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PM-BA

Polícia Militar da Bahia

SOLDADO
æ Língua Portuguesa
æ Raciocínio Lógico
æ História do Brasil
æ Geografia do Brasil
æ Informática
æ Direito Constitucional
æ Direito Administrativo
æ Direito Penal

conteúdo
æ Direito Penal Militar
æ Atualidades (On-line)
æ Direitos Humanos (On-line)
æ Igualdade Racial e de Gênero (On-line)
ON-LINE
CURSO COM 10H
DE VIDEOAULAS
Polícia Militar da Bahia

PM-BA
Soldado

NV-004JH-21
Cód.: 7908428800703
Obra Produção Editorial

PM-BA – Polícia Militar da Bahia


Carolina Gomes
Josiane Inácio

Soldado Karolaine Assis

Organização

Arthur de Carvalho
Autores
Roberth Kairo
LÍNGUA PORTUGUESA • Monalisa Costa, Ana Cátia Collares, Saula Isabela Diniz
Giselli Neves e Isabella Ramiro

RACIOCÍNIO LÓGICO • Kairton Batista (Prof.º Kaká) e Sérgio Revisão de Conteúdo


Mendes Ana Cláudia Prado

HISTÓRIA DO BRASIL • Jean Talvani e Otávio Massaro Fernanda Silva


Jaíne Martins
GEOGRAFIA DO BRASIL • Zé Soares e Ednilson Silva Maciel Rigoni
Nataly Ternero
INFORMÁTICA • Fernando Nishimura

DIREITO CONSTITUCIONAL • Samara Kich Análise de Conteúdo

DIREITOS HUMANOS (ON-LINE) • Ariel Zvoziak, Ana Phillipini e Ana Beatriz Mamede
Camila Cury João Augusto Borges

DIREITO ADMINISTRATIVO • Fernando Paternostro Zantedeschi


Diagramação
e Jonatas Albino
Dayverson Ramon
DIREITO PENAL • Renato Philippini e Rodrigo Gonçalves Higor Moreira

IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO (ON-LINE) • Samara Kich, Willian Lopes


Renato Philippini, Ana Philippini, Rodrigo Gonçalves, Camila
Cury, Nathan Pilonetto e Antônio Pequeno Capa

DIREITO PENAL MILITAR • Rodrigo Gonçalves Joel Ferreira dos Santos

Projeto Gráfico

Daniela Jardim & Rene Bueno

Edição:

Junho/2021

Todos os direitos autorais desta obra são reservados e protegidos


pela Lei nº 9.610/1998. É proibida a reprodução parcial ou total,
por qualquer meio, sem autorização prévia expressa por escrito da
editora Nova Concursos.

Essa obra é vendida sem a garantia de atualização futura. No caso Dúvidas


de atualizações voluntárias e erratas, serão disponibilizadas no site
www.novaconcursos.com.br. Para acessar, clique em “Erratas e www.novaconcursos.com.br/contato
Retificações”, no rodapé da página, e siga as orientações. sac@novaconcursos.com.br
APRESENTAÇÃO
Um bom planejamento é determinante para a sua preparação
de sucesso na busca pela tão almejada aprovação. Por isso,
pensando no máximo aproveitamento de seus estudos, esse
livro foi organizado de acordo com os itens mais relevantes do
último edital da PM-BA para o cargo de Soldado. O edital foi
didaticamente sistematizado em um sumário subdividido para
otimizar o seu tempo e o seu aprendizado.

Ao longo da teoria, você encontrará boxes – Importante e Dica


– com orientações, macetes e conceitos fundamentais cobrados
nas provas, além de Questões Comentadas e a seção Hora de
Praticar, trazendo exercícios gabaritados da banca organizado-
ra do certame.

A obra que você tem em suas mãos é resultado da competência


de nosso time editorial e da vasta experiência de nossos profes-
sores e autores parceiros – muitos também responsáveis pelas
aulas que você encontra em nossos Cursos On-line – o que será
um diferencial na sua preparação. Nosso time faz tudo pensan-
do no seu sonho de ser aprovado em um concurso público. Ago-
ra é com você!

Intensifique ainda mais a sua preparação acessando os con-


teúdos disponíveis online para este livro em nossa plataforma:
Atualidades, Direitos Humanos, Igualdade Racial e de Gênero e o
Curso com 10 horas de videoaulas, conforme os assuntos cobra-
dos na última prova. Para acessar, basta seguir as orientações
na próxima página.
CONTEÚDO ON-LINE

Para intensificar a sua preparação para concursos, oferecemos em nossa plataforma on-
line materiais especiais e exclusivos, selecionados e planejados de acordo com a proposta
deste livro. São conteúdos que tornam a sua preparação muito mais eficiente.

BÔNUS:

• Curso On-line.
à Geografia da Bahia: Geografia da Bahia: Aspectos Políticos, Físicos, Econômicos,
Sociais e Culturais;
à Legislação Estadual: Lei Estadual n° 7.990/2001; Lei Estadual nº 13.201/2014;
à Atualidades: Globalização: Conceitos, Efeitos e Implicações Sociais, Econômicas,
Políticas e Culturais; Multiculturalidade, Pluralidade e Diversidade Cultural;
à Tecnologias de Informação e Comunicação: Conceitos, Efeitos e Implicações Sociais,
Econômicas, Políticas e Culturais.

CONTEÚDO COMPLEMENTAR:

• Atualidades.
• Direitos Humanos.
• Igualdade Racial e de Gênero.

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VERSO DA APOSTILA
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA....................................................................................................11
COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS........................................................................... 11

TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS TEXTUAIS.................................................................................. 14

ORTOGRAFIA OFICIAL........................................................................................................................ 27

ACENTUAÇÃO GRÁFICA .................................................................................................................... 30

CLASSES DE PALAVRAS.................................................................................................................... 31

USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE............................................................................................. 49

SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO............................................................................................... 51

PONTUAÇÃO....................................................................................................................................... 61

CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL............................................................................................ 64

REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL........................................................................................................ 70

SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS........................................................................................................ 72

RACIOCÍNIO LÓGICO.........................................................................................................79
NOÇÕES DE LÓGICA........................................................................................................................... 79

PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES..................................................................................................................79

PROPOSIÇÕES LÓGICAS COMPOSTAS...........................................................................................................80

DIAGRAMAS LÓGICOS: CONJUNTOS E ELEMENTOS..................................................................... 87

LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO........................................................................................................... 90

CONECTIVOS LÓGICOS...................................................................................................................... 93

ELEMENTOS DE TEORIA DOS CONJUNTOS, ANÁLISE COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE..... 95

ANÁLISE COMBINATÓRIA..............................................................................................................................100

RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS COM FRAÇÕES, CONJUNTOS, PORCENTAGENS


E SEQUÊNCIAS COM NÚMEROS, FIGURAS, PALAVRAS ..............................................................108

HISTÓRIA DO BRASIL.................................................................................................... 119


DESCOBRIMENTO DO BRASIL (1500).............................................................................................119
BRASIL COLÔNIA (1530–1815).......................................................................................................120

CAPITANIAS HEREDITÁRIAS..........................................................................................................................120

ECONOMIA.......................................................................................................................................................120

Extrativismo Vegetal....................................................................................................................................... 120


Extrativismo Mineral....................................................................................................................................... 120
Pecuária........................................................................................................................................................... 121

ESCRAVIDÃO....................................................................................................................................................121

EXPANSÃO TERRITORIAL...............................................................................................................................122

INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822)...............................................................................................122

A NOMEAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE D. PEDRO I.......................................................................................122

DIA DO FICO.....................................................................................................................................................122

RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA INDEPENDÊNCIA DO BRASIL...................................................123

PRIMEIRO REINADO (1822-1831)...................................................................................................123

PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) E SEGUNDO REINADO (1840-1889)...................................124

PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)...............................................................................................125

O PRIMEIRO GOVERNO PROVISÓRIO............................................................................................................125

ASSEMBLEIA CONSTITUINTE........................................................................................................................126

PRESIDÊNCIA DE DEODORO DA FONSECA E REVOLTA DA ARMADA.........................................................126

A POLÍTICA DOS GOVERNADORES................................................................................................................127

O CORONELISMO.............................................................................................................................................127

MOVIMENTOS TENENTISTAS E COLUNA PRESTES.....................................................................................127

REVOLUÇÃO DE 1930.......................................................................................................................127

ERA VARGAS (1930-1945)...............................................................................................................129

OS PRESIDENTES DO BRASIL DE 1964 À ATUALIDADE...............................................................131

HISTÓRIA DA BAHIA.........................................................................................................................139

INDEPENDÊNCIA DA BAHIA.............................................................................................................140

REVOLTA DE CANUDOS....................................................................................................................140

REVOLTA DOS MALÊS......................................................................................................................141

CONJURAÇÃO BAIANA....................................................................................................................141

SABINADA .........................................................................................................................................141
GEOGRAFIA DO BRASIL................................................................................................ 147
RELEVO BRASILEIRO........................................................................................................................147

URBANIZAÇÃO: CRESCIMENTO URBANO, PROBLEMAS ESTRUTURAIS, CONTINGENTE


POPULACIONAL BRASILEIRO.........................................................................................................148

TIPOS DE FONTES DE ENERGIA QUE PARTICIPAM DA MATRIZ ENERGÉTICA BRASILEIRA:


EÓLICA, HIDRÁULICA, BIOMASSA, SOLAR E A DAS MARÉS.......................................................150

PROBLEMAS AMBIENTAIS..............................................................................................................151

CLIMA.................................................................................................................................................152

PRESSÃO ATMOSFÉRICA...............................................................................................................................153

UMIDADE..........................................................................................................................................................156

TEMPERATURA................................................................................................................................................158

FATORES QUE DETERMINAM O CLIMA.........................................................................................................160

MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS SUAS CONSEQUÊNCIAS............................................................................162

INFORMÁTICA.................................................................................................................. 173
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE TEXTOS
(WORD, WRITER), PLANILHAS (EXCEL, CALC), APRESENTAÇÕES (POWERPOINT, IMPRESS).173

MICROSOFT OFFICE (VERSÃO 2007 E SUPERIORES), LIBREOFFICE (VERSÃO 5.0 E


SUPERIORES)....................................................................................................................................174

SISTEMAS OPERACIONAIS ............................................................................................................205

WINDOWS 7......................................................................................................................................................205

WINDOWS 10 ...................................................................................................................................................216

LINUX................................................................................................................................................................224

CONCEITOS BÁSICOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, FERRAMENTAS,


APLICATIVOS E PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS À INTERNET E INTRANET...........................230

CORREIO ELETRÔNICO....................................................................................................................234

COMPUTAÇÃO EM NUVEM..............................................................................................................246

DIREITO CONSTITUCIONAL....................................................................................... 253


DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS.....................................................................................253

ASPECTOS HISTÓRICOS, RELAÇÃO ENTRE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS E POLÍTICA .....253

POSITIVISMO JURÍDICO.................................................................................................................................256
ÁREA DE REGULAÇÃO E ÁREA DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, TITULARIDADE DOS
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS, DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM ESPÉCIE......258

GARANTIAS SOCIAIS.......................................................................................................................267

DA ORDEM SOCIAL...........................................................................................................................271

DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO, DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E COMPETÊNCIAS


DOS PODERES...................................................................................................................................279

DO PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GERAIS...........................................................................................289

DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA.........................................................................294

FEDERAÇÃO.....................................................................................................................................................294

UNIÃO...............................................................................................................................................................295

DOS ESTADOS FEDERADOS............................................................................................................................296

DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS...............................................................................................298

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA.......................................................................................................303

SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES..........................................................................................................306

DA SEGURANÇA PÚBLICA...............................................................................................................310

DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS.........................................310

CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA.........................................................................................312

ATRIBUIÇÕES DO GOVERNADOR DO ESTADO...............................................................................325

JUSTIÇA MILITAR, MINISTÉRIO PÚBLICO, PROCURADORIAS, DEFENSORIA PÚBLICA...........325

DIREITO ADMINISTRATIVO......................................................................................... 333


ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: PRINCÍPIOS E CONTEXTO..............................................................333

PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO ADMINISTRATIVO: LEGALIDADE, IMPESSOALIDADE,


MORALIDADE, PUBLICIDADE, EFICIÊNCIA....................................................................................................333

ATOS ADMINISTRATIVOS................................................................................................................336

CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBUTOS, ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO;


DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO.........................................................................................................336

PODERES DOS ADMINISTRADORES PÚBLICOS............................................................................341

USO E ABUSO DO PODER, PODERES VINCULADO, DISCRICIONÁRIO.........................................................341

HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E REGULAMENTAR, PODER DE POLÍCIA......................................................342

SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS..........................................346

DOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS SERVIDORES PÚBLICOS......................................................352


DIREITO PENAL................................................................................................................ 359
APLICAÇÃO DA LEI PENAL .............................................................................................................359

LEI PENAL NO TEMPO......................................................................................................................359

PRINCÍPIOS......................................................................................................................................................359

A RETROATIVIDADE E A LEI PENAL MAIS BRANDA.....................................................................................366

Novatio Legis Incriminadora.......................................................................................................................... 367


Lei Intermediária............................................................................................................................................. 367
Conjugação de Leis........................................................................................................................................ 368
Retroatividade e a Lei Processual................................................................................................................. 368
Leis Temporárias e Excepcionais.................................................................................................................. 368
Tempo do Crime ............................................................................................................................................. 368

DO CRIME E A CONTRAVENÇÃO.....................................................................................................369

ELEMENTOS.....................................................................................................................................................372

CONSUMAÇÃO E TENTATIVA.........................................................................................................................374

DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO EFICAZ E ARREPENDIMENTO POSTERIOR................377

CRIME IMPOSSÍVEL........................................................................................................................................377

CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE E CULPABILIDADE...........................................................................377

DOS CRIMES CONTRA A VIDA.........................................................................................................383

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL............................................................................387

DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO..........................................................................................389

DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL...............................................................................410

DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA..........................................................................................419

LEI FEDERAL N° 9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997 (CRIMES DE TORTURA).................................419

DIREITO PENAL MILITAR............................................................................................. 427


DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR...............................................427

DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILITAR DE SERVIÇO...................................................................428

DESRESPEITO A SUPERIOR............................................................................................................................428

RECUSA DE OBEDIÊNCIA................................................................................................................................428

OPOSIÇÃO À ORDEM DE SENTINELA............................................................................................................429

REUNIÃO ILÍCITA.............................................................................................................................................429
PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA............................................................................................................429

RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA.....................................................................................429

DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR ..............................................429

CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR...........................................................................431

DOS CRIMES CONTRA O DEVER FUNCIONAL ...............................................................................435


estudar com afinco e dedicação, sem esquecer de pra-
ticar seus conhecimentos realizando os exercícios de
cada tópico, bem como, a seleção de exercícios finais,
selecionados especialmente para que este material

LÍNGUA PORTUGUESA cumpra o propósito de alcançar sua aprovação.

INFERÊNCIA – ESTRATÉGIAS DE INTERPRETAÇÃO

A inferência é uma relação de sentido conhecida


COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO DE desde a Grécia Antiga e que embasa as teorias sobre
TEXTOS interpretação de texto.

INTRODUÇÃO Dica
Interpretar é buscar ideias, pistas do autor do tex-
A interpretação e a compreensão textual são aspec-
tos essenciais a serem dominados por aqueles candida- to, nas linhas apresentadas.
tos que buscam a aprovação em seleções e concursos
públicos. Trata-se de um assunto que abrange questões Porém, apesar de, aparentemente, parecer algo
específicas e de conteúdo geral nas provas; conhecer subjetivo, existem “regras” para se buscar essas pistas.
e dominar estratégias que facilitem a apreensão desse A primeira e mais importante delas é identificar a
assunto pode ser o grande diferencial entre o quase e orientação do pensamento do autor do texto, que fica
a aprovação. perceptível quando identificamos como o raciocínio
Além disso, seja a compreensão textual, seja a dele foi exposto, se de maneira mais racional, a partir
interpretação textual, ambas guardam uma relação de da análise de dados, informações com fontes confiáveis
proximidade com um assunto pouco explorado pelos ou se de maneira mais empirista, partindo dos efeitos,
cursos de português: a semântica, que incide suas rela- das consequências, a fim de se identificar as causas.
ções de estudo sobre as relações de sentido que a forma Por isso, é preciso compreender como podemos
linguística pode assumir. interpretar um texto mediante estratégias de leitura.
Portanto, neste material você encontrará recursos Muitos pesquisadores já se debruçaram sobre o tema,
para solidificar seus conhecimentos em interpreta-
que é intrigante e de grande profundidade acadêmica;
ção e compreensão textual, associando a essas temá-
neste material, selecionamos as estratégias mais efica-
ticas as relações semânticas que permeiam o sentido
zes que podem contribuir para sua aprovação em sele-
de todo amontoado de palavras, tendo em vista que,
qualquer aglomeração textual é, atualmente, consi- ções que avaliam a competência leitora dos candidatos.
derada texto e, dessa forma, deve ter um sentido que A partir disso, apresentamos estratégias de leitura
precisa ser reconhecido por quem o lê. que focam nas formas de inferência sobre um texto.
Assim, vamos começar nosso estudo fazendo uma Dessa forma, é fundamental identificar como ocorre
breve diferença entre os termos compreensão e o processo de inferência, que se dá por dedução ou
interpretação textual. por indução. Para entender melhor, veja esse exemplo:
Para muitos, essas palavras expressam o mesmo
sentido, mas, como pretendemos deixar claro neste O marido da minha chefe parou de beber.
material, ainda que existam relações de sinonímia
entre palavras do nosso vocabulário, a opção do autor Observe que é possível inferir várias informações
por um termo ao invés de outro reflete um sentido
a partir dessa frase. A primeira é que a chefe do enun-
que deve ser interpretado no texto, uma vez que a
interpretação realiza ligações com o texto a partir ciador é casada (informação comprovada pela expres-
das ideias que o leitor pode concluir com a leitura. são “marido”), a segunda é que o enunciador está
Já a compreensão busca a análise de algo exposto no trabalhando (informação comprovada pela expressão
texto, e, geralmente, é marcada por uma palavra ou uma “minha chefe”) e a terceira é que o marido da chefe do
expressão, e apresenta mais relações semânticas e sintáti- enunciador bebia (expressão comprovada pela expres-
cas. A compreensão textual estipula aspectos linguísticos são “parou de beber”). Note que há pistas contextuais
essencialmente relacionados à significação das palavras do próprio texto que induzem o leitor a interpretar
e, por isso, envolve uma forte ligação com a semântica. essas informações.
Sabendo disso, é importante separarmos os con- Tratando-se de interpretação textual, os processos
teúdos que tenham mais apelo interpretativo ou
de inferência, sejam por dedução ou por indução, par-
LÍNGUA PORTUGUESA

compreensivo. Neste material, você encontrará um


forte conteúdo que relaciona semântica e interpreta- tem de uma certeza prévia para a concepção de uma
ção, contendo questões sobre os assuntos: inferência; interpretação, construída pelas pistas oferecidas no
figuras de linguagem; vícios de linguagem; e intertex- texto junto da articulação com as informações acessa-
tualidade. No que se refere aos estudos que focam na das pelo leitor do texto.
compreensão e semântica, os principais tópicos são: A seguir, apresentamos um fluxograma que repre-
semântica dos sentidos e suas relações; coerência e senta como ocorre a relação desses processos:
coesão; gêneros textuais (mais abordados em provas
de concursos); tipos textuais e, ainda, as variações lin-
guísticas e suas consequências para o sentido. DEDUÇÃO → CERTEZA → INTERPRETAR

Todos esses assuntos completam o estudo basilar INFERÊNCIA


de semântica com foco em provas e concursos, sempre INDUÇÃO → INTERPRETAR → CERTEZA
de olho na sua aprovação. Por isso, convidamos você a 11
A partir desse esquema, conseguimos visualizar Em questões de concurso, as bancas costumam
melhor como o processo de interpretação ocorre. Agora, procurar nos enunciados implícitos do texto aspectos
iremos detalhar esse processo, reconhecendo as estra- para abordar em suas provas.
tégias que compõem cada maneira de inferir informa- No momento de ler um texto, o leitor articula seus
ções de um texto. Por isso, vamos apresentar nos tópicos
conhecimentos prévios a partir de uma informação
seguintes como usar estratégias de cunho dedutivo, indu-
tivo e, ainda, como articular a isso o nosso conhecimento que julga certa, buscando uma interpretação; assim,
de mundo na interpretação de textos. ocorre o processo de interpretação por dedução. Con-
forme Kleiman (2016, p. 47):
A INDUÇÃO
Ao formular hipóteses o leitor estará predizendo
As estratégias de interpretação que observam temas, e ao testá-las ele estará depreendendo o
métodos indutivos analisam as “pistas” que o texto tema; ele estará também postulando uma possí-
oferece e, posteriormente, reconhecem alguma certe- vel estrutura textual; na predição ele estará ati-
za na interpretação. Dessa forma, é fundamental bus- vando seu conhecimento prévio, e na testagem
car uma ordem de eventos ou processos ocorridos no ele estará enriquecendo, refinando, checando esse
texto e que variam conforme o tipo textual. conhecimento.
Sendo assim, no tipo textual narrativo, podemos
identificar uma organização cronológica e espacial no
Fique atento a essa informação, pois é uma das
desenvolvimento das ações marcadas, por exemplo,
primeiras estratégias de leitura para uma boa inter-
pelo uso do pretérito imperfeito; na descrição, pode-
mos organizar as ideias do texto a partir da marcação pretação textual: formular hipóteses, a partir da
de adjetivos e demais sintagmas nominais; na argu- macroestrutura textual; ou seja, antes da leitura ini-
mentação, esse encadeamento de ideias fica marcado cial, o leitor deve buscar identificar o gênero textual
pelo uso de conjunções e elementos que expõem uma ao qual o texto pertence, a fonte da leitura, o ano,
ideia/ponto de vista. entre outras informações que podem vir como “aces-
No processo interpretativo indutivo, as ideias são sórios” do texto e, então, formular hipóteses sobre a
organizadas a partir de uma especificação para uma
leitura que deverá se seguir. Uma outra dica impor-
generalização. Vejamos um exemplo:
tante é ler as questões da prova antes de ler o texto,
Eu não sou literato, detesto com toda a paixão essa pois, assim, suas hipóteses já estarão agindo conforme
espécie de animal. O que observei neles, no tempo um objetivo mais definido.
em que estive na redação do O Globo, foi o bastan- O processo de interpretação por estratégias de dedu-
te para não os amar, nem os imitar. São em geral ção envolve a articulação de três tipos de conhecimento:
de uma lastimável limitação de ideias, cheios de
fórmulas, de receitas, só capazes de colher fatos
z Conhecimento Linguístico;
detalhados e impotentes para generalizar, cur-
vados aos fortes e às ideias vencedoras, e antigas, z Conhecimento Textual;
adstritos a um infantil fetichismo do estilo e guia- z Conhecimento de Mundo.
dos por conceitos obsoletos e um pueril e errôneo
critério de beleza. O conhecimento de mundo, por tratar-se de um
(BARRETO, 2010, p. 21) assunto mais abrangente, será abordado mais adiante.
Os demais, iremos abordar detalhadamente a seguir.
O trecho em destaque na citação do escritor Lima
Barreto, em sua obra “Recordações do escrivão Isaías Conhecimento Linguístico
Caminha” (1917), identifica bem como o pensamento
indutivo compõe a interpretação e decodificação de
Esse é o conhecimento basilar para compreensão
um texto. Para deixar ainda mais evidente as estraté-
gias usadas para identificar essa forma de interpretar, e decodificação do texto, envolve o reconhecimento
deixamos a seguir dicas de como buscar a organiza- das formas linguísticas estabelecidas socialmente por
ção cronológica de um texto. uma comunidade linguística, ou seja, envolve o reco-
nhecimento das regras de uma língua.
A propriedade vocabular leva É importante salientar que as regras de reconhe-
o cérebro a aproximar as pa- cimento sobre o funcionamento da língua não são,
PROCURE SINÔNIMOS
lavras que têm maior asso- necessariamente, as regras gramaticais, mas as regras
ciação com o tema do texto que estabelecem, por exemplo, no caso da língua por-
Os conectivos (conjunções, tuguesa, que o feminino é marcado pela desinência -a,
preposições, pronomes) que a ordem de escrita respeita o sistema sujeito-ver-
ATENÇÃO AOS
são marcadores claros de bo-objeto (SVO) etc.
CONECTIVOS
opiniões, espaços físicos e Ângela Kleiman (2016) afirma que o conhecimento
localizadores textuais
linguístico é aquele que “abrange desde o conhecimento
sobre como pronunciar português, passando pelo conhe-
A DEDUÇÃO
cimento de vocabulário e regras da língua, chegando até
A leitura de um texto envolve a análise de diversos o conhecimento sobre o uso da língua” (2016, p. 15).
aspectos que o autor pode colocar explicitamente ou de Um exemplo em que a interpretação textual é preju-
12 maneira implícita no enunciado. dicada pelo conhecimento linguístico é o texto a seguir:
Como gemas para financiá-lo, nosso herói desa-
fiou valentemente todos os risos desdenhosos que
tentaram dissuadi-lo de seu plano. “Os olhos enga-
nam” disse ele, “um ovo e não uma mesa tipificam
corretamente esse planeta inexplorado.” Então as
três irmãs fortes e resolutas saíram à procura de
provas, abrindo caminho, às vezes através de imen-
sidões tranquilas, mas amiúde através de picos e
vales turbulentos (KLEIMAN, 2016, p. 24).

Agora tente responder as seguintes perguntas


sobre o texto:
Quem é o herói de que trata o texto?
Quem são as três irmãs?
Qual é o planeta inexplorado?
Certamente, você não conseguiu responder nenhu-
ma dessas questões, porém, ao descobrir o título des-
se texto, sua compreensão sobre essas perguntas será
afetada. O texto se chama “A descoberta da América
por Colombo”. Agora, volte ao texto, releia-o e busque
responder às questões; certamente você não terá mais
as mesmas dificuldades.
Fonte: https://bit.ly/3kCyWoI. Acesso em: 22/09/2020. Ainda que o texto não tenha sido alterado, ao voltar
seus olhos por uma segunda vez a ele, já sabendo do
Como é possível notar, o texto é uma peça publici- que se trata, seu cérebro ativou um conhecimento pré-
tária escrita em inglês, portanto, somente os leitores vio que é essencial para a interpretação de questões.
proficientes nessa língua serão capazes de decodificar
e entender o que está escrito; assim, o conhecimento
linguístico torna-se crucial para a interpretação. Essas
são algumas estratégias de interpretação em que EXERCÍCIOS COMENTADOS
podemos usar métodos dedutivos.
1. (FGV – 2019) “Quando se julga por indução e sem o
Conhecimento Textual necessário conhecimento dos fatos, às vezes chega-
-se a ser injusto até mesmo com os malfeitores”.
Esse tipo de conhecimento atrela-se ao conheci- Indução é um processo lógico que parte do particular
mento linguístico e se desenvolve pela experiência para o geral, como ocorre no seguinte raciocínio:
leitora. Quanto maior exposição a diferentes tipos de
textos, melhor se dá a sua compreensão. Nesse conhe- a) Todos os dias o metrô está cheio; hoje deve estar
cimento, o leitor desenvolve sua habilidade porque também;
prepara sua leitura de acordo com o tipo de texto que b) Após as chuvas, as ruas ficam alagadas; hoje deve ter
está lendo. Não se lê uma bula de remédio como se lê chovido durante toda a noite;
uma receita de bolo ou um romance. Não se lê uma c) A torcida do Corinthians está presente em todos os
reportagem como se lê um poema. jogos; domingo não deve ser diferente;
d) O estacionamento do restaurante está cheio de carros;
Em outras palavras, esse conhecimento relaciona-
o lucro desse restaurante deve ser alto;
-se com a habilidade de reconhecer diferentes tipos de
e) Os carros brasileiros ainda mostram deficiências; o
discursos, estruturas, tipos e gêneros textuais.
meu automóvel enguiçou ontem.
Conhecimento de Mundo
Indução é um processo lógico que parte do particu-
lar para o geral. Se houver alguma dúvida na reso-
O uso dos conhecimentos prévios é fundamental
lução, é só ir por exclusão das alternativas
para a boa interpretação textual, por isso, é sempre
a) Todos os dias.../ hoje...
importante que o candidato a cargos públicos reserve b) as ruas/ toda a noite
LÍNGUA PORTUGUESA

um tempo para ampliar sua biblioteca e buscar fontes c) em todos os jogos/ domingo...
de informações fidedignas, para, dessa forma, aumen- d) Resposta certa
tar seu conhecimento de mundo. e) Os carros.../ meu automóvel... Resposta: Letra D.
Conforme Kleiman (2016), durante a leitura, nosso
conhecimento de mundo que é relevante para a com- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Julgue o item, relativo à
preensão textual é ativado; por isso, é natural ao nosso dedução e indução.
cérebro associar informações, a fim de compreender A conclusão de um argumento dedutivo é uma con-
o novo texto que está em processo de interpretação. sequência necessária da verdade da conjunção das
A esse respeito, a autora propõe o seguinte exer- premissas, o que significa que, sendo verdadeiras
cício para atestarmos a importância da ativação do as premissas, é impossível a conclusão ser falsa.
conhecimento de mundo em um processo de interpre-
tação. Leia o texto a seguir e faça o que se pede: ( ) CERTO ( ) ERRADO 13
O pensamento dedutivo parte do conhecimento
GÊNERO TEXTUAL
geral, visando ao conhecimento particular, assim,
para a lógica dedutiva as premissas verdadeiras
não podem gerar enunciados falsos. Resposta:
Certo. FRASES TIPO TEXTUAL TEXTO

3. (UFPE – 2018 - Adaptada) Na temática da Lógica,


leia o texto a seguir sobre os tipos de inferência:
A partir desse esquema, podemos identificar que a
A dedução e a indução são conhecidas com o nome
orientação gramatical mantida pelas frases apresen-
de inferência, isto é, concluir alguma coisa a partir
tam marcas linguísticas, assinalando o tipo textual
de outra já conhecida. Sobre a indução e a dedu-
predominante que o texto deve manter, organizado
ção, entende-se como inferências mediatas.
pelas marcas do gênero textual a qual o texto pertence.
(CHAUÍ, Marilena. Convite à Filosofia. São Paulo: Ática, 1996, p. 68.)
Adaptado.
TIPO TEXTUAL
A autora acima enfatiza a singularidade dos tipos de Classifica-se conforme as marcas linguísticas
inferência no âmbito da razão discursiva. Sobre isso, apresentadas no texto. Também é chamado de
observe a seguinte inferência: sequência textual
Sócrates é homem e mortal GÊNERO TEXTUAL
Platão é homem e mortal
Aristóteles é homem e mortal Classifica-se conforme a função do texto, atribuí-
Logo, todos os homens são mortais. da socialmente

A inferência expressa o raciocínio: Uma última informação muito importante sobre


tipos textuais que devemos considerar é que nem todos
a) Dialético. texto é composto apenas por um tipo textual, o que ocor-
b) Disjuntivo. re é a existência de predominância de algumas sequên-
c) Indutivo. cias em detrimento de outras, de acordo com o texto.
d) Conjuntivo. Dito isso, vamos seguir nossos estudos aprendendo a
e) Argumentativo. diferenciar cada classe de tipos textuais, reconhecendo
suas principais características e marcas linguísticas.
O raciocínio é indutivo porque parte de premissas
particulares para outras mais genéricas. Resposta: CLASSIFICAÇÃO DOS TIPOS TEXTUAIS E SUAS
Letra C. PRINCIPAIS CARACTERÍSTICAS

Narrativo

TIPOLOGIA TEXTUAL E GÊNEROS Os textos compostos predominantemente por se-


quências narrativas cumprem o objetivo de contar
TEXTUAIS uma história, narrar um fato, por isso precisam man-
ter a atenção do leitor/ouvinte. Para tal, lançam mão
CONHECENDO OS TIPOS TEXTUAIS de algumas estratégias, como a organização dos fatos
a partir de marcadores temporais, espaciais, inclusão
Tipos ou sequências textuais são unidades que de um momento de tensão, chamado de clímax, e um
estruturam o texto. Para Bronckart (1999 apud desfecho que poderá ou não apresentar uma moral.
CAVALCANTE, 2013), “são unidades estruturais, rela- Conforme Cavalcante (2013), o tipo textual narrati-
tivamente autônomas, organizadas em frases”. Os vo pode ser caracterizado por sete aspectos:
tipos textuais marcam uma forma de organização da
estrutura do texto que se molda a depender do gênero z Situação inicial: envolve a “quebra” de um equi-
discursivo e da necessidade comunicativa. Por exem- líbrio, o qual demanda uma situação conflituosa;
plo, há gêneros que apresentam a predominância de z Complicação: desenvolvimento da tensão apre-
narrações – contos, fábulas, romances, história em sentada inicialmente;
quadrinhos etc –, em outros predomina a argumenta- z Ações (para o clímax) – Acontecimentos que
ção – redação do ENEM, teses, dissertações, artigo de ampliam a tensão;
opinião etc. z Resolução: Momento de solução da tensão;
No intuito de conceituar melhor os tipos textuais, z Situação final: Retorno da situação equilibrada;
inspiramo-nos em Cavalcante (2013) e apresentamos z Avaliação: Apresentação de uma “opinião” sobre
essa figura que demonstra como podemos identifi- a resolução;
car os tipos textuais e suas principais características, z Moral: Apresentação de valores morais que a histó-
tendo em vista que cada sequência textual apresenta ria possa ter apresentado.
características próprias as quais, conforme mencio-
namos, pouco ou nada sofrem em alterações, man- Esses sete passos podem ser encontrados no seguin-
tendo uma estrutura linguística quase rígida que nos te exemplo, a canção Era um garoto que como eu...
permite classificar os tipos textuais em 5 categorias Vamos ler e identificar essas características, bem
(Narrativo; Descritivo; Expositivo; Instrucional; como aprender a identificar outros pontos do tipo tex-
14 Argumentativo). tual narrativo.
Era um garoto que como eu Narrador personagem: Verbos flexionados em 1ª pes-
1. Situação inicial:
Amava os Beatles e os Rolling Stones
predomínio de soa. O narrador participa dos fatos
Girava o mundo sempre a cantar
equilíbrio
As coisas lindas da América Narrador observador: Verbos flexionados em 3ª pes-
Não era belo, mas mesmo assim soa. O narrador tem propriedade dos fatos contados,
Havia uma garota afim
porém não participa das ações
Cantava Help and Ticket to Ride
Oh Lady Jane, Yesterday Narrador onisciente: Os fatos podem ser contados em
2. Complicação:
Cantava viva à liberdade
início da tensão 3ª ou 1ª pessoa verbal. O narrador conhece os fatos e
Mas uma carta sem esperar
Da sua guitarra, o separou
não participa das ações, porém o fluxo de consciência
Fora chamado na América do narrador pode ser exposto, levando o texto para a
Stop! Com Rolling Stones 1ª pessoa
Stop! Com Beatles songs
Mandado foi ao Vietnã 3. Clímax
Lutar com vietcongs
Alguns gêneros são conhecidos por suas marcas
predominantemente narrativas, são eles: notícia, diá-
Era um garoto que como eu
Amava os Beatles e os Rolling Stones 4. Resolução rio, conto, fábula, entre outros. É importante reafir-
Girava o mundo, mas acabou mar que o fato de esses gêneros serem essencialmente
Fazendo a guerra no Vietnã narrativos não significa que não possam apresentar
Cabelos longos não usa mais outras sequências em sua composição.
Não toca a sua guitarra e sim Para diferenciar os tipos textuais e proceder na
Um instrumento que sempre dá classificação correta, é sempre essencial prestar aten-
6. Situação final
A mesma nota,
7. Avaliação ção nas marcas que predominam no texto.
ra-tá-tá-tá
Não tem amigos, não vê garotas Após demarcarmos as principais características do
Só gente morta caindo ao chão tipo textual narrativo, vamos agora conhecer as mar-
Ao seu país não voltará cas mais importantes da sequência textual classifica-
Pois está morto no Vietnã da como descritiva.
Stop! Com Rolling Stones
Stop! Com Beatles songs Descritivo
8. Moral
Stop! Com Beatles songs
No peito, um coração não há
Mas duas medalhas sim O tipo textual descritivo é marcado pelas formas
nominais que dominam o texto. Os gêneros que utili-
Essas sete marcas que definem o tipo textual narra- zam esse tipo textual, geralmente, utilizam a sequên-
tivo podem ser resumidas em marcas de organização cia descritiva como suporte para um propósito maior.
linguística caracterizadas por: presença de marcado- São exemplos de textos cujo tipo textual predominan-
res temporais e espaciais; verbos, predominante- te é a descrição: relato de viagem, currículo, anúncio,
mente, utilizados no passado; presença de narrador
classificados, lista de compras etc. Veja um trecho da
e personagens.
Carta de Pero Vaz de Caminha que relata suas impres-
sões a respeito de alguns aspectos do território que
viria a ser chamado de Brasil no ano de 1500.
Importante!
Os gêneros textuais que são, predominantemen- Ali veríeis galantes, pintados de preto e vermelho, e
te, narrativos, apresentam outras tipologias tex- quartejados, assim pelos corpos como pelas pernas,
tuais em sua composição, tendo em vista que que, certo, assim pareciam bem. Também andavam
nenhum texto é composto exclusivamente por entre eles quatro ou cinco mulheres, novas, que
uma sequência textual. Por isso, devemos sem- assim nuas, não pareciam mal. Entre elas andava
uma, com uma coxa, do joelho até o quadril e a náde-
pre identificar as marcas linguísticas que são pre-
ga, toda tingida daquela tintura preta; e todo o resto
dominantes em um texto, a fim de classificá-lo.
da sua cor natural. Outra trazia ambos os joelhos
com as curvas assim tintas, e também os colos dos
Para sua compreensão, também é preciso saber o pés; e suas vergonhas tão nuas, e com tanta inocên-
que são marcadores temporais e espaciais. cia assim descobertas, que não havia nisso desver-
gonha nenhuma.
São formas linguísticas como advérbios, prono-
mes, locuções etc. utilizados para demarcar um espaço
Fonte: https://www.todamateria.com.br/carta-de-pero-vaz-de-
físico ou temporal em textos. Nos tipos textuais nar- caminha
LÍNGUA PORTUGUESA

rativos, esses elementos são essenciais para marcar o


equilíbrio e a tensão da história, além de garantirem
Note que apesar da presença pontual da sequência
a coesão do texto. Exemplos de marcadores temporais
narrativa, há predominância da descrição do cenário
e espaciais: Atualmente, naquele dia, nesse momento,
e dos personagens, evidenciada pela presença de adje-
aqui, ali, então...
tivos (galantes, preto, vermelho, nuas, tingida, desco-
Um outro indicador do texto narrativo é a pre-
sença do narrador da história. Por isso, é importante bertas etc). A carta de Pero Vaz constitui uma espécie
aprendermos a identificar os principais tipos de nar- de relato descritivo para manter a comunicação entre
rador de um texto: a Corte Portuguesa e os navegadores. Todavia, con-
siderando as emergências comunicativas do mundo
moderno, a carta tornou-se um gênero menos usual e,
Narrador: também conhecido como foco narrativo é o
aos poucos, substituído por outros gêneros como, por
responsável por contar os fatos que compõem o texto
exemplo, o e-mail. 15
A sequência descritiva também pode se apresentar de forma esquemática em alguns gêneros, como podemos
ver no cardápio abaixo:

Fonte: https://g1.globo.com/sp/sorocaba-jundiai/noticia/2020/07/12/filha-de-dono-de-cantina-faz-desenhos-para-divulgar-cardapio-e-ajudar-o-
pai-a-vender-na-web.ghtml
16
Note que há presença de muitos adjetivos, locu- O infográfico acima apresenta as informações per-
ções e substantivos que buscam levar o leitor a ima- tinentes sobre o panorama mundial da situação da
ginar o objeto descrito. O gênero acima apresenta a água no ano de 2016. O gênero foi construído com o
descrição das refeições (pão, croissant, feijão, carne objetivo de deixar o leitor informado a respeito do
etc) com uso de adjetivos ou locuções adjetivas (de tema tratado, e para isso, o autor dispõe, além da lin-
queijo, doce, salgado, com calabresa, moída etc). Ele guagem clara e objetiva, de recursos visuais para atin-
está organizado de forma esquematizada em seções gir esse objetivo.
(salgados, lanches, caldos e panquecas) de maneira Assim como os tipos textuais apresentados ante-
que facilita a leitura (o pedido, no caso) do cliente. riormente, os textos expositivos também apresentam
Organização do texto descritivo: uma estrutura que mistura elementos tipológicos de
outras sequências textuais, tendo em vista que, para
apresentar fatos e ideias, utilizamos aspectos descriti-
vos, narrativos e, por vezes, injuntivos.
É importante destacar que os textos expositivos
podem, muitas vezes, serem confundidos com textos
argumentativos, uma vez que existem textos argu-
mentativos que são classificados como expositivos,
pois utilizam exemplos e fatos para fundamentar uma
argumentação.
Outra importante diferença entre a sequência
expositiva e a argumentativa é que esta apresenta uma
opinião pessoal, enquanto aquela não abre margem
para a argumentação, uma vez que o fato exposto
é apresentado como dado, ou seja, o conhecimento
sobre uma questão não é posto em debate.
Apresenta-se um conceito e expõem-se as caracte-
rísticas desse conceito sem espaço para opiniões.
Marcas linguísticas do texto expositivo:

Expositivo z Apresenta informações sobre algo ou alguém, pre-


sença de verbos de estado;
O texto expositivo visa apresentar fatos e ideias a z Presença de adjetivos, locuções e substantivos que
fim de deixar claro o tema principal do texto. Nesse tipo organizam a informação;
textual, é muito comum a presença de dados, informa- z Desenvolve-se mediante uso de recursos enumerativos;
ções científicas, citações diretas e indiretas, que servem z Presença de figuras de linguagem como metáfora
para embasar o assunto do qual o texto trata. Para lus- e comparação;
trar essa explicação, veja o exemplo a seguir: z Pode apresentar um pensamento contrastivo ao
final do texto.

Os textos expositivos são comuns em gêneros cien-


tíficos ou que desencadeiam algum aspecto de curiosi-
dade nos leitores, como o exemplo a seguir:

VEJA 10 MULHERES INVENTORAS QUE REVOLUCIO-


NARAM O MUNDO
08/03/2015 07h43 - Atualizado em 08/03/2015 07h43

Hedy Lamarr - conexão wireless

Além de atriz de Hollywood, famosa pelo longa “Ecstasy”


(1933), a austríaca naturalizada norte-americana Hedy
Lamarr foi a inventora de uma tecnologia que permitia
controlar torpedos à distância, durante a Segunda Guer-
ra Mundial, alterando rapidamente os canais de frequên-
cia de rádio para que não fossem interceptados pelo ini-
migo. Esse conceito de transmissão acabou, mais tarde,
LÍNGUA PORTUGUESA

permitindo o desenvolvimento de tecnologias como o


Wi-Fi e o Bluetooth.
Fonte: https://glo.bo/2Jgh4Cj Acessado em: 07/09/2020. Adaptado.

Instrucional ou Injuntivo

O tipo textual instrucional, ou injuntivo, é caracteri-


zado por estabelecer um “propósito autônomo” (CAVAL-
CANTE, 2013, p. 73) que busca convencer o leitor a
realizar alguma tarefa. Esse tipo textual é predominante
Fonte: https://www.boavontade.com/pt/ecologia/infografico-dados- em gêneros como: bula de remédio, tutoriais na internet,
mostram-panorama-mundial-da-situacao-da-agua horóscopos e também nos manuais de instrução. 17
A principal marca linguística dessa tipologia é a A seguir, apresentamos um quadro sintético com
presença de verbos conjugados no modo imperati- algumas estruturas linguísticas que funcionam como
vo e também em sua forma infinitiva. Isso se deve operadores argumentativos e que facilitam a escrita e
ao fato de essa tipologia buscar persuadir o leitor e a leitura de textos argumentativos:
levá-lo a realizar as ações mencionadas pelo gênero.
Para que possamos identificar corretamente essa OPERADORES ARGUMENTATIVOS
tipologia textual, faz-se necessário observar um gêne-
É incontestável que...
ro textual que apresente esse tipo de texto, como o
Tal atitude é louvável, repudiável, notável...
exemplo a seguir:
É mister, é fundamental, é essencial...

Como faço para criar uma conta do Instagram?


Para criar uma conta do Instagram pelo aplicativo: Essas estruturas, se utilizadas adequadamente no
1. Baixe o aplicativo do Instagram na App Store (iPhone) texto argumentativo, expõem a opinião do autor, aju-
ou Google Play Store (Android). dando na defesa de seu ponto de vista e construindo a
2. Depois de instalar o aplicativo, toque no ícone estrutura argumentativa desse tipo textual.
para abri-lo.
3. Toque em Cadastrar-se com e-mail ou número de
telefone (Android) ou Criar nova conta (iPhone) e insira Importante!
seu endereço de e-mail ou número de telefone (que exigi- O tipo textual argumentativo não pode ser
rá um código de confirmação), toque em Avançar. Tam- confundido com o gênero textual dissertativo-
bém é possível tocar em Entrar com o Facebook para se -argumentativo. Esse gênero é composto por
cadastrar com sua conta do Facebook.
sequências argumentativas, mas também há
4. Se você se cadastrar com o e-mail ou número de te-
a apresentação, dissertação de ideias, a fim de
lefone, crie um nome de usuário e uma senha, preencha
alcançar a persuasão do ouvinte/leitor. O Exame
as informações do perfil e toque em Avançar. Se você
se cadastrar com o Facebook, será necessário entrar na Nacional do Ensino Médio – ENEM é um certame
conta do Facebook, caso tenha saído dela. que cobra esse gênero em sua prova de redação.
Fonte: https://www.facebook.com/help/instagram/. Acessado em:
07/09/2020.
Agora que já conhecemos os cinco principais tipos
textuais, vamos exercitar nossos conhecimentos com
No exemplo acima, podemos destacar a presença as seguintes questões de concurso:
de verbos conjugados no modo imperativo, como: bai-
xe, toque, crie, além de muitos verbos no infinitivo,
como: instalar, cadastrar, avançar. Outra caracte-
rística dos textos injuntivos é a enumeração de passos
a serem cumpridos para a realização correta da tare- EXERCÍCIOS COMENTADOS
fa ensinada e também a fim de tornar a leitura mais
didática. 1. (COMPERVE – 2017) A questão refere-se ao texto
É importante lembrar que a principal marca abaixo.
linguística dessa tipologia é a presença de verbos
conjugados no modo imperativo e em sua forma infi- Há vida fora da Terra?
nitiva. Isso se deve ao fato de essa tipologia buscar
persuadir o leitor e levá-lo a realizar as ações mencio- 1º Em 15 de agosto de 1977, um radiotelescópio do
nadas pelo gênero. Instituto Seti (“Busca por Inteligência Extraterrestre”,
na sigla em inglês), nos EUA, captou uma mensagem
Argumentativo estranha. Foi um sinal de rádio que durou apenas 72
segundos, só que muito mais intenso que os ruídos
O tipo textual argumentativo é sem dúvidas o mais
comuns vindos do Cosmo. Ao analisar as impressões
complexo e, por vezes, pode apresentar um maior
grau de dificuldade na identificação, bem como em em papel feitas pelo aparelho, o cientista Jerry Ehman
sua análise. O texto argumentativo tem por objetivo tomou um susto. O sistema captara um sinal 30 vezes
a defesa de um ponto de vista, portanto, envolve a mais forte que o normal. Seria alguma civilização ten-
defesa de uma tese e a apresentação de argumen- tando fazer contato? Ehman ficou tão impressionado
tos que visam sustentar essa tese. que circulou os dados do computador e escreveu ao
Um exemplo típico desse tipo de texto argumen- lado: “Wow!”. O caso ficou conhecido como Wow sig-
tativo são as redações do ENEM. Nesse tipo de texto, nal (sinal “uau”!), e até hoje é o episódio mais mar-
a introdução apresenta o ponto de vista (tese) a ser cante na busca por inteligência extraterrestre. O Seti
defendido pelo autor de maneira contextualizada. No e outras instituições tentaram detectar o sinal várias
segundo e terceiro parágrafos, o autor pode utilizar vezes depois, mas ele nunca foi encontrado.
estratégias argumentativas para sustentar o seu ponto 2º Mesmo assim, hoje, muitos cientistas acreditam
de vista, como dados estatísticos, definições, exempli- que o contato com extraterrestres é mera questão
ficações, alusões históricas e filosóficas, referências de tempo. “Numa escala de 1 (pouco provável) a 10
a outras áreas do conhecimento etc. Na conclusão, o (muito provável), eu diria que nossa chance de fazer
autor conclui, ratificando seu ponto de vista, e apre- contato com ETs em meados deste século é 8”, acre-
senta possíveis soluções para o problema em questão. dita o físico Michio Kaku, da City College de Nova York.
Outro aspecto importante dos textos argumentati- Esse otimismo tem justificativa. “Pelo menos 25% das
vos é que eles são compostos por estruturas linguísti- estrelas têm planetas. E, dessas estrelas, pelo menos
cas conhecidas como operadores argumentativos, que a metade tem planetas semelhantes à Terra”, explica
organizam as orações subordinadas, estruturas mais o físico Marcelo Gleiser. Isso significa que, na nossa
18 comuns nesse tipo textual.
galáxia, podem existir até 10 bilhões de planetas pare- No primeiro parágrafo, há a narração de uma his-
cidos com o nosso. Uma quantidade imensa. Ou seja: tória sobre um contato de possíveis extraterrestres
pela lei das probabilidades, é muito possível que haja com a Terra; para contar essa história, o autor
civilizações alienígenas. O satélite Kepler, da Nasa, já utilizou muitos verbos no passado, predominando
catalogou 2740 planetas parecidos com a Terra, onde trechos como este: “o cientista Jerry Ehman tomou
água líquida e vida talvez possam existir. Um dos mais um susto”. Já o segundo parágrafo apresenta a pre-
“próximos” é o Kepler 42d, a 126 anos -luz do Sol (um dominância de informações que visam a explicar o
ano-luz equivale a 9,5 trilhões de quilômetros). fenômeno narrado anteriormente, o que fica claro
3º Kaku acredita que, para civilizações muito avan- por trechos assim: “Esse otimismo tem justificati-
çadas, essa distância não seria um problema – pois va. ‘Pelo menos 25% das estrelas têm planetas. E,
elas poderiam manipular o espaço-tempo e utilizar dessas estrelas, pelo menos a metade tem planetas
portais no Cosmos, como nos filmes de ficção cientí- semelhantes à Terra’, explica o físico Marcelo Glei-
fica. Ok, mas então por que até hoje esse pessoal não ser”. Resposta: Letra B.
veio aqui? “Se são mesmo tão avançados, talvez não
estejam interessados em nós”, opina Kaku. “É como a 2. (FUNDEP – 2019)
gente ir a um formigueiro e dizer às formigas: ‘Levem-
-nos a seu líder!’.” Para outros cientistas, contudo, a Circuito Fechado
existência de civilizações avançadas é mera especula- Ricardo Ramos
ção. E explicar por que elas não colonizaram a Terra já
é querer dar uma de psicólogo de aliens. Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Esco-
4º Tudo bem que existem bilhões de terras por aí. E va, creme dental, água, espuma, creme de barbear, pin-
que a probabilidade de existir vida lá fora é muito gran- cel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água fria,
de. Mas não significa que seja vida inteligente. “Você água quente, toalha. Creme para cabelo, pente. Cueca,
pode ter um planeta cheio de vida, mas formada por camisa, abotoaduras, calça, meias, sapatos, gravata,
amebas e outros seres unicelulares”, acredita Glei- paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, chaves,
ser. Afinal, com a Terra foi assim. A vida aqui existe lenço. Relógio, maço de cigarros, caixa de fósforos, jor-
há cerca de 3,5 bilhões de anos. Mas durante quase nal. Mesa, cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres,
todo esse tempo (3 bilhões de anos), só havia seres guardanapos. Quadros. Pasta, carro. Cigarro, fósforo.
unicelulares: as cianobactérias, também chamadas de Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone,
algas verdes e azuis. agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas,
5º Além disso, não basta o tempo passar para que as espátula, pastas, caixas de entrada, de saída, vaso
formas de vida se tornem complexas e inteligentes. A com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bande-
função essencial da vida é se adaptar bem ao ambiente ja, xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone,
onde ela está. A vida só muda – na esteira de alguma relatórios, cartas, notas, vales, cheques, memorandos,
mutação genética – se uma mudança ambiental exigir bilhetes, telefone, papéis. Relógio. Mesa, cavalete, cin-
que ela mude. Assim, se o ambiente não mudar e a vida zeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, cigarro,
estiver bem adaptada, as mutações genéticas que, em fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes,
geral, aparecem ao longo de gerações não vão fazer xícara, cartaz, lápis, cigarro, fósforo, quadronegro, giz,
diferença. Tudo depende da história de cada planeta. Se papel. Mictório, pia. Água. Táxi, mesa, toalha, cadeiras,
o asteroide que matou os dinossauros há 65 milhões de copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara.
anos não tivesse caído aqui na Terra, e os dinossauros Maço de cigarros, caixa de fósforos. Escova de den-
não tivessem sido extintos, não estaríamos aqui. tes, pasta, água. Mesa e poltrona, papéis, telefone,
6º “Não temos nenhuma prova ou argumento forte revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone inter-
sobre a existência de vida inteligente fora da Terra”, no, externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel,
diz Gleiser. “Existe vida? Certamente. Mas como não relógio, papel, pasta, cigarro, fósforo, papel e caneta,
entendemos bem como a evolução varia de planeta telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, xíca-
para planeta, é muito difícil prever ou responder se ra, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço
existe ou não vida inteligente fora daqui”, completa. de cigarros, caixa de fósforos. Paletó, gravata. Pol-
“Se existe, a vida inteligente fora da Terra é muito rara.” trona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, pratos,
Decepcionante. talheres, copos, guardanapos. Xícaras. Cigarro e fós-
7º Mas antes de lamentar a solidão da humanidade foro. Poltrona, livro. Cigarro e fósforo. Televisor, poltro-
no Cosmos, saiba que ela pode ser uma boa notícia. na. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, sapatos,
Porque, se aliens inteligentes realmente existirem, não meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos.
serão necessariamente bondosos. “Se eles algum dia Coberta, cama, travesseiro.
nos visitarem, acho que o resultado será o mesmo que Disponível em: <https://tinyurl.com/y4e7n4u7>. Acesso em: 17 jul.
LÍNGUA PORTUGUESA

quando Cristóvão Colombo chegou à América. Não foi 2019.


bom para os índios nativos”, afirmou, certa vez, o físi-
co Stephen Hawking. A respeito da tipologia desse texto, é correto afirmar
Disponível em:< http://super.abril.com.br/ciencia/ha-vida-fora-da- que ele é:
terra-2/>. Acesso em: 7 jul. 2017. [Adaptado]
a) dissertativo-argumentativo.
No primeiro e no segundo parágrafos, predominam, b) dissertativo-expositivo.
respectivamente: c) descritivo.
d) narrativo.
a) Narração e descrição.
b) Narração e explicação. O texto descritivo é caracterizado pela forte presen-
c) Explicação e descrição. ça de formas nominais, conforme o texto em debate.
d) Explicação e injunção. Resposta: Letra C. 19
O QUE SÃO OS GÊNEROS TEXTUAIS?

Quando pensamos em uma definição para gêne-


ros textuais, somos levados a inúmeros autores que
buscaram definir e classificar esses elementos, e, ini-
cialmente, é interessante nos lembrarmos dos gêne-
ros literários que estudamos na escola. Podemos nos
remeter aos conceitos de Tragédia e Comédia, refe-
rentes aos clássicos da literatura grega. Afinal, quem
nunca ouviu falar das histórias de Ilíada ou A Odis-
seia, ambas de Homero? Mas o que esses textos têm
em comum? Inicialmente, você pode ser levado a pen- Fonte: https://bit.ly/34yptsR. Acessado em: 12/09/2020.
sar que nada, além do fato de terem sido escritos pelo
mesmo autor; porém, a estrutura dessas histórias res- O gênero anúncio apresenta uma clara referên-
peita um padrão textual estabelecido e reconhecido cia ao gênero contos de fada, porém, a estrutura des-
na época em que foram escritas. se gênero que é, predominantemente, narrativo foi
De maneira análoga, quando pensamos em gêne- modificada para que o propósito do anúncio fosse
ros textuais, devemos identificar os elementos que alcançado, ou seja, persuadir o leitor e levá-lo a adqui-
caracterizam textos, aparentemente, tão diferentes. rir os produtos da marca. No caso do gênero anún-
Logo, da mesma forma que comparamos as estruturas cio publicitário, usar outros gêneros e modificar sua
de Ilíada e Odisseia, é preciso buscar as semelhanças estrutura básica é uma estratégia que é estabelecida a
entre uma notícia e um artigo de opinião, por exem- fim de que a principal função do anúncio se cumpra,
plo, e também é fundamental identificar as razões que qual seja: vender um produto.
nos levam a classificar cada um desses gêneros com A partir desses exemplos, já podemos enumerar
mais algumas características comuns a todos os tipos
termos diferentes.
de gêneros textuais: presença de aspectos sociais e o
propósito de um gênero, para alguns autores, como
Importante! Swales (1990), chamado de propósito comunicativo.
Segundo esse autor, os gêneros têm a função de rea-
Esse ponto de interseção é o que podemos esta- lizar um objetivo ou objetivos; então, ele sustenta a
belecer como os principais aspectos de classifi- posição de que o propósito comunicativo é o critério
cação de um gênero textual. de maior importância, pois é o que motiva uma ação e
é vinculado ao poder do autor.
Além disso, um gênero textual, para ser identifica-
Dessa forma, conforme Maingueneau (2018, p.
do como tal, é amparado por um protótipo textual, o
71), o ponto de interseção que estabelece sobre qual
qual também pode ser reconhecido como estereótipo
gênero estamos tratando é indicado por “rotinas de
textual, que resguarda características básicas do gêne-
comportamentos estereotipados e anônimos que se
ro. Por exemplo, ao olharmos para o anúncio mencio-
estabilizaram pouco a pouco, mas que continuam
nado acima, identificamos traços do gênero contos de
sujeitos a uma variação contínua”. Logo, o primeiro
fada tanto na porção textual do anúncio que começa
elemento que precisamos identificar para classificar
com a frase: “era uma vez...” quanto pelas imagens
um gênero é o papel social, marcado pelos compor-
que remetem ao conto da “Branca de Neve”.
tamentos e pelas “rotinas” humanas típicas de quem Tais marcas, sobretudo as linguísticas, auxiliam os
vive em sociedade e, portanto, precisa se fazer com- falantes de uma comunidade a reconhecer o gênero e
preender tão bem quanto ser compreendido. também a escrever esse gênero quando necessitam.
Esse é sem dúvidas o elemento que melhor dife- Isso é o que torna a característica da prototipicidade
rencia tipos e gêneros textuais, uma vez que os tipos tão importante no reconhecimento e na classificação
textuais não têm apelo ao ambiente social e são mui- de um gênero. Ademais, os traços estereotipados de
to mais identificáveis por suas marcas linguísticas. O um gênero devem ser reconhecidos por uma comu-
fator social dos gêneros textuais também irá direcio- nidade, reafirmando o teor social desses elementos e
nar outros aspectos importantes na classificação des- estabelecendo a importância de um indivíduo adqui-
ses elementos, justamente devido à dinâmica social rir o hábito da leitura, pois quanto mais se lê, a mais
em que estão inseridos, os gêneros são passíveis de gêneros se é exposto.
alterações em sua estrutura. Portanto, a partir de todas essas informações sobre
Tais alterações podem ocorrer ao longo do tempo, os gêneros textuais, podemos afirmar que, de maneira
tornando o gênero completamente modificado, como resumida, os gêneros textuais são ações linguísti-
se deu com as cartas pessoais e os e-mails, por exem- cas situadas socialmente que servem a propósitos
plo; ou podem ser alterações pontuais que se prestam específicos e são reconhecidos pelos seus traços
a uma finalidade específica e momentânea, como em comum. A seguir, demonstramos uma tabela com
aconteceu com o anúncio, apresentado a seguir, da as características básicas para a correta identificação
20 loja “O Boticário”: dos gêneros textuais:
GÊNEROS TEXTUAIS SÃO: Casal suspeito de assaltos é preso após
z Ações sociais colidir carro na contramão enquanto fugia Manchete
z Ações com configuração prototípica da polícia, em Fortaleza
z Reconhecidos pelos membros de uma comunidade Foram apreendidos três aparelhos celu-
z O propósito de uma ação social lares roubados e uma arma de fogo com Lead
z Divididos em classes seis munições.
Um casal suspeito de realizar assaltos foi
Outra importante característica que devemos refor- preso após capotar um carro ao dirigir na
çar é que os gêneros textuais não são quantificáveis, contramão enquanto fugia da polícia na
existem inúmeros. Justamente pelo fato de os gêneros tarde deste domingo (13), no Bairro Henri-
sofrerem com as relações sociais, que são instáveis, não que Jorge, em Fortaleza.
há um número exato de gêneros textuais que possamos Uma das vítimas, que preferiu não se iden- Corpo
estudar, diferentemente dos tipos textuais. tificar, disse que os assaltantes dirigiam da notícia
em alta velocidade pelas ruas após abor-
GÊNEROS TEXTUAIS TIPOS TEXTUAIS dar de forma fria os pertences. “A mulher
estava conduzindo o carro e o comparsa
Relação com aspectos Associação a aspectos dela abordava as pessoas colocando a
sociais linguísticos arma na cabeça”, afirmou.
Não podem sofrer altera- Fonte: https://glo.bo/35KM591. Acessado em: 14/09/2020.
Podem ser alterados ção, sob pena de serem
reclassificados Na formulação de uma notícia, para que ela atinja
seu propósito de informar, é fundamental que o autor
Estabelecem uma função Organizam os gêneros
do texto seja guiado por essas perguntas a fim de tor-
social textuais
nar seu texto imparcial e objetivo:

Apesar de não existir um número quantificável


de gêneros textuais, podemos estudar a estrutura dos
gêneros mais comuns nas provas de concursos, com o
fito de nos prepararmos melhor e ganharmos tempo
na resolução de questões que envolvam esse assun-
to. Por isso, a seguir, iremos nos deter aos principais
gêneros textuais abordados em importantes bancas
de concursos no país. Posteriormente, trazemos ques-
tões de provas de concursos anteriores que irão nos
auxiliar a praticar esse conteúdo.

NOTÍCIA

A notícia é um gênero textual de caráter jornalís- É importante ressaltar que, com o advento das
tico e, como tal, deve apresentar os fatos narrados de redes sociais, tornou-se cada vez mais comum que o
gênero notícia seja divulgado por meio de plataformas
maneira objetiva e imparcial. A notícia pode apresen-
diferentes, como as redes sociais. Isso democratiza a
tar sequências textuais narrativas e descritivas na sua
informação, porém também abre margem para a cria-
composição linguística, por isso, é fundamental sem-
ção de notícias falsas que se baseiam nesse esquema
pre termos em mente as características basilares de
de organização das notícias tentando passar alguma
todos os principais tipos textuais, os quais tratamos credibilidade ao público. Então, atualmente, podemos
anteriormente. afirmar que a fonte de publicação é tão importante
Como aprendemos no início deste capítulo, os para o reconhecimento de uma notícia quanto a estru-
gêneros textuais possuem características que os dis- tura padrão do gênero da qual tratamos acima.
tinguem dos tipos textuais, dentre elas o fato de ter O próximo gênero que trataremos é a reportagem
um apelo a questões sociais, um propósito comunica- que guarda sutis diferenças em comparação com a notí-
tivo e apresentar uma configuração mais ou menos cia e também é muito abordada em provas de concursos.
padrão que varia em poucos ou nenhum aspecto
entre os gêneros. REPORTAGEM
Por ser um gênero, a notícia também apresenta
LÍNGUA PORTUGUESA

essas características. Seu propósito comunicativo é A reportagem é um gênero textual que, diferen-
informar uma comunidade sobre assuntos de inte- temente da notícia, além de oferecer informações
resse comum, por isso, a notícia deve ser comunicada acerca de um assunto, também apresenta os pontos
com imparcialidade, ou seja, sem que o meio que a de vista sobre um tema, tendo, portanto, um caráter
transmite apresente sua opinião sobre os fatos; outra argumentativo; essa é a principal diferença entre os
importante característica da notícia é a sua configura- gêneros notícia e reportagem.
ção prototípica, seu padrão textual reconhecido por Como vimos anteriormente, a notícia deve ser, ou
leitores de uma comunidade. buscar ser, imparcial, ou seja, não devemos encontrar
Essa configuração própria da notícia é reconheci- nesse gênero a opinião do meio que a divulga. Por
da pelos termos: Manchete, Lead e Corpo da Notícia. isso, nesse texto, as sequências textuais mais encon-
Vejamos na prática como reconhecer o esquema pro- tradas são a narrativa e a descritiva, justamente com
totípico desse gênero: a finalidade de se evitar apresentar um ponto de vista. 21
Porém, a reportagem apresenta as opiniões sobre ARTIGO DE OPINIÃO
um mesmo fato, pois essa opinião é o principal “ingre-
diente” dos textos desse gênero que são representados, O artigo de opinião faz parte da ordem de textos
predominantemente, pela sequência argumentativa. que buscam argumentar. Esse gênero usa a argumen-
É importante relembrarmos que o tipo textual tação para analisar, avaliar e responder a uma ques-
argumentativo é organizado em três macro partes: tão controversa. Esse instrumento textual situa-se no
tese, desenvolvimento e conclusão. Por manter esse âmbito do discurso jornalístico, pois é um gênero que
padrão, a reportagem aprofunda-se em temas sociais circula, principalmente, em jornais e revistas impres-
de ampla repercussão e interesse do público, algo que sos ou virtuais. Com o artigo de opinião, temos a dis-
não é o foco da notícia, tendo em vista que a notícia cussão de um problema de âmbito social. E, por meio
busca apenas a divulgação da informação. dessa discussão, podemos defender nossa opinião,
Diante disso, o suporte de veiculação das repor- como também refutar opiniões contrárias às nossas,
tagens é, quase sempre, aquele que faz uso do vídeo, ou ainda, propor soluções para a questão controversa.
como a televisão, o computador, o tablet, o celular. A intenção do escritor ao escolher o artigo de opi-
nião é a de convencer seu interlocutor; para isso, ele
As reportagens têm um caráter de “matérias espe-
terá que usar de informações, fatos, opiniões que
ciais” em jornais de ampla repercussão, mas também
serão seus argumentos. Bräkling apud Ohuschi e Bar-
podem ser veiculadas em suportes escritos, como
bosa aponta:
revistas e jornais, apesar de, com o avanço do uso das
redes sociais, estas são os principais meios de divulga-
O artigo de opinião é um gênero de discurso em que
ção desse gênero atualmente. se busca convencer o outro de uma determinada
Conforme a Academia Jornalística (2019), a repor- ideia, influenciá-lo, transformar os seus valores por
tagem apresenta informações mais detalhadas sobre meio de um processo de argumentação a favor de
um fato e/ou fenômeno de grande relevância social. uma determinada posição assumida pelo produtor
Isso significa que o repórter deve demonstrar os lados e de refutação de possíveis opiniões divergentes. É
que compõem a matéria, a fim de que o leitor cons- um processo que prevê uma operação constante de
trua sua própria opinião sobre o tema. sustentação das afirmações realizadas, por meio
A despeito dessas diferenças na construção dos da apresentação de dados consistentes que possam
gêneros mencionados, a reportagem e a notícia guar- convencer o interlocutor (2011. p. 305).
dam semelhanças, como a busca pelas respostas às
Dessa forma, para alcançar o objetivo do gênero,
perguntas O quê? Como? Por quê? Onde? Quando?
o escritor deverá usar diversos conhecimentos, como:
Quem? Essas perguntas norteiam a escrita tanto da
enciclopédicos, interacionais, textuais e linguísticos.
reportagem quanto da notícia, que se diferencia da
É por meio da escolha de determinados recursos lin-
primeira por seu caráter essencialmente informativo.
guísticos que percebemos que nada é por acaso, pois,
a cada escolha há uma intenção: “... toda atividade
NOTÍCIA REPORTAGEM de interpretação presente no cotidiano da linguagem
Apresenta um fato de Questiona fatos e efeitos fundamenta-se na suposição de quem fala tem certas
forma simples e objetiva; de um fato determinado; intenções ao comunicar-se” (KOCH, 2011, p. 22).
Quando queremos dar uma opinião sobre determi-
Apresenta argumentos nado tema, é necessário que tenhamos conhecimento
Objetivo é informar;
sobre um mesmo fato; sobre ele. Por isso, normalmente, os autores de artigos
Apuração dos fatos de opinião são especialistas no assunto por eles abor-
Apuração extensa; dado. Ao escolherem um assunto, os autores devem
objetiva;
considerar as diversas “vozes” já existentes sobre
Conteúdo sem ordem mesmo assunto. E, dependendo da intenção, apoiar
determinada, pode apre- ou negar determinadas vozes.
Conteúdo de curto prazo;
sentar entrevistas, dados, Por isso, a linguagem utilizada pelo articulista de
imagens, etc. um texto de opinião deve ser simples, direta, convin-
Conteúdo segue o mode- cente. Utiliza-se a terceira pessoa, apesar de a primei-
lo da pirâmide invertida ra ser adequada para um artigo de opinião pessoal;
(conf. acima). porém, ao escolher a terceira pessoa do singular, o
articulista consegue dar um tom impessoal ao seu tex-
to, fazendo com que sua produção textual não fique
Fonte: https://bit.ly/3kD9tvk. Acessado em: 17/09/2020. Adaptado. centrada só em suas próprias opiniões.
Quanto à composição estrutural, Kaufman e Rodri-
É importante ressaltar que nenhum gênero é com- guez (1995) apud Pereira (2008) propõem a seguinte
posto apenas por uma única sequência textual e que, estruturação:
portanto, a reportagem também apresentará esse
paradigma, pois esse gênero é essencialmente argu- z Identificação do tema, acompanhada de seus ante-
mentativo, porém pode apresentar outras sequências cedentes e alcance para situar a questão polêmica;
textuais a fim de alcançar seu objetivo final. z Tomada de posição, exposição de argumentos de
A seguir, daremos continuidade aos nossos estu- modo a justificar a tese;
dos sobre os principais gêneros textuais objeto de pro- z Reafirmação da posição adotada no início da pro-
vas de concurso com um dos gêneros mais comuns em dução, ao mesmo tempo em que as ideias são arti-
22 provas de seleções: o artigo de opinião. culadas e o texto é concluído.
seguir, apresentamos um breve esquema para facili-
ORGANIZAÇÃO TEXTUAL DO ARTIGO DE OPINIÃO
tar a escrita desse gênero, especialmente em certames
Identificação da questão polêmica que cobrem redação.
Introdução
alvo de debate no texto
Tese do autor (posicionamento de- EDITORIAL – ESTRUTURA TEXTUAL POR
fendido) – Tese contrária (posicio- PARÁGRAFOS
Desenvolvimento namentos de terceiros) – Aceitação
ou refutação – Argumentos a favor Apresentação do tema (situando o leitor)
da tese do autor do texto Parágrafo 1 e já com um posicionamento definido. Ser
didático ao apresentar o assunto ao leitor
Fechamento do texto e reforço do
Conclusão Contextualização do tema, comparando-
posicionamento adotado
-o com a realidade e trazendo as causas
Parágrafo 2 e indicativos concretos do problema.
No processo de escrita de qualquer texto, é preci-
Mais uma vez, posicionamento sobre o
so estar atento aos elementos de coesão que ligam as
assunto
ideias do autor aos seus argumentos, porém, nos tex-
tos argumentativos, é fundamental prestar ainda mais Análise e as possíveis motivações que
atenção a esse processo; por isso, muito cuidado com tornam o tema polêmico (ou justificativas
a coesão na escrita e na leitura de textos opinativos. Parágrafo 3 de especialista da área). É preciso trazer
A fim de mantermos a linha de pensamento nos dados factuais, exemplos concretos que
estudos de textos argumentativos, seguimos nossa ilustram a argumentação
abordagem apresentando outro gênero sempre pre- Conclusivo, com o posicionamento crí-
sente nas provas de língua portuguesa em concursos Parágrafo 4 tico final, retomando o posicionamento
públicos: o editorial. inicial sem se repetir

EDITORIAL A seguir, apresentamos nosso último gênero tex-


tual abordado neste material. Lembramos que o
Até aqui, estudamos dois gêneros com predominân- universo de gêneros textuais é imenso, por isso, é
cia de sequência argumentativa. O terceiro será o edi- impossível apresentar uma compilação de estudos
torial, gênero muito marcante no âmbito jornalístico e com todos os gêneros; apesar disso, trazemos aqui os
que expressa a opinião de um veículo de comunicação. principais gêneros cobrados em avaliações de língua
Como já debatemos muito sobre a estrutura dos portuguesa. Seguindo esse critério, o próximo gênero
textos argumentativos de uma forma geral, iremos estudado é a crônica.
nos atentar aqui para as principais características do
gênero editorial e no que ele se diferencia do artigo de CRÔNICA
opinião, por exemplo.
O gênero crônica é muito conhecido no meio lite-
EDITORIAL - CARACTERÍSTICAS rário no Brasil. Podemos citar ilustres autores que se
tornaram famosos pelo uso do gênero, como Luís Fer-
z Expressa opinião de um jornal ou revista a respeito
nando Veríssimo e Marina Colasanti. Também por ser
de um tema atual
um gênero curto de cunho social voltado para temas
z O objetivo desse gênero é esclarecer ou alertar os
atuais, é muito usado em provas de concurso para
leitores sobre alguma temática importante
ilustrar questões de interpretação textual e também
z Busca persuadir os leitores, mobilizando-os a
para contextualizar questões que avaliam a compe-
favor de uma causa de interesse coletivo
tência gramatical dos candidatos.
z Sua estrutura também é baseada em: Introdu-
As crônicas apresentam uma abordagem cotidia-
ção, Desenvolvimento e Conclusão
na sobre um assunto atual e podem ser narrativas ou
argumentativas.
O início de um editorial é bem semelhante ao de
um artigo de opinião: apresenta-se a ideia central
ou problema social a ser debatido no texto, poste- CRÔNICA
riormente segue-se a apresentação do ponto de vista CRÔNICA NARRATIVA
ARGUMENTATIVA
defendido e conclui-se com a retomada da opinião
apresentada incialmente. A principal diferença entre z Defesa de um ponto de
editorial e artigo de opinião é que aquele representa vista, relacionado ao
a opinião de uma corporação, empresa ou instituição. z Limita-se a contar fatos assunto em debate
do cotidiano z Uso de argumentos e
LÍNGUA PORTUGUESA

z Pode apresentar um fatos


EDITORIAL – MARCAS LINGUÍSTICAS tom humorístico z Também pode ser escri-
z Verbos na 3ª pessoa do singular ou plural z Foco narrativo em 1ª ta em 1ª ou 3ª pessoa
z Uso do modo indicativo nas formas verbais ou 3ª pessoa z Uso de argumentos
predominante de modo pessoal e
z Linguagem clara, objetiva e impessoal subjetivo

O editorial, além de ser um gênero muito comum Apesar de as formas de texto verbais serem o for-
nas provas de interpretação textual em concursos mato mais comum na construção de uma crônica,
públicos, também é, recorrentemente, cobrado por atualmente, podemos encontrar crônicas veiculadas
muitas bancas em provas de redação. Por isso, a em outros formatos, como vídeo, muito divulgados
nas redes sociais. 23
No tocante ao estilo da crônica argumentativa, Dica
trata-se de um texto com estrutura argumentativa
Gêneros do discurso marcam o processo de inte-
padrão (introdução, desenvolvimento, conclusão),
ração verbal; como todo discurso materializa-se
muito veiculado em jornais e revistas, e, por isso, é
por meio de textos, a nomenclatura gêneros tex-
um gênero que passeia pelos ambientes literários e
tuais torna-se mais adequada para essa pers-
jornalísticos; apresenta um teor opinativo forte, com
pectiva de estudos. Podemos distinguir as duas
observação dos fatos sociais mais atuais. Outra carac-
variantes vocabulares de acordo com as deman-
terística presente nesse gênero é o uso de figuras de das sociais e culturais de estudo dos gêneros.
linguagem, como a ironia e a metáfora, que auxiliam
na presença do tom sarcástico que a crônica pode ter.
A seguir, apresentamos um trecho da crônica “O
que é um livro?” da escritora Marina Colasanti em que EXERCÍCIOS COMENTADOS
podemos identificar as principais características des-
se gênero: 1. (CPCON – 2016) Leia o texto a seguir para responder
à questão 1

O que é um livro? Tempos Loucos – Parte 2

O que é um livro? A pergunta se impõe neste Os adultos que educam hoje vivem na cultura que
momento em que que a isenção de impostos sobre incentiva ao extremo o consumo. Somos levados a
o objeto primeiro da cultura e do conhecimento consumir de tudo um pouco: além de coisas materiais,
está em risco. Uma contribuição tributária de 12% consumimos informações, ideias, estilos de ser e de
afastaria ainda mais a leitura de quem tanto pre- viver, conceitos que interferem na vida (qualidade de
cisa dela. vida, por exemplo), o sexo, músicas, moda, culturas
Um livro é: variadas, aparência do corpo, a obrigatoriedade de ser
– A casa das palavras. Acabei de gravar um feliz etc. Até a educação escolar virou item de consu-
vídeo para jovens estudantes e disse a eles que o mo agora. A ordem é consumir, e obedecemos muitas
ofício de um escritor é cuidar dessa casa, varre-la, vezes cegamente a esse imperativo.
fazer a cama das palavras, providenciar sua comi- Quem viveu sem usar telefone celular por muito tempo
da, vesti-las com harmonia. não sabe mais como seria a vida sem essa inovação
– A nave espacial que nos permite viajar no tecnológica, por exemplo. O problema é que a oferta
tempo para a frente e para trás. Habitar o passa- cria a demanda em sociedades consumistas, que é o
do ao tempo em que foi escrito. Ou revisitá-lo de caso atual, e os produtos e as ideias que o mercado
outro ponto de vista, inalcançável quando o passa- oferece passam a ser considerados absolutamente
do aconteceu: o do presente, com todos os conhe- necessários a partir de então.
A questão é que temos tido comportamento exemplar
cimentos adquiridos e as novas maneiras de viver.
de consumistas, boa parte das vezes sem crítica algu-
[…]
ma. Não sabemos mais o que é ter uma vida simples
- Ao mesmo tempo, espelho da realidade e
porque almejamos ter mais, por isso trabalhamos mais
ponte que nos liga aos sonhos. Crítica e fantasia. etc. Vejam que a ideia de lazer, hoje, faz todo sentido
Palavra e música, prosa e poesia. Luz e sombra. para quase todos nós. Já a ideia do ócio, não. Ou seja:
Metáfora da vida e dos sentimentos. Lugar de pre- para descansar de uma atividade, nos ocupamos com
servação do alheio e ponto de encontro com nosso outra. A vadiagem e a preguiça são desvalorizadas.
núcleo mais profundo. Onde muitas portas estão Bem, é isso que temos ensinado aos mais novos, mais
disponíveis, para que cada um possa abrir a sua. do que qualquer outra coisa. Quando uma criança de
– A selva na qual, entre rugidos e labaredas, oito anos pede a seus pais um celular e ganha, ensi-
dragões enfrentam centauros. O pântano onde as namos a consumir o que é oferecido; quando um filho
hidras agitam suas múltiplas cabeças. pede para o pai levá-la ao show do RBD, e este leva
– Todas as palavras do sagrado, todas elas mesmo se considera o espetáculo ruim, ensinamos a
foram postas nos livros que deram origem às reli- consumir, seja qual for a estética em questão; quando
giões e neles conservadas. um jovem pede uma roupa de marca para ir a uma fes-
ta e os pais dão, ensinamos que o que consumimos é
Fonte: https://bit.ly/2HIecxi. Acessado em:17/09/2020. Adaptado.
mais importante do que o que somos.
Não há problema em consumir; o problema passa a
Como podemos notar, a crônica trata de um assun- existir quando o consumo determina a vida. Isso é
to bem atual: o aumento da carga tributária que inci- extremamente perigoso, principalmente quando os
de sobre o preço dos livros. A autora apresenta sua filhos chegam à adolescência. Há um mercado gene-
opinião e segue argumentando sobre a importância roso de oferta de drogas. Ensinamos a consumir des-
de cedo e, nessa hora, queremos e esperamos que
dos livros na sociedade com um ponto de vista ladea-
eles recusem essa oferta. Como?!
do pela literatura, o que fortalece sua argumentação. Na educação, essa nossa característica leva a conse-
Para finalizar nossos estudos sobre gêneros tex- quências sutis, mas decisivas na formação dos mais
tuais, é importante deixarmos uma informação rele- novos. Como exemplo, podemos lembrar que estes
vante sobre esse assunto. Para muitos autores, os aprendem a avaliar as pessoas pelo que elas aparen-
tam poder consumir e não por aquilo que são e pelas
gêneros não apenas moldam formas de texto, mas
ideias que têm e que o grupo social deles é formado por
formas de dizer marcadas pelo discurso; por isso, em pares que consomem coisa semelhantes. Não é à toa
algumas metodologias (e também em alguns editais de que os pequenos furtos são um fenômeno presente em
24 concurso), os gêneros serão tratados como do discurso. todas as escolas, sejam elas públicas ou privadas.
Nessa ideologia consumista, é importante considerar c) Discutir um problema importante do cotidiano.
que os objetos perdem sua primeira função. Um car- d) Argumentar sobre a importância da preservação da
ro deixa de ser um veículo de transporte, um telefone água.
celular deixa de ser um meio de comunicação; ambos
passam a significar status, poder de consumo, condi- O texto apresenta uma peça publicitária que busca
ção social, entre outras coisas. persuadir o leitor a realizar uma determinada ação.
A educação tem o objetivo de formar pessoas autôno- No caso em questão, busca-se que o leitor economi-
mas e livres. Mas, sob essa cultura do consumo, esses
ze água. Os gêneros publicitários usam, predomi-
dois conceitos se transformaram completamente e
nantemente, a sequência textual injuntiva, na qual
perderam o seu sentido original. Os jovens hoje acre-
ditam que têm liberdade para escolher qualquer coi- predomina verbos no imperativo, como os verbos
sa, por exemplo. Na verdade, as escolhas que fazem utilizados na primeira oração do cartaz avaliado.
estão, na maioria das vezes, determinadas pelo con- Resposta: Letra B.
sumo e pela publicidade. Tempos loucos, ou não?
Rosely Sayão. O QUE SÃO OS GÊNEROS DIGITAIS?
Fonte: https://bit.ly/3jCKFT1. Acessado em 18/09/2020.
Os gêneros digitais são formas de construção de tex-
O texto pode ser considerado: tos que foram criadas especificamente para serem usa-
das em meios digitais, sejam eles orais ou escritos. Como
a) Resenha, porque tem a finalidade de criticar, avaliar e já abordamos, muitos deles surgiram naturalmente, de
orientar o leitor, estimulando ou desestimulando-o ao acordo com as demandas das plataformas digitais. Exis-
consumismo. tem plataformas cuja apresentação das informações
b) Relato pessoal, pois tem o objetivo de relatar experiências
ocorre por vídeos, outras somente por áudio, outras por
vividas, episódios marcantes na vida de quem escreve.
fotos com legendas, por isso, cada um deles configura
c) Gênero Jornalístico Notícia, pois tem a intenção de
informar o leitor sobre os valores que regem o consu- um gênero que vamos abordar mais à frente.
mismo, de forma objetiva e impessoal.
d) Artigo de opinião, por ser um texto argumentativo que CARACTERÍSTICAS DOS GÊNEROS DIGITAIS
aborda um tema polêmico e de interesse social.
e) Depoimento, por narrar acontecimentos de vida dos z Variedade: ao contrário do que pensamos, os
jovens. gêneros digitais apresentam grande variedade de
tipos textuais e de características, por isso, esse é o
Como podemos notar pela leitura, o texto apresenta primeiro ponto a ser destacado. Não há uma una-
a opinião da autora sobre um tema bem atual que nimidade de características, nem tampouco uma
envolve o consumo de bens em excesso e a criação linearidade entre os gêneros digitais.
de indivíduos nesse sistema. Sobre a configuração
z Grau de formalidade: podem apresentar diferen-
do texto, podemos identificar bem a tese defendida
tes graus de formalidade, a depender da platafor-
por Sayão, as informações que compreendem os
argumentos desenvolvidos e a retomada da tese ini- ma e da intenção do texto.
cial na conclusão, dando ao texto um teor de gênero z Escrita: existem alguns gêneros que exigem o uso
opinativo. Resposta: Letra D. da norma culta da língua, seguindo a variedade
padrão e uma linguagem mais formal, no entan-
2. (PREFEITURA DE CONTAGEM – 2016) to, há também os gêneros informais, que aceitam
o uso de abreviações, gírias e vocabulário próprio
para um grupo social.
z Linguagem: a linguagem das mídias digitais geral-
mente é clara e objetiva, pois há um interesse na
rapidez das informações e conversas. Além dis-
so, os produtores de conteúdo buscam audiência
e para tanto, precisam atrair os interlocutores o
mais rápido possível, para que eles permaneçam
em suas postagens, sejam elas escritas, fotos ou
vídeos. O que nos leva ao próximo tópico.
z Forma: a forma é muito variável. Existem gêne-
ros em texto, como a notícia, que já existia antes
das mídias digitais; outros são apenas em formato
de áudio, como o podcast; outros ainda são curtos
como as legendas das fotos; podem ser também
híbridos, utilizando imagens e textos verbais,
LÍNGUA PORTUGUESA

como os vídeos ou memes. A forma varia de acor-


do com a plataforma na qual é utilizada e a inten-
cionalidade do autor.

Fonte: Internet. Acessado em: 01/03/21.


Importante!
Considerando-se que os gêneros textuais apresentam
Com estas características, podemos observar
objetivos distintos, pode-se afirmar que é objetivo do
que os gêneros digitais são diversos e têm uma
texto:
ampla abrangência, prezando, no geral, a rapidez
a) Apresentar um produto para o leitor. na transmissão das informações e variando em
b) Persuadir o leitor a aderir a uma determinada ideia. outros aspectos.
25
PRINCIPAIS GÊNEROS DIGITAIS E SUAS z Canal: existem plataformas e aplicativos para pos-
CARACTERÍSTICAS tar e para ouvir podcast. Sua forma é unicamente
por áudio.
Anúncio publicitário on-line z Função social: na maioria das vezes, a função
é compartilhar conhecimento a respeito de um
Aparecem em diversos formatos, em vídeo, foto tema.
e texto ou apenas texto (mais difícil), ele tem como
finalidade promover um produto, campanha gover- E-mail
namental ou serviço. Para isso, precisa estar alinhado
com as necessidades/expectativas do interlocutor, que z Tem a mesma estrutura de uma carta, com reme-
pode ser seu consumidor. tente, destinatário, saudação e despedida. Costuma
ser mais formal, mas pode ser informal também.
z Temática: pode abordar diferentes temáticas, a z Temática: geralmente, trata de assuntos profissio-
depender do produto ou serviço apresentado. Des- nais ou educacionais, mas também está disponível
para qualquer tema.
de itens para crianças até serviços de profissionais
z Linguagem: segue a norma culta da língua, poden-
autônomos.
do ter características da linguagem formal e da
z Linguagem: no geral, segue a norma culta da lín-
linguagem informal, a depender do tema e do con-
gua, mas admite a presença da linguagem colo-
texto de uso.
quial e informal, a depender da intencionalidade.
z Canal: é enviado por plataforma, aplicativo ou site
z Canal: pode ser publicado em qualquer esfera específico.
digital, sites, blogs, redes sociais, dentre outros. z Função social: o e-mail existe, basicamente, para a
z Função social: a função é de convencer o leitor/ comunicação rápida utilizando textos longos e outros
espectador a se tornar um cliente da marca ou par- recursos como imagens e documentos anexos.
ticipar de um evento, sendo assim, a função deve
ir neste sentido, a depender do produto/serviço Meme
oferecido.
Trata-se de um gênero híbrido (linguagem verbal
Post em site ou blog e não verbal) com caráter humorístico que viraliza
rapidamente em diferentes formatos (imagem, vídeo
Geralmente é apresentado em formato de texto, ou áudio) e que é adaptado a depender do contexto.
mas pode incluir também imagens e gráficos, poden-
do ou não ter algum vídeo associado ao texto. Tem z Temática: temáticas relacionadas a atualidades,
como objetivo passar informações mais completas, como política ou situações cotidianas com as quais
por isso é um texto mais longo e se aprofunda um as pessoas se identificam.
determinado tema. z Linguagem: a linguagem é coloquial e informal,
admite o uso de gírias, abreviações e mescla texto
z Temática: os temas podem ser variáveis, a depen- e imagem, além disso, usa de figuras de linguagem
der da área de atuação do site ou blog. como a hipérbole e ironia para cumprir sua função
z Linguagem: a linguagem é adequada ao público de ser divertido e engraçado.
que irá buscar pelo tema em sites e blogs, mas, no z Canal: sendo um gênero híbrido, geralmente uma
geral, deve seguir a norma culta e aceita traços de imagem com o texto é compartilhado em qualquer
informalidade como abreviações e gírias. mídia digital, conversas em chat, redes sociais de
z Canal: Publicado em sites com temáticas específi- imagens ou vídeos e há sites específicos para cap-
cas como moda, maquiagem, beleza, jogos eletrô- turar um meme e utilizar em qualquer contexto.
nicos, política, ciência, medicina, as temáticas são z Função social: sua função é entreter os usuários
quase infinitas, qualquer tema pode ser tratado com imagens ou vídeos.
em um site ou blog.
Chat
z Função social: em uma visão mais ampla, a fun-
ção é informar e transmitir conhecimento, em
Tem como objetivo promover conversas em grupo
uma visão mais centrada, a função vai depender
ou em duplas, utilizando a escrita, áudios, imagens e
da temática e do público-alvo.
vídeos. Pode ser utilizado por empresas ou institui-
ções de ensino para facilitar o diálogo entre seus cola-
Podcast
boradores/alunos ao mesmo tempo. Dois aplicativos
são os mais utilizados para isso no Brasil: Whatsapp
Consiste em um áudio, que pode ser curto ou lon- e Telegram.
go, do qual participam uma ou mais pessoas com a
intenção de compartilhar informações ou debater um z Temática: qualquer temática pode ser abordada
tema e compartilhar esse debate. em um chat.
z Linguagem: admite o uso de linguagem coloquial,
z Temática: existem desde podcasts de humor até com gírias e abreviações, com tom de informali-
podcasts de aulas sobre marketing, empreende- dade, no entanto, em algumas situações formais,
dorismo, línguas estrangeiras ou psicologia, qual- é exigida a formalidade e o uso da norma padrão.
quer tema pode ser tratado em um podcast. z Canal: utilizada em plataformas e aplicativos pró-
z Linguagem: a linguagem é muito variável, de prios para isso.
acordo com a temática e o contexto, mas, no geral, z Função social: basicamente, a função é de comu-
26 usa a norma culta da língua. nicação simples, fácil e rápida.
Dica O texto permite o desnudamento da sociedade ao rela-
cionar as tecnologias de informação e comunicação
A função social não pode ser determinada aqui com o(a)
nem em outro material didático, ela depende
especificamente da análise de cada texto. Aqui, a) agilidade dos softwares.
tratamos no geral de como você pode identificar b) passar dos anos.
a função social de um texto dos gêneros digitais, c) linguagem.
mas é necessário ter muita atenção para identifi- d) preconceito.
car e interpretar cada texto. e) educação.

Esta questão trabalha um aspecto social e sua rela-


ção com os recursos tecnológicos. É possível perce-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ber, ao longo da leitura, que o interesse da faculdade,
ao implementar o uso de um software para fazer
uma triagem dos candidatos a serem entrevista-
1. (INEP - ENEM - 2020)
dos, era selecioná-los usando como base a raça e a
origem. Esta questão demonstra como as questões
sociais relacionadas a preconceito e outros temas
tornam-se mais fortes ainda por meio das mídias
digitais. Resposta: Letra D.

3. (INEP - ENEM - 2020)

A realidade virtual é uma tecnologia de informação,


que, conforme sugere a imagem, tem como uma de
suas principais funções:

a) Promover a manipulação eficiente de conhecimentos e


informações de difícil compreensão no mundo físico.
b) Conduzir escolhas profissionais da área de ciência
da computação, oferecendo um leque de opções de
atuação. Nessa campanha publicitária, a imagem da família e o
c) Transferir conhecimento da inteligência artificial para as texto verbal unem-se para reforçar a ideia de que
áreas tradicionais, como as ciências exatas e naturais.
d) Levar o ser humano a experimentar mentalmente a) a família que adota é mais feliz.
outras realidades, para as quais é transportado sem b) a adoção tardia é muito positiva.
sair de seu próprio lugar. c) as famílias preferem adotar bebês.
e) Delimitar tecnologias exclusivas de jogos virtuais, a d) a adoção de adolescentes é mais simples.
fim de oferecer maior emoção ao jogador por meio de e) os filhos adotivos são companheiros dos pais.
outras realidades.
Este gênero “anúncio publicitário” pode ser veicula-
É necessário, neste caso, interpretar uma imagem. do em diversas plataformas, digitais ou não. Inclusi-
A imagem sugere que através das tecnologias pode- ve, atualmente as empresas de marketing produzem
mos experimentar diversas realidades sem sair de conteúdo publicitário da mesma campanha para
nossos lares. A interpretação é uma habilidade mui- diversas formas de divulgação. Nesta campanha, a
to importante para este exame. Resposta: Letra D. intenção é mostrar as famílias interessadas em ado-
tar que a adoção tardia é positiva e completa uma
2. (INEP-ENEM - 2020) Quando quis agilizar o processo
família. Resposta: Letra B.
de seleção de novos alunos, a tradicional faculdade bri-
tânica de medicina St. George usou um software para
definir quem deveria ser entrevistado. Ao reproduzir a
forma como os funcionários faziam essa escolha, o
ORTOGRAFIA OFICIAL
LÍNGUA PORTUGUESA

programa eliminou, de cara, 60 de 2.000 candidatos.


Só por causa do sexo ou da origem racial, numa dedu-
ção baseada em sobrenome e local de nascimento. Um ORTOGRAFIA
estudo sobre o caso foi publicado em 1988, mas, 25
anos depois, outra pesquisa apontou que esse tipo de As regras de ortografia são muitas e, na maioria
discriminação segue firme. O exemplo recente envolve dos casos, contraproducentes, tendo em vista que a
o buscador do Google: ao digitar nomes comuns entre
lógica da grafia e da acentuação das palavras, muitas
negros dos EUA, a chance de os anúncios automáticos
vezes, é derivada de processos históricos de evolução
oferecerem checagem de antecedentes criminais pode
aumentar 25%. E pode piorar com a pergunta “detido?” da língua.
logo após a palavra procurada. Por isso, vale lembrar a dica de ouro do aluno cra-
que em ortografia: leia sempre! Somente a prática de
Disponível em http://tab.uol.com.br. Acesso em 11 ago. 2017 leitura irá lhe garantir segurança no processo de gra-
(adaptado) fia das palavras. 27
Em relação à acentuação, por outro lado, a maior
parte das regras não são efêmeras, porém, são em
grande número. Neste material, iremos apresen-
tar uma forma condensada e prática de nunca mais
esquecer os acentos e os motivos pelos quais as pala-
vras são acentuadas.
Ainda sobre aspectos ortográficos da língua portu-
guesa, é importante estarmos atentos ao uso de letras Disponível em: https://bit.ly/3oIvkDs
cujos sons são semelhantes e geram confusão quanto
Os tipos de porquês:
à escrita correta. Veja:
� Porque: conjunção causal ou explicativa (igual a
z É com X ou CH? Empregamos X após os ditongos. “pois”, “uma vez que”).
Ex.: ameixa, frouxo, trouxe. Jogava vôlei porque os amigos o chamavam.
� Porquê: substantivo abstrato com propósito de
USAMOS X: USAMOS CH: justificar. Pode ser acompanhado de artigo, prono-
me, adjetivo ou numeral. Pode vir no singular e no
� Depois da sílaba em, se � Depois da sílaba em, se plural.
a palavra não for derivada a palavra for derivada de Ex.: Não sabia o porquê de ela ter ido embora.
de palavras iniciadas por palavras iniciadas por CH: Ele não entendeu os porquês de tantas brigas.
CH: enxerido, enxada encher, encharcar � Por que: inicia perguntas diretas ou está presen-
� Depois de ditongo: cai- � Em palavras derivadas te no interior de perguntas indiretas, podendo
xa, faixa de vocábulos que são gra- ser substituído por “por qual razão” ou “por qual
� Depois da sílaba ini- fados com CH: recauchu- motivo”. Pode ser também que tenha o significado
cial me se a palavra não tar, fechadura de “pelo qual” e suas flexões.
for derivada de vocábulo Ex.: Quero saber por que você não visitou seu primo.
iniciado por CH: mexer, Os lugares por que passei são incríveis.
mexilhão
� Por quê: aparecerá sempre no final de uma fra-
se, podendo ser substituído por “por qual motivo”,
Fonte: instagram/academiadotexto. Acesso em: 10/10/2020. “por qual razão”.
Ex.: Você não me falou nada, por quê?
z É com G ou com J? Usamos G em substantivos termi- Ela escutou tudo isso sem saber por quê.
nados em: -agem; igem; -ugem. Ex.: viagem, ferrugem;
Palavras terminadas em: ágio, -égio, -ígio, -ógio,
-úgio. Ex.: sacrilégio, pedágio;
Verbos terminados em -ger e -gir. Ex.: proteger, fugir; EXERCÍCIO COMENTADO
Usamos J em formas verbais terminadas em -jar ou
-jer. Ex.: viajar, lisonjear; 1. (FCC – 2012) Está correto o emprego de ambos os
Termos derivados do latim escritos com j. elementos destacados em:
z É com Ç ou S? Após ditongos, usamos, geralmente,
Ç quando houver som de S, e escrevemos S quando a) Se o por quê da importância primitiva de Paraty estava
houver som de Z. Ex.: eleição; Neusa; coisa. na sua localização estratégica, a importância de que
goza atualmente está na relevância histórica porque é
z É com S ou com Z? palavras que designam nacio- reconhecida.
nalidade ou títulos de nobreza e terminam em -ês b) Ninguém teria porque negar a Paraty esse duplo mere-
e -esa devem ser grafadas com S. Ex.: norueguesa; cimento de ser poesia e história, por que o tempo a
inglês; marquesa; duquesa. escolheu para ser preservada e a natureza, para ser
Palavras que designam qualidade, cuja termina- bela.
ção seja -ez ou -eza, são grafadas com Z: c) Os dissabores por que passa uma cidade turística
Embriaguez; lucidez; acidez. devem ser prevenidos e evitados pela Casa Azul, por-
que ela nasceu para disciplinar o turismo.
Essas regras para correção ortográfica das pala- d) Porque teria a cidade passado por tão longos anos
vras, em geral, apresentam muitas exceções; por isso é de esquecimento? Criou-se uma estrada de ferro, eis
importante ficar atento e manter uma rotina de leitu- porque.
ra, pois esse aprendizado é consolidado com a prática. e) Não há porquê imaginar que um esquecimento é sem-
Sua capacidade ortográfica ficará melhor a partir da pre deplorável; veja-se como e por quê Paraty acabou
leitura e da escrita de textos, por isso, recomendamos se tornando um atraente centro turístico.
que se mantenha atualizado e leia fontes confiáveis de
informação, pois além de contribuir para seu conhe- O “por que” na sentença da alternativa C está correta-
cimento geral, sua habilidade em língua portuguesa mente empregado, pois possui sentido de “pelo qual”.
também aumentará. O “porque” logo em seguida também está correto, pois
tem função de explicar o nascimento da Casa Azul:
USO DOS PORQUÊS para disciplinar o turismo. Resposta: Letra C.

DEMAIS E DE MAIS
É muito comum haver confusão com os usos das
formas dos porquês, pois no contexto de uso discursi- Demais
vo (fala) não necessitamos distinguir foneticamente.
Porém, existem quatro formas de escrita dos porquês, Advérbio de intensidade. Assume também a fun-
as quais se distinguem por função sintática, morfo- ção de pronome indefinido.
lógica e pela sua posição no período. Veja a tirinha a Ex.: Gritamos demais no jogo, por isso estamos
28 seguir e como são realizadas essas distinções: roucos. (advérbio)
Eu amo essa cantora, ela é demais! (advérbio) De encontro a
Sabemos o motivo principal, os demais não foram
divulgados. (pronome indefinido) Indica “oposição”, “confronto”, “colisão”.
Ex.: A sua maneira de agir veio de encontro à
De mais minha. (sentido de “confronto”)
O caminhão foi de encontro ao poste. (sentido de
Locução adjetiva que manifesta quantidade. Para
“colisão”)
diferenciá-la de “demais”, basta trocar pelo antônimo,
O que ele fez foi de encontro ao que havia dito.
“de menos”; se der certo, escreve-se “de mais”.
(sentido de oposição”)
Ex.: Essa sobremesa tem açúcar de mais para o
meu paladar.
Preparei comida de mais, vou precisar congelar. SENÃO / SE NÃO
É só uma injeção, não tem nada de mais.
Senão
A CERCA DE / ACERCA DE / HÁ CERCA DE
Significa “do contrário, caso contrário”, “mas sim,
A cerca de mas”, “a não ser, exceto, mais do que”, “mas também”,
“falha, defeito, obstáculo (como substantivo)”.
Quando se referir a algo ou alguém, com ideia de
Ex.: Saio cedo, senão chego atrasado.
quantidade aproximada.
Não era diamante nem rubi, senão cristal.
Ex.: Ele falou a cerca de mil ouvintes.
Ninguém, senão os convidados, podia entrar na festa.
Acerca de O aprendizado não depende somente do professor,
senão do esforço do aluno.
Equivale a “sobre”, “a respeito de”, “em relação a”. Não encontrei um senão em seu texto. (substanti-
Ex.: O professou dissertou acerca dos progressos vo com sentido de “falha”)
científicos.
Se não
Há cerca de
Formado de uma conjunção condicional se e do
Quando se trata de uma média de tempo passado.
advérbio de negação não, tem valor de “caso não”,
Ex.: Há cerca de trinta dias, foi feita essa proposta.
“quando não”.
Ex.: Se não fizer sol, não lavarei roupas.
Dica
Havia duas pessoas interessadas, se não três.
Para evitar redundância, não se deve usar o “há
cerca de” com outro termo que dê ideia de pas- Para não errar mais:
sado numa mesma sentença. Se não (separado): Caso não
Ex.: Há cerca de trinta dias atrás. (inadequado) Ex.: Se não estudar, será reprovado.
Há cerca de trinta dias. (adequado) Senão (junto): Caso contrário
Ex.: Estude, senão será reprovado.
SEÇÃO / SESSÃO / CESSÃO
HÁ / A (EXPRESSÃO DE TEMPO)
Seção

Tem sentido de “parte”, “divisão”, “segmento”.
Ex.: A seção onde trabalho é muito requisitada. Usa-se para espaço de tempo referente ao passado.
Ex.: Ela saiu de casa há duas horas.
Sessão Saiba que o verbo há pode ser substituído também
por faz, sendo invariável, sempre no singular.
Tem sentido de “reunião”, “encontro”, “espaço de Ex.: Ela saiu de casa faz meia hora. / Ela saiu de
tempo”. casa faz duas horas.
Ex.: Os ingressos para a sessão de estreia estão
disponíveis. A

Cessão Usa-se para espaço de tempo referente ao futuro.


Ex.: Ele chegará daqui a duas horas.
Tem sentido de “ceder”, “repartir”.
LÍNGUA PORTUGUESA

Ex.: O governo autorizou a cessão de livros para


as escolas.
EXERCÍCIO COMENTADO
AO ENCONTRO DE / DE ENCONTRO A
1. (TJ-SC - 2010) “As eleições vão acontecer daqui ___
Ao encontro de três meses, mas as discussões intrapartidárias come-
çaram ____ bastante tempo. Entretanto, não ___ como
Significa “ser favorável a” e “aproximar-se de”. deixar de constatar o irrealismo da legislação eleitoral,
Ex.: A opinião dos estudantes ia ao encontro das que cria certas restrições a pretexto de proporcionar
nossas. (sentido de “corresponder”) igualdade de oportunidades a todos quantos dispu-
Ele foi ao encontro dos amigos. (sentido de tem mandato eletivo mas tenham pouco ou nada _____
“encontrar-se com”) com a dinâmica do processo político.” 29
A sequência que preenche corretamente as lacunas Não temos como fugir dos males do mundo.
do texto é: (substantivo)
Mal ele chegou, ela saiu da sala. (conjunção)
a) a – há – há – haver Mal você possa, venha falar comigo. (conjunção)
b) há – há – a – há ver
c) a – a – a – haver Mau
d) a – a – há – a ver
e) a – há – há – a ver Adjetivo. Indica alguém ou alguma coisa que: faz
A lacuna “daqui a três meses” representa tempo maldades, não é de boa qualidade, faz grosserias, traz
futuro, logo o “a” é uma preposição; “há bastante infortúnio, não tem competência, é pouco produtivo,
tempo” se refere ao que já passou, então se usa o é inconveniente e impróprio, é contrário aos bons cos-
verbo “há”; “não há como deixar” tem que ser com- tumes, é travesso e desobediente.
pletado com o verbo “haver” conjugado (“há”); em Ex.: Que chato! Sempre de mau humor!
“pouco ou nada a ver com a dinâmica”, utiliza-se “a Ele seguiu por maus caminhos.
ver”, e não “haver”, pois não se pode usar o verbo Desculpa o mau jeito! Eu estava nervoso!
nessa situação. Resposta: Letra E. Você está fazendo mau uso desse equipamento.

EM VEZ DE / AO INVÉS DE Para não errar mais, faça a seguinte operação sem-
pre que em dúvida: Mal é antônimo de Bem / Mau é
Em vez de antônimo de Bom.
Significa “substituição”, “troca”.
Ex.: Em vez de estudar, ficou brincando com os
amigos.
ACENTUAÇÃO GRÁFICA
Ao invés de
Muitas são as regras de acentuação das palavras
Indica “algo inverso”, “oposição”.
da língua portuguesa; para compreender essas regras,
Ex.: Ao invés de ligar o som, desligou-o.
faz-se necessário entender a tonicidade das sílabas e
TRAZ / TRÁS / ATRÁS respeitar a divisão das sílabas.

Traz Regras de Acentuação

Do verbo “trazer”, conjugado na terceira pessoa do z Palavras monossílabas: Acentuam-se os monossí-


singular. labos tônicos terminados em: A, E, O. Ex.: pá, vá,
Ex.: Ele sempre me traz flores quando vem me ver. chá; pé, fé, mês; nó, pó, só.
z Palavras oxítonas: acentuam-se as palavras oxíto-
Trás
nas terminadas em: A, E, O, EM/ENS. Ex.: cajá, gua-
Significa “na parte posterior” e é sempre precedi- raná; Pelé, você; cipó, mocotó; também, parabéns.
do de preposição. z Palavras paroxítonas: acentuam-se as paroxíto-
Ex.: Ele estava por trás disso tudo desde o começo. nas que não terminam em: A, E, O, EM/ENS. Ex.:
Ande mais depressa, senão ficará pra trás. bíceps, fórceps; júri, táxis, lápis; vírus, úteis, lótus;
abdômen, hímen.
Atrás

Advérbio de lugar. Importante!


Ex.: O ponto de ônibus fica atrás do shopping.
Acentuam-se as paroxítonas terminadas em
Na frase “Ele estava atrás de mim quando tudo ditongo.
aconteceu”, o advérbio atrás pode apresentar dois Ex.: imóveis, bromélia, história, cenário, Brasília,
significados: no sentido literal, “estar atrás” é locali- rádio etc.
zar-se atrás de alguém, mas o “estar atrás” também
apresenta um sentido figurado de “estar buscando”
ou “procurando”. z Palavras proparoxítonas: A regra mais simples e
fácil de lembrar: todas as proparoxítonas devem
MAL / MAU ser acentuadas!

Mal Porém, esse grupo de palavras divide uma polê-


mica com as palavras paroxítonas, pois, em alguns
Conjunção ou substantivo. Como substantivo, vocábulos, o Vocabulário Ortográfico da Língua Por-
refere-se a uma desgraça, calamidade, dano, doença, tuguesa (VOLP) aceita a classificação em paroxítona
enfermidade, pesar, aflição, sofrimento, defeito, pro- ou proparoxítona.
blema, maldade. O substantivo mal forma o plural São as chamadas proparoxítonas aparentes.
males. Como conjunção subordinativa temporal, Essas palavras apresentam um ditongo crescente no
tem sentido de “assim que” e “logo que”. final de suas sílabas; esse ditongo pode ser aceito ou
Ex.: Todos sabem que essa personagem é do mal. pode ser considerado hiato. É o que ocorre com as
30 (substantivo) palavras:
HIS-TÓ-RIA/ HIS-TÓ-RI-A Os artigos podem ser combinados às preposições:
VÁ-CUO/ VA-CU-O são as chamadas contrações. Algumas contrações
PÁ-TIO/ PÁ-TI-O comuns na língua são: em + a = na; a + o = ao; a + a =
Antes de concluir, é importante mencionar o uso à; de + a = da.
do acento nas formas verbais TER e VIR: Toda palavra determinada por um artigo torna-se
um substantivo! Ex.: o não, o porquê, o cuidar etc.
Ele tem / Eles têm
Ele vem / Eles vêm

Percebam que, no plural, essas formas admitem o EXERCÍCIO COMENTADO


uso de um acento (^); portanto, atente-se à concordân-
cia verbal quando usar esses verbos. 1. (SCT – 2020) Marque a alternativa cujo período apre-
senta apenas artigos indefinidos:

a) Uma das vantagens de ser garçonete é que acabo


EXERCÍCIOS COMENTADOS conhecendo todas as pessoas.
b) A garota prefere lutar por ele, pois o considera uma
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir em relação à con- boa pessoa.
formidade com a norma-padrão da língua: “As opera- c) A família está em festa com a chegada do bebê.
ções de saída com destino a empresas do comercio d) Poderia me passar a colher, por favor?
varejista e insumos agropecuários dispõem de isen- e) Mariana é uma mulher com um coração de ouro.
ção fiscal e redução de base de cálculo, conforme já
prevê em lei, desde que observados os requisitos exi- Os artigos indefinidos são “um/uma” e suas flexões
gidos para cada caso.” de plural. A única opção que apresenta somente
artigos indefinidos é a e Resposta: Letra E.
( ) CERTO ( ) ERRADO
NUMERAIS
Ainda que tenha sido respeitadas quase todas as
regras gramaticais, faltou o acento da palavra Palavra que se relaciona diretamente ao substanti-
“comércio”, que deve ser acentuada, pois é uma paro- vo, inferindo ideia de quantidade ou posição.
xítona terminada em ditongo. Resposta: Errado. Os numerais podem ser:

2. (FCC – 2019) “Um juramento expõe a beleza da von- z Cardinais: indicam quantidade em si. Ex.: dois
tade humana, como afirmação nossa, mas sua quebra potes de sorvete; zero coisas a comprar; ambos os
mostra também nossos limites”. meninos eram bons em português.
Numa nova e igualmente correta redação da frase
acima, iniciada agora pelo segmento “A quebra de um z Ordinais: indicam a ordem de sucessão de uma
juramento mostra nossos limites”, pode-se seguir esta série. Ex.: foi o segundo colocado do concurso; che-
coerente complementação: “não fosse a beleza que gou em último/penúltimo/antepenúltimo lugar.
também têm na quebra mesma da nossa vontade”. z Multiplicativos: indicam o aumento proporcio-
nal de uma quantidade. Ex.: Ele ganha o triplo no
( ) CERTO ( ) ERRADO novo emprego.

A forma verbal ter admite a marcação de plural z Fracionários: indicam a diminuição proporcio-
com o uso do acento diferencial ^, porém na recons- nal de uma quantidade. Ex.: Tomou um terço
trução da frase mencionada o sujeito está no singu- de vinho; o copo estava meio cheio; ele recebeu
lar, não sendo necessário o uso do plural do verbo metade do pagamento.
citado. Resposta: Errado.
Um numeral ou um artigo?

A forma um pode assumir na língua a função de


artigo indefinido ou de numeral cardinal; então, como
CLASSES DE PALAVRAS podemos reconhecer cada função? É preciso observar
o contexto em uso.
LÍNGUA PORTUGUESA

ARTIGOS
Durante a votação, houve um deputado que se
posicionou contra o projeto.
Os artigos devem concordar em gênero e número
com os substantivos. São, por isso, considerados deter-
z Durante a votação, apenas um deputado se posi-
minantes dos substantivos.
cionou contra o projeto.
Essa classe está dividida em artigos definidos e arti-
gos indefinidos: os primeiros funcionam como deter-
Na primeira frase, podemos substituir o termo um
minantes objetivos, individualizando a palavra, já os
por uma, realizando as devidas alterações sintáticas, e
segundos funcionam como determinantes imprecisos.
o sentido será mantido, pois o que se pretende defen-
der é que a espécie do indivíduo que se posicionou
z Artigos definidos: o, os; a, as.
contra o projeto é um deputado e não uma deputada,
z Artigos indefinidos: um, uns; uma, umas. por exemplo. 31
Já na segunda oração, a alteração do gênero não z Concreto: Designam seres com independência
implicaria em mudanças no sentido, pois o que se ontológica, ou seja, um ser que existe por si, inde-
pretende indicar é que o projeto foi rejeitado por UM pendente da sua conotação espiritual ou real. Ex.:
deputado, marcando a quantidade. Deus, fada, carro;
Outra forma de notarmos a diferença é ficarmos
atentos com a aparição das expressões adverbiais, o z Abstrato: Indica estado, sentimento, ação, quali-
que sempre fará com que a palavra “um” seja numeral. dade. Ex.: coragem, Liberalismo;
Sobre o numeral milhão/milhares, importa desta- z Comum: Designam determinados seres e lugares.
car que sua forma é masculina, logo, o artigo que pre- Ex.: homem, cidade;
cede será sempre no masculino
z Próprio: Designam uma determinada espécie. Ex.:
z Errado: As milhares de vacinas chegaram hoje. Maria, Fortaleza;

z Correto: Os milhares de vacina chegaram hoje. z Coletivo: Usados no singular, designam um con-
junto de uma mesma espécie. Ex: pinacoteca,
Dica manada.

A forma 14 por extenso apresenta duas for-


É importante destacar que a classificação de um
mas aceitas pela norma gramatical: catorze e
substantivo depende do contexto em que ele está inse-
quatorze.
rido. Vejamos:
Judas foi um apóstolo (Judas = Próprio).
O amigo se mostrou um judas (judas = traidor/
EXERCÍCIO COMENTADO comum).

1. (CONSESP – 2018) Analise os itens a seguir: Flexão de Gênero

I. A quadragésima quinta Feira do Livro foi um sucesso (45ª). Os gêneros do substantivo são masculinos e femi-
II. Pela milésima vez ele acenou positivamente (1000ª). ninos. Porém, alguns admitem apenas uma forma
III. Há uma década que não o vejo (10 anos). para os dois gêneros, são, por isso, chamados de uni-
formes. Os substantivos uniformes podem ser:
Os numerais entre parênteses foram grafados correta-
mente, conforme apresentados em destaque, em: z Comuns-de-dois-gêneros: designam seres huma-
nos e sua diferença é marcada pelo artigo. Ex.: o
a) 1 e 2, apenas. pianista / a pianista; o gerente / a gerente; o cliente
b) 2 e 3, apenas. / a cliente; o líder / a líder.
c) 1 e 3, apenas.
d) 1, 2, e 3. z Epicenos: designam animais ou plantas que apre-
sentam distinção entre masculino e feminino; a
Todas as frases colocam adequadamente os nume- diferença é marcada pelo uso do adjetivo macho
rais nas frases, por extenso, e entre parênteses. Res- ou fêmea. Ex.: cobra macho / cobra fêmea; onça
posta: Letra D. macho / onça fêmea; gambá macho / gambá fêmea;
girafa macho / girafa fêmea.
SUBSTANTIVOS
z Sobrecomuns: designam seres de forma geral que
Os substantivos classificam os seres em geral. Uma não são distinguidos por artigo ou adjetivo, o gêne-
característica básica dessa classe é admitir um deter- ro pode ser reconhecido apenas pelo contexto. Ex.:
minante, artigo, pronome etc. Os substantivos flexio- A criança; O monstro; A testemunha; O indivíduo.
nam-se em gênero, número e grau.
Os substantivos biformes, como o nome indi-
Tipos de Substantivos ca, designam os substantivos que apresentam duas
formas para os gêneros masculino ou feminino. Ex.:
A classificação dos substantivos admite nove tipos professor/professora.
diferentes de substantivos. São eles: Destacamos que alguns substantivos apresentam
formas diferentes nas terminações para designar for-
z Simples: Formados a partir de um único radical. mas diferentes no masculino e no feminino:
Ex.: vento, escola;
z Composto: Formados pelo processo de justaposi- Ex.: Ator/atriz; Ateu/ ateia; Réu/ré.
ção. Ex.: couve-flor, aguardente;
Outros substantivos modificam o radical para
z Primitivo: Possibilitam a formação de um novo
designar formas diferentes no masculino e no femini-
substantivo. Ex.: pedra, dente;
no, estes são chamados de substantivos heteroformes:
z Derivado: Formados a partir dos primitivos. Ex.:
32 pedreiro, dentista; Ex.: Pai/mãe; Boi/vaca; Genro/nora.
Gênero e Significação Substantivo + adjetivo:
Ex.: guarda-noturno / guardas - noturnos;
É importante salientar que alguns substantivos
uniformes podem aparecer com marcação de gênero Adjetivo + substantivo:
diferente, ocasionando uma modificação no sentido. Ex.: boas-vindas;
Veja, por exemplo:
Numeral + substantivo:
z A testemunha: pessoa que presenciou um crime; Ex.: terça-feira / terças - feiras.
z O testemunho: relato de experiência, associado a
religiões. z Varia apenas um elemento:

Algumas formas substantivas mantêm o radical, Substantivo + preposição + substantivo.


mas a alteração do gênero interfere no significado: Ex.: canas-de-açúcar;
z O cabeça: chefe / a cabeça: membro o corpo;
z O moral: ânimo / a moral: costumes sociais; Substantivo + substantivo (com função adjetiva).
z O rádio: aparelho / a rádio: estação de transmissão. Ex.: navios-escola.

Além disso, algumas palavras na língua causam Palavra invariável + palavra invariável.
dificuldade na identificação do gênero, pois são usa- Ex.: abaixo-assinados.
das em contextos informais com gêneros diferentes, é
o caso de: a alface; a cal; a derme; a libido; a gênese; Verbo + substantivo.
a omoplata / o guaraná; o catolicismo; o formicida; o Ex.: guarda-roupas.
telefonema; o trema.
Algumas formas que não apresentam, necessaria- Redução + substantivo.
mente, relação com o gênero, são admitidas tanto no Ex.: bel-prazeres.
masculino quanto no feminino: O personagem / a per-
sonagem; O laringe / a laringe; O xerox / a xerox. Destacamos, ainda, que os substantivos compostos
formados por verbo + advérbio e verbo + substan-
Flexão de Número tivo plural ficam invariáveis. Ex.: Os bota-fora; os
saca-rolha.
Os substantivos flexionam-se em gênero, de manei-
ra geral, pelo acréscimo do morfema -s: Casa / casas. Variação de Grau
Porém, podem apresentar outras terminações:
males, reais, animais, projéteis etc. Geralmente, deve- A flexão de grau dos adjetivos exprime a variação
mos acrescentar -es ao singular das formas termina-
de tamanho dos seres, indicando um aumento ou uma
das em R ou Z, como: flor / flores; paz / pazes. Porém,
diminuição.
há exceções, como mal/males.
Já os substantivos terminados em AL, EL, OL, UL
z Grau aumentativo: quando o acréscimo de sufi-
fazem plural trocando-se o L final por -is. Ex.: coral
/ corais; papel / papéis; anzol / anzóis. Mas também xos aos substantivos indicar um grau aumentativo.
há exceções. Ex.: a forma mel apresenta duas formas Ex.: bocarra, homenzarrão, gatalhão, cabeçorra,
aceitas meles e méis. fogaréu, boqueirão, poetastro.
Geralmente, as palavras terminadas em -ão fazem z Grau diminutivo: quando o acréscimo de sufi-
plural com o acréscimo do -s ou pelo acréscimo de -es. xos aos substantivos indicar um grau diminutivo.
Ex.: capelães, capitães, escrivães. Contudo, há subs- Ex.: fontinha, lobacho, casebre, vilarejo, saleta,
tantivos que admitem até três formas de plural:
pequenina, papelucho.
z Ermitão: ermitãos, ermitões, ermitães.
Dica
z Ancião: anciãos, anciões, anciães.
O emprego do grau aumentativo ou diminutivo
z Vilão: vilãos, vilões, vilães. dos substantivos pode alterar o sentido das pala-
vras, podendo assumir um valor:
Podemos, ainda, associar às palavras paroxítonas
Afetivo: filhinha;
que terminam em -ão o acréscimo do -s. Ex.: órgão /
LÍNGUA PORTUGUESA

órgãos; órfão / órfãos. Pejorativo: mulherzinha / porcalhão.

Plural dos Substantivos Compostos O Novo Acordo Ortográfico e o Uso de Maiúsculas

Os substantivos compostos são aqueles formados O novo acordo ortográfico estabelece novas regras
por justaposição; o plural dessas formas obedece às para o uso de substantivos próprios, exigindo o uso
seguintes regras: da inicial maiúscula. Dessa forma, devemos usar com
letra maiúscula as iniciais das palavras que designam:
z Variam os dois elementos:
z Nomes de instituições. Ex.: Embaixada do Brasil;
substantivo + substantivo: Ministério das Relações Exteriores; Gabinete da
Ex.: mestre-sala / mestres-salas; Vice-presidência. 33
z Títulos de obras. Ex.: Memórias póstumas de Brás z Noite de inverno / hibernal ou invernal.
Cubas. Caso a obra apresente em seu título um
nome próprio, este também deverá ser escrito com É importante destacar que mais do que “decorar”
inicial maiúscula. formas adjetivas e suas respectivas locuções, é fun-
damental reconhecer as principais características de
z Nomenclatura legislativa especificada deve ser
escrita com inicial maiúscula. Ex.: Lei de Diretri- uma locução adjetiva: caracterizar o substantivo e
zes e Bases da Educação (LDB). apresentar valor de posse. Ex.: Viu o crime pela aber-
tura da porta; A abertura de conta pode ser realiza-
z Períodos e eventos históricos. Ex.: Revolta da da on-line.
Vacina; Guerra Fria. Quando a locução adjetiva é composta pela pre-
posição “de”, ela pode ser confundida com a locução
Em palavras com hífen, podemos optar pelo uso adverbial. Nesse caso, para diferenciá-las, é importan-
de maiúsculas ou minúsculas, portanto, são aceitas as te perceber que a locução adjetiva apresenta valor de
formas: Vice-Presidente; Vice-presidente e vice-pre- posse, pois, nesse caso, o meio usado pelo sujeito para
sidente, porém é preciso manter a mesma forma em ver “o crime”, indicado na frase, foi pela abertura da
todo o texto. Já nomes próprios compostos por hífen porta. Além disso, a locução destacada está caracteri-
devem ser escritos com as iniciais maiúsculas: Grã- zando o substantivo “abertura”.
-Bretanha, Timor-Leste. Já na segunda frase, a locução destacada é adver-
bial, pois quem sofre a “ação” de ser aberta é a “con-
ta”, o que indica o valor de passividade da locução,
EXERCÍCIO COMENTADO demonstrando seu caráter adverbial.
As locuções adjetivas também desempenham fun-
1. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: ção de adjetivo e modificam substantivos, pronomes,
Organiza-se o sentido, nos versos 1 e 3, por meio de numerais, oração substantiva. Ex.: amor de mãe, café
sequências verbais, das quais se destaca o uso recor- com açúcar.
rente do substantivo “seco” devidamente flexionado. Já as locuções adverbiais desempenham função
Terra seca árvore seca de advérbio. Modificam advérbios, verbos, adjetivos,
E a bomba de gasolina orações adjetivas com esses valores. Ex.: morreu de
Casa seca paiol seco fome; agiu com rapidez.
E a bomba de gasolina
Adjetivo de Relação
( ) CERTO ( ) ERRADO
No estudo dos adjetivos, é fundamental estudar
A palavra “seco” no contexto mencionado não é o aspecto morfológico designado como “adjetivo de
substantivo, e sim funciona como adjetivo. Respos- relação”, muito cobrado por bancas de concursos.
ta: Errado. Para identificar um adjetivo de relação, observe as
seguintes características:
ADJETIVOS
z Seu valor é objetivo, não podendo, portanto, apre-
Os adjetivos associam-se aos substantivos garan- sentar meios de subjetividade. Ex.: Em “Menino
tindo a estes um significado mais preciso. Os adjetivos bonito”, o adjetivo não é de relação, já que é sub-
podem indicar: jetivo, pois a beleza do menino depende dos olhos
de quem o descreve.
z Qualidade: professor chato. z Posição posterior ao substantivo: os adjetivos de
z Estado: aluno triste. relação sempre são posicionados após o substanti-
z Aspecto, aparência: estrada esburacada. vo. Ex.: casa paterna.
z Derivado do substantivo: derivam-se do substan-
Locuções Adjetivas tivo por derivação prefixal ou sufixal.
z Não admitem variação de grau: os graus compa-
As locuções adjetivas apresentam o mesmo valor dos rativo e superlativo não são admitidos.
adjetivos, indicando as mesmas características deles.
Elas são formadas por preposição + substantivo, Alguns exemplos de adjetivos relativos: Presiden-
referindo-se a outro substantivo ou expressão subs- te americano (não é subjetivo; posicionado após o
tantivada, atribuindo-lhe o mesmo valor adjetivo. substantivo; derivado de substantivo; não existe a
A seguir, colocamos algumas locuções adjetivas forma variada em grau “americaníssimo”); platafor-
com valores diferentes ao lado da forma adjetiva, ma petrolífera; economia mundial; vinho francês;
importantes para seu estudo: roteiro carnavalesco.

z Voo de águia / aquilino; Variação de Grau

z Poder de aluno / discente; O adjetivo pode variar em dois graus: Compara-


z Cor de chumbo / plúmbeo; tivo ou superlativo. Cada um deles apresenta suas
respectivas categorias.
z Bodas de cobre / cúprico;
z Grau comparativo: exprime a característica de
z Sangue de baço / esplênico;
um ser, comparando-o com outro da mesma classe
34 z Nervo do intestino / celíaco ou entérico; nos seguintes sentidos:
„ Igualdade: igual a, como, tanto quanto, tão quanto;
„ Superioridade: mais do que;
„ Inferioridade: menos do que.
Ex.: Somos tão complexos quanto simplórios (comparativo de igualdade);
O amor é mais suficiente do que o dinheiro (comparativo de superioridade);
Homens são menos engajados do que mulheres (comparativo de inferioridade).

z Grau superlativo: em relação ao grau superlativo, é importante considerar que o valor semântico desse grau
apresenta variações, podendo indicar:

„ Característica de um ser elevada ao último grau: Superlativo absoluto, que pode ser analítico (associado
ao advérbio) ou sintético (associação de prefixo ou sufixo ao adjetivo);
„ Característica de um ser relacionada com outros indivíduos da mesma classe: Superlativo relativo,
que pode ser de superioridade (O mais) ou de inferioridade (O menos)

Ex.: O candidato é muito humilde (Superlativo absoluto analítico).


O candidato é humílimo (Superlativo absoluto sintético).
O candidato é o mais humilde dos concorrentes? (Superlativo relativo de superioridade).
O candidato é o menos preparado entre os concorrentes à prefeitura (Superlativo relativo de inferioridade).

Ao compararmos duas qualidades de um mesmo ser, devemos empregar a forma analítica (mais alta, mais
magra, mais bonito etc.).

Ex.: A modelo é mais alta que magra.


Porém, se uma mesma característica se referir a seres diferentes, empregamos a forma sintética (melhor,
pior, menor etc.).
Ex.: Nossa sala é menor que a sala da diretoria.

Formação dos Adjetivos

Os adjetivos podem ser primitivos, derivados, simples ou compostos.

z Primitivos: são os Adjetivos que não derivam de outras palavras e, a partir deles, é possível formar novos
termos. Ex.: útil, forte, bom, triste, mau etc.
z Derivados: são formados a partir dos adjetivos primitivos. Ex.: bondade, lealdade, mulherengo etc.
z Simples: Os adjetivos simples apresentam um único radical. Ex.: português, escuro, honesto etc.
z Compostos: são formados a partir da união de dois ou mais radicais. Ex.: verde-escuro, luso-brasileiro, ama-
relo-ouro etc.

Dica
O plural dos adjetivos simples é realizado da mesma forma que o plural dos substantivos.

Plural dos adjetivos compostos

O plural dos adjetivos compostos segue as seguintes regras:

z Invariável: adjetivos compostos como azul-marinho, azul-celeste, azul-ferrete; locuções formadas de cor +
de + substantivo, como em cor-de-rosa, cor-de-cáqui; adjetivo + substantivo, como tapetes azul-turquesa,
camisas amarelo-ouro.
z Varia o último elemento: 1º elemento é palavra invariável, como em mal-educados, recém-formados; adjeti-
vo + adjetivo, como em lençóis verde-claros, cabelos castanho-escuros.

Adjetivos Pátrios
LÍNGUA PORTUGUESA

Os adjetivos pátrios também são conhecidos como gentílicos e designam a naturalidade ou nacionalidade dos seres.
O sufixo -ense, geralmente, designa a origem de um ser relacionada a um estado brasileiro. Ex.: amazonense,
fluminense, cearense.
Uma outra curiosidade sobre os adjetivos pátrios diz respeito ao adjetivo brasileiro, formado com o sufixo -eiro,
costumeiramente usado para designar profissões.
O gentílico que designa nossa nacionalidade teve origem com as pessoas que comercializavam o pau-brasil, esse
ofício dava-lhes a alcunha de “brasileiros”, termo que passou a indicar os nascidos em nosso país.

35
Veja abaixo alguns deles:

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (FGV – 2017) Há, em língua portuguesa, um grupo de adjetivos chamados “adjetivos de relação”, que possuem marcas
diferentes de outros adjetivos, como a de não poder ser empregado antes do substantivo a que se refere, nem receber
grau superlativo. Assinale a opção que indica o adjetivo do texto que não está incluído nessa categoria:

a) Herói nacional.
b) Guerra mundial.
c) Diferença social.
d) Povo cordial.
e) Traço cultural.

Como vimos, uma outra característica dos adjetivos de relação é a objetividade. Esses adjetivos não denotam
questões subjetivas, tal qual o adjetivo “cordial”, na letra D, a única sem adjetivo de relação. Resposta: Letra D

ADVÉRBIOS

Advérbios são palavras invariáveis que modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio. Em alguns
casos, os advérbios também podem modificar uma frase inteira, indicando circunstância.
Os grandes cientistas da gramática da língua portuguesa apresentam uma lista exaustiva com as funções dos
advérbios, porém; decorar as funções dos advérbios, além de desgastante, pode não ter o resultado esperado na
36 resolução de questões de concurso.
Dessa forma, sugerimos que você fique atento às principais funções designadas por um advérbio e, a partir
delas, consiga interpretar a função exercida nos enunciados das questões que tratem dessa classe de palavras.
Ainda assim, julgamos pertinente apresentar algumas funções basilares exercidas pelo advérbio:

z Dúvida: Talvez, caso, porventura, quiçá etc.


z Intensidade: Bastante, bem, mais, pouco etc.
z Lugar: Ali, aqui, atrás, lá etc.
z Tempo: Jamais, nunca, agora etc.
z Modo: Assim, depressa, devagar etc.

Novamente, chamamos sua atenção para a função que o advérbio deve exercer na oração. Como dissemos,
essas palavras modificam um verbo, um adjetivo ou um outro advérbio; por isso, para identificar com mais pro-
priedade a função denotada pelos advérbios, é preciso perguntar: Como? Onde? Como? Por quê?
As respostas sempre irão indicar circunstâncias adverbiais expressas por advérbios, locuções adverbiais ou
orações adverbiais.
Vejamos como podemos identificar a classificação/função adequada dos advérbios:

z O homem morreu... de fome (causa); com sua família (companhia); em casa (lugar); envergonhado (modo).
z A criança comeu... demais (intensidade); ontem (tempo); com garfo e faca (instrumento); às claras (modo).

Locuções dverbiais

As locuções adverbiais, como já mostramos anteriormente, são bem semelhantes às locuções adjetivas. É
importante saber que as locuções adverbiais apresentam um valor passivo.
Ex.: Ameaça de colapso.
Nesse exemplo, o termo em negrito é uma locução adverbial, pois o valor é de passividade, ou seja, se inverter-
mos a ordem e inserirmos um verbo na voz passiva, a frase manterá seu sentido. Vejamos:
Colapso foi ameaçado: essa frase faz sentido e apresenta valor passivo, logo, sem o verbo, a locução destaca-
da anteriormente é adverbial.
Ainda sobre esse assunto, perceba que em locuções como esta: “Característica da nação”, o termo destacado
não terá o mesmo valor passivo, pois não aceitará a inserção de um verbo com essa função:
Nação foi característica*: essa frase quebra a estrutura gramatical da língua portuguesa, que não admite voz
passiva em termos com função de posse, caso das locuções adjetivas. Isso torna tal estrutura agramatical, por
isso, inserimos um asterisco (*) para indicar essa característica.

Dica
Locuções adverbiais apresentam valor passivo.
Locuções adjetivas apresentam valor de posse.

Com essa dica, esperamos que você seja capaz de diferenciar essas locuções em questões; ademais, buscamos
desenvolver seu aprendizado para que não seja preciso gastar seu valioso tempo decorando listas de locuções
adverbiais. Lembre-se: o sentido está no texto.

Advérbios Interrogativos

Os advérbios interrogativos são, muitas vezes, confundidos com pronomes interrogativos. Para evitar essa
confusão, devemos saber que os advérbios interrogativos introduzem uma pergunta, exprimindo ideia de tempo,
modo ou causa.

Exs.:
LÍNGUA PORTUGUESA

Como foi a prova?


Quando será a prova?
Onde será realizada a prova?
Por que a prova não foi realizada?

De maneira geral, as palavras como, onde, quando e por que são advérbios interrogativos, pois não substi-
tuem nenhum nome de ser (vivo), exprimindo ideia de modo, lugar, tempo e causa.

Grau do Advérbio

Assim como os adjetivos, os advérbios podem ser flexionados nos graus comparativo e superlativo.
Vejamos as principais mudanças sofridas pelos advérbios quando flexionados em grau: 37
GRAU COMPARATIVO
NORMAL SUPERIORIDADE INFERIORIDADE IGUALDADE
Bem Melhor (mais bem*) - Tão bem
Mal Pior (mais mal*) - Tão mal
Muito Mais - -
Pouco menos - -

Obs.: As formas “mais bem” e “mais mal” são aceitas quando acompanham o particípio verbal.

GRAU SUPERLATIVO

NORMAL ABSOLUTO SINTÉTICO ABSOLUTO ANALÍTICO RELATIVO


Bem Otimamente Muito bem Inferioridade
Mal Pessimamente Muito mal Superioridade
Muito Muitíssimo - Superioridade: o mais
Pouco Pouquíssimo - Superioridade: o menos

Advérbios e Adjetivos

O adjetivo é, como vimos, uma classe de palavras variável, porém, quando se refere a um verbo, ele fica inva-
riável, confundindo-se com o advérbio.
Nesses casos, para ter certeza de qual é classe da palavra, basta tentar colocá-la no feminino ou no plural; caso
a palavra aceite uma dessas flexões, será adjetivo.
Ex.: A cerveja que desce redondo/ As cervejas que descem redondo.
Nesse caso, trata-se de um advérbio.

Palavras Denotativas

São termos que apresentam semelhança aos advérbios, em alguns casos são até classificados como tal, mas
não exercem função modificadora de verbo, adjetivo ou advérbio.
Sobre as palavras denotativas, é fundamental que você saiba identificar o sentido a elas atribuído, pois, geral-
mente, é isso que as bancas de concurso cobram.

z Eis: sentido de designação;


z Isto é, por exemplo, ou seja: sentido de explicação;
z Ou melhor, aliás, ou antes: sentido de ratificação;
z Somente, só, salvo, exceto: sentido de exclusão;
z Além disso, inclusive: sentido de inclusão.

Além dessas expressões, há, ainda, as partículas expletivas ou de realce, geralmente formadas pela forma ser
+ que (é que). A principal característica dessas palavras é que podem ser retiradas sem causar prejuízo sintático
ou semântico na frase. Ex.: Eu é que faço as regras / Eu faço as regras.
Outras palavras denotativas expletivas são: lá, cá, não, é porque etc.

Algumas Observações Interessantes

z O adjunto adverbial deve sempre vir posicionado após o verbo ou complemento verbal, caso venha deslocado,
em geral, separamos por vírgulas.
z Em uma sequência de advérbios terminados com o sufixo -mente, apenas o último elemento recebe a termi-
nação destacada.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (SCT – 2020) Assinale a opção em que as palavras denotativas não foram bem classificadas:

a) A palavra SE, por exemplo, pode ter muitas funções (explicação).


b) Todos saíram exceto o vigia (exclusão).
c) O pároco, isto é, o vigário da nossa paróquia, esteve aqui (de adição).
d) Mesmo eu não sabia de nada (exclusão).
38 e) Ele também participou da homenagem (inclusão).
A expressão “isto é” designa explicação, portanto, o Devemos lembrar que todos os pronomes pessoais
item incorreto é a alternativa C. Resposta: Letra C. são pronomes substantivos; além disso, é importan-
te saber que eu e tu não podem ser regidos por pre-
2. (FCC – 2018) Julgue o item a seguir: posição e que os pronomes ele(s), ela (s), nós e vós
O antônimo de “bem-estar” se constrói com o adjetivo podem ser retos ou oblíquos, dependendo da função
mau. que exercem.
Os pronomes oblíquos tônicos são pronunciados
( ) CERTO ( ) ERRADO com força e precedidos de preposição. Costumam ter
função de complemento:
O contrário de “bem-estar” é “mal-estar”, admitin-
do-se apenas a forma adverbial da palavra. Respos- z 1ª pessoa: Mim, comigo (singular); nós, conosco
ta: Errado. (plural).
z 2ª pessoa: Ti, contigo (singular); vós, convosco
PRONOMES (plural).

Pronomes são palavras que representam ou acom- z 3ª pessoa: Si, consigo (singular ou plural); ele (s), ela (s)
panham um termo substantivo. Dessa forma, a função
dos pronomes é substituir ou determinar uma pala- Importante lembrar que não devemos usar prono-
vra. Os pronomes indicam: pessoas, relações de pos- mes do caso reto como objeto ou complemento ver-
bal, como em: “mate ele”. Contudo, o gramático Celso
se, indefinição, quantidade, localização no tempo, no
Cunha destaca que é possível usar os pronomes do
espaço e no meio textual, entre tantas outras funções.
caso reto como complemento verbal, desde que ante-
Destacamos, ainda, que os pronomes exercem
cedidos pelos vocábulos “todos”, “só”, “apenas” ou
papel importante na análise sintática e também na
“numeral”. Ex.: Encontrei todos eles na festa; Encon-
interpretação textual, pois colaboram para a comple-
trei apenas ela na festa.
mentação de sentido de termos essenciais da oração,
Após a preposição “entre”, em estrutura de reci-
além de estruturar a organização textual, contribuindo
procidade, devemos usar os pronomes oblíquos tôni-
para a coesão e também para a coerência de um texto. cos. Ex.: Entre mim e ele não há segredos.
Pronomes Pessoais Pronomes de Tratamento

Os pronomes pessoais designam as pessoas do dis- Os pronomes de tratamento são formas que expres-
curso; algumas informações relevantes sobre eles são: sam uma hierarquia social institucionalizada linguis-
ticamente. As formas de pronomes de tratamento
PRONOMES PRONOMES apresentam algumas peculiaridades importantes:
PESSOAS DO CASO DO CASO
RETO OBLÍQUO z Vossa: designa a pessoa a quem se fala (relativo a
2ª pessoa), apesar disso, os verbos relacionados a
1º pessoa do Me, mim, esse pronome devem ser flexionados na 3ª pessoa
EU
singular comigo do singular. Ex: Vossa excelência deve conhecer a
Constituição.
2º pessoa do
TU Te, ti, contigo z Sua: designa a pessoa de quem se fala (relativo
singular
a 3ª pessoa). Ex.: Sua excelência, o presidente do
3º pessoa do Se, si, consigo, Supremo Tribunal, fará um pronunciamento hoje
ELE/ELA
singular o, a, lhe à noite.
1ª pessoa do
NÓS Nos, conosco. Como mencionamos anteriormente, os pronomes
plural
de tratamento estabelecem uma hierarquia social na
2º pessoa do linguagem, ou seja, a partir das formas usadas, pode-
VÓS Vos, convosco mos reconhecer o nível de discurso e o tipo de poder
plural
instituídos pelos falantes.
3º pessoa do Se, si, consigo, Por isso, é eficaz reconhecer que alguns pronomes
ELES/ELAS
plural os, as, lhes de tratamento só devem ser utilizados em contextos
cujos interlocutores sejam reconhecidos socialmen-
Os pronomes pessoais do caso reto costumam te por suas funções, como juízes, reis, clérigos, entre
LÍNGUA PORTUGUESA

substituir o sujeito. Ex.: Pedro é bonito / Ele é bonito. outras. Dessa forma, apresentamos alguns pronomes
Já os pronomes pessoais oblíquos costumam funcio- de tratamento com as funções sociais que designam:
nar como complemento verbal ou adjunto. Ex.: Eu a vi
com o namorado; Maura saiu comigo. z Vossa Alteza (V. A.): Príncipes, duques, arquidu-
ques e seus respectivos femininos;
z Os pronomes que estarão relacionados ao objeto z Vossa Eminência (V. Ema.): Cardeais;
direto são: O, a, os, as, me, te, se, nos, vos. Ex.: Infor-
mei-o sobre todas as questões. z Vossa Excelência (V. Exa.): Autoridades do governo
e das Forças Armadas membros do alto escalão;
z Já os que se relacionam com o objeto indireto são:
z Vossa Majestade (V. M.): Reis, imperadores e seus
Lhe, lhes, (me, te, se, nos, vos – complementados
respectivos femininos;
por preposição). Ex.: Já lhe disse tudo (disse tudo
a ele). z Vossa Reverendíssima (V. Rev. Ma.): Sacerdotes; 39
z Vossa Senhoria (V. Sa.): Funcionários públicos gra- z 2ª pessoa: Esse, Esses / Essa, Essas.
duados, oficiais até o posto de coronel, tratamento z 3ª pessoa: Aquele, Aqueles / Aquela, Aquelas.
cerimonioso a comerciantes importantes; z Invariáveis: isto, isso, aquilo.
z Vossa Santidade (V. S.): Papa;
Usamos este, esta, isto para indicar:
z Vossa Excelência Reverendíssima (V. Exa. Revma.):
Bispos. z Referência ao espaço físico, indicando a proximi-
dade de algo ao falante. Ex.: Esta caneta aqui é
Os exemplos acima fazem referência a pronomes minha; Entreguei-lhe isto como prova.
de tratamento e suas respectivas designações sociais
conforme indica o Manual de Redação Oficial da Pre- z Referência ao tempo presente. Ex.: Esta semana
sidência da República; portanto, essas designações começarei a dieta; Neste mês, pagarei a última
devem ser seguidas com atenção quando o gênero prestação da casa.
textual abordado for um gênero oficial. z Referência ao espaço textual. Ex.: Encontrei Joana
Sobre o uso das abreviaturas das formas de trata- e Carla no shopping, esta procurava um presente
mento, é importante destacar: para o marido (o pronome refere-se ao último ter-
O plural de algumas abreviaturas é feito com letras
mo mencionado).
dobradas, como: V. M. / VV. MM.; V. A. / VV. AA.
Porém, na maioria das abreviaturas terminadas
com a letra a, por exemplo, o plural é feito com o Usamos esse, essa, isso para indicar:
acréscimo do s: V. Exa. / V. Exas.; V. Ema. / V.Emas.
O tratamento adequado a Juízes de Direito é Meri- z Referência ao espaço físico, indicando o afasta-
mento de algo de quem fala. Ex.: Essa sua gravata
tíssimo Juiz. O tratamento dispensado ao Presidente
combinou muito com você.
da República nunca deve ser abreviado.
z Pode indicar distância que se deseja manter. Ex.:
Pronomes Indefinidos Não me fale mais nisso; A população não confia
nesses políticos.
Os pronomes indefinidos indicam quantidade de z Referência ao tempo passado. Ex.: Nessa semana,
maneira vaga e sempre devem ser utilizados na 3ª eu estava doente; Esses dias estive em São Paulo.
pessoa do discurso. Os pronomes indefinidos podem
variar e podem ser invariáveis, vejamos: z Referência a algo já mencionado no texto/ na fala.
Ex.: Continuo sem entender o porquê de você ter
z Variáveis: Algum, Alguma / Alguns, Algumas; falado sobre isso; Sinto uma energia negativa nes-
sa sua expressão.
Nenhum, Nenhuma / Nenhuns, Nenhumas; Todo,
Toda/ Todos, Todas; Outro, Outra / Outros, Outras;
Usamos aquele, aquela, aquilo para indicar:
Muito, Muita / Muitos, Muitas; Tanto, Tanta / Tan-
tos, Tantas; Quanto, Quanta / Quantos, Quantas;
z Referência ao espaço físico, indicando afastamen-
Pouco, Pouca / Poucos, Poucas etc.
to de quem fala e de quem ouve. Ex.: Margarete,
z Invariáveis: Alguém; Ninguém; Tudo; Outrem; quem é aquele ali perto da porta?
Nada; Cada; Quem; Menos; Mais; Que.
z Referência a um tempo muito remoto, um passado
muito distante. Ex.: Naquele tempo, podíamos dor-
As palavras certo e bastante serão pronomes mir com as portas abertas; Bons tempos aqueles!
indefinidos quando vierem antes do substantivo, e
serão adjetivos quando vierem depois. Ex.: Busco cer- z Referência a um afastamento afetivo. Ex.: Não
to modelo de carro (Pronome indefinido) / Busco o conheço aquela mulher.
modelo de carro certo (adjetivo). z Referência ao espaço textual, indicando o primeiro
A palavra bastante frequentemente gera dúvida termo de uma relação expositiva. Ex.: Saí para lan-
quanto a ser advérbio, adjetivo ou pronome indefini- char com Ana e Beatriz, esta preferiu beber chá,
do, por isso, fique atento: aquela, refrigerante.

z Bastante (advérbio): será invariável e equivalen- Dica


te ao termo “muito”. Ex.: Elas são bastante famosas.
O pronome “mesmo” não pode ser usado em
z Bastante (adjetivo): será variável e equivalente
função demonstrativa referencial, veja:
ao termo “suficiente”. Ex.: A comida e a bebida não
O candidato fez a prova, porém o mesmo esque-
foram bastantes para a festa.
ceu de preencher o gabarito. ERRADO.
z Bastante (Pronome indefinido): “Bastantes ban- O candidato fez a prova, porém esqueceu de
cos aumentaram os juros” preencher o gabarito. CORRETO.

Pronomes Demonstrativos

Os pronomes demonstrativos indicam a posição e EXERCÍCIO COMENTADO


apontam elementos a que se referem as pessoas do
discurso (1ª, 2ª e 3ª). Essa posição pode ser designa- 1. (FCC – 2018) “Tratando do estado de solidão ou da
da por eles no tempo, no espaço físico ou no espaço necessidade de convívio, Sêneca vê no estado de soli-
textual. dão uma contrapartida da necessidade de convívio,
assim como vê na necessidade de convívio uma aber-
40 z 1ª pessoa: Este, Estes / Esta, Estas. tura para encontrar satisfação no estado de solidão.”
Evitam-se as viciosas repetições do texto acima subs- Para encontrar o possuidor faça-se a seguinte per-
tituindo-se os elementos grifados, na ordem dada, por: gunta: “de quem/do que?” Ex.: Vi o filme cujo dire-
tor ganhou o Óscar (diretor do que? Do filme.); Vi o
a) naquele – desta – nesta – naquele. rapaz cujas pernas você se referiu (pernas de quem?
b) nisso – daquilo – naquela – deste. Do rapaz.)
c) este – do outro – na primeira – no último.
d) nisto – disso – naquela – desse. z Emprego do pronome relativo onde: empregado
e) na primeira – do segundo – numa – noutra. para indicar locais físicos. Ex.: Conheci a cidade
onde meu pai nasceu.
Devemos lembrar das regras de proximidade e dis- Em alguns casos, pode ser preposicionado, assumin-
tância que organizam o uso dos pronomes demons- do as formas aonde e donde. Ex.: Irei aonde você for.
trativos. Resposta: Letra A. O relativo onde pode ser empregado sem antece-
dente. Ex.: O carro atolou onde não havia ninguém.
Pronomes Relativos
z Emprego de o qual: o pronome relativo o qual e
Uma das classes de pronomes mais complexas, os suas variações (os quais, a qual, as quais) é usa-
pronomes relativos têm função muito importante na do em substituição a outros pronomes relativos,
língua, refletida em assuntos de grande relevância sobretudo o que, a fim de evitar fenômenos lin-
em concursos, como a análise sintática. Dessa forma, guísticos, como queísmo. Ex.: O Brasil tem um pas-
é essencial conhecer adequadamente a função desses sado do qual (que) ninguém se lembra.
elementos a fim de saber utilizá-los corretamente.
O pronome o qual pode auxiliar na compreensão
Os pronomes relativos referem-se a um substantivo
textual, desfazendo estruturas ambíguas.
ou a um pronome substantivo, mencionado anterior-
mente. A esse nome (substantivo ou pronome mencio-
Pronomes Interrogativos
nado anteriormente) chamamos de antecedente.
São pronomes relativos:
São utilizados para introduzir uma pergunta ao tex-
to e se apresentam de formas variáveis (Que? Quais?
z Variáveis: O qual, os quais, cujo, cujos, quanto,
quantos / A qual, as quais, cuja, cujas, quanta, Quanto? Quantos?) e invariáveis (Que? Quem?). Ex.:
quantas. O que é aquilo? Quem é ela? Qual sua idade? Quantos
anos tem seu pai?
z Invariáveis: Que, quem, onde, como. O ponto de exclamação só é usado nas interrogati-
z Emprego do pronome relativo que: pode ser asso- vas diretas. Nas indiretas, aparece apenas a intenção
ciado a pessoas, coisas ou objetos. Ex.: Encontrei interrogativa, indicada por um verbo como: pergun-
o homem que desapareceu; O cachorro que esta- tar, indagar etc. Ex.: Indaguei quem era ela.
va doente morreu; A caneta que emprestei nunca Os pronomes interrogativos que e quem são pro-
recebi de volta. nomes substantivos.

Em alguns casos, há a omissão do antecedente do Pronomes Possessivos


relativo que. Ex.: Não teve que dizer (não teve nada
que dizer). Os pronomes possessivos referem-se às pessoas do
discurso e indicam posse:
z Emprego do relativo quem: seu antecedente deve
ser uma pessoa ou objeto personificado. Ex.: Fomos 1ª pessoa Meu, minha, meus, minhas
nós quem fizemos o bolo. SINGULAR 2ª pessoa Teu, tua, teus, tuas
O pronome relativo quem pode fazer referência a algo 3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
subentendido: Quem cala consente (aquele que cala).
1ª pessoa Nosso, nossa, nossos, nossas
z Emprego do relativo quanto: seu antecedente PLURAL 2ª pessoa Vosso, vossa, vossos, vossas
deve ser um pronome indefinido ou demonstra- 3ª pessoa Seu, sua, seus, suas
tivo, pode sofrer flexões. Ex.: Esqueci-me de tudo
quanto foi me ensinado; Perdi tudo quanto pou- Os pronomes pessoais oblíquos (me, te, se, lhe, o,
pei a vida inteira. a, nos, vos) também podem atribuir valor possessivo
z Emprego do relativo cujo: deve ser empregado a uma coisa. Ex.: Apertou-lhe a mão (a sua mão). Ain-
para indicar posse e aparecer relacionando dois da que o pronome esteja ligado ao verbo pelo hífen, a
relação do pronome é com o objeto da posse.
LÍNGUA PORTUGUESA

termos que devem ser um possuidor e uma coisa


possuída. Ex.: A matéria cuja aula faltei foi Língua Outras funções dos pronomes possessivos:
portuguesa (o relativo cuja está ligando aula (pos-
suidor) a matéria (coisa possuída). z Delimitam o substantivo a que se referem;
z Concordam com o substantivo que vem depois dele;
O relativo cujo deve concordar em gênero e núme-
z Não concordam com o referente;
ro com a coisa possuída.
Jamais devemos inserir um artigo após o pronome z O pronome possessivo que acompanha o substan-
cujo: Cujo o, cuja a tivo exerce função sintática de adjunto adnominal.
Não podemos substituir cujo por outro pronome
relativo; Colocação Pronominal
O pronome relativo cujo pode ser preposiciona-
do. Ex.: Esse é o vilarejo por cujos caminhos percorri. Estudo da posição dos pronomes na oração. 41
z Próclise: pronome posicionado antes do verbo. Modos

Casos que atraem o pronome para próclise: Indica a atitude da ação/sujeito frente a uma rela-
ção enunciada pelo verbo.
„ Palavras negativas: nunca, jamais, não. Ex.:
Não me submeto a essas condições. z Indicativo: exprime atitude de certeza. Ex.: Estu-
„ Pronomes indefinidos, demonstrativos, rela- dei muito para ser aprovado.
tivos. Ex: Foi ela que me colocou nesse papel. z Subjuntivo: exprime atitude de dúvida, desejo ou
„ Conjunções subordinativas. Ex.: Embora se possibilidade. Ex.: Se eu estudasse, seria aprovado.
apresente como um rico investidor, ele nada tem.
„ Gerúndio precedido da preposição em. Ex: Em z Imperativo: designa ordem, convite, conselho, súpli-
se tratando de futebol, Maradona foi um ídolo. ca ou pedido. Ex.: Estuda! Assim, serás aprovado.
„ Infinitivo pessoal preposicionado. Ex.:
Na esperança de sermos ouvidos, muito lhe Tempos
agradecemos.
O tempo designa o recorte temporal em que a ação
„ Orações interrogativas, exclamativas, opta-
verbal foi realizada. Basicamente, podemos indicar
tivas (exprimem desejo). Ex.: Como te iludes!
o tempo dessa ação no Passado, Presente ou Futuro.
Porém, existem ramificações específicas.
z Mesóclise: pronome posicionado no meio do verbo.
z Presente: pode expressar não apenas um fato
Casos que atraem o pronome para mesóclise: atual, como também uma ação habitual. Ex.:
Os pronomes devem ficar no meio dos verbos que Estudo todos os dias no mesmo horário.
estejam conjugados no futuro, caso não haja nenhum Uma ação passada.
motivo para uso da próclise. Ex.: “Dar-te-ei meus bei- Ex.: Vargas assume o cargo e instala uma ditadura.
jos agora...” Uma ação futura.
Ex.: Amanhã, estudo mais! (equivalente a estudarei)
z Ênclise: pronome posicionado após o verbo.
z Pretérito perfeito: ação realizada plenamente no
Casos que atraem o pronome para ênclise: passado. Ex.: Estudei até ser aprovado.
Pretérito imperfeito: ação inacabada, que
pode indicar uma ação frequentativa, vaga ou du-
„ Início de frase ou período. Ex.: Sinto-me mui-
rativa. Ex.: Estudava todos os dias.
to honrada com esse título.
Pretérito mais-que-perfeito: ação anterior
„ Imperativo afirmativo. Ex.: Sente-se, por favor.
à outra mais antiga. Ex.: Quando notei, a água já
„ Advérbio virgulado. Ex.: Talvez, diga-me o
transbordara da banheira.
quanto sou importante.
z Futuro do presente: indica um fato que deve ser
Casos proibidos: Início de frase: Me dá esse cader- realizado em um momento vindouro. Ex.: Estuda-
no! (errado) / Dá-me esse caderno! (certo). rei bastante ano que vem.
Depois de ponto e vírgula: Falou pouco; se lembrou z Futuro do pretérito: expressa um fato posterior
de nada (errado) / Falou pouco; lembrou-se de nada em relação a outro fato já passado. Ex.: Estudaria
(correto). muito, se tivesse me planejado.
Depois de particípio: Tinha lembrado-se do fato
(errado) / Tinha se lembrado do fato (correto). A partir dessas informações, podemos também iden-
tificar os verbos conjugados nos tempos simples e nos
VERBOS tempos compostos. Os tempos verbais simples são for-
mados por uma única palavra, ou verbo, conjugado no
Certamente, a classe de palavras mais complexa e presente, passado ou futuro; já os tempos compostos são
importante dentre as palavras da língua portuguesa é formados por dois verbos, um auxiliar e um principal,
o verbo. A partir dos verbos, são estruturados as ações nesse caso, o verbo auxiliar é o único a sofrer flexões.
Agora, vamos conhecer as desinências modo-temporais
e os agentes desses atos, além de ser uma importante
dos tempos simples e compostos, respectivamente:
classe sempre abordada nos editais de concursos; por
isso; fique atento às nossas dicas.
Flexões modo-temporais – tempos simples
Os verbos são palavras variáveis que se flexionam
em número, pessoa, modo e tempo, além da designa-
ção da voz que exprime uma ação, um estado ou um MODO MODO
TEMPO
fato. INDICATIVO SUBJUNTIVO
As flexões verbais são marcadas por desinências -e(1ªconjugação)
que podem ser: número-pessoal, indicando se o Presente * e -a ( 2ª e 3ª
verbo está no singular ou plural, bem como em qual conjugações)
pessoa verbal foi flexionado (1ª, 2ª ou 3ª); modo-tem-
Pretérito -ra(3ª pessoa do
poral, que indica em qual modo e tempo verbais a *
perfeito plural)
ação foi realizada; iremos apresentar estas desinên-
cias a seguir. Antes, porém, de abordarmos as desi- -va (1ª conjuga-
Pretérito
nências modo-temporais, precisamos explicar o que ção) -ia (2ª e 3ª -sse
imperfeito
42 são o modo e o tempo verbais: conjugações)
„ Pessoal: o infinitivo pessoal é passível de con-
MODO MODO
TEMPO jugação, pois está ligado às pessoas do discurso.
INDICATIVO SUBJUNTIVO
É usado na formação de orações reduzidas. Ex.:
Pretérito Comer eu; Comermos nós; É para aprenderem
mais-que-per- -ra * que ele ensina.
feito „ Impessoal: não é passível de flexão. É o nome
do verbo, servindo para indicar apenas a con-
Futuro -rá e -re -r
jugação. Ex.: Estudar - 1ª conjugação; Comer - 2ª
Futuro do conjugação; Partir - 3ª conjugação.
-ria *
pretérito
O infinitivo impessoal forma locuções verbais ou
* Nem todas as formas verbais apresentam desi- orações reduzidas.
nências modo-temporais.
„ Locuções verbais: sequência de dois ou mais ver-
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos bos que funcionam como um verbo. Ex.: Ter de
(Indicativo) + verbo principal no infinitivo: Ter de trabalhar
para pagar as contas; Haver de + verbo principal
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER no infinitivo: Havemos de encontrar uma solução.
(presente do indicativo) + verbo principal particí-
pio. Ex.: Tenho estudado. Não confunda locuções verbais com tempos com-
postos. O particípio formador de tempo composto na
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi- voz ativa não se flexiona. Ex.: O homem teria realiza-
liar: TER (pretérito imperfeito do indicativo) + ver- do sua missão.
bo principal no particípio. Ex.: Tinha passado.
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro do Classificação dos Verbos
indicativo) + verbo principal no particípio. Ex.:
Terei saído. Os verbos são classificados quanto a sua forma de
conjugação e podem ser divididos em: regulares, irre-
z Futuro do pretérito composto: Verbo auxiliar: TER gulares, anômalos, abundantes, defectivos, pronomi-
(futuro do pretérito simples) + verbo principal no nais, reflexivos, impessoais e os auxiliares, além das
particípio. Ex.: Teria estudado. formas nominais. Vamos conhecer as particularida-
des de cada um a seguir:
Flexões Modo-Temporais – Tempos Compostos
(Subjuntivo) z Regulares: os verbos regulares são os mais fáceis
de compreender, pois apresentam regularidade no
z Pretérito perfeito composto: Verbo auxiliar: TER uso das desinências, ou seja, as terminações ver-
(presente o subjuntivo) + Verbo principal particí- bais. Da mesma forma, os verbos regulares man-
pio. Ex.: (que eu) Tenha estudado. têm o paradigma morfológico com o radical, que
permanece inalterado. Ex.: Verbo cantar.
z Pretérito mais-que-perfeito composto: Verbo auxi-
liar: TER (pretérito imperfeito do subjuntivo) +
verbo principal no particípio. Ex.: (se eu) Tivesse PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
estudado INDICATIVO
Eu canto Cantei
z Futuro composto: Verbo auxiliar: TER (futuro sim-
ples do subjuntivo) + verbo principal no particípio. Tu cantas Cantaste
Ex.: (quando eu) tiver estudado. Ele/ você canta Cantou
Nós cantamos Cantamos
Formas Nominais do Verbo e Locuções Verbais
Vós cantais Cantastes
As formas nominais do verbo são as formas infi- Eles/ vocês cantam Cantaram
nitiva, particípio e gerúndio que eles assumem em
determinados contextos. São chamadas nominais pois z Irregulares: os verbos irregulares apresentam
funcionam como substantivos, adjetivo ou advérbios. alteração no radical e nas desinências verbais, por
isso recebem esse nome, pois sua conjugação ocor-
z Gerúndio: é marcado pela terminação -NDO, seu re irregularmente, seguindo um paradigma pró-
LÍNGUA PORTUGUESA

valor indica duração de uma ação e, por vezes, prio para cada grupo verbal. Perceba como ocorre
pode funcionar como um advérbio ou um adjetivo. uma sutil diferença na conjugação do verbo estar
Ex.: Olhando para seu povo, o presidente se que utilizamos como exemplo, isso é importante
compadeceu. para não confundir os verbos irregulares com os
z Particípio: é marcado pelas terminações -ado, verbos anômalos. Ex.: Verbo estar.
-ido, -do, -to, -go, -so, corresponde nominalmente
ao adjetivo, pode flexionar-se, em alguns casos, em
PRETÉRITO PERFEITO
número e gênero. PRESENTE INDICATIVO
INDICATIVO
Ex.: A Índia foi colonizada pelos ingleses.
z Infinitivo: forma verbal que indica a própria ação Eu estou Estive
do verbo, ou o estado, ou, ainda, o fenômeno desig-
Tu estás Esteves
nado. Pode ser pessoal ou impessoal. 43
Verbos que expressam onomatopeias ou fenôme-
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO nos temporais também apresentam essa caracte-
INDICATIVO
rística, como latir, bramir, chover.
Ele/ você está Esteve � Pronominais: esses verbos apresentam um pro-
Nós estamos Estivemos nome oblíquo átono integrando sua forma verbal;
é importante lembrar que esses pronomes não
Vós estais Estiveste apresentam função sintática. Predominantemen-
te, os verbos pronominas apresentam transitivida-
Eles/ vocês estão Estiveram
de indireta, ou seja, são VTI. Ex.: Sentar-se

z Anômalos: esses verbos apresentam profundas


alterações no radical e nas desinências verbais, PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO
consideradas anomalias morfológicas, por isso, INDICATIVO
recebem essa classificação. Um exemplo bem Eu me sento Sentei-me
usual de verbos dessa categoria é o verbo ser. Na
língua portuguesa, apenas dois verbos são classi- Tu te sentas Sentaste-te
ficados dessa forma, os verbos ser e ir. Vejamos a
Ele/ você se senta Sentou-se
conjugação do verbo ser:
Nós nos sentamos Sentamo-nos
PRETÉRITO PERFEITO
PRESENTE INDICATIVO Vós vos sentais Sentastes-vos
INDICATIVO
Eles/ vocês se sentam Sentaram-se
Eu sou Fui

Tu és Foste z Reflexivos: são os verbos que apresentam pro-


nome oblíquo átono reflexivo, funcionando sinta-
Ele/ você é Foi
ticamente como objeto direto ou indireto. Nesses
Nós somos Fomos verbos, o sujeito sofre e pratica a ação verbal ao
mesmo tempo. Ex.: Ela se veste mal; Nós nos cum-
Vós sois Fostes primentamos friamente.
Eles/ vocês são Foram z Impessoais: são verbos que designam fenômenos
da natureza, como chover, trovejar, nevar etc.
Os verbos ser e ir são irregulares, porém, apresen-
tam uma forma específica de irregularidade, que oca- O verbo haver com sentido de existir ou marcando
siona uma anomalia em sua conjugação, por isso, são tempo decorrido também será impessoal. Ex.: Havia
classificados como anômalos. muitos candidatos e poucas vagas; Há dois anos, fui
aprovado em concurso público.
z Abundantes: são formas verbais abundantes os Os verbos ser e estar também são verbos impes-
verbos que apresentam mais de uma forma de soais, quando designam fenômeno climático ou tempo.
particípio aceitas pela norma culta gramatical. Ex.: Está muito quente!; Era tarde quando chegamos.
Geralmente, apresentam uma forma de particípio O verbo ser para indicar hora, distância ou data
regular e outra irregular; falaremos disso poste- concorda com esses elementos.
riormente, quando trataremos das formas nomi- O verbo fazer também poderá ser impessoal,
nais do verbo. Vejamos alguns verbos abundantes: quando indicar tempo decorrido ou tempo climáti-
co. Ex.: Faz anos que estudo para concursos; Aqui faz
PARTICÍPIO PARTICÍPIO muito calor.
INFINITIVO
REGULAR IRREGULAR Os verbos impessoais não apresentam sujeito; sin-
taticamente, classificamos como sujeito inexistente.
Acender Acendido Aceso

Afligir Afligido Aflito Dica


Corrigir Corrigido Correto O verbo ser será impessoal quando o espaço
sintático ocupado pelo sujeito não estiver preen-
Encher Enchido Cheio
chido: “Já é natal”. Segue o mesmo paradigma
Fixar Fixado Fixo do verbo fazer, podendo ser impessoal, tam-
bém, o verbo IR: “vai uns bons anos que não vejo
� Defectivos: são verbos que não apresentam algu- Mariana”
mas pessoas conjugadas em suas formas, gerando
um defeito na conjugação, por isso o nome. São z Verbos Auxiliares: os verbos auxiliares são
defectivos os verbos colorir, precaver, reaver. empregados nas formas compostas dos verbos e
Esses verbos não são conjugados na primeira pes- também nas locuções verbais. Os principais verbos
soa do singular do presente do indicativo. Bem auxiliares dos tempos compostos são ter e haver.
como: Aturdir, exaurir, explodir, esculpir, extor-
quir, feder, fulgir, delinquir, demolir, puir, ruir, Nas locuções, os verbos auxiliares determinam a
computar, colorir, carpir, banir, brandir, bramir, concordância verbal, porém, o verbo principal deter-
44 soer. mina a regência estabelecida na oração.
Apresentam forte carga semântica que indica No último caso, a voz reflexiva é também chamada
modo e aspecto da oração; tratamos mais desse assun- de recíproca, por isso, fique atento.
to no tópico verbos auxiliares no final da gramática. Não confunda os verbos pronominais com as
São importantes na formação da voz passiva vozes verbais. Os verbos pronominais que indicam
analítica. sentimentos, como arrepender-se, queixar-se, dignar-
-se, entre outros acompanham um pronome que faz
z Formas Nominais: na língua portuguesa, usamos parte integrante do seu significado, diferentemente
três formas nominais dos verbos: das vozes verbais que acompanham o pronome SE
com função sintática própria.
„ Gerúndio: terminação -NDO. Apresenta valor
durativo da ação e equivale a um advérbio ou Outras funções do “SE”
adjetivo. Ex.: Minha mãe está rezando.
„ Particípio: terminações: -ADO, -IDO, -DO, -TO, Como vimos, o SE pode funcionar como item essen-
-GO, -SO. Apresenta valor adjetivo e pode ser cial na voz passiva; além dessa função, esse elemento
classificado em particípio regular e irregular, também acumula outras atribuições. Vejamos:
sendo as formas regulares finalizadas em -ADO
e -IDO. z Partícula apassivadora: a voz passiva sintética é
feita com verbos transitivos direto (TD) ou transiti-
A norma culta gramatical recomenda o uso do par- vos direto indireto (TDI). Nessa voz, incluímos o SE
ticípio regular com os verbos ter e haver, já com os junto ao verbo, por isso o elemento SE é designado
verbos ser e estar, recomenda-se o uso do particípio partícula apassivadora, nesse contexto. Ex.: Busca-
irregular. Ex.: Os policiais haviam expulsado os ban- -se a felicidade (voz passiva sintética) – SE (partícu-
didos / Os traficantes foram expulsos pelos policiais. la apassivadora)
O SE exercerá essa função apenas:
„ Infinitivo: marca as conjugações verbais.
AR: verbos que compõem a 1ª conjugação (AmAR, „ Com verbos cuja transitividade seja TD ou TDI;
PasseAR); „ Verbos concordam com o sujeito;
ER: verbos que compõem a 2ª conjugação (ComER, „ Com a voz passiva sintética.
pÔR);
IR: verbos que compõem a 3ª conjugação (Par- Lembramos que na voz passiva nunca haverá objeto
tIR, SaIR) direto (OD), pois ele se transforma em sujeito paciente.
O verbo pôr corresponde à segunda conjuga-
ção, pois origina-se do verbo poer, o mesmo
acontece com verbos que deste derivam. z Índice de indeterminação do sujeito: o SE fun-
cionará nessa condição quando não for possível
identificar o sujeito explícito ou subentendido.
Vozes verbais
Além disso, não podemos confundir essa função
do SE com a de apassivador, já que para ser índi-
As vozes verbais definem o papel do sujeito na
ce de indeterminação do sujeito a oração precisa
oração, demonstrando se o sujeito é o agente da ação
verbal ou se ele recebe a ação verbal. estar na voz ativa.
Outra importante característica do SE como índi-
ce de indeterminação do sujeito ocorre em verbos
z Ativa: O sujeito é o agente, praticando a ação ver-
bal. Ex.: O policial deteve os bandidos. transitivos indiretos, verbos intransitivos ou verbos
de ligação. Além disso, o verbo sempre deverá estar
z Passiva: O sujeito é paciente, sofre a ação verbal. na 3ª pessoa do singular. Ex.: Acredita-se em Deus.
Ex.: Os bandidos foram detidos pelo policial – pas-
siva analítica; Detiveram-se os criminosos – pas- z Pronome reflexivo: na função de pronome refle-
siva sintética. xivo, a partícula SE indicará reflexão ou recipro-
z Reflexiva: O sujeito é agente e paciente ao mesmo cidade, auxiliando a construção dessas vozes
tempo, pois o sujeito pratica e recebe a ação ver- verbais, respectivamente. Nessa função, suas prin-
bal. Ex.: Os bandidos se entregaram à polícia. cipais características são:
z Recíproca: O sujeito é agente e paciente ao mesmo „ Sujeito recebe e pratica a ação;
tempo, porém percebemos que há uma ação com- „ funcionará, sintaticamente, como objeto direto
partilhada entre dois indivíduos. Ex.: Os bandidos ou indireto;
se olharam antes do julgamento. „ o sujeito da frase poderá estar explícito ou
implícito. Ex.: Ele se via no espelho / Deu-se um
A voz passiva é realizada a partir da troca de presente de aniversário.
funções entre sujeito e objeto da voz ativa; falamos
LÍNGUA PORTUGUESA

melhor desse processo no capítulo funções do SE em z Parte integrante do verbo: nesses casos, o SE será
verbos transitivos direto. parte integrante dos verbos pronominais, acompa-
Só podemos transformar uma frase da voz ativa nhando-o em todas as suas flexões. Quando o SE
para a voz passiva se o verbo for transitivo direto ou
exerce essa função, jamais terá uma função sin-
transitivo direto e indireto, logo, só há voz passiva
tática. Além disso, o sujeito da frase poderá estar
com a presença do objeto direto.
explícito ou implícito. Ex.: (Ele/a) Lembrou-se da
A voz reflexiva indica uma ação praticada e rece-
mãe, quando olhou a filha.
bida pelo sujeito ao mesmo tempo; essa relação pode
ser alcançada com apenas um indivíduo que pratica e z Partícula de realce: será partícula de realce o SE
sofre a ação. Ex.: O menino se agrediu. que puder ser retirado do contexto sem prejuízo no
Ou a ação pode ser compartilhada entre dois ou mais sentido e na compreensão global do texto. A partícu-
indivíduos que praticam e sofrem a ação. Ex.: Apesar la de realce não exerce função sintática, pois é desne-
do ódio mútuo, os candidatos se cumprimentaram. cessária. Ex.: Vão-se os anéis, ficam-se os dedos. 45
z Conjunção: o SE será conjunção condicional, quan-
do sugerir a ideia de condição. A conjunção SE exer- PRESENTE - INDICATIVO
ce função de conjunção integrante, apenas ligando Eu Ponho
as orações e poderá ser substituída pela conjunção
caso. Ex.: Se ele estudar, irá ser aprovado. Tu Pões
Ele/Você Põe
Conjugação de Verbos Derivados
Nós Pomos
Vamos conhecer agora alguns verbos cuja conjuga- Vós Pondes
ção apresenta paradigma derivado, auxiliando a com-
preensão dessas conjugações verbais. Eles/Vocês Põem
O verbo criar é conjugado da mesma forma que os
verbos “variar”, “copiar”, “expiar” e todos os demais São conjugados da mesma forma os verbos: dispor,
que terminam em -iar. Os verbos com essa termina- interpor, sobrepor, compor, opor, repor, transpor, en-
ção são, predominantemente, regulares. trepor, supor.

PRESENTE - INDICATIVO
EXERCÍCIO COMENTADO
Eu Crio
1. (FCC – 2018) “Uma tendência que já coroava as edi-
Tu Crias ções anteriores do prêmio”.
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo do que
Ele/Você Cria
se encontra acima está sublinhado em:
Nós Criamos
a) Por meio do qual definia uma suposta obra de arte.
Vós Criais b) O novo prêmio atenderia o mercado.
c) Ou o que o contraria.
Eles/Vocês Criam d) O leitor elegerá títulos apenas entre os finalistas.
e) Ele contempla os títulos com mais chance.
Os verbos terminados em -ear, por sua vez, geral-
mente, são irregulares e apresentam alguma modi-
“Coroava”, assim como “definia”, está conjugado no
ficação no radical ou nas desinências. Assim como o
pretérito imperfeito do indicativo. Resposta: Letra A.
verbo passear, são derivados dessa terminação os
verbos:
PREPOSIÇÕES

PRESENTE - INDICATIVO Conceito


Eu Passeio
São palavras invariáveis que ligam orações ou
Tu Passeias outras palavras. As preposições apresentam funções
importantes tanto no aspecto semântico quanto no
Ele/Você Passeia aspecto sintático, pois complementam o sentido de
verbos e/ou palavras cujo sentido pode ser alterado
Nós Passeamos
sem a presença da preposição, modificando a transiti-
Vós Passeais vidade verbal e colaborando para o preenchimento de
sentido de palavras deverbais1.
Eles/Vocês Passeiam As preposições essenciais são: a, ante, até, após,
com, contra, de, desde, em, entre, para, per, peran-
Conjugação de Alguns Verbos te, por, sem, sob, trás.
Existem, ainda, as preposições acidentais, assim
Vamos agora conhecer algumas conjugações de chamadas pois pertencem a outras classes gramaticais,
verbos irregulares importantes, que sempre são obje- mas, ocasionalmente, funcionam como preposições.
to de questões em concursos. Eis algumas: afora, conforme (quando equivaler a
Fazem paradigma com o verbo aderir, mantendo “de acordo com”), consoante, durante, exceto, salvo,
as mesmas desinências desse verbo, as formas segundo, senão, mediante, que, visto (quando equi-
valer a “por causa de”).
PRESENTE - INDICATIVO
Locuções Prepositivas
Eu Adiro
São grupos de palavras que equivalem a uma pre-
Tu Aderes
posição. Ex.: Falei sobre o tema da prova; Falei acerca
Ele/Você Adere do tema da prova.
A locução prepositiva na segunda frase substitui
Nós Aderimos perfeitamente a preposição sobre. As locuções pre-
positivas sempre terminam em uma preposição, e há
Vós Aderis apenas uma exceção: a locução prepositiva com sen-
tido concessivo “não obstante”. A seguir, elencamos
Eles/Vocês Aderem
alguns exemplos de locuções prepositivas:
1 Palavras deverbais são substantivos que expressam, de forma nominal e abstrata, o sentido de um verbo com o qual mantêm relação.
Exemplo: A filmagem, O pagamento, A falência etc. Geralmente, os nomes deverbais são acompanhados por preposições e, sintaticamente, o
46 termo que completa o sentido desses nomes é conhecido como complemento nominal.
Abaixo de; acerca de; acima de; devido a; a despeito Ex.: Concordo com o advogado (preposição exigida
de; adiante de; defronte de; embaixo de; em frente de; pela regência do verbo concordar).
graças a; junto de; perto de; por entre; por trás de; quan- Tenho medo da queda (preposição exigida pelo
to a; a fim de; a respeito de; por meio de; em virtude de. complemento nominal).
Algumas locuções prepositivas apresentam seme- Estou desconfiado do funcionário (preposição exi-
lhanças morfológicas, mas significados completamen-
gida pelo adjetivo).
te diferentes, como:
Fui favorável à eleição (preposição exigida pelo
A opinião dos diretores vai ao encontro do pla-
nejamento inicial = Concordância. / As decisões do advérbio).
público foram de encontro à proposta do programa Em todos esses casos, a preposição mantém uma
= Discordância. relação sintática com a classe de palavras a qual se liga,
Em vez de comer lanches gordurosos, coma frutas sendo, portanto, obrigatória sua presença na sentença.
= substituição. / Ao invés de chegar molhado, chegou De modo oposto, as preposições cujo valor nocio-
cedo = oposição. nal é preponderante apresentam uma modificação
no sentido da palavra a qual se liga. Elas não são
Fonte: instagram.com/academiadotexto. Acessado em: 19/11/2020.
componentes obrigatórios na construção da senten-
ça, divergindo das preposições de valor relacional.
Combinações e Contrações
As preposições de valor nocional estabelecem uma
As preposições podem ser contraídas com outras noção de posse, causa, instrumento, matéria, modo
classes de palavras, veja: etc. Vejamos algumas:

z Preposição + artigo:
VALOR NOCIONAL DAS
A + a, as, o, os: à, às, ao, aos. SENTIDO
PREPOSIÇÕES
De + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: da, das,
do, dos, dum, duns, duma, dumas. Posse Carro de Marcelo
Por + a, as, o, os: pela, pelas, pelo, pelos.
Em + a, as, o, os, um, uns, uma, umas: na, nas, O cachorro está sob a
Lugar
no, nos, num, nuns, numa, numas. mesa

z Preposição + pronome demonstrativo: Votar em branco, chegar


Modo
A + aquele, aquela, aqueles, aquelas, aquilo: aos gritos
àquele, àqueles, àquela, àquelas, àquilo. Causa Preso por estupro
Em + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, es-
ses, essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, Assunto Falar sobre política
aquilo: neste, nesta, nestes, nestas, nisto, nesse,
Descende de família
nessa, nesses, nessas, nisso, naquele, naquela, Origem
simples
naqueles, naquelas, naquilo.
De + este, esta, estes, estas, isto, esse, essa, es- Olhe para frente! Iremos
ses, essas, isso, aquele, aquela, aqueles, aquelas, Destino
a Paris
aquilo: deste, desta, destes, destas, disto, desse,
dessa, desses, dessas, disso, daquele, daquela,
daqueles, daquelas, daquilo.
z Preposição + advérbio: EXERCÍCIO COMENTADO
De + aqui, ali, além: daqui, dali, dalém.
1. (FCC – 2018) Observe as seguintes passagens:
z Preposição + pronomes pessoais:
Em + ele, ela, eles, elas: nele, nela, neles, nelas.
I. Para o comitê, Brasília era um marco do desenvolvi-
De + ele, ela, eles, elas: dele, dela, deles, delas.
mento moderno.
z Preposição + pronome relativo: II. Mas, para ganhar o título de patrimônio mundial, preci-
A + onde: aonde. sava de leis...
III. Criadas por Lucio Costa para organizar o sítio urbano...
z Preposição + pronomes indefinidos:
IV. Para muitos, o Plano Piloto lembra um avião.
De + outro, outras: doutro, doutros, doutra, doutras.
LÍNGUA PORTUGUESA

Algumas Relações Semânticas Estabelecidas por Considerando-se o contexto, o vocábulo para exprime
Preposições ideia de finalidade em:

É importante ressaltar que as preposições podem a) I e III, apenas.


apresentar valor relacional ou podem atribuir um b) I, II e IV, apenas.
valor nocional. As preposições que apresentam um c) III e IV, apenas.
valor relacional cumprem uma relação sintática d) II e III, apenas.
com verbos ou substantivos, que, em alguns casos, são e) I, II, III e IV.
chamados deverbais, conforme já mencionamos ante-
riormente. Essa mesma relação sintática pode ocorrer A preposição “para” indicará finalidade quando puder
com adjetivos e advérbios, os quais também apresen- ser substituída pela locução “a fim de”, como ocorre
tarão função deverbal. nos itens II e III. Resposta: Letra D. 47
CONJUNÇÕES z Causal: Haja vista, que, porque, pois, porquanto,
visto que, uma vez que, como (equivale a porque)
Assim como as preposições, as conjunções também etc. Ex.: Como não era vaidosa, nunca se arrumava.
são invariáveis e também auxiliam na organização
das orações, ligando termos e, em alguns casos, ora- z Consecutiva: Que (depois de tal, tanto, tão), de
ções. Por manterem relação direta com a organização modo que, de forma que, de sorte que etc. Ex.:
das orações nas sentenças, as conjunções podem ser: Estudei tanto que fiquei com dor de cabeça.
coordenativas ou subordinativas.
z Comparativa: Como, que nem, que (depois de
Conjunções Coordenativas mais, menos, melhor, pior, maior) etc. Ex.: Corria
como um touro.
As conjunções coordenativas são aquelas que
ligam orações coordenadas, ou seja, orações que não z Conformativa: Conforme, como, segundo, de
fazem parte de uma outra ou, em alguns casos, essas acordo com, consoante etc. Ex.: Tudo ocorreu con-
conjunções ligam núcleos de um mesmo termo da ora- forme o planejado.
ção. As conjunções coordenadas podem ser:
z Concessiva: Embora, conquanto, ainda que, mes-
z Aditivas: E, nem, bem como, não só, mas também, mo que, em que pese, posto que etc. Ex.: Teve que
não apenas, como ainda, senão (após não só). Ex.: aceitar a crítica, conquanto não tivesse gostado.
Não fiz os exercícios nem revisei. O gato era o pre-
ferido, não só da filha, senão de toda família. z Condicional: Se, caso, desde que, contanto que,
z Adversativa: Mas, porém, contudo, todavia, entre- a menos que, somente se etc. Ex.: Se eu quisesse
tanto, não obstante, senão (equivalente a mas). Ex.:
falar com você, teria respondido sua mensagem.
Não tenho um filho, mas dois. A culpa não foi a
população, senão dos vereadores (equivale a “mas z Proporcional: À proporção que, à medida que,
sim”).
quanto mais...mais, quanto menos...menos etc. Ex.:
Quanto mais estudo, mais chances tenho de ser
„ Importante: a conjunção E pode apresentar
valor adversativo, principalmente quando é aprovado.
antecedido por vírgula: Estava querendo dor-
z Final: Final, para que, a fim de que etc. Ex.: A pro-
mir, e o barulho não deixava.
fessora dá exemplos para que você aprenda!
z Alternativas: Ou, ou...ou, quer...quer, seja...seja, z Temporal: Quando, enquanto, assim que, até que,
ora...ora, já...já. Ex.: Estude ou vá para a festa. Seja
mal, logo que, desde que etc. Ex.: Quando viajei
por bem, seja por mal, vou convencê-la.
para Fortaleza, estive na Praia do Futuro. Mal che-
„ Importante: a palavra senão pode funcionar guei à cidade, fui assaltado.
como conjunção alternativa: Saia agora, senão
chamarei os guardas! (podemos trocá-la por ou). Os valores semânticos das conjunções não se
prendem às formas morfológicas desses elementos.
z Explicativas: Que, porque, pois, (se vier no início O valor das conjunções é construído contextualmen-
da oração), porquanto. Estude, porque a caneta é
te, por isso, é fundamental estar atento aos sentidos
mais leve que a enxada!
estabelecidos no texto. Ex.: Se Mariana gosta de você,
„ Importante: Pois com sentido explicativo ini- por que você não a procura? (SE = causal = já que);
cia uma oração e justifica outra. Ex.: Volte, pois Por que ficar preso na cidade, quando existe tanto ar
sinto saudades. puro no campo. (quando = causal = já que).

Pois conclusivo fica após o verbo, deslocado entre Conjunções Integrantes


vírgulas: Nessa instabilidade, o dólar voltará, pois, a
subir.
As conjunções integrantes fazem parte das orações
z Conclusiva: Logo, portanto, então, por isso, assim, subordinadas e, na realidade, elas apenas integram
por conseguinte, destarte, pois (deslocado na fra- uma oração principal à outra, subordinada. Existem
se). Ex.: Estava despreparado, por isso, não fui apenas dois tipos de conjunções integrantes: que e se.
aprovado.
z Quando é possível substituir o que pelo pronome
As conjunções e, nem não devem ser empregadas
isso, estamos diante de uma conjunção integrante.
juntas (e nem), tendo em vista que ambas indicam a
mesma relação aditiva o uso concomitante acarreta Ex.: Quero que a prova esteja fácil. Quero = isso.
em redundância. z Sempre haverá conjunção integrante em orações
substantivas e, consequentemente, em períodos
Conjunções Subordinativas
compostos. Ex.: Perguntei se ele estava em casa.
Tal qual as conjunções coordenativas, as subor- Perguntei = isso.
dinativas estabelecem uma ligação entre as ideias
z Nunca devemos inserir uma vírgula entre um ver-
apresentadas em um texto; porém, diferentemente
daquelas, estas ligam ideias apresentadas em orações bo e uma conjunção integrante. Ex.: Sabe-se, que
subordinadas, ou seja, orações que precisam de outra o Brasil é um país desigual (errado). Sabe-se que o
48 para terem o sentido apreendido. Brasil é um país desigual (certo).
Ex.: Entregue o relatório à diretoria.
EXERCÍCIO COMENTADO Refiro-me àquele vestido que está na vitrine.

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O uso da conjunção “embo- Regra geral: haverá crase sempre que o termo
ra” pela conjunção “conquanto” prejudicaria o sentido ori- antecedente exija a preposição a e o termo conse-
ginal do texto: quente aceite o artigo a.
( ) CERTO ( ) ERRADO Ex.: Fui à cidade (a + a = preposição + artigo)
Conheço a cidade (verbo transitivo direto: não exi-
Nem precisamos ler o texto mencionado pela ques- ge preposição).
tão para sabermos que o item está errado, pois Vou a Brasília (verbo que exige preposição a +
conquanto, assim como embora, é uma conjunção palavra que não aceita artigo).
concessiva. Resposta: Errado. Essas dicas são facilitadoras quanto à orientação
no uso da crase, mas existem especificidades que aju-
INTERJEIÇÕES dam no momento de identificação:
As interjeições também fazem parte do grupo de
palavras invariáveis, tal como as preposições e as con- Casos Convencionados
junções. Sua função é expressar estado de espírito e
emoções, por isso, apresenta forte conotação semânti- z Locuções adverbiais formadas por palavras
ca; ademais, uma interjeição sozinha pode equivaler femininas:
a uma frase. Ex.: Tchau! Ex.: Ela foi às pressas para o camarim.
As interjeições, como mencionamos, indicam rela- Entregou o dinheiro às ocultas para o ministro.
ções de sentido diversas; a seguir, apresentamos um Espero vocês à noite na estação de metrô.
quadro com os sentimentos e sensações mais expres- Estou à beira-mar desde cedo.
sos pelo uso de interjeições:
z Locuções prepositivas formadas por palavras
VALOR SEMÂNTICO INTERJEIÇÃO femininas:
Ex.: Ficaram à frente do projeto.
Advertência Cuidado! Devagar! Calma!
z Locuções conjuntivas formadas por palavras
Alívio Arre! Ufa! Ah! femininas:
Alegria/satisfação Eba! Oba! Viva! Ex.: À medida que o prédio é erguido, os gastos vão
aumentando.
Desejo Oh! Tomara! Oxalá!
� Quando indicar marcação de horário, no plural
Repulsa Irra! Fora! Abaixo! Ex.: Pegaremos o ônibus às oito horas.
Fique atento ao seguinte: entre números teremos
Dor/tristeza Ai! Ui! Que pena! que de = a / da = à, portanto:
Espanto Oh! Ah! Opa! Putz! Ex.: De 7 as 16 h. De quinta a sexta. (sem crase)
Das 7 às 16 h. Da quinta à sexta. (com crase)
Saudação Salve! Viva! Adeus! Tchau!
� Com os pronomes relativos aquele, aquela ou
Medo Credo! Cruzes! Uh! Oh! aquilo:
Ex.: A lembrança de boas-vindas foi reservada
É salutar lembrar que o sentido exato de cada àquele outono.
interjeição só poderá ser apreendido diante do con- Por favor, entregue as flores àquela moça que está
texto; por isso, em questões que abordem essa classe sentada.
de palavras, o candidato deve reler o trecho em que a Dedique-se àquilo que lhe faz bem.
interjeição aparece, a fim de se certificar do sentido
expresso no texto. � Com o pronome demonstrativo a antes de que ou
Isso acontece pois qualquer expressão exclamati- de:
va que expresse sentimento ou emoção pode funcionar Ex.: Referimo-nos à que está de preto.
como uma interjeição. Lembrem-se dos palavrões, por Referimo-nos à de preto.
exemplo, que são interjeições por excelência, mas, depen-
dendo do contexto, podem ter seu sentido alterado. � Com o pronome relativo a qual, as quais:
Antes de concluirmos, é importante ressaltar o Ex.: A secretária à qual entreguei o ofício acabou
papel das locuções interjetivas, conjunto de palavras de sair.
que funciona como uma interjeição, como: Meu Deus! As alunas às quais atribuí tais atividades estão de
LÍNGUA PORTUGUESA

Ora bolas! Valha-me Deus! férias.

Casos Proibitivos

USO DO SINAL INDICATIVO DE CRASE Em resumo, seguem-se as dicas abaixo para melhor
orientação de quando não usar a crase.
Outro assunto que causa grande dúvida é o uso da
crase, fenômeno gramatical que corresponde à junção � Antes de nomes masculinos
da preposição a + artigo feminino definido a, ou da Ex.: “O mundo intelectual deleita a poucos, o mate-
junção da preposição a + os pronomes relativos aque- rial agrada a todos.” (MM)
le, aquela ou aquilo. Representa-se graficamente pela O carro é movido a álcool.
marcação (`) + (a) = (à). Venda a prazo. 49
� Antes de palavras femininas que não aceitam � Antes de pronomes possessivos no singular
artigos Ex.: Iremos a/à sua residência.
Ex.: Iremos a Portugal.
� Após preposição até, com ideia de limite
Ex.: Dirija-se até a/à portaria.
Macete de crase: “Ouvindo isto, o desembargador comoveu-se até
Se vou a; Volto da = Crase há! às (ou “as”) lágrimas, e disse com mui estranho
Se vou a; Volto de = Crase pra quê? afeto.” (CBr. 1, 67)
Ex.: Vou à escola / Volto da escola.
Vou a Fortaleza / Volto de Fortaleza. Casos Especiais

� Antes de forma verbal infinitiva Veremos a seguir alguns casos que fogem à regra.
Ex.: Os produtos começaram a chegar. Quando se relacionar a instrumentos cujos nomes
“Os homens, dizendo em certos casos que vão falar forem femininos, normalmente a crase não será utili-
com franqueza, parecem dar a entender que o zada. Porém, em alguns casos, utiliza-se a crase para
fazem por exceção de regra.” (MM) evitar ambiguidades.
Ex.: Matar a fome. (Quando “fome” for objeto direto)
� Antes de expressão de tratamento Matar à fome. (Quando “fome” for advérbio de
Ex.: O requerimento foi direcionado a Vossa instrumento)
Excelência. Fechar a chave. (Quando “chave” for objeto direto)
� No a (singular) antes de palavra no plural, quando Fechar à chave. (Quando “chave” for advérbio de
instrumento)
a regência do verbo exigir preposição
Ex.: Durante o filme assistimos a cenas chocantes. Quando Usar ou Não a Crase em Sentenças com
� Antes dos pronomes relativos quem e cuja Nomes de Lugares
Ex.: Por favor, chame a pessoa a quem entregamos
z Regidos por preposições de, em, por: não se usa crase
o pacote.
Ex.: Fui a Copacabana. (Venho de Copacabana,
Falo de alguém a cuja filha foi entregue o prêmio.
moro em Copacabana, passo por Copacabana)
� Antes de pronomes indefinidos alguma, nenhu- � Regidos por preposições da, na, pela: usa-se crase
ma, tanta, certa, qualquer, toda, tamanha Ex.: Fui à Bahia. (Venho da Bahia, moro na Bahia,
Ex.: Direcione o assunto a alguma cláusula do passo pela Bahia)
contrato.
Não disponibilizaremos verbas a nenhuma ação Macetes
suspeita de fraude.
z Haverá crase quando o “à” puder ser substituído
Eles estavam conservando a certa altura.
por ao, da na, pela, para a, sob a, sobre a, contra
Faremos a obra a qualquer custo. a, com a, à moda de, durante a;
A campanha será disponibilizada a toda a comunidade.
z Quando o de ocorre paralelo ao a, não há crase.
� Antes de demonstrativos Quando o da ocorre paralelo ao à, há crase;
Ex.: Não te dirijas a essa pessoa
z Na indicação de horas, quando o “à uma” puder
� Antes de nomes próprios, mesmo femininos, de ser substituído por às duas, há crase. Quando o a
personalidades históricas uma equivaler a a duas, não ocorre crase;
Ex.: O documentário referia-se a Janis Joplin.
z Usa-se a crase no “a” de àquele(s), àquela(s) e àqui-
� Antes dos pronomes pessoais retos e oblíquos lo quando tais pronomes puderem ser substituídos
Ex.: Por favor, entregue as frutas a ela. por a este, a esta e a isto;
O pacote foi entregue a ti ontem.
z Usa-se crase antes de casa, distância, terra e
� Nas expressões tautológicas (face a face, lado a nomes de cidades quando esses termos estiverem
lado) acompanhados de determinantes. Ex.: Estou à dis-
Ex.: Pai e filho ficaram frente a frente no tribunal tância de 200 metros do pico da montanha.
de justiça.
A compreensão da crase vai muito além da estética
� Antes das palavras casa, Terra ou terra, distância gramatical, pois serve também para evitar ambigui-
sem determinante dades comuns, como o caso seguinte: Lavando a mão.
Ex.: Precisa chegar a casa antes das 22h. Nessa ocasião, usa-se a forma “Lavando a mão”,
Astronauta volta a Terra em dois meses. pois “a mão” é o objeto direto, e, portanto, não exi-
Os pesquisadores chegaram a terra depois da ge preposição. Usa-se a forma “à mão” em situações
expedição marinha. como “Pintura feita à mão”, já que “à mão” seria o
Vocês o observaram a distância. advérbio de instrumento da ação de pintar.

Crase Facultativa

Nestes casos, podemos escrever as palavras das EXERCÍCIO COMENTADO


duas formas: utilizando ou não a crase. Para entender
detalhadamente, observe as seguintes dicas: 1. (TJ-SC – 2010) Quanto ao uso da crase:

� Antes de nomes de mulheres comuns ou com quem I. O anúncio foi feito por meio da rede de miniblogs Twirter,
se tem proximidade à qual ele aderiu duas semanas atrás.
50 Ex.: Ele fez homenagem a/à Bárbara. II. Estou esperando por você desde às 8 horas da manhã.
III. Alguns investigadores preferiram seguir a pista do � Composto: possui duas ou mais orações.
dinheiro à da honra. Ex.: “Amou daquela vez como se fosse a última.”
IV. Cabe a cada um decidir o rumo que dará à sua vida. (Chico Buarque)
Chegou Em Casa E Tomou Banho.
a) Somente as proposições II e IV estão corretas.
b) Estão corretas somente as proposições I, III e IV. PERÍODO SIMPLES – TERMOS DA ORAÇÃO
c) Estão corretas somente as proposições II, III e IV.
d) Estão corretas somente as proposições I, II e III. Os termos que formam o período simples são dis-
e) Todas as proposições estão corretas. tribuídos em: essenciais (Sujeito e Predicado), inte-
grantes (complemento verbal, complemento nominal
Justificativa do erro no item II: a palavra “desde” e agente da passiva) e acessórios (adjunto adnominal,
é uma preposição que “designa o ponto de partida adjunto adverbial e aposto).
de um movimento ou extensão (no espaço, no tem-
po ou numa série), para assinalar especialmente a Termos Essenciais da Oração
distância” (ROCHA LIMA, 1997). Portanto, a forma
correta é “desde as 8h”.As outras alternativas estão São aqueles indispensáveis para a estrutura básica
corretas: na I, cabe crase antes do pronome relativo; da oração. Costuma-se associar esses termos a situa-
na III, há paralelismo – no primeiro termo, “a pista” ções analógicas, como um almoço tradicional brasi-
tem artigo, no segundo, deverá ter também, além da leiro constituído basicamente de arroz e feijão, por
preposição a, originando a crase. exemplo. São eles: Sujeito e Predicado. Veremos a
seguir cada um deles.

SUJEITO
SINTAXE DA ORAÇÃO E DO PERÍODO É o elemento que faz ou sofre a ação determinada
pelo verbo.
CONCEITOS BÁSICOS DA SINTAXE O sujeito pode ser:

Ao selecionar palavras, nós as escolhemos entre � o termo sobre o qual o restante da oração diz algo;
os grandes grupos de palavras existentes na língua, � o elemento que pratica ou recebe a ação expressa
como verbos, substantivos ou adjetivos. Esses são gru- pelo verbo;
pos morfológicos. Ao combinar as palavras em frases,
� o termo que pode ser substituído por um pronome
nós construímos um painel morfológico.
do caso reto;
As palavras normalmente recebem uma dupla
classificação: a morfológica, que está relacionada à � o termo com o qual o verbo concorda.
classe gramatical a que pertence, e a sintática, rela- Ex.: A população implorou pela compra da vacina
cionada à função específica que assumem em deter- da COVID-19.
minada frase.
No exemplo anterior a população é:
Frase
z O elemento sobre o qual se declarou algo (implo-
Frase é todo enunciado com sentido completo. rou pela compra da vacina);
Pode ser formada por apenas uma palavra ou por um z O elemento que pratica a ação de implorar;
conjunto de palavras. z O termo com o qual o verbo concorda (o verbo
Ex.: Fogo! implorar está flexionado na 3ª pessoa do singular);
Silêncio! z O termo que pode ser substituído por um pronome
“A igreja, com este calor, é fornalha...” (Graciliano do caso reto.
Ramos) (Ele implorou pela compra da vacina da COVID-19.)

Oração Núcleo do sujeito

Enunciado que se estrutura em torno de um verbo O núcleo é a palavra base do sujeito. É a principal
(explícito, implícito ou subentendido) ou de uma locu- porque é a respeito dela que o predicado diz algo. O
ção verbal. Quanto ao sentido, a oração pode apresen- núcleo indica a palavra que realmente está exercen-
tá-lo completo ou incompleto. do determinada função sintática, que atua ou sofre
Ex.: Você é um dos que se preocupam com a a ação. O núcleo do sujeito apresentará um substan-
LÍNGUA PORTUGUESA

poluição. tivo, ou uma palavra com valor de substantivo, ou


“A roda de samba acabou” (Chico Buarque) pronome.

Período z O sujeito simples contém apenas um núcleo.


Ex.: O povo pediu providências ao governador.
Período é o enunciado constituído de uma ou mais Sujeito: O povo
orações. Núcleo do sujeito: povo
Classifica-se em: z Já o sujeito composto, o núcleo será constituído
de dois ou mais termos.
� Simples: possui apenas uma oração. As luzes e as cores são bem visíveis.
Ex.: O sol surgiu radiante. Sujeito: As luzes e as cores
Ninguém viu o acidente. Núcleo do sujeito: luzes/cores 51
Dica Ex.: Não se vê com a neblina.
Entende-se que ninguém consegue ver nessa
Para determinar o sujeito da oração, colocam-se condição.
as expressões interrogativas quem? ou o quê?
Antes do verbo.
Ex.: A população pediu uma providência ao
governador. EXERCÍCIO COMENTADO
quem pediu uma providência ao governador?
Resposta: A população (sujeito). 1. (CONSESP – 2018) Assinale a alternativa em que
Ex.: O pêndulo do relógio iria de um lado para o temos sujeito indeterminado.
outro.
o que iria de um lado para o outro? a) Levaram-me para uma casa velha.
Resposta: O pêndulo do relógio (sujeito). b) Era uma tarde maravilhosa.
c) Vendem-se espetos de carne aqui.
Tipos de Sujeito d) Alguns assistiram ao filme até o final.

Quanto à função na oração, o sujeito classifica-se em: A construção verbal “Levaram-me”, da alternativa
A, indica que o sujeito está na 3ª pessoa do plural
Simples e é indeterminado porque não se sabe quem levou.
Resposta: Letra A.
DETERMINADO Composto

Elíptico Sujeito Inexistente ou Oração sem Sujeito

Com verbos flexionados na 3ª Esse tipo de situação ocorre quando uma oração
pessoa do singular não tem sujeito mas tem sentido completo. Os verbos
INDETERMINADO Com verbos acompanhados do são impessoais e normalmente representam fenôme-
se (índice de indeterminação do nos da natureza. Pode ocorrer também o verbo fazer
sujeito) ou haver no sentido de existir.
Geia no Paraná.
Usado para fenômenos da Fazia um mês que tinha sumido.
INEXISTENTE natureza ou com verbos Basta de confusão.
impessoais Há dois anos esse restaurante abriu.

z Determinado: quando se identifica a pessoa, o


lugar ou o objeto na oração. Classifica-se em:
EXERCÍCIO COMENTADO
„ Simples: quando há apenas um núcleo.
Ex.: O [aluguel] da casa é caro. 1. (FEPESE – 2016) Na oração “Uma partícula extrema-
Núcleo: aluguel mente quente e pesada começou a se ‘contorcer’”, o
Sujeito simples: O aluguel da casa núcleo do sujeito é a palavra:
„ Composto: quando há dois núcleos ou mais.
Ex.: Os [sons] e as [cores] ficaram perfeitos. a) quente.
Núcleos: sons, cores. b) pesada.
Sujeito composto: Os sons e as cores c) partícula.
d) contorcer
„ Elíptico, oculto ou desinencial: quando não
e) extremamente.
aparece na oração, mas é possível de ser identifi-
cado devido à flexão do verbo ao qual se refere.
Ex.: Vi o noticiário hoje de manhã. Sujeito: (Eu) “Partícula” corresponde ao termo central do sujei-
to “uma partícula extremamente quente e pesada”.
z Indeterminado: quando não é possível identificar Portanto, tem função de núcleo do sujeito. Resposta:
o sujeito na oração, mas ainda sim está presente. Letra C.
Encontra-se na 3ª pessoa do plural ou representa-
do por um índice de indeterminação do sujeito, a Classificação do Sujeito Quanto à Voz
partícula “se”.
z Voz ativa (sujeito agente)
„ Colocando-se o verbo na 3ª pessoa do plural, Ex.: Cláudia corta cabelos de terça a sábado.
não se referindo a nenhuma palavra determi- Nesse caso, o termo “Cláudia” é a pessoa que exer-
nada no contexto. ce a ação na frase.
Ex.: Passaram cedo por aqui, hoje.
Entende-se que alguém passou cedo. z Voz passiva sintética (sujeito paciente)
„ Colocando-se verbos sem complemento direto Ex.: Corta-se cabelo.
(intransitivos, transitivos diretos ou de ligação) Pode-se ler “Cabelo é cortado”, ou seja, o sujeito
na 3ª pessoa do singular acompanhados do pro- “cabelo” sofre uma ação, diferente do exemplo do
nome se, que atua como índice de indetermina- item anterior. O “-se” é a partícula apassivadora da
52 ção do sujeito. oração.
Importante notar que não há preposição entre Classificação do Predicado
o verbo e o substantivo. Se houvesse, por exemplo,
“de” no meio da frase, o termo “cabelo” não seria mais A classificação do predicado depende do significa-
sujeito, seria objeto indireto, um complemento verbal. do e do tipo de verbo que apresenta.
Precisa-se de cabelo.
Assim, “de cabelo” seria um complemento verbal, z Predicado nominal: ocorre quando o núcleo sig-
nificativo se concentra em um nome (corresponde
e não um sujeito da oração. Nesse caso, o sujeito é
a um predicativo do sujeito).
indeterminado, marcado pelo índice de indetermina-
O verbo deste tipo de oração é sempre de ligação.
ção “-se”.
O predicado nominal tem por núcleo um nome
(substantivo, adjetivo ou pronome).
z Voz passiva analítica (sujeito paciente)
Ex.: “Nossas flores são mais bonitas.” (Murilo
Ex.: A minha saia azul está rasgada. Mendes)
O sujeito está sofrendo uma ação, e não há presen- Predicado: são mais bonitas.
ça da partícula -se. Ex.: “As estrelas estão cheias de calafrios.” (Olavo
Bilac)
Predicado: estão cheias de calafrios.

EXERCÍCIO COMENTADO É importante não confundir:

1. (FURB – 2019) Assinale a alternativa que contém z Verbo de ligação: quando não exprime uma ação,
a classificação correta do sujeito da oração “Neste mas um estado momentâneo ou permanente que
primeiro momento, foram entregues 30 aparelhos relaciona o sujeito ao restante do predicado, que é
auditivos”. o predicativo do sujeito.
z Predicativo do sujeito; função exercida por subs-
a) Sujeito composto. tantivo, adjetivo, pronomes e locuções que atri-
b) Oração sem sujeito. buem uma condição ou qualidade ao sujeito.
c) Sujeito oculto (desinencial). Ex.: O garoto está bastante feliz.
d) Sujeito indeterminado. Verbo de ligação: está.
e) Sujeito simples. Predicativo do sujeito: bastante feliz.
Ex.: Seu batom é muito forte.
Verbo de ligação: é.
O sujeito da oração é “30 aparelhos auditivos”. Na Predicativo do sujeito: muito forte.
ordem direta, a sentença fica: “30 aparelhos audi-
tivos foram entregues neste primeiro momento”.
Como o sujeito é formado por apenas um núcleo, o EXERCÍCIO COMENTADO
sujeito é simples. Resposta: Letra E.
1. (AMEOSC – 2019) “Elas são diferentes uma da outra,
PREDICADO [...]”. Na oração, os termos destacados exercem fun-
ção sintática de:
É o termo que contém o verbo e informa algo sobre
o sujeito. Apesar de o sujeito e o predicado serem ter- a) Predicado nominal.
mos essenciais na oração, há casos em que a oração b) Predicado verbal.
c) Predicado verbo-nominal.
não possui sujeito. Mas, se a oração é estruturada em
d) Predicativo do sujeito.
torno de um verbo e ele está contido no predicado, é
impossível existir uma oração sem sujeito.
O verbo “são” é de ligação, o que confere uma
característica do sujeito com os termos posteriores
O predicado pode ser:
“diferentes uma da outra”, que são o predicativo do
sujeito. Portanto, a alternativa correta é a A, consi-
z Aquilo que se declara a respeito do sujeito. derando que o predicado da oração é nominal. Res-
Ex.: “A esposa e o amigo seguem sua marcha.” posta: Letra A.
(José de Alencar)
Predicado: seguem sua marcha Predicado Verbal
z Uma declaração que não se refere a nenhum sujei-
to (oração sem sujeito):
LÍNGUA PORTUGUESA

Ocorre quando há dois núcleos significativos: um


Ex.: Chove pouco nesta época do ano. verbo (transitivo ou intransitivo) e um nome (predi-
Predicado: Chove pouco nesta época do ano. cativo do sujeito ou, em caso transitivo, predicativo do
objeto). Da natureza desse verbo é que decorrem os
Para determinar o predicado, basta separar o demais termos do predicado.
sujeito. Ocorrendo uma oração sem sujeito, o predica- O verbo do predicado pode ser classificado em
do abrangerá toda a declaração. A presença do verbo transitivo direto, transitivo indireto, verbo transi-
é obrigatória, seja de forma explícita ou implícita: tivo direto e indireto ou verbo intransitivo.
Ex.: “Nossos bosques têm mais vidas.” (Gonçalves
Dias) z Verbo transitivo direto (VTD): é o verbo que exi-
Sujeito: Nossos bosques. Predicado: têm mais vida. ge um complemento não preposicionado, o objeto
Ex.: “Nossa vida mais amores”. (Gonçalves Dias) direto.
Sujeito: Nossa vida. Predicado: mais amores. Ex.: “Fazer sambas lá na vila é um brinquedo.” 53
Noel Rosa Ex.: “Fabiano marchou desorientado.” (Olavo Bilac)
Verbo Transitivo Direto: Fazer. Verbo intransitivo: marchou
Ex.: Ele trouxe os livros ontem. Predicativo do sujeito: desorientado
Verbo Transitivo Direto: trouxe.
No segundo exemplo, o termo “desorientado” indi-
z Verbo transitivo indireto (VTI): o verbo transiti- ca um estado do termo “Fabiano”, que também é sujei-
vo indireto tem como necessidade o complemento to. Temos mais um caso de predicativo do sujeito.
acompanhado de uma preposição para fazer sentido.
Ex.: Nós acreditamos em você. Ex.: “Ptolomeu achou o raciocínio exato.” (Macha-
Verbo transitivo indireto: acreditamos
do de Assis)
Preposição: em
Verbo transitivo direto: achou
Ex.: Frida obedeceu aos seus pais.
Objeto direto: o raciocínio
Verbo transitivo indireto: obedeceu
Predicativo do objeto: exato
Preposição: a (a + os)
Ex.: Os professores concordaram com isso.
No terceiro exemplo, o termo “exato” caracteriza
Verbo transitivo indireto: concordaram
Preposição: com um julgamento relacionado ao termo “o raciocínio”,
que é o objeto direto dessa oração. Com isso, podemos
z Verbo transitivo direto e indireto (VTDI): é o concluir que temos um caso de predicativo do obje-
verbo de sentido incompleto que exige dois com- to, visto que “exato” não se liga a “Ptolomeu”, que é
plementos: objeto direto (sem preposição) e objeto o sujeito.
indireto (com preposição). O que é o predicativo do objeto?
Ex.: “Ela contava-lhe anedotas, e pedia-lhe ou- É o termo que confere uma característica, uma
tras.” (Machado de Assis) qualidade, ao que se refere.
Verbo transitivo direto e indireto 1: contava A formação do predicativo do objeto se dá por um
Objeto direto 1: anedotas adjetivo ou por um substantivo.
Objeto indireto 1: lhe Ex.: Consideramos o filme proveitoso.
Verbo transitivo direto e indireto 2: pedia Predicativo do objeto: proveitoso
Objeto direto 2: outras Ex.: Chamavam-lhe vitoriosa, pelas conquistas.
Objeto indireto 2: lhe.
Predicativo do objeto: vitoriosa
z Verbo intransitivo (VI): É aquele capaz de cons- Para facilitar a identificação do predicativo do
truir sozinho o predicado, que não precisa de com- objeto, o recomendável é desdobrar a oração, acres-
plementos verbais, sem prejudicar o sentido da centando-lhe um verbo de ligação, cuja função especí-
oração. fica é relacionar o predicativo ao nome.
Ex.: Escrevia tanto que os dedos adormeciam. O filme foi proveitoso.
Verbo intransitivo: adormeciam. Ela era vitoriosa.
Nessas duas últimas formas, os termos seriam pre-
dicativos do sujeito, pois são precedidos de verbos de
EXERCÍCIO COMENTADO ligação (foi e era, respectivamente).

1. (CRESCER CONSULTORIAS – 2019) Ocorre predicado


verbal em:

a) “O rapaz foi condenado a dez anos de liberdade vigia-


EXERCÍCIOS COMENTADOS
da e terapia”.
1. (SERCTAM – 2016) Na oração “Este homem parece
b) “Mesmo se formos todos bem intencionados”.
c) “Crianças ricas são mais vulneráveis a problemas de uma criança”, o termo destacado é:
abuso de substâncias”.
d) “Filhos de pais ricos não estão necessariamente livres a) sujeito.
de problemas de adequação”. b) predicado verbal.
c) predicativo do objeto.
O predicado “foi condenado a dez anos de liberdade d) predicado nominal.
vigiada e terapia” contém um verbo intransitivo dire- e) predicado verbo-nominal.
to (“foi”) e, consequentemente, um complemento de
mesmo valor sintático. Resposta: Letra A O verbo “parece” é transitivo direto, e “uma crian-
Predicado Verbo-Nominal ça” tanto complementa o sentido do verbo como
caracteriza o sujeito “Este homem”. Portanto, o tre-
Ocorre quando há dois núcleos significativos: cho “parece uma criança” corresponde a um predi-
um verbo nocional (intransitivo ou transitivo) e um cado nominal. Resposta: Letra D.
nome (predicativo do sujeito ou, em caso de verbo
transitivo, predicativo do objeto). 2. (FUMARC – 2012) Há oração sem sujeito em:
Ex.: “O homem parou atento.” (Murilo Mendes)
a) “Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno.”
Verbo intransitivo: parou
b) “Outrora, falava-se em realidade: análise da realidade [...]”
Predicativo do sujeito: atento
c) “Com certeza, já haviam tomado café da manhã em
Repare que no primeiro exemplo o termo “atento” casa [...]”
está caracterizando o sujeito “O homem” e, por isso, é d) “É muito grave esse processo de abstração da lingua-
54 considerado predicativo do sujeito. gem, de sentimentos [...]”
Oração sem sujeito acontece quando não há um ele- Exemplos com ocorrência facultativa de preposição:
mento ao qual se atribui o predicado. Ocorre, por
exemplo, quando temos o verbo “haver” no sentido Eles amam a Deus, assim diziam as pessoas daque-
de existir, acontecer, pois o mesmo não tem sujeito. le templo.
Na alternativa B, temos o verbo falar na 3º pessoa do A escultura atrai a todos os visitantes.
singular + SE, indicando indeterminação do sujeito. Não admito que coloquem a Sua Excelência num
Na alternativa C, temos o verbo haver, mas no sen- pedestal.
tido de ter, por isso, o mesmo encontra-se no plural; Ao povo ninguém engana.
temos, portanto, Sujeito indeterminado. Na letra D, Eu detesto mais a estes filmes do que àqueles.
temos como sujeito “esse processo de abstração da No caso “Você bebeu dessa água?”, a forma “des-
linguagem, de sentimentos”. Resposta: Letra A. sa” (preposição de + pronome essa) precisa estar pre-
sente para indicar parte de um todo, quando assim
TERMOS INTEGRANTES DA ORAÇÃO for o contexto de uso. Logo, a pergunta é se a pessoa
bebeu uma porção da água, e não ela toda.
São vocábulos que se agregam a determinadas
estruturas para torná-las completas. De acordo com z Objeto direto pleonástico: É a dupla ocorrência
a gramática da língua portuguesa, esses termos são dessa função sintática na mesma oração, a fim de
divididos em: enfatizar um único significado.

Complementos Verbais Ex.: “Eu não te engano a ti”. (Carlos Drummond de


Andrade)
São termos que completam o sentido de verbos
transitivos diretos e transitivos indiretos. z Objeto direto interno: Representado por palavra
que tem o mesmo radical do verbo ou apresenta
z Objeto direto: revela o alvo da ação. Não é acom- mesmo significado.
panhado de preposição. Ex.: Riu um riso aterrador.
Ex.: Examinei o relógio de pulso. Dormiu o sono dos justos.
Gostaria de vê-lo no topo do mundo.
O técnico convocou somente os do Brasil. (os = Como diferenciar objeto direto de sujeito?
aqueles) Já começaram os jogos da seleção. (sujeito)
Ignoraram os jogos da seleção. (objeto direto)
Pronomes e sua relação com o objeto direto O objeto direto pode ser passado para a voz passi-
Além dos pronomes oblíquos o(s), a(s) e suas va analítica e se transforma em sujeito.
variações lo(s), la(s), no(s), na(s), “que” quase sem- Os jogos da seleção foram ignorados.
pre exercem função de objeto direto, os pronomes
oblíquos me, te, se, nos, vos também podem exercer z Objeto indireto: É complemento verbal regido de
essa função sintática. preposição obrigatória, que se liga diretamente a
Ex.: Levou-me à sabedoria esta aula. (= “Levaram verbos transitivos indiretos e diretos. Representa
quem? A minha pessoa”) o ser beneficiado ou o alvo de uma ação.
Nunca vos tomeis como grandes personalidades. Ex.: Por favor, entregue a carta ao proprietário da
(= “Nunca tomeis quem? Vós”) casa 260.
Convidaram-na para o almoço de despedida. (= Gosto de ti, meu nobre.
“Convidaram quem? Ela”) Não troque o certo pelo duvidoso.
Depois de terem nos recebido, abriram a caixa. (= Vamos insistir em promover o novo romance de
“Receberam quem? Nós”) ficção.
Os pronomes demonstrativos o, a, os, as podem
ser objetos diretos. Normalmente, aparecem antes do Objeto indireto e o uso de pronomes pessoais
pronome relativo que.
Ex.: Escuta o que eu tenho a dizer. (Escuta algo: Pode ser representado pelos seguintes pronomes
esse algo é o objeto direto) oblíquos átonos: me, te, se, no, vos, lhe, lhes. Os pro-
Observe bem a que ele mostrar. (a = pronome nomes o, a, os, as não exercerão essa função.
feminino definido) Ex.: Mostre-lhe onde fica o banheiro, por favor.
Todos os pronomes oblíquos tônicos (me, mim,
z Objeto direto preposicionado comigo, te, ti, contigo) podem funcionar como objeto
indireto, já que sempre ocorrem com preposição.
Mesmo que o verbo transitivo direto não exija Ex.: Você escreveu esta carta para mim?
preposição no seu complemento, algumas palavras
LÍNGUA PORTUGUESA

requerem o uso da preposição para não perder o sen- z Objeto indireto pleonástico: Ocorrência repetida
tido de “alvo” do sujeito. dessa função sintática com o objetivo de enfatizar
Além disso, há alguns casos obrigatórios e outros uma mensagem.
facultativos. Ex.: A ele, sem reservas, supliquei-lhe ajuda.

Exemplos com ocorrência obrigatória de preposição: COMPLEMENTO NOMINAL

Não entendo nem a ele nem a ti. Completa o sentido de substantivos, adjetivos e
Respeitava-se aos mais antigos. advérbios. É uma função sintática regida de preposi-
Ali estava o artista a quem nosso amigo idolatrava. ção e com objetivo de completar o sentido de nomes. A
Amavam-se um ao outro. presença de um complemento nominal nos contextos
“Olho Gabriela como a uma criança, e não mulher de uso é fundamental para o esclarecimento do senti-
feita.” (Ciro dos Anjos) do do nome. 55
Ex.: Tenho certeza de que tu serás aprovado. Se indicar posse ou o agente daquilo que
Estou longe de casa e tão perto do paraíso. expressa o substantivo abstrato.
Para melhor identificar um complemento nomi- Ex.: A preferência do grupo não foi respeitada.
nal, siga a instrução:
„ Será complemento nominal: se indicar o alvo
Nome + preposição + quem ou quê
daquilo que expressa o substantivo.
Como diferenciar complemento nominal de com-
Ex.: A preferência pelos novos alojamentos não
plemento verbal?
foi respeitada.
Ex.: Naquela época, só obedecia ao meu coração.
Notava-se o amor pelo seu trabalho.
(complemento verbal, pois “ao meu coração” liga-se
Se vier ligado a um adjetivo ou a um advérbio:
diretamente ao verbo “obedecia”)
Ex.: Manteve-se firme em seus objetivos.
Naquela época, a obediência ao meu coração pre-
valecia. (complemento nominal, pois “ao meu cora-
ção” liga-se diretamente ao nome “obediência”).

Agente da Passiva
EXERCÍCIO COMENTADO
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) Identifique os adjuntos
É o complemento de um verbo na voz passiva ana-
adnominais das orações abaixo.
lítica. Sempre é precedido da preposição por, e, mais
raramente, da preposição de.
a) Os inscritos atrasados não puderam entrar.
Forma-se essencialmente pelos verbos auxiliares
b) As consequências serão graves.
ser, estar, viver, andar, ficar.
c) Os alunos calados estiveram atentos.
d) Os funcionários da recepção continuaram calados.
Termos Acessórios da Oração
e) O romance da jovem escritora foi publicado.
Há termos que, apesar de dispensáveis na estrutu-
a) “atrasados”, qualificando o termo “inscritos”
ra básica da oração, são importantes para compreen-
b) “As”, artigo relacionado do termo “consequências”
são do enunciado porque trazem informações novas.
d) “calados”, qualificando o termo “alunos”
Esses termos são chamados acessórios da oração.
d) “da recepção”, indicando quais são os funcionários
e) “da jovem escritora”, indicando de quem é o
Adjunto Adnominal
romance. Resposta.
São termos que acompanham o substantivo,
Adjunto Adverbial
núcleo de outra função, para qualificar, quantificar,
especificar o elemento representado pelo substantivo.
Categorias morfológicas que podem funcionar Termo representado por advérbios, locuções
como adjunto adnominal: adverbiais ou adjetivos com valor adverbial. Relacio-
na-se ao verbo ou a toda oração para indicar variadas
z Artigos circunstâncias.
z Adjetivos
z Numerais z Tempo: Quero que ele venha logo;
z Pronomes z Lugar: A dança alegre se espalhou na avenida;
z Locuções adjetivas z Modo: O dia começou alegremente;
z Intensidade: Almoçou pouco;
Ex.: Aqueles dois antigos soldadinhos de chumbo
ficaram esquecidos no quarto. z Causa: Ela tremia de frio;
Iam cheios de si. z Companhia: Venha jantar comigo;
Estava conquistando o respeito dos seus. z Instrumento: Com a máquina, conseguiu lavar as
O novo regulamento originou a revolta dos roupas;
funcionários.
z Dúvida: Talvez ele chegue mais cedo;
O doutor possuía mil lembranças de suas viagens.
z Finalidade: Vivia para o trabalho;
z Pronomes oblíquos átonos e a função de ajunto z Meio: Viajou de avião devido à rapidez;
adnominal: os pronomes me, te, lhe, nos, vos, lhes z Assunto: Falávamos sobre o aluguel;
exercem essa função sintática quando assumem
z Negação: Não permitirei que permaneça aqui;
valor de pronomes possessivos.
Ex.: Puxaram-me o cabelo (Puxam meu cabelo). z Afirmação: Sairia sim naquela manhã;
z Origem: Descendia de nobres.
z Como diferenciar adjunto adnominal de com-
plemento nominal? Não confunda!
Para conseguir distinguir adjunto adverbial de
Quando o adjunto adnominal for representado por adjunto adnominal, basta saber se o termo relacio-
uma locução adjetiva, ele pode ser confundido com nado ao adjunto é um verbo ou um nome, mesmo que
complemento nominal. Para diferenciá-los, siga a dica: o sentido seja parecido.
Ex.: Descendência de nobres. (O “de nobres” aqui
„ Será adjunto adnominal: se o substantivo ao é um adjunto adnominal)
qual se liga for concreto. Descendia de nobres. (O “de nobres” aqui é um
56 Ex.: A casa da idosa desapareceu. adjunto adverbial)
z Aposto da oração: É um comentário sobre o
EXERCÍCIO COMENTADO fato expresso pela oração, ou uma palavra que
condensa.
1. (NOVA CONCURSOS – 2021) O termo grifado em: Ex.: Após a notícia, ficou calado, sinal de sua
“Watson estava numa sala ao lado” exerce a função preocupação.
sintática de: O noticiário disse que amanhã fará muito calor –
ideia que não me agrada.
a) Adjunto adnominal
b) Objeto direto � Distributivo: Dispõe os elementos equitativamente.
c) Predicativo Ex.: Separe duas folhas: uma para o texto e outra
d) Complemento nominal para as perguntas.
e) Adjunto adverbial Sua presença era inesperada, o que causou surpresa.

O verbo “estava” é seguido de um adjunto adverbial Dica


de lugar; neste caso, temos um adjunto adverbial.
Resposta: Letra E. � O aposto pode aparecer antes do termo a que
se refere, normalmente antes do sujeito.
Aposto Ex.: Maior piloto de todos os tempos, Ayrton Sen-
na marcou uma geração.
Estruturas relacionadas a substantivos, pronomes � Segundo “o gramático” Cegalla, quando o apos-
ou orações. O aposto tem como propósito explicar, to se refere a um termo preposicionado, pode ele
identificar, esclarecer, especificar, comentar ou apon-
vir igualmente preposicionado.
tar algo, alguém ou um fato.
Ex.: De cobras, (de) morcegos, (de) bichos, de
Ex.: Renata, filha de D. Raimunda, comprou uma
tudo ele tinha medo.
bicicleta.
� O aposto pode ter núcleo adjetivo ou adverbial.
Aposto: filha de D. Raimunda
Ex.: O escritor Machado de Assis escreveu gran- Ex.: Tuas pestanas eram assim: frias e curvas.
des obras. (adjetivos, apostos do predicativo do sujeito)
Aposto: Machado de Assis. Falou comigo deste modo: calma e maliciosa-
mente. (advérbios, aposto do adjunto adverbial
Classifica-se nas seguintes categorias: de modo).

z Explicativo: usado para explicar o termo anterior. z Diferença de aposto especificativo e adjunto
Separa-se do substantivo a que se refere por uma adnominal: Normalmente, é possível retirar a
pausa, marcada na escrita por vírgulas, travessões preposição que precede o aposto. Caso seja um
ou dois-pontos. adjunto, se for retirada a preposição, a estrutura
Ex.: As filhas gêmeas de Ana, que aniversariaram fica prejudicada.
ontem, acabaram de voltar de férias. Ex.: A cidade Fortaleza é quente.
Jéssica uma ótima pessoa, conseguiu apoio de todos. (aposto especificativo / Fortaleza é uma cidade)
� Enumerativo: usado para desenvolver ideias que O clima de Fortaleza é quente.
foram resumidas ou abreviadas em um termo ante- (adjunto adnominal / Fortaleza é um clima?)
rior. Mostra os elementos contidos em um só termo. z Diferença de aposto e predicativo do sujeito: O
Ex.: Víamos somente isto: vales, montanhas e aposto não pode ser um adjetivo nem ter núcleo
riachos. adjetivo.
Apenas três coisas me tiravam do sério, a saber,
preconceito, antipatia e arrogância. Ex.: Muito desesperado, João perdeu o controle.
z Recapitulativo ou resumidor: É o termo usado (predicativo do sujeito; núcleo: desesperado – ad-
para resumir termos anteriores. É expresso, nor- jetivo)
malmente, por um pronome indefinido. Homem desesperado, João sempre perde o con-
Ex.: Os professores, coordenadores, alunos, todos trole.
estavam empolgados com a feira. (aposto; núcleo: homem – substantivo)
Irei a Macau, Cabo Verde, Angola e Timor-Leste,
países africanos onde se fala português.
EXERCÍCIO COMENTADO
� Comparativo: Estabelece uma comparação implícita.
Ex.: Meu coração, uma nau ao vento, está sem 1. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No trecho, as vírgulas iso-
rumo.
LÍNGUA PORTUGUESA

lam segmento – “Sua vocação eminentemente hídrica


impõe, ao longo dos séculos, a necessidade do deslo-
� Circunstancial: Exprime uma característica
camento...” com função de aposto explicativo.
circunstancial.
Ex.: No inverno, busquemos sair com roupas
( ) CERTO ( ) ERRADO
apropriadas.
� Especificativo: É o aposto que aparece junto a um O trecho “ao longo dos séculos” não é um aposto e
substantivo de sentido genérico, sem pausa, para não sugere explicação. Na verdade, ele é um adjunto
especificá-lo ou individualizá-lo. É constituído por adverbial de tempo deslocado na frase, intercalado
substantivos próprios. por vírgulas. Se trouxéssemos esse trecho para o iní-
Exs.: O mês de abril. cio do período, ficaria: “Ao longo dos séculos, sua
O rio Amazonas. vocação eminentemente hídrica impõe a necessida-
Meu primo José. de do deslocamento.” Resposta: Errado. 57
Vocativo z Por coordenação e subordinação: orações for-
madas por períodos mistos;
O vocativo é um termo que não mantém relação z Orações reduzidas: de gerúndio e de infinitivo.
sintática com outro termo dentro da oração. Não per-
tence nem ao sujeito, nem ao predicado. É usado para Período Composto por Coordenação
chamar ou interpelar a pessoa que o enunciador dese-
ja se comunicar. É um termo independente, pois As orações são sintaticamente independentes. Isso
significa que uma não possui relação sintática com ver-
não faz parte da estrutura da oração.
bos, nomes ou pronomes das demais orações no período.
Ex.: Recepcionista, por favor, agende minha
Ex.: “Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.”
consulta. (Fernando Pessoa)
Ela te diz isso desde ontem, Fábio. Oração coordenada 1: Deus quer
Oração coordenada 2: o homem sonha
z Para distinguir vocativo de aposto: o vocati- Oração coordenada 3: a obra nasce.
vo não se relaciona sintaticamente com nenhum Ex.: “Subi devagarinho, colei o ouvido à porta da
outro termo da oração. sala de Damasceno, mas nada ouvi.” (M. de Assis)
Ex.: Lufe, faz um almoço gostoso para as crian- Oração coordenada assindética: Subi devagarinho
ças. Oração coordenada assindética: colei o ouvido à
O aposto se relaciona sintaticamente com outro porta da sala de Damasceno
Oração coordenada sindética: mas nada ouvi
termo da oração.
Conjunção adversativa: mas nada
A cozinha de Lufe, cozinheiro da família, é impe-
cável. Orações Coordenadas Sindéticas
Sujeito: a cozinha de lufe.
Aposto: cozinheiro da família (relaciona-se ao As orações coordenadas podem aparecer ligadas
sujeito). às outras através de um conectivo (elo), ou seja, atra-
vés de um síndeto, de uma conjunção, por isso o nome
PERÍODO COMPOSTO sindética. Veremos agora cada uma delas:

Observe os exemplos a seguir: z Aditivas: exprimem ideia de sucessibilidade ou


A apostila de Português está completa. simultaneidade.
Um verbo: Uma oração = período simples Conjunções constitutivas: e, nem, mas, mas tam-
Português e Matemática são disciplinas essen- bém, mas ainda, bem como, como também, se-
ciais para ser aprovado em concursos. não também, que (= e).
Ex.: Pedro casou-se e teve quatro filhos.
Dois verbos: duas orações = período composto
Os convidados não compareceram nem explica-
O período composto é formado por duas ou mais ram o motivo.
orações. Num parágrafo, podem aparecer misturado
períodos simples e período compostos. z Adversativas: exprimem ideia de oposição, con-
traste ou ressalva em relação ao fato anterior.
Conjunções constitutivas: mas, porém, todavia,
PERÍODO SIMPLES PERÍODO COMPOSTO
contudo, entretanto, no entanto, senão, não obs-
O povo levantou-se cedo tante, ao passo que, apesar disso, em todo caso.
Era dia de eleição Ex.: Ele é rico, mas não paga as dívidas.
para evitar aglomeração
“A morte é dura, porém longe da pátria é dupla a
morte.” (Laurindo Rabelo)
Para não esquecer:
Período simples é aquele formado por uma só z Alternativas: exprimem fatos que se alternam ou
oração. se excluem.
Período composto é aquele formado por duas ou Conjunções constitutivas: (ou), (ou ... ou), (ora ...
mais orações. ora), (que ... quer), (seja ... seja), (já ... já), (talvez
... talvez).
Classifica-se nas seguintes categorias:
Ex.: Ora responde, ora fica calado.
Você quer suco de laranja ou refrigerante?
z Por coordenação: orações coordenadas assindéticas;
z Conclusivas: exprimem uma conclusão lógica
„ Orações coordenadas sindéticas: aditivas, adver- sobre um raciocínio.
Conjunções constitutivas: logo, portanto, por con-
sativas, alternativas, conclusivas, explicativas.
seguinte, pois isso, pois (o “pois” sem ser no início
de frase).
z Por subordinação: Ex.: Estou recuperada, portanto viajarei próxima
semana.
„ Orações subordinadas substantivas: subjeti- “Era domingo; eu nada tinha, pois, a fazer.” (Paulo
vas, objetivas diretas, objetivas indiretas, com- Mendes Campos)
pletivas nominais, predicativas, apositivas;
z Explicativas: justificam uma opinião ou ordem
„ Orações subordinadas adjetivas: restritivas,
expressa. Conjunções constitutivas: que, porque,
explicativas; porquanto, pois.
„ Orações subordinadas adverbiais: causais, Ex.: Vamos dormir, que é tarde. (o “que” equivale
comparativas, concessivas, condicionais, con- a “pois”)
formativas, consecutivas, finais, proporcionais, Vamos almoçar de novo porque ainda estamos
58 temporais. com fome.
PERÍODO COMPOSTO POR SUBORDINAÇÃO z Orações subordinadas substantivas apositivas:
funcionam como aposto. Geralmente vêm depois
Formado por orações sintaticamente dependentes, de dois-pontos ou entre vírgulas.
considerando a função sintática em relação a um ver- Ex.: Só quero uma coisa: a sua volta imediata. (aposto)
bo, nome ou pronome de outra oração. Só quero uma coisa: que você volte imediata-
Tipos de orações subordinadas: mente. (aposto oracional) (or. sub. aposi.)

z Substantivas; z Orações subordinadas adjetivas: desempenham


z Adjetivas; função de adjetivo (adjunto adnominal ou, mais
z Adverbiais. raramente, aposto explicativo). São introduzidas
por pronomes relativos (que, o qual, a qual, os
Orações Subordinadas Substantivas quais, as quais, cujo, cuja, cujos, cujas etc.) As
orações subordinadas adjetivas classificam-se em:
São classificadas nas seguintes categorias: explicativas e restritivas.
z Orações subordinadas adjetivas explicativas:
z Orações subordinadas substantivas conectivas: não limitam o termo antecedente, e sim acrescen-
são introduzidas pelas conjunções subordinativas tam uma explicação sobre o termo antecedente.
integrantes que e se. São consideradas termo acessório no período,
Ex.: Dizem que haverá novos aumentos de podendo ser suprimidas. Sempre aparecem isola-
impostos. das por vírgulas.
Não sei se poderei sair hoje à noite. Ex.: Minha mãe, que é apaixonada por bichos,
z Orações subordinadas substantivas justapos- cria trinta gatos.
tas: introduzidas por advérbios ou pronomes z Orações subordinadas adjetivas restritivas:
interrogativos (onde, como, quando, quanto, especificam ou limitam a significação do termo
quem etc.) antecedente, acrescentando-lhe um elemento
z Ex.: Ignora-se onde eles esconderam as joias indispensável ao sentido. Não são isoladas por
roubadas. vírgulas.
Não sei quem lhe disse tamanha mentira. Ex.: A doença que surgiu recentemente ainda é
incurável.
z Orações subordinadas substantivas reduzidas:
não são introduzidas por conectivo, e o verbo fica
no infinitivo. Dica
Ex.: Ele afirmou desconhecer estas regras. Como diferenciar as orações subordinadas adje-
z Orações subordinadas substantivas subjetivas: tivas restritivas das orações subordinadas adjeti-
exercem a função de sujeito. O verbo da oração vas explicativas?
principal deve vir na voz ativa, passiva analítica Ele visitará o irmão que mora em Recife.
ou sintética. Em 3ª pessoa do singular, sem se refe- (restritiva, pois ele tem mais de um irmão e vai
rir a nenhum termo na oração. visitar apenas o que mora em Recife)
Ex.: Foi importante o seu regresso. (sujeito) Ele visitará o irmão, que mora em Recife.
Foi importante que você regressasse. (sujeito ora- (explicativa, pois ele tem apenas um irmão que
cional) (or. sub. subst. subje.)
mora em Recife)
z Orações subordinadas substantivas objetivas
diretas: exercem a função de objeto direto de um � Orações subordinadas adverbiais: exprimem
verbo transitivo direto ou transitivo direto e indi- uma circunstância relativa a um fato expresso em
reto da oração principal. outra oração. Têm função de adjunto adverbial.
Ex.: Desejo o seu regresso. (OD) São introduzidas por conjunções subordinativas
Desejo que você regresse. (OD oracional) (or. sub. (exceto as integrantes) e se enquadram nos seguin-
subst. obj. dir.) tes grupos:
z Orações subordinadas substantivas completi- � Orações subordinadas adverbiais causais: são
vas nominais: exercem a função de complemento introduzidas por: como, já que, uma vez que, por-
nominal de um substantivo, adjetivo ou advérbio que, visto que etc.
da oração principal. Ex.: Caminhamos o restante do caminho a pé por-
Ex.: Tenho necessidade de seu apoio. (comple- que ficamos sem gasolina.
LÍNGUA PORTUGUESA

mento nominal)
Tenho necessidade de que você me apoie. (com- � Orações subordinadas adverbiais comparati-
plemento nominal oracional) (or. sub. subst. com- vas: são introduzidas por: como, assim como, tal
pl. nom.) qual, como, mais etc.
Ex.: A cerveja nacional é menos concentrada (do)
z Orações subordinadas substantivas predicati- que a importada.
vas: funcionam como predicativos do sujeito da
oração principal. Sempre figuram após o verbo de � Orações subordinadas adverbiais concessivas:
ligação ser. indica certo obstáculo em relação ao fato expres-
Ex.: Meu desejo é a sua felicidade. (predicativo do so na outra oração, sem, contudo, impedi-lo. São
sujeito) introduzidas por: embora, ainda que, mesmo que,
Meu desejo é que você seja feliz. (predicativo do por mais que, se bem que etc.
sujeito oracional) (or. sub. subst. predic.) Ex.: Mesmo que chova, iremos à praia amanhã. 59
� Orações subordinadas adverbiais condicionais: z Podem ser iniciadas por preposição ou locução
são introduzidas por: se, caso, desde que, salvo se, prepositiva.
contanto que, a menos que etc. Ex.: Terminada a prova, fomos ao restaurante.
Ex.: Você terá sucesso desde que se esforce para tal. O. S. Adv. reduzida de particípio: não começa com
conjunção
� Orações subordinadas adverbiais conformati-
Quando terminou a prova, fomos ao restaurante.
vas: são introduzidas por: como, conforme, segun-
(desenvolvida)
do, consoante. O. S. Adv. Desenvolvida: começa com conjunção
Ex.: Ele deverá agir conforme combinamos.
� Orações subordinadas adverbiais consecutivas: Orações Reduzidas de Infinitivo
são introduzidas por: que (precedido na oração
anterior de termos intensivos como tão, tanto, Podem ser substantivas, adjetivas ou adverbiais.
tamanho etc.) de sorte que, de modo que, de forma Se o infinitivo for pessoal, irá flexionar normalmente.
que, sem que.
Ex.: A garota rio tanto, que se engasgou. z Substantivas: Ex.: É preciso trabalhar muito. (O.
“Achei as rosas mais belas do que nunca, e tão S. substantiva subjetiva reduzida de infinitivo)
perfumadas que me estontearam.” (Cecília Mei- Deixe o aluno pensar. (O. S. substantiva objetiva
reles) direta reduzida de infinitivo)
A melhor política é ser honesto. (O. S. substantiva
� Orações subordinadas adverbiais finais: indi- predicativa reduzida de infinitivo)
cam um objetivo a ser alcançado. São introduzidas Este é um difícil livro de se ler. (O. S. substantiva
por: para que, a fim de que, porque e que (= para completiva nominal reduzida de infinitivo)
que). Temos uma missão: subir aquela escada. (O. S.
Ex.: O pai sempre trabalhou para que os filhos substantiva apositiva reduzida de infinitivo)
tivessem bom estudo.
z Adjetivas: Ex.: João não é homem de meter os pés
� Orações subordinadas adverbiais proporcio- pelas mãos.
nais: são introduzidas por: à medida que, à pro- O meu manual para fazer bolos certamente vai
porção que, quanto mais, quanto menos etc. agradar a todos.
Ex.: Quanto mais ouço essa música, mas a
aprecio. z Adverbiais: Ex.: Apesar de estar machucado,
continua jogando bola.
� Orações subordinadas adverbiais temporais: Sem estudar, não passarão.
são introduzidas por: quando, enquanto, logo que, Ele passou mal, de tanto comer doces.
depois que, assim que, sempre que, cada vez que, Orações Reduzidas de Gerúndio
agora que etc.
Ex.: Assim que você sair, feche a porta, por favor. Podem ser coordenadas aditivas, substantivas apo-
sitivas, adjetivas, adverbiais.
Para separar as orações de um período composto, é
necessário atentar-se para dois elementos fundamen- z Coordenada aditiva: Ex.: Pagou a conta, ficando
tais: os verbos (ou locuções verbais) e os conectivos livre dos juros.
(conjunções ou pronomes relativos). Após assinalar
z Substantiva apositiva: Ex.: Não mais se vê amigo
esses elementos, deve-se contar quantas orações ele
ajudando um ao outro. (subjetiva)
representa, a partir da quantidade de verbos ou locu- Agora ouvimos artistas cantando no shopping.
ções verbais. Exs.: (objetiva direta)
[“A recordação de uns simples olhos basta] – 1ª z Adjetiva: Ex.: Criança pedindo esmola dói o
oração coração.
[para fixar outros] – 2ª oração
[que os rodeiam] – 3ª oração z Adverbial: Ex.: Temendo a reação do pai, não
[e se deleitem com a imaginação deles]. – 4ª contou a verdade.
oração (M. de Assis)
Orações Reduzidas de Particípio
Nesse período, a 2ª oração subordina-se ao verbo
basta, pertencente à 1ª (oração principal). Podem ser adjetivas ou adverbiais.
A 3ª e a 4ª são orações coordenadas entre si, porém
ambas dependentes do pronome outros, da 2ª oração. � Adjetiva: Ex.: A notícia divulgada pela mídia era falsa.
Nosso planeta, ameaçado constantemente por
Orações Reduzidas nós mesmos, ainda resiste.
� Adverbiais: Ex.: Aceitas as condições, não have-
z Apresentam o mesmo verbo em uma das formas ria problemas. (condicional)
nominais (gerúndio, particípio e infinitivo); Dada a notícia da herança, as brigas começaram.
(causal/temporal)
z As que são substantivas e adverbiais: nunca são Comprada a casa, a família se mudou logo.
iniciadas por conjunções; (temporal)
z As que são adjetivas: nunca podem ser iniciadas
O particípio concorda em gênero e número com os
por pronomes relativos;
termos referentes.
z Podem ser reescritas (desenvolvidas) com esses Essas orações reduzidas adverbiais são bem fre-
60 conectivos; quentes em provas de concurso.
Períodos Mistos Oração subordinada subjetiva da principal: as
penitenciárias cumpram seu papel
São períodos que apresentam estruturas oracio- Oração coordenada sindética adversativa da ante-
nais de coordenação e subordinação. rior: no entanto a realidade não é assim.
Assim, às vezes aparecem orações coordenadas
dentro de um conjunto de orações que são subordina-
das a uma oração principal.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
2ª 1. (UEPA – 2013) No trecho: “Até hoje, os prédios resi-
1ª oração 3ª oração
oração denciais no Brasil têm dois elevadores: o social, para
os patrões e aqueles no topo da hierarquia social, e
O homem entrou na e pe- que todos calas-
sala diu sem. o elevador de serviço, apropriado para empregados
e pobres”. A repetição do conectivo “e” tem efeito de
verbo verbo verbo marcar uma:

a) descontinuidade de fatos.
1ª oração: oração coordenada assindética.
b) sequência cronológica dos fatos.
2ª oração: oração coordenada sindética aditiva
c) coordenação entre as ideias principais.
em relação à 1ª oração e principal em relação à 3ª ora-
d) implicação natural de consequência dos dois últimos
ção.
fatos em relação ao primeiro.
3ª oração: coordenada substantiva objetiva di-
e) subordinação entre a sequência dos fatos.
reta em relação à 2ª oração.
O conectivo “e” junta duas ideias coordenadas “o
Resumindo: período composto por coordenação e
[elevador] social” e “o elevador de serviço”. Respos-
subordinação. ta: Letra C.
As orações subordinadas são coordenadas entre si,
ligadas ou não por conjunção. 2. (CEPERJ – 2013) “É razoável que as pessoas tenham
medo de assaltos”. Abaixo estão cinco (5) formas
z Orações subordinadas substantivas coordena- de reescrever-se essa frase. Assinale a única forma
das entre si errada.
Ex.: Espero que você não me culpe, que não culpe
meus pais, nem que culpe meus parentes. a) É razoável as pessoas temerem assaltos.
Oração principal: Espero b) É razoável que as pessoas temessem assaltos.
Oração coordenada 1: que você não me culpe c) É razoável que as pessoas tenham medo de ser assaltadas.
Oração coordenada 2: que não culpe meus pais d) É razoável que assaltos causem medo às pessoas.
Oração coordenada 3: nem que culpe meus e) É razoável que assaltos sejam temidos pelas pessoas.
parentes.
A forma “que as pessoas temessem” está também
no subjuntivo, mas pertence a tempo verbal diferen-
Importante! te da frase original, alterando o sentido. Resposta:
O segredo para classificar as orações é per- Letra B.
ceber os conectivos (conjunções e pronomes
relativos).

PONTUAÇÃO
� Orações subordinadas adjetivas coordenadas
entre si Outro tópico que gera dúvidas é a pontuação. Vere-
Ex.: A mulher que é compreensiva, mas que é mos a seguir as regras sobre seus usos.
cautelosa, não faz tudo sozinha.
Oração subordinada adjetiva 1: que é compreensiva Uso de Vírgula
Oração subordinada adjetiva 2: mas que é
cautelosa A vírgula é um sinal de pontuação que exerce três
� Orações subordinadas adverbiais coordenadas funções básicas: marcar as pausas e as inflexões da
voz na leitura; enfatizar e/ou separar expressões e
LÍNGUA PORTUGUESA

entre si
Ex.: Não só quando estou presente, mas também orações; e esclarecer o significado da frase, afastando
quando não estou, sou discriminado. qualquer ambiguidade.
Quando se trata de separar termos de uma mesma
Oração subordinada adverbial 1: quando estou
oração, deve-se usar a vírgula nos seguintes casos:
presente
Oração subordinada adverbial 2: quando não
� Para separar os termos de mesma função
estou
Ex.: Comprei livro, caderno, lápis, caneta.
� Orações coordenadas ou subordinadas no mes-
mo período z Usa-se a vírgula para separar os elementos de
Ex.: Presume-se que as penitenciárias cumpram enumeração.
seu papel, no entanto a realidade não é assim. Ex.: Pontes, edifícios, caminhões, árvores... tudo foi
Oração principal: Presume-se arrastado pelo tsunami. 61
� Para indicar a elipse (omissão de uma palavra que b) Ao final, conclui o autor, que todos esses elementos
já apareceu na frase) do verbo apontados são faces de uma nova abordagem meto-
Ex.: Comprei melancia na feira; ele, abacate. dológica para a proteção do meio ambiente.
Ela prefere filmes de ficção científica; o namorado, c) Não é justo e razoável que o servidor tenha que des-
filmes de terror. pender recursos financeiros com o recolhimento das
� Para separar palavras ou locuções explicativas, custas judiciais – que serão destinadas ao seu deve-
retificativas dor – para obter o que lhe é devido e, depois, reclamar
Ex.: Ela completou quinze primaveras, ou seja, 15 a restituição, se julgada procedente a sua pretensão.
anos. d) Outra providência muito recomendada, é evitar polari-
zação entre os setores de planejamento e produção,
� Para separar datas e nomes de lugar
privilegiando o trabalho em equipe, realizado de forma
Ex.: Belo Horizonte, 15 de abril de 1985.
coordenada.
� Para separar as conjunções coordenativas, exceto e) Segundo Meirelles o ato administrativo – vinculado ou
e, nem, ou. discricionário –, há que ser praticado com a observân-
Ex.: Treinou muito, portanto se saiu bem. cia formal e ideológica da lei.

