Pena - reclusão, de três a oito anos.
ordens de caráter geral, que constituem transgressão
disciplinar; e, por fim, concreta, pois o cumprimen-
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. Porém to da ordem não deve estar sujeito à apreciação do
o sujeito passivo, como exige o tipo penal, deve ser subordinado.
Oficial de dia, Oficial de serviço ou Oficial de quarto, Para fixar o entendimento, lembre-se de que a
ou, ainda, sentinela, vigia ou plantão. ordem deve ser:
São formas qualificadas:
z Imperativa: Deve importar em uma exigência
z Se a violência é praticada com arma, a pena é para o subordinado, por isso, não são ordens os
aumentada de um terço; conselhos, exortações e advertências;
z Se a violência resulta lesão corporal, aplica-se, além z Pessoal: Significa que deve ser dirigida a um ou
da pena da violência, a do crime contra a pessoa; mais subordinados. As ordens de caráter geral não
z Se da violência resulta morte, a pena será de reclu- são ordens pessoais e seu não cumprimento cons-
são de 12 a 30 anos. titui transgressão disciplinar;
z Concreta: Pura e simples, seu cumprimento não
Conforme decisão do TJM/RS, comete o crime des- deve estar sujeito à apreciação do subordinado.
crito no § 3º do art. 158 o militar que desfere, contra
seu oficial de serviço, seis tiros de revólver, pelas cos-
428 tas, causando-lhe a morte.
OPOSIÇÃO À ORDEM DE SENTINELA Forma Qualificada
Este crime, definido no art. 164 do CPM, asseme- § 1º Se o ato não se executa em razão da resistência:
lha-se ao crime de desrespeito a superior. Aqui, o des- Pena - reclusão de dois a quatro anos.
respeito é à sentinela:
Cumulação de Penas
Art. 164 Opor-se às ordens da sentinela:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato § 2º As penas dêste artigo são aplicáveis sem prejuí-
zo das correspondentes à violência, ou ao fato que
não constitui crime mais grave.
constitua crime mais grave.
O que é sentinela? É o militar legalmente encar-
regado de guardar, com ou sem arma, determinado
lugar sob administração militar, usando acessórios
que indiquem encontrar-se em serviço. DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO
Sabendo quem é a sentinela, podemos dizer que MILITAR E O DEVER MILITAR
o sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa:
civil ou militar. Os crimes contra o serviço e o dever militar estão
Em uma hipótese, o Soldado designado para a contidos nos capítulos que tratam sobre a insubmis-
função de sentinela dá ordem para outro militar não são, a deserção, o abado de posto e outros crimes em
entrar no recinto em guarnece. Todavia, o militar se serviço e do exercício de comércio por oficial da ativa.
opõe à ordem recebida e entra no local.
DESERÇÃO
REUNIÃO ILÍCITA
Um dos crimes mais exigidos em concursos públi-
cos, a deserção, é delito contra o serviço militar.
Diferente do crime de motim, no crime de reunião
ilícita os militares apenas discutem ato de superior ou Art. 187 Ausentar-se militar, sem licença, da unida-
assunto atinente à disciplina militar. de em que serve, ou de lugar em que deve permane-
cer, por mais de oito dias:
Art. 165 Promover a reunião de militares, ou nela Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se ofi-
tomar parte, para discussão de ato de superior ou cial, a pena é agravada.
assunto atinente à disciplina militar: Na mesma pena incorre o militar que:
Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem I - não se apresenta no lugar designado, dentro de
promove a reunião, de dois a seis meses a quem oito dias, findo o prazo de transito ou férias;
dela participa, se o fato, não constitui crime mais II - deixa de se apresentar à autoridade competente,
grave. dentro do prazo de oito dias contado daquele em
que termina ou é cassada a licença ou agregação ou
em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;
Quem é o superior? É o militar que, em virtude da III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar
função, exerce autoridade sobre outro de igual posto dentro do prazo de oito dias;
ou graduação. IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação
A finalidade dessa reunião é a discussão de ato inatividade, criando ou simulando incapacidade.
de superior ou assunto atinente à disciplina militar.
Assim, pratica o delito os militares que se reúnem e, Atente-se ao fato de que o crime de deserção é:
contrariando ordem de superior, decidem não exerce-
rem a função que lhes foi atribuída. z Permanente, porque a consumação se prolon-
ga no tempo e somente cessa quando o militar se
PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA apresenta ou é capturado;
z Formal, porque se configura com a ausência pura
e simples do militar além do prazo estabelecido em
Art. 166 Publicar o militar ou assemelhado, sem
lei.
licença, ato ou documento oficial, ou criticar públi-
camente ato de seu superior ou assunto atinente
à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Dica
Govêrno: A deserção somente se consuma depois de
DIREITO PENAL MILITAR
Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato transcorridos oito dias de ausência do militar.
não constitui crime mais grave.
