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Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco, Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil, Silvana Guimarães, Leticia

Veloso, Marina Faraco e Guilherme Cardoso, Bruna Pinotti, Fernando Zantedeschi, Rodrigo Gonçalves

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA - PMBA

PM-BA
Soldado

A apostila preparatória é elaborada antes da publicação do Edital Oficial com base no edital anterior,
para que o aluno antecipe seus estudos.

JN055-19
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OBRA

POLÍCIA MILITAR DA BAHIA - PMBA

Soldado

EDITAL DE ABERTURA DE INSCRIÇÕES – SAEB – 01/2017, DE 09 DE MAIO DE 2017

AUTORES

Língua Portuguesa - Profª Zenaide Auxiliadora Pachegas Branco


Matemática e Raciocínio Lógico - Profº Bruno Chieregatti e Joao de Sá Brasil
História do Brasil - Profª Silvana Guimarães e Leticia Veloso
Geografia do Brasil - Profª Silvana Guimarães e Leticia Veloso
Atualidades- Profª Leticia Veloso
Noções de Direito Constitucional - Profª Marina Faraco e Guilherme Cardoso
Noções de Direitos Humanos - Profª Bruna Pinotti
Noções de Direito Administrativo - Profº Fernando Zantedeschi
Noções de Direito Penal - Profº Rodrigo Gonçalves
Noções de Igualdade Racial e de Gênero - Profª Bruna Pinotti
Noções de Direito Penal Militar - Profº Rodrigo Gonçalves

PRODUÇÃO EDITORIAL/REVISÃO
Elaine Cristina
Leandro Filho

DIAGRAMAÇÃO
Elaine Cristina
Thais Regis
Danna Silva

CAPA
Joel Ferreira dos Santos

Publicado em 01/2019

www.novaconcursos.com.br

sac@novaconcursos.com.br
SUMÁRIO

LÍNGUA PORTUGUESA

Ortografia oficial....................................................................................................................................................................................................... 01
Acentuação gráfica. ................................................................................................................................................................................................. 04
Flexão nominal e verbal. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. Emprego de tempos e modos ver-
bais. Vozes do verbo. ............................................................................................................................................................................................. 06
Concordância nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................... 48
Regência nominal e verbal. . ................................................................................................................................................................................. 55
Ocorrência de crase. ................................................................................................................................................................................................ 60
Pontuação. . ................................................................................................................................................................................................................. 63
Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Intelecção de texto. Redação oficial.................... 66

MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resolução de problemas envolvendo frações, conjuntos,porcentagens, sequências (com números, com figuras, de pala-
vras)................................................................................................................................................................................................................................. 01
Raciocínio lógico‐matemático: proposições, conectivos, equivalência e implicação lógica, argumentos válidos.............. 25

HISTÓRIA DO BRASIL

A sociedade colonial: economia, cultura, trabalho escravo, os bandeirantes e os jesuítas.......................................................................01


A independência e o nascimento do Estado Brasileiro............................................................................................................................................01
A organização do Estado Monárquico............................................................................................................................................................................01
A vida intelectual, política e artística do século XIX. ................................................................................................................................................01
A organização política e econômica do EstadoRepublicano. ...............................................................................................................................01
A Primeira Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil. ................................................................................................................................................01
A Revolução de 1930..............................................................................................................................................................................................................01
O Período Vargas.....................................................................................................................................................................................................................01
A Segunda Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil..................................................................................................................................................01
Os governos democráticos, os governos militares e a Nova República............................................................................................................01
A cultura do Brasil Republicano: arte e literatura. .....................................................................................................................................................01
História da Bahia: ndependência da Bahia. Revolta de Canudos. Revolta dos Malés. Conjuração Baiana. Sabinada.....................55

GEOGRAFIA DO BRASIL
Organização político-administrativa do Brasil: divisão política e regional. ....................................................................................... 01
Relevo, clima, vegetação: hidrografia e fusos horários. ............................................................................................................................ 01
Aspectos humanos: formação étnica, crescimento demográfico. . ....................................................................................................... 01
Aspectos econômicos: agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, atividades industriais e transportes. ........ 01
A questão ambiental degradação e políticas de meio ambiente........................................................................................................... 01
Geografia da Bahia: aspectos políticos, físicos, econômicos, sociais e culturais............................................................................... 43
SUMÁRIO

ATUALIDADES

Domínio de assuntos relevantes e atuais (nacionais e internacionais) divulgados pelos principais meios de comunica-
ção.................................................................................................................................................................................................................................. 01

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil: Poder Constituinte...................................................................................................................01


Dos princípios fundamentais..............................................................................................................................................................................................04
Dos direitos e garantias fundamentais. Dos direitos e deveres individuais e coletivos. Da nacionalidade. Dos direitos políti-
cos. ....................................................................................................................................................................................................................................06
Da organização do Estado. Da organização político-administrativa. Da União. Dos Estados federados.Do Distrito Federal e dos
Territórios. Da administração pública. Disposições gerais.Dos servidores públicos. Dos militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios........................................................................................................................................................................................................................17
Da segurança pública.............................................................................................................................................................................................................31
Constituição do Estado da Bahia. Dos Servidores Públicos Militares. Da Organização dos Poderes. Do Poder Legislativo. Da As-
sembléia Legislativa. Das Competências da Assembléia Legislativa. Do Poder Executivo. Das Disposições Gerais. Das Atribuições
do Governador do Estado. Do Poder Judiciário. Das Disposições Gerais. Da Justiça Militar. Do Ministério Público. As Procurado-
rias. Da Defensoria Pública.Da Segurança Pública.....................................................................................................................................................35

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Precedentes históricos, Direito Humanitário, Liga das Nações e Organização Internacional do Trabalho (OIT)................. 01
A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948.................................................................................................................................. 05
Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (arts. 1° ao 32)............................ 06
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (arts. 1° ao 15)........................................................................... 18
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 (arts. 1° ao 271)............................................................................................. 19

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO


Administração pública: conceito e princípios................................................................................................................................................. 01
Poderes administrativos. ........................................................................................................................................................................................ 07
Atos administrativos. Conceito. Atributos. Requisitos. Classificação. Extinção.................................................................................. 12
Organização administrativa. Órgãos públicos: conceito e classificação. Entidades administrativas: conceito e espécies.
Agentes públicos: espécies. .................................................................................................................................................................................. 17
Regime jurídico do militar estadual: Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia (Lei estadual nº 7.990, de 27 de
dezembro de 2001)................................................................................................................................................................................................... 41
Lei estadual nº 13.201, de 09 de dezembro de 2014 (Reorganização a Polícia Militar da Bahia)............................................. 42
SUMÁRIO

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Da aplicação da lei penal. Lei penal no tempo. Lei penal no espaço..................................................................................................................01


Do crime. Elementos. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior.
Crime impossível. Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade. Contravenção......................................................................................05
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................................11
Dos crimes contra a vida (homicídio, lesão corporal e rixa). Dos crimes contra a liberdade pessoal (ameaça, sequestro e cárcere
privado).......................................................................................................................................................................................................................................11
Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes e receptação).....17
Dos crimes contra a dignidade sexual ...........................................................................................................................................................................23
Dos crimes contra a paz pública (quadrilha ou bando)...........................................................................................................................................26
Legislação esparsa: Lei federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura)..................................................................................29

NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1°, 3°, 4° e 5°). ..................................................................................................................01


Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)......................................................................................................................................02
Lei federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial). ..............................................................................................03
Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e Lei federal n°
9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor). .............................................10
Decreto federal n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação racial)...............................................................................................................................................................................................................12
Decreto federal n° 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação
contra a mulher). ....................................................................................................................................................................................................................18
Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). ...............................................................................................................24
Código Penal Brasileiro (art. 140). ...................................................................................................................................................................................33
Lei federal n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura). ...........................................................................................................................33
Lei federal n° 2.889, de 1º de outubro de 1956 (Define e pune o Crime de Genocídio). ..........................................................................33
Lei federal nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó). ................................................................................................................................35
Lei estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada pela Lei estadual n°
12.212, de 04 de maio de 2011. .......................................................................................................................................................................................36
Lei federal nº 10.678, de 23 de maio de 2003, com as alterações da Lei federal nº 13.341, de 29 de setembro de 2016 (Referente
à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República)........................................................................36

NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar: Motim. Revolta. Conspiração. Aliciação para motim ou revolta. .01
Da violência contra superior ou militar de serviço: Violência contra superior. Violência contra militar de serviço. Desres-
peito a superior. Recusa de obediência. Oposição à ordem de sentinela. Reunião ilícita. Publicação ou crítica indevida.
Resistência mediante ameaça ou violência...................................................................................................................................................... 01
Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar: Deserção. Abandono de posto. Descumprimento de missão. Em-
briaguez em serviço. Dormir em serviço.......................................................................................................................................................... 01
Dos crimes contra a Administração Militar: Desacato a Superior. Desacato a militar. Desobediência. Peculato. Peculato-
-furto. Concussão. Corrupção ativa. Corrupção passiva. Falsificação de documento. Falsidade ideológica. Uso de docu-
mento falso. 4. Dos crimes contra o dever funcional: Prevaricação....................................................................................................... 05
ÍNDICE

LÍNGUA PORTUGUESA

Ortografia oficial....................................................................................................................................................................................................... 01
Acentuação gráfica. ................................................................................................................................................................................................. 04
Flexão nominal e verbal. Pronomes: emprego, formas de tratamento e colocação. Emprego de tempos e modos verbais.
Vozes do verbo. ........................................................................................................................................................................................................ 06
Concordância nominal e verbal. ......................................................................................................................................................................... 48
Regência nominal e verbal. . ................................................................................................................................................................................. 55
Ocorrência de crase. ................................................................................................................................................................................................ 60
Pontuação. . ................................................................................................................................................................................................................. 63
Redação (confronto e reconhecimento de frases corretas e incorretas). Intelecção de texto. Redação oficial.................... 66
Elementos de Ortografia e Gramática............................................................................................................................................................... 74
B) O fonema z
ORTOGRAFIA OFICIAL.
São escritos com S e não Z

A ortografia é a parte da Fonologia que trata da correta  Sufixos: ês, esa, esia, e isa, quando o radical é subs-
grafia das palavras. É ela quem ordena qual som devem tantivo, ou em gentílicos e títulos nobiliárquicos: fre-
ter as letras do alfabeto. Os vocábulos de uma língua são guês, freguesa, freguesia, poetisa, baronesa, princesa.
grafados segundo acordos ortográficos.  Sufixos gregos: ase, ese, ise e ose: catequese, meta-
A maneira mais simples, prática e objetiva de apren- morfose.
der ortografia é realizar muitos exercícios, ver as palavras,  Formas verbais pôr e querer: pôs, pus, quisera, quis,
familiarizando-se com elas. O conhecimento das regras é quiseste.
 Nomes derivados de verbos com radicais termina-
necessário, mas não basta, pois há inúmeras exceções e,
dos em “d”: aludir - alusão / decidir - decisão / em-
em alguns casos, há necessidade de conhecimento de eti-
preender - empresa / difundir – difusão.
mologia (origem da palavra).
 Diminutivos cujos radicais terminam com “s”: Luís -
Luisinho / Rosa - Rosinha / lápis – lapisinho.
1. Regras ortográficas
 Após ditongos: coisa, pausa, pouso, causa.
 Verbos derivados de nomes cujo radical termina
A) O fonema S
com “s”: anális(e) + ar - analisar / pesquis(a) + ar –
pesquisar.
São escritas com S e não C/Ç
 Palavras substantivadas derivadas de verbos com São escritos com Z e não S
radicais em nd, rg, rt, pel, corr e sent: pretender -
pretensão / expandir - expansão / ascender - ascensão  Sufixos “ez” e “eza” das palavras derivadas de ad-
/ inverter - inversão / aspergir - aspersão / submergir jetivo: macio - maciez / rico – riqueza / belo – beleza.
- submersão / divertir - diversão / impelir - impulsivo Sufixos “izar” (desde que o radical da palavra de ori-
/ compelir - compulsório / repelir - repulsa / recorrer gem não termine com s): final - finalizar / concreto
- recurso / discorrer - discurso / sentir - sensível / con- – concretizar.
sentir – consensual.  Consoante de ligação se o radical não terminar com
“s”: pé + inho - pezinho / café + al - cafezal
São escritos com SS e não C e Ç Exceção: lápis + inho – lapisinho.
 Nomes derivados dos verbos cujos radicais termi-
nem em gred, ced, prim ou com verbos terminados C) O fonema j
por tir ou - meter: agredir - agressivo / imprimir - im-
pressão / admitir - admissão / ceder - cessão / exceder São escritas com G e não J
- excesso / percutir - percussão / regredir - regressão
/ oprimir - opressão / comprometer - compromisso /  Palavras de origem grega ou árabe: tigela, girafa,
submeter – submissão. gesso.
 Quando o prefixo termina com vogal que se junta  Estrangeirismo, cuja letra G é originária: sargento,
com a palavra iniciada por “s”. Exemplos: a + simétri- gim.
co - assimétrico / re + surgir – ressurgir.  Terminações: agem, igem, ugem, ege, oge (com
 No pretérito imperfeito simples do subjuntivo. poucas exceções): imagem, vertigem, penugem, bege,
Exemplos: ficasse, falasse. foge.
Exceção: pajem.
São escritos com C ou Ç e não S e SS
 Vocábulos de origem árabe: cetim, açucena, açúcar.  Terminações: ágio, égio, ígio, ógio, ugio: sortilégio,
 Vocábulos de origem tupi, africana ou exótica: cipó, litígio, relógio, refúgio.
Juçara, caçula, cachaça, cacique.  Verbos terminados em ger/gir: emergir, eleger, fugir,
 Sufixos aça, aço, ação, çar, ecer, iça, nça, uça, uçu, mugir.
uço: barcaça, ricaço, aguçar, empalidecer, carniça, ca-  Depois da letra “r” com poucas exceções: emergir,
niço, esperança, carapuça, dentuço. surgir.
 Nomes derivados do verbo ter: abster - abstenção  Depois da letra “a”, desde que não seja radical termi-
LÍNGUA PORTUGUESA

/ deter - detenção / ater - atenção / reter – retenção. nado com j: ágil, agente.
 Após ditongos: foice, coice, traição.
 Palavras derivadas de outras terminadas em -te, São escritas com J e não G
to(r): marte - marciano / infrator - infração / absorto
– absorção.  Palavras de origem latinas: jeito, majestade, hoje.
 Palavras de origem árabe, africana ou exótica: ji-
boia, manjerona.
 Palavras terminadas com aje: ultraje.

1
D) O fonema ch Exceção para litro (L): 2 L, 150 L.

São escritas com X e não CH Na indicação de horas, minutos e segundos, não deve
haver espaço entre o algarismo e o símbolo: 14h, 22h30min,
 Palavras de origem tupi, africana ou exótica: abacaxi, 14h23’34’’(= quatorze horas, vinte e três minutos e trinta e
xucro. quatro segundos).
 Palavras de origem inglesa e espanhola: xampu, la- O símbolo do real antecede o número sem espaço:
gartixa. R$1.000,00. No cifrão deve ser utilizada apenas uma barra
 Depois de ditongo: frouxo, feixe. vertical ($).
 Depois de “en”: enxurrada, enxada, enxoval.
Exceção: quando a palavra de origem não derive de Alguns Usos Ortográficos Especiais
outra iniciada com ch - Cheio - (enchente)
1. Por que / por quê / porquê / porque
São escritas com CH e não X
 Palavras de origem estrangeira: chave, chumbo, chas-
POR QUE (separado e sem acento)
si, mochila, espadachim, chope, sanduíche, salsicha.

E) As letras “e” e “i” É usado em:


1. interrogações diretas (longe do ponto de interroga-
 Ditongos nasais são escritos com “e”: mãe, põem. ção) = Por que você não veio ontem?
Com “i”, só o ditongo interno cãibra. 2. interrogações indiretas, nas quais o “que” equivale
 Verbos que apresentam infinitivo em -oar, -uar são a “qual razão” ou “qual motivo” = Perguntei-lhe por
escritos com “e”: caçoe, perdoe, tumultue. Escreve- que faltara à aula ontem.
mos com “i”, os verbos com infinitivo em -air, -oer e 3. equivalências a “pelo(a) qual” / “pelos(as) quais” = Ig-
-uir: trai, dói, possui, contribui. noro o motivo por que ele se demitiu.

FIQUE ATENTO! POR QUÊ (separado e com acento)


Há palavras que mudam de sentido quando
Usos:
substituímos a grafia “e” pela grafia “i”: área
1. como pronome interrogativo, quando colocado no
(superfície), ária (melodia) / delatar (denun-
fim da frase (perto do ponto de interrogação) = Você
ciar), dilatar (expandir) / emergir (vir à tona),
faltou. Por quê?
imergir (mergulhar) / peão (de estância, que
2. quando isolado, em uma frase interrogativa = Por
anda a pé), pião (brinquedo).
quê?
PORQUE (uma só palavra, sem acento gráfico)
#FicaDica Usos:
1. como conjunção coordenativa explicativa (equivale
Se o dicionário ainda deixar dúvida quanto à
a “pois”, “porquanto”), precedida de pausa na escrita
ortografia de uma palavra, há a possibilidade
(pode ser vírgula, ponto-e-vírgula e até ponto final)
de consultar o Vocabulário Ortográfico da Lín-
= Compre agora, porque há poucas peças.
gua Portuguesa (VOLP), elaborado pela Acade-
2. como conjunção subordinativa causal, substituível
mia Brasileira de Letras. É uma obra de referên-
por “pela causa”, “razão de que” = Você perdeu por-
cia até mesmo para a criação de dicionários,
que se antecipou.
pois traz a grafia atualizada das palavras (sem
o significado). Na Internet, o endereço é www.
academia.org.br.
PORQUÊ (uma só palavra, com acento gráfico)

Usos:
2. Informações importantes 1. como substantivo, com o sentido de “causa”, “razão”
ou “motivo”, admitindo pluralização (porquês). Geralmente
Formas variantes são as que admitem grafias ou pro- é precedido por artigo = Não sei o porquê da discussão. É
núncias diferentes para palavras com a mesma significação: uma pessoa cheia de porquês.
LÍNGUA PORTUGUESA

aluguel/aluguer, assobiar/assoviar, catorze/quatorze, de-


pendurar/pendurar, flecha/frecha, germe/gérmen, infarto/ 2. ONDE / AONDE
enfarte, louro/loiro, percentagem/porcentagem, relampejar/
relampear/relampar/relampadar. Onde = empregado com verbos que não expressam a
Os símbolos das unidades de medida são escritos sem ideia de movimento = Onde você está?
ponto, com letra minúscula e sem “s” para indicar plural,
sem espaço entre o algarismo e o símbolo: 2kg, 20km, Aonde = equivale a “para onde”. É usado com verbos
120km/h. que expressam movimento = Aonde você vai?

2
3. MAU / MAL -Niterói, percurso Lisboa-Coimbra-Porto e nas com-
binações históricas ou ocasionais: Áustria-Hungria,
Mau = é um adjetivo, antônimo de “bom”. Usa-se como Angola-Brasil, etc.
qualificação = O mau tempo passou. / Ele é um mau ele- 6. Nas formações com os prefixos hiper-, inter- e su-
mento. per- quando associados com outro termo que é ini-
ciado por “r”: hiper-resistente, inter-racial, super-ra-
Mal = pode ser usado como cional, etc.
1. conjunção temporal, equivalente a “assim que”, “logo 7. Nas formações com os prefixos ex-, vice-: ex-diretor,
que”, “quando” = Mal se levantou, já saiu. ex-presidente, vice-governador, vice-prefeito.
2. advérbio de modo (antônimo de “bem”) = Você foi 8. Nas formações com os prefixos pós-, pré- e pró-:
mal na prova? pré-natal, pré-escolar, pró-europeu, pós-graduação,
3. substantivo, podendo estar precedido de artigo ou etc.
pronome = Há males que vêm pra bem! / O mal não 9. Na ênclise e mesóclise: amá-lo, deixá-lo, dá-se, abra-
compensa. ça-o, lança-o e amá-lo-ei, falar-lhe-ei, etc.
10. Nas formações em que o prefixo tem como segun-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
do termo uma palavra iniciada por “h”: sub-hepático,
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. geo-história, neo-helênico, extra-humano, semi-hos-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- pitalar, super-homem.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São 11. Nas formações em que o prefixo ou pseudoprefixo
Paulo: Saraiva, 2010. termina com a mesma vogal do segundo elemento:
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação micro-ondas, eletro-ótica, semi-interno, auto-obser-
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. vação, etc.
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura,
Produção de Textos & Gramática. Volume único / Samira O hífen é suprimido quando para formar outros termos:
Yousseff, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – São Paulo: reaver, inábil, desumano, lobisomem, reabilitar.
Saraiva, 2002.

SITE
#FicaDica
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- Lembrete da Zê!
tografia Ao separar palavras na translineação (mudan-
ça de linha), caso a última palavra a ser escrita
4. Hífen
seja formada por hífen, repita-o na próxima
O hífen é um sinal diacrítico (que distingue) usado para linha. Exemplo: escreverei anti-inflamatório e,
ligar os elementos de palavras compostas (como ex-presi- ao final, coube apenas “anti-”. Na próxima linha
dente, por exemplo) e para unir pronomes átonos a verbos escreverei: “-inflamatório” (hífen em ambas as
(ofereceram-me; vê-lo-ei). Serve igualmente para fazer a linhas). Devido à diagramação, pode ser que a
translineação de palavras, isto é, no fim de uma linha, se- repetição do hífen na translineação não ocorra
parar uma palavra em duas partes (ca-/sa; compa-/nheiro). em meus conteúdos, mas saiba que a regra é
esta!
A) Uso do hífen que continua depois da Reforma Or-
tográfica: B) Não se emprega o hífen:

1. Em palavras compostas por justaposição que formam 1. Nas formações em que o prefixo ou falso prefixo ter-
uma unidade semântica, ou seja, nos termos que se mina em vogal e o segundo termo inicia-se em “r” ou
unem para formam um novo significado: tio-avô, “s”. Nesse caso, passa-se a duplicar estas consoantes:
porto-alegrense, luso-brasileiro, tenente-coronel, se- antirreligioso, contrarregra, infrassom, microssistema,
gunda-feira, conta-gotas, guarda-chuva, arco-íris, pri- minissaia, microrradiografia, etc.
meiro-ministro, azul-escuro. 2. Nas constituições em que o prefixo ou pseudoprefixo
2. Em palavras compostas por espécies botânicas e zoo- termina em vogal e o segundo termo inicia-se com
lógicas: couve-flor, bem-te-vi, bem-me-quer, abóbo- vogal diferente: antiaéreo, extraescolar, coeducação,
ra-menina, erva-doce, feijão-verde. autoestrada, autoaprendizagem, hidroelétrico, pluria-
3. Nos compostos com elementos além, aquém, re- nual, autoescola, infraestrutura, etc.
LÍNGUA PORTUGUESA

cém e sem: além-mar, recém-nascido, sem-número, 3. Nas formações, em geral, que contêm os prefixos
recém-casado. “dês” e “in” e o segundo elemento perdeu o “h” ini-
4. No geral, as locuções não possuem hífen, mas algu- cial: desumano, inábil, desabilitar, etc.
mas exceções continuam por já estarem consagradas 4. Nas formações com o prefixo “co”, mesmo quando
pelo uso: cor-de-rosa, arco-da-velha, mais-que-per- o segundo elemento começar com “o”: cooperação,
feito, pé-de-meia, água-de-colônia, queima-roupa, coobrigação, coordenar, coocupante, coautor, coedi-
deus-dará. ção, coexistir, etc.
5. Nos encadeamentos de vocábulos, como: ponte Rio-

3
5. Em certas palavras que, com o uso, adquiriram noção
de composição: pontapé, girassol, paraquedas, para- ACENTUAÇÃO GRÁFICA.
quedista, etc.
6. Em alguns compostos com o advérbio “bem”: benfei-
to, benquerer, benquerido, etc.
Quanto à acentuação, observamos que algumas pala-
Os prefixos pós, pré e pró, em suas formas correspon- vras têm acento gráfico e outras não; na pronúncia, ora se
dentes átonas, aglutinam-se com o elemento seguinte, dá maior intensidade sonora a uma sílaba, ora a outra. Por
não havendo hífen: pospor, predeterminar, predeterminado, isso, vamos às regras!
pressuposto, propor.
Escreveremos com hífen: anti-horário, anti-infeccioso, 1. Regras básicas
auto-observação, contra-ataque, semi-interno, sobre-huma-
A acentuação tônica está relacionada à intensidade
no, super-realista, alto-mar.
com que são pronunciadas as sílabas das palavras. Aquela
Escreveremos sem hífen: pôr do sol, antirreforma, antis-
que se dá de forma mais acentuada, conceitua-se como sí-
séptico, antissocial, contrarreforma, minirrestaurante, ultras- laba tônica. As demais, como são pronunciadas com menos
som, antiaderente, anteprojeto, anticaspa, antivírus, autoa- intensidade, são denominadas de átonas.
juda, autoelogio, autoestima, radiotáxi. De acordo com a tonicidade, as palavras são classifica-
das como:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA Oxítonas – São aquelas cuja sílaba tônica recai sobre a
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- última sílaba: café – coração – Belém – atum – caju – papel
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Paroxítonas – a sílaba tônica recai na penúltima sílaba:
útil – tórax – táxi – leque – sapato – passível
SITE Proparoxítonas - a sílaba tônica está na antepenúltima
http://www.pciconcursos.com.br/aulas/portugues/or- sílaba: lâmpada – câmara – tímpano – médico – ônibus
tografia
Há vocábulos que possuem uma sílaba somente: são
os chamados monossílabos. Estes são acentuados quando
tônicos e terminados em “a”, “e” ou “o”: vá – fé – pó - ré.
EXERCÍCIO COMENTADO
2 Os acentos
1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces-
A) acento agudo (´) – Colocado sobre as letras “a” e
pe – 2013 – adaptada) A fim de solucionar o litígio, atos “i”, “u” e “e” do grupo “em” - indica que estas le-
sucessivos e concatenados são praticados pelo escrivão. tras representam as vogais tônicas de palavras como
Entre eles, estão os atos de comunicação, os quais são pá, caí, público. Sobre as letras “e” e “o” indica, além
indispensáveis para que os sujeitos do processo tomem da tonicidade, timbre aberto: herói – céu (ditongos
conhecimento dos atos acontecidos no correr do procedi- abertos).
mento e se habilitem a exercer os direitos que lhes cabem B) acento circunflexo – (^) Colocado sobre as letras
e a suportar os ônus que a lei lhes impõe. “a”, “e” e “o” indica, além da tonicidade, timbre fe-
Disponível em: <http://jus.com.br> (com adaptações). chado: tâmara – Atlântico – pêsames – supôs.
C) acento grave – (`) Indica a fusão da preposição “a”
No que se refere ao texto acima, julgue os itens seguintes. com artigos e pronomes: à – às – àquelas – àqueles
Não haveria prejuízo para a correção gramatical do texto D) trema (¨) – De acordo com a nova regra, foi total-
nem para seu sentido caso o trecho “A fim de solucionar o mente abolido das palavras. Há uma exceção: é
litígio” fosse substituído por Afim de dar solução à deman- utilizado em palavras derivadas de nomes próprios
da e o trecho “tomem conhecimento dos atos acontecidos estrangeiros: mülleriano (de Müller)
no correr do procedimento” fosse, por sua vez, substituído E) til – (~) Indica que as letras “a” e “o” representam
por conheçam os atos havidos no transcurso do aconteci- vogais nasais: oração – melão – órgão – ímã
mento.
2.1 Regras fundamentais
( ) CERTO ( ) ERRADO A) Palavras oxítonas: acentuam-se todas as oxítonas
terminadas em: “a”, “e”, “o”, “em”, seguidas ou não do plu-
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Errado. ral(s): Pará – café(s) – cipó(s) – Belém.


“A fim” tem o sentido de “com a intenção de”; já “afim”, Esta regra também é aplicada aos seguintes casos:
“semelhança, afinidade”. Se a primeira substituição fos- Monossílabos tônicos terminados em “a”, “e”, “o”, se-
se feita, o trecho estaria incorreto gramatical e coeren- guidos ou não de “s”: pá – pé – dó – há
temente. Portanto, nem há a necessidade de avaliar a Formas verbais terminadas em “a”, “e”, “o” tônicos, se-
segunda substituição. guidas de lo, la, los, las: respeitá-lo, recebê-lo, compô-lo
B) Paroxítonas: acentuam-se as palavras paroxítonas
terminadas em:

4
i, is: táxi – lápis – júri Se analisarmos o “pôr” - pela regra das monossílabas:
us, um, uns: vírus – álbuns – fórum terminada em “o” seguida de “r” não deve ser acentuada,
l, n, r, x, ps: automóvel – elétron - cadáver – tórax – fór- mas nesse caso, devido ao acento diferencial, acentua-se,
ceps para que saibamos se se trata de um verbo ou preposição.
ã, ãs, ão, ãos: ímã – ímãs – órfão – órgãos Os demais casos de acento diferencial não são mais uti-
ditongo oral, crescente ou decrescente, seguido ou não lizados: para (verbo), para (preposição), pelo (substantivo),
de “s”: água – pônei – mágoa – memória pelo (preposição). Seus significados e classes gramaticais
são definidos pelo contexto.
Polícia para o trânsito para que se realize a operação
#FicaDica planejada. = o primeiro “para” é verbo; o segundo, conjun-
Memorize a palavra LINURXÃO. Repare que ção (com relação de finalidade).
esta palavra apresenta as terminações das
paroxítonas que são acentuadas: L, I N, U (aqui
inclua UM = fórum), R, X, Ã, ÃO. Assim ficará #FicaDica
mais fácil a memorização!
Quando, na frase, der para substituir o “por”
por “colocar”, estaremos trabalhando com um
verbo, portanto: “pôr”; nos demais casos, “por”
C) Proparoxítona: a palavra é proparoxítona quando é preposição: Faço isso por você. / Posso pôr
a sua antepenúltima sílaba é tônica (mais forte). Quanto à (colocar) meus livros aqui?
regra de acentuação: todas as proparoxítonas são acentua-
das, independentemente de sua terminação: árvore, para-
lelepípedo, cárcere.
2.4 Regra do Hiato
2.2 Regras especiais
Quando a vogal do hiato for “i” ou “u” tônicos, segunda
Os ditongos de pronúncia aberta “ei”, “oi” (ditongos vogal do hiato, acompanhado ou não de “s”, haverá acento:
abertos), que antes eram acentuados, perderam o acento saída – faísca – baú – país – Luís
de acordo com a nova regra, mas desde que estejam em Não se acentuam o “i” e o “u” que formam hiato quan-
palavras paroxítonas. do seguidos, na mesma sílaba, de l, m, n, r ou z:
Ra-ul, Lu-iz, sa-ir, ju-iz
Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se estive-
FIQUE ATENTO! rem seguidas do dígrafo nh:
Alerta da Zê! Cuidado: Se os ditongos abertos ra-i-nha, ven-to-i-nha.
estiverem em uma palavra oxítona (herói) ou Não se acentuam as letras “i” e “u” dos hiatos se vierem
monossílaba (céu) ainda são acentuados: dói, precedidas de vogal idêntica: xi-i-ta, pa-ra-cu-u-ba
escarcéu. Não serão mais acentuados “i” e “u” tônicos, formando
hiato quando vierem depois de ditongo (nas paroxítonas):

Antes Agora Antes Agora


assembléia assembleia bocaiúva bocaiuva
idéia ideia feiúra feiura
geléia geleia Sauípe Sauipe
jibóia jiboia
O acento pertencente aos encontros “oo” e “ee” foi
apóia (verbo apoiar) apoia abolido:
paranóico paranoico
Antes Agora
2.3 Acento Diferencial
crêem creem
LÍNGUA PORTUGUESA

Representam os acentos gráficos que, pelas regras de lêem leem


acentuação, não se justificariam, mas são utilizados para vôo voo
diferenciar classes gramaticais entre determinadas palavras
e/ou tempos verbais. Por exemplo: enjôo enjoo
Pôr (verbo) X por (preposição) / pôde (pretérito perfeito
do Indicativo do verbo “poder”) X pode (presente do Indica-
tivo do mesmo verbo).

5
2. (Anatel – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
#FicaDica Nas palavras “análise” e “mínimos”, o emprego do acento
Memorize a palavra CREDELEVÊ. São os verbos gráfico tem justificativas gramaticais diferentes.
que, no plural, dobram o “e”, mas que não re-
cebem mais acento como antes: CRER, DAR, ( ) CERTO ( ) ERRADO
LER e VER.
Resposta: Errado.
Repare: Análise = proparoxítona / mínimos = proparoxítona.
O menino crê em você. / Os meninos creem em você. Ambas são acentuadas pela mesma regra (antepenúlti-
Elza lê bem! / Todas leem bem! ma sílaba é tônica, “mais forte”).
Espero que ele dê o recado à sala. / Esperamos que os
garotos deem o recado! 3. (Ancine – Técnico Administrativo – cespe – 2012)
Rubens vê tudo! / Eles veem tudo! Os vocábulos “indivíduo”, “diária” e “paciência” recebem
Cuidado! Há o verbo vir: Ele vem à tarde! / Eles vêm à acento gráfico com base na mesma regra de acentuação
tarde! gráfica.
As formas verbais que possuíam o acento tônico na raiz,
com “u” tônico precedido de “g” ou “q” e seguido de “e” ou
“i” não serão mais acentuadas: ( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Certo.
Antes Depois
Indivíduo = paroxítona terminada em ditongo; diária =
apazigúe (apaziguar) apazigue paroxítona terminada em ditongo; paciência = paroxíto-
averigúe (averiguar) averigue na terminada em ditongo. Os três vocábulos são acen-
tuados devido à mesma regra.
argúi (arguir) argui

Acentuam-se os verbos pertencentes a terceira pessoa 4. (Ibama – Técnico Administrativo – cespe – 2012) As
do plural de: ele tem – eles têm / ele vem – eles vêm (verbo palavras “pó”, “só” e “céu” são acentuadas de acordo com a
vir). A regra prevalece também para os verbos conter, obter, mesma regra de acentuação gráfica.
reter, deter, abster: ele contém – eles contêm, ele obtém – eles
obtêm, ele retém – eles retêm, ele convém – eles convêm. ( ) CERTO ( ) ERRADO

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Resposta: Errado.


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- Pó = monossílaba terminada em “o”; só = monossílaba
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
terminada em “o”; céu = monossílaba terminada em di-
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São tongo aberto “éu”.
Paulo: Saraiva, 2010.

SITE
FLEXÃO NOMINAL E VERBAL. PRONOMES:
http://www.brasilescola.com/gramatica/acentuacao.htm EMPREGO, FORMAS DE TRATAMENTO E
COLOCAÇÃO. EMPREGO DE TEMPOS E MO-
DOS VERBAIS. VOZES DO VERBO.
EXERCÍCIOS COMENTADOS
ADJETIVO
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Ces-
pe – 2014) Os termos “série” e “história” acentuam-se em É a palavra que expressa uma qualidade ou caracterís-
conformidade com a mesma regra ortográfica. tica do ser e se relaciona com o substantivo, concordando
com este em gênero e número.
( ) CERTO ( ) ERRADO As praias brasileiras estão poluídas.
Praias = substantivo; brasileiras/poluídas = adjetivos
LÍNGUA PORTUGUESA

Resposta: Certo.
(plural e feminino, pois concordam com “praias”).
“Série” = acentua-se a paroxítona terminada em diton-
go / “história” - acentua-se a paroxítona terminada em
ditongo 1. Locução adjetiva
Ambas são acentuadas devido à regra da paroxítona ter-
minada em ditongo. Locução = reunião de palavras. Sempre que são neces-
Observação: nestes casos, admitem-se as separações sárias duas ou mais palavras para falar sobre a mesma coi-
“sé-ri-e” e “his-tó-ri-as”, o que as tornaria proparoxítonas. sa, tem-se locução. Às vezes, uma preposição + substantivo

6
tem o mesmo valor de um adjetivo: é a Locução Adjetiva
(expressão que equivale a um adjetivo). Por exemplo: aves de sonho onírico
da noite (aves noturnas), paixão sem freio (paixão desen- de velho senil
freada).
de vento eólico
Observe outros exemplos: de vidro vítreo ou hialino
de virilha inguinal
de águia aquilino de visão óptico ou ótico
de aluno discente
Observação:
de anjo angelical
Nem toda locução adjetiva possui um adjetivo corres-
de ano anual pondente, com o mesmo significado: Vi as alunas da 5ª
de aranha aracnídeo série. / O muro de tijolos caiu.
2 Morfossintaxe do Adjetivo (Função Sintática):
de boi bovino
de cabelo capilar O adjetivo exerce sempre funções sintáticas (função
dentro de uma oração) relativas aos substantivos, atuando
de cabra caprino
como adjunto adnominal ou como predicativo (do sujeito
de campo campestre ou rural ou do objeto).
de chuva pluvial
3 Adjetivo Pátrio (ou gentílico)
de criança pueril
de dedo digital Indica a nacionalidade ou o lugar de origem do ser. Ob-
serve alguns deles:
de estômago estomacal ou gástrico
de falcão falconídeo Estados e cidades brasileiras:
de farinha farináceo
de fera ferino Alagoas alagoano
de ferro férreo Amapá amapaense
de fogo ígneo Aracaju aracajuano ou aracajuense
de garganta gutural Amazonas amazonense ou baré
de gelo glacial Belo Horizonte belo-horizontino
de guerra bélico Brasília brasiliense
de homem viril ou humano Cabo Frio cabo-friense
de ilha insular Campinas campineiro ou campinense
de inverno hibernal ou invernal
de lago lacustre
de leão leonino
de lebre l eporino
de lua lunar ou selênico
de madeira lígneo
de mestre magistral
de ouro áureo
LÍNGUA PORTUGUESA

de paixão passional
de pâncreas pancreático
de porco suíno ou porcino
dos quadris ciático
de rio fluvial

7
4 Adjetivo Pátrio Composto

Na formação do adjetivo pátrio composto, o primeiro elemento aparece na forma reduzida e, normalmente, erudita.
Observe alguns exemplos:

África afro- / Cultura afro-americana


Alemanha germano- ou teuto-/Competições teuto-inglesas
América américo- / Companhia américo-africana
Bélgica belgo- / Acampamentos belgo-franceses
China sino- / Acordos sino-japoneses
Espanha hispano- / Mercado hispano-português
Europa euro- / Negociações euro-americanas
França franco- ou galo- / Reuniões franco-italianas
Grécia greco- / Filmes greco-romanos
Inglaterra anglo- / Letras anglo-portuguesas
Itália ítalo- / Sociedade ítalo-portuguesa
Japão nipo- / Associações nipo-brasileiras
Portugal luso- / Acordos luso-brasileiros

5 Flexão dos adjetivos

O adjetivo varia em gênero, número e grau.

6. Gênero dos Adjetivos

Os adjetivos concordam com o substantivo a que se referem (masculino e feminino). De forma semelhante aos subs-
tantivos, classificam-se em:
A) Biformes - têm duas formas, sendo uma para o masculino e outra para o feminino: ativo e ativa, mau e má.
Se o adjetivo é composto e biforme, ele flexiona no feminino somente o último elemento: o moço norte-americano, a
moça norte-americana.
Exceção: surdo-mudo e surda-muda.
B) Uniformes - têm uma só forma tanto para o masculino como para o feminino: homem feliz e mulher feliz.
Se o adjetivo é composto e uniforme, fica invariável no feminino: conflito político-social e desavença político-social.

7 Número dos Adjetivos

A) Plural dos adjetivos simples


Os adjetivos simples se flexionam no plural de acordo com as regras estabelecidas para a flexão numérica dos substantivos
simples: mau e maus, feliz e felizes, ruim e ruins, boa e boas.
Caso o adjetivo seja uma palavra que também exerça função de substantivo, ficará invariável, ou seja, se a palavra que
estiver qualificando um elemento for, originalmente, um substantivo, ela manterá sua forma primitiva. Exemplo: a palavra
cinza é, originalmente, um substantivo; porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Ficará, então,
invariável. Logo: camisas cinza, ternos cinza.
Motos vinho (mas: motos verdes)
Paredes musgo (mas: paredes brancas).
Comícios monstro (mas: comícios grandiosos).
LÍNGUA PORTUGUESA

B) Adjetivo Composto
É aquele formado por dois ou mais elementos. Normalmente, esses elementos são ligados por hífen. Apenas o último ele-
mento concorda com o substantivo a que se refere; os demais ficam na forma masculina, singular. Caso um dos elementos que
formam o adjetivo composto seja um substantivo adjetivado, todo o adjetivo composto ficará invariável. Por exemplo: a palavra
“rosa” é, originalmente, um substantivo, porém, se estiver qualificando um elemento, funcionará como adjetivo. Caso se ligue a
outra palavra por hífen, formará um adjetivo composto; como é um substantivo adjetivado, o adjetivo composto inteiro ficará
invariável. Veja:

8
Camisas rosa-claro. B.1 Superlativo Absoluto: ocorre quando a qualidade
Ternos rosa-claro. de um ser é intensificada, sem relação com outros seres.
Olhos verde-claros. Apresenta-se nas formas:
Calças azul-escuras e camisas verde-mar.  Analítica: a intensificação é feita com o auxílio de
Telhados marrom-café e paredes verde-claras. palavras que dão ideia de intensidade (advérbios).
Por exemplo: O concurseiro é muito esforçado.
Observação:  Sintética: nessa, há o acréscimo de sufixos. Por
Azul-marinho, azul-celeste, ultravioleta e qualquer adjeti- exemplo: O concurseiro é esforçadíssimo.
vo composto iniciado por “cor-de-...” são sempre invariáveis: Observe alguns superlativos sintéticos:
roupas azul-marinho, tecidos azul-celeste, vestidos cor-de-rosa.
O adjetivo composto surdo-mudo tem os dois elementos
flexionados: crianças surdas-mudas. benéfico - beneficentíssimo
bom - boníssimo ou ótimo
8 Grau do Adjetivo
comum - comuníssimo
Os adjetivos se flexionam em grau para indicar a inten- cruel - crudelíssimo
sidade da qualidade do ser. São dois os graus do adjetivo: o
comparativo e o superlativo. difícil - dificílimo
doce - dulcíssimo
A) Comparativo
fácil - facílimo
Nesse grau, comparam-se a mesma característica atri-
buída a dois ou mais seres ou duas ou mais características fiel - fidelíssimo
atribuídas ao mesmo ser. O comparativo pode ser de igual-
dade, de superioridade ou de inferioridade. B.2 Superlativo Relativo: ocorre quando a qualidade
Sou tão alto como você. = Comparativo de Igualdade de um ser é intensificada em relação a um conjunto de
No comparativo de igualdade, o segundo termo da seres. Essa relação pode ser:
comparação é introduzido pelas palavras como, quanto ou  De Superioridade: Essa matéria é a mais fácil de
quão. todas.
 De Inferioridade: Essa matéria é a menos fácil de
Sou mais alto (do) que você. = Comparativo de Supe- todas.
rioridade
Sílvia é menos alta que Tiago. = Comparativo de Infe- O superlativo absoluto analítico é expresso por meio
rioridade dos advérbios muito, extremamente, excepcionalmente,
antepostos ao adjetivo.
Alguns adjetivos possuem, para o comparativo de su-
O superlativo absoluto sintético se apresenta sob duas
perioridade, formas sintéticas, herdadas do latim. São eles:
formas: uma erudita - de origem latina – e outra popular
bom /melhor, pequeno/menor, mau/pior, alto/superior,
grande/maior, baixo/inferior. - de origem vernácula. A forma erudita é constituída pelo
radical do adjetivo latino + um dos sufixos -íssimo, -imo ou
Observe que: érrimo: fidelíssimo, facílimo, paupérrimo; a popular é cons-
 As formas menor e pior são comparativos de su- tituída do radical do adjetivo português + o sufixo -íssimo:
perioridade, pois equivalem a mais pequeno e mais pobríssimo, agilíssimo.
mau, respectivamente. Os adjetivos terminados em –io fazem o superlativo
 Bom, mau, grande e pequeno têm formas sintéticas com dois “ii”: frio – friíssimo, sério – seriíssimo; os termi-
(melhor, pior, maior e menor), porém, em compara- nados em –eio, com apenas um “i”: feio - feíssimo, cheio
ções feitas entre duas qualidades de um mesmo ele- – cheíssimo.
mento, deve-se usar as formas analíticas mais bom,
mais mau,mais grande e mais pequeno. Por exemplo: REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
Pedro é maior do que Paulo - Comparação de dois ele- reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
mentos. Paulo: Saraiva, 2010.
Pedro é mais grande que pequeno - comparação de SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa
duas qualidades de um mesmo elemento. Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sou menos alto (do) que você. = Comparativo de Infe- Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
rioridade ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
Sou menos passivo (do) que tolerante.
SITE
B) Superlativo http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf32.
O superlativo expressa qualidades num grau muito ele- php
vado ou em grau máximo. Pode ser absoluto ou relativo e
apresenta as seguintes modalidades:

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ADVÉRBIO 2. Classificação dos Advérbios

Compare estes exemplos: De acordo com a circunstância que exprime, o advérbio


O ônibus chegou. pode ser de:
O ônibus chegou ontem. A) Lugar: aqui, antes, dentro, ali, adiante, fora, acolá, atrás,
além, lá, detrás, aquém, cá, acima, onde, perto, aí, abai-
Advérbio é uma palavra invariável que modifica o sen- xo, aonde, longe, debaixo, algures, defronte, nenhures,
tido do verbo (acrescentando-lhe circunstâncias de tempo, adentro, afora, alhures, nenhures, aquém, embaixo,
de modo, de lugar, de intensidade), do adjetivo e do próprio externamente, à distância, à distância de, de longe, de
advérbio. perto, em cima, à direita, à esquerda, ao lado, em volta.
Estudei bastante. = modificando o verbo estudei B) Tempo: hoje, logo, primeiro, ontem, tarde, outrora,
Ele canta muito bem! = intensificando outro advérbio amanhã, cedo, dantes, depois, ainda, antigamente, an-
(bem) tes, doravante, nunca, então, ora, jamais, agora, sempre,
Ela tem os olhos muito claros. = relação com um adje- já, enfim, afinal, amiúde, breve, constantemente, entre-
tivo (claros) mentes, imediatamente, primeiramente, provisoriamen-
Quando modifica um verbo, o advérbio pode acrescen- te, sucessivamente, às vezes, à tarde, à noite, de manhã,
tar ideia de: de repente, de vez em quando, de quando em quando,
Tempo: Ela chegou tarde. a qualquer momento, de tempos em tempos, em breve,
Lugar: Ele mora aqui. hoje em dia.
Modo: Eles agiram mal. C) Modo: bem, mal, assim, adrede, melhor, pior, depressa,
Negação: Ela não saiu de casa. acinte, debalde, devagar, às pressas, às claras, às cegas,
Dúvida: Talvez ele volte. à toa, à vontade, às escondidas, aos poucos, desse jeito,
desse modo, dessa maneira, em geral, frente a frente,
1. Flexão do Advérbio lado a lado, a pé, de cor, em vão e a maior parte dos
que terminam em “-mente”: calmamente, tristemente,
Os advérbios são palavras invariáveis, isto é, não apresen- propositadamente, pacientemente, amorosamente, do-
tam variação em gênero e número. Alguns advérbios, porém, cemente, escandalosamente, bondosamente, generosa-
admitem a variação em grau. Observe: mente.
D) Afirmação: sim, certamente, realmente, decerto, efe-
A) Grau Comparativo tivamente, certo, decididamente, deveras, indubitavel-
Forma-se o comparativo do advérbio do mesmo modo mente.
que o comparativo do adjetivo: E) Negação: não, nem, nunca, jamais, de modo algum, de
 de igualdade: tão + advérbio + quanto (como): Rena- forma nenhuma, tampouco, de jeito nenhum.
to fala tão alto quanto João. F) Dúvida: acaso, porventura, possivelmente, provavel-
 de inferioridade: menos + advérbio + que (do que): mente, quiçá, talvez, casualmente, por certo, quem sabe.
G) Intensidade: muito, demais, pouco, tão, em excesso,
Renato fala menos alto do que João.
bastante, mais, menos, demasiado, quanto, quão, tanto,
 de superioridade:
assaz, que (equivale a quão), tudo, nada, todo, quase, de
A.1 Analítico: mais + advérbio + que (do que): Renato fala
todo, de muito, por completo, extremamente, intensa-
mais alto do que João.
mente, grandemente, bem (quando aplicado a proprie-
A.2 Sintético: melhor ou pior que (do que): Renato fala dades graduáveis).
melhor que João. H) Exclusão: apenas, exclusivamente, salvo, senão, somen-
te, simplesmente, só, unicamente. Por exemplo: Brando,
B) Grau Superlativo o vento apenas move a copa das árvores.
O superlativo pode ser analítico ou sintético: I) Inclusão: ainda, até, mesmo, inclusivamente, também.
B.1 Analítico: acompanhado de outro advérbio: Renato Por exemplo: O indivíduo também amadurece durante
fala muito alto. a adolescência.
muito = advérbio de intensidade / alto = advérbio de J) Ordem: depois, primeiramente, ultimamente. Por exem-
modo plo: Primeiramente, eu gostaria de agradecer aos meus
B.2 Sintético: formado com sufixos: Renato fala altíssimo. amigos por comparecerem à festa.

Observação: Saiba que:


LÍNGUA PORTUGUESA

As formas diminutivas (cedinho, pertinho, etc.) são co- Para se exprimir o limite de possibilidade, antepõe-se
muns na língua popular. ao advérbio “o mais” ou “o menos”. Por exemplo: Ficarei
Maria mora pertinho daqui. (muito perto) o mais longe que puder daquele garoto. Voltarei o menos
A criança levantou cedinho. (muito cedo) tarde possível.
Quando ocorrem dois ou mais advérbios em -mente, em
geral sufixamos apenas o último: O aluno respondeu calma e
respeitosamente.

10
3. Distinção entre Advérbio e Pronome Indefinido Usam-se, de preferência, as formas mais bem e mais
mal antes de adjetivos ou de verbos no particípio:
Há palavras como muito, bastante, que podem aparecer Essa matéria é mais bem interessante que aquela.
como advérbio e como pronome indefinido. Nosso aluno foi o mais bem colocado no concurso!
Advérbio: refere-se a um verbo, adjetivo, ou a outro ad- O numeral “primeiro”, ao modificar o verbo, é advérbio:
vérbio e não sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muito. Cheguei primeiro.
Pronome Indefinido: relaciona-se a um substantivo e
sofre flexões. Por exemplo: Eu corri muitos quilômetros. Quanto a sua função sintática: o advérbio e a locução
adverbial desempenham na oração a função de adjunto
adverbial, classificando-se de acordo com as circunstân-
#FicaDica cias que acrescentam ao verbo, ao adjetivo ou ao advér-
Como saber se a palavra bastante é advérbio bio. Exemplo:
(não varia, não se flexiona) ou pronome indefi- Meio cansada, a candidata saiu da sala. = adjunto ad-
nido (varia, sofre flexão)? Se der, na frase, para verbial de intensidade (ligado ao adjetivo “cansada”)
substituir o “bastante” por “muito”, estamos Trovejou muito ontem. = adjunto adverbial de intensi-
diante de um advérbio; se der para substituir dade e de tempo, respectivamente.
por “muitos” (ou muitas), é um pronome. Veja:
1. Estudei bastante para o concurso. (estudei REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
muito, pois “muitos” não dá!) = advérbio Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
2. Estudei bastantes capítulos para o concurso. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
(estudei muitos capítulos) = pronome indefini- Paulo: Saraiva, 2010.
do Português: novas palavras: literatura, gramática, reda-
ção / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
4. Advérbios Interrogativos coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.

São as palavras: onde? aonde? donde? quando? como? SITE


por quê? nas interrogações diretas ou indiretas, referentes http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf75.
às circunstâncias de lugar, tempo, modo e causa. Veja: php

Interrogação Direta Interrogação Indireta ARTIGO

Como aprendeu? Perguntei como aprendeu. O artigo integra as dez classes gramaticais, definindo-
Onde mora? Indaguei onde morava. -se como o termo variável que serve para individualizar ou
generalizar o substantivo, indicando, também, o gênero
Por que choras? Não sei por que choras. (masculino/feminino) e o número (singular/plural).
Aonde vai? Perguntei aonde ia. Os artigos se subdividem em definidos (“o” e as va-
riações “a”[as] e [os]) e indefinidos (“um” e as variações
Donde vens? Pergunto donde vens. “uma”[s] e “uns]).
Quando voltas? Pergunto quando voltas.
A) Artigos definidos – São usados para indicar seres
5. Locução Adverbial determinados, expressos de forma individual: O con-
curseiro estuda muito. Os concurseiros estudam mui-
Quando há duas ou mais palavras que exercem função to.
de advérbio, temos a locução adverbial, que pode expres- B) Artigos indefinidos – usados para indicar seres de
sar as mesmas noções dos advérbios. Iniciam ordinaria- modo vago, impreciso: Uma candidata foi aprovada!
mente por uma preposição. Veja: Umas candidatas foram aprovadas!
A) lugar: à esquerda, à direita, de longe, de perto, para
dentro, por aqui, etc. 1. Circunstâncias em que os artigos se manifestam:
B) afirmação: por certo, sem dúvida, etc.
C) modo: às pressas, passo a passo, de cor, em vão, em Considera-se obrigatório o uso do artigo depois do nu-
LÍNGUA PORTUGUESA

geral, frente a frente, etc. meral “ambos”: Ambos os concursos cobrarão tal conteúdo.
D) tempo: de noite, de dia, de vez em quando, à tarde, Nomes próprios indicativos de lugar (ou topônimos)
hoje em dia, nunca mais, etc.
admitem o uso do artigo, outros não: São Paulo, O Rio de
A locução adverbial e o advérbio modificam o verbo, o
Janeiro, Veneza, A Bahia...
adjetivo e outro advérbio:
Chegou muito cedo. (advérbio) Quando indicado no singular, o artigo definido pode
indicar toda uma espécie: O trabalho dignifica o homem.
Joana é muito bela. (adjetivo)
De repente correram para a rua. (verbo)

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No caso de nomes próprios personativos, denotando a CONJUNÇÃO
ideia de familiaridade ou afetividade, é facultativo o uso do
artigo: Marcela é a mais extrovertida das irmãs. / O Pedro é Além da preposição, há outra palavra também invariá-
o xodó da família. vel que, na frase, é usada como elemento de ligação: a con-
No caso de os nomes próprios personativos estarem no junção. Ela serve para ligar duas orações ou duas palavras
plural, são determinados pelo uso do artigo: Os Maias, os de mesma função em uma oração:
Incas, Os Astecas... O concurso será realizado nas cidades de Campinas e
São Paulo.
Usa-se o artigo depois do pronome indefinido todo(a) A prova não será fácil, por isso estou estudando muito.
para conferir uma ideia de totalidade. Sem o uso dele (do
artigo), o pronome assume a noção de “qualquer”. 1. Morfossintaxe da Conjunção
Toda a classe parabenizou o professor. (a sala toda)
Toda classe possui alunos interessados e desinteressados.
As conjunções, a exemplo das preposições, não exer-
(qualquer classe)
cem propriamente uma função sintática: são conectivos.
Antes de pronomes possessivos, o uso do artigo é fa-
cultativo: Preparei o meu curso. Preparei meu curso. 2. Classificação da Conjunção
A utilização do artigo indefinido pode indicar uma ideia
de aproximação numérica: O máximo que ele deve ter é uns De acordo com o tipo de relação que estabelecem, as
vinte anos. conjunções podem ser classificadas em coordenativas e
O artigo também é usado para substantivar palavras subordinativas. No primeiro caso, os elementos ligados
pertencentes a outras classes gramaticais: Não sei o porquê pela conjunção podem ser isolados um do outro. Esse iso-
de tudo isso. / O bem vence o mal. lamento, no entanto, não acarreta perda da unidade de
2. Há casos em que o artigo definido não pode ser sentido que cada um dos elementos possui. Já no segundo
usado: caso, cada um dos elementos ligados pela conjunção de-
Antes de nomes de cidade (topônimo) e de pessoas co- pende da existência do outro. Veja:
nhecidas: O professor visitará Roma. Estudei muito, mas ainda não compreendi o conteúdo.
Podemos separá-las por ponto:
Mas, se o nome apresentar um caracterizador, a pre- Estudei muito. Ainda não compreendi o conteúdo.
sença do artigo será obrigatória: O professor visitará a bela
Roma. Temos acima um exemplo de conjunção (e, consequen-
temente, orações coordenadas) coordenativa – “mas”. Já em:
Antes de pronomes de tratamento: Vossa Senhoria sairá Espero que eu seja aprovada no concurso!
agora? Não conseguimos separar uma oração da outra, pois a
Exceção: O senhor vai à festa? segunda “completa” o sentido da primeira (da oração princi-
pal): Espero o quê? Ser aprovada. Nesse período temos uma
Após o pronome relativo “cujo” e suas variações: Esse é oração subordinada substantiva objetiva direta (ela exerce a
o concurso cujas provas foram anuladas?/ Este é o candidato função de objeto direto do verbo da oração principal).
cuja nota foi a mais alta.
3. Conjunções Coordenativas
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- São aquelas que ligam orações de sentido completo e in-
dependente ou termos da oração que têm a mesma função
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
gramatical. Subdividem-se em:
Paulo: Saraiva, 2010.
A) Aditivas: ligam orações ou palavras, expressando
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação
ideia de acréscimo ou adição. São elas: e, nem (= e
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.SACCONI,
não), não só... mas também, não só... como também,
Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed.
bem como, não só... mas ainda.
Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
A sua pesquisa é clara e objetiva.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce-
Não só dança, mas também canta.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. B) Adversativas: ligam duas orações ou palavras, ex-
LÍNGUA PORTUGUESA

pressando ideia de contraste ou compensação. São


SITE elas: mas, porém, contudo, todavia, entretanto, no en-
http://www.brasilescola.com/gramatica/artigo.htm tanto, não obstante.
Tentei chegar mais cedo, porém não consegui.

C) Alternativas: ligam orações ou palavras, expressando


ideia de alternância ou escolha, indicando fatos que

12
se realizam separadamente. São elas: ou, ou... ou, ora... São elas: se, caso, contanto que, salvo se, a não ser
ora, já... já, quer... quer, seja... seja, talvez... talvez. que, desde que, a menos que, sem que, etc.
Ou escolho agora, ou fico sem presente de aniversário. Se precisar de minha ajuda, telefone-me.

D) Conclusivas: ligam a oração anterior a uma oração


que expressa ideia de conclusão ou consequência. #FicaDica
São elas: logo, pois (depois do verbo), portanto, por
conseguinte, por isso, assim. Você deve ter percebido que a conjunção con-
dicional “se” também é conjunção integrante.
Marta estava bem preparada para o teste, portanto não A diferença é clara ao ler as orações que são
ficou nervosa. introduzidas por ela. Acima, ela nos dá a ideia
Você nos ajudou muito; terá, pois, nossa gratidão. da condição para que recebamos um telefo-
nema (se for preciso ajuda). Já na oração: Não
E) Explicativas: ligam a oração anterior a uma oração sei se farei o concurso. Não há ideia de
que a explica, que justifica a ideia nela contida. São condição alguma, há? Outra coisa: o verbo da
elas: que, porque, pois (antes do verbo), porquanto. oração principal (sei) pede complemento (ob-
Não demore, que o filme já vai começar. jeto direto, já que “quem não sabe, não sabe
Falei muito, pois não gosto do silêncio! algo”). Portanto, a oração em destaque exerce
a função de objeto direto da oração principal,
4. Conjunções Subordinativas sendo classificada como oração subordinada
substantiva objetiva direta.
São aquelas que ligam duas orações, sendo uma delas
dependente da outra. A oração dependente, introduzida
pelas conjunções subordinativas, recebe o nome de ora- D) Conformativas: introduzem uma oração que expri-
ção subordinada. Veja o exemplo: O baile já tinha começado me a conformidade de um fato com outro. São elas:
quando ela chegou. conforme, como (= conforme), segundo, consoante, etc.
O baile já tinha começado: oração principal O passeio ocorreu como havíamos planejado.
quando: conjunção subordinativa (adverbial temporal) E) Finais: introduzem uma oração que expressa a finali-
ela chegou: oração subordinada dade ou o objetivo com que se realiza a oração prin-
cipal. São elas: para que, a fim de que, que, porque (=
As conjunções subordinativas subdividem-se em inte- para que), que, etc.
grantes e adverbiais: Toque o sinal para que todos entrem no salão.

Integrantes - Indicam que a oração subordinada por F) Proporcionais: introduzem uma oração que expressa
elas introduzida completa ou integra o sentido da princi- um fato relacionado proporcionalmente à ocorrên-
pal. Introduzem orações que equivalem a substantivos, ou cia do expresso na principal. São elas: à medida que,
seja, as orações subordinadas substantivas. São elas: que, à proporção que, ao passo que e as combinações
se. quanto mais... (mais), quanto menos... (menos), quan-
Quero que você volte. (Quero sua volta) to menos... (mais), quanto menos... (menos), etc.
O preço fica mais caro à medida que os produtos escasseiam.
Adverbiais - Indicam que a oração subordinada exerce
a função de adjunto adverbial da principal. De acordo com Observação:
a circunstância que expressam, classificam-se em: São incorretas as locuções proporcionais à medida em
que, na medida que e na medida em que.
A) Causais: introduzem uma oração que é causa da
ocorrência da oração principal. São elas: porque, que, G) Temporais: introduzem uma oração que acrescenta
como (= porque, no início da frase), pois que, visto uma circunstância de tempo ao fato expresso na ora-
que, uma vez que, porquanto, já que, desde que, etc. ção principal. São elas: quando, enquanto, antes que,
Ele não fez a pesquisa porque não dispunha de meios. depois que, logo que, todas as vezes que, desde que, sem-
pre que, assim que, agora que, mal (= assim que), etc.
B) Concessivas: introduzem uma oração que expressa A briga começou assim que saímos da festa.
LÍNGUA PORTUGUESA

ideia contrária à da principal, sem, no entanto, impe-


H) Comparativas: introduzem uma oração que expres-
dir sua realização. São elas: embora, ainda que, ape-
sa ideia de comparação com referência à oração prin-
sar de que, se bem que, mesmo que, por mais que,
cipal. São elas: como, assim como, tal como, como se,
posto que, conquanto, etc.
(tão)... como, tanto como, tanto quanto, do que, quan-
Embora fosse tarde, fomos visitá-lo.
to, tal, qual, tal qual, que nem, que (combinado com
menos ou mais), etc.
C) Condicionais: introduzem uma oração que indica a
O jogo de hoje será mais difícil que o de ontem.
hipótese ou a condição para ocorrência da principal.

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I) Consecutivas: introduzem uma oração que expressa As interjeições cumprem, normalmente, duas funções:
a consequência da principal. São elas: de sorte que, de
modo que, sem que (= que não), de forma que, de jeito A) Sintetizar uma frase exclamativa, exprimindo alegria,
que, que (tendo como antecedente na oração principal tristeza, dor, etc.: Ah, deve ser muito interessante!
uma palavra como tal, tão, cada, tanto, tamanho), etc. B) Sintetizar uma frase apelativa: Cuidado! Saia da mi-
Estudou tanto durante a noite que dormiu na hora do nha frente.
exame.
As interjeições podem ser formadas por:
FIQUE ATENTO!  simples sons vocálicos: Oh!, Ah!, Ó, Ô
Muitas conjunções não têm classificação única,  palavras: Oba! Olá! Claro!
imutável, devendo, portanto, ser classificadas  grupos de palavras (locuções interjetivas): Meu Deus!
de acordo com o sentido que apresentam no Ora bolas!
contexto (destaque da Zê!).
1. Classificação das Interjeições

Comumente, as interjeições expressam sentido de:


REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS A) Advertência: Cuidado! Devagar! Calma! Sentido!
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- Atenção! Olha! Alerta!
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. B) Afugentamento: Fora! Passa! Rua!
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, C) Alegria ou Satisfação: Oh! Ah! Eh! Oba! Viva!
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: D) Alívio: Arre! Uf! Ufa! Ah!
Saraiva, 2010. E) Animação ou Estímulo: Vamos! Força! Coragem!
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação Ânimo! Adiante!
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. F) Aplauso ou Aprovação: Bravo! Bis! Apoiado! Viva!
G) Concordância: Claro! Sim! Pois não! Tá!
SITE
H) Repulsa ou Desaprovação: Credo! Ih! Francamente!
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf84.php Essa não! Chega! Basta!
INTERJEIÇÃO I) Desejo ou Intenção: Pudera! Tomara! Oxalá! Queira
Deus!
Interjeição é a palavra invariável que exprime emoções,
J) Desculpa: Perdão!
sensações, estados de espírito. É um recurso da linguagem
K) Dor ou Tristeza: Ai! Ui! Ai de mim! Que pena!
afetiva, em que não há uma ideia organizada de maneira
L) Dúvida ou Incredulidade: Que nada! Qual o quê!
lógica, como são as sentenças da língua, mas sim a ma-
nifestação de um suspiro, um estado da alma decorrente M) Espanto ou Admiração: Oh! Ah! Uai! Puxa! Céus!
de uma situação particular, um momento ou um contexto Quê! Caramba! Opa! Nossa! Hein? Cruz! Putz!
específico. Exemplos: N) Impaciência ou Contrariedade: Hum! Raios! Puxa!
Ah, como eu queria voltar a ser criança! Pô! Ora!
ah: expressão de um estado emotivo = interjeição O) Pedido de Auxílio: Socorro! Aqui! Piedade!
Hum! Esse pudim estava maravilhoso! P) Saudação, Chamamento ou Invocação: Salve! Viva!
hum: expressão de um pensamento súbito = interjeição Olá! Alô! Tchau! Psiu! Socorro! Valha-me, Deus!
Q) Silêncio: Psiu! Silêncio!
O significado das interjeições está vinculado à maneira R) Terror ou Medo: Credo! Cruzes! Minha nossa!
como elas são proferidas. O tom da fala é que dita o senti-
do que a expressão vai adquirir em cada contexto em que Saiba que:
for utilizada. Exemplos: As interjeições são palavras invariáveis, isto é, não so-
frem variação em gênero, número e grau como os nomes,
Psiu! nem de número, pessoa, tempo, modo, aspecto e voz
contexto: alguém pronunciando esta expressão na rua; como os verbos. No entanto, em uso específico, algumas
significado da interjeição (sugestão): “Estou te chamando! interjeições sofrem variação em grau. Não se trata de um
Ei, espere!” processo natural desta classe de palavra, mas tão só uma
Psiu! variação que a linguagem afetiva permite. Exemplos: oizi-
contexto: alguém pronunciando em um hospital; signi-
LÍNGUA PORTUGUESA

nho, bravíssimo, até loguinho.


ficado da interjeição (sugestão): “Por favor, faça silêncio!”
2. Locução Interjetiva
Puxa! Ganhei o maior prêmio do sorteio!
puxa: interjeição; tom da fala: euforia Ocorre quando duas ou mais palavras formam uma
expressão com sentido de interjeição: Ora bolas!, Virgem
Puxa! Hoje não foi meu dia de sorte!
Maria!, Meu Deus!, Ó de casa!, Ai de mim!, Graças a Deus!
puxa: interjeição; tom da fala: decepção
Toda frase mais ou menos breve dita em tom exclama-

14
tivo torna-se uma locução interjetiva, dispensando análise B) Ordinais: indicam a ordem, a posição que alguém ou
dos termos que a compõem: Macacos me mordam!, Valha- alguma coisa ocupa numa determinada sequência: pri-
-me Deus!, Quem me dera! meiro, segundo, centésimo, etc.
1. As interjeições são como frases resumidas, sintéticas.
Por exemplo: Ué! (= Eu não esperava por essa!) /
#FicaDica
Perdão! (= Peço-lhe que me desculpe)
2. Além do contexto, o que caracteriza a interjeição é As palavras anterior, posterior, último, antepe-
o seu tom exclamativo; por isso, palavras de outras núltimo, final e penúltimo também indicam
classes gramaticais podem aparecer como inter- posição dos seres, mas são classificadas como
jeições. Por exemplo: Viva! Basta! (Verbos) / Fora! adjetivos, não ordinais.
Francamente! (Advérbios)
3. A interjeição pode ser considerada uma “palavra-fra-
se” porque sozinha pode constituir uma mensagem. C) Fracionários: indicam parte de uma quantidade, ou
Por exemplo: Socorro! Ajudem-me! Silêncio! Fique seja, uma divisão dos seres: meio, terço, dois quintos,
quieto! etc.
4. Há, também, as interjeições onomatopaicas ou imi- D) Multiplicativos: expressam ideia de multiplicação dos
tativas, que exprimem ruídos e vozes. Por exemplo: seres, indicando quantas vezes a quantidade foi au-
Miau! Bumba! Zás! Plaft! Pof! Catapimba! Tique-ta- mentada: dobro, triplo, quíntuplo, etc.
que! Quá-quá-quá!, etc.
5. Não se deve confundir a interjeição de apelo “ó” 2. Flexão dos numerais
com a sua homônima “oh!”, que exprime admira-
ção, alegria, tristeza, etc. Faz-se uma pausa depois Os numerais cardinais que variam em gênero são um/
do “oh!” exclamativo e não a fazemos depois do “ó” uma, dois/duas e os que indicam centenas de duzentos/du-
vocativo. Por exemplo: “Ó natureza! ó mãe piedosa e zentas em diante: trezentos/trezentas, quatrocentos/quatro-
pura!” (Olavo Bilac) centas, etc. Cardinais como milhão, bilhão, trilhão, variam em
número: milhões, bilhões, trilhões. Os demais cardinais são
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS invariáveis.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacco- Os numerais ordinais variam em gênero e número:
ni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português – Literatura, Produção de Textos & Gramática primeiro segundo milésimo
– volume único / Samira Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa
Souza. – 3. Ed. – São Paulo: Saraiva, 2002. primeira segunda milésima
primeiros segundos milésimos
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf89. primeiras segundas milésimas
php
Os numerais multiplicativos são invariáveis quando
NUMERAL atuam em funções substantivas: Fizeram o dobro do esforço
e conseguiram o triplo de produção.
Numeral é a palavra variável que indica quantidade nu- Quando atuam em funções adjetivas, esses numerais
mérica ou ordem; expressa a quantidade exata de pessoas flexionam-se em gênero e número: Teve de tomar doses tri-
ou coisas ou o lugar que elas ocupam numa determinada se- plas do medicamento.
quência. Os numerais fracionários flexionam-se em gênero e nú-
Os numerais traduzem, em palavras, o que os números mero. Observe: um terço/dois terços, uma terça parte/duas
indicam em relação aos seres. Assim, quando a expressão é co- terças partes.
locada em números (1, 1.º, 1/3, etc.) não se trata de numerais,
mas sim de algarismos. Os numerais coletivos flexionam-se em número: uma
Além dos numerais mais conhecidos, já que refletem a dúzia, um milheiro, duas dúzias, dois milheiros.
ideia expressa pelos números, existem mais algumas palavras É comum na linguagem coloquial a indicação de grau
consideradas numerais porque denotam quantidade, propor- nos numerais, traduzindo afetividade ou especialização de
ção ou ordenação. São alguns exemplos: década, dúzia, par, sentido. É o que ocorre em frases como:
LÍNGUA PORTUGUESA

ambos(as), novena. “Me empresta duzentinho...”


É artigo de primeiríssima qualidade!
1. Classificação dos Numerais
O time está arriscado por ter caído na segundona. (= se-
gunda divisão de futebol)
A) Cardinais: indicam quantidade exata ou determinada
de seres: um, dois, cem mil, etc. Alguns cardinais têm
sentido coletivo, como por exemplo: século, par, dúzia,
década, bimestre.

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3. Emprego e Leitura dos Numerais

Os numerais são escritos em conjunto de três algarismos, contados da direita para a esquerda, em forma de cente-
nas, dezenas e unidades, tendo cada conjunto uma separação através de ponto ou espaço correspondente a um ponto:
8.234.456 ou 8 234 456.
Em sentido figurado, usa-se o numeral para indicar exagero intencional, constituindo a figura de linguagem conhecida
como hipérbole: Já li esse texto mil vezes.
No português contemporâneo, não se usa a conjunção “e” após “mil”, seguido de centena: Nasci em mil novecentos e
noventa e dois.
Seu salário será de mil quinhentos e cinquenta reais.

Mas, se a centena começa por “zero” ou termina por dois zeros, usa-se o “e”: Seu salário será de mil e quinhentos reais.
(R$1.500,00)
Gastamos mil e quarenta reais. (R$1.040,00)

Para designar papas, reis, imperadores, séculos e partes em que se divide uma obra, utilizam-se os ordinais até décimo
e, a partir daí, os cardinais, desde que o numeral venha depois do substantivo;

Ordinais Cardinais
João Paulo II (segundo) Tomo XV (quinze)
D. Pedro II (segundo) Luís XVI (dezesseis)
Ato II (segundo) Capítulo XX (vinte)
Século VIII (oitavo) Século XX (vinte)
Canto IX (nono) João XXIII ( vinte e três)

Se o numeral aparece antes do substantivo, será lido como ordinal: XXX Feira do Bordado. (trigésima)

#FicaDica
Ordinal lembra ordem. Memorize assim, por associação. Ficará mais fácil!

Para designar leis, decretos e portarias, utiliza-se o ordinal até nono e o cardinal de dez em diante:
Artigo 1.° (primeiro) Artigo 10 (dez)
Artigo 9.° (nono) Artigo 21 (vinte e um)
Ambos/ambas = numeral dual, porque sempre se refere a dois seres. Significam “um e outro”, “os dois” (ou “uma e
outra”, “as duas”) e são largamente empregados para retomar pares de seres aos quais já se fez referência. Sua utilização
exige a presença do artigo posposto: Ambos os concursos realizarão suas provas no mesmo dia. O artigo só é dispensado
caso haja um pronome demonstrativo: Ambos esses ministros falarão à imprensa.

Quadro de alguns numerais

Cardinais Ordinais Multiplicativos Fracionários


um primeiro - -
dois segundo dobro, duplo meio
três terceiro triplo, tríplice terço
LÍNGUA PORTUGUESA

quatro quarto quádruplo quarto


cinco quinto quíntuplo quinto
seis sexto sêxtuplo sexto
sete sétimo sétuplo sétimo
oito oitavo óctuplo oitavo

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nove nono nônuplo nono
dez décimo décuplo décimo
onze décimo primeiro - onze avos
doze décimo segundo - doze avos
treze décimo terceiro - treze avos
catorze décimo quarto - catorze avos
quinze décimo quinto - quinze avos
dezesseis décimo sexto - dezesseis avos
dezessete décimo sétimo - dezessete avos
dezoito décimo oitavo - dezoito avos
dezenove décimo nono - dezenove avos
vinte vigésimo - vinte avos
trinta trigésimo - trinta avos
quarenta quadragésimo - quarenta avos
cinqüenta quinquagésimo - cinquenta avos
sessenta sexagésimo - sessenta avos
setenta septuagésimo - setenta avos
oitenta octogésimo - oitenta avos
noventa nonagésimo - noventa avos
cem centésimo cêntuplo centésimo
duzentos ducentésimo - ducentésimo
trezentos trecentésimo - trecentésimo
quatrocentos quadringentésimo - quadringentésimo
quinhentos quingentésimo - quingentésimo
seiscentos sexcentésimo - sexcentésimo
setecentos septingentésimo - septingentésimo
oitocentos octingentésimo - octingentésimo
novecentos nongentésimo
ou noningentésimo - nongentésimo
mil milésimo - milésimo
milhão milionésimo - milionésimo
bilhão bilionésimo - bilionésimo

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
LÍNGUA PORTUGUESA

Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf40.php
PREPOSIÇÃO

17
Preposição é uma palavra invariável que serve para ligar termos ou orações. Quando esta ligação acontece, normal-
mente há uma subordinação do segundo termo em relação ao primeiro. As preposições são muito importantes na estrutura
da língua, pois estabelecem a coesão textual e possuem valores semânticos indispensáveis para a compreensão do texto.

1. Tipos de Preposição

A) Preposições essenciais: palavras que atuam exclusivamente como preposições: a, ante, perante, após, até, com, con-
tra, de, desde, em, entre, para, por, sem, sob, sobre, trás, atrás de, dentro de, para com.
B) Preposições acidentais: palavras de outras classes gramaticais que podem atuar como preposições, ou seja, forma-
das por uma derivação imprópria: como, durante, exceto, fora, mediante, salvo, segundo, senão, visto.
C) Locuções prepositivas: duas ou mais palavras valendo como uma preposição, sendo que a última palavra é uma
(preposição): abaixo de, acerca de, acima de, ao lado de, a respeito de, de acordo com, em cima de, embaixo de, em
frente a, ao redor de, graças a, junto a, com, perto de, por causa de, por cima de, por trás de.

A preposição é invariável e, no entanto, pode unir-se a outras palavras e, assim, estabelecer concordância em gênero ou
em número. Exemplo: por + o = pelo / por + a = pela.
Essa concordância não é característica da preposição, mas das palavras às quais ela se une.
Esse processo de junção de uma preposição com outra palavra pode se dar a partir dos processos de:
 Combinação: união da preposição “a” com o artigo “o”(s), ou com o advérbio “onde”: ao, aonde, aos. Os vocábulos
não sofrem alteração.
 Contração: união de uma preposição com outra palavra, ocorrendo perda ou transformação de fonema: de + o =
do, em + a = na, per + os = pelos, de + aquele = daquele, em + isso = nisso.
 Crase: é a fusão de vogais idênticas: à (“a” preposição + “a” artigo), àquilo (“a” preposição + 1.ª vogal do pronome
“aquilo”).

#FicaDica
O “a” pode funcionar como preposição, pronome pessoal oblíquo e artigo. Como distingui-los? Caso o
“a” seja um artigo, virá precedendo um substantivo, servindo para determiná-lo como um substantivo
singular e feminino: A matéria que estudei é fácil!

Quando é preposição, além de ser invariável, liga dois termos e estabelece relação de subordinação entre eles.
Irei à festa sozinha.
Entregamos a flor à professora! = o primeiro “a” é artigo; o segundo, preposição.
Se for pronome pessoal oblíquo estará ocupando o lugar e/ou a função de um substantivo: Nós trouxemos a apostila.
= Nós a trouxemos.
2. Relações semânticas (= de sentido) estabelecidas por meio das preposições:

Destino = Irei a Salvador.


Modo = Saiu aos prantos.
Lugar = Sempre a seu lado.
Assunto = Falemos sobre futebol.
Tempo = Chegarei em instantes.
Causa = Chorei de saudade.
Fim ou finalidade = Vim para ficar.
Instrumento = Escreveu a lápis.
Posse = Vi as roupas da mamãe.
Autoria = livro de Machado de Assis
Companhia = Estarei com ele amanhã.
Matéria = copo de cristal.
LÍNGUA PORTUGUESA

Meio = passeio de barco.


Origem = Nós somos do Nordeste.
Conteúdo = frascos de perfume.
Oposição = Esse movimento é contra o que eu penso.
Preço = Essa roupa sai por cinquenta reais.

Quanto à preposição “trás”: não se usa senão nas locuções adverbiais (para trás ou por trás) e na locução prepositiva
por trás de.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS B) Substantivos Concretos e Abstratos
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- B.1 Substantivo Concreto: é aquele que designa o ser
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. que existe, independentemente de outros seres.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Observação:
Paulo: Saraiva, 2010. Os substantivos concretos designam seres do mundo
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação real e do mundo imaginário.
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Seres do mundo real: homem, mulher, cadeira, cobra,
Brasília.
SITE Seres do mundo imaginário: saci, mãe-d’água, fantas-
http://www.infoescola.com/portugues/preposicao/ ma.

B.2 Substantivo Abstrato: é aquele que designa seres


SUBSTANTIVO que dependem de outros para se manifestarem ou existi-
rem. Por exemplo: a beleza não existe por si só, não pode
Substantivo é a classe gramatical de palavras variáveis,
ser observada. Só podemos observar a beleza numa pessoa
as quais denominam todos os seres que existem, sejam
reais ou imaginários. Além de objetos, pessoas e fenôme- ou coisa que seja bela. A beleza depende de outro ser para
nos, os substantivos também nomeiam: se manifestar. Portanto, a palavra beleza é um substantivo
 lugares: Alemanha, Portugal abstrato.
 sentimentos: amor, saudade Os substantivos abstratos designam estados, qualida-
 estados: alegria, tristeza des, ações e sentimentos dos seres, dos quais podem ser
 qualidades: honestidade, sinceridade abstraídos, e sem os quais não podem existir: vida (estado),
 ações: corrida, pescaria rapidez (qualidade), viagem (ação), saudade (sentimento).

1. Morfossintaxe do substantivo  Substantivos Coletivos


Ele vinha pela estrada e foi picado por uma abelha, outra
Nas orações, geralmente o substantivo exerce funções abelha, mais outra abelha.
diretamente relacionadas com o verbo: atua como núcleo Ele vinha pela estrada e foi picado por várias abelhas.
do sujeito, dos complementos verbais (objeto direto ou Ele vinha pela estrada e foi picado por um enxame.
indireto) e do agente da passiva, podendo, ainda, funcio-
nar como núcleo do complemento nominal ou do aposto, Note que, no primeiro caso, para indicar plural, foi ne-
como núcleo do predicativo do sujeito, do objeto ou como cessário repetir o substantivo: uma abelha, outra abelha,
núcleo do vocativo. Também encontramos substantivos mais outra abelha. No segundo caso, utilizaram-se duas
como núcleos de adjuntos adnominais e de adjuntos ad-
palavras no plural. No terceiro, empregou-se um substan-
verbiais - quando essas funções são desempenhadas por
grupos de palavras. tivo no singular (enxame) para designar um conjunto de
seres da mesma espécie (abelhas).
2. Classificação dos Substantivos O substantivo enxame é um substantivo coletivo.
Substantivo Coletivo: é o substantivo comum que, mes-
A) Substantivos Comuns e Próprios mo estando no singular, designa um conjunto de seres da
Observe a definição: mesma espécie.

Cidade: s.f. 1. Povoação maior que vila, com muitas ca- Substantivo coletivo Conjunto de:
sas e edifícios, dispostos em ruas e avenidas (no Brasil, toda a
sede de município é cidade). 2. O centro de uma cidade (em assembleia pessoas reunidas
oposição aos bairros). alcateia lobos
Qualquer “povoação maior que vila, com muitas casas
e edifícios, dispostos em ruas e avenidas” será chamada acervo livros
cidade. Isso significa que a palavra cidade é um substantivo antologia trechos literários selecionados
comum.
arquipélago ilhas
Substantivo Comum é aquele que designa os seres de
uma mesma espécie de forma genérica: cidade, menino, banda músicos
LÍNGUA PORTUGUESA

homem, mulher, país, cachorro. bando desordeiros ou malfeitores


Estamos voando para Barcelona.
banca examinadores
O substantivo Barcelona designa apenas um ser da es- batalhão soldados
pécie cidade. Barcelona é um substantivo próprio – aquele
que designa os seres de uma mesma espécie de forma par- cardume peixes
ticular: Londres, Paulinho, Pedro, Tietê, Brasil. caravana viajantes peregrinos

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cacho frutas 3. Formação dos Substantivos

cancioneiro canções, poesias líricas A) Substantivos Simples e Compostos


colmeia abelhas Chuva - subst. Fem. 1 - água caindo em gotas sobre a
terra.
concílio bispos O substantivo chuva é formado por um único elemento
congresso parlamentares, cientistas ou radical. É um substantivo simples.
elenco atores de uma peça ou filme A.1 Substantivo Simples: é aquele formado por um
único elemento.
esquadra navios de guerra Outros substantivos simples: tempo, sol, sofá, etc. Veja
enxoval roupas agora: O substantivo guarda-chuva é formado por dois ele-
mentos (guarda + chuva). Esse substantivo é composto.
falange soldados, anjos A.2 Substantivo Composto: é aquele formado por
fauna animais de uma região dois ou mais elementos. Outros exemplos: beija-flor,
feixe lenha, capim passatempo.

flora vegetais de uma região B) Substantivos Primitivos e Derivados


frota navios mercantes, ônibus B.1 Substantivo Primitivo: é aquele que não deriva de
nenhuma outra palavra da própria língua portugue-
girândola fogos de artifício sa.
horda bandidos, invasores B.2 Substantivo Derivado: é aquele que se origina de
junta médicos, bois, credores, exa- outra palavra. O substantivo limoeiro, por exemplo, é
minadores derivado, pois se originou a partir da palavra limão.

júri jurados 4. Flexão dos substantivos


legião soldados, anjos, demônios
O substantivo é uma classe variável. A palavra é variá-
leva presos, recrutas vel quando sofre flexão (variação). A palavra menino, por
malta malfeitores ou desordeiros exemplo, pode sofrer variações para indicar:
Plural: meninos / Feminino: menina / Aumentativo: me-
manada búfalos, bois, elefantes,
ninão / Diminutivo: menininho
matilha cães de raça A) Flexão de Gênero
molho chaves, verduras Gênero é um princípio puramente linguístico, não de-
vendo ser confundido com “sexo”. O gênero diz respeito
multidão pessoas em geral a todos os substantivos de nossa língua, quer se refiram
nuvem insetos (gafanhotos, mosqui- a seres animais providos de sexo, quer designem apenas
tos, etc.) “coisas”: o gato/a gata; o banco, a casa.
Na língua portuguesa, há dois gêneros: masculino e fe-
penca bananas, chaves minino. Pertencem ao gênero masculino os substantivos
pinacoteca pinturas, quadros que podem vir precedidos dos artigos o, os, um, uns. Veja
quadrilha ladrões, bandidos estes títulos de filmes:
O velho e o mar
ramalhete flores Um Natal inesquecível
rebanho ovelhas Os reis da praia
repertório peças teatrais, obras musicais Pertencem ao gênero feminino os substantivos que po-
réstia alhos ou cebolas dem vir precedidos dos artigos a, as, uma, umas:
A história sem fim
romanceiro poesias narrativas
Uma cidade sem passado
revoada pássaros As tartarugas ninjas
sínodo párocos
5. Substantivos Biformes e Substantivos Uniformes
LÍNGUA PORTUGUESA

talha lenha
tropa muares, soldados 1. Substantivos Biformes (= duas formas): apresentam
uma forma para cada gênero: gato – gata, homem –
turma estudantes, trabalhadores mulher, poeta – poetisa, prefeito - prefeita
vara porcos 2. Substantivos Uniformes: apresentam uma única
forma, que serve tanto para o masculino quanto para
o feminino. Classificam-se em:

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A) Epicenos: referentes a animais. A distinção de sexo Alguns nomes de animais apresentam uma só forma
se faz mediante a utilização das palavras “macho” e para designar os dois sexos. Esses substantivos são cha-
“fêmea”: a cobra macho e a cobra fêmea, o jacaré ma- mados de epicenos. No caso dos epicenos, quando houver
cho e o jacaré fêmea. a necessidade de especificar o sexo, utilizam-se palavras
B) Sobrecomuns: substantivos uniformes referentes a macho e fêmea.
pessoas de ambos os sexos: a criança, a testemunha, A cobra macho picou o marinheiro.
a vítima, o cônjuge, o gênio, o ídolo, o indivíduo. A cobra fêmea escondeu-se na bananeira.
C) Comuns de Dois ou Comum de Dois Gêneros: indi-
cam o sexo das pessoas por meio do artigo: o colega 8. Sobrecomuns:
e a colega, o doente e a doente, o artista e a artista. Entregue as crianças à natureza.
Substantivos de origem grega terminados em ema ou A palavra crianças se refere tanto a seres do sexo mas-
oma são masculinos: o fonema, o poema, o sistema, o sin- culino, quanto a seres do sexo feminino. Nesse caso, nem
toma, o teorema.
o artigo nem um possível adjetivo permitem identificar o
sexo dos seres a que se refere a palavra. Veja:
 Existem certos substantivos que, variando de gê-
A criança chorona chamava-se João.
nero, variam em seu significado:
o águia (vigarista) e a águia (ave; perspicaz); o cabeça A criança chorona chamava-se Maria.
(líder) e a cabeça (parte do corpo); o capital (dinheiro) e a
capital (cidade); o coma (sono mórbido) e a coma (cabelei- Outros substantivos sobrecomuns:
ra, juba); o lente (professor) e a lente (vidro de aumento); a criatura = João é uma boa criatura. Maria é uma boa
o moral (estado de espírito) e a moral (ética; conclusão); o criatura.
praça (soldado raso) e a praça (área pública); o rádio (apa- o cônjuge = O cônjuge de João faleceu. O cônjuge de
relho receptor) e a rádio (estação emissora). Marcela faleceu
6. Formação do Feminino dos Substantivos Biformes
9. Comuns de Dois Gêneros:
Regra geral: troca-se a terminação -o por –a: aluno - Motorista tem acidente idêntico 23 anos depois.
aluna.
 Substantivos terminados em -ês: acrescenta-se -a ao Quem sofreu o acidente: um homem ou uma mulher?
masculino: freguês - freguesa É impossível saber apenas pelo título da notícia, uma
 Substantivos terminados em -ão: fazem o feminino vez que a palavra motorista é um substantivo uniforme.
de três formas: A distinção de gênero pode ser feita através da análise
1. troca-se -ão por -oa. = patrão – patroa do artigo ou adjetivo, quando acompanharem o substanti-
2. troca-se -ão por -ã. = campeão - campeã vo: o colega - a colega; o imigrante - a imigrante; um jovem
3. troca-se -ão por ona. = solteirão - solteirona - uma jovem; artista famoso - artista famosa; repórter fran-
Exceções: barão – baronesa, ladrão - ladra, sultão - sul- cês - repórter francesa.
tana A palavra personagem é usada indistintamente nos dois
gêneros. Entre os escritores modernos nota-se acentuada
 Substantivos terminados em -or:
preferência pelo masculino: O menino descobriu nas nuvens
acrescenta-se -a ao masculino = doutor – doutora
troca-se -or por -triz: = imperador – imperatriz os personagens dos contos de carochinha.
 Substantivos com feminino em -esa, -essa, -isa: côn- Com referência à mulher, deve-se preferir o feminino: O
sul - consulesa / abade - abadessa / poeta - poetisa / problema está nas mulheres de mais idade, que não aceitam
duque - duquesa / conde - condessa / profeta - pro- a personagem.
fetisa Diz-se: o (ou a) manequim Marcela, o (ou a) modelo fo-
 Substantivos que formam o feminino trocando o -e tográfico Ana Belmonte.
final por -a: elefante - elefanta
 Substantivos que têm radicais diferentes no masculi- Masculinos: o tapa, o eclipse, o lança-perfume, o dó )
no e no feminino: bode – cabra / boi - vaca pena), o sanduíche, o clarinete, o champanha, o sósia, o ma-
 Substantivos que formam o feminino de maneira racajá, o clã, o herpes, o pijama, o suéter, o soprano, o pro-
especial, isto é, não seguem nenhuma das regras an- clama, o pernoite, o púbis.
teriores: czar – czarina, réu - ré Femininos: a dinamite, a derme, a hélice, a omoplata, a
cataplasma, a pane, a mascote, a gênese, a entorse, a libido,
7. Formação do Feminino dos Substantivos Unifor- a cal, a faringe, a cólera (doença), a ubá (canoa).
LÍNGUA PORTUGUESA

mes
São geralmente masculinos os substantivos de origem
Epicenos:
grega terminados em -ma: o grama (peso), o quilograma, o
Novo jacaré escapa de policiais no rio Pinheiros.
plasma, o apostema, o diagrama, o epigrama, o telefonema,
Não é possível saber o sexo do jacaré em questão. Isso o estratagema, o dilema, o teorema, o trema, o eczema, o
ocorre porque o substantivo jacaré tem apenas uma forma edema, o magma, o estigma, o axioma, o tracoma, o hema-
para indicar o masculino e o feminino. toma.

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Exceções: a cataplasma, a celeuma, a fleuma, etc. Os substantivos terminados em al, el, ol, ul flexionam-se
no plural, trocando o “l” por “is”: quintal - quintais; cara-
Gênero dos Nomes de Cidades - Com raras exceções, col – caracóis; hotel - hotéis. Exceções: mal e males, cônsul
nomes de cidades são femininos: A histórica Ouro Preto. / e cônsules.
A dinâmica São Paulo. / A acolhedora Porto Alegre. / Uma Os substantivos terminados em “il” fazem o plural de
Londres imensa e triste. duas maneiras:
Exceções: o Rio de Janeiro, o Cairo, o Porto, o Havre. 1. Quando oxítonos, em “is”: canil - canis
2. Quando paroxítonos, em “eis”: míssil - mísseis.
10. Gênero e Significação
Observação:
Muitos substantivos, como já mencionado anterior- A palavra réptil pode formar seu plural de duas manei-
mente, têm uma significação no masculino e outra no fe- ras: répteis ou reptis (pouco usada).
minino. Observe: o baliza (soldado que à frente da tropa,
indica os movimentos que se deve realizar em conjunto; o Os substantivos terminados em “s” fazem o plural de
que vai à frente de um bloco carnavalesco, manejando um duas maneiras:
bastão), a baliza (marco, estaca; sinal que marca um limite 1. Quando monossilábicos ou oxítonos, mediante o
ou proibição de trânsito), o cabeça (chefe), a cabeça (parte acréscimo de “es”: ás – ases / retrós - retroses
do corpo), o cisma (separação religiosa, dissidência), a cis- 2. Quando paroxítonos ou proparoxítonos, ficam inva-
ma (ato de cismar, desconfiança), o cinza (a cor cinzenta), a riáveis: o lápis - os lápis / o ônibus - os ônibus.
cinza (resíduos de combustão), o capital (dinheiro), a capital
(cidade), o coma (perda dos sentidos), a coma (cabeleira), o Os substantivos terminados em “ão” fazem o plural de
coral (pólipo, a cor vermelha, canto em coro), a coral (cobra três maneiras.
venenosa), o crisma (óleo sagrado, usado na administração 1. substituindo o -ão por -ões: ação - ações
da crisma e de outros sacramentos), a crisma (sacramento 2. substituindo o -ão por -ães: cão - cães
da confirmação), o cura (pároco), a cura (ato de curar), o 3. substituindo o -ão por -ãos: grão - grãos
estepe (pneu sobressalente), a estepe (vasta planície de vege-
tação), o guia (pessoa que guia outras), a guia (documento, Observação:
pena grande das asas das aves), o grama (unidade de peso), Muitos substantivos terminados em “ão” apresentam
a grama (relva), o caixa (funcionário da caixa), a caixa (re- dois – e até três – plurais:
cipiente, setor de pagamentos), o lente (professor), a lente aldeão – aldeões/aldeães/aldeãos ancião
(vidro de aumento), o moral (ânimo), a moral (honestidade, – anciões/anciães/anciãos
bons costumes, ética), o nascente (lado onde nasce o Sol), a charlatão – charlatões/charlatães corri-
nascente (a fonte), o maria-fumaça (trem como locomotiva mão – corrimãos/corrimões
a vapor), maria-fumaça (locomotiva movida a vapor), o pala guardião – guardiões/guardiães vilão –
(poncho), a pala (parte anterior do boné ou quepe, antepa- vilãos/vilões/vilães
ro), o rádio (aparelho receptor), a rádio (emissora), o voga
(remador), a voga (moda). Os substantivos terminados em “x” ficam invariáveis: o
látex - os látex.
B) Flexão de Número do Substantivo
12. Plural dos Substantivos Compostos
Em português, há dois números gramaticais: o singular,
que indica um ser ou um grupo de seres, e o plural, que A formação do plural dos substantivos compostos de-
indica mais de um ser ou grupo de seres. A característica pende da forma como são grafados, do tipo de palavras
do plural é o “s” final. que formam o composto e da relação que estabelecem en-
tre si. Aqueles que são grafados sem hífen comportam-se
11. Plural dos Substantivos Simples como os substantivos simples: aguardente/aguardentes,
girassol/girassóis, pontapé/pontapés, malmequer/malme-
Os substantivos terminados em vogal, ditongo oral e queres.
“n” fazem o plural pelo acréscimo de “s”: pai – pais; ímã – O plural dos substantivos compostos cujos elementos
ímãs; hífen - hifens (sem acento, no plural). são ligados por hífen costuma provocar muitas dúvidas e
Exceção: cânon - cânones. discussões. Algumas orientações são dadas a seguir:
LÍNGUA PORTUGUESA

Os substantivos terminados em “m” fazem o plural em A) Flexionam-se os dois elementos, quando forma-
“ns”: homem - homens. dos de:
Os substantivos terminados em “r” e “z” fazem o plural substantivo + substantivo = couve-flor e couves-flores
pelo acréscimo de “es”: revólver – revólveres; raiz - raízes. substantivo + adjetivo = amor-perfeito e amores-per-
feitos
Atenção: adjetivo + substantivo = gentil-homem e gentis-homens
O plural de caráter é caracteres. numeral + substantivo = quinta-feira e quintas-feiras

22
B) Flexiona-se somente o segundo elemento, quan- tren(s) + zinhos = trenzinhos
do formados de:
verbo + substantivo = guarda-roupa e guarda-roupas colhere(s) + zinhas = colherezinhas
palavra invariável + palavra variável = alto-falante e al- flore(s) + zinhas = florezinhas
to-falantes
palavras repetidas ou imitativas = reco-reco e reco-recos mão(s) + zinhas = mãozinhas
papéi(s) + zinhos = papeizinhos
C) Flexiona-se somente o primeiro elemento, quan- nuven(s) + zinhas = nuvenzinhas
do formados de:
substantivo + preposição clara + substantivo = água- funi(s) + zinhos = funizinhos
-de-colônia e águas-de-colônia túnei(s) + zinhos = tuneizinhos
substantivo + preposição oculta + substantivo = cava-
lo-vapor e cavalos-vapor pai(s) + zinhos = paizinhos
substantivo + substantivo que funciona como determi- pé(s) + zinhos = pezinhos
nante do primeiro, ou seja, especifica a função ou o tipo do pé(s) + zitos = pezitos
termo anterior: palavra-chave - palavras-chave, bomba-re-
lógio - bombas-relógio, homem-rã - homens-rã, peixe-espa-
16. Plural dos Nomes Próprios Personativos
da - peixes-espada.
D) Permanecem invariáveis, quando formados de:
Devem-se pluralizar os nomes próprios de pessoas
verbo + advérbio = o bota-fora e os bota-fora
sempre que a terminação preste-se à flexão.
verbo + substantivo no plural = o saca-rolhas e os sa-
Os Napoleões também são derrotados.
ca-rolhas
As Raquéis e Esteres.
13. Casos Especiais
17. Plural dos Substantivos Estrangeiros

o louva-a-deus e os louva-a-deus Substantivos ainda não aportuguesados devem ser es-


o bem-te-vi e os bem-te-vis critos como na língua original, acrescentando-se “s” (exce-
to quando terminam em “s” ou “z”): os shows, os shorts, os
o bem-me-quer e os bem-me-queres jazz.
o joão-ninguém e os joões-ninguém. Substantivos já aportuguesados flexionam-se de acor-
do com as regras de nossa língua: os clubes, os chopes, os
14. Plural das Palavras Substantivadas jipes, os esportes, as toaletes, os bibelôs, os garçons, os ré-
quiens.
As palavras substantivadas, isto é, palavras de outras Observe o exemplo:
classes gramaticais usadas como substantivo apresentam, Este jogador faz gols toda vez que joga.
no plural, as flexões próprias dos substantivos. O plural correto seria gois (ô), mas não se usa.
Pese bem os prós e os contras.
O aluno errou na prova dos noves. 18. Plural com Mudança de Timbre
Ouça com a mesma serenidade os sins e os nãos.
Certos substantivos formam o plural com mudança de
Observação: timbre da vogal tônica (o fechado / o aberto). É um fato
Numerais substantivados terminados em “s” ou “z” não fonético chamado metafonia (plural metafônico).
variam no plural: Nas provas mensais consegui muitos seis
e alguns dez. Singular Plural
corpo (ô) corpos (ó)
15. Plural dos Diminutivos
esforço esforços
Flexiona-se o substantivo no plural, retira-se o “s” final fogo fogos
e acrescenta-se o sufixo diminutivo.
forno fornos
LÍNGUA PORTUGUESA

pãe(s) + zinhos = pãezinhos fosso fossos


animai(s) + zinhos = animaizinhos imposto impostos
botõe(s) + zinhos = botõezinhos olho olhos
chapéu(s) + zinhos = chapeuzinhos osso (ô) ossos (ó)
farói(s) + zinhos = faroizinhos ovo ovos

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poço poços PRONOME
porto portos Pronome é a palavra variável que substitui ou acom-
posto postos panha um substantivo (nome), qualificando-o de alguma
forma.
tijolo tijolos O homem julga que é superior à natureza, por isso o ho-
mem destrói a natureza...
Têm a vogal tônica fechada (ô): adornos, almoços, bol- Utilizando pronomes, teremos: O homem julga que é
sos, esposos, estojos, globos, gostos, polvos, rolos, soros, etc. superior à natureza, por isso ele a destrói...
Ficou melhor, sem a repetição desnecessária de termos
Observação: (homem e natureza).
Distinga-se molho (ô) = caldo (molho de carne), de mo-
lho (ó) = feixe (molho de lenha). Grande parte dos pronomes não possuem significados
fixos, isto é, essas palavras só adquirem significação dentro
Há substantivos que só se usam no singular: o sul, o de um contexto, o qual nos permite recuperar a referên-
norte, o leste, o oeste, a fé, etc. cia exata daquilo que está sendo colocado por meio dos
pronomes no ato da comunicação. Com exceção dos pro-
Outros só no plural: as núpcias, os víveres, os pêsames, nomes interrogativos e indefinidos, os demais pronomes
as espadas/os paus (naipes de baralho), as fezes. têm por função principal apontar para as pessoas do dis-
Outros, enfim, têm, no plural, sentido diferente do sin- curso ou a elas se relacionar, indicando-lhes sua situação
gular: bem (virtude) e bens (riquezas), honra (probidade, no tempo ou no espaço. Em virtude dessa característica,
bom nome) e honras (homenagem, títulos). os pronomes apresentam uma forma específica para cada
Usamos, às vezes, os substantivos no singular, mas com pessoa do discurso.
sentido de plural: Minha carteira estava vazia quando eu fui assaltada.
Aqui morreu muito negro. [minha/eu: pronomes de 1.ª pessoa = aquele que fala]
Celebraram o sacrifício divino muitas vezes em capelas Tua carteira estava vazia quando tu foste assaltada?
improvisadas. [tua/tu: pronomes de 2.ª pessoa = aquele a quem se
fala]
C) Flexão de Grau do Substantivo A carteira dela estava vazia quando ela foi assaltada.
[dela/ela: pronomes de 3.ª pessoa = aquele de quem
Grau é a propriedade que as palavras têm de exprimir se fala]
as variações de tamanho dos seres. Classifica-se em:
1. Grau Normal - Indica um ser de tamanho considera- Em termos morfológicos, os pronomes são palavras
do normal. Por exemplo: casa variáveis em gênero (masculino ou feminino) e em núme-
2. Grau Aumentativo - Indica o aumento do tamanho ro (singular ou plural). Assim, espera-se que a referência
do ser. Classifica-se em: através do pronome seja coerente em termos de gênero
Analítico = o substantivo é acompanhado de um adje- e número (fenômeno da concordância) com o seu objeto,
tivo que indica grandeza. Por exemplo: casa grande. mesmo quando este se apresenta ausente no enunciado.
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- Fala-se de Roberta. Ele quer participar do desfile da nos-
cador de aumento. Por exemplo: casarão. sa escola neste ano.
3. Grau Diminutivo - Indica a diminuição do tamanho [nossa: pronome que qualifica “escola” = concordância
do ser. Pode ser: adequada]
Analítico = substantivo acompanhado de um adjetivo [neste: pronome que determina “ano” = concordância
que indica pequenez. Por exemplo: casa pequena. adequada]
Sintético = é acrescido ao substantivo um sufixo indi- [ele: pronome que faz referência à “Roberta” = concor-
cador de diminuição. Por exemplo: casinha. dância inadequada]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Existem seis tipos de pronomes: pessoais, possessivos,


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- demonstrativos, indefinidos, relativos e interrogativos.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 1 / Wiliam Roberto Ce- 1. Pronomes Pessoais
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010. São aqueles que substituem os substantivos, indicando
LÍNGUA PORTUGUESA

CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, diretamente as pessoas do discurso. Quem fala ou escreve
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira assume os pronomes “eu” ou “nós”; usa-se os pronomes
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – “tu”, “vós”, “você” ou “vocês” para designar a quem se di-
São Paulo: Saraiva, 2002. rige, e “ele”, “ela”, “eles” ou “elas” para fazer referência à
pessoa ou às pessoas de quem se fala.
SITE Os pronomes pessoais variam de acordo com as fun-
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf12. ções que exercem nas orações, podendo ser do caso reto
php ou do caso oblíquo.

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A) Pronome Reto
Pronome pessoal do caso reto é aquele que, na senten- FIQUE ATENTO!
ça, exerce a função de sujeito: Nós lhe ofertamos flores. Os pronomes o, os, a, as assumem formas es-
Os pronomes retos apresentam flexão de número, gê- peciais depois de certas terminações verbais:
nero (apenas na 3.ª pessoa) e pessoa, sendo essa última a 1. Quando o verbo termina em -z, -s ou -r, o
principal flexão, uma vez que marca a pessoa do discurso. pronome assume a forma lo, los, la ou las, ao
Dessa forma, o quadro dos pronomes retos é assim confi- mesmo tempo que a terminação verbal é su-
gurado: primida. Por exemplo:
fiz + o = fi-lo
1.ª pessoa do singular: eu fazeis + o = fazei-lo
2.ª pessoa do singular: tu dizer + a = dizê-la
3.ª pessoa do singular: ele, ela
1.ª pessoa do plural: nós 2. Quando o verbo termina em som nasal, o
2.ª pessoa do plural: vós pronome assume as formas no, nos, na, nas.
3.ª pessoa do plural: eles, elas Por exemplo:
viram + o: viram-no
Esses pronomes não costumam ser usados como com- repõe + os = repõe-nos
plementos verbais na língua-padrão. Frases como “Vi ele retém + a: retém-na
na rua”, “Encontrei ela na praça”, “Trouxeram eu até aqui”- tem + as = tem-nas
comuns na língua oral cotidiana - devem ser evitadas na
língua formal escrita ou falada. Na língua formal, devem
ser usados os pronomes oblíquos correspondentes: “Vi-o na B.2 Pronome Oblíquo Tônico
rua”, “Encontrei-a na praça”, “Trouxeram-me até aqui”. Os pronomes oblíquos tônicos são sempre precedidos
por preposições, em geral as preposições a, para, de e com.
Frequentemente observamos a omissão do pronome Por esse motivo, os pronomes tônicos exercem a função
reto em Língua Portuguesa. Isso se dá porque as próprias de objeto indireto da oração. Possuem acentuação tônica
formas verbais marcam, através de suas desinências, as forte.
pessoas do verbo indicadas pelo pronome reto: Fizemos Lista dos pronomes oblíquos tônicos:
boa viagem. (Nós) 1.ª pessoa do singular (eu): mim, comigo
2.ª pessoa do singular (tu): ti, contigo
B) Pronome Oblíquo 3.ª pessoa do singular (ele, ela): si, consigo, ele, ela
Pronome pessoal do caso oblíquo é aquele que, na sen- 1.ª pessoa do plural (nós): nós, conosco
tença, exerce a função de complemento verbal (objeto 2.ª pessoa do plural (vós): vós, convosco
direto ou indireto): Ofertaram-nos flores. (objeto indireto) 3.ª pessoa do plural (eles, elas): si, consigo, eles, elas

Observação: Observe que as únicas formas próprias do pronome tô-


O pronome oblíquo é uma forma variante do pronome nico são a primeira pessoa (mim) e segunda pessoa (ti). As
pessoal do caso reto. Essa variação indica a função diversa demais repetem a forma do pronome pessoal do caso reto.
que eles desempenham na oração: pronome reto marca o As preposições essenciais introduzem sempre pronomes
sujeito da oração; pronome oblíquo marca o complemento pessoais do caso oblíquo e nunca pronome do caso reto.
da oração. Os pronomes oblíquos sofrem variação de acor- Nos contextos interlocutivos que exigem o uso da língua
do com a acentuação tônica que possuem, podendo ser formal, os pronomes costumam ser usados desta forma:
átonos ou tônicos. Não há mais nada entre mim e ti.
Não se comprovou qualquer ligação entre ti e ela.
2. Pronome Oblíquo Átono Não há nenhuma acusação contra mim.
São chamados átonos os pronomes oblíquos que não Não vá sem mim.
são precedidos de preposição. Possuem acentuação tônica
fraca: Ele me deu um presente. Há construções em que a preposição, apesar de surgir
anteposta a um pronome, serve para introduzir uma oração
Lista dos pronomes oblíquos átonos cujo verbo está no infinitivo. Nesses casos, o verbo pode ter
1.ª pessoa do singular (eu): me sujeito expresso; se esse sujeito for um pronome, deverá ser
LÍNGUA PORTUGUESA

2.ª pessoa do singular (tu): te do caso reto.


3.ª pessoa do singular (ele, ela): o, a, lhe Trouxeram vários vestidos para eu experimentar.
1.ª pessoa do plural (nós): nos Não vá sem eu mandar.
2.ª pessoa do plural (vós): vos
3.ª pessoa do plural (eles, elas): os, as, lhes A frase: “Foi fácil para mim resolver aquela questão!” está
correta, já que “para mim” é complemento de “fácil”. A or-
dem direta seria: Resolver aquela questão foi fácil para mim!

25
A combinação da preposição “com” e alguns pronomes C) Pronomes de Tratamento
originou as formas especiais comigo, contigo, consigo, co- São pronomes utilizados no tratamento formal, cerimo-
nosco e convosco. Tais pronomes oblíquos tônicos frequen- nioso. Apesar de indicarem nosso interlocutor (portanto, a
temente exercem a função de adjunto adverbial de compa- segunda pessoa), utilizam o verbo na terceira pessoa. Al-
nhia: Ele carregava o documento consigo. guns exemplos:
A preposição “até” exige as formas oblíquas tônicas: Ela Vossa Alteza (V. A.) = príncipes, duques
Vossa Eminência (V. E.ma) = cardeais
veio até mim, mas nada falou.
Vossa Reverendíssima (V. Ver.ma) = sacerdotes e religio-
Mas, se “até” for palavra denotativa (com o sentido de
sos em geral
inclusão), usaremos as formas retas: Todos foram bem na Vossa Excelência (V. Ex.ª) = oficiais de patente superior
prova, até eu! (= inclusive eu) à de coronel, senadores, deputados, embaixadores, profes-
As formas “conosco” e “convosco” são substituídas por sores de curso superior, ministros de Estado e de Tribunais,
“com nós” e “com vós” quando os pronomes pessoais são governadores, secretários de Estado, presidente da Repúbli-
reforçados por palavras como outros, mesmos, próprios, to- ca (sempre por extenso)
dos, ambos ou algum numeral. Vossa Magnificência (V. Mag.ª) = reitores de universida-
Você terá de viajar com nós todos. des
Estávamos com vós outros quando chegaram as más no- Vossa Majestade (V. M.) = reis, rainhas e imperadores
tícias. Vossa Senhoria (V. S.a) = comerciantes em geral, oficiais
Ele disse que iria com nós três. até a patente de coronel, chefes de seção e funcionários de
igual categoria
Vossa Meretíssima (sempre por extenso) = para juízes de
3. Pronome Reflexivo
direito
São pronomes pessoais oblíquos que, embora funcio-
Vossa Santidade (sempre por extenso) = tratamento ce-
nem como objetos direto ou indireto, referem-se ao sujeito rimonioso
da oração. Indicam que o sujeito pratica e recebe a ação Vossa Onipotência (sempre por extenso) = Deus
expressa pelo verbo. Também são pronomes de tratamento o senhor, a senho-
Lista dos pronomes reflexivos: ra e você, vocês. “O senhor” e “a senhora” são empregados
1.ª pessoa do singular (eu): me, mim = Eu não me lembro no tratamento cerimonioso; “você” e “vocês”, no tratamento
disso. familiar. Você e vocês são largamente empregados no por-
tuguês do Brasil; em algumas regiões, a forma tu é de uso
2.ª pessoa do singular (tu): te, ti = Conhece a ti mesmo. frequente; em outras, pouco empregada. Já a forma vós tem
uso restrito à linguagem litúrgica, ultraformal ou literária.
3.ª pessoa do singular (ele, ela): se, si, consigo = Guilher-
me já se preparou. Observações:
1. Vossa Excelência X Sua Excelência: os pronomes de
Ela deu a si um presente.
tratamento que possuem “Vossa(s)” são empregados
Antônio conversou consigo mesmo.
em relação à pessoa com quem falamos: Espero que
V. Ex.ª, Senhor Ministro, compareça a este encontro.
1.ª pessoa do plural (nós): nos = Lavamo-nos no rio. 2. Emprega-se “Sua (s)” quando se fala a respeito
2.ª pessoa do plural (vós): vos = Vós vos beneficiastes da pessoa: Todos os membros da C.P.I. afirmaram
com esta conquista. que Sua Excelência, o Senhor Presidente da República,
3.ª pessoa do plural (eles, elas): se, si, consigo = Eles se agiu com propriedade.
conheceram. / Elas deram a si um dia de folga. 3. Os pronomes de tratamento representam uma forma
indireta de nos dirigirmos aos nossos interlocutores.
#FicaDica Ao tratarmos um deputado por Vossa Excelência, por
exemplo, estamos nos endereçando à excelência que
O pronome é reflexivo quando se refere à mes- esse deputado supostamente tem para poder ocupar
ma pessoa do pronome subjetivo (sujeito): Eu o cargo que ocupa.
me arrumei e saí. 4. Embora os pronomes de tratamento dirijam-se à 2.ª
É pronome recíproco quando indica recipro- pessoa, toda a concordância deve ser feita com a
cidade de ação: Nós nos amamos. / Olhamo- 3.ª pessoa. Assim, os verbos, os pronomes possessi-
vos e os pronomes oblíquos empregados em relação
-nos calados.
a eles devem ficar na 3.ª pessoa.
O “se” pode ser usado como palavra expletiva
Basta que V. Ex.ª cumpra a terça parte das suas promes-
LÍNGUA PORTUGUESA

ou partícula de realce, sem ser rigorosamente sas, para que seus eleitores lhe fiquem reconhecidos.
necessária e sem função sintática: Os explora- 5. Uniformidade de Tratamento: quando escrevemos
dores riam-se de suas tentativas. / Será que eles ou nos dirigimos a alguém, não é permitido mudar,
se foram? ao longo do texto, a pessoa do tratamento escolhida
inicialmente. Assim, por exemplo, se começamos a
chamar alguém de “você”, não poderemos usar “te”
ou “teu”. O uso correto exigirá, ainda, verbo na ter-
ceira pessoa.

26
Quando você vier, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos 5. Pronomes Demonstrativos
teus cabelos. (errado)
São utilizados para explicitar a posição de certa palavra
Quando você vier, eu a abraçarei e enrolar-me-ei nos em relação a outras ou ao contexto. Essa relação pode ser
seus cabelos. (correto) = terceira pessoa do singular de espaço, de tempo ou em relação ao discurso.
A) Em relação ao espaço:
ou Este(s), esta(s) e isto = indicam o que está perto da pes-
soa que fala:
Quando tu vieres, eu te abraçarei e enrolar-me-ei nos
Este material é meu.
teus cabelos. (correto) = segunda pessoa do singular
Esse(s), essa(s) e isso = indicam o que está perto da pes-
4. Pronomes Possessivos
soa com quem se fala:
São palavras que, ao indicarem a pessoa gramatical Esse material em sua carteira é seu?
(possuidor), acrescentam a ela a ideia de posse de algo
(coisa possuída). Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam o que está dis-
Este caderno é meu. (meu = possuidor: 1.ª pessoa do tante tanto da pessoa que fala como da pessoa com quem
singular) se fala:
Aquele material não é nosso.
Vejam aquele prédio!
NÚMERO PESSOA PRONOME
B) Em relação ao tempo:
singular primeira meu(s), minha(s) Este(s), esta(s) e isto = indicam o tempo presente em
singular segunda teu(s), tua(s) relação à pessoa que fala:
Esta manhã farei a prova do concurso!
singular terceira seu(s), sua(s)
plural primeira nosso(s), nossa(s) Esse(s), essa(s) e isso = indicam o tempo passado, po-
plural segunda vosso(s), vossa(s) rém relativamente próximo à época em que se situa a pes-
soa que fala:
plural terceira seu(s), sua(s)
Essa noite dormi mal; só pensava no concurso!
Aquele(s), aquela(s) e aquilo = indicam um afastamento
Note que:
A forma do possessivo depende da pessoa gramatical a no tempo, referido de modo vago ou como tempo remoto:
que se refere; o gênero e o número concordam com o objeto Naquele tempo, os professores eram valorizados.
possuído: Ele trouxe seu apoio e sua contribuição naquele
momento difícil. C) Em relação ao falado ou escrito (ou ao que se
Observações: falará ou escreverá):
1. A forma “seu” não é um possessivo quando resultar Este(s), esta(s) e isto = empregados quando se quer fazer
da alteração fonética da palavra senhor: Muito obri- referência a alguma coisa sobre a qual ainda se falará:
gado, seu José. Serão estes os conteúdos da prova: análise sintática, orto-
2. Os pronomes possessivos nem sempre indicam pos- grafia, concordância.
se. Podem ter outros empregos, como:
A) indicar afetividade: Não faça isso, minha filha. Esse(s), essa(s) e isso = utilizados quando se pretende
B) indicar cálculo aproximado: Ele já deve ter seus 40 fazer referência a alguma coisa sobre a qual já se falou:
anos.
Sua aprovação no concurso, isso é o que mais desejamos!
C) atribuir valor indefinido ao substantivo: Marisa tem
lá seus defeitos, mas eu gosto muito dela.
Este e aquele são empregados quando se quer fazer re-
3. Em frases onde se usam pronomes de tratamento, o ferência a termos já mencionados; aquele se refere ao termo
pronome possessivo fica na 3.ª pessoa: Vossa Exce- referido em primeiro lugar e este para o referido por último:
lência trouxe sua mensagem?
4. Referindo-se a mais de um substantivo, o possessivo Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
concorda com o mais próximo: Trouxe-me seus livros este está mais bem colocado que aquele. (= este [São Paulo],
e anotações.
LÍNGUA PORTUGUESA

aquele [Palmeiras])
5. Em algumas construções, os pronomes pessoais
oblíquos átonos assumem valor de possessivo: Vou ou
seguir-lhe os passos. (= Vou seguir seus passos)
6. O adjetivo “respectivo” equivale a “devido, seu, pró- Domingo, no Pacaembu, jogarão Palmeiras e São Paulo;
prio”, por isso não se deve usar “seus” ao utilizá-lo, aquele está mais bem colocado que este. (= este [São Paulo],
para que não ocorra redundância: Coloque tudo nos aquele [Palmeiras])
respectivos lugares.

27
Os pronomes demonstrativos podem ser variáveis ou Note que:
invariáveis, observe: Ora são pronomes indefinidos substantivos, ora prono-
Variáveis: este(s), esta(s), esse(s), essa(s), aquele(s), aquela(s). mes indefinidos adjetivos:
Invariáveis: isto, isso, aquilo. algum, alguns, alguma(s), bastante(s) (= muito, muitos),
Também aparecem como pronomes demonstrativos: demais, mais, menos, muito(s), muita(s), nenhum, nenhuns,
nenhuma(s), outro(s), outra(s), pouco(s), pouca(s), qualquer,
 o(s), a(s): quando estiverem antecedendo o “que” quaisquer, qual, que, quanto(s), quanta(s), tal, tais, tanto(s),
e puderem ser substituídos por aquele(s), aquela(s), tanta(s), todo(s), toda(s), um, uns, uma(s), vários, várias.
aquilo. Menos palavras e mais ações.
Não ouvi o que disseste. (Não ouvi aquilo que disseste.) Alguns se contentam pouco.
Essa rua não é a que te indiquei. (não é aquela que te
indiquei.) Os pronomes indefinidos podem ser divididos em va-
riáveis e invariáveis. Observe:
 mesmo(s), mesma(s), próprio(s), própria(s): va-  Variáveis = algum, nenhum, todo, muito, pouco,
riam em gênero quando têm caráter reforçativo: vário, tanto, outro, quanto, alguma, nenhuma, toda,
Estas são as mesmas pessoas que o procuraram ontem. muita, pouca, vária, tanta, outra, quanta, qualquer,
Eu mesma refiz os exercícios. quaisquer*, alguns, nenhuns, todos, muitos, poucos,
Elas mesmas fizeram isso. vários, tantos, outros, quantos, algumas, nenhumas,
Eles próprios cozinharam. todas, muitas, poucas, várias, tantas, outras, quantas.
Os próprios alunos resolveram o problema.  Invariáveis = alguém, ninguém, outrem, tudo, nada,
 semelhante(s): Não tenha semelhante atitude. algo, cada.
 tal, tais: Tal absurdo eu não cometeria.
*Qualquer é composto de qual + quer (do verbo que-
rer), por isso seu plural é quaisquer (única palavra cujo plu-
1. Em frases como: O referido deputado e o Dr. Alcides
ral é feito em seu interior).
eram amigos íntimos; aquele casado, solteiro este. (ou
Todo e toda no singular e junto de artigo significa intei-
então: este solteiro, aquele casado) - este se refere à
ro; sem artigo, equivale a qualquer ou a todas as:
pessoa mencionada em último lugar; aquele, à men-
Toda a cidade está enfeitada. (= a cidade inteira)
cionada em primeiro lugar. Toda cidade está enfeitada. (= todas as cidades)
2. O pronome demonstrativo tal pode ter conotação Trabalho todo o dia. (= o dia inteiro)
irônica: A menina foi a tal que ameaçou o professor? Trabalho todo dia. (= todos os dias)
3. Pode ocorrer a contração das preposições a, de, em
com pronome demonstrativo: àquele, àquela, deste, São locuções pronominais indefinidas: cada qual, cada
desta, disso, nisso, no, etc: Não acreditei no que estava um, qualquer um, quantos quer (que), quem quer (que), seja
vendo. (no = naquilo) quem for, seja qual for, todo aquele (que), tal qual (= certo),
6. Pronomes Indefinidos tal e qual, tal ou qual, um ou outro, uma ou outra, etc.
Cada um escolheu o vinho desejado.
São palavras que se referem à 3.ª pessoa do discurso,
dando-lhe sentido vago (impreciso) ou expressando quan- 7. Pronomes Relativos
tidade indeterminada.
Alguém entrou no jardim e destruiu as mudas recém- São aqueles que representam nomes já mencionados
-plantadas. anteriormente e com os quais se relacionam. Introduzem
as orações subordinadas adjetivas.
Não é difícil perceber que “alguém” indica uma pessoa O racismo é um sistema que afirma a superioridade de
de quem se fala (uma terceira pessoa, portanto) de forma um grupo racial sobre outros.
imprecisa, vaga. É uma palavra capaz de indicar um ser hu- (afirma a superioridade de um grupo racial sobre outros
mano que seguramente existe, mas cuja identidade é des- = oração subordinada adjetiva).
conhecida ou não se quer revelar. Classificam-se em:
O pronome relativo “que” refere-se à palavra “sistema”
e introduz uma oração subordinada. Diz-se que a palavra
A) Pronomes Indefinidos Substantivos: assumem o “sistema” é antecedente do pronome relativo que.
lugar do ser ou da quantidade aproximada de seres O antecedente do pronome relativo pode ser o prono-
na frase. São eles: algo, alguém, fulano, sicrano, bel- me demonstrativo o, a, os, as.
trano, nada, ninguém, outrem, quem, tudo. Não sei o que você está querendo dizer.
Algo o incomoda? Às vezes, o antecedente do pronome relativo não vem
LÍNGUA PORTUGUESA

Quem avisa amigo é. expresso.


Quem casa, quer casa.
B) Pronomes Indefinidos Adjetivos: qualificam um ser
expresso na frase, conferindo-lhe a noção de quan- Observe:
tidade aproximada. São eles: cada, certo(s), certa(s). Pronomes relativos variáveis = o qual, cujo, quanto, os
Cada povo tem seus costumes. quais, cujos, quantos, a qual, cuja, quanta, as quais, cujas,
Certas pessoas exercem várias profissões. quantas.

28
Pronomes relativos invariáveis = quem, que, onde. “Onde”, como pronome relativo, sempre possui antece-
dente e só pode ser utilizado na indicação de lugar: A casa
Note que: onde morava foi assaltada.
O pronome “que” é o relativo de mais largo emprego,
sendo por isso chamado relativo universal. Pode ser subs- Na indicação de tempo, deve-se empregar quando ou
tituído por o qual, a qual, os quais, as quais, quando seu em que: Sinto saudades da época em que (quando) moráva-
antecedente for um substantivo. mos no exterior.
O trabalho que eu fiz refere-se à corrupção. (= o qual)
A cantora que acabou de se apresentar é péssima. (= a Podem ser utilizadas como pronomes relativos as pa-
qual) lavras:
Os trabalhos que eu fiz referem-se à corrupção. (= os
quais)  como (= pelo qual) – desde que precedida das
As cantoras que se apresentaram eram péssimas. (= as palavras modo, maneira ou forma:
quais) Não me parece correto o modo como você agiu semana
passada.
O qual, os quais, a qual e as quais são exclusivamente
pronomes relativos, por isso são utilizados didaticamente  quando (= em que) – desde que tenha como an-
para verificar se palavras como “que”, “quem”, “onde” (que tecedente um nome que dê ideia de tempo:
podem ter várias classificações) são pronomes relativos. Bons eram os tempos quando podíamos jogar videoga-
Todos eles são usados com referência à pessoa ou coisa me.
por motivo de clareza ou depois de determinadas preposi-
ções: Regressando de São Paulo, visitei o sítio de minha tia, Os pronomes relativos permitem reunir duas orações
o qual me deixou encantado. O uso de “que”, neste caso, numa só frase.
geraria ambiguidade. Veja: Regressando de São Paulo, visitei O futebol é um esporte. / O povo gosta muito deste es-
o sítio de minha tia, que me deixou encantado (quem me
porte.
deixou encantado: o sítio ou minha tia?).
= O futebol é um esporte de que o povo gosta muito.
Essas são as conclusões sobre as quais pairam muitas dú-
vidas? (com preposições de duas ou mais sílabas utiliza-se
Numa série de orações adjetivas coordenadas, pode
o qual / a qual)
ocorrer a elipse do relativo “que”: A sala estava cheia de
gente que conversava, (que) ria, observava.
O relativo “que” às vezes equivale a o que, coisa que, e
se refere a uma oração: Não chegou a ser padre, mas deixou
8. Pronomes Interrogativos
de ser poeta, que era a sua vocação natural.
O pronome “cujo”: exprime posse; não concorda com o
São usados na formulação de perguntas, sejam elas di-
seu antecedente (o ser possuidor), mas com o consequente
retas ou indiretas. Assim como os pronomes indefinidos,
(o ser possuído, com o qual concorda em gênero e núme-
referem-se à 3.ª pessoa do discurso de modo impreciso.
ro); não se usa artigo depois deste pronome; “cujo” equiva-
São pronomes interrogativos: que, quem, qual (e variações),
le a do qual, da qual, dos quais, das quais.
quanto (e variações).
Existem pessoas cujas ações são nobres.
Com quem andas?
(antecedente) (consequente)
Qual seu nome?
Diz-me com quem andas, que te direi quem és.
Se o verbo exigir preposição, esta virá antes do prono-
me: O autor, a cujo livro você se referiu, está aqui! (referiu-se
O pronome pessoal é do caso reto quando tem função
a)
de sujeito na frase. O pronome pessoal é do caso oblíquo
quando desempenha função de complemento.
“Quanto” é pronome relativo quando tem por antece-
1. Eu não sei essa matéria, mas ele irá me ajudar.
dente um pronome indefinido: tanto (ou variações) e tudo:
2. Maria foi embora para casa, pois não sabia se devia
Emprestei tantos quantos foram necessá-
lhe ajudar.
rios.
(antecedente)
Na primeira oração os pronomes pessoais “eu” e “ele”
Ele fez tudo quanto havia
exercem função de sujeito, logo, são pertencentes ao caso
falado.
LÍNGUA PORTUGUESA

reto. Já na segunda oração, o pronome “lhe” exerce função


(antecedente)
de complemento (objeto), ou seja, caso oblíquo.
Os pronomes pessoais indicam as pessoas do discurso.
O pronome “quem” se refere a pessoas e vem sempre
O pronome oblíquo “lhe”, da segunda oração, aponta para
precedido de preposição.
a segunda pessoa do singular (tu/você): Maria não sabia se
É um professor a quem muito
devia ajudar... Ajudar quem? Você (lhe).
devemos.
Os pronomes pessoais oblíquos podem ser átonos ou
(preposição)
tônicos: os primeiros não são precedidos de preposição,

29
diferentemente dos segundos, que são sempre precedidos  Orações iniciadas por palavras exclamativas: Quanto
de preposição. se ofendem!
A) Pronome oblíquo átono: Joana me perguntou o que  Orações que exprimem desejo (orações optativas):
eu estava fazendo. Que Deus o ajude.
B) Pronome oblíquo tônico: Joana perguntou para mim  A próclise é obrigatória quando se utiliza o pronome
o que eu estava fazendo. reto ou sujeito expresso: Eu lhe entregarei o material
amanhã. / Tu sabes cantar?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- Mesóclise = É a colocação pronominal no meio do ver-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. bo. A mesóclise é usada:
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Quando o verbo estiver no futuro do presente ou futuro
Paulo: Saraiva, 2010. do pretérito, contanto que esses verbos não estejam pre-
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação cedidos de palavras que exijam a próclise. Exemplos: Reali-
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. zar-se-á, na próxima semana, um grande evento em prol da
CAMPEDELLI, Samira Yousseff. Português – Literatura, paz no mundo.
Produção de Texto & Gramática – Volume único / Samira Repare que o pronome está “no meio” do verbo “reali-
Yousseff Campedelli, Jésus Barbosa Souza. – 3.ª edição – zará”: realizar – SE – á. Se houvesse na oração alguma pa-
São Paulo: Saraiva, 2002. lavra que justificasse o uso da próclise, esta prevaleceria.
Veja: Não se realizará...
SITE Não fossem os meus compromissos, acompanhar-te-ia
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf42.php nessa viagem.

9. Colocação Pronominal (com presença de palavra que justifique o uso de prócli-


se: Não fossem os meus compromissos, EU te acompanharia
nessa viagem).
Colocação Pronominal trata da correta colocação dos
pronomes oblíquos átonos na frase.
Ênclise = É a colocação pronominal depois do verbo. A
ênclise é usada quando a próclise e a mesóclise não forem
possíveis:
#FicaDica  Quando o verbo estiver no imperativo afirmativo:
Pronome Oblíquo é aquele que exerce a fun- Quando eu avisar, silenciem-se todos.
ção de complemento verbal (objeto). Por isso,  Quando o verbo estiver no infinitivo impessoal: Não
memorize: era minha intenção machucá-la.
 Quando o verbo iniciar a oração. (até porque não se
OBlíquo = OBjeto!
inicia período com pronome oblíquo).
Vou-me embora agora mesmo.
Levanto-me às 6h.
Embora na linguagem falada a colocação dos prono-  Quando houver pausa antes do verbo: Se eu passo
mes não seja rigorosamente seguida, algumas normas de- no concurso, mudo-me hoje mesmo!
vem ser observadas na linguagem escrita.  Quando o verbo estiver no gerúndio: Recusou a pro-
posta fazendo-se de desentendida.
Próclise = É a colocação pronominal antes do verbo. A
próclise é usada: 10. Colocação pronominal nas locuções verbais

 Quando o verbo estiver precedido de palavras  Após verbo no particípio = pronome depois do ver-
que atraem o pronome para antes do verbo. São elas: bo auxiliar (e não depois do particípio):
A) Palavras de sentido negativo: não, nunca, ninguém, Tenho me deliciado com a leitura!
jamais, etc.: Não se desespere! Eu tenho me deliciado com a leitura!
B) Advérbios: Agora se negam a depor. Eu me tenho deliciado com a leitura!
C) Conjunções subordinativas: Espero que me expliquem  Não convém usar hífen nos tempos compostos e
tudo! nas locuções verbais:
LÍNGUA PORTUGUESA

D) Pronomes relativos: Venceu o concurseiro que se Vamos nos unir!


esforçou. Iremos nos manifestar.
E) Pronomes indefinidos: Poucos te deram a  Quando há um fator para próclise nos tempos com-
oportunidade. postos ou locuções verbais: opção pelo uso do pro-
F) Pronomes demonstrativos: Isso me magoa muito. nome oblíquo “solto” entre os verbos = Não vamos
nos preocupar (e não: “não nos vamos preocupar”).
 Orações iniciadas por palavras interrogativas: Quem 11. Emprego de o, a, os, as
lhe disse isso?