A vírgula também é facultativa quando a expres- No trecho “o que lhe é devido e, depois, reclamar a
são de tempo, modo e lugar não for uma expressão, restituição, se julgada procedente a sua pretensão”,
mas uma palavra só. Exemplos: as duas primeiras vírgulas isolam o advérbio de
Antes vamos conversar. / Antes, vamos conversar.
tempo “depois”, que está deslocado; a última vírgula
Geralmente almoço em casa. / Geralmente, almoço
justifica-se pela condicional “se julgada procedente
em casa.
Ontem choveu o esperado para o mês todo. / a sua pretensão”. Resposta: Letra C.
Ontem, choveu o esperado para o mês todo.
Ela acordou muito cedo. Por isso ficou com sono Uso de Ponto e Vírgula
durante a aula. / Ela acordou muito cedo. Por isso,
ficou com sono durante a aula. É empregado nos seguintes casos o sinal de ponto
Irei à praia amanhã se não chover. / Irei à praia e vírgula (;):
amanhã, se não chover.
� Nos contrastes, nas oposições, nas ressalvas
Não se Usa Vírgula nas Seguintes Situações Ex.: Ela, quando viu, ficou feliz; ele, quando a viu,
ficou triste.
� Entre o sujeito e o verbo
Ex.: Todos os alunos daquele professor, entende- � No lugar das conjunções coordenativas deslocadas
ram a explicação. (errado) Ex.: O maratonista correu bastante; ficou, portan-
Muitas coisas que quebraram meu coração, con- to, exausto.
sertaram minha visão. (errado) � No lugar do e seguido de elipse do verbo (= zeugma)
� Entre o verbo e seu complemento, ou mesmo pre- Ex.: Na linguagem escrita é o leitor; na fala, o
dicativo do sujeito: ouvinte.
Ex.: Os alunos ficaram, satisfeitos com a explica- Prefiro brigadeiros; minha mãe, pudim; meu pai,
ção. (errado) sorvete.
Os alunos precisam de, que os professores os aju-
dem. (errado) � Em enumerações, portarias, sequências
Os alunos entenderam, toda aquela explicação. Ex.: São órgãos do Ministério Público Federal:
(errado) o Procurador-Geral da República;
o Colégio de Procuradores da República;
� Entre um substantivo e seu complemento nominal o Conselho Superior do Ministério Público Federal.
ou adjunto adnominal.
Ex.: A manutenção, daquele professor foi exigida
Dois-pontos
pelos alunos. (errado)
� Entre locução verbal de voz passiva e agente da Marcam uma supressão de voz em frase que ainda
passiva: não foi concluída.
Ex.: Todos os alunos foram convidados, por aquele Servem para:
professor para a feira. (errado)
� Entre o objeto e o predicativo do objeto: � Introduzir uma citação (discurso direto):
Ex.: Considero suas aulas, interessantes. (errado) Ex.: Assim disse Voltaire: “Devemos julgar um
Considero interessantes, as suas aulas. (errado) homem mais pelas suas perguntas que pelas suas
respostas”.
� Introduzir um aposto explicativo, enumerativo,
EXERCÍCIO COMENTADO distributivo ou uma oração subordinada substan-
tiva apositiva
Ex.: Em nosso meio, há bons profissionais: profes-
1. (TJ-SC – 2011) Indique o período que não apresenta
sores, jornalistas, médicos.
erro de pontuação:
� Introduzir uma explicação ou enumeração após
a) Morte de florestas; chuvas ácidas, e animais marinhos expressões como por exemplo, isto é, ou seja, a
cobertos por petróleo, são questões ambientais que saber, como.
teriam suficiente relevância para alarmar a população, Ex.: Adquirimos vários saberes, como: Linguagens,
62 e automaticamente, motivar encontros e discussões. Filosofia, Ciências...
z Marcar uma pausa entre orações coordenadas � Entre parênteses para indicar incerteza:
(relação semântica de oposição, explicação/causa Ex.: Eu disse a palavra peremptório (?), mas acho
ou consequência) que havia palavra melhor no contexto.
Ex.: Já leu muitos livros: pode-se dizer que é um
� Junto com o ponto de exclamação, para denotar
homem culto.
surpresa:
Precisamos ousar na vida: devemos fazê-lo com Ex.: Não conseguiu chegar ao local de prova?! (ou !?)
cautela.
� E interrogações retóricas:
� Marcar invocação em correspondências Ex.: Jogaremos comida fora à toa? (Ou seja: “Claro
Ex.: Prezados senhores: que não jogaremos comida fora à toa”).
Comunico, por meio deste, que...
Ponto de Exclamação
Travessão
� É empregado para marcar o fim de uma frase com
� Usado em discursos diretos, indica a mudança de entonação exclamativa:
discurso de interlocutor: Ex.: Ex.: Que linda mulher!
– Bom dia, Maria! Coitada dessa criança!
– Bom dia, Pedro!
� Aparece após uma interjeição:
� Serve também para colocar em relevo certas Ex.: Nossa! Isso é fantástico.
expressões, orações ou termos. Pode ser subs-
tituído por vírgula, dois-pontos, parênteses ou � Usado para substituir vírgulas em vocativos enfáticos:
colchetes: Ex.: “Fernando José! onde estava até esta hora?”
Ex.: Os professores ― amigos meus do curso cario- � É repetido duas ou mais vezes quando se quer
ca ― vão fazer videoaulas. (aposto explicativo) marcar uma ênfase:
Meninos ― pediu ela ―, vão lavar as mãos, que Ex.: Inacreditável!!! Atravessou a piscina de 50
vamos jantar. (oração intercalada) metros em 20 segundos!!!

Como disse o poeta: “Só não se inventou a máqui- Reticências


na de fazer versos ― já havia o poeta parnasiano”.
São usadas para:
Parênteses
� Assinalar interrupção do pensamento:
Têm função semelhante à dos travessões e das Ex.: ― Estou ciente de que...
vírgulas no sentido que colocam em relevo certos ter- ― Pode dizer...
mos, expressões ou orações.
� Indicar partes suprimidas de um texto:
Ex.: Os professores (amigos meus do curso carioca)
Ex.: Na hora em que entrou no quarto ... e depois
vão fazer videoaulas. (aposto explicativo)
desceu as escadas apressadamente. (Também pode
Meninos (pediu ela), vão lavar as mãos, que vamos ser usado: Na hora em que entrou no quarto [...] e
jantar. (oração intercalada) depois desceu as escadas apressadamente.)
Ponto-final � Para sugerir prolongamento da fala:
Ex.: ―O que vocês vão fazer nas férias?
É o sinal que denota maior pausa. ― Ah, muitas coisas: dormir, nadar, pedalar...
Usa-se: � Para indicar hesitação:
Ex.: ― Eu não a beijava porque... porque... tinha
� Para indicar o fim de oração absoluta ou de vergonha.
período.
Ex.: “Itabira é apenas uma fotografia na parede.” � Para realçar uma palavra ou expressão, normal-
Carlos Drummond de Andrade mente com outras intenções:
Ex.: ― Ela é linda...! Você nem sabe como...!
� Nas abreviaturas
Ex.: apart. ou apto. = apartamento Uso das Aspas
sec. = secretário
a.C. = antes de Cristo São usadas em citações ou em algum termo que
precisa ser destacado no texto. Pode ser substituído
Dica por itálico ou negrito, que têm a mesma função de
destaque.
LÍNGUA PORTUGUESA

Símbolos do sistema métrico decimal e elemen- Usam-se nos seguintes casos:


tos químicos não vêm com ponto final:
Exemplos: km, m, cm, He, K, C � Antes e depois de citações:
Ex.: “A vírgula é um calo no pé de todo mundo”,
Ponto de Interrogação afirma Dad Squarisi, 64.
� Para marcar estrangeirismos, neologismos, arcaís-
Marca uma entonação ascendente (elevação da mos, gírias e expressões populares ou vulgares,
voz) em tom questionador. conotativas:
Usa-se: Ex.: O home, “ledo” de paixão, não teve a fortuna
que desejava.
� Em frase interrogativa direta: Não gosto de “pavonismos”.
Ex.: O que você faria se só lhe restasse um dia? Dê um “up” no seu visual. 63
� Para realçar uma palavra ou expressão imprópria, � Para indicar inclusão, quando utilizada na separa-
às vezes com ironia ou malícia ção das conjunções e/ou.
Ex.: Veja como ele é “educado”: cuspiu no chão. Ex.: Os alunos poderão apresentar trabalhos orais
Ele reagiu impulsivamente e lhe deu um “não” e/ou escritos.
sonoro.
� Para indicar itens que possuem algum tipo de rela-
� Para citar nomes de mídias, livros etc. ção entre si.
Ex.: Ouvi a notícia do “Jornal Nacional”. Ex.: A palavra será classificada quanto ao número
(plural/singular).
Colchetes O carro atingiu os 220 km/h.
� Para separar os versos de poesias, quando escritos
Representam uma variante dos parênteses, porém seguidamente na mesma linha. São utilizadas duas
tem uso mais restrito. barras para indicar a separação das estrofes.
Usam-se nos seguintes casos: Ex.: “[…] De tanto olhar para longe,/não vejo o que
passa perto,/meu peito é puro deserto./Subo mon-
� Para incluir num texto uma observação de nature- te, desço monte.//Eu ando sozinha/ao longo da noi-
za elucidativa: te./Mas a estrela é minha.” Cecília Meireles
Ex.: É de Stanislaw Ponte Preta [pseudônimo de � Na escrita abreviada, para indicar que a palavra
Sérgio Porto] a obra “Rosamundo e os outros”. não foi escrita na sua totalidade:
� Para isolar o termo latino sic (que significa “assim”), Ex.: a/c = aos cuidados de;
a fim de indicar que, por mais estranho ou errado s/ = sem
que pareça, o texto original é assim mesmo: � Para separar o numerador do denominador nos
Ex.: “Era peior [sic] do que fazer-me esbirro aluga- números fracionários, substituindo a barra da
do.” (Machado de Assis) fração:
� Para indicar os sons da fala, quando se estuda Ex.: 1/3 = um terço
Fonologia: � Nas datas:
Ex.: mel: [mɛw]; nem: [bẽy] Ex.: 31/03/1983
� Para suprimir parte de um texto (assim como � Nos números de telefone:
parênteses) Ex.: 225 03 50/51/52
Ex.: Na hora em que entrou no quarto [...] e depois
desceu as escadas apressadamente. ou � Nos endereços:
Na hora em que entrou no quarto (...) e depois des- Ex.: Rua do Limoeiro, 165/232
ceu as escadas apressadamente. (caso não preferí- � Na indicação de dois anos consecutivos:
vel segundo as normas da ABNT) Ex.: O evento de 2012/2013 foi um sucesso.

Asterisco � Para indicar fonemas, ou seja, os sons da língua:


Ex.: /s/
� É colocado à direita e no canto superior de uma Embora não existam regras muito definidas sobre
palavra do trecho para se fazer uma citação ou a existência de espaços antes e depois da barra oblí-
comentário qualquer sobre o termo em uma nota qua, privilegia-se o seu uso sem espaços: plural/singu-
de rodapé: lar, masculino/feminino, sinônimo/antônimo.
Ex.: A palavra tristeza é formada pelo adjetivo
triste acrescido do sufixo -eza*.
*-eza é um sufixo nominal justaposto a um adjeti-
vo, o que origina um novo substantivo.
CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL
� Quando repetido três vezes, indica uma omissão
ou lacuna em um texto, principalmente em substi- Na elaboração da frase, as palavras relacionam-se
tuição a um substantivo próprio: umas com as outras. Ao se relacionarem, elas obede-
Ex.: O menor *** foi apreendido e depois encami- cem a alguns princípios: um deles é a concordância.
nhado aos responsáveis. Observe o exemplo:
� Quando colocado antes e no alto da palavra, repre-
senta o vocábulo como uma forma hipotética, isto A pequena garota andava sozinha pela cidade.
é, cuja existência é provável, mas não comprovada: A: Artigo, feminino, singular;
Ex.: Parecer, do latim *parescere. Pequena: Adjetivo, feminino, singular;
Garota: Substantivo, feminino, singular.
� Antes de uma frase para indicar que ela é agrama-
tical, ou seja, uma frase que não respeita as regras Tanto o artigo quanto o adjetivo (ambos adjuntos
da gramática. adnominais) concordam com o gênero (feminino) e o
* Edifício elaborou projeto o engenheiro. número (singular) do substantivo.
Na língua portuguesa, há dois tipos de concordân-
Uso da Barra cia: nominal e verbal.

A barra oblíqua [ / ] é um sinal gráfico usado: CONCORDÂNCIA NOMINAL

� Para indicar disjunção e exclusão, podendo ser Define-se como a adaptação em gênero e número
substituída pela conjunção “ou”: que ocorre entre o substantivo (ou equivalente, como
Ex.: Poderemos optar por: carne/peixe/dieta. o adjetivo) e seus modificadores (artigos, pronomes,
64 Poderemos optar por: carne, peixe ou dieta. adjetivos, numerais).
O adjetivo e as palavras adjetivas concordam em Dica
gênero e número com o nome a que se referem.
Ex.: Parede alta. / Paredes altas. O termo mesmo no sentido de “realmente” será
Muro alto. / Muros altos. invariável.
Ex.: Os alunos resolveram mesmo a situação.
Casos com adjetivos
z Só / sós
z Com função de adjunto adnominal: quando o Variáveis quando significarem “sozinho” / “sozinhos”.
adjetivo funcionar como adjunto adnominal e esti- Invariáveis quando significarem “apenas, somente”.
ver após os substantivos, poderá concordar com Ex.: As garotas só queriam ficar sós. (As garotas
as somas desses ou com o elemento mais próximo. apenas queriam ficar sozinhas.)
A locução “a sós” é invariável.
Ex.: Encontrei colégios e faculdades ótimas. /
Ex.: Ela gostava de ficar a sós. / Eles gostavam de
Encontrei colégios e faculdades ótimos.
ficar a sós.
Há casos em que o adjetivo concordará apenas � Quite / anexo / incluso
com o nome mais próximo, quando a qualidade per- Concordam com os elementos a que se referem.
tencer somente a este. Ex.: Estamos quites com o banco.
Ex.: Saudaram todo o povo e a gente brasileira. Seguem anexas as certidões negativas.
Foi um olhar, uma piscadela, um gesto estranho Inclusos, enviamos os documentos solicitados.
� Meio
Quando o adjetivo funcionar como adjunto adno- Quando significar “metade”: concordará com o
minal e estiver antes dos substantivos, poderá con- elemento referente.
cordar apenas com o elemento mais próximo. Ex.: Ex.: Ela estava meio (um pouco) nervosa.
Existem complicadas regras e conceitos. Quando significar “um pouco”: será invariável.
Quando houver apenas um substantivo qualifica- Ex.: Já era meio-dia e meia (metade da hora).
do por dois ou mais adjetivos pode-se:
Colocar o substantivo no plural e enumerar o ad- � Grama
jetivo no singular. Ex.: Ele estuda as línguas inglesa, Quando significar “vegetação”, é feminino; quan-
francesa e alemã. do significar unidade de medida, é masculino.
Colocar o substantivo no singular e, ao enumerar Ex.: Comprei duzentos gramas de farinha.
os adjetivos (também no singular), antepor um artigo “A grama do vizinho sempre é mais verde.”
a cada um, menos no primeiro deles. Ex.: Ele estuda a � É proibido entrada / É proibida a entrada
língua inglesa, a francesa e a alemã. Se o sujeito vier determinado, a concordância do
verbo e do predicativo do sujeito será regular, ou
z Com função de predicativo do sujeito seja, tanto o verbo quanto o predicativo concorda-
rão com o determinante.
Com o verbo após o sujeito, o adjetivo concordará Ex.: Caminhada é bom para a saúde. / Esta cami-
com a soma dos elementos. nhada está boa.
Ex.: A casa e o quintal estavam abandonados. É proibido entrada de crianças. / É proibida a
Com o verbo antes do sujeito o predicativo do su- entrada de crianças.
jeito acompanhará a concordância do verbo, que por Pimenta é bom? / A pimenta é boa?
sua vez concordará tanto com a soma dos elementos
quanto com o nome mais próximo. � Menos / pseudo
Ex.: Estava abandonada a casa e o quintal. / Esta- São invariáveis.
vam abandonados a casa e o quintal. Ex.: Havia menos violência antigamente.
Aquelas garotas são pseudoatletas. / Seu argumen-
Como saber quando o adjetivo tem valor de adjun-
to é pseudo-objetivo.
to adnominal ou predicativo do sujeito? Substitua os
substantivos por um pronome: � Muito / bastante
Ex.: Existem conceitos e regras complicados. Quando modificam o substantivo: concordam com
(substitui-se por “eles”) ele.
Fazendo a troca, fica “Eles existem”, e não “Eles Quando modificam o verbo: invariáveis.
existem complicados”. Ex.: Muitos deles vieram. / Eles ficaram muito
Como o adjetivo desapareceu com a substituição, irritados.
então é um adjunto adnominal. Bastantes alunos vieram. / Os alunos ficaram bas-
tante irritados.
z Com função de predicativo do objeto Se ambos os termos puderem ser substituídos por
“vários”, ficarão no plural. Se puderem ser substi-
LÍNGUA PORTUGUESA

Recomenda-se concordar com a soma dos substan- tuídos por “bem”, ficarão invariáveis.
tivos, embora alguns estudiosos admitam a concor- � Tal qual
dância com o termo mais próximo. Tal concorda com o substantivo anterior; qual,
Ex.: Considero os conceitos e as regras complicados. com o substantivo posterior.
Tenho como irresponsáveis o chefe do setor e Ex.: O filho é tal qual o pai. / O filho é tal quais os
seus subordinados. pais.
Os filhos são tais qual o pai. / Os filhos são tais
Algumas convenções quais os pais.
Silepse (também chamada concordância figurada)
� Obrigado / próprio / mesmo É a que se opera não com o termo expresso, mas o
Ex.: A mulher disse: “Muito obrigada”. que está subentendido.
A própria enfermeira virá para o debate. Ex.: São Paulo é linda! (A cidade de São Paulo é
Elas mesmas conversaram conosco. linda!) 65
Estaremos aberto no final de semana. (Estaremos Ao meio-dia e [meia hora], [...] a porta da lancheria
com o estabelecimento aberto no final de semana.) [meio = um pouco] aberta, [...] pediu [meio = meta-
Os brasileiros estamos esperançosos. (Nós, brasi- de do termo masculino grama] grama de sal e meia
leiros, estamos esperançosos.) porção [...]. Resposta: Letra D
� Possível PLURAL DE COMPOSTOS
Concordará com o artigo, em gênero e número, em
frases enfáticas com o “mais”, o “menos”, o “pior”. Substantivos
Ex.: Conheci crianças o mais belas possíveis. /
Conheci crianças as mais belas possíveis. O adjetivo concorda com o substantivo referen-
te em gênero e número. Se o termo que funciona
como adjetivo for originalmente um substantivo fica
invariável.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Ex.: Rosas vermelhas e jasmins pérola. (pérola
também é um substantivo; mantém-se no singular)
1. (FAFIPA – 2020) Para que haja concordância, todos os Ternos cinza e camisas amarelas. (cinza também é
elementos que compõem a oração precisam estar em um substantivo; mantém-se no singular)
harmonia. A partir disso, assinale a alternativa em que
NÃO há erro de concordância nominal: Adjetivos

Quando houver adjetivo composto, apenas o últi-


a) Sempre educada e prestativa, a menina olhou para mo elemento concordará com o substantivo referente.
todos os convidados e disse: “Muito obrigado!” Os demais ficarão na forma masculina singular.
b) As taxas inclusa no pacote de viagem são muito altas. Se um dos elementos for originalmente um subs-
c) Os diretores mesmo realizaram a campanha na escola. tantivo, todo o adjetivo composto ficará invariável.
d) Bebi meia garrafa de vinho e fiquei meia tonta. Ex.: Violetas azul-claras com folhas verde-musgo.
e) Gosto muito de ler Clarice Lispector. Na biblioteca há No termo “azul-claras”, apenas “claras” segue o
bastantes livros de sua autoria. plural, pois ambos são adjetivos.
No termo “verde-musgo”, “musgo” permanece no
Na alternativa A, a frase enunciada pela menina singular, assim como “verde”, por ser substantivo.
deveria flexionar no feminino o adjetivo “obrigada”, Nesse caso, o termo composto não concorda com o
portanto está incorreta. Na alternativa B, o adjeti- plural do substantivo referente, “folhas”.
vo “inclusa” deve concordar em gênero e número, Ex.: Calças rosa-claro e camisas verde-mar.
havendo a necessidade do plural, o mesmo ocorre O termo “claro” fica invariável porque “rosa” tam-
bém pode ser um substantivo.
em C, portanto mais duas alternativas incorretas.
O termo “mar” fica invariável por seguir a mesma
Na alternativa D a palavra “meia” é um advérbio,
lógica de “musgo” do exemplo anterior.
pois modifica o adjetivo tonta, sendo, portanto,
invariável, acarretando o erro dessa alternativa. Já
na alternativa E termos “bastantes” corretamente
Dica
empregado, pois assume valor de “muitos”. Respos- Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qual-
ta: Letra E quer adjetivo composto iniciado por “cor-de” são
sempre invariáveis.
2. (TJ-SC – 2010) Assinale a frase correta em termos de O adjetivo composto pele-vermelha tem os dois ele-
concordância nominal: mentos flexionados no plural (peles-vermelhas).
a) Por essa razão se faz necessária a agilização de pro- Lista de Flexão dos dois elementos
cedimentos como a apuração da base de cálculos.
b) Julgo procedente em parte os pedidos promovidos � Nos substantivos compostos formados por pala-
por Maria e José. vras variáveis, especialmente substantivos e
c) As duplicatas apenso não foram resgatadas. adjetivos:
d) O veículo estará à sua disposição no local e hora segunda-feira – segundas-feiras;
aprazado. matéria-prima – matérias-primas;
e) Embora meia tonta, a moça conseguiu dizer “muito couve-flor – couves-flores;
obrigado”. guarda-noturno – guardas-noturnos;
primeira-dama – primeiras-damas.
O trecho “[...] se faz necessária a agilização” está � Nos substantivos compostos formados por
correto porque o termo “necessária” concorda com temas verbais repetidos:
o artigo definido feminino singular “a”. Resposta: corre-corre – corres-corres;
Letra A pisca-pisca – piscas-piscas;
pula-pula – pulas-pulas.
3. (TJ-SC – 2010) “Ao meio-dia e ____ , encontrando a Nestes substantivos também é possível a flexão
porta da lancheria _____ aberta, Joana entrou e pediu apenas do segundo elemento: corre-corres, pisca-
____ grama de sal e _____ porção de sanduíche.” O tex- -piscas, pula-pulas.
to fica gramaticalmente correto com a inserção de:
Flexão apenas do primeiro elemento
a) meia – meio – meia – meia z Nos substantivos compostos formados por subs-
b) meio – meia – meio – meia tantivo + substantivo em que o segundo termo
c) meia – meia – meia – meia limita o sentido do primeiro termo:
d) meia – meio – meio – meia decreto-lei – decretos-lei;
66 e) meio – meio – meio – meio cidade-satélite – cidades-satélite;
público-alvo – públicos-alvo; Destrinchando o período, temos que os termos
elemento-chave – elementos-chave. essenciais da oração (sujeito e predicado) são apenas
Nestes substantivos também é possível a flexão “[...] o Brasil [...]” – sujeito – e “[...] ganha [...]” – predi-
dos dois elementos: decretos-leis, cidades-satélites, cado verbal.
públicos-alvos, elementos-chaves. Veja um caso de uso de verbo bitransitivo:
Ex.: Prefiro natação a futebol.
z Nos substantivos compostos preposicionados:
Verbo bitransitivo: Prefiro
cana-de-açúcar – canas-de-açúcar;
Objeto direto: natação
pôr do sol – pores do sol;
Objeto indireto: a futebol
fim de semana – fins de semana;
Popularmente, usa-se “do que” no lugar de “a”,
pé de moleque – pés de moleque.
o que tornaria a oração da seguinte forma: “Prefiro
natação do que futebol”. Porém, segundo a norma-pa-
Flexão apenas do segundo elemento drão, a forma correta é como consta no exemplo.

� Nos substantivos compostos formados por tema Concordância Verbal com o Sujeito Simples
verbal ou palavra invariável + substantivo ou
adjetivo: Em regra geral, o verbo concorda com o núcleo do
bate-papo – bate-papos; sujeito.
quebra-cabeça – quebra-cabeças; Ex.: Os jogadores de futebol ganham um salário
arranha-céu – arranha-céus; exorbitante.
ex-namorado – ex-namorados;
vice-presidente – vice-presidentes. Diferentes situações:
� Nos substantivos compostos em que há repeti-
ção do primeiro elemento: z Quando o núcleo do sujeito for uma palavra de
zum-zum – zum-zuns; sentido coletivo, o verbo fica no singular. Ex.: A
tico-tico – tico-ticos; multidão gritou entusiasmada.
lufa-lufa – lufa-lufas; z Quando o sujeito é o pronome relativo que, o ver-
reco-reco – reco-recos. bo posterior ao pronome relativo concorda com o
antecedente do relativo. Ex.: Quais os limites do
� Nos substantivos compostos grafados ligada-
Brasil que se situam mais próximos do Meridiano?
mente, sem hífen:
girassol – girassóis; z Quando o sujeito é o pronome indefinido quem, o
pontapé – pontapés; verbo fica na 3ª pessoa do singular. Ex.: Fomos nós
mandachuva – mandachuvas; quem resolveu a questão.
fidalgo – fidalgos.
Por questão de ênfase, o verbo pode também con-
� Nos substantivos compostos formados com cordar com o pronome reto antecedente. Ex.: Fomos
grão, grã e bel: nós quem resolvemos a questão.
grão-duque – grão-duques;
grã-fino – grã-finos; z Quando o sujeito é um pronome interrogativo,
bel-prazer – bel-prazeres. demonstrativo ou indefinido no plural + de nós /
Não flexão dos elementos de vós, o verbo pode concordar com o pronome no
� Em alguns casos, não ocorre a flexão dos elementos plural ou com nós / vós. Ex.: Alguns de nós resol-
formadores, que se mantêm invariáveis. Isso ocor- viam essa questão. / Alguns de nós resolvíamos
re em frases substantivadas e em substantivos essa questão.
compostos por um tema verbal e uma palavra z Quando o sujeito é formado por palavras plurali-
invariável ou outro tema verbal oposto: zadas, normalmente topônimos (Amazonas, férias,
o disse me disse – os disse me disse; Minas Gerais, Estados Unidos, óculos etc.), se hou-
o leva e traz – os leva e traz; ver artigo definido antes de uma palavra plura-
lizada, o verbo fica no plural. Caso não haja esse
o cola-tudo – os cola-tudo. artigo, o verbo fica no singular. Ex.: Os Estados
Unidos continuam uma potência.
CONCORDÂNCIA VERBAL Estados Unidos continua uma potência.
Santos fica em São Paulo. (Corresponde a: “A
É a adaptação em número – singular ou plural – cidade de Santos fica em São Paulo.”)
LÍNGUA PORTUGUESA

e pessoa que ocorre entre o verbo e seu respectivo


sujeito.
“De todos os povos mais plurais culturalmente, o Importante!
Brasil, mesmo diante de opiniões contrárias, as quais Quando se aplica a nomes de obras artísticas, o
insistem em desmentir que nosso país é cheio de ‘bra- verbo fica no singular ou no plural.
sis’ – digamos assim –, ganha disparando dos outros, Os Lusíadas imortalizou / imortalizaram Camões.
pois houve influências de todos os povos aqui: euro-
peus, asiáticos e africanos.”
Esse período, apesar de extenso, constitui-se de z Quando o sujeito é formado pelas expressões mais
um sujeito simples “o Brasil”, portanto o verbo cor- de um, cerca de, perto de, menos de, coisa de,
respondente a esse sujeito, “ganha”, necessita ficar no obra de etc., o verbo concorda com o numeral. Ex.:
singular. Mais de um aluno compareceu à aula. 67
Mais de cinco alunos compareceram à aula. z Quando o sujeito está em voz passiva sintética, o
verbo concorda com o sujeito paciente. Ex.: Ven-
A expressão mais de um tem particularidades: dem-se casas de veraneio aqui.
se a frase indica reciprocidade (pronome reflexivo Nunca se viu, em parte alguma, pessoa tão
recíproco se), se houver coletivo especificado ou se interessada.
a expressão vier repetida, o verbo fica no plural. Ex.:
z Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o
Mais de um irmão se abraçaram.
verbo fica sempre na 3ª pessoa. Ex.: Por que Vossa
Majestade está preocupada?
Mais de um grupo de crianças veio/vieram à festa.
Suas Excelências precisam de algo?
Mais de um aluno, mais de um professor esta-
vam presentes. z Sujeito do verbo viver em orações optativas ou
exclamativas. Ex.: Vivam os campeões!
z Quando o sujeito é formado po um número per-
centual ou fracionário, o verbo concorda com o Concordância Verbal com o Sujeito Composto
numerado ou com o número inteiro, mas pode
concordar com o especificador dele. Se o numeral � Núcleos do sujeito constituídos de pessoas grama-
vier precedido de um determinante, o verbo con- ticais diferentes
cordará apenas com o numeral. Ex.: Apenas 1/3 Ex.: Eu e ele nos tornamos bons amigos.
das pessoas do mundo sabe o que é viver bem.
� Núcleos do sujeito ligados pela preposição com
Apenas 1/3 das pessoas do mundo sabem o que é Ex.: O ministro, com seus assessores, chegou/che-
viver bem. garam ontem.
Apenas 30% do povo sabe o que é viver bem. � Núcleos do sujeito acompanhados da palavra cada
Apenas 30% do povo sabem o que é viver bem. ou nenhum
Os 30% da população não sabem o que é viver mal. Ex.: Cada jogador, cada time, cada um deve man-
ter o espírito esportivo.

EXERCÍCIO COMENTADO � Núcleos do sujeito sendo sinônimos e estando no


singular
1. (FGV – 2008) “... mostram que um terço dos pagamen- Ex.: A angústia e a ansiedade não o ajudava/aju-
tos realizados por intermédio de instituições financei- davam. (preferencialmente no singular)
ras foi tributado apenas por aquela contribuição...” � Gradação entre os núcleos do sujeito
Assinale a alternativa em que, ao se alterar o termo Ex.: Seu cheiro, seu toque bastou/bastaram para
“um terço”, não se tenha mantido a concordância em me acalmar. (preferencialmente no singular)
conformidade com a norma culta. Desconsidere a
possibilidade de concordância atrativa. � Núcleos do sujeito no infinitivo
Ex.: Andar e nadar faz bem à saúde.
a) mostram que 0,27% dos pagamentos realizados por � Núcleos do sujeito resumidos por um aposto resu-
intermédio de instituições financeiras foi tributado mitivo (nada, tudo, ninguém)
apenas por aquela contribuição. Ex.: Os pedidos, as súplicas, nada disso o comoveu.
b) mostram que menos de 2% dos pagamentos realiza-
dos por intermédio de instituições financeiras foram � Sujeito constituído pelas expressões um e outro,
tributados apenas por aquela contribuição. nem um nem outro
c) mostram que grande parte dos pagamentos realiza- Ex.: Um e outro já veio/vieram aqui.
dos por intermédio de instituições financeiras foi tribu- � Núcleos do sujeito ligados por nem... nem
tado apenas por aquela contribuição. Ex.: Nem a televisão nem a internet desviarão meu
d) mostram que três quartos dos pagamentos realizados foco nos estudos.
por intermédio de instituições financeiras foram tribu-
tados apenas por aquela contribuição. � Entre os núcleos do sujeito, aparecem as palavras
e) mostram que 1,6 milhão dos pagamentos realizados como, menos, inclusive, exceto ou as expressões
por intermédio de instituições financeiras foi tributado bem como, assim como, tanto quanto
apenas por aquela contribuição. Ex.: O Vasco ou o Corinthians ganhará o jogo na
final.
Em “grande parte dos pagamentos realizados...
z Núcleos do sujeito ligados pelas séries correlativas
foi tributado”, não houve concordância adequada,
aditivas enfáticas (tanto... quanto / como / assim
deveria ser “foi tributada”, para concordar com o
como; não só... mas também etc.)
núcleo do sujeito, “parte”. Resposta: Letra C.
Ex.: Tanto ela quanto ele mantém/mantêm sua
popularidade em alta.
� Os verbos bater, dar e soar concordam com o
número de horas ou vezes, exceto se o sujeito for a z Quando dois ou mais adjuntos modificam um úni-
palavra relógio. Ex.: Deram duas horas, e ela não co núcleo, o verbo fica no singular concordando
chegou. (Duas horas deram...) com o núcleo único. Mas, se houver determinante
Bateu o sino duas vezes. (O sino bateu) após a conjunção, o verbo fica no plural, pois aí o
Soaram dez badaladas no relógio da sala. (Dez sujeito passa a ser composto.
badaladas soaram) Ex.: O preço dos alimentos e dos combustíveis
Soou dez badaladas o relógio da escola. (O relógio aumentou. Ou: O preço dos alimentos e o dos
68 da escola soou dez badaladas) combustíveis aumentaram.
Concordância Verbal do Verbo Ser Deixei-os brincar aqui. (pronome oblíquo átono
sendo sujeito do infinitivo)
� Concorda com o sujeito
Ex.: Nós somos unha e carne. Quando o sujeito do infinitivo for um substantivo
no plural, usa-se tanto o infinitivo pessoal quanto o
� Concorda com o sujeito (pessoa)
impessoal. “Mandei os garotos sair/saírem”.
Ex.: Os meninos foram ao supermercado.
� Em predicados nominais, quando o sujeito for Navegar é preciso, viver não é preciso. (infini-
representado por um dos pronomes tudo, nada, tivo com valor genérico)
isto, isso, aquilo ou “coisas”, o verbo ser concor- São casos difíceis de solucionar. (infinitivo
dará com o predicativo (preferencialmente) ou precedido de preposição de ou para)
com o sujeito Soldados, recuar! (infinitivo com valor de impera-
Ex.: No início, tudo é/são flores. tivo)
� Concorda com o predicativo quando o sujeito for � Concordância do verbo parecer
que ou quem Flexiona-se ou não o infinitivo.
Ex.: Quem foram os classificados? Pareceu-me estarem os candidatos confiantes. (o
equivalente a “Pareceu-me que os candidatos esta-
� Em indicações de horas, datas, tempo, distância vam confiantes”, portanto o infinitivo é flexionado
(predicativo), o verbo concorda com o predicativo de acordo com o sujeito, no plural)
Ex.: São nove horas. Eles parecem estudar bastante. (locução verbal,
É frio aqui. logo o infinitivo será impessoal)
Seria meio-dia e meia ou seriam doze horas?
� Concordância dos verbos impessoais
� O verbo fica no singular quando precede termos São os casos de oração sem sujeito. O verbo fica
como muito, pouco, nada, tudo, bastante, mais, sempre na 3ª pessoa do singular.
menos etc. junto a especificações de preço, peso, Ex.: Havia sérios problemas na cidade.
quantidade, distância, e também quando seguido Fazia quinze anos que ele havia se formado.
do pronome o Deve haver sérios problemas na cidade. (verbo
Ex.: Cem metros é muito para uma criança. auxiliar fica no singular)
Divertimentos é o que não lhe falta. Trata-se de problemas psicológicos.
Dez reais é nada diante do que foi gasto. Geou muitas horas no sul.
� Na expressão expletiva “é que”, se o sujeito da ora- � Concordância com sujeito oracional
ção não aparecer entre o verbo ser e o que, o ser Quando o sujeito é uma oração subordinada, o
ficará invariável. Se o ser vier separado do que, o verbo da oração principal fica na 3ª pessoa do
verbo concordará com o termo não preposiciona- singular.
do entre eles. Ex.: Ainda vale a pena investir nos estudos.
Ex.: Eles é que sempre chegam cedo. Sabe-se que dois alunos nossos foram aprovados.
São eles que sempre chegam cedo. Ficou combinado que sairíamos à tarde.
É nessas horas que a gente precisa de ajuda. (cons- Urge que você estude.
trução adequada) Era preciso encontrar a verdade
São nessas horas que a gente precisa de ajuda.
(construção inadequada) Casos mais frequentes em provas

Concordância do Infinitivo Veja agora uma lista com os casos mais abordados
em concursos:
z Exemplos com verbos no infinitivo pessoal:
Nós lutaremos até vós serdes bem tratados. (sujei- � Sujeito posposto distanciado
to esclarecido) Ex.: Viviam o meio de uma grande floresta tropical
Está na hora de começarmos o trabalho. (sujeito brasileira seres estranhos.
implícito “nós”)
Falei sobre o desejo de aprontarmos logo o site. � Verbos impessoais (haver e fazer)
(dois pronomes implícitos: eu, nós) Ex.: Faz dois meses que não pratico esporte.
Havia problemas no setor.
Até me encontrarem, vocês terão de procurar
Obs.: Existiam problemas no setor. (verbo existir
muito. (preposição no início da oração)
vai ter sujeito “problemas”, e vai ser variável)
Para nós nos precavermos, precisaremos de luz.
LÍNGUA PORTUGUESA

(verbos pronominais) � Verbo na voz passiva sintética


Visto serem dez horas, deixei o local. (verbo ser Ex.: Criaram-se muitas expectativas para a luta.
indicando tempo)
� Verbo concordando com o antecedente correto
Estudo para me considerarem capaz de aprova-
do pronome relativo ao qual se liga
ção. (pretensão de indeterminar o sujeito)
Ex.: Contratei duas pessoas para a empresa, que
Para vocês terem adquirido esse conhecimento,
tinham experiência.
foi muito tempo de estudo. (infinitivo pessoal com-
posto: locução verbal de verbo auxiliar + verbo no � Sujeito coletivo com especificador plural
particípio) Ex.: A multidão de torcedores vibrou/vibraram.
z Exemplos com verbos no infinitivo impessoal: � Sujeito oracional
Devo continuar trabalhando nesse projeto. (locu- Ex.: Convém a eles alterar a voz. (verbo no
ção verbal) singular) 69
� Núcleo do sujeito no singular seguido de adjun- Pronome oblíquo átono: lhe
to ou complemento no plural Foram leais: complemento de “lhe”, predicativo do
Ex.: Conversa breve nos corredores pode gerar sujeito (desprovido de preposição).
atrito. (verbo no singular)
REGÊNCIA NOMINAL
Casos Facultativos
Alguns nomes (substantivos, adjetivos e advér-
z A multidão de pessoas invadiu/invadiram o bios) exigem complementos preposicionados, exceto
estádio. quando vêm em forma de pronome oblíquo átono.

z Aquele comediante foi um dos que mais me fez/ Advérbios Terminados em “mente”
fizeram rir.
z Fui eu quem faltou/faltei à aula. Os advérbios derivados de adjetivos seguem a
regência dos adjetivos:
z Quais de vós me ajudarão/ajudareis?
z “Os Sertões” marcou/marcaram a literatura análoga / analogicamente a
brasileira. contrária / contrariamente a
compatível / compativelmente com
z Somente 1,5% das pessoas domina/dominam a diferente / diferentemente de
ciência. (1,5% corresponde ao singular) favorável / favoravelmente a
paralela / paralelamente a
z Chegaram/Chegou João e Maria. próxima / proximamente a/de
z Um e outro / Nem um nem outro já veio/vieram relativa / relativamente a
aqui.
Preposições Prefixos Verbais
z Eu, assim como você, odeio/odiamos a política
brasileira. Alguns nomes regem preposições semelhantes a
z O problema do sistema é/são os impostos. seus “prefixos”:

z Hoje é/são 22 de agosto. dependente, dependência de


z Devemos estudar muito para atingir/atingirmos inclusão, inserção em
inerente em/a
a aprovação.
descrente de/em
z Deixei os rapazes falar/falarem tudo. desiludido de/com
desesperançado de
Silepse de Número e de Pessoa desapego de/a
convívio com
Conhecida também como “concordância irregular, convivência com
ideológica ou figurada”. Vejamos os casos: demissão, demitido de
encerrado em
enfiado em
z Silepse de número: usa-se um termo discordando
imersão, imergido, imerso em
do número da palavra referente, para concordar
instalação, instalado em
com o sentido semântico que ela tem. Ex.: Flor tem interessado, interesse em
vida muito curta, logo murcham. (ideia de plurali- intercalação, intercalado entre
dade: todas as flores) supremacia sobre
z Silepse de pessoa: o autor da frase participa do
processo verbal. O verbo fica na 1ª pessoa do plu- REGÊNCIA VERBAL
ral. Ex.: Os brasileiros, enquanto advindos de
diversas etnias, somos multiculturais. Relação de dependência entre um verbo e seu
complemento. As relações podem ser diretas ou indi-
retas, isto é, com ou sem preposição.

Há verbos que admitem mais de uma regência


REGÊNCIA NOMINAL E VERBAL sem que o sentido seja alterado.

Regência é a maneira como o nome ou o verbo se Ex.: Aquela moça não esquecia os favores recebidos.
relacionam com seus complementos, com ou sem pre- V. T. D: esquecia
posição. Quando um nome (substantivo, adjetivo ou Objeto direto: os favores recebidos.
advérbio) exige complemento preposicionado, esse Aquela moça não se esquecia dos favores recebidos.
nome é um termo regente, e seu complemento é um V. T. I.: se esquecia
termo regido, pois há uma relação de dependência Objeto indireto: dos favores recebidos.
entre o nome e seu complemento.
O nome exige um complemento nominal sempre ini- No entanto, na Língua Portuguesa, há verbos
ciado por preposição, exceto se o complemento vier em que, mudando-se a regência, mudam de sentido,
forma de pronome oblíquo átono. alterando seu significado.
Ex.: Os discípulos daquele mestre sempre lhe
foram leais. Ex.: Neste país aspiramos ar poluídos.
Observação: Complemento de “lhe”: predicativo do sujei- (aspiramos = sorvemos)
70 to (desprovido de preposição) V. T. D.: aspiramos
Objeto direto: ar poluídos. A jovem não queria casar com ninguém. (transiti-
Os funcionários aspiram a um mês de férias. vo indireto)
(aspiram = almejam) O pai casou a filha com o vizinho. (transitivo dire-
V. T. I.: aspiram to e indireto)
Objeto indireto: a um mês de férias
� Chamar: transitivo direto; transitivo seguido de
predicativo do objeto
A seguir, uma lista dos principais verbos que
geram dúvidas quanto à regência: Ex.: Chamou o filho para o almoço. (transitivo dire-
to com sentido de “convocar”)
� Abraçar: transitivo direto Chamei-lhe inteligente. (transitivo seguido de pre-
Ex.: Abraçou a namorada com ternura. dicativo do objeto com sentido de “denominar,
O colar abraçava-lhe elegantemente o pescoço qualificar”)

� Agradar: transitivo direto; transitivo indireto � Custar: transitivo indireto; transitivo direto e indi-
Ex.: A menina agradava o gatinho. (transitivo dire- reto; intransitivo
to com sentido de “acariciar”) Ex.: Custa-lhe crer na sua honestidade. (transitivo
A notícia agradou aos alunos. (transitivo indireto indireto com sentido de “ser difícil”)
no sentido de “ser agradável a”) A imprudência custou lágrimas ao rapaz. (transiti-
vo direto e indireto: sentido de “acarretar”)
� Agradecer: transitivo direto; transitivo indireto; Este vinho custou trinta reais. (intransitivo)
transitivo direto e indireto
Ex.: Agradeceu a joia. (transitivo direto: objeto não � Esquecer: admite três possibilidades
personificado) Ex.: Esqueci os acontecimentos.
Agradeceu ao noivo. (transitivo indireto: objeto Esqueci-me dos acontecimentos.
personificado) Esqueceram-me os acontecimentos.
Agradeceu a joia ao noivo. (transitivo direto e indi- � Implicar: transitivo direto; transitivo indireto;
reto: refere-se a coisas e pessoas) transitivo direto e indireto
� Ajudar: transitivo direto; transitivo indireto Ex.: A resolução do exercício implica nova teoria.
Ex.: Seguido de infinitivo intransitivo precedido da (transitivo direto com sentido de “acarretar”)
preposição a, rege indiferentemente objeto direto Mamãe sempre implicou com meus hábitos.
e objeto indireto. (transitivo indireto com sentido de “mostrar má
Ajudou o filho a fazer as atividades. (transitivo direto) disposição”)
Ajudou ao filho a fazer as atividades. (transitivo Ele implicou-se em negócios ilícitos. (transitivo
indireto) direto e indireto com sentido de envolver-se”)
Se o infinitivo preposicionado for intransitivo,
� Informar: transitivo direto e indireto
rege apenas objeto direto:
Ex.: Referente à pessoa: objeto direto; referente à
Ajudaram o ladrão a fugir.
coisa: objeto indireto, com as preposições de ou
Não seguido de infinitivo, geralmente rege objeto
sobre
direto:
Ajudei-o muito à noite. Informaram o réu de sua condenação.
Informaram o réu sobre sua condenação.
� Ansiar: transitivo direto; transitivo indireto Referente à pessoa: objeto direto; referente à coi-
Ex.: A falta de espaço ansiava o prisioneiro. (tran- sa: objeto indireto, com a preposição a
sitivo direto com sentido de “angustiar”) Informaram a condenação ao réu.
Ansiamos por sua volta. (transitivo indireto com � Interessar-se: verbo pronominal transitivo indi-
sentido de “desejar muito” – não admite “lhe” reto, com as preposições em e por
como complemento) Ex.: Ela interessou-se por minha companhia.
� Aspirar: transitivo direto; transitivo indireto � Namorar: intransitivo; transitivo indireto; transi-
Ex.: Aspiramos o ar puro das montanhas. (transiti- tivo direto e indireto
vo direto com sentido de “respirar”) Ex.: Eles começaram a namorar faz tempo. (intran-
Sempre aspiraremos a dias melhores. (transitivo sitivo com sentido de “cortejar”)
indireto no sentido de “desejar”) Ele vivia namorando a vitrine de doces. (transitivo
� Assistir: transitivo direto; transitivo indireto indireto com sentido de “desejar muito”)
Ex.: - Transitivo direto ou indireto no sentido de “Namorou-se dela extremamente.” (A. Gar-
“prestar assistência” ret) (transitivo direto e indireto com sentido de
LÍNGUA PORTUGUESA

O médico assistia os acidentados. “encantar-se”)


O médico assistia aos acidentados. � Obedecer/desobedecer: transitivos indiretos
- Transitivo direto no sentido de “ver, presenciar” Ex.: Obedeçam à sinalização de trânsito.
Não assisti ao final da série.
Não desobedeçam à sinalização de trânsito.
O verbo assistir não pode ser empregado no particípio. � Pagar: transitivo direto; transitivo indireto; transi-
É incorreta a forma “O jogo foi assistido por milha- tivo direto e indireto
res de pessoas.” Ex.: Você já pagou a conta de luz? (transitivo direto)
Você pagou ao dono do armazém? (transitivo
� Casar: intransitivo; transitivo indireto; transitivo indireto)
direto e indireto Vou pagar o aluguel ao dono da pensão. (transitivo
Ex.: Eles casaram na Itália há anos. (intransitivo) direto e indireto) 71
� Perdoar: transitivo direto; transitivo indireto; z Sinonímia
transitivo direto e indireto
Ex.: Perdoarei as suas ofensas. (transitivo direto) São palavras ou expressões que, empregadas em
A mãe perdoou à filha. (transitivo indireto) um determinado contexto, têm significados seme-
Ela perdoou os erros ao filho. (transitivo direto e lhantes. É importante entender que a identidade dos
indireto) sinônimos é ocasional, ou seja, em alguns contextos
uma palavra pode ser empregada no lugar de outra,
� Suceder: intransitivo; transitivo direto
o que pode não acontecer em outras situações. O
Ex.: O caso sucedeu rapidamente. (intransitivo no
uso das palavras “chamar”, “clamar” e “bradar”, por
sentido de “ocorrer”)
exemplo, pode ocorrer de maneira equivocada se uti-
A noite sucede ao dia. (transitivo direto no sentido
lizadas como sinônimos, uma vez que a intensidade
de “vir depois”)
de suas significações é diferente.
O emprego dos sinônimos é um importante recur-
so para a coesão textual, uma vez que essa estratégia
revela, além do domínio do vocabulário do falante, a
SIGNIFICAÇÃO DAS PALAVRAS capacidade que ele tem de realizar retomadas coesi-
vas, o que contribuiu para melhor fluidez na leitura
DENOTAÇÃO do texto.

O sentido denotativo da linguagem compreende z Antonímia


o significado literal da palavra independente do seu
contexto de uso. Preocupa-se com o significado mais São palavras ou expressões que, empregadas em
objetivo e literal associado ao significado que aparece um determinado contexto, têm significados opostos.
nos dicionários. A denotação tem como finalidade dar As relações de antonímia podem ser estabelecidas em
ênfase à informação que se quer passar para o recep- gradações (grande/pequeno; velho/jovem); reciproci-
tor de forma mais objetiva, imparcial e prática. Por dade (comprar/vender) ou complementaridade (ele é
isso, é muito utilizada em textos informativos, como casado/ele é solteiro). Vejamos o exemplo a seguir:
notícias, reportagens, jornais, artigos, manuais didá-
ticos, entre outros.
Ex.: O fogo se alastrou por todo o prédio. (fogo:
chamas)
O coração é um músculo que bombeia sangue para
o corpo. (coração: parte do corpo)

CONOTAÇÃO

O sentido conotativo compreende o significado


figurado e depende do contexto em que está inserido.
A conotação põe em evidência os recursos estilísticos
dos quais a língua dispõe para expressar diferen-
tes sentidos ao texto de maneira subjetiva, afetiva e
poética. A conotação tem como finalidade dar ênfase
à expressividade da mensagem de maneira que ela
possa provocar sentimentos ou diferentes sensações
no leitor. Por esse motivo, é muito utilizada em poe- Fonte: https://bit.ly/3kETkpl. Acesso em: 16/10/2020.
sias, conversas cotidianas, letras de músicas, anúncios
publicitários e outros. A relação de sentido estabelecida na tirinha é
Ex.: “Amor é fogo que arde sem se ver”. construída a partir dos sentidos opostos das palavras
Você mora no meu coração. “prende” e “solta”, marcando o uso de antônimos, nes-
se contexto.
O SIGNIFICADO DAS PALAVRAS
z Homonímia
Quando escolhemos determinadas palavras ou
expressões dentro de um conjunto de possibilidades Homônimos são palavras que têm a mesma pro-
de uso, estamos levando em conta o contexto que núncia ou grafia, porém apresentam significados dife-
influencia e permite o estabelecimento de diferentes rentes. É importante estar atento a essas palavras e a
relações de sentido. Essas relações podem se dar por seus dois significados. A seguir, listamos alguns homô-
meio de: sinonímia, antonímia, homonímia, paroní- nimos importantes:
mia, polissemia, hiponímia e hiperonímia.
acender (colocar fogo) ascender (subir)
acento (sinal gráfico) assento (local onde se senta)
Importante! acerto (ato de acertar) asserto (afirmação)
apreçar (ajustar o preço) apressar (tornar rápido)
Léxico: Conjunto de todas as palavras e expres-
bucheiro (tripeiro) buxeiro (pequeno arbusto)
sões de um idioma.
Vocabulário: Conjunto de palavras e expressões bucho (estômago) buxo (arbusto)
que cada falante seleciona do léxico para se caçar (perseguir animais) cassar (tornar sem efeito)
comunicar. cegar (deixar cego) segar (cortar, ceifar)
72
sela (forma do verbo selar; z Cumprimento/comprimento
cela (pequeno quarto)
arreio)
„ O comprimento do tecido que eu comprei é de
censo (recenseamento) senso (entendimento, juízo)
3,50 metros. (tamanho, grandeza)
céptico (descrente) séptico (que causa infecção)
„ Dê meus cumprimentos a seu avô. (saudação)
cerração (nevoeiro) serração (ato de serrar)
cerrar (fechar) serrar (cortar) z Delatar/dilatar
cervo (veado) servo (criado)
chá (bebida) xá (antigo soberano do Irã) „ Um dos alunos da turma delatou o colega que
cheque (ordem de xeque (lance no jogo de chutou a porta e partiu o vidro. (denunciar)
pagamento) xadrez) „ Comendo tanto assim, você vai acabar dilatan-
círio (vela) sírio (natural da Síria) do seu estômago. (alargar, estender)
cito (forma do verbo citar) sito (situado)
z Dirigente/diligente
concertar (ajustar, combinar) consertar (reparar, corrigir)
concerto (sessão musical) conserto (reparo) „ O dirigente da empresa não quis prestar decla-
coser (costurar) cozer (cozinhar) rações sobre o funcionamento da mesma. (pes-
esotérico (secreto)
exotérico (que se expõe em soa que dirige, gere)
público) „ Minha funcionária é diligente na realização de
espectador (aquele que expectador (aquele que tem suas funções. (expedito, aplicado)
assiste) esperança, que espera)
esperto (perspicaz) experto (experiente, perito) z Discriminar/descriminar
espiar (observar) expiar (pagar pena)
„ Ela se sentiu discriminada por não poder
espirar (soprar, exalar) expirar (terminar)
entrar naquele clube. (diferenciar, segregar)
estático (imóvel) extático (admirado)
„ Em muitos países se discute sobre descrimi-
esterno (osso do peito) externo (exterior)
nar o uso de algumas drogas. (descriminalizar,
extrato (o que se extrai de
estrato (camada) inocentar)
algo)
estremar (demarcar) extremar (exaltar, sublimar) Fonte: https://www.normaculta.com.br/palavras-par onimas/.
incerto (não certo, impreciso) inserto (inserido, introduzido) Acessado em 17/10/2020.
incipiente (principiante) insipiente (ignorante)
laço (nó) lasso (frouxo) Polissemia (Plurissignificação)
ruço (pardacento, grisalho) russo (natural da Rússia)
Multiplicidade de sentidos encontradas em algu-
tacha (prego pequeno) taxa (imposto, tributo)
mas palavras, dependendo do contexto. As palavras
tachar (atribuir defeito a) taxar (fixar taxa)
polissêmicas guardam uma relação de sentido entre
Fonte: https://www.soportugues.com.br/secoes/seman/seman6.php. si, diferenciando-as das palavras homônimas. A polis-
Acessado em: 17/10/2020. semia é encontrada no exemplo a seguir:

Parônimos

Parônimos são palavras que apresentam sentido


diferente e forma semelhante, conforme demonstra-
mos nos exemplos a seguir:

z Absorver/absolver
Fonte: https://bit.ly/3jynvgs. Acessado em: 17/10/2020.

„ Tentaremos absorver toda esta água com


z Hipônimo e Hiperônimo
esponjas. (sorver)
„ Após confissão, o padre absolveu todos os fiéis
Relação estabelecida entre termos que guardam
de seus pecados. (inocentar)
relação de sentido entre si e mantém uma ordem gra-
dativa. Exemplo: Hiperônimo – veículo; Hipônimos –
z Aferir/auferir carro, automóvel, moto, bicicleta, ônibus...

„ Realizaremos uma prova para aferir seus


LÍNGUA PORTUGUESA

conhecimentos. (avaliar, cotejar)


„ O empresário consegue sempre auferir lucros EXERCÍCIOS COMENTADOS
em seus investimentos. (obter)
1. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa na qual não
z Cavaleiro/cavalheiro haja o emprego de linguagem figurada:

„ Todos os cavaleiros que integravam a cava- a) “ela estava por dentro de tudo”.
laria do rei participaram na batalha. (homem b) “logo se viu nadando em oportunidades”.
que anda de cavalo) c) “a fez embarcar ‘numa viagem bonita e misteriosa’”.
„ Meu marido é um verdadeiro cavalheiro, abre d) “ganhava uma quantia realmente impressionante de
sempre as portas para eu passar. (homem edu- dinheiro”.
cado e cortês) e) “O mercado ficou saturado”. 73
A linguagem figurada é também chamada lingua- O que trouxe vocês aqui?
gem conotativa, e a única alternativa em que encon-
Nada, não tenho o que falar, não tenho o que discutir, não
tramos o oposto, ou seja, linguagem denotativa, é
queria vir, não preciso vir aqui. Já falei para o meu pai.
na alternativa D. Resposta: Letra D.
Mas já que veio, não poderia contar do que se trata?
2. (FUMARC – 2018) As palavras estão utilizadas em Quero viajar, encontrar minha mãe que mora fora, que-
sentido conotativo em: ro ir morar com ela. Meus pais são separados, ele não
quer me deixar, mas vou assim mesmo.
a) “Não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.”
b) “Parecia pronto para morrer, já que sempre estivera Você tentou falar com ele?
pronto para amar.” Não adianta, ele não quer ouvir, e por isso que minha
c) “Se eu fosse rei ou prefeito teria mandado erguer-lhe mãe foi embora e eu não quero mais falar disso. (Esta-
uma estátua.” ria repetindo o gesto da mãe, indo embora sem con-
d) “Sim, porque sobre o amor há várias frases inquietan- versa, sem explicação?)
tes por aí...”
Parece que o diálogo não é bem-vindo em sua casa.
Em “não lhe encostei a faca no peito cobrando algo.” Não, levanta-se para sair, não é isso.
- temos um sentido figurado, pois “faca no peito” dá
Talvez quisesse que seu pai conversasse com você,
sentido de cobrança. Resposta: Letra A.
em vez de lhe trazer para falar com uma psicóloga que
não conhece nem pediu pra conhecer.
Esse é o único momento em que Maria olha de fato
HORA DE PRATICAR! para Ana.
É isso mesmo, diz e dirige-se à porta.
1. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa que apresenta uma
palavra grafada de forma incorreta. Na sala de espera, Ana diz ao pai:
Sua filha quer que você fale com ela, quer ser ouvida
a) A mesa de pingue-pongue está desmontada. por você, não por mim. Ela não tem o que falar para
b) Há de ser um super-homem para dar conta de tudo mim, mas tem muito a dizer a você.
isto.
Não, não, não sei falar com ela, não entendo o que ela
c) O exército nacional decidiu contra-atacar. diz, é igual à mãe, por isso a trouxe aqui, para que você
d) É preciso ser muito cara-de-pau para fingir tão bem. fale com ela.
e) Não havia mais lugares no micro-ônibus.
Vamos então falar juntos?
2. (IBFC – 2020) Quanto às normas para o uso do acento Não, não posso.
grave, assinale a alternativa correta.
Levantam-se e saem para nunca mais voltar.
a) Os médicos atenderão nas salas de 1 à 5. (LOEB, Sylvia. Diálogos. In: Contos do divã. Cotia: Ateliê Editorial,
b) Desde às duas horas estou no ponto. 2007. P. 73)
c) Eu assisti à cerimônia do casamento de minha sobrinha.
Assinale a alternativa correta.
d) As encomendas já foram repassadas à todas as escolas.
Observe a ocorrência de crase em “é igual à mãe” (26º§)
e) A moça vai à pé todos os dias para o trabalho.
e assinale a opção em que a substituição do substan-
tivo “mãe” provocaria a impossibilidade da ocorrência
3. (IBFC – 2017) Leia o texto a seguir para responder às desse fenômeno linguístico.
questões 3 a 8.
a) é igual à Ana.
Diálogos b) é igual à sua mãe.
c) é igual à todas.
Ele telefonou aflitíssimo. d) é igual à tia.
e) é igual à minha família.
Preciso marcar um horário, não é para mim, é para
minha filha. 4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.
No fragmento “Talvez quisesse que seu pai conversas-
Que idade tem sua filha? se com você” (21ª§), os verbos estão flexionados no
Quinze anos. mesmo tempo e modo indicando:

Ela quer vir? a) uma possibilidade em relação ao passado.


b) uma incerteza em relação a um futuro próximo.
Quer, quer... c) uma sugestão para um interlocutor específico.
Chegam na consulta antes da hora. Agitado, ele fala d) um hábito do passado que foi interrompido.
muito, essa é minha filha, desejo que fale com ela, que e) uma ação presente que se estende até o futuro.
a convença a não viajar. A garota, adolescente, mal-hu- 5. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.
morada, queixo projetado pra cima, boca cerrada com É possível perceber uma relação entre a estrutura e o
determinação. tema do texto acima, sobretudo porque o texto é orga-
Vamos entrar? Ana convida os dois. nizado por falas, o que:

Não, não, ela entra sozinha. a) combina com uma prática comum na casa da menina
Maia.
A menina levanta-se e dirige-se para a sala de consulta. b) indica a vontade de Maria de conversar com a psicóloga.
74
c) mostra o hábito de conversar, típico das famílias. Grades nas janelas de todas as casas. Era o jeito. Mes-
d) contrasta-se com a incapacidade dialógica do pai. mo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, [...]
e) revela os diálogos realizados entre o marido e a ex-mulher. não conseguiriam entrar nas casas. Todas as janelas
foram engradadas. Mas os assaltos continuaram. Foi
6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. Em rela- feito um apelo para que as pessoas saíssem de casa
ção ao texto, pode-se perceber que: o mínimo possível. Dois assaltantes tinham entrado
no condomínio no banco de trás do carro de um pro-
a) após inúmeras tentativas, o pai não conseguiu conver- prietário, com um revólver apontado para a sua nuca.
Assaltaram a casa, depois saíram no carro roubado,
sar com a filha.
com crachás roubados. [...]
b) o pai procurou uma psicóloga para reforçar o desejo
da filha. Foi reforçada a guarda. Construíram uma terceira
c) a psicóloga já conhecia a ex-mulher do homem que foi cerca. As famílias de mais posses, com mais coisas
à consulta. para serem roubadas, mudaram-se para uma cha-
d) a filha procurou uma psicóloga, pois precisava muito mada área de segurança máxima. E foi tomada uma
conversar com alguém. medida extrema. Ninguém pode entrar no condomínio.
e) o pai não dialogava com a filha, semelhantemente, ao Ninguém. Visitas, só num local predeterminado pela
guarda, sob sua severa vigilância e por curtos perío-
que fazia com sua ex.
dos. E ninguém pode sair. Agora, a segurança é com-
pleta. Não tem havido mais assaltos. Ninguém precisa
7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. temer pelo seu patrimônio. Os ladrões que passam
A informação entre parênteses, presente no décimo pela calçada só conseguem espiar através do grande
oitavo parágrafo, revela: portão de ferro e talvez avistar um ou outro condômi-
no agarrado às grades da sua casa, olhando melanco-
a) a fala de revolta do pai. licamente para a rua. [...]
b) o diagnóstico verbalizado pela psicóloga à menina.
Luis Fernando Veríssimo
c) uma confissão da menina à psicóloga.
d) uma intervenção equivocada do narrador. A tipologia textual se relaciona com a estrutura e
e) um comentário acessório sugerindo a reflexão do aspectos linguísticos de como um texto se apresen-
leitor. ta; já os gêneros textuais são formações advindas de
contextos culturais e históricos e possuem função
8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. social específica. Quanto ao gênero do texto “Seguran-
Em “Chegam na consulta antes da hora.” (7º§), de ça”, assinale a alternativa correta.
acordo com a norma padrão, percebe-se um desvio de:
a) Narração.
b) Crônica.
a) concordância nominal. c) Anedota.
b) regência. d) Relato.
c) acentuação. e) Fábula.
d) concordância verbal.
e) ortografia. 10. (IBFC – 2020) Analise as afirmativas abaixo e assinale
a alternativa correta.
9. (IBFC – 2020) Leia o texto a seguir para responder às I. O vocábulo “condomínio” recebe acento agudo porque
questões 9 a 14. é uma oxítona terminada em ditongo.
II. Já o vocábulo “condômino” recebe acento circunflexo
Segurança porque todas as proparoxítonas devem receber este
acento.
O ponto de venda mais forte do condomínio era a sua III. O vocábulo “possível” recebe acento agudo porque é
segurança. Havia as mais belas casas, os jardins, os uma paroxítona terminada em “l”.
playgrounds, as piscinas, mas havia, acima de tudo, a) Apenas a afirmativa III está correta.
segurança. Toda a área era cercada por um muro alto. b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) Apenas a afirmativa I está correta.
Havia um portão principal com muitos guardas que
d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.
controlavam tudo por um circuito fechado de TV. Só e) Apenas a afirmativa II está correta.
entravam no condomínio os proprietários e visitantes
devidamente identificados e crachados. Mas os assal- 11. (IBFC – 2020) Analise as afirmativas abaixo e dê valo-
tos começaram assim mesmo. Os ladrões pulavam res Verdadeiro (V) ou Falso (F).
os muros. Os condôminos decidiram colocar torres
LÍNGUA PORTUGUESA

( ) O texto possui narrador onisciente em 1ª pessoa.


com guardas ao longo do muro alto. Nos quatro lados.
( ) “Toda a área era cercada por um muro alto.” O enun-
[...] Agora não só os visitantes eram obrigados a usar ciado anterior está escrito na voz passiva.
crachá. Os proprietários e seus familiares também. ( ) O título do texto sugere proteção e isto é refutado ao
Não passava ninguém pelo portão sem se identificar longo da obra.
para a guarda. Nem as babás. Nem os bebês. Mas os
assaltos continuaram. Decidiram eletrificar os muros. Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
Houve protestos, mas no fim todos concordaram. O reta de cima para baixo.
mais importante era a segurança. Quem tocasse no fio a) F, F, V.
de alta tensão em cima do muro morreria eletrocuta- b) V, F, F.
do. Se não morresse, atrairia para o local um batalhão c) F, V, F.
de guardas com ordens de atirar para matar. Mas os d) V, V, F.
assaltos continuaram. e) F, V, V. 75
12. (IBFC – 2020) A vírgula exerce inúmeras funções na comunicação escrita. Analise as justificativas para o seu uso, nas
alternativas abaixo, e assinale a incorreta.

a) “Havia as mais belas casas, os jardins, os playgrounds, as piscinas,” [...] É obrigatório o uso da vírgula para separar
termos com funções semelhantes.
b) “Agora, a segurança é completa”. É facultativo o uso da vírgula para separar adjuntos adverbiais, de pouca extensão,
antepostos.
c) “Houve protestos, mas no fim todos concordaram”. É obrigatório o uso da vírgula para separar orações coordenadas
sindéticas adversativas.
d) “Mesmo se os ladrões ultrapassassem os altos muros, não conseguiriam entrar nas casas”. É recomendável o uso da
vírgula para separar orações subordinadas adverbiais condicionais quando vierem antes da principal.
e) “Se não morresse, atrairia para o local um batalhão de guardas”. É obrigatório o uso da vírgula para separar verbos com
tempos e modos diferentes.

13. (IBFC – 2020) Observe o enunciado extraído do texto: “Nem as babás. Nem os bebês”. Assinale a alternativa que apre-
senta a correta classificação da conjunção em destaque.

a) coordenativa negativa.
b) coordenativa explicativa.
c) coordenativa conclusiva.
d) coordenativa aditiva.
e) coordenativa causal.

14. (IBFC – 2020) O vocábulo “mas” aparece repetidas vezes no texto. Assinale a alternativa que apresenta corretamente sua
relação estabelecida dentro do corpo textual.

a) consequência.
b) causa.
c) adversidade.
d) explicação.
e) adição.

15. (IBFC – 2017) Leia a tirinha para responder às questões 15 a 17.

Assinale a alternativa em que se faz uma classificação incorreta do pronome destacado da tirinha acima.

a) “Você acredita que” – pronome de tratamento.


b) “nossos destinos são controlados” – pronome possessivo.
c) “podemos fazer o que bem entendermos” – pronome pessoal do caso oblíquo.
d) “podemos fazer o que bem entendermos” – pronome relativo.
e) “e a mamãe me dizem” – pronome pessoal do caso oblíquo.

16. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.


O humor da tirinha é provocado sobretudo:

a) pela ausência de expressão escrita no terceiro quadrinho.


b) pela representação facial do espanto do menino no quadrinho inicial.
c) pela conclusão inesperada do tigre no segundo quadrinho.
d) pelo confronto entre a conclusão do menino e a fala do tigre.
e) pela pergunta metafísica do menino no primeiro quadrinho.

17. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.


A segunda oração do primeiro quadrinho encontra-se na voz passiva. Ao passá-la para a voz ativa tem-se:

a) Controlam-se nossos destinos por estrelas.


b) As estrelas controlam nossos destinos.
c) As estrelas podem controlar nossos destinos.
d) Nossos destinos serão controlados pelas estrelas.
76 e) As estrelas controlarão nossos destinos.
18. (IBFC – 2020) Observe a charge abaixo e assinale a Uma esperança!
alternativa que preencha correta e respectivamente as
Com manual?
lacunas do enunciado.
Não.
Danação.
Você não tem nada para ler? Na bolsa, sei lá.
Manda!
(VERISSIMO, Luiz Fernardo. Comédias para se ler na escola. Rio de
Janeiro: Objetiva, 2003. p. 97-98)

A compreensão do sentido global do texto de Veríssi-


mo permite concluir que o tema da leitura está sendo
destacadamente desenvolvido:

a) pela representação do hábito que funciona como fer-


ramenta, inclusive, de entretenimento.
b) por meio de um viés utilitário como a leitura de “Quen-
(Fonte: www.laifi.com) te” e “Frio” nas torneiras ou de manuais de tricô.
c) através de uma conotação negativa que, como qual-
A fala do personagem da esquerda diz respeito ao quer outro vício, pode gerar a degradação.
sinal de ____ que foi abolido com o novo acordo orto- d) pela herança de Gutemberg, inventor da imprensa,
gráfico, assim como também o ____ das palavras des- relegada igualitariamente a toda a humanidade.
tacadas na fala do personagem da direita.
20. (IBFC – 2012) Para a questão, leia o texto abaixo, de
a) dois pontos / travessão. Walcyr Carrasco.
b) trema / hífen.
c) reticências / traço. A exposição da intimidade
d) dois pontos / hífen.
e) reticências / travessão. A exposição da vida pessoal se tornou tão comum que
parece até estranho quando alguém é diferente.
19. (IBFC – 2015) Sempre me surpreendo como hoje em dia as pes-
soas têm coragem de exibir a intimidade. Como têm
Fobias prazer em se expor. Talvez eu seja conservador. Não
entendo o motivo pelo qual o ex-jogador Edmundo e
Não sei como se chamaria o medo de não ter o que ler. o promoter David Brazil posaram, no último Carnaval,
Existem as conhecidas claustrofobia (medo de luga- para fotos simulando coito anal. Vestidos, friso bem.
res fechados), agorafobia (medo de espaços abertos), Ninguém pense que se tratou de uma saída do armário
acrofobia (medo de altura) e as menos conhecidas de Edmundo. Pelo contrário, ainda deu uma declara-
ailurofobia (medo de gatos), iatrofobia (medo de ção para lá de preconceituosa. Disse que já fez muito
médicos) e até a treikaidesafobia (medo do número sexo com homossexuais, mas que não é um deles por-
13), mas o pânico de estar, por exemplo, num quarto que sempre foi o homem da relação. (Para ser franco,
de hotel, com insônia, sem nada para ler não sei que estou “traduzindo” a frase. Foi muito, muito mais chu-
nome tem. É uma das minhas neuroses. O vício que la.) A troco do que alguém se presta a esse papel? Tal-
lhe dá origem é a gutembergomania, uma dependên- vez seja a saudade dos tempos em que era glorificado
cia patológica na palava impressa. Na falta dela, qual- quando entrava em campo. Voltar a sentir o gosto da
quer palavra, qualquer palavra serve. Já saí de cama fama para quem já não está na constelação dos famo-
de hotel no meio da noite e entrei no banheiro para ver sos pode ser uma explicação. Não é a única. O que
se as torneiras tinham “Frio” e “Quente” escritos por levaria Brad Pitt, astro consagrado, a declarar, como
extenso, para saciar minha sede de letras. Já ajeitei fez recentemente no programa CBS this morning, nos
o travesseiro, ajustei a luz e abri uma lista telefônica, Estados Unidos:
tentando me convencer que, pelo menos no número
de personagens, seria um razoável substituto para um — Angelina (Jolie) é uma garota malvada na intimida-
romance russo. Já revirei cobertores e lençóis, à pro- de. Deliciosamente malvada.
cura de uma etiqueta, qualquer coisa.
LÍNGUA PORTUGUESA

A imprensa passou dias comentando que o casal é


[...] Uma vez liguei para a telefonista de madrugada e “quente”... Atores que ganham milhões de dólares por
pedi uma Amiga. filme e estão em todas as revistas do mundo precisam
disso?
Desculpe, cavalheiro, mas o hotel não fornece compa-
nhia feminina... Talvez a ex-BBB Mayra Cardi precise. Falou sobre o
uso de acessórios eróticos na rádio FM O Dia. Lem-
Você não entendeu! Eu quero uma revista Amiga, bro que fiz uma reportagem sobre um dos primeiros
Capricho, Vida Rotariana, qualquer coisa. sex shops abertos em São Paulo. Faz um tempão. Na
Infelizmente, não tenho nenhum revista. época, quem frequentava sex shops era discreto. Acho
que na intimidade tudo é válido. Antes, intimidade era
Não é possível! O que você faz durante a noite? intimidade. Ou seja, algo que acontecia dentro de uma
Tricô. relação. Poderia ser a troca de segredos entre amigos,
77
simplesmente. As conversas entre pais e filhos. A II. O autor critica os atos imorais que as pessoas come-
loucura de um encontro sexual. Ou o cotidiano de tem na sua intimidade.
um amor. Algo privado, relacionado somente com os
envolvidos. Para muitos, a base do amor. A palavra Está correto o que se afirma em
intimidade era sempre associada à delicadeza.
A exposição da vida pessoal se tornou tão comum que a) somente I
parece até estranho quando alguém é diferente. b) somente II
c) I e II
Há quem até venda seus momentos mais particulares.
d) nenhuma
Tornou-se comum a negociação entre atores famosos
e patrocinadores nos festejos importantes. Uma atriz
conhecida ganhou a festa de casamento inteira para 9 GABARITO
dar exclusividade a uma publicação. Tudo bem, todo
mundo tem direito de fazer negócios. Mas o casamen-
1 D
to não deveria ser um momento único, de emoção? Ao
contrário, recentemente um ator conhecido separou- 2 C
-se de uma estrela de televisão. Lamentava-se:
3 C
Já tínhamos acertado a viagem para Veneza, onde
seria o noivado! Tudo patrocinado! E tivemos de voltar 4 A
atrás!
5 D
Festas pessoais com patrocinadores já se tornaram
comuns. Para muitos famosos, ou em ascensão, des- 6 E
vendar a intimidade faz parte do jogo. Trata-se da famo-
7 E
sa permuta. É tão comum que o apresentador Otávio
Mesquita certa vez se saiu com esta frase afiada: 8 B
Não posso ter mais filhos! 9 B
Que aconteceu? 10 A
O ginecologista da minha mulher não faz mais permuta.
11 E
Rimos. Debochava de seus pares, que vivem quase
exclusivamente do escambo entre a fama e tudo o que 12 E
é de graça, de restaurantes a cirurgiões plásticos. 13 D
A exposição da vida pessoal tornou-se tão comum 14 C
que se estranha quando alguém é diferente. A atriz
Carolina Dieckmann chegou a ganhar fama de chata 15 C
por se rebelar contra o programa Pânico na TV, então
na Rede TV, em 2006. Carolina recusou-se a participar 16 D
de um quadro chamado “Sandálias da humildade”. Os 17 B
repórteres do programa foram a seu condomínio de
megafone e com um guindaste, com a intenção de 18 B
gravar através da janela de seu apartamento. A atriz
entrou com um processo – e venceu. Não pode mais 19 A
ser abordada pelos repórteres do programa. Carolina 20 A
tem o direito de preservar sua vida pessoal. Chegaram
a acusá-la de reacionária, de querer a volta da censu-
ra. Talvez por ter ido contra a maré. Já que muitas de
suas colegas no mundo luminoso das estrelas divul-
gam cada início de namoro, as crises, o fim e, é claro, ANOTAÇÕES
o recomeço, com novo eleito. Só falta descreverem a
cor das cuecas e da lingerie. Quem sabe ninguém ain-
da perguntou. Toda pessoa tem o direito de defender
sua privacidade, seja famosa ou não. E de não expor a
família e a vida.
Uma das mais conhecidas frases do teatrólogo Nel-
son Rodrigues é: “Se todos conhecessem a intimidade
sexual uns dos outros, ninguém cumprimentaria nin-
guém”. Está se tornando ultrapassada. Ninguém mais se
assusta com a intimidade, principalmente dos famosos.
Tornou-se uma forma de atrair os holofotes sobre si. E
me assusto ao pensar no que ainda vem por aí.
Considere as afirmações que seguem.

I. O autor critica as pessoas que julgaram a atriz Caroli-


78 na Dieckmann reacionária por não querer se expor.
Bom! Agora que já sabemos o que são proposições
lógicas, fica tranquilo distinguir o que não são pro-
posições. Isto é fundamental, pois várias questões de
prova perguntam exatamente isso – são apresentadas
algumas frases e você precisa identificar qual delas
RACIOCÍNIO LÓGICO não é uma proposição. Vejamos os casos que mais
aparecem:

� Perguntas: são as orações interrogativas.


Exemplo: Que horas vamos ao cinema?
NOÇÕES DE LÓGICA Essa pergunta não pode ser classificada como ver-
dadeira ou falsa;
VALORES LÓGICOS
� Exclamações: são frases exclamativas.
Exemplo: Que lindo cabelo!
Na lógica temos apenas dois valores lógicos – ver-
Essa exclamação não pode ser valorada, pois apre-
dadeiro ou falso. Quando temos uma declaração ver-
sentam percepções subjetivas;
dadeira, o seu valor lógico é Verdade (V) e quando é
� Ordens: são orações com verbo no imperativo.
falsa, dizemos que seu valor lógico é Falso (F).
Exemplo: Pegue o livro e vá estudar.
PROPOSIÇÕES LÓGICAS SIMPLES
Uma ordem não pode ser classificada como verda-
deira ou falsa. Muito cuidado com esse tipo de oração,
Vamos começar nosso estudo falando sobre o que
pois pode ser facilmente confundida com uma propo-
é uma proposição lógica. Observe a frase abaixo:
sição lógica.
Ex.: Paula vai à praia.
Para saber se temos ou não uma proposição, preci-
samos de três requisitos fundamentais:
Importante!
z Ser uma oração: ou seja, são frases com verbos; Não são proposições – perguntas, exclamações
z Oração declarativa: a frase precisa estar apresen- e ordens.
tando uma situação, um fato;
z Pode ser classificada como Verdadeira ou Falsa :
ou seja, podemos atribuir o valor lógico verdadeiro Temos um outro caso menos cobrado em provas,
ou o valor lógico falso para a declaração. mas que também não é proposição lógica, sendo o
paradoxo. Para ficar mais claro, veja o exemplo a
Tendo isso em vista, podemos afirmar claramen- seguir:
te que a frase “Paula vai à praia” é uma proposição
lógica, pois temos a presença de um verbo (ir), uma Ex.: Esta frase é uma mentira.
informação completa (temos o sujeito claro na oração)
e podemos afirmar se é verdade ou falsa. Quando atribuímos um valor de verdade para
Proposição Lógica é uma oração declarativa que a frase, então na verdade ele mentiu, uma vez que
admite apenas um valor lógico: V ou F. a própria frase já diz isso. E se atribuirmos o valor
Ou então podemos também esquematizar o que é falso, então a frase é verdade, pois a frase diz ela é
uma proposição lógica assim: uma mentira e já sabemos que isso é falso. Perceba
Chama-se proposição toda sentença declarativa que sempre que valoramos a frase ela nos resulta um
que pode ser valorada ou só como verdadeira ou só valor contrário, ou seja, estamos diante de uma frase
como falsa. A presença do verbo é obrigatória junta- que é contraditória em si mesma. Isto é a definição de
mente com o sentido completo (caráter informativo). um paradoxo.

Verdadeira SENTENÇA ABERTA

Sentença Sentido Dizemos que uma sentença é aberta quando não


Declarativa OU Completo conseguimos ter a informação completa que a oração
nos mostra. Veja o exemplo abaixo:
Falsa
Ex.: Ele é o melhor cantor de rock.
Obrigatório
RACIOCÍNIO LÓGICO

Perceba que há presença do verbo e que consegui-


mos parcialmente entender o que a frase quer dizer.
VERBO
Mas logo surge a pergunta: Ele quem? Aqui nossa in-
formação não consegue ser completa e por isso temos
Toda proposição pode ser representada simbolica- mais um caso que não é proposição lógica. Observe mais
mente pelas letras do alfabeto, veja no exemplo: alguns exemplos:
X + 5 = 10
p: Sabino é um pintor esperto. Aquele carro é amarelo.
r: Kate é uma mulher alta. 5+5
X – Y = 20
Na situação temos duas proposições sendo repre- Todos os exemplos acima são sentenças abertas.
sentadas pelas letras p e r. Então podemos resumir da seguinte forma: 79
As variáveis: Ele, aquele ou variáveis matemáti- „ Ou o elefante corre rápido ou a raposa é lenta.
cas (X ou Y) tornam a sentença aberta. „ Se estudar, então vai passar.
Sempre será uma proposição lógica na escrita „ Bino vai ao cinema se e somente se ele receber
matemática e podemos notar que há verbos nos casos dinheiro.
a seguir:
z Na linguagem simbólica:
= (é igual) „ p ^ q;
≠ (é diferente) „ p v q;
> (é maior) „ p v q;
< (é menor) „ p → q;
≥ (é maior ou igual) „ p ⟷ q.
≤ (é menor ou igual)
Agora que já fomos apresentados aos conectivos
Esquematizando o que não são proposições lógicas: lógicos, vamos ver algumas camuflagens dos opera-
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja:
Sentenças Interrogativas(?)
� Conectivos “e” usando “mas”
Sentenças sem Verbo
NÃO SÃO
Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor;
PROPOSIÇÕES Sentenças com Verbo no � Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não
Imperativo ambos”;
Sentenças Abertas
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, mas
não ambos;
Paradoxo � Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso,
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”
PRINCÍPIOS DA LÓGICA PROPOSICIONAL Exemplos: Desde que faça sol, Pedrinho vai à
praia;
É fundamental que você conheça três princípios Caso você estude, irá passar no concurso;
para deixarmos tudo alinhado com as proposições Basta Ana comer massas, e engordará;
lógicas. Veja: Quem joga bola é rápido;
Todos os médicos sabem operar;
z Princípio do terceiro excluído: Uma proposição Qualquer criança anda de bicicleta;
deve ser Verdadeira ou Falsa, não havendo outra Toda vez que chove, não vou à praia.
possibilidade. Não é possível que uma proposição
seja “quase verdadeira” ou “quase falsa”; É importante saber que na condicional a 1º Na con-
z Princípio da não-contradição: Dizemos que uma dicional a 1º proposição é o termo antecedente e a 2º
mesma proposição não pode ser, ao mesmo tempo, é o termo consequente.
verdadeira e falsa;
z Princípio da Identidade: Cada ser é igual a si mes- P→Q
mo, ou seja, uma proposição não assume o signifi- P = antecedente
cado de outra proposição lógica. Q = consequente

PROPOSIÇÕES LÓGICAS COMPOSTAS

Temos proposições compostas quando há duas ou


EXERCÍCIOS COMENTADOS
mais proposições simples ligadas por meio dos conec- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito de proposi-
tivos lógicos. Veja os exemplos: ções lógicas, julgue o item a seguir:
A sentença “Soldado, cumpra suas obrigações” é uma
z Sabino corre e Marcos compra leite;
proposição simples.
z O gato é azul ou o pato é preto;
z Se Carlinhos pegar a bola, então o jogo vai acabar.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Cada conectivo tem sua representação simbólica e
sua nomenclatura. Veja a relação de conectivos: Perceba que a frase “Soldado, cumpra suas obriga-
ções” é, na verdade, uma ordem. Observe o verbo
CONECTIVOS NOMENCLATURA SIMBOLOGIA conjugado “cumpra” (imperativo). Assim, sabemos
que estamos diante de uma frase que NÃO é uma
e Conjunção ^ proposição. Resposta: Errado.
ou Disjunção v
ou...ou Disjunção Exclusiva v 2. (VUNESP – 2014) Das alternativas apresentadas, assi-
nale a única que contém uma proposição lógica.
se...então Condicional →
se e somente se Bicondicional ⟷ a) Ser um perito criminal ou não ser? Que dúvida!
b) Uma atribuição do perito criminal é analisar documen-
Exemplos: tos em locais de crime.
c) O perito criminal também atende ocorrências com víti-
z Na linguagem natural: mas de terrorismo!
d) É verdade que o perito criminal realiza análises no
„ O macaco bebe leite e o gato come banana. âmbito da criminalística?
80 „ Maria é bailarina ou Juliano é atleta. e) Instruções especiais para perito criminal.
Veja que essa é uma boa questão para ficarmos de Números de Linhas de Tabela Verdade
olho no que é uma proposição lógica. Então vamos
analisar as alternativas: Neste momento, vamos aprender a construir tabe-
a) e d) Erradas. As sentenças “a” e “d” contém uma las-verdade para proposições compostas.
pergunta e uma exclamação, portanto não podem 1º passo: Contar a quantidade de proposições
ser proposições. envolvidas no enunciado.
c) Errada. A sentença “c” também não pode ser pro- Exemplo: P v Q (temos duas proposições).
posição, pois é uma sentença exclamativa. 2º passo: Calcular a quantidade de linhas da tabela
e) Errada. Na letra “e” temos uma frase que não tem usando a fórmula 2n = 2proposições (onde n é o número de
verbo. Desta forma, também não é proposição. proposições).
Resposta: Letra B. Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da lógica senten- P Q PVQ


cial, julgue o item que segue.
A lógica bivalente não obedece ao princípio da não
contradição, segundo o qual uma proposição não
assume simultaneamente valores lógicos distintos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O nome “bivalente” quer dizer que só há 2 resultados 3º passo: Dispor os valores “V” e “F” na primeira
para uma proposição: verdadeiro ou falso. Sabendo coluna fazendo o agrupamento pela metade do núme-
disso, a lógica bivalente obedece ao princípio da não
ro de linhas da tabela.
contradição, segundo o qual uma proposição não
Exemplo: P v Q = 22 = 4 linhas = (agrupamento da
assume simultaneamente valores lógicos distintos.
primeira coluna de 2 em 2 – V V / F F).
Resposta: Errado.
P Q PVQ
4. (FUNDATEC – 2019) A alternativa que apresenta uma
proposição composta com a presença do conectivo V
condicional é: V
F
a) Paulo não está com febre, entretanto está desidratado.
b) Algum paciente está com febre. F
c) Qual a temperatura do paciente do quarto?
d) Se Mario tem febre, então deve permanecer internado 4º passo: Preencher as demais colunas com agru-
por 48 horas. pamento de valores lógicos (V ou F) sempre pela meta-
e) Mário, você deve ser internado imediatamente! de do agrupamento anterior.
Exemplo: primeira coluna de 2 em 2 (a próxima
Lembrando das exceções de proposições lógicas, será de 1 em 1).
percebemos que as letras B, C e E já podem ser des-
consideradas. Sobrando as letras A e D. A nomencla- P Q PVQ
tura condicional refere-se ao conectivo lógico “se...,
então”. Na letra A temos uma conjunção (conectivo V V
e) disfarçado pela “virgula + entretanto”, portanto V F
descartamos. Resposta: Letra D. F V

5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item que segue, F F


a respeito de lógica proposicional.
A sentença “No Livro dos Heróis da Pátria consta o Pronto! A nossa tabela já está montada, agora precisa-
nome de Francisco José do Nascimento, o Dragão do mos aprender qual o resultado que teremos quando com-
Mar, por sua atuação como líder abolicionista no esta- binamos os valores lógicos usando os conectivos lógico.
do do Ceará.” é uma proposição simples. Número de linhas da tabela verdade:
2n = 2proposições (onde n é o número de proposições).
( ) CERTO ( ) ERRADO Bom! Vamos caminhar mais um pouco e apren-
der todas as combinações lógicas possíveis para cada
RACIOCÍNIO LÓGICO

“No Livro dos Heróis da Pátria consta o nome de conectivo lógico.


Francisco José do Nascimento, o Dragão do Mar,
por sua atuação como líder abolicionista no estado Negação (~P)
do Ceará” é uma proposição simples. Se a propo-
sição possui uma única oração (único verbo) ela é Uma proposição quando negada, recebe valores
simples. Resposta: Certo. lógicos opostos dos valores lógicos da proposição ori-
ginal. O símbolo que iremos utilizar é ¬ p ou ~p.
TABELA VERDADE
P ~P
Trata-se de uma tabela na qual conseguimos V F
apresentar todos os valores lógicos possíveis de uma
F V
proposição. 81
Dupla Negação ~(~P)
P Q P→Q
A dupla negação nada mais é do que a própria pro- V V V
posição. Isto é, ~(~P) = P V F F
F V V
P ~P ~(~P)
F F V
V F V
F V F Condicional falsa:
Vai Ficar Falsa
Conectivo Conjunção “e” (^) VF=F

Só teremos uma resposta verdadeira quando todos TAUTOLOGIA


os valores lógicos envolvidos forem verdadeiros.
É uma proposição cujo valor lógico é sempre
verdadeiro.
P Q P^Q Exemplo 1: A proposição P ∨ (~P) é uma tautolo-
V V V gia, pois o seu valor lógico é sempre V, conforme a
tabela-verdade.
V F F
F V F
P ~P P V ~P
F F F
V F V
Conectivo Disjunção “ou” (v) F V V

Teremos resposta verdadeira quando pelo menos Exemplo 2: A proposição (P Λ Q) → (PQ) é uma
um dos valores lógicos envolvidos for verdadeiro. tautologia, pois a última coluna da tabela verdade só
possui V.
P Q PVQ
V V V P Q (P^Q) (PQ) (P^Q)→(PQ)
V F V V V V V V
F V V V F F F V
F F F F V F F V

Conectivo Disjunção Exclusiva “ou...ou” ( v ) F F F V V

Teremos resposta verdadeira quando os valores CONTRADIÇÃO


lógicos envolvidos forem diferentes.
É uma proposição cujo valor lógico é sempre falso.
Exemplo: A proposição P ^ (~P) é uma contradi-
P Q PVQ ção, pois o seu valor lógico é sempre F, conforme a
V V F tabela-verdade.
V F V
P ~P P ^ (~P)
F V V
V F F
F F F
F V F
Conectivo Bicondicional “se e somente se” ()
CONTINGÊNCIA
Teremos resposta verdadeira quando os valores
lógicos envolvidos forem iguais. Sempre que uma proposição composta recebe
valores lógicos falsos e verdadeiros, independente-
mente dos valores lógicos das proposições simples
P Q PQ componentes, dizemos que a proposição em questão é
V V V uma contingência. Ou seja, quando a tabela-verdade
V F F apresenta, ao mesmo tempo, alguns valores verdadei-
ros e alguns falsos.
F V F Exemplo: A proposição [P ^ (~Q)] v (P→~Q)] é uma
F F V contingência, conforme a tabela-verdade.

Conectivo Condicional “se...,então” (→) P Q [P^(~Q)] (P→~Q) [P^(~Q)]V(P→~Q)


V V F F F
Especialmente nesse caso, vamos aprender quan-
do teremos o resultado falso, pois o conectivo con- V F V V V
dicional só tem uma possibilidade de isso ocorrer. F V F V V
Somente teremos resposta falsa quando o valor lógico
F F F V V
82 do antecedente for verdadeiro e o consequente falso.
z Tautologia: uma proposição que é sempre Basta perceber que o conectivo em questão é o “E”
verdadeira; (Conjunção), que só é verdadeiro quando as duas
z Contradição: uma proposição que é sempre falsa; são verdadeiras, sendo assim se P for falso, já irá
z Contingência: uma proposição que pode assumir invalidar o argumento. Resposta: Errado.
valores lógicos V e F, conforme o caso.
5. (VUNESP – 2018) Seja M a afirmação: “Marília gosta
de dançar”. Seja J a afirmação “Jean gosta de estu-
dar”. Considere a composição dessas duas afirma-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ções: “Ou Marília gosta de dançar ou Jean gosta de
estudar”. A tabela-verdade que representa correta-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da lógica senten- mente os valores lógicos envolvidos nessa situação é:
cial, julgue o item que segue.
Se uma proposição na estrutura condicional — isto é, na
forma P→Q, em que P e Q são proposições simples — for TABELA - VERDADE
falsa, então o precedente será, necessariamente, falso. M J Ou M ou J
V V 1
( ) CERTO ( ) ERRADO V F 2
F V 3
Veja que P→Q foi considerado falso pelo enunciado
F F 4
da questão. Assim na condicional para ser falso a
regra é que o Precedente (antecedente) seja verda-
deiro o seguinte (consequente) falso. Lembre-se da Os valores 1, 2, 3 e 4 da coluna “Ou M ou J” devem ser
dica: Vai Ficar Falso = V  F. Resposta: Errado. preenchidos, correta e respectivamente, por:

2. (AOCP – 2019) Considere a proposição: “O contingen- a) V, F, V e F.


te de policiais aumenta ou o índice de criminalidade b) F, V, V e F.
irá aumentar”. Nesse caso, a quantidade de linhas da c) F, F, V e V.
tabela verdade é igual a d) V, F, F e V.
e) V, V, V e F.
a) 2.
b) 4. Veja que precisamos saber quando o resultado das
c) 8. combinações lógicas do conectivo “ou...ou” dá ver-
d) 16. dade. Lembrando da nossa parte teórica, sempre
e) 32. que tivermos valores lógicos diferentes, o resultado
será verdadeiro. Sabendo disso,
O número de linhas da tabela-verdade depende do
número de proposições e é calculado pela fórmula:
2ⁿ. Assim, M J Ou M ou J
O contingente de policiais aumenta (1º proposição) V V F
O índice de criminalidade irá aumentar (2° V F V
proposição) F V V
22 = 4 linhas. Resposta: Letra B.
F F F
3. (FUNDATEC – 2019) Trata-se de um exemplo de tauto-
logia a proposição: Resposta: Letra B.

a) Se dois é par então é verão em Gramado. PRIMEIRA ORDEM - PROPOSIÇÃO CATEGÓRICA


b) É verão em Gramado ou não é verão em Gramado.
c) Maria é alta ou Pedro é alto. Professor, eu sempre vejo esse tema em alguns edi-
d) É verão em Gramado se e somente se Maria é alta. tais, mas nunca entendo o que realmente preciso estu-
e) Maria não é alta e Pedro não é alto. dar. Bom! Então, eu vou te ajudar a esclarecer isso de
uma maneira rápida e simples.
Você precisa guardar essa dica: A proposição que Lógica de 1° ordem é igual a Quantificadores Lógi-
contiver uma afirmação com o conectivo ou mais a cos. Então, toda vez que você vir esse tema no edi-
negação dessa mesma afirmação (ou vice-versa) será tal, terá que saber três coisas fundamentais sobre os
sempre uma tautologia. Então, quantificadores:
É verão em Gramado ou não é verão em Gramado.
RACIOCÍNIO LÓGICO

A proposição p ∨ (~p) é uma tautologia, pois o seu z Negação;


valor lógico é sempre “verdadeiro”. Resposta: Letra B.
z Equivalência; e
z Representação por diagramas.
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte
item, relativo à lógica proposicional e à lógica de
argumentação. Quantificadores Lógicos ou Proposições Categó-
Se P e Q são proposições simples, então a proposição ricas são elementos que especificam a extensão da
[P→Q]∧P é uma tautologia, isto é, independentemente validade de um predicado sobre um conjunto de cons-
dos valores lógicos V ou F atribuídos a P e Q, o valor tantes individuais, ou seja, são palavras ou expressões
lógico de [P→Q]∧P será sempre V. que indicam que houve quantificação. São exemplos
de quantificadores as expressões: “existe”, “algum”,
( ) CERTO ( ) ERRADO “todo”, “pelo menos um” e “nenhum”. 83
CLASSIFICAÇÃO DAS PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Esses quantificadores podem ser classificados em que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo
dois tipos: menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
z Quantificador Universal: “todo” e “nenhum”; seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
z Quantificador Existencial (particulares):“pelo menos mos fazer quatro representações com diagramas:
um”, “existe um” e o “algum”.
A B
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “TODO” (AFIRMATIVO)

Exemplos:

Todo A é B.
Todo homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
que “Todo A é B” significa que todo elemento de A
também é elemento de B. Logo, podemos representar Veja que em todas as representações de A e B possuem
com o diagrama: intersecção. Então, quando “Algum A é B” é verdadeira,
os valores lógicos das outras proposições categóricas,
B interpretando o diagrama, serão os seguintes:

A z Todo A é B: É indeterminado;
z Nenhum A é B: É falsa;
z Algum A não é B: É indeterminado.

QUANTIFICADOR PARTICULAR (NEGATIVO):


O conjunto A dentro do conjunto B “ALGUM” / “PELO MENOS UM” / “EXISTE” + A
PARTÍCULA “NÃO”
Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi-
cos das outras proposições categóricas, interpretando Exemplo:
os diagramas, serão os seguintes:

z Nenhum A é B: É falsa; Algum A não é B.


z Algum A é B: É verdadeira; Algum homem não joga bola.
z Algum A não é B: é falsa. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
QUANTIFICADOR UNIVERSAL “NENHUM” (NEGATIVO) que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
pelo menos um elemento que não pertence ao con-
Exemplos: junto B. Logo, podemos fazer três representações com
Nenhum A é B. diagramas:
Nenhum homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que “Nenhum A é B” significa que A e B não tem ele-
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen-
tação com diagrama:

Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há


contato de alguns elementos de A com B
A B
Veja que em todas as representações o conjunto
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda-
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes:
lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
tando o diagrama, serão os seguintes: z Todo A é B: É falsa;
z Nenhum A é B: É indeterminada;
z Todo A é B: É falsa; z Algum A não é B: É indeterminado.
z Algum A é B: É falsa;
z Algum A não é B: é verdadeira. NEGAÇÃO DOS QUANTIFICADORES LÓGICOS OU
PROPOSIÇÕES CATEGÓRICAS
QUANTIFICADOR PARTICULAR (AFIRMATIVO):
“ALGUM” / “PELO MENOS UM” / “EXISTE” Você vai aprender de uma vez por todas como
negar proposições quantificadas, ou seja, proposi-
Exemplo: ções que utilizam expressões como “todo”, “algum”
e “nenhum”. Recapitulando sobre a negação de uma
Algum A é B. proposição, podemos, então, dizer que negar uma pro-
84 Algum homem joga bola. posição significa trocar o seu valor lógico. Em outras
palavras, a negação de uma proposição verdadeira é
uma proposição falsa; a negação de uma proposição TODO NEGAÇÃO PEA + NÃO
falsa é uma proposição verdadeira.
Tudo que você precisa para negar uma proposição
quantificada é saber como classificá-la, então, veja NENHUM NEGAÇÃO PEA
alguns exemplos:

QUANTIFICADOR CLASSIFICAÇÃO EXEMPLO EQUIVALÊNCIA LÓGICA DE QUANTIFICADORES


Universal Todo homem joga
Todo z TODO
Afirmativo bola.
Nenhum homem „ “Todo A é B” é equivalente a dizer “nenhum A
Nenhum Universal Negativo
joga bola.
não é B”.
Particular Algum homem
Algum
Afirmativo joga bola. Vemos aqui que: Troca-se “todo” por “nenhum”, ou
Algum homem não seja, a primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
Algum + Não Particular Negativo
joga bola. Exemplo: “Todo gato pula alto”. = “Nenhum gato
não pula alto”.
Sabendo disso, é muito simples negar proposições
quantificadas. „ “Todo A é B” equivale a “Se é A, então é B”.

Exemplo: “Todo pato é amarelo”. = “Se é pato,


UNIVERSAL NEGAÇÃO PARTICULAR então é amarelo”.

z NENHUM
PARTICULAR NEGAÇÃO UNIVERSAL
„ “Nenhum A é B” é equivalente a dizer “Todo A
não é B”.
VERBO NEGAÇÃO VERBO NEGATIVO
AFIRMATIVO
Vemos aqui que: troca-se “nenhum” por “todo”, a
primeira sentença é mantida e nega-se a segunda.
VERBO VERBO Exemplo: “Nenhum macaco é branco” = “Todo
NEGAÇÃO
NEGATIVO AFIRMATIVO
macaco não é branco”.

z Se o quantificador utilizado for universal, a nega-


EQUIVALÊNCIA
ção utilizará um quantificador particular;
z Se o quantificador utilizado for particular, a nega-
ção utilizará um quantificador universal; AéB
negação
A não é B A não é B
z Se o verbo for afirmativo, a negação utilizará um
TODO ALGUM NENHUM
verbo negativo;
z Se o verbo for negativo, a negação utilizará um A não é B AéB AéB
negação
verbo afirmativo.

EQUIVALÊNCIA
Esquematizando tudo:

QUANTIFICADOR NEGAÇÃO EXEMPLO


p: Todo homem
Universal afirmati- Particular negativa joga bola. EXERCÍCIOS COMENTADOS
va “todo” “algum + não” ~p: Algum homem
não joga bola. 1. (FGV – 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum
p: Nenhum homem pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto con-
Universal negativa Particular afirmati- joga bola. cluir que
“nenhum” va “algum” ~p: Algum homem
joga bola. a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”.
RACIOCÍNIO LÓGICO

p: Algum homem b) “Quem não é pescador não sabe nadar”


Particular afirmati- Universal negativa joga bola. c) “Todos os pescadores sabem nadar”.
va “algum” “nenhum” ~p: Nenhum ho- d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”.
mem joga bola.
e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”.
p: Algum homem
Particular negativa Universal afirmati- não joga bola. Veja que a questão pede a negação do quantificador
“algum + não” va “todo” ~p: Todo homem “nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos
joga bola.
negar o “nenhum” usando o quantificado “todo” e
vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estra-
Olhando para as iniciais de cada quantificador tegicamente as alternativas C, D e E. Como temos
lógico particular (Pelo menos / Existe / Algum), pode- um quantificador universal negativo e sabemos que
mos escrever o lembrete abaixo para negação: para negar precisamos de um particular afirmativo, 85
só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B Só podemos negar um Quantificador Universal
não está de acordo com a regra. Você também pode- (“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen-
ria usar o lembrete “nenhum nega com PEA”. Res- cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim,
posta: Letra A. eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas
2. (FUNDATEC – 2019) A negação da sentença “algum as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor-
assistente social acompanhou o julgamento” está na gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo.
alternativa: Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q:
P: todos os cantores são músicose (^)
a) Algum assistente social não acompanhou o Q: existe advogado que é cantor.
julgamento. Negando:
b) Todos os assistentes sociais acompanharam o
~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos
julgamento.
c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o um não é = algum não é) ou (v)
julgamento. ~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe
d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento. = nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico
e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o ou não existe advogado que seja cantor”. Resposta:
julgamento. Letra B.

A questão pede a negação do “algum” – quantifica- 5. (VUNESP – 2019) Considere como verdadeira a pro-
dor particular afirmativo. Já aprendemos que, para
posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
fazer essa negação, usamos um quantificador uni-
versal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”, enuncia que tal proposição implica, necessariamente,
pois o mesmo é universal negativo. Assim, a nossa que
sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o I. se Carlos é matemático, então ele é dialético.
julgamento” II. se Pedro é dialético, então é matemático.
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga- III. se Luiz não é dialético, então não é matemático.
mento” Resposta: Letra D. IV. se Renato não é matemático, então não é dialético.
3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres-
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas
da informação são bons desenvolvedores”. apenas:

a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação a) I e III.


não é bom desenvolvedor. b) I e II.
b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom c) III e IV.
desenvolvedor.
d) II e III.
c) Todos os analistas de tecnologia da informação não
e) II e IV.
são bons desenvolvedores.
d) Alguns analistas de tecnologia da informação são
bons desenvolvedores. Você precisa lembrar das equivalências para res-
e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno- ponder essa questão.
logia da informação. “Nenhum matemático é não dialético” equivale a
“Todo Matemático é Dialético”;
A negação do “todo” pode ser feita usando o lem- “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é
brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”,
matemático, então é Dialético”.
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” / Agora, vamos analisar as afirmações feitas por
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”, Laura:
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo, I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
p: “Todos os analistas de tecnologia da informação reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
são bons desenvolvedores” II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor-
~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec- reta, pois há dialéticos que não são matemáticos).
nologia da informação não é bom desenvolvedor.
Resposta: Letra A. Dialético
4. (VUNESP – 2019) A alternativa que corresponde à
negação lógica da proposição composta: “todos os
cantores são músicos e existe advogado que é can- Mat.
tor”, é:

a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que


seja cantor. III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
advogado que seja cantor.
também que temos um dos casos de equivalência
c) Há cantores que são músicos e existe advogado que
lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva).
não é cantor.
d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
seja cantor. co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático
e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga- como vimos nos diagrama da alternativa II).
86 do que é cantor. Resposta: Letra A.
DIAGRAMAS LÓGICOS: CONJUNTOS E
A B
ELEMENTOS
DIAGRAMAS LÓGICOS/ DIAGRAMAS LÓGICOS
(SILOGISMOS)
Não há intersecção entre o conjunto A e o conjunto B

Esse tema é diretamente ligado ao estudo dos


Quantificadores Lógicos ou Proposições Categóricas, Quando “Nenhum A é B” é verdadeira, os valores
lógicos das outras proposições categóricas, interpre-
que são elementos que especificam a extensão da vali-
tando o diagrama, serão os seguintes:
dade de um predicado sobre um conjunto de constan-
tes individuais. Ou seja, são palavras ou expressões
Todo A é B – É falsa.
que indicam que houve quantificação. São exemplos
Algum A é B – É falsa.
de quantificadores as expressões: existe, algum, todo,
Algum A não é B – é verdadeira.
pelo menos um, nenhum.
Esses quantificadores podem ser classificados em
Quantificador Particular (Afirmativo): “Algum” / “Pelo
dois tipos:
Menos um” / “Existe”
z Quantificador Universal
Exemplo:
z Quantificador Existencial (particulares)
Algum A é B.
Algum homem joga bola.
Universais temos TODO e NENHUM, já os particula-
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
res temos pelo menos um, existe um e o algum.
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
Agora, vamos estudar a representação de cada um que “Algum A é B” significa que o conjunto A tem pelo
dos quantificadores através dos diagramas lógicos. menos um elemento em comum com o conjunto B, ou
seja, há intersecção entre os círculos A e B. Logo, pode-
Quantificador Universal “Todo” (afirmativo) mos fazer quatro representações com diagramas:

Exemplo: B
A
Todo A é B.

Todo homem joga bola.

Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no


exemplo, o do homem e o de joga bola. Vale lembrar Os dois conjuntos possuem uma parte em comum
que Todo A é B significa que todo elemento de A tam-
bém é elemento de B. Logo, podemos representar com Veja que em todas as representações de A e B
o diagrama: possuem intersecção. Então, quando “Algum A é B”
é verdadeira, os valores lógicos das outras proposi-
B ções categóricas, interpretando o diagrama, serão os
seguintes:
A Todo A é B – É indeterminado
Nenhum A é B – É falsa.
Algum A não é B – É indeterminado.

Quantificador Particular (negativo): “Algum” / “Pelo


O conjunto A dentro do conjunto B Menos um” / “Existe” + a partícula “Não”

Quando “Todo A é B” é verdadeira, os valores lógi- Exemplo:


cos das outras proposições categóricas, interpretando Algum A não é B.
os diagramas, serão os seguintes: Algum homem não joga bola.
Nenhum A é B – É falsa. Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
Algum A é B – É verdadeira. exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que “Algum A não é B” significa que o conjunto A tem
RACIOCÍNIO LÓGICO

Algum A não é B – é falsa.


pelo menos um elemento que não pertence ao con-
junto B. Logo, podemos fazer três representações com
Quantificador Universal “Nenhum” (negativo)
diagramas:
Exemplo:
Nenhum A é B.
Nenhum homem joga bola.
Perceba que temos dois conjuntos envolvidos no
exemplo, o do homem e o de jogar bola. Vale lembrar
que “Nenhum A é B” significa que A e B não tem ele-
mentos em comum, logo, temos apenas uma represen- Os dois conjuntos possuem uma parte em comum, mas não há
tação com diagrama: contato de alguns elementos de A com B 87
Veja que em todas as representações o conjunto z 2ª Regra – Se um termo está distribuído na con-
A tem pelo menos um elemento que não pertence ao clusão, tem de estar distribuído nas premissas.
conjunto B. Então, quando “Algum A não é B” é verda- Exemplo:
deira, os valores lógicos das outras proposições cate-
góricas, interpretando o diagrama, serão os seguintes: „ Os espanhóis são inteligentes. (Predicado não
distribuído)
Todo A é B – É falsa. „ Os portugueses não são espanhóis.
Nenhum A é B – É indeterminada. „ Logo, os portugueses não são inteligentes.
Algum A não é B – É indeterminado.
Menor extensão na conclusão do que nas premissas.
SILOGISMOS

O silogismo vem da Teoria Aristotélica dentro z 3ª Regra – O termo médio nunca pode estar na
do raciocínio dedutivo e geralmente é formado por conclusão. Exemplo:
três proposições, em que de duas delas, que funcio-
nam como premissas ou antecedente, extrai-se outra „ Toda planta é ser vivo.
proposição que é a sua conclusão ou consequente. „ Todo animal é ser vivo.
Além disso, podemos dizer que é um tipo especial de „ Todo ser vivo é animal ou planta.
argumento.
z 4ª Regra – O termo médio tem de estar distribuído
Estrutura do silogismo categórico pelo menos uma vez. Exemplo:

z Premissa maior (geralmente é a primeira): Con- „ Alguns (não distribuído) homens são ricos.
têm o termo maior (T), que é sempre o predicado „ Alguns (não distribuído) homens são artistas.
da conclusão e diz-nos qual é a premissa maior, da „ Alguns artistas são ricos.
qual faz parte.
z Premissa menor (geralmente é a segunda): Con-
Regras relativas às proposições:
têm o termo menor (t), que é sempre o sujeito da
conclusão e indica-nos qual é a premissa menor.
z 5ª Regra – De duas premissas negativas nada se
z Conclusão: Identificamos por não conter o termo
pode concluir. Exemplo:
médio (M).
z Termo médio: Estabelece a ligação entre o termo
maior e termo menor. Aparece nas duas premis- „ Nenhum palhaço é chinês.
sas, mas nunca aparece na conclusão. „ Nenhum chinês é holandês.
„ Logo, (não se pode concluir).
Veja os exemplos abaixo:
Não se pode concluir se existe ou não alguma rela-
Exemplo 1: ção entre os termos “holandês” e “palhaço”, uma vez
que não existe nenhuma relação entre estes e o termo
z Todos os mamíferos são animais. médio (que é o único que nos permite relacioná-los).
z Os cães são mamíferos.
z Logo, os cães são animais.
z 6ª Regra – De duas premissas afirmativas não se
„ Termo maior: animais; pode tirar uma conclusão negativa. Exemplo:
„ Termo menor: cães;
„ Termo médio: mamíferos. „ Todos os mortais são desconfiados.
„ Alguns seres são mortais.
Exemplo 2: „ Alguns seres não são desconfiados.

z Todos os homens são mortais. z 7ª Regra – A conclusão segue sempre a parte mais
z Sócrates é homem. fraca (particular e/ou negativa). Se uma premissa
z Logo, Sócrates é mortal. for negativa, a conclusão tem de ser negativa, se
uma premissa for particular, a conclusão tem de
„ Termo maior: mortais;
ser particular. Exemplo:
„ Termo menor: Sócrates;
„ Termo médio: homem.
„ Todos os homens são felizes.
REGRAS DO SILOGISMO CATEGÓRICO „ Alguns homens são espertos.
„ Todos os espertos são felizes. (A conclusão nunca
Regras relativas aos termos: pode ser geral)

z 1ª Regra – O silogismo tem três termos: o maior, o z 8ª Regra – De duas premissas particulares, nada se
menor e o médio. Exemplo: pode concluir. Exemplo:
„ As margaridas são flores.
„ Algumas mulheres são Margaridas. „ Alguns italianos não são vencedores.
„ Logo, algumas mulheres são flores. „ Alguns italianos são pobres.
„ Logo, (nada se pode concluir).
Veja que “margaridas” e “Margaridas” é termo
equívoco. Não respeitamos esta regra, porque este Pelo menos, uma premissa tem de ser universal,
silogismo tem 4 termos. O termo “margaridas” está para que possa existir ligação entre o termo médio e
88 empregue em 2 sentidos, valendo por 2 termos. os outros termos e ser possível extrair uma conclusão.
Esquematizando! 3. (FUNDATEC – 2019) Assinale a alternativa que corres-
ponde à negação de “Todos os analistas de tecnologia
da informação são bons desenvolvedores”.
REGRAS

PREMISSAS TERMOS a) Pelo menos um analista de tecnologia da informação


não é bom desenvolvedor.
z De duas premissas nega- z Todo silogismo contém b) Nenhum analista de tecnologia da informação é bom
tivas, nada se conclui somente três termos: desenvolvedor.
z De duas premissas afir- maior, médio e menor c) Todos os analistas de tecnologia da informação não
mativas não pode haver z Os termos da conclusão são bons desenvolvedores.
conclusão negativa não podem ter extensão d) Alguns analistas de tecnologia da informação são
z A conclusão segue sem- maior que os termos bons desenvolvedores.
pre a premissa mais fraca das premissas e) Todos os desenvolvedores não são analistas de tecno-
z De duas premissas parti- z O termo médio não pode
logia da informação.
culares, nada se conclui entrar na conclusão
z O termo médio deve
ser universal ao menos A negação do “todo” pode ser feita usando o lem-
uma vez brete que aprendemos: “todo nega com PEA + não”,
onde o PEA são as iniciais dos quantificadores
lógicos particulares – “Pelo menos um” / “Existe” /
“Algum” – seguidos pelo modificador lógico “não”,
deixando-os, assim, particulares negativos. Logo,
EXERCÍCIOS COMENTADOS p: “Todos os analistas de tecnologia da informação
são bons desenvolvedores”
1. (FGV – 2019) Considerando que a afirmação “Nenhum ~p: “Pelo menos um / Existe / Algum analista de tec-
pescador sabe nadar” não é verdadeira, é correto con- nologia da informação não é bom desenvolvedor.
cluir que Resposta: Letra A.

a) “Há, pelo menos, um pescador que sabe nadar”. 4. (VUNESP – 2019) A alternativa que corresponde à
b) “Quem não é pescador não sabe nadar” negação lógica da proposição composta: “todos os
c) “Todos os pescadores sabem nadar”. cantores são músicos e existe advogado que é can-
d) “Todas as pessoas que sabem nadar são pescadores”. tor”, é:
e) “Ninguém que sabe nadar é pescador”.
a) Nenhum cantor é músico e não existe advogado que
Veja que a questão pede a negação do quantificador seja cantor.
“nenhum”, e como já aprendemos, nunca devemos b) Pelo menos um cantor não é músico ou não existe
negar o “nenhum” usando o quantificado “todo” e advogado que seja cantor.
vice-versa. Sabendo disso, podemos eliminar estra- c) Há cantores que são músicos e existe advogado que
tegicamente as alternativas C, D e E. Como temos não é cantor.
um quantificador universal negativo e sabemos que d) Nenhum cantor é músico ou não existe advogado que
para negar precisamos de um particular afirmativo, seja cantor.
só nos resta a letra A como resposta, pois a letra B e) Pelo menos um cantor não é músico ou existe advoga-
não está de acordo com a regra. Você também pode- do que é cantor.
ria usar o lembrete “NENHUM nega com PEA”.
Resposta: Letra A. Só podemos negar um Quantificador Universal
(“Todo” / “Nenhum”) com um Quantificador Existen-
2. (FUNDATEC – 2019) A negação da sentença “algum cial (“Existe” / “Algum” / “Pelo menos um”), assim,
assistente social acompanhou o julgamento” está na eliminamos as letras A, C e D, ficando, assim, apenas
alternativa: as letras B e E para análise. Segundo a Lei de Mor-
gan – devemos trocar o “e” por “ou” e negar tudo.
a) Algum assistente social não acompanhou o Então, negando a proposição P ^ Q, fica ~ P v ~Q:
julgamento. P: todos os cantores são músicose (^)
b) Todos os assistentes sociais acompanharam o Q: existe advogado que é cantor.
julgamento. Negando:
c) Nem todos os assistentes sociais acompanharam o ~P: alguns cantores não são músicos (pelo menos
julgamento. um não é = algum não é) ou (v)
d) Nenhum assistente social acompanhou o julgamento. ~Q: não existe advogado que é cantor. (Não existe =
e) Pelo menos um assistente social não acompanhou o nenhum) “Pelo menos um cantor não é músico ou
RACIOCÍNIO LÓGICO

julgamento. não existe advogado que seja cantor”. Resposta:


Letra B.
A questão pede a negação do “algum” – quantifica-
dor particular afirmativo. Já aprendemos que, para 5. (VUNESP – 2019) Considere como verdadeira a pro-
fazer essa negação, usamos um quantificador uni- posição: “Nenhum matemático é não dialético”. Laura
versal. Qual, professor? O quantificador “nenhum”, enuncia que tal proposição implica, necessariamente,
pois o mesmo é universal negativo. Assim, a nossa que
sentença ficará:
p: “Algum assistente social acompanhou o I. se Carlos é matemático, então ele é dialético.
julgamento” II. se Pedro é dialético, então é matemático.
~p: “Nenhum assistente social acompanhou o julga- III. se Luiz não é dialético, então não é matemático.
mento” Resposta: Letra D. IV. se Renato não é matemático, então não é dialético. 89
Das implicações enunciadas por Laura, estão corretas Quando temos argumentos utilizando os quanti-
APENAS: ficadores lógicos, representamos através dos diagra-
mas lógicos para saber a validade de um argumento.
a) I e III. Veja que temos uma proposição do tipo “Todo A é B”,
b) I e II. logo:
c) III e IV.
d) II e III. Homem
e) II e IV.

Você precisa lembrar das equivalências para res- Padre


ponder essa questão.
� “Nenhum matemático é não dialético” equivale a
“Todo Matemático é Dialético”;
� “Todo Matemático é Dialético” equivale a “Se é José
matemático, então é Dialético”.
Agora, vamos analisar as afirmações feitas por Laura:
I. Se Carlos é matemático, então ele é dialético (Cor-
reta, pois está de acordo com a equivalência acima).
II. Se Pedro é dialético, então é matemático. (Incor- Perceba que a premissa 2 afirma que José é
reta, pois há dialéticos que não são matemáticos). padre, ou seja, José tem que estar dentro do con-
junto dos padres. Sendo assim, como não há pos-
Dialético sibilidade de um padre não ser homem, podemos
afirmar que José também é homem, como afirma
nossa conclusão. Logo, o argumento é válido.

Mat.
Vamos analisar agora um argumento usando
conectivos lógicos. Quando temos essa estrutura,
devemos usa o seguinte lembrete:
III. Se Luiz não é dialético, então não é matemáti-
co (Correta, pois todo matemático é dialético. Veja
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as
também que temos um dos casos de equivalência
premissas são verdadeiras;
lógica do conectivo “se...então” – a contrapositiva).
2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
IV. Se Renato não é matemático, então não é dialéti-
conectivo envolvido no argumento;
co (Incorreta, pois nem todo dialético é matemático
3°. Se der ERRO (não ficar de acordo com o padrão
como vimos nos diagrama da alternativa II).
de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
Resposta: Letra A.
mento é válido.

Veja na prática:

LÓGICA DA ARGUMENTAÇÃO Se fizer sol, então vou à praia. (V)


Fez sol. (V)
ARGUMENTOS: VALIDADE DE UM ARGUMENTO/ Logo, vou à praia. (F)
CRITÉRIO DE VALIDADE DE UM ARGUMENTO
Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
Em nosso estudo sobre argumentos lógicos, esta- proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
remos interessados em verificar se eles são válidos lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir à praia
ou inválidos. Então, passemos a seguir a entender o é falso e fez sol é verdadeiro. Colocamos os mesmo
que significa um argumento válido e um argumento valores lógicos para proposição composta pelo conec-
inválido. tivo “se...,então” na primeira premissa. Assim,

Argumentos Válidos (V) (F)


Se fizer sol, então vou à praia. (V)
Também podem ser chamados de argumentos Fez sol. (V)
bem-construído ou legítimo. Logo, vou à praia. (F)
Para que o argumento seja válido, não basta que
a conclusão seja verdadeira, é preciso que as premis- Como já sabemos e estudamos lá no módulo de ta-
sas e a conclusão estejam relacionadas corretamente, bela-verdade, quando temos a combinação lógica ver-
ou seja, quando a conclusão é uma consequência dade no antecedente e falso no consequente (V 
necessária das premissas, dizemos que o argumen- F) para o conectivo “se...,então”, o nosso resultado só
to é válido. poderá ser falso.
Vamos analisar o exemplo:
(V) (F)
p1: Todo padre é homem. Se fizer sol, então vou à praia. (V) (F)
p2: José é padre. Fez sol. (V)
90 c: José é homem. Logo, vou à praia. (F)
Percebe-se, então, que não está de acordo com a 2°. Vamos valorar de acordo com a tabela-verdade do
nossa valoração inicial, ou seja, DEU ERRO. Logo, nos- conectivo envolvido no argumento;
so argumento é válido. 3°. Se não der ERRO (ficar de acordo com o padrão
de valoração que afirmamos) dizemos que o argu-
ARGUMENTOS INVÁLIDOS mento é inválido.

Também podem ser chamados de argumentos mal Veja na prática:


construídos, ilegítimos, sofismas ou falaciosos.
Dizemos que um argumento é inválido quando a Se o tempo ficar nublado, então não vou ao cine-
verdade das premissas não é suficiente para garantir ma. (V)
a verdade da conclusão. Vejamos um exemplo para O tempo ficou nublado. (V)
clarear um pouco mais sobre o assunto: Exemplo: Logo, vou ao cinema. (F)

p1: Todas as crianças gostam de chocolate; Já fizemos o 1° passo, colocamos na frente de cada
p2: Patrícia não é criança; proposição os valores lógicos de acordo com o nosso
c: Portanto, Patrícia não gosta de chocolate. lembrete. Agora, vamos valorar! Veja que ir ao cine-
ma é falso e o tempos ficar nublado é verdadei-
Como já estudamos sobre esse tipo de estrutura ro. Distribuímos os valores lógicos para proposição
de argumentos utilizando os quantificadores lógicos, composta pelo conectivo “se...então” na primeira
vamos representar através dos diagramas lógicos premissa, de acordo com cada proposição. Perceba
para saber a validade de um argumento. Veja que que a proposição não vou ao cinema está negando o
temos uma proposição do tipo “Todo A é B”, logo: que está sendo dito na conclusão, ou seja, mudamos o
valor lógico dela. Assim,
Gostam de chocolate
(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
O tempo ficou nublado. (V)
Crianças
Logo, vou ao cinema. (F)

Como já estudamos lá no módulo de tabela-verdade,


Patrícia tudo que não estiver no padrão de combinação lógica
- verdade no antecedente e falso no consequente (V
 F) para o conectivo “se...,então” – será verdadeiro.

(V) (V)
Se o tempo ficar nublado, então vou ao cinema. (V)
Gostam de chocolate O tempo ficou nublado. (V)
Logo, vou ao cinema. (F)

Percebe-se, então, que o argumento está de acor-


Crianças do com a nossa valoração inicial, ou seja, NÃO DEU
ERRO. Logo, nosso argumento é inválido.
Sabendo disso, guarde o esquema abaixo.
Patrícia
DEU ERRO ARGUMENTO VÁLIDO
Não gostam de chocolate
NÃO DEU ARGUMENTO
ERRO INVÁLIDO

Quando a premissa 2 afirma que Patrícia não é


criança, temos duas interpretações: Para podermos praticar um pouco mais sobre esse
assunto, analisaremos algumas questões de concursos.
1°. Patrícia pode não ser criança e gostar de cho-
colate ou;
2°. Ela pode não ser criança e não gostar de cho-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
RACIOCÍNIO LÓGICO

colate. Sendo assim, não há possibilidade de


afirmar com 100% de certeza que Patrícia não
gosta de chocolate, como consta na conclusão. 1. (FCC – 2018) Considere os dois argumentos a seguir:
Logo, o argumento é inválido.
I. Se Ana Maria nunca escreve petições, então ela não
sabe escrever petições.
Para um argumento usando conectivos lógicos, Ana Maria nunca escreve petições.
devemos usar o mesmo que já vimos para argumentos Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições.
válidos, só muda um detalhe. Veja: II. Se Ana Maria não sabe escrever petições, então ela
nunca escreve petições.
1°. Vamos afirmar que a conclusão é falsa e que as Ana Maria nunca escreve petições.
premissas são verdadeiras; Portanto, Ana Maria não sabe escrever petições. 91
Comparando a validade formal dos dois argumentos e 3. (FGV – 2019) Considere as afirmativas a seguir.
a plausibilidade das primeiras premissas de cada um,
é correto concluir que z “Alguns homens jogam xadrez”.
z “Quem joga xadrez tem bom raciocínio”.
a) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, mes-
mo que a primeira premissa de I seja mais plausível A partir dessas afirmações, é correto concluir que
que a de II.
b) ambos os argumentos são válidos, a despeito das pri- a) “Todos os homens têm bom raciocínio”.
meiras premissas de ambos serem ou não plausíveis. b) “Mulheres não jogam xadrez”.
c) ambos os argumentos são inválidos, a despeito
c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez”
das primeiras premissas de ambos serem ou não
d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga xadrez”.
plausíveis.
d) o argumento I é inválido e o argumento II é válido, pois e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
a primeira premissa de II é mais plausível que a de I.
e) o argumento I é válido e o argumento II é inválido, mes- Vamos desenhar os diagramas para facilitar a nos-
mo que a primeira premissa de II seja mais plausível sa chegada à conclusão:
que a de I. Bom raciocínio

Começarei pelo Argumento II, para que você possa


entender o “macete”.
Joga xadrez
Argumento II.
SE Ana Maria não sabe escrever petições (F), ENTÃO
ela nunca escreve petições (V). = VERDADEIRO
Ana Maria nunca escreve petições. = VERDADEIRO
CONCLUSÃO: Portanto, Ana Maria não sabe escre-
ver petições. = FALSO
Homens
NÃO DEU ERRO!!!! Portanto, ARGUMENTO INVÁLIDO.
Argumento I.
SE Ana Maria nunca escreve petições (VERDADEI- Agora, vamos analisar cada alternativa e interpre-
RO), ENTÃO ela não sabe escrever petições. (FALSO) tar os diagramas para achar nosso gabarito.
= VERDADEIRO. (FALSO) a) “Todos os homens têm bom raciocínio”. Errado,
Ana Maria nunca escreve petições. = VERDADEIRO pois ALGUNS homens têm bom raciocínio.
CONCLUSÃO: Portanto, Ana Maria não sabe escre- b) “Mulheres não jogam xadrez”. Errado, pois a afir-
ver petições. = FALSO mação acima só fala de HOMENS.
OCORREU UM ERRO!!! Pois no V  F = FALSO. c) “Quem tem bom raciocínio joga xadrez” Erra-
Portanto, a premissa não teve como resultado
do, pois eu posso ter bom raciocínio e jogar dama,
VERDADEIRO.
cartas, etc. ALGUNS que tem bom raciocínio jogam
Se DEU ERRO, então ARGUMENTO VÁLIDO. Logo,
xadrez.
Argumento I - VÁLIDO
Argumento II - INVÁLIDO d) “Homem que não tem bom raciocínio não joga
Sabendo disso, já daria para excluir as alternativas xadrez”. Certo, pois se o homem não tem bom racio-
A, B, C e D. Resposta: Letra E. cínio nem adianta jogar xadrez. Quem joga xadrez
TEM BOM RACIOCÍNIO.
2. (FCC – 2019) Em uma festa, se Carlos está acom- e) “Quem não joga xadrez não tem bom raciocínio”.
panhado ou está feliz, canta e dança. Se, na últi- Errado, pois eu posso jogar dama, cartas e ter bom
ma festa em que esteve, não dançou, então Carlos, raciocínio. Resposta: Letra D.
necessariamente,
4. (IDECAN – 2019) Se Davi é surfista, então Ana não é
a) não estava acompanhado, mas estava feliz. bailarina. Bruno não é jogador de futebol ou Cinthia
b) estava acompanhado, mas não estava feliz. não é ginasta. Sabendo-se que Cinthia é ginasta e que
c) não estava acompanhado, nem feliz. Ana é bailarina, pode-se concluir corretamente que
d) não cantou.
e) cantou. a) Bruno é jogador de futebol e Davi é surfista.
b) Bruno é jogador de futebol e Davi não é surfista.
Veja que precisamos achar uma conclusão para c) Bruno não é jogador de futebol e Davi é surfista.
o argumento e podemos escrever a sentença da d) Se Bruno não é jogador de futebol, então Davi é surfista.
seguinte maneira: e) Bruno não é jogador de futebol e Davi não é surfista.
Temos a condicional:
(está acompanhado OU está feliz)  (canta E dança)
Lembre-se do que estudamos quando o enuncia-
(P v Q)  (R ^ T)
do não dá a valoração das premissas: TUDO É
Como a questão afirma que “dança” é Falso, pode-
mos dizer que o consequente “canta e dança” é VERDADE!
falso, pois temos o conetivo “e” e basta um valor Sabendo-se que Cinthia é ginasta (V) e que Ana é
falso para que tudo seja falso. Assim, o antecedente bailarina (V) podemos fazer a valoração das outras
precisa ser falso também (senão caímos no caso da premissas:
VERA FISCHER é FALSA). Perceba, então, que temos � Se Davi é surfista (F), então Ana não é bailarina
o conetivo “ou” e que tudo precisa ser falso para que (F). F  F = V
tenhamos o resultado do antecedente falso. � Bruno não é jogador de futebol (V) ou Cinthia não
Assim, “NÃO está acompanhado E NÃO está feliz”. é ginasta (F). V
92 Resposta: Letra C. � Cinthia é ginasta (V) e que Ana é bailarina (V). V
Devemos agora analisar as alternativas fazermos CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
uso da tabela verdade, ou seja, se resultar verdade
Condicional
essa é a questão certa. se...,então → Se p, então q
a) Bruno é jogador de futebol (F) e Davi é surfista (implicação)
(F). Falso p se e
se e Bicondicional
b) Bruno é jogador de futebol (F) e Davi não é sur- somente
somente se (bi-implicação)
fista (V). Falso se q
c) Bruno não é jogador de futebol (V) e Davi é sur-
fista (F). Falso z Conjunção (conectivo “e”): Sua representação
d) se Bruno não é jogador de futebol (V), então Davi simbólica é ^.
é surfista (F). Falso
e) Bruno não é jogador de futebol (V) e Davi não é Exemplo:
surfista (V). Verdade Resposta: Letra E.
„ Na linguagem natural: O macaco bebe leite e o
5. (IDECAN – 2019) Considere as premissas a seguir. gato come banana;
„ Na linguagem simbólica: p ^ q.
1) Se o instrumento está afinado, eu toco bem.
2) Se o público aplaude, eu fico feliz.
z Disjunção Inclusiva (conectivo “ou”): Sua repre-
3) Se eu toco bem, consigo dinheiro.
sentação simbólica é v.
4) Se eu consigo dinheiro, me caso ou compro uma
bicicleta.
Exemplo:
Sabendo-se que eu não me casei e não fiquei feliz,
assinale a alternativa correta. „ Na linguagem natural: Maria é bailarina ou
Juliano é atleta;
a) O público não aplaudiu. „ Na linguagem simbólica: p v q.
b) O instrumento não estava afinado.
c) Eu não consegui dinheiro. z Disjunção Exclusiva (conectivo “ou...ou”): Sua
d) Eu não toquei bem. representação simbólica é: v.
e) Eu não comprei uma bicicleta.
Exemplo:
Partimos da presunção de que TODAS as premissas
são verdadeiras e sabe-se que eu não me casei e não „ Na linguagem natural: Ou o elefante corre rápi-
fiquei feliz, as duas são verdadeiras, ou seja, é a úni- do ou a raposa é lenta;
ca certeza que a questão nos mostra. Então, a partir „ Na linguagem simbólica: p v q.
dela, vamos valorando as demais:
1) Se o instrumento está afinado (?), eu toco bem (?). = V z Condicional (conectivos “se, então”): Sua repre-
2) Se o público aplaude (F), eu fico feliz (F). = V sentação simbólica é →.
3) Se eu toco bem (?), consigo dinheiro (?). = V
4) Se eu consigo dinheiro (?), me caso (F) ou compro Exemplo:
uma bicicleta (V). = V
“não me casei (V) e não fiquei feliz (V)” = V „ Na linguagem natural: Se estudar, então vai
A) O público não aplaudiu - de acordo com o valor passar;
lógico da segunda proposição. Resposta: Letra A. „ Na linguagem simbólica: p → q.

z Bicondicional (conectivo “se e somente se”): Sua


representação simbólica é ⟷.
CONECTIVOS LÓGICOS
Exemplo:
CONCEITO
„ Na linguagem natural: Bino vai ao cinema se e
Os conectivos lógicos ou operadores lógicos, como somente se ele receber dinheiro;
também podem ser chamados, servem para ligar duas „ Na linguagem simbólica: p⟷q.
ou mais proposições simples e formar, assim, propo-
sições compostas. z Negação: Uma proposição quando negada, recebe
Temos 05 (cinco) operadores lógicos no total e cada valores lógicos opostos dos valores lógicos da pro-
RACIOCÍNIO LÓGICO

um tem sua nomenclatura e representação simbólica. posição original. O símbolo que iremos utilizar é
Veja a tabela abaixo: ¬p ou ~p.

Tabela de conectivos Exemplos:

p: O gato é amarelo.
CONECTIVO NOMENCLATURA SÍMBOLO LEITURA
~p: O gato não é amarelo.
e Conjunção ^ peq q: Raciocínio Lógico é difícil.
ou Disjunção v p ou q ~q: É falso que raciocínio lógico é difícil.
r: Maria chegou tarde em casa ontem.
Disjunção
ou...ou v Ou p ou q ~r: Não é verdade que Maria chegou tarde em casa
exclusiva
ontem. 93
A negação além da forma convencional, pode ser econômica de escoamento de mercadorias.” pode ser
escrita com as expressões abaixo: representada simbolicamente por P∧Q, em que P e Q
são proposições simples adequadamente escolhidas.
É falso que ...
Não é verdade que... ( ) CERTO ( ) ERRADO

Agora que já fomos apresentados aos conectivos A representação simbólica apresentada para julgar-
lógicos, vamos ver algumas “camuflagens” dos opera- mos é de uma conjunção. E na questão foi apresen-
dores lógicos que podem aparecer na prova. Veja: tada uma proposição composta pela condicional na
forma “camuflada” dentro de uma relação de causa
z Conectivo “e” usando “mas” e consequência “ Dado que...”. Resposta: Errado.

Exemplo: Jurema é atriz, mas Pedro é cantor. 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considere as seguintes
proposições: P: O paciente receberá alta; Q: O paciente
z Conectivo “ou...ou” usando “...ou..., mas não receberá medicação; R: O paciente receberá visitas.
ambos” Tendo como referência essas proposições, julgue o
item a seguir, considerando que a notação ~S significa
Exemplo: Baiano é corredor ou ele é nadador, a negação da proposição S.
mas não ambos. A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida: Se
o paciente receber alta, então ele não receberá medi-
z Conectivo “Se então” usando “Desde que, Caso, cação ou não receberá visitas.
Basta, Quem, Todos, Qualquer, Toda vez que”
( ) CERTO ( ) ERRADO
Exemplos:
P: O paciente receberá alta;
Desde que faça sol, Pedrinho vai à praia. ~P: O paciente não receberá alta;
Caso você estude, irá passar no concurso.
Q: O paciente receberá medicação;
Basta Ana comer massas, e engordará.
R: O paciente receberá visitas.
Quem joga bola é rápido.
A proposição ~P→[Q∨R] pode assim ser traduzida:
Todos os médicos sabem operar.
Se o paciente NÃO receber alta, então ele receberá
Qualquer criança anda de bicicleta.
Toda vez que chove, não vou à praia. medicação ou receberá visitas. Resposta: Errado.

4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item a seguir, a


Dica respeito de lógica proposicional.
Na condicional a 1° proposição é o termo ante- A proposição “A vigilância dos cidadãos exercida pelo
cedente e a 2° é o termo consequente. Estado é consequência da radicalização da sociedade
PQ civil em suas posições políticas.” pode ser corretamente
P = antecedente representada pela expressão lógica P→Q, em que P e Q
Q = consequente são proposições simples escolhidas adequadamente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

EXERCÍCIOS COMENTADOS A vigilância dos cidadãos exercida pelo Estado é


(verbo de ligação) consequência da radicalização
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) As proposições P, Q e R a da sociedade civil em suas posições políticas. Temos
seguir referem-se a um ilícito penal envolvendo João, apenas um verbo e por esse motivo é uma proposi-
Carlos, Paulo e Maria: ção simples.
P: “João e Carlos não são culpados”. Q: “Paulo não é Cuidado com o uso da palavra consequência em
mentiroso”. R: “Maria é inocente”. proposições como esta. Em determinadas situações,
Considerando que ~X representa a negação da propo- de fato, teremos uma proposição condicional, senão
sição X, julgue o item a seguir. vejamos:
A proposição “Se Paulo é mentiroso então Maria é Passar (verbo no infinitivo) é consequência de estu-
culpada.” pode ser representada simbolicamente por dar (verbo no infinitivo)
(~Q)↔(~R). Nesse caso temos uma proposição composta pela
condicional. Resposta: Errado.
( ) CERTO ( ) ERRADO
5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Considerando os símbo-
Veja que temos uma proposição condicional (se los normalmente usados para representar os conecti-
então) e a representação simbólica apresentada é de vos lógicos, julgue o item seguinte, relativos a lógica
uma bicondional. Representação da condicional (). proposicional e à lógica de argumentação. Nesse sen-
Resposta: Errado. tido, considere, ainda, que as proposições lógicas sim-
ples sejam representadas por letras maiúsculas.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o seguinte A sentença A fiscalização federal é imprescindível
item, relativo à lógica proposicional e à lógica de para manter a qualidade tanto dos alimentos quanto
argumentação. dos medicamentos que a população consome pode
A proposição “A construção de portos deveria ser ser representada simbolicamente por P∧Q.
uma prioridade de governo, dado que o transporte
94 de cargas por vias marítimas é uma forma bastante ( ) CERTO ( ) ERRADO
Para ser proposição composta, haveria mais de um
X Y
VERBO na frase, por isso, a frase em questão é con-
siderada uma proposição SIMPLES. Procure o verbo
na oração.
A fiscalização federal é imprescindível para manter
a qualidade tanto dos alimentos quanto dos medica-
mentos que a população consome. Resposta: Certo.

a b c

ELEMENTOS DE TEORIA d
DOS CONJUNTOS, ANÁLISE
COMBINATÓRIA E PROBABILIDADE Interpretando os conjuntos acima, temos:
O elemento “a” pertence apenas ao conjunto X,
INTRODUÇÃO À TEORIA DE CONJUNTOS pois ele está numa região que não tem contato com
o conjunto Y, já o elemento “c” faz parte somente ao
Conjunto é uma reunião de elementos ou pessoas conjunto Y.
que possuem a mesma característica, por exemplo, Perceba que o elemento “b” pertence aos dois con-
numa festa pode haver o conjunto de pessoas que só juntos, ou seja, faz parte da interseção entre os con-
bebem cerveja ou o conjunto daquelas que só gostam juntos X e Y. A representação simbólica é feita por X ∩
de músicas eletrônicas. Y. Como o elemento “b” faz parte dessa região, temos:
Representamos um conjunto da seguinte forma: b Є (X ∩ Y) – o elemento “b” pertence à interseção
dos conjuntos X e Y.
Conjunto X Já o elemento “d” não faz parte de nenhum dos
dois conjuntos. Logo, podemos dizer que “d” não per-
tence à União entre os conjuntos X e Y. A união é a
y
junção das regiões dos dois conjuntos e é representa-
da simbolicamente por X ∪ Y. Assim, d ∉ (X ∪ Y) – o
x elemento “d” não pertence à união entre os conjuntos
X e Y.
Vamos analisar uma outra situação:

Podemos afirmar que no interior do círculo há


X Y
todos os elementos que pertencem (compõem) ao con-
junto X, já na parte externa do círculo, estão todos os
elementos que não fazem parte de X, ou seja, “y” não
pertence ao conjunto X.
X–Y X∩Y Y–X
Dica
No gráfico acima podemos dizer que o elemento
“x” pertence ao conjunto X e o elemento “y” não
pertence.
Nesta representação, podemos interpretar a região
Matematicamente, usamos o símbolo Є para indi- X – Y (diferença de conjuntos) como sendo a região
car essa relação de pertinência. Isto é: x Є X, já o ele- formada pelos elementos de X que não fazem parte do
mento “y” não pertence ao conjunto X, onde usamos o conjunto Y. Veja o exemplo:
símbolo ∉ para essa relação de não pertinência. Mate-
maticamente: y ∉ X. X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10}
Complemento de um conjunto
X – Y = basta tirar de X os elementos que estão nele
O complemento de X é o conjunto formado por e também em Y, ou seja, X – Y = {2, 3, 4, 8}
todos os elementos do Universo e o elemento “y” faz
Já no caso da região Y – X, temos:
RACIOCÍNIO LÓGICO

parte dele, claro que com exceção daqueles que estão


presentes em X. Representamos o complemento, ou
complementar, pelo símbolo XC. Podemos afirmar X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
que “y” não pertence a X, mas pertence ao conjunto Y = {5, 6, 7, 9, 10}
complementar de X: matematicamente: y Є XC. Y – X = {9, 10}

Interpretando regiões e conhecendo a Interseção e Podemos falar, também, da região de interseção


União de Conjuntos dos conjuntos X ∩ Y.

Uma outra situação é quando temos dois conjuntos X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}


(X e Y), podemos representar da seguinte forma, no Y = {5, 6, 7, 9, 10}
geral: X ∩ Y = {5, 6, 7} 95
E por fim, vamos identificar a união entre os Agora vamos esquematizar todas as simbologias
conjuntos X e Y. Observe que vamos juntar todos os para que você possa gravar mais facilmente e aplicar
elementos dos dois conjuntos, mas sem repetir os ele- na hora de resolver as questões. Observe a tabela a
mentos presentes na interseção. Veja:
seguir:
X = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Y = {5, 6, 7, 9, 10} SÍMBOLO NOME EXPLICAÇÃO
X ∪ Y = {2, 3, 4, 5, 6, 7, 8, 9, 10}
Ex: X = {a,b,c} representa
{,} chaves o conjunto X composto
Relação de “Contém”/“Não Contém” e “Está
por a, b e c
Contido”/“Não Está Contido” entre Conjuntos
Significa que o conjunto
conjunto
Em algumas situações, a intersecção entre os con- { } ou ∅ não tem elementos, é um
vazio
conjunto vazio
juntos X e Y pode ser todo o conjunto Y, por exemplo.
Isso acontece quando todos os elementos de B são tam- Significa “Para todo” ou
∀ para todo
bém elementos de A. Veja isso no gráfico abaixo: “Para qualquer que seja”
Indica relação de pertinên-
Є pertence
X cia de elementos.
Indica relação de não per-
∉ não pertence
tinência de elementos.
∃ existe Indica relação de existência.
Y Indica que não há relação
∄ não existe
de existência
Indica que um conjunto
⊂ está contido está contido em outro
conjunto.
Perceba que realmente X ∩ Y = Y. Quando temos Indica que um conjunto
não está
a situação acima, podemos dizer que o conjunto Y ⊄ não está contido em ou-
contido
está contido no conjunto X, representado matemati- tro conjunto
camente por Y ⊂ X. Ou podemos dizer ainda que o Indica que determinado
conjunto X contém o conjunto Y, representado mate- ⊃ contém conjunto contém outro
maticamente por X ⊃ Y. conjunto
Indica que determinado
⊅ não contém conjunto não contém ou-
Importante! tro conjunto
Entenda a diferença: Serve para fazer a ligação
● Falamos que um elemento pertence ou não entre a composição de
| tal que
pertence a um conjunto; um conjunto na “repre-
sentação em chaves”
● Falamos que um conjunto está contido ou não
união de Lê-se como “X união Y”.
está contido em outro conjunto. A∪B
conjuntos
interseção de Lê-se como “X intersec-
A∩B
Representação de Conjunto usando Chaves conjuntos ção Y”
diferença de Lê-se como “diferença de
Geralmente usamos letras maiúsculas para repre- A-B
conjuntos A com B”
sentar os nomes de conjuntos, e minúsculas para
Refere-se ao complemen-
representar elementos. Ex.: A = {4, 6, 7, 9}; B = {a, b, c, XC complementar
to do conjunto X
d} etc. Ainda podemos utilizar notações matemáticas
para representar os conjuntos. Veja o exemplo abaixo:
Diagrama de VENN
A = {∀ x Є Z | x ≥ 0}
Vamos entender como se resolve questões que
Podemos entender e fazer a leitura do conjunto envolvem Operações com Conjuntos se relacionan-
acima da seguinte maneira: o conjunto A é compos-
do. Acompanhe os exemplos a seguir e a maneira
to por todo x pertencente ao conjunto dos números
inteiros, tal que x é maior ou igual a zero. como desenvolvemos suas resoluções:
Agora, veja um outro exemplo:
z Em uma sala de aula, 20 alunos gostam de Mate-
B = {∃ x Є Z | x > 5} mática, 30 gostam de Português, e 10 gostam das
duas matérias. Sabendo que 5 alunos não gostam
Uma interpretação para o conjunto é: no conjunto
B existe x pertencente ao conjunto dos números intei- de nenhuma dessas duas matérias, quantos alunos
96 ros, tal que x é maior do que 5. há nessa sala de aula?
Siga os passos abaixo: 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos;
1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas; Matemática (20) Português (30)
3. Preencha as informações de dentro para fora (da
interseção para as demais informações);
4. Preencha as demais informações no diagrama;
5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
tos envolvidos.

20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20
Vamos à resolução:

1. Identifique os conjuntos;
2. Represente em forma de diagramas;
5
Matemática Português
10+10+20+5 = X
X = 45 alunos é o total dessa sala.
Também seria possível resolver esse tipo de ques-
tão usando a seguinte fórmula:

n(X ∪ Y) = n(X) + n(Y) – n(X ∩ Y)

Esta fórmula nos diz que o número de elementos


da União entre os conjuntos X e Y (X ∪ Y) é dado pelo
número de elementos de X, somado ao número de ele-
mentos de Y, subtraído do número de elementos da
3. Preencha as informações de dentro para fora (da interseção (X ∩ Y). Aplicando no exemplo, temos:
interseção para as demais informações); Matemática (M)
Português (p)
Matemática Português
n(M ∪ P) = n(M) + n(P) – n(M ∩ P)
n(M ∪ P) = 20 + 30 – 10
n(M ∪ P) = 40

Temos 40 alunos que gostam de Matemática ou


Português (aqui já está incluso quem gostam das duas
matérias). Para finalizar a resolução, devemos apenas
10
somar os 5 alunos que não gostam das duas matérias.
Assim, 40 + 5 = 45 alunos no total dessa sala.

z Assim como nos problemas com 2 conjuntos, quan-


4. Preencha as demais informações no diagrama; do nós tivermos 3 conjuntos será possível resolver
o problema por meio de Diagramas de Venn ou
Matemática (20) Português (30) por meio de fórmula. Acompanhe a resolução do
exemplo:

André, Bernardo e Carol ouviram certa quantida-


de de músicas. Nenhum deles gostou de seis músicas
e os três gostaram de dez músicas. Além disso, hou-
ve doze músicas que só André e Bernardo gostaram,
20 – 10 = 10 10 30 – 10 = 20 nove músicas que só André e Carol gostaram e quatro
músicas que só Bernardo e Carol gostaram. Não houve
RACIOCÍNIO LÓGICO

música alguma que somente um deles tenha gostado.


O número de músicas que eles ouviram foi?
5 Siga os passos abaixo:

Total = X 1. Identifique os conjuntos;


20 gostam de Matemática 2. Represente em forma de diagramas;
30 gostam de Português 3. Preencha as informações de dentro para fora (da
10 gostam dos dois interseção para as demais informações);
10 gostam apenas de Matemática 4. Preencha as demais informações no diagrama;
20 gostam apenas de Português 5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-
5 não gostam de nenhuma tos envolvidos. 97
Vamos à resolução: 4 que somente Bernardo e Carol gostaram;
6 músicas que ninguém gostou (de fora dos três
1. Identifique os conjuntos; conjuntos).
2. Represente em forma de diagramas;
Os “zeros” representam o fato de que não houve
André Bernardo música que somente um deles tenha gostado.
Logo, vem a última etapa:

5. Some todas as regiões e iguale ao total de elemen-


tos envolvidos;

Total = X
6+0+12+10+9+0+4+0=X
X = 41 músicas

Questões com três conjuntos podem ser resolvidos


usando a fórmula abaixo:

n(X ∪ Y ∪ Z) = n(X) + n(Y) + n(Z) – n(X ∩ Y) – n(X


∩ Z) – n(Y ∩ Z) + n(X ∩ Y ∩ Z)
Carol
Traduzindo a fórmula:
Total de elementos da união = soma dos conjuntos
– interseções dois a dois + interseção dos três
3. Preencha as informações de dentro para fora (da Bom! Já vimos a teoria e precisamos praticar o que
interseção para as demais informações); aprendemos, não é mesmo? Vamos praticar!

André Bernardo
EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-
beu um grande carregamento de frango congelado,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
10 800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína.
Carol Nessa situação hipotética,
250 contêineres foram carregados somente com car-
ne suína.

( ) CERTO ( ) ERRADO
4. Preencha as demais informações no diagrama;
Vamos extrair as informações e colocar dentro dos
André Bernardo diagramas:
800 contêineres distribuição;
0 contêineres com os 3 produtos;
300 contêineres carne bovina;
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
0 12 0
100 contêineres com frango e carne suína.

10 Bovina Frango

9 4 50 100 X

0 Carol

6 0

150 100
Colocamos o número 10 bem no centro, pois sabe-
mos que os três gostaram de dez músicas, depois
preenchemos com as demais informações: 200 Suína

12 músicas que somente André e Bernardo gosta-


ram (na interseção entre os 2 apenas); Veja que apenas 200 contêineres foram carregados
98 9 que somente André e Carol gostaram; somente com carne suína. Resposta: Errado.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece- 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um aeroporto, 30
beu um grande carregamento de frango congelado, passageiros que desembarcaram de determinado
carne suína congelada e carne bovina congelada, para voo e que estiveram nos países A, B ou C, nos quais
exportação. Esses produtos foram distribuídos em ocorre uma epidemia infecciosa, foram selecionados
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner para ser examinados. Constatou-se que exatamente
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres 25 dos passageiros selecionados estiveram em A ou
foram carregados com carne bovina; 450, com carne em B, nenhum desses 25 passageiros esteve em C e 6
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne desses 25 passageiros estiveram em A e em B.
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. Com referência a essa situação hipotética, julgue os
Nessa situação hipotética, itens que se seguem
50 contêineres foram carregados somente com carne Se 11 passageiros estiveram em B, então mais de 15
bovina. estiveram em A.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Vamos extrair as informações e colocar dentro dos Dos 30 passageiros, são 25 que estiveram apenas
diagramas: em A ou B, de modo que os outros 5 passageiros esti-
800 contêineres distribuição; veram apenas em C. Veja ainda que 6 passageiros
0 contêineres com os 3 produtos; estiveram A e B, de modo que os outros 19 estiveram
300 contêineres carne bovina;
somente em um desses dois países. Logo,
450 contêineres carne suína;
100 contêineres com frango e carne bovina;
A B
150 contêineres com carne suína e carne bovina;
100 contêineres com frango e carne suína.

Bovina Frango
X 6 25 – 6 – x =
50 100 X
19 – x

150 100

200 Suína
C 5

Veja que exatamente 50 contêineres foram carrega-


dos somente com carne bovina. Resposta: Certo.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Determinado porto rece-


Sabemos que o número de pessoas que estiveram em
beu um grande carregamento de frango congelado,
B é dado pela soma 6 + (19 – X). Ou seja,
carne suína congelada e carne bovina congelada, para
11 = 6 + (19 – X)
exportação. Esses produtos foram distribuídos em
11 = 25 – X
800 contêineres, da seguinte forma: nenhum contêiner
X = 25 – 11
foi carregado com os três produtos; 300 contêineres
X = 14
foram carregados com carne bovina; 450, com carne
Logo, as pessoas que estiveram em A são X + 6 = 14
suína; 100, com frango e carne bovina; 150, com carne
suína e carne bovina; 100, com frango e carne suína. + 6 = 20. Resposta: Certo.
Nessa situação hipotética,
400 contêineres continham frango congelado. 5. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Situação hipotética: A
ANVISA realizará inspeções em estabelecimentos
( ) CERTO ( ) ERRADO comerciais que são classificados como Bar ou Res-
taurante e naqueles que são considerados ao mesmo
Com as informações colocadas nos diagramas na tempo Bar e Restaurante. Sabe-se que, ao todo, são 96
estabelecimentos a serem visitados, dos quais 49 são
RACIOCÍNIO LÓGICO

questão anterior, podemos somar todas as informa-


ções que não possuem contato com o conjunto de classificados como Bar e 60 são classificados como
frango e subtrair do total. Veja: Restaurante. Assertiva: Nessa situação, há mais de 15
50 (só bovinos); estabelecimentos que são classificados como Bar e
150 (bovinos e suínos); como Restaurante ao mesmo tempo.
200 (só suínos).
Somando tudo isso, teremos 400 contêineres com ( ) CERTO ( ) ERRADO
outras carnes, o que sobrou do total será a resposta
para a questão. Extraindo os dados:
800-400= 400 contêineres contêm franco. (Lembre-se, a total: 96;
banca não perguntou somente frango). Logo, 400 con- bar: 49;
têineres continham frango congelado. Resposta: Certo. restaurante: 60. 99
Somando tudo, temos 49 + 60 = 109. Passou o total de Com n ∈ ℕ temos que aplicando essa ideia na razão
96, porque estamos contando 2x vezes os estabeleci- 13!
mentos que estão na interseção. Logo, descontamos temos:
o que passou do total. 109 - 96 = 13 estabelecimentos 11!
que são classificados como Bar e como Restaurante
ao mesmo tempo. Resposta: Errado.
13! 13 ∙ 12 ∙ 11!
= = 13 ∙ 12 = 156
ANÁLISE COMBINATÓRIA 11! 11!

Um método muito utilizado na resolução de pro- PRINCÍPIO MULTIPLICATIVO E ADITIVO DA


blemas matemáticos e probabilísticos é a teoria de CONTAGEM
contagem e análise combinatória. Nela, desenvolvem-
-se técnicas de contagens de agrupamentos formados O princípio multiplicativo, também conhecido
sob condições pré-estabelecidas. como o princípio fundamental da contagem, é defi-
À primeira vista pode parecer desnecessário o uso nido em duas situações diferentes, sendo a primeira
de técnicas de contagem de números ou elementos, quando se deseja fazer a contagem da combinação
mas nem sempre a quantidade de elementos encon- de elementos entre dois ou mais conjuntos, ou seja,
trada é pequena e nem trivial de enumerar, então a cruzamento todos com todos. A segunda é quando se
aplicação de métodos de contagem se faz necessário. quer contar elementos dessas combinações, mas res-
Suponha que se queira contar a quantidade de ele- tringindo elementos a serem combinados.
mentos de um conjunto A, sendo ele um conjunto fini- Na primeira situação podemos inicialmente traba-
to de números de dois algarismos distintos, formados lhar com dois conjuntos A e B, sendo, A = {a₁,a₂, ⋯, am}
a partir dos dígitos 1, 2 e 3. Nesse caso, o número de com m elementos e B = {b1, b2, ⋯, bn}com n elementos.
elementos do conjunto A é de fácil enumeração, bas- Com isso, podemos formar da combinação de A com B
tando formar todos os elementos e depois fazer a con-
uma quantidade m ∙ n (princípio multiplicativo) de
tagem. Logo, A={12,13,21,23,31,32} e assim o número
pares ordenados (ai, bj) com ai ∈ A e bj ∈ B. Podemos
de elementos de A é n(A)=6. O mesmo não ocorre para
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
o número de elementos do conjunto B com a lei de
forma de diagrama de árvore:
formação, sendo este um conjunto finito de números
de três algarismos distintos, formado pelos dígitos
1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, pois enumerar todos elementos
de B, n(B)=?, agora não é trivial B={123, 124, 125, ...,
876}. Por ser muito grande esse conjunto é necessário
utilizar uma técnica de contagem, onde veremos que
n(B)=336.

FATORIAL

O fatorial é uma operação matemática utilizada


para simplificar a notação de algumas técnicas de
contagem, como permutação, arranjo e combinatória.
Sua definição é bem simples: dado um número inteiro
e não negativo, ou seja, n ∈ ℕ, define-se o fatorial de n,
com notação de n!:
(a1, b1), ⋯ ,(a1, bn) → n pares

n! = n ∙ (n – 1) ∙ (n – 2) ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1, para n ≥ 2. (a2, b1), ⋯ ,(a2, bn) → n pares

Sendo que, para n=0 ou n=1, temos que os fatoriais ∙


m linhas ∙
são, respectivamente, 1! = 1 e 0! = 1. ∙
O cálculo do fatorial de n=5 é 5! ∙ 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 120,
mas quando esse n tende a ser grande o cálculo do fato- (am, b1), ⋯ ,(am, bn)
n pares
rial torna-se mais trabalhoso como para n=12, 12! = 12 →
∙ 11 ∙ 10 ∙ ... ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 479001600. Nesses casos podemos
n+n+⋯+n=m∙n
simplificar e usar em algumas operações essa simplifica-
ção para facilitar o cálculo. Assim, temos o fatorial para
n=12, 12! = 12 ∙ 11 ∙ 10 ∙ ... 3 ∙ 2 ∙ 1 = 12 ∙ 11!, generalizando
temos: Suponha que em três cidades, Brasília, Belo Hori-
zonte e Rio de Janeiro, existam quatro rodovias que
(n + 1) != (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙3 ∙ 2 ∙ 1 = (n +1) ∙ n! ligam Brasília a Belo Horizonte e outras cinco rodo-
vias que ligam Belo Horizonte ao Rio de Janeiro.
Usando o princípio multiplicativo podemos saber de
(n + 1)!
Nesse sentido, a razão simplificada fica: quantas formas diferentes podemos chegar ao Rio de
(n – 1)! Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo Hori-
zonte. Usando a ideia dos conjuntos A e B anteriores
(n + 1)! (n + 1) ∙ n ∙ (n – 1)!
= = (n + 1) ∙ n = n² +n temos o conjunto A ligando Brasília a Belo Horizonte e
100 (n – 1)! (n – 1)! o conjunto B ligando Belo Horizonte ao Rio de Janeiro:
Voltando ao exemplo do início da seção temos o
A = {a₁, a₂, a₃, a₄} e B = {b₁, b₂, b₃, b₄, b₅} conjunto B, com a lei de formação sendo, um conjunto
(a1, b1), ⋯ ,(a1, b5) → 5 pares finito de números de três algarismos distintos formado
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8. Para numerar todos ele-
(a2, b1), ⋯ ,(a2, b5) → 5 pares mentos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, por ser
muito grande esse conjunto é necessário utilizar uma
4 linhas ∙ técnica de contagem. Aqui podemos usar o princípio
∙ da multiplicação, com o caso de restrição, onde para

serem elementos distintos, o que aparecer no primeiro
algarismo não pode aparecer no segundo, nem no ter-
(a4, b1), ⋯ ,(a4, b5) → 5 pares ceiro, ou seja, o número 111 não é elemento de B:
5 + 5 + ⋯ + 5 = 4 ∙ 5 = 20
A = {a₁, a₂, a₃, a₄, a₅, a₆, a₇, a₈} = {1, 2, 3, 4, 5, 6, 7, 8}
Assim, são 20 formas diferentes de chegar ao Rio → B = {123, 124, 125, ⋯, 876}
de Janeiro, saindo de Brasília e passando por Belo
Horizonte. (a1, a2, a3), ⋯ ,(a1, a7, a8) → 7 ∙ 6pares (prin-
Generalizando o princípio multiplicativo para cípio multiplicativo)
qualquer quantidade de conjuntos temos: (a2, a1, a3), ⋯ ,(a2, a7, a8) → 7 ∙ 6pares
8 linhas ∙
A = {a₁, a₂, ⋯, an₁} n(A) = n₁ ∙

B = {b₁, b₂, ⋯, bn₂} n(B) = n₂
(a8, a1, a2), ⋯ ,(a8, a7, a6) → 7 ∙ 6pares

∙ 7 ∙ 6+7 ∙ 6+ ⋯ +7 ∙ 6=8 ∙ 7 ∙ 6 = 336

Assim, são 336 números distintos formados por
Z = {z₁, z₂, ⋯, zn } n(Z) = nr
r
três algarismos distintos com os dígitos de 1 a 8.
Generalizando então o princípio multiplicativo,
Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r com restrição para elementos distintos, para qualquer
elementos, do tipo (ai, bj, ⋯, zp), onde ai ∈ A, bj ∈ B, ..., zp, quantidade de elementos temos:
∈ Z é n1 ∙ n2 ∙ ... ∙ nr (princípio multiplicativo).
Agora para a segunda situação podemos inicial- Se A = {a₁, a₂, ⋯, am}, n(A) = m
mente trabalhar com um conjunto A, A = {a1, a2, ⋯, am}
com m elementos. Com isso, podemos formar da com- com sequências do tipo: (ai,al, ⋯,aj, ⋯,ak)
binação de A com A tais que, ai ∈ A e aj ∈ A, sendo ai ≠
r elementos
aj (i ≠j) a quantidade m ∙ (m – 1) (princípio multiplica-
tivo, com restrição de elementos no par ordenado)
de pares ordenados (ai, aj) com ai ∈ A e aj ∈ A. Podemos
visualizar melhor descrevendo tal combinação em
a quantidade de sequência é: m ∙ (m – 1) ∙ (m – 2) ∙ ... ∙
forma de diagrama de árvore:
[m – (r –1)]

Então a quantidade de r-uplas, ou sequência de r


elementos, formados com elementos distintos dois a
dois, é m ∙ (m – 1) ∙ ... ∙ [m – (r – 1)] (princípio multipli-
cativo), onde a1 ∈ A ∀i ∈ {1, 2, ⋯, m} e a1 ≠ ap para i ≠ p.
Até o momento vimos técnicas de contagem envol-
vendo o princípio multiplicativo, já o princípio adi-
tivo é empregado em situações em que se deseja a
união entre conjuntos de resultados possíveis, onde
em cada um deles a contagem será feita utilizando o
princípio da multiplicação e pôr fim a soma deles dará
o resultado final do número de elementos da união
desses conjuntos de interesse. Por exemplo, qual a
quantidade de números inteiros positivos abaixo de
RACIOCÍNIO LÓGICO

1000, formado pelos dígitos {1, 2, 3}. Note que não foi
(a1, a2), ⋯ ,(a1, am) → m – 1 pares informada a quantidade de algarismos que devem ter
esses números inteiros, assim eles podem ser conjun-
(a2, a1), ⋯ ,(a2, am) → m – 1 pares
to de números de 1 algarismo ou números de 2 alga-
rismos ou ainda número de 3 algarismos. Não entram

m linhas ∙ números de 4 algarismos pois eles devem estar abaixo
∙ de 1000. Para resolver esse problema, iremos utili-
zar primeiro o princípio multiplicativo e logo após o
(am, a1), ⋯ ,(am, am–1) → m – 1 pares princípio da adição, onde somaremos os resultados de
cada um dos possíveis conjuntos de números em rela-
(m – 1)+(m – 1)+ ⋯ +(m – 1) = m ∙ (m – 1)
ção ao seus algarismos. Onde temos OU entenda como
SOMA (princípio aditivo), assim temos: 101
formas possíveis de sequências de números podem
1algarismo: três possíveis: 1,2,3;
ser observadas? Assim, usando a definição de arranjo
2algarismo: 3 ∙ 3 =9 possíveis (princípio multiplicativo); com repetição temos:
3algarismos: 3 ∙ 3 ∙ 3=27 possíveis(princípio multiplicativo);
ARn, r = nr à AR3, 2 = 32 = 9
A união:3+9+27=39 casos (princípio aditivo)
Logo, temos nove pares possíveis de números
ARRANJOS, PERMUTAÇÕES E COMBINAÇÕES
sorteados.
Da definição do princípio fundamental da conta-
gem (multiplicativo) podemos deduzir algumas fór- Permutação
mulas de agrupamentos, simplificando com notação Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an},
de fatorial e definindo alguns casos particulares. chamamos de permutação dos n elementos a todo
arranjo onde r=n. Denotado por:
Arranjos
n! n! n!
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯, an}, An, n = = = = n! = Pn
chamamos de arranjo dos n elementos tomados r a r (n – n)! 0! 1
(1 ≤ r ≤ n) a qualquer sequência de r elementos ou
toda r-upla formada com elementos de N todos distin- Dica
tos. Denotado por:
A permutação é um caso particular do arranjo,
em que se queira combinar todos elementos.
An, r =n ∙ (n – 1) ∙ ... ∙[n – (r – 1)]
r fatores Assim, a permutação de um conjunto N = {1, 2, 3},
são todos os arranjos constituídos dos 3 elementos, ou
Com simplificação fatorial temos: seja, {123,132,213,231,312,321}. Calculado o número
de permutações temos então Pn = n! à P3 = 3! = 3 ∙ 2
∙ 1=6 .
n!
An, r Em situações que envolvam condições de con-
(n – r)! tagem, como em anagramas de palavras, em que o
conjunto N = {a1, a2, ⋯, an} de n elementos, irão existir
Na mesma definição de arranjo, se as r-upla orde- alguns elementos iguais, ai = ajcom i ≠ j. Neste caso, uti-
nadas são formadas por elementos de N não necessa- liza-se a técnica de permutação com elementos repeti-
riamente distintos, temos a definição de arranjo com
dos, de forma geral temos:
repetição:

ARn, r =n ∙ n ∙ ... ∙ n = nr n!
Pnn₁, n₂, ⋯, nr =
r fatores n1!n2! ⋯ nr!

Então, no exemplo do início da seção em que o Suponha que se deseja saber quantos anagramas
conjunto B, com a lei de formação é um conjunto fini- podem ser construídos com a palavra ARARAQUARA?
to de números de três algarismos distintos, formado Então, usando a definição de permutação com repe-
pelos dígitos 1, 2, 3, 4, 5, 6, 7 e 8, enumerando todos tição, da palavra temos 10 letras e duas delas com
os elementos de B, n(B)=?, B={123, 124, 125, ..., 876}, repetição:
feito com princípio multiplicativo, temos o resultado
n(B)=336; agora usando a definição de arranjo sem n = 10
repetição temos: A à n1 = 5
R à n2 = 3
n! 8! 8! 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
An,r = à A8,3 = = = =
(n – r)! (8 – 3)! 5! 5! n! 10! 10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6 ∙ 5!
Pnn₁, n₂ = à P105,3 = = =
n1!n2! 5!3! 5!3!
8 ∙ 7 ∙ 6 = 336
10 ∙ 9 ∙ 8 ∙ 7 ∙ 6
Note que a solução usando o princípio fundamen- = 5040
tal da contagem (multiplicativo) foi exatamente o 3∙2∙1
mesmo que usando a definição de arranjo, veja ainda
que a fórmula do arranjo no final caiu no princípio Combinações
multiplicativo.
Seja um conjunto de n elementos N = {a1, a2, ⋯,an},
Para exemplificar o arranjo com repetição pode- chamamos de combinações dos n elementos tomados
mos usar o problema de sorteio com urnas, onde o r a r, os subconjuntos de N constituídos de r elemen-
número sorteado é reposto na urna e pode ser sor- tos. Denotado por:
teado novamente, ou seja, com reposição (repetição).
Seja nesse contexto uma urna com os números 1, n!
2 e 3, e em seguida um número é sorteado, reposto Cn, r = ,r≤n;∀n,r ∈ N
102 na urna, e o segundo número é sorteado. Quantas r!(n – r)!
Como define-se combinação sendo subconjuntos, a Para (x+a)2 = (x+a) ∙ (x+a), usando o diagrama de
ordem dos elementos não interfere. Assim, os subcon- árvore para seleção dos termos, e esgotando as possí-
juntos {a,b} e {b,a}são iguais. veis seleções para cada termo do fator, temos:
O exemplo clássico de combinações são os pro-
blemas envolvendo membros de comissões. Suponha
que uma empresa tenha 15 funcionários no setor
administrativo, e se queira formar uma comissão com
3 desses funcionários. De quantas formas possíveis
pode-se formar essa comissão? Assim, essas comis-
sões são subconjuntos com elementos funcionários e
a ordem dos elementos dentro dela não interfere, ou
seja, esses subconjuntos de mesmos elementos, mas
de ordem distintas, são iguais. Logo, essa contagem
pode ser feita a partir da combinação:

n! 15! 15!
Cn, r = à C15,3 = = =
r! (n – r)! 3!(15 – 3)! 3!12!

15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12! 15 ∙ 14 ∙ 13 Assim, a soma de todos os produtos é: x ∙ x+x ∙ a+a


= = 455 . ∙ x+a ∙ a=x2+2xa+a2.
3!12! 3∙2∙1
Para (x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), o mesmo
Caso usássemos no exemplo anterior a ideia de raciocínio:
arranjo teríamos um número bem maior de elemen-
tos, visto que a ordem importa no arranjo. Sendo
assim, o arranjo contaria como diferentes aqueles
subconjuntos que a combinação define como iguais.
Logo, a escolha correta da técnica (arranjo ou combi-
nação) para a condição definida é essencial!

n! 15! 15!
An, r = à A15,3 = = =
(n – r)! (15 – 3)! 12!

15 ∙ 14 ∙ 13 ∙ 12!
= 15 ∙ 14 ∙ 13 = 2730 .
12!

BINÔMIO DE NEWTON

Desenvolvimento, coeficientes binomiais e termo


geral

Usamos as técnicas de contagem como o diagra- Assim a soma de todos os produtos é: x ∙ x ∙ x+x ∙ x ∙ a+x ∙
ma de árvore e o princípio fundamental da contagem a ∙ x+x ∙ a ∙ a+a ∙ x ∙ x+a ∙ x ∙ a+a ∙ a ∙ x+a ∙ a ∙ a=x3+3x2a+3xa2+a3
para obter o desenvolvimento do binômio (x + a)n com
n ∈ N e x, a ∈ ℝ. Usando o binômio cúbico e reescrevendo ele em
Alguns casos particulares já são conhecidos: forma de combinações temos o seguinte: do binômio
(x+a)3 = (x+a) ∙ (x+a) ∙ (x+a), se escolhermos um ter-
z (x + a)0 = 1; mo de cada fator, obteremos três termos (um em cada
z (x + a)1 = x + a; fator), que são multiplicados entre si: x3, x2a, xa2 e a3,
z (x + a)2 = x2 + 2xa + a2; ou seja, o diagrama de árvore está na coluna “Produ-
z (x + a)3 = x3 + 3x2a + 3xa2 + a3 . to”. Assim, o primeiro deles x3 só pode ser obtido de
uma única forma que é com a escolha de x para os três
Mas para todo n inteiro, positivo, quanto maior o n fatores. Logo, o coeficiente de x3 no desenvolvimento
mais trabalhoso fica: do binômio é 1 ou C3,0.
Para o termo x2a, a quantidade de produtos do tipo
(x + a)n =(x + a) ∙ (x + a) ∙ ... ∙ (x + a)
RACIOCÍNIO LÓGICO

x2a no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas


r fatores são iguais a x e uma igual a a, da permutação com
repetição temos:
Seguindo essa ideia de distributiva da multiplica-
ção em relação aos termos (x+a), a cada fator (x+a),
3!
selecionamos exatamente um termo, podendo ser x P32,1 = = C3,1, logo, o coeficiente de x2a é C3,1.
ou a, e multiplicamos em seguida. Continua-se o pro- 2!1!
cesso até esgotar todas as seleções possíveis de um ter-
mo de cada fator. Toma-se todos os produtos obtidos Para o termo xa2, a quantidade de produtos do tipo
e calcula-se sua soma (reduzindo os termos semelhan- xa no diagrama de árvore foi igual a três, onde duas
2

tes). Por fim, a soma obtida é o desenvolvimento do são iguais a a e uma igual a x, da permutação com
binômio (x+a)n. repetição temos: 103
só aconteceria se pelo menos três deles estivessem
3!
p3
1,2
= = C3,2, logo, o coeficiente de xa2 é C3,2. presentes. O número de maneiras distintas que esse
1!2! grupo pode se reunir e estudar é:

Por fim, para o termo a3 só pode ser obtido de uma a) 121.


única forma que é com a escolha de a para os três fato- b) 99.
res. Logo, o coeficiente de a3 no desenvolvimento do c) 75.
binômio é 1 ou C3,3. d) 63.
Finalmente temos o desenvolvimento do binômio
cúbico: Para solução do problema usaremos o princípio
multiplicativo (formado de combinatório) e aditivo
(x+a)3 = C3,0x3+C3,1x2a+C3,2xa2+C3,3a3. da teoria de contagem. Seja o conjunto de amigos
A= {a1, a2, a3, a4, a5, a6, a7} , sendo cada elemento um
Desse exemplo, podemos definir então o Teorema amigo, sabendo-se que a reunião do grupo acontece
Binomial. Seja o binômio (x+a)n com n ∈ ℕ e x, a ∈ ℝ, o com pelo menos 3 amigos, assim o conjunto solução
desenvolvimento do binômio é dado por: será a união de cinco situações possíveis, são elas:
3 amigos entre os 7, 4 amigos entre os 7, 5 amigos
(x+a)n = Cn,0 xn+Cn,1 xn – 1a1+Cn,2 xn – 2a2+ ... +Cn, p xn – p ap+ ... + entre os 7, 6 amigos entre os 7 e por fim com parti-
Cn, n an cipação de todos os 7 amigos. Cada situação é con-
siderada uma combinação, visto que a permuta de
onde Cn,0, Cn,1, Cn,2, ..., Cn,p, ..., Cn,n são chamados de posição entre os amigos no conjunto não interfere
coeficientes binomiais. no resultado. Logo temos:
Por fim, o termo geral a partir do desenvolvimen-
to do Teorema Binomial é: 7! 7! 7!
C7,3 + C7,4 + C7,5 + C7,6 + C7,7 = + + +
4!3! 3!4! 2!5!
(x+a)n = Cn, p xn – p ap
7! 7!
+ = 35+35+21+7+1=99
No desenvolvimento do binômio (1 – 2x2)5, qual o 1!6! 0!7!
coeficiente de x8? O termo geral do binômio é:
Assim, o resultado de maneiras distintas que esse
grupo pode se reunir é 99. Resposta: Letra B.
C5, p (–2x2)5 – p 1p = C5,p (–2)5 – p x2(5 – p) = C5,p (-2)5 – p x10 – 2p
10 – 2p = 8 → p = 1
3. (VUNESP – 2016) Em um município, há dois novos
C5,1 (–2)5 – 1 x10 – 2∙1 = C5,1 (–2)4 x8 = C5,1 16x8 = 5 ∙16x8 = 80x8
polos industriais, A e B, com 72 e 54 empresas, res-
Logo, o coeficiente do termo x8 é 80.
pectivamente. Para efeito de fiscalização, essas
empresas deverão ser totalmente divididas em gru-
pos. Todos os grupos deverão ter o mesmo número
EXERCÍCIOS COMENTADOS de empresas, sendo esse número o maior possível, de
modo que cada grupo tenha empresas de um só polo
e que não reste nenhuma fora de um grupo. Nessas
1. (IBADE – 2018) O termo independente de x no desen-
condições, o número de grupos formados será:

( )
9
1
volvimento do binômio de Newton x + é: a) 3.
x2
b) 5.
a) 72. c) 6.
b) 78. d) 7.
c) 80. e) 9.
d) 84.
e) 92. Seja o número de elementos dos conjuntos de empre-
sas dos polos A e B, respectivamente, n(A) = 72 e n(B)

( )
9
1 = 54, se devemos ter o mesmo número de empresas
No desenvolvimento do binômio , o x+ em cada grupo e esse número seja o maior possível,
x2
então a diferença entre o número de empresas do
termo independente é aquele cuja a potência é nula,
polo A em relação a B é de 18. Retirando esses 18 do
assim o termo geral do binômio é:
polo B temos os dois polos com a mesma quantidade

()
p
1 de empresas, 54 tanto para A quanto para B. Desses
C9,p x 9–p
= C9,p x9 – p (x –2)p = C9,p x9 – p x –2p = 54 podemos distribuir grupos de 18 empresas para
x2
cada polo, ficando então 3 grupos de 18 empresas
C9,p x9 – p –2p = C9,p x9 –3p para o polo A e B, sobrando mais um grupo de 18
9 – 3p = 0 → p = 3 empresas só do polo B, assim, o polo A ficou com 3
grupos de 18 empresas e o polo B com 4 grupos de
C9,3 x9 – 3∙3 = C9,3x0 = C9,3∙ 1 = 84 18 empresas.
Logo, o coeficiente do termo independente, x0, é 84. Logo, número de grupos formados por 18 empresas
Resposta: Letra D. desses polos foi de 7. Resposta: Letra D.

2. (COMPERVE – 2017) Sete amigos montaram um gru- 4. (QUADRIX – 2017) Um anagrama de determinada
po com o objetivo de estudar para um concurso públi- palavra é uma “palavra” — que pode ou não ter signifi-
104 co, mas estabeleceram a seguinte ressalva: o estudo cado — formada pelas mesmas letras da palavra dada
inicialmente. Assim, a quantidade de anagramas que IEZZI, Gelson et al. Fundamentos de Matemática
se pode formar com a palavra TERRACAP, de modo Elementar. 3. ed. São Paulo: Atual, 1977. 10 v.
que as quatro primeiras letras sejam os anagramas de
RRAA — as letras repetidas da palavra dada — é: IEZZI, Gelson et al. Matemática: ciência e aplica-
ções. 9. ed. São Paulo: Saraiva, 2016. 3 v.
a) Inferior a 150.
b) Superior a 150 e inferior a 160. LEONARDO, Fabio Martins de et al. Conexões com
c) Superior a 160 e inferior a 170. a Matemática. 3. ed. São Paulo: Moderna, 2016. 3
d) Superior a 170 e inferior a 180. v.
e) Superior a 180.
PAIVA, Manoel Rodrigues. Matemática. 2. ed. São
Fixando as letras repetidas no anagrama da pala- Paulo: Moderna, 2010. 3 v.
vra TERRACAP, n=8 letras, como as quatro primei-
ras letras, então temos duas situações de contagem, SOUZA, Joamir Roberto de; GARCIA, Jacqueline
e após isso o uso do princípio multiplicativo entre da Silva Ribeiro. #Contato Matemática. 1. ed. São
eles, devido a interseção dos resultados pedidos. Paulo: FTD, 2016. 3 v.
Então fixando RRAA para as quatro primeiras pode-
mos usar a permutação com repetição para ver de PROBABILIDADE
quantas formas possíveis podemos permutar essas
letras nas quatro primeiras do anagrama: Conceito
n = 4; n1 = 2; n2 = 2
n! 4! 4 ∙ 3 ∙ 2! 4 ∙3 A teoria da probabilidade é o ramo da Matemáti-
Pnn1,n2 = à P42,2 = = = =6 ca que cria modelos que são utilizados para estudar
n1!n2! 2!2! 2 ∙ 1 ∙ 2! 2 ∙1 experimentos aleatórios, ou seja, estimar uma previ-
Assim, temos 6 resultados possíveis para as 4 pri- são do resultado de determinado experimento.
meiras letras do anagrama. Para as outras 4 letras
que faltam, temos ainda a permutação das letras Espaço Amostral e Evento
TECP, Pn = n! à P4 = 4! = 4 ∙ 3 ∙ 2 ∙ 1 = 24. Logo, pelo
princípio multiplicativo temos 6x24=144, que é infe- Chamamos de espaço amostral o conjunto de todos
rior a 150. Resposta: Letra A. os resultados possíveis do experimento.
Imagine que você possui um dado e vai lançá-lo
5. (FPS – 2017) Para a realização de certa cirurgia são uma vez. Os resultados possíveis são: 1, 2, 3, 4, 5 ou 6,
necessários 2 cirurgiões, 1 anestesista e 3 enfermei- isso é o que chamamos de espaço amostral, ou seja, o
ros. Dentre os profissionais de um hospital aptos para conjunto dos resultados possíveis de um determinado
realizar a cirurgia, estão 5 cirurgiões, 4 anestesistas e experimento aleatório (não se pode prever o resul-
10 enfermeiros. De quantas maneiras pode ser consti- tado que será obtido, apenas podemos tentar achar
tuída a equipe que fará a cirurgia? algum padrão).
Agora pense que você só tem interesse nos núme-
a) 4700. ros impares, isto é, 1, 3 e 5. Esse subconjunto do espa-
b) 4800. ço amostral é o que chamamos de Evento – composto
c) 4900. apenas pelos resultados que são favoráveis. Conhe-
d) 5000. cendo esses dois conceitos, podemos chegar na fórmu-
e) 5100. la para calcular a probabilidade de um evento de um
determinado experimento aleatório, é o que podemos
Nesse caso, temos que para realização da cirurgia chamar de probabilidade de um evento qualquer.
são necessários 6 profissionais, dentre eles 2 cirur-
giões, 1 anestesista e 3 enfermeiros. Dispomos de Dica
um total de 19 profissionais, sendo 5 cirurgiões, 4
anestesistas e 10 enfermeiros, logo esses últimos Espaço amostral é igual a todas as possibilida-
são nossos n, nc = 5; nanest = 4; nenf = 10,, já os neces- des possíveis e o evento é um subconjunto do
sários na cirurgias nossos r, rc = 2; ranest = 1; renf = 3. espaço amostral.
Para contar a quantidade de combinações possíveis
em cada grupo de profissionais usaremos a técnica PROBABILIDADE DE UM EVENTO QUALQUER
de combinatório, visto que a troca de posição ou de
ordem dos profissionais não interfere, ou seja, são n (evento)
subconjuntos semelhantes ou iguais. E por fim, apli-
Probabilidade do Evento =
RACIOCÍNIO LÓGICO

camos o princípio multiplicativo para obter todos n (espaço amostral)


resultados possíveis:
Cir e Cir e Anest e Enf e Enf e Enf Na fórmula acima, n(Evento) é o número de ele-
C5,2 C4,1 C10,3 mentos do subconjunto Evento, isto é, o número
de resultados favoráveis; e n(Espaço Amostral) é o
C5,2 ⨉ C4,1 ⨉ C10,3 = 10 ⨉ 4 ⨉ 120 = 4800 Resposta: número total de resultados possíveis no experimento
Letra B. aleatório.
Por isso, costumamos dizer também que:
REFERÊNCIAS

DANTE, Luiz Roberto. Matemática: contexto e número de resultados favoráveis


aplicações. 3. ed. São Paulo: Ática, 2016. 3 v. Probabilidade do Evento = 105
números total de resultados
Agora, voltando ao exemplo que apenas os núme- resultado inferior a 4? Em outras palavras, essa per-
ros impares que nos interessam, temos: gunta é: qual a probabilidade do evento A, dado que o
evento B ocorreu? Matematicamente, podemos escre-
z n(Evento) = 3 possibilidades ver P(A/B) – leia “probabilidade de A, dado B”.
z n(Espaço Amostral) = 6 possibilidades Aqui, já sabemos de antemão que B ocorreu. Portanto,
o resultado do lançamento do dado foi 1, 2 ou 3 (três resul-
Logo, tados possíveis). Destes resultados, apenas dois deles (o
3 1 resultado 1 e 3) atendem o evento A. Portanto, a probabi-
Probabilidade do Evento = = = 0,50 = 50%
6 2 lidade de A ocorrer, dado que B ocorreu, é simplesmente:

Dica 2
P (A\B) = = 66,6%
Se A é um evento qualquer, então 0 ≤ P(A) ≤ 1. 3
Se A é um evento qualquer, então 0% ≤ P(A) ≤ Uma outra forma de calculá-la é através da seguin-
100%. te divisão:

Eventos Independentes P (A k B)
P (A\B) =
P (B)
Qual seria a probabilidade de, em dois lançamen-
tos consecutivos do dado, obtermos um resultado A fórmula nos diz que a probabilidade de A ocorrer,
ímpar em cada um deles? Veja que temos dois expe- dado que B ocorreu, é a divisão entre a probabilidade
rimentos independentes ocorrendo: o primeiro lança- de A e B ocorrerem simultaneamente e a probabilidade
mento e o segundo lançamento do dado. O resultado de B ocorrer. Para que A e B ocorram simultaneamente
do primeiro lançamento em nada influencia o resulta- (resultado ímpar e inferior a 4), temos como possibi-
do do segundo. lidades o resultado igual a 1 e 3. Isto é, apenas 2 dos 6
Quando temos experimentos independentes, a resultados nos atende. Logo, P (A∩B) = 2 = 1 .
6 3
probabilidade de ter um resultado favorável em um e
um resultado favorável no outro é feito pela multipli- Para que B ocorra (resultado inferior a 4), já vimos
cação das probabilidades de cada experimento: 3 1
que 3 resultados atendem. Portanto, P (A∩B) = = .
6 2
Usando a fórmula acima, temos:
P(2 lançamentos) =P(lançamento 1) · P(lançamento 2) 1
P (A\B) =
P (A + B) 3 = 1 · 2 = 2 =66,6%
Em nosso exemplo, teríamos: =
P (B) 1 3 1 3
2
P(2 lançamentos) =0,50 0,50 = 0,25 = 25%
PROBABILIDADE DA UNIÃO DE DOIS EVENTOS
Assim, a chance de obter dois resultados ímpares
em dois lançamentos de dado consecutivos é de 25%. Dados dois eventos A e B, chamamos de A ∪ B
Generalizando, podemos dizer que a probabilidade de quando queremos a probabilidade de ocorrer o even-
dois eventos independentes A e B acontecerem é dada to A ou o evento B. Podemos usar a fórmula:
pela multiplicação da probabilidade de cada um deles:
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A∩B)
P (A e B) = P(A) x P(B)
A fórmula pode ser traduzida como “a probabilida-
Sendo mais formal, também é possível escrever de da união de dois eventos é igual a soma das pro-
P(A ∩ B)=P(A) · P(B), onde ∩ simboliza a intersecção babilidades de ocorrência de cada um dos eventos,
entre os eventos A e B. subtraída da probabilidade da ocorrência dos dois
eventos simultaneamente”.
PROBABILIDADE CONDICIONAL
Neste caso, quando temos A ∩ B = ϴ, ou seja, even-
Neste tópico, vamos falar sobre um tema bem recor- tos mutuamente exclusivos, tem-se que P (A ∪ B) = P
rente em questões de concursos. Imagine que vamos lan- (A) + P (B).
çar um dado, e estamos analisando 2 eventos distintos: Imagine que você tem uma urna contendo 20 bolas
A – sair um resultado ímpar numeradas de 1 a 20. Quando uma bola é retirada ao
B – sair um número inferior a 4 acaso, qual é a probabilidade de o número ser múlti-
Para o evento A ser atendido, os resultados favo- plo de 3 ou de 5?
ráveis são 1, 3 e 5. Para o evento B ser atendido, os Ora, veja que temos a palavra “ou” na pergunta e
resultados favoráveis são 1, 2 e 3. Vamos calcular rapi- isso nos remete à ideia de “união” dos eventos. Sen-
damente a probabilidade de cada um desses eventos: do assim, podemos extrair os dados para aplicar na
fórmula:
3 1
P(A) = = 0,5 = 50%
6 2 P(A) = probabilidade de o número ser múltiplo de 3
3 1 Múltiplos de 3 (3, 6, 9, 12, 15, 18) = 6 possibilidades
P(B) = = 0,5 = 50% 6
6 2 P(A) =
20
E se caso tivéssemos o seguinte questionamento: P(B) = probabilidade de o número ser múltiplo de 5
no lançamento de um dado, qual é a probabilidade
106 de obter um resultado ímpar, dado que foi obtido um Múltiplos de 3 (5, 10, 15, 20) = 4 possibilidades
4 Basta calcular a probabilidade de vir 3 crianças (o
P(B) = 20 que a gente não quer). Depois subtrair de 1, para
P(A ∩ B) = probabilidade do número ser múltiplo obter os casos favoráveis.
de 3 e 5 Probabilidade de sortear 3 crianças: 6/10 · 5/9 · 4/8 = 1/6
Somente o número 15 é múltiplo de 3 e 5 ao mesmo 1 – 1/6 = 5/6. Resposta: Letra E.
tempo.
2. (VUNESP – 2017) Um centro de meteorologia infor-
1 mou ao CIPM que é de 60% a probabilidade de chuva
P(A ∩ B) =
20 no dia programado para ocorrer a operação. Mediante
essa informação, o oficial no comando afirmou que as
Aplicando na fórmula, temos:
probabilidades de que a operação seja realizada nesse
P (A ∪ B) = P (A) + P (B) - P (A ∩ B)
dia são de 20%, caso a chuva ocorra, e de 85%, se não
6 4 - 1 6+4-1 9 houver chuva. Nessas condições, a probabilidade de
P (A ∪ B) = + = = que a operação ocorra no dia programado é de
20 20 20 20 20
PROBABILIDADE DA INTERSEÇÃO DE DOIS a) 59%.
EVENTOS b) 46%.
c) 41%.
Sejam A e B dois eventos de um espaço amostral. A d) 34%.
probabilidade de A ∩ B é dada por: e) 28%.

P (A ∩ B) = P (B\A) · P (A) = P (B) · P (A\B) Se a probabilidade de chover é de 60%, então, a


probabilidade de não chover é de 40%. Para que a
Vale lembrar que P (B\A) é a probabilidade de operação ocorra no dia programado, temos duas
ocorrer o evento B, sabendo que já ocorreu o evento A situações:
(probabilidade condicional). chove (60%) e ocorre a operação (20%) = 60% x 20%
Se a ocorrência do evento A não interferir na pro- = 12%
babilidade de ocorrer o evento B, ou seja, forem inde- não chove (40%) e ocorre a operação (85%) = 40%
pendentes, a fórmula para o cálculo da probabilidade x 85% = 34%
da intersecção será dada por: Somando as probabilidades desses dois cenários,
temos: 12% + 34% = 46%. Resposta: Letra B.
P (A ∩ B) = P (A) · P (B)
3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A sorte de ganhar ou per-
Imagine que você vai lançar dois dados sucessi- der, num jogo de azar, não depende da habilidade do
vamente. Qual a probabilidade de sair um número
jogador, mas exclusivamente das probabilidades dos
ímpar e o número 5?
resultados. Um dos jogos mais populares no Brasil é
O “e” que aparece na pergunta é que determina a
a Mega Sena, que funciona da seguinte forma: de 60
utilização da fórmula da interseção, pois queremos “a
bolas, numeradas de 1 a 60, dentro de um globo, são
probabilidade de sair um número ímpar e o número
5”. Perceba que a ocorrência de um dos eventos não sorteadas seis bolas. À medida que uma bola é retira-
interfere na ocorrência do outro. Temos, então, dois da, ela não volta para dentro do globo. O jogador pode
eventos independentes. apostar de 6 a 15 números distintos por volante e rece-
Evento A: sair um número ímpar = {1, 3, 5} berá o prêmio se acertar os seis números sorteados.
Evento B: sair o número 5 = {5} Também são premiados os acertadores de 5 números
Espaço Amostral: S = {1, 2, 3, 4, 5, 6} ou de 4 números.
Logo, A partir dessas informações, julgue o item que se segue.
A probabilidade de a primeira bola sorteada ser um
número múltiplo de 8 é de 10%.
P(A) = 3 = 1
6 2
1 ( ) CERTO ( ) ERRADO
P(B) =
6
1 1 1 Múltiplos de 8: {0, 8, 16, 24, 32, 40, 48, 56, 64, 72...}
P (A ∩ B) = P (A) · P (B) = · = Números da Mega Sena: 1 a 60.
2 6 12
Os múltiplos de 8 na Mega Sena são: 8, 16, 24, 32, 40,
48, 56, ou seja, 7 números.
Logo 7/60 = 11%. Resposta: Errado.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
RACIOCÍNIO LÓGICO

4. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em um jogo de azar, dois


1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um grupo de 10 jogadores lançam uma moeda honesta, alternada-
pessoas, 4 são adultos e 6 são crianças. Ao se sele- mente, até que um deles obtenha o resultado cara. O
cionarem, aleatoriamente, 3 pessoas desse grupo, a jogador que detiver esse resultado será o vencedor.
probabilidade de que no máximo duas dessas pes- A probabilidade de o segundo jogador vencer o jogo
soas sejam crianças é igual a logo em seu primeiro arremesso é igual a

a) 1/6. a) 2/3.
b) 2/6. b) 1/2.
c) 3/6. c) 1/4.
d) 4/6. d) 1/8.
e) 5/6. e) 3/4. 107
Precisamos calcular a probabilidade do primeiro joga- Achando o menor denominador comum (mmc):
dor tirar coroa e o segundo jogador obter cara. Pro-
babilidade de o primeiro tirar coroa: 1/2 e o segundo
3–4 2 (aqui vamos dividir sempre pelo menor número primo possível)
tirar cara: 1/2. Logo, 1/2 · 1/2 = 1/4. Resposta: Letra C.

5. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Cinco mulheres e quatro 3–2 2


homens trabalham em um escritório. De forma aleató-
ria, uma dessas pessoas será escolhida para trabalhar 3–1 3
no plantão de atendimento ao público no sábado. Em
seguida, outra pessoa será escolhida, também aleato- 1–1 mmc: 2 · 2 · 3 = 12
riamente, para o plantão no domingo.
Considerando que as duas pessoas para os plantões Todo número que é dividido apenas por ele mes-
serão selecionadas sucessivamente, de forma aleató- mo e pelo número 1 é um número primo.
ria e sem reposição, julgue o próximo item.
A probabilidade de os dois plantonistas serem homens Exemplo:
é igual ou superior a 4/9.
3 (apenas por ser dividido por 1 e 3)
( ) CERTO ( ) ERRADO 13 (apenas por ser dividido por 1 e 13)
Sábado: Há 4 homens possíveis, em 9 pessoas no
Multiplicação de fração
total = 4/9
Domingo: Há 3 homens possíveis, de 8 pessoas no Fazer a multiplicação entre frações é muito sim-
total (uma já foi escolhida no sábado) = 3/8 ples! Basta multiplicar o numerador de uma das fra-
Como queremos que seja escolhido um homem no
ções pelo numerador da outra fração e fazer o mesmo
sábado e um homem no domingo, multiplicamos as
processo entre os denominadores. Veja:
probabilidades: 4/9 x 3/8 = 12/72 = 4/24.
A questão é errada, pois 4/24 não é igual ou maior 2 5 2x5 10
que 4/9. Resposta: Errado. 3 x 4 = 3x4 = 12
Ainda não chegamos ao resultado final da operação,
pois é necessário simplificar a fração o máximo possí-
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS vel. Para realizar esse procedimento, devemos achar
um número que divide, ao mesmo tempo, o denomina-
COM FRAÇÕES, PORCENTAGENS dor e o numerador. No caso apresentado anteriormen-
E SEQUÊNCIAS COM NÚMEROS, te, sabemos que é o número 2. Aplicando, fica assim:
FIGURAS, PALAVRAS 10÷2 5
12÷2 = 6
FRAÇÕES
Pronto! Chegamos no resultado final, pois não há
Frações nada mais são do que operações de divisão.
mais como simplificar.
4
Podemos, por exemplo, tanto escrever 4 ÷ 8 quanto .
8 Divisão de fração
Agora, vamos estudar todas as operações que
envolvem as frações. São elas: adição, subtração, mul- Vou te ensinar uma maneira bem simples para
tiplicação e divisão. resolver esse tipo de operação. Para dividir frações,
deve-se repetir a primeira fração e multiplicar pelo
Adição e Subtração de fração inverso da segunda fração. Depois, basta realizar a
multiplicação normalmente, da mesma forma que
Para somar ou subtrair frações, é necessário olhar-
aprendemos. Veja:
mos para os denominadores, ou seja, para a “base”
das frações. Há duas situações possíveis. Vejamos:

z Denominadores iguais (quando acontece essa situa- Importante!


ção, basta repetir as bases e operar os numeradores) Podemos simplificar frações, dividindo o nume-
1 3 rador e o denominador pelo mesmo número.
+ = 1+3 = 4
5 5 5 5
4-2 4-2 2
3 3 = 3 =3
z Denominadores diferentes (quando acontece EXERCÍCIOS COMENTADOS
essa situação, é necessário achar o denominador
comum, para operar as frações). Veja: 1. (FCC — 2016) Seja A o quociente da divisão de 8 por
3. Seja B o quociente da divisão de 15 por 7. Seja C o
1 3 quociente da divisão de 14 por 22. O produto A B C é
3+4 igual a:
O número 12 é o primeiro múltiplo, ao mesmo tempo,
de 3 e 4. Então, dividiremos 12 pelos denominadores e, A) 3,072072072 . . .
depois, multiplicaremos o resultado pelos numeradores. B) 3,636363 . . .
C) 3,121212 . . .
1 3 4x1 3x3 4 + 9 13 D) 3,252525 . . .
3 + 4 = 12÷3 + 12÷4 = 12 = 12 E) 3,111 . . .
108
Vamos calcular a multiplicação entre as frações Número Relativo
apresentadas:
Podemos, ainda, simplificar o 14 com o 7 e o 15 com A porcentagem traz uma relação entre uma parte e
o 3. um todo. Quando dizemos 10% de 1000, o 1000 corres-
Ainda é possível dividir 40 por 11. ponde ao todo. Já o 10% corresponde à fração do todo
Logo, A B C = 3,63... Resposta: Letra B. que estamos especificando. Para descobrir a quanto
isso corresponde, basta multiplicar 10% por 1000.
2. (FGV — 2016) Durante três dias, o capitão de um navio
atracado em um porto anotou a altura das marés alta 10% de 1000 =
10 x 1000 = 100
(A) e baixa (B), formando a tabela a seguir. 100

A B A B A B A B A B A Dessa maneira, 1000 é todo, enquanto que 100 é a


parte que corresponde a 10% de 1000.
1,0 0,3 1,1 0,2 1,3 0,4 1,4 0,5 1,2 0,4 1,0

Quando o todo varias, a porcentagem também varia!


A maior diferença entre as alturas de duas marés con-
secutivas foi Veja um exemplo:
Roberto assistiu 2 aulas de Matemática Financeira.
Sabendo que o curso que ele comprou possui um total
A) 1,0.
de 8 aulas, qual é o percentual de aulas já assistidas
B) 1,1.
por Roberto?
C) 1,2.
O todo de aulas é 8. Para descobrir o percentual,
D) 1,3.
devemos dividir a parte pelo todo e obter uma fração.
E) 1,4.
2 1
Vamos calcular as diferenças entre os valores da =
8 4
tabela. Observe:
0,3 – 1 = - 0,7
1,1 – 0,3 = 0,8 Precisamos transformar em porcentagem, ou seja,
0,2 – 1,1 = - 0,9 vamos multiplicar a fração por 100:
1,3 – 0,2 = 1,1
1 x 100 = 25%
0,4 – 1,3 = - 0,9
4
1,4 – 0,4 = 1
0,5 – 1,4 = -0,9
1,2 – 0,5 = 0,7 Soma e Subtração de Porcentagem
0,4 – 1,2 = -0,8
1,0 – 0,4 = 0,6 As operações de soma e subtração de porcentagem
Note que a maior diferença é 1,1. Resposta: Letra B. são as mais comuns. É o que acontece quando se diz
que um número excede, reduziu, é inferior ou é supe-
PORCENTAGEM rior ao outro em tantos por cento. A grandeza inicial
corresponderá sempre a 100%. Então, basta somar ou
subtrair o percentual fornecido dos 100% e multipli-
A porcentagem é uma medida de razão com base
car pelo valor da grandeza.
100. Ou seja, corresponde a uma fração cujo denomi-
Exemplo 1:
nador é 100. Vamos observar alguns exemplos e notar Paulinho comprou um curso de 200 horas-aula.
como podemos representar um número porcentual. Porém, com a publicação do edital, a escola precisou
aumentar a carga horária em 15%. Qual o total de
30 horas-aula do curso ao final?
30% = (forma de fração)
100 Inicialmente, o curso de Paulinho tinha um total
de 200 horas-aula que correspondiam a 100%. Com o
30% =
30
= 0,3 (forma decimal) aumento porcentual, o novo curso passou a ter 100% +
100 15% das aulas inicialmente previstas. Portanto, o total
de horas-aula do curso será:
30% =
30
=
3
(forma de fração simplificada) (1 + 0,15) x 200 = 1,15 x 200 = 230 horas-aula
100 10
Dica
Sendo assim, a razão 30% pode ser escrita de
várias maneiras: A avaliação do crescimento ou da redução per-
RACIOCÍNIO LÓGICO

centual deve ser feita sempre em relação ao


30 3 valor inicial da grandeza.
30% = = 0,3 = -
100 10 Variação percentual = Final Inicial
Inicial
Também é possível fazer a conversão inversa, isto Veja mais um exemplo para podermos fixar melhor.
é, transformar um número qualquer em porcentual. Exemplo 2:
Para isso, basta multiplicar por 100. Veja: Juliano percebeu que ele ainda não assistiu a 200
aulas do seu curso. Ele deseja reduzir o número de
25 x 100 = 2500% aulas não assistidas a 180. É correto afirmar que, se
0,35 x 100 = 35% Juliano chegar às 180 aulas almejadas, o número terá
0,586 x 100 = 58,6% caído 20%? 109
A variação percentual de uma grandeza corres- 3. (VUNESP - 2016) Um concurso recebeu 1500 ins-
ponde ao índice: crições, porém 12% dos inscritos faltaram no dia da
prova. Dos candidatos que fizeram a prova, 45% eram
Final - Inicial 180 - 200 mulheres. Em relação ao número total de inscritos, o
Variação percentual = = =
Inicial 200 número de homens que fizeram a prova corresponde a
20 uma porcentagem de
– = - 0,10
200
a) 45,2%.
Como o resultado foi negativo, podemos afirmar b) 46,5%.
que houve uma redução percentual de 10% nas aulas c) 47,8%.
ainda não assistidas por Juliano. O enunciado está d) 48,4%.
errado ao afirmar que essa redução foi de 20%. e) 49,3%.

Veja que se 12% faltaram, então 88% fizeram a


EXERCÍCIOS COMENTADOS prova.
Pessoas presentes (88%) e dessas 45% eram mulhe-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Em determinada loja, uma res e 55% eram homens. Portanto, basta multiplicar
bicicleta é vendida por R$ 1.720 à vista ou em duas o percentual dos homens pelo total:
vezes, com uma entrada de R$ 920 e uma parcela de R$ 55% de 88% das pessoas que fizeram a prova; ou
920 com vencimento para o mês seguinte. Caso queira 0,55 x 0,88 = 0,484.
antecipar o crédito correspondente ao valor da parcela, Transformando em porcentagem
a lojista paga para a financeira uma taxa de antecipa- 0,484 x 100 = 48,4%. Resposta: Letra D.
ção correspondente a 5% do valor da parcela.
Com base nessas informações, julgue o item a seguir. 4. (FCC - 2018) Em uma pesquisa 60% dos entrevistados
Na compra a prazo, o custo efetivo da operação de finan- preferem suco de graviola e 50% suco de açaí. Se 15%
ciamento pago pelo cliente será inferior a 14% ao mês. dos entrevistados gostam dos dois sabores, então,
a porcentagem de entrevistados que não gostam de
( ) CERTO ( ) ERRADO
nenhum dos dois é de
Valor da bicicleta =1720,00
a) 80%.
Parcelado = 920,00 (entrada) + 920,00 (parcela)
Na compra a prazo, o agente vai pagar 920,00 b) 61%.
(entrada), logo vai sobrar (1720-920 = 800,00) c) 20%.
No próximo mês é preciso pagar 920,00 ou seja d) 10%.
800,00 + 120,00 de juros. Agora é pegar 120,00 e) 5%.
(juros) e dividir por 800,00 resultado:
120,00/800,00 = 0,15% ao mês. Vamos dispor as informações em forma de conjun-
A questão diz que seria inferior a 0,14%, ou seja, tos para facilitar nossa resolução:
está errada. Resposta: Errado.
Graviola Açai
2. (CESPE-CEBRASPE - 2019) Na assembleia legislati-
va de um estado da Federação, há 50 parlamentares,
entre homens e mulheres. Em determinada sessão
plenária estavam presentes somente 20% das deputa- 60% – 15% = 15% 50% – 15% =
das e 10% dos deputados, perfazendo-se um total de 7
parlamentares presentes à sessão. 45% 35%
Infere-se da situação apresentada que, nessa assem-
bleia legislativa, havia Nenhum = X

a) 10 deputadas. Vamos somar todos os valores e igualar ao total que


b) 14 deputadas. é 100%: 45% + 15% + 35% + X = 100%
c) 15 deputadas. 95% + X = 100%
d) 20 deputadas. X = 5%. Resposta: Letra E.
e) 25 deputadas.
5. (FUNCAB - 2015) Adriana e Leonardo investiram R$
50 parlamentares 20.000,00, sendo o 3/5 desse valor em uma aplicação
Deputadas = X que gerou lucro mensal de 4% ao mês durante dez
Deputados = 50-X meses. O restante foi investido em uma aplicação,
Compareceram 20% x e 10% (50-x), totalizando 7
que gerou um prejuízo mensal de 5% ao mês, durante
parlamentares. Não sabemos a quantidade exata de
o mesmo período. Ambas as aplicações foram feitas
cada sexo. Vamos montar uma equação e achar o
valor de X. no sistema de juros simples.
20% x + 10% (50-x) = 7 Pode-se concluir que, no final desses dez meses, eles
20/100 . x + 10/100 . (50-x) = 7 tiveram:
2/10 . x + 1/10 . (50-x) = 7
2x/10 + 50 - x/10 = 7 (faz o MMC) a) prejuízo de R$2.800,00.
2x + 50 - x = 70 b) lucro de R$3.200,00.
2x - x = 70 - 50 c) lucro de R$2.800,00.
x = 20 deputadas fazem parte da Assembleia Legis- d) prejuízo de R$6.000,00
110 lativa. Resposta: Letra D. e) lucro de R$5.000,00.
3/5 de 20.000,00 = 12.000,00 Se analisarmos mais minuciosamente, podemos
12.000,00 · 4% = 480,00 dizer que temos uma sequência que, de um número
480 · 10 (meses) = 4.800 (juros) para outro, devemos somar 2 unidades e também
O que sobrou 20.000,00 - 12.000,00 = 8.000,00. Apli- podemos notar que temos a sequência que, de um
cação que foi investida e gerou prejuízo de 5% ao número para o outro, basta somar 5 unidades, elas
mês, durante 10 meses: estão em sequências numéricas alternadas. Veja:
8.000,00 · 5% = 400,00 1° Sequencia: 2, 4, 6, 8,...
400 · 10 meses= 4.000
2° Sequencia: 5, 10, 15, 20, ...
Portanto 20.000,00 + 4.800(juros) = 24,800,00 -
4.000= 20.800,00 /10 meses= 2.080,00 lucros. PROGRESSÃO ARITMÉTICA
Resposta: Letra C.
Uma progressão aritmética é aquela em que os
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS termos crescem, sendo adicionados a uma razão cons-
tante, normalmente representada pela letra r.
Esse tema é cobrado de uma maneira que ao mes- Termo inicial: valor do primeiro número que
mo tempo que pode parecer fácil, pode ser bem com- compõe a sequência;
plicado. Descobrir a lei de formação ou padrão da
sequência é o seu principal objetivo, pois nas ques- Razão: regra que permite, a partir de um termo,
tões sobre sequências/raciocínio sequencial, você obter o seguinte.
será apresentado a um conjunto de dados dispostos Observe o exemplo abaixo:
de acordo com alguma “regra” implícita, alguma lógi-
ca de formação. O desafio é exatamente descobrir {1,3,5,7,9,11,13, ...}
essa “regra” para, com isso, encontrar outros termos
Veja que 1+2=3, 3+2=5, 5+2=7, 7+2=9, e assim suces-
daquela mesma sequência.
Veja o exemplo abaixo: sivamente. Temos um exemplo nítido de uma Progres-
são Aritmética (PA) com uma razão 2, ou seja, r = 2 e
2, 4, 6, 8,... termo inicial igual a 1. Em questões envolvendo pro-
gressões aritméticas, é importante você saber obter o
A primeira pergunta que podemos fazer para termo geral e a soma dos termos, conforme veremos
achar a lei de formação é: os números estão aumen- a seguir.
tando ou diminuindo?
Termo geral da PA
Caso eles estejam aumentando, devemos tentar as Trata-se de uma fórmula que, a partir do primei-
operações de soma ou multiplicação entre os termos.
ro termo e da razão da PA, permite calcular qualquer
Veja o nosso exemplo que fora postado: 2, 4, 6, 8,.. Do
primeiro termo para o segundo, somamos o número outro termo. Temos a seguinte fórmula:
dois e depois repetimos isso.
an = a1 + (n-1)r
2+2=4 Nesta fórmula, an é o termo de posição n na PA (o
4+2=6 “n-ésimo” termo); a1 é o termo inicial, r é a razão e n é
6+2=8 a posição do termo na PA.
Usando o nosso exemplo acima, vamos descobrir
Logo, o nosso próximo termo será o número 10, o termo de posição 10. Já temos as informações que
pois 8+2 = 10.
precisamos: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}
Caso os números estejam diminuindo, você pode
buscar uma lógica envolvendo subtrações ou divisões z o termo que buscamos é o da décima posição, isto
entre os termos.
é, a10;
Agora, observe esta outra sequência:
z a razão da PA é 2, portanto r = 2;
z o termo inicial é 1, logo a1 = 1;
2, 3, 5, 7, 11, 13, ...
z n, ou seja, a posição que queremos, é a de número
10: n = 10
Qual é o seu próximo termo? Vários alunos tendem
a dizer que o próximo termo é o 15, mesmo tendo per- Logo,
cebido que o 9 não está na sequência. A nossa tendên-
cia é relevar esse “probleminha” e marcar logo o valor an = a1 + (n-1)r
15. Muito cuidado! Como já disse, o padrão encon- a10 = 1 + (10-1)2
trado deve ser capaz de explicar TODA a sequência! a10 = 1 + 2x9
Neste caso, estamos diante dos números primos! Sim,
a10 = 1 + 18
aqueles números que só podem ser divididos por eles
RACIOCÍNIO LÓGICO

mesmos ou então pelo número 1. No caso, o próximo a10 = 19


seria o 17, e não o 15. A propósito, os próximos núme-
ros primos são: 17, 19, 23, 29, 31, 37... Isto é, o termo da posição 10 é o 19. Volte na
sequência e confira. Perceba que, com essa fórmula,
SEQUÊNCIAS NUMÉRICAS ALTERNADAS podemos calcular qualquer termo da PA. O termo da
posição 200 é:
É bem comum aparecem questões que envolvem
uma sequência que tem mais de uma lei de formação. an = a1 + (n-1)r
Podemos ter 2 sequências que se alternam, como nes- a200 = 1 + (200-1)2
te exemplo: a200 = 1 + 2x199
a200 = 1 + 198
2, 5, 4, 10, 6, 15, 8, 20, ... a200 = 199 111
Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PA an = 124
r = 4 (podemos ir somando de 4 em 4 unidades para
A fórmula a seguir nos permite calcular a soma dos obter os múltiplos).
“n” primeiros termos de uma progressão aritmética: Substituindo na fórmula do termo geral, vamos
encontrar a quantidade de elementos (múltiplos):
n # (a1 + an) an = a1 + (n-1)r
Sn = 124 = 24 + (n – 1)4
2
124 = 24 + 4n – 4
Para entendermos um pouco melhor, vamos calcu- 124 – 24 + 4 = 4n
lar a soma dos 7 primeiros termos do nosso exemplo 104 = 4n
que já foi apresentado: {1,3,5,7,9,11, 13, ...}. n = 26. Resposta: Letra B.
Já sabemos que a1 = 1, e n = 7. O termo an será, nes-
te caso, o termo a7, que observando na sequência é o 2. (FCC – 2018) Rodrigo planejou fazer uma viagem em
número 13, ou seja, a7 = 13. Substituindo na fórmula, 4 dias. A quantidade de quilômetros que ele percorrerá
temos: em cada dia será diferente e formará uma progressão
aritmética de razão igual a − 24. A média de quilôme-
n # (a1 + an) tros que Rodrigo percorrerá por dia é igual a 310 km.
Sn = Desse modo, é correto concluir que o número de quilô-
2
metros que Rodrigo percorrerá em seu quarto e último
7 # (1 + 13) dia de viagem será igual a
S7 =
2
a) 334.
7 # 14
S7 = b) 280.
2
c) 322.
98 d) 274.
S7 = = 49 e) 310.
2
Dependendo do sinal da razão r, a PA pode ser: Primeiro devemos achar o a1, para depois acharmos
PA crescente: se r > 0, a PA terá termos em ordem o a4. Devemos colocar tudo em função de a1, para
crescente. podermos substituir na média. Usando a fórmula
Ex.: {1, 4, 7, 10, 13, 16...} → r = 3 do termo geral:
PA decrescente: se r < 0, a PA terá termos em ordem r = -24
decrescente. an= a1 + (n-1).r
Ex.: {20, 19, 18, 17 ...} → r = -1 Achando a1:
PA constante: se r = 0, todos os termos da PA serão a1 = a1 + (1-1).r
iguais. a1 = a1
Ex.: {7, 7, 7, 7, 7, 7, 7...} → r = 0. Colocando a2 em função de a1:
a2= a1+ (2-1)r
a2 = a1 + r
Dica Colocando a3 em função de a1:
PA crescente: se r > 0; a3= a1+ (3-1)r
PA decrescente: se r < 0; a3 = a1 + 2r
Colocando a4 em função de a1:
PA constante: se r = 0.
a4 = a1 + (4-1)r
a4 = a1 + 3r
Em uma progressão aritmética de 3 termos, o Substituindo na fórmula da média aritmética:
segundo termo ou o termo do meio é a média aritmé- (a1 + a2 + a3 + a4 )/4 = 310
tica entre o primeiro e terceiro termo. Veja: (a1+ a1 + r + a1 + 2r + a1 + 3r) / 4 = 310
4 a1 + 6r = 310 . 4
PA (a1, a2, a3)  a2 = (a1 + a3)/2 4 a1 + 6. (-24) = 1240
PA (2, 4, 6)  4 = (2+6)/2  4 = 4 4 a1 - 144 = 1240
a1 = 346
Encontrando a4:
a4= 346 + (4-1).r
EXERCÍCIOS COMENTADOS a4= 346 + 3r
a4= 346 + 3. (-24)
1. (IBFC – 2015) O total de múltiplos de 4 existentes a4 = 274. Resposta: Letra D.
entre os números 23 e 125 é:
3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Em cada item a seguir é
a) 25. apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
assertiva a ser julgada, a respeito de modelos lineares,
b) 26.
modelos periódicos e geometria dos sólidos.
c) 27.
Manoel, candidato ao cargo de soldado combatente,
d) 28. considerado apto na avaliação médica das condições
e) 24. de saúde física e mental, foi convocado para o teste
de aptidão física, em que uma das provas consiste em
O primeiro múltiplo de 4 neste intervalo é 24 e o últi- uma corrida de 2.000 metros em até 11 minutos. Como
mo é 124. Veja que os múltiplos de 4 formam uma Manoel não é atleta profissional, ele planeja completar
PA de razão igual a 4. Então, temos as seguintes o percurso no tempo máximo exato, aumentando de
informações: uma quantidade constante, a cada minuto, a distância
112 a1 = 24 percorrida no minuto anterior.
Nesse caso, se Manoel, seguindo seu plano, correr 125 a25 = 215 - 48
metros no primeiro minuto e aumentar de 11 metros a a25 = 167 alunos
distância percorrida em cada minuto anterior, ele com- Logo, 215 - 167 = 48 alunos ausentes. Resposta:
pletará o percurso no tempo regulamentar. Errado.

( ) CERTO ( ) ERRADO PROGRESSÃO GEOMÉTRICA


Veja que no primeiro minuto ele percorre 125
metros, no segundo 125 + 11 = 136 metros, no ter- Observe a sequência abaixo:
ceiro 125 + 2×11 = 147 metros, e assim por diante.
Estamos diante de uma progressão aritmética (PA) {2, 4, 8, 16, 32...}
de termo inicial a1 = 125 e razão r = 11. O décimo
primeiro termo (correspondente ao 11º minuto) é: Cada termo é igual ao anterior multiplicado por 2.
an= a1 + (n-1).r Este é um exemplo típico de Progressão Geométrica,
a11 = 125 + (11 – 1).11 ou simplesmente, PG. Em uma PG, cada termo é obti-
a11 = 125 + 110 = 235 metros do a partir da multiplicação do anterior por um mes-
A soma das distâncias percorridas nos 11 primeiros mo número, o que chamamos de razão da progressão
minutos é dada pela fórmula da soma dos termos geométrica. A razão é simbolizada pela letra q.
da PA: No exemplo acima, temos q = 2 e o termo inicial é
n # (a1 + an) a1 = 1. Da mesma maneira que vimos para o caso de
Sn = PA, normalmente, precisamos calcular o termo geral
2
e a soma dos termos.
11 # (125 + 235)
S11 =
2 Termo geral da PG
11 # 360
S11 = A fórmula a seguir nos permite obter qualquer
2
termo (an) da progressão geométrica, partindo-se do
S11 = 180 · 11 primeiro termo (a1) e da razão (q):
S11 = 1.980
A distância total percorrida é menor do que 2.000
an = a1 × qn-1
metros. Logo, Manoel não completará o percurso
no tempo regulamentar de 11 minutos. Resposta:
Errado. No nosso exemplo, o quinto termo, a5 (n = 5), pode
ser encontrado assim:
4. (FCC – 2017) Em um experimento, uma planta recebe
a cada dia 5 gotas a mais de água do que havia recebi- {2, 4, 8, 16, 32...}
do no dia anterior. Se no 65° dia ela recebeu 374 gotas a5 = 2 × 25-1
de água, no 1° dia do experimento ela recebeu a5 = 2 × 24
a5 = 2 × 16
a) 64 gotas. a5 = 32
b) 49 gotas.
c) 59 gotas. Soma do primeiro ao n-ésimo termo da PG
d) 44 gotas.
e) 54 gotas. A fórmula abaixo permite calcular a soma dos “n”
primeiros termos da progressão geométrica:
Já sabemos que a razão é r = 5 e que o a65 = 374,
então, o a1 é dado por: n
a1 # (q - 1)
a65= a1 + (n-1).r Sn =
374 = a1 + (65-1)5 q-1
374 = a1 + 64 x 5
Usando novamente o nosso exemplo e fazendo a
374 = a1 + 320
soma dos 4 primeiros termos (n = 4), temos: {2, 4, 8,
a1 = 54 gotas.
16, 32...}
Resposta: Letra E. 4
2 # (2 - 1)
S4 =
5. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Em determinado colégio, 2-1
todos os 215 alunos estiveram presentes no primeiro #
2 (16 - 1)
dia de aula; no segundo dia letivo, 2 alunos faltaram; S4 = 1
no terceiro dia, 4 alunos faltaram; no quarto dia, 6 alu- 2 # 15
nos faltaram, e assim sucessivamente. S4 =
RACIOCÍNIO LÓGICO

1
Com base nessas informações, julgue os próximos
S4 = 30
itens, sabendo que o número de alunos presentes às
aulas não pode ser negativo.
No vigésimo quinto dia de aula, faltaram 50 alunos. Soma dos infinitos termos de uma progressão
geométrica
( ) CERTO ( ) ERRADO
Suponha que você corra 1000 metros, depois,
P.A. (215, 213, 211, 209,..., a25) você corra 500 metros, depois, você corra 250 metros
Termo Geral da P.A. e, depois, 125 metros – sempre metade do que você
an= a1 + (n-1).r correu anteriormente. Quanto você correrá no total?
a25 = 215 + (25-1) · (-2) Observe que o que temos é exatamente uma progres-
a25 = 215 + (24· -2) são geométrica infinita, porém, essa PG é decrescente. 113
Quando temos uma PG infinita com razão 0 < q < Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
1, teremos que qn = 0. Entendemos, então, que quanto mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
maior for o expoente, mais próximo de zero será. Por- y² = (y + 30) × (y - 60)
tanto, substituindo, teremos: y² = y² -60y +30y -1800
y² - y² +60y -30y = -1800
a1 # (0 - 1) 30y = -1800
S∞ = y = -1800/30
q-1
y = -60
a1 Resposta: Letra D.
S∞ =
q-1
4. (FUNDATEC – 2019) A sequência (x-120; x; x+600) for-
Dica ma uma progressão geométrica. O valor de x é:
Em uma progressão geométrica, o quadrado do a) 40.
termo do meio é igual ao produto dos extremos. b) 120.
{a1, a2, a3}  (a2)2 = a1 × a3 c) 150.
Veja: {2, 4, 8, 16, 32...} d) 200.
82 = 4 × 16 e) 250.
64 = 64. Em uma progressão geométrica, o quadrado do ter-
mo do meio é igual ao produto dos extremos. Logo:
x2 = (x-120) × (x+600)
EXERCÍCIOS COMENTADOS x2 = x2 + 600x – 120x -72000
x2 - x2 = 480x – 72000
480x = 72000
1. (FUMARC – 2018) Se a sequência numérica repre- x = 72000/480
sentada por (6, a2, a3, a4, a5,192) é uma Progressão x = 150
Geométrica crescente de razão igual a q, então, é COR-
Resposta: Letra C.
RETO afirmar que o valor de q é igual a:
5. (IESES – 2019) Em uma progressão geométrica de
a) 2.
razão r = 3 a soma dos 5 primeiros termos é igual a 968.
b) 3.
Então, o primeiro termo dessa progressão é:
c) 4.
d) 8. a) Maior que 18.
b) Maior que 15 e menor que 18.
Vamos substituir os valores que já temos na fórmu-
c) Maior que 12 e menor que 15.
la geral da PG para acharmos a razão:
d) Maior que 9 e menor que 12.
an = a1 × qn-1
e) Menor que 9.
a6 = a1 × q6-1
192 = 6 × q5 Vamos usar a fórmula da soma da PG:
192/6 = q5
32 = q5 n
a1 # (q - 1)
q=
5
32 Sn =
q-1
q=2
Resposta: Letra A. n
a1 # (3 - 1)
968 =
3-1
2. (IBFC – 2016) Se a soma dos elementos de uma P.G.
(progressão geométrica) de razão 3 e segundo termo a1 # (243 - 1)
12 é igual a 484, então o quarto termo da P.G. é igual a: 968 = 2

a) 324. 1936 = 242a1


b) 36. a1 = 1936 / 242
c) 108. a1 = 8
d) 216. Resposta: Letra E.
Temos que a2 = 12 e q = 3. Para calcularmos o quarto
FIGURAS E PALAVRAS
termos, devemos usar a fórmula do termo geral da
PG. Veja:
a4 = a2 × q4-2 Não há teoria específica para este assunto, mas res-
a4 = 12 × 32 ponderemos a seguir algumas questões para “pegar-
a4 = 12 × 9 mos o jeito” dos exercícios que envolvem sequências
a4 = 108 com figuras e de palavras. Este é o modo como se
Resposta: letra C. aprende esta matéria. Mãos à obra!

3. (IDECAN – 2014) Observe a progressão geométrica


(P.G.) e assinale o valor de y.

P.G. = (y + 30; y; y – 60)


EXERCÍCIOS COMENTADOS
a) +30. 1. (FURB – 2019) Em um restaurante, usam-se mesas
b) +60. que comportam 4 cadeiras. Se juntarem duas dessas
c) –30. mesas, consegue-se espaço para 6 cadeiras. Se jun-
d) –60. tarem três dessas mesas, o espaço fica restrito a 8
114 e) –90. cadeiras. A imagem a seguir ilustra essa situação:
Temos o ciclo “L O G I C A”, com 6 elementos. Agora,
basta dividir a posição 2020 pela quantidade de ele-
mentos do ciclo. Veja:
2020 / 6 = 336 + resto 4
Ou seja, temos 336 ciclos completos mais 4
elementos:
Seguindo esse padrão, pode-se afirmar que a quanti- Resto 1 = L
dade de mesas que se deve juntar para que a quanti- Resto 2 = O
dade de lugares disponíveis (cadeiras) seja igual a 22 Resto 3 = G
é: Resto 4 = I (Gabarito)
Resposta: Letra E.
a) 6. 4. (INSTITUTO CONSULPLAN – 2019) Observe a sequên-
b) 15. cia de palavras:
c) 10. OSSOS – NEVOEIRO – DESENHO – JANTARES –
d) 12. FIBRILADOR – MILÍCIA – ABRIDOR – ? –. A palavra
e) 8. que substitui corretamente o ponto de interrogação é:

1 mesa = 4 cadeiras a) GARAPA.


b) MAMÃO.
2 mesas = 6 cadeiras
c) JONATAS.
3 mesas = 8 cadeiras
d) AGROPECUÁRIO.
4 mesas = 10 cadeiras
5 mesas = 12 cadeiras A sequência apresentada segue um padrão em rela-
6 mesas = 14 cadeiras ção aos meses do ano. A primeira palavra, OSSOS,
7 mesas = 16 cadeiras começa com letra “O”, mês de outubro; a segunda
8 mesas = 18 cadeiras palavra, NEVOEIRO, começa com a letra “N”, mês
9 mesas = 20 cadeiras de novembro...
10 mesas = 22 cadeiras OSSOS → Outubro
Resposta: Letra C. NEVOEIRO → Novembro
DESENHO → Dezembro
JANTARES → Janeiro
2. (CONTEMAX – 2020) Considere o seguinte padrão de
FIBRILADOR → Fevereiro
números MILÍCIA → Março
ABRIDOR → Abril
? → Maio
O ponto de interrogação está associado ao mês de
Maio, devendo ser substituído por uma palavra que
comece com a letra “M” = MAMÃO, apresentada nas
opções. Resposta: Letra B.

5. (IBADE – 2019) A palavra MALOTE está para LOMAET,


assim como CAMILO está para:
O número que substitui o símbolo “?” é: a) MIOLCA.
b) MICAOL.
a) 25. c) CAOLMI.
b) 23. d) MILOCA.
c) 32. e) LOCAMI.
d) 20.
Na palavra MALOTE, foi invertida a ordem das
e) 28.
duas primeiras sílabas (LOMA) e invertida a ordem
das duas últimas letras (ET). Basta seguir o mes-
Note o seguinte padrão: mo raciocínio para a palavra CAMILO, que fica:
1 + 2 = 3 (primeiro número da segunda coluna) MICAOL. Resposta: Letra B.
3 + 5 = 8 (primeiro número da terceira coluna)
8 + 12 = 20 (primeiro número da quarta coluna)
20 + 28 = 48 (primeiro número da quinta coluna)
Resposta: Letra E. HORA DE PRATICAR!
RACIOCÍNIO LÓGICO

3. (ACCESS – 2020) Observe a sequência infinita a 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.
seguir: Numa tropa com 80 soldados, sabe-se que 37 deles
gostam de natação, 25 gostam de futebol. Sendo que,
LOGICALOGICALOGICALOGICA... nesses dois grupos, 8 gostam de ambas as modalida-
des. Nessas condições, o total de soldados que não
A 2020ª letra dessa sequência é: gostam de nenhuma dessas modalidades é:

a) C. a) 54
b) A. b) 26
c) L. c) 36
d) O. d) 20
e) I. e) 10 115
2. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. 7. (IBFC – 2017) Se o valor lógico de uma proposição p é
Antônio gastou 50% de dois quintos do valor que pos- verdade e o valor lógico de uma proposição q é falso,
suía e ainda sobraram R$ 160,00 a ele. então é correto afirmar que o valor lógico:
Nessas circunstâncias o valor gasto por Antônio foi:
a) da conjunção entre p e q é falso
a) R$ 200,00 b) da disjunção entre p e q é falso
b) R$ 160,00 c) do bicondicional entre p e q é verdade
c) R$ 60,00 d) do condicional entre p e q, nessa ordem, é verdade
d) R$ 80,00 e) da negação entre a disjunção entre p e q é verdade
e) R$ 40,00
8. (IBFC – 2020) Observe as duas proposições P e Q
3. (IBFC – 2020) Em uma prateleira de uma biblioteca, apresentadas a seguir.
deseja-se dispor 4 livros de maneiras distintas. Saben-
do que a prateleira possui 10 espaços em que os livros P: Ana é engenheira.
podem ser colocados, assinale a alternativa que apre- Q: Bianca é arquiteta.
senta corretamente a quantidade de maneiras que
Considere que Ana é engenheira somente se Bianca é
esses livros podem ser dispostos nessa prateleira.
arquiteta e, assinale a alternativa correta.
a) 3628800
a) Ana ser engenheira não implica Bianca ser arquiteta
b) 5040
b) Ana ser engenheira é condição suficiente para Bianca
c) 151200
ser arquiteta
d) 720 c) Uma condição necessária para Bianca ser arquiteta é
e) 24 Ana ser engenheira
d) Ana é engenheira se e somente se Bianca não é arquiteta
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. e) Uma condição necessária para Bianca ser arquiteta é
O nono termo da sequencia lógica 3, - 6, 12, -24, ..., Ana não ser engenheira
representa o total de candidatos presentes num con-
curso público. Se 210 desses candidatos foram apro- 9. (IBFC – 2020) Observe a disjunção: “Marcelo não gos-
vados, então o total de candidatos reprovados foi de: ta de futebol ou Bruno não gosta de natação”, assinale
a alternativa correta que apresenta a negação dessa
a) 1426 disjunção.
b) 878
c) 558 a) Marcelo gosta de futebol e Bruno não gosta de natação
d) 768 b) Marcelo gosta de futebol se e somente se Bruno gosta
e) 174 de natação
c) Ou Marcelo gosta de futebol ou Bruno gosta de
5. (IBFC – 2020) Conjunções são proposições compos- natação
tas em que há a presença do conectivo “e” e podem d) Marcelo gosta de futebol e Bruno gosta de natação
ser representadas pelo símbolo “^”. Sendo assim, assi- e) Marcelo não gosta de futebol e Bruno não gosta de
nale a alternativa correta. natação

a) Se P é verdadeira e Q é verdadeira, então P^Q é falsa 10. (IBFC – 2017) A frase: “Se o soldado chegou atrasado,
b) Se P é verdadeira e Q é falsa, então P^Q é falsa então não fez atividade física” é equivalente à frase:
c) Se P é falsa e Q é falsa, então P^Q é verdadeira
d) Se P é falsa e Q é verdadeira, então P^Q é verdadeira a) O soldado chegou atrasado e não fez atividade física
e) P^Q só será verdadeira se P e Q forem falsas b) O soldado chegou atrasado e fez atividade física
c) O soldado chegou atrasado ou fez atividade física
d) O soldado não chegou atrasado ou não fez atividade
6. (IBFC – 2020) Considere que os símbolos →, ↔, ^ e v
física
representam os operadores lógicos “se…então”, “se e
e) O soldado chegou atrasado se, e somente se, não fez
somente se”, “e” e “ou”, respectivamente. Analise as
atividade física
sentenças abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso
(F).
11. (IBFC – 2020) Considere a proposição: “Todo pesqui-
sador é estudioso.”
( ) (7 – 2 ÷ 2 = 5) v (3 > 2) Assinale a alternativa que não apresenta uma negação
( ) (3 + 2 = 4) ↔ (1 > 3) da proposição anterior.
( ) (3 x 5 + 6 = 21) → (18 ÷ 3 - 1 = 7)
( ) (4 x 4 + 3 = 19) ^ (9 - 2 = 7) a) Existe algum pesquisador que não é estudioso
b) Algum pesquisador não é estudioso
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- c) Pelo menos um pesquisador não é estudioso
reta de cima para baixo. d) Existe pesquisador que não é estudioso
e) Nenhum pesquisador é estudioso
a) V, V, F, V
b) F, V, F, V 12. (IBFC – 2018) Considere a seguinte proposição, P: “O
c) V, V, V, F político foi incapaz de resolver os problemas anterio-
d) V, F, F, V res e não conseguiu ser inovador nas soluções para os
116 e) V, V, F, F novos problemas” Verifica-se:
A proposição “O político foi incapaz de resolver os pro- 17. (IBFC – 2014) Considerando o valor lógico da propo-
blemas anteriores” é verdadeira. 2
sição p: 3 + 2 = 7 e o valor lógico de q: de 15 = 10,
A proposição “O político não conseguiu ser inovador é correto afirmar que: 3
nas soluções para os novos problemas” é falsa.
a) o valor lógico de p ou q é falso.
Assinale a alternativa que apresenta a conclusão b) o valor lógico de p e q é verdade.
correta sobre a proposição P a partir das condições c) o valor lógico de p então q é falso.
dadas acima. d) o valor lógico de p bicondicional q é falso.

a) Então a proposição P será falsa 18. (IBFC – 2014) Considerando o valor lógico da proposi-
b) Então a proposição P será verdadeira ção p: o sucessor do número 32 é 31 é proposição q:
c) Então a proposição P será incompleta a soma entre o número 4 e o numero 7 é igual a 11, é
d) Então a proposição P será uma indução correto afirmar:
e) Então a proposição P será uma dedução
a) o valor lógico da proposição p conjunção q é verdade.
b) o valor lógico da proposição p disjunção q é falso.
13. (IBFC – 2018) Duas proposições A e B são utilizadas
c) o valor lógico da proposição p então q é verdade.
para compor uma nova. Na proposição composta temos
d) o valor lógico da proposição p se e somente se q é
a negação de B e empregamos a condição “ou” (disjun-
verdade.
ção inclusiva) para estabelecer a relação entre B e A.
Analise as afirmativas abaixo, dê valores Verdadeiro 19. IBFC – 2013 Valor lógico de uma proposição q é falso.
(V) ou Falso (F). Nessas condições, o valor lógico da proposição com-
posta [(~p ⇔ q) → p] ^ ~q é:
( ) A:V, B:V
( ) A:F, B:V a) Falso
( ) A:F, B:F b) Inconclusivo
c) Falso ou verdadeiro
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- d) Verdadeiro
reta de cima para baixo.
20. (IBFC – 2019) Leia a sentença: “Alguns dançarinos
a) F; F; F são vegetarianos e nenhum ator é vegetariano”.
b) F; F; V De acordo com a sentença, assinale a alternativa correta.
c) F; V; V
d) V; F; V a) Algum dançarino não é ator
e) V; V; F b) Algum dançarino é ator
c) Nenhum dançarino é ator
14. (IBFC – 2015) Dentre as alternativas, a única correta é: d) Algum ator é dançarino

a) O valor lógico da conjunção entre duas proposições é 9 GABARITO


verdade se os valores lógicos das duas proposições
forem falsos. 1 B
b) O valor lógico do bicondicional entre duas proposições
é verdade se os valores lógicos das duas proposições 2 E
forem falsos.
3 B
c) O valor lógico da disjunção entre duas proposições é
verdade se os valores lógicos das duas proposições 4 C
forem falsos.
d) O valor lógico do condicional entre duas proposições 5 B
é falso se os valores lógicos das duas proposições
6 A
forem falsos.
7 A
15. (IBFC – 2014) Se o valor lógico de uma proposição é fal-
so e o valor lógico de outra proposição é verdade, então 8 B
o valor lógico do condicional entre eles, nessa ordem, é: 9 D

a) verdadeiro 10 D
RACIOCÍNIO LÓGICO

b) falso
c) falso ou verdadeiro 11 E
d) impossível de determinar 12 A

16. (IBFC – 2014) Se o valor lógico de uma proposição é 13 D


verdade e o valor lógico de outra proposição é falso,
14 B
então é correto afirmar que o valor lógico:
15 A
a) do bicondicional entre elas é falso.
b) do condicional entre elas é verdade. 16 A
c) da disjunção entre elas é falso.
17 D
d) da conjunção entre elas é verdade. 117
18 C

19 D

20 A

ANOTAÇÕES

118
Inicialmente, Portugal não teve interesse imedia-
to em desbravar suas “novas” terras, uma vez que o
comércio oriental lhe era mais rentoso. Os primei-
ros contatos permitiram a criação de um imaginário

HISTÓRIA DO BRASIL
sobre o ambiente da América Portuguesa, assim como
da população que lá habitava: o lugar era um paraíso
na terra, no qual residiam todo tipo de monstros – de
Durante a elaboração deste material, alguns itens alguma forma, “os indígenas canibais” eram vistos,
do edital foram reorganizados, a fim de facilitar a também, como uma espécie monstruosa.
compreensão dessa disciplina e, em consequência, Nos primeiros trinta anos após a chegada de Por-
atingir um melhor aproveitamento dos seus estudos. tugal à América Portuguesa, a exploração econômica
se deu pela exportação da madeira do pau-brasil, que
era recolhido e movimentado por trabalho indígena.

DESCOBRIMENTO DO BRASIL (1500)


O que foi, afinal, a “descoberta” de um Novo Mundo EXERCÍCIOS COMENTADOS
para a Europa, no século XV? O que tal “descoberta”
implicava, para os “descobridores” e os “descobertos”? 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A principal autoridade
Esse “Novo Mundo” era assim considerado porque em todos os domínios coloniais portugueses era o rei,
antes essas terras não constavam nos mapas do mun- que, na administração desses domínios, contava com
do ocidental, tampouco se conhecia sua fauna, flora e, o auxílio do Conselho Ultramarino e da Mesa de Cons-
sobretudo, sua população, que se mostrava radicalmen- ciência e Ordens. Tendo em vista que, apesar do auxí-
te diferente da humanidade conhecida pelo ocidente. lio dessas instituições, a organização administrativa
Tratava-se, afinal, de homens e mulheres que pratica- do Brasil colonial funcionava de modo precário, julgue
vam a poligamia, não trajavam roupas, viviam em cons- o seguinte item, relativo a causa dessa precariedade:
tantes guerras e, para horror dos europeus, comiam Embora fosse consensual e geograficamente constatável,
carne humana. Muito pouco espaço se deu, na chama- a unidade territorial brasileira aparecia oficialmente visível
da descoberta, para efetivo conhecimento e aproxima- apenas nos títulos do vice rei e do príncipe do Brasil.
ção da população nativa das Américas. Tinha-se muita
curiosidade, exotismo e uma grande imaginação. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Em 1492, Cristóvão Colombo, comandando uma
frota espanhola que procurava um caminho alterna- De fato, a América Portuguesa não apresentava uma
tivo para as Índias, sob ordens dos reis católicos Fer- unidade territorial e política. O contato era maior
nando e Isabel, defrontou-se com o que chamariam entre metrópole/capitania do que entre as próprias
de continente americano e seria um dos primeiros a capitanias, tanto pela questão da grande área geo-
usar o termo canibal para qualificar os nativos. gráfica quanto pela ausência de uma estrutura de
A Europa mantinha contato com os países do Orien- comunicação que viabilizasse o contato entre seus
te desde 1415, e os portugueses já haviam contornado administradores. Resposta: Certo.
uma parte considerável da costa africana no século XV.
Ao final desse mesmo século, a questão era encontrar 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No século XV, navegado-
uma rota para as Índias que tornasse possível continuar res europeus rumaram ao sul do Estreito de Gibraltar
com o comércio de especiarias, metais preciosos, joias e e alcançaram diferentes pontos da costa africana. Em
sedas, uma vez que a rota oriental estava sob o domínio 1492, a expedição de Colombo atravessou o Atlânti-
turco islâmico, ou seja, interditada para os cristãos. co e desembarcou no Caribe. Em 1498, uma esquadra
Os europeus, sobretudo espanhóis e portugueses, portuguesa alcançou Calicute, na Índia, e, em 1500,
esperavam receber algum ressarcimento imediato pelas Cabral chegou ao Brasil. Esses eventos receberam
suas viagens desbravadoras, e de início não perceberam diferentes nomes (descobrimentos, navegações etc.)
grande potencial de exploração econômica para a área e permitiram que os europeus conhecessem povos e
“descoberta”. Continuaram as incursões ao Novo Mun- culturas diferentes, bem como estabelecessem siste-
do até serem descobertas, pelos espanhóis, reservas de mas de trocas com eles.
metais preciosos no território que lhe cabia, deixando A respeito dos descobrimentos e de aspectos relacio-
os portugueses ansiosos por descobrir na sua parte da nados a esses eventos, julgue o item a seguir:
HISTÓRIA DO BRASIL

América também grande quantidade de ouro e prata. A escravização de indígenas na região açucareira do
Sabe-se que desde o século XV os portugueses já Brasil, onde hoje também se situa Alagoas, foi relativa-
haviam se lançado em espaços africanos. Esse movi- mente comum no século XVI.
mento de aproximação se deu com o objetivo de expul-
sar os mouros da Península Ibérica, mas a manutenção ( ) CERTO ( ) ERRADO
do contato com o continente africano permitiu que cons-
truíssem ali feitorias, promovendo, por fim, sua coloni- Embora se tenha construído um mito de que os
zação. Seria apenas em 1500 que, dando sequência ao indígenas não teriam sido escravizados em detri-
seu desbravamento marítimo, Portugal se depararia mento aos escravizados africanos, as duas formas
com o Brasil, embora já em 1494 lusitanos e espanhóis de escravização ocorreram, sendo mais comum,
tivessem assinado o chamado Tratado de Tordesilhas inclusive, a escravização de indígenas no início da
que dividia o Novo Mundo entre os dois Estados. colonização. Resposta: Certo. 119
também, a uma forma de colonização que visava outro
BRASIL COLÔNIA (1530–1815) objetivo: o ganho monetário. O projeto colonial tomava
contornos de empresa colonial, exigindo maior inves-
CAPITANIAS HEREDITÁRIAS timento para a produção de produtos que deveriam ser
exportados para o mercado europeu. A produção era,
O território da América Portuguesa frequentemen- portanto, direcionada para fora da colônia.
te sofria invasões de corsários de variadas nacionali- Formaram-se grandes centros produtivos, os cha-
dades, ficando evidente para a Coroa a necessidade mados latifúndios, que se dedicavam à produção de
de apossar-se efetivamente do território, uma vez que apenas um produto em grande escala. Esse produto
apenas o tratado de Tordesilhas não frearia as incur- seria, de início, a cana de açúcar. A partir de então, o
sões e estabelecimentos não autorizados. Nesse sentido, empreendimento do açúcar se estabeleceria no Nor-
foram criadas frentes colonizadoras independentes, deste da América Portuguesa.
que apresentavam pouca comunicação entre si, rela- Alguns pontos tornaram o empreendimento açuca-
cionando-se imediatamente apenas com a metrópole. reiro mais feliz na região nordeste: a proximidade com
O sistema administrativo pelo qual se optou foram as a metrópole e o clima e a hidrografia eram fundamen-
chamadas capitanias hereditárias, forma de adminis- tais para o transporte do produto internamente. Nesse
tração realizada em outros domínios lusitanos. A Coroa momento, Portugal concentrou sua atenção no Brasil
não tinha os recursos necessários para realizar a explo- e no empreendimento açucareiro, estabelecendo um
ração de tão amplos domínios, por isso, doou lotes de monopólio. Contudo, mesmo que a Coroa tenha tentado
terras a particulares que, com seus recursos econômi- controlar todo o processo de produção e mercantilização
cos e humanos, deveriam primar pelo desenvolvimen- de açúcar, isso não ocorreu, uma vez que os holandeses
to dos espaços. Esses lotes de terra eram hereditários. eram responsáveis pela comercialização, no exterior, do
O território da América Portuguesa foi dividido produto produzido na colônia portuguesa.
em quinze lotes, sendo quatorze capitanias que, por O tabaco também foi um produto importante para o
sua vez, eram administradas por doze donatários. O sistema econômico colonial, visto que era um produto
donatário era o responsável com poder proeminente e, importante a ser trocado por africanos a serem escravi-
além do uso da terra, também administrava o trabalho zados, assim como a cachaça; não havia possibilidade
indígena. As capitanias não se relacionavam entre si e de tal produto disputar com o monopólio do açúcar.
o distanciamento era evidente e preocupante, de modo A partir do século XVI, toda a empresa colonial seria
que em 1572 a Coroa Portuguesa fragmentou a admi- sustentada pelo empreendimento do açúcar: a forma-
nistração em dois governos-gerais: o Governo do Nor- ção de cidades e vilas, a divisão do território e a relação
te, que tinha como capital a cidade de Salvador e era entre os grupos sociais. Até 1763, quando a capital pas-
composto da Capitania da Baía até a capitania do Mara- sou para o Rio de Janeiro, era em Salvador que se desen-
nhão, e o Governo do Sul, sediado no Rio de Janeiro, e volviam as atividades administrativas. Ainda assim, nos
composto pela região de Ilhéus até o Sul. Reuniam-se primeiros anos da colonização, o poder efetivo estava
regiões, ainda, que não pareciam compreender perten- localizado na casa-grande e no engenho. Daí os senhores
cerem ao mesmo espaço administrativo e político. de engenhos terem se tornado o grupo social mais des-
tacado, embora sua posição não adviesse de um arranjo
ECONOMIA hereditário, como era o caso da nobreza europeia.
No contexto colonial, no qual a economia era susten-
Extrativismo Vegetal tada pelo trabalho forçado, ser branco e não desempe-
nhar trabalho braçal já indicava alguma ascensão social,
Para a exploração do pau-brasil, a primeira fase da pelo menos para o “povo”. Havia trabalhos que eram
chegada portuguesa é caracterizada pela instituição desempenhados apenas por cativos, fossem eles indíge-
das feitorias após a chegada da esquadra de Cabral nas ou africanos, por isso, nessa sociedade marcada pelo
em 22 de abril de 1500, até a instituição das capitanias escravismo, a cor se tornou logo um indicador social.
hereditárias. Essas feitorias eram fortificações milita- Ademais, se a díade senhores e escravizados era
res que visavam garantir o domínio sobre uma área e central nessa sociedade constituída sob o empreendi-
explorá-la. Foram construídas em Porto Seguro, Cabo mento açucareiro, havia também, ao redor, os agre-
Frio e Iguaçu, fazendo a extração não apenas de pau- gados do senhor, pessoas que, embora não tivessem
-brasil, mas também do jacarandá, que possuíam valor relevância econômica, eram importantes para o
para a fabricação de embarcação, móveis, além da tin- desempenho político e social dos senhores de enge-
ta do pau-brasil para tecidos. A mão-de-obra emprega- nho. Eram, sobretudo, parentes destituídos de terra,
da foi a indígena, que trocava produtos europeus em comerciantes e homens livres que não possuíam auto-
força de trabalho e permissão no uso da madeira; essa nomia social e que viviam sob a proteção do senhor e
relação ficou conhecida como escambo. lhe davam influência política.
O açúcar não foi, nos primeiros anos de coloniza-
ção, apenas um produto produzido na colônia; ele era Extrativismo Mineral
responsável pelo surgimento de códigos, costumes e
hábitos. Foi apenas no século XVI que se desenvolveu Os bandeirantes encontraram ouro na região de
o hábito, na Europa, do consumo do açúcar feito da Minas Gerais por volta de 1698, o que levou a um gran-
cana, que passou de produto de requinte para um uso de fluxo migratório, em que milhares de portugueses
frequente no cotidiano das pessoas. se deslocaram para as minas, assim como se intensi-
Como já foi exposto, depois dos primeiros trinta anos, ficou o tráfico de escravizados da África (a população
reconheceu-se a necessidade de povoar, ao menos, a faixa da região chegou a 300 mil habitantes, em que 50%
litorânea de terra da nova colônia, para assim evitar as era de escravos). A vinda de forasteiros causou tensão
invasões estrangeiras que começavam a crescer. Contudo, entre os bandeirantes paulistas e os “emboabas” por-
120 já não se pretendia apenas povoar a colônia; passava-se, tugueses sobre o direito de exploração do ouro, assim,
eclodiu entre 1707 e 1709 a Guerra dos Emboabas. Os cativos eram capturados no interior do con-
Derrotados e expulsos, os bandeirantes se deslocaram tinente africano e levados para a costa; lá, eram
para oeste do território, onde encontram ouro em embarcados em navios para o Novo Mundo, onde
Cuiabá (1717) e em Goiás Velho (1721). desempenhariam o trabalho conscrito. Muitos escra-
Após o episódio, a Coroa Portuguesa reforçou o seu vizados morriam na longa viagem pelo atlântico,
domínio com a tributação (a quinta sobre a onça de fosse pelas condições péssimas de higiene, fosse pela
ouro extraída), o impedimento de que vilas se tornas- falta de mantimentos ou doenças. Mas, dentro dos
sem cidades (exigindo mais autonomia), a construção porões dos Navios Negreiros, essas pessoas também
da Estrada Real (primeiro, entre Parati e Ouro Preto, e criavam laços com outros cativos, mesmo que muitas
depois, entre Rio de Janeiro e Diamantina) e a mudan- vezes fossem trazidos de partes diferentes do conti-
ça da sede do governo-geral para o Rio de Janeiro nente, iniciando ali a resistência ao regime.
(1763). O mercado interno tornou-se mais integrado Embora já existissem rotas de comércio de escravi-
para o abastecimento da Capitania das Minas. Com o zados controladas por muçulmanos na África, os por-
declínio do ciclo do ouro por volta de 1770, a popula- tugueses criaram várias feitorias e portos no litoral do
ção se espalhou, principalmente para o sul de Minas continente para suprir a constante demanda de mão
de obra escravizada no Novo Mundo, dominando o
e para a Zona da Mata. Outra consequência foi a cul-
comércio atlântico. Assim, para a América Portugue-
tural, com o florescimento das artes, em especial na
sa, vieram, sobretudo, escravizados da Senegâmbia e
arquitetura, com Aleijadinho.
costa ocidental da África.
Se os jesuítas tentaram proteger, em alguma medi-
Pecuária
da, as populações indígenas do trabalho forçado, o
mesmo não aconteceu com os negros escravizados. A
Com o estabelecimento do governo-geral, foi ado- Igreja fazia coro ao discurso que compreendia a impo-
tada a prática de doar sesmarias (grandes porções sição do trabalho forçado aos africanos como uma
de terra) destinadas à pecuária em áreas do interior. maneira de civilizá-los e impor-lhes disciplina.
Houve pecuária em vários locais onde se estabele- O trabalho compulsório, por si só, já dava ao coti-
ceram colonos. No Nordeste, essa atividade ocupou diano tons de violência. Contudo, a ordem e discipli-
uma vasta área do interior desde a Bahia até Piauí e na eram mantidas pela constante ameaça de castigos,
Goiás. São Paulo, Paraná e Rio Grande do Sul também comunitários ou não, além de várias técnicas violentas,
eram núcleos importantes. Com o declínio do Ciclo do como a manutenção dos cativos acorrentados. Isso não
Ouro em Minas Gerais, a pecuária acabou sendo uma significa, contudo, que os escravizados não criaram
importante atividade no atual sul do estado. formas de resistência, seja ela solitária ou em grupo.
É necessário compreender a resistência tanto nos
ESCRAVIDÃO atos individuais de insubordinação diários, quanto
nas revoltas e quilombos. É preciso atentar-se, tam-
A escravidão era conhecida pelos europeus pelo bém, para a complexidade das relações entre escravi-
menos desde a Grécia e Roma antigas, contudo, a for- zados e senhores: os espaços urbano e rural traziam
ma assumida na América Portuguesa, sobretudo no diferenças significativas, sendo que o escravo urbano
empreendimento açucareiro, trouxe características possuía algum nível de mobilidade maior, pois, por
específicas. Em primeiro lugar, desde o início do tráfi- vezes, desempenhava trabalhos que exigiam que se
co atlântico, no século XVI, até seu término, no século afastasse dos senhores, enquanto nas zonas rurais o
XIX, a taxa de nascimento entre os cativos foi negativa, trabalho tendia a ser mais pesado e policiado. O sis-
em razão, sobretudo, das mortes precoces e da violência tema escravista se sustentava pela violência em um
do sistema. A escravização atlântica demonstrava novos misto de paternalismo e hierarquia.
padrões e nova intensidade: os escravizados eram des- A resistência coletiva dos escravos originou os
tituídos de suas famílias, sociedades, comunidades, e chamados quilombos (em Angola, um tipo de acam-
desenraizados de tudo o que conheciam. pamento militarizado) ou mocambos (que significava
esconderijo). Na América Portuguesa, os quilombos
A grande diferença trazida pela escravidão atlântica
foram agrupamentos de escravizados fugidos, que
moderna consistiu em fazer do trabalho compulsório a
tentavam escapar do violento sistema. Esses escra-
base de todo o sistema econômico da colônia: era a par-
vizados se mantinham à margem da sociedade, em
tir do trabalho escravizado que, primeiro nos engenhos,
lugares de acesso difícil, sem, contudo, perderem as
depois na mineração e em todas as atividades econômi-
relações de proximidade com vilarejos e comunida-
cas importantes, construía-se a economia da colônia.
des das proximidades.
A escravidão também era uma instituição pre- Palmares, surgida em 1597, foi a maior comunida-
sente na África; contudo, trazia características mui- de de escravos fugidos que se tem conhecimento na
to diversas daquelas apresentadas pela escravidão história da América Portuguesa, e ficava na Zona da
HISTÓRIA DO BRASIL

atlântica. Nesse continente, o sistema de escravidão Mata, onde hoje está o estado de Alagoas. O ambien-
constituía-se em relação ao pertencimento e parentes- te favoreceu o abrigo da população do quilombo e as
co: de modo muito genérico, ser escravo não significa- palmeiras possibilitaram-lhes sustento e possibilida-
va pertencer, estar à margem, mas era uma condição de de confeccionarem-se armadilhas, roupas e cober-
que poderia mudar, pois um escravizado poderia ser tas. A partir de algum momento, Palmares passou
absolvido pela sociedade. a nomear uma confederação de comunidades com
Com a indústria do açúcar, o trabalho escravo diversos tamanhos, que se vinculavam por acordos.
passou a ser essencial, sustentando toda a economia; Era também por acordo que escolhiam seus líderes,
acreditava-se que não era possível mantê-la tão lucra- além de contar com administração pública, leis e for-
tiva sem o trabalho compulsório. O tráfico atlântico ma de governo própria, disposição militar e concep-
inaugurou também um nível de violência nas relações ções religiosas e culturais típicas que colaboravam
escravistas sem precedentes. para a coesão do grupo. 121
Obviamente, as autoridades metropolitanas per- A presença da corte no Brasil, ademais, causava
cebiam um grande risco em Palmares: além da rela- incômodo em algumas parcelas da população, sendo
ção ativa com vilas que mediavam a região, poderia o exemplo mais evidente a Revolução Pernambucana,
incentivar o imaginário dos escravizados, acenando que estourou na província de Pernambuco, em 1817.
para a fuga e resistência. Em 1612, deu-se a primeira Antes da chegada da corte em 1808, essa província
ação contra Palmares, e a última, em 1694. Durante ligava seu comércio diretamente a Portugal, posto que
1644 e 1645, período da ocupação holandesa, Palma- as dificuldades logísticas, como rotas terrestres ou flu-
res foi crescendo, aproveitando o contexto social e viais, impediam o estabelecimento de relações com
político tumultuado para se favorecer. o Rio de Janeiro. Somava-se ao fim desses benefícios
As autoridades coloniais direcionavam frequente-
concedidos ao comércio pernambucano um período
mente à confederação missões de reconhecimento e
de graves secas e crises de abastecimento.
expedições para ataque, além das tentativas incessan-
O movimento revolucionário pautava a necessidade
tes de desfazer ligações comerciais dos quilombolas
com as comunidades próximas. Embora as ações das de se combater a crise e recuperar os benefícios comer-
autoridades portuguesas sempre acabassem fracas- ciais, assim como a possibilidade de se romper com
sadas, puderam ser finalmente favorecidas com as a monarquia. Em partes, e por um curto período, os
divisões internas que surgiam dentro de Palmares, revoltosos (homens livres, escravizados, ricos e pobres)
ocasionando sua derrocada. Nesse contexto, em 1678, saíram vitoriosos, uma vez que conseguiram destituir
Ganga Zumba e Zumbi se indispuseram, criando uma o governo de Pernambuco e instalar brevemente uma
fissura em Palmares e dando início a anos violentos. república; contudo, foram violentamente reprimidos,
Ganga Zumba foi morto por considerar fazer um acor- com prisões e condenações em praça pública.
do com as autoridades coloniais e, por mais quinze Na Europa, cessada a agitação política entre portu-
anos, Zumbi conseguiu manter a liberdade e autono- gueses e franceses, a soberania lusa conseguiu, enfim,
mia dos quilombolas. Contudo, o estado de sítio fei- gozar de certa estabilidade, e um forte movimento de
to pelas tropas coloniais, em 1694, ao Cerco Real do pressões pôde ecoar a fim de que D. João retornasse
Macaco, levou à derrota da comunidade e ao assas- a Portugal. A relutância do rei em retornar causava
sinato de Zumbi. Embora tenha tido um final trágico, indignação na população lusa, em um momento em
Palmares permaneceu no imaginário da população que a metrópole passava por uma grave crise de pro-
cativa, representando um ideal de resistência. dução agrícola e desvalorização do papel moeda. Essa
agitação culminou na chamada Revolução Liberal do
EXPANSÃO TERRITORIAL Porto, também conhecida como Regeneração de 1820.
O prolongamento da ausência régia na metrópole
A configuração dos limites territoriais alterou-
evidenciou que o “exercício da exclusiva vontade do rei”
-se bastante após o Tratado de Tordesilhas de 1494.
não era mais cabível. Assim, profissionais liberais, advo-
Durante a União Ibérica, quando as possessões da
gados, médicos e comerciantes reuniram-se na cida-
Espanha e Portugal foram fundidas, o respeito aos
limites do território deixou de ser levado a sério. de do Porto a fim de redigirem uma Constituição que,
Porém, a atividade bandeirante e a atividade pecuá- embora conservadora, propunha a limitação do poder
ria aumentavam o espaço ocupado por colonos ligados a do monarca e sua submissão à carta constitucional.
Portugal. O Tratado de Utrecht, de 1713, teve como obje- A Regeneração também inovava ao propor a trans-
tivo resolver esses problemas. Ele definiu que a Colônia ferência da soberania, antes circunscrita ao rei, às
de Sacramento, atual Uruguai, era posse portuguesa. chamadas Cortes. As pressões exercidas pelas Cortes
O Tratado de Madri, de 1750, devolveu a Colônia constituídas fizeram com que D. João retornasse com
de Sacramento aos espanhóis, enquanto estabelecia a sua família a Portugal em abril de 1821, mas deixando
região dos Sete Povos das Missões (atual Rio Grande no Brasil seu filho, D. Pedro de Alcântara.
do Sul), do atual Centro-Oeste e boa parte da Amazô-
nia como posses portuguesas. Essa decisão seria tam- DIA DO FICO
bém confirmada pelo Tratado de Santo Ildefonso, de
1750, e pelo Tratado de Badajós, de 1801. A promulgação da Constituição proposta pela
assembleia constituinte de 1820 teria validade para
todos os portugueses, o que incluía os habitantes das
colônias portuguesas, inclusive na América. Algumas
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL (1822) medidas, no entanto, causaram profundo desconforto
nos grandes comerciantes do Brasil que, por sua vez,
A NOMEAÇÃO DO PRÍNCIPE REGENTE D. PEDRO I já estavam acomodados sob os privilégios concedidos
pela presença da corte na colônia.
Quando a corte portuguesa embarca, fugindo O que sucede é que a presença da corte no Brasil
estrategicamente de Lisboa em novembro de 1807, (1808-1820) foi moldando as consciências dos colonos a
o faz porque tinha consciência dos acontecimen- respeito da possibilidade de se constituir um governo real
tos recentes na Europa, em um momento em que o que permanecesse no Brasil. Assim, a ideia de indepen-
expansionismo de Napoleão Bonaparte parecia impa- dência começou a ganhar força, por volta de 1821, como
rável. Uma experiência ainda mais próxima acendeu uma reação à Regeneração de 1820, uma vez que esta era
o sinal vermelho e mostrou que os prognósticos eram entendida como uma revolução contrária ao Brasil.
corretos: o rei espanhol, Fernando VII, foi deposto do Latente o conflito de interesses, os colonos que
trono por Napoleão, em maio de 1808. A fuga da corte ganharam com a presença da corte reivindicavam um
portuguesa foi um sucesso em curto prazo; contudo, governo no Brasil que, por sua vez, evoluiu a percep-
a longo prazo, ocasionou uma quebra de legitimida- ção da necessidade de um Estado Nacional brasileiro, a
de do Império português em um momento em que os grande novidade revolucionária. É nessa configuração
122 ares eram revolucionários. que entra a figura do príncipe regente, futuro D. Pedro I.
Outra determinação polêmica das Cortes era que as A independência brasileira foi reconhecida, pri-
províncias do Brasil se transformassem em províncias meiramente, em 1824 pelos Estados Unidos e, poste-
portuguesas, o que gerou, segundo comenta D. Pedro em riormente, por meio do Tratado de Paz e Aliança, pelo
carta a seu pai, “um choque mui grande nos brasileiros”. Estado português.
O que o príncipe regente precisava fazer era se
equilibrar em um cenário instável, no qual havia a
necessidade de se cumprir os decretos das Cortes ao
mesmo tempo em que tinha que corresponder os inte-
PRIMEIRO REINADO (1822-1831)
resses do povo do território em que ele se encontrava.
Assim, as Cortes foram convocadas com a finalidade
Entre 1822 e 1831, tem-se a primeira fase adminis-
de reorganizar o Império Português dentro da dinâ-
trativa do Império, conhecida como Primeiro Reina-
mica colonial e os colonos se agrupavam cada vez
do. A Assembleia Constituinte eleita em 1823 desejava
mais em torno da ideia de separação.
a limitação dos poderes de D. Pedro I. Durante a Noite
Já em 1822, o príncipe regente também recebia
da Agonia, o imperador cassou os deputados oposito-
pressões a fim de que retornasse a Portugal, o que
res, impugnou as proposições constitucionais e outor-
gerou um episódio bastante curioso no dia 9 de janei-
gou a Primeira Constituição Brasileira, em 1824. Ela
ro de 1822: o “Dia do Fico”. Nesse dia, D. Pedro recebeu
estabelecia, entre outras coisas:
um requerimento que continha 8 mil assinaturas soli-
citando-o que ficasse no Brasil. Não sabemos ao certo
z Existência do poder moderador, que poderia sus-
quais foram as verdadeiras palavras proferidas pelo
pender o poder legislativo, executivo e judiciário;
jovem príncipe regente, contudo, consagrou-se na
z Poder hereditário;
memória social a perspectiva de que ele ficaria a fim
z Voto censitário, calculado pela renda.
de preservar os interesses da população brasileira.
Um governo foi organizado por D. Pedro logo após
Em reação ao autoritarismo, eclodiu, em Pernambu-
esse evento, tendo figuras proeminentes como José
co, a Confederação do Equador, exigindo uma república
Bonifácio de Andrada e Silva, um moderado que fazia
liberal, a abolição da escravidão e a ampliação de direi-
campanhas por maior autonomia da colônia, mas não
tos sociais. Esse movimento teve como principal líder
reivindicava uma separação radical. Foram convoca-
Frei Caneca, mas acabou sendo reprimida com sucesso.
dos representantes de todas as províncias e, mais tar-
Entre 1825 e 1828, ocorreu a Guerra da Cisplatina
de, uma assembleia legislativa e constituinte.
entre o Império do Brasil e as Províncias Unidas do Rio
da Prata. Após um desgastante e custoso conflito (o Ban-
RECONHECIMENTO INTERNACIONAL DA co do Brasil chegou a falir), a independência do Uruguai
INDEPENDÊNCIA DO BRASIL foi reconhecida. A instabilidade política também podia
ser verificada em episódios como a Noite das Garrafa-
Já a politização da sociedade colonial com a che- das, demonstrando a grande divergência entre brasilei-
gada da corte em 1808 se deu em conteúdos bastante ros e portugueses, juntava-se a isso a crise econômica e
inovadores. Aspectos da recente Revolução Francesa a disputa pela sucessão do trono em Portugal, levando
(1779) estavam em alta, sobretudo na crítica ao mode- D. Pedro I à abdicação do trono em 7 de abril de 1831.
lo estamental de sociedade, abrangendo novas for-
mas de se organizar a sociedade, também na crítica
aos privilégios da nobreza e dos corpos sociais mais
altos. Depois da revolução de independência do Haiti EXERCÍCIOS COMENTADOS
(1804), esses conteúdos se tornaram inescapáveis. Era
preciso apropriar-se de alguns elementos e fazer uma 1. (FCC – 2018) Leia os artigos 98 e 99 da Constituição
revolução menos radical que a francesa e bem menos do Império do Brasil, outorgada em 1824:
radical que a de São Domingos, segundo a perspectiva Art. 98. O Poder Moderador é a chave de toda a orga-
das elites coloniais brasileiras. nização Política, e é delegado privativamente ao Impe-
A escravidão foi um elemento importante neste caso: rador, como Chefe Supremo da Nação, e seu Primeiro
a dimensão do escravismo na América Portuguesa era Representante, para que incessantemente vele sobre a
tão grande que foi capaz de influenciar todos os outros manutenção da Independência, equilíbrio, e harmonia
aspectos da vida social, como valores, formas de pensar, dos mais Poderes Políticos.
de comportamento, práticas políticas. A independência, Art. 99. A Pessoa do Imperador é inviolável, e Sagrada:
nesse sentido, mudou a forma de compreender essa Ele não está sujeito a responsabilidade alguma.
sociedade: não era mais uma sociedade estamental legi-
timada por Deus, embora o rico ainda fosse rico, mas (Grafia original extraída de: http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/
havia agora um parlamento, e a escravidão tornou-se constituicao/constituicao24.htm)
HISTÓRIA DO BRASIL

uma escravidão nacional, e não mais portuguesa.