Antes desse prazo, não haverá militar desertor e,
RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA. sim, militar ausente, definido como transgressão dis-
ciplinar nos termos dos regulamentos de cada força
Resistência Mediante Ameaça ou Violência singular (Marinha, Exército e Aeronáutica) e das for-
ças auxiliares (Polícia Militar e Bombeiro Militar).
Art. 177 Opor-se à execução de ato legal, mediante A contagem do prazo de graça inicia-se no dia
ameaça ou violência ao executor, ou a quem esteja seguinte ao dia da verificação da ausência, enquanto
prestando auxílio: o dia final é contado por inteiro. Se, por exemplo, a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ausência ocorreu no dia 13, inicia-se a contagem do
prazo à zero hora do dia 14 e consumar-se-á a deser-
ção a partir de zero hora do dia 22. 429
Considera-se atenuante especial: Isenção de Pena
E é considerada agravante especial: Art. 194 Deixar o oficial de proceder contra deser-
tor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre
Art. 189 [...] os seus comandados:
II - se a deserção ocorre em unidade estacionada Pena - detenção, de seis meses a um ano.
em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada
de um têrço. ABANDONO DE POSTO
Considera-se, ainda, deserção especial: O crime de abandono de posto está previsto no art.
195 do CPM:
Art. 190 Deixar o militar de apresentar-se no
momento da partida do navio ou aeronave, de que Art. 195 Abandonar, sem ordem superior, o posto
é tripulante, ou da partida ou deslocamento da uni- ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado,
dade ou força em que serve ou a serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena - detenção, até três meses, se, após a partida Pena - detenção, de três meses a um ano.
ou deslocamento, se apresentar, dentro em vinte e
quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na O abandono de posto é delito instantâneo, consu-
falta desta, à autoridade policial, para ser comuni- mando-se no exato momento em que o militar se afas-
cada a apresentação a comando militar da região, ta do local no qual deveria permanecer.
distrito ou zona. Conforme decisão do STM, configura-se o crime do
§ 1º Se a apresentação se der dentro do prazo supe- art. 195 do CPM o fato de o militar, sem ordem supe-
rior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco rior, ausentar-se do posto onde deveria permanecer
dias: em virtude de escala regular de serviço. O pouco tem-
Pena - detenção, de dois a oito meses. po de vida militar e a primariedade do agente não
§ 2º Se superior a cinco dias e não excedente a dez excluem a culpabilidade, tal a gravidade do crime,
dias: face à segurança do quartel.
Pena - detenção de três meses a um ano.
§ 3º Se tratar de oficial, a pena é agravada.
Descumprimento de Missão
Atente-se ao fato de que a deserção, no momento Art. 196 Deixar o militar de desempenhar a missão
da partida, denomina-se deserção instantânea, por- que lhe foi confiada:
que decorre de ausência do militar em determinado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
momento. Inexiste, nessa espécie, o prazo de graça. não constitui crime mais grave.
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de
Concerto para Deserção um têrço.
§ 2º Se o agente exercia função de comando, a pena
Art. 191 Concertarem-se militares para a prática é aumentada de metade.
da deserção:
I - se a deserção não chega a consumar-se: Modalidade Culposa
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º Se a abstenção é culposa:
Modalidade Complexa Pena - detenção, de três meses a um ano.
O crime militar de dormir em serviço é doloso e não É crime militar próprio que exige do agente a
admite a modalidade culposa. Espera-se do militar condição especial de ser militar e, além disso, de ser
atenção ao executar o serviço. Resposta: Letra A. subordinado da vítima.
Conforme decisão do TJM/MG, a utilização de pala-
2. (VUNESP - 2017) Assinale a alternativa que apresenta vras de baixo calão, de desrespeito a superior hierár-
a assertiva correta. quico, ofendendo-lhe a dignidade diante de terceiros,
deprimindo-lhe a autoridade, caracteriza o crime de
a) Desrespeitar um superior hierárquico diante de um civil desacato a superior.
caracteriza o crime militar de desrespeito a superior.