30
 Em verbos terminados em vogal ou ditongo oral, os 1.ª - Vogal Temática - A - (falar), 2.ª - Vogal Temática - E
pronomes: o, a, os, as não se alteram. - (vender), 3.ª - Vogal Temática - I - (partir).
Chame-o agora. C) Desinência modo-temporal: é o elemento que de-
Deixei-a mais tranquila. signa o tempo e o modo do verbo. Por exemplo:
 Em verbos terminados em r, s ou z, estas consoantes falávamos (indica o pretérito imperfeito do indicativo) /
finais alteram-se para lo, la, los, las. Exemplos: falasse ( indica o pretérito imperfeito do subjuntivo)
(Encontrar) Encontrá-lo é o meu maior sonho. D) Desinência número-pessoal: é o elemento que de-
(Fiz) Fi-lo porque não tinha alternativa. signa a pessoa do discurso (1.ª, 2.ª ou 3.ª) e o número
 Em verbos terminados em ditongos nasais (am, em, (singular ou plural):
ão, õe), os pronomes o, a, os, as alteram-se para no, falamos (indica a 1.ª pessoa do plural.) / falavam (indi-
na, nos, nas. ca a 3.ª pessoa do plural.)
Chamem-no agora.
Põe-na sobre a mesa.
FIQUE ATENTO!
#FicaDica O verbo pôr, assim como seus derivados (com-
por, repor, depor), pertencem à 2.ª conjugação,
Dica da Zê! pois a forma arcaica do verbo pôr era poer. A
Próclise – pró lembra pré; pré é prefixo que sig- vogal “e”, apesar de haver desaparecido do in-
nifica “antes”! Pronome antes do verbo! finitivo, revela-se em algumas formas do ver-
Ênclise – “en” lembra, pelo “som”, /Ənd/ (end, bo: põe, pões, põem, etc.
em Inglês – que significa “fim, final!). Pronome
depois do verbo!
Mesóclise – pronome oblíquo no Meio do ver- 2. Formas Rizotônicas e Arrizotônicas
bo
Ao combinarmos os conhecimentos sobre a estrutura
dos verbos com o conceito de acentuação tônica, perce-
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS bemos com facilidade que nas formas rizotônicas o acento
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
tônico cai no radical do verbo: opino, aprendam, amo, por
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
exemplo. Nas formas arrizotônicas, o acento tônico não cai
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
no radical, mas sim na terminação verbal (fora do radical):
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
opinei, aprenderão, amaríamos.
Paulo: Saraiva, 2010.
3. Classificação dos Verbos
SITE
http://www.portugues.com.br/gramatica/colocacao-
-pronominal-.html Classificam-se em:
A) Regulares: são aqueles que apresentam o radi-
Observação: Não foram encontradas questões abran- cal inalterado durante a conjugação e desinências
gendo tal conteúdo. idênticas às de todos os verbos regulares da mesma
conjugação. Por exemplo: comparemos os verbos
“cantar” e “falar”, conjugados no presente do Modo
VERBO Indicativo:

Verbo é a palavra que se flexiona em pessoa, núme- canto falo


ro, tempo e modo. A estes tipos de flexão verbal dá-se o
cantas falas
nome de conjugação (por isso também se diz que verbo
é a palavra que pode ser conjugada). Pode indicar, entre canta falas
outros processos: ação (amarrar), estado (sou), fenômeno cantamos falamos
(choverá); ocorrência (nascer); desejo (querer).
cantais falais
1. Estrutura das Formas Verbais cantam falam
LÍNGUA PORTUGUESA

Do ponto de vista estrutural, o verbo pode apresentar


os seguintes elementos:
A) Radical: é a parte invariável, que expressa o signifi-
cado essencial do verbo. Por exemplo: fal-ei; fal-ava;
fal-am. (radical fal-)
B) Tema: é o radical seguido da vogal temática que in-
dica a conjugação a que pertence o verbo. Por exem-
plo: fala-r. São três as conjugações:

31
#FicaDica
Observe que, retirando os radicais, as desinências modo-temporal e número-pessoal mantiveram-se idên-
ticas. Tente fazer com outro verbo e perceberá que se repetirá o fato (desde que o verbo seja da primeira
conjugação e regular!). Faça com o verbo “andar”, por exemplo. Substitua o radical “cant” e coloque o “and”
(radical do verbo andar). Viu? Fácil!

B) Irregulares: são aqueles cuja flexão provoca alterações no radical ou nas desinências: faço, fiz, farei, fizesse.

Observação:
Alguns verbos sofrem alteração no radical apenas para que seja mantida a sonoridade. É o caso de: corrigir/corrijo, fingir/
finjo, tocar/toquei, por exemplo. Tais alterações não caracterizam irregularidade, porque o fonema permanece inalterado.

C) Defectivos: são aqueles que não apresentam conjugação completa. Os principais são adequar, precaver, computar,
reaver, abolir, falir.
D) Impessoais: são os verbos que não têm sujeito e, normalmente, são usados na terceira pessoa do singular. Os prin-
cipais verbos impessoais são:

1. Haver, quando sinônimo de existir, acontecer, realizar-se ou fazer (em orações temporais).
Havia muitos candidatos no dia da prova. (Havia = Existiam)
Houve duas guerras mundiais. (Houve = Aconteceram)
Haverá debates hoje. (Haverá = Realizar-se-ão)
Viajei a Madri há muitos anos. (há = faz)

2. Fazer, ser e estar (quando indicam tempo)


Faz invernos rigorosos na Europa.
Era primavera quando o conheci.
Estava frio naquele dia.

3. Todos os verbos que indicam fenômenos da natureza são impessoais: chover, ventar, nevar, gear, trovejar, amanhecer,
escurecer, etc. Quando, porém, se constrói, “Amanheci cansado”, usa-se o verbo “amanhecer” em sentido figurado.
Qualquer verbo impessoal, empregado em sentido figurado, deixa de ser impessoal para ser pessoal, ou seja, terá
conjugação completa.
Amanheci cansado. (Sujeito desinencial: eu)
Choveram candidatos ao cargo. (Sujeito: candidatos)
Fiz quinze anos ontem. (Sujeito desinencial: eu)

4. O verbo passar (seguido de preposição), indicando tempo: Já passa das seis.

5. Os verbos bastar e chegar, seguidos da preposição “de”, indicando suficiência:


Basta de tolices.
Chega de promessas.

6. Os verbos estar e ficar em orações como “Está bem, Está muito bem assim, Não fica bem, Fica mal”, sem referência a
sujeito expresso anteriormente (por exemplo: “ele está mal”). Podemos, nesse caso, classificar o sujeito como hipoté-
tico, tornando-se, tais verbos, pessoais.

7. O verbo dar + para da língua popular, equivalente de “ser possível”. Por exemplo:
Não deu para chegar mais cedo.
Dá para me arrumar uma apostila?
LÍNGUA PORTUGUESA

E) Unipessoais: são aqueles que, tendo sujeito, conjugam-se apenas nas terceiras pessoas, do singular e do plural. São
unipessoais os verbos constar, convir, ser (= preciso, necessário) e todos os que indicam vozes de animais (cacarejar,
cricrilar, miar, latir, piar).

Os verbos unipessoais podem ser usados como verbos pessoais na linguagem figurada:
Teu irmão amadureceu bastante.
O que é que aquela garota está cacarejando?

32
Principais verbos unipessoais:

 Cumprir, importar, convir, doer, aprazer, parecer, ser (preciso, necessário):


Cumpre estudarmos bastante. (Sujeito: estudarmos bastante)
Parece que vai chover. (Sujeito: que vai chover)
É preciso que chova. (Sujeito: que chova)

 Fazer e ir, em orações que dão ideia de tempo, seguidos da conjunção que.
Faz dez anos que viajei à Europa. (Sujeito: que viajei à Europa)
Vai para (ou Vai em ou Vai por) dez anos que não a vejo. (Sujeito: que não a vejo)

F) Abundantes: são aqueles que possuem duas ou mais formas equivalentes, geralmente no particípio, em que, além
das formas regulares terminadas em -ado ou -ido, surgem as chamadas formas curtas (particípio irregular).
O particípio regular (terminado em “–do”) é utilizado na voz ativa, ou seja, com os verbos ter e haver; o irregular é em-
pregado na voz passiva, ou seja, com os verbos ser, ficar e estar. Observe:

Infinitivo Particípio Regular Particípio Irregular


Aceitar Aceitado Aceito
Acender Acendido Aceso
Anexar Anexado Anexo
Benzer Benzido Bento
Corrigir Corrigido Correto
Dispersar Dispersado Disperso
Eleger Elegido Eleito
Envolver Envolvido Envolto
Imprimir Imprimido Impresso
Inserir Inserido Inserto
Limpar Limpado Limpo
Matar Matado Morto
Misturar Misturado Misto
Morrer Morrido Morto
Murchar Murchado Murcho
Pegar Pegado Pego
Romper Rompido Roto
Soltar Soltado Solto
Suspender Suspendido Suspenso
Tingir Tingido Tinto
Vagar Vagado Vago

FIQUE ATENTO!
Estes verbos e seus derivados possuem, apenas, o particípio irregular: abrir/aberto, cobrir/coberto, dizer/
LÍNGUA PORTUGUESA

dito, escrever/escrito, pôr/posto, ver/visto, vir/vindo.

G) Anômalos: são aqueles que incluem mais de um radical em sua conjugação. Existem apenas dois: ser (sou, sois, fui)
e ir (fui, ia, vades).
H) Auxiliares: São aqueles que entram na formação dos tempos compostos e das locuções verbais. O verbo principal
(aquele que exprime a ideia fundamental, mais importante), quando acompanhado de verbo auxiliar, é expresso

33
numa das formas nominais: infinitivo, gerúndio ou particípio.
Vou espantar todos!
(verbo auxiliar) (verbo principal no infinitivo)

Está chegando a hora!


(verbo auxiliar) (verbo principal no gerúndio)

Observação:
Os verbos auxiliares mais usados são: ser, estar, ter e haver.

4. Conjugação dos Verbos Auxiliares

4.1. SER - Modo Indicativo

Presente Pret.Perfeito Pret. Imp. Pret.mais-que-perf. Fut.do Pres. Fut. Do Pretérito


sou fui era fora serei seria
és foste eras foras serás serias
é foi era fora será seria
somos fomos éramos fôramos seremos seríamos
sois fostes éreis fôreis sereis seríeis
são foram eram foram serão seriam

4.2. SER - Modo Subjuntivo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro


que eu seja se eu fosse quando eu for
que tu sejas se tu fosses quando tu fores
que ele seja se ele fosse quando ele for
que nós sejamos se nós fôssemos quando nós formos
que vós sejais se vós fôsseis quando vós fordes
que eles sejam se eles fossem quando eles forem

4.3. SER - Modo Imperativo

Afirmativo Negativo
sê tu não sejas tu
seja você não seja você
sejamos nós não sejamos nós
sede vós não sejais vós
sejam vocês não sejam vocês

4.4. SER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


ser ser eu sendo sido
LÍNGUA PORTUGUESA

seres tu
ser ele
sermos nós
serdes vós
serem eles

34
4.5. ESTAR - Modo Indicativo

Presente Pret. perf. Pret. Imp. Pret.mais-q-perf. Fut.doPres. Fut.do Preté.
estou estive estava estivera estarei estaria
estás estiveste estavas estiveras estarás estarias
está esteve estava estivera estará estaria
estamos estivemos estávamos estivéramos estaremos estaríamos
estais estivestes estáveis estivéreis estareis estaríeis
estão estiveram estavam estiveram estarão estariam

4.6. ESTAR - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


esteja estivesse estiver
estejas estivesses estiveres está estejas
esteja estivesse estiver esteja esteja
estejamos estivéssemos estivermos estejamos estejamos
estejais estivésseis estiverdes estai estejais
estejam estivessem estiverem estejam estejam

4.7. ESTAR - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


estar estar estando estado
estares
estar
estarmos
estardes
estarem

4.8. HAVER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Pret.Mais-Q-Perf. Fut.do Pres. Fut.doPreté.


hei houve havia houvera haverei haveria
hás houveste havias houveras haverás haverias
há houve havia houvera haverá haveria
havemos houvemos havíamos houvéramos haveremos haveríamos
haveis houvestes havíeis houvéreis havereis haveríeis
hão houveram haviam houveram haverão haveriam
LÍNGUA PORTUGUESA

35
4.9. HAVER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


ja houvesse houver
hajas houvesses houveres há hajas
haja houvesse houver haja haja
hajamos houvéssemos houvermos hajamos hajamos
hajais houvésseis houverdes havei hajais
hajam houvessem houverem hajam hajam

4.10. HAVER - Formas Nominais

Infinitivo Impessoal Infinitivo Pessoal Gerúndio Particípio


haver haver havendo havido
haveres
haver
havermos
haverdes
Haverem

4.11. TER - Modo Indicativo

Presente Pret. Perf. Pret. Imp. Preté.mais-q-perf. Fut. Do Pres. Fut. Do Preté.
tenho tive tinha tivera terei teria
tens tiveste tinhas tiveras terás terias
tem teve tinha tivera terá teria
temos tivemos tínhamos tivéramos teremos teríamos
tendes tivestes tínheis tivéreis tereis teríeis
têm tiveram tinham tiveram terão teriam

4.12. TER - Modo Subjuntivo e Imperativo

Presente Pretérito Imperfeito Futuro Afirmativo Negativo


tenha tivesse tiver
tenhas tivesses tiveres tem tenhas
tenha tivesse tiver tenha tenha
tenhamos tivéssemos tivermos tenhamos tenhamos
Tenhais tivésseis tiverdes tende tenhais
tenham tivessem tiverem tenham tenham
LÍNGUA PORTUGUESA

I) Pronominais: São aqueles verbos que se conjugam com os pronomes oblíquos átonos me, te, se, nos, vos, se, na mes-
ma pessoa do sujeito, expressando reflexibilidade (pronominais acidentais) ou apenas reforçando a ideia já implícita
no próprio sentido do verbo (pronominais essenciais). Veja:
 Essenciais: são aqueles que sempre se conjugam com os pronomes oblíquos me, te, se, nos, vos, se. São poucos: abs-
ter-se, ater-se, apiedar-se, atrever-se, dignar-se, arrepender-se, etc. Nos verbos pronominais essenciais a reflexibilidade
já está implícita no radical do verbo. Por exemplo: Arrependi-me de ter estado lá.

36
A ideia é de que a pessoa representada pelo sujeito (eu) tem um sentimento (arrependimento) que recai sobre ela mes-
ma, pois não recebe ação transitiva nenhuma vinda do verbo; o pronome oblíquo átono é apenas uma partícula integrante
do verbo, já que, pelo uso, sempre é conjugada com o verbo. Diz-se que o pronome apenas serve de reforço da ideia re-
flexiva expressa pelo radical do próprio verbo. Veja uma conjugação pronominal essencial (verbo e respectivos pronomes):
Eu me arrependo, Tu te arrependes, Ele se arrepende, Nós nos arrependemos, Vós vos arrependeis, Eles se arrependem.

 Acidentais: são aqueles verbos transitivos diretos em que a ação exercida pelo sujeito recai sobre o objeto repre-
sentado por pronome oblíquo da mesma pessoa do sujeito; assim, o sujeito faz uma ação que recai sobre ele mesmo.
Em geral, os verbos transitivos diretos ou transitivos diretos e indiretos podem ser conjugados com os pronomes
mencionados, formando o que se chama voz reflexiva. Por exemplo: A garota se penteava.
A reflexibilidade é acidental, pois a ação reflexiva pode ser exercida também sobre outra pessoa: A garota penteou-me.

Por fazerem parte integrante do verbo, os pronomes oblíquos átonos dos verbos pronominais não possuem função
sintática.
Há verbos que também são acompanhados de pronomes oblíquos átonos, mas que não são essencialmente prono-
minais - são os verbos reflexivos. Nos verbos reflexivos, os pronomes, apesar de se encontrarem na pessoa idêntica à do
sujeito, exercem funções sintáticas. Por exemplo:
Eu me feri. = Eu (sujeito) – 1.ª pessoa do singular; me (objeto direto) – 1.ª pessoa do singular.

5. Modos Verbais

Dá-se o nome de modo às várias formas assumidas pelo verbo na expressão de um fato certo, real, verdadeiro. Existem
três modos:
A) Indicativo - indica uma certeza, uma realidade: Eu estudo para o concurso.
B) Subjuntivo - indica uma dúvida, uma possibilidade: Talvez eu estude amanhã.
C) Imperativo - indica uma ordem, um pedido: Estude, colega!

6. Formas Nominais

Além desses três modos, o verbo apresenta ainda formas que podem exercer funções de nomes (substantivo, adjetivo,
advérbio), sendo por isso denominadas formas nominais. Observe:
A) Infinitivo
A.1 Impessoal: exprime a significação do verbo de modo vago e indefinido, podendo ter valor e função de substantivo.
Por exemplo:
Viver é lutar. (= vida é luta)
É indispensável combater a corrupção. (= combate à)
O infinitivo impessoal pode apresentar-se no presente (forma simples) ou no passado (forma composta). Por exemplo:
É preciso ler este livro.
Era preciso ter lido este livro.

A.2 Infinitivo Pessoal: é o infinitivo relacionado às três pessoas do discurso. Na 1.ª e 3.ª pessoas do singular, não apre-
senta desinências, assumindo a mesma forma do impessoal; nas demais, flexiona-se da seguinte maneira:
2.ª pessoa do singular: Radical + ES = teres (tu)
1.ª pessoa do plural: Radical + MOS = termos (nós)
2.ª pessoa do plural: Radical + DES = terdes (vós)
3.ª pessoa do plural: Radical + EM = terem (eles)
Foste elogiado por teres alcançado uma boa colocação.

B) Gerúndio: o gerúndio pode funcionar como adjetivo ou advérbio. Por exemplo:


Saindo de casa, encontrei alguns amigos. (função de advérbio)
Água fervendo, pele ardendo. (função de adjetivo)
LÍNGUA PORTUGUESA

Na forma simples (1), o gerúndio expressa uma ação em curso; na forma composta (2), uma ação concluída:
Trabalhando (1), aprenderás o valor do dinheiro.
Tendo trabalhado (2), aprendeu o valor do dinheiro.

Quando o gerúndio é vício de linguagem (gerundismo), ou seja, uso exagerado e inadequado do gerúndio:
1. Enquanto você vai ao mercado, vou estar jogando futebol.
2. – Sim, senhora! Vou estar verificando!

37
Em 1, a locução “vou estar” + gerúndio é adequada, pois transmite a ideia de uma ação que ocorre no momento da
outra; em 2, essa ideia não ocorre, já que a locução verbal “vou estar verificando” refere-se a um futuro em andamento,
exigindo, no caso, a construção “verificarei” ou “vou verificar”.

C) Particípio: quando não é empregado na formação dos tempos compostos, o particípio indica, geralmente, o re-
sultado de uma ação terminada, flexionando-se em gênero, número e grau. Por exemplo: Terminados os exames, os
candidatos saíram.
Quando o particípio exprime somente estado, sem nenhuma relação temporal, assume verdadeiramente a função de
adjetivo. Por exemplo: Ela é a aluna escolhida pela turma.

(Ziraldo)

8. Tempos Verbais

Tomando-se como referência o momento em que se fala, a ação expressa pelo verbo pode ocorrer em diversos tempos.

A) Tempos do Modo Indicativo


Presente - Expressa um fato atual: Eu estudo neste colégio.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual, mas que não foi completamente
terminado: Ele estudava as lições quando foi interrompido.
Pretérito Perfeito - Expressa um fato ocorrido num momento anterior ao atual e que foi totalmente terminado: Ele
estudou as lições ontem à noite.
Pretérito-mais-que-perfeito - Expressa um fato ocorrido antes de outro fato já terminado: Ele já estudara as lições
quando os amigos chegaram. (forma simples).
Futuro do Presente - Enuncia um fato que deve ocorrer num tempo vindouro com relação ao momento atual: Ele es-
tudará as lições amanhã.
Futuro do Pretérito - Enuncia um fato que pode ocorrer posteriormente a um determinado fato passado: Se ele pudes-
se, estudaria um pouco mais.

B) Tempos do Modo Subjuntivo


Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer no momento atual: É conveniente que estudes para o exame.
Pretérito Imperfeito - Expressa um fato passado, mas posterior a outro já ocorrido: Eu esperava que ele vencesse o jogo.
Futuro do Presente - Enuncia um fato que pode ocorrer num momento futuro em relação ao atual: Quando ele vier à
loja, levará as encomendas.

FIQUE ATENTO!
Há casos em que formas verbais de um determinado tempo podem ser utilizadas para indicar outro.
Em 1500, Pedro Álvares Cabral descobre o Brasil.
descobre = forma do presente indicando passado ( = descobrira/descobriu)
LÍNGUA PORTUGUESA

No próximo final de semana, faço a prova!


faço = forma do presente indicando futuro ( = farei)

38
TABELAS DAS CONJUGAÇÕES VERBAIS
1. Modo Indicativo
1.1. Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
cantO vendO partO O
cantaS vendeS parteS S
canta vende parte -
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaIS vendeIS partIS IS
cantaM vendeM parteM M
1.2. Pretérito Perfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Desinência pessoal


CANTAR VENDER PARTIR
canteI vendI partI I
cantaSTE vendeSTE partISTE STE
cantoU vendeU partiU U
cantaMOS vendeMOS partiMOS MOS
cantaSTES vendeSTES partISTES STES
cantaRAM vendeRAM partiRAM RAM
1.3. Pretérito mais-que-perfeito

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desinência pessoal
1.ª/2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantaRAS vendeRAS partiRAS RA S
cantaRA vendeRA partiRA RA Ø
cantáRAMOS vendêRAMOS partíRAMOS RA MOS
cantáREIS vendêREIS partíREIS RE IS
cantaRAM vendeRAM partiRAM RA M
1.4. Pretérito Imperfeito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3ª. conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantAVA vendIA partIA
LÍNGUA PORTUGUESA

cantAVAS vendIAS partAS


CantAVA vendIA partIA
cantÁVAMOS vendÍAMOS partÍAMOS
cantÁVEIS vendÍEIS partÍEIS
cantAVAM vendIAM partIAM

39
1.5. Futuro do Presente do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar ei vender ei partir ei
cantar ás vender ás partir ás
cantar á vender á partir á
cantar emos vender emos partir emos
cantar eis vender eis partir eis
cantar ão vender ão partir ão

1.6. Futuro do Pretérito do Indicativo

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantarIA venderIA partirIA
cantarIAS venderIAS partirIAS
cantarIA venderIA partirIA
cantarÍAMOS venderÍAMOS partirÍAMOS
cantarÍEIS venderÍEIS partirÍEIS
cantarIAM venderIAM partirIAM

1.7. Presente do Subjuntivo

Para se formar o presente do subjuntivo, substitui-se a desinência -o da primeira pessoa do singular do presente do
indicativo pela desinência -E (nos verbos de 1.ª conjugação) ou pela desinência -A (nos verbos de 2.ª e 3.ª conjugação).

1.ª conjug. 2.ª conjug. 3.ª conju. Desinên. pessoal Des. temporal Des.temporal
1.ª conj. 2.ª/3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantE vendA partA E A Ø
cantES vendAS partAS E A S
cantE vendA partA E A Ø
cantEMOS vendAMOS partAMOS E A MOS
cantEIS vendAIS partAIS E A IS
cantEM vendAM partAM E A M
LÍNGUA PORTUGUESA

40
1.8. Pretérito Imperfeito do Subjuntivo

Para formar o imperfeito do subjuntivo, elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, ob-
tendo-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -SSE mais a desinência de número
e pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantaSSES vendeSSES partiSSES SSE S
cantaSSE vendeSSE partiSSE SSE Ø
cantáSSEMOS vendêSSEMOS partíSSEMOS SSE MOS
cantáSSEIS vendêSSEIS partíSSEIS SSE IS
cantaSSEM vendeSSEM partiSSEM SSE M

1.9. Futuro do Subjuntivo

Para formar o futuro do subjuntivo elimina-se a desinência -STE da 2.ª pessoa do singular do pretérito perfeito, obten-
do-se, assim, o tema desse tempo. Acrescenta-se a esse tema a desinência temporal -R mais a desinência de número e
pessoa correspondente.

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação Des. temporal Desin. pessoal
1.ª /2.ª e 3.ª conj.
CANTAR VENDER PARTIR
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRES vendeRES partiRES R ES
cantaR vendeR partiR Ø
cantaRMOS vendeRMOS partiRMOS R MOS
cantaRDES vendeRDES partiRDES R DES
cantaREM vendeREM partiREM R EM

C) Modo Imperativo

1. Imperativo Afirmativo

Para se formar o imperativo afirmativo, toma-se do presente do indicativo a 2.ª pessoa do singular (tu) e a segunda
pessoa do plural (vós) eliminando-se o “S” final. As demais pessoas vêm, sem alteração, do presente do subjuntivo. Veja:

Presente do Indicativo Imperativo Afirmativo Presente do Subjuntivo


Eu canto --- Que eu cante
Tu cantas CantA tu Que tu cantes
LÍNGUA PORTUGUESA

Ele canta Cante você Que ele cante


Nós cantamos Cantemos nós Que nós cantemos
Vós cantais CantAI vós Que vós canteis
Eles cantam Cantem vocês Que eles cantem

41
2. Imperativo Negativo

Para se formar o imperativo negativo, basta antecipar a negação às formas do presente do subjuntivo.

Presente do Subjuntivo Imperativo Negativo

Que eu cante ---


Que tu cantes Não cantes tu
Que ele cante Não cante você
Que nós cantemos Não cantemos nós
Que vós canteis Não canteis vós
Que eles cantem Não cantem eles

 No modo imperativo não faz sentido usar na 3.ª pessoa (singular e plural) as formas ele/eles, pois uma ordem, pedido
ou conselho só se aplicam diretamente à pessoa com quem se fala. Por essa razão, utiliza-se você/vocês.
 O verbo SER, no imperativo, faz excepcionalmente: sê (tu), sede (vós).

3. Infinitivo Pessoal

1.ª conjugação 2.ª conjugação 3.ª conjugação


CANTAR VENDER PARTIR
cantar vender partir
cantarES venderES partirES
cantar vender partir
cantarMOS venderMOS partirMOS
cantarDES venderDES partirDES
cantarEM venderEM partirEM

 O verbo parecer admite duas construções:


Elas parecem gostar de você. (forma uma locução verbal)
Elas parece gostarem de você. (verbo com sujeito oracional, correspondendo à construção: parece gostarem de você).

 O verbo pegar possui dois particípios (regular e irregular):


Elvis tinha pegado minhas apostilas.
Minhas apostilas foram pegas.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Cereja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo:
Saraiva, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação / Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000.

SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php
LÍNGUA PORTUGUESA

VOZES DO VERBO

Dá-se o nome de voz à maneira como se apresenta a ação expressa pelo verbo em relação ao sujeito, indicando se este é
paciente ou agente da ação. Importante lembrar que voz verbal não é flexão, mas aspecto verbal. São três as vozes verbais:

A) Ativa = quando o sujeito é agente, isto é, pratica a ação expressa pelo verbo:
Ele fez o trabalho.
sujeito agente ação objeto (paciente)

42
B) Passiva = quando o sujeito é paciente, recebendo a ação expressa pelo verbo:
O trabalho foi feito por ele.
sujeito paciente ação agente da passiva

C) Reflexiva = quando o sujeito é, ao mesmo tempo, agente e paciente, isto é, pratica e recebe a ação:
O menino feriu-se.

#FicaDica
Não confundir o emprego reflexivo do verbo com a noção de reciprocidade:
Os lutadores feriram-se. (um ao outro)
Nós nos amamos. (um ama o outro)

1. Formação da Voz Passiva

A voz passiva pode ser formada por dois processos: analítico e sintético.
A) Voz Passiva Analítica = Constrói-se da seguinte maneira:
Verbo SER + particípio do verbo principal. Por exemplo:
A escola será pintada pelos alunos. (na ativa teríamos: os alunos pintarão a escola)
O trabalho é feito por ele. (na ativa: ele faz o trabalho)

Observações:
 O agente da passiva geralmente é acompanhado da preposição por, mas pode ocorrer a construção com a preposi-
ção de. Por exemplo: A casa ficou cercada de soldados.
 Pode acontecer de o agente da passiva não estar explícito na frase: A exposição será aberta amanhã.
 A variação temporal é indicada pelo verbo auxiliar (SER), pois o particípio é invariável. Observe a transformação das
frases seguintes:

Ele fez o trabalho. (pretérito perfeito do Indicativo)


O trabalho foi feito por ele. (verbo ser no pretérito perfeito do Indicativo, assim como o verbo principal da voz ativa)

Ele faz o trabalho. (presente do indicativo)


O trabalho é feito por ele. (ser no presente do indicativo)

Ele fará o trabalho. (futuro do presente)


O trabalho será feito por ele. (futuro do presente)

 Nas frases com locuções verbais, o verbo SER assume o mesmo tempo e modo do verbo principal da voz ativa. Ob-
serve a transformação da frase seguinte:
O vento ia levando as folhas. (gerúndio)
As folhas iam sendo levadas pelo vento. (gerúndio)
B) Voz Passiva Sintética = A voz passiva sintética - ou pronominal - constrói-se com o verbo na 3.ª pessoa, seguido do
pronome apassivador “se”. Por exemplo:
Abriram-se as inscrições para o concurso.
Destruiu-se o velho prédio da escola.

Observação:
O agente não costuma vir expresso na voz passiva sintética.
LÍNGUA PORTUGUESA

1.1 Conversão da Voz Ativa na Voz Passiva

Pode-se mudar a voz ativa na passiva sem alterar substancialmente o sentido da frase.
O concurseiro comprou a apostila. (Voz Ativa)
Sujeito da Ativa objeto Direto

A apostila foi comprada pelo concurseiro. (Voz Passiva)


Sujeito da Passiva Agente da Passiva

43
Observe que o objeto direto será o sujeito da passiva; o 2. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especia-
sujeito da ativa passará a agente da passiva, e o verbo ativo lizado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC –
assumirá a forma passiva, conservando o mesmo tempo. 2012) Está inadequado o emprego do elemento sublinhado
Os mestres têm constantemente aconselhado os alunos. na seguinte frase:
Os alunos têm sido constantemente aconselhados pelos
mestres. a) Sou ateu e peço que me deem tratamento similar ao que
Eu o acompanharei. dispenso aos homens religiosos.
Ele será acompanhado por mim. b) A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos de que
deveriam desviar-se todos os homens verdadeiramente
Quando o sujeito da voz ativa for indeterminado, não virtuosos.
haverá complemento agente na passiva. Por exemplo: Pre- c) A tolerância é uma virtude na qual não podem prescindir
judicaram-me. / Fui prejudicado. os que se dizem homens de fé.
Com os verbos neutros (nascer, viver, morrer, dormir, d) O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de nada
acordar, sonhar, etc.) não há voz ativa, passiva ou reflexiva, fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
porque o sujeito não pode ser visto como agente, paciente e) Respeito os homens de fé, a menos que deixem de fazer o
ou agente paciente. mesmo com aqueles que não a têm.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Resposta: Letra C.


SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- Corrigindo o inadequado:
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. Em “a”: Sou ateu e peço que me deem tratamento similar
Português linguagens: volume 2 / Wiliam Roberto Ce- ao que dispenso aos homens religiosos.
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Em “b”: A intolerância religiosa baseia-se em preconceitos
Paulo: Saraiva, 2010. de que deveriam desviar-se todos os homens verdadeira-
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação mente virtuosos.
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. Em “c”: A tolerância é uma virtude na qual (de que) não
podem prescindir os que se dizem homens de fé.
SITE Em “d”: O ateu desperta a ira dos fanáticos, a despeito de
http://www.soportugues.com.br/secoes/morf/morf54.php nada fazer que possa injuriá-los ou desrespeitá-los.
Em “e”: Respeito os homens de fé, a menos que deixem
de fazer o mesmo com aqueles que não a têm.
EXERCÍCIOS COMENTADOS 3. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especializa-
do – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC – 2012)
1. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa – Transpondo-se para a voz passiva a construção Os ateus
FCC – 2012) As vitórias no jogo interior talvez não acres- despertariam a ira de qualquer fanático, a forma verbal
centem novos troféus, mas elas trazem recompensas valio- obtida será:
sas, [...] que contribuem de forma significativa para nosso
sucesso posterior, tanto na quadra como fora dela. a) seria despertada.
Mantêm-se adequados o emprego de tempos e modos b) teria sido despertada.
verbais e a correlação entre eles, ao se substituírem os ele- c) despertar-se-á.
mentos sublinhados na frase acima, na ordem dada, por: d) fora despertada.
e) teriam despertado.
a) tivessem acrescentado − trariam − contribuírem
b) acrescentassem − têm trazido − contribuírem Resposta: Letra A.
c) tinham acrescentado − trarão − contribuiriam Os ateus despertariam a ira de qualquer fanático
d) acrescentariam − trariam− contribuíram Fazendo a transposição para a voz passiva, temos: A ira de
e) tenham acrescentado − trouxeram − Contribuíram qualquer fanático seria despertada pelos ateus.
GABARITO OFICIAL: A
Resposta: Letra E.
Questão que envolve correlação verbal. Realizando as 4. (TST – Técnico Judiciário – Área Administrativa – Es-
alterações solicitadas, segue como ficariam (em desta- pecialidade Segurança Judiciária – FCC – 2012)
que): ...ela nunca alcançava a musa.
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: tivessem acrescentado – trariam − contribui- Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
riam verbal resultante será:
Em “b”: acrescentassem – trariam − contribuiriam
Em “c”: tinham acrescentado – trouxeram − contribuí- a) alcança-se.
ram b) foi alcançada.
Em “d”: acrescentassem – trariam − contribuíram c) fora alcançada.
Em “e”: tenham acrescentado – trouxeram − Contribuí- d) seria alcançada.
ram = correta e) era alcançada.

44
Resposta: Letra E. Em “d”: A toda decisão tomada precipitadamente costu-
Temos um verbo na voz ativa, então teremos dois na mam sobrevir consequências imprevistas e injustas.
passiva (auxiliar + o verbo da oração da ativa, no mes- Em “e”: Diante de uma escolha, ganham prioridade, re-
mo tempo verbal, forma particípio): A musa nunca era comenda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor
alcançada por ela. O verbo “alcançava” está no pretérito humana.
imperfeito, por isso o auxiliar tem que estar também (é
= presente, foi = pretérito perfeito, era = imperfeito, fora 7. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Analista Judiciário – Área
= mais que perfeito, será = futuro do presente, seria = Administrativa – FCC – 2016 ) ... para quem Manoel de
futuro do pretérito). Barros era comparável a São Francisco de Assis...
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o da
5. (TST – Analista Judiciário – Área Apoio Especia- frase acima está em:
lizado – Especialidade Medicina do Trabalho – FCC
– 2012) Aos poucos, contudo, fui chegando à constatação a) Dizia-se um “vedor de cinema”...
de que todo perfil de rede social é um retrato ideal de nós b) Porque não seria certo ficar pregando moscas no espa-
mesmos. ço...
Mantendo-se a correção e a lógica, sem que outra altera- c) Na juventude, apaixonou-se por Arthur Rimbaud e Char-
ção seja feita na frase, o elemento grifado pode ser subs- les Baudelaire.
tituído por: d) Quase meio século separa a estreia de Manoel de Barros
na literatura...
a) ademais. e) ... para depois casá-las...
b) conquanto.
c) porquanto. Resposta: Letra A.
d) entretanto. “Era” = verbo “ser” no pretérito imperfeito do Indicativo.
e) apesar. Procuremos nos itens:
Em “a”: Dizia-se = pretérito imperfeito do Indicativo
Resposta: Letra D. Em “b”: Porque não seria = futuro do pretérito do Indi-
Contudo é uma conjunção adversativa (expressa oposi- cativo
ção). A substituição deve utilizar outra de mesma clas- Em “c”: Na juventude, apaixonou-se = pretérito perfeito
sificação, para que se mantenha a ideia do período. A do Indicativo
correta é entretanto. Em “d”: Quase meio século separa = presente do Indi-
cativo
6. (TST – Analista Judiciário – Área Administrativa – Em “e”: para depois casá-las = Infinitivo pessoal (casar
FCC – 2012) O verbo indicado entre parênteses deverá elas)
flexionar-se no singular para preencher adequadamente a
lacuna da frase: 8. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – Analista Judiciário – Área
Administrativa – FCC – 2016 ) Aí conheci o escritor e his-
a) A nenhuma de nossas escolhas...... (poder) deixar de toriador de sua gente, meu saudoso amigo Alcino Alves Cos-
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. ta. E foi dele que ouvi oralmente a história de Zé de Julião.
b) Não se...... (poupar) os que governam de refletir sobre o Considerando-se a norma-padrão da língua, ao reescrever-
peso de suas mais graves decisões. -se o trecho acima em um único período, o segmento des-
c) Aos governantes mais responsáveis não...... (ocorrer) tacado deverá ser antecedido de vírgula e substituído por
tomar decisões sem medir suas consequências.
d) A toda decisão tomada precipitadamente...... (costu- a) perante ao qual
mar) sobrevir consequências imprevistas e injustas. b) de cujo
e) Diante de uma escolha,...... (ganhar) prioridade, reco- c) o qual
menda Gramsci, os critérios que levam em conta a dor d) frente à quem
humana. e) de quem

Resposta: Letra C. Resposta: Letra E.


Flexões em destaque e sublinhei os termos que estabe- Voltemos ao trecho: ... meu saudoso amigo Alcino Alves
lecem concordância: Costa. E foi dele que ouvi oralmente... = a única alterna-
LÍNGUA PORTUGUESA

Em “a”: A nenhuma de nossas escolhas podem deixar de tiva que substitui corretamente o trecho destacado é “de
corresponder nossos valores éticos mais rigorosos. quem ouvi oralmente”.
Em “b”: Não se poupam os que governam de refletir
sobre o peso de suas mais graves decisões.
Em “c”: Aos governantes mais responsáveis não ocorre
tomar decisões sem medir suas consequências. = Isso
não ocorre aos governantes – uma oração exerce a fun-
ção de sujeito (subjetiva)

45
9. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário Em “c”: que transformou = pretérito perfeito do Indica-
– FCC – 2016) “Isto pode despertar a atenção de outras tivo
pessoas que tenham documentos em casa e se disponham Em “d”: que se esforcem = presente do Subjuntivo
a trazer para a Academia, que é a guardiã desse tipo de Em “e”: há algo novo nesse cenário = presente do Indi-
acervo, que é muito difícil de ser guardado em casa, pois o cativo
tempo destrói e aqui temos a melhor técnica de conservação
de documentos”, disse Cavalcanti. 12. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC
O termo sublinhado faz referência a – 2016) O modelo ainda dominante nas discussões ecoló-
gicas privilegia, em escala, o Estado e o mundo...
a) pessoas. Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
b) acervo. verbal resultante será:
c) Academia.
d) tempo. a) é privilegiado.
e) casa. b) sendo privilegiadas.
c) são privilegiados.
Resposta: Letra B. d) foi privilegiado.
Ao trecho: a guardiã desse tipo de acervo, que (o qual) é e) são privilegiadas.
muito difícil de ser guardado...
Resposta: Letra C.
10. (TRT 14.ª REGIÃO-RO e AC – Técnico Judiciário – FCC Há um verbo na ativa, então teremos dois na passiva
– 2016) O marechal organizou o acervo... (auxiliar + o particípio de “privilegia”) = O Estado e o
A forma verbal está corretamente transposta para a voz mundo são privilegiados pelo modelo ainda dominante.
passiva em:
13. (TRT 23.ª REGIÃO-MT – Técnico Judiciário – FCC
– 2016 ) Empregam-se todas as formas verbais de acordo
a) estava organizando
com a norma culta na seguinte frase:
b) tinha organizado
c) organizando-se
a) Para que se mantesse sua autenticidade, o documento
d) foi organizado
não poderia receber qualquer tipo de retificação.
e) está organizado
b) Os documentos com assinatura digital disporam de al-
goritmos de criptografia que os protegeram.
Resposta: Letra D. c) Arquivados eletronicamente, os documentos poderam
Temos: sujeito (o marechal), verbo na ativa (organizou) e contar com a proteção de uma assinatura digital.
objeto (o acervo). Como há um verbo na ativa, ao pas- d) Quem se propor a alterar um documento criptografado
sarmos para a passiva teremos dois (o auxiliar no mesmo deve saber que comprometerá sua integridade.
tempo que o verbo da ativa + o particípio do verbo da e) Não é possível fazer as alterações que convierem sem
voz ativa = organizado). O objeto exercerá a função de comprometer a integridade dos documentos.
sujeito paciente, e o sujeito da ativa será o agente da
passiva (ufa!). A frase ficará: O acervo foi organizado pelo Resposta: Letra E.
marechal. Em “a”: Para que se mantesse (mantivesse) sua autenti-
cidade, o documento não poderia receber qualquer tipo
11. (TRT 20.ª REGIÃO-SE – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC de retificação.
– 2016) Precisamos de um treinador que nos ajude a co- Em “b”: Os documentos com assinatura digital disporam
mer... (dispuseram) de algoritmos de criptografia que os pro-
O verbo flexionado nos mesmos tempo e modo que o sub- tegeram.
linhado acima está também sublinhado em: Em “c”: Arquivados eletronicamente, os documentos po-
deram (puderam) contar com a proteção de uma assina-
a) [...] assim que conseguissem se virar sem as mães ou as tura digital.
amas... Em “d”: Quem se propor (propuser) a alterar um docu-
b) Não é por acaso que proliferaram os coaches. mento criptografado deve saber que comprometerá sua
c) [...] país que transformou a infância numa bilionária in- integridade.
dústria de consumo... Em “e”: Não é possível fazer as alterações que convie-
LÍNGUA PORTUGUESA

d) E, mesmo que se esforcem muito [...] rem sem comprometer a integridade dos documentos
e) Hoje há algo novo nesse cenário. = correta

Resposta: Letra D. 14. (TRT 21.ª REGIÃO-RN – Técnico Judiciário – FCC –


que nos ajude = presente do Subjuntivo 2017) Sessenta anos de história marcam, assim, a trajetória
Em “a”: que conseguissem = pretérito do Subjuntivo da utopia no país.
Em “b”: que proliferaram = pretérito perfeito (e também Transpondo-se a frase acima para a voz passiva, a forma
mais-que-perfeito) do Indicativo verbal resultante será:

46
a) foram marcados. Resposta: Letra E.
b) foi marcado. Em “a”: Existe grande confusão = substantivo
c) são marcados. Em “b”: o médico ou alguém causa ativamente a morte
d) foi marcada. = pronome
e) é marcada. Em “c”: prolonga o processo de morrer procurando dis-
tanciar a morte = substantivo
Resposta: Letra E. Em “d”: Ela é proibida por lei no Brasil = substantivo
Temos um verbo (no tempo presente) na ativa, então Em “e”: E como seria a verdadeira boa morte? = adjetivo
teremos dois na passiva (auxiliar [no tempo presente] +
particípio de “marcam”) = Assim, a trajetória da utopia 17. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2014) As for-
do país é marcada pelos sessenta anos de história. mas verbais conjugadas no modo imperativo, expressando
ordem, instrução ou comando, estão destacadas em
15. (Polícia Militar do Estado de São Paulo – Soldado
PM 2.ª Classe – Vunesp – 2017) Considere as seguintes a) Mas há outros cujas marcas acabam ficando bem níti-
frases: das na memória: são aqueles donos de qualidades in-
Primeiro, associe suas memórias com objetos físicos. comuns.
Segundo, não memorize apenas por repetição. b) Voltei uns cinquenta minutos depois, cauteloso, e quase
Terceiro, rabisque! não acreditei no que ouvi.
Um verbo flexionado no mesmo modo que o dos verbos c) – Ei rapaz, deixe ligado o microfone, largue isso aí, vá
empregados nessas frases está em destaque em: pro estúdio e ponha a rádio no ar.
d) Bem, o fato é que eu era o técnico de som do horário,
a) [...] o acesso rápido e a quantidade de textos fazem com precisava “passar” a transmissão lá para a câmara, e o
que o cérebro humano não considere útil gravar esses locutor não chegava para os textos de abertura, publi-
dados [...] cidade, chamadas.
b) Na internet, basta um clique para vasculhar um sem-nú- e) ... estremecíamos quando ele nos chamava para qual-
mero de informações. quer coisa, fazendo-nos entrar na sua sala imensa, já
c) [...] após discar e fazer a ligação, não precisamos mais suando frio e atentos às suas finas e cortantes palavras.
dele...
d) Pense rápido: qual o número de telefone da casa em que Resposta: Letra C.
morou quando era criança? Aos itens:
e) É o que mostra também uma pesquisa recente conduzi- Em “a”: há = presente / acabam = presente / são = pre-
da pela empresa de segurança digital Kaspersky [...] sente
Resposta: Letra D. Em “b”: Voltei = pretérito perfeito / acreditei = pretérito
Os verbos das frases citadas estão no Modo Imperativo perfeito
(expressam ordem). Vamos aos itens: Em “c”: deixe / largue / vá / ponha = verbos no modo
Em “a”: ... o acesso rápido e a quantidade de textos fa- imperativo afirmativo (ordens)
zem = presente do Indicativo Em “d”: era = pretérito imperfeito / precisava = pretérito
Em “b”: Na internet, basta um clique = presente do In- imperfeito / chegava = pretérito imperfeito
dicativo Em “e”: fazendo-nos = gerúndio / suando = gerúndio
Em “c”: ... após discar e fazer a ligação, não precisamos
= presente do Indicativo 18. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Em – O
Em “d”: Pense rápido: = Imperativo destino me prestava esse pequeno favor: completava minha
Em “e”: É o que mostra também uma pesquisa = presen- identificação com o resto da humanidade, que tem sempre
te do Indicativo para contar uma história de objeto achado; – o pronome em
destaque retoma a seguinte palavra/expressão:
16. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vunesp
– 2014) Assinale a alternativa em que a palavra em desta- a) o resto da humanidade.
que na frase pertence à classe dos adjetivos (palavra que b) esse pequeno favor.
qualifica um substantivo). c) minha identificação.
d) O destino.
a) Existe grande confusão entre os diversos tipos de eu- e) completava.
LÍNGUA PORTUGUESA

tanásia...
b)... o médico ou alguém causa ativamente a morte... Resposta: Letra A.
c) prolonga o processo de morrer procurando distanciar a Completava minha identificação com o resto da humani-
morte. dade, que (a qual) tem sempre para contar uma história
d) Ela é proibida por lei no Brasil,... de objeto achado = pronome relativo que retoma o resto
e) E como seria a verdadeira boa morte? da humanidade.

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19. (PC-SP – Agente de Polícia – Vunesp – 2013) Consi- 22. (PC-SP – Auxiliar de Necropsia – Vunesp – 2014) Con-
dere o trecho a seguir. siderando que o adjetivo é uma palavra que modifica o subs-
É comum que objetos ____________ esquecidos em locais tantivo, com ele concordando em gênero e número, assinale
públicos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se a alternativa em que a palavra destacada é um adjetivo.
as pessoas __________ a atenção voltada para seus perten-
ces, conservando-os junto ao corpo. a) ... um câncer de boca horroroso, ...
Assinale a alternativa que preenche, correta e respectiva- b) Ele tem dezesseis anos...
mente, as lacunas do texto. c) Eu queria que ele morresse logo, ...
d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às famí-
a) sejam ... mantesse lias.
b) sejam ... mantém e) E o inferno não atinge só os terminais.
c) sejam ... mantivessem
d) seja ... mantivessem Resposta: Letra A.
e) seja ... mantêm Em “a”: um câncer de boca horroroso = adjetivo
Em “b”: Ele tem dezesseis anos = numeral
Resposta: Letra C. Em “c”: Eu queria que ele morresse logo = advérbio
Completemos as lacunas e depois busquemos o item Em “d”: com a crueldade adicional de dar esperança às
correspondente. A pegadinha aqui é a conjugação do famílias = substantivo
verbo “manter”, no presente do Subjuntivo (mantiver): Em “e”: E o inferno não atinge só os terminais = subs-
É comum que objetos sejam esquecidos em locais públi- tantivo
cos. Mas muitos transtornos poderiam ser evitados se as
pessoas mantivessem a atenção voltada para seus per-
tences, conservando-os junto ao corpo.
23. (Polícia Civil-SP – Perito Criminal – Vunesp – 2013)
Observe os enunciados:
20. (PC-SP – Atendente de Necrotério Policial – Vunesp • A Guerra do Vietnã se faz presente até hoje.
– 2013) Nas frases – Não vou mais à escola!… – e – Hoje
• A probabilidade de um veterano branco ser preso por um
estão na moda os métodos audiovisuais. – as palavras em
crime violento é significativamente mais alta do que...
destaque expressam, correta e respectivamente, circuns-
Os advérbios em destaque expressam, respectivamente,
tâncias de
circunstâncias de
a) dúvida e modo.
a) lugar e modo.
b) dúvida e tempo.
b) tempo e intensidade.
c) modo e afirmação.
d) negação e lugar. c) modo e intensidade.
e) negação e tempo. d) tempo e causa.
Resposta: Letra E. e) tempo e modo.
“não” – advérbio de negação / “hoje” – advérbio de tem-
po. Resposta: Letra E.
“Hoje” = tempo; geralmente os advérbios terminados
21. (PC-SP – Escrivão de Polícia – Vunesp – 2013) em “-mente” são de modo (= com significância).
Assinale a alternativa que completa respectivamente as
lacunas, em conformidade com a norma-padrão de con-
jugação verbal. CONCORDÂNCIA NOMINAL E VERBAL.
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional
quando __________ um diploma de mestrado, mas há aque-
les que _________ de opinião e procuram investir em cursos
profissionalizantes. CONCORDÂNCIA VERBAL E NOMINAL

a) obtiver … divirgem Os concurseiros estão apreensivos.


b) obter … divergem Concurseiros apreensivos.
c) obtesse … devirgem
LÍNGUA PORTUGUESA

d) obter … divirgem No primeiro exemplo, o verbo estar se encontra na ter-


e) obtiver … divergem ceira pessoa do plural, concordando com o seu sujeito, os
concurseiros. No segundo exemplo, o adjetivo “apreensivos”
Resposta: Letra E. está concordando em gênero (masculino) e número (plural)
Há quem acredite que alcançará o sucesso profissional com o substantivo a que se refere: concurseiros. Nesses dois
quando obtiver um diploma de mestrado, mas há aque- exemplos, as flexões de pessoa, número e gênero se corres-
les que divergem de opinião e procuram investir em pondem. A correspondência de flexão entre dois termos é a
cursos profissionalizantes. concordância, que pode ser verbal ou nominal.

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1. Concordância Verbal indefinido plural (quais, quantos, alguns, poucos,
É a flexão que se faz para que o verbo concorde com muitos, quaisquer, vários) seguido por “de nós” ou “de
seu sujeito. vós”, o verbo pode concordar com o primeiro prono-
me (na terceira pessoa do plural) ou com o pronome
1.1. Sujeito Simples - Regra Geral pessoal.
O sujeito, sendo simples, com ele concordará o verbo Quais de nós são / somos capazes?
em número e pessoa. Veja os exemplos: Alguns de vós sabiam / sabíeis do caso?
A prova para ambos os cargos será aplicada Vários de nós propuseram / propusemos sugestões ino-
às 13h. vadoras.
3.ª p. Singular 3.ª p. Singular
Observação:
Os candidatos à vaga chegarão às 12h. Veja que a opção por uma ou outra forma indica a in-
3.ª p. Plural 3.ª p. Plural clusão ou a exclusão do emissor. Quando alguém diz ou
escreve “Alguns de nós sabíamos de tudo e nada fizemos”,
1.1.1. Casos Particulares ele está se incluindo no grupo dos omissos. Isso não ocorre
ao dizer ou escrever “Alguns de nós sabiam de tudo e nada
A) Quando o sujeito é formado por uma expressão par- fizeram”, frase que soa como uma denúncia.
titiva (parte de, uma porção de, o grosso de, metade Nos casos em que o interrogativo ou indefinido estiver
de, a maioria de, a maior parte de, grande parte de...) no singular, o verbo ficará no singular.
seguida de um substantivo ou pronome no plural, o Qual de nós é capaz?
verbo pode ficar no singular ou no plural. Algum de vós fez isso.
A maioria dos jornalistas aprovou / aprovaram a ideia.
Metade dos candidatos não apresentou / apresentaram E) Quando o sujeito é formado por uma expressão que
proposta. indica porcentagem seguida de substantivo, o verbo
deve concordar com o substantivo.
Esse mesmo procedimento pode se aplicar aos casos
25% do orçamento do país será destinado à Educação.
dos coletivos, quando especificados: Um bando de vânda-
85% dos entrevistados não aprovam a administração do
los destruiu / destruíram o monumento.
prefeito.
1% do eleitorado aceita a mudança.
Observação:
1% dos alunos faltaram à prova.
Nesses casos, o uso do verbo no singular enfatiza a uni-
dade do conjunto; já a forma plural confere destaque aos
elementos que formam esse conjunto.  Quando a expressão que indica porcentagem não é
seguida de substantivo, o verbo deve concordar com
B) Quando o sujeito é formado por expressão que indi- o número.
ca quantidade aproximada (cerca de, mais de, menos 25% querem a mudança.
de, perto de...) seguida de numeral e substantivo, o 1% conhece o assunto.
verbo concorda com o substantivo.
Cerca de mil pessoas participaram do concurso.  Se o número percentual estiver determinado por ar-
Perto de quinhentos alunos compareceram à solenidade. tigo ou pronome adjetivo, a concordância far-se-á
Mais de um atleta estabeleceu novo recorde nas últimas com eles:
Olimpíadas. Os 30% da produção de soja serão exportados.
Esses 2% da prova serão questionados.
Observação:
Quando a expressão “mais de um” se associar a verbos F) O pronome “que” não interfere na concordância; já
que exprimem reciprocidade, o plural é obrigatório: Mais o “quem” exige que o verbo fique na 3.ª pessoa do
de um colega se ofenderam na discussão. (ofenderam um singular.
ao outro) Fui eu que paguei a conta.
Fomos nós que pintamos o muro.
C) Quando se trata de nomes que só existem no plu- És tu que me fazes ver o sentido da vida.
ral, a concordância deve ser feita levando-se em Sou eu quem faz a prova.
conta a ausência ou presença de artigo. Sem ar- Não serão eles quem será aprovado.
LÍNGUA PORTUGUESA

tigo, o verbo deve ficar no singular; com artigo no


plural, o verbo deve ficar o plural. G) Com a expressão “um dos que”, o verbo deve assu-
Os Estados Unidos possuem grandes universidades. mir a forma plural.
Estados Unidos possui grandes universidades. Ademir da Guia foi um dos jogadores que mais encanta-
Alagoas impressiona pela beleza das praias. ram os poetas.
As Minas Gerais são inesquecíveis. Este candidato é um dos que mais estudaram!
Minas Gerais produz queijo e poesia de primeira.
D) Quando o sujeito é um pronome interrogativo ou

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 Se a expressão for de sentido contrário – nenhum Teus irmãos, tu e eu tomaremos a decisão.
dos que, nem um dos que -, não aceita o verbo no Primeira Pessoa do Plural (Nós)
singular: Tu e teus irmãos tomareis a decisão.
Segunda Pessoa do Plural (Vós)
Nenhum dos que foram aprovados assumirá a vaga.
Nem uma das que me escreveram mora aqui. Pais e filhos precisam respeitar-se.
Terceira Pessoa do Plural (Eles)
 Quando “um dos que” vem entremeada de substan-
tivo, o verbo pode: Observação:
1. ficar no singular – O Tietê é um dos rios que atravessa Quando o sujeito é composto, formado por um elemen-
o Estado de São Paulo. (já que não há outro rio que to da segunda pessoa (tu) e um da terceira (ele), é possível
faça o mesmo). empregar o verbo na terceira pessoa do plural (eles): “Tu e
2. ir para o plural – O Tietê é um dos rios que estão po- teus irmãos tomarão a decisão.” – no lugar de “tomaríeis”.
luídos (noção de que existem outros rios na mesma C) No caso do sujeito composto posposto ao verbo,
condição). passa a existir uma nova possibilidade de concordân-
cia: em vez de concordar no plural com a totalidade
H) Quando o sujeito é um pronome de tratamento, o do sujeito, o verbo pode estabelecer concordância
verbo fica na 3ª pessoa do singular ou plural. com o núcleo do sujeito mais próximo.
Vossa Excelência está cansado? Faltaram coragem e competência.
Vossas Excelências renunciarão? Faltou coragem e competência.
Compareceram todos os candidatos e o banca.
I) A concordância dos verbos bater, dar e soar faz-se de Compareceu o banca e todos os candidatos.
acordo com o numeral.
Deu uma hora no relógio da sala. D) Quando ocorre ideia de reciprocidade, a concordân-
Deram cinco horas no relógio da sala. cia é feita no plural. Observe:
Soam dezenove horas no relógio da praça. Abraçaram-se vencedor e vencido.
Baterão doze horas daqui a pouco. Ofenderam-se o jogador e o árbitro.

Observação: 1.2.1. Casos Particulares


Caso o sujeito da oração seja a palavra relógio, sino, tor-
re, etc., o verbo concordará com esse sujeito.  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
O tradicional relógio da praça matriz dá nove horas. sinônimos ou quase sinônimos, o verbo fica no sin-
Soa quinze horas o relógio da matriz. gular.
Descaso e desprezo marca seu comportamento.
J) Verbos Impessoais: por não se referirem a nenhum A coragem e o destemor fez dele um herói.
sujeito, são usados sempre na 3.ª pessoa do singular.
São verbos impessoais: Haver no sentido de existir;  Quando o sujeito composto é formado por núcleos
Fazer indicando tempo; Aqueles que indicam fenô- dispostos em gradação, verbo no singular:
menos da natureza. Exemplos: Com você, meu amor, uma hora, um minuto, um segundo
Havia muitas garotas na festa. me satisfaz.
Faz dois meses que não vejo meu pai.
Chovia ontem à tarde.  Quando os núcleos do sujeito composto são unidos
por “ou” ou “nem”, o verbo deverá ficar no plural, de
1.2. Sujeito Composto acordo com o valor semântico das conjunções:
Drummond ou Bandeira representam a essência da poe-
A) Quando o sujeito é composto e anteposto ao verbo, sia brasileira.
a concordância se faz no plural: Nem o professor nem o aluno acertaram a resposta.
Pai e filho conversavam longamente.
Sujeito Em ambas as orações, as conjunções dão ideia de “adi-
ção”. Já em:
Pais e filhos devem conversar com frequência. Juca ou Pedro será contratado.
LÍNGUA PORTUGUESA

Sujeito Roma ou Buenos Aires será a sede da próxima Olimpíada.

B) Nos sujeitos compostos formados por pessoas gra- Temos ideia de exclusão, por isso os verbos ficam no
maticais diferentes, a concordância ocorre da se- singular.
guinte maneira: a primeira pessoa do plural (nós)
prevalece sobre a segunda pessoa (vós) que, por sua  Com as expressões “um ou outro” e “nem um nem
vez, prevalece sobre a terceira (eles). Veja: outro”, a concordância costuma ser feita no singular.
Um ou outro compareceu à festa.

50
Nem um nem outro saiu do colégio. Precisa-se de funcionários.
Confia-se em teses absurdas.
 Com “um e outro”, o verbo pode ficar no plural ou Quando pronome apassivador, o “se” acompanha ver-
no singular: Um e outro farão/fará a prova. bos transitivos diretos (VTD) e transitivos diretos e indire-
tos (VTDI) na formação da voz passiva sintética. Nesse caso,
 Quando os núcleos do sujeito são unidos por “com”, o verbo deve concordar com o sujeito da oração. Exemplos:
o verbo fica no plural. Nesse caso, os núcleos recebem Construiu-se um posto de saúde.
um mesmo grau de importância e a palavra “com” tem Construíram-se novos postos de saúde.
sentido muito próximo ao de “e”. Aqui não se cometem equívocos
O pai com o filho montaram o brinquedo. Alugam-se casas.
O governador com o secretariado traçaram os planos para o
próximo semestre.
O professor com o aluno questionaram as regras. #FicaDica
Para saber se o “se” é partícula apassivadora
Nesse mesmo caso, o verbo pode ficar no singular, se a
ou índice de indeterminação do sujeito, tente
ideia é enfatizar o primeiro elemento.
transformar a frase para a voz passiva. Se a fra-
O pai com o filho montou o brinquedo.
se construída for “compreensível”, estaremos
O governador com o secretariado traçou os planos para o
diante de uma partícula apassivadora; se não,
próximo semestre.
o “se” será índice de indeterminação. Veja:
O professor com o aluno questionou as regras.
Precisa-se de funcionários qualificados.
Tentemos a voz passiva:
Com o verbo no singular, não se pode falar em sujeito
Funcionários qualificados são precisados (ou
composto. O sujeito é simples, uma vez que as expressões
precisos)? Não há lógica. Portanto, o “se” des-
“com o filho” e “com o secretariado” são adjuntos adver-
tacado é índice de indeterminação do sujeito.
biais de companhia. Na verdade, é como se houvesse uma
Agora:
inversão da ordem. Veja:
Vendem-se casas.
“O pai montou o brinquedo com o filho.”
Voz passiva: Casas são vendidas. Construção
“O governador traçou os planos para o próximo semestre
correta! Então, aqui, o “se” é partícula apassi-
com o secretariado.”
vadora. (Dá para eu passar para a voz passiva.
“O professor questionou as regras com o aluno.”
Repare em meu destaque. Percebeu semelhan-
ça? Agora é só memorizar!)
Casos em que se usa o verbo no singular:
Café com leite é uma delícia!
O frango com quiabo foi receita da vovó.
O Verbo “Ser”
Quando os núcleos do sujeito são unidos por expressões
correlativas como: “não só... mas ainda”, “não somente”..., “não A concordância verbal dá-se sempre entre o verbo e o
apenas... mas também”, “tanto...quanto”, o verbo ficará no plural. sujeito da oração. No caso do verbo ser, essa concordân-
Não só a seca, mas também o pouco caso castigam o Nor- cia pode ocorrer também entre o verbo e o predicativo do
deste. sujeito.
Tanto a mãe quanto o filho ficaram surpresos com a notícia.
Quando o sujeito ou o predicativo for:
Quando os elementos de um sujeito composto são resumi-
dos por um aposto recapitulativo, a concordância é feita com A) Nome de pessoa ou pronome pessoal – o verbo SER
esse termo resumidor. concorda com a pessoa gramatical:
Filmes, novelas, boas conversas, nada o tirava da apatia. Ele é forte, mas não é dois.
Trabalho, diversão, descanso, tudo é muito importante na Fernando Pessoa era vários poetas.
vida das pessoas. A esperança dos pais são eles, os filhos.

1.2.2 Outros Casos B) nome de coisa e um estiver no singular e o outro no


plural, o verbo SER concordará, preferencialmente,
LÍNGUA PORTUGUESA

O Verbo e a Palavra “SE” com o que estiver no plural:


Dentre as diversas funções exercidas pelo “se”, há duas de Os livros são minha paixão!
particular interesse para a concordância verbal: Minha paixão são os livros!
A) quando é índice de indeterminação do sujeito;
B) quando é partícula apassivadora. Quando o verbo SER indicar
Quando índice de indeterminação do sujeito, o “se” acompa-
nha os verbos intransitivos, transitivos indiretos e de ligação, que  horas e distâncias, concordará com a expressão nu-
obrigatoriamente são conjugados na terceira pessoa do singular: mérica:

51
É uma hora. CONCORDÂNCIA NOMINAL
São quatro horas.
Daqui até a escola é um quilômetro / são dois quilômetros. A concordância nominal se baseia na relação entre
nomes (substantivo, pronome) e as palavras que a eles se
 datas, concordará com a palavra dia(s), que pode ligam para caracterizá-los (artigos, adjetivos, pronomes
estar expressa ou subentendida: adjetivos, numerais adjetivos e particípios). Lembre-se:
Hoje é dia 26 de agosto. normalmente, o substantivo funciona como núcleo de um
Hoje são 26 de agosto. termo da oração, e o adjetivo, como adjunto adnominal.
A concordância do adjetivo ocorre de acordo com as
 Quando o sujeito indicar peso, medida, quantidade seguintes regras gerais:
e for seguido de palavras ou expressões como pouco, A) O adjetivo concorda em gênero e número quando
muito, menos de, mais de, etc., o verbo SER fica no se refere a um único substantivo: As mãos trêmulas
singular: denunciavam o que sentia.
Cinco quilos de açúcar é mais do que preciso. B) Quando o adjetivo refere-se a vários substantivos, a
Três metros de tecido é pouco para fazer seu vestido. concordância pode variar. Podemos sistematizar essa
Duas semanas de férias é muito para mim. flexão nos seguintes casos:

 Quando um dos elementos (sujeito ou predicativo)  Adjetivo anteposto aos substantivos:


for pronome pessoal do caso reto, com este concor- O adjetivo concorda em gênero e número com o subs-
dará o verbo. tantivo mais próximo.
No meu setor, eu sou a única mulher. Encontramos caídas as roupas e os prendedores.
Aqui os adultos somos nós. Encontramos caída a roupa e os prendedores.
Encontramos caído o prendedor e a roupa.
Observação:
Sendo ambos os termos (sujeito e predicativo) repre- Caso os substantivos sejam nomes próprios ou de pa-
sentados por pronomes pessoais, o verbo concorda com o rentesco, o adjetivo deve sempre concordar no plural.
As adoráveis Fernanda e Cláudia vieram me visitar.
pronome sujeito.
Encontrei os divertidos primos e primas na festa.
Eu não sou ela.
Ela não é eu.
 Adjetivo posposto aos substantivos:
O adjetivo concorda com o substantivo mais próximo
 Quando o sujeito for uma expressão de sentido par-
ou com todos eles (assumindo a forma masculina
titivo ou coletivo e o predicativo estiver no plural, o
plural se houver substantivo feminino e masculino).
verbo SER concordará com o predicativo.
A indústria oferece localização e atendimento perfeito.
A grande maioria no protesto eram jovens. A indústria oferece atendimento e localização perfeita.
O resto foram atitudes imaturas. A indústria oferece localização e atendimento perfeitos.
A indústria oferece atendimento e localização perfeitos.
O Verbo “Parecer”
O verbo parecer, quando é auxiliar em uma locução ver- Observação:
bal (é seguido de infinitivo), admite duas concordâncias: Os dois últimos exemplos apresentam maior clareza,
pois indicam que o adjetivo efetivamente se refere aos dois
 Ocorre variação do verbo PARECER e não se flexiona substantivos. Nesses casos, o adjetivo foi flexionado no
o infinitivo: As crianças parecem gostar do desenho. plural masculino, que é o gênero predominante quando há
substantivos de gêneros diferentes.
 A variação do verbo parecer não ocorre e o infinitivo Se os substantivos possuírem o mesmo gênero, o adje-
sofre flexão: tivo fica no singular ou plural.
As crianças parece gostarem do desenho. A beleza e a inteligência feminina(s).
(essa frase equivale a: Parece gostarem do desenho aas O carro e o iate novo(s).
crianças)
C) Expressões formadas pelo verbo SER + adjetivo:
O adjetivo fica no masculino singular, se o substanti-
FIQUE ATENTO! vo não for acompanhado de nenhum modificador:
LÍNGUA PORTUGUESA

Água é bom para saúde.


Com orações desenvolvidas, o verbo PARECER O adjetivo concorda com o substantivo, se este for mo-
fica no singular. Por exemplo: As paredes pa- dificado por um artigo ou qualquer outro determinativo:
rece que têm ouvidos. (Parece que as paredes Esta água é boa para saúde.
têm ouvidos = oração subordinada substantiva
subjetiva). D) O adjetivo concorda em gênero e número com os
pronomes pessoais a que se refere: Juliana encon-
trou-as muito felizes.

52
E) Nas expressões formadas por pronome indefinido  Quando o sujeito destas expressões estiver deter-
neutro (nada, algo, muito, tanto, etc.) + preposição DE minado por artigos, pronomes ou adjetivos, tanto o
+ adjetivo, este último geralmente é usado no mascu- verbo como o adjetivo concordam com ele.
lino singular: Os jovens tinham algo de misterioso. É proibida a entrada de crianças.
Esta salada é ótima.
F) A palavra “só”, quando equivale a “sozinho”, tem fun- A educação é necessária.
ção adjetiva e concorda normalmente com o nome a São precisas várias medidas na educação.
que se refere:
Cristina saiu só. Anexo - Obrigado - Mesmo - Próprio - Incluso - Quite
Cristina e Débora saíram sós.
Estas palavras adjetivas concordam em gênero e núme-
Observação: ro com o substantivo ou pronome a que se referem.
Quando a palavra “só” equivale a “somente” ou “ape- Seguem anexas as documentações requeridas.
nas”, tem função adverbial, ficando, portanto, invariável: A menina agradeceu: - Muito obrigada.
Eles só desejam ganhar presentes. Muito obrigadas, disseram as senhoras.
Seguem inclusos os papéis solicitados.
Estamos quites com nossos credores.
#FicaDica
Bastante - Caro - Barato - Longe
Substitua o “só” por “apenas” ou “sozinho”. Se
a frase ficar coerente com o primeiro, trata-se Estas palavras são invariáveis quando funcionam como
de advérbio, portanto, invariável; se houver advérbios. Concordam com o nome a que se referem
coerência com o segundo, função de adjetivo, quando funcionam como adjetivos, pronomes adjetivos,
então varia: ou numerais.
Ela está só. (ela está sozinha) – adjetivo As jogadoras estavam bastante cansadas. (advérbio)
Ele está só descansando. (apenas descansando) Há bastantes pessoas insatisfeitas com o trabalho. (pro-
- advérbio nome adjetivo)
Nunca pensei que o estudo fosse tão caro. (advérbio)
Mas cuidado! Se colocarmos uma vírgula de- As casas estão caras. (adjetivo)
pois de “só”, haverá, novamente, um adjetivo: Achei barato este casaco. (advérbio)
Ele está só, descansando. (ele está sozinho e des- Hoje as frutas estão baratas. (adjetivo)
cansando)
Meio - Meia

G) Quando um único substantivo é modificado por dois A palavra “meio”, quando empregada como adjetivo,
ou mais adjetivos no singular, podem ser usadas as concorda normalmente com o nome a que se refere: Pedi
construções: meia porção de polentas.
 O substantivo permanece no singular e coloca-se Quando empregada como advérbio permanece invariá-
o artigo antes do último adjetivo: Admiro a cultura vel: A candidata está meio nervosa.
espanhola e a portuguesa.
 O substantivo vai para o plural e omite-se o arti-
go antes do adjetivo: Admiro as culturas espanhola #FicaDica
e portuguesa.
Dá para eu substituir por “um pouco”, assim
1. Casos Particulares saberei que se trata de um advérbio, não de
adjetivo: “A candidata está um pouco nervosa”.
É proibido - É necessário - É bom - É preciso - É per-
mitido
Alerta - Menos
 Estas expressões, formadas por um verbo mais um
adjetivo, ficam invariáveis se o substantivo a que se Essas palavras são advérbios, portanto, permanecem
LÍNGUA PORTUGUESA

referem possuir sentido genérico (não vier precedido sempre invariáveis.


de artigo). Os concurseiros estão sempre alerta.
É proibido entrada de crianças. Não queira menos matéria!
Em certos momentos, é necessário atenção.
No verão, melancia é bom. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
É preciso cidadania. Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
Não é permitido saída pelas portas laterais. reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São
Paulo: Saraiva, 2010.

53
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- Norberto Bobbio. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Cou-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. tinho. Rio de Janeiro: Elsevier, 2004, p. 1 (com adaptações).
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação Preservando-se a correção gramatical do texto CB3A2BBB,
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. os termos “não há” e “não existem” poderiam ser substituí-
dos, respectivamente, por
SITE
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint49.php a) não existe e não têm.
b) não existe e inexiste.
c) inexiste e não há.
d) inexiste e não acontece.
EXERCÍCIOS COMENTADOS e) não tem e não têm.

1. (Polícia Federal – Escrivão de Polícia Federal – Ces- Resposta: Letra C.


pe – 2013) Formas de tratamento como Vossa Excelência e Busquemos o contexto:
Vossa Senhoria, ainda que sejam empregadas sempre na se- - sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não
gunda pessoa do plural e no feminino, exigem flexão verbal há democracia = poderíamos substituir por “não exis-
de terceira pessoa; além disso, o pronome possessivo que te”, inexiste (verbo “haver” empregado com o sentido
faz referência ao pronome de tratamento também deve ser de “existir”)
o de terceira pessoa, e o adjetivo que remete ao pronome - sem democracia, não existem as condições mínimas
de tratamento deve concordar em gênero e número com a para a solução pacífica dos conflitos = sentido de “exis-
pessoa — e não com o pronome — a que se refere. tir”. Poderíamos substituir por inexiste, mas no plural, já
que devemos concordar com “as condições mínimas”. A
( ) CERTO ( ) ERRADO única “troca” adequada seria o verbo “haver” – que pode
ser utilizado com o sentido de “existir”. Teríamos: sem
Resposta: Certo. direitos humanos reconhecidos e protegidos, inexiste de-
Afirmações corretas. As concordâncias verbal e nomi- mocracia; sem democracia, não há as condições mínimas
nal ao se utilizar pronome de tratamento devem ser na para a solução pacífica dos conflitos.
terceira pessoa e concordar em gênero (masculino ou
feminino) com a pessoa a quem se dirige: “Vossa Exce-
3. (Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comér-
lência está cansada(o)?” – concordará com quem está se
falando: uma mulher ou um homem / “Vossa Santidade
cio Exterior – Analista Técnico Administrativo – cespe
trouxe seus pertences?” / “Vossas Senhorias gostariam – 2014) Em “Vossa Excelência deve estar satisfeita com os
de um café?”. resultados das negociações”, o adjetivo estará corretamente
empregado se dirigido a ministro de Estado do sexo mascu-
2. (Prefeitura de São Luís-MA – Conhecimentos Bási- lino, pois o termo “satisfeita” deve concordar com a locução
cos Cargos de Técnico Municipal – Nível Médio – Ces- pronominal de tratamento “Vossa Excelência”.
pe – 2017)
( ) CERTO ( ) ERRADO
Texto CB3A2BBB
Resposta: Errado.
O reconhecimento e a proteção dos direitos humanos estão Se a pessoa, no caso o ministro, for do sexo feminino
na base das Constituições democráticas modernas. A paz, (ministra), o adjetivo está correto; mas, se for do sexo
por sua vez, é o pressuposto necessário para o reconheci- masculino, o adjetivo sofrerá flexão de gênero: satisfeito.
mento e a efetiva proteção dos direitos humanos em cada O pronome de tratamento é apenas a maneira como tra-
Estado e no sistema internacional. Ao mesmo tempo, o pro- tar a autoridade, não regendo as demais concordâncias.
cesso de democratização do sistema internacional, que é o
caminho obrigatório para a busca do ideal da paz perpétua, 4. (Abin – Agente Técnico de Inteligência – cespe –
não pode avançar sem uma gradativa ampliação do reco- 2010 – adaptada) (...) Da combinação entre velocidade,
nhecimento e da proteção dos direitos humanos, acima de persistência, relevância, precisão e flexibilidade surge a no-
cada Estado. Direitos humanos, democracia e paz são três ção contemporânea de agilidade, transformada em principal
elementos fundamentais do mesmo movimento histórico: característica de nosso tempo.
sem direitos humanos reconhecidos e protegidos, não há A forma verbal “surge” poderia, sem prejuízo gramatical
democracia; sem democracia, não existem as condições mí-
LÍNGUA PORTUGUESA

para o texto, ser flexionada no plural, para concordar com


nimas para a solução pacífica dos conflitos. Em outras pala- “velocidade, persistência, relevância, precisão e flexibilidade”
vras, a democracia é a sociedade dos cidadãos, e os súditos
se tornam cidadãos quando lhes são reconhecidos alguns
( ) CERTO ( ) ERRADO
direitos fundamentais; haverá paz estável, uma paz que não
tenha a guerra como alternativa, somente quando existirem
Resposta: Errado.
cidadãos não mais apenas deste ou daquele Estado, mas
O verbo está concordando com o termo “combinação”,
do mundo.
por isso deve ficar no singular.

54
5. (Tribunal de Contas do Distrito Federal-df – Co- Os verbos intransitivos não possuem complemento. É
nhecimentos BÁSICOS – ANALISTA DE ADMINIS- importante, no entanto, destacar alguns detalhes relativos
TRAÇÃO PÚBLICA – ARQUIVOLOGIA – cespe – 2014 aos adjuntos adverbiais que costumam acompanhá-los.
– adaptada) (...) Há décadas, países como China e Índia têm
enviado estudantes para países centrais, com resultados mui- Chegar, Ir
to positivos.(...) Normalmente vêm acompanhados de adjuntos adver-
A forma verbal “Há” poderia ser corretamente substituída biais de lugar. Na língua culta, as preposições usadas para
por Fazem. indicar destino ou direção são: a, para.

( ) CERTO ( ) ERRADO Fui ao teatro.


Adjunto Adverbial de Lugar
Resposta: Errado.
O verbo “fazer”, quando empregado no sentido de tem- Ricardo foi para a Espanha.
po passado, não sofre flexão. Portanto, sua forma correta Adjunto Adverbial de Lugar
seria: “faz décadas”.
Comparecer
O adjunto adverbial de lugar pode ser introduzido por
em ou a.
REGÊNCIA VERBAL E NOMINAL Comparecemos ao estádio (ou no estádio) para ver o úl-
timo jogo.

Dá-se o nome de regência à relação de subordinação B) Verbos Transitivos Diretos


que ocorre entre um verbo (regência verbal) ou um nome
(regência nominal) e seus complementos. Os verbos transitivos diretos são complementados por
objetos diretos. Isso significa que não exigem preposição
1. Regência Verbal = Termo Regente: VERBO para o estabelecimento da relação de regência. Ao empre-
gar esses verbos, lembre-se de que os pronomes oblíquos
A regência verbal estuda a relação que se estabelece en- o, a, os, as atuam como objetos diretos. Esses pronomes
tre os verbos e os termos que os complementam (objetos podem assumir as formas lo, los, la, las (após formas ver-
diretos e objetos indiretos) ou caracterizam (adjuntos adver- bais terminadas em -r, -s ou -z) ou no, na, nos, nas (após
biais). Há verbos que admitem mais de uma regência, o que formas verbais terminadas em sons nasais), enquanto lhe e
corresponde à diversidade de significados que estes verbos lhes são, quando complementos verbais, objetos indiretos.
podem adquirir dependendo do contexto em que forem São verbos transitivos diretos, dentre outros: aban-
empregados. donar, abençoar, aborrecer, abraçar, acompanhar, acusar,
A mãe agrada o filho = agradar significa acariciar, con- admirar, adorar, alegrar, ameaçar, amolar, amparar, auxiliar,
tentar. castigar, condenar, conhecer, conservar, convidar, defender,
A mãe agrada ao filho = agradar significa “causar agrado eleger, estimar, humilhar, namorar, ouvir, prejudicar, prezar,
ou prazer”, satisfazer. proteger, respeitar, socorrer, suportar, ver, visitar.
Conclui-se que “agradar alguém” é diferente de “agradar Na língua culta, esses verbos funcionam exatamente
a alguém”. como o verbo amar:
Amo aquele rapaz. / Amo-o.
O conhecimento do uso adequado das preposições é um
dos aspectos fundamentais do estudo da regência verbal (e Amo aquela moça. / Amo-a.
também nominal). As preposições são capazes de modificar Amam aquele rapaz. / Amam-no.
completamente o sentido daquilo que está sendo dito. Ele deve amar aquela mulher. / Ele deve amá-la.
Cheguei ao metrô.
Cheguei no metrô. Observação:
No primeiro caso, o metrô é o lugar a que vou; no segun- Os pronomes lhe, lhes só acompanham esses verbos
do caso, é o meio de transporte por mim utilizado. para indicar posse (caso em que atuam como adjuntos ad-
nominais):
A voluntária distribuía leite às crianças. Quero beijar-lhe o rosto. (= beijar seu rosto)
A voluntária distribuía leite com as crianças. Prejudicaram-lhe a carreira. (= prejudicaram sua carrei-
Na primeira frase, o verbo “distribuir” foi empregado ra)
como transitivo direto (objeto direto: leite) e indireto (obje- Conheço-lhe o mau humor! (= conheço seu mau humor)
LÍNGUA PORTUGUESA

to indireto: às crianças); na segunda, como transitivo direto


(objeto direto: crianças; com as crianças: adjunto adverbial). C) Verbos Transitivos Indiretos
Para estudar a regência verbal, agruparemos os verbos
de acordo com sua transitividade. Esta, porém, não é um Os verbos transitivos indiretos são complementados
fato absoluto: um mesmo verbo pode atuar de diferentes por objetos indiretos. Isso significa que esses verbos exi-
formas em frases distintas. gem uma preposição para o estabelecimento da relação de
A) Verbos Intransitivos regência. Os pronomes pessoais do caso oblíquo de ter-
ceira pessoa que podem atuar como objetos indiretos são

55
o “lhe”, o “lhes”, para substituir pessoas. Não se utilizam Paguei aos meus credores. / Paguei-lhes.
os pronomes o, os, a, as como complementos de verbos
transitivos indiretos. Com os objetos indiretos que não re- Informar
presentam pessoas, usam-se pronomes oblíquos tônicos Apresenta objeto direto ao se referir a coisas e objeto
de terceira pessoa (ele, ela) em lugar dos pronomes átonos indireto ao se referir a pessoas, ou vice-versa.
lhe, lhes. Informe os novos preços aos clientes.
Informe os clientes dos novos preços. (ou sobre os novos
preços)
Os verbos transitivos indiretos são os seguintes: Na utilização de pronomes como complementos, veja
Consistir - Tem complemento introduzido pela prepo- as construções:
sição “em”: A modernidade verdadeira consiste em direitos Informei-os aos clientes. / Informei-lhes os novos preços.
iguais para todos. Informe-os dos novos preços. / Informe-os deles. (ou so-
bre eles)
Obedecer e Desobedecer - Possuem seus complemen-
tos introduzidos pela preposição “a”: Observação:
Devemos obedecer aos nossos princípios e ideais. A mesma regência do verbo informar é usada para os
Eles desobedeceram às leis do trânsito. seguintes: avisar, certificar, notificar, cientificar, prevenir.

Responder - Tem complemento introduzido pela pre- Comparar


posição “a”. Esse verbo pede objeto indireto para indicar “a
Quando seguido de dois objetos, esse verbo admite as
quem” ou “ao que” se responde.
preposições “a” ou “com” para introduzir o complemento
Respondi ao meu patrão. indireto: Comparei seu comportamento ao (ou com o) de
Respondemos às perguntas. uma criança.
Respondeu-lhe à altura.
Pedir
Observação:
O verbo responder, apesar de transitivo indireto quan- Esse verbo pede objeto direto de coisa (geralmente na
do exprime aquilo a que se responde, admite voz passiva forma de oração subordinada substantiva) e indireto de
analítica: pessoa.
O questionário foi respondido corretamente.
Todas as perguntas foram respondidas satisfatoriamente. Pedi-lhe favores.
Objeto Indireto Objeto Direto
Simpatizar e Antipatizar - Possuem seus complemen-
Pedi-lhe que se mantivesse em silêncio.
tos introduzidos pela preposição “com”.
Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
Antipatizo com aquela apresentadora. tantiva Objetiva Direta
Simpatizo com os que condenam os políticos que gover-
nam para uma minoria privilegiada. A construção “pedir para”, muito comum na linguagem
cotidiana, deve ter emprego muito limitado na língua culta.
D) Verbos Transitivos Diretos e Indiretos No entanto, é considerada correta quando a palavra licença
estiver subentendida.
Os verbos transitivos diretos e indiretos são acompa- Peço (licença) para ir entregar-lhe os catálogos em casa.
nhados de um objeto direto e um indireto. Merecem desta-
que, nesse grupo: agradecer, perdoar e pagar. São verbos Observe que, nesse caso, a preposição “para” introduz
que apresentam objeto direto relacionado a coisas e obje- uma oração subordinada adverbial final reduzida de infiniti-
to indireto relacionado a pessoas. vo (para ir entregar-lhe os catálogos em casa).

Preferir
Agradeço aos ouvintes a audiência.
Objeto Indireto Objeto Direto Na língua culta, esse verbo deve apresentar objeto indi-
reto introduzido pela preposição “a”:
Paguei o débito ao cobrador. Prefiro qualquer coisa a abrir mão de meus ideais.
Objeto Direto Objeto Indireto Prefiro trem a ônibus.
LÍNGUA PORTUGUESA

Observação:
O uso dos pronomes oblíquos átonos deve ser feito
com particular cuidado: Na língua culta, o verbo “preferir” deve ser usado sem
Agradeci o presente. / Agradeci-o. termos intensificadores, tais como: muito, antes, mil vezes,
Agradeço a você. / Agradeço-lhe. um milhão de vezes, mais. A ênfase já é dada pelo prefixo
Perdoei a ofensa. / Perdoei-a. existente no próprio verbo (pre).
Perdoei ao agressor. / Perdoei-lhe. Mudança de Transitividade - Mudança de Significado
Paguei minhas contas. / Paguei-as.

56
Há verbos que, de acordo com a mudança de transitivi- sentar objeto direto e indireto, ao qual se refere predicativo
dade, apresentam mudança de significado. O conhecimento preposicionado ou não.
das diferentes regências desses verbos é um recurso linguís- A torcida chamou o jogador mercenário.
tico muito importante, pois além de permitir a correta inter- A torcida chamou ao jogador mercenário.
pretação de passagens escritas, oferece possibilidades ex- A torcida chamou o jogador de mercenário.
pressivas a quem fala ou escreve. Dentre os principais, estão: A torcida chamou ao jogador de mercenário.
Chamar com o sentido de ter por nome é pronominal:
Agradar Como você se chama? Eu me chamo Zenaide.

Agradar é transitivo direto no sentido de fazer carinhos, Custar


acariciar, fazer as vontades de.
Sempre agrada o filho quando. Custar é intransitivo no sentido de ter determinado valor
ou preço, sendo acompanhado de adjunto adverbial: Frutas
Aquele comerciante agrada os clientes.
e verduras não deveriam custar muito.
No sentido de ser difícil, penoso, pode ser intransitivo
Agradar é transitivo indireto no sentido de causar agra-
ou transitivo indireto, tendo como sujeito uma oração re-
do a, satisfazer, ser agradável a. Rege complemento introdu-
duzida de infinitivo.
zido pela preposição “a”.
O cantor não agradou aos presentes.
O cantor não lhes agradou. Muito custa viver tão longe da família.
Verbo Intransitivo Oração Subordinada
O antônimo “desagradar” é sempre transitivo indireto: O Substantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
cantor desagradou à plateia.
Custou-me (a mim) crer nisso.
Aspirar Objeto Indireto Oração Subordinada Subs-
tantiva Subjetiva Reduzida de Infinitivo
Aspirar é transitivo direto no sentido de sorver, inspirar
(o ar), inalar: Aspirava o suave aroma. (Aspirava-o) A Gramática Normativa condena as construções que
atribuem ao verbo “custar” um sujeito representado por
Aspirar é transitivo indireto no sentido de desejar, ter pessoa: Custei para entender o problema.
como ambição: Aspirávamos a um emprego melhor. (Aspi- = Forma correta: Custou-me entender o problema.
rávamos a ele)
Como o objeto direto do verbo “aspirar” não é pessoa, as Implicar
formas pronominais átonas “lhe” e “lhes” não são utilizadas,
mas, sim, as formas tônicas “a ele(s)”, “a ela(s)”. Veja o exem- Como transitivo direto, esse verbo tem dois sentidos:
plo: Aspiravam a uma existência melhor. (= Aspiravam a ela) A) dar a entender, fazer supor, pressupor: Suas atitudes
implicavam um firme propósito.
Assistir B) ter como consequência, trazer como consequência,
acarretar, provocar: Uma ação implica reação.
Assistir é transitivo direto no sentido de ajudar, prestar
assistência a, auxiliar. Como transitivo direto e indireto, significa comprome-
As empresas de saúde negam-se a assistir os idosos.
ter, envolver: Implicaram aquele jornalista em questões eco-
As empresas de saúde negam-se a assisti-los.
nômicas.
Assistir é transitivo indireto no sentido de ver, presenciar, No sentido de antipatizar, ter implicância, é transitivo
estar presente, caber, pertencer. indireto e rege com preposição “com”: Implicava com quem
Assistimos ao documentário. não trabalhasse arduamente.
Não assisti às últimas sessões.
Essa lei assiste ao inquilino. Namorar

No sentido de morar, residir, o verbo “assistir” é intran- Sempre tansitivo direto: Luísa namora Carlos há dois
sitivo, sendo acompanhado de adjunto adverbial de lugar anos.
introduzido pela preposição “em”: Assistimos numa contur-
bada cidade. Obedecer - Desobedecer
LÍNGUA PORTUGUESA

Chamar Sempre transitivo indireto:


Todos obedeceram às regras.
Chamar é transitivo direto no sentido de convocar, soli- Ninguém desobedece às leis.
citar a atenção ou a presença de.
Por gentileza, vá chamar a polícia. / Por favor, vá cha- Quando o objeto é “coisa”, não se utiliza “lhe” nem
má-la. “lhes”: As leis são essas, mas todos desobedecem a elas.
Chamei você várias vezes. / Chamei-o várias vezes. Proceder
Chamar no sentido de denominar, apelidar pode apre- Proceder é intransitivo no sentido de ser decisivo, ter

57
cabimento, ter fundamento ou comportar-se, agir. Nessa segunda acepção, vem sempre acompanhado de adjunto adverbial
de modo.
As afirmações da testemunha procediam, não havia como refutá-las.
Você procede muito mal.

Nos sentidos de ter origem, derivar-se (rege a preposição “de”) e fazer, executar (rege complemento introduzido pela
preposição “a”) é transitivo indireto.
O avião procede de Maceió.
Procedeu-se aos exames.
O delegado procederá ao inquérito.
Querer
Querer é transitivo direto no sentido de desejar, ter vontade de, cobiçar.
Querem melhor atendimento.
Queremos um país melhor.

Querer é transitivo indireto no sentido de ter afeição, estimar, amar: Quero muito aos meus amigos.

Visar
Como transitivo direto, apresenta os sentidos de mirar, fazer pontaria e de pôr visto, rubricar.
O homem visou o alvo.
O gerente não quis visar o cheque.

No sentido de ter em vista, ter como meta, ter como objetivo é transitivo indireto e rege a preposição “a”.
O ensino deve sempre visar ao progresso social.
Prometeram tomar medidas que visassem ao bem-estar público.

Esquecer – Lembrar
Lembrar algo – esquecer algo
Lembrar-se de algo – esquecer-se de algo (pronominal)

No 1.º caso, os verbos são transitivos diretos, ou seja, exigem complemento sem preposição: Ele esqueceu o livro.
No 2.º caso, os verbos são pronominais (-se, -me, etc) e exigem complemento com a preposição “de”. São, portanto,
transitivos indiretos:
Ele se esqueceu do caderno.
Eu me esqueci da chave.
Eles se esqueceram da prova.
Nós nos lembramos de tudo o que aconteceu.

Há uma construção em que a coisa esquecida ou lembrada passa a funcionar como sujeito e o verbo sofre leve alteração
de sentido. É uma construção muito rara na língua contemporânea, porém, é fácil encontrá-la em textos clássicos tanto
brasileiros como portugueses. Machado de Assis, por exemplo, fez uso dessa construção várias vezes.
Esqueceu-me a tragédia. (cair no esquecimento)
Lembrou-me a festa. (vir à lembrança)
Não lhe lembram os bons momentos da infância? (= momentos é sujeito)

Simpatizar - Antipatizar
São transitivos indiretos e exigem a preposição “com”:
Não simpatizei com os jurados.
Simpatizei com os alunos.

A norma culta exige que os verbos e expressões que dão ideia de movimento sejam usados com a preposição “a”:
LÍNGUA PORTUGUESA

Chegamos a São Paulo e fomos direto ao hotel.


Cláudia desceu ao segundo andar.
Hoje, com esta chuva, ninguém sairá à rua.

2 Regência Nominal

58
É o nome da relação existente entre um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio) e os termos regidos por esse nome.
Essa relação é sempre intermediada por uma preposição. No estudo da regência nominal, é preciso levar em conta que vá-
rios nomes apresentam exatamente o mesmo regime dos verbos de que derivam. Conhecer o regime de um verbo significa,
nesses casos, conhecer o regime dos nomes cognatos. Observe o exemplo: Verbo obedecer e os nomes correspondentes:
todos regem complementos introduzidos pela preposição a. Veja:
Obedecer a algo/ a alguém.
Obediente a algo/ a alguém.

Se uma oração completar o sentido de um nome, ou seja, exercer a função de complemento nominal, ela será comple-
tiva nominal (subordinada substantiva).

Regência de Alguns Nomes

Substantivos
Admiração a, por Devoção a, para, com, por Medo a, de
Aversão a, para, por Doutor em Obediência a
Atentado a, contra Dúvida acerca de, em, sobre Ojeriza a, por
Bacharel em Horror a Proeminência sobre
Capacidade de, para Impaciência com Respeito a, com, para com, por

Adjetivos
Acessível a Diferente de Necessário a
Acostumado a, com Entendido em Nocivo a
Afável com, para com Equivalente a Paralelo a
Agradável a Escasso de Parco em, de
Alheio a, de Essencial a, para Passível de
Análogo a Fácil de Preferível a
Ansioso de, para, por Fanático por Prejudicial a
Apto a, para Favorável a Prestes a
Ávido de Generoso com Propício a
Benéfico a Grato a, por Próximo a
Capaz de, para Hábil em Relacionado com
Compatível com Habituado a Relativo a
Contemporâneo a, de Idêntico a Satisfeito com, de, em, por
Contíguo a Impróprio para Semelhante a
Contrário a Indeciso em Sensível a
Curioso de, por Insensível a Sito em
Descontente com Liberal com Suspeito de
Desejoso de Natural de Vazio de
LÍNGUA PORTUGUESA

Advérbios
Longe de Perto de

Observação:
Os advérbios terminados em -mente tendem a seguir o regime dos adjetivos de que são formados: paralela a; parale-
lamente a; relativa a; relativamente a.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

59
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São OCORRÊNCIA DE CRASE.
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac-
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Português: novas palavras: literatura, gramática, redação A crase se caracteriza como a fusão de duas vogais
/ Emília Amaral... [et al.]. – São Paulo: FTD, 2000. idênticas, relacionadas ao emprego da preposição “a” com
o artigo feminino a(s), com o “a” inicial referente aos pro-
SITE nomes demonstrativos – aquela(s), aquele(s), aquilo e com
http://www.soportugues.com.br/secoes/sint/sint61.php o “a” pertencente ao pronome relativo a qual (as quais).
Casos estes em que tal fusão encontra-se demarcada pelo
acento grave ( ` ): à(s), àquela, àquele, àquilo, à qual, às
quais.
O uso do acento indicativo de crase está condicionado
EXERCÍCIO COMENTADO aos nossos conhecimentos acerca da regência verbal e no-
minal, mais precisamente ao termo regente e termo regido.
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Cespe Ou seja, o termo regente é o verbo - ou nome - que exige
– 2014 – adaptada) complemento regido pela preposição “a”, e o termo regido
O uso indevido de drogas constitui, na atualidade, séria é aquele que completa o sentido do termo regente, admi-
e persistente ameaça à humanidade e à estabilidade das tindo a anteposição do artigo a(s).
estruturas e valores políticos, econômicos, sociais e cultu- Refiro-me a (a) funcionária antiga, e não a (a)quela con-
rais de todos os Estados e sociedades. Suas consequências tratada recentemente.
infligem considerável prejuízo às nações do mundo intei- Após a junção da preposição com o artigo (destacados
ro, e não são detidas por fronteiras: avançam por todos os entre parênteses), temos:
cantos da sociedade e por todos os espaços geográficos, Refiro-me à funcionária antiga, e não àquela contratada
afetando homens e mulheres de diferentes grupos étni- recentemente.
cos, independentemente de classe social e econômica ou
mesmo de idade. Questão de relevância na discussão dos O verbo referir, de acordo com sua transitividade, classi-
efeitos adversos do uso indevido de drogas é a associação fica-se como transitivo indireto, pois sempre nos referimos
do tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geral- a alguém ou a algo. Houve a fusão da preposição a + o
mente de caráter transnacional — com a criminalidade e artigo feminino (à) e com o artigo feminino a + o pronome
a violência. Esses fatores ameaçam a soberania nacional e demonstrativo aquela (àquela).
afetam a estrutura social e econômica interna, devendo o
governo adotar uma postura firme de combate ao tráfico Observações importantes:
de drogas, articulando-se internamente e com a socieda- Alguns recursos servem de ajuda para que possamos
de, de forma a aperfeiçoar e otimizar seus mecanismos de confirmar a ocorrência ou não da crase. Eis alguns:
prevenção e repressão e garantir o envolvimento e a apro-  Substitui-se a palavra feminina por uma masculina
vação dos cidadãos. equivalente. Caso ocorra a combinação a + o(s), a
Internet: <www.direitoshumanos.usp.br>. crase está confirmada.
Os dados foram solicitados à diretora.
Nas linhas 12 e 13, o emprego da preposição “com”, em Os dados foram solicitados ao diretor.
“com a criminalidade e a violência”, deve-se à regência do  No caso de nomes próprios geográficos, substitui-se
vocábulo “conexos”. o verbo da frase pelo verbo voltar. Caso resulte na
expressão “voltar da”, há a confirmação da crase.
( ) CERTO ( ) ERRADO Faremos uma visita à Bahia.
Faz dois dias que voltamos da Bahia. (crase confirmada)
Resposta: Errado.
Ao texto: (...) Questão de relevância na discussão dos efei- Não me esqueço da viagem a Roma.
tos adversos do uso indevido de drogas é a associação do Ao voltar de Roma, relembrarei os belos momentos ja-
tráfico de drogas ilícitas e dos crimes conexos — geral- mais vividos.
mente de caráter transnacional — com a criminalidade
LÍNGUA PORTUGUESA

e a violência. Nas situações em que o nome geográfico se apresentar


O termo está se referindo à associação – associação do modificado por um adjunto adnominal, a crase está con-
tráfico de drogas e crimes conexos (1) com a criminalida- firmada.
de (2) (associação daquilo [1] com isso [2]) Atendo-me à bela Fortaleza, senti saudades de suas
praias.

60
Entretanto, se o termo vier determinado, teremos uma
#FicaDica locução prepositiva, aí sim, ocorrerá crase: O pedestre foi
arremessado à distância de cem metros.
Use a regrinha “Vou A volto DA, crase HÁ; vou
A volto DE, crase PRA QUÊ?” Exemplo: Vou a  De modo a evitar o duplo sentido – a ambiguidade
Campinas. = Volto de Campinas. (crase pra -, faz-se necessário o emprego da crase.
quê?) Ensino à distância.
Vou à praia. = Volto da praia. (crase há!) Ensino a distância.
 Em locuções adverbiais formadas por palavras repe-
tidas, não há ocorrência da crase.
Quando o nome de lugar estiver especificado, ocorrerá Ela ficou frente a frente com o agressor.
crase. Veja: Eu o seguirei passo a passo.
Retornarei à São Paulo dos bandeirantes. = mesmo que,
pela regrinha acima, seja a do “VOLTO DE” Casos em que não se admite o emprego da crase:
Irei à Salvador de Jorge Amado.
Antes de vocábulos masculinos.
A letra “a” dos pronomes demonstrativos aquele(s), As produções escritas a lápis não serão corrigidas.
aquela(s) e aquilo receberão o acento grave se o termo re- Esta caneta pertence a Pedro.
gente exigir complemento regido da preposição “a”.
Entregamos a encomenda àquela menina.
(preposição + pronome demonstrativo) Antes de verbos no infinitivo.
Ele estava a cantar.
Iremos àquela reunião. Começou a chover.
(preposição + pronome demonstrativo)
Antes de numeral.
Sua história é semelhante às que eu ouvia quando crian- O número de aprovados chegou a cem.
ça. (àquelas que eu ouvia quando criança)
Faremos uma visita a dez países.
(preposição + pronome demonstrativo)
Observações:
A letra “a” que acompanha locuções femininas (adver-  Nos casos em que o numeral indicar horas – funcio-
biais, prepositivas e conjuntivas) recebem o acento grave: nando como uma locução adverbial feminina – ocor-
 locuções adverbiais: às vezes, à tarde, à noite, às rerá crase: Os passageiros partirão às dezenove horas.
pressas, à vontade...  Diante de numerais ordinais femininos a crase está
 locuções prepositivas: à frente, à espera de, à pro- confirmada, visto que estes não podem ser emprega-
cura de... dos sem o artigo: As saudações foram direcionadas à
 locuções conjuntivas: à proporção que, à medida que. primeira aluna da classe.
 Não ocorrerá crase antes da palavra casa, quando
Cuidado: quando as expressões acima não exercerem a essa não se apresentar determinada: Chegamos todos
função de locuções não ocorrerá crase. Repare: exaustos a casa.
Eu adoro a noite! Entretanto, se vier acompanhada de um adjunto adno-
Adoro o quê? Adoro quem? O verbo “adoro” requer minal, a crase estará confirmada: Chegamos todos exaustos
objeto direto, no caso, a noite. Aqui, o “a” é artigo, não à casa de Marcela.
preposição.
 Não há crase antes da palavra “terra”, quando essa
Casos passíveis de nota: indicar chão firme: Quando os navegantes regressa-
ram a terra, já era noite.
 A crase é facultativa diante de nomes próprios femi- Contudo, se o termo estiver precedido por um determi-
ninos: Entreguei o caderno a (à) Eliza. nante ou referir-se ao planeta Terra, ocorrerá crase.
 Também é facultativa diante de pronomes possessi- Paulo viajou rumo à sua terra natal.
vos femininos: O diretor fez referência a (à) sua em- O astronauta voltou à Terra.
presa.
 Facultativa em locução prepositiva “até a”: A loja fi-  Não ocorre crase antes de pronomes que requerem
cará aberta até as (às) dezoito horas. o uso do artigo.
 Constata-se o uso da crase se as locuções preposi- Os livros foram entregues a mim.
LÍNGUA PORTUGUESA

tivas à moda de, à maneira de apresentarem-se im- Dei a ela a merecida recompensa.
plícitas, mesmo diante de nomes masculinos: Tenho
compulsão por comprar sapatos à Luis XV. (à moda  Pelo fato de os pronomes de tratamento relativos à
de Luís XV) senhora, senhorita e madame admitirem artigo, o uso
 Não se efetiva o uso da crase diante da locução ad- da crase está confirmado no “a” que os antecede, no
verbial “a distância”: Na praia de Copacabana, obser- caso de o termo regente exigir a preposição.
vamos a queima de fogos a distância. Todos os méritos foram conferidos à senhorita Patrícia.

61
 Não ocorre crase antes de nome feminino utilizado tão sujeitos a regras precisas para a gestão do dinheiro pú-
em sentido genérico ou indeterminado: blico, para a criação de despesas e, em particular, para os
Estamos sujeitos a críticas. gastos com pessoal. Por que, tendo descumprido algumas
Refiro-me a conversas paralelas. dessas regras, estariam interessados em torná-las ainda
mais rigorosas?
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS Não foi a lei que não funcionou, mas os responsáveis pelo
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa Sac- dinheiro público que, por alguma razão, não a cumpriram.
coni. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010. De que adiantaria, então, tornar a lei mais rigorosa, se nem
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Cereja, nas condições atuais esses responsáveis estão sendo ca-
Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São Paulo: pazes de cumpri-la? O problema não está na lei. Mudá-la
Saraiva, 2010. pode ser o pretexto não para torná-la mais rigorosa, mas
para atribuir-lhe alguma flexibilidade que a desfigure. O
SITE
verdadeiro problema é a dificuldade do setor público de
http://www.portugues.com.br/gramatica/o-uso-crase-.
adaptar suas despesas às receitas em queda por causa da
html
crise.

Internet: <http://opiniao.estadao.com.br> (com adapta-


EXERCÍCIOS COMENTADOS ções).
O emprego do acento grave em “às receitas” decorre da re-
1. (Polícia Federal – Agente de Polícia Federal – Ces- gência do verbo “adaptar” e da presença do artigo definido
pe – 2014 – adaptada) O acento indicativo de crase em feminino determinando o substantivo “receitas”.
“à humanidade e à estabilidade” é de uso facultativo, razão
por que sua supressão não prejudicaria a correção grama- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tical do texto.
Resposta: Certo.
( ) CERTO ( ) ERRADO Texto: O verdadeiro problema é a dificuldade do setor pú-
blico de adaptar suas despesas às receitas em queda por
Resposta: Errado. causa da crise = quem adapta, adapta algo/alguém A
Retomemos o contexto: (...) O uso indevido de drogas algo/alguém.
constitui, na atualidade, séria e persistente ameaça à hu-
manidade e à estabilidade das estruturas e valores polí- 3. (Fnde – Técnico em Financiamento e Execução de
ticos (...). Programas e Projetos Educacionais – cespe – 2012) O
O uso do acento indicativo de crase é obrigatório, já que emprego do sinal indicativo de crase em “adequando os ob-
os termos “humanidade” e “estabilidade” complemen- jetivos às necessidades” justifica-se pela regência do verbo
tam o nome “ameaça” – “ameaça a quê? a quem?” = a adequar, que exige complemento regido pela preposição
regência nominal pede preposição. “a”, e pela presença de artigo definido feminino antes de
“necessidades”.
2. (TCE-PA – Conhecimentos Básicos – AUDITOR DE
CONTROLE EXTERNO – EDUCACIONAL – Cespe – ( ) CERTO ( ) ERRADO
2016)
Resposta: Certo.
Texto CB1A1BBB Adequar o quê? – os objetivos (objeto direto) – adequar
o quê a quê? – a + as (=às) necessidades – objeto indire-
Estranhamente, governos estaduais cujas despesas com o to. A explicação do enunciado está correta.
funcionalismo já alcançaram nível preocupante ou que es-
touraram o limite de gastos com pessoal fixado pela Lei 4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe
Complementar n.º 101/2000, denominada Lei de Respon- – 2014 – adaptada) No trecho “deu início à sua cami-
sabilidade Fiscal (LRF), estão elaborando sua própria legis- nhada cósmica”, o emprego do acento grave indicativo de
lação destinada a assegurar, como alegam, maior rigor na crase é obrigatório.
gestão de suas finanças. Querem uma nova lei de respon-
( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

sabilidade fiscal para, segundo argumentam, fortalecer a


estrutura legal que protege o dinheiro público do mau uso
Resposta: Errado.
por gestores irresponsáveis.
“deu início à sua caminhada cósmica” – o uso do acento
Examinando-se a situação financeira dos estados que pre-
indicativo de crase, neste caso, é facultativo (antes de
param sua versão da lei de responsabilidade fiscal, fica di-
pronome possessivo).
fícil aceitar a argumentação. Desde maio de 2000, quando
entrou em vigor a LRF, esses estados, como os demais, es-

62
 Em frases de estilo direto
PONTUAÇÃO. Maria perguntou:
- Por que você não toma uma decisão?

D) Ponto de Exclamação (!)


Os sinais de pontuação são marcações gráficas que
servem para compor a coesão e a coerência textual, além  Usa-se para indicar entonação de surpresa, cólera,
de ressaltar especificidades semânticas e pragmáticas. susto, súplica, etc.: Sim! Claro que eu quero me casar
Um texto escrito adquire diferentes significados quando com você!
pontuado de formas diversificadas. O uso da pontuação  Depois de interjeições ou vocativos
depende, em certos momentos, da intenção do autor do Ai! Que susto!
discurso. Assim, os sinais de pontuação estão diretamente João! Há quanto tempo!
relacionados ao contexto e ao interlocutor.
E) Ponto de Interrogação (?)
1. Principais funções dos sinais de pontuação
 Usa-se nas interrogações diretas e indiretas livres.
A) Ponto (.) “- Então? Que é isso? Desertaram ambos?” (Artur Aze-
 Indica o término do discurso ou de parte dele, en- vedo)
cerrando o período. F) Reticências (...)
 Usa-se nas abreviaturas: pág. (página), Cia. (Com-
panhia). Se a palavra abreviada aparecer em final de  Indica que palavras foram suprimidas: Comprei lápis,
período, este não receberá outro ponto; neste caso, canetas, cadernos...
o ponto de abreviatura marca, também, o fim de pe-  Indica interrupção violenta da frase: “- Não... quero
ríodo. Exemplo: Estudei português, matemárica, cons- dizer... é verdad... Ah!”
titucional, etc. (e não “etc..”)  Indica interrupções de hesitação ou dúvida: Este
 Nos títulos e cabeçalhos é opcional o emprego do mal... pega doutor?
ponto, assim como após o nome do autor de uma  Indica que o sentido vai além do que foi dito: Deixa,
citação: depois, o coração falar...
Haverá eleições em outubro
O culto do vernáculo faz parte do brio cívico. (Napoleão G) Vírgula (,)
Mendes de Almeida) (ou: Almeida.)
 Os números que identificam o ano não utilizam pon- Não se usa vírgula
to nem devem ter espaço a separá-los, bem como os Separando termos que, do ponto de vista sintático, li-
números de CEP: 1975, 2014, 2006, 17600-250. gam-se diretamente entre si:
1. Entre sujeito e predicado:
B) Ponto e Vírgula (;) Todos os alunos da sala foram advertidos.
 Separa várias partes do discurso, que têm a mesma Sujeito predicado
importância: “Os pobres dão pelo pão o trabalho; os
ricos dão pelo pão a fazenda; os de espíritos generosos 2. Entre o verbo e seus objetos:
dão pelo pão a vida; os de nenhum espírito dão pelo O trabalho custou sacrifício aos
pão a alma...” (VIEIRA) realizadores.
 Separa partes de frases que já estão separadas por V.T.D.I. O.D. O.I.
vírgulas: Alguns quiseram verão, praia e calor; outros,
montanhas, frio e cobertor. Usa-se a vírgula:
 Separa itens de uma enumeração, exposição de mo-
tivos, decreto de lei, etc. 1. Para marcar intercalação:
Ir ao supermercado;
Pegar as crianças na escola; A) do adjunto adverbial: O café, em razão da sua abun-
Caminhada na praia; dância, vem caindo de preço.
Reunião com amigos. B) da conjunção: Os cerrados são secos e áridos. Estão
produzindo, todavia, altas quantidades de alimentos.
C) Dois pontos (:) C) das expressões explicativas ou corretivas: As indús-
LÍNGUA PORTUGUESA

trias não querem abrir mão de suas vantagens, isto é,


 Antes de uma citação = Vejamos como Afrânio Cou- não querem abrir mão dos lucros altos.
tinho trata este assunto:
 Antes de um aposto = Três coisas não me agradam: 2. Para marcar inversão:
chuva pela manhã, frio à tarde e calor à noite.
 Antes de uma explicação ou esclarecimento: Lá es- A) do adjunto adverbial (colocado no início da oração):
tava a deplorável família: triste, cabisbaixa, vivendo a Depois das sete horas, todo o comércio está de portas
rotina de sempre. fechadas.

63
B) dos objetos pleonásticos antepostos ao verbo: Aos
pesquisadores, não lhes destinaram verba alguma.
C) do nome de lugar anteposto às datas: Recife, 15 de EXERCÍCIOS COMENTADOS
maio de 1982.

3. Para separar entre si elementos coordenados (dis- 1. (STJ – Conhecimentos Básicos para o Cargo 1 –
postos em enumeração): Cespe – 2018 – adaptada)
Era um garoto de 15 anos, alto, magro.
A ventania levou árvores, e telhados, e pontes, e animais. Texto CB1A1CCC
4. Para marcar elipse (omissão) do verbo: Nós quere-
mos comer pizza; e vocês, churrasco. As audiências de segunda a sexta-feira muitas vezes reve-
laram o lado mais sórdido da natureza humana. Eram rela-
5. Para isolar: tos de sofrimento, dor, angústia que se transportavam da
cadeira das vítimas, testemunhas e réus para minha cadeira
A) o aposto: São Paulo, considerada a metrópole brasi- de juíza. A toga não me blindou daqueles relatos sofridos,
leira, possui um trânsito caótico. aflitos. As angústias dos que se sentavam à minha frente,
B) o vocativo: Ora, Thiago, não diga bobagem. por diversas vezes, me escoltaram até minha casa e pas-
saram a ser companheiras de noites de insônia. Não havia
Observações: outra solução a não ser escrever. Era preciso colocar no
Considerando-se que “etc.” é abreviatura da expressão papel e compartilhar a dor daquelas pessoas que, mesmo
latina et coetera, que significa “e outras coisas”, seria dis- ao fim do processo e com a sentença prolatada, não me
pensável o emprego da vírgula antes dele. Porém, o acor- deixavam esquecê-las.
do ortográfico em vigor no Brasil exige que empreguemos Foram horas, dias, meses, anos de oitivas de mães, filhas,
etc. predecido de vírgula: Falamos de política, futebol, la- esposas, namoradas, companheiras, todas tendo em co-
zer, etc. mum a violência no corpo e na alma sofrida dentro de casa.
O lar, que deveria ser o lugar mais seguro para essas mu-
lheres, havia se transformado no pior dos mundos.
As perguntas que denotam surpresa podem ter com-
Quando finalmente chegavam ao Judiciário e se sentavam
binados o ponto de interrogação e o de exclamação: Você
à minha frente, os relatos se transformavam em desabafos
falou isso para ela?!
de uma vida inteira. Era preciso explicar, justificar e muitas
vezes se culpar por terem sido agredidas. A culpa por ter
Temos, ainda, sinais distintivos:
sido vítima, a culpa por ter permitido, a culpa por não ter
 a barra ( / ) = usada em datas (25/12/2014), sepa-
sido boa o suficiente, a culpa por não ter conseguido man-
ração de siglas (IOF/UPC);
ter a família. Sempre a culpa.
 os colchetes ([ ]) = usados em transcrições feitas Aquelas mulheres chegavam à Justiça buscando uma for-
pelo narrador ([vide pág. 5]), usado como primeira ça externa como se somente nós, juízes, promotores e ad-
opção aos parênteses, principalmente na matemá- vogados, pudéssemos não apenas cessar aquele ciclo de
tica; violência, mas também lhes dar voz para reagir àquela vio-
 o asterisco (*) = usado para remeter o leitor a uma lência invisível.
nota de rodapé ou no fim do livro, para substituir Rejane Jungbluth Suxberger. Invisíveis Marias: histórias
um nome que não se quer mencionar. além das quatro paredes. Brasília: Trampolim, 2018 (com
adaptações).
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Português linguagens: volume 3 / Wiliam Roberto Ce- O trecho “juízes, promotores e advogados” explica o sen-
reja, Thereza Cochar Magalhães. – 7.ª ed. Reform. – São tido de “nós”.
Paulo: Saraiva, 2010.
SACCONI, Luiz Antônio. Nossa gramática completa ( ) CERTO ( ) ERRADO
Sacconi. 30.ª ed. Rev. São Paulo: Nova Geração, 2010.
Resposta: Certo.
SITE Ao trecho: (...) Aquelas mulheres chegavam à Justiça bus-
http://www.infoescola.com/portugues/pontuacao/ cando uma força externa como se somente nós, juízes,
LÍNGUA PORTUGUESA

http://www.brasilescola.com/gramatica/uso-da-virgu- promotores e advogados, pudéssemos não apenas cessar


la.htm aquele ciclo de violência (...). Os termos entre vírgulas
servem para exemplificar quem são os “nós” citados pela
autora (juízes, promotores, advogados).

64
2. (SERES-PE – Agente de Segurança Penitenciária – 3. (Aneel – Técnico Administrativo – cespe – 2010)
Cespe – 2017 – adaptada) Vão surgindo novos sinais do crescente otimismo da in-
dústria com relação ao futuro próximo. Um deles refere-se
Texto 1A1AAA às exportações. “O comércio mundial já está voltando a se
abrir para as empresas”, diz o gerente executivo de pesqui-
Após o processo de redemocratização, com o fim da dita- sas da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Renato
dura militar, em meados da década de 80 do século passa- da Fonseca, para explicar a melhora das expectativas dos
do, era de se esperar que a democratização das instituições industriais com relação ao mercado externo.
tivesse como resultado direto a consolidação da cidadania Quanto ao mercado interno, as expectativas da indústria
— compreendida de modo amplo, abrangendo as três ca- não se modificaram. Mas isso não é um mau sinal, pois elas
tegorias de direitos: civis, políticos e sociais. Sobressaem, já eram francamente otimistas. Há algum tempo, a pesqui-
porém, problemas que configuram mais desafios para a ci- sa da CNI, realizada mensalmente a partir de 2010, registra
dadania brasileira, como a violência urbana — que ameaça grande otimismo da indústria com relação à demanda in-
os direitos individuais — e o desemprego — que ameaça terna. Trata-se de um sentimento generalizado. Em todos
os direitos sociais. os setores industriais, a expressiva maioria dos entrevista-
No Brasil, o crime aumentou significantemente a partir de dos acredita no aumento das vendas internas.
1980, impacto do processo de modernização pelo qual o O Estado de S.Paulo, Editorial, 30/3/2010 (com adaptações).
país passou. Isso sugere que o boom do consumo colocou
em circulação bens de alto valor e, consequentemente, au- O nome próprio “Renato da Fonseca” está entre vírgulas
mentou as oportunidades para o crime, inclusive porque a por tratar-se de um vocativo.
maior mobilidade de pessoas torna o espaço social mais
anônimo, menos supervisionado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Nesse contexto, justiça criminal passa a ser cada vez mais
dissociada de justiça social e reconstrução da sociedade. O Resposta: Errado.
objetivo em relação à criminalidade torna-se bem menos Recorramos ao texto (lembre-se de fazer a mesma coisa
ambicioso: o controle. A prisão ganha mais importância na no dia do seu concurso!): (...) diz o gerente executivo de
modernidade tardia, porque satisfaz uma dupla necessida- pesquisas da Confederação Nacional da Indústria (CNI),
de dessa nova cultura: castigo e controle do risco. Essa pos- Renato da Fonseca, para explicar a melhora das expecta-
tura às vezes proporciona controle, porém não segurança, tivas. O termo em destaque não está exercendo a função
pois o Estado tem o poder limitado de manter a ordem por de vocativo, já que não é utilizado para evocar, chamar o
meio da polícia, sendo necessário dividir as tarefas de con- interlocutor do diálogo. Sua função é de aposto – expli-
trole com organizações locais e com a comunidade. car quem é o gerente executivo da CNI.
Jacqueline Carvalho da Silva. Manutenção da ordem públi-
ca e garantia dos direitos individuais: os desafios da polícia
em sociedades democráticas. In: Revista Brasileira de Segu- 4. (Caixa Econômica Federal – Médico do Trabalho
rança Pública. São Paulo, ano 5, 8.ª ed., fev. – mar./2011, p. – cespe – 2014 – adaptada) A correção gramatical do
84-5 (com adaptações). trecho “Entre as bebidas alcoólicas, cervejas e vinhos são as
mais comuns em todo o mundo” seria prejudicada, caso se
No primeiro parágrafo do texto 1A1AAA, os dois-pontos inserisse uma vírgula logo após a palavra “vinhos”.
introduzem
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) uma enumeração das “categorias de direitos”.
b) resultados da “consolidação da cidadania”. Resposta: Certo.
c) um contra-argumento para a ideia de cidadania como Não se deve colocar vírgula entre sujeito e predicado,
algo “amplo”. a não ser que se trate de um aposto (1), predicativo do
d) uma generalização do termo “direitos”. sujeito (2), ou algum termo que requeira estar separa-
e) objetivos do “processo de redemocratização”. do entre pontuações. Exemplo: O Rio de Janeiro, cidade
maravilhosa (1), está em festa! Os meninos, ansiosos (2),
Resposta: Letra A. chegaram!
Recorramos ao texto (faça isso SEMPRE durante seu
concurso. O texto é a base para encontrar as respostas
LÍNGUA PORTUGUESA

para as questões!): (...) abrangendo as três categorias de


direitos: civis, políticos e sociais. Os dois-pontos introdu-
zem a enumeração dos direitos; apresenta-os.

65
Acrescente-se, por fim, que a identificação que se bus-
REDAÇÃO (CONFRONTO E RECONHECI- cou fazer das características específicas da forma oficial de
MENTO DE FRASES CORRETAS E INCOR- redigir não deve ensejar o entendimento de que se propo-
RETAS). INTELECÇÃO DE TEXTO. REDAÇÃO nha a criação – ou se aceite a existência – de uma forma es-
OFICIAL. pecífica de linguagem administrativa, o que coloquialmen-
te e pejorativamente se chama burocratês. Este é antes uma
distorção do que deve ser a redação oficial, e se caracteriza
pelo abuso de expressões e clichês do jargão burocrático e
1. O que é Redação Oficial de formas arcaicas de construção de frases.
A redação oficial não é, portanto, necessariamente árida
Em uma frase, pode-se dizer que redação oficial é a ma- e infensa à evolução da língua. É que sua finalidade básica –
neira pela qual o Poder Público redige atos normativos e comunicar com impessoalidade e máxima clareza – impõe
comunicações. Interessa-nos tratá-la do ponto de vista do certos parâmetros ao uso que se faz da língua, de maneira
diversa daquele da literatura, do texto jornalístico, da cor-
Poder Executivo.
respondência particular, etc.
A redação oficial deve caracterizar-se pela impessoa-
Apresentadas essas características fundamentais da re-
lidade, uso do padrão culto de linguagem, clareza, conci- dação oficial, passemos à análise pormenorizada de cada
são, formalidade e uniformidade. Fundamentalmente esses uma delas.
atributos decorrem da Constituição, que dispõe, no artigo
37: “A administração pública direta, indireta ou fundacional, 1. A Impessoalidade
de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito
Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de lega- A finalidade da língua é comunicar, quer pela fala, quer
lidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência pela escrita. Para que haja comunicação, são necessários: a)
(...)”. Sendo a publicidade e a impessoalidade princípios alguém que comunique,
fundamentais de toda administração pública, claro está b) algo a ser comunicado, e c) alguém que receba essa
que devem igualmente nortear a elaboração dos atos e co- comunicação. No caso da reda
municações oficiais. ção oficial, quem comunica é sempre o Serviço Público
Não se concebe que um ato normativo de qualquer (este ou aquele Ministério, Secretaria, Departamento, Divisão,
natureza seja redigido de forma obscura, que dificulte ou Serviço, Seção); o que se comunica é sempre algum assunto
impossibilite sua compreensão. A transparência do sentido relativo às atribuições do órgão que comunica; o destinatário
dos atos normativos, bem como sua inteligibilidade, são dessa comunicação ou é o público, o conjunto dos cidadãos,
requisitos do próprio Estado de Direito: é inaceitável que ou outro órgão público, do Executivo ou dos outros Poderes
um texto legal não seja entendido pelos cidadãos. A publi- da União.
cidade implica, pois, necessariamente, clareza e concisão. Percebe-se, assim, que o tratamento impessoal que
Além de atender à disposição constitucional, a forma deve ser dado aos assuntos que constam das comunica-
dos atos normativos obedece a certa tradição. Há normas ções oficiais decorre:
para sua elaboração que remontam ao período de nossa a) da ausência de impressões individuais de quem co-
história imperial, como, por exemplo, a obrigatoriedade – munica: embora se trate, por exemplo, de um expediente
estabelecida por decreto imperial de 10 de dezembro de assinado por Chefe de determinada Seção, é sempre em
nome do Serviço Público que é feita a comunicação. Ob-
1822 – de que se aponha, ao final desses atos, o número de
tém-se, assim, uma desejável padronização, que permite
anos transcorridos desde a Independência. Essa prática foi
que comunicações elaboradas em diferentes setores da
mantida no período republicano. Esses mesmos princípios Administração guardem entre si certa uniformidade;
(impessoalidade, clareza, uniformidade, concisão e uso de b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação,
linguagem formal) aplicam-se às comunicações oficiais: com duas possibilidades: ela pode ser dirigida a um cida-
elas devem sempre permitir uma única interpretação e ser dão, sempre concebido como público, ou a outro órgão
estritamente impessoais e uniformes, o que exige o uso de público. Nos dois casos, temos um destinatário concebido
certo nível de linguagem. de forma homogênea e impessoal;
Nesse quadro, fica claro também que as comunicações c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: se o
oficiais são necessariamente uniformes, pois há sempre um universo temático das comunicações oficiais se restringe a
único comunicador (o Serviço Público) e o receptor dessas questões que dizem respeito ao interesse público, é natu-
comunicações ou é o próprio Serviço Público (no caso de ral que não cabe qualquer tom particular ou pessoal. Des-
expedientes dirigidos por um órgão a outro) – ou o conjun- ta forma, não há lugar na redação oficial para impressões
to dos cidadãos ou instituições tratados de forma homo- pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta
LÍNGUA PORTUGUESA

gênea (o público). a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo


Outros procedimentos rotineiros na redação de comu- de um texto literário. A redação oficial deve ser isenta da
nicações oficiais foram incorporados ao longo do tempo, interferência da individualidade que a elabora.
como as formas de tratamento e de cortesia, certos clichês A concisão, a clareza, a objetividade e a formalidade
de redação, a estrutura dos expedientes, etc. Mencione-se, de que nos valemos para elaborar os expedientes oficiais
por exemplo, a fixação dos fechos para comunicações ofi- contribuem, ainda, para que seja alcançada a necessária
ciais, regulados pela Portaria n.º 1 do Ministro de Estado da impessoalidade.
Justiça, de 8 de julho de 1937.

66
2. A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais haverá preferência pelo uso de determinadas expressões,
ou será obedecida certa tradição no emprego das formas
A necessidade de empregar determinado nível de lin- sintáticas, mas isso não implica, necessariamente, que se
guagem nos atos e expedientes oficiais decorre, de um consagre a utilização de uma forma de linguagem buro-
lado, do próprio caráter público desses atos e comunica- crática. O jargão burocrático, como todo jargão, deve ser
ções; de outro, de sua finalidade. Os atos oficiais, aqui en- evitado, pois terá sempre sua compreensão limitada.
tendidos como atos de caráter normativo, ou estabelecem A linguagem técnica deve ser empregada apenas em
regras para a conduta dos cidadãos, ou regulam o funcio- situações que a exijam, sendo de evitar o seu uso indis-
namento dos órgãos públicos, o que só é alcançado se em criminado. Certos rebuscamentos acadêmicos, e mesmo o
sua elaboração for empregada a linguagem adequada. O vocabulário próprio à determinada área, são de difícil en-
mesmo se dá com os expedientes oficiais, cuja finalidade tendimento por quem não esteja com eles familiarizado.
precípua é a de informar com clareza e objetividade. As Deve-se ter o cuidado, portanto, de explicitá-los em comu-
comunicações que partem dos órgãos públicos federais nicações encaminhadas a outros órgãos da administração
devem ser compreendidas por todo e qualquer cidadão e em expedientes dirigidos aos cidadãos.
brasileiro. Para atingir esse objetivo, há que evitar o uso
de uma linguagem restrita a determinados grupos. Não há 3. Formalidade e Padronização
dúvida que um texto marcado por expressões de circulação
restrita, como a gíria, os regionalismos vocabulares ou o As comunicações oficiais devem ser sempre formais, isto
jargão técnico, tem sua compreensão dificultada. é, obedecem a certas regras de forma: além das já mencio-
Ressalte-se que há necessariamente uma distância en- nadas exigências de impessoalidade e uso do padrão culto
tre a língua falada e a escrita. Aquela é extremamente di- de linguagem, é imperativo, ainda, certa formalidade de
nâmica, reflete de forma imediata qualquer alteração de tratamento. Não se trata somente da eterna dúvida quanto
costumes, e pode eventualmente contar com outros ele- ao correto emprego deste ou daquele pronome de trata-
mentos que auxiliem a sua compreensão, como os gestos, mento para uma autoridade de certo; mais do que isso, a
a entoação, etc., para mencionar apenas alguns dos fatores formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no próprio
responsáveis por essa distância. Já a língua escrita incorpo- enfoque dado ao assunto do qual cuida a comunicação.
ra mais lentamente as transformações, tem maior vocação A formalidade de tratamento vincula-se, também, à
para a permanência, e vale-se apenas de si mesma para necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a ad-
comunicar. ministração federal é una, é natural que as comunicações
A língua escrita, como a falada, compreende diferentes que expede sigam um mesmo padrão. O estabelecimento
níveis, de acordo com o uso que dela se faça. Por exemplo, desse padrão, uma das metas deste Manual, exige que se
em uma carta a um amigo, podemos nos valer de deter- atente para todas as características da redação oficial e que
minado padrão de linguagem que incorpore expressões se cuide, ainda, da apresentação dos textos.
extremamente pessoais ou coloquiais; em um parecer ju- A clareza datilográfica, o uso de papéis uniformes para
rídico, não se há de estranhar a presença do vocabulário o texto definitivo e a correta diagramação do texto são in-
técnico correspondente. Nos dois casos, há um padrão de dispensáveis para a padronização.
linguagem que atende ao uso que se faz da língua, a finali-
dade com que a empregamos. 4. Concisão e Clareza
O mesmo ocorre com os textos oficiais: por seu caráter
impessoal, por sua finalidade de informar com o máximo A concisão é antes uma qualidade do que uma carac-
de clareza e concisão, eles requerem o uso do padrão culto terística do texto oficial. Conciso é o texto que consegue
da língua. Há consenso de que o padrão culto é aquele em transmitir um máximo de informações com um mínimo de
que a) se observam as regras da gramática formal, e b) se palavras. Para que se redija com essa qualidade, é funda-
emprega um vocabulário comum ao conjunto dos usuários mental que se tenha, além de conhecimento do assunto
do idioma. É importante ressaltar que a obrigatoriedade do sobre o qual se escreve, o necessário tempo para revisar o
uso do padrão culto na redação oficial decorre do fato de texto depois de pronto. É nessa releitura que muitas vezes
que ele está acima das diferenças lexicais, morfológicas ou se percebem eventuais redundâncias ou repetições desne-
sintáticas regionais, dos modismos vocabulares, das idios- cessárias de ideias.
sincrasias linguísticas, permitindo, por essa razão, que se O esforço de sermos concisos atende, basicamente,
atinja a pretendida compreensão por todos os cidadãos. ao princípio de economia linguística, à mencionada fór-
Lembre-se de que o padrão culto nada tem contra a simpli- mula de empregar o mínimo de palavras para informar o
LÍNGUA PORTUGUESA

cidade de expressão, desde que não seja confundida com máximo. Não se deve de forma alguma entendê-la como
pobreza de expressão. De nenhuma forma o uso do padrão economia de pensamento, isto é, não se devem eliminar
culto implica emprego de linguagem rebuscada, nem dos passagens substanciais do texto no afã de reduzi-lo em ta-
contorcionismos sintáticos e figuras de linguagem próprios manho. Trata-se exclusivamente de cortar palavras inúteis,
da língua literária. redundâncias, passagens que nada acrescentem ao que já
Pode-se concluir, então, que não existe propriamente foi dito.
um “padrão oficial de linguagem”; o que há é o uso do Procure perceber certa hierarquia de ideias que existe
padrão culto nos atos e comunicações oficiais. É claro que em todo texto de alguma complexidade: ideias fundamen-

67
tais e ideias secundárias. Estas últimas podem esclarecer o 6. Pronomes de Tratamento
sentido daquelas, detalhá-las, exemplificá-las; mas existem
também ideias secundárias que não acrescentam informa- 6.1. Breve História dos Pronomes de Tratamento
ção alguma ao texto, nem têm maior relação com as funda-
mentais, podendo, por isso, ser dispensadas. O uso de pronomes e locuções pronominais de trata-
A clareza deve ser a qualidade básica de todo texto ofi- mento tem larga tradição na língua portuguesa. De acor-
cial. Pode-se definir como claro aquele texto que possibilita do com Said Ali, após serem incorporados ao português
imediata compreensão pelo leitor. No entanto, a clareza os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento direto da
não é algo que se atinja por si só: ela depende estritamente pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou-
das demais características da redação oficial. Para ela con- -se a empregar, como expediente linguístico de distinção
correm: e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento
a) a impessoalidade, que evita a duplicidade de inter- de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor: “Ou-
pretações que poderia decorrer de um tratamento tro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que
personalista dado ao texto; se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente
da pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim
b) o uso do padrão culto de linguagem, em princípio, de aproximavam-se os vassalos de seu rei com o tratamento
entendimento geral e por definição avesso a vocábu- de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou-se o trata-
los de circulação restrita, como a gíria e o jargão; mento ducal de vossa excelência e adotaram-se na hierar-
c) a formalidade e a padronização, que possibilitam a quia eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa
imprescindível uniformidade dos textos; eminência, vossa santidade.”
d) a concisão, que faz desaparecer do texto os excessos A partir do final do século XVI, esse modo de tratamen-
linguísticos que nada lhe acrescentam. to indireto já estava em voga também para os ocupantes
de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosme-
É pela correta observação dessas características que se cê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com
redige com clareza. Contribuirá, ainda, a indispensável re- o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o
leitura de todo texto redigido. A ocorrência, em textos ofi- atual emprego de pronomes de tratamento indireto como
ciais, de trechos obscuros e de erros gramaticais provém, forma de dirigirmo-nos às autoridades civis, militares e
principalmente, da falta da releitura que torna possível sua eclesiásticas.
correção.
Na revisão de um expediente, deve-se avaliar, ainda, 6.2. Concordância com os Pronomes de Tratamento
se ele será de fácil compreensão por seu destinatário. O
que nos parece óbvio pode ser desconhecido por tercei- Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa
ros. O domínio que adquirimos sobre certos assuntos em indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à con-
decorrência de nossa experiência profissional muitas vezes cordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram
faz com que os tomemos como de conhecimento geral, o a segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala,
que nem sempre é verdade. Explicite, desenvolva, esclare- ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância
ça, precise os termos técnicos, o significado das siglas e para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o subs-
abreviações e os conceitos específicos que não possam ser tantivo que integra a locução como seu núcleo sintático:
dispensados. “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência
A revisão atenta exige, necessariamente, tempo. A pres- conhece o assunto”.
sa com que são elaboradas certas comunicações quase Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos
sempre compromete sua clareza. Não se deve proceder à a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pes-
redação de um texto que não seja seguida por sua revisão. soa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa
“Não há assuntos urgentes, há assuntos atrasados”, diz a ... vosso...”). Já quanto aos adjetivos referidos a esses pro-
máxima. Evite-se, pois, o atraso, com sua indesejável reper- nomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da
cussão no redigir. pessoa a que se refere, e não com o substantivo que com-
põe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o
5. As Comunicações Oficiais correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria
deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está
5.1. Introdução atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.