A chegada da corte também dinamiza fluxos Conforme os artigos acima, o Poder Moderador era:
econômicos internos, dado a necessidade de abaste-
cimento. Em verdade, essa dinâmica e a diversifica- a) equivalente aos outros Poderes políticos, embora fos-
ção da produção é anterior à chegada da corte, mas se delegado ao Imperador, que estava sujeito ao con-
se intensifica a partir de 1808. O Rio de Janeiro é um trole da Assembleia.
epicentro que conecta São Paulo, Minas Gerais, Rio b) uma forma de tutela política sobre os outros poderes,
Grande de São Pedro (atualmente Rio Grande do Sul), exclusiva ao Imperador, que não poderia ser submeti-
tanto é, que foram as primeiras regiões a encampa- do a nenhum controle constitucional ou jurídico.
rem o projeto de independência centrada na Figura c) superior aos Poderes Políticos, mas exclusivo ao
de Pedro I, justamente por esses auspícios econômi- Poder Executivo, devendo ser utilizado para resolver
cos, mas também políticos. conflitos no seio do Império. 123
d) um modelo de organização política que viabilizava a Inde- z Revolução Farroupilha (1835-45, Rio Grande do
pendência, considerada sagrada pela Constituição, e que Sul): Lutavam pela independência do estado e por
tinha como função prática substituir o Poder Judiciário. melhores condições para os criadores de gado;
e) presidido pelo Imperador, que estava acima da cons- z Sabinada (1837-38, na Bahia): Lutava pela inde-
tituição, e exercido de forma colegiada com os outros pendência da Bahia e pelo fim da escravidão;
Poderes Políticos, visando a harmonia da organização z Balaiada (1838-41, Maranhão): Lutava contra a
política nacional. desigualdade social e contra as injustiças cometi-
O poder moderador era de uso exclusivo e arbitrá- das pelas elites.
rio do Imperador, embora tenha sido criado apenas
para mediar conflitos e fiscalizar os demais poderes. Na preocupação de garantir a unidade do territó-
Resposta: Letra D. rio, liberais e conservadores (antigos restauradores)
fizeram uma manobra constitucional e aclamaram D.
2. (CESPE-CEBRASPE - 2018) As disputas entre D. Pedro Pedro II por meio do golpe da maioridade (1840).
I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro Rei-
nado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca
do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue
(C ou E) o item subsequente.
A Constituição de 1824 foi elaborada com base no
EXERCÍCIOS COMENTADOS
projeto votado pela Assembleia Constituinte e Legis-
lativa, fechada por D. Pedro I no ano anterior. Seu texto 1. (FCC – 2020) Considere o trecho a seguir:
foi enviado para as câmaras municipais das principais “[...] décadas após a independência, as comunicações
cidades do Império, as quais juraram cumpri-la sem entre a sede do Império do Brasil e províncias como o Pará
contestações. e o Maranhão eram rarefeitas e difíceis. Também após a
independência, no Parlamento, há queixas constantes em
( ) CERTO ( ) ERRADO relação ao tempo para obter respostas de autoridades do
extremo norte, que poderiam levar quase um ano.”
Muitas províncias se rebelaram em função do cará-
ter autoritário e centralizador proposta pela Cons- (MACHADO, André Roberto de A. Para além das fronteiras do
tituição, dando início a um processo de críticas e Grão-Pará: o peso das relações entre as províncias no xadrez da
disputas que levaram à abdicação do Imperador em independência (1822-1825). Outros Tempos, v. 12, n. 20, 2015. p. 6.
1931. Resposta: Errado.
Um dado importante na história da Região Norte, res-
saltado no trecho acima, é:

PERÍODO REGENCIAL (1831-1840) E a) o isolamento político da região em relação ao governo


SEGUNDO REINADO (1840-1889) imperial, o que contribuía para diversas tensões, como
se deu no processo de independência.
Período Regencial b) a marginalização econômica, uma vez que a difícil
interação com o Nordeste, e a então capital brasileira,
Segundo a Constituição de 1824, a abdicação de Salvador, dificultava as exportações e transações eco-
D. Pedro I levaria ao trono seu filho D. Pedro II. No nômicas da região.
entanto, ele tinha apenas cinco anos de idade naquela c) a ausência de meios de transporte e comunicação
ocasião. Então, o Parlamento buscou uma alternativa: ágeis que a interligassem às demais regiões do país,
a regência. O período regencial durou de 1831 até fator que dificultou a compreensão do que consistia a
1840 e foi marcado por grandes conflitos regionais. Os independência do Brasil, quando esta ocorreu.
grupos políticos se dividiam entre: d) a disputa entre Maranhão e Pará pelo poder político na
região, uma vez que não havia a presença ou a gover-
z Restauradores: Defendiam o retorno de D. Pedro I nança do poder imperial.
e, posteriormente, a coroação de D. Pedro II; e) a deliberada postura do governo imperial em negligen-
z Liberais moderados: Exigiam poderes monárqui- ciar a Região Norte uma vez que os governadores das
cos com restrições; províncias defendiam projetos republicanos.
z Liberais exaltados: Favoráveis ao federalismo,
com maior autonomia das províncias. A extrema centralização proposta pelo pacto consti-
tucional vigorou durante todo o período do Império,
Durante o período foram criados: o Código de Pro- somando-se a isso a precária representação dessas
cesso Criminal, a Guarda Nacional, o Ato Adicional províncias no centro de decisões. Resposta: Letra A.
(dando poder às assembleias regionais) e a Lei Feijó
(que abolia o tráfico no papel, fazendo, entretanto, 2. (CESPE-CEBRASPE – 2008) Durante a Regência (1831-
“vista grossa” para que ele ainda existisse na prática). 1840), o Brasil passou por reformas institucionais que
A instabilidade política acentuou-se com a eclosão consolidaram o Estado Nacional, cuja política exterior
de diversos movimentos separatistas nas províncias tomou rumos distintos das orientações da época da Inde-
do país. Dentre eles, destacam-se: pendência. Acerca da Regência e da nova política exterior
no início do Segundo Reinado, julgue o item seguinte.
z Cabanada (1832-34, Pernambuco): Lutava pela O pensamento político e os dirigentes dividiam-se
restauração da monarquia sob D. Pedro I e pelo entre liberais e conservadores, sendo os primeiros
fim da escravidão; defensores da centralização do poder e os segundos,
z Cabanagem (1835-40, Grão-Pará): Lutava por do federalismo.
melhores condições de vida para a população da
124 região e vitimou cerca de 30 mil pessoas; ( ) CERTO ( ) ERRADO
Embora possuíssem muitas similitudes, conser- O rompimento definitivo viria com o fim da escra-
vadores e liberais possuíam algumas diferenças vidão. A partir da Lei do Ventre Livre, em 1871, e da
importantes. O Partido Liberal seria composto, Lei dos Sexagenários, em 1883, a abolição parecia
majoritariamente, por profissionais liberais urba- inevitável. No entanto, os escravocratas radicalizaram
nos, com fortes vínculos com o mercado interno e sua oposição aos abolicionistas a partir de 1885, proi-
a agricultura, enquanto o Partido Conservador pos- bindo seus eventos e organizando ataques.
suía membros vinculados do grande comércio, da Diante da iminência de uma guerra civil, o Império
grande lavoura e da burocracia. Mesmo que essas decidiu mediar o fim da escravidão com a Lei Áurea,
diferenças estejam postas, é possível afirmar que as em 13 de maio de 1888, perdendo o apoio dos cafei-
proximidades eram suficientemente maiores e que cultores do Vale do Paraíba, que ficaram conhecidos
ambos os partidos possuíam uma plataforma mui- como republicanos de última hora. Por fim, um golpe
militar com o apoio de setores civis realizou a Procla-
to parecida, sendo as diferenças marcadas mais no
mação da República, em 1889.
plano retórico. Resposta: Errado.

Segundo Reinado
EXERCÍCIO COMENTADO
Com o golpe da maioridade, teve início o período
conhecido como Segundo Reinado, que se estendeu até 1. (VUNESP – 2018) Acerca da economia brasileira no
1889. Por meio de uma manobra conhecida como “par- século XIX, é correto afirmar que:
lamentarismo às avessas”, D. Pedro II exercia poder
sobre a Chefia de Gabinete e sobre o Parlamento. Embo- a) com a Abertura dos Portos, em 1808, houve um rápido
ra o legislativo fosse dividido entre Partido Conservador e progressivo desenvolvimento da produção industrial
(saquaremas) e Partido Liberal (luzias), ambos tinham brasileira.
posições semelhantes, como a manutenção da escravi- b) as mais importantes atividades econômicas foram a
dão e a centralização de poder pelo imperador. produção de tabaco em São Paulo e a de algodão em
O Segundo Reinado foi marcado também por uma Minas Gerais.
fase de desenvolvimento econômico. O sucesso do ciclo c) a abolição da escravatura na primeira metade do sécu-
do café (1830-1950) foi possível pelo fortalecimento da lo XIX gerou uma grande crise na agricultura de expor-
Inglaterra e dos Estados Unidos como mercados consu- tação do país.
midores, além de algumas condições internas: d) durante todo o século, a mais importante atividade
econômica foi a exportação de borracha para os Esta-
z A abertura de caminhos que ligavam o litoral ao dos Unidos.
interior passando pelo Vale do Paraíba; e) o Brasil continuava a ser essencialmente agrícola,
z A disponibilidade de terras herdadas da política de com um destaque especial para a produção cafeeira.
vigilância na época do ouro;
Durante todo século XIX e meados do século XX a
z O sistema de transporte que foi modernizado com
economia brasileira foi eminentemente agrícola,
a instalação das ferrovias a partir de 1860.
com destaque na produção do café, açúcar e algo-
dão, embora houvesse já o desenvolvimento de algu-
O Império começou a sofrer com legislação interna- mas manufaturas inexpressivas. Resposta: Letra E.
cional inglesa para a proibição do tráfico, o que o levou
a aprovar duas medidas: a Lei Eusébio de Queirós,
que extinguia o tráfico atlântico de escravos, e a Lei de
Terras, colocando que a terra só poderia ser adquirida
por meio de compra, excluindo futuros escravizados PRIMEIRA REPÚBLICA (1889-1930)
libertos e os imigrantes europeus que começaram a vir.
Em 1864, teve início a Guerra do Paraguai, inicia- O PRIMEIRO GOVERNO PROVISÓRIO
da a partir da intervenção brasileira sobre os gover-
nos do Uruguai e da Argentina, desagradando os Em 1889, a campanha republicana ganhou força
interesses paraguaios na Bacia Platina; em resposta, no Brasil; nesse contexto, foi criada a “Guarda Negra”,
os paraguaios invadiram o atual Mato Grosso do Sul. espécie de força paralela ao Exército composta por
A guerra opôs os paraguaios, liderados pelo ditador negros libertos, que procurava proteger a monarquia.
Solano Lopez, e a Tríplice Aliança, formada por Brasil, A situação dos libertos ainda era delicada e, na época,
Argentina e Uruguai. No entanto, o Brasil acabou indo acreditava-se que apenas a monarquia tornaria pos-
bem mais além que os outros dois, arrastando a guerra sível a abolição, advindo daí a lealdade da guarda à
até o assassinato de Lopez em 1870. Mesmo vitorioso, o
família imperial, pois receavam que sua condição de
Brasil passou a enfrentar um processo de crise.
libertos pudesse ser revertida.
Em 15 de junho de 1889, na saída do Teatro
HISTÓRIA DO BRASIL

Crise e queda do Império


Sant’Ana, o imperador Dom Pedro II sofreu um aten-
tado que, embora não tenha causado nenhuma gra-
O conflito levou ao surgimento da Questão Militar,
vidade, tornou-se um evento notório quando lhe
envolvendo os direitos sociais e políticos dos militares.
Com o surgimento do Partido Republicano em 1873, foram atribuídos significados maiores: apontava a
uma ala mais radical do Partido Liberal passou a con- fragilidade do regime e a demonstração manifesta de
testar a centralização monárquica. O movimento aboli- descontentamentos. As autoridades tentavam censu-
cionista ganhava cada vez maior repercussão em busca rar as manifestações de insatisfação e clamados pela
da aprovação de leis que dessem fim à escravidão. República, mas era inútil dissimular normalidade. A
Ademais, houve uma quebra no elo com os conser- monarquia não se sustentava mais. O Exército, por
vadores, quando o Império passou a recusar as inter- sua vez, se manifestava exigindo maior representação
venções do Vaticano sobre a Igreja no Brasil, episódio política, como vimos, e era dele que viriam os princi-
conhecido como Questão Religiosa. pais defensores da República. 125
Marechal Deodoro obrigou o visconde de Ouro Ainda assim, a Marinha não recuou e, em setem-
Preto a se demitir – aquele que havia formado um bro de 1893, um grupo de oficiais exigiu a convocação
gabinete disposto a fazer reformas e demonstrar que de novas eleições presidenciais, visto que se sentiam
a monarquia podia se renovar. Entre a demissão de particularmente negligenciados pelo poder republica-
Ouro Preto e a proclamação da República, houve um no. Esse grupo estava crente de que era preciso rebe-
espaço de tempo; o anúncio foi feito na Câmara Muni- lar a Armada contra Floriano para que assim pudesse
cipal do Rio de Janeiro, por José do Patrocínio e, no recuperar seu antigo prestígio.
dia seguinte, já se falava nos jornais do Governo Pro- Floriano Peixoto, por sua vez, reprimiu a armada e
visório. No dia 16 de novembro, o Governo Provisório decretou estado de sítio, recebendo a alcunha de Mare-
anunciou o banimento da família real, dando um pra- chal de Ferro. Em 1894, finalmente, novas eleições foram
zo de 24 horas para que ela deixasse o Brasil. convocadas, transferindo o governo a civis e inauguran-
Se a monarquia teve seus dias expirados, o projeto do um novo modo de se fazer política, em um período
republicano não se tornou por isso mais consolida- que ficou conhecido como República Oligárquica.
do. Era notável que mudanças aconteciam no âmbito
político e social: o romantismo deu lugar ao mate-
rialismo e ao positivismo; passava-se a almejar o
progresso e a modernidade, que eram associados à EXERCÍCIOS COMENTADOS
república. Porém, apesar das ideias progressistas e
modernas, ainda havia dúvidas sobre o projeto repu- 1. (FCC – 2018) A constituição de 1891 excluiu as seguin-
blicano e seu futuro. tes categorias do corpo eleitoral: mendigos, analfabetos,

ASSEMBLEIA CONSTITUINTE a) militares de baixa patente e membros do clero regular.


b) mulheres e soldados do exército republicano.
A Constituição de 1891, promulgada após a Assem- c) cidadãos que não comprovassem renda de 100 mil
bleia Constituinte, estabeleceu as bases do novo regi- réis anuais, e escravos.
me: presidencialista e federalista. Para além disso, a d) religiosos vinculados às diferentes crenças, e
Igreja separou-se do Estado e instituiu-se o regime civil estrangeiros.
para casamentos, nascimentos e mortes. O federalismo e) imigrantes não naturalizados, e libertos.
organizava o novo regime em bases descentralizadas,
de modo que as antigas províncias, agora estados, obti- Militares de baixa patente, como muitos outros per-
vessem maior autonomia, derrubando a concepção de sonagens, foram excluídos do processo democrático.
centralismo que vigorava na monarquia. Os militares, porque os legisladores esperavam impar-
Como se sabe, houve um consenso a respeito da cialidade para que pudessem cumprir suas determina-
importância do exército para a efetivação do golpe ções profissionais, e os clérigos, porque estavam em
de 1889 e para a implantação da República, o que lhe número superior, tanto formal quanto informalmente,
conferiu enorme prestígio; mas também incentivou a o que os fazia potenciais “influenciadores” e “promo-
ambição política desse grupo, o que não foi visto com tores de distúrbios”. Resposta: Letra A.
bons olhos. Havia desunião e desacordo entre as elites
civis a respeito do papel que deveria ser desempenhan- A POLÍTICA DOS GOVERNADORES
do pelo Exército na nova sociedade e no novo regime.
A partir de 1898, foi criada a Política dos Gover-
PRESIDÊNCIA DE DEODORO DA FONSECA E nadores ou Política dos Estados, que reconhecia a
REVOLTA DA ARMADA autonomia das elites regionais, o que significava, por
vezes, ignorar os excessos dessa elite. O controle do
governo federal, a partir desse período, se revezava
Até 1894, o país experimentou a tutela militar. Os dois entre Minas Gerais e São Paulo, posto serem essas as
primeiros governos foram encabeçados pelo marechal unidades da federação reconhecidas como as mais
Deodoro da Fonseca, líder do golpe de Estado de 15 de importantes, já que seus eleitorados eram grandes e
novembro, e foram sucedidos por Floriano Peixoto. implicavam em significativa presença parlamentar.
Durante o governo de Deodoro, em 1891, eclodiu a A estabilidade política da República era garantia por
primeira Revolta Armada, que também ficou conhe- meio de três procedimentos: a conservação, pelos gover-
cida como Revolta da Esquadra, liderada por mem- nadores, dos conflitos à esfera regional; o reconheci-
bros da Marinha Brasileira. Seu estopim se deu por mento, pelo governo federal, da autonomia dos estados
conta do autoritarismo de Deodoro, que havia, inclu- frente à política interna, e, por fim, a manutenção de um
sive, fechado o Congresso (em clara violação da Cons- processo eleitoral em que as fraudes eram frequentes.
tituição), demonstrando sua inabilidade em lidar com
a oposição. Com a Primeira República, veio também
uma crise econômica e de descontentamento. Por fim,
em 23 de novembro de 1891, Deodoro renunciou, ten- EXERCÍCIO COMENTADO
do em vista a possível guerra civil caso insistisse em
manter-se no poder. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2017) A respeito da formação
do Brasil contemporâneo, da República Velha e da Era
Floriano Peixoto, seu vice, assumiu a presidência
Vargas, julgue o item seguinte.
e se manteve no cargo, embora devesse ter convocado
A Política dos Governadores, acordo que consistia no
novas eleições. Foi no governo de Floriano que surgiu
apoio do governo federal a grupos poderosos locais
o que ficou conhecido como “florianismo”, movimen- em troca do apoio desses grupos às proposições do
to que aconteceu entre 1893 e 1897, no Rio de Janeiro, governo no Poder Legislativo Federal, garantiu a gover-
com expressiva participação popular. O líder conse- nabilidade do Brasil durante a Primeira República, ten-
guira, de fato, entusiasmar setores expressivos das do se estendido aos níveis estadual e municipal.
camadas médias urbanas e da população em geral,
126 mas o autoritarismo permaneceu. ( ) CERTO ( ) ERRADO
A Política dos Governadores foi um dos principais revolta dos oficiais do exército. No campo econômico,
pilares de sustentação da Primeira República. Res- a política de valorização do café acarretou a inflação
posta: Certo. de outros produtos de primeira necessidade, o que
irritava as classes médias e operárias.
O CORONELISMO O Clube Militar, liderado por Hermes da Fonseca,
Alguns dos processos de fraudes presentes no regi- chegou a questionar, formalmente, a eleição de Artur
me podem ser exemplificados pela chamada “degola”, Bernardes, propondo a recontagem de votos, mas a
que consistia no não reconhecimento do eleito pela medida foi rejeitada. Epitácio Pessoa mandou fechar
Comissão de Verificação da Câmara dos Deputados, e o Clube Militar e ordenou a prisão de Hermes da Fon-
pelo “voto de cabresto”, prática muito comum que seca. Assim, Artur Bernardes (1922-1926) começou e
dizia respeito à lealdade dos votantes ao chefe local. terminou seu governo sob estado de sítio. Durante seu
Havia, ainda, o chamado “curral eleitoral”, que aludia mandato, destacou-se o Movimento Tenentista, com
ao barracão no qual os votantes eram mantidos e vigia- os “18 do Forte de Copacabana”, em julho de 1922 e,
dos, liberados do local apenas na hora de depositar o posteriormente, entre 1924 e 1926.
voto, que já estava marcado em um envelope fechado. A Coluna Prestes, sob a liderança de Miguel Costa,
O voto era uma espécie de moeda de troca, já que Luís Carlos Prestes e Juarez Távora, não tinha um projeto
as relações de poder se desenvolviam a partir do muni- político sólido. Defendiam uma espécie de “salvacionis-
cípio, o que deu origem ao que os historiadores cha- mo militar”, guiados pelo sentimento patriótico, objeti-
mam de coronelismo. Esse fenômeno dava vistas a um
vando libertar as massas da dominação dos coronéis.
complexo sistema de negociação entre chefes locais e
governadores de estados, e destes com o presidente.
O coronel foi um elemento fundamental na estrutu-
ra oligárquica, que se baseou nos poderes personaliza-
dos, concentrados nas grandes fazendas e latifúndios. REVOLUÇÃO DE 1930
Ele apoiava o governo estadual com seus votos e, em
troca, o governo garantia o poder do coronel sobre seus CRISES POLÍTICAS E REVOLUÇÃO DE 1930
dependentes e oponentes, por meio da cessão de cargos
públicos. A República se suportava, dessa forma, por
Embora tenha encontrado alguns pontos de esta-
via de favoritismo, negociações e repressão.
bilidade, a Primeira República passou por diversos
momentos críticos. Em 1904, eclodiu, no Rio de Janeiro,
a Revolta da Vacina. No contexto da Reforma Urbana
EXERCÍCIO COMENTADO do prefeito Pereira Passos, a proposta de saneamento
do secretário Oswaldo Cruz previa a vacinação obriga-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Apesar dos conflitos polí- tória contra a varíola e a limpeza e desinfecção obri-
ticos e sociais que sacudiam a República desde a sua gatória das casas por conta da peste bubônica. Quem
implantação, as várias facções oligárquicas, a partir não aceitasse tais condições era obrigado a pagar mul-
de suas bases políticas estaduais, mantinham o con- ta, ficava proibido de assumir emprego público ou pri-
trole do Estado brasileiro. Os partidos regionais mais vado, não podia realizar matrícula em escolas nem se
fortes, por elas controlados, eram o eixo do poder polí- hospedar em hotéis. A lei foi vista como um “despotis-
tico da Primeira República. Entretanto, desde a década mo sanitário”, incomodando as classes mais privilegia-
de 10 do século XX, sobretudo entre militares, inte- das, por conta da interferência na liberdade individual
lectuais e membros das classes médias das capitais, e propriedade, e as classes mais pobres, pela violação
crescia a insatisfação com esse modelo de política. da “honra” e dos valores da casa e da família.
NAPOLITANO, Marcos. História do Brasil República:
da queda da Monarquia ao fim do Estado Novo. São
Paulo: Contexto, 2016, p. 71-2 (com adaptações).
Tendo o fragmento de texto precedente como referên-
cia inicial e considerando a História do Brasil republi-
cano, julgue o item seguinte.
O caráter essencialmente oligárquico da Primeira
República, também denominada República Velha,
deve-se ao domínio político das elites regionais.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Toda estrutura política da Primeira Velha estava


HISTÓRIA DO BRASIL

voltada para a manutenção do poder das elites, dos


coronéis que controlavam os votantes, aos depu-
tados eleitos que representavam os interesses dos Charge de Leônidas Freire, em 1904, ironizando o “despotismo” do
secretário Oswaldo Cruz.
poderosos regionais. Resposta: Certo.
Fonte: Wikimedia Commons.

MOVIMENTOS TENENTISTAS E COLUNA PRESTES Em 1910, durante o governo Hermes da Fonseca,


eclodiu a Revolta da Chibata, quando marinheiros,
O governo de Epitácio Pessoa foi marcado por liderados por João Cândido, exigiram o fim de casti-
uma tensão que perdurou durante o governo de Artur gos físicos na Marinha. Derrotados na Ilha das Cobras,
Bernardes. No campo político, a nomeação dos civis os 250 sobreviventes foram fuzilados ou enviados ao
Pandiá Calógeras e Raul Soares para os ministérios trabalho forçados nos seringais da Amazônia, onde
da Guerra e da Marinha, respectivamente, levou a muitos morreram de malária. 127
Quatro anos depois, Hermes da Fonseca intervi- de São Paulo, com a fundação em 1926 do Partido
ria no Ceará. A Política das Salvações imposta por ele Democrático (PD), que pretendia questionar o conser-
tirou do poder a família Accioly no Ceará. Com sua vadorismo do Partido Republicano Paulista (PRP).
popularidade, Padre Cícero convenceu os populares a
pegarem em armas contra a intervenção. Os Accioly Em 1922, ocorreu a Semana de Arte Moderna.
acabaram retomando o poder. Esse movimento foi Um grupo liderado por Oswald de Andrade, Mário
conhecido como Revolta de Juazeiro. de Andrade e Di Cavalcanti, sob o financiamento de
Já em Santa Catarina, ocorreu a Guerra do Contes- Paulo Prado, incomodado com o “atraso cultural” dos
tado, entre 1912 e 1916, conflito de cunho religioso. “conservadores” da Escola Nacional de Belas Artes e
O governo Venceslau Brás coincidiu com a Primei-
ra Guerra Mundial entre 1914 e 1918: o Brasil mante- da Academia Brasileira de Letras, realizou exposições
ve-se neutro até outubro de 1917, quando a Marinha que visavam criticar o “passadismo” e propor expres-
Alemã afundou um navio mercante brasileiro. A par- sões estéticas inovadoras. Destacaram-se nesse movi-
ticipação brasileira restringiu-se ao envio de uma mento Tarsila do Amaral, Manuel Bandeira, Heitor
equipe médica e de uma frente da Marinha para a Villa-Lobos e Anita Malfatti.
patrulha da costa norte-africana.

Wenceslau Braz assinando a Declaração de Guerra ao Império


Alemão.
Fonte: Brasil Escola.

Artur Bernardes, presidente entre 1922 e 1926,


começou e terminou seu governo sob estado de sítio.
Durante seu mandato, destacou-se o Movimento
Tenentista, primeiro com os “18 do Forte de Copaca- “Abaporu”, obra de Tarsila do Amaral, de 1928.
bana” em julho de 1922. Fonte: Wikimedia Commons.
Entre 1924 e 1926, a Coluna Prestes, sob a liderança
de Miguel Costa, Luís Carlos Prestes e Juarez Távora, Washington Luís, que governou entre 1926 e 1930,
pretendia movimentar o país, guiada pelo sentimen- não se deu conta da frágil relação entre as oligarquias
to patriótico de libertar as massas da dominação dos mais poderosas, em especial São Paulo e Minas Gerais,
coronéis.
indicando o também paulista Júlio Prestes para sua
sucessão, e não Antônio Carlos de Andrada, de Minas
Gerais. Os mineiros romperam com ele e apoiaram
a Aliança Liberal, encabeçada por Getúlio Vargas e
João Pessoa, contra Júlio Prestes. A máquina política
dominada pelos paulistas levou a melhor sobre a ino-
vadora e reformista campanha da Aliança Liberal nas
eleições de maio de 1930.
A indignação dos derrotados e as acusações de fraude
eleitoral foram incorporadas pelas oligarquias contrá-
rias a São Paulo, pelo Exército, pelo movimento operá-
rio e pelas classes médias. O assassinato de João Pessoa,
Coluna Prestes. em 26 de julho de 1930, indignou a opinião pública, que
Fonte: Wikimedia Commons. acusava motivações políticas por trás do crime.
No início de outubro, Minas, Rio Grande do Sul,
A insatisfação tinha entre seus atores: classe média Pernambuco e Paraíba mobilizaram tropas até as
(descontente com a inflação), intelectuais (que viam
fronteiras de São Paulo. Com a iminência de uma
o coronelismo como uma “pedra no caminho” para o
guerra civil, uma junta militar depôs Washington Luís
Brasil tornar-se civilizado), empresários (ligados aos
setores têxteis e alimentícios que exigiam uma políti- em 24 de outubro de 1930.
ca de industrialização para o país), operários (comba- Em 31 de outubro, Getúlio Vargas chegou ao Rio
tivos e organizados em torno do Partido Comunista, de Janeiro na condição de líder da Revolução, aclama-
fundado em 1922) e oficiais do exército (defendendo do pelos tenentes e pela multidão. Em 3 de novembro
um Estado forte, autoritário e intervencionista para a de 1930, tinha início o governo provisório (1930-1934)
128 modernização do país). A dissidência veio até mesmo sob a chefia de Vargas.
z Fascismo: Organizado sob a Ação Integralista Bra-
sileira (AIB), a ideologia misturava nacionalismo,
civismo, corporativismo, anticomunismo e antili-
beralismo, que deveriam ser conduzidos por um
Estado forte. Possuíam forte inspiração nos movi-
mentos nazifascistas europeus.

Getúlio Vargas sendo recebido no Rio de Janeiro durante a


Revolução de 1930.
Fonte: Aventuras na História.

ERA VARGAS (1930-1945)


Governo Provisório (1930-1934) e Governo
Democrático (1934-1937)
Integralistas reunidos.

Uma coligação entre oligarquias adversárias de São Fonte: Toda Matéria.


Paulo e frações do Exército ocupou o poder na queda
Em 1932, eclodiu a Revolução Constitucionalista de
da República Oligárquica. Todavia, a única coisa que
1932. A tensão teve início com a nomeação do coronel
unia todos esses setores era a oposição aos oligarcas do
João Alberto (pernambucano, tenentista e de esquerda),
Partido Republicano Paulista (PRP): os tenentes defen-
causando a ira dos paulistas, organizados sob Frente Úni-
diam um governo forte e centralizado que tutelasse a
ca Paulista (junção do PRP com o Partido Democrático).
sociedade e intervisse na economia; as elites gaúchas Com a pressão, Vargas acabou nomeando Pedro de
positivistas eram inclinadas a um Estado centralizado e Toledo (paulista e civil). A intenção de acalmar os âni-
interventor; já as elites mineiras liberais simpatizavam mos foi por água abaixo com a depredação do Diário
com o federalismo e com algumas reformas sociais. Carioca (crítico do Governo Provisório), o que levou
Em meio às tensões entre liberais e autoritários, ao acirramento dos ânimos entre liberais e tenen-
estava Getúlio Vargas fazendo o papel de mediador de tistas. A visita do ministro Osvaldo Aranha foi vista
interesses em conflitos, dando equilíbrio entre os gru- como uma provocação pelos liberais.
pos em disputa e isolando seus opositores. Em 23 de maio, a tentativa de tomar de assalto o
Esse esquema ganhou o nome de “Estado de com- Partido Popular Paulista (PPP) acabou com a morte de
promisso”, que reuniu liberais da velha prática polí- Martins, Miragaia, Dráuzio e Camargo, e suas iniciais
tica, reformadores políticos e sociais, o empresariado MMDC deram nome à sociedade secreta criada para
industrial – que ainda era dependente da ajuda do derrubar Vargas. A revolta explodiu em 9 de julho,
café –, a classe operária organizada em torno de orga- durou quase 3 meses e terminou com a rendição de
nizações sindicais e uma classe média que ocupava São Paulo em 3 de outubro.
cargos de funcionários públicos e profissionais libe-
rais. Nesse período, destacam-se a fundação do Minis-
tério do Trabalho e o Ministério da Educação em 1931
e a vigência do novo Código Eleitoral (direito ao voto
feminino e Justiça Eleitoral autônoma para monitorar
resultados e coibir fraudes) em 1932.
Entre as tendências político-ideológicas nos anos
1930, sobressaíram-se:

z Positivismo Corporativista: Estado forte, buro-


cratizado e interventor na economia, na educação
e nas relações de trabalho;
z Liberalismo: Livre-iniciativa na economia, direito
inviolável de propriedade, liberdade individual,
de expressão, federalismo, independência entre
HISTÓRIA DO BRASIL

os Três Poderes, limitação na participação política


popular e repressão contra movimentos de massa;
z Esquerda (Reformista e Revolucionária): Para
os comunistas, a saída para a crise capitalista era
o fim da propriedade privada e a construção de
uma sociedade igualitária. Ficavam entre a defesa Cartaz convocando os paulistas a lutarem na Revolução
da revolução radical e a construção de uma alian- Constitucionalista de 1932.
ça entre setores democráticos e progressistas. Em Fonte: Wikimedia Commons.
1934, socialistas, nacionalistas e comunistas con-
vergiram na formação da Aliança Nacional Liber- Para a redação de uma nova Constituição, hou-
tadora (ANL). Suas principais bandeiras eram o ve a formação de uma Assembleia Constituinte, que
antifascismo, a crítica aos latifundiários e a crítica se reuniu entre 1933 e 1934. Mesmo aprovando o
ao capital financeiro e estrangeiro; aumento dos poderes da União, sobretudo no campo 129
da legislação econômica e social, frente aos estados, o z A propaganda pela imprensa e pelo rádio foi larga-
princípio federalista foi mantido. O voto passaria a ser mente usada pelo governo, por meio do Departa-
obrigatório e secreto, mas continuava proibido aos mento de Imprensa e Propaganda (DIP). O DIP era
analfabetos. Houve a criação da Justiça do Trabalho, incansável tanto na censura quanto na propaganda,
do salário mínimo, da jornada de oito horas diárias e voltada para todos os setores da sociedade, como ope-
das férias anuais, que acabaram demorando em ser
rários, estudantes, classe média, crianças e militares.
implementadas. O governo foi derrotado com a apro-
vação da pluralidade sindical. Vargas foi confirmado Procurava-se, assim, formar uma “ideologia esta-
como presidente pelo voto indireto com mandato até donovista” que fosse aceita por diversas camadas
1938, quando deveriam ocorrer novas eleições. sociais e diversos grupos profissionais e intelectuais.
No entanto, a Intentona Comunista iniciada em Cabia também ao DIP o preparo das gigantescas
julho de 1935 acabou mudando os rumos. Prestes manifestações operárias, particularmente no dia 1º
divulgou um manifesto pedindo a derrubada de Var- de Maio, quando os trabalhadores, além de comemo-
gas e defendendo todo poder à Aliança Nacional Liber- rarem o Dia do Trabalho, prestavam homenagem a
tadora. Getúlio respondeu suspendendo as atividades Vargas, apelidado de “pai dos pobres”.
da ANL. No final de novembro de 1935, vários quartéis
se rebelaram em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, mas
acabaram derrotados. A repressão foi intensa com pri-
sões, deportações, proibição do Partido Comunista Bra-
sileiro (PCB) e declaração de “estado de guerra” pelo
governo. Ainda em 1935, o governo instituiu o Tribunal
de Segurança Nacional para realizar julgamentos rápi-
dos, praticamente sem direito de defesa. Na prática, a
Constituição de 1934 estava suspensa.
Em 1937, aproveitando-se do clima de agitação,
o governo alegou ter descoberto um documento que
provava um plano de tomada do poder pelos comu-
nistas, denominado Plano Cohen. Essa falsificação ser-
viu de pretexto para que Vargas fechasse o Congresso
e suspendesse a constituição, dando início à ditadura,
chamada de Estado Novo.

Estado Novo (1937-1945)

Embora Vargas agisse habilidosamente com o intui-


to de aumentar o próprio poder, não foi somente sua
atuação que gerou o Estado Novo. Pelo menos três ele-
mentos convergiam para sua criação:

z A defesa de um Estado forte por parte dos cafeicul-


tores, que dependiam dele para manter os preços
do café;
z O apoio dos industriais, que seguiam a mesma
linha de defesa dos cafeicultores, já que o cresci- Propaganda veiculada durante o Estado Novo.
mento das indústrias dependia da proteção estatal;
Fonte: Indagação.
z O respaldo das oligarquias e da classe média urba-
na, que se assustavam com a expansão da esquer-
da e julgavam que para “manter a ordem” era Política econômica do Estado Novo
necessário um governo forte.
Com a criação do Departamento Administrativo do
Além disso, Vargas também tinha o apoio dos mili- Serviço Público (DASP), além de centralizar a reforma
tares. Durante o período, foram implacáveis o autori- administrativa, o governo tinha poderes para elabo-
tarismo, a censura, a repressão policial e política e a rar o orçamento dos órgãos públicos e controlar a exe-
perseguição daqueles que fossem considerados inimi- cução orçamentaria deles. Com a criação do DASP e
gos do Estado.
do Conselho Nacional de Economia, não só a atuação
Em termos práticos, o governo do Estado Novo fun-
cionou da seguinte maneira: administrativa e econômica do governo passou a ser
muito mais efetiva, como também aumentou conside-
z O poder político concentrava-se todo nas mãos do ravelmente o poder do Estado.
presidente da república; A cafeicultura foi convenientemente defendida, a
z O Congresso Nacional, as Assembleias Estaduais e exportação agrícola foi diversificada, a dívida exter-
as Câmaras Municipais foram fechadas; na foi congelada, a indústria cresceu rapidamente, a
z Houve o fechamento de todos os partidos políticos; mineração de ferro e carvão expandiram e a legisla-
z O sistema judiciário ficou subordinado ao poder ção trabalhista foi consolidada com a adoção da Con-
executivo;
solidação das Leis do Trabalho (CLT).
z Os Estados eram governados por intervento-
As principais empresas estatais criadas no período
res nomeados por Vargas, os quais, por sua vez,
nomeavam os prefeitos municipais; foram: Companhia Siderúrgica Nacional – CSN (1940);
z A Polícia Especial (PE) e as polícias estaduais Companhia Vale do Rio Doce (1942); Companhia
adquiriram total liberdade de ação, prendendo, Nacional de Álcalis – CNA (1943); Fábrica Nacional de
torturando e assassinando qualquer pessoa sus- Motores – FNM (1943) e Companhia Hidroelétrica do
130 peita de se opor ao governo; São Francisco – CHESF (1945).
Fim do Estado Novo indiretas para os governos estaduais. A Lei da Impren-
sa e a Lei de Segurança Nacional, de 1967, solaparam
O antigetulismo tentava mostrar a contradição de de vez a liberdade de expressão e quarto Ato Institu-
um regime ditatorial que lutava por democracia ao cional (AI-4) foi baixado para garantir a aprovação da
lado dos aliados na Europa. A pressão política acabou nova Constituição Federal.
por levar o governo a aprovar o Ato Adicional n. 9, que Na intenção de erradicar a elite política e intelec-
previa realização de eleições e liberdade partidária. tual reformista do coração do Estado, o governo de
Entre abril e julho de 1945, o Partido Comunista Bra- Marechal Castelo Branco apelou ao uso irrestrito de
sileiro voltou a funcionar, e foram fundados a União Inquéritos Policiais Militares (IPMs), sendo mais de
Democrática Nacional (UDN), o Partido Trabalhista 700 processos tocados. Além disso, outras 3644 pessoas
Brasileiro (PTB) e o Partido Social Democrático (PSD). receberam sanções políticas baseadas nos Atos Institu-
O debate sobre a possibilidade de Vargas concorrer às cionais, o que correspondeu a 65% de todo o ocorrido
eleições intensificou-se quando ele nomeou seu irmão dessa natureza nos 21 anos de ditadura, e 90% das 1230
Benjamin Vargas para a chefia da Polícia do Distrito punições aos militares oposicionistas ao longo de todo
Federal, o que a oposição e o Alto Comando do Exér- o regime foram efetuadas sob seu mando.
cito não aceitaram. Todavia, sem maiores resistências, A economia ficou a cargo de Roberto Campos, e suas
Getúlio aceitou a deposição em 29 de outubro de 1945. principais medidas estavam sintetizadas no Plano de
Na ausência de Congresso, José Linhares, presi- Ação Econômica do Governo (Paeg), cujas prioridades
dente do STF, dirigiu o país até a posse do eleito Eurico eram a contenção da inflação, o retorno da capacidade
Gaspar Dutra em 31 de janeiro de 1946. Vargas seguia, do Estado em investir em infraestrutura produtiva, a
mesmo de sua fazenda em São Borja - RS, uma lide- reorganização das finanças públicas mediante um novo
rança importante; não à toa ele voltaria ao Palácio do sistema tributário e, por fim, a renegociação da dívida
Catete através do voto em 1951. externa a fim de alcançar novos empréstimos.
No que se refere à nova política salarial, os salá-
rios eram reajustados baseados em um cálculo que
considerava não somente a inflação dos últimos doze
meses, como também a previsão de inflação dos próxi-
OS PRESIDENTES DO BRASIL DE 1964 mos doze meses. Assim, “como a inflação era sistema-
À ATUALIDADE ticamente subestimada, a nova legislação provocou
perda salarial sistemática, com perversos efeitos dis-
DITADURA MILITAR tributivos” (LUNA; KLEIN, 2014, p. 94).
Esse arrocho salarial era visto pelo governo como
um fator para a insatisfação popular e para a conse-
Castelo Branco quente instabilidade do novo regime; assim, em 1964,
foi criado o Banco Nacional da Habitação (BNH),
Cumprindo o rito institucional, o Congresso Nacional mais tarde incrementado pela criação do Fundo de
elegeu, no dia 9 de abril de a1964, o Marechal Humber- Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), formando
to de Alencar Castelo Branco, com 361 votos, à presi- uma política de financiamento para a construção de
dência da república. O discurso oficial afirmava, com casas populares e um fundo para o trabalhador demi-
apoio de importantes lideranças como Juscelino Kubist- tido sem justa causa. Por fim, o projeto de moder-
chek e Carlos Lacerda, que os militares permaneceriam nização autoritária pressupunha o controle das
no poder apenas por um período curto, até que a cor- organizações de trabalhadores urbanos e rurais pelo
rupção fosse extinta e o crescimento econômico fosse Estado, assim como a perseguição de líderes sindicais.
retomado, gozando, assim, de grande legitimidade. Con-
tudo, logo descobriu-se que a intervenção de 1964 seria Costa e Silva
muito diferente das demais intervenções militares.
No dia 9 de abril de 1964, o primeiro Ato Institucio- O Marechal Artur da Costa e Silva foi o segundo
nal (AI-1) foi baixado, tendo sido elaborado por Fran- militar a ocupar a presidência e, empossado em 15 de
cisco Campos, simpatizante do fascismo e idealizador março de 1967, pertencia ao grupo conhecido como
do Estado Novo, e possuía validade de 2 dois anos. “linha dura”, diferentemente de seu antecessor. Além
disso, implementou uma política externa mais nacio-
Esse ato previa a cassação dos direitos políticos dos
nalista e menos alinhada aos Estados Unidos.
cidadãos, o controle do Congresso Nacional, o decre-
Seu breve governo ficou marcado pela implementa-
to do estado de sítio, assim como marcava as eleições ção do quinto Ato Institucional (AI-5), cujo conteúdo
presidenciais para o dia 3 de outubro de 1965, o que, viabilizou o terrorismo de Estado. Esse ato estabele-
evidentemente, não aconteceu. Esse ato marcou as cia a cassação ampla e irrestrita de políticos e cidadãos,
primeiras dissidências dos liberais que apoiaram ini- suspendia o habeas corpus de presos políticos, permitia
cialmente o golpe como Lacerda e Kubistchek. a decretação de estado de sítio sem autorização prévia
A vitória da oposição liberal nas eleições de 1965 mediante a centralização excessiva do poder Executivo
HISTÓRIA DO BRASIL

fez com que o governo planejasse, também, o controle Federal e, por fim, a censura prévia sob todos os meios
do sistema eleitoral. Assim, o segundo Ato Institucio- de comunicação e sob os produtos culturais.
nal (AI-2) tinha como finalidade evitar que a oposição
ascendesse ao governo estadual de 9 estados nas elei- Médici
ções do ano seguinte, ao mesmo tempo que almejava
criar uma fachada democrática. O terceiro presidente da ditadura foi Emílio Gar-
A manobra foi a seguinte: o multipartidarismo foi rastazu Médici, o general de maior patente entre
substituído pelo bipartidarismo, a ARENA (Aliança os pré-candidatos e que também pertencia à “linha
Renovadora Nacional), partido governista, e o MDB dura” palaciana. Seu governo ficou conhecido como
(Movimento Democrático Brasileiro), partido oposi- os “anos de chumbo”, dada à violação sistemática dos
cionista. Esse mesmo ato estabelecia eleições indire- direitos humanos. Todo cidadão era passível de ser
tas para presidente, realizadas via Colégio Eleitoral. acusado de subversivo, baseado em uma simples sus-
Já o terceiro Ato Institucional (AI-3) previa eleições peita, e ficando sujeito à detenção, à tortura e à morte. 131
Seu governo coincidiu, ainda, com o período do Em 1976, outra morte tornou-se pública e como-
“milagre econômico”, cuja taxa de crescimento veu a sociedade: o sindicalista Manoel Fiel Filho
médio foi de 10% ao ano. A maior expansão industrial apareceu morto após ser interrogado pelas forças da
ficou concentrada – e sustentada pelos juros baixos – repressão. Somente após forte pressão houve a demis-
no setor de bens de consumo duráveis, além de um são de D’Avila Melo pelo presidente. É importante des-
crescimento exponencial no setor automobilístico. No tacar que embora somente esses dois casos tenham
campo social, contudo, a situação não era favorável, repercutido de forma mais ampla, outras centenas de
uma vez que o arrocho salarial e a concentração de denúncias eram feitas em relação às torturas.
renda não permitiram a transformação dos ganhos de Já em abril de 1977, o governo, prevendo a derro-
produtividade dos trabalhadores. ta do partido governista nas eleições do ano seguinte,
O endividamento externo é, também, marca des- fechou o Congresso por 15 dias e editou um conjun-
se período, agravado ainda mais pela primeira crise to de medidas autoritárias conhecido como “Pacote
de Abril”. Esse pacote, em síntese, previa a extensão
do petróleo, em 1971, quando os preços e os juros
do mandato do presidente, de cinco para seis anos,
internacionais cresceram vertiginosamente. O maior
eleições indiretas para governadores de Estado e a
problema estava no financiamento das indústrias
nomeação de um terço do Senado pelo presidente.
estatais mediante crédito de bancos privados inter-
A “Lei Falcão” foi promulgada na esteira do pacote,
nacionais, que, por sua vez, possuíam taxas de juros inviabilizando o acesso da oposição à televisão.
altíssimas e flutuantes. O endividamento externo sal- O governo Geisel, por fim, marcou um avanço na
tou de menos de 5 bilhões de dólares em 1964 para industrialização pesada, sobretudo no setor elétrico,
mais de 90 bilhões de dólares em 1983; ao mesmo tem- nuclear, petroquímico e de equipamentos industriais,
po em que o Brasil ascendeu à condição de 10ª potên- promovendo, ademais, a estatização da economia. Embo-
cia do mundo, os indicadores de qualidade de vida o ra tenha conseguido, em 1974, manter o crescimento
alocavam entre os últimos. econômico, dependendo cada vez mais de quantidade
vultuosa de investimentos exteriores, é possível afirmar
Geisel que a crise econômica efetivamente havia se iniciado em
seu governo, intercalada com períodos de crescimento,
Ernesto Beckmann Geisel firmou-se como suces-
que seguiriam até o início do governo Figueiredo.
sor de Médici, tornando-se o quarto presidente da
ditadura. O novo presidente ficou responsável por
Figueiredo
uma nova fase de institucionalização do regime,
conhecida como “lenta, gradual e segura” até transi-
O último presidente da ditadura foi João Baptista
ção para o um poder civil.
Figueiredo, cuja promessa ao tomar posse foi a conso-
Geisel propôs quatro objetivos estratégicos: o pri- lidação da abertura. O último presidente não possuía
meiro diz respeito ao reestabelecimento da profissiona- a mesma expertise política de seu antecessor e não
lização dos quadros das Forças Armadas e à redução do conseguiu manter o controle do processo de abertura.
poder dos “linha duras”; o segundo propunha a manu- Seu governo ficou marcado pela maior crise eco-
tenção do controle da oposição de centro e de esquerda, nômica vivida pelo país e pelo fim do AI-5. Uma série
além daqueles indivíduos considerados “subversivos”; de protestos e a emersão de novos movimentos sociais
o terceiro planejava a construção de uma democracia ocorreram sob sua governança, assim como violentos
restrita e controlada; e o quarto previa a manutenção ataques terroristas praticados pela extrema direita
das elevadas taxas de crescimento, uma vez que era o militar, intencionando parar o processo de abertura.
principal mecanismo que atribuía legitimidade ao regi-
me frente às classes médias e empresariais. Reforma Agrária
Somava-se a isso a aproximação do governo à
grande imprensa liberal. Contudo, alguns aconteci- A questão agrária, que há tempos vinha se arrastan-
mentos provam que a tendência autoritária do regime do no Brasil e foi fator importante na queda de Jango,
ainda estava em voga: com a vitória do MDB nas elei- também começou a ser rediscutida ainda no começo
ções parlamentares de 1974 e com as previsões de que do governo militar. Assim, o ministro Roberto Cam-
a oposição ganharia ainda mais espaço nas eleições pos apresentou uma proposta do Estatuto da Terra
de 1978, órgãos do governo passaram a disseminar a baseada em três aspectos: primeiro, a tributação pro-
tese de que o Partido Comunista havia se infiltrado no gressiva da propriedade, levando-se em consideração
seu tamanho e produtividade; o segundo previa a desa-
partido de modo a ampliar o número de votos.
propriação mediante indenização para o caso de terras
Além disso, militares de extrema direita respon-
improdutivas; terceiro, a colonização de terras ociosas.
deram violentamente às medidas propostas por Gei-
Em outubro de 1964, o texto foi enviado para a apre-
sel, participando de diversos ataques terroristas, ao
ciação do Congresso. Contudo, tratava-se de um texto
mesmo tempo em que organizações anticomunistas bastante diferente do que fora apresentado ao público
tornavam a ganhar fôlego. Ainda em seu governo, dias antes, o que refletia conflitos de interesses.
39 opositores desapareceram e 42 foram mortos pela A principal alteração estava relacionada à des-
repressão, o Congresso foi fechado por 15 dias e a cen- centralização do aspecto fiscal da reforma agrária
sura foi largamente utilizada até 1976. proposta pelo governo, uma vez que o mecanismo de
Em outubro de 1975, o comando do II Exército, com tributação progressiva ficaria a cargo dos governos
sede em São Paulo, noticiou que o renomado diretor estaduais. Nesse sentido, o conflito mais claro era entre
jornalístico da TV Cultura, Wladimir Herzog, havia a perspectiva modernizante defendida pelos militares,
suicidado. A notícia repercutiu negativamente, uma em detrimento à perspectiva conservadora dos gran-
vez que setores importantes da sociedade descredita- des proprietários e por membros da UDN. A queda de
vam o comunicado oficial. Diante do ocorrido, o pre- braço entre o governo e as elites regionais resultou na
sidente, tido como moderado, nada fez senão advertir derrota do primeiro e na impossibilidade de se imple-
132 o comandante do II Exército, Ednardo D’Ávila Melo. mentar o projeto de modernização do campo.
A constituição de 1967 foi planejada desde a instau-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ração do quarto Ato Institucional, que determinava
regras para a aprovação de uma constituição que
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Entre 1967 e 1974, a dita- fortalecesse o poder executivo. Ademais, a constitui-
dura consolidou um modelo de modernização conser- ção de 1967 reuniu todos as medidas autoritárias
vadora e ditatorial, impulsionada pelo Estado. Houve, e os conteúdos dos Atos Institucionais decretados
em grande medida, uma retomada da tradição nacional- até aquele momento. A Emenda Constitucional nº 1
-estatista e da noção da importância-chave do Estado findava a reforma da constituição e incorporava ao
como promotor e regulador da economia, da política e seu texto a pena de morte e a pena por banimento,
da cultura.
em razão do aguçamento das atividades de oposi-
REIS, Daniel Aarão. História do Brasil Nação. Rio de
ção armada ao regime, a ampliação do estado de
Janeiro: Objetiva/MAPFRE, 2014, v. 5 (1964-2010), p.
sítio de 60 para 180 dias, com a possibilidade de sua
23-4 (com adaptações).
prorrogação por tempo indeterminado e a limita-
Considerando o trecho de texto acima e o período his-
tórico nele referido, julgue o item a seguir. ção dos direitos políticos, da liberdade de cátedra e
A política econômica do governo de Médici, baseada de expressão artística. Resposta: Errado.
na firme condução pelo Estado, provocou um ciclo de
DA REDEMOCRATIZAÇÃO AOS DIAS ATUAIS
grande crescimento econômico.
Governo Sarney
( ) CERTO ( ) ERRADO
A morte de Tancredo havia abatido enormemente
O “milagre econômico” foi produto de uma situação
o país, levando a uma comoção que há bastante tempo
externa favorável para a aquisição de créditos subsi-
diados, embora a juros flutuantes, da intervenção do não se via em um cortejo fúnebre: seu caixão subiu a
governo brasileiro na economia com incentivos à cons- rampa do Planalto em um gesto bastante simbólico,
trução de obras de infraestrutura, do arrocho salarial e pois se tratava do primeiro presidente civil após 21
da diminuição das taxas de juros. Resposta: Certo. anos de ditadura.
De todo modo, José Sarney, seu vice, assumiu a
2. (VUNESP – 2019) Assinale a alternativa que aponta presidência no dia 15 de março de 1985, e, mesmo
corretamente um dos fatos que influenciou o endureci- que fosse um aliado histórico da ditadura, as expec-
mento do regime militar com a decretação do AI-5, em tativas da população não diminuíram. Pelos próximos
dezembro de 1968: 10 anos, diferentes governos tentariam, sem sucesso,
organizar uma economia que herdava da ditadura
a) O comício do Presidente João Goulart na Central do dívida externa e inflação monstruosas.
Brasil. Ainda em 1985, a equipe econômica de Sarney
b) A nacionalização de empresas norte-americanas pelo decretou o congelamento dos preços, tentando dimi-
governo do Rio Grande do Sul. nuir a inflação; estabeleceu um corte de 10% do
c) O fechamento da empresa aérea Panair do Brasil. orçamento e proibiu a contratação de funcionários
d) A vitória da Revolução Cubana. públicos. Além disso, o cálculo da correção monetária
e) As greves operárias nas cidades de Osasco e passou a ser determinado pela inflação dos três últi-
Contagem. mos meses. Essas medidas reduziram a inflação para
7,2% em abril, mas diversas questões, sobretudo agrí-
As greves operárias em Osasco e Contagem e o colas, elevaram-na a 14% em agosto.
fracasso do governo em propor uma negociação, Em fevereiro, o governo apresentou o Plano Cru-
a ameaça da guerrilha, os protestos de rua e os zado, substituindo a antiga moeda, o cruzeiro, pelo
reclames e denúncias por deputados oposicionis- cruzado. A nova moeda perdeu três zeros; assim, a
tas na tribuna oferecem uma explicação para o conversão dos depósitos em bancos estabeleceu que
fechamento do regime, com a instalação do AI-5, cada mil cruzeiros equivaleriam a um cruzado. O pla-
em dezembro de 1968. Ademais, uma das principais no previa, ainda, o congelamento de tarifas, preços e
motivações para esse decreto estava na insatisfação serviços, além de basear o salário na média do poder
dos militares linha-dura com os Inquéritos Policiais de compra dos seis meses anteriores.
Militares (IPMs). Antes desse Ato Institucional, as O resultado foi a diminuição da inflação e um
tentativas de punição sofriam o entrave da conces- boom consumista, que rendeu boa popularidade ao
são de habeas corpus pela Justiça, assim, os pro- presidente naquele momento. Esse consumismo, con-
cessos eram mais demorados e as punições não se tudo, levou a uma crise de desabastecimento, fazendo
concretizavam. Resposta: Letra E. com que faltasse uma série de produtos na prateleira;
mesmo que o governo tentasse importar esses gêne-
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A história da República ros, não conseguia, pois, a burocracia herdada da dita-
brasileira foi marcada por rupturas institucionais. Com
dura impossibilitava.
relação às crises na República, julgue o seguinte item:
HISTÓRIA DO BRASIL

O Cruzado II foi anunciado em novembro de


A forte crise política e econômica que assolou o Brasil
1986, e previa o descongelamento dos preços, há mui-
no início da última década de 60 resultou em ruptura
to exigido pelos empresários, e o aumento das tarifas
institucional, com a queda do governo de João Goulart
e a ascensão dos presidentes militares. A legitimidade dos serviços públicos. A inflação, que estava contida,
destes foi construída a partir da velha fórmula ordem passou de 3% nesse mês para 16% em menos de três
e progresso. Dentro dos esforços de manutenção da meses. Em 1987, o presidente foi em cadeia nacional
aparente normalidade institucional, foi outorgada de televisão para anunciar a moratória da dívida
a Constituição de 1967, que viria a ser alterada pela externa do Brasil. A crise parecia não ter fim.
Emenda Constitucional de 1969. Essa alteração foi Em 1988, o governo apresentou o Plano Verão,
bastante pontual e teve por objetivo pequenas adequa- criando a moeda “cruzado novo”, mas o plano foi
ções da Carta Magna ao estabelecido pelo AI-5. um completo fiasco, pois, àquela altura, o governo já
havia perdido toda a sustentação política e se tornara
( ) CERTO ( ) ERRADO extremamente impopular. 133
A partir desse momento, o país caminhou à hipe- 1988, de tudo se discutiu. A Constituição resultan-
rinflação, chegando a 83% em março de 1990. Preços te, apesar de tudo, representou o marco de um novo
de supermercado eram reajustados todos os dias e filas período da história do Brasil contemporâneo.”
aconteciam em supermercados e postos de gasolina toda
vez que surgia o menor indício de aumento dos preços. LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma
Ainda em 1987, iniciou-se o importante processo interpretação. São Paulo: Senac São Paulo, 2008, p. 872 (com
da Constituinte, transformando os próprios congres- adaptações).
sistas eleitos em 1986 no Congresso Constituinte, com
ampla maioria do PMDB. Os debates foram acalora- Considerando a abrangência histórica do período a que
dos e algumas propostas do PMDB foram considera- o texto anterior se refere, julgue o item que se segue.
das radicais demais, mas, de fato, muitos avanços se Ao afirmar que “de tudo se discutiu” ao longo do proces-
tornaram constitucionais. so constituinte, o texto reitera o fato de que a Carta de
Há que se dizer, por fim, que até o final do gover- 1988 – a “Constituição Cidadã”, na expressão célebre
no Sarney, nenhuma ruptura significativa em relação de Ulysses Guimarães – resultou de significativa par-
à ditadura havia acontecido (a começar pelo próprio ticipação da sociedade, em especial de seus setores
presidente, como dissemos), e também porque nenhum
organizados, o que pode lhe ter conferido, como muitos
julgamento havia acontecido para punir militares envol-
críticos apontam, uma certa dimensão corporativa.
vidos em crimes contra a humanidade. As esperanças
se voltaram, enfim, para a primeira eleição direta que
escolheria um presidente da república em 21 anos. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Houve, de fato, grande mobilização popular e de


grupos mobilizados em torno da elaboração da
EXERCÍCIOS COMENTADOS Constituição, o que refletiu em 122 emendas popu-
lares – algumas com mais de um milhão de assi-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) “Diversamente de 1930, naturas – analisadas pelo Congresso Constituinte.
1945 e 1955, em 1964 as Forças Armadas não entre- Resposta: Certo.
garam o poder a um civil. A partir do golpe, até 1985,
a história republicana assistiria, pela primeira vez, a Governo Collor e Itamar Franco
um longo desfile de presidentes militares, cuja eleição
dava-se dentro do círculo do poder militar. Em suma, a As eleições de 1989 tiveram 22 candidaturas e
sociedade civil não participava do processo.” foram vividas como a possibilidade real de mudan-
ças. Por parte da esquerda, Lula encabeçava a chapa
LOPEZ, Adriana; MOTA, Carlos Guilherme. História do Brasil: uma pelo Partido dos Trabalhadores (PT), advogando um
interpretação. São Paulo: SENAC, 2008, p. 806 (com adaptações).
programa radical, como a supressão da dívida exter-
na, considerada demasiadamente onerosa à classe
Tendo o fragmento de texto apresentado como refe- trabalhadora. Do outro lado, estava o governador de
rência inicial, julgue o item, acerca de fatos marcantes Alagoas, Fernando Collor de Mello, até então desco-
da segunda metade do século XX no Brasil.
nhecido do grande público, mas que transmitia a ima-
Mesmo nos anos de relativa democracia, as práticas
gem de ousado, jovem e vigoroso para cumprir sua
populistas e as relações autoritárias e violentas foram
fama de “caçador de marajás”.
marcas constantes que retardaram tanto a assunção
Ambos eram promessa de novidade, mas Lula
do conceito de cidadania quanto a prática desta no
parecia radical demais, o que fez com que a grande
Brasil. A cidadania substantiva no Estado brasileiro
mídia, políticos conservadores, empresários e mili-
só foi estabelecida a partir de 1985, com a eleição de
tares, temerosos de que o petista levasse a cabo jul-
Tancredo Neves. gamentos e punições, se aglutinassem em torno de
Collor. Durante o segundo turno, Lula receberia apoio
( ) CERTO ( ) ERRADO do PDT de Leonel Brizola, do PMDB e do novato PSDB.
A disputa foi dura.
Embora os direitos civis e reivindicatórios já pos- Enquanto Lula crescia nas pesquisas de opinião
suíssem mais fôlego no início dos anos 80, prevaleciam e estouravam casos de corrupção em Alagoas, Collor
ainda práticas autoritárias, como o terrorismo de gru- passou a atacar seu adversário dizendo que o petis-
pos militares e paramilitares que tentavam interrom- ta confiscaria poupanças e apartamentos da classe
per o processo de abertura. A cidadania substantiva, média, além de ser incentivador do aborto. As emis-
assim, não foi recuperada em 1985, pois somente com soras de televisão tiveram papel fundamental para o
a Constituição de 1988 puderam ser restabelecidos os declínio do candidato esquerdista, transmitindo com
direitos políticos da população, assim como um pla- frequência os “alarmes” de Collor, em especial a Rede
nejamento para a implementação de políticas sociais. Globo, durante seu principal telejornal. Collor, assim,
Resposta: Errado. foi eleito presidente pelo Partido da Reconstrução
Nacional (PRN), mas possuía desde o início quase
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) “No ano em que ocorreu, nenhum apoio da estrutura partidária.
a campanha das Diretas Já mobilizou milhares de pes- No dia 16 de março de 1990, foi apresentado o Pla-
soas, mas, naquele mesmo ano, a mobilização foi logo no Collor, que estipulava o bloqueio de todas as apli-
frustrada, retardando-se com isso o avanço da demo- cações em bancos e depósitos em contas correntes,
cracia representativa. Em seguida, assistiu-se no país além da abertura comercial e do congelamento dos
à nova mobilização da sociedade, agora voltada para a preços. Cerca de 95 bilhões de dólares foram confisca-
convocação de uma Assembleia Nacional Constituin- dos para bloquear a liquidez, a fim de conter a infla-
te. Ou, melhor dizendo, de um Congresso Constituinte. ção, fazendo exatamente aquilo que supostamente
134 Aí, até a redação final e aprovação da Constituição de seu adversário faria caso chegasse à presidência.
Ao fracasso de sua estratégia para economia, 1964, um golpe de Estado interrompeu esse processo
somaram-se denúncias de corrupção no seu governo, e instaurou um regime de força que, por cerca de vin-
sendo a mais evidente a de seu irmão, Pedro Collor, te anos, conduziu o Estado brasileiro. Esgotado esse
em maio de 1992. Pedro denunciou a existência de um modelo político, em meio a uma grave crise econômi-
amplo esquema liderado pelo tesoureiro da campa- ca, procedeu-se à transição que faria o país retornar
nha de Fernando Collor, conhecido como “PC Farias”. ao leito democrático. No que se refere a esse período
Em seguida, o Congresso instaurou uma Comis- da História brasileira, julgue o item que se segue.
são Parlamentar de Inquérito (CPI) para averiguar as Os trabalhos de uma comissão parlamentar de inqué-
denúncias, descobrindo contas bancárias associadas a rito acabaram por levar ao inédito impeachment de um
“laranjas” para o financiamento da campanha; desco- presidente da República. Foi o que ocorreu com Fer-
briram-se também “contas-fantasma” que financiavam nando Collor, imediatamente substituído por seu vice,
reformas na casa do presidente, mas que logo desco- sem que o país mergulhasse em crise institucional.
briu-se tratar de restos dos fundos da campanha, além
da compra de um carro para sua esposa com dinheiro ( ) CERTO ( ) ERRADO
ilegal proveniente dos esquemas de PC Farias.
Uma série de protestos tomou conta do país: a Diferentemente de outros momentos da história
Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) apresentou ao brasileira, os trâmites para o impedimento de Col-
Congresso um pedido de impeachment do presidente; lor ocorreram dentro dos marcos legais, com ampla
surgiu o Movimento pela Ética na Política, cuja orga- mobilização da sociedade e sem nenhuma manifes-
nização reunia cerca de 900 entidades; os estudantes tação militar golpista relevante. Mesmo o período
tiveram papel importante e simbólico nos protestos: de grave crise engendrado pelo governo de Collor
por conta dos rostos pintados com as cores nacionais, não desestabilizou nenhuma das instituições da
ficaram conhecidos como “cara-pintadas”. República. Resposta: Certo.
Em 29 de setembro de 1992, a Câmara autorizou a
abertura do processo de impedimento e, no final des- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item subsequen-
se ano, Collor foi condenado no Senado por 76 votos te, relativos à política internacional e à inserção históri-
favoráveis contra apenas 3. Antes disso, é preciso ca do Brasil no cenário mundial.
dizer, ele havia tentado manobrar a situação tentan- Em que pese toda a efervescência a política, que teve
do renunciar; o que não deu certo. Perdeu, assim, o no impeachment de Collor e seus desdobramentos o
mandato, e se tornou inelegível por 8 anos. seu ápice, o governo Itamar Franco conseguiu levar
Quem assumiu em seu lugar foi o vice-presidente, adiante as reformas relativas à privatização, à desregu-
Itamar Franco, e foi em seu governo que finalmente lamentação, à abertura comercial e à regularização das
houve o controle da inflação. O Ministério da Fazen- relações com a comunidade financeira internacional.
da foi ocupado por Fernando Henrique Cardoso,
em 1993, e logo no início anunciou cortes de despe- ( ) CERTO ( ) ERRADO
sas e privatizações de empresas estatais, além de dar
sequência à abertura comercial. O país foi adotando, ao longo da década de 1990
O ministro também criou um padrão de valor (começando com o próprio Collor) políticas cada
monetário, conhecido como Unidade Real de Valor vez mais liberalizantes na economia, rompendo as
(URV), de modo a mostrar a equivalência entre uma reservas de mercado nas áreas de tecnologia e no
URV – 647,50 cruzeiros em sua primeira aparição, em setor automotivo, privatizando importantes empre-
março de 1994 – e o cruzeiro real. sas estatais, criadas ainda no período de Vargas, e
Além disso, os salários foram estabelecidos a partir apertando cada vez mais os laços com a comunida-
de uma média da inflação dos últimos quatro meses. de financeira internacional. Resposta: Certo.
Após sucessivos testes, acompanhados pelo valor da URV
que permanecia fixo, a equipe econômica finalmente Governo FHC
apresentou a nova moeda em julho de 1994: o real, um
sucesso que logo se converteu em inflação baixa. Fernando Henrique Cardoso tomou posse em
Ainda durante o governo de Itamar, foi possível 1995; é importante comentarmos que em seu governo
chegar a um arguto acordo de renegociação da dívi- foi aprovada uma emenda constitucional que permi-
da, após os norte-americanos finalmente aceitarem a tia a reeleição de prefeitos, governadores e presidente
proposta de Luiz Carlos Bresser Pereira de conceder da república. A votação foi permeada de acusações de
descontos para os montantes. Mas foi o sucesso do pla- compra de votos, que nunca foram devidamente apu-
no real que marcou seu breve período à frente da pre- radas, e permitiu que FHC se reelegesse em 1998.
sidência, sucesso esse que impulsionou seu ministro A ampla mobilização popular reivindicando
ao executivo federal. melhorias nas condições de vida, desde os movimen-
tos organizados no final da ditadura, começou a fru-
HISTÓRIA DO BRASIL

tificar nos governos de FHC. Em 1995, foi criado o


programa Bolsa Escola, em Campinas, cuja proposta
EXERCÍCIOS COMENTADOS era a transferência de uma renda mínima a famílias
pobres com a condição de manterem suas crianças
frequentes nas escolas; em 2001, foi adotado pelo
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Brasil, o início dos governo federal, que foi capaz de estender o progra-
anos 60 do século passado foi marcado pela eleva- ma a mais de 5 milhões de famílias. É do seu governo,
ção da temperatura política: o debate de ideias e de também, o Bolsa Alimentação.
projetos para o país, em marcha ascendente desde Contudo, há que se dizer que as primeiras mudan-
a década anterior, alcançava dimensão muito mais ças no modelo de proteção social tiveram início com
vigorosa, provavelmente refletindo, entre outras, as o primeiro governo civil após a ditadura e registra-
repercussões da Revolução Cubana. Vivia-se a tensão das na Constituição de 1988, que pretendia garantir o
do confronto ideológico entre esquerda e direita. Em acesso à saúde, à seguridade e à educação básica. 135
Ao longo dos anos 1990, essas diretrizes começa- que o empecilho à implementação do programa de
ram a se desenvolver, exigindo uma lenta descen- modernização estava justamente no custo político de
tralização de responsabilidades e recursos. Além da ter que negociar com esses partidos de interesses tão
descentralização e colaboração entre os níveis gover- distintos. Além disso, tem que se considerar o perfil do
namentais, o Plano Real foi importante ao tornar presidente, que isolava o próprio partido na tomada
possível maior fluxo de recursos para a área social, de decisões, sem contar a preponderância da área eco-
o que produziu, por exemplo, a municipalização da nômica em seu governo, ocupada majoritariamente
assistência social e da rede básica de saúde. Os acessos por tecnocratas. Resposta: Errado.
à educação e à saúde se tornaram quase universais,
e a assistência social foi consideravelmente dilatada 2. (VUNESP – 2018) Dentre as medidas adotadas pelo
mediante programas de garantia de renda para idosos Governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002),
e pessoas com deficiência. pode(m)-se citar:
No governo FHC também foram criados programas
que formavam uma rede de proteção social, como a a) o bloqueio de contas e aplicações financeiras em
previdência rural, e ainda programas não-contribu- bancos.
tivos de assistência social: Bolsa-Escola, Erradicação b) o congelamento dos preços das mercadorias e
do Trabalho Infantil, Bolsa-Alimentação, Auxílio Gás, serviços.
Agente Jovem, Programa de Saúde da Família, Progra- c) a regulamentação do comércio exterior e a privatiza-
ma de apoio à Agricultura Familiar. Nesses progra- ção econômica.
mas, houve uma opção pela transferência direta da d) a criação do Bolsa Família e de programas de distribui-
renda monetária, distanciando-se de programas como ção de renda.
os de distribuição de cestas básicas, que muitas vezes e) o anúncio do Plano Real, estabilizando a economia.
valiam à manipulação clientelista, tão comum na polí-
tica brasileira. O governo FHC foi responsável por abrir a economia
O governo de FHC também foi pioneiro no enfren- brasileira ao mercado externo e promover a priva-
tamento de algumas heranças da ditadura, no cam- tização de diversas empresas estatais, no ramo da
po da justiça de transição. Em 1995, foi instituída mineração e telefonia, sobretudo. Resposta: Letra C.
a Comissão sobre Mortos e Desaparecidos, cuja
proposta era reconhecer os mortos e desaparecidos
Governo Lula
durante os anos repressivos, ritual bastante simbólico
para aqueles que perderam alguém e nunca chega-
ram a ter sequer um atestado de óbito. Tempos depois, Em 1º de janeiro de 2003, Luiz Inácio Lula da Sil-
em 2001, surgiu a Comissão da Anistia, concedendo va, representante do Partido dos Trabalhadores (PT),
indenizações às vítimas da ditadura. assumiu a presidência do Brasil. Sua eleição signifi-
cou, para muitos, a primeira grande mudança das eli-
tes governantes desde a redemocratização, ainda que
esse novo governo se sustentasse em uma coalização,
EXERCÍCIOS COMENTADOS o que significa a inclusão de partidos que já haviam
estado no poder nos últimos dezenove anos.
As propostas de políticas sociais do Partido dos Tra-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A Constituição aprova- balhadores indicam uma reunião de continuidades e
da em 1988 apresenta 245 artigos e 70 disposições mudanças da forma de gestão, continuidade na política
transitórias, tratando de vastíssima gama de assun- econômica e algumas mudanças no âmbito social.
tos. É a mais democrática Constituição da República No que se refere à transferência de renda, que foi
e a de maior preocupação com os chamados direitos a caraterística mais marcante do governo de Lula, ela
sociais. Sua característica mais importante, que lhe indica uma movimentação caraterística de proteção
valeu o epíteto de Constituição Cidadã, foi a incorpora- social, o que se afastava das expectativas reformistas
ção de uma série de direitos civis e sociais. Ocupa-se, que pairavam sobre o Partido dos Trabalhadores.
ainda, com uma série de garantias trabalhistas, desde Com a redemocratização, como vimos, passou-se
muito requeridas pelos sindicatos. a identificar a necessidade de redirecionar as ações
de políticas sociais como descentralização, participa-
SILVA, Francisco Carlos Teixeira da. Brasil, em direção ao século XXI. ção dos beneficiários nas tomadas de decisões, racio-
In: LINHARES, Maria Yedda (org.). História geral do Brasil. Rio de nalização dos gastos e maior isonomia na prestação
Janeiro: Campus, 1996, p. 343 (com adaptações).
de serviços e benefícios. Além disso, constatou-se ser
necessário políticas emergenciais voltadas para a
Com o auxílio do texto acima, julgue os itens subse- população mais vulnerável economicamente.
quentes, relativos à Carta de 1988, marco jurídico da O percurso feito até aqui indica que, quando o Par-
redemocratização brasileira contemporânea. tido dos Trabalhadores assumiu o governo em 2003, já
As dificuldades encontradas pelo governo Fernando haviam sido tomadas algumas ações visando a refor-
Henrique Cardoso em alterar dispositivos constitucio- ma do sistema de proteção social herdado da ditadu-
nais derivam, na opinião hoje corrente no país, da frá- ra, além do êxito razoável na luta contra a pobreza,
gil base de sustentação política com que ele conta no principalmente no que toca ao acesso à educação e
Congresso, particularmente no Senado Federal. saúde; entretanto, pouco tinha sido feito para a redu-
ção das desigualdades notáveis entre ricos e pobres,
( ) CERTO ( ) ERRADO brancos e negros. E essa é uma questão fundamental.
Durante as eleições, a campanha de Lula ignorava
FHC possuía maioria no Congresso, tanto é que deu esses avanços, condicionando a resolução desses pro-
sequência ao modelo chamado de “presidencialismo blemas à sua vitória, e foi assim que Lula ganhou as
de coalisão”. O PSDB do presidente havia se aliado eleições, insistindo na redução da pobreza e das desi-
aos importantes partidos PFL e PMDB, além de outros gualdades, embora sem propostas que embasassem
136 partidos fisiológicos. Contudo, especialistas apontam concretamente tal propósito.
O governo Lula teve início com dois projetos para Um evidente exemplo foi a preocupação com o
a área social: o Fome Zero, uma proposta de políti- pagamento da dívida externa, mesmo existindo pro-
ca de segurança alimentar para o Brasil; e Política blemas sociais evidentes, como rodovias danificadas
Econômica e Reformas Estruturais. O primeiro foi e insuficientes, adversidades nas redes elétricas, de
fruto do trabalho de 45 pesquisadores orientados por saúde, saneamento, entre outros. Essa foi uma escolha
José Graziano da Silva, e consistia em uma combina- impensável para o Lula do século anterior. Assim, sua
ção de políticas assistenciais com ações extensivas de administração deu prosseguimento à política econô-
incentivo à agricultura familiar. mica de FHC, elevou o superávit, prometeu a flexibi-
O segundo documento, que foi preparado por eco- lização do mercado de trabalho e a reforma sindical.
nomistas de orientação liberal, focalizava a política
econômica e incluía um capítulo de propostas de polí-
tica social. Assim, ele pretendia: recompor o equilíbrio Dica
da previdência pública, garantindo sua sobrevivência Superávit é o resultado positivo de todas as
a longo prazo; diminuir a pressão sobre os recursos,
receitas e despesas do governo, ou seja, é o equi-
permitindo o resgaste da capacidade de gastos públi-
valente ao que o governo consegue economizar
cos; e aumentar a equidade, reduzindo as distorções
nas transferências de renda realizadas pelo Estado. para o pagamento de juros da dívida pública.
O governo petista optou, então, por iniciativas de FMI é a sigla do Fundo Monetário Internacional,
forte impacto simbólico, no ambiente nacional e inter- organização financeira que pode oferecer aju-
nacional. Nos primeiros dias da nova administração, da financeira pontual e temporária aos países
lançou-se o já mencionado programa Fome Zero e membros.
uma reforma da previdência social. Com a reforma da
previdência, procurava-se reparar privilégios vigen- As limitações das administrações de Lula são evi-
tes, estabelecendo o mesmo teto para as aposentado- dentes, embora seja difícil negligenciar os avanços no
rias dos empregados do setor público e privado. Essa campo social. Por exemplo, a reforma agrária –pauta
foi uma medida bem recebida pelas agências interna- importante para esquerda –, não foi considerada; e a
cionais, que esperavam que o novo governo demons- reforma tributária apenas aumentou a carga tributária,
trasse moderação política e se mantivesse dentro dos evitando propostas como a taxação de grandes fortunas.
parâmetros de austeridade fiscal. Outra crítica é que os programas sociais não se cons-
No que se refere ao Fome Zero, faltava consistên-
tituíram enquanto direito, ou seja, não foram incorpo-
cia, pois muitas ações precisavam ser realizadas, e se
rados enquanto emendas à Constituição, o que significa
carecia de articulação de vários setores. A fragilidade
que podiam ser retirados a qualquer momento.
do programa foi se evidenciando e, ainda em 2003, o
Ministério de Segurança Alimentar, que havia sido
criado para mobilizar as ações necessárias para o fun-
cionamento do programa, foi fundido com o Ministé-
rio da Assistência Social. EXERCÍCIOS COMENTADOS
Assim, engendrou um novo programa de transfe-
rência de renda, o Bolsa Família, que unificou três 1. (CETRO – 2018) Com relação à política econômica
programas criados na administração de FHC: Bolsa-Es- dos dois primeiros anos do Governo Lula (2003–2004),
cola, Bolsa-Alimentação e Auxílio Gás. Também foram analise as assertivas abaixo.
realizadas iniciativas que priorizaram a ação gover- I. A taxa de juros foi reduzida.
namental na área da educação; além disso, propôs-se II. O superávit fiscal primário foi reduzido.
a criação do Fundo de Manutenção e Desenvolvi- III. Foram mantidos os compromissos firmados no
mento do Ensino Fundamental e Desenvolvimento acordo estabelecido com o FMI pelo Governo anterior.
da Educação Básica (Fundeb), o que incluía o ensino É correto o que se afirma em:
médio no sistema de incentivos que vinham sendo
realizados pela administração anterior. a) I, apenas.
Alguns autores argumentam que, embora de um b) II, apenas.
ponto de vista de classe, o PT continua sendo um par- c) III, apenas.
tido dos trabalhadores, principalmente no que se refe- d) I e II, apenas.
re à sua origem, pois é inegável que o PT foi criado por e) I e III, apenas.
e para trabalhadores. Houve um claro rompimento
com os interesses desse grupo; após assumir o poder, A afirmação I não está correta, pois as taxas de juros
as ideias, discursos e ações resguardadas pela direção
foram aumentadas durante esse período para que os
do partido apresentaram semelhanças embaraço-
HISTÓRIA DO BRASIL

níveis de arrecadação pudessem se manter estáveis.


sas com as dos representantes da grande burguesia.
A afirmação II também é incorreta, porque o governo
De todo modo, as multidões continuaram indicando,
de Lula se esforçou em manter o superávit primário
em momentos cruciais, o Partido dos Trabalhadores
como seu representante. elevado, de modo que pudesse gerar confiança nos
O governo Lula reuniu em seus quadros adminis- credores internacionais. E, por fim, a afirmação III
trativos tanto líderes sindicais e intelectuais do PT, é correta, na medida em que a administração Lula
quanto convictos neoliberais, o que o tornou, em uma seguiu uma agenda liberal, assim como os acordos
análise mais sóbria, um governo muito pouco afeito estabelecidos com o FMI. Resposta: Letra C.
aos interesses da classe que dizia representar. Lula
cumpriu sua promessa de moderar as propostas mais 2. (FGV – 2018) Com relação ao primeiro governo Lula
radicais do programa petista antes do lançamento da (2003-2006), assinale V para a afirmativa verdadeira e
“Carta ao povo brasileiro”, de 2002. F para a falsa. 137
( ) As medidas da equipe econômica foram definidas Para conseguir pôr em prática suas intenções de
com o objetivo de mostrar comprometimento com o mudanças estruturais, o governo teria que se apoiar em
ajuste fiscal e a estabilidade econômica. ampla campanha pública que expusesse suas intenções e
( ) A redução da instabilidade econômica se deveu, em motivações. Isso, contudo, não ocorreu, e o capital finan-
parte, à preservação da política econômica do gover- ceiro, por sua vez, reagiu rapidamente, mobilizando a
no Fernando Henrique Cardoso e à renovação do opinião pública e deslegitimando os discursos de Dilma,
acordo com o FMI. que tencionavam defender seu projeto econômico.
( ) A forte valorização cambial decorrente da resolu- A recuada do governo, traduzida pelo aumento dos
ção da incerteza econômico-política e do boom das juros, foi uma tentativa de abrandar os ataques reali-
zados pelos representantes ideológicos dos interesses
commodities.
rentistas, procurando recompor o bloco de poder polí-
tico mobilizado pela administração de Lula, tática que
As afirmativas são, respectivamente: seria reforçada em 2015.
A estratégia, no entanto, não foi bem sucedida,
a) V, V e V. pois, na busca pela governabilidade, Dilma perdeu
b) V, F e V. bastante popularidade, dado que se voltava cada vez
c) V, F e F mais à uma política econômica que primava pela
d) F, V e V. ortodoxia, sobretudo na austeridade fiscal e salarial,
e) F, F e F. pondo à parte os interesses populares, que represen-
tavam o grosso de seu eleitorado.
As medidas econômicas tomadas pela administra- A opinião empresarial era a de que o Bolsa Família
ção Lula foram feitas com o objetivo de mostrar reduzia a procura por empregos e dificultava a con-
comprometimento com a agenda neoliberal, eviden- tratação; esse argumento é difícil de ser sustentado,
ciando quais seriam as prioridades do novo gover- tendo em vista que o valor do benefício sempre foi
no. A segunda afirmação também é correta, porque muito inferior ao do salário-mínimo, que foi ganhan-
de fato Lula deu prosseguimento às políticas que do cada vez mais encorpo. Além disso, figuras públi-
já eram avistadas no governo de FHC e que preten- cas reconhecidas usavam os meios de comunicação
diam a estabilização da economia. Por fim, no que para apontar que os gastos sociais e aumentos sala-
riais eram responsáveis pela desaceleração do inves-
se refere a última afirmativa, é evidente que a valo-
timento privado e da redução dos lucros.
rização cambial decorreu da estabilidade econômi-
Quanto aos projetos sociais, Dilma tinha um gran-
ca-política que Lula concretizou e também do boom
de desafio, considerando que seu predecessor, Lula,
das commodities, isto é, da supervalorização das conquistara popularidade amparando-se justamen-
matérias-primas no cenário internacional, produtos te nesse tipo de programa. No primeiro mandato de
esses que o Brasil mais exporta. Resposta: Letra A. Dilma, o desemprego diminuiu, o salário-mínimo
aumentou e a presidente deu sequência aos progra-
Governo Dilma mas de transferência de renda.
Na questão dos avanços da legislação trabalhista,
Dilma Rousseff, a primeira mulher presidente do é possível apontar, por exemplo, a regulamentação do
Brasil, foi eleita em 2010, em um contexto de otimismo trabalho doméstico, que embora tenha incomodado os
no qual a economia se recuperava dos efeitos da cri- setores mais conservadores da população brasileira, foi
se financeira global de 2008. Embora Dilma não tenha um movimento muito importante para os trabalhado-
explicitado seu objetivo em campanha, logo ficou evi- res da área, pois assegurava direitos básicos como jor-
dente o que pretendia: questionar o poder estrutural nada de trabalho regulamentada, férias e piso salarial.
do capital financeiro na determinação de taxas de juros Em sua administração, uma das ações mais impor-
e câmbio, o que significava se afastar do caminho das tantes talvez tenha sido a ampliação do Minha Casa
políticas econômicas conservadoras do governo Lula. Minha Vida, programa habitacional que assegurou
Todavia, o governo não se preparou para lidar com as moradia para 1,7 milhões de famílias apenas em seu
óbvias reações que vieram dos grupos que tiveram seus primeiro mandato. O programa oferecia subsídio para
interesses recolocados. Esses grupos possuíam, ainda, o o financiamento de moradias à população de baixa
poder sobre os meios de comunicação, manipulando as renda, tornando possível o sonho da casa própria para
informações e não tardando a acusar o governo de “irres- famílias que teriam bastante dificuldade em adquirir
um imóvel em outras circunstâncias.
ponsável tecnicamente” e “politicamente populista”.
No âmbito da saúde, Dilma lançou o programa Mais
O governo de Dilma não conseguiu sustentar a
Médicos, que atendeu seis mil municípios e estendeu
pretensão inicial, recuando diante da reação dos inte-
o acesso a médicos a cerca de cinquenta milhões de
resses rentistas, que foram atingidos pela guerra dos
pessoas que residiam em municípios do interior e em
juros; assim, em abril de 2013, o Banco Central iniciou áreas periféricas. Foram inauguradas 144 de Unidades
um novo ciclo de elevação das taxas de juros, que era de Pronto Atendimento, e a Farmácia Popular distri-
apenas o início da retratação. buiu remédios a mais de dez milhões de pessoas.
Os regimes de metas de inflação e de metas de supe- No setor educacional, Dilma lançou o Programa
rávit primária concediam enorme poder estrutural ao Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Empre-
capital financeiro, de modo que, se hipoteticamente a go (Pronatec), que tinha como objetivo expandir e
inflação subisse e o Banco Central não subisse também interiorizar as ofertas a cursos técnicos, além da for-
as taxas de juros, provavelmente se veria bombardea- mação inicial e continuada. Houve, ainda, a criação
do por acusações de que sua autonomia estava compro- do Ciência sem Fronteiras, que visava a formação
metida pela interferência política. Se, por outro lado, a acadêmica de pesquisadores em programas de inter-
arrecadação tributária diminuísse e o gasto primário câmbio, oferecendo bolsas de estudos e financiando
não trilhasse a mesma direção, o governo era atacado, projetos. Além disso, até 2014, as matrículas em cur-
acusado de não cuidar da credibilidade da trajetória da sos superiores aumentaram em 122%, evidenciando
138 dívida pública, tampouco da inflação. uma expansão do acesso ao ensino superior.
Além de todos esses programas, foi no governo Dil- III. Mais Médicos;
ma que a chamada Lei do Feminicídio foi sancionada. IV. Programa de Fortalecimento do Sistema Financeiro
Com a lei, o assassinato de mulheres, decorrente de vio- Nacional (Proer).
lência doméstica ou discriminação de gênero, passou a
ser considerado crime hediondo. Foi uma grande con- Está(ão) Correta(s):
quista, levando em consideração que o Brasil possui a
5° taxa mais alta de feminicídios do mundo: no ano de a) Todas as afirmativas.
2010, eram registrados cinco espancamento a cada dois b) Apenas as afirmativas I, II e III.
minutos; em 2013, se reportava um feminicídio a cada c) Apenas as afirmativas II, III e IV.
noventa minutos; e em 2015, o serviço de denúncia d) Apenas as afirmativas I e IIII.
registrou 179 casos de agressão por dia.
e) Apenas as afirmativas I e IV.
Foi também no mandato de Dilma que se inau-
gurou a Casa da Mulher, programa que integra no
mesmo espaço serviços especializados de apoio aos A afirmativa I é correta porque, efetivamente, o Pro-
diversos tipos de violências sofridas por mulheres. grama Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Empre-
Nesse espaço, têm-se acesso ao acolhimento e à tria- go (Pronatec) foi lançado pela presidente em 2011,
gem, apoio psicossocial, juizado especializado em objetivando ampliar a oferta de cursos de Educação
violência doméstica e familiar contra mulher, defesa Profissional e Tecnológica por meio de programas,
pública, serviço de promoção de autonomia econômi- projetos e ações de assistência técnica e financeira. O
ca, espaço de cuidado às crianças, alojamento de pas- Programa de Privatização de Estatais foi um progra-
sagem, entre outras ações de apoio. ma criado na administração de Fernando Henrique
Cardoso e implementado em 1995, cuja proposta esta-
va voltada para o setor privado, permitindo ao Banco
Central utilizar recursos públicos para organizar e
EXERCÍCIOS COMENTADOS assegurar a aquisição ou fusão de instituições finan-
ceiras privadas em dificuldade. O Mais Médicos foi um
1. (VUNESP – 2018) Governo inicia nova pressão sobre projeto lançado em junho de 2013, que buscava suprir
bancos a carência de médicos nas cidades do interior e nas
O governo Dilma vai pressionar mais uma vez os ban- periferias. Resposta: Letra D.
cos privados. A expectativa é que eles reduzam as
taxas de administração de seus fundos de investi- Governo Temer e Governo bolsonaro
mentos para torná-los mais lucrativos, permanecendo
mais rentáveis que a poupança. Com isso, a equipe Em pouco mais de dois anos de presença na presi-
econômica considera que haverá espaço para o Banco dência, Michel Temer teve como principais medidas a
Central reduzir mais a taxa básica de juros sem alterar flexibilização das leis trabalhistas e liberalização eco-
as regras de correção da caderneta. nômica, com o corte de gastos estatais na economia e
no setor público, em especial, pela aprovação da Emen-
(Folha.com 21.04.2012). da 95, que “congela” os gastos de Estado por 20 anos.
No campo político, aprofundou-se ao fim do segundo
Assinale a alternativa correta sobre a política econô- mandato de Dilma Rousseff o fenômeno do antipetismo
mica do governo federal. no Brasil. A Operação Lava Jato teve entre seus alvos o
ex-presidente Lula, que acabou preso em abril de 2018.
a) Tem como principal objetivo elevar o ganho das cader- O contexto geral de crise política e econômica favo-
netas de poupança. receu o discurso mais radical de oposição à esquerda.
b) Manteve a taxa Selic em patamares elevados, preser- Com isso, as eleições presidenciais de 2018 foram ven-
vando o crescimento. cidas por Jair Bolsonaro.
c) Existe forte pressão governamental para a queda dos Tendo-se passado (no momento da redação desta
juros. apostila) pouco mais de dois anos de mandato, o gover-
d) Promove política estatizante que coloca os bancos no Bolsonaro aprofundou a privatização do setor públi-
co; no entanto, a atividade econômica segue com grande
privados sob ameaça.
dificuldade. O fato mais marcante até o momento dá-se
e) Pretende reduzir a dinâmica de consumo da socieda-
pela pandemia do novo coronavírus, que atingiu, em
de para evitar inflação.
março de 2021, a média de quase 3 mil mortos por dia.
Como foi apontado ao longo do tópico sobre o gover-
no Dilma, a presidente pretendia mudar a dinâmica
econômica que vinha sendo implementada desde
o governo Lula, a saber, a manutenção da agenda HISTÓRIA DA BAHIA
neoliberal, e, para tanto, era necessário que houves-
HISTÓRIA DO BRASIL

se uma queda dos juros, dando mais abertura para Foi no território onde hoje é a Bahia que, em 22
as ações econômicas planejadas. Isso, contudo, sig- de abril de 1500, as caravelas de Pedro Álvares Cabral
nificava entrar em conflito com os interesses de ban- chegaram. Porto Seguro, fundada pelos portugueses,
queiros, o que gerou insatisfação. Resposta: Letra C. foi palco da primeira missa no Brasil, bem como do
primeiro documento oficial escrito nestas terras por
2. (CONTEMAX – 2019) No governo de Dilma Rousseff, Pero Vaz de Caminha. Até 1530, além do forte de Por-
importantes programas foram lançados na sociedade to Seguro também foi fundado o forte de Ilhéus. Em
brasileira, dentre os quais estão: 1548, a Bahia foi elevada à capitania real, e Salvador
foi elevada à capital do Brasil colônia em 1549. A cida-
I. Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e de foi sede política, administrativa e jurídica do Brasil
Emprego (Pronatec); até 1763, quando aconteceu o deslocamento para o
II. Programa de Privatização de Estatais – PPE; Rio de Janeiro. 139
No fim do século XVIII, ocorreu na Bahia a Con- Na década de 1970, o Polo Industrial de Aratu e o
juração Baiana, também conhecida como Revolta dos Polo Petroquímico de Camaçari foram fundados no
Alfaiates (1798), que teve um caráter popular. Parti- contexto do Regime Militar. Atualmente, a Bahia é
ciparam dela artesãos, alfaiates, soldados e trabalha- o sétimo do estado do Brasil no ranking do Produto
dores negros, além de alguns escravos. Desde que a Interno Bruto (PIB).
Coroa transferira a sede do governo colonial para o
Rio de Janeiro, em 1763, iniciara-se um processo de
declínio socioeconômico e político de Salvador. Em
1797, a alta dos preços dos produtos levou a uma
série de incidentes nas ruas da cidade, pois soldados
INDEPENDÊNCIA DA BAHIA
e populares invadiram repetidas vezes os armazéns No contexto da Independência do Brasil, em 1822,
para roubar carne e farinha. As ideias contrárias à
o brigadeiro Madeira de Melo, em nome do governo
opressão colonial encontravam um clima favorável
de Salvador, favorável a Portugal, inspecionou tropas
para serem aceitas.
Em agosto de 1798, apareceram afixados nas pare- dissidentes na intenção de afirmar a autoridade da
des de casas, igrejas e lugares públicos de Salvador Coroa. Em fevereiro de 1822, tiveram início os primei-
vários panfletos manuscritos direcionados ao “povo ros conflitos e, em pouco tempo, as lutas espalharam-
baiano”, propondo a instalação da “República Baien- -se por toda a cidade de Salvador.
se”. Os revoltosos queriam que todos aderissem ao Além das tropas portuguesas enfrentarem mili-
novo regime e que as autoridades metropolitanas fos- tares nascidos no Brasil, também invadiam casas e
sem depostas. Na proposta, aparecia também a pre- atacavam civis, tendo, como exemplo, a invasão do
tensão de abolir a escravidão e instaurar a liberdade Convento da Lapa e o assassinato da abadessa Sóror
de comércio. Joana Angélica. A derrota nativista trouxe o cresci-
Porém, não faltaram os traidores. O movimento mento da rejeição ao governo de Madeira de Melo.
foi delatado ao governador que, imediatamente, orde- Os líderes políticos locais se mobilizaram para
nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro reconhecer o príncipe regente, Dom Pedro I, e, não,
de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os con- a Coroa Portuguesa, em Lisboa. Vale frisar que essa
jurados, estava Cipriano Barato, que foi absolvido, afronta à autoridade de Madeira de Melo foi respon-
enquanto outros participantes foram condenados ao dida com violência.
exílio na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João de
Os brasileiros formaram, então, a Junta Concilia-
Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
tória e de Defesa, visando à luta contra o governo de
na forca e esquartejados.
A Colônia Leopoldina, primeira colônia alemã do Madeira de Melo. A reação vinda do interior chegou
Brasil, foi fundada em 1818 no sul da Bahia. Em mea- em outras cidades e em Salvador. As forças favoráveis
dos do século XIX, era um dos principais polos produ- à independência se organizaram contra as tropas que
tores de café da Bahia. iam sendo enviadas.
Já no período republicano, no final do século XIX, Por fim, as tropas lusitanas renderam-se em 2 de
eclodiu a Guerra de Canudos. O conflito iniciou-se julho de 1823, quando se comemora a Independência
entre sertanejos miseráveis e o governo baiano, mas da Bahia.
logo assumiu importância nacional, pois começou-
-se a exigir intervenção do Exército contra a suposta
ameaça de Canudos à ordem republicana.
REVOLTA DE CANUDOS
A reação a tantas novidades advindas pela mudan-
ça de regime e pelo boom das cidades não se mante-
ve contida apenas nas grandes cidades. Em distintas
regiões do país, foram deflagrados movimentos sociais
que combinavam questões agrárias e a luta pela pos-
se de terra, muito amparados por traços religiosos.
Exemplos desses movimentos são: Contestado, Juazei-
ro, Caldeirão, Pau-de-Colher e Canudos, o que indica o
lugar entre a mística popular e a revolta, um produto
inesperado do processo de modernização e da negli-
Sobreviventes de Canudos em 1897. gência do Estado com essa população.
Fonte: MultiRio. Em 1896, teve início um conflito de grande visi-
bilidade nos anos iniciais da República: Canudos. A
Os rebeldes, liderados por Antônio Conselheiro, rebelião opunha a população de Canudos, um arraial
criticavam o regime republicano, motivados por ques- que cresceu no interior na Bahia, ao recém-criado
tões sociais e políticas causadas pela miséria e pela regime republicano. O movimento sociorreligioso foi
submissão aos coronéis. Valores da religião popular, liderado por Antônio Conselheiro e durou de 1896 a
como a promessa de um mundo ideal e farto vindo 1897; essa população se rebelava contra o aumento do
depois do “fim dos tempos”, mobilizaram aqueles ser- imposto republicano.
tanejos. Acredita-se que o Arraial de Canudos, derro- Antes de se estabelecerem na fazenda de Canudos, o
tado após quatro ofensivas militares, tenha reunidos grupo, sob liderança de Conselheiro, peregrinava pelo
até 30 mil pessoas. sertão, e chegou a reunir cerca de 24 mil habitantes
No século XX, muitas construções simbolizaram após a fundação de um arraial, batizado de Belo Monte.
o desenvolvimento do Estado, com destaque para O que gerou tanto incômodo no governo republi-
a exploração e o refino de petróleo no Recôncavo, cano e nos grandes proprietários de terra a respeito
a inauguração da hidrelétrica de Paulo Afonso e a do movimento de Canudos foi que ele traduzia uma
140 represa de Sobradinho. nova maneira de viver no sertão, à parte do sistema.
Era uma experiencia social e política muito distinta Em agosto de 1798, apareceram afixados nas paredes
daquela do governo central, pois as pessoas de Canu- das casas, igrejas e lugares públicos de Salvador vários
dos viviam do uso coletivo da terra, além da distri- panfletos manuscritos direcionados ao “povo baiano”,
buição equitativa daquilo que nela se produzia. Além propondo a instalação da “República Baiense”. Os revol-
disso, Canudos não estava submetido nem aos pro- tosos queriam que todos aderissem ao novo regime e
prietários de terra nem aos chefes políticos da região. que as autoridades metropolitanas fossem depostas.
O Governo enviou a Canudos quatro expedições Na proposta aparecia também a pretensão de abolir a
formadas por tropas do Exército, mas só obteve suces- escravidão e instaurar a liberdade de comércio.
so no quarto e último atentado. Prometeram que se Não faltaram, porém, os traidores. O movimento
a população se rendesse, sobreviveria, mas o acordo foi delatado ao governador que imediatamente orde-
não foi mantido e a comunidade foi dizimada. A Repú- nou a prisão dos conjurados. No dia 7 de novembro
blica queria transformar Canudos em um exemplo: de 1799, foi pronunciada a sentença. Entre os conju-
era isso que se recebia por não fazer parte do sistema. rados, encontra-se Cipriano Barato, que foi absolvido,
enquanto outros participantes foram condenados ao
degredo na África. Lucas Dantas, Luís Gonzaga, João
de Deus e Manuel Faustino foram condenados à morte
REVOLTA DOS MALÊS na forca e esquartejados.

Em 1835, em Salvador, eclodiu uma das mais


importantes revoltas lideradas por escravos. O nome
pelo qual ficou conhecida, Revolta dos Malês, reme- SABINADA
te ao fato de que suas lideranças eram muçulmanas
A Sabinada foi um movimento que agitou a Bahia
(“malês” era a denominação usada na época para
entre novembro de 1837 e março de 1838. Foi liderada
muçulmanos) – eram escravos originários de socie- pelo médico Sabino Francisco da Rocha Viera que, em
dades africanas que seguiam o islamismo. Esse fato seu jornal Novo Diário da Bahia, criticava o governo
conferiu especificidades a essa revolta. dos regentes e o presidente da província e convoca-
Em primeiro lugar, a condição de muçulmano va o povo para separar a Bahia do resto do Brasil e
estava articulada à origem africana, uma referência organizar uma República com caráter provisório, até
que fortalecia a construção de sua identidade. Além a maioridade de D. Pedro de Alcântara.
disso, ser muçulmano implicava uma cisão com as Para manter a república, era necessário expandir o
ideias correntes, formuladas pela elite brasileira, movimento para o interior da província. Contudo, isso
comprometidas com a defesa da ordem escravista, não ocorreu, e os revoltosos acabaram encurralados na
que pretendia legitimar a escravidão. capital pelas tropas da polícia local. Em 1838, chegaram
Entre essas ideias, estava a conversão de africanos as tropas do governo central para reprimir o movimen-
ao catolicismo, pois eles não poderiam seguir outra to. Com o apoio da aristocracia rural baiana, organi-
fé que não a católica. As reuniões para orações tor- zou-se um violento ataque a Salvador. Inúmeras casas
naram-se momentos para pensar atos de rebeldia. A foram incendiadas, muitos revoltosos foram queima-
dos vivos e mais de mil pessoas morreram na luta.
alfabetização também facilitava a troca de mensagens
Aqueles que conseguiram escapar foram entre-
escritas, além de facilitar a comunicação entre escra-
gues a um grupo composto pelos grandes proprietá-
vos e libertos. rios rurais da província, cuja crueldade lhes valeu o
A revolta começou em fins de 1834 em reuniões apelido de “júri de sangue”. É importante dizer que a
clandestinas. Em 25 de janeiro de 1835, os malês violência da repressão esteve muito além do significa-
tomaram a cidade de Salvador, porém a repressão foi do da revolta.
violenta e acabou sufocando o movimento no próprio
dia. O impacto foi grande, pois se tratava de um levan-
te armado na segunda maior cidade do Brasil com o
objetivo de romper com a escravidão e de assumir o HORA DE PRATICAR!
poder de forma organizada.
1. (IBFC – 2020) A chegada dos Europeus à América, no
século XV, significou o início da destruição da maioria
das organizações sociais, culturais e políticas existen-
tes. Os chamados conquistadores confiscaram as ter-
CONJURAÇÃO BAIANA ras indígenas, sua liberdade e, muito frequentemente,
suas vidas. Mais da metade dos cerca de 80 milhões
A Conjuração Baiana ou Revolta dos Alfaiates de ameríndios que então se distribuíam por todo o
HISTÓRIA DO BRASIL

(1798) teve um caráter mais popular. Participaram continente acabaram mortos em pouco menos de um
século de colonização (VICENTINO; DORIGO, 1997).
dela artesãos, alfaiates, soldados e trabalhadores
A respeito da chegada dos portugueses ao Brasil, assi-
negros, além de alguns escravos.
nale a alternativa incorreta.
Desde que a Coroa transferira a sede do governo
colonial para o Rio de Janeiro, em 1763, iniciara-se a) Além da submissão à exploração colonial, dos suces-
um processo de declínio socioeconômico e político sivos confrontos armados e da expulsão de suas
de Salvador. Em 1797, a alta dos preços dos produtos terras, os indígenas também foram destruídos pelas
levou a uma série de incidentes nas ruas da cidade, doenças trazidas pelos conquistadores
pois soldados e populares invadiram repetidas vezes b) Os conquistadores europeus, portadores de uma tec-
os armazéns para roubar carne e farinha. As ideias nologia superior e dotados da ambição comercial,
contrárias à opressão colonial encontraram um clima impuseram um verdadeiro morticínio às populações
favorável para serem aceitas. nativas 141
c) O processo de massacre aos indígenas teve início no perío- d) Em 1750 o governo português interveio e, a fim de
do colonial, manteve-se pela fase imperial e continuou pacificar e melhor administrar a região, juntou a capi-
pelo período republicano, não sendo raro na atualidade tania de São Paulo e Minas Gerais com a capitania do
d) Os primeiros séculos de contato entre brancos e Rio de Janeiro
índios revestiram-se de alguma amabilidade, pois, os e) Após vários conflitos os bandeirantes paulistas parti-
interesses dos colonizadores com o passar do tempo ram em busca de novas explorações na região do Nor-
mudaram radicalmente em relação ao dos indígenas deste sob a liderança de Manuel Nunes Viana
e) No início, os índios do Brasil foram atraídos pelo
4. (IBFC – 2017) Analise as sentenças abaixo e a seguir
escambo, isto é, troca de produtos nativos por outra e assinale a alternativa correta.
mercadoria
I. Em linhas gerais, a economia colonial na América por-
2. (IBFC – 2020) A maior parte dos engenhos aninha- tuguesa caracterizou-se pela mão de obra escrava,
va-se na mata, não muito distante dos centros por- pelo latifúndio, pela cultura de produtos tropicais e
tuários, o que se explica pela maior fertilidade dos pela exploração de metais e pedras preciosas.
terrenos e pela abundância de lenha, necessárias às II. Outras atividades também desempenharam importante
fornalhas famintas, alimentadas por um trabalho, que papel, coexistindo com aquelas que interessavam mais
às vezes ocupava o dia e a noite, de oito a nove meses, diretamente à política mercantilista metropolitana.
normalmente de julho/agosto de um ano a abril/maio III. Embora a agroindústria do açúcar tenha sido uma
do ano seguinte (DEL PRIORI; VENANCIO, 2010). atividade estratégica importante para a economia
A respeito dos engenhos de açúcar, leia as afirmativas colonial, ela foi colocada em segundo plano já que a
cultura cafeeira foi priorizada por conta da farta mão
abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
de obra escrava existente à época.
IV. A implantação da agroindústria cafeeira articulou a
( ) As primeiras mudas de canas de açúcar foram tra- exploração da América e África - esta fornecedora de
zidas da ilha da Madeira para o Brasil por Martim mão de obra - e ajudou a contornar a crise do comércio
Afonso de Souza que instalou o primeiro engenho da oriental, num período em que o monopólio português
colônia em São Vicente. das especiarias orientais era posto em xeque pelos
( ) A multiplicação dos engenhos pela costa brasileira holandeses e ingleses.
foi bastante rápida, chegando a mais de 60 em 1570
e 200 no final do século XVI. ( ) Coube a região Nor- Estão corretas as sentenças:
deste, destacadamente o litoral de Pernambuco e
Bahia, o papel de principal produtora de açúcar da a) I e II, apenas
colônia. b) I e III, apenas
c) III e IV, apenas
( ) O engenho, que em alguns casos chegava a ter perto
d) I, III e IV, apenas
de 5.000 moradores, era constituído por área exten-
e) I, II, III e IV
sas de florestas, fornecedoras de madeira; planta-
ções de cana; a residência do proprietário conhecida 5. (IBFC – 2017) Considere o trecho:
como casa grande, a capela e a senzala.
A beleza, o mistério e a pompa dos terreiros de umban-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- da e candomblé pelo Brasil afora, em particular na
reta de cima para baixo. Bahia, vêm de longe, no tempo e no espaço. Nasceram
da cultura e da religiosidade dos negros que deixaram
a) V, F, V, F tantas outras marcas profundas em nossa sociedade,
desde que foram retirados à força de suas comunida-
b) F, F, F, F
des e aqui desembarcaram em finais do século XVI,
c) F, F, V, V
trazendo crenças e ritos cuja prática muitas vezes lhes
d) V, V, F, F
custou caro.
e) V, V, V, V
CALAINHO, Daniela Bueno. Nossa história. São Paulo/Rio de Janeiro:
3. (IBFC – 2020) A descoberta do ouro em Minas Gerais Vera Cruz; Biblioteca Nacional. Ano 2, n. 18, abr. 2005, p.67.
pelos bandeirantes paulistas, em finais do século XVII,
atraiu para a região milhares de colonos de outras Com base no exposto, assinale a alternativa incorreta.
províncias, além de um grande número de europeus.
Julgando-se com direito exclusivo de exploração das a) A tradicional lavagem das escadarias da igreja do
minas, os paulistas hostilizaram os forasteiros, que Senhor do Bonfim teria surgido de um culto em home-
apelidaram de emboabas (em tupi, amô-abá significa nagem a Oxalá, orixá ioruba responsável pela criação
“estrangeiro”) (GIANPAOLO, 1997). do céu e da terra e de todos os seres
A respeito da Guerra dos Emboabas, assinale a alter- b) À mistura de tradições diferentes, por vezes até opos-
nativa correta. tas, dá-se o nome de fanatismo religioso, presente nas
procissões, nas festas populares, no pagamento de
a) Os emboabas enfrentaram os paulistas em vários promessas e no culto aos santos
combates, entre eles, o mais marcante ocorreu no cha- c) A convergência de interesses entre a Igreja Católica e
mado Capão da traição, no qual 300 paulistas foram a Coroa portuguesa levou à cristianização forçada dos
cercados pelos emboabas africanos civilizados
b) O confronto teve como motivo principal a disputa pela d) Como forma de resistência à opressão e para preser-
exploração do café produzido em grande escala na varem vivas suas tradições, os escravos incorporaram
região de Minas Gerais e adaptaram elementos do catolicismo à tradicional
c) Os paulistas desejavam ter exclusividade nas terras de religiosidade africana
Minas, pois diziam que tinham descoberto essa região e) Os escravos de origem ioruba que vieram para o Brasil
142 e pretendiam explorá-la para a plantação de açúcar trouxeram consigo, seus costumes e a fé em Oxalá
6. (IBFC – 2020) Assim, na manhã quente de 8 de c) O exercício do poder político da Primeira República foi
novembro de 1799, segundo o frei, as tropas de linha marcado pelo autoritarismo que sucessivamente lhe
ocuparam desde cedo a Praça da Liberdade, amplo imprimiram as forças que a instauraram
quadrilátero localizado no centro de Salvador. O povo d) O discurso reformista liberal da década de 1870 aca-
curioso não parava de chegar [...]. Logo após, os con- bou servindo de fachada, na verdade, para uma rea-
denados a degredo caminhavam de mãos atadas às ção aristocrática que, esvaziando o poder da Coroa e
costas, precedidos do porteiro do Conselho, com as excluindo as camadas pobres do direito de voto, pre-
insígnias do seu cargo, seguido dos quatro réus con- tendia instalar um parlamentarismo aristocrático onde
denados à pena capital pelo crime de lesa-majestade apenas as elites estivessem no controle do Estado
de primeira cabeça (VALIM, 2009).
e) Na busca de outras fórmulas que eliminassem a auto-
A respeito da Conjuração Baiana, assinale a alternati-
nomia do poder monárquico e, com ela, a possibilida-
va incorreta.
de de uma reforma social pelo alto, a aristocracia rural
aderiu sucessivamente ao federalismo e ao republica-
a) Condenados por conspirarem contra a Coroa de Portu-
nismo, especialmente depois da Lei Áurea
gal, dois alfaiates e dois soldados foram considerados
os réus do movimento qualificado pelas autoridades
do Tribunal da Relação da Bahia, em 1799, de “Sedição 9. (IBFC – 2020) Ao contrário de Euclides que, antes de
dos Mulatos” rumar para Canudos, permaneceu o mês de agosto
b) Parte dos historiadores que versaram sobre a Conju- praticamente inteiro em Salvador (aí chegou em 7 de
ração Baiana de 1798, perceberam certo grau de coe- agosto de 1897 e só partiu para o sertão no dia 31 do
rência entre a tentativa de participação política dos mesmo mês), Manuel Benício parece ter sido enviado
setores populares e a ideia de república diretamente para o campo da batalha. Pelo menos é o
c) Conjuração Baiana foi uma revolta social de caráter que se conclui com base na carta de 4 de julho, a pri-
burguês, que ocorreu na Bahia em 1798. Recebeu uma meira enviada de Canudos, e publicada a 3 de agosto
importante influência dos ideais do Renascimento Cul- no Jornal do Comércio. Nela, Benício informa que já se
tural e Revolução Industrial encontrava no sertão da Bahia desde 25 de junho, no
d) A Conjuração Baiana de 1798 deixa de ser um evento combate em Cocorobó, entre as forças da 2º Coluna e
de identificação regional, para tornar-se o representan- os jagunços (AZEVEDO, 2002).
te das mais profundas aspirações de amplos setores
da sociedade brasileira A respeito da Guerra de Canudos, assinale a alternati-
e) Esse movimento defendia a emancipação política do va correta.
Brasil, ou seja, o fim do pacto colonial com Portugal e
a instauração e implantação da República
a) Esse movimento refletia a extrema fartura em que
viviam as populações do Sertão Nordestino
7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa que completa cor-
b) A tensão política foi agravada pela expulsão dos ruralistas
retamente a lacuna.
que atuavam nas revoltas catarinenses e paranaenses
c) A região onde foi estabelecido o vilarejo de Canudos,
Dentro do universo colonial, é importante destacar o
cotidiano das relações escravistas. Embora muitos no interior de Pernambuco, era marcada por latifúndios
proprietários vissem os cativos como simples “coisas” improdutivos, pelas secas cíclicas e pelo desemprego
e usassem a força e outros recursos para conservá-los d) Os revoltosos incendiaram Canudos e mataram gran-
nessa categoria, ____. de parte do exército, fazendo-os de prisioneiros
e) Foi um movimento de resistência da população serta-
a) os escravos, os libertos e seus descendentes foram neja contra a estrutura agrário-latifundiária e as medi-
agentes passivos mesmo diante das imposições fei- das repressivas oficiais
tas pelos proprietários
b) os escravos, os libertos e seus descendentes foram 10. (IBFC – 2017) Um dos mais graves problemas sociais
grandes parceiros dos indígenas no início da coloniza- e ao mesmo tempo econômico que o Brasil enfrenta é
ção portuguesa a pobreza de sua população. Sabe-se que, comumen-
c) os escravos, os libertos e seus descendentes também te, governos brasileiros têm utilizado políticas induti-
foram agentes transformadores de seu tempo vas de crescimento econômico como medida redutora
d) os escravos aceitavam as imposições culturais e reli- da pobreza, sem no entanto, obter resultados satisfa-
giosas da cultura portuguesa e, em razão disso, não tórios ou permanentes. Sabe-se também que, dentre
podem ser considerados agentes transformadores de as regiões que mais sofrem com a pobreza, no país,
seu tempo estão a Norte e Nordeste.
e) os escravos, os libertos e seus descendentes também
foram agentes conservadores de seu tempo
Estudos históricos mostram que, em razão disso, hou-
ve um conflito, no Nordeste Brasileiro, liderado por
HISTÓRIA DO BRASIL

8. (IBFC – 2020) A República Velha também foi nomeada


Antônio Conselheiro que ficou conhecido como Guerra
“República das Oligarquias”, porque era comandada pela
de Canudos.
aristocracia dos fazendeiros. A respeito deste período da
história brasileira, assinale a alternativa incorreta.
Sobre esse assunto, analise as afirmativas abaixo, dê
a) Não havia, da parte das elites, qualquer pretensão de valores Verdadeiro ( V) ou Falso ( F).
impedir ou retroceder as mudanças ao regime vigente.
Era de comum acordo qualquer projeto político subs- ( ) A situação do Nordeste brasileiro, no final do século
tantivamente republicano, isto é, que se alicerçasse XIX, era muito precária. Fome, seca, miséria, violên-
numa concepção igualitária, legalista e cívica da Nação cia e abandono político afetavam os nordestinos,
b) O conceito de República era, pois, bastante débil. Ele principalmente a população mais carente. Toda essa
quase não tinha conteúdo próprio, sendo compreendi- situação, em conjunto com o fanatismo religioso,
do essencialmente por oposição à monarquia unitária desencadeou um grave problema social. 143
( ) Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi inicia- d) Concentrou a renda e acentuou as desigualdades sociais
do um conflito civil que ficou conhecido como Guerra e) Ampliou a capacidade produtiva e consumista do país,
de Canudos. Esta guerra durou quase um ano, até que se tornou modelo na América Latina de igualdade
05 de outubro de 1897, e, devido à força adquirida, e prosperidade
o governo da Bahia pediu o apoio da República para
conter este movimento formado por fanáticos, jagun- 12. (IBFC – 2019 Os autores João Pacheco de Oliveira e
ços e sertanejos sem emprego. Carlos Augusto da Rocha Freire analisaram a questão
( ) O beato Conselheiro, homem que passou a ser da resistência indígena ao se debruçarem sobre a pre-
conhecido logo depois da Proclamação da Repúbli- sença desses povos na formação do Brasil. Analise as
ca, era quem liderava este movimento. Ele acreditava afirmativas abaixo e assinale a alternativa correta.
que havia sido enviado por Deus para acabar com
as diferenças sociais e também com os pecados I. já no momento do escambo do pau-brasil, cada socie-
republicanos, entre estes, estavam o casamento civil dade indígena reagiu aos contatos com o invasor com
e a cobrança de impostos. seu próprio dinamismo e criatividade.
II. os portugueses estabeleciam relações com as lideran-
( ) Antônio Conselheiro por acreditar que era um envia-
ças indígenas com a entrega de presentes e mimos,
do de Deus conseguiu reunir um grande número de
em decorrência, a resistência contra o invasor euro-
adeptos que acreditavam em sua liderança e, em
peu era mitigada.
razão disso, ele, realmente poderia, libertá-los da III. a resistência indígena entre os povos do litoral, duran-
situação de extrema pobreza na qual se encontravam. te o século XVI, também esteve presente entre os
( ) Devido à enorme proporção que este movimento povos indígenas localizados no interior do Brasil e na
adquiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si Amazônia no século XVII.
só segurar a grande revolta que acontecia em seu IV. a presença dos jesuítas garantiu proteção aos indíge-
Estado; por esta razão, pediu a interferência da nas e permitiu que, dentre os invasores europeus, os
República. portugueses fossem os únicos a compreenderem a
diversidade desses povos.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
reta de cima para baixo. a) apenas as afirmativas I e IV estão corretas
b) apenas a afirmativa II está correta
a) V, F, V, V, V c) apenas as afirmativas I e III estão corretas
b) V, F, V, F, V d) apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
c) F, F, V, V, F
d) V, V, V, V, V 13. (IBFC – 2015) Segundo o Centro de Referência Virtual
e) V, F, F, F, V da Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais,
é importante que o aluno tenha uma noção do contex-
11. (IBFC – 2020) No período de 1968 a 1974, o Brasil
to histórico em que se deu a descoberta do ouro e o
viveu um acelerado crescimento econômico, nomea- povoamento das minas.
do pelos militares de Milagre Econômico. Esse cres- Sobre o ensino do tópico os primeiros europeus: os portu-
cimento, ocorrido no governo do presidente Emílio gueses do reino e da colônia, assinale a resposta correta.
Médici, foi garantido, entre outros fatores, pelos volu-
mosos investimentos estrangeiros no setor industrial, a) A iniciativa de migração e imigração para as minas foi
sobretudo, na indústria de bens de consumo duráveis resultado de esforços governamentais.
(CERRI, 2002). b) O processo histórico de ocupação da região das Minas
fez surgir uma sociedade bastante dinâmica, de cultu-
COMPARAÇÃO DA DISTRIBUIÇÃO DA RENDA NO ra e valores peculiares, marcada pela miscigenação e
BRASIL – 1960-1970-1976 PARTICIPAÇÃO NA hibridismo.
RENDA EM % c) Faz-se necessário o entendimento do crescimento
econômico enfrentado por Portugal em meados do
POPULAÇÃO século XVII.
ECONOMICAMENTE 1960 1970 1976 d) Os momentos iniciais de fixação da população nessa
ATIVA EM% região foram ordenados.

50% mais pobres 18 15 12 14. (IBFC – 2015) Muitos alunos têm uma ideia equivo-
cada sobre quais territórios da América foram efeti-
30% seguintes 28 23 21 vamente ocupados pelos portugueses nos diferentes
momentos do processo colonizador. Sobre o ensino
15% seguintes 27 27 28 da interiorização da colonização: o desbravamento do
5% mais ricos 27 35 39 sertão de acordo com as orientações pedagógicas da
Secretaria de Educação de Minas Gerais, assinale a
alternativa correta.
(Fonte: GUIMARÃES, Alberto P.,1981)

a) Há uma total coincidência entre os limites do território


A respeito do Milagre Econômico e com base na tabe- colonial com o território do Brasil atual.
la acima, assinale a alternativa correta. b) Em 1500, o território brasileiro já estava estabelecido
como é hoje.
a) Assegurou toda a distribuição da riqueza produzida c) Os alunos deverão conhecer, em linhas gerais, os pri-
entre os brasileiros meiros movimentos de colonização empreendidos no
b) Possibilitou a diminuição das diferenças econômicas território brasileiro, a partir do interior.
entre as classes sociais d) No Nordeste, nas fazendas de açúcar, havia a criação
c) Permitiu a redução da pobreza e elevou a qualidade de de gado, necessário para a alimentação da população
144 vida de modo igualitário local e como força motriz.
15. (IBFC – 2015) O tópico às missões no Sul e delimita- Levando em consideração o estudo da economia e a
ção do território brasileiro, da Proposta Curricular do sociedade mineira colonial: dinamismo econômico e
Conteúdo Básico Comum (CBC), busca desenvolver diversidade populacional, analise as afirmativas e dê
a habilidade de analisar as disputas sobre o território valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
sul-americano entre Portugal e outras potências euro-
peias no século XVIII por meio dos principais tratados ( ) Uma vez que o estudo da sociedade mineira colonial
do período. Sobre o ensino desse tema, analise as afir- pode ser desenvolvido a partir de uma analise com-
mativas a seguir e assinale a alternativa correta. parativa da sociedade voltada para a produção do
açúcar, caberia uma discussão prévia sobre as for-
I. Os vários acordos firmados para resolver as diver- mas de organização social predominantes na socie-
gências fronteiriças entre Portugal e Espanha nessa dade nordestina.
região configuraram os limites geográficos do Brasil ( ) Na região das minas não há uma separação rígida
atual. Assim, o estudo dessas disputas territoriais, entre as atividades agrícolas e mineratórias, por
suas características e seus resultados são importan- exemplo, havia um espaço reservado tanto para a
tes para que os alunos possam compreender como se exploração mineral quanto para o cultivo agrícola.
deu a delimitação de nossas fronteiras atuais, desde a ( ) A sociedade mineradora, comparada à sociedade
colonização. açucareira, era menos “flexível” e “democrática” em
II. O entendimento da disputa fronteiriça entre Portugal e relação às possibilidades de ascensão social.
Espanha na região das missões e a própria organiza- ( ) A sociedade que se constitui na região de Minas
ção desses agrupamentos indígenas sob a supervi- Gerais ao longo do século XVIII apresenta uma série
são da Igreja deve ser precedido por um breve estudo de especificidades em relação à sociedade que,
da ocupação portuguesa no sul do país desde o sécu- durante a colonização, dedicou-se à produção de
lo XVI. gêneros agrícolas para exportação.
III. É importante que o professor trabalhe com os alunos ( ) Foi também na região das minas que a relação entre
como se estruturavam as missões, como os índios metrópole e colônia foi bastante tensa. De um lado, a
viviam nelas e o acordo entre estes e os religiosos. coroa impondo o ideal colonizador através da admi-
Adicionalmente, é interessante que o professor apre- nistração da justiça e dos tributos. De outro lado, os
sente as modificações territoriais determinadas pelos atores coloniais também participando diretamente
tratados citados e ainda estude com os alunos as na construção da realidade colonial, seja a partir da
características e consequências das guerras guaraní- adaptação das leis impostas, seja reagindo ao ideal
ticas, responsáveis pela destruição das missões. colonizador através de revoltas e levantes.

Estão corretas as afirmativas: Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-


reta de cima para baixo.
a) I e III, apenas.
b) II e III, apenas. a) F – V – F – V – F.
c) I e II, apenas. b) V – V – F – V – V.
d) I, II e III. c) F – F – V – F – V.
d) V – F – V – F – F.
16. (IBFC – 2015) Analisar e compreender o processo de
implantação da agromanufatura do açúcar no Nordes- 18. (IBFC – 2015) O Eixo Temático I envolve o “sistema
te brasileiro, em conexão com o tráfico de escravos e colonial” e a realidade efetiva da colonização: políti-
a fixação dos portugueses no território brasileiro, é um ca metropolitana versus diversificação econômica
dos objetivos do ensino da agromanufatura do açúcar e interesses locais. Sobre o ensino e aprendizagem
e a escravidão. desse tópico, segundo as recomendações do Centro
De acordo como o Centro de Referência Virtual da de Referência Virtual, analise as afirmativas a seguir e
Secretaria de Estado de Educação de Minas Gerais, assinale a alternativa correta.
assinale a alternativa incorreta:
I. Muitos alunos saem do Ensino Fundamental e Médio
a) Os escravos que conseguiam a liberdade encontra- sem saberem, por exemplo, que existiram outras ati-
vam em seu ambiente condições para o exercício de vidades econômicas em Minas Gerais do século XVIII
direitos civis e políticos. além da mineração, isso mesmo durante o período de
b) A grande propriedade rural foi um obstáculo à expan- apogeu da mineração.
são da cidadania herdado da colônia. Essa realidade II. É preciso que a ideia de colônia passiva seja cons-
ainda está presente em várias regiões do país. truída e trabalhada dentro de sala de aula para que o
c) É necessário que os alunos conheçam a política mer- aluno consiga compreender aspectos importantes da
HISTÓRIA DO BRASIL

cantilista vigente em Portugal na época da colonização, vida colonial, muitos deles inseridos nas propostas
de forma específica, e na Europa de maneira geral. curriculares do Ensino Fundamental e Médio.
d) O incentivo à produção açucareira na colônia esteve III. Não se enxerga mais a colônia como um simples
ligado aos perigos enfrentados por Portugal de perder apêndice, mas acredita-se que essa tinha vida e dinâ-
suas possessões americanas devido à concorrência mica própria.
com outras nações europeias pelo domínio das terras.
Estão corretas as afirmativas:
17. (IBFC – 2015) O estudo da sociedade mineira do sécu-
lo XVIII, sua diversificação e suas especificidades em a) I e III, apenas.
relação à sociedade açucareira é importante para a b) II e III, apenas.
compreensão tanto do papel econômico desempe- c) I e II, apenas.
nhado pela região de Minas Gerais. d) I, II e III. 145
19. (IBFC – 2015) Sobre o tópico “Inconfidências e Revo-
lução de 1817: movimentos de contestação ao poder” 7 C
e de acordo com as orientações pedagógicas da 8 A
Secretaria de Educação de Minas Gerais, leia o trecho
a seguir e assinale a alternativa correta: 9 E

10 A
Ao longo do século XX, a ____ foi evocada em ocasiões
das mais diversas para legitimar ações do presente. 11 D
Já a ____ , muitas vezes relegada a segundo plano no
processo de construção da independência do Brasil, é 12 C
hoje vista por muitos historiadores como um importan-
13 B
tíssimo movimento de enfrentamento da monarquia.
14 D
Assinale a alternativa que completa correta e respecti-
vamente as lacunas. 15 D

16 A
a) Balaiada - Sabinada.
b) Sabinada - Inconfidência Mineira. 17 B
c) Revolta Canudos - Revolução Constitucionalista.
d) Inconfidência Mineira - Revolução Pernambucana. 18 A

19 D
20. (IBFC – 2017) Leia o trecho a seguir:
20 C
“Tratava-se da primeira grande mudança de regime
político após a independência. Mais ainda: tratava-se
da implantação de um sistema de governo que se pro-
punha, exatamente, trazer o povo para o proscênio da
atividade pública.”
ANOTAÇÕES
(Carvalho, José Murilo. Os bestializados.p.11)

De acordo com o autor, e seus conhecimentos sobre


o assunto, assinale a alternativa que contenha a afir-
mação correta sobre a proclamação da Republica em
1889:

a) Foi um processo de longo prazo, e em seus primeiros


momentos, apresentou a disputa entre duas correntes
ideológicas; de um lado o jacobinismo a francesa e
de outro a democracia à americana
b) A República no Brasil se consolidou e executou por
força das elites cafeeiras paulistas
c) Nos debates historiográficos atuais sobre a Proclamação
da República, é bastante aceita a ideia de que não houve
participação popular na transposição do regime monár-
quico ao regime republicano, havendo, posteriormente,
tentativas de inserção popular na política republicana
d) Devido ao carinho popular pelos Monarcas, o povo
repudiou e tentou desfazer o ocorrido. Um desses ocor-
ridos ficou conhecido como “Noite das Garrafadas”
e) A república trouxe inúmeras modificações ao povo
que de súdito se torna cidadão. Exemplo disso é o
voto universal e secreto que foi empregado na consti-
tuição de 1891

9 GABARITO

1 D

2 E

3 A

4 A

5 B

6 C
146
Planícies

São formações que ocupam uma área em torno de


3.000.000 km² de todo o território nacional, com des-
taque para as seguintes áreas:
GEOGRAFIA DO BRASIL
z Planície Amazônica: é considerada a maior área de
terras com baixa altimetria do país, está localizada
principalmente no estado de Rondônia, as formas
de planícies mais presentes aqui são as planícies de
RELEVO BRASILEIRO várzeas, os baixos planaltos e os terraços fluviais.
z Planícies Litorâneas: as faixas de terra localiza-
O relevo brasileiro possui como principais carac-
das em todo o litoral brasileiro, abrangendo uma
terísticas médias e baixas altitudes, ocorre o predomí-
área aproximada de 600 km.
nio de formas de relevo como planaltos e depressões
z Planície do Pantanal: que está localizada nos esta-
(que são formações de relevo cuja sua origem é crista-
dos do Mato Grosso e do Mato Grosso do Sul, uma
lina e sedimentar).
das características é que esta região está sujeita as
As formações de relevo, planaltos e depressões,
constantes inundações, é a maior área de planície
ocupam em torno de 95% do nosso território. Já as pla-
inundável do mundo.
nícies, que possuem também uma origem sedimentar,
ocupam cerca de 5% do nosso território. Dessa forma,
cerca de 60% do território nacional é composto por
bacias sedimentares e os escudos cristalinos represen-
tam cerca de 40% do todo o território nacional, ocupan-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
do uma área de 5,000,00 km², as formas mais comuns
1. (IFCE – 2020) Sobre o relevo brasileiro, é correto afir-
são picos, as serras, as colinas, os morros e as chapadas.
mar-se que:
Planaltos
I. O predomínio dos planaltos no Centro-Sul do Brasil é um
dos responsáveis pelo reduzido potencial hidroelétrico
São formas também denominadas como platôs, da região.
esta formação de relevo tem como principais caracte- II. As depressões são áreas inclinadas em consequência
rísticas sua formação elevada e plana, com altura aci- do processo erosivo que se forma entre as bacias
ma de 300 metros, e estão submetidos a um constante sedimentares e os escudos cristalinos.
processo erosivo. III. Os planaltos são formas de relevo elevadas com super-
Os planaltos podem ser classificados de acordo fície irregular e altitudes variáveis, no entanto, superio-
com a sua formação geológica: res a 300 metros.
IV. As planícies correspondem a uma pequena extensão
z Os planaltos sedimentares são formados por do território em áreas mais planas, formadas pela
rochas sedimentares; deposição de sedimentos.
z Os planaltos cristalinos são formados por rochas
cristalinas; Estão corretas:
z Os planaltos basálticos são formados por rochas
de origem vulcânica. a) apenas I e III.
b) I, II, III e IV.
Dentre os principais planaltos presentes no territó- c) apenas I e II.
rio brasileiro, podemos destacar: d) apenas II, III e IV.
e) apenas III e IV.
z Planalto Central: que tem como destaque a Cha-
pada dos Veadeiros, com altitudes que variam O item I está incorreta, pois, nas áreas de relevo
entre 600m e 1650m, localizado nos estados de planáltico ocorre uma elevada produção de ener-
Minas Gerais, Tocantins, Goiás, Mato Grosso e gia, caracterizando assim um elevado potencial
Mato Grosso do Sul. hidrelétrico.
z Planalto das Guianas: que está presente no ter- Os itens corretos são II, III e IV pois de acordo com os
ritório brasileiro nos estados do Amazonas, Pará, estudos e a classificação do professor Jurandyr Ross, os
Roraima e Amapá, se estendendo também para planaltos são as áreas que foram submetidas ao pro-
GEOGRAFIA DO BRASIL

países vizinhos na América do Sul como: Vene- cesso erosivo com superfície irregular; as áreas de pla-
zuela, Colômbia, Suriname, Guiana Francesa e nícies são áreas com intenso processo de sedimentação
Guiana. Nesta formação de relevo está localizado e; depressões são as áreas com altimetrias menores que
o ponto de maior altitude do Brasil, que é o Pico da seu entorno, e estão localizadas entre as bacias sedi-
Neblina, com altitude de 3,000 metros, na Serra do mentares e os escudos cristalinos. Resposta: Letra D.
Imeri no estado do Amazonas.
z Planalto Brasileiro: é constituído pelas seguintes 2. (IFSUL – 2019) “São formas do relevo mais ou menos
formações: Planalto Central, Planalto Meridional, planas ou suavemente onduladas, em geral de grande
Planaltos do Leste e Sudeste, Planaltos do Mara- extensão e que o processo de deposição de sedimen-
nhão e Piauí, Planalto Nordestino, e pelo Planalto tos supera o de desgaste”.
Uruguaio-Rio-Grandense, destaque para o Pico da
Bandeira, localizado na Serra do Caparaó, com alti- ADAS, Melhem; ADAS, Sergio. Expedições Geográficas (6º ano). São
tude em torno de 2900 metros. Paulo: Moderna, 2015. p. 109 147
O fragmento de texto revela o conceito de: território nacional. O objetivo desse acordo era que os
brasileiros continuassem empenhados na exploração
a) ravina. de recursos naturais presentes em nosso território,
b) falésia. como por exemplo a extração do ouro e do cultivo de
c) planície. gêneros tropicais. Os portugueses tinham a preocupa-
d) planalto. ção que o desenvolvimento das atividades industriais
e do comércio afetaria a mão-de-obra utilizada nas
As áreas de planícies são caracterizadas de deposi- atividades já citadas e dessa forma os lucros dos por-
ção de sedimentos. Os itens incorretos são: A, por- tugueses diminuiriam de forma drástica.
que ravinas são processos erosivos que ocorrem de O ano de 1808 marca a chegada da Família Real Por-
forma lineares do solo; B as falésias são formações tuguesa ao Brasil e uma série de mudanças, dentre elas
presentes nas áreas litorâneas e são regiões escar- o processo de abertura dos portos para as nações ami-
padas; o item D, pois planaltos estão localizados em gas de Portugal e a revogação do Alvará assinado ante-
áreas onde o processo erosivo supera o processo de riormente por D. Maria I. Porém, esse processo pouco
deposição. Resposta: Letra C. alterou a realidade industrial brasileira e a depen-
dência dos produtos industrializados importados. A
dependência, principalmente da Inglaterra, continua-
va ocorrendo. Além disso, o governo que se instala no
Brasil, chefiado por D. João VI, concede grandes bene-
URBANIZAÇÃO: CRESCIMENTO fícios aos ingleses, prejudicando e inibindo qualquer
URBANO, PROBLEMAS ESTRUTURAIS, tipo de investimento no setor industrial do nosso país.
No período conhecido como Segundo Reinado, o
CONTINGENTE POPULACIONAL Brasil enfrentava vários problemas, e a adoção da Tari-
BRASILEIRO. fa Alves Branco, que impunha uma série de impostos
a produtos importados, proporcionou um desenvolvi-
ATIVIDADES ECONÔMICAS: INDUSTRIALIZAÇÃO mento tímido do setor industrial, com alguns surtos
E URBANIZAÇÃO, FONTES DE ENERGIA E no século XIX, em especial na indústria têxtil.
AGROPECUÁRIA Alguns acontecimentos que começam a mudar a
realidade industrial do Brasil foram:
O processo de industrialização do Brasil teve seu
início no século XIX, com surtos industriais, princi- z A assinatura de leis abolicionistas, que proibiam o
palmente no Sudeste, no estado de São Paulo. Porém, trabalho escravo e ampliavam o trabalho assala-
foi somente com o declínio da lavoura cafeeira e com riado e o mercado consumidor;
a ocorrência da crise do modelo agrário exportador, z Crises e tensões na Europa;
que ruiu com a crise de 1929 e a adoção de políticas z Grande quantidade de matérias-primas;
industriais com objetivos de substituir as importa- z Modernização da infraestrutura portuária, com
ções. Contaram também com os incentivos governa- destaque para o Porto de Santos e com o acúmulo
mentais, que de fato proporcionaram um processo de de capitais oriundos da lavoura de café.
Revolução Industrial em nosso país.
Ainda assim, a realidade industrial brasileira con-
A sociedade urbana e industrial, resultado de um
tinuava extremamente dependente da manufatura
intenso processo de êxodo rural, é um fenômeno que
estrangeira.
ocorreu em nosso país de forma tardia e recente, ocor-
rendo em um período de quase 200 anos de atraso em Segunda fase (1931 - 1955)
relação à Revolução Industrial que ocorreu na Ingla-
terra por volta de 1750, no século XVIII. Já no século XX, em especial no período da 1ª Guer-
A industrialização brasileira pode ser dividida em ra Mundial (1914 -1918), o Brasil se viu na obrigação
fases que vamos listar a seguir: de adotar uma política industrial mais agressiva, pois
os nossos principais fornecedores de produtos indus-
z Primeira fase (1500 – 1930); trializados estavam envolvidos no conflito que ocorria
z Segunda fase (1931 – 1955); na Europa.
z Terceira fase (1956 – 1989); Após a crise de 1929, que determinou a Quebra
z Quarta fase (1990 - atualidade). da Bolsa de Nova York, e as constantes crises que a
lavoura cafeeira vinha passando, associados a uma
Primeira fase (1500 - 1808) mudança na política brasileira, ocorreu a chegada de
Getúlio Vargas ao poder e o Brasil começa a passar de
Neste período, entre 1500 e 1808, nosso país estava fato pela sua Revolução Industrial.
preso a acordos que atendiam única e exclusivamente No governo de Getúlio Vargas foram adotadas
aos interesses da Coroa Portuguesa, como por exemplo medidas que visavam o aumento do investimento na
o Pacto Colonial, no qual as colônias só podiam estabele- indústria brasileira, criando uma espécie de suporte
cer relações comerciais com suas metrópoles. Este acordo para as outras fases de industrialização que viriam a
proporcionou grandes vantagens para os portugueses e seguir. Vargas, com seu projeto nacionalista, investiu
gerou uma série de déficits e atrasos para o nosso país. na instalação de indústrias de base para a extração de
O Brasil era um simples fornecedor de matéria- recursos minerais como por exemplo:
-prima e recebia em troca produtos manufaturados
ou semi-industrializados, já que existia uma política z A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN);
restritiva de desenvolvimento industrial no territó- z A Vale do Rio Doce;
rio brasileiro. Esta política era o Alvará de Proibição z A Companhia Siderúrgica do Pará (COSIPA);
Industrial, que foi assinado por D. Maria I em 1785 z A Companhia Siderúrgica de Minas Gerais
148 e proibia a instalação de fábricas e manufaturas em (COSIMINAS);
z A Eletrobrás – produção de energia elétrica; É importante destacar o processo de desconcentra-
z E o projeto mais sucedido de Vargas que foi a ção das indústrias, que começa a ocorrer no período
Petrobrás: que iniciou nos anos 40 aqui em nosso em que os militares estão no poder. Nesse aspecto
país o processo da extração de petróleo. destacamos a instalação da Zona Franca de Manaus
– um polo industrial na zona Norte do país, onde os
Terceira fase (1956 - 1989) objetivos eram além de promover uma política de
desenvolvimento regional, estabelecer um processo
de integração entre as regiões do país.
Essa fase é marcada pelo início do processo de Assim como ocorreu a instalação de indústrias na
internacionalização da nossa economia, promovido região Norte, o mesmo ocorre em outras regiões sen-
pelo presidente Juscelino Kubitschek, popularmente do que esse processo é a principal características da
conhecido como JK. Foi desenvolvido o processo de próxima fase.
abertura do mercado brasileiro para sediar as filiais Antes de iniciarmos a quarta e última fase da
das grandes indústrias estrangeiras, em especial das industrialização brasileira, é importante destacar o
automobilísticas. Esse período foi marcado por um processo de crise econômica ocorrida em nosso país
tripé econômico: desde os anos 70, se intensificando nos anos 80 e se
estendendo até meados dos anos 90.
z Capital Privado Internacional; O mundo viveu uma grave crise econômica nos
z Capital Privado Nacional; anos 70 ocasionado pelo 1º choque do petróleo, no
qual ocorreu um aumento no valor do barril e esse
z Capital Estatal.
aumento gerou reflexos em todo o mundo. Em nos-
so país, o choque do petróleo significou a retirada de
JK estabeleceu o Plano de Metas, que tinha como capitais pelos investidores, e esse episódio acabou
slogan promover o crescimento do país “50 anos em 5”. expondo a grande dependência que nosso país tinha
Dentre os principais objetivos do Plano de Metas esta- em relação às questões econômicas e tecnológicas
vam a realização de investimentos nas seguintes áreas: perante as nações mais industrializadas.
Assim, com o agravamento da crise e elevação dos
z Educação; juros no mercado financeiro internacional, na década
z Transportes; de 1980, começa a ocorrer o processo de sucateamen-
z Energia; to da indústria no Brasil.
z Alimentação;
z Indústria de base. Quarta fase (1990 - atualidade)

Dessa forma, o presidente e sua equipe de gover- Nos anos 90, o Brasil começa a adotar medidas
impostas por organismos financeiros internacionais,
no acreditavam que o país daria passos cada vez mais
como o Fundo Monetário Internacional (FMI), que
largos para o desenvolvimento que todos tanto alme-
visava promover a implantação de medidas neolibe-
javam. Ocorreu a entrada de empresas multinacio- rais na condução da economia, privatizando empresas
nais, o que estimulou o setor de bens duráveis, como estatais (pertenciam ao Estado brasileiro), aumentan-
por exemplo o setor automobilístico, fazendo com que do o processo de internacionalização da economia.
o governo brasileiro fizesse investimentos no setor de
transportes, em especial no setor rodoviário, causan-
do um problema que se arrasta até os dias atuais: a Importante!
dependência do setor rodoviário. A chegada dessas
corporações internacionais foi provocada pelo fenô- Neoliberalismo: Conjunto de doutrinas econô-
meno conhecido como desconcentração industrial. micas, que começam a serem implantadas no
Desconcentração industrial é o processo de desloca- mundo nos anos 70 e 80, em nações como EUA
mentos de indústrias de regiões com elevados níveis e Inglaterra, que forma baseadas nas ideias libe-
de industrialização, que acabaram tornando-se onero- rais do pensador Adam Smith, e as ideias neo-
sos, com altos custos de manutenção, para regiões com liberais visam reduzir a participação do Estado
menores custos para a manutenção da produção (governo) na economia e permitir uma regulação
industrial. Nestes novos locais que receberiam as indús- mais flexível na condução de ações econômicas
trias, os custos com os fatores locacionais são menores. – o mercado age com mais intensidade. Para
A maior concentração de indústrias ocorria na a América Latina, essas ações foram impostas
região Sudeste, em especial no estado de São Paulo, por pelo Consenso de Washington.
conta de todo o histórico de importância que a região
exercia para a economia do país desde o período colo-
GEOGRAFIA DO BRASIL

nial, perpassando por vários ciclos econômicos. Neste A entrada de capitais estrangeiros sem uma maior
contexto, merece destaque a região do ABCD Paulista, regulação do Estado brasileiro, acabou por expor a
área de elevada concentração industrial. fragilidade que existia do ponto de vista tecnológico,
Nos anos da ditadura militar, em especial no final dos além do baixo poder de competitividade, e isso levou
várias empresas a falirem.
anos 60 e começo dos anos 70, ocorreu o chamado Mila-
A disparidade que existia entre as regiões do Brasil
gre Econômico Brasileiro, época que o país apresentava era gritante: a região Sudeste chegou a ser responsável
taxas de crescimento econômico em torno de 10% ao ano. por concentrar cerca de 80% das indústrias presentes
Esse crescimento é medido por meio do Produto no território brasileiro. Diante desse cenário, a partir
Interno Bruto (PIB), que representa a soma de todas dos anos 90, e principalmente nos anos 2000, o governo
as riquezas que o país produz durante o período de brasileiro, juntamente com governos estaduais e muni-
um ano, mas esse estudo também pode ser realizado cipais, começa a criar uma série de situações para que
de forma mensal ou trimestral, depende do objeto de determinados segmentos industriais se deslocassem
estudo realizado. para regiões como Norte, Nordeste e Centro-Oeste. 149
Tem início um período de forte isenção fiscal por par- A concentração no Centro-sul do fenômeno cartogra-
te dos gestores públicos para atrair indústrias para seu fado está relacionada a(ao):
território, iniciando um processo que ficou conhecido
a) a proximidade das jazidas carboníferas.
como Guerra Fiscal ou Guerra dos Lugares, nas quais b) maior centro consumidor e oferta de mão de obra.
as unidades da Federação disputavam para oferecer as c) produção de energia eólica.
melhores e mais atrativas cargas tributárias e atrair as d) maior proximidade das centrais sindicais com a con-
grandes marcas industriais para seus territórios. sequente articulação do operariado.
e) presença da malha ferroviária, única região do país em
que supera a rodoviária.

EXERCÍCIOS COMENTADOS A maior concentração e distribuição das empresas


pelo território brasileiro ocorre principalmente no
1. (FAC. ALBERT EINSTEIN – 2020) A concentração Complexo Regional do Centro-Sul (Sul, Sudeste e
industrial nas regiões Sudeste e Sul é tamanha que parte do Centro-Oeste), e pode ser explicada pela
se torna necessário enfrentar o mais rápido possível elevada concentração populacional e da presença
certa reorganização. De fato, a hiperconcentração e de um mercado consumidor com maior renda, além
as desigualdades geradas pelo sistema terminam por da quantidade de mão de obra. Resposta: Letra B.
resultar em “deseconomias de aglomeração”, ou seja,
em bloqueios. Parece que se assiste a um início de
mudança, porque os inconvenientes da concentração
começam a pesar mais que as vantagens. TIPOS DE FONTES DE ENERGIA QUE
(Hervé Théry e Neli A. de Mello-Théry. Atlas do Brasil, 2018. PARTICIPAM DA MATRIZ ENERGÉTICA
Adaptado.)
BRASILEIRA: EÓLICA, HIDRÁULICA,
Entre os “inconvenientes” da concentração industrial, BIOMASSA, SOLAR E A DAS MARÉS
pode-se citar:
Fontes de Energia
a) a eliminação de sistemas de cooperação devido à
necessidade de redução de custos. Fontes de energia são as matérias-primas utiliza-
b) o comprometimento da concorrência devido à proxi- das para a produção de energia, que movimentam
midade das corporações. máquinas de maneira direta ou indireta. São extraí-
c) a eliminação da hierarquização das empresas devido das da natureza e precisam passar por processos de
à padronização de soluções. transformação para gerar energia.
d) o comprometimento da competitividade da produção As fontes de energia são classificadas como reno-
devido à elevação dos custos. váveis: hidrelétricas, energia solar, produção eólica
e) a propensão a monopólios devido à retirada de empre- (ventos) e geotérmica (do calor proveniente do interior
sas de nichos muito concorridos. da Terra), Biomassa (produzida a partir da utilização
de matérias-orgânicas), energia das marés (força das
O colapso da infraestrutura das grandes metrópoles ondas) e do hidrogênio (por meio do processo de rea-
/cidades brasileiras relacionados a transportes, ener- ção química entre oxigênio e hidrogênio que acaba
gia, horizontalização da mancha urbana, contribui por liberar energia). As outras formas de energia são
para o aumento dos custos de produção industrial, e as não renováveis: combustíveis fósseis como o petró-
esses fatores contribuem para a redução de sua com- leo, carvão mineral, gás natural e o gás de xisto, além
petitividade perante o mercado internacional. Respos- da energia nuclear, produzida por meio do processo de
ta: Letra D. fissão (quebra) nuclear dos átomos de Urânio e Tório.
O mundo contemporâneo está diante do desafio de
2. (ESPM – 2019) Observe o mapa a seguir: utilizar cada vez mais energias não poluentes e renová-
veis, com o objetivo de reduzir os impactos da matriz
energética sobre o meio ambiente. No Brasil já temos
programas de produção de energia com o objetivo de
reduzir os impactos ambientais, como por exemplo a
produção de etanol para combustível veicular, que foi
inserido em nosso país nos anos 70 a partir do Progra-
ma do Álcool Brasileiro, principalmente a partir do 1º
choque do petróleo, ocorrido em 1973, que provocou
aumentos consideráveis no valor de barril.
O Brasil destaca-se também pela produção de
energia a partir de usinas hidrelétricas, com destaque
para as Usinas de Itaipu, Ilha Solteira, Belo Monte,
Cachoeira Dourada e Furnas. Em relação à energia
eólica, merece destaque o crescimento apresentado
na região nordeste na interface continente-oceano
(litoral), especialmente a Usina de Prainha no Ceará.
A produção da energia solar, em especial no cinturão
do sol, localizado no Nordeste, e em várias usinas na
região Sul também aumenta cada vez mais. Como evi-
dência da biomassa temos o processamento de cana-
150 -de-açúcar e a produção de etanol.
Em relação às fontes de energia não renováveis, des- c) A maior produção em terra provém do Estado do Rio
tacamos a utilização de gás natural, que é importado da Grande do Norte e, em mar, do pré-sal situado entre os
Bolívia. As poucas reservas de carvão mineral estão loca- Estados de São Paulo e Rio de Janeiro.
lizadas em estados da região Sul, principalmente Santa d) Apesar de possuir grandes reservas, especialmente
Catarina. O processo de extração e refino de petróleo é com as descobertas do pré-sal, não há refino no país,
realizado pela Petrobrás desde os anos 50, quando ocor- por isso os derivados são importados.
reu sua inauguração e, nesse quesito, podemos destacar
as reservas localizadas nas Bacias de Campos e Santos. Os maiores volumes da produção de petróleo offsho-
Também é importante destacar a presença das reser- re (fora da área continental) do país estão na área
vas de petróleo no pré-sal, localizado entre os estados de do Pré-Sal. Já a produção onshore (dentro do con-
Santa Catarina e Espírito Santo, totalizando uma área de tinente) se concentra na Bacia Potiguar. Resposta:
mais de 800 km de extensão. Essa reserva de petróleo Letra C.
está localizada a uma profundidade superior a sete mil
metros abaixo do nível do mar, por baixo de uma cama- 2. (UEL – 2020) Em novembro de 2007, foi anunciada a
da de sal com espessura de 2 km, o que durante muito existência de extensos campos de petróleo na cama-
tempo inviabilizou a sua exploração. Com o desenvolvi- da pré-sal brasileira, como o de Tupi. Atualmente, esti-
mento tecnológico, a Petrobrás já extrai grandes quanti- ma-se que, em toda a sua extensão, a camada pré-sal
dades de petróleo na região. Estima-se que as reservas abrigue um total de 100 bilhões de barris de petróleo
no pré-sal ultrapassam 200 milhões de barris e, por em reservas, o que coloca o país no grupo dos maio-
conta dessas reservas encontradas, o Brasil passou a ser res produtores mundiais. Sobre o pré-sal, assinale a
autossuficiente na produção de petróleo. alternativa correta.
Em relação à energia nuclear, merecem destaque as
Usinas de Angra I e II, construídas nos anos 70, porém a) A produção petrolífera no Brasil é insuficiente para o
sem muita representatividade na matriz energética consumo interno e, mesmo com a descoberta do pré-
brasileira, que atualmente se divide da seguinte forma: -sal, o país depende da importação de petróleo pesado.
b) O petróleo encontrado no pré-sal localiza-se em bacias
Lixívia e outras sedimentares, sendo as três principais a do Espírito
renováveis Carvão Santo (ES), a de Campos (RJ) e a de Santos (SP).
Outras não 1,4% 5,7% c) As formações do pré-sal no Brasil datam do período
renováveis Quaternário da Era Mesozoica, mesmo período em
1,4% que surgem os peixes e a vegetação nos continentes.
d) A extração de petróleo do pré-sal tem se mostrado
Lenha e Carvão
vegetal ineficiente, sendo pequeno o volume extraído, em
1,4% função das limitações técnicas e do elevado custo de
exploração.
e) A profundidade em que se encontram as reservas do
Petróleo e
Derivados da pré-sal impossibilita o risco de vazamentos e desas-
derivados
cana tres ambientais, evitando prejuízos à biodiversidade.
36,4%
12,0%
As reservas de petróleo que estão localizadas na
camada pré-sal são de boa qualidade. Estas reser-
Hidráulica
12,0%
vas estão localizadas em profundidades que variam
entre 6 e 7 km e situa-se logo após uma grossa
Gás natural camada de sal em bacias sedimentares recobertas
13,0% pelo mar como Santos, Campos e Capixaba. Na
Nuclear
atualidade, em relação a produção, a liderança é
1,4%
das reservas presentes na Bacia de Santos, princi-
palmente a parte localizada próxima ao estado do
Fonte: epe.gov.br
Rio de Janeiro. Resposta: Letra B.

EXERCÍCIOS COMENTADOS
PROBLEMAS AMBIENTAIS
GEOGRAFIA DO BRASIL

1. (UNICAMP – 2020) O petróleo continua sendo a fon-


te de energia mais importante do mundo. A posse de O histórico do agravamento dos impactos ambien-
reservas, o transporte e a capacidade de refino figu- tais no Brasil e no mundo começa a ser alterado a par-
ram como elementos de soberania nacional e estraté- tir dos anos 30, e, no nosso país especificamente, esse
gicos em um mundo extremamente competitivo. Em fenômeno veio acompanhado do processo de indus-
relação ao petróleo no Brasil, é correto afirmar: trialização e de urbanização. Esses eventos propor-
cionaram um certo desenvolvimento do país, porém,
a) As descobertas das reservas nacionais ocorreram a o desenvolvimento não veio acompanhado de legisla-
partir dos anos 1980 e a Bacia de Campos (RJ) é hoje ções adequadas que protegessem o meio ambiente das
a principal produtora do país. possíveis consequências de um crescimento industrial.
b) A extração nacional é cada dia maior, mas a inexistên- O crescimento urbano e industrial, associado ao cres-
cia de oleodutos exige que o transporte seja realizado cimento populacional, são batalhas travadas cotidiana-
por meio rodoviário. mente para conter o avanço da degradação ambiental. 151
O desmatamento A poluição da água

Considerado como um dos mais antigos e mais Nos centros urbanos, principalmente, está asso-
graves problemas ambientais que nosso país possui, ciada à falta de políticas para descarte do esgoto e
desde a chegada dos portugueses e dos diversos ciclos tratamento. Pouco mais da metade dos domicílios bra-
de exploração este problema vem sendo agravado. O sileiros têm o sistema de coleta de esgoto e fornecimen-
processo de urbanização e crescimento das cidades, a to de água potável, grande parte do esgoto doméstico
expansão das atividades agropecuárias, a extração de produzido em nosso país é lançado in natura direta-
madeira de lei e a utilização das terras para a pecuá- mente nos rios sem qualquer forma de tratamento.
ria extensiva foram determinantes para o agravamen- O Brasil possui cerca de 12% das reservas de água
to desta situação. Como consequências do processo de doce do mundo, porém, somente 4% é própria para o
desmatamento podemos destacar: a destruição da bio- consumo de acordo com estudos da Agência Nacional
diversidade, os processos de erosão e empobrecimen- das Águas (ANA). Como consequências deste tipo de
to dos solos, a redução no ciclo das chuvas, o aumento problema ambiental destacamos a destruição e perda
das temperaturas e a questão do aquecimento global. da biodiversidade, falta de água com qualidade para o
consumo humano e uma queda na qualidade de vida
z As queimadas: em sua maioria estão diretamen- da população, além do agravamento de doenças asso-
te associadas às práticas de agricultura. Em nos- ciadas às questões citadas acima.
so país, as queimadas vêm aumentando de forma O Governo Federal, no mês de julho de 2020, san-
considerável nos últimos anos, vide os exemplos de cionou a Lei nº 14.026, promovida como o Marco de
2020 ocorridos no Pantanal e na Amazônia. Como Saneamento Básico, Lei essa que visa universalizar
consequências das queimadas, destaca-se o acele- no território nacional os sistemas de coleta de esgoto
ramento do processo de desertificação, a poluição e tratamento de água até o ano de 2033, promoven-
do ar e o processo de empobrecimento dos solos. do parcerias público-privadas para buscar resolver
os problemas que mais afligem os brasileiros, serão
A questão do lixo investidos cerca de R$ 753 bilhões, totalizando R$ 47
bilhões por ano no setor.
Considerado como o grande desafio das autoridades Dentre os problemas ambientais em zonas urba-
brasileiras, visto que o consumo do ser humano e a pro- nas, podemos destacar a formação das ilhas de calor
dução de lixo só aumentam ano após ano. As dificulda- (também conhecidas como micro climas), que são pro-
des se potencializam com a coleta e o tratamento que vocadas por retirada da cobertura vegetal, verticali-
ocorrem de forma inadequada, mesmo com a lei federal zação das construções, o que acaba por impedir uma
nº 12.305 de 2010, também conhecida como a Lei Nacio- maior circulação dos ventos, circulação de veículos
nal de Resíduos Sólidos, que proíbe o descarte do lixo automotivos e o processo de impermeabilização dos
coletado em lixões a céu aberto (o ideal é a construção solos, causando assim um aumento da temperatura
de aterros sanitários). O problema ainda persiste por das áreas centrais em relação as áreas periféricas: tal
falta de interesse dos agentes públicos em promover aumento pode chegar a 10ºC.
políticas para resolver a questão e também pela falta de Um outro problema ambiental dos centros urbanos é
consciência da população em contribuir para amenizar a formação das chuvas ácidas que ocorrem em regiões
os impactos deste problema. Como consequências deste com alto nível de poluentes na atmosfera. Ao entrar em
tipo de problema temos a contaminação dos solos e dos contato com as gotículas de água, os poluentes promo-
lençóis freáticos, por conta da produção de chorume, a vem o aumento da acidez da chuva e traz consequên-
produção de gases tóxicos e o aquecimento global. cias como: a destruição de lavouras agrícolas localizadas
próximas a centros urbanos, a corrosão de monumentos
A poluição dos solos históricos e o aumento de doenças de pele.
Por último, vamos destacar o fenômeno da inversão
Por conta da utilização de agrotóxicos no setor agrí- térmica. O evento ocorre principalmente em áreas urba-
cola, a poluição dos solos acontece em consequência do nizadas com elevados índices de poluição, em especial
descarte incorreto dos produtos químicos utilizados no no inverno, da seguinte forma: a camada de ar poluído
meio rural. Nesse contexto, nosso país é um grande pro- impede a troca de ar na atmosfera (que é um fenômeno
dutor agrícola e o país que mais utiliza agrotóxicos em de ordem natural), esse impedimento faz que fique uma
todo o mundo. Como impactos ambientais decorrentes camada de ar frio e poluído próximo à superfície. Esse
dessa situação destacamos o processo de empobreci- fenômeno gera uma série de doenças respiratórias.
mento do solo, a contaminação dos lençóis freáticos e a
destruição da biodiversidade (flora e fauna).

Poluição do ar
CLIMA
Nosso país está entre as nações que mais emitem
dióxido de carbono. Esse problema tem como prin- O território brasileiro encontra-se quase que em
cipais causas o crescimento da indústria e uma ele- sua totalidade em regiões de baixas latitudes, prin-
vada concentração de veículos automotivos. Porém, cipalmente entre a Linha do Equador e o Trópico de
não podemos esquecer de destacar a emissão do gás Capricórnio, ou seja, nosso país está localizado na
metano na atividade pecuária. Os impactos ambien- faixa tropical e por esse motivo ocorre o predomínio
tais causados pela liberação dos gases do efeito estufa de climas úmidos e quentes. Também por isso, temos
(GEE), são: o aumento do buraco na Camada de Ozô- em nosso território regiões que apresentam grandes
nio, o agravamento de mudanças climáticas provo- índices de pluviosidade como, por exemplo, a região
cadas pelo aquecimento global e a contaminação da norte, e regiões que sofrem com a falta e a escassez de
152 água, comprometimento da fauna e da flora. chuvas, como o semiárido nordestino.
Os principais tipos climáticos do Brasil são os seguin- z Clima Tropical: este tipo climático está presente
tes, classificados de acordo com as zonas climáticas da na região Centro-Oeste e suas principais caracte-
Terra, nosso país possui 6 tipos de clima listados a seguir: rísticas são verões chuvosos e quentes e invernos
frios e secos. As estações são bem definidas e a
z Clima Equatorial; média de temperatura anual está acima de 18ºC,
z Clima Subtropical; porém, podem ocorrer momentos em que as tem-
z Clima Tropical de Altitude; peraturas registradas podem chegar até 7ºC. Em
z Clima Semiárido; relação ao clico de chuvas, a pluviosidade pode
z Clima Tropical Litorâneo; variar entre 1.000 e 1.500 mm por ano.
z Clima Tropical. z Clima Semiárido: este tipo climático está presente
na região Nordeste e tem como principais carac-
Vamos destacar as principais características dos terísticas a ocorrências de chuvas irregulares. São
tipos climáticos presentes no território brasileiro: raras em determinadas áreas do sertão nordesti-
no e têm as temperaturas bem elevadas, chegando
a registrar médias térmicas anuais em torno de
z Clima Equatorial: esse tipo climático está loca-
27ºC. Possui elevada amplitude térmica por conta
lizado em áreas próximas à Linha do Equador.
das chuvas irregulares a região sofre com a falta
Tem como principais características: temperaturas
de chuvas e a escassez de água. Essa região faz par-
bastantes elevadas em todo o ano e elevado índi- te do conhecido Polígono das Secas, área do terri-
ce pluviométrico. Está presente em toda a região tório brasileiro que sofre com a seca.
Norte do país e em partes da região Centro-Oeste.
O clima Equatorial possui uma média de tempera- PRESSÃO ATMOSFÉRICA
tura anual em torno dos 25ºC, com baixa amplitu-
de térmica (a diferença entre a maior e a menor Definida como a mistura de vários gases que exer-
temperatura registradas) e o ciclo ou regime de cem força sobre uma superfície, a atmosfera terrestre
chuvas sofre variações constantes de acordo com é uma mistura de gases – nitrogênio (78%), oxigênio
a atuação das massas de ar. (21%) e outros gases em menores quantidades –, água,
poeira, cinza etc. Conhecida, também, como a capa
Como forma de demonstrar como as massas de ar que protege o nosso planeta do choque com corpos
interferem nessa questão, ocorre o fenômeno climáti- celestes, a atmosfera filtra os raios solares e retém
co conhecido como friagem, que provoca uma queda parte do calor absorvido pela Terra. Esse fenômeno
nas temperaturas, podendo chegar a 10ºC. Esse fenô- proporciona temperaturas ideais sobre a superfície
meno é provocado pela atuação da massa de ar fria terrestre, criando, assim, as condições necessárias
polar, que atua no território brasileiro. para o desenvolvimento da vida.
Desta forma, pode-se dizer que a pressão do ar
z Clima Subtropical: é o tipo climático predominan- atmosférico ou pressão atmosférica (PA) é o peso que
te na região sul, com características bem definidas: uma coluna de ar exerce sobre a superfície terrestre.
verões quentes e invernos mais frios, mais rigo- Nesse caso, o peso é o produto da relação entre a mas-
rosos, podendo ocorrer geadas e, em raros casos, sa da atmosfera e a força gravitacional do planeta,
neve, por conta da atuação da massa de ar polar. pois todo objeto composto de massa está sujeito à for-
No clima subtropical, as chuvas são constantes e ça gravitacional.
bem distribuídas ao longo do ano, com registros de Quanto ao ar atmosférico, esse foi o primeiro “gás”
pluviosidade que variam entre 1.500 mm e 2.000 a ter a sua pressão medida. O ar, por ser um fluido, ten-
mm por ano. As médias térmicas registradas ficam de, sempre, a movimentar-se em direção às áreas de
em torno de 18ºC, porém, no período de inverno as menor pressão.
quedas de temperaturas podem ser bem maiores.
z Clima Tropical de Altitude: este tipo climático está Dica
presente na região Sudeste do país, e devido a alti- Fluido é toda substância que possui capacidade
metria do relevo, suas temperaturas são mais baixas
de fluir ou escoar e que não possui estrutura cris-
que as temperaturas registradas no tipo climático
talina. Por exemplo, os líquidos e os gases são
tropical, em média os registros são inferiores a 18ºC,
definidos como fluidos.
podendo ocorrer o registro de temperatura variando
entre 7ºC e 9ºC. As atuações das frentes frias podem
Para entender melhor sobre a pressão atmosféri-
provocar a ocorrência de geadas. Já em relação ao
ca, é necessário relatar a sua descoberta. Tal fato ocor-
GEOGRAFIA DO BRASIL

regime de chuvas o clima tropical de altitude possui reu em 1643, quando o físico e matemático italiano,
um regime semelhante ao clima tropical. Evangelista Torricelli (1608-1647), criou o tubo de Tor-
z Clima Tropical Litorâneo: está presente em toda ricelli, hoje conhecido como barômetro de mercúrio.
a faixa litorânea, principalmente entre o estado do Esse estudioso utilizou um tubo de vidro com 1 metro
Rio de Janeiro e o estado do Rio Grande do Norte, de comprimento, encheu-o de mercúrio (Hg) e virou-o
a região é quente e chuvosa e possui essas carac- dentro de um recipiente que também continha mer-
terísticas por conta da ação da massa de ar Tro- cúrio. Assim, observou que o líquido começou a des-
pical Atlântica. As médias de temperatura anuais cer, mas parou na altura de 76 cm.
variam entre 18ºC e 26ºC, com pluviosidade em Levando-se em conta que essa experiência foi rea-
torno de 1.500 mm anuais. No litoral nordestino, lizada ao nível do mar, o estudioso concluiu que uma
as chuvas ocorrem com mais frequência no outo- coluna de mercúrio de 76 cm (ou 760 mm) equivale à
no e inverno, já no litoral do sudeste, as chuvas são pressão atmosférica. Assim, hoje, diz-se que, ao nível
mais constantes e intensas no verão. do mar, a pressão atmosférica é igual a 760 mmHg. 153
Além disso, Torricelli também verificou que, ao A pressão atmosférica não é igual em todos os
realizar essa experiência no alto das montanhas, a lugares. Ela varia de um local para outro ao longo do
altura do mercúrio, no interior do tubo, ficava menor, tempo. Isso se deve às constantes mudanças na massa
ou seja, a pressão atmosférica era menor em lugares específica do ar nas camadas da atmosfera.
mais altos. Assim, concluiu-se que, como o ar é um Tais mudanças são causadas pelo aumento e/ou
fluido, ele tende a se movimentar em direção às áreas
diminuição da temperatura no conteúdo de vapor
de menor pressão. A pressão atmosférica, neste senti-
d’água. Dessa forma, a pressão atmosférica varia com
do, é menor em pontos mais altos e vai ficando cada
vez maior à medida que se aproxima do nível do mar, a altitude, porque a camada mais baixa é, natural-
já que é a maior pressão possível (vide Figura 1). mente, mais densa que a superior (ALMEIDA, 2016).
Assim, pode-se afirmar que a coluna de ar locali-
zada acima de um observador está sempre em pro-
cesso de renovação, devido ao vento, uma vez que, o
ar substituinte apresenta massa específica diferente
da que ali permanecia. Com o peso diferente, ocorrerá
uma contribuição aditiva ou subtrativa para a pres-
são, do contrário, as variações são compensadas e o
valor da PA permanece o mesmo.
Altitude (km)

Monte Everest 8,85 km (29,035 ft) Segundo Almeida (2016), a temperatura é a prin-
250 mmHg (PO2 53 mmHg)
cipal causa da variação da PA, sendo a sua influência
sentida num mesmo lugar, conforme a hora do dia ou
época do ano.
Pressão atmosférica ao nível do
mar 760 mmHg (PO2 160mmHg)
A Pressão Atmosférica e a Dinâmica Climática

A Pressão Atmosférica interfere em algumas con-


dições climáticas básicas, como vento, temperatura e
precipitação. A ocorrência da pressão atmosférica e a
Pressão atmosférica (mmHg)
variação de seus valores entre as diferentes áreas da
Figura 1: Quanto maior a altitude, menor a pressão atmosférica superfície terrestre influenciam diretamente na dinâ-
Fonte: PrePara ENEM, 2021. Disponível: <https://www.preparaenem. mica climática.
com/quimica/a-pressao-atmosferica.htm>. Acesso em: 09 de maio
de 2021.
Influência sobre a temperatura
Como exemplo, destaca-se o Monte Everest, cuja
altitude é igual a 8.850 metros e a pressão atmosférica A temperatura do ar apresenta valor inversamen-
é igual a 240 mmHg, bem menor que a pressão atmos- te proporcional ao da pressão atmosférica. Logo, nas
férica ao nível do mar (760 mmHg) (FOGAÇA, 2021). regiões onde as temperaturas são mais baixas, a pres-
Cabe ressaltar que, para expressar a pressão são atmosférica é maior, pois as moléculas de ar estão
atmosférica, são utilizadas várias unidades de medi- mais concentradas. No entanto, nas regiões mais ele-
das. Entre as mais usuais, estão o mmHg (milímetros vadas em que se constatam menores temperaturas,
de mercúrio) e o mb (milibar). O mb foi substituído também há menor concentração de moléculas de
pelo hPa (hectopascal). Assim, ao nível do mar, a pres-
ar, o qual fica mais rarefeito e, portanto, tem menor
são equivale, em média, a 1013,25 mb (ou 1013, 25
pressão.
hPa) ou a 760 mmHg, para uma temperatura de 15 °C
ou, aproximadamente, 1,033 kg/cm² (JARDIM, 2011). Tal fato pode ser explicado da seguinte forma: sob
A pressão atmosférica é influenciada pela altitu- baixas temperaturas, o ar fica mais pesado e compri-
de, latitude e temperatura. Ela, por sua vez, interfere, me o ar que está por baixo, elevando, assim, a pressão
diretamente, no clima e em algumas condições meteo- atmosférica. Por outro lado, quando faz calor, o ar se
rológicas, tais como ventos, temperaturas e precipita- expande e, em consequência, pesa menos (Figura 3)
ções (Figura 2). (MENDONÇA, 2021).

Figura 3: Deslocamento do ar das zonas de alta pressão (fria) para a


Figura 2: Barômetro zona de baixa pressão (quente)
Fonte: PrePara ENEM, 2021. Disponível em: <https://www.
preparaenem.com/quimica/a-pressao-atmosferica.htm>. Acesso Fonte: Slideplayer, 2021. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/
154 em: 09 de maio de 2021. slide/12794437/>. Acesso em: 09 de maio de 2021.
Influência Sobre os Ventos Já os ventos Contra-Alísios são secos e, geralmente,
ocorrem ao longo dos trópicos. Os maiores desertos do
O vento é o ar em movimento, ou seja, é o resultado planeta estão situados nessas zonas tropicais.
do deslocamento das massas de ar entre duas regiões
distintas sob o efeito das diferenças de pressão.
Desta forma, o vento desloca-se das zonas de alta
pressão (chamadas de anticiclones) para as zonas de
baixa pressão (chamadas de ciclones) (Figura 4). A PA
influencia diretamente a circulação do ar, fazendo
com que o ar mais frio (com maior pressão) desça e
o ar mais quente da superfície (com menor pressão)
suba, formando os ventos.
Os ventos, constituídos de massas de ar, são carac-
terizados, conforme os lugares de onde vêm. Esses, por
sua vez, podem ser quentes, frios, úmidos ou secos. Figura 6: Ventos Planetários
Desta forma, os ventos podem ser classificados Fonte: Slideplayer, 2018. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/
quanto à abrangência e quanto ao tempo. slide/12794437/>. Acesso em: 10 de maio de 2021.

z Quanto à abrangência, podem ser: Quanto aos Periódicos ou Brisa, ventos caracterís-
ticos dos litorais, são muito importantes na pesca e na
„ Planetários: alísios – tropicais e polares, con- modificação climática dos mesmos.
tra-alísios e ventos de oeste (Figura 5);
„ Regionais: Monções, Mistral, Simium (Figura 6).

z Quanto ao tempo, podem ser:

„ Constantes: Alísios – tropicais e polares, con-


tra-alísios e ventos de oeste;
„ Periódicos: Monções e Brisas.

Altas pressões
polares
Baixas pressões
subpolares

Altas pressões
subtropicais

Baixas pressões
equatoriais

Altas pressões
subtropicais Figura 7: Mecanismos das Brisas
Fonte: Slideplayer, 2021. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/
Baixas pressões
subpolares slide/12794437/>. Acesso em: 10 de maio de 2021.
Ar convergente e ascendente
Altas pressões Ar descendente e divergente
polares Ventos Alísios Já os ventos Periódicos Mecanismos das Monções
Ventos de Oeste sopram do Sudeste ao Sul do Continente Asiático.
Ventos de Leste
Esses são os mais importantes ventos periódicos, pois
Figura 5: Os ventos e as massas de ar regulam a economia da região (Figura 8).
Fonte: Slideplayer, 2018. Disponível em: <https://slideplayer.com.br/
slide/12794437/>. Acesso em: 10 de maio de 2021.

Os ventos Alísios são ventos permanentes que


sopram sobre grandes áreas em direção às regiões
equatoriais. Por serem ventos úmidos, a Zona Equato-
rial é a mais úmida da Terra (DELGADO, 2018). Devido
GEOGRAFIA DO BRASIL

ao movimento de rotação do planeta, os ventos aca-


bam sofrendo desvios de direções, ocasionando os Alí-
sios de Nordeste do Hemisfério Norte e os Alísios de
Sudeste do Hemisfério Sul. Esses desvios são conhe-
cidos como Desvios de Coriolis ou Efeito de Coriolis. Figura 8: Mecanismos das Monções
Fonte: Slideplayer, 2021. Disponível em: < https://slideplayer.com.br/
Dica slide/12794437/>. Acesso em: 10 de maio de 2021.

Ao se lançar uma bola, pode-se comprovar que Influência sobre as Chuvas


o movimento dela nunca vai ser uma linha reta,
pois realizará um ligeiro desvio para o lado. Esse A PA é um dos fatores que determinam as condições
curioso efeito tem uma explicação científica e é do tempo. Assim, na atmosfera, a baixa pressão do ar
chamado de efeito Coriolis ou força Coriolis. origina a formação de muitas nuvens, ocasionando as 155
chuvas e, em tempo severo, as tempestades. Já a alta
pressão é identificada em áreas que apresentam céu
limpo ou com poucas nuvens, menor umidade no ar,
tempo seco e sem chuva (Figura 9).

Alta Pressão

Figura 10: Movimento do ar convergente e divergente


Fonte: CLICRBS, 2008. Disponível em: <https://www.clicrbs.com.br/
blog/fotos/7336_foto.JPG>. Acesso em: 20 de maio de 2021.

Para saber os locais onde predominam altas e bai-


xas pressões, é necessário observar a nebulosidade
em imagens de satélite. As áreas sob a influência de
alta pressão apresentam pouca ou nenhuma nebu-
losidade. Já as regiões de baixa pressão apresentam
Baixa Pressão muita nebulosidade.
Para a medição da precipitação são utilizados o plu-
viômetro e o pluviógrafo. A unidade de medida mais
utilizada para a chuva é o milímetro (mm), sendo que
1 milímetro de chuva corresponde a um litro de água
precipitada por metro quadrado de área do solo.

UMIDADE

A umidade do ar, também chamada de umidade


atmosférica, corresponde à quantidade de vapor de
água presente na atmosfera. Neste sentido, pode-se
dizer que, quando há alta quantidade de vapor de
água na atmosfera, a ocorrência de chuvas é maior.
Já quando a umidade do ar está baixa, é difícil que
ocorra chuva, conforme veremos mais à frente. Além
disso, esse fenômeno exerce influência nas tempera-
turas, na saúde da população e na sensação térmica (a
Figura 9: Influência da pressão atmosférica sobre a precipitação. temperatura que realmente sentimos).
Fonte: Slideplayer, 2021. Disponível em: < https://slideplayer.com.br/ Diversos fatores, como a maritimidade, a conti-
slide/5761105/>. Acesso em: 10 de maio de 2021. nentalidade, as massas de ar, o tipo de vegetação,
entre outros, podem alterar a umidade do ar. Assim,
Deste modo, pode-se afirmar que a PA afeta dire- em locais próximos ao mar ou aos rios, por exemplo,
a evaporação da água tende a ser maior, fazendo com
tamente a precipitação, a qual surge quando o ar que a umidade do ar seja mais elevada do que em
atmosférico está saturado de vapor de água e já não locais afastados das correntes de água.
consegue absorver mais vapor. Ela pode ocorrer Pode-se classificar a umidade do ar de duas for-
na forma de chuva, neve, granizo, névoa, orvalho e mas, quais sejam:
geada.
Em ambientes com baixa PA e calor, o ar é aque- z Umidade absoluta do ar: quantidade total de vapor
cido e evapora. Ao evaporar, alcança as maiores alti- de água existente no ar em um dado momento.
tudes, condensando-se e, em seguida, formando as
A título de conhecimento, a umidade absoluta
nuvens. Já nos ambientes com maior pressão, o ar frio
do ar máxima é de 4%. A partir desse percentual, as
que se encontra no alto tende a descer, impedindo a gotículas de água entram em ponto de orvalho e pas-
formação de nuvens pela elevação da umidade, pro- sam ao estado líquido em virtude de sua saturação.
porcionando, assim, um ambiente sem chuvas. Conforme Pena (2020), com 4% de umidade absoluta,
Assim, pode-se dizer que os centros de baixa pres- temos 100% de umidade relativa. Consequentemente,
são criam um movimento de ar convergente para o se falamos que a umidade relativa do ar está em 25%,
seu centro, o que favorece a concentração de umi- significa que a umidade absoluta está em 1%.
dade e de calor, facilitando, por sua vez, a formação
z Umidade relativa do ar: quantidade de água pre-
e o crescimento das nuvens. Já os centros de alta PA
sente no ar em relação ao seu ponto de saturação.
geram movimentos de ar divergentes, para fora do
centro, e subsidente, de cima para baixo, fazendo com Alcançando-se 100% de umidade relativa, o ar
que o ar fique mais seco, além de diminuir a nebulosi- atinge o seu ponto de saturação, isto é, atinge a sua
156 dade e as condições para chuva (Figura 10). quantidade máxima de vapor de água, ocasionando,
assim, a precipitação (chuva). Diante disso, pode-se A umidade do ar interfere diretamente no clima de
dizer que a precipitação ocorre em consequência do determinada região/local, bem como modifica a ampli-
excesso de água contido no ar atmosférico. tude térmica, por meio de uma relação contrária. Assim,
É importante ter em mente que, para medir a umi- à medida que a umidade do ar aumenta, a amplitude
dade relativa do ar, deve-se levar em conta a presença térmica diminui, por isso quanto maior for a umida-
de vapor d’água na atmosfera. Almeida (2016) salien- de de um local, em dias chuvosos, por exemplo, menor
ta que a quantificação do vapor d’água existente na será a variação da temperatura. A diferença entre a
atmosfera não pode ser feita mediante a extração e maior e a menor temperatura atingida em determina-
pesagem, como no caso da água nos estados líquido
do período é chamada de Amplitude Térmica.
e sólido (ALMEIDA, 2016). A neblina é o efeito mais
Tomemos, como exemplo, os desertos, locais de
visível da umidade do ar (Figura 10).
Quando chove, a umidade do ar tende a aumentar, clima árido, umidade do ar relativamente baixa e fre-
por conta da evaporação da água, o que facilita o apa- quente variação de temperatura em um mesmo dia.
recimento de neblina. Trata-se, portanto, de um fenô- Para se ter ideia, a temperatura, durante o dia, pode
meno que emerge através da condensação da umidade atingir 50 graus e, à noite, 0 graus. Essa variação ocor-
excessiva do ar em forma de vapor, sendo mais comum re por conta dos níveis baixos de umidade, fazendo
durante a madrugada e o período da manhã. com que o ar não retenha o calor recebido pelos raios
A umidade relativa do ar pode variar de 0% solares durante o dia.
(ausência de vapor de água no ar) a 100% (quantida- Nos desertos, o vapor d’água em suspensão na
de máxima de vapor de água que o ar pode dissolver, atmosfera funciona como uma espécie de garrafa
indicando a sua saturação). Neste sentido, nas regiões térmica, acumulando calor para a noite. O ar, nesses
onde a umidade relativa do ar se mantém baixa por locais, é muito seco, o que propicia que a energia tér-
longos períodos, impera a escassez de chuva, caracte- mica se perca após o pôr-do-sol. Além disso, apenas
rizando-as como regiões de clima seco. uma camada fina de areia é capaz de absorver calor,
Brasília-DF e Manaus-AM são exemplos de regiões então o solo se resfria em bem pouco tempo. Assim, ao
em que é possível perceber, nitidamente, as caracte- cair da noite, sem nenhuma reserva de calor, a tempe-
rísticas climáticas resultantes da umidade relativa do ratura pode desabar de tórridos 40 graus para siberia-
ar. De clima tropical, a cidade que abriga a sede admi- nos 10 negativos.
nistrativa do governo brasileiro apresenta clima seco Por outro lado, em regiões muito úmidas, como a
no verão em decorrência da baixa umidade do ar. Em Floresta Amazônica, por estar localizada próxima à
contrapartida, a capital amazonense apresenta clima linha do Equador, apresenta clima equatorial. Essa
chuvoso durante quase todo o ano devido aos altos região é marcada por elevadas temperaturas que osci-
níveis de umidade. Conforme citado, o teor de vapor lam entre 22 e 28 °C e umidade do ar que pode ultra-
d’água na atmosfera exerce influências, ainda, na saú- passar os 80%. Em geral, as estações do ano, na região
de humana. Quando o ar está saturado, quase não há Amazônica, distinguem-se por dois períodos: o seco e
perda de líquido pela pele (suor), o que faz com que a o chuvoso.
temperatura corporal se eleve com facilidade. A quantidade de umidade do ar pode variar de modo
Ao contrário, quando a umidade do ar está baixa, o acentuado, tanto no espaço quanto no tempo. Desse
corpo perde muito líquido, causando o ressecamento modo, em determinados locais, a variação temporal
das mucosas. Tal consequência pode acarretar outras, para modificar a temperatura vai depender de fenô-
como sangramentos no nariz, alergias, dores de cabe- menos, como a circulação da atmosfera, a localização
ça, cálculos renais etc. relativa das fontes e sumidouros de vapor de água, do
Segundo a Organização Mundial da Saúde – OMS suprimento de energia solar, dentre outros elementos.
–, valores de umidade abaixo de 20% oferecem risco à
Não se deve esquecer da dependência da umidade
saúde, sendo recomendável a suspensão de atividades
relativa do ar em relação à temperatura. Um aumento
físicas, principalmente das 10 às15 horas. A agência
ou uma diminuição na umidade relativa não significa,
estabelece os seguintes índices de Umidade Relativa:
necessariamente, acréscimo ou redução na concen-
ideal (entre 50 e 80%), de atenção (20 a 30%), alerta
tração de vapor d’água no ar, mas, sim, uma diminui-
(12 a 20%) e de alerta máxima (menor que 12%). Há,
ção ou um aumento na temperatura (Gráfico 1).
porém, os extremos desses valores (Figura 11).

Umidade Relativa
Umidade Relativa

a
ur
Temperatura (ºC)

t
ra
pe
m
GEOGRAFIA DO BRASIL

Te

AM PM

Fonte: Universidade Federal do Paraná-UFPR, 2021


Figura 11: Extremos de Umidade Relativa do Ar
Disponível em: < https://fisica.ufpr.br/grimm/aposmeteo/cap5/cap5-
Fonte: Ângela Ruiz, 2020. Disponível em: <https://www.climatempo. 3-3.html>. Acesso em: 10 de maio de 2021.
com.br/noticia/2020/06/09/ar-seco-predomina-no-interior-do-
brasil-4010 >. Acesso em: 10 de maio de 2021.
157
O gráfico exemplifica a variação média horária da umidade relativa do ar versus temperatura. As curvas indi-
cam uma relação inversa entre a umidade relativa e a temperatura.

TEMPERATURA

A temperatura provavelmente é o elemento mais discutido do tempo atmosférico. Mas, afinal, o que é tempe-
ratura? Essa é uma pergunta que, às vezes, nos confunde.
Temperatura pode ser definida com base no movimento de moléculas, de modo que quanto mais rápido o
deslocamento dessas moléculas mais elevada será a temperatura. Para simplificar, pode-se dizer que tempera-
tura é a condição que determina o fluxo de calor que passa de uma substância para outra. Essa transferência e/
ou deslocamento de calor ocorre sempre de um corpo que possui uma temperatura mais elevada para outro com
uma temperatura mais baixa.
Neste sentido, pode-se concluir que a temperatura do ar está relacionada aos efeitos da radiação solar, uma
vez que o aquecimento da superfície terrestre ocorre, principalmente, pelo transporte de calor advindo dos raios
solares.
Para sabermos o quanto o ar de um local está aquecido ou resfriado pela energia solar e pela superfície, é
necessário medir a sua temperatura através do aparelho chamado termômetro. No Brasil, a unidade de medida
da temperatura é o Celsius (°C), no entanto, há outras escalas, como a Fahrenheit (°F), que é utilizada nos Estados
Unidos e em alguns países da Europa, e a Kelvin (K).
O aumento da temperatura, isto é, o aquecimento ocorre mediante o processo de condução molecular, o qual
ocorre de modo lento a partir da troca de calor sensível pelo contato direto entre as moléculas.
No entanto, o aumento da temperatura pode ocorrer, também, por difusão turbulenta, que é um processo mais
rápido de troca de energia, no qual as parcelas de ar aquecidas na superfície se agitam de forma convectiva e
conduzem o calor, vapor d’água, partículas de poeira e outras propriedades para as camadas superiores (SENTE-
LHAS, ANGELOCCI, 2012; ALMEIDA, 2016).
Conforme vimos, a temperatura do ar varia de acordo com o lugar e com o decorrer do tempo em uma deter-
minada localidade, sendo que vários fatores podem influenciar a distribuição dessa temperatura sobre a superfí-
cie da Terra ou parte dela. A quantia de insolação recebida, a natureza da superfície, a distância a partir dos copos
hídricos, o relevo, a natureza dos ventos predominantes e as correntes marítimas são exemplos desses fatores, os
quais se relacionam a três escalas de fenômenos atmosféricos (vide Quadro 1).

FATORES MACROCLIMÁTICOS FATORES TOPOCLIMÁTICOS FATORES MICROCLIMÁTICOS

Latitude, altitude, correntes oceânicas,


Relacionado à configuração e à expo- Relacionado à cobertura do terreno e à
continentalidade/oceanidade, massas
sição do terreno natureza da superfície
de ar e frentes (frias ou quentes)

Em superfícies claras, como o gelo, os


Nas Serras, a temperatura nas baixa-
No Brasil, as regiões sujeitas às gea- raios solares refletem a maior parte
das é menor que aquela observada no
das compreendem os estados com da energia solar – ou seja, menos ra-
topo ou nas meias encostas
latitudes maiores que 18° – SE, no diação será absorvida pela superfície
No Hemisfério Sul, os terrenos com
Sudeste, e RS, SC, PR, no Sul. No caso para a elevação da temperatura – di-
face voltada para o Sul são menos
desse último (PR), a maior altitude ferentemente de uma superfície mais
expostos à radiação solar durante o
também influencia na ocorrência de escura, como a cidade, que retém mais
inverno e mais propensos à geada de
geadas calor e, consequentemente, será mais
vento
quente que as superfícies brancas

Quadro 1: Escala dos Fenômenos atmosféricos

Fonte: os autores (2021).

Variação Temporal e Espacial da Temperatura

A variação temporal da temperatura do ar pode ser diária ou anual. Na variação diária, a temperatura do ar
varia conforme a disponibilidade da radiação solar na superfície terrestre, sendo que o seu valor máximo, nor-
malmente, ocorre entre 2 e 3h após o pico de energia radiante e a temperatura mínima, de madrugada, alguns
instantes antes do nascer do sol. A variação anual também segue a disponibilidade de energia na superfície, com
valores máximos no verão e mínimos no inverno.
As variações temporal e espacial da temperatura do ar estão relacionadas ao balanço de energia na superfície
e ao aquecimento do solo. A temperatura do ar é medida a uma altura entre 1,5 e 2 m acima do solo, porém há
uma diferença de cerca de duas horas entre a temperatura que ocorre no solo e a essa altura (PEREIRA, 2016,
SENTELHAS, ANGELOCCI, 2012; ALMEIDA, 2016).
Conforme vimos, a latitude, a altitude, a continentalidade, as correntes oceânicas, as massas de ar etc. são
158 fatores determinantes para a variabilidade espacial (horizontal) (Figura 12).
As condições padrão do local em que será feita a
medição da temperatura do compreendem área plana
Thermometer (topoclima) e gramada (microclima). Assim, o valor da
temperatura local terá, como consequência, apenas o
Shelter
macroclima. A altura da medição é padronizada entre
1,5 e 2 m acima da superfície do solo e os termômetros
são instalados dentro de um abrigo meteorológico,
para, assim, permitir a livre passagem do ar e impe-
Altitude

Air temperature dir a incidência direta da irradiação solar (ALMEIDA,


2016).
A temperatura média do ar (tmed) não é medida
ou registrada e, sim, calculada. O cálculo da tmed será
mais preciso quando houver um número elevado de
observações no período considerado. A análise da
Temperature oscilação anual da temperatura do ar é feita através
das médias mensais das temperaturas máxima, míni-
ma e médias. Em geral, as maiores médias de tempe-
Figura 12: Variação Espacial da Temperatura do Ar ratura do ar acontecem no verão e as menores, no
Fonte: ESALQ/USP – 2012. Disponível em: <http://www.leb.esalq.
inverno.
usp.br/leb/aulas/lce306/Aula6_2012.pdf>. Acesso em: 10 de maio É importante destacar a influência que os fatores
de 2021. geográficos, como a latitude, a altitude e a continen-
talidade exercem sobre a amplitude mensal e anual
A temperatura do ar também varia espacialmente da temperatura média. Em ambos os hemisférios, a
na vertical. Tanto o aquecimento, quanto o resfria- amplitude da temperatura média do ar à superfície
mento do ar ocorrem na superfície durante o dia. (mensais ou anuais) aumenta do Equador em direção
Assim, a tendência da temperatura do ar é ser maior aos polos. O gradiente horizontal é maior quanto mais
próximo à superfície e menor com o aumento da altu- próximo dos polos for o local considerado. Ademais,
ra. Já na madrugada, essa condição é invertida, sendo a temperatura do ar revela uma forte influência do
a temperatura menor próximo à superfície e maior movimento aparente do sol.
com o aumento da altura. Neste sentido, a linha que une os pontos corres-
Por outro lado, a temperatura do solo é determina-
pondentes às temperaturas médias mais elevadas é
da pelo aquecimento da superfície a partir da radia-
denominada Equador Térmico. Fisicamente, essa linha
ção solar e pela condução de calor sensível para seu
representa o meio da faixa mais aquecida e sua posi-
interior. Durante o dia, a superfície é aquecida, geran-
do um fluxo de calor para o interior; à noite, seu res- ção oscila em torno do Equador Geográfico ao longo
friamento pela emissão de radiação terrestre (ondas do ano (Figura 14).
longas) inverte o sentido do fluxo, que, agora, passa
a ser do interior do solo para a superfície (Figura 13).

Figura 14: Posição média do Equador Térmico durante o ano


Fonte: TORRES; MACHADO, 2008. Disponível em: <https://www.
researchgate.net/figure/Figura-34-Posicao-media-do-equador-
termico-durante-o-ano-Adaptado-de-Varejao-Silva_fig2_269222933>.
Acesso em: 11 de maio de 2021.

A distância entre o Equador Térmico e o Geográ-


GEOGRAFIA DO BRASIL

Figura 13: A variação da temperatura do solo ao longo do dia fico é, normalmente, maior sobre os continentes que
(temporal) e da profundidade (espacial) sobre os oceanos. Isso acontece, porque, nos conti-
Fonte: ESALQ/USP – 2012. Disponível em: <http://www.leb.esalq. nentes, a temperatura amplia-se bastante, principal-
usp.br/leb/aulas/lce306/Aula6_2012.pdf>. Acesso em: 10 de maio mente em certas áreas e épocas do ano. Observa-se,
de 2021. na Figura 14, que essa oscilação de temperatura chega
a ultrapassar os trópicos de Câncer e Capricórnio nos
A variação da temperatura do solo ao longo do dia períodos mais quentes do ano.
(temporal) e da profundidade (espacial) é estudada a Tal fato ajuda a produzir o efeito de continentali-
partir da elaboração dos perfis de variação da tempe- dade, isto é, quando a superfície continental se aque-
ratura denominados de Tautócronas. Para fins meteo- ce e se resfria mais rapidamente do que a superfície
rológicos e climatológicos, existe uma padronização hídrica (oceanos). Geralmente, a água absorve cinco
para a medição da temperatura do ar, isso permite a vezes mais calor, aumentando a sua temperatura em
comparação entre locais diferentes. quantidade igual à do aumento do solo (continente). 159
Em algumas áreas, o Equador Térmico permanece, Perceba que, quanto menor forem as latitudes
durante todo o ano, ao norte do Equador Geográfico, por (próximas à linha do Equador), maior serão as tem-
influência de correntes marítimas, cuja posição média peraturas e, ao contrário, quanto maior forem as lati-
é observada, por exemplo, no Atlântico Tropical. Assim, tudes (distantes da linha do Equador), menor serão as
a temperatura do ar oferece um ambiente propício aos temperaturas. São, portanto, variáveis e inversamen-
animais, às plantas e ao próprio homem, onde o cresci-
te proporcionais. Nota-se, na figura, que a maior par-
mento e o desenvolvimento ocorrem normalmente.
te do Brasil está situada entre a linha do Equador e o
Ademais, no hemisfério Norte, os verões são mais
quentes e os invernos mais frios do que no hemisfério Trópico de Capricórnio (hemisfério Sul), por isso tem
Sul, conforme mostra a tabela a seguir. posição favorável para receber irradiação solar.
Na região Sul do país, a latitude é mais alta, ou seja,
HEMISFÉRIO HEMISFÉRIO fica mais distante da linha do Equador e, com isso,
NORTE SUL apresenta clima mais frio que as demais regiões do
país (embora latitudes mais altas tenham mais horas
Verão 22, 4 °C 17, 1 °C
de luz do dia durante os meses de verão).
Inverno 8, 1 °C 9,7 °C
Sendo assim, cabe concluir que a escala maior de
Tabela 1: Temperaturas médias dos hemisférios Norte e Sul variação das condições do tempo é a anual, devido ao
Fonte: Ayoade, 1996. movimento de translação da Terra, responsável pelas
estações do ano, cujas diferenças sazonais (anuais) são
FATORES QUE DETERMINAM O CLIMA mais intensas à medida que se afasta da linha do Equador.
Os elementos meteorológicos são grandezas que
descrevem as condições meteorológicas da atmosfera, Importante!
isto é, a pressão atmosférica, a umidade do ar, a presen-
ça nuvens, a precipitação, vento, radiação solar, tempe- Não confunda irradiância solar com irradiação
ratura, dentre outros. Esses elementos variam no tempo solar. Irradiância solar é a densidade/quantida-
e no espaço e são influenciados pelos fatores geográficos. de de energia solar que incide em uma superfície,
Já os fatores climáticos são elementos naturais (ou por unidade de tempo. É, normalmente, medida
não) que exercem influência sobre o clima de uma em Watt/m2. Já irradiação solar é a irradiância
determinada região. São agentes causais, os quais con-
acumulada ao longo do tempo.
dicionam os próprios elementos, tais como a radiação
solar, a latitude, a altitude, a continentalidade e/ou
oceanidade, o tipo de corrente oceânica, a vegetação, A vegetação também é um dos fatores que deter-
a urbanização etc. Como exemplo, pode-se citar a
minam e/ou influenciam no clima. No Brasil, há, pelo
pressão atmosférica, a qual diminui com a altitude e
menos, 11 (onze) tipos de vegetação (Figura 16). As
a radiação. No caso dessa última, depende da latitude,
florestas, principalmente as densas, costumam reter
da altitude e da época do ano (Figura 15).
muita umidade, além de possuírem capacidade de
impedir a incidência dos raios solares.
PN
Zona fria
do Norte

Mata Atlântica
Floresta Amazônica
Zona temperada Matas Intermediárias
do Norte
Manguezais e Restinga
Mata de Araucárias
Mata de Cocais
Zona Caatinga
quente ou Campos
intertropical
Cerrado
Complexo do Pantanal

Zona temperada Pampas


do Sul
PS Zona fria
do Sul
Figura 17: Tipos de Vegetação no Brasil
Fonte: Só Geografia, 2021. Disponível em: <https://www.sogeografia.
Figura 15: Relação entre latitude e o clima com.br/Conteudos/GeografiaFisica/Vegetacao/content2.php>.
Fonte: Slideshare, 2021. Disponível em: <https://pt.slideshare.net/ Acesso em: 11 de maio de 2021.
ElienaiGonalves2/fatores-e-elementos-climticos-67128794>. Acesso
em: 11 de maio de 2021.
Esses efeitos influenciam a constituição de tipos
variados de climas no Brasil, sendo, pelo menos, 11
A quantidade de energia que chega do Sol em dife-
rentes pontos da Terra é a mesma. No entanto, a radia- (onze) tipos (Figura 17), conforme o IBGE. A vegeta-
ção em cada local vai variar em função da área sobre a ção ajuda a regular a umidade e a temperatura, sendo
qual essa energia vai se distribuir, fato que depende da assim as áreas vegetadas apresentam temperaturas
inclinação dos raios solares naquele lugar, a qual varia mais amenas que os campos. As cidades localizadas
com a latitude e com a época do ano. Neste sentido, pode- nos arredores da floresta Amazônica, por exemplo,
-se dizer que, se apenas existisse o fator latitude, o clima costumam ser úmidas pela umidade que é lançada na
160 de todos os locais com a mesma latitude seria igual. atmosfera devido à presença de vegetação.
Figura 17: Tipos de clima no Brasil
Fonte: Só Geografia, 2021. Disponível em: <https://www.sogeografia.com.br/Conteudos/GeografiaFisica/Clima//>. Acesso em: 12 de maio de
2021.

A influência da vegetação sobre o clima é determinada por diversos fenômenos, como o albedo (quantidade de
radiação solar refletida em uma superfície), a umidade do ar, as variações de temperatura, a incidência de chu-
vas, dentre outros. Isso significa que o desmatamento de grandes áreas de florestas provoca alterações climáticas
significativas tanto em âmbito local, quanto em outras partes do planeta.
Para se ter ideia, uma árvore de 10 metros da Floresta Amazônica é capaz de “bombear” para o ar mais de 300
litros de água por dia. Esse bioma é responsável pelas chuvas não apenas na região Norte do Brasil, mas em várias
partes do país, visto que, durante parte do ano, as massas de ar (transportando vapor de água) deslocam essa umi-
dade rumo às regiões do Centro-Oeste, Sudeste e Sul, além de países vizinhos. Esses “cursos de água atmosféricos”
são os chamados “rios voadores”. Outro fator que influencia diretamente o clima de uma região é a urbanização.
Nos grandes centros urbanos, existem muitas construções, grande concentração de asfalto (ruas, avenidas) e con-
creto (prédios, casas e outras construções), elementos que aumentam a retenção do calor. Para piorar, as áreas
verdes costumam ser em pouca quantidade, em função do adensamento urbano.
Ademais, a grande quantidade de veículos automotores torna a poluição do ar elevada, favorecendo a forma-
ção de ilhas de calor e alterando o clima das grandes cidades.
Ilhas de calor é um fenômeno climático que ocorre, principalmente, nas cidades com elevado grau de urbani-
zação. A formação e a presença de ilhas de calor, no mundo, são negativas para o meio ambiente, pois favorecem
a intensificação do fenômeno do aquecimento global (Figura 18).

GEOGRAFIA DO BRASIL

Figura 18: Ilhas de calor


Fonte: Tempo.com, 2019. Disponível em: <https://www.tempo.com/noticias/ciencia/ilha-de-calor-urbana-o-efeito-das-cidades-no-clima.html >.
Acesso em: 12 de maio de 2021.

Deste modo, cidades com grandes índices de urbanização tendem a concentrar mais calor, fazendo com que
a temperatura fique acima da média e, automaticamente, que a umidade relativa do ar seja baixa nessas áreas.
161
Destaca-se, ainda, o clima de regiões próximas ao Climáticas (IPCC), órgão das Nações Unidas responsá-
litoral, que recebe influência dos oceanos (maritimi- vel por produzir informações científicas, é certo que
dade). As cidades litorâneas, geralmente, são mui- o aumento da temperatura na Terra tem sido causado
to úmidas e têm alto índice pluviométrico (chuvas). pela ação do homem.
Essa umidade é originária da evaporação da água Estima-se que, a partir da Revolução Industrial,
dos oceanos, que atinge as áreas litorâneas com mais a temperatura global média tenha aumentado cerca
intensidade que nas áreas localizadas no interior do de 0,8 °C, sendo a maior parte desse aumento causa-
continente (Figura 19). da pela atividade de queima de combustíveis fósseis
(gasolina, carvão mineral e outros) e desmatamento.
Tais atos são responsáveis pelo crescimento da con-
centração atmosférica de dióxido de carbono (CO2) e
outros gases de efeito estufa.
A fim de amenizar o problema, a Convenção Qua-
dro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima prevê
a contenção das concentrações de gases de efeito estu-
fa, buscando evitar interferências antrópicas perigosas
no sistema climático. Além disso, estudos apontam que,
para impedir danos maiores à natureza, à humanidade
e à economia global, é preciso limitar o aquecimento a
menos de 2 °C acima do nível pré-Revolução Industrial.
Quanto ao efeito estufa, ele corresponde a uma
camada composta, principalmente, por gás carbôni-
co (CO2), metano (CH4), N2O (óxido nitroso) e vapor
d’água, gases que cobrem a superfície da Terra. Esse
fenômeno natural é imprescindível para a manuten-
ção da vida na Terra, pois, em sua ausência, o planeta
pode tornar-se muito frio, o que inviabilizaria a sobre-
vivência de diversas espécies.
Naturalmente, parte da radiação solar que chega à
Terra é refletida, retornando para o espaço, enquanto
a outra parte é absorvida pelos oceanos e pela superfí-
cie terrestre devido à camada de gases em torno dela.
A parte retida é a causa do chamado Efeito Estufa
(Figura 20). À medida que a camada de gases estufa
fica mais espessa, mais calor é retido na Terra e, con-
sequentemente, maior é a temperatura da atmosfe-
Figura 19: Região litorânea de Santa Catarina
ra terrestre e dos oceanos, ocasionando o chamado
Fonte: Sua pesquisa.com, 2020. Disponível em: <https://br.images. aquecimento global.
search.yahoo.com/>. Acesso em: 12 de maio de 2021.

Por ser uma cidade litorânea, o clima de Santa


Catarina é muito influenciado pela maritimidade,
assim como todo o litoral brasileiro da região Nordes-
te, Sudeste, Sul e uma pequena porção do território
do Norte, nos Estados do Pará e Amapá, que corres-
pondem a regiões próximas a grandes massas de água
(oceanos e mares).
Já nas áreas mais distantes dos oceanos, geralmen-
te, o clima é mais seco que o das áreas litorâneas, por
conta do efeito da continentalidade. Isso ocorre, por-
que essas regiões sofrem pouca ou nenhuma influên-
cia das massas de ar úmidas originárias nos oceanos
(ex.: as cidades de Santos, litoral paulista, e Brasília-
-DF). Assim, pode-se dizer que quanto maior a influên-
cia da continentalidade, menor será a umidade do ar
de uma região.
Cabe destacar que, em regiões de interior e, por-
tanto, distantes dos oceanos, ocorre maior variação
de temperatura no decorrer do dia. Algumas capitais Figura 20: Efeito Estufa
brasileiras que se encontram inteiramente no conti- Fonte: APROBIO, 2019. Disponível Em: <https://aprobio.com.br/
nente, como Rio Branco (AC), Porto Velho (RO) e Cuia- noticia/voce-sabe-o-que-e-o-efeito-estufa>. Acesso em: 11 de maio
bá (MT) sofrem grandes variações de temperatura de 2021.
entre o inverno e o verão.
As Consequências do Aquecimento Global
MUDANÇAS CLIMÁTICAS E AS SUAS
CONSEQUÊNCIAS São várias as consequências do Aquecimento Glo-
bal e algumas delas já podem ser sentidas em dife-
As mudanças climáticas ocorrem devido a causas rentes partes do planeta. Os efeitos provenientes das
naturais ou mediante atividades humanas. De acor- mudanças climáticas são problemas mundiais e atin-
162 do com o Painel Intergovernamental de Mudanças gem todos os ecossistemas.
Estudos revelam que o significativo aumento da temperatura média do planeta tem elevado o nível do mar,
devido ao derretimento das calotas polares. Tal fato pode ocasionar o desaparecimento de ilhas e cidades litorâ-
neas densamente povoadas, alteração no clima global e nas correntes oceânicas (Figura 21).

Figura 21: Efeitos do Aquecimento Global


Fonte: SBMT, 2019. Disponível em: <https://www.sbmt.org.br/portal/relacao-explosiva-aquecimento-global-e-doencas-tropicais/>. Acesso em: 11
de maio de 2021.

Ainda, pode-se citar, como consequências do Aquecimento Global, a ocorrência de eventos climáticos extre-
mos, como tempestades tropicais, inundações, ondas de calor, seca, nevascas, furacões, tornados e tsunamis, os
quais podem causar a extinção de espécies de animais e de plantas.
No Brasil, acredita-se que a elevação do nível do mar pode afetar regiões costeiras. Dentre os principais dese-
quilíbrios que as alterações climáticas podem causar, destacam-se o aumento da frequência e intensidade de
enchentes e secas, expansão de vetores de doenças endêmicas, mudança do regime hidrológico, perdas na agri-
cultura e ameaças à biodiversidade.
Entre as atividades humanas que favorecem o aumento do aquecimento, por emitirem ampla quantidade de CO2 e
de gases formadores do Efeito Estufa, estão a queima de combustíveis fósseis para a geração de energia, atividades indus-
triais e transportes, conversão do uso do solo, agropecuária, descarte de resíduos sólidos e o desmatamento. O Brasil é
um dos líderes mundiais em emissões de gases de efeito estufa (GEE) em decorrência das mudanças do uso do solo e do
desmatamento.
Vale destacar que as áreas de florestas e os ecossistemas naturais são grandes reservatórios e sumidouros de carbo-
no, os quais absorvem e estocam CO2. No entanto, quando ocorre um incêndio florestal ou uma área é desmatada, esse
carbono é liberado para a atmosfera, contribuindo para o efeito estufa e o aquecimento global. Além disso, as emissões
de GEE pela agropecuária e geração de energia vêm aumentando ao longo dos anos (Figura 22).

Água CO2
Água
Fotossíntese
Lenha Vapor água

Calor

Água+Minerais

O2
GEOGRAFIA DO BRASIL

Resíduos de
combustão

Figura 22: Ciclo do Carbono


Fonte: Blogspot, 2010. Disponível em: <http://portalcienciaecultura.blogspot.com/2010/08/o-ciclo-do-carbono.html>. Acesso em: 11 de maio de
2021.

Conforme citado, os principais GEE são o dióxido de carbono (CO2), o metano (CH4) e o óxido nitroso. O CO2
constitui mais de 70% das emissões de GEE, permanecendo ao redor da superfície terrestre por, no mínimo, cem
anos, causando, assim, impactos no clima ao longo de séculos. Já o CH4, embora emitido em menor quantidade,
seu potencial de aquecimento é vinte vezes superior ao do CO2. Quanto ao óxido nitroso e aos clorofluorcarbonos
(CFCs), suas concentrações na atmosfera são menores, mas o seu poder de reter calor é de 310 a 7.100 vezes maior
do que o CO2 (NAHUR; GUIDO; SANTOS, 2015; WWF, 2021). 163
Como vimos, a partir da Revolução Industrial, tanto os países desenvolvidos quanto os países em desenvolvi-
mento têm elevado, consideravelmente, suas emissões de GEE. Atualmente, a China ocupa o primeiro lugar do
ranking, em seguida, pelos Estados Unidos; o Brasil aparece em décimo terceiro lugar. Juntos, os 15 (quinze) prin-
cipais países geradores de poluição emitem 72% de todas as emissões de CO2 do planeta.

POSIÇÃO PAÍSES EMISSÕES EM 2017(MTCO2) % DE EMISSÃO GLOBAL


1º China 9,839 27,2 %

2º Estados Unidos 5,269 14,6%

3º Índia 2,467 6,8%

4º Rússia 1,693 4,7%

5º Japão 1,205 3,3%

6º Alemanha 799 2,2%

7º Irã 672 1,9%

8º Arábia Saudita 635 1,8%

9º Coreia do Sul 616 1,7%

10º Canadá 573 1,6%

11º México 490 1,4%

12º Indonésia 487 1,3%

13º Brasil 476 1,3%


14º África do Sul 456 1,3%
15º Turquia 448 1,2%
TOP 15 26,125 72,2%
RESTANTE DO MUNDO 10,028 27,7%

Quadro 2: Os 15 países mais poluentes do planeta em 2017


Fonte: Funverde, 2017.

Aqui, cabe-nos um questionamento: o que se pode fazer para combater o Aquecimento Global?
Existem inúmeras maneiras de diminuir as emissões dos gases de Efeito Estufa e, consequentemente, o
aumento do Aquecimento Global. Para isso, é necessário que ocorra, em caráter de urgência, a redução do des-
matamento, o investimento em reflorestamento e a conservação de áreas naturais, o incentivo ao uso de energias
renováveis, a utilização de biocombustíveis, a redução e o reaproveitamento de materiais, o investimento em
tecnologias de baixo carbono, entre outros. Tais medidas podem ser estabelecidas através de políticas nacionais e
internacionais de clima (ANELLI, 2011; WWF, 2021).

Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima

Os países membros da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (United Nations Frame-
work Convention on Climate Change – UNFCCC), base de cooperação internacional, buscam estabelecer políticas
para reduzir e estabilizar as emissões de gases de efeito estufa em um nível no qual as atividades humanas não
interfiram seriamente nos processos climáticos.
Vale ressaltar que a primeira reunião aconteceu em 1992 durante a Eco 92, Conferência Internacional sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento no Rio de Janeiro. O texto da Convenção foi assinado e ratificado por 175 paí-
ses, os quais reconheceram a necessidade de um empenho global para o enfrentamento das questões climáticas.
Após seu estabelecimento e entrada em vigor, os representantes dos diferentes países passaram a se reu-
nir anualmente, a fim de discutir a sua implementação. Tais reuniões são chamadas de Conferências das Partes
(COPs).
Desta forma, os países desenvolvidos, por serem responsáveis históricos das emissões e por terem mais condi-
ções econômicas para arcar com os custos, seriam os primeiros a assumir as metas de redução até 2012 (NAHUR;
GUIDO; SANTOS, 2015; MMA, 2021; WWF, 2021).
No ano de 2012, durante a COP 18, em Doha, estava prevista a finalização do Protocolo de Quioto. Porém,
164 observou-se que diversos países não atingiram as metas e o Protocolo foi prorrogado até 2020.
Importante!
O Protocolo de Quioto constituiu um tratado internacional que estipulou as metas de reduções obrigatórias
dos principais gases de efeito estufa para o período de 2008 a 2012. Embora tenha havido resistência por
parte de alguns países desenvolvidos, foi acordado o princípio da responsabilidade comum.

Essa é uma ferramenta de mercado que possibilita, aos países que tenham a obrigatoriedade de reduzir suas
emissões, a compra de créditos de carbono de um país que já tenha atingido a sua meta e, portanto, possui crédi-
tos excedentes para vender.
O Mecanismo de Desenvolvimento Limpo (MDL) é um instrumento que integra o Protocolo de Quioto e permite
que os países desenvolvidos invistam em projetos para a redução de emissões de gases em países em desenvolvi-
mento. As emissões reduzidas são contabilizadas e geram créditos de carbono, que podem ser comercializadas no
comércio de emissões. O MDL inclui, ainda, a implantação de atividades para a redução dos gases do Efeito Estufa.
Cabe ressaltar que esses projetos são baseados em fontes renováveis e alternativas de energia, eficiência e
conservação de energia ou reflorestamento. Todos com o foco nas reduções de emissões adicionais àquelas que
ocorreriam na ausência do projeto, garantindo benefícios reais, mensuráveis e de longo prazo para a mitigação
da mudança do clima.
A Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação Florestal – REDD – é um plano de incentivo desenvol-
vido no âmbito da Convenção Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima, em 2013, durante a Conferên-
cia das Partes em Bali, na Indonésia.
O principal objetivo é indenizar os países em desenvolvimento pela redução de emissões dos GEE provenien-
tes do desmatamento e da degradação florestal. Além disso, leva-se em consideração o papel da conservação de
estoques de carbono florestal, manejo sustentável de florestas e aumento de estoques de carbono florestal deno-
minado REED+ (REED plus em inglês) (MMA, 2016).
Felizmente, existe uma série de iniciativas sendo aplicadas tendo em vista tais mecanismos. No Brasil, o World
Wide Fund for Nature – WWF –, organização não governamental internacional que atua nas áreas da conservação,
investigação e recuperação ambiental, em parceria com o governo do Acre vem apoiando a construção do REDD
no âmbito do programa de pagamentos por serviços ambientais.
Neste sentido, pode-se concluir que o REDD é uma importante ferramenta para os países com florestas nativas,
a qual busca contribuir para a conservação, redução do desmatamento e das emissões de gases de efeito estufa
(Figura 23).

Outras
UNFCCC GCF
Internacional fontes

Compensação
Pagamentos por por resultados
resultados de REDD+ Resultados (tCO2e) nacionais
(USD/tCO2e)

Nacional Comissão Nacional para REDD+

Benefícios (recursos, Informação, metas


Doméstico investimentos, direitos institucionais,
de captação etc desembolso etc Distribuição de benefícios
de acordo com regras
definidas nacionalmente
Estados Fundo Políticas e
Amazônia Iniciativas

Figura 23: Distribuição de benefícios REDD +


Fonte: MMA, 2016. Disponível em: <https://www.bio3consultoria.com.br/o-que-e-redd/>. Acesso em: 11 de maio de 2021.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Em suma, a distribuição de benefícios do REDD+ tem início assim que o país em desenvolvimento apresenta à
UNFCCC todos os elementos para a obtenção do reconhecimento de seus resultados de REDD+. Quando o processo
é finalizado, os resultados de REDD+ medidos em tCO2 serão inseridos no Lima Information Hub.
Na decisão 9, da CP 19, a COP decidiu estabelecer o Lima REDD+ Information Hub na REDD+ Web Platform,
como um meio para publicar informações sobre os resultados das atividades de REDD+ e os correspondentes
pagamentos baseados em resultados. O Lima REDD+ Information Hub visa aumentar a transparência das infor-
mações sobre ações baseadas em resultados de REDD+.
Assim, quando o país está apto a captar recursos de pagamentos por resultados, os pagamentos são efetuados
por diversas fontes internacionais, em particular do Fundo Verde para o Clima (GCF na sigla em inglês).
A distribuição de benefícios, portanto, ocorre de acordo com regras definidas nacionalmente. Não há regras
e/ou exigências quanto ao uso desse recurso, uma vez que o pagamento se deu por ações executadas no passado
(MMA, 2016). 165
A Resposta à Emergência Climática
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Em novembro de 2021, os representantes dos
países-membros da Organização das Nações Unidas 1. (ESPCEX – 2020) A figura abaixo é uma representação
(ONU) estarão reunidos por 12 dias com o intuito de dos principais climas que atuam no Brasil.
estabelecerem novas metas e estratégias capazes de Considere os seguintes climogramas. Eles represen-
frear o avanço de um inimigo comum: a emergência tam as médias anuais de temperatura e pluviosidade
climática. de três cidades brasileiras entre os anos de 1961-1990.
Ressalta-se que será em Glasgow, na Escócia, a 26ª
Conferência das Partes sobre a Mudança Climática (°C) (mm)
(COP 26). A reunião será marcada pelo terceiro encon- 30 500
tro entre os 195 países signatários do Acordo de Paris.
Após cinco anos desde a assinatura do Acordo cli-
mático, chegou, então, a hora de fazer um balanço do
que foi realizado nesse tempo em prol da redução de
24 400
emissão de GEE. Até o final de 2020, 75 signatários,
que representam 30% das emissões, submeteram à
ONU suas Contribuições Nacionalmente Determina-
das (NDCs na sigla em inglês), por meio de documen-
tos que especificam as metas e medidas que serão 18 300
implementadas a curto, médio e longo prazo, para
diminuir as emissões.
A percepção geral foi de que as iniciativas apre-
sentadas pelos países foram insuficientes para frear
12 200
o aumento da temperatura do planeta. “Os governos
estão longe do nível de ambição necessário para limi-
tar as mudanças climáticas a 1,5 °C e cumprir os obje-
tivos do Acordo de Paris”, analisa o secretário-geral da
ONU, António Guterres, em comunicado publicado no 6 100
dia 26 de fevereiro de 2021.
Neste sentido, a orientação dada a esses países foi
de que, até a realização da COP 26, suas metas fossem
refeitas, a fim de que venham a contribuir, verda- 0 J F M A M J J O N 0
A S D
deiramente, com o controle da emergência climática
(Figura 24). Para o secretário-geral, “a ciência é clara: Climograma X
para limitar o aumento da temperatura global em 1,5
°C, devemos cortar as emissões globais em 45% até (°C) (mm)
2030, em relação aos níveis de 2010” (LOPES, 2021). 30 500

24 400

18 300

12 200
Figura 24: Retrato da emergência climática

Fonte: Globo, 2021. Disponível em: <https://revistagalileu.globo.com/


Um-So-Planeta/noticia/2021/04/por-que-2021-e-um-ano-decisivo- 6 100
para-o-cumprimento-do-acordo-de-paris.html>. Acesso em: 11 de
maio de 2021.

Assim, 2021 é um ano decisivo para o cumprimen-


to do Acordo de Paris em prol da prevenção de uma 0 J F M A M J J A S O N D 0
verdadeira catástrofe, conforme prevê o Fórum Eco-
Climograma Y
nômico Mundial. Por fim, cabe salientar que, para que
possamos dar os primeiros passos em direção a um
futuro mais verde (e otimista), é necessário analisar-
166 mos a forma que chegamos até aqui.
(°C) (mm) d) Nordeste do Brasil e sofre a influência do clima
30 500 subtropical.
e) Centro-Oeste do Brasil e sofre a influência do clima
tropical de altitude.

A região conhecida como Vale do São Francisco está


24 400 entre as regiões mais produtoras de frutas que aten-
dem tanto o mercado interno e externo no territó-
rio brasileiro. Nesta região destaca-se a produção
de uva de mesa e uva vinícola. No semiárido nor-
18 300 destino, a elevada produtividade é garantida por
técnicas modernas de irrigação e uso intenso da
biotecnologia. Resposta: Letra C.

12 200

HORA DE PRATICAR!
6 100 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta.

“que preto, que branco, que índio o quê? que branco,


que índio, que preto o quê? que índio, que preto, que
0 0 branco o quê? (...)
J F M A M J J A S O N D
aqui somos mulatos
Climograma Z cafuzos pardos mamelucos sararás crilouros guara-
nisseis e judárabes orientupis orientupis
Considerando as características climáticas brasilei- (…)
ras, pode-se afirmar que: somos o que somos inclassificáveis”
(Adaptado) Inclassificáveis – Arnaldo Antunes
a) O climograma X é representativo do clima I (Tropical
de Altitude) e pode representar a cidade de Boa Vista. A ciência considera que a espécie humana é una e
b) O climograma Y é representativo do clima III (Semiári- que não existem raças. O fragmento da canção, que
do) e pode representar a cidade de Petrolina. expressa a base cultural da população brasileira, indi-
c) O climograma Z é representativo do clima VI (Subtropi- ca um processo.
cal) e pode representar a cidade de Porto Alegre. Assinale a alternativa que corretamente corresponde
d) O climograma X é representativo do clima IV (Tropical) a esse processo:
e pode representar a cidade de Goiânia.
e) O climograma Y é representativo do clima II (Equato- a) genocídio indígena
rial Úmido) e pode representar a cidade de Manaus. b) hegemonia branca
c) permanência de população quilombola
O climograma Z refere-se ao tipo climático subtropi- d) miscigenação
cal presente em Porto Alegre. As características des- e) europerização
se clima são chuvas bem distribuídas durante o ano e
maior amplitude térmica (diferença entre a máxima 2. (IBFC – 2017) O estudo da evolução histórica da indús-
e a mínima temperatura entre o verão e inverno). O tria no Brasil permite compreender o desenvolvimento
climograma X refere-se ao tipo climático equatorial do setor, seus agentes e os interesses em disputa. Anali-
presente na cidade de Manaus, com elevado índice se as afirmativas a seguir e assinale a alternativa correta:
pluviométrico e baixa amplitude térmica anual. O
climograma Z corresponde ao clima tropical, e tem I. O período de 1930 a 1956 é caracterizado pela estraté-
características como verão chuvoso, inverno seco e gia governamental de implantação de indústrias esta-
baixa amplitude térmica. Resposta: Letra C. tais nos setores de bens de produção e infraestrutura.
II. O Plano de Metas, promovido por Juscelino Kubits-
2. (CPS – 2020) “No Brasil, o Vale do rio São Francisco é chek, privilegiou o transporte rodoviário e acentuou a
o único lugar que produz uva até três vezes ao ano. As concentração do parque industrial na região Sudeste,
parreiras são divididas em grandes áreas. Enquanto em agravando os contrastes regionais.
uma parte elas estão prontas para a colheita, na outra III. A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
a fase é de poda e, logo ao lado, as uvas ainda estão (SUDENE) foi criada durante o regime militar em 1970,
GEOGRAFIA DO BRASIL

começando a aparecer. Esse não é o milagre da multi- período conhecido por “milagre econômico”.
plicação. É o milagre da irrigação. Controlando a água,
é possível controlar todo o ciclo de vida da parreira.” Estão corretas as afirmativas:

<https://tinyurl.com/3893ebn> Acesso em: 01.10.2019. Adaptado. a) I, apenas


b) I e II, apenas
A localização geográfica do cenário descrito no texto c) I e III, apenas
situa-se na região: d) II e III, apenas
e) I, II e III
a) Sul do Brasil e sofre a influência do clima semiárido.
b) Sul do Brasil e sofre a influência do clima subtropical. 3. (IBFC – 2017) O Brasil adota o horário de verão em
c) Nordeste do Brasil e sofre a influência do clima diversas regiões do país com o objetivo de economizar
semiárido. energia. 167
Assinale a alternativa na qual está contida a principal I. O óleo pode causar a morte de animais marinhos,
razão para que não haja abrangência nacional desse como tartarugas e peixes.
instituto: II. O óleo pode alterar a qualidade da água, deixando-a
inclusive imprópria para o banho.
a) A maior duração da luminosidade natural durante o III. O óleo pode ocasionar a formação de processos erosi-
verão nos estados brasileiros mais distantes da linha vos em áreas de mangue, como ravinas e voçorocas.
do equador IV. O óleo pode reduzir as emissões de dióxido de carbo-
b) A concentração de pólos consumidores de energia no na atmosfera, contribuindo assim com o aqueci-
nas regiões Sudeste e Sul mento global.
c) O pleno atendimento da rede de energia elétrica nas
regiões Norte e Nordeste Assinale a alternativa correta.
d) A vocação regional para o turismo, que não se benefi-
cia do instituto a) Apenas as afirmativas I e II estão corretas
e) A existência de quatro fusos horários distintos no país, b) Apenas as afirmativas I e III estão corretas
e a complexidade em coordená-los c) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas
d) Apenas as afirmativas I, III e IV estão corretas
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta. e) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas
A chamada Revolução Verde teve início na segunda
metade do século XX. Compreende a implantação 6. (IBFC – 2017) A classificação do relevo brasileiro ela-
de mudanças nas técnicas agrícolas e na estrutura borada por Jurandir Ross em 1989 se realizou com-
fundiária, com vistas a aumentar a produção. Vários pondo os estudos de Azis Ab’Saber e a análise das
países do mundo implementaram suas medidas, imagens de radar do projeto Radambrasil. Ela consi-
incluindo o Brasil. dera a existência de três grandes unidades de relevo, a
Sobre a Revolução Verde e o seu contexto, assinale a saber: planícies, planaltos e depressões.
alternativa correta: Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
que relaciona corretamente as unidades de relevo:
a) Compreende o cultivo familiar de sementes não-trans-
gênicas, mediante uso de adubação orgânica e empre- I. formações marcadas por processos erosivos com
go de força animal no preparo do solo grande atuação nas bordas das bacias sedimentares.
b) Objetiva a diversificação das espécies cultivadas, com II. formações geradas por deposição de sedimentos
uso intenso de adubação orgânica e emprego de força recentes de origem marinha, lacustre ou fluvial.
humana no preparo do solo III. formações circundadas por extensas áreas de depres-
c) Consiste na política de retorno da população ao cam- sões e que colocam em evidência os relevos mais
po e preconiza o cultivo de culturas tradicionais altos que ofereceram maior dificuldade ao desgaste
d) Tem início com a introdução de sementes transgêni- erosivo.
cas resistentes a herbicidas, combinação que facilita
o manejo do campo Assinale a alternativa correta.
e) Enfatiza o uso de adubos químicos, fertilizantes e
agrotóxicos, e considera a mecanização do preparo a) I-Planícies; II-Planaltos; III-Depressões
do solo b) I-Planaltos; II-Planícies; III-Depressões
c) I-Planícies; II-Depressões; III-Planaltos
d) I-Depressões; II-Planícies; III-Planaltos
5. (IBFC – 2020)
e) I-Depressões; II-Planaltos; III-Planícies

7. (IBFC – 2020) Analise a figura abaixo.

(Fonte: Humor Político)

A charge acima é uma crítica ao vazamento de óleo


que ocorreu no litoral nordestino e atingiu praias do
estado da Bahia, no segundo semestre de 2019. Em
relação às possíveis consequências deste vazamento
168 para o meio ambiente, analise as afirmativas abaixo. (Fonte: Ferreira, 2010)
Associe os climas da legenda do mapa com os diferen- E o povo vai-se embora com medo de se afogar.
tes tipos de climas da região Nordeste. Analise as afir- O sertão vai virar mar, dá no coração
mativas abaixo e dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). O medo que algum dia o mar também vire sertão”

( ) O clima 1 é o subtropical. Guttemberg Guarabyra


( ) O clima 2 é o tropical.
( ) O clima 3 é o semiárido. A canção Sobradinho, cantada pelo trio Sá, Rodrix e
( ) O clima 4 é o equatorial. Guarabyra, protesta contra a construção da Usina
Hidrelétrica de Sobradinho, que foi instalada na déca-
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- da de 70 no rio São Francisco, no estado da Bahia.
reta de cima para baixo. Sobre os impactos negativos causados pela constru-
ção de grandes barragens, que afetam a sociedade e o
a) V, F, F, F meio ambiente, assinale a alternativa incorreta.
b) F, V, F, F
c) F, F, V, F a) Desapropriação de propriedades particulares e realo-
d) V, F, F, V cação da população ribeirinha
e) V, V, V, V b) Desintegração dos costumes e tradições históricas da
população atingida
8. (IBFC – 2020) “Bioma é um conjunto de vida vegetal c) Perda de terras agricultáveis devido à elevação do
e animal, constituído pelo agrupamento de tipos de nível da água do rio
vegetação que são próximos e que podem ser identifi- d) Alteração da dinâmica natural do rio e derrubada de
cados em nível regional, com condições de geologia e florestas
clima semelhantes e que, historicamente, sofreram os e) Rebaixamento do lençol freático e poluição radioativa
mesmos processos de formação da paisagem, resul- do rio
tando em uma diversidade de flora e fauna própria”
(IBGE, 2019). 11. (IBFC – 2020) “São três vozes de uma gente Que assim
No que concerne aos biomas que estão presentes no solta a garganta Quando triste ou se contente Bate o seu
estado da Bahia, assinale a alternativa correta. tambor e canta.

a) Amazônia, Cerrado e Mata Atlântica Olodum, te amo! Ilê, te amo!


b) Amazônia, Caatinga e Pampa O seu som e a sua cor
c) Amazônia, Mata Atlântica e Pampa Didá, te amo! Neguinho, te amo!
d) Cerrado, Caatinga e Mata Atlântica Amor, amor.”
e) Cerrado, Caatinga e Pampa
Daniela Mercury / Marcelo Quintanilha
9. (IBFC – 2020) No que se refere aos aspectos físicos
do estado da Bahia, analise as afirmativas abaixo e dê A canção acima homenageia entidades carnavalescas
valores Verdadeiro (V) ou Falso (F). que são patrimônio da cultura baiana. Assinale a alter-
nativa correta que indica, respectivamente, um termo
( ) O estado possui relevos com altitudes que podem que é utilizado para nomear essas entidades e qual
variar de 0 a 630 metros, sendo que as maiores ele- sua representatividade.
vações estão localizadas no Recôncavo Baiano.
( ) A Serra do Espinhaço, a Serra da Canastra, a Chapa- a) Bloco Afro, símbolo da resistência e da valorização negra
da Diamantina e a Chapada dos Veadeiros são exem- b) Trio Elétrico, palco móvel utilizado pelos artistas
plos de acidentes geográficos localizados no estado. c) Escola de Samba, agremiação popular voltada ao samba
( ) Grande parte do território do estado é banhado por d) Samba de Roda, propagador da cultura do Recôncavo
cursos d’água pertencentes à bacia hidrográfica do da Bahia
rio São Francisco. e) Filhos de Gandhy, que difundiu o frevo na Bahia
( ) A capital do estado, Salvador, está localizada na
bacia hidrográfica do rio Jequitinhonha, e Feira de 12. (IBFC – 2020) “Entre 2012 e 2018, a Bahia foi o único
Santana, na bacia do rio Paraná. estado em que população que se declara preta cres-
ceu (+35,5%) ao mesmo tempo em que os números de
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- pardos (-3,9%) e brancos diminuíram (-6,9%). No país
reta de cima para baixo. como um todo e na maior parte dos estados, as pes-
soas que se declaravam pretas e as pardas cresceram
GEOGRAFIA DO BRASIL

a) F, F, F, V numericamente, enquanto o total das que se declara-


b) F, V, V, F vam brancas diminuiu” (G1, 2019).
c) F, F, V, F Assinale a alternativa correta que apresenta a cor ou
d) V, V, F, F raça predominantemente autodeclarada pela popu-
e) V, F, F, V lação do estado da Bahia, de acordo o Censo Demo-
gráfico realizado em 2010 pelo Instituto Brasileiro de
10. (IBFC – 2020) Geografia e Estatística (IBGE).