O Tribunal decidiu que comete o crime de desa-
b) O despojamento, apenas por menosprezo, de unifor-
cato a superior, atentando contra a ordem adminis-
me militar por parte do militar não caracteriza crime
trativa militar, o militar que, inconformado com as
militar.
c) O militar que critica publicamente em rede social na determinações recebidas, encara o superior, irrogan-
DIREITO PENAL MILITAR
internet uma resolução do Governo pratica o crime do-lhe palavras altamente ofensivas, em franco desa-
militar de publicação ou crítica indevida. fio à autoridade de que se acha investido.
d) O crime militar de desrespeito a símbolo nacional se A pena é agravada se o superior é oficial general
caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo ou comandante da unidade a que pertence o agente.
militar ao símbolo nacional independentemente do
lugar ou diante de quem o ato for praticado. DESACATO A MILITAR
e) Pratica o crime militar de deserção o militar que se
ausenta, sem licença, da unidade em que serve, ou do Observe o art. 299 do CPM:
lugar em que deve permanecer, por mais de dois dias.
Art. 299 Desacatar militar no exercício de função
A questão descreve, em síntese, o tipo penal militar de natureza militar ou em razão dela:
descrito no art. 166 do CPM, que dispõe a conduta Pena - detenção de seis meses a dois anos, se o fato
de publicar o militar, sem licença, ato ou documento não constitui outro crime. 431
O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa, §1º A pena aumenta um terço, se o objeto da
sendo necessário que a vítima se encontre no exercí- apropriação ou desvio é de valor superior a vinte
cio de função militar ou que a ofensa se relacione com vezes o salário mínimo.
essa função.
O Código Penal Miliar dispõe no art. 300 o desaca- Peculato-furto
to a servidor civil. Nas Forças Armadas, há servidores
civis que desempenham funções administrativas na § 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não
área da saúde e no magistério. tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor ou
É importante destacar que o termo assemelhado não bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraí-
do, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da
tem aplicação no âmbito militar, uma vez que não há pre-
facilidade que lhe proporciona a qualidade de mili-
visão legal de servidor civil sujeito à disciplina militar
tar ou de funcionário.
DESOBEDIÊNCIA
Peculato culposo
O crime de desobediência está relacionado à
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui cul-
ordem legal de autoridade militar.
posamente para que outrem subtraia ou desvie o
dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie:
Art. 301 Desobedecer a ordem legal de autoridade Pena - detenção, de três meses a um ano.
militar.
Pena - detenção, até 6 meses.
Extinção ou minoração da pena
O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa, § 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação
sendo necessário que a vítima se encontre no exercí- do dano, se precede a sentença irrecorrível, extin-
cio de função militar ou que a ofensa se relacione a gue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
essa função. metade a pena imposta.
Podemos exemplificar com a hipótese de civil que
desobedece a ordem de sentinela de reduzir a veloci- EXTINÇÃO/MINORAÇÃO DA PENA NO PECULATO
dade do veículo, ou desobedece a ordem do coman- CULPOSO
dante de tropa para parar o veículo, porque a tropa Antes da sentença irrecorrível: Depois da sentença irrecorrível:
tem preferência no trânsito em relação aos veículos.
Extingue a punibilidade Reduz metade a pena imposta
INGRESSO CLANDESTINO
Peculato mediante aproveitamento do êrro de outrem
O crime de ingresso clandestino significa entrar,
Art. 304 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
em síntese, em quartel por lugar onde não exista pas- lidade que, no exercício do cargo ou comissão, rece-
sagem regular, por exemplo, pulando muro, ou iludin- beu por êrro de outrem:
do a sentinela para poder entrar no estabelecimento Pena - reclusão, de dois a sete anos.
militar.
Figura na condição de sujeito ativo qualquer pes- O peculato somente pode ser praticado por funcio-
soa entre na organização militar por local que não nário público, militar ou civil. Se o peculato for culposo
seja o portal principal do quartel, por exemplo, a pes- e o funcionário ressarcir o patrimônio antes da senten-
soa que pula o muro para entrar no estabelecimento ça transitar em julgado, será extinta a punibilidade.
militar. O crime de peculato é dividido da seguinte forma:
Vejamos o art. 302, do CPM:
z Peculato-apropriação;
Art. 302 Penetrar em fortaleza, quartel, estabeleci- z Peculato-furto;
mento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro z Peculato culposo.
lugar sujeito a administração militar, por onde seja
defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte
vigilância de sentinela ou de vigia. divisão para o crime de peculato:
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, se o fato não
constitui crime mais grave. z Próprio: Peculato-apropriação e peculato-desvio;
z Impróprio: Peculato-furto.