A redação das comunicações oficiais deve, antes de 6.3. Emprego dos Pronomes de Tratamento
LÍNGUA PORTUGUESA

tudo, seguir os preceitos explicitados no Capítulo I, Aspec-


tos Gerais da Redação Oficial. Além disso, há características Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento
específicas de cada tipo de expediente, que serão trata- obedece a secular tradição. São de uso consagrado:
das em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as a) do Poder Executivo;
modalidades de comunicação oficial: o emprego dos pro- Presidente da República;
nomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação Vice-Presidente da República;
do signatário. Ministros de Estado;

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Governadores e Vice-Governadores de Estado e do Dis- Vossa Senhoria é empregado para as demais autorida-
trito Federal; des e para particulares. O vocativo adequado é:
Oficiais-Generais das Forças Armadas; Senhor Fulano de Tal,
Embaixadores; (...)
Secretários-Executivos de Ministérios e demais ocupan- No envelope, deve constar do endereçamento:
tes de cargos de natureza especial; Ao Senhor
Secretários de Estado dos Governos Estaduais; Fulano de Tal
Prefeitos Municipais. Rua ABC, n.º 123
12345-000 – Curitiba. PR
b) do Poder Legislativo: Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado
Deputados Federais e Senadores; o emprego do superlativo ilustríssimo para as autorida-
Ministros do Tribunal de Contas da União; des que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para
Deputados Estaduais e Distritais; particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais; Senhor.
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
Acrescente-se que doutor não é forma de tratamento,
e sim título acadêmico. Evite usá-lo indiscriminadamente.
c) do Poder Judiciário:
Como regra geral, empregue-o apenas em comunicações
Ministros dos Tribunais Superiores;
Membros de Tribunais; dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluí-
Juízes; do curso universitário de doutorado. É costume designar
Auditores da Justiça Militar. por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em
Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Se-
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas nhor confere a desejada formalidade às comunicações.
aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência,
cargo respectivo: empregada, por força da tradição, em comunicações dirigi-
Excelentíssimo Senhor Presidente da República, das a reitores de universidade. Corresponde-lhe o vocativo:
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional, Magnífico Reitor, (...)
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo
Federal. com a hierarquia eclesiástica, são:
Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa.
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...)
Senhor, seguido do cargo respectivo: Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssi-
Senhor Senador, ma, em comunicações aos Cardeais. Corresponde-lhe o
Senhor Juiz, vocativo: Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentís-
Senhor Ministro, simo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...)
Senhor Governador, Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comu-
nicações dirigidas a Arcebispos e Bispos;
No envelope, o endereçamento das comunicações di- Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendís-
rigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a sima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos.
seguinte forma: Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, cléri-
A Sua Excelência o Senhor gos e demais religiosos.
Fulano de Tal
Ministro de Estado da Justiça
7. Fechos para Comunicações
70064-900 – Brasília. DF
O fecho das comunicações oficiais possui, além da fina-
A Sua Excelência o Senhor
Senador Fulano de Tal lidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destina-
Senado Federal tário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados
70165-900 – Brasília. DF foram regulados pela Portaria n.º 1 do Ministério da Justiça,
de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de
A Sua Excelência o Senhor simplificá-los e uniformizá-los, este Manual estabelece o
Fulano de Tal emprego de somente dois fechos diferentes para todas as
Juiz de Direito da 10.ª Vara Cível modalidades de comunicação oficial:
LÍNGUA PORTUGUESA

Rua ABC, n.º 123 a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente


01010-000 – São Paulo. SP da República: Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do trata- quia inferior: Atenciosamente,
mento Digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lis- Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
ta anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tra-
qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida dição próprios, devidamente disciplinados no Manual de
evocação. Redação do Ministério das Relações Exteriores.

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8. Identificação do Signatário Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto
nos casos em que estes estejam organizados em itens ou
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente títulos e subtítulos. Já quando se tratar de mero encami-
da República, todas as demais comunicações oficiais de- nhamento de documentos a estrutura é a seguinte:
vem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, – introdução: deve iniciar com referência ao expedien-
abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação te que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do do-
deve ser a seguinte: cumento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a in-
formação do motivo da comunicação, que é encaminhar,
(espaço para assinatura) indicando a seguir os dados completos do documento
NOME encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto
Chefe da Secretaria-Geral da Presidência da República de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminha-
(espaço para assinatura) do, segundo a seguinte fórmula: “Em resposta ao Aviso n.º
NOME 12, de 1.º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do
Ministro de Estado da Justiça Ofício n.º 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral
de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano
Para evitar equívocos, recomenda-se não deixar a as- de Tal.” Ou “Encaminho, para exame e pronunciamento, a
sinatura em página isolada do expediente. Transfira para anexa cópia do telegrama no 12, de 1.º de fevereiro de 1991,
essa página ao menos a última frase anterior ao fecho. do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a
respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas
9. O Padrão Ofício na região Nordeste.”
– desenvolvimento: se o autor da comunicação dese-
Há três tipos de expedientes que se diferenciam an- jar fazer algum comentário a respeito do documento que
tes pela finalidade do que pela forma: o ofício, o aviso e o encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvi-
memorando. Com o fito de uniformizá-los, pode-se ado- mento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvol-
tar uma diagramação única, que siga o que chamamos de vimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
padrão ofício. f) fecho (v. 2.2. Fechos para Comunicações);
g) assinatura do autor da comunicação; e
h) identificação do signatário (v. 2.3. Identificação do
10. Partes do documento no Padrão Ofício
Signatário).
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as se-
11. Forma de diagramação
guintes partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à se-
órgão que o expede: Exemplos: Mem. 123/2002-MF Aviso
guinte forma de apresentação:
123/2002-SG Of. 123/2002-MME
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas
alinhamento à direita: Exemplo: notas de rodapé;
Brasília, 15 de março de 1991. b) para símbolos não existentes na fonte Times New
Roman poder-se-á utilizar as fontes Symbol e Wing-
c) assunto: resumo do teor do documento Exemplos: dings;
Assunto: Produtividade do órgão em 2002. c) é obrigatório constar a partir da segunda página o
Assunto: Necessidade de aquisição de novos computa- número da página;
dores. d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é impressos em ambas as faces do papel. Neste caso,
dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído as margens esquerda e direita terão as distâncias in-
também o endereço. vertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminha- e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm
mento de documentos, o expediente deve conter a seguin- de distância da margem esquerda;
te estrutura: f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá,
– introdução, que se confunde com o parágrafo de no mínimo, 3,0 cm de largura;
abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5
comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, cm;
LÍNGUA PORTUGUESA

“Tenho o prazer de”, “Cumpre-me informar que”, empregue


a forma direta; O constante neste item aplica-se também à exposição
– desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se de motivos e à mensagem (v. 4. Exposição de Motivos e 5.
o texto contiver mais de uma ideia sobre o assunto, elas Mensagem).
devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as li-
maior clareza à exposição; nhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o
– conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente rea- editor de texto utilizado não comportar tal recurso,
presentada a posição recomendada sobre o assunto. de uma linha em branco;

70
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, su- ministrativo, ou ser empregado para a exposição de pro-
blinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, re- jetos, ideias, diretrizes, etc. a serem adotados por determi-
levo, bordas ou qualquer outra forma de formatação nado setor do serviço público. Sua característica principal
que afete a elegância e a sobriedade do documento; é a agilidade. A tramitação do memorando em qualquer
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em órgão deve pautar-se pela rapidez e pela simplicidade
papel branco. A impressão colorida deve ser usada de procedimentos burocráticos. Para evitar desnecessário
apenas para gráficos e ilustrações; aumento do número de comunicações, os despachos ao
k) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício de- memorando devem ser dados no próprio documento e,
vem ser impressos em papel de tamanho A-4, ou no caso de falta de espaço, em folha de continuação. Esse
seja, 29,7 x 21,0 cm; procedimento permite formar uma espécie de processo
l) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de simplificado, assegurando maior transparência à tomada
arquivo Rich Text nos documentos de texto; de decisões, e permitindo que se historie o andamento da
m) dentro do possível, todos os documentos elabora- matéria tratada no memorando.
dos devem ter o arquivo de texto preservado para
consulta posterior ou aproveitamento de trechos 13.2. Forma e Estrutura
para casos análogos;
n) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos Quanto a sua forma, o memorando segue o modelo do
devem ser formados da seguinte maneira: tipo do padrão ofício, com a diferença de que o seu destinatário
documento + número do documento + palavras- deve ser mencionado pelo cargo que ocupa. Exemplos:
-chaves do conteúdo. Ex.: “Of. 123 - relatório produ- Ao Sr. Chefe do Departamento de Administração
tividade ano 2002” Ao Sr. Subchefe para Assuntos Jurídicos

12. Aviso e Ofício 14. Exposição de Motivos

12.1. Definição e Finalidade 14.1. Definição e Finalidade

Aviso e ofício são modalidades de comunicação oficial Exposição de motivos é o expediente dirigido ao Presi-
praticamente idênticas. A única diferença entre eles é que dente da República ou ao Vice-Presidente para:
o aviso é expedido exclusivamente por Ministros de Esta- a) informá-lo de determinado assunto;
do, para autoridades de mesma hierarquia, ao passo que o b) propor alguma medida; ou
ofício é expedido para e pelas demais autoridades. Ambos c) submeter a sua consideração projeto de ato norma-
têm como finalidade o tratamento de assuntos oficiais pe- tivo.
los órgãos da Administração Pública entre si e, no caso do Em regra, a exposição de motivos é dirigida ao Presi-
ofício, também com particulares. dente da República por um Ministro de Estado. Nos casos
em que o assunto tratado envolva mais de um Ministério,
12.2. Forma e Estrutura a exposição de motivos deverá ser assinada por todos os
Ministros envolvidos, sendo, por essa razão, chamada de
Quanto a sua forma, aviso e ofício seguem o modelo interministerial.
do padrão ofício, com acréscimo do vocativo, que invoca
o destinatário (v. 2.1 Pronomes de Tratamento), seguido de 14.2. Forma e Estrutura
vírgula. Exemplos:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República Formalmente, a exposição de motivos tem a apresenta-
Senhora Ministra ção do padrão ofício (v. 3. O Padrão Ofício).
Senhor Chefe de Gabinete A exposição de motivos, de acordo com sua finalida-
de, apresenta duas formas básicas de estrutura: uma para
Devem constar do cabeçalho ou do rodapé do ofício as aquela que tenha caráter exclusivamente informativo e ou-
seguintes informações do remetente: tra para a que proponha alguma medida ou submeta pro-
– nome do órgão ou setor; jeto de ato normativo.
– endereço postal; No primeiro caso, o da exposição de motivos que sim-
– telefone e endereço de correio eletrônico. plesmente leva algum assunto ao conhecimento do Presi-
dente da República, sua estrutura segue o modelo antes
13. Memorando referido para o padrão ofício. Já a exposição de motivos
que submeta à consideração do Presidente da República
LÍNGUA PORTUGUESA

13.1. Definição e Finalidade a sugestão de alguma medida a ser adotada ou a que lhe
apresente projeto de ato normativo – embora sigam tam-
bém a estrutura do padrão ofício –, além de outros comen-
O memorando é a modalidade de comunicação entre
tários julgados pertinentes por seu autor, devem, obrigato-
unidades administrativas de um mesmo órgão, que podem
riamente, apontar:
estar hierarquicamente em mesmo nível ou em níveis dife-
a) na introdução: o problema que está a reclamar a ado-
rentes. Trata-se, portanto, de uma forma de comunicação
ção da medida ou do ato normativo proposto;
eminentemente interna. Pode ter caráter meramente ad-

71
b) no desenvolvimento: o porquê de ser aquela medida rio do Senado Federal. A razão é que o art. 166 da Consti-
ou aquele ato normativo o ideal para se solucionar tuição impõe a deliberação congressual sobre as leis finan-
o problema, e eventuais alternativas existentes para ceiras em sessão conjunta, mais precisamente, “na forma
equacioná-lo; do regimento comum”. E à frente da Mesa do Congresso
Nacional está o Presidente do Senado Federal (Constitui-
c) na conclusão, novamente, qual medida deve ser to- ção, art. 57, § 5.º), que comanda as sessões conjuntas.
mada, ou qual ato normativo deve ser editado para As mensagens aqui tratadas coroam o processo desen-
solucionar o problema. volvido no âmbito do Poder Executivo, que abrange minu-
Deve, ainda, trazer apenso o formulário de anexo à ex- cioso exame técnico, jurídico e econômico-financeiro das
posição de motivos, devidamente preenchido, de acordo matérias objeto das proposições por elas encaminhadas.
Com o modelo previsto no Anexo II do Decreto n.º 4.176, Tais exames materializam-se em pareceres dos diversos
de 28 de março de 2002. órgãos interessados no assunto das proposições, entre eles
Ao elaborar uma exposição de motivos, tenha presente o da Advocacia-Geral da União. Mas, na origem das pro-
que a atenção aos requisitos básicos da redação oficial (cla- postas, as análises necessárias constam da exposição de
reza, concisão, impessoalidade, formalidade, padronização motivos do órgão onde se geraram (v. 3.1. Exposição de
e uso do padrão culto de linguagem) deve ser redobrada. Motivos) – exposição que acompanhará, por cópia, a men-
A exposição de motivos é a principal modalidade de sagem de encaminhamento ao Congresso.
comunicação dirigida ao Presidente da República pelos Mi- b) encaminhamento de medida provisória.
nistros. Para dar cumprimento ao disposto no art. 62 da Cons-
Além disso, pode, em certos casos, ser encaminhada tituição, o Presidente da República encaminha mensagem
cópia ao Congresso Nacional ou ao Poder Judiciário ou, ao Congresso, dirigida a seus membros, com aviso para o
ainda, ser publicada no Diário Oficial da União, no todo ou Primeiro Secretário do Senado Federal, juntando cópia da
em parte. medida provisória, autenticada pela Coordenação de Do-
cumentação da Presidência da República.
15. Mensagem c) indicação de autoridades.
As mensagens que submetem ao Senado Federal a in-
15.1. Definição e Finalidade dicação de pessoas para ocuparem determinados cargos
(magistrados dos Tribunais Superiores, Ministros do TCU,
É o instrumento de comunicação oficial entre os Chefes Presidentes e Diretores do Banco Central, Procurador-Ge-
dos Poderes Públicos, notadamente as mensagens envia- ral da República, Chefes de Missão Diplomática, etc.) têm
das pelo Chefe do Poder Executivo ao Poder Legislativo em vista que a Constituição, no seu art. 52, incisos III e IV,
para informar sobre fato da Administração Pública; expor o atribui àquela Casa do Congresso Nacional competência
plano de governo por ocasião da abertura de sessão legis- privativa para aprovar a indicação.
lativa; submeter ao Congresso Nacional matérias que de- O curriculum vitae do indicado, devidamente assinado,
pendem de deliberação de suas Casas; apresentar veto; en- acompanha a mensagem.
fim, fazer e agradecer comunicações de tudo quanto seja d) pedido de autorização para o Presidente ou o Vice-
de interesse dos poderes públicos e da Nação. -Presidente da República se ausentar do País por mais de
Minuta de mensagem pode ser encaminhada pelos Mi- 15 dias.
nistérios à Presidência da República, a cujas assessorias ca- Trata-se de exigência constitucional (Constituição, art.
berá a redação final. 49, III, e 83), e a autorização é da competência privativa do
As mensagens mais usuais do Poder Executivo ao Con- Congresso Nacional.
gresso Nacional têm as seguintes finalidades: O Presidente da República, tradicionalmente, por cor-
a) encaminhamento de projeto de lei ordinária, comple- tesia, quando a ausência é por prazo inferior a 15 dias, faz
mentar ou financeira. Os projetos de lei ordinária ou com- uma comunicação a cada Casa do Congresso, enviando-
plementar são enviados em regime normal (Constituição, -lhes mensagens idênticas.
art. 61) ou de urgência (Constituição, art. 64, §§ 1.º a 4.º). e) encaminhamento de atos de concessão e renovação
Cabe lembrar que o projeto pode ser encaminhado sob o de concessão de emissoras de rádio e TV.
regime normal e mais tarde ser objeto de nova mensagem, A obrigação de submeter tais atos à apreciação do Con-
com solicitação de urgência. gresso Nacional consta no inciso XII do artigo 49 da Cons-
Em ambos os casos, a mensagem se dirige aos Mem- tituição. Somente produzirão efeitos legais a outorga ou
bros do Congresso Nacional, mas é encaminhada com avi- renovação da concessão após deliberação do Congresso
LÍNGUA PORTUGUESA

so do Chefe da Casa Civil da Presidência da República ao Nacional (Constituição, art. 223, § 3.º). Descabe pedir na
Primeiro Secretário da Câmara dos Deputados, para que mensagem a urgência prevista no art. 64 da Constituição,
tenha início sua tramitação (Constituição, art. 64, caput). porquanto o § 1.º do art. 223 já define o prazo da trami-
Quanto aos projetos de lei financeira (que compreen- tação.
dem plano plurianual, diretrizes orçamentárias, orçamentos Além do ato de outorga ou renovação, acompanha a
anuais e créditos adicionais), as mensagens de encaminha- mensagem o correspondente processo administrativo.
mento dirigem-se aos Membros do Congresso Nacional, e f) encaminhamento das contas referentes ao exercício
os respectivos avisos são endereçados ao Primeiro Secretá- anterior.

72
O Presidente da República tem o prazo de sessenta – proposta de modificação de projetos de leis financei-
dias após a abertura da sessão legislativa para enviar ao ras (Constituição, art. 166, § 5.º);
Congresso Nacional as contas referentes ao exercício an-
terior (Constituição, art. 84, XXIV), para exame e parecer da – pedido de autorização para utilizar recursos que fi-
Comissão Mista permanente (Constituição, art. 166, § 1.º), carem sem despesas correspondentes, em decorrência de
sob pena de a Câmara dos Deputados realizar a tomada de veto, emenda ou rejeição do projeto de lei orçamentária
contas (Constituição, art. 51, II), em procedimento discipli- anual (Constituição, art. 166, § 8.º);
nado no art. 215 do seu Regimento Interno. – pedido de autorização para alienar ou conceder terras
g) mensagem de abertura da sessão legislativa. públicas com área superior a 2.500 ha (Constituição, art.
Ela deve conter o plano de governo, exposição sobre 188, § 1.º); etc.
a situação do País e solicitação de providências que julgar
necessárias (Constituição, art. 84, XI). 5.2. Forma e Estrutura
O portador da mensagem é o Chefe da Casa Civil da
Presidência da República. Esta mensagem difere das de- As mensagens contêm:
mais porque vai encadernada e é distribuída a todos os a) a indicação do tipo de expediente e de seu número,
Congressistas em forma de livro. horizontalmente, no início da margem esquerda:
h) comunicação de sanção (com restituição de autógra- Mensagem n.º
fos).
Esta mensagem é dirigida aos Membros do Congresso b) vocativo, de acordo com o pronome de tratamento e
Nacional, encaminhada por Aviso ao Primeiro Secretário da o cargo do destinatário, horizontalmente, no início da mar-
Casa onde se originaram os autógrafos. Nela se informa gem esquerda;
o número que tomou a lei e se restituem dois exemplares Excelentíssimo Senhor Presidente do Senado Federal,
dos três autógrafos recebidos, nos quais o Presidente da
República terá aposto o despacho de sanção. c) o texto, iniciando a 2 cm do vocativo;
i) comunicação de veto. d) o local e a data, verticalmente a 2 cm do final do
Dirigida ao Presidente do Senado Federal (Constituição, texto, e horizontalmente fazendo coincidir seu final com a
art. 66, § 1.º), a mensagem informa sobre a decisão de ve- margem direita.
tar, se o veto é parcial, quais as disposições vetadas, e as A mensagem, como os demais atos assinados pelo Pre-
razões do veto. Seu texto vai publicado na íntegra no Diário sidente da República, não traz identificação de seu signa-
Oficial da União (v. 4.2. Forma e Estrutura), ao contrário das tário.
demais mensagens, cuja publicação se restringe à notícia
do seu envio ao Poder Legislativo. 16. Telegrama
j) outras mensagens.
Também são remetidas ao Legislativo com regular fre- 16.1. Definição e Finalidade
quência mensagens com:
– encaminhamento de atos internacionais que acarre- Com o fito de uniformizar a terminologia e simplificar
tam encargos ou compromissos gravosos (Constituição, os procedimentos burocráticos, passa a receber o título de
art. 49, I); telegrama toda comunicação oficial expedida por meio de
– pedido de estabelecimento de alíquotas aplicáveis telegrafia, telex, etc.
às operações e prestações interestaduais e de exportação Por tratar-se de forma de comunicação dispendiosa aos
(Constituição, art. 155, § 2.º, IV); cofres públicos e tecnologicamente superada, deve restrin-
– proposta de fixação de limites globais para o montan- gir-se o uso do telegrama apenas àquelas situações que
te da dívida consolidada (Constituição, art. 52, VI); não seja possível o uso de correio eletrônico ou fax e que
– pedido de autorização para operações financeiras ex- a urgência justifique sua utilização e, também em razão de
ternas (Constituição, art. 52, V); e outros. seu custo elevado, esta forma de comunicação deve pau-
Entre as mensagens menos comuns estão as de: tar-se pela concisão (v. 1.4. Concisão e Clareza).
– convocação extraordinária do Congresso Nacional
(Constituição, art. 57, § 6.º); 16.2. Forma e Estrutura
– pedido de autorização para exonerar o Procurador-
-Geral da República (art. 52, XI, e 128, § 2.º); Não há padrão rígido, devendo-se seguir a forma e
– pedido de autorização para declarar guerra e decretar a estrutura dos formulários disponíveis nas agências dos
mobilização nacional (Constituição, art. 84, XIX); Correios e em seu sítio na Internet.
– pedido de autorização ou referendo para celebrar a
LÍNGUA PORTUGUESA

paz (Constituição, art. 84, XX); 17. Fax


– justificativa para decretação do estado de defesa ou
de sua prorrogação (Constituição, art. 136, § 4.º); 17.1. Definição e Finalidade
– pedido de autorização para decretar o estado de sítio
(Constituição, art. 137); O fax (forma abreviada já consagrada de fac-símile) é
– relato das medidas praticadas na vigência do esta- uma forma de comunicação que está sendo menos usada
do de sítio ou de defesa (Constituição, art. 141, parágrafo devido ao desenvolvimento da Internet. É utilizado para a
único); transmissão de mensagens urgentes e para o envio ante-

73
cipado de documentos, de cujo conhecimento há premên-
cia, quando não há condições de envio do documento por ELEMENTOS DE ORTOGRAFIA E GRAMÁTICA
meio eletrônico. Quando necessário o original, ele segue
posteriormente pela via e na forma de praxe.
Se necessário o arquivamento, deve-se fazê-lo com có-
pia xerox do fax e não com o próprio fax, cujo papel, em 1. Problemas de Construção de Frases
certos modelos, deteriora-se rapidamente.
A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas,
17.2. Forma e Estrutura principalmente, pela construção adequada da frase, “a me-
nor unidade autônoma da comunicação”, na definição de
Os documentos enviados por fax mantêm a forma e a Celso Pedro Luft.
estrutura que lhes são inerentes. A função essencial da frase é desempenhada pelo pre-
É conveniente o envio, juntamente com o documento
dicado, que, para Adriano da Gama Kury, pode ser entendi-
principal, de folha de rosto e de pequeno formulário com os
do como “a enunciação pura de um fato qualquer”. Sempre
dados de identificação da mensagem a ser enviada, confor-
que a frase possuir pelo menos um verbo, recebe o nome
me exemplo a seguir:
de período, que terá tantas orações quantos forem os ver-
[Órgão Expedidor] bos não auxiliares que o constituem.
[setor do órgão expedidor] Outra função relevante é a do sujeito – mas não indis-
[endereço do órgão expedidor] pensável, pois há orações sem sujeito, ditas impessoais –,
Destinatário:____________________________________ de quem se diz algo, cujo núcleo é sempre um substantivo.
No do fax de destino:_______________ Data:___/___/___ Sempre que o verbo o exigir, teremos nas orações substan-
Remetente: ____________________________________ tivos (nomes ou pronomes) que desempenham a função
Tel. p/ contato:____________ Fax/correio eletrônico:____ de complementos (objetos direto e indireto, predicativo e
No de páginas: ________No do documento:____________ complemento adverbial). Função acessória desempenham
os adjuntos adverbiais, que vêm geralmente ao final da
Observações:___________________________________ oração, mas que podem ser ou intercalados aos elementos
que desempenham as outras funções, ou deslocados para
18. Correio Eletrônico o início da oração.
Temos, assim, a seguinte ordem de colocação dos ele-
18.1 Definição e finalidade mentos que compõem uma oração (Observação: os parên-
teses indicam os elementos que podem não ocorrer):
O correio eletrônico (“e-mail”), por seu baixo custo e
celeridade, transformou-se na principal forma de comuni- (sujeito) - verbo - (complementos) - (adjunto adverbial).
cação para transmissão de documentos.
Podem ser identificados seis padrões básicos para as
18.2. Forma e Estrutura orações pessoais (isto é, com sujeito) na língua portuguesa
(a função que vem entre parênteses é facultativa e pode
Um dos atrativos de comunicação por correio eletrô- ocorrer em ordem diversa):
nico é sua flexibilidade. Assim, não interessa definir forma
rígida para sua estrutura. Entretanto, deve-se evitar o uso
1. Sujeito - verbo intransitivo - (Adjunto Adverbial)
de linguagem incompatível com uma comunicação oficial
O Presidente - regressou - (ontem).
(v. 1.2 A Linguagem dos Atos e Comunicações Oficiais).
O campo assunto do formulário de correio eletrônico
deve ser preenchido de modo a facilitar a organização do- 2. Sujeito - verbo transitivo direto - objeto direto - (ad-
cumental tanto do destinatário quanto do remetente. junto adverbial)
Para os arquivos anexados à mensagem deve ser utili- O Chefe da Divisão - assinou - o termo de posse - (na
zado, preferencialmente, o formato Rich Text. A mensagem manhã de terça-feira).
que encaminha algum arquivo deve trazer informações mí-
nimas sobre seu conteúdo. 3. Sujeito - verbo transitivo indireto - objeto indireto -
Sempre que disponível, deve-se utilizar recurso de con- (adjunto adverbial).
firmação de leitura. Caso não seja disponível, deve constar O Brasil - precisa - de gente honesta - (em todos os se-
da mensagem pedido de confirmação de recebimento. tores).
LÍNGUA PORTUGUESA

18.3 Valor documental 4. Sujeito - verbo transitivo direto e indireto - obj. direto
- obj. indireto - (adj. Adv.)
Nos termos da legislação em vigor, para que a mensa- Os desempregados - entregaram - suas reivindicações -
gem de correio eletrônico tenha valor documental, e para ao Deputado - (no Congresso).
que possa ser aceito como documento original, é neces-
sário existir certificação digital que ateste a identidade do 5. Sujeito - verbo transitivo indireto - complemento ad-
remetente, na forma estabelecida em lei. verbial - (adjunto adverbial)

74
A reunião do Grupo de Trabalho - ocorrerá - em Buenos Exemplo:
Aires - (na próxima semana).
O Presidente - voltou - da Europa - (na sexta-feira) Errado: O programa recebeu a aprovação do Congresso
6. Sujeito - verbo de ligação - predicativo - (adjunto Nacional. Depois de ser longamente debatido.
adverbial) Certo: O programa recebeu a aprovação do Congresso
O problema - será - resolvido - prontamente. Nacional, depois de ser longamente debatido.
Certo: Depois de ser longamente debatido, o programa
Estes seriam os padrões básicos para as orações, ou recebeu a aprovação do Congresso Nacional.
seja, as frases que possuem apenas um verbo conjugado.
Na construção de períodos, as várias funções podem ocor- Errado: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
rer em ordem inversa à mencionada, misturando-se e con- metido ao Presidente da República, que o aprovou. Consul-
fundindo-se. Não interessa aqui análise exaustiva de todos tadas as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
os padrões existentes na língua portuguesa. O que importa Certo: O projeto de Convenção foi oportunamente sub-
é fixar a ordem normal dos elementos nesses seis padrões metido ao Presidente da República, que o aprovou, consulta-
básicos. Acrescente-se que períodos mais complexos, com- das as áreas envolvidas na elaboração do texto legal.
postos por duas ou mais orações, em geral podem ser re-
duzidos aos padrões básicos (de que derivam). 4. Erros de Paralelismo
Os problemas mais frequentemente encontrados na
construção de frases dizem respeito à má pontuação, à Uma das convenções estabelecidas na linguagem es-
ambiguidade da ideia expressa, à elaboração de falsos pa- crita “consiste em apresentar ideias similares numa forma
ralelismos, erros de comparação, etc. Decorrem, em geral, gramatical idêntica”, o que se chama de paralelismo. Assim,
do desconhecimento da ordem das palavras na frase. In- incorre-se em erro ao conferir forma não paralela a ele-
dicam-se, a seguir, alguns desses defeitos mais comuns e mentos paralelos. Vejamos alguns exemplos:
recorrentes na construção de frases, registrados em docu-
Errado: Pelo aviso circular recomendou-se aos Ministé-
mentos oficiais.
rios economizar energia e que elaborassem planos de redu-
ção de despesas.
2. Sujeito
Na frase temos, nas duas orações subordinadas que
Como dito, o sujeito é o ser de quem se fala ou que
completam o sentido da principal, duas estruturas diferen-
executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter comple-
tes para ideias equivalentes: a primeira oração (economizar
mento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, energia) é reduzida de infinitivo, enquanto a segunda (que
portanto, construções como: elaborassem planos de redução de despesas) é uma oração
desenvolvida introduzida pela conjunção integrante que.
Errado: É tempo do Congresso votar a emenda. Há mais de uma possibilidade de escrevê-la com clareza e
Certo: É tempo de o Congresso votar a emenda. correção; uma seria a de apresentar as duas orações subor-
dinadas como desenvolvidas, introduzidas pela conjunção
Errado: Apesar das relações entre os países estarem cor- integrante que:
tadas, (...).
Certo: Apesar de as relações entre os países estarem cor- Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
tadas, (...). rios que economizassem energia e (que) elaborassem planos
para redução de despesas.
Errado: Não vejo mal no Governo proceder assim.
Certo: Não vejo mal em o Governo proceder assim. Outra possibilidade: as duas orações são apresentadas
como reduzidas de infinitivo:
Errado: Antes destes requisitos serem cumpridos, (...). Certo: Pelo aviso circular, recomendou-se aos Ministé-
Certo: Antes de estes requisitos serem cumpridos, (...). rios economizar energia e elaborar planos para redução de
despesas.
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo,
(...). Nas duas correções respeita-se a estrutura paralela na
Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo, coordenação de orações subordinadas.
(...). Mais um exemplo de frase inaceitável na língua escrita
culta:
LÍNGUA PORTUGUESA

3. Frases Fragmentadas Errado: No discurso de posse, mostrou determinação,


não ser inseguro, inteligência e ter ambição.
A fragmentação de frases “consiste em pontuar uma
oração subordinada ou uma simples locução como se fosse O problema aqui decorre de coordenar palavras (subs-
uma frase completa”. Decorre da pontuação errada de uma tantivos) com orações (reduzidas de infinitivo).
frase simples. Embora seja usada como recurso estilístico Para tornar a frase clara e correta, pode-se optar ou por
na literatura, a fragmentação de frases deve ser evitada nos transformá-la em frase simples, substituindo as orações re-
textos oficiais, pois muitas vezes dificulta a compreensão. duzidas por substantivos:

75
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, se- Certo: O alcance do Decreto é diferente do alcance da
gurança, inteligência e ambição. Portaria.
Certo: O alcance do Decreto é diferente do da Portaria.
Atentemos, ainda, para o problema inverso, o falso pa-
ralelismo, que ocorre ao se dar forma paralela (equivalente) Errado: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
a ideias de hierarquia diferente ou, ainda, ao se apresentar, do que os Ministérios do Governo.
de forma paralela, estruturas sintáticas distintas: No exemplo acima, a omissão da palavra “outros” (ou
Errado: O Presidente visitou Paris, Bonn, Roma e o Papa. “demais”) acarretou imprecisão:
Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
Nesta frase, colocou-se em um mesmo nível cidades do que os outros Ministérios do Governo.
(Paris, Bonn, Roma) e uma pessoa (o Papa). Uma possibili- Certo: O Ministério da Educação dispõe de mais verbas
dade de correção é transformá-la em duas frases simples, do que os demais Ministérios do Governo.
com o cuidado de não repetir o verbo da primeira (visitar):
Certo: O Presidente visitou Paris, Bonn e Roma. Nesta 6. Ambiguidade
última capital, encontrou-se com o Papa.
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em
Mencionemos, por fim, o falso paralelismo provocado mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de
pelo uso inadequado da expressão “e que” num período todo texto oficial, deve-se atentar para as construções que
que não contém nenhum “que” anterior. possam gerar equívocos de compreensão.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que A ambiguidade decorre, em geral, da dificuldade de
tem sólida formação acadêmica. identificar a qual palavra se refere um pronome que possui
mais de um antecedente na terceira pessoa. Pode ocorrer
Para corrigir a frase, suprimimos o pronome relativo: com:
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sóli-
A) pronomes pessoais:
da formação acadêmica.
Ambíguo: O Ministro comunicou a seu secretariado que
ele seria exonerado.
Outro exemplo de falso paralelismo com “e que”:
Claro: O Ministro comunicou exoneração dele a seu se-
Errado: Neste momento, não se devem adotar medidas
cretariado.
precipitadas, e que comprometam o andamento de todo o
Ou então, caso o entendimento seja outro:
programa.
Claro: O Ministro comunicou a seu secretariado a exo-
Da mesma forma com que corrigimos o exemplo ante-
neração deste.
rior, aqui podemos suprimir a conjunção:
Certo: Neste momento, não se devem adotar medidas B) pronomes possessivos e pronomes oblíquos:
precipitadas, que comprometam o andamento de todo o Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da Repúbli-
programa. ca, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Esta-
do, mas isso não o surpreendeu.
5. Erros de Comparação Observe a multiplicidade de ambiguidade no exemplo
acima, a qual torna incompreensível o sentido da frase.
A omissão de certos termos ao fazermos uma compa- Claro: Em seu discurso o Deputado saudou o Presidente
ração, omissão própria da língua falada, deve ser evitada da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção
na língua escrita, pois compromete a clareza do texto: nem federal em seu Estado, o que não surpreendeu o Presidente
sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo da República.
omitido. A ausência indevida de um termo pode impossi-
bilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma C) pronome relativo:
frase: Ambíguo: Roubaram a mesa do gabinete em que eu
costumava trabalhar.
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que Não fica claro se o pronome relativo da segunda oração
um médico. faz referência “à mesa” ou “a gabinete”. Esta ambiguidade
A omissão de termos provocou uma comparação inde- se deve ao pronome relativo “que”, sem marca de gênero.
vida: “o salário de um professor” com “um médico”. A solução é recorrer às formas o qual, a qual, os quais, as
LÍNGUA PORTUGUESA

Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o quais, que marcam gênero e número.
salário de um médico. Claro: Roubaram a mesa do gabinete no qual eu costu-
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o mava trabalhar.
de um médico. Se o entendimento é outro, então:
Claro: Roubaram a mesa do gabinete na qual eu costu-
Errado: O alcance do Decreto é diferente da Portaria. mava trabalhar.
Novamente, a não repetição dos termos comparados
confunde. Alternativas para correção:

76
Há, ainda, outro tipo de ambiguidade, que decorre da 3. (anp – Conhecimento Básico para todos os Cargos
dúvida sobre a que se refere a oração reduzida: – cespe – 2013) Na redação de uma ata, devem-se relatar
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o exaustivamente, com o máximo de detalhamento possível,
funcionário. incluindo-se os aspectos subjetivos, as discussões, as pro-
Para evitar o tipo de ambiguidade do exemplo acima, postas, as resoluções e as deliberações ocorridas em reu-
deve-se deixar claro qual o sujeito da oração reduzida. niões e eventos que exigem registro.
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este in-
disciplinado. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Ambíguo: Depois de examinar o paciente, uma senhora
Resposta: Errado.
chamou o médico.
Claro: Depois que o médico examinou o paciente, foi Ata é um documento administrativo que tem a finalida-
chamado por uma senhora. de de registrar de modo sucinto a sequência de eventos
de uma reunião ou assembleia de pessoas com um fim
SITE específico. É característica da Ata apresentar um resumo,
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/manual/manual- cronologicamente disposto, de modo infalível, de todo
redpr2aed.pdf o desenrolar da reunião.
(Fonte: https://www.10emtudo.com.br/aula/ensino/a_
redacao_oficial_ata/)
EXERCÍCIOS COMENTADOS 4. (Tribunal de Justiça-se – Técnico Judiciário – cespe
– 2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas direcio-
1. (antaq – Especialista em Regulação de Serviços de nadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso dos fe-
Transportes Aquaviários – superior – cespe – 2014) chos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acordo com
Considerando aspectos estruturais e linguísticos das corres- as hierarquias do destinatário e do remetente.
pondências oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo
com o Manual de Redação da Presidência da República. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade
é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos Resposta: Certo.
públicos. Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es-
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
( ) CERTO ( ) ERRADO para todas as modalidades de comunicação oficial:
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da
Resposta: Errado. República: Respeitosamente,
Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a for- b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar-
ma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, quia inferior: Atenciosamente,
a dignidade é condição primordial para que tais cargos Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi-
públicos sejam ocupados. das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e
Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi- tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual
cial_publicacoes_ver.php?id=2 de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
2. (tribunal de justiça-se – técnico judiciário – Médio 5. (antaq – Especialista em Regulação de Serviços de
– cespe – 2014) Em toda comunicação oficial, exceto nas Transportes Aquaviários – cespe – 2014) Consideran-
direcionadas a autoridades estrangeiras, deve-se fazer uso do aspectos estruturais e linguísticos das correspondências
dos fechos Respeitosamente ou Atenciosamente, de acor-
oficiais, julgue os itens que se seguem, de acordo com o
do com as hierarquias do destinatário e do remetente.
Manual de Redação da Presidência da República.
( ) CERTO ( ) ERRADO O tratamento Digníssimo deve ser empregado para todas
as autoridades do poder público, uma vez que a dignidade
Resposta: Certo. é tida como qualidade inerente aos ocupantes de cargos
Segundo o Manual de Redação Oficial: (...) Manual es- públicos.
tabelece o emprego de somente dois fechos diferentes
para todas as modalidades de comunicação oficial: ( ) CERTO ( ) ERRADO
LÍNGUA PORTUGUESA

A) para autoridades superiores, inclusive o Presidente


da República: Respeitosamente, Resposta: Errado.
B) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierar- Vamos ao Manual: O Manual ainda preceitua que a for-
quia inferior: Atenciosamente, ma de tratamento “Digníssimo” fica abolida (...) afinal, a
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigi- dignidade é condição primordial para que tais cargos
das a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e públicos sejam ocupados.
tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual Fonte: http://www.redacaooficial.com.br/redacao_ofi-
de Redação do Ministério das Relações Exteriores. cial_publicacoes_ver.php?id=2

77
1. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
- VUNESP – 2017) Segundo o texto, são aspectos desfa-
HORA DE PRATICAR! voráveis ao trabalho em espaços abertos compartilhados

(TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO - a) a impossibilidade de cumprir várias tarefas e a restrição
VUNESP – 2017 - ADAPTADA) Leia o texto, para respon- à criatividade.
der às questões de 1 a 7. b) a dificuldade de propor soluções tecnológicas e a trans-
ferência de atividades para o lar.
Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos c) a dispersão e a menor capacidade de conservar conteú-
no setor de tecnologia já tinham feito – ele transferiu sua dos.
equipe para um chamado escritório aberto, sem paredes e d) a distração e a possibilidade de haver colaboração de
divisórias. colegas e chefes.
Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele e) o isolamento na realização das tarefas e a vigilância
queria que todos estivessem juntos, para se conectarem e constante dos chefes.
colaborarem mais facilmente. Mas em pouco tempo ficou
claro que Nagele tinha cometido um grande erro. Todos 2. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove em- - VUNESP – 2017) Assinale a alternativa em que a nova
pregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio chefe. redação dada ao seguinte trecho do primeiro parágrafo
Em abril de 2015, quase três anos após a mudança para apresenta concordância de acordo com a norma-padrão:
o escritório aberto, Nagele transferiu a empresa para um Há quatro anos, Chris Nagele fez o que muitos executivos no
espaço de 900 m² onde hoje todos têm seu próprio espaço, setor de tecnologia já tinham feito.
com portas e tudo.
Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório a) Muitos executivos já havia transferido suas equipes para
aberto – cerca de 70% dos escritórios nos Estados Unidos o chamado escritório aberto, como feito por Chris Na-
são assim – e até onde se sabe poucos retornaram ao mo- gele.
delo de espaços tradicionais com salas e portas. b) Mais de um executivo já tinham transferido suas equipes
Pesquisas, contudo, mostram que podemos perder até para escritórios abertos, o que só aconteceu com Chris
15% da produtividade, desenvolver problemas graves de Nagele fazem mais de quatro anos.
concentração e até ter o dobro de chances de ficar doentes c) O que muitos executivos fizeram, transferindo suas equi-
em espaços de trabalho abertos – fatores que estão contri- pes para escritórios abertos, também foi feito por Chris
buindo para uma reação contra esse tipo de organização. Nagele, faz cerca de quatro anos.
Desde que se mudou para o formato tradicional, Nagele já d) Devem fazer uns quatro anos que Chris Nagele trans-
ouviu colegas do setor de tecnologia dizerem sentir falta feriu sua equipe para escritórios abertos, tais como foi
do estilo de trabalho do escritório fechado. “Muita gente transferido por muitos executivos.
concorda – simplesmente não aguentam o escritório aber- e) Faz exatamente quatro anos que Chris Nagele fez o que
to. Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar já tinham sido feitos por outros executivos do setor.
mais trabalho para casa”, diz ele.
É improvável que o conceito de escritório aberto caia em 3. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
desuso, mas algumas firmas estão seguindo o exemplo de - VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão – até
Nagele e voltando aos espaços privados. então –, em destaque no início do segundo parágrafo, ex-
Há uma boa razão que explica por que todos adoram um pressa um limite, com referência
espaço com quatro paredes e uma porta: foco. A verdade
é que não conseguimos cumprir várias tarefas ao mesmo a) temporal ao momento em que se deu a transferência da
tempo, e pequenas distrações podem desviar nosso foco equipe de Nagele para o escritório aberto.
por até 20 minutos. b) espacial aos escritórios fechados onde trabalhava a
Retemos mais informações quando nos sentamos em um equipe de Nagele antes da mudança para locais abertos.
local fixo, afirma Sally Augustin, psicóloga ambiental e de- c) temporal ao dia em que Nagele decidiu seguir o exem-
sign de interiores. plo de outros executivos, e espacial ao tipo de escritório
(Bryan Borzykowski, “Por que escritórios abertos podem que adotou.
ser ruins para funcionários.” Disponível em:<www1.folha. d) espacial ao caso de sucesso de outros executivos do se-
uol.com.br>. Acesso em: 04.04.2017. Adaptado) tor de tecnologia que aboliram paredes e divisórias.
LÍNGUA PORTUGUESA

e) espacial ao novo tipo de ambiente de trabalho, e tempo-


ral às mudanças favoráveis à integração.

78
4. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO 8. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO
- VUNESP – 2017) É correto afirmar que a expressão – con- - VUNESP – 2017)
tudo –, destacada no quinto parágrafo, estabelece uma re- O problema de São Paulo, dizia o Vinicius, “é que você
lação de sentido com o parágrafo anda, anda, anda e nunca chega a Ipanema”. Se tomarmos
“Ipanema” ao pé da letra, a frase é absurda e cômica. To-
a) anterior, confirmando com estatísticas o sucesso das em- mando “Ipanema” como um símbolo, no entanto, como
presas que adotaram o modelo de escritórios abertos. um exemplo de alívio, promessa de alegria em meio à vida
b) posterior, expondo argumentos favoráveis à adoção do dura da cidade, a frase passa a ser de um triste realismo: o
modelo de escritórios abertos. problema de São Paulo é que você anda, anda, anda e nun-
c) anterior, atestando a eficiência do modelo aberto com ca chega a alívio algum. O Ibirapuera, o parque do Estado,
base em resultados de pesquisas. o Jardim da Luz são uns raros respiros perdidos entre o mar
d) anterior, introduzindo informações que se contrapõem à de asfalto, a floresta de lajes batidas e os Corcovados de
visão positiva acerca dos escritórios abertos. concreto armado.
e) posterior, contestando com dados estatísticos o formato O paulistano, contudo, não é de jogar a toalha – prefere
tradicional de escritório fechado. estendê-la e se deitar em cima, caso lhe concedam dois
metros quadrados de chão. É o que vemos nas avenidas
5. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- abertas aos pedestres, nos fins de semana: basta liberarem
DIO - VUNESP – 2017) Assinale a frase do texto em que um pedacinho do cinza e surgem revoadas de patinado-
se identifica expressão do ponto de vista do próprio autor res, maracatus, big bands, corredores evangélicos, góticos
acerca do assunto de que trata. satanistas, praticantes de ioga, dançarinos de tango, barra-
quinhas de yakissoba e barris de cerveja artesanal.
a) “Nunca se consegue terminar as coisas e é preciso levar Tenho estado atento às agruras e oportunidades da cidade
mais trabalho para casa”, diz ele. (6.º parágrafo). porque, depois de cinco anos vivendo na Granja Viana, vim
b) Inúmeras empresas adotaram o conceito de escritório morar em Higienópolis. Lá em Cotia, no fim da tarde, eu
aberto... (4.º parágrafo). corria em volta de um lago, desviando de patos e assus-
c) Retemos mais informações quando nos sentamos em tando jacus. Agora, aos domingos, corro pela Paulista ou
um local fixo, afirma Sally Augustin... (último parágrafo). Minhocão e, durante a semana, venho testando diferentes
d) Os funcionários, até então, trabalhavam de casa, mas ele percursos.
queria que todos estivessem juntos... (2.º parágrafo). Corri em volta do parque Buenos Aires e do cemitério da
e) É improvável que o conceito de escritório aberto caia em Consolação, ziguezagueei por Santa Cecília e pelas encos-
desuso... (7.º parágrafo). tas do Sumaré, até que, na última terça, sem querer, des-
cobri um insuspeito parque noturno com bastante gente,
6. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO quase nenhum carro e propício a todo tipo de atividades: o
- VUNESP – 2017) Na frase – É improvável que o conceito estacionamento do estádio do Pacaembu.
de escritório aberto caia em desuso... (7.º parágrafo) – a (Antonio Prata. “O paulistano não é de jogar a toa-
expressão em destaque tem o sentido de lha. Prefere estendê-la e deitar em cima.” Disponível
em:<http://www1.folha.uol.com.br/colunas>. Acesso em:
a) sofra censura. 13.04.2017. Adaptado)
b) torne-se obsoleto.
c) mostre-se alterado. É correto afirmar que, do ponto de vista do autor, o pau-
d) mereça sanção. listano
e) seja substituído.
a) busca em Ipanema o contato com a natureza exuberante
7. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ- que não consegue achar em sua cidade.
DIO - VUNESP – 2017) O trecho destacado na passagem b) sabe como vencer a rudeza da paisagem de São Paulo,
– Todos estavam distraídos, a produtividade caiu, e os nove encontrando nesta espaços para o lazer.
empregados estavam insatisfeitos, sem falar do próprio c) se vê impedido de realizar atividades esportivas, no mar
chefe.– tem sentido de: de asfalto que é São Paulo.
d) tem feito críticas à cidade, porque ela não oferece ativi-
a) até mesmo o próprio chefe. dades recreativas a seus habitantes.
b) apesar do próprio chefe. e) toma Ipanema como um símbolo daquilo que se pode
LÍNGUA PORTUGUESA

c) exceto o próprio chefe. alcançar, apesar de muito andar e andar.


d) diante do próprio chefe.
e) portanto o próprio chefe.

79
9. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉDIO 10. (TJ-SP - ESCREVENTE TÉCNICO JUDICIÁRIO – MÉ-
- VUNESP – 2015) DIO - VUNESP – 2015) No final do último parágrafo, a
autora caracteriza a gentileza como “ato de pura desobe-
Ser gentil é um ato de rebeldia. Você sai às ruas e insiste, diência civil”; isso permite deduzir que
briga, luta para se manter gentil. O motorista quase te mata
de susto buzinando e te xingando porque você usou a faixa a) assumir a prática da gentileza é rebelar-se contra códi-
de pedestres quando o sinal estava fechado para ele. Você gos de comportamento vigentes, mesmo que não de-
posta um pensamento gentil nas redes sociais apesar de ler clarados.
dezenas de comentários xenofóbicos, homofóbicos, irôni- b) é inviável, em qualquer época, opor-se às práticas e aos
cos e maldosos sobre tudo e todos. Inclusive você. Afinal, protocolos sociais de relacionamento humano.
você é obviamente um idiota gentil. c) é possível ao sujeito aderir às ideias dos mais fortes, sem
Há teorias evolucionistas que defendem que as sociedades medo de ver atingida sua individualidade, no contexto
com maior número de pessoas altruístas sobreviveram por geral.
mais tempo por serem mais capazes de manter a coesão. d) há, nas sociedades modernas, a constatação de que a
Pesquisadores da atualidade dizem, baseados em estudos, vulnerabilidade de alguns está em ver a felicidade como
que gestos de gentileza liberam substâncias que propor- ato de rebeldia.
cionam prazer e felicidade. e) obedecer às normas sociais gera prazer, ainda que isso
Mas gentileza virou fraqueza. É preciso ser macho pacas signifique seguir rituais de incivilidade e praticar a into-
para ser gentil nos dias de hoje. Só consigo associar a aver- lerância.
são à gentileza à profunda necessidade de ser – ou pare-
cer ser – invencível e bem-sucedido. Nossas fragilidades 11. (EBSERH – ANALISTA ADMINISTRATIVO – ESTATÍS-
seriam uma vergonha social. Um empecilho à carreira, ao TICA – AOCP-2015) Assinale a alternativa correta em rela-
acúmulo de dinheiro. ção à ortografia dos pares.
Não ter tempo para gentilezas é bonito. É justificável diante
da eterna ambivalência humana: queremos ser bons, mas a) Atenção – atenciozo.
temos medo. Não dizer bom-dia significa que você é mui- b) Aprender – aprendizajem.
to importante. Ou muito ocupado. Humilhar os que não c) Simples – simplissidade.
concordam com suas ideias é coisa de gente forte. E que d) Fúria – furiozo.
está do lado certo. Como se houvesse um lado errado. Por- e) Sensação – sensacional.
que, se nenhum de nós abrir a boca, ninguém vai reparar
que no nosso modelo de felicidade tem alguém chorando 12. (BADESC – TÉCNICO DE FOMENTO A – FGV-2010)
ali no canto. Porque ser gentil abala sua autonomia. Enfim, As palavras jeitinho, pesquisa e intrínseco apresentam
ser gentil está fora de moda. Estou sempre fora de moda. diferentes graus de dificuldade ortográfica e estão corre-
Querendo falar de gentileza, imaginem vocês! Pura rebel- tamente grafadas. Assinale a alternativa em que a grafia da
dia. Sair por aí exibindo minhas vulnerabilidades e, em ato palavra sublinhada está igualmente correta.
de pura desobediência civil, esperar alguma cumplicidade.
Deve ser a idade. a) Talvez ele seje um caso de sucesso empresarial.
(Ana Paula Padrão, Gentileza virou fraqueza. Disponível b) A paralização da equipe técnica demorou bastante.
em: <http://www.istoe.com.br>. Acesso em: 27 jan 2015. c) O funcionário reinvindicou suas horas extras.
Adaptado) d) Deve-se expor com clareza a pretenção salarial.
e) O assessor de imprensa recebeu o jornalista.
É correto inferir que, do ponto de vista da autora, a gen-
tileza 13. (LIQUIGÁS – MOTORISTA DE CAMINHÃO GRANEL
I – CESGRANRIO-2018) O grupo em que todas as palavras
a) é prerrogativa dos que querem ter sua importância reco- estão grafadas de acordo com a norma-padrão da língua
nhecida socialmente. portuguesa é:
b) é uma via de mão dupla, por isso não deve ser praticada
se não houver reciprocidade. a) admissão, infração, renovação
c) representa um hábito primitivo, que pouco afeta as rela- b) diversão, excessão, sucessão
ções interpessoais. c) extenção, eleição, informação
d) restringe-se ao gênero masculino, pois este representa d) introdução, repreção, intenção
LÍNGUA PORTUGUESA

os mais fortes. e) transmissão, conceção, omissão


e) é uma qualidade desvalorizada em nossa sociedade nos
dias atuais.

80
14. (MPE-AL - TÉCNICO DO MINISTÉRIO PÚBLICO – a) A dez anos … sub-desenvolvida … por quê … cidadões
FGV-2018) “A crise não trouxe apenas danos sociais e eco- … mau
nômicos”; se juntarmos os adjetivos sublinhados em um só b) Há dez anos … subdesenvolvida … por que … cidadãos
vocábulo, a forma adequada será … mal
c) Fazem dez anos que … subdesenvolvida … porque … ci-
a) sociais-econômicos. dadões … mau
b) social-econômicos. d) São dez anos que … sub desenvolvida … porquê … cida-
c) sociais-econômico. dãos … mal
d) socioeconômicos. e) Faz dez anos que … sub-desenvolvida … porque … cida-
e) socioseconômicos. dães … mau

15. (IBGE – ANALISTA CENSITÁRIO – AGRONOMIA –


18. (PM-SP - TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLI-
FGV-2017) “É preciso levar em conta questões econômi-
CIAL MILITAR – VUNESP-2014) Leia a tira de Hagar, por
cas e sociais”; se juntássemos os adjetivos sublinhados em
Chris Browne, e assinale a alternativa que completa, correta
forma de adjetivo composto, a forma correta, no contexto, e respectivamente, as lacunas, em conformidade com as
seria: regras de ortografia.
a) econômicas-sociais;
b) econômico-social;
c) econômica-social;
d) econômico-sociais;
e) econômicas-social.

16. (PC-RS – ESCRIVÃO E INSPETOR DE POLÍCIA – FUN-


DATEC-2018 - ADAPTADA) Sobre os vocábulos expan-
sível, fácil, considerável, artificial, multiplicável e acessível,
afirma-se que:
I. Todos são flexionados da mesma forma quando no plural. (Folha de S.Paulo, 08.02.2014, http://zip.net/bdmBgf)
II. Apenas um assume forma diferente dos demais quando
a) porque ... por que ... porque ... atraz
flexionado no plural.
b) por que ... por quê ... por que ... atraz
III. Todos devem ser acentuados em sua forma plural.
c) por que ... por que ... porque ... atráz
Quais estão corretas? d) porque ... porquê ... por que ... atrás
e) por que ... por quê ... porque ... atrás
a) Apenas I.
b) Apenas II. 19. (TJ-AL – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FGV-2018)
c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
e) Apenas II e III.

17. (ACADEMIA DE POLÍCIA MILITAR DO BARRO BRAN-


CO-SP – TECNÓLOGO DE ADMINISTRAÇÃO POLICIAL
MILITAR – VUNESP-2010)

__________ moro fora do Brasil. Sou baiana e, cada vez que


volto a Salvador, fico chocada, constrangida e enojada com
essa prática _________ e, _________ não dizer, machista dos
meus conterrâneos – não se veem mulheres fazendo xixi
na rua. Mas, antes de prender os___________, tente encon-
trar um banheiro público em Salvador. Se encontrar, tente
entrar – normalmente estão trancados –, e tente então não
passar __________. Vamos copiar a Europa na proibição, mas A frase do menino na charge – “naum eh verdade” – mostra
LÍNGUA PORTUGUESA

também na infraestrutura. uma característica da linguagem escrita de internautas que


(Seção “Leitor”, Veja, 14.07.2010. Adaptado) é:

Os espaços do texto devem ser preenchidos, correta e res- a) a sintetização exagerada;


pectivamente, com: b) o desrespeito total pela norma culta;
c) a criação de um vocabulário novo;
d) a tentativa de copiar a fala;
e) a grafia sem acentos ou sinais gráficos.

81
20. (TJ-SP – ADVOGADO - VUNESP/2013) a) artigo e pronome.
A Polícia Militar prendeu, nesta semana, um homem de 37 b) artigo e preposição.
anos, acusado de ____________ de drogas e ____________ à avó c) preposição e artigo.
de 74 anos de idade. Ele foi preso em __________ com uma d) pronome e artigo.
pequena quantidade de drogas no bairro Irapuá II, em Flo- e) preposição e pronome.
riano, após várias denúncias de vizinhos. De acordo com o
Comandante do 3.º BPM, o acusado era conhecido na região 24. (IBGE – AGENTE CENSITÁRIO – ADMINISTRATIVO –
pela atuação no crime. FGV-2017)
(www.cidadeverde.com/floriano. Acesso em 23.06.2013.
Adaptado) Texto 1 - “A democracia reclama um jornalismo vigoroso
e independente. A agenda pública é determinada pela im-
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as prensa tradicional. Não há um único assunto relevante que
lacunas do texto devem ser preenchidas, respectivamente, não tenha nascido numa pauta do jornalismo de qualida-
com: de. Alguns formadores de opinião utilizam as redes sociais
para reverberar, multiplicar e cumprem assim relevante pa-
pel mobilizador. Mas o pontapé inicial é sempre das em-
a) tráfico … mal-tratos … flagrante
presas de conteúdo independentes”.
b) tráfego … maltratos … fragrante (O Estado de São Paulo, 10/04/2017)
c) tráfego … maus-trato … flagrante
d) tráfico … maus-tratos … flagrante O texto 1, do Estado de São Paulo, mostra um conjunto de
e) tráfico … mau-trato … fragrante adjetivos sublinhados que poderiam ser substituídos por
21. (CAMAR - CURSO DE ADAPTAÇÃO DE MÉDICOS DA locuções; a substituição abaixo que está adequada é:
AERONÁUTICA PARA O ANO DE 2016) De acordo com
seu significado, o conjunto de características formais e sua a) independente = com dependência;
posição estrutural no interior da oração, as palavras podem b) pública = de publicidade;
pertencer à mesma classe de palavras ou não. Estabeleça a c) relevante = de relevância;
relação correta entre as colunas a seguir considerando tais d) sociais = de associados;
aspectos (considere as palavras em destaque). e) mobilizador = de motivação.
(1) advérbio
(2) pronome 25. (PC-SP - AUXILIAR DE NECROPSIA – VUNESP-2014)
(3) conjunção Considerando que o adjetivo é uma palavra que modifica
(4) substantivo o substantivo, com ele concordando em gênero e núme-
( ) “Não há prisão pior [...]” ro, assinale a alternativa em que a palavra destacada é um
adjetivo.
( ) “O lugar de estudo era isso.”
( ) “E o olho sem se mexer [...]”
a) ... um câncer de boca horroroso, ...
( ) “Ora, se eles enxergavam coisas tão distantes, [...]” b) Ele tem dezesseis anos...
( ) “Emília respondeu com uma pergunta que me espan- c) Eu queria que ele morresse logo, ...
tou.” d) ... com a crueldade adicional de dar esperança às famí-
lias.
A sequência está correta em e) E o inferno não atinge só os terminais.

a) 1 – 4 – 2 – 3 – 2 26. (TRE-AC – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-


b) 2 – 1 – 3 – 3 – 4 TRATIVA – AOCP-2015) Assinale a alternativa cujo “que”
c) 3 – 4 – 1 – 3 – 2 em destaque funciona como pronome relativo.
d) 4 – 2 – 4 – 1 – 3
a) «É uma maneira de expressar a vontade que a gente
22. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) tem. Acho que um voto pode fazer a diferença”.
Assinale a alternativa em que o termo destacado é um pro- b) “Ele diz que vota desde os 18...”.
nome indefinido. c) “Acho que um voto pode fazer a diferença”.
d) “... e acreditam que um voto consciente agora pode in-
fluenciar futuramente na vida de seus filhos e netos”.
a) “Ele não exige fatos...”.
e) “O idoso afirma que sempre incentivou sua família a vo-
b) “Era um ídolo para mim.”.
tar”.
LÍNGUA PORTUGUESA

c) “Discordo dele.”.
d) “... espécie de carinho consigo mesmo.”. 27. (TRF-1.ª Região – ANALISTA JUDICIÁRIO – INFOR-
e) “O bom humor está disponível a todos...”. MÁTICA – FCC- 2014-ADAPTADA) No período O livro
explica os espíritos chamados ‘xapiris’, que os ianomâmis
23. (EBSERH – TÉCNICO EM FARMÁCIA- AOCP-2015) creem serem os únicos capazes de cuidar das pessoas e das
Em “Mas o bom humor de ambos os tornava parecidos.”, coisas, a palavra grifada tem a função de pronome relati-
os termos destacados são, respectivamente, vo, retomando um termo anterior. Do mesmo modo como
ocorre em:

82
a) Os ianomâmis acreditam que os xamãs recebem dos es- Um neurocientista de uma equipe que pesquisa esse as-
píritos chamados “xapiris” a capacidade de cura. sunto afirma que se busca reforçar a ideia de que a memó-
b) Eu queria escrever para os não indígenas não acharem ria não pode ser considerada um papel carbono, ou seja, de
que índio não sabe nada. que ela não reproduz fielmente um acontecimento. “Nossa
c) O branco está preocupado que não chove mais em al- esperança é que, ao propor uma explicação neural para o
guns lugares. processo de geração das falsas memórias, haja aplicações
d) Gravou 15 fitas em que narrou também sua própria tra- práticas nas cortes de justiça, por exemplo”, diz o cientista.
jetória. “Jurados e magistrados precisam de evidências de que, por
e) Não sabia o que me atrapalhava o sono. mais real que aparente ser, um fato recordado por uma
testemunha pode não ser verdadeiro. A memória humana
28. (PETROBRAS – ENGENHEIRO(A) DE MEIO AMBIEN- não é como uma memória de computador, não está certa
TE JÚNIOR – CESGRANRIO-2018) De acordo com as nor- o tempo todo.”
mas da linguagem padrão, a colocação pronominal está O neurocientista relatou que quase três quartos dos pri-
INCORRETA em: meiros 250 americanos que tiveram suas condenações pe-
nais anuladas graças ao exame de DNA haviam sido vítimas
a) Virgínia encontrava-se acamada há semanas. de falso testemunho ocular. Um psicólogo entrevistado
b) A ferida não se curava com os remédios. afirmou que, dependendo de como se conduz uma acarea-
c) A benzedeira usava uma peruca que não favorecia-a. ção, ela pode confundir a pessoa interrogada.
d) Imediatamente lhe deram uma caneta-tinteiro vermelha. Correio Braziliense, 26/7/2013 (com adaptações).
e) Enquanto se rezavam Ave-Marias, a ferida era circunda-
da. O trecho “a memória não pode ser considerada um papel
carbono” poderia ser corretamente reescrita da seguinte
29. (BANESTES – TÉCNICO BANCÁRIO – FGV-2018) A forma: não pode-se considerá-la papel carbono.
frase em que se deveria usar a forma EU em lugar de MIM
é:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Um desejo de minha avó fez de mim um artista;
b) Há muitas diferenças entre mim e a minha futura mulher;
32. (PC-MS – DELEGADO DE POLÍCIA – FAPEMS-2017)
c) Para mim, ver filmes antigos é a maior diversão;
De acordo com os padrões da língua portuguesa, assinale
d) Entre mim viajar ou descansar, prefiro o descanso;
a alternativa correta.
e) Separamo-nos, mas sempre de mim se lembra.
a) A frase: “Ela lhe ama” está correta visto que “amar” se
30. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
classifica como verbo transitivo direto, pois quem ama,
LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018-ADAPTADA) O seg-
ama alguém.
mento em que a substituição do termo sublinhado por um
b) Em: “Sou te fiel”, o pronome oblíquo átono desempenha
pronome pessoal foi feita de forma adequada é:
função sintática de complemento nominal por comple-
mentar o sentido de adjetivos, advérbios ou substanti-
a) “deixou de ser uma ferramenta de sobrevivência” / dei-
vos abstratos, além de constituir emprego de ênclise.
xou de ser-lhe;
c) No exemplo: “Demos a ele todas as oportunidades”, o
b) “podemos definir violência” / podemos defini-la;
termo em destaque pode ser substituído por “Demo
c) “Hoje, esse termo denota, além de agressão física, diver-
lhes” todas as oportunidades”, tendo em vista o empre-
sos tipos de imposição” / denota-los;
go do pronome oblíquo como complemento do verbo.
d) “Consideremos o surgimento das desigualdades” / con-
d) Em: “Não me ..incomodo com esse tipo de barulho”, te.
sideremos-lo;
mos.um clássico emprego de mesóclise.
e) “ao nos referirmos à violência” / ao nos referirmo-la.
e) Na frase: “Alunos, aquietem-se! “, o termo destacado
exemplifica o uso de próclise.
31. (MPU – Conhecimentos Básicos para os Cargos de
11 a 26 – CESPE-2013)
33. (PC-SP - INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VU-
Recordar algo nunca ocorrido é comum e pode acontecer
NESP-2014)
com pessoas de qualquer idade. Muitos indivíduos sequer
percebem que determinadas lembranças foram criadas,
Compras de Natal
LÍNGUA PORTUGUESA

pois as cenas e até os sons evocados pelo cérebro surgem


com a mesma nitidez e o mesmo grau de detalhamento
A cidade deseja ser diferente, escapar às suas fatalidades.
das memórias reais.
__________ de brilhos e cores; sinos que não tocam, balões
De acordo com alguns neurocientistas, quando a pessoa se
que não sobem, anjos e santos que não __________ , estrelas
recorda de uma sequência de eventos, o cérebro reconstrói
que jamais estiveram no céu.
o passado juntando os “tijolos” de dados, mas somente o
As lojas querem ser diferentes, fugir à realidade do ano in-
ato de acessar as lembranças já modifica e distorce a rea-
teiro: enfeitam-se com fitas e flores, neve de algodão de
lidade.

83
vidro, fios de ouro e prata, cetins, luzes, todas as coisas que 37. (TRE-PR – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS-
possam representar beleza e excelência. TRATIVA – FCC-2017) A substituição do elemento subli-
Tudo isso para celebrar um Meninozinho envolto em po- nhado pelo pronome correspondente, com os necessários
bres panos, deitado numas palhas, há cerca de dois mil ajustes no segmento, foi realizada de acordo com a norma
anos, num abrigo de animais, em Belém. padrão em:
(Cecília Meireles, Quatro Vozes. Adaptado)
a) quem considera o amor abstrato = quem lhe considera
De acordo com a norma-padrão da língua portuguesa, as abstrato
lacunas do texto devem ser preenchidas, correta e respec- b) consideram o amor algo ingênuo e pueril = conside-
tivamente, com: ram-lhe algo ingênuo e pueril

c) parece que inviabiliza o amor = parece que inviabiliza-


a) Se enche … movem-se -lhe
b) Se enchem … se movem d) o ressentimento é cego ao amor = o ressentimento lhe
c) Enchem-se … se move é cego
d) Enche-se … move-se e) o amor não vê a hipocrisia = o amor não lhe vê
e) Enche-se … se movem
38. (CÂMARA DE SALVADOR-BA – ASSISTENTE LEGIS-
34. (PC-SP - AGENTE DE POLÍCIA – VUNESP-2013) Assi- LATIVO MUNICIPAL – FGV-2018)
nale a alternativa correta quanto à colocação pronominal,
de acordo com a norma-padrão da língua portuguesa. Texto 1 – Guerra civil
Renato Casagrande, O Globo, 23/11/2017
a) O passageiro ao lado jamais imaginou-se na situação de
ter de procurar a dona de uma bolsa perdida. O 11.º Relatório do Fórum Brasileiro de Segurança Pública,
b) O homem se indignou quando propuseram-lhe que mostrando o crescimento das mortes violentas no Brasil
abrisse a bolsa que encontrara. em 2016, mais uma vez assustou a todos. Foram 61.619
c) Nos sentimos impotentes quando não conseguimos res- pessoas que perderam a vida devido à violência. Outro
tituir um objeto à pessoa que o perdeu. dado relevante é o crescimento da violência em alguns es-
d) Para que se evite perder objetos, recomenda-se que eles tados do Sul e do Sudeste.
sejam sempre trazidos junto ao corpo. Na verdade, todos os anos a imprensa nacional destaca os
e) Em tratando-se de objetos encontrados, há uma tendên- inaceitáveis números da violência no país. Todos se assus-
cia natural das pessoas em devolvê-los a seus donos. tam, o tempo passa, e pouca ação ocorre de fato. Tem sido
assim com o governo federal e boa parte das demais uni-
35. (CONCURSO INTERNO DE SELEÇÃO PARA O CUR- dades da Federação. Agora, com a crise, o argumento é a
SO DE FORMAÇÃO DE SARGENTOS - PM/2014) A frase incapacidade de investimento, mas, mesmo em períodos
– Sem nada ver, o amigo remordia-se no seu canto. – está de economia mais forte, pouco se viu da implementação
corretamente reescrita quanto à flexão verbal, à pontuação de programas estruturantes com o objetivo de enfrentar o
e à colocação pronominal em: crime. Contratação de policiais, aquisição de equipamen-
tos, viaturas e novas tecnologias são medidas essenciais,
a) Se remordia, o amigo, no seu canto, sem que nada visse. mas é preciso ir muito além. Definir metas e alcançá-las,
b) O amigo, sem que nada vesse, se remordia no seu canto. utilizando um bom método de trabalho, deve ser parte de
c) Remordia-se, no seu canto, o amigo, sem que nada visse. um programa bem articulado, que permita o acompanha-
d) Se remordia no seu canto o amigo, sem que nada vesse. mento das ações e que incentive o trabalho integrado en-
tre as forças policiais do estado, da União e das guardas
36. (PM-SP - SOLDADO DE 2.ª CLASSE – VUNESP-2017- municipais.
ADAPTADA) Assinale a alternativa em que o trecho está
reescrito conforme a norma-padrão da língua portuguesa, O segmento do texto 1 em que a conjunção E tem valor
com a expressão destacada substituída pelo pronome cor- adversativo (oposição) e NÃO aditivo (adição) é:
respondente.
a) “...crescimento da violência em alguns estados do Sul e
a) ... o prazer de contar aquelas histórias... → ... o prazer do Sudeste”;
LÍNGUA PORTUGUESA

de contar-nas... b) “Todos se assustam, o tempo passa, e pouca ação de-


b) ... meio século sem escrever livros. → ... meio século sem corre de fato”;
escrevê-los. c) “Tem sido assim com o governo federal e boa parte das
c) ... puxo a mesinha... → ... puxo-lhe... demais unidades da Federação”;
d) ... livro que reúne entrevistas e textos de Ernest He- d) “...viaturas e novas tecnologias”;
mingway... → ... livro que reúne-as... e) “Definir metas e alcançá-las...”.
e) O médico que atendia pacientes... → O médico que lhe
atendia...

84
39. (ALERJ-RJ – ESPECIALISTA LEGISLATIVO – ARQUITE- 42. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO
TURA – FGV-2017) “... implica poder decifrar as referências 33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL MÉDIO
cristãs...”; a forma reduzida sublinhada fica conveniente- – CESPE-2013)
mente substituída por uma oração em forma desenvolvida Uma legislação que tenha hoje 70 anos de vigência entrou
na seguinte opção: em vigor muito antes do lançamento do primeiro compu-
tador pessoal e do início da histórica revolução imposta
a) a possibilidade de decifrar as referências cristãs; pela tecnologia digital. Isso não seria problema se esse não
b) a possibilidade de decifração das referências cristãs; fosse o caso da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT),
c) que se pudessem decifrar as referências cristãs; destinada a regular um dos universos mais impactados por
d) que possamos decifrar as referências cristãs; esta revolução, o das relações trabalhistas.
e) a possibilidade de que decifrássemos as referências cris- Instituída por Getúlio Vargas para outro Brasil — ainda
tãs. agrário, com indústria e serviços incipientes —, a CLT tem
sido defendida por sindicatos em nome da “preservação
dos direitos do trabalhador”.
40. (COMPESA-PE – ANALISTA DE GESTÃO – ADMINIS-
Na vida real, longe das ideologias, a CLT, em função dos
TRADOR – FGV-2018) “... mas já conhecem a brutal reali-
custos que impõe ao empregador, é, na verdade, eficiente
dade dos desaventurados cuja sina é cruzar fronteiras para
instrumento de precarização do próprio trabalhador.
sobreviver.” A forma reduzida de “para sobreviver” pode ser O Globo, Editorial, 22/8/2013 (com adaptações).
nominalizada de forma conveniente na seguinte alternati- A conjunção “se” tem valor condicional na oração em que
va: está inserida.
a) para que sobrevivam.
b) a fim de que sobrevivessem. ( ) CERTO ( ) ERRADO
c) para sua sobrevida.
43. (PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA – FUNDATEC-2018
d) no intuito de sobreviverem.
- ADAPTADA) Observe a frase: “com o governo criando leis
e) para sua sobrevivência.
e começando a punir quem agride o meio ambiente” e avalie
as afirmações seguintes:
41. (MPU – CONHECIMENTOS BÁSICOS PARA O CARGO I. O sujeito das formas verbais criando e começando é o
33 – TÉCNICO ÁREA ADMINISTRATIVA - NÍVEL MÉDIO mesmo.
– CESPE-2013) II. O sujeito de punir é inexistente.
O Ministério Público é fruto do desenvolvimento do estado III. O sujeito de agride é representado pelo pronome inde-
brasileiro e da democracia. A sua história é marcada por finido, portanto, classifica-se como indeterminado.
processos que culminaram na sua formalização institucio- Quais estão corretas?
nal e na ampliação de sua área de atuação.
No período colonial, o Brasil foi orientado pelo direito lusi- a) Apenas I.
tano. Não havia o Ministério Público como instituição. Mas b) Apenas II.
as Ordenações Manuelinas de 1521 e as Ordenações Filipi- c) Apenas III.
nas de 1603 já faziam menção aos promotores de justiça, d) Apenas I e II.
atribuindo a eles o papel de fiscalizar a lei e de promover e) Apenas II e III.
a acusação criminal. Existiam os cargos de procurador dos
feitos da Coroa (defensor da Coroa) e de procurador da 44. (PROCESSO SELETIVO INTERNO DA SECRETARIA
Fazenda (defensor do fisco). DE DEFESA SOCIAL DO ESTADO DE PERNAMBUCO-PE
A Constituição de 1988 faz referência expressa ao Minis- – SARGENTO DA POLÍCIA MILITAR - FM-2010) A frase:
tério Público no capítulo Das Funções Essenciais à Justiça. “Começa vacinação contra gripe A.”, só não está correta-
Define as funções institucionais, as garantias e as vedações mente analisada em:
de seus membros. Isso deu evidência à instituição, tornan-
do-a uma espécie de ouvidoria da sociedade brasileira. a) O sujeito é classificado como simples
Internet: <www.mpu.mp.br> (com adaptações). b) O núcleo do sujeito é vacinação.
c) O verbo é classificado como intransitivo.
d) Vacinação é um substantivo abstrato.
No período “A sua história é marcada por processos que
e) O objeto direto é vacinação contra gripe A.
culminaram”, o termo “que” introduz oração de natureza
restritiva.
45. (TRF-4.ª REGIÃO – TÉCNICO ADMINISTRATIVO –
LÍNGUA PORTUGUESA

ÁREA ADMINISTRATIVA – FCC-2014)


( ) CERTO ( ) ERRADO
No campo da técnica e da ciência, nossa época produz
milagres todos os dias. Mas o progresso moderno tem
amiúde um custo destrutivo, por exemplo, em danos irre-
paráveis à natureza, e nem sempre contribui para reduzir
a pobreza.

85
A pós-modernidade destruiu o mito de que as humanida- 46. (TRF-2.ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA
des humanizam. Não é indubitável aquilo em que acreditam ADMINISTRATIVA – CONSULPLAN-2017)
tantos filósofos otimistas, ou seja, que uma educação libe-
ral, ao alcance de todos, garantiria um futuro de liberdade Internet e as novas mídias: contribuições para a proteção
e igualdade de oportunidades nas democracias modernas. do meio ambiente no ciberespaço
George Steiner, por exemplo, afirma que “bibliotecas, mu-
seus, universidades, centros de investigação por meio dos A sociedade passou por profundas transformações em
quais se transmitem as humanidades e as ciências podem que a realidade socioeconômica modificou-se com rapi-
prosperar nas proximidades dos campos de concentração”. dez junto ao desenvolvimento incessante das economias
“O que o elevado humanismo fez de bom para as massas de massas. Os mecanismos de produção desenvolveram-
oprimidas da comunidade? Que utilidade teve a cultura -se de tal forma a adequarem-se às necessidades e vonta-
quando chegou a barbárie?” des humanas. Contudo, o homem não mediu as possíveis
Numerosos trabalhos procuraram definir as características consequências que tal desenvolvimento pudesse causar
da cultura no contexto da globalização e da extraordinária de modo a provocar o desequilíbrio ao meio ambiente e a
revolução tecnológica. Um deles é o de Gilles Lipovetski e própria ameaça à vida humana.
Jean Serroy, A cultura-mundo. Nele, defende-se a ideia de Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é ques-
uma cultura global − a cultura-mundo − que vem criando, tionada, sendo centro de tomada de decisões, diante da
pela primeira vez na história, denominadores culturais dos grave problemática que ameaça romper com o equilíbrio
quais participam indivíduos dos cinco continentes, aproxi- ecológico do Planeta. E não apenas nos tradicionais meios
mando-os e igualando-os apesar das diferentes tradições de comunicação, tais como jornais impressos, rádio, tele-
e línguas que lhes são próprias. visão, revistas, dentre outros, como também nos espaços
Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio da ima- virtuais de interatividade, por meio das novas mídias, as
gem e do som sobre a palavra, ou seja, com a tela. A in- quais representam novos meios de comunicação, tem-se o
dústria cinematográfica, sobretudo a partir de Hollywood, debate sobre a problemática ambiental.
“globaliza” os filmes, levando-os a todos os países, a todas O capitalismo foi reestruturado e a partir das transforma-
as camadas sociais. Esse processo se acelerou com a cria- ções científicas e tecnológicas deu-se origem a um novo
ção das redes sociais e a universalização da internet. estabelecimento social, em que por meio de redes e da
Tal cultura planetária teria, ainda, desenvolvido um indivi-
cultura da virtualidade, configura-se a chamada sociedade
dualismo extremo em todo o globo. Contudo, a publicida-
informacional, na qual a comunicação e a informação cons-
de e as modas que lançam e impõem os produtos culturais
tituem-se ferramentas essenciais da Era Digital.
em nossos tempos são um obstáculo a indivíduos inde-
As novas mídias, por meio da utilização da Internet, estão
pendentes.
sendo consideradas como novos instrumentos de proteção
O que não está claro é se essa cultura-mundo é cultura em
do meio ambiente, na medida em que proporcionam a ex-
sentido estrito, ou se nos referimos a coisas completamen-
pansão da informação ambiental, de práticas sustentáveis,
te diferentes quando falamos, por um lado, de uma ópera
de Wagner e, por outro, dos filmes de Hitchcock e de John de reivindicações e ensejo de decisões em prol do meio
Ford. ambiente.
A meu ver, a diferença essencial entre a cultura do passa- No ciberespaço, devido à conectividade em tempo real, é
do e o entretenimento de hoje é que os produtos daquela possível promover debates de inúmeras questões como a
pretendiam transcender o tempo presente, continuar vivos construção da hidrelétrica de Belo Monte, o Novo Código
nas gerações futuras, ao passo que os produtos deste são Florestal, Barra Grande, dentre outras, as quais ensejam por
fabricados para serem consumidos no momento e desa- tomada de decisões políticas, jurídicas e sociais. [...]
parecer. Cultura é diversão, e o que não é divertido não é Vislumbra-se que a Internet é um meio que aproxima pes-
cultura. soas e distâncias, sendo utilizada por um número ilimitado
(Adaptado de: VARGAS LLOSA, M. A civilização do espetá- de pessoas, a custo razoável e em tempo real. De fato, a
culo. Rio de Janeiro, Objetiva, 2013, formato ebook) Internet proporciona benefícios, pois, além de promover a
circulação de informações, a curto espaço de tempo, mui-
Possuem os mesmos tipos de complemento os verbos gri- tos debates virtuais produzem manifestações sociais. Assim
fados em: sendo, tem-se a democratização das informações através
dos espaços virtuais, como blogs, websites, redes sociais,
a) ... nossa época produz milagres todos os dias. // ... o jornais virtuais, sites especializados, sites oficiais, dentre
mito de que as humanidades humanizam. outros, de modo a expandir conhecimentos, promover
LÍNGUA PORTUGUESA

b) Essa “cultura de massas” nasce com o predomínio... // discussões e, por vezes, influenciando nas tomadas de de-
Um deles é o de Gilles Lipovetski... cisões dos governantes e na proliferação de movimentos
c) A pós-modernidade destruiu o mito de que... // ... nossa sociais. Desse modo, os cidadãos acabam participando e
época produz milagres todos os dias. exercendo a cidadania de forma democrática no ciberes-
d) Essa cultura de massas nasce com o predomínio... // ... e paço. [...]
nem sempre contribui para... Faz-se necessária a execução de ações concretas em prol
e) ... as ciências podem prosperar nas proximidades... // A do meio ambiente, com adaptação e intermédio do novo
pós-modernidade destruiu o mito de que... padrão de democracia participativa fomentado pelas novas

86
mídias, a fim de enfrentar a gestão dos riscos ambientais, 15 D
dentre outras questões socioambientais. Ainda, são ne-
cessárias discussões aprofundadas sobre a complexidade 16 B
ambiental, agregando a interdisciplinaridade para escolhas 17 B
sustentáveis e na difusão do conhecimento. E, embora haja
18 E
inúmeros desafios a percorrer com a utilização das tecno-
logias de comunicação e informação (novas TIC’s), enten- 19 E
de-se que a atuação das novas mídias é de suma impor- 20 D
tância, pois possibilita a expansão da informação, a práxis
21 A
ambiental, o debate e as aspirações dos cidadãos, contri-
buindo, dessa forma, para a proteção do meio ambiente. 22 E
(SILVA NUNES, Denise. Internet e as novas mídias: contri- 23 A
buições para a proteção do meio ambiente no ciberespa-
ço. In: Âmbito Jurídico, Rio Grande, XVI, n. 115, ago. 2013. 24 C
Disponível em: http://ambito - juridico.com.br/site/?n_ 25 A
link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13051&revista_ca- 26 A
derno=17. Acesso em: jan. 2017. Adaptado.)
Analise os trechos a seguir. 27 D
I. “[...] adequarem-se às necessidades e vontades humanas.” 28 C
(1º§) 29 D
II. “Contudo, o homem não mediu as possíveis consequên-
cias [...]” (1º§) 30 B
III. “Desse modo, a preocupação com o meio ambiente é 31 ERRADO
questionada, [...]” (2º§)
32 B
IV. “[...] por meio das novas mídias, as quais representam
novos meios de comunicação, [...]” (2º§) 33 E
Os verbos que, no contexto, exigem o mesmo tipo de com- 34 D
plemento verbal, foram empregados em apenas
35 C
a) I e II. 36 B
b) I, III e IV. 37 D
c) II e IV.
d) II, III e IV. 38 B
39 D
40 E
41 CERTO
GABARITO 42 CERTO
43 A
1 C 44 E
2 C 45 C
3 A 46 C
4 D
5 E
6 B
7 A
8 B
9 E
LÍNGUA PORTUGUESA

10 A
11 E
12 E
13 A
14 D

87
ANOTAÇÕES

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LÍNGUA PORTUGUESA

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88
ÍNDICE

MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Resolução de problemas envolvendo frações, conjuntos,porcentagens, sequências (com números, com figuras, de pala‐
vras)................................................................................................................................................................................................................................. 01
Raciocínio lógico‐matemático: proposições, conectivos, equivalência e implicação lógica, argumentos válidos.............. 25
número analisado. Este número será definido como
RESOLUÇÃO DE PROBLEMAS ENVOLVEN- antecessor. Seja m um número natural qualquer,
DO FRAÇÕES, CONJUNTOS, PORCENTA- temos que seu antecessor será sempre definido
GENS, SEQUÊNCIAS (COM NÚMEROS, COM como m-1. Para ficar claro, seguem alguns exemplos:
FIGURAS, DE PALAVRAS).
Ex: O antecessor de 2 é 1.
Ex: O antecessor de 56 é 55.
Ex: O antecessor de 10 é 9.
Números Naturais e suas operações fundamen-
tais
FIQUE ATENTO!
1. Definição de Números Naturais O único número natural que não possui ante‐
cessor é o 0 (zero) !
Os números naturais como o próprio nome diz, são os
números que naturalmente aprendemos, quando estamos
iniciando nossa alfabetização. Nesta fase da vida, não esta‐ 1.1. Operações com Números Naturais
mos preocupados com o sinal de um número, mas sim em
encontrar um sistema de contagem para quantificarmos as Agora que conhecemos os números naturais e temos
coisas. Assim, os números naturais são sempre positivos e um sistema numérico, vamos iniciar o aprendizado das
começando por zero e acrescentando sempre uma unida‐ operações matemáticas que podemos fazer com eles. Mui‐
de, obtemos os seguintes elementos: to provavelmente, vocês devem ter ouvido falar das quatro
operações fundamentais da matemática: Adição, Subtra‐
ℕ = 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6, … . ção, Multiplicação e Divisão. Vamos iniciar nossos estudos
com elas:
Sabendo como se constrói os números naturais, pode‐
mos agora definir algumas relações importantes entre eles: Adição: A primeira operação fundamental da Aritmé‐
tica tem por finalidade reunir em um só número, todas as
a) Todo número natural dado tem um sucessor (número unidades de dois ou mais números. Antes de surgir os al‐
que está imediatamente à frente do número dado garismos indo-arábicos, as adições podiam ser realizadas
na seqüência numérica). Seja m um número natural por meio de tábuas de calcular, com o auxílio de pedras ou
qualquer, temos que seu sucessor será sempre por meio de ábacos. Esse método é o mais simples para se
definido como m+1. Para ficar claro, seguem alguns aprender o conceito de adição, veja a figura a seguir:
exemplos:

Ex: O sucessor de 0 é 1.
Ex: O sucessor de 1 é 2.
Ex: O sucessor de 19 é 20.

b) Se um número natural é sucessor de outro, então os


dois números que estão imediatamente ao lado do
outro são considerados como consecutivos. Vejam
os exemplos: Observando a historinha, veja que as unidades (pedras)
foram reunidas após o passeio no quintal. Essa reunião das
Ex: 1 e 2 são números consecutivos. pedras é definida como adição. Simbolicamente, a adição é
Ex: 5 e 6 são números consecutivos. representada pelo símbolo “+” e assim a historinha fica da
Ex: 50 e 51 são números consecutivos. seguinte forma:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

3 2 5
c) Vários números formam uma coleção de números + =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑒𝑔𝑢𝑒𝑖 𝑛𝑜 𝑞𝑢𝑖𝑛𝑡𝑎𝑙 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
naturais consecutivos se o segundo for sucessor do
primeiro, o terceiro for sucessor do segundo, o quarto
for sucessor do terceiro e assim sucessivamente. Como toda operação matemática, a adição possui algu‐
Observe os exemplos a seguir: mas propriedades, que serão apresentadas a seguir:

Ex: 1, 2, 3, 4, 5, 6 e 7 são consecutivos. a) Fechamento: A adição no conjunto dos números


Ex: 5, 6 e 7 são consecutivos. naturais é fechada, pois a soma de dois números
Ex: 50, 51, 52 e 53 são consecutivos. naturais será sempre um número natural.
d) Analogamente a definição de sucessor, podemos
definir o número que vem imediatamente antes ao b) Associativa: A adição no conjunto dos números na‐
turais é associativa, pois na adição de três ou mais

1
parcelas de números naturais quaisquer é possível associar as parcelas de quaisquer modos, ou seja, com três nú‐
meros naturais, somando o primeiro com o segundo e ao resultado obtido somarmos um terceiro, obteremos um
resultado que é igual à soma do primeiro com a soma do segundo e o terceiro. Apresentando isso sob a forma de
números, sejam A,B e C, três números naturais, temos que:
𝐴 + 𝐵 + 𝐶 = 𝐴 + (𝐵 + 𝐶)

c) Elemento neutro: Esta propriedade caracteriza-se pela existência de número que ao participar da operação de adi‐
ção, não altera o resultado final. Este número será o 0 (zero). Seja A, um número natural qualquer, temos que:

𝐴+0 = 𝐴

d) Comutativa: No conjunto dos números naturais, a adição é comutativa, pois a ordem das parcelas não altera a soma,
ou seja, somando a primeira parcela com a segunda parcela, teremos o mesmo resultado que se somando a segunda
parcela com a primeira parcela. Sejam dois números naturais A e B, temos que:

𝐴+𝐵 =𝐵 +𝐴
Subtração: É a operação contrária da adição. Ao invés de reunirmos as unidades de dois números naturais, vamos reti‐
rar uma quantidade de um número. Voltando novamente ao exemplo das pedras:

Observando a historinha, veja que as unidades (pedras) que eu tinha foram separadas. Essa separação das pedras é defini‐
da como subtração. Simbolicamente, a subtração é representada pelo símbolo “-” e assim a historinha fica da seguinte forma:
5 3 2
− =
𝑇𝑖𝑛ℎ𝑎 𝑒𝑚 𝑐𝑎𝑠𝑎 𝑃𝑟𝑒𝑠𝑒𝑛𝑡𝑒 𝑝𝑎𝑟𝑎 𝑜 𝑎𝑚𝑖𝑔𝑜 𝑅𝑒𝑠𝑢𝑙𝑡𝑎𝑑𝑜
A subtração de números naturais também possui suas propriedades, definidas a seguir:

a) Não fechada: A subtração de números naturais não é fechada, pois há um caso onde a subtração de dois números
naturais não resulta em um número natural. Sejam dois números naturais A,B onde A < B, temos que:
A−B< 0
Como os números naturais são positivos, A-B não é um número natural, portanto a subtração não é fechada.

b) Não Associativa: A subtração de números naturais também não é associativa, uma vez que a ordem de resolução é im‐
portante, devemos sempre subtrair o maior do menor. Quando isto não ocorrer, o resultado não será um número natural.
c) Elemento neutro: No caso do elemento neutro, a propriedade irá funcionar se o zero for o termo a ser subtraído do
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

número. Se a operação for inversa, o elemento neutro não vale para os números naturais:
d) Não comutativa: Vale a mesma explicação para a subtração de números naturais não ser associativa. Como a ordem
de resolução importa, não podemos trocar os números de posição

Multiplicação: É a operação que tem por finalidade adicionar o primeiro número denominado multiplicando ou parce‐
la, tantas vezes quantas são as unidades do segundo número denominadas multiplicador. Veja o exemplo:

Ex: Se eu economizar toda semana R$ 6,00, ao final de 5 semanas, quanto eu terei guardado?

Pensando primeiramente em soma, basta eu somar todas as economias semanais:


6 + 6 + 6 + 6 + 6 = 30

2
Quando um mesmo número é somado por ele mesmo repetidas vezes, definimos essa operação como multiplicação. O
símbolo que indica a multiplicação é o “x” e assim a operação fica da seguinte forma:
6+6+6+6+6 6𝑥5
= = 30
𝑆𝑜𝑚𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖𝑑𝑎𝑠 𝑁ú𝑚𝑒𝑟𝑜 𝑚𝑢𝑙𝑡𝑖𝑝𝑙𝑖𝑐𝑎𝑑𝑜 𝑝𝑒𝑙𝑎𝑠 𝑟𝑒𝑝𝑒𝑡𝑖çõ𝑒𝑠

A multiplicação também possui propriedades, que são apresentadas a seguir:

a) Fechamento: A multiplicação é fechada no conjunto dos números naturais, pois realizando o produto de dois ou
mais números naturais, o resultado será um número natural.

b) Associativa: Na multiplicação, podemos associar três ou mais fatores de modos diferentes, pois se multiplicarmos o
primeiro fator com o segundo e depois multiplicarmos por um terceiro número natural, teremos o mesmo resultado
que multiplicar o terceiro pelo produto do primeiro pelo segundo. Sejam os números naturais m,n e p, temos que:
𝑚 𝑥 𝑛 𝑥 𝑝 = 𝑚 𝑥 (𝑛 𝑥 𝑝)

c) Elemento Neutro: No conjunto dos números naturais também existe um elemento neutro para a multiplicação mas
ele não será o zero, pois se não repetirmos a multiplicação nenhuma vez, o resultado será 0. Assim, o elemento neu‐
tro da multiplicação será o número 1. Qualquer que seja o número natural n, tem-se que:
𝑛𝑥1=𝑛

d) Comutativa: Quando multiplicamos dois números naturais quaisquer, a ordem dos fatores não altera o produto, ou
seja, multiplicando o primeiro elemento pelo segundo elemento teremos o mesmo resultado que multiplicando o
segundo elemento pelo primeiro elemento. Sejam os números naturais m e n, temos que:
𝑚𝑥𝑛 = 𝑛𝑥𝑚

e) Prioridade sobre a adição e subtração: Quando se depararem com expressões onde temos diferentes operações
matemática, temos que observar a ordem de resolução das mesmas. Observe o exemplo a seguir:

Ex: 2 + 4 𝑥 3

Se resolvermos a soma primeiro e depois a multiplicação, chegamos em 18.


Se resolvermos a multiplicação primeiro e depois a soma, chegamos em 14. Qual a resposta certa?

A multiplicação tem prioridade sobre a adição, portanto deve ser resolvida primeiro e assim a resposta correta é 14.

FIQUE ATENTO!
Caso haja parênteses na soma, ela tem prioridade sobre a multiplicação. Utilizando o exemplo, temos que: .

(2 + 4)𝐱3 = 6 𝐱 3 = 18 Nesse caso, realiza-se a soma primeiro, pois ela está dentro dos parênteses

f) Propriedade Distributiva: Uma outra forma de resolver o exemplo anterior quando se a soma está entre parênteses
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

é com a propriedade distributiva. Multiplicando um número natural pela soma de dois números naturais, é o mesmo
que multiplicar o fator, por cada uma das parcelas e a seguir adicionar os resultados obtidos. Veja o exemplo:
2 + 4 x 3 = 2x3 + 4x3 = 6 + 12 = 18

Veja que a multiplicação foi distribuída para os dois números do parênteses e o resultado foi o mesmo que do item
anterior.

Divisão: Dados dois números naturais, às vezes necessitamos saber quantas vezes o segundo está contido no primeiro.
O primeiro número é denominado dividendo e o outro número é o divisor. O resultado da divisão é chamado de quociente.
Nem sempre teremos a quantidade exata de vezes que o divisor caberá no dividendo, podendo sobrar algum valor. A esse
valor, iremos dar o nome de resto. Vamos novamente ao exemplo das pedras:

3
Resposta: Letra D: Dado o preço inicial de R$ 1700,00,
basta subtrair a entrada de R$ 500,00, assim: R$ 1700,00-
500,00 = R$ 1200,00. Dividindo esse resultado em 12
prestações, chega-se a R$ 1200,00 : 12 = R$ 100,00

Números Inteiros e suas operações fundamentais

1.1 Definição de Números Inteiros


No caso em particular, conseguimos dividir as 8 pedras
para 4 amigos, ficando cada um deles como 2 unidades e Definimos o conjunto dos números inteiros como a
não restando pedras. Quando a divisão não possui resto, união do conjunto dos números naturais (N = {0, 1, 2, 3,
ela é definida como divisão exata. Caso contrário, se ocor‐ 4,..., n,...}, com o conjunto dos opostos dos números natu‐
rer resto na divisão, como por exemplo, se ao invés de 4 rais, que são definidos como números negativos. Este con‐
fossem 3 amigos: junto é denotado pela letra Z e é escrito da seguinte forma:
ℤ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, 1, 2, 3, 4, … }
Sabendo da definição dos números inteiros, agora é
possível indiciar alguns subconjuntos notáveis:

a) O conjunto dos números inteiros não nulos: São


todos os números inteiros, exceto o zero:
ℤ∗ = {… , −4, −3, −2, −1, 1, 2, 3, 4, … }

Nessa divisão, cada amigo seguiu com suas duas pe‐ b) O conjunto dos números inteiros não negativos: São
dras, porém restaram duas que não puderam ser distribuí‐ todos os inteiros que não são negativos, ou seja, os
das, pois teríamos amigos com quantidades diferentes de números naturais:
pedras. Nesse caso, tivermos a divisão de 8 pedras por 3 ℤ+ = 0, 1, 2, 3, 4, … = ℕ
amigos, resultando em um quociente de 2 e um resto tam‐
bém 2. Assim, definimos que essa divisão não é exata. c) O conjunto dos números inteiros positivos: São
Devido a esse fato, a divisão de números naturais não todos os inteiros não negativos, e neste caso, o zero
é fechada, uma vez que nem todas as divisões são exatas. não pertence ao subconjunto:
Também não será associativa e nem comutativa, já que a ℤ∗+ = 1, 2, 3, 4, …
ordem de resolução importa. As únicas propriedades váli‐
das na divisão são o elemento neutro (que segue sendo 1, d) O conjunto dos números inteiros não positivos: São
desde que ele seja o divisor) e a propriedade distributiva. todos os inteiros não positivos:
ℤ_ = {… , −4, −3, −2, −1, 0, }

FIQUE ATENTO! e) O conjunto dos números inteiros negativos: São


todos os inteiros não positivos, e neste caso, o zero
A divisão tem a mesma ordem de prioridade não pertence ao subconjunto:
de resolução que a multiplicação, assim ambas ℤ∗ _ = {… , −4, −3, −2, −1}
podem ser resolvidas na ordem que aparecem. 1.2 Definições Importantes dos Números inteiros

Módulo: chama-se módulo de um número inteiro a


MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

distância ou afastamento desse número até o zero, na reta


EXERCÍCIO COMENTADO numérica inteira. Representa-se o módulo pelo símbolo | |.
Vejam os exemplos:
1. (Pref. De Bom Retiro – SC) A Loja Berlanda está com
promoção de televisores. Então resolvi comprar um Ex: O módulo de 0 é 0 e indica-se |0| = 0
televisor por R$ 1.700,00. Dei R$ 500,00 de entrada e o Ex: O módulo de +7 é 7 e indica-se |+7| = 7
restante vou pagar em 12 prestações de: Ex: O módulo de –9 é 9 e indica-se |–9| = 9

a) R$ 170,00 a) O módulo de qualquer número inteiro, diferente de


b) R$ 1.200,00 zero, é sempre positivo.
c) R$ 200,00
d) R$ 100,00 Números Opostos: Voltando a definição do inicio do
capítulo, dois números inteiros são ditos opostos um do

4
outro quando apresentam soma zero; assim, os pontos Ex: −8 + +5 = ?
que os representam distam igualmente da origem. Vejam
os exemplos: Usando a regra, temos que:
Ex: O oposto do número 2 é -2, e o oposto de -2 é 2,
pois 2 + (-2) = (-2) + 2 = 0 -8 = Perder 8
Ex: No geral, dizemos que o oposto, ou simétrico, de a +5 = Ganhar 5
é – a, e vice-versa.
Ex: O oposto de zero é o próprio zero. Logo: (Perder 8) + (Ganhar 5) = (Perder 3)

1.3 Operações com Números Inteiros Após a definição de adição de números inteiros, vamos
apresentar algumas de suas propriedades:
Adição: Diferentemente da adição de números natu‐
rais, a adição de números inteiros pode gerar um pouco de a) Fechamento: O conjunto Z é fechado para a adição, isto
confusão ao leito. Para melhor entendimento desta opera‐ é, a soma de dois números inteiros ainda é um número inteiro.
ção, associaremos aos números inteiros positivos o concei‐
to de “ganhar” e aos números inteiros negativos o conceito b) Associativa: Para todos 𝑎, 𝑏, 𝑐 ∈ ℤ :
de “perder”. Vejam os exemplos:
𝑎 + (𝑏 + 𝑐) = (𝑎 + 𝑏) + 𝑐
Ex: (+3) + (+5) = ?
Ex: 2 + (3 + 7) = (2 + 3) + 7
Obviamente, quem conhece a adição convencional,
sabe que este resultado será 8. Vamos ver agora pelo con‐ Comutativa: Para todos a,b em Z:
ceito de “ganhar” e “perder”: a+b=b+a
3+7=7+3
+3 = Ganhar 3
+5 = Ganhar 5 Elemento Neutro: Existe 0 em Z, que adicionado a cada
z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
Logo: (Ganhar 3) + (Ganhar 5) = (Ganhar 8) z+0=z
7+0=7
Ex: (−3) + (−5) = ?
Elemento Oposto: Para todo z em Z, existe (-z) em Z,
Agora é o caso em que temos dois números negativos, tal que
usando o conceito de “ganhar” ou “perder”: z + (–z) = 0
9 + (–9) = 0
-3 = Perder 3
-5 = Perder 5 Subtração de Números Inteiros

Logo: (Perder 3) + (Perder 5) = (Perder 8) A subtração é empregada quando:


- Precisamos tirar uma quantidade de outra quantidade;
Neste caso, estamos somando duas perdas ou dois pre‐ - Temos duas quantidades e queremos saber quanto
juízos, assim o resultado deverá ser uma perda maior. uma delas tem a mais que a outra;
- Temos duas quantidades e queremos saber quanto
E se tivermos um número positivo e um negativo? Va‐ falta a uma delas para atingir a outra.
mos ver os exemplos:
Ex: (+8) + (−5) = ? A subtração é a operação inversa da adição.

Neste caso, temos um ganho de 8 e uma perda de 5, que Observe que: 9 – 5 = 4 4+5=9
naturalmente sabemos que resultará em um ganho de 3:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

diferença
+8 = Ganhar 8 subtraendo
-5 = Perder 5
minuendo
Logo: (Ganhar 8) + (Perder 5) = (Ganhar 3)
Considere as seguintes situações:
Se observarem essa operação, vocês irão perceber que
ela tem o mesmo resultado que 8 − 5 = 3. Basicamente 1- Na segunda-feira, a temperatura de Monte Sião pas‐
ambas são as mesmas operações, sem a presença dos pa‐ sou de +3 graus para +6 graus. Qual foi a variação da tem‐
rênteses e a explicação de como se chegar a essa simplifi‐ peratura?
cação será apresentado nos itens seguintes deste capítulo. Esse fato pode ser representado pela subtração: (+6) –
Agora, e se a perda for maior que o ganho? Veja o
(+3) = +3
exemplo:

5
2- Na terça-feira, a temperatura de Monte Sião, durante (+1) x (-1) = (-1)
o dia, era de +6 graus. À Noite, a temperatura baixou de (-1) x (+1) = (-1)
3 graus. Qual a temperatura registrada na noite de terça‐ (-1) x (-1) = (+1)
-feira?
Esse fato pode ser representado pela adição: (+6) + (–3) Com o uso das regras acima, podemos concluir que:
= +3
Sinais dos números Resultado do produto
Se compararmos as duas igualdades, verificamos que
(+6) – (+3) é o mesmo que (+5) + (–3). Iguais Positivo
Diferentes Negativo
Temos:
(+6) – (+3) = (+6) + (–3) = +3 Propriedades da multiplicação de números inteiros: O
(+3) – (+6) = (+3) + (–6) = –3 conjunto Z é fechado para a multiplicação, isto é, a multipli‐
(–6) – (–3) = (–6) + (+3) = –3 cação de dois números inteiros ainda é um número inteiro.

Daí podemos afirmar: Subtrair dois números inteiros é o Associativa: Para todos a,b,c em Z:
mesmo que adicionar o primeiro com o oposto do segundo. a x (b x c) = (a x b) x c
2 x (3 x 7) = (2 x 3) x 7

Comutativa: Para todos a,b em Z:


EXERCÍCIOS COMENTADOS axb=bxa
1. Calcule: 3x7=7x3

a) (+12) + (–40) ; Elemento neutro: Existe 1 em Z, que multiplicado por


b) (+12) – (–40) todo z em Z, proporciona o próprio z, isto é:
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) zx1=z
7x1=7
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15)
Elemento inverso: Para todo inteiro z diferente de zero,
Resposta: Aplicando as regras de soma e subtração de
existe um inverso z–1=1/z em Z, tal que
inteiros, tem-se que: z x z–1 = z x (1/z) = 1
a) (+12) + (–40) = 12 – 40 = -28 9 x 9–1 = 9 x (1/9) = 1
b) (+12) – (–40) = 12 + 40 = 52
c) (+5) + (–16) – (+9) – (–20) = +5 -16 – 9 + 20 = 25 – 25 = 0 Distributiva: Para todos a,b,c em Z:
d) (–3) – (–6) – (+4) + (–2) + (–15) = -3 + 6 – 4 – 2 – 15 a x (b + c) = (a x b) + (a x c)
= 6 – 24 = -18 3 x (4+5) = (3 x 4) + (3 x 5)

1.5. Divisão de Números Inteiros

1.4. Multiplicação de Números Inteiros

A multiplicação funciona como uma forma simplificada


de uma adição quando os números são repetidos. Podería‐
mos analisar tal situação como o fato de estarmos ganhan‐
do repetidamente alguma quantidade, como por exemplo,
ganhar 1 objeto por 30 vezes consecutivas, significa ganhar Sabemos que na divisão exata dos números naturais:
30 objetos e esta repetição pode ser indicada por um x,
40 : 5 = 8, pois 5 . 8 = 40
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

isto é: 1 + 1 + 1 ... + 1 + 1 = 30 x 1 = 30
Se trocarmos o número 1 pelo número 2, obteremos: 2 36 : 9 = 4, pois 9 . 4 = 36
+ 2 + 2 + ... + 2 + 2 = 30 x 2 = 60
Se trocarmos o número 2 pelo número -2, obteremos: Vamos aplicar esses conhecimentos para estudar a divi‐
(–2) + (–2) + ... + (–2) = 30 x (-2) = –60 são exata de números inteiros. Veja o cálculo:
Observamos que a multiplicação é um caso particular
da adição onde os valores são repetidos. (–20) : (+5) = q  (+5) . q = (–20)  q = (–4)
Logo: (–20) : (+5) = +4
Na multiplicação o produto dos números a e b, pode
ser indicado por a x b, a . b ou ainda ab sem nenhum sinal
Considerando os exemplos dados, concluímos que,
entre as letras. para efetuar a divisão exata de um número inteiro por ou‐
Para realizar a multiplicação de números inteiros, deve‐ tro número inteiro, diferente de zero, dividimos o módulo
mos obedecer à seguinte regra de sinais: do dividendo pelo módulo do divisor. Daí:
(+1) x (+1) = (+1)

6
- Quando o dividendo e o divisor têm o mesmo sinal, Potência de expoente 1: É sempre igual à base. (+9)1 = +9
o quociente é um número inteiro positivo. (–13)1 = –13
- Quando o dividendo e o divisor têm sinais diferentes,
o quociente é um número inteiro negativo. Potência de expoente zero e base diferente de zero:
- A divisão nem sempre pode ser realizada no conjunto É igual a 1. Exemplo: (+14)0 = 1 (–35)0 = 1
Z. Por exemplo, (+7) : (–2) ou (–19) : (–5) são divisões
que não podem ser realizadas em Z, pois o resultado Radiciação de Números Inteiros
não é um número inteiro.
- No conjunto Z, a divisão não é comutativa, não é A raiz n-ésima (de ordem n) de um número inteiro a é
associativa e não tem a propriedade da existência do a operação que resulta em outro número inteiro não ne-
elemento neutro. gativo b que elevado à potência n fornece o número a. O
número n é o índice da raiz enquanto que o número a é o
1- Não existe divisão por zero. radicando (que fica sob o sinal do radical).
Exemplo: (–15) : 0 não tem significado, pois não A raiz quadrada (de ordem 2) de um número inteiro a
existe um número inteiro cujo produto por zero seja é a operação que resulta em outro número inteiro não ne-
igual a –15. gativo que elevado ao quadrado coincide com o número a.
2- Zero dividido por qualquer número inteiro, diferente
de zero, é zero, pois o produto de qualquer número Observação: Não existe a raiz quadrada de um número
inteiro por zero é igual a zero. inteiro negativo no conjunto dos números inteiros.
Exemplos: a) 0 : (–10) = 0 /b) 0 : (+6) = 0 /c) 0 : (–1) = 0
Erro comum: Frequentemente lemos em materiais di‐
1.6. Potenciação de Números Inteiros dáticos e até mesmo ocorre em algumas aulas aparecimen‐
to de:
A potência an do número inteiro a, é definida como um
9 = ±3
produto de n fatores iguais. O número a é denominado a
base e o número n é o expoente.
mas isto está errado. O certo é:
an = a x a x a x a x ... x a
a é multiplicado por a n vezes
9 = +3
Exemplos:
Observamos que não existe um número inteiro não
33 = (3) x (3) x (3) = 27
negativo que multiplicado por ele mesmo resulte em um
(-5)5 = (-5) x (-5) x (-5) x (-5) x (-5) = -3125 número negativo.
(-7)² = (-7) x (-7) = 49
(+9)² = (+9) x (+9) = 81
A raiz cúbica (de ordem 3) de um número inteiro a é a
- Toda potência de base positiva é um número inteiro operação que resulta em outro número inteiro que elevado
positivo. ao cubo seja igual ao número a. Aqui não restringimos os
Exemplo: (+3)2 = (+3) . (+3) = +9 nossos cálculos somente aos números não negativos.
- Toda potência de base negativa e expoente par é Exemplos
um número inteiro positivo.
Exemplo: (– 8)2 = (–8) . (–8) = +64 (a)
3
8 = 2, pois 2³ = 8.
- Toda potência de base negativa e expoente ímpar (b)
3
−8 = –2, pois (–2)³ = -8.
é um número inteiro negativo.
Exemplo: (–5)3 = (–5) . (–5) . (–5) = –125 (c)
3
27 = 3, pois 3³ = 27.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

(d)
3
− 27 = –3, pois (–3)³ = -27.
Propriedades da Potenciação:
Observação: Ao obedecer à regra dos sinais para o
Produtos de Potências com bases iguais: Conserva-se produto de números inteiros, concluímos que:
a base e somam-se os expoentes. (–7)3 . (–7)6 = (–7)3+6 = (–7)9 (a) Se o índice da raiz for par, não existe raiz de número
inteiro negativo.
Quocientes de Potências com bases iguais: Conser‐
va-se a base e subtraem-se os expoentes. (+13)8 : (+13)6 = (b) Se o índice da raiz for ímpar, é possível extrair a raiz
(+13)8 – 6 = (+13)2 de qualquer número inteiro.

Potência de Potência: Conserva-se a base e multipli‐


cam-se os expoentes. [(+4)5]2 = (+4)5 . 2 = (+4)10

7
Multiplicidade e Divisibilidade Divisibilidade por 2: Um número é divisível por 2 quan‐
do ele é par, ou seja, quando ele termina em 0, 2, 4, 6 ou 8.
Um múltiplo de um número é o produto desse número
por um número natural qualquer. Já um divisor de um nú‐ Exs:
mero é um número cujo resto da divisão do número pelo a) 9656 é divisível por 2, pois termina em 6.
divisor é zero. b) 4321 não é divisível por 2, pois termina em 1.
Ex: Sabe-se que 30 ∶ 6 = 5, porque 5× 6 = 30.
Divisibilidade por 3: Um número é divisível por 3
Pode-se dizer então que: quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos
é divisível por 3.
“30 é divisível por 6 porque existe um numero natural
(5) que multiplicado por 6 dá como resultado 30.” Exs:
a) 65385 é divisível por 3, pois 6 + 5 + 3 + 8 + 5 = 27, e
Um numero natural a é divisível por um numero natural 27 é divisível por 3.
b, não-nulo, se existir um número natural c, tal que c . b = a .
b) 15443 não é divisível por 3, pois 1+ 5 + 4 + 4 + 3 =
Voltando ao exemplo 30 ∶ 6 = 5 , conclui-se que: 30 é 17, e 17 não é divisível por 3.
múltiplo de 6, e 6 é divisor de 30.
Divisibilidade por 4: Um número é divisível por 4
Analisando outros exemplos: quando termina em 00 ou quando o número formado pe‐
los dois últimos algarismos for divisível por 4.
a) 20 : 5 = 4 → 20 é múltiplo de 5 (4×5=20), e 5 é divisor
de 20
Exs:
b) 12 : 2 = 6 → 12 é múltiplo de 2 (6×2=12), e 2 é divisor a) 536400 é divisível por 4, pois termina em 00.
de 12 b) 653524 é divisível por 4, pois termina em 24, e 24 é
divisível por 4.
1. Conjunto dos múltiplos de um número natural: c) 76315 não é divisível por 4, pois termina em 15, e 15
não é divisível por 4.
É obtido multiplicando-se o número natural em ques‐
tão pela sucessão dos números naturais: 0, 1, 2, 3, 4, 5, 6,... Divisibilidade por 5: Um número é divisível por 5
quando termina em 0 ou 5.
Ex: Conjunto dos múltiplos de 7. Para encontrar esse
conjunto basta multiplicar por 7 cada um dos números da
sucessão dos naturais:
Exs:
7x0=0 a) 35040 é divisível por 5, pois termina em 0.
7x1=7 b) 7235 é divisível por 5, pois termina em 5.
7 x 2 = 14 c) 6324 não é divisível por 5, pois termina em 4.
7 x 3 = 21
7 x 4 = 28
7 x 5 = 35
O conjunto formado pelos resultados encontrados forma EXERCÍCIO COMENTADO
o conjunto dos múltiplos de 7: M(7) = {0, 7, 14, 21, 28,...}.
1. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 5
Observações: positivos menores que 30.

- Todo número natural é múltiplo de si mesmo. Resposta: Seguindo a tabuada do 5, temos que:
- Todo número natural é múltiplo de 1.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

{5,10,15,20,25}.
- Todo número natural, diferente de zero, tem infinitos
múltiplos.
- O zero é múltiplo de qualquer número natural. Divisibilidade por 6: Um número é divisível por 6
- Os múltiplos do número 2 são chamados de números quando é divisível por 2 e por 3.
pares, e a fórmula geral desses números é . Os de‐
mais são chamados de números ímpares, e a fórmula geral
Exs:
desses números é .
a) 430254 é divisível por 6, pois é divisível por 2 (termina
em 4) e por 3 (4 + 3 + 0 + 2 + 5 + 4 = 18).
1.1. Critérios de divisibilidade:
b) 80530 não é divisível por 6, pois não é divisível por 3
São regras práticas que nos possibilitam dizer se um nú‐ (8 + 0 + 5 + 3 + 0 = 16).
mero é ou não divisível por outro, sem efetuarmos a divisão. c) 531561 não é divisível por 6, pois não é divisível por
2 (termina em 1).

8
Divisibilidade por 7: Para verificar a divisibilidade por a) 6253461 é divisível por 9, pois 6 + 2 + 5 + 3 + 4 + 6
7, deve-se fazer o seguinte procedimento. + 1 = 27 é divisível por 9.
b) 325103 não é divisível por 9, pois 3 + 2 + 5 + 1 + 0 +
- Multiplicar o último algarismo por 2 3 = 14 não é divisível por
- Subtrair o resultado do número inicial sem o último
algarismo Divisibilidade por 10: Um número é divisível por 10
- Se o resultado for um múltiplo de 7, então o número quando termina em zero.
inicial é divisível por 7.
Exs:
É importante ressaltar que, em caso de números com a) 563040 é divisível por 10, pois termina em zero.
vários algarismos, será necessário fazer o procedimento b) 246321 não é divisível por 10, pois não termina em
mais de uma vez. zero.

Divisibilidade por 11: Um número é divisível por 11


Ex:
quando a diferença entre a soma dos algarismos de posi‐
Analisando o número 1764
ção ímpar e a soma dos algarismos de posição par resulta
Procedimento: em um número divisível por 11.
- Último algarismo: 4. Multiplica-se por 2: 4×2=8 Exs:
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi‐ a) 43813 é divisível por 11. Vejamos o porquê
mo algarismo: 176-8=168
- O resultado é múltiplo de 7? Para isso precisa verifi‐ Os algarismos de posição ímpar são os algarismos nas
car se 168 é divisível por 7. posições 1, 3 e 5. Ou seja, 4,8 e 3. A soma desses algarismos
é 4 + 8 + 3 = 15
Aplica-se o procedimento novamente, agora para o nú‐
mero 168. Os algarismos de posição par são os algarismos nas po‐
sições 2 e 4. Ou seja, 3 e 1. A soma desses algarismos é
- Último algarismo: 8. Multiplica-se por 2: 8×2=16 3+1 = 4
- Subtrai-se o resultado do número inicial sem o últi‐
mo algarismo: 16-16=0
- O resultado é múltiplo de 7? Sim, pois zero (0) é múl‐ 15 – 4 = 11→ A diferença divisível por 11. Logo 43813
tiplo de qualquer número natural. é divisível por 11.

Portanto, conclui-se que 168 é múltiplo de 7. Se 168 é b) 83415721 não é divisível por 11. Vejamos o porquê
múltiplo de 7, então 1764 é divisível por 7.
Os algarismos de posição ímpar são os algarismos nas
posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses al‐
Divisibilidade por 8: Um número é divisível por 8
garismos é
quando termina em 000 ou quando o número formado pe‐
Os algarismos de posição ímpar são os algarismos nas
los três últimos algarismos for divisível por 8. posições 1, 3, 5 e 7. Ou seja, 8, 4, 5 e 2. A soma desses alga‐
Exs: rismos é 8+4+5+2 = 19
a) 57000 é divisível por 8, pois termina em 000.
b) 67024 é divisível por 8, pois seus três últimos algaris‐ Os algarismos de posição par são os algarismos nas po‐
mos formam o número 24, que é divisível por 8. sições 2, 4 e 6. Ou seja, 3, 1 e 7. A soma desses algarismos
c) 34125 não é divisível por 8, pois seus três últimos al‐ é 3+1+7 = 11
garismos formam o número 125, que não é divisível
por 8. 19 – 11 = 8→ A diferença não é divisível por 11. Logo
83415721 não é divisível por 11.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

EXERCÍCIO COMENTADO Divisibilidade por 12: Um número é divisível por 12


quando é divisível por 3 e por 4.

2. Escreva os elementos dos conjuntos dos múltiplos de 8 Exs:


compreendidos entre 30 e 50. a) 78324 é divisível por 12, pois é divisível por 3 ( 7 + 8
+ 3 + 2 + 4 = 24) e por 4 (termina em 24).
Resposta: Seguindo a tabuada do 8, a partir do 30:
{32,40,48}. b) 652011 não é divisível por 12, pois não é divisível por
4 (termina em 11).
Divisibilidade por 9: Um número é divisível por 9
quando a soma dos valores absolutos de seus algarismos c) 863104 não é divisível por 12, pois não é divisível por
formam um número divisível por 9. 3 (8 + 6 + 3 +1 + 0 + 4 = 22).
Exs:

9
Divisibilidade por 15: Um número é divisível por 15 Exemplos:
quando é divisível por 3 e por 5. a) 103 = 1000
b) 108 = 100.000.000
Exs: c) 104 = 1000
a) 650430 é divisível por 15, pois é divisível por 3 (6 + 5
+ 0 + 4 + 3 + 0 =18) e por 5 (termina em 0). Propriedade 5: multiplicação de potências de mes-
ma base
b) 723042 não é divisível por 15, pois não é divisível por Em uma multiplicação de duas potências de mesma
5 (termina em 2). base, o resultado é obtido conservando-se a base e so‐
mando-se os expoentes.
c) 673225 não é divisível por 15, pois não é divisível por
3 (6 + 7 + 3 + 2 + 2 + 5 = 25). Em resumo: xa × xb = x a+b
Exemplos:
a) 23×24 = 23+4 = 27
POTENCIAÇÃO b) 34×36 = 34+6=310
c) 152×154 = 152+4=156
Define-se potenciação como o resultado da multiplica‐
ção de fatores iguais, denominada base, sendo o número Propriedade 6: divisão de potências de mesma base
de fatores igual a outro número, denominado expoente. Em uma divisão de duas potências de mesma base, o
Diz-se “b elevado a c”, cuja notação é: resultado é obtido conservando-se a base e subtraindo-se
os expoentes.
𝑏𝑐 = 𝑏 × 𝑏 × ⋯ × 𝑏 Em resumo: xa : xb = xa-b
𝑐 𝑣𝑒𝑧𝑒𝑠

Por exemplo: 43=4×4×4=64, sendo a base igual a 4 e o Exemplos:


a) 25 : 23 = 25-3=22
expoente igual a 3.
b) 39 : 36 = 39-6=33
Esta operação não passa de uma multiplicação com fa‐
tores iguais, como por exemplo: 23 = 2 × 2 × 2 = 8 → 53 = c) 1512 : 154 = 1512-4 = 158
5 × 5 × 5 = 125
1. Propriedades da Potenciação FIQUE ATENTO!
Propriedade 1: potenciação com base 1 Dada uma potência xa , onde o número real a
Uma potência cuja base é igual a 1 e o expoente natural é negativo, o resultado dessa potência é igual
1
é n, denotada por 1n, será sempre igual a 1. Em resumo, ao inverso de x elevado a a, isto é, 𝑥 𝑎 = 𝑎
𝑥
1n=1 se a<0.
1 1
Exemplos: Por exemplo, 2−3 = , 5−1 = 1 .
23 5
a) 13 = 1×1×1 = 1
b) 17 = 1×1×1×1×1×1×1 = 1
Propriedade 7: potência de potência
Propriedade 2: potenciação com expoente nulo Quando uma potência está elevado a outro expoente, o
Se n é um número natural não nulo, então temos que nº=1. expoente resultante é obtido multiplicando-se os expoentes
Em resumo: (xa )b=xa×b
Exemplos:
a) 5º = 1 Exemplos:
b) 9º = 1 a) (25 )3 = 25×3=215
b) (39 )2 = 39×2=318
Propriedade 3: potenciação com expoente 1 c) (612 )4= 612×4=648
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Qualquer que seja a potência em que a base é o núme‐


ro natural n e o expoente é igual a 1, denotada por n1 , é Propriedade 8: potência de produto
igual ao próprio n. Em resumo, n1=n Quando um produto está elevado a uma potência, o
resultado é um produto com cada um dos fatores elevado
Exemplos: ao expoente
a) 5¹ = 5 Em resumo: (x×y)a=xa×ya
b) 64¹ = 64
Exemplos:
Propriedade 4: potenciação de base 10 a) (2×3)3 = 23×33
Toda potência 10n é o número formado pelo algarismo b) (3×4)2 = 32×42
1 seguido de n zeros. c) (6×5)4= 64×54

10
Existem infinitos números primos, como  demonstra‐
do por Euclides por volta de 300 a.C.. A propriedade de
#FicaDica ser um primo é chamada “primalidade”, e a palavra “pri‐
Em alguns casos podemos ter uma multiplica‐ mo” também são utilizadas como substantivo ou adjetivo.
ção ou divisão potência que não está na mes‐ Como “dois” é o único número primo par, o termo “primo
ma base (como nas propriedades 5 e 6), mas ímpar” refere-se a todo primo maior do que dois.
pode ser simplificada. Por exemplo, 43×25 =(22 O conceito de número primo é muito importante
)3×25= 26×25= 26+5=211 e 33:9 = 33 : 32 = 31. na teoria dos números. Um dos resultados da teoria dos
números é o Teorema Fundamental da Aritmética, que afir‐
ma que qualquer número natural diferente de 1 pode ser
escrito de forma única (desconsiderando a ordem) como
EXERCÍCIOS COMENTADOS um produto de números primos (chamados fatores pri‐
mos): este processo se chama decomposição em fatores
1. (MPE-RS – 2017) A metade de 440 é igual a:
primos (fatoração). É exatamente este conceito que utili‐
zaremos no MDC e MMC. Para caráter de memorização,
a) 220
seguem os 100 primeiros números primos positivos. Reco‐
b) 239 menda-se que memorizem ao menos os 10 primeiros para
c) 240 MDC e MMC:
d) 279
e) 280 2, 3, 5, 7, 11, 13, 17, 19, 23, 29, 31, 37, 41, 43, 47, 53, 59
, 61, 67, 71, 73, 79, 83, 89, 97, 101, 103, 107, 109, 113, 127, 
Resposta: Letra D. 131, 137, 139, 149, 151, 157, 163, 167, 173, 179, 181, 191,
Para encontrar a metade de 440, basta dividirmos esse 193, 197, 199, 211, 223, 227, 229, 233, 239, 241, 251, 257,
número por 2, isto é, 4
40
. Uma forma fácil de resolver 263, 269, 271, 277, 281, 283, 293, 307, 311, 313, 317, 331,
2 337, 347, 349, 353, 359, 367, 373, 379, 383, 389, 397, 401,
essa fração é escrever o numerador e denominador 409, 419, 421, 431, 433, 439, 443, 449, 457, 461, 463, 467,
479, 487, 491, 499, 503, 509, 521, 523, 541
dessa fração na mesma base como mostrado a seguir:
440 22 40 280 2. Múltiplos e Divisores
= = = 280−1 = 279
2 2 2 . Diz-se que um número natural a é múltiplo de outro
natural b, se existe um número natural k tal que:
Note que para resolver esse exercício utilizamos as
propriedades 6 e 7. 𝑎 = 𝑘. 𝑏

Ex. 15 é múltiplo de 5, pois 15=3 x 5


Números Primos, MDC e MMC
Quando a=k.b, segue que a é múltiplo de b, mas tam‐
O máximo divisor comum e o mínimo múltiplo comum bém, a é múltiplo de k, como é o caso do número 35 que é
são ferramentas extremamente importantes na matemá‐ múltiplo de 5 e de 7, pois: 35 = 7 x 5.
tica. Através deles, podemos resolver alguns problemas Quando a = k.b, então a é múltiplo de b e se conhe‐
simples, além de utilizar seus conceitos em outros temas, cemos b e queremos obter todos os seus múltiplos, basta
como frações, simplicação de fatoriais, etc. fazer k assumir todos os números naturais possíveis.
Porém, antes de iniciarmos a apresentar esta teoria, é
Ex. Para obter os múltiplos de dois, isto é, os números
importante conhecermos primeiramente uma classe de nú‐ da forma a = k x 2, k seria substituído por todos os núme‐
meros muito importante: Os números primos. ros naturais possíveis.
1. Números primos
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

FIQUE ATENTO!
Um número natural é definido como primo se ele tem Um número b é sempre múltiplo dele mesmo.
exatamente dois divisores: o número um e ele mesmo. Já a = 1 x b ↔ a = b.
nos inteiros, p ∈ ℤ é um primo se ele tem exatamente qua‐
tro divisores: ±1 e ±𝑝 . A definição de divisor está relacionada com a de múl‐
tiplo.

FIQUE ATENTO! Um número natural b é divisor do número natural a, se


Por definição, 0, 1 e − 1 não são números pri‐ a é múltiplo de b.
mos.
Ex. 3 é divisor de 15, pois , logo 15 é múltiplo de 3 e
também é múltiplo de 5.

11
O MDC será os fatores comuns com seus menores ex‐
#FicaDica poentes:
Um número natural tem uma quantidade finita mdc (300,504)= 22.3 = 4 .3=12
de divisores. Por exemplo, o número 6 poderá
ter no máximo 6 divisores, pois trabalhando no MMC
conjunto dos números naturais não podemos
dividir 6 por um número maior do que ele. Os O mínimo múltiplo comum de dois ou mais números é
divisores naturais de 6 são os números 1, 2, 3, o menor número positivo que é múltiplo comum de todos
6, o que significa que o número 6 tem 4 divi‐ os números dados. Consideremos:
sores.
Ex. Encontrar o MMC entre 8 e 6
MDC
Múltiplos positivos de 6: M(6) =
Agora que sabemos o que são números primos, múlti‐ {6,12,18,24,30,36,42,48,54,...}
plos e divisores, vamos ao MDC. O máximo divisor comum
de dois ou mais números é o maior número que é divisor Múltiplos positivos de 8: M(8) = {8,16,24,32,40,48,56,64,...}
comum de todos os números dados.
Podem-se escrever, agora, os múltiplos positivos co‐
Ex. Encontrar o MDC entre 18 e 24. muns: M(6)∩M(8) = {24,48,72,...}

Divisores naturais de 18: D(18) = {1,2,3,6,9,18}. Observando os múltiplos comuns, pode-se identificar o
mínimo múltiplo comum dos números 6 e 8, ou seja:
Divisores naturais de 24: D(24) = {1,2,3,4,6,8,12,24}.

Pode-se escrever, agora, os divisores comuns a 18 e 24: Outra técnica para o cálculo do MMC:
D(18)∩ D (24) = {1,2,3,6}.
Decomposição isolada em fatores primos: Para obter
Observando os divisores comuns, podemos identificar o MMC de dois ou mais números por esse processo, pro‐
o maior divisor comum dos números 18 e 24, ou seja: MDC cedemos da seguinte maneira:
(18,24) = 6.
- Decompomos cada número dado em fatores primos.
Outra técnica para o cálculo do MDC: - O MMC é o produto dos fatores comuns e não-
comuns, cada um deles elevado ao seu maior
Decomposição em fatores primos: Para obter o MDC expoente.
de dois ou mais números por esse processo, procede-se da
seguinte maneira: Ex. Achar o MMC entre 18 e 120.

Decompõe-se cada número dado em fatores primos. Fatorando os números:


O MDC é o produto dos fatores comuns obtidos, cada
um deles elevado ao seu menor expoente.

Exemplo: Achar o MDC entre 300 e 504.

Fatorando os dois números:


MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

18 = 2 .32

120 = 23.3 .5

mmc (18, 120) = 23 � 32 � 5 = 8 � 9 � 5 = 360

Temos que:

300 = 22.3 .52


504 = 23.32 .7

12
1.1. Soma (Adição) de Números Racionais
Como todo número racional é uma fração ou pode ser
EXERCÍCIOS COMENTADOS
escrito na forma de uma fração, definimos a adição entre os
a c
1. (FEPESE-2016) João trabalha 5 dias e folga 1, enquanto números racionais e , , da mesma forma que a soma de
b d
Maria trabalha 3 dias e folga 1. Se João e Maria folgam no frações, através de:
mesmo dia, então quantos dias, no mínimo, passarão para
que eles folguem no mesmo dia novamente? a c a�d+b�c
+ =
a) 8 b d b�d
b) 10 1.1.1. Propriedades da Adição de Números Racionais
c) 12
d) 15 O conjunto é fechado para a operação de adição, isto
e) 24 é, a soma de dois números racionais resulta em um número
racional.
Resposta: Letra C. - Associativa: Para todos em : a + ( b + c ) = ( a + b ) + c
O período em que João trabalha e folga corresponde a 6 - Comutativa: Para todos em : a + b = b + a
dias enquanto o mesmo período, para Maria, correspon‐ - Elemento neutro: Existe em , que adicionado a todo
de a 4 dias. Assim, o problema consiste em encontrar em , proporciona o próprio , isto é: q + 0 = q
o mmc entre 6 e 4. Logo, eles folgarão no mesmo dia - Elemento oposto: Para todo q em Q, existe -q em Q,
novamente após 12 dias pois mmc(6,4)=12. tal que q + (–q) = 0
1.2. Subtração de Números Racionais
A subtração de dois números racionais e é a própria
Números Racionais: Frações, Números Decimais e operação de adição do número com o oposto de q, isto é:
suas Operações p – q = p + (–q)
1. Números Racionais 1.3. Multiplicação (Produto) de Números Racionais
Como todo número racional é uma fração ou pode ser
m
Um número racional é o que pode ser escrito na forma escrito na forma de uma fração, definimos o produto de
n , onde m e n são números inteiros, sendo que n deve ser dois números racionais b e d , da mesma forma que o pro‐
a c

diferente de zero. Frequentemente usamos m para signifi‐ duto de frações, através de:
car a divisão de m por n . n
a c a�c
Como podemos observar, números racionais podem ser � =
obtidos através da razão entre dois números inteiros, razão pela b d b� d
qual, o conjunto de todos os números racionais é denotado O produto dos números racionais a e b também pode
por Q. Assim, é comum encontrarmos na literatura a notação: ser indicado por a × b, a.b ou ainda ab sem nenhum sinal

{ }
entre as letras.
m
Q= : m e n em Z,n diferente de zero Para realizar a multiplicação de números racionais, de‐
n vemos obedecer à mesma regra de sinais que vale em toda
No conjunto Q destacamos os seguintes subconjuntos: a Matemática:

• 𝑄 = conjunto dos racionais não nulos; (+1)�(+1) = (+1) – Positivo Positivo = Positivo
• + = conjunto dos racionais não negativos;
𝑄 (+1)�(-1) = (-1) - Positivo Negativo = Negativo
• 𝑄+∗
= conjunto dos racionais positivos; (-1)�(+1) = (-1) - Negativo Positivo = Negativo
• 𝑄− = conjunto dos racionais não positivos; (-1)� (-1) = (+1) – Negativo Negativo = Positivo
• 𝑄−∗ = conjunto dos racionais negativos.
#FicaDica
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Módulo ou valor absoluto: É a distância do ponto que


representa esse número ao ponto de abscissa zero. O produto de dois números com o mesmo si‐
33 nal é positivo, mas o produto de dois números
3 3
Exemplo: Módulo de - 2 é 2 . Indica-se − = com sinais diferentes é negativo.
2 2
Módulo de+ 3 é 3 . Indica-se 3 3
= 1.3.1. Propriedades da Multiplicação de Números
2 2 2 2
Racionais
3 3
Números Opostos: Dizemos que− 2 e 2 são números O conjunto Q é fechado para a multiplicação, isto é, o pro‐
duto de dois números racionais resultaem um número racional.
racionais opostos ou simétricos e cada um deles é o oposto - Associativa: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b ∙ c ) = ( a ∙ b ) ∙ c
do outro. As distâncias dos pontos− 3 e 3 ao ponto zero - Comutativa: Para todos a,b em Q: a ∙ b = b ∙ a
da reta são iguais.
2 2 - Elemento neutro: Existe 1 em Q, que multiplicado por

13
todo q em Q, proporciona o próprio q, isto é: q ∙ 1 −2
25 2
=q
 3  5
−  = −  =
a b  5  3 9
- Elemento inverso: Para todo q=
em Q, diferen‐
q−1 =
b a

a b - Toda potência com expoente ímpar tem o mesmo si‐


te de zero, existe em Q: q � q−1 = 1, ou seja, × =1 nal da base.
b a
- Distributiva: Para todos a,b,c em Q: a ∙ ( b + c ) = ( a ∙
b ) + ( a∙ c )
3
2 2 2 2 8
  =  ..  =
1.4. Divisão de Números Racionais 3 3 3 3 27
A divisão de dois números racionais p e q é a própria
operação de multiplicação do número p pelo inverso de q, - Toda potência com expoente par é um número posi‐
isto é: p ÷ q = p × q-1 tivo.
De maneira prática costuma-se dizer que em uma divi‐
são de duas frações, conserva-se a primeira fração e multi‐ 2
 1  1  1 1
plica-se pelo inverso da segunda: −  = −  .−  =
Observação: É possível encontrar divisão de frações da  5   5   5  25
a

c.
seguinte forma: b . O procedimento de cálculo é o mesmo.
- Produto de potências de mesma base. Para reduzir um
d produto de potências de mesma base a uma só potência,
1.5. Potenciação de Números Racionais conservamos a base e somamos os expoentes.
𝐧
A potência q do número racional é um produto de 2 3
 2  2  2 2 2 2 2  2
2+3
2
5

fatores iguais. O número é denominado a base e o número   .   =  . . . .  =   = 


é o expoente.  5  5 5 55 5 5 5 5
n
q = q � q � q � q � . . .� q, (q aparece n vezes) - Quociente de potências de mesma base. Para redu‐
zir um quociente de potências de mesma base a uma só
Exs: potência, conservamos a base e subtraímos os expoentes.