“O homem chega, já desfaz a natureza a) Amarela


Tira gente, põe represa, diz que tudo vai mudar. b) Branca
O São Francisco lá pra cima da Bahia c) Parda
Diz que dia menos dia vai subir bem devagar. Vai ter d) Indígena
barragem no salto do Sobradinho e) Preta 169
13. (IBFC – 2020) Em relação aos aspectos econômicos II. Trata-se da articulação da agricultura, por um lado, com
e sociais do estado da Bahia, assinale a alternativa a indústria produtora de insumos e bens de capital agrí-
correta. cola, e por outro lado, com a indústria processadora
de produtos agrícolas, a agroindústria. A reprodução
a) O Produto Interno Bruto (PIB) per capita da Bahia está ampliada da agricultura passa a depender cada vez
entre os três maiores do Brasil menos dos recursos naturais e mais dos meios de pro-
b) O Produto Interno Bruto (PIB) per capita da Bahia é o dução gerados por um setor especializado da indústria.
menor entre os estados do Brasil III. É característica do complexo agroindustrial brasileiro:
c) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Bahia um dado padrão de desenvolvimento tecnológico, que
está entre os três maiores do Brasil tem por referência os princípios da Revolução Verde; a
d) O Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da Bahia desinserção da agricultura brasileira no mercado inter-
é o menor entre os estados do Brasil nacional, marcado pelo aumento da participação, na
e) A expectativa de vida do baiano está crescendo, porém pauta de exportações, de produtos agrícolas elabora-
ainda está abaixo da média do brasileiro dos; ausência da atuação do Estado como regulador
financeiro na economia.
14. (IBFC – 2017) Eficiência energética e fontes renová-
Assinale a alternativa correta.
veis são opção para energia brasileira.
a) Apenas a afirmativa I é verdadeira
“As preocupações com o meio ambiente e sustentabi-
b) Apenas a afirmativa II é verdadeira
lidade crescem em todo mundo. Diante de um futuro
c) Apenas a afirmativa III é verdadeira
incerto com a saída dos Estados Unidos do Acordo
d) Apenas as afirmativas I e II são verdadeiras
de Paris, os problemas com aquecimento global, des- e) Apenas as afirmativas II e III são verdadeiras
matamento e desperdícios só aumentam e tornam o
momento ideal para lembrar a importância de ações 16. (IBFC – 2019) “Para a atual identificação das macrou-
como a maior eficiência no uso da energia e todos os nidades do relevo brasileiro, elaborada por Ross (1989),
seus benefícios. O uso desenfreado e descontrolado foram fundamentais os trabalhos de Ab’Sáber e os rela-
de energia causa diversas complicações ambientais. tórios e mapas produzidos pelo Projeto Radambrasil na
série Levantamentos dos Recursos Naturais. O relevo
Fonte: REVISTA EXAME ON-LINE, Eficiência energética e fontes
brasileiro apresenta três tipos de unidades geomorfoló-
renováveis são opção para matriz energética brasileira. Disponível
em:< http://exame.abril.com.br/negocios/dino/eficiencia-energetica- gicas, que refletem sua gênese: os planaltos, as depres-
e-fontesrenovaveis-sao-opcao-para-energia-brasileira/>. Acesso em: sões e as planícies” (ROSS, 2011).
27 de julho de 2017. Considerando estas três unidades geomorfológicas
brasileiras, assinale a alternativa correta.
Sobre o assunto tratado no trecho acima, assinale a
alternativa incorreta: a) Os planaltos são grandes sistemas serranos e monta-
nhosos, que correm em local de encontro entre duas pla-
a) O Brasil se destaca na produção de energia elétrica cas tectônicas e apresentam altitudes acima de 1.200 m
através das hidrelétricas, porém ainda é o petróleo e b) As depressões no território brasileiro apresentam uma
seus derivados o maior gerador de energia para moto- característica genética muito marcante, que é o fato
res de veículos de não terem sido geradas pela atuação de processos
b) Além das hidrelétricas, o governo brasileiro incen- erosivos, e sim antrópicos
tiva, desde a década de 1970, a produção e utiliza- c) As planícies correspondem geneticamente às áreas
ção do etanol, combustível obtido principalmente da essencialmente planas, geradas por deposição de
cana-de- açúcar sedimentos recentes de origem marinha, lacustre ou
c) A dependência do uso do petróleo e derivados é expli- fluvial
d) As depressões no Brasil estão localizadas apenas na
cada pelo rodoviarismo implantado como meio de
região amazônica, devido à forte erosão fluvial, espe-
escoamento dos produtos aqui produzidos em direção
cialmente pelo rio Amazonas e seus afluentes
ao resto do país e aos portos rumo às exportações
d) O grande desafio é diminuir do uso do petróleo atra-
17. (IBFC – 2017) Sobre a produção agrícola mundial,
vés de decisões estratégicas e ambientais para solu-
assinale a alternativa correta:
cionar tanto o problema da crise energética brasileira
quanto o do aquecimento global
a) Na União Europeia, foram empreendidas reformula-
e) São exemplos de fontes de energia renováveis: bio-
ções na PAC nos anos de 1992, 1999 e 2003 por meio
massa, hidrelétrica, geotérmica, solar, eólica, maremo-
das quais se procurou estimular formas extensivas de
triz e nuclear exploração com o intuito de reduzir a pressão sobre os
recursos naturais e de valorizar a qualidade ambiental
15. (IBFC – 2017) No Brasil, a expansão industrial e a b) Apesar do aparente sucesso da modernização da agri-
modernização do campo geraram grandes complexos cultura, o passivo ambiental dela decorrente é muito
agroindustriais, sobre os quais se afirma que: grande. A expansão de monoculturas e o uso indis-
criminado de máquinas, implementos, fertilizantes
I. A nova conexão entre a agricultura e a indústria, tira químicos e de biocidas comprometeram a qualidade
o poder dos grupos rurais de atuarem isoladamen- ambiental exclusivamente dos países desenvolvidos
te, além de exigir uma maior participação do Estado c) As principais potências agrícolas internacionais são,
como capitalista financeiro. A relação básica ocorre atualmente, Estados Unidos e União Europeia, que
via capital dos grupos rurais, do Estado e de grandes abastecem o mercado externo, ao contrário de países
grupos internacionais, que geralmente incorporam africanos e sul-americanos que prevalece um sistema
170 outras atividades, além do agrícola. agrícola em que se produz para o mercado interno
d) Nos países desenvolvidos, somente os pequenos internacional do Brasil com a União Europeia e com
agricultores são subsidiados e protegidos por tarifas o Japão [...]. Fenômeno semelhante ocorre com a
alfandegárias, evidenciando pouco protecionismo de citricultura em São Paulo. Sua rápida expansão nas
seus produtos em face da concorrência externa décadas de 70 e 80 deveu-se, fundamentalmente, à
e) No Brasil, com a agricultura moderna produtora de introdução no mercado norte-americano e europeu do
commodities vem-se ampliando a sua importância suco de laranja nacional [...]. O processo de interna-
na geração de divisas, por meio da expansão do agro- cionalização da economia brasileira revela, então, que
negócio, porém, não se tornou potência nessa área o atual desenvolvimento do capitalismo na agricultura
por conta dos baixos investimentos e da tecnologia está marcado, sobretudo, pela sua industrialização”
ultrapassada (OLIVEIRA, 2011).
Em relação ao processo de modernização da agricul-
18. (IBFC – 2019) “Contando os gatos e outros animais tura no Brasil, assinale a alternativa incorreta.
o número sobe para cem milhões. Segundo o IBGE,
as famílias brasileiras cuidam de 52 milhões de cães a) Muitos autores chamam este processo de “moderni-
contra 45 milhões de crianças. E a tendência indica zação conservadora”
que haverá cada vez mais espaço nas casas para os b) Este processo foi acompanhado do uso de tratores,
animais e menos para os filhos pequenos”. (ARIAS, EL máquinas e insumos agrícolas
PAÍS, jun.2015). c) Este processo foi acompanhado da expansão do tra-
Acerca da dinâmica populacional brasileira, assinale a balho assalariado no campo
alternativa correta: d) A modernização do campo ocasionou a desconcentra-
ção fundiária no Brasil
a) Tal fato se explica por haver uma verdadeira crise no
tocante a proliferação de cães e gatos nos centros 9 GABARITO
urbanos brasileiros
b) As taxas de mortalidade infantil no Brasil têm se eleva-
do na primeira década do séc XXI, o que justifica tal fato 1 D
c) Este fato se relaciona às transformações assistidas
na sociedade brasileira, como aumento da população 2 B
urbana, avanços nos métodos contraceptivos, inser-
ção das mulheres no mercado de trabalho e planeja- 3 A
mento familiar 4 E
d) Por ser um país de economia retardatária, o Brasil tem
copiado o que acontece nos EUA, Europa e Japão 5 A

19. (IBFC – 2019) “Um dado emblemático que caracteri- 6 D


za bem a questão é a participação do homicídio como
7 B
causa de mortalidade da juventude masculina (15 a
29 anos), que, em 2016, correspondeu a 50,3% do total 8 D
de óbitos. Se considerarmos apenas os homens entre
15 e 19 anos, esse indicador atinge a incrível marca 9 C
dos 56,5% [...]”. Os alarmantes dados revelam o cres-
cimento do número de mortes violentas no Brasil, que 10 E
segundo o mesmo estudo, chegaram à 62.567 mortes 11 A
em 2016 (Atlas da Violência, 2018, p. 20 e 21). O frag-
mento nos traz um primeiro recorte, que se refere ao 12 B
apontamento do sexo das principais vítimas. Assinale
a alternativa correta que complementa este recorte: 13 E

14 E
a) Jovens negros e pardos são as principais vítimas dos
homicídios, situação que ampliada para a morte de 15 D
mulheres negras é ainda mais alarmante. A região
Nordeste lidera este índice na relação número de mor- 16 C
tes por 100 mil habitantes
b) Há uma proximidade entre Negros e Não-Negros viti- 17 A
mados por mortes violentas no caso brasileiro, e a
18 C
região Norte foi a grande responsável pela alarmante
alta das mortes violentas 19 A
GEOGRAFIA DO BRASIL

c) A região Sudeste, em específico o Estado de São


Paulo, teve expressivo aumento das taxas de mortes 20 D
violentas
d) O número de mortes no Estado do Rio de Janeiro teve
acentuada queda no ano de 2016, o que se liga às polí-
ticas postas em prática e perpetuadas desde a primei-
ra década dos anos 2000 ANOTAÇÕES
20. (IBFC – 2019) “Nas últimas décadas, tem ocorrido
no Brasil uma rápida expansão das culturas de pro-
dutos agrícolas de exportação (exemplo a soja). As
exportações de soja foram incentivadas pelos mili-
tares pós-64 com a finalidade de ampliar o comércio
171
ANOTAÇÕES

172
Microsoft Office

Office 2003 Office 2007 Office 365

INFORMÁTICA Até a versão 2003, os arquivos produzidos pelo


Microsoft Office eram identificados com extensões
de 3 letras, como DOC, XLS e PPT. Algumas questões
de concursos ainda apresentam estas extensões nas
CONCEITOS E MODOS DE UTILIZAÇÃO alternativas das questões.
Na versão 2007, o padrão XML (eXtensible Markup
DE APLICATIVOS PARA EDIÇÃO DE Language) foi implementado para oferecer portabili-
TEXTOS (WORD, WRITER), PLANILHAS dade aos documentos produzidos. As extensões dos
(EXCEL, CALC), APRESENTAÇÕES arquivos passaram a ser identificadas com 4 letras,
como DOCX, XLSX e PPTX.
(POWERPOINT, IMPRESS) Com o avanço dos recursos de computação na nuvem,
o Office foi disponibilizado na versão on-line, que poste-
Um pacote de aplicativos para escritório é sem riormente se chamou 365, e é a versão atual do pacote.
dúvida, um dos mais úteis aplicativos que um com- Com um novo formato de licenciamento, com assinaturas
putador pode ter instalado. Independente do perfil de mensais e anuais, ao invés da venda de licenças de uso,
utilização do usuário, algum dos aplicativos disponí- a instalação do Office 365 no computador disponibiliza a
veis em um pacote como o Microsoft Office, atendem a última versão do pacote para escritórios.
diferentes tarefas cotidianas. Das mais simples, até as Do ponto de vista prático, qual versão do Microsoft
mais complexas. Office usar ou estudar?
A Microsoft chama o pacote Office de ‘suíte de pro- Para bancas CESPE/Cebraspe e Instituto Quadrix,
dutividade’, e tem como ‘concorrente’ o LibreOffice. você deve ter a última versão disponível. Elas ques-
O Microsoft Office possui alguns aplicativos que tionam as novidades das últimas versões disponíveis.
trocaram de nomes ao longo do tempo. Atualmente Já outras bancas organizadoras, a versão é indiferen-
está na versão Office 365, que disponibiliza recursos te. O mais importante será o conceito envolvido e sua
via Internet (computação nas nuvens), com armaze- aplicação na formatação de arquivos.
namento de arquivos no Microsoft OneDrive.
LibreOffice
Serviços adicionais de comunicação, como o Micro-
soft Outlook e Microsoft Teams, fazem parte do pacote
Microsoft Office 365. Open Office BrOffice LibreOffice

MICROSOFT
PROGRAMAS LIBREOFFICE O pacote Star Office, deu origem ao Open Offi-
OFFICE
ce, com código aberto, livre e gratuito. O formato de
LibreOffice arquivo (ODF – Open Document Format) é usado para
Editor de Textos Microsoft Word
Writer os arquivos produzidos, como ODT (Text – documen-
to de texto), ODS (Sheet – planilha de cálculos) e ODP
Planilhas de
Microsoft Excel LibreOffice Calc (Presentation – apresentação de slides).
Cálculos
O projeto BrOffice.org desenvolveu e ofereceu o
Apresentações Microsoft LibreOffice pacote com recursos especificamente úteis para os
de Slides PowerPoint Impress brasileiros. É comum ver esta informação no conteúdo
programático dos editais de concursos (BrOffice.org),
além das questões que já foram aplicadas pelas bancas.
As extensões dos arquivos editáveis produzidos O LibreOffice é o pacote atual, disponível para
pelos pacotes de produtividade são apresentadas na download e instalação em diversas plataformas. Está
tabela a seguir. na versão 7 (dezembro/2020), e possui recursos seme-
lhantes às versões anteriores, com uma interface
EXTENSÕES MICROSOFT redesenhada (clean), seguindo a tendência minimalis-
LIBREOFFICE ta de outras aplicações (site Google, ícones do Micro-
DE ARQUIVOS OFFICE
soft Office, ícones de app’s no smartphone, etc).
Editor de Textos DOCX ODT Do ponto de vista prático, qual versão do LibreOffi-
ce usar ou estudar?
Planilhas de
XLSX ODS Para concursos das bancas CESPE/Cebraspe e Ins-
Cálculos
tituto Quadrix, você deverá ter a última versão dis-
INFORMÁTICA

Apresentações ponível. No site do LibreOffice você poderá fazer o


PPTX ODP download gratuito. Ao passo que para outras bancas
de Slides
organizadoras é recomendável verificar se o edital
pede uma versão específica (como LibreOffice 5) ou
As extensões do Microsoft Office, para arquivos se pede várias versões (LibreOffice 5 ou superior). Se
editáveis, terminam em X, em referência ao conteúdo for uma versão específica, serão questionados ícones
formatado com XML, que foi introduzido na versão e atalhos de teclado apenas dela. Se for uma versão
2007. As extensões do LibreOffice iniciam com OD, em específica com o “ou superior” complementando,
referência ao Open Document, do Open Office. então serão questionados os recursos válidos para 173
todas as versões, e você poderá usar a última versão que instale um pacote de compatibilidade, disponível
disponível para estudos. para download no site da Microsoft. Os arquivos pro-
Grande parte das questões de concursos públicos duzidos pelo Microsoft Office podem ser gravados no
procuram questionar as diferenças entre os aplica- formato PDF. O Microsoft Word, desde a versão 2013,
tivos. Questiona-se, por exemplo, a respeito de um possui o recurso “Refuse PDF”, que permite editar um
recurso que é acionado com um atalho de teclado no arquivo PDF como se fosse um documento do Word.
Microsoft Word, mas que no LibreOffice Writer tem O Microsoft Word pode gravar o documento no for-
um atalho de teclado diferente. mato ODT, do LibreOffice, assim como é capaz de editar
documentos produzidos no outro pacote de aplicativos.
Durante a edição de um documento, o Microsoft
Word:
MICROSOFT OFFICE (VERSÃO 2007 E
z Faz a gravação automática dos dados editados
SUPERIORES), LIBREOFFICE (VERSÃO enquanto o arquivo não tem um nome ou local
5.0 E SUPERIORES) de armazenamento definidos. Depois, se necessá-
rio, o usuário poderá “Recuperar documentos não
EDIÇÃO DE TEXTOS, PLANILHAS E salvos”;
APRESENTAÇÕES (AMBIENTES MICROSOFT E z Faz a gravação automática de auto recuperação
LIBREOFFICE) dos arquivos em edição que tenham nome e local
definidos, permitindo recuperar as alterações que
Estrutura básica dos documentos não tenham sido salvas;
z As versões do Office 365 oferecem o recurso de “Sal-
Os documentos produzidos com o editor de textos vamento automático”, associado à conta Microsoft,
Microsoft Word possuem a seguinte estrutura básica: para armazenamento na nuvem Microsoft OneDri-
ve. Como na versão on-line, a cada alteração, o sal-
z Documentos: arquivos DOCX criados pelo Microsoft vamento será realizado.
Word 2007 e superiores. Os documentos são arquivos
editáveis pelo usuário, que podem ser compartilha- O formato de documento RTF (Rich Text Format) é
dos com outros usuários para edição colaborativa; padrão do acessório do Windows chamado WordPad,
z Os Modelos (Template): com extensão DOTX, con- e por ser portável, também poderá ser editado pelo
tém formatações que serão aplicadas aos novos Microsoft Word. Em questões sobre pacotes de aplica-
documentos criados a partir dele. O modelo é usa- tivos nas provas elaboradas pela banca organizadora
do para a padronização de documentos; CESPE/Cebraspe, as extensões de arquivos são ampla-
z O modelo padrão do Word é NORMAL.DOTM mente questionadas.
(Document Template Macros – modelo de docu- Ao iniciar a edição de um documento, o modo
mento com macros): As macros são códigos desen- de exibição selecionado na guia Exibir é “Layout de
volvidos em Visual Basic for Applications (VBA) Impressão”. O documento será mostrado na tela da
para a automatização de tarefas; mesma forma que será impresso no papel.
z Páginas: unidades de organização do texto, segun- O Modo de Leitura permite visualizar o documen-
do a orientação, o tamanho do papel e margens. As to sem outras distrações como a Faixa de Opções com
principais definições estão na guia Layout, mas tam- os ícones. Neste modo, parecido com Tela Inteira, a
bém encontrará algumas definições na guia Design; barra de título continua sendo exibida.
z Seção: divisão de formatação do documento, O modo de exibição “Layout da Web” é usado para
onde cada parte tem a sua configuração. Sempre visualizar o documento como ele seria exibido se esti-
que forem usadas configurações diferentes, como vesse publicado na Internet como página web.
margens, colunas, tamanho da página, orientação, Em “Estrutura de Tópicos” apenas os estilos de
cabeçalhos, numeração de páginas, entre outras, as Títulos serão mostrados, auxiliando na organização
seções serão usadas; dos blocos de conteúdo.
z Parágrafos: formado por palavras e marcas de O modo “Rascunho”, que antes era modo “Normal”,
formatação. Finalizado com Enter, contém forma- exibe o conteúdo de texto do documento sem os elemen-
tação independente do parágrafo anterior e do tos gráficos (imagens, cabeçalho, rodapé) existentes nele.
parágrafo seguinte; Os modos de exibição estão na guia “Exibir”, que
z Linhas: sequência de palavras que pode ser um faz parte da Faixa de Opções. Ela é o principal elemen-
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for to da interface do Microsoft Office.
finalizado com Quebra de Linha, a configuração
Acesso Rápido
atual permanece na próxima linha;
z Palavras: formado por letras, números, símbolos, Guia Atual Guias ou Abas Item com Listagem
caracteres de formatação etc.

Os arquivos produzidos nas versões anteriores do


Word são abertos e editados nas versões atuais. Arqui-
vos de formato DOC são abertos em Modo de Compa-
tibilidade, com alguns recursos suspensos. Para usar
todos os recursos da versão atual, deverá “Salvar
como” (tecla de atalho F12) no formato DOCX. Ícone com Opções
Os arquivos produzidos no formato DOCX pode- Caixa de Diálogo do Grupo Grupo
rão ser editados pelas versões antigas do Office, desde
174 Figura 1. Faixa de opções do Microsoft Word
Para mostrar ou ocultar a Faixa de Opções, o atalho de teclado Ctrl+F1 poderá ser acionado. Na versão 2007
ela era fixa e não podia ser ocultada. Atualmente ela pode ser recolhida ou exibida, de acordo com a preferência
do usuário.
A Faixa de Opções contém guias, que organizam os ícones em grupos.

GUIA GRUPO ITEM ÍCONE

Recortar

Copiar
Área de Transferência
Colar

Página Inicial Pincel de Formatação

Nome da fonte Calibri (Corp

Tamanho da fonte
Fonte
Aumentar fonte

Diminuir fonte

Folha de Rosto

Páginas Página em Branco

Quebra de Página

Inserir
Tabelas Tabela

Imagem

Ilustrações Imagens Online

Formas

Importante!
A banca organizadora de concursos CESPE/Cebraspe não costuma utilizar imagens em suas provas. Ela prioriza o
conhecimento do candidato acerca dos conceitos dos softwares. Outras bancas organizadoras, como Fundação
VUNESP e Fundação Getúlio Vargas, priorizam o conhecimento do candidato acerca do uso dos recursos para a
produção de arquivos (parte prática dos programas).

As guias possuem uma organização lógica, sequencial, das tarefas que serão realizadas no documento, desde
o início até a visualização do resultado final.
INFORMÁTICA

BOTÃO/GUIA DICA

Arquivo Comandos para o documento atual. Salvar, salvar como, imprimir, Salvar e enviar.

Tarefas iniciais. O início do documento, acesso à Área de Transferência, formatação de fontes,


Página Inicial
parágrafos. Formatação do conteúdo da página.

Tarefas secundárias. Adicionar um objeto que ainda não existe no documento. Tabela, Ilustrações,
Inserir
Instantâneos.
175
BOTÃO/GUIA DICA

Layout da Página Configuração da página. Formatação global do documento, formatação da página.

Design Reúne formatação da página e plano de fundo.

Referências Índices e acessórios. Notas de rodapé, notas de fim, índices, sumários, etc.

Correspondências Mala direta. Cartas, envelopes, etiquetas, e-mails e diretório de contatos.

Correção do documento. Ele está ficando pronto... Ortografia e gramática, idioma, controle de alte-
Revisão
rações, comentários, comparar, proteger, etc.

Exibir Visualização. Podemos ver o resultado de nosso trabalho. Será que ficou bom?

Edição e formatação de textos

A edição e formatação de textos consiste em aplicar estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos pará-
grafos e nas páginas.
Os estilos fornecem configurações padronizadas para serem aplicadas aos parágrafos. Estas formatações
envolvem as definições de fontes e parágrafos, sendo úteis para a criação dos índices ao final da edição do docu-
mento. Os índices são gerenciados através das opções da guia Referências.
No Microsoft Word estão disponíveis na guia Página Inicial, e no LibreOffice Writer estão disponíveis no menu
Estilos.
Com a ferramenta Pincel de Formatação, o usuário poderá copiar a formatação de um local e aplicar em outro
local no mesmo documento, ou em outro arquivo aberto. Para usar a ferramenta, selecione o ‘modelo de formatação
no texto’, clique no ícone da guia Página Inicial e clique no local onde deseja aplicar a formatação.
O conteúdo não será copiado, somente a formatação.
Se efetuar duplo clique no ícone, poderá aplicar a formatação em vários locais até pressionar a tecla Esc ou
iniciar uma digitação.

Seleção

Através do teclado e do mouse, como no sistema operacional, podemos selecionar palavras, linhas, parágrafos
e até o documento inteiro.

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+T Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Seleciona o parágrafo

Botão principal - 1 clique na margem Selecionar a linha

Botão principal - 2 cliques na margem Seleciona o parágrafo

Botão principal - 3 cliques na margem Seleciona o documento

- Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início da linha

- Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final da linha

- Ctrl+Shift+Home Selecionar até o início Seleciona até o início do documento

- Ctrl+Shift+End Selecionar até o final Seleciona até o final do documento

Botão principal Ctrl Seleção individual Palavra por palavra

Botão principal Shift Seleção bloco Seleção de um ponto até outro local

Botão principal
Ctrl+Alt Seleção bloco Seleção vertical
pressionado

Botão principal
Alt Seleção bloco Seleção vertical, iniciando no local do cursor
pressionado

Teclas de atalhos e seleção com mouse são importantes, tanto nos concursos como no dia-a-dia. Experimente
praticar no computador. No Microsoft Word, se você digitar =rand(10,30) no início de um documento em branco,
176 ele criará um texto ‘aleatório’ com 10 parágrafos de 30 frases em cada um. Agora você pode praticar à vontade.
Edição e formatação de fontes

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Calibri (fonte padrão do Word 2019), Arial, Times New Roman, Courier New, Verdana,
são os mais comuns. Atalho de teclado para formatar a fonte: Ctrl+Shift+F.
A caixa de diálogo Formatar Fonte poderá ser acionada com o atalho Ctrl+D.
Ao lado, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente. Se quiser, digite o
valor específico para o tamanho da letra.
Atalhos de teclado: Pressione Ctrl+Shift+P para mudar o tamanho da fonte pelo atalho. E diretamente pelo
teclado com Ctrl+Shift+< para diminuir fonte e Ctrl+Shift+> para aumentar o tamanho da fonte.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho Ctrl+N), itálico (atalho Ctrl+I) e sub-
linhado (atalho Ctrl+S). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado simples sobre as palavras),
subscrito
(como na fórmula H2O – atalho Ctrl + igual), e sobrescrito (como em km2 – atalho Ctrl+Shift+mais)
A diferença entre estilos e efeitos é que, os estilos podem ser combinados, como negrito-itálico, itálico-subli-
nhado, negrito-sublinhado, negrito-itálico-sublinhado, enquanto os efeitos são concorrentes entre si.
Concorrentes entre si, significa que você escolhe o efeito tachado ou tachado duplo, nunca os dois simultanea-
mente. O mesmo para o efeito TODAS MAIÚSCULAS e Versalete. Sobrescrito e subscrito, Sombra é um efeito independente,
que pode ser combinado com outros. Já as opções de efeitos Contorno, Relevo e Baixo Relevo não, devem ser
individuais.
Finalizando... Temos o sublinhado. Ele é um estilo simples, mas comporta-se como efeito dentro de si mesmo.
Temos então Sublinhado simples, Sublinhado duplo, Tracejado, Pontilhado, Somente palavras (sem considerar os
espaços entre as palavras), etc. São os estilos de sublinhados, que se comportam como efeitos.

Edição e formatação de parágrafos

Os parágrafos são estruturas do texto que são finalizadas com Enter.


Um parágrafo poderá ter diferentes formatações. Confira:

z Marcadores: símbolos no início dos parágrafos;


z Numeração: números, ou algarismos romanos, ou letras, no início dos parágrafos.
z Aumentar recuo: aumentar a distância do texto em relação à margem.
z Diminuir recuo: diminuir a distância do texto em relação à margem.
z Alinhamento: posicionamento em relação às margens esquerda e direita. São 4 alinhamentos disponíveis:
Esquerda, Centralizado, Direita e Justificado.
z Espaçamento entre linhas: distância entre as linhas dentro do parágrafo.
z Espaçamento antes: distância do parágrafo em relação ao anterior.
z Espaçamento depois: distância do parágrafo em relação ao seguinte.
z Sombreamento: preenchimento atrás do parágrafo.
z Bordas: linhas ao redor do parágrafo.

Figura 2. Recuos de parágrafos (nos símbolos da régua)

Nos editores de textos, recursos que conhecemos no dia-a-dia possuem nomes específicos. Confira alguns
exemplos:
INFORMÁTICA

z Recuo: distância do texto em relação à margem.


z Realce: marca-texto, preenchimento do fundo das palavras.
z Sombreamento: preenchimento do fundo dos parágrafos.
z Folha de Rosto: primeira página do documento, capa.
z SmartArt: diagramas, representação visual de dados textuais.
z Orientação: posição da página, que poderá ser Retrato ou Paisagem.
z Quebras: são divisões, de linha, parágrafo, colunas ou páginas.
z Sumário: índice principal do documento.
177
Muitos recursos de formatação não são impressos no papel, mas estão no documento. Para visualizar os caracte-
res não imprimíveis e controlar melhor o documento, você pode acionar o atalho de teclado Ctrl+* (Mostrar tudo).

CARACTERES NÃO IMPRIMÍVEIS NO EDITOR MICROSOFT WORD

Tecla(s) Ícone Ação Visualização

Quebra de Parágrafo: muda de parágrafo e pode


Enter -
mudar a formatação.

Quebra de Linha: muda de linha e mantém a for-


Shift+Enter -
matação atual.

Quebra de página: muda de página, no local atual


do cursor. Disponível na guia Inserir, grupo Pági-
Ctrl+Enter ou Ctrl+Return Quebra de página
nas, ícone Quebra de Página, e na guia Layout,
grupo Configurar Página, ícone Quebras.

Quebra de coluna: indica que o texto continua na


Ctrl+Shift+ Enter próxima coluna. Disponível na guia Layout, grupo Quebra de coluna
Configurar Página, ícone Quebras.

Separador de Estilo: usado para modificar o estilo


Ctrl+Alt+ Enter -
no documento.

Insere uma marca de tabulação (1,25cm). Se esti-


TAB
ver no início de um texto, aumenta o recuo.

- - Fim de célula, linha ou tabela

ESPAÇO Espaço em branco

Ctrl+Shift+ Espaço Espaço em branco não separável

- - Texto oculto (definido na caixa Fonte, Ctrl+D) abc


- - Hifens opcionais

- - Âncoras de objetos

- - Selecionar toda a tabela

- - Campos atualizáveis pelo Word

Tabelas

As tabelas são estruturas de organização muito utilizadas para um layout adequado do texto, semelhante a
colunas, com a vantagem que estas não criam seções exclusivas de formatação.
As tabelas seguem as mesmas definições de uma planilha de Excel, ou seja, tem linhas, colunas, é formada por células,
e estas poderão conter também fórmulas simples.
Ao inserir uma tabela, seja ela vazia, a partir de um desenho livre, ou convertendo a partir de um texto, uma pla-
nilha de Excel, ou um dos modelos disponíveis, será apresentada a barra de ferramentas adicional na Faixa de Opções.
Um texto poderá ser convertido em Tabela, e voltar a ser um texto, se possuir os seguintes marcadores de for-
matação: ponto e vírgula, tabulação, enter (parágrafo) ou outro específico.
Algumas operações são exclusivas das Tabelas, como Mesclar Células (para unir células adjacentes em uma única),
Dividir Células (para dividir uma ou mais células em várias outras), alinhamento do texto combinando elementos
horizontais tradicionais (esquerda, centro e direita) com verticais (topo, meio e base).
O editor de textos Microsoft Word oferece ferramentas para manipulação dos textos organizados em tabelas.
O usuário poderá organizar as células nas linhas e colunas da tabela, mesclar (juntar), dividir (separar), visua-
lizar as linhas de grade, ocultar as linhas de grade, entre outras opções.
E caso a tabela avance em várias páginas, temos a opção Repetir Linhas de Cabeçalho, atribuindo no início da
tabela da próxima página, a mesma linha de cabeçalho que foi usada na tabela da página anterior.
As tabelas do Word possuem algumas características que são diferentes das tabelas do Excel. Geralmente estes itens
são aqueles questionados em provas de concursos.
178
Por exemplo, no Word, quando o usuário está digitando em uma célula, ocorrerá mudança automática de
linha, posicionando o cursor embaixo. No Excel, o conteúdo ‘extrapola’ os limites da célula, e precisará alterar as
configurações na planilha ou a largura da coluna manualmente.
Confira na tabela a seguir algumas das diferenças do Word para o Excel.

WORD EXCEL
Tabela, Mesclar Todos os conteúdos são mantidos. Somente o conteúdo da primeira célula será mantido.

Em inglês, com referências direcio- Em português, com referências posicionais


Tabela, Fórmulas
nais =SUM(ABOVE). =SOMA(A1:A5).

Tabelas, Fórmulas Não recalcula automaticamente. Recalcula automaticamente e manualmente (F9).

Tachado Texto Não tem atalho de teclado. Atalho: Ctrl+5.

Quebra de linha manual Shift+Enter. Alt+Enter.

Copia apenas a primeira formatação


Pincel de Formatação Copia várias formatações diferentes.
da origem.

Ctrl+D Caixa de diálogo Fonte. Duplica a informação da célula acima.

Ctrl+E Centralizar. Preenchimento Relâmpago.

Ctrl+G Alinhar à Direita (parágrafo). Ir para...

Ctrl+R Repetir o último comando. Duplica a informação da célula à esquerda.

Atualizar os campos de uma mala


F9 Atualizar o resultado das fórmulas.
direta.

F11 - Inserir gráfico.

Finaliza a entrada na célula e mantém o cursor na


Ctrl+Enter Quebra de página manual.
célula atual.

Alt+Enter Repetir digitação. Quebra de linha manual.

Finaliza a entrada na célula e posiciona o cursor na


Shift+Enter Quebra de linha manual.
célula acima da atual, se houver.

Shift+F3 Alternar entre maiúsculas e minúsculas. Inserir função.

Índices

Os índices podem ser construídos a partir dos estilos usados na formatação do texto, ou posteriormente atra-
vés da adição de itens manualmente. Basicamente, é todo o conjunto disponível na guia Referências.

z Sumário: principal índice do documento;


z Notas de Rodapé: inseridas no final de cada página, não formam um índice, mas ajudam na identificação de
citações e expressões;
z Notas de Fim: inseridas no final do documento, semelhante a Notas de Rodapé;
z Citações e Bibliografia: permite a criação de índices com as citações encontradas no texto, além das Referências
Bibliográficas segundo os estilos padronizados;
z Legendas: inseridas após os objetos gráficos (ilustrações e tabelas), podem ser usadas para criação de um
Índice de Ilustrações;
z Índice: para marcação manual das entradas do índice;
z Índice de Autoridades: formato próprio de citação, disponível na guia Referências.

Os índices serão criados a partir dos Estilos utilizados durante o texto, como Título 1, Título 2, e assim por dian-
te. Se não forem usados, posteriormente o usuário poderá ‘Adicionar Texto’ no índice principal (Sumário), Marcar
Entrada (para inserir um índice) e até remover depois de inserido.
Os índices suportam Referências Cruzadas, que permitem o usuário navegar entre os links do documento de
INFORMÁTICA

forma semelhante ao documento na web. Ao clicar em um link, o usuário vai para o local escolhido. Ao clicar no
local, retorna para o local de origem.

Importante!
A guia Referências é uma das opções mais questionadas em concursos públicos por dois motivos: envolvem
conceitos de formatação do documento exclusivos do Microsoft Word e é utilizado pelos estudantes na for-
matação de um TCC (Trabalho de Conclusão de Curso). 179
z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
EXERCÍCIOS COMENTADOS radas com números.

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um documento em


edição no processador de textos Word do ambiente
Microsoft Office 2010, um duplo clique sobre uma
palavra irá selecioná-la, e um clique triplo irá selecio-
nar o parágrafo inteiro.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Com o mouse, ao efetuar um clique na palavra, o


cursor será posicionado no local. Duplo clique, e a
palavra será selecionada. Triplo clique, e o parágra-
fo será selecionado. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Word 2013 permite fazer z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
referência cruzada de itens localizados em um mesmo folha de dados. Na versão atual são 65546 colunas
documento e também de itens localizados em documen- (nomeadas de A até XFD) e 1048576 linhas (numeradas);
tos separados. z Pasta de Trabalho: arquivo do Excel (extensão
XLSX) contendo as planilhas, de 1 a N (de acor-
( ) CERTO ( ) ERRADO do com quantidade de memória RAM disponível,
nomeadas como Planilha1, Planilha2, Planilha3);
O Word permite fazer referência cruzada de itens z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
localizados em um mesmo documento e itens locali- da célula, permite que um valor seja copiado na
zados em documentos separados. A referência cru- direção em que for arrastado. No Excel, se hou-
zada é uma ligação entre itens do documento, ou ver 1 número, ele é copiado. Se houver 2 núme-
entre documentos diferentes. Quando se acessa uma ros, uma sequência será criada. Se for um texto, é
referência cruzada, ao terminar, volta para o ponto copiado. Mas texto com números é incrementado.
de origem. O editor de textos Microsoft Word per- Dias da semana, nome de mês e datas são sempre
criadas as continuações (sequências);
mite que links sejam inseridos no documento. Estes
z Mesclar: significa simplesmente “Juntar”. Haven-
links podem apontar para itens externos ‘sem voltar
do diversos valores para serem mesclados, o Excel
para o local de origem” ou para locais com possibi-
manterá somente o primeiro destes valores, e cen-
lidade de referência de sua origem. Resposta: Certo.
tralizará horizontalmente na célula resultante.
MICROSOFT EXCEL
Mesclar e Centralizar

Mesclar e Centralizar
As planilhas de cálculos são amplamente utilizadas
nas empresas para as mais diferentes tarefas. Desde Mesclar através

a criação de uma agenda de compromissos, passan- Mesclar Células


G H
do pelo controle de ponto dos funcionários e folha de Desfazer Mesclagem de Células
pagamento, ao controle de estoque de produtos e base
de clientes. Diversas funções internas oferecem os E após a inserção dos dados, caso o usuário deseje,
recursos necessários para a operação. poderá juntar as informações das células.
O Microsoft Excel apresenta grande semelhança de Existem 4 opções no ícone Mesclar e Centralizar,
ícones com o Microsoft Word. O Excel “antigo” usava os disponível na guia Página Inicial:
formatos XLS e XLT em seus arquivos, atualizado para
XLSX e XLTX, além do novo XLSM contendo macros. A z Mesclar e Centralizar: Une as células seleciona-
atualização das extensões dos arquivos ocorreu com o das a uma célula maior e centraliza o conteúdo da
Office 2007, e permanece até hoje. nova célula. Este recurso é usado para criar rótu-
As planilhas de cálculos não são banco de dados. los (títulos) que ocupam várias colunas;
Muitos usuários armazenam informações (dados) em z Mesclar através: Mesclar cada linha das células
uma planilha de cálculos como se fosse um banco de selecionadas em uma célula maior;
dados, porém o Microsoft Access é o software do paco- z Mesclar células: Mesclar (unir) as células selecio-
te Microsoft Office desenvolvido para esta tarefa. Um nadas em uma única célula, sem centralizar;
banco de dados tem informações armazenadas em z Desfazer Mesclagem de Células: desfaz o proce-
registros, separados em tabelas, conectados por rela- dimento realizado para a união de células.
cionamentos, para a realização de consultas.
Elaboração de tabelas e gráficos
Conceitos básicos
A tabela de dados, ou folha de dados, ou planilha
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon- de dados, é o conjunto de valores armazenados nas
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi- células. Estes dados poderão ser organizados (classi-
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com ficação), separados (filtro), manipulados (fórmulas
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional); e funções), além de apresentar em forma de gráfico
z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea- (uma imagem que representa os valores informados).
180 das com uma letra; Para a elaboração, poderemos:
z Digitar o conteúdo diretamente na célula. Basta iniciar a digitação, e o que for digitado é inserido na célula.
z Digitar o conteúdo na barra de fórmulas. Disponível na área superior do aplicativo, a linha de fórmulas é o
conteúdo da célula. Se a célula possui um valor constante, além de mostrar na célula, este aparecerá na barra
de fórmulas. Se a célula possui um cálculo, seja fórmula ou função, esta será mostrada na barra de fórmulas.
z O preenchimento dos dados poderá ser agilizado através da Alça de Preenchimento ou pelas opções automá-
ticas do Excel.
z Os dados inseridos nas células poderão ser formatados, ou seja, continuam com o valor original (na linha de
fórmulas) mas são apresentados com uma formatação específica.
z Todas as formatações estão disponíveis no atalho de teclado Ctrl+1 (Formatar Células).
z Também na caixa de diálogo Formatar Células, encontraremos o item Personalizado, para criação de máscaras
de entrada de valores na célula.

Formatos de Números, Disponível na Guia Página Inicial

Geral: Sem formato específico


123

12 Número: Ex.: 4,00

Moeda: Ex.: R$4,00

Contábil: E.: R$4,00

Data Abreviada: Ex.: 04/01/1900

Data Completa: Ex.: Quarta-feira, 4 de janeiro de


1900

Hora: Ex.: 00:00:00

Porcentagem: Ex.: 400,00 %

1 Fração: Ex.: 4
2
102 Cientifico. Ex.: 4,00E + 00

ab Texto: Ex.: 4

As informações existentes nas células poderão ser exibidas com formatos diferentes. Uma data, por exemplo,
na verdade é um número formatado como data. Por isso conseguimos calcular a diferença entre datas.
Os formatos Moeda e Contábil são parecidos entre si. Mas possuem exibição diferenciada. No formato de Moe-
da, o alinhamento da célula é respeitado e o símbolo R$ acompanha o valor. No formato Contábil, o alinhamento
é ‘justificado’ e o símbolo de R$ posiciona na esquerda, alinhando os valores pela vírgula decimal.

Moeda Contábil
R$4,00 R$4,00 INFORMÁTICA

O ícone % é para mostrar um valor com o formato de porcentagem. Ou seja, o número é multiplicado por 100.
Exibe o valor da célula como percentual (Ctrl+Shift+%)

181
VALOR FORMATO PORCENTAGEM % PORCENTAGEM E 2 CASAS % ,0 0
ß,0

1 100% 100,00%
0,5 50% 50,00%
2 200% 200,00%
100 10000% 10000,00%
0,004 0% 0,40%

O ícone 000 é o Separador de Milhares. Exibir o valor da célula com um separador de milhar. Este comando
alterará o formato da célula para Contábil sem um símbolo de moeda.

VALOR FORMATO CONTÁBIL SEPARADOR DE MILHARES 000


1500 R$1.500,00 1.500,00
16777418 R$16.777.418,00 16.777.418,00
1 R$1,00 1,00
400 R$400,00 400,00

27568 R$27.568,00 27.568,00

,00
Os ícones ß,0
,00 à,0 são usados para Aumentar casas decimais (Mostrar valores mais precisos exibindo mais
casas decimais) ou Diminuir casas decimais (Mostrar valores menos precisos exibindo menos casas decimais).
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele é mostrado ao aumentar casas deci-
mais. Se não possuir, então será acrescentado zero.
Quando um número na casa decimal possui valor absoluto diferente de zero, ele poderá ser arredondado para
cima ou para baixo, de ao diminuir as casas decimais. É o mesmo que aconteceria com o uso da função ARRED,
para arredondar.

Simbologia específica

Cada símbolo tem um significado, e nas tabelas a seguir, além de conhecer o símbolo, conheça o significado e
alguns exemplos de aplicação.

OPERADORES ARITMÉTICOS OU MATEMÁTICOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (mais) Adição = 18 + 2 Faz a soma de 18 e 2

- (menos) Subtração = 20 – 5 Subtrai 5 do valor 20

Multiplica 5 (multiplicando) por 4


* (asterisco) Multiplicação =5*4
(multiplicador)

/ (barra) Divisão = 25 / 10 Divide 25 por 10, resultando em 2,5

Faz 20 por cento, ou seja, 20 dividido por


% (percentual) Percentual = 20%
100

Faz 3 elevado a 2, 3 ao quadrado = 9


^(circunflexo) Exponenciação Cálculo de raízes =3^2=8^(1/3) Faz 8 elevado a 1/3, ou seja, raiz cúbica
de 8

Ordem das operações matemáticas

z ( ) – parênteses;
z ^ – exponenciação (potência, um número elevado a outro número);
z * ou / – multiplicação (função MULT) ou divisão;
z + ou - – adição (função SOMA) ou subtração.

Como resolver as questões de planilhas de cálculos?


1. Leitura atenta do enunciado (português e interpretação de textos)
2. Identificar a simbologia básica do Excel (informática)
3. Respeitar as regras matemáticas básicas (matemática)
182 4. Realizar o teste, e fazer o verdadeiro ou falso (raciocínio lógico)
OPERADORES RELACIONAIS, USADOS EM TESTES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Se o valor de A1 for maior que 5, então mostre


> (maior) Maior que = SE (A1 > 5 ; 15 ; 17 )
15, senão mostre 17

Se o valor de A1 for menor que 3, então mos-


< (menor) Menor que = SE (A1 < 3 ; 20 ; 40 )
tre 20, senão mostre 40.

Se o valor de A1 for maior ou igual a 7, então


>= (maior ou igual) Maior ou igual a = SE (A1 >= 7 ; 5 ; 1 ) mostre 5, senão
mostre 1.

Se o valor de A1 for menor ou igual a 5, então


<= (menor ou igual) Menor ou igual a = SE (A1 <= 5 ; 11 ; 23 ) mostre 11, senão
mostre 23.

Se o valor de A1 for diferente de 1, então mos-


<> (menor e maior) Diferente = SE (A1 <> 1 ; 100 ; 8 )
tre 100, senão mostre 8.

Se o valor de A1 for igual a 2, então mostre 10,


= (igual) Igual a = SE (A1 = 2 ; 10 ; 50 )
senão mostre 50.

Princípios dos operadores relacionais

z Um valor jamais poderá ser menor e maior que outro valor ao mesmo tempo
z Uma célula vazia é um conjunto vazio, ou seja, não é igual a zero, é vazio
z O símbolo matemático ≠ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <>
z O símbolo matemático ≥ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use >=

O símbolo matemático ≤ não poderá ser escrito diretamente na fórmula, use <=

OPERADORES DE REFERÊNCIA

Símbolo Significado Exemplo Comentários

=$A1 Trava a célula na coluna A


$ (cifrão) Travar uma célula =A$1 Trava a célula na linha 1
=$A$1 Trava a célula A1, ela não mudará

Obtém o valor de A3 que está na planilha


! (exclamação) Planilha = Planilha2!A3
Planilha2.

Informa o nome de outro arquivo do Excel,


[ ] (colchetes) Pasta de Trabalho =[Pasta2]Planilha1!$A$2
onde deverá buscar o valor.

Informa o caminho de outro arquivo do Ex-


=’C:\FernandoNishimura\
‘ (apóstrofe) Caminho cel, onde deverá encontrar o arquivo para
[pasta2.xlsx]Planilha1’!$A$2
buscar o valor.

; (ponto e vírgula) Significa E = SOMA (15 ; 4 ; 6 ) Soma 15 e 4 e 6, resultando em 25.

Soma de A1 até B4, ou seja, A1, A2, A3, A4,


: (dois pontos) Significa ATÉ = SOMA (A1:B4)
B1, B2, B3, B4.

Executa uma operação sobre as células em


Espaço Intersecção ($) =SOMA(F4:H8 H6:K10)
comum nos intervalos.

Princípios dos operadores de referência

z O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
INFORMÁTICA

referência absoluta ( $A$1 )


z O símbolo de exclamação busca o valor em outra planilha, na mesma pasta de trabalho ou em outro arquivo.
Ex.: =[Pasta2]Planilha1!$A$2

O símbolo de cifrão ($) é um dos mais importantes na manipulação de fórmulas de planilhas de cálculos. Todas
as bancas organizadoras questionam fórmulas com e sem eles nas referências das células.
Vamos conhecer uma questão que utiliza referências mistas. Ela foi aplicada pela Fundação VUNESP, para o cargo de
Papiloscopista da Polícia Civil de São Paulo, em 2018.
183
Assumindo que foi digitada a fórmula =$F2-G$2 na célula H2 e que essa fórmula foi copiada e colada nas célu-
las H3 até H9, assinale a alternativa com o valor que aparecerá na célula H6 da planilha do MS-Excel 2010, em sua
configuração original, exibida na figura:

a) –R$ 960,00
b) –R$ 100,00
c) R$ 400,00
d) R$ 500,00
e) R$ 360,00

A resposta correta é a letra B. A fórmula =$F2-G$2 inserida na célula H2 possui referências mistas.
O símbolo de cifrão transforma uma referência relativa ( A1 ) em uma referência mista ( A$1 ou $A1 ) ou em
referência absoluta ( $A$1 )
O símbolo de $ serve para fixar uma posição na referência (endereço da célula). A posição que ele estiver
acompanhando, não mudará. Quando não temos o símbolo de cifrão, temos uma referência relativa. A1
Se temos um símbolo de $, temos uma referência mista. $A1 ou A$1. E se temos dois símbolos de cifrão, temos
uma referência absoluta. $A$1
A fórmula =$F2-G$2 tem =$F2-G$2 fixo, ou seja, ao copiar e colar, não mudará. =$F__-__$2
Na célula H2 temos a fórmula =$F2-G$2
Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2, porque mudamos da célula H2 para H6 (linha 2 para linha 6), mas
permanecemos na mesma coluna H (não precisando mudar a letra G da segunda parte da fórmula).

Na célula H6 teremos a fórmula =$F6-G$2

SÍMBOLOS USADOS NAS FÓRMULAS E FUNÇÕES

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Faz a soma de 15 e 3.
= 15 + 3
Início de fórmula, função ou Compara o valor de A1 com 5, e caso seja
= (igual) = SOMA ( 15 ; 3 )
comparação. verdadeiro, mostra 10, caso seja falso,
=SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
mostra 11.

= HOJE ( ) Retorna a data atual do computador.


Identifica uma função ou os valo-
( )parênteses = SOMA (A1;B1) Faz a soma de A1 e B1.
res de uma operação prioritária.
= (3+5) / 2 Faz a soma de 3 e 5 antes de dividir por 2.

A função SE tem 3 partes, e estas estão


; (ponto e vírgula) Separador de argumentos. =SE ( A1 = 5 ; 10 ; 11 )
separadas por ponto e vírgula.

Executa uma operação sobre as células


Espaço Intersecção. =SOMA(F4:H8 H6:K10)
em comum nos intervalos.
184
Importante!
As fórmulas e funções começam com o sinal de igual. Outros símbolos podem ser usados, mas o Excel subs-
tituirá pelo sinal de igual.

SÍMBOLOS PARA TEXTOS

Símbolo Significado Exemplo Comentários

Apresenta o texto Fernando.


“ (aspas duplas) Texto exato = “Fernando”
Se usado em testes, é “igual a”.

Exibe os zeros não significativos,


‘(apóstrofe) Número como texto. ‘0001
0001 como texto (ex.: placa de carro).

Exibe “Fernando Nishimura” (sem as


& (“E” comercial) Concatenar. = “Fernando ”&” Nishimura” aspas), o resultado da junção dos
textos individuais.

O símbolo & é usado para concatenar dois conteúdos, como por exemplo: =”15”&”A45” resulta em 15A45. Podere-
mos usar a função CONCATENAR, ou a função CONCAT, para obter o mesmo resultado do símbolo &.

CORRESPONDÊNCIA DE SÍMBOLOS E FUNÇÕES NO EXCEL

Símbolo Significado Exemplo Comentários

+ (sinal de mais) SOMA Adição =15+7 é o mesmo que =SOMA(15;7).

* (asterisco) MULT Multiplicação =12*3 é o mesmo que =MULT(12;3).

^ (circunflexo) POTÊNCIA Exponenciação =2^3 é o mesmo que =POTÊNCIA(2;3).

RAIZ Raiz quadrada =4^(1/2) é o mesmo que =RAIZ(4).

& (E comercial) CONCATENAR Juntar textos =A1&A2&A3 é igual a =CONCATENAR(A1;A2;A3).

“ (aspas) TEXTO Converte em texto =”150144” é o mesmo que =TEXTO(150144).

Erros

Quando trabalhamos com planilhas de cálculos, especialmente no início dos estudos, é comum aparecerem men-
sagens de erros nas células, decorrente da falta de argumentos nas fórmulas, referências incorretas, erros de digita-
ção, entre outros. Vamos ver algumas das mensagens de erro mais comuns que ocorrem nas planilhas de cálculos.
As planilhas de cálculos oferecem o recurso “Rastrear precedentes”, dentro do conceito de Auditoria de Fórmulas.
Com este recurso, muito questionado em concursos da Fundação Getúlio Vargas (FGV), o usuário poderá ver setas na
planilha indicando a relação entre as células, e identificar a origem das mensagens de erros.
A seguir, os erros mais comuns que podem ocorrer em uma planilha de cálculos no Microsoft Excel:

z #DIV/0! – indica que a fórmula está tentando dividir um valor por 0;


z #NOME? – indica que a fórmula possui um texto que o Excel 2007 não reconhece;
z #NULO! – a fórmula contém uma interseção de duas áreas que não se interceptam;
z #NUM! – a fórmula apresenta um valor numérico inválido;
z #REF! – indica que na fórmula existe a referência para uma célula que não existe;
z #VALOR! – indica que a fórmula possui um tipo errado de argumento;
z ##### – indica que o tamanho da coluna não é suficiente para exibir seu valor;

Funções Básicas

z SOMA(valores) : realiza a operação de soma nas células selecionadas.


INFORMÁTICA

No Microsoft Excel, a função SOMA efetua a adição dos valores numéricos informados em seus argumentos. Se
existirem células com textos, elas serão ignoradas. Células vazias não são somadas.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores existentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores existentes nas células A1 até A5
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores existentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’, operando
apenas áreas quadrangulares.
=SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores A1 com B1 e C1 até C3.
=SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2 com 3 e o valor A1 duas vezes.
185
z SOMASE(valores;condição) : realiza a operação primeira parte, o que fazer caso seja verdadeiro na
de soma nas células selecionadas, se uma condição segunda parte, e o que fazer caso seja falso na últi-
for atendida. ma parte. Verdadeiro ou falso. Uma ou outra. Jamais
serão realizadas as duas operações, somente uma
A sintaxe é =SOMASE(onde;qual o critério para
delas, segundo o resultado do teste.
que seja somado)
A função SE usa operadores relacionais (maior,
menor, maior ou igual, menor ou igual, igual, diferen-
=SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo- te) para construção do teste. As aspas são usadas para
res de A1 até A5 que sejam maiores que 15 textos literais.
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
res de A1 até A10 que forem iguais a 10.
=SE(A1=10;”O valor da célula A1 é 10”;”O valor da
célula A1 não é 10”)
z MÉDIA(valores) : realiza a operação de média nas =SE(A1<0;”O valor da célula A1 é negativo”;”O
células selecionadas e exibe o valor médio encontrado. valor não é negativo”)
=SE(A1>0;”O valor da célula A1 é positivo”;”O valor
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples não é positivo”)
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma É possível encadear funções, ampliando as áreas
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células de atuação. Por exemplo, um número pode ser negati-
vazias não entram no cálculo da média. vo, positivo ou igual a zero. São 3 resultados possíveis.
z MED(valores) : informa a mediana de uma série =SE(A1=0;”Valor é igual a zero”;SE(A1<0;”Valor é
de valores. negativo”;”Valor é positivo”))
Mediana é o ‘valor no meio’. Se temos uma sequência Neste exemplo, se for igual a zero (primeiro teste),
de valores com quantidade ímpar, eles serão ordenados exibe a mensagem e finaliza a função. Mas se não for
e o valor no meio é a sua mediana. Por exemplo, para os igual a zero, poderá ser menor do que zero (segundo
valores (5,6,9,3,4), ordenados são (3,4,5,6,9) e a mediana é 5. teste), e exibe a mensagem “Valor é negativo”, encer-
Se temos uma sequência de valores com quantida- rando a função. E por fim, se não é igual a zero, e não
de par, a mediana será a média dos valores que estão é menor que zero, só poderia ser maior do que zero,
no meio. Por exemplo, para os valores (2,13,4,10,8,1), e a mensagem final “Valor é positivo” será mostrada.
ordenados são (1,2,4,8,10,13), e no meio temos 4 e 8. A Obs.: o sinal de igual, para iniciar uma função, é
média de 4 e 8 é 6 ((4+8)/2). usado somente no início da digitação da célula.
As funções CONT são usadas para informar a
z MÁXIMO(valores) : exibe o maior valor das células quantidade de células, que atendem às condições
selecionadas. especificadas.

=MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na


- CONT.NÚM - para contar quantas células possuem
área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
números.
nas um será mostrado.
- CONT.VALORES - quantidade de células que estão
preenchidas.
z MAIOR(valores;posição) : exibe o maior valor de
- CONTAR.VAZIO - quantidade de células que não
uma série, segundo o argumento apresentado.
estão preenchidas.
- CONT.SE - quantidade de células que atendem a
Valores iguais ocupam posições diferentes. uma condição específica.
- CONT.SES - quantidade de células que atendem a
=MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu- várias condições simultaneamente.
las A1 até D6.
z CONT.VALORES(células): esta função conta todas as
z MÍNIMO(valores) : exibe o menor valor das célu- células em um intervalo, exceto as células vazias.
las selecionadas.
= CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na contagem, informando quantas células estão preen-
área de A1 até D6. chidas com valores, quaisquer valores.

z MENOR(valores;posição) : exibe o menor valor de z CONT.NÚM (células): conta todas as células em um


uma série, segundo o argumento apresentado. intervalo, exceto células vazias e células com texto.

Valores iguais ocupam posições diferentes. =CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no


intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
las A1 até D6. z CONT.SE(células;condição): Esta função conta quan-
tas vezes aparece um determinado valor (número ou
z SE(teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor- texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro indicar qual é o critério a ser contado)
caso seja falso.
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan-
Esta função é muito solicitada em todas as bancas. tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
186 A sua estrutura não muda, sendo sempre o teste na do o valor 5.
z CONT.SES(células1;condição1;células2;condi- z CONCATENAR(texto1;texto2; ... ): Junta os textos
ção2): Esta função conta quantas vezes aparece especificados em uma nova sequência.
um determinado valor (número ou texto) em um
intervalo de células (o usuário tem que indicar =CONCATENAR(“Escrevente “;”Técnico “;”Judiciá-
qual é o critério a ser contado), atendendo a todas rio”) – exibe “Escrevente Técnico Judiciário”.
as condições especificadas.
z INT(valor): Extrai a parte inteira de um número.
=CONT.SES(A1:A10;”5”;B1:B10;”7”)
Efetua a contagem de quantas células existem no =INT(PI()) parte inteira do valor de PI – valor
intervalo de A1 até A10 contendo o valor 5 e ao mes- 3,14159 exibe 3.
mo tempo, quantas células existem no intervalo de B1
até B10 contendo o valor 7. z TRUNCAR(valor;casas decimais): Exibe um
número com a quantidade de casas decimais, sem
z CONTAR.VAZIO (células) : conta as células vazias arredondar.
de um intervalo.
=TRUNCAR(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas
decimais – valor 3,14159 exibe 3,141.
=CONTAR.VAZIO(A1:A8) Informa quantas células
vazias existem no intervalo A1 até A8.
z ARRED(valor;casas decimais): Exibe um número
com a quantidade de casas decimais, arredondan-
z SOMASE(células para testar;teste;células para do para cima ou para baixo.
somar): Efetua um teste nas células especificadas,
e soma as correspondentes nas células para somar. =ARRED(PI();3) exibir o valor de PI com 3 casas
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos. decimais – valor 3,14159 exibe 3,142.

=SOMASE(A1:A10;”>6”;A1:A10) somará os valores z HOJE(): Exibe a data atual do computador.


de A1 até A10 que sejam maiores que 6. z AGORA(): Exibe a data e hora atuais do computador.
=SOMASE(A1:A10;”<3”;B1:B10) somará os valores z DIA(data): Extrai o número do dia de uma data.
de B1 até B10 quando os valores de A1 até A10 forem z MÊS(data): Extrai o número do mês de uma data.
menores que 3. z ANO(data): Extrai o número do ano de uma data.
z DIAS(data1;data2): Informa a diferença em dias
z SOMASES(células para somar; células1; teste1; entre duas datas.
células2; teste2): Verifica as células que atendem z DIAS360(data1;data2): Informa a diferença em
aos testes e soma as células correspondentes. dias entre duas datas (ano contábil, de 360 dias)
Os intervalos de teste e de soma podem ser os mesmos. z POTÊNCIA(base;expoente): Eleva um número
(base) ao expoente informado.
z MÉDIASE(células para testar;teste;células para =POTÊNCIA(2;4) 2 elevado à 4, 24, 2x2x2x2 = 16
calcular a média): Efetua um teste nas células especi-
ficadas, e calcula a média das células correspondentes. z MULT(número;número;número; ... ) : Multiplica
Os intervalos de teste e de média podem ser os mesmos. os números informados nos argumentos.
z PROCV(valor_procurado; matriz_tabela; núm_
índice_coluna; [intervalo_pesquisa]): A função FUNÇÕES LÓGICAS
PROCV é utilizada para localizar o valor_procurado
dentro da matriz_tabela, e quando encontrar, retor- Retorna VERDADEIRO se todos
nar à enésima coluna informada em núm_índice_ E (Função E) os seus argumentos forem
VERDADEIROS
coluna. A última opção, que será VERDADEIRO ou
FALSO, é usada para identificar se precisa ser o valor Retorna VERDADEIRO se
exato (F) ou pode ser valor aproximado (V). OU (Função OU) um dos argumentos for
Por exemplo: VERDADEIRO

=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e NÃO (Função NÃO)


Inverte o valor lógico do
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO) argumento

FALSO (Função FALSO) Retorna o valor lógico FALSO


A função PROCV é um membro das funções de pes-
quisa e Referência, que incluem a função PROCH. VERDADEIRO (Função Retorna o valor lógico
Use a função tirar ou a função arrumar para VERDADEIRO) VERDADEIRO
remover os espaços à esquerda nos valores da tabela.
Retornará um valor que você
especifica se uma fórmula for
z ESQUERDA(texto;quantidade): Extrai de uma SEERRO (Função
avaliada para um erro; do con-
sequência de texto, uma quantidade de caracteres SEERRO)
trário, retornará o resultado da
especificados, a partir do início (esquerda).
INFORMÁTICA

fórmula

=ESQUERDA(“Fernando Nishimura”;8) exibe “Fern


ando” Foram apresentadas muitas funções neste mate-
rial, não é verdade? Existem milhares de funções
z DIREITA(texto;quantidade): Extrai de uma sequên- no Microsoft Excel e LibreOffice Calc. Em concursos
cia de texto, uma quantidade de caracteres especifi- públicos, estas são as mais questionadas. Em provas
cados, a partir do final. da banca organizadora CESPE, raramente aparecem
questões com funções, e quando aparecem, são as
=DIREITA(“Polícia Federal”;7) exibe “Federal”. básicas e intermediárias. 187
Gráficos z Os gráficos de Dispersão representam duas séries
de valores em seus eixos. São opções dos gráficos
Além da produção de planilhas de cálculos, o de Dispersão: Dispersão, com Linhas Suaves e Mar-
Microsoft Excel (e o LibreOffice Calc) produz gráficos cadores, com Linhas Suaves, com Linhas Retas e
com os dados existentes nas células. Marcadores, com Linhas Retas, Bolhas e Bolhas 3D.
Gráficos são a representação visual de dados numé-
ricos, e poderão ser inseridos na planilha como gráficos
‘comuns’ ou gráficos dinâmicos.
Os gráficos dinâmicos, assim como as tabelas dinâ-
micas, são construídos com dados existentes em uma
ou várias pastas de trabalho, associando e agrupando
informações para a produção de relatórios completos.

z Os gráficos de Colunas representam valores em


colunas 2D ou 3D. São opções do gráfico de Colunas:
Agrupada, Empilhada, 100% Empilhada, 3D Agru-
pada, 3D Empilhada, 3D 100% Empilhada, e 3D. z O gráfico do tipo Mapa, exibe a informação de
acordo com cada região. Sua única opção é o Mapa
Coroplético.

z Os gráficos de Ações necessitam que os dados este-


jam organizados em preço na alta, preço na baixa
e preço no fechamento. Datas ou nomes das ações
z Os gráficos de Linhas representam valores com serão usados como rótulos. São exemplos de gráficos
linhas, pontos ou ambos. São opções do gráfico de de Ações: Alta-Baixa-Fechamento, Abertura-Alta-
Linhas: Linha, Linha Empilhada, 100% Empilha- -Baixa-Fechamento, Volume-Alta-Baixa-Fechamen-
da, com Marcadores, Empilhada com Marcadores, to, e Volume-Abertura-Alta-Baixa-Fechamento.
100% Empilhada com Marcadores, e 3D.

z Os gráficos de Pizza representam valores propor-


cionalmente. São opções do gráfico de Pizza: Pizza,
Pizza 3D, Pizza de Pizza, Barra de Pizza, e Rosca.

z Os gráficos de Superfície parecem com os gráficos


z Os gráficos de Barras representam dados de forma de Linhas, e preenchem a superfície com cores.
semelhante ao gráfico de Colunas, mas na horizon- São exemplos de gráficos de Superfície: 3D, 3D
tal. São opções dos gráficos de Barras: Agrupadas, Delineada, Contorno e Contorno Delineado.
Empilhadas, 100% Empilhadas, 3D Agrupadas, 3D
Empilhadas, e 3D 100% Empilhadas.

z Os gráficos de Radar são usados para mostrar a evo-


lução de itens. São exemplos de gráficos de Radar:
z Os gráficos de Área representam dados de forma seme- Radar, Radar com Marcadores, e Radar Preenchido.
lhante ao gráfico de Linhas, mas com preenchimento
até a base (eixo X). São opções dos gráficos de Área:
Área, Área Empilhada, Área 100% Empilhada, Área 3D,
Área 3D Empilhada, e Área 3D 100% Empilhada.

z O gráfico do tipo Mapa de Árvore é usado para mos-


trar proporcionalmente a hierarquia dos valores.
188
z O gráfico do tipo Explosão Solar se assemelha ao gráfico de Rosca, mas o maior valor será o primeiro da série
de dados.

z Os gráficos do tipo Histograma são usados para séries de valores com evolução, como idades da população. São
exemplos de gráficos do tipo Histograma: Histograma e Pareto.

z O gráfico do tipo Caixa Estreita é usado para projeção de valores.

z O gráfico do tipo Cascata, exibe e destaca as variações dos valores ao longo do tempo.

z O gráfico do tipo Funil alinha dos valores em ordem decrescente.

z Os gráficos do tipo Combinação permitem combinar dois tipos de gráficos para a exibição de séries de dados. São
exemplos de gráficos do tipo Combinação: Coluna Clusterizada-Linha, Coluna Clusterizada-Linha no Eixo Secun-
dário, Área Empilhada-Coluna Clusterizada, e a possibilidade de criação de uma Combinação Personalizada.
INFORMÁTICA

Classificação de dados

A classificação de dados é uma parte importante da análise de dados.


Você pode classificar dados por texto (A a Z ou Z a A), números (dos menores para os maiores ou dos maiores
para os menores) e datas e horas (da mais antiga para a mais nova e da mais nova para a mais antiga) em uma ou
mais colunas.

189
Você também poderá classificar por uma lista de clientes (como Grande, Médio e Pequeno) ou por formato,
incluindo a cor da célula, a cor da fonte ou o conjunto de ícones.
A maioria das operações de classificação é identificada por coluna, mas você também poderá identificar por
linhas.
Disponível na guia Dados, e na guia Página Inicial, a classificação poderá ser de texto, números, datas ou horas,
por cor da célula, cor da fonte ou ícones, por uma lista personalizada, linhas, por mais de uma coluna ou linha, ou
por uma coluna sem afetar as demais.

CLASSIFICAÇÃO COMENTÁRIOS

A classificação de dados alfanuméricos poderá ser ‘Classificar de A a Z’ em


Classificar texto ordem crescente, ou ‘Classificar de Z a A’ em ordem decrescente. É possível
diferenciar letras maiúsculas e minúsculas.

Classificar números Quando a coluna possui números, podemos ‘Classificar do menor para o maior’ ou
‘Classificar do maior para o menor’

Se houver datas ou horas, podemos ‘Classificar da mais antiga para a mais


Classificar datas ou horas nova’ ou ‘Classificar da mais nova para a mais antiga’, resumindo,
cronologicamente.

Se você tiver formatado manual ou condicionalmente um intervalo de células ou


Classificar por cor de célula, cor uma coluna de tabela, por cor de célula ou cor de fonte, poderá classificar por
de fonte ou ícones essas cores. Também será possível classificar por um conjunto de ícones cria-
dos ao aplicar uma formatação condicional.

Você pode usar uma lista personalizada para classificar em uma ordem definida
Classificar por uma lista
pelo usuário. Por exemplo, uma coluna pode conter valores pelos quais você
personalizada
deseja classificar, como Alta, Média e Baixa.

Na caixa de diálogo Opções de Classificação, em Orientação, clique em Classifi-


Classificar linhas
car da esquerda para a direita e, em seguida, clique em OK.

Classificar por mais de uma colu-


Na caixa de diálogo Classificar, adicione mais de um critério para ordenação.
na ou linha

Classificar uma coluna em um


Basta selecionar a coluna desejada, e na janela de diálogo, manter o item “Conti-
intervalo de células sem afetar as
nuar com a seleção atual”.
demais

190
EXERCÍCIO COMENTADO Importante!
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Microsoft Excel 2010, Apresentações de slides é um tópico pouco
é possível formatar células por meio das opções Ali- questionado em provas de concursos. Conhe-
nhamento, Borda e Fonte, desde que a formatação cendo os conceitos do Microsoft PowerPoint,
seja realizada antes da inserção dos dados. você poderá aproveitá-los quando estudar
LibreOffice Impress.
( ) CERTO ( ) ERRADO

Nas planilhas de cálculos como o Microsoft Excel As apresentações de slides podem ser gravadas em
e o LibreOffice, as fórmulas e funções poderão ser formato de imagens (JPG, PNG), slide por slide, e até
inseridas nas células para a obtenção de resultados transformadas em vídeo (extensão MP4).
a partir dos valores armazenados nelas. Os recursos do PowerPoint, como animações, tran-
A formatação da célula poderá ser realizada antes sições, narração, serão inseridos no vídeo, que poderá
ou depois da entrada de dados. Ao acionar Ctrl+1 o ser reproduzido em outros dispositivos, como Smart
usuário pode formatar números, bordas, alinhamen- TV em totens de propagandas.
to, preenchimento, etc. O usuário poderá personali-
zar a exibição ou usar uma das máscaras de exibição
disponíveis no aplicativo. Resposta: Errado.

MICROSOFT POWERPOINT

As apresentações de slides criadas pelo Microsoft


PowerPoint 2010/2013/2016/2019 são arquivos de
extensão .PPTX. Caso contenham macros (comandos
para automatização de tarefas) será atribuída a exten-
são .PPTM. E ainda podemos trabalhar com os mode-
Figura 1. Para produzir um vídeo da apresentação, acessar o botão
los (extensão .POTX e POTM).
Arquivo, menu Exportar, item Criar Vídeo.
Apesar de ser um aplicativo com finalidade dife-
rente do editor de textos, ele possui muitas semelhan-
ças que acabam ajudando quem está iniciando nele. Vamos conhecer alguns termos usados no aplicati-
Da mesma forma que o editor de textos, é possível tra- vo de edição de apresentações de slides.
balhar com seções (divisões), é possível inserir núme-
ros de slides, é possível comparar apresentações, etc. z SLIDE: unidade de edição, como uma página da
apresentaçã;
TIPO DE z SLIDE MESTRE: slide com o modelo de formatação
EXTENSÃO CARACTERÍSTICAS que será usado pelos slides da apresentação atual;
ARQUIVO
z DESIGN: aparência do slide ou de toda a apresen-
Apresentação Versão 2003 ou
PPT tação. O design combina cores, estilos e padrões
editável. anterior.
para que a aparência tenha um visual harmoniza-
Apresentação Versão 2003 ou do. O PowerPoint oferece “Ideias de Design” a cada
PPS
executável. anterior. objeto inserido no slide;
Modelo de Versão 2003 ou z LAYOUT: disposição dos elementos dentro do slide.
POT
apresentação. anterior. Quando a apresentação é iniciada, o slide de slide
Apresentação Versão 2007 ou de título é apresentado. O usuário poderá alterar
PPTX para outro layout. Cada slide da apresentação pode-
editável. superior.
rá ter um layout diferente.
Versão 2007 ou supe-
Apresentação rior, que não necessita
PPSX
executável. de programas para ser
visualizada.
Slide de Título Título e Conteúdo Cabeçalho da Duas Partes de Comparação
Recursos para pa- Seção Conteúdo
Modelo de
POTX dronização de novas
apresentação.
apresentações.
Recursos para pa- Somente Título Em Branco Conteúdo com Imagem com
Modelo de apre-
dronização e auto- Legenda Legenda
POTM sentação com
matização de novas
macros.
apresentações. Figura 2. Layout de slide
INFORMÁTICA

Formato do LibreOffice
ODP
Open Document Impress, que pode ser z SEÇÃO: divisão de formatação dentro da apresen-
Presentation. editado e salvo pelo tação (usadas para Apresentações Personalizadas).
Microsoft PowerPoint. Poderá ter ‘duas apresentações’ dentro de uma, e no
Formato de documen- início, escolher qual delas será exibida para o público;
to portável, sem alguns z TRANSIÇÕES: animação entre os slides. Ao sele-
Portable Docu-
PDF/XPS
ment Format.
recursos multimídia cionar algum efeito de animação entre os slides
inseridos na apresen- (guia Transições, grupo Transição para este slide),
tação de slide. será disponibilizada a opção para configuração do
Intervalo; 191
z ANIMAÇÃO: animação dentro do slide, em um objeto do slide. Um objeto poderá ter diversas animações
simultaneamente, enquanto a transição do slide é única. Poderão ser de Entrada, Ênfase, Saída ou Trajetórias
de Animação;

Conceito de slides

Conforme observado no item anterior, os slides são as unidades de trabalho do PowerPoint. Assim como as pági-
nas de um documento do Microsoft Word, os slides possuem configurações como margens, orientação, números de
páginas (slides, no caso), cabeçalhos e rodapés, etc. O PowerPoint trabalha com 4 conceitos principais de slides,

z Slide (modo de exibição Normal) : cada slide é mostrado para edição de seu conteúdo;
z Slide Mestre: para alterar o design e o layout dos slides mestres, alterando toda a apresentação de uma vez;
z Folhetos Mestre: para alterar o design e layout dos folhetos que serão impressos;
z Anotações Mestras: para alterar o design e layout das folhas de anotações;

Figura 3. Modo de exibição Normal, para edição da apresentação de slides

Nos modos de exibição, na guia Exibição, ocorreu uma pequena mudança em relação às versões anteriores,
com a inclusão do item Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos:

z Normal: no modo de exibição Normal, miniaturas dos slides ou os tópicos aparecerão no lado esquerdo, o
slide atual aparecerá no centro (sendo possível sua edição) e na área inferior da tela aparecerá a área de ano-
tações. Ajustar à janela encaixa o slide na área;
z Modo de Exibição de Estrutura de Tópicos: para editar e alternar entre slides no painel de estrutura de
tópicos. Útil para a criação de uma apresentação a partir dos tópicos de um documento do Microsoft Word;
z Classificação dos Slides: no modo de exibição Classificação de Slides, apenas miniaturas dos slides serão
mostradas. Estas miniaturas poderão ser organizadas, arrastando-as. As operações de slides estão disponíveis,
como Excluir slide, Ocultar slide, etc. Mas não é possível editar o conteúdo. Somente após duplo clique será
possível a edição do conteúdo;
z Anotações: Exibir a página de anotações para editar as anotações do orador da forma como ficarão quando
forem impressas;
z Modo de Exibição de Leitura: Exibir a apresentação como uma apresentação de slides que cabe na janela. A
barra de título do PowerPoint continuará sendo exibida.

Noções de edição e formatação de apresentações

A preparação de uma apresentação de slides segue uma série de recomendações, quanto a quantidade de texto,
quantidade de slides, tempo da apresentação, etc.
Entretanto, para concursos públicos, o foco é outro. O questionamento é sobre como fazer, onde configurar,
como apresentar, etc. Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5. Pode-
mos escolher o ícone ‘Do Começo’ na guia Apresentações de Slides, grupo Iniciar Apresentação de Slides. E ainda
clicar no ícone correspondente na barra de status, ao lado do zoom.
A apresentação iniciará, e ao contrário do modo de exibição Leitura em Tela Inteira, a barra de títulos não será
mostrada. A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.
Durante a apresentação de slides, as setas de direção permitem mudar o slide em exibição. O Enter passa para
o próximo slide. O ESC sai da apresentação de slides.
Segurar a tecla CTRL e pressionar o botão principal (esquerdo) do mouse exibirá um ‘laser pointer’ na apre-
sentação. Pressionar a letra C ou vírgula deixará a tela em branco (clara). Pressionar E ou ponto final, deixa a tela
preta (escura).
A edição dos elementos textuais e parágrafos seguem os princípios do editor de textos Word. E os comandos
também são os mesmos. Por exemplo, o Salvar como PDF.
192
De acordo com o formato escolhido, alguns recursos poderão ser desabilitados.

FORMATO ANIMAÇÕES TRANSIÇÕES ÁUDIO VÍDEO HIPERLINKS


PPTX X X X X X
PPSX X X X X X
PDF - - - - X
MP4 X X X X X
JPG/PNG - - - - -

Tabela. Recursos disponíveis ( X ), recursos indisponíveis ( - )

O formato PDF é portável, e poderá ser usado em qualquer plataforma. Praticamente todos os programas dis-
poníveis no mercado reconhecem o formato PDF.
Confira a seguir os ícones do aplicativo, que costumam ser questionados em provas.

Para entrar em modo de apresentação de slides do começo, devemos pressionar F5.

A outra forma de iniciar uma apresentação de slides é a partir do Slide Atual, pressionando Shift+F5 ou
clicando no ícone da guia Apresentação de Slides.

Apresentar on-line: Transmitir a apresentação de slides para visualizadores remotos que possam assis-
ti-la em um navegador da Web.

Apresentação de Slides Personalizada: Criar ou executar uma apresentação de slides personalizada.


Uma apresentação de slides personalizada exibirá somente os slides selecionados. Este recurso permite
que você tenha vários conjuntos de slides diferentes (por exemplo, uma sucessão de slides de 30 minu-
tos e outra de 60 minutos) na mesma apresentação.

Configurar Apresentação de Slides: Configurar opções avançadas para a apresentação de slides, como
o modo de quiosque (em que a apresentação reinicia após o último slide, e continua em loop até pres-
sionar ESC), apresentação sem narração, vários monitores, avançar slides, etc.

Ocultar Slide: Ocultar o slide atual da apresentação. Ele não será mostrado durante a apresentação de
slides de tela inteira.

Testar Intervalos: Iniciar uma apresentação de slides em tela inteira na qual você possa testar sua
apresentação. A quantidade de tempo utilizada em cada slide é registrada e você pode salvar esses
intervalos para executar a apresentação automaticamente no futuro.

Gravar Apresentação de Slides: Gravar narrações de áudio, gestos do apontador laser ou intervalos de
slide e animação para reprodução durante a apresentação de slides.

Álbum de Fotografias: criar ou editar uma apresentação com base em uma série de imagens. Cada
imagem será colocada em um slide individual.

Ação: Adicionar uma ação ao objeto selecionado para especificar o que deve acontecer quando você
clicar nele ou passar o mouse sobre ele.

Inserir número do slide: o número do slide reflete sua posição na apresentação.

Inserir vídeo no slide: permite inserir um videoclipe no slide.


INFORMÁTICA

Inserir áudio no slide: permite inserir um clipe de áudio no slide.

Gravação de tela: gravar o que está sendo exibido na tela e inserir no slide.

Formas: linhas, retângulos, formas básicas, setas largas, formas de equação, fluxograma, estrelas e
faixas, textos explicativos e botões de ação.
193
O recurso de Ortografia e Gramática, acionado pela
EXERCÍCIOS COMENTADOS tecla F7, permite identificar erros de ortografia (uma
palavra de cada vez, sublinhado ondulado vermelho)
1. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) Quando o PowerPoint ou gramática (várias palavras, sublinhado ondulado
2013 é aberto (Apresentação em Branco), o slide exi- verde). Já a autocorreção é um recurso diferente, que
bido mostra dois espaços formatados, um para adicio- permite substituir erros comuns, como a ausência de
nar um título e o outro para adicionar um subtítulo. maiúscula no início de uma frase, corrigir o uso aci-
dental da tecla CapsLock (invertendo a digitação entre
( ) CERTO ( ) ERRADO maiúscula e minúscula), acentuação na palavra não
(quando digitamos naõ), e principalmente a substitui-
O Microsoft PowerPoint é o editor de apresentações ção de símbolos por palavras, definidos pelo usuário,
de slides do pacote Microsoft Office. Quando ele é no menu Ferramentas, Opções de Autocorreção.
aberto ou uma nova apresentação em branco é ini-
ciada (atalho de teclado Ctrl+O), um slide com o Estrutura básica dos documentos
layout “Slide de título” será exibido. Ele contém um
espaço formatado para o título e um espaço para Os documentos do LibreOffice Writer possuem a
um subtítulo. Resposta: Certo. seguinte estrutura básica, semelhante aos conceitos
do Microsoft Word e conceitos:
2. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) Slides somente podem
ser inseridos no PowerPoint 2013 com o mesmo layout z Documentos: arquivos ODT (Open Document Text).
do slide anterior, já que não é permitido inserir um sli- Os documentos são arquivos editáveis pelo usuá-
de com outro layout em uma mesma apresentação. rio. Os Modelos, com extensão OTT (Open Template
Text), contém formatações que serão aplicadas aos
( ) CERTO ( ) ERRADO novos documentos criados a partir dele.
z Páginas: unidades de organização do texto, segundo
O slide é como uma página da apresentação, e tem o tamanho do papel e margens. Definições estão no
os objetos inseridos em regiões determinadas pelo menu Formatar, item Estilo da Página..., guia Página.
layout. O layout poderá ser usado em vários slides
da mesma apresentação, sem qualquer problema.
Disponível na guia Página Inicial, o Layout poderá
ser escolhido pelo usuário e alterado posteriormen-
A4
te se desejar. Resposta: Errado.

LIBREOFFICE WRITER

A interface da versão 6 é mais ‘leve’ que a interfa-


ce da versão 5. O fundo cinza escuro deu lugar a um
fundo cinza claro, com redesenho dos ícones, ficando
mais parecido com o Word 2016.
A versão 7 adaptou alguns ícones para o padrão
Português Brasil (antes o negrito era B, agora é N). z Seção: divisão de formatação do documento, onde
O LibreOffice Writer é integrado com os demais cada parte tem a sua configuração. Sempre que
programas do pacote, permitindo a inserção de fór- forem usadas configurações diferentes, como mar-
mulas avançadas de cálculos do LibreOffice Calc em gens, colunas, tamanho, etc., as seções serão usa-
uma tabela do documento de textos, por exemplo. das. Disponível no menu Inserir, item Seção...
O LibreOffice Writer grava documentos com a z Parágrafos: formado por palavras e marcas de for-
extensão ODT, mas também poderá gravar em outros matação. Finalizado com Enter, contém formatação
formatos como DOCX, RTF, TXT e PDF. Os formatos independente do parágrafo anterior, e do parágrafo
que são gravados pelo programa, também poderão seguinte.
ser abertos por ele. z Linhas: sequência de palavras que pode ser um
parágrafo, ocupando uma linha de texto. Se for
finalizado com Quebra de Linha, a configuração
Importante! de formatação atual permanece na próxima linha.
z Palavras: formado por letras, números, símbolos,
O que você faz no Word, você faz no Writer. Qua- caracteres de formatação, etc. Podemos definir a
se tudo tem correspondente entre os aplicati- formatação do texto no menu Formatar, item Tex-
vos. Alguns atalhos de teclado são diferentes, to (nas versões anteriores era Caractere). E pode-
alguns nomes de comandos são diferentes, mas mos escolher em Texto. A novidade na versão 5 é
a maioria dos itens são iguais. que o menu Texto já exibe na lista todos os estilos
e efeitos disponíveis no editor.

O botão abc é usado para fazer a verificação orto- Edição e formatação de textos
gráfica (atalho F7). Para realizar a auto verificação
ortográfica o atalho é Shift+F7. A auto verificação A edição e formatação de textos consiste em apli-
ortográfica é para correção automática de todos os car estilos, efeitos e temas, tanto nas fontes, como nos
erros do documento segundo as configurações pré-de- parágrafos e nas páginas. O LibreOffice Writer tem
terminadas pelo editor de textos Writer. todos estes recursos, como o Microsoft Word.
194
A seguir, conheça alguns exemplos. Cada texto contém a explicação sobre o efeito, ou estilo, ou configuração
aplicada.

Edição e formatação de FONTES.

As fontes são arquivos True Type Font (.TTF) gravadas na pasta Fontes do Windows, e aparecem para todos os
programas do computador.
Nomes de fontes como Liberation Serif (fonte padrão do Writer 7), Arial, Times New Roman, Courier New, Ver-
dana, são os mais comuns.
Ao lado do nome da fonte, um número indica o tamanho da fonte: 8, 9, 10, 11, 12, 14 e assim sucessivamente.
Se quiser, digite o valor específico que deseja.
Maiúsculas e Minúsculas, é chamado de “Circular Caixa”.
Shift+F3 para alternar pelo teclado.
As formatações de fontes e parágrafos podem ser removidas pelo ícone “Limpar Formatação Direta (Ctrl+M), disponível
na barra de formatação de Caracteres.
E na sequência temos os estilos e efeitos de textos.
Assim como no Microsoft Word, os estilos podem ser combinados e os efeitos são concorrentes entre si. Dife-
rem nos atalhos de teclado (em inglês) e o nome de alguns recursos.
Estilos são formatos que modificam a aparência do texto, como negrito (atalho de teclado Ctrl+B - Bold), itálico (atalho
de teclado Ctrl+I), sublinhado (atalho de teclado Ctrl+U - Underline) e sublinhado duplo (atalho de teclado Ctrl+D – Doub-
le, que não possui correspondente no Microsoft Word). Já os efeitos modificam a fonte em si, como texto tachado (riscado
simples sobre as palavras), subscrito (como na fórmula H2O – atalho de teclado Ctrl+Shift+B), e sobrescrito (como em km2 – atalho
de teclado Ctrl+Shift+P)
O LibreOffice Writer faz o mesmo que o Microsoft Word, mas com comandos diferentes e atalhos de teclado de
palavras em inglês.
O LibreOffice Writer tem algumas opções diferenciadas em relação ao Word. No Writer, acesse o menu Formatar,
Texto. Confira na tabela a seguir alguns exemplos comparativos entre o Writer e o Word.

ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Negrito Ctrl+N Ctrl+B (Bold) Exemplo de Texto

Itálico Ctrl+I Ctrl+I (Italic) Exemplo de Texto

Sublinhado (simples) Ctrl+S Ctrl+U (Underline) Exemplo de Texto

Sublinhado duplo - - Ctrl+D (Double) Exemplo de Texto

Tachado (simples) - - Exemplo de Texto

Tachado duplo Fonte (Ctrl+D) Formatar, Texto Exemplo de Texto

Sobrelinha - - - Exemplo de Texto

Sobrescrito Ctrl+Shift+mais Ctrl+Shift+P Exemplo de Texto

Subscrito Ctrl+ igual Ctrl+Shift+B Exemplo de Texto

Sombra - - Exemplo de Texto

Contorno - - Exemplo de Texto


INFORMÁTICA

Aumentar tamanho Ctrl+Shift+ponto Ctrl + ] Exemplo de Texto

Diminuir tamanho Ctrl+Shift+vírgula Ctrl + [ Exemplo de Texto

Maiúsculas Exemplo de Texto

195
ATALHO WORD ATALHO WRITER RESULTADO

Minúsculas exemplo de texto

Alternar (Circular caixa) Shift+F3 Shift+F3 Exemplo de Texto

Versalete - Ctrl+Shift+K - Exemplo de Texto

Limpar formatação - Ctrl+M Exemplo de Texto

Cor da Fonte - - Exemplo de Texto

Realce de Texto - - Exemplo de Texto

Os atalhos de teclado usados no LibreOffice Writer para alinhamentos de parágrafos são: Ctrl+L (Left = Esquer-
da), Ctrl+E (Centralizado), Ctrl+R (Right = Direita) e Ctrl+J (Justificado).

Atalhos de teclado dos editores de textos

Uma dúvida muito comum entre os candidatos que prestam provas de concursos públicos, está relacionada
com os atalhos de teclado. Afinal, qual é a lógica que existe por trás destas combinações de teclas?
Os atalhos de teclado do Microsoft Office são próprios e em português. No LibreOffice, como em aplicações na
Internet (coloquei a opção do Google Documentos), os atalhos são em inglês.
Alguns atalhos não possuem exatamente a mesma inicial do comando, por estar sendo usado em outra situação.
Centralizado, por exemplo, do inglês Center. A letra C já está sendo usada em Ctrl+C (Copiar), e a próxima letra está dispo-
nível. Assim, o atalho de teclado para centralizar um texto é Ctrl+E, tanto no Word como no Writer.

ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS


Ctrl+A Abrir Selecionar tudo (All) Selecionar tudo (All)

Ctrl+B Salvar Negrito (Bold) Negrito (Bold)

Ctrl+D1 Formatar Fonte Sublinhado Duplo (Double) -

Ctrl+E Centralizar Centralizar Ctrl+Shift+E

Ctrl+F - Localizar (Find) Localizar na página

Ctrl+G2 Alinhar texto à direita Ir para (Go To) Ctrl+Shift+R

Ctrl+H Localizar e Substituir

Ctrl+I Itálico Itálico Itálico

Ctrl+J3 Justificado Justificado Ctrl+Shift+J

Barra de endereços do
Ctrl+K Inserir hiperlink Inserir hiperlink
navegador

Ctrl+L4 Localizar Alinhar texto à esquerda (Left) Ctrl+Shift+L

Ctrl+M Aumentar recuo5 Limpar formatação direta Ctrl+\

Ctrl+N6 Negrito Novo documento (New) -

Ctrl+O Novo documento Abrir documento (Open) Abrir documento (Open)

1 O atalho de teclado Ctrl+D, quando acionado no navegador de Internet, permite adicionar a página atual em Favoritos, que são os sites
preferidos do usuário.
2 O atalho de teclado Ctrl+G, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
3 O atalho de teclado Ctrl+J, quando acionado no navegador de Internet, permite visualizar as transferências de arquivos em andamento e consultar os
arquivos que foram baixados (Downloads).
4 O atalho de teclado Ctrl+L, quando acionado no navegador de Internet, permite localizar uma informação na página atual.
5 Recuo é a distância do texto em relação à margem da página. O atalho de teclado Ctrl+M no Microsoft Word, aumenta o recuo esquerdo do parágrafo.
196 6 O atalho de teclado Ctrl+N, quando acionado no navegador de Internet, abre uma nova janela de navegação.
ATALHO MICROSOFT WORD LIBREOFFICE WRITER GOOGLE DOCUMENTOS
Ctrl+Q Alinhar texto à esquerda Sair do LibreOffice (Quit) -

Ctrl+R Repetir último comando Alinhar texto à direita (Right) Recarregar a página (Reload)

Ctrl+S Sublinhado Salvar documento (Save) Salvar página web

Ctrl+U Localizar e Substituir Sublinhado (Underline) Sublinhado (Underline)

Ctrl+Y Ir para Repetir último comando Repetir último comando

Ctrl+igual7 Subscrito Ctrl+Shift+B Ctrl+vírgula

Ctrl+Shift+mais Sobrescrito Ctrl+Shift+P Ctrl+ponto final

Ctrl+Shift+V Colar Especial Colar Especial Colar sem formatação

Ctrl+Alt+Shift+V Colar sem formatação

Shift+F38 Maiúsculas e Minúsculas Maiúsculas e Minúsculas -

Importante!
Um dos comandos que mais confunde candidatos na prova é o Navegador, do LibreOffice. Não tem nenhuma relação
com o browser de Internet e é usado para navegar dentro do documento em edição.

No LibreOffice Writer, o atalho F5 aciona o Navegador, que permite a navegação para:

z Página;
z Títulos;
z Tabelas;
z Quadros;
z Objetos OLE;
z Marca-páginas;
z Seções;
z Hiperlinks;
z Referências;
z Índices;
z Anotações;
z Objetos de Desenho;
z Controle;
z Fórmula de tabela;
z Fórmula de tabela incorreta;

A seleção no LibreOffice Writer tem uma sutil diferença em relação ao Microsoft Word. É a possibilidade de uso
de 4 cliques na seleção. Confira:

MOUSE TECLADO AÇÃO SELEÇÃO

- Ctrl+A Selecionar tudo Seleciona o documento

Botão principal - 1 clique na palavra Posiciona o cursor

Botão principal - 2 cliques na palavra Seleciona a palavra

Botão principal - 3 cliques na palavra Selecionar a frase

Botão principal - 4 cliques na palavra Seleciona o parágrafo


INFORMÁTICA

Cabeçalhos

Localizado na margem superior da página, poderá ser configurado em Inserir, Cabeçalho e rodapé.
Assim como no Word, é possível trabalhar com configurações diferentes dentro do mesmo documento. Para
isto, use as seções para dividir a formatação do documento.

7 O atalho de teclado Ctrl+igual, quando acionado no navegador de Internet, aumenta o zoom de exibição da página.
8 O atalho F3 no navegador aciona a pesquisa, e Shift+F3 também. 197
Esta região aceitará qualquer elemento que seria usado no documento, como textos, imagens, tabelas, campos,
formas geométricas, hiperlinks, entre outros.

Inserir

Cabeçalho e rodapé Cabeçalho

Diferentemente da interface do Microsoft Word, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e ícones,
o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreender a
sequência de comandos e menus do Writer. As dicas são válidas para o LibreOffice Calc e LibreOffice Impress.

MENU SIGNIFICADO

Permitem acesso às configurações de arquivo sobre o documento atual (novo, abrir, fechar, salvar,
Arquivo
imprimir, propriedades).

Permite acesso à Área de Transferência, além das opções temporárias (localizar, substituir, selecio-
Editar
nar) e área de transferência do Windows/Linux,

Permite a configuração dos objetos que serão exibidos na tela do aplicativo. Modos de visualização,
Exibir
interface do usuário, elementos da tela de edição, Marcas de Formatação, Barra Lateral e Zoom

Permite adicionar um item que não existe no documento atual. Adicionar qualquer objeto no arquivo
Inserir atualmente editado. Se este objeto é atualizável, será um campo. Elementos da página, elementos
gráficos, elementos visuais, referências e índices, elementos de mala direta e cabeçalho e rodapé.

Formatar significa dar um formato a um objeto que já existe. Parágrafo, estilos, marcadores e nume-
Formatar
ração, tabulações, etc. Permite alterar elementos editáveis do documento.

Os estilos são formatações pré-definidas para serem usadas no texto. Posteriormente poderão ser
Estilos
organizadas em um índice.

Disponibilizam ferramentas para o trabalho com tabelas, segundo as convenções próprias do recur-
Tabelas
so. Ao incluir uma tabela no documento, a barra de ícones Tabela será exibida.

Permite a edição e programação de formulários diretamente no documento aberto, para entrada de


Formulários
dados padronizados.

Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em todos os pró-


Ferramentas
ximos arquivos editados pelo aplicativo.

Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos em edição.

Impressão

Disponível no menu Arquivo, e também pelo atalho Ctrl+P (e também pelo Ctrl+Shift+O, Visualizar Impressão),
a impressão permite o envio do arquivo em edição para a impressora. A impressora listada vem do Windows, do
Painel de Controle (ou Configurações, no caso do Windows 10).
Podemos escolher a impressora, definir como será a impressão (Imprimir Todas as Páginas, ou Seleção, Páginas especí-
ficas), quais serão as páginas (números separados com ponto e vírgula/vírgula indicam páginas individuais, separadas por
traço uma sequência de páginas).

198
Podemos gravar uma planilha do Microsoft Excel
em qualquer local, e pelo LibreOffice Calc abrir nor-
malmente. O LibreOffice Calc reconhece o formato
XLS/XLSX do Excel sem problemas, e o local de arma-
zenamento não influencia nos recursos disponíveis
no aplicativo.
O arquivo criado pelo LibreOffice Calc receberá a
extensão padrão ODS (Open Document Sheet), que é
um componente do ODF (Open Document Format). O
arquivo gravado é conhecido como PASTA DE TRABA-
LHO, e poderá ser gravado no formato do Microsoft
Office, todas as versões.
Em cada Pasta de Trabalho, o LibreOffice Calc inicia
com 1 planilha (folha de dados), identificada por abas
na parte inferior da tela de visualização. Cada planilha
é independente das demais, e usamos o sinal de ponto
final para referenciar dados em outras planilhas.
As colunas são identificadas por letras, nomeadas de
Havendo a possibilidade disponível na impresso- A até AMJ (tecla F5 para navegar na planilha, que possui
ra, serão impressas de um lado da página, ou frente e 1024 colunas). As linhas são numeradas com números,
verso automático, ou manual. Ao contrário do Word, de 1 até 1.048.576 (tecla F5 para navegar na planilha).
que exibe tudo em uma única tela do Backstage, o O encontro entre uma linha e uma coluna é célula.
Writer divide em guias as opções da impressão. O LibreOffice Calc tem menos colunas que o Micro-
soft Excel. Mas, isso não significa que ele seja melhor
ou pior. Cuidado com as comparações. Quando a ban-
ca sugere uma comparação, menosprezando um dos
EXERCÍCIOS COMENTADOS itens, geralmente está errado.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) O aplicativo Writer, do Conceitos básicos
BrOffice, utilizado para a edição de textos, não permite
a realização de cálculos com valores numéricos, por
z Célula: unidade da planilha de cálculos, o encon-
exemplo, cálculos com valores em uma tabela inserida
tro entre uma linha e uma coluna. A seleção indivi-
no documento em edição.
dual é com a tecla CTRL e a seleção de áreas é com
a tecla SHIFT (assim como no sistema operacional);
( ) CERTO ( ) ERRADO z Coluna: células alinhadas verticalmente, nomea-
das com uma letra;
O LibreOffice Writer possui integração com os z Linha: células alinhadas horizontalmente, nume-
demais programas do pacote, e permite a integra- radas com números;
ção dos recursos do LibreOffice Calc (planilhas de z Planilha: o conjunto de células organizado em uma
cálculos) em uma tabela do documento. O Microsoft folha de dados. Writer representa com (ponto final).
Office também é assim. Resposta: Errado. z Pasta de Trabalho: arquivo do Calc contendo as
planilhas, de 1 a N (de acordo com quantidade de
2. (CESPE-CEBRASPE – 2014) No aplicativo Writer, para memória RAM disponível, nomeadas como Planilha
alterar a cor da fonte de um caractere no documento 1, Planilha 2, Planilha3). No Calc é extensão ODS;
em edição, o usuário pode utilizar o menu Formatar e, z Alça de preenchimento: no canto inferior direito
em seguida, escolher a opção Fonte. da célula, permite que um valor seja copiado na
direção em que for arrastado. No Excel, se houver
( ) CERTO ( ) ERRADO 1 número, ele é copiado. Se houver 2 números,
uma sequência será criada. No Calc, 1 número cria
O LibreOffice Writer poderá produzir documentos uma sequência com incremento 1. Datas, dias da
como o Microsoft Word, pois além de serem compatí- semana, nome dos meses, estas opções criam listas
veis, compartilham funcionalidades. Porém, existem pré-definidas;
itens que possuem nomes diferentes em cada editor
de textos. No Microsoft Word é Formatar, Fonte. No
LibreOffice Writer é Formatar, Texto. Resposta: Errado.

LIBREOFFICE CALC

O LibreOffice oferece o aplicativo Calc para criação


INFORMÁTICA

de planilhas de cálculos. Opera de forma semelhante


ao Microsoft Excel, e possui apenas algumas diferenças
(que já foram questionadas em concursos públicos).
Os arquivos de planilhas de cálculos podem ser
criados pelo Microsoft Excel, LibreOffice Calc e Goo- z Mesclar células: significa simplesmente juntar. O
gle Planilhas. O arquivo produzido em um aplicativo LibreOffice Calc permite que o usuário escolha a
poderá ser editado por outro programa, pois são com- forma como as células serão mescladas. Ao clicar
patíveis entre si. no ícone na barra de ferramentas, a caixa de diálo-
go “Mesclar células” será exibida.
199
A célula pode receber diferentes formatações, z - (sinal de menos) Subtração, ou início de fórmula/
especialmente na exibição de valores numéricos. Para função com inversão de resultado.
a exibição retornar ao padrão, pressionar Ctrl+M. A Exemplo: -A1+A2 – efetua a soma do valor em A1
formação de células, linhas e colunas possibilita defi- com o valor em A2, invertendo o resultado.
nir bordas, sombreamento, e padrões que serão apli-
cados a estas. z * (asterisco) multiplicação.
Uma opção muito utilizada no Calc, e também no Exemplo: =A1*A2 - efetua a multiplicação do valor
Excel, é Intervalos de Impressão. A planilha é grande em A1 pelo valor em A2.
(muitas células, nomeadas de A1 até AMJ1048764) e
podemos marcar o intervalo (Definir) que será consi- z / (barra ‘normal’) divisão.
derado na impressão. Exemplo: =A1/A2 - efetua a divisão do valor em A1
A formatação Condicional permite exibir célu- pelo valor em A2.
las de diferentes cores e padrões, segundo condições
z ^ (acento circunflexo) Exponenciação.
estipuladas. Por exemplo, quando desejamos que os
Exemplo: =A1^A2 - efetua a exponenciação do
números negativos sejam vermelhos e os positivos em
valor em A1 pelo valor em A2, A1 elevado a A2.
azul, é um caso.
z % (símbolo de porcentagem) porcentagem. Exibe o
Formatar valor em formato de porcentagem. Não faz o cálcu-
lo. Para fazer o cálculo, é preciso dividir por 100 o
resultado (por cento, por 100).

z & (símbolo de E comercial) concatenação. Reúne


dois ou mais valores em uma única sequência.
Exemplo:
=”Fernando”&”Nishimura”
=15&30
Fernando Nishimura
1530
Condiconal
z . (ponto final) Significa Planilha.
Exemplo: =Planilha1.A1+Planilha2.A2 – efetua
a soma do valor A1 que está em Planilha1 com o
Geranciar...
valor de A2 que está em Planilha2.

Importante!
Uma das poucas diferenças existentes entre o
Microsoft Excel e o LibreOffice Calc é a forma
como referenciam planilhas. No Excel é o ponto
A formatação condicional pode apresentar visual- de exclamação, no Calc é o ponto final.
mente as diferenças existentes nos dados da planilha
de cálculos. É um recurso útil e muito questionado em
z > (sinal de maior) maior que. Usado para testes,
provas.
para comparação.
Exemplo: =SE(A1>A2;”A1 é maior”;”A2 é maior”) –
Simbologia específica
efetua um teste e exibe uma mensagem.
z Coluna+Linha formato de referência de cada célu-
z < (sinal de menor) menor que. Usado em testes,
la da planilha. Colunas com letras, linhas com
para comparação.
números. O formato de referência é idêntico no Exemplo: =SE(A1<A2;”A1 é menor”;”A2 é menor”) –
Excel e Calc. efetua um teste e exibe uma mensagem.
Exemplo: A1 – coluna A, linha 1, célula A1.
z >= (sinal de maior e sinal de igual, consecutivos,
z = (sinal de igual) inicia uma fórmula ou função, ou sem espaço) maior ou igual a. Usado em testes,
faz uma comparação dentro de um teste. para comparação.
Exemplos: = A1+A2 - efetua a soma do valor em A1 Exemplo: =SE(A1>=A2;”A1 é maior ou igual a A2”;”A2
com o valor em A2. é maior que A1”) – teste e exibe uma mensagem.
=SE(A1=A2;”é igual”;”é diferente”) – efetua um tes-
te e exibe uma mensagem. z <= (sinal de menor e sinal de igual, consecutivos,
sem espaço) menor ou igual a. Usado em testes,
z + (sinal de mais) Adição, ou início de fórmula/ para comparação.
função. Exemplo: =SE(A1<=A2;”A1 é menor ou igual a
Exemplo: +A1+A2 – efetua a soma do valor em A1 A2”;”A2 é menor que A1”) – teste e exibe uma
200 com o valor em A2. mensagem.
z <> (sinal de menor e sinal de maior, consecuti- Funções Básicas
vos, sem espaço) diferente. O Excel/Calc não usa o
símbolo ≠ Usado em testes, para comparação. z SOMA (valores) : realiza a operação de soma nas
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São células selecionadas.
iguais”) – teste e exibe uma mensagem.
=SOMA(A1;A2;A3) Efetua a soma dos valores exis-
z ( ) (parênteses) Organizam operadores, valores, tentes nas células A1, A2 e A3.
=SOMA(A1:A5) Efetua a soma dos 5 valores exis-
expressões, alterando a ordem de cálculo. O Excel
tentes nas células A1 até A5
e Calc não utiliza chaves ou colchetes, como na
=SOMA(A1;34;B3) Efetua a soma dos valores da
matemática, apenas parênteses.
célula A1, com 34 (valor literal) e B3.
=SOMA(A1:B4) Efetua a soma dos 8 valores exis-
z ; (ponto e vírgula) separador de argumentos de uma
tentes, de A1 até B4. O Excel não faz ‘triangulação’,
função ou separador de células em uma referência. operando apenas áreas quadrangulares.
Pode significar E em uma referência de valores. =SOMA(A1;B1;C1:C3) Efetua a soma dos valores
Exemplos: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São A1 com B1 e C1 até C3.
iguais”) – separando os três argumentos da função. =SOMA(1;2;3;A1;A1) Efetua a soma de 1 com 2
=SOMA(A1;B2;C3;D4) – separando os quatro argu- com 3 e o valor A1 duas vezes.
mentos que serão somados.
z SOMASE (valores;condição) : realiza a operação
z : (dois pontos) indica ATÉ em uma referência de de soma nas células selecionadas, se uma condição
faixa de células. for atendida.
Exemplo: = SOMA(A1:C3) – efetua a soma dos valo-
res na faixa A1 até C3, incluindo A2, A3, B1, B2, B3, =SOMASE(A1:A5;”>15”) Efetuará a soma dos valo-
C1 e C2. res de A1 até A5 que sejam maiores que 15.
=SOMASE(A1:A10;”10”) Efetuará a soma dos valo-
z “ (aspas) indicam expressões de textos literais. res de A1 até A10 que forem iguais a 10. A sinta-
Exemplo: =SE(A1<>A2;”Valores diferentes”;”São xe é =SOMASE(onde;qual o critério para que seja
iguais”) – as mensagens são exibidas como digitadas. somado).

z $ (cifrão) Fixar uma posição na referência, trans- z MEDIA (valores) : realiza a operação de média
formando a referência relativa em referência mista nas células selecionadas e exibe o valor médio
ou absoluta. Muito utilizada em fórmulas e funções, encontrado.
quando ela mudar de célula, será alterada ou não.
=MEDIA(A1:A5) Efetua a média aritmética simples
Exemplo: =A$1 (linha 1 está fixa), =$B5 (coluna B
dos valores existentes entre A1 e A5. Se forem 5 valo-
está fixa), =$A$6 (célula A6 está fixa)
res, serão somados e divididos por 5. Se existir uma
=$Planilha2.C17+10 – trava a referência para a
célula vazia, serão somados e divididos por 4. Células
Planilha2.
vazias não entram no cálculo da média.
z # (sinal de sustenido – iniciando uma mensagem,
z MED (valores): obtém o valor da mediana. A
apenas um) Erro. mediana é o valor que está ‘no meio’ dos valores
ordenados informados
Mensagens de Erros

Seguem abaixo os erros mais comuns que podem


ocorrer em uma planilha do LibreOffice Calc:

z ##### A célula não é larga o suficiente para mos-


trar o conteúdo;
z NUM! ou Err:503! Operação de ponto flutuante
inválida. Um cálculo resulta em overflow no inter-
valo de valores definido; =MED(A2:C2) qual é o valor que está no meio, de 6,
z #VALOR ou Err:519! Sem resultado. A fórmula 2 e 1? É o 2.
resulta em um valor que não corresponde à sua =MÉDIA(A2:C2) qual é a média dos valores de A2
definição; ou a célula que é referenciada na fórmu- até C2? (6+2+1)/3 = 3.
la contém um texto em vez de um número;
z MÁXIMO (valores) : exibe o maior valor das célu-
z #REF ou Err:524! Referências inválidas. Em uma
las selecionadas.
fórmula, está faltando a coluna, a linha ou a plani-
INFORMÁTICA

lha que contém uma célula referenciada; =MAXIMO(A1:D6) Exibe qual é o maior valor na
z #NOME? ou Err:525! Nomes inválidos. Não foi área de A1 até D6. Se houver dois valores iguais, ape-
possível avaliar um identificador, por exemplo, nas um será mostrado.
não foi possível encontrar uma referência válida,
um nome de domínio válido, uma etiqueta de colu- z MAIOR (valores;posição) : exibe o maior valor de
na/linha, uma macro, um separador decimal incor- uma série, segundo o argumento apresentado.
reto, suplemento não encontrado;
z #DIV/0! ou Err:532! Divisão por zero. Operação =MAIOR(A1:D6;3) Exibe o 3º maior valor nas célu-
de divisão / quando o denominador é 0. las A1 até D6. 201
z MÍNIMO (valores) : exibe o menor valor das célu- z PROCH (o que ; onde ; linha ; aproximadamente )
las selecionadas. : procura um valor na horizontal. Caso encontre,
retorna a linha correspondente ao argumento infor-
=MINIMO(A1:D6) Exibe qual é o menor valor na mado. E a busca poderá ser exata ou aproximada.
área de A1 até D6.
Precedência dos operadores
z MENOR (valores;posição) : exibe o menor valor de
uma série, segundo o argumento apresentado. Tanto o LibreOffice Calc como o Microsoft Excel,
usam precedência de operadores matemáticos para a
=MENOR(A1:D6;3) Exibe o 3º menor valor nas célu-
resolução das fórmulas.
las A1 até D6.
A ordem de prioridade é parênteses, depois expo-
nenciação (ou potência), depois multiplicação e divi-
z SE (teste;verdadeiro;falso) : avalia um teste e retor-
são, e por último, adição e subtração.
na um valor caso o teste seja verdadeiro ou outro
^ Exponenciação A primeira operação que deve
caso seja falso.
ser executada
* Multiplicação A próxima operação a ser executa-
z CONT.VALORES (células) : esta função conta todas da, assim como a Divisão.
as células em um intervalo, exceto as células vazias. / Divisão
=CONT.VALORES(A1:A10) Informa o resultado da + Adição Após realizar exponenciação, multiplica-
contagem, informando quantas células estão preen- ção e divisão, faça a adição/subtração.
chidas com valores, quaisquer valores. - Subtração.
- Inversão de sinal Depois que todo o cálculo for
z CONT.NÚM (células) : conta todas as células em realizado, faça a inversão do sinal.
um intervalo, exceto células vazias e células com Obs.: o uso de parênteses altera a ordem dos opera-
texto. dores matemáticos.
P.E.M.D.A.S. = parênteses, exponenciação, multipli-
=CONT.NÚM(A1:A8) Informa quantas células no
cação, divisão, adição e subtração.
intervalo A1 até A8 possuem valores numéricos.
Diferentemente da interface do Microsoft Excel,
que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos
z CONT.SE (células;condição) : Esta função conta quan-
e ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em
tas vezes aparece um determinado valor (número ou
menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para
texto) em um intervalo de células (o usuário tem que
compreender a sequência de comandos e menus do
indicar qual é o critério a ser contado)
Calc. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e
=CONT.SE(A1:A10;”5”) Efetua a contagem de quan- LibreOffice Impress.
tas células existem no intervalo de A1 até A10 conten-
do o valor 5. MENU SIGNIFICADO

Oferece comandos para o gerenciamen-


z TEXTO (células;formato) : exibe um valor numéri- Arquivo to do arquivo atual, aquele que está em
co no formato especificado por uma máscara. primeiro plano.
=TEXTO(7;”000”) Exibirá o número 7 com 3 casas, Acesso a recursos temporários (localizar,
portanto, 007 Editar substituir, selecionar) e área de transfe-
rência do Windows/Linux.
z MUDAR (texto;início;caracteres;novo_texto) : per-
mite trocar no texto informado, iniciando na posi- Acesso aos controles sobre o que será
ção início, o novo_texto, até o limite de caracteres. Exibir mostrado na tela de edição, e como será
exibido.
=MUDAR(“José Carlos”; 1; 4; “João”) Troca o
Adicionar qualquer objeto no arquivo
“José” por “João” Inserir atualmente editado. Se este objeto é
atualizável, será um campo.
z PROCV (valor_procurado; matriz_tabela; núm_
índice_coluna; [intervalo_pesquisa]) Mudar a aparência, mudar a configura-
Formatar ção, dar uma forma, alterar o que está
A função PROCV é utilizada para localizar o em edição.
valor_procurado dentro da matriz_tabela, e quando
encontrar, retornar a enésima coluna informada em Opções de controle da planilha de dados
Planilha
no Calc.
núm_índice_coluna. A última opção, que será VERDA-
DEIRO ou FALSO, é usada para identificar se precisa ser Oferece comandos para o gerenciamento
o valor exato (F) ou pode ser valor aproximado (V). do aplicativo, alterando as configurações
Por exemplo: Ferramentas
em todos os próximos arquivos editados
pelo aplicativo.
=PROCV(105;A2:C7;2;VERDADEIRO) e
=PROCV(“Monte”;B2:E7;2;FALSO) Classificação, filtro, filtro avançado, e de-
Dados
mais opções de organização dos dados.
A função PROCV é um membro das funções de pes-
quisa e Referência, que incluem a função PROCH. Oferece opções para organizar as janelas
Se PROCV não localizar valor_procurado, e pro- Janela
dos documentos.
curar_intervalo for VERDADEIRO, ela usará o maior
202 valor que é menor do que o valor_procurado.
Ambos são capazes de produzir arquivos PDFs.
EXERCÍCIO COMENTADO
O LibreOffice Impress permite exportar uma
1. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Para se calcular o valor apresentação ou desenho para diferentes formatos,
constante na célula E2, basta digitar nela o comando incluindo os citados no enunciado da questão.
=C2*D2.
z BMP: Windowns Bitmap (*.bmp);
z EMF: Enhanced Metafile (*.emf);
z EPS: Encapsulated PostScript (*.eps);
z GIF: Graphics InterchangeFormat (*.gif);
z JPEG: Joint Photographic Experts Group (*.jpg;*.
jpeg;*.jfif;*.jiif;*.jpe);
z PNG: Portable Network Graphic (*.png);
z SVG: Scalable Vector Graphics (*.svg; *.svgz);
z TIFF: Tagged Image File Format (*.tif; *.tiff);
( ) CERTO ( ) ERRADO z WMF: Windows Metafile (*.wmf).

Será efetuada a multiplicação de C2 por D2, e o resul-


tado será exibido em E2. Poderia ser escrita com a Importante!
função MULT, assim: =MULT(C2;D2). Resposta: Certo.
Extensões de arquivos estão entre os itens mais
questionados em provas de concursos organiza-
dos pela banca CESPE/Cebraspe.

Os modos de exibição permitem alternar entre


a edição (Normal), exibição de títulos (Estrutura de
Tópicos), Notas (Anotações do apresentador) e Orga-
nizador de Slides (classificação de slides – miniaturas
para organização).
LIBREOFFICE IMPRESS

O aplicativo Microsoft PowerPoint se tornou, após


anos, sinônimo de apresentações. É comum falarmos Normal Estrutura de tópicos Notas Organizador de slides

que estamos apresentando um PowerPoint, mesmo que


o arquivo tenha sido criado no LibreOffice Impress.
Os softwares de edição de slides (Microsoft Power-
Point, LibreOffice Impress, Google Apresentações) per-
mitem a criação de uma apresentação de slides para
exibição para um público.
Ao iniciar o aplicativo, o usuário poderá escolher
um modelo de apresentação para criação de um novo
arquivo. Ou poderá cancelar a caixa de diálogo, e
escolher um arquivo que está gravado em um local de
armazenamento permanente, para ser aberto e edita-
do naquela sessão de trabalho.

z LEIAUTE: Permite a escolha do tipo de conteúdo


que será inserido no slide. Para não esquecer: é o
esqueleto de cada slide da apresentação. O layout
do slide (leiaute do eslaide) é a definição da posição
dos objetos dentro de cada slide da apresentação.
z MODELOS: Permite a escolha do projeto visual
que será utilizado no slide. Para não esquecer: é a
aparência da apresentação.
INFORMÁTICA

z TRANSIÇÃO: Permite a escolha do efeito visual


que será utilizado na passagem de um slide para
outro slide. Para não esquecer: é a animação entre
os slides da apresentação.
Arquivos do PowerPoint são abertos pelo LibreOffi- z MESTRE: Permite a escolha da posição de todos
ce Impress (antigo OpenOffice, BrOffice). os elementos dentro de uma apresentação, assim
Da mesma forma, arquivos do LibreOffice Impress como configurações específicas. Podemos configu-
(formato ODP – Open Document Presentation) podem rar os slides, folhetos e anotações. Para não esque-
ser abertos pelo Microsoft PowerPoint. cer: é o esqueleto de toda a apresentação.
203
Exibir

Slide mestre

Elementos do slide mestre...

Assim como nos demais aplicativos, o ícone permite transformar um objeto inserido em um hyperlink. O
ícone está disponível na Barra de Ferramentas Padrão. Atalho de teclado: Ctrl+K
No LibreOffice, o Hiperlink poderá ser para:

Internet: endereço URL ou endereço FTP.

Correio: abre o aplicativo de e-mail padrão para o envio de uma mensagem eletrônica.

Documento: para algum local do documento atual, como uma Tabela, Seção ou Quadro.

Novo Documento: para qualquer outro arquivo editável do pacote LibreOffice.

Diferentemente da interface do Microsoft PowerPoint, que é baseada na Faixa de Opções com guias, grupos e
ícones, o LibreOffice tem a interface baseada em menus. Na tabela a seguir, confira algumas dicas para compreen-
der a sequência de comandos e menus do Impress. As dicas são válidas para o LibreOffice Writer e LibreOffice Calc.

MENU SIGNIFICADO
Arquivo Oferece comandos para o gerenciamento do arquivo atual, aquele que está em primeiro plano.
Acesso a recursos temporários (localizar, substituir, selecionar) e área de transferência do
Editar
Windows/Linux
Acesso aos controles sobre o que será mostrado na tela de edição, e como será exibido.
Exibir
Cor, preto e branco, escala de cinza.
Adicionar qualquer objeto na apresentação atualmente editada. Se este objeto é atualizá-
Inserir
vel, será um campo.
Formatar Mudar a aparência, mudar a configuração, dar uma forma, alterar o que está em edição.
Oferece comandos para o gerenciamento do aplicativo, alterando as configurações em
Ferramentas
todos os próximos arquivos editados pelo aplicativo.
Iniciar a apresentação, configurar a apresentação, Cronometrar, Interação, Animação
Apresentação de slides personalizada, Transição de slides, Exibir e Ocultar slides, e criar uma apresentação
personalizada.
Janela Oferece opções para organizar as janelas dos documentos.

Menu Slide

Novidade do LibreOffice Impress 5 mantida na versão 6/7, que não existia nas versões anteriores. Possui opções
similares à guia Apresentação de Slides do Microsoft PowerPoint. Contém as opções para manipulação dos slides
da apresentação, incluindo o item Transição de Slides, para adicionar uma animação entre os slides.
204
Slide
SISTEMAS OPERACIONAIS
O sistema operacional proporciona a base para
execução de todos os demais softwares no computa-
dor. Ele é responsável por estabelecer o padrão para
comunicação com o hardware (através dos drivers).
Os computadores podem receber diferentes sistemas,
segundo a sua arquitetura de construção.
É possível termos dois ou mais sistemas operacionais
instalados em um dispositivo. No caso dos computado-
res, o usuário pode criar partições (divisões lógicas) no
Menu Apresentação de Slides disco de armazenamento e instalar cada sistema (Win-
dows e Linux) em uma delas. O usuário também poderá
Outra novidade do LibreOffice Impress 5, com as executar no formato de Máquina Virtual (Virtual Machi-
opções e comandos para controle da apresentação. Foi ne), conforme detalhado no tópico Virtualização.
mantido nas versões seguintes. O que os sistemas operacionais têm em comum?
Semelhante ao PowerPoint, F5 inicia a apresenta-
ção a partir do primeiro slide e Shift+F5 inicia a par-
z Plataforma para execução de programas: eles
tir do slide atual. Esta é uma alteração importante,
oferecem recursos que são compartilhados pelos
pois nas versões anteriores, F5 iniciava no slide atual,
programas executados, desenvolvidos para serem
e agora é como no PowerPoint, com dois atalhos de
compatíveis com o sistema operacional;
teclado diferentes.
z Núcleo monolítico: arquitetura monobloco, onde
um único processo centraliza e executa as princi-
pais funções. No Windows, é o explorer.exe;
z Interface gráfica: mesmo oferecendo uma inter-
face de linha de comandos, a interface gráfica é
a mais utilizada e questionada em provas, com
ícones que representam os itens existentes no
dispositivo;
z Multiusuário: os sistemas permitem que vários
usuários utilizem o dispositivo, cada um com sua
respectiva conta e credenciais de acesso;
z Multiprocessamento: os sistemas possibilitam a
execução de vários processos simultaneamente,
EXERCÍCIOS COMENTADOS gerenciando os recursos oferecidos pelo processador;
z Preemptivo: o sistema operacional poderá inter-
1. (CESPE-CEBRASPE – 2012) No aplicativo Impress do romper processos durante a sua execução;
z Multitarefas: os sistemas operacionais possibilitam
pacote BrOffice, ao se clicar o botão será ativa- a execução de várias tarefas de forma simultânea
do um cronômetro para controlar a duração da apre- e concorrentes entre si, através do gerenciamento
sentação. Essa função permite também a ativação de profundo da memória do dispositivo;
um alarme que indicará o término do tempo de uma z Interface com o hardware: o sistema operacio-
apresentação. nal contém arquivos que atuam como tradutores,
possibilitando a comunicação do software com o
( ) CERTO ( ) ERRADO hardware.

O ícone apresentado na questão é o navegador, que


WINDOWS 7
possibilita buscar um slide na apresentação rapida-
mente. O atalho é Ctrl+Shift+F5. Resposta: Errado.
O sistema operacional Windows foi desenvolvido
pela Microsoft para computadores pessoais (PC) em
2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Ao clicar-se o botão meados dos anos 80, oferecendo uma interface gráfi-
, será aberto o navegador configurado como padrão, o ca baseada em janelas, com suporte para apontadores
que permite o acesso à Internet ao mesmo tempo em como mouses, touch pads (área de toque nos portá-
que se utiliza o Impress. teis), canetas e mesas digitalizadoras.
INFORMÁTICA

O Windows da versão 7 foi substituído pelo Windo-


( ) CERTO ( ) ERRADO ws 8. Devido à ausência do botão Iniciar, não teve boa
aceitação pelos usuários e foi atualizado para o Win-
O botão é utilizado para adicionar um hyper- dows 8.1. Atualmente, está na versão 10, que combina
link ao objeto selecionado, permitindo que o usuário os recursos do Windows 7 e 8.1.
acesse outro local da apresentação, outro arquivo, O sistema operacional Windows é um software
um site na rede e enviar uma mensagem de correio proprietário, ou seja, não tem o núcleo (kernel) dispo-
eletrônico. Resposta: Errado. nível e o usuário precisa adquirir uma licença de uso
da Microsoft. 205
Dica digitados no Prompt de Comandos do Windows com os
comandos digitados na linha de comandos do Linux.
A banca prioriza o conhecimento sobre itens
O Windows possui três níveis de acesso, que são as
do Painel de Controle, gerenciador de arquivos
credenciais:
e pastas (interface, teclas de atalhos, menu de
contexto e os modos de visualização) e permis- z Administrador: Usuário que poderá instalar pro-
sões de acesso aos itens. gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as
configurações. Os programas podem ser desinsta-
Funcionamento do sistema operacional lados ou reparados pelo administrador;
z Administrador local: Configurado para o dispositivo;
Do momento em que ligamos o computador até o z Administrador domínio: Quando o dispositivo
momento em que a interface gráfica está completa- está conectado em uma rede (domínio), o adminis-
mente disponível para uso, uma série de ações e con- trador de redes também poderá acessar o disposi-
figurações são realizadas, tanto nos componentes de tivo com credenciais globais;
hardware como nos aplicativos de software. Acompa- z Usuário: Poderá executar os programas que foram
nhe a seguir essas etapas: instalados pelo administrador, mas não poderá
desinstalar ou alterar as configurações;
HARDWARE SOFTWARE z Convidado ou Visitante: Poderá acessar apenas os
itens liberados previamente pelo administrador. Esta
Energia elétrica - botão ON/OFF POST - Power On Self Test conta geralmente permanece desativada nas confi-
BIOS - Carregado para gurações do Windows, por questões de segurança.
Equipamento OK memória Ram

Disco de inicialização Gerenciador de boot O Controle de Contas de Usuário (UAC – User


Account Control) restringe a execução de programas e
Memória Ram Núcleo do sistema Operacional códigos que não sejam verificados ou confiáveis. Sím-
bolos e mensagens serão exibidos quando o Windows
Pereféricos de entrada e saída Drives precisar de confirmações relacionadas às permissões
de uso (e alteração de dados das contas dos usuários).
Interface gráfica

Aplicativos z Mensagens com brasão do Windows: o Windows


precisa de sua permissão para continuar;

z POST (Power On Self Test, autoteste da iniciali-


zação): Instruções definidas pelo fabricante para
verificação dos componentes conectados;
z BIOS (Basic Input Output System): Sistema bási-
co de entrada e saída. Informações gravadas em
um chip CMOS (Complementary Metal Oxidy Semi-
conductor) que podem ser configuradas pelo usuá- z Mensagens com um brasão amarelo + exclamação: um
rio usando o programa SETUP, executado quando programa precisa de sua permissão para continuar;
pressionamos DEL ou outra tecla específica no
momento que ligamos o computador, na primeira
tela do autoteste – POST (Power On Self Test);
z Kernel: Núcleo do sistema operacional. O Win-
dows tem o núcleo fechado e inacessível para o
usuário. O Linux tem núcleo aberto e código fonte
disponível para ser utilizado, copiado, estudado,
modificado e redistribuído sem restrição. O ker-
nel do Linux está em constante desenvolvimento z Mensagens com um brasão amarelo + interroga-
por uma comunidade de programadores e, para ção: um programa não identificado deseja ter aces-
garantir sua integridade e qualidade, as sugestões so ao seu computador;
de melhorias são analisadas e aprovadas (ou não)
antes de serem disponibilizadas para download
por todos;
z Gerenciador de boot: O Linux tem diferentes
gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são
o LILO e o Grub;
z GUI (Graphics User Interface): Interface gráfica,
porque o sistema operacional oferece também a
interface de comandos (Prompt de Comandos ou
Linha de Comandos). z Mensagens com um brasão vermelho e X: apenas
informam que este programa foi bloqueado.
Após o carregamento do sistema operacional, o
usuário poderá trabalhar na interface gráfica ou acio-
nar a interface de comandos (Prompt de Comandos).
Quando o edital apresenta os itens Windows e Linux,
encontraremos questões que comparam os comandos
206
No Windows, as permissões NTFS podem ser atri- CARACTERÍSTICAS, QUANDO
PERMISSÕES
buídas em Propriedades, guia Segurança. Por meio de PERMITIDAS
permissões como Controle Total, Modificar, Gravar, Poderá alterar o proprietário do
entre outras, o usuário poderá definir o que será aces- Apropriar-se item, assumindo controle total
sado e executado por outros usuários do sistema. sobre ele
As permissões do sistema de arquivos NTFS não
são compatíveis diretamente com o sistema operacio-
O Windows oferece a interface gráfica (a mais
nal Linux e, caso tenhamos dois sistemas operacionais
usada e questionada) e pode oferecer uma interface
ou dois dispositivos na rede com sistemas diferentes,
de linha de comandos para digitação. O Prompt de
um servidor Samba será necessário para realizar a
Comandos é a representação do sistema operacional
“tradução” das configurações. MS-DOS (Microsoft Disk Operation System), que era
Ao pressionar Alt+Enter, será mostrada a caixa de a opção padrão de interface para o usuário antes do
diálogo de Propriedades, que também poderá ser aces- Windows.
sada pelo menu de contexto (botão direito do mouse). O Windows 7 oferece o Prompt de Comandos “bási-
Atributos são propriedades do item, e o Windo- co” e tradicional, acionado pela digitação de CMD
ws tem quatro propriedades (Hidden – oculto, Archi- seguido de Enter, na caixa de diálogo Executar (aberta
ve – arquivo, Read Only – somente leitura e System pelo atalho de teclado Windows+R = Run).
– sistema), sendo todas elas manipuláveis. Uma pro-
priedade é interna e define se o item é um arquivo ou AÇÃO WINDOWS 7 EXEMPLO
um diretório. Ajuda /? cls /?
Na guia de Segurança, poderemos definir quem
Data e Hora date e time date /t
pode acessar e como pode acessar. Podemos escolher
permissões para: todos, somente pessoas específicas, Espaço em disco e
dir dir
listar arquivos
grupos de usuários etc. E, para cada um deles, pode-
remos definir se terá Controle Total, se poderá fazer Qual o diretório
cd cd
atual?
a Leitura, se poderá fazer a Gravação, acessar as Per-
missões etc. Ou seja, podemos Permitir ou Negar cada Subir um nível cd.. cd ..
uma das permissões de acesso. Diretório raiz cd \ cd \
Lembre-se, portanto, que permissões são as carac- Copiar arquivos copy copy a.txt f:
terísticas do acesso e os atributos são as característi-
Mover arquivos move move a.txt f:
cas do item acessado.
Renomear ren ren a.txt b.txt
CARACTERÍSTICAS, QUANDO Apagar arquivos del del a.txt
PERMISSÕES
PERMITIDAS Apagar diretórios deltree deltree pasta
Poderá realizar todas as Criar diretórios md md novapasta
Controle total
operações
Alterar atributos attrib attrib +h a.txt
Poderá visualizar os itens Mostrar, visualizar type type a.txt
Percorrer pasta
existentes na pasta
Pausa na exibição
Poderá executar e editar o more type a.txt | more
Executar arquivo de páginas
arquivo
Interfaces de rede ipconfig ipconfig
Poderá visualizar as pastas Listar todas as co-
Listar pasta arp -a arp -a
existentes nexões de redes
Poderá acessar o conteúdo dos Apaga a tela cls cls
Ler dados
arquivos
Concatenar coman-
| -
Poderá visualizar os atributos dos
Ler atributos
dos itens Direcionar a saída
> -
Ler atributos Poderá visualizar os atributos de um comando
estendidos “extras” dos itens Direcionar a entrada
< -
para um comando
Poderá criar novos arquivos e
Criar arquivos/ Diretório raiz, usado
gravar dados em arquivos já
Gravar dados nos comandos de \ (barra inver-
existentes -
manipulação de tida)
Criar pastas/Acres- Poderá criar novas pastas e gra- arquivos e pastas
centar dados var arquivos nelas Opção de um co- / (barra nor-
-
INFORMÁTICA

Gravar atributos Poderá alterar os atributos mando mal)

Gravar atributos Poderá alterar os atributos Para conhecer as configurações do dispositivo, o


estendidos estendidos usuário pode acessar as Propriedades do computador
Excluir Poderá excluir o item no Windows Explorer, o item Sistema em Painel de Con-
Permissões de Poderá definir quem acessará o trole, ou acionar o atalho de teclado Windows+Pause.
leitura item para leitura O Painel de Controle é o local onde o usuário poderá
configurar os softwares (Programas) e os hardwares (Dis-
Poderá alterar as permissões do positivos). O Painel de Controle está no menu Iniciar e,
Alterar permissões
item no Windows 7, não possui um atalho de teclado definido. 207
A interface gráfica do Windows é caracterizada z Gerenciador de Tarefas: Controla os aplicativos,
pela Área de Trabalho, ou Desktop. A tela inicial do processos e serviços em execução. Atalho de tecla-
Windows exibe ícones de pastas, arquivos, programas, do: Ctrl+Shift+Esc;
atalhos, Barra de Tarefas (com programas que podem z Minimizar todas as janelas: Com o atalho de te-
ser executados e programas que estão sendo executa- clado Windows+M (Minimize), o usuário pode mi-
dos) e outros componentes do Windows. nimizar todas as janelas abertas, visualizando a
área de trabalho;
z Criptografia com BitLocker: O Windows oferece
Menu o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os
Mostrar área dados de uma unidade de disco, protegendo contra
Ícone acessos indevidos. Para uso no computador, uma
Papel de de trabalho
chave será gravada em um pendrive, e, para aces-
parede
sar o Windows, ele deverá estar conectado.

Dica
A banca prioriza o conhecimento de recursos
básicos do sistema operacional em três assun-
tos: Windows Explorer, Painel de Controle e
Teclas de Atalhos.

4 - Maximizar
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 5 - Fechar

1 - Barra de menus

Area de trabalho do aplicativo

Barra de
Tarefas 6 - Barra de Rolagem
Barra de Acesso Barra de
Rápido Notificação
Elementos da área de trabalho do Windows 7

A Área de Trabalho, caracterizada pela imagem do Elementos de uma janela do Windows


papel de parede personalizada pelo usuário, poderá ter z 1 - Barra de menus: Local em que os menus que
uma proteção de tela ativada. Após algum tempo sem uti- podem ser executados no aplicativo são apresentados;
lização dos periféricos de entrada (mouse e teclado), uma z 2 - Barra ou linha de título: Parte em que o nome
imagem ou tela será exibida no lugar da imagem padrão. do arquivo sendo executado é mostrado. Por meio
Na área de trabalho do Windows, o usuário pode- dessa barra, é possível mover a janela quando ela
rá armazenar arquivos e pastas, além de criar atalhos não está maximizada. Para isso, basta um clicar na
para itens no dispositivo, na rede ou na Internet. barra de título, manter o clique, arrastar e soltar o
mouse. Assim, será possível mover a janela para a
z Botão Iniciar: Permite acesso aos aplicativos ins- posição desejada;
talados no computador, com os itens recentes no z 3 - Botão minimizar: Reduz uma janela de docu-
início da lista e os demais itens classificados em mento ou aplicativo para um ícone;
ordem alfabética; z 4 - Botão maximizar: Aumenta uma janela de
z Microsoft Internet Explorer: Navegador de Inter- documento ou aplicativo para preencher a tela.
net padrão do Windows 7; Para restaurar a janela para seu tamanho e posi-
z Barra de Acesso Rápido: Ícones fixados de pro- ção anteriores, clique nesse botão ou clique duas
gramas para acessar rapidamente; vezes na barra de títulos;
z Fixar itens: Em cada ícone, ao clicar com o botão z 5 - Botão fechar: Fecha o aplicativo ou o documen-
direito (secundário) do mouse, será mostrado o to. Solicita que você salve quaisquer alterações
menu rápido, que permite fixar arquivos abertos não salvas antes de fechar, no caso de arquivos de
recentemente e fixar o ícone do programa na bar- edição de texto. Alguns aplicativos, como os nave-
ra de acesso rápido; gadores de Internet, trabalham com guias ou abas,
z Área de Notificações: Centraliza as mensagens que possuem seu próprio controle para fechamen-
de segurança e manutenção do Windows, como as to de guias ou abas. O atalho para fechar aplicati-
atualizações do sistema operacional; vos no teclado é Alt+F4;
z Mostrar área de trabalho: Visualizar rapidamen- z 6 - Barras de rolagem: São as barras sombreadas
te a área de trabalho, ocultando as janelas que ao longo do lado direito (e inferior) de uma janela
estejam em primeiro plano. Atalho de teclado: de documento. Para deslocar-se para outra parte
Windows+D (Desktop); do documento, arraste a caixa ou clique nas setas
z Bloquear o computador: Com o atalho de teclado da barra de rolagem.
Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com-
putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de
sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del;
208
A tela da área de trabalho poderá ser estendida ou duplicada com os recursos de projeção. Ao acionar o atalho
de teclado Windows+P (Projector), o usuário poderá:

z Tela atual: Exibir somente na tela atual;


z Estender: Ampliar a área de trabalho, usando dois ou mais monitores, iniciando em uma tela e “continuando”
na outra tela;
z Duplicar: Exibir a mesma imagem nas duas telas;
z Somente projetor: Desativar a tela atual (no notebook, por exemplo) e exibir somente no projetor ou Datashow.

No Windows, algumas definições sobre o que está sendo executado podem variar segundo o tipo de execução.
Confira:

z Aplicativos: São os programas de primeiro plano que o usuário executou;


z Processos: São os programas de segundo plano carregados na inicialização do sistema operacional, componentes
de programas instalados pelo usuário;
z Serviços: São componentes do sistema operacional carregados durante a inicialização para auxiliar na execu-
ção de vários programas e processos.

No Windows, o atalho Ctrl+Shift+Esc abre o Gerenciador de Tarefas, que permite consultar os Aplicativos, Pro-
cessos e Serviços em execução, além de visualizar o Desempenho (processador e memória), as conexões de Rede
e os Usuários conectados.

Gerenciador de tarefas do Windows

Processos

Os aplicativos em execução no Windows poderão ser acessados de várias formas, alternando a exibição de
janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:

z Alt + Tab: Alterna entre os aplicativos em execução, exibindo uma lista de miniaturas deles para o usuário
escolher. A cada toque em Alt+Tab, a seleção passa para o próximo item, retornando ao começo quando passar
por todos;
z Alt + Esc: Alterna diretamente para o próximo aplicativo em execução, sem exibir nenhuma janela de seleção.

Painel de Controle

O Painel de Controle é o local do Windows que centraliza as configurações do sistema operacional, de alguns
programas e do hardware conectado. O Painel de Controle é exibido na forma de Categorias ou Ícones Pequenos/
Grandes. No formato de exibição Categorias, os itens disponíveis estão agrupados. Os grupos do Painel de Controle
são:

ÍCONE CATEGORIA ITENS AGRUPADOS

Verificar o status do computador, fazer backup do computador e encontrar


Sistema e Segurança
e corrigir problemas.

Exibir o status e as tarefas da rede, escolher opções de grupo doméstico e


Rede e Internet
de compartilhamento.

Exibir impressoras e dispositivos, adicionar um dispositivo e ajustar as


Hardware e Sons
configurações de mobilidade comumente usadas.
INFORMÁTICA

Programas Desinstalar um programa.

Contas de Usuário Adicionar ou remover contas de usuário.

209
ÍCONE CATEGORIA ITENS AGRUPADOS

Aparência e Alterar o tema, alterar o plano de fundo da área de trabalho e ajustar a re-
Personalização solução de tela.

Alterar os teclados ou outros métodos de entrada e alterar idioma de


Relógio, Idioma e Região
exibição.

Facilidade de Acesso Permitir que o Windows sugira configurações e otimizar exibição visual.

No formato de exibição Ícones, os itens disponíveis estão agrupados. Os grupos do Painel de Controle são:

ÍCONE ITEM DESCRIÇÃO

Criar a cópia de segurança dos dados do usuário e restaurar em


Backup e Restauração
caso de necessidade.

Para ajustar o equipamento e o sistema operacional para as


Central de Facilidade de Acesso
necessidades do usuário.

Central de Redes e Compartilhamento Configuração das conexões e compartilhamentos.

Para que outro usuário possa acessar o dispositivo do usuário


Conexão de Área de Trabalho Remota
remotamente.

Contas de Usuário Adicionar, remover e alterar senha dos usuários do Windows.

Data e Hora Ajustes de data, hora e fuso horário.

Dispositivos e Impressoras Configuração do Hardware.

Ferramentas Administrativas Configurações avançadas do sistema operacional.

Filtro de conexões de rede para evitar ataques e propagação de


Firewall do Windows
códigos maliciosos.

Configuração das fontes de letras usadas por todos os programas


Fontes
no Windows.

Consultar, alterar e atualizar configurações dos componentes de


Gerenciador de Dispositivos
hardware.

Para conexão entre os dispositivos dentro da mesma rede


Grupo Doméstico
doméstica.

Configuração da conexão “lógica”, dados do servidor de proxy e


Opções de Internet
opções do navegador Internet Explorer.

Opções de Pasta Visualização dos itens no Windows Explorer.

Personalização Cores e elementos visuais do Windows.

Adicionar recursos do Windows e desinstalar programas


Programas e Recursos
instalados.

210
ÍCONE ITEM DESCRIÇÃO
Associação entre extensões de arquivos e programas para
Programas Padrão
execução.

O Windows efetua a leitura de unidades removíveis e executa o


Reprodução Automática
conteúdo automaticamente.

Sistema Informações sobre o computador e o Windows.

Windows Defender Software anti malware do Windows.

Atualizações de componentes do Windows, programas


Windows Update
Microsoft e dispositivos periféricos.

Conceito de pastas, diretórios, arquivos e atalhos

No Windows, os diretórios são chamados de pastas. E algumas pastas são chamadas de Bibliotecas, por serem
coleções especiais de arquivos. São quatro Bibliotecas: Documentos, Imagens, Músicas e Vídeos.
O usuário poderá criar Bibliotecas para sua organização pessoal. Elas otimizam a organização dos arquivos e
pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações dos
discos de armazenamento. Os arquivos possuem nome e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes).
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.

Extensões de arquivos

O Windows apresenta ícones que representam arquivos de acordo com a sua extensão. A extensão caracteriza
o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para ele de
acordo com o programa que o criou. É possível alterar essa extensão, porém, corremos o risco de perder o acesso ao
arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas Padrão do Painel
de Controle.
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos:

EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de documento portável
pdf
(Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser editados pelo Li-
docx
breOffice Writer.

xlsx Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas pelo LibreOffice calc.

pptx Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo LibreOffice Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser aberto por vários
txt
programas do computador.
INFORMÁTICA

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este documento de texto
rtf
possui alguma formatação, como estilos de fontes.

Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura do primei-
mp4, avi, mpg
ro quadro. No Windows 7, o Windows Media Player reproduz os arquivos de vídeo, áudio e streaming.

211
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player pode reproduzir
mp3
o áudio.

bmp, gif, jpg, Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a miniatura da
pcx, png, tif imagem. No Windows, o acessório Paint visualiza e edita os arquivos de imagens.

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de programas adicionais,
zip
como o formato RAR, que exige o WinRAR.

Windows Explorer

O gerenciador de arquivos e pastas do Windows é o Windows Explorer, que pode ser acionado pelo ícone na
Barra de Tarefas, ou no menu Iniciar ou pelo atalho de teclado Windows+E.
Ele exibirá as unidades de disco de armazenamento em massa que estão conectadas no computador do usuá-
rio, sua árvore de diretórios e os conteúdos das pastas. A sua interface é exibida a seguir, com os elementos
identificados.

2 3 4 5 6 7 8

1 - Painel de navegação (unidades, pastas e Bibliotecas). Os Favoritos incluem os itens “Área de Trabalho”, “Down-
loads” e “Locais”. As Bibliotecas incluem os itens “Documentos”, “Imagens”, “Músicas” e “Vídeos”;
2 - Botões de navegação (voltar e avançar) entre as pastas acessadas;
3 - Barra de opções;
4 - Barra de endereços, que informa a localização atual;
5 - Identificação da pasta atual;
6 - Colunas (a coluna Nome está classificada em ordem alfabética, por causa do triângulo para cima inserido nela);
7 - Conteúdo (exibe unidades, pastas, bibliotecas, arquivos e atalhos);
8 - Pesquisar (tecla F3 ou Win+F);
9 - Painel de detalhes (da unidade, pasta ou Biblioteca selecionada).

Modos de Visualização

Os ícones de unidades, pastas, arquivos e atalhos são exibidos no Windows Explorer, de acordo com as opções
do modo de visualização selecionado.

Ícones Extra Grandes Visualização do conteúdo do arquivo em uma miniatura extra grande.

Ícones Grandes Visualização do conteúdo do arquivo em uma miniatura grande.

Ícones Médios Visualização do conteúdo do arquivo em uma miniatura média.

212
Visualização dos ícones dos itens, ordenados da esquerda para a direita, com a
Ícones Pequenos
maior densidade possível.

Lista Visualização dos ícones dos itens, ordenados de cima para baixo.

Informações de Nome, Tipo, Data de Modificação e Tamanho, entre outras


Detalhes
configuráveis.

Lado a lado Ícones em tamanho médio, ordenados em duas colunas.

Informações como o Nome, Tipo, Tamanho, Data de Modificação e Autor, além de


Conteúdo
linhas dividindo a exibição dos itens.

Atalhos de teclado do Windows 7

Confira na tabela a seguir os atalhos de teclado do Windows 7. Em concursos públicos, as teclas de atalhos
associadas à Área de Transferência e ao Windows Explorer são as mais questionadas.

ATALHO AÇÃO LOCAL


Alt+Esc Alterna para o próximo aplicativo em execução Em qualquer aplicativo
Alt+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução Em qualquer aplicativo
Ctrl+A Seleciona tudo Gerenciamento de arquivos
Ctrl+C Copia o item (os itens) para a Área de Transferência Em qualquer aplicativo
Ctrl+F Pesquisa Gerenciamento de arquivos
Ctrl+Esc Botão Início Em qualquer aplicativo
Ctrl+Shift+Esc Gerenciador de Tarefas Em qualquer aplicativo
Ctrl+V Cola o item (os itens) da Área de Transferência no local do cursor Em qualquer aplicativo
Ctrl+X Move o item (os itens) para a Área de Transferência Em qualquer aplicativo
Ctrl+Y Refaz Gerenciamento de arquivos
Del Move o item para a Lixeira do Windows Gerenciamento de arquivos
F11 Tela Inteira Gerenciamento de arquivos
F2 Renomeia, troca o nome Gerenciamento de arquivos
F3 Pesquisa Gerenciamento de arquivos
F5 Atualiza Gerenciamento de arquivos
Shift+Del Exclui definitivamente, sem armazenar na Lixeira Gerenciamento de arquivos
Win Abre o menu Início Em qualquer aplicativo
Win+1 Acessa o primeiro programa da barra de tarefas Em qualquer aplicativo
Win+2 Acessa o segundo programa da barra de tarefas Em qualquer aplicativo
Win+B Acessa a Área de Notificação Em qualquer aplicativo
Win+D Mostra o desktop (área de trabalho) Em qualquer aplicativo
Win+E Abre o Windows Explorer Em qualquer aplicativo
Win+F Pesquisa Em qualquer aplicativo
Win+L Bloqueia o Windows 7 (Lock, bloquear) Em qualquer aplicativo
Minimiza todas as janelas e mostra a área de trabalho, retornando
Win+M Em qualquer aplicativo
como estavam antes.
INFORMÁTICA

Seleciona o monitor/projetor que será usado para exibir a imagem, po-


Win+P Em qualquer aplicativo
dendo repetir, estender ou escolher
Win+Tab Exibe a lista dos aplicativos em execução em 3D Em qualquer aplicativo

Dica
Vários recursos presentes no sistema operacional Windows podem auxiliar nas tarefas do dia a dia. Procure pra-
ticar as combinações de atalhos de teclado, por dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e caem em
provas de concursos. 213
Área de Transferência

Um dos itens mais importantes do Windows não é visível como um ícone ou programa. A Área de Transferên-
cia é um espaço da memória RAM que armazena uma informação de cada vez. A informação armazenada poderá
ser inserida em outro local; ela acaba trabalhando em praticamente todas as operações de manipulação de pastas
e arquivos.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), estamos movendo o item selecionado para a memória RAM,
para a Área de Transferência.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), estamos copiando o item para a memória RAM, para ser inseri-
do em outro local, mantendo o original e criando uma cópia.
Ao acionar o atalho de teclado PrintScreen, estamos copiando uma “foto da tela inteira” para a Área de Trans-
ferência, para ser inserida em outro local, como em um documento do Microsoft Word ou edição pelo acessório
Microsoft Paint.
Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen, estamos copiando uma “foto da janela atual” para a Área de
Transferência, desconsiderando outros elementos da tela do Windows.
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o conteúdo que está armazenado na Área de Transferência será
inserido no local atual.
As ações realizadas no Windows, em sua quase totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de teclado
Ctrl+Z imediatamente após a sua realização. Por exemplo, ao excluir um item por engano, pressionando DEL
ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z (Desfazer) para restaurá-lo, sem necessidade de acessar a Lixeira do
Windows.
Outras ações podem ser repetidas, acionando o atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Para obter uma imagem de alguma janela em exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e Alt+PrintScreen,
o usuário pode usar o recurso Instantâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office. Outra forma de realizar essa
atividade é usar a Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível no Windows.
Mas, se o usuário quiser apenas gravar a imagem capturada, poderá fazê-lo com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recursos do Windows, que permite o uso de comandos, a realização de
ações e o controle das ações que serão desfeitas.

Operações de manipulação de arquivos e pastas

Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras precisam ser conhecidas para que a operação seja realizada com
sucesso.

z O Windows não é case sensitive, ou seja, ele não faz distinção entre letras minúsculas ou maiúsculas. Um arqui-
vo chamado documento.docx será considerado igual ao nome Documento.DOCX;
z O Windows não permite que dois itens tenham o mesmo nome e a mesma extensão quando estiverem arma-
zenados no mesmo local;
z O Windows não aceita determinados caracteres nos nomes e extensões. São caracteres reservados, para outras
operações, que são proibidos na hora de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arquivos e pastas podem ser
compostos por qualquer caractere disponível no teclado, exceto os caracteres * (asterisco, usado em buscas), ?
(interrogação, usado em buscas), / (barra normal, significa opção), | (barra vertical, significa concatenador de
comandos), \ (barra invertida, indica um caminho), “” (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, significa
unidade de disco), < (sinal de menor, significa direcionador de entrada) e > (sinal de maior, significa direcionador
de saída).
z Existem termos que não podem ser usados, como CON (console, significa teclado), PRN (printer, significa impresso-
ra) e AUX (indica um auxiliar), por referenciarem itens de hardware nos comandos digitados no Prompt de Coman-
dos (por exemplo, para enviar para a impressora um texto através da linha de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT
> PRN).

As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas podem estar condiciona-
das ao local em que ela é efetuada ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no
enunciado da questão, geralmente no texto associado, esses detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse ou com a combinação de ambos.

OPERAÇÕES COM TECLADO


ATALHOS DE TECLADO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensagem de
Ctrl+X e Ctrl+V na mesma pasta
erro.
Ctrl+X e Ctrl+V em locais
Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido.
diferentes
Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Cópia) para dife-
Ctrl+C e Ctrl+V na mesma pasta
renciá-la do original.
Ctrl+C e Ctrl+V em locais Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o nome e
diferentes extensão.
214
OPERAÇÕES COM TECLADO
ATALHOS DE TECLADO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Tecla Delete em um item do Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se o item
disco rígido estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.
Tecla Delete em um item do Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de unidades
disco removível removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.
Shift+Delete Independentemente do local em que estiver o item, ele será excluído definitivamente.
Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com o mesmo
F2 nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para diferenciar os itens.
Não é permitido renomear um item que esteja aberto na memória do computador.

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena itens que foram
excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla DELETE (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção Restaurar, para retorná-lo para o local origi-
nal. Se o local original não existir mais, porque suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira”
no menu de contexto ou na faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens
excluídos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira não poderão ser recuperados. É possível recuperar
com programas de terceiros, mas isso não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o local
em que o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar
o tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativá-la, excluindo os itens diretamente, e configurar
Lixeiras individuais para cada disco conectado.

OPERAÇÕES COM MOUSE


AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clique simples no botão principal Selecionar o item.
Clique simples no botão secundário Exibir o menu de contexto do item.
Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for editá-
vel, com o programa padrão que está associado. Nos pro-
Duplo clique
gramas do computador, poderá abrir um item através da
opção correspondente.
Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será
Duplo clique pausado
sugerido numerar o item renomeado com um sufixo.
Arrastar com botão principal pressionado e soltar na mes-
O item será movido.
ma unidade de disco
Arrastar com botão principal pressionado e soltar em ou-
O item será copiado.
tra unidade de disco
Arrastar com botão secundário do mouse pressionado e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar na mesma unidade onde soltar).
Arrastar com botão secundário do mouse pressionado e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar em outra unidade de disco onde soltar) ou “Mover aqui”.

OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE


AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
INFORMÁTICA

Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, inde-
com a tecla CTRL pressionada pendente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item O item será movido quando a tecla SHIFT for liberada, inde-
com a tecla SHIFT pressionada pendente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item Será criado um atalho para o item, independente da origem ou
com a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT) do destino da ação.
215
OPERAÇÕES COM TECLADO E MOUSE
AÇÃO DO USUÁRIO RESULTADO DA OPERAÇÃO
Clicar em itens com o botão principal, enquanto man-
Seleção individual de itens.
tém a tecla CTRL pressionada
Clicar em itens com o botão principal, enquanto man- Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o início e
tém a tecla SHIFT pressionada o último item será o final de uma região contínua de seleção.

Arrastar Arrastar+ALT
Arrastar (esquerdo) Arrastar+ CTRL Arrastar+SHIFT
(direito) (ou Ctrl+Shift)

Mesma
Mover
Unidade
Menu de Contexto Copiar Criar Atalho Mover
Unidades
Copiar
diferentes

Quando a banca organizadora do concurso público questionou teclas de atalhos nas provas anteriores, é um
sinal de que o candidato deve conhecer as opções existentes, pois ela continuará questionando estes atalhos.
Uma forma de fixar melhor este assunto é praticando. Deixe o mouse de lado e comece a usar as teclas de atalhos.
Quando menos esperar, estará operando o computador de forma ágil e ainda estará estudando para os concursos.

WINDOWS 10

Como dito anteriormente, atualmente o Windows é oferecido na versão 10, que possui suporte para os dispo-
sitivos apontadores tradicionais, além de tela touch screen e câmera (para acompanhar o movimento do usuário,
como no sistema Kinect do videogame xBox).
Em concursos públicos, as novas tecnologias e suportes avançados são raramente questionados. As questões apli-
cadas nas provas envolvem os conceitos básicos e o modo de operação do sistema operacional em um dispositivo
computacional padrão (ou tradicional).

Importante!
A banca prioriza o conhecimento básico das configurações do sistema operacional. O usuário não encontrará
muitas questões sobre a “parte prática”, como ocorrem com outras organizadoras de concursos. Em outras
palavras, as primeiras páginas do material sobre Windows são as mais importantes para as provas da banca
CESPE/Cebraspe.

Funcionamento do Sistema Operacional

Todo dispositivo possui um sistema de inicialização. Quando colocamos a chave no contato do carro e damos
a primeira mexida, todas as luzes do painel se acendem e somente aquelas que estiverem ativadas permanecem.
Quando ligamos o micro-ondas, ele acende todo o painel e faz um beep. Quando ligamos o nosso smartphone, ele
acende a tela e faz um toque. Estes procedimentos são úteis para identificar que os recursos do dispositivo estão
disponíveis corretamente para utilização.

z POST – Power On Self Teste: autoteste da inicialização. Instruções definidas pelo fabricante para verificação
dos componentes conectados;
z BIOS – Basic Input Output System: sistema básico de entrada e saída. Informações gravadas em um chip
CMOS (Complementary Metal Oxidy Semiconductor) que podem ser configuradas pelo usuário usando o pro-
grama SETUP (executado quando pressionamos DEL ou outra tecla específica no momento que ligamos o
computador, na primeira tela do autoteste – POST Power On Self Test);
z KERNEL – Núcleo do sistema operacional: O Windows tem o núcleo fechado e inacessível para o usuário. O Linux
tem núcleo aberto e código fonte disponível para ser utilizado, copiado, estudado, modificado e redistribuído sem
restrição. O kernel do Linux está em constante desenvolvimento por uma comunidade de programadores, e para
garantir sua integridade e qualidade, as sugestões de melhorias são analisadas e aprovadas (ou não) antes de serem
disponibilizadas para download por todos;
z Gerenciador de BOOT : O Linux tem diferentes gerenciadores de boot, mas os mais conhecidos são o LILO e o Grub;
z GUI - Graphics User Interface: Interface gráfica, porque o sistema operacional oferece também a interface de coman-
dos (Prompt de Comandos ou Linha de Comandos).

Quando o sistema Windows não consegue iniciar de forma correta, é possível recuperar o acesso através de
ferramentas de inicialização. Para acesso a estes recursos, pode ser necessária uma conta com credenciais de
administrador.
216
z Restauração do Sistema: a cada vez que o Win- Navegador padrão Windows 10 Atalhos
Itens Excluídos
dows foi iniciado com sucesso, um ponto de res-
tauração foi criado. A cada instalação de software
ou alterações significativas das configurações, um
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
ponto de restauração é criado. Em caso de insta- Lixeira
Edge Chrome Thunderbird secure Co
Arquivos
bilidade, o usuário pode retornar o Windows para Pasta de
Arquivos
um ponto de restauração previamente criado. W X
z Reparação do Sistema: se arquivos do sistema foram Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas
seriamente modificados ou se tornaram inacessíveis, Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt
Barra de Tarefas
o Windows não iniciará e não conseguirá recuperar
para um ponto de restauração. O Windows permite a Digite Aqui Para Pesquisar
criação de um disco de recuperação do sistema, que
restaura o Windows para as configurações originais. Cortana Área de Notificação
Visão de tarefas
z Histórico de Arquivos: a cada alteração, o Windo- Botão Iniciar
Central de Ações
ws armazena cópias dos arquivos originais e grava Barra de acesso rápido
os novos dados no local. Depois, caso necessário, o
usuário poderá acessar o Histórico de Arquivos e Figura 2. Elementos da área de trabalho do Windows 10.
retornar para uma cópia anterior do mesmo item.
z Versões anteriores (ou Cópias de Sombra): alte- O Windows 10 apresenta algumas novidades em
rações de conteúdos de pastas são monitorados relação às versões anteriores. Assistente virtual, navega-
pelo Windows. O usuário poderá acessar no menu dor de Internet, locais que centralizam informações etc.
de contexto, item Propriedades, guia Versões ante-
riores, as cópias anteriores da mesma pasta, res- z Botão Iniciar: permite acesso aos aplicativos instala-
taurando e descartando as alterações posteriores. dos no computador, com os itens recentes no início da
lista e os demais itens classificados em ordem alfabé-
O Windows possui 3 níveis de acesso, que são as tica. Combina os blocos dinâmicos e estáticos do Win-
credenciais. dows 8 com a lista de programas do Windows 7;
z Pesquisar: com novo atalho de teclado, permite
z Administrador: usuário que poderá instalar pro- localizar a partir da digitação de termos, itens no
gramas e dispositivos, desinstalar ou alterar as dispositivo, na rede local e na Internet. Atalho de
configurações. Os programas podem ser desinsta- teclado: Windows+S (Search);
lados ou reparados pelo administrador; z Cortana: assistente virtual. Auxilia em pesquisas de
informações no dispositivo, na rede local e na Internet.
„ Administrador local: configurado para o z Visão de Tarefas: permite alternar entre os pro-
dispositivo; gramas em execução e abre novas áreas de traba-
„ Administrador domínio: quando o dispositivo lho. Atalho de teclado: Windows+TAB;
está conectado em uma rede (domínio), o admi-
z Microsoft Edge: navegador de Internet padrão do
nistrador de redes também poderá acessar o
Windows 10. Ele está configurado com o buscador
dispositivo com credenciais globais;
padrão Microsoft Bing, mas pode ser alterado;
z Microsoft Loja: loja de app’s para o usuário bai-
z Usuário: poderá executar os programas que foram
xar novos aplicativos para Windows;
instalados pelo administrador, mas não poderá
z Windows Mail: aplicativo para correio eletrônico, que
desinstalar ou alterar as configurações;
carrega as mensagens da conta Microsoft e pode se tor-
z Convidado ou Visitante: poderá acessar apenas
os itens liberados previamente pelo administra- nar um hub de e-mails com adição de outras contas;
dor. Esta conta geralmente permanece desativada z Barra de Acesso Rápido: ícones fixados de pro-
nas configurações do Windows, por questões de gramas para acessar rapidamente;
segurança. z Fixar itens: em cada ícone, ao clicar com o botão
direito (secundário) do mouse, será mostrado o
O Windows 10, assim como o 7, oferece o Prompt menu rápido, que permite fixar arquivos abertos
de Comandos ‘básico’ e tradicional, acionado pela digi- recentemente e fixar o ícone do programa na barra
tação de CMD seguido de Enter, na caixa de diálogo de acesso rápido;
Executar (aberta pelo atalho de teclado Windows+R = z Central de Ações: centraliza as mensagens de segu-
Run). Além dele, existe o Windows Power Shell, que é rança e manutenção do Windows, como as atuali-
a interface de comandos programável, acessível pelo zações do sistema operacional. Atalho de teclado:
menu do botão Iniciar. Windows+A (Action). A Central de Ações não precisa
ser carregada pelo usuário, ela é carregada automa-
ticamente quando o Windows é inicializado;
z Mostrar área de trabalho: visualizar rapidamente
Microsoft Google Mozilla Kaspersky Firefox
Lixeira a área de trabalho, ocultando as janelas que estejam
INFORMÁTICA

Edge Chrome Thunderbird secure Co


em primeiro plano. Atalho de teclado: Windows+D
W X
(Desktop);
Provas Downloads- Caragua. Lista de Extra Dicas z Bloquear o computador: com o atalho de teclado
Anteriores Atalhos docx e-mails p... E-book cesp.txt Windows+L (Lock), o usuário pode bloquear o com-
putador. Poderá bloquear pelo menu de controle de
Digite Aqui Para Pesquisar sessão, acionado pelo atalho de teclado Ctrl+Alt+Del;
z Gerenciador de Tarefas: para controlar os aplica-
Figura 1. Imagem da área de trabalho do Windows 10. tivos, processos e serviços em execução. Atalho de
teclado: Ctrl+Shift+Esc; 217
z Minimizar todas as janelas: com o atalho de teclado Windows+M (Minimize), o usuário pode minimizar todas
as janelas abertas, visualizando a área de trabalho;
z Criptografia com BitLocker: o Windows oferece o sistema de proteção BitLocker, que criptografa os dados de
uma unidade de disco, protegendo contra acessos indevidos. Para uso no computador, uma chave será grava-
da em um pendrive, e para acessar o Windows, ele deverá estar conectado;
z Windows Hello: sistema de reconhecimento facial ou biometria, para acesso ao computador sem a necessi-
dade de uso de senha;
z Windows Defender: aplicação que integra recursos de segurança digital, como o firewall, antivírus e
antispyware.

Atente-se: A banca prioriza o conhecimento de novos recursos dos softwares constantes do edital publicado.
No Windows, algumas definições sobre o que está sendo executado podem variar, segundo o tipo de execução. Confira:

z Aplicativos: são os programas de primeiro plano, que o usuário executou.


z Processos: são os programas de segundo plano, carregados na inicialização do sistema operacional, componentes
de programas instalados pelo usuário.
z Serviços : são componentes do sistema operacional carregados durante a inicialização para auxiliar na execu-
ção de vários programas e processos.

Os aplicativos em execução no Windows poderão ser acessados de várias formas, alternando a exibição de
janelas, com o uso de atalhos de teclado. Confira:

z Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em execução, exibindo uma lista de miniaturas deles para o usuário esco-
lher. A cada toque em Alt+Tab, a seleção passa para o próximo item, retornando ao começo quando passar por
todos;
z Alt + Esc: alterna diretamente para o próximo aplicativo em execução, sem exibir nenhuma janela de seleção;
z Ctrl + Alt + Tab: alterna entre os aplicativos em execução como o Alt+Tab, mas a tela permanece em exibição,
podendo usar as setas de movimentação para escolha do programa;
z Windows + Tab: mostra a Visão de Tarefas, para escolher programas em execução ou outras áreas de trabalho
abertas.

Vários recursos presentes no sistema operacional Windows podem auxiliar nas tarefas do dia a dia. Procure pra-
ticar as combinações de atalhos de teclado, por dois motivos: elas agilizam o seu trabalho cotidiano e elas caem em
provas de concursos.

4 - Maximizar
2 - Barra ou linha de título
3 - Minimizar 5 Fechar
1 - Barra de Menus

Área de trabalho

Figura 3. Elementos de uma janela do Windows 10.

1 . Barra de menus: são apresentados os menus com os respectivos serviços que podem ser executados no
aplicativo.
2 . Barra ou linha de título: mostra o nome do arquivo e o nome do aplicativo que está sendo executado na jane-
la. Através dessa barra, conseguimos mover a janela quando a mesma não está maximizada. Para isso, clique
na barra de título, mantenha o clique e arraste e solte o mouse. Assim, você estará movendo a janela para a
posição desejada. Depois é só soltar o clique.
3. Botão minimizar: reduz uma janela de documento ou aplicativo para um ícone. Para restaurar a janela para seu
tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
4. Botão maximizar: aumenta uma janela de documento ou aplicativo para preencher a tela. Para restaurar a
janela para seu tamanho e posição anteriores, clique neste botão ou clique duas vezes na barra de títulos.
5. Botão fechar: fecha o aplicativo ou o documento. Solicita que você salve quaisquer alterações não salvas antes
de fechar. Alguns aplicativos, como os navegadores de Internet, trabalham com guias ou abas, que possui o seu
218 próprio controle para fechar a guia ou aba. Atalho de teclado Alt+F4.
6. Barras de rolagem: as barras sombreadas ao longo do lado direito (e inferior de uma janela de documento). Para des-
locar-se para outra parte do documento, arraste a caixa ou clique nas setas da barra de rolagem.

Conceito de Pastas, Diretórios, Arquivos e Atalhos

No Windows 10, os diretórios são chamados de pastas.


E algumas pastas são especiais, coleções de arquivos, chamadas de Bibliotecas. São quatro Bibliotecas: Documentos,
Imagens, Músicas e Vídeos. O usuário poderá criar Bibliotecas, para sua organização pessoal. Elas otimizam a organiza-
ção dos arquivos e pastas, inserindo apenas ligações para os itens em seus locais originais.
O sistema de arquivos NTFS (New Technology File System) armazena os dados dos arquivos em localizações dos
discos de armazenamento. Os arquivos possuem nome, e podem ter extensões.
O sistema de arquivos NFTS suporta unidades de armazenamento de até 256 TB (terabytes, trilhões de bytes)
O FAT32 suporta unidades de até 2 TB.

Antes de prosseguir, vamos conhecer estes conceitos.

TERMO SIGNIFICADO OU APLICAÇÃO

Disco de Unidade de disco de armazenamento permanente, que possui um sistema de arquivos e mantém
armazenamento os dados gravados.

Sistema de Estruturas lógicas que endereçam as partes físicas do disco de armazenamento. NTFS, FAT32, FAT são
Arquivos alguns exemplos de sistemas de arquivos do Windows.

Trilhas Circunferência do disco físico (como um hard disk HD ou unidades removíveis ópticas).

Setores São ‘fatias’ do disco, que dividem as trilhas.

Clusters Unidades de armazenamento no disco, identificado pela trilha e setor onde se encontra.

Pastas ou
Estrutura lógica do sistema de arquivos para organização dos dados na unidade de disco.
diretórios

Arquivos Dados. Podem ter extensões.

Pode identificar o tipo de arquivo, associando com um software que permita visualização e/ou edição.
Extensão
As pastas podem ter extensões como parte do nome.

Arquivos especiais, que apontam para outros itens computacionais, como unidades, pastas, ar-
Atalhos quivos, dispositivos, sites na Internet, locais na rede etc. Os ícones possuem uma seta, para dife-
renciar dos itens originais.

O disco de armazenamento de dados tem o seu tamanho identificado em Bytes. São milhões, bilhões e até tri-
lhões de bytes de capacidade. Os nomes usados são do Sistema Internacional de Medidas (SI) e estão listados na
escala a seguir.

Exabyte
Petabyte (EB)
Terabyte (PB)
Gigabyte (TB)
Megabyte (GB) trilhão
Kilobyte (MB) bilhão
(KB) mil milhão
Byte
(B)

Ainda não temos discos com capacidade na ordem de Petabytes (PB – quatrilhão de bytes) vendidos comercial-
mente, mas quem sabe um dia? Hoje estas medidas muito altas são usadas para identificar grandes volumes de
dados na nuvem, em servidores de redes, em empresas de dados etc.
1 Byte representa uma letra, ou número, ou símbolo. Ele é formado por 8 bits, que são sinais elétricos (que vale
INFORMÁTICA

zero ou um). Os dispositivos eletrônicos utilizam o sistema binário para representação de informações.
A palavra “Nova”, quando armazenada no dispositivo, ocupará 4 bytes. São 32 bits de informação gravada na
memória.
A palavra “Concursos”, ocupará 9 bytes, que são 72 bits de informação.
Os bits e bytes estão presentes em diversos momentos do cotidiano. Um plano de dados de celular oferece um pacote
de 5 GB, ou seja, poderá transferir até 5 bilhões de bytes no período contratado. A conexão Wi-Fi de sua residência está
operando em 150 Mbps, ou 150 megabits por segundo, que são 18,75 MB por segundo, e um arquivo com 75 MB de tama-
nho, levará 4 segundos para ser transferido do seu dispositivo para o roteador wireless.
219
Quando os computadores pessoais foram apresentados para o público, a árvore foi usada como analogia para
explicar o armazenamento de dados, criando o termo “árvore de diretórios”.

Documentos
Imagens Folhas
Músicas Flores
Vídeos Frutos

Pastas e Subpastas Tronco e Galhos

Diretório Raiz Raiz

Figura 4. Árvore de diretórios

No Windows 10, a organização segue a seguinte definição:

Arquivos de Programas (Program Files), Usuários (Users), Windo-


Estruturas do sistema operacional ws. A primeira pasta da undiade é chamada raiz (da árvore de dire-
tórios), representada pela barra invertida.

Documentos (Meus Documentos), Imagens (Minhas Imagens), Vídeos


Estruturas do Usuário
PASTAS (Meus Vídeos), Músicas (Minhas Músicas) – BIBLIOTECAS

Desktop, que permite acesso a Lixeira, Barra de Tarefas, pastas, ar-


Área de Trabalho
quivos, programas e atalhos.

Armazena os arquivos de discos rígidos que foram excluídos, per-


Lixeira do Windows
mitindo a recuperação dos dados.

Extensão LNK, podem ser criados arrastando o item com ALT ou


ATALHOS Arquivos que indicam outro local
CTRL+SHIFT pressionado.

Extensão DLL e outras, usadas para comunicação do software com


DRIVERS Arquivos de configuração
o hardware

O Windows 10 usa o Explorador de Arquivos (que antes era Windows Explorer) para o gerenciamento de pastas
e arquivos. Ele é usado para as operações de manipulação de informações no computador, desde o básico (forma-
tar discos de armazenamento) até o avançado (organizar coleções de arquivos em Bibliotecas).
O atalho de teclado Windows+E pode ser acionado para executar o Explorador de Arquivos.
Como o Windows 10 está associado a uma conta Microsoft (e-mail Live, ou Hotmail, ou MSN, ou Outlook), o
usuário tem disponível um espaço de armazenamento de dados na nuvem Microsoft OneDrive. No Explorador
de Arquivos, no painel do lado direito, o ícone OneDrive sincroniza os itens com a nuvem. Ao inserir arquivos ou
pastas no OneDrive, eles serão enviados para a nuvem e sincronizados com outros dispositivos que estejam conec-
tados na mesma conta de usuário.
Arquivos ocultos, arquivos de sistema, arquivos somente leitura... os atributos dos itens podem ser definidos
pelo item Propriedades no menu de contexto. O Explorador de Arquivos pode exibir itens que tenham o atributo
oculto, desde que ajuste a configuração correspondente.

Extensões de Arquivos

O Windows 10 apresenta ícones que representam arquivos, de acordo com a sua extensão. A extensão carac-
teriza o tipo de informação que o arquivo armazena. Quando um arquivo é salvo, uma extensão é atribuída para
ele, de acordo com o programa que o criou. É possível alterar esta extensão, porém corremos o risco de perder
o acesso ao arquivo, que não será mais reconhecido diretamente pelas configurações definidas em Programas
Padrão do Windows.
Confira na tabela a seguir algumas das extensões e ícones mais comuns em provas de concursos.

220
EXTENSÃO ÍCONE FORMATO

Adobe Acrobat. Pode ser criado e editado pelos aplicativos Office. Formato de docu-
PDF mento portável (Portable Document Format) que poderá ser visualizado em várias
plataformas.

Documento de textos do Microsoft Word. Textos com formatação que podem ser
editados pelo LibreOffice Writer.
DOCX

Pasta de trabalho do Microsoft Excel. Planilhas de cálculos que podem ser editadas
pelo LibreOffice calc.
XLSX

Apresentação de slides do Microsoft PowerPoint, que poderá ser editada pelo Li-
PPTX breOffice Impress.

Texto sem formatação. Formato padrão do acessório Bloco de Notas. Poderá ser
aberto por vários programas do computador.
TXT

Rich Text Format – formato de texto rico. Padrão do acessório WordPad, este docu-
mento de texto possui alguma formatação, como estilos de fontes.
RTF

Formato de vídeo. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone a


miniatura do primeiro quadro. No Windows 10, Filmes e TV reproduzem os arquivos
MP4, AVI, MPG de vídeo.

Formato de áudio. O Gravador de Som pode gravar o áudio. O Windows Media Player
e o Groove Music, podem reproduzir o som.
MP3

Formato de imagem. Quando o Windows efetua a leitura do conteúdo, exibe no ícone


BMP, GIF, JPG, a miniatura da imagem. No Windows 10, o acessório Paint visualiza e edita os arqui-
PCX, PNG, TIF vos de imagens.

Formato ZIP, padrão do Windows para arquivos compactados. Não necessita de pro-
gramas adicionais, como o formato RAR que exige o WinRAR.
ZIP

Biblioteca de ligação dinâmica do Windows. Arquivo que contém informações que


podem ser usadas por vários programas, como uma caixa de diálogo.
DLL

Arquivos executáveis, que não necessitam de outros programas para serem


executados.
EXE, COM, BAT
INFORMÁTICA

Se o usuário quiser, pode acessar Configurações (atalho de teclado Windows+I) e modificar o programa padrão. Alteran-
do esta configuração, o arquivo será visualizado e editado por outro programa de escolha do usuário.
No Windows 10, Configurações é o Painel de Controle. A troca do nome alterou a organização dos itens de ajustes do
Windows, tornando-se mais simples e intuitivo.
Através deste item o usuário poderá instalar e desinstalar programas e dispositivos, configurar o Windows,
além de outros recursos administrativos.
Por meio do ícone Rede e Internet do Windows 10, acessado pela opção Configurações, localizada na lista exi-
bida a partir do botão Iniciar, é possível configurar VPN, Wi‐Fi, modo avião, entre outros. VPN/ Wi-Fi/ Modo avião/ 221
Status da rede/ Ethernet/ Conexão discada/ Hotspot em outro local, como em um documento do Microsoft
móvel/ Uso de dados/ Proxy. Word ou edição pelo acessório Microsoft Paint.
Modo Avião é uma configuração comum em smar- Ao acionar o atalho de teclado Alt+PrintScreen,
tphones e tablets que permite desativar, de manei- estamos copiando uma ‘foto da janela atual’ para a
ra rápida, a comunicação sem fio do aparelho – que Área de Transferência, desconsiderando outros ele-
inclui Wi‑Fi, Bluetooth, banda larga móvel, GPS, GNSS, mentos da tela do Windows.
NFC e todos os demais tipos de uso da rede sem fio. Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+V (Colar), o
Mas, eu não vejo as extensões de meus arquivos. conteúdo que está armazenado na Área de Transfe-
Como resolver? O Explorador de Arquivos possui rência será inserido no local atual.
diferentes modos de exibição. Poderá ser em Lista, ou As ações realizadas no Windows, em sua quase
Detalhes, ou Conteúdo, entre outras. O usuário pode- totalidade, podem ser desfeitas ao acionar o atalho de
rá ativar ou desativar a exibição das extensões dos teclado Ctrl+Z imediatamente após a sua realização.
arquivos, facilitando a manipulação dos itens. Por exemplo, ao excluir um item por engano, ao pres-
No Explorador de Arquivos do Windows 10, ao sionar DEL ou DELETE, o usuário pode acionar Ctrl+Z
exibir os detalhes dos arquivos, é possível visualizar (Desfazer) para restaurar ele novamente, sem neces-
informações, como, por exemplo, a data de modifica- sidade de acessar a Lixeira do Windows.
ção e o tamanho de cada arquivo. E outras ações podem ser repetidas, acionando o
atalho de teclado Ctrl+Y (Refazer), quando possível.
Modos de Exibição do Windows 10 Para obter uma imagem de alguma janela em
exibição, além dos atalhos de teclado PrintScreen e
Alt+PrintScreen, o usuário pode usar o recurso Instan-
tâneo, disponível nos aplicativos do Microsoft Office.
Outra forma de realizar esta atividade, é usar a
Ferramenta de Captura (Captura e Esboço), disponível
no Windows.
Mas se o usuário quer apenas gravar a imagem cap-
turada, poderá fazer com o atalho de teclado Windo-
ws+PrintScreen, que salva a imagem em um arquivo na
pasta “Capturas de Tela”, na Biblioteca de Imagens.
A área de transferência é um dos principais recur-
sos do Windows, que permite o uso de comandos,
Ícones Extra Grandes Ícones Extra Grandes com nome (e extensão) realização de ações e controle das ações que serão
desfeitas.
Ícones Grandes com nome (e extensão)
Ícones Grandes

Ícones médios com nome (e extensão) Operações de Manipulação de Arquivos e Pastas


Ícones Médios
organizados da esquerda para a direita

Ícones Pequenos
Ícones pequenos com nome (e extensão) Ao nomear arquivos e pastas, algumas regras pre-
organizados da esquerda para a direita cisam ser conhecidas para que a operação seja reali-
Lista
Ícones pequenos com nome (e extensão) zada com sucesso.
organizados de cima para baixo
Ícones pequenos com nome, data de z O Windows não é case sensitive. Ele não faz distin-
Detalhes
modificaçã, tipo e tamanho.
ção entre letras minúsculas ou letras maiúsculas.
Lado a Lado
Ícones médios com nome, tipo e tamanho, Um arquivo chamado documento.docx será consi-
organizado da esquerda para a direita.
derado igual ao nome Documento.DOCX;
Ícones médios com nome, autores, data de
Conteúdo
modificação, marcas e tamanho.
z O Windows não permite que dois itens tenham o
mesmo nome e a mesma extensão quando estive-
rem armazenados no mesmo local;
Área de Transferência
z O Windows não aceita determinados caracteres
nos nomes e extensões. São caracteres reservados,
Um dos itens mais importantes do Windows não é para outras operações, que são proibidos na hora
visível como um ícone ou programa. A Área de Trans- de nomear arquivos e pastas. Os nomes de arqui-
ferência é um espaço da memória RAM, que armazena vos e pastas podem ser compostos por qualquer
uma informação de cada vez. A informação armaze- caractere disponível no teclado, exceto os carac-
nada poderá ser inserida em outro local, e ela acaba teres * (asterisco, usado em buscas), ? (interroga-
trabalhando em praticamente todas as operações de ção, usado em buscas), / (barra normal, significa
manipulação de pastas e arquivos. opção), | (barra vertical, significa concatenador de
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+X (Recortar), comandos), \ (barra invertida, indica um caminho),
estamos movendo o item selecionado para a memória “ (aspas, abrange textos literais), : (dois pontos, sig-
RAM, para a Área de Transferência. nifica unidade de disco), < (sinal de menor, signi-
No Windows 10, se quiser visualizar o conteúdo fica direcionador de entrada) e > (sinal de maior,
da Área de Transferência, acione o atalho de teclado significa direcionador de saída);
Windows+V (View). z Existem termos que não podem ser usados, como
Ao acionar o atalho de teclado Ctrl+C (Copiar), CON (console, significa teclado), PRN (printer, sig-
estamos copiando o item para a memória RAM, para nifica impressora) e AUX (indica um auxiliar), por
ser inserido em outro local, mantendo o original e referenciar itens de hardware nos comandos digi-
criando uma cópia. Ao acionar o atalho de teclado tados no Prompt de Comandos. (por exemplo, para
PrintScreen, estamos copiando uma ‘foto da tela intei- enviar para a impressora um texto através da linha
222 ra’ para a Área de Transferência, para ser inserida de comandos, usamos TYPE TEXTO.TXT > PRN).
As ações realizadas pelos usuários em relação à manipulação de arquivos e pastas, pode estar condicionada ao
local onde ela é efetuada, ou ao local de origem e destino da ação. Portanto, é importante verificar no enunciado
da questão, geralmente no texto associado, estes detalhes que determinarão o resultado da operação.
As operações podem ser realizadas com atalhos de teclado, com o mouse, ou com a combinação de ambos. A
banca organizadora CESPE/Cebraspe não costuma questionar ações práticas nas provas, e raramente utiliza ima-
gens nas questões.

OPERAÇÕES COM TECLADO

Atalhos de Teclado Resultado da Operação

Não é possível recortar e colar na mesma pasta. Será exibida uma mensa-
Ctrl+X e Ctrl+V na mesma pasta
gem de erro.

Ctrl+X e Ctrl+V em locais diferentes Recortar (da origem) e colar (no destino). O item será movido

Copiar e colar. O item será duplicado. A cópia receberá um sufixo (Copia)


Ctrl+C e Ctrl+V na mesma pasta
para diferenciar do original.

Copiar (da origem) e colar (no destino). O item será duplicado, mantendo o
Ctrl+C e Ctrl+V em locais diferentes
nome e extensão.

Tecla Delete em um item do disco Deletar, apagar, enviar para a Lixeira do Windows, podendo recuperar depois, se
rígido o item estiver em um disco rígido local interno ou externo conectado na CPU.

Tecla Delete em um item do disco Será excluído definitivamente. A Lixeira do Windows não armazena itens de
removível unidades removíveis (pendrive), ópticas ou unidades remotas.

Shift+Delete Independentemente do local onde estiver o item, ele será excluído definitivamente

Renomear. Trocar o nome e a extensão do item. Se houver outro item com


o mesmo nome no mesmo local, um sufixo numérico será adicionado para
F2
diferenciar os itens. Não é permitido renomear um item que esteja aberto na
memória do computador.

Lixeira

Um dos itens mais questionados em concursos públicos é a Lixeira do Windows. Ela armazena os itens que
foram excluídos de discos rígidos locais, internos ou externos conectados na CPU.
Ao pressionar o atalho de teclado Ctrl+D, ou a tecla DELETE (DEL), o item é removido do local original e arma-
zenado na Lixeira.
Quando o item está na Lixeira, o usuário pode escolher a opção ‘Restaurar’, para retornar ele para o local
original. Se o local original não existe mais, pois suas pastas e subpastas foram removidas, a Lixeira recupera o
caminho e restaura o item.
Os itens armazenados na Lixeira poderão ser excluídos definitivamente, escolhendo a opção “Esvaziar Lixeira” no
menu de contexto ou faixa de opções da Lixeira.
Quando acionamos o atalho de teclado Shift+Delete, o item será excluído definitivamente. Pelo Windows, itens excluí-
dos definitivamente ou apagados após esvaziar a Lixeira, não poderão ser recuperados. É possível recuperar com progra-
mas de terceiros, mas isto não é considerado no concurso, que segue a configuração padrão.
Os itens que estão na Lixeira podem ser arrastados com o mouse para fora dela, restaurando o item para o
local onde o usuário liberar o botão do mouse.
A Lixeira do Windows tem o seu tamanho definido em 10% do disco rígido ou 50 GB. O usuário poderá alterar o
tamanho máximo reservado para a Lixeira, poderá desativar ela excluindo os itens diretamente, e configurar Lixeiras
individuais para cada disco conectado.

OPERAÇÕES COM MOUSE

Ação do usuário Resultado da operação

Clique simples no botão principal. Selecionar o item.


INFORMÁTICA

Clique simples no botão secundário. Exibir o menu de contexto do item.

Executar o item, se for executável. Abrir o item, se for edi-


tável, com o programa padrão que está associado. Nos
Duplo clique.
programas do computador, poderá abrir um item através
da opção correspondente.

Renomear o item. Se o nome já existe em outro item, será


Duplo clique pausado.
sugerido numerar o item renomeado com um sufixo.
223
OPERAÇÕES COM MOUSE

Arrastar com botão principal pressionado, e soltar na


O item será movido.
mesma unidade de disco.

Arrastar com botão principal pressionado, e soltar em ou-


O item será copiado.
tra unidade de disco.

Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar na mesma unidade. onde soltar).

Arrastar com botão secundário do mouse pressionado, e Exibe o menu de contexto, podendo “Copiar aqui” (no local
soltar em outra unidade de disco. onde soltar) ou “Mover aqui”.

Ação do usuário Resultado da operação

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será copiado, quando a tecla CTRL for liberada, in-
a tecla CTRL pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item com O item será movido, quando a tecla SHIFT for liberada, in-
a tecla SHIFT pressionada. dependente da origem ou do destino da ação.

Arrastar com o botão principal pressionado um item com Será criado um atalho para o item, independente da ori-
a tecla ALT pressionada (ou CTRL+SHIFT). gem ou do destino da ação.

Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém


Seleção individual de itens.
a tecla CTRL pressionada.

Seleção de vários itens. O primeiro item clicado será o iní-


Clique em itens com o botão principal, enquanto mantém
cio, e o último item será o final, de uma região contínua
a tecla SHIFT pressionada.
de seleção.

As ações envolvendo tela touchscreen foram questionadas quando o Windows 8 estava disponível. No Windo-
ws 10, apesar de ter suporte para telas sensíveis ao toque, não temos questões sobre as ações no sistema opera-
cional com esta interface.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Foi solicitado a Paulo criptografar um pendrive, que contém arquivos sensíveis no siste-
ma operacional Windows 10, de modo a proteger os dados desse dispositivo contra ameaças de roubo. Nessa situa-
ção, uma das formas de atender a essa solicitação é, por exemplo, utilizar a criptografia de unidade de disco BitLocker,
um recurso de proteção de dados nesse sistema operacional.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O BitLocker é uma ferramenta de criptografia da Microsoft, disponível no Windows Vista, Windows 7, Windows 8
e Windows 10. Com este recurso, o usuário pode encriptar o disco rígido do computador, protegendo os documen-
tos e arquivos contra o acesso não autorizado. Ao ativar, o sistema codifica as informações e impede que hackers
façam uso delas sem inserir a chave definida pelo usuário. A chave de descriptografia será gravada em um disco
removível do tipo pendrive, e ele precisará estar conectado para que o dispositivo seja reconhecido e liberado
para uso. A partir do Windows 7, a Microsoft incluiu a funcionalidade BitLocker To Go, que é capaz de proteger
unidades de dados externas, como pendrives e HDs portáteis. Resposta: Certo.

LINUX

O sistema operacional Linux é uma opção ao sistema operacional Windows, com outras características próprias.
O sistema operacional Linux é mais utilizado em sistemas de baixo custo, e possui diferentes distribuições para
diferentes modelos de computadores. Por ser um sistema de código aberto, deu origem a outros sistemas como o
iOs (Apple) e o Android (Google).
Por ser um sistema operacional livre e licenciável, possui a licença GNU GPL para distribuição. O projeto GNU
foi lançado no começo dos anos 80 e atualmente é patrocinado pela FSF (Free Software Foundation). Muitos usuá-
rios descobrem que no contexto de softwares livres, ser livre não significa ser gratuito. Ao contrário do termo
freeware, que identifica uma categoria de softwares gratuitos para utilização, o termo free no Linux está relacio-
nada às liberdades de uso.
A GPL (GNU Public Licence) baseia-se em 4 liberdades ‘essenciais’:

z A liberdade de executar o programa, para qualquer propósito (liberdade nº 0);


z A liberdade de estudar como o programa funciona e adaptá-lo às suas necessidades (liberdade nº 1). O acesso
ao código-fonte é um pré-requisito para esta liberdade;
224
z A liberdade de redistribuir cópias de modo que Distribuições Linux
você possa ajudar ao seu próximo (liberdade nº 2);
z A liberdade de aperfeiçoar o programa e liberar os Distribuição é um conjunto de personalizações
seus aperfeiçoamentos, de modo que toda a comu- que mantém o mesmo núcleo (kernel) do Linux, mas
nidade beneficie deles (liberdade nº 3). O aces- apresentável de forma diferenciada.
so ao código-fonte é um pré-requisito para esta Puppy, Debian, Fedora, Kubuntu, Ubuntu, RedHat,
liberdade. SuSe, Mandrake, Xandros (da Corel) e Kurumim são
alguns exemplos de distribuições.
Disponível em < https://www.gnu.org/philosophy/free-sw.pt-br.html Ubuntu é a distribuição mais cobrada em con-
>. Acesso em: 27 nov. 2020. cursos públicos, baseada na distribuição Debian. O
Ubuntu é uma versátil distribuição Linux que pode
Características Básicas do Sistema Linux ser instalada em várias construções computacionais,
desde que adaptadas (drivers).
O Linux tem as seguintes características básicas:
Big Linux Brasil
z Possui um kernel (núcleo) comum em todas as Gnoppix Alemanha
distribuições;
z FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de ImpiLinux África do Sul

Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas Kurumim Brasil


as distribuições Linux devem seguir para organi- Mint Irlanda
zar os seus diretórios;
z O código fonte está disponível para ser baixado, DeMuDi Europa
estudado, modificado e distribuído gratuitamente; Finnix EUA
z As distribuições oferecem recursos específicos Insigne GNU Brasil
para cada proposta, mantendo o núcleo comum do
KeeP OS Brasil
sistema;
z Cada distribuição poderá ter uma ou mais interfa- Knoppix Alemanha
ces de usuário, e elas podem ser usadas em outras Linspire EUA
distribuições;
MeNTOPPIX Indonésia
z Possui modo gráfico e terminal de comandos;
z Existem distribuições gratuitas e pagas; MEPIS EUA
z As modificações realizadas pelos usuários serão Rxart Argentina
submetidas para avaliação da comunidade de Satux Brasil
desenvolvedores, que determinarão a importância
Symphony OS
e relevância delas, antes de tornar as modificações
oficiais para todo o mundo;
z Como todo sistema operacional, possui suporte Figura 2. Distribuição Ubuntu, derivada do Debian, é a mais
para protocolos TCP, permitindo o acesso às redes questionada.
de computadores com browsers ou navegadores;
z Geralmente instalado em dispositivos com Windo- Diretórios Linux
ws, o Linux oferece gerenciador de boot (bootloa-
der) para gerenciar a inicialização, exibindo um Os diretórios são pastas onde armazenamos e
menu para o usuário escolher qual sistema opera- organizamos arquivos e subpastas (subdiretórios). A
cional será usado na sessão atual; representação dos diretórios segue o princípio lúdico
z LILO e GRUB são os gerenciadores de boot mais de uma árvore. Árvore de diretórios ou folder tree
comuns nas distribuições Linux; é a forma como as pastas dos sistemas Linux estão
z O Linux é um sistema operacional do tipo case organizadas. Elas têm uma hierarquia, para facilitar
sensitive, ou seja, diferencia letras maiúsculas de a organização do sistema, seus arquivos, bibliotecas e
letras minúsculas nos nomes de arquivos, diretó- inclusive para melhorar a segurança do sistema.
rios e comandos. FHS é um acrônimo para Hierarquia do Sistema de
Arquivos. Basicamente, ele é um padrão que todas as
Kernel (núcleo) distribuições Linux devem seguir para organizar os
seus diretórios.
A escolha da árvore para representar a estrutura
Shell (interpretador) de diretórios, se mostrou adequada, dada a semelhan-
ça entre seus componentes. Por exemplo, o diretório
Terminal raiz é o primeiro diretório, assim como a raiz de uma
(linha de comandos) árvore. Encontramos diretórios principais, como /bin,
/etc, /lib e /tmp, que podem ser considerados o ‘cau-
INFORMÁTICA

Interface gráfica le’ da árvore de diretórios. Nos diretórios é possível


criar subdiretórios, o que representam os galhos de
uma árvore. E dentro dos diretórios, temos arquivos
(documentos, comandos, temporários) igual a árvore,
como flores, folhas e frutos.
Enquanto o Windows representa com barra inver-
tida um diretório, no Linux é usada a barra normal.
Diretórios, pastas e Bibliotecas são ‘sinônimos’.
Figura 1. Assim como no Windows, o Linux tem camadas que
separam os recursos.
Diretórios é o nome usado no Windows XP e Linux,
225
proveniente do ambiente MS-DOS (interface de caracteres). Pastas é o nome usado no Windows. Bibliotecas é a
estrutura de organização criada no Windows Vista, que é utilizada no Windows 7, 8, 8.1 e 10 para organizar as
informações do usuário. Elas são usadas para organizar arquivos e subpastas (subdiretórios), mantendo-os até o
momento de serem apagados.

Importante!
Diretórios e comandos Linux são os itens mais importantes em concursos atualmente. Conceitos e caracte-
rísticas do sistema operacional Linux já foram amplamente questionados nas provas anteriores.

Os diretórios são denominados com algumas letras que indicam o seu conteúdo. Confira na tabela a seguir.

NOME DESCRIÇÃO CONTEÚDO

/bin binary – binário = executável Contém os comandos (arquivos binários executáveis).

Contém os drivers dos dispositivos de hardware, para comunicação do


/dev device – dispositivo = hardware
sistema operacional com o equipamento.

/home home – início Contém os arquivos dos usuários, como as bibliotecas do Windows.

Contém as bibliotecas do sistema Linux, compartilhadas por vários


/lib library – biblioteca
programas.

/usr user – usuário Contém as configurações dos usuários.

Tabela – Diretórios Linux, exemplos básicos

Os comandos são grafados com letras minúsculas, assim como os nomes dos diretórios. Diretórios e comandos
são algumas letras do nome do conteúdo ou ação realizada, que é um termo em inglês.
A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os diretórios de uma distribuição padrão Linux.

DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS


/ raiz do sistema, o diretório que ‘’guarda’’ todos os outros diretórios.

arquivos/comandos utilizados durante a inicialização do sistema e por usuários (após a inicializa-


/bin
ção). O termo BIN é referência ao tipo de informação, binário.

arquivos utilizados durante a inicialização do sistema. Boot é uma expressão comum a vários
/boot
sistemas para indicar a inicialização.

/dev drivers de controle de dispositivos. DEV vem de device, dispositivo.

/etc arquivos de configurações do computador.

/etc/sysconfig arquivos de configuração do sistema para os dispositivos.

/etc/passwd dados dos usuários, senhas criptografadas... PASSWORD = senha.

sistemas de arquivos montados no sistema (file system table – tabela do sistema de arquivos). O
/etc/fstab
sistema de arquivos do Linux pode ser EXT3, EXT4, entre outros.

/etc/group Grupos.

/etc/include header para programação em C, através do comando include.

/etc/inittab Arquivo (tabela) de configuração do init.

/etc/skel Contém os arquivos e estruturas que serão copiadas para um novo usuário do sistema.

/home pasta pessoal dos usuários comuns. Equivale às bibliotecas do sistema Windows.

/lib bibliotecas compartilhadas. LIB vem de library, biblioteca.

/lib/modules módulos externos do kernel usados para inicializar o sistema...

/misc arquivos variados (misc de miscelânea).

ponto de montagem de sistemas de arquivos (CD, floppy, partições...) MNT vem de mount,
/mnt
montagem.

226
DIRETÓRIO DESCRIÇÃO E COMENTÁRIOS
/proc sistema de arquivos virtual com dados sobre o sistema. PROC vem de procedure.

/root diretório pessoal do root. Equivalente a pasta raiz da unidade de inicialização C:

/sbin arquivos/comandos especiais (geralmente não são utilizados por usuários comuns).

/tmp arquivos temporários.

Unix System Resources. Contém arquivos de todos os programas para o uso dos usuários de
/usr
sistemas UNIX.

/usr/bin executáveis para todos os usuários.

/usr/sbin executáveis de administração do sistema.

/usr/lib bibliotecas dos executáveis encontrados no /usr/bin.

/usr/local arquivos de programas instalados localmente.

/usr/man manuais.

/usr/info informações.

/usr/X11R6 Arquivos do X Window System e seus aplicativos.

/var Contém arquivos que são modificados enquanto o sistema está rodando (variáveis).

/var/lib Bibliotecas.

Contém os arquivos que armazenam informações, mensagens de erros dos programas, relatórios
/var/log
diversos, entre outros tipos de logs.
Tabela – Diretórios Linux

Existem sites na Internet que oferecem emuladores de Linux, para treinamento. Acesse https://bellard.org/
jslinux/ para conhecer algumas opções.

Comandos Linux

Os comandos são denominados com algumas letras que indicam a tarefa que eles realizam. Confira na tabela
a seguir:

NOME DESCRIÇÃO AÇÃO


cp copy – copiar Copiam os arquivos listados.

ls list – listar Lista os arquivos e diretório do local atual.

mv move – mover Pode mover ou renomear um arquivo ou diretório.

rm remove – remover Apagar arquivos.

vi view – visualizar Permite visualizar e editar um arquivo.


Tabela – comandos Linux, exemplos básicos

A seguir, uma tabela mais completa, com quase todos os comandos questionados pelas bancas organizadoras,
quando temos o item Linux no conteúdo programático.

COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

cat arq1.txt >> arq2.txt O arq1.txt será concatenado com arq2.txt


Concatenar, juntar ou mostrar.
Os arq1.txt e arq2.txt serão unidos em
cat Exibir o conteúdo de arquivos ou cat arq1.txt arq2.txt >> arq3.txt
arq3.txt
direcioná-lo para outro.
INFORMÁTICA

cat arq1.txt Exibirá arq1.txt

cd Mudar diretório. cd /home Muda para o diretório /home.

Copia o arquivo teste.txt para o diretório


cp Copiar arquivos e diretórios. cp teste.txt /home
/home.

O comando cut pode ser usado para


Lê o conteúdo de um ou mais
mostrar apenas seções específicas de
cut arquivos e tem como saída uma cut arq1.txt
um arquivo de texto ou da saída de ou-
coluna vertical.
tros comandos.
227
COMANDO DESCRIÇÃO EXEMPLO AÇÃO

Comparar e mostrar as diferen- Mostra a diferença entre os dois


diff diff arq1.txt arq2.txt
ças entre arquivos e diretórios. arquivos.

exit Sair do usuário atual. exit Sair do usuário atual.

Exibe o arq1.txt (comando cat no modo


Seleciona uma linha de texto que
grep cat arq1.txt | grep Nishimura type), com destaque para as linhas que
contenha o texto pesquisado.
contenham Nishimura.

id Informa o usuário atual. id Informa o usuário atual.

Permite listar e configurar as in-


Listar todas as interfaces (all)
ifconfig terfaces de rede (placas de rede) ifconfig -a
No Windows, o comando é ipconfig.
conectadas no computador.

init 0 Desligar
init Desligar ou reiniciar o computador.
init 6 Reiniciar

ln Criar links de arquivos. ln texto.txt Cria um atalho para o arquivo texto.txt.

Lista os arquivos e diretórios existentes


ls Listar arquivos e diretórios. ls
no diretório atual.

kill Eliminar um processo em execução. kill 998 Eliminar o processo 998.

Cria o diretório novo, dentro do diretório


mkdir Criar diretório. mkdir /home/novo
/home.

Move o arquivo texto.txt para o diretório


Mover e renomear arquivos e mv texto.txt /home
mv /home.
diretórios. mv texto.txt novo.txt
Renomeia o arquivo texto.txt para novo.txt.

passwd Mudar a senha do usuário. passwd Mudar a senha.

Listam os processos em exe-


ps cução, e com o número poderá ps Listar os processos em execução.
eliminar ele com o comando kill.

pwd Exibe o diretório atual. pwd Mostra onde estou.

rm Deletar arquivos. rm teste.txt Apaga o arquivo teste.txt

Remove o diretório novo que está no


rmdir Remover diretórios. rmdir novo
local atual.

sort Ordena o conteúdo de um arquivo. sort arq1.txt Ordena o conteúdo do arquivo arq1.txt

Executar comandos como supe- Executa o comando ps como


sudo sudo ps
rusuário. Válido por 10 min. superusuário

shutdown -r +10 Reinicia em 10 minutos


shutdown Desligar ou reiniciar o computador.
shutdown -h +5 Desliga em 5 minutos

Exibir as últimas linhas de um


tail tail arq1.txt Exibe as 10 últimas linhas de arq1.txt
arquivo.

Cria um arquivo que contém os outros,


tar Empacotar arquivos. tar teste1.txt
sem compactar.

Criar e modificar data do arqui-


Criar o arquivo vazio teste.txt com a data
touch vo. Se o arquivo não existe, ele touch teste.txt
atual.
é criado vazio, com a data atual.

Cria um novo usuário ou atualiza


Criar o usuário fernando, com os arqui-
useradd as informações padrão de um useradd fernando
vos definidos em /etc/skel
usuário no sistema Linux.

Entra em modo de visualização e edição


vi Visualizar um arquivo no editor vi teste.txt
do arquivo teste.txt

Tabela – comandos Linux

Todos os sistemas operacionais possuem recursos para a realização das mesmas tarefas. Não é correto afirmar
que um sistema é melhor que outro, sendo que eles são equivalentes em funcionalidades.
228
Prompt de Comandos (Windows) e Console de Comandos (Linux)

A interface que não é gráfica, ou seja, de caracteres, sempre existiu nos computadores. Mas entre o Windows e Linux exis-
tem diferenças, tanto operacionais como de comandos. Confira um comparativo de comandos entre o Linux e o Windows.

LINUX WINDOWS
Ajuda man, help ou info /?
Data e Hora date, cal ou hwclock date e time
Espaço em disco df dir
Processos em execução ps
Finalizar processo kill
Qual o diretório atual? pwd cd
Subir um nível cd .. cd..
Diretório raiz cd / cd \
Voltar ao diretório anterior cd –
Diretório pessoal cd ~
Copiar arquivos cp copy
Mover arquivos mv move
Renomear mv ren
Listar arquivos ls dir
Apagar arquivos rm del
Apagar diretórios rm deltree
Criar diretórios mkdir md
Alterar atributos attrib
Alterar permissões chmod
Alterar proprietário (dono) chown
Alterar grupo chgrp
Comparar arquivos e pastas diff comp
Empacotar arquivos tar
Compactar arquivos gzip compact
Alterar a senha passwd
Concatenar, juntar e mostrar cat
Mostrar, visualizar vi type
Pausa na exibição de páginas more ou less more
Interfaces de rede ifconfig ipconfig
Caminho dos pacotes tracert route
Listar todas as conexões netstat arp -a
Apagar a tela clear Cls

Concatenar comandos | |
Direcionar a entrada para um comando < <
INFORMÁTICA

Direcionar a saída de um comando > >


Localizar ocorrências dentro do arquivo grep
Exibir as últimas linhas do arquivo tail

Diretório raiz / (barra normal) \ (barra invertida)

Opção de um comando - (sinal de menos) / (barra normal)

Tabela – comparação de comandos Linux com comandos Windows


229
uma operadora de telefonia através de um modem, e
EXERCÍCIO COMENTADO a empresa se conecta na ‘espinha dorsal’.
Após a conexão na rede mundial, o usuário deve
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O kernel do sistema ope- utilizar programas específicos para realizar a navega-
racional Linux tem a função de interpretar os coman-
ção e acesso ao conteúdo oferecido pelos servidores.
dos executados em um terminal.
CONCEITO USO COMENTÁRIOS
( ) CERTO ( ) ERRADO
Internet Conexão entre Conhecido como nuvem, e tam-
O Linux é um sistema operacional que possui código computadores bém como World Wide Web, ou
aberto. Ele é formado pelo núcleo (kernel), shell (inter- WWW, a Internet é um ambiente
pretador de comandos) e terminal (linha de coman- inseguro, que utiliza o protoco-
lo TCP para conexão em con-
dos). Quando comandos são digitados no terminal,
junto a outros para aplicações
eles são processados e executados pelo shell (interface específicas.
do núcleo com a interface do usuário). É o shell que
procura no núcleo do Linux as instruções que foram Intranet Conexão com Ambiente seguro que exige iden-
solicitadas na linha de comandos. Resposta: Errado. autenticação tificação, podendo estar restrito
a um local, que poderá acessar
a Internet ou não. A Intranet uti-
liza o mesmo protocolo da Inter-
net, o TCP, podendo usar o UDP
CONCEITOS BÁSICOS E MODOS também.

DE UTILIZAÇÃO DE TECNOLOGIAS, Extranet Conexão entre Conexão remota segura, prote-


d i s p o s i t i v o s gida com criptografia, entre dois
FERRAMENTAS, APLICATIVOS E ou redes dispositivos, ou duas redes. O
PROCEDIMENTOS ASSOCIADOS À acesso remoto é geralmente su-
portado por uma VPN.
INTERNET E INTRANET
A Internet é a rede mundial de computadores que Os editais costumam explicitar Internet e Intranet,
surgiu nos Estados Unidos com propósitos militares, mas também questionam Extranet. A conexão remota
para proteger os sistemas de comunicação em caso de segura que conecta Intranet’s através de um ambiente
ataque nuclear, durante a Guerra Fria. inseguro que é a Internet, é naturalmente um resulta-
Na corrida atrás de tecnologias e inovações, Esta- do das redes de computadores.
dos Unidos e União Soviética lançavam projetos que
procuravam proteger as informações secretas de
ambos os países e seus blocos de influência. Internet, Intranet e Extranet
ARPANET, criada pela ARPA, sigla para Advanced
Redes de
Research Projects Agency, era um modelo de troca e computadores
compartilhamento de informações que permitisse a
descentralização das mesmas, sem um ‘nó central’,
garantindo a continuidade da rede mesmo que um nó Internet Intranet Extranet
fosse desligado.
Rede mundial de Rede local de Acesso remoto
A troca de mensagens começou antes da própria computadores acesso restrito seguro
Internet. Logo, o e-mail surgiu primeiro, e depois veio
a Internet como conhecemos e usamos. Utiliza os mesmos
Ela passou a ser usada também pelo meio educa- Protocolos TCP/IP protocolos da Protocolos seguros
Internet
cional (universidades) para fomentar a pesquisa aca-
dêmica. No início dos anos 90 ela se tornou aberta e Padrão de
comunicação
Família TCP/IP
Criptografia em
VPN
comercial, permitindo o acesso de todos.
A Internet é transparente para o usuário. Qualquer
usuário poderá acessar a Internet sem ter conheci-
mento técnico dos equipamentos que existem para
Usuário Modem possibilitar a conexão.
Internet
Provedor de Acesso
FERRAMENTAS E APLICATIVOS COMERCIAIS
Figura 1. Para acessar a Internet, o usuário utiliza um modem que se
conecta a um provedor de acesso através de uma linha telefônica DE NAVEGAÇÃO, DE CORREIO ELETRÔNICO, DE
GRUPOS DE DISCUSSÃO, DE BUSCA, DE PESQUISAS
A navegação na Internet é possível através da com- E DE REDES SOCIAIS
binação de protocolos, linguagens e serviços, operan-
do nas camadas do modelo OSI (7 camadas) ou TCP (5 Nos concursos públicos e no dia a dia, estes são os
camadas ou 4 camadas). itens mais utilizados pelas pessoas para acessar o con-
A Internet conecta diversos países e grandes cen- teúdo disponível na Internet.
tros urbanos através de estruturas físicas chamadas As informações armazenadas em servidores,
de backbones. São conexões de alta velocidade que sejam páginas web ou softwares como um serviço
permitem a troca de dados entre as redes conectadas. (SaaS – camada mais alta da Computação na Nuvem),
O usuário não consegue se conectar diretamente no são acessadas por programas instalados em nossos
230 backbone. Ele deve acessar um provedor de acesso ou dispositivos. São eles:
z Navegadores de Internet ou browsers, para conteúdo em servidores web.
z Softwares de correio eletrônico, para mensagens em servidores de e-mail.
z Redes Sociais, para conteúdos compartilhados por empresas e usuários.
z Sites de Busca, como o Google Buscas e Microsoft Bing, para encontrar informações na rede mundial.
z Grupos de Discussão, tanto no contexto de WhatsApp e Telegram, como no formato clássico do Facebook e
Yahoo Grupos.

Este tópico é muito prático, e nos concursos públicos são questionados os termos usados nos diferentes softwa-
res, como ‘Histórico’, para nomear a lista de informações acessadas por um navegador de Internet.

Importante!
Ao navegar na Internet, comece a observar os detalhes do seu navegador e as mensagens que são exibidas.
Estes são os itens questionados em concursos públicos.

Ferramentas e aplicativos comerciais de navegação

As informações armazenadas em servidores web são arquivos (recursos), identificados por um endereço
padronizado e único (endereço URL), exibidas em um browser ou navegador de Internet.
Eles são usados nas redes internas, pois a Intranet utiliza os mesmos protocolos, linguagens e serviços da
Internet.
Confira a seguir, os principais navegadores de Internet disponíveis no mercado.

NAVEGADOR DESENVOLVEDOR CARACTERÍSTICAS


Edge

Microsoft Navegador padrão do Windows 10, que substituiu o Microsoft Internet Explorer.

Internet
Explorer
Navegador padrão do Windows 7, um dos mais questionados em concursos públi-
Microsoft
cos, por ser integrante do sistema operacional

Firefox

Mozilla Software livre e multiplataforma que é leve, intuitivo e altamente expansível.

Chrome
Um dos mais populares navegadores do mercado, multiplataforma e de fácil
Google
utilização.

Safari
Desenvolvido originalmente para aparelhos da Apple, atualmente está disponível
Apple
para outros sistemas operacionais.

Opera
Navegador leve com proteções extras contra rastreamento e mineração de moedas
Opera
virtuais.
INFORMÁTICA

Na Internet, as informações (dados) são armazenadas em arquivos nos servidores de Internet. Os servidores
são computadores, que utilizam pastas ou diretórios para o armazenamento de arquivos. Ao acessarmos uma
informação na Internet, estamos acessando um arquivo. Mas como é a identificação deste arquivo? Como acessa-
mos estas informações? Através de um endereço URL.
O endereço URL (Uniform Resource Locator) que define o endereço de um recurso na rede. Na sua tradução
literal, é Localizador Uniforme de Recursos, e possui a seguinte sintaxe:
protocolo://máquina/caminho/recurso 231
‘Protocolo’ é a especificação do padrão de comuni- Exemplo: https://outlook.live.com:5012/owa/hotm
cação que será usado na transferência de dados. Pode- ail?path=/mail/inbox#open
rá ser http (Hyper Text Transfer Protocol – protocolo esquema: https://
de transferência de hipertexto), ou https (Hyper Text domínio: outlook.live.com
Transfer Protocol Secure – protocolo seguro de transfe- porta: 5012
rência de hipertexto), ou ftp (File Transfer Protocolo – caminho: /owa/
protocolo de transferência de arquivos), entre outros. recurso: hotmail
‘://’ faz parte do endereço URL, para identificar que querystring: path=/mail/inbox
é um endereço na rede, e não um endereço local como fragmento: open
‘/’ no Linux ou ‘:\’ no Windows. Quando o usuário digita um endereço URL no seu
‘Máquina’ é o nome do servidor que armazena a navegador, um servidor DNS (Domain Name Server –
informação que desejamos acessar. servidor de nomes de domínios) será contactado para
‘Caminho’ são as pastas e diretórios onde o arqui- traduzir o endereço URL em número de IP. A infor-
vo está armazenado. mação será localizada e transferida para o navegador
‘Recurso’ é o nome do arquivo que desejamos que solicitou o recurso.
acessar.
Vamos conferir os endereços URL a seguir, e suas
características.

Servidor DNS
ENDEREÇO
CARACTERÍSTICAS
URL FICTÍCIO

Usando o protocolo http, acessare- Internet


Endereço URL
mos o servidor abc, que é comercial Usuário
(.com), no Brasil (.br). Acessaremos Figura 2. Os endereços URL’s são reconhecíveis pelos usuários, mas
a divisão multimídia (www) com ar- os dados são armazenados em servidores web com números de
h t t p : // w w w. IP. O servidor DNS traduz um URL em número de IP, permitindo a
quivos textuais, vídeos, áudios e ima-
abc.com.br/ navegação na Internet.
gens. O recurso acessado é o index.
html, entendido automaticamente
pelo navegador, por não ter nenhuma Conceitos e funções válidas para todos os
especificação de recurso no fim. navegadores

Usando o protocolo https, acessare- z Modo normal de navegação – as informações serão


mos o servidor abc, que é comercial registradas e mantidas pelo navegador. Histórico
h t t p s : // m a i l .
(.com) e pode estar registrado nos de Navegação, Cookies, Arquivos Temporários,
abc.com/
Estados Unidos. Acessaremos o dire- Formulários, Favoritos e Downloads.
caixas/inbox/
tório caixas, subdiretório inbox. Aces-
saremos o serviço mail no servidor.

Usando o protocolo de transferência


ftp://ftp.abc. de arquivos ftp, acessaremos o ser-
gov.br/edital. vidor ftp da instituição governamen-
pdf tal (gov) brasileira (br) chamada abc,
que disponibiliza o recurso edital.pdf. z Modo de navegação anônima – as informações de
navegação serão apagadas quando a janela for
Outra forma de analisar um endereço URL é na fechada. Apenas os Favoritos e Downloads serão
sua sintaxe expandida. Quando navegamos em sites mantidos.
na Internet, nos deparamos com aquelas combinações
de símbolos que não parecem legíveis. Mas como tudo
na Internet está padronizado, vamos ver as partes de
um endereço URL ‘completão’.
Confira:
esquema://domínio:porta/caminho/recurso?
querystring#fragmento
Onde ‘esquema’ é o protocolo que será usado na z Dados de formulários – informações preenchidas
transferência. em campos de formulários nos sites de Internet.
‘Domínio’ é o nome da máquina, o nome do site. z Favoritos – endereços URL salvos pelo usuário
‘:’ e ‘porta’, indica qual, entre as 65536 portas TCP para acesso posterior. Os sites preferidos do usuá-
será usada na transferência. rio poderão ser exportados do navegador atual e
‘Caminho’ indica as pastas no servidor, que é um importados em outro navegador de Internet.
computador com muitos arquivos em pastas. z Downloads – arquivos transferidos de um servidor
‘Recurso’ é o nome do arquivo que está sendo remoto para o computador local. Os gerenciadores
acessado. de downloads permitem pausar uma transferência
‘?’ é para transferir um parâmetro de pesquisa, ou buscar outras fontes caso o arquivo não esteja
usado especialmente em sites seguros. mais disponível.
‘#’ é para especificar qual é a localização da infor- z Uploads – arquivos enviados do computador local
232 mação dentro do recurso acessado (marcas) para um servidor remoto.
z Histórico de navegação – são os endereços URL z clique + SHIFT - abre o link em uma nova janela
acessados pelo navegador em modo normal de z clique + ALT - faz download do arquivo indicado
navegação. pelo link.
z Cache ou arquivos temporários – cópia local dos
arquivos acessados durante a navegação.
z Pop-up – janela exibida durante a navegação para
funcionalidades adicionais ou propaganda. EXERCÍCIOS COMENTADOS
z Atualizar página – acessar as informações armaze-
nadas na cópia local (cache). 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No Internet Explorer 11,
z Recarregar página – acessar novamente as infor- o recurso de salvar senhas não é ativado por padrão;
mações no servidor, ignorando as informações caso se deseje ativá-lo, deve-se realizar o seguinte
armazenadas nos arquivos temporários. procedimento: clicar o botão Ferramentas escolher
z Formato PDF – os arquivos disponíveis na Internet Opções da Internet e, na lista disponibilizada, clicar a
no formato PDF podem ser visualizados direta- opção Salvar Senhas.
mente no navegador de Internet, sem a necessida-
de de programas adicionais. ( ) CERTO ( ) ERRADO

Recursos de sites, combinados com os navegadores O erro está na ausência da guia Conteúdo. Ao abrir
de Internet as Opções de Internet, a primeira guia que é exibida
é Geral.
z Cookies – arquivos de texto transferidos do ser- No Internet Explorer, selecione o botão Ferramentas
vidor para o navegador, com informações sobre e escolha Opções da Internet. Na guia Conteúdo, em
as preferências do usuário. Eles não são vírus de Preenchimento Automático, escolha Configurações.
computador, pois códigos maliciosos não podem Marque a caixa de seleção Nomes de usuário e
infectar arquivos de texto sem formatação. senhas em formulários e selecione OK. Resposta:
z Feeds RSS – quando o site oferece o recurso RSS, Errado.
o navegador receberá atualizações para a página
assinada pelo usuário. O RSS é muito usado entre 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O Google Chrome e o
sites para troca de conteúdo. Internet Explorer — programas para navegação na
z Certificado digital – os navegadores podem utilizar Web — possuem opção para se apagar o histórico de
chaves de criptografia com mais de 1024 bits, ou seja, navegações, a qual faz que os sítios visitados sejam
aceitam certificados digitais para validação de cone- bloqueados e não mais sejam visitados pelo usuário.
xões e transferências com criptografia e segurança.
z Corretor ortográfico – permite a correção dos tex- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tos digitados em campos de formulários, a par-
tir de dicionários on-line disponibilizados pelos O erro está em afirmar que o histórico de navega-
desenvolvedores dos navegadores. ção, ao ser excluído, não exibirá aquele site para o
usuário, por ter sido bloqueado.
Atalhos de teclado O Histórico de Navegação registra os endereços
URLs acessados pelo usuário, e sua exclusão apenas
z Para acessar a barra de endereços do navegador, apaga os registros armazenados. O endereço URL
pressione F4 ou Ctrl+E. No Google Chrome é F6. que foi acessado, excluído do Histórico de Navega-
z Para abrir uma nova janela, pressione Ctrl+N. ção, poderá ser acessado novamente pelo usuário,
z Para abrir uma nova janela anônima, pressione pois não foi bloqueado. Resposta: Errado.
Ctrl+Shift+N. No Mozilla Firefox é Ctrl+Shift+P.
z Para fechar uma janela, pressione Alt+F4. 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Os browsers para nave-
z Para abrir uma nova guia, pressione Ctrl+T. gação na Internet suportam nativamente arquivos
z Para fechar uma guia, pressione Ctrl+F4 ou Ctrl+W. em Java e em Flash, sem necessidade de aplicações
z Para reabrir uma guia fechada, pressione Ctrl+ Shift+T. adicionais.
z Para aumentar o zoom, o usuário pode pressionar
Ctrl + = (igual) ( ) CERTO ( ) ERRADO
z Para reduzir o zoom, o usuário pode pressionar
Ctrl + - (menos) Os navegadores de Internet não possuem suporte
z Definir zoom em 100% – Ctrl+0 (zero) nativo para alguns recursos, mas estes poderão ser
z Para acessar a página inicial do navegador – Alt+ adicionados através de plugins, extensões, comple-
Home mentos ou add-ons. Se o usuário acessar um conteú-
z Para visualizar os downloads em andamento ou do que exija um complemento, ele será alertado e
concluídos – Ctrl+J. poderá adicionar os recursos no momento da nave-
z Localizar um texto no conteúdo textual da página
INFORMÁTICA

gação. Resposta: Errado.


– Ctrl+F.
z Atualizar a página – F5 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) No navegador Chrome,
z Recarregar a página – Ctrl+F5 se a opção de sincronização estiver ativada, informa-
ções como favoritos, históricos e senhas serão salvas
Nos navegadores de Internet, os links poderão ser na conta do Google do usuário e poderão ser recupe-
abertos de 4 formas diferentes. radas, se necessário.

z clique - abre o link na guia atual ( ) CERTO ( ) ERRADO


z clique + CTRL - abre o link em uma nova guia 233
Os navegadores de Internet permitem o acesso às PROGRAMA CARACTERÍSTICAS
informações armazenadas em servidores remotos.
Todos os navegadores de Internet possuem funções O Microsoft Outlook, integrante do pa-
semelhantes, e uma delas é a sincronização de dados cote Microsoft Office, é um cliente de
através de contas. No Microsoft Edge a sincroniza- e-mail que permite a integração de vá-
ção será pela conta Microsoft, no Mozilla Firefox a rias contas em uma caixa de entrada
sincronização será pelo Firefox Sync (antes Firefox combinada.
One), e no Google Chrome será pela conta Google.
O Microsoft Outlook Express foi o
Nos navegadores de Internet, se a opção de sincroni-
cliente de e-mail padrão das antigas
zação estiver ativada, informações como favoritos,
versões do Windows. Ainda aparece
históricos e senhas serão salvas na conta do usuá-
listado nos editais de concursos, po-
rio e poderão ser recuperadas, se necessário. Em
rém não pode ser utilizado nas versões
todos os dispositivos conectados na mesma conta,
atuais do sistema operacional.
as informações serão recuperadas para o usuário
ter uma experiência de navegação contínua. Res- Webmail. Quando o usuário utiliza um
posta: Certo. navegador de Internet qualquer para
acessar sua caixa de mensagens no
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em uma aplicação web servidor de e-mails, ele está acessan-
tradicional, o usuário requisita uma página web consti- do pela modalidade webmail.
tuída de objetos (por exemplo, arquivo HTML, imagem
JPEG ou um clipe de vídeo), o navegador envia ao servi-
dor mensagens de requisição HTTP para os objetos da O Microsoft Outlook possui recursos que permitem
página e, ao receber as requisições, esse servidor res- o acesso ao correio eletrônico (e-mail), organização
ponde com mensagens de resposta HTTP por meio do das mensagens em pastas, sinalizadores, acompanha-
TCP ativado pela máquina que queira receber o arquivo, mento, e também recursos relacionados a reuniões e
seja em uma intranet, seja na Internet. compromissos.
Os eventos adicionados ao calendário poderão ser
( ) CERTO ( ) ERRADO enviados na forma de notificação por e-mail para os
participantes.
Quando um navegador acessa informações em um O Outlook possui o programa para instalação no
site (sítio, local), será enviada uma solicitação ao computador do usuário e a versão on-line. A versão
servidor web, que será interpretada por servidores on-line poderá ser gratuita (Outlook.com, antigo Hot-
DNS (para tradução do endereço URL para ende- mail) ou corporativa (Outlook Web Access – OWA, inte-
reço IP). Com os dados do DNS, o servidor será grante do Microsoft Office 365).
encontrado e para cada ‘request’ (requisição) será
enviada uma resposta (response). Os navegadores
de Internet utilizam os protocolos TCP/IP, e poderão
ser utilizados no acesso ao conteúdo disponível na Usuário
Internet da mesma forma que aqueles armazenados
na Intranet. Resposta: Certo.
@

Figura 3. Para acessar as mensagens armazenadas em um servidor


de e-mails, o usuário pode usar um cliente de e-mail ou o navegador
CORREIO ELETRÔNICO de Internet

O e-mail (Electronic Mail, correio eletrônico) é uma Formas de acesso ao correio eletrônico
forma de comunicação assíncrona, ou seja, mesmo
que o usuário não esteja on-line, a mensagem será Podemos usar um programa instalado em nosso
armazenada em sua caixa de entrada, permanecendo dispositivo (cliente de e-mail) ou qualquer navegador
disponível até ela ser acessada novamente. de Internet para acessarmos as mensagens recebi-
O correio eletrônico (popularmente conhecido das. A escolha por uma ou por outra opção vai além
como e-mail) tem mais de 40 anos de existência. Foi da preferência do usuário. Cada forma de acesso tem
um dos primeiros serviços que surgiu para a Internet, suas características e protocolos. Confira.
e se mantém usual até os dias de hoje.
FORMA DE
PROGRAMA CARACTERÍSTICAS CARACTERÍSTICAS
ACESSO
O Mozilla Thunderbird é um cliente Protocolo SMTP para enviar mensa-
de e-mail gratuito com código aberto gens e POP3 para receber. As mensa-
Cliente de
que poderá ser usado em diferentes gens são transferidas do servidor para
E-mail
plataformas. o cliente e são apagadas da caixa de
mensagens remota.
O eM Client é um cliente de e-mail Protocolo IMAP4 para enviar e para re-
gratuito para uso pessoal no ambiente ceber mensagens. As mensagens são
Windows e Mac. Facilmente configu- Webmail copiadas do servidor para a janela do
rável. Tem a versão Pro, para clientes navegador e são mantidas na caixa de
corporativos. mensagens remota.
234
Dica
RFC é Request for Comments, um documento
de texto colaborativo que descreve os padrões
Servidor de e-mails
Servidor de e-mails de cada protocolo, linguagem e serviço para ser
usado nas redes de computadores.

Receber – POP3 Receber IMAP4 De forma semelhante ao endereço URL para recur-
sos armazenados em servidores, o correio eletrônico
também possui o seu formato.
Existem bancas organizadoras que consideram o
Usuário Usuário formato reduzido usuário@provedor no enunciado
das questões, ao invés do formato detalhado usuá-
rio@provedor.domínio.país. Ambos estão corretos.
Cliente de e-mail Navegador de Internet
CAMPOS DE UM ENDEREÇO DE E-MAIL – USUÁRIO@
Figura 4. Usando o protocolo POP3, a mensagem é transferida para PROVEDOR.DOMÍNIO.PAÍS
o programa de e-mail do usuário e removida do servidor. Usando
COMPONENTE CARACTERÍSTICAS
o protocolo IMAP4, a mensagem é copiada para o navegador de
Internet e mantida no servidor de e-mails. Antes do símbolo de @, identifica um
Usuário
único usuário no serviço de e-mail.
Os protocolos de e-mails são usados para a troca
de mensagens entre os envolvidos na comunicação. Significa AT (lê-se ‘em’ ou ‘no’), e separa
a parte esquerda que identifica o usuá-
O usuário pode personalizar a sua configuração, mas @ rio, da parte à sua direita, que identifica
em concursos públicos o que vale é a configuração o provedor do serviço de mensagens
padrão, apresentada neste material. eletrônicas.
SMTP (Simple Mail Transfer Protocol) é o Protoco-
Imediatamente após o símbolo de @,
lo para Transferência Simples de E-mails. Usado pelo
identifica a empresa ou provedor que
cliente de e-mail para enviar para o servidor de men- Nome do domínio armazena o serviço de e-mail (o servidor
sagens, e entre os servidores de mensagens do reme- de e-mail executa softwares como o Mi-
tente e do destinatário. crosoft Exchange Server, por exemplo).
POP3 ou apenas POP (Post Office Protocol 3) é o
Identifica o tipo de provedor, por exem-
Protocolo de Correio Eletrônico, usado pelo cliente de plo, COM (comercial), .EDU (educa-
e-mail para receber as mensagens do servidor remoto, cional), REC (entretenimento), GOV
Categoria do
removendo-as da caixa de entrada remota. (governo), ORG (organização não-gover-
domínio
IMAP4 ou IMAP (Internet Message Access Protocol) namental), etc., de acordo com as defi-
é o Protocolo de Acesso às Mensagens via Internet é nições de Domínios de Primeiro Nível
(DPN) na Internet.
usado pelo navegador de Internet (sobre os protoco-
los HTTP e HTTPS) na modalidade de acesso webmail, Informação que poderá ser omitida, quan-
transferindo cópias das mensagens para a janela do do o serviço está registrado nos Estados
navegador e mantendo as originais na caixa de men- País Unidos. O país é informado por duas letras,
como: BR, Brasil, AR, Argentina, JP, Japão,
sagens do servidor remoto.
CN, China, CO, Colômbia, etc.

Dica
Servidor Exchange Enviar e Receber Servidor Gmail
SMTP Quando o símbolo @ é usado no início, antes
Enviar – SMTP do nome do usuário, identifica uma conta em
Enviar e Receber rede social. Para o endereço URL do Instagram
Receber – POP3 IMAP4 https://www.instagram.com/novaconcursos/, o
nome do usuário é @novaconcursos.

Remetente
Cliente
Destinatário Ao redigir um novo e-mail, o usuário poderá preen-
Webmail
cher os campos disponíveis para destinatário(s), título
Figura 5. O remetente está usando o programa Microsoft Outlook
da mensagem, entre outros.
(cliente) para enviar um e-mail. Ele usa o seu e-mail corporativo
(Exchange). O e-mail do destinatário é hospedado no servidor Gmail, Para enviar a mensagem, é preciso que exista
e ele utiliza um navegador de Internet (webmail) para ler e responder um destinatário informado em um dos campos de
INFORMÁTICA

os e-mails recebidos. destinatários.


Se um destinatário informado não existir no servi-
Uso do correio eletrônico dor de e-mails do destino, a mensagem será devolvida.
Se a caixa de entrada do destinatário não puder rece-
Para utilizar o serviço de correio eletrônico, o ber mais mensagens, a mensagem será devolvida. Se
usuário deve ter uma conta cadastrada em um serviço o servidor de e-mails do destinatário estiver ocupado,
de e-mail. O formato do endereço foi definido inicial- a mensagem tentará ser entregue depois.
mente pela RFC822, redefinida pela RFC2822, e atuali- Conheça estes elementos na criação de uma nova
zada na RFC5322. mensagem de e-mail. 235
CAMPOS DE UMA MENSAGEM DE E-MAIL A mensagem permanece com um ícone de relógio,
enquanto não for enviada.
CAMPO CARACTERÍSTICAS Lixo Eletrônico ou SPAM é um local para onde
são direcionadas as mensagens sinalizadas como
Identifica o usuário que está en- lixo. Spam é o termo usado para referir-se aos e-mails
viando a mensagem eletrônica, não solicitados, que geralmente são enviados para
FROM (De)
o remetente. É preenchido auto- um grande número de pessoas. Quando o conteúdo
maticamente pelo sistema. é exclusivamente comercial, esse tipo de mensagem
Identifica o (primeiro) destinatá- é chamado de UCE (do inglês Unsolicited Commercial
rio da mensagem. Poderão ser E-mail – e-mail comercial não solicitado). Estas men-
especificados vários endereços sagens são marcadas pelo filtro AntiSpam, e procuram
de destinatários neste campo, e identificar mensagens enviadas para muitos destina-
serão separados por vírgula ou tários ou com conteúdo publicitário irrelevante para
TO (Para) o usuário.
ponto-e-vírgula (segundo o ser-
viço). Todos que receberem a
mensagem, conhecerão os outros Outras operações com o correio eletrônico
destinatários informados neste
campo. O usuário poderá sinalizar a mensagem, tanto as
mensagens recebidas como as mensagens enviadas.
Identifica os destinatários da Ele poderá solicitar confirmação de entrega e confir-
mensagem que receberão uma mação de leitura. A mensagem recebida poderá ser
cópia do e-mail. CC é o acrônimo impressa, visualizar o código fonte ou ignorar mensa-
CC (com cópia ou
de Carbon Copy (cópia carbono). gens de um remetente.
cópia carbono)
Todos que receberem a mensa- Confira a seguir as operações ‘extras’ para o uso do
gem, conhecerão os outros desti- correio eletrônico com mais habilidade e profissiona-
natários informados neste campo. lismo, facilitando a organização do usuário.
Identifica os destinatários da
Ação e características
mensagem que receberão uma
cópia do e-mail. BCC é o acrô-
BCC (CCO – com z Alta prioridade – Quando marca a mensagem
nimo de Blind Carbon Copy (có-
cópia oculta ou có- como Alta Prioridade, o destinatário verá um pon-
pia carbono oculta). Todos que
pia carbono oculta) to de exclamação vermelho no destaque do título.
receberem a mensagem não co-
z Baixa prioridade – Quando o remetente marca a
nhecerão os destinatários infor-
mensagem como Baixa Prioridade, o destinatário
mados neste campo.
verá uma seta azul apontando para Baixo no des-
Identifica o conteúdo ou títu- taque do título.
SUBJECT (assunto) lo da mensagem. É um campo z Imprimir mensagem – O programa de e-mail ou
opcional. navegador de Internet prepara a mensagem para
ser impressa, sem as pastas e opções da visualiza-
Anexar Arquivo: Identifica o(s) ção do e-mail.
arquivo(s) que estão sendo en- z Ver código fonte da mensagem – As mensagens
viados junto com a mensagem. possuem um cabeçalho com informações técnicas
Existem restrições quanto ao sobre o e-mail, e o usuário poderá visualizar elas.
ATTACH (anexo)
tamanho do anexo e tipo (exe- z Ignorar – Disponível no cliente de e-mail e em
cutáveis são bloqueados pelos alguns webmails, ao ignorar uma mensagem, as
webmails). Não são enviadas próximas mensagens recebidas do mesmo reme-
pastas. tente serão excluídas imediatamente ao serem
armazenadas na Caixa de Entrada.
O conteúdo da mensagem de
z Lixo Eletrônico – Sinalizador que move a mensa-
Mensagem e-mail, poderá ter uma assina-
gem para a pasta Lixo Eletrônico e instrui o correio
tura associada inserida no final.
eletrônico para fazer o mesmo com as próximas
mensagens recebidas daquele remetente.
As mensagens enviadas, recebidas, apagadas ou z Tentativa de Phishing – Sinalizador que move a
salvas, estarão em pastas do servidor de correio ele- mensagem para a pasta Itens Excluídos e instrui o
trônico, nominadas como ‘caixas de mensagens’. serviço de e-mail sobre o remetente da mensagem
A pasta Caixa de Entrada contém as mensagens estar enviando links maliciosos que tentam captu-
recebidas, lidas e não lidas. rar dados dos usuários.
A pasta Itens Enviados contém as mensagens efe- z Confirmação de Entrega – O servidor de e-mails do
tivamente enviadas. destinatário envia uma confirmação de entrega,
A pasta Itens Excluídos contém as mensagens informando que a mensagem foi entregue na Cai-
apagadas. xa de Entrada dele com sucesso.
A pasta Rascunhos contém as mensagens salvas e z Confirmação de Leitura – O destinatário pode
não enviadas. confirmar ou não a leitura da mensagem que foi
A pasta Caixa de Saída contém as mensagens que enviada para ele.
o usuário enviou, mas que ainda não foram transfe-
ridas para o servidor de e-mails. Semelhante ao que A confirmação de entrega é independente da con-
ocorre quando enviamos uma mensagem no app firmação de leitura. Quando o remetente está elabo-
WhatsApp, mas estamos sem conexão com a Internet. rando uma mensagem de e-mail, ele poderá marcar
236
as duas opções simultaneamente. Se as duas opções Grupos de discussão
forem marcadas, o remetente poderá receber duas
confirmações para a mensagem que enviou, sendo Existem serviços na Internet que possibilitam a
uma do servidor de e-mails do destinatário e outra do troca de mensagens entre os assinantes de uma lista
próprio destinatário. de discussão. O Grupos do Google é o último serviço
em atividade, segundo o formato original.
Yahoo Grupos foi encerrado em 15 de dezembro
de 2019, e os membros não poderão mais enviar ou
receber e-mails do Yahoo Grupos.
Servidor Exchange Servidor Gmail Grupo de Discussão, ou Lista de Discussão, ou
Enviar e-mail
O servidor confirma a
Fórum de Discussão são denominações equivalentes
com confirmação
de entrega entrega do e-mail na caixa para um serviço que centraliza as mensagens recebi-
de entreda do destinatário das que foram enviadas pelos membros e redistribui
Recebendo a para os demais participantes.
confirmação de entrega
Os grupos de discussão do Facebook surgiram den-
tro da rede social e ganharam adeptos, especialmente
Destinatário
Webmail
pela facilidade de acesso, associação e participação.
Remetente
Cliente

ITEM CARACTERÍSTICAS
Figura 6. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de
Entrega, o remetente recebe a confirmação do servidor de e-mails Privacidade O grupo poderá ser público e visível,
do destinatário, informando que ela foi armazenada corretamente na ou restrito e visível (qualquer um pode
Caixa de Entrada do e-mail do destinatário.
pedir para participar), ou secreto e in-
visível (somente convidados podem
Enviar e-mail
ingressar).

Servidor Exchange Servidor Gmail


Proprietário Criador do grupo.
Enviar e-mail
com confirmação O destinatário Gerentes ou Participantes convidados pelo pro-
confirma a leitura
de leitura
da mensagem
Moderadores prietário para auxiliar na moderação
Recebendo a das mensagens e gerenciamento do
confirmação de leitura
grupo.
Remetente
Cliente
Destinatário Administrador Em grupos no Facebook, pode ser o
Webmail criador ou gerente/moderador convi-
Figura 7. Quando uma mensagem é enviada com Confirmação de dado pelo dono do grupo.
Leitura, o destinatário poderá confirmar (ou não) que fez a leitura do
conteúdo do e-mail. Assinatura Como receberá as mensagens. Pode-
rá ser uma por uma, ou resumo das
mensagens por e-mail, ou e-mail de
resumos (com os tópicos recebidos
EXERCÍCIOS COMENTADOS no grupo), ou nenhum e-mail (para
leitura na página do grupo).
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) O símbolo @ em endereços
de email tem o sentido da preposição no, sendo utilizado
para separar o nome do usuário do nome do provedor. Quais são as vantagens de um grupo?

( ) CERTO ( ) ERRADO z Os participantes podem enviar uma mensagem,


que será enviada para todos os participantes.
z Permite reunir pessoas com os mesmos interesses.
Em um endereço eletrônico padrão usuário@prove- z Organizar reuniões, eventos e conferências.
dor, o símbolo @ indica que é o usuário ‘no’ prove- z Ter uma caixa de mensagens colaborativa, com
dor de e-mails. Resposta: Certo. possibilidade de acesso aos conteúdos que foram
enviados antes do seu ingresso no grupo.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Nos softwares de email,
a opção Bcc (blind carbon copy) tem como um de seus Neste momento você irá se perguntar: “mas isto o
objetivos esconder os destinatários para evitar ações de Facebook, WhatsApp e até o Telegram já fazem, não é
spam. mesmo?”.
Verdade.
( ) CERTO ( ) ERRADO Os antigos grupos de discussão foram o modelo
a ser seguido para o desenvolvimento dos grupos do
Quando um endereço de destinatário é informado Facebook, dos grupos no comunicador WhatsApp e
INFORMÁTICA

no campo CCO ou BCC, ele receberá a mensagem e os no Telegram. Nos grupos de Facebook o participante
anexos, mas não terá o seu endereço revelado para envia um post, ou anúncio, ou arquivo, e todos podem
consultar na página o que foi compartilhado. Nos gru-
os outros destinatários. Como seu endereço está
pos de WhatsApp e Telegram também, e todos podem
oculto, caso a mensagem seja utilizada por alguém
consultar o grupo no aplicativo.
ou algum programa de captura de dados para envio Como funcionam os grupos de discussão?
de spams, as informações não serão reveladas. Res- O usuário envia um e-mail para um endereço defi-
posta: Certo. nido e faz a assinatura. Outras formas de associação
incluem o pedido diretamente na página do grupo ou
o link recebido em um convite por e-mail.
237
Depois de associado ao grupo, ele receberá em seu recebem cópia em seu e-mail ou aviso de resumo das
e-mail as mensagens que os outros usuários enviarem. mensagens. Resposta: Errado.
Poderá optar por um resumo das mensagens, ou resumo
semanal, ou apenas visualizar na página do grupo. Lem- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Os grupos de discussão
brando que nos anos 90/2000, os e-mails tinham tama- são um tipo de rede social utilizada exclusivamente por
nho limitado para a caixa de entrada de cada usuário. usuários conectados à Internet.
O envio para um endereço único permite a distribui-
ção para os assinantes da lista de discussão. Uma cópia ( ) CERTO ( ) ERRADO
da mensagem e anexos se houverem, será disponibiliza-
da no mural da página do grupo, para consultas futuras. O conceito de grupo de discussão é muito mais anti-
go que o conceito de rede social, e poderá ser usado
Mensagem por usuários da Intranet ou da Internet. A Intra-
enviada para
Grupos de todos os net é uma rede local que tem os mesmos serviços
discussão participantes da Internet. Para ser uma rede social, o site/serviço
inscritos no
Mensagem enviada grupo deve oferecer cadastro de usuários, possibilidade
para o endereço de de discussão de criação de relacionamentos, envio de mensagens
e-mail do grupo
privativas, compartilhamentos, etc. Um grupo de
Usuários da Internet
Quem não é inscrito
discussão não possui todas estas características.
no grupo, não recebe Resposta: Errado.
Usuário participante a mensagem
Figura 8. Os usuários participantes dos grupos de discussão trocam 3. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Em intranet, podem ser cria-
mensagens através de um hub que centraliza e distribui para os dos grupos de discussão ou redes sociais corporativas
demais participantes.
para se tratar, por exemplo, de resultados de pesquisas
realizadas em determinado período pela organização
A qualquer momento o usuário poderá desistir e que utiliza a intranet.
sair do grupo, tanto pela página como por um endere-
ço de e-mail próprio (unsubscribe).
( ) CERTO ( ) ERRADO
A principal diferença entre um grupo de discussão
e uma lista de distribuição de e-mails está relacionada
A Intranet é uma rede local de acesso restrito que
com a exibição do endereço dos participantes. Em um
usa os mesmos protocolos, serviços e programas
grupo de discussão, cada membro tem acesso a um
endereço que enviará cópia para todos os participan- da Internet. Portanto, se existe um servidor de rede
tes do grupo, e nas mensagens respondidas, aparece o com um gerenciador de grupos ou um gerenciador
endereço original do remetente. de redes sociais internas (como o Ning, ou o Micro-
Apesar do tópico aparecer em diversos editais soft Lync, ou o Facebook Workplace), é possível
de concursos, faz vários anos que não são aplicadas criar grupos de discussão ou redes sociais na rede
questões sobre o tema, em todos os concursos, inde- interna da empresa. Resposta: Certo.
pendente da banca organizadora.
Sites de busca e pesquisa
Dica
Na Internet, os sites (sítios) de busca e pesquisa têm
Os Grupos de Discussão (com as características como finalidade apresentar os resultados de endere-
e funcionalidades originais) desapareceram ao ços URLs com as informações solicitadas pelo usuário.
longo do tempo, sendo substituídos pelos gru- Google Buscas, da empresa Google, e Microsoft
pos nas redes sociais (com novos recursos e Bing, da Microsoft, são os dois principais sites de pes-
integração com os perfis delas). Este é um tópi- quisa da atualidade. No passado, sites como Cadê,
co que deverá ser questionado cada vez menos, Aonde, Altavista e Yahoo também contribuíram para a
assim como Redes Sociais. acessibilidade das informações existentes na Internet,
indexando em diretórios os conteúdos disponíveis.
Os sites de pesquisas foram incorporados aos
navegadores de Internet, e na configuração dos bro-
EXERCÍCIOS COMENTADOS wsers temos a opção “Mecanismo de pesquisa”, que
permite a busca dos termos digitados diretamente na
1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Lista de discussão é uma barra de endereços do cliente web. Esta funcionalida-
ferramenta de comunicação limitada a uma intranet, ao de transforma a nossa barra de endereços em uma
passo que grupo de discussão é uma ferramenta geren- omnibox (caixa de pesquisa inteligente), que preenche
ciável pela Internet que permite a um grupo de pessoas com os termos pesquisados anteriormente e oferece
a troca de mensagens via email entre todos os membros sugestões de termos para completar a pesquisa.
do grupo. O Microsoft Edge tem o Microsoft Bing como busca-
dor padrão. O Mozilla Firefox e o Google Chrome têm
( ) CERTO ( ) ERRADO o Google Buscas como buscador padrão. As configura-
ções podem ser personalizadas pelo usuário.
As listas de discussão e os grupos de discussão são Os sites de pesquisas incorporam recursos para
serviços disponíveis na Internet, que podem ser usa- operações cotidianas, como pesquisa por textos,
dos na Intranet, porém sem limitações como sugeri- imagens, notícias, mapas, produtos para comprar
do na questão. Assinamos um grupo de discussão, e em lojas on-line, efetua cálculos matemáticos, tra-
toda mensagem enviada para o grupo, os assinantes duz textos de um idioma para outro, entre inúmeras
funcionalidades.
238
Os sites de pesquisas ignoram pontuação, acen- Os comandos são seguidos de dois pontos e não pos-
tuação e não diferenciam letras maiúsculas de letras suem espaço com a informação digitada na pesquisa.
minúsculas, mesmo que sejam digitadas entre aspas. O site de pesquisas Google também oferece respos-
E além de todas estas características, os sites de tas para pedidos de buscas. O site Microsoft Bing ofe-
pesquisa permitem o uso de caracteres especiais (sím- rece mecanismos similares.
bolos) para refinar os resultados e comandos para As possibilidades são quase infinitas, pois os assis-
selecionar o tipo de resultado da pesquisa. Nos con- tentes digitais (Alexa, Google Assistent, Siri, Cortana)
cursos públicos, estes são os itens mais questionados. permitem a pesquisa por voz. Veja alguns exemplos
Ao contrário de muitos outros tópicos dos editais de pedidos de buscas nos sites de pesquisas.
de concursos públicos, esta parte você consegue prati-
car, até no seu smartphone. Comece a usar os símbolos PEDIDO USO EXEMPLO
e comandos nas suas pesquisas na Internet, e visualize
os resultados obtidos. traduzir ... para Google traduzir maçã
... Tradutor. para japonês
SÍMBOLO USO EXEMPLO
lista telefôni- Páginas com o Lista telefôni-
Aspas Pesquisa exata, na mesma “Nova ca:número telefone. ca:99999-9999
duplas ordem que forem digitados Concursos”
os termos. Cotação da bol-
código da ação GOOG
sa de valores.
Menos ou Excluir termo da pesquisa. concursos
traço –militares clima Previsão do
clima são paulo
Til (acento) Pesquisar sinônimos. concursos localidade tempo.
~públicos
Status de um
Asterisco Substituir termos na pes- inscrições * código do voo ba247
voo (viagens).
quisa, para pesquisar ‘ins-
crições encerradas’, e ‘ins-
crições abertas’, e ‘inscri- Os resultados apresentados pelas pesquisas do site
ções suspensas’, etc. são filtrados pelo SafeSearch. O recurso procura filtrar
Cifrão Pesquisar por preço. celulares os resultados com conteúdo adulto, evitando a sua
$1000 exibição. Quando desativado, os resultados de conteú-
do adulto serão exibidos normalmente.
Dois pontos Intervalo de datas ou preço. campeão
1980..1990
No Microsoft Bing, na página do buscador www.
bing.com, acesse o menu no canto superior direito e
Arroba Pesquisar em redes @Instagram escolha o item Pesquisa Segura.
sociais. novaconursos No Google, na página do site do buscador www.
Hashtags Pesquisar nas marcações #informática google.com, acesse o menu Configurações no can-
de postagens. to inferior direito e escolha o item Configurações de
Pesquisa.
É importante saber que, As bancas costumam
COMANDO USO EXEMPLO questionar funcionalidades do Microsoft Bing que
são idênticas às funcionalidades do Google Buscas. Ao
Resultados de ape- livro site:www.
site: inserir o nome do navegador da Microsoft na ques-
nas um site. uol.com.br
tão, a banca procura desestabilizar o candidato com a
Somente um tipo de apostila dúvida acerca do recurso questionado.
filetype:
arquivo. filetype:pdf

Definição de um
define: define:smtp
termo. EXERCÍCIOS COMENTADOS
intitle: No título da página. intitle:concursos
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em uma pesquisa por meio
No endereço URL da do Google, o uso da expressão “concurso fub” -“nível
inurl: inurl:nova médio”, incluindo as aspas duplas, permite encontrar
página.
informações somente dos concursos de nível médio da
Pesquisa o horário FUB que estiverem disponíveis na Internet.
time: em determinado time:japan
local. ( ) CERTO ( ) ERRADO
related:uol.com.
related: Sites relacionados. O sinal de menos usado nas pesquisas é para excluir
br
INFORMÁTICA

o termo ou termos informados entre aspas. Na pes-


Versão anterior do cache:uol.com. quisa com o uso da expressão “concurso fub” -“nível
cache:
site. br médio”, serão apresentados resultados contendo
exatamente “concurso fub”, mas sem “nível médio”.
Páginas que con- Retirando o sinal de menos, a expressão retornará
link:
link: tenham link para informações somente dos concursos de nível médio
novaconcursos
outras. da FUB que estiverem disponíveis na Internet. Res-
Informações de um location:méxico posta: Errado.
location:
determinado local. terremoto
239
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Embora o Google possua As redes sociais distribuídas são aquelas que
diversos recursos para filtrar resultados de pesquisas, dependem das conexões de um usuário para ter aces-
não é possível encontrar uma imagem em um sítio ou so a outras conexões. O LinkedIn é um exemplo, que
domínio específico. prioriza as conexões conhecidas e as conexões rela-
cionadas, independente dos grupos onde o usuário
( ) CERTO ( ) ERRADO está participando no momento.
Em todas as redes sociais, a super exposição de
Nos sites de pesquisas, como o Google, é possível dados de usuários pode comprometer a segurança
realizar a pesquisa por Imagens. Nas Ferramentas da informação. Técnicas de Engenharia Social podem
da pesquisa de imagens, é possível selecionar a pes- ser usadas para vasculhar as informações publicadas
quisa por cores (colorido, preto e branco, transpa- pelos usuários, à procura de conexões, relacionamen-
rente ou uma cor específica). Resposta: Errado. tos, senhas, dados de documentos e outras informa-
ções que poderão ser usadas contra o usuário.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Situação hipotética:
Foram realizadas duas pesquisas na Web por meio do REDES
CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
Google. Na primeira, inseriu-se na caixa de pesquisa a SOCIAIS
expressão site:bnb.com.br. Na segunda, inseriu-se na O Facebook é a Todos os usuá-
caixa de pesquisa a expressão site: bnb.com.br. maior rede social da rios de Internet e
Assertiva: Em ambos os casos, os resultados obtidos atualidade. empresas.
serão exatamente os mesmos, pois o Google não dis-
tingue o uso de espaço entre o termo de pesquisa e o O Twitter é uma rede Ativistas, artistas, em-
social para publicações presas e políticos.
símbolo ou a palavra.
curtas e rápidas.

( ) CERTO ( ) ERRADO O LinkedIn é uma rede Empresas, emprega-


social para conexões dos, empregadores e
Os comandos precisam estar juntos com os ter- entre empresas e candidatos.
mos (parâmetros). Ao informar a expressão site: empregados.
bnb.com.br, serão pesquisados os termos ‘site:’ e o Facebook Workplace, Empresas que contra-
endereço URL ‘bnb.com.br’, apresentando quase 4 usado por empresas tem o serviço e seus
milhões de resultados. para conectar seus colaboradores.
Ao informar a expressão site:bnb.com.br (sem espa- colaboradores.
ço), serão pesquisados somente no endereço URL O Instagram é uma rede Todos os usuários de
‘bnb.com.br’, apresentando menos de mil resulta- social para compartilha- Internet e empresas.
dos. Resposta: Errado. mento de fotos, vídeos e
venda de produtos.
Redes Sociais O Tumblr é uma rede Todos os usuários de
social para comparti- Internet e empresas.
As redes sociais se tornaram populares entre lhamento de conteúdo
os usuários, ao oferecerem os pilares dos relacio- como blogs (textos,
namentos em formato digital: curtir, comentar e imagens, vídeos, links,
compartilhar. etc.)
Teoricamente, elas se dividem em duas catego-
rias: sites de relacionamento (redes sociais) e mídias MÍDIAS
sociais. CARACTERÍSTICAS PÚBLICO ALVO
SOCIAIS
Na prática, estes conceitos acabam sendo sobre-
postos nas novas redes. Wordpress é um portal
Usuários de Internet
O modelo pode ser centralizado, descentralizado de blogs que permite
com foco em produ-
ou distribuído. o armazenamento de
ção de conteúdo.
No modelo centralizado, as informações são exi- websites.
bidas para os usuários a partir de servidores de uma
empresa, de acordo com os parâmetros de cada usuá- O Youtube é um portal Produtores de con-
rio. Localização, idade, sexo, preferências políticas, e de vídeos com recur- teúdo multimídia e
todas as demais informações dadas pelos usuários no sos de redes sociais. consumidores.
perfil da rede social, serão usadas para a apresentação
dos resultados na linha do tempo dele. O Twitter é um Usuários colabora-
exemplo centralizado, com distribuição de conteúdo O Wikipedia é um site
dores e voluntários
semelhante à topologia Estrela, das redes de computa- para publicação de
que contribuem com
dores, com um nó centralizador. conhecimento no for-
novos conteúdos e
mato colaborativo.
As redes sociais ou mídias descentralizadas são revisões.
aquelas que, apesar de existirem nós maiores e prin-
cipais, os usuários acessam apenas parte das informa-
ções disponíveis. Critérios informados nos perfis dos Saiba:
usuários, postagens que ele curtiu, postagens que ele Redes sociais é um tópico pouco questionado em
ocultou para não ver mais nada relacionado, grupos concursos públicos, devido às atualizações que elas
dentro das redes sociais, etc. O Facebook é um exem- oferecem quase diariamente em seus recursos e ope-
plo de rede descentralizada, onde as conexões pes- ração de algoritmos. Se comparar o Facebook de hoje
soais são expandidas para o grupo. com as regras e recursos do Facebook do ano passa-
do, poderá ver a quantidade de funcionalidades que
foram alteradas.
240
ACESSO À DISTÂNCIA A COMPUTADORES, envolvem as redes de computadores. Mensagens de
TRANSFERÊNCIA DE INFORMAÇÃO E ARQUIVOS, erros, problemas de conexão, instabilidades e proble-
APLICATIVOS DE ÁUDIO, VÍDEO E MULTIMÍDIA mas de segurança da informação se tornam mais claros
para quem conhece os protocolos e seu funcionamento.
Nas redes de computadores, os dados são arquivos
HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de
disponibilizados pelos servidores. Poderão ser servi-
transferência de hipertextos.
dores web, com páginas web para serem acessadas por
um navegador (browser) web. Ou ainda servidores de Opera pela porta TCP 80
arquivos FTP, para serem acessados por um cliente FTP. Transfere arquivos HTML (Hyper Text Markup
O acesso à distância a computadores será realiza- Language – linguagem de marcação de hipertextos).
do utilizando o paradigma cliente servidor, onde um Protocolo mais utilizado para navegação, tanto na
será o servidor que fornecerá o acesso ou arquivos e Internet como na Intranet.
outro dispositivo será o cliente que estiver acessando. As tags (comandos) HTML são interpretadas pelo
navegador de Internet, que exibe o conteúdo.
Protocolo seguro Arquivos HTML podem ser produzidos em editores
de textos sem formatação (como o Bloco de Notas) ou em
editores de textos completos (como o Microsoft Word).

Usuário final Servidor remoto HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – Protocolo de Transferência de Hipertextos
Porta TCP 80

O acesso à distância a computadores deverá ser HTTP – request (requisição)


realizado de forma segura, com uso de VPN (Virtual
Private Network), que implementa protocolos seguros HTTP – response (resposta)
Cliente
na conexão, evitando monitoramento dos dados por Web
Servidor
Web
terceiros.