PECULATO
O peculato-apropriação se configurará quando o
O crime de peculato tem duas proteções. Primei- funcionário público ou militar se apropriar de dinhei-
ro, protege-se a administração militar. Em segundo, e ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
eventualmente, protege-se também o patrimônio do particular, de que tem a posse em razão do cargo.
particular, quando o objeto material lhe pertence. É muito importante atentar-se ao seguinte em rela-
ção ao peculato apropriação:
Art. 303 Apropriar-se de dinheiro, valor ou qual-
quer outro bem móvel, público ou particular, de z Para que se configure, é necessário que o agente
que tem posse ou detenção, em razão do cargo tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou z O bem pode ser público ou particular (imagine um
alheio: objeto particular apreendido em uma delegacia de
432 Pena - reclusão de três a quinze anos. polícia);
z O sujeito passivo é a administração pública, con- público ou particular. O sujeito passivo é a adminis-
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem tração pública. Caso o bem seja particular, também
também será sujeito passivo do delito. será sujeito passivo da infração penal o dono do bem.
É crime material.
O peculato-desvio se configurará quando o fun-
cionário público ou militar desviar, em proveito pró- CONCUSSÃO
prio ou alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular. Art. 305 Exigir, para si ou para outrem, direta ou
Segundo posicionamento majoritário (apesar de indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
trário), para que se configure o peculato-desvio, é Pena - reclusão, de dois a oito anos.
necessário que o bem seja desviado para integrar o
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter- A concussão é praticada quando o agente público
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra exigir vantagem indevida, para si ou para outrem,
mero desvio de finalidade. direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
É importante saber que parte minoritária da antes de assumi-la, mas em razão dela.
doutrina defende que, para que se configure o pecu- No crime de concussão, o militar, valendo-se de
lato-desvio, não é necessária a intenção de assenho- sua autoridade, exige (conduta mais forte do que ape-
reamento (apoderar-se) por parte do funcionário nas pedir) o pagamento de vantagem não devida pela
público, podendo se configurar com o mero uso irre- pessoa. O particular, por temer qualquer represália
gular da coisa pública em proveito próprio ou alheio. por parte do funcionário público, pode ou não pagar a
Com base no que foi exposto acima, é importante vantagem indevida.
mencionar que o peculato de uso, em regra, é consi- Podemos exemplificar com o caso de policial mili-
derado figura atípica. Segundo Cleber Masson, o uso tar exigir de particular a quantia de R$ 2.000,00 para
momentâneo de coisa infungível, sem a intenção de que libere o seu veículo, sob pena de levá-lo indevida-
mente ao pátio do Detran.
incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de terceiro,
A vantagem indevida, segundo posicionamento
seguido da sua integral restituição a quem de direito,
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
é atípico.
ser qualquer outra vantagem.
É necessário, para que não seja típica a conduta
É importante mencionar que a concussão se dará
do peculato de uso, que o bem seja infungível e não
em razão da função do militar, não se exigindo que o
consumível, a exemplo de um carro oficial ou de um fato seja praticado no efetivo desempenho das atribui-
computador. Caso o bem seja fungível e consumível, a ções do cargo. Sendo assim, este crime pode ser come-
exemplo do dinheiro, a conduta será típica tido por militar de férias.
O Peculato-furto se configurará quando o funcioná- Art. 306 Exigir imposto, taxa ou emolumento que
rio público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor sabe indevido, ou, quando devido, empregar na
ou bem, subtrai-o, ou concorre para que ele seja subtraí- cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
do, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili- autoriza:
dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
O peculato-furto pode ser praticado de duas
formas: O excesso de exação é uma forma de concussão.
Configura-se quando o militar exige tributo ou contri-
z Subtraindo o dinheiro, valor ou o objeto; buição social, que sabe ou deveria saber indevido, ou,
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
valor ou objeto. ou gravoso, que a lei não autoriza.
Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
É importante mencionar que:
z Não admite a modalidade culposa;
z Para que se configure este crime, é necessário que z Admite a tentativa quando for possível fracionar o
o funcionário público não tenha a posse da coisa; iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati-
z Para que se configure o peculato-furto na modali- cado mediante carta endereçada à vítima;
dade “concorrer para que seja subtraído”, é neces- z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
sário que o ato seja doloso; de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos, responderá por
DIREITO PENAL MILITAR
Exemplo: Soldado “A”, aos finais de semana, é res- Art. 307 Desviar, em proveito próprio ou de outrem,
ponsável por trancar a seção, sendo o último a sair. o que recebeu indevidamente, em razão do cargo ou
Certo dia, na hora de sair, valendo-se do fato de estar função, para recolher aos cofres públicos:
sozinho na seção, “A” subtrai um notebook do órgão Pena - reclusão, de dois a doze anos.