.  2  .  2  =
3
a)  2  =  2 
8
125 3 3 3 3 3
5 5 5 5 5 2 . . . . 5− 2 3
3 3 2 2 2 2 2 3 3
b)  − 1  =  − 1  .  − 1  .  − 1  = 1
3
  :  = =  = 
 
 2  2  2
− 2 2 3 3 2 2
 2 8 .
c) (– 5)² = (– 5) � ( – 5) = 25 2 2
d) (+5)² = (+5) � (+5) = 25 - Potência de Potência. Para reduzir uma potência de
potência a uma potência de um só expoente, conservamos
a base e multiplicamos os expoentes.
1.5.1. Propriedades da Potenciação aplicadas a nú-
meros racionais 3
 1  2  2 2
1 1 1
2
1
2+ 2+ 2
1
3+ 2
1
6

Toda potência com expoente 0 é igual a 1.    =   .  .  =   =  = 


0
 2   2 2 2 2 2 2
 2
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

+  = 1
 5 1.6. Radiciação de Números Racionais

- Toda potência com expoente 1 é igual à própria base. Se um número representa um produto de dois ou mais
fatores iguais, então cada fator é chamado raiz do número.
 9 9
1
Vejamos alguns exemplos:
−  =−
 4 4 Ex:
4 Representa o produto 2. 2 ou 22. Logo, 2 é a raiz qua‐
- Toda potência com expoente negativo de um número drada de 4. Indica-se 4 = 2.
racional diferente de zero é igual a outra potência que tem
a base igual ao inverso da base anterior e o expoente igual
ao oposto do expoente anterior.

14
Ex:
2
1 1 1 1 1 1 1 1
Representa o produto . ou   .Logo, é a raiz quadrada de .Indica-se =
9 3 3 3 3 9 9 3
Ex:
0,216 Representa o produto 0,6 � 0,6 � 0,6 ou (0,6)3 . Logo, 0,6 é a raiz cúbica de 0,216. Indica-se 0,216 = 0,6 .
3

Assim, podemos construir o diagrama:

FIQUE ATENTO!
Um número racional, quando elevado ao quadrado, dá o número zero ou um número racional positivo. Logo,
os números racionais negativos não têm raiz quadrada em Q.

100
O número − não tem raiz quadrada em Q, pois tanto − 10 como + 10 , quando elevados ao quadrado, dão 100 .
9 3 3 9
Um número racional positivo só tem raiz quadrada no conjunto dos números racionais se ele for um quadrado perfeito.
O número 2 não tem raiz quadrada em Q, pois não existe número racional que elevado ao quadrado dê 2 .
3 3

Frações
x
Frações são representações de partes iguais de um todo. São expressas como um quociente de dois números , sendo
x o numerador e y o denominador da fração, com y ≠ 0 . y

1. Frações Equivalentes

São frações que, embora diferentes, representam a mesma parte do mesmo todo. Uma fração é equivalente a outra
quando pode ser obtida multiplicando o numerador e o denominador da primeira fração pelo mesmo número.

Ex: 3 e 6 .
5 10
A segunda fração pode ser obtida multiplicando o numerador e denominador de 3 por 2:
5
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

3�2 6
=
5 � 2 10

6
Assim, diz-se que é uma fração equivalente a 3
10 5

15
2. Operações com Frações 3 5 9 20 29
Portanto: + = + =
2.1. Adição e Subtração 8 6 24 24 24

2.1.1. Frações com denominadores iguais:


#FicaDica
Ex:
Jorge comeu 3 de um tablete de chocolate e Miguel 5 Na adição e subtração de duas ou mais frações
desse mesmo tablete. Qual a fração do tablete de chocola‐
8 8
que têm os denominadores diferentes, reduzi‐
te que Jorge e Miguel comeram juntos? mos inicialmente as frações ao menor denomi‐
nador comum, após o que procedemos como
A figura abaixo representa o tablete de chocolate. Nela no primeiro caso.
também estão representadas as frações do tablete que Jor‐
ge e Miguel comeram:
2.2. Multiplicação

Ex:
De uma caixa de frutas, 4 são bananas. Do total de
2 5
bananas, estão estragadas. Qual é a fração de frutas da
3
3 2 5 caixa que estão estragadas?
Observe que = =
8 8 8

Portanto, Jorge e Miguel comeram juntos 5


do tablete
de chocolate.
8

Na adição e subtração de duas ou mais frações que têm


Representa 4/5 do conteúdo da caixa
denominadores iguais, conservamos o denominador co‐
mum e somamos ou subtraímos os numeradores.

Outro Exemplo:

3 5 7 3+5−7 1
+ − = =
2 2 2 2 2
2.1.2. Frações com denominadores diferentes: Representa 2/3 de 4/5 do conteúdo da caixa.
Repare que o problema proposto consiste em calcular
3 5
Calcular o valor de + Inicialmente, devemos re‐ o valor de
2
de 4 que, de acordo com a figura, equivale a
8 6 3
duzir as frações ao mesmo denominador comum. Para isso, 5
8
do total de frutas. De acordo com a tabela acima, 2 de
encontramos o mínimo múltiplo comum (MMC) entre os dois 15 3
(ou mais, se houver) denominadores e, em seguida, encon‐ 4 equivale a 2 4 . Assim sendo:

tramos as frações equivalentes com o novo denominador: 5 3 5
2 4 8
� =
3 5 15
3 5 9 20
mmc (8,6) = 24 = = = Ou seja:
8 6 24 24 2 de 4 2 4 2�4 8
= � = 3�5 = 15
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

3 5 3 5

24 ∶ 8 � 3 = 9 O produto de duas ou mais frações é uma fração cujo


24 ∶ 6 � 5 = 20 numerador é o produto dos numeradores e cujo denomi‐
nador é o produto dos denominadores das frações dadas.

Devemos proceder, agora, como no primeiro caso, sim‐ Outro exemplo:


2 4 7 2�4�7
� � = =
56
plificando o resultado, quando possível: 3 5 9 3 � 5 � 9 135

9 20 29
+ =
24 24 24

16
#FicaDica
Sempre que possível, antes de efetuar a multiplicação, podemos simplificar as frações entre si, dividindo
os numeradores e os denominadores por um fator comum. Esse processo de simplificação recebe o
nome de cancelamento.

2.3. Divisão

Duas frações são inversas ou recíprocas quando o numerador de uma é o denominador da outra e vice-versa.

Exemplo
2 é a fração inversa de 3
3 2
5 ou 5 é a fração inversa de 1
1 5

Considere a seguinte situação:

Lúcia recebeu de seu pai os 4 dos chocolates contidos em uma caixa. Do total de chocolates recebidos, Lúcia deu a terça
parte para o seu namorado. Que 5 fração dos chocolates contidos na caixa recebeu o namorado de Lúcia?

A solução do problema consiste em dividir o total de chocolates que Lúcia recebeu de seu pai por 3, ou seja, 4
:3
5

Por outro lado, dividir algo por 3 significa calcular 1 desse algo.
3
Portanto: : 3 = de 4
4 1
5 3 5
1 4 1 4 4 1 4 4 3 4 1
Como de 5= 3 � 5 = 5 � 3 , resulta que : 3 = : = �
3 5 5 1 5 3

3 1
Observando que as frações e são frações inversas, podemos afirmar que:
1 3
Para dividir uma fração por outra, multiplicamos a primeira pelo inverso da segunda.
4 4 3 4 1 4
Portanto 5 : 3 = 5 ∶ 1 = 5 � 3 = 15

Ou seja, o namorado de Lúcia recebeu 4


do total de chocolates contidos na caixa.
15
1
4 8 4 5 5
Outro exemplo: : = . =
3 5 3 82 6
Observação:

Note a expressão: . Ela é equivalente à expressão 3 1


:
2 5
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Portanto

Números Decimais

De maneira direta, números decimais são números que possuem vírgula. Alguns exemplos: 1,47; 2,1; 4,9587; 0,004; etc.

1. Operações com Números Decimais

1.1. Adição e Subtração

Vamos calcular o valor da seguinte soma:

17
5,32 + 12,5 + 0, 034

Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

352 125 34 5320 12500 34 17854


5,32 + 12,5 + 0,034 = + + = + + = = 17,854
100 10 1000 1000 1000 1000 1000

Portanto: 5,32 + 12,5 + 0, 034 = 17, 854

Na prática, a adição e a subtração de números decimais são obtidas de acordo com a seguinte regra:

- Igualamos o número de casas decimais, acrescentando zeros.


- Colocamos os números um abaixo do outro, deixando vírgula embaixo de vírgula.
- Somamos ou subtraímos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- Na resposta colocamos a vírgula alinhada com a vírgula dos números dados.

Exemplo

2,35 + 14,3 + 0, 0075 + 5

Disposição prática:

2,3500
14,3000
+ 0,0075
5,0000
21,6575

1.2. Multiplicação

Vamos calcular o valor do seguinte produto: 2,58 � 3,4 .


Transformaremos, inicialmente, os números decimais em frações decimais:

258 34 8772
2,58 � 3,4 = � = = 8,772
100 100 1000

Portanto 2,58 � 3,4 = 8,772

#FicaDica
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Na prática, a multiplicação de números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:


- Multiplicamos os números decimais como se eles fossem números naturais.
- No resultado, colocamos tantas casas decimais quantas forem as do primeiro fator somadas às do segundo
fator.

Exemplo:
Disposição prática:
652,2  1 casa decimal

X 2,03  2 casas decimais

18
19 566

1 304 4

1 323,966  1 + 2 = 3 casas decimais

1.3. Divisão

Vamos, por exemplo, efetuar a seguinte divisão: 24 ∶ 0,5

Inicialmente, multiplicaremos o dividendo e o divisor da divisão dada por 10.

24 ∶ 0,5 = (24 � 10) ∶ (0,5 � 10) = 240 ∶ 5

A vantagem de tal procedimento foi a de transformarmos em número natural o número decimal que aparecia na divi‐
são. Com isso, a divisão entre números decimais se transforma numa equivalente com números naturais.

Portanto: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48

#FicaDica
Na prática, a divisão entre números decimais é obtida de acordo com as seguintes regras:
- Igualamos o número de casas decimais do dividendo e do divisor.
- Cortamos as vírgulas e efetuamos a divisão como se os números fossem naturais.

Ex: 24 ∶ 0,5 = 240 ∶ 5 = 48

Disposição prática:

MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Nesse caso, o resto da divisão é igual à zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão exata e o quociente é exato.

Ex: 9,775 ∶ 4,25

Disposição prática:

Nesse caso, o resto da divisão é diferente de zero. Assim sendo, a divisão é chamada de divisão aproximada e o quo‐
ciente é aproximado.

19
Se quisermos continuar uma divisão aproximada, devemos acrescentar zeros aos restos e prosseguir dividindo cada nú‐
mero obtido pelo divisor. Ao mesmo tempo em que colocamos o primeiro zero no primeiro resto, colocamos uma vírgula
no quociente.

Ex: 0,14 ∶ 28

Ex: 2 ∶ 16

2. Representação Decimal das Frações


p
Tomemos um número racional q tal que não seja múltiplo de . Para escrevê-lo na forma decimal, basta efetuar a divisão
do numerador pelo denominador.
Nessa divisão podem ocorrer dois casos:

1º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, um número finito de algarismos. Decimais Exatos:

2
= 0,4
5
1
= 0,25
4
35
= 8,75
4
153
= 3,06
50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

2º) O numeral decimal obtido possui, após a vírgula, infinitos algarismos (nem todos nulos), repetindo-se periodicamen‐
te. Decimais Periódicos ou Dízimas Periódicas:
1
= 0,333 …
3

1
= 0,04545 …
22

167
= 2,53030 …
66

20
FIQUE ATENTO!
Se após as vírgulas os algarismos não são periódicos, então esse número decimal não está contido no con‐
junto dos números racionais.

3.Representação Fracionária dos Números Decimais

Trata-se do problema inverso: estando o número racional escrito na forma decimal, procuremos escrevê-lo na forma de
fração. Temos dois casos:

1º) Transformamos o número em uma fração cujo numerador é o número decimal sem a vírgula e o denominador é
composto pelo numeral 1, seguido de tantos zeros quantas forem as casas decimais do número decimal dado:

9
0,9 =
10

57
5,7 =
10

76
0,76 =
100

348
3,48 =
100

5 1
0,005 = =
1000 200

2º) Devemos achar a fração geratriz da dízima dada; para tanto, vamos apresentar o procedimento através de alguns
exemplos:

Ex:
Seja a dízima 0,333...

Façamos e multipliquemos ambos os membros por 10:


10x = 0,333

Subtraindo, membro a membro, a primeira igualdade da segunda:


MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

3
10x – x = 3,333 … – 0,333. . . 9x = 3 x =
9
3
Assim, a geratriz de 0,333... é a fração .
9
Ex:
Seja a dízima 5,1717...

Façamos x = 5,1717. . . e 100x = 517,1717. . .


Subtraindo membro a membro, temos:
99x = 512 x = 512⁄99

21
512
Assim, a geratriz de 5,1717... é a fração .
99
Ex:

Seja a dízima 1,23434...

Façamos x = 1,23434 … ;10x = 12,3434 …; 1000x = 1234,34 …

Subtraindo membro a membro, temos:


1222
990x = 1234,34. . . – 12,34 … 990x = 1222 x =
990
611
Simplificando, obtemos x = , a fração geratriz da dízima 1,23434...
495

Analisando todos os exemplos, nota-se que a idéia consiste em deixar após a vírgula somente a parte periódica (que se
repete) de cada igualdade para, após a subtração membro a membro, ambas se cancelarem.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (EBSERH – Médico – IBFC/2016) Mara leu 1/5 das páginas de um livro numa semana. Na segunda semana, leu mais 2/3
de páginas. Se ainda faltam ler 60 (sessenta) páginas do livro, então o total de páginas do livro é de:

a) 300
b) 360
c) 400
d) 450
e) 480

Resposta: Letra D.
13 15−13 2
Mara leu 1
+ 3 = 15 = 15 do livro. Logo, ainda falta 1 para ser lido. Essa fração que falta
2 3+10 13 − 15 = = 15
5 15
ser lida equivale a 60 páginas
2 1
Assim:  60 páginas. Portanto,  30 páginas.
15 15

Logo o livro todo (15/15) possui: 15∙30=450 páginas

PORCENTAGEM

Definição

A definição de porcentagem passa pelo seu próprio nome, pois é uma fração de denominador centesimal, ou seja, é
uma fração de denominador 100. Representamos porcentagem pelo% e lê-se: “por cento”.
50
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Deste modo, a fração 100 ou qualquer uma equivalente a ela é uma porcentagem que podemos representar por 50%.
A porcentagem nada mais é do que uma razão, que representa uma “parte” e um “todo” a qual referimos como 100%.
Assim, de uma maneira geral, temos que:
𝑝
𝐴= .𝑉
100
Onde A, é a parte, p é o valor da porcentagem e V é o todo (100%). Assim, os problemas básicos de porcentagem se
resumem a três tipos:

Cálculo da parte (Conheço p e V e quero𝑝achar A): Para calcularmos uma porcentagem de um valor V, basta multi‐
plicarmos a fração correspondente, ou seja, 100 por V. Assim: 𝑝
P% de V =A= 100 .V

22
Ex. 23% de 240 = 23 .240 = 55,2 equivalente. Por exemplo, 35% na forma decimal seriam repre‐
100 sentados por 0,35. A conversão é muito simples: basta fazer a
Ex. Em uma pesquisa de mercado, constatou-se que divisão por 100 que está representada na forma de fração:
67% de uma amostra assistem a certo programa de TV. Se 75
a população é de 56.000 habitantes, quantas pessoas assis‐ 75% = = 0,75
100
tem ao tal programa?
Aqui, queremos saber a “parte” da população que as‐ Aumento e desconto percentual
siste ao programa de TV, como temos a porcentagem e o
total, basta realizarmos a multiplicação: Outra classe de problemas bem comuns sobre porcen‐
tagem está relacionada ao aumento e a redução percentual
67% de 56000=A=
67
56000=37520 de um determinado valor. Usaremos as definições apresen‐
100 tadas anteriormente para mostrar a teoria envolvida
Resp. 37 520 pessoas.
Aumento Percentual: Consideremos um valor inicial V
Cálculo da porcentagem (conheço A e V e quero que deve sofrer um aumento de de seu valor. Chamemos
achar p): Utilizaremos a mesma relação para achar o valor de VA o valor após o aumento. Assim:
de p e apenas precisamos rearranjar a mesma: p
VA = V + .V
𝑝 𝐴 100
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 Fatorando:
100 𝑉
Ex. Um time de basquete venceu 10 de seus 16 jogos. p
Qual foi sua porcentagem de vitórias? VA = ( 1 + ) .V
100
Neste caso, o exercício quer saber qual a porcentagem
de vitórias que esse time obteve, assim: Em que (1 + p ) será definido como fator de aumento,
100
que pode estar representado tanto na forma de fração ou
𝐴 10 decimal.
𝑝= . 100 = . 100 = 62,5%
𝑉 16 Desconto Percentual: Consideremos um valor inicial V
Resp: O time venceu 62,5% de seus jogos. que deve sofrer um desconto de p% de seu valor. Chame‐
mos de VD o valor após o desconto.
Ex. Em uma prova de concurso, o candidato acertou 48 p
de 80 questões. Se para ser aprovado é necessário acertar VD = V – .V
100
55% das questões, o candidato foi ou não foi aprovado?
Para sabermos se o candidato passou, é necessário cal‐ Fatorando:
cular sua porcentagem de acertos: p
VD = (1 – ) .V
𝐴 48 100
𝑝 = . 100 = . 100 = 60% > 55% p
𝑉 80 Em que (1 – ) será definido como fator de desconto,
100
Logo, o candidato foi aprovado. que pode estar representado tanto na forma de fração ou
decimal.
Calculo do todo (conheço p e A e quero achar V):
No terceiro caso, temos interesse em achar o total (Nosso Ex. Uma empresa admite um funcionário no mês de ja‐
100%) e para isso basta rearranjar a equação novamente: neiro sabendo que, já em março, ele terá 40% de aumen‐
𝑝 𝐴 𝐴 to. Se a empresa deseja que o salário desse funcionário,
𝐴= . 𝑉 → 𝑝 = . 100 → 𝑉 = . 100 a partir de março, seja R$ 3 500,00, com que salário deve
100 𝑉 𝑝
admiti-lo?
Neste caso, o problema deu o valor de e gostaria de
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Ex. Um atirador tem taxa de acerto de 75% de seus tiros saber o valor de V, assim:
ao alvo. Se em um treinamento ele acertou 15 tiros, quan‐ p
tos tiros ele deu no total? VA = ( 1 + 100 ).V
Neste caso, o problema gostaria de saber quanto vale 40
o “todo”, assim: 3500 = ( 1 + ).V
100
𝐴 15
𝑉= . 100 = . 100 = 0,2.100 = 20 𝑡𝑖𝑟𝑜𝑠 3500 =(1+0,4).V
𝑝 75
3500 =1,4.V
Forma Decimal: Outra forma de representação de porcen‐ 3500
tagens é através de números decimais, pois todos eles perten‐ V= =2500
1,4
cem à mesma classe de números, que são os números racio‐
nais. Assim, para cada porcentagem, há um numero decimal Resp. R$ 2 500,00

23
Ex. Uma loja entra em liquidação e pretende abaixar em 𝑝1
20% o valor de seus produtos. Se o preço de um deles é de V1 = V.(1 – )
R$ 250,00, qual será seu preço na liquidação? 100
Aqui, basta calcular o valor de VD :
Sendo V2 o valor após o segundo desconto, ou seja,
p
VD = (1 – ) .V após já ter descontado uma vez, temos que:
100
20 𝑝2
VD = (1 – ) .250,00 V2 = V1 .(1 – )
100 100
VD = (1 –0,2) .250,00
Como temos também uma expressão para , basta subs‐
VD = (0,8) .250,00 tituir:
𝑝1 𝑝2
VD = 200,00 V2 = V .(1 – ) .(1 – )
Resp. R$ 200,00 100 100

Além disso, essa formulação também funciona para


FIQUE ATENTO! aumentos e descontos em sequência, bastando apenas a
Em alguns problemas de porcentagem são identificação dos seus fatores multiplicativos. Sendo V um
necessários cálculos sucessivos de aumentos valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer um aumen‐
ou descontos percentuais. Nesses casos é ne‐ to de p1% e, sucessivamente, um desconto de p2%.
cessário ter atenção ao problema, pois erros Sendo V1 o valor após o aumento, temos:
costumeiros ocorrem quando se calcula a por‐ 𝑝1
centagens do valor inicial para obter todos os V1 = V .(1+ )
valores finais com descontos ou aumentos. Na 100
verdade, esse cálculo só pode ser feito quando Sendo V2 o valor após o desconto, temos que:
o problema diz que TODOS os descontos ou 𝑝2
aumentos são dados a uma porcentagem do V2 = V1 .(1 – )
valor inicial. Mas em geral, os cálculos são fei‐ 100
tos como mostrado no texto a seguir. Como temos uma expressão para , basta substituir:
𝑝1 𝑝2
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
Aumentos e Descontos Sucessivos: Consideremos um 100 100
valor inicial V, e vamos considerar que ele irá sofrer dois
aumentos sucessivos de p1% e p2%. Sendo V1 o valor após Ex. Um produto sofreu um aumento de 20% e depois
o primeiro aumento, temos: sofreu uma redução de 20%. Isso significa que ele voltará
𝑝1 ao seu valor original.
V1 = V .(1 + ) ( ) CERTO ( ) ERRADO
100
Sendo V2 o valor após o segundo aumento, ou seja, Este problema clássico tem como finalidade conceituar
após já ter aumentado uma vez, temos que: esta parte de aumento e redução percentual e evitar o erro
𝑝2 do leitor ao achar que aumentando p% e diminuindo p%,
V2 = V1 .(1 + ) volta-se ao valor original. Se usarmos o que aprendemos,
100 temos que:
Como temos também uma expressão para V1, basta 𝑝1 𝑝2
substituir: V2 = V . 1+ . 1–
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

100 100
𝑝1 𝑝2 𝐴𝑢𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 𝑟𝑒𝑑𝑢çã𝑜
V2 = V .(1 + ) .(1 + ) 20
100 100 20
V2 = V .(1+ ) .(1 – )
100 100
Assim, para cada aumento, temos um fator correspon‐ V2 = V .(1+0,2) .(1 – 0,2 )
dente e basta ir multiplicando os fatores para chegar ao
resultado final. V2 = V .(1,2) .(0,8)
96
No caso de desconto, temos o mesmo caso, sendo V V2 = 0,96.V= V=96% de V
um valor inicial, vamos considerar que ele irá sofrer dois 100
descontos sucessivos de p1% e p2%. Ou seja, o valor final corresponde a 96% de V e não
100%, assim, eles não são iguais, portanto deve-se assina‐
Sendo V1 o valor após o primeiro desconto, temos: lar a opção ERRADO

24
Não! Porque sentenças interrogativas, não podemos
declarar se é falso ou verdadeiro.
EXERCÍCIO COMENTADO Bruno, vá estudar.
É uma declaração imperativa, e da mesma forma, não
1. (UNESP) Suponhamos que, para uma dada eleição, conseguimos definir se é verdadeiro ou falso, portanto, não
uma cidade tivesse 18.500 eleitores inscritos. Suponhamos é proposição.
Passei!
ainda que, para essa eleição, no caso de se verificar um
Ahh isso é muito bom, mas infelizmente, não podemos
índice de abstenções de 6% entre os homens e de 9% entre de qualquer forma definir se é verdadeiro ou falso, porque
as mulheres, o número de votantes do sexo masculino será é uma sentença exclamativa.
exatamente igual ao número de votantes do sexo feminino. Vamos ver alguns princípios da lógica:
Determine o número de eleitores de cada sexo. I. Princípio da não Contradição: uma proposição não
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
Resposta: Denotamos o número de eleitores do sexo II. Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é
femininos de F e de votantes masculinos de M. Pelo verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses
enunciado do exercícios, F+M = 18500. Além disso, o casos e nunca um terceiro caso.
índice de abstenções entre os homens foi de 6% e
de 9% entre as mulheres, ou seja, 94% dos homens e 1. Valor Lógico das Proposições
91% das mulheres compareceram a votação, onde 94%M
= 91%F ou 0,94M = 0,91F. Assim, para determinar o Definição: Chama-se valor lógico de uma proposição a
verdade, se a proposição é verdadeira (V), e a falsidade, se
número de eleitores de cada sexo temos os seguinte
a proposição é falsa (F).
sistema para resolver:
F + M = 18500 Exemplo
� p: Thiago é nutricionista.
0,94M = 0,91F
V(p)=V essa é a simbologia para indicar que o valor ló‐
0,91
gico de p é verdadeira, ou
Da segunda equação, temos que M = 0,94 F . Agora, V(p)=F
substituindo M na primeira equação do sistema Basicamente, ao invés de falarmos, é verdadeiro ou fal‐
encontra-se F =  9400 e por fim determina-se M = 9100. so, devemos falar tem o valor lógico verdadeiro, tem valor
lógico falso.
RACIOCÍNIO LÓGICO‐MATEMÁTICO: PRO- 2. Classificação
POSIÇÕES, CONECTIVOS, EQUIVALÊNCIA E Proposição simples: não contém nenhuma outra propo‐
IMPLICAÇÃO LÓGICA, ARGUMENTOS sição como parte integrante de si mesma. São geralmente
VÁLIDOS designadas pelas letras latinas minúsculas p,q,r,s...
E depois da letra colocamos “:”
Definição: Todo o conjunto de palavras ou símbolos que
Exemplo:
exprimem um pensamento de sentido completo.
p: Marcelo é engenheiro.
Nossa professora, bela definição! q: Ricardo é estudante.
Não entendi nada!
Vamos pensar que para ser proposição a frase tem que Proposição composta: combinação de duas ou mais
fazer sentido, mas não só sentido no nosso dia a dia, mas proposições. Geralmente designadas pelas letras maiúscu‐
também no sentido lógico. las P, Q, R, S,...
Para uma melhor definição dentro da lógica, para ser
proposição, temos que conseguir julgar se a frase é verda‐ Exemplo:
deira ou falsa. P: Marcelo é engenheiro e Ricardo é estudante.
Q: Marcelo é engenheiro ou Ricardo é estudante.
Exemplos: Se quisermos indicar quais proposições simples fazem
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

(A) A Terra é azul. parte da proposição composta:


P(p,q)
Conseguimos falar se é verdadeiro ou falso? Então é
Se pensarmos em gramática, teremos uma proposição
uma proposição. composta quando tiver mais de um verbo e proposição
(B) >2 simples, quando tiver apenas 1. Mas, lembrando que para
ser proposição, temos que conseguir definir o valor lógico.
Como ≈1,41, então a proposição tem valor lógico
falso. 3. Conectivos
Todas elas exprimem um fato.
Agora, vamos pensar em uma outra frase: Agora que vamos entrar no assunto mais interessante e
O dobro de 1 é 2? o que liga as proposições.
Sim, correto? Antes, estávamos vendo mais a teoria, a partir dos co‐
Correto. Mas é uma proposição? nectivos vem a parte prática.

25
3.1. Definição Símbolo: →

Palavras que se usam para formar novas proposições, a Exemplos


partir de outras. p→q: Se chove, então faz frio.
Vamos pensar assim: conectivos? Conectam alguma p→q: É suficiente que chova para que faça frio.
coisa? p→q: Chover é condição suficiente para fazer frio.
Sim, vão conectar as proposições, mas cada conectivo p→q: É necessário que faça frio para que chova.
terá um nome, vamos ver? p→q: Fazer frio é condição necessária para chover.

-Negação -Bicondicional
Extenso: se, e somente se, ...
Símbolo: ↔
p: Lucas vai ao cinema.
q: Danilo vai ao cinema.
Exemplo p↔q: Lucas vai ao cinema se, e somente se, Danilo vai
p: Lívia é estudante. ao cinema.
~p: Lívia não é estudante.
q: Pedro é loiro. Referências
¬q: É falso que Pedro é loiro. ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá‐
r: Érica lê muitos livros. tica – São Paulo: Nobel – 2002.
~r: Não é verdade que Érica lê muitos livros.
s: Cecilia é dentista.
¬s: É mentira que Cecilia é dentista. Tabela-verdade

Com a tabela-verdade, conseguimos definir o valor


-Conjunção
lógico de proposições compostas facilmente, analisando
cada coluna.
Se tivermos uma proposição p, ela pode ter V(p)=V ou
V(p)=F.
p
Nossa, são muitas formas de se escrever com a con‐ V
junção.
Não precisa decorar todos, alguns são mais usuais: “e”, F
“mas”, “porém”.
Exemplos Quando temos duas proposições, não basta colocar só
p: Vinícius é professor. VF, será mais que duas linhas.
q: Camila é médica.
p q
p∧q: Vinícius é professor e Camila é médica.
p∧q: Vinícius é professor, mas Camila é médica. V V
p∧q: Vinícius é professor, porém Camila é médica. V F

- Disjunção F V
F F

Observe, a primeira proposição ficou VVFF


p: Vitor gosta de estudar. E a segunda intercalou VFVF
q: Vitor gosta de trabalhar. Vamos raciocinar, com uma proposição temos 2 possi‐
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

p∨q: Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de traba‐ bilidades, com 2 proposições temos 4, tem que haver um
lhar. padrão para se tornar mais fácil!
As possibilidades serão 2n,
- Disjunção Exclusiva Onde:
Extensa: Ou...ou... n=número de proposições
Símbolo: ∨
p: Vitor gosta de estudar.
q: Vitor gosta de trabalhar
p q r
p∨q Ou Vitor gosta de estudar ou Vitor gosta de tra‐
balhar. V V V
-Condicional V F V
Extenso: Se..., então..., É necessário que, Condição ne‐
cessária V V F

26
V F F -Disjunção Exclusiva
Na disjunção exclusiva é diferente, pois OU comprei
F V V chocolate OU comprei bala.
F F V Ou seja, um ou outro, não posso ter os dois ao mesmo
tempo.
F V F
F F F p q p ∨q
A primeira proposição, será metade verdadeira e me‐ V V F
tade falsa. V F V
A segunda, vamos sempre intercalar VFVFVF.
E a terceira VVFFVVFF. F V V
Agora, vamos ver a tabela verdade de cada um dos F F F
operadores lógicos?
-Condicional
-Negação Se chove, então faz frio.
p ~p Se choveu e fez frio.
V F Estamos dentro da possibilidade.(V)
Choveu e não fez frio.
F V Não está dentro do que disse. (F)
Não choveu e fez frio.
Se estamos negando uma coisa, ela terá valor lógico Ahh tudo bem, porque pode fazer frio se não chover,
oposto, faz sentido, não? certo?(V)
- Conjunção Não choveu, e não fez frio.
Eu comprei bala e chocolate, só vou me contentar se eu Ora, se não choveu, não precisa fazer frio. (V)
tiver as duas coisas, certo?
Se eu tiver só bala não ficarei feliz, e nem se tiver só
chocolate. p q p →q
E muito menos se eu não tiver nenhum dos dois. V V V
V F F
p q p ∧q
F V V
V V V
F F V
V F F
F V F -Bicondicional
F F F Ficarei em casa, se e somente se, chover.
Estou em casa e está chovendo.
-Disjunção A ideia era exatamente essa. (V)
Vamos pensar na mesma frase anterior, mas com o co‐ Estou em casa, mas não está chovendo.
nectivo “ou”. Você não fez certo, era só pra ficar em casa se chovesse.
Eu comprei bala ou chocolate. (F)
Eu comprei bala e também comprei a chocolate, está Eu sai e está chovendo.
certo pois poderia ser um dos dois ou os dois. Aiaiai não era pra sair se está chovendo (F)
Se eu comprei só bala, ainda estou certa, da mesma for‐ Não estou em casa e não está chovendo.
ma se eu comprei apenas chocolate. Sem chuva, você pode sair, ta?(V)
Agora se eu não comprar nenhum dos dois, não dará
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

certo.

p q p ↔q
V V V
p q p ∨q V F F
V V V F V F
V F V F F V
F V V
F F F

27
EXERCÍCIO COMENTADO

1.(EBSERH – ÁREA MÉDICA – CESPE – 2018) A respeito


de lógica proposicional, julgue o item que se segue.
Se P, Q e R forem proposições simples e se ~R indicar a
negação da proposição R, então, independentemente dos
valores lógicos V = verdadeiro ou F = falso de P, Q e R, a
proposição P→Q∨(~R) será sempre V.

( )CERTO ( )ERRADO

Resposta: Errado – Se P for verdadeiro, Q falso e R falso,


a proposição é falsa.

2. (TRT 7ª REGIÃO – CONHECIMENTOS BÁSICOS – Completando a tabela, se necessário, assinale a opção que
CESPE – 2017) mostra, na ordem em que aparecem, os valores lógicos na
coluna correspondente à proposição S, de cima para baixo.
Texto CB1A5AAA – Proposição P
a) V / V / F / F / F / F / F / F.
A empresa alegou ter pago suas obrigações previdenciárias, b) V / V / F / V / V / F / F / V.
mas não apresentou os comprovantes de pagamento; c) V / V / F / V / F / F / F / V.
o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo ex- d) V / V / V / V / V / V / V / V.
empregado. e) V / V / V / F / V / V / V / F.
A quantidade mínima de linhas necessárias na tabela-
verdade para representar todas as combinações possíveis Resposta: Letra D
para os valores lógicos das proposições simples que A proposição S é composta por: (p∧q)→(r∨p)
compõem a proposição P do texto CB1A5AAA é igual a
P Q R p∧q r∨p S(p∧q)→(r∨p)
a) 32.
V V V V V V
b) 4.
c) 8. V V F V V V
d) 16. V F V F V V
Resposta: Letra C. V F F F V V
P: A empresa alegou ter pago suas obrigações previden‐ F V V F V V
ciárias.
Q: apresentou os comprovantes de pagamento. F V F F F V
R: o juiz julgou, pois, procedente a ação movida pelo F F V F V V
ex-empregado.
F F F F F V
Número de linhas: 2³=8

3.(SERES-PE – AGENTE DE SEGURANÇA


Tautologia
PENITENCIÁRIA – CESPE – 2017) A partir das proposições
simples P: “Sandra foi passear no centro comercial Bom
Definição: Chama-se tautologia, toda proposição com‐
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Preço”, Q: “As lojas do centro comercial Bom Preço estavam


posta que terá a coluna inteira de valor lógico V.
realizando liquidação” e R: “Sandra comprou roupas
Podemos ter proposições SIMPLES que são falsas e se
nas lojas do Bom Preço” é possível formar a proposição
a coluna da proposição composta for verdadeira é tauto‐
composta S: “Se Sandra foi passear no centro comercial
logia.
Bom Preço e se as lojas desse centro estavam realizando
Vamos ver alguns exemplos.
liquidação, então Sandra comprou roupas nas lojas do
Bom Preço ou Sandra foi passear no centro comercial
A proposição ~(p∧p) é tautologia, pelo Princípio da
Bom Preço”. Considerando todas as possibilidades de as
não contradição. Está lembrado?
proposições P, Q e R serem verdadeiras (V) ou falsas (F), é
Princípio da não Contradição: uma proposição não
possível construir a tabela-verdade da proposição S, que
pode ser verdadeira “e” falsa ao mesmo tempo.
está iniciada na tabela mostrada a seguir.

28
P ~p p∧~p ~(p∧~p) Novamente, coluna deu inteira com valor lógico verda‐
deiro, é tautologia.
V F F V
Exemplo 3
F V F V
Se João é estudante ou não é estudante, então Mateus
é professor.
A proposição p∨ ~p é tautológica, pelo princípio do
Terceiro Excluído.
Princípio do Terceiro Excluído: toda proposição “ou” é P Q ~p p∨~p p∨~p→q
verdadeira “ou” é falsa, isto é, verifica-se sempre um desses V V F V V
casos e nunca um terceiro caso.
V F F V F

P ~p p∨~p F V V V V

V F V F F V V F

F V V Deu pelo menos uma falsa e agora?


Não é tautologia.
Esses são os exemplos mais simples, mas normalmente
conseguiremos resolver as questões com base na tabela Referências
verdade, por isso insisto que a tabela verdade dos opera‐ ALENCAR FILHO, Edgar de. Iniciação a lógica matemáti-
dores, têm que estar na “ponta da língua”, quase como a ca. São Paulo: Nobel – 2002.
tabuada da matemática.
Veremos outros exemplos.
EXERCÍCIO COMENTADO
Exemplo 1
Vamos pensar nas proposições:
1.(INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
P: João é estudante.
2016) Com relação a lógica proposicional, julgue o item
Q: Mateus é professor. subsequente.
Se João é estudante, então João é estudante ou Mateus Considerando-se as proposições simples “Cláudio pratica
é professor. esportes” e “Cláudio tem uma alimentação balanceada”, é
correto afirmar que a proposição “Cláudio pratica esportes
Em simbologia: p→p∨q ou ele não pratica esportes e não tem uma alimentação
balanceada” é uma tautologia.
P Q p ∨q p→p∨q
( )CERTO ( )ERRADO
V V V V
V F V V Resposta: Errado
p: Cláudio pratica esportes.
F V V V q: Cláudio tem uma alimentação balanceada.
F F F V (p∨~p)∧~q

A coluna inteira da proposição composta deu verdadei‐ P ~P Q ~q p∨~P (p∨~p)∧~q


ro, então é uma tautologia. V F V F V F
V F F V V V
Exemplo 2 F V V F V F
Com as mesmas proposições anteriores:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

João é estudante ou não é verdade que João é estudan‐ F V F V V V


te e Mateus é professor.
EQUIVALÊNCIAS LÓGICAS
p∨~(p∧q)
P Q p∧q ~(p∧q) p∨~(p∧q) Diz-se que uma proposição P(p,q,r..) é logicamente
equivalente ou equivalente a uma proposição Q(p,r,s..) se
V V V F V
as tabelas-verdade dessas duas proposições são IDÊNTI‐
V F F V V CAS.
Para indicar que são equivalentes, usaremos a seguinte
F V F V V
notação:
F F F V V
P(p,q,r..) ⇔ Q(p,r,s..)

29
Essa parte de equivalência é um pouco mais chatinha, A condicional ~p→~q é equivalente a disjunção p∨~q
mas conforme estudamos, vou falando algumas dicas.
p q ~p ~q ~p→~q p∨~q
Regra da Dupla negação
V V F F V V
~~p⇔p V F F V V V
p ~p ~~p F V V F F F
V F V F F V V V V
F V F
Equivalências fundamentais (Propriedades Funda-
São iguais, então ~~p⇔p mentais): a equivalência lógica entre as proposições goza
das propriedades simétrica, reflexiva e transitiva.
Regra de Clavius
1 – Simetria (equivalência por simetria)
~p→p⇔p
a) p ∧ q ⇔ q ∧ p
p ~p ~p→p
p q p∧q q∧p
V F V
V V V V
F V F
V F F F
Regra de Absorção F V F F

p→p∧q⇔p→q F F F F

b) p ∨ q ⇔ q ∨ p
p q p ∧q p→p∧q p→q
V V V V V p q p∨q q∨p
V F F F F V V V V
F V F V V V F V V
F F F V V F V V V

Condicional F F F F
Gostaria da sua atenção aqui, pois as condicionais são
as mais pedidas nos concursos.
c) p ∨ q ⇔ q ∨ p
A condicional p→q e a disjunção ~p∨q, têm tabelas‐
-verdades idênticas p q p∨q q ∨ p
V V F F
p ~p q p∧q p→q ~p∨q
V F V V
V F V V V V
F V V V
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

V F F F F F
F F F F
F V V F V V
F V F F V V d) p ↔ q ⇔ q ↔ p

Exemplo p q p↔ q↔
p: Coelho gosta de cenoura q p
q: Coelho é herbívoro.
V V V V
p→q: Se coelho gosta de cenoura, então coelho é her‐ V F F F
bívoro. F V F F
~p∨q: Coelha não gosta de cenoura ou coelho é her‐
bívoro F F V V

30
Equivalências notáveis: b) p ∨ (q ∨ r) ⇔ (p ∨ q) ∨ (p ∨ r)

1 - Distribuição (equivalência pela distributiva) p q r q p


p ∨ (q p∨ (p ∨ q) ∨ (p
∨r ∨ r) q ∨r ∨ r)
a) p ∧ (q ∨ r) ⇔ (p ∧ q) ∨ (p ∧ r)
V V V V V V V V
p q r q p ∧ (q p∧ p (p ∧ q) ∨ (p V V F V V V V V
∨r ∨ r) q ∧r ∧ r) V F V V V V V V
V V V V V V V V V F F F V V V V
V V F V V V F V F V V V V V V V
V F V V V F V V F V F V V V F V
V F F F F F F F F F V V V F V V
F V V V F F F F F F F F F F F F
F V F V F F F F
3 – Idempotência
F F V V F F F F
F F F F F F F F a) p ⇔ (p ∧ p)

b) p ∨ (q ∧ r) ⇔ (p ∨ q) ∧ (p ∨ r) Para ficar mais fácil o entendimento, vamos fazer duas


colunas com p
p q r q p ∨ (q p∨ p (p ∨ q) ∧ (p
∧r ∧ r) q ∨r ∨ r) p p p ∧p
V V V V V V V V V V V
V V F F V V V V F F F
V F V F V V V V
b) p ⇔ (p ∨ p)
V F F F V V V V
F V V V V V V V p p p ∨p
F V F F F V F F V V V
F F V F F F V F F F F
F F F F F F F F

2 - Associação (equivalência pela associativa)

a) p ∧ (q ∧ r) ⇔ (p ∧ q) ∧ (p ∧ r) 4 - Pela contraposição: de uma condicional gera-se


outra condicional equivalente à primeira, apenas inverten‐
do-se e negando-se as proposições simples que as com‐
p q r q p ∧ (q ∧ r) p∧q p (p ∧ q) ∧ (p põem.
∧r ∧r ∧ r)
V V V V V V V V Da mesma forma que vimos na condicional mais acima,
temos outros modos de definir a equivalência da condicio‐
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

V V F F F V F F
nal que são de igual importância.
V F V F F F V F
V F F F F F F F 1º caso: (p → q) ⇔ (~q → ~p)
F V V V F F F F
p q ~p ~q p→q ~q → ~p
F V F F F F F F
V V F F V V
F F V F F F F F
V F F V F F
F F F F F F F F
F V V F V V
F F V V V V

31
2º caso: (~p → q) ⇔ (~q → p) 6 - Pela exportação-importação

[(p ∧ q) → r] ⇔ [p → (q → r)]
p q ~p ~p → q ~q ~q → p
V V F V F V p q r p∧q (p ∧ q) → r q→r p → (q → r)
V F F V V V V V V V V V V
F V V V F V V V F V F F F
F F V F V F V F V F V V V
3º caso: (p → ~q) ⇔ (q → ~p) V F F F V V V
F V V F V V V
p q ~q p → ~q ~p q → ~p F V F F V F V
V V F F F F F F V F V V V
V F V V F V F F F F V V V
F V F V V V
Proposições Associadas a uma Condicional (se, então)
F F V V V V
Chama-se proposições associadas a p → q as três pro‐
5 - Pela bicondicional posições condicionadas que contêm p e q:
– Proposições recíprocas: p → q: q → p
a) (p ↔ q) ⇔ (p → q) ∧ (q → p), por definição – Proposição contrária: p → q: ~p → ~q
– Proposição contrapositiva: p → q: ~q → ~p
p q p↔q p→q q→p (p → q) ∧ (q → p) Observe a tabela verdade dessas quatro proposições:
V V V V V V
V F F F V F p q ~p ~q p→ q→ ~p → ~q →
q p ~q ~p
F V F V F F
V V F F V V V V
F F V V V V
V F F V F V V F
b) (p ↔ q) ⇔ (~q → ~p) ∧ (~p → ~q) F V V F V F F V
F F V V V V V V
p q p ~q ~p ~q → ~p → (~q → ~p) ∧
↔ ~p ~q (~p → ~q) Observamos ainda que a condicional p → q e a sua re‐
q cíproca q → p ou a sua contrária ~p → ~q NÃO SÃO EQUI‐
V V V F F V V V VALENTES.
V F F V F F V F
F V F F V V F F
EXERCÍCIOS COMENTADOS
F F V V V V V V

c) (p ↔ q) ⇔ (p ∧ q) ∨ (~p ∧ ~q) 1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE –


2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

menos.”, que corresponde a um ditado popular, julgue o


p q p p∧ ~p ~q ~p ∧ (p ∧ q) ∨ (~p próximo item.
↔ q ~q ∧ ~q) Do ponto de vista da lógica sentencial, a proposição P é
q
equivalente a “Se pode mais, o indivíduo chora menos”.
V V V V F F F V
V F F F F V F F ( ) CERTO ( ) ERRADO

F V F F V F F F Resposta: Certo
F F V F V V V V Uma dica é que normalmente quando tem vírgula é
condicional, não é regra, mas acontece quando você não
acha o conectivo.

32
2. (PC-PE – PERITO PAPILOSCOPISTA – CESPE – 2016) Negação de uma conjunção (Lei de Morgan)

Texto CG1A06AAA Para negar uma conjunção, basta negar as partes e tro‐
car o conectivo conjunção pelo conectivo disjunção.
A Polícia Civil de determinado município prendeu, na
sexta-feira, um jovem de 22 anos de idade suspeito de ter ~(p ∧ q) ⇔ (~p ∨ ~q)
cometido assassinatos em série. Ele é suspeito de cortar, p q ~p ~q p∧q ~(p ∧ q) ~p ∨ ~q
em três partes, o corpo de outro jovem e de enterrar as
partes em um matagal, na região interiorana do município. V V F F V F F
Ele é suspeito também de ter cometido outros dois V F F V F V V
esquartejamentos, já que foram encontrados vídeos em
que ele supostamente aparece executando os crimes F V V F F V V
Assinale a opção que é logicamente equivalente à F F V V F V V
proposição “Ele é suspeito também de ter cometido outros
dois esquartejamentos, já que foram encontrados vídeos Negação de uma disjunção (Lei de Morgan)
em que ele supostamente aparece executando os crimes”,
presente no texto CG1A06AAA. Para negar uma disjunção, basta negar as partes e tro‐
car o conectivo-disjunção pelo conectivo-conjunção.
a) Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente
aparece executando os dois esquartejamentos, ele é ~(p ∨ q) ⇔ (~p ∧ ~q)
suspeito também de ter cometido esses crimes.
b) Ele não é suspeito de outros dois esquartejamentos, p q ~p ~q p∨q ~(p ∨ q) ~p ∧ ~q
já que não foram encontrados vídeos em que ele V V F F V F F
supostamente aparece executando os crimes.
V F F V V F F
c) Se não foram encontrados vídeos em que ele supostamente
aparece executando os dois esquartejamentos, ele não é F V V F V F F
suspeito desses crimes. F F V V F V V
d) Como ele é suspeito de ter cometido também dois
esquartejamentos, foram encontrados vídeos em que Resumindo as negações, quando é conjunção nega as
ele supostamente aparece executando os crimes. duas e troca por “ou”
e) Foram encontrados vídeos em que ele supostamente Quando for disjunção, nega tudo e troca por “e”.
aparece executando os dois esquartejamentos, pois ele
é também suspeito de ter cometido esses crimes. Negação de uma disjunção exclusiva
Resposta: Letra A ~(p ∨ q) ⇔ (p ↔ q)
A expressão já que=pois
Que se for escrita com a condicional, devemos mudar as p q p ∨q ~( p∨q) p↔q
proposições de lugar. V V F V V
Se foram encontrados vídeos em que ele supostamente
aparece executando os dois esquartejamentos, ele é V F V F F
suspeito também de ter cometido esses crimes. F V V F F
F F F V V
Referências
ALENCAR FILHO, Edgar de – Iniciação a lógica matemá‐
Negação de uma condicional
tica – São Paulo: Nobel – 2002.
CABRAL, Luiz Cláudio Durão; NUNES, Mauro César de
Famoso MANE
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Abreu - Raciocínio lógico passo a passo – Rio de Janeiro:


Mantém a primeira e nega a segunda.
Elsevier, 2013.
~(p → q) ⇔ (p ∧ ~q)
Negação de uma proposição composta p q p→q ~q ~(p → q) p ∧ ~q
V V V F F F
Definição: Quando se nega uma proposição composta
primitiva, gera-se outra proposição também composta e V F F V V V
equivalente à negação de sua primitiva. F V V F F V
Ou seja, muitas vezes para os exercícios teremos que
saber qual a equivalência da negação para compor uma F F V V F F
frase, por exemplo.

33
Negação de uma bicondicional

~(p ↔ q) = ~[(p → q) ∧ (q → p)] ⇔ [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]


P Q p↔q p→q q→p p → q) ∧ (q → p)] ~[(p → q) ∧ (q → p)] p ∧ ~q q ∧ ~p [(p ∧ ~q) ∨ (q ∧ ~p)]
V V V V V V F F F F
V F F F V F V V F V
F V F V F F V F V V
F F V V V V F F F F

Dupla negação (Teoria da Involução)

a) De uma proposição simples: p ⇔ ~ (~p)


P ~P ~ (~p)
V F V
F V F

b) De uma condicional: Definição: A dupla negação de uma condicional dá-se da seguinte forma: nega-se a 1ª parte da
condicional, troca-se o conectivo-condicional pela disjunção e mantém-se a 2ª parte.
Demonstração: Seja a proposição primitiva: p → q nega-se pela 1ª vez: ~(p → q) ⇔ p ∧ ~q nega-se pela 2ª vez: ~(p ∧
~q) ⇔ ~p ∨ q
Conclusão: Ao negarmos uma proposição primitiva duas vezes consecutivas, a proposição resultante será equivalente à
sua proposição primitiva. Logo, p → q ⇔ ~p ∨ q

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (TRF 1ª REGIÃO – TÉCNICO JUDICIÁRIO – CESPE – 2017) A partir da proposição P: “Quem pode mais, chora menos.”,
que corresponde a um ditado popular, julgue o próximo item.
A negação da proposição P pode ser expressa por “Quem não pode mais, não chora menos”

( ) CERTO ( ) ERRADO

Resposta: Errado.
Negação de uma condicional: mantém a primeira e nega a segunda

2. (PC-PE – PERITO CRIMINAL – CESPE – 2016) Considere as seguintes proposições para responder a questão.

P1: Se há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo delito, então há punição de criminosos.

P2: Se há punição de criminosos, os níveis de violência não tendem a aumentar.

P3: Se os níveis de violência não tendem a aumentar, a população não faz justiça com as próprias mãos.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Assinale a opção que apresenta uma negação correta da proposição P1.

a) Se não há punição de criminosos, então não há investigação ou o suspeito não é flagrado cometendo delito.
b) Há punição de criminosos, mas não há investigação nem o suspeito é flagrado cometendo delito.
c) Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo delito, mas não há punição de criminosos.
d) Se não há investigação ou o suspeito não é flagrado cometendo delito, então não há punição de criminosos.
e) Se não há investigação e o suspeito não é flagrado cometendo delito, então não há punição de criminosos.

Resposta: Letra C
Famoso MANE
Mantém a primeira e nega a segunda.

34
Há investigação ou o suspeito é flagrado cometendo Sabendo que Pedro é inocente,
delito e não há punição de criminosos. João é culpado se e somente se Pedro é inocente.
João é culpado, pois a bicondicional só é verdadeira se
No caso, a questão ao invés de “e”utilizou mas ambas forem verdadeiras ou ambas falsas.
Argumentos João é culpado se e somente se Pedro é inocente
(V) (V)
Um argumento é um conjunto finito de premissas (pro‐
posições), sendo uma delas a consequência das demais. Ora, Pedro é inocente
Tal premissa (proposição), que é o resultado dedutivo ou (V)
consequência lógica das demais, é chamada conclusão. Um
argumento é uma fórmula: P1 ∧ P2 ∧ ... ∧ Pn → Q Sabendo que João é culpado, vamos analisar a primeira
OBSERVAÇÃO: A fórmula argumentativa P1 ∧ P2 ∧ ... premissa.
∧ Pn → Q, também poderá ser representada pela seguinte Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
forma: Então, Antônio é inocente, pois a disjunção exclusiva só
é verdadeira se apenas uma das proposições for.

Se Antônio é inocente então Carlos é inocente.


Carlos é inocente, pois sendo a primeira verdadeira, a
condicional só será verdadeira se a segunda proposição
também for.

1. Argumentos válidos Então, temos:


Pedro é inocente, João é culpado, António é inocente e
Um argumento é válido quando a conclusão é verda‐ Carlos é inocente.
deira (V), sempre que as premissas forem todas verdadeiras
(V). Dizemos, também, que um argumento é válido quando
a conclusão é uma consequência obrigatória das verdades EXERCÍCIO COMENTADO
de suas premissas.
Argumentos inválidos
Um argumento é dito inválido (ou falácia, ou ilegítimo 1. (DPU – AGENTE ADMINISTRATIVO – CESPE – 2016)
ou mal construído), quando as verdades das premissas são Considere que as seguintes proposições sejam verdadeiras.
insuficientes para sustentar a verdade da conclusão. Caso a • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
conclusão seja falsa, decorrente das insuficiências geradas • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
pelas verdades de suas premissas, tem-se como conclusão • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
uma contradição (F). • Quando Fernando está estudando, não chove.
• Durante a noite, faz frio.
2. Métodos para testar a validade dos argumentos Tendo como referência as proposições apresentadas,
julgue o item subsecutivo.
(IF-BA – ADMINISTRADOR – FUNRIO – 2016) Ou
Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava estudando.
João é culpado ou Antônio é culpado. Se Antônio é inocen‐
te então Carlos é inocente. João é culpado se e somente se
Pedro é inocente. Ora, Pedro é inocente. Logo, ( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Pedro e Antônio são inocentes e Carlos e João são
culpados. Resposta: Errado
b) Pedro e Carlos são inocentes e Antônio e João são • Durante a noite, faz frio.
culpados. V
c) Pedro e João são inocentes e Antônio e Carlos são
culpados. • Quando Cláudio sai de casa, não faz frio.
d) Antônio e Carlos são inocentes e Pedro e João são
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

F F
culpados.
e) Antônio, Carlos e Pedro são inocentes e João é cul‐ • Quando Cláudio fica em casa, Maria vai ao cinema.
pado. V V
Resposta: E.
Vamos começar de baixo pra cima. • Quando chove, Maria não vai ao cinema.
F F
Ou João é culpado ou Antônio é culpado.
Se Antônio é inocente então Carlos é inocente. • Quando Fernando está estudando, não chove.
João é culpado se e somente se Pedro é inocente. V/F V
Ora, Pedro é inocente. Portanto, Se Maria foi ao cinema, então Fernando estava
(V) estudando.
Não tem como ser julgado.

35
Diagramas Lógicos 1. Definição das proposições

As questões de Diagramas lógicos envolvem as pro‐ Todo A é B.


posições categóricas (todo, algum, nenhum), cuja solução
requer que desenhemos figuras, os chamados diagramas. O conjunto A está contido no conjunto B, assim todo
elemento de A também é elemento de B.
Quantificadores são elementos que, quando associados
às sentenças abertas, permitem que as mesmas sejam ava‐ Podemos representar de duas maneiras:
liadas como verdadeiras ou falsas, ou seja, passam a ser
qualificadas como sentenças fechadas.

O quantificador universal
O quantificador universal, usado para transformar sen‐
tenças (proposições) abertas em proposições fechadas, é
indicado pelo símbolo “∀”, que se lê: “qualquer que seja”,
“para todo”, “para cada”.

Exemplo:
(∀x)(x + 2 = 6)
Lê-se: “Qualquer que seja x, temos que x + 2 = 6” (falsa).
É falso, pois não podemos colocar qualquer x para a Quando “todo A é B” é verdadeira, vamos ver como fi‐
afirmação ser verdadeira. cam os valores lógicos das outras?
O quantificador existencial
Pensemos nessa frase: Toda criança é linda.
O quantificador existencial é indicado pelo símbolo “∃”
que se lê: “existe”, “existe pelo menos um” e “existe um”.
Nenhum A é B é necessariamente falsa.
Nenhuma criança é linda, mas eu não acabei de falar
Exemplos:
que TODA criança é linda? Por isso é falsa.
(∃x)(x + 5 = 9)
Lê-se: “Existe um número x, tal que x + 5 = 9” (verda‐ Algum A é B é necessariamente verdadeira.
deira). Alguma Criança é linda, sim, se todas são 1, 2, 3...são
lindas.
Nesse caso, existe um número, ahh tudo bem... claro que
existe algum número que essa afirmação será verdadeira. Algum A não é B necessariamente é falsa, pois A está
contido em B.
Ok? Sem maiores problemas, certo? Alguma criança não é linda, bem como já vimos impos‐
sível, pois todas são.
Representação de uma proposição quantificada
Nenhum A é B.
(∀x)(x ∈ N)(x + 3 > 15)
Quantificador: ∀ A e B não terão elementos em comum.
Condição de existência da variável: x ∈ N.
Predicado: x + 3 > 15.

(∃x)[(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)]
Quantificador: ∃
Condição de existência da variável: não há.
Predicado: “(x + 1 = 4) ∧ (7 + x = 10)”.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Negações de proposições quantificadas ou funcionais


Seja uma sentença (∀x)(A(x)).
Negação: (∃x)(~A(x))

Exemplo Quando “nenhum A é B” é verdadeira, vamos ver como


(∀x)(2x-1=3) ficam os valores lógicos das outras?
Negação: (∃x)(2x-1≠3)
Frase: Nenhum cachorro é gato. (sim, eu sei. Frase ex‐
Seja uma sentença (∃x)(Q(x)). trema, mas assim é bom para entendermos..hehe)
Negação: (∀x)(~Q(x)).
(∃x)(2x-1=3) Todo A é B é necessariamente falsa.
Negação: (∀x)(2x-1≠3) Todo cachorro é gato, faz sentido? Nenhum, não é?

36
Algum A é B é necessariamente falsa. d) O conjunto A é igual ao conjunto B.
Algum cachorro é gato, ainda não faz sentido.

Algum A não é B necessariamente verdadeira.


Algum cachorro não é gato. Ah, sim! Espero que todos
não sejam, mas se já está dizendo “algum” vou concordar.

Algum A é B.

Quer dizer que há pelo menos 1 elemento de A em co‐


mum com o conjunto B

Temos 4 representações possíveis

a) os dois conjuntos possuem uma parte dos elementos Quando “algum A é B” é verdadeira, vamos ver como
em comum. ficam os valores lógicos das outras?
Frase: Algum copo é de vidro.

Nenhum A é B é necessariamente falsa.


Nenhum copo é de vidro.
Com frase fica mais fácil né? Porque assim, consegui‐
mos ver que é falsa, pois acabei de falar que algum copo é
de vidro, ou seja, tenho pelo menos 1 copo de vidro.

Todo A é B.
Não conseguimos determinar, podendo ser verdadeira
ou falsa (podemos analisar também os diagramas mostra‐
dos nas figuras a e c).
Todo copo é de vidro.
b) Todos os elementos de A estão em B. Pode ser que sim, ou não.

Algum A não é B.
Não conseguimos determinar, podendo ser verdadeira
ou falsa (contradiz com as figuras b e d)
Algum copo não é de vidro.
Como não sabemos se todos os copos são de vidros,
pode ser verdadeira.

Algum A não é B.
O conjunto A tem pelo menos um elemento que não
pertence ao conjunto B.

Aqui teremos 3 modos de representar:

c) Todos os elementos de B estão em A a) Os dois conjuntos possuem uma parte dos elementos
em comum.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

37
b) Todos os elementos de B estão em A. d) Alguns investigados são advogados e alguns investiga‐
dos têm domicílio conhecido.
e) Alguns investigados são advogados e alguns investiga‐
dos não têm domicílio conhecido.

Resposta: Letra E
Nem todos os investigados têm domicilio = Existem in‐
vestigados que não têm domicilio.

2. (UFES – ASSISTENTE EM ADMINISTRAÇÃO – UFES


– 2017) Em um determinado grupo de pessoas,

• todas as pessoas que praticam futebol também praticam


natação,
c) Não há elementos em comum entre os dois conjun‐ • algumas pessoas que praticam tênis também praticam
tos. futebol,
• algumas pessoas que praticam tênis não praticam nata‐
ção.

É CORRETO afirmar que no grupo

a) todas as pessoas que praticam natação também prati‐


cam tênis.
b) todas as pessoas que praticam futebol também praticam
tênis.
c) algumas pessoas que praticam natação não praticam fu‐
tebol.
d) algumas pessoas que praticam natação não praticam
Quando “algum A não é B” é verdadeira, vamos ver tênis.
como ficam os valores lógicos das outras? e) algumas pessoas que praticam tênis não praticam fute‐
Vamos fazer a frase contrária do exemplo anterior. bol.
Frase: Algum copo não é de vidro.
Resposta: Letra E.
Nenhum A é B é indeterminada (contradição com as
figuras a e b).
Nenhum copo é de vidro, algum não é, mas não sei se
todos não são de vidro.

Todo A é B é necessariamente falsa.


Todo copo é de vidro, mas eu disse que algum copo
não era.

Algum A é B é indeterminada.
Algum copo é de vidro, não consigo determinar se tem
algum de vidro ou não.
3. (SEPOG-RO – TÉCNICO EM TECNOLOGIA DA IN-
FORMAÇÃO E COMUNICAÇÃO – FGV – 2017) Conside‐
EXERCÍCIOS COMENTADOS
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

re a afirmação:

1. (PC-RS – ESCRIVÃO – FUNDATEC – 2018) Supondo a “Toda pessoa que faz exercícios não tem pressão alta”.
verdade da sentença aberta: Alguns investigados são ad‐
vogados mas nem todos os investigados têm domicílio co‐ De acordo com essa afirmação é correto concluir que
nhecido. Podemos deduzir a verdade da alternativa:
a) se uma pessoa tem pressão alta então não faz exercícios.
a) Todos investigados são advogados e têm domicílio co‐ b) se uma pessoa não faz exercícios então tem pressão alta.
nhecido. c) se uma pessoa não tem pressão alta então faz exercícios.
b) Todos investigados são advogados e não têm domicílio d) existem pessoas que fazem exercícios e que têm pressão
conhecido. alta.
c) Alguns investigados são advogados e têm domicílio co‐ e) não existe pessoa que não tenha pressão alta e não faça
nhecido. exercícios.

38
Resposta: Letra A 4. Relações de Inclusão
Se toda pessoa que faz exercício não tem pressão alta, ora,
se a pessoa tem pressão alta, então não faz exercício. Relacionam um conjunto com outro conjunto.
Simbologia: ⊂(está contido), ⊄(não está contido),
⊃(contém), (não contém)
Referências
CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado. Série Pro‐ A Relação de inclusão possui 3 propriedades:
vas e Concursos, 2010.
Exemplo:
{1, 3,5}⊂{0, 1, 2, 3, 4, 5}
COMPREENSÃO DO PROCESSO LÓGICO QUE, A {0, 1, 2, 3, 4, 5}⊃{1, 3,5}
PARTIR DE UM CONJUNTO DE HIPÓTESES, CONDUZ, Aqui vale a famosa regrinha que o professor ensina,
DE FORMA VÁLIDA, A CONCLUSÕES DETERMINA- boca aberta para o maior conjunto.
DAS
5. Subconjunto
1. Representação
O conjunto A é subconjunto de B se todo elemento de
- Enumerando todos os elementos do conjunto: S={1,
A é também elemento de B.
2, 3, 4, 5}
Exemplo: {2,4} é subconjunto de {x∈N|x é par}
- Simbolicamente: B={x∈ N|2<x<8}, enumerando esses
elementos temos:
B={3,4,5,6,7} 6. Operações
- por meio de diagrama:
6.1. União

Dados dois conjuntos A e B, existe sempre um terceiro


formado pelos elementos que pertencem pelo menos um
dos conjuntos a que chamamos conjunto união e represen‐
tamos por: A∪B.
Formalmente temos: A∪B={x|x∈A ou x B}

Exemplo:
A={1,2,3,4} e B={5,6}
A∪B={1,2,3,4,5,6}

Quando um conjunto não possuir elementos chamares


de conjunto vazio: S=∅ ou S={ }.

2. Igualdade

Dois conjuntos são iguais se, e somente se, possuem


exatamente os mesmos elementos. Em símbolo:
Interseção
A interseção dos conjuntos A e B é o conjunto formado
Para saber se dois conjuntos A e B são iguais, precisa‐
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

mos saber apenas quais são os elementos. pelos elementos que são ao mesmo tempo de A e de B, e é
Não importa ordem: representada por: A∩B.
A={1,2,3} e B={2,1,3} Simbolicamente: A∩B={x|x∈A e xB}
Não importa se há repetição:
A={1,2,2,3} e B={1,2,3}

3. Relação de Pertinência

Relacionam um elemento com conjunto. E a indicação


que o elemento pertence (∈) ou não pertence (∉)
Exemplo: Dado o conjunto A={-3, 0, 1, 5}
0∈A
2∉A

39
Exemplo: Fórmulas da união
A={a,b,c,d,e} e B={d,e,f,g}
A∩B={d,e} n(A∪B)=n(A)+n(B)-n(A∩B)
n(A∪B∪C)=n(A)+n(B)+n(C)+n(A∩B∩C)-n(A∩B)-n(A∩‐
6.2. Diferença C)-n(B C)
Uma outra operação entre conjuntos é a diferença, que
Essas fórmulas muitas vezes nos ajudam, pois ao invés
a cada par A, B de conjuntos faz corresponder o conjunto
definido por: de fazer todo o digrama, se colocarmos nessa fórmula, o
resultado é mais rápido, o que na prova de concurso é in‐
A – B ou A\B que se diz a diferença entre A e B ou o teressante devido ao tempo.
complementar de B em relação a A. Mas, faremos exercícios dos dois modos para você en‐
A este conjunto pertencem os elementos de A que não tender melhor e perceber que, dependendo do exercício é
pertencem a B. melhor fazer de uma forma ou outra.

EXERCÍCIOS COMENTADOS

1. (MANAUSPREV – ANALISTA PREVIDENCIÁRIO –


FCC – 2015) Em um grupo de 32 homens, 18 são altos, 22
são barbados e 16 são carecas. Homens altos e barbados
que não são carecas são seis. Todos homens altos que são
carecas, são também barbados. Sabe-se que existem 5
A\B = {x : x∈A e x∉B}. homens que são altos e não são barbados nem carecas.
B-A = {x : x∈B e x∉A}. Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não
são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens que
são carecas e não são altos e nem barbados. Dentre todos
esses homens, o número de barbados que não são altos,
mas são carecas é igual a

a) 4.
b) 7.
c) 13.
d) 5.
e) 8.
Exemplo:
A = {0, 1, 2, 3, 4, 5} e B = {5, 6, 7} Resposta: Letra A.
Então os elementos de A – B serão os elementos do
conjunto A menos os elementos que pertencerem ao con‐
junto B.
Portanto A – B = {0, 1, 2, 3, 4}.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

6.3. Complementar

O complementar do conjunto A( ) é o conjunto forma‐

do pelos elementos do conjunto universo que não perten‐


cem a A. Primeiro, quando temos 3 diagramas, sempre começa‐
mos pela interseção dos 3, depois interseção a cada 2 e
por fim, cada um

40
Se todo homem careca é barbado, não teremos apenas Quando somarmos 5+x+6=18
homens carecas e altos. X=18-11=7
Homens altos e barbados são 6 Carecas são 16

Sabe-se que existem 5 homens que são barbados e não


são altos nem carecas. Sabe-se que existem 5 homens 7+y+5=16
que são carecas e não são altos e nem barbados Y=16-12
Sabemos que 18 são altos Y=4
Então o número de barbados que não são altos, mas são
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

carecas são 4.

41
2. (INSS – ANALISTA DO SEGURO SOCIAL – CESPE –
2016) Uma população de 1.000 pessoas acima de 60 anos
de idade foi dividida nos seguintes dois grupos:
HORA DE PRATICAR!
A: aqueles que já sofreram infarto (totalizando 400 pesso‐
as); e B: aqueles que nunca sofreram infarto (totalizando 1.(SAAE de Aimorés – MG) Em uma festa de aniversário,
600 pessoas). cada pessoa ingere em média 5 copos de 250 ml de
refrigerante. Suponha que em uma determinada festa, havia
Cada uma das 400 pessoas do grupo A é ou diabética ou 20 pessoas presentes. Quantos refrigerantes de 2 litros o
fumante ou ambos (diabética e fumante). organizador da festa deveria comprar para alimentar as 20
A população do grupo B é constituída por três conjuntos pessoas? 
de indivíduos: fumantes, ex-fumantes e pessoas que nunca
fumaram (não fumantes). a) 12
Com base nessas informações, julgue o item subsecutivo. b) 13
Se, das pessoas do grupo A, 280 são fumantes e 195 são c) 15
diabéticas, então 120 pessoas desse grupo são diabéticas d) 25
e não são fumantes.
2. Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa
Resposta: Certo CORRETA:
I) 3 𝑥 4 ∶ 2 = 6
II) 3 + 4 𝑥 2 = 14
III) O resto da divisão de 18 por 5 é 3

a) I somente
b) I e II somente
c) I e III somente
d) I, II e III

3. (Pref. de Timon – MA) O problema de divisão 648 : 2 é


equivalente à:

280-x+x+195-x=400 a) 600: 2 𝑥 40: 2 𝑥 8: 2


x=75 b) 6: 2 + 4: 2 + 8: 2
Diabéticos: 195-75=120 c) 600: 2 − 40: 2 − 8: 2
d) 600: 2 + 40: 2 + 8: 2
Referências e) 6: 2𝑥4: 2𝑥8: 2
YOUSSEF, Antonio Nicolau (et al.). Matemática: ensino
médio, volume único. – São Paulo: Scipione, 2005. 4. (Pref. de São José do Cerrito – SC) Qual o valor da
CARVALHO, S. Raciocínio Lógico Simplificado, volume expressão: 34 + 14.4⁄2 − 4 ?
1, 2010.
a) 58
b) -31
c) 92
d) -96

5. (IF-ES) Um caminhão tem uma capacidade máxima de


700 kg de carga. Saulo precisa transportar 35 sacos de
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

cimento de 50 kg cada um. Utilizando-se desse caminhão,


o número mínimo de viagens que serão necessárias para
realizar o transporte de toda a carga é de:

a) 4
b) 5
c) 2
d) 6
e) 3

42
6. (Pref. Teresina – PI) Roberto trabalha 6 horas por dia 11. Adicionando –846 a um número inteiro e multiplicando
de expediente em um escritório. Para conseguir um dia a soma por –3, obtém-se +324. Que número é esse?
extra de folga, ele fez um acordo com seu chefe de que
trabalharia 20 minutos a mais por dia de expediente pelo a) 726
número de dias necessários para compensar as horas de b) 738
um dia do seu trabalho. O número de dias de expediente c) 744
que Roberto teve que trabalhar a mais para conseguir seu d) 752
dia de folga foi igual a Parte superior do formulário e) 770

a) 16 12. Numa adição com duas parcelas, se somarmos 8 à


b) 15 primeira parcela, e subtrairmos 5 da segunda parcela, o
c) 18 que ocorrerá com o total?
d) 13
e) 12 a) -2
b) -1
7.(ITAIPU BINACIONAL) O valor da expressão: c) +1
1 + 1 + 1 + 1𝑥7 + 1 + 1𝑥0 + 1 − 1 é d) +2
e) +3
a) 0
b) 11 13. (Prefeitura de Chapecó – Engenheiro de Trânsito
c) 12 – IOBV/2016) A alternativa cujo valor não é divisor de
d) 29 18.414 é:
e) 32
a) 27
8. Qual a diferença prevista entre as temperaturas no Piauí b) 31
e no Rio Grande do Sul, num determinado dia, segundo as c) 37
informações? Tempo no Brasil: Instável a ensolarado no Sul. d) 22
Mínima prevista -3º no Rio Grande do Sul. Máxima prevista
37° no Piauí. 14. Verifique se os números abaixo são divisíveis por 4.

a) 34 a) 23418
b) 36 b) 65000
c) 38 c) 38036
d) 40 d) 24004
e) 42 e) 58617

9. Qual é o produto de três números inteiros consecutivos 15. (ALGÁS – ASSISTENTE DE PROCESSOS
em que o maior deles é –10? ORGANIZACIONAIS – COPEVE/2014)

a) -1320 Critério de divisibilidade por 11


b) -1440
c) +1320 Esse critério é semelhante ao critério de divisibilidade por
d) +1440 9. Um número é divisível por 11 quando a soma alternada
e) nda dos seus algarismos é divisível por 11. Por soma alternada
queremos dizer que somamos e subtraímos algarismos
10. Três números inteiros são consecutivos e o menor deles alternadamente (539  5 - 3 + 9 = 11).
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

é +99. Determine o produto desses três números. Disponível em:<http://educacao.globo.com> . Acesso em:
07 maio 2014.  
a) 999.000
b) 999.111 Se A e B são algarismos do sistema decimal de numeração
c) 999.900 e o número 109AB é múltiplo de 11, então
d) 999.999
e) 1.000.000 a) B = A
b) A+B=1
c) B-A=1
d) A-B=10
e) A+B=-10

43
16. (IF-SE – TÉCNICO DE TECNOLOGIA DA 21. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE ADMINISTRA-
INFORMAÇÃO - FDC-2014) João, nascido entre 1980 e TIVO – IDHTEC/2016) Um ciclista consegue fazer um per‐
1994, irá completar, em 2014, x anos de vida. Sabe-se que x curso em 12 min, enquanto outro faz o mesmo percurso
é divisível pelo produto dos seus algarismos. Em 2020, João 15 min. Considerando que o percurso é circular e que os
completará a seguinte idade: ciclistas partem ao mesmo tempo do mesmo local, após
quanto tempo eles se encontrarão?
a) 32
b) 30 a) 15 min
c) 28 b) 30 min
d) 26 c) 1 hora
d) 1,5 horas
17. (PREF. ITATINGA-PE – ASSISTENTE e) 2 horas
ADMINISTRATIVO – IDHTEC/2016) O número 102 + 101
+ 100 é a representação de que número? 22. (PREF. SANTA TERIZINHA DO PROGRESSO-SC –
PROFESSOR DE MATEMÁTICA – CURSIVA/2018) Acer‐
a) 100 ca dos números primos, analise.
b) 101 I- O número 11 é um número primo;
c) 010 II- O número 71 não é um número primo;
d) 111 III- Os números 20 e 21 são primos entre si.
e) 110
Dos itens acima:
18. (TRF-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC/2014) O
a) Apenas o item I está correto.
resultado da expressão numérica 53 : 51 × 54 : 5 × 55 : 5 :
b) Apenas os itens I e II estão corretos.
56 - 5 é igual a :
c) Apenas os itens I e III estão corretos.
d) Todos os itens estão corretos.
a) 120.
1 23. (SAMAE DE CAXIAS DO SUL –RS – OPERADOR DE
b) ESTAÇÃO DE TRATAMENTO DE ÁGUA E ESGOTO –
5
OBJETIVA/2017) Marcar C para as afirmativas Certas, E
c) 55. para as Erradas e, após, assinalar a alternativa que apresen‐
d) 25. ta a sequência CORRETA:
e) 620. (---) Pertencem ao conjunto dos números naturais ímpares
os números ímpares negativos e os positivos.
19. (FEI-SP) O valor da expressão B = 5 . 108 . 4 . 10-3 é: (---) O número 72 é divisível por 2, 3, 4, 6, 8 e 9
(---) A decomposição do número 256 em fatores primos é 27
a) 206 (---) Considerando-se os números 84 e 96, é correto afir‐
b) 2 . 106 mar que o máximo divisor comum é igual a 12.
c) 2 . 109
d) 20 . 10-4 a) E - E - C - C.
b) E - C - C - E.
20. (PREF. GUARULHOS-SP –ASSISTENTE DE GESTÃO c) C - E - E - E.
ESCOLAR – VUNESP/2016) Para iniciar uma visita d) E - C - E - C.
monitorada a um museu, 96 alunos do 8º ano e 84 alunos e) C - E - C - C.
do 9º ano de certa escola foram divididos em grupos, todos
com o mesmo número de alunos, sendo esse número o 24. (PREF. GUARULHOS-SP – AGENTE ESCOLAR – VU-
maior possível, de modo que cada grupo tivesse somente NESP/2016) No ano de 2014, três em cada cinco estudan‐
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

alunos de um único ano e que não restasse nenhum aluno tes, na faixa etária dos 18 aos 24 anos, estavam cursando o
fora de um grupo. Nessas condições, é correto afirmar que ensino superior, segundo dados do Instituto Brasileiro de
o número total de grupos formados foi Geografia e Estatística. Supondo-se que naquele ano 2,4
milhões de estudantes, naquela faixa etária, não estivesse
a) 8 cursando aquele nível de ensino, o número dos que cursa‐
b) 12 riam o ensino superior, em milhões, seria:
c) 13
d) 15 a) 3,0
e) 18 b) 3,2
c) 3,4
d) 3,6
e) 4,0

44
25. (PREF. TERRA DE AREIA-RS – AGENTE ADMINIS- O catálogo desta loja disponibiliza peças com outras me‐
TRATIVO – OBJETIVA/2016) Três funcionários (Fernando, didas cortadas a partir da unidade padrão. Observe que
Gabriel e Henrique) de determinada empresa deverão di‐ ele está com informações incompletas em relação a área e
vidir o valor de R$ 950,00 entre eles, de forma diretamente preço das peças.
proporcional aos dias trabalhos em certo mês. Sabendo-se
que Fernando trabalhou 10 dias, Gabriel, 12, e Henrique,
16, analisar os itens abaixo: 
I - Fernando deverá receber R$ 260,00.
II - Gabriel deverá receber R$ 300,00.
III - Henrique deverá receber R$ 410,00.

Está(ão) CORRETO(S):

a) II
b) I e II
c) I e III
d) II e III
e) Todos os itens

26. (TRT- 15ª REGIÃO SP– ANALISTA JUDICIÁRIO –


FCC/2018) André, Bruno, Carla e Daniela eram sócios em
um negócio, sendo a participação de cada um, respecti‐
vamente, 10%, 20%, 20% e 50%. Bruno faleceu e, por não
ter herdeiros naturais, estipulara, em testamento, que sua
parte no negócio deveria ser distribuída entre seus sócios,
de modo que as razões entre as participações dos três
permanecessem inalteradas. Assim, após a partilha, a nova
participação de André no negócio deve ser igual a:

a) 20%.
b) 8%
c) 12,5%
d) 15%
e) 10,5%

27. (PREF. GUARULHOS-SP – AUXILIAR ADMINIS-


TRATIVO – VUNESP/2018) Um terreno retangular tem
35 m de largura e 1750 m2 de área. A razão entre a largura
e o comprimento desse terreno é 

a) 0,8.
b) 0,7.
c) 0,6. 28. (UTPR 2018) O preço de cada peça é definido
d) 0,5. proporcionalmente à área de cada uma em relação à
e) 0,4. unidade padrão. Por exemplo, a área da peça B é metade
da área da unidade padrão, desse modo o preço da peça
Leia o texto, para responder a Questão a seguir: B é metade do preço da unidade padrão, ou seja, R$ 12,00.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Assim, as peças A, C e D custam respectivamente: 


Uma loja vende peças de MDF (mistura de fibras de madei‐
ra prensada) retangulares para artesãos. A unidade padrão a) R$ 12,00; R$ 12,00; R$ 4,00
mede 22 cm de comprimento por 15 cm de largura e custa b) R$ 12,00; R$ 6,00; R$ 6,00
R$ 24,00. c) R$ 6,00; R$ 4,00; R$ 4,00
d) R$ 12,00; R$ 4,00; R$ 6,00
e) R$ 12,00; R$ 6,00; R$ 4,00

Fonte: http://voltarelliprudente.com.br/ o-que-e-mdf-cru/

45
29. Dividindo-se 660 em partes inversamente proporcio‐ a) R$ 700,00
nais aos números 1/2, 1/3 e 1/6 obtém-se que números? b) R$ 540,00
c) R$ 111,00
a) 30, 10, 5. d) R$ 450,00
b) 30, 20, 10. e) R$ 561,00
c) 40, 30, 20.
d) 20, 10, 5 35. (COLÉGIO PEDRO II – PROFESSOR – 2016) Com a
criação de leis trabalhistas, houve muitos avanços em relação
30. Certo concreto é obtido misturando-se uma parte de aos direitos dos trabalhadores. Entretanto, ainda há muitas
cimento, dois de areis e quatro de pedra. Qual será (em m³) barreiras. Atualmente, a renda das mulheres corresponde,
a quantidade de areia a ser empregada, se o volume a ser aproximadamente, a três quartos da renda dos homens.
concretado é 378 m³? Considerando os dados apresentados, qual a diferença
aproximada, em termos percentuais, entre a renda do homem
a) 108m3 e a da mulher?
b) 100m3
c) 80m3 a) 75%
e) 60m3 b) 60%
c) 34%
31. A herança de R$ 30.000,00 deve ser repartida entre d) 25%
Antonio, Bento e Carlos. Cada um deve receber em partes
diretamente proporcionais a 3, 5 e 6, respectivamente, e in‐ 36. (EBSERH – TÉCNICO EM ENFERMAGEM –
versamente proporcionais às idades de cada um. Sabendo‐ IBFC/2017) Paulo gastou 40% de 3/5 de seu salário e
-se que Antonio tem 12 anos, Bento tem 15 anos e Carlos ainda lhe restou R$ 570,00. Nessas condições o salário de
24 anos, qual será a parte recebida por Bento? Paulo é igual a:
a) R$ 12.000,00.
a) R$ 2375,00
b) R$ 14.000,00.
b) R$ 750,00
b) R$ 8.000,00.
c) R$ 1240,00
c) R$ 24.000,00.
d) R$ 1050,00
e) R$ 875,00
32. (SAAE Aimorés- MG – Ajudante – MÁXIMA/2016)
Misturam-se 30 litros de álcool com 20 litros de gasolina. A
37. (PREF. TANGUÁ-RJ – TÉCNICO E ENFERMAGEM –
porcentagem de gasolina na mistura é igual a: 
MS CONCURSOS/2017) Raoni comprou um fogão com
25% de desconto, pagando por ele R$ 330,00. Qual era o
a) 40%
preço do fogão sem o desconto?
b) 20%
c) 30%
d) 10% a) R$ 355,00
b) R$ 412,50
33. (PREF. PIRAÚBA-MG – OFICIAL DE SERVIÇO PÚ- c) R$ 440,00
BLICO – MS CONCURSOS/2017) Certo estabelecimento d) R$ 460,00
de ensino possui em seu quadro de estudantes alunos de
várias idades. A quantidade de alunos matriculados nes‐ 38. (EBSERH – ADVOGADO – IBFC/2016) Ao comprar
te estabelecimento é de 1300. Sabendo que deste total um produto, José obteve um desconto de 12% (doze por
20% são alunos maiores de idade, podemos concluir que cento) por ter pagado à vista e pagou o valor de R$ 105,60
a quantidade de alunos menores de idade que estão ma‐ (cento e cinco reais e sessenta centavos). Nessas condições,
triculados é: o valor do produto, sem desconto, é igual a:
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

a) 160 a) R$ 118,27
b) 1040 b) R$ 125,00
c) 1100 c) R$ 120,00
d) 1300 d) R$ 130,00
e) R$ 115,00
34. (PREF. JACUNDÁ-PA – AUXILIAR ADMINISTRATIVO
– INAZ/2016) Das 300 dúzias de bananas que seu José foi
vender na feira, no 1° dia, ele vendeu 50% ao preço de R$ 3,00
cada dúzia; no 2° dia ele vendeu 30% da quantidade que so‐
brou ao preço de R$ 2,00; e no 3° dia ele vendeu 20% do que
restou da venda dos dias anteriores ao preço de R$ 1,00. Quan‐
to seu José apurou com as vendas das bananas nos três dias?

46
39. (PREF. ITAPEMA-SC – AGENTE MUNICIPAL DE
TRÂNSITO – MS CONCURSOS/2016) Segundo dados
do IBGE, a população de Itapema (SC) em 2010 era de,
aproximadamente, 45.800 habitantes. Já atualmente, essa
população é de, aproximadamente, 59.000 habitantes. O
aumento percentual dessa população no período de 2010
a 2016 foi de:

a) 22,4%
b) 28,8%
c) 71,2%
d) 77,6%

40. (EBSERH – ADVOGADO – IBFC/2016) Joana gastou


60% de 50% de 80% do valor que possuía. Portanto, a
porcentagem que representa o que restou para Joana do
valor que possuía é:

a) 76%
b) 24%
c) 32%
d) 68%
e) 82%

41. (TRT 11ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO –


FCC/2015) Em 2015 as vendas de uma empresa foram
60% superiores as de 2014. Em 2016 as vendas foram 40% a)  grupo B ficou com 25 pontos a mais do que o grupo A.
inferiores as de 2015. A expectativa para 2017 é de que as b) grupo A ficou com 10 pontos a mais do que o grupo B.
vendas sejam 10% inferiores as de 2014. Se for confirmada c) grupo B ganhou ao todo 30 pontos e perdeu 5.
essa expectativa, de 2016 para 2017 as vendas da empresa d) grupo A ganhou ao todo 20 pontos e perdeu 10.
vão. e) Os dois grupos terminaram a competição com a mesma
pontuação, 30 pontos cada.
a) diminuir em 6,25%
b) aumentar em 4% 43. (UFGO) Uma fração equivalente a 3/4 cujo denominador
c) diminuir em 4% é um múltiplo dos números 3 e 4 é:
d) diminuir em 4,75%
e) diminuir em 5,5% a) 6/8
b) 9/12
42. (SAMAE CAXIAS DO SUL –RS –AJUSTADOR DE c) 15/24
HIDRÔMETROS – OBJETIVA/2017) Em certa turma de d) 12/16
matemática do Ensino Fundamental, o professor dividiu
igualmente os 34 alunos em dois grupos (A e B) para 44. (COLÉGIO PEDRO II – PROFESSOR – 2018) O
que participassem de certa competição de matemática número decimal que representa a quantidade de crianças
envolvendo frações. Para cada resposta correta dada pelo e jovens envolvidos em atividades não agrícolas no Brasil,
grupo, este ganhava 10 pontos e, para cada resposta segundo o PNAD 2015, é: 
incorreta, o grupo transferia 5 dos seus pontos para a
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

equipe adversária. Considerando-se que os grupos A e B a) 68/10


iniciaram a competição com 20 pontos cada, e as questões b) 0,68
foram as seguintes, assinalar a alternativa CORRETA: c) 6,8
d) 68/100

45. Em seu testamento, uma mulher decide dividir seu


patrimônio entre seus quatro filhos. Tal divisão foi feita da
seguinte forma:

• João receberá 1/5;


• Camila receberá 15%;
• Ana receberá R$ 16.000,00;
• Carlos receberá 25%.

47
A fração que representa a parte do patrimônio recebida 50. (VUNESP – CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS –
por Ana é: RECEPCIONISTA – 2013) Num posto de gasolina, foi pedido
ao frentista que enchesse o tanque de combustível. Foram colo‐
a) 2/4. cados 20,6 litros de gasolina, pelos quais custou R$ 44,29. Se fos‐
b) 3/5. sem colocados 38 litros de gasolina, o valor a ser pago seria de
c) 2/5.
d) 1/4. a) R$ 37,41.
e) 3/4. b) R$ 79,80.
c) R$ 81,70.
46. Bela é uma leitora voraz. Ela comprou uma cópia do best d) R$ 85,30.
seller «A Beleza da Matemática». No primeiro dia, Bela leu e) R$ 88,50.
1/5 das páginas mais 12 páginas, e no segundo dia, ela leu
1/4 das páginas restantes mais 15 páginas. No terceiro dia, 51. (VUNESP - CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS
ela leu 1/3 das páginas restantes mais 18 páginas. Então, – RECEPCIONISTA – 2013) Lendo 30 páginas por dia de
Bela percebeu que restavam apenas 62 páginas para ler, um livro, gastarei 6 dias para ler esse livro. Se eu ler 20 pá‐
o que ela fez no dia seguinte. Então, o livro lido por Bela ginas por dia desse mesmo livro, gastarei
possuía o seguinte número de páginas:
a) 9 dias.
a) 120. b) 8 dias.
b) 180. c) 6 dias.
c) 240. d) 5 dias.
d) 300. e) 4 dias.

52. (VUNESP – PROCON – AUXILIAR DE MANUTEN-


ÇÃO – 2013) Um supermercado fez a seguinte oferta “3/4
47. (EMAP – CARGOS DE NÍVEL MËDIO – CESPE/2018) de quilograma de carne moída por apenas R$ 4,50 ‘’. Uma
Os operadores dos guindastes do Porto de Itaqui são todos pessoa aproveitou a oferta e comprou 3 quilogramas de
igualmente eficientes. Em um único dia, seis desses opera‐ carne moída. Essa pessoa pagou pelos 3 quilogramas de
dores, cada um deles trabalhando durante 8 horas, carre‐ carne
gam 12 navios.
R$ 18,00.
Com referência a esses operadores, julgue o item seguinte. R$ 18,50.
R$ 19,00.
Para carregar 18 navios em um único dia, seis desses ope‐ R$ 19,50.
radores deverão trabalhar durante mais de 13 horas. R$ 20,00.

( ) CERTO ( ) ERRADO 53. (VUNESP – TJM – SP – AGENTE DE SEGURANÇA


JUDICIÁRIA – 2013) Se certa máquina trabalhar seis ho‐
48. (PREF. SUZANO-SP – GUARDA CIVIL MUNICIPAL – ras por dia, de forma constante e sem parar, ela produzira
VUNESP/2018) Para imprimir um lote de panfletos, uma grá‐ n peças em seis dias. Para produzir quantidade igual das
fica utiliza apenas uma máquina, trabalhando 5 horas por dia mesmas peças em quatro dias, essa máquina deverá tra‐
durante 3 dias. O número de horas diárias que essa máquina te‐ balhar diariamente, nas mesmas condições, um número de
ria que trabalhar para imprimir esse mesmo lote em 2 dias seria  horas igual a

a) 8,0. a) 12.
b) 7,5. b) 10.
c) 7,0. c) 9.
d) 6,5. d) 8.
e) 6,0.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

54. (VUNESP – AUXILIAR AGROPECUÁRIO – 2014) O


49. (VUNESP – CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO CARLOS refeitório de uma fábrica prepara suco para servir no almo‐
– AGENTE DE COPA – 2013) Com uma lata de leite con‐ ço. Com 5 litros de suco é possível encher completamente
densado, é possível se fazer 30 brigadeiros. Sabendo que o 20 copos de 250 ml. Em um certo dia, foram servidas 90 re‐
preço de cada lata é de 4 reais, e para uma comemoração feições e acompanhando cada uma delas, 1 copo com 250
serão necessários 450 brigadeiros, o total gasto, em reais, ml de suco. O número, mínimo, de litros de suco necessário
para fazer esses brigadeiros, será de: para o almoço, desse dia, foi

a) 45 a) 21,5.
b) 53 b) 22.
c) 60 c) 22,5.
d) 70. d) 23.
e) 23,5.

48
55. (PREF. TERESINA-PI – PROFESSOR – NUCE- 59. (PREF. PORTO ALEGRE-RS – FMP CONCUR-
PE/2016) Sabendo que o comprimento do muro Parque SOS/2012) A construção de uma casa é realizada em 10
Zoobotânico é de aproximadamente 1,7 km e sua altura é dias por 30 operários trabalhando 8 horas por dia. O nú‐
de 1,7 m, um artista plástico pintou uma área correspon‐ mero de operários necessários para construir uma casa em
dente a 34 m² do muro em 8 horas trabalhadas em um úni‐ 8 dias trabalhando 6 horas por dia é:
co dia. Trabalhando no mesmo ritmo e nas mesmas condi‐ a) 18.
ções, para pintar este muro, o pintor levará b) 24.
c) 32.
a) 83 dias. d) 38.
b) 84 dias. e) 50.
c) 85 dias.
d) 86 dias. 60.(VUNESP – PMESP – CURSO DE FORMAÇÃO DE
e) 87 dias. OFICIAIS – 2014) A tabela, com dados relativos à cidade
de São Paulo, compara o número de veículos de frota, o
56. (SES-PR – TÉCNICO DE ENFERMAGEM – número de radares e o valor total, em reais, arrecadado
UFPR/2009) Uma indústria metalúrgica consegue produ‐ com multas de trânsito, relativos aos anos de 2004 e 2013:
zir 24.000 peças de determinado tipo em 4 dias, trabalhan‐
do com seis máquinas idênticas, que funcionam 8 horas Ano Frota Radares Arrecadação
por dia em ritmo idêntico de produção. Quantos dias se‐
2004 5,8 milhões 260 328 milhões
rão necessários para que essa indústria consiga produzir
18.000 peças, trabalhando apenas com 4 dessas máquinas, 2013 7,5 milhões 601 850 milhões
no mesmo ritmo de produção, todas elas funcionando 12
horas por dia? Se o número de radares e o valor da arrecadação tivessem
crescido de forma diretamente proporcional ao crescimen‐
a) 3. to da frota de veículos no período considerado, então em
b) 4. 2013 a quantidade de radares e o valor aproximado da ar‐
c) 5. recadação, em milhões de reais (desconsiderando-se cor‐
d) 6. reções monetárias), seriam, respectivamente,
e) 8.
a) 336 e 424.
57. (CISMARPA – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – IPE- b) 336 e 426.
FAE/2015)  Em um restaurante, 4 cozinheiros fazem 120 c) 334 e 428.
pratos em 5 dias. Para atender uma demanda maior de d) 334 e 430.
pessoas, o gerente desse estabelecimento contratou mais e) 330 e 432.
2 cozinheiros. Quantos pratos serão feitos em 8 dias de
funcionamento do restaurante?  61.(VUNESP – UNIFESP – ASSISTENTE EM ADMINIS-
TRAÇÃO – 2014) Para produzir uma certa encomenda,
a) 288 uma empresa com 7 funcionários trabalhando 6 horas por
b) 294 dia durante 15 dias, mas para agilizar as entregas de final
c) 296 de ano, foram contratados mais 3 funcionários. Conside‐
d) 302 rando-se todos os funcionários com a mesma capacidade
de trabalho, pode-se concluir que o número de dias neces‐
58. (CRO-SP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – VU- sários para produzir a mesma encomenda, trabalhando por
NESP/2015) Cinco máquinas, todas de igual eficiência, 9 horas por dia, será
funcionando 8 horas por dia, produzem 600 peças por dia.
O número de peças que serão produzidas por 12 dessas a) 7
máquinas, funcionando 10 horas por dia, durante 5 dias, b) 8
c) 9
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

será igual a
d) 10
e) 11.
a) 1800.
b) 3600.
62. (IESES – AUXILIAR ADMINISTRATIVO – 2017) Se
c) 5400.
16 costureiras conseguem fazer 960 camisas em 12 dias
d) 7200. de trabalho, determine em quantos dias 12 costureiras po‐
e) 9000. derão fazer 600 camisas do mesmo tipo que as primeiras? 

a) 10 dias
b) 9 dias
c) 14 dias
d) 8 dias

49
63. (FCC – ASSISTENTE SOCIAL – 2016) O  planejamen‐ 65. Com base nas informações e no diagrama precedentes,
to de uma excursão mostra que há mantimento suficiente julgue o item a seguir.
para que 21 excursionistas façam 3 refeições diárias du‐ Pelo menos 30 casais dessa comunidade têm 2 ou mais
rante 48 dias. Após um último encontro de planejamento, filhos.
decidiram que o regime de alimentação dos excursionistas
seria de apenas 2 refeições diárias. Com essa alteração no ( ) CERTO ( ) ERRADO
número de refeições diárias foram admitidos mais 7 excur‐
sionistas para a viagem. Dessa maneira, a duração máxima 66. Com base nas informações e no diagrama precedentes,
da excursão, sem faltar mantimento, poderá ser julgue o item a seguir.
Se um casal dessa comunidade for escolhido ao acaso,
a) Aumentada em 12 dias então a probabilidade de ele ter menos de 4 filhos será
b) Reduzida em 8 dias superior a 0,3.
c) Reduzida em 9 dias
d) Aumentada em 6 dias ( ) CERTO ( ) ERRADO
e0 A mesma.
67. Com base nas informações e no diagrama precedentes,
64. (FUNDATEC – ESCRITURÁRIO – 2015) Quinze julgue o item a seguir.
máquinas trabalhando oito horas por dia durante vinte dias A referida comunidade é formada por menos de 180
produzem uma determinada quantidade de peças. Se dez pessoas.
máquinas trabalhassem dez horas por dia, em quantos dias
a mesma quantidade de peças seria produzida? ( ) CERTO ( ) ERRADO

a) 19 dias 68. (EBSERH – TÉCNICO EM RADIOLOGIA – CESPE –


b) 22 dias 2018) Considere as seguintes proposições: P: O paciente
c) 24 dias receberá alta; Q: O paciente receberá medicação; R: O
d) 26 dias paciente receberá visitas.
e) 28 dias Tendo como referência essas proposições, julgue o item a
seguir, considerando que a notação ~S significa a negação
da proposição S.
(EBSERH – ÁREAS MÉDICAS – CESPE – 2018) Uma Se, em uma unidade hospitalar, houver os seguintes
pesquisa revelou características da população de uma conjuntos de pacientes: A = {pacientes que receberão alta};
pequena comunidade composta apenas por casais e seus B = {pacientes que receberão medicação} e C = {pacientes
filhos. Todos os casais dessa comunidade são elementos do que receberão visitas}; se, para os pacientes dessa unidade
conjunto A∪B∪C, em que hospitalar, a proposição ~P→[Q∨R] for verdadeira; e se Ac
A = {casais com pelo menos um filho com mais de 20 anos foro conjunto complementar de A, então Ac⊂B∪C.
de idade};
B = {casais com pelo menos um filho com menos de 10 ( ) CERTO ( ) ERRADO
anos de idade};
C = {casais com pelo menos 4 filhos}. 69. (TRF 1ª REGIÃO – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE
– 2017) Em uma reunião de colegiado, após a aprovação
Considerando que n(P) indique a quantidade de elementos de uma matéria polêmica pelo placar de 6 votos a favor e
de um conjunto P, suponha que n(A) = 18; n(B) = 20; n(C) 5 contra, um dos 11 presentes fez a seguinte afirmação:
= 25; n(A∩B) = 13; n(A∩C) = 11; n(B∩C) = 12 e n(A∩B∩C) “Basta um de nós mudar de ideia e a decisão será totalmente
= 8. O diagrama a seguir mostra essas quantidades de modificada.”
elementos. Considerando a situação apresentada e a proposição
correspondente à afirmação feita, julgue o próximo item.
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

Se A for o conjunto dos presentes que votaram a favor e B


for o conjunto dos presentes que votaram contra, então o
conjunto diferença A\B terá exatamente um elemento.

( ) CERTO ( ) ERRADO

70. (INSS – TÉCNICO DO SEGURO SOCIAL – CESPE –


2016) Se A, B e C forem conjuntos quaisquer tais que A, B
⊂ C, então (C \ A) ∩ (A ∪ B) = C ∩ B.

( ) CERTO ( ) ERRADO

50
GABARITO

1 B
2 C
3 D
4 A
5 E
6 C
7 B
8 D
9 A
10 C
11 B
12 E
13 C
14 B
15 C
16 B
17 D
18 A
19 B
20 D
21 C
22 C
23 D
24 D
25 A
26 C
27 B
28 E
29 A
30 B
31 A
MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

32 A
33 B
34 E
35 D
36 B
37 C
38 C
39 B
40 A

51
ANOTAÇÕES

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MATEMÁTICA E RACIOCÍNIO LÓGICO

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ÍNDICE

HISTÓRIA DO BRASIL

A sociedade colonial: economia, cultura, trabalho escravo, os bandeirantes e os jesuítas.......................................................................01


A independência e o nascimento do Estado Brasileiro............................................................................................................................................01
A organização do Estado Monárquico............................................................................................................................................................................01
A vida intelectual, política e artística do século XIX. .................................................................................................................................................01
A organização política e econômica do EstadoRepublicano. ...............................................................................................................................01
A Primeira Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil. .................................................................................................................................................01
A Revolução de 1930..............................................................................................................................................................................................................01
O Período Vargas.....................................................................................................................................................................................................................01
A Segunda Guerra Mundial e seus efeitos no Brasil..................................................................................................................................................01
Os governos democráticos, os governos militares e a Nova República............................................................................................................01
A cultura do Brasil Republicano: arte e literatura. .....................................................................................................................................................01
História da Bahia: ndependência da Bahia. Revolta de Canudos. Revolta dos Malés. Conjuração Baiana. Sabinada.....................55
A SOCIEDADE COLONIAL: ECONOMIA, CULTURA, TRABALHO ESCRAVO, OS BANDEIRAN-
TES E OS JESUÍTAS. A INDEPENDÊNCIA E O NASCIMENTO DO ESTADO BRASILEIRO. A
ORGANIZAÇÃO DO ESTADO MONÁRQUICO. A VIDA INTELECTUAL, POLÍTICA E ARTÍSTICA
DO SÉCULO XIX. A ORGANIZAÇÃO POLÍTICA E ECONÔMICA DO ESTADO REPUBLICANO.
A PRIMEIRA GUERRA MUNDIAL E SEUS EFEITOS NO BRASIL. A REVOLUÇÃO DE 1930. O
PERÍODO VARGAS. A SEGUNDA GUERRA MUNDIAL E SEUS EFEITOS NO BRASIL. OS GO-
VERNOS DEMOCRÁTICOS, OS GOVERNOS MILITARES E A NOVA REPÚBLICA. A CULTURA
DO BRASIL REPUBLICANO: ARTE E LITERATURA.

Existe uma divisão na História do Brasil que identifica os três principais períodos históricos, que são Período Colonial,
Período Imperial e Período Republicano, no entanto, sabemos que anteriormente à colonização portuguesa, nosso
território já era ocupado por outros povos, que, ao longo de sua existência, também construiu a história de nosso
país.
Sendo assim, esse período da História do Brasil que tem por objeto de estudo os povos nativos, isto é, dos povos in-
dígenas, recebe o nome de Período Pré-Cabralino¸ referencia à Pedro Álvares Cabral, cuja chegada em terras brasileiras
é considerada o marco inaugural da História do Brasil. A partir de então, de 1500 em diante, sobretudo a partir da década
de 1530, teve início a fase do Brasil Colônia.
O Brasil começou a ser efetivamente colonizado em razão da preocupação que Portugal passou a ter com as ameaças
de invasões das terras brasileiras por outras nações, como viriam a ocorrer décadas depois. O primeiro sistema de ocupação
e administração colonial foi o das Capitanias Hereditárias, que, posteriormente, foi regido pelo Governo Geral, que tinha o
objetivo de organizar melhor a ocupação do território, bem como desenvolvê-lo. O período do Brasil Colonial estendeu-se
até o início do século XIX, especificamente até 1808, quando a Família Real veio para o Brasil e integrou-o ao Reino Unido
de Portugal, Brasil e Algarves. Foi nesse período em que se desenvolveram a economia e a sociedade açucareira e, de-
pois, a economia e a sociedade mineradora. Dataram ainda do período Colonial as várias Rebeliões Nativistas e Rebeliões
Separatistas, merecendo destaque especial a Inconfidência Mineira.
Em 1822, teve início a fase do Brasil Império, ou Período Imperial. Desde a vinda da Família Real (1808) para o Brasil
até 1822 houve intensas transformações políticas tanto no Brasil quanto em Portugal, que acabaram por conduzir as elites
brasileiras e o Príncipe D. Pedro I a declararem o Brasil um Império independente. Após a estruturação do Império, seguiu
o Período Regencial, período esse marcado pelo governo dos regentes daquele que se tornou o segundo imperador bra-
sileiro, Dom Pedro II, que, à época em que o pai deixou o poder (1831), ainda não estava em idade hábil para governar o
país. O Segundo Reinado só começou de fato no ano de 1840, estendendo-se até 1889, ano da Proclamação da Repúbli-
ca. Um ano antes, ainda sob a vigência do Império, foi decretada a Abolição da Escravatura.
A partir de 15 de novembro de 1889, teve início o período do Brasil República. Esse período caracterizou-se pela mon-
tagem de uma estrutura política completamente diversa daquela do Império. A busca pela efetividade dos ideais políticos
republicanos, influenciados pelo positivismo, guiou a formação da república brasileira, que se dividiu, esquematicamente,
entre República Velha (1889-1930), cujas rebeliões que nela ocorreram merecem destaque; Era Vargas (1930-1945), que foi
marcada pelo longo governo do político gaúcho Getúlio Dornelles Vargas; fase da República Populista (1945-1964), que
se situou no período inicial da Guerra Fria e caracterizou-se pela estrutura política baseada no fenômeno do populismo;
e, por fim, a fase dos Governo Militares (1964-1985), marcada pelo Golpe Militar de 31 de março de 1964 e, depois, pelo
Ato Institucional nº5, de 13 de dezembro de 1968, que estendeu o regime militar (com cassação de direitos políticos e
liberdades individuais) até o ano de 1985.
Ainda há a fase do Brasil Atual, que é estudada de acordo com as pesquisas mais recentes que são feitas sobre a con-
juntura política, sociocultural e econômica do Brasil dos últimos 30 anos.

PERÍODO PRÉ-COLONIAL

Quando anunciou a descoberta das terras brasileiras, Portugal não tinha um projeto de colonização preparado para a
exploração do novo espaço. Na verdade, desde todo o século XV, os portugueses estavam bem mais interessados em es-
treitar seus laços comerciais com os povos orientais. Dessa forma, observamos que entre 1500 e 1530, o governo português
HISTÓRIA DO BRASIL

centrou muito pouco de suas atenções ao Brasil.


No ano de 1501, uma expedição liderada por Gaspar de Lemos foi mandada para cá com a missão de nomear vários pontos
do litoral e acabou confirmando a existência de pau-brasil em nossas terras. A existência de tal árvore logo chamou a atenção
dos portugueses, já que dela se extraía uma tinta bastante utilizada para o tingimento de tecidos na coloração vermelha.
Dois anos mais tarde, uma nova expedição foi enviada para a construção de feitorias ao longo do litoral. Tais fortifica-
ções eram utilizadas para o armazenamento de pau-brasil e para a proteção necessária contra a invasão de outros povos.
Com relação a essa mesma atividade de extração, os portugueses contaram com o trabalho voluntário dos indígenas, que

1
recebiam diversas mercadorias em troca do serviço pres-
tado. Tal prática, ao longo do tempo, ficou conhecida pelo
nome de escambo.
Com o passar do tempo, a ausência de portugueses
na ocupação do território brasileiro incentivou outras na-
ções a invadirem o litoral brasileiro. Entre outros povos, os
franceses aportavam em nosso território em busca de pau-
-brasil e estabelecendo contato com a população nativa.
Já nessa época, o governo português percebia que a falta
de centros de colonização poderia colocar em risco a pro-
priedade das terras conquistadas no continente americano.
Não bastando o risco de invasão, os portugueses não
alcançaram o lucro esperado com a construção de uma rota
marítima que os ligassem diretamente às Índias. O desgas-
te causado pelo longo percurso e a concorrência comercial
de outros povos acabou fazendo com que o comércio com
o Oriente não fosse muito atrativo. Desse modo, o governo
português voltaria suas atenções para a exploração do es-
paço colonial brasileiro.
Em 1530, a expedição de Martim Afonso de Souza foi
enviada até ao Brasil para a fundação do primeiro centro
colonial do território tupiniquim. Já nessa viagem, mudas
de cana-de-açúcar foram trazidas para o desenvolvimento
da primeira empresa mercantil a ser instalada pelos por- 2. O arrendamento do Brasil e o ciclo do pau-brasil
tugueses. Além disso, essa mesma expedição foi acompa-
nhada por padres jesuítas que realizaram a catequização Logo nos primeiros anos após a descoberta do Brasil,
dos indígenas. arrefeceu o interesse do rei D.Manuel pela nova terra.
A expedição enviada à costa do Brasil no ano de 1501,
1. Primeiras expedições e que regressou a Portugal em 1502, não apresentou re-
sultados que fossem de molde a entusiasmar o Governo
Ao longo dos dez dias que passou no Brasil, a arma- português, cúpido do mito do metal, pois no Brasil “nada
da de Cabral tomou contato com cerca de 500 nativos. fôra encontrado de proveito, exceto infinitas árvores de
Tupiniquins - uma das tribos do grupo tupi-guarani pau-brasil, de canafíscula, as de que se tira a mirra e outras
que, no início do século XVI, ocupava quase todo o litoral mais maravilhas da natureza que seriam longas de referir”
do Brasil. Os tupis-guaranis tinham chegado à região numa (carta de Américo Vespucci a Soderini).
série de migrações de fundo religioso (em busca da “Terra A corte era naquele tempo verdadeiramente uma gran-
sem Males”, no começo da Era Cristã. Os tupiniquins viram de casa de negócio, como, por um lado, estivesse funda-
no sul da Bahia e nas cercanias de Santos e Bertioga, em mente absorvida com as dispendiosíssimas expedições à
São Paulo. Eram uns 85 mil. Por volta de 1530, uniram-se Índia, onde pretendia estabelecer um vasto império colo-
aos portugueses na guerra contra os tupinambás-tamoios, nial, e, por outro lado, não enxergasse lucros apreciáveis e
aliados dos franceses. Foi uma aliança inútil: Em 1570 já imediatos na exploração do Brasil, este ia sendo relegado a
estavam praticamente extintos, massacrados por Mem de um simples ponto de ligação de viagens à Índia, uma escala
Sá, terceiro governador-geral do Brasil. de refresco e aguada.
É assim de todo compreensível que, tendo o monarca
recebido em 1502, de um consórcio de judeus dirigido pelo
cristão-novo Fernando de Noronha, uma proposta para ex-
ploração da nova colônia mediante contrato de arrenda-
mento, ele a aceitasse de bom grado; era a colonização
do Brasil que se lhe oferecia, para ser feita a expensas de
particulares, sem riscos e sem ônus ou quaisquer encar-
gos para o erário público, e ainda com a possibilidade de
lhe serem proporcionados lucros e de, sob certa forma, ser
HISTÓRIA DO BRASIL

sustentada, ainda que fracamente, a autoridade portugue-


sa na nova possessão.
O acordo - que era um monopólio de comércio e de
colonização - foi firmado em 1503, pelo prazo de 3 anos,
e compreendia os seguintes principais compromissos dos
arrendatários:

2
1-Enviar seis navios anualmente; Neste período também ocorreram os primeiros conta-
2- Explorar, desbravar e cultivar, cada ano, uma nova tos com os indígenas que habitavam o território brasileiro.
região de 300 léguas; Os portugueses começaram a usar a mão-de-obra indíge-
3- Construir nessas regiões fortalezas e guarnecê-las na na exploração do pau-brasil. Em troca, ofereciam obje-
durante o prazo do contrato; tos de pequeno valor que fascinavam os nativos como, por
4- Destinar à Coroa, no segundo ano do arrendamento, exemplo, espelhos, apitos, chocalhos, etc.
a sexta parte das rendas auferidas com os produtos  
da terra, e, no terceiro ano, a quarta parte das mes- 1. O início da colonização
mas.
Preocupado com a possibilidade real de invasão do Bra-
Esse contrato foi, com algumas modificações, sucessi- sil por outras nações (holandeses, ingleses e franceses), o
vamente renovado em 1506, 1509 e 1511, estendendo-se rei de Portugal Dom João III, que ficou conhecido como “o
até 1515. Colonizador”, resolveu enviar ao Brasil, em 1530, a primeira
No próprio ano de contrato inicial 0 mais precisamente, expedição com o objetivo de colonizar o litoral brasileiro.
em maio de 1503 - desferrou de Portugal com destino ao Povoando, protegendo e desenvolvendo a colônia, seria
Brasil a primeira frota, composta de seis navios sob o pre- mais difícil de perdê-la para outros países. Assim, chegou
sumível comando pessoal de Fernando de Noronha tendo ao Brasil a expedição chefiada por Martim Afonso de Souza
aportado em 24 de junho de 1503 a uma ilha até então com as funções de estabelecer núcleos de povoamento no
desconhecida, que inicialmente recebeu o nome de São litoral, explorar metais preciosos e proteger o território de
João, mais tarde trocado para “Fernando de Noronha” em invasores. Teve início assim a efetiva colonização do Brasil.
reconhecimento aos méritos do seu descobridor, a quem  Nomeado capitão-mor pelo rei, cabia também à Mar-
acabou sendo doada pelo rei em 1504. tim Afonso de Souza nomear funcionários e distribuir ses-
Nesse ano de 1504, os navios de Fernando de Noronha marias (lotes de terras) à portugueses que quisessem parti-
voltaram para Portugal com enorme carregamento de pau- cipar deste novo empreendimento português.
-brasil (também chamado “madeira judaica”), artigo então A colonização do Brasil teve início em 1530 e passou
grandemente procurado nos mercados europeus para as por fases (ciclos) relacionadas à exploração, produção e co-
indústrias de corantes. mercialização de um determinado produto.
Tão intenso se tornou o comércio do pau-brasil durante Vale ressaltar que a colonização do Brasil não foi pací-
o arrendamento do Brasil e Fernando de Noronha - expor- fica, pois teve como características principais a exploração
tavam-se nada menos de 20.000 quintais por ano - e de tal territorial, uso de mão-de-obra escrava (indígena e africa-
importância econômica ele se revestiu, que deu origem à na), utilização de violência para conter movimentos sociais
denominação de “ciclo do pau-brasil”, sob a qual é conhe- e apropriação de terras indígenas.
cido aquele período, além de ter determinado a adoção
do nome definitivo da terra - brasil, em substituição ao de O conceito mais sintético que podemos explorar é o
Santa Cruz (ou ainda Terra dos Papagaios), como era antes que define como Regime Colonial, uma estrutura econô-
designada. mica mercantilista que concentra um conjunto de relações
Outras expedições ao litoral brasileiro podem ter ocor- entre metrópoles e colônias. O fim último deste sistema
rido, já que desde 1504 são assinaladas atividades de cor- consistia em proporcionar às metrópoles um fluxo econô-
sários. Holanda, em Raízes do Brasil, cita o capitão francês mico favorável que adviesse das atividades desenvolvidas
Paulmier de Gonneville, de Honfleur, que permaneceu seis na colônia.
meses do litoral de Santa Catarina. A atividade de navega- Neste sentido a economia colonial surgia como com-
dores não-portugueses se inspirava doutrina da liberdade plementar da economia metropolitana europeia, de forma
dos mares, expressada por Hugo Grotius em Mare liberum, que permitisse à metrópole enriquecer cada vez mais para
base da reação européia contra Espanha e Portugal, geran- fazer frente às demais nações europeias.
do pirataria alargada pelos mares do planeta. De forma simplificada, o Pacto ou Sistema Colonial de-
finia uma série de considerações que prevaleceriam sobre
PERÍODO COLONIAL quaisquer outras vigentes. A colônia só podia comercializar
com a metrópole, fornecer-lhe o que necessitasse e dela
Embora os portugueses tenham chegado ao Brasil em comprar os produtos manufaturados. Era proibido na co-
1500, o processo de colonização do nosso país teve início lônia o estabelecimento de qualquer tipo de manufatura
somente em 1530. Nestes trinta primeiros anos, os portu- que pudesse vir a concorrer com a produção da metrópole.
gueses enviaram para as terras brasileiras algumas expedi- Qualquer transação comercial fora dessa norma era consi-
HISTÓRIA DO BRASIL

ções com objetivos de reconhecimento territorial e cons- derada contrabando, sendo reprimido de acordo com a lei
trução de feitorais para a exploração do pau-brasil. Estes portuguesa.
primeiros portugueses que vieram para cá circularam ape- A economia colonial era organizada com o objetivo de
nas em territórios litorâneos. Ficavam alguns dias ou meses permitir a acumulação primitiva de capitais na metrópole.
e logo retornavam para Portugal. Como não construíram O mecanismo que tornava isso possível era o exclusivismo
residências, ou seja, não se fixaram no território, não houve nas relações comerciais ou monopólio, gerador de lucros
colonização nesta época. adicionais (sobre-lucro).

3
As relações comerciais estabelecidas eram: a metrópole Traficantes portugueses aportavam no Brasil onde ad-
venderia seus produtos o mais caro possível para a colô- quiriam fumo e aguardente (geribita), daí partiam para An-
nia e deveria comprar pelos mais baixos preços possíveis a gola e Luanda onde negociariam estes produtos em troca
produção colonial, gerando assim o sobre-lucro. de cativos. A cachaça era produzida principalmente em
Fernando Novais em seu livro Portugal e Brasil na crise Pernambuco, na Bahia e no Rio de Janeiro; o fumo era pro-
do Antigo Sistema Colonial ressalta o papel fundamental duzido principalmente na Bahia. A importância destes pro-
do comércio para a existência dos impérios ultramarinos: dutos se dá em torno do seu papel central nas estratégias
O comércio foi de fato o nervo da colonização do Anti- de negociação para a transação de escravos nos sertões
go Regime, isto é, para incrementar as atividades mercantis africanos.
processava-se a ocupação, povoamento e valorização das A geribita tinha diversos atributos que a tornavam im-
novas áreas. E aqui ressalta de novo o sentido que indicamos batível em relação aos outros produtos trocados por escra-
antes da colonização da época Moderna; indo em curso na vos. A cachaça é considerada um subproduto da produção
Europa a expansão da economia de mercado, com a mer- açucareira e por isso apresentava uma grande vantagem
cantilização crescente dos vários setores produtivos antes à devido ao baixíssimo custo de produção, lucravam os do-
margem da circulação de mercadorias – a produção colo- nos de engenho que produziam a cachaça e os traficantes
nial, isto é, a produção de núcleos criados na periferia de portugueses que fariam a troca por cativos na África, além
centros dinâmicos europeus para estimulá-los, era uma pro- é claro do elevado teor alcoólico da bebida (em torno de
dução mercantil, ligada às grandes linhas do tráfico inter- 60%) que a tornava altamente popular entre seus consu-
nacional. Só isso já indicaria o sentido da colonização como midores.
peça estimuladora do capitalismo mercantil, mas o comércio O interessante de se observar é que do ponto de vista
colonial era mais o comércio exclusivo da metrópole, gera- do controle do tráfico, o efeito mais importante das geri-
dor de super-lucros, o que completa aquela caracterização. bitas foi transferi-lo para os comerciantes brasileiros. Os
Para que este sistema pudesse funcionar era necessá- brasileiros acabaram usando a cachaça para quebrar o
rio que existissem formas de exploração do trabalho que monopólio dos comerciantes metropolitanos que em sua
permitissem a concentração de renda nas mãos da clas- maioria preferia comercializar usando o vinho português
se dominante colonial, a estrutura escravista permitia esta como elemento de troca por cativos. Pode-se perceber que
acumulação de renda em alto grau: quando a maior parte o Pacto Colonial acabou envolvendo teias de relações bem
do excedente seguia ruma à metrópole, uma parte do ex- mais complexas que a dicotomia Metrópole-Colônia, o co-
cedente gerado permanecia na colônia permitindo a conti- mércio intercolonial também existiu, talvez de forma mais
nuidade do processo. frequente do que se imagina. Na questão das manufaturas
Importante ressaltar que as colônias encontravam-se as coisas se complicavam um pouco, mas não podemos
inteiramente à mercê de impulsos provenientes da metró- esquecer do intenso contrabando que ocorria no período.
pole, e não podiam auto estimular-se economicamente. A
economia agro-exportadora de açúcar brasileira atendeu aos 3. Despotismo esclarecido em Portugal.
estímulos do centro econômico dominante. Este sistema co-
lonial mercantilista ao funcionar plenamente acabou criando Na esfera política, a formação do Estado absolutista
as condições de sua própria crise e de sua superação. correspondeu a uma necessidade de centralização do po-
der nas mãos dos reis, para controlar a grande massa de
Neste ponto é interessante registrar a opinião de Ciro
camponeses e adequar-se ao surgimento da burguesia.
Flamarion Cardoso e Héctor P. Buiquióli:
O despotismo esclarecido foi uma forma de Estado Ab-
O processo de acumulação prévia de capitais de fato não
solutista que predominou em alguns países europeus no
se limita à exploração colonial em todas as suas formas; seus
século XVIII. Filósofos iluministas, como Voltaire, defen-
aspectos decisivos de expropriação e proletarização se dão
diam a ideia de um regime monárquico no qual o sobe-
na própria Europa, em um ambiente histórico global ao qual
rano, esclarecido pelos filósofos, governaria apoiando-se
por certo não é indiferente à presença dos impérios ultra-
marinos. A superação histórica da fase da acumulação pré- no povo contra os aristocratas. Esse monarca acabaria com
via de capitais foi, justamente o surgimento do capitalismo os privilégios injustos da nobreza e do clero e, defenden-
como modo de produção. do o direito natural, tornaria todos os habitantes do país
iguais perante a lei. Em países onde, o desenvolvimento
2. A relação Brasil-África na época do Sistema Colo- econômico capitalista estava atrasado, essa teoria inspirou
nial Português. o despotismo esclarecido.
Os déspotas procuravam adequar seus países aos no-
A princípio parece fácil descrever as relações econômi- vos tempos e às novas odeias que se desenvolviam na
HISTÓRIA DO BRASIL

cas entre metrópole e colônia, mas devemos entender que Europa. Embora tenham feito uma leitura um pouco dife-
o Sistema Colonial se trata de uma teia de relações comer- renciada dos ideais iluministas, com certeza diminuíram os
ciais bem mais complexa e nem sempre fácil de identificar. privilégios considerados mais odiosos da nobreza e do cle-
Os portugueses detinham o controle do tráfico de es- ro, mas ao invés de um governo apoiado no “povo” vimos
cravos entre a África e o Brasil, estabelecia-se uma estrutu- um governo apoiado na classe burguesa que crescia e se
ra de comércio que foge um pouco ao modelo apresenta- afirmava.
do anteriormente.

4
Em Portugal, o jovem rei D. José I “entregou” a árdua 5. Governo Geral 
tarefa de modernizar o país nas mãos de seu principal mi-
nistro, o Marquês de Pombal. Sendo um leitor ávido dos Respondendo ao fracasso do sistema das capitanias
filósofos iluministas e dos economistas ingleses, o marquês hereditárias, o governo português realizou a centralização
estabeleceu algumas metas que ele acreditava serem capa- da administração colonial com a criação do governo-geral,
zes de levar Portugal a alinhar-se com os países modernos em 1548. Entre as justificativas mais comuns para que esse
e superar sua crise econômica. primeiro sistema viesse a entrar em colapso, podemos des-
A primeira atitude foi fortalecer o poder do rei, comba- tacar o isolamento entre as capitanias, a falta de interesse
tendo os privilégios jurídicos da nobreza e econômicos do ou experiência administrativa e a própria resistência contra
clero (principalmente da Companhia de Jesus). Na tentati- a ocupação territorial oferecida pelos índios.
va de modernizar o país, o marquês teve de acabar com a Em vias gerais, o governador-geral deveria viabilizar a
intolerância religiosa e o poder da inquisição a fim de de- criação de novos engenhos, a integração dos indígenas
senvolver a educação e o pensamento literário e científico. com os centros de colonização, o combate do comércio ile-
Economicamente houve um aumento da exploração gal, construir embarcações, defender os colonos e realizar
colonial visando libertar Portugal da dependência econô- a busca por metais preciosos. Mesmo que centralizadora,
mica inglesa. O Marquês de Pombal aumentou a vigilância essa experiência não determinou que o governador cum-
nas colônias e combateu ainda mais o contrabando. Houve prisse todas essas tarefas por si só. De tal modo, o gover-
a instalação de uma maior centralização política na colônia, no-geral trouxe a criação de novos cargos administrativos.
com a extinção das Capitanias hereditárias que acabou di- O ouvidor-mor era o funcionário responsável pela re-
minuindo a excessiva autonomia local. solução de todos os problemas de natureza judiciária e o
cumprimento das leis vigentes. O chamado provedor-mor
4. Capitanias Hereditárias estabelecia os seus trabalhos na organização dos gastos ad-
ministrativos e na arrecadação dos impostos cobrados. Além
As Capitanias hereditárias foi um sistema de administração destas duas autoridades, o capitão-mor desenvolvia ações
territorial criado pelo rei de Portugal, D. João III, em 1534. Este
militares de defesa que estavam, principalmente, ligadas ao
sistema consistia em dividir o território brasileiro em grandes
combate dos invasores estrangeiros e ao ataque dos nativos.
faixas e entregar a administração para particulares (principal-
Na maioria dos casos, as ações a serem desenvolvidas pelo
mente nobres com relações com a Coroa Portuguesa).
governo-geral estavam subordinadas a um tipo de documen-
 Este sistema foi criado pelo rei de Portugal com o ob-
to oficial da Coroa Portuguesa, conhecido como regimento. A
jetivo de colonizar o Brasil, evitando assim invasões estran-
metrópole expedia ordens comprometidas com o aprimora-
geiras. Ganharam o nome de Capitanias Hereditárias, pois
mento das atividades fiscais e o estímulo da economia colonial.
eram transmitidas de pai para filho (de forma hereditária).
 Estas pessoas que recebiam a concessão de uma ca- Mesmo com a forte preocupação com o lucro e o desenvolvi-
pitania eram conhecidas como donatários. Tinham como mento, a Coroa foi alvo de ações ilegais em que funcionários da
missão colonizar, proteger e administrar o território. Por administração subvertiam as leis em benefício próprio.
outro lado, tinham o direito de explorar os recursos natu- Entre os anos de 1572 e 1578, o rei D. Sebastião buscou
rais (madeira, animais, minérios). aprimorar o sistema de Governo Geral realizando a divisão
 O sistema não funcionou muito bem. Apenas as capita- do mesmo em duas partes. Um ao norte, com capital na
nias de São Vicente e Pernambuco deram certo. Podemos cidade de Salvador, e outro ao sul, com uma sede no Rio
citar como motivos do fracasso: a grande extensão territo- de Janeiro. Nesse tempo, os resultados pouco satisfatórios
rial para administrar (e suas obrigações), falta de recursos acabaram promovendo a reunificação administrativa com
econômicos e os constantes ataques indígenas. o retorno da sede a Salvador. No ano de 1621, um novo
  tipo de divisão foi organizado com a criação do Estado do
O sistema de Capitanias Hereditárias vigorou até o ano Brasil e do Estado do Maranhão.
de 1759, quando foi extinto pelo Marquês de Pombal. Ao contrário do que se possa imaginar, o sistema de
  capitanias hereditárias não foi prontamente descartado
Capitanias Hereditárias criadas no século XVI: com a organização do governo-geral. No ano de 1759, a
 Capitania do Maranhão capitania de São Vicente foi a última a ser destituída pela
 Capitania do Ceará ação oficial do governo português. Com isso, observamos
 Capitania do Rio Grande que essas formas de organização administrativa convive-
 Capitania de Itamaracá ram durante um bom tempo na colônia.
 Capitania de Pernambuco
 Capitania da Baía de Todos os Santos 6. Economia e sociedade colonial
HISTÓRIA DO BRASIL

 Capitania de Ilhéus
 Capitania de Porto Seguro A colonização implantada por Portugal estava ligada
 Capitania do Espírito Santo aos interesses do sistema mercantilista, baseado na cir-
 Capitania de São Tomé culação de mercadorias. Para obter os maiores benefícios
Capitania de São Vicente desse comércio, a Metrópole controlava a colônia através
Capitania de Santo Amaro do pacto colonial, da lei da complementaridade e da impo-
Capitania de Santana   sição de monopólios sobre as riquezas coloniais.