Intranet Extranet Intranet


HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro-
Protocolo seguro
Conexão
tocolo seguro de transferência de hipertextos.
segura Opera pela porta TCP 443
Conexão
Transfere arquivos HTML, ASP, PHP, JSP, DHTML, etc.
segura Protocolo mais utilizado para navegação segura,
Matriz Internet Filial
tanto na Internet como na Intranet.
As tags (comandos) HTML não mudam, mas pos-
Os conceitos envolvidos no acesso remoto são os suem comandos adicionais (scripts) que complemen-
que definem a Extranet. tam a exibição de conteúdo específico.
Extranet é uma conexão segura entre ambientes Utiliza criptografia, acionando camadas adicionais
seguros, usando uma infraestrutura pública e insegura.
como SSL e TLS na conexão.
A troca de dados entre o cliente e o servidor será rea-
lizada por protocolos de transferência. Todas as redes HTTP – Hyper Text Transfer Protocol Secure – Protocolo Seguro
utilizam os mesmos protocolos, linguagens e serviços. de Transferência de Hipertextos – Porta TCP 443

Transferência de Informação e Arquivos


HTTPS – request (requisição)
Cliente
Cada sistema operacional tem o seu sistema de Web
HTTPS – certificado digital
arquivos, para endereçamento das informações arma-
zenadas nos discos de armazenamento. Diretamente, Identidade confirmada
não é possível a comunicação ou leitura destes dados. Servidor
A família de protocolos TCP/IP procura normatizar HTTPS – response (resposta) Web
o envio e recebimento das informações entre disposi-
tivos conectados em rede, através dos protocolos de O protocolo HTTPS é o mais questionado em pro-
transferência. Um protocolo é um padrão de comuni- vas de concursos, tanto em Conceitos de Internet e
cação, uma linguagem comum aos dois dispositivos Intranet, como em Transferência de dados e arquivos,
envolvidos na comunicação, que possibilita a transfe- como em Segurança da Informação.
rência de dados. FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe-
Alguns dos principais protocolos de transferência
rência de arquivos. Opera com duas portas TCP, uma
de arquivos são:
para dados (20) e outra para comandos (21).
Transfere qualquer tipo de informação.
z HTTP – Hyper Text Transfer Protocol – protocolo de
Pode transferir em modo byte a byte (arquivos de
transferência de hipertextos.
INFORMÁTICA

z HTTPS – Hyper Text Transfer Protocol Secure – pro- textos) ou bit a bit (arquivos executáveis).
tocolo seguro de transferência de hipertextos. Os navegadores de Internet possuem suporte para
z FTP – File Transfer Protocol – protocolo de transfe- acesso aos servidores FTP.
rência de arquivos. O usuário pode instalar um cliente FTP dedicado
z SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo ao acesso aos servidores FTP, que opera de forma mais
simples de transferência de e-mail. rápida que nos navegadores de Internet.
Pode utilizar criptografia.
Conhecer o funcionamento dos protocolos de Inter- O modo anônimo caiu em desuso, e poucos servi-
net auxilia na compreensão das tarefas cotidianas que dores FTP ainda aceitam conexão anônima. 241
FTP – File Transfer Protocol _ Protocolo de Transferência de arquivos
Porta TCP 20 (dados) e 21 (controle)
Os softwares que reproduzem conteúdo multimí-
dia, como o Windows Media Player e o Groove Music
FTP – Comando OPEN (iniciar (além de opções de terceiros como o VNC Player), reco-
transferência)
nhecem o arquivo como tendo conteúdo multimídia a
FTP – Comando PUT (para upload, partir da extensão dele.
adicionar arquivos)

FTP – Comando GET (para download,


EXTENSÃO COMENTÁRIOS
baixar arquivos)
Audio Video Interleave. Formato de ví-
.avi
Cliente FTP – dados transferidos para a
Servidor deo padrão do Windows.
solicitação GET Web
Web
Formato de vídeo popular entre apare-
.3gp
FTP – comando CLOSE lhos smartphones
(finalizar transferência)
Formato de vídeo da Macromedia, usado
.flv
SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – protocolo pelo Adobe Flash, com baixa qualidade.
simples de transferência de e-mail. Neste formato, as trilhas de áudio, vídeo e
Pode operar pelas portas TCP 25, 587, 465, ou 2525. .mkv legendas são encapsuladas em um único
A porta 25 é a mais antiga, e atualmente é bloquea- contêiner, suportando diversos formatos.
da pela maioria dos servidores, para evitar spam.
A porta 587 é a padrão, com suporte para TLS QuickTime File Format é um formato de
(camada adicional de segurança). .mov arquivo de computador usado nativa-
A porta 465 foi atribuída para SMTPS (SMTP sobre mente pela estrutura do QuickTime.
SSL), mas foi reatribuída e depreciada.
A porta 2525 não é uma porta oficial, mas muito Arquivo áudio MP3 (MPEG-1 Layer 3).
usada por provedores para substituir a porta 587, Formato de áudio que aceita compres-
quando ela estiver bloqueada. .mp3 são em vários níveis. Pode utilizar o
Transfere a mensagem de e-mail do cliente para o Windows Media Player ou Groove Music
servidor, e de um servidor para outro servidor. para reprodução.

SMTP – Simple Mail Transfer Protocol – Protocolo de Transferência Simples de Moving Picture Experts Group. Arquivo de
E-mail – Porta TCP 25, 587, 465, ou 2525 vídeo comprimido, visível em quase qual-
.mpg quer reprodutor, por exemplo, o Real One
SMTP – enviar SMTP – enviar ou o Windows Media Player. É o formato
e-mail e-mail
para gravar filmes em formato VCD.
Cliente
E-mail Servidor Servidor Real Media Variable Bitrate. Formato de
E-mail E-mail
.rmvb vídeo com taxa variável de qualidade, de-
senvolvido pela Real Networks.
Aplicativos de áudio, vídeo e multimídia.
Formato de áudio Wave, sem compacta-
Os softwares instalados no computador, podem .wav
ção com baixa amostragem.
ser classificados de formas diferentes, de acordo com
o ponto de vista e sua utilização. Windows Media Audio, formato de áudio
.wma
Vamos conhecer algumas delas. padrão do Windows.

CATEGO- Windows Media Video, formato de vídeo


CARACTERÍSTICA EXEMPLO .wmv
RIA padrão do Windows.
Sistemas Operacio- Windows e Linux.
nais, que oferecem As aplicações multimídia utilizam o fluxo de dados
Básico uma plataforma com áudio, vídeo e metadados. Os metadados são usa-
para execução de dos para diferentes funções, como identificação da fon-
outros softwares.
te, dados sobre duração da transmissão, verificação da
Programas que per- Microsoft Office e qualidade, etc. Quando usados separadamente, o usuá-
mitem ao usuário LibreOffice, repro- rio pode baixar apenas o áudio de um vídeo, ou modi-
Aplicativo
criar e manipular dutores de mídias.
ficar os metadados do MP3 para exibir as informações
seus arquivos.
editadas sobre autor, disco, nome da música etc.
Softwares que rea- Compactador de Os fluxos de dados devem ser analisados na forma
lizam uma tarefa arquivos, Desfrag-
de contêiner (pacote encapsulado), a fim de mensurar
Utilitários para a qual fora mentador de Dis-
a qualidade e quantidade de dados trafegados.
projetado. cos, Gerenciadores
de Arquivos. Stream é um fluxo de dados com pacotes de vídeo
e áudio transferidos de um servidor remoto para o
Software malicioso, Vírus de computa-
dispositivo local. Popularizado pelo serviço Netflix
que realiza ações dor, worms, cavalo
Malware que comprometem de Troia, spywares, de filmes e séries, o formato stream fragmenta o con-
a segurança da phishing, pharming, teúdo em pacotes de dados para serem enviados pelo
informação. ransomware, etc. canal com protocolos TCP. Estes pacotes de dados são
242 os contêineres.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Internet 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Nas aplicações multimí-
dia, os fluxos de dados podem conter áudio, vídeo e
metadados que viabilizam a sincronização de áudio e
vídeo. Cada um desses três fluxos pode ser manipula-
A transferência de arquivos poderá ser realizada do por diferentes programas, processos ou hardwares,
de três formas: mas, para que os fluxos de dados de determinada apli-
cação multimídia sejam qualitativamente otimizados
na transmissão ou no armazenamento, eles devem ser
z Fluxo contínuo;
encapsulados juntos, em um formato de contêiner.
z Modo blocado;
z Modo comprimido.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Na transferência por fluxo contínuo, os dados são
transmitidos como um fluxo contínuo de caracteres. As aplicações multimídia reproduzem informações
recebidas no formato de arquivos, que normalmente
contém informações encapsuladas. Um arquivo mul-
timídia de vídeo, por exemplo, contém informações
de vídeo, do áudio e de metadados. Os metadados
descrevem o vídeo, como nome do autor, nome da
Internet música, data de lançamento, duração, entre outras.
Quando estas informações são transmitidas pela
Internet, como nos vídeos do site Youtube, se hou-
ver o envio separado dos dados, partes dos pacotes
Fluxo contínuo – os dados são enviados na forma de um fluxo de caracteres enviados podem se perder. Pelo modo de retrans-
missão padrão do conjunto TCP, uma falha poderá
No modo blocado, o arquivo é transferido como atrasar a recepção dos próximos dados.
uma série de blocos precedidos por um cabeçalho Para evitar este problema, o fluxo de dados costuma
especial. Este cabeçalho é constituído por um conta- ser realizado no formato de contêiner, onde cada
dor (2 bytes) e um descritor (1 byte). pacote de dados contém as informações necessá-
rias para a reprodução daquele segmento. O mesmo
procedimento de encapsulamento dos dados será
observado por sites de streaming como Netflix. Res-
posta: Certo.

Internet 2. (INSTITUTO AOCP – 2018) No contexto de transferên-


cia de e-mails, a palavra protocolo, pode ser compreen-
dida como as regras que controlam e possibilitam a
transferência dos dados.

00 A 01 C 02 B ( ) CERTO ( ) ERRADO
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
Os protocolos são padrões de comunicação que
No modo comprimido, a técnica de compressão serão usados pelos dispositivos que pretendem tro-
utilizada caracteriza-se por transmitir uma sequência car informações através de uma conexão.
de caracteres iguais repetidos. Os dados normais, os A transferência de dados poderá ser realizada pelo
dados comprimidos e as informações de controle são protocolo HTTP ou HTTPS (no caso de hipertextos),
os parâmetros desta transferência. arquivos (pelo protocolo FTP), mensagens de e-mail
(protocolo SMTP), entre outros. Resposta: Certo.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Nas aplicações de trans-


ferência de arquivos por fluxo contínuo, os dados são
transferidos como uma série de blocos precedidos por
Internet um cabeçalho especial de controle.
Cliente

( ) CERTO ( ) ERRADO
Dados únicos

Dados repetidos A transferência de dados entre dispositivos poderá


INFORMÁTICA

Informações de
ser realizada de três formas diferentes: fluxo con-
controle tínuo, modo blocado (blocos) ou modo comprimi-
do. No modo de transferência por fluxo contínuo
Modo blocado – os dados são enviados com contador e descritor
os dados são enviados como um fluxo contínuo
de caracteres. No modo blocado (blocos), o arqui-
Este foi um dos temas das questões do último con- vo é transferido como blocos de dados com cabe-
curso da Polícia Federal. A transferência de dados e çalho especial (contador de 2 bytes e descritor de
arquivos pelas redes de computadores deve ser ques- 1 byte). No modo comprimido os caracteres repe-
tionado ainda mais nas próximas provas. tidos são comprimidos e a transmissão será dos 243
dados normais, dados comprimidos e informações Para reabrir uma guia ou janela que foi fechada,
de controle. A questão está errada por descrever o pressione o atalho de teclado Ctrl+Shift+T.
modo blocado, ao invés do fluxo contínuo. Resposta: Os navegadores de Internet permitem a continua-
Errado. ção da navegação nas guias que estavam abertas na
última sessão. Alterando as configurações do navega-
4. (INSTITUTO QUADRIX – 2020) A principal caracterís- dor, na próxima vez que ele for executado, exibirá as
tica do protocolo de transferência de arquivos (FTP) é últimas guias que foram acessadas na última sessão.
Os navegadores de Internet não permitem a edição
que ele permite transferir somente dados que incluem
de arquivos PDF de forma nativa. O formato PDF é o
documentos. Outros arquivos, como, por exemplo,
mais popular para distribuição de conteúdo na Inter-
imagens e músicas, não podem ser transferidos por
net, e pode ser editado por aplicativos específicos
ele. como o Microsoft Word.
Os navegadores de Internet possuem mecanismos
( ) CERTO ( ) ERRADO internos que procuram proteger a navegação do usuá-
rio por sites, alertando sobre sites que tenham con-
O protocolo FTP é usado para transferência de teúdo malicioso, download automático de códigos,
arquivos, que poderá ser em modo binário (executá- arquivos que são potencialmente perigosos se execu-
veis) ou byte a byte (documentos em geral). tados, entre outras medidas.
O protocolo FTP utiliza uma porta TCP para envio
dos dados e outra porta para controle da transferên-
cia. Não há restrição quanto ao formato de arquivo Importante!
que será transferido pelo protocolo FTP. Resposta:
Os navegadores possuem mais recursos em
Errado.
comum do que diferenças. As bancas costumam
5. (INSTITUTO QUADRIX – 2018) A transmissão de ima- perguntar os itens que são diferentes ou exclusivos.
gens e som pela internet, com conteúdo transferido
para o computador, é denominada Stream. Microsoft Edge
( ) CERTO ( ) ERRADO
Navegador multiplataforma da Microsoft, padrão
no Windows 10, atualmente é desenvolvido sobre
Atualmente é um conceito popular, graças aos ser-
o kernel (núcleo) Google Chromium, o que traz uma
viços de streaming como a Netflix. Stream é a trans-
série de itens semelhantes ao Google Chrome.
missão de imagens e sons pela Internet, ou seja,
Integrado com o filtro Microsoft Defender SmartS-
encapsulamento de dados em pacotes TCP/IP de um
creen, permite o bloqueio de sites que contenham
servidor (de filmes da Netflix) para o dispositivo do
phishing (códigos maliciosos que procuram enganar o
usuário (Smart TV). Resposta: Correto.
usuário, como páginas que pedem login/senha do car-
tão de crédito).
PROGRAMAS DE NAVEGAÇÃO (MICROSOFT
Outro recurso de proteção é usado para combater
EDGE, INTERNET EXPLORER, MOZILLA FIREFOX E
vulnerabilidades do tipo XSS (cross-site-scripting), que
GOOGLE CHROME)
favorecem o ataque de códigos maliciosos ao compar-
tilhar dados entre sites sem permissão do usuário.
Os navegadores de Internet reconhecem os proto-
Ele substituiu o aplicativo Leitor, tornando-se o
colos da família TCP/IP, que permite a comunicação
visualizador padrão de arquivos PDFs no Windows
entre os dispositivos nas redes de computadores. São
10. Foram adicionados recursos que permitem ‘Dese-
exemplos de protocolos de transferência de dados:
nhar’ sobre o conteúdo do PDF.
HTTP (hipertextos), HTTPS (hipertextos de forma
Mantém as características dos outros navegado-
segura), FTP (arquivos), SMTP (mensagens de correio
res de Internet, como a possibilidade de instalação de
eletrônico), NNTP (grupos de discussão e notícias),
entre outros. extensões ou complementos, também chamados de
Ao navegar na Internet com um navegador ou bro- plugins ou add-ons, que permitem adicionar recursos
wser, o usuário está em uma sessão de navegação. específicos para a navegação em determinados sites.
A sessão de navegação poderá ser em janelas ou As páginas acessadas poderão ser salvas para aces-
em guias dentro das janelas. sar off-line, marcadas como preferidas em Favoritos,
As guias ou abas podem ser iniciadas com o cli- consultadas no Histórico de Navegação ou salvas
que em links das páginas visitadas, ou clique no link como PDF no dispositivo do usuário.
enquanto mantém a tecla CTRL pressionada, ou ata- Coleções no Microsoft Edge, é um recurso exclusivo
lho de teclado Ctrl+T para nova guia em branco, ou cli- para permitir que a navegação inicie em um dispositi-
que no link com o botão direito do mouse para acessar vo e continue em outro dispositivo logado na mesma
o menu de contexto e escolher a opção “Abrir link em conta Microsoft. Semelhante ao Google Contas, mas
nova guia”. As guias ou abas podem ser fechadas com nomeado como Coleções no Edge, permite adicionar
o atalho de teclado Ctrl+W ou Ctrl+F4. sugestões do Pinterest.
A janela de navegação ‘normal’ é aberta com o Outro recurso específico do navegador é a repro-
atalho de teclado Ctrl+N, ou clique no link enquanto dução de miniaturas de vídeos ao pesquisar no site
mantém a tecla SHIFT pressionada, ou clique no link Microsoft Bing (buscador da Microsoft).
com o botão direito do mouse para acessar o menu de
contexto e escolher a opção “Abrir link em nova jane- Internet Explorer
la”. A janela poderá ser fechada com o atalho de tecla-
do Alt+F4. Se houver várias guias abertas na janela, Foi o navegador padrão dos sistemas Windows,
244 com o atalho de teclado Alt+F4, todas serão fechadas. e encerrou na versão 11. Alguns concursos ainda o
questionam. Suas funcionalidades foram mantidas no cada uma tenha suas próprias configurações e arqui-
Microsoft Edge, por questões de compatibilidade. vos. O navegador Google Chrome possui níveis dife-
A compatibilidade é um princípio no desenvolvi- rentes de acessos, que podem ser definidos quando o
mento de substitutos para os programas, que deter- usuário conecta ou não em sua conta Google.
mina que a nova versão ou novo produto, terá os
recursos e irá operar como as versões anteriores ou z Modo Normal – sem estar conectado na conta Goo-
produtos de origem. gle, o navegador armazena localmente as informa-
O atalho de teclado para abrir uma nova janela de ções da navegação para o perfil atual do sistema
navegação InPrivate é Ctrl+Shift+P. operacional. Todos os usuários do perfil, poderão
As Opções de Internet, disponível no menu Fer- consultar as informações armazenadas.
ramentas, também poderá ser acessado pelo Painel z Modo Normal conectado na conta Google – o nave-
gador armazena localmente as informações da
de Controle do Windows, devido à alta integração do
navegação e sincroniza com outros dispositivos
navegador com o sistema operacional.
conectados na mesma conta Google.
z Modo Visitante – o navegador acessa a Internet,
Mozilla Firefox mas não acessa as informações da conta Google
registrada.
O Mozilla Firefox é o navegador de Internet que, z Modo de Navegação Anônima – o navegador aces-
como os demais browsers, possibilita o acesso ao con- sa a Internet e apaga os dados acessados quando a
teúdo armazenado em servidores remotos, tanto na janela é fechada.
Internet como na Intranet.
É um navegador com código aberto, software livre, O navegador Google Chrome, quando conectado em
que permite download para estudo e modificações. uma conta Google, permite que a exclusão do histórico
Possui suporte ao uso de applets (complementos de de navegação seja realizada em todos os dispositivos
terceiros), que são instalados por outros programas conectados. Esta funcionalidade não estará disponível,
no computador do usuário, como o Java. caso não esteja conectado na conta Google.
Oferece o recurso Firefox Sync, para sincronização Um dos atalhos de teclado diferente no Google
de dados de navegação, semelhante ao Microsoft Con- Chrome em comparação aos demais navegadores é F6.
tas e Google Contas dos outros navegadores. Entretan- Para acessar a barra de endereços nos outros nave-
to, caso utilize o modo de navegação privativa, estes gadores, pressione F4. No Google Chrome o atalho de
dados não serão sincronizados. teclado é F6.
Assim como nos outros navegadores, é possível Para verificar a versão atualmente instalada do
definir uma página inicial padrão, uma página inicial Chrome, acesse no menu a opção “Ajuda” e depois
escolhida pelo usuário (ou várias páginas) e continuar “Sobre o Google Chrome”. Se houver atualizações pen-
a navegação das guias abertas na última sessão. dentes, elas serão instaladas. Se as atualizações foram
No navegador Firefox, o recurso Captura de Tela instaladas, o usuário poderá reiniciar o navegador.
permite copiar para a Área de Transferência do com- Caso o navegador seja reiniciado, ele retornará nos
putador, parte da imagem da janela que está sendo mesmos sites que estavam abertos antes do reinício,
acessada. A seguir, em outro aplicativo o usuário com as mesmas credenciais de login.
poderá colar a imagem capturada ou salvar direta- O Google Chrome permite a personalização com
mente pelo navegador. temas, que são conjuntos de imagens e cores combina-
Snippets fazem parte do navegador Firefox. Eles das para alterar a visualização da janela do aplicativo.
oferecem pequenas dicas para que você possa apro-
veitar ao máximo o Firefox. Também pode aparecer
novidades sobre produtos Firefox, missão e ativismo
da Mozilla, notícias sobre integridade da internet e
EXERCÍCIOS COMENTADOS
muito mais.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) As versões mais moder-
nas dos navegadores Chrome, Firefox e Edge reconhe-
Google Chrome
cem e suportam, em instalação padrão, os protocolos
de Internet FTP, SMTP e NNTP, os quais implemen-
O navegador mais utilizado pelos usuários da
tam, respectivamente, aplicações de transferência de
Internet é oferecido pela Google, que mantém serviços
arquivos, correio eletrônico e compartilhamento de
como Buscas, E-mail (Gmail), vídeos (Youtube), entre
notícias.
muitos outros.
Uma das pequenas diferenças do navegador em
( ) CERTO ( ) ERRADO
relação aos outros navegadores é a tecla de atalho
para acesso à Barra de Endereços, que nos demais é
F4 e nele é F6. Outra diferença é o acesso ao site de O erro está na sigla SMTP, que deveria ser IMAP4 para
pesquisas Google, que oferece a pesquisa por voz se se tornar correta. O protocolo FTP é usado para trans-
você acessar pelo Google Chrome. ferência de arquivos, enviando (upload) ou recebendo
INFORMÁTICA

Outro recurso especialmente útil do Chrome é o (download) dados. O protocolo NNTP (Network News
Gerenciador de Tarefas, acessado pelo atalho de tecla- Transfer Protocol) é um protocolo da Internet para
do Shift+Esc. Quando guias ou processos do navegador grupos de discussão da chamada Usenet.
não estiverem respondendo, o gerenciador de tarefas O protocolo SMTP é para envio de mensagens de
poderá finalizar, sem finalizar todo o programa. correio eletrônico, mas é usado por um cliente de
Alguns recursos do navegador são ‘emprestados’ e-mail, como o Microsoft Outlook ou o Mozilla
do site de buscas, como a tradução automática de Thunderbird. Os navegadores de Internet usam o
páginas pelo Google Tradutor. IMAP4, para acesso à caixa de mensagens do usuá-
É possível compartilhar o uso do navegador com rio através da modalidade de acesso webmail. Res-
outras pessoas no mesmo dispositivo, de modo que posta: Errado. 245
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Uma das ferramentas Como usar este recurso? No canto superior direito
mais completas do Mozilla Firefox é o corretor orto- da janela do Google Chrome, clique no menu. Clique
gráfico, que é instalado no navegador e contém todos em Mais Ferramentas e depois Gerenciador de tare-
os idiomas em um único dicionário. fas (ou pressione Shift+Esc). Selecione a página da
Web, extensão ou app que você deseja fechar. Clique
( ) CERTO ( ) ERRADO em Encerrar processo. Resposta: Certo.

O erro está na afirmação final, que um único dicio-


nário contém todos os idiomas. Se existisse um úni-
co dicionário com todos os idiomas disponíveis, este
seria ‘imenso’, literalmente. COMPUTAÇÃO EM NUVEM
Os conteúdos digitados nos campos dos formulá-
rios nos sites de Internet poderão ser verificados em Computação em nuvem (em inglês, cloud compu-
relação à gramática e sua ortografia. ting) refere-se ao processamento de dados remotos. O
Assim como qualquer outro aplicativo de edição usuário envia informações inseridas em seu dispositi-
de documentos, os dicionários são separados por vo local, os programas na nuvem executam as opera-
ções solicitadas e devolvem para o periférico de saída
idiomas. Para efetuar a correção ortográfica em
do dispositivo local do usuário os resultados obtidos.
um idioma diferente do padrão, é preciso fazer o
A expressão “nuvem” é usada para designar a Internet,
download do dicionário correspondente. Resposta:
mas na prática poderá estar referenciando um processa-
Errado. mento remoto dentro da rede interna da empresa. Exis-
tem nuvens privadas, públicas, híbridas e comunitárias.
3. (CESPE – 2018) Os browsers Internet Explorer, Fire- A computação em nuvem é a evolução do princípio
fox e Chrome permitem a instalação de plugins para da computação em grade. Na computação em grade,
implementar proteção antiphishing. grande quantidade de clusters computacionais (servi-
dores conectados entre si dentro de uma infraestrutu-
( ) CERTO ( ) ERRADO ra compartilhada), aliado a disseminação da conexão
de banda larga, facilitaram a adoção da Computação
Os navegadores de Internet já possuem proteção nas Nuvens por diferentes empresas.
antiphishing, que identifica códigos ou sites mali-
ciosos, e alertam o usuário sobre a navegação inse-
gura. Não há necessidade de instalação de plugins
para proteção antiphishing, por já estarem dispo-
níveis no navegador de Internet. Resposta: Errado.

4. (CESPE – 2018) Com relação aos protocolos web e ao


navegador Mozilla Firefox em sua versão mais atual,
julgue o item seguinte.
Diferentemente do SMTP, o protocolo IMAP permite
que sejam utilizadas aplicações de acesso a terminal,
como o Telnet.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Os navegadores de Internet suportam os protocolos


utilizados para comunicação, como o SMTP, IMAP e
Figura 8. Os diferentes dispositivos acessarão os recursos
Telnet. O SMTP é um protocolo para envio de men- disponibilizados na nuvem (Internet)
sagens de correio eletrônico e troca de informações
entre servidores de e-mails. O IMAP é um protocolo Computação na Nuvem pode ser vista como a evo-
para transferência de mensagens de correio eletrô- lução e convergência das tecnologias de virtualização
nico, que mantém cópia das mensagens no servidor e das arquiteturas (como os clusters computacionais)
de e-mails. Telnet é um comando e um protocolo orientadas a serviços.
para acesso remoto, que poderá ser executado no Atualmente a Computação nas Nuvens é o ponto
navegador, que também aceita comandos FTP para de partida para o desenvolvimento de soluções com-
transferência de arquivos. Resposta: Errado. putacionais que necessitem de rapidez, flexibilidade
e acesso facilitado, oferecendo instantaneamente, a
5. (CESPE-CEBRASPE – 2020) O atalho SHIFT + ESC per- nível global, uma solução para problemas do dia-a-dia.
mite acessar o Gerenciador de Tarefas para visualizar Quem nunca pediu uma refeição por um aplicati-
e finalizar processos do Google Chrome em execução. vo, ou um meio de transporte? O sistema de proces-
samento dos pedidos, distribuição das demandas,
( ) CERTO ( ) ERRADO localização dos prestadores de serviços e controle
fiscal das vendas... Tudo foi realizado na nuvem, em
Os navegadores de Internet permitem a navegação servidores que estão distribuídos ao redor do mundo,
em janelas ou abas. Se uma guia, ou uma janela, ou conectados em tempo real para o atendimento das
uma extensão, ou um processo não estiver funcio- demandas.
nando corretamente, o navegador Google Chrome A computação na nuvem oferecerá tudo como
oferece um gerenciador de tarefas. Através dele o um serviço. Armazenamento de dados, plataforma
usuário poderá visualizar e finalizar processos do para execução de aplicações, infraestrutura para o
246 Chrome. desenvolvimento de sistemas, espaço para testes de
aplicativos etc. Webware, ou software baseado na Internet, é a denominação para estes programas que operam
como serviços na rede. Tudo que é oferecido pela nuvem é um Serviço, escalável e personalizável.
Armazenamento em nuvem é uma opção de armazenamento remoto que usa o espaço em um provedor de
data center e é acessível de qualquer computador com acesso à Internet. Google Drive, Microsoft OneDrive, Apple
iCloud e Dropbox são exemplos de serviços de armazenamento em nuvem.

Tecnologias de Serviços na Nuvem

Existem várias opções que poderão ser contratadas como serviços, sendo as principais em concursos públicos:
IaaS, PaaS e SaaS.

z Infrastructure as a Service (IaaS) fornece recursos de computação virtualizados pela Internet. O provedor hos-
peda o hardware, o software, os servidores e os componentes de armazenamento;
z Platform as a Service (PaaS) proporciona acesso às ferramentas e aos serviços de desenvolvimento usados para
entregar os aplicativos;
z Software as a Service (SaaS) permite aos usuários ter acesso a bancos de dados e software de aplicativo. Os pro-
vedores de nuvem gerenciam a infraestrutura. Os usuários armazenam dados nos servidores do provedor de
nuvem.

Um sistema de computação legado, ou dedicado, é aquele que a empresa é responsável por todos os itens do
projeto, desde o fornecimento de energia para a operação dos servidores adquiridos por ela, até a disponibiliza-
ção das aplicações que licenças foram compradas para utilização.
Na computação em nuvem, é possível contratar de uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados, arma-
zenamento, servidores e sistemas de virtualização. Esta é uma Infraestrutura como um Serviço (IaaS).
Desenvolvedores podem contratar de uma operadora de nuvem, datacenters, rede de dados, armazenamento,
servidores, sistemas de virtualização, sistema operacional, banco de dados e segurança digital. Esta é uma Plata-
forma como um Serviço (PaaS).
Usuários podem contratar de uma operadora de nuvem tudo, desde os datacenters até as aplicações. Este é um
Software como um Serviço.

Figura 9. Na computação local, tudo precisa ser adquirido e mantido pelo usuário. Na computação na nuvem, o usuário precisará apenas de um
acesso à rede.

Como é possível observar, a computação nas nuvens é uma forma de disponibilização de recursos equiva-
lente à computação local, mas remotamente. Na tabela a seguir, vamos comparar estes dois formatos e suas
responsabilidades.

COMPUTAÇÃO LOCAL COMPUTAÇÃO NAS NUVENS


Entrada de Dados Teclado, mouse, scanner, monitor touch screen. Enviado para um serviço na rede.
Processamento de Dados Processador do computador. Computadores remotos, distribuídos na rede.
Monitor, impressora, placa de modem, placa de Disponibilizado um link para download, visualização
Saída de Dados
rede, USB, HD etc. ou compartilhamento.
Programas (softwares) Instalados no computador. Disponíveis na Internet.
Serviços (backup) Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
INFORMÁTICA

Serviços
Responsabilidade do sistema operacional local. Responsabilidade da empresa.
(desfragmentador)
Antivírus Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Firewall Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
Permissões de acesso Responsabilidade do usuário. Oferecido pela empresa, definido pelo usuário.
Gerenciamento da
Responsabilidade do usuário. Responsabilidade da empresa.
estrutura

247
Benefícios dos Serviços na Nuvem Vantagens da Computação em Nuvem

Ao contratar Infraestrutura como um Serviço O usuário não precisará se preocupar com atuali-
(IaaS), o usuário obtém economia de custo (não há zações de softwares e hardware, que serão realizadas
necessidade de comprar e manter hardwares), tempo pela empresa contratada. Elas serão automáticas e
de colocação no mercado (poderá iniciar suas opera- disponibilizadas em tempo real para todos.
ções imediatamente, sem esperar pela instalação de O compartilhamento de informações será faci-
um datacenter na empresa), disponibilidade em tem- litado, bastando que outros usuários tenham aces-
so à Internet para que possam acessar os dados
po integral e escalabilidade sob demanda (expansão
compartilhados.
ou contração da empresa de acordo com o dia-a-dia
Os serviços serão disponibilizados 24 horas, 7 dias por
da operação).
semana, com sistemas de redundância e recuperação de
Plataforma como um Serviço (PaaS) gera para o falhas sob responsabilidade da empresa contratada.
usuário uma economia de gastos (novamente, rela- Diminui a necessidade de manutenção da infraes-
cionada ao hardware que não precisa ser adquirido), trutura física da rede local, bastando para o usuário
desenvolvimento simplificado de aplicativos (ambien- o fornecimento de energia elétrica e conexão de rede
tes de desenvolvimento para diferentes plataformas), para acesso aos serviços remotos.
colaboração (on-line com outros desenvolvedores) Por ter menos equipamentos na infraestrutura
e ambiente integrado (para teste, implementação e local, o consumo de energia elétrica, refrigeração e
gerenciamento). espaço físico serão reduzidos. Indiretamente contribui
Software como um Serviço (SaaS) oferecerá econo- para preservação e uso racional dos recursos naturais.
mia de gastos (menor custo das licenças de softwares), Flexibilidade no uso e na contratação de serviços.
compartilhamento de arquivos (de forma fácil e rápi- O usuário poderá contratar um pacote básico de servi-
da), portabilidade (na troca de dispositivos pessoais, ços e, de acordo com a sua necessidade, pode ampliar
o acesso ao serviço não será impactado com novas parâmetros do contrato alterando de forma dinâmica
os limites de utilização.
instalações e configurações) e independência do siste-
Elasticidade rápida, onde os recursos são provi-
ma operacional (a troca de dados será realizada pelo
sionados dinamicamente, atendendo as necessida-
protocolo TCP, que tem suporte em todos os sistemas
des pontuais da operação do cliente (uma loja virtual
operacionais). pode aumentar a quantidade de acessos simultâneos
ao site apenas na Black Friday, por exemplo). Esta é a
sua característica mais marcante.

Desvantagens da Computação em Nuvem

Quanto mais aplicações forem acessadas na


nuvem, mais velocidade de transferência de dados
será necessária. Portanto, a principal desvantagem da
nuvem é inerente ao propósito dela mesma.
Tempo de inatividade é outra desvantagem. Quan-
do todos os sistemas estão em uma plataforma, se
ela ficar indisponível, a empresa e os usuários não
terão acesso a nada. Felizmente isto tem mudado, e
atualmente as empresas fornecedoras de serviços na
nuvem conseguem oferecer up-time (tempo de uso
Figura 10. Os provedores, desenvolvedores e usuários finais, disponível) acima de 99,9999%.
fornecem, suportam ou consomem recursos da nuvem. Dificuldade de migração, e esta é a principal des-
vantagem. Quanto mais utilizamos uma determinada
Os softwares são desenvolvidos na Plataforma empresa fornecedora, mais nos tornamos dependente
(PaaS), utilizando os recursos da estrutura na Infraes- dela.
trutura (IaaS), para serem utilizados pelos usuários Caso exista a necessidade de migração dos dados,
finais como um serviço (SaaS). ela poderá ser dificultada ou até impossibilitada. Para
Na tabela a seguir vamos associar os itens da com- minimizar esta desvantagem, a replicação de servido-
putação local com os itens da computação na nuvem, res é uma alternativa, quando os dados são replicados
para entender que na Nuvem temos uma adaptação entre um servidor local e um servidor na nuvem.
do nosso computador de casa.

COMPUTAÇÃO COMPUTAÇÃO NA
LOCAL NUVEM
Microsoft Office Microsoft Office
SOFTWARE
(instalado) (on-line)
Microsoft Windows Microsoft Windows
PLATAFORMA
10 Azure
Hardware e energia Hardware e energia
INFRAESTRUTURA elétrica do usuário elétrica da empresa
provedora

248 Figura 11. Diferentes apresentações para a nuvem


As Principais Características da Computação em Na nuvem comunidade (comunitária), a infraes-
Nuvem trutura é compartilhada por diversas organizações
que normalmente possuem interesses comuns, como
On Demand Self Service, ou auto atendimento sob requisitos de segurança, políticas, aspectos de flexibi-
demanda, significa que o usuário pode usar os ser-
lidade e/ou compatibilidade.
viços, aumentar ou diminuir as capacidades com-
putacionais alocadas como: o tempo de servidor e
armazenamento de rede, sem a intervenção huma-
na com o provedor de serviços. O limite de crédito
do seu cartão de crédito virtual é um exemplo desta
característica.
Ubiquitous Network Access, ou amplo acesso à
rede, significa que os serviços são acessíveis a partir
de qualquer plataforma. O usuário poderá acessar um
sistema desenvolvido para Windows, armazenado em
um servidor Linux, a partir de seu smartphone Apple.
Quase todos os serviços disponíveis na nuvem são
assim.
Resource Pooling, ou pool de recursos, significa Figura 12. De acordo com a natureza do acesso e dos interesses
que os serviços são armazenados em servidores dis- envolvidos, uma nuvem poderá ser do tipo Pública, Privada, Híbrida
tribuídos globalmente e seus recursos virtuais são ou Comunitária.
dinamicamente atribuídos ou retribuídos pelo clien-
te conforme sua demanda. É o modelo multi-inquili-
no (multi-tenancy), que possibilita a adesão de novos
clientes sem detrimento da oferta para os clientes EXERCÍCIOS COMENTADOS
atuais. Um usuário em São Paulo poderá contratar
e acessar um serviço ofertado por uma empresa em 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A computação em nuvem
Belo Horizonte, que mantém os servidores em uma do tipo Software as a Service (SaaS) possibilita que
cidade na Índia. o usuário acesse aplicativos e serviços de qualquer
Rapid Elasticy, ou elasticidade rápida, significa que local usando um computador conectado à Internet.
a alocação de mais ou menos recursos da nuvem ocor-
rerá com agilidade, provisionando e liberando elas- ( ) CERTO ( ) ERRADO
ticamente as demandas solicitadas pelo usuário. Ao
contratar um armazenamento de dados na nuvem, o
Os softwares disponibilizados na nuvem como um
espaço disponível para uso será imediatamente ajus-
serviço (SaaS), estão armazenados em servidores
tado após a confirmação do pagamento.
remotos conectados à Internet. Os usuários que
Measured Service, ou serviços mensuráveis, sig-
necessite acessar eles poderão fazer de qualquer
nifica que todos os serviços são controlados e moni-
local usando qualquer dispositivo conectado à
torados automaticamente pela nuvem, de maneira
Internet, como os computadores. Devido à caracte-
transparente para o usuário, sem a necessidade de
rística Ubiquitous Network Access, ou amplo acesso
conhecimento técnico sobre a sua operação.
à rede, a nuvem poderá ser acessada por qualquer
Transparência para o usuário, pois ele não precisa
sistema operacional instalado no computador do
conhecer onde estão alocados os recursos computa-
usuário. Resposta: Certo.
cionais contratados e acessa apenas a interface para
acesso, tornando tudo transparente.
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Na computação em
Tipos de Nuvem nuvem, elasticidade é a capacidade de um sistema de
se adaptar a uma variação na carga de trabalho quase
instantaneamente e de forma automática.
Podemos classificar as nuvens de acordo com a
infraestrutura ou seus usuários em: Privada, Pública,
Híbrida ou Comunidade (comunitária). ( ) CERTO ( ) ERRADO
No modelo de nuvem privada, a infraestrutura
é proprietária ou alugada por uma única organiza- A computação na nuvem tem a Elasticidade como
ção para ser operada exclusivamente por ela mesma. uma de suas características. É a capacidade de pro-
Poderá ser local ou remota, e a empresa aplica políti- visionar mais ou menos recursos no momento em
cas de acesso aos serviços (para os usuários cadastra- que for necessário, com agilidade na implementa-
dos e autorizados). ção. Os provedores de serviço na nuvem alocam
A definição de nuvem pública indica que a recursos para atendimento da demanda, tudo em
infraestrutura pertence a uma organização que vende tempo real. Resposta: Certo.
serviços para o público em geral e poderá ser acessa-
INFORMÁTICA

da por qualquer usuário que conheça a localização do 3. (CESPE-CEBRASPE – 2020) Julgue o próximo item, a
serviço, não sendo admitidas técnicas de restrição de respeito de arquitetura em nuvem e virtualização.
acesso ou autenticação. A seguinte situação hipotética caracteriza um soft-
No formato de nuvem híbrida, que tem como ware como serviço: uma empresa disponibiliza aces-
característica a infraestrutura ser composta por pelo so via Internet para um editor de textos, por meio de
menos duas nuvens, que preservam as características navegador web; os usuários pagam pelo uso e não
originais do seu modelo e estão interligadas por uma possuem controle sobre a infraestrutura de nuvem
tecnologia que possibilite a portabilidade de informa- que provê o editor de textos.
ções e de aplicações, é o tipo mais comum encontrado
no mercado. ( ) CERTO ( ) ERRADO 249
Software como um Serviço (SaaS) é disponibilizado 3. (IBFC – 2020) No MS Excel 2010, idioma português,
para o usuário final e é a camada mais conhecida da configuração padrão, existe uma função que permite
nuvem. Nessa camada estão as aplicações acessa- arredondar um número até uma quantidade especifi-
das pelo usuário final, como editor de textos on-line cada de dígitos. Assinale a alternativa correta que cor-
(Word Online, do pacote Microsoft Office 365) exe- responda a esta função.
cutado na aba ou guia do seu navegador de Internet
preferido. Resposta: Certo. a) ARRED
b) ARREDMULTB.PRECISO
4. (CESPE – 2018) Os gestores de determinado órgão públi- c) ARREDIG
co decidiram adotar a computação em nuvem como d) ARRED.PRECISO
solução para algumas dificuldades de gerenciamento e) ARRUMAR
dos recursos de tecnologia da informação. Assim, para
cada contexto, análises devem ser realizadas a fim de 4. (IBFC – 2020) Alessandro precisa montar um relató-
compatibilizar os recursos de gerenciamento e seguran- rio no MS Excel 2010, idioma português, configuração
ça com os modelos técnicos de contratação. padrão, que some o intervalo de células de A1 até A5,
Considerando essas informações, julgue o seguinte somente os valores maiores do que vinte. Assinale a
item. alternativa correta que representa a fórmula que Ales-
Se, para enviar e receber e-mails sem precisar geren- sandro irá utilizar.
ciar recursos adicionais voltados ao software de
e-mail e sem precisar manter os servidores e sistemas a) =SOMASE(A1:A5;>20)
operacionais nos quais o software de e-mail estiver b) =SE(A1:A5>20;SOMA())
sendo executado, os gestores optarem por um servi- c) =SOMA(SE(A1:A5>20))
ço de e-mail em nuvem embasado em webmail, eles d) =SOMASE(A1^A5;”>20”)
deverão contratar, para esse serviço, um modelo de e) =SOMASE(A1:A5;”>20”)
computação em nuvem do tipo plataforma como um
serviço (PaaS). 5. (IBFC – 2020) No MS Excel 2010, idioma português,
configuração padrão, existe a funcionalidade Congelar
( ) CERTO ( ) ERRADO
Painéis. Assinale a alternativa correta sobre o menu
A infraestrutura como um serviço (IaaS) provê a no qual encontra-se disponível esta funcionalidade.
parte física que dá suporte para a operação, como
o hardware e o fornecimento de energia. A platafor- a) Layout de Página
ma como um serviço (PaaS) provê o ambiente para b) Fórmulas
o desenvolvimento e testes de soluções de software. c) Dados
O Software como um Serviço (SaaS) é a interface d) Revisão
que será acessada pelo usuário, como o serviço de e) Exibição
e-mail em nuvem embasado em webmail. O erro da
questão está na última linha, pois o modelo de com- 6. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa correta quanto ao
putação em nuvem que deve ser contratado é SaaS conceito de intranet.
ao invés de PaaS. Resposta: Errado.
a) rede de propaganda de uma empresa
b) sinônimo de internet
c) rede de telecom
HORA DE PRATICAR! d) rede pública
e) rede de uso interno de uma instituição
1. (IBFC – 2020) Otavio entrou em contato com seu
provedor de internet para resolver um problema de 7. (IBFC – 2020) Eduarda precisa enviar um e-mail com
conexão com a internet em um computador que utiliza um comunicado geral a vários destinatários, de tal
Windows 10, idioma português, configuração padrão. maneira que eles não conheçam uns aos outros. Assi-
O atendente do suporte técnico solicitou a informa- nale a alternativa que apresenta corretamente a forma
ção do endereço IP do computador na rede. Assinale do envio que Eduarda deve utilizar para o comunicado.
a alternativa que apresenta corretamente como obter
este endereço em linha de comando. a) Cco
b) Coc
a) netsh -a c) Ccc
b) ipconfig d) Coo
c) getip -a e) Cc
d) ifconfig
e) ipaddress 8. (IBFC – 2020) Marcos deseja migrar seu backup de
arquivos pessoais, que atualmente encontra-se em
2. (IBFC – 2020) Sobre as Ferramentas de Lixeira do sis- seu computador, para nuvem. Assinale a alternativa
tema operacional Windows 10, idioma português, con- correta para exemplos de serviços de armazenamento
figuração padrão, assinale a alternativa incorreta. de arquivos em nuvem.

a) Esvaziar Lixeira a) Dropbox e Google Chrome


b) Propriedades da Lixeira b) Firefox e Mozilla
c) Compactar Lixeira c) Google Arq e Team Viewer
d) Restaurar todos os itens d) Dropbox e Google Drive
250 e) Restaurar os itens selecionados e) Google Arq e Firefox
9. (IBFC – 2017) O caracter que é uma parte do endereço d) não permite o compartilhamento de arquivos
de e-mail que separa o nome do usuário da máquina e) não usa o recurso de redes de área local LAN (Local
no endereço de correio eletrônico é: Area Network)

a) % 15. (IBFC – 2015) Quanto às características de uma Intra-


b) $ net, dê valores Verdadeiro (V) ou Falso (F) e assinale
c) # a alternativa que apresenta a seqüência correta (de
d) & cima para baixo):
e) @
( ) o browser é somente utilizado na Internet e não na
10. (IBFC – 2015) A Internet é uma forma de interação Intranet.
rápida e um meio para troca e socialização de informa- ( ) a criação da Internet provem da experiência do uso
ção através do e-mail. Alguns cuidados com a segu- das Intranets nas empresas.
rança são importantes e para o usuário acessar a sua
conta de e-mail é necessário o login e senha. Diante
a) V-V
dessa informação, dê valores de Verdadeiro (V) e Fal-
so (F) nas seguintes afirmações: b) V-F
c) F-V
d) F-F
( ) Para se ter acesso ao e-mail é necessário que o
usuário forneça do login e senha.
( ) Para garantir que outras pessoas não tenham aces- 16. (IBFC – 2015) A Intranet possui características técni-
so ao seu e-mail é fundamental não revelar a senha cas próprias que a diferenciam quanto a Internet. Uma
de acesso. dessas características técnicas que a distingue é o
( ) O e-mail é uma ferramenta de interação muito eficaz. fato da Intranet ser:
( ) Os arquivos anexados com as mensagens de e-mail
são formas seguras de comunicação. a) desenvolvida com base no protocolo TCP/IP.
b) a única que possui Grupos de Discussão.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- c) a única que possui banda larga.
reta de cima para baixo: d) privada e não pública.

a) V, V, F, V 17. (IBFC – 2017) Na geração de um material escrito, de


b) V, F, F, V uma perícia técnica, de mais de 100 folhas preten-
c) F, V, V, V de-se imprimir, de uma vez, as páginas 55 e 57. Para
d) V, V, V, F tanto, devem ser escritos na janela de configuração
de impressão, antes de imprimir, especificamente os
11. (IBFC – 2014) Identifique abaixo a única alternativa seguintes caracteres no intervalo de páginas:
que apresenta um programa de correio eletrônico que
utiliza integralmente do conceito de Computação na a) 55,57
Nuvem (Cloud Computing): b) 55+57
c) 55-57
a) Mozilla Thunderbird. d) 55&57
b) Outlook Express. e) 55:57
c) Microsoft OneNote.
d) Gmail - Google Mail.
18. (IBFC – 2013) Se tivermos na célula A2 o valor 1 obte-
remos na fórmula =PI()*A2+3^2 o seguinte valor:
12. (IBFC – 2014) Quando se menciona tecnicamente a
‘Computação na Nuvem’ (Cloud Computing) o termo
a) 37,719 ...
técnico utilizado genericamente como “nuvem” repre-
senta simbolicamente: b) 31,415 ...
c) 12,141 ...
d) 50,265 ...
a) a internet.
b) os servidores de correio eletrônico.
c) a rede local 19. (IBFC – 2020) Sobre a funcionalidade que permite
d) as bases de dados corporativas alterar a Tela de Fundo da área de trabalho do sistema
operacional Windows 10, à qual o acesso pode ser fei-
13. (IBFC – 2014) Basicamente o conceito de Armazena- to com um click no botão direito do mouse, assinale
mento de Dados na Nuvem (Cloud Storage) é análogo a alternativa correta.
ao conceito de:
a) Propriedades gráficas
a) disco virtual. b) Opções gráficas
b) intranet c) Painel de controle da placa de vídeo
INFORMÁTICA

c) hyper-computador d) Configurações de exibição


d) rede virtual e) Personalizar

14. (IBFC – 2017) Assinale, das alternativas abaixo, a úni- 20. (IBFC – 2015) Para se copiar um arquivo ou documen-
ca que identifica corretamente uma das característi- to no computador é necessário seguir alguns passos
cas técnicas básicas da Intranet: ordenados. Preencha as lacunas com a sequência cor-
reta utilizando os números de 1 a 4.
a) não utiliza os mesmos protocolos da Internet
b) utiliza qualquer endereço de IP (Internet Protocol) ( ) Indicar a intenção de copiar
c) é restrita a um local físico ( ) Selecionar o(s) arquivo(s) que deseja copiar 251
( ) Efetuar a cópia
( ) Indicar a pasta de destino

Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-


reta de cima para baixo

a) 1, 2, 3, 4
b) 1, 3, 4, 2
c) 2, 1, 3, 4
d) 2, 1, 4, 3

9 GABARITO

1 B

2 C

3 A

4 E

5 E

6 E

7 A

8 D

9 E

10 D

11 D

12 A

13 A

14 C

15 D

16 D

17 A

18 C

19 E

20 D

ANOTAÇÕES

252
A Constituição de 1891 foi influenciada pelo cons-
titucionalismo dos Estados Unidos da América, neste
momento o Brasil passou a ser um Estado laico, ou seja,
a religião católica deixou de ser a religião oficial do
Brasil. O Presidente da República era eleito pelo sufrá-
DIREITO gio2 direto do povo. Entretanto, o voto era apenas um
direito para homens alfabetizados a partir dos 21 anos.

CONSTITUCIONAL Sobre o poder executivo na CF/1891, Pedro Lenza


preleciona:

“Interessante notar que alguns Estados designavam


o seu Executivo local como “presidente”, enquanto
outros, como “governador”. Assim, era possível
DIREITOS E GARANTIAS perceber a figura de “presidentes estaduais” exer-
FUNDAMENTAIS cendo o Executivo local”3.

ASPECTOS HISTÓRICOS, RELAÇÃO ENTRE Ainda, o controle judicial difuso era atribuído a
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS E todos os órgãos do poder judiciário, desde que hou-
POLÍTICA vesse provocação neste sentido, também foi instituí-
da a autonomia dos municípios. Considerando que
A primeira Constituição brasileira foi outorga- a Constituição de 1891 era classificada como rígida,
da em 25 de março de 1824, teve por anteceden- suas disposições somente podiam ser alteradas por
te a declaração de independência do Brasil, em 7 um procedimento especial.
de setembro de 1822, denominada a “Constituição Por conseguinte, foi promulgada a primeira Consti-
Política do Império do Brasil”, que era classificada tuição que se preocupou com os direitos fundamentais
sociais, a Constituição de 1934, decorrente da revolu-
como uma Constituição semirrígida, pois possibilitava
ção de 30 que provocou a queda da antiga Constituição.
modificações em seu texto. Outorgada por Dom Pedro
Conforme preleciona professor José Afonso da Silva
I, inspirada pelo liberalismo clássico, ou seja, a defesa
(2017), a Carta Constitucional 1934 manteve a divisão
da liberdade individual do século XVIII, foi um texto dos poderes, a república, a federação, o presidencialis-
constitucional extenso. mo e o regime representativo4. Ainda, foi considerada a
O poder era concedido ao Imperador, e somen- “Constituição Liberal”, e se preocupou em expandir os
te pessoas que tinham uma boa condição financei- direitos sociais para o povo, inspirada na Constituição
ra poderiam votar. Nesse momento, a Constituição da Alemanha de 1919 (Constituição de Weimar). Nes-
estabelecia como religião oficial, a católica apostólica sa oportunidade, foi criado também o voto feminino, a
romana. Entretanto, a igreja era subordinada ao Esta- justiça eleitoral e a justiça do trabalho.
do, sendo que o clero (conjunto de religioso) brasileiro Mais tarde, influenciada pela Constituição fascista
era liberal e em alguns casos, maçom. da Polônia, foi a quarta constituição do Brasil. Outor-
Por meio desta Constituição foi implementado o regime gada por Getúlio Vargas em 10 de novembro de 1937,
parlamentarista de governo, dividido em quatro poderes: sem qualquer consulta prévia, dissolveu o congresso
poder moderador (o poder se concentrava no Imperador), e deu poder ao Presidente da República com direitos
poder executivo, poder legislativo e o poder judiciário. ilimitados, período também conhecido como Estado
O poder moderador moldou o regime político Novo. Nas palavras de Pedro Lenza:
durante a vigência da Constituição, que duraram 65 Era o início do que Vargas intitulou de “nascer
anos. Era o poder concedido ao Imperador como líder, da nova era”, outorgando-se a Constituição de 1937,
com o objetivo de manter a manutenção da indepen- influenciada por ideais autoritários e fascistas, ins-
dência, equilíbrio e harmonia dos demais poderes talando a ditadura (“Estado Novo”), que só teria fim
políticos. Para José Afonso da Silva (2017), o poder com a redemocratização pelo texto de 1945, e se decla-
moderador foi à chave de toda a organização política1. rando, em todo o País, o estado de emergência.5
O Império do Brasil chega ao fim em 1889, após uma Tinha como características a Instauração do Esta-
do Novo, eleições indiretas com mandatos de seis
série de fatores que contribuíram para o desgaste do
anos, autonomia e amplos poderes ao Presidente da
sistema monárquico de governo. Nesse momento, foi
República, retirados o direito de greve e admitida a
instalado um governo provisório presidido por Mare-
pena de morte para crimes políticos.
chal Deodoro da Fonseca e em 15 de novembro de 1889
Com a queda do Estado Novo e o fim do governo
que proclama a República Federativa. O Brasil inicia de Getúlio Vargas, o Brasil reorganiza sua política e
uma nova fase, o governo provisório nomeou uma democracia e, então, é elaborada a Constituição de
DIREITO CONSTITUCIONAL

comissão para elaborar um projeto de Constituição, 1946, que revoga e altera a anterior, denominada
comissão esta que fazia parte o renomado Rui Barbosa. como a Constituição da República dos Estados Uni-
Posteriormente em 24 de fevereiro de 1891 foi pro- dos do Brasil, promulgada em setembro de 1946.
mulgada a denominada “República dos Estados Uni- Conforme preleciona José Afonso da Silva (2017), com
dos do Brasil”, neste momento foi instituída de modo o fim da II guerra mundial, havia no mundo pós-guerra a
definitivo a forma federativa de Estado e a forma repu- recomposição dos princípios constitucionais, com a refor-
blicana de governo. Ainda, aboliu o poder moderador, mulação de Constituições existentes e promulgação de
voltando a prevalecer a separação entre os poderes. outras que influenciaram a redemocratização do Brasil.6
1 SILVA, José Afonso; Curso de Direito Constitucional Positivo. 40ª ed. São Paulo: Malheiros, 2017, p. 78.
2 Sufrágio: processo de escolha por votação; eleição.
3 LENZA, op. cit, p. 108.
4 SILVA, op. cit, p. 83.
5 LENZA, op. cit, p. 112.
6 SILVA, op. cit, p. 85. 253
Nesse momento, é adotada a federação como for-
ma de Estado, assegurando a divisão e independên- Foi mantida a divisão dos poderes, criação
CF/1934
cia dos poderes. Ainda, houve o reconhecimento do do voto feminino e justiça eleitoral;
direito de greve, fim da censura, liberdade individual Dissolveu o Congresso e deu poderes ilimi-
de expressão e manifestação e fim da pena de morte CF/1937
tados ao Presidente;
(com exceção as de caráter militar em tempo de guer-
ra), o regime democrático com eleições diretas e a Reconhecimento da igualdade de todos
garantia de autonomia política e administrativa para perante a lei. Fim da censura e pena de
os estados-membros. CF/1946
morte (com exceção-caráter militar tempo
Posteriormente, com o golpe militar, outorga-se de guerra);
uma nova Constituição, em 24 de janeiro de 1967,
denominada apenas como “Constituição do Brasil”, CF/1967 Golpe militar;
momento em que o texto constitucional prioriza a
segurança nacional, concedendo amplos poderes ao Emenda Constitucional a CF 1967, reconhe-
Presidente da República, ainda, permitiu a suspensão CF/1969 cida por muitos doutrinadores como uma
dos direitos e garantias Constitucionais. Entretanto, nova Constituição outorgada.
foi uma Constituição de curta duração, pois em 1969
foi editada a Emenda Constitucional 1 de 17 de outu- Redemocratização do país, na expressão de
CF/1988
bro de 1969. Ulysses Guimarães é a Constituição Cidadã.
Nesse sentido, muitos doutrinadores consideram a
EC n 1/1969 como uma nova Constituição outorga-
CONCEITOS
da, embora do ponto de vista formal ainda seja uma
Emenda à Constituição. Assim, considera José Afonso
da Silva (2017), que teoricamente e tecnicamente, não Direito Constitucional
se tratou de apenas uma emenda, mas de uma nova
Constituição, sendo que a emenda só serviu como ins- É um ramo do direito público, o qual tem por fina-
trumento de outorga, uma vez que o texto constitucio- lidade a organização e princípios orientadores de sua
nal fora integralmente reformulado.7 aplicação. Refere-se à estruturação do poder político
Denominada “Constituição da República Federati- e seus limites de atuação. É um ramo fundamental à
va do Brasil”, com poderes especiais cedidos ao Presi- organização do povo sobre um território.
dente da República.
Em 1978, com a adoção de medidas sensíveis e Constituição
revogadoras, o Brasil iniciou um processo de rede-
mocratização, que ganha força no governo do general
João Figueiredo, que governaria o país até 1985, ano É a forma de organização do Estado (aqui entenda:
em que de forma indireta o Congresso Nacional elegeu país). Todo o Estado tem sua própria forma de orga-
o primeiro Presidente civil, após 20 anos de ditadura nização. A Constituição é a lei fundamental e dispõe
militar. Sua posse era marcada para 15 de fevereiro sobre o limite de poder do Estado, independentemen-
de 1985, mas Tancredo Neves adoeceu e faleceu em 14 te de ser formalizada em um texto escrito.
de abril de 1985, seu vice era José Sarney que assumiu
a presidência. OBJETO
Em 28 de junho de 1985, o então Presidente, José
Sarney, convocou o Congresso para propor a convo- Objeto é a própria Constituição do Estado, ou seja,
cação de uma Constituinte, que posteriormente deu
as normas que tratam da organização, estrutura e
origem a Constituição promulgada em 5 de outubro
de 1988. organização dos poderes. Divide-se em direito consti-
A atual constituição foi um marco na reestrutura- tucional particular ou especial, direito constitucional
ção do país que acabara de sair de um regime militar. geral e direito constitucional comparado.
Marca a ampliação de liberdade para os civis, bem
como a ampliação dos direitos e garantias individuais. z Direito Constitucional Particular/Especial/Posi-
É nessa constituição que os analfabetos e jovens a par- tivo ou Interno: Objetiva o estudo de uma Consti-
tir de 16 anos tem direito ao voto. tuição específica de um determinado Estado. Ex.:
Referente aos direitos trabalhistas, houve a redu- estudo específico da Constituição da República
ção de 48 para 44 horas semanais de trabalho, criação Federativa do Brasil de 1988.
de seguro desemprego, férias remuneradas, décimo
z Direito Constitucional Geral: Objetiva o estudo
terceiro salário e ampliação da licença maternidade.
da Constituição de diversos Estados (campo de
Houve também reestabelecimento do habeas cor-
pus e a criação do habeas data, o fim da censura nas ideias). Ex.: é aqui que se definem conceitos, classi-
rádios, imprensa, jornais, etc. ficação, ou seja, a formação da base de ideias para
Na área social, indígenas tiveram posse de terra o estudo da teoria geral.
em áreas determinadas e a população recebeu apoio z Direito Constitucional Comparado: Como o pró-
no combate ao racismo e preconceito. Nessa oportuni- prio nome já diz, objetiva o estudo comparado das
dade, é nomeado o Brasil como “República Federativa Constituições de diversos Estados ou de um mesmo
do Brasil.” Estado, podendo ser temporal ou vertical. Entenda:

CF/1824 Poder era do Imperador; „ Critério Temporal/vertical: Análise das cons-


tituições de um mesmo Estado.
Primeira Constituição Republicana do Bra-
CF/1891 „ Critério Espacial/horizontal: Análise e com-
sil, com a queda da Monarquia;
paração das constituições de diversos Estados.
254 7 SILVA, op. cit, p. 89.
civil, como por exemplo, ao determinar as limitações
DIREITO
CONSTITUCIONAL
DIREITO DIREITO e regras basilares do direito de propriedade e de famí-
CONSTITUCIONAL CONSTITUCIONAL
PARTICULAR/ lia. Em suma, todos os outros ramos do direito estão
GERAL COMPARADO
ESPECIAL vinculados ao direito constitucional.
Estudo comparado
Estudo da Estudo da PERSPECTIVA SOCIOLÓGICA
das Constituições:
Constituição de um Constituição de
z Critério Temporal
determinado Estado diversos Estados
z Critério Espacial
O jurista de maior referência nesse tópico a ser
estudado foi Ferdinand Lassalle, socialista de origem
NATUREZA judia e político alemão, foi o primeiro a tratar do con-
ceito na perspectiva sociológica da constituição.
A natureza jurídica do direito constitucional é de Para o jurista, a Constituição deve descrever rigoro-
direito público fundamental, pelo fato de estar rela- samente a realidade política e os reais fatores de poder
cionada diretamente a organização e funcionamento existentes em determinado estado, sob pena de perder
do Estado. totalmente sua validade. Ainda, para que a Constitui-
Ainda é na Constituição que podemos obter as ção realmente retrate a realidade é importante que ela
regras mínimas de organização e administração descreva com muito cuidado o somatório de forças que
do Estado, assim, a Constituição se torna norma de comandam o Estado, sem a possibilidade de mudar a
parâmetro de todo ordenamento, sendo superior as realidade já existente, o objetivo desta Constituição
seria apenas retratar e servir como um parâmetro.
demais normas.
Segundo Lassalle, se a constituição não retrata os
poderes reais existentes, ela não passa de uma mera
FONTES
“folha de papel” sem qualquer tipo de validade.
A doutrina classifica as fontes como mediatas e
PERSPECTIVA POLÍTICA
imediatas, entenda melhor a seguir:
Nesse assunto aqui abordado o jurista de refe-
z Fontes Imediatas: são as mais próximas, primiti-
rência é o Carl Schmitt, que foi um jurista, filósofo e
vas, são a Constituição e os costumes.
político alemão que trouxe esse sentido para a Cons-
tituição, considerado um dos mais significativos juris-
A constituição é a lei suprema e fonte principal do
tas da Alemanha do século XX.
direito constitucional, todo o ordenamento jurídico
Schmitt defendeu a soberania do Estado como algo
deve obediência a ela.
maior, e tudo aquilo que vai contra o Estado seria
determinado como o inimigo desse Estado, algo que
z Fontes Mediatas: também conhecidas como fon- deve ser combatido pela nação, ou seja, a sobrevivên-
tes indiretas, são a doutrina e a jurisprudência. cia da nação depende basicamente de identificar seus
inimigos. Assim, o jurista determina que a Constitui-
Importante frisar que também há uma outra clas- ção surge de uma decisão política fundamental.
sificação das fontes pela doutrina, o qual nos trazem a Posteriormente o jurista manchou sua carreira,
classificação das fontes como primária e complemen- pois era simpatizante da ditadura nazista, ainda, trava-
tar, vejamos: va uma discussão história com Hans Kelsen, pois este
além de ser judeu, tinha entendimento diverso de Sch-
z Fontes primárias ou formais: Constituição Fede- mitt sobre quem deveria ser o guardião da Constituição.
ral, também as emendas constitucionais, emenda Schmitt com a visão do soberano (político), que deve-
de revisão e os tratados de direitos humanos. ria ser o guardião da constituição, e Kelsen, no entanto,
z Fontes complementares: os costumes e jurisprudência. visualiza a ideia de um sistema de garantia da Constitui-
ção, em que a guarda desta deveria ser por meio de um
RELAÇÕES COM OUTROS RAMOS DO DIREITO Tribunal Constitucional no âmbito do controle de cons-
titucionalidade, conforme veremos a seguir.
Direito constitucional serve como base para todo e
qualquer outro ramo do direito, partindo do entendimen- PERSPECTIVA JURÍDICA
to de que o objeto de estudo de direito constitucional é a
própria Constituição e de que todas as demais normas do Aqui a referência é Hans Kelsen, que foi um jurista,
ordenamento jurídico devem obediência a ela, não temos filósofo e professor, nasceu em 19 de abril de 1973, con-
como isolar direito constitucional das demais matérias. siderado um dos mais importantes estudiosos do direi-
DIREITO CONSTITUCIONAL

to, inovador nos pensamentos de sua época. Criador de


Dica diversas ideias como a chamada “teoria pura do direito”.
Kelsen inovou ao criar todas as explicações, desen-
A Constituição possui hierarquia nas demais volvendo uma nova tese para o direito. Entendeu que
normas, pois é a norma suprema, todo o ordena- a ciência jurídica deveria se afastar da política e das
mento jurídico deve obediência a ela. Para você outras áreas como a filosofia, sociologia e a política,
entender, veja a constituição como a “mãe de sendo uma área de estudo e aplicação independente,
todo o ordenamento jurídico, ou seja, todas as com pensamento totalmente oposto de Carl Schmitt,
outras normas devem obediência a ela”. conforme estudado acima.
O nome da teoria já traz consigo seu significa-
Ora, é na própria constituição que os demais ramos do como teoria pura, em que o direito deve adotar o
do direito determinam um rumo e as limitações que raciocínio “puro” entre SER e DEVER.
podem seguir. Esse entendimento também se aplica SER seria o mundo natural, explicado pelas ciên-
ao direito privado, pois também é a própria Consti- cias naturais com base no que é verdadeiro ou falso,
tuição que orienta os caminhos e as bases do direito em que uma causa conduz a um efeito. 255
DEVER se insere no domínio das ciências sociais e Métodos de interpretação
se explica não com base nas premissas de verdadeiro/
falso, mas nas premissas de válido/inválido. Os métodos de interpretação constitucional foram
Nessa teoria é que surge a hierarquia das normas. desenvolvidos pela doutrina e jurisprudência. O objetivo
A ideia é de as normas estarem fundamentadas em dos métodos desenvolvidos é trabalhar qual o real senti-
outra norma maior, como no ordenamento jurídico do que o legislador originário pretendeu ao desenvolver
brasileiro, a Constituição 1988 (aqui lembre-se da dica a norma e qual o alcance, por exemplo, o seu alcance
para entender de que a CF/88 é a mãe das normas). pode ser aumentado ou deve ser limitado. Conforme
preleciona Vicente Paulo e Marcelo Alexandrino (2012)
Assim, uma lei maior “controla e rege as demais”.
esses métodos foram desenvolvidos com base em crité-
rios diferentes, mas que se complementam, o que con-
PERSPECTIVA PERSPECTIVA PERSPECTIVA firma a natureza unitária da atividade interpretativa8.
SOCIOLÓGICA POLÍTICA JURÍDICA O constitucionalista português Gomes Canotilho
Ferdinand descreve alguns métodos de interpretação das nor-
Carl Schmitt Hans Kelsen mas constitucionais, vejamos:
Lassalle
Nazista Judeu
Socialista
z Método hermenêutico clássico ou método jurí-
Soma de fato- dico: são basicamente os métodos tradicionais
Constituição é Teoria Pura do Di-
res reais de po- de interpretação das leis. a) Método gramatical, o
decisão política reito e hierarquia
der que regem a interprete se preocupa com a letra da lei. b) Método
fundamental. das normas.
nação. histórico: interpretação histórica: verifica a genea-
logia da lei, onde se busca verificar a vontade do
POSITIVISMO JURÍDICO legislador ao criar a lei. c) Interpretação lógica: uti-
liza-se de raciocínio lógico. d) Método Teleológico:
Interpretação das Normas Constitucionais segundo buscamos a vontade da lei.
(Hermenêutica) z Método tópico-problemático: é aquele no qual o
intérprete parte do problema para se chegar até a
Depois da Segunda Guerra Mundial e com os refle- norma, ou seja, a interpretação deve ter o objeti-
xos da ditadura e desastres humanitários proporcio- vo de resolução de casos concretos. Sobre o tema
Pedro Lenza preleciona que, “a Constituição é
nados pelos regimes totalitários, os juristas buscaram
assim, um sistema aberto de regras e princípios.”9
uma forma de superação do positivismo jurídico, ou
z Método hermenêutico-concretizador: aqui faz
seja, uma forma de equilibrar a dureza das regras. análise partindo da Constituição para o problema,
Esse movimento pode também ser chamado de ou seja, deve ser feito primeiro a leitura da norma
neoconstitucionalismo. e depois a comparação com a realidade existente.
O movimento passou a defender que no âmbito z Método cientifico-espiritual: é aquele que busca
constitucional devem existir princípios e métodos a vontade da constituição, tem cunho sociológico
de interpretação próprios com uma lógica distinta pois interpreta as normas sob análise dos valores
dos métodos de interpretação aplicáveis as demais ali inseridos.
normas. z Método normativo-estruturante: o interprete
Sendo que, a hermenêutica é a ciência da interpre- deve buscar o real motivo da norma constitucio-
nal. Ex.: Direito de o réu permanecer em silêncio.
tação, a palavra hermenêutica tem origem grega, que
z Método comparativo: o intérprete vai comparar o
significa “tradução” e “explicação”, ou seja, explicação
direito constitucional com a Constituição de vários
da norma jurídica. países.
Assim, a hermenêutica constitucional é uma
subespécie da própria hermenêutica, pois compreen- Na sua prova, cuidado para não confundir méto-
de-se que é diferente interpretar a constituição do que dos de interpretação com princípios constitucionais de
interpretar as demais leis. Ora a constituição é um interpretação. Este assunto será estudado na seção de
dispositivo repleto de princípios e de caráter político, princípios constitucionais deste material de estudo.
diferente das demais leis que consistem na sua gran-
de maioria um grande repositório de regras e normas DIREITO CONSTITUCIONAL INTERTEMPORAL
mais estritas.
Sobre esse tema, os concursos gostam de cobrar Em regra, a constituição vigente revoga a ante-
duas posições referentes à hermenêutica constitucio- rior, ou seja, não vigem duas constituições no mesmo
momento. Vejamos como se aplica o direito constitu-
nal, vejamos:
cional intertemporal:
z Interpretativismo: nesse caso o intérprete está limi-
Recepção
tado a aplicar o texto constitucional e os princípios
que estão claramente implícitos na constituição. A nova Constituição recebe as normas infraconsti-
z Não interpretativismo: intérprete não se limita ao tucionais que foram feitas de acordo com Constituições
texto da constituição, deve buscar os valores consti- anteriores, desde que não contrariem materialmente
tucionais, como igualdade, justiça, fraternidade etc. (direito) a nova constituição.
8 ALEXANDRINO, Marcelo & PAULO, Vicente. Direito Constitucional Descomplicado. 9ª Ed. São Paulo: Método: 2012, p. 69.
256 9 LENZA, op. cit, p. 133.
As normas infraconstitucionais não podem contra- Já o Estado democrático de direito se entende pela
riar materialmente (direito), mas podem contrariar ideia de um Estado limitado pela sua constituição e as
formalmente (espécie normativa). limitações impostas por ela, onde as leis não podem
Exemplo: Código Penal é um decreto lei recepcio- ser ditadas por uma única pessoa (ou seja, por um
nado como lei ordinária. líder), e sim deve haver participação do povo, através
dos seus representantes eleitos, observando sempre
O CTN (Código Tributário Nacional) foi criado como
os princípios contidos na Constituição.
lei ordinária e recepcionado como lei complementar. Ainda cabe frisar que só podemos falar de demo-
CF ANTERIOR
cracia quando falamos do sufrágio universal, ou seja,
NOVA CF
o direito ao voto e o direito de ser votado, que foi
amplamente distribuído, todos têm esse direito, não
Normas Normas Infraconstitucionais pode ter distinção de sexo, cor ou etnia, ou seja, uma
Infraconstitucionais Recepcionadas democracia ampla estendida para todo o povo.
Neste capítulo é importante compreender também
as gerações ou também chamadas de dimensões de
Repristinação direitos, conforme veremos a seguir:
Quando aqui falamos do Estado de direito, também
Neste caso, a nova constituição revigora (revalida) estamos nos referindo as gerações de direitos. O jurista
normas infraconstitucionais que a constituição ante- Thomas Marshall nos trouxe a ideia de que no século XVIII
rior havia revogado. começa a existir um movimento de luta pelos direitos civis
(exigidos pelos liberais), esses direitos estão relacionados
com a vida, com a liberdade e com a propriedade.
CF anterior Nova CF
Mais tarde também surge uma demanda por direi-
tos políticos, todos estes fazem parte do chamado
NI NI revogado NI direitos de primeira geração.
Posteriormente, com o fim da Segunda Guerra
Mundial e após começa a existir uma desigualdade
“NI revogado volta a ter validade social grande entre a população, e consequentemente
NI = Norma infraconstitucional uma demanda por dignidade, nessa época que a Orga-
nização das Nações Unidas e Declaração Universal de
Existe repristinação no plano infraconstitucional, lei Direitos Humanos foram criadas. Aqui temos a cria-
em face de lei. Exemplo: O STF julgando ADI, declara a ção dos direitos de segunda geração, sendo que, a
lei revogadora inconstitucional, revigorando a lei revo- ideia principal é o Estado proteger a população e ser
gada (efeito repristinatório de decisões do STF em ADI). responsável pela dignidade da vida do povo.
Já os denominados direitos de terceira geração
Desconstitucionalização surgiram a partir de 1960 e têm relação com os valo-
res relacionados à fraternidade e, sobretudo a igual-
Neste caso, a nova constituição recebe a anterior dade, e portadores de deficiência.
Todos esses direitos fazem parte do Estado Demo-
como norma infraconstitucional.
crático de Direito, sendo que o mesmo constitui um
poder para proteger o cidadão do controle estatal con-
tra abusos e opressão.
Rebaixa - retira característica
de norma constitucional
PRIMEIRA SEGUNDA TERCEIRA
GERAÇÃO GERAÇÃO GERAÇÃO
CF anterior Nova CF
Direitos de Direitos de
CF anterior recebida como
Direitos de igualdade; fraternidade; Meio
Norma Infraconstitucional liberdade; Civis e Econômicos, ambiente, paz,
políticos. sociais e autodeterminação
culturais. dos povos.
Atenção! É uma visão doutrinária (de estudo), na
prática não existe.
Atenção! Na sua prova também podem ser chama-
Prorrogação dos de direitos de primeira, segunda e terceira dimensão.
DIREITO CONSTITUCIONAL

No estado democrático de direito as leis devem


Prorrogação é a continuação de situações jurídicas possuir um conteúdo formal (o que consta na lei) e
anteriores até a efetiva regulamentação dos temas, de material (conteúdo deve estar de acordo com os prin-
acordo com a constituição federal. Neste caso, um ins- cípios constitucionais). Ainda, é um estado limitado
tituto, direito ou órgão continua em vigor até a nova pela constituição e pelas leis, sendo que as leis não
regulamentação. podem ser ditadas somente por um soberano, mas sim
Exemplo: O STF teve prorrogada sua competência pactuadas com toda a população através do princípio
até a criação do STJ. da separação dos poderes.

ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO TRIPARTIÇÃO DE PODERES

O Estado de direito teve origem na Europa moderna A separação dos poderes foi uma teoria exposta
com objetivo de, na época, limitar o poder do Rei, sendo por Montesquieu, que determina a composição e divi-
que o Estado deveria ser orientado por leis e constitui- são do Estado, objetiva que cada poder deve ser inde-
ções e não somente pela vontade de um Soberano. pendente e harmônico entre si, como forma de dividir 257
as funções do Estado, entre poder executivo, poder d) formal.
legislativo e poder judiciário, entendimento esse tam- e) eclética.
bém chamado de Teoria da Separação dos Poderes.
Conforme estudamos, é classificada como rígida a
Poder legislativo, por sua vez, é o poder de poder de
constituição difícil de modicar, aquela que demanda
fazer, emendar, alterar e revogar leis. Já o poder exe-
um processo especial, solene. Como por exemplo, a
cutivo, tem função de administrar o Estado, e por fim
Constituição Federal de 1988, que exige um procedi-
é o poder judiciário quem tem função jurisdicional.
mento especial para sua modificação, conforme art.
Assim, preleciona Pedro Lenza:
60, § 2º da CF. Resposta: Letra B.
O Estado que estabelece a separação dos pode-
res evita o depotismo e assume feições liberais. ÁREA DE REGULAÇÃO E ÁREA DE PROTEÇÃO
Do ponto de vista teórico, isso significa que na DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS, TITULARIDADE
base da separação dos poderes encontra-se a DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS,
tese da existência de nexo causal entre a divisão DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS EM
do poder e a liberdade individual10. ESPÉCIE

LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO Os direitos fundamentais estão localizados no títu-


lo II da CF/88, do art. 5º ao art. 17, e estão classifica-
Administra o dos em cinco grupos: direitos individuais e coletivos,
Elabora as leis. Aplica as leis.
Estado. direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos
Senadores e políticos e direitos relacionados à existência, organi-
Presidente da zação e participação em partidos políticos.
Deputados Supremo Tribu-
República; Também são classificados em três dimensões de
Federais; nal Federal;
Governadores direito, pois surgiram em épocas diferentes.
Deputados Tribunais;
do Estado;
Estaduais; Juízes.
Prefeitos. DIREITOS DIREITOS DIREITOS
Vereadores. FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS FUNDAMENTAIS
DE 1º DIMENSÃO DE 2º DIMENSÃO DE 3º DIMENSÃO
Essa foi apenas uma introdução à tripartição de Direitos civis e po- Direitos sociais, eco-
poderes, pois mais adiante vamos abordar cada poder Fraternidade
líticos nômicos e culturais
e suas funções em capítulos específicos.
DIREITOS E DEVERES FUNDAMENTAIS E
COLETIVOS
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Conforme prevê o art. 5º da CF/88 todos são iguais
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de hermenêu- perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
tica constitucional e de métodos empregados na práti- garantindo aos brasileiros direito à vida, à liberdade,
ca dessa hermenêutica, assinale a opção correta. à igualdade, à segurança e à propriedade.

a) A noção de filtragem constitucional da hermenêutica Direito à Vida


jurídica contemporânea torna dispensável a distinção
entre regras e princípios. A Constituição protege a vida, extrauterina e
b) De acordo com o método tópico, o texto constitucional intrauterina – neste caso, com a proibição do aborto.
é ponto de partida da atividade do intérprete, mas nun- Entretanto, o art. 128 do Código Penal prevê a autori-
ca limitador da interpretação. zação do aborto como exceção em duas hipóteses, são
c) Segundo a metódica jurídica normativo-estruturante, a eles como único meio para salvar a vida da mulher e
aplicação de uma norma constitucional deve ser con- no caso de gravidez resultante de estupro.
dicionada às estruturas sociais que delimitem o seu
alcance normativo. Art. 128 Não se pune o aborto praticado por
d) princípio da unidade da Constituição orienta o intér- médico:
prete a conferir maior peso aos critérios que benefi-
ciem a integração política e social.
Aborto Necessário
e) Os princípios são mandamentos de otimização, como
critério hermenêutico, e implicam o ideal regulativo
que deve ser buscado pelas diversas respostas cons- I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
titucionais possíveis.
Aborto no Caso de Gravidez Resultante de Estupro
Conforme as possibilidades jurídicas, os princípios
devem ser observados como forma de orientar a II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é
interpretação dos textos, com efetividade e justeza, precedido de consentimento da gestante ou, quando
conforme dispõe a Constituição. Resposta: Letra E. incapaz, de seu representante legal

2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A Constituição que difi-


Subentende-se direito à saúde, na vedação à pena
culte o processo tendente a modificá-la, ainda que per-
mita emenda ou reforma, classifica-se como de morte, proibição do aborto e, por fim, direito às
condições mínimas necessárias para uma existência
a) flexível. digna, conforme também prevê o princípio da digni-
b) rígida. dade da pessoa humana, apresentado no art. 1º, inciso
c) sintética. III da CF/88.
258 10 LENZA, op. cit, p. 564.
Note que, a constituição ao determinar o direito à Questão muito cobrada em provas.
vida, possui dois aspectos, direito à integridade física Ainda sobre a liberdade de pensamento, é impor-
e psíquica. tante mencionar que no Brasil a denúncia anônima
Importante mencionar que o STF já se posicionou é permitida. Contudo, o poder público não pode ini-
sobre gravidez de feto anencéfalo, decidindo, em ciar o procedimento formal tendo como base única
julgamento de grande repercussão, que não constitui uma denúncia anônima.
crime a interrupção da gravidez nestes casos. Ainda, o O STF considerou desnecessária a utilização
julgamento somente autorizou a interrupção da gravi- de diploma de jornalismo e registro profissional no
dez de feto portador de anencefalia, não se estenden- Ministério do Trabalho como condição para o exercí-
do a nenhuma outra deficiência.11 cio da profissão de jornalista, pois tem na sua essên-
É importante ressaltar também que o STF decidiu cia a manifestação do pensamento.13
pela legitimidade da realização de pesquisas com Liberdade de consciência e crença está localiza-
a utilização de células-tronco12 embrionárias, obti- do nos incisos VI, VII e VIII do art. 5º da CF. É impor-
das de embriões humanos produzidos por fertilização tante mencionar que o Brasil não tem religião oficial,
in vitro e não utilizados no respectivo procedimento, sendo considerado um Estado laico que tem como
base o pluralismo político.
atendidas as condições estipuladas no art. 5º da Lei
11.105/2005, que estabelece as normas de segurança Art. 5° [...]
e maneiras de fiscalização das atividades que envol- VI - é inviolável a liberdade de consciência e de
vam organismos geneticamente modificados. Nesse crença, sendo assegurado o livre exercício dos cul-
sentido, o STF considerou que as mencionadas pesqui- tos religiosos e garantida, na forma da lei, a prote-
sas não violam direito à vida, vejamos o dispositivo ção aos locais de culto e a suas liturgias;
mencionado: VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
assistência religiosa nas entidades civis e militares
Lei 11.105 de 25 de março de 2005 de internação coletiva;
Art. 5º É permitida, para fins de pesquisa e terapia, VIII - ninguém será privado de direitos por moti-
a utilização de células-tronco embrionárias obtidas vo de crença religiosa ou de convicção filosófica ou
de embriões humanos produzidos por fertilização política, salvo se as invocar para eximir-se de obri-
in vitro e não utilizados no respectivo procedimen- gação legal a todos imposta e recusar-se a cumprir
to, atendidas as seguintes condições: prestação alternativa, fixada em lei;
I – sejam embriões inviáveis; ou
II – sejam embriões congelados há 3 (três) anos ou Liberdade de locomoção, localizado no inciso
mais, na data da publicação desta Lei, ou que, já XV da CF, é um tópico muito importante e está ligado
congelados na data da publicação desta Lei, depois ao direito de ir e vir. Esse não é um direito absolu-
de completarem 3 (três) anos, contados a partir da to, pois temos os casos de prisão previstos na lei, ou
data de congelamento. seja, as diversas situações em que prisões são necessá-
§ 1º Em qualquer caso, é necessário o consentimen- rias deixam claro que o direito a locomoção não é um
to dos genitores. direito absoluto.
§ 2º Instituições de pesquisa e serviços de saúde
que realizem pesquisa ou terapia com células-tron- Atualidade! Direito de Ir e Vir x Coronavírus
co embrionárias humanas deverão submeter seus (Covid-19)
projetos à apreciação e aprovação dos respectivos
comitês de ética em pesquisa. Aqui temos um tema muito comentado, o isola-
§ 3º É vedada a comercialização do material bioló- mento, ou seja, a proibição das pessoas de abrirem
gico a que se refere este artigo e sua prática implica suas próprias empresas, de permanecerem em pra-
o crime tipificado no art. 15 da Lei nº 9.434, de 4 de ças, lugares públicos, isto é, seu direito de ir e vir limi-
fevereiro de 1997. tado.. entenda:

Somente grupo de risco deve


Importante! ficar isolado em casa. (idosos
Vertical
e pessoas com problemas de
As decisões do STF também são objeto de ques- saúde)
tionamento em provas.
Isolamento

Direito à Liberdade Toda população deve ficar


DIREITO CONSTITUCIONAL

Horizontal isolada em casa e empresas


fechadas
Trata-se de direito fundamental de primeira
dimensão, ou seja, são os direitos fundamentais que
estão ligados ao valor liberdade, sendo eles: os direi- Se o direito à liberdade de locomoção é um direito
tos civis e os direitos políticos. fundamental de ir e vir, pode-se proibir que a pessoas
Liberdade de pensamento, prevista no inciso IV se locomovam? Mas e a constituição?
da CF, determina a livre manifestação do pensamento, No caso da Covid-19, em 18 de março de 2020, foi
porém, é importante se atentar à parte final do inciso, aprovado pelo Congresso Nacional o decreto que colo-
que veda o anonimato, por exemplo: um indivíduo vai ca o país em estado de calamidade pública, tendo em
até uma manifestação nas ruas com panos no rosto e vista a situação excepcional de emergência de saúde.
comete atos ilícitos (como furto). Para você entender melhor, vamos estudar por etapas.
11 ADPF 54/DF Min Marco Aurélio, julgado em 11.04.2012, DJe 24.04.2013.
12 ADI 3.510/DF, rel. Min. Carlos Brito, julgamento em 29.05.2008, DJe em 05.06.2008
13 STF RE/511961, Min. Gilmar Mendes, 17.06.2009. 259
O que é Calamidade Pública? Ou seja, no caso em tela, pode-se proibir, confor-
me os requisitos demonstrados na situação atual para
O dicionário Aurélio assim define calamidade: provas: direito de ir e vir é um direito fundamen-
“desgraça pública; grande infortúnio; catástrofe”. Ou tal, mas fique atento: não é um direito absoluto! No
seja, é um estado anormal resultante de um desastre caso da violação desse direito em face do covid-19,
de natureza, pandemia ou até financeiro, situações foi observado o princípio da proporcionalidade
em que o Governo Federal deve intervir nos outros e o princípio da supremacia do interesse público
Entes Federativos (entenda entes: Estados - DF e Muni- sobre o particular.
cípios) para auxiliar no combate à situação. Lembrando que o desrespeito a qualquer medida
Conforme o Governo Federal, o reconhecimento imposta configura como crime contra a saúde públi-
do estado de calamidade pública estava previsto para ca prevista no art. 268 do código penal, que pune cri-
durar até 31 de dezembro de 2020, prologando-se minalmente a conduta de “infringir determinação do
até o início de 2021. Ele é necessário “em virtude do poder público, destinada a impedir introdução ou pro-
monitoramento permanente da pandemia Covid-19, pagação de doença contagiosa”.
da necessidade de elevação dos gastos públicos para A liberdade de reunião, prevista no inciso XVI
proteger a saúde e os empregos dos brasileiros e da do art. 5º da CF, deve ser pacífica e sem armas, bem
perspectiva de queda de arrecadação”14 como não deve frustrar outra reunião anteriormente
Entenda a explicação sobre calamidade pública: convocada para aquele local. Tem preferência quem
avisar primeiro, chamado o aviso prévio à autoridade
z Decretado estado de Calamidade Pública, através competente, o que é diferente de autorização, pois a
de aprovação das duas casas: Senado Federal e reunião não depende de autorização.
Câmara dos Deputados. Permite que o Executivo Liberdade de associação tem previsão no inci-
gaste mais do que o previsto e desobedeça às metas so XVII até o XXI do art. 5º da CF. É importante men-
fiscais para custear ações de combate à pandemia; cionar que todos esses incisos já foram cobrados em
z O Governo Federal já pode determinar quais medi- provas em geral. Cuidado com o texto constitucional,
das de apoio serão tomadas, com base na lei com- como por exemplo:
plementar 101/2020;
z Governo Federal poderá: Art. 5º [...]
XVII - é plena a liberdade de associação para fins
lícitos, vedada a de caráter paramilitar;
„ Liberar recursos; enviar defesa civil militar;
enviar kits emergenciais. A Expressão “plena”, Utilizada no Dispositivo, Tem o
Mesmo Sentido de Ser Considera Livre a Liberdade
z Estados podem: de Associação, Desde que Para Fins Lícitos.

„ Parcelar dívidas; atrasar execução de gastos; Por conseguinte, o texto constitucional prevê a
não precisa fazer licitações. possibilidade de criação de associações e cooperati-
vas, independente de autorização. Ainda, só pode-
rão ser dissolvidas ou ter suspensas as atividades
Agora que entendemos como funciona o estado
por decisão judicial. Ninguém pode ser obrigado a
de calamidade pública, vamos à análise do direito de
associar-se ou permanecer associado. Por fim, o tex-
locomoção que foi restringido.
to constitucional autoriza, desde que expressamente
Primeiramente, é importante mencionar que
autorizada, a representação dos associados pelas enti-
nenhum direito fundamental pode ser considerado
dades associativas.
absoluto (quando dizemos isso, significa que esse direi-
to pode ser violado, desde que se cumpra alguns Igualdade
requisitos), e a proporcionalidade de cada situação
deve ser observada. Princípio da igualdade, previsto também no caput
O interesse da coletividade deve ser sempre do art. 5º da CF, é muito importante, e, deste princípio,
observado e ter preferência em relação ao direito inúmeros outros decorrem diretamente, conforme
do particular, com o objetivo de aplicar o denomina- veremos a seguir.
do princípio da supremacia do interesse público
sobre o particular, que inclusive é um dos principais Igualdade na Lei x Igualdade Perante a Lei
princípios do direito administrativo.
Aqui cabe mencionar também o art. 196 da CF, que A igualdade na lei obriga o legislador a tratar
prevê o direito à saúde como sendo um dever do Esta- todos da mesma forma ao criar as normas; já a igual-
do (no sentido de nação politicamente organizada, ou dade perante a lei significa que quem administra o
seja, é um dever do País/Governo Federal). Estado também deve observar o princípio da igual-
dade, por exemplo, o poder executivo ao adminis-
trar e o poder judiciário ao julgar. Importante frisar
Art. 196 A saúde é direito de todos e dever do Esta-
que o princípio da igualdade também tem efeitos aos
do, garantido mediante políticas sociais e econômi-
particulares.
cas que visem à redução do risco de doença e de
outros agravos e ao acesso universal e igualitário Igualdade Formal x Igualdade Material
às ações e serviços para sua promoção, proteção e
recuperação. A igualdade formal, também chamada de igual-
dade jurídica, significa que todos devem ser tratados
Ainda, cabe mencionar o princípio da propor- da mesma forma. Já a igualdade material significa
cionalidade, que tem como finalidade equilibrar os tratar igual os iguais e os desiguais com desigualdade,
direitos individuais com os da sociedade, exatamente na medida de suas desigualdades, ou seja, é uma for-
como no caso que aqui estamos analisando. ma de proteção a certos grupos sociais, certos grupos
14 Disponível em <https://www.gov.br/planalto/pt-br/acompanhe-o-planalto/notas-oficiais/2020/copy_of_nota-a-imprensa> Acesso em: 10 out
260 2020.
de pessoas que foram discriminadas ao longo da his- No tocante aos particulares, o princípio da lega-
tória do Brasil. Isso ocorre por meio das chamadas lidade quer dizer que apenas a lei tem legitimidade
ações afirmativas, que visam, por meio da política para criar obrigações de fazer, também chamadas de
pública, reduzir os prejuízos. Por exemplo, temos o obrigações positivas, e também as chamadas obriga-
sistema de cotas para os afrodescendentes nas univer- ções de não fazer, chamadas obrigações negativas, e,
sidades públicas. Sobre o tema, o STF já se posicionou nos casos em que a lei não dispuser obrigação algu-
pela constitucionalidade, e a decisão foi tomada no ma, é dado ao particular fazer o que bem entender,
julgamento do Recurso Extraordinário (RE 597285), ou seja, não havendo qualquer proibição disposta em
com repercussão geral, em que um estudante questio-
lei, o particular está livre para agir, vigorando nesse
nava os critérios adotados pela UFRGS para reserva
ponto o princípio da autonomia da vontade.
de vagas.15
Em refêrencia ao poder público, o conteúdo do
Igualdade nos Concursos Públicos princípio da legalidade é outro: tem a ideia de que o
Estado se sujeita às leis e, ao mesmo tempo, de que
Tem como base o também chamado princípio da governar é atividade cuja realização exige a edição
isonomia, o qual deve ser rigorosamente observado de leis; assim, o poder público não pode atuar nem
sob pena de nulidade da prova a ser realizada pelo contrário às leis, nem na ausência da lei.
respectivo concurso público.
Entretanto, alguns concursos exigem, por exem- Inviolabilidade
plo, idade, altura etc. Note que todas as exigências
contidas no edital que façam distinção entre as pes- Inviolabilidade da intimidade, da vida privada, da
soas somente serão lícitas e constitucionais desde honra e da imagem das pessoas tem previsão no art.
que preencham dois requisitos: 5º, inciso X da CF; vejamos:

z Deve estar previsto em lei – igualdade formal; X - são invioláveis a intimidade, a vida privada,
z Deve ser necessário ao cargo. a honra e a imagem das pessoas, assegurado o
direito a indenização pelo dano material ou moral
decorrente de sua violação;
Como por exemplo, concurso para contratação de
agente penitenciário para presídio feminino e o edi-
Essa proteção se refere às pessoas físicas ou jurí-
tal constar que é permitido somente mulheres para
dicas, abrangendo inclusive a proteção necessária à
investidura do cargo.
própria imagem frente aos meios de comunicação em
Exemplo muito comentado também é sobre a proi-
massa (televisão, jornais etc.).
bição de tatuagem contida nos editais de concurso
Inviolabilidade domiciliar tem previsão no inciso
público. Sobre o tema o STF assim entendeu:
XI do art. 5º da CF:
Editais de concurso público não podem estabelecer
Art. 5º [...]
restrição a pessoas com tatuagem, salvo situa-
XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém
ções excepcionais, em razão de conteúdo que vio-
nela podendo penetrar sem consentimento do
le valores constitucionais.
morador, salvo em caso de flagrante delito ou
desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
Entenda: como situação excepcional tatuagem que dia, por determinação judicial;
viole os princípios constitucionais e os princípios do
Estado brasileiros. Ex.: Tatuagem de suástica nazista.
Importante!
União Estável Homoafetiva
Memorize que como dia entende-se o período
Tema muito comentado e, em 2011, o STF se posi- das 6h às 18h.
cionou sobre o reconhecimento da união estável para
casais do mesmo sexo, decisão tomada sob o argu-
mento que o art. 3º, inciso IV, da CF veda qualquer Note que existem exceções à inviolabilidade: fla-
discriminação em virtude de sexo, raça, cor e que, grante delito, desastre, prestação de socorro e deter-
nesse sentido, ninguém pode ser diminuído ou dis- minação judicial. Convém lembrar também que, de
criminado em função de sua orientação sexual. acordo com o magistério jurisprudencial do STF, o
“O sexo das pessoas, salvo disposição contrária, não conceito de “casa” é amplo, abarcando qualquer com-
DIREITO CONSTITUCIONAL

se presta para desigualação jurídica”: conclui-se, por- partimento habitado (casa, apartamento, trailer ou
tanto, que qualquer depreciação da união estável barraca); qualquer aposento ocupado de habitação
homoafetiva colide, com o inciso IV do art. 3º da CF.16 coletiva (hotel, apart-hotel ou pensão), bem como
qualquer compartimento privado onde alguém exerça
Legalidade profissão ou atividade, incluindo as pessoas jurídicas.
O STF, em relevante julgamento com repercussão
Princípio da legalidade está previsto no art. 5º, geral (art. 102, § 3° da CF), firmou compreensão no
inciso II da CF, e preceitua que “ninguém será obriga- sentido de que pode ocorrer a inviolabilidade mes-
do a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em mo no período noturno – fundamentada e devi-
virtude de lei”. Note que, quando se fala em princípio damente justificada, se indicado que no interior na
da legalidade, se está falando no âmbito particular e casa se está praticando algum crime, ou seja, em esta-
não da administração pública. do de flagrante delito.
15 RE 597285, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 09.05.2012, DJe 21.05.2012.
16 STF. ADI 4277 e ADPF 132, rel. Min. Ayres Britto, julgado em 05.05.2011, DJe 06.05.2011. 261
É importante frisar que, se o agente policial entrar As correspondências são invioláveis, com exce-
na residência e não constatar a ocorrência de crime ção nos casos de decretação de estado de defesa
em flagrante, não haverá ilicitude na conduta dos e de sítio (arts. 136 e seguintes da CF). É importante
agentes policiais se forem apresentadas fundadas mencionar também que o STF já reconheceu a possi-
razões que os levaram a invadir aquela casa, o que, bilidade de interceptar carta de presidiário, pois a
sem dúvida, deve ser objeto de controle – mesmo que inviolabilidade de correspondência não pode ser usa-
posterior – por parte da própria polícia e, claro, pelo da como defesa para atividades ilícitas.17
Ministério Público (a quem compete exercer o con- Possibilidade de interceptação telefônica: inter-
trole externo da atividade policial, nos termos do art. ceptação telefônica é a captação e gravação de conver-
129, VII, da CF) ou mesmo pelo Judiciário, ao analisar- sa telefônica, no momento em que ela se realiza, por
-se a legitimidade de eventual prova colhida durante terceira pessoa sem o conhecimento de qualquer um
essa entrada à residência. dos interlocutores, conforme prevê exceção do inciso
Sobre a entrada forçada em domicílio, o STF assim XII do art. 5º da CF acima mencionado, que para ser
considerou: lícita deve obedecer três requisitos:
A entrada forçada em domicílio sem mandado
judicial só é lícita, mesmo em período noturno, Ordem Judicial;
quando amparada em fundadas razões, devida- Para fins de investigação
mente justificadas “a posteriori”, que indiquem Interceptação telefônica criminal;
que dentro da casa ocorre situação de flagrante Hipóteses e formas que a
delito, sob pena de responsabilidade disciplinar, lei estabelecer.
civil e penal do agente ou da autoridade, e de nuli-
dade dos atos praticados.
Essa a orientação do Plenário, que reconheceu a Ainda, a interceptação telefônica dependerá de
repercussão geral do tema e, por maioria, negou pro- ordem judicial, conforme art. 1º da Lei 9.926/96.
vimento ao recurso extraordinário em que se discutia,
à luz do art. 5º, XI, LV e LVI, da Constituição, a legalida- Art. 1º A interceptação de comunicações telefôni-
de das provas obtidas mediante invasão de domicílio cas, de qualquer natureza, para prova em investi-
por autoridades policiais sem o devido mandado de gação criminal e em instrução processual penal,
busca e apreensão. O acórdão impugnado assentou observará o disposto nesta Lei e dependerá de
o caráter permanente do delito de tráfico de drogas ordem do juiz competente da ação principal, sob
e manteve condenação criminal fundada em busca segredo de justiça.
domiciliar sem a apresentação de mandado de busca Parágrafo único. O disposto nesta Lei aplica-se à
e apreensão. A Corte asseverou que o texto constitu- interceptação do fluxo de comunicações em siste-
cional trata da inviolabilidade domiciliar e de suas mas de informática e telemática.
exceções no art. 5º, XI (“a casa é asilo inviolável do
indivíduo, ninguém nela podendo penetrar sem consen- O segundo requisito necessário exige que a pro-
timento do morador, salvo em caso de flagrante delito dução desse meio de prova seja dirigida para fins de
ou desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o dia, investigação criminal ou instrução processual penal;
por determinação judicial”). Seriam estabelecidas, por- assim, não é possível a autorização da interceptação
tanto, quatro exceções à inviolabilidade: telefônica em processos civis, administrativos, disci-
plinares etc.
Já o último requisito refere-se a uma lei que deve
a - flagrante delito;
b -desastre;
prever as hipóteses e a forma em que pode ocorrer a
c) - prestação de socorro; e interceptação telefônica, obrigatoriamente no âmbito
d) - determinação judicial. de investigação criminal ou instrução processual penal.
A regulamentação deste dispositivo veio com a Lei
9.296/1996, que legitimou a interceptação das comu-
A interpretação adotada pelo STF seria no sentido
nicações como meio de prova, estendendo também
de que, se dentro da casa estivesse ocorrendo um cri-
a sua regulamentação à interceptação de fluxo de
me permanente, seria viável o ingresso forçado pelas
comunicações em sistemas de informática e telemáti-
forças policiais, independentemente de determinação
ca (combinação de meios eletrônicos de comunicação
judicial. Isso se daria porque, por definição, nos cri-
com informática, e-mail e outros).
mes permanentes haveria um interregno entre a con-
sumação e o exaurimento. Nesse interregno, o crime
Direito de Propriedade
estaria em curso. Assim, se dentro do local protegido o
crime permanente estivesse ocorrendo, o perpetrador
estaria cometendo o delito. Caracterizada a situação Está amparado junto ao caput e inciso XXII do art.
5º, bem como no inciso II do art. 170, ambos da CF.
de flagrante, seria viável o ingresso forçado no domi-
cílio. (RE 603616/RO, rel. Min. Gilmar Mendes, julgado
em 5.11.2015 e DJe 13.11.2015) Art. 5º [...] XXII - é garantido o direito de propriedade;
A inviolabilidade das correspondências e comu- Art. 170 A ordem econômica, fundada na valoriza-
nicações tem como previsão o inciso XII do art. 5º da ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
CF, vejamos. por fim assegurar a todos existência digna, con-
forme os ditames da justiça social, observados os
XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das seguintes princípios:
comunicações telegráficas, de dados e das comuni- II - propriedade privada;
cações telefônicas, salvo, no último caso, por
ordem judicial, nas hipóteses e na forma que a lei O direito de propriedade assegurado na constitui-
estabelecer para fins de investigação criminal ou ção como direito constitucional abrange tanto os bens
instrução processual penal; corpóreos quanto os incorpóreos.
262 17 STF. HC 70.814-5/SP, rel. Min. Celso de Mello, julgado em 24.06.1994.
Bens corpóreos Os bens possuidores de existência XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos
física, concretos e visíveis, como por exemplo, uma públicos informações de seu interesse parti-
casa, um automóvel etc. Já os bens incorpóreos são cular, ou de interesse coletivo ou geral, que serão
bens abstratos que não possuem existência física, ou prestadas no prazo da lei, sob pena de responsabi-
seja, não são concretos, mas possuem um valor eco- lidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja impres-
nômico, como por exemplo, propriedade intelectual, cindível à segurança da sociedade e do Estado;
direitos do autor etc.
Em relação à propriedade de bens incorpóreos, Direito de Certidão
existe a específica proteção constitucional denomina-
da propriedade intelectual, que abrange os direitos de O Estado é obrigado a fornecer as informações
autor e os direitos relativos à propriedade industrial, solicitadas, com exceção nas hipóteses de proteção
como a proteção de marcas e patentes.
por sigilo. Caso haja uma violação desse direito, que
Desapropriação é líquido e certo, o remédio constitucional cabível é o
mandado de segurança, tema que também será abor-
Como característica dos direitos fundamentais, o dado no título Garantias Constitucionais.
direito de propriedade também não é um direito abso- O direito de certidão tem previsão no inciso XXXIV,
luto. Apesar da exigência de que a propriedade aten- “b” do art. 5º da CF, e assegura a todos, independente
da uma função social, há outras hipóteses em que do pagamento de taxas, o seguinte:
o interesse público pode justificar a imposição de
limitações. XXXIV - são a todos assegurados, independente-
Ao elaborar a Constituição, o legislador se preo- mente do pagamento de taxas:
cupou em atribuir tratamento especial à política de [...]
desenvolvimento urbano. Referente à desapropria- b) a obtenção de certidões em repartições públi-
ção de imóvel rural, somente é lícita para fins de cas, para defesa de direitos e esclarecimento de
interesse social, ou seja, imóvel rural que não esti- situações de interesse pessoal;
ver cumprindo sua função social é desapropriado.
Nesse sentido, é importante verificar a importân-
cia do art. 5°, XXIV, que determina o poder geral de Importante frisar aqui que, conforme entendi-
desapropriação por interesse social. Ora, desde que mento dos Tribunais, já se consolidou o entendimen-
seja paga a indenização mencionada neste artigo, to no sentido de que não se exige do administrado a
qualquer imóvel poderá ser desapropriado por inte- demonstração da finalidade específica do pedido.
resse social para fins de reforma agrária.
Direito Adquirido, Coisa Julgada e Ato Jurídico
Defesa do Consumidor Perfeito
Conforme prevê o art. 5º, inciso XXXII da CF “o
estado promoverá, na forma da lei, a defesa do consu- Assim prevê o inciso XXXVI do art. 5º da CF: “a lei
midor”. Tema também mencionado no art. 170, inciso não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
V da CF, que estabeleceu como princípio fundamental perfeito e a coisa julgada”. Entenda:
de nossa ordem econômica a “defesa do consumidor”.
Direito adquirido é aquele direito que cumpriu
Art. 170 A ordem econômica, fundada na valoriza- todos os requisitos previstos em lei, como por exem-
ção do trabalho humano e na livre iniciativa, tem plo, o homem que cumpriu todos os requisitos exi-
por fim assegurar a todos existência digna, con- gidos para concessão da aposentadoria por idade,
forme os ditames da justiça social, observados os conforme determina o art. 201, § 7º, I da CF, tem o
seguintes princípios:
direito adquirido para requerer seu benefício.
[...]
V - defesa do consumidor;
§ 7º É assegurada aposentadoria no regime geral
Assim que foi promulgada a Constituição em 1988, de previdência social, nos termos da lei, obedecidas
o legislador se preocupou em estipular um prazo de as seguintes condições:
cento e vinte dias para que fosse elaborado o Código I - 65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, e
de Defesa do Consumidor, exigência estipulada por 62 (sessenta e dois) anos de idade, se mulher, obser-
meio do nº 48 da ADCT. (Ato das Disposições Consti- vado tempo mínimo de contribuição;
tucionais Transitórias. São regras que estabelecem a
harmonia da transição do regime constitucional ante- Ato jurídico perfeito é o ato já realizado, confor-
me a lei vigente ao tempo que se realizou, pois nes-
DIREITO CONSTITUCIONAL

rior – 1969, para o novo regime - 1988).


Entretanto, o prazo exigido não foi observado e o te caso já cumpriu todos os requisitos conforme a lei
Código de Defesa do Consumidor foi publicado ape- vigente na época, tornando-se, portanto, completo.
nas dois anos após a publicação da Constituição – Lei Coisa julgada ocorre no âmbito do processo judi-
8.078/1990. cial, decisão judicial a qual não cabe mais recurso, tor-
nando-a imutável e indiscutível.
Direito de Informação

Instrumento de natureza administrativa derivado Júri Popular


do princípio da publicidade da atuação da adminis-
tração pública, tem como objetivo a atuação transpa- A nossa carta magna reconhece no seu inciso XXX-
rente em decorrência da própria indisponibilidade VIII a instituição do júri, que é visto como uma prerro-
do interesse público, disciplinado nos incisos XXXIII gativa democrática do cidadão, e que exige que o réu
e LXXII do art. 5º da CF e Lei 9507/1997 que regula o deve ser julgado pelos seus semelhantes. O tribunal
direito de acesso a informações e disciplina o rito pro- é composto por um juiz togado e vinte cinco jurados
cessual do habeas data. que serão sorteados dentre os alistados. 263
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a XLII - a prática do racismo constitui crime
organização que lhe der a lei, assegurados: inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de
a) a plenitude de defesa; reclusão, nos termos da lei;
b) o sigilo das votações;
c) a soberania dos veredictos; A pena de reclusão é a pena prevista para os casos
d) a competência para o julgamento dos crimes mais graves, o qual o regime inicial será fechado, em
dolosos contra a vida; prisão de segurança máxima.
Destarte, a competência mencionada na alínea “d” XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
não é absoluta, pois não abrange os crimes pratica- insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tor-
dos contra a vida perpetrados por detentores de foro tura, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas
especial por prerrogativa de função, que deverão ser afins, o terrorismo e os definidos como crimes
julgados por tribunais específicos conforme previsto hediondos, por eles respondendo os mandantes, os
na Constituição. executores e os que, podendo evitá-los, se omitirem;
Ainda, o foro especial por prerrogativa de fun-
ção se refere ao órgão competente para julgar ações Crimes hediondos são aqueles que a legislação
penais contra certas autoridades públicas, levando-se entende que geram maior reprovação por parte da
em conta o cargo ou a função que elas ocupam, de sociedade, assim merecem uma rigidez maior. Não
modo a proteger a função e a coisa pública, ou seja, são necessariamente crimes cometidos com alto grau
por ligar-se à função e não à pessoa, essa forma de de violência ou crueldade, mas sim os crimes previs-
determinar o órgão julgador competente não acompa- tos expressamente no art. 1º da Lei 8.072/90.
nha a pessoa após o fim do exercício do cargo. O homicídio qualificado é o primeiro mencionado
na legislação, ou seja, quando praticado em circuns-
Princípio da Legalidade Penal e da Retroatividade da tância que revele perversidade – por exemplo, se o
Lei crime é praticado por motivo fútil ou torpe.
Princípio da legalidade penal, com previsão no Bem como, o homicídio praticado por grupo de
inciso XXXIX do art. 5º da CF, também chamado de extermínio também está no rol dos crimes hediondos,
princípio da reserva legal, refere-se à aplicação do mesmo que cometido por uma só pessoa do grupo.
princípio da legalidade, de forma mais específica no
âmbito do direito penal. XLIV - constitui crime inafiançável e impres-
Nesse sentido, crime será a conduta delituosa pre- critível a ação de grupos armados, civis ou mili-
vista exclusivamente em lei, da mesma forma que a tares, contra a ordem constitucional e o Estado
Democrático;
cominação da pena, que não é admissível à configura-
ção de crime baseado nos costumes.
Entenda: prescrição é a perda do direito de punir
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, do Estado pelo seu não exercício em determinado lap-
nem pena sem prévia cominação legal; so de tempo.
Em 2015, duas leis incluíram, no rol de cri-
Princípio da retroatividade da lei tem previsão no mes hediondos, o assassinato de policiais e o
inciso XL do art. 5º da CF, consiste em analisar um fato feminicídio.
passado à luz de um direito presente, estabelece que Em 2019, houve alterações na legislação penal e
os fatos sejam apreciados com base na lei em vigor no
processual diante da aprovação da Lei nº 13.964, tam-
tempo do crime. Assim, a lei aplicável é a lei do tem-
bém chamada de Pacote Anticrime; nessa oportuni-
po do crime, ou seja, na regra geral, as normas penais
dade houve a inclusão de crimes no rol dos crimes
não retroagem, salvo se trouxerem algum tipo de
hediondos.
benefício para o réu.
Veja quais foram os crimes incluídos:
XL - a lei penal não retroagirá, salvo para benefi-
ciar o réu; II – roubo:
a) circunstanciado pela restrição de liberdade
Cuidado, aqui temos um exemplo de “exceção da da vítima (art. 157, § 2º, inciso V);
exceção”: b) circunstanciado pelo emprego de arma de
Crimes praticados durante a vigência de lei tempo- fogo (art. 157, § 2º-A, inciso I) ou pelo emprego de
rária ou excepcional não podem ser beneficiados pela arma de fogo de uso proibido ou restrito (art.
retroatividade da lei mais benéfica. 157, § 2º-B);
Lei excepcional é a lei criada para regular fatos III – extorsão qualificada pela restrição da liber-
ocorridos dentro de uma situação irregular, a qual dade da vítima, ocorrência de lesão corporal ou
perde seus efeitos após findar situação irregular que morte (art. 158, § 3º);
a motivou. IX – furto qualificado pelo emprego de explo-
Lei temporária vigorou até extinguir-se o prazo de sivo ou de artefato análogo que cause perigo
duração fixado pelo legislador, por exemplo, uma lei comum (art. 155, § 4º-A).
que fixa a tabela de preços de artigos de consumo. III – o crime de comércio ilegal de armas de
fogo, previsto no art. 17 da Lei nº 10.826, de 22 de
Crimes dezembro de 2003;
IV – o crime de tráfico internacional de arma de
O legislador originário também se preocupou em fogo, acessório ou munição, previsto no art. 18
mencionar e observar crimes de tortura, tráfico ilíci- da Lei nº 10.826, de 22 de dezembro de 2003;
to de drogas, terrorismo e a ação de grupos armados V – o crime de organização criminosa, quando
264 contra ordem constitucional. direcionado;
Fique atento com os artigos mencionados acima Habeas data
e as novidades legislativas,pois são temas utilizados
A previsão no art. 5º, LXXII da CF e Lei 9507/1997
com frequência pelas bancas examinadoras.
regula o direito de acesso às informações e discipli-
na o rito processual do habeas data tem o objetivo
GARANTIAS CONSTITUCIONAIS de acessar e retificar informações do impetrante que
estão em um órgão público ou de caráter público18,
É importante não confundir direitos fundamentais como por exemplo: entidade privada de caráter públi-
com garantias fundamentais. Os direitos fundamen- co = SPC/SERASA.
tais são vantagens, proteção em favor das pessoas, Note que, neste caso, precisa ser demonstrado
como por exemplo o direito de informação. Já as que foram solicitadas as informações em um pri-
garantias fundamentais são instrumentos processuais meiro momento, ou seja, precisa-se esgotar a via
para defesa daqueles direitos, conhecidos como ações administrativa.
ou remédios constitucionais, como por exemplo: A doutrina e jurisprudência admitem que cônjuge,
habeas data, habeas corpus, Mandado de Segurança, ascendente, descendente ou irmão podem impetrar
Mandado de Injunção e a Ação Popular, conforme habeas data em favor de terceiro, caso este esteja inca-
veremos a seguir. pacitado ou ausente.

Habeas corpus Mandado de Segurança

Agora passaremos à análise do mandado de segu-


Tem como objetivo proteger o direito de ir e vir,
rança, sendo que este pode ser individual ou coletivo:
ou seja, pode ser requerido sempre que alguém sofrer
ou se achar ameaçado de sofrer violência ou coação z Mandado de Segurança Individual
em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade ou
abuso de poder; está fundamentado no art. 5º, LXVIII Previsto no art. 5º LXIX da CF e Lei 12.016/2009,
da CF e art. 647 a 667 do CPP, tem o objetivo de proteger direito líquido e certo
Pode ser habeas corpus preventivo para evitar (requerido no prazo de 120 dias do conhecimento da
uma futura violação à liberdade, ou habeas corpus lesão), devidamente comprovado com provas docu-
repressivo, o qual busca o fim de uma coação já mentais; não há prova testemunhal nem pericial. Tem
cometida. Importante frisar também que não existe a caráter subsidiário, ou seja, quando não for caso de
necessidade de um advogado para entrar com a ação. habeas corpus e nem habeas data.
Cabível quando existe abuso ou ilegalidade de
z Sujeito ativo (impetrante): qualquer pessoa; autoridade pública. A súmula 625 do STF dispõe que
z Vítima (paciente): qualquer pessoa, brasileiro ou “Controvérsia sobre matéria de direito não impede con-
estrangeiro; cessão de mandado de segurança”, ou seja, caso houver
z Sujeito passivo (coator): autoridade ou agen- dúvida a respeito de interpretação da lei não impede
te público que cometeu ilegalidade ou abuso de o deferimento do mandado de segurança.
poder contra particular. Não cabe Mandado de segurança nos seguintes
casos:
Habeas corpus também pode ser impetrado por
„ Atos meramente informativos;
estrangeiro (desde que na língua portuguesa) contra
„ Atos que transitaram em julgado;
particular. „ Ato administrativo que comporte recurso com
Não cabe habeas corpus contra punição disciplinar efeito suspensivo; e
militar, salvo se imposta pela autoridade competente. „ Ato judicial em fase recursal.
Destacamos a seguir algumas Súmulas importan-
tes do STF sobre o tema: Cuidado! Referente aos atos que transitaram em
julgado hoje, a jurisprudência entende por uma possí-
Súmula 395 Não se conhece de recurso de habeas vel mitigação da súmula 268 do STF. Vejamos:
corpus cujo objeto seja resolver sobre o ônus das
custas, por não estar mais em causa à liberdade de No entanto, sendo a impetração do mandado de
locomoção. segurança anterior ao trânsito em julgado da
Súmula 431 É nulo o julgamento de recurso crimi- decisão questionada, mesmo que venha a acon-
nal, na segunda instância, sem prévia intimação, ou tecer, posteriormente, não poderá ser invocado o
seu não cabimento ou a sua perda de objeto, mas
DIREITO CONSTITUCIONAL

publicação da pauta, salvo em habeas corpus.


Súmula 692 Não se conhece de habeas corpus con- preenchidas as demais exigências jurídico-proces-
tra omissão de relator de extradição, se fundado em suais, deverá ter seu mérito apreciado. (EDcl no MS
fato ou direito estrangeiro cuja prova não constava 22.157/DF, Rel. Ministro Herman Benjamin, Rel. p/
dos autos, nem foi ele provocado a respeito. Acórdão Ministro Luis Felipe Salomão, julgado em
Súmula 693 Não cabe habeas corpus contra deci- 14.03.2019, DJe 11.06.2019)
são condenatória a pena de multa, ou relativo a
processo em curso por infração penal a que a pena „ Agente ativo: Pessoa física ou jurídica. Agentes
pecuniária seja a única cominada. políticos podem ser sujeitos ativo ou passivo;
Súmula 694 Não cabe habeas corpus contra a „ Agente passivo: autoridade, pessoa física
imposição da pena de exclusão de militar ou de per- revestida de poder público. União, Estados e
da de patente ou de função pública. DF ingressarão como litisconsortes necessá-
Súmula 695 Não cabe habeas corpus quando já rios, por meio de seus procuradores; no caso do
extinta a pena privativa de liberdade. município, através de seu Prefeito;
18 Caso a banca da sua prova for a FGV, esta entende que o habeas data é uma ação personalíssima. 265
„ Liminar: cabimento conforme art. 7º, III da Lei Ação Popular
12.016/2009, o juiz poderá determinar a suspen-
É um direito fundamental e individual de todo
são do ato (que causou a violação do direito), cidadão, fundamentado no art. 5º, LXXIII e regulado
desde que exista motivo relevante, vejamos: pela lei 4.717/1965, e tem como objetivo a proteção
do patrimônio público (erário), histórico, cultural, do
Art. 7º Ao despachar a inicial, o juiz ordenará: meio ambiente e da moralidade administrativa. Pro-
III - que se suspenda o ato que deu motivo ao tege o patrimônio público contra, por exemplo, obras
pedido, quando houver fundamento relevante e superfaturadas.
do ato impugnado puder resultar a ineficácia da Ação popular pode ter duas formas, a preventi-
medida, caso seja finalmente deferida, sendo facul- va, que é ajuizada antes da consumação dos efeitos
tado exigir do impetrante caução, fiança ou depósi- do ato, e repressiva, que visa corrigir os atos danosos
to, com o objetivo de assegurar o ressarcimento à consumados.
pessoa jurídica.
z Agente ativo: Qualquer cidadão brasileiro. Se este
z Mandado de Segurança Coletivo abandonar ação, outro cidadão poderá assumir.

O Ministério Público não pode propor, mas


Previsto no art. 5º, LXX da CF e no art. 21 da Lei pode assumir andamento e dar execução à decisão
12.016/2009, tem o objetivo de proteger certo grupo de da ação popular (legitimidade extraordinária ou
pessoas (corporativo). Os requisitos e o prazo deca- superveniente).
dencial são os mesmos do Mandado de Segurança
individual. z Agente passivo: administrador da entidade que
lesionou.
„ Agente ativo: Partido político com represen-
tação no Congresso Nacional; ou organização Lei 4.717/1965
sindical, entidade de classe ou associação legal-
Art. 6º A ação será proposta contra as pessoas
mente constituída e em funcionamento há pelo públicas ou privadas e as entidades referidas no art.
menos um ano, em defesa de seus membros 1º, contra as autoridades, funcionários ou adminis-
ou associados; deve demonstrar pertinência tradores que houverem autorizado, aprovado, rati-
temática; ficado ou praticado o ato impugnado, ou que, por
„ Agente passivo: autoridade coatora; omissas, tiverem dado oportunidade à lesão, e con-
„ Liminar: cabimento conforme art. 7º, III e art. 22 § tra os beneficiários diretos do mesmo.
2º da Lei 12.016/2009. Basta representar os requisi-
tos “fumus boni iuris” e “periculum in mora”. Art. 1º Qualquer cidadão será parte legítima para plei-
tear a anulação ou a declaração de nulidade de atos
Súmulas importantes do STF sobre o tema: lesivos ao patrimônio da União, do Distrito Federal, dos
Estados, dos Municípios, de entidades autárquicas, de
Súmula 629 do STF: A impetração de mandado de sociedades de economia mista (Constituição, art. 141,
segurança coletivo por entidade de classe em favor § 38), de sociedades mútuas de seguro nas quais a União
dos associados independe da autorização destes. represente os segurados ausentes, de empresas públicas,
Súmula 630 do STF: A entidade de classe tem legi- de serviços sociais autônomos, de instituições ou funda-
timação para o mandado de segurança ainda quan- ções para cuja criação ou custeio o tesouro público haja
do a pretensão veiculada interesse apenas a uma concorrido ou concorra com mais de cinquenta por cen-
parte da respectiva categoria. to do patrimônio ou da receita ânua, de empresas incor-
poradas ao patrimônio da União, do Distrito Federal,
Mandado de Injunção dos Estados e dos Municípios, e de quaisquer pessoas
jurídicas ou entidades subvencionadas pelos cofres
públicos.
Tem previsão no art. 5º, LXXI da CF e Lei 13.300/2016
(lei do MS), não tem lei específica própria; devem ser
z Liminar: Basta representar os requisitos “fumus
observadas as normas da lei do Mandado de Seguran-
boni iuris” e “periculum in mora”.
ça, conforme prevê o art. 24, parágrafo único da lei
8.038/1990. Súmula 101 do STF: O mandado de segurança não
substitui a ação popular.
Art. 24 [...] Súmula 365 do STF: Pessoa jurídica não tem legiti-
Parágrafo único - No mandado de injunção e midade para propor ação popular.
no habeas data, serão observadas, no que couber,
as normas do mandado de segurança, enquanto A Ação popular é isenta de custas judiciais e do
não editada legislação específica. ônus de sucumbência.
Sobre o tema, vejamos também art. 5º, § 4º da Lei
z Aplicabilidade: falta de uma norma regulamen- 4.717/1965:
tadora de direito, liberdade constitucional e das
Art. 5º Conforme a origem do ato impugnado, é
prerrogativas inerentes a nacionalidade, sobera-
competente para conhecer da ação, processá-la e
nia e cidadania. Buscar o exercício do direito para julgá-la o juiz que, de acordo com a organização
uma pessoa ou certo grupo de pessoas. judiciária de cada Estado, o for para as causas que
Exemplo: Conseguir se aposentar ou exercer o interessem à União, ao Distrito Federal, ao Estado
direito de greve; ou ao Município.
z Agente ativo: Qualquer pessoa; § 4º Na defesa do patrimônio público caberá à sus-
266 z Liminar: Mandado de Injunção não tem liminar. pensão liminar do ato lesivo impugnado.
Ainda, é possível requerer a condenação por per- II - seguro-desemprego, em caso de desemprego
das e danos dos responsáveis pela lesão. Cabe a todos involuntário;
os cidadãos a fiscalização da vida pública, auxiliando III - fundo de garantia do tempo de serviço;
o Estado na boa gestão da vida pública. IV - salário mínimo, fixado em lei, nacionalmente
unificado, capaz de atender a suas necessidades
vitais básicas e às de sua família com moradia, ali-
mentação, educação, saúde, lazer, vestuário, higie-
ne, transporte e previdência social, com reajustes
GARANTIAS SOCIAIS periódicos que lhe preservem o poder aquisitivo,
sendo vedada sua vinculação para qualquer fim;
DIREITOS SOCIAIS V - piso salarial proporcional à extensão e à com-
plexidade do trabalho;
Os direitos sociais têm previsão no art. 6º ao 11º da
VI - irredutibilidade do salário, salvo o disposto em
Constituição, e também podem ser encontrados no título
convenção ou acordo coletivo;
VIII da Constituição Federal, que trata da ordem social.
VII - garantia de salário, nunca inferior ao mínimo,
São direitos que pertencem à segunda geração dos
para os que percebem remuneração variável;
direitos fundamentais, ou seja, da dimensão que tra-
VIII - décimo terceiro salário com base na remune-
ta dos direitos da democracia e informação, e alguns
ração integral ou no valor da aposentadoria;
doutrinadores também os chamam de liberdades
IX - remuneração do trabalho noturno superior à
positivas, quando o Estado precisa deixar de ser omis-
do diurno;
so com o objetivo de assegurar uma compensação
X - proteção do salário na forma da lei, constituin-
resultante da desigualdade entre as pessoas.
do crime sua retenção dolosa;
Os direitos sociais exigem uma atuação do Estado
XI - participação nos lucros, ou resultados, desvin-
em face da desigualdade social e tem aplicabilidade
culada da remuneração, e, excepcionalmente, par-
imediata. Nesse sentido, com o objetivo de garantir a
ticipação na gestão da empresa, conforme definido
igualdade formal (ou também chamada de igualdade
em lei;
jurídica, conforme prevê na CF/88, significa que todos
XII - salário-família pago em razão do dependente
devem ser tratados da mesma forma).
do trabalhador de baixa renda nos termos da lei;
Ainda, a Constituição dividiu os direitos sociais em
XIII - duração do trabalho normal não superior a
três espécies:
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
z Direitos sociais destinados a toda sociedade; (Art. facultada a compensação de horários e a redução
6º da CF); da jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
z Direitos sociais para os trabalhadores; (Art.7° da de trabalho;
CF); XIV - jornada de seis horas para o trabalho realiza-
z Direitos sociais coletivos dos trabalhadores. (Art. do em turnos ininterruptos de revezamento, salvo
8º ao 11º da CF). negociação coletiva;
XV - repouso semanal remunerado, preferencial-
Direitos Sociais Destinados a Toda Sociedade mente aos domingos;
XVI - remuneração do serviço extraordinário
Art. 6º São direitos sociais a educação, a saúde, a superior, no mínimo, em cinquenta por cento à do
alimentação, o trabalho, a moradia, o transporte, normal;
o lazer, a segurança, a previdência social, a prote- XVII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo
ção à maternidade e à infância, a assistência aos menos, um terço a mais do que o salário normal;
desamparados, na forma desta Constituição. XVIII - licença à gestante, sem prejuízo do emprego
e do salário, com a duração de cento e vinte dias;
Direitos garantidos para toda sociedade brasileira, XIX - licença-paternidade, nos termos fixados em lei;
com exceção, por exemplo, da previdência social, pois XX - proteção do mercado de trabalho da mulher,
neste caso só terá benefício quem for contribuinte e mediante incentivos específicos, nos termos da lei;
preencher todos os requisitos legais exigidos. XXI - aviso prévio proporcional ao tempo de serviço,
sendo no mínimo de trinta dias, nos termos da lei;
Direito à Propriedade x Direito à Moradia
XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por
Direito de propriedade é um direito individual, meio de normas de saúde, higiene e segurança;
conforme já estudado neste material, já o direito à XXIII - adicional de remuneração para as atividades
moradia é um direito social, localizado no caput do penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei;
art. 6º da CF/88. XXIV - aposentadoria;
XXV - assistência gratuita aos filhos e dependentes
DIREITO CONSTITUCIONAL

Direito à segurança, localizado no art. 5º (direi-


to individual) e art. 6º (direito social), entenda a desde o nascimento até 5 (cinco) anos de idade em
diferença: creches e pré-escolas;
Segurança mencionada no art. 5º da CF se refere à XXVI - reconhecimento das convenções e acordos
segurança jurídica, já a segurança mencionada no art. coletivos de trabalho;
6º da CF refere-se ao direito à segurança pública. XXVII - proteção em face da automação, na forma
da lei;
Direitos Sociais Para os Trabalhadores XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a
cargo do empregador, sem excluir a indenização a
Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou
rurais, além de outros que visem à melhoria de sua culpa;
condição social: XXIX - ação, quanto aos créditos resultantes das
I - relação de emprego protegida contra despedida relações de trabalho, com prazo prescricional de
arbitrária ou sem justa causa, nos termos de lei cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais,
complementar, que preverá indenização compensa- até o limite de dois anos após a extinção do contra-
tória, dentre outros direitos; to de trabalho; 267
XXX - proibição de diferença de salários, de exercí- VI - é obrigatória a participação dos sindicatos nas
cio de funções e de critério de admissão por motivo negociações coletivas de trabalho;
de sexo, idade, cor ou estado civil; VII - o aposentado filiado tem direito a votar e ser
XXXI - proibição de qualquer discriminação no votado nas organizações sindicais;
tocante a salário e critérios de admissão do traba- VIII - é vedada a dispensa do empregado sindicali-
lhador portador de deficiência; zado a partir do registro da candidatura a cargo de
XXXII - proibição de distinção entre trabalho manual, direção ou representação sindical e, se eleito, ainda
técnico e intelectual ou entre os profissionais que suplente, até um ano após o final do mandato,
respectivos; salvo se cometer falta grave nos termos da lei.
XXXIII - proibição de trabalho noturno, perigoso ou Parágrafo único. As disposições deste artigo apli-
insalubre a menores de dezoito e de qualquer traba- cam-se à organização de sindicatos rurais e de
lho a menores de dezesseis anos, salvo na condição colônias de pescadores, atendidas as condições que
de aprendiz, a partir de quatorze anos; a lei estabelecer.
XXXIV - igualdade de direitos entre o trabalhador Art. 9º É assegurado o direito de greve, competindo
com vínculo empregatício permanente e o trabalha- aos trabalhadores decidir sobre a oportunidade de
dor avulso exercê-lo e sobre os interesses que devam por meio
Parágrafo único. São assegurados à categoria dos dele defender.
trabalhadores domésticos os direitos previstos § 1º A lei definirá os serviços ou atividades essen-
nos incisos IV, VI, VII, VIII, X, XIII, XV, XVI, XVII, ciais e disporá sobre o atendimento das necessida-
XVIII, XIX, XXI, XXII, XXIV, XXVI, XXX, XXXI e des inadiáveis da comunidade.
XXXIII e, atendidas as condições estabelecidas em § 2º Os abusos cometidos sujeitam os responsáveis
lei e observada a simplificação do cumprimento às penas da lei.
das obrigações tributárias, principais e acessórias, Art. 10 É assegurada a participação dos trabalha-
decorrentes da relação de trabalho e suas peculiari- dores e empregadores nos colegiados dos órgãos
dades, os previstos nos incisos I, II, III, IX, XII, XXV públicos em que seus interesses profissionais
e XXVIII, bem como a sua integração à previdência ou previdenciários sejam objeto de discussão e
social. deliberação.
Art. 11 Nas empresas de mais de duzentos empre-
O mencionado dispositivo aborda os direitos dos gados, é assegurada a eleição de um representante
trabalhadores de uma forma genérica, pois todos são destes com a finalidade exclusiva de promover-lhes
tratados de forma específica em legislação especial. o entendimento direto com os empregadores.
Cabe ressaltar neste tópico que os examinadores
das bancas costumam perguntar datas e questões As garantias deste último grupo de direitos sociais
numéricas. Por exemplo, um tema sempre muito estão divididas em: direito de associação sindical,
cobrado em provas é sobre a prescrição trabalhista, direito de greve e direito de representação.
ou seja, o prazo máximo para entrar com a reclama- Direito de associação sindical tem relação com o
ção trabalhista após o término do contrato de trabalho princípio da liberdade de associação. Direito de gre-
para discutir os últimos cinco anos; ou seja, os crédi- ve, citado no art. 9º, não é o mesmo direito de greve
tos trabalhistas prescrevem nos últimos cinco anos. assegurado ao servidor público no art. 37 da CF, ou
seja, a greve mencionada no art. 9º é autoaplicável
z Prazo para entrar com reclamação trabalhista: 2 (norma de eficácia contida), não sendo necessária lei
anos. Prescrição dos créditos: últimos 5 anos; para regulamentar o direito de greve. Já o direito de
z Direitos sociais coletivos dos trabalhadores representação, está presente no art. 11 da CF.

DIREITOS SOCIAIS COLETIVOS DOS DA NACIONALIDADE


TRABALHADORES
Ligação que une um indivíduo a cada território.
Art. 8º É livre a associação profissional ou sindical,
Grande parte dos países determina o modo de aqui-
observado o seguinte:
sição e perda da nacionalidade em suas respectivas
I - a lei não poderá exigir autorização do Estado
para a fundação de sindicato, ressalvado o regis- constituições.
tro no órgão competente, vedadas ao Poder Públi- A nacionalidade é considerada pela CF/88 um
co a interferência e a intervenção na organização direito fundamental, e tem previsão no título II da CF.
sindical; O Brasil adota dois critérios para definir a aquisi-
II - é vedada a criação de mais de uma organização ção da nacionalidade brasileira:
sindical, em qualquer grau, representativa de cate-
goria profissional ou econômica, na mesma base z jus solis: atribui nacionalidade ao território onde
territorial, que será definida pelos trabalhadores o indivíduo nasce;
ou empregadores interessados, não podendo ser z jus sanguinis: atribui a nacionalidade ao vínculo
inferior à área de um Município; sanguíneo.
III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interes-
ses coletivos ou individuais da categoria, inclusive
Brasileiro Nato
em questões judiciais ou administrativas;
IV - a assembléia geral fixará a contribuição que,
em se tratando de categoria profissional, será des- Conforme prevê o art. 12, inciso I da CF, é conside-
contada em folha, para custeio do sistema con- rado brasileiro nato:
federativo da representação sindical respectiva,
independentemente da contribuição prevista em lei; z Nascidos no Brasil, ainda que de pais estrangeiros,
V - ninguém será obrigado a filiar-se ou a manter-se desde que estes não estejam a serviço de seu
268 filiado a sindicato; país.
No que diz respeito à necessidade de ambos os Importante mencionar também a leitura do Esta-
genitores estrangeiros estarem a serviço do país, tuto do Estrangeiro, a Lei nº 6.815/1980.
entende-se que deve haver a verificação do fato do
deslocamento desse Estado (país) ao Brasil ter ocorri- Perda da Nacionalidade
do em virtude de interesse do seu país. Ainda que um
deles não exerça função governamental, por exemplo: Conforme art. 14 § 4º da CF/88, tanto o brasilei-
Pais argentinos, a serviço da Argentina – nesse caso ro nato quanto o naturalizado poderá perder a sua
o filho nascido no Brasil não será brasileiro nato19. nacionalidade.
Pais argentinos a serviço do Uruguai – nesse caso o Existem dois instrumentos que podem ser usados
filho nascido no Brasil será brasileiro nato, pois os pais
para decretar a perda da nacionalidade brasileira:
não estão a serviço de seu país (no exemplo, Argentina).

z Nascidos no estrangeiro, de pai ou mãe brasileira, z Sentença Judicial transitada em julgado: esta
desde que qualquer um deles esteja a serviço alcança apenas o brasileiro naturalizado que feriu
do Brasil; o interesse nacional. Neste caso, o indivíduo que
perdeu a nacionalidade poderá apenas readqui-
Neste caso o termo a “serviço da República Federati- ri-la por meio de uma ação, chamada de Ação
va do Brasil” engloba a serviço da administração direta e Rescisória.20
indireta da União, Estados, Distrito Federal e Municípios. z Brasileiro nato e naturalizado que adquire
voluntariamente outra nacionalidade; este ato
z Nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou mãe
engloba tanto a aceitação quanto o pedido da natu-
brasileira, desde que sejam registrados em repar-
ralização oferecida por outro país. Neste caso, exis-
tição brasileira competente (embaixada ou con-
tem duas exceções, ou seja, existem dois casos em
sulado) ou venham a residir no Brasil e optem,
em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. que é permitida a dupla cidadania:

O filho poderá optar pela nacionalidade brasileira „ Reconhecimento da nacionalidade pela lei
observando três requisitos cumulativos: estrangeira;
„ Imposição por outro país, como condição de
z Idade mínima: 18 anos; permanência em seu território ou para exer-
z Residência no Brasil; cício dos direitos civis. Exemplo: atletas/joga-
z Obedecendo aos dois requisitos acima, deve- dores de futebol quando são “vendidos” e
-se optar a qualquer tempo pela nacionalidade representam times estrangeiros.
brasileira.

A Constituição Federal em seu art. 12 § 3º determi- Atualmente compete ao Ministro da Justiça decla-
na quais os cargos que são PRIVATIVOS para brasilei- rar a perda e a requisição da nacionalidade.
ro nato, vejamos: Ainda, o art. 5º, inciso LI da CF, dispõe que nenhum
brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
z �Presidente e Vice-Presidente da República; em caso de crime comum, praticado antes da natura-
z �Presidente da Câmara dos Deputados; lização, ou se comprovado envolvimento em tráfico
z �Presidente do Senado Federal; ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
z �Ministro do STF; Importante frisar que o brasileiro nato não pode
z �Carreira Diplomática; ser extraditado. Se for o caso, deve ser entregue ao
z �Oficial das Forças Armadas; TPI-Tribunal Penal Internacional, sendo que; podem
z �Ministro de Estado da Defesa. ser entregues ao TPI os brasileiros natos, naturaliza-
dos e estrangeiros.
Naturalizados Ainda, o Estatuto de Roma do Tribunal Penal
Internacional, decreto Lei nº 4388/2002, em seu art.
Neste caso, o indivíduo não tem vínculo nem de 102, define a diferença entre a entrega e extradição,
solo nem de sangue com o Brasil, mas quer tornar- vejamos:
-se brasileiro, simplesmente por vontade, ou seja, é o
estrangeiro que optou pela nacionalidade brasileira z Por “entrega”, entende-se a entrega de uma pessoa
(art. 12, inciso II da CF). por um Estado ao Tribunal nos termos do presente
Estatuto;
z Estrangeiros provenientes de países de língua
z Por “extradição”, entende-se a entrega de uma
portuguesa devem ter um ano de residência no
pessoa por um Estado a outro Estado, conforme
DIREITO CONSTITUCIONAL

Brasil e idoneidade moral;


Ex.: Portugal, Angola, Cabo Verde e etc. previsto em um tratado, em uma convenção ou no
z Nacionalidade extraordinária: para os demais direito interno.
estrangeiros, deve-se ter 15 anos de residência
ininterrupta e ausência de condenação penal. CONSIDERAÇÕES REFERENTES À NACIONALIDADE

O Supremo Tribunal Federal entende que a natu- Extradição


ralização extraordinária é ato declaratório do Brasil.
Estrangeiro que provar os requisitos necessários, Entrega de um Estado (país) a outro Estado (país)
ou seja, possuir 15 anos de residência ininterrupta e de pessoa acusada de delito ou já condenada. Note
ausência de condenação penal, tem o direito subjetivo que, conforme a súmula 421 do STF, não há impedi-
à naturalização. Negado este pedido, caberá Mandado mento à extradição o fato de o extraditado ser casado
de Segurança. com brasileira ou ter filho brasileiro.
19 Observe nos exemplos como pode ser cobrada a matéria na prova.
20 Ação rescisória é um meio processual que tem o objetivo de desconstituir ou revogar acórdão ou sentença transitada em julgado. 269
Conforme prevê o art. 22, inciso XV da CF, compete Condições de Elegibilidade
à União legislar sobre extradição.
Conforme art. 14, § 3º da CF, são condições de elegi-
A constituição brasileira também dispõe que
bilidade, na forma da lei:
Nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natu-
ralizado, em caso de crime comum, praticado antes Nacionalidade brasileira;
da naturalização, ou de comprovado envolvimento Não ter direitos políticos cassados;
em tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins, Alistamento eleitoral;
ELEGIBILIDADE
na forma da lei. Bem como, não será concedida Domicilio eleitoral na circunscrição
extradição de estrangeiro por crime político ou de correspondente;
opinião (art. 5º, incisos LI e LII da CF). Filiação partidária.

Ainda, o art. 102, I, g da CF dispõe que o Supremo A constituição também define a idade mínima que
Tribunal Federal será o responsável por processar e cada candidato, correspondente a seu cargo, deve ter:
julgar a extradição solicitada pelo Estado estrangeiro.
z Presidente + Vice Senador: 35 anos;
Expulsão z Governador + Vice dos Estados e DF: 30 anos;
z Deputado Federal, Estadual e Distrital, Prefeito +
Modo de tirar o estrangeiro do Brasil de modo Vice e Juiz de Paz e 21 anos;
coativo, por infração ou ato que o torne inconve- z Vereador: 18 anos.
niente à defesa e à conservação da ordem interna do
Estado. Perda ou Suspensão dos Direitos Políticos
Neste caso, a União é responsável para legislar
A perda ou suspensão dos direitos políticos estão
sobre expulsão, conforme art. 22, inciso XV da CF.
apresentadas no art. 15 da Constituição.
Não ocorrerá a expulsão em duas hipóteses: dife-
rente da extradição, a expulsão não será admitida Como o nome já diz, a suspensão é o cancelamento
quando o indivíduo tiver cônjuge brasileiro (desde por um tempo determinado, já a perda, o cancelamen-
que não esteja divorciado ou separado de fato) e o to por prazo indeterminado. Vejamos em quais situa-
casamento tiver sido celebrado há mais de cinco anos, ções podem ocorrer perda ou suspensão, analisando o
ou que tenha filho brasileiro, desde que este esteja sob art. 15 da CF/88.
sua guarda e dependência econômica.
Art. 15 É vedada a cassação de direitos políticos,
cuja perda ou suspensão só se dará nos casos de:
Deportação
I - cancelamento da naturalização por sentença
transitada em julgado; PERDA.
Refere-se ao estrangeiro que ingressou ou perma-
II - incapacidade civil absoluta; (grifo nosso)
neceu de forma irregular no território nacional, ou
Suspensão
seja, é a devolução do estrangeiro por entrar no Brasil
III - condenação criminal transitada em julgado,
de forma irregular. Assim, não há deportação de brasi-
enquanto durarem seus efeitos; SUSPENSÃO
leiros no Brasil (art. 5º, inciso XV da CF).
IV - recusa de cumprir obrigação a todos imposta
ou prestação alternativa, nos termos do art. 5º, VIII;
XV - é livre a locomoção no território nacional em
PERDA.
tempo de paz, podendo qualquer pessoa, nos ter-
V - improbidade administrativa, nos termos do art.
mos da lei, nele entrar, permanecer ou dele sair
com seus bens; 37, § 4º. SUSPENSÃO

Note que a deportação não tem relação com a prá- Dica


tica do estrangeiro em território brasileiro, mas sim, Não existe a cassação dos direitos políticos.
do não cumprimento dos requisitos legais para sua
entrada.
Não existe mais o instituto do banimento, que era
o envio compulsório de brasileiros para o exterior.
Observe também que há vedação constitucional de
EXERCÍCIOS COMENTADOS
seu reestabelecimento no art. 5º, XLVII, d, da CF.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Servidores públicos de
determinado estado da Federação iniciaram movi-
DIREITOS POLÍTICOS
mento grevista, motivados pelo atraso no pagamen-
to de seus vencimentos, na tentativa de regularizar
Tem regras fixadas pela constituição no Capítulo
a situação salarial. Inconformado com a paralisação
IV referente à participação popular no processo polí-
tico, art.14 e seguintes da Constituição. de atividades que julgava essenciais, o gestor público
Os direitos políticos conferidos à população brasi- expediu ato administrativo determinando o desconto
leira são o sufrágio universal, o voto direto e secreto do salário dos servidores grevistas, bem como o pro-
e a participação em plebiscitos, referendos ou inicia- cessamento da devida anotação funcional.
tivas populares. Nessa situação hipotética, o instrumento processual
Sufrágio universal é o direito de homens e mulhe- de controle judicial que o sindicato dos servidores
res naturalizados ou nascidos em um país de partici- deverá invocar para suspender o ato administrativo de
par das eleições, ou seja: desconto e anotação dos dias não trabalhados é o

z Capacidade eleitoral ativa: direito de votar; a) mandado de injunção.


z Capacidade eleitoral passiva: direito de ser b) recurso ordinário.
270 votado. c) habeas corpus.
d) habeas data. 5. (FGV – 2019) João, servidor público, preencheu todos
e) mandado de segurança. os requisitos exigidos para o recebimento de determi-
nado benefício pecuniário, mas decidiu que iria reque-
No caso em tela, houve uma violação de um direito rê-lo somente na semana seguinte. Ocorre que, no dia
líquido e certo previsto na constituição; uma afron- anterior àquele em que apresentaria o seu requerimen-
ta a esse direito de greve dá causa ao Mandado de to, foi editada a Lei nº XX, que extinguiu o benefício.
Segurança. Sobre o tema, o STF já se posicionou À luz da sistemática constitucional, a edição da Lei nº
sobre a ilegalidade do desconto, em virtude de greve XX:
motivada por ilicitude do poder público – STF. RE n.
a) impede que João receba o benefício;
693.456 - Tema 531. Resposta: Letra E.
b) não impede que João receba o benefício, pois a lei
não pode prejudicar a coisa julgada;
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Julgue o item seguinte, c) não impede que João receba o benefício, pois a lei
relativo ao direito de nacionalidade. não pode prejudicar o direito adquirido;
Os indivíduos que possuem multinacionalidade vincu- d) não impede que João receba o benefício, pois a lei
lam-se a dois requisitos de aquisição de nacionalidade não pode prejudicar o ato jurídico perfeito;
primária: o direito de sangue e o direito de solo. e) somente impedirá que João receba o benefício
caso não o requeira no dia imediato à promulga-
( )CERTO ( )ERRADO ção da lei.

O Brasil adota dois critérios para definir a aquisição João deve receber o benefício, pois a lei, na data em
da nacionalidade brasileira: direito de solo (na sua que foi editada, já garantia seu direito adquirido. Cui-
prova também pode ser chamada de jus solis), que dado para não confundir coisa julgada com direito
atribui nacionalidade ao território onde o indivíduo adquirido, sendo que na coisa julgada é conferida a
nasce, e direito de sangue (também pode ser chama- sentença quando não cabem mais recursos e o direi-
do de jus sanguinis), que atribui a nacionalidade ao to adquirido se dá quando o indivíduo já preencheu
vínculo sanguíneo. Resposta: Certo. todos os requisitos exigidos por lei (no tempo em que
determinada lei era vigente) para se beneficiar de
determinado direito. Resposta: Letra C.
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos direitos e
garantias fundamentais, julgue o item que se segue,
tendo como referência a jurisprudência do Supremo Tri-
bunal Federal.
É vedado ao legislador editar lei em que se exija o DA ORDEM SOCIAL
pagamento de custas processuais para a impetração
de habeas corpus. FUNDAMENTOS E OBJETIVOS DA ORDEM SOCIAL

A ordem social está consagrada no Título VIII da


( )CERTO ( )ERRADO
Constituição, e tem como base o princípio do trabalho
e como objetivo o bem estar e a justiça sociais, é uma
O habeas corpus não tem custas processuais, é gra- extensão dos direitos fundamentais previstos no Títu-
tuito e também não tem necessidade de advogado, lo II da Constituição.
conforme prevê o art. 5º, inciso LXXVII da Constitui- A ideia é valorizar o trabalho humano e preservar
ção. Resposta: Certo. a livre iniciativa, buscando um equilíbrio para as rela-
ções sociais, garantindo a todos uma existência digna.
4. (FCC – 2019) Acerca do que dispõe a Constituição O conteúdo da ordem social foi relacionado em
Federal sobre nacionalidade, oito Capítulos na Constituição, são temas que abor-
dam diversos outros ramos do direito. Nesse sentido,
a) são brasileiros natos os nascidos na República Fede- o professor José Afonso da Silva preleciona:
rativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, desde
que estes não estejam a serviço de seu país. A Constituição deu bastante realce à ordem social.
b) a lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros Forma ela com o título dos direitos fundamentais o
natos e naturalizados, salvo nos casos previstos em núcleo substancial do regimento democrático instituí-
lei complementar. do. Mas é preciso convir que o título da ordem social
c) é privativo de brasileiro nato o cargo de membro da misturou assuntos que não se afinam com essa natu-
reza. Jogaram-se aqui algumas matérias que não tem
Câmara dos Deputados.
um conteúdo típico de ordem social. (Curso de Direito
d) será declarada a perda da nacionalidade do brasilei-
Constitucional Positivo, 2017, p. 844).
DIREITO CONSTITUCIONAL

ro que tiver cancelada sua naturalização, por decisão


administrativa, em virtude de atividade nociva ao inte- Os assuntos abordados no Título VIII são: seguri-
resse nacional. dade social (art. 194 a 204); educação, cultura e depor-
e) é fator impeditivo de aquisição da nacionalidade bra- to (art. 205 a 217); ciência e tecnologia (art. 218 e 219);
sileira a condenação, por improbidade administrativa,
comunicação social (art. 220 a 224); meio ambiente
de cidadão estrangeiro residente no Brasil por período
(art. 225); família, criança, adolescente, jovem e idoso
superior a quinze anos ininterruptos.
(art. 226 a 230) e dos índios (art. 231 a 232). Passaremos
à análise desses assuntos ao decorrer deste capítulo.
Sim, são brasileiros natos os nascidos na República
Federativa do Brasil, ainda que de pais estrangeiros, SEGURIDADE SOCIAL
desde que estes não estejam a serviço de seu país.
Atente-se, sempre que a questão mencionar que os A seguridade social assegura os direitos relativos à
pais estão a serviço do seu país de origem: o filho saúde, à previdência e à assistência social, é um con-
nascido no Brasil não será brasileiro nato. Respos- junto de ações dos poderes públicos e da sociedade,
ta: Letra A. consagrada nos artigos 194 a 204 da CF. 271
SEGURIDADE SOCIAL b) a receita ou o faturamento;
c) o lucro;
Saúde Previdência Social Assistência Social II - do trabalhador e dos demais segurados da
Art. 196 a 200 Art. 201 a 202 Art. 203 a 204 previdência social, podendo ser adotadas alíquo-
tas progressivas de acordo com o valor do salário
Os objetivos da seguridade social são de observân- de contribuição, não incidindo contribuição sobre
cia obrigatória e estão enumerados nos incisos do art. aposentadoria e pensão concedidas pelo Regime
194 da CF. A seguir segue os dispositivos mencionados Geral de Previdência Social;
seguido de breve explicação. III - sobre a receita de concursos de prognósticos.
IV - do importador de bens ou serviços do exterior,
I - universalidade da cobertura e do atendimento; ou de quem a lei a ele equiparar. (grifos nossos)

Deste modo, todas as pessoas devem ter acesso à FINANCIAMENTO


saúde, previdência e assistência social. DA SEGURIDADE SOCIAL
DIRETA INDIRETA
II - uniformidade e equivalência dos benefícios e Contribuições Sociais Recursos Orçamentários
serviços às populações urbanas e rurais;
NOS TERMOS DA LEI

Em resumo, não é possível discriminar ou retirar Recursos provenientes dos Contribuições sociais
direitos sociais do indivíduo; orçamentos Art. 195, I e II, III e IV da CF
z Empregador, da empresa
III - seletividade e distributividade na prestação dos e da entidade a ela equi-
benefícios e serviços; parada na forma da lei;
� União z Trabalhador e dos demais
segurados da previdência
Ou seja, deve-se atingir maior número possível de � Estados
social;
pessoas necessitadas de acordo com a possibilidade � Distrito Federal z Sobre a receita de concur-
econômica do sistema da seguridade social. � Municípios sos de prognósticos;
z Importador de bens ou
IV - irredutibilidade do valor dos benefícios; serviços do exterior, ou de
quem a lei a ele equiparar.
Todos os benefícios decorrentes da seguridade
social devem ser irredutíveis; Saúde

V - equidade na forma de participação no custeio; A Saúde é direito de todos e dever do Estado, regu-
lamentada no art. 196 da CF e pela Lei nº 8.080/90,
Em suma, é a participação que cada contribuin- dispositivos que visam garantir mediante políticas
te deve fazer com a seguridade social conforme sua sociais e econômicas conjunto de ações do Estado
capacidade contributiva. destinados à redução de riscos relativos de doenças e
suas consequências. A saúde não tem natureza contri-
VI - diversidade da base de financiamento, identifi- butiva, ou seja, deverá ser prestada a quem precisar e
cando-se, em rubricas contábeis específicas para independe de pagamento, desse modo ficam sujeitos
cada área, as receitas e as despesas vinculadas a ao controle, fiscalização e regulamentação do poder
ações de saúde, previdência e assistência social, pre- público, ou seja, são de relevância pública.
servado o caráter contributivo da previdência social; O poder público cumpre seu dever na relação
jurídica da saúde através do sistema único de saúde,
A seguridade será financiada por toda a sociedade, sendo um conjunto de ações e serviços organizado de
sendo que não terá apenas uma fonte de renda. acordo com a descentralização, atendimento integral
e com a participação da comunidade.
VII - caráter democrático e descentralizado da Ainda, conforme art. 200 da CF, compete ao siste-
administração, mediante gestão quadripartite, ma único de saúde o controle de substancias de inte-
com participação dos trabalhadores, dos empre- resse para a saúde e outras destinadas à prestação
gadores, dos aposentados e do Governo nos órgãos sanitária, em sua área da atuação, a Emenda Consti-
colegiados; tucional 85/2015, passou a incluir também como com-
petência, o desenvolvimento científico e tecnológico e
Desta maneira, a seguridade terá a participação a inovação.
democrática e uma gestão descentralizada. Conforme art. 198, § 1º da CF, o sistema único de
Conforme dispõe o art. 195, a seguridade social saúde será financiado com orçamentos da seguridade
será financiada por toda a sociedade, nos termos da social dos entes da Federação, além de outras fontes.
lei, sendo direta (mediante o pagamento das contribui- Nesse sentido, o STF considerou que a responsabilida-
ções sociais) ou indireta (previsão na lei orçamentária de dos entes da Federação deve ser solidária, vejamos.
anual) e mediante recursos provenientes da União,
estados, DF e municípios e das contribuições sociais: EMENTA DIREITO CONSTITUCIONAL E ADMI-
NISTRATIVO DIREITO À SAÚDE. TRATAMENTO
I - do empregador, da empresa e da entidade a MÉDICO. RESPONSABILIDADE SOLIDÁRIA DOS
ela equiparada na forma da lei, incidentes sobre: ENTES FEDERADOS. CONSONÂNCIA DA DECI-
a) a folha de salários e demais rendimentos do SÃO RECORRIDA COM A JURISPRUDÊNCIA CRIS-
trabalho pagos ou creditados, a qualquer título, à TALIZADA NO SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL.
pessoa física que lhe preste serviço, mesmo sem vín- RECURSO EXTRAORDINÁRIO QUE NÃO MERE-
272 culo empregatício; CE TRÂNSITO. REELABORAÇÃO DA MOLDURA
FÁTICA. PROCEDIMENTO VEDADO NA INSTÂNCIA Como forma de complementar o sistema único de
EXTRAORDINÁRIA. ACÓRDÃO RECORRIDO PUBLI- saúde, é livre a iniciativa privada a assistência à saúde
CADO EM 11/07/2014. 1. O entendimento adotado mediante contrato de direito público ou convênio, ten-
pela Corte de origem, nos moldes do assinalado na do preferência às entidades filantrópicas e as sem fins
decisão agravada, não diverge da jurisprudência lucrativos. O art. 199, § 2º, veda a destinação de recur-
firmada no âmbito deste Supremo Tribunal Federal. sos públicos para auxílios ou subvenções às instituições
Entender de modo diverso demandaria a reelabora- privadas com fins lucrativos. Bem como, conforme § 3º,
ção da moldura fática delineada no acórdão de ori- é vedada também a participação direta ou indireta de
gem, o que torna oblíqua e reflexa eventual ofensa, empresas ou capitais estrangeiros na assistência à saú-
insuscetível, como tal, de viabilizar o conhecimento de no País, com exceção dos casos previstos em lei.
do recurso extraordinário. 2. As razões do agra-
vo regimental não se mostram aptas a infirmar os Previdência Social
fundamentos que lastrearam a decisão agravada.
3. Agravo regimental conhecido e não provido. (RE
A emenda constitucional nº 103 de 2019, também
855.178-RG, rel. min. Luiz Fux, j. 5-3-2015, P, DJE de
chamada como reforma da previdência, trouxe diver-
16-3-2015, Tema 793).
sas modificações ao texto constitucional, alterou o
sistema de previdência social e estabeleceu regras de
transição e disposição transitórias.
z Considerações do STF sobre o Coronavírus: ADI Conforme o art. 201 das CF, a previdência social
926 e ADPF 672 será organizada sob forma de regime geral, de filiação
obrigatória. Ainda, a previdência social tem nature-
Sobre o tema, vamos relembrar conforme estuda- za contributiva, ou seja, destinada apenas para quem
mos no decorrer deste material sobre a ADI 926/2020 contribui, devendo ser observado os critérios que pre-
e ADPF 672, ações que deram origem as considerações servem o equilíbrio financeiro e atuarial.
do STF sobre a repartição das competências em face A previdência social é uma espécie de seguro,
da pandemia do covid-19. que protege seus segurados de eventos como morte,
invalidez, reclusão ou desemprego, ou seja, dos riscos
Os legitimados da ADI 926/2020 sustentaram que sociais, são prestações pecuniárias aos segurados e às
a redistribuição de poderes de polícia sanitária intro- pessoas que contribuam para previdência.
duzida pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu
no regime de cooperação entre os entes federativos. PREVIDÊNCIA SOCIAL
Ainda, alegaram que essa centralização de com-
petência esvazia a responsabilidade constitucio- Benefícios Serviços
nal de estados e municípios para cuidar da saúde,
dirigir o Sistema Único de Saúde e executar ações É por meio do Instituto Nacional do Seguro Social
de vigilância sanitária e epidemiológica. Assim, ao – INSS que o segurado pode receber os benefícios pre-
apreciar o caso em tela, o Ministro Marco Aurélio, em videnciários relacionados nos incisos do art. 201 da
CF, são os seguintes:
decisão monocrática, considerou que a redistribuição
de atribuições pela MP 926/2020 não afasta a compe- I - cobertura dos eventos de incapacidade tem-
tência concorrente dos entes federativos, ou seja, porária ou permanente para o trabalho e idade
entendeu que a distribuição de atribuições prevista na avançada;
Medida Provisória não contraria a Constituição Fede- II - proteção à maternidade, especialmente à gestante;
ral, pois as providências não afastaram atos a serem III - proteção ao trabalhador em situação de desem-
praticados pelos demais entes federativos no âmbi- prego involuntário;
to da competência comum para legislar sobre saúde IV - salário-família e auxílio-reclusão para os
pública (artigo 23, II da CF) (ADI 6341, rel. Min. Mar- dependentes dos segurados de baixa renda;
V - pensão por morte do segurado, homem ou
co Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em 26.03.2020).
mulher, ao cônjuge ou companheiro e dependentes,
Bem como, na ADPF 672 proposta pelo Conselho observado o disposto no § 2º.
Federal da OAB em face dos atos omissivos e comissi-
vos praticados pelo Poder Executivo federal decorrente O § 2º, mencionado no inciso V, determina que
da pandemia, o Ministro do STF, Alexandre de Moraes benefícios que substituem o salário de contribuição
em decisão monocrática considerou que no caso de cri- ou o rendimento do trabalho do segurado não podem
se, como a que vivenciamos pela pandemia da covid-19 ter valor mensal inferior ao salário mínimo.
a cooperação entre os entes federativos são de suma A emenda constitucional nº 103 de 2019, dentre
importância para a defesa do interesse público. Assim, outras modificações, alterou os requisitos necessários
reconheceu e assegurou que os Estados e Municípios para requerimento de aposentadoria presentes no art.
DIREITO CONSTITUCIONAL

tem competência para manutenção das medidas res- 201, § 7º da Constituição. Vejamos no quadro explica-
tritivas durante a pandemia, como por exemplo, a tivo os requisitos necessários para requerimento de
suspensão das atividades de ensino e as restrições às aposentadoria após a reforma da previdência.
atividades do comércio. (ADPF 672, rel. Min. Alexandre
de Moraes, decisão em 08.04.2020, Dje em 15.04.2020) Homem - 65 anos de idade;
O texto constitucional autoriza gestores locais admitir Mulher - 62 anos de idade;
Observado tempo mínimo
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às
de contribuição;
epidemias através de processo seletivo público, de acor- Exceção: Professor que
do com os requisitos específicos para sua atuação. Desse comprove tempo de efetivo
TRABALHADORES Art. 201,
modo, o regime jurídico, piso salarial e as diretrizes para URBANOS § 7º, I da CF
exercício das funções de
magistério na educação
o plano de carreira serão dispostos em lei federal.
infantil e no ensino funda-
O servidor que exerça funções equivalentes aos mental e médio fixado em
agentes comunitários de saúde e agentes de combate às lei complementar: será re-
epidemias poderá perder o cargo em caso de descumpri- duzido em 5 anos o requi-
sito de idade.
mento de requisitos específicos (art. 198 § 6º). 273
Homem - 60 (sessenta) É financiada com recursos do orçamento da segu-
anos de idade; ridade social e tem natureza não contributiva, ou seja,
Mulher - 55 anos de idade.
Também se aplica para não é um seguro social, pois não depende de contri-
TRABALHADORES Art. 201, os que exerçam suas ati- buição do beneficiário.
RURAIS § 7º, II da CF vidades em regime de
economia familiar, nestes EDUCAÇÃO, CULTURA E DESPORTO
incluídos o produtor rural,
o garimpeiro e o pescador
artesanal.
Educação

Consagrada no art. 205 da Constituição, a educa-


Referente ao tempo de serviço militar exercido ção é direito de todos e dever do Estado, promovida
pelos membros das polícias militares, corpo de bom-
com colaboração da sociedade, com o objetivo de pre-
beiro militar, da marinha, exército, aeronáutica e ao
parar o indivíduo para o exercício da cidadania e sua
serviço militar obrigatório, terão contagem recíproca
qualificação para o trabalho.
para fins de inativação militar ou aposentadoria, e a
Os princípios do ensino estão consagrados no texto
compensação financeira será devida entre as receitas
de contribuição referentes aos militares e as receitas constitucional no art. 206, os seguintes:
de contribuição aos demais regimes, conforme deter- I - igualdade de condições para o acesso e perma-
mina o art. 201, § 9º-A, da CF. nência na escola;
Para os trabalhadores de baixa renda o texto II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e
constitucional também prevê a inclusão de alíquotas divulgar o pensamento, a arte e o saber;
diferenciadas, bem como aos que se encontram em III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógi-
situação de informalidade e ao trabalho doméstico no cas, e coexistência de instituições públicas e priva-
âmbito de sua residência, estes serão concedidas apo- das de ensino;
sentadorias no valor de um salário-mínimo. IV - gratuidade do ensino público em estabeleci-
Serão aposentados compulsoriamente os empre- mentos oficiais;
gados dos consórcios públicos, das empresas públicas, V - valorização dos profissionais da educação esco-
das sociedades de economia mista e das suas subsidiá- lar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira,
rias, desde que observado o cumprimento do tem- com ingresso exclusivamente por concurso público
po mínimo de contribuição ao atingir 70 anos de de provas e títulos, aos das redes públicas;
idade, ou aos 75 anos de idade, os servidores titu- VI - gestão democrática do ensino público, na for-
lares de cargos efetivos da União, dos Estados, do ma da lei;
Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas VII - garantia de padrão de qualidade.
autarquias e fundações, os membros do Poder VIII - piso salarial profissional nacional para os
Judiciário, do Ministério Público, das Defensorias profissionais da educação escolar pública, nos ter-
Públicas e dos Tribunais e dos Conselhos de Con- mos de lei federal.
tas, na forma da lei complementar nº 152 de 2015. IX - garantia do direito à educação e à aprendiza-
Ainda, conforme consagra o art. 202 da CF o regi- gem ao longo da vida.
me de previdência privada é facultativo e de caráter
complementar, deve ser organizado de forma autôno- Ainda, o parágrafo único do mencionado disposi-
ma e será regulamentado por lei complementar. tivo determina que a lei deve dispor sobre os profis-
sionais da educação e adequação de seus planos de
Assistência Social carreira, no âmbito da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios.
Assistência social se refere às políticas sociais vol-
tadas a prover as necessidades básicas do cidadão que As universidades devem obediência ao princípio
dela necessitar. Consagrada na Constituição Federal de indissociabilidade21 entre ensino, pesquisa e exten-
no art. 203 e 204 e regulamentada pela Lei 8.742/13, são. Bem como, tem autonomia didático-científica,
tem os seguintes objetivos: administrativa e de gestão financeira e patrimonial.

Art. 203 A assistência social será prestada a quem Dica


dela necessitar, independentemente de contribui-
ção à seguridade social, e tem por objetivos: Conforme Súmula Vinculante nº 12, a cobrança
I - a proteção à família, à maternidade, à infância, à de taxa de matrícula nas universidades públicas
adolescência e à velhice; viola o art. 206, IV, da Constituição Federal.
II - o amparo às crianças e adolescentes carentes;
III - a promoção da integração ao mercado de trabalho; Conforme art. 208 da CF, o dever do Estado com a
IV - a habilitação e reabilitação das pessoas porta- educação será efetivado mediante garantia de:
doras de deficiência e a promoção de sua integra-
ção à vida comunitária; I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4
V - a garantia de um salário mínimo de benefício (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegu-
mensal à pessoa portadora de deficiência e ao ido- rada inclusive sua oferta gratuita para todos os que
so que comprovem não possuir meios de prover à a ela não tiveram acesso na idade própria;
própria manutenção ou de tê-la provida por sua II - progressiva universalização do ensino médio
família, conforme dispuser a lei. gratuito;
III - atendimento educacional especializado aos
Como visto, a Constituição Federal prevê a possi- portadores de deficiência, preferencialmente na
bilidade de um pagamento assistencial ao deficiente rede regular de ensino;
físico ou idoso que não possa prover suas próprias IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às
necessidades ou pelos seus familiares. crianças até 5 (cinco) anos de idade;

274 21- Não pode ser separado nem desunido.


V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da I - as formas de expressão;
pesquisa e da criação artística, segundo a capaci- II - os modos de criar, fazer e viver;
dade de cada um; III - as criações científicas, artísticas e tecnológicas;
VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às IV - as obras, objetos, documentos, edificações
condições do educando; e demais espaços destinados às manifestações
VII - atendimento ao educando, em todas as etapas artístico-culturais;
da educação básica, por meio de programas suple- V - os conjuntos urbanos e sítios de valor históri-
mentares de material didático escolar, transporte, co, paisagístico, artístico, arqueológico, paleon-
alimentação e assistência à saúde. tológico, ecológico e científico. (grifos nossos)

Assim sendo, o acesso ao ensino obrigatório e Patrimônio este que deve ser protegido pelo Poder
gratuito é direito público subjetivo, sendo que o não Público, com a colaboração da comunidade, por exem-
oferecimento ou sua oferta irregular importa respon- plo, através de tombamento, desapropriação, além de
sabilidade da autoridade competente. outras formas de acautelamento e preservação.
Antes da Emenda Constitucional nº 59/2009, a A Emenda Constitucional n. 71/2012, acrescentou
gratuidade do ensino apenas se aplicava ao ensino ao texto constitucional o art. 216-A, que estabelece o
fundamental. A EC 59/2009 inovou ao estender a obri- denominado Sistema Nacional de Cultura, que institui
gatoriedade do ensino gratuito a toda à educação bási- um processo de gestão e promoção conjunta de polí-
ca (infantil, fundamental e médio). ticas públicas de cultura organizadas em regime de
O ensino é livre à iniciativa privada, atendidas as colaboração, de forma descentralizada e participati-
condições de cumprimento das normas gerais da edu- va. O § 1º, por sua vez, consagra os princípios orienta-
cação e autorização de qualidade pelo Poder Público.
dores do Sistema Nacional de Cultura, vejamos.
Conforme art. 34, VII, e da CF, constitui princípio
sensível à aplicação do mínimo exigido da receita I - diversidade das expressões culturais;
resultante de impostos estaduais, compreendida a pro- II - universalização do acesso aos bens e serviços
veniente de transferências, na manutenção e desen- culturais;
volvimento do ensino e nas ações e serviços públicos III - fomento à produção, difusão e circulação de
de saúde. Nesse sentido, determina o art. 212 da CF conhecimento e bens culturais;
que a União anualmente deve aplicar, não menos de IV - cooperação entre os entes federados, os agentes
dezoito, e os Estados, o DF e os Municípios no mínimo públicos e privados atuantes na área cultural;
vinte e cinco por cento, da receita resultante de impos- V - integração e interação na execução das políti-
tos, compreendida a proveniente de transferências, na cas, programas, projetos e ações desenvolvidas;
manutenção e desenvolvimento do ensino. VI - complementaridade nos papéis dos agentes
Determina o texto constitucional que a lei estabe- culturais;
lecerá o plano nacional de educação com o objetivo de VII - transversalidade das políticas culturais;
articular o sistema nacional de educação em regime VIII - autonomia dos entes federados e das institui-
de colaboração e definir diretrizes, objetivos, metas e ções da sociedade civil;
estratégias para assegurar a manutenção e o desen- IX - transparência e compartilhamento das
volvimento do ensino. informações;
X - democratização dos processos decisórios com
Cultura participação e controle social;
XI - descentralização articulada e pactuada da ges-
A cultura é um direito fundamental de terceira tão, dos recursos e das ações;
geração. Segundo o texto constitucional, no art. 215, é XII - ampliação progressiva dos recursos contidos
dever do Estado garantir a todos o pleno exercício dos nos orçamentos públicos para a cultura.
direitos culturais, apoiando e incentivando a valoriza-
ção e a difusão das manifestações culturais. Ainda, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
Os parágrafos do dispositivo mencionado preveem pios deverão organizar seus respectivos sistemas de
a proteção pelo Estado às manifestações das culturas cultura em leis próprias (art. 216-A, § 4º da CF).
populares, indígenas, afro-brasileiras e as de outros
grupos participantes do processo civilizatório nacional. Desporto
O Congresso Nacional aprovou a Emenda Constitu-
cional n. 48/2005 para determinar que a lei estabeleça O desporto consagrado no texto constitucional não
o Plano Nacional de Cultura com o objetivo do desen- se refere somente ao esporte, mas também como for-
volvimento cultural e à integração das ações do poder ma de lazer incentivado pelo Poder Público. Assim,
público para que conduzam (art. 215, § 3º da CF): a Constituição determina que seja dever do Estado
DIREITO CONSTITUCIONAL

fomentar as práticas desportivas formais e não for-


I- defesa e valorização do patrimônio cultural mais, devendo ser observada a autonomia das entida-
brasileiro; des desportivas dirigentes e associações (organização
II- produção, promoção e difusão de bens culturais; e funcionamento), a destinação de recursos públicos
III- formação de pessoal qualificado para a gestão para a promoção prioritária do desporto educacio-
da cultura em suas múltiplas dimensões;
nal e, em casos específicos, para a do desporto de alto
IV- democratização do acesso aos bens de cultura;
rendimento, o tratamento diferenciado para o des-
V- valorização da diversidade étnica e regional.
porto profissional e o não profissional e a proteção e
O art. 216 e seus incisos dispõem sobre o conceito o incentivo às manifestações desportivas de criação
de forma ampla de patrimônio cultural, que abrange nacional (art. 217 da CF).
os bens de natureza material e imaterial, tomados Pedro Lenza (2020), em Direito Constitucional
individualmente ou em conjunto, portadores de refe- Esquematizado, preleciona “se, por um lado, o papel
rência à identidade, à ação, à memória dos diferentes do Estado é de fomento, por outro, o papel de presta-
grupos formadores da sociedade brasileira, nos quais ção foi atribuído às entidades desportivas dirigentes
se incluem: e associações com autonomia para sua organização e 275
funcionamento (art. 217, I), significando importante EMENTA: JORNALISMO. EXIGÊNCIA DE DIPLO-
desdobramento da regras contidas nos arts. 5.º, XVII, MA DE CURSO SUPERIOR, REGISTRADO PELO
e 8.º da CF/88.”. MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, PARA O EXERCÍCIO
A Constituição reconheceu a justiça desportiva ao DA PROFISSÃO DE JORNALISTA. LIBERDADES DE
estabelecer que o Poder Judiciário só admitirá ações PROFISSÃO, DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO.
referentes competições esportivas após esgotar as CONSTITUIÇÃO DE 1988 (ART. 5°, IX E XIII, E ART.
220, CAPUT E § 1°). NÃO RECEPÇÃO DO ART. 4°,
possibilidades na justiça desportiva. Para José Afonso
INCISO V, DO DECRETOLEI N° 972, DE 1969.
da Silva (2017) foi o momento em que a Constituição
valorizou a justiça desportiva.
As liberdades de expressão e de informação e,
especificamente, a liberdade de imprensa, somente
CIÊNCIA, TECNOLOGIA E INOVAÇÃO
podem ser restringidas pela lei em hipóteses excepcio-
nais, sempre em razão da proteção de outros valores
Conforme a Constituição Federal, o Estado pro-
e interesses constitucionais igualmente relevantes,
moverá e incentivará o desenvolvimento científico,
como os direitos à honra, à imagem, à privacidade e
ainda, estabelece duas espécies, a pesquisa científica
à personalidade em geral. Precedente do STF: ADPF
básica e tecnológica e a pesquisa tecnológica.
n° 130, Rel. Min. Carlos Britto. A ordem constitucional
Determina o art. 218, § 1º da CF, que a pesquisa
apenas admite a definição legal das qualificações pro-
científica básica e tecnológica receberá tratamento
fissionais na hipótese em que sejam elas estabelecidas
prioritário do Estado, tendo em vista o bem público e
para proteger, efetivar e reforçar o exercício profis-
o progresso das ciências.
sional das liberdades de expressão e de informação
por parte dos jornalistas. Fora desse quadro, há paten-
CIÊNCIA E TECNOLOGIA te inconstitucionalidade da lei. A exigência de diplo-
Pesquisa tecnológica: ma de curso superior para a prática do jornalismo - o
Pesquisa científica básica qual, em sua essência, é o desenvolvimento profissio-
Volta-se para solução dos
e tecnológica: nal das liberdades de expressão e de informação - não
problemas do país e para
Volta-se para o bem pú- está autorizada pela ordem constitucional, pois cons-
desenvolvimento do sis-
blico e o progresso das titui uma restrição, um impedimento, uma verdadeira
tema produtivo nacional e
ciências. supressão do pleno, incondicionado e efetivo exercí-
regional.
cio da liberdade jornalística, expressamente proibi-
Na execução das atividades de pesquisa científica, do pelo art. 220, § 1 o, da Constituição (RE 511.961,
tecnológica e de inovação o Estado promoverá articu- rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 17.06.2019, DJe
lação entre entes, tanto privados como públicos, nas 13.11.2009).
diversas esferas do governo (art. 218, § 6º da CF). Compete à lei federal regular as diversões, espe-
O Estado promoverá a atuação no exterior das ins- táculos públicos e estabelecer os meios legais que
tituições públicas de ciências, com vistas à execução garantam à pessoa e à família a possibilidade de se
das atividades de desenvolvimento científico, a pes- defenderem de programas ou programações de rádio
quisa, a capacitação científica e tecnológica e a inova- e televisão que viole os princípios relacionados no
ção (art. 218, § 7º da CF). art. 221 da CF, bem como da divulgação de produtos
Mais adiante, no art. 219-A, dispositivo incluído que podem ser nocivos à saúde e ao meio ambiente.
pela Emenda Constitucional n. 85/2015, os entes da
Federação poderão firmar instrumentos de coopera- Art. 221 A produção e a programação das emis-
ção com órgãos e entidades públicos e entidades pri- soras de rádio e televisão atenderão aos seguintes
vadas, para a execução de projetos de pesquisa, de princípios:
I - preferência a finalidades educativas, artísticas,
desenvolvimento científico e tecnológico e de inova-
culturais e informativas;
ção, inclusive para o compartilhamento de recursos
II - promoção da cultura nacional e regional e estí-
humanos especializados e capacidade instalada. mulo à produção independente que objetive sua
divulgação;
COMUNICAÇÃO SOCIAL III - regionalização da produção cultural, artística
e jornalística, conforme percentuais estabelecidos
O art. 220 da CF trata da liberdade de informar e da em lei;
liberdade de ser informado e garante da manifestação IV - respeito aos valores éticos e sociais da pessoa
de pensamento, da criação e expressão e da informa- e da família.
ção, dispositivo em consonância com a garantia funda-
mental do art. 5º, IX da CF, que prevê a livre a expressão Ainda, conforme consagra o art. 220, §3º, II da CF,
da atividade intelectual, artística, científica e de comuni- a lei federal deverá estabelecer os meios legais que
cação, independentemente de censura ou licença. garantam à pessoa e à família a possibilidade de se
Nenhuma lei poderá conter dispositivo que res- defenderem de programas ou programações de rádio
trinja a plena liberdade de informação jornalística em e televisão que contrariem os princípios consagrados
qualquer veículo de comunicação. Por conseguinte, no no art. 221, bem como da propaganda de produtos,
art. 220, § 2º da CF prevê a vedação a toda e qualquer práticas e serviços que possam ser nocivos à saúde e
censura de natureza política, ideológica e artística. ao meio ambiente.
O STF entende que é desnecessária a utilização de Nesse sentido, as propagandas comerciais de bebi-
diploma de jornalismo como condições para o exer- das alcoólicas, tabaco, agrotóxico e medicamentos
cício da profissão, considera que exercer a profissão deverão mencionar os malefícios decorrentes de seu
de jornalista tem na sua essência a manifestação do uso, conforme também consagra o art. 9º da Lei nº
276 pensamento. 8.078/1990 (código de defesa do consumidor), vejamos.
Art. 9° O fornecedor de produtos e serviços poten- VI - promover a educação ambiental em todos os
cialmente nocivos ou perigosos à saúde ou segu- níveis de ensino e a conscientização pública para a
rança deverá informar, de maneira ostensiva e preservação do meio ambiente;
adequada, a respeito da sua nocividade ou periculo- VII - proteger a fauna e a flora, vedadas, na forma
sidade, sem prejuízo da adoção de outras medidas da lei, as práticas que coloquem em risco sua fun-
cabíveis em cada caso concreto. ção ecológica, provoquem a extinção de espécies ou
submetam os animais a crueldade. (grifo nosso)
Conforme art. 222, da Constituição, é privativa de
brasileiro nato, naturalizado (mais de 10 anos) ou de O STF considerou que a prática de exercício cul-
pessoas jurídicas constituídas sob as leis brasileiras tural que submeta aos animais à crueldade viola o
(com sede no país) a propriedade de empresa jornalís- inciso VII do art. 225 é inconstitucional, por exemplo,
tica e de radiodifusão sonora e de sons e imagens. foi declarada inconstitucional a Lei nº 15.299/2013
Também é privativo de brasileiro nato ou natu-
do estado do Ceará que regulamentava a vaquejada,
ralizado (mais 10 anos) a responsabilidade editorial
vejamos:
e as atividades de seleção e direção da programação
veiculada em qualquer meio de comunicação. VAQUEJADA – MANIFESTAÇÃO CULTURAL – ANI-
Ainda, é de competência do Poder Executivo outor- MAIS – CRUELDADE MANIFESTA – PRESERVAÇÃO
gar e renovar concessão, permissão e autorização DA FAUNA E DA FLORA – INCONSTITUCIONALI-
para o serviço de radiodifusão sonora e de sons e ima- DADE. A obrigação de o Estado garantir a todos o
gens (art. 223 da CF). pleno exercício de direitos culturais, incentivando
§ 1º O Congresso Nacional apreciará o ato no prazo a valorização e a difusão das manifestações, não
do art. 64, § 2º e § 4º, a contar do recebimento da prescinde da observância do disposto no inciso VII
mensagem. do artigo 225 da Carta Federal, o qual veda práti-
§ 2º A não renovação da concessão ou permissão ca que acabe por submeter os animais à crueldade.
dependerá de aprovação de, no mínimo, dois quin- Discrepa da norma constitucional a denominada
tos do Congresso Nacional, em votação nominal. vaquejada. (ADI 4.983, rel. min. Marco Aurélio, j.
§ 3º O ato de outorga ou renovação somente pro- 6-10-2016, P, DJE de 27-4-2017)
duzirá efeitos legais após deliberação do Congresso
Nacional, na forma dos parágrafos anteriores. Posteriormente, a Emenda Constitucional n.
§ 4º O cancelamento da concessão ou permis- 96/2017 inovou ao acrescentar o § 7º ao art. 225, não
são, antes de vencido o prazo, depende de decisão considerando cruel a utilização de animais em prá-
judicial. ticas desportivas de manifestação cultural, mas para
§ 5º O prazo da concessão ou permissão será de dez
tanto exige a regulamentação por lei específica que
anos para as emissoras de rádio e de quinze para
as de televisão. assegure o bem-estar dos animais envolvidos.
Art. 224 Para os efeitos do disposto neste capítulo,
o Congresso Nacional instituirá, como seu órgão § 7º Para fins do disposto na parte final do inciso
auxiliar, o Conselho de Comunicação Social, na for- VII do § 1º deste artigo, não se consideram cruéis
ma da lei. as práticas desportivas que utilizem animais, des-
de que sejam manifestações culturais, conforme o §
MEIO AMBIENTE 1º do art. 215 desta Constituição Federal, registra-
das como bem de natureza imaterial integrante do
patrimônio cultural brasileiro, devendo ser regula-
O meio ambiente tem previsão no texto constitu-
mentadas por lei específica que assegure o bem-es-
cional no art. 225, que define o meio ambiente ecolo-
gicamente equilibrado como bem de uso comum do tar dos animais envolvidos.
povo, sendo dever do Poder Público e da coletivida-
Ainda, além do meio de atuação relacionado nos
de defender e preservar para as presentes e futuras
incisos do art. 225, a Constituição também prevê con-
gerações.
O art. 225, § 1º, prevê as medidas para assegurar a dutas a serem observadas, por exemplo, aquele que
efetividade deste direito, vejamos. explorar recursos minerais fica obrigado a recuperar
o meio ambiente degradado (art. 225, § 2º da CF).
I - preservar e restaurar os processos ecológicos O texto constitucional também se preocupou em
essenciais e prover o manejo ecológico das espécies declarar como patrimônio nacional a Floresta Ama-
e ecossistemas; zônica, a Mata Atlântica, a Serra do Mar, o Pantanal
II - preservar a diversidade e a integridade do patri- Mato-Grossense e a Zona Costeira, sua utilização será
mônio genético do País e fiscalizar as entidades na forma da lei.
DIREITO CONSTITUCIONAL

dedicadas à pesquisa e manipulação de material Ainda, conforme art. 225, §5º, são indisponíveis
genético;
as terras devolutas (terras que pertencem ao poder
III - definir, em todas as unidades da Federação,
espaços territoriais e seus componentes a serem público sem destinação pública) ou arrecadadas pelos
especialmente protegidos, sendo a alteração e a Estados, por ações discriminatórias, necessárias à
supressão permitidas somente através de lei, veda- proteção dos ecossistemas naturais.
da qualquer utilização que comprometa a integri-
dade dos atributos que justifiquem sua proteção; DA FAMÍLIA, DA CRIANÇA, DO ADOLESCENTE, DO
IV - exigir, na forma da lei, para instalação de obra JOVEM E DO IDOSO
ou atividade potencialmente causadora de signifi-
cativa degradação do meio ambiente, estudo prévio O termo “família” ao longo dos anos foi se transmu-
de impacto ambiental, a que se dará publicidade; dando. Trata-se, por sinal, de um tema que vem sen-
V - controlar a produção, a comercialização e o do discutido constantemente. A mais revolucionária
emprego de técnicas, métodos e substâncias que mudança veio com a promulgação da Constituição Fede-
comportem risco para a vida, a qualidade de vida ral de 1988, que ampliou o conceito de família e passou
e o meio ambiente; a proteger todos os seus membros de forma igualitária. 277
É inegável a transformação da estrutura familiar, A Constituição também determina a promoção
identificada na Carta Republicana, que se ergue como de programas de assistência à criança, adolescente e
a nova tábua valorativa das relações familiares. jovem, vejamos.
Até o advento da constituição de 1988, o reconheci-
mento da família estava intimamente ligado ao casa- § 1º O Estado promoverá programas de assistên-
mento. Segundo a maioria dos estudiosos, a família cia integral à saúde da criança, do adolescente e do
era conceituada como o conjunto de pessoas que se jovem, admitida a participação de entidades não
achavam vinculadas entre si pelo matrimônio, pela governamentais, mediante políticas específicas e
filiação e pela adoção. obedecendo aos seguintes preceitos:
A partir da constituição de 1988, passou-se a reco- I - aplicação de percentual dos recursos públicos
destinados à saúde na assistência materno-infantil;
nhecer outras formas de constituição de família, que
II - criação de programas de prevenção e atendi-
não exclusivamente pelo casamento, ampliando o
mento especializado para as pessoas portadoras de
rol de entidades familiares, considerando também a deficiência física, sensorial ou mental, bem como de
união estável e a família monoparental22, ainda, o tex- integração social do adolescente e do jovem portador
to constitucional consagra a família como a base da de deficiência, mediante o treinamento para o traba-
sociedade, com especial proteção do Estado. lho e a convivência, e a facilitação do acesso aos bens
A família monoparental, por exemplo, é a família for- e serviços coletivos, com a eliminação de obstáculos
mada só pela mãe ou só pelo pai e seus respectivos filhos, arquitetônicos e de todas as formas de discriminação.
conforme art. 226, § 4º da CF.
Conforme art. 226, §4º, da CF, que reconhece a Ainda, consagra a igualdade de direitos e qualifi-
família monoparental. Pedro Lenza (2020) preleciona cação aos filhos havidos ou não do casamento ou por
que, sendo assim, o Estado também deverá assegurar adoção (art. 227, § 6º da CF).
proteção especial às famílias instituídas por insemi- O art. 228 da CF, determina que os menores de
nação artificial, produção independente e etc23. dezoito anos são penalmente inimputáveis, ou seja,
Destarte, o Supremo Tribunal Federal, em 2011, no não podem responder criminalmente, sendo que,
julgamento da ADPF n. 132/RJ e ADI n. 4.277/DF, reco- após verificada prática de ato infracional, estarão
nheceu a união homoafetiva como família sob análi- sujeitos às medidas previstas em legislação especial.
se do art. 1.723 do código civil em consonância com Mais adiante, o texto constitucional também ampa-
a Constituição Federal, ou seja, reconheceu a união ra as pessoas idosas:
homoafetiva como constitucional, vejamos a ementa
do julgamento (Considerações do STF do julgamento Art. 230 A família, a sociedade e o Estado têm o dever
mencionado já foi objeto de pergunta da banca Cespe). de amparar as pessoas idosas, assegurando sua par-
ticipação na comunidade, defendendo sua dignidade e
INTERPRETAÇÃO DO ART. 1.723 DO CÓDIGO bem-estar e garantindo-lhes o direito à vida.
CIVIL EM CONFORMIDADE COM A CONSTITUI- § 1º Os programas de amparo aos idosos serão exe-
ÇÃO FEDERAL (TÉCNICA DA “INTERPRETAÇÃO cutados preferencialmente em seus lares.
§ 2º Aos maiores de sessenta e cinco anos é garanti-
CONFORME”). RECONHECIMENTO DA UNIÃO
da a gratuidade dos transportes coletivos urbanos.
HOMOAFETIVA COMO FAMÍLIA. PROCEDÊNCIA
DAS AÇÕES. Ante a possibilidade de interpretação
Idoso é considerado pessoa com idade igual ou
em sentido preconceituoso ou discriminatório do
superior a 60 anos, conforme Lei nº 8.842/94 (Política
art. 1.723 do Código Civil, não resolúvel à luz dele
Nacional do Idoso) e a Lei nº 10.741/2003 (Estatuto do
próprio, faz-se necessária a utilização da técnica de
idoso). Por conseguinte, a Lei nº 13.466/2017 determi-
“interpretação conforme à Constituição”. Isso para
na a prioridade especial ao idoso maior de 80 anos,
excluir do dispositivo em causa qualquer significa-
devendo este ter prioridade e atendimento preferen-
do que impeça o reconhecimento da união contí-
nua, pública e duradoura entre pessoas do mesmo
cial, por exemplo, nos casos de atendimento à saúde.
sexo como família. Reconhecimento que é de ser
feito segundo as mesmas regras e com as mesmas ÍNDIOS
consequências da união estável heteroafetiva. (ADI
4277 / DF, rel. Min. Ayres Brito, data do julgamento Ordenamento jurídico brasileiro valoriza as dife-
05.05.2011, DJe 14.10.2011) renças culturais, garantindo e respeitando o modo de
vida das comunidades indígenas. O texto constitucional
O casamento civil é de celebração gratuita, sendo foi um grande avanço referente os direitos indígenas,
que, o religioso terá efeito civil, nos termos da lei. No garantindo a eles a preservação da sua organização
que tange à dissolução do casamento civil, o texto cons- social, costumes, crenças, língua e tradições.
titucional foi modificado pela Emenda Constitucional A Constituição também garantiu o direito originário
n. 66/2010, que então permitiu a dissolução do casa- sobre as terras que os índios tradicionalmente ocupa-
mento civil pelo divórcio, que antes só se dava após o vam, cabendo à União demarcá-las e garantir que seus
cumprimento de alguns requisitos, agora é imediato. bens sejam respeitados, sendo inalienáveis e indisponí-
É dever do Estado, da família e da sociedade asse- veis, bem como, os direitos sobre elas, imprescritíveis.
gurar com prioridade os direitos fundamentais da Determina o art. 231, § 6º, da CF, que são nulos e extin-
criança, do adolescente, do jovem, com prioridade na tos os atos que tenham por objeto a ocupação, o domínio
vida, saúde, alimentação, educação, lazer, profissiona- e a posse das terras indígenas, ou a exploração das rique-
lização, cultura, dignidade, ao respeito, à liberdade e zas naturais do solo, dos rios e dos lagos nelas existentes,
à convivência familiar e comunitária (art. 227 da CF). com exceção ao relevante interesse público da União.
22 - Família monoparental,
278 23 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 1512.
O poder legislativo tem o poder de fazer emendas,
Importante! alterar e revogar leis, já o poder executivo, função de
É de competência exclusiva do Congresso Nacional administrar o Estado, e por fim, o poder judiciário é
autorizar, em terras indígenas, a exploração e o quem tem a função jurisdicional, por exemplo, a apli-
aproveitamento de recursos hídricos e a pesquisa cação do Direito em um caso concreto, através de um
processo judicial.
e lavra de riquezas minerais (art. 49, XVI da CF).

LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO


O art. 232 da CF, autoriza a participação dos índios
Administra o
e as suas comunidades e organizações como partes Elabora as leis Aplica as leis
Estado
legítimas para ingressar em juízo para defender seus
interesses, com a participação do Ministério Público Presidente da
Senadores e Deputados; Supremo Tribunal
em todos os atos do processo. República;
Federais; Federal;
Governadores
Deputados Estaduais; Tribunais;
do Estado;
Vereadores. Juízes.
Prefeitos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A seguir iniciaremos o estudo específico de cada
1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) À luz da Constituição um dos poderes.
Federal de 1988, julgue o item que se segue, acerca
dos princípios fundamentais e do meio ambiente. PODER EXECUTIVO
A Constituição vigente veda a prática de atividades
desportivas que envolvam animais, por considerá-las
cruéis, sendo irrelevante, sob a ótica constitucional, O poder executivo está consagrado no art. 76 a 91
que a atividade esteja registrada como patrimônio cul- da Constituição e tem como função a solução e admi-
tural brasileiro ou regulamentada por lei específica. nistração de casos concretos e individualizados, de
acordo com as leis gerais e abstratas elaboradas pelo
( ) CERTO ( ) ERRADO legislativo, ou seja, tem a função típica de adminis-
trar e gerenciar o Estado. Entretanto, também pode
Em 2017 o Congresso Nacional aprovou Emenda Cons- exercer funções legislativas através das medidas pro-
titucional n. 96/2017, que inovou ao acrescentar o § 7º visórias e leis delegadas.
ao art. 225 no texto Constitucional, não considerando
cruel a utilização de animais em práticas desportivas
Federal
de manifestação cultural, mas para tanto, exige-se a
regulamentação por lei específica que assegure o bem-
-estar dos animais envolvidos. Resposta: Errado. Conforme já abordado anteriormente, o nosso país
é regido pelo sistema presidencialista, em que as fun-
2. (FCC – 2018) A Constituição Federal, ao dispor sobre a ções de chefe de Estado estão na figura do Presiden-
Educação, estabelece que a União, os Estados, o Distrito te da República, conforme o art. 76 da CF. No âmbito
Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, Federal, o Poder Executivo é representado pelo Pre-
de modo a assegurar a universalização do ensino infantil. sidente da República com o auxílio dos Ministros de
Estado.
a) que a educação básica pública atenderá prioritaria-
mente ao ensino regular.
Art. 76. O Poder Executivo é exercido pelo Presi-
b) que os Estados atuarão prioritariamente no ensino
dente da República, auxiliado pelos Ministros de
rural, técnico e na educação especial.
Estado.
c) que o ensino religioso, de matrícula facultativa, será
oferecido em horários suplementares nas escolas
públicas de ensino básico. O Presidente da República e seu vice têm um man-
d) a progressiva universalização do ensino público gra- dato de quatro anos e são eleitos pelo sistema majori-
tuito, fundamental e médio, para o regime de escolas tário absoluto.
de tempo integral. Majoritário absoluto: ganha a eleição o candida-
to que conseguir a maioria de votos (o primeiro núme-
A alternativa A está em consonância com o art. 211, ro inteiro, depois da metade do total) avaliados em 1°
§ 5º da Constituição, dispositivo incluído pela Emen- ou em 2° turno.
da Constitucional n. 53/2006: § 5º A educação básica 1° Turno: realizado no 1° domingo de outubro;
pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. 2° Turno: último domingo de outubro.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Resposta: Letra A. Bem como, conforme art.14, § 3° VI, a da CF/88, o


Presidente da República deve ter a idade mínima de
35 anos e ser brasileiro nato (art. 12 § 3°, I da CF/88).
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO, DA
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E sufrágio universal e pelo voto direto e secreto,
COMPETÊNCIAS DOS PODERES com valor igual para todos, e, nos termos da lei,
mediante:
A teoria criada por Montesquieu determina a com- § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
posição e divisão do Estado. Ela objetiva que cada I - a nacionalidade brasileira;
poder seja independente e harmônico entre si, como II - o pleno exercício dos direitos políticos;
forma de dividir as funções do Estado, entre poder III - o alistamento eleitoral;
executivo, poder legislativo e poder judiciário, a esse IV - o domicílio eleitoral na circunscrição;
entendimento chamamos de Teoria da Separação dos V - a filiação partidária;
Poderes. VI - a idade mínima de: 279
a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice- PODER EXEUTIVO
-Presidente da República e Senador; (grifo nosso)
FEDERAL ESTADUAL MUNICIPAL
A Constituição consolidou o direito do povo para Prefeito + Vice = Man-
eleger seus representantes, pelo sufrágio universal e dato de quatro anos.
Governador do Esta-
voto secreto. Auxiliar direto: Se-
do + Vice = Mandato
Presidente da Repúbli- cretários Municipais.
Por conseguinte, ainda se tratando do art. 14, esse ca + Vice = Mandato
de quatro anos.
Sistema de eleição ma-
consagra que é possível uma reeleição para um perío- Auxiliar direto: Es-
de quatro anos. joritário absoluto, para
tados - Secretários
do subsequente. Entretanto, atualmente não é mais Auxiliar direto: Minis-
Estaduais.
município com mais
tros do Estado. de 200 mil eleitores.
possível um terceiro mandato seguido. Sobre esse Sistema de eleição
Distrito Federal: Se-
Sistema de eleição
aspecto, é importante frisar que a reeleição não é uma cretários Distritais.
majoritário absolutO. majoritário simples ou
Sistema de eleição
cláusula pétrea, podendo ser retirada da Constituição. majoritário absoluto.
relativo, para municí-
pio com até 200 mil
eleitores.
§ 5º O Presidente da República, os Governadores de
Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os
houver sucedido, ou substituído no curso dos man- Ordem de substituição ou sucessão Presidencial
datos poderão ser reeleitos para um único perío-
do subsequente. O Presidente será eleito com um Vice-Presidente,
companheiro de chapa. A eleição do Presidente impli-
O art. 12, § 3°da CF relaciona os cargos privativos ca na eleição do Vice com ele registrado.
de brasileiro nato: O Vice-Presidente tem função de auxiliar o Presidente
sempre que convocado para missões especiais, bem como,
§ 3º São privativos de brasileiro nato os cargos:
I - de Presidente e Vice-Presidente da República; no caso de impedimento, o substituirá (art. 79 da CF).
II - de Presidente da Câmara dos Deputados; Ainda, conforme determina o art. 80 da CF, em caso
III - de Presidente do Senado Federal; de impedimento concomitante do Presidente e do Vice,
IV - de Ministro do Supremo Tribunal Federal; ou vacância dos respectivos cargos, serão chamados ao
V - da carreira diplomática; exercício da Presidência o Presidente da Câmara dos
VI - de oficial das Forças Armadas. Deputados, o do Senado Federal e o do Supremo Tribu-
VII - de Ministro de Estado da Defesa. nal Federal, sucessivamente, nessa ordem.

Estadual e Distrital ORDEM DE SUBSTITUIÇÃO OU SUCESSÃO PRESIDENCIAL


No âmbito estadual, o chefe do Executivo é o
Governador do respectivo Estado membro, com man-
dato de quatro anos, também eleito pelo sistema
majoritário absoluto, e tem como auxiliar direto os Temporário Definitivo
secretários estaduais e, no Distrito Federal, os secre-
tários distritais.
O Governador de estado deve ser cidadão brasilei-
ro, com idade mínima de 30 anos, conforme determi-
na o art. 14, § 3º, VI, b da CF/88. Presidente da Câmara
Vice-Presidente
dos Deputados
Definitivamen-
VI - a idade mínima de: Presidente do Senado
te ou temporário
b) trinta anos para Governador e Vice-Governador Federal
- interinamente
de Estado e do Distrito Federal; Presidente do STF

Municipal
Conforme consagra o art. 81 da CF, vagando os car-
No âmbito municipal, o Poder Executivo é coman- gos de Presidente e Vice, far-se-á eleição noventa dias
dado pelo Prefeito, o qual deve ser cidadão brasileiro para complementar o mandato, depois de aberta a
e, conforme art. 14 § 3°, VI, da CF, deve ter idade míni-
última vaga. Ainda, caso ocorra à vacância nos últi-
ma de 21 anos. O mandato é de quatro anos, contando
mos dois anos do período presidencial, a eleição
com o auxílio dos secretários municipais. Eleito pelo
sistema majoritário absoluto, para município com mais para ambos os cargos será feita em trinta dias depois
de 200 mil eleitores, e sistema majoritário simples ou da última vaga, pelo Congresso Nacional.
relativo, para municípios com até 200 mil eleitores. Importante atentar que o dispositivo em comento
Majoritário simples ou relativo: ganha a eleição o só é aplicado se não houver definitivamente Presiden-
candidato que conseguir a maioria dos votos válidos, ou te e nem Vice-Presidente.
seja, ganha o mais votado em um só turno. Linha do tempo da sucessão Presidencial:
Exemplo: 100.000 votos válidos.
Realizado no 1° domingo de outubro.
Cuidado! Se houver empate, ganha o mais idoso. ELEIÇÃO DIRETA ELEIÇÃO INDIRETA
Sistema também usado para eleição de Senadores. Primeiros 2 ANOS Últimos 2 ANOS

Município com mais de Município com até 200 mil


200 mil eleitores eleitores
Eleição direta até 90 dias da Eleição Indireta feita pelo
Sistema de eleição majori- Sistema de eleição majori- última vaga Congresso Nacional, em até
tário absoluto tário simples ou relativo 30 dias da última vaga
280
Nos dois casos, serão eleitos novo Presidente e Importante lembrar que o Presidente não dispõe
novo Vice-Presidente para completar o mandato, cha- da imunidade material, a qual somente se estende
mado como mandato tampão. aos membros do Poder Legislativo, ou seja, o Presi-
É possível eleição indireta nas demais esferas fede- dente não é inviolável por suas palavras e opiniões,
rativas (ex.: Governador - Prefeito) mesmo que no exercício de suas funções.

Crimes de responsabilidade Processo de impeachment

Os crimes de responsabilidade têm previsão O processo de impeachment é previsto na Consti-


nos arts. 85 e 52 da CF, bem como na Lei 1079/1950, tuição Federal nos arts. 86, 52 e na Lei nº 1079/1950,
que define os crimes de responsabilidade e regula o que define os crimes de responsabilidade e regula o
respectivo processo de julgamento, por exemplo, o respectivo processo de julgamento.
Presidente da República cometeu improbidade admi- O processo de impeachment tem duas fases: a pri-
nistrativa ou não obedeceu a decisão do STF. meira fase é o chamado juízo de admissibilidade e a
A lei 1079/1950 foi recepcionada pela ADPF 378 segunda fase é o julgamento, vejamos:
(estudaremos o que é uma ADPF no tópico Controle
de Constitucionalidade). 1º Fase – Juízo de admissibilidade
ADPF 378: teve por objeto central analisar a compatibi-
lidade do rito de impeachment de Presidente da República, Acusação: Significa estabelecer autoria e materia-
previsto na Lei nº 1.079/1950 com a Constituição de 1988. lidade – Quem fez o que?
O crime de responsabilidade trata-se de um ilícito Exemplo: Presidente da República cometeu crime
político administrativo definido em lei especial fede- de responsabilidade ao realizar a improbidade admi-
ral, que podem ser cometidos no desempenho de suas nistrativa/pedaladas fiscais, ou o Presidente da Repú-
funções, e como consequência pode resultar no impe- blica cometeu improbidade administrativa ao não
dimento para o exercício de suas funções públicas. obedecer à decisão do STF.
Trata-se de um resultado obtido através do processo Recebimento: Câmara dos Deputados por dois ter-
de impeachment. ços dos membros (Dois terços = 63% = 342 Deputados).
O art. 85 da CF dispõe sobre crimes de responsa-
bilidade, ou seja, os atos do Presidente da República 2º Fase - Julgamento:
que atentem contra a Constituição Federal e, especial-
mente, contra a existência da União, livre exercício do Julgamento é feito pelo Senado Federal, por dois
Ministério Público e dos Poderes constitucionais dos terços dos membros (Dois terços = 64 Senadores).
Estados e DF, direitos políticos, individuais e sociais, Recebida a acusação, inicia a segunda fase (julga-
segurança interna do país, probidade na administra- mento): o Presidente da República fica suspenso por
ção, lei orçamentária, cumprimento das leis e deci- 180 dias de suas funções.
sões judiciais. O julgamento é presidido pelo Presidente do
Qualquer cidadão é legitimado ativo para pro- Supremo Tribunal Federal e caso decorra o prazo de
por a acusação contra o Presidente da República 180 dias, e o julgamento não estiver concluído, cessará
na Câmara dos Deputados pela prática de crime de o afastamento do Presidente, sem prejuízo do regular
responsabilidade. prosseguimento do processo.
Condenado, o Presidente perderá o cargo e fica-
Art. 85. São crimes de responsabilidade os atos rá inabilitado por oito anos para exercício de função
do Presidente da República que atentem contra a pública, sem prejuízo das demais sanções judiciais
Constituição Federal e, especialmente, contra: cabíveis (art. 52, parágrafo único da CF).
I - a existência da União; Condenado o Presidente, nem função honorífica
II - o livre exercício do Poder Legislativo, do Poder pode exercer, por exemplo, mesário de eleições e jura-
Judiciário, do Ministério Público e dos Poderes do de júri.
constitucionais das unidades da Federação;
III - o exercício dos direitos políticos, individuais e
sociais; 1º FASE Início da fase
2º FASE
IV - a segurança interna do País; ADMISSIBILIDADE de criação
JULGAMENTO
V - a probidade na administração; e instalação
VI - a lei orçamentária; Recebimento da de comissão
Plenário do
denúncia pelo especial para
DIREITO CONSTITUCIONAL

VII - o cumprimento das leis e das decisões judiciais. Senado Federal


Presidente da analisar a
Parágrafo único. Esses crimes serão definidos em para votação.
Câmara. denúncia.
lei especial, que estabelecerá as normas de proces-
so e julgamento.
Para ficar mais fácil a compreensão, vejamos na
Crimes comuns cometidos pelo Presidente da tabela a seguir o esquema de memorização referente
República aos crimes cometidos pelo Presidente da República,
conforme dispõe o art. 86 da CF.
Os crimes comuns cometidos pelo Presidente da
República abrangem todas as infrações penais, por Art. 86. Admitida a acusação contra o Presidente
exemplo, caso o Presidente da República venha a da República, por dois terços da Câmara dos Depu-
cometer crime de homicídio. tados, será ele submetido a julgamento perante o
Sendo que, dependerá de autorização pela Câmara Supremo Tribunal Federal, nas infrações penais
dos Deputados, que aprovará o recebimento ou não comuns, ou perante o Senado Federal, nos crimes
da denúncia pelo Supremo Tribunal Federal. de responsabilidade. 281
§ 1º O Presidente ficará suspenso de suas funções: Senado Federal
I - nas infrações penais comuns, se recebida à denún-
cia ou queixa-crime pelo Supremo Tribunal Federal; Composto por representantes dos Estados e Distri-
II - nos crimes de responsabilidade, após a instau- to Federal, eleitos pelo sistema majoritário simples.
ração do processo pelo Senado Federal. Cada Estado e o Distrito Federal elege o número fixo
§ 2º Se, decorrido o prazo de cento e oitenta dias, o de três Senadores, com mandato de oito anos. Ainda,
julgamento não estiver concluído, cessará o afasta- cada Senador será eleito com dois suplementes (art.
mento do Presidente, sem prejuízo do regular pros- 46 da CF).
seguimento do processo. Cada Estado elege o número fixo de três Senadores.
§ 3º Enquanto não sobrevier sentença condenató- Cada Senador terá dois Suplentes.
ria, nas infrações comuns, o Presidente da Repúbli-
ca não estará sujeito a prisão.
z Funcionamento do Congresso Nacional
§ 4º O Presidente da República, na vigência de seu
mandato, não pode ser responsabilizado por atos
estranhos ao exercício de suas funções. Conforme art. 57 da CF, o Congresso Nacional reu-
nir-se-á na Capital Federal de 2 de fevereiro a 17 de
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro, período
CRIME DE denominado como sessão legislativa, ou seja, é o
CRIME COMUM
RESPONSABILIDADE
período em que o congresso se reúne anualmente.
Caso seja ação penal Entenda: Período denominado sessão legislativa
DENÚNCIA Qualquer cidadão
pública, será o PGR é o período em que o congresso se reúne para ativida-
Dois terços da Dois terços da des anualmente.
QUEM
RECEBE
Câmara dos Câmara dos Sessão legislativa
Deputados Deputados 02 de fevereiro a 17 de julho
JULGAMENTO Senado Federal STF 01 de agosto a 22 de dezembro
Sessão legislativa ordinária: período de atividade
PODER LEGISLATIVO normal do Congresso (mencionado acima).
Sessão legislativa extraordinária: trabalho rea-
É o poder de fazer, emendar, alterar e revogar leis, lizado durante o recesso parlamentar, mediante
consagrado no art. 44 a 75 da Constituição. Assim, a convocação.
função típica do Poder Legislativo é legislar, ou seja, Recesso
tem a função de elaborar as normas jurídicas gerais e 18 de julho a 31 de julho
abstratas, bem como, tem como função atípica admi- 23 de dezembro a 01 de fevereiro
nistrar e julgar. Não confundir sessão legislativa com legislatu-
Exemplo de função atípica: Controle de contas ra: legislatura é o período de quatro anos de execução
públicas, autorização para instauração de processos das atividades do Congresso Nacional. Vide artigo 44,
contra certas autoridades, julgamento de crimes de parágrafo único da CF.
responsabilidade e etc.
Fiscalização contábil conta com o auxílio do Tribu- Art. 44. O Poder Legislativo é exercido pelo Con-
nal de Contas da União (art. 70 a 74 CF). gresso Nacional, que se compõe da Câmara dos
Tribunal de contas nos Estados e Distrito Federal Deputados e do Senado Federal.
(art. 75 da CF/88). Parágrafo único. Cada legislatura terá a duração
de quatro anos.
Federal

No âmbito nacional temos o Congresso Nacional Cuidado com o art. 57, § 3º da CF, que dispõe sobre
que é denominado bicameral, pois é composto pelas as reuniões – referente à sessão Conjunta, o qual ocor-
duas casas, a Câmara dos Deputados e Senado Federal, rerá em quatro casos, vejamos.
também chamado de bicameralismo federativo, pois é
composto por representantes dos estados e do Distrito Art. 57. O Congresso Nacional reunir-se-á, anual-
Federal. mente, na Capital Federal, de 2 de fevereiro a 17 de
julho e de 1º de agosto a 22 de dezembro.
Câmara dos Deputados § 1º As reuniões marcadas para essas datas serão
transferidas para o primeiro dia útil subseqüen-
Composto por representantes do povo, eleitos te, quando recaírem em sábados, domingos ou
pelo sistema proporcional para mandatos de quatro feriados.
anos, permitindo sucessivas reeleições. § 2º A sessão legislativa não será interrompida
Sistema proporcional: o eleitor escolhe ser repre- sem a aprovação do projeto de lei de diretrizes
orçamentárias.
sentado por determinado partido e preferencialmente
§ 3º Além de outros casos previstos nesta Constitui-
pelo candidato escolhido. Entretanto, caso o candida- ção, a Câmara dos Deputados e o Senado Federal
to escolhido não seja eleito, o voto será somado aos reunir-se-ão em sessão conjunta para:
demais votos da legenda, compondo a votação do par- I - inaugurar a sessão legislativa;
tido ou coligação. I - inaugurar a sessão legislativa;
Cada estado será representado de acordo com a II - elaborar o regimento comum e regular a criação
sua população, ou seja, quanto mais populoso, maior de serviços comuns às duas Casas;
será o número de representantes do ente federado III - receber o compromisso do Presidente e do Vice-
nesta casa. Ainda, conforme art. 45, §1° da CF, nenhu- -Presidente da República; (grifo nosso)
ma unidade da federação terá menos de oito ou mais IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar.
de setenta deputados, exceção territórios (que atual-
mente não existem mais, mas se voltarem a existir) Em relação ao Art. 57, § 3º, inciso III, guarde que: a ses-
282 poderão eleger quatro Deputados Federais. são acontece no primeiro ano do mandato do Presidente
z Mesas do Congresso Nacional Art. 103. Podem propor a ação direta de incons-
titucionalidade e a ação declaratória de
As mesas são os órgãos diretivos da Câmara dos constitucionalidade:
Deputados, do Senado Federal e do Congresso Nacio- I - o Presidente da República;
nal. As mesas têm responsabilidade de administrar II - a Mesa do Senado Federal;
sua casa, eleitos pelos próprios parlamentares. III - a Mesa da Câmara dos Deputados; (grifo
A composição da mesa do Congresso Nacional nosso)
pode ser alterada por regimentos, com mandato de
dois anos, devendo ser presidida pelo Presidente do O Presidente da mesa é o Presidente da sua res-
Senado e os demais cargos serão exercidos, alterna- pectiva casa, cabe a este declarar a perda de mandato
damente, pelos ocupantes de cargos equivalentes na (art. 55 da CF).
Câmara dos Deputados e no Senado Federal, confor-
me determina o art. 57§ 5º da CF. Ainda, a presidência Estadual e Distrital
é exercida pelo presidente do Senado. Vejamos as atri-
buições para as mesas nos seguintes artigos, art. 50 § O âmbito Estadual e Distrital é composto pela
1° e § 2° CF, art. 55§ 2 e § 3° e art. 103, II e III CF. Assembleia Legislativa, através dos Deputados esta-
duais, eleitos pelo sistema proporcional (26 Deputados
Art. 50. A Câmara dos Deputados e o Senado Fede- por Estado), com mandato de quatro anos, aplicando
ral, ou qualquer de suas Comissões, poderão con- as regras desta Constituição sobre sistema eleitoral,
vocar Ministro de Estado ou quaisquer titulares inviolabilidade, imunidades, remuneração, perda
de órgãos diretamente subordinados à Presidência de mandato, licença, impedimentos e incorporação
da República para prestarem, pessoalmente, infor-
às Forças Armadas. Ainda, o subsídio dos Deputados
mações sobre assunto previamente determinado,
importando crime de responsabilidade a ausência Estaduais será fixado por lei de iniciativa da Assem-
sem justificação adequada. bleia Legislativa (art. 27 da CF).
§ 1º Os Ministros de Estado poderão comparecer
ao Senado Federal, à Câmara dos Deputados, Municipal
ou a qualquer de suas Comissões, por sua ini-
ciativa e mediante entendimentos com a Mesa Na esfera municipal temos os Vereadores eleitos
respectiva, para expor assunto de relevância de pelo sistema proporcional, com mandato de quatro
seu Ministério. anos – Unicameral. O número de vereadores que ocu-
§ 2º As Mesas da Câmara dos Deputados e do
pam a Câmara Municipal é definido de acordo com o
Senado Federal poderão encaminhar pedidos
número de habitantes da respectiva cidade, conforme
escritos de informações a Ministros de Estado
ou a qualquer das pessoas referidas no caput art. 29, IV da CF.
deste artigo, importando em crime de responsabi- Os vereadores apenas gozam da imunidade material.
lidade a recusa, ou o não - atendimento, no prazo de
trinta dias, bem como a prestação de informações Imunidade Parlamentar
falsas. (grifo nosso)
Art. 55. Perderá o mandato o Deputado ou A imunidade parlamentar é também conheci-
Senador: da como imunidade legislativa, pode ser imunidade
I - que infringir qualquer das proibições esta- material ou imunidade formal, vejamos: Imunidade
belecidas no artigo anterior; Material: absoluta inviolabilidade.
II - cujo procedimento for declarado incompa- Parlamentares são imunes civil e penalmente para
tível com o decoro parlamentar; suas opiniões, palavras e votos, desde que no exer-
III - que deixar de comparecer, em cada sessão
cício da atividade parlamentar. Sendo que, não
legislativa, à terça parte das sessões ordiná-
cometem no exercício da atividade parlamentar: inju-
rias da Casa a que pertencer, salvo licença ou
ria calúnia e difamação. Todos os parlamentares pos-
missão por esta autorizada;
IV - que perder ou tiver suspensos os direitos
suem essa imunidade.
políticos; A imunidade material está consagrada no art. 53 do
V - quando o decretar a Justiça Eleitoral, nos texto constitucional, que prevê que Deputados e Sena-
casos previstos nesta Constituição; dores são invioláveis civis e penalmente, vejamos.
VI - que sofrer condenação criminal em sentença
transitada em julgado. Art. 53. Os Deputados e Senadores são invioláveis,
§ 1º - É incompatível com o decoro parlamentar, civil e penalmente, por quaisquer de suas opi-
além dos casos definidos no regimento interno, o niões, palavras e votos.
DIREITO CONSTITUCIONAL

abuso das prerrogativas asseguradas a membro do § 1º Os Deputados e Senadores, desde a expedi-


Congresso Nacional ou a percepção de vantagens ção do diploma, serão submetidos a julgamento
indevidas. perante o Supremo Tribunal Federal.
§ 2º Nos casos dos incisos I, II e VI, a perda do § 2º Desde a expedição do diploma, os membros
mandato será decidida pela Câmara dos Deputa- do Congresso Nacional não poderão ser pre-
dos ou pelo Senado Federal, por maioria absoluta, sos, salvo em flagrante de crime inafiançável.
mediante provocação da respectiva Mesa ou de Nesse caso, os autos serão remetidos dentro de vin-
partido político representado no Congresso Nacio- te e quatro horas à Casa respectiva, para que, pelo
nal, assegurada ampla defesa. voto da maioria de seus membros, resolva sobre a
§ 3º Nos casos previstos nos incisos III a V, a prisão. (grifo nosso)
perda será declarada pela Mesa da Casa res-
pectiva, de ofício ou mediante provocação de A imunidade é uma espécie de proteção aos parla-
qualquer de seus membros, ou de partido político mentares no exercício de suas funções, para que estes
representado no Congresso Nacional, assegurada tenham ampla liberdade de expressão e debate de
ampla defesa. (grifo nosso) ideias nas questões de interesse de seus representados. 283
Ainda, a imunidade material é absoluta, sendo que as Caso seja determinada a prisão de algum Depu-
palavras e opiniões do parlamentar ficam excluídas tado ou Senador após a diplomação, os autos serão
de ação condenatória. enviados para a respectiva casa, para que, pelo voto
Por exemplo, determinado Senador, ao discutir da maioria de seus membros, a casa resolva sobre
temas políticos com outro parlamentar, profere pala- a prisão, a qual poderá determinada a sustação do
vras de injuria e acusa o parlamentar de praticar andamento da ação até o final do mandato (Neste
fatos definidos como crime. Nesse caso, o parlamentar caso, fica suspensa a prescrição).
ofendido não pode mover processo contra o Senador,
pois as ofensas proferidas estão relacionadas ao exer- Comissões
cício da atividade parlamentar.
Parlamentar não pode renunciar à imunidade par- Comissões são os grupos de parlamentares reuni-
lamentar e abrir mão do foro privilegiado.
dos para discutir sobre diversos assuntos, por exem-
Conforme o art. 29, VIII da CF/88, os vereadores
plo, cabe às comissões convocar Ministros de Estado
tem essa proteção, mas somente na circunscrição do
para prestar informações sobre assuntos inerentes a
Município.
suas atribuições. Vejamos o art. 58 da CF.
Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica,
votada em dois turnos, com o interstício mínimo de Art. 58. O Congresso Nacional e suas Casas terão
dez dias, e aprovada por dois terços dos membros comissões permanentes e temporárias, constituí-
da Câmara Municipal, que a promulgará, atendidos das na forma e com as atribuições previstas no respec-
os princípios estabelecidos nesta Constituição, na tivo regimento ou no ato de que resultar sua criação.
Constituição do respectivo Estado e os seguintes § 1º Na constituição das Mesas e de cada Comissão,
preceitos: é assegurada, tanto quanto possível, a representa-
[...] ção proporcional dos partidos ou dos blocos parla-
VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opi- mentares que participam da respectiva Casa.
niões, palavras e votos no exercício do mandato e § 2º Às comissões, em razão da matéria de sua com-
na circunscrição do Município; petência, cabe:
I - discutir e votar projeto de lei que dispensar,
Imunidade Formal: Relativa propriamente dita. na forma do regimento, a competência do Plenário,
Na imunidade formal, há a possibilidade de sus- salvo se houver recurso de um décimo dos mem-
bros da Casa;
pensão da prisão e do processo para a maioria abso-
II - realizar audiências públicas com entidades
luta dos membros da respectiva casa, consiste no
da sociedade civil;
julgamento pelo STF, desde a expedição do Diploma. III - convocar Ministros de Estado para prestar
Note que os vereadores não podem ser presos, salvo informações sobre assuntos inerentes a suas
em flagrante de crime inafiançável. atribuições;
A diplomação ocorre antes da posse, é um ato que IV - receber petições, reclamações, representa-
comprova que o candidato foi eleito e está apto para ções ou queixas de qualquer pessoa contra atos ou
tomar a posse no respectivo cargo. É neste ato que ocorre omissões das autoridades ou entidades públicas;
a entrega do documento (diploma) pela justiça eleitoral. V - solicitar depoimento de qualquer autoridade
ou cidadão;
Art.53 Os Deputados e Senadores são invioláveis, VI - apreciar programas de obras, planos nacio-
civil e penalmente, por quaisquer de suas opiniões, nais, regionais e setoriais de desenvolvimento e
palavras e votos. sobre eles emitir parecer. (grifo nosso)
§ 3º Recebida à denúncia contra o Senador ou
Deputado, por crime ocorrido após a diploma- Comissão parlamentar de inquérito – CPI
ção, o Supremo Tribunal Federal dará ciência
à Casa respectiva, que, por iniciativa de partido É uma investigação conduzida pelo poder legislati-
político nela representado e pelo voto da maioria de vo, que serve para ouvir depoimentos e esclarecimentos
seus membros, poderá, até a decisão final, sustar o sobre fatos relevantes da vida pública, também pode
andamento da ação. ocorrer durante o recesso parlamentar, ou seja, apura
§ 4º O pedido de sustação será apreciado pela Casa fato certo por prazo determinado. A CPI tem prazo de
respectiva no prazo improrrogável de quarenta e duração de 120 dias, se for o caso, pode ser prorrogado
cinco dias do seu recebimento pela Mesa Diretora. por até 60 dias mediante deliberação do Plenário.
§ 5º A sustação do processo suspende a prescrição, Para criação tem que ter um terço dos votos (ou
enquanto durar o mandato. seja, pelo voto favorável de pelo menos 171 Deputa-
§ 6º Os Deputados e Senadores não serão obriga-
dos Federais ou de 27 Senadores) dos Deputados ou
dos a testemunhar sobre informações recebidas ou
Senadores, em conjunto ou separadamente. Depois
prestadas em razão do exercício do mandato, nem
de encerrado, se for o caso, é enviado para o Minis-
sobre as pessoas que lhes confiaram ou deles rece-
tério Público para que promova a responsabilização
beram informações.
§ 7º A incorporação às Forças Armadas de Deputa-
civil e criminal dos infratores.
dos e Senadores, embora militares e ainda que em Conforme art. 58, § 3º da CF, as comissões terão
tempo de guerra, dependerá de prévia licença da poderes de investigação próprios das autoridades
Casa respectiva. judiciais, vejamos:
§ 8º As imunidades de Deputados ou Senadores
subsistirão durante o estado de sítio, só podendo § 3º As comissões parlamentares de inquérito, que
ser suspensas mediante o voto de dois terços dos terão poderes de investigação próprios das auto-
membros da Casa respectiva, nos casos de atos pra- ridades judiciais, além de outros previstos nos
ticados fora do recinto do Congresso Nacional, que regimentos das respectivas Casas, serão criadas pela
sejam incompatíveis com a execução da medida. Câmara dos Deputados e pelo Senado Federal, em
(grifo nosso) conjunto ou separadamente, mediante requerimento
284
de um terço de seus membros, para a apuração de z Apreciar as contas prestadas anualmente pelo Pre-
fato determinado e por prazo certo, sendo suas con- sidente da República;
clusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministério É função do TCU, mediante parecer prévio (deve ser
Público, para que promova a responsabilidade civil elaborado no prazo de 60 dias), analisar as contas
ou criminal dos infratores. (grifo nosso) anuais do Presidente da República, por exemplo,
análise das demonstrações contábeis consolidadas
A seguir, organizamos um quadro explicativo refe-
rente ao que pode e o que não pode ser realizado pela CPI. da União (também chamados de balanços gerais
da União).
CPI Pode z Julgar as contas dos administradores e demais res-
ponsáveis por dinheiros, bens e valores públicos
z Convocar ministro de Estado; da administração direta e indireta;
z Tomar depoimento de autoridade federal, estadual Exemplo: é função do TCU julgar as contas das
ou municipal; autarquias.
z Ouvir suspeitos (que têm direito ao silêncio para z Apreciar, para fins de registro, a legalidade dos
não se auto incriminar) e testemunhas (que têm o atos de admissão de pessoal, a qualquer título, na
compromisso de dizer a verdade e são obrigadas a administração direta e indireta;
comparecer); z Exemplo: apreciar a legalidade de ato de admis-
z Ir a qualquer ponto do território nacional para são da empresa brasileira de Correios, mediante a
investigações e audiências públicas; prorrogação de concurso público.
z Prender em flagrante delito;
� Realizar, por iniciativa própria, da Câmara dos
z Requisitar informações e documentos de reparti-
Deputados, do Senado Federal, de Comissão téc-
ções públicas e autárquicas;
z Requisitar funcionários de qualquer poder para nica ou de inquérito, inspeções e auditorias de
ajudar nas investigações, inclusive policiais; natureza contábil, financeira, orçamentária, ope-
z Pedir perícias, exames e vistorias, inclusive busca racional e patrimonial, nas unidades administrati-
e apreensão (vetada em domicílio); vas dos Poderes Legislativo, Executivo e Judiciário;
z Determinar ao Tribunal de Contas da União (TCU) Exemplo: apurar denúncias referente à legalidade
a realização de inspeções e auditorias; e de atos administrativos.
z Quebrar sigilo bancário, fiscal e de dados (inclusi- � Fiscalizar as contas nacionais das empresas supra-
ve telefônico, ou seja, extrato de conta e não escuta nacionais de cujo capital social a União participe;
ou grampo). Exemplo: o Brasil tem acordo realizado com o Gover-
no do Iraque, nesse sentido, a União participa do
CPI Não Pode denominado Banco Brasileiro Iraquiano S. A (BBI).
� Fiscalizar a aplicação de quaisquer recursos repas-
z Não pode condenar; sados pela União mediante convênio, acordo, ajus-
z Não pode determinar medida cautelar, como pri-
te ou outros instrumentos congêneres, a Estado, ao
sões, indisponibilidade de bens, arresto, sequestro;
Distrito Federal ou a Município;
z Não pode determinar interceptação telefônica e
quebra de sigilo de correspondência; Exemplo: fiscalização do repasse dos recursos
z Não pode impedir que o cidadão deixe o território Federais transferidos aos Estados.
nacional e determinar apreensão de passaporte; � Prestar as informações solicitadas pelo Congresso
z Não pode expedir mandado de busca e apreensão Nacional;
domiciliar; e Exemplo: emitir pronunciamento conclusivo sobre
z Não pode impedir a presença de advogado do os projetos de lei relativos ao plano plurianual,
depoente na reunião (advogado pode: ter acesso a diretrizes orçamentárias e ao orçamento anual.
documentos da CPI; falar para esclarecer equívo- � Aplicar aos responsáveis, em caso de ilegalidade
co ou dúvida; opor a ato arbitrário ou abusivo; ter de despesa ou irregularidade de contas, as sanções
manifestações analisadas pela CPI até para impug- previstas em lei;
nar prova ilícita). Exemplo: Verificada fraude comprovada à licita-
ção, o Tribunal poderá proibir o sancionado de
Sobre a admissibilidade da instauração de CPI, em participar de licitação na Administração pública
2020 determinado deputado federal insurgiu contra Federal por até cinco anos.
ato, por meio do qual o Presidente da Câmara dos � Assinar prazo para que o órgão ou entidade adote
Deputados indeferiu pedido de instauração de CPI as providências necessárias ao exato cumprimen-
destinada a investigar a metodologia de elaboração e to da lei, se verificada ilegalidade;
divulgação de pesquisas e os reflexos no resultado das
Exemplo: Verificada a ilegalidade de uma licitação,
eleições. Assim, ao analisar o Mandado de Segurança,
DIREITO CONSTITUCIONAL

o Tribunal determina o prazo de quinze dias para


o STF considerou que:
que o responsável adote as providências necessá-
“É atribuição do Presidente da Câmara aferir o rias (alegações de defesa ou, se for o caso, adequar
preenchimento dos requisitos atinentes à instaura- o contrato a lei).
ção de comissão parlamentar de inquérito”. � Sustar se não atendido, a execução do ato impug-
(MS 33.521, rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 15.05.2020, Dje em nado, comunicando a decisão à Câmara dos Depu-
24.06.2020) tados e ao Senado Federal;
Exemplo: caso verificada a ilegalidade de uma lici-
Tribunais de conta tação e o responsável não responder no prazo as
alegações de sua defesa ou, se for o caso, não ade-
O Tribunal de contas da União tem como função quar o contrato a lei, o TCU pode sustar a execução
auxiliar o Congresso Nacional no controle externo, ato impugnado, entretanto, o TCU não tem poder
referente à fiscalização. É um órgão independente, para anular contrato administrativo, mas, se for
composto por nove ministros, aos quais competem as o caso, pode comunicar a autoridade administrati-
seguintes funções (art. 71 da CF): va para que anule o contrato ou a licitação. 285
� Representar ao Poder competente sobre irregula- INICIATIVA
ridades ou abusos apurados.
Exemplo: Conforme abordado acima, o TCU comu-
nica ao Congresso Nacional sobre as irregulari- Casa iniciadora
dades e abusos apurados para que, se for o caso, CÂMARA DOS
anule o contrato administrativo ou a licitação. DEPUTADOS

Do Processo legislativo
Aprovado
Aprovado PRESIDENTE DA
É o conjunto de atos a serem observados para a Casa revisora
REPÚBLICA
produção, criação, modificação ou revogação de nor- SENADO
mas, realizado pelos órgãos competentes. FEDERAL 15 dias
A iniciativa pode ser parlamentar (quando outor-
gada aos Membros do Congresso Nacional – Câmara
Art. 66 da CF
dos Deputados ou Senado Federal) ou extraparlamen- Alterado

tar (quando conferida aos demais órgãos ou pessoas Volta para Câmara SANÇÃO VETO
que não integram o Congresso Nacional, por exemplo,
Analisa apenas as 48 horas
através da iniciativa popular). alterações:
Pode ser
No processo legislativo de elaboração e criação de Pode mantê-las ou recu-
Promulgação derrubado pela
perar o texto original.
normas, o Senado Federal só será a casa iniciadora, Em seguida, vai para
e posterior Câmara dos
se o projeto for apresentado por Senadores ou suas publicação Deputados e
sanção ou veto
Senado Federal
comissões.

Lei ordinária: a votação para aprovação será por


z Medida provisória: tem iniciativa na Câmara dos
maioria simples.
Deputados, art. 62 §8° da CF.
Lei Complementar: a votação para aprovação
z Iniciativa popular: a CF exige a subscrição de no
será por maioria absoluta;
mínimo 1% do eleitorado, nacional, distribuído
Emenda Constitucional: a votação para aprova-
por pelo menos cinco estados, com não menos de
ção será por três quintos dos membros.
0,3% dos eleitores, cada um deles, e será apresen-
tado perante a Câmara dos Deputados, art. 61, §2° Deliberação
da CF. A tramitação é a mesma do projeto de lei
ordinária. Exemplo de iniciativa popular para lei A deliberação é a competência exclusiva do Pre-
complementar – lei da ficha limpa. sidente da República, após concluída a votação.
Ocorre apenas no processo das leis ordinárias e
Os projetos de lei começam a tramitar na Câmara complementares.
dos Deputados, com exceção de quando são apresen- Sanção: concordância com o projeto de lei apre-
tados por Senador ou comissão do senado, nesses sentado, podendo ser expressa (assinatura) ou tácita
dois casos, começam pelo Senado. Caso o projeto seja (quando o Presidente não se manifesta sobre no prazo
aprovado por uma Casa, ele será revisto pela outra, de 15 dias). Vide Art. 66 § 1º da CF.
em um só turno de discussão e votação (em cada casa).
z Sanção expressa: se ocorrer a subscrição do pro-
jeto de lei. Ou seja, quando o Presidente da Repú-
z Se tiver iniciado a tramitação na Câmara (regra),
blica manifestar concordância ao Projeto de Lei
o projeto segue para o Senado, onde será analisa- aprovado pelo Congresso Nacional, no prazo de 15
do e votado. Se for alterado, volta para a Câma- dias úteis.
ra, que analisa apenas as alterações, podendo z Sanção tácita: caso não ocorra veto (discordância)
mantê-las ou recuperar o texto original. no prazo de 15 dias. Ou seja, o Presidente não se
z Em seguida, vai para sanção ou veto do presidente manifestou dentro do prazo, inerte, entende pela
da República. sua concordância com o Projeto de Lei aprovado.

Atenção! Se tiver vindo do Senado (exceção) e for Veto: é a discordância do Presidente com o projeto
aprovado sem alterações, segue para sanção ou veto de lei aprovado, este deve ser manifestado obrigato-
do presidente da República. riamente de maneira expressa (diferente da sanção
tácita que ocorre com a inércia do Presidente dentro
do prazo de 15 dias), pode ser total ou parcial. Tem
z Se for alterado, volta para o Senado, que analisa as
prazo de 15 dias para se apresentar, ainda, deve no
mudanças da Câmara, podendo mantê-las ou recu-
prazo de 48 horas comunicar os motivos do veto ao
perar o texto original. Presidente do Senado Federal.
z Em seguida, vai para sanção ou veto do Presidente
da República. z Veto será expresso, motivado, formalizado, supe-
rável e supressivo.
Entenda: Na casa revisora, o projeto pode ser rejei-
tado (arquivado), se aprovado (depois de ser enviado O veto pode ser total, que atinge todo o projeto, ou
286 para o Presidente dar a sanção ou veto), ou emendado. parcial, que atinge somente alguns dispositivos.
Art. 66. A Casa na qual tenha sido concluída a vota- I - Emenda Constitucional
ção enviará o projeto de lei ao Presidente da Repú-
blica, que, aquiescendo, o sancionará. Conforme art. 60 da CF/88, a emenda constitucio-
§ 1º Se o Presidente da República considerar o nal é um mecanismo para alteração da Constituição.
projeto, no todo ou em parte, inconstitucional ou Assim, as emendas possuem a mesma hierarquia que
contrário ao interesse público, vetá-lo-á total ou a Constituição Federal, sendo que as emendas são a
parcialmente, no prazo de quinze dias úteis, conta- única maneira de modificar a Constituição.
dos da data do recebimento, e comunicará, dentro Bem como, o § 1º do mencionado dispositivo deter-
de quarenta e oito horas, ao Presidente do Senado mina que a Constituição não poderá ser emendada na
Federal os motivos do veto.
vigência de intervenção federal, de estado de defesa
§ 2º O veto parcial somente abrangerá texto inte-
gral de artigo, de parágrafo, de inciso ou de alínea.
ou de estado de sítio.
§ 3º Decorrido o prazo de quinze dias, o silêncio do Ainda, não pode ser objeto de deliberação as pro-
Presidente da República importará sanção. posta de emenda constitucional que objetivem abolir
as denominadas cláusulas pétreas, consagradas no
Veto pode ser derrubado: art. 60, § 4º da CF/88, vejamos.

§ 4º O veto será apreciado em sessão conjunta, den- 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
tro de trinta dias a contar de seu recebimento, só emenda tendente a abolir
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria abso- I - a forma federativa de Estado;
luta dos Deputados e Senadores. (grifo nosso) II - o voto direto, secreto, universal e periódico;
§ 5º Se o veto não for mantido, será o projeto envia- III - a separação dos Poderes;
do, para promulgação, ao Presidente da República. IV - os direitos e garantias individuais.
§ 6º Esgotado sem deliberação o prazo estabelecido
no § 4º, o veto será colocado na ordem do dia da Conforme estudamos no início deste material,
sessão imediata, sobrestadas as demais proposi-
no tópico poder constituinte derivado de reforma, a
ções, até sua votação final.
§ 7º Se a lei não for promulgada dentro de quarenta
matéria constante de proposta de emenda rejeitada
e oito horas pelo Presidente da República, nos casos ou havida por prejudicada não pode ser objeto de
dos § 3º e § 5º, o Presidente do Senado a promulga- nova proposta na mesma sessão legislativa.
rá, e, se este não o fizer em igual prazo, caberá ao Para entender melhor, vamos relembrar o que
Vice-Presidente do Senado fazê-lo. estudamos sobre sessão legislativa:
Período denominado sessão legislativa é o perío-
O veto pode ser “derrubado” pelo Congresso do anual em que o congresso se reúne para suas
Nacional, em sessão conjunta, no prazo de 30 dias, só atividades.
podendo ser rejeitado pelo voto da maioria absoluta Sessão legislativa
dos Deputados e Senadores, após, o projeto será reen- 02 de fevereiro a 17 de julho
viado ao presidente para a promulgação.
01 de agosto a 22 de dezembro
Sessão legislativa ordinária: período de ativida-
VETO de normal do Congresso (mencionado acima).
Sessão legislativa extraordinária: trabalho
realizado durante o recesso parlamentar, mediante
PRESIDENTE SENADO FEDERAL convocação.
Recesso
30 dias 18 de julho a 31 de julho
Sessão Conjunta 23 de dezembro a 01 de fevereiro
Note que, este assunto é muito cobrado em provas,
pelo fato do art. 60 da CF/88 determinar os critérios de
Deputado Federal elaboração e votação de uma emenda constitucional.
+ Também é nesse artigo que estão localizadas as cha-
Senadores madas cláusulas pétreas, vejamos:

O Congresso Nacional deve apreciar o veto dentro Art. 60. A Constituição poderá ser emendada
do prazo máximo de 30 dias em sessão conjunta, mediante proposta:
podendo rejeitá-lo pelo voto secreto da maioria I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câma-
absoluta dos Deputados e Senadores. ra dos Deputados ou do Senado Federal;
Congresso Nacional decide não manter o Veto – II - do Presidente da República;
DIREITO CONSTITUCIONAL

III - de mais da metade das Assembléias Legisla-


Envia novamente o texto ao Presidente.
tivas das unidades da Federação, manifestando-
Promulgação e Publicação -se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus
membros.
z Promulgação: Competência do Presidente da § 1º A Constituição não poderá ser emendada na
República, deve ser realizado no prazo de 48 horas vigência de intervenção federal, de estado de defesa
após a sanção ou depois de derrubado o veto. ou de estado de sítio.
z Publicação: realizada no Diário Oficial, o qual é § 2º A proposta será discutida e votada em cada
obrigatório para levar a conhecimento geral a Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, con-
existência da lei. siderando-se aprovada se obtiver, em ambos, três
quintos dos votos dos respectivos membros.
Espécies Normativas § 3º A emenda à Constituição será promulgada
pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
Agora, vamos ao estudo de cada uma das espécies Federal, com o respectivo número de ordem.
normativas enumeradas no art. 59 da Constituição § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de
Federal. emenda tendente a abolir 287
I - a forma federativa de Estado; CÂMARA DOS SENADO FEDERAL
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; DEPUTADOS
III - a separação dos Poderes;
IV - os direitos e garantias individuais. 2° Turno de votação 2° Turno de votação
§ 5º A matéria constante de proposta de emen- 3/5 = 60% dos votos: 3/5 = 60% dos votos:
da rejeitada ou havida por prejudicada não pode 308 Deputados 49 Senadores
ser objeto de nova proposta na mesma sessão
legislativa. Entenda:

3/5 é o mesmo que 60% dos votos.


As Cláusulas Pétreas a seguir são direitos que não
3/5 em dois turnos = duas votações na Câmara dos
podem ser alterados.
Deputados e duas votações no Senado Federal.
I - a forma federativa de Estado; Duas casas = votação no Senado e na Câmara.
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; Por fim, a emenda à Constituição será promulgada
III - a separação dos Poderes; pelas Mesas da Câmara dos Deputados e do Senado
IV - os direitos e garantias individuais. Federal, com o respectivo número de ordem.
Conforme art. 67 da CF/88 “A matéria constante
A emenda constitucional é um mecanismo para de projeto de lei rejeitado somente poderá constituir
alteração da Constituição. Sendo que, as emendas pos- objeto de novo projeto, na mesma sessão legislativa,
mediante proposta da maioria absoluta dos membros
suem a mesma hierarquia que a Constituição Federal
de qualquer das Casas do Congresso Nacional”.
no ordenamento jurídico e necessitam de um procedi-
mento especial para aprovação, até porque a CF/1988 Iniciativa Da Pec
é de difícil mudança, ou seja, também classificada
como uma constituição rígida. z 1/3 da Câmara dos Deputados ou do Senado
Conforme o art. 60 da CF/88, a Constituição pode- Federal;
rá ser emendada mediante proposta de um terço, z Presidente da República;
no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados z Mais da metade das Assembleias Legislativas das
ou do Senado Federal, do Presidente da República e unidades da Federação, manifestando-se a maioria
relativa de seus membros.
de mais da metade das Assembleias Legislativas das
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma
Câmara dos Senado
delas, pela maioria relativa de seus membros. Deputados Federal
No que tange à votação da emenda constitucio- Aprovada
nal, o art. 60 § 2º da CF dispõe que para a norma ter Votação em dois turnos, Votação em dois turnos,
status de emenda constitucional (consequentemente necessária aprovação de 3/5 necessário aprovação de
obter hierarquia das demais normas e estar ao lado dos membros. 3/5 dos membros.
da Constituição) é necessário um procedimento de
votação junto ao Congresso Nacional, nesse caso, cada
casa vai votar e deve ter um número mínimo de par-
lamentares que aprovem a emenda.
PEC Rejeitada
PEC Aprovada
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada
Se rejeitada, será
Casa do Congresso Nacional, em dois turnos, con- Segue para promulgação
arquivada e não poderá
siderando-se aprovada se obtiver, em ambos, três pela Mesa da Câmara
ser objeto de nova
quintos dos votos dos respectivos membros. dos Deputados e Senado
proposta na mesma
Federal.
sessão legislativa.
O Congresso Nacional é composto por duas casas: a
Câmara dos Deputados e o Senado Federal.
II - Lei Complementar

Câmara dos Deputados: É a lei criada para complementar as normas cons-


Composição: 513 titucionais, as hipóteses de regulamentação estão
Deputados taxativamente previstas na Constituição Federal.
Congresso Nacional Aprovadas por maioria absoluta, em apenas um tur-
no de votação nas duas casas do Congresso Nacional.
Senado Federal: Conforme o art. 69 da CF.
Composição: 81
Senadores Art. 69. As leis complementares serão aprovadas
por maioria absoluta.
Ou seja, se a Câmara dos Deputados é composta
por 513 Deputados, para fins de resultado de votação, Dica
quando a Constituição menciona 3/5 dos votos, enten-
da se refere ao voto de 308 deputados. Já o Senado A Lei complementar só vai existir quando já for
Federal, como é composto por 81 Senadores, logo 3/5 autorizada pela Constituição Federal.
se refere ao voto de 49 senadores.
III - Lei Ordinária

CÂMARA DOS SENADO FEDERAL É um ato normativo relativo às normas gerais e


DEPUTADOS tem incidência quando não há previsão específica.
Trata sobre matéria não abrangida pela lei comple-
1º Turno de votação 1º Turno de votação mentar, sua aprovação se dá por maioria simples, ora,
3/5 = 60% dos votos: 3/5 = 60% dos votos: maioria dos votos de cada casa, em um turno de vota-
308 Deputados 49 Senadores ção, presente a maioria dos seus membros.
288
A apresentação do projeto de lei, qual seja, a inicia- Entenda: quando se fala em solicitar delegação
tiva pode ser reservada ou geral, devidamente funda- ao Congresso Nacional, isso significa que o Presi-
mentado e justificado. dente da República pede autorização ao Congresso
Projeto de iniciativa geral, como por exemplo a Nacional para legislar sobre determinados assuntos.
iniciativa popular, é uma matéria não reservada a Não serão delegados os atos de competência
órgãos (autoridades).
exclusiva do Congresso Nacional e os de Com-
Projeto de iniciativa reservada é o projeto apre-
petência privativa da Câmara dos Deputados e
sentado por determinadas autoridades, como por
exemplo, o art. 61, §1° da CF, a qual dispõe as leis que Senado Federal, pois é matéria reservada a Lei
serão de iniciativa do Presidente da República. Complementar. Vejamos art. 68 §1º da CF.
Art. 68. As leis delegadas serão elaboradas pelo
IV - Medida Provisória Presidente da República, que deverá solicitar a
delegação ao Congresso Nacional.
Espécie normativa com força de lei. No caso de § 1º Não serão objeto de delegação os atos de
relevância e urgência, o Presidente da República competência exclusiva do Congresso Nacional,
poderá editar, sendo editadas com o prazo máximo de os de competência privativa da Câmara dos Depu-
60 dias (prorrogando uma vez só pelo mesmo prazo + tados ou do Senado Federal, a matéria reservada
60 dias), de acordo com o art. 62 da CF e EC 32/2001. à lei complementar, nem a legislação sobre:
O Congresso Nacional poderá aprovar com ou sem I - organização do Poder Judiciário e do Ministério
alteração do texto, rejeição expressa ou rejeição tácita Público, a carreira e a garantia de seus membros;
(rejeitado perde seu efeito). Deve ser apreciada pela II - nacionalidade, cidadania, direitos individuais,
Câmara dos Deputados em 45 dias. Caso não seja apre- políticos e eleitorais;
ciada dentro do prazo, entra em regime de urgência. III - planos plurianuais, diretrizes orçamentárias e
orçamentos. (grifo nosso)
Aprovado tem prazo determinado de 60 dias, VI - Decreto Legislativo
podendo prorrogar uma vez + 60 dias
Matérias de competência exclusiva do Congresso
Câmara dos Se não for Nacional, como por exemplo, resolver sobre tratados,
Editada pelo Deputados deve apreciada em acordos ou atos internacionais que acarretem encar-
Presidente da apreciar no 45 dias, entra gos ou compromissos gravosos ao patrimônio nacio-
República máximo em 45 em regime de nal. Vide art. 62, § 3º da CF.
dias urgência. Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Pre-
sidente da República poderá adotar medidas pro-
Não cabe medida provisória de matéria reservada visórias, com força de lei, devendo submetê-las de
imediato ao Congresso Nacional.
à lei complementar. Ainda, há um rol de matérias que
§ 3º As medidas provisórias, ressalvado o dispos-
não podem ser objeto de edição de medida provisória,
to nos §§ 11 e 12 perderão eficácia, desde a edição,
conforme o § 1º do art. 62 da CF, vejamos: se não forem convertidas em lei no prazo de sessen-
ta dias, prorrogável, nos termos do § 7º, uma vez
Art. 62. Em caso de relevância e urgência, o Pre- por igual período, devendo o Congresso Nacional
sidente da República poderá adotar medidas pro- disciplinar, por decreto legislativo, as relações
visórias, com força de lei, devendo submetê-las de jurídicas delas decorrentes. (grifo nosso)
imediato ao Congresso Nacional.
§ 1º É vedada a edição de medidas provisórias VII - Resolução
sobre matéria:
I - relativa a: Trata-se das competências privativas de cada casa
a) nacionalidade, cidadania, direitos políticos, par- do Congresso Nacional. É importante ressaltar que
tidos políticos e direito eleitoral; esta não está sujeita a sanção ou veto, sendo promul-
b) direito penal, processual penal e processual civil; gada pela própria Mesa da Casa que a editou.
c) organização do Poder Judiciário e do Ministério
Público, a carreira e a garantia de seus membros; DO PODER JUDICIÁRIO: DISPOSIÇÕES GERAIS
d) planos plurianuais, diretrizes orçamentárias,
orçamento e créditos adicionais e suplementares, O poder judiciário está consagrado no texto cons-
ressalvado o previsto no art. 167, § 3º; titucional do art. 92 ao 126 da CF, tem o objetivo de
DIREITO CONSTITUCIONAL

II - que vise à detenção ou sequestro de bens, de pou- exercer a jurisdição (administrar justiça, aplicar o
pança popular ou qualquer outro ativo financeiro; direito com o objetivo de solucionar conflito de inte-
III - reservada a lei complementar; resses), bem como, no âmbito de sua função atípica
IV - já disciplinada em projeto de lei aprovado pelo administrativa, como exemplo, podemos citar o art.
Congresso Nacional e pendente de sanção ou veto
92, inciso I - A da CF, incluído pela emenda Constitu-
do Presidente da República.
cional nº 45/2004, criando como órgão do poder judi-
ciário também o “Conselho Nacional de Justiça”.
V - Lei Delegada
Art. 92. São órgãos do Poder Judiciário:
O Presidente da República solicita ao Congresso I-A o Conselho Nacional de Justiça
Nacional delegação para legislar sobre determina-
do tema, a qual se dará por resolução do Congresso De acordo com a Constituição Federal, compete ao
Nacional. Tal resolução fixará os limites, por exem- CNJ zelar pela autonomia do Poder Judiciário e pelo
cumprimento do Estatuto da Magistratura, definir os
plo, a lei nº 13/1992, que institui gratificações de ati-
planos, metas e programas de avaliação institucional
vidade para os servidores civis do Poder Executivo. 289
do Poder Judiciário, receber reclamações, petições
eletrônicas e representações contra membros ou Importante!
órgãos do Judiciário, julgar processos disciplinares CNJ não tem competência jurisdicional.
e melhorar práticas e celeridade, publicando semes-
tralmente relatórios estatísticos referentes à atividade
jurisdicional em todo o país24, composto por membros Quinto constitucional
do Ministério Público, Advogados e representantes da
sociedade civil. O Poder judiciário é dividido em duas Conforme art. 94 da CF, um quinto dos lugares dos
esferas: Justiça Federal e a Justiça Estadual. Tribunais Regionais Federais, dos Tribunais dos Esta-
dos, e do Distrito Federal e Territórios são compostos
PODER JUDICIÁRIO de membros do Ministério Público e Advogados. Com-
posto por membros:

TJ
Ministério Público:
JUSTIÇA FEDERAL JUSTIÇA ESTADUAL 1/5 com + 10 anos de carreira

TRF

COMUM JUSTIÇA ESPECIALIZADA ADVOGADOS:


ESPECIALIZADA notório saber jurídico e reputação
Art. 109 da CF ilibada + 10 anos de efetiva atividade
jurídica

TRABALHO ELEITORAL MILITAR JUIZADOS ESPECIAIS Como é feita a indicação destes profissionais:
Art. 111 Art. 118 Art. 124 Art. 98, inciso I e II
Através de indicações dos nomes feitas através de
Autorização cons-
titucional para a uma lista (lista sêxtupla) pelos órgãos de represen-
criação dos Juizados tação das respectivas classes. Enviada esta lista para
Especiais e a Justiça o Tribunal, este escolherá três nomes (lista tríplice)
de paz.
de sua preferência, e enviará ao Poder Executivo.
Entenda:
1. Órgãos do poder judiciário

Como previsão no art. 92 da CF/88, vejamos os Chefe do Poder


Lista Tríplice
órgãos que compõem o Poder Judiciário: Lista Sêxtupla Executivo decide
qual dos três
Tribunal Escolhe três
STF. Supremo Tribunal Federal OAB indica nomes será
nomes e exclui os
seis nomes escolhido no prazo
CNJ. Conselho Nacional de Justiça demais
de 20 dias.
STJ. Superior Tribunal de Justiça
TJ. Tribunal de Justiça (Estados)
TRF. Tribunal Regional Federal (Justiça Federal) A Emenda Constitucional 45/2004 inseriu o quinto
TST. Tribunal Superior do Trabalho constitucional na Justiça do Trabalho, nos Tribunais
TRT. Tribunal Regional do Trabalho Regionais do trabalho (art. 115, I da CF) e no Tribunal
TSE. Tribunal Superior Eleitoral Superior de Justiça (art. 111-A da CF).
TRE. Tribunal Regional Eleitoral
STM. Superior Tribunal Militar Garantias constitucionais dos magistrados
ÓRGÃOS DO PODER JUDICIÁRIO A Constituição Federal em seu art. 95 assegura aos
magistrados as garantias da vitaliciedade, inamovibi-
STF CNJ lidade e irredutibilidade de subsídios.
Vitaliciedade: só pode ser demitido depois do
trânsito em julgado da decisão judicial.
JUSTIÇA COMUM

z No primeiro grau de jurisdição somente é adquiri-


STF JUSTIÇA ESPECIALIZADA da depois de dois anos de estágio probatório, que
se inicia com o efetivo exercício da posse.
ESTADUAL FEDERAL TST TSE STM
z No segundo grau de jurisdição, este benefício se dá
com o efetivo exercício (quando nome deste Magis-
trado já está no quinto constitucional).
TJ TRF TRT TRE JUÍZES
MILITARES
Inamovibilidade: proibição de remoção do ma-
gistrado de um cargo para outro, salvo por motivo de
Juízes
Estaduais
Juízes
Federais
Juízes do
Trabalho
Juiz
Eleitoral
interesse público, mediante voto da maioria absoluta
do respectivo tribunal, assegurada ampla defesa.
Irredutibilidade de subsídios: Assegura que o
Conforme dispõe o art. 93 da CF, o ingresso na magistrado não tenha diminuído o valor de seus sub-
carreira da magistratura é feito através de concurso sídios, salvo imposição constitucional.
público de provas e títulos, inicialmente no cargo de Sendo que, tais garantias são asseguradas também
juiz substituto, a qual exige do Bacharel em Direito no aos membros do Ministério Público e Conselheiros e
mínimo três anos de atividade jurídica. Ministros dos Tribunais de Contas.
290 24 Disponível em <http://www.cnj.jus.br/sobre-o-cnj>. Acesso em 20 de set. de 2020.
Cabe ressaltar que os magistrados também tem Parágrafo único. Os Ministros do Supremo Tribu-
foro especial por prerrogativa de função, sendo julga- nal Federal serão nomeados pelo Presidente da
dos originalmente por tribunais indicados na Consti- República, depois de aprovada a escolha pela maio-
tuição Federal. Vejamos: ria absoluta do Senado Federal.