público. Está certamente configurado o crime de pecu-
lato-furto, já que, na condição de militar, teve facilida- z O crime de desvio tem por objeto jurídico a Admi-
de para que subtraísse o bem. nistração Militar;
Admite-se a modalidade tentada, já que se trata
de crime plurissubsistente. O bem subtraído pode ser 433
z O sujeito ativo é o funcionário público ou o mili- Corrupção Ativa
Corrupção Passiva
Concussão
tar. O particular, que não possua função pública, Verbos: solicitar,
Verbos: oferecer e
obviamente poderá, no concurso de pessoas, figu- receber e aceitar Verbo: exigir
× ×
prometer
promessa Crime praticado
rar no polo ativo; Crime praticado por
Crime praticado por funcionário
particular contra a
z O sujeito passivo, titular do bem jurídico agredi- administração da
por funcionário público contra a
público contra a administração pública
do, é o Estado representado pela administração justiça
administração pública
militar;
Aumento de pena
A corrupção passiva é delito formal e consuma-se
com a simples solicitação, a não ser se esta for impos-
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
se, em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é sível de ser cumprida, ou seja, não esteja ao alcance
retardado ou omitido o ato, ou praticado com infra- da pessoa que é solicitada, segundo Jorge César de
ção de dever funcional. Assis (2003). Não admite tentativa.
O TJM/MG decidiu que militar, instrutor de autoes-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que dá, cola em Unidade Militar, responsável pelo treinamen-
oferece ou promete dinheiro ou vantagem indevida. to e exames de candidatos à habilitação para condução
de automóveis, que se vale dessa função para receber
O servidor público, civil ou militar, também pode ser
vantagens indevidas, facilitando ou dispensando exa-
sujeito ativo, desde que esteja agindo como particular
mes, comete o crime de corrupção passiva, e são coau-
e despido de sua qualidade funcional.
tores aqueles que intermedeiam.
O sujeito passivo, ao contrário do que se possa pen-
Podemos trazer o exemplo do policial militar que
sar, não é o servidor público, mas, sim, a administra- exige certa quantia em dinheiro para não aplicar mul-
ção militar, em favor da qual está aquele que opera na ta em condutor de veículo que estava acima da veloci-
qualidade de seu agente. dade permitida na via.
Oferecer vantagem indevida a policial militar
para que se omita quanto ao flagrante que presenciou FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO
caracteriza o delito de corrupção ativa, ainda que o
policial esteja fora de seu horário de trabalho e à pai- Art. 311 Falsificar, no todo ou em parte, docu-
sana, pois, ao surpreender a prática de crime, age no mento público ou particular, ou alterar docu-
cumprimento do dever legal e nos limites de sua com- mento verdadeiro, desde que o fato atente contra a
434 petência, conforme decisão do TJSP. administração ou o serviço militar:
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a falso. Nesse caso, temos o civil utilizando documento
seis anos; sendo o documento particular, reclusão, falso em face do Estado e trazendo prejuízo a outro
até cinco anos. candidato, que tinha documento verdadeiro e que não
foi matriculado.
A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce Fazer uso, nesse delito, significa empregar, utilizar
função em repartição militar. Equipara-se a documento, ou aplicar. Os objetos são os papéis (documentos) fal-
para os efeitos penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio
sificados ou alterados. É indispensável a realização de
de aparelho eletromagnético a que se incorpore declara-
exame de corpo de delito para comprovar a falsidade,
ção destinada à prova de fato juridicamente relevante.
O sujeito ativo pode ser tanto o militar quanto o pois é delito que deixa vestígio material.
civil, desde que o fato atente contra as instituições
militares. O sujeito passivo é a administração militar.
Para que configure o delito, é imprescindível que
a falsificação seja idônea de iludir terceiro. Se a falsi- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ficação for grosseira, perceptível à primeira vista, ine-
xiste o delito, em face da ausência de potencialidade 1. (IBFC – 2020) A ofensa à dignidade ou ao decoro são
lesiva do comportamento. elementares que se fazem presentes expressamente
O STM decidiu que pratica o crime de falsidade no crime militar de:
de documento o militar que falsifica atestado médico
com o objetivo de conseguir prorrogação de licença a) Desacato a assemelhado ou funcionário.
para tratamento de saúde. b) Ingresso clandestino.
c) Desacato a superior.
FALSIDADE IDEOLÓGICA d) Desobediência.
e) Desacato a militar.