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7. Sociedade Açucareira
FIQUE ATENTO!
Muitos pensam que a economia à época era A sociedade açucareira nordestina do Período Colonial
restrita ao Pau-Brasil, Açúcar e Mineração, no possuía as seguintes características:
entanto, vários outros produtos alimentavam o - Latifundiária.
sistema mercantilista vigorante naquela época. - Rural.
- Horizontal.
- Escravista.
- Patriarcal
- Pau-Brasil OBS. Os mascates, comerciantes itinerantes, consti-
O pau-brasil era valioso na Europa, devido à tinta aver- tuíam um pequeno grupo social.
melhada, que dele se extraía e por isso atraía para cá mui-
tos piratas contrabandistas (os brasileiros). Foi declarado - Mineração
monopólio da Coroa portuguesa, que autorizava sua ex- A mineração ocorreu, principalmente, nos atuais esta-
ploração por particulares mediante pagamento de impos- dos de Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso, entre o final do
tos. A exploração era muito simples: utilizava-se mão-de- século XVII e a segunda metade do século XVIII.
-obra indígena para o corte e o transporte, pagando-a com
bugigangas, tais como, miçangas, canivetes, espelhos, te- Ouro
cidos, etc. (escambo). Essa atividade predatória não contri- Havia dois tipos de exploração aurífera: ouro de fais-
buiu para fixar população na colônia, mas foi decisiva para cação (realizada nas areias dos rios e riachos, em pequena
a destruição da Mata Atlântica. quantidade, por homens livres ou escravos no dia da folga);
e ouro de lavra ou de mina (extração em grandes jazidas
- Cana-de-Açúcar feita por grande quantidade de escravos). 
O açúcar consumido na Europa era fornecido pelas ilhas A Intendência das Minas era o órgão, independente de
da Madeira, Açores e Cabo Verde (colônias portuguesas no qualquer autoridade colonial, encarregado da exploração
Atlântico), Sicília e pelo Oriente, mas a quantidade era mui- das jazidas, bem como, do policiamento, da fiscalização e
to reduzida diante da demanda. da tributação.
Animada com as perspectivas do mercado e com a ade- - Tributação: A Coroa exigia 20% dos metais preciosos
quação do clima brasileiro (quente e úmido) ao plantio, a (o Quinto) e a Capitação (imposto pago de acordo com
Coroa, para iniciar a produção açucareira, tratou de levan- o número de escravos). Mas como era muito fácil contra-
tar capitais em Portugal e, principalmente, junto a banquei- bandear ouro em pó ou em pepita, em 1718 foram criadas
ros e comerciantes holandeses, que, aliás, foram os que as Casas de Fundição e todo ouro encontrado deveria ser
mais lucraram com o comércio do açúcar. fundido em barras.
Para que fosse economicamente viável, o plantio de Em 1750, foi criada uma taxa anual de 100 arrobas por
cana deveria ser feito em grandes extensões de terra e com ano (1500 quilos). Sempre que a taxa fixada não era al-
grande volume de mão-de-obra. Assim, a produção foi or- cançada, o governo poderia decretar a Derrama (cobran-
ganizada em sistema de plantation: latifúndios (engenhos), ça forçada dos impostos atrasados). A partir de 1762, a
escravidão (inicialmente indígena e posteriormente africa- taxa jamais foi alcançada e as “derramas” se sucederam,
na), monocultura para exportação. Para dar suporte ao em- geralmente usando de violência. Em 1789, a Derrama foi
preendimento, desenvolveu-se uma modesta agricultura suspensa devido à revolta conhecida como Inconfidência
de subsistência (mandioca, feijão, algodão, etc). Mineira.
O cultivo de cana foi iniciado em 1532, na Vila de São
Vicente, por Martim Afonso de Sousa, mas foi na Zona da Diamantes
Mata nordestina que a produção se expandiu. Em 1570, No início a exploração era livre, desde que se pagasse o
já existiam no Brasil cerca de 60 engenhos e, em fins do Quinto. A fiscalização ficava por conta do Distrito Diaman-
século XVI, esse número já havia sido duplicado, dos quais tino, cujo centro era o Arraial do Tijuco. Mas, a partir de
62 estavam localizados em Pernambuco, 36 na Bahia e os 1740, só poderia ser realizada pelo Contratador Real dos
restantes nas demais capitanias. A decadência se iniciou na Diamantes, destacando-se João Fernandes de Oliveira. Em
segunda metade do século XVII, devido à concorrência do 1771 foi criada, pelo Marquês de Pombal, a Intendência
açúcar holandês. É bom destacar que nenhuma atividade Real dos Diamantes, com o objetivo de controlar a ativi-
superou a riqueza de açúcar no Período Colonial. dade.
HISTÓRIA DO BRASIL

OBS. Apesar dos escravos serem a imensa maioria da


mão-de-obra, existiam trabalhadores brancos remunera- 8. Sociedade mineradora
dos, que ocupavam funções de destaque, mas por traba-
lharem junto aos negros, sofriam preconceito.  A sociedade mineira ou mineradora possuía as seguin-
tes características:
- Urbana.
- Escravista.
- Maior Mobilidade Social

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OBS. 9.1. As causas da interiorização do povoamento
1- Surgem novos grupos sociais, como, tropeiros, ga-
rimpeiros e mascates. 1) União Ibérica (1580-1640): a união entre Espanha e
2- Alguns escravos, como Xica da Silva e Chico Rei, Portugal por imposição da Coroa Espanhola colocou
tornaram-se muito ricos e obtiveram ascensão social. em desuso o Tratado de Tordesilhas, permitindo que
3- É um erro achar que a população da região minera- expedições exploratórias partissem do litoral bra-
dora era abastada, pois a maioria era muito pobre sileiro em direção ao que antes era definido como
e apenas um pequeno grupo era muito rico. Além América Espanhola.
disso, os preços dos produtos eram mais elevados 2) Tratado de Madri (1750): o fim da União Ibérica
do que no restante do Brasil. foi marcado pela incerteza acerca dos limites entre
4- A mineração contribuiu para interiorizar a coloniza- terras portuguesas e espanholas. Alguns conflitos
ção e para criar um mercado interno na colônia. e acordos sucederam a restauração portuguesa de
1640, até que os países ibéricos admitissem o prin-
- Pecuária cípio do “uti possidetis” como critério de divisão ter-
A criação de gado foi introduzida na época de Tomé de ritorial no Tratado de Madri. O princípio legitima a
Sousa, como uma atividade subsidiária à cana-de-açúcar, posse territorial pelo seu uso, ou seja, pela sua ex-
mas como o gado destruía o canavial, sua criação foi sen- ploração. Com base nesse princípio, Portugal passou
do empurrada para o sertão, tornando-se responsável pela a ter salvo-conduto em áreas ocupadas e exploradas
interiorização da colonização do Nordeste, com grandes desde a União Ibérica por expedições com origem
fazendas e oficinas de charque, utilizando a mão-de-obra no Brasil. 
local e livre, pois o vaqueiro era pago através da “quartia- 3) Crise açucareira (séc.XVII): a crise açucareira no
ção”. Mais tarde, devido às secas devastadoras no sertão Brasil impulsionou a busca por novas riquezas no
nordestino, a região Sul passou a ser a grande produtora interior. A procura por metais preciosos, pelo ex-
de carne de charque, utilizando negros escravos. trativismo vegetal na Amazônia e por mão-de-obra
escrava indígena foram alguns dos focos principais
- Algodão das expedições exploratórias intensificadas no sécu-
A plantação de algodão se desenvolveu no Nordeste, lo XVII.
principalmente no Maranhão e tinha uma importância eco-
nômica de caráter interno, pois era utilizado para fazer rou- 9.2. As atividades exploratórias do interior
pas para a população mais pobre e para os escravos.
1) Entradas: expedições patrocinadas pela Coroa com
- Tabaco intuito de procurar metais, fundar povoados, abrir
Desenvolveu-se no Nordeste como uma atividade co- estradas etc.
mercial, escravista e exportadora, pois era utilizado, junta- 2) Bandeiras: expedições particulares que partiam de
mente com a rapadura e a aguardente, como moeda para São Vicente com o intuito de explorar riquezas no
adquirir escravos na África. interior. As bandeiras podem ser classificadas em três
tipos:
- Drogas do sertão a) Bandeiras de prospecção: procuravam metais pre-
Desde o século XVI, as Drogas do Sertão (guaraná, pi- ciosos (ouro, diamantes, esmeraldas etc);
mentas, ervas, raízes, cascas de árvores, cacau, etc.) eram b) Bandeiras de apresamento ou preação: captura-
coletadas pelos índios na Amazônia e exportadas para a vam índios no interior para vendê-los como escravos.
Europa, tanto por contrabandistas, quanto por padres je- Os principais alvos do apresamento indígena foram
suítas. Como o acesso à região era muito difícil, a floresta as missões jesuíticas, onde os índios já se encontra-
foi preservada. vam em acentuado processo de aculturação pela im-
posição de uma cultura europeia caracterizada pelo
9. Povoamento do interior no Período Colonial (Séc. catolicismo, pelo regime de trabalho intenso e pela
XVII) língua vernácula (português ou espanhol).
c) Bandeiras de sertanismo de contrato: expedições
Até o século XVI, com a extração de pau-brasil e a pro- contratadas por donatários, senhores de engenho ou
dução açucareira, o povoamento do Brasil se limitou a uma pela própria Coroa para o combate militar a tribos
estreita faixa territorial próximo ao litoral, em função da ve- indígenas rebeldes e quilombos. O exemplo mais im-
getação e do solo favoráveis a tais práticas respectivamen- portante foi a bandeira de Domingos Jorge Velho,
HISTÓRIA DO BRASIL

te, porem, como vimos acima, esses não eram os únicos responsável pela destruição do Quilombo de Palma-
produtos explorados, o sistema econômico exploratório res. 
envolvia outras fontes, isso potencializou o povoamento
do interior.

7
canavieira eliminou o pasto de muitos engenhos. A
#FicaDica expansão da pecuária para o interior de Pernambuco
seguiu a rota do Rio São Francisco até alcançar Minas
A principal diferença entre entrada e bandeira Gerais no início do século XVIII, quando a pecuária
era que a primeira era organizada pela Coroa e passou a abastecer muito mais as cidades minerado-
a segunda era de iniciativa particular. ras do que os engenhos.

10. Invasões estrangeiras


3) Monções: expedições comerciais que partiam de São
Paulo para abastecer as áreas de mineração do in-
Durante os séculos XVI e XVII, o Brasil sofreu saques,
terior.
ataques e ocupações de países europeus. Estes ataques
ocorreram na região litorânea e eram organizados por cor-
4) Missões jesuíticas: arrebanhavam índios de várias
sários ou governantes europeus. Tinham como objetivos
tribos, principalmente daquelas já desmanteladas
o saque de recursos naturais ou até mesmo o domínio de
pela ação das bandeiras de apresamento. Os índios
determinadas regiões. Ingleses, franceses e holandeses fo-
eram reunidos em aldeamentos chefiados pelos pa-
ram os povos que mais participaram destas invasões nos
dres jesuítas, que impunham a esses índios uma dura
primeiros séculos da História do Brasil Colonial.
disciplina marcada pelo regime de intenso trabalho e
 
educação voltada à catequização indígena. As prin-
- Invasões francesas
cipais missões jesuíticas portuguesas se concentra-
Comandados pelo almirante francês Nicolas Villegaig-
vam na Amazônia e tinham como base econômica a
non, os franceses fundaram a França Antártica no Rio de
extração e a comercialização das chamadas “drogas
Janeiro, em 1555. Foram expulsos pelos portugueses, com
do sertão”, isto é, especiarias da Amazônia como o
a ajuda de tribos indígenas do litoral, somente em 1567.
cacau e a baunilha. As principais missões espanholas
Em 1612, sob o comando do capitão da marinha fran-
em áreas atualmente brasileiras se situavam no sul,
cesa Daniel de La Touche, os franceses fundaram a cidade
com destaque para o Rio Grande do Sul, onde hoje
de São Luis (Maranhão), criando a França Equinocial. Foram
figura um importante patrimônio arquitetônico na
expulsos três anos depois.
região de Sete Povos das Missões. A base econô-
Entre os anos de 1710 e 1711, os franceses tentaram
mica dessas missões era a pecuária, favorecida pelas
novamente, mas sem sucesso, invadir e ocupar o Rio de
gramíneas dos Pampas.
Janeiro.
 
5) Mineração: atividade concentrada no interior, inclu-
- Invasões holandesas
sive em áreas situadas além dos antigos limites de
As cidades do Rio de Janeiro, Salvador e Santos foram
Tordesilhas, como as minas de Goiás e Mato Grosso.
atacadas pelos holandeses no ano de 1599.
A mineração nessas áreas, principalmente em Minas
Em 1603 foi a vez da Bahia ser atacada pelos holande-
Gerais, provocou nas primeiras décadas do século
ses. Com a ajuda dos espanhóis, os portugueses expulsam
XVIII um decréscimo populacional em Portugal em
os holandeses da Bahia em 1625.
função do intenso povoamento dessas áreas mine-
Em 1630 tem início o maior processo de invasão estran-
radoras do interior.
geira no Brasil. Os holandeses invadem a região do litoral
de Pernambuco.
6) Tropeirismo: era o comércio com vistas ao abaste-
Entre 1630 e 1641, os holandeses ocupam áreas no lito-
cimento das cidades mineradoras de Minas Gerais.
ral do Maranhão, Paraíba, Sergipe e Rio Grande do Norte.
Os tropeiros conduziam verdadeiras tropas de gado
O Conde holandês Maurício de Nassau chegou em Per-
do Rio Grande do Sul até a feira de Sorocaba, em
nambuco, em 1637, com o objetivo de organizar e adminis-
São Paulo. Daí, os tropeiros partiam para os pólos
trar as áreas invadidas. 
mineradores de Minas Gerais. Além de venderem
Em 1644 começou uma forte reação para expulsar os
gado (vacum e muar principalmente) nessas áreas,
holandeses do Nordeste. Em 1645 teve início a Insurreição
os tropeiros também transportavam e vendiam man-
Pernambucana.
timentos no lombo do gado. Ao longo do “Caminho
As tropas holandesas foram vencidas, em 1648, na fa-
das Tropas” surgiram vários entrepostos de comércio
mosa e sangrenta Batalha dos Guararapes. Porém, a expul-
e pernoite dos tropeiros, os chamados “pousos de
são definitiva dos holandeses ocorreu no ano de 1654.
tropa”, que deram origem a importantes povoados
 
HISTÓRIA DO BRASIL

no interior de Santa Catarina e Paraná.


- Invasões inglesas
Em 1591, sob o comando do corsário inglês Thomas
7) Pecuária: a exclusividade do litoral para as áreas açu-
Cavendish, ingleses saquearam, invadiram e ocuparam, por
careiras, conforme determinava a Coroa no início da
quase três meses, as cidades de São Vicente e Santos.
colonização, permitiu o desenvolvimento de fazen-
das pecuaristas no interior nordestino, principalmen-
te durante a invasão holandesa, quando a expansão

8
11. A crise do Sistema Colonial. brasileiras que foram antigas sedes da administração co-
lonial portuguesa acabaram conservando muitas das suas
A partir de meados do século XVIII, o sistema colonial tradicionais funções burocráticas e comerciais.
começou a enfrentar séria crise, decorrente dos efeitos da Geralmente explica-se o decréscimo populacional do
transformação econômica desencadeada pela Revolução Nordeste e o conseqüente “inchamento” do Sudeste, es-
Industrial nos países mais desenvolvidos economicamente pecialmente o Rio de Janeiro pela decadência da região
da Europa. Nestes países, o capitalismo deixava o estágio algodoeira e açucareira nordestina, contrapondo-se à ex-
comercial e encaminhava-se para a etapa industrial. pansão da agricultura cafeeira e da economia industrial do
Portugal neste período se encontrava em profunda crise sul, fatores estes que explicariam pelo menos em parte a
e dependia fortemente da política econômica inglesa. Nes- grande onda de migrações internas do período.
te cenário o capitalismo industrial inglês acabou entrando Na cidade do Rio de Janeiro, nos anos iniciais do século
em choque com o colonialismo mercantilista português. XIX, houve um acentuado crescimento demográfico, im-
O principal ponto deste choque se dava em torno das pulsionado pela chegada constante de estrangeiros, prin-
principais características da economia colonial: o mono- cipalmente portugueses.
pólio comercial e o regime de trabalho escravista. Era ne- Outras cidades também sofreram mudanças conside-
cessária a criação de mercados livres para que os donos ráveis em suas estruturas urbanas, sofreram também um
de indústria pudessem ter um maior número de mercados considerável crescimento demográfico; respeitando-se, é
consumidores. Com relação à escravidão, o capitalismo claro, as especificidades econômicas locais.
industrial defendia o seu fim e substituição pela mão-de- As principais cidades do Brasil, Rio de Janeiro, Salvador
-obra assalariada para que se ampliasse o seu mercado e Recife constituíram-se dos principais cenários de refor-
consumidor. A abolição da escravidão no Brasil acabou se mas urbanas e da atuação dos poderes públicos com o ob-
dando de forma tardia, mas os ingleses acabaram se adap- jetivo viabilizar o ordenamento do espaço urbano.
tando à situação. Neste período as classes dominantes imperiais busca-
vam desvincular-se da imagem de atraso colonial, busca-
PERÍODO IMPERIAL va-se a ordem na sociedade e nas cidades. A vida urba-
na intensificava-se, a imponência e riqueza se traduzia na
Mudanças drásticas em todas as estruturas políticas e construção dos prédios públicos que refletiam o desejo
econômicas tiveram seu ápice com a chegada da família de ordem social. Na cidade de Salvador, os edifícios per-
rela portuguesa ao Brasil, fugindo da invasão napoleônica tencentes à administração provincial contrastavam com a
na Europa. arquitetura barroca e colonial dos estabelecimentos reli-
Protegidos por uma esquadra naval inglesa, D. João e giosos.
a corte portuguesa chegaram à Bahia em 22 de Janeiro de Difícil acreditar que todas as pessoas tivessem acesso às
1808. Um mês depois, a corte se transferiu para o Rio de melhores moradias ou desfrutassem dos confrontos pro-
Janeiro, onde instalou-se a sede do governo. porcionados pela vida na cidade. Pelo contrário, a maio-
ria da população, constituída em sua maioria de negros e
A Inglaterra acabou pressionando D. João a acabar com
mestiços, vivia no limiar da pobreza.
o monopólio comercial, sendo que em 28 de Janeiro de
Políticas de intervenção urbana se intensificaram por
1808, D. João decretou a abertura dos portos às nações
volta de 1830. Redes de esgoto, iluminação a gás, linhas de
amigas. Sendo a Inglaterra a principal beneficiária da aber-
bondes, praças, parques, construção de prédios públicos,
tura dos portos, pois pagaria menores taxas sobre seus
instalação de fábricas e políticas de saneamento e saúde
produtos no mercado brasileiro em relação às outras na-
pública passaram a integrar o cotidiano urbano.
ções, inclusive Portugal.
Na cidade surgem novas possibilidades de trabalho,
O governo de D. João foi responsável pela implanta-
novos mecanismos de sobrevivência. A população sai do
ção de diversas estruturas culturais, sociais e urbanas ine- campo em busca de melhores oportunidades e, em sua
xistentes no Brasil como: a fundação da Academia Militar maioria, acaba ocupando uma esfera marginal da vida eco-
e da Marinha; criação do ensino superior com a fundação nômica e social da cidade.
de duas escolas de Medicina; criação do Jardim Botânico; Com a nova visão sobre o espaço urbano e sobre a so-
inauguração da Biblioteca Real; fundação da imprensa Ré- ciedade acabam por surgir novos elementos reguladores
gia; criação da Academia de Belas-Artes. da conduta urbana. Neste sentido surgem os asilos para
Mas a transformação mais forte se deu na forma de se loucos, reformatórios e abrigos para pessoas da rua. O dis-
viver o espaço urbano, até então, mesmo com o ciclo de curso higienista começa a ganhar adeptos e a medicaliza-
mineração, o Brasil nunca deixara efetivamente de ser um
HISTÓRIA DO BRASIL

ção da sociedade de torna evidentemente necessária para


país rural. a elite. Prostitutas, mendigos, loucos e crianças de rua, vão
ser constantemente vigiados e reprimidos nas suas idas e
1. Urbanização e pobreza. vindas pela cidade.
A mulher acaba sofrendo ainda mais do que os outros
A intensa urbanização nas principais capitais de provín- “excluídos” da política urbana. As novas praças, ruas e pré-
cias do Império do Brasil no século XIX, não estava associa- dios não são para todos, muitas mulheres precisavam tra-
do ao desenvolvimento de grandes indústrias. As cidades

9
balhar nas ruas para ajudar no sustento da família e muitas objetivo reestruturar a soberania política portuguesa por
vezes tinham seus movimentos pela cidade impedidos pe- meio de uma reforma liberal que limitaria os poderes do rei
las normas de conduta vigentes. A vigilância sobre o corpo, e reconduziria o Brasil à condição de colônia.
a sexualidade e sobre a mulher assumem caráter científico Os revolucionários lusitanos formaram uma espécie de
e caráter de importância fundamental para o bom funcio- Assembleia Nacional que ganhou o nome de “Cortes”. Nas
namento da sociedade. Cortes, as principais figuras políticas lusitanas exigiam que o
Sob o discurso da racionalidade científica e dos concei- rei Dom João VI retornasse à terra natal para que legitimasse
tos de ordem e progresso que se desejavam implantar, os as transformações políticas em andamento. Temendo perder
poderes públicos procuravam transformar e modernizar as sua autoridade real, D. João saiu do Brasil em 1821 e nomeou
cidades, além de atingir também os hábitos e costumes da seu filho, Dom Pedro I, como príncipe regente do Brasil.
população moldando-os, sob estruturas repressoras a uma A medida ainda foi acompanhada pelo rombo dos co-
imagem de salubridade e modernidade. A maioria destes fres brasileiros, o que deixou a nação em péssimas condi-
discursos continua, talvez com ainda mais força, durante ções financeiras. Em meio às conturbações políticas que se
a primeira República e desta vez, com a tônica de romper viam contrárias às intenções políticas dos lusitanos, Dom
com o “atraso” da Monarquia. Pedro I tratou de tomar medidas em favor da população
tupiniquim. Entre suas primeiras medidas, o príncipe re-
2. Independência do Brasil gente baixou os impostos e equiparou as autoridades mili-
tares nacionais às lusitanas. Naturalmente, tais ações desa-
A independência do Brasil, enquanto processo históri- gradaram bastante as Cortes de Portugal.
co, desenhou-se muito tempo antes do príncipe regente Mediante as claras intenções de Dom Pedro, as Cortes
Dom Pedro I proclamar o fim dos nossos laços coloniais às exigiram que o príncipe retornasse para Portugal e entre-
margens do rio Ipiranga. De fato, para entendermos como gasse o Brasil ao controle de uma junta administrativa for-
o Brasil se tornou uma nação independente, devemos per- mada pelas Cortes. A ameaça vinda de Portugal despertou
ceber como as transformações a elite econômica brasileira para o risco que as benesses
econômicas conquistadas ao longo do período joanino
políticas, econômicas e sociais inauguradas com a che-
corriam. Dessa maneira, grandes fazendeiros e comercian-
gada da família da Corte Lusitana ao país abriram espaço
tes passaram a defender a ascensão política de Dom Pedro
para a possibilidade da independência.
I à líder da independência brasileira.
A chegada da Família Real Portuguesa ao Brasil foi epi-
No final de 1821, quando as pressões das Cortes atin-
sódio de grande importância para que possamos iniciar
giram sua força máxima, os defensores da independência
as justificativas da nossa independência. Ao pisar em solo
organizaram um grande abaixo-assinado requerendo a
brasileiro, Dom João VI tratou de cumprir os acordos firma-
permanência e Dom Pedro no Brasil. A demonstração de
dos com a Inglaterra, que se comprometera em defender apoio dada foi retribuída quando, em 9 de janeiro de 1822,
Portugal das tropas de Napoleão e escoltar a Corte Portu- Dom Pedro I reafirmou sua permanência no conhecido Dia
guesa ao litoral brasileiro. Por isso, mesmo antes de chegar do Fico. A partir desse ato público, o príncipe regente assi-
à capital da colônia, o rei português realizou a abertura dos nalou qual era seu posicionamento político.
portos brasileiros às demais nações do mundo. Logo em seguida, Dom Pedro I incorporou figuras po-
Do ponto de vista econômico, essa medida pode ser vista líticas pró-independência aos quadros administrativos de
como um primeiro “grito de independência”, onde a colônia seu governo. Entre eles estavam José Bonifácio, grande
brasileira não mais estaria atrelada ao monopólio comercial conselheiro político de Dom Pedro e defensor de um pro-
imposto pelo antigo pacto colonial. Com tal medida, os gran- cesso de independência conservador guiado pelas mãos
des produtores agrícolas e comerciantes nacionais puderam de um regime monárquico. Além disso, Dom Pedro I firmou
avolumar os seus negócios e viver um tempo de prosperidade uma resolução onde dizia que nenhuma ordem vinda de
material nunca antes experimentado em toda história colo- Portugal poderia ser adotada sem sua autorização prévia.
nial. A liberdade já era sentida no bolso de nossas elites. Essa última medida de Dom Pedro I tornou sua rela-
Para fora do campo da economia, podemos salientar ção política com as Cortes praticamente insustentável. Em
como a reforma urbanística feita por Dom João VI promo- setembro de 1822, a assembleia lusitana enviou um novo
veu um embelezamento do Rio de Janeiro até então nunca documento para o Brasil exigindo o retorno do príncipe
antes vivida na capital da colônia, que deixou de ser uma para Portugal sob a ameaça de invasão militar, caso a exi-
simples zona de exploração para ser elevada à categoria de gência não fosse imediatamente cumprida. Ao tomar co-
Reino Unido de Portugal e Algarves. Se a medida prestigiou nhecimento do documento, Dom Pedro I (que estava em
os novos súditos tupiniquins, logo despertou a insatisfação viagem) declarou a independência do país no dia 7 de se-
dos portugueses que foram deixados à mercê da adminis- tembro de 1822, às margens do rio Ipiranga.
HISTÓRIA DO BRASIL

tração de Lorde Protetor do exército inglês.


Essas medidas, tomadas até o ano de 1815, alimenta- 3. Primeiro Reinado
ram um movimento de mudanças por parte das elites lusi-
tanas, que se viam abandonadas por sua antiga autoridade O Primeiro Reinado foi a fase inicial do período mo-
política. Foi nesse contexto que uma revolução constitucio- nárquico do Brasil após a independência. Esse período se
nalista tomou conta dos quadros políticos portugueses em inicia com a declaração da independência por Dom Pedro I
agosto de 1820. A Revolução Liberal do Porto tinha como e se finda em 1831, com a abdicação do imperador.

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Pintura de Pedro Américo (1888) retrata a declaração da independência do Brasil.

Quando Dom Pedro I declarou a independência do Brasil, em 7 de setembro de 1822, movido por intensa pressão das
elites portuguesas e brasileiras, o exército português, ainda fiel à lógica colonial, resistiu o quanto pôde, procurando res-
guardar os privilégios dados aos lusitanos em terras brasileiras.
A vitória das forças leais ao Imperador Pedro I contra essa resistência dão ao monarca um aumento considerável de
prestígio e poder.
Uma das primeiras iniciativas do imperador brasileiro foi criar e promulgar uma nova Constituição para o país para, ao
mesmo tempo, aumentar e consolidar seu poder político e frear iniciativas revolucionárias que já estavam acontecendo no
Brasil.
A Assembleia Constituinte formada em 1823 foi a primeira tentativa, invalidada pela falta de acordo e pela incompa-
tibilidade entre os deputados e a vontade do Imperador. Numa nova tentativa, a Constituição é promulgada em 1824, a
primeira do Brasil independente.
Essa Constituição, entre outras medidas, dava ao Imperador o poder de dissolver a Câmara e os conselhos provinciais,
manobrando, portanto, o legislativo, além de eliminar cargos quando necessário, instituir ministros e senadores com pode-
res vitalícios e indicar presidentes de comarcas. Essas medidas deixavam a maior parte do poder de decisão nas mãos do
imperador e evidenciavam um caráter despótico e autoritário de um governo que prometeu ser liberal.
Essa guinada autoritária do governo gerou novas revoltas e insuflou antigas, dando mais instabilidade ainda ao país re-
cém independente. Uma dessas revoltas foi a Confederação do Equador. Liderados por Frei Caneca, os pernambucanos re-
voltosos contra o governo foram reprimidos pelos militares, não sem antes mostrar sua insatisfação com os rumos do país.
Em 1825 o Brasil foi derrotado na guerra da Cisplatina, que transformou essa antiga parte da colônia no independente
Uruguai em 1828. Essa guerra causa danos ao país, tanto políticos quanto econômicos. Com problemas com importações,
baixa arrecadação de impostos, dificuldade na cobrança dos mesmos por causa da extensão do território e a produção
agrícola em baixa, causada por uma crise internacional, a economia brasileira tem uma queda acentuada.
Quando, em 1826, Dom João VI morre, surge um grande embate quanto a sucessão do trono português. Diante de
reivindicações de brasileiros e portugueses, Dom Pedro abdica em favor da filha, D. Maria da Glória. No entanto, seu irmão,
D. Miguel, dá um golpe de Estado e usurpa o poder da irmã.
O Imperador brasileiro então envia tropas brasileiras para solucionar o embate e restituir o poder à filha. Esse fato irrita
os brasileiros, uma vez que o Imperador está novamente priorizando os assuntos de Portugal em detrimento do Brasil. Essa
“reaproximação’ entre Portugal e Brasil incomoda e gera temor de uma nova época de dependência. Com isso, o Imperador
perde popularidade.
A tudo isso se soma o assassinato de Líbero Badaró, jornalista conhecido e desafeto do imperador. Naturalmente, as
suspeitas pelo atentado sofrido pelo jornalista recaem no governante luso-brasileiro. Esse episódio faz a aprovação do
Imperador cair ainda mais junto da população. Um momento delicado acontece quando o Imperador, em viagem a Minas
HISTÓRIA DO BRASIL

Gerais, é hostilizado pelos mineiros por conta desse assassinato. Portugueses no Rio de Janeiro imediatamente respondem
aos mineiros, se mobilizando em favor do imperador. As ruas do Rio de Janeiro testemunham momentos e atos de desor-
dem e agitação pública.
Nesse momento, duas das mais importantes categorias de sustentação do regime também retiram seu apoio. A Nobre-
za e o Exército abandonam o Imperador e tornam a situação política insustentável.
Pressionado e sem apoio político, D. Pedro I abdicou do cargo de imperador em abril de 1831, deixando o Brasil sob
comando da Regência enquanto seu filho Pedro de Alcântara, de 5 anos, atingia a maioridade.

11
A partir de 1833, a situação se agrava e conflitos inter-
#FicaDica nos, muitos separatistas, eclodem pelo país. A Cabanagem,
no Pará dá início à onda. Seguem-se a Guerra dos Farrapos
Política externa no Primeiro Reinado – A acei- no Rio Grande do Sul, a Sabinada e a Revolta dos Malês, na
tação da independência do Brasil foi gradual. Bahia, e a Balaiada no Maranhão.
Vale destacar o caso de Portugal, que só reco- No ano de 1834, a morte de D. Pedro I altera o cená-
nheceu a independência brasileira após rece- rio político. A assembleia passa a abrigar a disputa entre
ber a indenização de 2 milhões de libras esterli- progressistas defensores do diálogo com os revoltosos e
nas, paga através de empréstimo concedido ao regressistas, adeptos da repressão às mesmas revoltas.
Brasil, pela Inglaterra. Ou seja, o Brasil pagou Um novo documento é assinado em 12 de agosto de
pela independência que já havia conquistado, 1834. Por esse documento, denominado “Ato Adicional”,
o que gerou grandes dívidas externas com a conquista-se um “avanço liberal”, substituindo a Regência
Inglaterra. Trina pela Regência Una.
Os candidatos favoritos para essa eleição eram Antônio
Francisco de Paula e Holanda Cavalcanti (conservador) e
4. Período Regencial
padre Diogo Antônio Feijó (liberal). Este último venceu a
disputa por apertada margem de votos. Feijó sobe ao po-
Chamamos de período regencial o período entre a ab-
der em 1835, mas tem governo breve, deixando o poder
dicação de D. Pedro I e a posse de D. Pedro II no trono do
em 1837, ainda que eleito para o período de 4 anos, moti-
Brasil, compreendendo os anos de 1831 a 1840.
vado pelos problemas com separatistas, falta de recursos e
Com a abdicação de D Pedro I, por lei, quem assumiria
isolamento político.
o trono seria seu filho D. Pedro II. No entanto, a idade de
A Segunda Regência Una foi conservadora. Chefiada
D. Pedro II, ainda criança à época não obedecia as deter-
por Pedro de Araújo Lima que aproveita a derrocada dos li-
minações de maioridade da Constituição. Nesse sentido,
berais e se elege Regente Uno em 19 de setembro de 1837
se tornou clara a necessidade da Regência, um governo
– fortalecimento da centralização política. A disputa com os
de transição que administraria o país enquanto o impe-
liberais gera, entre outras medidas, a Lei Interpretativa do
rador ainda não tivesse idade suficiente para governas. A
Ato Adicional de 1834, que é respondida com o chamado
regência seria trina, a princípio, formada por membros da
“golpe da maioridade”.
Assembleia Geral (Senado e Câmara dos deputados). Nesse
A contenda entre liberais e conservadores traz descon-
sentido e diante da situação do país, a adoção da regência
fiança para a elite, que prefere centralizar o poder, apoian-
provisória era questão de urgência.
do a posse de D. Pedro II. Os Liberais criam o “Clube da
O período regencial foi dividido em duas partes: Re-
Maioridade” e fazem propaganda pela maioridade anteci-
gência Trina (1831 a 1834) e Regência Una (1834 a 1840).
pada de D Pedro II.
Naquele momento, a Assembleia possuía três grupos: Mo-
A opinião pública, influenciada pelos liberais, contraria
derados (maioria, representavam a elite e era defensores
a Constituição e aprova a Declaração de Maioridade em
da centralização), Restauradores (defendiam a restauração
1840, quando D. Pedro II tem apenas 14 anos de idade.
do Imperador D. Pedro I) e Exaltados (defendiam a descen-
Após a decisão, o jogo político tem como objetivo, para
tralização do poder).
conservadores e liberais, controlar D. Pedro II em proveito
A Regência Trina provisória governa de abril a julho, sendo
próprio garantindo assim seus privilégios.
composta pelos senadores José Joaquim Carneiro Campos,
representante da ala dos restauradores, Nicolau de Campos
5. Segundo Reinado
Vergueiro, representando os liberais moderados e o briga-
deiro Francisco de Lima e Silva que representava os setores
O período nomeado de Segundo Reinado é segunda
mais conservadores dos militares, sobretudo no Exército.
fase da história do Brasil monárquico, época em que o país
Logo, o jogo político exigiu a formação de uma Regên-
esteve sob a liderança de Dom Pedro II.
cia Trina Permanente. Esta foi eleita em julho de 1831 pela
Em virtude dos sucessivos entraves e dificuldades en-
Assembleia Geral. Era composta pelo já integrante da Re-
frentadas por D. Pedro I para manter-se no trono do Brasil
gência Provisória, Francisco de Lima e Silva, o deputado
recém independente e, ao mesmo tempo, garantir sua in-
moderado José da Costa Carvalho e João Bráulio Muniz.
fluência em Portugal, a responsabilidade de comandar o
Com isso, finda a provisoriedade da regência. Nesse go-
Brasil recaiu sobre D. Pedro II, que assume o poder com
verno, como ministro da Justiça é nomeado o padre Diogo
apenas 15 anos de idade.
Antônio Feijó.
No ano de 1840, com apenas quinze anos de idade,
HISTÓRIA DO BRASIL

No entanto, mesmo com as mudanças, o país ainda


Dom Pedro II foi lançado à condição de Imperador do Brasil
enfrenta sérios problemas de governabilidade. A oposição
graças ao expresso apoio dos liberais. Nessa época, a eclo-
entre restauradores e exaltados de um lado e os regentes
são de revoltas em diferente parte do território brasileiro
do outro torna o cenário político bastante delicado. Por
e a clara instabilidade política possibilitou sua chegada ao
segurança contra os excessos, Diogo Feijó cria a Guarda
poder. Dali em diante, ele passaria a ser a mais importante
Nacional, em 1831, arregimentando filhos de aristocratas
figura política do país por praticamente cinco décadas.
em sua formação.

12
Para se manter tanto tempo no trono, o governo de • Os grandes proprietários: Após a Lei Áurea ascende
Dom Pedro II teve habilidade suficiente para negociar com entre os grandes fazendeiros um clamor pela Repú-
as demandas políticas da época. De fato, tomando a mes- blica, conhecidos como Republicanos de 14 de maio,
ma origem dos partidos da época, percebeu que a divisão insatisfeitos pela decisão monárquica do fim da es-
de poderes seria um meio eficiente para que as antigas dis- cravidão se voltam contra o regime. Os fazendeiros
putas fossem equilibradas. Não por acaso, uma das mais paulistas que já importavam mão de obra imigrante,
célebres frases de teor político dessa época concluía que também estão contrários à monarquia, pois buscam
nada poderia ser mais conservador do que um liberal no maior participação política e poder de decisão nas
poder. questões nacionais.
Esse quadro estável também deve ser atribuído à nova • A classe média urbana: As classes urbanas em
situação que a economia brasileira experimentou. O au- ascensão buscam maior participação política e en-
mento do consumo do café no mercado externo transfor- contram no sistema imperial um empecilho para
mou a cafeicultura no sustentáculo fundamental da nossa alcançar maior liberdade de econômica e poder de
economia. Mediante o fortalecimento da economia, ob- decisão nas questões políticas.
servamos que o café teve grande importância para o de-
senvolvimento dos centros urbanos e nos primeiros passos BRASIL REPÚBLICA
que a economia industrial trilhou em terras brasileiras.
Vivendo seu auge entre 1850 e 1870, o regime imperial A Proclamação da República Brasileira aconteceu
entrou em declínio com o desenrolar de várias transfor- no dia 15 de novembro de 1889. Resultado de um evante
mações. O fim do tráfico negreiro, a introdução da mão político-militar que deu inicio à República Federativa Pre-
de imigrante, as contendas com militares e religiosos e a sidencialista. Fica marcada a figura de Marechal Deodoro
manutenção do escravismo foram questões fundamentais da Fonseca como responsável pela efetiva proclamação e
no abalo da monarquia. Paulatinamente, membros das eli- como primeiro Presidente da República brasileira em um
tes econômicas e intelectuais passaram a compreender a governo provisório (1889-1891).
república como um passo necessário para a modernização Marechal Deodoro da Fonseca foi herói na guerra do
das instituições políticas nacionais. Paraguai (1864-1870), comandando um dos Batalhões de
O primeiro golpe contundente contra D. Pedro II acon- Brigada Expedicionária. Sempre contrário ao movimento
teceu no ano de 1888, quando a princesa Isabel autorizou republicano e defensor da Monarquia como deixa claro em
a libertação de todos os escravos. A partir daí, o governo cartas trocadas com seu sobrinho Clodoaldo da Fonseca
perdeu o favor dos escravocratas, último pilar que susten- em 1888 afirmando que apesar de todos os seus proble-
tava a existência do poder imperial. No ano seguinte, o mas a Monarquia continuava sendo o “único sustentáculo”
acirramento nas relações entre o Exército e o Império foi do país, e a república sendo proclamada constituiria uma
suficiente para que um quase encoberto golpe militar esta- “verdadeira desgraça” por não estarem, os brasileiros, pre-
belecesse a proclamação do regime republicano no Brasil. parados para ela.

6. A crise no Império A República Federativa Brasileira nasce pelas mãos dos


militares que se veriam a partir de então como os defenso-
O ultimo gabinete ministerial do Império, o “Gabinete res da Pátria brasileira. A República foi proclamada por um
Ouro Preto”, sob a chefia do Senador pelo Partido Liberal monarquista. Deodoro da Fonseca assim como parte dos
Visconde do Ouro Preto, assim que assume em junho de militares que participaram da movimentação pelas ruas do
1889 propõe um programa de governo com reformas pro- Rio de Janeiro no dia 15 de Novembro pretendiam der-
fundas no centralismo do governo imperial. Pretendia dar rubar apenas o gabinete do Visconde de Ouro Preto. No
feição mais representativa aos moldes de uma monarquia entanto, levado ao ato da proclamação, mesmo doente,
constitucional, contemplando aos republicanos com o fim Deodoro age por acreditar que haveria represália do go-
da vitaliciedade do senado e adoção da liberdade de culto. verno monárquico com sua prisão e de Benjamin Constant,
Ouro Preto é acusado pela Câmara de estar dando inicio à devido à insurgência dos militares.
República e se defende garantindo que seu programa inu- A população das camadas sociais mais humildes obser-
tilizaria a proposta da República. Recebe críticas de seus vam atônitos os dias posteriores ao golpe republicano. A
companheiros do Partido Liberal por não discutir o proble- República não favorecia em nada aos mais pobres e tam-
ma do Federalismo. bém não contou com a participação desses na ação efetiva.
Os problemas no Império estavam em várias instâncias O Império, principalmente após a abolição da escravidão
que davam base ao trono de Dom Pedro II: tem entre essas camadas uma simpatia e mesmo uma gra-
HISTÓRIA DO BRASIL

• A Igreja Católica: Descontentamento da Igreja Ca- tidão pela libertação. Há então um empenho das classes
tólica frente ao Padroado exercido por D. Pedro II ativamente participativas da República recém-fundada
que interferia em demasia nas decisões eclesiásticas. para apagar os vestígios da monarquia no Brasil, construir
• O Exército: Descontentamento dos oficiais de baixo heróis republicanos e símbolos que garantissem que a so-
escalão do Exército Brasileiro pela determinação de ciedade brasileira se identificasse com o novo modelo Re-
D. Pedro II que os impedia de manifestar publica- publicano Federalista.
mente nos periódicos suas críticas à monarquia.

13
1. A Maçonaria e o Positivismo sa. Ao ser chamado frente as tropas insurgentes, Marechal
Deodoro não deixa de declarar seu apoio ao Imperador e
O Governo Republicano Provisório foi ocupado por grita “«Viva Sua Majestade, o Imperador!», esse momento
Marechal Deodoro da Fonseca como Presidente, Marechal será lembrado posteriormente como o momento da Pro-
Floriano Peixoto como vice-presidente e como ministros: clamação da República.
Benjamin Constant, Quintino Bocaiuva, Rui Barbosa, Cam- O primeiro momento da República brasileira é marcada
pos Sales, Aristides Lobo, Demétrio Ribeiro e o Almirante pelo autoritarismo militar, visto que são esses que ficam
Eduardo Wandenkolk, todos os presentes na nata gestora responsáveis por manter a ordem e garantir a estabilidade
da República eram membros regulares da Maçonaria Bra- para o novo sistema que vislumbram para o Brasil. Através
sileira. A Maçonaria e os maçons permanecem presentes do princípio Liberal havia chances de que a partir desse
entre as lideranças brasileiras desde a Independência, alia- momento um novo pacto social se estabelecesse no Brasil,
dos aos ideais da filosofia Positivista, unem-se na forma- com participação ampla das camadas populares, mas isso
ção do Estado Republicano, principalmente no que tange não ocorre.
o Direito. O que acontece é a conservação e até o aumento da
A filosofia Positivista de Auguste Comte esteve presente exclusão social mediante ações influenciadas pelo pensa-
principalmente na construção dos símbolos da República. mento positivista onde militares acreditavam que com au-
Desde a produção da Bandeira Republicana com sua frase toritarismo poderiam manter a ordem e levar o Brasil ao
que transborda a essência da filosofia Comteana “Ordem e progresso, ideais do Positivismo.
Progresso”, ou no uso dos símbolos como um aparato re- Três mandatos marcam a República da Espada: o pri-
ligioso à religião republicana. Positivistas Ortodoxos como meiro, Governo Provisório de Deodoro da Fonseca que faz
Miguel Lemos e Teixeira Mendes foram os principais ati- a transição e sai garantindo a primeira eleição de forma in-
vistas, usando das alegorias femininas e o mito do herói direta, apesar do dispositivo da Constituição de 1891 pre-
para fortalecer entre toda a população a crença e o amor ver eleições diretas. Eleito sem participação popular pelo
pela República. Esses Positivistas Ortodoxos acreditavam Congresso Nacional Deodoro da Fonseca assume então
tão plenamente em sua missão política de fortalecimento com vice Marechal Floriano Peixoto.
da República que apesar de ridicularizados por seus oposi- Deodoro, no entanto, pretende manter o controle da
tores não esmorecem e seguem fortalecendo o imaginário República e fecha o Congresso, a fim de garantir seus po-
republicano com seus símbolos, mitos e alegorias. deres frente à “Lei de Responsabilidade”, anteriormente
A nova organização brasileira pouco ou nada muda nas aprovada pelo congresso devido à crise econômica. Dá ini-
formas de controle social, nem mesmo há mudanças na cio então a um governo ditatorial que é precipitado pela
pirâmide econômica, onde se agrupam na base o motor da ameaça de bombardeio da Cidade do Rio de Janeiro feito
economia, e onde estão presentes os extratos mais pobres pelos líderes da Revolta da Armada (conflito fomentado
da sociedade, constituída principalmente por ex-escraviza- pela Marinha Brasileira).
dos e seus descendentes. Já nas camadas mais altas dessa Frente a Revolta da Armada Deodoro renuncia em favor
pirâmide econômica organizam-se oligarquias locais que de seu, Floriano Peixoto, que mantém um regime linha dura
assumem o poder da máquina pública gerenciando os pro- contra opositores. Realiza uma verdadeira campanha de
jetos locais e nacionais sempre em prol do extrato social ao combate aos revoltosos da Segunda Revolta da Armada, as-
qual pertencem. Não há uma revolução, ou mesmo gran- sim como aos revoltosos Federalistas no Rio Grande do Sul,
des mudanças com a Proclamação da República, o que há recebe a alcunha de “Marechal de Ferro” devido essas ações.
de imediato é a abertura da política aos homens enriqueci-
dos, principalmente pela agricultura. Enquanto o poder da No entanto, a República da Espada chegava ao fim após
maquina pública no Império estava concentrado na figura realizar uma transição necessária aos interesses das elites,
do Imperador, que administrava de maneira centralizadora pacificaram e garantiram a ordem para que assumissem o
as decisões políticas, na República abre-se espaço de deci- comando aqueles que viriam a se estabelecer, não apenas
são para a classe enriquecida que carecia desse poder de como elite econômica, mas também como lideranças polí-
decisão política. ticas no cenário republicano. Os militares deixam a política
ainda com sentimento de guardiões da República (serão
2. Republica das espadas e republica oligárquica chamados ao ofício da garantia da Ordem diversas vezes
no decorrer da história republicana brasileira). Mas o sis-
A República brasileira proclamada em novembro de tema Liberal proposto em teoria pelas elites vitoriosas se-
1889 nasce de um golpe militar realizado de maneira pa- guiria, e a partir de 1894 a República deixaria de ser um
cífica pela não resistência do Imperador D. Pedro II que sai aparato ideológico para tornar-se instrumento de poder
HISTÓRIA DO BRASIL

sem grandes problemas e se exila na Europa. nas mãos das Oligarquias.


Marechal Deodoro da Fonseca é quem ocupa a presi-
dência da República em um governo provisório. Deodo- 3. Republica Oligarquica
ro era declaradamente monarquista, amigo de D. Pedro II,
mas por acreditar que haveria uma retaliação do Império Com a proclamação da República, em 1889, inaugu-
contra a movimentação insurgente do exército contra o rou-se um novo período na história política do Brasil: o
Gabinete do Visconde de Ouro Preto, resolve apoiar a cau- poder político passou a ser controlado pelas oligarquias

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rurais, principalmente as oligarquias cafeeiras. Entretanto, café fizeram com que o preço do produto sofresse uma re-
o controle político exercido pelas oligarquias não aconte- dução acentuada, o que ocasionou a maior crise financeira
ceu logo em seguida à proclamação da República – os dois brasileira durante a Primeira República.
primeiros governos (1889-1894) corresponderam à chama- Na Revolução de 1930, Getúlio Vargas assumiu o po-
da República da Espada, ou seja, o Brasil esteve sob o co- der após um golpe político que liderou juntamente com
mando do exército. Marechal Deodoro da Fonseca liderou os militares brasileiros. Os motivos do golpe foram as elei-
o país durante o Governo Provisório (1889-1891). Após a ções manipuladas para presidência da República, as quais
saída de Deodoro, o Marechal Floriano Peixoto esteve à o candidato paulista Júlio Prestes havia ganhado, de forma
frente do governo brasileiro até 1894. obscura, em relação ao outro candidato, o gaúcho Getúlio
No ano de 1894, os grupos oligárquicos, principal- Vargas, que, não aceitando a situação posta, efetivou o gol-
mente a oligarquia cafeeira paulista, estavam articulando pe político, acabando de vez com a República Oligárquica e
para assumir o poder e controlar a República. Os paulistas com a supremacia política da oligarquia paulista e mineira.
apoiaram Floriano Peixoto. Dessa aliança surgiu o candida-
to eleito nas eleições de março de 1894, Prudente de Mo- MOVIMENTOS SOCIAIS NO BRASIL
rais, filiado ao Partido Republicano Paulista (PRP). A partir
de então, o poder político brasileiro ficou restrito às oligar- Do período colonial à república, conheça principais re-
quias agrárias paulista e mineira, de 1894 a 1930, período voltas econômicas e sociais ao longo de cinco séculos de
conhecido como República Oligárquica. Assim, o domínio história. 
político presidencial durante esse intervalo de tempo pre-
valeceu entre São Paulo e Minas Gerais, efetivando a polí-
tica do café-com-leite. #FicaDica
Durante o governo do presidente Campo Sales (1898-
1902), a República Oligárquica efetivou o que marcou fun- A seguir veremos os movimentos que marca-
damentalmente a Primeira República: a chamada política ram nossa história. Vale, portanto, ressaltar,
que dentre esses movimentos é necessário di-
dos governadores, que se baseava nos acordos e alianças
ferenciar a essência que os causou.
entre o presidente da República e os governadores de es-
Os movimentos a seguir ou eram nativistas ou
tado, que foram denominados Presidentes de estado. Estes
emancipacionistas.
sempre apoiariam os candidatos fiéis ao governo federal;
Nativistas: representa movimentos de defesa
em troca, o governo federal nunca interferiria nas eleições
da terra, sem qualquer caráter separatista.
locais (estaduais).
Emancipacionistas: eram mais radicais e pre-
Mas, afinal, como era efetivado o apoio aos candidatos
tendiam, de fato, separar o Brasil de Portugal,
à presidência da República do governo federal pelos go- criando um governo próprio e soberano, sem
vernadores dos estados? Esse apoio ficou conhecido como interferência externa de qualquer natureza.
coronelismo: o título de coronel surgiu no período impe-
rial, mas com a proclamação da República os coronéis con-
tinuaram com o prestígio social, político e econômico que Na historiografia brasileira, dentro dos movimentos que
exerciam nas vizinhanças das localidades de suas proprie- ocorreram, temos aqueles que foram chamados de movi-
dades rurais. Eles eram os chefes políticos locais e exerciam mentos nativistas, que representa o conjunto de revoltas
o mandonismo sobre a população. populares que tinham como objetivo o protesto em rela-
Os coronéis sempre exerceram a política de troca de ção a uma ou mais condições negativas da realidade da ad-
favores, mantinham sob sua proteção uma enorme quanti- ministração colonial portuguesa no Brasil. Em retrospecti-
dade de afilhados políticos, em troca de obediência rígida. va, tais revoltas também foram importantes em um âmbito
Geralmente, sob a tutela dos coronéis, os afilhados eram maior. Apesar de constituírem movimentos exclusivamente
as principais articulações políticas. Nas áreas próximas à locais, que não visavam em um primeiro momento a sepa-
sua propriedade rural, o coronel controlava todos os vo- ração política, o seu protesto contra algum abuso do pac-
tos eleitorais a seu favor (esses locais ficaram conhecidos to colonial contribuiu para a construção do sentimento de
como “currais eleitorais”). nacionalidade em meio a tais comunidades. As principais
Nos momentos de eleições, todos os afilhados (depen- revoltas ocorrem entre meados do século XVII e começo
dentes) dos coronéis votavam no candidato que o seu pa- do século XVIII, quando Portugal perdeu sua influência na
drinho (coronel) apoiava. Esse controle dos votos políticos Ásia, e passou a cobrir os gastos da Coroa na metrópole
ficou conhecido como voto de cabresto, presente durante com a receita obtida do Brasil. A sempre crescente cobran-
HISTÓRIA DO BRASIL

toda a Primeira República, e foi o que manteve as oligar- ça de impostos, a criação frequente de novos tributos e o
quias rurais no poder. abuso dos comerciantes portugueses na fixação de preços
Durante a Primeira República, o mercado tinha o caráter começam a gerar insatisfação entre a elite agrária da co-
agroexportador e o principal produto da economia brasi- lônia.
leira era o café. No ano de 1929, com a queda da Bolsa de Este é o ambiente propício para o nascimento dos cha-
Valores de Nova York, a economia cafeeira brasileira en- mados movimentos nativistas, onde surgem a contestação
frentou uma enorme crise, pois as grandes estocagens de de aspectos do colonialismo e primeiros conflitos de inte-

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resses entre os senhores do Brasil e os de Portugal. Entre os do de Minas Gerais, no Brasil. O conflito contrapôs os
movimentos de destaque estão a revolta dos Beckman, no desbravadores vicentinos e os forasteiros que vieram
Maranhão (1684); a Guerra dos Emboabas, em Minas Ge- depois da descoberta das minas.
rais (1708), a Guerra dos Mascates, em Pernambuco (1710)
e a Revolta de Felipe dos Santos em Minas Gerais (1720).  Em 1710 – Guerra dos Mascates
Mas é a Insurreição Pernambucana (1645-54) onde se A “Guerra dos Mascates” foi um confronto armado
localiza o marco inicial destes movimentos. ocorrido na Capitania de Pernambuco, entre os
anos de 1709 e 1714, envolvendo os grandes senho-
Vamos ver um pouco mais sobre esses movimentos. res de engenho de Olinda e os comerciantes por-
tugueses do Recife, pejorativamente denominados
 Em 1562 - Confederação dos Tamoios como “mascates”, devido sua profissão.
A primeira rebelião de que se tem notícia foi uma re- Não obstante, apesar do sentimento autonomista e an-
volta de uma coligação de tribos indígenas - com o tilusitano dos pernambucanos de Olinda, que che-
apoio dos franceses que haviam fundado a França garam até mesmo a propor que a cidade se tornasse
Antártica - contra os portugueses. O movimento foi uma República independente, este não foi um movi-
pacificado pelos padres jesuítas Manuel da Nóbrega mento separatista.
e José de Anchieta. Contudo, não há consenso em afirmar que seja um mo-
vimento nativista, uma vez que os “mascates” envol-
 Em 1645 - Insurreição Pernambucana vidos na disputa eram predominantemente comer-
Revolta da população nordestina (a partir de 1645) con- ciantes portugueses.
tra o domínio holandês. Sob iniciativa dos senhores
de engenho, os colonos foram mobilizados para lu-  Em 1720 - Revolta de Filipe dos Santos
tarem. As batalhas das Tabocas e de Guararapes en- Movimento social que ocorreu em 1720, em Vila Rica
fraqueceram o poderio dos invasores europeus. Até (atual Ouro Preto), contra a exploração do ouro e co-
que, na batalha de Campina de Taborda, em 1654, brança extorsiva de impostos da metrópole sobre a
os holandeses foram derrotados e expulsos do País. colônia. A revolta contou com cerca de dois mil po-
É considerada o marco inicial dos movimentos nativis- pulares, que pegaram em armas e ocuparam pontos
tas. Iniciada logo após a campanha pela expulsão da cidade. A coroa portuguesa reagiu e o líder, Filipe
dos invasores holandeses, e de sua poderosa Com- dos Santos Freire, acabou enforcado.
panhia das Índias Ocidentais, é ali que pela primeira
vez que se registrou a divergência entre os interesses 1. Movimentos emancipacionistas
dos colonos e os pretendidos pela Metrópole. Os ha-
bitantes de Pernambuco começaram a desenvolver a A partir da segunda metade do século XVIII, com os
noção de que a própria colônia conseguiria adminis- desdobramentos das revoltas na França e Estados Unidos,
trar seus próprios destinos, até por que eles conse- e os conceitos do Iluminismo penetrando em meio à socie-
guiram expulsar os invasores praticamente sozinhos, dade brasileira, os descontentamentos vão se avoluman-
num esforço que reuniu negros escravos, brancos e do e a metrópole portuguesa parece insensível a qualquer
indígenas lutando juntos, com um punhado de ofi- protesto. Assim, os movimentos nativistas passarão a in-
ciais lusitanos nos altos postos de comando. corporar em seu ideal a busca pela independência, ainda
que somente da região dos revoltosos, pois a noção de um
 Em 1682 - Guerra dos Bárbaros país reunindo todas as colônias portuguesas na América
Foram disputas intermitentes entre os índios cariris, era algo impensado. O mais conhecido em meio a estes
que ocupavam extensas áreas no Nordeste, contra movimentos é a Inconfidência Mineira de 1789, da qual
a dominação dos colonizadores portugueses. Foram surgiu o mártir da independência, Tiradentes.
cerca de 20 anos de confrontos. As revoltas emancipacionistas foram movimentos so-
ciais ocorridos no Brasil Colonial, caracterizados pelo forte
 Em 1684- Revolta dos Beckman - no Maranhão anseio de conquistar a independência do Brasil com rela-
Provocada em grande parte pelo descontentamento ção a Portugal. Estes movimentos possuíam certa organiza-
com a Companhia de Comércio do Maranhão, ocor- ção política e militar, além de contar com forte sentimento
reu entre 1684 e 1685. Entre as reclamações estava contrário à dominação colonial.
o fornecimento de escravos negros em quantidade  
insuficiente. Ao mesmo tempo, os jesuítas eram con- 1.1. Causas principais
trários a escravização dos indígenas. Com a rebelião,
HISTÓRIA DO BRASIL

os jesuítas são expulsos. Um novo governador é en- - Cobrança elevada de impostos de Portugal sobre o
viado e os revoltosos condenados. Brasil.
- Pacto Colonial - Brasil só podia manter relações co-
 Em 1708 – Guerra dos Emboabas merciais com Portugal, além de ser impedido de de-
A Guerra dos Emboabas foi um confronto travado de senvolver indústrias.
1707 a 1709 pelo direito de exploração das recém- - Privilégios que os portugueses tinham na colônia em
-descobertas jazidas de ouro na região do atual esta- relação aos brasileiros.

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- Leis injustas, criadas pela coroa portuguesa, que ti- com a resistência oferecida pelo presidente do con-
nham que ser seguidas pelos brasileiros. selho da província, que impediu o desembarque das
- Falta de autonomia política e jurídica, pois todas as autoridades nomeadas pela regência. Grande parte
ordens e leis vinham de Portugal. dos revoltosos era formada por mestiços e índios,
- Punições violentas contra os colonos brasileiros que chamados de cabanos. Ele chegaram a tomar Belém,
não seguiam as determinações de Portugal. mas foram derrotados depois de longa resistência. 
- Influência dos ideais do Iluminismo e dos movimen-
tos separatistas ocorridos em outros países (Inde-  1835 - Guerra dos Farrapos
pendência dos Estados Unidos em 1776 e Revolução Uma das mais extensas rebeliões deflagradas no Brasil
Francesa em 1789). (de 1835 a 1845) aconteceu no Rio Grande do Sul ti-
  nha caráter republicano. O grupo liberal dos chiman-
2. Principais revoltas emancipacionistas gos protestava contra a pesada taxação do charque
e do couro e chegou a proclamar independência do
 1789 - Inconfidência mineira RS. Depois de várias batalhas, o governo brasileiro
Inconformados com o peso dos impostos, membros concedeu a anistia a todos.
da elite uniram-se para estabelecer uma repúbli-
ca independente em Minas. A revolta foi marcada  1837 - Sabinada
para a data da derrama (cobrança dos impostos em A revolta feita por militares e integrantes da classe mé-
atraso), mas os revolucionários foram traídos. Como dia e rica da Bahia pretendia implementar uma re-
consequência, os inconfidentes foram condenados à pública. Em 7 de novembro de 1837, os revoltosos
prisão ou exílio, com exceção de Tiradentes, que foi tomaram o poder em Salvador e decretaram a Re-
enforcado e esquartejado. pública Bahiense. Cercados pelo exército governista,
o movimento resistiu até meados de março de 1838.
 1798 - Conjuração Baiana (ou Conspiração dos A repressão foi violenta e milhares foram mortos ou
Alfaiates) feitos prisioneiros.
Foi uma rebelião popular, de caráter separatista, ocor-
rida na Bahia em 1798. Movidos por uma mescla de  1838 - Balaiada
republicanismo e ódio à desigualdade social, ho- Balaiada é no nome pelo qual ficou conhecida a impor-
mens humildes, quase todos mulatos, defendiam a tante revolta que se deu no Maranhão do século XIX.
liberdade com relação a Portugal, a implantação de É mais um capítulo das convulsões sociais e políticas
um sistema republicano e liberdade comercial. Após que atingiram o Brasil no turbulento momento que
vários motins e saques, a rebelião foi reprimida pelas vai da independência do Brasil à proclamação da Re-
forças do governo, sendo que vários revoltosos fo-
pública.
ram presos, julgados e condenados. Um dos princi-
Naquele momento, a sociedade maranhense estava
pais líderes foi o alfaiate João de Deus do Nascimen-
dividida, basicamente, entre uma classe baixa, com-
to. O governo baiano debelou o movimento.
posta por escravos e sertanejos, e uma classe alta,
composta por proprietários rurais e comerciantes.
 1817 - Revolução Pernambucana
Foi um movimento que defendia a independência de
Para ampliar sua influência junto à política e à socie-
Portugal. Os revoltosos (religiosos, comerciantes e
militares) prenderam o governador de Pernambuco dade, os conservadores tentam através de uma medida,
e constituíram um governo provisório. O movimen- ampliar os poderes dos prefeitos. Essa medida impopular
to se estendeu à Paraíba e ao Rio Grande do Norte, faz com que a insatisfação social cresça consideravelmente,
mas a república durou menos de três meses, caindo alimentando a revolta conhecida como Balaiada.
sob o avanço das tropas. Participantes foram presos A Balaiada foi uma reação e uma luta dos maranhenses
e condenados à morte. contra injustiças praticadas por elites políticas e as desi-
gualdades sociais que assolavam o Maranhão do século
 1824 - Confederação do Equador XIX.
Foi um movimento político contrário à centralização do A origem da revolta remete à confrontação entre duas
poder imperial, ocorrido no nordeste. Em 2 de julho, facções, os Cabanos (de linha conservadora) e os chama-
Pernambuco declarou independência. A revolta am- dos “bem-te-vis” (de linha liberal). Eram esses dois partidos
pliou-se rapidamente para outras províncias, como que representavam os interesses políticos da elite do Ma-
Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte. Reprimidos, ranhão.
HISTÓRIA DO BRASIL

em setembro, os revolucionários já estavam derrota- Até 1837, o governo foi chefiado pelos liberais, man-
dos e seus líderes foram condenados ao fuzilamento, tendo seu domínio social na região. No entanto, diante da
forca ou prisão perpétua. ascensão de Araújo de Lima ao governo da província e dos
conservadores ao governo central, no Rio de Janeiro, os
 1833 - Cabanagem cabanos do Maranhão afastaram os bem-te-vis e ocupa-
Movimento que eclodiu na província do Grão-Pará ram o poder.
(Amazonas e Pará atuais), de 1833 a 1839, começou

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Essa mudança dá início à revolta em 13 de dezembro Outro aspecto econômico da República Velha foi o iní-
de 1838, quando um grupo de vaqueiros liderados por Rai- cio da industrialização no Brasil, principalmente no Rio de
mundo Gomes invade a cadeia local para libertar amigos Janeiro e em São Paulo. O capital acumulado com a produ-
presos. O sucesso da invasão dá a chance de ocupar o vila- ção cafeeira possibilitou aos grandes fazendeiros investir na
rejo como um todo. indústria, dando novo dinamismo à sociedade nestes locais.
Enquanto a rivalidade transcorria e aumentava, Rai- São Paulo e Rio de Janeiro passaram por uma profunda urba-
mundo Gomes e Manoel Francisco do Anjos Ferreira levam nização, criando avenidas, iluminação pública, transporte co-
a revolta até o Piauí, no ano de 1839. Este último líder era letivo (bondes), teatros, cinemas e, principalmente, afastando
artesão, e fabricava cestos de palha, chamados de balaios as populações pobres dos centros das cidades. Mas não foi
na região, daí o nome da revolta. Essa interferência externa apenas nestas duas cidades que houve mudanças, já que a
altera o cenário político da revolta e muda seu rumo. mesma situação se verificou em Manaus, Belém e cidades do
Devido aos problemas causados aos interesses da elite interior paulista, como Ribeirão Preto e Campinas.
da região, bem-te-vis e cabanos se unem contra os balaios. Esse processo contou também com a vinda ao Brasil de
A agitação social causada pela revolta beneficia os bem- milhões de imigrantes europeus e asiáticos para trabalha-
-te-vis e coloca o povo em desagrado contra o governo ca- rem tanto nas indústrias quanto nas grandes fazendas. O
bano. Em 1839 os balaios tomam a Vila de Caxias, a segunda fluxo migratório na República Velha alterou substancial-
cidade mais importante do Maranhão. Uma das táticas para mente a composição da sociedade, intensificando a misci-
enfraquecer os revoltosos foram as tentativas de suborno e genação, fato que, aos olhos das elites do país, poderia le-
desmoralização que visavam desarticular o movimento. var a um embranquecimento da população, aprofundando
Em 1839 o governo chama Luis Alves de Lima e Silva o preconceito contra os negros de origem africana.
(depois conhecido como Duque de Caxias) para ser presi- Mas a modernização na República Velha apresentou
dente da província e, ao mesmo tempo, organizar a repres- também contradições sociais que resultaram em conflitos
são aos movimentos revoltosos e pacificar o Maranhão. de várias ordens.
Esse é tido como o início da brilhante carreira do militar.
Vejamos os movimentos dessa época:
O Comandante resolveu os problemas que atravanca-
vam o funcionamento adequado das forças militares. Pa-
- 1893 - Revolta da Armada
gou os atrasados dos militares, organizou as tropas, cercou
Foi um movimento contra o presidente Floriano Peixoto
e atacou redutos balaios já enfraquecidos por deserções
que irrompeu no Rio de Janeiro em 6 de setembro
e pela perda do apoio dos bem-te-vis. Organizou toda a
de 1893. Praticamente toda a marinha se tornou an-
estratégia e a execução do plano que visava acabar de vez
tiflorianista. O principal combate ocorreu na Ponta
por todas com a revolta.
da Armação, em Niterói, a 9 de fevereiro de 1894.
Em 1840 a chance de anistia, dada pelo governo, esti- O governo conseguiu a vitória graças a uma nova
mula a rendição de 2500 balaios, inviabilizando o já com- esquadra, adquirida e aparelhada no exterior, e de-
balido exército. Os que resistiram, foram derrotados. A Ba- belou a rebelião em março.
laiada chega ao fim, entrando pra história do Brasil como
mais um momento conflituoso da ainda frágil monarquia e - 1893 - Revolução Federalista
da história do Brasil. Foi um levante contra o governo de Floriano Peixoto,
de 1893 a 1895, no Rio Grande do Sul. De um lado
3. Movimentos da República Velha até Era Vargas estavam os maragatos (antiflorianistas), do outro, os
pica-paus (governistas). Remanescentes da Revolta
O período da História brasileira conhecido como Repú- da Armada, que haviam desembarcado no Uruguai,
blica Velha, compreendido entre os anos de 1889 e 1930, uniram-se aos maragatos. Ocorreram batalhas em
representou profundas mudanças na sociedade nacional, terra e mar. Ao final, os maragatos foram derrotados
principalmente na composição da população, no cenário pelo exército governista.
urbano, nos conflitos sociais e na produção cultural. Cabe
aqui fazer uma indagação: com mudanças tão profundas, o - 1896 - Guerra de Canudos
que permaneceu delas na vida social atual? Avaliações políticas erradas, pobreza e religiosidade de-
Uma mudança da sociedade da República Velha ocor- ram início à guerra contra os habitantes do arraial de
reu na economia. A produção agrícola ainda era o carro- Canudos, no interior da Bahia, onde viviam, em 1896,
-chefe econômico da República Velha e o café continuava cerca de 20 mil pessoas sob o comando do beato
a ser o principal produto de exportação brasileiro. Mas o Antonio Conselheiro. De novembro de 1896 à derro-
desenvolvimento do capitalismo e a criação de mercado- ta em outubro de 1897, o arraial resistiu às investidas
HISTÓRIA DO BRASIL

rias que utilizavam em sua fabricação a borracha (como o das tropas federais (quatro expedições militares). A
automóvel) fizeram com que a exploração do látex na re- guerra deixou 25 mil mortos.
gião amazônica se desenvolvesse rapidamente, chegando
a competir com o café como o principal produto de expor- - 1904 - Revolta da Vacina
tação. Porém, o período de auge da borracha foi curto, pois Foi uma revolta popular ocorrida no Rio de Janeiro em
os ingleses conseguiram produzir de forma mais eficiente a novembro de 1904. A principal causa foi a campanha
borracha na Ásia, desbancando a produção brasileira. de vacinação obrigatória contra a varíola, coman-

18
dada pelo médico Oswaldo Cruz. Milhares de habi- marco inicial foi a Semana de Arte Moderna de 1922.
tantes tomaram as ruas em violentos conflitos com A crise mundial de 1929, refletida no Brasil pela vio-
a polícia, revoltados por terem de tomar a vacina. lenta queda dos preços do café, enfraqueceu o po-
Forças governistas prenderam quase mil pessoas e der da oligarquia cafeeira e, indiretamente, afetou a
deportaram para o Acre metade delas. estrutura política da República Velha.
• A ruptura das oligarquias e a Revolução de 1930: Por
- 1912 - Guerra do Contestado ocasião das eleições presidenciais de 1930 ocorreu
Foi um conflito que ocorreu entre 1912 e 1916 no Para- uma ruptura do tradicional acordo político entre Mi-
ná e Santa Catarina. Nessa época, Contestado, assim nas e São Paulo. Os demais grupos sociais de opo-
como Canudos, era um terreno fértil para o messia- sição aproveitaram-se da oportunidade para formar
nismo e via crescer a insatisfação popular com a mi- uma frente política ( Aliança Liberal) com os nomes
séria e a insensibilidade política. Forças policiais e do de Getúlio Vargas e João Pessoa, respectivamente
exército alcançaram a vitória, deixando milhares de para Presidente e Vice-Presidente da República. O
mortos. programa da Aliança Liberal incorporava as princi-
pais metas reformistas do período (voto secreto, leis
- 1922 - Movimento Tenentista trabalhistas, industrialização).Realizadas as eleições,
Durante a década de 1920 diversos fatores se conjuga- a Aliança Liberal não conseguiu vencer o candidato
ram para acelerar o declínio da República Velha. Os do PRP e imputou o resultado adverso às costumei-
levantes militares e tenentistas, o fim da política do ras fraudes de um sistema eleitoral corrompido. A re-
café-com-leite, o agrupamento das oligarquias dis- volta contra o Governo Federal teve como estopim o
sidentes na Aliança Liberal e o colapso da economia assassinato de João Pessoa. Explodiu a Revolução de
cafeeira foram alguns fatores que criaram as condi- 1930 que, em um mês, atingiu o poder da República.
ções para a revolução de 1930, que assinalou o fim
da República Velha e o início da Era Vargas. 4. Revoltas Tenentistas
• A República do Café com Leite: Os principais Esta-
dos que dominavam o conjunto da federação eram Na década de 1920 surgiu no Brasil um movimento
conhecido como Tenentismo, formado em geral por mi-
Minas (maior produtor de leite)e São Paulo(maior
litares de média e baixa patente. Questionavam o sistema
produtor de café) . Sabendo fazer as devidas co-
vigente no país e, mesmo sem defender uma causa ideoló-
ligações com as oligarquias dos demais estados
gica específica, propunham mudanças no sistema eleitoral
brasileiros, Minas e São Paulo mantiveram, de
e na educação pública da República Velha.
modo geral, o controle político do País.
Foram os militares que governaram o Brasil nos dois
• A situação econômica do período: Os principais pro- primeiros mandatos da República, mas após Floriano Pei-
dutos agrícolas brasileiros em condições de competir
xoto foram afastados da presidência para darem lugar
no exterior (açúcar, algodão, borracha, cacau) sofrem aos governos civis. Tem início também a partir de então
a concorrência de outros países dirigidos pelo mun- o domínio de uma oligarquia que mantinha o controle do
do capitalista. Assim, o Brasil teve suas exportações poder no país e que revezava os grupos no poder. Duran-
cada vez mais concentradas num único produto, o te toda a República Velha, Minas Gerais e São Paulo eram
café que chegou a representar 72,5% de nossas re- os dois principais estados brasileiros no cenário político, o
ceitas de exportação. O café, contudo, padecia de predomínio dos mesmos na ocupação do principal cargo
frequentes crises de produção que a política de valo- no país envolvendo um esquema de mútua cooperação ca-
rização do produto ( compra e estocagem pelo Go- racterizou tal período da história brasileira. O Tenentismo
verno) não conseguiu contornar A burguesia agrária surgiu justamente como forma de contestação ao sistema
mais progressista desviou capitais para outras ativi- político que dominava o Brasil e não permitia espaços para
dades econômicas. Durante Primeira Guerra Mundial grupos que não fizessem parte da oligarquia.
(1914-1918), surgiu toda uma conjuntura favorável a Logo no início da década de 1920 se espalharam pelos
um expressivo impulso industrial brasileiro. Pelo me- quartéis os ideais do Movimento Tenentista. Carregan-
canismo de substituição de importações a indústria do a bandeira da democracia, o grupo que era formado
nacional foi progressivamente conquistado o merca- basicamente por militares de baixa patente colocava em
do interno do país. questão as principais marcas da Política do Café com Leite.
• A crise da República Velha : No início da década de Os militares defendiam a dinamização da estrutura do po-
1920, crescia o descontentamento social contra o der no país, almejando que o processo eleitoral se tornasse
tradicional sistema oligárquico que dominava politi- mais democrático e permitisse o acesso de mais grupos ao
HISTÓRIA DO BRASIL

camente o país. As revoltas tenentistas ( Revolta do poder, questionavam o voto de cabresto e eram favoráveis
Forte de Copacabana, Revolução de 1924, a Coluna ao direito da mulher ao voto. Descontentes com a realida-
Paulista e o desdobramento da Coluna Prestes)  são de política do Brasil, acreditavam que se fazia necessário
reflexos do clima de elevada tensão político-se oficial uma reforma no ensino público, assim como a concessão
do período. A contestação contra as velhas estrutu- da liberdade aos meios de comunicação, a restrição do Po-
ras do País manifestaram-se também no plano cul- der Executivo e a moralização dos ocupantes das cadeiras
tural, por intermédio do movimento culturista, cujo no Poder Legislativo.

19
O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao pro- 1922, animada por vários artistas como Villa-Lobos e
jeto, mas com o tempo foi ficando claro que a defesa era Mário de Andrade, e que pretendia fazer uma antro-
pela implantação de um Estado forte e centralizado, atra- pofagia cultural, misturando elementos das culturas
vés do qual as necessidades do país poderiam ficar explí- europeia e brasileira na produção artística.
citas e resolvidas.
A evolução do Movimento Tenentista se dá ao longo A Semana de Arte Moderna de 1922, realizada em São
da década de 1920 por via de suas expressões armadas. A Paulo, no Teatro Municipal, de 11 a 18 de fevereiro, teve
primeira ação deste tipo dos Tenentes aconteceu em 1922 como principal propósito renovar, transformar o contexto
no evento conhecido como Revolta dos 18 do Forte de artístico e cultural urbano, tanto na literatura, quanto nas
Copacabana, em 1924 veio a Comuna de Manaus e a Re- artes plásticas, na arquitetura e na música. Mudar, subver-
volução de 1924. Concomitantemente teve início o evento ter uma produção artística, criar uma arte essencialmente
mais duradouro e que percorreu grande território no Brasil, brasileira, embora em sintonia com as novas tendências eu-
a Coluna Prestes. ropeias, essa era basicamente a intenção dos modernistas.
A Coluna Prestes foi um movimento em forma de guer- Durante uma semana a cidade entrou em plena ebuli-
rilha e composto por militares, liderada por Luís Carlos ção cultural, sob a inspiração de novas linguagens, de ex-
Prestes o movimento saiu da região sul do país e percor- periências artísticas, de uma liberdade criadora sem igual,
reu mais de 3.000 Km combatendo as tropas do governo. com o consequente rompimento com o passado. Novos
Em todos os confrontos a Coluna Prestes saiu vencedora conceitos foram difundidos e despontaram talentos como
e por fim foi se refugiar na Bolívia para arquitetar um gol- os de Mário e Oswald de Andrade na literatura, Víctor Bre-
pe de Estado. O Tenentismo não gerou efeitos imediatos cheret na escultura e Anita Malfatti na pintura.
no Brasil, mas o somatório dos acontecimentos na década O movimento modernista eclodiu em um contexto re-
de 1920 foi importante para abalar a estrutura política das pleto de agitações políticas, sociais, econômicas e culturais.
oligarquias e mudar significativamente a ordem política no Em meio a este redemoinho histórico surgiram as vanguar-
Brasil em 1930. das artísticas e linguagens liberadas de regras e de discipli-
Em 1929 o Tenentismo integra a Aliança Liberal, mas nas. A Semana, como toda inovação, não foi bem acolhida
nesse momento Luís Carlos Prestes já havia se tornado co- pelos tradicionais paulistas, e a crítica não poupou esforços
munista e não mais integrava o movimento. A Aliança Li- para destruir suas ideias, em plena vigência da República
beral somava a luta Tenentista que envolvia o voto secreto Velha, encabeçada por oligarcas do café e da política con-
e também feminino com a evolução do direito trabalhista. servadora que então dominava o cenário brasileiro. A elite,
O Tenentismo foi fundamental para que Getúlio Vargas habituada aos modelos estéticos europeus mais arcaicos,
assumisse o poder, tanto que após a Revolução de 1930 o sentiu-se violentada em sua sensibilidade e afrontada em
presidente nomeou vários tenentes como interventores em suas preferências artísticas.
quase todos os estados. A nova geração intelectual brasileira sentiu a necessida-
O Tenentismo se manteve presente na política e passa de de transformar os antigos conceitos do século XIX. Em-
por uma cisão em 1937 quando um grupo decide seguir bora o principal centro de insatisfação estética seja, nesta
Luís Carlos Prestes e outro rompe com o presidente Getúlio época, a literatura, particularmente a poesia, movimentos
Vargas e passa a exercer a oposição. O Movimento Tenen- como o Futurismo, o Cubismo e o Expressionismo começa-
tista esteve presente na deposição de Getúlio Vargas em vam a influenciar os artistas brasileiros. Anita Malfatti trazia
1945 e disputou as eleições presidenciais no mesmo ano da Europa, em sua bagagem, experiências vanguardistas
e também em 1955. Quando ocorreu a Revolução de 1964 que marcaram intensamente o trabalho desta jovem, que
que colocou os militares no poder no Brasil quase todos em 1917 realizou a que ficou conhecida como a primeira
os comandantes eram tenentes na ocasião da Revolução exposição do Modernismo brasileiro. Este evento foi alvo
de 1930, como é o caso de Ernesto Geisel, Castelo Branco de escândalo e de críticas ferozes de Monteiro Lobato, pro-
e Médici. Dessa forma o Tenentismo se manteve vivo até vocando assim o nascimento da Semana de Arte Moderna.
meados da década de 1970 quando os membros do mo- O catálogo da Semana apresenta nomes como os de
vimento nascido na década de 1920 começaram a morrer. Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Yan de Almeida Prado, John
Graz, Oswaldo Goeldi, entre outros, na Pintura e no Dese-
Ainda em 1922, tivemos um importante movimento so- nho; Victor Brecheret, Hildegardo Leão Velloso e Wilhelm
cial: Haarberg, na Escultura; Antonio Garcia Moya e Georg Pr-
zyrembel, na Arquitetura. Entre os escritores encontravam-
 Semana da Arte Moderna -se Mário e Oswald de Andrade, Menotti Del Picchia, Sér-
No aspecto cultural da sociedade, surgiu o choro e o gio Milliet, Plínio Salgado, e outros mais. A música estava
HISTÓRIA DO BRASIL

samba, gêneros musicais que ainda fazem parte da representada por autores consagrados, como Villa-Lobos,
cultura popular nacional. Na elite, a influência euro- Guiomar Novais, Ernani Braga e Frutuoso Viana.
peia, principalmente francesa, mudou o comporta- Em 1913, sementes do Modernismo já estavam sendo
mento das pessoas ricas, em seu jeito de vestir, falar cultivadas. O pintor Lasar Segall, vindo recentemente da
e se portar em público, o que ficou conhecido como Alemanha, realizara exposições em São Paulo e em Cam-
a Belle Époque (Bela Época) no Brasil. Surgiu também pinas, recepcionadas com uma certa indiferença. Segall
na República Velha a Semana de Arte Moderna de retornou então à Alemanha e só voltou ao Brasil dez anos

20
depois, em um momento bem mais propício. A mostra de Durante a Primeira República destacavam-se econô-
Anita Malfatti, que desencadeou a Semana, apesar da vio- mica e politicamente as oligarquias de São Paulo e Minas
lenta crítica recebida, reunir ao seu redor artistas dispostos Gerais, por isso as sucessões presidenciais eram decididas
a empreender uma luta pela renovação artística brasileira. pelos políticos desses Estados. Essa prática ficou conhecida
A exposição de artes plásticas da Semana de Arte Moderna como política do café com leite, em referência aos princi-
foi organizada por Di Cavalcanti e Rubens Borba de Mo- pais produtos de São Paulo e Minas Gerais. Em 1929, espe-
rais e contou também com a colaboração de Ronald de rava-se que a candidatura para a presidência da República
Carvalho, do Rio de Janeiro. Após a realização da Semana, fosse de um político mineiro, já que o então presidente
alguns dos artistas mais importantes retornaram para a Eu- consolidara a carreira política no Estado de São Paulo. No
ropa, enfraquecendo o movimento, mas produtores artís- entanto, Washington Luís apoiou a candidatura do paulista
ticos como Tarsila do Amaral, grande pintora modernista, Júlio Prestes para a presidência da República e de Vital Soa-
faziam o caminho inverso, enriquecendo as artes plásticas res para a vice-presidência, descontentando a oligarquia
brasileiras. mineira.
A Semana não foi tão importante no seu contexto tem- Os dissídios entre as oligarquias geraram as articulações
poral, mas o tempo a presenteou com um valor histórico e para construir uma oposição à candidatura situacionista. O
cultural talvez inimaginável naquela época. Não havia entre presidente do Estado de Minas Gerais, Antonio Carlos Ri-
seus participantes uma coletânea de ideias comum a todos, beiro de Andrada, entrou em contato com o presidente do
por isso ela se dividiu em diversas tendências diferentes, Estado do Rio Grande do Sul, Getúlio Vargas, para formar
todas pleiteando a mesma herança, entre elas o Movimen- uma aliança de oposição. O presidente do Estado da Pa-
to Pau-Brasil, o Movimento Verde-Amarelo e Grupo da raíba, João Pessoa, negou-se a participar da candidatura
Anta, e o Movimento Antropofágico. Os principais meios de Júlio Prestes e agregou-se aos oposicionistas. Além dos
de divulgação destes novos ideais eram a Revista Klaxon e presidentes desses três Estados, parcelas do movimento
a Revista de Antropofagia. tenentista e as oposições aos demais governos estaduais
O principal legado da Semana de Arte Moderna foi li- formaram a Aliança Liberal, e lançaram a candidatura de
bertar a arte brasileira da reprodução nada criativa de pa- Getúlio Vargas à presidência e João Pessoa à vice-presidên-
drões europeus, e dar início à construção de uma cultura cia. Dentre algumas das propostas da Aliança Liberal para
essencialmente nacional. a reformulação política e econômica no país, constavam
no programa: a representação popular pelo voto secreto,
 1930 – Revolução de 30 e o período de Vargas anistia aos insurgentes do movimento tenentista na déca-
A designação movimento político de 1930 é a mais da de 1920, reformas trabalhistas, a autonomia do setor
apropriada para o processo de destituição do pre- Judiciário e a adoção de medidas protecionistas aos pro-
sidente Washington Luís (1926-1930) e a ascensão dutos nacionais para além do café.
de Getúlio Vargas ao governo do país. Não obstan- A eleição para a presidência ocorreu em 1° de março de
te, ter havido uma alteração no cenário político na- 1930 e o resultado foi favorável à chapa Júlio Prestes – Vital
cional, não ocorreu uma transformação drástica dos Soares. Apesar de a Aliança Liberal acusar o pleito eleitoral
quadros políticos que continuaram a pertencer às de fraudulento, a princípio não houve requisição do posto
oligarquias estaduais. As reformas realizadas eram de presidente da República. Os partidários oposicionistas
imperiosas para agregar as oligarquias periféricas ao apenas decidiram pegar em armas e alçar Getúlio Vargas à
governo federal. Desse modo, o emprego do termo presidência com a morte de João Pessoa, em 26 de julho de
“Revolução de 1930”, costumeiramente adotado 1930. João Pessoa foi assassinado por conta de um conflito
para esse processo político, não é o mais adequado. da política regional da Paraíba, no entanto, o governo fe-
deral foi responsabilizado por esse atentado. Membros da
Alguns fatores propiciaram a instauração da segunda Aliança Liberal entraram em contato com os generais para
fase do período republicano, desencadeada pela emergên- apoiarem a deposição de Washington Luís e garantirem
cia do movimento político de 1930. A quebra da bolsa de que Getúlio Vargas se tornasse o próximo dirigente do país.
Nova Iorque, em outubro de 1929, provocou a queda da Em 3 de outubro de 1930, a Aliança Liberal iniciou as
compra do café brasileiro pelos países Europeus e Estados incursões armadas. Na região Nordeste, as tropas foram
Unidos. O café era o principal produto exportado pelo Bra- lideradas por Juarez Távora, e tiveram como área de dis-
sil, e a redução das vendas das safras afetou a economia. seminação o Estado da Paraíba. E na região Sul, as tropas
No início do século XX era comum o financiamento federal possuíam maior quantidade de membros comandados
à produção cafeeira, por meio da aquisição de emprésti- pelo general Góis Monteiro. As tropas dirigiam-se para o
mos externos. Com a eclosão da crise de 1929 esse subsí- Rio de Janeiro, então capital federal, onde Getúlio Vargas
HISTÓRIA DO BRASIL

dio foi inviabilizado, debilitando o principal investimento seria elevado à presidência da República. Nesse proces-
nacional da época. As revoltas tenentistas ocorridas duran- so, uma junta provisória militar depôs Washington Luís e
te a década de 1920 e as manifestações e greves operárias assumiu o comando do país, em 24 de outubro de 1930.
também foram importantes aspectos que geraram instabi- Quando Getúlio Vargas chegou com as tropas ao Rio de
lidade política no país. A fragilidade da economia nacional Janeiro, em 3 de novembro de 1930, a junta provisória lhe
e a insatisfação de parcelas da população suscitaram a vul- transferiu o governo. Assim, iniciou o Governo Provisório
nerabilidade do regime oligárquico. de Getúlio Vargas.

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5. Era Vargas conservar a atividade sindical nas mãos do governo federal.
O Estado Novo implantou no Brasil a doutrina política de
A Era Vargas, que teve início com a Revolução de 1930 intervenção estatal sobre a economia e, ao mesmo tempo
e expulsou do poder a oligarquia cafeeira, ramifica-se em que proporcionava estímulo à área rural, apadrinhava o
em três momentos: o Governo Provisório -1930-1934 -, crescimento industrial, ao aplicar fundos destinados à cria-
o Governo Constitucional - 1934-1937 - e o Estado Novo ção de infra-estrutura industrial. Foram instituídos, nesse
- 1937-1945. Durante o Governo Provisório, o presidente espaço de tempo, o Ministério da Aeronáutica, o Conselho
Getúlio Vargas deu início ao processo de centralização do Nacional do Petróleo que, posteriormente, no ano de 1953,
poder, eliminou os órgãos legislativos - federal, estadual e daria origem à Petrobrás, fundou-se a Companhia Siderúr-
municipal -, designando representantes do governo para gica Nacional – CSN -, a Companhia Vale do Rio Doce, a
assumir o controle dos estados, e obstruiu o conjunto de Companhia Hidrelétrica do São Francisco e a Fábrica Na-
leis que regiam a nação. cional de Motores – FNM -, dentre outras. Publicou o Có-
Nesse momento temos a Revolução Constitucionalista digo Penal, o Código de Processo Penal e a Consolidação
(1932) - Dois anos depois da Revolução de 30, a 9 de julho das Leis do Trabalho – CLT -, todos em vigor atualmente.
de 1932, o Estado de São Paulo se rebelou contra a ditadu- Getúlio Vargas foi responsável também pelas concepções
ra Vargas. Embora o movimento tenha nascido de reivindi- da Carteira de Trabalho, da Justiça do Trabalho, do salário
cações da elite paulista, teve ampla participação popular. mínimo, da estabilidade no emprego depois de dez anos
Apesar da derrota - São Paulo lutou isolado contra as de- de serviço - revogada em 1965 -, e pelo descanso semanal
mais unidades da federação -, a resistência foi um marco remunerado. A participação do Brasil na Segunda Guerra
nas lutas em favor da democracia no Brasil. Mundial contra os países do Eixo foi a brecha que surgiu
A oposição às ambições centralizadoras de Vargas con- para o crescimento da oposição ao governo de Vargas. As-
centrou-se em São Paulo, que de forma violenta começou sim, a batalha pela democratização do país ganhou fôlego.
uma agitação armada – este evento entrou para a história, O governo foi forçado a indultar os presos políticos e os
exigindo a realização de eleições para a elaboração de uma degredados, além de constituir eleições gerais, que foram
Assembleia Constituinte. Apesar do desbaratamento do vencidas pelo candidato oficial, isto é, apoiado pelo gover-
movimento, o presidente convocou eleições para a Consti- no, o general Eurico Gaspar Dutra. Era o fim da Era Vargas,
tuinte e, em 1934, apresentou a nova Carta. mas não o fim de Getúlio Vargas, que em 1951 retornaria à
A nova Constituição sancionou o voto secreto e o voto presidência pelo voto popular.
feminino, além de conferir vários direitos aos trabalhado-
res, os quais vigoram até hoje.
Durante o Governo Constitucional, a altercação política #FicaDica
se deu em volta de dois ideários primordiais: o fascista –
conjunto de ideias e preceitos político-sociais totalitários É comum vermos a expressão Quarta Repúbli-
introduzidos na Itália por Mussolini –, defendido pela Ação ca, que relata fatos que aconteceram nesse pe-
Integralista Brasileira, e o democrático, representado pela ríodo, então temos aqui uma síntese do que a
Aliança Nacional Libertadora, que contava com indivíduos quarta republica representa.
partidários das reformas profundas da sociedade brasileira.
Getúlio Vargas, porém, cultivava uma política de centra-
lização do poder e, após a experiência frustrada de golpe Ao fim da Segunda Guerra Mundial, em 1945, Vargas
por parte da esquerda - a histórica Intentona Comunista -, estava enfraquecido. Um golpe comandado pelo general
ele suspendeu outra vez as liberdades constitucionais, fun- Eurico Gaspar Dutra o retirou do poder. Uma nova Cons-
dando um regime ditatorial em 1937. Nesse mesmo ano, tituição foi adotada em 1946, garantindo a realização de
estabeleceu uma nova Constituição, influenciada pelo ar- eleições diretas para presidente da República e para os go-
quétipo fascista, que afiançava vastos poderes ao Presiden- vernos dos estados. O Congresso Nacional voltou a funcio-
te. A nova constituição acabava com o Legislativo e deter- nar e houve alternância no poder.
minava a sujeição do Judiciário ao Executivo. Objetivando Entretanto, foi um período de forte instabilidade po-
um domínio maior sobre o aparelho de Estado, Vargas ins- lítica. As mudanças sociais decorrentes da urbanização e
tituiu o Departamento Administrativo do Serviço Público da industrialização projetavam novas forças políticas que
(DASP) e o Departamento de Imprensa e Propaganda (DIP), pretendiam aprofundar o processo de modernização da
que, além de fiscalizar os meios de comunicação, deveria sociedade e do Estado brasileiro, o que desagrava as elites
espalhar uma imagem positiva do governo e, especialmen- conservadoras. O período foi marcado por várias tentativas
te, do Presidente. de golpe de Estado, levando inclusive ao suicídio de Getú-
HISTÓRIA DO BRASIL

As polícias estaduais tiveram suas mordomias expan- lio Vargas, em 1954.


didas e, para apoderar-se do apoio da classe trabalhado- O governo de JK conseguiu imprimir um acelerado de-
ra, Vargas concedeu-lhes direitos trabalhistas, tais como senvolvimento industrial em algumas áreas, mas não pôde
a regulamentação do trabalho noturno, do emprego de resolver o problema da exclusão social na cidade e no cam-
menores de idade e da mulher, fixou a jornada de traba- po. Essas medidas de mudança social iriam compor a base
lho em oito horas diárias de serviço e ampliou o direito à das propostas do Governo de João Goulart. O estado brasi-
aposentadoria a todos os trabalhadores urbanos, apesar de leiro estava caminhando para resolver demandas há muito

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reprimidas, como a reforma agrária. Frente ao perigo que Estabeleceu eleições indiretas para presidente, além de
representava aos seus interesses econômicos e políticos, as dissolver os partidos políticos. Vários parlamentares fede-
classes dominantes mais uma vez orquestraram um golpe rais e estaduais tiveram seus mandatos cassados, cidadãos
de Estado, com a deposição pelo exército de João Goulart, tiveram seus direitos políticos e constitucionais cancelados
em 1964. e os sindicatos receberam intervenção do governo militar.
Em seu governo, foi instituído o bipartidarismo. Só es-
DO PERÍODO MILITAR NO BRASIL ATÉ A NOVA RE- tava autorizado o funcionamento de dois partidos: Mo-
PUBLICA BRASILEIRA vimento Democrático Brasileiro (MDB) e a Aliança Reno-
vadora Nacional (ARENA). Enquanto o primeiro era de
 1964 - Golpe de 1964 oposição, de certa forma controlada, o segundo represen-
Podemos definir a Ditadura Militar como sendo o perío- tava os militares.
do da política brasileira em que os militares governaram o O governo militar impõe, em janeiro de 1967, uma nova
Brasil. Esta época vai de 1964 a 1985. Caracterizou-se pela Constituição para o país. Aprovada neste mesmo ano, a
falta de democracia, supressão de direitos constitucionais, Constituição de 1967 confirma e institucionaliza o regime
censura, perseguição política e repressão aos que eram militar e suas formas de atuação.
contra o regime militar.  
 A crise política se arrastava desde a renúncia de Jânio 2. GOVERNO COSTA E SILVA (1967-1969)
Quadros em 1961. O vice de Jânio era João Goulart, que
assumiu a presidência num clima político adverso. O go- Em 1967, assume a presidência o general Arthur da
verno de João Goulart (1961-1964) foi marcado pela abertura Costa e Silva, após ser eleito indiretamente pelo Congresso
às organizações sociais. Estudantes, organizações populares Nacional. Seu governo é marcado por protestos e manifes-
e trabalhadores ganharam espaço, causando a preocupação tações sociais. A oposição ao regime militar cresce no país.
das classes conservadoras como, por exemplo, os empresá- A UNE (União Nacional dos Estudantes) organiza, no Rio de
rios, banqueiros, Igreja Católica, militares e classe média. Todos Janeiro, a Passeata dos Cem Mil. 
temiam uma guinada do Brasil para o lado socialista. Vale lem-
Em Contagem (MG) e Osasco (SP), greves de operários
brar, que neste período, o mundo vivia o auge da Guerra Fria.
paralisam fábricas em protesto ao regime militar.
 Este estilo populista e de esquerda, chegou a gerar até
A guerrilha urbana começa a se organizar. Formada por
mesmo preocupação nos EUA, que junto com as classes
jovens idealistas de esquerda, assaltam bancos e seques-
conservadoras brasileiras, temiam um golpe comunista.
tram embaixadores para obterem fundos para o movimen-
 Os partidos de oposição, como a União Democrática
to de oposição armada.
Nacional (UDN) e o Partido Social Democrático (PSD), acu-
 No dia 13 de dezembro de 1968, o governo decreta o
savam Jango de estar planejando um golpe de esquerda e
de ser o responsável pela carestia e pelo desabastecimento Ato Institucional Número 5 (AI-5). Este foi o mais duro do
que o Brasil enfrentava. governo militar, pois aposentou juízes, cassou mandatos,
 No dia 13 de março de 1964, João Goulart realiza um acabou com as garantias do habeas-corpus e aumentou a
grande comício na Central do Brasil (Rio de Janeiro), onde repressão militar e policial.
defende as Reformas de Base. Neste plano, Jango prometia  
mudanças radicais na estrutura agrária, econômica e edu- 3. GOVERNO DA JUNTA MILITAR (31/8/1969-
cacional do país. 30/10/1969)
 Seis dias depois, em 19 de março, os conservadores
organizam uma manifestação contra as intenções de João Doente, Costa e Silva foi substituído por uma junta mi-
Goulart. Foi a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, litar formada pelos ministros Aurélio de Lira Tavares (Exér-
que reuniu milhares de pessoas pelas ruas do centro da cito), Augusto Rademaker (Marinha) e Márcio de Sousa e
cidade de São Paulo. Melo (Aeronáutica). 
 O clima de crise política e as tensões sociais aumen- Dois grupos de esquerda, O MR-8 e a ALN sequestram
tavam a cada dia. No dia 31 de março de 1964, tropas de o embaixador dos EUA Charles Elbrick. Os guerrilheiros exi-
Minas Gerais e São Paulo saem às ruas. Para evitar uma gem a libertação de 15 presos políticos, exigência conse-
guerra civil, Jango deixa o país refugiando-se no Uruguai. guida com sucesso. Porém, em 18 de setembro, o governo
Os militares tomam o poder. Em 9 de abril, é decretado o decreta a Lei de Segurança Nacional. Esta lei decretava o
Ato Institucional Número 1 (AI-1). Este Ato cassa mandatos exílio e a pena de morte em casos de “guerra psicológica
políticos de opositores ao regime militar e tira a estabilida- adversa, ou revolucionária, ou subversiva”.
de de funcionários públicos.  No final de 1969, o líder da ALN, Carlos Mariguella, foi
  morto pelas forças de repressão em São Paulo.
HISTÓRIA DO BRASIL

1. GOVERNO CASTELLO BRANCO (1964-1967)   


4. GOVERNO MÉDICI (1969-1974)
Castello Branco, general militar, foi eleito pelo Con-
gresso Nacional presidente da República em 15 de abril Em 1969, a Junta Militar escolhe o novo presidente: o
de 1964. Em seu pronunciamento, declarou defender a general Emílio Garrastazu Médici. Seu governo é conside-
democracia, porém ao começar seu governo, assume uma rado o mais duro e repressivo do período, conhecido como
posição autoritária.  «anos de chumbo». A repressão à luta armada cresce e

23
uma severa política de censura é colocada em execução. demais brasileiros exilados e condenados por crimes políti-
Jornais, revistas, livros, peças de teatro, filmes, músicas e cos. Os militares de linha dura continuam com a repressão
outras formas de expressão artística são censuradas. Mui- clandestina. Cartas-bomba são colocadas em órgãos da
tos professores, políticos, músicos, artistas e escritores são imprensa e da OAB (Ordem dos advogados do Brasil). No
investigados, presos, torturados ou exilados do país. O dia 30 de Abril de 1981, uma bomba explode durante um
DOI-Codi (Destacamento de Operações e Informações e ao show no centro de convenções do Rio Centro. O atentado
Centro de Operações de Defesa Interna ) atua como centro fora provavelmente promovido por militares de linha dura,
de investigação e repressão do governo militar. embora até hoje nada tenha sido provado.
 Ganha força no campo a guerrilha rural, principalmente  Em 1979, o governo aprova lei que restabelece o pluri-
no Araguaia. A guerrilha do Araguaia é fortemente reprimi- partidarismo no país. Os partidos voltam a funcionar den-
da pelas forças militares. tro da normalidade. A ARENA muda o nome e passa a ser
  PDS, enquanto o MDB passa a ser PMDB. Outros partidos
5. O Milagre Econômico são criados, como: Partido dos Trabalhadores (PT) e o Par-
tido Democrático Trabalhista (PDT).
 Na área econômica o país crescia rapidamente. Este pe-  
ríodo que vai de 1969 a 1973 ficou conhecido com a época 8. A Redemocratização e a Campanha pelas Diretas
do Milagre Econômico. O PIB brasileiro crescia a uma taxa Já
de quase 12% ao ano, enquanto a inflação beirava os 18%.
Com investimentos internos e empréstimos do exterior, Nos últimos anos do governo militar, o Brasil apresenta
o país avançou e estruturou uma base de infraestrutura. vários problemas. A inflação é alta e a recessão também.
Todos estes investimentos geraram milhões de empregos Enquanto isso a oposição ganha terreno com o surgimento
pelo país. Algumas obras, consideradas faraônicas, foram de novos partidos e com o fortalecimento dos sindicatos.
executadas, como a Rodovia Transamazônica e a Ponte Rio- Em 1984, políticos de oposição, artistas, jogadores de
-Niterói. futebol e milhões de brasileiros participam do movimento
 Porém, todo esse crescimento teve um custo altíssi- das Diretas Já. O movimento era favorável à aprovação da
mo e a conta deveria ser paga no futuro. Os empréstimos Emenda Dante de Oliveira que garantiria eleições diretas
estrangeiros geraram uma dívida externa elevada para os para presidente naquele ano. Para a decepção do povo, a
padrões econômicos do Brasil. emenda não foi aprovada pela Câmara dos Deputados.
  É denominado «Nova República” na história do Bra-
6. GOVERNO GEISEL (1974-1979) sil, o período imediatamente posterior ao Regime Militar,
época de exceção das liberdades fundamentais e de perse-
 Em 1974 assume a presidência o general Ernesto Geisel guição a opositores do poder. É exatamente pela repressão
que começa um lento processo de transição rumo à demo- do período anterior que afloram, de todos os setores da
cracia. Seu governo coincide com o fim do milagre econô- sociedade brasileira o desejo de iniciar uma nova fase do
mico e com a insatisfação popular em altas taxas. A crise governo republicano no país, com eleições diretas, além de
do petróleo e a recessão mundial interferem na economia uma nova constituição que contemplasse as aspirações de
brasileira, no momento em que os créditos e empréstimos todos os cidadãos. Pode-se denominar tal período também
internacionais diminuem. como a Sexta República Brasileira.
 Geisel anuncia a abertura política lenta, gradual e se- A Nova República inicia-se com o fim do mandato do
gura. A oposição política começa a ganhar espaço. Nas presidente e general João Batista de Oliveira Figueiredo,
eleições de 1974, o MDB conquista 59% dos votos para o mas mesmo antes disto, o povo havia dado um notável
Senado, 48% da Câmara dos Deputados e ganha a prefei- exemplo de união e de cidadania, ao sair às ruas de todo
tura da maioria das grandes cidades. país, pressionando o legislativo a aprovar a volta da eleição
 Os militares de linha dura, não contentes com os ca- direta para presidente, a Campanha das Diretas-Já, que não
minhos do governo Geisel, começam a promover ataques obteria sucesso, pois a Emenda Dante de Oliveira, como
clandestinos aos membros da esquerda. Em 1975, o jorna- ficou conhecida a proposta de voto direto, acabou não
lista Vladimir Herzog á assassinado nas dependências do sendo aprovada.
DOI-Codi em São Paulo. Em janeiro de 1976, o operário No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio Eleitoral es-
Manuel Fiel Filho aparece morto em situação semelhante. colheria o deputado Tancredo Neves, que concorreu com
 Em 1978, Geisel acaba com o AI-5, restaura o habeas- Paulo Maluf, como novo presidente da República. Ele fazia
-corpus e abre caminho para a volta da democracia no Bra- parte da Aliança Democrática – o grupo de oposição for-
sil. mado pelo PMDB e pela Frente Liberal.
HISTÓRIA DO BRASIL

   Era o fim do regime militar. Porém Tancredo Neves fica


7. GOVERNO FIGUEIREDO (1979-1985)  doente antes de assumir e acaba falecendo. Assume o vi-
ce-presidente José Sarney. Em 1988 é aprovada uma nova
 A vitória do MDB nas eleições em 1978 começa a constituição para o Brasil. A Constituição de 1988 apagou
acelerar o processo de redemocratização. O general João os rastros da ditadura militar e estabeleceu princípios de-
Baptista Figueiredo decreta a Lei da Anistia, concedendo mocráticos no país.
o direito de retorno ao Brasil para os políticos, artistas e

24
9. Brasil na atualidade trabalho e a qualidade de vida das famílias brasileiras. Há
indicadores objetivos que dão sustentação à percepção de
Quando falamos de Brasil Atual, geralmente nos referi- que os dias são difíceis: o achatamento do valor real dos
mos a temas que dizem respeito aos últimos trinta anos de salários, a redução do poder de compra, os elevados níveis
nossa história, isto é, desde o fim dos Governo Militares até de desemprego, a epidemia de endividamento, os aumen-
os dias de hoje. Nesse sentido, comentaremos temas rela- tos nos preços dos combustíveis (apesar do momentâneo
tivos a esse período, que vai desde a abertura democrática, controle da inflação), o crescimento da concentração de
começada com a Lei de Anistia (de 1979), até as manifes- renda, certa estagnação da economia (estimativa de baixo
tações populares que ocorreram nos anos de 2013 e 2015. crescimento do PIB), a retomada da política de privatiza-
Nesse arco temporal, diversos temas interpõem-se. O ções e o fenômeno da desindustrialização que assola o país
Movimento pelas Diretas Já é um dos primeiros e mais sig- (apesar da recente baixa de juros), a falência de empresas
nificativos. Com a abertura política articulada entre civis e e negócios, a continuidade dos gigantescos déficits públi-
militares, entre os anos de 1979 e 1985, a população vis- cos, o aumento da tributação (falta de correção na tabela
lumbrou a possibilidade de voltar a exercer o direito ao do IRPF, por exemplo), a comprovada mobilidade social
voto direto na eleição de seus representantes. Entretanto, descendente (com muitos cruzando novamente para baixo
o primeiro presidente civil, após o longo período militar, foi da linha da pobreza), o crescimento da fome e da miséria,
eleito indiretamente em 1985. Seu nome era Tancredo Ne- acentuando, assim, a já enorme desigualdade social que
ves, que faleceu antes de tomar posse. José Sarney, eleito caracteriza o Brasil.
vice, assumiu o cargo, exercendo-o até 1989. Em relação ao cenário político, o novo presidente eleito
O governo Sarney foi um dos mais conturbados da herdará enormes desafios: crescente e insustentável dívida
chamada “Nova República”, sobretudo pelos transtornos pública, uma população polarizada e uma oposição ferre-
econômicos pelos quais o país passou. Todavia, foi duran- nha, uma indústria em frangalhos, além da “obrigação” de
te o governo Sarney que foi reunida a constituinte para a cumprir algumas promessas eleitorais que analistas dizem
elaboração da nova Constituição Federal. O processo de beirar o infactível.
elaboração da carta constitucional foi encabeçado por Ulis-
ses Guimarães, um dos líderes do novo partido herdeiro 10, Desafios do presidente eleito Jair Bolsonaro
do MDB, o PMDB. A versão oficial da Constituição ficou
pronta em 1988. Nela havia o restabelecimento da ordem Vamos explicar brevemente o cenário econômico do
civil democrática e das liberdades individuais, bem como a Brasil para entendermos um pouco dos desafios que nosso
garantia das eleições diretas. próximo presidente encontrará pela frente. O Brasil tem
Em 1989, as primeiras eleições diretas ocorreram e foi um enorme problema fiscal a ser resolvido, uma indústria
eleito como presidente Fernando Collor de Melo. Collor com capacidade ociosa bastante alta, desemprego em níveis
também desenvolveu um governo com forte instabilidade altos (embora em trajetória de gradual queda), níveis de buro-
econômica, porém permeado também com grandes escân- cracia que entravam a nossa produtividade e bancos com linhas
dalos políticos, que desencadearam contra ele um proces-
de crédito ainda em níveis muito abaixo dos recordes, principal-
so de impeachment, diante do qual preferiu renunciar ao
mente do BNDES. Além disso, sofre de baixo nível de confian-
cargo de presidente. O vice de Collor, Itamar Franco, conti-
ça de investidores tanto nacionais quanto internacionais, o que
nuou no poder até o término do mandato, na passagem de
gera uma pressão negativa no preço de nosso ativos.
1993 para 1994. Nesse período, um importante dispositivo
O mercado hoje busca sinalizações quanto a priori-
financeiro foi criado para resolver o problema das sucessi-
zação de reformas e propostas mais complexas de difícil
vas crises econômicas: o Plano Real, elaborado e efetivado
aprovação pelo Legislativo, uma vez que esse tema não foi
por nomes como Gustavo Franco e Fernando Henrique
Cardoso. central durante o período de campanha eleitoral. A não
Esse último, parlamentar e sociólogo por formação, priorização de temas chave traria risco e volatilidade aos
candidatou-se à presidência, vencendo o pleito e ocupan- ativos brasileiros, sendo o valor de nossa moeda frente ao
do esse cargo de 1994 a 1998. Depois, foi reeleito e go- dólar o primeiro alvo dos investidores.
vernou até 2002. Nas eleições de 2002, um dos partidos A Reforma da Previdência é vista como um possível di-
que haviam nascido no período da abertura democrática, o visor de águas do novo governo dada a sua urgência. “A
PT – Partido dos Trabalhadores, conseguiu eleger seu can- reforma [da previdência] proposta pelo governo já não é
didato: Luís Inácio Lula da Silva, que, a exemplo de Fer- mais suficiente, dada a intensidade dos problemas que se
nando Henrique, governou o país por oito anos, de 2002 a acumularam desde então, notadamente o aumento dos
2010. A sucessora de Lula, a também filiada ao PT, Dilma gastos com pessoal, que tolheu o espaço para as demais
Rousseff, governou o país de 2010 até 2016, quando teve despesas” diz Fabio Giambiagi, chefe do Departamento de
HISTÓRIA DO BRASIL

aprovado no senado o processo de impeachment, saindo Pesquisa Econômica do BNDES (Banco Nacional de Desen-
de cena portanto e tendo seu vice o papel de assumir o volvimento Econômico e Social). O projeto que for apro-
governo em meio à maior crise econômica e politica que o vado pelo Legislativo poderá definir o cenário econômico
Brasil já viveu dentro da nova republica. nacional nos anos seguintes. A Reforma Tributária, abertura
Em relação ao aspecto econômico, a longa e profun- comercial e privatizações são alguns exemplos. Em breve
da crise que o Brasil atravessa deixa um rastro de impac- publicaremos textos analisando mais profundamente as
tos negativos sobre o sistema de produção, o mercado de propostas e quais os impactos nos principais ativos.

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Diante de tantas dúvidas, uma coisa é certa: Jair Bolso- 11.1. África e Brasil: muitas influências
naro enfrentará um quadro desafiador, com grande oposi-
ção política, cenário econômico ainda fragilizado e a piora A história da África e a cultura afro-brasileira estão in-
na oferta de serviços públicos. Além disso, contará com um timamente ligadas e precisam ser valorizadas. Nosso país
Congresso mais fragmentado e o crescimento de bancadas possui a maior população de origem africana fora do conti-
com interesses corporativistas, o que pode se mostrar um nente e isso explica a forte influência que eles exercem por
grande empecilho ao avanço da agenda econômica. Custa- aqui, em especial na região Nordeste. A maioria destes afri-
rá ao novo presidente aglutinar a população altamente po- canos chegou ao Brasil durante o período da escravidão.
larizada em torno de um projeto nacional suprapartidário. Porém, no começo do século XIX estes costumes, rituais e
Enfim, esse novo governo tem que arrumar a casa, por- manifestações não eram permitidos, pois fugiam totalmen-
que hoje o que está errado no Brasil é o setor público, não te da cultura europeia e dos seus valores, tão valorizados
é o privado. O setor privado precisa de um ambiente de na época.
negócios favorável ao investimento e cabe ao setor público Estados que mais foram influenciados pela cultura afri-
tomar as medidas necessárias para que esse ambiente vol- cana:
te a proporcionar crescimento e desenvolvimento. • Rio Grande do Sul
• São Paulo
11. RELAÇÃO BRASIL E ÁFRICA • Rio de Janeiro
• Espírito Santo
A África é um continente com rica diversidade cultural. • Minas Gerais
Além disso, a sua história tem forte ligação com a histó- • Bahia
ria do nosso país. Afinal, muitos africanos desembarcaram • Alagoas
por aqui durante a escravidão, entre os séculos XVI e XIX, • Pernambuco
trazendo junto às suas danças, culinária, rituais religiosos • Maranhão
e costumes. Estes negros conquistaram a sua liberdade so-
mente em 1888, ano em que foi assinada a Lei Áurea. A No século XX, estas expressões artísticas e culturais
África é banhada pelos oceanos Índico e Atlântico, além do passaram a ser aceitas como nacionais e, atualmente, in-
Mar Mediterrâneo. Ao que tudo indica, o primeiro estado a fluenciam a vida de todos os brasileiros e integram o nosso
formar-se no continente foi o Egito, há mais de 5 mil anos. calendário. A história da África e a cultura afro-brasileira
Porém, desde a antiguidade povos de todos os continentes ficam evidentes, por exemplo, na capoeira. Desenvolvida
exploraram a África atrás das suas riquezas, como o ouro como uma forma de defesa, com o tempo estes movimen-
e o sal. tos foram integrados às músicas africanas, dando um as-
Considerada o continente de origem do ser humano, a pecto de dança, o que enganava os capatazes dentro dos
África já foi dominada por diferentes povos e civilizações, engenhos. A capoeira só foi de fato liberada no Brasil nos
como os árabes, romanos e fenícios. Em torno dos anos anos 1930, pelo então presidente Getúlio Vargas. Atual-
600 a.C., os fenícios foram fundamentais para o comércio, mente, é considerada Patrimônio Cultural Brasileiro e um
percorrendo o continente do Mediterrâneo até o Índico. tipo de esporte.
Já no século VII, foi a vez dos árabes dominarem a região, Na culinária, a relação entre a história da África e a
com destaque para a região Norte e a proximidade com a cultura afro-brasileira também fica clara. São diversos os
Europa. No século XIX, os países europeus dividiram a Áfri- exemplos, como cocada, sarapatel, mungunzá, acarajé, va-
ca, como Portugal, Bélgica, Espanha, Holanda, Alemanha, tapá, caruru e o mais admirado deles, a popular feijoada,
Itália e Inglaterra. que nasceu nas senzalas a partir de restos de carne que os
Com o final da 2ª Guerra Mundial, somente quatro paí- patrões liberavam e que eram cozidas em um caldeirão. A
ses africanos já eram independentes: religião também mostra como a história da África e a cul-
• África do Sul tura afro-brasileira estão relacionadas. O Candomblé, por
• Etiópia exemplo, é uma festa religiosa que foi trazida ao país pelos
• Egito escravos. Entre as suas principais divindades estão Iemanjá,
• Libéria Oxumaré, Oxum e Xangô. Estas cerimônias acontecem, ge-
ralmente, em terreiros.
Porém, em 1951, a Líbia conquistou a sua independên- A história da África e a cultura afro-brasileira também se
cia da Itália. Em seguida, outros países concluíram que era encontram na moda, em especial no uso de turbantes. En-
a chance de seguir o mesmo caminho. Nos próximos 30 quanto no continente africano o turbante indica posições
anos ocorreram diversas independências que resultaram sociais e faz parte da sua cultura, no Brasil ele ficou mais
HISTÓRIA DO BRASIL

no mapa atual do continente. Hoje em dia, considerado forte por influência de Carmem Miranda e de Paul Poiret,
o continente mais rico na questão de recursos naturais, a estilista francês. O turbante deixa qualquer produção mais
África é também o mais pobre, com diversos problemas charmosa e autêntica, e tem conquistado cada vez mais
sociais que atingem a sua população. usuárias.
Outro ponto onde a história da África e a cultura afro-
-brasileira se encontram é na Língua Portuguesa. Diversos
termos que utilizamos com frequência são originários do

26
continente africano, como muvuca, quitute, maconha, ca- dos para o Brasil. Porém, ao longo do período passou-se a
panga, cachimbo, cachaça, corcunda, caxumba, muquirana, designá-los a partir da região ou porto de embarque, ou
cafofo, marimbondo, xingar, tanga, banguela, miçanga, ca- seja, das áreas de procedência.
çula, abadá, candango, entre tantos outros. Apesar da origem diversa dos escravos africanos, dois
No ano de 2003, a Lei nº 10.639 determinou que todas grupos se destacaram no Brasil: os Bantos e os Sudaneses.
as escolas, de Ensino Fundamental e Médio, devem incluir Os bantos foram assim, classificados devido à relativa uni-
o ensino da história da África e a cultura afro-brasileira nos dade linguística dos africanos oriundos de Angola, Congo
seus currículos. Uma forma de valorizar este continente e Moçambique.
que contribuiu tanto para a formação da nossa identidade
e da nossa cultura. Vainfas (2001, p. 67) destaca que:
Os povos bantos predominaram entre os escravos trafi-
11.2. Heranças étnico-culturais dos africanos no cados para o Brasil desde o século XVII, concentrando-se na
Brasil região sudeste, mas espalhados por toda a parte, inclusive
na Bahia. (…) Os Bantosoriundos do Congo eram chamados
A influência africana no processo de formação da cultu- de congo, muxicongo ,loango, cabina, monjolo, ao passo que
ra afro-brasileira começou a ser delineada a partir do tráfi- os de Angola o eram de massangana, cassange, loanda, re-
co negreiro. Quando milhões africanos “deixaram” forçada- bolo, cabundá, quissamã, embaca,benguela.
mente o continente africano e despontarem no Brasil para Essa diversidade fez com os Bantos apresentassem uma
exercer o trabalho compulsório. especificidade cultural, notadamente na lingüística, nos
O escravo africano era um elemento de suma importân- costumes e, principalmente, no campo religioso, que mes-
cia no campo econômico do período colonial sendo consi- clou aspectos do cristianismo com suas tradições religiosas.
derado “as mãos e os pés dos senhores de engenho porque
sem eles no Brasil não é possível fazer, conservar e aumen- De acordo com Kavinajé (2009, p. 3):
tar fazenda, nem ter engenho corrente” (ANTONIL, 1982, Os bantos, depois de um primeiro período de autonomia
p.89). Contudo, a contribuição africana no período colonial religiosa, que se conhece através de documentos históricos,
foi muito além do campo econômico, uma vez que, os escra- assistiram à transformação de seus cultos. Por um lado, esses
vos souberem reviver suas culturas de origem e recriarem deram lugar á macumba; por outro, amoldaram-se às re-
novas práticas culturais através do contato com outras cul- gras dos condomblés nagôs, não se distinguindo deles senão
turas. por uma maior tolerância. Os cultos bantos em gradativo
É importante salientar que não houve uma homogenei- declínio acolheram os espíritos dos índios, o que iria levar
dade cultural praticada pelos negros africanos, visto que ao surgimento de um “condomblé de cablocos”, e adotaram
imperava uma heterogeneidade favorecida pelas origens cantos em língua portuguesa, ao passo que os candomblés
distintas dos africanos, que apesar de oriundos do conti- nagôs só usam cantos em língua africana.
Já os sudaneses provenientes da África ocidental, Su-
nente africano, geralmente os escravos apresentava uma
dão e da Costa da Guiné, contribuíram culturalmente
prática cultural diferenciada em alguns aspectos devido à
para a formação de uma identidade afro-brasileira, visto
região que pertencia, pois a África caracteriza-se em um
que muito de suas práticas culturais imperam atualmente
continente dividido em países com línguas e culturas di-
como, por exemplo, o candomblé, prática religiosa dos es-
versas.
cravos sudaneses.
Além da prática cultural diferenciada ressaltada, os afri-
No Brasil estes grupos: bantos e sudaneses mistura-
canos, ainda, incorporaram algumas práticas europeias e
ram-se resultando em cruzamentos biológicos, culturais e
indígenas, além de, influenciá-los culturalmente. O inter-
religiosos.
câmbio cultural entre os elementos citados contribuiu para
uma formação cultural afro – brasileira híbrida e bastante De acordo com Paiva (2001, p.36):
peculiar. Misturavam-se informações, assim como etnias, tradi-
ções e práticas culturais. Novas cores eram forjadas pela so-
Ao longo do período colonial e monárquico brasileiro ciedade colonial e por ela apropriadas para designar grupos
foi grande o contingente de escravos africanos no Brasil, diferentes de pessoas, para indicar hierarquização das rela-
visto que, constituía a maior mão – de – obra do período. A ções sociais, para impor a diferença dentro de um mundo
contribuição desses escravos foi além da participação eco- cada vez mais mestiço. Da cor da pele à dos panos que a
nômica, uma vez que, foram inserindo suas práticas, seus escondia ou a valorizava até a pluralidade multicor das ruas
costumes e seus rituais religiosos na sociedade Brasileira
HISTÓRIA DO BRASIL

coloniais, reflexo de conhecimentos migrantes, aplicados à


contribuindo, dessa forma para uma formação cultural pe- matéria vegetal, mineral, animal e cultural.
culiar no Brasil. Nota-se que o cruzamento cultural entre estes povos
Importante, ressaltar que as práticas desses escravos africanos propiciou a construção de uma identidade cultu-
africanos eram diferenciadas, pois eles eram oriundos de ral brasileira, ou cultura afro-brasileira. Uma vez que, eles
pontos diferentes do continente africano. De acordo com não temeram em “inventar códigos de comportamentos e
VAINFAS (2001 p.66), durante o período colonial, quase de recriarem praticas de sociabilidade e culturais” (Paiva
nada se sabia sobre a origem étnica dos africanos trafica-

27
2001, p.23). Assim, este cruzamento foi resultado de um indígenas. Nenhuma mais característica que a feitiçaria do
longo processo que propiciou uma riqueza cultural pecu- sapo para apressar a realização de casamentos demorados.
liar ao Brasil. O sapo tornou-se também, na magia sexual afro-brasileira,
De acordo com Paiva (2001, p.27), pode-se caracterizar o protetor da mulher infiel que, para enganar o marido, bas-
este cruzamento cultural como resultante de uma aproxi- ta tomar uma agulha enfiada em retrós verde, fazer com ela
mação entre universos geograficamente afastados, em hi- uma cruz no rosto do individuo adormecido e coser depois
bridismos e em impermeabilidades, em (re) apropriações, os olhos do sapo.
em adaptações e em sobreposição de representações e de Além da influência na vida sexual destacado no clássi-
práticas culturais. co Casa Grande e Senzala, merecem ênfase as canções que
Assim, a influência africana foi se tornando visível em foram modificadas pelas negras.
vários seguimentos da sociedade colonial, tais como culi- Também as canções de berço portuguesas, modificou-
nária, práticas religiosas, danças, dentre outros valores cul- -se a boca da ama negra, alterando nelas palavras; adap-
turais que foram incorporados pela população brasileira. tando-as às condições regionais; ligando-as às crenças dos
índios e às suas. Assim a velha canção “escuta, escuta me-
Sobre a influência africana Freire (2001, p. 343) des- nino” aqui amoleceu-se em “durma, durma, meu filhinho”,
taca que: passando Belém de “fonte” portuguesa, a “riacho” brasilei-
Quantas “mães-pretas”, amas de leite, negras cozinhei- ro. Freyre (2001, p. 380)
ras e quitandeiras influenciaram crianças e adultos brancos Observa-se que as amas apropriaram-se das canções
(negros e mestiços também), no campo e nas áreas urbanas, de origem portuguesa e as recriaram, dando um toque es-
com suas histórias, com suas memórias, com suas práticas pecial, o toque africano. Isso é perceptível na “infantiliza-
religiosas, seus hábitos e seus conhecimentos técnicos? Me- ção” das palavras das canções.
dos, verdades, cuidados, forma de organização social e sen- “A linguagem infantil também aqui se amoleceu ao
timentos, senso do que é certo e do que é errado, valores cul- contato da criança com a ama negra. Algumas palavras,
turais, escolhas gastronômicas, indumentárias e linguagem, ainda hoje duras ou acres quando pronunciadas pelos por-
tugueses, se amaciaram no Brasil por influência da boca
tudo isso conformou-se no contato cotidiano desenvolvido
africana. Da boca africana aliada ao clima – outro corrup-
entre brancos, negros, indígenas e mestiços na Colônia.
tor das línguas europeias, na fervura por que passaram na
Ainda de acordo com Freyre (2001, p. 346), a nossa he-
América tropical e subtropical. Freyre (2001, p. 382)
rança cultural africana é visível no jeito de andar e no falar
Deste modo, foi se delineando a língua falada no Brasil,
do brasileiro, pois:
a língua portuguesa que foi amplamente influenciada pelo
Na ternura, na mímica excessiva, no catolicismo em que
modo de falar dos escravos africanos.
se deliciam nossos sentidos, na música, no andar, na fala, no
A ama negra fez muitas vezes com as palavras o mesmo
canto de ninar menino pequeno, em tudo que é expressão que com a comida: machucou-as, tirou-lhes as espinhas,
sincera de vida, trazemos quase todos a marca da influência os ossos, as durezas, só deixando para a boca do menino
negra. Da escrava ou sinhama que nos embalou. Que nos branco as sílabas moles. Daí esse português de menino que
deu de mamar. Que nos deu de comer, ela própria amole- no norte do Brasil, principalmente, é uma das falas mais
gando na mão o bolão de comida. Da negra velha que nos doces deste mundo. Sem rr nem ss; as sílabas finas moles;
contou as primeiras histórias de bicho e de mal-assombrado. palavras que só faltam desmanchar-se na boca da gente. A
Da mulata que nos tirou o primeiro bicho- de- pé de uma co- linguagem infantil brasileira, e mesmo a portuguesa, tem
ceira tão boa. De que nos iniciou no amor físico e nos trans- um sabor quase africano: cacá, bumbum, tentén, nenén,
mitiu, ao ranger da cama- de- vento, a primeira sensação tatá, papá, papapo, lili, mimi (…) Amolecimento que se deu
completa de homem. Do moleque que foi o nosso primeiro em grande parte pela ação da ama negra junto à criança;
companheiro de brinquedo. (Freyre (2001,p. 348) do escravo preto junto ao filho do senhor branco. Os no-
Observa-se que de acordo com a citação acima a in- mes próprios foram dos que mais se amaciaram, perdendo
fluência africana foi além cozinha e da mesa, chegando até a solenidade, dissolvendo-se deliciosamente na boca dos
a cama, pois era comum a iniciação sexual do “senhorzi- escravos. Freyre (2001, p. 382)
nho” branco ocorrer com uma escrava. Comum também Nota-se que o intercâmbio cultural entre os negros
era a prática de feitiços sexuais e afrodisíacos pelos escra- africanos, indígenas e portugueses foram intensos, nota-
vos, pois foi na “perícia e no preparo de feitiços sexuais e damente na língua, costumes, modos, comidas, forma de
afrodisíacos que deu tanto prestigio a escravos macumbei- pensar e práticas religiosas. De acordo com Paiva (2001, p.
ros juntos a senhores brancos já velhos e gastos.” Freyre 185) As trocas culturais e os contatos entre povos de origem
(2001, p. 343), muito diversa é algo que, então, fazia parte do dia – a – dia
colonial, desde a chegada dos portugueses. Isto, porque, era
HISTÓRIA DO BRASIL

A influência do escravo negro na vida sexual da fa- ampla a vivência cultural da população negra no Brasil colo-
mília brasileira é destacada por, Freyre (2001, p. 381), nial, refletindo amplamente na sociedade do período.
assim: Deste intercâmbio cultural formou-se a cultura afro-
(…) O grosso das crenças e práticas da magia sexual que -brasileira, sendo visível à influência africana em todos os
se desenvolveram no Brasil foram coloridas pelo intenso mis- aspectos da sociedade brasileira, não sendo possível des-
ticismo do negro; algumas trazidas por ele da África, outras vincular a cultura brasileira da africana, da indígena ou da
africanas apenas na técnica, servindo-se de bichos e ervas europeia.

28
Para Paiva (2001, p.39) a formação cultural não se deu nômico vigente na época, não de uma maneira igualitária
de forma linear, uniforme e harmônica. Muitos foram os como mercadores, mas como escravos a serviço dos seus
conflitos, as adaptações e os arranjos ao longo do período. donos. A partir de então, os negros passaram a ser leva-
É evidente que não estou sugerindo uma formação li- dos para terra que estavam sendo descobertas, tanto para
near desse universo cultural, nem estou emprestando-lhe as colônias europeias como as colônias na América. E com
uma harmonia, que, de fato, pouco existiu. Tanto seu pro- isto, chegaram os negros no Brasil, para devastar matas,
cesso de formação quanto a convivência no interior dele se cuidar da roça, do gado, trabalhar na cana de açúcar e di-
deram (e se dão) de maneira conflituosa na maioria das ve- namizar a economia da época
zes, embora haja, também, adaptações constantes, arranjos Neste sentido, os negros foram fortes colaboradores
e acordos que visam a sua preservação. Paiva (2001, p. 41) para a economia brasileira, não pelo lado intelectual, mas
no impulso direto da dinamização do sistema econômico.
A preservação dessas práticas culturais ocorreu atra- No ciclo da mineração, o trabalho era árduo e impiedoso,
vés de aproximações e afastamentos conforme ideia na busca de satisfazer os desejos ambiciosos dos Reis de
defendida por Paiva (2001, p.40): Portugal que objetivavam única e exclusivamente, extrair
A conformação e a preservação do universo cultural dão- os minérios existentes no País. Eram quilômetros e quilô-
-se, então, através das aproximações e afastamentos, das in- metros de mata a dentro, passando todo tipo de miséria e
terseções, da intervenção de espaços individuais e coletivos, sofrimento, com o ficto de se conseguir minerais preciosos.
privados e comuns, que envolvem dimensões do viver tão di- Do mesmo modo, aconteceu na época do ciclo da cana de
versas quanto à do material, da utensilagem e das técnicas; açúcar e, em fim, de toda economia, com uma escravidão
dos costumes e tradições, das práticas e das representações de negros, de participação tão ativa e indesprezível.
culturais; da mitologia e da religião; do físico e concreto, do O negro não tinha direito a nada. unicamente a ração
psicológico e imaginário; da linguagem e das escritas; da do- diária e um cantinho simples para dormir. A vida do ne-
minação, da resistência e do transito entre elas: da tempora- gro era o trabalho, o máximo possível, para retornar de
lidade e da espacialidade; das continuidades e das desconti- maneira eficaz os custos imputados na compra de um ne-
gro trabalhador. A relação feitor-negro era o mesmo que
nuidades; da memória e da história. Tudo implicado com os
máquina e quem a comanda, com uma diferença, é que o
campos da política e do econômico, provocando mutuamen-
negro não tinha nenhum privilégio e a máquina tem a seu
te contínuas reordenações e construções sociais.
favor a limpeza de manutenção, entretanto, o negro tinha
Desse modo, observa-se a formação e a preservação
como recompensa, as chicotadas e o castigo. O tratamento
de uma identidade cultural, bastante plural devido às in-
recebido do patrão era de tamanho desprezo e distancia-
fluências: européia, africana e indígena, favorecendo uma
mento, porque branco é branco e negro é negro, e o que
riqueza cultural bastante peculiar. Estas peculiaridades
resta por último é o trabalho e o conforto, somente na hora
multiculturais manifestaram-se, principalmente, na língua, da dormida, poucas horas.
culinária, música, dança, religião, dentre outros. A escravidão de negros não pode sobreviver por mui-
to tempo, partiu-se para escravizar índios, mas este não
Conclui-se que os africanos tiveram um papel impor- aguentou este método de trabalho, tendo em vista o rit-
tante no processo de formação cultural brasileiro, pois mo da atividade e a dependência que estava submetido
através da inserção de suas práticas e seus costumes na o escravo. Nesta hora o negro mostrou que só ele serviria
sociedade brasileira contribuíram para a formação de uma para tal atividade, por causa de sua robusteza e resistência
identidade cultural afro – brasileira. de sua pele, que aguentava sol causticante, com poucos
problemas para sua saúde física. O negro na economia era
11.3. Heranças econômicas o trabalho desqualificado. Era o trabalho bruto, quer dizer,
não era um trabalho que usasse a inteligência, pois não era
A formação do Brasil veio com as descobertas de ter- do interesse de seu proprietário, educá-lo para atividades
ras distantes para extração de minerais (ouro, ferro, prata, de servidão e total subordinação ao seu senhor.
diamante, etc,) e vegetais (madeiras, etc.). O fato das des- Falando-se da importância do negro na economia bra-
cobertas gerou grande reboliço na Europa e África, onde sileira, Pandiá CALÓGERAS, em seu livro intitulado “Forma-
viviam os grandes mercadores e aventureiros, bem como a ção Histórica do Brasil” fez uma síntese das causas princi-
mão-de-obra que era utilizada para o trabalho que os do- pais dessa atividade na economia, quando coloca: o Brasil,
nos do poder queriam implementar. Os barcos que traziam não tendo ainda revelado haveres minerais, só podia ser
os descobridores e até mesmo os piratas que atacavam e colônia agrícola. Os portugueses, por demais escassos, não
saqueavam os navios que retornavam com riquezas, eram possuíam braços bastantes para o cultivo de suas fazendas
remados pelos negros abundantes na África. Foi nestas cir- nem para a extração do pau-brasil. Saída única para tais
HISTÓRIA DO BRASIL

cunstâncias que o negro teve a sua integração na econo- dificuldades deveria ser arrancar, por quaisquer meios, tra-
mia brasileira, com uma história triste e abominável. balhadores baratos do viveiro aparentemente inesgotável
A participação dos negros na economia brasileira é um da população regional. Essa foi a origem do negro na eco-
retrocesso na história, pois faz retornar ao tempo da escra- nomia do país e que durou muito tempo.
vidão, quer dizer, a era escravagista, antes do feudalismo O negro na economia brasileira, como em qualquer
tomar seu espaço. As viagens dos europeus à África e Ásia outra economia que usava o negro como mão-de-obra
fizeram com que os negros participassem do sistema eco- escrava, era tratado como uma mercadoria que era vendá-

29
vel, como bem retrata este anúncio da época: compram-se A abolição dos escravos no Brasil não aconteceu por
escravos de ambos os sexos, com ofício e sem ele, e paga-se pura bondade da Princesa Isabel, mas das dificuldades que
bem contanto que sejam boas pessoas, na rua do Príncipe atravessava o país na obtenção do negro e nos custos que
no 66 loja ou então este: quem tiver para vender um casal eles imputavam. O momento internacional exigia uma mu-
de escravos, dirija-se a rua do Príncipe no Armazém de Mo- dança na estrutura produtiva predominante no Brasil, de-
lhados no 35 que achará com quem tratar. Desta forma, os vido inovações que foram ocorrendo e a necessidade do
jornais da época anunciavam constantemente transações mercado internacional se abrir para a tecnologia. A forma
de compra e venda de seres humanos, como se fossem de escravidão já não era lucrativa e a substituição pelo as-
produtos que vendidos, pudessem passar de mão em mão salariamento seria mais viável às condições patronais de
sem nenhum poder de reação. rentabilidade. Sendo assim, o negro não tinha condições
Desta forma, pergunta-se normalmente, quais as ori- de participar do processo produtivo com custos compatí-
gens do negro no território Brasileiro? Para esta pergun- veis com a situação empresarial.
ta, pode-se citar um trecho de Walter F. PIAZZA40 (1975) A escravidão foi eliminada somente no aspecto de
quando escreveu que “Entretanto, conseguimos, em bus- compra e venda de escravos para o trabalho cotidiano na
cas nos arquivos eclesiásticos, anotar as seguintes “nações” roça, nas casas particulares, ou em qualquer trabalho que
de origem dos elementos africanos que povoaram Santa seus donos quisessem. A escravidão foi substituída pelo as-
Catarina: “congo”, “moçambique”, “cabinda”, “angola”, salariamento que não é muito, só com diferença na forma
“costa da guiné” e rebolla”, ou então “mina”, “benguella” e de dependência, mas o processo de servidão é o mesmo,
“monjolo””. Esses países de origem foram encontrados no miserável e impiedosa. A escravidão agora deixou de ser
Arquivo Histórico - Eclesiástico de Florianópolis do ano de unicamente do negro e passou a ser de negros e brancos,
1821-1822, os jornais “O Argos” no 154 de 1857 e no 857 entretanto, o negro traz consigo o pior, a discriminação, o
de 1861 e “O Despertador” no 77 de 1863, onde isto pode estigma. O País precisa de tomar consciência da situação
ser extrapolado para o país. do negro e introduzi-lo na sociedade de igual com os bran-
A escravidão no Brasil durou muito tempo sem nenhu- cos, pois são todos seres humanos e mortais.
ma piedade pela classe dominante, porque só queriam
Finalmente, a abolição aconteceu por conveniência cir-
extrair ao máximo possível, o retorno sobre seu capital
cunstancial do momento, não deixando de continuar a es-
empregado. Mas, internacionalmente, a utilização e o tráfi-
cravidão sobre os negros de maneira geral. Os longos anos
co de escravos já estavam sendo combatidos, desde 1462
de subordinação criaram um estigma de negro sobre bran-
quando o Papa PIO II publicou a sua Bula de 7 de outubro
co que não é uma simples Lei Imperial que vai torná-los
deste mesmo ano. Toda trajetória de escravidão do negro
iguais perante a sociedade. Criou-se na cultura universal,
já vinha sendo combatida de maneira muito intensa, mas
em especial, nos países pobres que negro é negro e bran-
ecoava pouco nos países ou colônias subdesenvolvidas. É
tanto que Portugal eliminou a escravidão em seu território co é branco e não há quem mude este estado de coisas.
e continuou praticando seu ato de selvageria em outros Portanto, deve-se ficar claro que o negro é um ser humano
lugares que estravam sob seu domínio e ai está o Brasil. cheio de virtudes e defeitos que devem ser aplaudidos e
Diante de tantos sofrimentos, a Nação brasileira come- reprovados do mesmo modo que os brancos, banindo de
çava a dar os primeiros passos no sentido de abolir os es- uma vez por todas as diferenciações que existem entre ne-
cravos brasileiros. Esse trabalho foi lento e acima de tudo, gros e brancos ou vice-versa.
não obedecendo as Leis internacionais de abolição da es-
cravatura. Portugal declara extinta a escravidão negra nas Fonte e/ou texto adaptado de:
ilhas de Madeira e dos Açores e, pela Lei de 16 de janeiro www.geledes.org.br/www.suapesquisa.com/www.in-
de 1773, declaravam livres os recém-nascidos de mulher foescola.com/www.historiadobrasil.net/www.brasilescola.
escrava desta Nação - Lei do Ventre Livre. No Brasil conti- uol.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.his-
nua do mesmo jeito. Já na Inglaterra, em 1807 ficou proi- dobrasil.blogspot.com/www.historiadobrasil.net/www.jchis-
bido o tráfico de escravos com barcos ingleses e entrada torybrasil.webnode.com.br/www.blogdoenem.com.br/www.
de escravos nas possessões inglesas, mesmo havendo um historiabrasil.xpg.com.br/www.educabras.com/www.histo-
grupo denominado “Abolition Society” fundada em 1787 riaemfocoslsm.blogspot.com.br/www.educacao.uol.com.
que não podia avançar muito. br/www.resumoescolar.com.br/www.remessaonline.com.br/
No Brasil, a abolição foi implantada geralmente, mesmo www.eumed.net/Cláudio Fernandes/Emerson Santiago/Val-
existindo uma proibição internacional contra o tráfico ne- quiria Velasco/Leandro Carvalho/Rainer Souza/Bruno Izaías
greiro, como as normas de 19 de fevereiro de 1810, imple- da Silva/Antonio Gasparetto Junior/Selmar Luiz/Tales Pinto/
mentada em 1815, com mais adições em 1817 e realmente Natalia Rodrigues/Ana Lucia Santana/Miriam Ilza Santana/
posta em prática em 1826, onde foi criada uma Comissão Márcio Carvalho C. Ferreira/Luiz Gonzaga de Sousa
HISTÓRIA DO BRASIL

internacional luso-inglesa que ficariam, uma na África, ou-


tra na Serra Leoa e outra no Brasil, para coibir o tráfico
negreiro. Não foi desta vez que foi extinta a escravidão,
mas a luta continuava empunhada pelos abolicionistas que
tanto se dedicaram pela causa do negro que era acima de
tudo, sentimental. Entretanto, foi a 13 de maio de 1888 que
a escravidão foi eliminada para sempre no País.