ÓRGÃO Dica para memorizar: lembre-se que 11 ministros


AUTORIDADE INFRAÇÃO é o mesmo nº de jogadores de um time de futebol.
JULGADOR
Juízes Estaduais Comum/ TJ Competência do Supremo Tribunal Federal:
e do DF responsabilidade Art. 96, III.
Juízes Fede- A competência está prevista nos arts. 102 e 103
rais, bem como TRF da Constituição, sendo dividida em competência ori-
Comum/
Juízes da Jus- Art. 108, inciso ginária e competência recursal, sendo que, na com-
responsabilidade
tiça Militar e do I, “a”. petência originária, o STF processa e julga em única
Trabalho. instância, e na competência recursal, o STF aprecia
a matéria a ele chegada por meio de recurso ordinário
Membros: STJ ou extraordinário.
Comum/ A seguir será exposto o art. 102 da CF.
TJ, TRF, TER e Art. 105, inciso
responsabilidade Observe que os incisos destacados são os mais
TRT I, “a”.
cobrados em provas, bem como, observe os demais
grifos com aspectos importantes para memoriza-
Membros ção. É de suma importância a leitura deste artigo para
dos Tribunais STF auxiliar na memorização.
Comum/
Superiores: Art. 102, inciso
responsabilidade
STJ, TST, TSE e I, “c”. Art. 102. Compete ao Supremo Tribunal Fede-
STM. ral, precipuamente, a guarda da Constituição,
ÓRGÃO cabendo-lhe:
AUTORIDADE INFRAÇÃO I - processar e julgar, originariamente:
JULGADOR
a) a ação direta de inconstitucionalidade de
STF lei ou ato normativo federal ou estadual e a
Ministros STF Comum Art. 102, Inciso ação declaratória de constitucionalidade de
I, “b”. lei ou ato normativo federal;
Senado Federal b) nas infrações penais comuns, o Presidente da
Ministros STF Responsabilidade República, o Vice-Presidente, os membros do Con-
Art. 52, II.
gresso Nacional, seus próprios Ministros e o Procu-
O foro especial por prerrogativa de função não se rador-Geral da República;
estende a magistrados aposentados25. Conforme Súmu- c) nas infrações penais comuns e nos crimes de
la nº 451 do STF, a competência especial por prerroga- responsabilidade, os Ministros de Estado e os
tiva de função não se estende ao crime cometido após Comandantes da Marinha, do Exército e da Aero-
a cessação definitiva do exercício funcional. náutica, ressalvado o disposto no art. 52, I, os mem-
O foro por prerrogativa de função aplica-se apenas bros dos Tribunais Superiores, os do Tribunal de
aos crimes cometidos durante o exercício do cargo e Contas da União e os chefes de missão diplomática
relacionados às funções desempenhadas. de caráter permanente;
Note que, após o final da instrução processual, com d) o habeas corpus , sendo paciente qualquer das
a publicação do despacho de intimação para apresen- pessoas referidas nas alíneas anteriores; o man-
tação de alegações finais, a competência para proces- dado de segurança e o habeas data contra atos
sar e julgar ações penais não será mais afetada em do Presidente da República, das Mesas da Câmara
razão de o agente público vir a ocupar outro cargo ou dos Deputados e do Senado Federal, do Tribunal de
deixar o cargo que ocupava por qualquer que seja o Contas da União, do Procurador-Geral da Repúbli-
motivo.26 ca e do próprio Supremo Tribunal Federal;
e) o litígio entre Estado estrangeiro ou orga-
Supremo Tribunal Federal nismo internacional e a União, o Estado, o Dis-
trito Federal ou o Território;
Órgão máximo do Poder Judiciário, também deno- f) as causas e os conflitos entre a União e os
minado como guardião da Constituição. Composto por Estados, a União e o Distrito Federal, ou entre
DIREITO CONSTITUCIONAL

onze membros, nomeados pelo Presidente da Repúbli- uns e outros, inclusive as respectivas entidades da
ca, conforme o art. 101, parágrafo único, da CF, após administração indireta;
aprovação por maioria absoluta do Senado Federal. g) a extradição solicitada por Estado estrangeiro;
Composto por onze Ministros do Supremo Tribunal i) o habeas corpus , quando o coator for Tribu-
Federal, os quais devem ser brasileiros natos, com ida- nal Superior ou quando o coator ou o paciente for
de entre 35 e 65 anos, cidadão em pleno gozo dos direi- autoridade ou funcionário cujos atos estejam
tos e possuir notável saber jurídico e reputação ilibada. sujeitos diretamente à jurisdição do Supremo Tri-
bunal Federal, ou se trate de crime sujeito à mesma
Art. 101. O Supremo Tribunal Federal compõe-se jurisdição em uma única instância;
de onze Ministros, escolhidos dentre cidadãos com j) a revisão criminal e a ação rescisória de seus
mais de trinta e cinco e menos de sessenta e cinco julgados;
anos de idade, de notável saber jurídico e reputação l) a reclamação para a preservação de sua compe-
ilibada. tência e garantia da autoridade de suas decisões;

25 RE 549.560, rel. Min. Ricardo Lewandowski, julgado em 22.3.2012, DJe 30.5.2014.


26 AP 937 QO, rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 03.05.2018, DJe 11.12.2018. 291
m) a execução de sentença nas causas de sua Art. 103-A. O Supremo Tribunal Federal poderá,
competência originária, facultada a delegação de de ofício ou por provocação, mediante decisão de
atribuições para a prática de atos processuais; dois terços dos seus membros, após reiteradas
n) a ação em que todos os membros da magistra- decisões sobre matéria constitucional, aprovar
tura sejam direta ou indiretamente interessados, súmula que, a partir de sua publicação na impren-
e aquela em que mais da metade dos membros do sa oficial, terá efeito vinculante em relação aos
tribunal de origem estejam impedidos ou sejam demais órgãos do Poder Judiciário e à admi-
direta ou indiretamente interessados; nistração pública direta e indireta, nas esferas
o) os conflitos de competência entre o Superior federal, estadual e municipal, bem como proceder
Tribunal de Justiça e quaisquer tribunais, entre à sua revisão ou cancelamento, na forma estabele-
Tribunais Superiores, ou entre estes e qualquer cida em lei.
outro tribunal; § 1º A súmula terá por objetivo a validade, a inter-
p) o pedido de medida cautelar das ações dire- pretação e a eficácia de normas determinadas, acer-
tas de inconstitucionalidade; ca das quais haja controvérsia atual entre órgãos
q) o mandado de injunção, quando a elabora- judiciários ou entre esses e a administração pública
que acarrete grave insegurança jurídica e relevante
ção da norma regulamentadora for atribuição
multiplicação de processos sobre questão idêntica.
do Presidente da República, do Congresso Nacional,
§ 2º Sem prejuízo do que vier a ser estabelecido em
da Câmara dos Deputados, do Senado Federal, das
lei, a aprovação, revisão ou cancelamento de súmu-
Mesas de uma dessas Casas Legislativas, do Tribu-
la poderá ser provocada por aqueles que podem
nal de Contas da União, de um dos Tribunais Supe-
propor a ação direta de inconstitucionalidade
riores, ou do próprio Supremo Tribunal Federal;
§ 3º Do ato administrativo ou decisão judicial que
r) as ações contra o Conselho Nacional de Jus-
contrariar a súmula aplicável ou que indevidamen-
tiça e contra o Conselho Nacional do Ministé- te a aplicar, caberá reclamação ao Supremo Tribu-
rio Público; nal Federal que, julgando-a procedente, anulará o
II - julgar, em recurso ordinário: ato administrativo ou cassará a decisão judicial
a) o habeas corpus , o mandado de segurança, reclamada, e determinará que outra seja proferi-
o habeas data e o mandado de injunção decidi- da com ou sem a aplicação da súmula, conforme o
dos em única instância pelos Tribunais Superiores, caso. (grifos nosso)
se denegatória a decisão;
b) o crime político; Note que a revisão, edição e cancelamento depen-
III - julgar, mediante recurso extraordinário, de da decisão de (dois terços) dos membros do Supre-
as causas decididas em única ou última ins- mo Tribunal Federal, em sessão plenária. Art. 2º § 3º
tância, quando a decisão recorrida:
da Lei 11.417/2006.
a) contrariar dispositivo desta Constituição;
O art. 103-A é uma norma constitucional de eficá-
b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou
cia limitada (normas cuja aplicabilidade é mediata,
lei federal;
indireta e reduzida).
c) julgar válida lei ou ato de governo local contesta-
A Súmula terá efeito vinculante em relação aos
do em face desta Constituição.
demais órgãos do Poder Judiciário e à administração
d) julgar válida lei local contestada em face de
lei federal.
pública direta e indireta, nas esferas federal, estadual
§ 1º A arguição de descumprimento de preceito e municipal, bem como proceder à sua revisão ou can-
fundamental, decorrente desta Constituição, será celamento, na forma estabelecida em lei.
apreciada pelo Supremo Tribunal Federal, na for- Caso haja descumprimento de Súmula Vinculante,
ma da lei o recurso cabível é Reclamação ao STF, conforme art.
§ 2º As decisões definitivas de mérito, proferidas 7º da lei 11.417/2006.
pelo Supremo Tribunal Federal, nas ações diretas
de inconstitucionalidade e nas ações declaratórias Art. 7º Da decisão judicial ou do ato administrativo
de constitucionalidade produzirão eficácia contra que contrariar enunciado de súmula vinculan-
todos e efeito vinculante, relativamente aos demais te, negar-lhe vigência ou aplicá-lo indevidamente
órgãos do Poder Judiciário e à administração públi- caberá reclamação ao Supremo Tribunal Fede-
ca direta e indireta, nas esferas federal, estadual e ral, sem prejuízo dos recursos ou outros meios
municipal. admissíveis de impugnação. (grifo nosso)
§ 3º No recurso extraordinário o recorrente
deverá demonstrar a repercussão geral das ques- Ainda, podem propor (fazer a proposta e não o
tões constitucionais discutidas no caso, nos termos julgamento) aprovação, revisão ou cancelamento dos
da lei, a fim de que o Tribunal examine a admissão legitimados previstos no art. 3º da lei 11.417/2006.
do recurso, somente podendo recusá-lo pela mani-
festação de dois terços de seus membros. (grifos Art. 3º São legitimados a propor a edição, a revi-
nosso) são ou o cancelamento de enunciado de súmula
vinculante:
I - o Presidente da República;
Súmula Vinculante
II - a Mesa do Senado Federal;
III – a Mesa da Câmara dos Deputados;
A súmula vinculante é um instrumento que rela- IV – o Procurador-Geral da República;
ciona as principais e reiteradas decisões do Supremo V - o Conselho Federal da Ordem dos Advogados do
Tribunal Federal em matéria constitucional, tem pre- Brasil;
visão no art. 103-A da CF (incluído pela EC 45/2004) e VI - o Defensor Público-Geral da União;
na Lei 11.417/2006. Vejamos o que dispõe a Constitui- VII – partido político com representação no Con-
292 ção sobre o tema: gresso Nacional;
VIII – confederação sindical ou entidade de classe Requisitos para escolha dos Ministros:
de âmbito nacional;
IX – a Mesa de Assembléia Legislativa ou da Câma- z Idade entre 35 e 65 anos;
ra Legislativa do Distrito Federal;
z Possuir notável saber jurídico e reputação ilibada.
X - o Governador de Estado ou do Distrito Federal;
XI - os Tribunais Superiores, os Tribunais de Justiça
de Estados ou do Distrito Federal e Territórios, os „ 1/3 de juízes dos Tribunais Regionais Federais
Tribunais Regionais Federais, os Tribunais Regio- – TRF
nais do Trabalho, os Tribunais Regionais Eleitorais „ 1/3 de desembargadores dos tribunais de Justi-
e os Tribunais Militares. ça estaduais – TJ
§ 1º O Município poderá propor, incidentalmente „ 1/3 divididos desta forma: 1/6 de advogados; e
ao curso de processo em que seja parte, a edição, a „ 1/6 de membros MP, estaduais e do DF
revisão ou o cancelamento de enunciado de súmu-
„ Indicados na forma do art. 94 da CF/88 – quinto
la vinculante, o que não autoriza a suspensão do
processo. constitucional.

Existem órgãos que podem descumprir a Súmula Competência STF X STJ


Vinculante sem sofrer penalidades. São os seguintes:
A seguir, organizamos dois quadros das competên-
z STF de oficio para rever ou cancelar; cias do STF e STJ, com fundamento nos arts. 102 e 105
z Processo legislativo – na sua função típica, ou seja, da CF. Pedimos atenção especial nesses artigos, pois
ao legislar. são de extrema importância. Cuidado para não con-
fundir as competências de cada órgão.
Cuidado: Na sua função atípica, que seria admi-
nistrar e julgar, deve respeitar a súmula vinculante:
STF
ART. 102 DA CF
z Presidente da República pode editar Medida Pro-
visória contrária à súmula vinculante (pois, neste ADI, ADC e ADPF*
caso, ele estaria legislando). Crime comum:
Presidente República + Vice
Superior Tribunal de Justiça Membros Congresso Nacional, Ministros e o PGR
Crime de comum e responsabilidade:
O STJ é composto por no mínimo 33 Ministros, Ministros estado, Comandante Marinha, Exército e Aeronáu-
nomeados pelo Presidente da República, sendo estes tica, membros Tribunais Superiores, TCU e Chefes de missão
brasileiros com mais de 35 anos e menos de 65 anos, de diplomática.
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois da HC quando coator for Tribunal Superior e o paciente for auto-
ridade/funcionários quando atos estejam sujeitos jurisdição
aprovação pela maioria absoluta do Senado Federal.
STF;
MS e HD contra atos do Presidente República, Mesa da Câmara
Art. 104. O Superior Tribunal de Justiça com- dos Deputados e Senadores;
põe-se de, no mínimo, trinta e três Ministros.
Extradição;
Parágrafo único. Os Ministros do Superior Tribunal Litigio entre Estado estrangeiro e a União, o Estado, o Distrito
de Justiça serão nomeados pelo Presidente da Federal ou o Território*;
República, dentre brasileiros com mais de trinta Ações contra CNJ e CNMP (Conselho Nacional do Ministério
e cinco e menos de sessenta e cinco anos, de Público);
notável saber jurídico e reputação ilibada, depois Extradição solicitada por estado estrangeiro;
de aprovada a escolha pela maioria absoluta do Revisão criminal e ação rescisória de seus julgados;
Senado Federal, sendo: Reclamação – preservação de sua competência;
I - um terço dentre juízes dos Tribunais Regio- Ações contra CNJ e o CNMP.
Competência em recurso Ordinário: habeas corpus, mandado
nais Federais e um terço dentre desembarga-
de segurança, habeas data e mandado de injunção, decididos
dores dos Tribunais de Justiça, indicados em em única instância pelos Tribunais Superiores;
lista tríplice elaborada pelo próprio Tribunal; Competência em Recurso Extraordinário:
II - um terço, em partes iguais, dentre advoga- Causas decididas em única ou última instância, caso decisão
dos e membros do Ministério Público Federal, recorrida contrariar dispositivo da Constituição Federal.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Estadual, do Distrito Federal e Territórios,


alternadamente, indicados na forma do art. 94.
Art. 94. Um quinto dos lugares dos Tribunais STJ
Regionais Federais, dos Tribunais dos Estados, e ART. 105 DA CF
do Distrito Federal e Territórios será composto de ADI, ADC e ADPF*
membros, do Ministério Público, com mais de dez
Crime comum:
anos de carreira, e de advogados de notório saber
jurídico e de reputação ilibada, com mais de dez Governador de Estado e DF;
anos de efetiva atividade profissional, indicados em Crimes comuns e de responsabilidade:
lista sêxtupla pelos órgãos de representação das Desembargadores do TJ (Estados e DF), membros do TCE e
respectivas classes. TCDF, dos TRF, TER e TRT, dos conselhos do TCU e do MPU;*
Parágrafo único. Recebidas as indicações, o tribu- HC quando coator ou paciente for pessoas acima menciona-
nal formará lista tríplice, enviando-a ao Poder Exe- das, ou quando for Tribunal sujeito a sua jurisdição, Ministro
cutivo, que, nos vinte dias subsequentes, escolherá de Estado ou Comandante do Exército, Marinha e Aeronáutica,
salvo competência da Justiça Eleitoral;
um de seus integrantes para nomeação. 293
STJ 3. (CESPE – 2018) Acerca da administração pública e da
ART. 105 DA CF organização dos poderes, julgue o item subsequente à
luz da CF.
Mandado de Segurança e Habeas Data contra ato de Ministro
Cabe ao Congresso Nacional exercer, mediante con-
de Estado, Comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica,
ou Ministros do STJ; trole externo, a fiscalização contábil, financeira, orça-
Conflito de competência entre os Tribunais (salvo art. 102, I “o” mentária, operacional e patrimonial da União.
– conflito entre STJ x Tribunais);
Revisão Criminal e Ação Rescisória de seus julgados; ( ) CERTO ( ) ERRADO
Reclamação – preservação de sua competência;
Conflito entre autoridades administrativas e judiciárias da Sim, a função será exercida pelo Congresso Nacio-
União, entre autoridades judiciárias de um Estado e administra- nal mediante controle externo, conforme o art. 70
tivas de outro ou do DF, ou entre esses e a União; da CF/88. Resposta: Certo.
Mandado de Injunção quando a elaboração da norma for atri-
buição de autoridade Federal, salvo casos de competência do 4. (FCC – 2018) O Tribunal de Contas, órgão dotado de
STF, Justiça Militar, Eleitoral e do Trabalho; prerrogativas especiais, atua como auxiliar do Poder
Competência em recurso Ordinário:
Habeas Corpus decidido em única ou última instância pelos a) Executivo, na função de controle interno da
TRF ou TJ dos Estados e DF quando denegatória. Administração.
Mandado de Segurança decidido em única instância pelo TRF b) Legislativo, na função de controle externo da
ou TJ dos Estados e DF, também quando denegatória a deci- Administração.
são. Causas em que forem partes Estado estrangeiro ou or- c) Legislativo e do Poder Judiciário, respectivamente, na
ganismo Internacional de um lado, e, de outro, Município ou função de controle interno e externo da Administração.
pessoa residente ou domiciliada no país;
d) Judiciário, exercendo função jurisdicional, no controle
Competência em Recurso Especial: Causas decididas em úni- externo da Administração.
ca ou ultima instância pelo TRF ou TJ dos Estados ou DF, quan- e) Legislativo, exercendo função administrativa, no con-
do decisão recorrida contrariar Lei Federal. trole interno da Administração.
*Muito cobrado em provas
O controle externo, a cargo do Congresso Nacional,
será exercido com o auxílio do Tribunal de Contas
da União na sua função administrativa, conforme
EXERCÍCIOS COMENTADOS dispõe art. 71 da CF/88. Resposta: Letra B.
1. (CESPE – 2018) No âmbito do Poder Legislativo Fede- 5. (FCC – 2018) Nos termos da Constituição Federal, a
ral, as comissões parlamentares de inquérito adoção, pelo Presidente da República, de medidas de
reorganização da Administração federal, que impli-
a) podem investigar fatos referentes a questões de inte- quem a extinção de cargos e funções vagos,
resse de um estado-membro, ou seja, sem relevância
nacional. a) é incabível, por se tratar de matéria privativa de lei, não
b) podem determinar medida de arresto e sequestro de passível de delegação legislativa, vedada a edição de
bens de investigados. medida provisória sobre o tema.
c) têm poderes para determinar medida de busca e b) cabe ser tomada mediante decreto, independente-
apreensão domiciliar e interceptação telefônica. mente de edição prévia de lei que o autorize a tanto.
d) podem determinar que um investigado não se ausente c) cabe ser tomada apenas mediante medida provisó-
do país. ria, desde que presentes requisitos de urgência e
e) têm poderes para quebrar sigilo de dados telefônicos. relevância.
d) cabe ser tomada apenas mediante delegação legislati-
va do Congresso Nacional.
Conforme o STF, a CPI tem competência constitucio-
e) cabe ser tomada mediante decreto, desde que median-
nal para ordenar a quebra de sigilo bancário, fiscal
te a edição prévia de lei que o autorize a tanto.
e telefônico (MS 23.868, rel Min. Celso de Mello, jul-
gamento em 30.8.2001, DJ de 21.6.2002). Resposta: A constituição no art. 84, inciso IV, “a”, autoriza a
Letra E. decisão mediante decreto, não sendo necessário lei
que previamente autorize, denominado pela doutri-
2. (CESPE – 2018) A Constituição Federal de 1988 elen- na como um Decreto Autônomo. Resposta: Letra B.
ca como atribuição do presidente da República

a) dispor, por decreto, sobre o funcionamento da admi-


nistração pública federal, ainda que isso implique
aumento de despesa.
DA ORGANIZAÇÃO
b) conceder indulto e comutação de penas. POLÍTICO-ADMINISTRATIVA
c) autorizar empréstimos contraídos pela União no
exterior. FEDERAÇÃO
d) celebrar e referendar acordos internacionais, na condi-
ção de chefe de Estado. Federação é a organização política, administrativa
e) celebrar a paz, com referendo do Senado Federal. e jurídica formada por uma população em um territó-
rio determinado. O Estado federado é constituído por
A Constituição Federal no art. 84 trata da competên- um conjunto de Estados membros autônomos unidos
cia do Presidente da República, sendo que no inci- por uma Constituição, mas somente a Federação como
so XII dispõe que compete ao Presidente conceder um todo é considerada soberana, bem como, cada
indulto e comutar penas, com audiência, se necessá- Estado membro é considerado uma unidade federati-
294 rio, dos órgãos instituídos em lei. Resposta: Letra B. va que possui poder político descentralizado.
Sendo assim, são componentes da República Federati- z A União é uma entidade federativa, pessoa jurídica
va: a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. de direito público interno que integra a República
A descentralização é basicamente quando as fun- Federativa do Brasil, é através da União que o país
ções atribuídas a um só poder passam a ser reparti- é representado nas relações internacionais.
das, por exemplo, com a delegação das competências.
Conforme art. 18. § 1º da CF, atualmente Brasília é Os bens da União estão enumerados no art. 20 da
a Capital Federal, trata-se de uma inovação do legis- Constituição Federal, que compreende:
lador constituinte de 1988. Conforme preleciona José
Afonso da Silva (2017) Brasília tem uma posição jurí- z Terrenos de marinha: são os terrenos situa-
dica específica no conceito de cidade até porque não dos nas margens dos rios e lagoas, até onde haja
se enquadra no conceito geral de cidade pelo fato de influência das marés (vão de 1831 até 33 metros
não ser sede de um Município27. para a parte da terra), além destes são também os
que contornam as ilhas situadas em zona onde se
UNIÃO faça sentir a influência das marés;
z Terreno acrescido de marinha: são terrenos
A União é a entidade federativa autônoma e exer- acrescidos de marinha os que se tiverem formado,
ce as atribuições de soberania do Estado brasileiro. natural ou artificialmente, para o lado do mar ou
Conforme preleciona Pedro Lenza (2020) a União dos rios e lagoas, em seguimento nos terrenos de
possui “dupla personalidade” assumindo um papel
marinha (art. 2 da Lei nº 3.438/1941);
internamente como pessoa de direito público interno,
z Mar territorial: é a faixa de doze milhas náuticas
componente da Federação e detentor de autonomia
de largura, medidas a partir da linha de baixa-mar
financeira, administrativa e política e um papel inter-
do litoral continental e insular, no Brasil a costa é
nacionalmente sendo que representa a República
Federativa do Brasil28. banhada pelo oceano Atlântico;
A União representa o Estado brasileiro nas rela- z Zona contígua: é a faixa do mar que se estende
ções internacionais, perante os Estados estrangeiros das doze às vinte e quatro milhas marítimas, con-
a ela rege-se pelo princípio da independência nacio- tadas a partir das linhas de base que servem para
nal, prevalência dos direitos humanos, autodetermi- medir a largura do mar territorial;
nação dos povos, não-intervenção, igualdade entre os z Zona econômica exclusiva: compreende uma faixa
Estados, defesa da paz, solução pacífica dos conflitos, que se estende das doze às duzentas milhas maríti-
repúdio ao terrorismo e ao racismo, cooperação entre mas, contadas a partir das linhas de base que servem
os povos para o progresso da humanidade e concessão para medir a largura do mar territorial, é a faixa
de asilo político (art. 4º, CF/88). territorial do Atlântico. O Brasil tem soberania para
As competências da União estão elencadas no texto fins de exploração e aproveitamento, conservação e
constitucional, organizadas pelo legislador originário gestão dos recursos naturais, vivos ou não vivos, das
com base no chamado princípio da predominância águas sobrejacentes ao leito do mar, do leito do mar
do interesse público pelo particular. Neste sentido, as e seu subsolo, e;
atribuições de interesse nacional são de competência z Plataforma continental: é a faixa de terra do
da União, por exemplo: declarar guerra e celebrar paz. fundo do mar, que vai até 200m de profundidade,
As competências da União são classificadas como ou seja, compreende o leito e o subsolo das áreas
competência administrativa e legislativa, a primei- submarinas que se estendem além do seu mar ter-
ra que se relaciona com as funções de organização do ritorial, é uma importante área de exploração e
Estado e a segunda que é a competência de legislar. pesquisa de petróleo (art. 11 da Lei nº 8617/1993).
Vejamos os exemplos:
Entenda melhor na ilustração a seguir:
z Competência administrativa: é competência de
a União elaborar e executar planos nacionais e
regionais de ordenação do território e de desen-
volvimento econômico e social;
z Competência legislativa: é competência de a
União legislar sobre nacionalidade, cidadania e
naturalização.

O estudo das competências será abordado de for-


ma mais aprofundada em tópico específico na sequên-
cia deste material.
DIREITO CONSTITUCIONAL

Cuidado para não confundir União com República


Federativa do Brasil:

z A República Federativa do Brasil é um Estado


Federado, ou seja, é constituído por um conjunto
de Estados-Membros. Vale ressaltar que os Esta-
dos-Membros são autônomos, pois são dotados de
autonomia e autogoverno, por outro lado, não são
soberanos, uma vez que a soberana é somente a
Federação como um todo. No nosso pacto federativo,
o poder é descentralizado, pois a Constituição prevê
núcleos de poder e concede autonomia para os seus
entes (União, Estados, Municípios e Distrito Federal);
27 SILVA, op. cit, p. 476.
28 LENZA, Pedro; Direito Constitucional Esquematizado. 24ª ed. São Paulo, 2020, p. 497. 295
Vejamos o art. 20 do texto constitucional que enu- Exemplo: ferro, ouro, cobre etc.
mera os bens da União:
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios
I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vie- arqueológicos e pré-históricos;
rem a ser atribuídos;
Exemplo: Sítio Arqueológico, Parque Nacional do
Catimbau, localizado no estado de Pernambuco.
Exemplo: as ilhas, rios, mar territorial, entre
outros, com exceção das terras de aldeamentos extin- XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
tos, ainda que ocupadas por indígenas em passado
remoto, conforme dispõe a Súmula nº 650 do STF. Exemplo: a terra tradicionalmente ocupada pelos
indígenas no oeste de Santa Catarina, localizado entre
os rios Chapecó e Chapecósinho, a 70 km de Chapecó,
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das
denominada como terra indígena Xapecó.
fronteiras, das fortificações e construções milita-
Ainda, a redação do § 1º do mencionado dispo-
res, das vias federais de comunicação e à preserva-
sitivo foi modificada pela Emenda Constitucional
ção ambiental, definidas em lei; nº 102/2019, conforme a atual redação a Constitui-
ção prevê possibilidade da participação da União,
As terras devolutas são terras que não tem destina- dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios no
ção pública e também não integram o patrimônio de resultado da exploração de petróleo ou gás natural,
um particular. Exemplo: as terras devolutas situadas de recursos hídricos para fins de geração de energia
na Amazônia. elétrica e de outros recursos minerais.
Por conseguinte, a Constituição consagra a terra
III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em designada como faixa de fronteira, sendo esta a fai-
terrenos de seu domínio, ou que banhem mais de xa de até cento e cinquenta quilômetros de largura,
um Estado, sirvam de limites com outros países, ou ao longo das fronteiras terrestres, considerada fun-
se estendam a território estrangeiro ou dele prove- damental para defesa do território nacional, ainda
nham, bem como os terrenos marginais e as praias
determina que a sua ocupação e utilização devem ser
reguladas em lei. (art. 20 § 2º).
fluviais;
DOS ESTADOS FEDERADOS
Exemplo: o Rio Uruguai, que banha o estado de
Santa Catarina e o estado do Rio Grande do Sul. Os estados possuem autonomia para se organizarem
(auto-organização) caracterizado por um autogoverno,
IV - as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limí- autoadministração e autolegislação, onde o povo que
trofes com outros países; as praias marítimas; as escolhe diretamente os seus representantes no poder
ilhas oceânicas e as costeiras, excluídas, destas, as legislativo e executivo local, sem que haja subordinação
que contenham a sede de Municípios, exceto aque- por parte da União (arts. 27, 28 e 125 da CF).
las áreas afetadas ao serviço público e a unidade z Autogoverno: autonomia política para eleger seus
ambiental federal, e as referidas no art. 26, II; representantes, por exemplo, eleição de Governa-
dor (art.27 e 28 da CF/88);
Exemplo: a ilha do Bananal, situada no estado de z Autoadministração: decorre das competências
Tocantins, considerada a maior ilha fluvial do Brasil, administrativas conferidas aos Estados, por exemplo,
com 25.000 km². os estados poderão, mediante lei complementar, ins-
tituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas
V - os recursos naturais da plataforma continental e microrregiões, constituídas por agrupamentos de
e da zona econômica exclusiva; municípios limítrofes, para integrar a organização,
o planejamento e a execução de funções públicas de
Exemplo: recursos minerais, como petróleo, extraí- interesse comum (art. 25, § 3º da CF);
z Autolegislação: tem competência de elaborar
do da plataforma continental.
sua própria Constituição, ou seja, cada estado tem
autonomia de criar a sua própria constituição esta-
VI - o mar territorial; dual, entretanto esta deve sempre obedecer à lei
maior (CF/88).
Exemplo: os navios estrangeiros no mar territorial
brasileiro estão sujeitos aos regulamentos estabeleci- Os estados organizam-se e regem-se pelas Consti-
dos pelo Brasil. tuições e leis que adotarem. Ainda, conforme estudado
no título do poder constituinte derivado decorrente,
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos; o art. 25 da CF consagra aos Estados federados auto-
nomia política e administrativa, com capacidade de
elaborar suas próprias Constituições estaduais, obe-
Exemplo: os imóveis situados à beira-mar (até 33 decendo às diretrizes da Constituição Federal 1988.
metros para a parte da terra).
AUTOGOVERNO
VIII - os potenciais de energia hidráulica;

Para efeito de exploração, os potencias hidráuli-


cos dos rios pertencem à União, por exemplo a Usina
Hidrelétrica de Santo Antônio, localizada na cidade de
Porto Velho, estado de Rondônia.
LEGISLATIVO EXECUTIVO JUDICIÁRIO
Assembleia Legislativa Governador do Estado Tribunais e Juízes
296 IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
Formação de Novos Estados z subdivisão: quando um estado se divide em novos
vários estados, todos estes com personalidades
Na forma prevista do art. 18 e art. 48, VI da CF/88
diferentes. Por exemplo, o estado do Rio Grande do
a estrutura territorial do Brasil poderá ser modifica-
Sul deixa de existir, ou seja, o estado foi dividido
da por meio de alteração dos limites territoriais dos
em dois ou mais estados, cada um com personali-
diferentes entes federados existentes. Por exemplo,
dades distintas;
em 1988 o norte do estado de Goiás foi desmembrado,
formando o estado de Tocantins. z desmembramento: já na hipótese de separar uma
ou mais partes de um estado sem que este perca
Art. 18 A organização político-administrativa da sua identidade. Por exemplo, como ocorreu com o
República Federativa do Brasil compreende a União, estado de Goiás, formando o estado de Tocantins.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição. Vejamos os requisitos e procedimento para a incor-
§ 3º Os Estados podem incorporar-se entre si, sub- poração, a subdivisão e o desmembramento do estado
dividir-se ou desmembrar-se para se anexarem a (art. 18, § 3º da CF):
outros, ou formarem novos Estados ou Territórios
Federais, mediante aprovação da população direta-
FAVORÁVEL
mente interessada, através de plebiscito, e do Con-
gresso Nacional, por lei complementar.
1º 2º
INCORPORAÇÃO SUBDIVISÃO DESMEMBRAMENTO
Plebiscito Propositura de projeto de lei
Separar uma ou mais complementar
Fusão Cisão
partes de um estado Consulta prévias as popula-
ções diretamente interessadas. Caso a população seja favorável
(Expressão da vontade e da opi- no plebiscito será proposto pro-
Art. 48 Cabe ao Congresso Nacional, com a sanção nião do povo, demonstrada atra- jeto de lei complementar perante
do Presidente da República, não exigida esta para vés de votação); qualquer uma das casas do Con-
o especificado nos arts. 49, 51 e 52, dispor sobre Atenção! O plebiscito é condição gresso Nacional.
todas as matérias de competência da União, espe- prévia, caso não houver aprovação,
não passará para a próxima fase.
cialmente sobre: [...]
VI - Incorporação, subdivisão ou desmembramento
de áreas de Territórios ou Estados, ouvidas as res- 3º 4º
pectivas Assembleias Legislativas;

Ainda, conforme o art. 235 da Constituição, nos dez Oitiva da assembleia Lei complementar
primeiros anos de sua criação a Assembleia Legislati- Oitiva das assembleias legislativas Aprovação de lei complementar
va será composta de dezessete Deputados se a popula- dos estados interessados; pelo Congresso Nacional.
ção do Estado for inferior a seiscentos mil habitantes, Atenção! Mesmo que a assem- Congresso Nacional não é obri-
e de vinte e quatro, se igual ou superior a esse núme- bleia seja desfavorável, pode gado a aprovar, mas caso assim
continuar o processo de for- decida deverá ser conforme
ro, até um milhão e quinhentos mil, o Governo terá no
mação do novo estado, não é determina art. 69 da CF/88, pelo
máximo dez Secretarias, o Tribunal de Contas terá três vinculativo. quórum de absoluta.
membros, nomeados, pelo Governador eleito, den-
tre brasileiros de comprovada idoneidade e notório
saber, o Tribunal de Justiça terá sete Desembargado- Obs.: Abordamos o tema sanção e veto presiden-
res, os primeiros Desembargadores serão nomeados cial em título específico no tópico que estudamos o
pelo Governador eleito, escolhidos conforme dispõe o processo legislativo mais adiante neste material.
inciso V do mencionado dispositivo:
MUNICÍPIOS
a) cinco dentre os magistrados com mais de trinta
e cinco anos de idade, em exercício na área do novo No Brasil, não só os Estados membros, mas tam-
Estado ou do Estado originário; bém os Municípios têm autonomia política, ou seja, o
b) dois dentre promotores, nas mesmas condições, nosso pacto federativo é formado pela União, Estados,
e advogados de comprovada idoneidade e saber Distrito Federal e Municípios. Tal autonomia está pre-
jurídico, com dez anos, no mínimo, de exercício vista no art. 18, caput da CF/88, vejamos.
profissional, obedecido o procedimento fixado na
Constituição;
Art. 18 A organização político-administrativa
da República Federativa do Brasil compreende a
DIREITO CONSTITUCIONAL

Caso o novo estado seja proveniente de Território


União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
Federal, os cinco primeiros Desembargadores pode-
pios, todos autônomos, nos termos desta Consti-
rão ser escolhidos dentre juízes de direito de qualquer
tuição. (grifo nosso)
parte do País e em cada Comarca, o primeiro Juiz de
Direito, Promotor de Justiça e Defensor Público serão
nomeados pelo Governador eleito após concurso Como exemplo da autonomia municipal, podemos
público de provas e títulos. citar a capacidade de normatização, em que consiste
É possível a incorporação, subdivisão e o desmem- na capacidade do município de elaborar a sua própria
bramento de estado, vejamos: lei orgânica e demais legislações municipais.
Conforme art. 30 do texto constitucional, os muni-
z incorporação: quando dois ou mais estados se cípios tem competência legislativa local, ou seja,
unem com outro nome, perdendo sua personali- podem legislar sobre assuntos de interesse local e
dade por integrarem um novo estado. Por exem- suplementando a legislação federal e estadual no que
plo, como se houvesse a incorporação do estado de couber, por exemplo, é de competência do município
Santa Catarina e Rio Grande do sul, passando a ser a fixação do horário de funcionamento do comércio
um só estado; local. (Súmula 645 do STF). 297
Ainda, os Municípios também tem autonomia polí- Federais, mediante aprovação da população direta-
tica, por exemplo, têm a capacidade de eleger Prefeito, mente interessada, por meio de plebiscito e do Con-
Vice-Prefeito e vereadores sem a intervenção do esta- gresso Nacional, por intermédio de lei complementar.
do ou da União. Além de autonomia administrativa, ou Entretanto, no caso de criação de um Território o
seja, tem capacidade de atuar sobre assuntos de inte- texto constitucional não exige a realização de plebisci-
resse local, por exemplo, cabe ao município promover to, porém nada impede que possa ocorrer.
a proteção do patrimônio histórico cultural local.
Sendo que os Territórios a partir da CF/88 não são
considerados entes federativos, servem para que a
Formação de Novos Municípios
União administre áreas que não possuem um governo
estadual, ou seja, trata-se apenas de uma mera autar-
Os municípios também tem autorização constitu-
cional para criação, incorporação, fusão e desmem- quia em regime especial que é designada para admi-
bramento de municípios. Vejamos os requisitos e nistrar parcela de território do país.
procedimento para a incorporação, a subdivisão e o Atualmente não existem mais Territórios Federais
desmembramento de município (art. 18, § 4º da CF): no Brasil, inclusive a própria Constituição Federal
1988 no Ato das Disposições Gerais Transitórias art.
14 transformou os Territórios Federais de Roraima e
1º 2º do Amapá em Estados Federados.
Como vimos, atualmente no Brasil não existem
Lei Complementar
mais Territórios Federais, entretanto conforme art.
Plebiscito + Estudo de
viabilidade 18, § 2° da CF há uma autorização constitucional para
Aprovação de lei complemen- sua criação, a qual deve ser regulada em lei comple-
tar, fixando o período dentro Consulta prévia, mediante plebisci-
do qual poderá ocorrer a cria-
mentar, vejamos.
to às populações dos municípios
ção, incorporação, fusão e o envolvidos, após divulgação dos
desmembramento; estudos de viabilidade municipal, Art. 18 A organização político-administrativa da
apresentados e publicados na for- República Federativa do Brasil compreende a União,
ma da lei;
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição.
3º § 1º Brasília é a Capital Federal.
§ 2º Os Territórios Federais integram a União, e sua
Lei Estadual criação, transformação em Estado ou reintegração
ao Estado de origem serão reguladas em lei comple-
Aprovação de lei ordinária estadual formalizando a criação, incorpora-
ção, fusão, ou desmembramento do município. mentar. (grifo nosso)

REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS


DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
A repartição das competências são atribuições que
Distrito Federal
a Constituição dá aos Entes federados, de natureza
administrativa e legislativa. O legislador se preocupou
A Constituição Federal 1988 conferiu ao Distri-
em dividir essas atribuições (competências) com base
to Federal natureza de ente federativo autônomo,
no chamado princípio da predominância do interes-
com capacidade de auto-organização, autogoverno
se, ou seja, as atribuições de interesse nacional são
e autoadministração, sendo proibida a possibilidade
de competência da União (exemplo: declarar guerra
de subdivisão em Municípios (art. 32, caput), como
e celebrar paz), já as atribuições de interesse Estadual
exemplo de autonomia do Distrito Federal podemos
são de competência dos estados (exemplo: exploração
citar a capacidade do Distrito Federal para criar a sua
de serviço de transporte de passageiros intermunici-
lei orgânica, bem como na capacidade de eleger seu
pal) e atribuições de interesse local de competência
Governador e Vice-Governador, sem interferência da
União nas eleições. dos municípios (exemplo: expedição de alvará de esta-
A sede do governo do Distrito Federal é Brasília, belecimento comercial).
conforme consagra a Lei Orgânica do DF, art. 6º. Não existe hierarquia entre os Entes da Federação.
Conforme art. 32, § 1º da CF, ao Distrito Federal são A divisão de competências é basicamente por dois
atribuídas às competências legislativas reservadas modelos, modelo horizontal, quando a Constituição
aos Estados e Municípios, cumulativamente. Entre- dá atribuição a um único ente (exclusiva e privativa),
tanto, conforme o § 4º do dispositivo em comento a por exemplo, art. 21 da CF que consagra a competên-
lei federal disporá sobre a utilização pelo Governo do cia exclusiva da União. Bem como, pelo modelo verti-
DF, da polícia civil, da polícia penal, da polícia mili- cal, que atribui a mais de um ente a competência, por
tar e do corpo de bombeiros militar, ou seja, estes são exemplo, é o caso da competência legislativa concor-
mantidos diretamente pela União. rente da União, do Estado e do Distrito Federal previs-
ta no art. 24 da CF.
Territórios Federais
z Espécies de competências
Os Territórios Federais são divisões administra-
tivas da União, sem pertencer a qualquer Estado; Na nossa Carta Magna a repartição das competên-
podem surgir da divisão de um Estado membro ou cias tem previsão nos artigos 21, 22, 23 e 24 e tem o
desmembramento, existindo autonomia administrati- objetivo de partilhar entre os entes federados as ati-
va, mas não política, ou seja, os Estados podem subdi- vidades do Estado, classificada como competência
298 vidir-se ou desmembrar-se para formarem Territórios administrativa e competência legislativa.
„ Competência administrativa XII - explorar, diretamente ou mediante autoriza-
ção, concessão ou permissão:
A competência administrativa também pode ser a) os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e
chamada de competência material, pois trata-se da imagens;
organização do Estado para efetuar tarefas e realização b) os serviços e instalações de energia elétrica e
de atividades referente às matérias nela relacionadas, o aproveitamento energético dos cursos de água,
podem ser classificadas como competência exclusiva da em articulação com os Estados onde se situam os
União e competência comum entre os Entes Federados. potenciais hidroenergéticos;
c) a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estru-
tura aeroportuária;
COMPETÊNCIA ADMINISTRATIVA d) os serviços de transporte ferroviário e aquaviário
GERENCIAL OU MATERIAL entre portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou
que transponham os limites de Estado ou Território;
Art. 21 da CF Art. 23 da CF e) os serviços de transporte rodoviário interesta-
dual e internacional de passageiros;
EXCLUSIVA DA UNIÃO COMUM f) os portos marítimos, fluviais e lacustres;
INDELEGÁVEL XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Minis-
tério Público do Distrito Federal e dos Territórios e a
Como memorizar? Entes federados.União, Es- Defensoria Pública dos Territórios;
Os incisos fazem menção tados, DF e Municípios. XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia
à atuação e ação. penal, a polícia militar e o corpo de bombeiros mili-
tar do Distrito Federal, bem como prestar assistên-
Competência exclusiva da União é indelegável, ou cia financeira ao Distrito Federal para a execução
seja, não pode ser delegada a outro ente federativo, de serviços públicos, por meio de fundo próprio;
prevista no art. 21 da CF. Perceba que os incisos fazem XV - organizar e manter os serviços oficiais de esta-
menção a atuação e ação, vejamos: tística, geografia, geologia e cartografia de âmbito
nacional;
Atenção! Colocamos o art. 21 da CF na íntegra, XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo,
pois é muito cobrado em provas, recomenda-se a de diversões públicas e de programas de rádio e
televisão;
leitura do dispositivo reiteradas vezes!
XVII - conceder anistia;
Art. 21 Compete à União: XVIII - planejar e promover a defesa permanente
I - manter relações com Estados estrangeiros e par- contra as calamidades públicas, especialmente as
ticipar de organizações internacionais; secas e as inundações;
II - declarar a guerra e celebrar a paz; XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento
de recursos hídricos e definir critérios de outorga
III - assegurar a defesa nacional;
de direitos de seu uso
IV - permitir, nos casos previstos em lei complemen-
XX - instituir diretrizes para o desenvolvimento
tar, que forças estrangeiras transitem pelo território
urbano, inclusive habitação, saneamento básico e
nacional ou nele permaneçam temporariamente;
transportes urbanos;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a
XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o siste-
intervenção federal;
ma nacional de viação;
XXII - executar os serviços de polícia marítima,
Exemplo: Em 2018 foi decretada a intervenção
aeroportuária e de fronteiras;
federal no estado do Rio de Janeiro (Decreto nº 9.288 XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares
de 2018), uma medida excepcional de natureza mili- de qualquer natureza e exercer monopólio estatal
tar com o objetivo de reestabelecer a ordem pública e sobre a pesquisa, a lavra, o enriquecimento e repro-
resolver algumas questões de segurança pública prin- cessamento, a industrialização e o comércio de
cipalmente nas comunidades. minérios nucleares e seus derivados, atendidos os
seguintes princípios e condições:
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio a) toda atividade nuclear em território nacional
de material bélico; somente será admitida para fins pacíficos e median-
VII - emitir moeda; te aprovação do Congresso Nacional;
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fis- b) sob regime de permissão, são autorizadas a
calizar as operações de natureza financeira, espe- comercialização e a utilização de radioisótopos para
cialmente as de crédito, câmbio e capitalização, a pesquisa e usos médicos, agrícolas e industriais;
bem como as de seguros e de previdência privada; c) sob regime de permissão, são autorizadas a pro-
dução, comercialização e utilização de radioisóto-
DIREITO CONSTITUCIONAL

Exemplo: Compete a União administrar os ativos pos de meia-vida igual ou inferior a duas horas;
financeiros em moeda estrangeira, ou seja, são as reser- d) a responsabilidade civil por danos nucleares
vas internacionais, denominadas como reservas cam- independe da existência de culpa;
biais, é como um ativo do Banco Central do Brasil, assim XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do
cabe a União optar por vender esses ativos ou não. trabalho;
XXV - estabelecer as áreas e as condições para o
IX - elaborar e executar planos nacionais e regio- exercício da atividade de garimpagem, em forma
nais de ordenação do território e de desenvolvimen- associativa.
to econômico e social;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; No que tange à competência comum, que também
XI - explorar, diretamente ou mediante autoriza- pode ser chamada de competência paralela, concor-
ção, concessão ou permissão, os serviços de teleco- rente ou cumulativa, todos os Entes podem agir de for-
municações, nos termos da lei, que disporá sobre a ma independente, é a competência comum da União,
organização dos serviços, a criação de um órgão Estados, Distrito Federal e Munícipios, consagrada no
regulador e outros aspectos institucionais; art. 23 da CF, vejamos: 299
Art. 23 É competência comum da União, dos Esta- Privativa Da União
dos, do Distrito Federal e dos Municípios:
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das Como memorizar?
instituições democráticas e conservar o patrimônio Os incisos do art. 22 da CF fazem menção a legislar,
público; privativa e delegável.
II - cuidar da saúde e assistência pública, da Fique atento! Cabe delegação aos Estados e DF, median-
proteção e garantia das pessoas portadoras de te lei complementar sobre questões específicas.
deficiência;
III - proteger os documentos, as obras e outros bens
Art. 22 Compete privativamente à União legislar
de valor histórico, artístico e cultural, os monu-
sobre:
mentos, as paisagens naturais notáveis e os sítios
I - direito civil, comercial, penal, processual, eleito-
arqueológicos; ral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracte- trabalho;
rização de obras de arte e de outros bens de valor II - desapropriação;
histórico, artístico ou cultural; III - requisições civis e militares, em caso de iminen-
V - proporcionar os meios de acesso à cultura, à te perigo e em tempo de guerra;
educação, à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à IV - águas, energia, informática, telecomunicações
inovação; e radiodifusão;
VI - proteger o meio ambiente e combater a polui- V - serviço postal;
ção em qualquer de suas formas; VI - sistema monetário e de medidas, títulos e
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; garantias dos metais;
VIII - fomentar a produção agropecuária e organi- VII - política de crédito, câmbio, seguros e transfe-
zar o abastecimento alimentar; rência de valores;
IX - promover programas de construção de mora- VIII - comércio exterior e interestadual;
dias e a melhoria das condições habitacionais e de IX - diretrizes da política nacional de transportes;
saneamento básico; X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial,
X - combater as causas da pobreza e os fatores de marítima, aérea e aeroespacial;
marginalização, promovendo a integração social XI - trânsito e transporte;
dos setores desfavorecidos; XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e
XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces- metalurgia;
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur- XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
sos hídricos e minerais em seus territórios; XIV - populações indígenas;
XII - estabelecer e implantar política de educação XV - emigração e imigração, entrada, extradição e
para a segurança do trânsito. expulsão de estrangeiros;
XVI - organização do sistema nacional de emprego
Ainda, o parágrafo único do mencionado dispositivo e condições para o exercício de profissões;
XVII - organização judiciária, do Ministério Público
estabelece que tendo em vista o equilíbrio do desenvol-
do Distrito Federal e dos Territórios e da Defenso-
vimento e do bem-estar em âmbito nacional as leis com- ria Pública dos Territórios, bem como organização
plementares fixarão normas para a cooperação entre a administrativa destes;
União e os Estados, o Distrito Federal e os Municípios. XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de
geologia nacionais;
„ Competência legislativa: A competência legis- XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da
lativa como o próprio nome já nos remete é a poupança popular;
competência para elaborar leis, classificada em XX - sistemas de consórcios e sorteios; (grifo
competência privativa, concorrente, residual e nosso)
local, são atribuições que tratam da edição de
normas gerais e abstratas; Veja Súmula Vinculante nº 2:
„ Competência privativa: é a competência da É inconstitucional a lei ou ato normativo Estadual
União para legislar sobre determinados assun- ou Distrital que disponha sobre sistemas de consór-
tos de interesse nacional, com a edição de nor- cios e sorteios, inclusive bingos e loterias.
mas de interesse processual, normas de direito
material e administrativo. XXI - normas gerais de organização, efetivos, mate-
rial bélico, garantias, convocação, mobilização,
inatividades e pensões das polícias militares e dos
PROCESSUAL corpos de bombeiros militares;
Normas de processo civil, processo penal e processo XXII - competência da polícia federal e das polícias
rodoviária e ferroviária federais;
do trabalho.
XXIII - seguridade social;
MATERIAL XXIV - diretrizes e bases da educação nacional;
XXV - registros públicos;
Normas de direito civil, comercial, penal, político-elei- XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza;
toral, agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do XXVII - normas gerais de licitação e contratação,
trabalho. em todas as modalidades, para as administrações
públicas diretas, autárquicas e fundacionais da
ADMINISTRATIVO União, Estados, Distrito Federal e Municípios, obe-
decido o disposto no art. 37, XXI, e para as empre-
Demais matérias, como requisições civis e militares, sas públicas e sociedades de economia mista, nos
tempo de guerra, trânsito, transporte etc. termos do art. 173, § 1°, III;
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defe-
300 Art. 22 da CF sa marítima, defesa civil e mobilização nacional;
XXIX - propaganda comercial. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os
Parágrafo único. Lei complementar poderá Estados exercerão a competência legislativa plena,
autorizar os Estados a legislar sobre questões para atender a suas peculiaridades.
específicas das matérias relacionadas neste arti- § 4º A superveniência de lei federal sobre normas
go. (grifo nosso) gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lhe for contrário.
Delegável: Deve ocorrer por lei complementar
federal, editada pelo Congresso Nacional. Obs.: Tam- As regras de aplicação da competência concor-
bém contempla o Distrito Federal. (Art. 32, § 1º da CF.) rente estão relacionadas no § 1º ao 4º do mencionado
Não confunda a competência exclusiva da União dispositivo, que determina que a União limitar-se-á
com a competência privativa da União: a estabelecer normas gerais, entretanto não exclui a
competência suplementar dos Estados.Ainda, inexis-
tindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exer-
EXCLUSIVA ART. 21 PRIVATIVA ART. 22 cerão a competência legislativa plena, para atender a
DA CF DA CF suas peculiaridades. Por conseguinte, consagra o tex-
Administrativa Legislativa to constitucional que a superveniência de lei federal
sobre normas gerais suspende a eficácia da lei esta-
Indelegável Delegável dual, no que lhe for contrário.

REPARTIÇÃO DAS COMPETÊNCIAS E AS DECISÕES


„ Competência concorrente: tem fundamen- FRENTE AO CORONAVIRUS – ADI 926/2020
to no art. 24 da CF, dispõe que a União (que se
limita a estabelecer normas gerais), os Estados Em março de 2020, determinado partido político
e o Distrito Federal (normas suplementares) ajuizou Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI
podem legislar concorrentemente. 6341) para questionar a Medida Provisória (MP)
926/2020 – autoria do Governo Federal, que dispõe
Atente-se: sobre medidas para o enfrentamento da emergência
Os Municípios não foram contemplados com essa de saúde pública decorrente do coronavírus 2020.
possibilidade. Os legitimados da ADI sustentaram que a redis-
Em relação ao Art. 24, da CF, considere, concorren- tribuição de poderes de polícia sanitária introduzida
te entre: pela MP na Lei Federal 13.979/2020 interferiu no regi-
me de cooperação entre os entes federativos. Ainda,
z União: normas gerais; alegaram que essa centralização de competência
z Estados/DF: normas suplementares. esvazia a responsabilidade constitucional de esta-
dos e municípios para cuidar da saúde, dirigir o
Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito Sistema Único de Saúde e executar ações de vigi-
Federal legislar concorrentemente sobre: lância sanitária e epidemiológica.
I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco- Assim, ao apreciar o caso em tela, o Ministro Mar-
nômico e urbanístico; co Aurélio, em decisão monocrática, considerou que
II - orçamento; a redistribuição de atribuições pela MP 926/2020 não
III - juntas comerciais; afasta a competência concorrente dos entes fede-
IV - custas dos serviços forenses; rativos, ou seja, entendeu que a distribuição de atri-
V - produção e consumo; buições prevista na Medida Provisória não contraria
VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da a Constituição Federal, pois as providências não afas-
natureza, defesa do solo e dos recursos naturais, taram atos a serem praticados pelos demais entes
proteção do meio ambiente e controle da poluição; federativos no âmbito da competência comum para
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, legislar sobre saúde pública (art. 23, II da CF).
artístico, turístico e paisagístico;
VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, SAÚDE – CRISE – CORONAVÍRUS – MEDIDA
ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
PROVISÓRIA – PROVIDÊNCIAS – LEGITIMAÇÃO
estético, histórico, turístico e paisagístico;
CONCORRENTE
IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência,
tecnologia, pesquisa, desenvolvimento e inovação;
Surgem atendidos os requisitos de urgência e
X - criação, funcionamento e processo do juizado de
DIREITO CONSTITUCIONAL

pequenas causas;
necessidade, no que medida provisória dispõe sobre
XI - procedimentos em matéria processual; providências no campo da saúde pública nacional,
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde; sem prejuízo da legitimação concorrente dos Estados,
XIII - assistência jurídica e Defensoria pública; do Distrito Federal e dos Municípios. (ADI 6341, rel.
XIV - proteção e integração social das pessoas por- Min. Marco Aurélio, decisão em 24.03.2020, DJe em
tadoras de deficiência; 26.03.2020)
XV - proteção à infância e à juventude; Entenda o caso: Considerou o Ministro do STF
XVI - organização, garantias, direitos e deveres das que com fundamento no art. 23, II da CF que dispõe
polícias civis. da competência de todos os entes cuidarem da saú-
§ 1º No âmbito da legislação concorrente, a compe- de e assistência pública. É oportuno mencionar tam-
tência da União limitar-se-á a estabelecer normas bém o art. 198, inciso I da CF. Vejamos os dispositivos
gerais. mencionados.
§ 2º A competência da União para legislar sobre
normas gerais não exclui a competência suplemen- Art. 23 É competência comum da União, dos
tar dos Estados. Estados, do Distrito Federal e dos Municípios: 301
II - cuidar da saúde e assistência pública, da „ Competência Legislativa Local: Temas de
proteção e garantia das pessoas portadoras de defi- competência legislativa concorrentes desde
ciência; (grifo nosso) que seja de interesse local.
Art. 198 As ações e serviços públicos de saúde
integram uma rede regionalizada e hierarquizada e Art. 30 Compete aos Municípios:
constituem um sistema único, organizado de acor- I - legislar sobre assuntos de interesse local;
do com as seguintes diretrizes: II - suplementar a legislação federal e a estadual no
I - descentralização, com direção única em cada que couber;
esfera de governo; (grifo nosso) Art. 24 Compete à União, aos Estados e ao Distrito
Federal legislar concorrentemente sobre:
Por exemplo, em 11 de maio de 2020 o Presidente [...] § 2º A competência da União para legislar sobre
da República definiu como serviço essencial as acade- normas gerais não exclui a competência suplemen-
mias, salões de beleza e barbearias. Entretanto, com tar dos Estados.
base no entendimento do STF e o art. 23 da CF expli-
cado acima, cada estado poderá optar por receber e É sempre bom lembrar que no art. 32 da CF, o legis-
implantar as regras contidas no Decreto do Presiden- lador dispõe sobre o Distrito Federal, o qual o mesmo
te, ou seja, cada Governador poderá entender por tem competência cumulativa, ou seja, a Lei Distrital
não receber este decreto e decidir por não aplica- pode ter conteúdo estadual e municipal. (Art. 32 § 1º,
-lo em seu estado, sempre observando o princípio art. 147 e 155 da CF).
da proporcionalidade e o princípio da supremacia do
Art. 32 O Distrito Federal, vedada sua divisão em
interesse público sobre o particular29.
Municípios, reger-se-á por lei orgânica, votada em
dois turnos com interstício mínimo de dez dias, e
z Competência residual aprovada por dois terços da Câmara Legislativa,
que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
A competência residual é a competência dos Esta- lecidos nesta Constituição.
dos membros para se organizarem, consagrada art. 25 § 1º Ao Distrito Federal são atribuídas as com-
da CF. petências legislativas reservadas aos Estados e
Em relação ao Art. 25, da CF, considere: Municípios.
§ 2º A eleição do Governador e do Vice-Governador,
„ Competência Residual: Estados organizam-se observadas as regras do art. 77, e dos Deputados
e regem-se, assim fazendo a sua própria consti- Distritais coincidirá com a dos Governadores e Depu-
tuição estadual e leis observando os princípios tados Estaduais, para mandato de igual duração.
da CF/88. § 3º Aos Deputados Distritais e à Câmara Legislati-
va aplica-se o disposto no art. 27.
Art. 25 Os Estados organizam-se e regem-se pelas § 4º Lei federal disporá sobre a utilização, pelo
Constituições e leis que adotarem, observados os Governo do Distrito Federal, da polícia civil, da
princípios desta Constituição. polícia penal, da polícia militar e do corpo de bom-
§ 1º São reservadas aos Estados as competências beiros militar.
que não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou z A superveniência de lei federal sobre normas
mediante concessão, os serviços locais de gás cana- gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que
lizado, na forma da lei, vedada a edição de medida lhe for contrária;
provisória para a sua regulamentação. z Regulamento de Uber (exemplo) deve ser fei-
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complemen- to através de lei federal, mas quem fiscaliza é o
tar, instituir regiões metropolitanas, aglomerações município, ora, compete à lei federal regulamentar
urbanas e microrregiões, constituídas por agrupa- transporte de pessoas que utilizam o aplicativo30.;
mentos de municípios limítrofes, para integrar a z STF considerou que lei estadual não pode isentar
organização, o planejamento e a execução de fun-
cobrança de estacionamento de estabelecimen-
ções públicas de interesse comum.
tos comerciais31. Da mesma forma considerou que
lei estadual não pode alterar data de vencimento
z Competência local
das mensalidades escolares32;
z STF também já considerou que compete aos muni-
É a competência atribuída aos Municípios consa-
cípios legislar sobre tempo de fila em banco.
grada no art. 30 da CF. Os municípios podem legislar
Tema de Repercussão Geral nº 27233.
sobre temas da competência legislativa concorrente,
desde que seja no interesse local e suplementando a Por fim, vejamos algumas Súmulas vinculantes34
legislação federal e estadual no que couber. importantes sobre o tema abordado:
Ex.: O município pode legislar sobre o tema de Pes-
ca se atividade econômica pescaria for predominan- Súmula Vonculante 2: É inconstitucional a lei ou
te no município, conforme o art. 30, I e II combinado ato normativo Estadual ou Distrital que disponha
com art. 24 § 2º da CF. sobre sistemas de consórcios e sorteios, inclusive
Em relação ao Art. 30, da CF, considere: bingos e loterias.

29 Decreto Nº 10.344, de 11 de Maio de 2020


30 Lei 13.640 de 26 de março de 2018.
31 ADI 4862/PR, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 18.08.2016, DOU 07.02.2017.
32 ADI 1007/PE, Rel. Min. Eros Grau, julgado em 31.08.2005, DOU 16.03.2016.
33 RE 610221RG, rel. Min. Ellen Gracie, julgado em 29.04.2010, DOU 20.08.2010.
302 34 Súmula Vinculante é decisão editada pelo STF, por reiteradas decisões em matéria constitucional.
Súmula vinculante 38: É competente o Município Conforme o § 3º do art. 18 da CF os estados podem
para fixar o horário de funcionamento de estabele- incorporar-se, subdividir-se ou desmembra-se para
cimento comercial. se anexarem a outros mediante aprovação da popu-
Súmula vinculante 39: Compete privativamente à lação através do plebiscito e do Congresso por lei
União legislar sobre vencimentos dos membros das complementar. Referente Aos municípios, há necessi-
polícias civil e militar e do corpo de bombeiros mili- dade de consulta prévia, mediante plebiscito às popu-
tar do Distrito Federal. lações dos municípios envolvidos, após divulgação
Súmula Vinculante 46: A definição dos crimes de dos estudos de viabilidade municipal, apresentados e
responsabilidade e o estabelecimento das respecti- publicados na forma da lei. Resposta: Letra B.
vas normas de processo e julgamento são de com-
petência legislativa privativa da União.

DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
EXERCÍCIOS COMENTADOS Segundo José Afonso da Silva (2017), adminis-
tração pública é o conjunto de meios institucionais,
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Com relação à organiza-
financeiros e humanos destinados à execução das
ção do Estado e às funções essenciais à justiça, julgue decisões políticas35.
o item subsecutivo: A Constituição Federal de 1988 estabeleceu regras
A forma federativa de Estado é cláusula pétrea, por- gerais e preceitos específicos no Título III, Capítulo
que a Constituição Federal de 1988 veda a possibili- VII. São normas que tratam da organização, diretrizes,
dade de emenda constitucional tendente a aboli-la, remuneração e atuação dos servidores, acesso aos car-
não fazendo o mesmo em relação à forma de governo, gos públicos etc. Assim, a seguir passaremos a estudar as
que constitui princípio sensível da ordem federativa, regras e preceitos específicos da Administração Pública.
podendo ser autorizada intervenção federal no ente
federado que a desrespeitar. NATUREZA E ELEMENTOS

( ) CERTO ( ) ERRADO O Título III, da Constituição Federal refere-se às nor-


mas das orientações de atuação dos agentes adminis-
As cláusulas pétreas estão relacionadas no § 4º do trativos, empregos públicos, responsabilidade civil etc.,
art. 60 da CF/88. Vejamos : ou seja, trata-se da administração de bens e interesse
“§ 4º não será objeto de deliberação a proposta de público, assim, conclui-se que a administração públi-
ca tem natureza de “múnus público”. Por exemplo,
emenda tendente a abolir:
os agentes públicos são obrigados a velar pela estrita
I - a forma federativa de Estado; observância dos princípios de legalidade, impessoa-
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; lidade, moralidade e publicidade no trato dos assun-
III - a separação dos Poderes; tos que lhe são afetos, caso contrário o agente estará
IV - os direitos e garantias individuais”.(grifo nosso) cometendo ato de improbidade administrativa sujeito
Resposta: Certo. as sanções e penalidades previstas na Lei nº 8429/1992.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca da organização Dica


político-administrativa do Estado, julgue os itens a
seguir. A palavra múnus tem origem no latim e signifi-
ca dever, obrigação etc. O múnus público é uma
I. O desmembramento de um município será determina- obrigação imposta por lei, em atendimento ao
do por lei municipal, dentro do período determinado poder público, que beneficia a coletividade e não
por lei complementar federal, e dependerá de consulta pode ser recusado, exceto nos casos previstos
prévia, mediante plebiscito, às populações dos muni- em lei. Por exemplo: dever de votar, depor como
cípios envolvidos, inexistindo a necessidade de divul- testemunha, atuar como mesário eleitoral, servi-
gação prévia de estudos de viabilidade municipal na ço militar, entre outros.36
imprensa oficial.
II. Os estados podem incorporar-se entre si, mediante a Toda vez que a administração pública pratica uma
aprovação da população diretamente interessada, por ação que produz um efeito jurídico, chamamos de ato
meio de plebiscito, e do Congresso Nacional, por lei administrativo que produz efeitos que podem criar,
DIREITO CONSTITUCIONAL

complementar. modificar ou extinguir direitos.


III. É permitida somente à União a criação de distinções Os elementos dos atos administrativos são com-
entre brasileiros. petência, objeto, motivo, finalidade e forma. Toda
vez que um ato é praticado deve se observar qual é a
Assinale a opção correta. competência da pessoa que o praticou, ou seja, a com-
petência é a função atribuída a cada órgão ou autori-
a) Apenas o item I está certo. dade por lei, tem como característica ser irrenunciável,
b) Apenas o item II está certo. imprescritível, inderrogável e improrrogável.
c) Apenas os itens I e III estão certos. O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 (Lei que regula o
d) Apenas os itens II e III estão certos. processo administrativo no âmbito da administração
e) Todos os itens estão certos. pública), permite a delegação de competência, vejamos:
35 SILVA, op. cit, p. 665.
36 Disponível em <https://www.tjdft.jus.br/institucional/imprensa/campanhas-e-produtos/direito-facil/edicao-semanal/munus-publico.> Acesso
em: 12 out 2020. 303
Art. 12 Um órgão administrativo e seu titular pode- Art. 87 Pela inexecução total ou parcial do con-
rão, se não houver impedimento legal, delegar par- trato a Administração poderá, garantida a prévia
te da sua competência a outros órgãos ou titulares, defesa, aplicar ao contratado as seguintes sanções:
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente I - advertência;
subordinados, quando for conveniente, em razão de II - multa, na forma prevista no instrumento convo-
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, catório ou no contrato;
jurídica ou territorial. III - suspensão temporária de participação em lici-
Parágrafo único. O disposto no caput deste artigo tação e impedimento de contratar com a Adminis-
aplica-se à delegação de competência dos órgãos tração, por prazo não superior a 2 (dois) anos;
colegiados aos respectivos presidentes. IV - declaração de inidoneidade para licitar ou
contratar com a Administração Pública enquanto
O resultado do ato administrativo é o objeto, ou perdurarem os motivos determinantes da punição
seja, é aquilo que o ato decide, por exemplo, a puni- ou até que seja promovida a reabilitação perante a
ção decorrente de uma multa de trânsito. O elemento própria autoridade que aplicou a penalidade, que
motivo são as razões de fato e de direito que levaram será concedida sempre que o contratado ressarcir
a Administração Pública a praticar determinado ato, a Administração pelos prejuízos resultantes e após
por exemplo, é a infração de trânsito que deu origem decorrido o prazo da sanção aplicada com base no
a multa. A finalidade deve objetivar alcançar sempre inciso anterior.
o interesse público (definido em lei), é o resultado
que a Administração Pública pretende alcançar com O poder hierárquico atribui a distribuição de
determinado ato, por exemplo, a desapropriação por competências no âmbito da Administração Pública,
utilidade pública. Por fim, a forma é manifestação do ou seja, é o escalonamento de competências e funções.
ato, por exemplo, publicar no Diário Oficial da União Já o poder de polícia é quando o Estado coloca con-
a nomeação do Servidor Público. dições (limites) ao exercício de direitos individuais,
para garantia da ordem pública, segurança pública,
interesse público e saúde pública. Por exemplo, a
COMPETÊNCIA Atribuição legal para praticar o ato.
determinação pela autoridade competente de fecha-
OBJETO Resultado do ato, o que o ato decide. mento de um estabelecimento comercial por vender
produtos com prazo de validade vencido.
MOTIVO Razões fáticas e jurídicas. Cuidado para não confundir poder de polícia com
Resultado que o ato deseja (interesse a prestação de serviço público que são ações positi-
FINALIDADE vas, fazeres do Estado. O art. 78 do Código Tributário
público).
Nacional traz o conceito do poder de polícia, observe:
FORMA Manifestação do ato.
Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade
PODERES DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA da administração pública que, limitando ou dis-
ciplinando direito, interesse ou liberdade, regula
Os poderes que a Administração Pública possui são a prática de ato ou abstenção de fato, em razão
exercidos quando o Estado assume a sua função admi- de interesse público concernente à segurança, à
nistrativa. A função administrativa é exercida pelos higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da
três poderes da República, de forma típica pelo exe- produção e do mercado, ao exercício de atividades
cutivo e de forma atípica pelo legislativo e judiciário. econômicas dependentes de concessão ou autoriza-
Ainda, a Administração Pública não pode renun- ção do Poder Público, à tranquilidade pública ou ao
ciar os poderes, sendo exercício obrigatório. Assim, respeito à propriedade e aos direitos individuais ou
agora vamos falar sobre cada um dos poderes atribuí- coletivos.
dos à Administração Pública. Parágrafo único. Considera-se regular o exercício
Temos a princípio o poder vinculado que é o do poder de polícia quando desempenhado pelo
poder que a Administração Pública deve exercer nos órgão competente nos limites da lei aplicável, com
termos da lei. observância do processo legal e, tratando-se de
Quanto ao poder discricionário, a Administração atividade que a lei tenha como discricionária, sem
possui uma margem de escolha entre as opções exis- abuso ou desvio de poder.
tentes na lei.
Por sua vez, o poder normativo é aquele conferi- ORGANIZAÇÃO
do ao Poder Executivo para editar normas, por exem-
plo, conforme art. 84 da CF/88, inciso IV, vejamos: A organização no Estado Federal é complexa, por-
que a função administrativa é institucionalmente
Art. 84 Compete privativamente ao Presidente da imputada a diversas entidades governamentais
República: autônomas, que, no caso brasileiro estão expressa-
IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, mente referidas no próprio art. 37, de onde decorre
bem como expedir decretos e regulamentos para a existência de várias Administrações Públicas: a
sua fiel execução; federal (da União), a de cada Estado (Administra-
ção estadual), a do Distrito Federal e a de cada
Por conseguinte, o poder disciplinar é o poder Município (Administração municipal ou local),
que fundamenta a Administração Pública a aplicar cada qual submetida a um Poder político próprio,
sanção disciplinar e apurar possíveis infrações dos expresso por uma organização governamental
servidores públicos. Importante frisar que os parti- autônoma. (SILVA, 2017, p. 665).
culares contratados pela administração pública tam-
bém se sujeitam ao poder disciplinar, por exemplo, Conforme o art. 4º do Decreto-Lei 200/1967 a Admi-
estão sujeitos às penalidades impostas no art. 87 da nistração Pública no Brasil compreende em adminis-
304 Lei 8.666/1993. tração direta e administração indireta.
Art. 4º A Administração Federal compreende: A administração direta exerce o chamado controle
I - A Administração Direta, que se constitui dos finalístico ou supervisão ministerial sobre a adminis-
serviços integrados na estrutura administrativa da tração indireta.
Presidência da República e dos Ministérios.
Ainda, a banca examinadora ao formular uma
Exemplo: São os também os chamados entes políti-
cos com autonomia para se organizar e editar suas questão também pode se referir aos entes da Admi-
normas. nistração Indireta com os seguintes nomes:
II - A Administração Indireta, que compreende
as seguintes categorias de entidades, dotadas de z Entidade Administrativa;
personalidade jurídica própria: z Administração Pública Descentralizada;
a) Autarquias; z A Empresa Pública e Sociedade de Economia Mista
b) Empresas Públicas;
c) Sociedades de Economia Mista.
na prova também podem ser chamadas de: Empre-
d) fundações públicas. sas Estatais.
Parágrafo único. As entidades compreendidas na
Administração Indireta vinculam-se ao Ministério ADM. PÚBLICA ADM. PÚBLICA
em cuja área de competência estiver enquadrada DIRETA INDIRETA
sua principal atividade. Entidade administra-
tiva.
A Administração Pública direta é composta por Entes políticos
Autarquias-fundações
FORMAÇÃO União - Estados - DF
pessoas jurídicas de direito público regidas pelos públicas-sociedade de
- Municípios
princípios da supremacia do interesse público sobre o economia mista – em-
particular e da indisponibilidade do interesse público. presas públicas.
Ainda, tem autonomia política (para editar normas), Pessoas jurídicas de
administrativa (organização) e financeira (podem direito público, com Pessoas jurídicas de
realizar auditoria das próprias contas, além da lei de autonomia política, direito público e priva-
responsabilidade fiscal), sendo que os Entes da Admi- NATUREZA administrativa e fi- do, com autonomia ad-
nistração Pública direta não possuem hierarquia. O nanceira. Entes po- ministrativa, técnica e
líticos são PJ de DP financeira.
texto constitucional no art. 18 dispõe da administra-
interno.
ção direta, vejamos:
Não existe hierarquia
Não tem subordinação
Art. 18. A organização político-administrativa da ESPECIFIDADES entre os entes, esses
entre elas.
República Federativa do Brasil compreende a União, têm autonomia.
os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, todos
autônomos, nos termos desta Constituição. PRINCÍPIOS ESPECÍFICOS DA ADMINISTRAÇÃO
PÚBLICA
A banca examinadora ao formular uma questão
também pode se referir aos entes da Administração Os princípios específicos da Administração Pública
Direta pelos seguintes nomes: estão fundamentados no caput do art. 37 da Constitui-
ção, são os chamados princípios constitucionais explí-
z �Entes Federados;
citos da administração pública, vejamos:
z �Entes Políticos;
z �Pessoas Políticas;
z �Administração Centralizada. Art. 37 A administração pública direta e indireta
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do
Já as entidades da Administração Pública indire- Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos
ta são entidades criadas pela administração pública princípios de legalidade, impessoalidade, moralida-
direta (por meio de lei, tendo uma finalidade espe- de, publicidade e eficiência [...].
cífica), que tem autonomia administrativa (para se
organizar), técnica (atribuições especificadas em lei) Vamos à análise de cada um dos princípios expres-
e financeira, ou seja, a Administração Pública indireta sos no caput dispositivo em comento.
é quando o serviço público é prestado pelo estado de No princípio da legalidade o agente público está
forma descentralizada. restringido ao que a lei o autoriza a fazer (compe-
Fazem parte da Administração Pública indireta as
tência de atuação), ou seja, deve atuar somente den-
Autarquias, Fundações Públicas, Sociedade de Econo-
tro dos limites estabelecidos em lei, assim, quando o
mia Mista e Empresas Públicas:
agente pratica um ato que não está previsto em lei,
DIREITO CONSTITUCIONAL

z Autarquias Federais são responsáveis pela fisca- este pratica um ato inválido. Por exemplo, o agente
lização e regulamentação de atividades ligadas à público recebe vantagem econômica de qualquer
telecomunicação, energia elétrica e petróleo. Ex.: natureza, direta ou indireta, para tolerar a exploração
ANATEL, ANEEL, ANP; ou a prática de jogos de azar.
z Fundações são entidades que executam ativida- No princípio da impessoalidade (ou princípio da
des sociais (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucra- finalidade) o agente público sempre deve prezar pela
tivos. Ex.: FUNASA, FUNAI etc.;
defesa do interesse público, ainda objetiva a isonomia
z Empresas Públicas são entidades em que 100%
(tratar a todos sem privilégio) no exercício das fun-
do capital é público, podendo ser tanto uma socie-
dade anônima como uma sociedade limitada. Ex.: ções públicas.
Correios e Caixa Econômica Federal; Já o princípio da moralidade está relacionado à
z Sociedade de Economia Mista deve ser criada ideia de boa fé e probidade, sendo que o agente deve
necessariamente sobre a forma de uma sociedade atuar buscando o interesse público e evitar se valer do
anônima (S.A). Seu capital é formado por dinheiro cargo público e do poder incumbido para se promover
público e privado. Ex.: Banco do Brasil e Petrobras. ou atender algum interesse individual. 305
No que tange ao princípio da publicidade, este Por exemplo, a Previdência Social defere a con-
exige que a atuação do poder público seja transparen- cessão de benefício previdenciário (por força de uma
te e com acesso à informação a toda população, sendo interpretação errônea) a um determinado cidadão,
que as informações devem ser claras e publicadas no entretanto após identificar o erro à própria Previdên-
Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicidade cia Social pode cancelar esse benefício.
(editais) conforme a lei de acesso à informação, assim Por fim, o Princípio da segurança jurídica tem
os cidadãos podem fiscalizar os atos praticados pelos por objetivo proteger o cidadão, ou seja, é a garantia
agentes públicos. de que o agente público irá desempenhar sua função
No que concerne aos princípios, o princípio da efi- observando as diretrizes da Administração Pública.
ciência, como o próprio nome já demonstra, refere-se
à atuação da administração pública com presteza e da
maneira mais eficiente possível, por exemplo, a pres- PRINCÍPIOS DA
teza do agente público no atendimento em um hospi- ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA
tal, objetivando garantir o atendimento mais rápido EXPLÍCITOS IMPLÍCITOS
possível aos pacientes, garantindo a estes o acesso ao
médico e medicamentos de maneira eficiente. Expressos art. 37 CF/88
“L I M P E”
z Princípios implícitos � Supremacia do Inte-
z Legalidade; resse Público;
Ainda, além dos princípios expressos no art. 37 da z Impessoalidade; � Razoabilidade;
Constituição, a Administração Pública também deve z Moralidade; z Proporcionalidade;
observar os da supremacia do interesse público, z Publicidade; z Autotutela;
princípio da razoabilidade, princípio da propor- z Eficiência. z Segurança Jurídica.
cionalidade, princípio da autotutela e princípio da
segurança jurídica. Essas são as prerrogativas cha-
O Agente público deve observar os princípios
madas de “princípios implícitos” que, apesar de não
administrativos explícitos do art. 37 da CF e também
estarem expressos na Constituição, também devem
ser observados pela Administração Pública. os princípios implícitos da Administração Pública,
Os princípios implícitos são obtidos por meio de sendo que a não observância do mesmo resultará em
uma construção lógica e doutrinária, ora, estão implí- responsabilização criminal, civil e administrativa.
citos no texto mesmo não aparecendo expressamente.
Por exemplo, o princípio da razoabilidade, não está SERVIDORES PÚBLICOS E MILITARES
escrito (expresso) na Constituição Federal, mas ele
também pode ser observado a partir do que dispõe o Nesse tópico de estudo é importante não confundir
art. 5º, inciso LXXVIII da CF, vejamos: agente público, agente político e agente administrati-
vo, pois a troca de uma simples palavra pode mudar
LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administra- todo contexto e definição.
tivo, são assegurados a razoável duração do pro- A utilização da expressão agente público é um
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua termo genérico, pois abrange a todos que tem vínculo
tramitação. com o Estado, inclusive aqueles que têm um vínculo
temporário e não remunerado.
Referente ao princípio da razoabilidade e pro- Agentes políticos são os detentores de manda-
porcionalidade o agente público quando vai agir to eletivo, chamados também de agentes de primei-
deve praticar os atos de forma proporcional, para ro escalão, cargos previstos na CF/88, por exemplo:
evitar os excessos, serve de limite para os atos discri- o Presidente da República, Senadores, Deputados,
cionários. Por exemplo, o art. 132, VII, da Lei nº Lei Ministros do STJ, Membros do Ministério Público etc.
8.112/90, prevê a demissão do servidor público em Bem como, os agentes administrativos são aque-
caso de ofensa física, em serviço, entretanto no caso les que exercem uma atividade sujeita a hierarquia
das carreiras policiais esse dispositivo deve ser anali- funcional, ocupantes dos cargos públicos, empregos
sado com cautela, até pelo fato da necessidade do uso públicos e funções públicas na administração direta
de força física em alguns casos, sendo que esta não é ou indireta da Federação. O acesso ao cargo ocorrerá
uma regra e deve ser analisada junto ao caso concreto. a partir de nomeação, concurso público ou designa-
Já o princípio da supremacia do interesse público ção, cabendo exercer atividade de forma remunerada
se refere ao interesse público, devendo este sempre e profissional.
sobressair ao interesse particular, ou seja, interesse José Afonso da Silva (2017) preleciona que, confor-
da sociedade prevalece sobre o interesse individual. me a Constituição Federal, os agentes administrativos
Por exemplo, como ocorreu no Brasil em março de se repartem em dois grupos: servidores públicos e
2020 com a pandemia (Covid-19) e a determinação militares.
pelo poder público para que ocorresse o isolamento
(lockdown) horizontal, ou seja, a população teve seu z Servidores públicos
direito fundamental de ir e vir restrito, diante da cala-
midade pública decretada, note que, o interesse da Os servidores públicos compreendem outras
coletividade deve ser sempre observado e ter prefe- quatro categorias: 1) Servidores investidos em car-
rência em relação ao direito do particular. gos (estatutário); 2) Servidores públicos investidos
No que tange ao princípio da autotutela, esse em empregos (empregados públicos); 3) Servidores
se refere ao poder que a Administração Pública tem admitidos em funções públicas (comissionados);
para anular seus próprios atos, ou seja, não depende 4) Servidores contratados por tempo determinado
306 do poder judiciário para dar eficácia às suas práticas. (temporários).
AGENTES PÚBLICOS z Servidores temporários: Os servidores temporá-
rios são contratados por tempo determinado em
PARTICULARES situações excepcionais de interesse público, exer-
AGENTE AGENTE
EM
POLÍTICO ADMINISTRATIVO cem função pública remunerada de caráter tem-
COLABORAÇÃO
porário, o vínculo com a administração pública
� Servidores Públi- � Militares � Agentes é contratual (contrato de direito público – não de
cos (estatutário) � Emenda Constitu- Honoríficos natureza trabalhista). Ex.: Professores, conforme
� Empregados Pú- cional 18/1998 � Agente a Lei nº 8745/1993 que dispõe sobre a contratação
blicos (celetista) Delegado por tempo determinado para atender à necessida-
� Servidores � Agentes de temporária de excepcional interesse público.
Comissionados Credenciados
� Servidores Já os particulares em colaboração são pessoas
Temporários que transitoriamente prestam serviços para o Estado,
vejamos:
z Servidores públicos estatutários:
z Agentes Honoríficos: Solicitado para designar um
Estão sujeitos ao regime jurídico de direito públi- serviço específico, em função de sua honra para
co, ingresso por meio de concurso público, titulares de colaborar com o Estado, sem remuneração e sem
cargos efetivos. Ex.: Delegado e Analista.
vínculo. Ex.: Mesários eleitorais e Jurado.
O prazo de validade do concurso público será de
z Agente Delegado: É um particular autorizado a
até dois anos, prorrogável uma vez, por igual período
(art. 37, III da CF). Bem como, durante o prazo impror- realizar um determinado serviço público, remune-
rogável previsto no edital de convocação, o candidato rado pela atividade executada, sem vínculo com a
aprovado em concurso público de provas ou de pro- administração. Ex.: Leiloeiro.
vas e títulos será convocado com prioridade sobre z Agentes Credenciados: Representam o Estado
novos concursados para assumir cargo ou emprego. com um objetivo específico, sendo remunerado
(Art. 37, IV da CF). para executar a atividade determinada. Ex.: Pessoa
Ainda, conforme art. 37, VI da CF é assegurado ao ser- competente para representar o Brasil em deter-
vidor público civil o direito à livre associação sindical. minado evento em função de seu conhecimento
O art. 41 da CF consagra estabilidade para os ser- sobre tema específico.
vidores públicos após três anos de efetivo exercício
(estágio probatório), desde que cumpram os seguin- MILITARES
tes requisitos: a) aprovação em concurso público;
b) nomeação; c) avaliação especial de desempenho. A Emenda Constitucional n. 18/1998 modificou o
Vejamos o § 4º do mencionado dispositivo que deter- texto constitucional, que antes consagrava os milita-
mina a obrigatoriedade de comissão com a finalidade res como servidores públicos e dispôs dos militares
de avaliação para estabilidade: como um grupo separado, ou seja, formalmente dei-
xaram de ser tratados pela Constituição como servi-
§ 4º Como condição para a aquisição da estabilida-
dores públicos.
de, é obrigatória a avaliação especial de desempe-
nho por comissão instituída para essa finalidade. Entretanto, na prática não houve mudanças e con-
tinuam sendo agentes públicos. Bem como, são remu-
Após o estágio probatório o servidor público só nerados por subsídio, conforme art. 39, § 4º da CF.
perderá o cargo em virtude de sentença transitada em
julgado, mediante processo administrativo, assegura- § 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
do a ampla defesa, ou mediante procedimento de ava- eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
liação periódica de desempenho, assegurada ampla Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
defesa. Sobre esse tema, é importante a observância sivamente por subsídio fixado em parcela única,
do art. 41, § 2º da CF, sobre eventual invalidade da vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi-
demissão do servidor estável: cional, abono, prêmio, verba de representação ou
outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-
§ 2º Invalidada por sentença judicial a demissão do quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
servidor estável, será ele reintegrado, e o eventual
ocupante da vaga, se estável, reconduzido ao cargo A seção III do título III da Constituição que trata
de origem, sem direito a indenização, aproveitado dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
em outro cargo ou posto em disponibilidade com Territórios tem apenas um artigo (art. 42), pois as
remuneração proporcional ao tempo de serviço. forças armadas são tratadas em capítulo diverso (art.
DIREITO CONSTITUCIONAL

142), ou seja, após a EC 18/1998 a Constituição passou


z Empregados públicos: Os servidores investidos a tratar de forma diversa os militares, dividindo em
em empregos têm regime jurídico de natureza
dois capítulos. Conforme considerações de Alexandre
trabalhista, ou seja, são regidos pela CLT (Conso-
de Moraes:
lidação das Leis do Trabalho). O ingresso também
é por meio de concurso público, entretanto não A organização e o regime únicos dos servidores
adquirem a estabilidade do art. 41 da CF. Ex.: Ban- públicos militares já diferiam entre si, até porque
cário da Caixa Econômica Federal. o ingresso nas Forças Armadas dá-se tanto pela via
z Servidores comissionados: Os servidores investi- compulsória do recrutamento oficial, quanto pela
dos em funções públicas são os que ocupam car- via voluntária do concurso de ingresso nos cursos
go em comissão e são livremente nomeados ou de formação dos oficiais; enquanto o ingresso dos
exonerados por autoridade competente (art. 37, V servidores militares das polícias militares ocor-
da CF). Cabe ressaltar que os ocupantes de cargos re somente por vontade própria do interessado,
comissionados têm caráter transitório, ou seja, não que se submeterá a obrigatório concurso público.
gozam de estabilidade. (MORAES, 2011, p. 413) 307
Entenda: IMPROBIDADE ADMINISTRATIVA

Os atos de improbidade administrativa são os atos


MILITARES NA CF/88
previsto na Lei nº 8429/1992 que violam os princí-
POLÍCIA MILITAR FORÇAS ARMADAS pios constitucionais e legais da administração públi-
Art. 42 da CF Art. 142 e 143 da CF ca, estando sujeitos a sanções aplicáveis aos agentes
públicos nos casos de enriquecimento ilícito no exer-
Ingresso: Ingresso: cício de mandato, cargo, emprego ou função na admi-
nistração pública direta, indireta ou fundacional. Por
z Voluntário: median- z Compulsório exemplo, no caso de enriquecimento ilícito, o agente
te aprovação em – recrutamento; público poderá perder os bens ou valores acrescidos
concurso público; z Voluntário – curso de ao seu patrimônio.
formação; Os agentes públicos de qualquer nível ou hierar-
quia são obrigados a velar pela estrita observância
Conforme art. 42 da CF, com base na hierarquia e dos princípios de legalidade, impessoalidade, morali-
disciplina, os militares dos Estados, Distrito Federal e dade e publicidade no trato dos assuntos que lhe são
Territórios são compostos por membros das Polícias
afetos (art. 4º da Lei nº 8429/1992).
Militares e Corpos de Bombeiros Militares. Ainda, o
Vamos relembrar conforme estudamos no tópico
mencionado dispositivo no § 1º dispõe que os milita-
res são alistáveis e elegíveis, devendo ser observadas dos princípios administrativos:
as regras do art. 14, § 8º da CF:
z Princípio da legalidade: o agente público deve
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as atuar somente dentro dos limites estabelecidos
seguintes condições: em lei, por exemplo, o agente público recebe van-
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá tagem econômica de qualquer natureza, direta ou
afastar-se da atividade; indireta, para tolerar a exploração ou a prática de
II - se contar mais de dez anos de serviço, será jogos de azar;
agregado pela autoridade superior e, se eleito, pas-
z Princípio da impessoalidade: o agente público
sará automaticamente, no ato da diplomação, para
sempre deve prezar pela defesa do interesse públi-
a inatividade.
co, deve tratar a todos sem privilégio no exercício
Conforme nova redação atribuída pela Emenda das funções públicas;
Constitucional nº 109/2019, para fins de aposentado- z Princípio da moralidade: o agente deve atuar
ria será assegurada a contagem recíproca do tempo buscando o interesse público e evitar se valer do
de contribuição entre o Regime Geral de Previdência cargo público e do poder incumbido para se pro-
Social e os regimes próprios de previdência social, e mover ou atender algum interesse individual;
destes entre si, observada a compensação financeira, z Princípio da publicidade: este exige que a atua-
de acordo com os critérios estabelecidos em lei. Bem ção do poder público seja transparente e com aces-
como, o tempo de serviço correspondente será conta-
so à informação a toda população, por exemplo,
do para fins de disponibilidade (art. 40 § 9º da CF).
Ainda, terão contagem recíproca para fins de ina- as informações devem ser claras e publicadas no
tivação militar ou aposentadoria e a compensação Diário Oficial, ou em canais oficiais de publicida-
financeira será devida entre as receitas de contribuição de (editais) conforme a lei de acesso à informação,
referentes aos militares e as receitas de contribuição assim os cidadãos podem fiscalizar os atos pratica-
aos demais regimes. Por exemplo, caso o militar tenha dos pelos agentes públicos.
atuado nas forças armadas e posteriormente tomou z Princípio da eficiência: como o próprio nome já
posse em cargo público poderá averbar esse tempo que demonstra, refere-se à atuação da administração
atuou como militar para fins de aposentadoria civil. pública com presteza e de maneira mais eficiente
Por conseguinte, a Emenda Constitucional nº possível, por exemplo, a presteza do agente públi-
101/2019 também incluiu o § 3º ao art. 42 da CF para co no atendimento em um hospital, objetivando
vedar a acumulação remunerada de cargos públicos garantir o atendimento mais rápido possível aos
pelos militares, ou seja, determinou a aplicação do art.
pacientes, garantindo a estes o acesso ao médico e
37, XVI da CF para os militares dos Estados, DF e Ter-
ritórios, vejamos. medicamentos de maneira eficiente.

XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos Conforme art. 37, § 4º da CF os atos de improbi-
públicos, exceto, quando houver compatibilidade dade importarão na suspensão dos direitos políticos,
de horários, observado em qualquer caso o dispos- perda da função pública, indisponibilidade dos bens e
to no inciso XI: o ressarcimento ao erário.
a) a de dois cargos de professor; Ainda, a Constituição no art. 37, § 6º prevê a res-
b) a de um cargo de professor com outro técnico ou ponsabilidade civil objetiva do Estado nos danos
científico;
causados por seus agentes públicos, ou seja, as pes-
c) a de dois cargos ou empregos privativos de profis-
soas jurídicas de direito público e as de direito priva-
sionais de saúde, com profissões regulamentadas;
do prestadoras de serviços públicos respondem pelos
Dica danos causados por seus agentes a terceiros.
Entretanto, é assegurado o direito de regresso
Cuidado ao responder questão de prova: confor- contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, ou
me a Constituição Federal (EC nº18/19998), os seja, caso seja comprovada o dolo ou a culpa do agen-
militares não são denominados como servidores te público pode a Administração pública ajuizar ação
308 públicos civis. contra este agente que causou o dano.
Neste caso, é necessário o particular demonstrar duração plurianual, elaborados pelos órgãos de plane-
a ocorrência entre o dano e o fato ocorrido, ou seja, a jamento, sob a orientação e a coordenação superiores
ocorrência do nexo de causalidade, configurada esta- do Presidente da República.
rá à responsabilidade civil do Estado. Como exemplo, podemos citar o plano plurianual
Vejamos o exemplo a seguir: (PPA) modelo orçamentário de planejamento e gestão
Um determinado agente público no exercício de está previsto no art. 165 da Constituição, em que as
suas funções colide com o veículo de um particular; leis de iniciativa do poder executivo estabelecerão o
O particular move ação de indenização contra o plano plurianual, as diretrizes orçamentárias e os
Estado; orçamentos anuais.
Posteriormente o estado é condenado a pagar o O plano plurianual estabelece os programas de
dano causado. duração continuada e despesas de capital da adminis-
O Estado verifica o dolo do agente, que estava sob tração Pública, ou seja, é um planejamento de médio
efeito de álcool, então move ação de regresso para que prazo que estabelece de forma regionalizada as metas
o causador ressarça ao Estado a indenização que foi e diretrizes da administração pública.
paga ao particular; Ainda, conforme consagra o art. 15, § 3º, a aprova-
Obs.: Além das sanções administrativas que este ção dos planos e programas gerais, setoriais e regio-
Agente está sujeito. nais é da competência do Presidente da República,
Seguindo este entendimento o Supremo Tribunal sendo que, cada ano será elaborado um orçamento-
Federal, em agosto de 2019, considerou que a pessoa -programa, que pormenorizará a etapa do programa
prejudicada deve mover ação somente contra Estado plurianual a ser realizada no exercício seguinte e que
e este contra o particular, não sendo possível o parti- servirá de roteiro à execução coordenada do progra-
cular mover a ação diretamente contra o Estado e o ma anual.
Agente público. Vejamos:
Coordenação
RECURSO EXTRAORDINÁRIO – RESPONSABI-
LIDADE OBJETIVA DO ESTADO – ENQUADRA- A coordenação tem como objetivo a organização da
MENTO NO PERMISSIVO CONSTITUCIONAL administração pública, ou seja, objetiva evitar a dupli-
– AGRAVO PROVIDO. 1. O Tribunal de origem cidade de atuação pelos órgãos da administração.
reformou o entendimento adotado na sentença, Diante disto, as atividades da Administração
afirmando caber à vítima escolher quem demanda- Federal e, especialmente, a execução dos planos e
rá: o agente público responsável pelo ato lesivo ou programas de governo, serão objeto de permanente
o Estado. Consignou inexistirem motivos razoáveis coordenação (art. 8º Decreto-lei 200/67).
para proibir o acionamento direto do servidor cujos Bem como, a coordenação será exercida em todos
atos tenham, culposa ou dolosamente, prejudicado os níveis da administração, com a realização sistemáti-
o indivíduo. Entendeu estarem presentes os requisi- ca de reuniões e com a participação das chefias subor-
tos para responsabilização da recorrida por danos dinadas e a instituição e funcionamento de comissões
materiais, tendo em vista a ilegalidade do ato de de coordenação em cada nível administrativo.
remoção do autor. (RE 1.027.633 SP, rel, Min. Marco
Exemplo, O Ministério do Exército administra os
Aurélio, julgado em 14.08.2019, Dje em 06.12.2019)
negócios do Exército, o Ministério da Aeronáutica
PLANEJAMENTO, COORDENAÇÃO, administra os negócios da Aeronáutica e o Ministério
DESCENTRALIZAÇÃO, DELEGAÇÃO DE da Marinha administra os negócios da Marinha de
COMPETÊNCIA E CONTROLE Guerra.

O planejamento, coordenação, descentralização, Descentralização


delegação de competência e controle, são princípios
A descentralização é a delegação de ativida-
fundamentais que as atividades da administração
des, mas sem o Estado deixar de fiscalizar, atuando
federal devem obediência, estão consagrados no texto
indiretamente.
do Decreto-Lei nº 200/1967, decreto que estabeleceu a
O decreto em estudo prevê que a descentralização
reforma administrativa federal do regime militar.
deve ser posta em prática em três planos principais
Art. 6º As atividades da Administração Federal (art. 10), quais sejam:
obedecerão aos seguintes princípios fundamentais:
a) dentro dos quadros da Administração Federal, distin-
I - Planejamento.
guindo-se claramente o nível de direção do de execução;
II - Coordenação.
DIREITO CONSTITUCIONAL

b) da Administração Federal para a das unidades


III - Descentralização. federadas, quando estejam devidamente aparelha-
IV - Delegação de Competência. das e mediante convênio;
V - Controle. c) da Administração Federal para a órbita privada,
mediante contratos ou concessões.
Planejamento
Sendo que a aplicação dessa possibilidade está con-
O planejamento visa a segurança nacional e o dicionada, em qualquer caso, aos ditames do interesse
desenvolvimento econômico-social do Brasil que com- público e às conveniências da segurança nacional.
preenderá a elaboração e atualização do plano geral Exemplo: as Autarquias Federais que são res-
de governo, dos programas gerais, setoriais e regio- ponsáveis pela fiscalização e regulamentação de ati-
nais, de duração plurianual, do orçamento-programa vidades ligadas à telecomunicação, energia elétrica
anual e da programação financeira de desembolso. e petróleo. (Ex.: ANATEL, ANEEL, ANP) e Fundações
Ainda, conforme consagra o art. 15 do decreto-lei que são entidades que executam atividades sociais
200/67, a ação administrativa do Poder Executivo obe- (pesquisa/saúde/ensino) sem fins lucrativos (Ex.:
decerá a programas gerais, setoriais e regionais de FUNASA, FUNAI etc.); 309
Delegação de competência 2. (FCC – 2020) De acordo com o artigo 37 da Constitui-
ção Federal de 1988, os princípios da Administração
É um instrumento de descentralização administrati- pública da
va, com o objetivo de assegurar maior rapidez e objetivi-
dade às decisões, situando-as na proximidade dos fatos, a) moralidade e publicidade devem ser obedecidas por
pessoas ou problemas a atender (art. 11 Decreto-lei uma autarquia estadual.
200/67), ou seja, um órgão administrativo poderá dele- b) legalidade e universalidade devem ser obedecidas por
gar parte de sua competência a outros órgãos, ainda que uma assembleia legislativa estadual.
estes não sejam hierarquicamente subordinados. c) eficiência e competência devem ser obedecidas por
Ainda, o ato de delegação deverá indicar com pre-
empresas públicas estaduais.
cisão a autoridade delegante, a autoridade delegada e
d) exclusividade e impessoalidade devem ser obedecidas
as atribuições objeto de delegação.
Exemplo: em 1996 por meio da Lei nº 9.277/1996, por instituições sem fins lucrativos não governamentais.
a União delegou aos Estados a administração de rodo- e) prudência e eficiência devem ser obedecidas pelos
vias e exploração de trechos de rodovias, ou obras órgãos da administração direta estadual.
rodoviárias federais.
São indelegáveis atos normativos, decisões em recur- Conforme art. 37 da CF/88 a Administração pública indi-
sos administrativos e matérias de competência exclusiva. reta também deve obediência aos princípios da mora-
lidade e publicidade conforme caput do art. 37 da CF.
Controle Resposta: Letra A.

O controle deve ser feito pela chefia por meio de


auditorias e também pelo sistema de controle interno.
Conforme consagra o art. 13 do mencionado decre-
to, o controle das atividades da Administração Federal DA SEGURANÇA PÚBLICA
deverá ser exercido em todos os níveis e em todos os
órgãos, compreendendo, particularmente, o contro- DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRITO
le da execução dos programas e da observância das FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
normas que governam a atividade específica do órgão
controlado, o controle, pelos órgãos próprios de cada A segurança pública é dever do Estado, direito e
sistema, da observância das normas gerais que regu- responsabilidade de todos, a qual objetiva a preserva-
lam o exercício das atividades auxiliares e o controle ção da ordem pública e da incolumidade de pessoas e
da aplicação dos dinheiros públicos e da guarda dos do patrimônio, conforme consagra o art. 144 do texto
bens da União pelos órgãos próprios do sistema de constitucional.
contabilidade e auditoria. É exercido por meio de órgãos federais e esta-
Exemplo: o Tribunal de contas da União que tem duais como a polícia federal, polícia rodoviária fede-
como função realizar inspeções e auditorias de natu- ral, polícia ferroviária federal, polícias civis, polícias
reza contábil, financeira, orçamentária, operacional e
militares, o corpo de bombeiros militares e as polícias
patrimonial, nas unidades administrativas dos Pode-
penais federal, estadual e distrital, esta última acres-
res Legislativo, Executivo e Judiciário.
centada pela Emenda Constitucional nº 104/2019.
Conforme o § 8º do art. 144 da CF os municípios
podem constituir guardas municipais destinados à pro-
EXERCÍCIOS COMENTADOS teção de seus bens, serviços e instalações (deve atuar
somente na municipalidade). Cuidado! Esse órgão não
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) De acordo com os prin- integra a estrutura de segurança pública para exercer
cípios e valores que regem a administração pública, o a função de polícia ostensiva.
servidor público. Para o STF os órgãos que compõe a segurança
pública estão relacionados nos incisos I ao VI do art.
a) deverá zelar pelo princípio da supremacia do interesse 144 da CF, sendo esse rol taxativo, ou seja, não podem
público, que veda, ao servidor, o questionamento da os municípios ou estados criarem outros órgãos para
validade do ato a ser praticado. integrarem à segurança pública.
b) deverá impor a penalidade cabível àquele que deixar
de observar a legislação aplicável a um caso concreto, Art. 144 A segurança pública, dever do Estado,
sendo irrelevante a comprovada boa-fé demonstrada direito e responsabilidade de todos, é exercida para
pelo particular. a preservação da ordem pública e da incolumidade
c) deverá zelar pelos princípios que regem a adminis- das pessoas e do patrimônio, através dos seguintes
tração pública e deles não poderá se afastar, sob órgãos:
pena de eventual responsabilização criminal, civil e I - polícia federal;
administrativa. II - polícia rodoviária federal;
d) poderá afastar o comando da lei diante de uma III - polícia ferroviária federal;
injustiça. IV - polícias civis;
e) poderá deixar de entregar documentos sigilosos soli- V - polícias militares e corpos de bombeiros
citados pelas autoridades competentes que possam militares.
comprometer a administração pública e o interesse VI - polícias penais federal, estaduais e distrital.
público.

O agente público deve observar os princípios admi- Sobre o Departamento de Trânsito o STF já manifestou:
nistrativos explícitos do art. 37 da CF e também os Os Estados-membros, assim como o Distrito Fede-
princípios implícitos da Administração Pública, sen- ral, devem seguir o modelo federal. O art. 144 da Cons-
do que a não observância do mesmo resultará em tituição aponta os órgãos incumbidos do exercício da
responsabilização criminal, civil e administrativa. segurança pública. Entre eles não está o Departamento
310 Resposta: Letra C. de Trânsito. Resta, pois, vedada aos Estados-membros
a possibilidade de estender o rol, que esta Corte já Entretanto, apesar de ter autorização na atual
firmou ser numerus clausus, para alcançar o Departa- constituição, hoje essa polícia não existe de fato.
mento de Trânsito.
[ADI 1.182, voto do rel. min. Eros Grau, j. 24-11- z Polícias Civis (art. 144, § 4º da CF) são dirigidas
2005, P, DJ de 10-3-2006.] por delegados de carreiras e subordinadas aos
Vide ADI 2.827, rel. min. Gilmar Mendes, j. 16-9- Governadores dos estados ou DF têm função de
2010, P, DJE de 6-4-2011 polícia judiciária (exercício da segurança pública)
Serviços da segurança pública são custeados e apuração de infrações penais, salvo as militares.
mediante impostos, sendo que não é permitida a cria-
ção de taxa para esta finalidade, ainda, a remunera- Art. 144 [...]
ção dos servidores será exclusivamente por subsídio § 4º Às polícias civis, dirigidas por delegados de
fixado em parcela única, na forma do § 4º do art. 39 polícia de carreira, incumbem, ressalvada a compe-
da CF/88. tência da União, as funções de polícia judiciária e a
apuração de infrações penais, exceto as militares.
Art. 39 A União, os Estados, o Distrito Federal e os
Municípios instituirão conselho de política de admi- Fique atento que o art. 144 § 4º não menciona a ati-
nistração e remuneração de pessoal, integrado por vidade penitenciária como atividade da polícia civil.
servidores designados pelos respectivos Poderes. A Constituição do Brasil – art. 144, § 4º – define
[...]
incumbirem às polícias civis “as funções de polícia
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
judiciária e a apuração de infrações penais, exceto as
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu-
militares”. Não menciona a atividade penitenciária,
sivamente por subsídio fixado em parcela úni- que diz com a guarda dos estabelecimentos prisionais;
ca, vedado o acréscimo de qualquer gratificação, não atribui essa atividade específica à polícia civil.
adicional, abono, prêmio, verba de representação (STF. ADI 3.916, rel. min. Eros Grau, DJE de 14-5-2010)
ou outra espécie remuneratória, obedecido, em
qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI. z Polícias militares e Corpo de Bombeiros Militar
(art. 144, § 5º da CF): as polícias militares cabem
z Polícia Federal (art. 144, § 1º da CF) é órgão per- à polícia ostensiva sendo atribuído a preservação
manente, organizado e mantido pela União. Exer- da ordem pública e ao corpo de bombeiros milita-
ce a função de polícia judiciária da União, que está res objetivam a execução das atividades de defesa
disposto nos incisos I ao IV, vejamos: civil, prevenção e combate a incêndios, buscas e
salvamentos públicos.
§ 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão
permanente, organizado e mantido pela União e
estruturado em carreira, destina-se a: Ainda, conforme consagra § 6º do art. 144 da CF
I - apurar infrações penais contra a ordem polí- ambos “subordinam-se, juntamente com as polícias civis
tica e social ou em detrimento de bens, serviços e e as polícias penais estaduais e distrital, aos Governado-
interesses da União ou de suas entidades autárqui- res dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios”.
cas e empresas públicas, assim como outras infra-
ções cuja prática tenha repercussão interestadual
z Polícias Penais Federal, estaduais e distrital
ou internacional e exija repressão uniforme, segun-
do se dispuser em lei; (art. 144 § 5º-A) foi incluído pela Emenda Consti-
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entor- tucional nº 104 de 2019, às polícias penais cabe à
pecentes e drogas afins, o contrabando e o desca- segurança dos estabelecimentos penais, vincula-
minho, sem prejuízo da ação fazendária e de outros das ao órgão administrador do sistema penal da
órgãos públicos nas respectivas áreas de competência; unidade federativa a que pertencem.
Conforme considerações do STF, na busca e apreen-
são de tráfico de drogas o cumprimento da ordem
judicial pela polícia militar não contamina o flagrante
e a busca e apreensão realizadas.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
III - exercer as funções de polícia marítima, aero- 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Conforme a CF, às polícias
portuária e de fronteiras; civis, dirigidas por delegados de polícia de carreira, cabe
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polí-
cia judiciária da União.
DIREITO CONSTITUCIONAL

a) exercer as funções de polícia marítima, aérea e de


fronteiras.
z Polícia Rodoviária Federal (art. 144, § 2º da CF)
b) patrulhar ostensivamente as ferrovias federais.
é órgão permanente, organizado e mantido pela
c) apurar as infrações penais contra a ordem política e social
União, tem como função o patrulhamento ostensi-
ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União.
vo das rodovias federais.
d) exercer as funções de polícia judiciária e apurar as
z Polícia Ferroviária Federal (art. 144, § 3º da CF)
infrações penais, exceto as de natureza militar.
é órgão permanente, organizado e mantido pela
União, tem como função o patrulhamento ostensi- e) responder pelo policiamento ostensivo, pela preserva-
vo das ferrovias federais. ção da ordem pública e pela defesa civil.

A Polícia Ferroviária Federal surgiu no Brasil em O item “d” está em consonância com o Art. 144. § 40º: “Às
1852 por Decreto Imperial, nessa época era denomi- polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de car-
nada como “Polícia dos Caminhos de Ferro” e tinha o reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as
objetivo de cuidar das riquezas que eram transporta- funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
das pelos trilhos de ferro. penais, exceto as militares”. Resposta: Letra D. 311
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A CF, em seu art. 144, z Preâmbulo;
apresenta o rol dos órgãos encarregados da seguran- z Disposições Constitucionais: arts. 1º a 291;
ça pública. Esse rol é z Ato das Disposições Constitucionais Transitórias
(ADCT): arts. 1º a 66.
a) taxativo para a União e inaplicável aos estados e ao
Distrito Federal. O Preâmbulo é a parte que precede o texto arti-
b) taxativo para a União e exemplificativo para os esta- culado da Constituição. É nele que o legislador consti-
dos e o Distrito Federal. tuinte apresenta suas intenções e compromissos. Sua
c) exemplificativo para a União e taxativo para os esta- função é servir de interpretação e integração da pró-
dos e para o Distrito Federal.
pria norma constitucional ao reafirmar as intenções
d) taxativo para a União, para os estados e para o Distrito
do Estado-membro com a elaboração da Constituição.
Federal.
O texto do Preâmbulo apresenta intenções políti-
e) exemplificativo para a União, para os estados e para o
cas e, não, jurídicas. Ele reflete o momento e o desíg-
Distrito Federal.
nio do legislador quando elaborou a Constituição. Por
essa razão, pode-se entender que a expressão “pro-
Conforme entendimento do STF os órgãos que com-
mulgamos, sob a proteção de Deus”, contida nele, diz
põe a segurança pública estão relacionados nos
respeito à crença do próprio legislador e, não, à do
incisos I ao VI do art. 144 da CF são rol taxativo,
Estado-membro, que é laico.
numerus clausus (ADI 1.182, voto do rel. min. Eros
Após o Preâmbulo, encontram-se as Disposições
Grau, j. 24-11-2005, P, DJ de 10-3-2006.) Fique aten-
Constitucionais, ou seja, o próprio corpo de Consti-
to! A Emenda Constitucional nº 104 de 2019 incluiu
no rol também às Polícias Penais Federal, estaduais tuição. Trata-se de 291 (duzentos e noventa e um) arti-
e distrital. Resposta: Letra D. gos divididos em seis partes.

Princípios Fundamentais
(Arts. 1º ao 3º)

Constituição do Estado do Piauí


CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA Direitos e Garantias Fundamentais
(Art 4º)

A Constituição do Estado da Bahia foi promulgada Da Organização do Estado e dos Municípios


em 5 de outubro de 1989, exatamente um ano após (Arts. 5º a 65)
a publicação da Constituição Federal de 1988 (CF/88).
Por ela, foi constituído o Estado da Bahia, em confor- Organização dos Poderes
midade com o novo ordenamento jurídico. Sua função (Arts. 66 a 148)
foi servir de pressuposto de validade de todo ordena-
Tributação e do Orçamento
mento jurídico estadual, ou seja, de norma base da (Arts. 149 a 163)
qual decorrem todas as demais normas estaduais.
O Estado da Bahia é um dos entes federativos do Ordem Econômica e Social
Estado brasileiro. Isso significa dizer que, como no (Arts. 164 ao 291)
Brasil existe uma divisão interna do poder, o Estado
baiano goza de autonomia político-administrativa, Na sequência, encontra-se o Ato das Disposições
assim como os demais entes. Constitucionais Transitórias destinado a auxi-
É fato que a CF/88 estabeleceu, como seus entes liar na transição de uma Constituição para outra, de
federativos, a União Federal, os Estados-Membros, o modo a neutralizar os efeitos de um possível confli-
Distrito Federal e os Municípios, cada qual com auto- to de normas de igual hierarquia (Constituição nova
nomia e discricionariedade, além da possibilidade de e Constituição velha). Tratam-se, portanto, de regras
se organizarem e legislarem. Deste modo, compete à de transição entre o antigo sistema e o novo, provi-
União estabelecer as regras do Estado brasileiro como denciando a acomodação e a transição das normas.
um todo, tendo, como parâmetro, a CF/88. Se à União A Constituição do Estado da Bahia estabeleceu 66
cabem as diretrizes de âmbito nacional, aos Estados (sessenta e seis) artigos de transição, os quais se apre-
compete traçar as normas regionais, tendo, como sentam de forma destacada da Constituição estadual,
norma fundamental, a Constituição Estadual37. Já a inclusive com numeração e promulgação autônoma.
incumbência do Distrito Federal são regras distritais
e, dos Municípios, as regras locais, ambos tendo, como
norma base, a Lei Orgânica. Importante!
Assim, ao se organizarem por meio da Constitui-
ção Estadual e da Lei Orgânica Distrital, os Estados e o Desde a sua promulgação, em 1989, até março
Distrito Federal devem respeitar os ditames da Cons- de 2021, a Constituição estadual foi modificada
tituição Federal, ao passo que os Municípios deverão 26 (vinte e seis) vezes, por meio de emendas
observar tanto a Constituição Federal como a Consti- constitucionais. A Emenda Constitucional (EC) é,
tuição Estadual do Estado-membro ao qual se encon- atualmente, a única forma permitida de se alte-
tram vinculados. rar o texto constitucional. Cada alteração recebe
Por conseguinte, a Constituição do Estado da Bahia uma numeração em algarismo árabe, sendo a EC
tem, como parâmetro, a CF/88 para estabelecer as nor-
nº 1 de julho de 1990 e a EC nº 26 de janeiro de
mas atinentes às peculiaridades regionais, sendo esta
2020.
composta por três partes, quais sejam:
37 Art. 25, CF/88 – “Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os princípios desta
312 Constituição”.
Considerando que se trata de uma norma extensa, por diversas oportunidades a participação popular na
o presente estudo será voltado para os pontos princi- Administração Pública (Arts. 5º, XXXVIII e LXXIII; 29,
pais da Constituição Estadual tendo, como parâmetro, XII e XIII; 37, § 3º; 74, § 2º; 187; 194, parágrafo único,
o concurso almejado. VII; 204, II; 206, VI e 224 da CF/88). Já a democracia
Antes de iniciar o estudo da Constituição do Esta- indireta é exercida pelo voto.
do da Bahia, é preciso ter em mente que, para melhor A diferença entre o plebiscito e o referendo é que,
compreendê-la, é primordial entender sua estrutura no plebiscito, a população é chamada para se mani-
e identificar as ideias mais importantes da legislação. festar antes de o Estado elaborar a lei. Como exemplo,
No entanto, trata-se de um assunto que costuma ser pode-se citar o plebiscito de 1993, em que a população
cobrado na literalidade de seus artigos pelas bancas e, escolheu entre monarquia e república e entre parla-
por essa razão, é extremamente importante a realiza- mentarismo e presidencialismo. Por outro lado, no
ção da leitura do texto de lei, buscando compreendê- referendo, o Estado faz a legislação e, depois, a sub-
-lo, sem precisar, contudo, decorá-lo. mete à população (ex.: Estatuto do Desarmamento).
Feitas essas considerações iniciais, bons estudos! Portanto, o primeiro princípio estabelece que o
Estado da Bahia tem, no povo baiano, a única fonte
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS de legitimidade de poder e que, além da democracia
direta, há a combinação com a democracia indireta,
Os princípios fundamentais compreendem os três por meio do sistema representativo, ou seja, são os
primeiros artigos da Constituição Estadual. Em sínte- representantes eleitos pelo povo que exercem o poder
se, estabelece que o Estado baiano é regido pela pró- conferido a eles por meio do voto.
pria Constituição Estadual e por leis estaduais que O regime democrático pode ser exercido de três
formas:
vier a adotar dentro de sua competência.
Além disso, traz a forma de Estado e a forma de
governo, ou seja, Federação, República e Democracia. z De forma direta: pelo próprio povo;
z De forma indireta: pelos representantes do povo;
Conforme mencionado, adota-se a forma federa-
z De forma semidireta ou participativa: pela combi-
tiva de Estado, sendo a Bahia um dos entes da Fede-
nação dos dois critérios.
ração. Já como forma de governo, adota-se a forma de
governo republicana, tendo, como características, a
II - forma republicana e federativa;
eletividade, a temporariedade dos membros do Poder
Legislativo e Executivo e um regime de responsabili-
Outro princípio adotado diz respeito à forma de
dade das pessoas que ocupam cargos públicos. Deste
governo e sistema de governo. Assim, a Bahia é um
modo, o Estado da Bahia é um dos entes políticos da
dos entes da Federação com autonomia financeira,
República, razão pela qual lhe é garantida a autono-
administrativa e política, sendo seus representan-
mia e o exercício de diversas competências.
tes eleitos para exercerem o mandato por um tempo
A Constituição Estadual estabelece, também, o regi-
determinado.
me democrático de governo, o que significa dizer que
o povo é a única fonte de legitimidade do poder, ou III - direitos e garantias individuais;
seja, todo poder emana do povo, o qual o exerce dire-
tamente ou por meio de seus representantes legais, na
A Constituição assegura ao povo o respeito aos
forma tanto da CF/88 como da Constituição Estadual. direitos e às garantias individuais estabelecidos tanto
Em síntese: na CF/88 como na Constituição Estadual.

FORMA FEDERATIVA Estado IV - sufrágio universal, voto direto e secreto e elei-


FORMA DE GOVERNO Republicana ções periódicas;
REGIME DE GOVERNO Democrático
Trata-se do direito de participar diretamente do
governo (democracia direta) ou indiretamente, por
Além disso, a Constituição Estadual repete o dis- meio de seus representantes escolhidos pelo voto
posto no art. 2º da CF/88 ao dispor que são poderes (democracia indireta), além do direito de votar e ser
do Estado o Legislativo, o Executivo e o Judiciário, os votado. O direito de voto deve ser exercido por todos,
quais são independentes e harmônicos entre si. Res- com a escolha direta dos seus representantes, deven-
salta-se, por necessário, que, exceto nos casos estabe- do ser secreto e realizado periodicamente.
lecidos na Constituição Estadual, é vedado, a qualquer No Brasil, não é possível alterar as regras com rela-
DIREITO CONSTITUCIONAL

dos Poderes, delegar atribuições, bem como quem for ção ao voto direto, secreto, universal e periódico (são
investido na função de um deles não poderá exercer cláusulas pétreas). A obrigatoriedade do voto, por sua
a de outro. vez, pode ser alterada (tornar-se facultativa).
Como mandamentos nucleares, a Constituição baia-
na estabelece os seguintes princípios fundamentais, de V - separação e livre exercício dos Poderes;
acordo com o art. 2º da Constituição Estadual:
A separação dos três poderes (Poder Legislativo,
Art. 2º. Princípios: Poder Executivo e Poder Judiciário) indica que cada
I - regime democrático e sistema representativo; um possui competências previstas na Constituição
estadual, sendo observados dois princípios básicos:
O regime democrático brasileiro possui caracte- independência e harmonia.
rísticas nas formas direta e indireta. A democracia A independência dos três poderes não é absoluta,
direta é exercida por plebiscito, referendo e inicia- pois existem, na própria Constituição, mecanismos
tiva popular (Art. 14, I, II e III, da CF/88), bem como que possibilitam a interferência de um no outro, com 313
o objetivo de garantir o princípio da harmonia. Trata- A quarta vedação não consta na CF/88, sendo espe-
-se do denominado mecanismo de freios e contrape- cífica da Constituição Estadual. Trata-se da proibição
sos (checks and balances). de dispor do dinheiro público, sem interesse justifica-
do e reconhecido por lei, por meio de renúncia fiscal
VI - autonomia municipal; ou isenção.
Com a CF/88, os municípios tornaram-se entes da DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS
Federação. Como consequência, eles adquiriram as
mesmas autonomias dos demais entes, isto é, a auto- O segundo título da Constituição trata “Dos Direi-
nomia financeira, administrativa e política. tos e Garantias Fundamentais”, o qual estabelece que,
além dos direitos e garantias previstos na Constitui-
VII - probidade na administração; ção Federal ou decorrente dela, é assegurado, pelas
leis e pelos agentes públicos, os seguintes direitos e
Esse princípio decorre no dever dos agentes públi-
garantias fundamentais:
cos de exercerem suas atividades com honestidade,
de modo a desempenhar suas funções sem benefícios, I - ninguém será prejudicado no exercício de direi-
facilidades ou favorecimentos. to, nem privado de serviço essencial à saúde e
educação;
VIII - prestação de contas da administração públi-
ca, direta e indireta. O inciso I decorre do princípio da impessoalidade
previsto no art. 37 da CF/88. Destinado tanto à Admi-
A prestação de contas decorre do Princípio da nistração Pública como ao administrado, o princípio
Publicidade, que exige a divulgação dos atos da impõe a objetividade e a isonomia da conduta admi-
Administração Pública, com o objetivo de permitir nistrativa, de modo a não privar, beneficiar ou preju-
o conhecimento e o controle por toda a sociedade. dicar qualquer pessoa no exercício do seu direito.
Vale frisar que ao administrador compete agir com Além disso, estabelece que, como a saúde e a edu-
transparência. cação são direitos de todos e dever do Estado, sendo
A Constituição Estadual traz as seguintes vedações direitos sociais previstos no art. 6º, da CF, não é pos-
constitucionais em seu art. 3º. Trata-se de repetição sível privar o indivíduo desses serviços essenciais, ou
do art. 19, da CF/88. Assim, é proibido: seja, a saúde e a educação independem de qualquer
condição, como sexo, cor, religião, condição social,
I - criar distinções entre brasileiros ou preferência
entre si, em razão de origem, raça, sexo, cor, idade,
entre outros.
classe social, convicção política e religiosa, defi- II - as autoridades são obrigadas a adotar provi-
ciência física ou mental e quaisquer outras formas dências imediatas a pedido de quem sofra ameaça
de discriminação; à vida, à liberdade e ao patrimônio, sob pena de
responsabilidade;
A primeira vedação tem, como base, o princípio
da igualdade, proibindo distinções baseadas em atri- O inciso II traz o dever dos agentes públicos de
butos pessoais, como, por exemplo, conceder uma atuarem de forma imediata quando solicitado por
determinada isenção no Estado somente àqueles que quem sofra ameaça à vida, à liberdade e ao patrimô-
nasceram no Estado da Bahia. nio, sob pena de responderem civil, administrativa e
penalmente.
II - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, sub-
vencioná-los, embaraçar-lhes o funcionamento ou III - as autoridades policiais garantirão a livre
manter, com eles ou seus representantes, relações reunião e as manifestações pacíficas, individuais
de dependência ou aliança, ressalvada, na forma da e coletivas, sem armas, somente intervindo para
lei, a colaboração de interesse público; manter a ordem ou coibir atentado a direito;

A segunda vedação tem relação com o fato de o O inciso III decorre do direito à liberdade de reu-
Estado ser laico. Assim sendo, o Estado baiano não nião previsto no art. 5º, XVI, da CF/88. Por reunião
pode estabelecer culto ou igrejas, bem como estabele- depreende-se o agrupamento organizado de pessoas
cer alianças com estes, excetos nos casos de interesse para uma determinada finalidade e com caráter tran-
público, como, por exemplo, uma determinada reli- sitório. Importante mencionar que a reunião deve
gião desempenhar serviço de acolhimento de crian- ser para fins pacíficos e sem armas. Assim, compete
ças abandonadas, podendo haver a colaboração do às autoridades policiais garantir tal direito, devendo
Estado. intervir apenas para manter a ordem ou coibir aten-
tado a direito.
III - recusar fé aos documentos públicos;
IV - ninguém será prejudicado, discriminado ou
A terceira vedação trata do reconhecimento dos sofrerá restrição ao exercício de atividade ou práti-
documentos públicos. Fé pública é o reconhecimento ca de ato legítimo, em razão de litígio ou denúncia,
da autenticidade de documento emitido por servidor, contra agentes do Poder Público;
ou seja, o reconhecimento de que qualquer documen-
to oficial é verdadeiro. O inciso IV traz a garantia de que ninguém poderá
ser prejudicado, discriminado ou sofrer restrição ao
IV - renunciar à receita e conceder isenções e anis- exercício de atividade ou ato legítimo por ter ingres-
tias fiscais, sem interesse público justificado e reco- sado com litígio ou denunciado agentes públicos. Visa,
314 nhecido por lei. portanto, limitar o poder de retaliação do Estado.
V - a proteção e defesa do consumidor serão promo- O inciso X trata dos direitos das pessoas detidas,
vidas pelo Estado através da implantação de siste- presas e condenadas, uma vez que o Estado baiano tem
ma específico, na forma da lei; responsabilidade de assegurar a elas, enquanto em car-
ceragem, os direitos básicos mais fundamentais, entre
O inciso V repete o art. 5º, XXXII, da CF/88, atri- os quais o direito à dignidade humana. Por essa condi-
buindo ao Estado à proteção do consumidor como ção, o ambiente deve ser adequado e salubre, de modo
direito fundamental. a não colocar em risco a vida dos presos nem a dos poli-
ciais e agentes que trabalham no local. São exemplos
VI - comprovada a absoluta incapacidade de paga- de carceragens insalubres aquelas que não possuem
mento, definida em lei, ninguém poderá ser priva- estrutura mínima para a manutenção dos presos, tais
do dos serviços públicos de água, esgoto e energia como cela sem nenhuma divisão para separar presos
elétrica; por gêneros diferentes ou espaços sem acesso a um
banheiro. Além disso, todos os demais direitos não
O inciso VI decorre do princípio da continuidade atingidos pela sentença devem ser preservados.
do serviço público. A regra é que os serviços públicos
não podem ser interrompidos. No entanto, é possível XI - será preservada a integridade física e moral
a interrupção no caso do inadimplemento do usuário. dos presos, facultando-se lhes assistência médica,
Todavia, o inadimplemento do usuário nem sempre jurídica e espiritual, aprendizado profissionalizan-
ensejará a interrupção do serviço, pois se o consumidor, te, trabalho produtivo e remunerado, além de aces-
em débito com o pagamento da tarifa de água, esgoto so a informações sobre os fatos ocorridos fora do
e energia elétrica, comprovar absoluta incapacidade de ambiente carcerário, bem como aos dados relativos
pagamento, não poderá haver a cessação do serviço. ao andamento dos processos de seu interesse e à
execução das respectivas penas;
VII - serão gratuitos para os comprovadamente
pobres, na forma da lei: O inciso XI também busca proteger os indivíduos
a) os registros civis de nascimento, casamento e da força do Estado, uma vez que assegura a integri-
óbito e as respectivas certidões; dade física e moral das pessoas presas. Além disso,
b) a expedição de cédula de identidade; assegura outros direitos, tais como o de ser assistido
por médico, advogado ou autoridade religiosa, o de
O inciso VII repete o art. 5º, LXXVI, da CF/88 ao poder exercer atividade remunerada e o de ter acesso
garantir a gratuidade dos registros civis de nascimen- à informação.
to e óbito. A Constituição Estadual amplia a gratui-
dade para o casamento, as respectivas certidões e a XII - às presidiárias e detentas serão proporciona-
das condições para que possam permanecer com
expedição de cédula de identidade. Objetiva-se, com
seus filhos durante o período de amamentação;
esse dispositivo, que todas as pessoas possam exercer
os direitos de personalidade e de cidadania sem que O inciso XII repete o art. 5º, L, da CF/88, garantindo
aqueles que não tenham condições de pagar a expedi- às mulheres presas o direito de permanecer com os
ção de determinado documento sejam excluídos, por filhos durante o período de amamentação.
conta de sua situação financeira.
XIII - será responsabilizada a autoridade admi-
VIII - toda pessoa tem direito a advogado para nistrativa que impeça a verificação imediata das
defender-se em processo judicial ou administrativo, condições de alojamento ou integridade física do
cabendo ao Estado propiciar assistência gratuita interno em instituições fechadas do Estado, por
aos necessitados, na forma da lei; representantes credenciados de quaisquer dos
Poderes ou instituições que tenham, por força da lei
O inciso VIX traz a garantia de acesso à Justiça.
ou de suas funções, tais prerrogativas;
Trata-se de repetição do estabelecido no art. 5º, LXXIV,
da CF/88, de modo a assegurar aos hipossuficientes a O inciso XIII estabelece a responsabilidade do
prestação de assistência judiciária gratuita. agente público de impedir as inspeções nos estabe-
IX - constitui infração disciplinar, punível com a lecimentos prisionais. O objetivo do dispositivo é
pena de demissão a bem do serviço público, a prá- assegurar que a execução da pena se desenvolva em
tica de violência, tortura ou coação contra os cida- local adequado com respeito aos direitos concedidos
dãos, pelos agentes estaduais ou municipais; às pessoas privadas de liberdade, bem como garantir
a regularidade formal do cumprimento das sanções
O inciso IX trata da tortura, que é um dos desdo- penais, ou seja, a verificação se a pena já foi cumprida
bramentos do direito à vida, por decorrer da violação ou se estão sendo implementados os diversos inciden-
DIREITO CONSTITUCIONAL

da integridade humana, tanto física como psicológica. tes relativos à concessão ou à revogação de benefícios,
Torturar é causar ao indivíduo sofrimento físico ou à progressão e à regressão de regime, entre outros.
mental como forma de intimidação ou castigo. É, tam-
bém, utilizar-se de métodos como forma de anular a XIV - as delegacias, penitenciárias, estabelecimen-
personalidade ou diminuir a capacidade física ou men- tos prisionais e casas de recolhimento compulsório,
tal, mesmo que sem dor. Assim, o dispositivo estabelece de qualquer natureza, sob pena de responsabilida-
que, além de crime, a tortura é infração administrativa de de seus dirigentes, manterão livro de registro,
e sujeita o agente público estadual ou municipal à pena contendo integral relação das pessoas presas ou
de demissão a bem do serviço público. internadas;

X - aos detidos, presos e condenados, ficam preser- O inciso XIV trata de uma regra relativa à segu-
vados todos os direitos não atingidos pela sentença rança prisional. Assim, ao estabelecer a obrigatorie-
ou pela lei, devendo ser alojados em estabelecimen- dade de registro das pessoas presas e internadas, sob
tos dotados de instalações salubres, adequadas e pena de responsabilidade do agente público, traz uma
que resguardem sua privacidade; regra de fiscalização do sistema penal. 315
XV - a criança ou adolescente, quando detido, terá 54). O terceiro capítulo trata dos Municípios e envolve
o direito de: a Organização Municipal (arts. 55 a 58); Competência
a) comunicar-se com a família ou com a pessoa que do Município (art. 59); Lei Orgânica (art. 60); Orça-
indicar; mento e Controle (arts. 61 a 63) e Participação Popular
b) permanecer calado e ter assistência da família e na Administração Municipal (arts. 64). Por fim, o quar-
de advogado; to capítulo trata da Intervenção no Município (art. 65).
c) identificar os responsáveis pela sua condução; Nesse título, uma das regras trazidas pela Consti-
tuição Estadual é que a Capital do Estado é a cidade de
O inciso XV traz as garantias do menor de idade Salvador, em conformidade com o art. 6º, § 1º.
quando apreendido por ato infracional. De acordo com o art. 6º, § 1º, 2 de julho é a data
A Lei nº 8.069/90 (Estatuto da Criança e do Adoles- magna da Bahia e da consolidação da Independência
cente) estabelece, em seus arts. 110 e 111 as garantias do Brasil, sendo feriado em todo o território do Estado.
processuais das crianças e dos adolescentes. Estabelece, ainda, o art. 6º, § 2º, que o Estado da
Bahia tem, como símbolos do Estado, a bandeira, o
XVI - ninguém será internado compulsoriamente hino e as armas.
em razão de doença mental, salvo em casos excep-
cionais, definidos em parecer médico, pelo prazo
máximo de quarenta e oito horas, findo o qual só Símbolos do
Estados
se dará a permanência mediante determinação
judicial;
Bandeira Hino Armas
O inciso XVI trata da vedação à internação compul-
sória em razão de doença mental. Isso porque a inter-
nação deve ser medida excepcional que só deve ser
Outra regra diz respeito aos bens do Estado da Bah-
utilizada quando não há outro meio de tratar o doen-
ia, a qual está disciplinada no art. 7º da Constituição
te. A ordem de internação é expedida judicialmente,
que, por sua vez, repete o art. 26 da CF/88. Incluem-se,
independentemente da vontade do indivíduo, ou seja,
entre os bens do Estado:
ela representa uma resposta do Estado para uma solu-
ção médica e terapêutica daquela pessoa quando per-
I - os bens que lhe pertencem e os que lhe vierem a
sistir a necessidade de internação após o prazo de 48 ser atribuídos;
horas. Esse dispositivo se aplica, também, aos toxicô- II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que
macos, alcoólatras, entre outros. estiverem em seu domínio;
III - as ilhas fluviais e lacustres e as terras devo-
XVII - é livre o acesso de ministro de confissão reli- lutas, não pertencentes à União, situadas em seu
giosa para prestação de assistência espiritual nas território;
entidades civis e militares de internação coletiva; IV - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes,
emergentes e em depósito, ressalvadas, neste caso,
O inciso XVII decorre do direito à liberdade de na forma da lei, as decorrentes de obras da União;
crença e culto, de modo a garantir aos internados V - a dívida ativa proveniente da receita não
em estabelecimentos prisionais e de saúde o acesso à arrecadada;
assistência espiritual e religiosa. VI - os rendimentos decorrentes das atividades e
serviços de sua competência e da exploração dos
XVIII - a todos, no âmbito judicial e administrati- bens móveis e imóveis de seu domínio.
vo, são assegurados a razoável duração do pro-
cesso e os meios que garantam a celeridade de sua Os bens podem ser da União, dos Estados, do Dis-
tramitação. trito Federal, dos Municípios e dos particulares. Os
bens de titularidade do Estado estão sujeitos a um
Por fim, o inciso XVIII é um dos desdobramentos regime administrativo especial, não se aplicando a
do direito à segurança, por trazer a ideia de segu- eles as regras de direito de propriedade previstas no
rança jurídica. Envolve as garantias processuais, tais Código Civil.
como os princípios da duração razoável do processo, Por essa razão, os bens do Estado não podem ser
do devido processo legal, do contraditório e da ampla doados ou vendidos, ou seja, alienados. Também não
podem ser utilizados por particulares de acordo com
defesa, entre outros.
o interesse da Administração Pública, como no caso
da cessão de uso. Não podem, ainda, ser aforados, de
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS modo a não existir a coexistência entre o domínio
direto do Estado e o domínio útil do particular. No afo-
A “Organização do Estado e dos Municípios” é o ramento, é conferido ao titular (foreiro ou enfiteuta)
terceiro título da Constituição Estadual. a plena posse do bem, ou seja, o direito de usar, gozar
Esse título é subdividido em quatro capítulos. e dispor do bem (aliená-lo, doá-lo ou transmiti-lo para
O primeiro capítulo trata do Estado e é subdividido herdeiros por exemplo), desde que pague, anualmen-
em Disposições Gerais (arts. 5º a 10); Competência do te, ao proprietário direto (União e Estado por exem-
Estado (arts. 11 e 12); Administração Pública Estadual plo) um valor denominado de foro ou pensão. Para
(arts. 13 a 28); Participação Popular na Administração que tais bens possam ser sujeitos à doação, venda,
Estadual (arts. 29 a 31); Servidores Públicos (arts. 32 aforamento e cessão de uso, a lei deverá disciplinar o
a 40); Servidores Públicos Civis (arts. 41 a 45); Servi- seu procedimento.
dores Públicos Militares (arts. 46 a 49) e Previdência Outra norma importante é a que estabelece as com-
e Assistência Social dos Servidores Públicos (arts. 50 petências do Estado, compreendendo os arts. 11 e 12
a 53). O segundo capítulo trata da Criação, incorpo- da Constituição Estadual. Fazendo-se um paralelo com
316 ração, desmembramento e fusão dos Municípios (art. a CF/88, os artigos tratados nesse capítulo repetem ou
se inspiram nas disposições contidas nos arts. 23, 24, O inciso IV decorre do objetivo fundamental do Esta-
25, § 1º, trazendo as peculiaridades locais. Assim, os do brasileiro previsto no art. 3º, III, da CF/88. A erradi-
arts. 11 e 12 cuidam, respectivamente, da competên- cação da pobreza é um desafio global e, por essa razão,
cia administrativa e legislativa do Estado da Bahia. compete ao Estado da Bahia desenvolver uma combina-
Consideram-se competência administrativa tudo ção de políticas públicas que possam estimular o cresci-
aquilo que não se refira à função legiferante, ou seja, mento econômico e diminuir a desigualdade social. Esse
de criar leis. Já a competência legislativa tem relação inciso repete o disposto no art. 23, X, da CF/88.
com a função de legislar.
Em síntese, o art. 11 repete o art. 25, § 1º, da CF, tra- V - elaborar e executar planos de ordenação do ter-
zendo a competência de atuação residual do Estado. ritório estadual e de desenvolvimento econômico e
Explicando melhor, a CF/88 estabeleceu, expressamen- social;
te, as competências da União (arts. 21, 23, 23 e 24) e dos
Municípios (art. 30), deixando aos Estados tudo aquilo Se à União compete a elaboração e a execução de
que não foi expressamente previsto (tudo aquilo que planos nacionais e regionais de ordenação do territó-
“sobrou” é de competência dos Estados). Em razão dis- rio e de desenvolvimento econômico e social, de acor-
so, a Constituição Estadual optou por colocar, nos inci- do com o art. 21, IX da CF/88, ao Estado compete a sua
sos do art. 11, algumas dessas competências residuais, complementação.
citando, ainda, algumas competências administrativas
VI - fomentar a produção agropecuária e industrial,
comuns da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
assim como organizar o abastecimento alimentar;
Municípios (art. 23, CF/88). Vejamos:
O inciso VI repete parte do disposto no art. 23, VIII,
Art. 11 Compete ao Estado, além de todos os pode- da CF/88. Trata-se da competência comum dos entes
res que não lhe sejam vedados pela Constituição
da federação de fomentar a adoção de tecnologias de
Federal:
produção agropecuária e a organização do abasteci-
I - dispor sobre sua organização constitucional,
exercer as funções do seu governo próprio e pro- mento alimentar. Salienta-se que a Constituição Esta-
ver as necessidades da administração autônoma de dual acrescenta o fomento à produção industrial.
seus serviços;
VII - registrar, acompanhar e fiscalizar as conces-
sões de direitos de pesquisa e exploração de recur-
O inciso I traz o contexto do art. 25, da CF/88, ao
sos hídricos e minerais;
dispor que compete ao Estado da Bahia traçar suas
regras constitucionais, ou seja, estruturar-se como O inciso VII trata da repetição de mais uma das
ente da federação. Além disso, por se tratar de um ente competências comuns dos entes federativos. Trata-se
federativo, a Bahia possui autonomia política, razão do art. 23, XI, da CF/88.
pela qual se estabelece em governo próprio e possui
autonomia administrativa para se auto-organizar. VIII - proteger o meio ambiente e combater a polui-
ção em qualquer de suas formas, preservando as
II - decretar e arrecadar seus tributos e aplicar suas florestas, a fauna e a flora;
rendas;
O inciso VIII estabelece, como competência do
O inciso II decorre da autonomia financeira do Estado da Bahia, a proteção do meio ambiente como
Estado baiano. Como ente da federação, a Bahia pos- um todo. Trata-se da repetição do art. 23, VI, da CF/88,
sui receitas próprias, de modo que compete a ela fixar acrescida da competência para preservar as florestas,
sua estrutura tributária e os meios de arrecadação. fauna e flora.

IX - promover a construção de moradias e a melho-


Dica ria das condições habitacionais e de saneamento
Os arts. 145 e seguintes da CF/88 estabelecem básico;
as regras de direito tributário e a competência de
O inciso IX repete a competência administrativa
cada um dos entes da federação.
comum dos quatro entes, prevista no art. 23, IX, da
CF/88, para promover o direito social de habitação.
III - manter a ordem jurídica democrática e a segu-
rança pública;
DIREITO CONSTITUCIONAL

X - elaborar e executar o plano viário estadual,


exercer a polícia viária e executar os serviços de
O inciso III trata, também, de dois dos deveres do transporte intermunicipal, diretamente ou por con-
Estado da Bahia como ente da federação. Ao Estado cessão e permissão;
compete, portanto, estruturar um sistema de normas
estaduais que, em conformidade com a norma constitu- Se a União detém a competência exclusiva para
cional e com as normas federais, deve regular a conduta elaborar e executar os serviços de transporte interes-
humana e possibilitar a solução das demandas em caso tadual (art. 21, XII, e, da CF/88), ao Estado da Bahia
de conflito. Compete, ainda, a preservação da ordem compete a elaboração e a execução do plano viário
pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio, estadual, a polícia viária e os serviços de transporte
por meio dos órgãos estaduais de segurança. intermunicipal, em conformidade com o inciso X.

IV - combater as causas da pobreza e os fatores de XI - cuidar da saúde e assistência pública, da


marginalização, promovendo a integração social proteção e garantia das pessoas portadoras de
dos setores desfavorecidos; deficiência; 317
O inciso XI repete a competência comum do art. 23, O inciso XIX estabelece que esse rol é exemplifica-
II, da CF/88 de proteção à saúde e assistência pública. tivo, pois a União poderá delegar ao Estado da Bahia
outra atribuição que não esteja previamente prevista.
XII - proporcionar os meios de acesso à educação, Por fim, o § 2º do art. 11 repete a regra do art. 25,
cultura, ciência e tecnologia e ministrar o ensino § 2º, da CF/88, ao estabelecer que compete ao Estado
público, inclusive profissional;
da Bahia a exploração direta ou mediante concessão,
O inciso XII trata da competência do Estado baiano a ser outorgada após licitação pública, dos serviços
de proporcionar o acesso à educação, à cultura, à ciên- locais de gás canalizado, em conformidade com a lei.
cia e à tecnologia. Deste modo, cabe ao Estado assegu-
rar o acesso à instrução e garantir o ensino público.
Importante!
XIII - estabelecer e implantar a política de educação
e segurança do trânsito; Trazendo um pouco da disciplina de Direito
Administrativo, a outorga é uma forma de des-
O inciso XIII trata da competência administrativa de centralização na qual a titularidade e a execução
tratar da política de educação e política pública. Trata-se são transferidas – diferentemente da delegação,
da repetição do art. 23, XII, da CF/88, acrescida da com- que somente se transfere a execução, manten-
petência para propor políticas de educação do trânsito.
do-se a titularidade com o ente delegatário.
XIV - proteger os monumentos, paisagens naturais
notáveis e sítios arqueológicos e impedir a evasão,
destruição e descaracterização de documentos, obras
O art. 12, por sua vez, repete o art. 24, da CF/88,
e outros bens de valor histórico, artístico e cultural; trazendo as competências concorrentes de legislar da
União, dos Estados e do Distrito Federal. O objetivo de
O inciso XIV é inspirado no art. 23, III, da CF/88, e existir uma competência que seja concorrente é unifor-
busca a proteção do meio ambiente cultural. mizar, nacionalmente, determinados assuntos, como,
por exemplo, o direito tributário e o direito penitenciá-
XV - promover a defesa permanente contra as rio. Assim, cabe à União traçar as regras gerais e aos
calamidades públicas, especialmente a seca e a Estados e ao Distrito Federal, as normas regionais. No
inundação; caso de não existir uma norma geral, a competência do
Estado é plena, perdendo, porém, a sua eficácia no caso
Se a União detém a competência exclusiva para
de elaboração de norma federal. Leia o artigo a seguir,
promover a defesa contra as calamidades públicas
observando o rol das competências retratadas:
(Art. 21, XVIII, da CF/88), ao Estado da Bahia compete
a elaboração de regras complementares, em confor-
midade com a CF/88, e as leis federais. Salienta-se que Art. 12 Incumbe ainda ao Estado, concorrentemen-
o § 1º estabelece a criação pelo Estado do Fundo Per- te com a União, legislar sobre:
manente para a Defesa Civil, constituído de recursos I - direito tributário, financeiro, penitenciário, eco-
definidos em lei complementar, para implementar a nômico e urbanístico;
proteção prevista nesse inciso. II - orçamento;
III - juntas comerciais;
XVI - dispor sobre criação, incorporação, fusão e IV - custas dos serviços forenses;
desmembramento de Municípios, instituição de V - produção e consumo;
regiões metropolitanas, aglomerações urbanas e VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da
microrregiões, limites do território estadual e fixa- natureza, defesa do solo e dos recursos naturais,
ção dos municipais; proteção do meio ambiente e controle da poluição;
VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural,
O inciso XVI é inspirado no art. 18, § 4º, da CF/88, e artístico, turístico e paisagístico;
traz a competência de elaboração das regras específicas, VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente,
em conformidade com a norma constitucional federal. ao consumidor, a bens e direitos de valor artístico,
estético, histórico, turístico e paisagístico;
XVII - cooperar, técnica e financeiramente, com IX - educação, cultura, ensino e desporto;
os serviços municipais de atendimento à saúde da X - criação, funcionamento e processo dos Juizados
população e com os programas de educação prées- de Pequenas Causas;
colar e de ensino fundamental; XI - procedimento em matéria processual;
XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
O inciso XVII trata de dois direitos fundamentais: o XIII - assistência jurídica e defensoria pública;
direito à saúde e o direito à educação. XIV - proteção e integração social das pessoas por-
tadoras de deficiência;
XVIII - criar colônias penais agrícolas, em regiões XV - proteção à infância e à juventude;
administrativas com população superior a qui- XVI - organização, garantia, direitos e deveres das
nhentos mil habitantes; polícias civis.
O inciso XVIII trata das colônias penais agrícolas, que
são destinadas aos presos que cumprem o estágio final Outro tópico interessante a ser estudado é aquele
da pena ou que são considerados de pequena periculo- relativo aos servidores públicos do Estado da Bahia.
sidade. A finalidade é a sua reabilitação. Assim, compete A Constituição Estadual trouxe as regras aplicáveis a
ao Estado da Bahia a criação dessas colônias em regiões dois desses agentes públicos: aos servidores públicos
com população superior a 500 mil habitantes. civis e aos militares. Os arts. 32 a 40 disciplinam as
regras gerais aplicadas aos servidores públicos.
XIX - exercer as atribuições que lhe são delega- Os arts. 41 a 45 disciplinam os servidores públi-
das pela União, na conformidade da Constituição cos civis. Já os arts. 46 a 49 tratam dos servidores
318 Federal. públicos militares.
Art. 32 Os servidores públicos, civis e militares, do Art. 33 A atividade administrativa é exercida por:
Estado, são agentes responsáveis pelo cumprimen- I - servidores públicos, ocupantes de cargos perma-
to das suas finalidades e têm, como dever primor- nentes ou temporários criados por lei, em qualquer
dial, a observância dos princípios da administração dos Poderes do Estado, na administração direta,
pública estabelecidos nesta Constituição. autarquias ou fundações instituídas e mantidas
pelo Poder Público;
Para que a Administração Pública possa desem- II - empregados públicos, ocupantes de empregos
penhar suas atividades, ela necessita de pessoas que ou funções de confiança, nas sociedades de econo-
exerçam as atribuições dos órgãos públicos, ou seja, de mia mista, empresas públicas e demais entidades
agentes públicos. A expressão agente público é utilizada de direito privado sob controle direto ou indireto do
como gênero, designando toda e qualquer pessoa que Estado e regime da legislação trabalhista.
exerça uma função pública, quer de forma remunerada
ou gratuita, quer de natureza política ou administrativa,
No Estado da Bahia, os servidores públicos esta-
quer com investidura definitiva ou transitória.
tutários desempenham funções junto aos órgãos do
Os agentes públicos dividem-se em quatro categorias:
Executivo, Legislativo, Judiciário, Ministério Públi-
z Agentes políticos: são aqueles que exercem as típi- co, Tribunais de Contas e Defensoria Pública (Admi-
cas atividades de governo, ou seja, os responsáveis nistração Direta), além das autarquias e fundações
por fixar as metas e diretrizes políticas do Estado, públicas (entidades da Administração Indireta). Já os
tais como os chefes do Poder Executivo (Presidente, empregados públicos desempenham suas funções
Governador e Prefeito e seus vices) e seus auxiliares nas empresas públicas e nas sociedades de economia
diretos (Ministros e Secretários) e os membros do mista (entidades da Administração Indireta). Por fim,
Poder Legislativo (Senadores, Deputados federais, os militares exercem suas atribuições nos órgãos do
Deputados estaduais e Vereadores); Executivo (Polícia Militar e Corpo de Bombeiro Militar)
z Particulares em colaboração com o Poder
Público: são aqueles que prestam serviços ao Esta- Art. 34 A administração pública, no que respeita
do, porém sem vínculo estatutário ou celetista de
aos seus servidores civis e militares, obedecerá ao
trabalho, podendo ou não ter remuneração. Exem-
disposto na Constituição Federal e ao seguinte:
plos: jurados, mesários, notários e registradores
I - o Estado manterá escola de governo para a for-
(serviços notariais);
mação e o aperfeiçoamento de seus servidores,
z Servidores públicos civis: dividem-se em:
constituindo-se a participação nos cursos um dos
� Servidores públicos estatutários: exercem requisitos para a promoção na carreira, facultada,
cargo público (vitalício, efetivo ou comissiona- para isso, a celebração de convênios ou contratos
do) e estão vinculados a um Estatuto; entre os entes federados.
„ Empregados públicos: possuem emprego II - a instituição do conselho de política de admi-
público e vinculam-se às regras da Consolida- nistração e remuneração de pessoal, integrado por
ção das Leis do Trabalho (CLT); servidores designados pelos respectivos Poderes.
„ Servidores temporários: categoria à parte, § 1º O membro de Poder, o detentor de mandato
porque não titularizam cargo público, nem pos- eletivo, os secretários de Estado e dos Municípios
suem qualquer vínculo trabalhista regido pela serão remunerados exclusivamente por subsídio
CLT, como os empregados públicos. São con- fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
tratados por tempo determinado para atender qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio,
às necessidades temporárias de excepcional verba de representação ou outra espécie remunera-
interesse público, por meio de um processo de tória, obedecido, em qualquer caso, o que dispõe o
seleção simplificado. Exercem funções públicas art. 39, § 4º, da Constituição Federal.
sem ocuparem cargos ou empregos públicos e § 2º Lei do Estado e dos Municípios poderá esta-
são regidos por regime especial, veiculado por belecer a relação entre a maior e a menor remu-
meio de lei específica. neração dos servidores públicos, obedecido, em
qualquer caso, o que dispõe o art. 39, § 5º, da Cons-
� Servidores Públicos Militares: servidores dos tituição Federal.
órgãos responsáveis pela segurança pública aos § 3º Os Poderes do Estado e dos Municípios publi-
quais competem a polícia ostensiva e a preser- carão anualmente os valores do subsídio e da
vação da ordem pública, além das atribuições remuneração dos cargos e empregos públicos, da
decorrentes da atividade de defesa civil, ou seja, a administração direta e indireta.
Polícia Militar e o Corpo de Bombeiro Militar. § 4º A remuneração dos servidores públicos e o
subsídio de que trata o § 1º deste artigo somente
DIREITO CONSTITUCIONAL

poderão ser fixados ou alterados por lei específica,


Servidores
observada a iniciativa privativa em cada caso.
Públicos
§ 5º O subsídio, a remuneração, os proventos de
aposentadoria, de reserva e de reforma, as pensões
e quaisquer outras espécies remuneratórias dos ocu-
Agentes Políticos pantes de cargos, funções e empregos públicos da
administração direta, autárquica e fundacional, dos
Agentes Públicos membros de qualquer dos Poderes do Estado e dos
Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
Militares demais agentes políticos submetem-se ao disposto no
inciso XI do caput do art. 37 da Constituição Federal

Particulares em O art. 34 dispõe as regras gerais aplicáveis aos ser-


colaboração vidores públicos, estabelecendo que a eles se aplicam
as normas dos arts. 39 a 41, da CF/88. 319
O § 1º do art. 34 trata da remuneração dos servido- O art. 36 repete a regra do art. 37, da CF/88, de obri-
res públicos. gatoriedade de concurso público para a seleção dos
servidores estaduais.
z Remuneração é o gênero do qual o salário, os ven-
cimentos e os subsídios são espécies; Dica
z Salário é a contraprestação pecuniária paga aos
empregados públicos, regidos pela CLT; A Constituição Estadual deixa a cargo do edital
z Vencimentos é a modalidade remuneratória da do certame a possibilidade de fixação dos requi-
maioria dos servidores submetidos a regime jurí- sitos. No entanto, a lei deverá estabelecer tais
dico estatutário, englobando o vencimento-base e requisitos, a fim de serem exigidos pelo edital, ou
as vantagens pecuniárias; seja, a lei fixa e o edital repete a exigência.
z Subsídio é uma parcela única, sem qualquer acrés-
cimo, obrigatória para as seguintes categorias: Art. 37 O servidor atleta, selecionado para repre-
z Membros de Poder (chefes do Poder Executivo – sentar o Estado ou País em competição oficial, terá,
senadores, deputados, vereadores, magistrados), no período de duração das competições, seus venci-
detentores de mandato eletivo, Ministros de Esta- mentos garantidos, de forma integral, sem prejuízo
do e Secretários Estaduais e Municipais; de sua ascensão profissional.
z Ministros ou Conselheiros dos Tribunais de Contas;
z Membros do Ministério Público; O art. 37 é um incentivo aos servidores públicos
atletas que competem pelo Estado da Bahia ou pelo
„ Integrantes das carreiras pertencentes à Advo- Brasil em terem garantida a remuneração mesmo
cacia Geral da União, à Procuradoria-Geral da durante o afastamento para competir.
Fazenda Nacional, às Procuradorias dos Esta-
dos e do Distrito Federal e às Defensorias Públi- Art. 38 As entidades da administração indireta
cas da União, DF e Territórios e Defensorias terão planos de cargos e vencimentos próprios para
Públicas Estaduais (Art. 135, CF); os seus servidores.
„ Servidores policiais integrantes da Polícia
Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer- O art. 38 trata da autonomia da Administração
roviária Federal, Polícias Civis e Militares e Cor- Pública Indireta estadual em estabelecer os cargos e
pos de Bombeiros Militares. vencimentos próprios.
O § 2º estabelece as regras atinentes ao teto remu- Art. 40 É assegurado ao servidor público civil e
neratório do Estado da Bahia, ou seja, o valor máxi- militar o direito de promover reunião ou manifes-
mo que pode ser pago aos servidores. O dispositivo tação pacífica, no local de trabalho, preservado o
dispõe que o teto único remuneratório de seus servi- interesse público.
dores públicos não poderá exceder o subsídio men-
sal, em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal O art. 40 garante aos servidores públicos estaduais
Federal, independentemente de ter sido percebido o direito de reunião previsto no art. 5º, XVI, da CF/88.
cumulativamente ou não. Além disso, cada ente polí-
Por reunião depreende-se o agrupamento organizado
tico pode adotar um subteto próprio para a fixação
de pessoas para uma determinada finalidade e com
dos subsídios. Assim, o Executivo tem, como subteto,
caráter transitório. Se o caráter do agrupamento for
os subsídios do Governador. O Legislativo tem, como
permanente, tem-se uma associação. Importante men-
subteto, os subsídios dos deputados estaduais, que, por
cionar que tanto a reunião como a associação devem
sua vez, não poderão exceder 75% dos subsídios dos
deputados federais. Por fim, o Judiciário adota, como ser para fins pacíficos.
subteto, o valor de 90,25% dos subsídios do Supremo Os arts. 35 e 39 foram revogados. Portanto, não se
Tribunal Federal, ressaltando que esse se aplica tão preocupe com eles.
somente aos seus servidores e, não, aos membros da Por fim, o art. 41 trata dos direitos dos servidores
Magistratura, pois a esses é aplicado o teto do Supre- públicos civis. Vejamos:
mo Tribunal Federal.
O § 3º do art. 34 decorre do princípio da publici- Art. 41 São direitos dos servidores públicos civis,
dade e transparecia, ao estabelecer a necessidade de além dos previstos na Constituição Federal:
publicação dos valores percebidos pelos servidores I - salário mínimo;
públicos estaduais. II - irredutibilidade do subsídio e dos vencimentos
dos ocupantes de cargo e emprego público, ressalva-
O § 4º estabelece que a implementação do teto
do o que dispõe o art. 37, XV, da Constituição Federal;
remuneratório, bem como de todas as alterações
III - licença não remunerada para tratamento de
depende de lei de iniciativa de cada um dos entes polí-
interesse particular;
ticos (Chefe de Poder ou Instituição). IV - Revogado
Por fim, o § 5º do art. 34 estabelece que as regras V - remuneração de jornada extraordinária, à
do teto e subteto se aplicam a todos os servidores base de cinquenta por cento sobre o valor da hora
públicos, quer em atividade, quer em inatividade normal;
(aposentado). VI - duração do trabalho normal não superior a
oito horas diárias e quarenta e quatro semanais,
Art. 36 Todo edital de concurso, no âmbito dos três facultada a compensação de horários e a redução
Poderes, fixará os critérios de preenchimento das de jornada, mediante acordo ou convenção coletiva
vagas, assegurada ao aprovado, na ordem de clas- de trabalho;
sificação, prioridade de escolha do local ou setor VII - repouso semanal remunerado, preferencial-
320 para o exercício da função. mente aos domingos;
VIII - gozo de férias anuais remuneradas com, pelo Orçamentária, Operacional e Patrimonial (arts. 89 e 90)
menos, um terço a mais do que o salário normal, e Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios (arts.
vedada a transformação do período de férias em 91 a 98). O segundo capítulo trata do Poder Executivo e
tempo de serviço; compreende as Disposições Gerais (arts. 99 a 104); Atri-
IX - licença à gestante, nos termos da Constituição buições do Governador do Estado (arts. 105); Respon-
Federal, extensiva à servidora que vier a adotar sabilidade do Governador do Estado (arts. 106 e 107)
criança, perdurando o benefício até que se comple- e Secretários de Estado (arts. 108 e 109). O Poder Judi-
tem cento e vinte dias do nascimento; ciário é tratado no terceiro capítulo, sendo subdividi-
X - licença-paternidade, nos termos fixados em lei; do em Disposições Gerais (arts. 110 a 121); Tribunal de
XI - proteção ao mercado de trabalho da mulher, Justiça (arts. 122 e 123); Tribunal de Alçada (art. 124);
mediante incentivos específicos, nos termos da lei; Tribunais do Júri (art. 125); Juízes de Direito (arts. 126
XII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por e 127); Justiça Militar (art. 128); Dos Juizados Especiais
meio de normas de saúde, higiene e segurança; (art. 129); Juizados de Pequenas Causas (art. 130); Dos
XIII - Revogado Juizados de Paz (art. 131); Justiça Agrária (art. 132); Jus-
XIV - Revogado tiça Ambiental e Cultural (art. 133) e Controle de Consti-
XV - direito de greve, cujo exercício se dará nos ter-
tucionalidade (art. 134). Por fim, o quarto capítulo trata
mos e limites definidos em lei específica;
das Funções Essenciais à Justiça e da Segurança Pública
XVI – Declarado inconstitucional pelo S.T.F. no jul-
e compreende o Ministério Público (arts. 135 a 139); as
gamento da ADI nº 112-4
Procuradorias (arts. 140 a 143); a Defensoria Pública
XVII - Revogado
(arts. 144 e 145) e a Segurança Pública (arts. 146 a 148).
XVIII - Revogado
XIX - garantia de mudança de função à gestante,
nos casos em que houver recomendação clínica, Segurança Pública
sem prejuízo de seus vencimentos e demais vanta-
gens do cargo; A quarta seção do quarto capítulo desse título trata
XX - garantia de licença para acompanhar familiar da Segurança Pública e compreende os arts. 146 a 148
doente, na forma da lei; da Constituição baiana.
XXI - garantia ao homem, à mulher e a seus depen- A prestação da segurança pública é um dos deve-
dentes do direito de usufruir dos benefícios previ- res do Estado brasileiro. Por essa razão, a Constituição
denciários decorrentes de contribuição de cônjuge Federal de 1988 reservou uma parte própria para tra-
ou companheiro; tar do tema e disciplinar os órgãos encarregados de
XXII - garantia de que nenhum servidor público preservação da ordem pública e da incolumidade das
sofrerá punição disciplinar sem que seja ouvido pessoas e do patrimônio. Nos termos do art. 144, da
através de sindicância ou processo administrativo, CF/88, esses órgãos são:
sendo-lhe assegurado o direito de defesa;
XXIII - participação na gerência de fundos e entida- z Polícia Federal;
des para os quais contribuem, na forma de lei; z Polícia Rodoviária Federal;
XXIV - fixação dos padrões de vencimento e dos z Polícia Ferroviária Federal;
demais componentes do sistema remuneratório, z Polícias Civis;
observado o que dispõe a Constituição Federal; z Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Militares;
XXV - disponibilidade, com remuneração propor- z Polícias Penais federal, estaduais e distrital.
cional ao tempo de serviço, em caso de extinção
ou declaração de desnecessidade do cargo, até seu
Cumpre esclarecer que as atribuições de cada um
adequado aproveitamento;
desses órgãos são distintas e que, dentro do âmbito
XXVI - adicional por tempo de serviço prestado, a
estadual, fazem parte as Polícias Civil, Militar e Penal.
qualquer tempo, na administração pública estadual
Enquanto compete à Polícia Civil as funções de polí-
direta, suas autarquias, fundações, empresas públi-
cia judiciária e apuração de infrações penais, exce-
cas e sociedades de economia mista;
XXVII - Revogado
to as infrações militares, ou seja, a investigação das
XXVIII - Revogado infrações penais (crimes e contravenções) após a sua
XXIX - Revogado ocorrência, cabe à Polícia Militar a polícia ostensiva
XXX - Revogado e a preservação da ordem pública, isto é, devem atuar
XXXI - vedação do exercício, pelo servidor, de fun- preventivamente (por isso, o termo “ostensivo”), para
ção não correspondente ao cargo que ocupa, res- que as infrações penais não ocorram. Já aos Corpos de
salvados os casos de substituição temporária e Bombeiros Militares compete a execução de ativida-
justificada, com prazo determinado; des de defesa civil e à Polícia Penal incumbe a segu-
XXXII - disponibilidade do servidor para o exercício rança dos estabelecimentos penais (art. 144, CF/88).
DIREITO CONSTITUCIONAL

de mandato eletivo em diretoria de entidade sindi- A Polícia Penal ainda não está disciplinada na
cal representativa da categoria, em qualquer dos Constituição Estadual.
Poderes do Estado, na forma da lei;
XXXIII – Revogado. Art. 146 A segurança pública, dever do Estado,
direito e responsabilidade de todos, é exercida para
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO E DOS MUNICÍPIOS preservação da ordem pública e da incolumidade
das pessoas e do patrimônio.
A Organização dos Poderes é o quarto título da § 1º Lei disciplinará a organização e funcionamen-
Constituição Estadual. Esse título é subdividido em to dos órgãos responsáveis pela segurança pública,
quatro capítulos. O primeiro capítulo cuida do Poder cujas atividades serão concentradas num único
Legislativo. Ele é subdividido em Assembleia Legisla- órgão de administração, em nível de Secretaria de
tiva (arts. 66 a 69); Competências da Assembleia Legis- Estado, de modo a garantir sua eficiência.
lativa (arts. 70 e 71); Processo Legislativo (arts. 72 a § 2º Os Municípios poderão constituir guardas
74); Leis (arts. 75 a 82); Comissões (arts. 83); Deputa- municipais destinadas à proteção de seus bens, ser-
dos (arts. 84 a 88); Fiscalização Contábil, Financeira, viços e instalações, na forma da lei. 321
§ 3º Os órgãos de segurança pública, além dos cur- funções de polícia judiciária e a apuração de infrações
sos de formação, realizarão periódica reciclagem penais, exceto as militares. Portanto, cabe a ela a inves-
para aperfeiçoamento, avaliação e progressão fun- tigação das infrações penais (crimes e contravenções).
cional dos seus servidores. A Polícia Civil é dirigida por Delegados de Polícia
§ 4º Os órgãos de segurança pública serão asses- de carreira, cujo ingresso se fará mediante concurso
sorados e fiscalizado pelo Conselho de Segu- público de provas e títulos, observada, nas nomea-
rança Pública estruturado na forma da lei,
ções, a ordem de classificação.
guardando-se proporcionalidade relativa à respec-
Cumpre esclarecer que, de acordo com o parágrafo
tiva representação.
único, do art. 147, o cargo de Delegado de Polícia, que
§ 5º Revogado
§ 6º A polícia técnica será dirigida por perito, cargo é estruturado em carreira, é privativo de bacharel em
organizado em carreira, cujo ingresso depende de direito, cuja investidura de concurso público de provas
concurso público de provas e títulos. e títulos terá a participação de representante do Minis-
tério Público e da Ordem dos Advogados do Brasil. Des-
Observe que o caput do art. 146 da Constituição te modo, o cargo de delegado de polícia é estruturado
Estadual, repete a regra constitucional ao estabelecer em quadro próprio e constitui uma das carreiras jurí-
que a segurança pública é exercida para a preserva- dicas do Poder Executivo do Estado. Ele será provido
ção da ordem pública e preservação da incolumidade por meio de concurso público de provas e títulos e o
das pessoas e preservação do patrimônio. respectivo provimento dependerá de planejamento do
O § 1º, do art. 146, da Constituição baiana, estabe- Poder Executivo, sendo efetuados de acordo com as dis-
lece a lei que irá disciplinar a organização e funcio- ponibilidades orçamentárias do Estado.
namento de tais órgãos e que essas atividades serão
concentradas num único órgão de Administração, de
modo a garantir sua eficiência. Trata-se da Secretaria Importante!
de Segurança Pública do Estado da Bahia.
A Lei nº 11.370/2009 é a Lei Orgânica da Polícia A organização e o funcionamento dos órgãos
Civil do Estado da Bahia. encarregados da segurança pública são estabe-
O § 3º trata dos cursos de formação e de reciclagem lecidos em lei. Além disso, os órgãos de segu-
profissional. Trata-se de um meio de manter os milita- rança pública, além dos cursos de formação,
res sempre treinados e preparados para agir em prol do deverão realizar, periodicamente, a reciclagem,
Estado. Assim, cabe ao Estado criar e manter uma aca- com o objetivo de aperfeiçoar, avaliar e manter a
demia especializada de polícia civil, a qual compete o progressão funcional dos seus servidores.
treinamento e a reciclagem de policiais civis de carreira.
De acordo com o § 4º, do art. 146, da Constituição
Estadual, compete ao Conselho de Segurança Pública Polícia Militar
o assessoramento e a fiscalização dos órgãos de segu-
rança pública. O Conselho será estruturado na forma Art. 148 À Polícia Militar, força pública estadual,
da lei, guardando-se proporcionalidade relativa à res- instituição permanente, organizada com base na
pectiva representação. hierarquia e disciplina militares, compete, entre
O § 6º, do art. 146, da Constituição Estadual, dispõe outras, as seguintes atividades:
acerca da polícia técnica, que será dirigida por perito I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urba-
de carreira. no e rodoviário, de florestas e mananciais e a rela-
Ainda, a Constituição Estadual estabelece, em seus cionada com a prevenção criminal, preservação e
arts. 147, 148 e 148-A, como órgãos responsáveis pela restauração da ordem pública;
segurança pública baiana, a Polícia Civil, a Polícia II - Revogado
Militar e o Corpo de Bombeiro Militar. III - a instrução e orientação das guardas munici-
pais, onde houver;
Segurança
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em
Pública da Bahia relação a seus integrantes, na forma da lei federal;
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos
órgãos públicos, especialmente os da área fazendá-
Polícia Civil Polícia Militar
Corpo de ria, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocu-
Bombeiro Militar
pação do solo e do patrimônio cultural.
Parágrafo único. A Polícia Militar, força auxiliar e
reserva do Exército, será comandada por oficial da
Polícia Civil ativa da corporação, do último posto do quadro de
oficiais policiais militares, nomeado pelo Governador.
Art. 147 À Polícia Civil, dirigida por Delegado de
carreira, incumbe, ressalvada a competência da A Polícia Militar é considerada uma força auxiliar,
União, as funções de polícia judiciária e a apuração uma reserva do Exército, ou seja, podem ser emprega-
de infrações penais, exceto as militares. das em missões de natureza estritamente militar nas
Parágrafo único. O cargo de Delegado, privativo de situações que imponham a necessidade de mobiliza-
bacharel em direito, será estruturado em carreira, ção e convocação das instituições militares estaduais
dependendo a investidura de concurso de provas e em auxílio das Forças Armadas, como nos casos de
títulos, com a participação do Ministério Público e estado de sítio ou de defesa. Trata-se, ainda, de uma
da Ordem dos Advogados do Brasil. instituição permanente estruturada nos ditames da
hierarquia e disciplina.
O art. 147 da Constituição Estadual trata da Polí- À Polícia Militar compete a polícia ostensiva, a pre-
cia Civil que é uma instituição permanente e auxiliar servação da ordem pública e a execução de atividades
da função jurisdicional do Estado, tendo, como atri- de defesa civil, por meio dos seguintes tipos de policia-
322 buições, entre outras fixadas em lei, a execução das mento elencados nos incisos do art. 148:
I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urba- z Imposto de transmissão causa mortis e doação
no e rodoviário, de florestas e mananciais e a rela- de quaisquer bens ou direitos (ITCMD): tributo
cionada com a prevenção criminal, preservação e aplicado sobre heranças e doações recebidas, sendo
restauração da ordem pública; de competência do Estado da Bahia estabelecer sua
II - REVOGADO
aplicação, suas alíquotas, cálculos e procedimentos;
III - a instrução e orientação das guardas munici-
pais, onde houver; z Imposto de operações relativas à circulação de
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em mercadorias e sobre prestações de serviços de
relação a seus integrantes, na forma da lei federal; transporte interestadual e intermunicipal e de
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos comunicação, ainda que as operações e as pres-
órgãos públicos, especialmente os da área fazendá- tações se iniciem no exterior (ICMS): tributo que
ria, sanitária, de proteção ambiental, de uso e ocu- incide sobre a movimentação de mercadorias em
pação do solo e do patrimônio cultural. geral, incluindo os mais variados produtos, bem
como sobre a prestação de serviços de comunica-
Corpo de Bombeiros Militar ção e de transporte interestadual e intermunicipal;
z Imposto sobre propriedade de veículos auto-
Art. 148-A O Corpo de Bombeiros Militar da Bah- motores (IPVA): tributo pago anualmente pelos
ia, força auxiliar e reserva do Exército, organizado
proprietários de veículos automotores;
com base na hierarquia e disciplina, é órgão inte-
grante do sistema de segurança pública, ao qual z Adicional de imposto de renda de até cinco por
compete as seguintes atividades:* cento sobre o valor pago à União por pessoas
I - defesa civil; físicas e jurídicas domiciliadas no Estado, inci-
II - prevenção e combate a incêndios e a situações dente sobre lucros, ganhos e rendimentos de
de pânico; capital (AIRE): imposto que tem, como fato gera-
III - busca, resgate e salvamento de pessoas e bens a dor, o pagamento do imposto de renda. Sua função
cargo do Corpo de Bombeiros Militar;* é meramente fiscal.
IV - instrução e orientação de bombeiros voluntá-
rios, onde houver; Já o art. 152, da Constituição Estadual, estabelece
V - polícia judiciária militar, a ser exercida em rela- os impostos de competência dos Municípios baianos.
ção a seus integrantes, na forma da lei federal.
Parágrafo único. O Corpo de Bombeiros Militar
São eles:
da Bahia será comandado por oficial da ativa da
Corporação, do último posto do Quadro de Oficiais
z Imposto de propriedade predial e territorial
Bombeiros Militares, nomeado pelo Governador. urbana (IPTU): tributo que tem, como fato gera-
dor, a propriedade, domínio útil ou posse de bem
Por fim, o art. 148-A trata do Corpo de Bombeiros imóvel por natureza ou por acessão física, quando
Militar. Ao Corpo de Bombeiros Militar compete a pre- localizado na zona urbana do Município;
venção e o combate de incêndios, além da execução z Imposto de transmissão intervivos, a qualquer
de atividades de defesa civil. Trata-se, também, de título, por ato oneroso, de bens imóveis por
força auxiliar, reserva do Estado e instituição perma- natureza ou acessão física, e de direitos reais
nente baseada na hierarquia e disciplina, assim como sobre imóveis, exceto os de garantia, bem como
ocorre com a Polícia Militar. cessão de direitos a sua aquisição (ITBI): tribu-
to que decorre da transmissão, por ato oneroso,
DA TRIBUTAÇÃO E DO ORÇAMENTO de bens imóveis, excluindo-se os decorrentes de
sucessão (causa mortis), que são de competência
A Da Tributação e do Orçamento é o quinto título da do Estado (ex.: venda e compra de imóvel);
Constituição Estadual. Esse título é subdividido em três z Imposto sobre vendas a varejo de combustíveis
capítulos. O primeiro capítulo trata do Sistema Tribu- líquidos e gasosos, exceto óleo diesel (IVVC):
tário e compreende os Princípios e Disposições Gerais trata da tributação de combustíveis;
(arts. 149 e 150); os Impostos do Estado (art. 151); os z Imposto sobre serviços de qualquer natureza, não
Impostos dos Municípios (art. 152) e a Repartição das compreendidos no art. 155, inciso I, alínea b, da
Receitas Tributárias (arts. 153 e 154). O segundo capítu- Constituição Federal, definidos em lei complemen-
lo trata das Finanças Públicas (arts. 155 a 158) e o ter- tar (ISS ou ISSQN): tributo que incide na prestação
ceiro capítulo dos Orçamentos (arts. 159 a 163). de serviços realizada por empresas e profissionais
Nesse título, destacam-se as regras atinentes aos autônomos, excluindo-se os que têm fato gerador de
impostos de competência estadual e municipal. ICMS, que são de competência dos Estados.
Os artigos tratados na Constituição Estadual que
DA ORDEM ECONÔMICA E SOCIAL
DIREITO CONSTITUCIONAL

disciplinam os impostos do Estado e dos Municípios


repetem as disposições contidas nos arts. 155 e 156,
A Ordem Econômica e Social é o sexto e último títu-
da CF/88.
lo da Constituição Estadual.
De acordo com o art. 16 do Código Tributário
Esse título é subdividido em vinte e quatro capítu-
Nacional, considera-se imposto o tributo que tem,
los, que são: Dos Princípios Gerais (arts. 164 a 166); Da
como fato gerador, uma situação independente de Política Urbana (arts. 167 a 170); Da Política Agrícola,
qualquer atividade estatal, ou seja, é uma espécie Fundiária e da Reforma Agrária (arts. 171 a 196); Da
tributária exigida do contribuinte, independente de Política Pesqueira (art. 197); Da Política Hídrica e Mine-
qualquer contraprestação do Estado, pelo simples fato ral (arts. 198 a 204); Da Política Industrial (art. 205); Dos
de ter incidido nas hipóteses previstas em lei, como, Transportes (arts. 206 a 211); Do Meio Ambiente (arts.
por exemplo, ser proprietário de veículo automotor, 212 a 226); Do Saneamento Básico (arts. 227 a 230); Da
ou proprietário de imóvel. Seguridade e Assistência Social (arts. 231 e 232); Da
Deste modo, estabelece o art. 151, da Constituição Saúde (arts. 233 a 243); Da Educação (arts. 244 a 261);
Estadual, quais são os impostos de competência do Das Instituições Estaduais de Ensino Superior (arts.
Estado da Bahia. São eles: 262 a 264); Da Ciência e Tecnologia (arts. 265 a 268); Da 323
Cultura (arts. 269 a 275); Da Comunicação Social (arts. marcada pela presença da comunidade afro-brasileira,
276 e 277); Do Desporto (art. 278); Da Família (art. 279); constituindo a prática do racismo crime inafiançável
Dos Direitos Específicos da Mulher (arts. 280 a 282); Da e imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos ter-
Criança e do Adolescente (art. 283); Do Idoso (art. 284); mos da Constituição Federal”. Analise as proposições
Do Deficiente (art. 285); Do Negro (arts. 286 a 290) e Do abaixo:
Índio (art. 291).
I. Conforme a Constituição do Estado da Bahia, o Esta-
Do Negro do não poderá admitir participação, ainda que indireta,
O vigésimo terceiro capítulo desse título trata do através de empresas neles sediadas, em qualquer pro-
Negro. De acordo com o art. 286, da Constituição Esta- cesso licitatório da Administração Pública direta ou
dual, a sociedade baiana é cultural e historicamente indireta, de países que mantiverem política oficial de
marcada pela presença da comunidade afro-brasi- discriminação racial.
leira. Para tanto, repete a proteção contida no art. 5º, II. Conforme a Constituição do Estado da Bahia, o Estado
XLII, da Constituição Federal, ou seja, de que a práti- não poderá manter intercâmbio cultural ou desportivo,
ca do racismo é crime inafiançável e imprescritível, através de delegações oficiais, com países que manti-
sujeito à pena de reclusão38. verem política oficial de discriminação racial.
Quanto aos países que mantiverem política oficial III. Conforme a Constituição do Estado da Bahia, a rede
de discriminação racial, nos termos do art. 28, o Esta- estadual de ensino incluirá em seus programas disci-
do baiano não poderá: plina que valorize a participação do negro na forma-
z Admitir participação, ainda que indireta, através ção histórica da sociedade brasileira.
de empresas neles sediadas, em qualquer proces- IV. Conforme a Constituição do Estado da Bahia, os
so licitatório da Administração Pública direta ou cursos de formação e aperfeiçoamento do servidor
indireta; público civil e militar incluirão em seus programas dis-
z Manter intercâmbio cultural ou desportivo, atra- ciplina que valorize a participação do negro na forma-
vés de delegações oficiais. ção histórica da sociedade brasileira.
V. Conforme a Constituição do Estado da Bahia, sempre
Para que a rede de ensino estadual e os cursos que for veiculada publicidade estadual com mais de
de formação e aperfeiçoamento dos servidores duas pessoas, será assegurada a inclusão de uma da
públicos, quer civil quer militar, reproduzam a diver- raça negra.
sidade cultural em seus programas de ensino, o art.
288 da Constituição Estadual estabelece a inclusão de
A alternativa que contém a sequência correta, consi-
disciplinas que valorizem a participação do negro
na formação histórica da sociedade brasileira. derando V para verdadeiro e F para falso, é:
De acordo com os dados do Instituto Brasileiro
de Geografia e Estatística (IBGE), a Bahia é o Estado a) V-V-F-V-F.
brasileiro com maior número de negros em sua popu- b) V-V-V-V-F.
lação39. Como consequência, para assegurar a repre- c) F-F-V-F-F.
sentatividade e a inclusão, o art. 289, da Constituição d) V-F-V-F-V.
Estadual, estabelece que sempre que seja veiculada e) Todas as alternativas estão corretas.
publicidade estadual com mais de duas pessoas, con-
tar-se-á com uma da raça negra. Os artigos tratados são os seguintes:
Embora a Constituição Estadual fale, expressa- Art. 286 A sociedade baiana é cultural e historica-
mente, em raça negra, em termos biológicos, não é mente marcada pela presença da comunidade afro-
possível dividir os seres humanos em raças, uma vez -brasileira, constituindo a prática do racismo crime
que a palavra raça é utilizada para descrever grupos inafiançável e imprescritível, sujeito a pena de reclu-
que compartilham de características morfológicas são, nos termos da Constituição Federal.
homogêneas. Art. 287 Com países que mantiverem política oficial
No caso dos seres humanos, suas diferenças mais de discriminação racial, o Estado não poderá:
aparentes, como cor da pele, textura dos cabelos, for- I - admitir participação, ainda que indireta, através
mato do nariz, entre outras, são determinadas por um de empresas neles sediadas, em qualquer proces-
grupo insignificante de genes, incapazes de diferen-
so licitatório da administração pública direta ou
ciá-los em grupos homogêneos.
indireta;
Por fim, o art. 290, da Constituição Estadual, esta-
II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, atra-
belece, no calendário oficial, o Dia da Consciência
vés de delegações oficiais.
Negra, celebrado no dia 20 de novembro. Vale ressal-
Art. 288 A rede estadual de ensino e os cursos de for-
tar que a Lei federal nº 10.639/2003 instituiu a mesma
mação e aperfeiçoamento do servidor público civil e
data como Dia Nacional da Consciência Negra.
militar incluirão em seus programas disciplina que
valorize a participação do negro na formação histó-
rica da sociedade brasileira.
EXERCÍCIO COMENTADO Art. 289 Sempre que for veiculada publicidade esta-
dual com mais de duas pessoas, será assegurada a
1. (CEFET-BAHIA – 2018) Conforme o art. 286 da Cons- inclusão de uma da raça negra.
tituição do Estado da Bahia, que inaugura o Título Art. 290 O Dia 20 de novembro será considerado, no
VI da Ordem Econômica e Social, Capítulo XXIII - Do calendário oficial, como Dia da Consciência Negra.
Negro: “A sociedade baiana é cultural e historicamente Resposta: Letra E.
38 Art. 5º , XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da lei;
324 39 Disponível em: https://cidades.ibge.gov.br/brasil/pesquisa/23/25888?detalhes=true&localidade1=29. Acesso em: 29 mar. 2021.
Parágrafo único - Proceder-se-á da mesma forma
ATRIBUIÇÕES DO GOVERNADOR DO em caso de sanção tácita ou quando o Governador
ESTADO não mandar publicar, dentro de três dias, a lei cujo
veto tenha sido rejeitado pelo Poder Legislativo.
Art. 19 - A iniciativa das leis, salvo os casos expressos
de competência exclusiva, cabe a qualquer deputado,
às comissões ou à Secção Permanente da Assembléia,
ao Governador e, quando se tratar de divisão ou orga- JUSTIÇA MILITAR, MINISTÉRIO
nização judiciária, também ao Tribunal de Justiça.
Parágrafo único - Compete privativamente ao
PÚBLICO, PROCURADORIAS,
Governador a iniciativa dos projetos que modi- DEFENSORIA PÚBLICA
fiquem, durante o prazo de sua vigência, a lei de
fixação do efetivo da Polícia Militar, aumentem, a O artigo 3º da Constituição relaciona os objetivos
qualquer título, vencimentos de funcionários ou fundamentais do Estado brasileiro, o qual, assegurar
criem emprêgos em serviços já organizados, respei- a igualdade entre os brasileiros é basicamente o obje-
tadas as atribuições da Assembléia e do Tribunal de tivo que o Estado deve alcançar.
Justiça, quanto à organização de suas secretarias. O inciso I do mencionado dispositivo prevê como
Art. 20 - Não serão admitidos Projetos de lei que objetivo do Estado “construir uma sociedade livre, jus-
visem a: ta e solidária”, preceito estabelecido visando o bem
I - regular vantagens e interêsses de funcionários estar e qualidade de vida.
públicos em casos individuais, salvo quando se Entretanto, é necessário que o cidadão tenha aces-
tratar de reparação resultante de sentenças judi- so a uma maneira de exigir a garantia dos direitos
ciárias passadas em julgado ou de decisões admi- fundamentais perante o poder judiciário, dessa for-
nistrativas em que tenham sido observadas as ma, foram criados mecanismos que permitem acionar
prescrições legais. o poder judiciário em caso de violação de direitos e
II - estabelecer a cláusula cambial ou em ouro
garantias. Nesse ponto, a Constituição enumera algu-
para retribuição de serviços públicos, explorados
mas funções importantes para desenvolvimento das
diretamente pelo Estado ou por intermédio de
atividades do poder judiciário, ou seja, as funções
concessionários.
essenciais à justiça que tem como objetivo de garantir
o direito de acesso à justiça.
Art. 21 - Os projetos de lei não conterão matéria
Assim, de acordo com o Capítulo IV da CF/88 são
estranha ao enunciado de sua ementa e, quando de
funções essenciais à justiça, ao Ministério Público, à
iniciativa do Governador ou do Tribunal de Justiça,
Advocacia Pública e à Defensoria Pública.
deverão ser acompanhados da respectiva exposi-
ção de motivos.
Art. 22 - Os projetos de lei ou de resolução só pode- MINISTÉRIO DEFENSORIA
ADVOCACIA
rão ser discutidos, pelo menos vinte e quatro horas PÚBLICO PÚBLICA
ART. 131 A 133 CF
depois de publicados e incluídos na ordem do dia, ART. 127 A 130 CF ART. 134 A 135 CF
salvo por motivo de calamidade pública ou urgên- Advocacia Pública:
cia concedida por dois têrços da Assembléia. Promoção dos di-
Incumbido da or- representa e asses-
Parágrafo único - Os projetos de consolidação pode- reitos humanos, e
dem jurídica, dos sora os interesses
da defesa dos di-
rão ser aprovados em globo, depois de revistos por direitos sociais e do Estado.
reitos coletivos e
uma comissão especial da Assembléia ou pela Secção direitos individuais União: AGU
individuais de for-
Permanente. indisponíveis. Estados: Procurado-
ma não onerosa.
Art. 23 - Aprovado o projeto de lei, será encaminha- rias Estaduais.
do ao Governador que, dentro de dez dias, o sancio-
nará ou promulgará, mandando publicá-lo. MINISTÉRIO PÚBLICO
§ 1º - O silêncio do Governador no decêndio impor-
tará sanção. O Ministério Público é uma instituição permanen-
§ 2º - A sanção e a promulgação efetuam-se respec- te, incumbido da ordem jurídica, dos direitos sociais
tivamente, pelas seguintes fórmulas: e direitos individuais indisponíveis. Tem previsão no
I - “A Assembléia Legislativa decreta e eu sanciono art. 127 a 130 da CF/88, tem autonomia funcional e
a seguinte lei”. administrativa.
II - “A Assembléia Legislativa decreta e eu promul- Ainda, o art. 127 §1º da CF determina que são prin-
go a seguinte lei”. cípios institucionais do MP a unidade (membros inte-
§ 3º - Os projetos rejeitados não se renovarão na gram um só órgão sob direção do procurador geral),
mesma sessão legislativa, salvo mediante proposta indivisibilidade (não tem vinculação aos processos
DIREITO CONSTITUCIONAL

da maioria absoluta da Assembléia. em que atuam) e a independência funcional (não é


Art. 24 - Se o Governador julgar um projeto de lei subordinado aos poderes legislativo, executivo ou
ou resolução, no tôdo ou em parte, inconstitucional judiciário). Partindo desta base que os membros do
ou contrário ao interêsse público, opor-lhe-á veto Ministério Público elaboram suas funções.
motivado, devolvendo-o à Assembléia ou à Secção O Ministério Público é chefiado pelo Procurador
Permanente. Tratando-se de orçamento, devolver- Geral da República para o mandato de dois anos (per-
-lhe-á, apenas, a parte vetada. mitida recondução ao cargo anteriormente ocupado),
Parágrafo único - A Assembléia ou a Secção Perma- nomeado pelo Presidente da República, dentre os
nente, dentro de dez dias, submeterá o projeto veta- integrantes da carreira, com mais de 35 anos (art. 128,
do a uma só discussão e, se o aprovar, remetê-lo-á § 1º da CF).
ao Governador para a promulgação. A nomeação precisa ser aprovada por maioria
Art. 25 - As leis e resoluções da competência exclu- absoluta dos membros do Senado Federal, assim como
siva do Poder Legislativo serão promulgadas e a destituição também deverá ser presidida mediante
mandadas publicar pela Mesa da Assembléia ou da autorização da maioria absoluta do Senado (art. 128
Secção Permanente. § 2º da CF). 325
Tem garantidos a vitaliciedade, a inamovibilidade permanente controle jurisdicional dos atos, necessa-
e a irredutibilidade de subsídios, ou seja, após dois riamente documentados (Súmula Vinculante 14), pra-
anos de exercício, não pode perder o cargo (exceção: ticados pelos membros dessa instituição.
sentença judicial transitada em julgado) e não pode
ser removido sem ampla defesa. (STF. RE 593727 Tema de Repercussão Geral. STF. Min. Cezar Peluso,
O ingresso na carreira ocorre através de concurso julgado em 14.05.2015, DJe 08.09.2015)
público de provas e títulos, tem como requisitos ser
bacharel em direito e no mínimo três anos de ativida- Conforme também já considerou o STF o Ministé-
de jurídica, ainda na nomeação deve ser observada a rio Público não tem legitimidade processual para
ordem de classificação. requerer através de ação civil pública, pretensão
As funções atribuídas ao Ministério Público estão de natureza tributária em defesa dos contribuintes.
relacionadas no art. 129 da CF/88, vejamos:
DIREITO CONSTITUCIONAL. TRIBUTÁRIO. APE-
Art. 129 São funções institucionais do Ministério LAÇÃO INTERPOSTA EM FACE DE SENTENÇA
Público: PROFERIDA EM SEDE DE AÇÃO CIVIL PÚBLICA
I - promover, privativamente, a ação penal QUE DISCUTE MATÉRIA TRIBUTÁRIA (DIREITO
pública, na forma da lei; DOS CONTRIBUINTES À RESTITUIÇÃO DOS VALO-
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos RES PAGOS A TÍTULO DE TAXA DE ILUMINAÇÃO
e dos serviços de relevância pública aos direitos PÚBLICA SUPOSTAMENTE INCONSTITUCIONAL).
assegurados nesta Constituição, promovendo as ILEGITIMIDADE ATIVA “AD CAUSAM” DO MINIS-
medidas necessárias a sua garantia; TÉRIO PÚBLICO PARA, EM AÇÃO CIVIL PÚBLICA,
III - promover o inquérito civil e a ação civil DEDUZIR PRETENSÃO RELATIVA À MATÉRIA TRI-
pública, para a proteção do patrimônio públi- BUTÁRIA. REAFIRMAÇÃO DA JURISPRUDÊNCIA
co e social, do meio ambiente e de outros inte-
DA CORTE. REPERCUSSÃO GERAL RECONHECIDA.
resses difusos e coletivos;
(ARE 694294.Tema de Repercussão Geral. STF. Min.
IV - promover a ação de inconstitucionalidade ou
representação para fins de intervenção da União e Luiz Fux, julgado em 06.05.2013, DJe em 17.10.2014)
dos Estados, nos casos previstos nesta Constituição;
V - defender judicialmente os direitos e interesses Tema de Repercussão Geral: quando o STF analisa
das populações indígenas; questões relevantes sob o aspecto econômico, político,
VI - expedir notificações nos procedimentos admi- social ou jurídico. Assim, a decisão tomada pelo STF
nistrativos de sua competência, requisitando infor- será aplicada nos processos sobrestados (processo que
mações e documentos para instruí-los, na forma da está suspenso aguardando a análise da Corte sobre o
lei complementar respectiva; tema de repercussão geral) sobre o mesmo tema.
VII - exercer o controle externo da atividade poli-
cial, na forma da lei complementar mencionada no ADVOCACIA PÚBLICA
artigo anterior;
VIII - requisitar diligências investigatórias e a
Conforme prevê a Constituição Federal em seu art.
instauração de inquérito policial, indicados os
133 o advogado é essencial à administração da justiça
fundamentos jurídicos de suas manifestações
sendo inviolável por seus atos manifestos no exercício
processuais;
IX - exercer outras funções que lhe forem conferi- da profissão. A advocacia, no âmbito privado, atende
das, desde que compatíveis com sua finalidade, aos particulares e empresas; e a advocacia pública
sendo-lhe vedada a representação judicial e a con- representa e assessora os interesses do Estado.
sultoria jurídica de entidades públicas. É chefiada pelo Advogado Geral da União, que
deve ser cidadão maior de 35 anos de notável saber
Observe que o Ministério Público tem capacidade jurídico e reputação ilibada, sendo nomeado pelo Pre-
postulatória para promover o inquérito civil, ação sidente da República, conforme art. 131 § 1º da CF/88.
penal pública e ação civil pública para a proteção do
patrimônio público e social, do meio ambiente e de
outros interesses difusos e coletivos. Importante!
Conforme o art. 52, II e 102, I “c” da CF/88 o
Ministério público tem poder de investigação Advogado Geral da União é Julgado no Senado
Federal nos crimes de responsabilidade e pelo
O STF em tema de repercussão geral entendeu que STF nos crimes comuns.
o Ministério Público tem poder para promover, por
autoridade própria investigações de natureza penal,
conforme a tese assim sumulada: Nas funções da advocacia pública inclui consulto-
O Ministério Público dispõe de competência para pro- ria, onde o advogado assessora as Autoridades Públi-
mover, por autoridade própria, e por prazo razoável, cas, auxiliando o cumprimento da lei nos atos públicos
investigações de natureza penal, desde que respeita- e funções de contencioso, a qual representa em juízo
dos os direitos e garantias que assistem a qualquer os interesses do poder público.
indiciado ou a qualquer pessoa sob investigação do
Estado, observadas, sempre, por seus agentes, as Art. 131 A Advocacia-Geral da União é a instituição
hipóteses de reserva constitucional de jurisdição que, diretamente ou através de órgão vinculado,
e, também, as prerrogativas profissionais de que se representa a União, judicial e extrajudicialmente,
acham investidos, em nosso País, os Advogados (Lei cabendo-lhe, nos termos da lei complementar que
8.906/94, artigo 7º, notadamente os incisos I, II, III, XI, dispuser sobre sua organização e funcionamento,
XIII, XIV e XIX), sem prejuízo da possibilidade – sem- as atividades de consultoria e assessoramento jurí-
326 pre presente no Estado democrático de Direito – do dico do Poder Executivo.
Cada um dos entes da União possui sua respectiva I. É vedado a seus membros receber, saldo em casos
advocacia pública. No que tange aos estados e Distri- excepcionais, honorários, percentagens ou custas
to Federal, os procuradores terão ingresso na carreira processuais;
por meio de concurso público de provas e títulos com II. O Advogado Geral da União representa a União na exe-
a participação da OAB em todas as fases. É assegura- cução da dívida ativa de natureza tributária;
da a estabilidade após três anos de efetivo exercício, III. O advogado é dispensável à administração da justiça,
mediante avaliação de desempenho. sendo inviolável por seus atos e manifestações no exer-
cício da profissão, mesmo que fora dos limites da lei;
FEDERAL ESTADUAL DISTRITAL MUNICIPAL IV. A defesa dos direitos individuais e coletivos, de for-
ma integral e gratuita, aos necessitados, em todos os
Advocacia Procuradoria Procuradoria Procuradoria
graus e apenas no âmbito judicial, incumbe à Defenso-
Geral da União Geral do Geral do DF Geral
– AGU Estado Municipal ria Pública;
V. A destituição do Procurador-Geral da República, por
O Advogado Geral da União não representa a União iniciativa do Presidente da República, deverá ser pre-
nas dívidas de natureza tributária, a representação da cedida de autorização da maioria absoluta do Senado
União neste caso cabe à PGN – Procuradoria-Geral da Federal.
Fazenda Nacional, conforme consagra o art. 131 § 3º
da CF/88. Marque a alternativa que contém a(s) afirmativa(s) cor-
reta(s) com relação aos órgãos citados do enunciado.
DEFENSORIA PÚBLICA
a) Quatro delas: II, III, IV e V.
Instituição permanente com autonomia funcional b) Quatro delas: I, II, III e IV.
e administrativa que tem a atribuição da promoção c) Apenas a V.
dos direitos humanos, e da defesa dos direitos coleti- d) Apenas a III.
vos e individuais de forma não onerosa (gratuita aos e) Apenas a II.
necessitados) conforme consagra o art. 5º, LXXIV da
Constituição. O Ministério Público é chefiado pelo Procurador
Geral da República para o mandato de dois anos
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção (permitida recondução ao cargo anteriormente ocu-
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros
pado), nomeado pelo Presidente da República, após
e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilida-
a aprovação de seu nome pela maioria absoluta dos
de do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
membros do Senado Federal, bem como, a destitui-
rança e à propriedade, nos termos seguintes: [...]
LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica inte-
ção também deverá ser presidida mediante autori-
gral e gratuita aos que comprovarem insuficiência zação da maioria absoluta do Senado Federal (art.
de recursos; 128, § 1º e 2º da CF). Fique atento! Quem representa
a União nas dívidas de natureza tributária é a Pro-
Ainda, conforme art. 134, § 1º da CF as defensorias curadoria-Geral da Fazenda Nacional (art. 131 § 3º
públicas se organizam em cargos de carreiras, provi- da CF/88). Resposta: Letra C.
dos, na classe inicial, mediante concurso público de
provas e títulos. Aos integrantes é assegurada a garan- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A instituição permanen-
tia da inamovibilidade e proibido o exercício da advo- te, essencial à função jurisdicional do Estado, à qual
incumbe a defesa da ordem jurídica, do regime demo-
cacia fora das atribuições institucionais. crático e dos interesses sociais e individuais indispo-
Os integrantes da Advocacia Geral da União e ser- níveis é o (a)
vidores das defensorias públicas serão remunerados
na forma de subsídio. a) advocacia pública.
b) Conselho Nacional de Justiça.
Art. 135 Os servidores integrantes das carreiras c) polícia judiciária.
disciplinadas nas Seções II e III deste Capítulo
d) Defensoria Pública.
serão remunerados na forma do art. 39, § 4º
e) Ministério Público.
§ 4º O membro de Poder, o detentor de mandato
eletivo, os Ministros de Estado e os Secretários Ao Ministério Público é incumbido da ordem jurídi-
Estaduais e Municipais serão remunerados exclu- ca, dos direitos sociais e direitos individuais indis-
sivamente por subsídio fixado em parcela única,
poníveis. (art. 127 da CF/88) Resposta: Letra E.
vedado o acréscimo de qualquer gratificação, adi-
cional, abono, prêmio, verba de representação ou
DIREITO CONSTITUCIONAL

outra espécie remuneratória, obedecido, em qual-


quer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
HORA DE PRATICAR!
Ainda, o subsídio deverá ser fixado ou alterado por lei
específica, observada a iniciativa privada de cada caso. 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa que completa cor-
retamente a lacuna.
O poder capaz de criar uma nova realidade a partir da
elaboração de uma Constituição Federal é chamado
EXERCÍCIOS COMENTADOS ____.

1. (INSTITUTO ACESSO – 2019) A Constituição define a) Poder Constituinte Originário


dentre as funções essenciais à justiça a existência do b) Poder Constituinte Derivado
Ministério Público, da Advocacia Pública, da Advoca- c) Poder Constituinte de Grau Inicial
cia e da Defensoria Pública. Seguem-se cinco afirma- d) Poder Constituinte Contextual
ções sobre os órgãos citados: e) Poder Constituinte Estruturativo 327
2. (IBFC – 2020) O artigo 4° da Constituição Federal d) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
preocupou-se fundamentalmente com a definição dos direito líquido e certo, não amparado por habeas cor-
princípios que devem orientar o Estado brasileiro nas pus ou habeas data, quando o responsável pela ilega-
suas relações internacionais. Nesse ponto, cumpre lidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
sublinhar que o relacionamento do Estado brasileiro agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
com países estrangeiros ou organismos internacio- do Poder Público
nais constitui-se de atos identificadores da soberania e) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger
do País no plano internacional. Leia atentamente os direito líquido e certo, não amparado por habeas cor-
itens abaixo e, nos termos da Constituição de 1988, pus ou habeas data, quando o responsável pela ilega-
assinale a alternativa que não contém princípio regen- lidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
te das relações internacionais brasileiras. agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições
a) Pluralismo político da iniciativa privada
b) Prevalência dos direitos humanos
c) Repúdio ao terrorismo e ao racismo 5. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a con-
d) Cooperação entre os povos para o progresso da dição de uma criança nascida no Brasil, enquanto seus
humanidade pais estejam visitando o país como turistas, nos termos
e) Concessão de asilo político da Constituição da República Federativa do Brasil.

3. (IBFC – 2020) Quem deve respeitar os direitos e a) Brasileira naturalizada


garantias fundamentais? Essa questão refere-se aos b) Estrangeira
sujeitos passivos ou destinatários das obrigações de c) Estrangeira residente
observância e proteção ativa que decorrem dos direi- d) Brasileira desde que seja sua opção voluntária, assim
tos e garantias, por mais abstratos e indefinidos que declarada por pelo menos um dos genitores
sejam. Sobre os destinatários dos direitos fundamen- e) Brasileira nata
tais, analise as afirmativas abaixo e dê valores Verda-
deiro (V) ou Falso (F). 6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
( ) Os direitos fundamentais, em regra, destinam-se a idade mínima para candidatura nos termos da Consti-
proteção dos estrangeiros residentes no país e, tam- tuição da República Federativa do Brasil.
bém, dos de passagem pelo País.
( ) Os direitos fundamentais destinam-se à proteção a) Vinte e um anos para o cargo de Presidente da Repú-
dos apátridas. blica e dezoito anos para o cargo de Vereador
( ) Os direitos fundamentais destinam-se à proteção das b) Trinta e cinco anos para o cargo de Senador e dezoito
pessoas jurídicas, observadas suas particularidades. anos para o cargo de Vereador
( ) O destinatário principal do dever de respeitar os c) Trinta e cinco anos para o cargo de Presidente da
direitos dos indivíduos é o Estado no sentido mais República e dezoito anos para o cargo de Deputado
amplo do termo. Sendo, também, atualmente pos- Estadual
sível ter como destinatário um particular a partir do d) Trinta anos para o cargo de Deputado Federal e Vinte e
reconhecimento do efeito horizontal dos direitos cinco anos para o cargo de Vereador
fundamentais. e) Trinta e cinco anos para o cargo de Presidente da
República e dezoito anos para o cargo de Deputado
Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor- Federal
reta de cima para baixo.

a) V, V, V, V 7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a


b) V, V, F, F Administração Pública, nos termos da Constituição da
c) V, F, F, V República Federativa do Brasil.
d) F, F, V, V
e) F, V, V, F a) Os atos de improbidade administrativa importarão a
suspensão dos direitos políticos, a perda da função
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre os pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimen-
remédios constitucionais nos termos da Constituição to ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
da República Federativa do Brasil. ficando excluída a possibilidade da ação penal cabível
b) Não haverá prescrição para ilícitos praticados por
a) Conceder-se-á Habeas Corpus para proteger direito
qualquer agente, servidor ou não, que causem prejuí-
líquido e certo, não amparado por habeas data, quan-
zos ao erário
do o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder
c) A lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilíci-
for autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no
tos praticados por qualquer agente, servidor ou não,
exercício de atribuições do Poder Público
b) Conceder-se-á mandado de segurança para proteger que causem prejuízos ao erário, afastadas quaisquer
direito líquido e certo, não amparado por habeas cor- ações de ressarcimento
pus ou habeas data, quando o responsável pela ilegali- d) Os atos de improbidade administrativa importarão a
dade ou abuso de poder for autoridade pública, não se suspensão dos direitos políticos, a perda da função
aplicando essa regra ao agente de pessoa jurídica no pública, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimen-
exercício de atribuições do Poder Público to ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem
c) Conceder-se-á habeas data para proteger direito líqui- prejuízo da ação penal cabível
do e certo, não amparado por habeas corpus, quando e) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito
o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for privado prestadoras de serviços públicos responderão
autoridade pública, não se aplicando essa regra ao pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, cau-
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições sarem a terceiros, ficando afastado o direito de regres-
328 do Poder Público so contra o responsável nos casos de dolo ou culpa
8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre o 11. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
Servidor Público, nos termos da Constituição da Repú- segurança pública nos termos da Constituição da
blica Federativa do Brasil. República Federativa do Brasil.

a) São estáveis após três anos de efetivo exercício, os a) A polícia federal, instituída por lei como órgão provisório,
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- organizado e mantido pela União e estruturado em carreira
vo em virtude de concurso público e o servidor públi- b) A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
co estável só perderá o cargo em virtude de sentença nente, organizado e mantido pela União e pelos Esta-
dos e estruturado em carreira
judicial transitada em julgado
c) A polícia federal, instituída por lei como órgão provisó-
b) São estáveis após cinco anos de efetivo exercício os
rio, organizado e mantido pela União e pelos Estados
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- e estruturado em carreira
vo em virtude de concurso público e o servidor públi- d) A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
co estável só perderá o cargo em virtude de sentença nente, organizado e mantido pela União e pelos Esta-
judicial transitada em julgado dos e não estruturado em carreira
c) São estáveis após três anos de efetivo exercício os e) A polícia federal, instituída por lei como órgão perma-
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- nente, organizado e mantido pela União e estruturado
vo em virtude de concurso público e o servidor público em carreira
estável perderá o cargo, entre outras hipóteses, em vir-
tude de sentença judicial transitada em julgado 12. (IBFC – 2020) Os direitos sociais, direitos de segunda
d) São estáveis após cinco anos de efetivo exercício os dimensão, apresentam-se como prestações positivas
servidores nomeados para cargo de provimento efeti- a serem implementadas pelo Estado (Social de Direi-
vo em virtude de concurso público e o servidor público to) e tendem a concretizar a perspectiva de uma iso-
estável só perderá o cargo mediante processo admi- nomia substancial e social na busca de melhores e
adequadas condições de vida. Sobre a Ordem Social
nistrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa
assinale a alternativa correta.
e) São estáveis após três anos de efetivo exercício os
servidores nomeados para cargo de provimento efeti-
a) A educação é direito de todos e dever exclusivo do
vo em virtude de concurso público e o servidor público Estado
estável só perderá o cargo mediante processo admi- b) O Estado protegerá as manifestações das culturas
nistrativo em que lhe seja assegurada ampla defesa populares, indígenas e afro-brasileiras, e das de gru-
pos participantes do processo civilizatório nacional
9. (IBFC – 2020) A segurança pública, dever do Estado, c) As ações e serviços públicos de saúde integram uma
direito e responsabilidade de todos, é exercida para a rede regionalizada e hierarquizada e constituem um
preservação da ordem pública e da incolumidade das sistema único, organizado de forma centralizada, com
pessoas e do patrimônio. Considerando sua estrutu- direção única em cada esfera de governo
ra, assinale a alternativa que não contém um de seus d) É dever do Estado fomentar práticas desportivas for-
órgãos. mais e não formais, como direito de cada um, observa-
do a destinação de recursos públicos para a promoção
a) Guardas Municipais prioritária do desporto de alto rendimento
e) É livre a manifestação do pensamento, sendo inconsti-
b) Polícia Federal
tucional a regulamentação de diversões e espetáculos
c) Polícia Rodoviária Federal
públicos, mesmo que para a indicação de faixas etá-
d) Polícias Civis rias a que não se recomendem
e) Polícias militares e corpos de bombeiros militares
13. (IBFC – 2020) Nos termos da Constituição do Estado
10. (IBFC – 2020) A Polícia Federal, instituída por lei como da Bahia, analise as afirmativas abaixo quanto às atri-
órgão permanente, é organizada e mantida pela União buições do Governador de Estado.
e estruturada em carreira. Sobre suas atribuições,
assinale a alternativa correta. I. Compete privativamente ao Governador do Estado exer-
cer, com auxílio dos Secretários de Estado, a direção
a) Dirigida por delegados de polícia de carreira, incum- superior da administração estadual.
bem, ressalvada a competência da União, as funções II. Compete privativamente ao Governador do Estado
de polícia judiciária e a apuração de infrações penais, decretar e fazer executar a intervenção no Município,
exceto as militares na forma da Constituição do Estadual.
DIREITO CONSTITUCIONAL

b) Cabe a ela o exercício da polícia ostensiva e a preser- III. Compete privativamente ao Governador do Estado
vação da ordem pública decretar as situações de emergência e estado de cala-
c) Destina-se a apurar infrações penais contra a ordem midade pública.
IV. Compete privativamente ao Governador do Estado
política e social ou em detrimento de bens, serviços e
exercer o comando supremo da Polícia Militar e do
interesses da União ou de suas entidades autárquicas
Corpo de Bombeiros Militar, promover seus oficiais e
e empresas públicas, assim como outras infrações cuja nomeá-los para os cargos que lhe são privativos.
prática tenha repercussão interestadual ou internacio-
nal e exija repressão uniforme, segundo dispuser em lei Assinale a alternativa correta.
d) Exerce as funções de polícia marítima e execução de
atividade da defesa civil a) Apenas as afirmativas II e IV estão corretas
e) Destina-se ao patrulhamento ostensivo das ferrovias b) Apenas as afirmativas I, II e IV estão corretas
federais, bem como prevenir e reprimir o tráfico ilíci- c) Apenas a afirmativa II está correta
to de entorpecentes e drogas afins, o contrabando e o d) As afirmativas I, II, III e IV estão corretas
descaminho e) Apenas as afirmativas II e III estão corretas 329
14. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a d) São princípios em que o Brasil rege-se nas suas rela-
Defensoria Pública nos termos da Constituição do ções internacionais a não-intervenção, a cooperação
Estado da Bahia. entre os povos para o progresso da humanidade e a
concessão de asilo político
a) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Governa-
dor e escolhido, dentre os integrantes da carreira com 17. (IBFC – 2019) A Constituição Federal de 1988 elen-
mais de 35 anos de idade, de lista tríplice composta ca os objetivos fundamentais da República Federativa
pelos candidatos mais votados pelos Defensores do Brasil. Dentre as alternativas abaixo, assinale a que
Públicos, no efetivo exercício de suas funções apresenta um desses objetivos fundamentais.
b) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Gover-
nador e escolhido, dentre os integrantes da carreira a) Conceder asilo político
com mais de 30 anos de idade, de lista tríplice com- b) Garantir o desenvolvimento nacional
posta pelos candidatos melhor classificados no Con-
c) Assegurar a defesa da paz
curso Público específico para a função de Defensor
d) Estabelecer cooperação entre os povos para o pro-
Público-Geral
gresso da humanidade
c) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presi-
dente da Ordem dos Advogados do Brasil e escolhido,
dentre os integrantes da carreira com mais de 35 anos 18. (IBFC – 2014) “ As hipóteses previstas na Constitui-
de idade, de lista tríplice composta pelos candidatos ção Federal de iniciativa reservada do Presidente da
mais votados pelos Advogados, no efetivo exercício República devem ser observadas em âmbito estadual,
de suas funções distrital e municipal.” A assertiva retira se fundamento
d) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presi- de validade dos Princípios:
dente do Tribunal de Justiça e escolhido, dentre os
integrantes da carreira com mais de 25 anos de ida- a) Da Simetria e da Separação de Poderes.
de, de lista tríplice composta pelos candidatos melhor b) Da Autonomia dos Entes Federativos e do Pacto
classificados no Concurso Público específico para a Federativo.
função de Defensor Público-Geral c) Do Livre Exercício dos Poderes e da Integridade
e) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presi- Nacional.
dente da Ordem dos Advogados do Brasil e escolhido, d) Da Simetria e da Integridade Nacional.
dentre os integrantes da carreira com mais de 30 anos
de idade, de lista tríplice composta pelos candidatos 19. (IBFC – 2013) Constituem objetivos fundamentais da
mais votados pelos Defensores Públicos e Promoto-
República Federativa do Brasil, exceto:
res de Justiça, no efetivo exercício de suas funções ou
em afastamento
a) Garantir o desenvolvimento nacional.
15. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta conside- b) Erradicar a pobreza e a marginalização
rando as normas previstas no texto da Constituição c) Reduzir as desigualdades sociais e regionais.
do Estado da Bahia sobre veiculação de publicidade d) Construir uma sociedade livre, justa e solidária.
estadual. e) Formar de uma comunidade latino-americana de
nações.
a) Deve haver ao menos uma pessoa da raça negra quan-
do a referida publicidade tiver mais de duas pessoas 20. (IBFC – 2019) No que se refere às disposições sobre
b) Sempre deverá haver uma pessoa da raça negra na
segurança pública na Constituição Federal de 1988,
referida publicidade, independentemente do número
assinale a alternativa correta.
de pessoas nela incluídas
c) Só poderá haver pessoas da raça negra na referida
publicidade que tiver até cinco pessoas a) São órgãos pertencentes à segurança pública às poli-
d) Sempre deverá haver duas pessoas da raça negra na cias civis, polícias militares, corpos de bombeiros mili-
referida publicidade, independentemente do número tares e os agentes de saúde
de pessoas nela incluídas b) A segurança pública é direito apenas daqueles que
e) Só poderá haver pessoas da raça negra na referida pagam os impostos e taxas em dia
publicidade que tiver até três pessoas c) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia
de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
16. (IBFC – 2020) Os princípios fundamentais da Repú- União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
blica Federativa do Brasil encontram-se enumerados infrações penais, exceto as militares
de forma expressa nos artigos do 1º ao 4º da Consti- d) As polícias militares e corpos de bombeiros militares
tuição Federal de 1988. Acerca deste tema, assinale a subordinam-se apenas aos Prefeitos dos Municípios
alternativa correta.

a) São fundamentos da República Federativa do Brasil a 9 GABARITO


soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa huma-
na, os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa, o
pluralismo político e o desenvolvimento nacional 1 A
b) Promover o bem de todos, sem preconceitos de ori-
2 A
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
de discriminação consiste em um dos princípios que 3 A
a República Federativa do Brasil rege-se nas suas rela-
ções internacionais 4 D
c) Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
desigualdades socais e regionais é um dos objetivos 5 E
fundamentais do Brasil, ao lado da igualdade entre os 6 B
330 estados
7 D

8 C

9 A

10 C

11 E

12 B

13 D

14 A

15 A

16 D

17 B

18 A

19 E

20 C

ANOTAÇÕES

DIREITO CONSTITUCIONAL

331
ANOTAÇÕES

332
Administração Pública. A supremacia do interesse
público sobre o privado é um aspecto fundamental
para o exercício da função administrativa. Podemos
citar como exemplo a desapropriação de um imóvel

DIREITO ADMINISTRATIVO
pertencente a um particular: o particular pode ter
interesse em não ter seu bem desapropriado, ou achar
o valor da indenização injusto, mas ele não pode ter
interesse em extinguir o instituto da expropriação
administrativa. Trata-se de um instituto que deve
existir, independentemente da sua vontade.
Mas se o Estado apenas tivesse prerrogativas, com
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: certeza ele agiria com abuso de autoridade. É por isso
PRINCÍPIOS E CONTEXTO que ao Estado também lhe incumbe uma série de
deveres, fundadas pelo princípio da indisponibilida-
PRINCÍPIOS BÁSICOS DO DIREITO de do interesse público. Tal princípio pressupõe que
ADMINISTRATIVO: LEGALIDADE, o Poder Público não é dono do interesse público, ele
IMPESSOALIDADE, MORALIDADE, PUBLICIDADE, deve manuseá-lo segundo o que a norma lhe impõe.
EFICIÊNCIA É por isso que ele não pode se desfazer de patrimô-
nio público, contratar quem ele quiser, realizar gas-
Por motivos didáticos, costuma-se dividir as nor- tos sem prestar contas a seu superior, etc. Tais atos
mas cogentes em regras e princípios. Regras são nor- configuram em desvio de finalidade, uma vez que o
mas cogentes que traduzem um comando direto, são objetivo principal deles não é de interesse público,
criadas pelo legislador (portanto, são positivadas), mas apenas do próprio agente, ou de algum terceiro
e são utilizadas para a solução de casos concretos e beneficiário.
específicos. Os princípios, por sua vez, delimitam os
valores fundamentais de um ramo do direito, pos- Princípios Constitucionais da Administração Pública
suem conteúdo muito mais abrangente. São conside-
rados mais importantes, dado o seu caráter geral e
São os princípios expressos, previstos no Texto
abstrato. Os princípios são descobertos pela doutrina,
Constitucional, mais especificamente no caput do art.
através da análise das regras, retirando os aspectos
37. Segundo o referido dispositivo:
concretos desta. O legislador, dessa forma, tem um
papel indireto na criação dos princípios.
“A administração pública direta e indireta de qual-
Apesar das diferenças mencionadas, é indiscutível
quer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
que os princípios e as regras são normas que apresen-
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios
tam força cogente máxima. Porém, como os princípios
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publici-
possuem valores fundamentais de um ramo jurídico, dade e eficiência”.
são considerados hierarquicamente superiores. Vio-
lar uma regra é um erro grave, mas violar um prin-
Assim, esquematicamente, temos os princípios
cípio é erro gravíssimo: é cometer ofensa a todo um
constitucionais da:
ordenamento de comandos.
z Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
DOS PRINCÍPIOS DE DIREITO ADMINISTRATIVO
Direito, as atividades do gestor público estão sub-
missas a forma da lei. A legalidade promove maior
Os princípios de Direito Administrativo são,
segurança jurídica para os administrados, na
assim, os princípios que atuam como diretrizes sistê-
medida em que proíbe que a Administração Públi-
micas do próprio regime jurídico-administrativo. Os
princípios que regem a atividade da Administração ca pratique atos abusivos. Ao contrário dos parti-
Pública são vastos, podendo estar explícitos em nor- culares, que podem fazer tudo aquilo que a lei não
ma positivada, ou até mesmo implícitos, porém deno- proíbe, a Administração só pode realizar o que lhe
tados segundo a interpretação das normas jurídicas. é expressamente autorizado por lei;
Temos, assim: princípios gerais de Direito Adminis- z Impessoalidade: a atividade da Administração
trativo, os princípios constitucionais, e os princípios Pública deve ser imparcial, de modo que é vedado
infraconstitucionais. haver qualquer forma de tratamento diferenciado
entre os administrados. Esse princípio apresenta
DIREITO ADMINISTRATIVO

Princípios Gerais de Direito Administrativo algumas vertentes que são importantes conhecer.
A primeira diz respeito à finalidade: há uma for-
Os princípios gerais de Direito Administrativo, te relação entre a impessoalidade e a finalidade
são os princípios basilares desse ramo jurídico, sen- pública, pois quem age por interesse próprio não
do aplicáveis ante ao fato de a Administração Públi- condiz com a finalidade do interesse público. A
ca ser considerada pessoa jurídica de direito público. outra vertente diz respeito a pessoa do adminis-
São princípios implícitos, uma vez que eles não preci- trador, pois a atividade administrativa é conside-
sam estar expressos na legislação para que a doutri- rada de seus órgãos e pessoas jurídicas, e nunca de
na aceite sua existência, afinal, sem esses princípios seus agentes; pessoas físicas. Esse é o fundamento
a Administração não poderia funcionar direito. São da chamada “Teoria do Órgão”. Por causa disso, é
dois: o princípio da supremacia do interesse público, e vedada a possibilidade do agente público de utili-
o princípio da indisponibilidade do interesse público. zar os recursos da Administração Pública para fins
O princípio da supremacia do interesse públi- de promoção pessoal, conforme aponta o § 1º do
co é o princípio que dá os poderes e prerrogativas à art. 37 da CF/1988; 333
z Moralidade: a Administração impõe a seus agen- necessária a intervenção judicial para que a própria
tes o dever de zelar por uma “boa-administra- Administração anule ou revogue esses atos.
ção”, buscando atuar com base nos valores da Não havendo necessidade de recorrer ao Poder
moral comum, isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e Judiciário, quis o legislador que a Administração
lealdade. A moralidade não é somente um prin- possa, dessa forma, promover maior celeridade na
cípio, mas também requisito de validade dos atos recomposição da ordem jurídica afetada pelo ato ilí-
administrativos; cito, e garantir maior proteção ao interesse público
z Publicidade: a publicação dos atos da Administra- contra os atos inconvenientes.
ção promove maior transparência e garante eficá- Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999:
cia erga omnes. Além disso, também diz respeito
ao direito fundamental que toda pessoa tem de “A Administração deve anular seus próprios atos,
obter acesso a informações de seu interesse pelos quando eivados de vício de legalidade, e pode revo-
órgãos estatais, salvo as hipóteses em que esse gá-los por motivo de conveniência ou oportunida-
direito ponha em risco a vida dos particulares ou de, respeitados os direitos adquiridos”.
o próprio Estado, ou ainda que ponha em risco a
vida íntima dos envolvidos; A distinção feita pelo legislador é bastante opor-
z Eficiência: implementado pela reforma adminis- tuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anu-
trativa promovida pela Emenda Constitucional latório, e a discricionariedade do ato revogatório. A
nº 19 de 1998, a eficiência se traduz na tarefa da Administração pode revogar os atos inconvenientes,
Administração de alcançar os seus resultados de mas tem o dever de anular os atos ilegais.
uma forma célere, promovendo melhor produti- A autotutela também tem previsão em duas súmu-
vidade e rendimento, evitando gastos desneces- las do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A
sários no exercício de suas funções. A eficiência Administração Pública pode declarar a nulidade de
fez com que a Administração brasileira adquiris- seus próprios atos”; e a Súmula nº 473: “A administra-
se caráter gerencial, tendo maior preocupação na ção pode anular seus próprios atos, quando eivados de
execução de serviços com perfeição ao invés de se vícios que os tornam ilegais, porque deles não se origi-
preocupar com procedimentos e outras burocra- nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniên-
cias. A adoção da eficiência, todavia, não permite à cia ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos,
Administração agir fora da lei, não se sobrepõe ao e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
princípio da legalidade;
Princípio da Motivação

Importante! Um princípio implícito, também pode constar


em algumas questões como “princípio da obrigató-
Um método que facilita a memorização desses ria motivação”. Trata-se de uma técnica de controle
princípios é a palavra “limpe”, pois temos os prin- dos atos administrativos, o qual impõe à Administra-
cípios da: ção o dever de indicar os pressupostos de fato e de
Legalidade direito que justificam a prática daquele ato. A fun-
Impessoalidade damentação da prática dos atos administrativos será
Moralidade sempre por escrito. Possui previsão no art. 50 da Lei
Publicidade nº 9.784/1999: “Os atos administrativos deverão ser
Eficiência motivados, com indicação dos fatos e dos fundamen-
tos jurídicos, quando (...)”; e também no art. 2º, par.
único, VII, da mesma Lei: “Nos processos administra-
Princípios Reconhecidos em Legislação tivos serão observados, entre outros, os critérios de:
Infraconstitucional VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
que determinarem a decisão”. A motivação é uma
Os princípios administrativos não se esgotam no decorrência natural do princípio da legalidade, pois a
âmbito constitucional. Existem outros princípios cuja prática de um ato administrativo fundamentado, mas
previsão não está disposta na Carta Magna, e sim que não esteja previsto em lei, seria algo ilógico.
na legislação infraconstitucional, sendo reconheci- Convém estabelecer a diferença entre motivo e
dos tanto pela doutrina como pela jurisprudên- motivação. Motivo é o ato que autoriza a prática da
cia. É o caso do disposto no caput do art. 2º da Lei nº medida administrativa, portanto, antecede o ato
9.784/1999: administrativo. A motivação, por sua vez, é o funda-
mento escrito, de fato ou de direito, que justifica a
“A Administração Pública obedecerá, dentre outros, prática da referida medida. Exemplo: na hipótese de
aos princípios da legalidade, finalidade, motivação, alguém sofrer uma multa por ultrapassar limite de
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, velocidade, a infração é o motivo (ultrapassagem do
ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, limite máximo de velocidade); já o documento de noti-
interesse público e eficiência”. ficação da multa é a motivação. A multa seria, então, o
ato administrativo em questão.
Princípio da Autotutela Quanto ao momento correto para sua apresenta-
ção, entende-se que a motivação pode ocorrer simul-
A autotutela é um princípio que diz respeito ao taneamente, ou em um instante posterior a prática do
controle interno que a Administração Pública exer- ato (em respeito ao princípio da eficiência). A motiva-
ce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, ção intempestiva, isso é, aquela dada em um momen-
havendo algum ato administrativo ilícito ou que seja to demasiadamente posterior, é causa de nulidade do
334 inconveniente e contrário ao interesse público, não é ato administrativo.
Princípio da Finalidade Esses não são os únicos princípios que regem as
relações da Administração Pública. Porém, escolhe-
Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, mos trazer com mais detalhes os princípios que jul-
da Lei nº 9.784/1999. gamos ser mais característicos da Administração. Isso
não quer dizer que outros princípios não possam ser
“Nos processos administrativos serão observados, estudados ou aplicados a esse ramo jurídico. A Admi-
entre outros, os critérios de: II - atendimento a fins de nistração também deve atender aos princípios da res-
interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial de ponsabilidade, ao princípio da segurança jurídica, ao
poderes ou competências, salvo autorização em lei”. princípio do contraditório e ampla defesa, ao princí-
pio da isonomia, entre outros.
O princípio da finalidade muito se assemelha ao da
primazia do interesse público. O primeiro impõe que
o Administrador sempre aja em prol de uma finalida-
de específica, prevista em lei. Já o princípio da supre- EXERCÍCIOS COMENTADOS
macia do interesse público diz respeito à sobreposição
do interesse da coletividade em relação ao interesse 1. (FCC – 2020) Considerando os princípios que regem a
privado. A finalidade disposta em lei pode, por exem- Administração Pública, de acordo com o princípio da:
plo, ser justamente a proteção ao interesse público.
Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo I. Indisponibilidade do interesse público, os interesses
ato, além de ser devidamente motivado, possui um públicos não se encontram à livre disposição do Admi-
fim específico, com a devida previsão legal. O desvio nistrador público.
de finalidade, ou desvio de poder, são defeitos que tor- II. Supremacia do interesse público, a Administração
nam nulo o ato praticado pelo Poder Público. Pública está sempre acima dos direitos e garantias
individuais.
Princípio da Razoabilidade III. Segurança jurídica, deve ser prestada a assistência
jurídica integral e gratuita aos que comprovem insufi-
Agir com razoabilidade é decorrência da própria ciência de recursos.
noção de competência. Todo poder tem suas corres- IV. Continuidade do serviço público, o serviço público,
pondentes limitações. O Estado deve realizar suas atendendo a necessidades essenciais da coletividade,
como regra, não deve parar.
funções com coerência, equilíbrio e bom senso. Não
basta apenas atender à finalidade prevista na lei, mas
Está correto o que se afirma APENAS em
é de igual importância o como ela será atingida. É uma
decorrência lógica do princípio da legalidade.
Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracio- a) II e III.
b) I e II.
nais e incoerentes, são incompatíveis com o interesse
c) III e IV.
público, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário
d) I e IV.
ou pela própria entidade administrativa que prati-
e) II e IV.
cou tal medida. Em termos práticos, a razoabilidade
(ou falta dela) é mais aparente quando tenta coibir o
A frase II está errada, é verdade que a Administra-
excesso pelo exercício do poder disciplinar ou poder
ção Pública se encontra em uma posição superior
de polícia. Poder disciplinar traduz-se na prática de
em relação aos particulares. Todavia, isso não sig-
atos de controle exercidos contra seus próprios agen-
nifica que ela esteja, também, acima dos direitos e
tes, isso é, de destinação interna. Poder de polícia é o
garantias individuais. A frase III está errada, a segu-
conjunto de atos praticados pelo Estado que tem por rança jurídica é uma garantia concedida a todos os
escopo limitar e condicionar o exercício de direitos cidadãos e impede que a Administração Pública ata-
individuais e o direito à propriedade privada. que situações jurídicas já resolvidas anteriormente.
A frase, na verdade, trata do benefício da assistên-
Princípio da Proporcionalidade cia judiciária gratuita. Resposta: Letra D.

O princípio da proporcionalidade tem similitudes 2. (VUNESP – 2020) Em Direito Administrativo, quando


com o princípio da razoabilidade, sendo implícito se fala que nem tudo que é legal é honesto, estamos
também. Há muitos autores, inclusive, que preferem nos referindo ao princípio constitucional
unir os dois princípios em uma nomenclatura só. De
DIREITO ADMINISTRATIVO

fato, a Administração Pública deve atentar-se a exage- a) implícito da finalidade administrativa.


ros no exercício de suas funções. A proporcionalidade b) implícito da motivação administrativa.
é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a c) explícito da moralidade administrativa.
justa medida na prática de atos administrativos. Bus- d) explícito do poder-dever do administrador público.
ca evitar extremos, exageros, pois podem ferir o inte- e) explícito da publicidade.
resse público.
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº A letra A está errada, o princípio da finalidade diz
9.784/1999, deve o Administrador agir com “adequa- respeito aos atos administrativos, porque eles devem
ção entre meios e fins, vedada a imposição de obriga- sempre cumprir uma finalidade específica, que é o
ções, restrições e sanções em medida superior àquelas interesse público. Todos os atos que acarretem em
estritamente necessárias ao atendimento do interes- interesses pessoais, do administrador ou de direitos,
se público”. Na prática, a proporcionalidade também costuma-se dizer que tais atos possuem desvio de fina-
encontra sua aplicação no exercício do poder discipli- lidade, e devem ser anulados. A letra B está errada, o
nar e do poder de polícia. princípio da motivação também diz respeito aos atos 335
administrativos, mas a diferença é que este impõe Por meio deles, a Administração Pública irá procu-
que os atos administrativos devem estar devidamen- rar os efeitos jurídicos ligados aos diversos interesses
te motivados, não existe ato administrativo sem uma públicos que estará buscando, de acordo com cada
fundamentação, sem uma razão de ser. A letra D está situação.
errada, não existe um princípio explícito do poder-de-
ver do administrador público. A letra E está errada, z Ato administrativo: manifestação unilateral da
pois o princípio da publicidade traduz-se na exigência Administração Pública com objetivo de atingir o
interesse público por meio de efeitos jurídicos.
de que todos os atos administrativos sejam públicos.
Isso garante maior transparência e fiscalização por
Devemos ter em mente que esse conceito deve ser
parte dos cidadãos. Resposta: Letra C.
entendido como a atuação da Administração Públi-
ca, em regra, por meio de seu poder de império, se
3. (FCC – 2019) O direito administrativo disciplina a impondo perante o particular.
função administrativa dos entes federados, órgãos, Por outro lado, o termo atos da administração
agentes e atividades desenvolvidas pela Administra- será entendido quando a Administração Pública atua
ção Pública. Entre seus princípios está a legalidade, ou desprovida de seu poder de império, portanto em
seja, cabe à Administração Pública: igualdade com o particular.
Não confunda atos administrativos com atos da
a) Apresentar resultados positivos para o serviço público, administração. Os atos administrativos são predomi-
bem como o atendimento das necessidades públicas. nantemente regidos pelo direito público, enquanto os
b) Promover a qualificação de agentes públicos que atos da administração, predominantemente regidos
apresentem comportamento de acordo com o interes- pelo direito privado.
se público.
c) Ser composta por agentes públicos que não usem a Fato Jurídico –
administração pública para a promoção pessoal. Sentido estrito
d) Ter credibilidade voltada para transparência na defesa Fato Jurídico –
de direitos para a oferta de informações nos órgãos Sentido Amplo
públicos. Ato
Ato Jurídico
Administrativo
e) Atuar de acordo com a lei e finalidades expressas ou
implícitas previstas no Direito.
REQUISITOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
A questão é bem fácil, ela exige que o candidato
conheça o princípio da legalidade, que é um dos São cinco os requisitos ou elementos do ato admi-
mais característicos desse ramo. O princípio da nistrativo: competência, finalidade, forma, motivo
legalidade se resume à vinculação das ações dos e objeto. Quando temos a ausência ou algum tipo de
administradores aos termos da Lei. Há pouca mar- vício sobre um deles, poderemos ter até mesmo a nuli-
gem de liberdade para o servidor atuar, uma vez que dade total do ato. Vejamos cada um deles.
se o fizer, estará cometendo uma ilegalidade, e pode
ser punido por isso. Resposta: Letra E. Competência

É o conjunto de atribuições de determinado agente


público, entidade ou órgão. Para que haja o respeito a
esse requisito, é necessário que autoridade que prati-
ATOS ADMINISTRATIVOS ca o ato esteja respaldada por atos normativos, ainda
que infralegais.
CONCEITO, REQUISITOS, ATRIBUTOS, A competência é irrenunciável, intransferível
ANULAÇÃO, REVOGAÇÃO E CONVALIDAÇÃO, e imprescritível (não se extingue com o decurso do
DISCRICIONARIEDADE E VINCULAÇÃO tempo). No entanto, a lei permite a delegação e a avo-
cação. Esta sempre ocorrerá no contexto hierárquico
Conceito entre os órgãos envolvidos, o que não se impõe ao ins-
tituto da delegação, que poderá ocorrer entre órgãos
Vejamos primeiramente o conceito de fato jurídico sem subordinação hierárquica.
para que possamos, posteriormente, melhor entender Vejamos agora alguns vícios que podem recair
o conceito de ato administrativo. sobre o requisito competência.
Fato jurídico, em sentido amplo, é todo e qualquer Inicialmente temos o usurpador de função. Nesse
acontecimento, de causa humana ou natural, que caso uma pessoa se passa por agente público, exer-
tenha consequências jurídicas. cendo suas atribuições sem ter qualquer ligação com
a Administração Pública. Aqui não há possibilidade
Em sentido estrito, será todo e qualquer aconteci-
de convalidação do ato (conserto, correção), pois ele
mento natural que tenha consequências jurídicas. O
é inexistente. Tal conduta é crime previsto do artigo
fato jurídico em sentido estrito é espécie do fato jurí-
328 do Código Penal. Exemplo: pessoa se finge de fis-
dico em sentido amplo. cal para extorquir e aplica multa.
Da mesma forma, os atos jurídicos também são Em seguida, temos o excesso de poder, que ocor-
espécie do gênero fatos jurídicos. Podemos entender re quando a autoridade competente pratica um ato
ato jurídico como uma manifestação unilateral rele- até previsto no ordenamento jurídico, mas fora de
vante para o mundo jurídico. Como espécie do gênero suas atribuições. Tal ato é passível de convalidação,
336 ato jurídico, temos os atos administrativos. desde que seja realizada pela autoridade que teria
competência para praticar o ato inicialmente. Exem- Aqui temos duas definições passíveis de serem
plo: superior hierárquico aplica pena de suspensão de cobradas em prova.
20 dias, quando a lei permitiria apenas 15.
Finalmente temos a função de fato. Esse é o caso z Motivo de direito: a previsão em lei de hipótese
em que o agente fora irregularmente investido pela que irá permitir a execução do ato;
Administração Pública nas funções que esteja exercen- z Motivo de fato: a ocorrência da hipótese prevista
do. Nesse caso os atos praticados deverão ser convali- em lei no mundo real.
dados desde que haja boa-fé dos terceiros envolvidos.
Exemplo: servidor empossado em cargo público sem Para o melhor entendimento, é interessante um
ter a escolaridade mínima prevista em edital. exercício de imaginação. Imagine-se diante do espe-
lho. A sua imagem é uma projeção abstrata, enquanto
Finalidade você é real. Assim são os motivos de fato e de direito.
Eles são como o corpo e a imagem. Para que o ato pos-
O ato administrativo sempre terá como finalidade sa ser praticado, você deve ter tanto a ocorrência na
atingir o interesse público. No entanto, de acordo com realidade como a sua previsão abstrata em lei.
o contexto aplicável, teremos uma finalidade específi- Temos agora uma informação com a qual você
ca àquele ato praticado. Diante disso temos dois con- deve ter muito cuidado: não confunda motivo com
ceitos: finalidade geral (mediata) e finalidade especí- motivação. O motivo fora devidamente abordado aci-
fica (imediata). ma. A motivação é a exposição dos motivos que o res-
paldam quando for praticado o ato.
z Finalidade geral (mediata): satisfação do interesse Vejamos agora o que traz a Lei nº 9.784/99 sobre a
público; motivação de atos administrativos.
z Finalidade específica (imediata): alcance do resul-
tado específico esperado para o ato. Lei nº 9.784/99
Art. 50 Os atos administrativos deverão ser moti-
O vício que recai sobre finalidade não poderá ser vados, com indicação dos fatos e dos fundamentos
convalidado. Aqui temos duas hipóteses, que vão seguir jurídicos, quando:
a linha dos conceitos de finalidade colocados acima. I - neguem, limitem ou afetem direitos ou interesses;
A finalidade geral poderá ser ferida quando o II - imponham ou agravem deveres, encargos ou
agente público pratica o ato em interesse próprio. sanções;
Vejamos um exemplo. Caso um superior promova a III - decidam processos administrativos de concur-
remoção de um servidor com base em divergências so ou seleção pública;
políticas, o ato foi praticado com o objetivo de atender IV - dispensem ou declarem a inexigibilidade de
a um interesse particular, não ao interesse público, processo licitatório;
portanto será viciado. V - decidam recursos administrativos;
Já a finalidade específica, utilizando uma hipótese VI - decorram de reexame de ofício;
parecida, será ferida quando a remoção de um servi- VII - deixem de aplicar jurisprudência firmada
dor para um município diferente ocorrer com a fina- sobre a questão ou discrepem de pareceres, laudos,
lidade de punir o servidor por determinada conduta propostas e relatórios oficiais;
VIII - importem anulação, revogação, suspensão ou
irregular. Nesse caso, ainda que haja motivo para que
convalidação de ato administrativo.
o servidor seja punido, a remoção não é prevista como
punição, mas como instrumento de gestão de pessoal.
Há a possibilidade da motivação de um ato admi-
nistrativo por meio da referência a outro ato ou
Forma
processo. É o que a doutrina chama de motivação
A forma é o modo pelo qual é exteriorizado o ato aliunde, que significa “a outro lugar”.
administrativo. Nesse contexto, importante trazermos Finalmente, importante que você saiba da Teoria
o art. 22, da Lei nº 9.784/99, Lei do Processo Adminis- dos Motivos Determinantes, bastante cobrada em
trativo Federal. provas. Segundo ela, se os motivos apontados no ato
Lei nº 9.784/99 administrativo forem inválidos, também o será o ato
administrativo praticado.
Art. 22 Os atos do processo administrativo não de-
DIREITO ADMINISTRATIVO

pendem de forma determinada senão quando a lei Objeto


expressamente a exigir.
Por fim, temos o objeto do ato administrativo, que
No dispositivo podemos perceber o princípio da será o próprio conteúdo do ato, seu efeito jurídico, a
informalidade, que não deve ser utilizada para impe- alteração que ele causa.
dir ou retardar a prática dos atos pelos interessados O vício no elemento objeto é insanável.
no processo administrativo. O motivo e o objeto são os elementos que cons-
tituem o mérito administrativo, que é a margem de
Motivo escolha e valoração por parte do agente competente.
O mérito administrativo também pode ser citado
Agora vamos ao atributo motivo, que corresponde pelo examinador por meio do termo discricionarie-
aos fundamentos de fato e de direito que respaldam dade. Nada mais é do que outra forma de se referir
a execução do ato administrativo. Vamos entender a margem de escolha que o agente competente tem
melhor isso. diante de um ato administrativo discricionário. 337
Nesse contexto, o avaliador poderá usar o termo
EXERCÍCIO COMENTADO ato inominado para se referir a atos administrativos
sem prévia previsão em lei.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que se refere a atos
administrativos, julgue o item a seguir:
De acordo com a teoria dos motivos determinantes, a
validade de um ato administrativo vincula-se aos moti- EXERCÍCIO COMENTADO
vos indicados como seus fundamentos, de modo que, se
inexistentes ou falsos os motivos, o ato torna-se nulo. 1. (FCC – 2010) É atributo do ato administrativo, dentre
outros,
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) a competência.
b) a forma.
A teoria dos motivos determinantes impõe que se
c) a finalidade.
os motivos apontados no ato administrativo forem
d) a autoexecutoriedade.
falsos, nulo será o ato. O enunciado está conforme o
e) o objeto.
enunciado da teoria estudada. Resposta: Certo.
A autoexecutoriedade é um dos atributos que estuda-
ATRIBUTOS DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
mos no presente tópico. As demais alternativas trazem
elementos do ato administrativo. Resposta: Letra D.
Os atos administrativos possuem características
fundamentais para que possam atingir os fins a que PRESSUPOSTOS DO ATO ADMINISTRATIVO
se propõem. Vejamos cada um dos atributos.
Os atos administrativos gozam de presunção de São dois os pressupostos do ato administrativo: de
veracidade e de legitimidade. Em termos simples, existência e de validade.
significa que as informações trazidas pelos atos admi- Quanto à existência, devemos nos voltar ao objeto
nistrativos deverão ser tidas como verdadeira (vera- do ato. Caso o objeto seja inexistente, o ato adminis-
cidade) e conforme a lei (legitimidade) até que haja trativo também o será, pois não há sobre o que recair.
prova em contrário. Não há, em nenhuma hipótese, possibilidade de efeito
Ou seja, uma vez praticado o ato administrativo prático do ato em questão.
ocorre a inversão do ônus da prova, cabendo ao parti- Vencido, em relação ao ato administrativo even-
cular provar eventual impropriedade que ele contenha. tualmente analisado, a análise quanto ao pressuposto
de existência, podemos avaliar o pressuposto de vali-
Dica dade. Aqui temos nada mais do que uma questão lógi-
ca, pois não é cabível discutir a validade de algo que
A presunção relativa, que estudamos neste é inexistente.
momento, é também conhecida como presunção Nesse aspecto, teremos a análise dos elementos com-
juris tantum. Em sentido oposto, a presunção petência e motivo, pois, caso maculados, não tornam
absoluta, não aplicável neste tema, é também inexistente o ato administrativo, mas ferem sua valida-
conhecida como presunção jure et de jure. de. Em outros termos, será válido o ato administrativo
que está em plena conformidade com as normas que
Temos também a imperatividade, que é o poder a ele são aplicáveis. A validade do ato não se confunde
da Administração Pública de impor ao particular seus com a sua eficácia – que é a aptidão do ato para produzir
atos administrativos. É decorrente do poder extrover- os efeitos por ele pretendidos quando de sua produção.
so do Estado, que permitirá a imposição de deveres e
obrigações ao particular. CLASSIFICAÇÃO DOS ATOS ADMINISTRATIVOS
Importante ressaltar que esse é um atributo que nem
São várias as classificações dos atos administrati-
sempre estará presente nos atos administrativos, pois se
vos. Destacaremos aqui algumas que estão entre as
mostrará apenas quando impuser condições ao particular.
mais cobradas em concursos públicos.
A autoexecutoriedade é a característica dos atos
administrativos que confere à Administração Pública
Quantos aos Destinatários
a capacidade de executar diretamente seus atos inde-
pendentemente de recorrer a qualquer outro Poder.
Os atos podem ser gerais ou individuais:
De forma similar à imperatividade, nem sempre
estará presente nos atos administrativos. z Atos gerais: os destinatários são indeterminados.
A autoexecutoriedade poderá se fazer presente em z Atos individuais: seus destinatários são determinados.
duas hipóteses:
A classificação não leva em conta o número de des-
z Casos expressamente previstos em lei; tinatários, mas se eles são determinados ou não.
z Urgência da situação apresentada / grande possibi-
lidade de dano. Quanto ao Grau de Liberdade

Finalmente temos o atributo da tipicidade. Ele Os atos podem ser discricionários ou vinculados:
impõe que os atos administrativos praticados devem
ser previamente definidos em lei, não cabendo ao z Atos discricionários: possuem margem de valora-
agente competente para a prática criar atos que não ção e escolha para o agente público que o pratica,
338 sejam previamente constantes da lei. conhecida como mérito administrativo;
z Atos vinculados: há pouca ou nenhuma margem z Atos extintivos: extinguem um direito ou relação
de escolha na prática dos atos administrativos. jurídica;
z Atos modificativos: modificam situações pré-exis-
Lembrando os elementos dos atos administrati- tentes sem extinguir direitos ou obrigações;
vos (competência, finalidade, forma, motivo e objeto), z Atos declaratórios: declaram a existência ou situa-
destacamos que a diferença nessa classificação que ção jurídica.
acabamos de colocar recai apenas sobre dois deles:
motivo e objeto. Ou seja, todos os demais termos são
vinculados, enquanto estes dois que citamos são dis-
cricionários, se assim for o ato. EXERCÍCIO COMENTADO
Quanto aos Efeitos Produtivos 1. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Com relação aos atos
administrativos e suas classificações, julgue o item
Os atos podem ser internos e externos: seguinte.
Atos administrativos de gestão são atos praticados
z Atos internos: produzem efeitos apenas dentro da pela administração pública como se fosse pessoa pri-
estrutura da administração pública; vada, o que afasta a supremacia que lhe é peculiar em
relação aos administrados. Atos administrativos de
z Atos externos: impactam os administrados.
império, por sua vez, são aqueles praticados de ofício
pelos agentes públicos e impostos de maneira coer-
Destacamos que, uma vez que os atos externos
citiva aos administrados, os quais estão obrigados a
recairão sobre o cidadão, deverão ser necessariamen-
obedecer-lhes.
te publicados, o que não se aplica aos atos internos.
( ) CERTO ( ) ERRADO
Quanto à manifestação de vontade
Nem sempre a Administração Pública atuará pauta-
Os atos podem ser simples, complexos ou compostos:
da na supremacia do interesse público, impondo sua
vontade ao particular. Por vezes poderá atuar em
z Atos simples: há uma única manifestação de von- posição de igualdade, o que acontece quando pratica
tade, ainda que de um órgão que seja composto os atos administrativos classificados como de gestão.
por mais de um agente público; Em oposição, os atos de império serão aqueles em que
z Atos complexos: manifestação de mais de uma estará a presente a supremacia do interesse público
vontade para que haja a produção de efeitos. Só se ou poder extroverso do Estado. Resposta: Certo.
aperfeiçoa com a manifestação de todos os agentes
competentes; ESPÉCIES DE ATOS ADMINISTRATIVOS
z Atos compostos: manifestação de uma única von-
tade. No entanto, há necessidade de manifestação Vejamos agora algumas espécies importantes de
posterior para que haja produção de efeitos. Tal atos administrativos:
manifestação de vontade é definida pela doutrina
como instrumental. z Atos normativos: trazem comandos gerais e abs-
tratos baseados em leis ou mesmo em outras nor-
Quanto à formação mas que nelas tenham se baseado;
z Atos ordinatórios: têm como destinatários os servi-
Os atos podem ser unilaterais, bilaterais ou multi- dores públicos, tendo como finalidade o bom anda-
laterais. mento do serviço;
z Atos negociais: são atos em que o particular bus-
z Ato unilateral: manifestação de apenas uma pessoa;
ca a anuência (concordância) da Administração
z Ato bilateral: manifestação de duas pessoas;
Pública para a prática de determinada atividade;
z Ato multilateral: manifestação de várias pessoas.
z Atos punitivos: impõe penalidade aos administra-
dos ou aos servidores.
Quanto ao Objeto

Os atos poderão ser de império, de gestão ou de


expediente:
EXERCÍCIO COMENTADO
DIREITO ADMINISTRATIVO

z Atos de império: possuem em si o poder extrover-


so de Estado, impondo ao particular a vontade da 1. (VUNESP – 2017) Resolução do Conselho Federal de
Administração Pública; Biologia, subscrita por seu presidente, e que estabelece
z Atos de gestão: praticados com intuito de gerir o requisitos mínimos para o biólogo atuar em pesquisas,
patrimônio público; projetos, perícias e outras atividades, é ato administrativo:
z Atos de expediente: são atos de mera rotina interna
das repartições, sem conteúdo decisório relevante. a) complexo, porque resulta da conjugação de vontade de
órgãos diferentes.
Também quanto ao objeto, teremos outra classifi- b) composto, porque espelha a vontade dos Conselhos
cação. Poderão ser constitutivos, extintivos, modifica- Regionais ratificada pela autoridade competente.
tivos ou declaratórios. c) concreto, porque regula a atuação dos Conselhos
Regionais.
z Atos constitutivos: criam uma nova situação jurí- d) ordinatório, porque disciplina a conduta dos seus
dica para os seus destinatários; agentes. 339
e) normativo, porque expedido por alta autoridade para Importante termos em mente os atos administra-
regulamentar competência exclusiva. tivos que, pelas suas características, não podem ser
revogados: atos consumados, vinculados ou que gera-
Atos normativos são aqueles que trazem normas ram direito adquirido são os mais importantes.
gerais e abstratas, que procuram regular um tema Já no caso na anulação, é verificado um vício no ato
de forma ampla, para todos os sujeitos que com ele administrativo, sendo, portanto, necessário que ele dei-
possam se envolver ou tratar. Resposta: Letra E. xe de existir. Aqui, há retroatividade e preservação de
direitos apenas de terceiros de boa-fé (efeito ex tunc).
SILÊNCIO ADMINISTRATIVO É importante que você entenda que, no caso da
anulação, há um “defeito” a ser reparado. Por essa
O silêncio administrativo nada mais é do que a razão há retroatividade. Tal situação não se apresenta
inércia da Administração Pública diante de uma situa- no caso da revogação, por isso não há efeito retroativo
ção em que era deveria, em tese, se manifestar. Nos- naquele caso.
Ainda sobre a anulação, o defeito do ato adminis-
so estudo, nesse aspecto, se preocupa em analisar as
trativo poderá ser passível de correção ou não. Quando
consequências jurídicas desse silêncio de acordo com
for impossível a correção, o ato administrativo deverá
cada situação.
ser anulado. Quando for possível, poderá ser anulado.
A regra geral aplicável é que o silêncio não poderá Neste último caso, o ato administrativo será sana-
ser interpretado como qualquer tipo de manifestação. do por meio do instituto da convalidação.
Em outros termos, para que ele tenha algum tipo de Como regra, será impossível a convalidação de
consequência ou significado na sua interpretação, vícios que recaiam sobre motivo, objeto ou finalida-
deverá a lei trazer tal previsão. de. Sendo possível a convalidação (em regra) de vícios
Quanto à atuação do Poder Judiciário diante do que recaem sobre a competência e sobre a forma.
silêncio administrativo, precisamos separar as hipóte-
ses de ato administrativo vinculado ou discricionário. Dica
No que tange aos atos discricionários, deverá o
Poder Judiciário, quando for devidamente provoca- A convalidação somente recai sobre o FO-CO.
do, abrir prazo para que a Administração Pública se Forma e Competência
manifeste.
No caso de atos discricionários, a doutrina apre- Sobre a anulação do ato jurídico, poderá ser pro-
senta duas correntes. movida tanto pelo Poder Judiciário, quando provoca-
do, quando pela própria Administração Pública. Nesse
Uma delas afirma que o Poder Judiciário agirá da
caso temos a aplicação do princípio da autotutela, que
mesma maneira que vimos quando se tratar de ato
encontra respaldo na Súmula 473 do Supremo Tribu-
discricionário: abrindo prazo para que a Administra-
nal Federal - A administração pode anular seus pró-
ção Pública o faça;
prios atos, quando eivados de vícios que os tornam
Outra corrente defende que o próprio Poder Judi- ilegais, porque deles não se originam direitos; ou
ciário poderá suprir o ato administrativo vinculado. revogá-los, por motivo de conveniência ou oportuni-
Ressalte-se que, em qualquer dos casos, é aplicável dade, respeitados os direitos adquiridos, e ressalvada,
a responsabilidade objetiva do Estado, caso tenha sido em todos os casos, a apreciação judicial.
causado algum dano pela inércia estatal.