A falsidade documental pode ser de duas espécies:
material e ideológica. O art. 298 do CPM dispõe ser crime a conduta de
desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou
Art. 312 Omitir, em documento público ou par-
ticular, declaração que dela devia constar, ou
o decoro ou procurando deprimir-lhe a autorida-
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou de. Veja: no delito de desacato a superior, a vítima
diversa da que devia ser escrita, com o fim de pre- somente pode ser superior. O agente precisa ter
judicar direito, criar obrigação ou alterar a verda- ofendido a dignidade ou decoro, procurando depri-
de sobre fato juridicamente relevante, desde que o mir a autoridade. Resposta: C.
fato atente contra a administração militar ou ser-
viço militar: 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos crimes
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é
militares em tempo de paz, julgue o item subsequente.
público; reclusão, até três anos, se o documento é
Situação hipotética: Durante a formatura em deter-
particular.
minada unidade militar, na presença da tropa, um sar-
gento desacatou o comandante da subunidade a qual
A falsidade documental material se revela no pró-
pertencia.
prio documento, recaindo sobre elemento físico do
Assertiva: Nessa situação, a pena prevista para o cri-
papel escrito e verdadeiro. Já a falsidade documental
me de desacato a superior será agravada em razão da
ideológica não se revela em sinais exteriores da escrita,
pessoa ofendida.
mas concerne ao conteúdo do documento. Na falsida-
de ideológica, inexiste rasurar, emendas, omissões ou
acréscimos, sendo falsa a ideia que o documento contém. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O TJM/RS determinou que os policiais militares, ao
encontrarem um veículo furtado, façam constar no O crime de desacato a superior tem a pena agrava-
boletim de ocorrência que o veículo estava depena- da se o superior é oficial general ou comandante da
do, isto é, destruído. Isso evita, por conseguinte, que unidade a que pertence o agente. Se a oficial general
o proprietário do automóvel tente fraudar o contrato ou comandante da unidade pertence a outra organi-
de seguro. zação militar, a pena não será agravada. Resposta:
Errado.
USO DE DOCUMENTO FALSO
os artigos anteriores:
FUNCIONAL
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
PREVARICAÇÃO
O crime de uso de documento falso pode ser pra-
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, inde-
ticado por qualquer pessoa. Por isso, o sujeito ativo
vidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
pode ser civil ou militar. Considerando que o delito de
expressa disposição de lei, para satisfazer inte-
uso de documento falso é praticado em face do Estado,
resse ou sentimento pessoal:
e sempre tem alguém prejudicado, esses são os sujei- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
tos passivos.
Por exemplo: o candidato de concurso público
Pela leitura do tipo penal de prevaricação, pode-se
para a Polícia Militar apresenta no ato da matrícula
observar que o sujeito ativo é somente o militar ou o
do curso de formação o certificado de nível superior
funcionário civil lotado em organização militar. Já o 435
sujeito passivo é o Estado podendo ser, também, uma violência à pessoa em lugar sujeito à administração
entidade de direito público ou uma pessoa prejudicada. militar
O crime de prevaricação tem o núcleo no verbo d) deixar o militar de levar ao conhecimento do supe-
retardar, que significa, nesse contexto, atrasar ou pro- rior conspiração de cuja preparação teve notícia, ou,
crastinar, deixar para depois. A outra conduta descrita estando presente ao ato criminoso, não usar de todos
no tipo é deixar de praticar, ou seja, desistir da execução. os meios ao seu alcance para impedi-lo
Cícero Coimbra (2013) ensina que há três condu- e) reunirem-se militares armados, recusando obediência
tas puníveis no crime de prevaricação, constituindo a superior, quando estejam agindo sem ordem ou pra-
a chamada auto corrupção própria, já que o funcio- ticando violência
nário se deixa levar por vantagem indevida, violando
deveres funcionais. 2. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta após ana-
Ainda, pode-se observar o elemento normativo lisar os itens I a IV.
do tipo: indevidamente. O termo designa o ato de
fazer algo não permitido por lei, infringindo dever I. Reunirem-se militares agindo contra a ordem recebida
funcional. O crime de prevaricação é, por isso, doloso, de superior;
havendo a exigência de elemento subjetivo específi- II. Reunirem-se militares recusando obediência a supe-
co que consiste na vontade de satisfazer interesse rior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando
ou sentimento pessoal. Por isso, não há modalidade violência;
culposa. III. Reunirem-se militares assentindo em recusa conjun-
Sobre isso, Cícero Coimbra esclarece: ta de obediência, ou em resistência ou violência, em
comum, contra superior;
z Interesse ou sentimento pessoal é qualquer pro- IV. Reunirem-se militares ocupando quartel.