30
d) Uma das suas características marcantes foi a unifor-
midade de pretensões, uma vez que todos os grupos
EXERCÍCIOS COMENTADOS lutavam pelos mesmos objetivos.
e) Após a tomada de Recife pelos revolucionários hou-
1. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be- ve a implantação de um governo provisório baseado
tim/MG) Considere o texto. em uma espécie de “lei orgânica”, que estabeleceu
A árvore de pau-brasil era frondosa, com folhas de um a tolerância religiosa e a igualdade de direitos, in-
verde acinzentado quase metálico e belas flores amarelas. clusive dos escravos, o que representou importante
Havia exemplares extraordinários, tão grossos que três ho- avanço rumo à abolição da escravatura.
mens não poderiam abraçá-los. O tronco vermelho ferrugi-
noso chegava a ter, algumas vezes, 30 metros (...) Resposta: Letra B. Em “a”, Errado – dentre as causas da
Náufragos, Degredados e Traficantes. Eduardo Bueno  revolução temos: - Insatisfação popular com a chegada
Em 1550, segundo o pastor francês Jean de Lery, em um e funcionamento da corte portuguesa no Brasil, desde o
único depósito havia cem mil toras. Sobre essa riqueza, ano de 1808; Insatisfação com impostos e tributos cria-
neste período da História do Brasil, podemos afirmar:  dos no Brasil por D. João VI a partir da chegada da cor-
te portuguesa ao Brasil; Influência dos ideais iluministas;
a) O extrativismo foi rigidamente controlado para evitar o Significativa crise econômica que abatia a região; Fome e
esgotamento da madeira. miséria, que foram intensificadas com a seca que atingiu
b) Provocou intenso povoamento e colonização, já que de- a região em 1816.
mandava muita mão-de-obra. Em “c”, Errado - A revolta é também conhecida como a
c) Explorado com mão-de-obra indígena, através do es- Revolta dos Padres devido ao número considerável de pa-
cambo, gerou feitorias ao longo da costa; seu inten- dres que nela tomaram lugar - um dos mais conhecidos
so extrativismo levou ao esgotamento da madeira. foi Frei Caneca.
d) O litoral brasileiro não era ainda alvo de traficantes e Em “d”, Errado – grupos diversos participaram da revo-
corsários franceses e de outras nacionalidades, já que a lução.
madeira não tinha valor comercial. Em “e”, Errado – os revolucionários ficaram no poder me-
nos de três meses. A repressão ao movimento foi sangren-
Resposta: Letra C. Em “a”, Errado – não houve, à época, ta e com isso, o governo lusitano preservava a sua hege-
qualquer preocupação com a preservação da espécie, o monia política através da força das armas.
extrativismo foi feito de forma desenfreada e irrespon-
sável, visando apenas levar o máximo da madeira para 3. (MPE/GO – 2018 – MPE/GO) Acerca do processo de
independência do Brasil, é correto afirmar:
a Europa.
Em “b”, Errado – não houve, de imediato, intenso povo-
a) A independência do Brasil é um processo que se estende
amento e colonização por parte de Portugal.
de 1821 a 1850 e fora marcado por não haver oposição
Em “d”, Errado – a madeira tinha alto valor comercial.
alguma do Reino de Portugal;
b) Oficialmente, a data comemorada para independência
2. (MPE/GO – 2018 – MPE/GO) Analise as proposições
do Brasil é a de 07 de setembro de 1822 em que ocorreu
listadas abaixo e aponte aquela que possui informação cor-
o chamado “’grito do Ipiranga”, ato de proclamação fei-
reta a respeito da Revolução de 1817:
ta por D. Pedro II, às margens do riacho Ipiranga (atual
cidade de São Paulo);
a) Conhecida como Revolução Pernambucana, foi mar- c) Entre as causas que fizeram eclodir o processo de inde-
cada por um intenso descontentamento popular pendência do Brasil estão: vontade de grande parte da
diante da desigualdade regional verificada após o elite política brasileira em conquistar a autonomia políti-
retorno da Coroa para o Brasil. Embora os relatos ca; desgaste do sistema de controle econômico com res-
históricos apontem a existência de pesados impostos trições e altos impostos, exercido pela Coroa Portuguesa
neste período, tal fator não contribuiu para a eclosão no Brasil e tentativa da Coroa Portuguesa em recolonizar
do movimento. o Brasil;
b) A revolução de 1817 não ficou restrita a Pernambuco, d) O chamado “dia do fico” foi um ato posterior à inde-
se expandindo para outras áreas do Nordeste. O des- pendência do Brasil em que D. Pedro não acatou as
favorecimento regional, acompanhado de um inten- determinações feitas pela Coroa Portuguesa que exigia
so antilusitanismo, foi o denominador comum desta seu retorno para Portugal. Em 09 de janeiro de 1822, D.
HISTÓRIA DO BRASIL

espécie de revolta geral. Pedro negou o chamado e afirmou que ficaria no Brasil;
c) A revolução de 1817 abarcou as mais diversas ca- e) Após a independência do Brasil D. Pedro I foi coroado
madas da população, como militares, proprietários imperador do Brasil em dezembro de 1821, bem como
rurais, juízes, artesãos e comerciantes. Os sacerdotes, não houve registros de manifestações de portugueses
no entanto, não participaram da Revolução, haja vis- contrárias á independência do Brasil;
ta a indissociável relação existente entre Igreja Cató-
lica e Estado no aludido contexto histórico.

31
Resposta: Letra C. Em “a”, Errado – o período em ques- ( ) José Sarney foi o primeiro presidente brasileiro eleito
tão foi de 1821 a 1825. por voto direto depois da ditadura militar.
Em “b”, Errado – o ato de proclamação foi feito por D.
Pedro I A sequência está correta em
Em “d”, Errado – esse ato foi anterior à proclamação da
independência. a) V, V, F.
Em “e”, Errado – a coroação ocorreu em 1822. b) F, V, V.
c) F, V, F.
4. (CESPE/2018 - Instituto Rio Branco) As disputas entre d) V, F, V.
D. Pedro I e a Câmara dos Deputados marcaram o Primeiro
Reinado e resultaram na abdicação do imperador. Acerca Resposta: Letra A. Para responder a questão vamos
do Primeiro Reinado e do período da Regência, julgue (C enumerar as afirmativas de I a III.
ou E) o item subsequente. Em “I”, Certo - No dia 15 de janeiro de 1985, o Colégio
A Cabanagem destacou-se entre os movimentos de con-
Eleitoral escolheria o deputado Tancredo Neves, que con-
testação à Regência por sua duração (1835 a 1840), a des-
correu com Paulo Maluf, como novo presidente da Repú-
peito de ter se concentrado em um território muito restrito
blica. Ele fazia parte da Aliança Democrática – o grupo de
e com pequena participação popular.
oposição formado pelo PMDB e pela Frente Liberal.  Era o
( ) CERTO ( ) ERRADO fim do regime militar.
Em “II”, Certo - Em 1984, políticos de oposição, artistas,
jogadores de futebol e milhões de brasileiros participam
Resposta: Errado. A cabanagem foi um movimento do movimento das Diretas Já. O movimento era favorável
que eclodiu na província do Grão-Pará (Amazonas e à aprovação da Emenda Dante de Oliveira que garantiria
Pará atuais), de 1833 a 1839, começou com a resistên- eleições diretas para presidente naquele ano.
cia oferecida pelo presidente do conselho da província, Em “III”, Errado – ele não foi eleito pelo voto direto (o pri-
que impediu o desembarque das autoridades nomeadas meiro presidente eleito por voto direto foi Collor), ele as-
pela regência. Grande parte dos revoltosos era formada sumiu por ser vice na chapa de Tancredo Neves que fica
por mestiços e índios, chamados de cabanos, ou seja, doente antes de assumir e acaba falecendo.
com grande participação popular.
7. (MPE/RS – 2015 – MPE/RS) Considere as seguintes afir-
5. (CESPE/2017 – INSTITUTO RIO BRANCO) A Primeira
mações, relativas à história recente do Brasil.
República caracterizou-se pelo regime oligárquico e pela
I. O período entre 1986 e 1990 foi marcado pela estabili-
economia agroexportadora. Com relação a esses assuntos,
julgue (C ou E) o item a seguir. dade monetária, com a criação do plano cruzado, e pela
Na década de 20 do século XX, o movimento tenentista contou recuperação da economia após a crise do petróleo da dé-
com importante participação de oficiais tanto do Exército como cada de 1970.
da Marinha, tendo apontado os males causados pelo poder ex- II. Com ampla participação popular, mobilizada através do
cessivo da oligarquia e defendido a descentralização do poder movimento das “Diretas Já!”, foram realizadas em 1985 as
político, além de uma política econômica nacionalista. primeiras eleições diretas para a Presidência da República,
sendo vitoriosa a chapa encabeçada por Tancredo Neves e
( ) CERTO ( ) ERRADO José Sarney.
III. A Constituição de 1988 valorizou direitos políticos e
sociais, reconheceu a organização social indígena e alte-
Resposta: Errado. Na década de 1920 surgiu no Brasil rou o sistema tributário nacional, repassando aos estados
um movimento conhecido como Tenentismo, formado e municípios parte dos recursos anteriormente destinados
em geral por militares de média e baixa patente, a maior
à União.
parte do Exercito.
Quais estão corretas? 
O Tenentismo conquistou civis que aderiram ao projeto,
mas com o tempo foi ficando claro que a defesa era pela
implantação de um Estado forte e centralizado, através a) Apenas I.
do qual as necessidades do país poderiam ficar explícitas b) Apenas II.
e resolvidas. c) Apenas III.
d) Apenas I e II.
6. (IDECAN/2017 – CAMARA DE NATIVIDADE/RJ) Sobre e) Apenas II e III. 
HISTÓRIA DO BRASIL

a história política do Brasil, marque V para as afirmativas


verdadeiras e F para as falsas.  Resposta: Letra C. Para responder a questão vamos enu-
( ) A ditadura militar no Brasil teve uma duração de 21 anos, merar as afirmativas de I a III.
iniciando em 1964 e tendo seu término em 1985. Em “I”, Errado – esse foi um período de grande instabili-
( ) “Diretas Já” foi um dos movimentos de maior participa- dade econômica monetária no país. A medida adotada
ção popular da história do Brasil. Teve início em 1983, no para controlar a inflação gerou consequências negativas
governo de João Batista Figueiredo, e propunha eleições no mercado, pois, com o congelamento dos preços, houve
diretas para o cargo de presidente da República. uma crise de abastecimento e, com isso, o plano fracas-

32
sou, vindo a inflação a subir novamente. PRÉ-HISTÓRIA
Em “II”, Errado – Em 1985 não tivemos eleições diretas e
sim indiretas. Há muito tempo atrás, o mundo não era como conhe-
Em “III”, Certo – a afirmativa descreve aspectos positivos cemos hoje, os continentes tinham outra formação. Por
que a CF trouxe. exemplo: África, Ásia, América, Europa, Antártica e Oceania
formava um só território.
Lentas mudanças que, ao longo de milhares de anos
A História é o estudo do passado. Ela define-se como agiram na estrutura da terra, trouxeram modificações que
a ciência que estuda as ações dos homens e mulheres no mudaram o curso da Historia.
tempo e no espaço. Ciência essa essencial para compreen- Vamos aqui, rapidamente fazer uma analise sobre esse
dermos o que foi e o que é a humanidade, como ocorrem processo e, então, entender um pouco melhor a historia
as estruturas e as relações sociais, as perspectivas huma- dos continentes como se vê nos dias de hoje.
nas, suas instituições, seus ideais e suas culturas e, ainda, Há cerca de 200 milhões de anos atrás, a terra era um só
criar diretrizes de estudo de como poderá ser a evolução bloco de terra, fenômeno chamado Pangeia (toda a terra),
dessa mesma humanidade. até que se deu o processo de divisão dessa terra.
A historiografia mostra que a História teve inicio aproxi- Alfred Lothar Wegener, primeiro pesquisador que reu-
madamente 4.000 a.C, quando os sumérios desenvolveram niu bons argumentos para explicar o processo de divisão
a escrita cuneiforme. da terra, através da Teoria da Deriva Continental, explica
De acordo com essa definição, o objeto principal de es- que, os continentes possuem características em comuns
tudo da História são os homens e mulheres, bem como as que explicam a pangeia e justificam sua separação. Essa
mudanças realizadas em suas ações ao longo do tempo. teoria tem embasamento em várias alegações, entre elas, a
O estudo da Historia é tradicionalmente dividido em dos fósseis e a do formato dos continentes.
quatro épocas: Idade Antiga, Média, Moderna e Contem- Foi constatado que algumas regiões, distantes umas
porânea, onde, cada uma dessas épocas é marcada por das outras, possuíam fósseis de animais e vegetais iguais.
grandes transformações das formas de vida do homem, Para os cientistas isso é uma das provas de que em algum
seus relacionamentos e concepções de mundo. momento na história, esses continentes tinham sido inter-
No entanto, anterior a essas épocas citadas, a História ligados, uma vez que separados não teriam como alguns
já se construía. Estamos falando do período Pré-História. animais se locomoverem de um para outro.
Nesse material faremos uma análise de cada uma das 4 Outra explicação é a do formato dos continentes.
épocas, porém, antes de dar início a essa análise, faremos Olhando as bordas dessas regiões é possível observar que
uma breve abordagem sobre o papel do tempo na História os blocos formam um “quebra-cabeça”, como se eles se
e a formação do território continental por nós hoje conhe- encaixassem. Por exemplo, a América do Sul (uma das di-
cido, que se deu na pré-história. visões do continente América), local onde o Brasil se en-
contra, esteve grudada ao continente africano no passado.
1. Como o tempo interfere nas Permanências e Mu- Alfred Wegener afirma que a separação ocorreu len-
danças Históricas e na compreensão dos fenômenos tamente. Primeiro a pangeia se dividiu em duas partes, a
Laurásia e Gondwana. Da primeira proporção se originou a
Na história, o tempo considerado não é esse do nosso América do Norte (a outra divisão da América) e a Eurásia
dia a dia, que estamos acostumados, ou seja, o tempo cro- (formação dos continentes Europa e Ásia). Já o segundo
nológico. fragmento deu origem a América do Sul, África, Oceania
A história considera o tempo histórico, onde os historia- e as ilhas do Pacífico Sul. Entre esses dois grandes blocos
dores organizam o tempo em função dos eventos, que po- continentais se formou um mar, que recebeu o nome da
dem ser de curta ou longa duração. Uma forma de melhor deusa grega Tetis.
entender essa concepção de tempo é através do olhar do Com o passar dos anos, em um movimento com uma
historiador que marca o tempo histórico através das modi- velocidade de cerca de 1,2 a 2 centímetros, as placas conti-
ficações que as sociedades promovem na sua organização, nentais foram tomando as proporções que hoje possuem.
no desenvolvimento das relações políticas, no comporta- Acredita-se ainda que o movimento atual dessas placas se-
mento das práticas econômicas e em outras ações e gestos jam de cinco centímetros por ano, isto implica dizer que os
que marcam a história de um povo, onde, enquanto essa continentes ainda estão em deslocamento e as diferenças
“permanência” perdurar, esse será um tempo na história. só poderão ser descritas daqui a milhares de anos.
Vale ressaltar que, a passagem de um período histórico
para outro, não significa necessariamente que o anterior 1. Continentes
HISTÓRIA DO BRASIL

seja totalmente encerrado, pois, muitas coisas acontecem


em épocas mais atuais que trazem em si “permanências” A Ásia é o maior continente do mundo, possuindo uma
de períodos anteriores e que se tornaram hábitos/costu- extensão de 44,5 milhões de quilômetros quadrados. Por
mes do passado que persistem no presente. essa razão, também é o mais povoado. A região possui um
população muito diferente, de várias raças, culturas e raízes
históricas.

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Já a Europa é o mais marítimo dos continentes, pois Os chineses permaneceram isolados por muito tempo
possui um litoral extremamente recortado. No passado – em decorrência de seu próprio isolamento geográfico. A
atualmente isso ainda ocorre em poucas proporções -, a civilização chinesa encontrava-se no extreme oriente, mas
Europa e a Ásia eram consideradas como um só continente, por si só foram responsáveis por grandes descobertas e in-
a Eurásia. Porém, ambas possuem características bem dis- venções na história da humanidade. Sabe-se que em torno
tintas uma da outra. de 1.500 a.C. os chineses estavam bem organizados sob a
A América pode ser dividida em dois territórios, a Amé- forma de um reino. Sua civilização durou por muitos sécu-
rica do Norte e a América do Sul, nesta última podemos en- los.
contrar países como o Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai, A civilização hindu ocupou a Índia em torno de 2.000
Peru, entre outros. Já na primeira encontram-se os Estados a.C. e também ficou distanciada de outros povos por causa
Unidos da América, Canadá e, ainda nesta subcategoria, da posição geográfica. Da mesma forma que a China, mui-
podemos abrir espaço para a América Central, onde se lo- tas invenções importantes para a história da humanidade
caliza o México. vieram dos hindus.
O terceiro maior continente de expansão é a África. A civilização de Creta foi contemporânea ao Egito An-
Nela é possível perceber uma quantidade diversificada de tigo e estava localizada numa ilha do mar Mediterrâneo.
etnias e culturas. Todavia, é uma região muito pobre, abri- Estava perto da Grécia e da Ásia Menor. Desenvolveram
gando 21 países dos 30 mais pobres do mundo. Em con- uma cultura muito rica desde o terceiro milênio a.C. e fo-
trapartida, possui conservadas, inúmeras espécies de fauna ram muito influentes para a cultura grega.
e flora. Os gregos, por sua vez, ocuparam uma península ba-
A Antártida é o continente mais frio e seco. Por ter um nhada pelo mar Jônico, o Egeu e o Mediterrâneo desde o
clima com temperaturas muito baixas é uma região que século XX a.C. Muito influentes para a história da humani-
não possui população, sendo assim não tem governo e dade, suas principais cidades eram Atenas e Esparta.
também não pertence a nenhum país. O Império Macedônico foi organizado por Filipe II e
Por fim, a Oceania, composta por várias ilhas, o conti- conquistou um grande território sob o reinado de Alexan-
nente é o menor em território e, com exceção da Antártida, dre, o Grande. A expansão do Império Macedônico, que
é o menor em população também. Entre os países que o começou no século IV a.C., causou a fusão de culturas, ge-
ocupam está a Austrália e a Nova Zelândia. rando a cultura helenística.
Os romanos representaram uma enorme civilização de-
IDADE ANTIGA senvolvida a partir da península Itálica, na Europa. A fun-
dação de Roma ainda é um mistério para os historiadores,
A História Antiga compreende um vasto período da his- mas o império que se formou influenciou a vida e a cultura
tória da humanidade que se inicia com o aparecimento da na Europa, África e Ásia por séculos. Sua queda se deu em
escrita cuneiforme e vai até a tomada do Império Romano 476 d.C. e marcou o início de uma nova fase da história da
pelos bárbaros. humanidade.
O início desse período da história tem seu tempo data-
do em 4.000 a.C. e se estende até o ano 476. Essas balizas
representam o surgimento da escrita cuneiforme e a inva- #FicaDica
são e tomada do Império Romano pelos bárbaros.
Entre as civilizações mais recorrentes e conhecidas da A Idade Antiga está estreitamente ligada ao
História Antiga estão: a civilização do Egito Antigo, a me- Oriente. Lá florescem as primeiras civilizações,
sopotâmica, o povo Hebreu, os fenícios, os persas, os chi- sobretudo na chamada “Zona do Crescente
neses, os hindus, os cretenses, os gregos, os macedônicos Fértil”, que atraiu, pelas possibilidades agríco-
e os romanos. las, os primeiros habitantes do Egito, Palestina,
A civilização do Egito Antigo se formou no vale do rio Mesopotâmia, Irã e Fenícia. Abrange, também,
Nilo, no nordeste da África. Esse povo se organizou em tor- as chamadas civilizações clássicas, Grécia e
no de 3.200 a. C. como um império. Roma, Ocidente. Caracterizou-se pelo Escravis-
A Mesopotâmia, localizada na Ásia Menor, reuniu uma mo
civilização entre os rios Tigre e Eufrates e tinha como povos
mais importantes os sumérios e os babilônios.
O povo Hebreu representa um dos casos em que a ori- 1. Formação dos Reinos Bárbaros
gem ainda é desconhecida. Os hebraicos foram responsá-
veis pela história da Antiga Israel. Devido à expansão do Império, a partir do século I, os
HISTÓRIA DO BRASIL

Os fenícios eram um povo de origem semita localizados romanos mantinham contato pacífico com povos bárbaros,
na costa oriental do mar Mediterrâneo. Surgiram em torno principalmente os germanos. Muitos desses povos migra-
do ano 3.000 a.C. ram para o Império Romano e chegaram a ser utilizados no
O Império Persa ocupou toda a Ásia Menor ao longo de exército como mercenários.
dois séculos de existência. Sua grande civilização começou Porém, no século V, os germanos foram pressionados
em 549 a.C. e terminou em 330 a.C. quando foi dominada pelos belicosos hunos.
pelos macedônios.

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Os hunos, de origem asiática, deslocaram-se em dire- Reino dos Borgúndios: os borgúndios migraram da
ção à Europa e atacaram os germanos, levando-os a fugir. Escandináva, dominaram o vale do Ródano até Avinhão,
Estes, acabaram por invadir o Império Romano, que enfra- onde fundaram o seu reino. Em meados do século VI, os
quecido pelas crises e guerras internas, não resistiu às inva- borgúndios foram dominados pelos francos.
sões e decaiu. No antigo mundo romano nasceram vários Reino do Anglo-Saxões: surgiu em 571, quando os sa-
reinos bárbaros. xões venceram os bretões e consolidaram-se na região da
“(...) Não têm eles (os hunos) necessidade de fogo nem Bretanha.
de comidas temperadas, mas vivem de raizes selvagens e No processo de invasão e formação dos reinos bárba-
de toda espécie de carne que comem meio crua, depois ros, deu-se ao mesmo tempo, a “barbarização” das popula-
de tê-la aquecido levemente sentando-se em cima durante ções romanas e a “romanização” dos bárbaros. Na econo-
algum tempo quando estão a cavalo. Não têm casas, não mia, a Europa adotou as práticas econômicas germânicas,
se encontra entre eles nem mesmo uma cabana coberta de voltada para a agricultura, ode o comércio era de pequena
caniço. Vestem-se panos ou peles de ratos do campo. (...) importância.
Nenhum cultiva a terra nem toca mesmo um arado. Sem Apesar de dominadores, os bárbaros não tentaram
morada fixa, sem casas, erram por todos os lados e pa- destruir os resquícios da cultura romana; ao contrario, em
recem sempre fugir com as suas carriolas. Como animais vários aspectos assimilaram-na e revigoraram-na. Isso se
desprovidos de razão, ignoram inteiramente o que é o bem deu, por exemplo, na organização política. Eles que tinham
e o que é o mal; não têm religião, nem superstições; nada uma primitiva organização tribal, adotaram parcialmente
iguala sua paixão pelo ouro.” a instituição monárquica, além de alguns mecanismos e
A decadência do Império Romano do Ocidente foi ace- normas de administração romana. Muitos povos bárbaros
lerada pela invasão de povos bárbaros. Bárbaros era a de- adotaram o latim com língua oficial. Os novos reinos con-
nominação que os romanos davam aqueles que viviam fora verteram-se progressivamente ao catolicismo e aceitaram
das fronteiras do Império e não falavam o latim. Dentre os a autoridade da Igreja Católica, à cabeça da qual se encon-
grupos bárbaros destacamos os: trava o bispo de Roma.
Germanos: de origem indo-européia, habitavam a Eu- Com a ruptura da antiga unidade romana, a Igreja Ca-
ropa Ocidental. As principais nações germânicas eram: os tólica tornou-se a única instituição universal européia. Essa
vigiados, ostrogodos, vândalos, bretões, saxões, francos situação lhe deu uma posição invejável durante todo o me-
etc. Entre os povos bárbaros, os germanos foram os mais dievalismo europeu.
significativos para a formação da Europa Feudal.
Eslavos: provenientes da Europa Oriental e da Ásia, 2. A Igreja na Idade Média - sua trajetória e princi-
compreendiam os russos, tchecos, poloneses, sérvios, en- pais características
tre outros.
Tártaro-mongóis: eram de origem asiática. Faziam parte
deste grupo as tribos dos hunos, turcos, búlgaros, etc. Com a expansão do feudalismo por toda a Europa Me-
dieval, observamos a ascensão de uma das mais importan-
Dos reinos bárbaros que se formaram na Europa, os prin- tes e poderosas instituições desse mesmo período: a Igreja
cipais foram: Católica. Aproveitando-se da expansão do cristianismo,
Reino dos Visigodos: situado na península ibérica, era o observada durante o fim do Império Romano, a Igreja al-
mais antigo e extenso. Os visigodos ocupavam estrategi- cançou a condição de principal instituição a disseminar e
camente a ligação entre o Mar Mediterrâneo e o oceano refletir os valores da doutrina cristã.
Atlântico, que lhes permitia a supremacia comercial entre a Naquela época, logo depois do Primeiro Século, di-
Europa continental e insular. versas interpretações da doutrina cristã e outras religiões
Reino dos Ostrogodos: localizam-se na península Itá- pagãs se faziam presentes no contexto europeu. Foi atra-
vés do Concílio de Niceia, em 325, que se assentaram as
lica. Os ostrogodos se esforçaram para salvanguardar o
bases religiosas e ideológicas da Igreja Católica Apostólica
patrimônio artistico-cultural de Roma. Restauraram vários
Romana. Através da centralização de seus princípios e da
monumentos, para manter viva a memória romana. Con-
formulação de uma estrutura hierárquica, a Igreja teve con-
servaram a organização político-administrativa imperial, o
dições suficientes para alargar o seu campo de influências
Senado, os funcionários públicos romanos e os militares
durante a Idade Média.
godos.
Estabelecida em uma sociedade marcada pelo pensa-
Reino do Vândalos: o povo vândalo atravessou a Europa
mento religioso, a Igreja esteve nos mais diferentes ex-
e fixou-se no norte da África. Nesse reino houve persegui-
HISTÓRIA DO BRASIL

tratos da sociedade medieval. A própria organização da


ção aos cristãos, cujo resultado foi a migração em massa sociedade medieval (dividida em Clero, Nobreza e Servos)
para outros reinos, provocando falta de trabalhadores, e era um reflexo da Santíssima Trindade. Além disso, a vida
uma diminuição da produção. terrena era desprezada em relação aos benefícios a serem
Reino dos Suevos: surgiu a oeste da península Ibérica alcançados pela vida nos céus. Dessa maneira, muitos dos
e os suevos viviam da pesca e da agricultura. No final do costumes dessa época estavam influenciados pelo dilema
século VI, o reino foi absorvido pelos visigodos, que passa- da vida após a morte.
ram a dominar toda península.

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Além de se destacar pela sua presença no campo das dade cultural e espiritual ao ocidente europeu. A propósito,
ideias, a Igreja também alcançou grande poder material. a própria História da Igreja Católica é decisiva para o en-
Durante a Idade Média ela passou a controlar grande par- tendimento da Idade Média como um todo e da herança
te dos territórios feudais, se transformando em importante que o mundo moderno dela recebeu.
chave na manutenção e nas decisões do poder nobiliárqui- Ao mesmo tempo em que esses fatos transcorriam no
co. A própria exigência do celibato foi um importante me- Ocidente, no Oriente (especificamente na região do leste
canismo para que a Igreja conservasse o seu patrimônio. O europeu e da Anatólia (atual Turquia), o Império Bizantino,
crescimento do poder material da Igreja chegou a causar ou Império Romano do Oriente, também com estrutura re-
reações dentro da própria instituição. ligiosa cristã, desenvolvia uma estrutura política que resisti-
Aqueles que viam na influência político-econômica da ria até o ano de 1453, quando Constantinopla, o “coração”
Igreja uma ameaça aos princípios religiosos começaram a do Império, foi tomada pelos turcos otomanos.
se concentrar em ordens religiosas que se abstinham de Houve ainda, entre os séculos VII e VIII, a ascensão e
qualquer tipo de regalia ou conforto material. Essa cisão expansão do islamismo, que era, a um só tempo, uma
nas práticas da Igreja veio subdividir o clero em duas ver- religião e uma forma de organização política. O Islamis-
tentes: o clero secular, que administrava os bens da Igreja mo expandiu-se rapidamente pelo mundo durante a Ida-
e a representava nas questões políticas; e o clero regular, de Média, chegando a ocupar quase que inteiramente a
composto pelas ordens religiosas mais voltadas às praticas Península Ibérica. O período que denominamos de Baixa
espirituais e a pregação de valores cristãos. Idade Média compreende, ao mesmo tempo, uma fase
Sob outro aspecto, a Igreja também teve grande mo- em que a civilização medieval chegou ao seu ápice, mas
nopólio sob o mundo letrado daquele período. Exceto os também entrou em declínio. Foi nessa fase, sobretudo nos
membros da Igreja, pouquíssimas pessoas eram alfabeti- séculos XI e XII, que apareceram as suntuosas arquitetu-
zadas ou tinham acesso às obras escritas. Por isso, mui- ras gótica e românica e a estrutura de ensino universitário.
tos mosteiros medievais preservavam bibliotecas inteiras Houve também, nessa fase, o processo de renascimento
onde grandes obras do Mundo Clássico e Oriental eram urbano e comercial e o desenvolvimento dos burgos.
Entretanto, a crise do mundo medieval sobreveio no
preservadas. São Tomás de Aquino e Santo Agostinho, por
século XIV a partir de eventos como a Peste Negra, as Re-
exemplo, foram dois membros da Igreja que produziram
voltas Camponesas e vários problemas que impediram a
tratados filosóficos que dialogavam com os pensadores da
expansão econômica da Europa.
Antiguidade.
Um dos principais temas desse período é o Feudalismo,
Mesmo contando com tamanho poder e influência, a
então a seguir uma breve explanação sobre ele.
Igreja também sofreu com manifestações dissidentes. Por
um lado, as heresias, seitas e ritos pagãos interpretavam o
1. Feudalismo
texto bíblico de forma independente ou não reconheciam
o papel sagrado da Igreja. Em 1054, a Cisma do Oriente O feudalismo é um modo de produção ou a maneira
marcou uma grande ruptura interna da Igreja, que deu ori- como as pessoas produziam os bens necessários para sua
gem à Igreja Bizantina. sobrevivência. Durante a Idade Média, este foi um sistema
de organização social que estabelecia como as pessoas se
IDADE MÉDIA relacionavam entre si e o lugar que cada uma delas ocupa-
va na sociedade.
Os historiadores dividem esse período em duas partes: O feudalismo teve suas origens no final do século 3, se
a Alta Idade Média e Baixa Idade Média, sendo que, a pri- consolidou no século 8, teve seu principal desenvolvimento
meira parte abrange o período de meados do século V ao no século 10 e chegou a sobreviver até o final da Idade Mé-
final do século X e a segunda parte abrange de meados do dia (século 15). Pode-se afirmar que era o sistema típico da
século XI a meados do século XV. era medieval e que com ela se iniciou, a partir da queda do
Uma das características desse período é que ele foi co- Império Romano do Ocidente (473) e com ela se encerrou,
nhecido pela sua obscuridade, sendo chamado de “Idade no final da Idade Média, quando houve a queda do Império
das Trevas”. Romano do Oriente (1543).
No período da Alta Idade Média, houve a convergên- Entre as principais causas do surgimento deste siste-
cia de uma série de fatores que contribuiu para a crise do ma feudal está a decadência do Império Romano (falta de
Império Romano do Ocidente, crise essa que acabou pro- escravos e prestígio, declínio militar) já no século 3 d.C.,
vocando o seu colapso. Um dos elementos que contribuí- na grave crise econômica no Império Romano. Ocorreram
ram para a queda do Império Romano do Ocidente foram invasões germânicas (bárbaros) que fizeram os grandes se-
as ocorrências de invasões bárbaras, sendo inclusive, atra- nhores romanos abandonarem as cidades para morar no
HISTÓRIA DO BRASIL

vés dessas que alguns povos bárbaros, como os francos, os campo, em suas propriedades rurais. Esses poderosos se-
germânicos e os visigodos, passaram a fazer a sua própria nhores romanos criaram ali as vilas romanas, centros rurais
organização social e política. que deram origem aos feudos e ao sistema feudal na Idade
Os exemplos principais são o do Reino dos Francos, Média.
cujo representante emblemático foi Carlos Magno, e o do Nestas vilas romanas, pessoas menos ricas buscaram
Sacro Império Romano-Germânico, formado já em uma trabalho e a proteção dos grandes senhores romanos e fi-
época em que a Igreja Católica havia conseguido dar uni- zeram com eles um tratado de colonato, ou seja, os mais

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pobres poderiam usar as terras, mas seriam obrigados a Os senhores mais ricos submetiam os mais pobres aos
entregar parte da produção destas terras aos senhores trabalhos no campo e, em troca, lhes davam a proteção
proprietários. Isso fez com que o antigo sistema escravista contra esses ataques dos estrangeiros. Tinham as armas e
de produção fosse substituído por esse novo sistema servil soldados para protegerem as populações mais pobres e
de produção, no qual o trabalhador rural se tornava servo delas exigiam lealdade. Com esse tratado de suserania e
do grande proprietário. vassalagem foram dominando muitas partes do Império
Romano extinto. A dependência fez com que os campone-
1.1. Funcionamento ses passassem a entregar aos seus suseranos também os
produtos que cultivavam, suas terras e seus serviços, e se
A base do sistema feudal era a relação servil de pro- tornavam servos destes seus protetores.
dução. Com base nisto foram organizados os feudos, que A servidão dos vassalos era uma forma de escravidão
respeitavam duas tradições: o comitatus e o colonatus. O mais branda. Os servos não eram vendidos, mas eram obri-
comitatus (que vem da palavra comites, “companheiro”) era gados a entregarem esses produtos aos senhores durante
de origem romana e unia senhores de terra pelos laços de toda a sua vida. Não se tornavam proprietários das terras
vassalagem, quando prometiam fidelidade e honra uns aos que cultivavam e elas eram emprestadas para que nelas
outros. No colonatus, ou colonato, o proprietário das terras trabalhassem. Essa servidão passava dos pais para os filhos,
concedia trabalho e proteção aos seus colonos, em troca perpetuando essa relação de dependência e proteção por
de parte de toda a produção desses colonos. gerações.
Um senhor feudal dominava uma propriedade de terra
(feudo), que compreendia uma ou mais aldeias, as terras 1.2. Crise do feudalismo
que seus vassalos (camponeses) cultivavam, a floresta e as
pastagens comuns, a terra que pertencia à Igreja paroquial A crise do feudalismo é um processo de longa duração
e a casa senhorial – que ficava na melhor parte cultivável. que conta com uma série de fatores determinantes. Entre
As origens desse sistema feudal, de “feudo”, palavra outros pontos, podemos destacar que a mudança nas re-
germânica que significa o direito que alguém possui sobre lações econômicas foi de grande importância para que as
um bem ou sobre uma propriedade. Feudo, portanto, era práticas e regras que regulavam o interior dos feudos so-
uma unidade de produção onde a maior parte das relações fressem significativas transformações. Essa nova configu-
sociais passava a acontecer, porque os senhores feudais ração econômica, pouco a pouco, influiu na transformação
(suseranos) eram poderosos e cediam a outros nobres (que nos laços sociais e nas ideias que sustentavam aquele tipo
se tornavam seus vassalos) as terras em troca de serviços de ordenação presente em toda a Europa.
e obrigações. O caráter auto-sustentável dos feudos perdeu espaço
para uma economia mais integrada às trocas comerciais.
Em uma sociedade feudal havia estamentos ou cama- Ao mesmo tempo, a ampliação do consumo de gêneros
das estanques, não havia mobilidade social e não se podia manufaturados e especiarias, e a crise agrícola dos feudos
passar de uma camada social para outra. Havia a camada trouxeram o fim do equilíbrio no acordo estabelecido entre
daqueles que lutavam (Nobreza), a camada dos que reza- servos e senhores feudais. Essa fase de instabilidade envol-
vam (Clero) e a camada dos que trabalhavam (camponeses vendo as relações servis trouxe à tona um duplo movimen-
e servos). Com diferentes componentes: os servos – que to de reorganização dos feudos.
trabalhavam nos feudos, não podiam ser vendidos como Por um lado, as relações feudais em algumas regiões
escravos, nem tinham a liberdade de deixarem a terra onde sofrerem um processo de relaxamento que dava fim a toda
nasceram; os vilões – homens livres que viviam nas vilas rigidez constituída na organização do trabalho. Os senho-
e povoados e deviam obrigações aos suseranos, mas que res de terra, cada vez mais interessados em consumir pro-
podiam deixar o feudo quando desejassem; os nobres e o dutos manufaturados e adquirir especiarias, passavam a
clero, que participavam da camada dominante dos senho- estreitar relações com a dinâmica econômica urbana e co-
res feudais, tinham a posse legal da terra, o poder político, mercial. Para tanto, acabavam por dar mais espaço para o
militar e jurídico. No alto clero estavam o papa, os arcebis- trabalho assalariado ou o arrendamento de terras em troca
pos e bispos e na alta nobreza estavam os duques, mar- de dinheiro.
queses e condes. No baixo clero estavam os padres e mon- Entretanto, não podemos dizer que a integração e a
ges e na baixa nobreza os viscondes, barões e cavaleiros. monetarização da economia faziam parte de um mesmo
Esses feudos eram isolados uns dos outros e necessita- fenômeno absoluto. Em algumas regiões, principalmente
vam da proteção de seus senhores. Nasceram sob o medo da Europa Oriental, o crescimento demográfico e a perda
das invasões bárbaras sofridas e que ocasionaram o final da força de trabalho para a economia comercial incenti-
HISTÓRIA DO BRASIL

do próprio Império Romano Ocidental. Os povos que for- varam o endurecimento das relações servis. Imbuídos de
mavam os novos feudos eram as antigas conquistas dos seu poder político, muitos senhores de terra da Rússia e de
romanos e passaram a se organizar em reinos, condados partes do Sacro Império Germânico passariam a exigir mais
e povoados isolados para se protegerem de invasores es- obrigações e impostos da população campesina.
trangeiros. Esse isolamento também os obrigava a produ- De forma geral, esse processo marcou um período de
zirem o necessário para a sua sobrevivência e consumo ascensão da economia europeia entre os séculos XII e XIII.
próprio. No entanto, o século seguinte seria marcado por uma pro-

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funda crise que traria grande reformulação (ou crise) ao a fundação da Igreja Anglicana pelo Rei Henrique VIII na
mundo feudal. Entre 1346 e 1353, uma grande epidemia de sequência da tentativa de seu divórcio com sua rainha de
peste bubônica (peste negra) liquidou aproximadamente origem espanhola, Catarina de Aragão, em 1534; as Guer-
um terço da população europeia. Com isso, a disponibi- ras da Religião francesas entre católicos e huguenotes, en-
lidade de servos diminuiu e os salários dos trabalhadores tre 1562 e 1598; a Revolução Inglesa, que derrubou e exe-
elevaram-se significativamente. cutou o monarca Carlos I, em 1642; a Revolução Gloriosa,
Esse processo fez com que as obrigações servis fossem que depôs Jaime II e acabou com o absolutismo monárqui-
cada vez mais rígidas, tendo em vista a escassez de tra- co em terras britânicas, em 1688; e a Revolução Americana,
balhadores. Os grandes proprietários de terra acabaram em 1776, que instaurou a independência das 13 Colônias
criando leis que dificultavam a saída dos servos de seus americanas.
domínios ou permitia a captura daqueles que fugissem das Vendo tantos eventos marcantes do período, ocorridos
terras. A opressão dos senhores acabou incitando uma sé- especialmente durante o século XVI, podemos compreen-
rie de revoltas camponesas em diferentes pontos da Eu- der o motivo pelo qual há muito é debatido na historio-
ropa. Essas diversas rebeliões ficaram conhecidas como grafia o motivo pelo qual é a queda de Constantinopla o
“jacqueries”. marco que separa de maneira tradicional o período da Ida-
No século XV, o declínio populacional foi superado de Média do da Era Moderna, e não nenhum outro acon-
reavivando a produção agrícola e as atividades comerciais. tecimento ocorrido antes ou depois. Neste sentido, alguns
Essa fase de recuperação ainda não foi capaz de resolver as estudiosos, como o historiador francês Emmanuel Le Roy
transformações ocorridas naquela época. A baixa produ- Ladurie, questionaram o próprio ato de periodização da
tividade dos feudos não era capaz de atender a demanda história, visto como meramente subjetivo; alguns, como o
alimentar dos novos centros urbanos em expansão que, ao acadêmico francês Jacques Le Goff, defendem mesmo que
mesmo tempo, tinham seu mercado consumidor limitado a Idade Média teria durado até meados do século XVIII,
pela grande população rural. uma vez que os onze séculos anteriores teriam entre si
Além disso, o comércio sofria grandes dificuldades por muito mais semelhanças do que novidades, em especial
conta dos monopólios que dificultavam e encareciam a cir- nas áreas social e econômica. Tal ideia é conhecida como
culação de mercadorias pela Europa. Os árabes e os comer- “longa Idade Média”, que teria se encerrado apenas na Re-
ciantes da Península Itálica eram os principais responsáveis volução Industrial – que, de fato, teria marcado uma altera-
por esse encarecimento das especiarias vindas do Oriente. ção substancial na vida da maior parte da população, não
A falta de moedas, ocorrida se constituindo em apenas uma demarcação cronológica.
por conta da escassez de metais preciosos e o escoa- Outra polêmica no que se refere à História Moderna se re-
mento das mesmas para os orientais, impedia o desenvol- fere justamente a isso: algumas correntes historiográficas
vimento das atividades comerciais. inglesas sequer trabalham com o conceito de Idade Mo-
Tantos empecilhos gerados à economia do século XV derna, preferindo o de Tempos Modernos e dividindo as
só foram superados com a exploração de novos mercados sociedades do período em pré-industriais e industriais. Já
que pudessem oferecer metais, alimentos e produtos. Esses a influente corrente histórica marxista, por sua vez, com-
mercados só foram estabelecidos com o processo de ex- preende que o que a cronologia tradicional vê como a Era
pansão marítima, que deflagrou a colonização de regiões Contemporânea é, em realidade, a Era Moderna, tendo a
da África e da América. Dessa forma, a economia mercan- Idade Média terminado apenas com a derrubada dos últi-
tilista dava um passo decisivo para que um grande acú- mos soberanos absolutistas no século XVIII.
mulo de capitais se estabelecesse no contexto econômico Em meio a tantas controvérsias, a visão mais consensual
europeu. da Idade Moderna está mesmo em analisá-la como uma
época de transição entre sociedade feudal e a capitalista,
IDADE MODERNA cronologicamente situada entre o início da degradação das
estruturas sócio-econômicas típicas da Idade Média - ocor-
Tradicionalmente, o período histórico conhecido como rida no século XV - e o fim efetivo da Revolução Francesa
Idade ou História Moderna é delimitado como tendo com a derrota final napoleônica - evento que data de 1815.
ocorrido após a queda da cidade de Constantinopla pe- Este período em geral seria marcado principalmente por
rante os turcos otomanos, em maio de 1453, e antes da conflitos e reformas de cunho religioso, pela formação de
tomada da prisão de Bastilha por populares no início da diversos impérios coloniais pelas nações europeias e por
Revolução Francesa, em julho de 1789. um forte desenvolvimento artístico-científico. Em geral, o
Entre outros acontecimentos célebres deste período, crescimento da burocracia, a atuação de mercenários mi-
destacam-se especialmente o fim da série de confrontos litares e o desenvolvimento da diplomacia durante a épo-
HISTÓRIA DO BRASIL

entre França e Inglaterra chamada de Guerra dos Cem ca do Renascimento cultural e comercial, entre os séculos
Anos, em 1453; a chegada do navegador genovês Cris- XIV e XVI, anteciparam uma tendência que se consolidaria
tóvão Colombo à América, em 1492; a descoberta oficial durante o Absolutismo do século XVII, o que por sua vez
do Brasil pelo fidalgo português Pedro Álvares Cabral, em possibilitaria a fortificação das monarquias nacionais euro-
1500; a publicação das 95 Teses pelo monge alemão Mar- peias, num processo iniciado ainda durante o período me-
tinho Lutero e o início da Reforma Protestante, em 1517; o dieval. Inaugurada por estes acontecimentos, a ascensão
rompimento da Inglaterra com a Igreja Católica Romana e da burguesia acabaria por possibilitar o movimento ilumi-

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nista no século XVIII e a Revolução Francesa que ocorreria Cem Anos travada entre ambos desde o século XIV – e, es-
em seu rastro, já no final do século. Assim, seria inaugurada pecificamente no caso inglês, a Guerra das Duas Rosas, que
uma nova estrutura política que marcaria o século XIX e opôs a Casa Lancaster e a Casa York no século XV – foi que
possibilitaria a sociedade em que vivemos hoje. o poder real se consolidou respectivamente com a dinastia
Valois e a dinastia Tudor. Esse processo de centralização
política acabaria por resultar, mais tarde, na formação de
#FicaDica um sistema característico da Era Moderna: o absolutismo,
que encontraria sua expressão mais famosa em França com
A Idade Moderna caracteriza-se pelo nasci- Luís XIV, o Rei Sol.
mento do modo de produção capitalista. Entretanto, em algumas regiões o processo que levaria
ao Estado Nacional não seria completado neste período.
Embora tanto no Sacro Império Romano Germânico quan-
A seguir, os mais importantes movimentos dessa to na Península Itálica ocorresse a crise do feudalismo e o
época. início da centralização política, as forças regionais foram
fortes demais para que fosse possível a consolidação de
- Estados Nacionais e o Absolutismo Monárquico um poder central. Assim, ambas as regiões seriam politica-
O termo “Estados Nacionais” costuma ser utilizado mente fragmentadas durante a Era Moderna. Enquanto o
para designar o resultado da dinâmica política e econômi- Império possuía vários ducados, reinos e cidades indepen-
ca que levaria a uma nova formulação de Estado nos reinos dentes, na Península Itálica muitas terras foram dominadas
europeus, possibilitando o fortalecimento e subsequente por potências estrangeiras ou eram subordinadas à Igreja.
centralização do poder real. As modernas nações conhecidas como Alemanha e Itália
Durante a Idade Média, a Europa em geral seria carac- apenas surgiriam no século XIX.
terizada pela forte presença política dos senhores feudais.
Junto com a influência da Igreja, isso acabaria por assegu- - Absolutismo
rar a fragmentação do poder durante o período. No sé- Resultante do processo de centralização política das
culo XIV, porém, este sistema afundou em uma forte crise monarquias nacionais europeias, o absolutismo era um
depois da desagregação social causada pela epidemia de sistema político da Idade Moderna. Suas principais carac-
peste bubônica, que em muito agravaria a crescente pa- terísticas são: ausência de divisão de poderes, poder con-
ralisação do mercado agrícola. Neste contexto, ocorreu a centrado no Estado e política econômica mercantilista.
ascensão da burguesia. Anteriormente mais predominante Numa monarquia absolutista, o rei tinha com seus sú-
nas atividades comerciais das cidades feudais, o grupo se ditos uma relação marcada pelo princípio da fidelidade:
tornaria cada vez mais influente ao adquirir as terras dos todos, sem exceção, deviam obediência e respeito ao mo-
arruinados senhores feudais, o que lentamente alteraria o narca e seus representantes. Estes possuíam a prerrogativa
eixo da economia para as atividades comerciais no meio de julgar e legislar ao invocar a mera vontade do soberano.
urbano. Isso desenvolveria substancialmente o comércio. Isso quer dizer, é claro, que questionar publicamente o de-
A diminuição do poder dos senhores feudais também sejo do monarca ou de seus agentes poderia ser conside-
levaria ao fortalecimento político dos reis. Aliados com a rado por si só um crime passível de punição, como pôde
ascendente burguesia, os monarcas tiveram maior possi- ser visto durante o reinado daquele que é considerado o
bilidade de arrecadar os impostos necessários para desen- expoente máximo do absolutismo: o monarca francês Luís
volver e manter as instituições necessárias para a admi- XIV (1638-1715), cognominado como o Rei Sol. Durante
nistração e segurança pública. Os recursos para isso eram seu reinado, ele concederia prêmios em dinheiro e incenti-
garantidos por meio da promoção da economia mercantil. vos fiscais à burguesia de modo a favorecer as manufatu-
Ao mesmo tempo em que beneficiava a burguesia, entre- ras, e aplacaria a influência da nobreza ao distribuir favores,
tanto, o rei ainda cultivava o apoio da nobreza, reforçando pensões e empregos na sede da corte dos Bourbon em
os laços de fidelidade entre eles ao atraí-los para a corte Versalhes, onde viveriam milhares de aristocratas subordi-
e promovendo seus membros mais destacados para im- nados a ele. Deste modo, Luís XIV obteve sucesso em con-
portantes cargos no Estado. Desta forma, a nobreza perdia trolar ambos os grupos sociais.
sua autonomia e se tornava subserviente ao rei. Ao mesmo Nesta época, surgiriam teorias políticas que justifica-
tempo, as fronteiras tornavam-se melhor definidas, geran- vam tamanho poder. A primeira apareceria ainda no século
do paulatinamente o sentimento de uma identidade nacio- XVI, na obra A República, do francês Jean Bodin (1530-96).
nal pelo reino. Esses escritos defendiam que o fortalecimento do Estado,
A maioria dos reinos europeus passou mais cedo ou gerando uma soberania inalienável e indivisível por parte
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mais tarde por este processo. Um caso precoce foi Portu- do soberano, era a única maneira realmente eficaz para se
gal, consolidado já no século XIII, apesar de ter sua inde- combater a instabilidade política. Essa linha de pensamen-
pendência frequentemente ameaçada pela vizinha Castela to seria complementada por O Leviatã, do inglês Thomas
– que, por sua vez, apenas se uniria com Aragão e formaria Hobbes (1588-1679), que afirmaria que o rei não deveria
a Espanha moderna no século XV. As monarquias em Fran- justificar seus atos perante ninguém. Mas seriam as ideias
ça e Inglaterra também mostrariam cedo sinais de fortale- do bispo francês Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704)
cimento do poder real, mas apenas depois da Guerra dos que se provariam mais influentes para o regime absolutis-

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ta. Em sua obra A política inspirada na Sagrada Escritura, do bispo francês Jacques Bénigne Bossuet (1627-1704)
ele apresenta a origem da realeza como divina. O monarca que se provariam mais influentes para o regime absolutis-
seria o representante de Deus na Terra, e, como tal, suas ta. Em sua obra A política inspirada na Sagrada Escritura,
vontades seriam infalíveis, não cabendo aos súditos ques- ele apresenta a origem da realeza como divina. O monarca
tioná-las. Essas ideias formariam a base da doutrina política seria o representante de Deus na Terra, e, como tal, suas
oficial do absolutismo francês, sendo conhecidas em seu vontades seriam infalíveis, não cabendo aos súditos ques-
conjunto como a teoria do direito divino dos reis. tioná-las. Essas ideias formariam a base da doutrina política
Uma condição essencial para a formação deste tipo de oficial do absolutismo francês, sendo conhecidas em seu
monarquia foi a grande quantidade de arrecadação alcan- conjunto como a teoria do direito divino dos reis.
çada após a consolidação do projeto de colonização nas Uma condição essencial para a formação deste tipo de
Américas. Isso enriqueceria substancialmente as monar- monarquia foi a grande quantidade de arrecadação alcan-
quias nacionais, possibilitando a manutenção dos exércitos çada após a consolidação do projeto de colonização nas
e marinhas. Com o tempo, surgiria a noção do metalismo, Américas. Isso enriqueceria substancialmente as monar-
uma das questões mais importantes da nova política eco- quias nacionais, possibilitando a manutenção dos exércitos
nômica do período que se convencionou chamar de mer- e marinhas. Com o tempo, surgiria a noção do metalismo,
cantilismo. Para o metalismo, a riqueza de um reino seria uma das questões mais importantes da nova política eco-
medida pela quantidade de metais preciosos dentro de nômica do período que se convencionou chamar de mer-
suas fronteiras. Para garantir isso, era fundamental que cantilismo. Para o metalismo, a riqueza de um reino seria
fossem vendidas mais mercadorias do que compradas, a medida pela quantidade de metais preciosos dentro de
fim de que fosse alcançada uma balança comercial positiva. suas fronteiras. Para garantir isso, era fundamental que
Para conseguir tal objetivo, o Estado intervinha na econo- fossem vendidas mais mercadorias do que compradas, a
mia e impunha o protecionismo, de modo que as barreiras fim de que fosse alcançada uma balança comercial positiva.
alfandegárias ficassem praticamente intransponíveis para Para conseguir tal objetivo, o Estado intervinha na econo-
os produtos estrangeiros. mia e impunha o protecionismo, de modo que as barreiras
alfandegárias ficassem praticamente intransponíveis para
os produtos estrangeiros.
- Mercantilismo
Resultante do processo de centralização política das
- Iluminismo
monarquias nacionais europeias, o absolutismo era um
Este movimento surgiu na França do século XVII e de-
sistema político da Idade Moderna. Suas principais carac-
fendia o domínio da razão sobre a visão teocêntrica que
terísticas são: ausência de divisão de poderes, poder con-
dominava a Europa desde a Idade Média. Segundo os fi-
centrado no Estado e política econômica mercantilista.
lósofos iluministas, esta forma de pensamento tinha o
Numa monarquia absolutista, o rei tinha com seus sú- propósito de iluminar as trevas em que se encontrava a
ditos uma relação marcada pelo princípio da fidelidade: sociedade.
todos, sem exceção, deviam obediência e respeito ao mo- Os pensadores que defendiam estes ideais acredita-
narca e seus representantes. Estes possuíam a prerrogativa vam que o pensamento racional deveria ser levado adiante
de julgar e legislar ao invocar a mera vontade do soberano. substituindo as crenças religiosas e o misticismo, que, se-
Isso quer dizer, é claro, que questionar publicamente o de- gundo eles, bloqueavam a evolução do homem. O homem
sejo do monarca ou de seus agentes poderia ser conside- deveria ser o centro e passar a buscar respostas para as
rado por si só um crime passível de punição, como pôde questões que, até então, eram justificadas somente pela fé.
ser visto durante o reinado daquele que é considerado o
expoente máximo do absolutismo: o monarca francês Luís A apogeu deste movimento foi atingido no século XVIII,
XIV (1638-1715), cognominado como o Rei Sol. Durante e, este, passou a ser conhecido como o Século das Luzes. O
seu reinado, ele concederia prêmios em dinheiro e incenti- Iluminismo foi mais intenso na França, onde influenciou a
vos fiscais à burguesia de modo a favorecer as manufatu- Revolução Francesa através de seu lema: Liberdade, igual-
ras, e aplacaria a influência da nobreza ao distribuir favores, dade e fraternidade. Também teve influência em outros
pensões e empregos na sede da corte dos Bourbon em movimentos sociais como na independência das colônias
Versalhes, onde viveriam milhares de aristocratas subordi- inglesas na América do Norte e na Inconfidência Mineira,
nados a ele. Deste modo, Luís XIV obteve sucesso em con- ocorrida no Brasil.
trolar ambos os grupos sociais. Para os filósofos iluministas, o homem era naturalmente
Nesta época, surgiriam teorias políticas que justifica- bom, porém, era corrompido pela sociedade com o passar
vam tamanho poder. A primeira apareceria ainda no século do tempo. Eles acreditavam que se todos fizessem parte
XVI, na obra A República, do francês Jean Bodin (1530-96). de uma sociedade justa, com direitos iguais a todos, a fe-
HISTÓRIA DO BRASIL

Esses escritos defendiam que o fortalecimento do Estado, licidade comum seria alcançada. Por esta razão, eles eram
gerando uma soberania inalienável e indivisível por parte contra as imposições de caráter religioso, contra as práticas
do soberano, era a única maneira realmente eficaz para se mercantilistas, contrários ao absolutismo do rei, além dos
combater a instabilidade política. Essa linha de pensamen- privilégios dados a nobreza e ao clero.
to seria complementada por O Leviatã, do inglês Thomas Os burgueses foram os principais interessados nesta
Hobbes (1588-1679), que afirmaria que o rei não deveria filosofia, pois, apesar do dinheiro que possuíam, eles não
justificar seus atos perante ninguém. Mas seriam as ideias tinham poder em questões políticas devido a sua forma

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participação limitada. Naquele período, o Antigo Regime Na área de transportes, podemos destacar a invenção
ainda vigorava na França, e, nesta forma de governo, o rei das locomotivas à vapor (maria fumaça) e os trens à vapor.
detinha todos os poderes. Uma outra forma de impedi- Com estes meios de transportes, foi possível transportar
mento aos burgueses eram as práticas mercantilistas, onde, mais mercadorias e pessoas, num tempo mais curto e com
o governo interferia ainda nas questões econômicas. custos mais baixos.
No Antigo Regime, a sociedade era dividida da seguinte As fábricas do início da Revolução Industrial não apre-
forma: Em primeiro lugar vinha o clero, em segundo a no- sentavam o melhor dos ambientes de trabalho. As condi-
breza, em terceiro a burguesia e os trabalhadores da cida- ções das fábricas eram precárias. Eram ambientes com pés-
de e do campo. Com o fim deste poder, os sima iluminação, abafados e sujos. Os salários recebidos
burgueses tiveram liberdade comercial para ampliar
pelos trabalhadores eram muito baixos e chegava-se a em-
significativamente seus negócios, uma vez que, com o fim
pregar o trabalho infantil e feminino. Os empregados che-
do absolutismo, foram tirados não só os privilégios de
poucos (clero e nobreza), como também, as práticas mer- gavam a trabalhar até 18 horas por dia e estavam sujeitos a
cantilistas que impediam a expansão comercial para a clas- castigos físicos dos patrões. Não havia direitos trabalhistas
se burguesa. como, por exemplo, férias, décimo terceiro salário, auxílio
Os principais filósofos do Iluminismo foram: John Loc- doença, descanso semanal remunerado ou qualquer outro
ke (1632-1704), ele acreditava que o homem adquiria co- benefício. Quando desempregados, ficavam sem nenhum
nhecimento com o passar do tempo através do empirismo; tipo de auxílio e passavam por situações de precariedade.
Voltaire (1694-1778), ele defendia a liberdade de pensa- Em muitas regiões da Europa, os trabalhadores se orga-
mento e não poupava crítica a intolerância religiosa; Jean- nizaram para lutar por melhores condições de trabalho. Os
-Jacques Rousseau (1712-1778), ele defendia a idéia de empregados das fábricas formaram as trade unions (espé-
um estado democrático que garanta igualdade para todos; cie de sindicatos) com o objetivo de melhorar as condições
Montesquieu (1689-1755), ele defendeu a divisão do poder de trabalho dos empregados. Houve também movimen-
político em Legislativo, Executivo e Judiciário; Denis Dide- tos mais violentos como, por exemplo, o ludismo. Também
rot (1713-1784) e Jean Le Rond d´Alembert (1717-1783), conhecidos como “quebradores de máquinas”, os ludistas
juntos organizaram uma enciclopédia que reunia conheci- invadiam fábricas e destruíam seus equipamentos numa
mentos e pensamentos filosóficos da época. forma de protesto e revolta com relação a vida dos empre-
gados. O cartismo foi mais brando na forma de atuação,
- Revolução Industrial pois optou pela via política, conquistando diversos direitos
A Revolução Industrial teve início no século XVIII, na políticos para os trabalhadores.
Inglaterra, com a mecanização dos sistemas de produção. A Revolução tornou os métodos de produção mais efi-
Enquanto na Idade Média o artesanato era a forma de pro- cientes. Os produtos passaram a ser produzidos mais rapi-
duzir mais utilizada, na Idade Moderna tudo mudou. A bur- damente, barateando o preço e estimulando o consumo.
guesia industrial, ávida por maiores lucros, menores custos Por outro lado, aumentou também o número de desem-
e produção acelerada, buscou alternativas para melhorar a pregados. As máquinas foram substituindo, aos poucos, a
produção de mercadorias.
mão-de-obra humana. A poluição ambiental, o aumento
Também podemos apontar o crescimento populacional,
da poluição sonora, o êxodo rural e o crescimento desor-
que trouxe maior demanda de produtos e mercadorias.
denado das cidades também foram consequências nocivas
Foi a Inglaterra o país que saiu na frente no processo de
para a sociedade. Até os dias de hoje, o desemprego é um
Revolução Industrial do século XVIII. Este fato pode ser ex-
plicado por diversos fatores. A Inglaterra possuía grandes dos grandes problemas nos países em desenvolvimento.
reservas de carvão mineral em seu subsolo, ou seja, a prin- Gerar empregos tem se tornado um dos maiores desafios
cipal fonte de energia para movimentar as máquinas e as de governos no mundo todo. Os empregos repetitivos e
locomotivas à vapor. Além da fonte de energia, os ingleses pouco qualificados foram substituídos por máquinas e ro-
possuíam grandes reservas de minério de ferro, a princi- bôs. As empresas procuram profissionais bem qualificados
pal matéria-prima utilizada neste período. A mão-de-obra para ocuparem empregos que exigem cada vez mais criati-
disponível em abundância (desde a Lei dos Cercamentos vidade e múltiplas capacidades. Mesmo nos países desen-
de Terras ), também favoreceu a Inglaterra, pois havia uma volvidos tem faltado empregos para a população.
massa de trabalhadores procurando emprego nas cidades
inglesas do século XVIII. A burguesia inglesa tinha capital IDADE CONTEMPORÂNEA
suficiente para financiar as fábricas, comprar matéria-prima
e máquinas e contratar empregados. O mercado consumi- Compreendido entre a Revolução Francesa de 1789 e
dor inglês também pode ser destacado como importante os dias atuais, o período histórico conhecido como Idade
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fator que contribuiu para o pioneirismo inglês. Contemporânea é marcado por transformações profun-
O século XVIII foi marcado pelo grande salto tecnológi- das na organização da sociedade e também por conflitos
co nos transportes e máquinas. As máquinas à vapor, prin- de amplitude mundial.
cipalmente os gigantes teares, revolucionou o modo de A adoção da Revolução Francesa como ponto inicial da
produzir. Se por um lado a máquina substituiu o homem, Idade Contemporânea remete ao impacto de seus efeitos
gerando milhares de desempregados, por outro baixou o em diversos locais do mundo. Porém, a Revolução Francesa
preço de mercadorias e acelerou o ritmo de produção. iniciou também a configuração do poder político que iria

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ser característico da burguesia que estava em ascensão: re- va toda a sociedade com seu trabalho e com o pagamento
publicano, constitucional, representativo, defensor da pro- de altos impostos. Pior era a condição de vida dos desem-
priedade e com forças militares profissionalizadas. pregados que aumentavam em larga escala nas cidades
A configuração do poder político burguês foi acompa- francesas.
nhada também do desenvolvimento econômico capitalista A vida dos trabalhadores e camponeses era de extrema
que ao longo desse período histórico instaurou-se como miséria, portanto, desejavam melhorias na qualidade de
forma de organização econômica para todos os continen- vida e de trabalho. A burguesia, mesmo tendo uma condi-
tes do mundo. Outra característica da Idade Contempo- ção social melhor, desejava uma participação política maior
rânea foi a formação dos Estados Nacionais e dos nacio- e mais liberdade econômica em seu trabalho.
nalismos, que iriam estar na origem de inúmeras disputas A situação social era tão grave e o nível de insatisfação
territoriais na Europa e nas áreas coloniais. As próprias popular tão grande que o povo foi às ruas com o objetivo
guerras mundiais que ocorreram no século XX tiveram no de tomar o poder e arrancar do governo a monarquia co-
nacionalismo suas origens. mandada pelo rei Luis XVI. O primeiro alvo dos revolucio-
Em oposição ao capitalismo liberal surgiu ainda no iní- nários foi a Bastilha. A Queda da Bastilha em 14/07/1789
cio do século XX uma alternativa na organização social re- marca o início do processo revolucionário, pois a prisão
presentada pela URSS, originada com a Revolução Russa. política era o símbolo da monarquia francesa.
Essa experiência histórica, apesar de ser portadora de um O lema dos revolucionários era “ Liberdade, Igualdade
desejo de igualdade entre todos os seres humanos, acabou e Fraternidade “, pois ele resumia muito bem os desejos do
reproduzindo a exploração e a divisão social. terceiro estado francês.
No campo científico, as inovações e transformações Durante o processo revolucionário, grande parte da nobre-
foram também profundas. As pesquisas em medicamen- za deixou a França, porém a família real foi capturada enquan-
tos e em práticas médicas proporcionaram um aumento to tentava fugir do país. Presos, os integrantes da monarquia,
significativo da expectativa e da qualidade de vida das po- entre eles o rei Luis XVI e sua esposa Maria Antonieta foram
pulações. As inovações em maquinários e técnicas de pro- guilhotinados em 1793.O clero também não saiu impune, pois
os bens da Igreja foram confiscados durante a revolução.
dução proporcionaram a base tecnológica para a expansão
No mês de agosto de 1789, a Assembleia Constituinte
do capitalismo. Mas esse desenvolvimento tecnológico foi
cancelou todos os direitos feudais que existiam e promul-
amplamente utilizado na área militar, resultando em arma-
gou a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão.
mentos cada vez mais letais, como as bombas atômicas.
Este importante documento trazia significativos avanços
As artes conheceram movimentos estéticos variados
sociais, garantindo direitos iguais aos cidadãos, além de
em seus diversos campos, resultando em produções artísti-
maior participação política para o povo.
cas geniais, como o surrealismo.
Entretanto, essas mudanças não alcançaram toda a po- 1.1. Girondinos e Jacobinos
pulação do planeta. Há ainda uma intensa desigualdade
social tanto no interior dos países como entre países de Após a revolução, o terceiro estado começa a se trans-
diversas localidades do globo. formar e partidos começam a surgir com opiniões diversi-
ficadas. Os girondinos, por exemplo, representavam a alta
1. Revolução Francesa burguesia e queriam evitar uma participação maior dos
trabalhadores urbanos e rurais na política. Por outro lado,
A situação da França no século XVIII era de extrema in- os jacobinos representavam a baixa burguesia e defendiam
justiça social na época do Antigo Regime. O Terceiro Estado uma maior participação popular no governo. Liderados por
era formado pelos trabalhadores urbanos, camponeses e a Robespierre e Saint-Just, os jacobinos eram radicais e de-
pequena burguesia comercial. Os impostos eram pagos so- fendiam também profundas mudanças na sociedade que
mente por este segmento social com o objetivo de manter beneficiassem os mais pobres.
os luxos da nobreza.
A França era um país absolutista nesta época. O rei go- 1.2. A Fase do Terror
vernava com poderes absolutos, controlando a economia,
a justiça, a política e até mesmo a religião dos súditos. Ha- Em 1792, os radicais liderados por Robespierre, Danton
via a falta de democracia, pois os trabalhadores não po- e Marat assumem o poder e organização as guardas nacio-
diam votar, nem mesmo dar opiniões na forma de governo. nais. Estas, recebem ordens dos líderes para matar qual-
Os oposicionistas eram presos na Bastilha (prisão política quer oposicionista do novo governo. Muitos integrantes da
da monarquia) ou condenados à guilhotina. nobreza e outros franceses de oposição foram condenados
A sociedade francesa do século XVIII era estratificada a morte neste período. A violência e a radicalização política
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e hierarquizada. No topo da pirâmide social, estava o cle- são as marcas desta época.
ro que também tinha o privilégio de não pagar impostos.
Abaixo do clero, estava a nobreza formada pelo rei, sua 1.3. A burguesia no poder
família, condes, duques, marqueses e outros nobres que
viviam de banquetes e muito luxo na corte. A base da so- Em 1795, os girondinos assumem o poder e começam
ciedade era formada pelo terceiro estado (trabalhadores, a instalar um governo burguês na França. Uma nova Cons-
camponeses e burguesia) que, como já dissemos, sustenta- tituição é aprovada, garantindo o poder da burguesia e

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ampliando seus direitos políticos e econômico. O general - Direito – Criação do Código Napoleônico, represen-
francês Napoleão Bonaparte é colocado no poder com o tando em grande parte os interesses dos burgueses,
objetivo de controlar a instabilidade social e implantar um como casamento civil (separado do religioso), res-
governo burguês. peito à propriedade privada, direito à liberdade indi-
vidual e igualdade de todos perante à lei, etc.
A Revolução Francesa foi um importante marco na - Educação – Reorganização e prioridades para a educa-
História Moderna da nossa civilização. Significou o fim do ção e formação do cidadão francês.
sistema absolutista e dos privilégios da nobreza. O povo Os resultados obtidos neste período do governo de
ganhou mais autonomia e seus direitos sociais passaram Napoleão agradaram à elite francesa. Com o apoio
a ser respeitados. A vida dos trabalhadores urbanos e ru- destas, Napoleão foi elevado ao nível de cônsul vita-
rais melhorou significativamente. Por outro lado, a burgue- lício, em 1802.
sia conduziu o processo de forma a garantir seu domínio
social. As bases de uma sociedade burguesa e capitalis-  Império
ta foram estabelecidas durante a revolução. A Revolução Em plebiscito realizado em 1804, a nova fase da era na-
Francesa também influenciou, com seus ideais iluministas, poleônica foi aprovada com quase 60% dos votos, e o regi-
a independência de alguns países da América Espanhola e me monárquico foi reestabelecido na França, Napoleão foi
o movimento de Inconfidência Mineira no Brasil. indicado para ocupar o trono.
Nesse período, podemos destacar o grande número de
1.4. O Imperio Napoleonico batalhas de Napoleão para a conquista de novos territórios
para a França. O exército francês tornou-se o mais podero-
Os processos revolucionários provocaram certa tensão na so de toda a Europa.
França, de um lado estava a burguesia insatisfeita com os jacobi- O principal e mais poderoso inimigo francês, na época,
nos, formados por monarquistas e revolucionários radicais, e do era a Inglaterra. Os ingleses se opunham a expansão fran-
outro lado as monarquias europeias, que temiam que os ideais cesa, e vendo a força do exército francês, formaram alian-
revolucionários franceses se propagassem por seus reinos. ças com Áustria, Rússia e Prússia.
Foi derrubado na França, sob o comando de Napoleão, Embora o governo francês dispusesse do melhor exér-
o governo do Diretório. Junto com a burguesia, Napoleão cito da Europa, a Inglaterra era a maior potência naval da
estabeleceu o consulado, primeira fase do seu governo. época, o que dificultou a derrota dos ingleses. Em virtu-
Este golpe ficou conhecido como ‘Golpe 18 de Brumário’ de disso, Napoleão Bonaparte pensou em outra forma de
em 1799. O Golpe 18 de Brumário, marca o início de um derrotar os ingleses economicamente. Ele estabeleceu o
novo período na história francesa, e consequentemente, da
Bloqueio Continental, que determinava que todos os paí-
Europa: a Era Napoleônica.
ses europeus deveriam fechar seus portos para o comércio
Seu governo pode ser dividido em três partes:
com a Inglaterra, enfraquecendo assim, as exportações do
- Consulado (1799-1804)
país e causando uma crise industrial.
- Império (1804-1814)
A Inglaterra na época era o maior parceiro comercial de
- Governo dos Cem Dias (1815)
Portugal. Portugal vendia produtos agrícolas e a Inglaterra,
produtos manufaturados. Vendo que não poderia parar de
 Consulado
O governo do consulado foi instalado depois da que- negociar com os ingleses, e temendo a invasão dos fran-
da do Diretório. O consulado possuía caráter republicano ceses, D.João VI junto com sua família e os nobres por-
e militar. No poder Executivo, três pessoas eram responsá- tugueses fugiram para o Brasil, transferindo quase todo o
veis: dois cônsules e o próprio Napoleão. Apesar da pre- aparelho estatal para a colônia.
sença de outros dois cônsules, quem mais dispunha de A Rússia também descumpriu o Bloqueio Continental e
influência e poder era o próprio Napoleão, que foi eleito comercializou com a Inglaterra. Napoleão e seus homem
primeiro-cônsul da República. marcharam contra a Rússia, mas foram praticamente ven-
No consulado, a burguesia detinha o poder e assim, foi cidos pelo imenso território russo e principalmente, pelo
consolidada com o grupo central da França. A forte censura rigoroso inverno. Além disso haviam conspirações de um
à imprensa, a ação violenta dos órgãos policiais e o des- golpe na França, o que fez Napoleão voltar rapidamente
manche da oposição ao governo colocaram em questão os para controlar a situação.
ideais de “liberdade, igualdade e fraternidade” característi- Após esses fatos temos a luta da coligação europeia
cas da Revolução Francesa. contra a França. Com a capitulação de Paris, o imperador
Entre os feitos de Napoleão (na época), podemos citar: foi obrigado a abdicar.
- Economia – Criação do Banco da França, em 1800,
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controlando a emissão de moeda e a inflação; cria-  Governo dos Cem Dias


ção de tarifas protecionistas, fortalecendo a econo- Com a derrota para as forças da coligação europeia,
mia nacional. Napoleão foi exilado na Ilha de Elba, no Tratado de Fontai-
- Religião – Elaboração da Concordata entre a Igreja Ca- nebleau, porém fugiu no ano seguinte. Com um exército,
tólica e o Estado, o qual dava o direito do governo entrou na França e reconquistou o poder. Passou a atacar a
francês de confiscar as propriedades da Igreja, e em Bélgica, mas foi derrotado pela segunda vez na Batalha de
troca, o governo teria de amparar o clero. Waterloo. Assim, Napoleão foi preso e exilado pela segun-

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da vez, porém para a Ilha de Santa Helena, em 1815. Na- 3. Revolução de 1948
poleão morreu em 1821 não se sabe, na verdade, o motivo,
mas suspeita-se de envenenamento. No ano de 1830, os franceses extinguiram os anseios da
restauração monárquica ao expulsarem a dinastia Bourbon
2. Revoluções Liberais de 1830 do poder. Em seu lugar, com o expresso apoio da burgue-
sia nacional, Luís Filipe de Orleans assumiu o governo com
Com o fim da Era Napoleônica, a França assistiu a su- o claro intuito de firmar os avanços liberais na Constitui-
premacia dos regimes absolutistas lhe impor o retorno ção Francesa. Nesse sentido, buscou a ampliação do Poder
da dinastia Bourbon, sob a tutela do rei Luís XVIII (1814 Legislativo, anulou qualquer ato de censura aos meios de
- 1824). A partir de então, uma nova Constituição deter- comunicação e realizou a separação entre Igreja e Estado.
minava que o rei fosse o representante máximo do Poder Contudo, mesmo com tais avanços, vários grupos polí-
Executivo e que o Poder Legislativo seria organizado em ticos se voltaram com seu governo assim que o voto censi-
sistema bicameral, onde a Câmara dos Pares seria ocupada tário fora preservado. Republicanos, socialistas e bonapar-
por membros escolhidos pelo rei e a Câmara dos Deputa- tistas se aproveitavam do fim da censura para realizarem
dos seria eleita através do voto censitário. grandes banquetes públicos durante os quais discutiam as
Dessa maneira, todos os ideais e anseios gerados pela reformas a serem empreendidas no país. Conhecida como
experiência revolucionária francesa seriam sepultados por a “política dos banquetes”, essa manifestação acabou ga-
um governo elitista que combinava elementos liberais e nhando força entre amplos setores da população francesa.
monárquicos. Sob a perspectiva política, a França se mos- Visando desintegrar o movimento, o rei Luís Filipe e o
trava dividida entre três grupos políticos: os ultras, defen- ministro Guizot resolveram lançar essas reuniões à ilegali-
sores irrestritos da perspectiva absolutista; os bonapar- dade e não ceder a qualquer reivindicação política. Con-
tistas, partidários do retorno de Napoleão Bonaparte ao tudo, a insensibilidade do governo acabou sendo estopim
governo; e os radicais, que buscavam a imediata retomada para que um grande movimento popular se formasse em
dos princípios transformadores de 1789. fevereiro de 1848. Naquele mesmo momento, a obra “Ma-
Em 1824, a morte de Luís XVIII acabou agravando as nifesto Comunista”, de Marx e Engels, ofereciam um gran-
rivalidades políticas. Naquele ano, com o expresso apoio de aporte ideológico para aquela luta contra a hegemonia
das alas políticas mais conservadoras de todo o país, o rei burguesa.
Carlos X passou a fomentar medidas que restaurassem o Com o apoio de membros da própria Guarda Nacional,
absolutismo do Antigo Regime. Para tanto, indenizou os os revolucionários forçaram a demissão do ministro Guizot
nobres que fugiram da França durante a revolução, deter- e a fuga do rei para a Inglaterra. A partir desse momento, a
minou a censura dos meios de comunicação e ampliou a França se transformara em uma República. Imediatamente,
participação da Igreja nas instituições educacionais. a pena de morte e o sufrágio universal foram instalados no
No ano de 1830, a vitória liberal nas eleições para de- país. Contudo, logo em seguida, a reação dos conservado-
putado manifestou a imediata reação contra o desenvolvi- res resultou na formação de uma Assembleia Constituinte
mento de um governo tão conservador. Entretanto, Carlos de natureza predominantemente moderada.
X não recuou e, por meio das chamadas Ordenações de Mesmo não instalando um regime socialista, a Re-
Julho, impôs um decreto que retirou o cargo de todos os volução de 1848 teve grande importância para que uma
deputados eleitos. Sob a liderança do duque Luís Felipe, nova polarização política ganhasse vida. A partir daquele
jornais, estudantes, burgueses e trabalhadores iniciaram momento, as lutas entre burguesia e proletariado seriam
manifestações e levantes que conduziriam a Revolução de vigentes em diversas nações da Europa. Não por acaso, na-
1830. quele mesmo ano de 1848, outras rebeliões de traço liberal
Por meio da intensa ação de populares que organizaram e socialista abalaram as arcaicas estruturas de Velho Mun-
as chamadas “jornadas gloriosas”, o rei Carlos X abdicou o do. Costumeiramente, esse conjunto de revoluções ficou
trono e buscou imediato exílio na Inglaterra. Dessa manei- conhecido como a “Primavera dos Povos”.
ra, o duque Luís Felipe foi quem assumiu o trono com o in-
delével apoio da burguesia francesa. Em razão desta asso- 4. Doutrinas sociais do sec. XIX
ciação, o novo monarca estabeleceu o fim de várias ações
e leis de natureza absolutista, mas fez questão de preservar A Revolução Industrial gerou um grande abismo so-
a excludente barreira política do voto censitário. cioeconômico entre a burguesia industrial (capitalistas),
Mesmo não permitindo o atendimento das reivindi- detentora dos meios de produção, e o proletariado, ou
cações republicanas, o novo governo teve a significativa seja, os trabalhadores assalariados que vendiam sua força
função de colocar fim às intenções restauradoras do Con- de trabalho.
HISTÓRIA DO BRASIL

gresso de Viena. Em pouco tempo, a disseminação dos Os capitalistas defendiam uma ideologia liberal, que
acontecimentos franceses inspirou outros levantes nacio- pregava a livre concorrência, o livre comércio e a liberdade
nalistas pela Europa. Um exemplo disso se deu na Bélgica, nas relações de trabalho.
que acabou alcançando sua independência em relação à Em defesa dos trabalhadores, surgem vários teóricos
Holanda. que desenvolvem teorias sociais, que criticavam as desi-
gualdades sociais, as péssimas condições de trabalho nas
fábricas, os baixos salários, etc. O principal objetivo des-

44
ses teóricos, era a busca por uma sociedade mais justa. No teresses. Os neocolonialistas pretendiam transformar a
entanto, esses teóricos não pensavam da mesma forma, e população local em um mercado consumidor regular de
por isso, as teorias sociais foram classificadas em diversas seus produtos e fornecedor de matérias-primas que esti-
correntes. vessem ligadas à expansão dos maiores setores industriais
e o desenvolvimento de novas tecnologias que reduzissem
4.1. Socialismo utópico os custos de produção.
Outra diferença que pode ser destacada na era neoco-
Pretendia transformar o capitalismo a partir de refor- lonial gira em torno do papel assumido pelos Estados Na-
mas graduais feitas pelo próprio Estado. Principais repre- cionais imperialistas. No período moderno, os Estados Na-
sentantes: SAINT-SIMON (sociedade planejada por cientis- cionais agiam nos espaços coloniais com o objetivo claro
tas); LOUIS BLANC (Oficinas Nacionais); CHARLES FOURIER de expandir as suas riquezas. Já na fase imperialista, estes
(Falanstérios); ROBERT OWEN (Trade Unions e Cooperati- Estados promoviam o controle político das regiões coloni-
vismo). zadas para que as grandes empresas da nação pudessem
conduzir e lucrar com a exploração econômica das riquezas
4.2. Socialismo científico disponíveis.
Para que esse projeto fosse viável, devemos levar em
Pretendia eliminar o capitalismo pela via revolucionária conta que o crescimento da população europeia teve um
e substituí-lo pelo socialismo, para, posteriormente, atingir importante papel. O crescimento demográfico estimulava
o comunismo puro. Principais representantes: KARL MARX os europeus a se mudarem para estas regiões afro-asiáti-
e FRIEDRICH ENGELS (O Capital, O Manifesto Comunista, cas em busca de oportunidades econômicas. O excedente
A Ideologia Alemã, etc.): Materialismo histórico e dialético; das grandes metrópoles do Velho Mundo acabava arcando
ditadura do proletariado; fim da propriedade privada; so- com os impostos e a manutenção de contingentes militares
cialização dos meios de produção; luta de classes; a mais- que garantiam a dominação dos locais colonizados.
-valia; internacionalismo revolucionário; ateísmo. Mesmo tendo várias justificativas de cunho econômi-
co, a ação imperialista também obteve suporte na obra
4.3. Socialismo cristão de intelectuais que defendiam a presença europeia nessas
localidades. Os ideólogos do neocolonialismo diziam que
Criado a partir da Encíclica RERUM NOVARUM (1891), os europeus deveriam ocupar a Ásia e a África para que
escrita pelo Papa Leão XIII, defendia a harmonia social pelo levassem consigo os hábitos, aparelhos e instituições que
exemplo de Cristo e a negociação direta entre patrões e “melhorassem” a condição de vida daqueles povos muitas
empregados. vezes taxados como “primitivos”, “selvagens” ou “atrasa-
dos”.
4.4. Anarquismo
Apesar da presença desse discurso altruísta, a ação im-
perialista também veio acompanhada por violentos confli-
Defendia o fim do capitalismo e do Estado e sua substi-
tos entre os nativos e os povos dominadores. No contex-
tuição imediata pelo comunismo puro e rejeitava o socialis-
to europeu, também devemos destacar que a disputa por
mo. Principais representantes: PIERRE-JOSEPH PROUDHON
essas áreas produziram conflitos políticos e uma opulenta
(O Que É A Propriedade); MIKHAIL BAKUNIN (Deus E O Es-
corrida armamentista entre as grandes potências. Por fim,
tado); KROPOTKIN (Ajuda Mútua); GIUSEPPE MALATESTA.
o interesse desenfreado pelas regiões neocoloniais acabou
4.5. Sindicalismo motivando as duas terríveis grandes guerras mundiais que
marcam o século XX.
O Estado seria substituído por sindicatos de trabalha-
dores. O principal representante foi GEORGES SOREL (Re- 6. Primeira Guerra Mundial
flexões sobre a Violência).
Vários problemas atingiam as principais nações euro-
5. Imperialismo europeu e neocolonialismo peias no início do século XX. O século anterior havia dei-
xado feridas difíceis de curar. Alguns países estavam extre-
Fenômeno típico do século XIX, o Imperialismo ou Neo- mamente descontentes com a partilha da Ásia e da África,
colonialismo demarcou o processo de expansão do capi- ocorrida no final do século XIX.
talismo industrial pela Europa. Nesse período, as nações Alemanha e Itália, por exemplo, haviam ficado de fora
europeias precisavam de um volume cada vez maior de no processo neocolonial. Enquanto isso, França e Inglaterra
matéria-prima e buscavam a conquista de novos mercados podiam explorar diversas colônias, ricas em matérias-pri-
HISTÓRIA DO BRASIL

consumidores que pudessem reverter a produção indus- mas e com um grande mercado consumidor. A insatisfação
trial destes países em lucro. Com isso, regiões dos conti- da Itália e da Alemanha, neste contexto, pode ser conside-
nentes africano e asiático começaram a ser o principal alvo rada uma das causas da Grande Guerra.
dessa demanda das nações industrializadas. Vale lembrar também que no início do século XX havia
Diferente da colonização desenvolvida na Idade Mo- uma forte concorrência comercial entre os países europeus,
derna, os neocolonialistas não tinham a obtenção de gê- principalmente na disputa pelos mercados consumidores.
neros tropicais e metais preciosos entre seus maiores in- Esta concorrência gerou vários conflitos de interesses entre

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as nações. Ao mesmo tempo, os países estavam empenha- comerciais a defender, principalmente com Inglaterra e
dos numa rápida corrida armamentista, já como uma ma- França. Este fato marcou a vitória da Entente, forçando os
neira de se protegerem, ou atacarem, no futuro próximo. países da Aliança a assinarem a rendição. Os derrotados ti-
Esta corrida bélica gerava um clima de apreensão e medo veram ainda que assinar o Tratado de Versalhes que impu-
entre os países, onde um tentava se armar mais do que o nha a estes países fortes restrições e punições. A Alemanha
outro. teve seu exército reduzido, sua indústria bélica controlada,
Existia também, entre duas nações poderosas da época, perdeu a região do corredor polonês, teve que devolver à
uma rivalidade muito grande. A França havia perdido, no França a região da Alsácia Lorena, além de ter que pagar
final do século XIX, a região da Alsácia-Lorena para a Ale- os prejuízos da guerra dos países vencedores. O Tratado de
manha, durante a Guerra Franco Prussiana. O revanchismo Versalhes teve repercussões na Alemanha, influenciando o
francês estava no ar, e os franceses esperando uma opor- início da Segunda Guerra Mundial.
tunidade para retomar a rica região perdida. A guerra gerou aproximadamente 10 milhões de mor-
O pan-germanismo e o pan-eslavismo também influen- tos, o triplo de feridos, arrasou campos agrícolas, destruiu
ciou e aumentou o estado de alerta na Europa. Havia uma indústrias, além de gerar grandes prejuízos econômicos.
forte vontade nacionalista dos germânicos em unir, em
apenas uma nação, todos os países de origem germânica. 7. Revolução Russa
O mesmo acontecia com os países eslavos.
No começo do século XX, a Rússia era um país de eco-
6.1. O início da Grande Guerra nomia atrasada e dependente da agricultura, pois 80% de
sua economia estava concentrada no campo (produção de
O estopim deste conflito foi o assassinato de Francisco gêneros agrícolas).
Ferdinando, príncipe do império austro-húngaro, durante
sua visita a Saravejo (Bósnia-Herzegovina). As investiga- 7.1. Rússia Czarista
ções levaram ao criminoso, um jovem integrante de um
grupo Sérvio chamado mão-negra, contrário a influência Os trabalhadores rurais viviam em extrema miséria e
da Áustria-Hungria na região dos Balcãs. O império austro- pobreza, pagando altos impostos para manter a base do
-húngaro não aceitou as medidas tomadas pela Sérvia com sistema czarista de Nicolau II. O czar governava a Rússia de
relação ao crime e, no dia 28 de julho de 1914, declarou forma absolutista, ou seja, concentrava poderes em suas
guerra à Servia. mãos não abrindo espaço para a democracia. Mesmo os
trabalhadores urbanos, que desfrutavam os poucos empre-
6.2. Política de Alianças gos da fraca indústria russa, viviam descontentes com os
governo do czar.
Os países europeus começaram a fazer alianças políti- No ano de 1905, Nicolau II mostra a cara violenta e re-
cas e militares desde o final do século XIX. Durante o confli- pressiva de seu governo. No conhecido Domingo Sangren-
to mundial estas alianças permaneceram. De um lado havia to, manda seu exército fuzilar milhares de manifestantes.
a Tríplice Aliança formada em 1882 por Itália, Império Aus- Marinheiros do encouraçado Potenkim também foram re-
tro-Húngaro e Alemanha (a Itália passou para a outra alian- primidos pelo czar.
ça em 1915). Do outro lado a Tríplice Entente, formada em
Começava então a formação dos sovietes (organização
1907, com a participação de França, Rússia e Reino Unido.
de trabalhadores russos) sob a liderança de Lênin. Os bol-
O Brasil também participou, enviando para os campos
cheviques começavam a preparar a revolução socialista na
de batalha enfermeiros e medicamentos para ajudar os
Rússia e a queda da monarquia.
países da Tríplice Entente.
7.2. A Rússia na Primeira Guerra Mundial
6.3. Desenvolvimento

As batalhas desenvolveram-se principalmente em trin- Faltava alimentos na Rússia czarista, empregos para os
cheiras. Os soldados ficavam, muitas vezes, centenas de trabalhadores, salários dignos e democracia. Mesmo assim,
dias entrincheirados, lutando pela conquista de peque- Nicolau II jogou a Rússia numa guerra mundial. Os gastos
nos pedaços de território. A fome e as doenças também com a guerra e os prejuízos fizeram aumentar ainda mais a
eram os inimigos destes guerreiros. Nos combates também insatisfação popular com o czar.
houve a utilização de novas tecnologias bélicas como, por
exemplo, tanques de guerra e aviões. Enquanto os homens 7.3. Greves, manifestações e a queda da monarquia
lutavam nas trincheiras, as mulheres trabalhavam nas in-
HISTÓRIA DO BRASIL

dústrias bélicas como empregadas. As greves de trabalhadores urbanos e rurais espalham-


-se pelo território russo. Ocorriam muitas vezes motins
6.4. Fim do conflito dentro do próprio exército russo. As manifestações popu-
lares pediam democracia, mais empregos, melhores salá-
Em 1917 ocorreu um fato histórico de extrema impor- rios e o fim da monarquia czarista. Em 1917, o governo de
tância: a entrada dos Estados Unidos no conflito. Os EUA Nicolau II foi retirado do poder e assumiria Kerenski (men-
entraram ao lado da Tríplice Entente, pois havia acordos chevique) como governo provisório.

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8. A Revolução Russa de outubro de 1917 A crise de 1929 afetou também o Brasil. Os Estados
Unidos eram o maior comprador do café brasileiro. Com
Com Kerenski no poder pouca coisa havia mudado na a crise, a importação deste produto diminuiu muito e os
Rússia. Os bolcheviques, liderados por Lênin, organizaram preços do café brasileiro caíram. Para que não houvesse
uma nova revolução que ocorreu em outubro de 1917. uma desvalorização excessiva, o governo brasileiro com-
Prometendo paz, terra, pão, liberdade e trabalho, Lênin as- prou e queimou toneladas de café. Desta forma, diminuiu
sumiu o governo da Rússia e implantou o socialismo. As a oferta, conseguindo manter o preço do principal produto
terras foram redistribuídas para os trabalhadores do cam- brasileiro da época. Por outro lado, este fato trouxe algo
po, os bancos foram nacionalizados e as fábricas passaram positivo para a economia brasileira. Com a crise do café,
para as mãos dos trabalhadores. muitos cafeicultores começaram a investir no setor indus-
Lênin também retirou seu país da Primeira Guerra Mun- trial, alavancando a indústria brasileira.
dial no ano de 1918. Foi instalado o partido único: o PC A solução para a crise surgiu apenas no ano de 1933.
(Partido Comunista). No governo de Franklin Delano Roosevelt, foi colocado em
prática o plano conhecido como New Deal. De acordo com
9. A formação da URSS o plano econômico, o governo norte-americano passou a
controlar os preços e a produção das indústrias e das fa-
Após a revolução, foi implantada a URSS ( União das zendas. Com isto, o governo conseguiu controlar a inflação
Repúblicas Socialistas Soviéticas). Seguiu-se um período e evitar a formação de estoques. Fez parte do plano tam-
de grande crescimento econômico, principalmente após a bém o grande investimento em obras públicas (estradas,
NEP ( Nova Política Econômica ). A URSS tornou-se uma aeroportos, ferrovias, energia elétrica etc), conseguindo
grande potência econômica e militar. Mais tarde rivalizaria diminuir significativamente o desemprego. O programa foi
com os Estados Unidos na chamada Guerra Fria. Porém, tão bem sucedido que no começo da década de 1940 a
após a revolução a situação da população geral e dos tra- economia norte-americana já estava funcionando normal-
balhadores pouco mudou no que diz respeito à democra- mente.
cia. O Partido Comunista reprimia qualquer manifestação
considerada contrária aos princípios socialistas. A falta de
11. Nazifacismo
democracia imperava na URSS.
A situação crítica que se encontrava a Europa após a
10. Crise de 1929
guerra concorreu para o surgimento de ideologias políticas
totalitárias que se apresentavam como solução para todos
Durante a Primeira Guerra Mundial, a economia norte-
os males. Crescia, portanto, uma terceira via, além da de-
-americana estava em pleno desenvolvimento. As indús-
mocracia liberal e do socialismo. O fascismo e sua versão
trias dos EUA produziam e exportavam em grandes quanti-
dades, principalmente, para os países europeus. alemã – o nazismo – são as maiores expressões deste qua-
Após a guerra o quadro não mudou, pois os países eu- dro. Nos países em que o totalitarismo triunfou, sobretudo
ropeus estavam voltados para a reconstrução das indús- na Itália e na Alemanha, ocorrem situações parecidas: um
trias e cidades, necessitando manter suas importações, regime democrático frágil, polarização entre a esquerda
principalmente dos EUA. A situação começou a mudar no (comunistas e anarquistas) e a direita nacionalista, crise
final da década de 1920. Reconstruídas, as nações euro- econômica e, por fim, a figura de um líder incorporando os
peias diminuíram drasticamente a importação de produtos símbolos nacionais.
industrializados e agrícolas dos Estados Unidos. Argumenta-se que o regime totalitário é uma resposta
Com a diminuição das exportações para a Europa, as aos momentos de crise. No contexto histórico específico
indústrias norte-americanas começaram a aumentar os do fascismo, acrescenta-se o avanço das ideias socialistas
estoques de produtos, pois já não conseguiam mais ven- como um fator explicativo importante. Esta ideia é defendi-
der como antes. Grande parte destas empresas possuíam da pelo historiador marxista Eric Hobsbawm. Segundo ele,
ações na Bolsa de Valores de Nova York e milhões de nor- a ascensão da direita totalitária foi uma espécie de resposta
te-americanos tinham investimentos nestas ações. ao crescimento do poder operário, evidenciado na Revolu-
Em outubro de 1929, percebendo a desvalorizando das ção de Outubro, na Rússia. Hobsbawm continua dizendo
ações de muitas empresas, houve uma correria de investi- que a direita radical já fazia parte do cenário político eu-
dores que pretendiam vender suas ações. O efeito foi de- ropeu desde o fim do século XIX, mas eram mantidos sob
vastador, pois as ações se desvalorizaram fortemente em controle. O “perigo” socialista viria mudar este contexto.
poucos dias. Pessoas muito ricas, passaram, da noite para Ainda neste aspecto econômico, diz-se que o fascismo sur-
o dia, para a classe pobre. O número de falências de em- ge como solução para os conflitos entre capital e trabalho.
HISTÓRIA DO BRASIL

presas foi enorme e o desemprego atingiu quase 30% dos A burguesia, temerosa de perder o seu poderio neste con-
trabalhadores. flito, alia-se então aos regimes totalitários de direita.
A crise, também conhecida como “A Grande Depres- Outros estudiosos argumentam diferente. Priorizando
são”, foi a maior de toda a história dos Estados Unidos. o aspecto político, encontram-se aqueles que defendem
Como nesta época, diversos países do mundo mantinham a ideia de um “vazio hegemônico” para explicar o surgi-
relações comerciais com os EUA, a crise acabou se espa- mento do nazi-fascismo. Este conceito é utilizado para ca-
lhando por quase todos os continentes. racterizar uma situação onde, em um determinado lugar,

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nenhum grupo social se encontra em condições políticas e questiona Duroselle, “ao preço de que deterioração moral?”.
econômicas de impor o seu projeto de poder. Neste mo- Além disso, com nacionalismo exagerado, Hitler ressurgiu e
mento, então, surge a figura de um líder que “toma pra si” construiu diversos símbolos nacionais, a fim de obter a uni-
a responsabilidade política de desenvolver a nação. dade do povo alemão. Nada escapava ao alcance da ideo-
No caso italiano, a frustração em não conquistar alguns logia totalitária. Até os juízes faziam a saudação nazista.
territórios desejados, somado às perdas obtidas durante a Cabe ressaltar que o Estado totalitário, diversas vezes,
guerra criaram um ambiente fértil para a ascensão do re- se apropria de elementos do discurso socialista, uma vez
gime de Mussolini. O nacionalismo era instigado. Greves e que o “público alvo” era o mesmo – as camadas sociais
rebeliões em toda a parte demonstravam a situação social mais baixas. Além disso, ambos possuem um sistema de
do país. O governo democrático não possuía autoridade partido único e o desprezo pela individualidade, priori-
suficiente para acalmar os ânimos. A burguesia então, re- zando o coletivo. Por isso, muitos autores costumam asse-
ceosa com o clima revolucionário, acabou apoiando aque- melhar o regime fascista do regime socialista da URSS. De
les que representavam uma opção política com a força e fato, os dois regimes foram totalitários, utilizando, porém,
a capacidade necessária para controlar esta situação – os um discurso ideológico distinto.
fascistas. Além disso, a utilização dos meios de comunicação em
Depois de tentativas frustradas de tentar chegar ao massa para a propagação da ideologia totalitária também
poder por vias legais, em 1919, Mussolini percebeu que foi uma constante. O culto à personalidade, o ideal de na-
outra via era possível, e assim o fez. Com o agravamento ção, o coletivo/corporativismo (em detrimento ao indivi-
da situação no país, mais grupos demonstravam apoio ao dualismo exaltado pela ideologia liberal), o nacionalismo, o
fascismo. Em 1922, Mussolini chegava ao poder para três racismo, enfim, diversos elementos foram costurados com
anos depois eliminar a oposição e estabelecer o seu regime o intuito de corporificar um discurso ideológico que sobre-
totalitário. pujasse toda e qualquer oposição ao regime. Além disso,
Na mesma época em que se consolidou o regime fas- os nazi-fascistas se caracterizam pelo ativismo, ou seja, o
cista na Itália, Hitler lançava seu livro - Mein Kampf (Minha uso da força e da violência, sobretudo contra as correntes
Luta) – onde desenvolvia suas teorias raciais e dava corpo à
de esquerda – comunistas, socialistas e anarquistas.
futura ideologia nazista. Sua obsessão pela pureza da raça,
O Estado totalitário não abre mão do capitalismo. O
seu ódio aos judeus e seu nacionalismo exacerbado foram
que ele faz de diferente é a não adoção da democracia, do
suas marcas, além de um gênio político-militar que pou-
liberalismo (e sua prerrogativa do individualismo). O totali-
cos ousaram reconhecer. O desejo de um Império Alemão
tarismo intervém na economia porque acredita que acima
Central (o espaço vital) composto apenas daqueles perten-
dos interesses particulares estão os interesses da nação, do
centes à “raça superior ariana” foi um objetivo buscado até
conjunto de indivíduos. Um slogan utilizado pelos nazistas
a sua morte.
dizia tudo: “você não é nada, o povo é tudo”.
O ambiente político e econômico em que se deu o sur-
gimento e o desenvolvimento dos nazistas na Alemanha foi
semelhante àquele visto na Itália fascista. No entanto, após 12. Segunda Guerra Mundial
investimentos norte-americanos no pós-guerra a Alema-
nha se recuperou economicamente. Um conflito desta magnitude não começa sem impor-
Diferente da Itália, na Alemanha havia uma industriali- tantes causas ou motivos. Podemos dizer que vários fatores
zação suficiente para se ter um proletariado bem definido. influenciaram o início deste conflito que se iniciou na Euro-
Após a Primeira Guerra Mundial, além de ter sido conside- pa e, rapidamente, espalhou-se pela África e Ásia.
rada a “culpada pela guerra”, foi imposto aos alemães um Um dos mais importantes motivos foi o surgimento, na
governo social-democrata – a “República de Weimar”. No década de 1930, na Europa, de governos totalitários com
entanto, este tipo de governo necessita de recursos eco- fortes objetivos militaristas e expansionistas. Na Alemanha
nômicos para manter a política social à qual ela se propõe. surgiu o nazismo, liderado por Hitler e que pretendia ex-
Na falta de capital, crescem as oposições à este regime de pandir o território Alemão, desrespeitando o Tratado de
governo. A partir disto, o fator principal que veio ajudar Versalhes, inclusive reconquistando territórios perdidos na
em muito a ascensão de Hitler foi a Crise de 1929. O país, Primeira Guerra. Na Itália estava crescendo o Partido Fas-
de todos os europeus que haviam passado pela industria- cista, liderado por Benito Mussolini, que se tornou o Duce
lização, foi o mais atingido pela crise econômica. Um terço da Itália, com poderes sem limites.
da população era de desempregados, a polarização entre Tanto a Itália quanto a Alemanha passavam por uma
nazistas e comunistas aumentava. A partir daí, o estabele- grave crise econômica no início da década de 1930, com
cimento do regime nazista na Alemanha se deu de forma milhões de cidadãos sem emprego. Uma das soluções
HISTÓRIA DO BRASIL

meteórica. Já em 1933, em poucas semanas Hitler passou tomadas pelos governos fascistas destes países foi a in-
de Chanceler para Führer. dustrialização, principalmente na criação de indústrias de
Várias foram as mudanças introduzidas com a ascensão armamentos e equipamentos bélicos (aviões de guerra, na-
de Hitler ao poder na Alemanha. Os partidos foram extin- vios, tanques etc).
tos e os judeus foram perseguidos. Por outro lado, o Führer Na Ásia, o Japão também possuía fortes desejos de ex-
conseguiu praticamente acabar com o desemprego, atra- pandir seus domínios para territórios vizinhos e ilhas da
vés da promoção de inúmeras obras públicas. Mas como região. Estes três países, com objetivos expansionistas, uni-

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ram-se e formaram o Eixo. Um acordo com fortes caracte- Tal configuração ocorreu em função do fato de que uma
rísticas militares e com planos de conquistas elaborados guerra nuclear não seria vantajosa para nenhum dos blocos
em comum acordo. nela envolvidos. O mundo apenas conheceria o caos e o
O marco inicial ocorreu no ano de 1939, quando o exér- possível vencedor desse conflito não teria o que comemo-
cito alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França e a rar, pois somente haveria radiação e problemas estruturais
Inglaterra declararam guerra à Alemanha. De acordo com no espaço geográfico do país derrotado. Por essa razão,
a política de alianças militares existentes na época, for- o sociólogo Raymond Aron proferiu uma frase que ficou
maram-se dois grupos : Aliados (liderados por Inglaterra, mundialmente conhecida: “A Guerra Fria foi um período em
URSS, França e Estados Unidos) e Eixo (Alemanha, Itália e que a guerra era improvável, e a paz, impossível”.
Japão ).
13.1. A Partilha da Alemanha
Desenvolvimento e Fatos Históricos Importantes:
O período de 1939 a 1941 foi marcado por vitórias do A Alemanha nazista foi a grande derrotada da Segunda
Eixo, lideradas pelas forças armadas da Alemanha, que Guerra Mundial e, com isso, teve o seu território domina-
conquistou o Norte da França, Iugoslávia, Polônia, Ucrânia, do e controlado pelos países que formavam a base aliada
Noruega e territórios no norte da África. O Japão anexou a durante o conflito: EUA, URSS, França e Inglaterra. Esses
Manchúria, enquanto a Itália conquistava a Albânia e terri- países, na Conferência de Potsdam, em 1945, dividiram o
tórios da Líbia. espaço alemão em duas principais partes: de um lado, a
Em 1941 o Japão ataca a base militar norte-americana Alemanha Ocidental, dominada pelas nações capitalistas;
de Pearl Harbor no Oceano Pacífico (Havaí). Após este fato, de outro, a Alemanha Oriental, dominada pela União So-
considerado uma traição pelos norte-americanos, os esta- viética. A capital Berlim também ficou igualmente dividida.
dos Unidos entraram no conflito ao lado das forças aliadas. Observe o mapa abaixo:
De 1941 a 1945 ocorreram as derrotas do Eixo, iniciadas
com as perdas sofridas pelos alemães no rigoroso inver- 13.2. Plano Marshall x Plano Molotov
no russo. Neste período, ocorre uma regressão das forças
do Eixo que sofrem derrotas seguidas. Com a entrada dos Não foi somente a Alemanha a prejudicada com a Se-
EUA, os aliados ganharam força nas frentes de batalhas. gunda Guerra Mundial. Como esse evento aconteceu qua-
O Brasil participa diretamente, enviando para a Itália se que inteiramente em território europeu, a maior parte
(região de Monte Cassino) os pracinhas da FEB, Força Expe- dos países envolvidos sofreu severas consequências eco-
dicionária Brasileira. Os cerca de 25 mil soldados brasileiros nômicas, sociais e estruturais. Em função dessa fragilidade,
conquistam a região, somando uma importante vitória ao os Estados Unidos acionaram aquilo que foi chamado de
lado dos Aliados. Plano Marshall, em que grandes empréstimos foram con-
cedidos a esses países para as suas reconstruções.
12.1. Final e Consequências Essa postura era uma estratégia norte-americana para
evitar que as nações europeias, em função de suas relati-
Este importante e triste conflito terminou somente no vas fraquezas, sofressem intervenções dos soviéticos, além
ano de 1945 com a rendição da Alemanha e Itália. O Japão, de ser uma ação para conter possíveis movimentos e re-
último país a assinar o tratado de rendição, ainda sofreu voluções socialistas internas. Com isso, os Estados Unidos
um forte ataque dos Estados Unidos, que despejou bom- consolidaram a sua base de influência naquilo que foi de-
bas atômicas sobre as cidades de Hiroshima e Nagazaki. nominado de “Oeste Europeu”, ou Europa Capitalista, em
Uma ação desnecessária que provocou a morte de milha- oposição ao Leste Europeu, que era formado pelos terri-
res de cidadãos japoneses inocentes, deixando um rastro tórios de domínio e influência soviéticos.  Além do Plano
de destruição nestas cidades. Marshall, os Estados Unidos também criaram o Plano Co-
lombo, que possuía a mesma função, só que o seu alvo
13. Guerra Fria e mundo polarizado eram os países asiáticos.
Entre os países que mais receberam ajuda dos estadu-
Ao final da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), o ce- nidenses, o Reino Unido lidera a lista, seguido, respectiva-
nário político mundial testemunhava o período de maior mente, por França, Japão, Itália, Alemanha Ocidental, entre
tensão de sua história. De um lado, os Estados Unidos outros.
(EUA), uma potência capitalista; de outro, a União Sovié- Em resposta ao Plano Marshall, a União Soviética ela-
tica (URSS), uma potência socialista; em ambos os lados, borou o chamado Plano Molotov, com o igual objetivo de
armamentos com tecnologia nuclear que poderiam causar realizar uma ampla ajuda econômica aos outros territórios
HISTÓRIA DO BRASIL

sérios danos a toda humanidade. a fim de ampliar o seu espaço de influência pelo mundo.
Ao final das contas, nenhum tiro foi diretamente dis- Esse ajuda financeira envolveu praticamente todos os paí-
parado entre os dois lados do “conflito”, o que justifica o ses de influência socialista, como a Alemanha Oriental, Po-
nome Guerra Fria. O que se pode dizer é que esse conflito lônia, Bulgária, Cuba e muitos outros.
foi marcado pelas disputas indiretas entre as duas potên-
cias rivais em busca de maior poderio político e, principal-
mente, militar sobre as diferentes partes do mundo.

49
13.3. OTAN x Pacto de Varsóvia 13.5. Crise do bloco socialista

Em um cenário que favorecia cada vez mais a tensão Submetida desde os anos 60 a um longo período de
entre os dois blocos de poder durante a Guerra Fria, a or- estagnação política e econômica que se explica, em grande
ganização de instituições e pactos militares era imprescin- medida, devido à necessidade de se desviar largos recur-
dível por ambas as partes. sos da produção (de implementos, alimentos, etc.) para a
Com isso, do lado capitalista, foi fundada a Organização indústria bélica a fim de fazer frente ao belicismo estaduni-
do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), que ainda existe dense, a União Soviética conheceria um rápido processo de
e é uma das instituições mais poderosas da atualidade. Já transformação a partir da posse de Gorbatchev como novo
do lado socialista, foi fundado o Pacto de Varsóvia. Es- secretário-geral do Partido Comunista, em substituição a
sas organizações funcionavam da seguinte forma: caso um Konstantin Chernenko. Relativamente jovem em compara-
de seus países-membros fosse atacado, as demais partes ção com seus antecessores tinha 54 anos de idade quando
deveriam imediatamente intervir ou enviar ajuda. Isso co- chegou ao poder -, o novo líder lançaria um amplo progra-
laborou para a emergência dos vários combates indiretos ma de reformas, visando a renovação política e econômica
que ocorreram durante esse período, a exemplo da Guerra do país e do bloco comunista. Uma vertiginosa sucessão de
das Coreias (1950-1953) e a Guerra do Vietnã (1959-1975). . acontecimentos, contudo, levaria as mudanças para muito
Com essas ações e intervenções por parte dos dois além do que pretendia o próprio Gorbatchev Nos anos que
blocos de poder, houve uma divisão do espaço territorial se seguiram, o mundo assistiria com surpresa à progressiva
mundial, que se deu de modo mais concentrado nos países desintegração tanto da União Soviética quanto do bloco
da Europa, que protagonizou a chamada Cortina de Ferro, comunista.
que dividia os territórios socialistas dos capitalistas. O fato é que Gorbatchev recebera uma pesada herança
em termos políticos e administrativos. Seu programa de li-
13.4. As corridas armamentista e espacial beralização apenas tornou mais visíveis problemas que há
muito vinham se acumulando: a ineficiência da economia
soviética, engessada por um planejamento excessivamente
A disputa entre EUA e URSS não ocorria apenas no pla-
centralizado; o peso dos crescentes gastos militares sobre
no territorial, político e econômico mundial. O principal
essa economia já debilitada; a inflexibilidade de uma buro-
elemento em disputa era a hegemonia militar e tecnoló-
cracia estatal de proporções monstruosas, que procurava
gica. Nesse sentido, os dois países envolveram-se em uma
controlar e regulamentar cada atividade produtiva. Para
cega corrida para decidir qual das duas potências possuía
Gorbatchev, não havia futuro para o socialismo, a menos
maior quantidade de armamentos e tecnologias nucleares,
que tal estrutura fosse inteiramente reformulada.
bem como os melhores programas e conquistas espaciais.
Foi nesse contexto que ele lançou, em fevereiro de 1986,
No plano militar, os Estados Unidos, desde o final da o programa conhecido como glasnost (“transparência”), vi-
Segunda Guerra Mundial, dominavam a produção e o uso sando combater a corrupção e a ineficiência administrati-
da bomba atômica, como as que provocaram a destruição va dentro do Estado soviético, como parte de um projeto
das cidades japonesas de Hiroshima e Nagasaki. Tempos maior de abertura política. E, pouco depois, um segundo
depois, em 1949, a União Soviética também anunciava o programa - a Perestroika (“reestruturação”) seria formula-
seu domínio sobre a tecnologia nuclear. do para aumentar a produtividade da economia do país.
No plano espacial, foi a União Soviética quem deu a Além disso, Gorbatchev passaria a reduzir gradualmente a
largada. Em 1957, foi lançado pelos soviéticos o primei- ajuda econômica aos países do Leste europeu e a retirar de
ro satélite espacial construído pelo homem, o Sputnik. No lá várias das tropas soviéticas.
mesmo ano, entrou em órbita o Sputnik 2, que consistiu na
primeira viagem ao espaço tripulada por um ser vivo (no 13.6. Mudanças rápidas
caso, a famosa cachorra Laika). Para completar as façanhas,
os socialistas também foram os primeiros a fotografar a A política externa soviética também passou por trans-
superfície da Lua (em 1959) e os primeiros a enviarem um formações significativas. Procurando estabelecer um novo
ser humano ao espaço, em 1961. padrão de entendimento com os países capitalistas, Gor-
Dessa forma, no ano seguinte, 1962, os Estados Unidos batchev reuniu-se com Reagan em cinco ocasiões diferen-
conseguiram, finalmente, responder à altura com o primei- tes nunca antes dois dirigentes dos Estados Unidos e da
ro voo espacial ao redor da Terra. Já em 1969, ocorreu a União Soviética haviam mantido tantos contatos diretos.
tão sonhada visita à Lua pelos Estados Unidos, na missão Já no primeiro desses encontros, em novembro de 1985,
operada pelos tripulantes da Apolo 11. ambos anunciariam a disposição de reduzir seus arsenais
Apesar de alguns acordos assinados, principalmente no nucleares pela metade, em acordo a ser formalizado futura-
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plano militar, as corridas armamentista e espacial, segundo mente. E embora Reagan que continuava a encarar a União
a maioria dos analistas, só conheceram o seu fim com a Soviética como “o império do mal” depois recuasse nesse
crise soviética e o fim da Guerra Fria, ao final de década de compromisso, as propostas de desarmamento de Gorbat-
1980 e início da década de 1990. chev lhe valeram uma popularidade que nenhum outro líder
soviético havia antes obtido no mundo ocidental. Em sua
visita aos Estados Unidos, em dezembro de 1987, ele foi en-
tusiasticamente recebido pelo público norte-americano.

50
Na ocasião, foi assinado um tratado inédito de elimina- Nem todas as transições foram pacíficas, contudo. Em
ção de mísseis Cruise e Pershing II norte-americanos, em dezembro de 1989, o ditador da Romênia, Nicolae Ceau-
troca da eliminação de SS-20 soviéticos: tratava-se do pri- sescu que governava desde os anos 60 e resistia às mu-
meiro acordo de desativação de toda uma classe de armas danças - acabou sendo preso e executado, ao lado de sua
nucleares. Um ano depois, em pronunciamento realizado mulher, Elena. A maré de violência incluiu a caça e o lincha-
na ONU, Gorbatchev anunciaria a decisão de reduzir os mento de muitos membros da Securitate, a polícia política
contingentes militares soviéticos em 20% - o equivalente a romena. A onda de transformação parecia tão irrefreável
quinhentos mil homens até o final de 1991. que até na Albânia, considerada o maior reduto do stalinis-
As reformas de Gorbatchev incluíram também a realiza- mo na Europa, seriam realizadas eleições livres em março
ção de eleições livres para o Congresso, em março de 1989. de 1992. A vitória - impensável em outros tempos - foi do
Era a primeira vez que os soviéticos iam às umas escolher Partido Democrático de Sali Berisha, que na ocasião decla-
seus representantes. Mas todo esse esforço, que visava dar raria que os albaneses estavam “dizendo um adeus defini-
novos rumos ao socialismo, passou a enfrentar problemas tivo ao comunismo”.
inesperados: dentro da onda liberalizante, grupos naciona-
listas, étnicos e religiosos sufocados por décadas - volta- 14. A queda do muro de Berlim
ram a se mobilizar, reclamando a independência de regiões
como a Letônia, a Lituânia e a Estônia. Também nos países Nenhum outro acontecimento marcaria tão emblemáti-
do Leste europeu ressurgiram movimentos a favor da com- ca e simbolicamente a virtual desintegração do antigo blo-
pleta autonomia nacional. co comunista, ou teria tanta influência sobre os movimen-
A unidade da União Soviética e do bloco comunista tos no Leste europeu, quanto o processo que levou à queda
sempre fora garantida por um rígido esquema de centra- do muro de Berlim, em 1989. Construído em 1961 para se-
lização política: nas ocasiões em que movimentos coloca- parar os setores oriental e ocidental da cidade para isolar,
ram em xeque tal esquema como na Hungria, em 1956, na realidade, o setor comunista do setor não comunista -,
ou na Tchecoslováquia, em 1968 - os soldados do Exército o famoso muro havia se tornado o maior símbolo do con-
trole soviético sobre os países do Leste europeu. Como que
Vermelho e do Pacto de Varsóvia haviam
enclaustrados no setor comunista da cidade, centenas de
sido convocados para esmagá-los. Agora, porém, isso
pessoas tentaram, ao longo de quase três décadas, achar
não parecia mais possível. Um a um, os países do Leste eu-
uma maneira de fugir para o setor ocidental. Os fugitivos
ropeu foram ganhando cada vez mais autonomia em rela-
procuravam superar as muitas barreiras constituídas pelo
ção à União Soviética, praticamente desmontando a ordem
muro - que contava, entre outras coisas, com cercas eletri-
construída por Stalin ao final da Segunda Guerra Mundial.
ficadas, valetas antitanque e policiamento permanente. A
Um exemplo é o da Polônia. Já no final dos anos 70
maior parte deles acabou eletrocutada ou fuzilada.
emergira um movimento contestador de base sindical, o
Em setembro de 1989, entretanto, a Hungria abriu suas
Solidariedade, liderado por Lech Walesa. Em 1982 o go- fronteiras com a Áustria, criando um novo roteiro de fuga
verno polonês havia respondido com a dureza de sempre, da Alemanha Oriental. Milhares de alemães orientais pas-
implantando uma lei marcial. Com o clima de abertura da saram a sair de seu país em direção à Alemanha Ocidental,
glasnost, entretanto, uma série de reformas políticas leva- atravessando nesse caminho a Hungria e a Áustria. Além
ram à criação do cargo de presidente da República e de disso, como em outros países do Leste europeu, também
um parlamento bicameral, em abril de 1989. Nas eleições na Alemanha Oriental uma onda crescente de protestos
realizadas em junho do mesmo ano, o Solidariedade - ago- populares passou a ocorrer. Esgotado pelas manifestações
ra transformado em partido político - obteve uma vitória e pela repercussão da emigração em massa, o governo do
significativa, fazendo de Tadeusz Mazowiecki o primeiro- país finalmente determinou a derrubada do muro, em no-
-ministro. No ano seguinte, Lech Walesa chegaria ao cargo vembro de 1989. Verdadeiras multidões afluíram a Berlim
de presidente da República. Numa virada inédita, os dissi- e fizeram do acontecimento uma enorme festa, transmitida
dentes do regime assumiam o governo. pela TV para todo o mundo. A queda da barreira preparava
Outro exemplo é o da Tchecoslováquia. Ali, Gustav Hu- terreno para uma medida ainda mais radical, que viria pou-
sak, que havia assumido o governo logo após a repressão à co tempo depois - a reunificação alemã, sob a liderança da
Primavera de Praga, foi forçado a renunciar como resultado Alemanha Ocidental.
de novas e amplas manifestações populares. Em seu lugar,
assumiu como presidente, em dezembro de 1989, o escri- 15. O fim da União Soviética
tor Vaclav Havel, em processo que também levou à reabili-
tação política de Alexander Dubcek eleito deputado e, em A abertura política patrocinada por Gorbatchev permi-
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seguida, presidente da Câmara dos Deputados. A transição tiu a emergência de forças que imprimiram seus próprios
política tcheca, radical mas pacífica, tornou-se conhecida ritmos e direções às mudanças que o líder soviético imagi-
como Revolução de Veludo. nara poder manter sob controle. Essa torrente de transfor-
Movimentos dessa natureza passaram a se reproduzir mações, porém, não se fez sem resistências. A mais signifi-
em cada país do Leste europeu, mesmo naqueles onde o cativa delas resultou em nada menos que uma tentativa de
peso da tradição stalinista e da centralização política era golpe contra o próprio Gorbatchev.
maior.

51
Em agosto de 1991, um autodenominado Comitê Esta- e espacial e pelas disputas geopolíticas no que se refere ao
tal de Emergência surpreendeu o mundo com o anúncio de grau de influência de cada uma no plano internacional. Este
que Mikhail Gorbatchev havia sido afastado do poder “por era o mundo bipolar.
problemas de saúde”, velho eufemismo soviético, tradicio- A partir do final da década de 1980 e início dos anos
nalmente usado para anunciar a retirada de um líder caído 1990, mais especificamente após a queda do Muro de Ber-
em desgraça. Uma junta, formada por oito dirigentes da lim e do esfacelamento da União Soviética, o mundo pas-
chamada linha dura do Partido Comunista, assumiu o go- sou a conhecer apenas uma grande potência econômica e,
verno e proclamou sua intenção de restaurar a “lei e a or- principalmente, militar: os EUA. Analistas e cientistas polí-
dem”, além da “integridade territorial e da honra nacional”. ticos passaram a nomear a então ordem mundial vigente
O golpe, que apontava para a retomada da linha de como unipolar.
centralização política na União Soviética, porém, fracassou Entretanto, tal nomeação não era consenso. Alguns
espetacularmente. Milhares de manifestantes saíram às analistas enxergavam que tal soberania pudesse não ser
ruas de Moscou, enfrentando os soldados e os tanques, tão notável assim, até porque a ordem mundial deixava de
ao mesmo tempo que a opinião púbica mundial exigia a ser medida pelo poderio bélico e espacial de uma nação e
volta de Gorbatchev. Em poucos dias, por absoluta falta passava a ser medida pelo poderio político e econômico.
de apoio, os golpistas foram presos, e Gorbatchev recon- Nesse contexto, nos últimos anos, o mundo assistiu às
duzido ao poder. Em vez de deter, o golpe frustrado aca- sucessivas crescentes econômicas da União Europeia e do
bou acelerando ainda mais as mudanças: pouco depois o Japão, apesar das crises que estas frentes de poder sofre-
Partido Comunista soviético foi extinto e as repúblicas da ram no final dos anos 2000. De outro lado, também vêm
Letônia, Estônia e Lituânia declararam definitivamente sua sendo notáveis os índices de crescimento econômico que
independência. O exemplo foi seguido por Moldávia, Ucrâ- colocaram a China como a segunda maior nação do mun-
nia, Bielo-Rússia, Geórgia, Azerbaijão, Quirguizistão, Uzbe- do em tamanho do PIB (Produto Interno Bruto). Por esse
quistão, Tajiquistão e Armênia. O antigo império soviético motivo, muitos cientistas políticos passaram a denominar a
se esfacelava. Nova Ordem Mundial como mundo multipolar.
Mais do que isso, a resistência ao golpe reforçou a
Mas é preciso lembrar que não há no mundo nenhuma
popularidade do presidente da Rússia, Bóris Yeltsin, líder
nação que possua o poderio bélico e nuclear dos EUA. Esse
populista que a partir daí manobrou habilmente para mar-
país possui bombas e ogivas nucleares que, juntas, seriam
ginalizar Gorbatchev. Yeltsin articulou junto aos líderes
capazes de destruir todo o planeta várias vezes. A Rússia,
das novas repúblicas a formação de uma Comunidade de
grande herdeira do império soviético, mesmo possuindo
Estados Independentes, união que praticamente decreta-
tecnologia nuclear e um elevado número de armamentos,
va a falência do que sobrava do antigo Estado soviético.
vem perdendo espaço no campo bélico em virtude da falta
Esgotado, Gorbatchev não viu outra alternativa a não ser
de investimentos na manutenção de seu arsenal, em razão
formalizar sua renúncia, anunciada no dia 25 de dezembro
de 1991. Em seguida, passou às mãos de Yeltsin a tche- das dificuldades econômicas enfrentadas pelo país após a
modântchik, a famosa “pastinha” preta com os códigos de Guerra Fria.
disparo dos mísseis nucleares, até então sob seu controle. É por esse motivo que a maior parte dos especialistas
Era o desenlace de uma sucessão de acontecimentos que em Geopolítica e Relações Internacionais, atualmente, no-
nenhum analista político, mesmo no início dos anos 80, te- meia a Nova Ordem Mundial como mundo unimultipo-
ria sido capaz de prever. O bloco comunista havia desmo- lar. “Uni” no sentido militar, pois os Estados Unidos é líder
ronado, não por força de um formidável cataclismo nuclear incontestável. “Multi” em razão das diversas crescentes
- como se acreditava antes -, mas como resultado de um econômicas de novos polos de poder, sobretudo a União
surpreendente processo de implosão política. A União das Europeia, o Japão e a China.
Repúblicas Socialistas Soviéticas não existia mais; 74 anos
depois, a revolução bolchevique encontrava um melancó- 17. Globalização capitalista
lico final.
A globalização pode ser subdivida em quatro principais
16. Nova ordem mundial estágios, nos quais o sistema capitalista foi conhecendo a
sua gradativa mundialização.
Uma ordem mundial diz respeito às configurações ge- A globalização passou por consecutivas fases até a sua
rais das hierarquias de poder existentes entre os países do total consolidação.
mundo. Dessa forma, as ordens mundiais modificam-se a O início da globalização, embora existam discordâncias,
cada oscilação em seu contexto histórico. Portanto, ao falar ocorreu ao longo do século XV, de acordo com a maioria
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de uma nova ordem mundial, estamos nos referindo ao dos autores que abordam essa temática. Desde então, esse
atual contexto das relações políticas e econômicas interna- fenômeno de integração gradativa das diferentes áreas
cionais de poder. do planeta passou por diversos processos evolutivos até
Durante a Guerra Fria, existiam duas nações principais chegar ao seu estágio atual. Assim, costuma-se periodizar
que dominavam e polarizavam as relações de poder no historicamente o fenômeno a partir das suas distintas fases,
globo: Estados Unidos e União Soviética. Essa ordem mun- que podem diferenciar-se conforme a abordagem ou o cri-
dial era notadamente marcada pelas corridas armamentista tério utilizado em sua elaboração teórica.

52
No presente texto, apontaremos a formação do siste- Nessa fase da globalização, a DIT ampliou-se. Enquanto
ma-mundo atual a partir de quatro fases da globalização, os países desenvolvidos produziam e forneciam produtos
embora existam também abordagens que subdividam esse industrializados, as colônias e países subdesenvolvidos li-
fenômeno em três períodos distintos. mitavam-se ao fornecimento de produtos primários.

17.1. A Primeira Fase da Globalização (século XV ao 17.3. A Terceira Fase da Globalização (Guerra Fria)
XIX)
Essa fase da globalização estendeu-se do final da Se-
Podemos dizer que o início da globalização ocorreu gunda Guerra Mundial ao final da Guerra Fria e coincidiu
com a expansão marítima europeia, responsável por uma com o período da Ordem Mundial marcado pela bipo-
transformação gradativa da estrutura social da época. An- laridade. Nessa época, o mundo viu a formação de dois
teriormente, não se pode dizer que havia uma globaliza- grandes blocos de poder: de um lado, um liderado pelos
ção, uma vez que o predomínio era do isolamento das so- Estados Unidos, o “bloco capitalista”; de outro, um liderado
ciedades em economias relativamente autônomas e pouco pela União Soviética, chamado de “bloco socialista”, embo-
ou nada integradas entre si. ra não houvesse um sistema socialista de fato.
Se, por um lado, a Guerra Fria gerou muito pânico no
Dessa forma, durante o final do século XV e o início do mundo a respeito de uma suposta guerra nuclear, por
século XVI, o avanço das navegações europeias consolidou outro, esse período foi marcado por grandes avanços na
então uma implosão no sistema-mundo vigente, uma vez área tecnológica, principalmente em razão da corrida ar-
que os meios de transporte e comunicação conheceram mamentista e também da corrida espacial, que permitiu
os seus primeiros grandes avanços rumo à total integração uma soma inestimável de conhecimentos científicos. Tais
dos mercados internacionais. conhecimentos foram respaldados pela emergência da Ter-
Com efeito, a busca por novos mercados e, principal- ceira Revolução Industrial, mais conhecida como Revolução
mente, por matérias-primas, como especiarias e metais Técnico-científica Informacional.
Nesse sentido, foram realizados avanços na área da
preciosos, incentivou os navegadores europeus a busca-
informação e também dos transportes, com o desenvol-
rem novas terras e também novas rotas para os diferentes
vimento da informática, da robótica, da internet e também
mercados. Um exemplo foi a busca pelas Índias por novos
da biotecnologia. Os instrumentos anteriormente existentes
caminhos após a tomada de Constantinopla pelos turcos-
foram aperfeiçoados e novos meios de comunicação e des-
-otomanos.
locamento foram criados, promovendo, assim, uma maior e
Em resumo, a principal característica desse período foi a
mais ampla integração mundial, embora ela permanecesse
formação das colônias europeias na América e, mais tarde,
em níveis desiguais de desenvolvimento pelo mundo.
na África e na Ásia, tornando o “velho continente” como o
grande precursor e articulador da globalização e da mun- 17.4. A Quarta Fase da Globalização (de 1989 aos
dialização do sistema capitalista em todo o planeta. Nesse dias atuais)
período, então, consolidou-se a Divisão Internacional do
Trabalho (DIT), em que a Europa fornecia mercadorias e as Com a queda do Muro de Berlim, o esfacelamento da
demais áreas forneciam matérias-primas e trabalho escra- URSS e o fim da Guerra Fria, o mundo entrou em uma
vo. Nova Ordem Mundial, e a Globalização também passou a
um novo estágio. Isso porque houve então um avanço do
17.2. A Segunda Fase da Globalização (meados do sistema capitalista para todo o mundo, incluindo os países
século XIX e meados do século XX) do então chamado “segundo mundo”, ditos socialistas ou
de economia capitalista planificada.
Com a expansão da dominação colonial europeia sobre O que se vê como característica principal desse proces-
territórios da Ásia e, principalmente, da África, além da con- so, além da consolidação total do sistema de globalização
solidação do processo de industrialização no continente por meio da mundialização integral do capitalismo, é o en-
europeu, a Globalização entrou, então, em uma nova fase. curtamento das distâncias e a aceleração do tempo. Quan-
Nesse período, houve então a formação daquilo que se de- do falamos em “encurtamento”, referimo-nos à forma com
nominou por Capitalismo Industrial, além de se formarem que os sistemas de transporte conseguem alcançar gran-
as bases para a instauração do Capitalismo Financeiro. des distâncias em pouquíssimo tempo. Já a aceleração do
Com os avanços promovidos na área da indústria e os tempo refere-se à velocidade com que novas tecnologias
recursos captados por aquilo que se convencionou chamar surgem e são rapidamente melhoradas ou substituídas.
de “mundo desenvolvido” a partir da exploração de suas O sistema financeiro conseguiu avançar ainda mais por
HISTÓRIA DO BRASIL

colônias ou áreas de dominação econômica, os sistemas de meio daquilo que o sociólogo Manuel Castells chamou
transporte e comunicação ampliaram-se, havendo a cria- por Capitalismo Informacional ou pelo o que o geógrafo
ção e difusão de ferrovias, telégrafos, sistemas de telefonia, Milton Santos denominou por Meio Técnico-científico in-
além do uso dos automóveis, aviões, entre outros. Com formacional. No plano político, consolidaram-se o poderio
isso, o mundo foi se tornando cada vez mais interligado, econômico e militar dos Estados Unidos e a formação de
embora tal interligação obedeça a uma hierarquia de do- polos “secundários”, tais como a União Europeia, a China
minação e dependência socioeconômica. e a Rússia.