CASSAÇÃO EXERCÍCIOS COMENTADOS


A cassação do ato administrativo nada mais é do 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito da extinção de
que a extinção do ato administrativo causada pelo atos administrativos, julgue o próximo item.
beneficiário ter deixado de atender os requisitos A cassação de um ato administrativo corresponde a
necessários para sua manutenção. Um exemplo pode extingui-lo por descumprimento dos requisitos estabe-
ser a carteira de motorista. Caso um motorista com lecidos para a sua execução.
uma habilitação válida venha a ficar cego, ocorre a
perda de uma das condições para que fosse habilitado. ( ) CERTO ( ) ERRADO

REVOGAÇÃO E ANULAÇÃO A questão traz o correto conceito de cassação do


ato administrativo. Resposta: Certo.
A revogação e a anulação são formas de extinção
2. (CESPE-CEBRASPE – 2015) Acerca da invalidação, da
do ato administrativo, mas cada uma surge a partir de
revogação e da convalidação dos atos administrati-
uma causa específica.
vos, julgue o item a seguir.
No caso da revogação, há a extinção do ato admi- Agirá de acordo com a lei o servidor público federal
nistrativo por motivo de conveniência e oportunida- que, ao verificar a ilegalidade de ato administrativo em
de. Em outros termos, não há qualquer vício no ato ou seu ambiente de trabalho, revogue tal ato, para não
comportamento impróprio por parte de um eventual prejudicar administrados, que sofreriam efeitos dano-
beneficiário. A autoridade competente, obviamente sos em consequência da aplicação desse ato.
com base em lei, resolve que a existência do ato pas-
sou a não mais atender ao interesse público. ( ) CERTO ( ) ERRADO
No caso da revogação, como não houve qualquer
irregularidade, os direitos de terceiros são plenamente No caso apresentado será aplicada a anulação, pois
340 preservados e não há retroatividade (efeito ex nunc). trata-se de ato viciado/ilegal. Resposta: Errado.
Exemplos de desvio de finalidade são bastan-
PODERES DOS ADMINISTRADORES te comuns na Administração Pública brasileira: a
PÚBLICOS construção de estrada cujo trajeto foi elaborado com
objetivo de valorizar a propriedade rural de um
A Administração Pública deve cumprir suas atribui- governador, a nomeação de réu em ação penal a cargo
ções constitucionais por imposição legal. Para tanto, o público para obter foro privilegiado e transferir seu
exercício de suas funções depende de certas prerro- processo para o STF etc. Percebe-se que, em todos os
gativas, ou Poderes, conferidos pela legislação. Esses casos, há a sobreposição de um interesse particular
poderes são considerados instrumentos de trabalho. sobre o interesse da coletividade: os agentes estatais,
Significa dizer que esses poderes-deveres são instru- dessa forma, praticam atos visando obter alguma van-
mentais, utilizados pela Administração com o objetivo tagem pessoal, para eles mesmos ou para outrem, con-
maior de promover a supremacia do interesse público. cretizando, assim, o desvio de finalidade.
O fundamento jurídico para que a Administração
possua tantos poderes e prerrogativas está contido no PODERES DA ADMINISTRAÇÃO EM ESPÉCIE
princípio basilar da supremacia do interesse público
sobre o privado. Para que o interesse público possa O estudo dos poderes da Administração Pública é
prevalecer, sempre, sobre os interesses individuais de extrema importância para verificar quais são os
de cada cidadão, é imprescindível que a Administra- seus limites de atuação. Para tanto, a doutrina costu-
ção permaneça em uma posição de superioridade em ma dividir esse poder conferido à Administração em
relação aos demais. seis vertentes: poder vinculado; poder discricionário;
Antes de adentrarmos nos poderes administrati- poder disciplinar; poder hierárquico; poder de polí-
vos em espécie, convém fazer um estudo maior sobre cia; e poder regulamentar.
as hipóteses de abuso de poder.
Poder Vinculado e Poder discricionário
USO E ABUSO DO PODER, PODERES VINCULADO,
DISCRICIONÁRIO Optamos por apresentar tais poderes em conjunto,
uma vez que eles tratam de um mesmo assunto. Poder
vinculado é aquele em que a lei atribui determina-
Quando o agente público exerce adequadamente
da competência ao administrador, delimitando todos
suas competências, atuando em conformidade com a
os aspectos de sua conduta, a qual deve compulso-
legislação, sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz
riamente seguir a forma prevista na lei, não haven-
uso regular do poder. Entretanto, havendo hipóteses
do qualquer margem de liberdade para que o agente
de exercício de competências fora dos limites legais,
público escolha a melhor forma de cumprir suas fun-
visando apenas interesses alheios, trata-se de clara
ções. Os atos praticados no exercício do poder vincu-
hipótese de uso irregular do poder, também denomi-
lado são denominados atos vinculados.
nado abuso de poder.
Poder discricionário, por sua vez, é o poder ao
O abuso de poder, além de causar a invalidade do
qual o legislador, ao delimitar a competência da
ato, constitui em ilícito ensejador de responsabilidade
Administração Pública, confere também uma mar-
pela autoridade competente que causou danos com
gem de liberdade para que o agente do Estado possa
seu uso irregular.
escolher, diante da situação jurídica, qual o caminho
Abuso de poder pode se manifestar no exercício mais adequado, ou qual a melhor forma de solução
das funções administrativas sob duas formas: pelo daquela desavença. A Lei não impõe um único com-
excesso de poder e pelo desvio de finalidade. portamento como no poder vinculado: ela delega ao
Excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos administrador a faculdade de avaliar a melhor solu-
poderes administrativos pelo qual a autoridade prati- ção para cada caso. Garantir margem de liberdade
ca algum ato desrespeitando os limites impostos, exor- não significa que o administrador deve agir fora da
bitando o uso de suas faculdades administrativas. Ao lei, pois a discricionariedade não o permite estar aci-
exceder sua competência legal, o agente responsável age ma da legislação. Além disso, o poder discricionário
com exageros e desproporcionalidade, o que torna o ato também pode sofrer controle por parte do Poder Judi-
praticado por ele absolutamente inválido. Mas o excesso ciário, exceto quando a questão for referente ao méri-
de poder admite convalidação, ou seja, há hipóteses em to dos atos discricionários (a conveniência e utilidade
que se pode corrigir vício cometido no ato preservando de manter o ato em vigor), cuja competência é exclusi-
sua eficácia, dependendo do caso concreto. va da própria Administração Pública.
DIREITO ADMINISTRATIVO

Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato Em suma, para melhor compreender a questão da
administrativo, praticado sempre por autoridade com- vinculação e discricionariedade na atuação da Admi-
petente, que tem por fim diverso daquele previsto, nistração Pública, basta lembrar de uma lanterna
explícita ou implicitamente, nas regras de competência (Lei) iluminando uma parede escura (ato administra-
da legislação (art. 2°, par. único, e, da Lei n° 4.717/1965). tivo): o ponto central, onde é mais iluminado, é a área
A finalidade diversa não macula os requisitos essen- de vinculação dos atos administrativo à lei, e dali não
ciais dos atos administrativos (competência, objeto, há qualquer margem de liberdade. Por outro lado, nos
forma, motivo), mas tende a macular o ato, tornando-o cantos da projeção na parede, onde se situa a região
nulo. O único caminho possível para esse ato é a anu- menos iluminada, é a área da discricionariedade, pois
lação, ou seja, não há possibilidade de convalidação. O o administrador tem maior liberdade de atuação e
desvio de finalidade pode ocorrer tanto nas condutas não se encontra “preso” à iluminação intensa. Isso
comissivas, em seu campo de atuação, quanto nas con- não significa que ele pode “caminhar para a escuri-
dutas omissivas, isso é, quando o agente público se abs- dão”: apesar de ser fosca, a iluminação ainda existe.
tém de realizar tarefa legalmente imposta. 341
Atualmente, muito se questiona sobre a legalidade na legislação. Não se confunde com o decreto, que é
administrativa, que fundamenta a vinculação de seus outro ato administrativo que introduz o regulamento
atos. Dizer que a vinculação é uma simples obediên- em si. Decreto representa a forma do ato administrati-
cia à legislação é uma noção muito restrita e aquém vo, enquanto o regulamento representa seu conteúdo.
da realidade social. A legalidade, enquanto vazia ou Ambos os decretos e regulamentos são atos em
formal (noção de fazer um checklist do ato), desvincu- posição de inferioridade em relação as leis e, por
lada do cumprimento de direitos fundamentais, não isso, não são capazes de criar direitos e obrigações
se sustenta. Doutrinariamente se sustenta uma revi- aos particulares sem fundamento legal. Suas funções
são da legalidade, de modo que os administradores, primordiais, no entanto, são a redução da margem de
agora, vinculam-se não somente à Lei, e sim à Cons- interpretação das normas, pois se um decreto dispõe
tituição (constitucionalidade administrativa). Assim, qual é a forma mais correta de aplicação da lei, esta
um comando oriundo de uma lei manifestamente perde um pouco de seu caráter geral e abstrato, seu
inconstitucional pode não ser cumprida pelos agentes campo de discricionariedade é reduzido a uma úni-
públicos. ca forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por
isso, o poder regulamentar apresenta natureza
HIERÁRQUICO, DISCIPLINAR E REGULAMENTAR, vinculada.
PODER DE POLÍCIA Existem diversas espécies de regulamentos
administrativos:
Poder Regulamentar
z Regulamentos administrativos ou de organiza-
O poder regulamentar consiste na possibilidade do ção: são aqueles que disciplinam questões internas
Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Federa- de estruturação e funcionamento da Administra-
ção de editar atos administrativos gerais, abstratos ou ção Pública, bem como as relações jurídicas de
concretos, expedidos para dar fiel cumprimento à lei. sujeição especial do Poder Público perante par-
Seu fundamento legal encontra-se disposto no art. 84, ticulares. Exemplo: regulamento que disciplina
IV, da CF/1988: organização e funcionamento da administração
federal (art. 84, VI, a, da CF/1988);
Compete privativamente ao Presidente da Repú- z Regulamentos habilitados ou delegados: em
blica: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar alguns países, há a possibilidade de o Poder Legis-
as leis, bem como expedir decretos e regulamentos lativo delegar ao Executivo a disciplina de maté-
para sua fiel execução. rias reservadas privativamente à lei, havendo
uma transferência de competência legislativa.
O art. afirma que tal ato é de competência exclusi- Tais regulamentos não são admitidos no direito
va do Presidente, o que significa que seria indelegável administrativo brasileiro;
a qualquer subordinado. Porém, isso não é totalmen- z Regulamentos executivos: são os regulamentos
te correto: o parágrafo único do mesmo dispositivo comuns, expedidos sobre matéria disciplinada pela
constitucional diz que há a possibilidade do Presidente legislação, permitindo a fiel execução da norma
delegar algumas de suas atribuições para os Ministros legal. É a hipótese do art. 84, IV, da CF/1988;
de Estado, o Procurador-Geral da República ou ain- z Regulamentos autônomos: são os que dispõem
da para o Advogado-Geral da União. Além disso, este sobre tema não disciplinado pela legislação. Há um
poder pode ser exercido, por simetria, pelos Governa- conjunto de temas que a norma constitucional reti-
dores e Prefeitos. Assim, para fins didáticos, costuma-se rou da competência do Poder Legislativo e atribuiu
dizer que o poder regulamentar só pode ser delegado sua disciplina ao Poder Executivo. A EC n° 32/2001
excepcionalmente, com algumas restrições. elenca dois temas que só podem ser disciplinados
Vale notar quais competências do Presidente da por decreto expedido pelo Presidente da República:
República podem ser delegadas? O art. 84 pode ser a organização da administração federal; e a extinção
um tanto confuso nesse sentido, mas a interpretação de funções e cargos vagos e não ocupados.
correta é a de que, em regra, as competências do Pre-
sidente são exclusivas e indelegáveis. Excepcional- Poder Hierárquico
mente, a matéria disposta nos incisos VI (dispor
mediante decreto sobre a organização e funciona- Poder hierárquico é o poder que dispõe o Execu-
mento da administração federal quando não implicar tivo para organizar e distribuir as funções de seus
aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos órgãos, bem como ordenar e rever a atuação de seus
públicos; e a extinção de funções ou cargos públicos, agentes, estabelecendo uma relação de subordinação
quando vagos), XII (conceder indulto e comutar penas, entre os servidores do seu quadro de pessoas. As rela-
com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em ções de hierarquia são características únicas, existem
lei), e a primeira parte do inciso XXV (prover os car- somente no âmbito do Poder Executivo, isso é, não
gos públicos federais, na forma da lei) são competên- existe hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo e
cias que podem ser transferidas para as pessoas do Judiciário. Além disso, importante frisar que não
públicas previstas no parágrafo único do referido existe poder hierárquico entre membros da Adminis-
art. 84. Observe que a competência para extinguir o tração Indireta, pois estes são entidades autônomas,
cargo público enquanto ainda ocupado não pode ser que não se subordinam aos entes que o criaram. Pela
delegada. hierarquia, há a imposição ao subalterno da estrita
Uma das palavras chave do poder regulamentar é obediência às ordens e instruções legais superiores,
regulamento. Trata-se de ato administrativo que tem além de definir a responsabilidade de cada um de
por escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao seus agentes e órgãos públicos.
modo de aplicação dos dispositivos legais, dando maior Quanto as suas características, diz-se que o poder
342 concretude aos comandos gerais e abstratos presentes hierárquico é interno e permanente. Interno é o
poder que atinge apenas os próprios membros da vez que, por definição, elas não integram a mesma
Administração e não tem o condão de atingir as rela- linha de hierarquia. São entes diferentes do seu cria-
ções dos particulares. É também um poder perma- dor, com personalidade jurídica própria, com patri-
nente porque não é exercido de modo esporádico e mônio exclusivo e podendo se responsabilizar em
episódico, como acontece no poder disciplinar. juízo sem o auxílio da Administração Direta.
Do poder hierárquico são decorrentes certas facul- O que existe para as entidades da Administração
dades implícitas ao superior, tais como dar ordens e Indireta é uma forma de controle fiscalizatório e fina-
fiscalizar o seu cumprimento, delegar e avocar atri- lístico de seus atos, o qual denomina-se supervisão
buições, bem como rever atos de seus inferiores. ministerial. A supervisão é feita pelo ente controla-
A delegação é a transferência temporária de com- dor, geralmente são os entes da Administração Direta
petência administrativa de seu titular, a outro órgão (União, Estados, Municípios, Distrito Federal e os seus
ou agente público. A delegação poderá ser vertical órgãos, ministérios e secretarias). A supervisão não se
quando a matéria for outorgada a um outro órgão ou confunde com subordinação, pois entende-se que na
agente público subordinado à autoridade outorgante, supervisão o ente controlado possui uma maior mar-
permanecendo na mesma linha hierárquica. Mas a gem de liberdade do que os órgãos hierarquicamente
delegação também poderá ser feita para outro órgão subordinados. A supervisão ministerial não admite,
ou agente que esteja fora da sua linha hierárquica, por exemplo, a possibilidade de revisão dos atos pra-
hipótese que denominamos de delegação horizontal. ticados pela entidade controlada, pois a revisão é uma
O art. 12 da Lei n° 9.784/1999 dispõe do mesmo forma de controle de mérito dos atos administrativos.
modo: Isso infere na autonomia garantida constitucional-
mente a essas entidades.
“Um órgão administrativo e seu titular poderão,
se não houver impedimento legal, delegar parte
da sua competência a outros órgãos ou titulares, Importante!
ainda que estes não lhe sejam hierarquicamente
subordinados, quando for conveniente, em razão de Cuidado para não confundir alguns conceitos.
circunstâncias de índole técnica, social, econômica, Quando um ato administrativo é ilícito (contrário
jurídica ou territorial”. a Lei), a hipótese de controle recai sobre a lega-
lidade do ato. Se o vício for insanável, a hipótese
Essa transferência de competência é sempre pro- é de anulação, e pode ser realizada tanto pela
visória, o que significa que pode ser revogada a qual- Administração Pública quanto pelo Poder Judi-
quer tempo. ciário. Por outro lado, quando o ato for conside-
A regra geral é sempre a delegabilidade das com- rado inconveniente e inoportuno, discricionário,
petências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei o Poder Judiciário não pode exercer controle
n° 9.784/1999) assevera três matérias que não podem de mérito, pois essa é uma tarefa exclusiva da
ser delegadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato Administração, dentro da sua linha hierárquica.
de caráter normativo, pois constituem-se em regras O método mais correto para o ato inconveniente,
gerais aplicáveis a todos os órgãos, incompatível com neste caso, é o da revogação.
a delegação; a decisão em recursos administrativos,
para evitar que a mesma autoridade possa julgar o
mesmo processo mais de uma vez pela delegação; e Lembrando que são considerados entes da Admi-
as matérias que forem consideradas de competência nistração Indireta: as autarquias, as fundações, as
exclusiva do órgão ou autoridade. empresas públicas e as sociedades de economia mista.
A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei Do mesmo modo, não há que se falar em Poder Hie-
n° 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autorida- rárquico quando estamos diante de pessoas e órgãos
de competente de chamar para si a competência de independentes. Por exemplo: não há uma relação de
um agente ou órgão subordinado. Trata-se de medida hierarquia entre as pessoas que ocupam cargos polí-
excepcional e temporária e somente pode ser realiza- ticos. Não há hierarquia, também, entre os membros
da dentro da mesma linha hierárquica, o que significa dos Três Poderes (Legislativo, Executivo e Judiciário):
que a avocação só pode ser vertical, não se admite a eles atuam de forma independente e harmônica entre
avocação horizontal. Esquematicamente, temos: si, um não se subordina ao outro.

DELEGAÇÃO AVOCAÇÃO Poder Disciplinar


DIREITO ADMINISTRATIVO

Distribuição de Absorção de O poder disciplinar consiste na faculdade da Admi-


competências competências nistração de punir seus agentes, nas hipóteses em que
Admite horizontal e estes tenham cometido alguma infração de ordem
Admite apenas vertical funcional. Por exemplo: quando o servidor público se
vertical
apresenta no serviço embriagado, não apenas uma vez,
mas constantemente, isso é uma transgressão discipli-
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos nar, uma conduta incompatível com a atuação dos ser-
dos inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus vidores públicos. Por isso ele deve ser punido, mas essa
aspectos para a análise de sua manutenção ou inva- punição não advém de um processo penal (não enseja
lidação. É somente possível a revisão de atos prati- a prisão), é uma punição aplicável por pessoas de den-
cados pelos órgãos públicos e agentes subordinados tro da própria Administração, e geralmente envolvem
hierarquicamente. ou a suspensão ou a demissão do cargo público.
Para as entidades da Administração Indireta, real- O poder disciplinar é correlato com o poder hierár-
mente, não há como aplicar o poder hierárquico, uma quico, mas não se confunde com o mesmo. No poder 343
hierárquico, a Administração Pública distribui e esca- do Estado, limitando a liberdade e a propriedade indi-
lona as suas funções executivas. Já no uso do poder vidual em favor do interesse público.
disciplinar, a Administração simplesmente controla o O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem
desempenho de funções e a conduta de seus servidores, seu conceito legal de poder de polícia:
responsabilizando-os pelas faltas porventura cometidas.
Em relação as suas características, o poder disci- Art. 78 Considera-se poder de polícia atividade da
plinar é interno, não-permanente ou temporário administração pública que, limitando ou discipli-
e discricionário. Assim como o poder hierárquico, a nando direito, interesse ou liberdade, regula a práti-
imposição de sanções pela Administração não se apli- ca de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse
ca aos particulares, somente a seus próprios servido- público concernente à segurança, à higiene, à ordem,
res, salvo as hipóteses de estes serem contratados pela aos costumes, à disciplina da produção e do merca-
Administração Pública. Todavia, distingue-se do poder do, ao exercício de atividades econômicas dependen-
hierárquico na medida em que é não-permanente, isso tes de concessão ou autorização do Poder Público, à
é, só será aplicado se e quando o servidor cometer infra- tranquilidade pública ou ao respeito à propriedade e
aos direitos individuais ou coletivos.
ção funcional. Percebe-se, então, que o poder disciplinar
apresenta caráter punitivo e sancionador, enquanto
o poder hierárquico advém da simples obediência dos Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar
subalternos para com a entidade detentora deste poder. “poder de polícia” como a atividade da Administra-
A discricionariedade do poder disciplinar traduz- ção Pública, com fundamento na lei e na supremacia
-se na possibilidade da Administração em poder esco- geral, que consiste na imposição de limites à liberdade
lher qual a punição mais apropriada para cada caso, e à propriedade dos particulares, regulando a prática
isso é, ela possui certa margem de liberdade para o desses atos, ou a abstenção dos mesmos, manifestan-
seu exercício. Claro que, dentre essas escolhas, o do-se por meio de atos normativos ou concretos, tudo
administrador não pode escolher “não punir” o agen- isso em benefício do interesse público.
te público. Por isso, costuma-se dizer que, quanto ao Ao dizer que se trata de atividade da Administra-
dever de punir, esse tem natureza vinculada. A discri- ção Pública, procuramos enfatizar a concepção stric-
cionariedade atinge, somente, quanto à modalidade to sensu do poder de polícia, que não se confunde com
de punição que deve ser aplicada. as limitações à liberdade e ao direito de propriedade
Os servidores públicos que cometerem qualquer impostas pelo legislador. Por ser atividade da Admi-
infração no exercício de suas funções estão sujeitos às nistração, deve ser exercido respeitando-se os princí-
seguintes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei n° pios da razoabilidade e proporcionalidade.
8.112/1990: advertência; suspensão; demissão; cassa- A fundamentação legal é outro aspecto importan-
ção de aposentadoria ou disponibilidade; destituição te do poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o
de cargo em comissão e destituição de função comis- exercício de determinadas atividades à obtenção de
sionada. A aplicação de qualquer uma dessas pena- licenças ou concessões pelo Poder Público. O legisla-
lidades depende de prévio processo administrativo, dor deve, então, elaborar os requisitos necessários
respeitada a garantia de contraditório e ampla defesa, para o exercício do poder de polícia pelo Estado.
sob pena de nulidade da sanção. Sobre qual sanção O poder de polícia tem por objeto a imposição de
será aplicada, isso vai depender de cada caso, conside- limitações à liberdade e propriedade dos particu-
rando os danos que sua conduta causarem, se houve lares, instituindo condições capazes de compatibili-
aspectos agravantes ou atenuantes, se o agente públi- zar seu exercício às necessidades de interesse público.
co é primário ou reincidente, e os seus antecedentes Tais imposições também podem ser aplicadas ao Esta-
funcionais (art. 128, Lei n° 8.112/1990). do. Isso significa que até mesmo o Poder Público pode
O processo disciplinar será visto, em maiores deta- ter suas liberdades e propriedades sofrendo limita-
lhes, no capítulo referente aos Agentes Públicos. ções em face das necessidades do interesse público.
Para o seu exercício, a Administração Pública deve
Poder de Polícia regular a prática dos atos ou a abstenção de fatos.
Em regra, o poder de polícia manifesta-se em obriga-
Devemos nos aprofundar mais no Poder de Polícia, ções negativas, ou de não fazer, impostas aos particu-
uma vez que é a espécie de poder da Administração que lares, limitando a esfera de atuação dos seus direitos.
tem mais chances de cair em uma questão de prova. Excepcionalmente, pode também manifestar-se
A expressão “poder de polícia” pode ser interpre- mediante obrigações positivas ou de fazer, como é o
tada de duas maneiras: em um sentido amplo, cor- caso da imposição da função social da propriedade ao
responde a qualquer limitação estatal à liberdade e dono do imóvel, disposta no art. 5°, XXII, da CF/1988.
propriedade privada, de origem administrativa ou O poder de polícia se manifesta pela expedição de
legislativa. Há também o poder de polícia em senti- atos normativos, como é o caso das regras sobre o direi-
do restrito, mais utilizado pela doutrina, que engloba to de construir, ou por meio de atos concretos, como a
apenas as restrições impostas pelas limitações admi- obtenção de licença para a reforma de um imóvel, cujo
nistrativas, excluindo as limitações de ordem legal. interesse é exclusivo do particular (proprietário do
Em sentido restrito, envolve atividades administrati- imóvel, no caso). Ele se difere do Poder Disciplinar
vas de fiscalização e condicionamento da esfera priva- quanto ao destinatário da sanção: o Poder de Polícia
da de interesses, em prol da coletividade. somente atinge os particulares, isso é, aquelas pes-
O poder de polícia tem grande destaque no exer- soas da esfera privada que não integram a Adminis-
cício das funções da Administração moderna, junto tração Pública. O Poder Disciplinar, por sua vez, é um
com a prestação de serviços públicos e o fomento à poder interno que não atinge particulares, e sim os pró-
iniciativa privada. Porém, essas duas funções repre- prios agentes públicos dentro da Administração.
sentam uma atuação estatal ampliativa, enquanto que Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de
344 o poder de polícia representa uma atuação restritiva polícia: agir em prol do interesse público. Por isso,
o Estado deve conciliar os direitos individuais, com Direito Processual Penal. Ela incide sobre pessoas, ao
o interesse da coletividade. Tal finalidade é típica da contrário da polícia administrativa, que age sobre a
Administração Pública, pois tem como fundamento o atividade das pessoas. A função de polícia judiciária é
princípio sistêmico da primazia do interesse público exercida pelas corporações especializadas, denomina-
sobre o privado. das Polícia Civil e Polícia Federal.

Natureza Jurídica do Poder de Polícia

Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento EXERCÍCIOS COMENTADOS


majoritário que o poder de polícia é discricionário.
Na doutrina, muitos autores costumam definir poder 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) No que diz respeito a des-
de polícia utilizando-se da expressão “faculdade que vio e excesso de poder e à responsabilidade civil do
o Estado possui de impor limites”. Isso quer dizer que
Estado, julgue o item subsecutivo.
não apresenta características de obrigação legal, mas
Ocorre desvio de poder na forma omissiva quando o
de uma permissão. A escolha sobre qual método utili-
zar para o exercício do referido poder, e quando, com- agente público que detém o poder-dever de agir se
pete somente à própria Administração Pública. mantém inerte, ao passo que o excesso de poder se
Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de caracteriza pela necessária ocorrência de um trans-
licença. A licença é ato administrativo relacionado ao bordamento no poder-dever de agir do agente público,
poder de polícia, que apresenta previsão legal para a não sendo cabível na modalidade omissiva.
sua obtenção, tratando-se, por isso, de ato vinculado.
Com isso, podemos afirmar que a manifestação do ( ) CERTO ( ) ERRADO
poder de polícia pode ocorrer mediante a expedição
de atos no exercício da competência discricionária da A definição tradicional de excesso de poder é entendi-
Administração, ou por meio de atos vinculados, com a da como a hipótese de uso irregular dos poderes admi-
devida previsão legal. nistrativos pelo qual a autoridade extrapola os limites
O poder de polícia também é em regra indelegá- de sua competência, praticando algum ato desrespei-
vel, uma vez que pressupõe a posição de superiorida- tando os limites impostos ou exorbitando o uso de
de de quem o exerce, não podendo ser transferido a suas faculdades administrativas. Apesar disso, existe
particulares (art. 4°, III, da Lei n° 11.079/2004). Obvia- sim a possibilidade de o agente público agir com vício
mente, o poder de império é único e exclusivo do Esta- de excesso de poder na modalidade omissiva. É o caso,
do, se ele pudesse ser transferido a particulares, tal por exemplo, do servidor que recebe uma denúncia
medida seria um atentado contra a paz social. de um particular e não tem a competência para abrir
Todavia, isso não impede que o Poder Público pos-
processo para averiguar tal fato. O servidor, dentro de
sa delegar as atividades consideradas preparatórias
seus limites, deveria ao menos encaminhar para seu
ou sucessivas do poder de polícia. Essa delegação é
chefe imediato, mas fica inerte, omisso, sem tomar
possível, desde que esses entes que recebem essa dele-
gação (entes da administração indireta, pessoas jurí- nenhuma providência. Resposta: Errado.
dicas de direito privado, particulares etc.) tenham um
vínculo com a própria Administração. 2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A permissão para que o
poder público interfira na órbita do interesse privado
Polícia Administrativa e Polícia Judiciária para salvaguardar o interesse público, restringindo-se
direitos individuais, fundamenta-se no:
A concepção do poder de polícia abrange muito
mais do que a simples promoção de segurança públi- a) poder hierárquico.
ca. Todavia, é imprescindível destacar as atividades b) poder regulamentar.
estatais de prevenção e repressão da criminalidade c) poder de polícia.
sob a ótica do poder de polícia. Assim, costuma-se d) poder disciplinar.
dividir a atuação do Estado para promoção da segu- e) abuso de poder.
rança pública em duas categorias de “polícias” distin-
tas: a polícia administrativa e a polícia judicial. A letra A está errada: o poder hierárquico é o poder
A polícia administrativa tem um caráter pre- que dispõe o Executivo para organizar e distribuir
ventivo. Isso significa que a sua atuação deve ocorrer as funções de seus órgãos, bem como ordenar e
antes da prática do delito, tendo por finalidade evitar a rever a atuação de seus agentes, estabelecendo uma
DIREITO ADMINISTRATIVO

sua ocorrência. Submete-se às regras de Direito Admi- relação de subordinação dos mesmos. A letra B está
nistrativo. No Brasil, a polícia administrativa é exer- errada: o poder regulamentar consiste na possibi-
cida por diversos órgãos de fiscalização de diversas lidade do Chefe do Poder Executivo de cada enti-
áreas, como saúde, educação, trabalho, previdência e
dade da Federação de editar atos administrativos
assistência social. A polícia administrativa protege os
gerais, abstratos ou concretos, para o cumprimento
interesses primordiais da sociedade ao impedir com-
das leis. A letra D está errada: o poder disciplinar é
portamentos individuais que possam causar prejuízos
maiores à coletividade. aquele que impõe sanções aos servidores públicos
A polícia judiciária, por sua vez, apresenta cará- por praticar infrações no exercício de suas funções,
ter repressivo. Sua atuação ocorre após a constatação não atingindo os particulares que não têm vínculo
de um crime. Após sua ocorrência, deve a polícia judi- com o Poder Público. A letra E está errada: o abuso
ciária abrir um processo de investigação em busca de poder não é uma espécie de poder da administra-
da autoria e da materialidade do crime. Sua razão de ção pública, mas uma hipótese em que ela extrapola
ser é a punição dos infratores. Rege-se pelas regras de seus limites. Resposta: Letra C. 345
públicos, possuindo vinculação com o Estado de natu-
SERVIDORES PÚBLICOS: CARGO, reza estatutária e não-contratual.
EMPREGO E FUNÇÃO PÚBLICOS O regime dos cargos públicos é disciplinado pela
Lei Federal n° 8.112/1990, também conhecida como
ESPÉCIES E DISPOSIÇÕES CONSTITUCIONAIS Estatuto do Servidor Público.
APLICÁVEIS Frente a isso, um ponto relevante a ser ressaltado
desse regime é o alcance da estabilidade mediante o
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello fim do período de estágio probatório. Tal alcance per-
são agentes públicos as pessoas que exercem uma mite que o servidor não seja desligado de suas funções,
função pública, ainda que em caráter temporário ou salvo pelas hipóteses previstas em lei, como a sentença
sem remuneração. Trata-se de uma expressão ampla judicial transitada em julgado, processo administrativo
e genérica, uma vez que engloba todos aqueles que, disciplinar, ou a não aprovação em avaliação periódica
dentro da organização da Administração Pública, de desempenho (art. 41, § 1°, da CF/1988).
exercem determinada função pública. Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, são vitalícios, que se apresentam de forma mais van-
o qual comporta diversas espécies, como os agentes tajosa, uma vez que o estágio probatório possui um
políticos, os agentes militares, os servidores públi- tempo menor (2 anos, sendo de 3 anos para os car-
cos estatutários, os empregados públicos, os agentes gos não-vitalícios), bem como o desligamento ocorrer
honoríficos, entre outros. Por isso, vamos especificar apenas mediante sentença condenatória transitada
cada um deles com maiores detalhes. em julgado. São vitalícios os cargos de: Magistratura,
do Tribunal de Contas, e os cargos dos membros do
Agentes Políticos Ministério Público.
Além da estabilidade, é também assegurado aos
Os agentes políticos possuem como característica servidores estatutários alguns direitos trabalhistas,
principal o fato de exercerem uma função pública de vejamos aqui os mais importantes:
alta direção do Estado. Seu ingresso é feito mediante
eleições, e atuam em mandatos fixos, os quais têm o Art. 39 [...]
condão de extinguir a relação destes com o Estado de § 3° CF/1988: a) salário mínimo, b) remuneração
modo automático pelo simples decurso do tempo. Per- de trabalho noturno superior ao diurno, c) repou-
cebe-se, dessa forma, que a sua vinculação com o Esta- so semanal remunerado, d) férias remuneradas, e)
do não é profissional, mas estatutária ou institucional. licença à gestante etc.
São agentes políticos os parlamentares, o Presidente da
República, os prefeitos, os governadores, bem como seus Empregado Público
respectivos vices, ministros de Estado e secretários.
De modo diferente da contratação dos servidores, os
Agentes Militares empregados públicos são contratados mediante regime
celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na
Os agentes militares constituem uma categoria a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de
parte dos demais agentes políticos, uma vez que as uma vinculação contratual. A contratação de emprega-
instituições militares possuem fortes bases funda- dos públicos se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de
mentadas na hierarquia e na disciplina. Apesar de direito privado integrantes da Administração Indireta
também apresentarem vinculação estatutária, seu (empresas públicas, sociedades de economia mista, con-
regime jurídico é disciplinado por legislação especial, sórcios etc.). Além disso, o ingresso de tais pessoas tam-
e não aquela aplicável aos servidores civis. São agen- bém depende da sua aprovação em concurso público.
tes militares os membros das Polícias Militares e dos O regime dos empregados públicos é menos prote-
Corpos de Bombeiros militares dos Estados, Distrito tivo do que o regime estatutário. Isso se deve ao fato de
Federal e Territórios, bem como os demais militares que os empregados públicos não gozam da estabilida-
ligados ao Exército, Marinha e Aeronáutica. Algumas de que os servidores possuem. Ao serem empossados,
características que merecem destaque são: a proibi- os empregados passam por um período de experiên-
ção de sindicalização dos militares, a proibição do cia de 90 dias. Todavia, mesmo após esse período, os
direito de greve, e a proibição à filiação partidária. empregados públicos podem ser dispensados.
A diferença dos empregados públicos para com
Servidores Públicos os demais consiste no fato de que a sua demissão
será sempre motivada, após regular processo admi-
De modo geral, podemos dizer que a Constituição nistrativo, mediante contraditório e a ampla defesa.
Federal de 1988 apresenta dois tipos de regimes para Importante lembrar que, para a Administração Públi-
os agentes estatais: o regime estatutário ou de cargos ca, a motivação de seus atos, bem como o tratamento
públicos, e o regime celetista ou de empregos públicos. impessoal e a finalidade pública, são princípios nor-
Os servidores públicos são contratados pelo regi- teadores de sua atuação. Uma demissão imotivada de
me estatutário, enquanto os empregados públicos são um empregado público seria absolutamente inadmis-
contratados pelo regime celetista, que muito se asse- sível nessas condições.
melha às regras contidas na CLT.
Atente-se a esse conceito: Servidor público é o REGIME DOS SERVIDORES PÚBLICOS FEDERAIS: A
agente contratado pela Administração Pública, direta LEI N° 8.112/1990
ou indireta, sob o regime estatutário, sendo selecio-
nado mediante concurso público, para ocupar cargos O regime dos servidores públicos possui ampla pre-
visão normativa. Além do renomado art. 37 da Consti-
346 tuição Federal, no âmbito infraconstitucional temos a
Lei n° 8.112 de 1990 (Estatuto dos Servidores Públicos para os cargos de confiança ou em comissão (inci-
Federais), isso é, a legislação que institui o regime jurí- sos I e II, do art. 9° e 10, da Lei n° 8.112/1990);
dico dos servidores públicos da União, autarquias, fun- z Promoção: é uma forma de provimento derivado,
dações, agências reguladoras e associações, todas em haja vista que ela beneficia somente os servidores
âmbito federal. Bastante exigida em concursos públi- que já ingressaram em cargos públicos em caráter
cos, convém salientar as principais características a efetivo. Os demais requisitos para o ingresso e o
respeito do regime dos servidores públicos: desenvolvimento do servidor na carreira, mediante
promoção, serão estabelecidos pela lei que fixar as
Dos Cargos Públicos: conceito, investidura na função diretrizes do sistema de carreira na Administração
pública, provimento, vacância Pública Federal e seus regulamentos (art. 10, pará-
grafo único, da Lei n° 8.112/1990);
Para todos os efeitos legais, o servidor público está z Readaptação: é, também, uma forma de provimen-
intrinsicamente ligado à noção de cargo público. Con- to derivado, pois trata-se de hipótese de atribuição
forme dispõe o art. 3° do Estatuto dos Servidores, cargo ao servidor para um cargo com funções e respon-
público é o conjunto de atribuições e responsabilidades sabilidades distintas e compatíveis com a limita-
previstas na estrutura organizacional que devem ser ção que tenha sofrido em sua capacidade física ou
cometidas a um servidor. Os cargos públicos, acessíveis mental, verificada em inspeção médica. Assim, por
a todos os brasileiros, são criados por lei, com denomi- exemplo, um motorista de ônibus que sofre aciden-
nação própria e vencimento pago pelos cofres públicos, te e acaba perdendo algum membro essencial para
para provimento em caráter efetivo ou em comissão. dirigir poderá ser readaptado para executar uma
A criação, transformação, e extinção de cargos, função similar, mas não idêntica à anterior. Na
empregos ou funções públicas depende sempre de uma hipótese do servidor readaptando se mostrar com-
lei instituidora (art. 48, X, CF/1988). Porém, havendo pletamente inválido para exercer qualquer cargo,
um cargo ou função vago, a sua extinção pode se dar ele será compulsoriamente aposentado;
mediante expedição de decreto pelo Poder Executivo. z Reversão: outra forma de provimento derivado,
Para ocupar um cargo público, é necessário haver em que temos o retorno à atividade de um servi-
o seu devido provimento, ou seja, deve haver um ato dor aposentado por invalidez, ou por puro e sim-
administrativo constitutivo e hábil para a investidu- ples interesse da Administração, desde que
ra do servidor no respectivo cargo. Com relação aos
requisitos para a investidura em cargo público, dis- a) tenha solicitado a reversão;
põe o art. 5° da Lei n° 8.112/1990: b) a aposentadoria tenha sido voluntária;
São requisitos básicos para investidura em cargo c) estável quando na atividade;
público: d) a aposentadoria tenha ocorrido nos cinco anos
anteriores à solicitação;
I - a nacionalidade brasileira; e) haja cargo vago (art. 25 do Estatuto dos Servido-
II - o gozo dos direitos políticos; res Públicos).
III - a quitação com as obrigações militares e
eleitorais; A reversão far-se-á para o mesmo cargo ou para o
IV - o nível de escolaridade exigido para o exercício cargo resultante de sua transformação. Em termos de
do cargo; remuneração, o servidor que retornar à atividade por
V - a idade mínima de dezoito anos; interesse da Administração perceberá a remuneração
VI - aptidão física e mental. do cargo que voltar a exercer, em substituição da apo-
sentadoria que recebia (art. 25, § 4°, idem).
Há diversas formas de provimento dos cargos
públicos, podendo ser classificados em dois grupos: z Aproveitamento: mais uma forma de provimen-
to derivado consistente no retorno de servidor em
z Quanto à durabilidade: O provimento pode ser de disponibilidade, sendo seu regresso obrigatório para
caráter efetivo, capaz de garantir estabilidade e até cargo de atribuições e vencimentos compatíveis com
mesmo vitaliciedade para o ocupante; ou em comis- os do anteriormente ocupados (art. 30 da Lei n°
são, quando o referido cargo não goza de estabilida- 8.112/1990). Será tornado sem efeito o aproveita-
de, podendo o servidor ser destituído ad nutum, isso mento e cassada a disponibilidade se o servidor não
é, de forma unilateral, sem a anuência do servidor; entrar em exercício no prazo legal, salvo comprova-
z Quanto à preexistência de vínculo: temos o provi- da doença por junta médica oficial (art. 32, idem).
mento originário, que não depende de vinculação z Reintegração: é a forma de provimento derivado
DIREITO ADMINISTRATIVO

jurídica anterior com o Estado (nomeação); ou deri- que ocorre pela reinvestidura do servidor estável no
vado, se o referido servidor já possuía algum víncu- cargo anteriormente ocupado, ou no cargo resultan-
lo com o Estado (promoção, remoção, readaptação). te de sua transformação, na hipótese de sua demissão
ser invalidada por decisão judicial ou administrati-
O art. 8° da Lei n° 8.112/1990 dispõe sobre as for- va, tendo direito também ao ressarcimento de todas
mas de provimento em cargos públicos: as vantagens (art. 28, caput, Lei n° 8.112/1990).

z Nomeação: trata-se da única forma de provimen- Supondo que, em uma situação anterior, o servi-
to originário, uma vez que não exige uma relação dor Carlos foi demitido por um motivo injusto. Esse
jurídica prévia do servidor para com o Estado. A motivo injusto pode advir de qualquer evento, como
nomeação depende sempre de prévia habilitação ter sido erroneamente acusado de ter praticado
em concurso público de provas, ou de provas e títu- uma transgressão (falaremos das transgressões em
los. Além disso, a nomeação poderá ser promovi- momento posterior). Carlos, então, resolveu ingressar
da não somente em caráter efetivo, como também em juízo e conseguiu comprovar que a sua demissão 347
foi injusta. Assim, a decisão judicial (pode ser a admi- exoneração de cargo efetivo dar-se-á a pedido do servi-
nistrativa também) determinou a invalidação de sua dor, ou de ofício. Quando de ofício, a exoneração será
demissão. Com isso, ele pode ser reintegrado e voltar realizada quando não satisfeitas as condições do está-
a trabalhar para a sua repartição pública. gio probatório; ou ainda quando, tendo tomado posse, o
Encontrando-se provido o cargo, o seu eventual ocu- servidor não entrar em exercício no prazo estabelecido.
pante será reconduzido ao cargo de origem, sem direito A substituição encontra-se disposta no art. 38 do
à indenização ou aproveitado em outro cargo, ou, ain- Estatuto. Segundo o caput desse dispositivo, os servi-
da, posto em disponibilidade (art. 28, § 2°, idem). dores investidos em cargo ou função de direção ou che-
Como estamos buscando salientar, a Administra- fia e os ocupantes de cargo de Natureza Especial terão
ção não pode ficar criando cargos públicos a esmo, ele substitutos indicados no regimento interno ou, no caso
tem um número certo de cargos e de servidores públi- de omissão, previamente designados pelo dirigente
cos ocupantes desses cargos. Logo, o cargo pertence máximo do órgão ou entidade.
originalmente a Carlos. Assim, se por exemplo, duran- A substituição é, assim, uma troca de um servidor
te o período que esteve fora o servidor, Márcio estava por outro, aplicável somente para os cargos de comis-
ocupando seu cargo, ele deverá ser ou reconduzido são ou função de direção e chefia, bem como cargos
para o seu cargo de origem, ou se isso não for possível de Natureza Especial. O servidor substituto indica-
(porque esse cargo foi extinto durante esse período), do assume, automaticamente, o exercício do cargo,
ele pode ser aproveitado em outro cargo similar. nos casos de afastamentos, impedimentos legais ou
Não havendo outro cargo similar, Márcio será pos- regulamentares do titular, bem como na hipótese de
to em disponibilidade vacância do cargo.
Um direito muito importante do servidor substitu-
z Recondução: por fim, a recondução é a forma to é que ele pode optar, entre o cargo que ocupava
de provimento derivado consistente no retorno antes e o cargo que passa a ocupar pela substituição,
do servidor público estável ao cargo anteriormen- pela remuneração mais vantajosa (art. 38, § 2°). Seria
te ocupado, e decorrerá de inabilitação em estágio injusto o substituto ganhar menos do que recebia
probatório relativo a outro cargo, ou ainda pela antes da substituição.
reintegração do anterior ocupante (art. 29, I e II, da
Lei n° 8.112/1990). Uma situação excepcional é a Acumulação de Cargo, Emprego, e Função Pública
da extinção do cargo durante o período de estágio
probatório. Nessas condições, segundo a Súmula Sobre a acumulação de cargos, emprego e funções
n° 22 do STF, inexiste direito à recondução, e o ser- públicas, deve-se salientar que o ordenamento jurídi-
vidor será exonerado. co brasileiro, em regra, proíbe a acumulação de car-
gos e empregos públicos. Tal proibição se estende,
É o caso do servidor Márcio, já mencionado duran- inclusive, para as entidades da Administração Indi-
te a reintegração do servidor Carlos. A recondução reta. O caput do art. 118 da Lei n° 8.112/1990 dispõe
tem prioridade em relação a pôr o servidor em dis- no mesmo sentido: Ressalvados os casos previstos na
ponibilidade. Pôr o servidor em disponibilidade é Constituição, é vedada a acumulação remunerada de
considerada uma última medida, pois o correto é a cargos públicos. Apesar do referido texto legal dispor
Administração fazer com que todos os servidores que sobre agentes públicos no âmbito federal, entendemos
contratou trabalhem para ela, ela deve evitar de ter que também possa ser aplicado aos agentes públicos
um quadro cheio de servidores que recebem remu- dos Estados, Municípios, e Distrito Federal.
neração e outros benefícios, mas que ficam “parados” Pela leitura do dispositivo, vemos que a própria
porque não possuem um cargo para ocupar. Constituição Federal dispõe de um rol de casos excep-
Mas a Lei n° 8.112/1990 também faz menção das cionais em que é permitida a acumulação dessas fun-
hipóteses de vacância, isso é, são casos em que temos ções. Há entendimento praticamente unânime de que
a extinção do cargo público: se trata de um rol taxativo, ou seja, são válidas apenas
aquelas hipóteses de acumulação de cargos.
Art. 33 São formas de vacância dos cargos públicos:
Assim, as hipóteses de acumulação de cargos cons-
I – exoneração;
titucionalmente autorizadas são:
II - demissão;
III - promoção;
IV (REVOGADO); z Dois cargos de professor (art. 37, XVI, a);
V (REVOGADO); z Um cargo de professor com outro técnico ou cien-
VI - readaptação; tífico (art. 37, XVI, b);
VII - aposentadoria; z Dois cargos ou empregos privativos de profissio-
VIII - posse em outro cargo inacumulável; nais na área da saúde (art. 37, XVI, c);
IX - falecimento. z Um cargo de vereador com outro cargo, emprego
ou função pública (art. 38, III);
Observe que algumas das hipóteses de vacância são z Um cargo de magistrado e outro de magistério (art.
as mesmas das hipóteses de provimento. Isso ocorre 95, par. único, I);
porque, como mencionamos, o provimento derivado z Um cargo de membro do Ministério Público e outro
dos cargos públicos pressupõe uma relação jurídica de magistério (art. 128, § 5°, II, d).
anterior entre o servidor e a Administração Pública.
Nessas hipóteses (readaptação, promoção), o Poder Das prerrogativas, dos Direitos, Vantagens e
Público necessita extinguir um cargo público (uma Autorizações dos Servidores Públicos
relação jurídica anterior) para criar um cargo novo.
Dessas hipóteses, a que merece maiores escla- Prerrogativa é qualquer situação de vantagem
348 recimentos é a exoneração. Nas linhas do art. 35, a obtida pela natureza de um cargo ou de uma função.
No caso dos agentes públicos, existem algumas prer- Outra prerrogativa que merece maior destaque é
rogativas que são comuns para todo e qualquer car- a vitaliciedade. É um instituto bastante parecido com
go público, e existem algumas prerrogativas que são a estabilidade, mas não pode ser confundida com a
mais restritas, exclusivas apenas para alguns cargos. mesma. A vitaliciedade não é adquirida por qualquer
Geralmente essas prerrogativas mais exclusivas são servidor: ela é somente concedida para alguns cargos
aplicáveis para os cargos militares e para os cargos de públicos especiais.
natureza política. São considerados cargos vitalícios, segundo a pró-
No momento, é importante focar nas prerrogativas pria Constituição Federal: os cargos de Magistratura
que se aplicam para todos os servidores públicos, que (art. 95, inciso I), os membros do Ministério Público
ocupam cargos públicos em geral. A primeira grande (art. 128, § 5°, a), e os cargos ocupados pelos membros
prerrogativa diz respeito à estabilidade. do Tribunal de Contas da União ou TCU (art. 73, § 3°).
A estabilidade é a condição que o servidor público A vitaliciedade é um instituto ainda mais forte do que
atinge após completar alguns requisitos. O seu princi- a estabilidade. Uma vez que a pessoa ocupe um desses
pal efeito é que, uma vez estável no cargo, o servidor cargos vitalícios, ela somente pode ser exonerada median-
público não pode ser demitido por razões de conve- te sentença judicial transitada em julgado. Essa é a única
niência ou oportunidade pela Administração. Ela não hipótese de exoneração, motivo pelo qual ela garante
pode demitir o servidor estável “porque não quer uma prerrogativa maior do que apenas a estabilidade.
mais” trabalhar com ele. Das hipóteses de exoneração, apesar de ser um
Segundo o art. 21 do Estatuto dos Servidores Públicos aspecto relativo ao Regime de Previdência, é também
Civis da União, uma vez que o servidor seja habilitado considerada como uma forma de exoneração a apo-
em concurso público e empossado em cargo de provimen- sentadoria compulsória, isso é, a concessão do referido
to efetivo adquirirá estabilidade no serviço público ao benefício previdenciário quando o servidor estável ou
completar 2 (dois) anos de efetivo exercício. vitalício completar 75 (setenta e cinco) anos de idade.
Interessante observar que a Constituição Federal A diferença é que, no caso da aposentadoria compul-
de 1988 também prevê a prerrogativa de estabilida- sória, o servidor para de trabalhar, mas continua rece-
de em seu art. 41. Todavia, os requisitos são distintos: bendo uma “remuneração”, chamada de provento.
para o Texto Constitucional, o servidor público só A Lei n° 8.112/1990, em seus arts. 40 e 41, elen-
adquire estabilidade após completar 3 (três) anos de ca diversos direitos e gratificações aos servidores
efetivo exercício. públicos, os quais são de grande importância conhe-
Isso não significa que, uma vez o servidor estando cer. Vejamos os principais direitos:
estável no seu cargo, ele pode fazer o que quiser e não
sofrerá nenhuma punição. A estabilidade não lhe dá z Vencimentos: vencimentos está para o servidor
“carta branca” para agir como bem entender. Por isso assim como o salário está para o empregado. Con-
o conteúdo do art. 22 da Lei n° 8.112/1990: O servidor siste na retribuição pecuniária pelo exercício do
estável só perderá o cargo em virtude de sentença judi- cargo público, cujo valor é previamente fixado
cial transitada em julgado ou de processo administrati- em lei. Os vencimentos de cargos efetivos são, em
vo disciplinar no qual lhe seja assegurada ampla defesa. regra, irredutíveis;
O Texto Constitucional vai um pouco além: ele pre- z Remuneração: é mais abrangente. É o vencimen-
vê ao todo, quatro modalidades de demissão de servi- to do cargo, somado a todas as outras vantagens
dor estável. São elas: pecuniárias estabelecidas em lei. O menor valor
pago ao servidor público, independentemente de
z Por sentença judicial transitada em julgado: é sua vinculação, é o valor do salário mínimo vigen-
a forma mais demorada para se demitir um servi- te (art. 39, § 3°, da CF/1988).
dor, considerando todo o aspecto burocrático exis-
tente no processo judicial. O trânsito em julgado da O art. 39 da Constituição Federal apresenta algu-
sentença somente ocorre quando esgotados todos mas regras gerais sobre o regime dos servidores públi-
os recursos cabíveis; cos. Dentre as regras constitucionais, o §1° do referido
z Mediante processo administrativo em que lhe dispositivo prevê que a fixação dos padrões de ven-
seja assegurada ampla defesa. As regras referentes cimento e dos demais componentes do sistema
ao Processo Administrativo Disciplinar (ou PAD) remuneratório observará três aspectos: a natureza,
serão vistas mais adiante; o grau de responsabilidade e a complexidade dos car-
z Mediante procedimento de avaliação periódica gos componentes de cada carreira; os requisitos para
de desempenho, na forma de lei complementar, a investidura; e também as peculiaridades dos cargos.
DIREITO ADMINISTRATIVO

assegurada ampla defesa: quem não for aprovado


na avaliação periódica de desempenho, pode ser z Regime de subsídios: trata-se de uma forma espe-
exonerado de seu cargo público, independentemen- cial de remuneração, feita em uma única parcela.
te de ter completado o período de efetivo exercício; O regime de subsídios, previsto no art. 39, § 4°, da
z Por excesso de gasto com pessoal: as hipóteses 1 CF/1988, foi introduzido com a finalidade de coibir
a 3 estão previstas nos incisos do art. 41. Todavia, os “supersalários” comumente existentes no regi-
essa última hipótese encontra-se disposta no art. me de servidores públicos brasileiros. Importante
169, § 3°, II da CF/1988. Sob o aspecto orçamentá- ressaltar que recebem por subsídios somente os
rio e financeiro, não pode a Administração Públi- Chefes do Poder Executivo, parlamentares, magis-
ca realizar gastos superiores àqueles previstos em trados, ministros de Estado, secretários estaduais,
seu orçamento anual. Com isso, havendo a necessi- membros do Ministério Público e da Advocacia
dade, é possível, sim, que um servidor estável seja Pública, entre outros;
exonerado de seu cargo, apenas por motivos de z Indenizações: as indenizações são valores pagos
“balancear” as contas públicas. aos servidores, mas que não integram seus 349
vencimentos. O Estatuto prevê algumas hipóteses Os afastamentos, que não se confundem com as
de recebimento de indenizações: licenças, são hipóteses em que há um desligamento
permanente do servidor com o seu cargo, e, em regra,
„ Ajuda de custo por mudança, devida como o seu prazo para retorno é bem maior, o que torna
forma de compensar as despesas de instalação menos provável a sua chance de retorno. Além disso,
de servidor que tiver exercício em nova sede, quem tem interesse no afastamento do servidor são
ocorrendo mudança de seu domicílio; ambos o servidor e a própria Administração Públi-
„ Ajuda de custo por falecimento: devido à ca. Estão previstos nos arts. 93 e seguintes da Lei n°
família do servidor que vier a falecer na nova 8.666/1990. São quatro hipóteses:
sede, sendo devido para custear o transporte
para a localidade de origem; I – para servir a outro órgão ou entidade;
„ Diárias por deslocamento: devida ao servidor II – para exercício de mandato eletivo;
que se afastar, por motivos de serviço, da sede III – para estudos ou missões no exterior;
em caráter transitório, para outro local dentro ou IV – para participação em programa de pós-gra-
fora do país, receberá tal indenização como for- duação stricto sensu dentro do País.
ma de ajuda no custeio do processo de mudança;
„ Auxílio-moradia: trata-se de ressarcimento das Para compreender melhor a diferença entre licen-
despesas comprovadamente realizadas pelo ser- ças e afastamentos, segue uma tabela explicativa.
vidor com aluguel de moradia ou com hospeda-
gem realizado por algum hotel, dependendo do LICENÇA AFASTAMENTO
preenchimento de alguns requisitos, como não
ter um imóvel funcional disponível para uso, Finalidade é de interes- Finalidade é de interesse
seu cônjuge não ser ocupante de imóvel funcio- se exclusivo do agente do agente e da Adminis-
nal, ou que nenhuma outra pessoa que resida público tração Pública
com o servidor receba a mesma indenização etc. Ex: doença do cônjuge/ Ex: realização de espe-
„ Gratificações, Adicionais e Retribuições: O membro da família; para cialização; realização
art. 61 do Estatuto dos Servidores Públicos tam- exercer atividade política; de missão no exterior;
bém prevê o pagamento das seguintes gratifi- para tratar de interesses para servir a outro órgão/
cações: I - retribuição pelo exercício de função particulares entidade
de direção, chefia e assessoramento; II - gratifi-
cação natalina; IV - adicional pelo exercício de Possui prazos mais cur- Possui prazos mais lon-
atividades insalubres, perigosas ou penosas; V tos (dias, semanas) gos (meses, anos)
- adicional pela prestação de serviço extraordi-
nário; VI - adicional noturno; VII - adicional de
Uma questão que costuma cair com bastante fre-
férias; VIII - outros, relativos ao local ou à natu-
quência nas provas de concurso público é sobre a
reza do trabalho; IX - gratificação por encargo
remuneração de servidor afastado para exercício de
de curso ou concurso.
mandato eletivo (art. 94, Lei n° 8.112/1990). A regra
geral é que, para exercer um mandato eletivo, o ser-
O servidor, em relação às férias, fará jus a trin-
vidor deve se afastar do cargo e deixar de receber a
ta dias de licença para cada 12 meses de serviço, que
remuneração do mesmo. Porém, tratando-se de exercí-
podem ser acumuladas, até o máximo de dois perío-
cio de mandato de Prefeito, o servidor afastar pode-
dos, no caso de necessidade do serviço (art. 77, Lei n°
rá optar, dentre as duas remunerações, por aquela
8.112/1990). Poderão ser parceladas em até três perío-
que lhe for mais vantajosa (valores maiores, mais
dos, desde que assim requeridas pelo servidor, e no
benefícios etc.). Outro aspecto importante: no caso de
interesse da administração pública, na forma do § 3°
mandato de Vereador, o servidor poderá exercer os
do mesmo dispositivo legal.
dois cargos e receber ambas as remunerações, des-
As licenças são uma espécie de afastamento com
de que comprovada a compatibilidade de horários
algumas características próprias. Estão dispostas nos
(atua como Vereador de dia e como agente público de
arts. 81 e seguintes da Lei dos Servidores Públicos
noite, e vice-versa). Sendo incompatível o horário dos
Federais. Conceder-se-á licença ao servidor:
dois cargos, o Vereador pode optar pela remuneração
mais vantajosa, igual ao Prefeito. Isso é assim porque,
I - por motivo de doença em pessoa da família;
II - por motivo de afastamento do cônjuge ou
muitas vezes, a remuneração dos Prefeitos e Vereado-
companheiro; res de pequenos Municípios costuma ser menor do que
III - para o serviço militar; a remuneração do cargo público anterior, e ele pode
IV - para atividade política; facilmente se locomover de um ambiente de trabalho
V - para capacitação; para outro nesse Municípios de porte menor.
VI - para tratar de interesses particulares;
VII - para desempenho de mandato classista. Do Regime Previdenciário (RPPS)

Apesar de haver previsão para concessão de licen- Servidor público não é empregado. Por isso, não se
ça por prêmio em virtude de assiduidade, tal hipóte- aplica a ele o Regime Geral de Previdência, conhecido
se acabou sendo revogada pela Lei n° 9.527/1997. As também como RGPS. Os servidores possui um regime
licenças, como se depreende, são hipóteses de desli- próprio denominado Regime Próprio de Previdência
gamento temporário do servidor com o seu respectivo dos Servidores (ou RPPS).
cargo, havendo uma expectativa para o seu retorno. Esse regime tem suas políticas elaboradas e executadas
As licenças poderão ser concedidas com ou sem remu- pela Secretaria de Previdência do Ministério da Fazenda.
350 neração, a depender de cada situação. Neste Regime, é compulsório para o servidor público do
ente federativo que o tenha instituído, com teto e subtetos acidente em serviço, moléstia profissional ou
definidos pela Emenda Constitucional n° 41/2003. doença grave, contagiosa ou incurável, especifica-
Mas o Regime de Previdência dos Servidores tam- da em lei, e proporcionais nos demais casos;
bém possui dispositivos previstos em seu Estatuto. „ Aposentadoria compulsória, aos setenta anos de
Segundo o art. 184 da Lei n° 8.112/1990, o Plano de idade, com proventos proporcionais ao tempo de
Seguridade Social visa a dar cobertura aos riscos a serviço; ou ainda;
que estão sujeitos o servidor e sua família, e compreen- „ Aposentadoria voluntária, de acordo com
de um conjunto de benefícios e ações que atendam às os seguintes critérios de idade e de contribui-
seguintes finalidades: ções: aos 35 (trinta e cinco) anos de serviço, se
homem, e aos 30 (trinta) se mulher, com pro-
I - garantir meios de subsistência nos eventos de ventos integrais; aos 30 (trinta) anos de efetivo
doença, invalidez, velhice, acidente em serviço, ina- exercício em funções de magistério se profes-
tividade, falecimento e reclusão; sor, e 25 (vinte e cinco) se professora, com pro-
II - proteção à maternidade, à adoção e à ventos integrais; aos 30 (trinta) anos de serviço,
paternidade;
se homem, e aos 25 (vinte e cinco) se mulher,
III - assistência à saúde.
com proventos proporcionais a esse tempo; aos
65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem,
De modo geral, pode-se dizer que ao servidor é
e aos 60 (sessenta) se mulher, com proventos
garantido os seguintes benefícios previdenciários:
proporcionais ao tempo de serviço;
z Aposentadoria: possui previsão tanto na Consti-
tuição Federal quanto na Lei n° 8.112/1990. O Regi-
Importante!
me Próprio de Previdência dos Servidores (RPPS)
também sofreu alterações na chamada “reforma Com a entrada em vigor da Emenda Constitucio-
da previdência”, promulgada pela Emenda Cons- nal n° 103/2019, as regras para a aposentadoria
titucional n° 103/2019. Com isso, temos dois textos voluntária dos agentes públicos sofreram algu-
normativos que, até o presente momento, dispõem mas alterações. As chances de uma questão
sobre a aposentadoria. sobre essas novas regras caírem em uma prova
no momento são pequenas, mas é importante
À luz da Constituição Federal (art. 40), o servidor se prevenir. Existem também regras de transição
será aposentado:
mais específicas, as quais devem ser conhecidas
pelo candidato, ao menos um pouco. Por isso,
„ Por incapacidade permanente para o traba-
uma leitura da emenda constitucional 103/2019,
lho, no cargo em que estiver investido, quando
insuscetível de readaptação. O Texto Constitu- na íntegra, é altamente recomendada.
cional explicita que será obrigatória a realiza-
ção de avaliações periódicas para verificação
„ Auxílio-natalidade (art. 196): o auxílio-natali-
da continuidade das condições que ensejaram
dade é devido à servidora por motivo de nas-
a concessão da aposentadoria, na forma de lei
cimento de filho, em quantia equivalente ao
do respectivo ente federativo;
menor vencimento do serviço público, inclusi-
„ Compulsoriamente, com proventos proporcio-
ve no caso de natimorto;
nais ao tempo de contribuição, aos 70 (setenta)
„ Salário-Família (art. 197): o salário-família
anos de idade, ou aos 75 (setenta e cinco) anos
é devido ao servidor segundo o número de
de idade, na forma de lei complementar n°
dependentes econômicos deste. Para todos os
152/2015. Essa Lei complementar dispõe sobre
efeitos, são considerados dependentes econô-
a aposentadoria compulsória com proventos
micos, na forma do art. 197, parágrafo único:
proporcionais, sendo aplicável aos servidores
ocupantes de cargos públicos da União, Estados,
I - o cônjuge ou companheiro e os filhos, inclusive
Municípios, Distrito Federal e suas autarquias
os enteados até 21 (vinte e um) anos de idade ou, se
e fundações; aos membros do Poder Judiciário;
estudante, até 24 (vinte e quatro) anos ou, se inváli-
aos membros do Ministério Público; e aos mem- do, de qualquer idade;
bros da Defensoria Pública; II - o menor de 21 (vinte e um) anos que, median-
„ Voluntariamente, no âmbito da União, aos 62 te autorização judicial, viver na companhia e às
(sessenta e dois) anos de idade, se mulher, e aos expensas do servidor, ou do inativo;
DIREITO ADMINISTRATIVO

65 (sessenta e cinco) anos de idade, se homem, III - a mãe e o pai sem economia própria.
e, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios, na idade mínima estabeleci- „ Licença para tratamento de saúde (art. 202),
da mediante emenda às respectivas Constitui- essa licença dependente de perícia médica, sem
ções e Leis Orgânicas, observados o tempo de prejuízo da remuneração a que fizer jus. O ser-
contribuição e os demais requisitos estabele- vidor precisa comprovar que realmente está
cidos em lei complementar do respectivo ente doente e não pode trabalhar;
federativo. „ Licença à gestante, à adotante e licença-pa-
ternidade (art. 207): a licença à gestante/ado-
Com base na Lei n° 8.666/1990 (art. 186), ao servi- tante/paternidade será concedida por prazo
dor federal poderá ser concedido aposentadoria: não superior a 120 dias, sem prejuízo da remu-
neração. Todavia, a servidora gestante poderá
„ Aposentadoria por invalidez permanente; sen- prorrogar esse prazo, desde que o requeira até
do os proventos integrais quando decorrente de o final do primeiro mês após o parto, e terá 351
duração de sessenta dias. Trata-se de uma ino- XII - representar contra ilegalidade, omissão ou
vação trazida pelo Decreto n° 6.690/2008; abuso de poder.
„ Licença por acidente em serviço (art. 211): o
Estatuto considera como acidente em serviço o Ao mesmo tempo, o art. 117 da mesma Lei impõe
dano físico ou mental sofrido pelo servidor, que aos servidores públicos diversas proibições. Trata-
se relacione, mediata ou imediatamente, com as -se de uma matéria que exige grande capacidade de
atribuições do cargo exercido; memorização, ainda que não necessite de um alonga-
„ Pensão por morte (art. 215): esse é um dos mento muito detalhado.
raros benefícios que não é devido ao servidor
(por motivos óbvios), mas a seus dependen- Art. 117 Ao servidor é proibido:
tes, incluindo nesse grupo o cônjuge, o cônju- I - ausentar-se do serviço durante o expediente, sem
ge divorciado ou separado judicialmente ou prévia autorização do chefe imediato;
de fato; o companheiro ou companheira que II - retirar, sem prévia anuência da autoridade
comprove união estável como entidade fami- competente, qualquer documento ou objeto da
liar; ou ainda ao filho de qualquer condição, ou repartição;
seja, todos os entes equiparados a filho (entea- III - recusar fé a documentos públicos;
IV - opor resistência injustificada ao andamento de
do, menor tutelado), desde que preencha as
documento e processo ou execução de serviço;
seguintes condições: a) seja menor de 21 (vinte
V - promover manifestação de apreço ou desapreço
e um) anos; b) seja inválido; c) tenha deficiên- no recinto da repartição;
cia grave; ou ainda d) tenha deficiência intelec- VI - cometer a pessoa estranha à repartição, fora
tual ou mental; dos casos previstos em lei, o desempenho de atri-
„ Auxílio-reclusão (art. 229): outro benefício buição que seja de sua responsabilidade ou de seu
também devido aos dependentes do servidor, subordinado;
cujo valor poderá ser: VII - coagir ou aliciar subordinados no sentido de
filiarem-se a associação profissional ou sindical, ou
I - dois terços da remuneração, quando afastado a partido político;
por motivo de prisão, em flagrante ou preventiva, VIII - manter sob sua chefia imediata, em cargo
determinada pela autoridade competente, enquan- ou função de confiança, cônjuge, companheiro ou
to perdurar a prisão; parente até o segundo grau civil;
II - metade da remuneração, durante o afastamen- IX - valer-se do cargo para lograr proveito pessoal
to, em virtude de condenação, por sentença defini- ou de outrem, em detrimento da dignidade da fun-
tiva, a pena que não determine a perda de cargo. ção pública;
X - participar de gerência ou administração de
DOS DEVERES E RESPONSABILIDADES DOS sociedade privada, personificada ou não personifi-
SERVIDORES PÚBLICOS cada, exercer o comércio, exceto na qualidade de
acionista, cotista ou comanditário;
Apesar da grande quantidade de direitos e vanta- XI - atuar, como procurador ou intermediário,
junto a repartições públicas, salvo quando se tra-
gens, o Estatuto dos Servidores Públicos também atri-
tar de benefícios previdenciários ou assistenciais
bui aos mesmos diversos deveres, com base no regime
de parentes até o segundo grau, e de cônjuge ou
disciplinar o qual, se não for atendido, enseja a ins-
companheiro;
tauração de processo disciplinar para a apuração de XII - receber propina, comissão, presente ou van-
infrações funcionais. tagem de qualquer espécie, em razão de suas
Nos termos do art. 116 da Lei n° 8.112/1990: atribuições;
XIII - aceitar comissão, emprego ou pensão de esta-
Art. 116 São deveres do servidor: do estrangeiro;
I - exercer com zelo e dedicação as atribuições do XIV - praticar usura sob qualquer de suas formas;
cargo XV - proceder de forma desidiosa;
II - ser leal às instituições a que servir; XVI - utilizar pessoal ou recursos materiais da
III - observar as normas legais e regulamentares; repartição em serviços ou atividades particulares;
IV - cumprir as ordens superiores, exceto quando XVII - cometer a outro servidor atribuições estra-
manifestamente ilegais; nhas ao cargo que ocupa, exceto em situações de
V - atender com presteza; emergência e transitórias;
a) ao público em geral, prestando as informações XVIII - exercer quaisquer atividades que sejam
requeridas, ressalvadas as protegidas por sigilo; incompatíveis com o exercício do cargo ou função e
b) à expedição de certidões requeridas para defesa com o horário de trabalho;
de direito ou esclarecimento de situações de inte- XIX - recusar-se a atualizar seus dados cadastrais
resse pessoal; quando solicitado.
c) às requisições para a defesa da Fazenda Pública;
VI - levar as irregularidades de que tiver ciência Por fim, em relação à responsabilidade dos ser-
em razão do cargo ao conhecimento da autoridade vidores públicos, o art. 121 da Lei n° 8.112/1990 é bas-
superior ou, quando houver suspeita de envolvi-
tante claro ao dispor que “O servidor responde civil,
mento desta, ao conhecimento de outra autoridade
penal e administrativamente pelo exercício irregular
competente para apuração;
VII - zelar pela economia do material e a conserva-
de suas atribuições”. Vemos, então, que uma única
ção do patrimônio público; conduta praticada pelo referido servidor pode ense-
VIII - guardar sigilo sobre assunto da repartição; jar em responsabilização em três esferas distintas. A
IX - manter conduta compatível com a moralidade responsabilidade civil do servidor público decorre
administrativa; da prática de atos comissivos ou omissivos, que sejam
X - ser assíduo e pontual ao serviço; capazes de causar danos materiais ao erário (patrimô-
352 XI - tratar com urbanidade as pessoas; nio público), ou a terceiros.
A responsabilidade penal do servidor tem seu interesses próprios em face do Poder Público. O reque-
fundamento na apuração de uma conduta criminal, rimento será dirigido à autoridade competente para
isso é, a hipótese em que o servidor público possa pra- decidi-lo e na sequência encaminhado por intermé-
ticar um ilícito penal, ou crime. A responsabilidade dio daquela a qual o servidor estiver imediatamente
penal é, definitivamente, a mais grave e perigosa, uma subordinado. Deve ser respeitado o princípio do con-
vez que ela pode repercutir nas demais esferas, tanto traditório e da ampla defesa, dando espaço para que
pela condenação do servidor condenado, como pela tanto o servidor público como o Estado possam impug-
sua absolvição pela falta de provas materiais ou pela nar todos os pontos do requerimento, apresentar sua
negação de sua autoria, sendo essas últimas hipóteses defesa técnica escrita, e interpor recursos (art. 107, Lei
apenas exceções. n° 8.666/1990) das decisões que lhe prejudicarem.
A responsabilidade administrativa, por outro O direito de requerer decai: em 5 (cinco) anos,
lado, consiste na instauração de processo disciplinar quanto aos atos de demissão e de cassação de apo-
(art. 116 e seguintes, Lei n° 8.112/1990), pelo qual have- sentadoria ou disponibilidade, ou que afetem interes-
rá a verificação da conduta delituosa do agente, bem se patrimonial e créditos resultantes das relações de
como a aplicação da pena mais adequada. Imprescin- trabalho; ou em 120 (cento e vinte) dias, nos demais
dível reforçar que a aplicação de qualquer pena ao casos, salvo quando outro prazo for fixado em lei.
servidor público pressupõe um processo administra-
tivo, sendo assegurado ao acusado direito ao contra- Do Processo Administrativo Disciplinar: Conceito,
ditório e à ampla defesa, sendo obrigatória, inclusive, Princípios, Fases e Modalidades
a presença do advogado em todas as fases do referido
processo (Súmula n° 343 do STJ). Todavia, tal entendi- O processo administrativo é o instrumento desti-
mento vem sofrendo alterações, pois o STF já reconhe- nado a apurar as responsabilidades do servidor por
ceu em Súmula Vinculante n° 5 entendimento de que infração praticada no exercício de suas atribuições ou
a falta de defesa técnica no processo administrativo relacionada ao cargo que ocupa. O processo pode ocor-
disciplinar não é inconstitucional. rer em procedimento ordinário ou em sindicância.
Em relação às penalidades administrativas apli- A sindicância é definida como uma averiguação
cáveis aos servidores públicos, a Lei n° 8.112/1990 sumária promovida no intuito de obter informações
(art. 127) prevê aplicação das seguintes sanções: ou esclarecimentos necessários à determinação do
verdadeiro significado dos fatos denunciados. Compa-
z Advertência: é a sanção mais branda, aplicável rando com o processo penal, pode-se afirmar que a
por escrito para o servidor que cometer atos como: sindicância é como se fosse a “fase investigativa”, pois
ausentar-se do serviço injustificadamente; recusar o fim dela não resulta em uma sentença ou decisão:
fé a documento público; retirar qualquer docu- ela serve primordialmente para apurar o que ocorreu,
mento da repartição sem a devida autorização; e se é necessário instaurar o processo posteriormente.
manter sob sua chefia cônjuge, companheiro ou Segundo o artigo 145, da sindicância poderá resul-
parente até o segundo grau; entre outros; tar: I - arquivamento do processo; II - aplicação de
z Suspensão: aplicável somente quando o servidor penalidade de advertência ou suspensão de até 30 (trin-
é reincidente nas faltas puníveis por advertên- ta) dias;III - instauração de processo disciplinar.
cia, desde que não tipifiquem infrações sujeitas a Como forma de impedir que o servidor venha
demissão do cargo. A suspensão não poderá ser interferir de forma negativa durante a investigação
aplicada por prazo maior a noventa dias; da apuração de sua conduta, estabelece o art. 147 o
z Demissão: trata-se da penalidade mais grave atri- afastamento preventivo do mesmo: Como medida
buída ao servidor público, uma vez que tem o con- cautelar e a fim de que o servidor público não venha
dão de exonerá-lo de seu cargo. A demissão será a influir na apuração da irregularidade ao mesmo
aplicada nos casos em que o servidor: cometer atribuída, a autoridade instauradora do processo
crime contra a administração pública; abandonar administrativo-disciplinar, verificando a existência de
seu cargo; improbidade administrativa; praticar veementes indícios de responsabilidades, poderá orde-
conduta escandalosa na repartição; ofender fisica- nar o seu afastamento do exercício do cargo.
mente, em serviço, outro servidor; revelar segre- Uma vez encerrada a sindicância e, constatado
do o qual obteve devido a sua função; corrupção; uma conduta irregular, temos o início do processo
receber propina, comissão, ou outra vantagem de administrativo disciplinar (PAD), ou ordinário. Segun-
qualquer espécie em razão de suas atribuições; do o art. 148, o processo administrativo ordinário é
etc. Muitas dessas hipóteses impedem que o infra- o instrumento destinado a apurar responsabilidade do
tor retorne ao serviço público federal, por isso tra- servidor público pela infração praticada no exercício de
DIREITO ADMINISTRATIVO

tar-se de uma das penalidades mais gravosas; suas atribuições ou que tenha relação com as atribui-
z Cassação de Aposentadoria ou da Disponibi- ções do cargo em que se encontre investido.
lidade: o servidor inativo que houver praticado Segundo o art. 149, o processo será conduzido por
falta punível com a demissão, terá a sua aposenta- Comissão composta de três servidores estáveis desig-
doria, ou sua disponibilidade cassada; nados pela autoridade competente, observado o dis-
z Destituição de Cargo em Comissão ou Função posto no § 3° do art. 143, que indicará, dentre eles,
Comissionada: caso o servidor ocupante de car- o seu presidente, que deverá ser ocupante de cargo
go não efetivo cometa uma das faltas passíveis da efetivo superior ou de mesmo nível, ou ter nível de
pena de suspensão e demissão, poderá perder o escolaridade igual ou superior ao do indiciado.
seu cargo de confiança ou função comissionada. Não temos a figura de um Juiz de Direito no proces-
so administrativo, e sim uma “autoridade julgadora”.
Por fim, é importante ressaltar que ao servidor é A Comissão não faz parte da autoridade julgadora, ela
conferido direito de petição, na forma do art. 104 e fica encarregada de realizar um relatório contendo
seguintes da Lei n° 8.666/1990, para requerer direitos e
353
todas as provas colhidas e todos os fatos devidamente indiciação do servidor, com a especificação dos fatos
investigados. a ele imputados e das respectivas provas. O indiciado
Ao todo, são três as fases do processo adminis- será citado por mandado expedido pelo presidente da
trativo disciplinar (art. 151): comissão para apresentar defesa escrita, no prazo de
10 (dez) dias, sendo assegurado dar vista do processo
I - instauração, com a publicação do ato que cons- na repartição, isso é, olhar página por página, parágra-
tituir a comissão; fo por parágrafo, tudo o que já foi produzido no PAD.
II - inquérito administrativo, que compreende ins- Considerar-se-á revel o indiciado que, regular-
trução, defesa e relatório; mente citado, não apresentar defesa no prazo legal.
III - julgamento. A revelia será declarada, por termo, nos autos do pro-
Art. 155. Na fase do inquérito, a comissão promo- cesso e devolverá o prazo para a defesa.
verá a tomada de depoimentos, acareações, investi- Uma vez apuradas todas as provas, a Comissão ela-
gações e diligências cabíveis, objetivando a coleta
borará um relatório de tudo que foi constado no pro-
de prova, recorrendo, quando necessário, a técni-
cesso. Não é ainda uma decisão, pois o relatório será
cos e peritos, de modo a permitir a completa eluci-
encaminhado para a autoridade julgadora.
dação dos fatos.
A fase do julgamento tem início com o recebimento
do relatório da Comissão, e terá prazo máximo de 20
O inquérito administrativo é a fase em que temos a
dias (art. 167) para decidir se acata o relatório ou não.
apuração da responsabilidade disciplinar do servidor
O art. 168, caput e Parágrafo Único, dispõe, de
público. Ela compreende a fase instrutória (colheita
modo geral, que a autoridade julgadora não está
de provas), a citação e apresentação da defesa do ser-
subordinada ao que foi dito no relatório da Comissão.
vidor que está sendo acusado, além da produção de
O julgamento acatará o relatório da comissão, salvo
um documento chamado relatório.
quando contrário às provas dos autos. Quando o rela-
Importante o conteúdo do art. 156, ao dispor que
tório da comissão contrariar as provas dos autos, a
autoridade julgadora poderá, motivadamente, agravar
Art. 156 É assegurado ao servidor o direito de
a penalidade proposta, abrandá-la ou isentar o servi-
acompanhar o processo pessoalmente ou por inter-
médio de procurador, arrolar e reinquirir testemu- dor de responsabilidade.
nhas, produzir provas e contraprovas e formular
quesitos, quando se tratar de prova pericial. Art. 172 O servidor que responder a processo
disciplinar só poderá ser exonerado a pedido, ou
aposentado voluntariamente, após a conclusão
Esse art. 156 trata de um conteúdo muito impor-
do processo e o cumprimento da penalidade, aca-
tante, por ser a respeito do direito de defesa do servi-
so aplicada. Ocorrida a exoneração de que trata o
dor público. Não é porque não estamos num processo parágrafo único, inciso I do art. 34, o ato será con-
judicial (com a figura de um membro do Poder Judi- vertido em demissão, se for o caso.
ciário) que não devem ser aplicados os princípios
mais básicos e fundamentais do mesmo. É cabível no A qualquer tempo poderá ser requerida a revisão
processo administrativo o respeito ao contraditório e do procedimento administrativo de que resultou sanção
ampla defesa, a disparidade de armas, o direito de ter disciplinar, quando se aduzam fatos ou circunstâncias
ciência e conhecimento do processo, o direito de ser que possam justificar a inocência do requerente, men-
representado por autoridade competente etc. cionados ou não no procedimento original (art. 174).
A seguir temos alguns meios de prova que são A revisão é uma de defesa utilizada pelo acusado
admitidos no processo administrativo. São muito ou seu representante, para que a autoridade possa
parecidos, praticamente os mesmos meios de prova realizar um novo julgamento do PAD, porque apare-
admitidos em processo judicial. ceu um fato ou circunstância nova que comprovem a
As testemunhas estão dispostas no art. 157, e serão inocência do requerente.
intimadas a depor mediante mandado expedido pelo A revisão de que trata este art. poderá ser requerida
presidente da comissão, devendo a segunda via, com em caso de falecimento, ausência ou desaparecimento
o ciente do interessado, ser anexado aos autos. Quem do servidor público, por qualquer pessoa da família;
chama as testemunhas para colher seus respectivos ou ainda em caso de incapacidade mental do servidor
depoimentos, e quem faz toda a colheita de todos os
meios de prova, é a Comissão e não a autoridade jul- público, pelo respectivo curador (art. 174, §§ 1° e 2°).
gadora. Esta somente vai atuar no PAD quando todo o No processo revisional, o ônus da prova recai sem-
trabalho da Comissão tiver encerrado. pre ao requerente, correndo em apenso ao processo
Se a testemunha for servidor público, a expedição original (arts. 175 e 178).
do mandado tem que ser imediatamente comunicada A comissão revisora terá 60 (sessenta) dias para
ao chefe da repartição onde serve, com a indicação do a conclusão dos trabalhos de revisão. O prazo para
dia e hora marcados para inquirição. (art. 157, parágra- julgamento será de 20 (vinte) dias, contados do rece-
fo único). O servidor não pode se ausentar de seu servi- bimento do processo, no curso do qual a autoridade
ço sem apresentar uma justificativa válida para tanto. julgadora poderá determinar diligências (art. 181,
Concluída a inquirição das testemunhas, a comis- parágrafo único).
são promoverá o interrogatório do acusado, obser- Lembrando que, se da revisão do processo resultar
vados os procedimentos previstos nos arts. 157 e a inocência do servidor, ele tem direito de ser reinte-
158. No caso de mais de um acusado, cada um deles grado ao cargo que antigamente ocupava.
será ouvido separadamente e, sempre que divergirem A revisão do processo não admite a reformatio in
em suas declarações sobre fatos ou circunstâncias, pejus, o que significa que não poderá resultar agravamen-
será promovida a acareação entre eles. to da penalidade já aplicada (art. 182, parágrafo único).
A citação do indiciado está disposta no art. 161.
354 Tipificada a infração disciplinar, será formulada a
a) Princípio da especialidade
EXERCÍCIOS COMENTADOS b) Princípio da tutela
c) Princípio da impessoalidade
1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Se um servidor em dis- d) Princípio da hierarquia
ponibilidade reingressa no serviço público, em cargo e) Princípio da continuidade do interesse público
de natureza e padrão de vencimento correspondentes
ao que ocupava, então, nesse caso, ocorre o que se 2. (IBFC – 2020) No que se refere aos atributos dos atos
denomina administrativos, analise as afirmativas abaixo e dê
valores Verdadeiro (V) ou Falso (F).
a) redistribuição.
b) aproveitamento. ( ) A imperatividade é um atributo do ato administrativo.
c) readaptação. ( ) A autoexecutoriedade é um atributo pelo qual o ato
d) recondução. administrativo pode ser posto em execução pela pró-
e) remoção. pria Administração Pública, sem necessidade de inter-
venção do Poder Judiciário.
A letra A está errada, redistribuição é o desloca- ( ) Para que um ato administrativo esteja em consonân-
mento de cargo de provimento efetivo (que já está cia com a lei e seja presumido legítimo é necessário
em serviço), ocupado ou vago no âmbito do qua- uma intervenção estatal.
dro geral de pessoal, para outro órgão ou entidade
do mesmo Poder, com prévia apreciação do órgão Assinale a alternativa que apresenta a sequência cor-
central do SIPEC. A letra C está errada, pois rea- reta de cima para baixo.
daptação é a investidura do servidor em cargo de
atribuições e responsabilidades compatíveis com a) V, V, V
a limitação que tenha sofrido em sua capacidade b) V, V, F
física ou mental verificada em inspeção médica. A c) V, F, V
letra D está errada, a recondução é o retorno do d) F, F, V
servidor estável para o mesmo cargo anteriormen- e) F, V, F
te ocupado, que ocorre geralmente por inabilitação
em estágio probatório relativo a outro cargo, ou por 3. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa que corresponde
reintegração do anterior ocupante. A letra E está ao atributo do ato administrativo, segundo o qual, pre-
errada, a remoção é o deslocamento do servidor que sumem-se verdadeiros os fatos alegados pela Admi-
se encontra em serviço, a pedido deste ou de ofício, nistração. Assim ocorre com relação às certidões,
no âmbito do mesmo quadro, com ou sem mudança atestados, declarações, informações por ela forneci-
de sede. Resposta: Letra B. dos, todos dotados de fé pública.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Acerca de administração a) Presunção de legalidade


de cargos, carreiras e salários, julgue o item a seguir. b) Presunção de dualidade
Na administração pública, a remuneração abrange o c) Presunção de veracidade
ressarcimento por dispêndios havidos pelo servidor d) Presunção de economicidade
em razão da execução de atividades laborais. e) Presunção de gratuidade

( ) CERTO ( ) ERRADO 4. (IBFC – 2017) Analise os itens a seguir e considere a


classificação dos atos administrativos para assinalar
A remuneração do servidor público pode ser aufe- a alternativa correta.
rida pela conjunção de seus vencimentos, mais as
suas vantagens. O ressarcimento por dispêndios a) Quanto às prerrogativas com que atua a Administra-
havidos pela execução de suas atividades laborais ção, os atos podem ser simples ou compostos, sendo
são as indenizações (ajuda de custo, diárias, auxí- estes últimos os praticados pela Administração em
lio-moradia etc.), que não integram a remuneração situação de igualdade com os particulares, para a con-
do servidor público. Resposta: Errado. servação e desenvolvimento do patrimônio público e
para a gestão de seus serviços
b) Quanto à formação da vontade, os atos administra-
tivos podem ser simples, complexos e compostos,
HORA DE PRATICAR! sendo estes últimos os que decorrem da declaração
DIREITO ADMINISTRATIVO

de vontade de um único órgão, seja ele singular ou


1. (IBFC – 2020) O artigo 37, parágrafo 1°, da Constitui- colegiado
ção Federal de 1988 dispõe o seguinte: c) Quanto à formação da vontade, os atos administra-
tivos podem ser unitários, ditados e componentes,
“§1º A publicidade dos atos, programas, obras, servi- sendo estes últimos os que decorrem da declaração
ços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter cará- de vontade de um único órgão, seja ele singular ou
ter educativo, informativo ou de orientação social, dela colegiado
não podendo constar nomes, símbolos ou imagens d) Quanto às prerrogativas com que atua a Administra-
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ção, os atos podem ser de império e de gestão, sendo
ou servidores públicos” estes últimos os praticados pela Administração em
A expressão destacada tem relação com um princípio situação de igualdade com os particulares, para a con-
da Administração Pública encontrado na Constituição servação e desenvolvimento do patrimônio público e
Federal. Assinale a alternativa correta que apresenta para a gestão de seus serviços
esse princípio. 355
e) Quanto aos destinatários, os atos administrativos b) A investidura em cargo ou emprego público depende
podem ser gerais e individuais, sendo que ambos os de aprovação prévia em concurso público de provas
casos atingem todas as pessoas que se encontram na ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a
mesma situação complexidade do cargo ou emprego, na forma pre-
vista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo
5. (IBFC – 2020) Sobre discricionariedade, vinculação e em comissão declarado em lei de livre nomeação e
os elementos do ato administrativo, analise as afirma- exoneração
tivas abaixo. c) É garantido ao servidor público civil o direito à livre
associação sindical
I. Discricionariedade é sinônimo de arbitrariedade. d) A Constituição estipula um teto para a remuneração e
II. A discricionariedade é verificada quando a lei deixa o subsídio dos ocupantes de cargos, funções e empre-
certa margem de liberdade de decisão diante do caso gos públicos da administração direta, autárquica e
concreto, de tal modo que a autoridade poderá optar fundacional, mas não para os membros de qualquer
por uma dentre várias soluções possíveis, todas vali- dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal
das perante o direito. e dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e
III. O exercício da discricionariedade comumente é verifica- dos demais agentes políticos
do nos elementos motivo e objeto do ato administrativo. e) A lei reservará percentual dos cargos e empregos
públicos para as pessoas portadoras de deficiência e
Assinale a alternativa correta. definirá os critérios de sua admissão

a) As afirmativas I, II e III estão corretas 9. (IBFC – 2017) Considerando as normas da Lei Esta-
b) Apenas as afirmativas I eII estão corretas dual da Bahia nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas (Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia),
d) Apenas a afirmativa I está correta assinale a alternativa correta.
e) Apenas a afirmativa II está correta
a) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
6. (IBFC – 2020) Acerca dos Poderes da Administração constituem a categoria especial de servidores públi-
Pública, em especial o Poder de Polícia, analise as afir- cos militares estaduais denominados policiais mili-
mativas abaixo. tares, cuja carreira é integrada por cargos técnicos
estruturados hierarquicamente, sendo que a hierar-
I. A polícia administrativa rege-se pelo Direito Adminis- quia e a disciplina são a base institucional da Polícia
trativo, incidindo sobre bens, direitos ou atividades. Militar
II. Costuma-se apontar como atributos do poder de polí- b) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
cia a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a constituem a categoria geral de servidores públicos
coercibilidade. civis estaduais denominados policiais militares, cuja
III. A polícia judiciária rege-se pelo Direito Processual carreira é integrada por cargos técnicos estruturados
Penal, incidindo sobre pessoas. hierarquicamente, sendo que a hierarquia e a discipli-
na são a base institucional da Polícia Militar
Assinale a alternativa correta. c) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
constituem a categoria geral de servidores públicos
a) As afirmativas I, II e III estão corretas civis estaduais denominados policiais civis militari-
b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas zados, cuja carreira é integrada por cargos técnicos
c) Apenas as afirmativas II e III estão corretas estruturados hierarquicamente, sendo que a hierar-
d) Apenas a afirmativa I está correta quia e a disciplina são a base institucional da Polícia
e) Apenas a afirmativa II está correta Militar
d) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
7. (IBFC – 2017) Considere a expressão “Administração constituem a categoria especial de servidores públi-
Pública” e assinale a alternativa correta sobre como cos civis estaduais denominados policiais militares,
se denomina a atividade que a Administração Públi- cuja carreira é integrada por cargos políticos estru-
ca executa, direta ou indiretamente, para satisfazer a turados hierarquicamente, sendo que a hierarquia e a
necessidade coletiva, sob regime jurídico predominan- disciplina são a base operacional da Polícia Militar
temente público. e) Os integrantes da Polícia Militar do Estado da Bahia
constituem a categoria geral de servidores públicos
a) Intervenção militares estaduais denominados policiais militares,
b) Serviço público cuja carreira é integrada por cargos políticos estrutu-
c) Polícia judiciária rados de forma não hierárquica, sendo que a ausência
d) Polícia administrativa de hierarquia e a disciplina são a base operacional da
e) Intervenção judicial Polícia Militar

8. (IBFC – 2020) Acerca das disposições da Constituição 10. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre os
Federal de 1988 sobre a Administração Pública e os requisitos e condições para o ingresso na Polícia Mili-
servidores públicos, assinale a alternativa incorreta. tar com referência à Lei Estadual da Bahia nº 7.990, de
27 de dezembro de 2001 (Estatuto dos Policiais Milita-
res do Estado da Bahia).
a) Os cargos, empregos e funções públicas são acessí-
veis aos brasileiros que preencham os requisitos esta-
belecidos em lei, assim como aos estrangeiros, na a) Ser brasileiro nato ou estrangeiro residente e ter o
forma da lei mínimo de dezoito e o máximo de trinta anos de idade
356
b) Ser brasileiro nato ou naturalizado e ter o mínimo de I. Os atos vinculados são aqueles que praticados pela
vinte e um e o máximo de trinta anos de idade Administração em estrito cumprimento de uma previ-
c) Ser brasileiro nato ou estrangeiro residente e ter o são legal, que determina sua emissão tão logo ocorri-
mínimo de vinte e o máximo de quarenta e cinco anos da a situação prévia e legalmente catalogada.
de idade II. Atos vinculados tanto podem ser revogados por
d) Ser brasileiro nato ou naturalizado e ter o mínimo de razões de interesse público, após a realização de um
dezoito e o máximo de trinta e cinco anos de idade juízo de conveniência e oportunidade, como podem
e) Ser brasileiro nato ou naturalizado e ter o mínimo de ser anulados na hipótese de vício de legalidade.
dezoito e o máximo de trinta anos de idade III. Os atos discricionários são praticados pela Adminis-
tração como resultante do exercício do poder discri-
11. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre cionário outorgado pela lei, em que o agente, dispondo
escala hierárquica com referência à Lei Estadual da de margem de liberdade, aplica a solução mais apro-
Bahia nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (Estatuto priada ao caso concreto, em respeito à ordem jurídica
dos Policiais Militares do Estado da Bahia). vigente, a fim de resguardar a melhor maneira de atin-
gir o interesse públicos.
a) Posto é o grau hierárquico do Oficial, conferido por ato
do Governador do Estado e registrado em Carta Paten- A partir dessa análise, pode-se concluir que:
te; Graduação é o grau hierárquico do Praça conferido
pelo Comandante Geral da Polícia Militar a) apenas I e II estão corretas.
b) Posto e Carta Patente constituem espécies de grau b) apenas I e III estão corretas.
hierárquico do Oficial, conferidos por ato do Governa- c) apenas II e III estão corretas.
dor do Estado d) todas as proposições estão corretas.
c) Posto e Graduação constituem espécies de grau hie- e) todas as proposições estão incorretas.
rárquico do Oficial, conferidos por ato do Governador
do Estado 15. (IBFC – 2017) Considerando o atributo de autoexecu-
d) Graduação é o grau hierárquico do Oficial, conferido toriedade, assinale a alternativa correta.
por ato do Governador do Estado e registrado em Car-
ta Patente; Posto é o grau hierárquico do Praça confe- a) Atributo pelo qual o ato administrativo pode ser posto
rido pelo Comandante Geral da Polícia Militar em execução pela própria Administração Pública, sem
e) Posto e Graduação constituem espécies de grau hie- necessidade de intervenção do Poder Judiciário
rárquico do Oficial, conferidos por ato do Comandante b) Atributo pelo qual, presumem-se verdadeiros os fatos
Geral da Polícia Militar alegados pela Administração
c) Atributo que diz respeito à conformidade do ato com a lei
12. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a d) Atributo que estabelece a necessidade de confirma-
estrutura básica da polícia militar com referência à Lei ção judicial dos atos da Administração Pública
estadual nº 13.201, de 09 de dezembro de 2014 (Reor- e) Atributo que vincula o agente público à vontade do
ganização a Polícia Militar da Bahia). legislador

a) O único órgão colegiado é o Colégio de Coronéis 16. (IBFC – 2016) Leia as afirmações abaixo e assinale a
b) São órgãos de direção tática, o Comando de Opera- alternativa correta.
ções Policiais Militares e o Comando de Operações de
Inteligência I. O Princípio da Supremacia do Interesse Público coloca
c) São órgãos colegiados, o Alto Comando e Colégio de o particular em pé de igualdade com o Poder Público.
Coronéis II. A presunção de legitimidade do ato administrativo é
d) São órgãos de direção estratégica, Comandos de apenas relativa, isto porque a lei nos permite provar o
Policiamento Regionais e Comando de Policiamento contrário, ou seja, provar que a Administração Pública
Especializado não praticou o ato da maneira devida, causando assim
e) São órgãos de direção tática, o Comando de Opera- ilegalidade que pode levar à anulação do ato.
ções Policiais Militares e o Comando de Policiamento
Especializado a) Somente a afirmação I está correta.
b) Somente a afirmação II está correta.
13. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre qual c) Todas as afirmações estão corretas.
é o órgão diretivo superior e estratégico, que tem por d) Nenhuma das afirmações está correta.
finalidade planejar, dirigir, executar, avaliar, deliberar e
DIREITO ADMINISTRATIVO

controlar as atividades da Polícia Militar da Bahia nos 17. (IBFC – 2018) Agentes públicos são todas as pessoas
termos da Lei estadual nº 13.201, de 09 de dezembro físicas incumbidas de exercer alguma função estatal,
de 2014 (Reorganização a Polícia Militar da Bahia). definitiva ou transitoriamente. A esse respeito, assina-
le a alternativa correta.
a) Colégio de Coronéis
b) Colégio de Vogais a) Os agentes não desempenham as funções dos órgãos
c) Conselho de Oficiais a que estão vinculados
d) O Comando-Geral b) Os cargos e as funções nem sempre são independen-
e) Comando de Oficiais tes dos agentes
c) Cargo é o lugar, ao qual corresponde uma função e é
14. (IBFC – 2012) Acerca do regime jurídico dos atos provido por um agente sem estar vinculado a ele
administrativos vinculados e discricionários, analise d) O agente precisa ter ótimas noções da língua portu-
as proposições abaixo. guesa e obrigatoriamente de Direito Público e Privado
357
por conta da função, independentemente do local que c) Submissão ao período de 03 (três) anos, durante o
esteja lotado qual sua aptidão e capacidade serão objeto de avalia-
e) O agente público é aquele que atua em uma atribuição ção para o desempenho do cargo.
de acordo com a vontade do Estado d) Aceitação expressa das atribuições, deveres e respon-
sabilidades inerentes ao cargo público, com o compro-
18. (IBFC – 2012) Considere as seguintes afirmações misso de bem servir, formalizada com a assinatura de
em relação ao regime constitucional dos servidores termo pela autoridade competente e pelo servidor.
públicos: e) Retomo do aposentado por invalidez, quando os moti-
vos determinantes da aposentadoria forem declara-
I. A Constituição Federal não assegura o direito de gre- dos insubsistentes por junta médica oficial.
ve aos servidores públicos, em razão do princípio da
supremacia do interesse público. 9 GABARITO
II. os acréscimos pecuniários percebidos por servidor
público devem ser computados e acumulados para
fins de concessão de acréscimos ulteriores. 1 C
III. é vedada a acumulação remunerada de cargos públi-
2 B
cos, entretanto, o mesmo dispositivo constitucional
permite, quando houver compatibilidade de horários, 3 C
a acumulação de um cargo de professor com outro,
técnico ou científico. 4 D
IV. as funções de confiança, exercidas exclusivamente
por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos 5 C
em comissão, a serem preenchidos por servidores de 6 A
carreira nos casos, condições e percentuais mínimos
previstos em lei, destinam-se apenas às atribuições de 7 B
direção, chefia e assessoramento.
8 D
Somente é correto o que se afirma em: 9 A

a) I e II. 10 E
b) I e III.
11 A
c) II e III.
d) II e IV. 12 C
e) III e IV.
13 D
19. (IBFC – 2014) De acordo a Lei nº 869/52 - Estatuto
14 B
dos Funcionários Públicos Civis do Estado de Minas
Gerais não é correto afirmar que: 15 A

a) O funcionário poderá ser licenciado para tratar de inte- 16 B


resses particulares.
17 E
b) Ao funcionário que se deslocar da sede, eventual-
mente e por motivo de serviço faz jus à percepção de 18 E
diárias a título de indenização das despesas de ali-
mentação e pousada. 19 C
c) Se a posse não se der dentro do prazo máximo de 30
20 E
(trinta) dias, contados da data da publicação do decre-
to no órgão oficial, será tornada sem efeito, por decre-
to, a nomeação.
d) Posse é o ato que investe o cidadão em cargo ou em
função gratificada. ANOTAÇÕES
20. (IBFC – 2015) Assinale a alternativa correta sobre
o que o Estatuto do Servidor Público Civil do Estado
da Bahia, das Autarquias e das Fundações Públicas
Estaduais (Lei estadual n° 6.677 de 26 de setembro
de 1994) considera ser reversão dentre as formas de
provimento de cargo público.

a) Elevação do servidor ocupante de cargo de provimento


permanente, dentro da categoria funcional a que per-
tence, pelos critérios de merecimento e antiguidade.
b) Aquisição de estabilidade do servidor habilitado em
concurso público e empossado em cargo de provi-
mento permanente ao completar 03 (três) anos de
efetivo exercício.

358
LEI PENAL NO TEMPO
PRINCÍPIOS

DIREITO PENAL O Direito Penal é o conjunto de regras e prin-


cípios que disciplinam a infração penal, ou seja, o
crime ou delito e a contravenção penal, e a sanção
penal, isto é, a pena e a medida de segurança.
APLICAÇÃO DA LEI PENAL Tal conceito é de grande importância, uma vez que
delimita o objeto e o alcance da matéria, assim como
O Direito Penal moderno se assenta em determi- ajuda no estudo e na compreensão da disciplina.
nados princípios fundamentais, próprios do Estado de Mas para que serve esse ramo do Direito? Podemos
Direito democrático, entre os quais destacam-se o da dizer que o Direito Penal serve para tutelar (proteger,
legalidade dos delitos e das penas, da reserva legal ou cuidar) os principais bens jurídicos (valores materiais
da intervenção legalizada, tudo com base constitucio- ou imateriais, como a vida, liberdade, patrimônio,
nal expressa. honra, saúde, entre outros) instituindo sanções para
O Direito Penal está interligado a todos os ramos quem infringir suas normas.
do Direito, especialmente ao Direito Constitucional. O
estudo da aplicação da lei penal deve, quase que obri- Dica
gatoriamente, passar pelos princípios constitucionais
e, assim, avançar. O Direito Penal faz parte das chamadas Ciências
Sobre a aplicação da lei penal, é necessário com- Criminais. Juntamente como Direito Processual
preender as fontes do direito penal: Penal e a Execução Penal, compõe a Dogmática
Penal (tratada por alguns autores por Ciências
z Fontes Formais Mediatas; Penais). Por sua vez, a Dogmática Penal, a Cri-
z Fontes Materiais Imediatas. minologia e a Política Criminal interagem entre
si, formando o modelo tripartido das Ciências
Fontes Formais Mediatas Criminais.

Costume é a reiteração de uma conduta, de modo O estudo do Direito Penal se dá pela análise do
constante e uniforme, por força da convicção de sua Código Penal (Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de dezembro
obrigatoriedade. Possui um elemento objetivo, relati- de 1940) e da chamada legislação penal especial ou
vo ao fato (reiteração da conduta) e ,outro, subjetivo, extravagante, que consiste nas normas penais conti-
inerente ao agente (convicção da obrigatoriedade).
das em leis fora do Código Penal (como, por exemplo,
Ambos devem estar presentes cumulativamente. No
a Lei de Crimes Ambientais, o Estatuto do Desarma-
Direito Penal, o costume nunca pode ser empregado
mento, a Lei de Drogas, entre outras).
para criar delitos ou aumentar penas.
O Código Penal (CP), que será objeto do nosso estu-
Os costumes dividem-se em:
do, é dividido em duas partes: a parte geral (art. 1° ao
art. 120) em que se apresentam os critérios a partir
z Secundum legem ou interpretativo: Auxilia o
dos quais o Direito Penal será aplicado, isto é, quan-
intérprete a esclarecer o conteúdo de elementos
ou circunstâncias do tipo penal. “Assemelha-se à do determinada conduta vai constituir crime e de que
ideia de “mulher honesta”, expressão antiga que é forma deve ser aplicada a sanção, e a parte especial
compreendida de diversas formas ao longo do ter- (art. 121 ao art. 359), em que constam os crimes em
ritório nacional;” espécie e as respectivas penas.
z Contra legem ou negativo: Também conhecido Para facilitar o estudo, observe a seguinte divisão
como desuso, é aquele que contraria a lei, mas não didática (apenas didática, uma vez que o Código não
tem o condão de revogá-la; está dividido desta maneira):
z Praeter legem ou integrativo: Supre a lacuna
da lei e somente pode ser utilizado na seara das z Parte Geral:
normas penais não incriminadoras, notadamente
para possibilitar o surgimento de causas suprale- Arts. 1 ao 12: Teoria da Norma: Lei penal no tempo
gais de exclusão da ilicitude ou da culpabilidade. e no espaço;
Arts. 13 ao 31: Teoria do Crime;
Princípios Gerais do Direito: Valores fundamen- Arts. 32 ao 106: Teoria da Pena;
tais que inspiram a elaboração e a preservação do Arts. 107 ao 120: Extinção da Punibilidade.
ordenamento jurídico. Não podem ser utilizados para
DIREITO PENAL

tipificação de condutas ou cominação de penas. Sua z Parte especial:


atuação reserva-se ao âmbito das normas penais não
incriminadoras. Arts. 121 ao 359: Crimes em Espécie.
Atos da Administração Pública: No Direito Penal,
funcionam como complemento de algumas leis penais Ou seja, a parte geral do Código Penal é responsá-
em branco. vel por responder a três perguntas fundamentais:
É a lei penal, uma vez que, por expressa determi-
nação constitucional, tem a si reservado, exclusiva- z O que é o Direito Penal? Teoria da norma penal.
mente, o papel de criar infrações penais e cominar as z Quais requisitos jurídicos deve ter o delito? Teoria
penas respectivas. do crime. 359
z Quais devem ser as consequencias penais do deli- De forma simples, a consolidação do devido pro-
to? Teoria da pena. cesso legal se dá quando é assegurado a todos o direito
a um processo que segue todas as etapas previstas em
Além disso, apresenta as situações que impedem a lei e que observa todas as garantias constitucionais
punição e promovem a extinção da punibilidade. previstas. Dizer que foi observado o princípio do devi-
A parte especial, por sua vez, apresenta, em 11 títu- do processo legal na esfera penal significa afirmar que
los, a descrição dos crimes e a cominação das penas. houve sucesso na aplicação de todos os princípios pro-
O estudo da teoria da norma penal se inicia cessuais penais e processuais penais.
pelo exame dos princípios penais. O conhecimento É importante saber que os princípios da Dignidade
dos princípios é essencial para se entender a lógica da pessoa humana e do Devido processo legal não tem
do funcionamento do Direito Penal. Ao estudá-los, aplicabilidade somente ao Direito Penal, mas alcan-
é importante ter em mente sua função limitadora, çam o Direito como um todo. No entanto, produzem
ou seja servem como garantia do cidadão perante o
reflexos importantíssimos na área Penal e servem de
poder punitivo do Estado, e é por tal razão, dada a sua
base para todos os demais princípios e normas.
importância, que os princípios penais encontram-se
previstos na Constituição (também chamados de prin-
Princípio da Legalidade
cípios constitucionais do Direito Penal) e em tratados
de direitos humanos, como por exemplo na Conven-
ção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San Previsto no art. 5º, XXIX da Constituição, com reda-
José da Costa Rica). ção semelhante à do art. 1º do CP, o princípio da lega-
Os princípios não são somente um conjunto de lidade é a mais importante garantia do cidadão frente
valores, diretrizes ou instruções de cunho ético ou ao poder punitivo do Estado, sendo o mais relevante
programático. Os princípios são normas de aplica- princípio penal.
ção prática: tem caráter imperativo (cogente). Estão Compare o princípio conforme exposto na Consti-
em posição de superioridade às regras, orientando a tuição (art. 5°) e no Código Penal (art. 1°):
interpretação destas ou impedindo a sua aplicação
quando estiverem em contradição aos princípios Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Dentre os princípios aplicáveis ao Direito Penal, de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
dois merecem destaque, por deles se extraírem todos ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
os demais: o princípio da dignidade da pessoa bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
humana e o princípio do devido processo legal. à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
O princípio da dignidade da pessoa humana [...]
é tido como um “superprincípio”, ou seja, nele se XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina,
baseiam todas as escolhas políticas no Direito: em nem pena sem prévia cominação legal;
outras palavras, é um valor que orienta todo o sistema Art. 1º Não há crime sem lei anterior que o defina.
jurídico e prevalece no momento da interpretação de Não há pena sem prévia cominação legal.
todos os demais princípios e normas (nenhum prin-
cípio ou regra de qualquer área do Direito, inclusive Ou seja, por força deste princípio, não há crime
na esfera Penal, pode ser contrário a ele). Esse princí- (nem contravenção) sem prévia determinação
pio maior encontra-se no art. 1º, III, CF, inserido como legal, assim como não há pena sem prévia comina-
fundamento do Estado Democrático de Direito: ção (imposição, prescrição) feita em lei.

Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada


pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e Importante!
do Distrito Federal, constitui-se em Estado Demo-
crático de Direito e tem como fundamentos: Não confunda o princípio da legalidade, previsto
[...] no art. 5º, II, CF, segundo o qual “ninguém será
III – a dignidade da pessoa humana obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
senão em virtude de lei” (legalidade em sentido
A dignidade humana, na área penal, se desdobra amplo), com o princípio da legalidade criminal
em dois aspectos:
que, conforme vimos, se encontra no art. 5º,
XXXIX, CF e art. 1º, CP, segundo o qual não há
z O respeito à dignidade da pessoa humana quando
esta se torna acusada em um processo-crime; e
crime sem lei (legalidade em sentido estrito).
z O respeito à dignidade do ofendido, que teve seu
bem jurídico perdido ou danificado. O princípio da legalidade tem quatro funções
fundamentais:
A dignidade da pessoa humana só é assegurada
quando é observado outro princípio basilar: o Devido
z Proibir a retroatividade da lei penal (nullum cri-
processo legal, que se encontra no art. 5º, LIV, CF:
men nulla poena sine lege praevia);
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção z Proibir a criação de crimes e penas pelo costu-
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei- me (nullum crimen nulla poena sine lege scripta);
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- z Proibir o emprego da analogia para criar cri-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
mes, fundamentar ou agravar penas (nullum cri-
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
men nulla poena sine lege stricta);
[...]
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus z Proibir incriminações vagas e indeterminadas
360 bens sem o devido processo legal; (nullum crimen nulla poena sine lege certa).
O princípio da legalidade criminal apresenta Os princípios que até agora vimos são os mais rele-
atualmente, várias esferas de garantia. Dentre estas, vantes (portanto, os mais cobrados) no que diz res-
as mais relevantes são os princípios da reserva legal peito à aplicação da lei penal. Podemos resumi-los da
e da anterioridade. seguinte forma:

Princípio da Reserva Legal


PREVISÃO
PRINCÍPIO SIGNIFICADO
Ainda de acordo com o art. 5º, XXXIX, CF e o art. 1º, LEGAL
CP, em matéria penal, apenas lei em sentido estrito
O Direito Penal deve
(aprovada pelo Parlamento, seguindo o procedimento
Dignidade da garantir a dignidade
legislativo previsto na CF) pode criar crimes e san- Art. 1º, III,
pessoa humana,limitando os
ções (penas e medidas de segurança). Assim apenas CF
humana excessos do Estado
leis ordinárias e leis complementares (leis em (“superprincípio”).
sentido estrito) podem prever crimes e cominar
penas: Emendas constitucionais, Medidas Provisó- A aplicação da lei pe-
rias, Leis Delegadas, Decretos Legislativos e Resolu- nal só pode se dar se-
ções não podem ser usadas. guindo todas as etapas
Devido Art. 5º, LIV,
previstas em lei e ob-
processo legal CF
servando todas as ga-
Princípio da Anterioridade
rantias constitucionais
previstas.
Previsto também no art. 5º, XXXIX, CF e art. 1º, CP,
o princípio da anterioridade determina que, antes da Não há crime (nem con-
prática do crime, deve haver prévia definição em lei travenção) sem prévia
Art. 5º,
(estabelecendo, ainda, a pena cabível). Quem pratica Legalidade determinação legal, as-
XXXIX,CF e
a conduta criminosa, deve saber de antemão que o penal sim como não há pena
art. 1º, CP
ato se trata de conduta criminosa e sua consequência. sem prévia cominação
Em outras palavras, a lei penal nova deve entrar em em lei.
vigor antes do fato criminoso e se aplica apenas para Art. 5º, Apenas lei em sentido
os fatos ocorridos após sua vigência. Reserva legal XXXIX,CF e estrito pode criar cri-
art. 1º, CP mes e cominar penas.
Princípio da Aplicação da Lei Mais Favorável
(retroatividade da lei penal benéfica ou, ainda, A lei penal nova deve
irretroatividade da lei penal) entrar em vigor antes
Art. 5º, do fato criminoso e se
Anterioridade XXXIX,CF e aplica apenas para os
A regra geral impõe que as leis tem sua validade
art. 1º, CP fatos ocorridos após
voltada para o futuro, ou seja, são irretroativas. Por sua vigência
que tal regra? Porque, em caso contrário, haveria
enorme insegurança jurídica, correndo-se o risco da
sociedade (destinatária da norma) ser surpreendida a É um princípio-exceção.
todo instante. O art. 5º, XL, CF e o art. 2º, CP apresen- A regra geral é que as
tam uma exceção, válida somente no Direito Penal. Retroatividade Art. 5º, XL,-
leis tenham validade
da lei penal CF e art. 2º,
Observe como o princípio vem disposto na Constitui- voltada para o futuro.
benéfica CP
ção Federal e no Código Penal: Só a lei penal favorável
ao agente retroage.

CF CP
Além dos princípios acima, existem outros que
Art. 5º Todos são iguais Art. 2º Ninguém pode ser dizem respeito à aplicação da pena (como o da indivi-
perante a lei, sem distin- punido por fato que lei pos- dualização da pena e da humanidade) ou à teoria do
ção de qualquer natureza, terior deixa de considerar crime (como o da intervenção mínima e o da taxativi-
garantindo-se aos brasi- crime, cessando em virtu- dade, por exemplo).
leiros e aos estrangeiros de dela a execução e os
residentes no País a invio- efeitos penais da sentença
Taxatividade ou da determinação
labilidade do direito à vida, condenatória.
à liberdade, à igualdade, à Parágrafo único - A lei
segurança e à propriedade, posterior, que de qualquer Diz respeito à técnica de elaboração da lei penal,
nos termos seguintes: modo favorecer o agente, que deve ser suficientemente clara e precisa na for-
[...] aplica-se aos fatos ante- mulação do conteúdo do tipo legal e no estabelecimen-
DIREITO PENAL

XL – a lei penal não re- riores, ainda que decididos to da sanção para que exista real segurança jurídica.
troagirá, salvo para bene- por sentença condenatória Tal assertiva constitui postulado indeclinável do
ficiar o réu; transitada em julgado.
Estado de direito material: democrático e social.
O princípio da taxatividade é uma consequência
Trata-se do “princípio-exceção” da retroatividade
do princípio da legalidade: de nada adianta estabele-
da lei penal mais benéfica: a norma penal mais bené-
fica ao agente do crime, retroage, sendo aplicável a cer a conduta delituosa em lei se a definição do crime
casos em curso ou já definitivamente sentenciados. é vaga, confusa, ampla demais ou, ainda, dá margem
Trata-se de assunto pertinente ao tema Lei penal no a mais de uma interpretação, o que gera insegurança
tempo, que será visto mais adiante. e fere a legalidade. 361
Princípio da Exclusiva Proteção dos Bens Jurídicos Princípio da Individualização da Pena

Conforme vimos anteriormente, a função do Direi- Garante que o Direto Penal seja aplicado em cada
to Penal é proteger bens jurídicos. De acordo com tal caso concreto, tendo em vista particularidades como a
princípio, dentro do Estado Democrático de Direito, a personalidade do agente e o grau de lesão ao bem jurí-
interferência do Direito Penal na liberdade dos cida- dico (impede, pois, a generalização da aplicação da
dãos só é legítima para proteger os bens jurídicos. pena). Tal princípio está expresso no art. 5º, XLVI, CF:
Princípio da Intervenção Mínima ou da
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção
Subsidiariedade ou do Direito Penal Mínimo
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
O Direito Penal deve tutelar apenas os bens jurí- ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
dicos mais relevantes, intervindo apenas o mínimo
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
necessário nos conflitos sociais e na liberdade dos
[...]
indivíduos. Em outras palavras, a força punitiva do
XLVI - a lei regulará a individualização da pena [...]
Estado deve ser utilizada apenas como último recurso
(ultima ratio).
A pena deve ser individualizada em três planos:
Princípio da Pessoalidade ou da Personalidade ou da legislativo, judicial e executório. Isto é, o princípio da
Responsabilidade Pessoal ou da Intranscendência da individualização da pena se dá em três momentos na
Pena esfera penal:

Encontra-se previsto no art. 5º, XLV, CF: z Cominação: a primeira fase de individualização
da pena se inicia com a seleção feita pelo legisla-
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção dor, quando escolhe para fazer parte do pequeno
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
âmbito de abrangência do Direito Penal aquelas
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola-
condutas, positivas ou negativas, que atacam nos-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade,
sos bens mais importantes. Uma vez feita essa
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
[...] seleção, o legislador valora as condutas, apre-
XLV - nenhuma pena passará da pessoa do con- sentando penas de acordo com a importância
denado, podendo a obrigação de reparar o dano do bem a ser tutelado.
e a decretação do perdimento de bens ser, nos ter- z Aplicação: tendo o julgador chegado à conclusão
mos da lei, estendidas aos sucessores e contra eles de que o fato praticado é típico, ilícito e culpável,
executadas, até o limite do valor do patrimônio dirá qual a infração praticada e começará, agora,
transferido; a individualizar a pena a ele correspondente,
observando as determinações contidas no art. 59
Tal princípio define que a pena de um agente con- do Código Penal (método trifásico).
denado não pode ser transferida para outra pessoa,
z Execução Penal: a execução não pode igual para
ou seja, apenas o indivíduo sentenciado pode ser
todos os presos, justamente porque as pessoas não
responsabilizado pela conduta criminosa praticada.
são iguais, mas sumamente diferentes, e tampou-
Não importa o tipo da pena (privativa de liberdade
co a execução pode ser homogênea durante todo
ou multa): apenas o autor da infração penal pode ser
período de seu cumprimento. Individualizar a
apenado, esta é a regra.
pena, na execução consiste em dar a cada preso
No entanto, o próprio inciso XLV traz uma exceção:
as oportunidades para lograr a sua reinserção
nas hipóteses previstas nos incisos I, II e §1º do art. 91 do
social, posto que é pessoa, ser distinto.
Código Penal (que estabelece como efeitos da condena-
ção o dever de indenizar o dano causado e o perdimento
de determinados bens), mesmo com o falecimento do Princípio da Proporcionalidade da Pena ou da
condenado a obrigação de reparar o dano e a decreta- Razoabilidade ou da Proibição de Excesso
ção do perdimento de bens alcançam os sucessores até o
limite do valor do patrimônio transferido. Deve existir sempre uma medida de justo equilí-
brio entre a gravidade do fato praticado e a sanção
imposta: a pena deve ser proporcionada ou adequada
Importante! à magnitude da lesão ao bem jurídico representada
pelo delito e a medida de segurança à periculosidade
Vimos acima a questão da responsabilidade criminal do agente.
pessoal: mas e as pessoas jurídicas, respondem A observância deste princípio impede que o Direi-
na esfera penal? Sim, atualmente, somente em to Penal intervenha de forma desnecessária ou exces-
relação aos crimes ambientais. A responsabili- siva na esfera individual, gerando danos mais graves
dade penal da pessoa jurídica é prevista na Lei do que os necessários para a proteção social.
Ambiental, Lei nº 9.605/98, em seu art. 3º. A Esse princípio tem duplo destinatário:
CF prevê a possibilidade da responsabilização
criminal da pessoa jurídica em duas hipóteses: z O poder legislativo: que tem de estabelecer penas
nos crimes ambientais e nos crimes econômicos proporcionadas, em abstrato, à gravidade do
(arts. 173 e 225, §3º, CF) mas apenas o primeiro delito.
encontra-se regulamentado e, portanto, pode ser z Juiz: as penas que os juízes impõem ao autor do
aplicado. delito tem de ser proporcionais à sua concreta
362 gravidade.
Princípio da Humanidade da Pena ou da Limitação A insignificância tem natureza jurídica de causa
das Penas de exclusão da tipicidade material, isto é, como con-
sequência, devem ser tidas como atípicas as ações ou
Em um Estado de Direito democrático veda-se omissões que afetam muito infimamente a um bem
a criação, a aplicação ou a execução de pena, bem jurídico-penal.
como de qualquer outra medida que atentar contra A irrelevante lesão do bem jurídico protegido não
a dignidade humana. Apresenta-se como uma dire- justifica a imposição de uma pena, devendo-se excluir
triz garantidora de ordem material e restritiva da lei a tipicidade em caso de danos de pouca importância.
penal, verdadeira salvaguarda da dignidade pessoal, Tal princípio é utilizado, por exemplo, em casos de
e se relaciona de forma estreita com os princípios da pequenos furtos simples.
culpabilidade e da igualdade. O princípio da insignificância traz consigo uma
Está previsto no art. 5°, XLVII, CF, que proíbe as série de discussões relevantes. A primeira delas diz
seguintes penas: respeitos aos requisitos para sua aplicação.
De acordo com o entendimento consolidado do
Supremo Tribunal Federal (STF), sua aplicação não
z de morte, salvo em caso de guerra declarada;
é irrestrita e o princípio da bagatela somente pode
z de caráter perpétuo;
ser aplicado se presentes as seguintes condições
z de trabalhos forçados;
objetivas, ligadas, portanto, ao fato (requisitos
z de banimento;
objetivos):
z cruéis.

Um Estado que mata, que tortura, que humilha o REQUISITOS OBJETIVOS DO PRINCÍPIO DA
cidadão não só perde qualquer legitimidade, senão INSIGNIFICÂNCIA (STF)
que contradiz sua razão de ser, colocando-se ao nível
dos mesmos delinquentes (FERRAJOLI, 2014). M Mínima ofensividade da conduta

A Ausência de periculosidade social


Princípio da Adequação Social
Reduzidíssimo grau de reprovabilidade do
Uma conduta não será tida como típica se for R
comportamento
socialmente adequada ou reconhecida, isto é, se esti-
ver de acordo da ordem social da vida historicamente I Inexpressividade da lesão jurídica provocada
condicionada.
Outro aspecto é o de conformidade ao Direito, que Além destes (apresentados como forma de facili-
prevê uma concordância com determinações jurídi- tar o aprendizado pela sigla M.A.R.I – que pode ser
cas de comportamentos já estabelecidos. trocada por R.I.A.M, desde que se altere a ordem), o
O princípio da adequação social possui dupla fun- Superior Tribunal de Justiça (STJ), acrescenta mais
ção, acompanhe: dois requisitos, de ordem objetiva (dizem respeito,
Uma delas é a de restringir o âmbito de abrangên- portanto, aos sujeitos):
cia do tipo penal, limitando a sua interpretação, e dele
excluindo as condutas consideradas socialmente ade- z Não ser o réu criminoso habitual ou militar;
quadas e aceitas pela sociedade.
z Condições da vítima: condição econômica, o valor
A segunda função é dirigida ao legislador em duas
sentimental do bem, as circunstâncias e o resulta-
vertentes.
do do crime, de modo que se determina, no âmbito
A primeira delas o orienta quando da seleção das
subjetivo, a existência ou não de lesão.
condutas que deseja proibir ou impor, com a finalida-
de de proteger os bens considerados mais importantes.
Ou seja, constituem exceção à aplicação do prin-
Se a conduta que está na mira do legislador for
cípio: o fato de ser o crime praticado por militar
considerada socialmente adequada, não poderá ele
(tendo em vista o alto grau de reprovabilidade da
reprimi-la valendo-se do Direito Penal. A segunda ver-
conduta e da quebra da hierarquia e da disciplina a
tente destina-se a fazer com que o legislador repense
qual tal classe encontra-se sujeita), ou por crimino-
os tipos penais e retire do ordenamento jurídico a pro-
so habitual (aquele que pratica crimes como meio de
teção sobre aqueles bens cujas condutas já se adapta-
vida).
ram perfeitamente à evolução da sociedade.
O STJ possui súmulas específicas a respeito do
Exemplo clássico é o adultério, que deixou de ser
princípio da insignificância que tratam de sua incom-
crime no Brasil em 2005. Por outro lado, são exemplos
patibilidade com certos tipos de crime, como por
de condutas formalmente típicas (previstas em tipo
exemplo as Súmulas 589, 599 e 606 que afirmam, res-
legal) mas materialmente atípicas (por serem social-
pectivamente, não ser aplicável a insignificância:
mente adequadas/aceitas): a tatuagem e o furo para a
colocação de um brinco ou de um piercing.
z Nos crimes ou contravenções praticados contra a
mulher no âmbito das relações domésticas;
Princípio da Insignificância
DIREITO PENAL

z Nos crimes contra a Administração Pública; e


Relacionado aos chamados crimes de bagatela, z Nos delitos de transmissão clandestina de sinal de
também conhecidos como delitos de lesão míni- Internet via radiofrequência.
ma. Este é um dos princípios penais que, nos últimos
anos, vem sendo cada vez mais discutido na doutri- Para o STF e o STJ o fato de ser reincidente não
na e tratado pela jurisprudência. De forma simples, impede a aplicação do princípio da insignificância.
consiste no princípio que afirma que o Direito Penal Nesse sentido, em abril, a Segunda Turma do STF,
não deve se preocupar com condutas incapazes de no julgamento do Habeas Corpus 181389, manteve,
ofender de forma relevante os bens jurídicos pro- por unanimidade, decisão do ministro Gilmar Mendes
tegidos pelo tipo penal. que absolveu réu reincidente condenado a um ano e 363
nove meses de reclusão pela tentativa de furto de R$ 4,15 em moedas e de uma garrafa de Coca-Cola, duas de cer-
veja e uma de cachaça (produtos que totalizam R$ 29,15).

Princípio da Lesividade ou da Ofensividade do Evento

A lei penal tem o dever de prevenir os mais altos custos individuais representados pelos efeitos lesivos das
ações reprováveis e somente eles podem justificar o custo das penas e das proibições.
O princípio axiológico da separação entre direito e moral veta, por sua vez, a proibição de condutas meramen-
te imorais ou de estados de ânimo pervertidos, hostis, ou, inclusive, perigosos.

Princípio da Razoabilidade

Segundo a doutrina, o razoável sobrepõe o que é legal. E isso faz com que a lei seja interpretada e aplicada em
harmonia com a realidade, de modo social e juridicamente razoável, buscando aquilo que é justo.

Princípio do Ne Bis In Idem

De acordo com o princípio do ne bis in idem (não repetir sobre o mesmo), nenhum indivíduo pode ser punido
duas vezes pelo mesmo fato. Tem aplicabilidade no âmbito do direito penal material (ninguém pode sofrer duas
penas em face do mesmo crime) e do direito processual penal (ninguém pode ser processado e julgado duas vezes
pelo mesmo fato).

EXERCÍCIOS COMENTADOS
1. (CESPE-CEBRASPE – 2013) O princípio da legalidade é parâmetro fixador do conteúdo das normas penais incrimina-
doras, ou seja, os tipos penais de tal natureza somente pode ser criados por meio de lei em sentido estrito.

( ) CERTO ( ) ERRADO

O princípio da legalidade serve de parâmetro para fixação das normas penais incriminadoras (aquelas que criam
crimes e suas respectivas penas). Não é possível a criação de tipos penais incriminadoras de nenhuma outra for-
ma que não seja por meio de lei em sentido estrito (Lei Ordinária e Lei Complementar). Nenhum outro diploma
normativo poderá criar crime e cominar penas. Previsão Legal: Artigo 1º do Código Penal e Artigo 5º, XXXIX, da
Constituição Federal. Resposta: Certo.

2. (CESPE-CEBRASPE – 2013) É permitida a criação de tipos penais por meio de medida provisória.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Vigora no nosso ordenamento jurídico o princípio da reserva legal, desdobramento do princípio da legalidade,
juntamente com o princípio da anterioridade. O princípio da reserva legal estabelece que somente lei em sentido
estrito pode criar crimes e cominar penas. Segundo a Constituição Federal, em seu Artigo 62, § 1º, I, b, é veda-
do a edição de Medida Provisória sobre Direito Penal. Parte da doutrina e a jurisprudência do STF, admitem a
possibilidade de Medida Provisória em matéria penal, desde que seja para beneficiar o agente, mas eles também
entender não poder a Medida Provisória criar crimes ou penas. Resposta: Errado.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2011) Com relação aos princípios de direito penal, à aplicação da lei penal e ao crime, julgue os
itens subsecutivos.
Uma das funções do princípio da legalidade refere-se à proibição de se realizar incriminações vagas e indeterminadas,
visto que, no preceito primário do tipo penal incriminador, é obrigatória a existência de definição precisa da conduta
proibida ou imposta, sendo vedada, com base em tal princípio, a criação de tipos que contenham conceitos vagos e
imprecisos.

( ) CERTO ( ) ERRADO

Segundo posicionamento doutrinário, o princípio da legalidade é desdobrado nas seguintes vertentes. O princípio
da taxatividade proíbe a criação de tipos penais que contenham condutas indeterminadas, imprecisas. O seguinte
tipo penal seria vedado em nosso ordenamento jurídico: Violar a moralidade pública. Reclusão, de 5 a 8 anos. O
que vem a ser moralidade administrativa é um conceito vago, indeterminado, que pode ser interpretado de inú-
meras maneiras conforme a análise de cada indivíduo. Resposta: Certo.

ESTRUTURA DA LEI PENAL

A estrutura da lei penal apresenta um preceito primário (conduta) e um preceito secundário (pena).
As leis penais podem ser incriminadoras e não incriminadoras; completas ou perfeitas e incompletas ou
364 imperfeitas. A lei penal não é proibitiva, mas descritiva, pois descreve condutas típicas.
ESTRUTURA DA LEI PENAL
Incriminadoras Não Incriminadoras Completas ou Perfeitas Incompletas ou Imperfeitas
Ao contrário das completas, são aquelas
que precisam de elemento normativo ou al-
gum outro complemento para ser aplicável.
Por exemplo,veja o art. 33 da Lei de Drogas:
Art. 33 Importar, exportar, remeter, preparar,
produzir, fabricar, adquirir, vender, expor à
Não necessitam de nenhum
Definem as condutas Não preveem crimes, pelo venda, oferecer, ter em depósito, transportar,
complemento normativo (va-
que se pretende prevenir, contrário, tornam lícitas ou trazer consigo, guardar, prescrever, ministrar,
lorativo) para serem aplicá-
atribuindo determinada excluem a culpa. entregar a consumo ou fornecer drogas, ain-
veis ao caso concreto.
pena. Exemplo: Legítima defesa. da que gratuitamente, sem autorização ou
Exemplo: matar alguém.
em desacordo com determinação legal ou
regulamentar.
Para que o artigo acima seja aplicável, é ne-
cessário definir o que se entende por droga.
Assim, faz-se necessário que uma portaria
da ANVISA defina o que é droga.

LEIS INCRIMINADORAS

As normas incriminadoras possuem, necessariamente, duas partes.

Primeira Parte

Descreve a conduta típica e os demais elementos necessários para que o fato seja considerado criminoso, o que
também é chamado de preceito primário da norma incriminadora.
Exemplo: Crime de furto – caput do art. 155 do Código Penal: subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia
móvel.
Os diversos requisitos que compõem o tipo penal são denominados elementos ou elementares. Eles se subdi-
videm em três espécies: elementos objetivos, subjetivos e normativos.

z Elementos Objetivos: São os verbos constantes dos tipos penais (núcleos do tipo) e os demais requisitos, cujos
significados não demandam qualquer juízo de valor, como a expressão “coisa móvel” no crime de furto. Todos
os tipos penais possuem elementos objetivos;
z Elementos Subjetivos: Dizem respeito à especial finalidade do agente ao realizar a ação ou omissão delituosa.
Não são todos os tipos penais que contêm elementos subjetivos. O crime de extorsão mediante sequestro, por
exemplo, consiste em sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para outrem, qualquer vantagem, como
condição ou preço do resgate (Art. 159 do CP). O elemento subjetivo do tipo é a intenção do agente de obter
vantagem como decorrência do sequestro;
z Elementos Normativos: Aqueles cujo significado não se extrai da mera observação, dependendo de uma
interpretação, ou seja, de um juízo de valor. No crime de furto, a expressão “coisa alheia” é considerada ele-
mento normativo, pois só se sabe se um bem é alheio quando se está diante de um caso concreto e se faz uma
análise, envolvendo o bem e a pessoa acusada de tê-lo subtraído. São poucos os crimes que possuem elemento
normativo.

Os tipos penais compostos somente por elementos objetivos são chamados de normais e aqueles que também
contêm elementos subjetivos ou normativos são classificados de anormais (por serem exceção).

Segunda Parte

A lei prevê a pena a ser aplicada a quem realizar a conduta típica ilícita. No caso do furto, a pena estabelecida
é de reclusão, de um a quatro anos, e multa. Esse é o chamado preceito secundário da norma.
Além da definição legal e da respectiva pena, as normas incriminadoras podem ser complementadas na Parte
Especial por circunstâncias que tornam a pena mais grave ou mais branda.

CAUSAS DE AUMENTO DE PENA

As causas de aumento são índices de soma ou multiplicação a serem aplicados sobre a pena estabelecida na
DIREITO PENAL

fase anterior. Continuando no exemplo do crime de furto, § 1º do art. 155 do CP, a pena aumenta-se de 1/3 (um
terço) se o crime é praticado durante o repouso noturno.

QUALIFICADORAS

As qualificadoras alteram a pena em abstrato (preceito secundário) como um todo, descrevendo novas penas
máxima e mínima. No crime de furto, por exemplo, além do tipo básico já mencionado e descrito no caput do art.
155, existem as qualificadoras (rompimento de obstáculo, emprego de chave falsa, escalada, concurso de agentes
etc.). 365
Art. 155 [...] não mais produz efeitos) ou tácita (quando não há
§ 4º A pena é de reclusão de 2 (dois) a 8 (oito) anos, revogação expressa, mas a nova lei é incompatível
e multa, se o crime é cometido: com a anterior ou regula totalmente a matéria que
I – com destruição ou rompimento de obstáculos à constava na lei mais antiga).
subtração da coisa; A regra é que a lei regula todas as situações ocor-
II – com abuso de confiança, ou mediante fraude, ridas entre a sua entrada em vigor e sua revogação
escalda ou destreza; (tempus regit actum). Esse fenômeno jurídico é cha-
III – com emprego de chave falsa;
mado de atividade.
IV – mediante concurso de duas ou mais pessoas.
Se, excepcionalmente, a lei regula situações fora
de seu período de vigência, temos o fenômeno da
ABRANDAMENTO DA PENA
extratividade.
A extratividade se dá de duas formas: quando a
Há hipóteses de abrandamento da pena, como por lei regula situações ocorridas antes de sua vigên-
exemplo, o furto privilegiado. cia (passado), chamamos a extratividade de retroa-
tividade. Se, por outro lado, a lei se aplica mesmo
Art. 155 [...]
depois de cessada sua vigência (futuro), temos a
§ 2º Se o criminoso é primário, e é de pequeno
ultratividade.
valor a coisa furtada, o juiz pode substituir a pena
de reclusão pela de detenção, diminuí-la de 1 (um)
a 2/3 (dois terços), ou aplicar somente a pena de
multa. Importante!
A regra é a atividade da lei penal, ou seja, sua
LEIS NÃO INCRIMINADORAS aplicação somente durante seu período de
vigência. Como exceção, temos a extratividade
As não incriminadoras podem ser explicativas da lei penal mais benéfica, ou seja, sua aplicação
(também chamadas complementares ou finais) ou
para regular situações passadas (retroatividade)
permissivas.
ou futuras (ultratividade)
z Explicativas (complementares ou finais): Escla-
recem o conteúdo de outra norma, como no caso Observe o art. 2º do Código Penal:
do conceito de funcionário público, ou tratam de
regras gerais para aplicação das demais normas, Art. 2º Ninguém pode ser punido por fato que lei
como as que disciplinam a tentativa e o nexo de posterior deixa de considerar crime, cessando em
causalidade; virtude dela a execução e os efeitos penais da sen-
z Permissivas: Podem ser justificantes, quando ex- tença condenatória.
cluem a antijuridicidade, e exculpantes, quando Parágrafo único - A lei posterior, que de qualquer
excluem a culpabilidade. São as que preveem a modo favorecer o agente, aplica-se aos fatos ante-
licitude ou a impunidade de determinados com- riores, ainda que decididos por sentença condena-
portamentos, apesar de se enquadrarem na descri- tória transitada em julgado.
ção típica. São normas permissivas, por exemplo,
aquelas que excluem a ilicitude do aborto provo- O art. 2º refere-se apenas à retroatividade, uma vez
cado por médico quando não há outro meio para que está analisando a aplicação da lei penal tomando
salvar a vida da gestante, ou quando a gravidez por base a data do fato delituoso. Assim, temos duas
resulta de estupro e há consentimento da gestante situações:
(Art. 128 do CP), ou, ainda, as hipóteses de isenção
de pena existentes nos crimes contra o patrimônio z Ou se aplica regra do tempus regit actum, se for
praticados contra cônjuge ou contra ascendente mais benéfico; ou
sem emprego de violência ou grave ameaça (Art. z Se aplica a lei posterior (aquela que entra em
181, do CP). vigor após outra) se esta for mais benigna (retroa-
tividade). A lei posterior mais benéfica é chamada
A legislação penal brasileira optou pela proibi- também de lex mitior.
ção indireta, descrevendo o fato como pressuposto
da sanção – técnica legislativa desenvolvida por Karl Observe as duas situações no Fluxograma a seguir:
Binding e chamada de teoria das normas, segundo a
qual é necessária a distinção entre norma e lei penal. RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BRANDA
Feitos estes apontamentos, avançaremos para o
estudo dos assuntos novatio legis in pejus, novatio
legis in mellius, assim como sobre abolito criminis e a Fato Nova lei
Sentença
retroatividade da lei penal em vigor

RETROATIVIDADE DA LEI PENAL MAIS BRANDA


LEI “A” LEI “B”
Eficácia da Lei Penal no Tempo
Se esta for mais Se esta for mais
A lei penal nasce (é sancionada, promulgada e benéfica adota-se a favorável, usa-se
publicada), tem seu tempo de vida (vigência) e morre regra da Atividade Retroatividade
(é revogada). A revogação pode ser expressa (quando (tempus regit actum) Benéfica
lei posterior textualmente afirma que a lei anterior
366
Vejamos um exemplo para melhor fixar o expos- já transitada em julgado a sentença, a competência é
to anteriormente: imagine que um indivíduo pratica do juiz da execução penal, de acordo com o art. 66, I da
um fato delituoso em 10 de fevereiro de 2021. Naquela Lei de Execução Penal (LEP). Este é o posicionamento
data, encontra-se em vigor a Lei “A”, que prevê a pena majoritário da doutrina e jurisprudência (Súmula 611
mínima de 4 anos de reclusão para o crime. No entan- do STF).
to, em 10 de março do mesmo ano, entra em vigor a Lei Todas as situações que vimos acima podem ser
“B”, que comina a pena mínima de 2 anos de reclusão
resolvidas pela seguinte regra: A Lei só Retroage
para o mesmo delito. Qual delas deve o juiz utilizar
para Beneficiar o Sujeito. No entanto, como saber
ao proferir a sentença? Neste caso, o magistrado deve
aplicar a Lei “B”, por ser mais favorável ao réu (a Lei qual das leis em conflito é a mais favorável ao agente?
“B”, embora não estivesse em vigor na data do fato, Para avaliar a mais benéfica, o juiz deve sempre apre-
volta no tempo, retroagindo para beneficiar o agente). ciar o caso concreto sob a eficácia de cada uma das
Observe que, no exemplo acima, a lei posterior leis em com conflito, comparando o resultado: o que
(Lei “B” é mais favorável ao agente). No entanto, lei mais favorecer o agente deve prevalecer.
posterior pode entrar em conflito com a anterior de
maneiras diferentes, gerando situações diversas. Para z Abolitio criminis ou Novatio Legis ou Lei supressi-
solucionar cada uma delas, o CP aponta regras que são va de incriminações:
aplicadas conjuntamente com os princípios constitu-
cionais que vimos anteriormente. São quatro diferen- A lei nova suprime deixa de considerar como
tes situações:
infração um fato que era anteriormente punido (pas-
sa a ser considerado atípico). Tem como consequên-
Novatio legis incriminadora cias: por força da retroatividade (art. 5º, XL, CF e art.
2º, caput, CP) aplica-se a lei nova. Ocorre a extinção da
Se dá quando a lei nova cria um tipo incrimina- punibilidade (é, pois, causa extintiva da punibilidade,
dor, considerando infração uma conduta considerada conforme o art. 107, III, CP). Os agentes que estiverem
irrelevante pela lei anterior. Por exemplo, a Lei nº
sendo processados, terão seus processos extintos, já os
10.224/01, introduziu no Código Penal o art. 216-A, e
que não tiverem ainda sido denunciados, terão seus
criou o tipo de assédio sexual no ordenamento jurí-
inquéritos trancados. Com a abolitio criminis, cessam
dico brasileiro. Tem como consequências: a nova lei
os “efeitos penais da sentença condenatória”. Não ces-
gravosa é irretroativa (art. 1º, CP).
sam os efeitos civis (quanto aos efeitos, veremos mais
Veja que o texto do Código Penal não menciona a
adiante quando tratarmos de efeitos da condenação.
ultratividade, ou seja, a possibilidade do o juiz apli-
car uma lei já revogada. No entanto, essa aplicação
z Novatio legis in pejus:
pode ocorrer na sentença, se esta for mais benéfica
e vigente à época do fato criminoso. Veja o seguinte
exemplo: em 10 de fevereiro de 2021 encontra-se em Ocorre quando a lei posterior, sem criar novo tipo
vigor a Lei “A”, que prevê a pena mínima de 2 anos incriminador, de qualquer modo agrava a situação do
de reclusão para determinado crime; em 10 de março agente (in pejus). Por exemplo, aumenta a pena, ou
do mesmo ano, entra em vigor a Lei “B”, que comina impõe uma forma de execução mais severa (hipoteti-
a pena mínima de 4 anos de reclusão para o mesmo camente instituindo o mesmo rigor inicial da reclusão
delito. Em 10 de agosto, ao sentenciar, o juiz deve uti- ao cumprimento dos crimes apenados com detenção)
lizar a Lei “A”, já revogada, mas vez que mais benéfica Nesta hipótese, a lei melhor (lex mitior) passa a ser a
torna-se ultrativa. Observe tal fenômeno no Fluxogra- lei anterior. A lei mais severa recebe o nome de lex
ma a seguir: gravior (lei mais grave). Tem como consequências: em
relação à lei nova, aplica-se os princípios da irretroa-
Ultra-atividade tividade da lei mais severa. Quanto à lei antiga, mais
benéfica, aplica-se a ultratividade.

z Novatio legis in mellius:

Fato Nova lei em é a lei nova (novatio legis) que, sem excluir a incri-
Sentença
vigor minação, ou seja, sem constituir abolitio criminis, é
mais favorável ao agente (in mellius). Por exemplo
quando comina pena mais branda, inclui atenuantes,
LEI “A” LEI “B” permite a obtenção de benefícios como a sursis e o
livramento condicional, entre outros. Tem como con-
Revogada. Se esta Se esta for mais favo- sequências: de acordo com o art. 5º, XL, CF e art. 2º,
for mais benéfica rável, aplica-se na caput, CP, retroage para favorecer o agente, aplican-
adota-se a regra da sentença a regra geral do-se aos fatos anteriores “ainda que decididos por
DIREITO PENAL

ultratividade (tempus regit actum) sentença condenatória transitada em julgado”.

Lei Intermediária
Note que, diferentemente do primeiro esquema,
neste o foco está na sentença e não no fato. É uma O que acontece se houver uma lei intermediária,
questão de perspectiva. ou seja, que entrou em vigor depois da data do fato
De quem é a competência para aplicar a lei poste- e foi revogada antes da sentença? Neste caso, deve
rior favorável? Antes do juiz proferir a sentença, não ser aplicada em favor do réu a mais favorável delas,
há dificuldade: cabe ao juiz de 1º grau sua aplicação; mesmo que for a intermediária (também chamada de
em grau de recurso, a competência é do Tribunal; e se intermédia) e não a última. 367
Conjugação de Leis Art. 5º (CF/88) [...]
XI A casa é asilo inviolável do indivíduo, nin-
O que acontece se houverem várias leis sucessivas guém nela podendo penetrar sem consentimento
e cada uma delas tem uma parte, um aspecto mais do morador, salvo em caso de flagrante delito ou
favorável ao sujeito. É possível combinar várias leis, desastre, ou para prestar socorro, ou, durante o
criando uma “terceira lei” para beneficiar o agente? dia, por determinação judicial.
Segundo a maior parte da doutrina, não, por violar o
princípio da legalidade. Essa é a posição do STJ e do STF. Observe que o dispositivo legal apresenta o termo
“casa”, porém, não se limita a somente esse tipo de
Retroatividade e a Lei Processual propriedade. Aplica-se, também, no caso concreto, aos
prédios, apartamentos, consultórios, escritórios etc.
Ainda na temática da retroatividade da lei é Vimos, então, que não se trata de uma lacuna da
importante fazer distinção entre a retroatividade da Lei, pois existe uma previsão para o caso concreto. A
lei penal e da lei processual penal. Para tanto, analisa- interpretação extensiva busca apenas ampliar o con-
remos agora alguns pontos acerca da aplicação da lei ceito e o alcance do texto legal.
processual penal.
A regra do CPP é seguir o princípio da territoria- Leis Temporárias e Excepcionais
lidade, isto é, dentro do Brasil, aplica-se o Código. No
A regra da retroatividade benéfica não se aplica
entanto, tal princípio é mitigado, com ressalva dos
no caso das chamadas leis intermitentes (leis tem-
pactos internacionais, dos crimes de responsabilida-
porárias e leis excepcionais). Veja o art. 3º, CP:
de, da competência militar, das leis especiais, da lei
eleitoral e do Tribunal Penal Internacional (TPI). Art. 3º A lei excepcional ou temporária, embora
decorrido o período de sua duração ou cessadas as
Art. 2º A lei processual penal aplicar-se-á desde
circunstâncias que a determinaram, aplica-se ao
logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados
fato praticado durante sua vigência.
sob a vigência da lei anterior.
z Lei Excepcional: é aquela feita para vigorar em
Aplica-se, ainda, o princípio do efeito imediato, épocas especiais, como guerra, calamidade etc. É
também conhecido como tempus regit actum, que aprovada para vigorar enquanto perdurar o perío-
funciona como um sistema de isolamento dos atos do excepcional. São facilmente identificáveis por
praticados, permitindo que a lei nova entre em vigor expressões como “esta lei terá vigência enquanto
imediatamente, porém preserva-se a validade dos durar o estado de calamidade pública”.
atos realizados sob a vigência da lei anterior. z Lei Temporária: é aquela feita para vigorar por
Todavia, vale destacar que o prazo já iniciado, determinado tempo, estabelecido previamente na
inclusive o estabelecido para a interposição de recur- própria lei. Assim, a lei traz em seu texto a data de
so, será regulado pela lei anterior se essa não prescre- cessação de sua vigência. Um exemplo de lei tem-
ver prazo menor do que o fixado no CPP. porária é a Lei nº 12.663/12, denominada Lei Geral
De acordo com o art. 3º, do CPP, em matéria pro- da Copa, que criou tipos penais que duraram até o
cessual, é admitida a interpretação extensiva, além da dia 31 de dezembro de 2014.
aplicação analógica e dos princípios gerais de direito.
Posto isso, rege o art. 3º do Código Penal que, mes-
Art. 3º A lei processual penal admitirá interpreta- mo cessadas as circunstâncias que a determinaram
ção extensiva e aplicação analógica, bem como o (lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
suplemento dos princípios gerais de direito. ção (lei temporária), é possível aplica-las aos fatos pra-
ticados durante sua vigência.
Desta forma, são leis ultra-ativas, isso porque
A analogia é uma ferramenta utilizada para suprir
regulam atos praticados durante sua vigência, mesmo
uma omissão legislativa e chegar a uma solução para
após sua revogação.
o caso. Por exemplo, o juiz não pode deixar de decidir
em um caso concreto, mesmo que não exista uma lei
específica para o caso em tela. Deste modo, o juiz deve- Importante!
rá recorrer a uma forma de integração da lei, “pegan-
do emprestado” uma norma, para suprir a omissão do Ultratividade: as leis de vigência temporária (excep-
caso concreto. cionais e temporárias) são ultra-ativas, no sentido
Para compreender melhor, vejamos uma previsão de continuarem a ser aplicadas aos fatos pratica-
da Lei de Introdução das Normas do Direito Brasileiro dos durante a sua vigência mesmo depois de sua
– LINDB: auto revogação.

Art. 4º (LINDB) Quando a lei for omissa, o juiz deci-


dirá o caso de acordo com a analogia, os costumes Tempo do Crime
e os princípios gerais de direito.
Como vimos anteriormente, logo em seus primei-
No Direito Processual Penal, a analogia poderá ser ros artigos, o Código Penal se preocupa em tratar da
utilizada contra ou a favor do réu. Já no Direito Penal, aplicação da lei penal no tempo. Mas qual a importân-
ela só pode ser utilizada para o benefício do réu. cia de se conhecer o tempo do crime?
Por outro lado, a interpretação extensiva é um Determinar o tempo do crime é essencial, em pri-
meiro lugar, para saber que lei será aplicada no
método que amplia o sentido de uma norma, visando
caso concreto. Da mesma forma, é imprescindível
atingir a sua real intenção estabelecida no momento
para verificar a imputabilidade do agente (que
em que foi criada. Em outras palavras, a interpreta-
pode ser menor de 18 no momento da conduta), fixar
ção busca atingir a objetividade jurídica desejada no as circunstâncias do tipo penal, verificar a prescri-
368 momento da criação da norma. Vejamos um exemplo: ção, dentre outros aspectos.
Existem três teorias que podem ser consideradas Crime permanente é aquele cuja consumação
para se determinar o tempo do crime: se prolonga no tempo pela vontade do sujeito ativo
como, por exemplo, no caso de um sequestro. Neste
caso, é considerado tempo do crime todo o período em
TEORIA DA Considera-se praticado o crime que se desenrolar a atividade criminosa. Assim sen-
ATIVIDADE no momento da conduta. do, se um sequestrador, menor de 18 anos quando do
início da prática do crime atinge a maioridade ainda
TEORIA DO Considera-se praticado o crime
com o delito em curso, é considerado imputável para
RESULTADO no momento do resultado.
os fins penais.
Considera-se praticado o crime Por sua vez, crime continuado é uma ficção jurí-
TEORIA MISTA OU dica criada para beneficiar o réu, prevista no art. 71
tanto no momento da conduta
DA UBIQUIDADE do CP e será estudado mais adiante. Por enquanto,
quanto no momento do resultado.
basta saber que o crime continuado ocorre quando o
agente pratica dois ou mais crimes da mesma espé-
O Direito Penal brasileiro adotou, em relação cie, mediante duas ou mais condutas, sendo que, pelas
ao tempo do crime, a teoria da Atividade, por isso, condições de tempo, lugar, modo de execução, são
considera-se praticado o crime no momento da tidos uns como continuação dos outros.
conduta (ação ou omissão), ainda que outro seja o Por exemplo, um empregado de uma loja de fer-
momento do resultado (art. 4º, CP). ramentas visando subtrair um kit de ferramentas
Ilustrando: no caso de um homicídio, é essencial do estabelecimento, resolve furtar uma ferramenta
que se determine o instante da ação (momento dos por dia, até ter em suas mãos o kit completo. 60 dias
tiros, por exemplo) e não o momento do resultado depois, o sujeito vai conseguir completar o conjunto e
(morte) pois, se o autor for menor de 18 anos à época vai ter cometido 60 furtos! Não fosse a regra benéfica
dos tiros, ainda que a vítima morra depois do atirador do art. 71 do CP, a pena mínima neste caso somaria 120
ter completado a maioridade penal, ele não pode res- anos de reclusão! Reconhecendo-se a ocorrência de
ponder criminalmente pelo ato. crime continuado, ocorrerá a chamada exasperação:
A teoria adotada pelo CP em seu art. 4º, em relação no nosso exemplo específico, será aplicada ao agente
ao tempo do crime, é a teoria da ATIVIDADE. Leva- a pena de um só dos furtos aumentadas de 1/6 até 2/3.
-se em conta, pois, o momento da conduta (ação ou No entanto, não nos interessa, neste momento, ingres-
omissão), pouco importando o instante do resultado. sar no tema do crime continuado, nos basta apenas
Veja o esquema a seguir como exemplo: a noção do fenômeno para que possamos discutir a
questão do tempo do crime quando de sua ocorrência.
Assim sendo, temos que a mesma regra aplicá-
Tempo do Crime (Art. 4º) vel ao crime permanente (Súmula 711 do STF) deve
ser aplicada ao crime continuado, com uma ressalva
Conduta Resultado quanto às condutas praticadas pelos menores de 18
anos, por força do artigo 228 da CF que determina sua
inimputabilidade: na hipótese de um sujeito cometer
Sentença Morte da quatro furtos, possuindo 17 anos quando do come-
Vítima timento dos dois primeiros, e já 18, no momento da
prática dos dois últimos, somente estes dois é que ser-
virão para constituir o crime continuado.
Vítima
Considera-se hospitalizada
praticado no tempo
da conduta (Teoria
da Atividade, art. 4º) DO CRIME E CONTRAVENÇÃO
NOMENCLATURA
É na data da conduta, portanto, que:
A doutrina brasileira utiliza o termo Infração de
z Se verifica a imputabilidade penal: no nosso forma genérica, para englobar os crimes ou delitos e
exemplo, o fato de ser o autor, maior ou menor de as contravenções.
18 anos; O Código Penal não utiliza em seu texto a expres-
z Se fixam as circunstâncias do crime: qualifica- são delito, optando por utilizar as expressões infra-
doras, causas de aumento ou diminuição de pena, ção, crime e contravenção, sendo que estas duas
agravantes ou atenuantes (como, por exemplo, ser últimas estão incluídas na primeira
a vítima criança ou maior de 60 anos, que contam No Código de Processo Penal há certa confusão:
como agravantes; ou ser o autor menor de 21 anos, algumas vezes usa o termo infração, de forma genéri-
DIREITO PENAL

o que vai servir como atenuante). ca, incluindo os crimes (ou delitos) e as contravenções
(veja, por exemplo, os arts. 70, 72, 74, 76, 77 etc.). Em
Tempo do crime nas infrações permanentes e outras situações, emprega a expressão delitos como
continuadas sinônimo de infração (por exemplo, conforme consta
nos arts. 301 e 302, CPP).
Nestes casos, será aplicada regra especial, que Para os fins do nosso estudo temos, então que
consta na Súmula 711 do STF: “A lei penal mais grave infração penal pode significar crime (ou delito) e
aplica-se ao crime continuado ou ao crime permanente, contravenção penal.
se a sua vigência é anterior à cessação da continuidade As diferenças entre crime e contravenção serão
ou da permanência”. vistas mais adiante. 369
Conceito de crime No entanto existem outros elementos que ajudam
na distinção.
O conceito de crime não é natural e sim algo arti- Em relação às penas: os crimes são punidos com
ficial, criado pelo legislador tendo em vista os interes- penas privativas de liberdade (reclusão ou detenção),
ses da sociedade. Mas o que é crime? restritivas de direitos e multa; já as contravenções são
Podemos responder esta pergunta de três dife- punidas com prisão simples e/ou multa.
rentes formas, olhando para o crime sob diferentes Com relação ao elemento subjetivo: no crime é o
aspectos: material, formal e analítico. dolo ou a culpa; na contravenção é a voluntariedade.
Vamos ver o conceito de crime de acordo com cada Por último, é possível a tentativa nos crimes,
um desses pontos de vista:
enquanto ela é incabível nas contravenções.
z Aspecto material: é o juízo, a visão que a socie-
Sujeitos do crime
dade tem sobre o que pode e deve ser proibido
por meio da aplicação de sanção penal. Sob esse
aspecto, o conceito material de crime consiste Antes de analisarmos os elementos do crime é
na conduta que ofende um bem juridicamen- importante fixar alguns conceitos sobre os sujeitos do
te tutelado (bem juridicamente considerado crime.
essencial para a existência da própria sociedade e Sujeito ativo é quem pratica o fato descrito na nor-
manutenção da paz social); ma penal incriminadora. O crime é uma ação huma-
na, sendo que apenas o ser humano pode delinquir.
z Aspecto formal: é a concepção sob a ótica do direi-
Animais e entes inanimados não possuem capacidade
to. Assim, o conceito formal de crime constitui
penal (conjunto de condições necessárias para que
uma conduta proibida por lei, que se realizada,
um sujeito possa ser titular de direitos e obrigações
resulta na aplicação de uma pena. Considera-se
crime, dessa forma, o que o legislador apontar na esfera penal).
como tal;
z Por fim, o conceito que interessa aos nossos estu-
Importante!
dos: sob o aspecto analítico, se procura apontar,
estabelecer os elementos estruturais do crime. A Constituição Federal prevê nos arts. 173, § 5º,
Vejamos: e 225, § 3º, que a legislação ordinária estabeleça
a punição da pessoa jurídica nos atos cometidos
Conceito analítico de crime contra a economia popular, a ordem econômica
e financeira e o meio ambiente. Atualmente ape-
Do ponto de vista analítico, diferentes doutrinado- nas a Lei nº 9.605/98, Lei de Proteção Ambiental
res enxergam o crime de formas diferentes. Existem prevê essa responsabilidade. Ou seja, a pessoa
várias correntes, mas as principais são duas:
jurídica responde por crime ambientais.
� A que entende que o crime é Fato Típico + Anti-
jurídico (concepção bipartida), sendo a culpabi- Existem várias nomenclaturas em lei para se refe-
lidade pressuposto de aplicação da pena (entre rir ao sujeito ativo: “agente” (por exemplo, nos arts.
eles René Ariel Dotti, Fernando Capez, Damásio de 14, II; 15; 18, I e II; 19; 20, § 3º; 21, parágrafo único;
Jesus, Julio Fabrini Mirabete, Cleber Masson); e 23, caput e parágrafo único; 26, caput e parágrafo
z A que concebe o crime como um Fato Típico + único, todos do CP); “indiciado”, na fase do inquérito;
Antijurídico + Culpável (concepção tripartida acusado, denunciado, réu durante a fase processual;
ou tripartite) e que é majoritária tanto no Brasil “sentenciado”, “preso”, “condenado”, “detento” ou
quanto no exterior. Entre seus adeptos estão tanto “recluso”, para aqueles que já foram condenados.
aqueles que adotam a teoria da conduta finalista Usa-se, ainda, sob o ponto de vista biopsíquico, as
(como Heleno Fragoso, Eugenio Raúl Zaffaroni, expressões “criminoso” ou “delinquente”.
Luiz Regis Prado, Rogério Greco, entre outros) ou Por outro lado, sujeito passivo é entendido como
causalista (Nélson Hungria, Frederico Marques, o titular do bem jurídico cuja ofensa fundamenta o
Aníbal Bruno e Magalhães Noronha). crime. Existem duas espécies:

Diferença entre crime e contravenção z Sujeito passivo formal ou constante ou geral ou


genérico: é o Estado;
Antes de prosseguir com o estudo do crime, é inte- z Sujeito passivo material ou eventual ou particu-
ressante fazer a distinção entre crime e contravenção lar ou acidental: o titular do interesse protegido
penal (também chamada de crime anão ou delito Lili- penalmente (pode ser o ser humano, pessoa jurídi-
putiano ou crime vagabundo ou delitti nani). ca, a coletividade ou o Estado).
Existem países que utilizam a classificação tripar-
tida de infrações penais: delitos, crimes e contraven- É importante salientar que pessoa incapaz pode
ções. O Brasil adota, como já vimos, a classificação ser sujeito passivo do crime (recém-nascido, menor
bipartida, que divide as infrações entre crimes (ou em idade escolar, portador de deficiência mental etc.).
delitos) e contravenções. É possível ser sujeito passivo mesmo antes de nascer,
Não existe um dado único que faça a distinção pois o feto tem direito à vida, bem jurídico protegido
entre os dois tipos de infração penal. Tanto os crimes pela punição do aborto (arts. 124, 125 e 126, CP). Pes-
quanto as contravenções configuram comportamen- soa morta e animais não podem ser sujeitos passivo,
tos que violam mandamentos legais que possuem pois não são titulares de direitos (podem ser objetos
como sanção a aplicação de uma pena. A grande dis- materiais; a titularidade é de outros: família, coletivi-
tinção é a maior ou menor gravidade com que a lei vê dade etc.). Aproveitando que mencionamos objeto do
370 tais condutas. crime, guarde:
z Objeto jurídico consiste no bem ou interesse tute- ao 16 do Estatuto do Desarmamento). Já o concreto
lado pela norma penal (como vida, patrimônio, depende de prova efetiva de perigo (exemplo, no
honra etc.); e crime de exposição ou abandono de recém-nasci-
z Objeto material é a pessoa ou coisa sobre a qual do, art. 134, CP)
recai a conduta criminosa (por exemplo a coisa z Crime de perigo individual e crime de perigo
móvel, no furto). comum (coletivo). Perigo individual é o que coloca
em risco de dano o bem jurídico de uma só pessoa
Classificação dos crimes ou de grupo determinado de pessoas (por exem-
plo, perigo de contágio venéreo, art. 130, CP). Já no
Qualificação é o nome que se dá ao fato ou a infra-
perigo comum ou coletivo o risco atinge um núme-
ção, seja pela doutrina ou pela lei. Assim temos:
ro indeterminado de pessoas (como no delito de
z É o nome que a lei dá (nomen juris). Por exem- incêndio, art. 250, CP).
plo, “ofender a integridade corporal ou a saúde
de outrem” é chamada pelo art. 129, CP de “lesão Crimes comissivos e omissivos
corporal”.
z Que são os nomes dados pela doutrina aos fatos Crime comissivo é aquele que implica em uma
criminosos. Por exemplo: crime de mera conduta, ação, um fazer do sujeito; já o crime omissivo, carac-
crime permanente, crime próprio etc.) teriza-se por um não-fazer.
Dividem-se nas seguintes modalidades:
z É o nome dado à modalidade a que o fato pertence:
crime ou contravenção. Por exemplo, “homicídio” é
z Comissivos por omissão: são os delitos de ação,
crime, enquanto o “jogo do bicho” é contravenção.
praticado de forma excepcional por omissão (nos
A classificação doutrinária dos crimes serve casos em que o agente tem o dever jurídico de
para facilitar o estudo e o entendimento dos tipos impedir o resultado e não o faz – art. 13, §2º, CP)
penais incriminadores. No entanto, existem muitos z Omissivos por comissão.
nomes, ficando difícil fazer uma classificação defini-
tiva, uma vez que os estudiosos do Direito Penal ao Crimes instantâneos, permanentes e instantâneos de
sistematizarem a matéria, acabam por criar novas efeitos permanentes
nomenclaturas.
As principais são: Crime instantâneo é aquele que se consuma em
momento determinado, sem prolongamento.
Crimes comuns e especiais Crimes permanentes são aqueles nos quais a
consumação prolonga-se no tempo (Ex.: extorsão
São os definidos no Direito Penal Comum; os espe- mediante sequestro).
ciais, são os descritos no Direito Penal Especial. Crime instantâneo de efeitos permanentes é aque-
Crimes comuns (quanto ao agente) e próprios le em que a consumação também ocorre em momento
determinado, mas os efeitos da consumação têm efei-
Crime comum é aquele que pode ser praticado por tos duradouros (como no homicídio).
qualquer pessoa (furto, homicídio etc.). Crime próprio Existem uma série de outras classificações, como
é o que só pode ser cometido por um agente com qua- crime continuado, delito putativo, por exemplo, que
lidades especiais (uma condição jurídica, como ser serão vistas ao tratar de outros temas mais à frente.
funcionário público; de parentesco, como mãe, filho;
profissional, como médico; ou natural, como no caso Sistemas penais
da gestante.
Dentro do contexto dos crimes próprios há uma O conceito analítico de crime, que é o que nos inte-
categoria chamada crimes de mão própria ou de ressa no presente estudo, apresenta várias concepções
atuação pessoal, que são os que só podem ser come- diferentes sobre sua estrutura, elementos e maneira
tidos pelo agente em pessoa, de forma direta, como como esses elementos interagem entre si.
por exemplo no caso de falso testemunho (a testemu- Dentre essas diferentes teorias, o Código Penal
nha não pode mentir por meio de outro sujeito). O adotou a teoria finalista, de modo que, conforme
crime de mão própria admite participação, mas não vamos ver a seguir, é imprescindível a presença
coautoria. do dolo ou da culpa a fim de que se configure uma
conduta penalmente relevante.
Crimes de dano e de perigo Concebida nos anos 1930 por Hans Welzel, um
Crime de dano é o que apenas se consuma quando alemão jurista e filósofo do direito, foi adotada no
ocorre a efetiva lesão ao bem jurídico (como no homi- Brasil por doutrinadores como Damásio E. De Jesus,
DIREITO PENAL

cídio, nas lesões corporais). Crime de perigo são os Júlio Fabrinni Mirabete e Miguel Reale Júnior, dentre
que se consumam com a mera possibilidade do dano outros penalistas.
(como, por exemplo, na rixa, art. 137, CP e no incên- Para a teoria finalista, também chamada de “teo-
dio, art. 250, CP). ria final”, “finalismo penal”, “teoria finalista da ação”
Os crimes de perigo, por sua vez, subdividem-se em: ou, ainda, “teoria da ação finalista”, o crime é fato
típico (seus elementos são: conduta, dolosa ou cul-
z Crime de perigo presumido (ou abstrato) e crime posa; resultado naturalístico; relação de causalidade
de perigo concreto: No presumido ou abstrato o ou nexo causal; e tipicidade), ilícito (antijurídico) e
perigo é presumido pela lei. Basta a ação ou omis- culpável (imputabilidade; exigibilidade de conduta
são (exemplo, art. 135, CP; art. 306, CTB e arts. 14 diversa e potencial consciência da ilicitude). 371
Fator importante a ser lembrado quando se fala nes- No entanto, em alguns casos, vão bastar apenas a
ta teoria, é que o dolo e a culpa integram o fato típico. conduta e a tipicidade. Isto ocorre nos crimes formais
Assim, segundo a teoria finalista, o conceito analí- (que dispensam a ocorrência do resultado, que é mero
tico de crime é composto pelos seguintes elementos: exaurimento; ou ainda, nem o preveem, fazendo com
que seja desnecessário verificar o nexo causal) como
z Fato Típico no exemplo abaixo:

„ Conduta
„ Resultado Conduta
„ Nexo causal Nexo Causal
„ Tipicidade Exigir que se
assine um Resultado
contrato
z Antijurídico (ou Ilícito) Não é
favorável ao necessário Tipicidade
autor, sob Não é
„ Contrariedade ao ordenamento jurídico ameaça necessário Adequação
entre o fato
praticado e a
z Culpabilidade previsão legal:
Art.158,CP
Juízo de reprobabilidade formado pela: (Extorsão)

„ imputabilidade;
Conduta
„ exigibilidade de conduta diversa; e
„ potencial consciência da ilicitude.
A conduta é toda ação ou omissão humana, cons-
ciente e voluntária, dirigida a determinada finalidade.
Vamos agora estudar os elementos do crime, de
A conduta pode se realizar:
forma separada, assim como suas causas de exclusão.
z Por uma ação (um fazer, um comportamento posi-
ELEMENTOS
tivo); ou
Fato Típico z Por uma omissão (um não fazer, uma abstenção).

Não importa a posição adotada, bipartite (Crime Existem várias teorias que tratam da definição
= Fato Típico + Antijurídico) ou tripartite (Crime = da conduta criminosa; é essencial conhecer a Teoria
Fato Típico + Antijurídico + Culpável) o primeiro Finalista da Conduta, elaborada por Hans Welzel e
elemento (requisito, característica) do conceito analí- sobre a qual já mencionamos. Para a teoria finalista,
tico de crime é o fato típico. adotada pelo cp como vimos, a conduta precisa ser
O fato típico possui 4 elementos: ou dolosa ou culposa, ou seja, dolo e culpa, integram
o Fato Típico (estão dentro da conduta, que é um de
z Conduta dolosa ou culposa; seus elementos).
Mas o que são dolo e culpa?
z Nexo de causalidade (exceto nos crimes de mera
Ainda dentro do estudo da conduta, vamos estabe-
conduta e nos formais);
lecer os conceitos de dolo e de culpa, essenciais para
z Resultado (salvo nos crimes de mera conduta); o entendimento do próprio conceito de crime. Vamos,
z Tipicidade. em primeiro lugar ao Código Penal verificar o que
está disposto sobre o dolo e a culpa.
Dos 4 elementos do fato típico, 2 deles, a conduta
e a tipicidade são obrigatórios. Em alguns casos, não Art. 18 Diz-se o crime:
são necessários o nexo de causalidade e o resultado. Crime doloso
No caso dos crimes materiais (como já vimos aci- I – doloso, quando o agente quis o resultado ou
ma, que é aquele que descreve uma conduta + um assumiu o risco de produzi-lo;
resultado naturalístico e, para que o crime ocorra, é Crime culposo
II – culposo, quando o agente deu causa ao resulta-
preciso que acontece o resultado descrito na norma),
do por imprudência, negligência ou imperícia.
são necessários os 4 elementos para que se configure
Parágrafo único – Salvo os casos expressos em lei,
o crime, como por exemplo, no caso do homicídio:
ninguém pode ser punido por fato previsto como
crime, senão quando o pratica dolosamente.

Conduta
Vamos ver, agora de forma separada, o dolo e a
Nexo Causal culpa, que são os elementos subjetivos da conduta.
Resultado
Uma Relação de
facada,
por
causa e efeito
Tipicidade Importante!
entre a Sendo crime
exemplo. facada (ação) material, Não existe crime sem dolo ou culpa (princípio da
Adequação
e o resultado requer o
(morte) resultado, no
entre o fato responsabilidade subjetiva)!
praticado e a
caso, a morte. previsão legal:
Os crimes, em geral, são dolosos e, excepcional-
Art.121,CP mente, culposos (apenas quando a lei, de forma
(Matar alguém) expressa, determinar).
372
Dolo Crime Preterdoloso ou Preterintencional

Podemos definir dolo como sendo a vontade de Trata-se de uma espécie de crime qualificado pelo
produzir o resultado típico. resultado. Neste caso, o agente quer causar um deter-
minado resultado (possui dolo quanto a este resultado),
No dolo direito (ou imediato ou determinado) exis-
mas acaba causando outro resultado, de forma culposa
te a intenção do agente de ofender o bem jurídico.
(possui dolo no antecedente e culpa no consequente.
Exemplo: querendo a morte da vítima, o atirador des- Ocorre, por exemplo, na lesão corporal seguida
fere um tiro fatal. de morte, quando o agente quer lesionar (dolo) mas
Já no dolo indireto ou eventual, o sujeito assume o acaba matando (por culpa). Neste caso a conduta sub-
risco de produzir o resultado. sequente (morte) vai servir como um evento qualifica-
A diferença relevante está entre o dolo direito e o dor (vai responder pelo crime na forma mais grave).
eventual. Mas existem outras classificações de dolo,
sem muita utilidade. Dentre essas, cabe mencionar o Resultado
dolo alternativo, que pode aparecer em algum enun-
ciado de questão. O segundo elemento do fato típico é o resultado,
Dolo alternativo se configura quando o agente age que nada mais é do que a modificação do mundo exte-
rior causada pela conduta (é o que se chama de resul-
com indiferença, buscando um resultado ou outro
tado naturalístico: aplicação da teoria naturalística).
(não se trata de uma forma independente de dolo).
No entanto nem todo crime tem resultado (natu-
Exemplo de dolo alternativo é o do agente que encon- ralístico), como no caso dos crimes de mera conduta
tra uma carteira em um banco de praça e a leva para (conforme já vimos, que é aquele em que a lei descre-
casa, pouco se importando se alguém a esqueceu ali ve apenas uma conduta e não um resultado, consu-
ou é de alguém que se encontra brincado com o filho mando-se no momento da prática da conduta, como
no parque que fica dentro da praça. Neste caso pode no caso do delito de invasão de domicílio).
ter praticado o crime de furto (art. 155, CP) ou de apro-
priação de coisa achada (art. 169, II, CP). Nexo de causalidade ou nexo causal ou relação de
São elementos do Dolo: causalidade

Trata-se do elo que une a causa ao resultado e


z Consciência da conduta e do resultado;
encontra-se expressamente previsto no art. 13, CP:
z Consciência da relação causal objetiva entre a
conduta e o resultado; Relação de causalidade
z Vontade de realizar a conduta e de produzir o
resultado. Art. 13 O resultado, de que depende a existência do
crime, somente é imputável a quem lhe deu causa.
Considera-se causa a ação ou omissão sem a qual o
Culpa
resultado não teria ocorrido.
A culpa, por sua vez, não exige a intenção do agen-
De forma simples, o resultado naturalístico deve
te de agredir a norma, mas ele acaba agindo de forma
ter sido causado pela conduta praticada pelo agente (o
descuidada para com o bem jurídico. No crime culpo-
agente só responde se sua conduta tiver influenciado
so, o resultado ilícito não é desejado, mas é previsível
no resultado).
e poderia ter sido evitado. Tal descuido se concretiza
Ao tratar do nexo de causalidade, o CP adotou, no
por meio da negligência, imprudência ou imperícia art. 13, caput, 2ª parte, a chamada teoria da equiva-
(espécies de culpa, conforme o art. 18, II, CP). lência dos antecedentes causais (também conhecida
por conditio sine qua non) que considera causa a ação
z Imprudência: é a forma ativa de culpa em que ou omissão sem a qual o resultado não teria ocor-
o agente executa um comportamento sem caute- rido. Por esta teoria todos os antecedentes se equiva-
la (de forma precipitada ou com insensatez). Ex.: lem, ou seja, todas as causas tem o mesmo valor.
o sujeito que dirige em alta velocidade dentro da Para saber se uma conduta é causa do resultado
cidade, onde pedestres por todos os lados. basta, mentalmente, excluí-la da série causal. Se, com
z Negligência: é a forma passiva de culpa em que o sua exclusão, o resultado deixar de ocorrer do modo
agente deixa de agir, fica inerte, por descuido ou que ocorreu, é considerada causa (esse processo é cha-
desatenção, quando era necessário agir de modo mado de Processo Hipotético de Eliminação Thyrén).
contrário. Ex. não acionar o freio de mão ao esta- Esta teoria, se mal interpretada, pode levar a
cionar o veículo em uma ladeira excessos (regressus ad infinitum), como no caso de um
homicídio com arma de fogo, em o comerciante que
z Imperícia: consiste na imprudência no campo
vendeu a arma e, antes dele, o dono da fábrica que
técnico, pressupondo a falta de cautela relativa ao produziu o armamento também teriam dado causa ao
exercício de uma arte, um ofício ou uma profissão. resultado! Como solucionar tal situação injusta? Neste
Ex.: no caso do médico que deixa de tomar os cui- caso, temos que verificar se tanto o comerciante quan-
DIREITO PENAL

dados necessários quanto à assepsia antes de uma to o industrial agiram com dolo ou culpa: caso nega-
cirurgia, o que acaba por causar uma infecção que tivo, não serão responsabilizados (não há fato típico).
provoca a morte do paciente. Tema importantíssimo ao tratar de nexo causal diz
respeito às concausas e seus efeitos
Sempre nas questões que envolvem o dolo even- Concausas são as causas concomitantes que se
tual e culpa consciente, se fizermos uma leitura unem para gerar o resultado. Na prática não há dis-
rápida, podemos ficar com dúvida. Portanto, vamos tinção entre causas e concausas. As causas podem ser
fazer a segunda leitura da questão e identificar as preexistentes, concomitantes e supervenientes, abso-
palavras que diferenciam o dolo eventual da culpa luta ou relativamente independentes da conduta do
consciente. sujeito. 373
A questão aqui é que temos duas possíveis causas z 3º caso (causa superveniente): uma pessoa balea-
para um único resultado, e é necessário se determinar da no peito é socorrida por uma ambulância que, no
de que forma o agente deverá ser responsabilizado, percurso até o hospital, sofre um acidente, fazendo
tendo em vista sua contribuição para o resultado final com que a vítima venha a falecer de traumatismo
do crime. Ou seja, a responsabilização vai variar de craniano. Neste caso há nexo causal, no entanto o
acordo com a relevância da concausa (se ela contri- art. 13, § 1º do CP, apresenta uma exceção, excluin-
buiu ou não para o resultado produzido). do a imputação, fazendo com que o agente só res-
Primeiramente vamos ver a hipótese das causas ponda pelos atos já praticados (superveniência de
absolutamente independentes: da conduta do sujeito. causa relativamente independente).
Vamos tratar por meio de exemplos, pois é a forma
mais fácil de se entender:
Importante!
z 1º caso (causa preexistente): imagine a situa-
ção em que o genro envenena a sogra no café da Se as causas forem relativamente independen-
manhã. O veneno “A” leva tempo para agir. Na tes (preexistentes ou concomitantes) o agente
hora do almoço, a nora envenena (veneno “B”) o responde pelo resultado. Por exceção da lei (art.
suco da sogra, que logo após, cai morta. A necrop- 13, § 1º, CP) no caso da superveniência de causa
sia conclui que o veneno “A”, exclusivamente, foi a relativamente independente, o agente só respon-
causa mortis. de pelos atos já praticados.

Neste caso a conduta da nora não causou o resul-


tado, a morte foi causada por causa preexistente Tipicidade
(envenenamento pelo genro). A nora só vai responder
pelos atos já praticados, ou seja, tentativa de homi- A tipicidade nada mais é do que a convergência, a
cídio; o genro, por sua vez, responde por homicídio cominação do fato no mundo com o tipo abstrato pre-
consumado. visto na lei. Por exemplo, o fato de eliminar a vida de
alguém encontra adequação ao previsto no art. 121,
z 2º caso (causa concomitante): nesta hipótese, a CP, “matar alguém”.
nora envenena o suco da sogra, uma mulher idosa. As excludentes de tipicidade dividem-se em legais
No momento em que tomava o suco envenenado, (quando expressamente previstas em lei) e suprale-
um indivíduo invade a casa para cometer um rou- gais (implicitamente previstas em lei). Podemos men-
bo; assustada, a idosa morre de colapso cardíaco, cionar como exemplos:
exclusivamente. Neste caso, há quebra do nexo
causal e a nora só responde pelos atos já praticados z De excludentes legais, o crime impossível (art. 17, CP);
z 3º caso (causa superveniente): neste exemplo a z O impedimento de suicídio (art. 146, § 3º); e
nora envenena o suco da sogra, que o toma, faz z Retratação no crime de falso testemunho (art. 342, § 2º).
todos os afazeres normais e, mais tarde ao sair de
casa, é atropelada e morre, exclusivamente por Veja que elas não estão agrupadas em um único
causa do acidente (o veneno não teve tempo de artigo.
agir). Aqui também não há relação de causalida- Por sua vez, como causas supralegais podemos
de, respondendo a nora pelos atos já praticados citar o princípio da insignificância, já visto anterior-
(homicídio tentado). mente e também com a chamada adequação social
(comportamentos que são aceitos normalmente pela
Os três casos acima mostram causas absoluta- sociedade e deixa de ser entendida como lesiva a
mente independentes da conduta do sujeito: houve algum bem jurídico).
quebra no nexo causal e o agente só responde pelos
atos já praticados. CONSUMAÇÃO E TENTATIVA
Agora vamos ver as três hipóteses de causas relati-
vamente independentes da conduta do sujeito: Crime consumado e crime tentado

z 1º caso (causa preexistente): numa briga entre Para estudarmos os crimes consumados e os crimes
vizinhos, o vizinho “A” dá um golpe de estilete no tentados, é importante conhecermos a iter criminis.
braço do vizinho “B’, com a intenção de mata-lo. A
Segundo Cleber Masson, iter criminis é o caminho
vítima era hemofílica, o que fez com que perdesse
do crime, corresponde às etapas percorridas pelo
grande quantidade de sangue, vindo a falecer. Nes-
agente para a prática de um fato previsto em lei como
te caso, existe uma relação de causalidade entre a
conduta (“estiletada”) e o resultado (morte), sen- infração penal.
do a causa da morte a hemofilia (condição). Nesta Considerando que já estudamos crime doloso,
hipótese, a conduta e a causa não são absoluta- podemos concluir que iter criminis é um instituto
mente independentes, mantendo-se o nexo causal: exclusivo dos crimes dolosos.
portanto o vizinho que desferiu o golpe vai respon- Os crimes possuem as seguintes fases:
der pelo resultado.
z 2º caso (causa concomitante): um assaltante entra z Cogitação ou fase interna: É a fase mental de pre-
numa casa e atira no morador que, no momento, paração do crime: idealização, deliberação e reso-
estava infartando, sendo que a lesão causada pelo lução. Não há conduta penalmente relevante.
projétil contribuiu para que ocorresse o evento z Atos preparatórios: O crime começa a se proje-
morte. Neste caso, há relação de dependência casa- tar no mundo exterior. O agente adquire arma
-conduta, não havendo quebra do nexo causal; de fogo. Em regra, não são puníveis, salvo nos
374 assim sendo o agente responde pelo resultado. crimes-obstáculo.
z Atos de execução: O agente começa a realizar o Tentativa
núcleo do tipo penal, de forma idônea e inequívo-
ca. Essa fase pode haver punição pela tentativa. z Branca ou incruenta (improfícua): o objeto do
crime não é atingido pela conduta. O iter criminis
z Consumação: Crime consumado é quando nele se
percorrido, o quantum de redução deve se aproxi-
reúnem todos os elementos de sua definição legal.
Fim do iter criminis. mar da fração máxima (2/3).
z Exaurimento: Não influi na tipicidade, mas pode z Vermelha ou cruenta: o objeto de crime é atingi-
influenciar na dosimetria da pena, ser reconhecido do pela conduta. Considerando o iter criminis per-
como qualificadora ou configurar crime autônomo. corrido, o quantum de redução da tentativa deve se
aproximar do mínimo (1/3).
Crime-obstáculo z Perfeita ou acabada: o agente esgota todos os
meios de execução à sua disposição e, mesmo
Classifica-se de crime-obstáculo quando os atos
assim, a consumação não sobrevém por circuns-
preparatórios são punidos como crime autônomo, por
tância alheias a sua vontade.
exemplo, associação criminosa, art. 288, do CP.
z Crime falho: agente dispara tiros na vítima, mas é
Atos preparatórios e atos de execução socorrida e sobrevive.
z Imperfeita ou inacabada: o agente, por fatores
z Teoria subjetiva: importa a exteriorização da
alheios a sua vontade, não esgota os meios de
vontade criminosa pelo agente e não distingue
execução ao seu alcance, dentro daquilo que con-
atos preparatórios de atos executórios.
sidera suficiente, em seu projeto criminoso, para
z Teoria objetiva-formal (majoritária): a execu- alcançar resultado.
ção inicia-se quando o agente começa a praticar o z Tentativa propriamente dita: agente, no segundo
núcleo contido no tipo penal. Antes disso, os atos disparo, é interrompido pela chegada de policiais
são preparatórios. e o crime não se consuma por circunstância alheia
z Teoria objetiva-material: são atos executórios à sua vontade.
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, São crimes que admitem tentativa:
com base na visão de terceira pessoa alheia à con-
duta criminosa. (Rogério Cunha Sanches) z Crimes dolosos;
z Teoria objetiva-individual: são atos executórios z Crime plurissubsistentes (formais e de mera conduta);
aqueles em que se inicia a prática do núcleo do z Omissivos impróprios;
tipo, bem como os atos imediatamente anteriores, z Crimes de perigo concreto;
com base no plano concreto do agente.
z Crimes permanentes.
z Teoria da hostilidade ao bem jurídico: a execu-
ção inicia-se quando o agente ataca o bem jurídico Crimes que não admitem tentativa:

E se persistirem a dúvida se o ato é preparató- z Crimes culposos, exceto a culpa imprópria;


rio ou de execução? Deve-se considerar, neste caso, z Contravenções penais;
o ato preparatório, por ser mais benéfico ao agente.
Para cada classificação do crime há o momento da z Crimes habituais;
consumação. z Crimes omissivos próprios;
Vejamos a consumação de crime entre Roubo X z Crimes unissubjetivos;
Latrocínio:
z Crimes preterdolosos;
z Roubo: Súmula 582, STJ: consuma-se o crime de z Crimes de resultado;
roubo com a inversão da posse do bem median- z Crimes de empreendimento (atendado);
te emprego de violência ou grave ameaça, ainda z Crimes impossíveis;
que breve tempo e em seguida à perseguição ime-
diata ao agente e recuperação da coisa roubada, z Crimes de perigo comum;
sendo prescindível a posse mansa e pacífica ou z Crimes subordinados a uma condição objetiva de
desvigiada. punibilidade;
z Latrocínio: Súmula 610, STF: há crime de latro- z Crimes-obstáculo.
cínio, quando o homicídio se consuma, ainda que
não realize a agente a subtração de bens da vítima. Pena da tentativa
Há tentativa de latrocínio quando o sujeito age com
DIREITO PENAL

dolo de subtrair e dolo de matar, mas o resultado Salvo disposição em contrário, pune-se a tentati-
morte não ocorre por circunstâncias alheias à sua va com a pena correspondente ao crime consumado,
vontade. O fator determinante para a consumação diminuída de 1/3 a 2/3.
do latrocínio é a ocorrência do resultado morte, A tentativa é uma causa de diminuição de pena.
sendo dispensada a efetiva inversão da posse. A redução deve ser basear no iter criminis percor-
rido pelo agente.
O crime é consumado quando nele se reúnem A definição do crime tentado (at. 14, II, do CP) é
todos os elementos da sua definição legal. A tentativa uma norma de extensão ou de ampliação, uma vez
ocorre, quando, iniciada a execução, não se consuma que, o tipo penal deve ser conjugado com o art. 14, II,
por circunstância alheias à vontade do agente. do CP. 375
O art. 14, II, do CP, dispõe que a tentativa é o início No exemplo 1, o crime foi consumado, por isso foi
de execução de um crime que somente não se consu- aplicada a pena de 2 anos (lembrando que a pena pre-
ma por circunstâncias alheias à vontade do agente. vista para furto é de um a quatro anos, e multa).
O ato de tentativa é um ato de execução. No exemplo 2 o crime foi tentado, motivo pelo qual
Exige-se que o sujeito tenha praticado atos execu- a pena de 2 anos foi diminuída de 2/3, resultando em
tórios, daí não sobrevindo a consumação por forças 1 ano e 4 meses.
estranhas ao seu propósito, o que acarreta em tipici- A tentativa constitui-se em causa obrigatória de
dade não finalizada, sem conclusão. diminuição da pena.
A tentativa tem três elementos em sua estrutura: Incide na terceira fase de aplicação da pena priva-
tiva de liberdade, e sempre a reduz.
z Início da execução do crime; A liberdade do magistrado repousa unicamente no
z Ausência de consumação por circunstâncias alheia quantum da diminuição, balizando-se entre os limi-
à vontade do agente; tes legais, de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços). Deve
z Dolo de consumação.
reduzi-la, podendo somente escolher o montante da
diminuição. E, para navegar entre tais parâmetros, o
Não esqueça que o dolo da tentativa é igual ao dolo
critério decisivo é a maior ou menor proximidade da
da consumação: o sujeito quer o resultado!
consumação, ou seja, a distância percorrida do iter
Exemplo: “A” quer subtrair o celular de “B”. Na
criminis.
consumação, “A” consegue subtrair. Na tentativa,
quando “A” consegue colocar a mão no celular, é sur- Excepcionalmente, entretanto, é aceita a teoria
preendido por “C” que, à distância, percebeu a ação de subjetiva, voluntarística ou monista, consagrada pela
“A”. Neste momento, “A” deixa o celular e foge do local. expressão “salvo disposição em contrário”.
A vontade de “A” era: subtrair o celular. Essas teorias têm a tese de que a pena para os crimes
O art. 14, II, do CP não tem autonomia, pois a tenta- consumados são as mesmas para os crimes tentados.
tiva não existe por si só, isoladamente. Aplica-se essas teorias em alguns casos.
Sua aplicação exige a realização de um tipo incri- Há casos restritos em que o crime consumado e o
minador, previsto na Parte Especial do CP ou pela crime tentado comportam igual punição: são os deli-
legislação penal especial. tos de atentado ou de empreendimento. Por exemplo:
O CP e a legislação extravagante não preveem,
para cada crime, a figura da tentativa, nada obstante z Evasão mediante violência contra a pessoa (art.
a maioria deles seja com ela compatível. 352 do CP), em que o preso ou indivíduo submetido
Isso explica o motivo pelo qual não encontramos à medida de segurança detentiva, usando de vio-
a descrição do crime, pois há uma pena prevista em lência contra a pessoa, recebe igual punição quan-
caso de consumação e outra pena para a hipótese de do se evade ou tenta evadir-se do estabelecimento
tentativa. em que se encontra privado de sua liberdade;
A tentativa de furto é a combinação de “subtrair,
z Lei nº 4.737/1965 – Código Eleitoral, art. 309, no
para si ou para outrem, coisa alheia móvel” com a exe-
qual se sujeita à igual pena o eleitor que vota
cução iniciada, mas que não se consuma por circuns-
tâncias alheias à vontade do agente”. ou tenta votar mais de uma vez, ou em lugar de
Furto tentado é: art. 155, caput, c/c o art. 14, II, outrem.
ambos do CP.
Crimes punidos apenas na forma tentada

Importante! A regra vigente no sistema penal brasileiro é a


punição dos crimes nas modalidades consumada e
A lei penal (CP ou lei extravagante) não prevê a tentada.
tentativa para cada crime, mas define o delito e Mas em algumas situações não se admite a tendên-
prevê a pena para o caso de consumação. cia, seja pela natureza da infração penal, seja em obe-
Por isso, todo o crime tentado deve incluir na diência a determinado mandamento legal, razão pela
descrição do delito o art. 14, II, do CP. qual apenas é possível a imposição de sanção penal
para a forma consumada do delito ou da contraven-
ção penal.
E a pena para o caso de crime tentado? É o que se verifica, a título ilustrativo, nos crimes
A punibilidade da tentativa é disciplinada pelo art. culposos (salvo na culpa imprópria) e nos crimes
14, parágrafo único, do CP. O CP acolheu como regra a unissubsistentes.
teoria objetiva, realística ou dualista. Relembrando:
Teoria objetiva, realística ou dualista significa que
ao se determinar a pena da tentativa, ela deve corres- z Culpa: O agente não quer e nem assume o risco de
ponder à pena do crime consumado, diminuída de 1/3 produzir o resultado.
(um terço) a 2/3 (dois terços). z Culpa imprópria: decorre do erro de tipo evitável
Como o desvalor do resultado é menor quando nas descriminantes putativas ou do excesso nas
comparado ao do crime consumado, o agente deve causas de justificação. O agente quer o resultado
suportar uma punição mais branda. em razão de a sua vontade encontrar-se viciada
Vamos exemplificar: por um erro que, com mais cuidado poderia ser
evitado.
z “A” subtrai o celular de “B” e foi condenado a pena z Crime unissubsistente: é realizado por ato único,
de 2 anos. não sendo admitido o fracionamento da conduta,
z “A” tentou subtrair o celular de “B” e foi condenado como, por exemplo, no desacato (art. 331, do CP)
376 a pena de 1 ano e 4 meses. praticado verbalmente.
Entretanto, em hipóteses raríssimas somente é MODIFICAÇÃO DA VONTADE DO AGENTE
cabível a punição de determinados delitos na forma
tentada, pois nesse sentido orientou-se a previsão z Antes de esgotar a execução:
legislativa quando da elaboração do tipo penal.
Exemplos disso encontram-se nos arts. 9º e 11 da „ Desistência
Lei 7.170/1983 – Crimes contra a Segurança Nacional. „ Voluntária

Art. 9º Tentar submeter o território nacional, ou z Depois de esgotar a Execução:


parte dele, ao domínio ou à soberania de outro país.
Pena: reclusão, de 4 a 20 anos.
„ Arrependimento eficaz
Parágrafo único - Se do fato resulta lesão corporal
grave, a pena aumenta-se até um terço; se resulta
morte aumenta-se até a metade. z Consequência jurídica:
Art. 10 Aliciar indivíduos de outro país para inva-
são do território nacional. „ Só responde pelos atos já praticados
Pena: reclusão, de 3 a 10 anos.
Parágrafo único - Ocorrendo a invasão, a pena O arrependimento posterior é uma causa obriga-
aumenta-se até o dobro. tória de diminuição de pena para os crimes pratica-
Art. 11 Tentar desmembrar parte do território
dos sem violência ou grave ameaça dolosa à pessoa,
nacional para constituir país independente.
nos quais o prejuízo é reparado por ato voluntário do
Pena: reclusão, de 4 a 12 anos.
infrator até o momento do recebimento da denúncia
ou queixa.
DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA, ARREPENDIMENTO
O art. 16, do CP, estabelece redução de um a dois
EFICAZ E ARREPENDIMENTO POSTERIOR
terços, e prevalece que a redução será tanto maior
quando mais célere a reparação.
Desistência voluntária, arrependimento eficaz e
arrependimento posterior
Casos excepcionais de arrependimento posterior no
A desistência voluntária e o arrependimento efi- Código Penal
caz encontram-se previstos no artigo 15 CP.
A desistência voluntária se configura quando A reparação do dano no crime de estelionato por
o sujeito inicia o processo executório, mas desiste meio de cheque, até o recebimento da denúncia, tem
voluntariamente de nele prosseguir, evitando a con- efeito diverso.
sumação. É o caso, por exemplo, do sujeito que ingres- No peculato culposo (art. 312, § 2º, do CP), a reparação
sa na casa da vítima e, voluntariamente, desiste da do dano até a sentença definitiva extingue a punibilidade,
subtração que pretendia efetuar. Veja que, no caso do e se posterior ainda reduz a pena em metade (art. 312, §
exemplo, se o sujeito desiste do furto pelo risco de ser
3º, do CP).
surpreendido em flagrante diante do funcionamento
do sistema de alarme, não se fala em desistência, mas
sim em tentativa punível. CRIME IMPOSSÍVEL
Já o arrependimento eficaz se dá após esgotado
o processo executório imaginado, mas resolve agir Disposto no art. 17, CP.
voluntariamente atuar para evitar, com sucesso, a Pode se dar de três formas:
consumação.
Nos dois casos, conforme art. 15, do CP, a conse- z Inidoneidade absoluta do meio: meio escolhi-
quência é que o sujeito deve responder apenas pelos do não tem qualquer possibilidade razoável de
resultados já produzidos. lesar o bem jurídico (matar alguém com “poder da
Esses dois institutos são incompatíveis com os cri- mente”)
mes culposos, pela sua própria natureza, salvo na cul- z Impropriedade absoluta do objeto: o objeto
pa imprópria. material não reveste o bem jurídico protegido pela
norma penal, como tentar matar alguém já morto
ou abortar não estando a mulher grávida
MOTIVOS ALHEIOS À VONTADE DO AGENTE
z Obra do agente provocador: flagrante prepara-
z Antes de esgotar a execução: do, ou seja, quando o Estado instiga o crime para
que o sujeito caia em uma “armadilha”, tendo
„ Tentativa tomado providências para que o bem jurídico não
„ imperfeita ou sofra risco
„ inacabada
CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE E
DIREITO PENAL

z Depois de esgotar a Execução: CULPABILIDADE

„ Tentativa perfeita ou acabada ou crime falho Antijuridicidade (Ilicitude)

z Consequência jurídica: A antijuridicidade, segundo requisito do crime,


consiste na contradição entre fato e o ordenamento
„ Responde pela tentativa: pena do crime jurídico, resultando na lesão ao bem jurídico tutelado.
consumado reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 O fato típico, até prova em contrário, é um fato que,
(dois terços) ajustando-se a um tipo penal, é antijurídico, a não ser
que haja uma causa que o torne lícito. 377
Exclusão de ilicitude Exercício regular de direito

A antijuridicidade pode ser afastada por certas Está disposto no art. 23, III, segunda parte, CP. Da
causas, chamadas de “causas de exclusão da antiju- mesma forma que a anterior, não pode ser ilícita a
ridicidade” ou “justificativas”. Na incidência de uma conduta daquele que age estritamente exercendo
delas, o fato permanece típico, mas não há crime: direito seu.
excluindo-se a ilicitude, e sendo ela um quesito do cri-
me, fica excluído o próprio crime. Como consequên- Causas supralegais de exclusão da antijuridicidade
cia, o sujeito deve ser absolvido.
O art. 23 do CP apresenta as causas de exclusão da Existem condutas consideradas justas pela cons-
antijuridicidade: ciência social que não se encontram previstas nas
causas de exclusão da antijuridicidade elencadas no
z Estado de necessidade; art. 23, CP. Nesse sentido, a doutrina aponta que o con-
z Legítima defesa; sentimento do ofendido (fora das hipóteses em que o
z Estrito cumprimento de dever legal; dissenso da vítima constitui requisito da figura típi-
z Exercício regular de direito. ca), pode vir a excluir a ilicitude, caso se praticado em
situação justificante, como é o caso do indivíduo que
Estado de necessidade tatua o corpo de outras pessoas, praticando conduta
típica de lesões corporais, que, no entanto, são lícitas
Conforme expressa o art. 24, CP, o estado de neces- se presente o consentimento do ofendido.
sidade é a situação de perigo atual, que não foi provo-
cada voluntariamente pelo agente, na qual este viola
Excesso punível
bem de outrem, para não sacrificar direito seu ou de
terceiros, sacrifício que não poderia razoavelmente
ser exigido. Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou
Para que se configure: em vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agen-
te pode encontrar-se em três situações diferentes:
z O perigo deve ser atual;
z Usa de um meio moderado e dentro do necessário
z Deve haver ameaça a direito próprio ou alheio,
para repelir à agressão.
cujo sacrifício não era razoável de se exigir;
z Que a situação não tenha sido provocada pela von- Haverá necessariamente o reconhecimento da
tade do agente; legítima defesa.
z Que seja inevitável de outro modo;
z Que o agente saiba que se encontra em estado de z De maneira consciente emprega um meio desneces-
necessidade (requisito subjetivo); sário ou usa imoderadamente o meio necessário.
z Que não haja o dever legal do agente de enfrentar
o perigo (art. 24, § 1º, CP). A legítima defesa fica afastada se for excluído um
dos seus requisitos essenciais.
O exemplo clássico é o de dois tripulantes de um
navio que, após o naufrágio, dividem um único salva- z Após a reação justa (meio e moderação) por impre-
-vidas. Percebendo que vai afundar, um deles mata o vidência ou conscientemente continua desneces-
outro com a finalidade de ficar com o salva-vidas para sariamente na ação.
si só, salvando-se.
Estará agindo com excesso o agente que intensi-
Legítima Defesa fica demasiada e desnecessariamente a reação ini-
cialmente justificada. O excesso poderá ser doloso ou
Constitui outra causa excludente de ilicitude, des- culposo. O agente responderá pela conduta constituti-
ta vez prevista no art. 25, CP. Encontra-se em legítima va do excesso.
defesa aquele que, utilizando os meios necessários
com moderação, repele injusta agressão, atual ou imi- CULPABILIDADE E SUAS EXCLUDENTES
nente, a direito seu ou de terceiros.
Para que se configure é necessário: As excludentes de culpabilidade podem ser divi-
didas, para fins de estudo, em dois grupos: as que se
z Agressão injusta atual ou iminente, ou seja, pre- relacionam com o agente e as que dizem respeito ao
sente ou prestes a acontecer; fato:
z Preservação de qualquer bem jurídico, próprio ou
alheio (legítima defesa própria ou de terceiros); z Quanto ao agente do fato:
z Repulsa utilizando os meios necessários, de forma
moderada. Existência de doença mental ou desenvolvimento
mental incompleto ou retardado (art. 26, caput, CP);
Estrito cumprimento do dever legal Existência de embriaguez decorrente de vício (art.
26, caput, CP);
Encontra-se no art. 23, III, primeira parte, CP. Se Menoridade (art. 27, CP).
o agente atua rigorosamente dentro do imposto por
norma legal, o comportamento não pode ser antiju- z Quanto ao fato (legais):
rídico. É o caso do oficial de justiça que, cumprindo
determinação legal, realiza a apreensão de determi- Coação moral irresistível (art. 22, CP);
378 nado bem de um cidadão. Obediência hierárquica (art. 22, CP);
Embriaguez decorrente de caso fortuito ou força z Sistema biopsicológico: exige-se que a causa
maior (art. 28, § 1º, CP); geradora esteja prevista em lei e que, além disso,
Erro de proibição escusável (art. 21, CP); atue efetivamente no momento da ação delituo-
Descriminantes putativas; sa, retirando do agente a capacidade de entendi-
mento e vontade. Desta forma, será inimputável
z Quanto ao fato (supralegais): aquele que, em razão de uma causa prevista em lei
(doença mental, incompleto ou retardado), atue no
Inexigibilidade de conduta diversa; momento da pratica da infração penal sem capaci-
Estado de necessidade exculpante; dade de entender o caráter criminoso do fato.
Excesso exculpante;
Excesso acidental. Somente há inimputabilidade se os três requisitos
estiverem presentes, sendo exceção aos menores de
Doença mental 18 anos, regidos pelo sistema biológico.

Doença mental pode ser conceituada como o qua- Questões importantes sobre inimputabilidade
dro de alterações e doenças psíquicas que retiram do
indivíduo a faculdade de controlar e comandar a pró- A inimputabilidade do acusado é fornecida pelo
pria vontade. Importante esclarecer que a dependên- exame pericial feito pelo médico legal, exame que é
cia patológica, como drogas, configura doença mental denominado “incidente de insanidade mental”, em
quando retira a capacidade de entender ou querer. que se suspende o processo até o resulto final. Há
prazo de 10 dias para provar a existência da causa
Desenvolvimento mental incompleto ou retardado excludente da culpabilidade (Lei nº 11.719, de junho
de 2008).
Por desenvolvimento mental incompleto se Os requisitos biopsicológicos da inimputabilidade são:
entende as limitações na capacidade de compreensão
da ilicitude do fato ou a incapacidade de se autodeter- z Somente há inimputabilidade se os três requisitos
minar de acordo com o entendimento (precário) uma estiverem presentes, sendo exceção aos menores
vez que o sujeito ainda não atingiu maturidade (seja de 18 anos, regidos pelo sistema biológico.
física ou mental). São causas: z Causal: existencial de doença mental ou de desen-
volvimento incompleto ou retardado, causas pre-
z A menoridade: os menores de 18 anos, em razão de vistas em lei.
não sofrerem sanção penal pela prática de ilícito
z Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omis-
penal, em decorrência da ausência de culpabilida-
são delituosa.
de, estão sujeitos ao procedimento medidas sócio
educativos prevista no ECA; z Consequencial: perda total da capacidade de
entender ou da capacidade de querer.
z Características pessoais do agente, como a falta de
convivência social (surdo que ainda não aprendeu
a se comunicar) Dispõe o Código Penal:

Art. 26 É isento de pena o agente que, por doença


Desenvolvimento mental retardado
mental ou desenvolvimento mental incompleto ou
retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão,
Configura aqui, o indivíduo que tem uma capa- inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito
cidade que não corresponde às experiências para do fato ou de determinar-se de acordo com esse
aquele momento de vida, o que significa que a plena entendimento.
potencialidade jamais será atingida. Os inimputáveis
aqui tratados não possuem condições de entender o Redução de pena
crime que cometeram.
Como acabamos de ver, ao menor de 18 anos se Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um
aplicam regras próprias. Ao completar 18 anos, a lei a dois terços, se o agente, em virtude de perturba-
presume que todos os indivíduos são imputáveis. ção de saúde mental ou por desenvolvimento men-
Porém, tal presunção é relativa, ou seja, é passível de tal incompleto ou retardado não era inteiramente
aferição. Assim, existem três possíveis critérios para a capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de
verificação da inimputabilidade: determinar-se de acordo com esse entendimento.

z Sistema psicológico: interessa é somente o momen- Menores de dezoito anos


to da ação ou omissão delituosa, se ele tinha ou não
condições de avaliar o caráter criminoso do fato e Art. 27 Os menores de 18 (dezoito) anos são penal-
de orientar-se de acordo com esse entendimento, mente inimputáveis, ficando sujeitos às normas
DIREITO PENAL

ou seja, o momento da pratica do crime. A emoção estabelecidas na legislação especial.


não excluir a imputabilidade. E pessoa que comete Emoção e paixão
crime, com integral alternação de seu estado físico-
-psíquico responde pelos seus atos. No caso de embriaguez acidental completa, temos:
z Sistema biológico: interessa saber se o agente é
portador de alguma doença mental ou desenvolvi- Art. 28 Não excluem a imputabilidade penal:
mento mental incompleto ou retardo, caso positi- I - a emoção ou a paixão;
vo é considerado inimputável. Tal sistema é usado Embriaguez
pela doutrina: Código Penal, sobre a menoridade II - a embriaguez, voluntária ou culposa, pelo álcool
penal. ou substância de efeitos análogos. 379
§ 1º - É isento de pena o agente que, por embria- ERRO ESCUSÁVEL ERRO INESCUSÁVEL
guez completa, proveniente de caso fortuito ou
força maior, era, ao tempo da ação ou da omissão, É aquele que deriva de É aquele que deriva de
inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito fato imprevisível, que pe- fato evitável, que pelas
do fato ou de determinar-se de acordo com esse las circunstâncias concre- circunstâncias concretas
entendimento. tas, qualquer pessoa de qualquer pessoa de dis-
§ 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, discernimento mediano cernimento médio, teria
se o agente, por embriaguez, proveniente de caso incorreria em tal erro. Por percebido o equívoco e
fortuito ou força maior, não possuía, ao tempo da consequência, neste caso teria assim o evitado. Esta
ação ou da omissão, a plena capacidade de enten- exclui-se o dolo – por ine- espécie de erro é conhe-
der o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de xistir o elemento vontade cida também por erro de
– e a culpa, por ser im- tipo permissivo, pois re-
acordo com esse entendimento.
previsível. Esta espécie de cai sobre circunstâncias
erro também pode ser con- fáticas de uma causa de
Adoção do critério psicológico. A embriaguez
ceituada como erro de tipo justificação, ou seja, ex-
admite qualquer meio probatório. penal incriminador, pois cludente de ilicitude (tipo
Já na embriaguez acidental fortuita, decorrente recaí sobre uma situação penal permissivo).
de caso fortuito ou de força maior, que ocorre, por fática elementar do crime.
exemplo, quando o agente não conhece o caráter
alcoólico da bebida ou o agente é forçado a ingerir a Agora, vamos ao estudo do que dispõe o artigo 20,
bebida, adota-se o critério psicológico. Porém, não do Código Penal Brasileiro:
basta estar embriagado fortuitamente.
Deve-se analisar se ao momento da ação ou omis- Erro sobre elementos do tipo
são o agente era incapaz de entender o caráter ilíci-
to do fato ou de determinar-se de acordo com esse Art. 20 O erro sobre elemento constitutivo do tipo
entendimento. legal de crime exclui o dolo, mas permite a punição
por crime culposo, se previsto em lei.
Posto isso, teremos duas possibilidades:
Descriminantes putativas
z Completa isenção de pena: art. 28, § 1°, CP.
z Incompleta redução de pena de 1/3 a 2/3: art. 28, § 1º - É isento de pena quem, por erro plenamente
§ 2°, CP. justificado pelas circunstâncias, supõe situação de
fato que, se existisse, tornaria a ação legítima. Não
A embriaguez patológica deve ser tratada como há isenção de pena quando o erro deriva de culpa e
o fato é punível como crime culposo.
doença mental, regida pelo art. 26, CP.
Já na embriaguez preordenada o agente se embria-
Pela redação do artigo 20 é possível aferir que o
ga para encorajar-se a praticar o crime. Será punido
erro de tipo pode ou não excluir o dolo, isto é, o ele-
pelo crime doloso cometido e terá a pena aumentada. mento vontade. Mas qual é a importância da vonta-
Aplicação da agravante genérica, at. 61, II, l, CP. de para o estudo do erro de tipo? Tal elemento é de
fundamental importância, uma vez que se inexistir a
ERRO DE TIPO E DE PROIBIÇÃO forma culposa de algum crime, o agente que praticou
o fato não cometerá crime algum, a contrário sensu,
Erro de Tipo: se existir forma culposa este agente será punido pela
prática do crime na sua forma culposa.
Como bem explicam André Estefam e Victor O parágrafo §1º do citado artigo dispõe sobre as
Eduardo Gonçalves1, o erro, corresponde à falsa per- discriminantes putativas. A palavra putativa deve ser
cepção da realidade dos fatos, ou seja, há uma per- entendida no sentido de aparentar ou parecer. Por
cepção errônea pela qual o agente que comete o fato exemplo:
acredita piamente não estar diante de um dos elemen-
Catarina foi ameaçada por Beatriz, que disse que
tos essenciais que constituem o crime. Exemplo, Carol
iria lhe dar uma facada. A partir deste dia, Catari-
pega a chave do carro de Josiane, acreditando que a na, assustada pelas ameaças de Beatriz, passou a
chave era dela. andar sempre com um canivete de bolso. Na sema-
Neste caso, sem analisar corretamente os fatos na seguinte, Catarina desapercebida se encontra
era de se pensar que Carol teria cometido o crime de com Beatriz numa rua sem saída. Beatriz então,
furto, vez que preenchia quase todos os elementos da com movimentos suspeitos, inclina-se para dar um
conduta tipificada no art. 155, do Código Penal. Toda- abraço em Catarina e lhe dar uma flor como pedi-
do de desculpas. Mas Catarina desfere de imediato
via, esta interpretação seria errônea, pois pendia do
uma facada em Beatriz.
elemento de vontade, já que que para Carol o objeto
não alheio. Estamos aqui, diante de uma tese de legítima defe-
Após este introito, acredito que você já deve pos- sa putativa. A verdade é que havia uma falsa percep-
suir uma noção do que é um erro. Agora iremos apro- ção de realidade, que se passava somente na mente
fundar nos conceitos de erro de tipo escusável e erro de Catarina, que acreditava que seria esfaqueada por
de tipo inescusável. Beatriz.
1 Estefam, André ; Gonçalves, Victor Eduardo Rios Direito penal esquematizado® – parte geral / André Estefam; Victor Eduardo Rios
380 Gonçalves. – Coleção esquematizado ® / coordenador Pedro Lenza - 9. ed. – São Paulo : Saraiva Educação, p. 516, 2020.
Como veremos no próximo parágrafo, do mes- Mas no que isso importa para o direito? Novamen-
mo artigo, o erro também pode ser determinado por te para explicação, iremos estudar um exemplo.
terceiro. Mévio é casado com Clara, os dois possuem uma
relação bastante conturbada. Mévio, prevalecendo de
Erro determinado por terceiro relações domésticas, muito nervoso por certa atitude
de Clara, dispara diversos tiros em sua direção, acer-
§ 2º - Responde pelo crime o terceiro que determina
tando o seu vizinho Joãozinho, que passava pelo local.
o erro.
Joãozinho, veio à óbito.
Para entender este dispositivo nada melhor que Nesta situação, Mévio mesmo tendo acertado um
um clássico exemplo: homem responderá por feminicídio, pois apenas se
consideram as qualidades da vítima que realmente
Maciel é pai de Carolina. Sua filha só possui 16 queria atingir.
anos de idade, no entanto aparenta ser mais velha, Temos ainda o erro de tipo acidental sobre o
podendo ser facilmente confundida por uma pessoa objeto (error in objecto), esta figura é essencialmen-
maior de idade. Maciel sempre frequenta determi- te doutrinária. Aqui, como diz o próprio nome, o erro
nado bar, por isso já é conhecido pelo garçom, que ocorre sobre o objeto visado. Ex. Mário vai a uma joa-
como de costume lhe serve um chope. Certo dia, lheria e furta um colar que acredita ser de diamantes,
Maciel comparece no bar com sua filha, o garçom mas ao chegar em casa descobre que em verdade tra-
de prontidão lhe serve o seu chope, mas Maciel ta-se de uma bijuteria barata. Neste caso, não haverá
pede mais um para Carolina. exclusão de dolo, culpa, tampouco isenção de pena.
Respondendo Mário pelo crime de furto consumado
Sabe-se que é proibida a venda e o consumo de
(art. 155, do Código Penal).
bebidas alcoólicas para menores de 18 anos de idade.
Aqui, estamos diante de um típico caso de erro deter- Erro de Proibição:
minado por terceiro, pelas circunstâncias do caso –
Carolina aparentava ser mais velha e seu próprio pai Após o estudo do erro sobre os elementos do tipo,
que pediu o chopp – não era exigível que o garçom iremos estudar o erro sobre a ilicitude do fato, tam-
tivesse conhecimento sobre o fato, já que não é costu- bém conhecidos como erros de proibição. Veja o que
me de os bares solicitarem a carteira identidade para dispõe o artigo 21, do Código Penal:
aferir a idade. Neste caso, reponde quem determinou O erro de proibição
o erro, in casu, Maciel.
Vamos conhecer agora, o erro sobre a pessoa (§ 3º, Erro sobre a ilicitude do fato
do art. 20, do Código Penal): Art. 21 O desconhecimento da lei é inescusável. O
erro sobre a ilicitude do fato, se inevitável, isenta
Erro sobre a pessoa
de pena; se evitável, poderá diminuí-la de um sexto
§ 3º - O erro quanto à pessoa contra a qual o crime a um terço.
é praticado não isenta de pena. Não se consideram, Parágrafo único - Considera-se evitável o erro se o
neste caso, as condições ou qualidades da vítima, agente atua ou se omite sem a consciência da ilici-
senão as da pessoa contra quem o agente queria tude do fato, quando lhe era possível, nas circuns-
praticar o crime. tâncias, ter ou atingir essa consciência.

Esta figura pode ser conhecida também por error O citado artigo traz apontamentos muito impor-
tantes. O primeiro é que o desconhecimento da lei é
in persona ou, ainda, por erro de tipo acidental. No
inescusável, isto quer dizer que ninguém pode usar
erro sobre a pessoa existe o crime, o agente quer o
como forma de desculpa a justificativa que praticou o
resultado, todavia confunde a pessoa visada, isto é,
fato por desconhecer que a conduta era considerada
quem ela queria realmente atingir. Por esta razão,
criminosa.
nesta hipótese inexiste isenção de pena.
Ainda no mesmo artigo é trabalhado o erro sobre
É importante diferenciar a figura erro de tipo
a ilicitude do fato evitável e o erro sobre a ilicitude
acidental da figura de erro na execução, apesar de
do fato inevitável, os conceitos deles são retirados do
muito parecidas são conceitos distintos, a diferença
parágrafo único do mesmo artigo.
principal desta última é que, como o próprio nome
diz, o erro é na execução. Exemplo: por não saber ati- z Erro sobre a Ilicitude Evitável:
rar acerta pessoa diversa.
Vamos para a tabela: „ O erro sobre a ilicitude evitável, como visto aci-
ma, ocorrerá quando o agente através de uma
ERRO DE TIPO ERRO DE TIPO ação ou omissão praticar o fato sem consciên-
ACIDENTAL QUANTO ACIDENTAL QUANTO cia de que é ilegal, mas que pelas circunstân-
À PESSOA À EXECUÇÃO cias do fato concreto era possível e exigível que
DIREITO PENAL

este soubesse que a sua conduta era ilícita. Nes-


O agente confunde a pes- O erro do agente ocorre no te caso, o Juiz poderá diminuir a pena de um
soa que queria atingir. ato da execução. sexto a um terço.
Ex. no manuseio da arma.
z Erro sobre a Ilicitude Inevitável:
Para sua prova é extremamente importante que „ O erro inevitável é aquele em que pelas cir-
você saiba que em ambas são desconsideradas as qua- cunstâncias do caso concreto, era quase que
lidades da pessoa que foi efetivamente atingida pelo impossível exigir do agente a consciência
erro e consideradas as qualidades da pessoa que o necessária para evitar a prática do crime. Neste
agente realmente queria atingir. 381
caso, haverá isenção de pena. Ex. Estrangeiro ilicitude quando o agente incorre em erro. Neste
– que no seu país os adolescentes de 16 anos caso, o agente imagina estar em uma hipótese de
podem dirigir – vem visitar o Brasil e é parado injusta agressão, atual ou iminente, que, na verda-
numa blitz, embora ainda fosse possível saber de, não existe na realidade. Resposta: Errado.
que no Brasil não é permitido dirigir aos 16
anos, era extremamente difícil exigir que este 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Considerando que crime
tivesse conhecimento. é fato típico, ilícito e culpável, julgue o item a seguir.
São causas excludentes de culpabilidade o estado de
necessidade, a legítima defesa e o estrito cumprimen-
EXERCÍCIOS COMENTADOS to do dever legal.

1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Na tentativa de entrar ( ) CERTO ( ) ERRADO


em território brasileiro com drogas ilícitas a bordo
de um veículo, um traficante disparou um tiro contra A alternativa apresenta hipóteses de excludente de
agente policial federal que estava em missão em uni- ilicitude legais, expressamente previstas no Código
dade fronteiriça. Após troca de tiros, outros agentes Penal: estado de necessidade, legítima defesa, estri-
prenderam o traficante em flagrante, conduziram-no à to cumprimento de dever legal e exercício regular de
autoridade policial local e levaram o colega ferido ao direito. As excludentes de culpabilidade são: inim-
hospital da região. putabilidade, ausência de potencial conhecimento
Nessa situação hipotética, se o policial ferido não fale- da ilicitude e inexigibilidade de conduta diversa.
cer em decorrência do tiro disparado pelo traficante, Resposta: Errado.
estar-se-á diante de homicídio tentado, que, no caso,
terá como elementos caracterizadores: a conduta 4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito da culpabilida-
dolosa do traficante; o ingresso do traficante nos atos de, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item
preparatórios; e a impossibilidade de se chegar à con-
que se segue.
sumação do crime por circunstâncias alheias à vonta-
Conforme a doutrina pátria, uma causa excludente de
de do traficante.
antijuridicidade, também denominada de causa de jus-
tificação, exclui o próprio crime.
( ) CERTO ( ) ERRADO

O traficante ingressou nos atos executórios do cri- ( ) CERTO ( ) ERRADO


me, ultrapassando a preparação do iter criminis.
O agente iniciou a execução do fato, ao efetuar o As causas excludentes de ilicitude são causas de jus-
disparo contra o agente policial federal, que só não tificação, que permitem ao agente a prática de um
se consumou por circunstâncias alheias à vontade fato típico, que será legalmente admitido pelo orde-
do agente. O erro da questão está em afirmar que o namento jurídico. Nos casos em que a ilicitude do
delinquente ingressou nos atos preparatórios, uma fato é excluída, diz-se que o próprio crime é excluí-
vez que se caracterizou os atos executórios do crime do. Resposta: Certo.
ao realizar o disparo. Resposta: Errado.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito da culpabilida-
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em um clube social, Pau- de, da ilicitude e de suas excludentes, julgue o item
la, maior e capaz, provocou e humilhou injustamente que se segue.
Carlos, também maior e capaz, na frente de amigos. Situação hipotética: Um policial, ao cumprir um man-
Envergonhado e com muita raiva, Carlos foi à sua resi- dado de condução coercitiva expedido pela auto-
dência e, sem o consentimento de seu pai, pegou um ridade judiciária competente, submeteu, embora
revólver pertencente à corporação policial de que seu temporariamente, um cidadão a situação de privação
pai faz parte. Voltando ao clube depois de quarenta de liberdade.
minutos, armado com o revólver, sob a influência de
Assertiva: Nessa circunstância, a conduta do policial
emoção extrema e na frente dos amigos, Carlos fez
está abarcada por uma excludente de ilicitude repre-
disparos da arma contra a cabeça de Paula, que fale-
sentada pelo exercício regular de direito.
ceu no local antes mesmo de ser socorrida.
Acerca dessa situação hipotética, julgue o próximo
item. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Carlos agiu sob o pálio da legítima defesa putativa.
O policial que, para cumprir mandado de condu-
( ) CERTO ( ) ERRADO ção coercitiva expedido pela autoridade judiciária
competente, submete, embora temporariamente,
Ao fato narrado pelo item, não se aplica hipótese um cidadão a situação de privação de liberdade,
de legítima defesa, muito menos a putativa. Não há pratica fato típico, que não será ilícito por aplicação
que se falar em injusta agressão praticada por Pau- da excludente de antijuridicidade do estrito cum-
la (seria possível falar em injusta provocação, que primento de dever legal. O cumprimento à determi-
admitiria, presente os demais requisitos, a aplica- nação judicial não constitui um direito do policial,
ção do privilégio ao homicídio), não se aplicando, mas sim uma obrigação. Sendo assim, não se aplica
portanto, a mencionada excludente de ilicitude a a ele, no efetivo desempenho das atribuições do seu
Carlos. Em momento algum, a alternativa fala que cargo, em regra, o exercício regular de direito, mas,
Carlos incorreu em erro, não se aplicando a legíti- sim, o estrito cumprimento de dever legal. Resposta:
382 ma defesa putativa, que é hipótese de exclusão da Errado.
Homicídio Privilegiado
DOS CRIMES CONTRA A VIDA
Segundo Nucci, privilégios são circunstâncias
CRIMES CONTRA A VIDA legais específicas, vinculadas ao tipo penal incrimi-
nador, provocadoras da diminuição da faixa de apli-
Homicídio cação da pena, em patamares prévia e abstratamente
estabelecidas pelo legislador, alterando o mínimo e o
O crime de homicídio tem como ação a seguinte máximo previstos para o crime.
conduta: Matar Alguém. Para fins do nosso estudo, vamos entender o homi-
O verbo descrito no tipo penal é matar, que fica cídio privilegiado como uma modalidade mais branda
configurado quando se faz ao interromper ou cessar a do crime de homicídio.
vida. O alguém, previsto na conduta, necessariamen- O homicídio privilegiado está previsto no Artigo
te, deve ser a pessoa humana. 121, § 1º, e se configura em uma das seguintes situações:
É um crime classificado de diversas modalidades.
As principais classificações são: z Relevante valor social – possível e compreensível
para a sociedade. Ex.: indivíduo acaba com a vida
z É crime comum: pode ser praticado por qualquer de malfeitor em prol da sociedade;
pessoa, sem que necessite de quaisquer condições z Relevante valor moral – referente ao valor moral
especiais; individual, temos como exemplos ações movi-
z É crime material: para sua consumação, é exigida das por compaixão, beneficiação, amparo. Ex.:
a ocorrência do resultado morte; Eutanásia;
z É crime de forma livre: pode ser praticado com z Sob o domínio de violenta emoção, logo em segui-
qualquer modo de execução (a tiros, facadas, pau- da a injusta provocação da vítima – como o próprio
ladas, por meio de veneno, entre outros); nome diz, a ação tem que ter acontecido logo após
z É crime instantâneo de efeitos permanentes: a con- o ato, e o agente estando sob condições de grandes
duta delituosa não se prolonga no tempo e, após a emoções. Ex.: O marido chega em casa e pega sua
consumação, os efeitos são irreversíveis; companheira em flagrante com outro indivíduo,
z É crime plurissubsistente: pode ser praticado por dominado pela raiva, sem pensar, e sem controle,
meio de um ou mais atos de execução; acaba matando o indivíduo.
z É crime unissubjetivo: pode ser praticado por um
ou mais agentes. Quando reconhecido o privilégio, no crime de
z É importante que você saiba as classificações descritas homicídio, quais as consequências? O juiz pode redu-
acima, já que elas são bastante cobradas em provas. zir a pena do agente de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um terço).

O crime de homicídio é dividido em:


Importante!
z Homicídio simples (art. 121, caput, do CP);
Muita atenção com o patamar de redução da
z Homicídio privilegiado (art. 121, § 1º, do CP);
pena.
z Homicídio qualificado (art. 121, § 2º, do CP); e
z Homicídio culposo (art. 121, § 3º, do CP).
Sobre o homicídio privilegiado, algumas conside-
Veremos a seguir cada um deles. rações são muito importantes para a sua prova:

Homicídio Simples z Não é considerado crime hediondo;


z Não se comunica para coautores ou partícipes.
O Homicídio simples está previsto no caput do artigo
121. O crime de homicídio é cometido por 2 (dois) agen-
Ele é bastante difícil de ser configurado, já que difi- tes (Vicente e Gabriel). Gabriel o pratica sob o domínio de
cilmente ocorre este crime sem que alguma qualifica- violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
dora (que veremos a seguir) seja aplicada. Podemos da vítima; Vicente, não. Nesta hipótese, Gabriel respon-
entender, então, que o homicídio simples é residual. derá por homicídio privilegiado e Vicente por Homicídio.
Será simples o homicídio quando ele não for
qualificado. Homicídio Qualificado
Sobre o homicídio simples, a informação mais
importante é que, em regra, ele não é crime hedion- No homicídio qualificado, o agente estará subme-
do, entretanto, se for praticado em atividade típica de tido a uma pena maior, mais grave. As qualificadoras
DIREITO PENAL

grupo de extermínio, ainda que cometido por um só são fatores que tornam a conduta praticada pelo agen-
agente, será crime hediondo. te, de alguma forma, mais reprováveis por parte da
O homicídio simples só será crime hediondo quan- sociedade. A pena do homicídio qualificado está pre-
do praticado em atividade típica de grupo de extermí- vista entre 12 (doze) e 30 (trinta) anos.
nio, ainda que cometido por um só agente, conforme O Código Penal, em seu Artigo 121, § 2º, estabelece
art. 1º, I, primeira parte, da Lei nº 8.092/1990. as seguintes qualificadoras.
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº
8.092/1990, com redação dada por meio da Lei I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou
nº 13.964/2019, trata de hipóteses de homicídio por outro motivo torpe;
qualificado. II - por motivo fútil; 383
III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi- III. Com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfi-
xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de xia, tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de
que possa resultar perigo comum; que possa resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimu-
lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos- Temos aqui qualificadoras relacionadas aos meios
sível a defesa do ofendido; empregados pelo agente para praticar o crime, que
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
podem estar relacionadas a meios insidiosos (empre-
nidade ou vantagem de outro crime:
go de veneno) ou cruéis (asfixia, tortura) ou que pos-
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) sam resultar em perigo comum (fogo, explosivo).
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo Em relação ao emprego de veneno, segundo a
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) doutrina majoritária, tal qualificadora só irá se con-
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. figurar se ficar comprovado que a vítima ingeriu o
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do veneno sem saber que o fazia. Caso a vítima saiba que
sistema prisional e da Força Nacional de Segurança está ingerindo veneno, outra qualificadora poderá ser
Pública, no exercício da função ou em decorrência aplicada, a de meio cruel.
dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou paren-
te consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
condição: (Incluído pela Lei nº 13.142, de 2015) Importante!
VIII - (VETADO): (Incluído pela Lei nº 13.964, de 2019)
Compreenda que Direito Penal, o agente é puni-
Atenção: o art. 1º, I, segunda parte, da Lei nº do, em regra, pelo crime que queria praticar.
8.092/1990, com redação dada por meio da Lei nº Assim, caso o agente queira torturar, mas se
13.964/2019, diz que será hediondo o homicídio quali- exceda e acabe matando a vítima, irá responder
ficado em todas as hipóteses do art. 121, § 2º, incisos I, por tortura qualificada pelo resultado morte. Se
II, III, IV, V, VI, VII e VIII, do CP. o agente queria matar e usa a tortura como meio
Agora, vamos esclarecer cada um dos incisos do § 2º,
para atingir a sua finalidade, irá responder por
do art. 121, do CP:
homicídio qualificado pela tortura.
Se o homicídio é cometido:

I - Mediante paga ou promessa de recompensa, ou IV. À traição, de emboscada, ou mediante dissimu-


por outro motivo torpe; lação ou outro recurso que dificulte ou torne impos-
sível a defesa do ofendido;
Motivo torpe refere-se a algo repugnante, nojento,
abjeto As qualificadoras acima também estão relacio-
O Código Penal nos exemplifica o que vem a ser nadas aos meios empregados pelo agente. Quando o
motivo torpe: mediante paga ou promessa de recom- agente comete um homicídio, praticando-o de forma
pensa. Os demais casos de torpeza serão interpreta- que a defesa da vítima seja dificultada ou se torne
dos analogicamente pela autoridade judicial. impossível, ele responderá na modalidade qualificada.
O homicídio praticado mediante paga ou promessa
de recompensa é conhecido doutrinariamente como
V. Para assegurar a execução, a ocultação, a impu-
homicídio mercenário. nidade ou a vantagem de outro crime;
Ele fica configurado quando o agente pratica o
crime motivado por alguma recompensa (segundo a
Nesta forma qualificada, o agente pratica o homi-
doutrina, deve ser de natureza econômica), que pode
cídio para, de alguma forma, garantir uma vantagem
ser anterior (na modalidade paga) ou posterior (na
relacionado a um outro crime. A doutrina chama esta
modalidade promessa de recompensa).
qualificadora de conexão instrumental, que pode ser
A 6ª Turma do STJ entende que a comunicabilida-
teleológica ou consequencial.
de da qualificadora “mediante paga ou promessa de
recompensa” não é automática, tratando-se de qualifi- Conexão instrumental teleológica assegura a exe-
cadora de natureza pessoal, que não irá se comunicar cução futura de um outro crime.
automaticamente ao mandante do crime, responden- Conexão instrumental consequencial assegura a
do este, na modalidade qualificada se torpe for o moti- ocultação, a impunidade ou vantagem de outro crime,
vo que o levou a pagar pela morte da vítima. praticado anteriormente.
Assim, por exemplo, se Alessandro, que tem a Segundo a doutrina majoritária, não é necessário
intenção de matar um desafeto, chamado Antoniel, que o crime anterior ou posterior pode ter sido prati-
pagar R$ 1.000,00 (mil reais) a Fabrício, para que este cado por uma outra pessoa, não existindo a obrigato-
mate Antoniel, a qualificadora será aplicada a Fabrí- riedade de que seja o próprio autor do homicídio.
cio, já para Alessandro, o mandante, o homicídio não
será necessariamente qualificado. VI. Contra a mulher por razões da condição de sexo
feminino.
II. Por motivo fútil;
Fique atento, pois este dispositivo tem grande
Motivo fútil refere-se a um motivo pequeno, des- incidência em provas de concursos públicos. Estamos
proporcional, banal. Há desproporcionalidade entre a falando do feminicídio.
conduta praticado e a motivação. Você acertará todos os itens correspondentes
O homicídio será qualificado por motivo fútil quando entender que nem toda morte de mulher será
quando, por exemplo, for motivado por uma dívida considerada feminicídio, mas sim a morte de mulher
384 de uma carteira de cigarro. praticada devido a sua condição de sexo feminino.
O Código Penal estabelece que se considera que há Nesse caso, a negligência fica configurada quando
razões de condição de sexo feminino quando a morte o agente é omisso ou relapso. Ele não faz algo que a
da mulher envolver violência doméstica ou familiar ou vida em sociedade recomenda.
menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Além disso, a imperícia é a falta de aptidão técnica
O feminicídio ficará configurado com a morte da para o desempenho de determinada atividade.
Nos exemplos a seguir, que a doutrina apresen-
mulher devido à violência de gênero e não quando
ta com mais frequência, poderemos ver a diferença
ocorrer a morte da mulher em qualquer situação.
entre a negligência e a imperícia.
VII. Contra autoridade ou agente descrito nos arts. 142
z Ex.: Adolfo é médico cirurgião. Certo dia, ao fazer
e 144 da Constituição Federal, integrantes do sistema
uma cirurgia renal, ele deixa um bisturi dentro do
prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, no
paciente, que vem a óbito.
exercício da função ou em decorrência dela, ou contra
z Ex.: Teobaldo é médico clínico geral em período de
seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo
residência. Ele vai fazer uma cirurgia renal, erra
até terceiro grau, em razão dessa condição.
no procedimento e a vítima morre.
O homicídio será qualificado quando praticado
contra os seguintes agentes ou autoridades: No primeiro exemplo: Adolfo irá responder por
homicídio culposo por negligência. Observe que ele é
médico cirurgião, logo, tem perícia para a realização
z Integrantes das Forças Armadas (Marinha, Exérci-
de cirurgias, mas foi omisso ao esquecer o equipa-
to ou Aeronáutica)
mento dentro do paciente.
z Integrantes dos órgãos de segurança pública: Polí-
No segundo exemplo: Teobaldo irá responder por
cia Federal; Polícia Rodoviária Federal; Polícia
homicídio culposo por imperícia, já que faltava a ele
Ferroviária Federal; Polícias Civis; Policiais Milita-
aptidão necessária para realizar perícias.
res; Corpo de Bombeiros Militares; Polícias Penais
No caso do homicídio culposo, é possível a aplica-
federal, estadual e municipal.
ção do instituto do perdão judicial, previsto no Arti-
go 121, § 5° do Código Penal: o juiz poderá deixar de
Mais uma vez, você deve ficar atento e levar para
aplicar a pena, se as consequências da infração atingi-
a sua prova que não é a morte de qualquer dos agen-
rem o próprio agente de forma tão grave que a sanção
tes ou autoridades descritas acima que irá qualificar o
penal se torne desnecessária.
homicídio, mas sim se a morte deles for praticada no
Você pode entender a aplicação do perdão judicial
exercício da função (enquanto eles trabalham) ou em
ao seguinte caso: pai que, por imprudência, provoca
razão da função (devido ao cargo que eles ocupam ou
um acidente de trânsito e mata o próprio filho. Nes-
função que eles exercem).
te caso, as consequências da infração penal (homi-
A qualificadora também será aplicada se o homi-
cídio for praticado contra o cônjuge, companheiro ou cídio) atingem o pai de forma tão grave (a morte de
parente consanguíneo até o 3º (terceiro) grau dos agen- seu filho) que é desnecessária a aplicação de sanção
tes ou autoridades que vimos acima, também motivado penal, podendo o juiz deixar de aplicar a pena.
pela função que os agentes ou autoridades exercem. O instituto do perdão judicial se aplica apenas aos
casos de homicídio culposo.
Falaremos agora das causas de aumento de pena
Dica aplicadas ao homicídio.
É possível que o homicídio seja privilegiado e
Homicídio Majorado
qualificado ao mesmo tempo?
Sim.
Para facilitar nosso estudo, veremos as causas de
É possível, porém, é necessário que a qualifica- aumento de pena aplicadas ao homicídio doloso e, em
dora seja de natureza objetiva, ou seja, relacio- seguida, as aplicadas ao homicídio culposo.
nada aos meios empregados pelo agente para Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí-
executar o crime. dio doloso:
Segundo a doutrina majoritária, o homicídio
privilegiado-qualificado não será considerado z Se praticado contra pessoa menor de 14 (quatorze)
hediondo, porque o privilégio afasta a hediondez. anos ou maior de 60 (sessenta) anos, com deficiên-
cia ou portadora de doenças degenerativas que
Homicídio Culposo acarretem condição limitante ou de vulnerabilida-
de física ou mental, na presença física ou virtual de
O homicídio culposo é aquele que o agente não descendente ou de ascendente da vítima, em des-
quer como o resultado a morte, nem assume o risco cumprimento das medidas protetivas de urgência
de assumi-lo, mas acaba causando a morte de alguém previstas nos incisos I, II e III do caput do art. 22 da
por imprudência, negligência ou imperícia. Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 – aumento de
1/3 (um terço) conforme dispõe o artigo 121, § 7º
A imprudência fica configurada quando o agente
incisos II, III e IV do Código Penal.
DIREITO PENAL

é afoito, praticando conduta não recomendada pela


z Se praticado por milícia privada, sob o pretexto de
vida em sociedade. Exemplo: Ciclano está mudando
prestação de serviço de segurança ou por grupo de
alguns móveis em apartamento, que fica no 4º andar.
extermínio – aumento de 1/3 (um terço) até a metade.
Ele decide que não quer mais um jarro de plantas e, z Nos casos de feminicídio, se o crime for praticado
para se livrar do objeto, joga-o pela janela. O jarro cai durante a gestação ou nos 3 (três) meses posterio-
na cabeça de Beltrano, que morre imediatamente. res ao parto; se praticado contra pessoa menor de
Observe que Ciclano não queria a morte de Beltra- 14 (quatorze) anos, maior de 60 (sessenta) anos, ou
no, nem assumiu o risco de matá-lo, mas, por ter sido com deficiência, ou se praticado na presença de
imprudente (praticado uma ação não recomendável), descendente ou ascendente da vítima – aumento
acabou causando a morte da vítima. de 1/3 (um terço) até a metade. 385
Causas de aumento de pena aplicáveis ao homicí- Lesão Corporal Gravíssima
dio culposo:
A lesão corporal gravíssima irá se configurar se
z Se o crime resulta de inobservância de regra téc- resultar:
nica de profissão, arte ou ofício – aumento de 1/3
(um terço); z Incapacidade permanente para o trabalho;
z Se o agente deixa de prestar imediato socorro à z Enfermidade incurável;
vítima, não procura diminuir as consequências do z Perda ou inutilização do membro, sentido ou
seu ato ou foge para evitar prisão em flagrante –
função;
aumento de 1/3 (um terço).
z Deformidade permanente;
LESÕES CORPORAIS z Aborto.