veito, ganho ou vantagem auferido pelo agente,
não, necessariamente, de natureza econômica; a) Os itens I e II constituem Motim enquanto que os itens
z Sentimento pessoal é a disposição afetiva do agen- III e IV constituem Revolta
te em relação a algum bem ou valor. b) Os itens I e III constituem Revolta enquanto que os
itens II e IV constituem Motim se os agentes estiverem
armados
c) Todos os itens constituem Motim exceto no caso dos
EXERCÍCIO COMENTADO agentes estarem armados, caso em que se configura
a Revolta
1. (IBFC – 2020) O ato de “retardar ou deixar de prati- d) Apenas o item III constitui Motim e os demais itens
car, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra constituem Revolta independentemente dos agentes
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse estarem armados
ou sentimento pessoal” configura o crime militar de: e) Apenas o item II constitui Revolta e os demais itens
constituem Motim independentemente dos agentes
a) abuso de confiança estarem armados
b) condescendência criminosa
c) omissão de dever funcional 3. (IBFC – 2017) Considerando a prática de conspiração,
d) retardamento de ato de ofício assinale a alternativa correta.
e) prevaricação
a) Tal conduta existe no ato de concertarem-se militares
O crime de prevaricação está tipificado no art. 319 ou assemelhados para a prática do crime de Motim
do CPM que dispõe que o delito é retardar ou deixar b) Tal conduta não é prevista na legislação penal militar
de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- c) Tal conduta existe no ato de concertarem-se militares
-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer e não os assemelhados para a prática do crime de
interesse ou sentimento pessoal (ex.: o militar deixa Motim
de praticar atos de ofícios em razão de problemas d) Tal conduta existe no ato de concertarem-se os asse-
familiares, ou seja, um sentimento pessoal). Respos- melhados e não os militares para a prática do crime de
ta: Letra E. Motim
e) Tal conduta existe no ato de concertarem-se aqueles
que não forem militares ou assemelhados para a práti-
ca do crime de Motim
HORA DE PRATICAR!
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
1. (IBFC – 2020) Sobre o que constitui a conduta típi- pena aplicável no caso da conduta de aliciar militar
ca de crime militar de motim, assinale a alternativa para a prática de Motim ou Revolta
correta.
a) Reclusão, de dois a quatro anos
a) reunirem-se dois militares, com armamento de pro- b) Detenção, de três a cinco anos
priedade militar, praticando violência à coisa pública c) Reclusão, de três a quatro anos
ou particular em lugar não sujeito à administração d) Detenção, de dois a quatro anos
militar e) Reclusão, de três a cinco anos
b) reunirem-se militares desarmados agindo contra a
ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la 5. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre qual
c) reunirem-se mais de dois militares ou assemelhados, conduta consiste no crime de Violência contra militar
com material bélico de propriedade militar, praticando de serviço.
436
a) Praticar violência contra superior a) Detenção, de seis meses a um ano diminuindo-se a
b) Praticar violência contra superior comandante da uni- pena se o agente é oficial
dade a que pertence o agente b) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se
c) Praticar violência contra superior oficial general o agente exercia função de comando
d) Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou c) Reclusão, de seis meses a um ano diminuindo-se a
de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão pena se o agente é oficial
e) Praticar violência contra superior comandante da uni- d) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se
dade a que pertence o agente ou oficial general o agente é oficial
e) Detenção, de três meses a um ano
6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre qual
conduta consiste no crime de recusa de obediência. 10. (IBFC – 2020) Sobre o que configura conduta típica do
crime de recusa de obediência, assinale a alternativa
a) Opor-se às ordens da sentinela correta.
b) Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto
ou matéria de serviço, ou relativamente a dever impos- a) desrespeitar superior diante de outro militar
to em lei, regulamento ou instrução b) despojar-se de uniforme, condecoração militar, insíg-
c) Promover a reunião de militares para discussão de ato nia ou distintivo, por menosprezo ou vilipêndio
de superior c) recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto
d) Tomar parte em reunião de militares para discussão ou matéria de serviço, ou relativamente a dever impos-
de ato de superior to em lei, regulamento ou instrução
e) Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, d) promover a reunião de militares, ou nela tomar parte,
para discussão de assunto atinente à disciplina militar para discussão de ato de superior ou assunto atinente
à disciplina militar
7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a e) praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à
conduta que consiste no crime de resistência median- administração militar, ato que se traduza em ultraje a
te ameaça ou violência. símbolo nacional
a) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou 11. (IBFC – 2020) A ofensa à dignidade ou ao decoro são
violência ao executor, não havendo crime se a conduta elementares que se fazem presentes expressamente
se volta contra quem esteja prestando auxílio no crime militar de:
b) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou
violência a quem esteja prestando auxílio ao executor, a) desacato a assemelhado ou funcionário
não havendo crime se a conduta se volta contra o exe- b) ingresso clandestino
cutor diretamente c) desacato a superior
c) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante vio- d) desobediência
lência ao executor, não havendo crime se a conduta se e) desacato a militar
volta contra quem esteja prestando auxílio ou median-
te grave ameaça 12. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
d) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante conduta prevista para o crime de desacato a superior
ameaça a quem esteja prestando auxílio ao executor, de posto.