53
Fonte e/ou texto adaptado de: 3. (CEPERJ/2013 – SEDUC/RJ) O impacto da crise de 1929
www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www.infoescola. foi, sem dúvida, muito grande. Abalou todo o modelo libe-
com/www.estudopratico.com.br/www.historiadomundo. ral, tanto em termos econômicos quanto em termos políti-
uol.com.br/www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/www. cos. Foi um dos episódios mais dolorosos da história norte-
brasilescola.uol.com.br/www.historiageralcomgd.com/ -americana, talvez só comparável à Guerra de Secessão ou
www.jcmontteiro.webnode.com.br/www.webartigos.com/ ao ataque às Torres Gêmeas de Nova Iorque. Um conjunto
www.sergiokbsa.blogspot.com.br/Antonio Gasparetto Ju- de medidas, denominadas New Deal, foram adotadas para
nior/Rainer Gonçalves/Cláudio Fernandes/Armando Araújo buscar reerguer a economia norte-americana. O New Deal
Silvestre/Fernanda Paixão Pissurno/Sergio Cabeça/Rodolfo foi implementado sob a liderança do seguinte presidente
Alves Pena norte-americano:

a) Franklin Delano Roosevelt


b) Theodore Roosevelt
EXERCÍCIO COMENTADO c) John F. Kennedy
d) Richard Nixon
1. (CESPOE/2011 – SAEB/BA) O período pré-histórico é o e) Woodrow Wilson
mais longo da vida dos seres humanos na Terra. Na reali-
dade, sabe-se muito pouco sobre os nossos antepassados, Resposta: Letra A. A crise, também conhecida como “A
e as descobertas recentes põem diariamente em xeque as Grande Depressão”, foi a maior de toda a história dos
teorias que explicam sua existência e modo de vida. En- Estados Unidos. Como nesta época, diversos países do
tretanto, a expressão pré-história continua vigente, tendo mundo mantinham relações comerciais com os EUA, a
como referência as sociedades humanas que crise acabou se espalhando por quase todos os conti-
nentes.
a) desconheciam a escrita. A solução para a crise surgiu apenas no ano de 1933,
b) viviam em cavernas. quando o presidente Franklin Delano Roosevelt colocou
c) eram socialmente desorganizadas. em prática o plano conhecido como New Deal. De acor-
d) desprezavam a vida civilizada. do com o plano econômico, o governo norte-americano
passou a controlar os preços e a produção das indústrias
Resposta: Letra A. A historiografia mostra que a Histó- e das fazendas. Com isto, o governo conseguiu controlar
ria teve inicio aproximadamente 4.000 a.C, quando os a inflação e evitar a formação de estoques. Fez parte do
sumérios desenvolveram a escrita cuneiforme, sendo plano também o grande investimento em obras públi-
que, a época anterior à escrita é conhecida como Pré- cas (estradas, aeroportos, ferrovias, energia elétrica etc),
-História. conseguindo diminuir significativamente o desemprego.
O programa foi tão bem sucedido que no começo da
2. (CESPE/2013 – SEE/AL) A respeito do feudalismo e de década de 1940 a economia norte-americana já estava
sua passagem para o capitalismo, julgue os itens subse- funcionando normalmente.
quentes.
A sociedade feudal baseava-se em uma estrutura hierár- 4. (FCC/2018 - TRT-15ª Região/SP) O movimento ludista
quica quádrupla, cujo topo era ocupado pelos reis e pela que agitou o meio operário e fabril da Inglaterra foi carac-
nobreza; em seguida, posicionavam-se o clero e os religio- terizado por um conjunto de ações de contestação, entre
sos leigos; logo abaixo, os comerciantes e os burgueses as quais se destaca
(moradores das cidades); e, na base inferior, os campone-
ses. a) a organização de ocupações de fábricas, visando expro-
priá-las dos capitalistas proprietários.
( ) CERTO ( ) ERRADO b) a deflagração de greves e motins em aliança com os
camponeses, contra a monarquia.
c) o incêndio sistemático às fábricas, consideradas obsole-
Resposta: Errado. Em uma sociedade feudal havia três tas e responsáveis pelos acidentes de trabalho.
estamentos ou camadas estanques, sendo essas, a cama- d) a formação de um partido operário para lutar pelo direi-
da daqueles que lutavam (Nobreza), a camada dos que to de voto nas eleições parlamentares.
rezavam (Clero) e a camada dos que trabalhavam (cam- e) a destruição de máquinas fabris, consideradas responsá-
poneses e servos). veis pelo desemprego dos trabalhadores manuais.
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Resposta: Letra E. Em muitas regiões da Europa, os tra-


balhadores se organizaram para lutar por melhores con-
dições de trabalho.
Os movimentos foram desde os mais tranquilos, como a
criação de sindicatos ou o cartismo, até os mais violen-
tos, como, por exemplo, o ludismo. Também conhecidos

54
como “quebradores de máquinas”, os ludistas invadiam Em “c”, Errado – Os países europeus começaram a fazer
fábricas e destruíam seus equipamentos numa forma de alianças políticas e militares desde o final do século XIX.
protesto e revolta com relação a vida dos empregados. Durante o conflito mundial estas alianças permanece-
ram. De um lado havia a Tríplice Aliança formada em
5. (VUNESP/2016 – MPE/SP) A modernidade, do 1882 por Itália, Império Austro-Húngaro e Alemanha (a
ponto de vista econômico, instalou o modelo liberal, a Itália passou para a outra aliança em 1915). Do outro
defesa do livre mercado, o incentivo à especialização, a lado a Tríplice Entente, formada em 1907, com a partici-
discussão sobre os ideais de liberdade e igualdade que pação de França, Rússia e Reino Unido.
apontavam para uma sociedade em que se romperia Em “d”, Errado – O marco inicial da Segunda Guerra (e
com as hierarquias de sangue e a soberania sacraliza- não da primeira) ocorreu no ano de 1939, quando o
da, com as tradições e os particularismos, em nome do exército alemão invadiu a Polônia. De imediato, a França
universal, da razão e da revolução. Na modernidade, e a Inglaterra declararam guerra à Alemanha.
confirmou-se uma lógica, uma retórica e uma ideolo-
gia. Lógica no campo sociológico, no filosófico e no po-
lítico, que se chamam, respectivamente:
HISTÓRIA DA BAHIA: INDEPENDÊNCIA DA
a) socialismo, pragmatismo e imperialismo americano. BAHIA. REVOLTA DE CANUDOS. REVOLTA
b) comunismo, idealismo e imperialismo. DOS MALÉS. CONJURAÇÃO BAIANA. SABI-
c) capitalismo, positivismo e democracia formal para de- NADA.
fender a liberdade.
d) socialismo, idealismo e monarquia parlamentarista.
e) capitalismo, iluminismo e monarquia. INDEPENDÊNCIA DA BAHIA

Resposta: Letra C. O enunciado fala em modelo liberal A Bahia teve oficialmente a sua Independência em
relação a Portugal no dia 2 de julho, de 1823, por meio de
e livre mercado, o que nos permite de cara eliminar as
um movimento de resistência que começou em fevereiro
alternativas que apontam socialismo e comunismo, vis-
de 1822. A Independência do Brasil, proclamada por Dom
to que, não se tratam de modelos liberais, tão pouco,
Pedro 1º, no dia 7 de setembro de 1822, marcou o início de
defendem o livre comércio, na sequencia, temos outro
uma nova fase para a nação, porém nem todo o território
apontamento do enunciado, que é o incentivo à espe-
estava alinhado à novidade.
cialização, característica do positivismo e, por ultimo,
Houve resistência e embates pelo país, com presença
temos a colocação de liberdade e igualdade que são
de tropas portuguesas que se recusavam a aceitar a
conceitos inerentes à democracia.
emancipação brasileira. Na Bahia, a situação foi semelhante.
O confronto reunia de um lado portugueses contrários
6. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be- à Independência contra cidadãos brasileiros e correntes
tim/MG) É coerente com as razões que levaram à 1ª Gran- liberais interessadas na emancipação do país.
de Guerra Mundial: Lideradas pelo brigadeiro Madeira de Melo, as tropas
portuguesas enfrentaram os grupos de resistência desde
a) Um dos fatos que contribuiu para o final do confronto 1820. A Proclamação às margens do rio Ipiranga, em 1822,
foi a entrada da Rússia na Guerra, pois tinha um exército comandada por Dom Pedro 1º, estimulou a intensificação
grande e bem preparado, impondo aos alemães derro- dessa luta que já existia contra o domínio português.
tas vexatórias. Na época, havia interesse de Portugal em tornar
b) O processo de Imperialismo, promovido pelas grandes Salvador uma cidade importante para resistência diante
potências capitalistas da Europa, principalmente França, das investidas republicanas. No início de 1823, as tropas
Inglaterra e Alemanha, gerou conflitos e até confrontos portuguesas tiveram êxito contra a resistência, que buscou
pela disputa de territórios, ao ponto de desencadear a refúgio e fortalecimento de seus membros no Recôncavo
1ª Guerra. Baiano, região bastante adepta à Independência do Brasil.
c) Temendo uma ofensiva alemã, Japão, Inglaterra e França No segundo semestre de 1823, a resistência brasileira,
formaram a Tríplice Aliança. que contava com combatentes estrangeiros e mercenários
d) O início da Guerra se deu quando as tropas alemãs contratados para as lutas, obteve força diante de Portugal.
invadiram a Polônia, apresentando ao mundo a famo- Diante do fortalecimento desse Exército, os portugueses
sa Guerra Relâmpago, deixando marcas desastrosas se renderam. A Bahia então passou a integrar o Brasil
HISTÓRIA DO BRASIL

para os poloneses. independente do monopólio português.

Resposta: Letra B. Em “a”, Errado - Em 1917 ocorreu


um fato histórico de extrema importância: a entrada dos
Estados Unidos no conflito ao lado da Tríplice Entente,
pois havia acordos comerciais a defender, principalmen-
te com Inglaterra e França.

55
#FicaDica FIQUE ATENTO!
Questões dessa natureza podem trazer textos
Como o Brasil é um país continental, a notícia
longos e com certa complexidade, por isso,
da Independência do Brasil demorou a chegar
vale manter atenção à interpretação de texto.
a todo o território. Portanto, é preciso se aten-
tar a essas complexidades.

2. Revolta dos Malés

FIQUE ATENTO! Uma rebelião de escravos abalou as estruturas das


A independência da bahia é um dos fatos mais autoridades baianas, em 1835. Na ocasião, cerca de 60
marcantes da história do brasil no século 19. homens tentaram atacar uma prisão em Salvador para
essa resistência foi um dos símbolos mais sig- libertarem um importante líder malê. No caso, os escravos
nifcativos de luta popular nessa época. malês eram da etnia nagô e a maior parte deles seguia o
islamismo.
Como não obtiveram êxito na empreitada, esses
1. Revolta de Canudos homens se espalharam pelos arredores e juntaram a outras
centenas de escravos contra as autoridades, num embate
Um dos confrontos mais impactantes e importantes sangrento. Houve muitas mortes de ambos os lados.
do Brasil, a Revolta ou Guerra de Canudos foi uma batalha Como foram contidos pela polícia, os escravos
sangrenta que culminou na destruição da então cidade de sobreviventes passaram por punições como açoitamento,
Canudos, no sertão da Bahia. Desse confronto, surgiu um prisão, deportação para a África e execução por meio de
dos personagens mais emblemáticos da história do país, fuzilamento. Vale ressaltar que nessa época, quase metade
Antonio Conselheiro. da população da cidade era composta por escravos.
A Guerra de Canudos durou um ano, entre 1896 e 1897.
Os confrontos envolveram tropas federais contra os aliados #FicaDica
de Antonio Conselheiro, em meio a um cenário de fome,
miséria e violência no sertão. Hoje na Bahia, das 10 cidades com maior per-
Anos antes, milhares de sertanejos passaram a seguir centual de negros no Brasil, oito estão no Es-
os ensinamentos religiosos de Conselheiro. Essas pessoas tado. Os dados são do censo de 2011 do IBGE.
se juntaram e atraíram outros milhares e, com isso, surgiu
o povoado de Canudos, que em seu apogeu chegou a mais
de 25 mil habitantes. FIQUE ATENTO!
As pessoas viviam em comunidade, dividiam tarefas e
Com medo de outras revoltas nesse sentido,
eram críticas ao sistema atual na época, como a República,
alguns senhores de escravos em outras partes
sob a ótica de Conselheiro. As críticas ao governo se
do brasil aumentaram a repressão nas senza-
intensificaram, especialmente pela falta de investimento e
las.
ajuda à população carente local. Além disso, as pessoas se
recusaram a pagar impostos federais.
Contrariado, o governo acusou Canudos de fomentar o
fanatismo religioso, ao mesmo tempo em que representaria 3. Conjuração Baiana
ameaça à jovem República brasileira. Esses motivos
impulsionaram a guerra. No confronto, praticamente a Em 1798 crescia um movimento baiano de caráter
população inteira do povoado foi exterminada. popular, inspirado nos ideais iluministas, assim como
a Inconfidência Mineira, em 1789. Uma das ideias da
revolta baiana tinha caráter separatista e defendia ideais
#FicaDica republicanos. A Revolução Francesa foi uma das grandes
inspirações da Conjuração Baiana.
Produções da TV e cinema são uma forma A revolta surgiu por meio da insatisfação da elite
divertida e interessante para auxiliar na com- quanto às políticas portuguesas, além das questões sociais
preensão de muitos temas da história. Sobre na região, como a escassez de alimentos. Esses temas
HISTÓRIA DO BRASIL

essa guerra, por exemplo, existe o filme “Ca- impulsionaram o levante popular.
nudos”, de 1997, dirigido por Sérgio Rezende. A revolta teve grande participação da população local e
Vale a pena conferir! camada mais pobre do Estado. As principais reivindicações
eram o fim da escravidão, separação do Estado e mais
liberdade nas tratativas comerciais.

56
A Coroa Portuguesa não perdoou os participantes do
movimento. Ao menos 40 pessoas foram executadas e
vítimas de esquartejamento, assim como ocorreu com EXERCÍCIO COMENTADO
Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, na Inconfidência
Mineira. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017)
Um dos mais graves problemas sociais e ao mesmo tem-
po econômico que o Brasil enfrenta é a pobreza de sua
#FicaDica população. Sabe-se que, comumente, governos brasileiros
têm utilizado políticas indutivas de crescimento econômico
Apesar de algumas semelhanças com a Incon- como medida redutora da pobreza, sem no entanto, obter
fidência Mineira, a Conjuração Baiana se difere resultados satisfatórios ou permanentes. Sabe-se também
no aspecto popular, pois agregou a camada que, dentre as regiões que mais sofrem com a pobreza, no
mais pobre da sociedade, enquanto o movi- país, estão a Norte e Nordeste. Estudos históricos mostram
mento mineiro teve caráter mais elitista. que, em razão disso, houve um conflito, no Nordeste Brasi-
leiro, liderado por Antônio Conselheiro que ficou conheci-
do como Guerra de Canudos.
Sobre esse assunto, analise as afirmativas abaixo, dê valo-
FIQUE ATENTO! res Verdadeiro (V) ou Falso (F).
Vale compreender que a revolução francesa foi
um marco ao inspirar esses movimentos brasi- ( ) A situação do Nordeste brasileiro, no final do século XIX,
leiros de resistência, além de outros levantes era muito precária. Fome, seca, miséria, violência e aban-
no mundo. dono político afetavam os nordestinos, principalmente a
população mais carente. Toda essa situação, em conjunto
com o fanatismo religioso, desencadeou um grave proble-
ma social.
4. Sabinada
( ) Em novembro de 1896, no sertão da Bahia, foi iniciado
um conflito civil que ficou conhecido como Guerra de Ca-
O médico Francisco Sabino Álvares da Rocha Vieira
nudos. Esta guerra durou quase um ano, até 05 de outubro
é tido como o líder e impulsionador do movimento
de 1897, e, devido à força adquirida, o governo da Bahia
Sabinada, entre 1837 a 1838, que buscava implantar uma
pediu o apoio da República para conter este movimento
República na Bahia enquanto Dom Pedro 2º não atingisse
formado por fanáticos, jagunços e sertanejos sem emprego.
a maioridade para assumir o posto de imperador. A revolta
( ) O beato Conselheiro, homem que passou a ser conhe-
ocorreu durante a Regência. cido logo depois da Proclamação da República, era quem
O movimento teve participação de classe intelectual e influente liderava este movimento. Ele acreditava que havia sido
da sociedade baiana da época, mas não chegou a grupos mais enviado por Deus para acabar com as diferenças sociais e
ricos. Foi como se a Sabinada tivesse atingido a classe média da também com os pecados republicanos, entre estes, esta-
época. Dessa forma, a liderança também não tinha interesse em vam o casamento civil e a cobrança de impostos.
trazer as camadas mais populares para a revolta. ( ) Antônio Conselheiro por acreditar que era um enviado
O movimento acusava os governos regenciais de de Deus conseguiu reunir um grande número de adeptos
centralizadores e ineficazes. Uma das grandes insatisfações que acreditavam em sua liderança e, em razão disso, ele,
foi a obrigatoriedade imposta quanto ao recrutamento realmente poderia, libertá-los da situação de extrema po-
militar para combates no Rio Grande Sul, na Revolução breza na qual se encontravam.
Farroupilha. A Sabinada foi encerrada de forma bastante ( ) Devido à enorme proporção que este movimento ad-
violenta, com milhares de mortos. quiriu, o governo da Bahia não conseguiu por si só segurar
a grande revolta que acontecia em seu Estado; por esta
razão, pediu a interferência da República.
#FicaDica
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta de
D.Pedro 2º com apenas cinco anos assumiu o
cima para baixo.
trono. Mas como não poderia governar, por
meio da Regência (governo temporário), o país
a) V, F, V, V, V
teve vários governantes até a maioridade do
b) V, F, V, F, V
imperador.
c) F, F, V, V, F
HISTÓRIA DO BRASIL

d) V, V, V, V, V
e) V, F, F, F, V

FIQUE ATENTO! Resposta: Letra A. O povoado de Canudos foi “varri-


O período regencial foi marcado por muitas do do mapa”, num confronto violento que culminou
revoltas, foi um período instável politicamente na morte de mais de 25 mil pessoas, incluindo Antonio
Conselheiro.

57
c) Maquiavel afirma, em O Príncipe, que os homens viviam
inicialmente em estado natural, obedecendo apenas a
HORA DE PRATICAR! interesses individuais, sendo vítimas de danos e inva-
sões de uns contra os outros. Assim, mediante a adoção
1. (FUNCAB/2015 – Faceli) “A postura que adotamos com de um contrato social, abriram mão de todos os direitos
respeito ao passado, quais as relações entre passado, pre- em favor da autoridade ilimitada de um soberano
sente e futuro não são apenas questões de interesse vital d) Em O Príncipe, Maquiavel expressava seu desprezo pelo
para todos: são indispensáveis. É inevitável fazer compa- conceito medieval de uma lei moral limitando a auto-
rações entre o presente e o passado: essa é a finalidade ridade do governante e argumentava que a suprema
dos álbuns de fotos de famílias ou filmes domésticos. Não obrigação do governante é manter o poder e a seguran-
podemos deixar de aprender com isso, pois é o que a ex- ça do país que governa, adotando todos os meios que o
periência significa. Podemos aprender coisas erradas – e, capacitem a realizar essa obrigação
positivamente, é o que fazemos com frequência -, mas se e) O Príncipe é a obra na qual Maquiavel expressa o de-
não aprendermos, ou não temos nenhuma oportunidade ver de todo soberano de combater o obscurantismo
de aprender, ou nos recusamos a aprender de algum pas- medieval representado pela Igreja; o rei absoluto deve
sado algo que é relevante ao nosso propósito, somos, no enfrentar, com mão de ferro, o poder temporal do clero
limite, mentalmente anormais [...]”. católico, assumindo o seu lugar no comando dos corpos
HOBSBAWN, Eric.Sobre História , 2011.  e das almas dos homens .
Para o historiador Eric Hobsbawn:  4. (CESPE/2016 - Instituto Rio Branco) Tendo o trecho de
texto de Tocqueville como referência inicial, julgue (C ou E)
a) o passado constitui a história. o item que se segue, acerca de revoluções que marcaram
b)a história dissocia-se do passado. a história europeia no final do século XVIII e no século XIX.
c) o passado é a única forma de se estudar a história. O caráter europeu das revoluções de 1848 deve-se ao fato
d) a história estabelece as características do passado. de o movimento ter promovido alterações políticas em vá-
e) ao estudar o passado, o futuro será estabelecido.
rias regiões, como a Península Ibérica, a Grã-Bretanha, a
Irlanda e a Escandinávia
2. (UFRJ) Durante o Baixo Império, o império romano viveu
grande decadência, determinada principalmente pela (o) :
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) Retração das guerras, responsável pela diminuição do
afluxo de riquezas, crise do escravismo e da própria pro- 5. (VUNESP/2016 - MPE-SP) A modernidade, do ponto
dução de vista econômico, instalou o modelo liberal, a defesa do
b) Crise do comércio romano pelo Mediterrâneo, dado a livre mercado, o incentivo à especialização, a discussão so-
ocupação realizada pelos povos bárbaros bre os ideais de liberdade e igualdade que apontavam para
c) Adesão imperador Constantino ao cristianismo, dimi- uma sociedade em que se romperia com as hierarquias de
nuindo a força do paganismo sangue e a soberania sacralizada, com as tradições e os
d) Guerra civil envolvendo patrícios e plebeus, determinan- particularismos, em nome do universal, da razão e da re-
do a decadência da produção agrícola volução. Na modernidade, confirmou-se uma lógica, uma
e) Édito do máximo, responsável pela ilimitação da produ- retórica e uma ideologia. Lógica no campo sociológico, no
ção agrícola e importação de escravos. filosófico e no político, que se chamam, respectivamente:
3. (CEPERJ/2013 - SEDUC-RJ) O Absolutismo tem origens a) socialismo, pragmatismo e imperialismo americano.
remotas que remontam, pelo menos, à Idade Média. Mas, b) comunismo, idealismo e imperialismo.
nos séculos XVI e XVII, multiplicaram-se os principais auto- c) capitalismo, positivismo e democracia formal para de-
res de doutrinas justificando o poder absoluto dos monarcas. fender a liberdade.
Entre as justificativas filosóficas do Absolutismo, podemos d) socialismo, idealismo e monarquia parlamentarista.
destacar aquelas ligadas à obra conhecida como O Príncipe, e) capitalismo, iluminismo e monarquia.
de Maquiavel. A alternativa que expressa possíveis justifica-
tivas do poder absoluto dos reis presentes em O Príncipe é: 6. (CESPE/2016 - Instituto Rio Branco) Acerca das reper-
cussões da Primeira e da Segunda Guerras Mundiais em di-
a) No texto de O Príncipe, Maquiavel expõe a doutrina da
ferentes aspectos nas sociedades latino-americanas, julgue
origem divina da autoridade do Rei, afirmando que o
HISTÓRIA DO BRASIL

(C ou E) o item seguinte.
monarca tem o poder supremo sobre cidadãos e súdi-
A Primeira Guerra Mundial teve efeitos econômicos po-
tos, sem restrições determinadas pela lei
sitivos em vários países latino-americanos: o aumento da
b) Em O Príncipe, Maquiaveldemonstra que não há poder
demanda por matérias-primas e a produção de manufatu-
público sem a vontade de Deus; todo governo, seja qual
rados antes importados.
for sua origem, justo ou injusto, pacífico ou violento,
é legítimo; todo depositário da autoridade, é sagrado;
revoltar-se contra o governo, é sacrilégio. ( ) CERTO ( ) ERRADO

58
7. (INSTITUTO CIDADES/2016 - CONFERE) No ano de b) Com a aliança entre Minas Gerais e Rio de Janeiro, de-
1939, em meio à atmosfera de tensão política que desenca- tentores das maiores bancadas no Congresso no perío-
deou a sucessão de conflitos da Segunda Guerra Mundial, do, as oligarquias do Centro-Sul garantiram o controle
um acordo de não agressão foi firmado entre a Alemanha do Executivo e do Legislativo federais. 
e a União Soviética, o Pacto Germano-Soviético. Esse pacto c) Com o coronelismo, controlou-se o eleitorado no cam-
estabelecia que, se acaso a Alemanha entrasse em conflito po, incorporado ao processo político pelo fim do critério
com a Inglaterra ou a França em razão de uma eventual in- censitário, e garantiu-se a hegemonia das oligarquias
vestida da Alemanha contra a Polônia, a URSS, por sua vez, rurais regionais, interferindo no processo eleitoral.
ficaria afastada, sem se manifestar militarmente. Tal pacto d) Com a criação de um novo ator político - os governado-
também pode ser chamado de:  res, eleitos a partir das máquinas estaduais -, os estados
aprofundaram o federalismo e combateram o coronelis-
a) Tratado de Moscou  mo, visto como sobrevivência arcaica da ordem imperial. 
b) Tratado de Versalhes  e) Com o pacto federativo, acirraram-se as hostilidades
c) Pacto de Varsóvia  existentes entre Executivo e Legislativo, criando a dis-
d) Pacto Ribbentrop-Molotov  puta entre São Paulo e Minas Gerais pela presidência da
República.
8. (UFMT/2015 - IF-MT) Durante o período imperial bra-
sileiro, o liberalismo foi uma das correntes políticas in- 10. (MPE-GO/2016 - MPE-GO) Em 1945 chega ao fim o
fluentes na composição do nascente Estado independen- Estado Novo implantado pelo presidente Getúlio Vargas.
te, tendo, em diferentes momentos, pautado seus rumos. Entre as causas tivemos a(s)
Há que se observar, no entanto, que, diferentemente do
modelo europeu, o liberalismo encontrado no Brasil tinha a) Revolução de 1945 realizada pelos sindicatos e apoiado
suas idiossincrasias. A partir do exposto, marque V para as pelo Partido Trabalhista Brasileiro daquela época.
afirmativas verdadeiras e F para as falsas. b) Atuação do movimento estudantil, liderado pela UNE,
( ) Os limites do liberalismo brasileiro estiveram marcados que assumiu o poder apoiando o partido da União De-
pela manutenção da escravidão e da estrutura arcaica de mocrática Nacional.
produção. c) Pressões norte-americanas obrigando Getúlio Vargas a
( ) Os adeptos do liberalismo pertenciam às classes mé- extinguir o Estado Novo e tornar o país uma democracia.
dias urbanas, agentes públicos e manumitidos ou libertos. d) Adesão de Getúlio ao Fascismo, propiciando que ele im-
( ) O liberalismo brasileiro mostrou seus limites durante a plante no Brasil um regime semelhante após 1945.
elaboração da Constituição de 1824. e) Participação do Brasil na 2ª Guerra Mundial ao lado das
( ) A aproximação de D. Pedro I com os portugueses no democracias, criando uma situação interna contraditó-
Brasil ajudou a estruturar o pensamento liberal no primeiro ria, pois o país vivia, até aquele ano, uma ditadura.
reinado.
11. (MPE-GO/2016 - MPE-GO) Com relação à ditadura
Assinale a sequência correta.  militar brasileira, que teve início em 1964, e a redemocrati-
zação no Brasil pós - ditadura, identifique as afirmativas a
a) F, V, F, V seguir como verdadeiras(V) ou falsas (F):
b) V, V, F, F ( ) A publicação dos atos institucionais foi um forma de le-
c) V, F, V, F gitimar rapidamente as medidas do governo. Entre os atos
d) F, F, V, V publicados no período, o AI-5 concedia ao presidente da
República plenos poderes, como o direito de cassar man-
9. (FGV/2016 – SME/SP) “Comecemos pela expressão ‘Re- dados.
pública Oligárquica’. Oligarquia é uma palavra grega que ( ) O período foi marcado por significativo desenvolvimento
significa governo de poucas pessoas, pertencentes a uma econômico, que ficou conhecido como “milagre brasileiro”.
classe ou família. De fato, embora a aparência de organiza- ( ) Em meio a manifestações de artistas e estudantes con-
ção do país fosse liberal, na prática o poder foi controlado trários ao regime, os operários conseguiram manter um di-
por um reduzido grupo de políticos em cada Estado.” álogo contínuo com o governo, devido à importância dessa
FAUSTO, Boris. História do Brasil. São Paulo: EDUSP, 1995, classe trabalhadora para a economia do país.
p. 61. ( ) Uma das ações que marcou o processo de redemocra-
tização foi a campanha pelas eleições diretas para a pre-
Assinale a opção que caracteriza corretamente um dos me- sidência da República, que ficou conhecida como “Diretas
HISTÓRIA DO BRASIL

canismos próprios da ordem oligárquica brasileira na Pri- já”.


meira República. ( ) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-di-
tadura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram os úni-
a) Com a política dos governadores, o governo estadual cos partidos políticos autorizados a funcionar no período
passou a sustentar os grupos dominantes em cada esta-
do, em troca de apoio eleitoral para o Executivo federal. Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de
cima para baixo

59
a) V  - F - V - V - F  14. (CESPE/2017 - Instituto Rio Branco) Durante o Pri-
b) V - V - F - V - F  meiro Reinado consolidou-se a independência nacional,
c)  F - F - V - F - V construiu-se o arcabouço institucional do Império do Bra-
d)  F - V - F - F - V sil e estabeleceram-se relações diplomáticas com diversos
e) V - V - F - V - V  países. Acerca desse período da história do Brasil, julgue
  (C ou E) o item subsequente.
12. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be- Originalmente uma questão concernente apenas ao eixo
tim/MG) Sobre a economia do Brasil colonial, assinale das relações simétricas entre os Estados envolvidos, a
a alternativa CORRETA. Guerra da Cisplatina encerrou-se com a interferência de
uma potência externa ao conflito.
a) Com a descoberta do ouro, foi introduzida a mão de
obra escrava negra. ( ) CERTO ( ) ERRADO
b) O ciclo do açúcar foi irrelevante e pouco rentável.
c) A colônia podia desenvolver-se livremente sem nenhu- 15. (MPE/GO – 2017 – MPE/GO) Acerca da história do
ma interferência da metrópole. Brasil, é incorreto afirmar: 
d) A economia da colônia foi controlada e limitada pelas
práticas mercantilistas. a) Em 15 de novembro de 1889, ocorreu a Proclamação da
República pelo Marechal Deodoro da Fonseca e teve iní-
13. (IFB/2017 – IFB) “A principal característica política da cio a República Velha, que só veio terminar em 1930 com
independência brasileira foi a negociação entre a elite na- a chegada de Getúlio Vargas ao poder. A partir daí, têm
cional, a coroa portuguesa e a Inglaterra, tendo como figu- destaque na história brasileira a industrialização do país;
ra mediadora o príncipe D. Pedro” sua participação na Segunda Guerra Mundial ao lado
(CARVALHO, José Murilo de. Cidadania no Brasil: o longo dos Estados Unidos; e o Golpe Militar de 1964, quando
caminho. 1. ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2001. o general Castelo Branco assumiu a Presidência.
p. 26). b) A ditadura militar, a pretexto de combater a subversão
Leia as afirmativas com relação ao processo de emancipa- e a corrupção, suprimiu direitos constitucionais, perse-
ção política do Brasil. guiu e censurou os meios de comunicação, extinguiu os
I) As tentativas das Cortes lusitanas em recolonizar o Brasil partidos políticos e criou o bipartidarismo. Após o fim
uniram os luso-americanos em torno da ideia de perpetuar do regime militar, os deputados federais e senadores
os laços políticos que uniam, entre si, os lados europeu e se reuniram no ano de 1988 em Assembléia Nacional
americano do Império Português. Constituinte e promulgaram a nova Constituição, que
II) A escolha da monarquia em vez da república, como al- amplia os direitos individuais. O país se redemocratiza,
ternativa política para o Brasil independente, derivou da avança economicamente e cada vez mais se insere no
convicção da elite brasileira de que só um monarca poderia cenário internacional.
manter a ordem social e a união territorial. c) O período que vai de 1930 a 1945, a partir da derrubada
III) Desde o retorno do Rei D. João VI para Portugal, em do presidente Washington Luís em 1930, até a volta do
1821, a elite brasileira percebeu a necessidade de uma país à democracia em 1945, é chamado de Era Vargas,
solução política que implicasse a separação entre Brasil e em razão do forte controle na pessoa do caudilho Getú-
Portugal. lio Domeles Vargas, que assumiu o controle do país, no
IV) O papel dos escravos e livres pobres foi decisivo para período. Neste período está compreendido o chamado
a transição do Brasil de colônia para emancipado politica- Estado Novo (1937-1945).
mente. d) Em 1967, o nome do país foi alterado para República
V) A independência do Brasil trouxe grandes limitações dos Federativa do Brasil. 
direitos civis, uma vez que manteve a escravidão. e) Fernando Collor foi eleito em 1989, na primeira eleição
direta para Presidente da República desde 1964. Seu
Assinale a alternativa que apresenta somente as afirmativas governo perdurou até 1992, quando foi afastado pelo
CORRETAS. Senado Federal devido a processo de “impugnação”
movido contra ele. 
a) I, V 
b) II, IV  16. (MPE/GO – 2017 – MPE/GO) A volta democrática de
c) II, V  Getúlio Vargas ao poder, após ser eleito no ano de 1950,
d) I, IV  ficou caracterizada pelo presidente:
HISTÓRIA DO BRASIL

e) III, IV
a) ter se aproximado dos antigos líderes militares do Esta-
do Novo e ter dado um golpe de Estado em 1952.
b)  ter exercido um governo de tendência populista e ter se
suicidado em 1954.
c) ter exercido um governo de tendência autoritária, com o
apoio de Carlos Lacerda.

60
d) ter exercido um governo de tendência populista que foi A partir do texto acima, julgue os itens que se seguem, re-
a base para sua reeleição em 1955. lativos à evolução histórica do Brasil republicano.
e) não ter levado o governo adiante por motivos de saúde, Nos estertores do regime monárquico, a abolição do traba-
sendo substituído por seu vice, Café Filho, em 1951. lho escravo pela L ei Áurea, ainda que tenha desagradado
a uma significativa parcel a da classe proprietária, não foi
17. (NC-UFPR/2015 – UFPR) Sobre a redemocratização capaz de promover a inclusão social dos negros recém-
no Brasil pós - ditadura, assinale a alternativa correta. -libertados, reforçando um quadro de subalternidade dos
afrodescendentes ainda visível em pleno início do século
a) Uma das ações que marcou o processo de redemocrati- XXI.
zação foi a campanha pelas eleições diretas para a presi-
dência da República, que ficou conhecida como “Diretas ( ) CERTO ( ) ERRADO
já”.
b) O bipartidarismo foi uma das marcas do período pós-
-ditadura, motivo pelo qual a ARENA e o MDB foram 19. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be-
os únicos partidos políticos autorizados a funcionar no tim/MG) É alternativa verdadeira, correspondente às prin-
período cipais características do Feudalismo.
c) O presidente Tancredo Neves foi o primeiro presidente
eleito pelo voto popular após a ditadura militar. a) Economia e sociedade agrárias e cultura predominante-
d) Devido às graves denúncias que ocorreram, o presiden- mente laica.
te José Sarney foi afastado da presidência da República. b) Trabalho assalariado, cultura teocêntrica e poder político
Esse processo ficou conhecido como impeachment centralizado nas mãos do rei.
e) Fernando Collor de Mello foi um dos presidentes eleitos c) As relações entre a nobreza feudal baseavam-se nos la-
após a ditadura militar e ficou famoso pela  criação do ços de suserania e vassalagem: tornava-se suserano o
Programa Bolsa-Família. nobre que doava um feudo a outro; e vassalo, o nobre
que recebia o feudo.
18. (CESPE/2004 - Instituto Rio Branco) Com a queda da d) Trabalho regulado pelas obrigações servis e sociedade
monarquia, em 1889, ainda que preservada a dominação com grande mobilidade.
oligárquica, o novo regime acaba beneficiando-se dos efei-
tos modernizadores, decorrentes da abolição da escrava- 20. (NUCEPE/2015 – SEDUC/PI) A Revolução Francesa in-
tura (1888), sobre o desenvolvimento da economia cafeeira fluenciou muito a maneira como os seres humanos passa-
que se dinamiza com a introdução do trabalho livre e de ram a pensar a si mesmos e a história.
imigrantes europeus. Com a Primeira República, extingue- Sobre este evento e seus desdobramentos, é INCORRETO
-se o sistema censitário, mas os analfabetos são excluídos afirmar que
totalmente do direito de voto.
As primeiras pressões democratizantes buscando alterar a a) a Revolução Francesa alçou a burguesia ao controle po-
ordem liberal excludente se desencadeiam apenas na déca- lítico, ao destituir o poder das monarquias absolutistas,
da de 20, quando se inicia a crise da República Velha, que, embora no plano econômico tenha defendido os princí-
com a Revolução de 1930, submerge no centro de suas pró- pios do sistema feudal, mantidos sobretudo nas colônias
prias contradições. As insurreições sucessivas dos tenentes e francesas na América. 
a Coluna Prestes permitem, mais tarde, que a Aliança Liberal, b)  entre as ações tomadas durante o período da Conven-
com a Revolução de 1930, transcenda à mera disputa regio- ção, a França proclamou a República, após a Batalha de
nalista e se transforme em um projeto nacional que busca Walmy, e adotou um novo calendário. 
legitimidade nas camadas médias urbanas, superando os c) Napoleão Bonaparte apoiado pela burguesia e pelo
limites ideológicos das oligarquias dissidentes. exército, deflagrou o golpe de 18 Brumário, em 1799.
Essas aspirações crescentes do Brasil urbano serão, em par- d) o Congresso de Viena foi uma reação conservadora con-
te, frustradas, após 1930, pela conjugação de duas tendên- trária às ideias liberais e nacionalistas difundidas pela
cias antiliberais - o estatismo crescente e o pensamento Revolução Francesa, concluído após a derrota de Napo-
autoritário. A radicalização político-ideológica dos anos leão Bonaparte, na Batalha de Waterloo. 
críticos, entre 1934 e 1938, solapa o consenso revolucioná- e) a Santa Aliança consistiu em um pacto militar entre as
rio e produz efeitos perversos.
potências do Antigo Regime, que visava a repressão aos
Na república populista, após o Estado Novo de Vargas,
movimentos liberais que punham em risco a política de
persiste o mesmo padrão dominante da lógica liberal e da
restauração.
práxis autoritária. A estruturação partidária de 1945 a 1966
HISTÓRIA DO BRASIL

foi dominada pela hegemonia dos partidos conservadores.

Hélgio Trindade . Brasil em perspectiva: conservadorismo


liberal e democracia bloqueada. In: Carlos Guilherme Mota
(Org.). Viagem incompleta: a experiência brasileira (1500-
2000) - a grande transação. São Paulo: SENAC, 2000, p.
357-64 (com adaptações).

61
21. (IF/MT – 2014 – IF/MT) Filas de rostos pálidos mur- A despeito da derrocada da antiga União Soviética em
murando, máscaras de medo. Eles deixam as trincheiras, 1991, o contexto imediatamente posterior à Guerra Fria
subindo pela borda. Enquanto o tempo bate vazio e apres- não foi marcado pelo estabelecimento de um sistema in-
sado nos pulsos, e a esperança, de olhos furtivos e punhos ternacional organizado para reduzir conflitos e garantir o
cerrados, naufraga na lama. Ó Jesus, fazei com que isso equilíbrio entre os estados. 
acabe!
(Siegfried Sassoon citado por HOBSBAWN, Eric. A Era dos ( ) CERTO ( ) ERRADO
Extremos. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.)
24. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be-
A desesperada descrição refere-se às duras condições vi- tim/MG) No período chamado de Entre Guerras, um acon-
vidas nos campos de batalha da I Guerra Mundial (1914- tecimento norte-americano alcançou repercussão mundial.
1918), embate bélico que transformou radicalmente as Trata-se da Quebra da Bolsa de Valores de Nova Iorque,
sociedades europeias. Sobre esse primeiro conflito de âm- em outubro de 1929. Foram causas dessa crise econômica:
bito global e seus desdobramentos, assinale a afirmativa
correta. a) a intervenção do Estado na economia, contrariando o
ideal do liberalismo, profundamente arraigado na cultu-
a) Os Estados Unidos abandonaram sua secular política ra norte-americana.
de neutralidade e enviaram tropas para lutar na frente b) a retomada da produção europeia, aumento do preço
oriental contra o exército russo.  do petróleo no mercado internacional e redução do
b) A Revolução Russa em 1917 demarcou o ponto de virada consumo interno.
da guerra com o exército vermelho esmagando a resis- c) a explosão do consumo, aumento das taxas de juros e
tência alemã.   uma sequência de nacionalizações de empresas estran-
c) Marcou o fim da chamada Belle Époque com o estan- geiras.
camento do avanço do capitalismo e do imperialismo d) a superprodução agrícola e industrial, diminuição nos
neocolonial.   níveis de exportação e queda nos preços no mercado
d) As indenizações de guerra, bastante pesadas e penosas interno.
para os derrotados, fortaleceram a democracia nesses
países.   25 (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017)
Analise as sentenças abaixo e a seguir e assinale a alterna-
22. (UECE/CEV – 2017 – METROFOR/CE) Fidel Castro, tiva correta.
governante de Cuba, por quase meio século (1959–2008),
faleceu aos 90 anos de idade, em novembro de 2016. Já I. Em linhas gerais, a economia colonial na América portu-
havia se afastado da presidência do país em 2008, quando guesa caracterizou-se pela mão de obra escrava, pelo lati-
passou seu comando para fúndio, pela cultura de produtos tropicais e pela exploração
de metais e pedras preciosas.
a) Alejandro Castro-Soto. II. Outras atividades também desempenharam importante
b) Alexis Castro. papel, coexistindo com aquelas que interessavam mais di-
c) Jorge Castro. retamente à política mercantilista metropolitana.
d) Raúl Castro. III. Embora a agroindústria do açúcar tenha sido uma ativi-
dade estratégica importante para a economia colonial, ela
23. (CESPE/2015 – DEPEN) Na década de 90 do século foi colocada em segundo plano já que a cultura cafeeira foi
passado, pela primeira vez em dois séculos, faltava inteira- priorizada por conta da farta mão de obra escrava existente
mente ao mundo, qualquer sistema ou estrutura interna- à época.
cional. O único Estado restante que teria sido reconhecido IV. A implantação da agroindústria cafeeira articulou a ex-
como grande potência, eram os Estados Unidos da Améri- ploração da América e África - esta fornecedora de mão de
ca. O que isso significava na prática era bastante obscuro. obra - e ajudou a contornar a crise do comércio oriental,
A Rússia fora reduzida ao tamanho que tinha no século num período em que o monopólio português das espe-
XII. A Grã-Bretanha e a França gozavam apenas de um sta- ciarias orientais era posto em xeque pelos holandeses e
tus puramente regional. A Alemanha e o Japão eram sem ingleses.
dúvida “grandes potências” econômicas, mas nenhum dos
dois sentira a necessidade de apoiar seus enormes recursos Estão corretas as sentenças:
econômicos com força militar.
HISTÓRIA DO BRASIL

Eric Hobsbawm. Era dos extremos. O breve século XX, a) I e II, apenas
1914-1991. São Paulo: Companhia das Letras, 2006, p. 538 b) I e III, apenas
(com adaptações). c) III e IV, apenas
d) I, III e IV, apenas
A partir das ideias apresentadas no texto, julgue o próximo e) I, II, III e IV, apenas
item, referentes à política internacional no século XX e à
ordem mundial instaurada após o fim da Guerra Fria.

62
26. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017) a) Geddel Vieira
Assinale a alternativa que completa corretamente a lacuna. b) Jorge Rachid
Dentro do universo colonial, é importante destacar o coti- c) Francisco de Assis
diano das relações escravistas. Embora muitos proprietá- d) Osmar Serraglio
rios vissem os cativos como simples “coisas” e usassem a e) Joesley Batista
força e outros recursos para conservá-los nessa categoria,
_____________________________. 29. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017)
Assinale a alternativa correta.
a) os escravos, os libertos e seus descendentes foram agen-
tes passivos mesmo diante das imposições feitas pelos “que preto, que branco, que índio o quê?
proprietários que branco, que índio, que preto o quê?
b) os escravos, os libertos e seus descendentes foram gran- que índio, que preto, que branco o quê?
des parceiros dos indígenas no início da colonização (...)
portuguesa aqui somos mulatos
c) os escravos, os libertos e seus descendentes também fo- cafuzos pardos mamelucos sararás
ram agentes transformadores de seu tempo crilouros guaranisseis e judárabes
d) os escravos aceitavam as imposições culturais e religio- orientupis orientupis
sas da cultura portuguesa e, em razão disso, não podem (…)
ser considerados agentes transformadores de seu tem- somos o que somos
po inclassificáveis”
e) os escravos, os libertos e seus descendentes também fo- (adaptado) Inclassificáveis – Arnaldo Antunes
ram agentes conservadores de seu tempo
A ciência considera que a espécie humana é una e que não
27. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017) existem raças. O fragmento da canção, que expressa a base
Assinale a alternativa correta. Em maio de 2017, Emma- cultural da população brasileira, indica um processo. As-
nuel Macron, de 39 anos, tornou-se o político mais jovem sinale a alternativa que corretamente corresponde a esse
a assumir a Presidência da França. O candidato venceu a processo:
disputa após derrotar a líder de extrema direita Marine Le
Pen. A candidatura de Marine Le Pen repercutiu interna- a) genocídio indígena
cionalmente principalmente em razão de suas propostas b) hegemonia branca
controversas. Dentre as principais promessas de campanha c) permanência de população quilombola
de Marine Le Pen estava: d) miscigenação
e) europerização
a) Cortar relações diplomáticas com os Estados Unidos,
devido à política anti-imigração proposta por Donald 30. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017)
Trump Assinale a alternativa correta. A chamada Revolução Verde
b) A saída da França da União Europeia e combate à imi- teve início na segunda metade do século XX. Compreende
gração ilegal no país a implantação de mudanças nas técnicas agrícolas e na es-
c) Projeto para reformar a União Europeia e fortalecer as trutura fundiária, com vistas a aumentar a produção. Vários
relações políticas e comerciais entre os países que fazem países do mundo implementaram suas medidas, incluindo
parte desse bloco econômico o Brasil. Sobre a Revolução Verde e o seu contexto, assinale
d) Formar uma aliança com a Alemanha e outros países a alternativa correta:
que sofreram atentados terroristas para enviar tropas ar-
madas à Síria, para combater o grupo extremista Estado a) Compreende o cultivo familiar de sementes não-trans-
Islâmico gênicas, mediante uso de adubação orgânica e emprego
e) Encabeçar juntamente com a União Europeia novas san- de força animal no preparo do solo
sões econômicas à Rússia devido à anexação da Criméia b) Objetiva a diversificação das espécies cultivadas, com
uso intenso de adubação orgânica e emprego de força
28. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017) humana no preparo do solo
Assinale a alternativa correta. “R$ 500 milhões. Esse é o va- c) Consiste na política de retorno da população ao campo
lor estimado pelo empresário, proprietário do grupo JBS, e preconiza o cultivo de culturas tradicionais
em repasses feitos a políticos nos últimos anos. A afirma- d) Tem início com a introdução de sementes transgênicas
HISTÓRIA DO BRASIL

ção foi feita durante depoimento à Procuradoria-Geral da resistentes a herbicidas, combinação que facilita o ma-
República gravado em 7 de abril de 2017”. (Uol Notícias nejo do campo
- 19/05/2017) e) Enfatiza o uso de adubos químicos, fertilizantes e agro-
O empresário mencionado na notícia acima, investigado na tóxicos, e considera a mecanização do preparo do solo
Operação Lava Jato e que também é o autor da gravação
do áudio em conversa polêmica com o presidente Michel
Temer, no Palácio do Jaburu, em março de 2017 é:

63
31. (PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017)
O estudo da evolução histórica da indústria no Brasil per-
mite compreender o desenvolvimento do setor, seus agen- GABARITO
tes e os interesses em disputa. Analise as afirmativas a se-
guir e assinale a alternativa correta: 1 A
I. O período de 1930 a 1956 é caracterizado pela estratégia
governamental de implantação de indústrias estatais nos 2 A
setores de bens de produção e infraestrutura. 3 D
II. O Plano de Metas, promovido por Juscelino Kubitschek,
4 ERRADO
privilegiou o transporte rodoviário e acentuou a concentra-
ção do parque industrial na região Sudeste, agravando os 5 C
contrastes regionais. 6 CERTO
III. A Superintendência do Desenvolvimento do Nordeste
(SUDENE) foi criada durante o regime militar em 1970, pe- 7 D
ríodo conhecido por “milagre econômico”. 8 C
Estão corretas as afirmativas:
9 C
a) I, apenas 10 E
b) I e II, apenas 11 B
c) I e III, apenas
d) II e III, apenas 12 D
e) I, II e III 13 C
14 CERTO
15 E
16 B
17 A
18 CERTO
19 C
20 A
21 C
22 D
23 CERTO
24 D
25 A
26 C
27 B
28 E
29 D
30 E
31 B
HISTÓRIA DO BRASIL

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70
ÍNDICE

GEOGRAFIA DO BRASIL

Organização político-administrativa do Brasil: divisão política e regional. ....................................................................................... 01


Relevo, clima, vegetação: hidrografia e fusos horários. ............................................................................................................................. 01
Aspectos humanos: formação étnica, crescimento demográfico. ......................................................................................................... 01
Aspectos econômicos: agricultura, pecuária, extrativismo vegetal e mineral, atividades industriais e transportes. ......... 01
A questão ambiental degradação e políticas de meio ambiente........................................................................................................... 01
Geografia da Bahia: aspectos políticos, físicos, econômicos, sociais e culturais............................................................................... 43
ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA DO BRASIL: DIVISÃO POLÍTICA E REGIONAL.
RELEVO, CLIMA, VEGETAÇÃO: HIDROGRAFIA E FUSOS HORÁRIOS.
ASPECTOS HUMANOS: FORMAÇÃO ÉTNICA, CRESCIMENTO DEMOGRÁFICO.
ASPECTOS ECONÔMICOS: AGRICULTURA, PECUÁRIA, EXTRATIVISMO VEGETAL E MINERAL,
ATIVIDADES INDUSTRIAIS E TRANSPORTES.
A QUESTÃO AMBIENTAL DEGRADAÇÃO E POLÍTICAS DE MEIO AMBIENTE.
GEOGRAFIA DA BAHIA: ASPECTOS POLÍTICOS, FÍSICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS.

Atualmente a Geografia é considerada como a ciência que estuda o espaço geográfico através das relações cria-
das entre o homem e o meio que ele vive, analisando a dinâmica dessa relação e a forma como ela interfere no es-
paço geográfico, contribuindo assim, para que a sociedade encontre a melhor forma de conviver no meio, fazendo
uso do que ele lhe oferece sem necessariamente agredi-lo.
Dessa forma, a Geografia diferencia-se das demais ciências, pois, seu estudo se dá em categorias, tais como:
lugar, paisagem, território e região.

Lugar
Trata-se de uma expressão com muitos significados, mas, no estudo de Geografia é alvo de um debate mais específico,
ganhando novos contornos.
Não há entre os geógrafos um consenso sobre o que seria propriamente o lugar. Tudo depende da abordagem em-
pregada na utilização do termo, bem como da corrente de pensamento relacionada com a teoria em questão. Por isso, ao
longo da história do pensamento geográfico, esse conceito foi alvo de vários debates, ganhando gradativamente novos
contornos.
Nos estudos clássicos da Geografia, o estudo tinha uma importância secundária, tendo sua noção vinculada ao local. Em
uma escala de análise, referia-se, dessa forma, apenas a uma porção mais ou menos definida do espaço. No entanto, essa
ideia foi sendo enriquecida ao longo do tempo e do avanço das discussões.
Atribui-se a Carl Sauer a primeira grande contribuição para a valorização do conceito de lugar. Para o autor, a paisagem
cultural é quem define o estudo da Geografia e o sentido do lugar estaria vinculado à ideia de significação dessa paisagem
em si. A partir daí, esse importante termo foi sendo vinculado não ao local, mas ao significado específico, ou seja, aos atri-
butos relativos e únicos de um dado ponto do espaço, transformando suas impressões em sensações únicas.
Com essa evolução, sobretudo pelas contribuições de autores como Yi-Fu Tuan e Anne Butiimer, a ideia de lugar passou
a associar-se à corrente filosófica da fenomenologia que, basicamente, trata os fatos como únicos, partindo da compreen-
são do ser sobre a realidade e não da realidade em si, esta tida como inatingível. Por isso, o lugar ganhou a ideia de signi-
ficação e, mais do que isso, de afeto e percepção.
Assim, uma rua onde passei a infância pode ser chamada de lugar, ou a região onde moro, ou até mesmo a minha casa
e a fazenda onde gosto de passar os finais de semana. Tudo isso, de acordo com a Geografia, é um lugar e apresenta-se
como um fenômeno concernente à dinâmica do espaço geográfico.
Espaços públicos de convivência e lazer são frequentemente abordados e estudados pela Geografia a partir da ideia de
lugar. Em alguns casos, estudos geográficos com base nessas premissas foram responsáveis pela mudança na arquitetura
de praças e espaços de lazer, sobretudo no sentido de adequar tais locais à compreensão e percepção das pessoas e à ideia
que essas tinham de como deveria ser o seu lugar.

Paisagem
A ciência geográfica apresenta, de acordo com as diferentes correntes do pensamento, categorias consideradas es-
senciais para a compreensão do seu estudo. As principais categorias geográficas são: paisagem, lugar, território, região e
espaço.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Portanto, a paisagem é considerada, pela maioria das correntes do pensamento geográfico, um conceito-chave da Geo-
grafia. O termo paisagem é polissêmico, ou seja, pode ser utilizado de diferentes maneiras e por várias ciências.
Essa categoria geográfica consiste em tudo aquilo que é perceptível através de nossos sentidos (visão, olfato, tato e
audição), no entanto, a análise da paisagem é mais eficaz através da visão. Nesse sentido, a Geografia moderna, que prio-
rizava os estudos dos lugares e das regiões, utilizou-se da fisionomia dos lugares para atingir êxito em suas abordagens
geográficas, observando as transformações no espaço geográfico em decorrência das atividades humanas na natureza.

1
A paisagem é formada por diferentes elementos que Portanto, o território não se restringe somente às fron-
podem ser de domínio natural, humano, social, cultural ou teiras entre diferentes países, sendo caracterizado pela ideia
econômico e que se articulam uns com os outros. A paisa- de posse, domínio e poder, correspondendo ao espaço geo-
gem está em constante processo de modificação, sendo gráfico socializado, apropriado para os seus habitantes, in-
adaptada conforme as atividades humanas. dependentemente da extensão territorial.
Para Oliver Dolfuss, geógrafo francês, as paisagens são
fruto da ação humana no espaço e as classifica em três Região
grandes famílias, em função das modalidades da interven- Trata-se de conceito amplamente utilizado no senso co-
ção humana: mum, sendo geralmente empregado em referência a uma
- Paisagem natural: não foi submetida à ação do ho- área do espaço mais ou menos delimitada. Na Geografia, a
mem. região refere-se a uma porção superficial designada a partir
- Paisagem modificada: é fruto da ação das coletivida- de uma característica que lhe é marcante ou que é escolhida
des de caçadores e de coletores que, mesmo não por aquele que concebe a região em questão. Assim, exis-
exercendo atividades pastoris ou agrícolas, em seus tem regiões naturais, regiões econômicas, regiões políticas,
constantes deslocamentos, pode modificar a paisa- entre muitos outros tipos.
gem de modo irreversível, através do fogo, derruba- Dessa forma, a região não existe diretamente, mas é
das de árvores etc. uma construção intelectual humana, em uma ideia muito
- Paisagens organizadas: são aquelas que representam defendida pelo geógrafo estadunidense Richard Hartshor-
o resultado de uma ação consciente, combinada e ne (1899-1992) com base na filiação filosófica de Immanuel
contínua sobre o meio natural, como, por exemplo, Kant. No âmbito da Literatura, por sua vez, essa noção está
as cidades, praças etc. vinculada ao conceito de regionalismo, que expressa o con-
junto de costumes, expressões linguísticas e outros valores
A paisagem é um dos objetos de análise da Geografia, que apresentam variação entre uma região e outra, dando
sendo constituída através das relações do homem com o uma identidade coletiva para os diferentes lugares.
espaço natural. Sua observação é muito importante, pois
retrata as relações sociais estabelecidas em um determina- Classificação da Geografia
do local, onde cada observador seleciona as imagens que A Geografia pode ser classificada em: Geografia Regio-
achar mais relevante, portanto, diferentes pessoas enxer- nal e Geografia Geral
gam diferentes paisagens.

Território
A ciência geográfica apresenta, de acordo com as di- EXERCÍCIO COMENTADO
ferentes correntes do pensamento, conceitos que são ele-
mentares para a compreensão dessa disciplina. A categoria 1. (Excelência/2017 – Prefeitura de Camboriu/SC) O es-
território, juntamente com a paisagem, lugar, região e es- paço geográfico é a natureza transformada pelo trabalho
paço, é um dos principais focos de estudo da Geografia. dos seres humanos, um conjunto constituído por diferentes
Nesse sentido, o território é considerado pela maioria paisagens.
das correntes do pensamento geográfico, um conceito- Ele pode ser grande ou pequeno, movimentado ou não
-chave da Geografia. Contudo, sua análise não é exclusiva apresentando elementos naturais ou culturais e elementos
da Geografia, sendo, portanto, abordado por outras ciên- invisíveis. O espaço é construído e reconstruído permanen-
cias, o que o torna um termo polissêmico. temente pelo trabalho humano e pela natureza. A Geografia
Na análise do território, os aspectos geológicos, geo- assim como outras ciências também possui conceitos que
morfológicos, hidrográficos e recursos naturais, por exem- são fundamentais para o seu estudo sendo eles: paisagem,
plo, ficam em segundo plano, visto que sua abordagem lugar, território e a região.
privilegia as relações de poder estabelecidas no espaço. Julgue as afirmativas apresentadas.
A concepção mais comum de território (na ciência I- Paisagem: No senso comum a palavra pode ter diferentes
geográfica) é a de uma divisão administrativa. Através de significados como onde estão as estrelas, às distâncias de
relações de poder, são criadas fronteiras entre países, re- um lugar a outro, mas, para a geografia o espaço estudado
giões, estados, municípios, bairros e até mesmo áreas de com maior ênfase é aquele onde ocorrem relações sociais,
influência de um determinado grupo. Para Friedrich Rat- econômicas e políticas dentro de uma escala que varia do
zel, o território representa uma porção do espaço terres- local para o global. É aquele que apresenta alguma relação
tre identificada pela posse, sendo uma área de domínio de com as pessoas que o habitam.
GEOGRAFIA DO BRASIL

uma comunidade ou Estado. II- Lugar: O lugar é a parte do espaço onde as relações de pro-
Nesse sentido, o conceito de território abrange mais ximidade e afetividade dos indivíduos se entrelaçam, sobretu-
que o Estado-Nação. Qualquer espaço definido e deli- do as do cotidiano. É onde as pessoas constroem referências
mitado por e a partir de relações de poder se caracteriza quase que sentimental com aquele lugar, onde cada pessoa
como território. Uma abordagem geopolítica, por exemplo, busca as referências pessoais e constrói os seus sistemas de
permite afirmar que um consulado ou uma embaixada em valores que fundamentam a vida em sociedade. Portanto, o
diferentes países, seja considerado como parte de um ter- conceito de lugar está relacionado à dimensão cultural e for-
ritório de outra nação. temente relacionado à identidade e ao cotidiano.

2
III- Espaço: É tudo aquilo que vemos, e se constitui a partir da quando a geografia regional tomou a posição central nas
presença em diferentes escalas dos elementos naturais e cul- ciências geográficas. Foi posteriormente criticada por sua
turais sobre os quais a sociedade interage e cuja percepção descritividade e a falta de teoria (geografia regional como
permite a leitura do espectador, onde encontramos elemen- abordagem empírica das ciências geográficas). Um criticismo
tos socioculturais resultante da formação histórica, cultural, massivo foi levantado contra essa abordagem nos anos 50 e
emocional, físico, resultante da dinâmica natural. durante a revolução quantitativa. Os principais críticos foram
IV- Território: O território é temporário e modificável, depen- Kimble e Schaefer.
de das relações e escalas temporais. É onde ocorre as rela- O paradigma da geografia regional teve impacto em mui-
ções de poder e como os que o habitam o conhecem. tas das ciências geográficas (como a geografia econômica
Está CORRETO somente o que está afirmado em: regional ou a geomorfologia regional). A geografia regional
a) I, II e IV. ainda é ensinada em algumas universidades como o estudo
b) I, III e IV. das principais regiões do mundo, como a América do Norte e
c) II e IV. Latina, a Europa, a Ásia e seus países. Além disso, a noção de
d) Nenhuma das alternativas. uma abordagem de cidade-regional ao estudo da geografia
ganhou crédito no meio dos anos 90 depois dos trabalhos de
Os conceitos de lugar e território abordado estão corretos, pessoas como Saskia Sassen, apesar de ser também criticada,
no entanto, os outros dois não, vejamos portanto o que sig- por exemplo por Peter Storper.
nifica paisagem e região.
Em “I”, Errado - trata-se de região. Vejamos o conceito: Re-
gião: área do espaço com um mínimo de delimitação. Na
Geografia, a região refere-se a uma porção superficial de- EXERCÍCIO COMENTADO
signada a partir de uma característica que lhe é marcante
ou que é escolhida por aquele que concebe a região em 1. (CESPE/2017 – SEDF) Com relação aos processos de re-
questão. Assim, existem regiões naturais, regiões econô- gionalização no Brasil e no mundo, julgue o item subsequen-
micas, regiões políticas, entre muitos outros tipos te.
Em “III” – Errado - trata-se de paisagem. Vejamos o con- Atualmente, divide-se a economia mundial em países desen-
ceito: Paisagem: tudo aquilo que é perceptível através de volvidos, emergentes e menos desenvolvidos, sendo os con-
nossos sentidos. É formada por diferentes elementos que ceitos de emergente e subdesenvolvimento similares.
podem ser de domínio natural, humano, social, cultural ou
econômico e que se articulam uns com os outros. Passa por ( ) Certo ( ) Errado
constantes processos de modificação, sendo adaptada con-
forme as atividades humanas. De modo geral, o mundo é dividido em países desenvolvidos
Resposta: “C” e subdesenvolvidos. Considera-se emergentes aqueles pa-
íses subdesenvolvidos que apresentam quadros de cres-
A Geografia Regional estuda as regiões da Terra de forma cimento econômico prósperos e características socioeconô-
descritiva, a fim de entender as características e particularida- micas que diferenciam esses países das demais economias
des de cada uma delas. periféricas.
Podemos designar como geografia regional aquela que Emergente e subdesenvolvidos não são necessariamente
divide o mundo em regiões que se diferenciam por aspectos similares, afinal, nem todo países subdesenvolvido é emer-
físicos e não por fronteiras políticas. gente.
A região pode definir-se como uma área homogénea que Resposta: “Errado”
pode resultar de diversos fatos. Por exemplo, podem existir
regiões de formação natural (geológicas, botânicas, climá- O estudo da Geografia Geral se divide em:
ticas, etc.) que são o resultado das ação de vários agentes
causadores do Intemperismo e regiões humanizadas (agrí- I - Geografia Humana
colas, industriais, culturais, demográficas, históricas, etc.) que
resultam da atividade do homem. Seu estudo é pautado nas relações sociais, econômicas
Existe uma grande variação no que se refere aos limites e políticas. Estuda a interação entre a sociedade e o espaço,
regionais, isso faz com que os geógrafos em muitas situações envolvendo aspectos políticos, socioeconômicos e culturais.
utilizem unidades administrativas para tentarem efetuar a sua A Geografia Humana divide-se em categorias, como Geo-
síntese regional. O precursor da geografia regional foi Vidal grafia Urbana, Geografia Rural e Geografia Econômica.
GEOGRAFIA DO BRASIL

de la Blache (1845-1918), pertencente à escola geográfica


francesa. I.1 - Geografia Urbana: Geografia urbana é a área da
A geografia regional também é considerada uma abor- geografia humana que estuda as cidades, sua origem,
dagem do estudo das ciências geográficas (de forma seme- crescimento, desenvolvimento e o entorno. Ou seja, estuda o
lhante à geografia quantitativa ou às geografias críticas). Essa espaço urbano e tudo o que ocorre dentro dele.
abordagem era prevalescente durante a segunda metade do É considerado um termo transversal e multidisciplinar
século XIX e a primeira metade do século XX também co- porque abrange os aspectos sociais, antropológicos, eco-
nhecida como o período do paradigma geográfico regional, nômicos, físicos e históricos.

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Por meio da geografia urbana conhecemos o comporta- - Marítimo: consiste em uma modalidade de transporte
mento da população, sua reprodução social e das comuni- aquaviário, em que ocorre o deslocamento intercon-
dades em geral. tinental de cargas e passageiros por mares ou oce-
anos.
I.2 - Geografia Rural: O objetivo da geografia rural é es- - Fluvial: é um transporte aquaviário, realizado em bar-
tudar o espaço agrícola, sua utilização humana e comercial. cos ou balsas, que se movimentam sobre os rios.
A geografia rural nos permite conhecer como funcio- - Aéreo: é o meio de transporte mais rápido do pla-
na a economia de um país e seus meios de deslocamento. neta, sendo mais comum em aviões e helicópteros,
Permite, ainda, o conhecimento das rotas de migração da mas também pode ser feito em balões. É muito eficaz
população, o tratamento do meio ambiente, a cultura e a para o transporte de passageiros, porém, em razão
distribuição da propriedade. dos elevados custos e espaço reduzido, não é ade-
quado para o transporte de cargas pesadas.
I.3 - Geografia Econômica: ramo do conhecimento res- - Dutoviário: é o transporte realizado por meio de tu-
ponsável por compreender a lógica da produção e distribui- bos, podendo ser gasodutos (substâncias gasosas),
ção das atividades econômicas. Além disso, ela visa entender oleodutos (líquidas) ou minerodutos (substâncias
a influência dessas manifestações produtivas sobre o espaço sólidas).
geográfico e as interferências que o meio realiza sobre elas.
Podemos considerar que o espaço geográfico, tanto no - Fontes de Energia.
meio urbano quanto no meio rural é essencialmente produ- O ser humano sempre utilizou fontes de energia para
zido, ou seja, é construído pelas práticas humanas. O estabe- suprir suas necessidades básicas de sobrevivência. Essas
lecimento dessas práticas está, quase sempre, relacionado à substâncias, por meio de um processo de transformação,
manifestação de condutas no meio financeiro e tecnológico proporcionam energia para que o homem possa cozinhar
que irão sustentar ações de impacto. seu alimento, aquecer seu ambiente, produzir combustí-
Um exemplo dos efeitos econômicos sobre o meio geo- veis, entre outras atividades.
gráfico é a ocorrência III Revolução Industrial que, via “re- Porém, foi com o advento do modelo econômico ca-
volução verde”, conseguiu dinamizar e, ao mesmo tempo, pitalista, baseado num intenso processo de produção e
mecanizar a produção no campo, o que teve como conse-
consumo, que a utilização das fontes energéticas teve um
quência a ampliação da fronteira agrícola no Brasil e a inten-
aumento extraordinário, pois o setor industrial é altamente
sificação do êxodo rural nas sociedades subdesenvolvidas
dependente de energia para o funcionamento das máqui-
em geral.
nas, em especial das fontes de origem fóssil (petróleo, gás
Em termos práticos, os estudos de Geografia Econômica
natural e carvão mineral).
costumam ser segmentados em três partes principais:
As fontes energéticas são classificadas em renováveis e
a) a distribuição das atividades econômicas e produtivas
não renováveis. As primeiras, mais utilizadas pelas indús-
sobre o espaço;
b) a história das estruturas econômicas e trias, são representadas pelo petróleo, gás natural, carvão
c) a análise das composições da economia em nível re- mineral e energia nuclear. Essas fontes são extremamente
gional e suas relações com a dinâmica global. poluidoras e irão exaurir-se da natureza: conforme a Agên-
cia Internacional de Energia (AIE), caso não se reduza a mé-
Frente à diversidade de assuntos que se enquadram no dia de consumo registrada nas últimas décadas, as reservas
contexto da Geografia Humana, vamos abordar a seguir os mundiais de petróleo e gás natural deverão se esgotar em
considerados mais pertinentes. 100 anos e as de carvão, em 200 anos.
Visando reverter esse quadro para reduzir a dependên-
- Meios de Transporte. cia da utilização das fontes não renováveis, vários estudos
A infraestrutura de um determinado local é composta desenvolveram energias “limpas” e renováveis, ou seja, que
por um conjunto de atividades que possam proporcionar jamais se esgotarão na natureza. Entre as principais estão a
condições para o desenvolvimento econômico e social. Uma hidrelétrica (energia liberada por uma queda-d’água), eóli-
dessas atividades são os serviços de transporte, essencial ca (obtida através dos ventos), solar (captada pelo aqueci-
para o deslocamento de pessoas (passageiros) e cargas (ma- mento de placas específicas), biomassa (material orgânico),
térias-primas e mercadorias). energia das marés (fornecida através da instalação de uma
O transporte pode ser realizado por meio de corpos estação que aproveita a energia das correntes marítimas),
d’água, terrestre e aéreo. Sendo assim, os meios de trans- etc.
porte são classificados em:
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- Ferroviário: é uma modalidade de transporte terrestre, em - Acordos Internacionais.


que o deslocamento é feito em trens que se movem so- As relações comerciais entre os países ocorrem há cen-
bre trilhos. Ele é muito vantajoso para o transporte de tenas de anos, pois nenhuma nação é autossuficiente em
cargas pesadas, sobretudo de matérias-primas. todos os setores que possam suprir as necessidades da po-
- Rodoviário: também é uma forma de transporte terres- pulação e proporcionar desenvolvimento econômico. Sen-
tre, sendo responsável pelo transporte de pessoas e do assim, é comum e necessária a comercialização interna-
mercadorias em carros, caminhões ou ônibus, que se cional de recursos naturais, alimentos, fontes energéticas,
deslocam em ruas, rodovias ou estradas. tecnologia, etc.

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Para facilitar essas relações, sobretudo numa economia Os fluxos migratórios podem ser desencadeados por
globalizada, que exige uma dinamização nas relações co- diversos fatores. Dentre os principais fatores que impul-
merciais e sociais, intensificando o fluxo de mercadorias e sionam as migrações podem ser citados os econômicos,
serviços, foram criados vários acordos internacionais, com políticos e culturais.
destaque para os blocos econômicos. Esses grupos discu- No Brasil, o fator que exerce maior influência nos flu-
tem medidas para reduzir e/ou eliminar as tarifas alfande- xos migratórios é o de ordem econômica, pois o modelo
gárias, promovendo a ampliação das relações comerciais econômico vigente força indivíduos a se deslocarem de um
entre os países-membros. lugar para outro em busca de melhores condições de vida e
Também existem grupos internacionais que realizam à procura de trabalho para suprir suas necessidades básicas
encontros para discutir a situação econômica global, como de sobrevivência.
o G-8 e o G-20. Além dos acordos comerciais, algumas or- Uma modalidade de migração comum no Brasil, princi-
ganizações internacionais discutem assuntos de ordem po- palmente, na década de 1950, é o êxodo rural, que consiste
lítica, como, por exemplo, a Organização dos Estados Ame- no deslocamento da população rural com destino para as
ricanos (OEA), que objetiva garantir a estabilidade política, cidades. O êxodo rural ocorre, principalmente, em razão do
a paz e a segurança no continente. processo de industrialização no campo, que proporciona
Esses acordos internacionais são tão importantes que a intensa mecanização das atividades agrícolas, expulsan-
são criados até mesmo para controlar a exploração e venda do do campo os pequenos produtores. Além do poder de
de um determinado produto – é o caso da OPEP (Organiza- atração que as cidades industrializadas proporcionam para
ção dos Países Exportadores de Petróleo), responsável por a população rural, que migra para essas cidades em busca
controlar a produção e venda do “ouro-negro”. de trabalho.
Durante décadas, os principais fluxos migratórios no
- População. território brasileiro se direcionavam para a Região Sudeste,
A análise da dinâmica populacional é de fundamental isso ocorria devido ao intenso processo de industrialização
importância para entendermos as transformações no es- desenvolvido naquela Região. No entanto, as migrações
paço geográfico promovidas pelas relações homem-meio. para o Sudeste diminuíram e, atualmente, a Região Centro-
Um dos elementos essenciais é o crescimento populacional -Oeste tem exercido grande atração para os fluxos migra-
registrado durante os séculos, fato que alterou de forma tórios no Brasil, se tornando o principal destino.
significativa a natureza.
Até a Primeira Revolução Industrial, no século XVIII, o
contingente populacional era inferior a 1 bilhão. Contudo,
a população na Terra aumentou de forma muito rápida e, EXERCÍCIO COMENTADO
conforme dados divulgados em 2010 pelo Fundo de Popu-
lação das Nações Unidas (Fnuap), atingiu a marca de apro- 1. (Fonte: www.exercicios.mundoeducacao.bol.uol.
ximadamente 6,9 bilhões de habitantes. com.br) A Geografia Humana é a ciência que estuda o es-
Além do crescimento vegetativo, também chamado paço geográfico, concebendo-o não tão somente como
de crescimento natural, outro fator que contribuiu para o um meio, mas também como um agente e um produto das
aumento populacional foi o desenvolvimento tecnológico, atividades humanas, sendo também visto como um orga-
proporcionando avanços na medicina (que prolongaram a nismo vivo e dinâmico. Assim, podemos dizer que os estu-
expectativa de vida) e a intensificação da produção de ali- dos dessa área do conhecimento resumem-se:
mentos e técnicas de armazenamento e de transporte.
Estimativas apontam que a Terra será habitada por 9 a) às sociedades em geral
bilhões de pessoas até o ano de 2050, com taxa de cresci- b) à relação entre homem e espaço
mento populacional de 0,33% ao ano, bem inferior à taxa c) à distribuição das práticas culturais
atual, que é de 1,2%. Os continentes africano e asiático, d) à dinâmica dos conhecimentos abstratos humanos
além da América Latina, apresentarão as maiores taxas de e) aos processos de concentração demográfica e urbana
crescimento; em contrapartida, a Europa poderá ter cresci-
mento vegetativo negativo. A Geografia Humana preocupa-se em conceber como as
atividades humanas (industrialização, transportes, econo-
- Migração. mia, cultura, etc.) atuam no e sobre o espaço geográfico,
O termo migração corresponde à mobilidade espacial agente e produto dessas dinâmicas. Portanto, trata-se de
GEOGRAFIA DO BRASIL

da população. Migrar é trocar de país, de Estado, Região uma ciência da compreensão entre o homem e o seu es-
ou até de domicílio. Esse processo ocorre desde o início da paço.
história da humanidade. Resposta: “B”
O ato de migrar faz do indivíduo um emigrante ou imi-
grante. Emigrante é a pessoa que deixa (sai) um lugar de 2. (CONSULPLAN/2016 - Prefeitura de Cascavel/PR) A
origem com destino a outro lugar. O imigrante é o indiví- energia solar e a microgeração distribuída trazem van-
duo que chega (entra) em um determinado lugar para nele tagens para o meio ambiente. Mesmo com as vanta-
viver. gens da energia solar e com as condições favoráveis,

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ainda existem algumas barreiras que bloqueiam um Para compreender melhor é necessário entender as de-
crescimento mais acelerado desse mercado no Brasil. finições de clima e tempo, de Ayoade, 1996, que diz que
São fatores que constituem barreiras que bloqueiam “Por tempo (weather) nós entendemos o estado médio da
esse mercado no Brasil, EXCETO: atmosfera numa dada porção de tempo e em determinado
lugar. Por outro lado, clima é a síntese do tempo num dado
a) É uma fonte limpa e renovável.  lugar durante um período de aproximadamente 30-35 anos.
b) Pouca mão de obra qualificada. (...). O clima abrange um maior número de dados do que
c) Despreparo das distribuidoras de energia.  as condições médias do tempo numa determinada área. (...)
d) Falta de acesso a financiamentos compatíveis. Desta forma, o clima apresenta uma generalização, enquan-
e) Elevados impostos para importação de equipamentos.  to o tempo lida com eventos específicos.”
E por fim, Ayoade, 1996, ainda cita que a climatologia
Em “b”, “c”, “d” e “e” – todos esses aspectos dificultam o uso possui algumas subdivisões como:
desse tipo de energia. • Climatologia regional – é a descrição dos climas em
Em “a” – a energia solar, que é sim uma fonte limpa e áreas selecionadas da Terra.
renovável de energia não é uma barreira para o mercado • Climatologia sinótica – é o estudo do tempo e do
e sim uma alternativa positiva de exploração de energia, clima em uma área com relação ao padrão de circu-
porém, com alguns aspectos que ainda dificulta essa ex- lação atmosférica predominante. Sendo assim uma
ploração, tais como nas demais alternativas citados. nova abordagem para a climatologia regional.
Resposta: “A” • Climatologia física – que envolve a investigação do
comportamento dos elementos do tempo, dando-se
II. Geografia Física ênfase a energia global e aos regimes de balanço hí-
drico da Terra e da atmosfera.
Estuda a dinâmica da Terra e dos fenômenos que ocor- • Climatologia dinâmica – enfatiza os movimentos at-
rem na superfície terrestre. A Geografia Física divide-se em mosféricos em várias escalas, particularmente na cir-
culação geral da atmosfera.
categorias, como Climatologia, Geomorfologia, Geografia
• Climatologia aplicada – enfatiza a aplicação do co-
Ambiental e Hidrologia.
nhecimento climatológico e dos princípios climato-
lógicos nas soluções de problemas práticos que afe-
II. 1 - Climatologia
tam a humanidade.
A climatologia nada mais é do que o estudo do clima,
• Climatologia histórica – é o estudo do desenvolvi-
sendo uma integração das condições de tempo num deter-
mento dos climas através dos tempos.
minado lugar e por um período de trinta anos.
As primeiras observações começaram na Grécia (VI a.C)
II.2 - Geomorfologia
e após no século V a.C quando Hipócrates escreveu o tra- Geomorfologia corresponde a uma ciência que tem
tado das “Águas, Ares e Lugares”. Porém esta ciência tem como objeto de estudo as irregularidades da superfície ter-
seu início mesmo com Aristóteles em outra obra intitulada restre, ou simplesmente, as diversas formas do relevo. Seu
“Meteorologia”. profissional é chamado de geomorfologista. Essa ciência
É no Renascimento Cultural e Científico (séculos XVI e tem ainda a incumbência de estudar todos os fenômenos
XVII) que temos o avanço para esta ciência, quando a teoria que ocorrem e que interferem diretamente na formação do
do Geocentrismo, defendida pelo astrônomo grego Clau- relevo. Sua responsabilidade é disponibilizar informações
dio Ptolomeu (78-161 d.C.) e pela Igreja Católica, colocava para as causas da ocorrência de um determinado tipo de
a Terra como o centro do Universo, e os demais astros gi- relevo, levando em consideração os agentes (internos e ex-
ravam ao seu entorno, sendo apoiada pela Igreja por apre- ternos) modeladores do relevo.
sentar aspectos da bíblia. Porém, esta teoria foi contestada Para conceber tais informações, é preciso então analisar
por Nicolau Copérnico (1473-1543) que elaborou o Helio- a interação entre a atmosfera, biosfera e a hidrosfera, tendo
centrismo, onde o Sol se torna o centro do universo. em vista que esses elementos interferem na formação de
Todas essas teorias se tornam base para o conhecimen- um relevo.
to de aspectos climáticos do globo, tendo, portanto em O estudo do relevo é importante para sabermos quais
1593, a criação do primeiro termômetro para análises das são os lugares propícios à construção de casas, prédios, fá-
alterações da atmosfera, por Galileu Galilei, seguido por bricas, estradas, aeroportos, pontes, plantações, pastagens
seu discípulo Torricelli em 1643, que descobriu o barôme- e muitos outros casos. Em suma, é no relevo que aconte-
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tro de mercúrio; e em 1832 o telégrafo possibilitou a reu- cem todas as relações sociais, e por isso requer uma aten-
nião de todos os dados sobre o tempo. ção especial sobre o mesmo.
A climatologia tradicional está pautada com as descri- O homem, através do trabalho físico e intelectual, tem
ções dos padrões de distribuição temporal e espacial dos transformado o espaço geográfico mundial ao longo da
elementos do tempo, e se utiliza dos seguintes elementos: história, alterando drasticamente o conjunto de paisagens
temperatura, precipitação, ventos, nebulosidade, latitude, dispersas pelo planeta. Desse modo, o relevo, que é um dos
altitude, relevo, maritimidade, continentalidade, correntes mais notados elementos da paisagem, também é extrema-
marítimas quentes e frias, massas de ar, entre outros. mente transformado. Um exemplo disso é a ocupação dos

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morros da cidade do Rio de Janeiro, onde a vegetação foi II.4 Hidrologia
substituída por moradias precárias. O homem também A hidrologia é uma ciência muito importante para pro-
constrói estradas em relevos acidentados, cava túneis, reti- mover o entendimento da formação de rios, lagos, lençóis
ra morros, se necessário, ou até mesmo aterrara lugares de freáticos e oceanos. Essa ciência também analisa os poços
depressão; tudo para atender seu interesse. de água e aquíferos.
O estudo do relevo pode prevenir um determinado lo- Graças à hidrologia o homem tem o conhecimento ne-
cal de uma série de problemas provenientes das ações an- cessário para entender os ciclos de água, sua ocorrência e
trópicas (provocadas pelo homem). A geomorfologia pode movimentação no planeta. A hidrologia é uma ciência na-
contribuir para diminuir os impactos ambientais, um exem- tural. Os principais estudos sobre a água são referentes a
plo claro é a construção de hidrelétricas e obras públicas sua ocorrência na Terra, sua qualidade e às massas de água
(estradas, túneis etc.), pois nesses casos é necessário ter destinadas à navegação.
conhecimento da declividade e espessura do solo.1 A hidrologia tem muitas aplicações práticas. Os conhe-
cimentos dessa área são usados pelas engenharias hidráu-
II.3 - Geografia Ambiental lica, sanitária, agrícola, de recursos hídricos e também pela
A Geografia Ambiental é a área dos estudos geográfi- indústria.
cos que se preocupa em compreender a ação do homem A hidrologia trata de todas as propriedades da água e
sobre a natureza, produzindo o seu meio de vivência e a de sua distribuição e circulação na superfície da Terra, le-
sua transformação. Nesse sentido, também é objetivo des- vando em conta o ciclo completo dos recursos hídricos no
se ramo do saber o conhecimento a respeito das conse- solo, nas rochas, nos mares e rios e também na atmosfera.
quências dessas ações antrópicas e dos efeitos da natureza De acordo com o Conselho Federal para Ciência e Tec-
sobre as atividades socioespaciais. nologia dos Estados Unidos, a “hidrologia é a ciência que
A principal ênfase dos estudos ambientais na Geografia trata da água na Terra, sua ocorrência, circulação e distri-
refere-se aos temas concernentes à degradação e aos im- buição, suas propriedades físico-químicas e sua relação
pactos ambientais, além do conjunto de medidas possíveis com o meio ambiente, incluindo sua relação com a vida.”
para conservar os elementos da natureza, mantendo uma Atualmente, a hidrologia é considerada uma ciência
fundamental para garantir o acesso humano à água potá-
interdisciplinaridade com outras áreas do conhecimento,
vel nas próximas décadas.
como a Biologia, a Geologia, a Economia, a História e mui-
tas outras.
Nesse sentido, o principal cerne de estudos é o meio FIQUE ATENTO!
ambiente e as suas formas de preservação. Entende-se por Cuidado para não confundir hidrologia com
meio ambiente o espaço que reúne todas as coisas vivas e hidrografia.
não vivas, possuindo relações diretas com os ecossistemas A hidrologia é a ciência que se dedica ao es-
e também com as sociedades. Com isso, fala-se que existe tudo das águas. Nessa área de pesquisa são
o ambiente natural, aquele constituído sem a intervenção avaliadas a ocorrência de água, a circulação da
humana, e o ambiente antropizado, aquele que é gerido no água e suas propriedades químicas e físicas,
âmbito das práticas sociais. enquanto a hidrografia é o ramo da geografia
De um modo geral, é possível crer que o mundo e os fe- física que estuda as águas do planeta, abran-
nômenos que nele se manifestam são resultados do equilí- gendo portanto rios, mares, oceanos, lagos,
brio entre os mais diversos eventos. Desse modo, alterar o geleiras, água do subsolo e da atmosfera.
equilíbrio pode trazer consequências severas para o meio
ambiente, de forma que se tornam preocupantes determi-
nadas ações humanas, como o desmatamento, a poluição Vamos agora fazer uma análise sintetizada dos princi-
e a alteração da dinâmica dos ecossistemas. pais assuntos estudados na Geografia Física.

ELEMENTOS DO UNIVERSO
#FicaDica
Os principais assuntos quando se fala em • Sistema Solar
geografia ambiental são: o efeito estufa, os O Sistema Solar é constituído pelo Sol e pelo conjunto
diversos tipos de poluição, o debate sobre dos corpos celestes localizados no mesmo campo gravita-
o aquecimento global, as condições de cional.
Fazem parte do Sistema Solar os planetas, planetas
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preservação e recuperação dos biomas, as


conferências e ações para a resolução de anões, asteroides, cometas e os meteoroides (meteoritos).
problemas ambientais e climáticos. Existem inúmeras teorias que tentam explicar como o
Sistema Solar foi formado. Entretanto, a mais aceita é a da
Teoria Nebular ou Hipótese Nebular, que diz que a forma-
ção do sistema se deu através de uma grande nuvem for-
mada por gases e poeira cósmica, que em algum momento
1 Fonte: www.mundoeducacao.bol.uol.com.br/Eduardo começou a se contrair, acumulando matéria e energia, dan-
de Freitas do assim origem ao Sol.

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Os planetas realizam sua órbita em torno do sol de forma elíptica, cada qual com suas próprias características, como
por exemplo, massa, tamanho, gravidade e densidade. Os planetas que estão mais próximos do sol possuem composição
sólida, enquanto os planetas menos próximos possuem composição gasosa.
Entre os outros corpos celestes, os asteroides são menores que os planetas e são compostos por minerais não voláteis.
Os cometas são compostos por gelos voláteis que se estendem pelo núcleo, cabeleira e cauda. Meteoroides são com-
postos por minúsculas partículas que, ao chegarem ao solo, caso isso ocorra, recebem o nome de meteoritos. O Sistema
Solar está contido na Via Láctea, que ainda abriga cerca de 200 bilhões de estrelas.

Planetas do Sistema Solar


Oito planetas orbitam em torno do Sol: Mercúrio, Vênus, Terra, Marte, Júpiter, Saturno, Urano e Netuno. Podemos
classificar os planetas como sólidos ou gasosos, ou, mais especificamente, de acordo com suas características físico-quí-
micas, como os planetas mais próximos do Sol sendo sólidos e densos, mas de insignificante massa; e os planetas mais
distantes sendo gasosos massivos de baixa densidade.
Desde a sua descoberta em 1930 até 2006 Plutão foi considerado como o nono planeta do Sistema Solar. Porém em
2006, a União Astronômica Internacional criou a classificação de planeta anão. Atualmente, o Sistema Solar possui cinco
planetas anões: Plutão, Eris, Haumea, Makemake, e Ceres. Todos são plutoides, com exceção de Ceres, localizado no cintu-
rão de asteroides.
As massas de todos estes objetos constituem em conjunto apenas uma pequena porção da massa total do Sistema Solar
(0,14%), com o Sol concentrando a maior parte da massa total do Sistema Solar (99,86%). O espaço entre corpos celestes
dentro do Sistema Solar não é vazio, sendo preenchido por plasma proveniente do vento solar, bem como poeira, gás e
partículas elementares, que constituem o meio interplanetário.

• Astronomia
A astronomia, uma das mais antigas ciências, estuda os corpos celestes (como estrelas, planetas, cometas, nebulosas e
galáxias) e os fenômenos que se originam fora da atmosfera da Terra.
Vejamos alguns assuntos estudados na astronomia:

Estações do ano
Chamamos de estação do ano cada uma das quatro subdivisões do ano baseadas em padrões climáticos. São elas:
primavera, verão, outono e inverno.
As estações do ano ocorrem devido à inclinação da terra em relação ao sol. Podemos dizer então que as estações são
ocasionadas pelo eixo de rotação da Terra, juntamente com o movimento da mesma em torno do sol, que dura um ano e
recebe o nome de translação.
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Buraco negro
Os buracos negros são uma das mais importantes descobertas científicas de todo o século XX.
Chamamos de buraco negro uma região no espaço que contém tanta massa concentrada que nenhum objeto consegue
escapar de sua atração gravitacional.
Ou seja, trata-se de um objeto com campo gravitacional tão intenso que a velocidade de escape excede a velocidade
da luz.
Em 1968, o físico americano John Archibald Wheeler usou pela primeira vez a expressão “buraco negro”. O termo “bura-
co” indica que os eventos ocorrido em seu interior não são vistos por observadores externos, enquanto o termo “negro” é
usado porque nem mesmo a luz (velocidade de aproximadamente 300.000 km/s) pode escapar do seu interior.

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Um buraco negro pode ter qualquer tamanho. Alguns são formados por fusões de vários outros, e com apenas três
características:
• massa
• momentum angular (spin)
• carga elétrica

Depois de formado, o tamanho do buraco tende para zero, logo sua densidade tenda para infinito.

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- Como surge um buraco negro Durante o século, o foco da astronomia mudou. Ao in-
O surgimento dos buracos negros está relacionado com vés de catalogar e tentar entender o movimento das estre-
o ciclo de vida das estrelas. As estrelas surgem de imensas las, os astrônomos começaram a tentar descobrir o que as
nuvens compostas de pequenas partículas de matéria e de estrelas eram de fato (estudo da astrofísica). Em 1860, um
gás hidrogênio, que existe em abundância no Universo. astrônomo inglês, William Huggins, analisou a luz das es-
Após um longo tempo brilhando e convertendo o seu trelas. Outros levaram seu trabalho adiante e logo foi pos-
hidrogênio em hélio, as estrelas entram em colapso. Então, sível classificar as estrelas por seu espectro.
seus destinos dependem do seu tamanho. As mais massi- Os primeiros astrônomos dependiam apenas de seus
vas explodem. No lugar das supernovas (nome dado aos olhos. No século 16, Tycho Brahe tornou a medição das es-
corpos celestes surgidos após as explosões) o núcleo ori- trelas mais precisa a olho nu, em seu observatório. O teles-
ginal da estrela, que serviu de “apoio” para a explosão, se cópio foi usado pela primeira vez no século 17, e durante
contrai. Outras vezes, o núcleo não pára mais de se contrair anos foi uma ferramenta fundamental.
e nasce um buraco negro. Na astronomia moderna, à medida que os astrônomos
respondem suas questões, novos problemas tomam seu
lugar. Por exemplo, atualmente aceita-se que o Universo
começou com o Big Bang. Mas como o material do Big
Bang se juntou para formar as galáxias?
Os cientistas de hoje podem trabalhar mais rápido em
tais problemas com a ajuda de computadores. Estes podem
resolver problemas matemáticos em horas, em vez de se-
manas, como era normal centenas de anos atrás. Os com-
putadores também permitem que astrônomos em todo
História da Astronomia mundo se comuniquem de forma a poder trabalhar em
Durante milhares de anos, as pessoas investigaram o conjunto na busca do entendimento do Universo.
espaço e a situação da Terra. No ano 4.000 a.C., os egípcios
desenvolveram um calendário baseado no movimento dos Gravidade
objetos celestes. Os efeitos da falta de gravidade no corpo humano
A observação dos céus levou à previsão de eventos
como os eclipses. Desde o século 17, o ritmo das desco-
bertas e do entendimento se tornou mais rápido: aprende-
mos mais sobre o espaço neste século do que em qualquer
outra época.
Hoje em dia, um astrônomo não é mais uma pessoa que
trabalha em vários campos da ciência, mas um especialista
que se concentra em aspectos específicos da pesquisa as-
tronômica.
Na astronomia antiga, as civilizações confiavam nos
movimentos dos corpos no espaço. As posições do Sul e
da Lua serviam para medir o tempo - em dias, meses, es-
tações e anos. A navegação dependia do Sol, da Lua e das
estrelas. E como não eram bem entendidos, alguns eventos Desde a chegada do homem à Lua até os dias atuais, as
eram considerados agourentos. imagens do homem chegando à Lua encantam inúmeras
pessoas, entretanto, a vida de um astronauta não é nada
fácil. Já imaginou ficar vários dias flutuando no espaço sem
sofrer a ação da força da gravidade? Mesmo que possa
parecer divertido, a ausência dessa força invisível que nos
prende ao solo provoca várias transformações no organis-
mo humano. Mesmo assim, o homem apresenta grande
capacidade de adaptação no espaço.
A sensação de ter o corpo empurrado de um lado para
outro dentro de uma espaçonave - dando a impressão de
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que a aeronave está se deslocando e os astronautas es-


tão parados - é o primeiro efeito sentido por eles, quando
chegam a um ambiente sem gravidade. Mas e por que isso
ocorre? Na verdade, quando estamos submetidos à gravi-
dade o tempo todo - como em nosso planeta -, nem per-
cebemos a ação dessa força, pois a sensação de estarmos
presos ao solo passa a ser automática. O corpo só sente
Chimpanzé que fez duas órbitas na Terra em 1961 essa força quando ela aumenta ou diminui.

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Porém esse não é o único efeito. Alguns astronautas re-
latam que sentem inflar as veias do pescoço poucos minutos
após saírem da atmosfera da Terra. Alguns sentidos - como o
paladar e o olfato - também ficam alterados: os astronautas
só conseguem sentir o sabor das comidas muito temperadas.
Outras partes do corpo ainda são afetadas, como os pulmões.
Na superfície terrestre, os níveis de oxigênio e de sangue nes-
se órgão são constantes; já no espaço, esses níveis se alteram.
Em viagens mais longas, os astronautas têm ainda que
enfrentar problemas psicológicos. Isso porque eles ficam li-
mitados em um espaço limitado, isolados da vida normal da
Terra e convivem com um grupo pequeno de companheiros,
e normalmente  de outras nacionalidades. Essas mudanças
podem provocar ansiedade, insônia, depressão, além de criar
situações de tensão na equipe.
Quando os astronautas retornam à Terra, novas mudanças
ocorrem em seus corpos. Embora os efeitos da falta de gravi-
dade sejam completamente reversíveis, o corpo tende a voltar
ao normal só uma ou duas semanas depois do retorno. Mui- Bússola
tos astronautas ficam desorientados e não conseguem man- A bússola é instalada em aviões, navios e carros e motos
ter o equilíbrio do corpo, além de apresentarem um enfraque- de competição de rally, isso para manter as pessoas em sua
cimento dos ossos, que podem se quebrar mais facilmente. devida direção pretendida.
Muitos médicos pesquisam os efeitos da ausência de gra- Apesar da importância da bússola até os dias de hoje,
vidade no corpo humano, para melhorar os cuidados com a existem aparelhos de orientação mais eficientes, geralmen-
saúde não só daqueles que viajam pelo espaço, mas também te orientados por sinais de radar ou satélites, devido a isso
dos que ficam na Terra. Isso porque os efeitos de uma viagem conseguem emitir informações de qualquer ponto da Terra,
espacial são semelhantes a algumas das consequências do tais como altitude, distâncias, localização entre outras.
envelhecimento do organismo. Como podemos  perceber, a Todas as informações citadas acima referem-se a re-
vida de um astronauta é muito mais difícil do que parece à giões um tanto quanto restritas. O planeta Terra possui
primeira vista. uma superfície de 510 milhões de quilômetros quadrados,
devido esse imenso espaço a localização se torna mais
• Noções Espaciais complexa, dessa forma o homem criou linhas imaginarias
Para chegar a um determinado lugar pela primeira vez é para facilitar a localização, os principais são os paralelos e
preciso ter referências ou o endereço, isso no campo ou na ci- latitudes e meridianos e as longitudes.
dade, no entanto, nem sempre temos em nossas mãos instru- Os paralelos são linhas imaginarias que estão dispostas
mentos ou informações para a orientação. Em áreas naturais ao redor do planeta no sentido horizontal, ou seja, de leste
como as grandes florestas, desertos e oceanos não têm placas a oeste. O paralelo principal é chamado de Linha do Equa-
ou endereços para informar qual caminho se deve tomar. dor que está situado na parte mais larga do planeta, a par-
Nessas circunstâncias temos duas opções para nos orien- tir dessa linha tem origem ao hemisfério sul e o hemisfério
tar, que são pelos astros ou por instrumentos. norte. Existem outros paralelos secundários mais de grande
O primeiro tem sua utilização difundida há muito tempo, importância como Trópico de Câncer, O Trópico de Capri-
principalmente no passado quando pessoas que percorriam córnio, o Circulo Polar Ártico e o Circulo Polar Antártico.
grandes distâncias se orientavam por meio da observação do
sol, da lua ou das estrelas, apesar de que não possui a mesma
precisão dos instrumentos esse tipo de recurso pode ser bem
aproveitado dependendo da ocasião.
Até nos dias atuais pequenas embarcações desprovidas
de equipamentos de orientação fazem o uso dos astros para
se localizar e orientar. Nos grandes centros urbanos parte de-
les ou mesmo um conjunto de bairros são chamados de zona
oeste, zona leste e assim por diante, as pessoas se orientam
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sem estar munidas de bússola, basta saber que o sol nasce


leste para se localizar.
Já no caso da orientação por instrumentos foram criados
diversos deles com objetivo de tornar o processo mais dinâ-
mico e preciso. Dentre vários instrumentos inventados o mais
utilizado é a bússola, esse corresponde a um objeto compos-
to por uma agulha com imã que gira sobre uma rosa-dos-
-ventos.

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Através do conhecimento da latitude e longitude de um
lugar é possível identificar as coordenadas geográficas,
que correspondem a sua localização precisa ao longo da
superfície terrestre. A partir dessas informações a defini-
ção de coordenadas geográficas são medidas em graus,
minutos e segundos de pontos da Terra localizadas pela
latitude e longitude.

Os Pontos de Orientação - Os meios que as pessoas


utilizam para orientar-se no espaço geográfico dependem
do ambiente em que elas vivem.
Para isso, foram definidos os pontos globais de refe-
rência, chamados de pontos cardeais:
ü Norte (N)
ü Sul (S)
ü Leste (L ou E)
ü Oeste (O ou W)

FIQUE ATENTO!
Para ficar mais exata a orientação entre os
pontos cardeais, temos os pontos colaterais:
noroeste (NO), nordeste (NE), sudoeste (SO)
As latitudes são medidas em graus entre os paralelos, e sudeste (SE). Além desses, temos os pontos
ou qualquer ponto do planeta até a Linha do Equador, as subcolaterais: norte-noroeste (NNO), norte-
latitudes oscilam de 0º Linha do Equador e 90º ao norte e -nordeste (NNE), sul-sudoeste (SSO), sul-su-
90º ao sul. deste (SSE), leste-nordeste (ENE), leste-sudeste
(ESSE), oeste-noroeste (ONO) e oeste-sudoes-
Meridianos correspondem a semicircunferências ima- te (OSO).
ginarias que parte de um pólo até atingir o outro. O prin- Todos estes pontos formam uma figura cha-
cipal meridiano é o Greenwich, esse é o único que pos- mada de Rosa-dos-Ventos ou Rosa-dos - Ru-
sui um nome especifico, esse é utilizado como referência mos.1
para estabelecer a divisão da Terra entre Ocidente (oeste)
1 WWW.mundoeducacao.bol.uol.com.br/EDU-
e Oriente (leste). ARDO DE FREITAS

As Zonas Climáticas - Os paralelos especiais exercem


papel muito importante na definição das zonas climáticas,
que são demarcadas por eles. Tais paralelos são os seguin-
tes:
ü Zonas polares ou glaciais norte e sul – são limitadas
pelos círculos polares, possuem altas altitudes. São zonas
muito frias.
ü Zonas temperadas – com latitude medias, estão com-
preendidas a norte entre o circulo polar ártico e o tropico
de câncer e a sul entre o circulo polar antártico e o tropico
de capricórnio. Possui temperaturas mais amenas que as
zonas polares.
ü Zona tropical – compreendida entre os trópicos de
câncer e capricórnio, também é chamada de zona intertro-
pical. E a região do planeta que recebe mais raios solares,
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portanto, a mais quente.

Fuso Horario
  Os fusos horários, também denominados zonas horá-
As longitudes representam o intervalo entre os meridia- rias, foram estabelecidos através de uma reunião compos-
nos ou qualquer ponto do planeta com o meridiano prin- ta por representantes de 25 países em Washington, capital
cipal. As longitudes podem oscilar de 0º no meridiano de estadunidense, em 1884. Nessa ocasião foi realizada uma
Greenwich até 180º a leste e a oeste. divisão do mundo em 24 fusos horários distintos.

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A metodologia utilizada para essa divisão partiu do
princípio de que são gastos, aproximadamente, 24 horas
(23 horas, 56 minutos e 4 segundos) para que a Terra rea-
lize o movimento de rotação, ou seja, que gire em torno
de seu próprio eixo, realizando um movimento de 360°.
Portanto, em uma hora a Terra se desloca 15°. Esse dado é
obtido através da divisão da circunferência terrestre (360°)
pelo tempo gasto para que seja realizado o movimento de
rotação (24 h).
O fuso referencial para a determinação das horas é o
Greenwich, cujo centro é 0°. Esse meridiano, também de-
nominado inicial, atravessa a Grã-Bretanha, além de cortar
o extremo oeste da Europa e da África. A hora determinada
pelo fuso de Greenwich recebe o nome de GMT. A partir
disso, são estabelecidos os outros limites de fusos horários.
A Terra realiza seu movimento de rotação girando de
oeste para leste em torno do seu próprio eixo, por esse
motivo os fusos a leste de Greenwich (marco inicial) têm as
horas adiantadas (+); já os fusos situados a oeste do meri- Quando um lado do planeta está para o lado do sol, é
diano inicial têm as horas atrasadas (-). dia, e, consequentemente, do lado oposto é noite. Sem o
Alguns países de grande extensão territorial no sentido movimento da Rotação não haveria vida na Terra, já que este
leste-oeste apresentam mais de um fuso horário. A Rús- movimento desempenha um papel fundamental no equilí-
sia, por exemplo, possui 11 fusos horários distintos, con- brio de temperatura e composição química da atmosfera.
sequência de sua grande área. O Brasil também apresenta O movimento de rotação da Terra ocorre de oeste para
mais de um fuso horário, pois o país apresenta extensão leste, ou seja, a porção Leste vê o nascer do sol primeiro que
territorial 4.319,4 quilômetros no sentido leste-oeste, fato o Oeste. Como exemplo podemos citar o Brasil e o Japão,
que proporciona a existência de quatro fusos horários dis- onde a diferença de fusos horários é exatamente 12 horas.
tintos, no entanto, graças ao Decreto n° 11.662, publicado Deste modo, quando no Japão são 6h da manhã, no Brasil
no Diário Oficial de 25 de abril de 2008, o país passou a são 6h da tarde.
adotar somente três.
A compreensão dos fusos horários é de extrema impor-
tância, principalmente para as pessoas que realizam via-
gens e têm contato com pessoas e relações comerciais com
locais de fusos distintos dos seus, proporcionado, portanto,
o conhecimento de horários em diferentes partes do globo.

Movimentos da Terra
A Terra faz movimentos constantes no espaço. Esses
movimentos são chamados de rotação e translação. Acom-
panhe a seguir as explicações sobre cada um deles.

Translação
O movimento de translação é aquele que o planeta Ter-
ra realiza ao redor do Sol junto com os outros planetas. O
tempo necessário para completar uma volta ao redor do Sol
é de 365 dias, 5 horas e cerca de 48 minutos e ocorre numa
velocidade média de 107.000 km por hora.
O tempo que a planeta leva para dar uma volta comple-
ta ao redor do Sol é chamado “ano”. O ano civil, aceito por
convenção, tem 365 dias. Como o ano sideral, ou o tempo
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concreto do movimento de translação, é de 365 dias e 6 ho-


Rotação ras, a cada quatro anos temos um ano de 366 dias, dia este
Rotação é o movimento onde a Terra gira em torno de que é acrescido ao nosso calendário no mês de fevereiro e
seu próprio eixo. Esse movimento acontece no sentido an- que recebe o nome de ano bissexto.
ti-horário e dura exatamente 23 horas 56 minutos 4 segun- O movimento de translação é o responsável pelas quatro
dos e 9 centésimos para ser concluído, sendo o responsável estações do ano: verão, outono, inverno e primavera, que
por termos o dia e a noite. ocorrem em razão das diferentes localizações da Terra no
espaço.

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Cartografia
A cartografia é a ciência da representação gráfica da superfície terrestre, tendo como produto final o mapa.
Ou seja, é a ciência que trata da concepção, produção, difusão, utilização e estudo dos mapas.
Na cartografia, as representações de área podem ser acompanhadas de diversas informações, como símbolos, cores,
entre outros elementos. A cartografia é essencial para o ensino da Geografia e tornou-se muito importante na educação
contemporânea, tanto para as pessoas atenderem às necessidades do seu cotidiano quanto para estudarem o ambiente
em que vivem.

O surgimento
Os primeiros mapas foram traçados no século VI a.C. pelos gregos que, em função de suas expedições militares e de
navegação, criaram o principal centro de conhecimento geográfico do mundo ocidental.
O mais antigo mapa já encontrado foi confeccionado na Suméria, em uma pequena tábua de argila, representando um
Estado. A confecção de um mapa normalmente começa a partir da redução da superfície da Terra em seu tamanho. Em ma-
pas que figuram a Terra por inteiro em pequena escala, o globo se apresenta como a única maneira de representação exata.
A transformação de uma superfície esférica em uma superfície plana recebe a denominação de projeção cartográfica.
Na pré-história, a Cartografia era usada para delimitar territórios de caça e pesca. Na Babilônia, os mapas do mundo
eram impressos em madeira, mas foram Eratosthenes de Cirene e Hiparco (século III a.C.) que construíram as bases da car-
tografia moderna, usando um globo como forma e um sistema de longitudes e latitudes. Ptolomeu desenhava os mapas
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em papel com o mundo dentro de um círculo.


Com a era dos descobrimentos, os dados coletados durante as viagens tornaram os mapas mais exatos. Após a desco-
berta do novo mundo, a cartografia começou a trabalhar com projeções de superfícies curvas em impressões planas.
#IMPORTANTE: Alguns conceitos a destacar...
Os Mapas são desenhos que representam qualquer região do planeta, de maneira reduzida, simplificada e em superfície
plana.
Os mapas são feitos por pessoas especializadas, os Cartógrafos. A Ciência que estuda os mapas e cuida de sua confec-
ção chama-se Cartografia. Vários mapas podem ser agrupados em um livro, que recebe o nome de Atlas.

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Todos os mapas possuem símbolos, que são chamados de Convenções Cartográficas. Alguns são usados no mundo
todo, em todos os países: são internacionais. Por isso, não podem ser modificados.
Os símbolos usados são colocados junto ao mapa e constituem a sua Legenda. Normalmente, a legenda aparece num
dos cantos inferiores do mapa.
As Escalas indicam quantas vezes o tamanho real do lugar representado foi reduzido. Essa indicação pode ser feita de
duas formas: por meio da escala numérica ou da gráfica. As escalas geralmente aparecem num dos cantos inferiores do
mapa.

Tipos de Mapa - para compreendermos o que se passa na superfície da Terra existem diferentes tipos de mapas:
· Mapas Políticos – mostram os continentes, um país, estados e municípios, limites, capitais e cidades importantes;
· Mapas Físicos – representam um ou alguns elementos naturais. Podem ser de relevo, hidrografia, clima, vegetação, etc;
· Mapas Econômicos – apresentam as riquezas de uma região (agricultura, indústrias, etc);
· Mapas Demográficos – mostra a distribuição de pessoas que vivem em um continente, país, estado, cidade etc.

Hoje em dia, a cartografia é feita por meios modernos, como as fotografias aéreas (realizadas por aviões, drones) e o
sensoriamento remoto por satélite.
Além disso, com os recursos dos computadores, os geógrafos podem obter maior precisão nos cálculos, criando mapas
que chegam a ter precisão de até 1 metro. As fotografias aéreas são feitas de maneira que, sobrepondo-se duas imagens
do mesmo lugar, obtém-se a impressão de uma só imagem em relevo. Assim, representam-se os detalhes da superfície do
solo.
Depois, o topógrafo completa o trabalho sobre o terreno, revelando os detalhes pouco visíveis nas fotografias.2

Geologia
A geologia é uma das ciências da Terra. Estuda a crosta terrestre, a matéria que a compõe, seu mecanismo de formação,
as alterações que ocorrem sobre ela e a estrutura que sua superfície possui.
A geologia foi essencial para determinar a idade da Terra, que se calculou ter cerca de 4,6 bilhões de anos, e a desen-
volver a teoria chamada tectônica de placas.

O planeta Terra possui a sua estrutura interna dividida em camadas

Áreas de estudo
O geólogo ou engenheiro geológico estuda a origem, a estrutura, a composição e as transformações da crosta terrestre.
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Analisa também fósseis, minerais e a topografia dos terrenos, acompanha a exploração de jazidas de minério, depósitos
subterrâneos de água e reservas de petróleo, carvão mineral e gás natural.
Investiga ainda a ação das forças naturais sobre o planeta e seus efeitos, como a erosão e a desertificação.
A geologia é uma área muito ampla, sendo difícil citar todas as suas áreas. Entre elas, podemos destacar as seguintes:

2 www.sogeografia.com.br/ http://cejainsaovicente.blogspot.com/

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Geologia estrutural: estudo da estrutura da Terra.
Geologia histórica: estudo das eras, períodos e idades
geológicas.
Geologia econômica: estudo das riquezas minerais.
Geologia ambiental: estudo dos impactos ambientais
e dos riscos ecológicos.
Geofísica: estudo da composição e propriedades físicas
dos elementos.
Geoquímica: estudo da composição e propriedades
químicas da Terra.
Geomorfologia: estudo das formas da superfície ter-
restre (relevo).
Geologia do petróleo: estudo da composição e pro-
priedades do petróleo.
Hidrogeologia: estudo dos cursos de águas subterrâ-
neas.
Cristalografia: estudo dos cristais e das estruturas só-
lidas formadas pelos átomos.
Espeleologia: estudo da formação geológica das caver-
nas e das cavidades naturais.
Estratigrafia: estudo da composição e estrutura das
rochas estratificadas.
Sedimentologia: estudos dos sedimentos acumulados As camadas da Terra e suas descontinuidades
na Terra derivados da erosão.
Topografia: estuda os acidentes geográficos presentes Crosta Terrestre:
no planeta. A crosta terrestre é a primeira das camadas da Terra,
Astrogeologia: estudo dos diversos corpos celestes sendo também a menor e mais “fina” entre elas. Sua pro-
Sismologia: estudo dos sismos e dos movimentos das fundidade oscila entre 5 km (em algumas áreas oceânicas)
placas tectônicas no planeta. e 70 km (em zonas continentais).
Vulcanologia: estudo dos vulcões e das erupções vul- Essa camada é subdividida em crosta superior, também
cânicas. chamada de camada sial, e crosta inferior, chamada de ca-
Pedologia: estudo da formação e estrutura dos solos. mada sima. A primeira é composta predominantemente
Petrografia: estudo de análise das rochas. por silício e alumínio (o que explica a sua denominação) e
Mineralogia: estudo da composição e propriedades abriga as formas de relevo e todas as atividades humanas
dos minerais. realizadas sobre a superfície terrestre. Já a segunda é com-
posta por silício e magnésio e pode ser melhor visualizada
Camadas da Terra em regiões oceânicas, onde a camada sial não existe ou é
Durante muito tempo, o ser humano acreditava que, por muito fina.
dentro, o planeta Terra era maciço, composto basicamente Apesar de ser a camada mais fria da Terra, a crosta pode
por rochas. Atualmente, é sabido que, na verdade, apenas apresentar uma temperatura próxima aos 1000ºC em de-
uma camada muito fina da superfície apresenta essa carac- terminados pontos.
terística, havendo composições e temperaturas diferentes
nos milhares de metros existentes abaixo do solo. Manto:
Para melhor compreender como tudo isso funciona e O manto terrestre posiciona-se abaixo da descontinui-
organiza-se, a estrutura interna da Terra foi classificada em dade de Mohorovicic, que fica abaixo da crosta. É a mais
três principais camadas: a crosta, o manto e o núcleo, ha- extensa das camadas da Terra e sua profundidade máxima
vendo entre elas algumas descontinuidades: a de Moho- alcança os 2.900 km, ocupando cerca de 80% do volume
rovicic e a de Gutenberg. Juntas, essas camadas atingem total do planeta. Sua composição é de silicatos de ferro
aproximadamente 6.370 quilômetros entre a superfície e o e de magnésio, e as rochas encontram-se em forma de
centro do planeta. material pastoso chamado de magma, por causa do calor
advindo do interior da Terra, com temperaturas médias de
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2.000ºC.
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O manto superior é mais pastoso que o inferior e está
em movimentação. Em virtude da força exercida por esses
movimentos, seus efeitos são sentidos na crosta terrestre,
causando o movimento das placas tectônicas.

16
Núcleo: tavam sempre em atividade. A temperatura era três vezes
O núcleo terrestre, posicionado abaixo da descontinui- mais quente do que é atualmente. Mas foi mesmo assim,
dade de Gutenberg e abaixo do manto, é o mais quente nesse ambiente extremamente hostil, que começaram a sur-
das camadas da Terra e também é dividido em exterior e gir os primeiros organismos unicelulares.
interior. Sua composição predominante é o NIFE (níquel e
ferro).
O núcleo externo encontra-se no estado líquido, en-
quanto o núcleo interno encontra-se no estado sólido, por
causa da extrema pressão aplicada sobre ele. As temperatu-
ras oscilam entre 3.000 e 5.000ºC. Em razão de o núcleo in-
terno ser uma “bola” maciça cercada por uma esfera líquida,
seu movimento de rotação é mais rápido do que o da Terra,
o que ajuda a explicar as origens e os efeitos do magnetismo
do nosso planeta.

Como o ser humano sabe tanto sobre o interior da Terra?


Obviamente, o ser humano nunca visitou pessoalmente o
interior do nosso planeta. O ponto mais profundo já escava-
do alcançou “incríveis” 12 km de profundidade e foi batizado Imagem: Reprodução/ internet
de Poço Superprofundo de Kola, na Rússia, em um trabalho
empreendido pela extinta União Soviética. Atualmente, no Era Proterozoica (Éon pré-cambriano)
entanto, há um trabalho em desenvolvimento para uma per- Seu período se constituiu de 2,5 bilhões  há 540 milhões
furação que pretende alcançar o manto terrestre. de anos atrás. Por volta dos 2 bilhões de anos, começou a se
As informações atualmente existentes sobre a estrutura desenvolver a camada de ozônio, que protege a Terra contra
interna da Terra devem-se ao estudo das propagações sísmi- os raios solares ultravioletas. O oxigênio começa a se acumu-
lar na litosfera, e esses ingredientes favoreceram o surgimento
cas que ocorrem nas camadas inferiores e que são captadas
de organismos mais complexos, multicelulares. Além disso, os
por um aparelho chamado de sismógrafo, o mesmo que
continentes Lawrásia e Gondwana começam a se formar.
mede a intensidade dos terremotos.
Você já sacudiu uma caixa para ter noção do que tem
Era Paleozoica
dentro dela? Pois é isso o que o sismógrafo faz, aprovei-
Durou de 540 milhões há 250 milhões de anos atrás. Nos
tando-se principalmente dos terremotos e abalos sísmicos
mares, os primeiros animais vertebrados, tipos de peixes pri-
menores que ajudam a “chacoalhar” o planeta. Obviamen-
mitivos, começam a surgir. Aproximadamente em 350 mi-
te, a precisão do aparelho é muito alta e torna-se cada vez lhões de anos atrás, alguns peixes começaram, durante um
melhor à medida que se sucedem os avanços tecnológicos, longo processo, a sair da água, resultando assim nos primei-
oferecendo-nos dados mais precisos sobre como funciona o ros anfíbios. Os dois grandes continentes se juntam e formam
mundo abaixo dos nossos pés. a Pangeia. Eram comuns animais chamados de trilobitas. É
no fim dessa era que os primeiros répteis se manifestam, os
Eras Geológicas quais mais a frente darão origem aos dinossauros.
As chamadas eras geológicas representam cada uma
das grandes subdivisões de tempo no planeta. Note que o Era Mesozoica
tempo geológico é diferente do tempo histórico, uma vez Percorreu o tempo de 250 milhões até 65,5 milhões de
que no primeiro, é sempre medido em milhões e bilhões, anos atrás. Nessa era, os dinossauros surgem, dominam todo
enquanto o segundo, com escalas de tempo bem menores, o planeta e, bem no final do período, são extintos. As plan-
que constam desde a formação do homem (pré-histórico) tas começam a desenvolver flores, os primeiros mamíferos e
até a descoberta da escrita em diante (histórico). A Terra aves começam a aparecer e o enorme e único continente, a
possui cerca de 4,5 bilhões de anos, o mesmo que o sistema Pangeia, inicia sua fragmentação.
solar. Só para se ter ideia de como os humanos são recentes
na Terra, se todas as eras geológicas fossem resumidas em Era Cenozoica
um dia, apenas os últimos três segundos seriam correspon- Teve seu início há 65,5 milhões de anos atrás e dura até o
dentes ao tempo de surgimento do homem. presente. Ocorre uma grande manifestação das mais diversas
Essas eras se subdividem em cinco: arqueozoica, protero- espécies de mamíferos, as cadeias montanhosas se formam
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zoica, paleozoica, mesozoica e cenozoica. Estão, respectiva- e os continentes se separam, assumindo o formato atual. É
mente, da mais antiga à mais recente. Cada era se divide em justamente na era Cenozoica que surgem os primeiros ho-
etapas, conhecidas como períodos. minídeos, como o australopithecus, no continente Africano.
Mas só em 1,6 milhões de anos que a espécie humana co-
Era Arqueozoica (Éon pré-cambriano) meça a se desenvolver.
Ocorreu há cerca de 3,8 bilhões a 2,5 bilhões de anos Vale lembrar que sempre que houve a passagem de
atrás. Nessa época, a Terra costumava ser constantemente uma Era para outra, extinções em massa das espécies ocor-
atingida por meteoritos, os vulcões eram inúmeros e es- reram, dando início a outras

17
Tectonismo
Tectônica é o ramo da geologia que estuda a movimentação das camadas da crosta terrestre, por efeito das forças do
interior da terra (endógenas).
Destina-se também a estudar o dinamismo das forças que interferem na movimentação das camadas da crosta terrestre.
Na maioria das vezes, como resultado dessas forças, se dá o aparecimento das placas tectônicas, dobras, falhas, fraturas ou
lençóis de arrastamento.
A tectônica descreve geometricamente as deformações da crosta terrestre e analisa as diferentes teorias que buscam
explicar os seus mecanismos formadores. Vulcanismo e sismologia são áreas do conhecimento intimamente relacionadas
com a tectônica.

Vulcões
Vulcão é uma formação geológica que consiste de uma fissura na crosta terrestre, sobre a qual se acumula um cone
formado por material vulcânico.
Sobre esse cone, está uma espécie de chaminé côncava chamada cratera. O cone forma-se pela deposição de matéria
fundida e sólida, que flui ou é expelida através da chaminé a partir do interior da Terra.

O estudo dos vulcões e dos fenômenos a eles relacionados chama-se vulcanologia

A energia dos vulcões ativos resulta de processos ligados aos movimentos das placas da crosta terrestre. Além disso, os
vulcões tendem a situar-se nas fronteiras das placas mais importantes. Alguns vulcões encontram-se em estado de erupção
permanente, ao menos no presente geológico, como os da cadeia Cinturão/Círculo de Fogo, que rodeia o oceano Pacífico.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Cinturão/Circulo de Fogo do Pacífico

18
Muitos outros vulcões, como o Vesúvio, localizado no A lava resfriada gera normalmente um excelente solo
golfo de Nápoles, Itália, permanecem em estado de ativi- para o plantio.
dade moderada durante períodos mais ou menos longos e
depois ficam em repouso, ou adormecidos, durante meses
ou anos.

Terras férteis nos arredores do vulcão Etna, na Itália

Em uma erupção vulcânica, a lava está muito carregada


Vista aérea do Vesúvio de vapor e outros gases, que escapam da superfície com
explosões violentas e sobem formando nuvens turvas. Es-
Erupção vulcânica sas nuvens podem resultar em chuvas torrenciais.
A erupção vulcânica é um fenômeno da natureza, geral-
mente associado à expulsão do magma de regiões profun-
das da Terra na superfície do planeta.
As camadas de rochas formadas por erupções magmá-
ticas são chamadas de “derrames”, pois a rocha espalha-se
e solidifica-se na superfície do globo.

Erupção do vulcão Puyehue, Chile, em 2011.


Nuvem de cinza vulcânica da cidade de
San Martin de Los Andes, na Argentina

Esquema de erupção vulcânica


GEOGRAFIA DO BRASIL

Nuvem de cinzas do vulcão Puyehue vista da cidade de


Osorno, Chile

19
Homem mostra pedra vulcânica na cidade de Cardeal Sa-
moré Pass, fronteira entre Chile e Argentina

 O magma sobe pela chaminé e flui convertido em lava,


sobre a borda da cratera, como uma massa pastosa, através
Localização geográfica do vulcão Puyehue de uma fissura no cone.

Porções grandes e pequenas de lava são expelidas para


o exterior e formam uma fonte ardente de gotas e frag-
mentos de diferentes tamanhos.

Erupção do vulcão Puyehue no Chile,


no início de junho 2011

Policiais andam sobre pedras vulcânicas na cidade de Car-


deal Samoré Pass, fronteira entre Chile e Argentina
GEOGRAFIA DO BRASIL

20
Tectônica de placas
É a teoria de tectônica global (deformações estruturais geológicas) que se tornou paradigma na geologia moderna, para
a compreensão da estrutura, história e dinâmica da crosta terrestre.
A teoria baseia-se na observação de que esta camada sólida está dividida em aproximadamente 20 placas semirrígidas.
As fronteiras entre estas placas são zonas com atividade tectônica, onde ocorrem mais sismos e erupções vulcânicas.

Distribuição das placas tectônicas e vulcões ativos

Entre 1908 e 1912, foi proposta pelo geólogo alemão Alfred Lothar Wegener a teoria da deriva continental. Nesta teoria,
ele afirma que as placas continentais se rompem, separam-se e chocam-se, criando posteriormente cadeias de montanhas.
Um dos argumentos mais fortes de Wegener para justificar a deriva continental era que as bordas dos continentes têm
formas que se encaixam. Para defender sua teoria, mostrou que as formações rochosas de dois lados do oceano Atlântico
- no Brasil e na África Ocidental - coincidem em idade, tipo e estrutura.
Além disso, costuma conter fósseis de criaturas terrestres que não poderiam ter nadado de um continente ao outro.
Sobre a expansão do fundo do mar, na década de 20, o estudo dos leitos dos mares trouxe evidências de que as dorsais
oceânicas são zonas onde se cria a nova crosta oceânica.

GEOGRAFIA DO BRASIL

Expansão do fundo do mar

O material chega por correntes de convecção de lava quente, mas esfria e solidifica com rapidez, ao contato com a
água. Para dar lugar a esta contínua renovação de crosta, as placas devem separar-se, lenta, porém continuamente. Estes
movimentos, impulsionados por correntes de convecção térmicas originadas nas profundezas do manto terrestre, prova-
velmente teriam gerado, ao longo de milhões de anos, o fenômeno da deriva continental.

21
Teoria da deriva continental proposta por Alfred Wegener em 1912

Na década de 30, começaram os estudos sobre o processo de subducção através do qual a crosta oceânica adentra no
manto e se funde. No local onde uma placa tectônica oceânica se subpõe à crosta continental, o magma produzido causa
erupção nos vulcões situados ao longo de cadeias montanhosas lineares, as cordilheiras. 
A zona afetada geralmente situa-se ao longo de uma fossa submarina, a certa distância do continente. Além de criar e
alimentar vulcões continentais, a fusão da crosta oceânica subposta é responsável pela formação de alguns tipos de depó-
sitos de minerais metálicos valiosos.

Morfologia do fundo oceânico

Geomorfologia
GEOGRAFIA DO BRASIL

A Geomorfologia corresponde a uma ciência que tem como objeto de estudo as irregularidades da superfície terrestre,
ou simplesmente as diferentes formas do relevo.
Serve para mostrar a importância do estudo do relevo para os diferentes campos do conhecimento (planejamento urba-
no e regional, análise ambiental...), evidenciando a estreita relação com a Geografia e no contexto geográfico, considerando
sua contribuição no processo de ordenamento territorial.

22
Geomorfologia do planeta Terra
Foram encontrados no Brasil e na África fósseis de plantas e de animais muito semelhantes. As reservas de carvão dos
EUA, Sibéria e China têm propriedades muito parecidas. Isto não  é coincidência. Foi explicada pela primeira vez  por We-
gener e sua teoria da Deriva Continental.
No final do período Carbonífero, existia uma única e imensa massa continental denominada Pangea (Pangeia). Na Pan-
gea, a América do Norte estava ligada à Eurásia, e a América do Sul ligada a Ásia. A Austrália e a Antártida estavam unidas
ao mesmo conjunto, e a Índia, por sua vez, estava perfeitamente encaixada entre a África e a Austrália.

Configuração da Pangea

A divisão iniciou mais ou menos no período Jurássico, formando dois super continentes: a Laurásia e a Gondwana. No
início do período Terciário, a América do Sul separou-se da África e, a seguir, a América do Norte, da Laurásia. A Índia se
mantinha em seu deslocamento em direção à Ásia. A Austrália e a Antártida mantinham-se ligadas.

GEOGRAFIA DO BRASIL

23
A configuração moderna dos continentes se deu há 65 milhões de anos atrás, com a junção das Américas, a separação
da Austrália e Antártida e a Índia se chocando com a Ásia. Os continentes ficaram separados pelos oceanos.

A Teoria da Deriva Continental deu lugar então à Teoria da Tectônica das Placas, que além de consolidar as ideias de We-
gener, permitiu através dela explicar como esse processo ocorreu. Com o mapeamento das dorsais marinhas, onde coincide
com as áreas de vulcanismo e de terrenos, criou-se a teoria de que a crosta terrestre está dividida em placas, que interagem
umas com as outras, gerando os mais variados fenômenos.
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Mapa com as principais placas tectônicas

24
Solo e Atmosfera
O solo é a parte exterior da crosta terrestre em contato direto com os demais elementos do meio ecológico.

Os solos são formados de três fases: sólida (minerais e matéria orgânica), líquida (solução do solo) e gasosa (ar).
O solo é o resultado de milhares de anos de desagregação das rochas originais de um lugar na sua superfície e a combi-
nação de diversos fatores. A maior ou menor intensidade de algum fator pode ser determinante na criação de um ou outro
solo. São comumente ditos como fatores da formação de solo: o clima, o material de origem, os organismos, o tempo e o
relevo.

Fatores da formação de solo

Pedogênese é o nome dado ao processo químico e físico de alteração (adição, remoção, transporte e modificação) que
GEOGRAFIA DO BRASIL

atua sobre um material litológico, originando um solo.

Edafologia é a ciência que trata das influências dos solos nos seres vivos. Sobre o solo cresce a vegetação dos conti-
nentes e das ilhas. Sendo assim, não há solo nas áreas do planeta em que as rochas ainda não tenham sido decompostas.
Como resultado da decomposição química das rochas, forma-se um material sobre a superfície terrestre: uma camada
superficial, composta de água e minerais que, com o passar do tempo, vai se enriquecendo de matéria orgânica (raízes,
folhas, fezes e restos mortais de animais, entre outros).

25
A fauna e a flora do solo desempenham papel fundamental. Modificam e movimentam enormes quantidades de material,
mantendo o solo aerado e renovado em sua parte superficial.

As rochas, ao sofrerem a ação dos agentes atmosféricos, especialmente o calor e a umidade, decompõem-se através do
intemperismo, também denominado de meteorização, e em seus fragmentos instala-se grande variedade de organismos
vivos. Podemos afirmar então que o solo é o resultado da ação conjugada de fatores físicos, químicos e biológicos, em
função dos quais se apresenta sob os mais diversos aspectos.
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Formação do solo

26
Fatores de formação de solos

FATORES
TIPO DE FATOR ATUAÇÃO
AMBIENTAIS
Clima e organismos Fatores ativos Fornecem matéria e energia
Controla o fluxo de materiais; superfície; erosão; profundidade;
Relevo Fator controlador
infiltração; lixiviação e translocação.
Diversidade do material constituinte sobre o qual ocorrerá a
Material de origem Fator passivo
pedogênese.
Tempo Fator passivo Determina o tempo cronológico de atuação do processo.

Mecanismos de formação de solos

MECANISMOS ATUAÇÃO
Adição Aporte do material do exterior do perfil ou horizonte do solo.
Remoção (perda) Remoção de material para fora do perfil. Exemplo: lixiviação.
Transformação de material existente no perfil ou horizonte. Mudança de natureza
Transformação
química mineralógica.
Translocação de material de um horizonte para outro, sem abandonar o perfil.
Translocação
Exemplo: eluviação/iluviação

Conservação do solo
O solo, quando não recebe tratamento apropriado, pode perder suas propriedades naturais e se tornar infértil. Para a
conservação do solo, algumas medidas podem ser adotadas:

• Conservação da vegetação nativa: uma das mais importantes medidas para conservar o solo é não praticar o
desmatamento. A vegetação natural possui características que conservam o solo.

Conservação de vegetação nativa


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• Combate à erosão: feito através do sistema de curvas de nível. Valas em sentido circular são feitas no solo de
regiões altas (montanhas, morros, serras). Estas valas absorvem a água, evitando assim as enxurradas que levam as terras.

Combate à erosão

• Reflorestamento: a falta de vegetação pode provocar a ocorrência da erosão. Com a plantação de árvores em
regiões que passaram por desmatamentos, evita-se a erosão. O eucalipto e o pinheiro são as árvores mais utilizadas neste
processo, pois suas raízes “seguram” a terra e absorvem parte da água.

Antes e depois do Reflorestamento

• Rotação de cultura: a área de plantações pode ser dividida em partes, de forma que uma delas ficará sempre em
repouso. As outras partes recebem o plantio de culturas diversas. Após a colheita, ocorre uma rotação, sendo que a parte
que havia ficado em repouso recebe o plantio, e uma que foi usada vai para o descanso. Desta maneira, evita-se o desgaste
da terra (perda de nutrientes), dificultando sua infertilidade.
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Rotação de cultura

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Atmosfera
A atmosfera é a camada gasosa que envolve a Terra.
Com o intuito didático, a atmosfera foi dividida em cinco camadas que, juntas, compõem uma extensão de aproxima-
damente 1.000 km.
Essas camadas não se distribuem igualmente, a sua distância varia de acordo com a densidade dos elementos químicos
que as compõem e, à medida que se afastam da superfície da Terra, elas se tornam mais rarefeitas.
A seguir, estudaremos com mais detalhes as camadas da atmosfera.

Camadas da atmosfera

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29
Tempo e Clima
Elementos e fatores climáticos
O clima é uma rede intrincada de elementos e fatores que o caracterizam. Por isso, o clima muda muito conforme a
região.
De todos os fatores, o mais importante é a radiação solar. O Sol é o motor que move o clima. A luz solar por si própria
não gera calor, mas é a absorção, dispersão e a reflexão dessa mesma luz que irá determinar o grau de calor de cada região.
O balanço global do sistema Terra-atmosfera é positivo, ou seja, a relação entre a energia absorvida pela atmosfera e
pelos oceanos e terras é de 64% (47% pela superfície terrestre e 17% pela atmosfera e pelas nuvens).