Você pode entender lesão corporal como qualquer Tome cuidado para não se confundir:
alteração provocada na integridade corporal ou na
saúde de uma pessoa. LESÃO GRAVE LESÃO GRAVÍSSIMA
A lesão corporal é comum, material, instantâneo e
de forma livre, portanto, pode ser praticado por qual- Debilidade permanente de Perda ou inutilização do
quer pessoa, exige a ocorrência do resultado para fins membro, sentido ou função membro sentido ou função.
de consumação, a conduta não se prolonga no tempo
Exemplo: Devido às lesões Exemplo: Devido às lesões
e pode ser praticada de qualquer maneira (pedradas,
sofridas, a vítima perde 1 sofridas, a vítima perde a
pauladas, tiros, socos, chutes, arranhões etc.).
(um) dos olhos, mas ainda visão.
As lesões corporais estão previstas no Artigo 129 do
enxerga.
Código Penal e podem ser divididas da seguinte forma:

z Lesão corporal simples; O Código Penal não divide as lesões em graves ou gra-
z Lesão corporal grave; víssimas. Para o CPB (Código Penal Brasileiro), todas elas
z Lesão corporal gravíssima;
são graves. Esta divisão é uma construção doutrinária.
z Lesão corporal seguida de morte;
z Lesão corporal culposa;
z Lesão corporal privilegiada. Lesão Corporal Seguida de Morte

As lesões corporais graves, gravíssimas e seguida A lesão corporal seguida de morte irá ficar configu-
de morte compõem o grupo lesões corporais qualifi- rada quando ficar configurado que o agente não que-
cadas, segundo a doutrina penalista. ria o resultado morte (dolo direto no resultado morte)
Antes de analisarmos cada uma das lesões, vamos ou assumiu o risco de produzi-lo (dolo eventual no
falar da ação penal. resultado morte).
O crime de lesão corporal é classificado como delito Se o agente quer matar, ele responderá pelo
não-transeunte, que é aquele que deixa vestígios, sen-
homicídio. Porém, caso o agente queira apenas cau-
do necessário a realização de exame de corpo de delito.
sar lesões corporais, mas, por algum motivo, acabe
Lesão Corporal Leve se excedendo, provocando a morte da vítima, ele irá
responder por lesão corporal seguida de morte, desde
A lesão leve, também chamada de simples, previs- que fique evidenciado que ele não quis nem assumiu
ta no Caput do Artigo 129, é residual. Teremos confi- o risco de produzir o resultado morte.
gurada tal modalidade de lesão, caso não se configure O crime de lesão corporal seguida de morte é um
nenhuma das outras. crime preterdoloso, ou seja, é um crime qualificado
A lesão corporal qualificada está prevista nos pará- pelo resultado, em que temos dolo na conduta inicial
grafos 1º, 2º e 3º do Artigo 129. e culpa no resultado produzido.
Lesão Corporal Grave
Lesão Corporal Culposa
A lesão corporal grave irá se configurar se resultar:
A lesão corporal culposa é aquela que o agente não
z Incapacidade para as ocupações habituais, por quer causar lesão corporal na vítima, mas a produz
mais de 30 (trinta) dias; por ter sido imprudente, negligente ou imperito.
É importante que você compreenda que não há
É necessário que a incapacidade dure mais de 30 gradações na lesão corporal culposa, ou seja, ela
(trinta) dias, ou seja, a partir do 31º dia, caso contrá- não se divide em leve, grave ou gravíssima, mas tão
rio, a lesão corporal não será grave. somente irá ser lesão corporal culposa.
A incapacidade está relacionada a qualquer ocu- No caso de lesão corporal culposa, é aplicável o
pação habitual, como estudo, treinos, rotinas domésti-
instituto do perdão judicial, podendo o juiz deixar de
cas, e não somente ao trabalho;
aplicar a pena se as consequências da infração penal
z Perigo de vida; atingirem o agente de forma que a aplicação de san-
z Debilidade permanente de membro, sentido ou ção penal se torne desnecessária.
função; Aplica-se o perdão judicial ao crime de lesão cor-
386 z Aceleração do parto; poral culposa
Lesão Corporal Privilegiada A pena será aumentada de 1/3 (um terço) a 2/3
(dois terços):
Os motivos que levam o agente a praticar a lesão
corporal privilegiada são os mesmos do homicídio z Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
privilegiado. te das forças armadas (Marinha, Exército ou Aero-
Se o agente comete o crime impelido por motivo náutica), das forças de segurança pública (Polícia
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio Federal, Polícia Rodoviária Federal, Polícia Fer-
de violenta emoção, logo em seguida a injusta provo- roviária Federal, Policiais Civis, Policias Militares
cação da vítima, o juiz pode reduzir a pena de 1/6 (um ou Corpo de Bombeiros Militares), integrantes do
sexto) a 1/3 (um terço). sistema prisional (agentes penitenciários) e da For-
É aplicável o instituto da substituição de pena nos ça Nacional de Segurança Pública, no exercício da
casos de lesão corporal. função ou em razão dela, ou contra seu cônjuge,
Não sendo graves as lesões, nos casos de lesão pri- companheiro ou parente consanguíneo até o ter-
vilegiada ou nos casos de lesão recíproca (duas pes- ceiro grau, em razão dessa condição.
soas se lesionam umas às outras), o juiz poderá ainda
substituir a pena de detenção pela de multa. RIXA
O Código Penal traz disposições específicas para os
casos de lesão corporal praticada no âmbito de violência A rixa está prevista no artigo 137 do Código Penal.
doméstica. Neste caso, a pena do agente será mais grave, O crime irá ocorrer quando o agente participar de
estando ele submetido a auto de prisão em flagrante e rixa, salvo para separar os contendores.
não somente a mero termo circunstanciado (salvo nos Estamos diante de crime de concurso necessário,
que só irá existir caso presente no mínimo 3 (três) pes-
casos de lesão grave, gravíssima ou seguida de morte).
soas, umas contra as outras. Caso seja possível definir
Considera-se lesão corporal no âmbito de violência
dois grupos específicos (grupo A x grupo B), este tipo
doméstica se praticada contra as seguintes pessoas ou
penal não irá existir.
nos seguintes casos: Para que a rixa se configure, exige-se que haja no
mínimo três grupos distintos (independentemente
z Ascendente; da quantidade de pessoas que integre cada grupo) se
z Descendente; agredindo mutuamente.
z Cônjuge ou companheiro; No caso de ocorrer uma briga entre a torcida do Corin-
z Quem conviva ou tenha convivido. thians e a torcida do Palmeiras, não há que se falar no
crime de rixa, já que temos 2 (dois) grupos bem definidos.
É importante mencionar que, caso a vítima seja Aquele que participa da rixa, apenas com a finali-
mulher, teremos a aplicação da Lei Maria da Penha dade de separar os contendores não irá responder por
e, mesmo que seja caso de lesão corporal leve, a ação este tipo penal.
penal será pública incondicionada. O crime de rixa não admite a forma culposa.
Agora, veremos as hipóteses majoradas do crime de Sobre este crime, é importante que você fique
lesões corporais. Há diversas causas de aumento de pena atento aos posicionamentos da doutrina dominante.
para este crime, portanto, leia-as com bastante atenção.
Nos casos de lesão corporal culposa: z Não admite tentativa;
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: z Consuma-se quando se inicia a rixa ou, caso já ini-
ciada, quando o agente entra na rixa;
z Se o crime resulta de inobservância de regra técni- z Pode ser praticado à distância, não se exigindo que
ca de profissão, arte ou ofício; necessariamente ocorre contato físico.
z Se o agente deixa de prestar imediato socorro à
vítima; Ex.: Rixa em que os agentes jogam pedras, garrafas
ou mesas uns nos outros.
z Se o autor não procura diminuir as consequências
A rixa será qualificada quando ocorrer, devido
do seu ato;
à rixa, lesão corporal de natureza grave ou a morte.
z Se o agente foge para evitar prisão em flagrante.
Segundo a doutrina majoritária, salvo no caso de ser
possível se identificar corretamente o autor da lesão
Nos casos de lesão corporal dolosa: grave ou da morte, todos os agentes que participaram
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se: da rixa irão responder pela modalidade qualificada,
exceto, também, se tiverem ingressado na rixa após a
z A vítima é menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 ocorrência da lesão grave ou da morte.
(sessenta) anos;
z For hipótese de lesão corporal grave, gravíssima
ou seguida de morte, praticada em quaisquer dos
casos de violência doméstica vistas acima;
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE
DIREITO PENAL

z Se a vítima, enquadrada em um dos casos de vio-


lência doméstica vistas logo acima, for pessoa por- PESSOAL
tadora de deficiência.
CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL E CRIMES
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até a CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL
metade:
O art. 5º, caput, da Constituição Federal assegura a
z Se a lesão corporal for praticada por milícia priva- todos o direito à liberdade. A partir dessa afirmação
da, sob o pretexto de prestação de serviço de segu- se extrai que qualquer espécie de violação à liberdade
rança, ou por grupo de extermínio; do ser humano reclama punição. 387
O objeto jurídico é a liberdade do ser humano para O crime de sequestro e cárcere privado se configu-
agir dentro dos limites legais. ra quando o agente privar alguém de sua liberdade,
Já o objeto material é a pessoa sobre a qual recai a mediante sequestro ou cárcere privado.
conduta criminosa.
Estudaremos, então, os crimes contra a liberdade
Importante!
individual.
Quando falamos em cárcere privado, estamos
Ameaça pensando em confinamento, clausura, já quando
falamos em sequestro, estamos considerando
O crime de ameaça, previsto no Artigo 147 do Códi- limites espaciais mais amplos.
go Penal, irá se configurar quando o agente ameaçar Ambos consistem na privação da liberdade da
alguém, por palavra, escrito ou gesto, ou qualquer vítima, sem o seu consentimento, por tempo
outro meio simbólico, de causar-lhe mal injusto e grave. juridicamente relevante. Podem ser cometidos
O bem jurídico tutelado pela lei penal é a liberdade
mediante detenção ou retenção.
da pessoa humana, notadamente no tocante à paz de
espírito, ao sossego, à tranquilidade e ao sentimento
de segurança. A tentativa é possível, tanto no sequestro como no
É a pessoa contra a qual se dirige a ameaça. cárcere privado.
Consuma-se quando a vítima toma conhecimento
O objeto jurídico é a liberdade de locomoção, con-
do conteúdo da ameaça, pouco importando sua efe-
sistente no direito de ir, vir e permanecer, de toda e
tiva intimidação e a real intenção do autor em fazer
qualquer pessoa humana.
valer sua promessa.
Tão relevante é esse direito que a CF/88 prevê o
O crime é formal, de consumação antecipada ou de
habeas corpus como garantia para zelar pelo seu res-
resultado cortado. queira o agente intimidar, e tenha
sua ameaça capacidade para fazê-lo. peito, sempre que alguém sofrer ou se achar ameaça-
A tentativa é admissível nas hipóteses de ameaça do de sofrer violência ou coação em sua liberdade de
escrita, simbólica ou por gestos, e incompatível nos locomoção, por ilegalidade ou abuso de poder.
casos de ameaça verbal. O objeto material é a pessoa humana que suporta
Não se reclama nenhuma finalidade específica, e a conduta criminosa.
não se admite a modalidade culposa. A Ação penal é Qualquer pessoa pode ser sujeito ativo. Se, toda-
pública condicionada à representação. via, tratar-se de funcionário público, no exercício das
É possível verificar que o crime de ameaça e de suas funções, estará caracterizado o crime de abuso
ação livre, podendo ser praticado de qualquer forma de autoridade.
pelo agente: verbalmente, por escrita, gestualmente, Qualquer pessoa pode ser sujeito passivo. Se a víti-
entre outras formas. ma for ascendente, descendente, cônjuge, ou compa-
Assim, caso um indivíduo olhe para um desafeto nheiro do agente, ou pessoa com idade superior a 60
e faça o gesto de uma arma com a mão e aponte para (sessenta) anos ou inferior a 18 (dezoito) anos, inci-
este, o crime de ameaça poderá se configurar. de a figura qualificada (CP, art. 148, § 1º, inc. I ou IV).
É muito importante que você compreenda que a Se a vítima for o Presidente da República, do Senado
ameaça está relacionada a um mal “injusto” e “grave”, Federal, da Câmara dos Deputados ou do Supremo
contrário ao direito. Caso o agente ameace, por exem- Tribunal Federal, estará caracterizado crime contra a
plo, de entrar na justiça para cobrar uma dívida (mal Segurança Nacional (art. 28, da Lei 7.170/1983).
justo), ele não irá cometer o crime de ameaça previsto O elemento subjetivo é o dolo, sem qualquer fina-
no artigo 147 do CPB. lidade específica. Não se admite a modalidade culpo-
Trata-se de crime comum, que pode ser praticado sa. Se o propósito do agente for obter, para si ou para
por qualquer pessoa. outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
Em regra, não cabe tentativa, já que se trata de cri- do resgate, o crime será de extorsão mediante seques-
me unissubsistente, que se consuma com a prática de tro (CP, art. 159). Se o delito for cometido com fins libi-
um único ato, porém, a doutrina majoritária admite dinosos, incidirá a figura qualificada definida pelo art.
a tentativa se a ameaça for praticada na modalidade
158, § 1º, V, do CP./
escrita – por meio de uma carta, por exemplo.
O consentimento da vítima, se válido, exclui o crime.
A doutrina admite a ameaça condicionada, que
Este crime apresenta formas que o qualificam,
ocorrerá quando o agente colocar uma condição para
vejamos elas.
a prática do mal injusto e grave. Exemplo: Mévio diz a
Será qualificado o crime de sequestro e cárcere
Tício: se você não fizer pelo menos um gol na final do
campeonato, eu irei te matar. privado:
O crime de ameaça se procede mediante ação
penal pública condicionada à representação. z Se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta)
Sequestro e Cárcere Privado anos:

Antes de iniciarmos o estudo deste crime, é impor- A maior gravidade da conduta repousa no fato de
tante que você compreenda a diferença entre o ter sido o crime praticado no âmbito das relações fami-
sequestro e o cárcere privado. liares, no seio da união estável, ou ainda contra pessoa
No sequestro, ocorre restrição de liberdade da idosa, mais frágil em razão da avançada idade, e, con-
vítima, mas ela não fica necessariamente mantida em sequentemente, com menor possibilidade de defesa.
recinto fechado. Já no cárcere privado, necessaria-
mente a vítima terá sua liberdade restringida, sendo z Se o crime é praticado mediante internação da víti-
388 mantida em recinto fechado. ma em casa de saúde ou hospital:
Crime conhecido como internação fraudulenta, Em síntese, o crime de furto é definido por ser a sub-
pode ser praticado por médico ou por qualquer outra tração de coisa alheia móvel para si ou para outrem.
pessoa. Há o furto (art. 155, do CP) e o furto de coisa comum
(art. 156).
z Se a privação da liberdade dura mais de 15 (quin- Sobre o bem jurídico, não há consenso na doutri-
ze) dias (inc. III): quanto mais longa a supressão da na, vejamos:
liberdade, maiores são as possibilidades de a víti-
ma suportar danos físicos e psíquicos.
z Somente a propriedade (Hungria);
Trata-se de crime a prazo. O período legalmente z A propriedade e a posse (Nucci; Greco; Masson);
exigido deve ser computado em conformidade com z A propriedade, a posse e a detenção (Mirabete;
a regra traçada pelo art. 10, do CP, compreendendo o Delmanto; Bitencourt).
intervalo entre a consumação do delito e a libertação
do ofendido. Subtrair significa retirar a coisa da posse da vítima,
passando ao poder do agente. Pode ocorrer por apo-
z Se o crime é praticado contra menor de dezoito deramento direto, quando o agente apreende a coisa
anos: manualmente, ou por apoderamento indireto, na hipó-
tese de o agente utilizar-se de terceiros ou de animal.
Aplica-se às hipóteses em que a vítima é criança ou
adolescente e, nesse último caso, impede a utilização
z Coisa: refere-se a tudo aquilo que possui existên-
da agravante genérica prevista no art. 61, II, “h”, do
cia de natureza corpórea.
CP. Não se confunde com o crime tipificado no art. 230,
z Coisa alheia: significa pertencente a outrem.
da Lei nº 8.069/1990, Estatuto da Criança e do Adoles-
cente, que apresenta crime menos rigoroso.
A coisa sem dono não é objeto de furto.
z Se o crime é praticado com fins libidinosos: Não configura o crime de furto (art. 155, do CP) a
subtração de coisa própria, mesmo que em poder de
Esse inciso foi acrescido pela Lei nº 11.106/2005 terceiro, embora possa caracterizar o delito descrito
para suprir a lacuna surgida em razão da revogação no art. 346, do CP, ou o crime de furto de coisa comum
do crime de rapto, que cuidava somente da privação (art. 156, do CP).
da liberdade de mulher honesta. Atualmente, a qua- Não há furto de coisa abandonada, pois não inte-
lificadora consiste na privação da liberdade de uma gra o patrimônio de ninguém.
pessoa, homem ou mulher, com fins sexuais. Trata-se Se houver o apoderamento de coisa perdida, pode
de crime formal, de resultado cortado ou de consu- configurar o crime do art. 169, parágrafo único, II, do CP.
mação antecipada – consuma-se com a privação da Sobre o valor afetivo, para alguns autores (como
liberdade, desde que o sujeito deseje praticar atos Damásio e Rogério Greco), coisa de valor afetivo ou
libidinosos com a vítima, pouco importando se alcan- sentimental também pode ser objeto material de fur-
ça ou não o fim almejado. Se envolver-se sexualmen- to. Segundo Hungria, “a coisa subtraída deve represen-
te com a vítima, responderá, em concurso material, tar para o dono, se não um valor reduzível a dinheiro,
pelo delito em apreço e pelo respectivo crime contra a pelo menos uma utilidade (valor de uso), seja qual for,
liberdade sexual, tal como o estupro.
de modo que possa ser considerada como integrante do
O § 2º qualifica o crime se resultar à vítima, em
seu patrimônio”.
razão de maus-tratos ou da natureza da detenção, gra-
No mesmo sentido: STF, RE 100103.
ve sofrimento físico ou moral. Estamos diante de crime
Em sentido contrário, uma parcela da doutrina
qualificado pelo resultado. Os maus-tratos consistem
na conduta agressiva do agente que ofende a moral, o (Nucci, por exemplo) sustenta que deve haver subtra-
corpo ou a saúde da vítima, sem produzir lesão corpo- ção de coisa com valor patrimonial.
ral. Se ocorrer lesão corporal ou morte haverá concurso Em regra, o sujeito ativo pode ser qualquer pessoa,
material entre o sequestro ou cárcere privado, na for- exceto o proprietário.
ma simples, e o crime de lesão corporal ou homicídio. O sujeito passivo à vítima do furto: o proprietário,
Por fim, saiba que este crime é comum, podendo ser o possuidor ou detentor da coisa legítima.
praticado por qualquer pessoa e permanente (muito
importante que você fique atento à Súmula 711 do STF Furto Simples
– A lei penal mais grave aplica-se ao crime continuado
ou ao crime permanente se a sua vigência é anterior à O art. 155, do CP, define o furto simples.
cessação da continuidade ou da permanência). Configura-se quando o agente subtrai, para si ou
Ex.: determinado agente pratica vários crimes em para outrem, coisa alheia móvel.
continuidade delitiva. Os primeiros atos são praticados
sob a égide de uma lei anterior menos grave. Os últimos Para entendê-lo, dividiremos em duas partes:
atos são praticados sob a vigência de uma lei posterior
mais gravosa. Aplica-se ao crime continuado ou crime z Subtrair (verbo) – consiste no ato de se apossar de
DIREITO PENAL

permanente a sob cuja égide tenha cessado a continui- propriedade de outra pessoa, seja para si ou para
dade, isto é, a última lei, mesmo que seja mais grave. outra pessoa, por exemplo, o agente subtrai para
si uma bicicleta que estava estacionada próximo
à lanchonete;
z Coisa alheia móvel – necessário que o objeto mate-
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO rial do crime de furto seja coisa móvel e que per-
tença a outra pessoa; caso seja coisa imóvel, ou que
FURTO pertença ao próprio autor, não configurará furto,
por exemplo, o agente que, aproveitando da distra-
O primeiro crime contra o patrimônio é o furto. ção da vítima, subtraia o aparelho celular. 389
Não há emprego de violência nem grave ameaça z Quanto ao proprietário, caso subtraia a própria coi-
à pessoa, distinguindo-se, nesse aspecto, do delito de sa que se encontra em poder de terceiro, não res-
roubo. ponderá por furto, mas sim pelo crime de exercício
arbitrário das próprias razões (arts. 345 ou 346, do
O furto tem as seguintes características: CP, conforme a pretensão seja legítima ou ilegítima);
z Quando a coisa pertencer a mais de uma pessoa,
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- o condômino que a subtrair responderá pelo deli-
quer pessoa, por exemplo, o agente subtrai o apa- to de furto de coisa comum (art. 156, do CP), por
relho celular; exemplo, um dos condôminos furta cadeiras da
área de uso comum do condomínio;
z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
z O funcionário público, que subtrai bem público,
tado naturalístico para fins de consumação, ou
responderá por peculato-furto (§ 1º do art. 312, do
seja, o crime só ocorre quando o sujeito ativo sub-
CP), desde que a função pública tenha facilitado a
trai a coisa móvel, por exemplo, quando o agente
subtração, pois, se em nada facilitou, o delito será
subtrai a bicicleta; de furto (art. 155 do CP);
z O furto só se pratica dolosamente;
z Não admite a modalidade culposa; „ Funcionário público que subtrai bem particu-
z É crime plurissubsistente, ou seja, a conduta do lar que se encontra sob a guarda ou custódia da
agente para praticar o furto é fracionada em Administração Pública, desde que a função tenha
diversos atos que somados consumam o delito, facilitado a subtração, responderá por peculato-
portanto, admite a tentativa quando o agente, por -furto. Por exemplo: policial rodoviário que sub-
motivos alheios a sua vontade pratica alguns atos trai veículo que estava apreendido no pátio do
e não ocorre a consumação do delito. Por exemplo, posto de fiscalização da Polícia Rodoviária.
o agente com animus de furtar objetos eletrôni- „ Funcionário público que subtrai bem particu-
cos de uma casa, pula o muro para ingressar no lar que não estava sob a guarda ou custódia da
interior da residência, mas o proprietário da casa Administração Pública ou estava, mas a função
acorda e acende a luz, momento em que o agente em nada facilitou a subtração, responderá por
deixa de praticar os demais atos. furto. Por exemplo: policial rodoviário que sub-
trai um bem que se encontrava no porta-malas
A lei tutela a propriedade e a posse. A simples de um veículo que ele foi vistoriar, mas que não
detenção não configura o crime de furto. estava apreendido, cometerá o crime de furto.
Sobre a consumação deste crime, é importan-
te conhecer o posicionamento adotado pelas cortes O sujeito passivo é o titular do bem jurídico lesado
superiores (STF e STJ). ou exposto a perigo de lesão.
Os tribunais superiores adotam a teoria da O titular do bem jurídico, apesar de divergências
apprehensio, também chamada de amotio, que consi- na doutrina, prevalece que é proprietário e possuidor.
dera consumado o crime de furto (e isso vale para o O detentor é arrolado no processo como testemu-
crime de roubo) quando o agente se apossa da coisa nha, e não como vítima.
alheia móvel, mesmo que por um breve período de
tempo, não sendo necessário que a coisa saia da área Vejamos os pontos mais questionados sobre o
de vigilância da vítima. crime de furto:
Um questionamento oportuno, trata-se de verifi-
car se o bem subtraído deve ter valor econômico, ou z Coisas ilícitas: podem ser objeto de furto, por exem-
seja, se o objeto material pode ser negociável. plo, responde por furto quem subtrai mercadoria
contrabandeada e, neste caso, a vítima responderá
Vejamos os bens que integram o patrimônio: pelo crime de contrabando. Por outro lado, as coi-
sas ilícitas não podem ser objeto de furto se cons-
z Os bens corpóreos, com existência material, por tituírem elemento de outro crime, por exemplo,
exemplo, um veículo, e incorpóreos, com existên- a subtração de droga é crime do art. 33 da Lei nº
11.343/2006; a subtração de arma de fogo é crime
cia abstrata, por exemplo, um direito autoral, de
do art.16 da Lei nº 10.826/2003.
valor econômico;
z Algumas partes naturais do corpo humano: podem
z Os bens de valor afetivo ou sentimental, por exem-
ser objeto de furto se passíveis de figurarem numa
plo, cartas e fotografia; relação jurídica, por exemplo, subtração do cabelo
z Os bens úteis à pessoa, embora destituídos de valor com o fim de obter lucro. Portanto, a subtração de
econômico ou sentimental, por exemplo, folha de um rim ou outro órgão vital não é furto, e sim lesão
cheque em branco e cartão de crédito. corporal grave, ou homicídio consumado ou tentado.
z Cadáver: não pode ser objeto de furto, pois cons-
Portanto, vimos que não se pode restringir o patri- titui delito do art. 211, do CP, destruição, subtra-
mônio às coisas de valor econômico. ção ou ocultação de cadáver. Porém, se o cadáver
Além disso, o sujeito ativo do crime de furto pode tem valor econômico, por exemplo, pertencente a
ser qualquer pessoa, pois, trata-se de crime comum ou Faculdade de Medicina, haverá furto. Se o furto de
geral. algum objeto que foi sepultado junto ao cadáver,
por exemplo, arcada dentária de ouro, o crime
Mas, há exceção: será furto, e a vítima será o herdeiro do de cujos.
z Energia elétrica, discutia-se se constituía ou não
z Furto qualificado pelo abuso de confiança, previsto coisa móvel. O legislador penal tipificou o furto de
no art. 155, § 4º, II, por ser crime próprio, o agente energia elétrica no art. 155, § 3º, do CP, equiparan-
é aquela pessoa que a vítima confia, por exemplo, do-se a coisa móvel a energia elétrica ou qualquer
o furto praticado por um empregado; outra que tenha valor econômico, por exemplo,
390
energia radioativa, energia cinética, energia atô- A destruição e o rompimento devem ser praticados
mica, energia genética etc. Porém, a energia deve contra obstáculo, e não sobre a própria coisa furtada, por
ser suscetível de apossamento, ou seja, que possa exemplo, o agente rompe a porta do veículo para subtraí-lo.
ser separada da coisa que a produz. Assim, não Obstáculo é aquilo que protege a coisa para difi-
caracteriza furto o apossamento da energia física cultar a sua subtração, por exemplo, matar o cão de
do animal. guarda da residência, destruir as telhas para adentrar
z Instalação clandestina de TV a cabo, há duas na residência, ou mesmo, cortar os fios do alarme do
correntes: automóvel ou da cerca eletrificada.
A mera remoção de obstáculo, quando destituída
da danificação, não qualifica o furto, por exemplo,
„ Primeira: trata-se de fato atípico, pois não há
desparafusar o farol do automóvel e desatar o nó da
propriamente a subtração de energia e, sim,
corda que prende a canoa.
o aproveitamento de um serviço. A energia se
consome ou se reduz com o uso e isto não ocor-
Com abuso de confiança, ou mediante fraude,
re com a TV a cabo, cuja utilização não gera
escalada ou destreza:
qualquer custo adicional para a operadora. É
um mero ilícito civil. Observe que o art. 35 da
No abuso de confiança, o agente se vale da confian-
Lei nº 8.977/1995 dispõe que é “ilícito penal a ça que o dono da coisa tem nele, para poder subtrair,
interceptação ou a recepção não autorizada como, por exemplo, quando o agente é amigo do dono
dos sinais de TV a Cabo”, entretanto, não lhe da casa, que deixa sua carteira sobre a mesa e vai ao
cominou qualquer pena, sendo vedada a sua banheiro despreocupado. Momento em que o agente,
imposição pela via da analogia. aproveitando desta confiança, subtrai a carteira.
„ Segunda: dominante no STJ, considera que há O uso de fraude fica configurado quando o agente
crime de furto. Argumenta-se que o sinal de usa de artificio para enganar a vítima, para subtrair
televisão se propaga por meio de ondas, o que a coisa, a exemplo do agente que se passa por funcio-
na definição técnica se enquadra como energia nário de empresa de telefonia para conseguir entrar
radiante, que é uma forma de energia associa- numa casa e subtrair um aparelho celular que nela
da à radiação eletromagnética. estava.

Furto Qualificado Dica


Você não pode confundir o furto mediante frau-
O furto qualificado é aquele que as suas penas
de com o estelionato.
são modificadas nos patamares mínimos e máximo,
aumentando consideravelmente.
No furto mediante fraude, o agente usa a fraude
Trata-se de qualificado por ter pena própria e não
sobre a vítima para subtrair a coisa.
mera causa de aumento de pena. Podemos exempli- No estelionato, o agente emprega a fraude para
ficar o caso de o agente furtar objetos eletrônicos de ludibriar a vítima e fazer com que ela mesma
uma casa utilizado chave falsa para abrir o portão e a entregue a coisa.
porta da casa.
No furto qualificado pela escalada, segundo o STJ, a
entrada em um local se dá por um meio anormal, que
O furto será qualificado nas seguintes hipóteses:
exige do agente esforço físico incomum. Para a dou-
trina majoritária, não é relevante se ocorre por cima
A reclusão será de 2 (dois) a 8 (oito) anos, se ou por baixo, desde que o agente não pratique nenhu-
cometido: ma forma de destruição ou rompimento de obstáculo,
quando aplicaremos outra qualificadora ao fato.
z Com destruição ou rompimento de obstáculo à No furto qualificado pela destreza, o agente faz uso
subtração da coisa. de alguma habilidade especial. Segundo a doutrina, o
z Com abuso de confiança, ou mediante fraude, exemplo clássico é o batedor de carteira.
escalada ou destreza. Não há a qualificadora quando a vítima percebe a
z Com emprego de chave falsa. subtração. Em tal situação, o agente responde por ten-
z Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas. tativa de furto simples, ou furto simples consumado,
caso consiga arrebatar o objeto.
Com destruição ou rompimento de obstáculo à
subtração da coisa: Com emprego de chave falsa:

Destruir é desfazer, demolir, por exemplo, o agen- No emprego de chave falsa, para subtrair a coisa, o
te destrói algo para subtrair a coisa, a exemplo daque- agente faz uso de chave distinta da chave original ou obje-
le que arromba o portão de uma casa, para entrar e to capaz de abrir um cadeado ou fechadura, por exemplo,
subtrair uma televisão. gazuas, pedaço de arame, micha, clips e etc. Anote-se que
DIREITO PENAL

Romper é abrir brecha, arrombar, arrebentar, ser- a chave falsa pode ou não ter formato de chave.
rar, forçar, rasgar etc. Por exemplo, o agente abre a A jurisprudência não é unânime no caso de se a
porta da casa com um pé de cabra para entrar e sub- ligação direta do veículo caracteriza ou não chave
trair uma televisão. falsa.
Nos dois casos, o delito deixa vestígios, sendo A abertura com a chave verdadeira, obtida ilicita-
imprescindível o exame de corpo delito. mente pelo agente, não caracteriza chave.
Em ambos há uma danificação, que é total no ver- A cópia da chave verdadeira, quando obtida lici-
bo “destruir”, sendo parcial no verbo “romper”. tamente, não é chave falsa. Se, no entanto, for tirada
O delito de dano é absorvido pelo furto qualificado, clandestinamente, incide a qualificadora do crime de
por força do princípio da subsidiariedade implícita. furto. 391
Mediante concurso de 2 (duas) ou mais pessoas: O explosivo geralmente é utilizado em furtos de
caixas eletrônicos de bancos, sendo que, diante do
O reconhecimento da qualificadora depende de advento desta nova qualificadora, encerra-se o antigo
pelo menos duas pessoas. debate travado acerca da adequação típica, que dividia
Computam-se os inimputáveis (menores e doentes as opiniões entre o furto qualificado pela destruição
mentais) e os desconhecidos. ou rompimento de obstáculo (art. 155, § 4º, I, do CP) e
Detalhe, se o comparsa é menor de dezoito anos, o a explosão com intuito de obter vantagem pecuniária
agente responderá por furto qualificado em concurso (art. 251, § 2º, do CP). O enquadramento do art. 155, §
material com o delito de corrupção de menores, pre- 4º-A, do CP, absorve delitos de explosão e de dano, pois
visto no art. 244-B do ECA, desde que haja prova da já funcionam como causa de aumento de pena, aplican-
efetiva corrupção do menor. do-se o princípio da subsidiariedade tácita.
Sobre a presença no local do crime, basta a simples
participação, independentemente da presença na fase For de veículo automotor que venha a ser trans-
da execução. portado para outro Estado ou para o exterior:
A absolvição do coautor nem sempre exclui a qua-
lificadora. De fato, havendo prova da pluralidade de A pena será de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos,
agentes, a qualificadora deve ser reconhecida. se a subtração for de veículo automotor que venha a
No delito de roubo, o concurso de pessoas gera ser transportado para outro Estado ou para o exterior.
aumento de pena de um terço até metade. No furto, Não basta, porém, para a incidência da qualifica-
a pena dobra. dora, o furto de veículo automotor, pois ainda se exige
Há doutrina que sustenta a violação do princípio o efetivo transporte para outro Estado ou exterior.
da proporcionalidade da pena, porque o roubo é mais Veículo automotor, por exemplo, carros, motos,
grave, de modo que o furto qualificado pelo concurso lanchas, aviões e etc.
de pessoas deveria sofrer apenas o aumento de um Não é necessário que o transporte para outro Esta-
terço até metade. do ou exterior seja realizado pelo próprio agente.
O STJ editou a Súmula 442: “É inadmissível aplicar Basta que o agente saiba da intenção de eventual
no furto qualificado pelo concurso de agentes a majo- receptador transportar o veículo para outro Estado ou
rante do roubo”. exterior.
Quem realiza o transporte após a consumação do
Furto Qualificado pelo Emprego de Explosivo furto responde pelo crime de receptação. Por conse-
quência, o agente que é contratado para realizar o
O § 4º-A do art. 155, do CP, foi introduzido por meio transporte responde pelo furto, se o contrato for ante-
da Lei nº 13.654/2.018, e dispõe que: “A pena é de reclu- rior à subtração, e por receptação, se só foi contratado
são de 4 (quatro) a 10 (dez) anos e multa, se houver após a consumação.
emprego de explosivo ou de artefato análogo que cause Consuma-se o transporte quando o veículo trans-
perigo comum”. põe os limites das fronteiras do Estado ou do país, com
É o único furto que é crime hediondo (art. 1º, IX, da intuito de ali permanecer.
Lei 8072/90, com redação dada pela Lei 13.964/2019). A mera condução do veículo para outro Estado ou
O meio utilizado, explosivo ou artefato análogo, exterior, com o intuito de retornar ao local de origem,
torna o fato mais grave, justificando-se o rigor da é insuficiente para a caracterização da qualificadora.
reprimenda penal, em razão da provocação de perigo Admite-se a tentativa quando o agente realiza a
coletivo. subtração e é preso em flagrante, próximo à trans-
Meio explosivo é o que causa estrondo, por exem- posição da fronteira, antes de obter a posse pacífica.
plos, dinamite, pólvora. Sabemos que a jurisprudência considera o furto con-
Importante destacar que o tipo penal, ao contrário sumado como o simples apossamento do bem, inde-
do art. 251 do CP, não se refere a substância explosiva, pendentemente da posse pacífica. Porém, a tentativa
mas, sim, a meio explosivo. O meio explosivo utiliza- tornou-se impossível, pois, com o início da remoção do
do para explodir caixas eletrônicos de agências ban- bem, o furto já se consuma nas modalidades anterio-
cárias para subtrair o dinheiro é um típico exemplo res, ainda que o agente seja preso próximo à fronteira.
do art. 155, § 4º A, do CP. Já o crime do art. 251, do CP,
podemos trazer a hipótese de o agente que lança um For de semovente domesticável (animais, como:
artefato explosivo num ponto de ônibus e que expõe bovinos, suínos, equinos) de produção, ainda que
as pessoas a risco. abatido ou dividido em partes no local de subtração:
O meio ou artefato explosivo, a que se refere a qua-
lificadora em análise, abrange qualquer explosão, seja A pena será de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos,
ela oriunda de substância explosiva ou não explosiva, se a subtração for de semovente domesticável (ani-
mas o assunto certamente ensejará polêmica. mais, como: bovinos, suínos, equinos) de produção,
Sobre o artefato explosivo, trata-se de qualquer ainda que abatido ou dividido em partes no local de
objeto confeccionado por trabalho mecânico ou à subtração.
mão, por exemplo, as denominadas bombas caseiras. O bem jurídico primário é o patrimônio do produ-
Para a incidência da qualificadora, seja um explo- tor e, o secundário é a saúde pública. Isto porque o
sivo ou artefato que causa perigo comum, ou seja, que animal poderá ser comercializado pelo criminoso sem
coloque em risco um número indeterminado de pes- que haja fiscalização do poder público, principalmen-
soas ou de patrimônios. te sanitária. Pode-se incluir o sistema tributário na
O agente que se utiliza de um explosivo com poten- condição de patrimônio lesado.
cial para causar perigo comum que, entretanto, mes- Na prática, dificilmente esta qualificadora será
mo diante da explosão, não se concretiza, responderá, aplicada, pois este tipo de delito geralmente é pratica-
em caso de destruição ou rompimento de obstáculo, do por mais de uma pessoa e, diante disso, incidirá a
pelo furto qualificado do art. 155, § 4º, I, do CP e não qualificadora do § 4º, IV, do art. 155, do CP, que é mais
392 pela qualificadora em análise, prevista no § 4º-A. grave.
Com efeito, presentes uma das qualificadoras do É bom lembrar que configura crime, nos termos
§ 4º, exclui-se a incidência da qualificadora em apre- do art. 16, parágrafo único, III, da Lei nº 10.846/2003,
ço, pois sua pena é mais branda, podendo funcionar, Estatuto do Desarmamento, possuir, deter, fabricar
nesse caso, como circunstância judicial do art. 59 do ou empregar artefato explosivo ou incendiário, sem
CP, servindo de parâmetro apenas para dosagem da autorização ou em desacordo com determinação legal
pena-base. Entretanto, outra corrente mais favorável ou regulamentar.
ao réu que, com base no princípio da especialidade, Esse delito será absorvido pelo crime do § 7º do art.
afasta a qualificadora do § 4º quando se tratar de 155 do CP, pois já funciona como qualificadora.
semovente domesticável de produção, impondo-se, A pena será de reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez)
nesse caso, a qualificadora específica do § 6º, conside- anos, se a subtração for de substâncias explosivas ou
rando-a novatio legis in melius. de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
O objeto material é o animal domesticável de pro- litem sua fabricação, montagem ou emprego.
dução, ainda que abatido ou dividido em partes no
local da subtração. Furto Majorado
Trata-se de um tipo penal aberto, porquanto a defi-
O furto será majorado quando a ele for aplicado a
nição deste elemento normativo é complementada
causa de aumento de pena prevista no art. 155, § 1º,
pelo juiz.
do CP.
Para a incidência da qualificadora, é necessário
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
que o agente subtraia o animal por inteiro ou na sua
me de furto for praticado durante o repouso noturno.
essência. O tipo penal refere-se à subtração de semo- Sobre o repouso noturno, considere que, segundo
vente, e não de partes dele, de modo que quando o o STJ (jurisprudência atual), a causa de aumento de
animal já estava abatido ou dividido em partes a inci- pena se aplica ao furto simples e ao furto qualificado.
dência da qualificadora estará condicionada à subtra- O furto majorado ocorre, por exemplo, quando o
ção do todo ou das partes substanciais. Numa hipótese agente, aproveitando-se do repouso noturno, entra
de o agente deixar no local apenas as patas do boi e numa casa para furtar os eletroportáteis.
subtrai o restante, persiste a qualificadora. Não teria Há discussão sobre a necessidade de a casa estar
cabimento, por exemplo, qualificar o delito pelo fur- habitada e os moradores repousando, para que incida
to de uma picanha extraída de um animal já abatido. o aumento de um terço.
Também, não incide a qualificadora quando o próprio Duas teorias tratam da discussão:
agente abate o animal, subtraindo-lhe apenas uma de Teoria subjetiva: a razão de ser do aumento da
suas partes. pena é a maior proteção à tranquilidade dos que
Observa-se que, ao tempo da conduta, é necessário repousam, bem como à incolumidade da vítima, que
que o animal ainda pertença ao produtor, posto que o se encontra dormindo e desprotegida. Neste caso,
intuito da lei foi protegê-lo. restringem o aumento da pena ao furto cometido em
A subtração, por exemplo, de um porco que se casa habitada com os moradores repousando.
encontra no açougue não qualifica o delito. Teoria objetiva: o fundamento do aumento da
Não há falar-se também no delito em estudo, quan- pena é a proteção do patrimônio, que, nesse perío-
do se subtrai o leite da vaca ou outro bem produzido do, encontra-se vulnerável à subtração. A finalidade
pelo animal, porquanto o tipo penal refere-se à sub- da lei visa proteger primordialmente o patrimônio, e
tração do semovente e não dos bens que ele produz. depois a tranquilidade.
Nessas hipóteses, o furto será simples. As duas teorias são aceitas, mas devemos com-
preender que incide o aumento de um terço não só
em furtos de residência, mas também em bancos, joa-
A subtração for de substâncias explosivas ou de
lherias, casas comerciais, bem como de automóveis
acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibi-
estacionados na rua, de gado (abigeato).
litem sua fabricação, montagem ou emprego:
Aplica-se a regra do repouso noturno mesmo que o
local seja área comercial ou local desabitado.
O objeto material consiste em substâncias explosi-
vas ou acessórios que possibilitem a fabricação, mon- Furto Privilegiado
tagem ou emprego de substância explosiva.
O que é substância explosiva? Substância explosi- Está previsto no art. 155, § 2º, do CP. Ocorre, por
va é a que causa estrondo, dissolvendo-se com a arre- exemplo, no caso de o agente, primário, que subtraiu
bentação, por exemplos, pólvora ou dinamite. uma pequena bolsa vazia de uma loja, cujo valor é
Quanto aos acessórios, são os elementos que, em inferior ao salário mínimo.
conjunto ou isoladamente, são capazes de se transfor-
mar quimicamente numa substância explosiva, aqui São características do furto privilegiado:
podemos exemplificar o estopim, a espoleta e o cor-
del detonante. São estes acessórios que possibilitam z Réu primário;
DIREITO PENAL

a fabricação, montagem ou emprego da substância z Coisa furtada de pequeno valor – Segundo a juris-
explosiva. prudência, até 1 (um) salário mínimo.
A fabricação é a produção ou confecção.
Montagem é a junção dos componentes. No caso do furto privilegiado, o juiz poderá ado-
Emprego é a utilização. tar uma das seguintes medidas:
O tipo penal não se refere aos maquinários e
outros objetos que também são utilizados para fabri- z Substituir a pena de reclusão pela de detenção;
car, montar ou utilizar os explosivos, mas tão somen- z Diminuir a pena de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois
te aos acessórios que compõe a própria substância terços);
explosiva. z Aplicar somente a pena de multa. 393
Segundo o STJ, é possível o reconhecer privilé- O Código Penal é expresso ao fixar que, se a coisa
gio para o furto simples ou para o furto qualificado, comum for fungível (substituível por outra da mesma
entretanto, neste caso, as qualificadoras têm que ser espécie, a exemplo do dinheiro), não será punível a
de natureza objetiva (emprego de chave falsa, por sua subtração caso o valor não exceda a quota a que
exemplo). tem direito o agente.
Suponha que Alessandro, Fabrício e Diego
Súmula 511 do STJ: É possível o reconhecimento do sejam sócios. A sociedade é avaliada no valor de R$
privilégio previsto no § 2º do art. 155 o CP nos casos 150.000,00 (cento e cinquenta mil reais). As partes na
de crime de furto qualificado, se estiverem presen- sociedade são iguais.
tes a primariedade do agente, o pequeno valor da
Assim, caso Alessandro subtraia R$ 50.000,00 (cin-
coisa e a qualificadora for de ordem objetiva.
quenta mil), não cometerá crime, já que o valor sub-
traído não é superior à sua quota.
O termo “pequeno valor da coisa” é entendido,
pela jurisprudência, que o valor não excede ao valor
do salário mínimo. É necessário o auto de avaliação. Dica
É claro que o referencial do salário mínimo não é tão O furto de coisa comum não é tão cobrado em
rígido, admitindo-se o privilégio quando a coisa exce- provas de concursos públicos. Porém, quando
de modicamente esse valor.
cobrado, tentam misturar suas características
Considera-se “ordem subjetiva”, a hipótese de fur-
com as características do furto tradicional.
to qualificado por abuso de confiança. Deve-se identi-
ficar a confiança da vítima para com o agente. E por
isso não se trata de furto privilegiado. z Furto: coisa alheia, crime comum e ação penal
A regra é que as qualificadoras do crime de fur- incondicionada.
to são objetivas, por exemplo, emprego de chave z Furto de coisa comum: coisa comum, crime pró-
falsa. Nesta regra, há compatibilidade com o furto prio e ação penal condicionada.
qualificado.
Outras Hipóteses
Furto de uso
Não há furto na hipótese de o credor subtrair bens
Esta conduta não exige a intenção de se apoderar, do devedor para ressarcir-se, pois se trata de um cri-
para si ou para outra pessoa, da coisa alheia móvel me específico, previsto no art. 345, do CP, exercício
que foi subtraída. arbitrário das próprias razões. Vejamos: “A” deve uma
O furto de uso é fato atípico, tal instituto não se quantia em dinheiro para “B”. “B”, cansado de cobrar o
aplica ao crime de roubo. valor da dívida, subtrai a bicicleta de “A” para quitá-la.
Por exemplo, se o agente subtrai a coisa, com a O furto famélico é aquele em que o agente bus-
intenção de usar e devolver depois, não cometerá o ca saciar a fome, não é estado de necessidade, salvo
crime de furto. se a subtração for o único meio de se alimentar. Por
Na hipótese de o indivíduo subtrair uma bicicleta, exemplo, a mãe, diante da necessidade de alimentar o
devolvendo-a após dar uma volta no quarteirão, não filho, subtrai uma maça de uma barraca de feira para
configura crime de furto. alimentá-lo.
O furto em estado de precisão, aquele em que o
Para o reconhecimento do furto de uso, necessi- agente está desempregado e subtrai alimentos, eletro-
ta da presença de dois requisitos: domésticos e etc. constitui crime. Por exemplo, o pai,
estando desempregado e sem condições de manter o
z Uso momentâneo de coisa infungível, ou seja, o sustento da família, subtrai alimentos e eletroportá-
uso duradouro constitui crime de furto. Tratando- teis de um hipermercado para suprir o sustento do lar
-se de coisa fungível, como o dinheiro, nem o uso
momentâneo seguido da pronta restituição exclui ROUBO E EXTORSÃO
o delito;
z Restituição imediata e integral da coisa, nesta Roubo
hipótese, o ladrão, para beneficiar-se do furto de
uso, deve deixar a coisa no mesmo lugar de onde a O roubo é a subtração de, por exemplo, um reló-
subtraiu ou nas proximidades. gio alheio, para si ou para outrem, mediante violência
contra pessoa.
Furto de Coisa Comum O roubo pode ser simples, majorado ou qualifica-
do. Veremos sobre esses assuntos mais adiante!
Mas, você acabou de dizer que é necessário que a O roubo é delito pluriofensivo, isto é, ofende mais
coisa seja alheia no crime de furto! de um bem jurídico.
Agora estamos diante de um crime específico, o A incriminação do roubo visa a tutela do patri-
furto de coisa comum. mônio, integridade fisiopsíquica, a saúde e a
O furto de coisa comum, que irá se configurar tranquilidade.
quando o agente for condômino, coerdeiro ou sócio, e Na forma qualificada como latrocínio, tutela-se
subtrair, para si ou para outrem, a quem legitimamen- também a vida.
te a detém, coisa comum. Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
Temos aqui um crime próprio, que somente pode- podendo ser praticado por qualquer pessoa.
rá ser praticado pelo condômino, coerdeiro ou sócio. Nada obsta que um dos criminosos execute a vio-
É crime de ação penal pública condicionada à lência para que o seu comparsa subtraia a coisa. Nesta
394 representação. hipótese, ambos serão coautores de roubo.
E, quanto ao sujeito passivo, pode ser tanto a pes- z É crime material, que exige a ocorrência do resul-
soa que sofre a violência física, moral e imprópria, tado para fins de consumação;
quanto aquela que sofre a lesão patrimonial. z Para consumação, adota-se, assim como o furto, a
teoria da apprehensio, ou amotio.
Saiba:
O agente que, no mesmo contexto, aborda diversas
Há duas definições em que devemos ter atenção:
vítimas, subtraindo bens de todas elas, por exemplo,
arrebatamento inopino e trombada.
um assalto no interior do ônibus, responde por tanto
No arrebatamento, que é o ato de arrancar com
roubos quanto forem as vítimas, em concurso formal
violência a coisa que está em poder da vítima ou no
de delitos.
corpo dela, temos por exemplo o ato de puxar o colar
No crime de roubo, a conduta do agente recai
do pescoço da vítima.
sobre a pessoa e coisa alheia móvel.
A doutrina se dividi. Alguns defendem a tese de
O objeto material é duplo: pessoa e coisa.
que a arrebatamento caracteriza violência contra coi-
sa, constituindo o delito de furto. Por outro lado, há
O roubo, previsto no Artigo 157, do CP, é dividi-
quem defenda que se trata de violência contra pessoa,
do em 3 (três) espécies:
configurando crime de roubo, teoria mais aceita.
A trombada contra a vítima tem suas divergências
z Roubo próprio: antes ou durante a subtração da
na jurisprudência.
coisa móvel, o agente emprega violência ou grave
Há quem afirma que se trata de furto, exceto quan-
ameaça;
do reduzir a vítima à impossibilidade de resistência,
z Roubo impróprio: o agente subtrai a coisa móvel,
quando então configurará roubo.
em seguida, a fim de assegurar a impunidade do
Outra parte defende que sempre se enquadrará na
crime ou a detenção da coisa para si ou para ter-
hipótese de roubo, visto que o ato tem violência física.
ceiro, emprega violência contra pessoa ou grave
Aqui, no caso de trombada, a maioria entende que
ameaça;
se trata de furto.
z Roubo com violência imprópria: o agente subtrai
coisa móvel alheia, depois de havê-la, por qualquer
Roubo Majorado
meio, reduzido à impossibilidade de resistência.
Exemplo 1: Tício, fazendo uso de arma de fogo para
O roubo majorado ocorre, por exemplo, quando o
intimidar a vítima, anuncia um assalto e subtrai a
agente, sabendo que a vítima está prestando serviço
mochila de Mévio – temos aqui o roubo próprio.
de transporte de valores, subtrai, mediante violência,
Exemplo 2: Tício subtrai uma garrafa de vinho
os malotes que a vítima portava.
caro em um supermercado. Ao sair, verifica que
Vejamos as causas de aumento de pena aplicáveis
o segurança está vindo em sua direção. Neste
ao crime de roubo.
momento, Tício, para poder fugir com a garrafa de
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) até
vinho, desfere um soco no rosto do segurança, que
metade:
cai – temos aqui o roubo impróprio.
Exemplo 3: Tício conhece Mévia em uma festa.
z Se há concurso de duas ou mais pessoas;
Os dois vão para a casa dela. Ele coloca sonífero
z Se a vítima está em serviço de transporte de valo-
na bebida dela, que entra em sono profundo, em
res e o agente conhece tal circunstância;
seguida, o agente subtrai todos o dinheiro existen-
z Se a subtração for de veículo automotor que venha
te na carteira de Mévia – temos aqui o roubo com
a ser transportado para outro Estado ou para o
violência imprópria.
exterior;
z Se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
Roubo Simples
tringindo sua liberdade;
z Se a subtração for de substâncias explosivas ou
Irá praticar o crime de roubo o agente que subtrair
de acessórios que, conjunta ou isoladamente, pos-
coisa móvel alheia, para si ou para outrem, median-
sibilitem sua fabricação, montagem ou emprego
te grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de
– causa de aumento de pena acrescida pela Lei
havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilida-
13.654/2018;
de de resistência.
z Se a violência ou grave ameaça é exercida com
Também irá praticar o crime de roubo o agente
emprego de arma branca. Incluído pela Lei nº
que, logo depois de subtraída a coisa, emprega violên-
13.964, de 2019, Pacote Anticrimes.
cia contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar
a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si
Vejamos cada uma das majorantes:
ou para terceiro.

A primeira majorante, concurso de


DIREITO PENAL

Vamos falar das características do crime de


roubo: duas ou mais pessoas, justifica-se pela
maior organização do delito, aumen-
z É crime comum, já que pode ser praticado por tando a possibilidade de consumação
A PRIMEIRA à medida em que diminui a chance de
qualquer pessoa;
MAJORANTE defesa da vítima.
z É crime complexo, já que atinge mais de um bem
Os menores de 18 anos, os doentes
jurídico penalmente relevante (há mais de um cri-
mentais e os desconhecidos, partici-
me configurando o tipo penal do crime de roubo):
pantes da conduta criminosa, também
furto (+) ameaça ou violência;
são computados.
z Não admite a modalidade culposa; 395
A segunda causa de aumento ocorre Atente-se:
quando a vítima está em serviço de Em relação à causa de aumento de pena referente
transporte de valores e o agente conhe- ao concurso de duas ou mais pessoas, entende o STJ,
ce tal circunstância. em se tratando de hipótese de associação criminosa,
A SEGUNDA que os agentes respondem pelo roubo com aumento
Objetiva-se tutelar a segurança do
MAJORANTE de pena e pelo crime de associação criminosa, em con-
transporte.
Valores abrange dinheiro, joias precio- curso material.
sas e qualquer outro bem passível de
ser convertido em pecúnia. O roubo praticado com restrição da liberdade é
aquele que o agente mantém a vítima em seu poder,
A terceira majorante consiste na sub- restringindo a sua liberdade. Por exemplo, imagine
tração de veículo automotor que venha que Tiago, portando uma faca, anuncie um assalto
a ser transportado para outro Estado para subtrair o veículo de Diego. O autor subtrai o veí-
ou Exterior. culo, coloca a vítima no porta-malas e o leva por 10
A expressão “veículo automotor” abran- quilômetros, liberando-o em seguida.
ge, do mesmo modo que estudamos no No exemplo acima, será aplicada a causa de
crime de furto: aeronaves, automóveis, aumento de pena a Tiago, já que ele restringiu a liber-
A TERCEIRA motocicletas, lanchas. dade de Diego, vítima do roubo.
MAJORANTE Para a incidência do aumento da pena, A pena será aumentada de 2/3 (dois terços):
é necessário que o veículo seja efetiva-
mente transportado para outro Estado z Se a violência ou ameaça é exercida com emprego
ou Exterior. Isto porque o transporte de arma de fogo – causa de aumento de pena acres-
diminui a possibilidade de recuperação cida pela Lei 13.654/2018;
do bem, facilitando ainda a adulteração z Se há destruição ou rompimento de obstáculo
e negociação do veículo, envolvendo, mediante o emprego de explosivo ou de artefa-
muitas vezes, terceiros de boa-fé. to análogo que cause perigo comum – causa de
aumento de pena acrescida pela Lei 13.654/2018.
A quarta majorante ocorre quando o
A QUARTA agente mantém a vítima em seu poder, Se a violência ou grave ameaça é exercida com
MAJORANTE restringindo a sua liberdade. Viola-se a emprego de arma de fogo de uso restrito ou proibido,
liberdade pessoal de locomoção. aplica-se em dobro a pena.
Pena prevista: reclusão de quatro a dez anos, e
A quinta majorante, se a subtração for
multa. Aplica-se a pena e multiplica por dois.
de substâncias explosivas ou de aces-
A QUINTA Aqui estamos diante de três majorantes do roubo
sórios que, conjunta ou isoladamente,
MAJORANTE com emprego de arma de fogo.
possibilitem sua fabricação, monta-
São elas:
gem ou emprego.

É aquela cujo porte é passível


z Substância explosiva é a que causa estrondo, dis- de obtenção. Nesse caso, a
solvendo-se com a arrebentação, por exemplo, pól- ARMA DE FOGO DE pena é aumentada de 2/3 (dois
vora ou dinamite. USO PERMITIDO terços), por força do art. 157, §
z Quanto aos acessórios, são os elementos que, em 2º-A, I, do CP, introduzido pela
conjunto ou isoladamente, são capazes de se trans- Lei nº 13.654/2018.
formar quimicamente numa substância explosiva,
aqui podemos exemplificar o estopim, a espoleta e É aquela cujo porte é restri-
o cordel detonante. São estes acessórios que pos- to a determinadas pessoas.
sibilitam a fabricação, montagem ou emprego da ARMA DE FOGO DE Neste caso, a pena é dobrada,
substância explosiva. USO RESTRITO nos termos do art. 157, § 2º-B,
z A fabricação é a produção ou confecção. do CP, introduzido pela Lei nº
z Montagem é a junção dos componentes. 13.964/2019.
z Emprego é a utilização. É aquela cujo porte é vedado.
A pena também é dobrada,
A última causa de aumento de pena é a violên- ARMA DE FOGO DE
nos termos do art. 157, § 2º-B,
cia ou grave ameaça exercida com emprego de arma USO PROIBIDO
do CP, introduzido pela Lei nº
branca. Arma branca é a que não é arma de fogo. 13.964/2019.
Abrange as armas impróprias, que são os instru-
mentos que servem para ataque ou defesa, embora
não seja esta a sua finalidade, como a tesoura, faca Justifica-se a majorante, em razão da maior poten-
de cozinha, pedaço de pau, caco de vidro, etc., bem cialidade lesiva do fato, que cria risco de morte à
como as armas próprias que não sejam de fogo, que vítima.
são os instrumentos cuja finalidade específica é o ata- O porte velado, oculto, não majora a pena do rou-
que ou defesa, como o punhal, a espada, o soco inglês bo, porque a lei exige o emprego da arma, consisten-
e outros. te no uso efetivo ou porte ostensivo. Assim, só incide
Mas, há correntes que consideram arma branca as a majorante quando a violência ou grave ameaça é
armas próprias, ou seja, o instrumento que tem a fina- exercida com emprego de arma de fogo.
lidade específica de ataque ou defesa. Observe que o roubo majorado absorve o delito de
A majoração da pena consiste no uso efetivo ou arma de fogo, previsto na legislação especial, que já
396 exibição ostensiva da arma branca. funciona como causa de aumento de pena.
Quanto à arma de brinquedo, não funciona como Iniciaremos o estudo do roubo qualificado pela
causa de aumento de pena, pois não se trata de arma lesão corporal.
de fogo, mas é suficiente para servir de meio de execu- Se da violência resulta: lesão corporal grave, a
ção de um roubo simples. pena é de reclusão de 7 (sete) a 18 (dezoito) anos, e
Quanto à arma descarregada, também não majora multa.
a pena do roubo, falta-lhe potencialidade ofensiva e, Entende-se por lesão grave, nesta qualificadora,
portanto, não se trata de arma, respondendo o agente tanto os resultados previstos nos § 1º, do art. 129, do
por roubo simples. CP (lesão corporal grave), quanto os previstos no § 2º,
Já a arma não apreendida, compete ao agente do art. 129, do CP (lesão corporal gravíssima).
exibi-la em juízo para que seja periciada, sob pena Se houver lesão leve, o roubo é simples.
de incidência da majorante diante da presunção de Trata-se de crime qualificado pelo resultado.
potencialidade ofensiva. A lesão grave pode ocorrer a título de dolo ou culpa,
Se a violência ou ameaça é exercida com emprego sendo que, nessa última hipótese, o delito será preter-
de arma de fogo – causa de aumento de pena acresci- doloso. Em ambos os casos, o delito de lesão corporal
da pela Lei 13.654/2018, devemos observar o seguinte: é absorvido, porque já funciona como qualificadora.
Observe que se houver lesão grave consumada
z Quem praticou o crime de roubo com arma branca e subtração patrimonial tentada, para uns autores
antes da Lei nº 13.654/2018 não terá incidência de haverá o crime do art.157, § 3º, 1ª parte, consumado,
majorante. outros, porém, sustentam que o delito seria tentado.
z Quem praticou o crime de roubo com arma branca O roubo qualificado pelo resultado morte, o latro-
depois da Lei nº 13.654/2018 e antes do pacote anti- cínio, é um crime qualificado pelo resultado morte.
crime não terá incidência de majorante. Por incrível que pareça, não se trata de crime con-
z Quem praticou o crime de roubo com arma bran- tra vida, mas sim de crime contra o patrimônio.
ca depois do pacote anticrime terá a incidência da Constitui crime hediondo.
majorante de 1/3 a 1/2. Para compreendermos o momento de consumação
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo do latrocínio, é necessário que você conheça a Súmula
de uso permitido antes da Lei nº 13.654/2018 terá a 610 do STF.
incidência da majorante de 1/3 a 1/2.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo Súmula 610 do STF: Há crime de latrocínio, quando
de uso permitido depois da Lei nº 13.654/2018 terá o homicídio se consuma, ainda que não realize o
a incidência da majorante de 2/3. agente a subtração de bens da vítima.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de
fogo de uso restrito ou proibido antes da Lei nº SUBTRAÇÃO MORTE LATROCÍNIO
13.654/2018 terá a incidência da majorante de 1/3
a 1/2. Consumada Tentada Latrocínio tentado
z Quem praticou o crime de roubo com arma de
Tentada Tentada
fogo de uso restrito ou proibido depois da Lei nº
13.654/2018 e antes do pacote anticrime terá a inci- Consumada Consumada Latrocínio consumado
dência da majorante de 2/3.
z Quem praticou o crime de roubo com arma de fogo Tentada Consumada
de uso restrito ou proibido depois do pacote anti-
crime terá pena em dobro.

Vamos estudar agora o roubo majorado pela des-


Importante!
truição ou rompimento de obstáculo com emprego de Caso o agente mate o seu comparsa, após a
explosivo. prática do roubo, para ficar com a vantagem do
Observa-se que a qualificadora do §4-A, do crime crime somente para si, não há que se falar, neste
de furto, tem incidência ainda que não haja destrui- caso, em crime de latrocínio.
ção ou rompimento de obstáculo, bastando o emprego
de explosivo ou de artefato que cause perigo comum,
ao passo, no roubo, a majorante em análise depen- A palavra latrocínio não se encontra no atual Códi-
de, além do explosivo ou artefato que cause perigo go Penal. Trata-se de uma expressão tradicional.
comum, que haja ainda destruição ou rompimento de O latrocínio pode ser próprio ou impróprio:
obstáculo. O latrocínio próprio ocorre quando a morte ocorre
antes ou durante a subtração da coisa, por exemplo,
Roubo Qualificado o agente mata o empregado de um estabelecimento
comercial, subtraindo em seguida o dinheiro do caixa.
O roubo será qualificado pelo resultado em duas No latrocínio impróprio, o agente primeiro se
hipóteses: apodera da coisa, sem qualquer violência, matando
DIREITO PENAL

a vítima logo em seguida com o intuito de assegurar


z Lesão corporal grave; a subtração ou a impunidade. Por exemplo, o agen-
z Morte – latrocínio. te, logo após subtrair um bem, mata o policial que o
surpreende.
A doutrina majoritária entende que a lesão cor- O sujeito passivo é tanto a pessoa que sofre a lesão
poral grave e a morte não precisam ser praticadas patrimonial, quanto aquela que é morta, podendo
intencionalmente pelo agente, ou seja, é possível que esta última ser até mesmo um policial ou terceiro.
o roubo seja qualificado pelo resultado, mesmo se o Observe que estamos diante de crime pluriofensi-
resultado tiver sido provocado pelo agente culposa- vo, que ofende mais de um bem jurídico, qual seja, o
mente, quando ele faz uso de violência. patrimônio e a vida. 397
Não há necessidade que morra a vítima do patri- Extorsão: o agente emprega a violência ou grave
mônio, sendo suficiente, para a caracterização do deli- ameaça para determinar um comportamento da víti-
to, a morte de qualquer outra pessoa. ma e obter indevida vantagem econômica; a partici-
Na hipótese de pluralidade de sujeitos passivos pação da vítima é indispensável, sem ela, o autor não
com unidade de subtração patrimonial, haverá um só consegue obter a indevida vantagem econômica.
delito de latrocínio. Por exemplo, o agente mata três
empregados e em seguida subtrai bens do patrão. No delito de extorsão, há a presença dos seguin-
O latrocínio é delito qualificado pelo resultado, tes elementos:
tendo em vista a duplicidade de eventos. A morte
pode ocorrer a título de dolo ou culpa. Somente na z O constrangimento para obter da vítima uma ação,
hipótese de o latrocínio ser na modalidade culposa é omissão ou tolerância;
que o delito será preterdoloso. z Emprego de violência ou grave ameaça;
z Finalidade de obter, para si ou para outrem, inde-
A morte deve decorrer da violência física. Se decor-
vida vantagem econômica.
rer de grave ameaça ou violência imprópria, exclui-se
o delito de latrocínio, respondendo o agente por rou-
Tutela-se a propriedade, a posse, a integridade
bo em concurso com homicídio.
física e fisiopsíquica bem como a liberdade pessoal.
Por fim, para encerrarmos o crime de roubo, sobre Trata-se de delito pluriofensivo, porque ofende mais
o latrocínio, fique atento ao seguinte: o latrocínio é o de um bem jurídico.
roubo qualificado pelo resultado da violência empre- Sobre o sujeito ativo, trata-se de crime comum,
gada pelo agente, resultando-se uma morte. podendo ser praticado por qualquer pessoa. Obser-
Logo, se a morte resultar de outro elemento que ve que o funcionário público também pode cometer
não seja a violência empregada, não há que se falar extorsão. A doutrina ilustra a hipótese de o escri-
em latrocínio. vão de polícia que exige dinheiro de uma pessoa
O emprego de arma de brinquedo não caracteriza para influenciar o delegado de polícia a realizar o
a aplicação da causa de aumento de pena, entretanto, indiciamento.
pode contribuir para a configuração do crime de rou- Sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física ou
bo, já que pode caracterizar a grave ameaça. jurídica, inclusive a que sofre constrangimento sem
lesão patrimonial.
Extorsão O núcleo do tipo é o verbo constranger, que signi-
fica coagir, forçar, obrigar alguém a fazer, deixar de
O crime de extorsão, previsto no art. 158, do CP, irá fazer ou tolerar que se faça alguma coisa que a lei não
se configurar quando o agente constranger alguém, lhe impõe.
mediante violência ou grave ameaça, com o intuito de O delito é punido a título de dolo. O agente visa
obter para si ou para outrem indevida vantagem eco- conseguir da vítima uma ação ou omissão, com o fim
nômica, a fazer, tolerar que se faça ou deixar de fazer de obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
econômica.
alguma coisa.
A finalidade específica é a intenção de obter uma
Por exemplo, o agente chantageia uma mulher e o
vantagem indevida e econômica.
marido, ameaçando de morte o seu filho, objetivando
A vantagem econômica pode consistir em bem
a obtenção de vantagem econômica.
móvel ou imóvel, diferentemente do roubo, cuja van-
Neste crime, observe que não se fala em coisa
tagem restringe-se ao bem móvel.
móvel, mas sim em indevida vantagem econômica. A vantagem, além de econômica, deve ainda ser
Logo, para a configuração da extorsão, é possível que indevida, contrária ao direito.
a vantagem econômica seja coisa imóvel.
Extorsão qualificada:
Características da Extorsão:
Dispõe o § 1º do art.158, do CP, que se o crime é
z É crime comum, que pode ser praticado por qual- cometido por duas ou mais pessoas, ou com o empre-
quer pessoa; go de arma, aumenta-se a pena de 1/3 até a metade.
z É crime complexo, já que tutela tanto o patrimônio Por exemplo, dois agentes chantageiam uma
quanto a liberdade individual; mulher, ameaçando de morte a sua mãe, objetivando
z Não admite a modalidade culposa (só pode ser pra- a obtenção de vantagem econômica.
ticado dolosamente); Trata-se de causa de aumento de pena em quan-
z É crime formal, que se consuma com o constran- tidade fixa, que, em face da posição topográfica, é
gimento, mediante violência ou grave ameaça, inaplicável à extorsão do § 2º do art.158.
independentemente de o agente conseguir ou não São duas as majorantes da pena, vejamos:
obter a indevida vantagem econômica.
z Concurso de duas ou mais pessoas.
Súmula 96 do STJ: O crime de extorsão consuma- z Emprego de arma. Observe que há emprego de
-se independentemente da obtenção da vantagem qualquer arma, própria ou imprópria, não neces-
indevida. sita ser arma de fogo.

É importante que você não confunda o crime de Extorsão qualificada pelo resultado:
extorsão com o crime de roubo, que acabamos de
estudar: Vejamos que o § 2º do art. 158, do CP, dispõe que
Roubo: o agente emprega a violência ou grave será aplicado a extorsão praticada mediante violência
ameaça, visando à subtração; a participação da víti- ao disposto no § 3° do artigo anterior, ou seja, do cri-
398 ma é dispensável; me de roubo.
Assim, a extorsão qualificada pelo resultado ocor- No exemplo acima, ficou configurado o crime de
re quando, em razão da violência, resulta a lesão cor- extorsão mediante restrição da liberdade. Analise os
poral de natureza grave ou morte. elementos:
Na hipótese de lesão grave, a pena é de reclusão de
7 a 15 anos, além de multa; no caso de morte, reclusão z Emprego de grave ameaça;
de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa. z Constrangimento à vítima;
Observe que a lesão grave ou a morte deve decor- z Objetivo de obter indevida vantagem econômica;
rer de violência física, podendo ocorrer a título de z Restrição da liberdade, que foi condição necessá-
dolo ou culpa, afastando-se a qualificadora quando ria para obtenção da vantagem.
resultar de grave ameaça.
Se, no caso de sequestro relâmpago, ocorrer o
Extorsão qualificada pelo sequestro – sequestro resultado morte ou o resultado lesão corpora de
relâmpago natureza grave, o agente será punido com as mes-
mas penas aplicadas ao crime de extorsão median-
Dispõe o § 3º do art. 158, do CP, que se o crime é te sequestro qualificada (24 a 30 anos; 16 a 24 anos,
cometido mediante restrição da liberdade da vítima, e
respectivamente).
essa condição é necessária para a obtenção da vanta-
gem econômica, a pena é de reclusão, de 6 a 12 anos,
Extorsão Hedionda
além de multa. Se resultar lesão corporal grave ou
morte, aplicam-se as penas previstas no art. 159, § 2º e
§ 3º, respectivamente. O delito de extorsão só é crime hediondo na situa-
Por exemplo, a vítima é conduzida, no seu próprio ção do art. 158, § 3º, do CP.
veículo, sendo coagida a percorrer caixas eletrônicos Esta hipótese foi introduzida pela lei 13.964/2019.
para a retirada de dinheiro, revelando ao meliante o Assim, dispõe o art. 1 º, III, da Lei nº 8.072/1990,
código secreto de seu cartão bancário magnético. que é crime hediondo a extorsão qualificada pela res-
O bem jurídico protegido é o patrimônio e a liber- trição da liberdade da vítima, ocorrência de lesão cor-
dade pessoal de movimento, isto é, o direito de ir, vir e poral ou morte.
ficar no local livremente escolhido, assemelhando-se, A Lei nº 13.964/2019, em vez de manter como
destarte, à extorsão mediante sequestro. hediondo o art. 158, §2º, do CP e acrescentar o 158,
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa. Trata-se §3º, do CP, em sua nova redação, só fez menção ao art.
de crime comum. 158, §3º.
É ainda crime permanente, viabilizando-se, Por exemplo, o agente restringe a liberdade da víti-
enquanto não cessar o estado de permanência, a par- ma, com o emprego de violência à sua pessoa como
ticipação, a legítima defesa e a prisão em flagrante. forma de obter indevida vantagem econômica.
O sujeito passivo pode ser qualquer pessoa física
ou jurídica. Extorsão Mediante Sequestro
Admite-se a presença de mais de um sujeito passi-
vo. Por exemplo, o extorsionário realiza o sequestro A extorsão mediante sequestro, prevista no Artigo
relâmpago do dirigente de uma pessoa jurídica, obri- 159 do Código Penal, se configurará quando o agente
gando-o a assinar cheques da empresa. sequestrar pessoa com o fim de obter, para si ou para
Para sua tipificação, exige-se a presença dos ele- outrem, qualquer vantagem, como condição ou preço
mentos da extorsão fundamental: constrangimen- de resgate.
to, por meio de violência ou grave ameaça, para se
Neste crime, amigos, temos a restrição da liberda-
obter da vítima uma ação ou omissão, com o fim de
de da vítima (mediante sequestro ou cárcere priva-
obter, para si ou para outrem, indevida vantagem
do), só que o agente possui uma finalidade específica
econômica.
(exige-se dolo específico): obter qualquer vantagem
Observe que, se a vantagem for absolutamente
(segundo a doutrina, deve ser vantagem indevida e
impossível de se obter, não há extorsão, respondendo
o agente apenas pelo delito de sequestro. Por exem- de natureza patrimonial), como condição ou preço de
plo, sequestro relâmpago para obrigar menor impú- resgate.
bere a assinar nota promissória.
Não esqueça, além do constrangimento, por meio Características da extorsão mediante sequestro:
de violência ou grave ameaça, exige ainda a restrição
da liberdade, isto é, um sequestro “relâmpago”, rápido z É crime comum – qualquer pessoa pode cometê-lo;
No roubo, a violência pode ser anterior, concomi- z É crime complexo (junção de 2 (dois) crimes –
tante ou posterior à obtenção da vantagem, ao passo extorsão mais sequestro ou cárcere privado;
que, na extorsão, o legislador é omisso quanto à vio- z É crime permanente, já que sua conduta se protrai
lência posterior, de modo que esta deve ser anterior (prolonga) – atenção com a aplicação da Súmula
ou concomitante à obtenção da vantagem. 711 do STF;
DIREITO PENAL

Para que o sequestro relâmpago fique configura- z É crime formal, que se consuma com a restrição da
do, o Código Penal exige a restrição da liberdade da liberdade, desde que motivada pela obtenção de
vítima e que essa condição seja necessária para a condição ou preço de resgate.
obtenção da vantagem econômica. z Não admite a modalidade culposa;
Ex.: “A”, criminoso conhecido na Cidade, aborda z Admite tentativa.
“B”, apontando uma arma de fogo para ela, ameaçan-
do-a. Com a intenção de obter indevida vantagem eco- É importante mencionar que o agente deve seques-
nômica, “A” a conduz, forçadamente, em um veículo trar “pessoa”. Caso seja um animal (parece bobo, mas
de origem duvidosa, ao Banco, constrangendo a víti- já foi cobrado em prova), não haverá o crime de extor-
ma, que sacar R$ 1.000,00 para o autor. são mediante sequestro. 399
É importante mencionar um entendimento defendido pela doutrina majoritária: sobre o resultado morte, não
é necessário que seja a vítima, podendo ser qualquer pessoa em decorrência da extorsão mediante sequestro.
Assim, por exemplo, se um empregado for ao local combinado com os sequestradores, a pedido de seus patrões,
entregar o resgate e for morto pelos autores, a qualificadora será aplicada da mesma forma (observe que o empre-
gado não é vítima do crime – não foi sequestrado e nem pagou o resgate).
A pessoa jurídica pode ser vítima de extorsão mediante sequestro, segundo entendimento doutrinário domi-
nante, quando dela for exigida a vantagem correspondente ao resgate.
A extorsão mediante sequestro traz em suas disposições a possibilidade de aplicação do instituto da delação
premiada.
A delação será aplicada no caso de o crime ser cometido em concurso de pessoas, ao concorrente que denun-
ciar à autoridade, facilitando a libertação do sequestrado.
Neste caso, o concorrente que denunciou terá a pena reduzida de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços).

Extorsão Mediante Sequestro Qualificada

No § 1º do art. 159, do CP, está prevista a extorsão mediante sequestro qualificada, passando ser a pena de 8
a 15 anos para de 12 a 20 anos de reclusão, na hipótese de o sequestro durar mais de 24 (vinte e quatro) horas,
ou quando o sequestrado for menor de 18 anos, ou maior de 60 anos, ou ainda quando o crime for cometido por
quadrilha ou bando.
Trata-se de qualificadora, porque o preceito secundário tem pena própria.

Há quatro qualificadoras:

z Se o sequestrado é menor de 18 anos;


z Se o sequestro dura mais de 24 horas;
z Se o sequestrado é maior de 60 anos;
z Se o crime é cometido por quadrilha ou bando.

A primeira encontra sua razão de ser na maior fragilidade emocional do sequestrado menor de 18 anos, cuja
personalidade encontra-se ainda em formação.
A segunda qualificadora, o sequestro que dura mais de 24 horas, é um crime a prazo, porque o seu reconhe-
cimento depende de um lapso de tempo. Quanto mais duradouro o sequestro, maior o sofrimento da vítima e
familiares, daí a razão da qualificadora. Contam-se as horas, minuto a minuto, a partir do início da privação da
liberdade.
A terceira qualificadora foi introduzida pelo Estatuto do Idoso. Ocorre quando o sequestrado é maior de 60
anos. Se no início do sequestro era menor de sessenta, ao atingir esta idade incide a causa de aumento, caso ainda
esteja em poder dos sequestradores. Há tese que afirma que a lei diz maior de 60 anos, motivo pelo qual não se
aplica qualificadora.
A quarta qualificadora, crime cometido por quadrilha ou bando, justifica-se pela maior organização dos
sequestradores, aumentando as chances de êxito no delito. Quadrilha ou bando é a associação estável ou perma-
nente entre três ou mais pessoas, com o intuito de cometer uma série indeterminada de delitos.

Extorsão mediante sequestro qualificada pelo resultado

A extorsão mediante sequestro é qualificada se do fato resulta:

z Lesão corporal de natureza grave; ou


z Morte.

Vejamos uma hipótese: o agente priva a vítima da liberdade, colocando-a sob vigilância em um cativeiro. Em
seguida, visando obter vantagem, exige de familiares da vítima o preço do resgate, mas devido a um impasse com
os familiares, o agente mata a vítima.
O § 2º do 159, do CP, dispõe que se o fato resulta lesão corporal de natureza grave, a pena cominada é de reclu-
são, de 16 a 24 anos.
E o § 3º do 159, do CP, dispõe que se resulta morte, a pena será reclusão de 24 a 30 anos.
A lesão grave e a morte podem ser dolosas ou culposas.
Os delitos de homicídio e lesão corporal, sejam eles dolosos ou culposos, são, absorvidos, porque já funcionam
como qualificadoras.
A extorsão mediante sequestro seguida de morte é o crime mais grave do CP, tendo como pena mínima 24 anos
de reclusão.
Não há necessidade que seja provocado por violência física ou grave ameaça. O suicídio do sequestrado, por
exemplo, é suficiente para o reconhecimento da qualificadora, porque em tal situação é evidente a culpa dos
400 sequestradores.
A EXTORSÃO MEDIANTE SEQUESTRO SERÁ QUALIFICADA NOS SEGUINTES CASOS:

Se o sequestro du- Se o sequestra- Se o crime é come- Se do fato resultar Se do fato resultar


rar mais de 24 (vin- do é menor de 18 tido por bando ou lesão corporal de a morte
te e quatro) horas (dezoito) anos ou quadrilha (agora é natureza grave
maior de 60 (ses- associação crimi-
senta) anos nosa - responde
pelos 2 crimes)

Reclusão de 12 a Reclusão de 12 a Reclusão de 12 a Reclusão de 16 a Reclusão de 24 a


20 anos 20 anos 20 anos 24 anos 30 anos

Causa de redução de pena

Se o crime é cometido em concurso, o concorrente que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação do


sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois terços, conforme disposto no § 4º do art.159, do CP.
Para que incida a redução da pena, que a delação tenha sido feita à autoridade, devendo essa expressão ser
tomada em sentido amplo para abranger qualquer agente encarregado do combate à criminalidade, por exemplo,
juiz, autoridade policial etc.
Quanto maior a contribuição, maior a redução da pena.
Trata-se de causa obrigatória de redução de pena.
O art. 13, da Lei nº 9.807/1999, dispõe sobre a extinção da punibilidade pelo perdão judicial ao acusado que, sen-
do primário, tenha colaborado efetiva e voluntariamente com a investigação e o processo criminal, desde que dessa
colaboração tenha resultado cumulativamente a identificação dos demais agentes, a localização da vítima com sua
integridade física preservada e a recuperação total ou parcial do produto do crime.
Presentes apenas um desses requisitos, a pena ainda poderá ser reduzida de 1/3 a 2/3, independentemente da
primariedade do réu, por força do art. 14, da Lei nº 9.807/1999.

Extorsão Indireta

A extorsão indireta constitui forma mais branda de extorsão, que se configurará quando o agente exigir ou
receber, como garantia de dívida, abusando da situação de alguém, documento que pode dar causa a procedimen-
to criminal contra a vítima ou contra terceiro.
Como dito acima, é uma forma mais branda de extorsão, já que tem como pena a reclusão, de 1 (um) a 3 (três)
anos, enquanto a extorsão, em sua modalidade simples, tem como pena a reclusão de 4 (quatro) a 10 (anos).
É um crime que exige dolo específico, já que o agente pratica os verbos descritos no tipo penal (exigir ou rece-
ber) como garantia de dívida.
É necessário que o agente abuse da condição de alguém, assim, por exemplo, suponha que um agiota, apro-
veitando-se da condição de desespero pela qual se passa aquele que solicita um empréstimo, já que o filho deste
se encontra internado em estado grave e ele precisa do dinheiro para pagar o tratamento, exija documento que
possa dar causa a procedimento criminal – pronto, teremos configurada a extorsão indireta, já que o agiota abu-
sou da condição da vítima.
No verbo exigir, este crime é formal, consumando-se com a exigência do documento.
Já no verbo receber, é crime material, consumando-se com o efetivo recebimento do documento.
É admitida a tentativa, já que pode ter seu iter criminis fracionado.
É crime comum, já que não se exige qualquer condição especial do sujeito.

APROPRIAÇÃO INDÉBITA

O crime de apropriação indébita está previsto no artigo 168 do Código Penal. Este crime irá se configurar quan-
do o agente se apropriar de coisa alheia móvel, de que tem a posse ou a detenção.
Neste crime, exige-se que a coisa alheia seja móvel.
Para que você compreenda a apropriação indébita, é necessário que você saiba que o agente já tem a posse ou
DIREITO PENAL

a detenção da coisa, passando, posteriormente, a agir como se fosse dono da coisa.


Você não pode confundir a apropriação indébita com o crime de estelionato.
Veja a diferença:

z Apropriação Indébita: o agente recebe a coisa de boa-fé, depois, muda seu ânimo e passa a agir como se fosse
dono da coisa (passa a ter má-fé).
z Estelionato: o agente já recebe a coisa de má-fé, com a intenção de ficar com ela desde o início.

A apropriação indébita é crime que decorre de uma relação de confiança entre o autor e a vítima. Este entrega
a coisa móvel ao agente, devido à confiança que deposita nele. 401
O agente recebe a coisa com boa intenção, mas, z Recolher contribuições devidas à previdência
depois (parte da doutrina chama de dolo subsequen- social que tenham integrado despesas contábeis
te), altera sua intenção, apropria-se da coisa e passa a ou custos relativos à venda de produtos ou à pres-
agir como dono dela. tação de serviços.
Veja as principais características da apropriação z Pagar benefício devido a segurando, quando as
indébita: respectivas cotas ou valores já tiverem sido reem-
bolsados à empresa pela previdência social.
z É crime comum, que pode ser praticado por qual-
quer pessoa; Trata-se de norma penal em branco, complemen-
z Não admite a forma culposa; tada em diversos dispositivos pela lei previdenciária
z Não admite tentativa, conforme doutrina majoritá- correspondente.
ria, tratando-se de crime unissubsistente, ou seja, Veja as características do crime de apropriação
é o conjunto de um só ato, a realização da condu- indébita previdenciária:
ta esgota a concretização do delito, por exemplo, z É crime omissivo, como falado acima, já que o
apropriar-se de objeto de valor; agente não pratica a conduta que se espera dele
z É crime material, que se consuma quando o agente (repassar);
inverte a posse da coisa alheia móvel. z Não admite a modalidade culposa;
z Deverá ser praticado de forma dolosa. Segundo o
Aumento de Pena STF, não é necessário dolo específico (especial fim
de agir);
A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando z Não admite tentativa.
o agente receber a coisa:
O entendimento majoritário na doutrina é o de que
z Em depósito necessário; a apropriação indébita previdenciária é crime formal
z Na qualidade de tutor, curador, síndico, liquida- e, por isto, dispensa-se o enriquecimento indevido por
tário, inventariante, testamenteiro ou depositário parte do agente ou o efetivo prejuízo ao erário.
judicial; Contudo, o Supremo Tribunal Federal decidiu que
z Em razão de ofício, emprego ou profissão. o crime de apropriação indébita previdenciária é
material, pois quando o agente omitiu o repasse, con-
Apropriação indébita previdenciária figurou-se o enriquecimento indevido e o consequen-
te prejuízo ao Erário.
O crime de apropriação indébita previdenciário Decisão esta que corrobora com o entendimento
é um crime próprio, pois só pode ser praticado pelo exarado na Súmula Vinculante nº 24.
substituto tributário, que é a pessoa que recolhe as Na linha da jurisprudência deste Tribunal Supe-
contribuições sociais em nome do INSS para depois rior, o crime de apropriação indébita previden-
repassá-las. ciária, previsto no art. 168-A, ostenta natureza de
No caso do contribuinte individual, ele é o res- delito material. Portanto, o momento consumativo
ponsável por esse desconto das contribuições e pelo do delito em tela corresponde à data da constitui-
repasse ao INSS, de modo que é ele que irá responder ção definitiva do crédito tributário, com o exauri-
pelo crime. mento da via administrativa (ut, (RHC 36.704/SC,
Rel. Ministro FELIX FISCHER, Quinta Turma, DJe
No caso de sociedade, para fins penais, o sujeito
26/02/2016). Nos termos do art. 111, I, do CP, este
ativo é a pessoa física que no âmbito da empresa tem é o termo inicial da contagem do prazo prescricio-
o poder de fato para decidir se irá ou não sonegar a nal” (AgRg no REsp 1.644.719/SP, DJe 31/05/2017).
contribuição arrecadada.
Tutela-se o patrimônio do INSS, que é uma autarquia Importante estudar também o tema do princípio
federal, de modo que a competência é da Justiça Federal, da insignificância no crime de apropriação indébita
conforme o art. 109, inciso IV da Constituição Federal. previdenciária.
Logo, o sujeito passivo é o INSS. Neste caso, a Portaria nº 296/2007 da Previdência
Social diz que o INSS não executa, não move ação de
execução fiscal por dívida de até R$ 10 mil, de modo que
Importante! se o indivíduo pagasse débitos até esse valor a punibi-
lidade estaria extinta pelo perdão judicial, obviamente,
Conduta principal: ficará configurada quando o desde que ele seja primário e de bons antecedentes.
agente deixar de repassar à previdência social Não se trata de aplicação do princípio da insigni-
as contribuições recolhidas dos contribuintes, ficância, porque a dívida tem um valor significativo,
no prazo e forma legal ou convencional. mas se o valor for irrisório, por exemplo, R$ 100, R$
200 ou R$ 300 ele poderá ser absolvido pelo princípio
da insignificância.
Observe que o tipo penal principal é praticado na Quando o valor da dívida atinge uma cifra razoá-
modalidade omissiva, deixando o agente de praticar vel de até R$ 10 mil, mas o INSS diz que não é preciso
uma conduta que deveria (repassar à previdência as mover a execução fiscal, nesse caso o réu poderá rece-
contribuições recolhidas após reter os valores). ber o perdão judicial ou então ser condenado apenas
Condutas equiparadas: receberá a mesma pena do na pena de multa, conforme o § 3º do art. 168, CP.
crime principal o agente que deixar de: A pena deste crime poderá ser extinta (extinção da
punibilidade), caso o agente, espontaneamente, decla-
z Recolher, no prazo legal, contribuição ou outra re, confesse e efetue o pagamento das contribuições,
importância destinada à previdência social que importâncias ou valores e preste as informações devi-
tenha sido descontada de pagamento efetuado a das à previdência social, na forma definida em lei ou
402 segurados, a terceiros ou arrecadada do público. regulamento, antes do início da ação fiscal.
Apesar de o Código Penal estabelecer que a condu- Há uma duplicidade de erros, de quem entrega e
ta do agente, para que sua punibilidade seja extinta, de quem recebe a coisa.
seja praticada antes do início da ação fiscal, o STF e Quanto à distinção entre caso fortuito e força da
o STJ têm admitido a aplicação da exclusão da puni- natureza, uma parcela significativa da doutrina consi-
bilidade com o pagamento efetuado a qualquer tem- dera as expressões equivalentes. Mesmo assim, vamos
po, desde que antes do trânsito em julgado (sentença estabelecer uma diferenciação.
definitiva). Força da natureza é o acontecimento de eventos
Para encerrarmos o crime de apropriação indébita físicos ou naturais, de índole ininteligente, como o gra-
previdenciária, vamos verificar uma hipótese de per- nizo, o raio, a inundação, a tempestade e o terremoto.
dão judicial e de crime privilegiado. Caso fortuito deriva de fatos humanos, como a gre-
A Lei nº 13.606/2018, lei bastante atual, diga-se ve, o motim, a guerra, a queda de um avião e etc.
de passagem (importante que você preste bastante No delito em apreço, a coisa chega ao agente atra-
atenção), acrescentou dispositivo ao Código Penal que vés de um evento imprevisível.
estabelece que a faculdade atribuída ao juiz de dei- Exemplo clássico, um vendaval lança as roupas do
xar de aplicar a pena ou de aplicar somente a pena varal do vizinho ao quintal da casa de B e este apro-
de multa não se aplica aos casos de parcelamento de pria-se delas. Ou uma mala despenca de um avião,
contribuições cujo valor, inclusive dos acessórios, seja caindo na chácara de B, que dela se apropria. Ainda,
superior àquele estabelecido, administrativamente, o animal de uma fazenda passa para a fazenda de B,
como sendo mínimo para ajuizamento de suas execu- que dele se apropria.
ções fiscais. Observe que a coisa não é entregue pela vítima ao
Faculta-se ao juiz: agente, originando-se o apossamento de um aconteci-
mento imprevisível.
z Deixar de aplicar a pena (perdão judicial); Este crime não admite a modalidade culposa,
z Aplicar somente a pena de multa (crime podendo ser praticado apenas a título de dolo.
privilegiado). Trata-se de crime comum, podendo ser praticado
por qualquer pessoa.
Se o agente for primário e de bons antecedentes, O Código Penal apresenta duas hipóteses asseme-
desde que o agente: lhadas, punidas com a mesma pena: a apropriação de
tesouro e a apropriação de coisa achada.
z Tenha promovido, após o início da ação fiscal
e antes de oferecida a denúncia, o pagamento Apropriação de Tesouro
da contribuição social previdenciária, inclusive
acessórios; Irá praticar este crime o agente que achar tesouro
z O valor das contribuições devidas, inclusive aces- em prédio alheio e se apropriar, no todo ou em parte,
sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido da quota a que tem direito o proprietário do prédio.
pela previdência social, administrativamente, Aqui, pune-se a conduta do indivíduo que acha
como sendo o mínimo para o ajuizamento de suas tesouro em prédio que pertence a outra pessoa e se
execuções fiscais, de acordo com a Procuradoria- apropria da quota-parte que o proprietário do prédio
-Geral da Fazenda Nacional o valor mínimo para tem direito, de acordo com o Código Civil, que estabe-
ajuizar execuções fiscais por débito para com o fis- lece que o tesouro deve ser dividido igualmente entre
co é de R$ 20 mil. aquele que achou e entre o proprietário do local em
que ele foi achado.
O Código Civil conceitua tesouro como depósito
Apropriação de Coisa Havida por Erro, Caso Fortuito
antigo de coisas preciosas, oculto e de cujo dono não
ou Força da Natureza
haja memória.
O tipo penal não se caracteriza com o verbo
Neste crime, a apropriação se dá, não devido a “achar”. Tome cuidado. Aquele que acha tesouro não
relação de confiança existente entre autor e vítima, comete crime algum. A conduta criminosa se encontra
mas sim, porque a coisa chegou ao poder do agente no verbo “apropriar-se”, quando o agente se apropria
por erro, caso fortuito ou força da natureza. da parte a que tem direito o proprietário do prédio.
Ex.: “A” recebe em sua casa, por erro do entrega- Para que este crime se configure, é necessário que
dor das Casas Bahia, uma televisão de 50 polegadas. O o tesouro tenha sido localizado em prédio que possua
agente se apropria da coisa havida por erro. proprietário.
Caso “A” tenha recebido a coisa de boa-fé, mas,
posteriormente, altere a posse da coisa, apropriando- Apropriação de Coisa Achada
-se dela, irá cometer o crime de apropriação de coisa
havida por erro, caso fortuito ou força da natureza.
E aquele lance do “achado não é roubado”, ditado
Entretanto, para configuração do delito, o agente popular muito conhecido?
não pode ter induzido nem mantido a pessoa em erro O crime de apropriação de coisa achada não é cos-
no momento do recebimento da coisa, caso contrário, tuma ser mencionado, mas existe, mas existe.
tendo em vista a fraude, haverá o crime de estelionato. Este crime será aplicado a quem achar coisa alheia
DIREITO PENAL

Na apropriação de coisa havida por erro, ao tempo perdida e dela se apropriar, total ou parcialmente,
do recebimento da coisa, o agente procede de boa-fé, deixando de restitui-la ao dono ou legítimo possuidor
não percebe o erro. Este é constatado após o recebi- ou de entregá-la à autoridade competente, dentro do
mento da coisa. prazo de 15 (quinze) dias.
Necessário, portanto, o dolo subsequente, isto é, o Trata-se de crime a prazo, que é aquele que, para
agente recebe, identifica que não lhe pertence, mas sua consumação, exige que transcorra determinado
fica com o patrimônio. período (15 dias).
O erro deve ser alheio, isto é, de quem concede a Sujeito ativo é aquele que acha a coisa perdida.
disponibilidade da coisa ao sujeito ativo. É necessário Trata-se de crime próprio, pois é praticado por
que o agente não perceba o aludido erro. aquele que acha a coisa perdida. 403
Na hipótese de o sujeito ativo emprestar a coisa Ele induz a vítima em erro (ela não estava em erro
à uma outra pessoa, vindo esta a apropriar-se, não e o agente o faz) ou mantém a vítima em erro (ela
cometerá o delito em apreço, e sim o crime de apro- estava em erro, o agente, de má-fé, faz com que ela
priação indébita, previsto no art.168, do CP. permaneça).
Se, por outro lado, o proprietário achar a própria No estelionato, a vítima, devido ao fato de ter sido
coisa e deixar de restitui-la ao legítimo possuidor, que enganada, colabora com o agente, entregando-lhe, de
a havia perdido, também não se configura o delito, alguma forma, a vantagem.
porque o tipo penal exige que a coisa seja alheia. Esta condição, inclusive, é fator que serve para
Sujeito passivo é o proprietário ou possuidor.
diferenciar o estelionato de outros tipos penais que
O objeto material é coisa alheia perdida.
com ele possam se confundir.
Trata-se de elemento normativo do tipo, cujo signi-
ficado requer um juízo de valor do magistrado. Características do crime de estelionato:
Coisa perdida é a que se encontra em lugar públi-
z Crime comum: não se exige características especí-
co ou de uso público em circunstâncias indicativas do
ficas do sujeito ativo;
extravio, por exemplos, uma carteira exposta no meio
da rua. z Crime material: o crime se consuma com a ocor-
Coisa abandonada (res derelicta) ou coisa sem rência do resultado obtenção da vantagem ilícita,
dono (res nullius), não haverá crime algum por parte acarretando prejuízo a terceiro;
de quem apropriar-se. z Não admite a forma culposa: só se pratica a título
Este torna-se dono da coisa. de dolo;
O elemento subjetivo do tipo é o dolo, consistente z Admite a modalidade tentada.
na vontade de apropriar-se da coisa.
Quanto à consumação, ocorre quando o agente O estelionato privilegiado é aquele em que o agen-
deixa de restituir a coisa ao dono ou legítimo possui- te é primário e é de pequeno valor o prejuízo. Poderá
dor ou de entregá-la à autoridade competente, dentro o juiz, neste caso, substituir a pena de reclusão pela
do prazo de quinze dias. pena de detenção, diminuir a pena de 1/3 a 2/3 ou apli-
O crime de apropriação de coisa achada poderá se car somente a pena de multa.
configurar: Vejamos as formas equiparadas do crime de este-
lionato, que serão submetidas às mesmas penas.
z Se o agente deixa de restituir a coisa achada ao
dono ou legítimo possuidor; Disposição de Coisa Alheia como Própria
z Se o agente deixa de entregar a coisa achada à
autoridade competente. Este crime está previsto no art. 171, § 2º, I, do CP,
ou seja, o agente vende, permuta, dá em pagamento,
Por fim, o Código Penal estabelece a possibilida- em locação ou em garantia coisa alheia como própria
de de se aplicar aos crimes previstos no capítulo da – disposição de coisa alheia como própria. O agente,
apropriação indébita, os institutos aplicáveis ao furto neste crime, faz com que coisa alheia se passe como
privilegiado. dele, enganando outrem.
Logo: Os verbos previstos no tipo são: vender, permutar
(trocar), dar como pagamento, locação ou garantia.
z Se o criminoso é primário; Vender: a venda é o contrato pelo qual as partes se
z Se é de pequeno valor a coisa. obrigam a dar uma coisa por dinheiro. Aperfeiçoa-se
com o acordo de vontades acerca da coisa e do pre-
O juiz poderá: ço, independentemente da tradição. Esta é necessária
para a aquisição da propriedade, e não para a forma-
z Substituir a pena de reclusão pela pena de ção do contrato. Consuma-se o crime com a obtenção
detenção; da vantagem e causação do prejuízo.
z Diminuir a pena de 1/3 a 2/3; Permutar (trocar): a permuta ou troca é o contrato
z Aplicar somente a pena de multa. pelo qual as partes assumem a obrigação de dar uma
coisa por outra. Aperfeiçoa-se também com o simples
ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES acordo de vontades, independentemente da entrega
do bem. Consuma-se o crime quando a vítima entrega
Estelionato ao estelionatário a coisa, pois, nesse momento, opera-
-se o prejuízo e a obtenção da vantagem.
O crime de estelionato, art. 171, do CP, será pratica- Dar em pagamento: a dação em pagamento con-
do quando o agente obtiver, para si ou para outrem, siste na extinção de uma obrigação vencida pelo fato
vantagem ilícita, em prejuízo alheio, induzindo ou de o credor consentir em receber prestação diversa
mantendo alguém em erro, mediante artifício ardil da que lhe é devida. Consuma-se o crime quando o
ou qualquer outro meio fraudulento. estelionatário obtém a quitação da dívida, mediante a
O agente altera, de modo consciente, a data de óbi- promessa de entregar ao seu credor uma certa coisa.
to de seu genitor, induzindo o tabelião em erro para Locação: a locação é o contrato pelo qual uma das
não pagar multa em procedimento extrajudicial de partes se obriga a ceder a outra, por tempo determina-
inventário (vantagem econômica). do ou não, o uso e gozo de coisa infungível, mediante
Observe que o crime fala em vantagem ilícita certa retribuição. Consuma-se o crime quando o este-
(segundo a doutrina majoritária, deve ser vantagem lionatário recebe o sinal ou o pagamento do primeiro
de natureza patrimonial), podendo ser coisa móvel ou aluguel.
imóvel. Garantia: a garantia compreende o penhor, a hipo-
A vantagem ilícita é obtida pelo agente, que se teca e a anticrese. Consuma-se o crime quando o este-
utiliza de artificio ardil (método de enganar) ou qual- lionatário obtém o empréstimo, dando em garantia
404 quer outro tipo de fraude. uma coisa alheia.
Alienação ou Oneração Fraudulenta de Coisa Própria O crime de fraude para recebimento de indeniza-
ção ou valor de seguro, segundo a doutrina majoritá-
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, II, do CP, ria, é crime formal, que se consuma com a prática da
que consiste no agente que vende, permuta, dá em conduta, independentemente de o agente conseguir
pagamento ou em garantia coisa própria inalienável, ou não receber os valores referentes a indenização ou
gravada de ônus ou litigiosa, ou imóvel que prometeu valor de seguro.
vender a terceiro, mediante pagamento em prestações, Lembre-se que o agente não é punido penalmen-
silenciando sobre qualquer dessas circunstâncias. te por causar mal somente a si mesmo, sendo assim,
Temos que destacar que o objeto material do crime caso ele se lesione sem o fim de receber seguro, ele
pode ser bem móvel ou imóvel. não será sujeito passivo do crime.
Vejamos: O sujeito passivo será a seguradora.
Coisa própria inalienável – os bens inalienáveis
são: bem de família do Código Civil, bem doado com Fraude no Pagamento por Meio de Cheque
cláusula de inalienabilidade e bem deixado por testa-
mento com cláusula de inalienabilidade. Este crime está previsto no art. 171, § 2º, VI, do CP,
Coisa própria gravada de ônus, por exemplos: consiste no ato de o agente emitir cheque, sem sufi-
penhor, hipoteca, anticrese, enfiteuse, servidão, ciente prisão de fundos em poder do sacado, ou lhe
frustra o pagamento.
superfície, uso, usufruto, habitação e superfície.
Leve em consideração que, para configuração des-
Coisa própria litigiosa: bem sub-judice é aquele em
ta forma equiparada de estelionato é necessário que o
que há uma ação judicial acerca da titularidade da agente saiba desde o início que não dispõe de fundos
propriedade. para cobrir o cheque, não se englobando nesta moda-
Imóvel próprio que prometeu vender a terceiro, lidade criminosa os casos de não pagamento de che-
mediante pagamento em prestações. que por motivos cotidianos (sem má-fé).
Observa-se que a lei é omissa em relação a imóvel É importante conhecer duas súmulas do STF, refe-
que prometeu vender a terceiro, mediante pagamento rentes ao crime de fraude no pagamento por meio de
a vista. Também é omissa sobre o compromisso que cheque.
recai sobre bens móveis, ainda que em prestações.
Súmula 521: O foro competente para o processo e
Defraudação de Penhor julgamento dos crimes de estelionato, sob a modali-
dade da emissão dolosa de cheque sem provisão de
fundos, é o local onde se deu a recusa do pagamento
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, III, do CP,
pelo sacado.
consiste na conduta de o agente defraudar, median-
Súmula 554: O pagamento de cheque emitido sem
te alienação não consentida pelo credor ou por outro provisão de fundos, após o recebimento da denún-
modo, a garantia pignoratícia, quando tem a posse do cia, não obsta ao prosseguimento da ação penal.
objeto empenhado.
É essencial a fraude, isto é, a falta de autorização Podemos concluir, pela leitura da Súmula 554, que
do credor. O consentimento deste exclui o crime. se o agente pagar os valores referentes ao cheque emi-
A consumação ocorre com a efetiva defraudação, tido sem fundos, antes do recebimento da denúncia,
isto é, com a alienação, ocultação, abandono e etc. da será impedido o início da ação penal.
coisa empenhada. Vejamos também a Súmula 17 do STJ: Quando o
A defraudação parcial é suficiente para a consu- falso se exaure no estelionato, sem mais potencialida-
mação, porque diminui a garantia do credor, gerando de lesiva, é por este absorvido.
prejuízo. Entenda da seguinte forma: se o uso do documento
falso se exaurir (extinguir) na prática do estelionato,
Fraude na Entrega de Coisa este crime absorverá aquele.
Se não se exaurir, o agente responderá pelos dois
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, IV, do CP, crimes em concurso formal.
Observe as causas de aumento de pena previstas
em que o agente defrauda substância, qualidade ou
no Código Penal para o estelionato.
quantidade, de coisa que deve entregar a alguém.
A pena será aumentada de 1/3 (um terço) se o cri-
Vejamos, o tipo penal faz a seguinte alusão: “coisa me é praticado:
que deve entregar a alguém”, pressupondo-se, portan-
to, uma obrigação de prestação de dar entre as partes.
z Em detrimento de entidade de direito público
A obrigação deve ser a título oneroso. Se for gratui- ou de instituto de economia popular, assistência
ta, como o comodato e a doação, desaparece o delito, social ou beneficência;
porque não há prejuízo ao credor. Nos negócios gra- z É chamado de estelionato previdenciário.
tuitos não se pode reclamar sequer vício redibitório,
de modo que o devedor não é sancionado nem na A pena será aplicada em dobro:
esfera cível.
Se não houver uma obrigação antecedente, a
entrega de coisa defraudada pode configurar o delito Estelionato Contra Idoso
DIREITO PENAL

do art.171 caput.
Estelionato contra idoso é causa de aumento de pena,
que foi incluída pela Lei nº 13.228/2015, que acrescentou
Fraude para Recebimento de Indenização ou Valor de o §4º do art. 171 do CP, cuja redação é a seguinte:
Seguro Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometido
contra idoso.
Este crime está previsto no art. 171, § 2º, V, do CP, Idoso é a pessoa com mais de 60 (sessenta) anos ao
em que o agente destrói, total ou parcialmente, ou tempo da conduta criminosa.
oculta coisa própria, ou lesa o próprio corpo ou a saú- Esta majorante incide sobre todas as modalidades
de, ou agrava as consequências da lesão ou doença, de estelionato. Somente se procede mediante repre-
com o intuito de haver indenização ou valor de seguro. sentação, salvo se a vítima for: 405
z A Administração Pública, direta ou indireta; A segunda conduta incriminada é alojar-se em
z Criança ou adolescente; hotel sem dispor de recursos para efetuar o pagamen-
z Pessoa com deficiência mental; ou to. A punição, evidentemente, estende-se a fatos que
z Maior de 60 (sessenta) anos de idade ou incapaz. ocorram em estabelecimentos similares, como pen-
sões ou pousadas.
Duplicata Simulada A terceira e última conduta criminosa consiste em
utilizar-se de meio de transporte (ônibus, táxi, lota-
O crime consiste em emitir fatura, duplicata ou nota ção, barco, trem) sem possuir recursos para efetuar
de venda que não corresponda à mercadoria vendida, o pagamento.
em quantidade ou qualidade, ou ao serviço prestado. O tipo penal expressamente exige que o agente
Pena cominada é detenção, de 2 a 4 anos, e multa. realize as condutas típicas sem dispor de recursos
Nas mesmas penas incorrerá aquele que falsificar para efetuar o pagamento naquele instante.
ou adulterar a escrituração do Livro de Registro de É necessário (elementar do tipo penal) que o agen-
Duplicatas. te não tenha recursos para pagar a refeição, o aloja-
mento ou o meio de transporte.
Abuso de Incapazes Caso o agente tenha os recursos necessários, entre-
tanto, recuse-se a efetuar o pagamento, não cometerá
Este crime de estelionato consiste em abusar, em o crime de outras fraudes.
proveito próprio ou alheio, de necessidade, paixão ou Deve-se se identificar a má-fé do agente, quando
inexperiência de menor, ou da alienação ou debilida- da prática da conduta descrita no tipo penal. Ele deve
de mental de outrem, induzindo qualquer deles à prá- saber que não dispõe de recursos para pagar e mes-
tica de ato suscetível de produzir efeito jurídico, em mo assim utilizar dos serviços descritos. Caso ocor-
prejuízo próprio ou de terceiro. ra um imprevisto, o agente perde seu dinheiro sem
saber, por exemplo, ele não será responsabilizado
Induzimento à Especulação penalmente.
Trata-se de crime promovido mediante ação penal
O induzimento à especulação é o crime de abusar, pública condicionada à representação da vítima.
em proveito próprio ou alheio, da inexperiência ou Admite-se a aplicação do instituto do perdão judi-
da simplicidade ou inferioridade mental de outrem, cial, já que o juiz, conforme as circunstâncias, poderá
induzindo-o à prática de jogo ou aposta, ou à especula- deixar de aplicar a pena.
ção com títulos ou mercadorias, sabendo ou devendo
saber que a operação é ruinosa.
Fraudes e Abusos na Fundação ou Administração de
Sociedade por Ações
Fraude no Comércio
A modalidade criminosa prevista no caput do art.
A fraude no comércio é o crime de enganar, no
177 refere-se à fundação da sociedade por ações.
exercício de atividade comercial, o adquirente ou con-
Trata-se de crime em que o fundador da socieda-
sumidor que:
de por ações (sociedade anônima ou comandita por
ações) induz ou mantém em erro os candidatos a
z Vende, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
sócios, o público ou presentes à assembleia, fazendo
falsificada ou deteriorada;
falsa afirmação sobre circunstâncias referentes à sua
z Entrega uma mercadoria por outra.
constituição ou ocultando fato relevante desta. Podem
girar elas sobre falsa informação a respeito de subs-
É também crime de fraude no comércio, a conduta
de alterar em obra que lhe é encomendada a qualida- crições ou entradas, de recursos técnicos da compa-
de ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso, nhia, de nomes de pseudoinvestidores e etc. Na forma
pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor omissiva, pode o agente cometer o crime ocultando o
valor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, nome dos fundadores, de problemas técnicos etc., cujo
como precioso, metal de outra qualidade. conhecimento poderia prejudicar ou impedir a subs-
No crime de fraude no comércio, se o criminoso é crição de ações e a própria constituição da sociedade.
primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz A fraude pode constar de prospecto ou de comunica-
pode substituir a pena de reclusão pela de detenção, ção feita ao público ou em assembleia da empresa.
diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a Trata-se de crime próprio em que o sujeito ativo é
pena de multa. o responsável pela fundação da sociedade por ações.
Sujeito passivo são as pessoas físicas ou jurídicas
Outras Fraudes que subscreveram o capital ludibriadas.
É crime formal que se consuma no momento em
O crime fica configurado quando o agente tomar que é lançado o prospecto ou o comunicado com a
refeição em restaurante, alojar-se em hotel ou utili- afirmação falsa ou contendo a omissão fraudulenta
zar-se de meio de transporte sem dispor de recursos de informação relevante, ainda que disso não decorra
para efetuar o pagamento. qualquer resultado lesivo.
A primeira conduta é tomar refeição em restauran- Sobre a pena, é claro que as figuras do § 1º do art.
te sem dispor de recursos para efetuar o pagamento. 177, do CP, é subsidiário, ou seja, cede lugar quando
A lei refere-se genericamente a restaurante, de tal o fato se enquadra como crime contra a economia
forma que abrange lanchonetes, cafés, bares e outros popular da Lei nº 1.521/1951.
estabelecimentos que sirvam refeição. Esta, aliás, Nas figuras descritas no § 1º do art. 177, do CP, a
engloba a ingestão de bebidas. Entende-se que o deli- lei penal incrimina fraudes e abusos na administra-
to não se configura quando o agente é servido em sua ção da sociedade por ações, estabelecendo as mesmas
406 própria residência. penas para:
z O diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por z A empresa não está legalmente constituída (art. 1º);
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balan- z Inexiste autorização do Governo Federal para a
ço ou comunicação ao público ou à assembleia faz emissão (arts. 2º e 4º);
afirmação falsa sobre as condições econômicas da z Inexistem as mercadorias no documento
sociedade, ou oculta fraudulentamente, no todo especificadas;
ou em parte, fato a elas relativo, e o liquidante, z Há emissão de mais de um título para a mesma
bem como o representante da sociedade anônima mercadoria ou gêneros especificados no título;
estrangeira, autorizada a funcionar no País, que z O título não perfaz as exigências reclamadas no
pratica os atos mencionados, ou dá falsa informa- art. 15 do decreto.
ção ao Governo;
z O diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por Sujeito ativo é o depositário da mercadoria. Sujei-
qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de to passivo é o endossatário ou portador que recebe o
outros títulos da sociedade, e o liquidante, bem como título sem saber da ilegalidade.
o representante da sociedade anônima estrangeira, O crime se consuma quando o título é colocado
autorizada a funcionar no País, que pratica os atos em circulação e a tentativa não é possível, pois, ou o
mencionados, ou dá falsa informação ao Governo; agente o coloca em circulação, consumando o crime,
z O diretor ou o gerente que toma empréstimo à
ou não o faz, sendo atípica a conduta.
sociedade ou usa, em proveito próprio ou de ter-
ceiro, dos bens ou haveres sociais, sem prévia
Fraude à Execução
autorização da assembleia geral, e o liquidante;
z O diretor ou o gerente que compra ou vende, por
O crime consiste na existência de uma senten-
conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
ça a ser executada ou de uma ação executiva e
quando a lei o permite, e o liquidante;
mandamento.
z O diretor ou o gerente que, como garantia de crédi-
to social, aceita em penhor ou em caução ações da O agente, com o fim de fraudar a execução, desfa-
própria sociedade e o liquidante; z-se de seus bens por meio de uma das condutas des-
z O diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em critas na lei:
desacordo com este, ou mediante balanço falso,
distribui lucros ou dividendos fictícios; z Alienando;
z O diretor, o gerente ou o fiscal que, por interpos- z Desviando;
ta pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a z Destruindo ou danificando bens; ou
aprovação de conta ou parecer, e o liquidante. z Simulando dívidas.

Observe-se que, em tal dispositivo, o legislador Sujeito ativo é o devedor.


pune o diretor, o gerente e, em alguns casos, o fiscal Se for empresário e as condutas forem perpetra-
e o liquidante, que incidam em fraude em afirmação das após decretada sua quebra, o ato caracterizará
referente à situação econômica da empresa, realizem crime falimentar.
falsa cotação de ações, tomem emprestado ou usem O sujeito passivo é o credor.
indevidamente bens ou haveres da sociedade, com- Trata-se de crime material que somente se consu-
prem ou vendam ilegalmente ações, prestem caução ma quando a vítima sofre algum prejuízo patrimonial
ou penhor ilegais, distribuam lucros ou dividendos em consequência da atitude do agente.
fictícios ou aprovem fraudulentamente conta ou pare- A tentativa é possível quando o sujeito não conse-
cer. Todos esses crimes são próprios, pois só podem gue realizar a conduta típica pretendida.
ser cometidos pelas pessoas expressamente mencio- A ação penal é privada.
nadas no texto legal. Se a fraude atingir execução promovida pela
União, Estado ou Município, a ação será pública
Emissão Irregular de Conhecimento de Depósito ou incondicionada.
“Warrant”
RECEPTAÇÃO
Trata-se de dispositivo fundamentado no Decreto
nº 1.102/1903, que permite a emissão do conhecimen- O crime de receptação pode ser dividido em:
to de depósito e do warrant quando mercadorias são
depositadas em armazéns gerais. z Receptação simples;
Esses títulos, negociáveis por endosso, são entre- z Receptação qualificada;
gues ao depositante, sendo que o primeiro é documen- z Receptação culposa;
to de propriedade da mercadoria e confere ao dono o z Receptação de animal.
poder de disposição sobre a coisa, enquanto o segun-
DIREITO PENAL

do confere ao portador direito real de garantia sobre Antes de iniciarmos a análise de cada uma das
as mercadorias. divisões feitas acima, é importante mencionar que,
Quem possui ambos tem a plena propriedade segundo posicionamento doutrinário majoritária,
delas. confirmada pela jurisprudência do STF, a coisa deve
Delito é a circulação desses títulos em desacordo ser móvel.
com disposição legal. É importante que você saiba, também, que a recep-
Trata-se de norma penal em branco, complemen- tação é punível ainda que desconhecido ou isento de
tada pelo Decreto nº 1.102/1903. pena o autor do crime de que proveio a coisa.
De acordo com seus ditames, a emissão é irregular Logo, a punição da receptação não depende da
quando: punição do crime anterior, de que se obteve a coisa. 407
Receptação Simples No caso de receptação dolosa, aplica-se o institu-
to do privilégio, podendo o juiz, caso o agente seja
O crime de receptação, previsto no Artigo 180 do primário e seja de pequeno valor a coisa, substituir
Código Penal, pratica-se quando o agente adquirir, a pena de reclusão pela pena de detenção, reduzir a
receber, transportar, conduzir ou ocultar, em provei- pena de 1/3 a 2/3; ou aplicar somente a pena de multa.
to próprio ou alheio, coisa que sabe ser produto de cri- Em 2017, por meio da Lei 13.531, foi inserido
me, ou influir para que terceiro, de boa-fé, a adquira, importante dispositivo ao Código Penal, que aumenta
receba ou oculte. a pena do agente ao dobro.
É crime comum, tanto em relação ao sujeito ativo, A pena prevista para a receptação simples (própria
como em relação ao sujeito passivo. ou imprópria) será aplicada em dobro, tratando-se
A doutrina divide a receptação simples em própria
de bens do patrimônio da União, de Estado, do Dis-
ou imprópria. Conheça tal divisão:
trito Federal, de Município ou de autarquia, fundação
pública, empresa pública, sociedade de economia mis-
z Receptação Própria: adquirir, receber, transpor-
ta ou empresa concessionária de serviços públicos.
tar, conduzir ou ocultar, em proveito próprio ou
alheio, coisa que sabe ser produto de crime.
Receptação de Animal
z Receptação Imprópria: influir para que terceiro,
de boa-fé, a adquira, receba ou oculte.
Trata-se de um tipo autônomo de receptação e não
uma forma qualificada de receptação, já que se altera
A receptação é crime de tipo misto alternativo,
os patamares mínimos e máximos da pena.
podendo o agente ser responsabilizado penalmente,
A receptação de animal (semovente domesticável
caso pratique qualquer um dos verbos descritos no
tipo penal. de produção) tem a pena de reclusão, de 2 a 5 anos e
multa.
O crime de receptação de animal está previsto no
Receptação Qualificada
artigo 180-A do Código Penal.
Foi inserido pela Lei nº 13.330/2016, sendo, portan-
A receptação qualificada é aquela praticada no
exercício de atividade comercial ou industrial. to, um tipo penal bastante recente.
Será qualificada a receptação quando o agente Este crime será praticado quando o agente adqui-
adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter rir, receber, transportar, conduzir, ocultar, ter em
em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, depósito ou vender, com a finalidade de produção ou
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em de comercialização, semovente domesticável de pro-
proveito próprio ou alheio, no exercício de atividade dução, ainda que abatido ou dividido em partes, que
comercial ou industrial, coisa que deve saber ser pro- deve saber ser produto de crime.
duto de crime. Aqui, também é admitido o dolo eventual (que
A pena no caso da modalidade qualificada será de deve saber ser produto de crime).
3 (três) a 8 (oito) anos. Semovente domesticável de produção pode ser
É admitido, na receptação qualificada, tanto o dolo entendido como o animal de bando, como bovinos e
direto quanto o dolo eventual (coisa que deve saber suínos, que constituem patrimônio de alguém, domes-
ser produto de crime). ticados com finalidade produtiva.
Será equiparada à atividade comercial, para fins Ex.: Fulano adquiri, no exercício do comércio em
de receptação qualificada, qualquer forma de comér- seu açougue, gado abatido após ser furtado em uma
cio irregular ou clandestino, inclusive aquele exerci- fazenda, com a finalidade de comercializar a carne.
do em residência. Fulano praticou o crime de receptação de animal.

Receptação Culposa DISPOSIÇÕES GERAIS

Segundo entendimento doutrinário majoritário, a Imunidades nos Crimes Contra o Patrimônio


receptação será culposa quando o agente adquirir ou
receber coisa que, por sua natureza ou pela despro- Introdução
porção entre o valor e o preço, ou pela condição de
quem a oferece, presume-se que tenha sido obtida por As disposições gerais dos crimes contra o patrimô-
meio criminoso. nio versam sobre as:
Ex.: Fulano adquiri uma motocicleta, avaliada em
R$ 10.000,00, de Ciclano, que pediu por ela o valor z Imunidades
de R$ 2.500,00. Fulano é abordado por policiais civis, „ Imunidades absolutas
identificando-se, posteriormente, que a motocicleta é „ Imunidades relativas ou processuais penais
objeto de furto.
É possível que Fulano seja responsabilizado cri- z Exceções às imunidades
minalmente por receptação culposa, já que há muita
desproporção entre o valor da coisa e o preço pedido As imunidades absolutas isentam de pena quem
pelo agente, tendo ele elementos para presumir que a comete delito contra o patrimônio em prejuízo de
coisa foi obtida por meio criminoso. ascendente, descendente ou cônjuge, na constância
À receptação culposa se aplica o instituto do per- da sociedade conjugal.
dão judicial, podendo o juiz deixar de aplicar a pena, São autênticas escusas absolutórias, vedando
levando em consideração as circunstâncias do fato e inclusive a instauração do inquérito policial.
408 caso o criminoso seja primário. Trata-se de um perdão legal.
Conquanto o fato seja típico, antijurídico e culpá- Observa-se que, se o agente comete delito de furto
vel, há um impedimento legal da punibilidade, que é em prejuízo de cunhado:
excluída antes mesmo da prática do delito, distinguin-
do-se do perdão judicial, que é concedido pelo juiz na z Se a sua irmã for casada no regime da comunhão
sentença, após o devido processo legal. universal, haverá imunidade.
A primeira causa de imunidade é o delito prati- z Se o regime for o da comunhão parcial, só have-
cado em prejuízo de cônjuge, na constância da socie- rá imunidade se o furto recaiu sobre bem comum,
dade conjugal, por exemplo, não se instaura sequer isto é, comunicável em razão do casamento.
inquérito policial quando a esposa furta o marido, ou z Se o regime for o da separação de bens, não
vice-versa. há falar-se em imunidade, pois os bens não se
A imunidade subsiste na separação de fato. comunicam.
Exclui-se a imunidade se por ocasião do delito eles
estavam separados judicialmente. A última causa de imunidade, delito praticado em
A tendência é estender a imunidade à união está- prejuízo de tio ou sobrinho com quem o agente coabi-
vel, considerando-a equiparada ao casamento. ta, pode se caracterizar ainda que o crime tenha sido
praticado fora do local em que eles vivem, como, por
exemplo, numa pescaria.
Importante! Se não houver coabitação, mas apenas relação de
hospitalidade, moradia eventual, como a que ocor-
O art. 7º, IV, da Lei Maria da Penha considera re nas férias escolares em que o sobrinho vai passar
também violência doméstica o atentado contra alguns dias na casa de um tio, não há falar-se em
o patrimônio da mulher. imunidade.
Diante disso, uma corrente doutrinária susten- O art. 183, do CP, dispõe que as imunidades absolu-
ta que não haveria mais imunidade nos crimes tas e relativas não se aplicam:
patrimoniais contra a mulher.
Entretanto, o STJ já decidiu pela manutenção z Ao crime de roubo, ainda que o roubo seja com
da imunidade, à medida que a referida lei não a violência imprópria, como a subtração ocorrida
afastou expressamente. após o ladrão hipnotizar a vítima, exclui-se a imu-
nidade, pois a lei não abre qualquer exceção ao
delito de roubo.
A segunda causa de imunidade, crime contra o z O crime de extorsão, ainda que se trate da extorsão
patrimônio praticado em prejuízo de ascendente, inci- indireta, onde não há violência ou grave ameaça,
de também nos casos de adoção. exclui-se a imunidade.
Porém, se o filho adotivo furta o pai biológico, este z Aos delitos cometidos com emprego de grave
responderá pelo delito, e vice-versa, pois a adoção ameaça ou violência à pessoa.
extingue os vínculos com a família de sangue. z Ao estranho que participa do crime, pois, a imuni-
Tratando-se de vínculo de afinidade, como sogro, dade é uma circunstância pessoal, logo incomuni-
sogra, genro, nora, padrasto, madrasta, enteado e cável, por exemplo, o terceiro que auxilia o marido
enteada, não há imunidade, tendo em vista a vedação a furtar a esposa responde pelo crime de furto.
da analogia. z Aos delitos praticados contra pessoa com idade
A última causa de imunidade absoluta, quando se igual ou superior a 60 anos.
pratica crime contra o patrimônio em prejuízo de des-
cendente, é aplicada também nos casos de adoção.
Nas imunidades penais relativas, previstas no art.
182 do CP, o delito, de ação pública incondicionada, EXERCÍCIOS COMENTADOS
transmuda-se para ação pública condicionada à repre-
sentação da vítima ou de seu representante legal. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Com relação aos crimes
Tratando-se de crime de ação privada, não há em espécie, julgue o item que se segue, considerando
falar-se em imunidade processual, cuja finalidade é o entendimento firmado pelos tribunais superiores e a
beneficiar, ao invés de prejudicar. doutrina majoritária.
A ação penal privada é mais vantajosa do que a Situação hipotética: Um indivíduo, penalmente impu-
ação penal pública condicionada à representação. tável, ameaçou com arma de fogo um adolescente e
A primeira causa de imunidade processual con- subtraiu-lhe todos os pertences, incluindo-se valores e
siste no fato de o delito ser praticado em prejuízo de objetos pessoais. O autor foi preso logo depois, em fla-
cônjuge judicialmente separado. Vejamos, marido fur- grante delito, todavia, quando da abordagem policial,
ta esposa um tempo depois de o casamento ser dis- já não mais portava a arma utilizada no roubo.
solvido, estão separados judicialmente. Neste caso, há Assertiva: Nessa situação, o agente responderá
imunidade relativa. pelo roubo na forma simples, sendo indispensável a
DIREITO PENAL

Tratando-se de cônjuges divorciados ao tempo do apreensão da arma de fogo pela autoridade policial
crime, não há qualquer imunidade. Por exemplo, após para a caracterização da correspondente majorante
separados judicialmente, ex-esposa furta ex-marido. do crime.
A segunda causa, delito praticado em prejuízo
de irmão, abrange os irmãos germanos ou bilaterais ( ) CERTO ( ) ERRADO
(filhos dos mesmos pais) e os irmãos unilaterais, que
podem ser consanguíneos (filhos do mesmo pai) ou Neste caso, o agente responderá por roubo majora-
uterinos (filhos da mesma mãe). do, pois, de acordo com os tribunais superiores, dis-
É claro que a imunidade também se estende aos pensa-se a apreensão da arma quando for possível
irmãos adotivos. comprovar o seu uso por outros meios de prova. 409
Informativo 536: Não é obrigatório que a arma 5. (CESPE-CEBRASPE – 2013) Em cada item a seguir, é
de fogo seja periciada ou apreendida, desde que, apresentada uma situação hipotética, seguida de uma
outros meios de prova demonstrem seu potencial assertiva a ser julgada com base no direito penal.
lesivo. Exemplos de provas: testemunhas, imagens Três criminosos interceptaram um carro forte e domi-
de câmera de segurança. Resposta: Errado. naram os seguranças, reduzindo-lhes por completo
qualquer possibilidade de resistência, mediante grave
2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Cada um do itens a ameaça e emprego de armamento de elevado calibre.
seguir apresenta uma situação hipotética seguida de O grupo, entretanto, encontrou vazio o cofre do veícu-
uma assertiva a ser julgada, a respeito da aplicação e lo, pois, por erro de estratégia, efetuara a abordagem
da interpretação da lei penal, do concurso de pessoas depois que os valores e documentos já haviam sido
e da culpabilidade. deixados na agência bancária. Por fim, os criminosos
Um indivíduo, penalmente imputável, em continuidade acabaram fugindo sem nada subtrair. Nessa situa-
delitiva, foi flagrado por autoridade policial no decor- ção, ante a inexistência de valores no veículo e ante
rer da prática criminosa de furtar sinal de TV a cabo. a ausência de subtração de bens, elementos consti-
Nessa situação, de acordo com o atual entendimento tutivos dos delitos patrimoniais, ficou descaracteriza-
do Supremo Tribunal Federal, aplica-se a analogia ao do o delito de roubo, subsistindo apenas o crime de
caso concreto, no sentido de imputar ao agente a con- constrangimento ilegal qualificado pelo concurso de
duta típica do crime de furto de energia elétrica. pessoas e emprego de armas.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Vamos ser bem objetivos: Muita atenção nessa questão. Segundo o STF, “A
STF entende que “o sinal de TV a cabo não é energia, inexistência de bens ou dinheiro em poder da víti-
e assim, não pode ser objeto material do delito pre- ma de roubo não caracteriza a hipótese de crime
visto no art. 155, § 3º, do Código Penal”. impossível, uma vez que o delito de roubo é comple-
STJ entende que sinal de TV é energia, punindo-se na xo, cuja execução inicia-se com a violência ou grave
ameaça à vítima” (HC 78.700-SP, rel. Min. Ilmar Gal-
forma do art. 155, § 3º, do Código Penal. Resposta:
vão, 16.3.99). Resposta: Errado.
Errado.

3. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A respeito dos crimes


contra o patrimônio, julgue o item a seguir. O crime de
extorsão mediante sequestro, desde que se prove que a DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE
intenção do agente era, de fato, sequestrar a vítima, se
consuma no exato instante em que a pessoa é seques-
SEXUAL
trada, privada de sua liberdade, independentemente de BEM JURÍDICO TUTELADO
o(s) sequestrador(es) conseguir(em) solicitar(em) ou
receber(em) o resgate. Na redação original do Código Penal de 1940, os
tipos constantes no Título VI, da Parte Especial, eram
( ) CERTO ( ) ERRADO chamados de “Crimes conta os costumes”. Costumes,
na época, tinha o significado de hábitos, condutas
A questão deixa claro que o crime avaliado é o de sexuais que eram aprovadas pela moral vigente.
extorsão, mediante sequestro, art. 159, do CP. O crime Com a promulgação da Constituição Federal de
de extorsão mediante sequestro se consuma quando 1988, que adotou a dignidade da pessoa humana
o agente priva a vítima de sua liberdade, pois, trata-
como fundamento, a dotrina passou a entender que
-se de crime formal. Observa-se, no mesmo sentido, a
ao invés de tutelar os costumes, a lei penal deveria
Súmula 96, do STJ, o crime de extorsão consuma-se
proteger o bem jurídico liberdade sexual em sentindo
independentemente da obtenção da vantagem indevi-
da. O recebimento da quantia exigida pelo sequestra- amplo. Seguindo esse entendimento, a Lei nº 12.015/09
dor é mero exaurimento do crime. Resposta: Certo. promoveu alterações em alguns tipos penais e mudou
o bem jurídico do Título VI do CP, que passou a ser
4. (CESPE-CEBRASPE – 2015) A respeito dos crimes denominado “Dos crimes contra a dignidade sexual”.
contra o patrimônio, julgue o item a seguir. Os crimes contra a dignidade sexual trazem, por-
Considere que um indivíduo tenha encontrado, na rua, tanto, a tipificação de condutas sexuais praticadas:
um celular identificado e totalmente desbloqueado.
Considere, ainda, que esse indivíduo tenha mantido o a) contra a vontade da vítima – Capítulo I;
objeto em sua posse, deixando de restituí-lo ao dono. b) mediante fraude (vontade viciada) – Capítulo I; e
Nessa situação, só existirá infração penal se o legíti- c) contra vulneráveis – Capítulo II
mo dono do objeto tiver reclamado a sua posse e o
objeto não lhe tiver sido devolvido. Em todos os tipos penais dos crimes contra a dig-
nidade sexual o bem jurídico tutelado é a liberdade
( ) CERTO ( ) ERRADO sexual.
Inseridos ao tema crimes contra a dignidade
A questão trata do crime de apropriação de coisa sexual encontram-se o tipo do estupro (art. 213, CP), o
achada, art. 168, II, do Código Penal. O sujeito que assédio sexual (art. 216-A), o registro não autorizado
acha coisa alheia perdida e dela se apropria, total ou da intimidade sexual (art. 216-B) e o estupro de vulne-
parcialmente, deixando de restitui-la ao dono ou legí- rável (art. 217-A) tipos penais recorrentes em provas
timo possuidor, ou de entregá-la à autoridade compe- de concursos. Dentre estes, merece destaque o tipo do
tente, dentro do prazo de quinze dias, pratica o crime art. 217-A que costuma receber maior destaque nas
410 de apropriação de coisa achada. Resposta: Errado. provas.
ESTUPRO E a outra forma é qualificada pela morte:
Estupro
§ 2º Se da conduta resulta morte:
Art. 213 Constranger alguém, mediante violência Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a pra-
ticar ou permitir que com ele se pratique outro ato São, assim, três as formas qualificadas:
libidinoso:
Pena – reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. z Estupro com resultado lesão corporal grave (§ 1º)
z Estupro contra vítima menor de 18 e maior de 14 (§ 1º)
No caput do art. 213 encontra-se a modalidade z Estupro com resultado morte (§ 2º)
simples. Constranger significa forçar, coagir alguém
usando de violência (vis absoluta) ou grave ameaça Todos dos tipos de estupro (caput e parágrafos) são
(vis compulsiva). No caso do estupro a coação tem a considerados hediondos, confome o art. 1º, V, da Lei
finalidade de se obter: nº 8.072/90.
a) a conjunção carnal, que é a introdução do pênis
na vagina (cópula vagínica); ou z Hediondos:
b) outro ato libidinoso (diverso da conjunção carnal
como, por exemplo, sexo oral, sexo anal, toques „ Art. 213, caput (estupro simples)
íntimos ou sobre a roupa, masturbação e o beijo „ Art. 213, § 1º (qualif. pela lesão grave/ idade)
lascivo). A conjunção carnal é um tipo de ato libi- „ Art. 213, § 2º (qualif. pela morte)
dinoso (gênero).
O sujeito ativo e o sujeito passivo do estupro
podem ser qualquer pessoa, sem qualquer qualifi-
Atos libidinosos cação especial (crime comum). Homens e mulheres
(gênero) podem ser tanto autores quanto vítimas (crime bico-
mum). A esposa pode ser vítitma do crime pratica-
do pelo marido, ou seja, ocorre o estupro quando
o marido constrange, mediante violência ou grave
Conjunção carnal ameaça, sua esposa à prática de conjunção carnal
(espécie) ou ato libidinoso. Não há nada que impeça, também,
que a prostituta seja sujeito passivo.
É possível a participação (quando um dos autores
Trata-se de um tipo misto alternativo, conforme
segura a vítima para que com ela se pratique os atos)
doutrina e jurisprudência do STF e STJ. Ou seja, se o
e a coautoria (quando há instigação, por exemplo).
sujeito constrange a vítima à conjunção carnal e pra-
Só existe estupro doloso, se consumado com a efe-
tica sexo oral, responde por um só crime. Da mesma
tiva prática da conjunção carnal ou dos atos libidino-
forma a prática de vários atos libidinosos configura
sos (crime material).
crime único (claro desde que contra a mesma víti-
A grave ameaça ou a violência constituem cri-
ma, no mesmo contexto).
mes-meio para a prática do estupro, ficando por
A redação do estupro antes da Lei nº 12.012/09 era
ele absorvidos (princípio da consunção).
assim:
Vamos agora ver algumas particularidades sobre
o crime de estupro que já foram objeto de questiona-
Art. 213 Constranger mulher à conjunção carnal,
mento em provas:
mediante violência ou grave ameaça.
Só mulher poderia ser vítima e somente o homem
z consumação e tentativa. Observe os dois exemplos:
poderia ser sujeito ativo, uma vez que só se consu-
mava o crime pela conjunção carnal.
Os demais atos libidinosos eram protegidos pelo „ o agente aborda sua vítima na rua e a leva para
tipo do atentado violento ao pudor, que se encon- um local ermo com a intenção de estuprá-la;
trava no art. 214, CP, hoje revogado: lá chegando começa a tirar a roupa da vítima,
Art. 214 Constranger alguém, mediante violência momento que é interrompido pela chegada da
ou grave ameaça, a praticar ou permitir que com polícia, antes da prática de algum ato libidinoso
ele se pratique ato libidinoso diverso da conjunção ou de conjunção carnal. Neste caso vai respon-
carnal. der pelo estupro na forma tentada.
Atenção: não houve abolitio criminis, pois, apesar „ vamos modificar um pouco o exemplo acima.
do art. 214 de ter sido revogado, as condutas por Nesta situação, ao retirar as roupas da vítima, o
ele tratadas encontram-se hoje previstas no art. sujeito toca e beija suas partes íntimas, quando
213, CP (houve, portanto, o que chamamos de con- é surpreendio pela polícia. Muito embora não
tinuidade típico-normativa). tenha praticado a conjunção carnal, que era
DIREITO PENAL

seu dolo, antes de ser interropido pela polícia


O estupro tem, também, duas formas qualifica- praticou atos libidinosos ao tocar as partes ínti-
das pelo resultado. A primeira pela ocorrência de mas da vítima. Neste caso, vai responder pelo
lesão corporal grave (tanto faz as graves quanto as estupro consumado.
gravíssímas) ou pela idade da vítima:
z “curra” é o nome vulgarmente dado para a situa-
§ 1º Se da conduta resulta lesão corporal de ção na qual dois ou mais agentes se revezam na
natureza grave ou se a vítima é menor de 18 prática do estupro contra a mesma vítima. Ocor-
(dezoito) ou maior de 14 (catorze) anos: re, por exemplo, quando um agente segura a víti-
Pena – reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. ma, enquanto o outro mantém com ela conjunção 411
carnal; logo após, eles se revezam. Neste caso, menciona com idade “igual”) bem como não tipifica
cada um dos agentes vai responder por dois a conduta com estupro de vulnerável (“menor de”
crimes (um como autor e outro como coautor, 14 anos). Neste caso, o enquadramento é feito como
como no nosso exemplo; ou ainda como partícipe, estupro simples (art. 213, caput). Fique antento a este
dependendo da situação). fato, que pode ser uma típica “pegadinha’.
z a presença de lesões na vítima não é requisito
necessário, uma vez que certos atos libidinosos não Causas de aumento de pena
deixam marcas visíveis que sejam passíveis de serem
apuradas por meio de exame de corpo de delito. Na Preste atenção que as causas de aumento de pena
verdade, em algumas situações, o contato físico que se aplicam a todos os crimes contra a dignidade
entre a vítima e o agressor não é necessário para sexual, encontram-se no art. 226, que vamos ver mais
que haja consumação do estupro (com relação aos adiante.
atos libidinosos). O tipo do art. 213, menciona “prati- Com a entrada em vigor da Lei nº 13.718/18, que
car” ou “permitir” [a vítima], que com ela se pratique
alterou o art. 225 do Código Penal, TODOS os crimes
ato libidinoso diverso da conjunção carnal. Imagine
contra a dignidade sexual passaram a ser crimes de
a situação hipotética na qual o agente constrage a
vítima mediante grave ameaça a tocar seu próprio ação penal pública incondicionada, não precisando
corpo de maneira erótica (automasturbação). Neste mais da representação da vítima.
caso o agente vai responder pelo estupro, uma vez Agora vamos praticar um pouco para fixar alguns
que constrangeu a vítima a praticar ato libidinoso, pontos do que já estudamos.
mediante grave ameaça.
z absurdamente, o casamento da vítima com o
agressor (ou com terceiro), até 2005, configura-
va causa extintiva da punibilidade para os cri-
EXERCÍCIOS COMENTADOS
mes de estupro. A Lei nº 11.106/05, entre outras
mudanças, acabou com essa possibilidade. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2015) Cometerá o crime de
estupro a mulher que constranger homem, mediante
Formas qualificadas pelo resultado grave ameaça, a com ela praticar conjunção carnal.

O art. 213, apresenta duas formas de estupro qua- ( ) CERTO ( ) ERRADO


lificado pelo resultado: no § 1º (lesão grave) e no §
2º (morte). Em relação à lesão corporal, esta pode ser A questão está correta. Com as alterações feitas no
tanto grave quanto gravíssima (a distinção encontra- art. 213, CP pela Lei nº 12.015/09, tanto o homem
-se no art. 129, CP, respectivamente, nos §§ 1º e 2º). As quanto a mulher podem ser tanto sujeitos ativos
lesões leves são absorvidas. quanto passivos do crime de estupro (seja na prá-
Em relação a estes resultados mais graves (lesão tica de conjunção carnal ou de outros atos libidi-
grave e morte), a maioria da doutrina entende ser nosos). Antes da modificação apenas a mulher era
hipótese de crime preterdoloso, isto é, o resultado vítima de estupro. Resposta: Certo.
lesão ou morte se dá por culpa do atente (lembre-se
preterdolo = dolo na conduta antecedente e culpa na
consequente). Nesse sentido, se o agente quer estu- 2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A revogação do crime
prar e também tem o dolo de lesionar ou de matar, de atentado violento ao pudor não configurou abolitio
vai responder pelos dois crimes em concurso. Alguns criminis, pois houve continuidade típico-normativa do
doutrinadores, no entanto, entre eles Guilherme Nuc- fato criminoso.
ci, entendem ser indiferente o fato do agente agir com
dolo ou culpa em relação ao resultado mais grave. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O § 1º apresenta, ainda, a qualificadora pela ida-
de da vítima, caso seja menor de 18 e maior de 14. A questão está correta. As condutas previstas no
Em relação à idade da vítima, temos as seguintes hi- revogado art. 214, CP (atentado violento ao pudor)
póteses (atenção que há uma possível “pegadinha” de foram incorporadas ao tipo do art. 213, configuran-
prova). do o que se denomina continuidade típico-normati-
va (o tipo foi revogado, mas a conduta não deixou
IDADE DA VÍTIMA CONSEQUÊNCIA de ser criminosa, sendo incorporada a outra norma
penal incriminadora). Resposta: Certo.
Estupro simples (art.
Maior de 18 anos
213, caput, CP) 3. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Júnia, de quatorze anos
Vítima maior de 14 e me- Estupro qualificado (art. de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de
nor de 18 213, § 1º, CP) ter praticado crime de natureza sexual consistente em
conjunção carnal forçada no dia do último aniversário
Estupro de vulnerável da jovem. Pierre, contudo, alega que o ato sexual foi
Vítima menor de 14 anos
(art. 217-A, CP) consentido.
A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a
Você notou uma “falha”? O que acontece se a víti- seguir, tendo como referência aspectos legais e juris-
ma tiver exatos 14 anos, ou seja, se for estuprada exa- prudenciais a ela relacionados.
tamente no dia em que completa 14 anos? Existe uma Se comprovada a prática do crime, Pierre responderá
lacuna na lei que deixa de fora da forma qualifica- por estupro de vulnerável, haja vista a idade da vítima.
da a vítima com exatos 14 anos completos na data
412 do crime (que fala em vítima “maior de” 14, mas não ( ) CERTO ( ) ERRADO
A questão está errrada. Você se lembra da possível Veja que para que configure este tipo, deve haver
“pegadinha”? A questão se refere ao absurdo legis- fraude, engano, ardil; se houver violência ou grave
lativo: a “falha” na lei que deixa de fora da forma ameaça não configura o art. 215, CP.
qualificada a vítima com exatos 14 anos completos Se a vítima for menor de 14 anos, vai ser o caso da
na data do crime (que fala en vítima em “maior de” incidência do art. 217-A.
14, mas não menciona com idade “igual”) bem como
não tipifica a conduta com estupro de vulnerável Não é crime hediondo.
(“menor de” 14 anos). Resposta: Errado.

4. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de crimes con- O parágrafo único do art. 215 prevê a aplicação
tra a dignidade sexual, assinale a opção correta. também da pena de multa se o delito é praticado com
Em se tratando de crime de estupro em que a vítima a finalidade de obter vantagem econômica, como no
seja maior de dezoito anos de idade e plenamente caso do agente que deixa de pagar a prostituta após
capaz, a ação penal é pública incondicionada, ainda que a realização da conjunção carnal ou de outro ato
não tenha ocorrido violência real na prática do crime. libidinoso.

( ) CERTO ( ) ERRADO IMPORTUNAÇÃO SEXUAL


A questão está errada pois, como vimos, todos os
crimes contra a dignidade sexual são crimes de ação Incluído pela Lei nº 13.718/18, o art. 215-A revogou
penal pública incondicionada. Resposta: Errado. o art. 61 da Lei de Contravenções Penais (que previa
conduta semelhante), criando o tipo penal de impor-
VIOLAÇÃO SEXUAL MEDIANTE FRAUDE tunação sexual:

A atual redação do art. 215, CP se deu com as Art. 215-A Praticar contra alguém e sem a sua
modificações da Lei nº 12.015/09, dá qual já falamos anuência ato libidinoso com o objetivo de satisfazer
quando estudamos o estupro. Aqui houve nova conti- a própria lascívia ou a de terceiro:
nuidade típico-normativa: o tipo do 216 foi revogado Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o ato
e a conduta incluída no art. 215, CP. não constitui crime mais grave.
Art. 215 Ter conjunção carnal ou praticar outro
ato libidinoso com alguém, mediante fraude ou Exemplo de conduta tratada por este tipo penal
outro meio que impeça ou dificulte a livre manifes- foi objeto de destaque na mídia em tempos recentes,
tação de vontade da vítima: que se materializava quando o sujeito, dentro de um
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. transporte coletivo, ejaculava na vítima ou se esfre-
Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de gava nela.
obter vantagem econômica, aplica-se também multa. Os principais aspectos sobre esse crime são:

Consiste na prática de conjunção carnal ou outro z não é hediondo;


ato libidinoso com alguém (homem ou mulher) com z é crime subsidiário (só vai se aplicar se não consti-
emprego de fraude ou outro meio que impeça ou tuir crime mais grave);
dificulte a livre manifestação de vontade da vítima. z é bicomum (homem e mulher podem ser sujeitos
O exemplo clássico (que já apareceu em mais de uma ativos/passivos);
prova) é o do médico que pede para que a paciente tire z se praticado contra menor de 14 anos, é afastado,
toda a roupa, pois precisa examiná-la e, sem que seja incindo o tipo do art. 217-A; e
necessário, toca as partes íntimas da vítima (que foi en- z deve ser praticado contra vítima(s) determina(s);
ganada, pois pensou que os toques fossem parte normal se não é praticado contra pessoa específica, cons-
do exame; ou seja houve engano sobre a legitimidade titui ato obsceno (art. 233, CP) como por exemplo,
do ato). Outro exemplo muito usado é o do irmão gêmeo quando o agente se masturba no meio de um par-
que toma o lugar de seu irmão e pratica conjunção car- que, sem se dirigir a ninguém de forma particular.
nal com a namorada deste (engano sobre a pessoa).
ASSÉDIO SEXUAL
Importante!
O assédio sexual encontra-se previsto no art. 216-A:
Na hora da prova não confunda o crime do art.
215 com o do art. 217-A (que vamos ver logo Art. 216-A Constranger alguém com o intuito de
mais). A redação da violação sexual mediante obter vantagem ou favorecimento sexual, prevale-
fraude (art. 215) aponta que o agente deve impe- cendo-se o agente da sua condição de superior hie-
rárquico ou ascendência inerentes ao exercício de
dir ou dificultar a livre manifestação da vontade
emprego, cargo ou função.
da vítima: se o agente retira por completo a von- Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos
tade da vítima (embebedando-a completamen- Parágrafo único.
DIREITO PENAL

te, por exemplo), esta se torna vulnerável, sendo § 2º o A pena é aumentada em até um terço se a
o caso então da aplicação do tipo penal do art. vítima é menor de 18 (dezoito) anos.
217-A (estupro de vulnerável).
Também não confunda o art. 215 com o 213 O Párágrafo único foi vetado. Temos apenas o § 2º.
(estupro): o meio de execução é diferente: A palavra constranger, no caso do art. 216-A, não
� Art. 213 (estupro): Violência ou grave ameaça. tem o mesmo sentido do que no estupro: o assédio
� Art. 215 (violação): Fraude ou outro meio que impeça sexual tem a ideia de intimidar alguém a fazer
ou dificulte a manifestação de vontade. alguma coisa (atos sexuais, libidinosos) sem o uso
de violência ou grave ameaça. O intuito do agente é
413
obter favorecimento sexual de qualquer forma (pode z numa prova discursiva, explique as duas posições.
ser até um beijo), mediante uma ameaça (quer pode Veja o posicionamento, por exemplo, de Guilher-
ser explícita ou não) ou de uma promessa (de promo- me Nucci.
ção, por exemplo), que também pode ser explícita ou
implícita. Lembre-se que em relação à hipótese de assédio
O sujeito ativo está em posição hierarquicamente sexual entre líderes religiosos: não cabe.
superior à vitima (tem maior autoridade na estrutura
administrativa) ou que tem ascendência inerente ao
emprego, cargo ou função que exerce (setor privado);
por sua vez, o sujeito passivo é o subordinado (assédio EXERCÍCIOS COMENTADOS
vertical). É o que se chama de crime bipróprio (exige
carecterísticas especiais do sujeito ativo e do passivo). 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) A respeito de crimes con-
Não há assédio sexual entre funcionários do mes- tra a dignidade sexual, assinale a opção correta.
mo nível (assédio horizontal). Também não se confi- Caracteriza o crime de assédio sexual a conduta de
gura quando o subordinado assedia o superior. médico ginecologista que, durante atendimento, pratica
São aspectos relevantes relativos ao tipo do art. 216-A: ato libidinoso contra paciente, aproveitando-se do con-
sentimento dado por ela para a realização de exame
z é crime bicomum; ginecológico.
z o flerte (paquera) ou o namoro não configuram a
conduta descrita; ( ) CERTO ( ) ERRADO
z se a vítima é menor de 14 anos, configura o tipo do
art. 217-A; Questão errada. Como vimos, a questão descreve o
z é crime formal (de resultado cortado), ou seja, clássico exemplo de violação sexual mediante frau-
consuma-se com o constrangimento; de (art. 215, CP). Resposta: Errado.
z o parágrafo § 2º determina o aumento de até um
2. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Deverá responder por cri-
terço se a vítima tem mais de 14 e é menor do que
me de assédio sexual o líder religioso que, no ambien-
18 anos (cuidado que o dispositivo fala em menor
te ecumênico, por reiteradas vezes, importunar fiel
de 18, mas como vimos, os menores de 14 são cui-
para que realize ato de natureza sexual.
dados pelo art. 217-A); não estabelece, no entan-
to, o quantitativo mínimo de aumento: a doutrina
aponta que deve ser aplicado o aumento mínimo ( ) CERTO ( ) ERRADO
existente no CP: um sexto;
Questão errada. Neste caso, a doutrina aponta que
z a paixão do agente pela vítima não excluem o
não há a necessária relação de hierarquia e subor-
crime (veja o art. 28, I do CP, que afirma expres-
dinação entre religioso e fiel, necessária para a con-
samente que a emoção e a paixão não afastam a
figuração do tipo de assédio sexual. Cuidado para
responsabilidade penal);
não fazer a mesma relação existente entre professor
z conforme a doutrina majoritária é crime instan- e aluno. Resposta: Errado.
tâneo, não exigindo a prática de atos de forma
reiterada; 3. (CESPE-CEBRASPE – 2017) Deverá responder por
z não se exige que o assédio ocorra dentro do crime de assédio sexual o empregador que, fora do
ambiente de trabalho; e ambiente laboral, constranger funcionário a conceder
z por último temos a questão da relação professor e favorecimento sexual, valendo-se de sua condição
aluno. Existe o crime, por exemplo, quando o pro- hierárquica.
fessor, ao afirmar a uma aluna que precisava de
pontos para ser aprovada em sua disciplina, apro- ( ) CERTO ( ) ERRADO
xima-se e toca sua barriga e seus seios? Neste caso
temos duas posições: a primeira corrente afirma Questão correta. A quetão descreve perfeitamente
que não, por não haver hierarquia ou ascendência a conduda de assédio sexual (constrangimento de
do docente em relação ao aluno (já foi o entendi- subordinado com a finalidade de obter vantagem
mento predominante e ainda prevalece na dou- sexual); apenas tenta confundir incluindo a expres-
trina); já pela segunda corrente, adotada pelo STJ são “fora do ambiente de trabalho”. Como estu-
em 2019 (ao analisar exatemente um caso como damos, o tipo do assédio não estabelece qualquer
o do exemplo), afirma que, apesar de não haver condição especial em relação ao local do crime. Res-
relação de hierarquia, há um domínio do docen- posta: Certo.
te sobre o aluno, sendo aplicável o tipo do assédio
sexual. Essa discussão se aplica na relação entre REGISTRO NÃO AUTORIZADO DA INTIMIDADE
líderes religiosos, como pastores e padres, e seus SEXUAL
fiéis; neste caso, aplica-se a posição da doutrina
que afirma não ser possível. Incluído em dezembro de 2018, no CP, pela Lei nº
13.772/18 é o único crime que consta do Capítulo I-A
Em relação à configuração de crime de assédio na do Título VI:
relação entre professor e aluno:
Art. 216-B Produzir, fotografar, filmar ou registrar,
z numa prova objetiva, o mais indicado é seguir a por qualquer meio, conteúdo com cena de nudez ou
posição do STJ, no sentido de que é possível o assé- ato sexual ou libidinoso de caráter íntimo e privado
414 dio sexual entre professores e alunos; sem autorização dos participantes:
Pena – detenção, de 6 (seis) meses a 1 (um) ano, e multa. Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi-
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
realiza montagem em fotografia, vídeo, áudio ou divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
qualquer outro registro com o fim de incluir pes- comunicação de massa ou sistema de informática
soa em cena de nudez ou ato sexual ou libidinoso ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
de caráter íntimo. tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
Note que art. 216-B constitui em um tipo misto al- induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
ternativo, trazendo os seguintes núcleos: produzir, vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
fotografar, filmar ou registrar, por qualquer meio. Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
Pode se configurar tal crime por exemplo, quando não constitui crime mais grave.
um locador instala um equipamento de gravação de
vídeo em um imóvel com a finalidade de captar ima- Veja bem, o art. 218-C (divulgação) prevê um crime
gens íntimas sem o conhecimento dos ocupantes. Ou, mais grave do que o previsto no art. 216-B (divulgação).
ainda, quando o vizinho filma a vizinha trocando de Uma das formas mais comuns de prática é o que
roupa. se conhece por pornô de vingança (revenge porn, em
O consentimento do ofendido, afasta a tipicidade, inglês) na qual após o término de um relacionamento,
uma vez no tipo consta a expressão “sem a autoriza- o agente divulga cenas íntimas da(o) ex-parceira(o).
ção dos participantes”. Os pontos relevantes em relação ao tipo do art.
218-C são:

Importante! z trata-se de crime subsidiário;


z é tipo misto alternativo, ou seja, se o agente praticar
Apenas o maior de idade, capaz, pode consentir todos os núcleos que constam no artigo, dentro do mes-
com o registro. Se a vítima for menor, configura mo contexto fático, responde somente por um crime;
o delito do art. 240 do Estatuto da Criança e do z assim como os demais crimes contra a digni-
Adolescente: dade sexual, procede-se mediante ação pública
Art. 240 Produzir, reproduzir, dirigir, fotogra- incondicionada;
far, filmar ou registrar, por qualquer meio, cena z em relação ao sujeito passivo: pode ser qualquer
de sexo explícito ou pornográfica, envolvendo um, desde que não seja menor de 18 anos. Neste
criança ou adolescente: caso, sendo criança ou adolescente, aplica-se o dis-
Pena – reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e posto no art. 241-B do ECA:
multa.
Art. 241-B Adquirir, possuir ou armazenar, por
qualquer meio, fotografia, vídeo ou outra forma de
É importante notar que a lei fala em “caráter ín- registro que contenha cena de sexo explícito ou por-
timo e privado”. Por exemplo, filmar um casal reali- nográfica envolvendo criança ou adolescente:
zando ato sexual numa praia não configura o tipo do Pena – reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e
art. 216-B. multa.
É cabível a tentativa: o agente pode tentar regis-
trar e não consequir. z o parágrafo estipula causa especial de aumento de
pena (de 1/3 a 2/3) se o agente mantém ou já man-
Forma equiparada teve relação íntima de afeto com a vítima, ou se o
crime é cometido com a finalidade de vingança ou
O parágrafo único do artigo 216-B apresenta uma de humilhar a pessoa exposta.
forma equiparada ao registro do caput. Neste caso o z por fim, o § 2º indica causa especial de exclusão
agente não registra cena verdadeira (ou seja, a vítima da ilicitude: não há crime com a conduta se dá em
não participa do ato), mas sim faz uma montagem (de publicação que adote recurso que impossibilite
fotografia, vídeo, áudio ou qualquer meio) para in- identificar a vítima ou se devidamente autorizado,
cluir alguém em cena de nudez ou ato sexual ou libi- no caso de pessoa maior e capaz.
dinoso de caráter íntimo. Com o avanço de softwares
de manipulação de imagem cada vez mais potentes, ESTUPRO DE VULNERÁVEL
essa forma de crime tem aumentado cada vez mais
na Internet, sobretudo com a inclusão do rosto de pes- É primeiro dos crimes do Capítulo II, Crimes
soas famosas em cenas de filmes pornográficos (pro- sexuais contra vulnerável. No caput do art. 217-A temos
vavelmente você já ouviu falar do chamado deepfake, o estupro de vulnerável simples ou próprio:
que consiste na manipulação de rostos por meio de
inteligência artificial). Art. 217-A Ter conjunção carnal ou praticar outro
DIREITO PENAL

Vamos aproveitar e estudar outro tipo penal que ato libidinoso com menor de 14 (catorze) anos:
tem relação direta com o crime do art. 216-B. Pena – reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.
Leia atentamente os verbos que constam no art.
216-B: produzir, fotografar, filmar ou registrar. Conforme podemos notar do tipo do art. 217-A,
Observe que não há a expressão divulgar. E então, não é necessário o constrangimento da vítima (me-
o que acontece se alguém divulga a cena registrada? diante violência ou grave ameaça): qualquer prática
Neste caso, incide em uma das formas previstas no de conjunção carnal ou outro ato libidinoso com
art. 218-C, incluído no CP em 2018, Divulgação de pessoa menor de 14 anos, configura estupro de vul-
cena de estupro ou de cena de estupro de vulnerá- nerável (o constrangimento é presumido: presunção
vel, de cena de sexo ou de pornografia: absoluta). 415
Forma equiparada O art. 217-A tem os seguintes aspectos:

O § 1º do art. 217-A apresenta a figura equiparada z é crime material, consumando-se com a prática da
do estupro de vulnerável: conjunção carnal ou de outro ato libidinoso;
z é cabível a tentativa;
[...] § 1º Incorre na mesma pena quem pratica as z trata-se de tipo misto alternativo (lembre-se dos
ações descritas no caput com alguém que, por comentários já feitos em outros crimes contra a
enfermidade ou deficiência mental, não tem o dignidade sexual);
necessário discernimento para a prática do ato, ou
z assim como comentamos no caso do estupro do
que, por qualquer outra causa, não pode oferecer
art. 213, não é necessário o contato físico entre o
resistência.
autor e a vítima.
Assim, são considerados vulneráveis (sujeitos pas-
sivos) para os fins dos crimes sexuais: Por fim, cabe mencionar um tema muito interes-
sante: trata-se da chamada Exceção de Romeu e Ju-
z Art. 217-A, caput: lieta. Você certamente já ouviu falar do clássico de
William Shakespeare: Julieta é uma jovem que se apai-
„ Menores de 14 anos (o Professor Rogério San- xona por Romeu, de uma família rival. A personagem
chez denomina esta de vulnerabilidade absoluta). Julieta, na obra, tinha 13 quando se relacionou amo-
rosamente com Romeu (que, tinha 17). Agora imagine
z Art. 217-A, primeira parte: tal situação frente à legislação penal brasileira: Julieta
se enquadraria, como vimos, no conceito de vulnerá-
„ Enfermos e doentes mentais que não pos- vel. Segundo a teoria da Exceção de Romeu e Julieta,
suem o discernimento necessário para a prá- caso haja consentimento e, desde que haja pequena
tica do ato sexual (Rogério Sanchez denomina diferença de idade entre os parceiros (normalmente
esta de vulnerabilidade relativa, uma vez que, se fala em até 5 anos) não seria o caso de considerar o
por se tratar de critério biopsicológico, pode ato sexual, por exemplo, de um casal de namorados de
acontecer do enfermo ou doente mental ter o 13 e 18 anos, como estupro. No entanto, no Brasil, con-
discernimento exigido para a prática do ato). forme jurisprudência consolidada, tal exceção não
se aplica (lembre-se, de acordo com o STJ, “o consen-
z Art. 217-A, parte final: timento da vítima, sua eventual experiência sexual
anterior ou a existência de relacionamento amoroso
„ Qualquer um que, por outra causa, não pos- entre o agente e a vítima não afastam a ocorrência do
sa oferecer resistência (por exemplo uma crime” – Resp 148.0881/PI, julgado em 26/08/2015).
pessoa que se encontra em coma ou sob efei-
to de sedação; pessoa desacordada, por moti- CORRUPÇÃO DE MENORES
vo de embriaguez; vítima do golpe “boa noite
cinderela”). O art. 218 do CP trata do crime de corrupção de
menores
O parágrafo 5º do art. 217-A consiste em norma
penal explicativa: aplica-se a pena do estupro de vul- Art. 218 Induzir alguém menor de 14 (catorze)
nerável mesmo que a vítima tenha consentido com o anos a satisfazer a lascívia de outrem.
ato ou ainda que já tenha praticado relações sexuais Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos.
anteriores (ou seja a virgindade é irrelevante)
Alguns autores entendem quo nomen juris (nome do
§ 5º As penas previstas no caput e nos §§ 1º, 3º e 4º crime) foi revogado (a redação anterior falava em “cor-
deste artigo aplicam-se independentemente do con- romper”, que foi trocada por “induzir”), e tratam este
sentimento da vítima ou do fato de ela ter mantido delito de “indução de vulnerável à lascívia”. No entanto
relações sexuais anteriormente ao crime. essa divergência não traz maiores implicações.
Induzir, como você já sabe, é sugerir, dar a ideia de
Os parágrafos 3º e 4º apresentam formas qualifi- algo a alguém. Nesta figura, o sujeito ativo é o media-
cadas, pela ocorrência de lesão corporal grave ou de dor (intermediário ou proxeneta) que induz a vítima o
morte: menor de 14 anos a satisfazer a lascívia (desejo sexual)
de outrem (do beneficiário: o voyeur ou observador).
§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natu- É importante saber que para se configurar o tipo do
reza grave: art. 218, CP, o agente deve induzir a vítima (menor de
Pena – reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.
14) a praticar algum ato que tenha a finalidade satis-
§ 4º Se da conduta resulta morte:
fazer a lascívia de outra pessoa (o beneficário). Veja
Pena – reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos.
bem, o ato deve ser unicamente contemplativo (como
por exemplo, fazer a vítima vestir uma fantasia sensual
Todas as hipóteses de estupro de vulnerável (§§
ou se mostrar nua), ou seja, não ocorre contato físico
1º, 3º e 4º) são consideradas hediondas (conforme
entre o beneficiado e a vítima. Este terceiro também
prevê o art. 1º, VII, da Lei nº 8.072/90).
não pode vir a filmar, fotografar ou, de qualquer meio,
registrar a cena; caso isso ocorra, vai responder pelo
z Hediondos: previsto no art. 240 do ECA (crime mais grave, com
penas de reclusão entre 4 e 8 anos, além de multa).
„ Art. 217-A caput (estupro de vulnerável próprio) Caso ocorra a prática de conjunção carnal ou outro
„ Art. 217-A, § 3º (qualificada pela lesão grave) ato libidinoso envolvendo a vítima, aquele que indu-
„ Art. 217-A, § 4º (qualificada pela morte) ziu (caso tenha agido dolosamente) e beneficiado, vão
416
responder pelo tipo do art. 217-A (estupro de vulne- Proxenetismo mercenário
rável). Esta é a corrente majoritária, defendida por
Rogério Greco, Fernando Capez, Rogério Sanches e Se houver a intenção do agente em obter lucro,
Cleber Masson, entre outros. aplica-se também a pena de multa:

SATISFAÇÃO DE LASCÍVIA MEDIANTE PRESENÇA § 1º Se o crime é praticado com o fim de obter van-
DE CRIANÇA OU ADOLESCENTE tagem econômica, aplica-se também multa.

Art. 218-A Praticar, na presença de alguém menor Neste caso, se dá o nome ao o agente de proxeneta
de 14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, mercenário.
conjunção carnal ou outro ato libidinoso, a fim de
satisfazer lascívia própria ou de outrem: Formas equiparadas
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos.
De acordo com o § 2º, incorre nas mesmas penas:
O tipo do artigo 218-A pode ser divido em duas partes:
I – quem pratica conjunção carnal ou outro ato libi-
z praticar conjunção carnal ou outro ato libidinoso dinoso com vítima vulnerável em situação de pros-
apto a satisfazer o prazer sexual, na frente de víti- tiuição ou exploração sexual
ma menor de 14 anos; II – o proprietário, gerente ou responsável do local
z induzir menor de 14 a presenciar tais atos. em que ocorre a prática do delito do caput, lem-
brando, claro, que devem ter conhecimento (pois
Aspectos que merecem destaque: não há responsabilidade objetiva). Neste caso a
cassação da licença do local é efeito obrigatório
z de acordo com a maior parte da doutrina não se (§ 3º).
exige a presença física da vítima no mesmo local
onde ocorre a conjunção ou o ato libidonoso. Ou Trata-se de crime hediondo, em todas as formas:
seja, pode ser praticado por meio virtual; caput, § 2º, I e II. Agora já sabemos quais são os três os
z é tipo misto alternativo: se o sujeito induz a pre- crimes contra a dignidade sexual que são hediondos:
senciar e também pratica os atos, responde por um
só crime; z Art.213, caput e §§:
„ Estrupo.
FAVORECIMENTO DA PROSTITUIÇÃO OU DE OUTRA
FORMA DE EXPLORAÇÃO SEXUAL DE CRIANÇA OU z Art.217-A, caput e §§:
ADOLESCENTE OU DE VUNERÁVEL
„ Estrupo de vulnerável.
O art. 218-B tem seis núcleos:
z Art.218-B, caput e §§:
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostitui- „ Favorecimento da prostituição ou outra forma
ção ou outra forma de exploração sexual alguém
de exploração sexual de vulnerável.
menor de 18 (dezoito) anos ou que, por enfermidade
ou deficiência mental, não tem o necessário discer-
nimento para a prática do ato, facilitá-la, impedir DIVULGAÇÃO DE CENA DE ESTUPRO OU DE CENA
ou dificultar que a abandone: Pena – reclusão, de 4 DE ESTUPRO DE VULNERÁVEL, DE CENA DE SEXO
(quatro) a 10 (dez) anos. OU DE PORNOGRAFIA

O art, 218-B visa punir o sujeito que insere (subme- O tipo do art. 218-C é um crime subsidiário, que
te, induz ou atrai) o menor de 18 anos ou o vulnerável possui seis núcleos (tipo misto alternativo):
(homem ou mulher) no âmbito da exploração sexual
(prostituição e turismo sexual), tráfico para fins se- Art. 218-C Oferecer, trocar, disponibilizar, transmi-
xuais e pornografia) ou facilita sua permanência ou tir, vender ou expor à venda, distribuir, publicar ou
impede ou dificulta sua saída. Em resumo é trazer divulgar, por qualquer meio - inclusive por meio de
a vítima vulnerável para a prostiuição (ou outra comunicação de massa ou sistema de informática
forma de exploração) ou impedir que a vítima ou telemática -, fotografia, vídeo ou outro regis-
saia desse meio (neste último caso trata-se de crime tro audiovisual que contenha cena de estupro ou
permanente). de estupro de vulnerável ou que faça apologia ou
Existem 4 formas de exploração sexual: induza a sua prática, ou, sem o consentimento da
vítima, cena de sexo, nudez ou pornografia:
Pena – reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, se o fato
DIREITO PENAL

z Prostituição;
não constitui crime mais grave.
z Turismo sexual;
z Tráfico para fins sexuais; e
z Pornografia. Visa coibir qualquer tipo de divulgação de mate-
rial que contenha:
O art. 218-B só cuida da prostiuição e do turismo
sexual envolvendo vulnerável. O tráfico é tratado z cena de estupro ou estupro de vulnerável ou que
pelo art. 149-A, CP,V (tráfico de pessoas); a pornografia faça apologia ou induza a prática de tais crimes; ou
envonvendo vulnerável, pelos arts. 240, 241, 241-A e z cena de sexo, nudez ou pornografia, sem o consen-
241-e, do ECA. timento da vítima. 417
Para os fins do art. 218-C são vulneráveis: pessoas „ Correm em segredo de justiça. (234-B)
com enfermidades ou doença mental ou que não pos-
sam, por qualquer razão, oferecer resistência. Veja E assim finalizamos o estudo dos crimes contra a
bem: que estas devem ter mais de 18 anos! No caso dignidade sexual.
da divulgação de imagens de estupro, estupro de vul- Agora, vamos fazer alguns exercícios.
nerável ou cenas de pornografia, nudez ou sexo, apli-
cam-se as disposições do ECA.
Bem, agora sabemos quais são os crimes contra a
dignidade sexual mais importantes (Capíulos I e II) e
quais as divergências doutrinárias e jurisprudenciais
EXERCÍCIOS COMENTADOS
que são aplicados a eles. O Capítulo III, que tratava
sobre o Rapto, está revogado. 1. (CESPE-CEBRASPE – 2019) Júnia, de quatorze anos
O Capítulo IV, nos arts. 225 e 226 apresentantam de idade, acusa Pierre, de dezoito anos de idade, de
disposições gerais que se aplicam aos crimes que já ter praticado crime de natureza sexual consistente em
vimos até agora (do art. 213 ao 218-C). Veja abaixo. conjunção carnal forçada no dia do último aniversário
da jovem. Pierre, contudo, alega que o ato sexual foi
z Disposições aplicáveis a todos os crimes dos Cap. I consentido.
e II: A respeito dessa situação hipotética, julgue os itens a
seguir, tendo como referência aspectos legais e juris-
„ Procedem-se mediante ação penal pública prudenciais a ela relacionados.
incondicionada (art. 225) No caso em questão, se comprovada a prática do cri-
me, a ação penal cabível será pública incondicionada,
„ Aumento de pena (art. 226):
pois não há previsão de ação pública condicionada à
I – de quarta parte, se o crime é cometido com o representação em crimes contra a dignidade sexual.
concurso de 2 (duas) ou mais pessoas;
II - de metade, se o agente é ascendente, padrasto ( ) CERTO ( ) ERRADO
ou madrasta, tio, irmão, cônjuge, companhei-
ro, tutor, curador, preceptor ou empregador
da vítima ou por qualquer outro título tiver
A questão está correta. De acordo com o art. 225,
autoridade sobre ela; CP todos os crimes dos Capítulos I e II, dentre os
IV - de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o crime quais se insere o estupro, procedem-se mediante
é praticado: ação penal pública incondicionada. Resposta: Certo.
a) mediante concurso de 2 (dois) ou mais agen-
tes (estupro coletivo); 2. (CESPE-CEBRASPE – 2016) Em relação aos crimes
b) para controlar o comportamento social ou contra a dignidade sexual, assinale a opção correta.
sexual da vítima (estupro corretivo) Considere que em uma casa de prostituição, uma
garota de dezessete anos de idade tenha sido explo-
O Capítulo V apresenta 5 tipos penais (arts. 227, rada sexualmente. Nesse caso, o cliente que praticar
228, 229, 230 e 232-A). Sobre estes tipos, não há diver- conjunção carnal com essa garota responderá pelo
gências doutrinárias ou jurisprudênciais, valendo a crime de favorecimento à prostituição ou outra forma
leitura da lei seca (note que o art. 232-A não tem nada de exploração sexual de vulnerável.
a ver com dignidade sexual, tratando de migração). Os
arts. 231 e 231-A foram revogados, passando o tema a ( ) CERTO ( ) ERRADO
ser tratado pelo art. 149, CP.
O Capítulo VI traz dois tipos, o do art. 233 (ato obs- A questão está correta. Neste caso, por força do art.
ceno) e 234 (escrito ou objeto obsceno). Sobre eles, 218-B, § 2º, I, o agente responde pelo favorecimen-
além da leitura da lei, cabe mencionar que há discus- to da prostituição ou de outra forma de exploração
são sobre a constitucionalidade de ambos, em relação sexual uma vez que a vítima encontra-se na condi-
ao primeiro por violação ao princípio da taxatividade ção de explorada. Fora dessa condição, o fato é atí-
(seria muito vago, subjetivo) e, quanto ao segundo, pico. Resposta: Certo.
por ferir a liberdade de expressão.
Por fim, o Capítulo VII, nos arts. 234-A e 234-B, 3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Em relação ao crime de
apresenta disposições que são aplicáveis a todo o
estupro, considera-se vulnerável a vítima.
Título dos crimes contra a dignidade sexual, confo-
me observado abaixo:
a) que morre em consquência da violência sexual
b) que pratica ato sexual mediante fraude ou dissimução
z Disposições aplicáveis a todos os crimes contra a
dignidade sexual:
c) mentalmente enferma, sem discernimento para o ato
sexual
„ Aumento de pena (234-A):
d) com quatorze anos de idade completos
III – de metade a 2/3 (dois terços), se do crime resul- e) com até dezoito anos
ta gravidez;
IV – de 1/3 (um terço) a 2/3 (dois terços), se o agente: São considerados vulneráveis, para os fins dos cri-
a) transmite à vítima doença sexualmente mes sexuais, os menores de 14 anos, os enfermos e
transmissível de que sabe ou deveria saber ser doentes mentais que não possuem o discernimento
portador; necessário para a prática do ato sexual; e quem,
b) ou se a vítima é idosa (igual ou maior de 60 anos) por qualquer motivo, não possa oferecer resistên-
418 ou pessoa com deficiência. cia. A letra “a” está errada pois a morte configura
qualificadora; por sua vez a fraude ou dissimulação z Plurissubsistente, podendo (dependendo da
mencionada na letra “b” configura meio de execução. forma como for praticado) ser considerado
Neste caso, por força do art. 218-B, § 2º, I, o agen- unissubsistente;
te responde pelo favorecimento da prostituição ou z Transeunte, como regra, pois na maioria dos casos
de outra forma de exploração sexual uma vez que não será necessária a prova pericial;
a vítima encontra-se na condição de explorada. Por z O delito de associação criminosa pode ter qualquer
fim, as hipóteses das letras “d” e “e” estão erradas, pessoa na condição de sujeito ativo. Por se tratar
tendo em vista que a vunerabilidade por idade inclui de crime contra a paz pública em decorrência da
apenas os menores de 14 anos (14 anos incomple- formação do grupo criminoso, o sujeito passivo é
tos). Resposta: Letra C. a sociedade.

A associação criminosa se consuma quando ocorre


a integração do terceiro sujeito ao grupo (duas pes-
soas, mesmo com a intenção de praticar crime, ainda
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA não constituem associação; quando uma terceira pes-
soa passa a integrar o grupo, forma-se a associação).
ASSOCIAÇÃO CRIMINOSA Não é admissível a tentativa.
O delito de associação criminosa pode ocorrer
Art. 288 Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, mesmo que um dos integrantes não seja identificado,
para o fim específico de cometer crimes: sendo necessário que se tenha prova suficiente da for-
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. mação da associação criminosa. Não há necessidade
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade
de ser praticado qualquer crime em virtude do qual a
se a associação é armada ou se houver a participa-
associação foi formada.
ção de criança ou adolescente.
A ação penal é pública incondicionada.
Existem hipóteses em que figuram na associação
A associação criminosa ocorre quando há três ou
criminosa um inimputável (criança ou adolescente).
mais indivíduos reunidos com a intenção de praticar
Nesses casos, devemos nos atentar ao seguinte:
crimes, sejam os mesmos crimes, ou crimes diversos,
Caso figurar um inimputável na associação crimi-
mas com certa continuidade ou durabilidade.
nosa, os agentes imputáveis responderão normal-
Vale destacar que o delito de associação criminosa é
mente pelo delito de associação criminosa, porém,
fruto da nova redação dada pela Lei nº 12.80/2013, que
com o aumento da pena, de acordo com o artigo 288,
abandonou a denominação de quadrilha ou bando.
parágrafo único do CP:
Associar-se significa uma reunião não eventual de
pessoas, com caráter relativamente duradouro, e não Art. 288 [...]
perpétuo, com o objetivo de perpetração de uma inde- Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade
terminada série de crimes. se a associação é armada ou se houver a participa-
ção de criança ou adolescente.

Importante! Os inimputáveis não responderão pelo crime pre-


visto nesse artigo, mas sim por ato infracional, de
No delito de associação criminosa, “[...] os inte- acordo com o que dispõe o ECA, Lei 8.069/1990.
grantes do grupo não se reúnem apenas, por A doutrina entende também que os inimputáveis
exemplo, para a prática de um ou dois delitos, devem ter um mínimo de capacidade de discerni-
sendo a finalidade do grupo a prática constante mento para então pertencerem a uma associação cri-
e reiterada de uma série de crimes, seja a cadeia minosa. Assim, na hipótese em que os pais e um filho
criminosa homogênea (destinada à prática de de 6 anos (sem capacidade mínima de discernimen-
um mesmo crime), seja a heterogênea (que tem to) realizam prática delituosa de forma habitual, não
por finalidade praticar delitos distintos, a exem- estará caracterizado o crime de associação criminosa.
plo de roubos, furtos, extorsões, homicídios
etc.).” (Greco, 2018).

LEI FEDERAL N° 9.455, DE 07 DE ABRIL


O delito de associação criminosa possui a seguinte
classificação doutrinária:
DE 1997
A Lei 9.455/1997 define os crimes de tortura, mas
z Crime comum, tanto no que diz respeito ao sujeito
antes de adentrarmos ao disposto na Lei, é necessário
ativo quanto ao sujeito passivo;
entender seu surgimento.
z Doloso, não havendo previsão para a modalidade
Vamos discorrer sobre a Lei; E para isso, observe
de natureza culposa;
o art. 1°:
DIREITO PENAL

z Comissivo, podendo, nos termos do § 2º do artigo


13 do CP, ser praticado via omissão imprópria, na
Art. 1º Constitui crime de tortura:
hipótese de o agente gozar do status de garantidor;
I - constranger alguém com emprego de violência
z Crime de perigo comum e concreto, embora haja ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
divergência doutrinária nesse sentido, pois se tem ou mental:
entendido, majoritariamente, tratar-se de crime a) com o fim de obter informação, declaração ou
de perigo abstrato, presumido; confissão da vítima ou de terceira pessoa;
z Crime de forma livre; b) para provocar ação ou omissão de natureza
z Permanente; criminosa;
z Plurissubjetivo; c) em razão de discriminação racial ou religiosa; 419
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou em julgado da sentença condenatória, possuindo
autoridade, com emprego de violência ou grave benefício coletivo, podendo ser realizado de ofício
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, pelo juiz e gerará reincidência. MASSON, Cleber,
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida Direito Penal, pág. 897, 2013
de caráter preventivo.
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Importante!
Antes de passarmos para os demais artigos, deve-
mos compreender o termo “tortura”, apresentado Crime de tortura não é imprescritível, poden-
pela Convenção Contra a Tortura e Outros Tratamen- do ser processado e julgado a qualquer tempo,
tos ou Penas Cruéis, Desumanos ou Degradantes, que não extinguindo a punibilidade pelos efeitos da
foi promulgada pelo decreto de nº 40/1991, apresen- prescrição.
tando que:

1. Para os fins da presente Convenção, o termo MODALIDADES DO CRIME DE TORTURA


“tortura” designa qualquer ato pelo qual dores ou
sofrimentos agudos, físicos ou mentais, são infli- A doutrina e os Tribunais, visando aplicar a sanção
gidos intencionalmente a uma pessoa a fim de cabível, diferenciaram os crimes de tortura em moda-
obter, dela ou de uma terceira pessoa, informações lidades. Temos como exemplo a REsp nº 1.580.470/PA,
ou confissões; de castigá-la por ato que ela ou uma
j. 24/08/2018, em que o Superior Tribunal de Justiça
terceira pessoa tenha cometido ou seja suspeita de
apresentou o seguinte:
ter cometido; de intimidar ou coagir esta pessoa ou
outras pessoas; ou por qualquer motivo baseado em
discriminação de qualquer natureza; quando tais Diversamente do previsto no tipo do inciso II do
dores ou sofrimentos são infligidos por um funcio- artigo 1º da Lei 9.455/97, definido pela doutri-
nário público ou outra pessoa no exercício de fun- na como tortura-pena ou tortura-castigo, a qual
ções públicas, ou por sua instigação, ou com o seu requer intenso sofrimento físico ou mental, a tortu-
consentimento ou aquiescência. Não se considerará ra-prova, do inciso I, alínea ‘a’, não traz o tormen-
como tortura as dores ou sofrimentos que sejam con- to como requisito do sofrimento causado à vítima.
sequência unicamente de sanções legítimas, ou que Basta que a conduta haja sido praticada com o fim
sejam inerentes a tais sanções ou delas decorram. de obter informação, declaração ou confissão da
vítima ou de terceira pessoa e que haja causado
Poderá utilizar-se o termo “tortura limpa” nos sofrimento físico ou mental, independentemente de
casos de torturas mentais porque sua prática não dei- sua gravidade ou sua intensidade.
xa vestígios.
A Constituição, com a finalidade da proteção dos Existe também a tortura racismo, que é constituí-
direitos fundamentais, elencou nos incisos III e XLIII da em razão de discriminação racial ou religiosa.
do art. 5º, o repúdio à tortura: E, por fim, a tortura crime, prevista no inciso II,
alínea B, com o intuito de provocar ação ou omissão
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de natureza criminosa:
de qualquer natureza, garantindo-se aos brasilei-
ros e aos estrangeiros residentes no País a inviola- z Tortura-Pena ou Tortura-Castigo: Intenso sofri-
bilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, mento físico ou mental, no ato de submeter alguém,
à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: sob sua guarda, poder ou autoridade, com empre-
[...] go de violência ou grave ameaça como forma
III - ninguém será submetido a tortura nem a trata- de aplicar castigo pessoal ou medida de caráter
mento desumano ou degradante;[...] preventivo.
XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e
Ex.: pais, curadores, tutores professores etc;
insuscetíveis de graça ou anistia a prática da tortu-
ra, o tráfico ilícito de entorpecentes e drogas afins,
z Tortura-Prova, Tortura Probatória ou Tortura-
o terrorismo e os definidos como crimes hediondos, -Persecutória: Se a conduta for praticada com o
por eles respondendo os mandantes, os executores fim de obter informação, declaração ou confis-
e os que, podendo evitá-los, se omitirem; [...] são da vítima ou de terceira pessoa e que tenha
causado sofrimento físico ou mental, independen-
Portanto, crimes de tortura são inafiançáveis, temente de sua gravidade ou sua intensidade.
insuscetíveis de Graça e insuscetíveis de anistia. Ex.: Vemos muito em filmes de ação, indivíduos
Vejamos essas terminologias: realizando tortura para obter uma confissão ou o
paradeiro de uma determinada pessoa;
z Inafiançáveis: não poderá ser arbitrado fiança;
z Graça: Essa competência é do Presidente da Repú- z Tortura-crime: Provocar ação ou omissão de
blica por meio de Decreto, podendo ser delegado, natureza criminosa.
atinge somente os efeitos principais da conde- Ex.: líder de um grupo criminoso constrange um
nação, subsistindo os demais. Ocorrendo após o membro do grupo que se recusasse a praticar deter-
trânsito em julgado da sentença condenatória, pos- minado crime;
suindo benefício individual, podendo ser requeri-
do ao juiz e gerará reincidência; z Tortura-Racismo, Tortura-Discriminatória ou
z Anistia: Competência é do Presidente da República Tortura-Preconceituosa: Em razão de discrimi-
por meio de Decreto, podendo ser delegado. Atin- nação racial ou religiosa.
ge somente os efeitos principais da condenação, Ex.: indivíduo que constrange alguém com emprego
420 subsistindo os demais. Ocorrendo após o trânsito de sofrimento físico por razão dela ser católica.
Na modalidade de Tortura-Pena ou Tortura-Casti- A omissão dita preenche o disposto no art. 13, § 2º
go, trata-se de um crime próprio (somente será rea- do Código Penal, em que elenca que a omissão é penal-
lizado por pessoa específica), porque notamos que mente relevante quando o omitente devia e podia agir
somente será realizado por pessoa que tenha guarda, para evitar o resultado.
poder ou autoridade sobre a vítima.
Art. 13 [...]
§ 2º A omissão é penalmente relevante quando o
CARACTERÍSTICAS DOS CRIMES DE TORTURA
omitente devia e podia agir para evitar o resultado.
O dever de agir incumbe a quem:
A tortura prevista no art. 1º, inciso I, é crime for- a) tenha por lei obrigação de cuidado, proteção ou
mal, uma vez que para se consumar não requer a vigilância;
obtenção do resultado almejado pelo agente. b) de outra forma, assumiu a responsabilidade de
impedir o resultado;
Art. 1º Constitui crime de tortura: c) com seu comportamento anterior, criou o risco
I - constranger alguém com emprego de violência da ocorrência do resultado.
ou grave ameaça, causando-lhe sofrimento físico
ou mental: Se o crime de tortura resultar lesão corporal de
a) com o fim de obter informação, declaração ou natureza grave ou gravíssima, qual será a pena? A
confissão da vítima ou de terceira pessoa; pena será de reclusão de quatro a dez anos, valendo
b) para provocar ação ou omissão de natureza ressaltar que o crime de tortura que não precisa do
criminosa; emprego de violência pode conter apenas o elemento
c) em razão de discriminação racial ou religiosa; da grave ameaça.
Se do crime de tortura resultar morte, a pena será
Já a tortura castigo (inciso II do art. 1º da Lei de reclusão de oito a dezesseis anos.
9.455/1997) é a tortura propriamente dita (parágrafo Veja na tabela o resumo dos prazos de acordo com
1º do art. 1º da Lei 9455/1997). Por sua vez, são crimes o tipo de tortura:
materiais quanto ao resultado; a primeira se consu-
ma com o intenso sofrimento físico e a segunda com o CONDUTA PENA
sofrimento físico e mental.
Crime de Tortura 02 a 08 anos.
Art. 1º Constitui crime de tortura:[...]
II - submeter alguém, sob sua guarda, poder ou
autoridade, com emprego de violência ou grave Quem submete pessoa
ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental, presa ou sujeita á
como forma de aplicar castigo pessoal ou medida medida de segurança
de caráter preventivo. a sofrimento físico ou
[...] 02 a 08 anos.
mental, por intermédio da
§ 1º Na mesma pena incorre quem submete pessoa prática de ato não previsto
presa ou sujeita a medida de segurança a sofrimen- em lei ou não resultante
to físico ou mental, por intermédio da prática de de medida legal
ato não previsto em lei ou não resultante de medida
legal. [...] Aquele que se omite em
face dessas condutas,
01 a 04 anos.
Não se admite arrependimento eficaz (desistir de quando tinha o dever de
prosseguir na execução ou impedir que o resultado se evitá-las ou apurá-las
produza) e nem arrependimento posterior (reparar o Se resulta lesão corporal
dano ou restituir a coisa, por ato voluntário do agente). de natureza grave ou 04 a 10 anos.
E, por fim, a ação penal pública incondicionada gravíssima
e isso ocorre quando é promovida pelo Ministério
Se resulta morte 08 a 16 anos.
Público sem que haja necessidade de manifestação de
vontade da vítima ou de outra pessoa.
Aumento de pena
PENA DO CRIME DE TORTURA
A lei 9.455/1997 trouxe as hipóteses aumentativas
Conforme art. 1º, a pena do crime de tortura é de um sexto a um terço da pena. São elas:
reclusão de dois a oito anos. Importa dizer ainda que Aumento da Pena (1/6 a 1/3):
com base no §1° do art. 1°, na mesma pena incorre
quem submete pessoa presa ou sujeita à medida de z Se o crime for cometido por agente público;
segurança a sofrimento físico ou mental, por intermé- z Se o crime for cometido contra criança, gestante,
DIREITO PENAL

dio da prática de ato não previsto em lei ou não resul- portador de deficiência, adolescente ou maior de
tante de medida legal. 60 anos;
Ademais, aquele que se omite em face dessas con- z Se o crime for cometido mediante sequestro.
dutas, quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos. Agentes públicos

Funcionário público, segundo o art. 37 do Código


Art. 1º [...]
Penal, para os efeitos penais, é aquele que, embora
§ 2º Aquele que se omite em face dessas condutas,
quando tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, transitoriamente ou sem remuneração, exerce cargo,
incorre na pena de detenção de um a quatro anos. emprego ou função pública. 421
No que tange ao sequestro, relaciona-se quando a utilizar, para a fixação do regime inicial de cumpri-
tortura é realizada durante o sequestro. mento de pena, o disposto no art. 33 c/c o art. 59,
ambos do CP e as Súmulas 440 do STJ e 719 do STF.
Condenação de agente público Confiram-se, a propósito, os mencionados verbetes
sumulares: “Fixada a pena-base no mínimo legal,
A condenação de agente público poderá ser locali- é vedado o estabelecimento de regime prisional
zada no §5° do art. 1° da Lei 9.455/1997, apresentando mais gravoso do que o cabível em razão da sanção
a seguinte redação: imposta, com base apenas na gravidade abstrata
do delito.” (Súmula 440 do STJ) e “A imposição do
regime de cumprimento mais severo do que a pena
Art. 1º [...]
aplicada permitir exige motivação idônea.” (Súmu-
§ 5º A condenação acarretará a perda do cargo,
la 719 do STF). Precedente citado: REsp 1.299.787-
função ou emprego público e a interdição para seu
exercício pelo dobro do prazo da pena aplicada. PR, Quinta Turma, DJe 3/2/2014. HC 286.925-RR,
Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 13/5/2014.
(STJ - HC: 286925 RR 2014/0010114-2, Relator:
O efeito da condenação é automático, o que signifi-
Ministra LAURITA VAZ, Data de Julgamento:
ca dizer que o juiz não precisa motivar a decisão para
13/05/2014, T5 - QUINTA TURMA, Data de Publica-
que ocorra esse efeito. ção: DJe 21/05/2014)

Condenado pelo crime de tortura


Temos outro julgado:
A Lei 9.455/1997 elenca que o condenado por cri- Decisão: Vistos. Trata-se de pedido de extensão
me de tortura, (salvo a hipótese de que se omite em apresentado por Ramon Roberto de Oliveira nos
face dessas condutas, quando tinha o dever de evitá- autos do habeas corpus impetrado pela Defensoria
-las ou apurá-la), iniciará o cumprimento da pena em Pública do Estado do Espírito Santo em favor de
regime fechado. Edmar Lopes Feliciano, buscando igual fixação do
No entanto, o Supremo Tribunal Federal estipu- regime inicial semiaberto para o cumprimento da
lou que não é obrigatório que o condenado por crime pena imposta ao paciente. Sustenta o requerente,
de tortura inicie o cumprimento da pena em regime em síntese, haver sido processado e condenado à
fechado: pena de um (1) ano e oito (8) meses de reclusão, em
regime inicialmente fechado, por infração ao dis-
DIREITO PENAL. REGIME INICIAL DE CUMPRI- posto no art. 33 da Lei nº 11.343/06, fazendo jus ao
MENTO DE PENA NO CRIME DE TORTURA. cumprimento inicial em regime semiaberto. Exami-
Não é obrigatório que o condenado por crime de nado os autos, decido. O pedido de extensão é mani-
tortura inicie o cumprimento da pena no regime festamente incabível. Observo, de início, que não se
prisional fechado. Dispõe o art. 1º, § 7º, da Lei cuida o requerente de corréu no mesmo processo a
9.455/1997 – lei que define os crimes de tortura e que alude o HC nº 111.840/ES, mas de pessoa que,
dá outras providências – que “O condenado por dizendo haver sido condenado por crime de tráfico
crime previsto nesta Lei, salvo a hipótese do § 2º, de entorpecentes, e apenado a pena corporal infe-
iniciará o cumprimento da pena em regime fecha- rior a quatro anos, faria jus ao cumprimento de
do”. Entretanto, cumpre ressaltar que o Plenário sua pena em regime inicial aberto, razão pela qual
do STF, ao julgar o HC 111.840-ES (DJe 17.12.2013), inaplicável, à espécie, o disposto no art. 580 do CPP,
afastou a obrigatoriedade do regime inicial fechado ensejando a situação, quando muito, a impetração
para os condenados por crimes hediondos e equi- perante Tribunal competente, de habeas autônomo,
parados, devendo-se observar, para a fixação do para o que não se presta a excêntrica petição (ane-
regime inicial de cumprimento de pena, o disposto xo de instrução 23). Ademais, além de totalmente
no art. 33 c/c o art. 59, ambos do CP. Assim, por ser desprovida de elementos mínimos a demonstrar a
equiparado a crime hediondo, nos termos do art.
aventada condenação por tráfico, segundo informa-
2º, caput e § 1º, da Lei 8.072/1990, é evidente que
ções prestadas pelo Juízo das Execuções Criminais
essa interpretação também deve ser aplicada ao
da Comarca de Franco da Rocha/SP, o requerente
crime de tortura, sendo o caso de se desconsiderar
encontra-se preso em razão da prática de crimes de
a regra disposta no art. 1º, § 7º, da Lei 9.455/1997,
roubo qualificado, à pena de sete (7) anos, um (1)
que possui a mesma disposição da norma declara-
mês e dezesseis (16) dias de reclusão, em regime ini-
da inconstitucional. Cabe esclarecer que, ao adotar
cial fechado, bem como em quinze (15) dias-multa.
essa posição, não se está a violar a Súmula Vincu-
lante n.º 10, do STF, que assim dispõe: “Viola a cláu- Ante o exposto, com fundamento no art. 21, § 1º, do
sula de reserva de plenário (CF, art. 97) a decisão RISTF, nego seguimento ao pedido, por ser flagran-
de órgão fracionário de tribunal que, embora não temente inadmissível. Publique-se. Arquive-se. Bra-
declare expressamente a inconstitucionalidade de sília, 21 de fevereiro de 2013. Ministro Dias Toffoli
lei ou ato normativo do poder público, afasta sua Relator Documento assinado digitalmente
incidência, no todo ou em parte”. De fato, o enten- (STF - HC: 111840 ES, Relator: Min. DIAS TOFFOLI,
dimento adotado vai ao encontro daquele proferido Data de Julgamento: 21/02/2013, Data de Publicação:
pelo Plenário do STF, tornando-se desnecessário DJe-037 DIVULG 25/02/2013 PUBLIC 26/02/2013)
submeter tal questão ao Órgão Especial desta Cor-
te, nos termos do art. 481, parágrafo único, do CPC: Territorialidade
“Os órgãos fracionários dos tribunais não submete-
rão ao plenário, ou ao órgão especial, a arguição de O disposto na Lei 9.455/1997 aplica-se ainda quando
inconstitucionalidade, quando já houver pronun- o crime não tenha sido cometido em território nacional,
ciamento destes ou do plenário do Supremo Tribu- sendo a vítima brasileira ou encontrando-se o agente
nal Federal sobre a questão”. Portanto, seguindo a em local sob jurisdição brasileira. Apresenta-se na dou-
orientação adotada pela Suprema Corte, deve-se
422 trina como extraterritorialidade incondicionada.
5. (CESPE-CEBRASPE – 2015) Com base na Lei Antitortu-
EXERCÍCIOS COMENTADOS ra e na Lei contra Abuso de Autoridade, julgue o item
subsequente.
1. (CESPE-CEBRASPE – 2020) No que se refere ao uso Situação Hipotética: Um servidor público federal, no
diferenciado da força, julgue o item a seguir. exercício de atividade carcerária, colocou em perigo a
Se um policial rodoviário federal, com o objetivo de saúde física de preso em virtude de excesso na impo-
obter confissão de uma pessoa que tenha sido flagrada sição da disciplina, com a mera intenção de aplicar
cometendo infração, praticar intencionalmente algum medida educativa, sem lhe causar sofrimento.
ato para causar sofrimento mental a essa pessoa, essa Assertiva: Nessa situação, o referido agente responde-
conduta poderá ser caracterizada como tortura. rá pelo crime de tortura.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

Com base no artigo 1º, inciso I, alínea a da Lei Pois não há os elementos básicos do crime de tortu-
9.455/1997, constitui crime de tortura a conduta de ra que é o sofrimento. Resposta: Errado.
constranger alguém com emprego de violência ou gra-
ve ameaça, causando-lhe sofrimento físico ou mental
com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa. Resposta: Certo. HORA DE PRATICAR!
2. (CESPE-CEBRASPE – 2020) A respeito da Lei de Cri- 1. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta conside-
mes de Tortura (Lei n.º 9.455/1997), julgue o próximo rando os preceitos normativos e doutrinários básicos
item. sobre a aplicação da lei penal no tempo.
A Lei de Crimes de Tortura, ao prever sua incidência
mesmo sobre crimes que tenham sido cometidos fora a) Uma conduta só pode ser considerada crime se hou-
do território nacional, estabelece hipótese de extrater- ver preceito legal anterior que assim a defina
ritorialidade incondicionada. b) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
nesse sentido antes do julgamento ainda que ao tem-
( ) CERTO ( ) ERRADO po da prática não existisse a citada lei
c) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
O disposto na Lei 9.455/1997, aplica-se ainda quan- nesse sentido antes da prisão ainda que ao tempo da
do o crime não tenha sido cometido em território prática não existisse a citada lei
nacional, sendo a vítima brasileira ou encontrando- d) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
-se o agente em local sob jurisdição brasileira. Apre- nesse sentido a qualquer tempo
sentado na doutrina como extraterritorialidade e) Uma conduta é considerada crime se for criada norma
incondicionada. Resposta: Certo. nesse sentido mesmo após a declaração judicial de
inexistência do tipo penal
3. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Tendo como referência a
legislação penal extravagante e a jurisprudência das 2. (IBFC – 2020) A entrada em vigor da nova Lei de Dro-
súmulas dos tribunais superiores, julgue o item que se gas, revogando a anterior, fez com que o crime de
segue. porte de drogas para consumo pessoal deixasse de
prever a aplicação de pena privativa de liberdade, pas-
A condenação pela prática de crime de tortura acarre-
sando a adotar as seguintes como sanções: advertên-
tará a perda do cargo, função ou emprego público e a
cia sobre os efeitos das drogas; prestação de serviços
interdição para o seu exercício por prazo igual ao da
à comunidade e medida educativa de comparecimen-
pena aplicada.
to a programa ou curso educativo. Nesse sentido, no
que tange à pena aplicável ao autor do citado delito, é
( ) CERTO ( ) ERRADO correto afirmar que a nova lei de drogas constitui um
exemplo de:
A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo a) novatio legis não incriminadora
dobro do prazo da pena aplicada. Resposta: Errado. b) abolito criminis
c) novatio legis in pejus
4. (CESPE-CEBRASPE – 2018) Se, com o objetivo de obter d) novatio legis in mellius
confissão, determinado agente de polícia, por meio de e) lei intermediária
grave ameaça, constranger pessoa presa, causando-
-lhe sofrimento psicológico: 3. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa incorreta consi-
derando os preceitos normativos e doutrinários bási-
DIREITO PENAL

a) e a vítima for adolescente, o crime será qualificado. cos sobre o crime de homicídio.
b) estará configurada uma causa de aumento de pena.
c) a critério do juiz, a condenação poderá acarretar a per- a) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de convenções,
da do cargo. ao crime cometido no território nacional
d) provado o fato, a pena será de detenção. b) Considera-se praticado o crime no lugar em que ocor-
e) quem presenciar o crime e se omitir, incorrerá na mes- reu a ação ou omissão, no todo ou em parte, bem
ma pena do agente. como onde se produziu ou deveria produzir-se o
resultado
Considera-se aumento de pena, pois foi praticada por c) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de tratados, ao
agente público, tomem cuidado! Resposta: Letra B. crime cometido no território nacional 423
d) Aplica-se a lei brasileira, sem prejuízo de regras de 8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta consi-
direito internacional, ao crime cometido no território derando os preceitos normativos e doutrinários bási-
nacional cos sobre imputabilidade penal, quanto ao agente
e) Aplica-se a lei brasileira, afastando-se convenções, tra- que, por doença mental ou desenvolvimento mental
tados e regras de direito internacional, ao crime come- incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da
tido no território nacional omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter
ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta consi- entendimento.
derando os preceitos normativos e doutrinários bási-
cos sobre a figura jurídica específica que denomina a a) O agente é isento da pena
situação em que não se pune a tentativa quando, por b) O agente terá a pena reduzida de um a dois terços
ineficácia absoluta do meio ou por absoluta improprie- c) O agente terá a pena reduzida à metade
dade do objeto, é impossível consumar-se o crime. d) O agente terá a pena reduzida em um sexto
e) O agente terá a pena aumentada de um a dois terços
a) Crime irreal
b) Crime consumado 9. (IBFC – 2020) O Código Penal prevê, em seu artigo
c) Crime hediondo 140, a injúria racial como crime, considerando a ofen-
d) Crime impossível sa feita a uma determinada pessoa com referência à
e) Crime famélico sua raça, cor, etnia, religião ou origem. Sobre a injúria
racial assinale a alternativa correta.
5. (IBFC – 2017) Analise a alternativa correta conside-
rando os preceitos normativos e doutrinários básicos a) Tem como bem jurídico a dignidade humana da
sobre Desistência voluntária e arrependimento eficaz. coletividade
b) Trata-se de ação penal pública incondicionada
a) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir c) É imprescritível
na execução responde pelo crime consumado d) Cabe fiança
b) O agente que, voluntariamente, impede que o resulta- e) A pena aplicada é detenção, de um a seis meses, ou
do se produza, responde pelo crime consumado multa
c) O agente que, voluntariamente, desiste de prosseguir
na execução ou impede que o resultado se produza, só 10. (IBFC – 2017) Considere as disposições do Código
responde pelos atos já praticados Penal Brasileiro e assinale a alternativa correta sobre
d) Nos crimes cometidos com violência, reparado o dano a pena aplicável pela prática do crime de injúria.
ou restituída a coisa, até o recebimento da denúncia
ou da queixa, por ato voluntário do agente, a pena será a) Detenção, de um a seis anos, ou multa, devendo o juiz
reduzida à metade aplicar a pena mesmo quando o ofendido, de forma
e) Nos crimes cometidos com grave ameaça à pessoa, reprovável, provocou diretamente a injúria
reparado o dano ou restituída a coisa, até o recebi- b) Reclusão, de um a seis anos, ou multa, podendo o juiz
mento da denúncia ou da queixa, por ato voluntário deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de forma
do agente, a pena será reduzida de dois terços a três reprovável, provocou diretamente a injúria
quartos c) Reclusão, de dois a oito anos, ou multa, devendo o juiz
aplicar a pena mesmo quando o ofendido, de forma
6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta conside- reprovável, provocou diretamente a injúria
rando os preceitos normativos e doutrinários básicos d) Detenção, de um a seis meses, ou multa, podendo o
sobre consumação e tentativa do crime. juiz deixar de aplicar a pena quando o ofendido, de for-
ma reprovável, provocou diretamente a injúria
a) O crime é consumado quando lhe faltar apenas um e) Reclusão, de um a seis anos, ou multa, e Detenção de
dos elementos de sua definição legal seis meses a um ano se o ofendido, de forma reprová-
b) O crime é tentado, quando, iniciada a execução, não vel, provocou diretamente a injúria
se consuma por circunstâncias alheias à vontade do
agente 11. (IBFC – 2020) Sobre a definição de crime de importu-
c) O crime é consumado quando lhe faltar menos da nação sexual, assinale a alternativa correta.
metade dos elementos de sua definição legal
d) O crime é tentado, quando, antes de iniciada a exe- a) ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidino-
cução, não há prosseguimento por circunstâncias so com alguém, mediante fraude ou outro meio que
alheias à vontade do agente impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da
e) O crime é consumado, quando, iniciada ou não a exe- vítima
cução, não se consuma por circunstâncias alheias à b) constranger alguém, mediante violência ou grave
vontade do agente ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permi-
tir que com ele se pratique outro ato libidinoso
7. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa que preencha c) praticar contra alguém e sem a sua anuência ato libidi-
corretamente a lacuna. noso com o objetivo de satisfazer a própria lascívia ou
Apresenta-se como causa excludente de ilicitude ____. a de terceiro
d) induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a satisfa-
a) o exercício regular de direito zer a lascívia de outrem
b) a inimputabilidade e) constranger alguém com o intuito de obter vantagem
c) a coação moral irresistível ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o agente da
d) a obediência hierárquica sua condição de superior hierárquico ou ascendência
424 e) o erro sobre a ilicitude do fato inerentes ao exercício de emprego, cargo ou função
12. (IBFC – 2020) Em face do crime de associação crimi- c) Princípio da Consunção.
nosa, assinale a alternativa correta. d) Princípio da Subsidiariedade.
e) Princípio da Reserva Legal.
a) a pena aumenta-se até um terço se houver a participa-
ção de criança ou adolescente 17. (IBFC – 2014) Assinale a alternativa correta. Para os
b) trata-se de crime de concurso eventual de agentes efeitos penais, não são consideradas como extensão
c) configura associação criminosa o ato de constituir, do território nacional:
organizar ou manter grupo de pessoas com a finalida-
de de praticar crimes previstos no Código Penal a) as embarcações brasileiras, de natureza pública
d) a pena aumenta-se até um terço se a associação é armada ou a serviço do governo brasileiro onde quer que se
e) configura associação criminosa o ato de associarem- encontrem.
-se 3 (três) ou mais pessoas, para o fim específico de b) as aeronaves brasileiras, de natureza pública ou a ser-
cometer crimes viço do governo brasileiro onde quer que se encontrem,
c) as embarcações brasileiras, mercantes ou de pro-
13. (IBFC – 2018) Dentre as alternativas abaixo, assinale priedade privada, que se achem, respectivamente, no
aquela que admite a possibilidade de reconhecimento espaço aéreo ou marítimo estrangeiro.
e aplicaçãoda “ultratividade penal”: d) as embarcações brasileiras, mercantes ou de proprie-
dades privada, que se achem, respectivamente, em
a) lei penal incriminadora alto-mar.
b) lei penal interpretativa e) as aeronaves brasileiras, mercantes ou de proprieda-
c) lei penal excepcional de privada, que se achem, respectivamente, no espaço
d) lei penal explicativa aéreo correspondente ou em alto-mar.

14. (IBFC – 2013) Com relação à aplicação da lei penal, 18. (IBFC – 2018) Relativamente à imputabilidade penal,
assinale a alternativa INCORRETA: assinale a alternativa correta:

a) Para fins de aplicação da lei penal no tempo, o Código a) O menor de 18 (dezoito) anos pode adquirir a emanci-
Penal considera praticado o crime no momento da ação pação penal, desde que tenha sido aprovado em con-
ou omissão do agente, ainda que outro seja o momento curso público e exercido cargo público efetivo
do resultado. b) O menor de 18 (dezoito) anos pode obter a emanci-
b) A lei penal, durante o período de vacatio legis, não pação penal, tornando-se imputável, desde que tenha
pode ser aplicada, ainda que mais benéfica ao agente. concluído curso superior reconhecido pelo Ministério
c) É vedada, em Direito Penal, a aplicação da analogia in da Educação
malam partem. c) Deve ser reconhecida a isenção de pena do agente
d) Cessada a vigência da lei penal, ela jamais poderá ter que, em virtude de desenvolvimento mental incomple-
efeitos ultrativos. to, se apresentava, no instante da ação ou da omissão,
e) Não há crime, se o agente pratica o fato durante o incapaz totalmente de compreender a antijuridicidade
período de vacatio legis da lei nova. do evento
d) O menor de 18 (dezoito) anos pode adquirir a eman-
15. (IBFC – 2017) O conceito analítico de crime apresenta cipação penal, tornando-se responsável criminalmen-
como um de seus elementos constituidores a tipici- te, desde que tenha em seu nome estabelecimento
dade. No contexto do fato típico observa-se um apa- comercial ou empresarial
rente conflito entre normas penais aplicáveis ao caso
concreto. Com base nos seus conhecimentos sobre 19. (IBFC – 2013) Assinale a alternativa correta:
Direito Penal, assinale a alternativa que não apresenta
um dos mecanismos principiológicos utilizados para a) A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o
solucionar os conflitos aparentes de normas: agente, por embriaguez completa, proveniente de
caso fortuito ou força maior, era, ao tempo da ação ou
a) Princípio da subsidiariedade da omissão, inteiramente incapaz de entender o cará-
b) Princípio da insignificância ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
c) Princípio da consunção esse entendimento.
d) Princípio da alternatividade b) É isento de pena o agente que, por doença mental, é,
e) Princípio da especialidade ao tempo da sentença penal condenatória, inteiramen-
te incapaz de entender o caráter ilícito do fato crimino-
16. (IBFC – 2013) O crime de infanticídio, descrito no so praticado.
artigo 123 do Código Penal, tem núcleo idêntico ao do c) A pena pode ser reduzida se o agente, em virtude de
crime de homicídio, previsto no artigo 121, caput, do perturbação da saúde mental ou por desenvolvimento
mesmo código, qual seja: “matar alguém”. Todavia, o mental incompleto ou retardado, não era inteiramente
DIREITO PENAL

artigo 123 exige, para sua consumação, a presença, capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de deter-
no caso concreto de elementos diferenciadores, por minar-se de acordo com esse entendimento.
exemplo, a autora ser genitora da vítima e influência d) A emoção exclui a imputabilidade penal.
do estado puerperal, o que faz com que prevaleça e) Os menores de 21 (vinte e um) anos são penalmente
sobre o tipo penal, genérico, do artigo 121.” inimputáveis.

O enunciado refere-se ao: 20. (IBFC – 2013) A embriaguez completa e fortuita é:

a) Princípio da Especialidade. a) Causa de diminuição de pena.


b) Princípio da Alternatividade. b) Causa atenuante de pena. 425
c) Causa excludente de antijuridicidade.
d) Causa de isenção de pena.
e) Não interfere na imputabilidade penal.

9 GABARITO

1 A

2 D

3 E

4 D

5 C

6 B

7 A

8 A

9 D

10 D

11 C

12 E

13 C

14 D

15 B

16 A

17 C

18 C

19 C

20 D

ANOTAÇÕES

426
Revolta

Parágrafo único - Se os agentes estavam armados:


Pena - reclusão, de oito a vinte anos, com aumento

DIREITO PENAL MILITAR


de um terço para os cabeças.

Com Armas Sem Armas

DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE


OU DISCIPLINA MILITAR Revolta Motim

Os crimes contra a autoridade ou disciplina mili-


tar são aqueles que tutelam a hierarquia e a disci-
plina, bem como os valores de respeito aos símbolos
Importante!
nacionais. Distinção entre motim e revolta:
Revolta: Grupamento de militares armados
MOTIM E REVOLTA Motim: Reunião sem armas

O crime de motim está prescrito no art. 149 do


CPM, e o crime de revolta está no parágrafo único des- Sujeito ativo: crime plurissubjetivo, com a necessi-
te mesmo artigo. O crime de motim é: dade de no mínimo 2 militares. Exemplo: companhia
recebe ordem para instrução ou outra atividade e, em
Art. 149 Reunirem-se militares ou assemelhados: vez de obedecê-la, dirige-se, sem ordem ou autoriza-
I - contra a ordem recebida de superior ou negan- ção, à sede do Comando para apresentação de suas
do-se a cumpri-la; reivindicações.
II - recusando obediência a superior, quando este-
jam agindo sem ordem ou praticando violência;
ORGANIZAÇÃO DE GRUPO PARA A PRÁTICA DE
III - assentindo em recusa conjunta de obediência,
ou em resistência ou violência, em comum, contra
VIOLÊNCIA
superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou Art. 150. Reunirem-se dois ou mais militares ou
estabelecimento militar, ou dependência de qual- assemelhados, com armamento ou material béli-
quer deles, hangar, aeródromo ou aeronave, navio co, de propriedade militar, praticando violência à
ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer pessoa ou à coisa pública ou particular em lugar
daqueles locais ou meios de transporte, para ação sujeito ou não à administração militar:
militar, ou prática de violência em desobediência à Pena - reclusão, de quatro a oito anos.
ordem superior ou em detrimento da ordem ou da Omissão de lealdade militar
disciplina militar. Art. 151. Deixar o militar ou assemelhado de levar
ao conhecimento do superior o motim ou revolta de
O assemelhado, servidor civil que estava sujeito à cuja preparação teve notícia, ou, estando presente
disciplina militar, não tem previsão legal atualmente. ao ato criminoso, não usar de todos os meios ao seu
Portanto, todas as vezes em que encontrarmos o asse- alcance para impedi-lo:
melhado no CPM, deixaremos de lado e focaremos no Pena - reclusão, de três a cinco anos.
termo “militar”.
Sendo assim, se os militares se reunirem para tra- CONSPIRAÇÃO
tar de uma das quatro circunstâncias descritas nos
incisos do art. 149, praticarão crime de motim. Art. 152. Concertarem-se militares ou assemelha-
Observe a pena para o crime de motim: dos para a prática do crime previsto no artigo 149:
Pena - reclusão, de três a cinco anos.
Pena - reclusão, de quatro a oito anos, com aumen- Isenção de pena
to de um terço para os cabeças. Parágrafo único. É isento de pena aquêle que, antes
da execução do crime e quando era ainda possível
Quem são os cabeças? O art. 53 do CPM, ao tratar evitar-lhe as conseqüências, denuncia o ajuste de
DIREITO PENAL MILITAR

de concurso de agentes, em seus §§ 4º e 5º, dispõe o que participou.


seguinte: Cumulação de penas
Art. 153. As penas dos arts. 149 e 150 são aplicáveis
§ 4º na prática de crime de autoria coletiva neces- sem prejuízo das correspondentes à violência.
sária, reputam-se cabeças os que dirigem, provo-
cam, instigam ou excitam a ação. ALICIAÇÃO E INCITAMENTO
§ 5º quando o crime é cometido por inferiores e um
ou mais oficiais, são êstes considerados cabeças, Aliciação para Motim ou Revolta
assim como os inferiores que exercem função de
oficial. Art. 154 Aliciar militar ou assemelhado para a prá-
tica de qualquer dos crimes previstos no capítulo
O crime de revolta é a forma qualificada do crime anterior:
de motim., disposto no art. 149 do COM. Observe: Pena - reclusão, de dois a quatro anos. 427
Incitamento DESRESPEITO A SUPERIOR

Art. 155 Incitar à desobediência, à indisciplina ou à Conforme descrito no art. 160 do CPM:
prática de crime militar:
Pena - reclusão, de dois a quatro anos. Art. 160 Desrespeitar superior diante de outro
Parágrafo único. Na mesma pena incorre quem militar:
introduz, afixa ou distribui, em lugar sujeito à Pena - detenções de três meses a um ano, se o fato
administração militar, impressos, manuscritos ou não constitui crime mais grave.
material mimeografado, fotocopiado ou gravado,
em que se contenha incitamento à prática dos atos O desrespeito consiste na falta de consideração,
previstos no artigo. respeito, acatamento, praticada pelo subordinado na
relação com seu superior hierárquico, na presença de
DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILITAR DE outro militar, e desde que o fato não constitua crime
SERVIÇO mais grave.
Conforme decisão do TJM/MG, o soldado que, com
O crime de violência contra superior está previsto palavras insolentes e desdenhosas, desrespeita o cabo,
no art. 157 do CPM. na presença de outros militares, fica incurso nas san-
ções do art. 160 do CPM.
Art. 157 Praticar violência contra superior: O parágrafo único do artigo em comento, apresen-
Pena - detenção, de três meses a dois anos. ta circunstância qualificadora:

Sujeito ativo é o subordinado hierárquico. A auto- Parágrafo único. Se o fato é praticado contra o
ridade do superior hierárquico agredido é maculada comandante da unidade a que pertence o agente,
perante o subordinado ou terceiros que tenham pre- oficial general, oficial de dia, de serviço ou de quar-
senciado ou tomado conhecimento do fato. to, a pena é aumentada da metade.
Violência = força física, próprio corpo ou objeto.
Exemplos: empurrão, bofetada, arrancar distintivo, Podemos exemplificar por meio da hipótese de
bater com um objeto. Cabo PM que molesta civis e, ao ser censurado pelo
São formas qualificadas: Sargento PM, parte para agredi-lo, ofendendo-o na
presença de outros policiais militares e civis, sendo
§1º Se o superior é comandante da unidade a que contido por colegas, praticando assim o crime de des-
pertence o agente ou oficial general: respeito a superior.
Pena - reclusão, de três a nove anos.
§2º Se a violência é praticada com arma, a pena é
RECUSA DE OBEDIÊNCIA
aumentada de um terço.

A obediência que trata o art. 163 do CPM é a expres-


Conforme decisão do TJM/RS, o delito foi configu-
são da vontade do superior dirigida a um ou mais
rado no caso concreto em que o soldado que agride e
subordinados determinados para que cumpram com
ofende um cabo e comete violência contra superior,
uma prestação ou abstenção no interesse do serviço.
ainda que da agressão não resultem lesões corporais
na vítima.
Art. 163 Recusar obedecer à ordem do superior
sobre assunto ou matéria de serviço, ou relativa-
VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIÇO mente a dever imposto em lei, regulamento ou
instrução:
Este crime, violência contra mitar de serviço, está Pena - detenção, de um a dois anos, se o fato não
disposto no art. 158 do CPM: constitui crime mais grave.

Art. 158 Praticar violência contra oficial de dia, de A ordem que trata o texto legal deve ser impe-
serviço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou rativa, uma exigência para o subordinado; pessoal,
plantão: dirigida a um ou mais subordinados, descartando as
Pena - reclusão, de três a oito anos.
ordens de caráter geral, que constituem transgressão
disciplinar; e, por fim, concreta, pois o cumprimen-
O sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. Porém to da ordem não deve estar sujeito à apreciação do
o sujeito passivo, como exige o tipo penal, deve ser subordinado.
Oficial de dia, Oficial de serviço ou Oficial de quarto, Para fixar o entendimento, lembre-se de que a
ou, ainda, sentinela, vigia ou plantão. ordem deve ser:
São formas qualificadas:
z Imperativa: Deve importar em uma exigência
z Se a violência é praticada com arma, a pena é para o subordinado, por isso, não são ordens os
aumentada de um terço; conselhos, exortações e advertências;
z Se a violência resulta lesão corporal, aplica-se, além z Pessoal: Significa que deve ser dirigida a um ou
da pena da violência, a do crime contra a pessoa; mais subordinados. As ordens de caráter geral não
z Se da violência resulta morte, a pena será de reclu- são ordens pessoais e seu não cumprimento cons-
são de 12 a 30 anos. titui transgressão disciplinar;
z Concreta: Pura e simples, seu cumprimento não
Conforme decisão do TJM/RS, comete o crime des- deve estar sujeito à apreciação do subordinado.
crito no § 3º do art. 158 o militar que desfere, contra
seu oficial de serviço, seis tiros de revólver, pelas cos-
428 tas, causando-lhe a morte.
OPOSIÇÃO À ORDEM DE SENTINELA Forma Qualificada

Este crime, definido no art. 164 do CPM, asseme- § 1º Se o ato não se executa em razão da resistência:
lha-se ao crime de desrespeito a superior. Aqui, o des- Pena - reclusão de dois a quatro anos.
respeito é à sentinela:
Cumulação de Penas
Art. 164 Opor-se às ordens da sentinela:
Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato § 2º As penas dêste artigo são aplicáveis sem prejuí-
zo das correspondentes à violência, ou ao fato que
não constitui crime mais grave.
constitua crime mais grave.
O que é sentinela? É o militar legalmente encar-
regado de guardar, com ou sem arma, determinado
lugar sob administração militar, usando acessórios
que indiquem encontrar-se em serviço. DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO
Sabendo quem é a sentinela, podemos dizer que MILITAR E O DEVER MILITAR
o sujeito ativo desse crime pode ser qualquer pessoa:
civil ou militar. Os crimes contra o serviço e o dever militar estão
Em uma hipótese, o Soldado designado para a contidos nos capítulos que tratam sobre a insubmis-
função de sentinela dá ordem para outro militar não são, a deserção, o abado de posto e outros crimes em
entrar no recinto em guarnece. Todavia, o militar se serviço e do exercício de comércio por oficial da ativa.
opõe à ordem recebida e entra no local.
DESERÇÃO
REUNIÃO ILÍCITA
Um dos crimes mais exigidos em concursos públi-
cos, a deserção, é delito contra o serviço militar.
Diferente do crime de motim, no crime de reunião
ilícita os militares apenas discutem ato de superior ou Art. 187 Ausentar-se militar, sem licença, da unida-
assunto atinente à disciplina militar. de em que serve, ou de lugar em que deve permane-
cer, por mais de oito dias:
Art. 165 Promover a reunião de militares, ou nela Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se ofi-
tomar parte, para discussão de ato de superior ou cial, a pena é agravada.
assunto atinente à disciplina militar: Na mesma pena incorre o militar que:
Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem I - não se apresenta no lugar designado, dentro de
promove a reunião, de dois a seis meses a quem oito dias, findo o prazo de transito ou férias;
dela participa, se o fato, não constitui crime mais II - deixa de se apresentar à autoridade competente,
grave. dentro do prazo de oito dias contado daquele em
que termina ou é cassada a licença ou agregação ou
em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;
Quem é o superior? É o militar que, em virtude da III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar
função, exerce autoridade sobre outro de igual posto dentro do prazo de oito dias;
ou graduação. IV - consegue exclusão do serviço ativo ou situação
A finalidade dessa reunião é a discussão de ato inatividade, criando ou simulando incapacidade.
de superior ou assunto atinente à disciplina militar.
Assim, pratica o delito os militares que se reúnem e, Atente-se ao fato de que o crime de deserção é:
contrariando ordem de superior, decidem não exerce-
rem a função que lhes foi atribuída. z Permanente, porque a consumação se prolon-
ga no tempo e somente cessa quando o militar se
PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA apresenta ou é capturado;
z Formal, porque se configura com a ausência pura
e simples do militar além do prazo estabelecido em
Art. 166 Publicar o militar ou assemelhado, sem
lei.
licença, ato ou documento oficial, ou criticar públi-
camente ato de seu superior ou assunto atinente
à disciplina militar, ou a qualquer resolução do Dica
Govêrno: A deserção somente se consuma depois de
DIREITO PENAL MILITAR

Pena - detenção, de dois meses a um ano, se o fato transcorridos oito dias de ausência do militar.
não constitui crime mais grave.
Antes desse prazo, não haverá militar desertor e,
RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA OU VIOLÊNCIA. sim, militar ausente, definido como transgressão dis-
ciplinar nos termos dos regulamentos de cada força
Resistência Mediante Ameaça ou Violência singular (Marinha, Exército e Aeronáutica) e das for-
ças auxiliares (Polícia Militar e Bombeiro Militar).
Art. 177 Opor-se à execução de ato legal, mediante A contagem do prazo de graça inicia-se no dia
ameaça ou violência ao executor, ou a quem esteja seguinte ao dia da verificação da ausência, enquanto
prestando auxílio: o dia final é contado por inteiro. Se, por exemplo, a
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. ausência ocorreu no dia 13, inicia-se a contagem do
prazo à zero hora do dia 14 e consumar-se-á a deser-
ção a partir de zero hora do dia 22. 429
Considera-se atenuante especial: Isenção de Pena

Art. 189 [...] Parágrafo único. Se o favorecedor é ascendente,


I - se o agente se apresenta voluntariamente dentro descendente, cônjuge ou irmão do criminoso, fica
de oito dias após a consumação do crime, a pena é isento de pena.
diminuída de metade; e de um terço, se de mais de
oito dias e até sessenta. Omissão de Oficial

E é considerada agravante especial: Art. 194 Deixar o oficial de proceder contra deser-
tor, sabendo, ou devendo saber encontrar-se entre
Art. 189 [...] os seus comandados:
II - se a deserção ocorre em unidade estacionada Pena - detenção, de seis meses a um ano.
em fronteira ou país estrangeiro, a pena é agravada
de um têrço. ABANDONO DE POSTO

Considera-se, ainda, deserção especial: O crime de abandono de posto está previsto no art.
195 do CPM:
Art. 190 Deixar o militar de apresentar-se no
momento da partida do navio ou aeronave, de que Art. 195 Abandonar, sem ordem superior, o posto
é tripulante, ou da partida ou deslocamento da uni- ou lugar de serviço que lhe tenha sido designado,
dade ou força em que serve ou a serviço que lhe cumpria, antes de terminá-lo:
Pena - detenção, até três meses, se, após a partida Pena - detenção, de três meses a um ano.
ou deslocamento, se apresentar, dentro em vinte e
quatro horas, à autoridade militar do lugar, ou, na O abandono de posto é delito instantâneo, consu-
falta desta, à autoridade policial, para ser comuni- mando-se no exato momento em que o militar se afas-
cada a apresentação a comando militar da região, ta do local no qual deveria permanecer.
distrito ou zona. Conforme decisão do STM, configura-se o crime do
§ 1º Se a apresentação se der dentro do prazo supe- art. 195 do CPM o fato de o militar, sem ordem supe-
rior a vinte e quatro horas e não excedente a cinco rior, ausentar-se do posto onde deveria permanecer
dias: em virtude de escala regular de serviço. O pouco tem-
Pena - detenção, de dois a oito meses. po de vida militar e a primariedade do agente não
§ 2º Se superior a cinco dias e não excedente a dez excluem a culpabilidade, tal a gravidade do crime,
dias: face à segurança do quartel.
Pena - detenção de três meses a um ano.
§ 3º Se tratar de oficial, a pena é agravada.
Descumprimento de Missão

Atente-se ao fato de que a deserção, no momento Art. 196 Deixar o militar de desempenhar a missão
da partida, denomina-se deserção instantânea, por- que lhe foi confiada:
que decorre de ausência do militar em determinado Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato
momento. Inexiste, nessa espécie, o prazo de graça. não constitui crime mais grave.
§ 1º Se é oficial o agente, a pena é aumentada de
Concerto para Deserção um têrço.
§ 2º Se o agente exercia função de comando, a pena
Art. 191 Concertarem-se militares para a prática é aumentada de metade.
da deserção:
I - se a deserção não chega a consumar-se: Modalidade Culposa
Pena - detenção, de três meses a um ano.
§ 3º Se a abstenção é culposa:
Modalidade Complexa Pena - detenção, de três meses a um ano.

II - se consumada a deserção: EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO


Pena - reclusão, de dois a quatro anos.
A embriaguez em serviço, nos termos do próprio
Deserção por Evasão ou Fuga nome, é crime contra o serviço, tipificado no art. 202
do CPM.
Art. 192 Evadir-se o militar do poder da escolta,
ou de recinto de detenção ou de prisão, ou fugir em Art. 202 Embriagar-se o Militar, quando em servi-
seguida à prática de crime para evitar prisão, per- ço, ou apresentar-se embriagado para prestá-lo:
manecendo ausente por mais de oito dias: Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
O delito de embriaguez apresenta duas modalida-
Favorecimento a Desertor des: na primeira, o militar está em serviço e, nessa
qualidade, embriaga-se. Caso ingira bebida alcoólica
Art. 193 Dar asilo a desertor, ou tomá-lo a seu ser- e não se embriague, inexiste crime. Da mesma for-
viço, ou proporcionar-lhe ou facilitar-lhe transpor- ma ocorre se a embriaguez acontecer fora do servi-
te ou meio de ocultação, sabendo ou tendo razão ço, resolvendo-se no âmbito disciplinar. Na segunda
para saber que cometeu qualquer dos crimes pre- modalidade, o militar apresenta-se embriagado para
vistos neste capítulo: prestar serviço. É necessário que o sujeito tenha ciên-
430 Pena - detenção, de quatro meses a um ano. cia de que iniciaria o serviço.
oficial, ou criticar publicamente ato de seu superior
Importante! ou assunto atinente à disciplina militar, ou a qual-
quer resolução do Governo. Resposta: Letra C.
Embriaguez em serviço:
� Militar está em serviço e, nessa qualidade,
3. (CESPE-CEBRASPE – 2014) Com referência ao servi-
embriaga-se;
ço militar, julgue o seguinte item.
� Militar apresenta-se embriagado para prestar
O brasileiro convocado à incorporação que não se
serviço – é necessário que o sujeito tenha ciên-
apresentar no prazo estipulado se sujeita à penali-
cia de que iniciaria o serviço.
dade, prevista no Código Penal Militar, por crime de
insubmissão.
DORMIR EM SERVIÇO
( ) CERTO ( ) ERRADO
Por ser crime contra o serviço militar e o dever
militar, a lei penal castrense pune o militar que é O Código Penal Militar estabelece no art. 183 que
encontrado dormindo quando deveria estar alerta. configura o crime de insubmissão a conduta de dei-
xar de apresentar-se o convocado à incorporação,
Art. 203 Dormir o militar, quando em serviço, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou, apresen-
como oficial de quarto ou de ronda, ou em situa- tando-se, ausentar-se antes do ato oficial de incor-
ção, ou, não sendo oficial, em serviço de sentinela, poração. Esse crime somente pode ser praticado no
vigia, plantão às máquinas, ao leme, de ronda ou
âmbito das Forças Armadas por estar relacionado à
em qualquer serviço de natureza semelhante:
Pena - detenção, de três meses a um ano. prestação do serviço militar. Resposta: Certo.

EXERCÍCIOS COMENTADOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO


1. (VUNESP - 2017) É correto afirmar que: MILITAR

a) O crime militar de dormir em serviço exige o dolo do DESACATO A SUPERIOR


autor para a sua caracterização.
b) A ingestão de álcool pelo militar durante o serviço Desacato a superior é crime doloso devido à von-
caracteriza o crime militar de embriaguez em serviço. tade livre e consciente de proferir palavra ou praticar
c) O simples concerto para deserção não é crime militar. ato injurioso e o especial fim de agir na finalidade de
d) Pratica o crime militar de exercício de comércio a pra- desprestigiar a autoridade do superior hierárquico.
ça que toma parte na administração ou gerência de Vejamos:
sociedade comercial.
e) O militar que usa indevidamente uniforme, distintivo Art. 298 Desacatar superior, ofendendo-lhe a dig-
ou insígnia de posto ou graduação superior somente nidade ou procurando deprimir-lhe a autoridade:
cometerá crime militar se obtiver alguma vantagem Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não cons-
desse uso. titui crime mais grave.

O crime militar de dormir em serviço é doloso e não É crime militar próprio que exige do agente a
admite a modalidade culposa. Espera-se do militar condição especial de ser militar e, além disso, de ser
atenção ao executar o serviço. Resposta: Letra A. subordinado da vítima.
Conforme decisão do TJM/MG, a utilização de pala-
2. (VUNESP - 2017) Assinale a alternativa que apresenta vras de baixo calão, de desrespeito a superior hierár-
a assertiva correta. quico, ofendendo-lhe a dignidade diante de terceiros,
deprimindo-lhe a autoridade, caracteriza o crime de
a) Desrespeitar um superior hierárquico diante de um civil desacato a superior.
caracteriza o crime militar de desrespeito a superior.
O Tribunal decidiu que comete o crime de desa-
b) O despojamento, apenas por menosprezo, de unifor-
cato a superior, atentando contra a ordem adminis-
me militar por parte do militar não caracteriza crime
trativa militar, o militar que, inconformado com as
militar.
c) O militar que critica publicamente em rede social na determinações recebidas, encara o superior, irrogan-
DIREITO PENAL MILITAR

internet uma resolução do Governo pratica o crime do-lhe palavras altamente ofensivas, em franco desa-
militar de publicação ou crítica indevida. fio à autoridade de que se acha investido.
d) O crime militar de desrespeito a símbolo nacional se A pena é agravada se o superior é oficial general
caracteriza com base no ato ultrajante praticado pelo ou comandante da unidade a que pertence o agente.
militar ao símbolo nacional independentemente do
lugar ou diante de quem o ato for praticado. DESACATO A MILITAR
e) Pratica o crime militar de deserção o militar que se
ausenta, sem licença, da unidade em que serve, ou do Observe o art. 299 do CPM:
lugar em que deve permanecer, por mais de dois dias.
Art. 299 Desacatar militar no exercício de função
A questão descreve, em síntese, o tipo penal militar de natureza militar ou em razão dela:
descrito no art. 166 do CPM, que dispõe a conduta Pena - detenção de seis meses a dois anos, se o fato
de publicar o militar, sem licença, ato ou documento não constitui outro crime. 431
O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa, §1º A pena aumenta um terço, se o objeto da
sendo necessário que a vítima se encontre no exercí- apropriação ou desvio é de valor superior a vinte
cio de função militar ou que a ofensa se relacione com vezes o salário mínimo.
essa função.
O Código Penal Miliar dispõe no art. 300 o desaca- Peculato-furto
to a servidor civil. Nas Forças Armadas, há servidores
civis que desempenham funções administrativas na § 2º Aplica-se a mesma pena a quem, embora não
área da saúde e no magistério. tendo a posse ou detenção do dinheiro, valor ou
É importante destacar que o termo assemelhado não bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraí-
do, em proveito próprio ou alheio, valendo-se da
tem aplicação no âmbito militar, uma vez que não há pre-
facilidade que lhe proporciona a qualidade de mili-
visão legal de servidor civil sujeito à disciplina militar
tar ou de funcionário.
DESOBEDIÊNCIA
Peculato culposo
O crime de desobediência está relacionado à
§ 3º Se o funcionário ou o militar contribui cul-
ordem legal de autoridade militar.
posamente para que outrem subtraia ou desvie o
dinheiro, valor ou bem, ou dele se aproprie:
Art. 301 Desobedecer a ordem legal de autoridade Pena - detenção, de três meses a um ano.
militar.
Pena - detenção, até 6 meses.
Extinção ou minoração da pena
O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa, § 4º No caso do parágrafo anterior, a reparação
sendo necessário que a vítima se encontre no exercí- do dano, se precede a sentença irrecorrível, extin-
cio de função militar ou que a ofensa se relacione a gue a punibilidade; se lhe é posterior, reduz de
essa função. metade a pena imposta.
Podemos exemplificar com a hipótese de civil que
desobedece a ordem de sentinela de reduzir a veloci- EXTINÇÃO/MINORAÇÃO DA PENA NO PECULATO
dade do veículo, ou desobedece a ordem do coman- CULPOSO
dante de tropa para parar o veículo, porque a tropa Antes da sentença irrecorrível: Depois da sentença irrecorrível:
tem preferência no trânsito em relação aos veículos.
Extingue a punibilidade Reduz metade a pena imposta

INGRESSO CLANDESTINO
Peculato mediante aproveitamento do êrro de outrem
O crime de ingresso clandestino significa entrar,
Art. 304 Apropriar-se de dinheiro ou qualquer uti-
em síntese, em quartel por lugar onde não exista pas- lidade que, no exercício do cargo ou comissão, rece-
sagem regular, por exemplo, pulando muro, ou iludin- beu por êrro de outrem:
do a sentinela para poder entrar no estabelecimento Pena - reclusão, de dois a sete anos.
militar.
Figura na condição de sujeito ativo qualquer pes- O peculato somente pode ser praticado por funcio-
soa entre na organização militar por local que não nário público, militar ou civil. Se o peculato for culposo
seja o portal principal do quartel, por exemplo, a pes- e o funcionário ressarcir o patrimônio antes da senten-
soa que pula o muro para entrar no estabelecimento ça transitar em julgado, será extinta a punibilidade.
militar. O crime de peculato é dividido da seguinte forma:
Vejamos o art. 302, do CPM:
z Peculato-apropriação;
Art. 302 Penetrar em fortaleza, quartel, estabeleci- z Peculato-furto;
mento militar, navio, aeronave, hangar ou em outro z Peculato culposo.
lugar sujeito a administração militar, por onde seja
defeso ou não haja passagem regular, ou iludindo a Parte da doutrina apresenta, ainda, a seguinte
vigilância de sentinela ou de vigia. divisão para o crime de peculato:
Pena – detenção, de 6 meses a 2 anos, se o fato não
constitui crime mais grave. z Próprio: Peculato-apropriação e peculato-desvio;
z Impróprio: Peculato-furto.
PECULATO
O peculato-apropriação se configurará quando o
O crime de peculato tem duas proteções. Primei- funcionário público ou militar se apropriar de dinhei-
ro, protege-se a administração militar. Em segundo, e ro, valor ou qualquer outro bem móvel, público ou
eventualmente, protege-se também o patrimônio do particular, de que tem a posse em razão do cargo.
particular, quando o objeto material lhe pertence. É muito importante atentar-se ao seguinte em rela-
ção ao peculato apropriação:
Art. 303 Apropriar-se de dinheiro, valor ou qual-
quer outro bem móvel, público ou particular, de z Para que se configure, é necessário que o agente
que tem posse ou detenção, em razão do cargo tenha a posse do bem em razão do seu cargo;
ou comissão, ou desviá-lo em proveito próprio ou z O bem pode ser público ou particular (imagine um
alheio: objeto particular apreendido em uma delegacia de
432 Pena - reclusão de três a quinze anos. polícia);
z O sujeito passivo é a administração pública, con- público ou particular. O sujeito passivo é a adminis-
tudo, no caso de bem particular, o dono do bem tração pública. Caso o bem seja particular, também
também será sujeito passivo do delito. será sujeito passivo da infração penal o dono do bem.
É crime material.
O peculato-desvio se configurará quando o fun-
cionário público ou militar desviar, em proveito pró- CONCUSSÃO
prio ou alheio, dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, público ou particular. Art. 305 Exigir, para si ou para outrem, direta ou
Segundo posicionamento majoritário (apesar de indiretamente, ainda que fora da função ou antes de
algumas posições jurisprudenciais em sentido con- assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida:
trário), para que se configure o peculato-desvio, é Pena - reclusão, de dois a oito anos.
necessário que o bem seja desviado para integrar o
patrimônio do próprio funcionário público ou de ter- A concussão é praticada quando o agente público
ceiros, não se configurando o tipo penal caso ocorra exigir vantagem indevida, para si ou para outrem,
mero desvio de finalidade. direta ou indiretamente, ainda que fora da função ou
É importante saber que parte minoritária da antes de assumi-la, mas em razão dela.
doutrina defende que, para que se configure o pecu- No crime de concussão, o militar, valendo-se de
lato-desvio, não é necessária a intenção de assenho- sua autoridade, exige (conduta mais forte do que ape-
reamento (apoderar-se) por parte do funcionário nas pedir) o pagamento de vantagem não devida pela
público, podendo se configurar com o mero uso irre- pessoa. O particular, por temer qualquer represália
gular da coisa pública em proveito próprio ou alheio. por parte do funcionário público, pode ou não pagar a
Com base no que foi exposto acima, é importante vantagem indevida.
mencionar que o peculato de uso, em regra, é consi- Podemos exemplificar com o caso de policial mili-
derado figura atípica. Segundo Cleber Masson, o uso tar exigir de particular a quantia de R$ 2.000,00 para
momentâneo de coisa infungível, sem a intenção de que libere o seu veículo, sob pena de levá-lo indevida-
mente ao pátio do Detran.
incorporá-lo ao patrimônio pessoal ou de terceiro,
A vantagem indevida, segundo posicionamento
seguido da sua integral restituição a quem de direito,
majoritário, não necessita ser patrimonial, podendo
é atípico.
ser qualquer outra vantagem.
É necessário, para que não seja típica a conduta
É importante mencionar que a concussão se dará
do peculato de uso, que o bem seja infungível e não
em razão da função do militar, não se exigindo que o
consumível, a exemplo de um carro oficial ou de um fato seja praticado no efetivo desempenho das atribui-
computador. Caso o bem seja fungível e consumível, a ções do cargo. Sendo assim, este crime pode ser come-
exemplo do dinheiro, a conduta será típica tido por militar de férias.

Peculato-furto EXCESSO DE EXAÇÃO

O Peculato-furto se configurará quando o funcioná- Art. 306 Exigir imposto, taxa ou emolumento que
rio público, embora não tendo a posse do dinheiro, valor sabe indevido, ou, quando devido, empregar na
ou bem, subtrai-o, ou concorre para que ele seja subtraí- cobrança meio vexatório ou gravoso, que a lei não
do, em proveito próprio ou alheio, valendo-se de facili- autoriza:
dade que lhe proporciona a qualidade de funcionário. Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
O peculato-furto pode ser praticado de duas
formas: O excesso de exação é uma forma de concussão.
Configura-se quando o militar exige tributo ou contri-
z Subtraindo o dinheiro, valor ou o objeto; buição social, que sabe ou deveria saber indevido, ou,
z Concorrendo para que seja subtraído o dinheiro, quando devido, emprega na cobrança meio vexatório
valor ou objeto. ou gravoso, que a lei não autoriza.
Sobre o excesso de exação, é importante mencionar:
É importante mencionar que:
z Não admite a modalidade culposa;
z Para que se configure este crime, é necessário que z Admite a tentativa quando for possível fracionar o
o funcionário público não tenha a posse da coisa; iter criminis, a exemplo do excesso de exação prati-
z Para que se configure o peculato-furto na modali- cado mediante carta endereçada à vítima;
dade “concorrer para que seja subtraído”, é neces- z Se o funcionário desviar, em proveito próprio ou
sário que o ato seja doloso; de outrem, o que recebeu indevidamente para
recolher aos cofres públicos, responderá por
DIREITO PENAL MILITAR

z A qualidade de funcionário público deve acarretar


alguma facilidade para a subtração da coisa. Caso excesso de exação na modalidade qualificada.
não haja facilidade, o agente responderá por furto
normalmente. DESVIO

Exemplo: Soldado “A”, aos finais de semana, é res- Art. 307 Desviar, em proveito próprio ou de outrem,
ponsável por trancar a seção, sendo o último a sair. o que recebeu indevidamente, em razão do cargo ou
Certo dia, na hora de sair, valendo-se do fato de estar função, para recolher aos cofres públicos:
sozinho na seção, “A” subtrai um notebook do órgão Pena - reclusão, de dois a doze anos.
público. Está certamente configurado o crime de pecu-
lato-furto, já que, na condição de militar, teve facilida- z O crime de desvio tem por objeto jurídico a Admi-
de para que subtraísse o bem. nistração Militar;
Admite-se a modalidade tentada, já que se trata
de crime plurissubsistente. O bem subtraído pode ser 433
z O sujeito ativo é o funcionário público ou o mili- Corrupção Ativa
Corrupção Passiva
Concussão
tar. O particular, que não possua função pública, Verbos: solicitar,
Verbos: oferecer e
obviamente poderá, no concurso de pessoas, figu- receber e aceitar Verbo: exigir
× ×
prometer
promessa Crime praticado
rar no polo ativo; Crime praticado por
Crime praticado por funcionário
particular contra a
z O sujeito passivo, titular do bem jurídico agredi- administração da
por funcionário público contra a
público contra a administração pública
do, é o Estado representado pela administração justiça
administração pública
militar;

Observe que como o recebimento foi indevido, CORRUPÇÃO PASSIVA


aquele que pagou o valor desviado também é afetado
pela conduta. Vejamos o art. 308 do CPM:
No Código Penal Militar há conduta. O núcleo da
conduta é o verbo desviar, ou seja, dar destino diver- Art. 308 Receber, para si ou para outrem, direta ou
so do legal ou regulamentar, em proveito próprio indiretamente, ainda que fora da função, ou antes
ou alheio, a valor percebido indevidamente para ser de assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevi-
recolhido aos cofres públicos. da, ou aceitar promessa de tal vantagem:
Cícero Coimbra (2013) exemplifica o delito por Pena - Reclusão, de dois a oito anos.
meio da conduta de militar que recebeu cheque de
pensionista, destinado a pagamento de contribuições Aumento de pena
faltantes, e o depositou em sua própria conta em vez
de depositá-lo na conta da União, com o objetivo de § 1º a pena é aumentada de um terço, se, em conse-
fazer saldo médio e obter talão de cheques (STM, Ap. quência da vantagem ou promessa, o agente retar-
2003.01.049479-0/MS, rel. Min. Marcos Augusto Leal da ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o
de Azevedo, j. em 10-3-2005), assim como quem desvia pratica infringindo o dever funcional.
em proveito próprio dinheiro em espécie referente a
valor que cobra indevidamente, na função de Secretá- Diminuição de pena
rio de Junta de Serviço Militar, por serviço que a legis-
lação do serviço militar considera gratuito (STM, Ap. § 2º se o agente pratica, deixa de praticar ou retar-
1986.02.042917-4/MS, rel. Min. Alzir Benjamin Cha- da o ato de ofício com infração de dever funcional,
loub, j. em 24-2-1987). cedendo a pedido ou influência de outrem.
Pena - Detenção, de três meses a um ano.
z O crime apenas ocorre a título de dolo;
z Consuma-se o crime de desvio com a destinação O sujeito ativo é o servidor, militar ou civil, que
diversa do cofre público; recebe ou aceita a vantagem.
z Admite-se tentativa.

CORRUPÇÃO ATIVA Importante!


Para a consumação do crime de corrupção pas-
Vejamos a tipificação: siva, não é imprescindível estar o agente no exer-
cício da função, já que a lei ressalva a hipótese
Art. 309 Dar, oferecer ou prometer dinheiro
ou vantagem indevida para a prática, omissão ou
de a vantagem indevida ser recebida ainda que
retardamento de ato funcional: fora da função, ou antes de assumi-la, mas sem-
Pena - Reclusão, até oito anos. pre em razão dela.

Aumento de pena
A corrupção passiva é delito formal e consuma-se
com a simples solicitação, a não ser se esta for impos-
Parágrafo único. A pena é aumentada de um terço,
se, em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é sível de ser cumprida, ou seja, não esteja ao alcance
retardado ou omitido o ato, ou praticado com infra- da pessoa que é solicitada, segundo Jorge César de
ção de dever funcional. Assis (2003). Não admite tentativa.
O TJM/MG decidiu que militar, instrutor de autoes-
O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que dá, cola em Unidade Militar, responsável pelo treinamen-
oferece ou promete dinheiro ou vantagem indevida. to e exames de candidatos à habilitação para condução
de automóveis, que se vale dessa função para receber
O servidor público, civil ou militar, também pode ser
vantagens indevidas, facilitando ou dispensando exa-
sujeito ativo, desde que esteja agindo como particular
mes, comete o crime de corrupção passiva, e são coau-
e despido de sua qualidade funcional.
tores aqueles que intermedeiam.
O sujeito passivo, ao contrário do que se possa pen-
Podemos trazer o exemplo do policial militar que
sar, não é o servidor público, mas, sim, a administra- exige certa quantia em dinheiro para não aplicar mul-
ção militar, em favor da qual está aquele que opera na ta em condutor de veículo que estava acima da veloci-
qualidade de seu agente. dade permitida na via.
Oferecer vantagem indevida a policial militar
para que se omita quanto ao flagrante que presenciou FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO
caracteriza o delito de corrupção ativa, ainda que o
policial esteja fora de seu horário de trabalho e à pai- Art. 311 Falsificar, no todo ou em parte, docu-
sana, pois, ao surpreender a prática de crime, age no mento público ou particular, ou alterar docu-
cumprimento do dever legal e nos limites de sua com- mento verdadeiro, desde que o fato atente contra a
434 petência, conforme decisão do TJSP. administração ou o serviço militar:
Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a falso. Nesse caso, temos o civil utilizando documento
seis anos; sendo o documento particular, reclusão, falso em face do Estado e trazendo prejuízo a outro
até cinco anos. candidato, que tinha documento verdadeiro e que não
foi matriculado.
A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce Fazer uso, nesse delito, significa empregar, utilizar
função em repartição militar. Equipara-se a documento, ou aplicar. Os objetos são os papéis (documentos) fal-
para os efeitos penais, o disco fonográfico ou a fita ou fio
sificados ou alterados. É indispensável a realização de
de aparelho eletromagnético a que se incorpore declara-
exame de corpo de delito para comprovar a falsidade,
ção destinada à prova de fato juridicamente relevante.
O sujeito ativo pode ser tanto o militar quanto o pois é delito que deixa vestígio material.
civil, desde que o fato atente contra as instituições
militares. O sujeito passivo é a administração militar.
Para que configure o delito, é imprescindível que
a falsificação seja idônea de iludir terceiro. Se a falsi- EXERCÍCIOS COMENTADOS
ficação for grosseira, perceptível à primeira vista, ine-
xiste o delito, em face da ausência de potencialidade 1. (IBFC – 2020) A ofensa à dignidade ou ao decoro são
lesiva do comportamento. elementares que se fazem presentes expressamente
O STM decidiu que pratica o crime de falsidade no crime militar de:
de documento o militar que falsifica atestado médico
com o objetivo de conseguir prorrogação de licença a) Desacato a assemelhado ou funcionário.
para tratamento de saúde. b) Ingresso clandestino.
c) Desacato a superior.
FALSIDADE IDEOLÓGICA d) Desobediência.
e) Desacato a militar.
A falsidade documental pode ser de duas espécies:
material e ideológica. O art. 298 do CPM dispõe ser crime a conduta de
desacatar superior, ofendendo-lhe a dignidade ou
Art. 312 Omitir, em documento público ou par-
ticular, declaração que dela devia constar, ou
o decoro ou procurando deprimir-lhe a autorida-
nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou de. Veja: no delito de desacato a superior, a vítima
diversa da que devia ser escrita, com o fim de pre- somente pode ser superior. O agente precisa ter
judicar direito, criar obrigação ou alterar a verda- ofendido a dignidade ou decoro, procurando depri-
de sobre fato juridicamente relevante, desde que o mir a autoridade. Resposta: C.
fato atente contra a administração militar ou ser-
viço militar: 2. (CESPE-CEBRASPE – 2018) A respeito dos crimes
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é
militares em tempo de paz, julgue o item subsequente.
público; reclusão, até três anos, se o documento é
Situação hipotética: Durante a formatura em deter-
particular.
minada unidade militar, na presença da tropa, um sar-
gento desacatou o comandante da subunidade a qual
A falsidade documental material se revela no pró-
pertencia.
prio documento, recaindo sobre elemento físico do
Assertiva: Nessa situação, a pena prevista para o cri-
papel escrito e verdadeiro. Já a falsidade documental
me de desacato a superior será agravada em razão da
ideológica não se revela em sinais exteriores da escrita,
pessoa ofendida.
mas concerne ao conteúdo do documento. Na falsida-
de ideológica, inexiste rasurar, emendas, omissões ou
acréscimos, sendo falsa a ideia que o documento contém. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O TJM/RS determinou que os policiais militares, ao
encontrarem um veículo furtado, façam constar no O crime de desacato a superior tem a pena agrava-
boletim de ocorrência que o veículo estava depena- da se o superior é oficial general ou comandante da
do, isto é, destruído. Isso evita, por conseguinte, que unidade a que pertence o agente. Se a oficial general
o proprietário do automóvel tente fraudar o contrato ou comandante da unidade pertence a outra organi-
de seguro. zação militar, a pena não será agravada. Resposta:
Errado.
USO DE DOCUMENTO FALSO

Art. 315 Fazer uso de qualquer dos documentos


falsificados ou alterados por outrem, a que se referem DOS CRIMES CONTRA O DEVER
DIREITO PENAL MILITAR

os artigos anteriores:
FUNCIONAL
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
PREVARICAÇÃO
O crime de uso de documento falso pode ser pra-
Art. 319 Retardar ou deixar de praticar, inde-
ticado por qualquer pessoa. Por isso, o sujeito ativo
vidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra
pode ser civil ou militar. Considerando que o delito de
expressa disposição de lei, para satisfazer inte-
uso de documento falso é praticado em face do Estado,
resse ou sentimento pessoal:
e sempre tem alguém prejudicado, esses são os sujei- Pena - detenção, de seis meses a dois anos.
tos passivos.
Por exemplo: o candidato de concurso público
Pela leitura do tipo penal de prevaricação, pode-se
para a Polícia Militar apresenta no ato da matrícula
observar que o sujeito ativo é somente o militar ou o
do curso de formação o certificado de nível superior
funcionário civil lotado em organização militar. Já o 435
sujeito passivo é o Estado podendo ser, também, uma violência à pessoa em lugar sujeito à administração
entidade de direito público ou uma pessoa prejudicada. militar
O crime de prevaricação tem o núcleo no verbo d) deixar o militar de levar ao conhecimento do supe-
retardar, que significa, nesse contexto, atrasar ou pro- rior conspiração de cuja preparação teve notícia, ou,
crastinar, deixar para depois. A outra conduta descrita estando presente ao ato criminoso, não usar de todos
no tipo é deixar de praticar, ou seja, desistir da execução. os meios ao seu alcance para impedi-lo
Cícero Coimbra (2013) ensina que há três condu- e) reunirem-se militares armados, recusando obediência
tas puníveis no crime de prevaricação, constituindo a superior, quando estejam agindo sem ordem ou pra-
a chamada auto corrupção própria, já que o funcio- ticando violência
nário se deixa levar por vantagem indevida, violando
deveres funcionais. 2. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta após ana-
Ainda, pode-se observar o elemento normativo lisar os itens I a IV.
do tipo: indevidamente. O termo designa o ato de
fazer algo não permitido por lei, infringindo dever I. Reunirem-se militares agindo contra a ordem recebida
funcional. O crime de prevaricação é, por isso, doloso, de superior;
havendo a exigência de elemento subjetivo específi- II. Reunirem-se militares recusando obediência a supe-
co que consiste na vontade de satisfazer interesse rior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando
ou sentimento pessoal. Por isso, não há modalidade violência;
culposa. III. Reunirem-se militares assentindo em recusa conjun-
Sobre isso, Cícero Coimbra esclarece: ta de obediência, ou em resistência ou violência, em
comum, contra superior;
z Interesse ou sentimento pessoal é qualquer pro- IV. Reunirem-se militares ocupando quartel.
veito, ganho ou vantagem auferido pelo agente,
não, necessariamente, de natureza econômica; a) Os itens I e II constituem Motim enquanto que os itens
z Sentimento pessoal é a disposição afetiva do agen- III e IV constituem Revolta
te em relação a algum bem ou valor. b) Os itens I e III constituem Revolta enquanto que os
itens II e IV constituem Motim se os agentes estiverem
armados
c) Todos os itens constituem Motim exceto no caso dos
EXERCÍCIO COMENTADO agentes estarem armados, caso em que se configura
a Revolta
1. (IBFC – 2020) O ato de “retardar ou deixar de prati- d) Apenas o item III constitui Motim e os demais itens
car, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra constituem Revolta independentemente dos agentes
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse estarem armados
ou sentimento pessoal” configura o crime militar de: e) Apenas o item II constitui Revolta e os demais itens
constituem Motim independentemente dos agentes
a) abuso de confiança estarem armados
b) condescendência criminosa
c) omissão de dever funcional 3. (IBFC – 2017) Considerando a prática de conspiração,
d) retardamento de ato de ofício assinale a alternativa correta.
e) prevaricação
a) Tal conduta existe no ato de concertarem-se militares
O crime de prevaricação está tipificado no art. 319 ou assemelhados para a prática do crime de Motim
do CPM que dispõe que o delito é retardar ou deixar b) Tal conduta não é prevista na legislação penal militar
de praticar, indevidamente, ato de ofício, ou praticá- c) Tal conduta existe no ato de concertarem-se militares
-lo contra expressa disposição de lei, para satisfazer e não os assemelhados para a prática do crime de
interesse ou sentimento pessoal (ex.: o militar deixa Motim
de praticar atos de ofícios em razão de problemas d) Tal conduta existe no ato de concertarem-se os asse-
familiares, ou seja, um sentimento pessoal). Respos- melhados e não os militares para a prática do crime de
ta: Letra E. Motim
e) Tal conduta existe no ato de concertarem-se aqueles
que não forem militares ou assemelhados para a práti-
ca do crime de Motim
HORA DE PRATICAR!
4. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
1. (IBFC – 2020) Sobre o que constitui a conduta típi- pena aplicável no caso da conduta de aliciar militar
ca de crime militar de motim, assinale a alternativa para a prática de Motim ou Revolta
correta.
a) Reclusão, de dois a quatro anos
a) reunirem-se dois militares, com armamento de pro- b) Detenção, de três a cinco anos
priedade militar, praticando violência à coisa pública c) Reclusão, de três a quatro anos
ou particular em lugar não sujeito à administração d) Detenção, de dois a quatro anos
militar e) Reclusão, de três a cinco anos
b) reunirem-se militares desarmados agindo contra a
ordem recebida de superior, ou negando-se a cumpri-la 5. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre qual
c) reunirem-se mais de dois militares ou assemelhados, conduta consiste no crime de Violência contra militar
com material bélico de propriedade militar, praticando de serviço.
436
a) Praticar violência contra superior a) Detenção, de seis meses a um ano diminuindo-se a
b) Praticar violência contra superior comandante da uni- pena se o agente é oficial
dade a que pertence o agente b) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se
c) Praticar violência contra superior oficial general o agente exercia função de comando
d) Praticar violência contra oficial de dia, de serviço, ou c) Reclusão, de seis meses a um ano diminuindo-se a
de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão pena se o agente é oficial
e) Praticar violência contra superior comandante da uni- d) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se
dade a que pertence o agente ou oficial general o agente é oficial
e) Detenção, de três meses a um ano
6. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre qual
conduta consiste no crime de recusa de obediência. 10. (IBFC – 2020) Sobre o que configura conduta típica do
crime de recusa de obediência, assinale a alternativa
a) Opor-se às ordens da sentinela correta.
b) Recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto
ou matéria de serviço, ou relativamente a dever impos- a) desrespeitar superior diante de outro militar
to em lei, regulamento ou instrução b) despojar-se de uniforme, condecoração militar, insíg-
c) Promover a reunião de militares para discussão de ato nia ou distintivo, por menosprezo ou vilipêndio
de superior c) recusar obedecer a ordem do superior sobre assunto
d) Tomar parte em reunião de militares para discussão ou matéria de serviço, ou relativamente a dever impos-
de ato de superior to em lei, regulamento ou instrução
e) Promover a reunião de militares, ou nela tomar parte, d) promover a reunião de militares, ou nela tomar parte,
para discussão de assunto atinente à disciplina militar para discussão de ato de superior ou assunto atinente
à disciplina militar
7. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a e) praticar o militar diante da tropa, ou em lugar sujeito à
conduta que consiste no crime de resistência median- administração militar, ato que se traduza em ultraje a
te ameaça ou violência. símbolo nacional

a) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou 11. (IBFC – 2020) A ofensa à dignidade ou ao decoro são
violência ao executor, não havendo crime se a conduta elementares que se fazem presentes expressamente
se volta contra quem esteja prestando auxílio no crime militar de:
b) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou
violência a quem esteja prestando auxílio ao executor, a) desacato a assemelhado ou funcionário
não havendo crime se a conduta se volta contra o exe- b) ingresso clandestino
cutor diretamente c) desacato a superior
c) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante vio- d) desobediência
lência ao executor, não havendo crime se a conduta se e) desacato a militar
volta contra quem esteja prestando auxílio ou median-
te grave ameaça 12. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
d) Opor-se à execução de ato legal, apenas mediante conduta prevista para o crime de desacato a superior
ameaça a quem esteja prestando auxílio ao executor, de posto.
não havendo crime se a conduta se volta contra o exe-
cutor diretamente ou mediante violência a) Comete tal crime o agente que desacatar superior,
e) Opor-se à execução de ato legal, mediante ameaça ou lhe ofendendo a dignidade, diminuindo-se a pena se
violência ao executor, ou a quem esteja prestando auxílio o superior é oficial comandante da unidade a que per-
tence o agente
8. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a b) Comete tal crime o agente que desacatar superior,
conduta que consiste no crime de deserção após ana- lhe ofendendo a dignidade, agravando-se a pena se o
lisar os itens a seguir. superior é oficial comandante da unidade a que per-
tence o agente
a) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que c) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais ofendendo a dignidade, não havendo previsão de agra-
de dez dias vamento da pena
b) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que d) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais ofendendo o decoro, diminuindo-se a pena se o supe-
de cinco dias rior é oficial comandante da unidade a que pertence o
DIREITO PENAL MILITAR

c) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que agente


serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais e) Comete tal crime o agente que desacatar superior, lhe
de dois dias ofendendo o decoro, não importando se o superior é
d) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que oficial comandante
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais
de oito dias 13. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
e) Ausentar-se o militar, sem licença, da unidade em que conduta prevista para o crime de peculato.
serve, ou do lugar em que deve permanecer, por mais
de quatro dias a) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem
móvel, desde que público, de que tem a posse ou
9. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá-
pena prevista para o crime de abandono de posto. -lo em proveito próprio ou alheio
437
b) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem e) verifica-se o peculato-furto quando o agente, embora
móvel, desde que particular, de que tem a posse ou não tenha a posse ou detenção do dinheiro, valor ou
detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá- bem, o subtrai, ou contribui para que seja subtraído,
-lo em proveito próprio ou alheio em proveito próprio ou alheio, valendo-se da facilidade
c) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem que lhe proporciona a qualidade de militar
móvel, público ou particular, de que tem a posse ou
detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá- 18. (IBFC – 2020) Assinale a alternativa correta que se
-lo em proveito próprio ou alheio apresenta como forma qualificada do crime militar de
d) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem “violência contra superior”.
móvel, desde que público, de que tem a posse e não a
detenção, em razão do cargo ou comissão, ou desviá- a) se a violência é praticada com arma
-lo em proveito próprio ou alheio b) se da violência resulta dano psicológico
e) Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer outro bem c) se a violência é moral
móvel, desde que particular, de que tem a detenção e d) se a violência é praticada mediante simulacro de arma
não a posse, em razão do cargo ou comissão, ou des- de fogo
viá-lo em proveito próprio ou alheio e) se da violência resulta vias de fato

14. (IBFC – 2020) O ato de “retardar ou deixar de prati- 19. (IBFC – 2018) No que se refere ao crime de violência
car, indevidamente, ato de ofício, ou praticá-lo contra contra superior (art. 157 do Código Penal Militar), assi-
expressa disposição de lei, para satisfazer interesse nale a alternativa correta:
ou sentimento pessoal” configura o crime militar de:
a) abuso de confiança a) Trata-se de crime comum, que qualquer pessoa pode
b) condescendência criminosa praticar
c) omissão de dever funcional b) Se a violência é praticada com arma, a pena é aumen-
d) retardamento de ato de ofício tada de metade
e) prevaricação c) O crime é qualificado se a violência é praticada contra
o comandante da unidade a que pertence o agente
d) Se da violência resulta lesão corporal, absorve-se o cri-
15. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta sobre a
me contra a pessoa
conduta que consiste no crime de resistência median-
te ameaça ou violência.
20. (IBFC – 2017) Assinale a alternativa correta a seguir
quanto à caracterização dos crimes de Motim e
a) Não há forma qualificada de tal crime
Revolta.
b) A forma qualificada do crime ocorre se o ato é atrasa-
do em razão da resistência
c) A forma qualificada do crime ocorre se o ato não se a) As mesmas condutas são caraterizadas como Motim
executa em razão da resistência e Revolta, sendo, portanto, sinônimos
d) A forma qualificada do crime ocorre se o ato resulta b) O crime de Revolta difere do Motim pelo fato dos agen-
em resultado previsto em crime mais grave tes estarem armados na prática das condutas tipifica-
e) Não há previsão de cumulação de penas para o referi- das como Revolta, o que não é previsto para o Motim
do crime c) Apenas o Motim é crime enquanto que a Revolta se
limita ao caráter psicológico do comportamento, não
sendo crime
16. (IBFC – 2020) O crime de desacato a superior classifi-
d) Apenas a Revolta é crime enquanto que o Motim se
ca-se como:
limita ao caráter psicológico do comportamento, não
sendo crime
a) de forma vinculada
e) Motim e Revolta são crimes praticados com o empre-
b) complexo
go de armas
c) de concurso necessário
d) comum
e) propriamente militar 9 GABARITO
17. (IBFC – 2020) No que se refere ao crime de peculato-
1 B
-furto, como previsto no Código Penal Militar, assinale
a alternativa correta. 2 C
a) no peculato-furto, a reparação do dano, se precede a 3 A
sentença irrecorrível, extingue a punibilidade; se lhe é
posterior, reduz de metade a pena imposta 4 A
b) no peculato-furto, a conduta típica se perfaz quando 5 D
o agente se apropria de dinheiro ou qualquer utilidade
que, no exercício do cargo ou comissão, recebeu por 6 B
erro de outrem
c) no peculato-desvio, o arrependimento posterior, faz com 7 E
que o agente responda pelos atos até então praticados 8 D
d) no peculato-furto, a conduta típica se consubstancia
quando o sujeito ativo se apropria de dinheiro, valor 9 E
ou qualquer outro bem móvel, público ou particular, de
que tem a posse ou detenção, em razão do cargo ou 10 C
438 comissão
11 C

12 B

13 C

14 E

15 C

16 E

17 E

18 A

19 C

20 B

ANOTAÇÕES

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