não havendo crime se a conduta se volta contra o exe-
cutor diretamente ou mediante violência a) Comete tal crime o agente que desacatar superior,
e) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou lhe ofendendo a dignidade, diminuindo-se a pena se
violência ao executor, ou a quem esteja prestando auxílio o superior é oficial comandante da unidade a que per-
tence o agente
8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a b) Comete tal crime o agente que desacatar superior,
conduta que consiste no crime de deserção após ana- lhe ofendendo a dignidade, agravando-se a pena se o
lisar os itens a seguir. superior é oficial comandante da unidade a que per-
tence o agente
a) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que c) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais ofendendo a dignidade, não havendo previsão de agra-
de dez dias vamento da pena
b) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que d) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais ofendendo o decoro, diminuindo-se a pena se o supe-
de cinco dias rior é oficial comandante da unidade a que pertence o
DIREITO PENAL MILITAR
14. (IBFC – 2020) O ato de “retardar ou deixar de prati- 19. (IBFC – 2018) No que se refere ao crime de violência
car, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra contra superior (art. 157 do Código Penal Militar), assi-
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse nale a alternativa correta:
ou sentimento pessoal” configura o crime militar de:
a) abuso de confiança a) Trata-se de crime comum, que qualquer pessoa pode
b) condescendência criminosa praticar
c) omissão de dever funcional b) Se a violência é praticada com arma, a pena é aumen-
d) retardamento de ato de ofício tada de metade
e) prevaricação c) O crime é qualificado se a violência é praticada contra
o comandante da unidade a que pertence o agente
d) Se da violência resulta lesão corporal, absorve-se o cri-
15. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
me contra a pessoa
conduta que consiste no crime de resistência median-
te ameaça ou violência.
20. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta a seguir
quanto à caracterização dos crimes de Motim e
a) Não há forma qualificada de tal crime
Revolta.
b) A forma qualificada do crime ocorre se o ato é atrasa-
do em razão da resistência
c) A forma qualificada do crime ocorre se o ato não se a) As mesmas condutas são caraterizadas como Motim
executa em razão da resistência e Revolta, sendo, portanto, sinônimos
d) A forma qualificada do crime ocorre se o ato resulta b) O crime de Revolta difere do Motim pelo fato dos agen-
em resultado previsto em crime mais grave tes estarem armados na prática das condutas tipifica-
e) Não há previsão de cumulação de penas para o referi- das como Revolta, o que não é previsto para o Motim
do crime c) Apenas o Motim é crime enquanto que a Revolta se
limita ao caráter psicológico do comportamento, não
sendo crime
16. (IBFC – 2020) O crime de desacato a superior classifi-
d) Apenas a Revolta é crime enquanto que o Motim se
ca-se como:
limita ao caráter psicológico do comportamento, não
sendo crime
a) de forma vinculada
e) Motim e Revolta são crimes praticados com o empre-
b) complexo
go de armas
c) de concurso necessário
d) comum
e) propriamente militar 9 GABARITO
17. (IBFC – 2020) No que se refere ao crime de peculato-
1 B
-furto, como previsto no Código Penal Militar, assinale
a alternativa correta. 2 C
a) no peculato-furto, a reparação do dano, se precede a 3 A
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta 4 A
b) no peculato-furto, a conduta típica se perfaz quando 5 D
o agente se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade
que, no exercício do cargo ou comissão, recebeu por 6 B
erro de outrem
c) no peculato-desvio, o arrependimento posterior, faz com 7 E
que o agente responda pelos atos até então praticados 8 D
d) no peculato-furto, a conduta típica se consubstancia
quando o sujeito ativo se apropria de dinheiro, valor 9 E
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou 10 C
438 comissão
11 C
12 B
13 C
14 E
15 C
16 E
17 E
18 A
19 C
20 B
ANOTAÇÕES
439
ANOTAÇÕES
440