Esquema ilustrativo do funcionamento da radiação solar

Os elementos e os fatores climáticos determinam as condições climáticas de cada região. Ainda que estudados separa-
damente, esses elementos e fatores atuam juntos, ao mesmo tempo.

Elementos Fatores modificadores


Temperatura Latitude
Pressão atmosférica Altitude
Ventos Distância do mar
Umidade Massas de ar
Precipitação Correntes marítimas

#FicaDica
Tempo e Clima são conceitos distintos: Tempo é o estado da atmosfera de um lugar em um determinado
momento. Clima é a sucessão dos estados de tempo da atmosfera em determinado lugar.
• Choveu hoje. Tempo
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• Chove sempre nessa época do ano. Clima

30
Temperatura Calor é definido como sendo energia térmica em trânsi-
A temperatura é a quantidade de calor em uma região. to e que flui de um corpo para outro em razão da diferença
A temperatura varia não apenas de um lugar para o outro, de temperatura existente entre eles, sempre do corpo mais
mas também em um mesmo lugar no decorrer do tempo. quente para o corpo mais frio. No verão, um lago pode
Entre os fatores responsáveis por sua variação ou dis- armazenar energia térmica durante o dia e transferi-la ao
tribuição, destacam-se a latitude, a altitude e a distribuição ambiente à noite na forma de calor.
de massas líquidas e solidas da Terra (maritimidade e con-
tinentalidade). Tipos de clima no Brasil
Temperatura e calor são dois conceitos bastante dife-
rentes e que muitas pessoas acreditam se tratar da mesma Clima subtropical
coisa. No entanto, o entendimento desses dois conceitos As regiões que possuem clima subtropical apresentam
se faz necessário para o estudo da termologia. Também grande variação de temperatura entre verão e inverno, não
chamada de termofísica, a termologia é um ramo da física possuem uma estação seca e as chuvas são bem distribuí-
que estuda as relações de troca de calor e manifestações das durante o ano.
de qualquer tipo de energia que é capaz de produzir aque-
cimento, resfriamento ou mudanças de estado físico dos
corpos, quando esses ganham ou cedem calor.
Os átomos e moléculas que constituem a matéria nunca
estão completamente imóveis. Mesmo que se esteja ob-
servando um material relativamente estático, parado. Ao
contrário, essas partículas estão sempre animadas de um
movimento vibratório, cuja amplitude depende do estado
físico da matéria.
Esse movimento vibratório constitui uma forma de
energia cinética, denominada energia térmica. Quanto
É um clima característico das áreas geográficas a sul
maior é a agitação das partículas de um corpo, maior é a
do Trópico de Capricórnio e a norte do Trópico de Câncer,
energia térmica desse corpo.
com temperaturas médias anuais nunca superiores a 20ºC.
A manifestação da energia térmica de um corpo pode
A temperatura mínima do mês mais frio nunca é menor
ser percebida pelos órgãos sensoriais de nossa pele e nos
que 0ºC.
dá a sensação de frio ou calor. Essa manifestação é popu-
larmente chamada temperatura e, em física, recebe o nome
Clima semiárido
de estado térmico do corpo. Quanto maior é o grau de agi-
O clima semiárido, presente nas regiões Nordeste e
tação das partículas de um corpo, maior é sua temperatura,
Sudeste, apresenta longos períodos secos e chuvas oca-
ou seja, mais elevado é o seu estado térmico. sionais concentradas em poucos meses do ano. As tempe-
A energia térmica pode transferir-se de um corpo para raturas são altas o ano todo, ficando em torno de 26 ºC. A
outro, mas sempre se transfere do corpo de maior tempe- vegetação típica desse tipo de clima é a caatinga.
ratura para o de menor temperatura. Para que a transferên-
cia ocorra, é preciso que exista entre os dois corpos uma
diferença de temperatura. A energia transferida é chama-
da calor. Assim, a temperatura de um corpo, sua energia
térmica e a agitação de suas partículas alteram-se quando
esse corpo recebe ou cede calor. A transferência de calor
somente termina quando os dois corpos em contato atin-
gem a mesma temperatura, um estado denominado equi-
líbrio térmico.

Então:
Temperatura é a grandeza física associada ao estado de
movimento ou a energia cinética das partículas que com-
põem os corpos. A chama de uma vela pode estar numa
GEOGRAFIA DO BRASIL

temperatura mais alta que a água do lago, mas o lago tem


mais energia térmica para ceder ao ambiente na forma de
calor. No cotidiano é muito comum as pessoas medirem o
grau de agitação dessas partículas através da sensação de
quente ou frio que se sente ao tocar outro corpo. No en-
tanto não podemos confiar na sensação térmica. Para isso
existem os termômetros, que são graduados para medir a
temperatura dos corpos.

31
Clima equatorial úmido Minas Gerais e pelas regiões serranas do Rio de Janeiro e
Este tipo de clima apresenta temperaturas altas o ano Espírito Santo. As chuvas se concentram no verão, sendo o
todo. As médias pluviométricas são altas, sendo as chuvas índice de pluviosidade influenciado pela proximidade do
bem distribuídas nos 12 meses, e a estação seca é curta. oceano.
Aliando esses fatores ao fenômeno da evapotranspiração,
garante-se a umidade constante na região. É o clima pre- Vegetação
dominante no complexo regional Amazônico. Nosso planeta apresenta diversos tipos de vegetações,
que variam de acordo com a região onde se localizam.
A espécie de vegetação referente a cada uma dessas re-
giões é definida por fatores como altitude, latitude, pressão
atmosférica, iluminação e forma de atuação das massas de ar.
No caso de regiões de baixa latitude, encontram-se as
florestas equatoriais, como por exemplo a floresta Amazô-
nica, no Brasil.

Clima equatorial semiúmido


Em uma pequena porção setentrional do país, existe o
clima equatorial semiúmido, que também é quente, mas
menos chuvoso. Isso ocorre devido ao relevo acidentado
(o planalto residual norte-amazônico) e às correntes de ar
que levam as massas equatoriais para o sul, entre os meses
de setembro a novembro. Este tipo de clima diferencia-se
do equatorial úmido por essa média pluviométrica mais
baixa e pela presença de duas estações definidas: a chuvo-
sa, com maior duração, e a seca.

É comum encontrarmos esse tipo de vegetação em lu-


gares quentes e úmidos. Suas principais características são
a grande variedade de espécies e as folhas grandes, com
um tom de verde bem definido. Existem também as flores-
tas tropicais, localizadas na faixa intertropical litorânea, que
possuem menor de variedades de espécies vegetais, além
de tipos de vidas que não existem em outros locais.
Clima tropical
Presente na maior parte do território brasileiro, este Outro tipo de vegetação é o cerrado (ou savana), en-
tipo de clima caracteriza-se pelas temperaturas altas. As contrado no centro-oeste brasileiro, em parte da Austrália
temperaturas médias de 18 °C ou superiores são registra- e do centro da África, e no litoral da Índia. Esse tipo ca-
das em todos os meses do ano. O clima tropical apresenta racteriza-se por plantas rasteiras e pequenas árvores que
uma clara distinção entre a temporada seca (inverno) e a perdem suas folhas no período da seca.
chuvosa (verão). O índice pluviométrico é mais elevado nas Temos também os campos ou pradarias, tipo encon-
áreas litorâneas. trado em regiões de clima temperado continental, como
ocorre no norte dos Estados Unidos, sul do Canadá, nor-
te da China, norte da Argentina etc. Essa vegetação nasce
onde há pouca umidade para o crescimento de árvores,
havendo somente um tapete herbáceo conhecido como
gramíneas.
Existem ainda as florestas temperadas, localizadas no
Canadá, Estados Unidos e norte da Europa, além das flo-
GEOGRAFIA DO BRASIL

restas de coníferas, presentes em regiões subpolares, e a


tundra, vegetação que surge em solos gelados. Veremos a
seguir mais características dessas vegetações.
Clima tropical de altitude
Apresenta médias de temperaturas mais baixas que o A vegetação brasileira
clima tropical, ficando entre 15º e 22º C. Este clima é pre- O Brasil apresenta uma vegetação bastante rica e diver-
dominante nas partes altas do Planalto Atlântico do Sudes- sificada. Podemos dividir as paisagens vegetais brasileiras
te, estendendo-se pelo centro de São Paulo, centro-sul de nas seguintes formações:

32
• Florestais - podem ser do tipo latifoliada (ex: Mangues: é um tipo de vegetação de formação lito-
Amazônica, Mata dos Cocais) e aciculifoliada (ex: Mata de rânea, caracterizado principalmente por abranger diversas
Araucária). vegetações, ocorrendo em áreas baixas e, logo, sujeito à
• Arbustivas e herbáceas - predomínio de gramí- ação das marés.
neas (ex: cerrado, caatinga e campos).
• Complexas - apresentam características variadas. Hidrografia
Abrangem o Pantanal e a vegetação litorânea.
A hidrografia é o ramo da geografia física que estuda as
O Brasil, por ter dimensões territoriais continentais, águas do planeta, abrangendo portanto rios, mares, ocea-
abriga oito tipos principais de vegetação natural. São eles: nos, lagos, geleiras, água do subsolo e da atmosfera.
Os hidrógrafos são os profissionais que estudam a hi-
Floresta Amazônica: de clima equatorial e conhecida drografia do planeta, analisam e catalogam as águas nave-
como Amazônia Legal, abriga milhões de espécies animais gáveis de todo o mundo, elaborando cartas e mapas que
e vegetais, sendo de vital importância ao equilíbrio am- mostram em detalhes a formação dos canais, a profundi-
biental do planeta. Ela é classificada como uma formação dade das águas e a localização dos canais, bancos de areia,
florestal Latifoliada, pois suas folhas são largas e agrupam- correntes marítimas, etc. Os hidrógrafos também são res-
-se densamente, geralmente atingindo grandes alturas. ponsáveis por estudar a influência dos ventos no ritmo das
águas e das marés.
Mata Atlântica: caracterizada como uma floresta lati-
foliada tropical e de clima tropical úmido, foi a vegetação
que mais sofreu devastação no Brasil, restando apenas 7%
de sua cobertura original. Era uma vegetação que se es-
tendia do Rio Grande do Norte ao Rio Grande do Sul, mas
que foi intensamente degradada pelos portugueses para a
extração de madeira e plantio de cana-de-açúcar.

Caatinga: é uma vegetação típica de clima semiárido,


localizada no Nordeste brasileiro.  Possui plantas espinho-
sas e pobres em nutrientes. Nos últimos anos, vem sofren-
do diversas agressões ambientais que causam empobreci-
mento do solo, dificultando mais ainda o desenvolvimento
dessa região.

Cerrado: típica do Planalto Central brasileiro e de clima


tropical semiúmido, é a segunda maior formação vegetal
do Brasil. Apesar de sua paisagem ser composta por ár- A hidrosfera é a camada líquida da Terra. É formada
vores baixas e retorcidas, é a vegetação com maior biodi- por mais de 97% de água, concentrada principalmente em
versidade do planeta. Somente nos últimos anos é que os oceanos e mares, porém compreende também a água dos
ambientalistas vêm se preocupando com esse ecossistema, rios, dos lagos e a água subterrânea. No total, a água con-
que sofre vários danos ambientais causados pela plantação tida no planeta abrange um volume de aproximadamente
de soja e cana-de-açúcar e pela pecuária. 1.400.000.000 km³. Já as águas continentais representam
pouco mais de 2% da água do planeta, ficando com um
Pantanal: localizada no Mato Grosso e Mato Grosso do volume em torno de 38.000.000 km³.
Sul, é considerada uma vegetação de transição, isto é, uma A água em estado líquido passa para a atmosfera em
formação vegetal heterogênea composta por diferentes forma de vapor, em um processo chamado de evapotras-
ecossistemas. Em determinadas épocas do ano, algumas piração. As baixas temperaturas da atmosfera fazem esse
porções de área são alagadas pelas cheias dos rios e é so- vapor se condensar, passando para seu estado líquido e,
mente nas estiagens que a vegetação se desenvolve. dessa forma, se precipitar sobre a superfície.
Campos sulinos: também conhecidos como “pampas”
e característicos de clima subtropical, apresentam vegeta-
GEOGRAFIA DO BRASIL

ção rasteira com a predominância de capins e gramíneas.

Mata de Araucária: com a predominância de pinheiros


e localizada no estado do Paraná, é uma vegetação típica
de clima subtropical. Sua cobertura original é quase ine-
xistente em razão da intensa exploração de madeira para
fabricação de móveis.

33
Esquema evapotraspiração

Durante o ano, precipitam cerca de 119 mil km cúbicos sobre os continentes, sendo que apenas 47 mil km cúbicos não
voltam para a atmosfera, permanecendo nos oceanos, circulando como água doce.
Essa diferença entre precipitação e a evaporação é chamada de excedente hídrico e transforma-se em rios, lagos ou
lençóis de água subterrânea. O ciclo da água tem três trajetórias principais: precipitação, evapotranspiração e transporte
de vapor.

Trajetória do ciclo da água


GEOGRAFIA DO BRASIL

Os cursos de água doce, onde civilizações nasceram, desenvolveram e morreram, são vitais para quase todas as ações
humanas. No Brasil, a maior parte da energia elétrica que chega às casas e às indústrias, vem das hidrelétricas.

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Mar do Negro 413.000 km²
Mar Báltico 420.000 km²
Mar da China Meridional 3.447.000 km³
Mar de Okhotsk 1.580.000 km²
Mar de Bering 2.270.000 km²
Mar da China Oriental 752.000 km²
Mar Amarelo 417.000 km²
Mar do Japão 978.000 km²
Golfo de Bengala 2.172.000
Mar vermelho 440.000

Fotografia aérea de Itaipu - usina hidrelétrica Maiores rios


binacional localizada no Rio Paraná, na fronteira entre o Amazonas 10.245 km²
Brasil e o Paraguai Nilo 6.671 km²
Rio Yangtzé 5.800 km²
Os rios também são agentes erosivos do relevo, mol- Mississippi-Missouri 5.620 km²
dando-o ao seu bel prazer. Essas correntes líquidas, que re- Obi 5.410 km²
sultam da concentração de água em vales, podem se origi- Rio Amarelo 4.845 km²
nar de várias fontes: fontes subterrâneas (que se formam Rio da Prata 4.700 km²
com a água das chuvas), transbordamento de lagos ou Mekong 4.500 km²
mesmo da fusão de neves e geleiras. Amur 4.416 km²
Rio Lena 4.400 km²
Hidrografia brasileira
O Brasil é um dos países mais ricos do mundo no que Maiores lagos
se refere aos complexos hidrográficos, contando com um Mar Cáspio 371.000 km²
dos mais complexos do planeta. Aqui no país, encontramos Lago Superior 84.131 km²
rios de grande extensão, largura e profundidade, que nas- Vitória 68.100 km²
cem, em sua maioria, em regiões que são pouco elevadas, Huron 61.797 km²
excluindo apenas o Rio Amazonas e alguns afluentes que Michigan 58.016 km²
nascem na cordilheira dos Andes. De toda a água doce que Mar de Aral 41.000 km²
está na superfície do planeta, 8% encontra-se no Brasil e, Tanganica 32.893 km²
além disso, a maior bacia fluvial do mundo também encon- Grande Urso 31.792 km²
tra-se no Brasil, e é a Amazônica. Baikal 31.500 km²
Lago Niassa 30.800 km²
Bacias hidrográficas
Chamamos de bacia hidrográfica uma área onde acon- Usinas hidrelétricas do Brasil
tece a drenagem da água das chuvas para um determinado As hidrelétricas no Brasil correspondem a 90% da ener-
curso de água que, normalmente, é um rio. O terreno em de- gia elétrica produzida no país.
clive faz com que as águas acabem desaguando em um de- A instalação de barragens para a construção de usinas
terminado rio, o que forma uma bacia hidrográfica. Segundo iniciou-se no Brasil a partir do final do século XIX, mas foi
o IBGE, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, existem após a Segunda Grande Guerra Mundial (1939-1945) que a
nove bacias, que são a Bacia do Amazonas, que é a maior do adoção de hidrelétricas passou a ser relevante na produção
mundo e encontra-se, mais de sua metade, no Brasil; Bacia de energia brasileira.
do Nordeste; Bacia do Tocantins-Araguaia (maior bacia hi- Apesar de o Brasil representar o terceiro maior poten-
drográfica totalmente situada em território brasileiro); Bacia cial hidráulico do mundo (atrás apenas de Rússia e China),
do Paraguai; Bacia do Paraná; Bacia do São Francisco; Bacia o país importa parte da energia hidrelétrica que consome.
do Sudeste-Sul; Bacia do Uruguai; e Bacia do Leste. Isso ocorre em razão de que a maior hidrelétrica das Amé-
ricas e segunda maior do mundo, a Usina de Itaipu, não é
Maiores oceanos e mares do mundo totalmente brasileira.
Oceano Pacífico 179.700.000 km² Por se localizar na divisa do Brasil com o Paraguai, 50%
Oceano Atlântico 106.100.000 km² da produção da usina pertence ao país vizinho que, na in-
GEOGRAFIA DO BRASIL

Oceano Índico 73.556.000 km² capacidade de consumir esse montante, vende o excedente
Mar Glacial Ártico 14.090.000 km² para o Brasil. O Brasil também consome energia produzida
Mar do Caribe 2.754.000 km² pelas hidrelétricas argentinas de Garabi e Yaceritá.
Mar Mediterrâneo 2.505.000 km² A produção de energia elétrica no Brasil é realizada
Mar da Noruega 1.547.000 km² através de dois grandes sistemas estruturais integrados: o
Golfo do México 1.544.000 km² sistema Sul-Sudeste-Centro-Oeste e o sistema Norte-Nor-
Baía de Hudson 1.230.000 km² deste, que correspondem, respectivamente, por 70% e 25%
Mar do Norte 580.000 km² da produção de energia hidrelétrica no Brasil.

35
Principais usinas hidrelétricas do Brasil Usina Hidrelétrica de Tucuruí

Usina Hidrelétrica de Itaipu

Estado: Paraná | Rio: Paraná | Capacidade: 14.000 MW

Estado: Pará | Rio: Tocantins | Capacidade: 8.370 MW

Usina Hidrelétrica de Santo Antônio

Usina Hidrelétrica de Belo Monte Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW

Estado: Pará | Rio: Xingú | Capacidade: 11.233 MW

Usina Hidrelétrica São Luíz do Tapajós Usina Hidrelétrica de Ilha Solteira

Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 8.381 MW Estado: São Paulo | Rio: Paraná | Capacidade: 3.444 MW
GEOGRAFIA DO BRASIL

36
Usina Hidrelétrica de Jirau Usina Hidrelétrica Jatobá

Estado: Rondônia | Rio: Madeira | Capacidade: 3.300 MW Estado: Pará | Rio: Tapajós | Capacidade: 2.338 MW

Usina Hidrelétrica de Xingó


Fenômenos naturais
Estados: Alagoas e Sergipe | Rio: São Francisco Os fenômenos naturais são acontecimentos não artifi-
Capacidade: 3.162 MW ciais, ou seja, que ocorrem sem a intervenção humana.
Na linguagem popular, entretanto, dado o sentido co-
mum do termo “fenômeno”, esta expressão refere-se, em
geral, aos fenômenos naturais perigosos, também desig-
nados como “desastres naturais”.

#FicaDica
Os fenômenos naturais são regidos pela intera-
ção dos elementos físicos da Terra: Água, mas-
sa continental e massas de ar.

Fenômenos naturais
Os fenômenos naturais são acontecimentos não artifi-
ciais, ou seja, que ocorrem sem a intervenção humana.
Na linguagem popular, entretanto, dado o sentido co-
Usina Hidrelétrica de Paulo Afonso mum do termo “fenômeno”, esta expressão refere-se, em
geral, aos fenômenos naturais perigosos, também desig-
Estado: Bahia | Rio: São Francisco | Capacidade: 2.462 MW nados como “desastres naturais”.
A seguir, alguns dos mais interessantes fenômenos na-
turais.

GEOGRAFIA DO BRASIL

Deriva continental

37
Cachoeiras de sangue dos vales secos de McMurdo Aurora boreal e austral

Sol da meia-noite e noite polar Vulcões submarinos e aberturas vulcânicas

Ijen - vulcão com chamas azuis Furacão - ciclone tropical

Lua vermelha Raios, relâmpagos e trovões


GEOGRAFIA DO BRASIL

Tsunamis
Kilauea - vulcão mais ativo do mundo

38
Continentes
Os continentes são porções de terras emersas cerca-
das de água por todos os lados e que, diferentemente das
ilhas, possuem uma ampla extensão territorial. Por conven-
ção geográfica, costuma-se dizer que um continente é todo
conjunto de terras cuja área é maior que a da Austrália, o
menor dos países com dimensões continentais. Os conti-
nentes também podem ser considerados como um agru-
pamento mais ou menos coeso de diversas terras, incluindo
arquipélagos próximos entre si, como é o caso da Oceania.
Terremotos As variações na conceituação de continente também
interferem em seu número na Terra. Em algumas definições,
só se pode considerar como continente uma área que apre-
sente ambientes propícios para a habitação humana; em
outras abordagens, esse critério não é colocado. Por isso,
alguns autores afirmam que a Antártida não pode ser con-
siderada como um dos continentes da Terra, enquanto, para
outros autores, sim.
Em uma definição mais prática e usual, podemos consi-
derar os continentes como uma divisão das diferentes áreas
da superfície terrestre. Eles seriam, portanto, uma forma de
Nevascas regionalização do nosso planeta. Nesse sentido, áreas con-
tínuas que, em tese, deveriam formar um único continente
(Europa + Ásia = Eurásia) formam dois por divisões pura-
mente políticas. Por essa razão, os continentes da Terra são:
América, Europa, Ásia, África, Oceania e Antártida.
E o Ártico (Polo Norte), não pode ser considerado um
continente?
O Ártico não é formado por um conjunto de terras, mas
apenas por gelo, diferentemente da Antártida, que é forma-
da por uma superfície terrestre recoberta por gelo.
O maior continente da Terra é a Ásia, que possui uma
Avalanche extensão territorial de 44,5 milhões de km², o equivalente a
um terço de todas as terras emersas. A Ásia também detém
a maior quantidade de habitantes e, ao mesmo tempo, as
maiores densidades demográficas, com os chamados “for-
migueiros humanos em algumas áreas da China, da Índia,
do Paquistão e da Indochina. Essas localidades e suas re-
giões adjacentes abrigam mais pessoas do que todo o res-
tante do planeta.
Se considerarmos a extensão norte-sul, o destaque irá
para o continente americano, que ocupa uma área que vai
Tempestade de areia desde o ponto extremo da Groenlândia, a cerca de 83ºN de
latitude, até o sul do território do Chile, a cerca de 56ºS de
latitude.
O menor dos continentes da Terra é a Oceania – que
também é chamada de continente australiano pelo fato
de a Austrália ser o único país desse continente que não é
considerado ilha. Sua extensão é de, aproximadamente, 8,5
milhões de km². O segundo menor é a Europa, com pouco
mais de 10 milhões de km². Se considerarmos o território
GEOGRAFIA DO BRASIL

europeu sem a porção pertencente à Rússia, a extensão


desse continente ficaria menor do que a do território bra-
Erupções vulcânicas sileiro.
A Rússia é, portanto, um país que se encontra em dois
continentes (Ásia e Europa) da mesma forma que a Turquia
(também Ásia e Europa) e o Egito (África e Ásia). Isso sem
contar aqueles países que possuem algumas dominações
ou protetorados em outras regiões distantes, a exemplo

39
dos Estados Unidos (Samoa Americana e várias outras O Brasil está localizado a oeste do meridiano de Green-
ilhas), o Reino Unido (Ilhas Malvinas, Ilhas Cayman, Bermu- wich, portanto ele integra o Hemisfério Ocidental. O país
das e muitos outras localidades), a França (Guiana France- é “cortado” pela linha do Equador, fazendo com que 7%
sa) e a Holanda (Suriname), entre outros. de sua área pertença ao Hemisfério Setentrional (Norte) e
Existe também uma cidade bicontinental: Istambul, a ci- 93%, ao Hemisfério Meridional (Sul).
dade mais importante da Turquia e que é dividida ao meio As Regiões do Brasil são as grandes divisões do terri-
pelo Estreito de Bósforo, o mesmo canal que divide a Ásia da tório do país. Elas reúnem as características físicas ou na-
Europa, os dois continentes aos quais pertence essa cidade. turais, do relevo, do clima, da vegetação, da hidrografia,
como também das atividades econômicas.
A seguir, alguns dados dos continentes da Terra: Considerando que o território brasileiro possui dimen-
  sões continentais, com 8.515.767,049 km², o IBGE (Instituto
Ásia Brasileiro de Geografia e Estatística), dividiu o país em cinco
Área: 44.579.000 km² grandes regiões:
População: 4,5 bilhões de habitantes • Região Nordeste
Número de países: 50 • Região Norte
Oceanos circundantes: Glacial Ártico ao norte, Pacífico a • Região Centro-Oeste
leste e Índico ao sul. • Região Sudeste
  • Região Sul
América
Área: 42.549.000 km²
População: 953,7 milhões de habitantes
Número de países: 35
Oceanos circundantes: Pacífico a oeste, Atlântico a leste,
Glacial Ártico ao norte e Glacial Antártico ao sul.
 
África
Área: 30.221.000 km²
População: 1,2 bilhão de habitantes
Número de países: 55
Oceanos circundantes: Atlântico a oeste, Índico a leste e
Glacial Antártico ao sul
 
Europa
Área: 10.180.000 km²
População: 742,5 milhões de habitantes
Número de países: 49
Oceanos circundantes: Atlântico a oeste e Glacial Ártico Região Nordeste
ao norte A Região Nordeste ocupa uma área de 1.554.291.607
  km2 sendo a região brasileira que possui a maior costa li-
Oceania torânea do país.
Área: 8.526.000 km² Essa região é formada por 9 Estados:
População: 37,1 milhões de habitantes • Maranhão (MA): capital São Luís
Número de países: 14 • Piauí (PI): capital Teresina
Oceanos circundantes: Pacífico a leste e a norte, Índico a • Ceará (CE): capital Fortaleza
oeste e Glacial Antártico ao sul. • Rio Grande do Norte (RN): capital Natal
  • Paraíba (PB): capital João Pessoa
Antártida • Pernambuco (PE): capital Recife
Área: 14.000.000 km² • Alagoas (AL): capital Maceió
População: - • Sergipe (SE): capital Aracaju
Número de países: Atualmente, 26 países possuem terri- • Bahia (BA): capital Salvador
tórios nesse continente Faz parte ainda dessa região, a Ilha de Fernando de No-
Oceanos circundantes: Glacial Antártico ronha, que pertence ao estado de Pernambuco. Curioso
GEOGRAFIA DO BRASIL

notar que a capital do Piauí, a cidade de Teresina, é a única


BRASIL: Regiões capital que não está situada no litoral.
Localizado no continente americano, no subcontinente
da América do Sul, o Brasil é o quinto maior país do mundo Região Norte
em extensão territorial, com uma área de 8.514.876 quilô- A Região Norte ocupa uma área de 3.853.676.948 km2
metros quadrados. Seu território, que ocupa cerca de 48% sendo a maior das regiões brasileiras fazendo fronteira
da América do Sul, possui fronteiras com todos os países com a Bolívia, Peru, Colômbia, Venezuela, Guiana, Suriname
dessa região, com exceção do Chile e Equador. e a Guiana Francesa.

40
Essa região é formada por 7 Estados: Assinale a alternativa que apresenta a sequência corre-
• Amazonas (AM): capital Manaus ta, de cima para baixo.
• Pará (PA): capital Belém
• Acre (AC): capital Rio Branco a) F – V – V – V.
• Rondônia (RO): capital Porto Velho b) V – F – F – V.
• Tocantins (TO): capital Palmas c) V – F – F – F.
• Amapá (AP): capital Macapá d) F – V – F – F.
• Roraima (RR): capital Boa Vista e) F – F – V – V.

Região Centro-Oeste Questão fácil de responder considerando que os três esta-


A Região Cento Oeste ​é a única região brasilei- dos da água são gasoso, liquido e sólido e, que, é inegável
ra que não é banhada pelo mar. Ela ocupa uma área de a influência das ações humanas no ciclo hidrológico.
1.606.399.509 km2, Diante disso a única alternativa que aceita essa sequencia
Faz fronteira com a Bolívia e o Paraguai e sua localiza- é a B.
ção permite ligação de fronteira com todas as outras re- Resposta: “B”
giões brasileiras.
Essa região é formada por 3 Estados e o Distrito Fe- 2. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) “No co-
deral: meço da história do homem, a configuração territorial
• Mato Grosso (MT): capital Cuiabá é simplesmente o conjunto dos complexos naturais. À
• Goiás (GO): capital Goiana medida que a história vai fazendo-se, a configuração
• Mato Grosso do Sul (MS): capital Campo Grande territorial é dada pelas obras dos homens: estradas,
• Distrito Federal (DF): capital Brasília plantações, casas, depósitos, portos, fábricas, cida-
des etc; verdadeiras próteses. Cria-se uma configura-
Região Sudeste ção territorial que é cada vez mais o resultado de uma
produção histórica e tende a uma negação da natureza
A Região Sudeste ocupa uma área de 924.620.678 km2
natural, substituindo-a por uma natureza inteiramente
sendo a segunda menor região brasileira em extensão ter-
humanizada”.
ritorial e a mais desenvolvida economicamente.
(SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: Técnica e Tem-
Além disso, é considerada a mais populosa das regiões
po; Razão e Emoção. 4ª ed. São Paulo: EdUSP, 2006. p.39.)
abrigando 44% da população brasileira.
Sobre a produção e transformação do espaço, assinale
Essa região é formada por 4 Estados:
a alternativa correta:
• Minas Gerais (MG): capital Belo Horizonte
• Espírito Santo (ES): capital Vitória a) O espaço das sociedades é construído a partir de ele-
• São Paulo (SP): capital São Paulo mentos da natureza em sua forma pura.
• Rio de Janeiro (RJ): capital Rio de Janeiro b) Os diferentes lugares e regiões no mundo capitalista não
se diferem muito uns dos outros, pois a produção do
Região Sul espaço é relativamente homogênea e igualitária.
A Região Sul ocupa uma área de 576.744.310 km2 sen- c) Podemos dizer que “produção do espaço” significa a
do considerada a menor região brasileira. Essa região faz construção pelo homem de seu próprio ambiente.
fronteira com o Uruguai, Argentina e Paraguai e é formada d) As técnicas de produção pouco interferem na formação
por 3 Estados: do espaço das sociedades.
• Paraná (PR): capital Curitiba e) O espaço geográfico social, atualmente, resume-se à
• Santa Catarina (SC): capital Florianópolis construção das cidades e moradias.
• Rio Grande do Sul (RS): capital Porto Alegre
Em “a”, Errado - é construído por elementos da natureza
que, em maior parte, são organizados a partir da trans-
formação destes em mercadorias e objetos técnicos.
EXERCÍCIOS COMENTADOS Em “b”, Errado - a produção do espaço não pode ser con-
siderada homogênea e igualitária, visto que ela se mani-
1. (NC/UFPR – 2015 - ITAIPU BINACIONAL) Sobre o ci- festa com diferenças no tempo, nas condições sociais e no
clo hidrológico, identifique como verdadeiras (V) ou desenvolvimento técnico.
GEOGRAFIA DO BRASIL

falsas (F) as seguintes afirmativas: Em “d”, Errado - o uso das técnicas é um dos elementos
( ) O ciclo hidrológico é impulsionado pela energia solar. primordiais na constituição do espaço geográfico.
( ) O ciclo hidrológico é fechado na escala da bacia hidro- Em “e”, Errado - o espaço geográfico vai além do meio
gráfica. urbano, estendendo-se também para o meio rural, onde
( ) As ações humanas não interferem no ciclo hidrológico. também se constituem formas e ações sociais.
( ) A água pode se encontrar nos três estados físico no ciclo Resposta: “C”
hidrológico: gasoso, sólido e líquido.

41
3. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) Assi- 5. (Prefeitura de Betim/MG – 2015 - Prefeitura de Be-
nale, entre as alternativas abaixo, aquela que não re- tim/MG) Assinale a alternativa que NÃO apresenta um
presenta um elemento constitutivo ou participativo da rio da região Amazônica: 
produção do espaço econômico:
a) Rio Negro.
a) Urbanização b) Rio Xingu.
b) Industrialização c) Rio Paraopeba. 
c) Mecanização do campo d) Rio Solimões.
d) Extrativismo mineral e vegetal O Rio Paraopeba fica em MG.
e) Delimitação de Unidades de Conservação. Resposta: “C”

A construção do espaço econômico envolve todo e 06. (CURSIVA/2015 – CIS/AMOSC/SC) Marque a opção
qualquer processo de transformação da natureza pe- que completa a lacuna.
las atividades humanas, no sentido de atender aos seus _____________________ também conhecido por diastrofis-
interesses para a constituição de suas sociedades. Essa mo, consiste em movimentos decorrentes de pressões
dinâmica envolve elementos como a urbanização, a vindas do interior da Terra, agindo na crosta terrestre.
transformação do meio rural, a propalação de indústrias Quando as pressões são verticais, os blocos continen-
e a extração de elementos naturais. Dessa forma, apenas tais sofrem levantamentos, abaixamentos ou sofrem
aqueles espaços conservados e não afetados diretamen- fraturas ou falhas.
te pela ação antrópica não se constituem como instân-
cias participativas dessa categoria. a) O vulcanismo;
Resposta: “E” b) O tectonismo;
c) O intemperismo;
4. (UEMG - www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) A ex- d) O abalo císmico.
pansão, em escala planetária, das atividades das mul-
tinacionais fez crescer entre essas empresas a disputa Em “a”, Errado - a atividade por meio da qual o material
por partes cada vez maiores de um mercado consumi- magnético é expulso do interior da Terra para a superfí-
dor atualmente integrado pelo processo de globaliza- cie.. Vulcanismo e sismologia são áreas do conhecimento
ção. Assinale, a seguir, a alternativa em que NÃO foram intimamente relacionadas com a tectônica.
apresentados elementos característicos das empresas Em “c”, Errado - processo que altera física e quimicamente
multinacionais. as rochas e seus minerais, tendo principais fatores o clima
e o relevo. O intemperismo também é conhecido como
a) Diminuição do tamanho das unidades de produção, com meteorização.
o uso de alta tecnologia. Em “d”, Errado - Abalo sísmico ou terremoto é um tremor
b) Otimização dos processos de produção, diminuindo, por da superfície terrestre produzido por forças naturais si-
exemplo, os desperdícios com matérias-primas. tuadas no interior da crosta terrestre e a profundidades
c) Aumento dos investimentos em marketing e propagan- variáveis.
da, divulgando informações a respeito de serviços e pro- Resposta: “B”
dutos.
d) Concentração do processo produtivo e comercial em um
único país.

As empresas multinacionais caracterizam-se por serem,


em geral, altamente tecnológicas, combinando uma série
de ações e técnicas para diminuir quantitativamente as
unidades de produção e o uso de matérias-primas e ele-
var qualitativamente a otimização do processo produtivo.
Além disso, essas empresas descentralizam-se por várias
partes do globo e organizam, por essa razão, grandes in-
vestimentos publicitários para alcançar o maior mercado
consumidor possível.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Resposta: “D”

42
7. (IBFC/2017 – EBSERH) Leia a afirmação a seguir e assi-
nale a alternativa que preenche corretamente a lacuna. GEOGRAFIA DA BAHIA: ASPECTOS
___________________ é a época do ano em que a trajetória POLÍTICOS, FÍSICOS, ECONÔMICOS, SOCIAIS
aparente do sol corresponde ao percurso extremo solar. E CULTURAIS.

a) Equinócio
1. Aspectos políticos
b) Translação
c) Rotação
O Estado mais influente do Nordeste faz parte dos 27
d) Solstício
Estados da Federação e, assim como no restante do país,
e) Radiação
a Bahia conta com os três poderes: Executivo, Legislativo e
Judiciário.
Em “a”, Errado - momento exato que marca o início da
Primavera ou do Outono, em que o sol incide com maior Nas administrações públicas, a capital Salvador é co-
intensidade sobre as regiões que estão localizadas próxi- mandada pelo prefeito Antônio Carlos Magalhães Neto
mo à linha do Equador. (ACM Neto), do DEM. Ele é neto de Antonio Carlos Maga-
Em “b”, Errado - movimento que a Terra executa em torno lhães (ACM), um dos políticos baianos mais populares das
do Sol de forma elíptica. últimas décadas no Brasil. ACM Neto está em seu segundo
Em “c”, Errado - movimento realizado pelo planeta Terra mandato, ele foi eleito em 2012 e reeleito em 2016.
em torno do próprio eixo no sentido de oeste para leste. No âmbito estadual, a Bahia é governada por Rui Costa
Em “e”, Errado - significa a propagação de energia de um (PT), eleito no pleito de 2018. Rui assumiu o posto de gover-
ponto a outro no espaço ou em um meio material, com nador em janeiro de 2019. Ele está em seu segundo mandato.
uma certa velocidade.
Resposta: “D”
#FicaDica
A reeleição de Rui Costa simbolizou uma
8. (Fonte: www.exercicios.brasilescola.uol.com.br) A espa- grande conquista para o PT após perder a
cialização da produção industrial global configura-se eleição presidencial para Jair Bolsonaro (PSL),
sobre uma lógica em que: além da derrota da sigla em Estados como
a) os países subdesenvolvidos e emergentes fornecem Minas Gerais, que não reelegeu o petista
matérias-primas e produtos industriais, enquanto as eco- Fernando Pimentel.
nomias desenvolvidas especializam-se em mercadorias e
produções altamente tecnológicas.
b) os países centrais abandonam completamente a fabrica-
ção de produtos secundários, destinando os seus esforços FIQUE ATENTO!
apenas ao setor terciário.
c) a expressão do capitalismo comercial organiza as ações Os aspectos políticos levam em conta o cenário
produtivas para os campos dominantes da economia glo- político local, é um tema que vale atenção.
bal.
d) a industrialização manifesta-se apenas em zonas econo-
micamente estáveis, sendo um indicativo do avanço tecno- 2. Aspectos físicos
lógico regional ou nacional. 
Localizado ao Sul da região Nordeste, a Bahia por muito
A produção em escala mundial tem sua organização ba- tempo foi o centro econômico do Brasil. Em 1549, Salvador
seada na Divisão Internacional do Trabalho (DIT), em que foi escolhida como capital do Brasil, até 1763.
os países centrais produzem mercadorias industriais e O Estado está entre os cinco mais extensos do país. A
dominam tecnologias de ponta, enquanto os países pe- Bahia faz divisa com Minas Gerais (a sudeste), Espírito San-
riféricos fornecem, em geral, matérias-primas e produtos to (ao sul), Tocantins (a oeste), Pernambuco, Sergipe e Ala-
industriais com baixo valor tecnológico. goas (a nordeste).
Resposta: “A” Mais da metade de sua área, de 60 a 70%, se localiza
em região marcada pela vegetação da caatinga e clima se-
Fonte e/ou texto adaptado de: www.geografia.seed. miárido, numa área onde vigora escassez de chuva e seca.
pr.gov.br/www.brasilescola.com/geografia/www.todoestudo.
GEOGRAFIA DO BRASIL

Quanto à hidrografia, o rio São Francisco tem grande


com.br/www.sogeografia.com.br/www.geografiaparatodos. importância no Estado. E em relação ao relevo, é preciso
com.br/www.educacao.uol.com.br/www.estudopratico.com. considerar que a Bahia apresenta depressões, planícies e
br/www.brasilescola.uol.com.br/www.obshistoricogeo.blogs- planaltos, dessa forma, há baixas altitudes.
pot.com/www.infoescola.com/www.mundoeducacao.bol.uol. Contudo, as montanhas mais altas estão, de fato, na
com.br/Eduardo de Freitas/Karen Degli Exposti/ Régis Rodri- Chapada Diamantina, localizada no centro da Bahia. Parte
gues/Rodolfo Alves Pena/ Wagner de Cerqueira e Francisco/ delas conta com cerca de 2.000 metros de altitude, como
Michelle Nogueira Pico do Barbado.

43
A Bahia também é um dos Estados da Federação em
#FicaDica que há menos municípios com projetos de saneamento bá-
sico, 14, 6% somente. No Nordeste, na frente apenas dos
A Chapada Diamantina é uma das belezas Estados da Paraíba (13,0%) e Pernambuco (14,1%).
naturais brasileiras mais conhecidas no mundo.
#FicaDica
Saneamento Básico é um dos principais
FIQUE ATENTO!
parâmetros para mensurar os índices de
No nordeste existe outra chapada de destaque, desenvolvimento humano.
assim como a diamantina. Se trata da chapada .
das mesas, no maranhão.

FIQUE ATENTO!
3. Aspectos econômicos Muitas questões sobre aspectos sociais e
econômicos trazem percentuais relevantes
O Estado mais rico da região nordeste ocupa a sexta posi- que ajudam no entendimento da realidade.
ção no ranking nacional, atrás de São Paulo (1º), Rio de Janeiro É IMPORTANTE MANTER ATENÇÃO A ESSAS
(2º), Minas Gerais (3º) , Rio Grande do Sul (4º) e Paraná (5º). INFORMAÇÕES.
A economia baiana é impulsionada pela indústria, espe-
cialmente serviços e turismo. A Bahia também é produtora
de diversos produtos agrícola, com destaque para os grãos 5. Aspectos culturais.
(soja, cacau e cana-de-açúcar).
De forma geral, a Bahia também se destaca no setor pe- A Bahia talvez seja o Estado da Federação que mais as-
troquímico nacional e agroindustriais. Mas também é pre- similou aspectos culturais da matriz africana, que é bastan-
ciso considerar o turismo como grande gerador de renda e te presente na constituição do povo brasileiro. É notável a
movimentação da economia no Estado, por conta das inú- grande influência na música, comida e aspectos religiosos.
meras atrações naturais, como as famosas praias e eventos Aliás, a Bahia revela nível significativo de sincretismo reli-
como o carnaval baiano. gioso, onde as pessoas se identificam com as crenças de
matriz africana e também com elementos do catolicismo.
#FicaDica Outra questão marcante sobre a influência afrodescen-
dente se aplica ao jeito, hábitos e formas da população se
A economia baiana responde por cerca de 36% relacionar. O lado extrovertido e festeiro do povo baiano
do PIB da região Nordeste. tem muito a ver com essa herança africana.
. E todo esse mosaico cultural é referência para mani-
festações populares que definem a identidade brasileira,
como o carnaval, a festa mais popular do mundo. Na Bahia,
FIQUE ATENTO! em especial em Salvador, os trios elétricos ao som do axé
O turismo é o grande impulsionador da atraem multidões de todo o mundo para as micaretas que
economia baiana, além de gerar quase 90 mil duram dias, semanas e até meses.
empregos, em média. A cultura baiana é também referência mundial, se des-
tacando não apenas na música, mas em sua culinária, com
pratos típicos como acarajé, caruru e cocada. Marcado
4. Aspectos sociais por receitas apimentadas, a gastronomia baiana é uma das
mais populares do Brasil.
Com quase 15 milhões de habitantes, segundo dados
do IBGE, a Bahia é o Estado mais populoso da região Nor- #FicaDica
deste. O território ocupa a quarta posição no Brasil, atrás
Os aspectos culturais são temas relevantes
de São Paulo (1º), Minas Gerais (2º) e Rio de Janeiro (3º).
para compreender a identidade cultural de um
Além disso, mais de 50% da população baiana vive em
povo e de sua relação com o mundo.
apenas 35 cidades das 417 de todo o Estado, como apon-
.
GEOGRAFIA DO BRASIL

tam dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Es-


tatística). As informações foram publicadas em reportagem
do G1 (em agosto de 2018). FIQUE ATENTO!
Salvador, a capital, é a cidade mais populosa, com qua- As matrizes africanas também são marcantes
se três milhões de habitantes. Em segundo lugar aparece na cultura brasileira como um todo, não apenas
Feira de Santana, com aproximadamente 610 mil pessoas, na bahia. prova disso, tem-se o samba, ritmo
seguida de Vitória da Conquista, com quase 340 mil habi- bastante influenciado pela ancestralidade
tantes. africana.

44
https://www.infoescola.com/historia/historia-da-bahia/
- Acesso: 30/01/2019 – 09:52
EXERCÍCIO COMENTADO https://www.ibge.gov.br/apps/populacao/projecao/ -
Acesso: 30/01/2019 – 09:57
(PM-BA- Soldado da Polícia Militar - IBFC/2017) https://g1.globo.com/ba/bahia/noticia/2018/08/29/
A classificação do relevo brasileiro elaborada por Jurandir mais-da-metade-da-populacao-da-ba-vive-em-apenas-
Ross em 1989 se realizou compondo os estudos de Azis -35-das-417-cidades-do-estado-234-estao-em-salvador-
Ab’Saber e a análise das imagens de radar do projeto Ra- -ou-feira.ghtml - Acesso: 30/01/2019 – 10: 00
dambrasil. Ela considera a existência de três grandes uni- https://agenciadenoticias.ibge.gov.br/agencia-sala-de-
dades de relevo, a saber: planícies, planaltos e depressões. -imprensa/2013-agencia-de-noticias/releases/22611-mu-
Analise as afirmativas a seguir e assinale a alternativa que nic-mais-da-metade-dos-municipios-brasileiros-nao-ti-
relaciona corretamente as unidades de relevo: nha-plano-de-saneamento-basico-em-2017 - Acesso:
30/01/2019 – 10: 12
I. formações marcadas por processos erosivos com grande https://mundoeducacao.bol.uol.com.br/geografia/rele-
atuação nas bordas das bacias sedimentares. vo-brasileiro.htm - Acesso: 30/01/2019 – 11:00
II. formações geradas por deposição de sedimentos recen-
tes de origem marinha, lacustre ou fluvial.
III. formações circundadas por extensas áreas de depres-
sões e que colocam em evidência os relevos mais altos que
ofereceram maior dificuldade ao desgaste erosivo.

Assinale a alternativa correta.

a) I-Planícies; II-Planaltos; III-Depressões


b) I-Planaltos; II-Planícies; III-Depressões
c) I-Planícies; II-Depressões; III-Planaltos
d) I-Depressões; II-Planícies; III-Planaltos
e) I-Depressões; II-Planaltos; III-Planícies

Resposta: Letra D. O relevo brasileiro conta com varia-


ções em cada região do território nacional. Os pontos
mais altos do país são: Pico da Neblina, Pico 31 de Mar-
ço, Pico da Bandeira.

Referências
https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/his-
toria-hoje/guerra-independencia-bahia.phtml - Acesso:
29/01/2019 - 19:01
https://super.abril.com.br/mundo-estranho/o-que-foi-
-a-guerra-de-canudos/ - Acesso: 29/01/2019 – 23: 03
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revolta-dos-males-rebeliao-de-escravos-muculmanos-
-em-salvador.htm - Acesso: 29/01/2019 – 23: 30
https://www.gazetadopovo.com.br/vida-e-cidadania/
dos-dez-municipios-com-maior-concentracao-de-negros-
-no-pais-oito-sao-baianos-a35c8320wn4tzqbtbcqj3muku/
- Acesso: 30/01/2019 - 00: 34
https://www.infoescola.com/brasil-colonia/conjuracao-
-baiana/ - Acesso: 30/01/2019 - 00: 35
https://educacao.uol.com.br/disciplinas/historia-brasil/
sabinada-revolta-expressava-descontentamento-com-a-
GEOGRAFIA DO BRASIL

-regencia.htm - Acesso: 30/01/2019 - 01: 03


https://seuhistory.com/hoje-na-historia/e-fundada-
-cidade-de-salvador-primeira-capital-do-brasil - Acesso:
30/01/2019 - 01: 38.
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/bahia.htm - Aces-
so: 30/01/2019 - 02: 02
https://brasilescola.uol.com.br/brasil/economia-bahia.
htm - Acesso: 30/01/2019 - 02: 38

45
5. (CESGRANRIO/2016 – IBGE)
HORA DE PRATICAR!

1. (CESPE/2016 - POLÍCIA CIENTÍFICA/PE) No que se re-


fere ao objeto de estudo da hidrologia, assinale a opção
correta.

a) A vazão dos canais e o nível dos reservatórios são avalia-


dos pelo escoamento do lençol freático.
b) Nos estudos de interceptação natural, avalia-se o escoa-
mento que ocorre de forma espontânea sobre a superfí- Disponível em:<http://blog.arletemeneguette.zip.net/ima-
cie de uma bacia hidrográfica. ges/pictoricos.JPG>. Acesso em: 30 maio 2016.
c) A geomorfologia é a área da hidrologia que está relacio- Na representação cartográfica, símbolos como os apresen-
nada à análise das características da qualidade da água. tados acima são adequados para a composição da
d) A hidrometeorologia corresponde ao estudo das carac-
terísticas da água na atmosfera. a) escala numérica
e) Os estudos de escoamento superficial são relativos à ob- b) legenda
servação qualitativa da vazão dos cursos de água. c) escala gráfica
d) projeção
2. (IDECAN/2016 – SEARH/RN) Por sua dimensão conti- e) orientação
nental, todas as massas de ar responsáveis pelas condições
climáticas na América do Sul atuam no Brasil direta ou indi- 6. (IBF/2017 – IFB) Há diversas formações vegetais em
retamente. A relação correta entre a massa de ar e as suas nosso planeta, as quais apresentam características, desde
respectivas características pode ser encontrada em: formações florestais muito densas, como outras de menor
densidade e diversidade de espécies. Este tipo é bastante
a) Tropical Atlântica (mTa) – fria e seca.   usado como pastagem, apresentando um solo muito fértil.
b) Polar Atlântica (mPa) – quente e seca.  Este tipo de formação vegetal é:
c) Equatorial Continental (mEc) – fria e seca.
a) Estepes 
d) Equatorial Atlântica (mEa) – quente e úmida.
b) Savana 
c) Mediterrânea 
3. (CESPE/2015 – CESPE) Os processos erosivos que ocor-
d) Floresta boreal
rem na superfície da Terra envolvem transporte e sedimen-
e) Pradarias 
tação de materiais. Acerca desse assunto, julgue o item a
seguir.
7. (CESPE/2015 – MPOG) A respeito de tempo e clima,
Estratificações cruzadas são encontradas tipicamente em julgue os itens a seguir.
depósitos sedimentares eólicos ou fluviais. A afirmação “o aquecimento global deverá elevar a tem-
peratura média da superfície da Terra em até cinco graus
( ) CERTO ( ) ERRADO Celsius nos próximos anos” está relacionada ao conceito
de clima.
4. (CESPE/2015 – MEC) Acerca da energia eólica, que é a
denominação da energia cinética contida nas massas de ar ( ) CERTO ( ) ERRADO
em movimento, julgue o item subsequente.
O aproveitamento da energia eólica ocorre por meio da
conversão da energia cinética de translação em energia
cinética de rotação, com o emprego de turbinas eólicas. GABARITO

( ) CERTO ( ) ERRADO 1 E
2 D
GEOGRAFIA DO BRASIL

3 CERTO
4 CERTO
5 B
6 E
7 CERTO

46
ÍNDICE

ATUALIDADES

Domínio de assuntos relevantes e atuais (nacionais e internacionais) divulgados pelos principais meios de comunica-
ção.................................................................................................................................................................................................................................. 01
2 - Questão das armas nos EUA
TÓPICOS ATUAIS NO BRASIL E NO MUNDO,
RELATIVOS A ECONOMIA, POLÍTICA, SAÚ- Historicamente, os Estados Unidos têm políticas mais
DE, SOCIEDADE, MEIO AMBIENTE, DESEN- flexíveis de porte armas para os cidadãos, uma questão
VOLVIMENTO SUSTENTÁVEL, EDUCAÇÃO, bastante inserida na cultura do país, diferentemente de na-
ENERGIA, SAÚDE, RELAÇÕES INTERNACIO- ções como o Brasil.
NAIS, SEGURANÇA E TECNOLOGIA, OCOR- Contudo, com os altos índices de ataques e tiroteios
RIDOS A PARTIR DE JANEIRO DE 2018, DI- em escolas e outros locais publicados, na maioria das vezes
crimes causados por civis com porte de armas, tem susci-
VULGADOS NA MÍDIA NACIONAL E/OU
tado a discussão sobre endurecer o acesso às armas, com
INTERNACIONAL políticas menos flexíveis.
No governo de Barack Obama (2009-2017), essas discus-
1 - Febre amarela sões foram intensificadas. O então presidente demonstrava ser
favorável à implantação de medidas mais rígidas, mas encontrou
Desde 2016, algumas regiões do Brasil têm enfrentado grande resistência de seus oponentes no Partido Republicano.
um surto de febre amarela, mas foi em 2018 que a crise No atual governo de Donald Trump, que assumiu em 2017,
se intensificou, com aumento de casos da doença. A febre essa discussão é tida pela Casa Branca como um assunto que
amarela é transmitida por mosquitos silvestres, que ocorre pode esperar, por não se tratar de prioridade para o atual go-
em áreas de florestas e matas. Na área urbana, o mosquito verno. A camada da sociedade norte-americana inclinada a leis
transmissor é o Aedes aegypti. mais rígidas, defende que haja restrição na venda de armas.
A única forma de se prevenir é recorrer à vacinação, dis-
ponível nos postos de saúde, por meio do Sistema Único
de Saúde (SUS). Segundo dados do Ministério da Saúde, #FicaDica
entre de 1º julho de 2017 a 28 de fevereiro, foram 723 ca-
É importante ressaltar que a questão das armas
sos e 237 óbitos. Em 2017, houve 576 casos e 184 óbitos.
é um tema que divide a sociedade dos Estados
Por isso, uma das indicações segundo especialistas na área
Unidos. Camadas da sociedade, desde ONGs
da saúde, é evitar áreas rurais, caso a pessoa ainda não
e pessoas da esfera política, defendem o con-
esteja vacinado. A vacina dura cerca de 10 anos.
trole das armas como forma de minimizar os
As áreas mais atingidas pela febre amarela são os Esta-
ataques recentes. Porém quem é contra a ideia,
dos de Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e São Paulo. De
acredita que o momento é propício para armar
acordo com os especialistas, os índices atuais apontam que
ainda mais a população.
a atual situação supera o surto dos anos 80. Os principais
sintomas da doença são febre, dor de cabeça, dores mus-
culares, fadiga, náuseas, vômitos, entre outros.

FIQUE ATENTO!
#FicaDica Não é difícil de imaginar que algumas ques-
tões previstas em concursos relacionem o
Um dos pontos de mais destaque na mídia, tema a Donald Trump, que claramente se mos-
quando se trata de febre amarela, é a falta de trou favorável a ao direito de armar a popula-
vacinas nos postos de saúde, devido à alta pro- ção. Além disso, é possível que seja relaciona-
cura pela vacina, em janeiro de 2018. Na oca- do ainda a polêmica de envolve a indústria de
sião, as vacinas foram fracionadas para conter armas, ou seja, para os críticos da flexibilidade
a alta demanda pelo serviço, por parte da po- de armamento, manter as atuais leis interes-
pulação. sa esse mercado milionário, que vive um bom
momento em 2018.

FIQUE ATENTO!
As provas em concursos públicos podem tra- 3 - Guerra comercial - China e EUA
tar sobre a alta procura pela vacina, motivada
De um lado os gigantes norte-americanos, de outro a
pela escassez, em meio à euforia popular em poderosa China. O embate comercial entre as duas potên-
se vacinar, por conta dos índices de mortes. cias tem influenciado o mercado de outros países. Em resu-
ATUALIDADES

Vale também manter atenção quanto às for- mo, ambas as nações implementaram no final do primeiro
mas de transmissão e de que a vacina, de fato, semestre de 2018 políticas mais rígidas e restrições de pro-
é melhor forma de se prevenir. dutos dos dois países no mercado interno do oponente.
A primeira polêmica começou com imposição de tarifas
dos EUA sobre cerca de US$ 34 bilhões em produtos da

1
China, em julho de 2018. A justificativa da Casa Branca é
que a medida fortalece o mercado interno. A nação ain-
da acusou a China de roubo de propriedade intelectual de #FicaDica
produtos norte-americanos.
O governo chinês retaliou e aplicou taxas compatíveis A crise venezuelana é complexa e traz muitas
em relação a centenas de produtos dos Estados Unidos, o narrativas, mas é preciso considerar um tema
que representa também cerca de US$ 34 bilhões. Esse ce- de muito destaque em 2018: a imigração. A
nário trouxe a maior guerra comercial de todos os tempos. chegada maciça de venezuelanos ao Brasil en-
As medidas afetam a exportações de diversos produtos fatiza mais um cenário de xenofobia em terri-
no mundo, desde petróleo, gás e outros produtos refina- tório nacional, em meio à rejeição da popula-
dos. Numa economia globalizada, embates como esse cau-
ção de Roraima à chegada dos imigrantes.
sam turbulência no mercado.

#FicaDica
Antes das medidas, o presidente dos Estados FIQUE ATENTO!
Unidos, Donald Trump, já havia anunciado a Pode haver questões de atualidades com
necessidade de rever as políticas comerciais enunciados que requerem atenção e inter-
com a China dando sinais de que seria rígido pretação de texto. Uma boa compreensão do
quanto às taxas. Nesse mesmo cenário, os chi- enunciado pode ser fundamental para chegar
neses defenderam políticas mais favoráveis à à resposta correta.
integração, em um mundo o qual vigora eco-
nomias globalizadas.

5 – Matrizes energéticas

O conceito de matrizes energéticas implica na soma


FIQUE ATENTO! e poderio de fontes de energias produzidas ou contidas
É importante manter atenção quanto à influên- numa nação. No caso do Brasil, o país detém a matriz ener-
cia desse tema em relação ao Brasil. Há quem gética mais renovável do mundo.
Cerca de 45% de suas fontes de energia são sustentá-
defenda que a situação favorece a comerciali-
veis, como hidrelétrica, biomassa e etanol. A matriz energé-
zação de commodities para o mercado chinês. tica mundial tem a média de 13% de fontes renováveis, no
caso, para países desenvolvidos e industrializados.
No Brasil, em 2018, muitas usinas produtoras de açúcar
têm intensificado suas atividades na produção de etanol,
4 - Crise na Venezuela em busca de destaque no mercado mundial, disputado
Pelo menos há quatro ou cinco anos, a Venezuela tem juntamente com os Estados Unidos. Com o anúncio da
enfrentado instabilidade econômica, principalmente pelo China, em dezembro, sobre aumentar sua cota de etanol
desabastecimento de produtos básicos para consumo diá- na gasolina para 10%, esse mercado tende a crescer mais.
rio e crescente pobreza populacional. Também é preciso
considerar que a queda no valor do preço do petróleo con-
tribuiu para o empobrecimento do país, levando em conta #FicaDica
de que se trata da principal economia da nação.
Os conflitos políticos também ganharam espaço, em Brasil e EUA são os dois grandes produtores e
meio a protestos violentos entre manifestantes contrários consumidores de etanol no mundo.
e favoráveis ao governo de Nicolás Maduro, o atual presi-
dente do país. A rivalidade entre os grupos se intensificou
após a morte de Hugo Chávez e chegada de Maduro ao
poder. FIQUE ATENTO!
Em 2018, a situação econômica se agravou trazendo
mais miséria à população e busca por melhores condi- Existem dois tipos de etanol no mercado: ani-
ções de vida em outros países, especialmente o Brasil. A dro (sem água, vem misturado à gasolina) e
quantidade diária de venezuelanos que chegaram ao país, hidratado (com até 7% de água, etanol puro
a partir de Roraima, tem suscitado conflitos na região, com comprado direto da bomba).
crescimento de hostilidade da população em relação aos
vizinhos sul-americanos.
ATUALIDADES

6 – Desmatamento atinge recordes em 2018

Pesquisa divulgada em setembro de 2018, pelo Instituto


Ibope Inteligência, cita que 27% dos brasileiros acreditam
que o desmatamento é a maior ameaça para o meio am-

2
biente. As informações são da Agência Brasil. Além disso, as instalações foram consideradas precárias
Além desse estudo, um relatório da revista Science mos- para receber as crianças, na opinião de críticos da medi-
tra que o desmatamento não tem reduzido quando se trata da. Após a repercussão negativa desse caso, a Casa Branca
de espaço para produção de commodities. Esses produtos, voltou atrás quanto à separação das famílias, mas críticas
em geral, requerem grande espaço para cultivo. prevalecem quanto à tolerância zero.
Porém em entrevista à BBC, o analista de dados Philip
Curtis, colaborador da organização não governamental The #FicaDica
Sustainability Consortium, afirma que os commodities não
podem ser culpados. Levando em conta que a produção A política de imigração nos Estados Unidos
desses produtos é necessária para suprir o aumento po- demonstra uma tendência por parte de na-
pulacional. ções ricas quanto aos imigrantes, em meio à
intolerância que pode culminar em xenofobia.
Cerca de 27% do desmatamento é causado pela pro- Na Europa, por exemplo, destino de milhões
dução de commodities. Além disso, 26% dos impactos am- de imigrantes de várias partes do planeta, a
bientais se referem ao manejo comercial florestal, e 24% aversão ao estrangeiro, sobretudo em relação
corresponde à agricultura, com produção de produtos para a países pobres e marginalizados, tem aumen-
subsistência. tado significativamente.

#FicaDica
O estudo cita ainda que incêndios florestais FIQUE ATENTO!
correspondem a 23% dos danos. No caso, a ur- Quando se fala de imigração e xenofobia, é
banização chega a menos de 1%. importante ressaltar que mesmo mantendo
historicamente uma cultura que recebe todos,
o Brasil tem registrado casos dessa natureza
nos últimos anos, como hostilização e precon-
FIQUE ATENTO! ceitos em relação a haitianos, bolivianos e ve-
nezuelanos.
Nos países ao Norte e mais desenvolvidos, o
desmatamento é causado principalmente por
incêndios florestais. Na porção mais ao Sul,
entre as nações em desenvolvimento, a pro- 8 - Gillets jaune
dução de commodities e a agricultura têm im-
pacto no desmatamento. Os gillets jaune (coletes amarelos, em francês) foram desta-
que no cenário mundial ao realizarem protestos e atos contra
aumento no preço de combustíveis, no início de dezembro, na
França. Especialistas ressaltam que desde os anos 60 não sur-
7 - EUA e questão imigratória
giam protestos tão violentos quanto os realizados nesse período.
Historicamente, os Estados Unidos têm mantido polí-
A alta dos preços, segundo o governo francês, é mo-
ticas rígidas quando se trata de imigração, num combate
tivada para desestimular o uso de combustíveis fósseis,
à entrada ilegal de estrangeiros no país, em busca de uma
como estratégia de sustentabilidade. A ideia é investir mais
vida melhor. Com a eleição do republicano Donald Trump,
em fontes renováveis. Para conter os atos, o governo can-
em 2017, a política imigratória tem sido endurecida, o que
celou o aumento de preços.
trouxe críticas por parte da comunidade internacional em
relação às medidas adotadas.
Um dos momentos mais tensos quanto às políticas de #FicaDica
imigração no país ocorreu quando o governo Trump deci-
diu separar crianças pequenas de seus pais, na situação em Marine Le Pen, líder do partido de extrema-di-
que ocorre detenção de adultos ao atravessar a fronteira reita francês, se posicionou favorável aos pro-
de forma ilegal. A medida faz parte do programa “Tolerân- testos.
cia Zero”, que busca reduzir o índice de imigrações ilegais
no país.
Essa prática que separa pais e crianças foi duramente
criticada por entidades e organizações internacionais. A
FIQUE ATENTO!
ATUALIDADES

justificativa do governo quanto à ação era de que não seria


possível abrigar as crianças junto aos pais, nos centros de A avaliação é de que as manifestações não
detenção federal reservados aos adultos. Por isso, os me- estão ligadas a partidos e surgiram essencial-
nores foram encaminhados a abrigos. mente por meio de mobilizações populares.

3
9 - Inteligência artificial cada vez mais presente na
sociedade #FicaDica

Num mundo cada vez mais conectado e imerso nas re- A decisão de sair foi motivada pela direita bri-
des sociais, as inovações tecnológicas estabelecem novas tânica, com intuito de fechar mais as fronteiras
configurações nas relações sociais e de trabalho. A inteli- do Reino Unido também para outros países da
gência artificial se constitui num mecanismo que traz mu- Europa, sobretudo, nações que exportam imi-
danças nas formas como as pessoas se relacionam e nas grantes.
funções que exercem.
No campo profissional, por exemplo, a inteligência ar-
tificial – por meio de máquinas ou robôs –, já realiza de
forma automatizada funções anteriormente exercidas por FIQUE ATENTO!
pessoas. Hoje, por exemplo, softwares e máquinas realizam A União Europeia é o bloco econômico mais
relatórios e análises que eram feitas por profissionais pre- rico e influente do mundo.
parados para essa função.
Outro exemplo é o uso de atendentes virtuais em cha-
ts de relacionamento com clientes. A GOL Linhas Aéreas
mantém uma atendente- robô em sua página para esclare- 11 - Ministério do Trabalho no governo Bolsonaro
cer dúvidas mais freqüentes do usuários.
Uma das questões mais complexas quando se fala nessa Em dezembro, o então presidente eleito, Jair Bolsonaro,
tecnologia, é a perda de profissões que passam a ser exer- anunciou o desmembramento do Ministério do Trabalho.
cidas por máquinas. Num futuro nem tão distante assim a As competências da pasta serão direcionadas a três minis-
tendência é essa. E de certa forma, as carreiras profissionais térios: Justiça, Economia e Cidadania.
vão se adaptando à tecnologia e passam por transforma- Justiça cuidará da concessão das cartas sindicais e Eco-
ções intensas para saber lidar com essas mudanças. nomia assume questões como o FGTS (Fundo de Garantia
do Tempo de Serviço). E a pasta Cidadania cuidará de polí-
ticas de geração de renda e emprego.
#FicaDica
Em julho de 2018, uma equipe de cientistas es- #FicaDica
trangeiros assinou um acordo em que se com-
prometiam a não criar máquinas e robôs que As cartas sindicais concedidas pelo governo
possam ameaçar a vida e integridade da raça autorizam o exercício e funcionamento de en-
humana. tidades para práticas sindicais.

FIQUE ATENTO!
FIQUE ATENTO!
Governo eleito diz que desmembramento via-
Inteligência artificial é um tema bem contem-
bilizará diálogos entre as pastas.
porâneo e está ligado à realidade das pessoas,
à medida que interfere nas atividades profis-
sionais e formas de se relacionar. Por isso, é 12 – Agrotóxicos
um assunto bem relevante.
Como um dos maiores exportadores de produtos como
soja, açúcar e laranja, o Brasil é ainda considerado um dos
países que mais utilizam agrotóxicos no cultivo agrícola.
10 - Brexit e UE Os setores do agronegócio há algum tempo reivindicam
a flexibilização na regulamentação. E em contrapartida,
O Brexit, o processo de saída do Reino Unido da União movimentos sociais e ONGs nutrem apoio a políticas mais
Europeia, foi aprovado em referendo britânico, em 2016, rígidas quanto ao uso desses produtos.
mas a saída oficial pode ser concluída a partir de 2020. Em 25 de junho de 2018, foi aprovado um projeto de
Internamente, há certa pressão para que os britânicos re- lei por uma comissão especial da Câmara dos Deputados
cuem da decisão e se mantenham no bloco. que flexibiliza as regras. Um dos pontos discutidos é cen-
ATUALIDADES

Ainda existe um debate sobre a possibilidade de realizar tralizar a regulamentação dos agrotóxicos no Ministério da
um segundo referendo para consulta popular, em relação Agricultura. Atualmente, o Ministério da Saúde e Meio Am-
à saída ou não do Reino Unido. Se houver a aprovação do biente também dividem a função de liberar os produtos.
Brexit, o bloco europeu perde os seguintes países: Inglater- Além disso, um dos pontos mais marcantes do projeto de
ra, País de Gales, Escócia e Irlanda do Norte.

4
lei busca eliminar o termo “agrotóxico” por “pesticida”. No tex-
to original apresentado, o termo usado era “fitossanitário”. FIQUE ATENTO!
Outras mudanças discutidas é reduzir o prazo de libe- O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) lançou
ração de agrotóxicos, que atualmente é de cerca de dois cartilha em 2017 que orienta adultos e crianças
anos, mas pode chegar a mais de cinco anos. A ideia, então, a lidarem com a situação.
seria estabelecer o prazo de 30 dias a 24 meses, em média.
Quem defende a mudança diz que se trata de reduzir o
preconceito e depreciação da prática, além disso, para a 14 - Acordo para reconstrução da Síria
bancada ruralista na Câmara, a mudança do nome segue a
tendência internacional. Desde 2011, a Síria enfrenta uma intensa guerra civil
que já deixou milhões de mortos e refugiados. O país hoje
vive um cenário de miséria em meio à devastação. Dados
#FicaDica da Organização das Nações Unidas (ONU) citam que o
Entidades e ONGs de meio ambiente apelida- conflito custou mais de US$ 380 bilhões de dólares.
ram o projeto de lei de “Pacote do Veneno”. Na Em 2018, a sociedade mundial tem discutido a im-
opinião dessas organizações, flexibilizar as re- plantação de um plano para a reconstrução da Síria. Mas
gras quanto aos agrotóxicos representa igno- a atrair investimentos externos tem sido desafiante para a
rar os efeitos nocivos do uso desses produtos nação, tendo em vista as sanções impostas pelos Estados
para saúde das pessoas e meio ambiente. Unidos, por conta de denúncias de violações de direitos
humanos sob a gestão de Bashar al-Assad, o presidente do
país. Atualmente, Rússia, China e Irã investiram na nação
nos últimos e são os países aliados do governo.
Com as sanções, a Síria fica impedida de exportar e até
FIQUE ATENTO! receber investimentos estadunidenses. Na opinião de es-
Hoje, é a lei 7.802, de 1989 que regulamen- pecialistas em relações internacionais, executar um plano
ta o uso desses produtos. Para os órgãos que de reconstrução depende da exclusão das sanções e parti-
defendem a manutenção das atuais práticas, cipações de mais nações que possam investir no país.
é preciso realizar pequenos ajustes, mas a lei
atual é considerada adequada.
#FicaDica
Em mais de sete anos de guerra civil, mais de
5,6 milhões de pessoas foram forçadas a deixar
13 – Casos de bullying
suas casas em busca de uma vida melhor em
Pesquisa recente aponta que um em cada 10 brasileiros outros países. Além disso, mais de 500 mil pes-
é vítima de bullying, especialmente no ambiente escolar. O soas vivem deslocadas dentro país.
Brasil é considerado o segundo país com mais casos dessa
natureza no ambiente virtual, segundo dados do Instituto
Ipso, como aponta matéria do “O Correio do Povo”.
No levantamento, a Índia lidera essa corrida. No Brasil, FIQUE ATENTO!
cerca de 65% das redes sociais foram cenários usados para
De acordo com a ONU, a maioria dos refugia-
a prática do crime.
dos que vive nos países vizinhos se encontra
A recomendação aos pais quando detectam as agres-
abaixo da linha da pobreza em situação de
sões é entrar em contato com os pais ou responsáveis pelo
miséria.
agressor. Dependendo da situação, a indicação é recorrer
a alternativas legais.
15 - Nova versão do vírus ebola
Em agosto de 2018, cientistas dos Estados Unidos anun-
#FicaDica ciaram a descoberta de uma nova versão do vírus ebola,
chamada de Bombali. A descoberta foi feita em Serra Leoa,
Especialistas orientam pais e educadores a por pesquisadores da Universidade da Califórnia (EUA).
manterem-se em alerta e vigilância quanto a O vírus foi encontrado em morcegos e tem força para
suspeitas de casos de bullying. atingir seres humanos. A descoberta possibilitará à ciência
estudar e compreender a dinâmica de vírus desenvolvidos
em animais e mensurar a capacidade para atingir as pes-
ATUALIDADES

soas.
Com a novidade, os cientistas acreditam que, de fato,
os morcegos são os hospedeiros do ebola. Para os pesqui-
sadores, compreender sobre quais são os hospedeiros é
fundamental para combater a doença.

5
O estudo foi divulgado pela revista Plos One. Em resu-
#FicaDica mo, a mata atlântica teria perdido mais de 70% de espécies
de mamíferos. Na atualidade, algumas áreas locais têm so-
O ebola é transmitido por meio de secreção
frido com a erosão no bioma, como aponta reportagem de
ou sangue. A doença é de alto risco e de difí-
“O Globo”.
cil cura. Um dos principais sintomas é a febre
A maioria dos animais extintos da mata atlântica era de
hemorrágica.
grande porte. Além disso, mais de 50% dos mamíferos do
bioma foram extintos nas últimas décadas.

FIQUE ATENTO! #FicaDica


Com a descoberta atual, pela primeira vez, a
Uma das causas do cenário, segundo pesqui-
doença é identificada em hospedeiro antes
sadores, é o uso excessivo da terra e extração
que ocorra um surto.
de madeira. A ação humana tem contribuído
decisivamente quanto aos índices citados.
16  - Primeira mulher latino-americana como presi-
dente da Assembleia Geral da ONU
A equatoriana María Fernanda Espinosa assumiu em se-
tembro a presidência da Assembleia Geral da ONU, um fato FIQUE ATENTO!
inédito. Pela primeira vez uma mulher da América Latina
Animais como onças pintadas e pardas sofre-
assume o cargo.
ram com 79% de perda, de acordo com os da-
Um dos grandes desafios da nova presidente é comandar
dos apontados.
acordos dentro da entidade, em questões polêmicas como a
crise dos refugiados e guerra comercial liderada pelos Esta-
dos Unidos. O órgão presidido por ela vai receber nos próxi- 18 - Depósitos de gelo na Lua
mos meses encontros importantes entre líderes globais.
Em entrevista à imprensa internacional, Espinosa admi- De acordo com a Agência Espacial dos Estados Unidos
tiu que a imigração é uma das questões mais desafiantes (Nasa, na sigla em inglês), os dois polos e algumas partes
em seu mandato. A crise na Venezuela também é uma de- mais escuras e geladas da Lua contam com depósitos gelo.
manda importante a ser discutida nessa gestão. A descoberta ainda não explica com exatidão a presença
das camadas de gelo, mas algumas hipóteses apontam que
um choque com meteoritos e cometas no satélite pode ter
#FicaDica influenciado esse cenário.
A novidade é fruto de um estudo da Universidade do
María Fernanda Espinosa também afirmou que Havaí, Brown University e do Centro de Pesquisas da Nasa,
pretende incentivar debate e buscar soluções que utilizou o equipamento Moon Mineralogy Mapper
para a questão ambiental e também a desi- (M3). As análises da Nasa ainda atestam que boa parte das
gualdade de gênero. camadas de gelo se encontra nas crateras da Lua.
Em julho deste ano também foram descobertas 12 no-
vas Luas ao redor de Júpiter, totalizando mais de 79 Luas.
Um dos destaques entre os satélites descobertos é uma
pequena Lua com somente um quilômetro de diâmetro.
FIQUE ATENTO!
A gestão de Espinosa dura apenas um ano e
#FicaDica
em seu mandato terá a função de propor de-
bates e discussões, sem imposições, mas com Outras pesquisas já indicaram que a Lua teria
propostas de diálogo e até votações em ques- tido condições de ser habitada há bilhões de
tões importantes. anos.

17 – Mata Atlântica e maior erosão nos últimos


tempos FIQUE ATENTO!
Porém pesquisadores admitem que para co-
ATUALIDADES

A biodiversidade brasileira sofreu grande impacto relati- nhecer a fundo se realmente o satélite abrigou
vo à erosão nos últimos anos, especialmente na mata atlân- vidas ou desenvolveu organismos, será preciso
tica. No caso, o bioma conta com apenas menos de 30% dos investimento maciço em pesquisas e explora-
mamíferos existentes, quando em comparação ao cenário ção por lá.
do ano de 1500, época em que o Brasil foi descoberto.

6
19 - Feminicídios no Brasil Referências

O Brasil é um dos países como mais casos de feminicí- http://portalms.saude.gov.br/noticias/agencia-saude/


dio do mundo. Segundo informações da “Agência Brasil”, 42655-febre-amarela-ministerio-da-saude-atualiza-casos-
nos primeiros sete meses de 2018, o serviço 180 (Central de -no-pais - Acesso: 30/08/2018 – 22:11
Atendimento à Mulher) registrou mais de 740 ocorrências
do crime ou tentativas de homicídio. https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
Desse índice, houve 78 casos de feminicídio e 665 ten- nal-41501743 - Acesso: 30/08/2018 - 23:02
tativas. Além disso, o serviço de atendimento recebeu mais https://epocanegocios.globo.com/Economia/noti-
de 80 mil relatos de violência contra as mulheres, sendo que cia/2018/07/como-guerra-comercial-entre-eua-e-china-
80% está relacionado a denúncias de violência doméstica. -pode-afetar-o-brasil.html - Acesso: 30/08/2018 - 23:33
O crime de femicídio é previsto em lei desde 2015 e seu
conceito está ligado a desigualdade ou crime hediondo https://www.bbc.com/portuguese/internacio-
com base no gênero. Em 10 anos, houve aumento de mais nal-39716719 - Acesso: 31/08/2018 - 00:27
6,4% nos casos de assassinatos contra as mulheres.
http://infograficos.estadao.com.br/focas/politico-em-
-construcao/materia/senso-critico-e-arma-para-comba-
#FicaDica ter-fake-news
A mídia retratou em junho de 2018 um caso Acesso: 31/08/2018 – 22:06
marcante dessa natureza, onde o biólogo Luiz
Felipe Manvaile foi acusado de matar a mulher, https://vestibular.uol.com.br/resumo-das-disciplinas/
Tatiana Spitzner. A vítima caiu do quarto andar atualidades/imigracao-nos-eua-a-politica-de-tolerancia-
do apartamento do casal, em Guarapuava, no -zero-e-o-drama-das-criancas-na-fronteira.htm - Acesso:
interior do Paraná. 31/08/2018 - 23:00
https://tecnologia.uol.com.br/noticias/reda-
cao/2018/03/23/o-que-zuckerberg-nao-explicou-sobre-
FIQUE ATENTO! -a-crise-envolvendo-facebook-e-eleicoes.htm - Acesso:
01/09/2018 - 00: 26
O canal 180 foi criado em 2005 pela então
Secretaria de Políticas para as Mulheres da https://super.abril.com.br/tudo-sobre/inteligencia-ar-
Presidência da República (SPM-PR), no gover- tificial/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:26
no Lula, com intuito de orientar as mulheres
quanto a direitos e serviços. E em 2014, o canal https://super.abril.com.br/tecnologia/pesquisadores-
se transformou em um dique-denúncia. -de-inteligencia-artificial-prometem-nao-construir-robos-
-assassinos/ - Acesso: 01/09/2018 – 01:29
https://noticias.uol.com.br/meio-ambiente/ultimas-
-noticias/redacao/2018/07/12/o-que-muda-com-o-proje-
20 - Museu Nacional do RJ to-de-lei-de-agrotoxicos-em-discussao-no-congresso.htm
- Acesso: 02/09/2018 - 20:35
Incêndio no Museu Nacional, em setembro, no Rio de
Janeiro, chocou a comunidade internacional – em virtude https://extra.globo.com/noticias/economia/alcance-
da importância do acervo para a cultura mundial. O museu -amplo-de-sancoes-dos-eua-afeta-reconstrucao-da-si-
mais antigo do país trazia obras de arte raríssimas e de ria-23033601.html - Acesso: 03/09/2018 - 22:04
grande valor artístico.
https://nacoesunidas.org/guerra-siria-completa-7-a-
A Biblioteca Nacional, localizada no museu, também nos-em-marco-com-rastro-de-tragedia-para-civis-diz-o-
sofreu com a perda de suas obras durante o incêndio. Cer- nu/ - Acesso: 03/09/2018 – 22:25
ca de 90% do acervo de todo o museu foi destruído.
https://g1.globo.com/bemestar/ebola/noti-
#FicaDica cia/2018/08/27/cientistas-encontram-nova-versao-do-vi-
rus-ebola-em-morcegos-em-serra-leoa.ghtml
O local já recebeu visitantes importantes, como
http://agenciabrasil.ebc.com.br/direitos-humanos/no-
o cientista Albert Einstein, nos anos 20.
ticia/2018-08/ligue-180-registra-mais-de-740-casos-de-
-feminicidio-este-ano - Acesso: 04/09/2018 - 22:22
ATUALIDADES

FIQUE ATENTO! https://g1.globo.com/politica/noticia/2018/08/27/


O museu foi residência oficial da Família Real pgr-denuncia-jefferson-cristiane-brasil-ex-ministro-e-
portuguesa, entre 1819 a 1821. -mais-23-por-supostas-fraudes-no-ministerio-do-traba-
lho.ghtml - Acesso: 04/09/2018 - 22:22

7
https://www.correiodopovo.com.br/Jornalcomtecno- 2. A desconcentração espacial das atividades econômicas,
logia/2018/07/11/brasil-e-o-2o-pais-com-mais-casos-de- a partir de 1990, promoveu o crescimento das cidades mé-
-bullying-virtual-contra-criancas/ dias.
Acesso: 31/10/2018 – 22:44

https://oglobo.globo.com/sociedade/sustentabilida- ( ) CERTO ( ) ERRADO


de/mata-atlantica-perdeu-mais-de-70-de-seus-mamife-
ros-23101270
Acesso: 27/09/2018 – 22:50 3. (PF- Escrivão – CESPE/2013) No dia 6 de junho, os pro-
testos começaram no centro de São Paulo, com cerca de
http://www.brasil.gov.br/noticias/meio-ambien- cento e cinquenta pessoas. As quatro manifestações se-
te/2010/11/matriz-energetica - Acesso: 04/12/2018 - 22: guintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, manifestan-
44 tes de outras capitais aderiram às manifestações. Também
começam atos em Viçosa e Votuporanga.
https://www.bbc.com/portuguese/internacio- O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as
nal-46249017 - Acesso: 05/12/2018 - 00:14 autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis
dias depois, as maiores manifestações se concentraram nas
https://observador.pt/2018/09/03/museu-nacional- cidades que receberam jogos da Copa das Confederações,
-de-casa-da-familia-real-a-museu-visitado-por-einstein/ - como Belo Horizonte.
Acesso: 05/12/2018 – 00: 17
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por ele
Letícia Veloso - jornalista e radialista 
focalizado, julgue os itens.
Formada em jornalismo em 2008, possui experiência
em TV, impresso e jornalismo online. Passou por empresas Ainda que as opiniões sobre as manifestações de junho de
como Grupo Folha (UOL), Grupo RBS, Rede Vida e Portal do 2013, no Brasil,se distingam em vários aspectos,os analistas
Walmart. Também já trabalhou como locutora (tem DRT na políticos convergem para o seguinte entendimento: essas
área) em emissoras de rádio em Minas Gerais e São Paulo. manifestações populares em nada diferem dos movimen-
Hoje é professora de atualidades do Grupo Nova.  Mantém tos das Diretas-Já e dos Caras-Pintadas.
ainda um blog focado em cultura, comportamento e coti-
diano, com a seguinte página no Facebook: https://www.
( ) CERTO ( ) ERRADO
facebook.com/meulead/

4. (PF- Escrivão – CESPE/2013) No dia 6 de junho, os pro-


testos começaram no centro de São Paulo, com cerca de
HORA DE PRATICAR! cento e cinquenta pessoas. As quatro manifestações se-
guintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, manifestan-
1. (Polícia Militar/MA - 1° Tenente PM - Psicólogo tes de outras capitais aderiram às manifestações. Também
-CESPE /2017). começam atos em Viçosa e Votuporanga.
O vertiginoso processo de urbanização no Brasil deu ori- O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
gem, em poucas décadas, a centros urbanos de todo porte, as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte.
que, espalhados pelo país, passaram a ordenar os fluxos de Seis dias depois, as maiores manifestações se concentra-
pessoas, mercadorias, informações e capitais no território ram nas cidades que receberam jogos da Copa das Confe-
brasileiro, configurando uma complexa rede geográfica de derações, como Belo Horizonte.
cidades. Com relação ao texto apresentado e aos múltiplos
aspectos a ele relacionados, julgue os seguintes itens. O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
As cidades que apresentam maior grau de complexidade Considerando o texto acima e a amplitude do tema por ele
socioeconômica e polarizam todo o território brasileiro e focalizado, julgue os itens.
parte da América do Sul são as metrópoles nacionais.
Embora com alguma variação de cidade para cidade, as
manifestações citadas no texto foram organizadas para
( ) CERTO ( ) ERRADO protestar contra as deficiências dos serviços prestados pelo
poder público, notadamente nas áreas de transporte, saú-
ATUALIDADES

de, educação e segurança.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8
5. (PF- Escrivão – CESPE/2013) No dia 6 de junho, os pro- 8. (PF- Perito Criminal – CESPE/2013) No dia 6 de junho,
testos começaram no centro de São Paulo, com cerca de os protestos começaram no centro de São Paulo, com cerca
cento e cinquenta pessoas. As quatro manifestações se- de cento e cinquenta pessoas. As quatro manifestações se-
guintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, manifestan- guintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, manifestantes
tes de outras capitais aderiram às manifestações. Também de outras capitais aderiram às manifestações. Também come-
começam atos em Viçosa e Votuporanga. çam atos em Viçosa e Votuporanga.
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois, as
autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. Seis
dias depois, as maiores manifestações se concentraram nas dias depois, as maiores manifestações se concentraram nas
cidades que receberam jogos da Copa das Confederações, cidades que receberam jogos da Copa das Confederações,
como Belo Horizonte.
como Belo Horizonte.
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).
Considerando o texto acima e a amplitude do tema por ele A condenação dos gastos feitos pelo Brasil para sediar
focalizado, julgue os itens. duas grandes competições promovidas pela FIFA, a Copa
A convocação, pelo Poder Executivo, de uma assembleia das Confederações e a Copa do Mundo, tornou-se ban-
constituinte exclusiva para promover uma ampla reforma deira presente em muitas das manifestações a que o texto
política foi uma evidente resposta do governo brasileiro às alude, algumas das quais transformadas em atos de violên-
manifestações que tomaram conta de centenas de cidades cia e vandalismo.
brasileiras.
( ) CERTO ( ) ERRADO
( ) CERTO ( ) ERRADO

9. (PF-Delegado- CESPE/2004) Nos últimos 13 anos, a


6. (PF- Perito Criminal – CESPE/2009) Com relação à Usi- América Latina cumpriu grande parte de suas tarefas eco-
na Hidrelétrica de Itaipu e ao acordo firmado entre Brasil e nômicas. Mesmo assim, a desigualdade e a pobreza au-
Paraguai, em julho de 2009, no qual são revistas cláusulas mentaram na região. O diagnóstico é da Comissão Econô-
do Tratado de Itaipu, julgue os itens que se seguem mica para a América Latina e o Caribe (CEPAL), que propõe
Por esse acordo, o Paraguai tornou-se sócio minoritário da para a região uma nova estratégia de desenvolvimento
Usina Hidrelétrica de Itaipu, com 30% de participação nos
produtivo. Para o secretário executivo do órgão das Na-
lucros advindos da distribuição de energia elétrica, em ra-
zão de as águas da represa terem inundado parte do terri- ções Unidas, a maior integração da região foi um ganho
tório paraguaio. dos últimos anos.
Sua aposta para reduzir a forte desigualdade que ainda
existe é a união de crescimento econômico com proteção
( ) CERTO ( ) ERRADO social. Ele propôs a substituição do conceito de mais mer-
cado e menos Estado por uma visão que aponta para “mer-
cados que funcionem bem e governos de melhor qualida-
7. (PF- Perito Criminal /CESPE-2013) No dia 6 de junho, de”. América Latina cresceu sem dividir. In: Jornal do Brasil,
os protestos começaram no centro de São Paulo, com cer- 25/6/2004, p. 19A (com adaptações).
ca de cento e cinquenta pessoas. As quatro manifestações Tendo o texto acima como referência inicial e consideran-
seguintes atraíram a atenção nacional. No dia 17, manifes- do a amplitude do tema por ele abordado, julgue os itens
tantes de outras capitais aderiram às manifestações. Tam- subseqüentes.
bém começam atos em Viçosa e Votuporanga.
Ao relatar que os países latino-americanos cumpriram
O dia 20 de junho foi o auge dos protestos. Logo depois,
as autoridades começam a baixar as tarifas de transporte. “grande parte de suas tarefas econômicas” nos últimos
Seis dias depois, as maiores manifestações se concentra- anos, o texto permite supor a existência de algum tipo de
ram nas cidades que receberam jogos da Copa das Confe- receituário que a região deveria seguir para se modernizar
derações, como Belo Horizonte. e se desenvolver.

O Estado de S.Paulo, 30/6/2013, p. A10 (com adaptações).


Nas duas maiores cidades brasileiras — São Paulo e Rio ( ) CERTO ( ) ERRADO
de Janeiro —, o problema das tarifas do transporte públi-
co permanece insolúvel visto que a fixação desses valores
depende de lei a ser votada pelas respectivas câmaras mu-
10. (PF-Delegado- CESPE/2004) Mais de 340 pessoas —
ATUALIDADES

nicipais e assembleias legislativas estaduais.


entre elas 155 crianças — morreram no desfecho trágico
da tomada de reféns na escola de Beslan. Funcionários dos
( ) CERTO ( ) ERRADO hospitais da região indicam que pelo menos 531 pessoas
foram hospitalizadas, das quais 336 eram crianças.

9
O presidente russo Vladimir Putin culpou o terror inter-
nacional pelo ataque, após visitar o local do massacre e ANOTAÇÕES
ordenar o fechamento das fronteiras da região da Ossé-
tia do Norte, para evitar a fuga de um número indefinido
de terroristas que escapou. Para especialistas ocidentais, a ___________________________________________________
operação das forças de segurança russas foi um fiasco to-
tal. Mortos no massacre passam de 340. In: O Estado de S. ___________________________________________________
Paulo, 5/9/2004, capa (com adaptações)
___________________________________________________
Tendo o texto acima como referência inicial e considerando
algumas características marcantes do mundo contemporâ- ___________________________________________________
neo, julgue os itens que se seguem.
A hipotética presença de terroristas árabes — anunciada ___________________________________________________
pelo governo russo — no episódio focalizado no texto
indica que, pela primeira vez depois do 11 de setembro ___________________________________________________
de 2001, esses terroristas resolveram atacar no Ocidente, ___________________________________________________
escolhendo um alvo estratégico e de grande visibilidade
internacional. ___________________________________________________

___________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
GABARITO
___________________________________________________
1 CERTO ___________________________________________________
2 CERTO
___________________________________________________
3 ERRADO
4 CERTO ___________________________________________________

5 ERRADO ___________________________________________________
6 ERRADO ___________________________________________________
7 ERRADO
___________________________________________________
8 CERTO
9 ERRADO ___________________________________________________
10 ERRADO ___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________
ATUALIDADES

___________________________________________________

___________________________________________________

___________________________________________________

10
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Constituição da República Federativa do Brasil: Poder Constituinte...................................................................................................................01


Dos princípios fundamentais..............................................................................................................................................................................................04
Dos direitos e garantias fundamentais. Dos direitos e deveres individuais e coletivos. Da nacionalidade. Dos direitos políti-
cos. .....................................................................................................................................................................................................................................06
Da organização do Estado. Da organização político-administrativa. Da União. Dos Estados federados.Do Distrito Federal e dos
Territórios. Da administração pública. Disposições gerais.Dos servidores públicos. Dos militares dos Estados, do Distrito Federal
e dos Territórios........................................................................................................................................................................................................................17
Da segurança pública.............................................................................................................................................................................................................31
Constituição do Estado da Bahia. Dos Servidores Públicos Militares. Da Organização dos Poderes. Do Poder Legislativo. Da
Assembléia Legislativa. Das Competências da Assembléia Legislativa. Do Poder Executivo. Das Disposições Gerais. Das Atri-
buições do Governador do Estado. Do Poder Judiciário. Das Disposições Gerais. Da Justiça Militar. Do Ministério Público. As
Procuradorias. Da Defensoria Pública.Da Segurança Pública................................................................................................................................35
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL: PODER CONSTITUINTE.

Segundo a Prof. Nathalia Masson, “o poder constituinte é a força política que se funda em si mesma, a expressão subli-
me da vontade de um povo em estabelecer e disciplinar as bases organizacionais da comunidade política”.
O poder constituinte é, portanto, aquele poder responsável por dar origem ao regramento do Estado. É graças a esse
poder que serão definidas a estrutura de jurídicas e políticas do novo ordenamento que está surgindo. Esse poder nor-
malmente nasce junto com o próprio estado, ou seja, o povo em conjunto estabelece as regras que regerão aquela nova
unidade.
O poder constituinte é aquele que também cria os demais poderes, que apresenta o regramento, seus limites e suas
atribuições. Tem enorme importância no processo de formação do novo estado, pois, graças a ele será possível dar vida ao
novo ordenamento.
Existem duas correntes que definem a natureza do poder constituinte. São elas: corrente jusnaturalista e corrente jus-
positivista. A primeira, considerada que o poder constituinte é uma espécie de poder de direito, pois para autores como
Sieyés o direito natural precede ao novo Estado em surgimento, uma espécie de poder de direito nascido antes do Estado
com a tarefa de organizar essa nova sociedade. A segunda corrente defende que não há como existir regramentos (direi-
tos) precedentes ao Estado, posto que estes surgem a partir do momento que o povo decide se organizar em sociedade;
estar-se-ia, portanto, diante de um poder de fato, um poder político fruto das forças sociais que o criam.

#FicaDica
Jusnaturalista – poder de fato: o poder constituinte é anterior ao estado. Tem natureza jurídica, por isso apto
a organizar uma constituição.
Juspositivista – poder de direito: é um poder político, fruto da vontade do povo que legitima a construção
de um novo documento formal.

- Classificação
1. Quanto ao momento de manifestação (surgimento):
- Fundacional: é o poder que produz a primeira constituição do Estado.
- Pós-fundacional: por conta de ruptura da ordem vigente, necessário elaborar novo texto.
2. Quanto às dimensões
- Material: marca os “valores” que serão prestigiados pela constituição.
- Formal: formaliza a criação do estado, exprimindo a ideia de direito convencionada.
- Características
- Inicial: é considerado inicial, pois não existe nada antes dele. O poder constituinte elabora um documento que inau-
gura um novo Estado.
- Ilimitado: não está subordinado a nenhum outro regramento.
- Incondicionado: atua livremente, não está adstrito a condições previamente estipuladas.
- Autônomo: possibilidade do poder definir o conteúdo da nova constituição.
- Permanente: não se esgota. Rompendo sistema vigente, apto a elaborar nova constituição.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1
#FicaDica

- Poderes Constituídos
Os poderes constituídos são aqueles criados pelo poder constituinte originário. Os poderes constituídos são, portanto,
derivados do poder constituinte originário e podem ser divididos nas seguintes espécies:
- Poder Constituído Derivado reformador: tem por escopo alterar a constituição de modo a adequá-la as transforma-
ções decorrentes de novas dinâmicas sociais. No Brasil esse poder é exprimido pelas Emendas Constitucionais.
O poder derivado reformador tem enorme importância para o direito constitucional, posto que é por ele que a Consti-
tuição se adequa as transformações proporcionadas pelo tempo, ou seja, para se evitar a confecção de um novo texto cons-
titucional sempre que for necessária sua adequação aos novos contornos da sociedade, utiliza-se do poder reformador.
Vale ressaltar que nossa CF/88 é classificada como uma constituição rígida, não podendo ser mudada a qualquer tempo
e por qualquer modo. Apesar da possibilidade de sua modificação, para que isso ocorra necessário respeitar um procedi-
mento rigoroso, também previsto pela própria Constituição.
Um dos enfrentamos que se coloca à frente do legislador é a percepção correto daquilo que de fato precisa ser mudado
e do tempo em que aquilo deve ser mudado. Do contrário, estar-se-ia diante da fragilização do texto constitucional já que
intenções controvertidas podem prejudicar a estabilidade do texto. Por conta disso a própria CF/88 trouxe em seu texto
alguns limites à possibilidade de reforma; essas limitações se dividem em implícitas e expressas. As expressas, por sua vez,
podem ser divididas em: temporais, materiais, circunstanciais e formais. Iniciaremos com o estudo das limitações expressas.

1. Limitações expressas

A -Temporais: referidas limitações não constam no texto da CF/88. Portanto, inexistentes em nossa legislação qualquer
restrição temporal para sua mudança. Salvo nas hipóteses vedadas pela própria CF/88, poderá sofrer mudanças a
qualquer tempo.
B – Materiais: como o próprio nome já explica, são matérias previstas na CF/88 que não podem sofrer alteração, não
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

podem ser reformadas. Segundo o art. 60 §4º (cláusulas pétreas), não poderá ser objeto de deliberação a proposta
de emenda constitucional tendente a abolir a:
- forma federativa de Estado,
- o voto direto, secreto, universal e periódico,
- a separação dos Poderes e
- os direitos e as garantias individuais.
C – Circunstanciais: em determinadas situações, ou seja, sob determinadas “circunstâncias” a CF/88 não poderá ser
alterada. Nos termos do art. 60 §1º, a CF/88 não poderá ser alterada na vigência do estado de sítio, do estado de
defesa e da intervenção federal. Importante lembrar que essas 03 situações trazidas pelo artigo da Constituição são
momentos de crise no país e, por conta disso, a impossibilidade de reforma do texto.
D – Formais (procedimentos): em se tratando de uma constituição considerada rígida, qualquer mudança em seu texto
deverá passar por rigoroso procedimento. Em primeiro, não é qualquer “pessoa” que pode requerer a mudança do
texto constitucional; em segundo, essa mudança deve obedecer a um procedimento específico, também rigoroso e
complexo para evitar que a constituição seja alterada a qualquer momento.

2
- Limitação formal subjetiva: rol de legitimados a pro- Assim, apesar da permissão constitucional de elaborarem
porem projetos de emenda à constituição (art. 60) seu próprio texto constitucional, ao fazê-los os estados-mem-
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara bros devem guardar observância a algumas restrições impos-
dos Deputados ou do Senado Federal; tas pela lei maior. As limitações são as seguintes:
II - do Presidente da República; 1 – Princípios Constitucionais sensíveis: são os funda-
III - de mais da metade das Assembleias Legislativas das mentos da organização constitucional do país. No
unidades da Federação, manifestando-se, cada uma caso, estão dispostos no art. 34 VII da CF/88. Ao
delas, pela maioria relativa de seus membros. elaborarem suas próprias constituições os estados-
- Limitação formal objetiva: procedimento que deve ser -membros devem observar:
adotado para alteração do texto constitucional (art. - forma republicana,
60 §2º). A proposta será: - sistema representativo e ao regime democrático,
I - discutida e votada em cada Casa do Congresso Na- - direitos da pessoa humana,
cional, - autonomia municipal,
II - em dois turnos, - prestação de contas da administração pública, direta
III - considerando-se aprovada se obtiver, em ambos, e indireta,
três quintos dos votos dos respectivos membros. - aplicação do mínimo exigido da receita resultante de
impostos estaduais na manutenção e desenvolvi-
Portanto, a proposta de emenda constitucional deverá mento do ensino e nos serviços públicos de saúde.
ser discutida e votada nas duas casas do Congresso Nacio-
nal (executivo e legislativo). Essa votação deverá ser apro-
vada por no mínimo 3/5 dos integrantes da respectiva casa. #FicaDica
Assim, certos de que na Câmara dos Deputados temos A não observância dos princípios constitucion-
513 Deputados Federais e no Senado Federal 81 Senado- ais sensíveis ensejam a possibilidade de inter-
res, para aprovação de uma emenda, necessário a anuência venção federal pelo Presidente da República,
de 308 deputados e 49 Senadores. nos termos do art. 36 III da CF/88
Por fim, importante lembrar que essa votação deverá
ser realizada duas vezes e, nestas duas situações deverá
alcançar o mesmo número de votantes. 2 – Princípios Constitucionais Extensíveis: trata-se de
normas de organização da federação extensíveis aos
estados-membros, Distrito Federal e municípios. Es-
#FicaDica tas normas podem estar explícitas ou implícitas no
Limites a possibilidade de reforma do texto texto da Constituição. Exemplificando:
constitucional:
- matérias, circunstâncias e procedimentos Explícitas: regras eleitorais. O sistema eleitoral previsto
para a eleição do chefe do executivo federal (Presidente da
República) deve ser o mesmo para eleição do chefe do exe-
1.1. Limitações Implícitas cutivo estadual. Em outras palavras, no que tange ao sistema
eleitoral a CF/88 explicita as regras e estas devem ser aplicadas
São aquelas limitações que não se encontram grafadas no aos demais entes da federação.
texto da constituição, mas que orientam a reforma constitu- Implícitas: requisitos para a Criação de Comissão parla-
cional, como por exemplo: mentares de Inquérito. Apesar de estarem previstas no art. 58
- Impossibilidade de mudança do art. 60. §3º da CF/88 a sua criação, as regras para isso foram definidas
- Poder reformador não pode mudar a titularidade. por leis infraconstitucionais. Deste modo, referidas regras se
- Impossibilidade de extirpar os fundamentas da Repú- estendem aos demais entes.
blica, insculpidos no art. 1º.
- Poder Constituído Derivado decorrente: é o poder
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

recebido pelos estados-membros do poder consti- #FicaDica


tuinte originário para que estes possam elaborar sua São chamados de princípios extensíveis, pois
própria constituição. No Brasil, referida possibilidade devem ser observados pelos demais entes da
vem expressa no art. 25 da CF/88. federação, independente de estarem explícitos
ou implícitos na Lei Maior
1.2. Limites ao Poder Decorrente

Não obstante, pelo princípio da simetria, terem recebido


do poder constituinte originário a possibilidade de criarem
suas próprias constituições, os estados-membros encontram
algumas limitações ao exercício desta liberalidade. A justifi-
cativa reside no fato de que, sendo a constituição federal a lei
maior, nada poderá dela destoar.

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d) insubordinado, pois está limitado apenas por princípios
EXERCÍCIOS COMENTADOS não escritos.
e) incondicionado, pois não está sujeito a qualquer forma
prefixada para manifestar sua vontade.
1.APLICADA EM: 2018BANCA: CONSULPLAN ÓR-
GÃO: CÂMARA DE BELO HORIZONTE - MGPROVA: Resposta: Letra B - O poder constituinte derivado se di-
COORDENADOR DO PROCESSO LEGISLATIVO. O po- vide em reformador e decorrente. Ambos são limitados,
der constituinte compreende o poder responsável pela posto que atuam sob a orientação e dentro dos limites
criação, modificação ou mesmo extinção de normas consti- do poder constituinte originário.
tucionais. O poder constituinte se divide em duas espécies.
A respeito das espécies de poder constituinte, assinale a
alternativa correta.
DOS PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS.
a) A ordem jurídica começa com o poder constituinte ori-
ginário.
b) O poder constituinte remanescente é ilimitado e incon-
dicionado. PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DA CONSTITUIÇÃO DA
c) O poder constituinte decorrente é responsável pela mo- REPÚBLICA FEDERATIVA DO BRASIL DE 1988 (ARTI-
dificação das normas da Constituição Federal. GOS 1º A 4º DA CF)
d) O poder constituinte secundário reformador é responsá-
vel pela elaboração das Constituições Estaduais.
FIQUE ATENTO!
Resposta: Letra A - O poder constituinte originário é Este tema é bastante cobrado nos concursos.
aquele que tem por objetivo estabelecer, elaborar uma Recomenda-se a leitura dos arts. 1º a 4º da CF,
nova ordem constitucional, criar uma nova Constituição. já que as questões, em sua grande maioria,
É um poder ilimitado, autônomo e incondicionado. cobram a literalidade do texto constitucional.

2. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPEÓRGÃO: PC-


-MAPROVA: DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL. O poder 1. Fundamentos da república federativa do Brasil
constituinte originário
Em seu art. 1º, a CF estabelece os fundamentos da Re-
a) é fático e soberano, incondicional e preexistente à or- pública Federativa do Brasil, que são as bases, as regras
dem jurídica. fundamentais sob as quais está alicerçado o Estado bra-
b) é reformador, podendo emendar e reformular. sileiro, que são: a soberania, a cidadania, a dignidade da
c) é decorrente e normativo, subordinado e condicionado pessoa humana, os valores sociais do trabalho e da livre
aos limites da própria Constituição. iniciativa e o pluralismo político. O Parágrafo único do art.
d) é atuante junto ao Poder Legislativo comum, com crité- 1º da CF prevê, ainda, o princípio democrático, segundo
rios específicos e de forma contínua. o qual todo poder emana do povo, que o exercerá dire-
e) é derivado e de segundo grau, culminando em atividade tamente, por meio dos chamados instrumentos da demo-
diferida. cracia participativa (ação popular, plebiscito, referendo e
iniciativa popular das leis), e indiretamente, por meio de
Resposta: Letra A - Trata-se de um poder de fato, posto representantes eleitos para tanto (Presidente da República,
que preexistente à ordem jurídica. Logo, não foi criado Prefeitos, Governadores de Estados e parlamentares). A CF
pela ordem jurídica para ser chamado de poder de di- adotou, portanto, o sistema híbrido de democracia partici-
reito. No mais, é incondicional. O fato de ser precedente pativa, que reúne a democracia direta e a democracia indi-
a ordem jurídica, não guarda nenhuma restrição em sua reta ou representativa.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

atuação. Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela


união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito
3. APLICADA EM: 2017BANCA: FCC ÓRGÃO: PRO- Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e
CON-MA PROVA: FISCAL DE DEFESA DO CONSUMI- tem como fundamentos:
DOR. O Poder Constituinte derivado tem como caracterís- I – a soberania;
tica, dentre outras, ser: II – a cidadania;
III – a dignidade da pessoa humana;
a) autônomo, pois o seu titular é o povo e, por isso, não IV – os valores sociais do trabalho e da livre iniciativa;
está limitado pelo direito. V – o pluralismo político.
b) limitado, pois sua obra é limitada por regras estabeleci- Parágrafo único. Todo o poder emana do povo, que o
das pelo Constituinte originário. exerce por meio de representantes eleitos ou diretamen-
c) inicial, pois sua obra é a base da ordem jurídica. te, nos termos desta Constituição.

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2. Separação dos poderes
EXERCÍCIOS COMENTADOS
A Constituição de 1988 adotou a teoria da tripartição
das funções estatais, idealizada por Montesquieu, que, por 1. (PC-SC – Agente de Polícia Civil– Nível Médio – FE-
sua vez, se inspirou em lições de Aristóteles e de John Loc- PESE – 2017)
ke. Assim, em seu art. 2º, a CF estabelece que são poderes Com base na Constituição Federal, a República Federati-
harmônicos e independentes entre si o Executivo, o Legis- va do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados
lativo e o Judiciário: “Art. 2º São Poderes da União, inde- e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado
pendentes e harmônicos entre si, o Legislativo, o Executivo Democrático de Direito e tem como fundamentos:
e o Judiciário.”. O princípio da separação dos poderes é 1. a autonomia.
uma das cláusulas pétreas da CF, não podendo ser retirado 2. a cidadania.
(abolido) do seu texto por meio de emenda constitucional 3. a dignidade da pessoa humana.
(art. 60, §4º, III, da CF). 4. o pluralismo político.
3. Objetivos fundamentais da república federativa Assinale a alternativa que indica todas as afirmativas cor-
do brasil retas.
O art. 3º da CF prevê os objetivos fundamentais da Re- a) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 3.
pública Federativa do Brasil, que são as metas que o Estado b) São corretas apenas as afirmativas 1, 2 e 4.
brasileiro se propõe a atingir. São elas: c) São corretas apenas as afirmativas 1, 3 e 4.
Art. 3º Constituem objetivos fundamentais da República d) São corretas apenas as afirmativas 2, 3 e 4.
Federativa do Brasil: e) São corretas as afirmativas 1, 2, 3 e 4.
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional; Resposta: Letra D. Segundo o art. 1º da CF, são funda-
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as mentos da República Federativa do Brasil: a soberania,
desigualdades sociais e regionais; a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de ori- sociais do trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo
gem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de político.
discriminação.
2. (TRE-TO – Técnico Judiciário – Nível Médio – CESPE
4. Princípios das relações internacionais – 2017)
Em determinado seminário sobre os rumos jurídicos e po-
O art. 4º da CF contempla os princípios orientadores líticos do Oriente Médio, dois professores debateram in-
das relações internacionais do Estado brasileiro, nos se- tensamente sobre a atual situação política da Síria. Hugo,
guintes termos: professor de relações internacionais, defendeu que o Brasil
Art. 4º A República Federativa do Brasil rege-se nas suas deveria realizar uma intervenção militar com fins humanitá-
relações internacionais pelos seguintes princípios: rios. José, professor de direito constitucional, argumentou
I – independência nacional; que essa ação não seria possível conforme os princípios
II – prevalência dos direitos humanos; constitucionais que regem as relações internacionais da
III – autodeterminação dos povos; República Federativa do Brasil. Nessa situação hipotética,
IV – não intervenção; com base na Constituição Federal de 1988 (CF),
V – igualdade entre os Estados;
VI – defesa da paz; a) Hugo está correto, pois a intervenção humanitária é um
VII – solução pacífica dos conflitos; dos princípios constitucionais que rege as relações inter-
VIII – repúdio ao terrorismo e ao racismo; nacionais do Brasil.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

IX – cooperação entre os povos para o progresso da hu- b) José está correto, pois a não intervenção e a solução
manidade; pacífica dos conflitos são princípios constitucionais que
X – concessão de asilo político. orientam as relações internacionais do Brasil.
Parágrafo único. A República Federativa do Brasil busca- c) Hugo está errado, pois a defesa da paz e dos direitos
rá a integração econômica, política, social e cultural dos humanos não são princípios constitucionais que regem
povos da América Latina, visando à formação de uma as relações internacionais do Brasil.
comunidade latino-americana de nações. d) Hugo está correto, pois a dignidade da pessoa humana é
um dos fundamentos constitucionais do estado brasilei-
ro e uma das causas que autorizam a intervenção militar
do Brasil em outros Estados soberanos.
e) José está errado, pois a declaração de guerra é ato políti-
co discricionário e unilateral do presidente da República,
não estando sujeito a limites jurídicos.

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Resposta: Letra B. Segundo o art. 4º da CF, são prin- VI - é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
cípios das relações internacionais da República Federa- sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos
tiva do Brasil: a independência nacional; a prevalência e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de
dos direitos humanos; a autodeterminação dos povos; a culto e a suas liturgias;
não intervenção; a igualdade entre os Estados; a defesa VII - é assegurada, nos termos da lei, a prestação de
da paz; a solução pacífica dos conflitos; o repúdio ao assistência religiosa nas entidades civis e militares de
terrorismo e ao racismo; a cooperação entre os povos internação coletiva;
para o progresso da humanidade e a concessão de asilo VIII - ninguém será privado de direitos por motivo de
político. crença religiosa ou de convicção filosófica ou política,
salvo se as invocar para eximir-se de obrigação legal a
3. (MPE-RN – Técnico do Ministério Público Estadual – todos imposta e recusar-se a cumprir prestação alterna-
Nível Médio – COMPERVE – 2017) tiva, fixada em lei;
Os objetivos fundamentais da república brasileira são me-
IX - é livre a expressão da atividade intelectual, artísti-
tas que o Estado deve promover com força vinculante e
ca, científica e de comunicação, independentemente de
imediata, servindo como norte a ser seguido em toda e
censura ou licença;
qualquer atividade estatal. Nessa acepção, a Constituição
X - são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
Federal aponta, expressamente, como objetivo fundamen-
tal a promoção: e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni-
zação pelo dano material ou moral decorrente de sua
a) do bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, violação;
sexo e cor. XI - a casa é asilo inviolável do indivíduo, ninguém nela
b) de uma sociedade livre, justa e solidária com repúdio ao podendo penetrar sem consentimento do morador, salvo
racismo e ao terrorismo. em caso de flagrante delito ou desastre, ou para prestar
c) da erradicação da miséria e da marginalização e da redu- socorro, ou, durante o dia, por determinação judicial;
ção da desigualdade nacional. XII - é inviolável o sigilo da correspondência e das co-
d) da autodeterminação dos povos e dos direitos humanos. municações telegráficas, de dados e das comunicações
telefônicas, salvo, no último caso, por ordem judicial,
Resposta: Letra A. Esta questão cobrou a literalidade nas hipóteses e na forma que a lei estabelecer para fins
do art. 3º da CF, estando as alternativas b e c erradas de investigação criminal ou instrução processual penal;
em razão da troca de uma palavra e a d porque traz um XIII - é livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou
princípio das relações internacionais da República Fede- profissão, atendidas as qualificações profissionais que a
rativa do Brasil, e não um objetivo. lei estabelecer;
XIV - é assegurado a todos o acesso à informação e
resguardado o sigilo da fonte, quando necessário ao
DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMEN- exercício profissional;
TAIS. DOS DIREITOS E DEVERES INDIVI- XV - é livre a locomoção no território nacional em tem-
DUAIS E COLETIVOS. DA NACIONALIDADE. po de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei,
DOS DIREITOS POLÍTICOS. nele entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
XVI - todos podem reunir-se pacificamente, sem ar-
mas, em locais abertos ao público, independentemente
de autorização, desde que não frustrem outra reunião
CAPÍTULO I anteriormente convocada para o mesmo local, sendo
DOS DIREITOS E DEVERES INDIVIDUAIS E COLETIVOS
apenas exigido prévio aviso à autoridade competente;
XVII - é plena a liberdade de associação para fins lícitos,
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos es- vedada a de caráter paramilitar;
XVIII - a criação de associações e, na forma da lei, a de
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

trangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à


vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à proprieda- cooperativas independem de autorização, sendo veda-
de, nos termos seguintes: da a interferência estatal em seu funcionamento;
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obriga- XIX - as associações só poderão ser compulsoriamente dis-
ções, nos termos desta Constituição; solvidas ou ter suas atividades suspensas por decisão judi-
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer cial, exigindo-se, no primeiro caso, o trânsito em julgado;
alguma coisa senão em virtude de lei; XX - ninguém poderá ser compelido a associar-se ou a
III - ninguém será submetido a tortura nem a tratamen- permanecer associado;
to desumano ou degradante; XXI - as entidades associativas, quando expressamente
IV - é livre a manifestação do pensamento, sendo veda- autorizadas, têm legitimidade para representar seus filia-
do o anonimato; dos judicial ou extrajudicialmente;
V - é assegurado o direito de resposta, proporcional ao XXII - é garantido o direito de propriedade;
agravo, além da indenização por dano material, moral XXIII - a propriedade atenderá a sua função social;
ou à imagem;

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XXIV - a lei estabelecerá o procedimento para desapro- d) a competência para o julgamento dos crimes dolosos
priação por necessidade ou utilidade pública, ou por in- contra a vida;
teresse social, mediante justa e prévia indenização em XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem
dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição; pena sem prévia cominação legal;
XXV - no caso de iminente perigo público, a autoridade XL - a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
competente poderá usar de propriedade particular, as- réu;
segurada ao proprietário indenização ulterior, se houver XLI - a lei punirá qualquer discriminação atentatória
dano; dos direitos e liberdades fundamentais;
XXVI - a pequena propriedade rural, assim definida em
XLII - a prática do racismo constitui crime inafiançável
lei, desde que trabalhada pela família, não será objeto de
e imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos
penhora para pagamento de débitos decorrentes de sua
da lei;
atividade produtiva, dispondo a lei sobre os meios de fi-
nanciar o seu desenvolvimento; XLIII - a lei considerará crimes inafiançáveis e insusce-
XXVII - aos autores pertence o direito exclusivo de utiliza- tíveis de graça ou anistia a prática da tortura, o tráfico
ção, publicação ou reprodução de suas obras, transmissí- ilícito de entorpecentes e drogas afins, o terrorismo e os
vel aos herdeiros pelo tempo que a lei fixar; definidos como crimes hediondos, por eles respondendo
XXVIII - são assegurados, nos termos da lei: os mandantes, os executores e os que, podendo evitá-
a) a proteção às participações individuais em obras cole- -los, se omitirem;
tivas e à reprodução da imagem e voz humanas, inclusive XLIV - constitui crime inafiançável e imprescritível a
nas atividades desportivas; ação de grupos armados, civis ou militares, contra a or-
b) o direito de fiscalização do aproveitamento econômico dem constitucional e o Estado democrático;
das obras que criarem ou de que participarem aos criado- XLV - nenhuma pena passará da pessoa do condenado,
res, aos intérpretes e às respectivas representações sindi- podendo a obrigação de reparar o dano e a decretação
cais e associativas; do perdimento de bens ser, nos termos da lei, estendidas
XXIX - a lei assegurará aos autores de inventos industriais aos sucessores e contra eles executadas, até o limite do
privilégio temporário para sua utilização, bem como pro- valor do patrimônio transferido;
teção às criações industriais, à propriedade das marcas, XLVI - a lei regulará a individualização da pena e ado-
aos nomes de empresas e a outros signos distintivos, tendo
tará, entre outras, as seguintes:
em vista o interesse social e o desenvolvimento tecnológi-
a) privação ou restrição da liberdade;
co e econômico do País;
b) perda de bens;
XXX - é garantido o direito de herança;
XXXI - a sucessão de bens de estrangeiros situados no País c) multa;
será regulada pela lei brasileira em benefício do cônjuge d) prestação social alternativa;
ou dos filhos brasileiros, sempre que não lhes seja mais e) suspensão ou interdição de direitos;
favorável a lei pessoal do de cujus ; XLVII - não haverá penas:
XXXII - o Estado promoverá, na forma da lei, a defesa do a) de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
consumidor; termos do art. 84, XIX;
XXXIII - todos têm direito a receber dos órgãos públicos b) de caráter perpétuo;
informações de seu interesse particular, ou de interesse c) de trabalhos forçados;
coletivo ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob d) de banimento;
pena de responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo e) cruéis;
seja imprescindível à segurança da sociedade e do Estado; XLVIII - a pena será cumprida em estabelecimentos dis-
XXXIV - são a todos assegurados, independentemente do tintos, de acordo com a natureza do delito, a idade e o
pagamento de taxas: sexo do apenado;
a) o direito de petição aos poderes públicos em defesa de XLIX - é assegurado aos presos o respeito à integridade
direitos ou contra ilegalidade ou abuso de poder; física e moral;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b) a obtenção de certidões em repartições públicas, para


L - às presidiárias serão asseguradas condições para
defesa de direitos e esclarecimento de situações de inte-
que possam permanecer com seus filhos durante o perí-
resse pessoal;
odo de amamentação;
XXXV - a lei não excluirá da apreciação do Poder Judici-
LI - nenhum brasileiro será extraditado, salvo o natura-
ário lesão ou ameaça a direito;
lizado, em caso de crime comum, praticado antes da na-
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato
turalização, ou de comprovado envolvimento em tráfico
jurídico perfeito e a coisa julgada;
ilícito de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei;
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LII - não será concedida extradição de estrangeiro por
XXXVIII - é reconhecida a instituição do júri, com a or-
crime político ou de opinião;
ganização que lhe der a lei, assegurados:
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão
a) a plenitude de defesa;
pela autoridade competente;
b) o sigilo das votações;
LIV - ninguém será privado da liberdade ou de seus
c) a soberania dos veredictos; bens sem o devido processo legal;

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LV - aos litigantes, em processo judicial ou administra- LXXII - conceder-se-á habeas data :
tivo, e aos acusados em geral são assegurados o contra- a) para assegurar o conhecimento de informações rela-
ditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela tivas à pessoa do impetrante, constantes de registros ou
inerentes; bancos de dados de entidades governamentais ou de ca-
LVI - são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas ráter público;
por meios ilícitos; b) para a retificação de dados, quando não se prefira
LVII - ninguém será considerado culpado até o trânsito fazê-lo por processo sigiloso, judicial ou administrativo;
em julgado de sentença penal condenatória; LXXIII - qualquer cidadão é parte legítima para propor
LVIII - o civilmente identificado não será submetido a ação popular que vise a anular ato lesivo ao patrimô-
identificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em nio público ou de entidade de que o Estado participe, à
lei; moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao pa-
LIX - será admitida ação privada nos crimes de ação pú- trimônio histórico e cultural, ficando o autor, salvo com-
blica, se esta não for intentada no prazo legal; provada má-fé, isento de custas judiciais e do ônus da
LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- sucumbência;
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse LXXIV - o Estado prestará assistência jurídica integral e
social o exigirem; gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos;
LXI - ninguém será preso senão em flagrante delito ou LXXV - o Estado indenizará o condenado por erro judici-
por ordem escrita e fundamentada de autoridade judici- ário, assim como o que ficar preso além do tempo fixado
ária competente, salvo nos casos de transgressão militar na sentença;
ou crime propriamente militar, definidos em lei; LXXVI - são gratuitos para os reconhecidamente pobres,
LXII - a prisão de qualquer pessoa e o local onde se en- na forma da lei:
contre serão comunicados imediatamente ao juiz com- a) o registro civil de nascimento;
petente e à família do preso ou à pessoa por ele indicada; b) a certidão de óbito;
LXIII - o preso será informado de seus direitos, entre os LXXVII - são gratuitas as ações de habeas corpus e ha-
quais o de permanecer calado, sendo-lhe assegurada a beas data , e, na forma da lei, os atos necessários ao
assistência da família e de advogado; exercício da cidadania.
LXIV - o preso tem direito à identificação dos respon- LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo,
sáveis por sua prisão ou por seu interrogatório policial; são assegurados a razoável duração do processo e os
LXV - a prisão ilegal será imediatamente relaxada pela meios que garantam a celeridade de sua tramitação.
autoridade judiciária; § 1º As normas definidoras dos direitos e garantias fun-
LXVI - ninguém será levado à prisão ou nela mantido quan- damentais têm aplicação imediata.
do a lei admitir a liberdade provisória, com ou sem fiança; § 2º Os direitos e garantias expressos nesta Constituição
LXVII - não haverá prisão civil por dívida, salvo a do res- não excluem outros decorrentes do regime e dos princí-
ponsável pelo inadimplemento voluntário e inescusável pios por ela adotados, ou dos tratados internacionais em
de obrigação alimentícia e a do depositário infiel; que a República Federativa do Brasil seja parte.
LXVIII - conceder-se-á habeas corpus sempre que al- § 3º Os tratados e convenções internacionais sobre di-
guém sofrer ou se achar ameaçado de sofrer violência ou reitos humanos que forem aprovados, em cada Casa do
coação em sua liberdade de locomoção, por ilegalidade Congresso Nacional, em dois turnos, por três quintos
ou abuso de poder; dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes
LXIX - conceder-se-á mandado de segurança para pro- às emendas constitucionais.
teger direito líquido e certo, não amparado por habeas § 4º O Brasil se submete à jurisdição de Tribunal Penal
corpus ou habeas data , quando o responsável pela ile- Internacional a cuja criação tenha manifestado adesão.
galidade ou abuso de poder for autoridade pública ou
agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições do 1. Histórico
poder público;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

LXX - o mandado de segurança coletivo pode ser impe- - Direitos Fundamentais


trado por: Normas obrigatórias: os direitos fundamentais não são
a) partido político com representação no Congresso Na- sempre os mesmos em todas as épocas. Porém devem
constar obrigatoriamente em textos constitucionais
cional;
considerados democráticos; constando referidos direitos
b) organização sindical, entidade de classe ou associação
podem anuir que aquela constituição está alicerçada nos
legalmente constituída e em funcionamento há pelo me-
pilares da democracia.
nos um ano, em defesa dos interesses de seus membros
Dignidade humana: foi impulsionada pelo cristianismo,
ou associados;
uma vez que segundo essa religião o homem era feito a
LXXI - conceder-se-á mandado de injunção sempre
imagem e semelhança de Deus. Sendo assim, ganhou uma
que a falta de norma regulamentadora torne inviável o
proteção especial no texto da Constituição. Importante
exercício dos direitos e liberdades constitucionais e das
lembrar que falar em dignidade humana é falar em garantir o
prerrogativas inerentes à nacionalidade, à soberania e
direito do indivíduo ter direitos – iguais entre seres humanos.
à cidadania;

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Positivação dos direitos fundamentais: Bill of Os direitos fundamentais são um conjunto de faculdades
Rights, Declaração da Virgínia, Declaração Francesa. e instituições que somente faz sentido num determinado
Tais documentos trataram de positivar direitos que contexto histórico. A história permite entender a existência
naturalmente são inerentes ao homem. de cada um dos direitos.
Regra geral: indivíduos têm primeiro direitos, depois A história explica que os direitos possam ser apregoados
deveres e os direitos que o Estado tem sobre o indivíduo em certa época, desaparecendo em outras, ou se modificam
estão ordenados de modo a melhor cuidar de seus no tempo. Verifica-se, portanto, a evolução dos direitos
cidadãos. É a demonstração clara do pacto social firmado fundamentais.
entre os indivíduos e o Estado – é a cessão de parte de suas
liberdades, entregando-as ao Estado de modo que este, - Inalienabilidade e Indisponibilidade
em contrapartida, devolva algo que seja positivo – como, Inalienável: o titular do direito não pode impossibilitar o
por exemplo, proíbe-se (exceto as possibilidade previstas exercício para si mesmo. Encontra fundamento no valor da
na lei) da autotutela (exercício da autodefesa) entregando dignidade humana. A indisponibilidade gera nulidade de
essa função ao Estado para que este exerça a tutela da qualquer disposição contratual feita.
segurança do indivíduo. Podem, tais direitos, terem seu exercício. Ex.:
manifestação religiosa em templo religioso diverso do seu.
1.1. Geração de Direitos Fundamentais - Direitos humanos são direitos postulados em bases
jusnaturalistas, contam índole filosófica e não possuem
- 1ª Geração de direitos: são postulados de abstenção como característica básica a positivação numa ordem ju-
dos governantes se obrigando a não intervir na vida rídica particular.
pessoal de cada indivíduo. Indispensável a todos os - Direitos Fundamentais: é reservada aos direitos rela-
homens. Como por exemplo, direito a vida, ou seja, cionados com posições básicas das pessoas, inscritos em
salvo em situações específicas, o Estado não privará diplomas normativos de cada Estado. São direitos que vi-
o indivíduo de seguir sua vida. gem numa ordem jurídica concreta, sendo, por isso, garan-
Característica: universal; não ocasiona desigualdade tidos e limitados no espaço e no tempo.
social. Ex: liberdade,
- 2ª Geração de direitos: surge com a necessidade do - Vinculação dos Poderes Públicos
povo de não apenas ter liberdade, mas outros direi- O fato de os direitos fundamentais estarem previstos
tos que o conduzem a exercer a liberdade, seguir sua na Constituição torna-os parâmetros de organização e de
vida, com dignidade. São os valores sociais variados, limitação dos poderes constituídos. A constitucionalização
importando intervenção ativa do Estado na vida eco- dos direitos fundamentais impede que sejam considerados
nômica com o viés de proporcionar justiça social. meras autolimitações dos poderes constituídos - dos
Característica: Liberdade real e igual para todos. Ex: Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário -, passíveis de
igualdade – saúde, educação, trabalho entre outros. São serem alteradas ou suprimidas ao talante destes.
chamados de direitos sociais não por serem direitos da
coletividade, mas por alusão ao termo justiça social. Os - Aplicabilidade imediata
titulares são os próprios indivíduos singularizados, apesar As normas que definem direitos fundamentais
dos mesmos poderem se voltar a coletividade. são normas de caráter preceptivo, e não meramente
- 3ª Geração de direitos: direitos de titularidade difusa. programático. Explicita-se, além disso, que os direitos
Proteção do homem em sua forma coletiva, grupos, fundamentais se fundam na Constituição, e não na lei -
não mais individualmente. com o que se deixa claro que é a lei que deve mover-se no
Característica: proteção do homem em grupos. Ex: âmbito dos direitos fundamentais, não o contrário.
direito ao meio ambiente equilibrado, direito a paz. A Constituição brasileira de 1988 filiou-se a essa
tendência, conforme se lê no §1º do art. 5º do Texto, em que
1.2. Conclusão se diz que “as normas definidoras dos direitos e garantias
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

fundamentais têm aplicação imediata”. O texto se refere


A visão dos direitos fundamentais em termos de aos direitos fundamentais em geral, não se restringindo
gerações indica a evolução desses direitos no tempo. Cada apenas aos direitos individuais.
direito de cada geração interage com os das outras e, nesse
processo, dá-se à compreensão.

1.3. Características dos direitos fundamentais


- Universais e absolutos
- A questão da universalidade: direito previsto para
todo homem, ainda que nem todo homem o exerça.
- Absoluto: os direitos fundamentais não são absolu-
tos, apesar de gozarem de prioridade absoluta sobre
qualquer outro direito.
- Historicidade

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3. Aplicada em: 2018Banca: FCCÓrgão: DPE-AMProva:
Analista Jurídico de Defensoria - Ciências Jurídicas.
EXERCÍCIO COMENTADO Considere:
I. A lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
1. Aplicada em: 2018Banca: CESPEÓrgão: STJProva: Co- ou ameaça a direito.
nhecimentos Básicos - Cargo: 1. A respeito dos direitos e II. A lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico
garantias fundamentais, julgue o item que se segue, ten- perfeito e a coisa julgada.
do como referência a jurisprudência do Supremo Tribunal III. Não haverá juízo ou tribunal de exceção.
Federal. IV. A lei penal não retroagirá.
O rol dos direitos fundamentais previsto na Constituição V. A lei punirá qualquer discriminação atentatória dos direi-
Federal de 1988 é taxativo, isto é, o Brasil adota um siste- tos e liberdades individuais.
ma fechado de direitos fundamentais. Nos termos previstos no artigo 5° da Constituição Fede-
ral, há exceção constitucionalmente expressa ao disposto
( ) CERTO ( ) ERRADO APENAS em:

Resposta: Letra B - A Constituição Federal elenca no a) IV e V.


art. 5º um rol de direitos fundamentos. Porém, esse rol é b) IV.
exemplificativo e ao contrário do afirmado na questão, c) I e III.
não se trata de um rol taxativo. Referidos direitos não d) I, II e III.
e) V.
podem ser reunidos em um elenco fixo, razão pela qual
dentro da própria CF/88 podem constar no texto outros
Resposta: Letra B -Dentre os direitos fundamentais elen-
direitos tidos por fundamentais.
cados, o único que apresenta exceção é o referente a re-
troatividade da lei penal. Caso a lei posterior altere a lei
2. Aplicada em: 2018Banca: FGVÓrgão: TJ-ALProva: vigente com o viés de beneficiar o réu, ou seja, se tornar
Analista Judiciário - Área Judiciária. Jean, nacional fran- mais benéfica, poderá retroagir para alcançar aqueles
cês residente no território brasileiro, procurou um advoga- que estão sob a égide da lei penal mais gravosa. Portanto,
do e solicitou que fosse esclarecido que direitos a ordem se for para benefício do réu, a lei penal poderá retroagir.
jurídica brasileira lhe assegurava, mais especificamente se Eis a exceção de que trata esta questão.
possuía direitos fundamentais e direitos políticos.
À luz da sistemática constitucional, o advogado deve afir-
mar que Jean: DOS DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS

a) possui direitos políticos e fundamentais idênticos aos 1. Da nacionalidade (artigo 12 da constituição federal)
dos brasileiros naturalizados;
O Título II da Constituição de 1988 (CF/88) regulamenta
b) não possui direitos políticos e fundamentais de qual-
os Direitos e as Garantias Fundamentais, trazendo normas
quer natureza;
relativas aos elementos constitucionais limitativos, que res-
c) possui direitos fundamentais em extensão inferior aos
tringem a atuação do Estado. Os direitos da nacionalidade
dos brasileiros, mas não direitos políticos;
são espécies do gênero Direitos e Garantias Fundamentais,
d) possui direitos fundamentais idênticos aos dos brasilei- ao lado dos direitos e deveres individuais e coletivos, dos
ros, mas direitos políticos inferiores; direitos sociais e dos direitos políticos.
e) possui direitos políticos e fundamentais em extensão
inferior aos dos brasileiros. 1.1. Conceito
Resposta: Letra C - Os estrangeiros recebem uma trata- A nacionalidade é o vínculo político-jurídico entre o ci-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tiva especial nesta questão. Os direitos fundamentais não dadão e o Estado, do qual surgem direitos e obrigações.
diferem nacionais de estrangeiros. Todos em solo brasi-
leiro estão amparados pela mesma proteção de direitos 1.2. Espécies
fundamentais. Tanto é verdade que, na hipótese de um
estrangeiro em solo brasileiro, cujo país adote a prisão O vínculo da nacionalidade pode surgir de duas formas:
perpétua, tenha sua extradição requerida, esta só poderá a) de forma originária, em razão do nascimento, conferindo
ocorrer se garantido um prazo máximo de prisão e não a nacionalidade NATA ao cidadão, ou b) de forma derivada,
a perpétua, posto que nossa legislação não permite que por meio do processo de naturalização, conferindo a na-
alguém seja considerado culpado para o resto de sua cionalidade NATURALIZADA ao cidadão.
vida. No entanto, a participação política encontra dife-
renciações. Apesar de garantidos direitos fundamentais,
os políticos estão previstos apenas para brasileiros (nato
/ naturalizado).

10
1.2.1. Nacionalidade originária (nata) 1.2.2.1. Naturalização ordinária

A nacionalidade originária, que surge com o nascimen- Prevista no Artigo 12, II, a, da CF/88, a naturalização or-
to, pode ser adquirida por dois diferentes critérios: a) pelo dinária é o processo pelo qual qualquer estrangeiro pode
nascimento no território do Estado (jus solis) ou b) pelo naturalizar-se brasileiro, desde que atenda aos requisitos
vínculo sanguíneo (jus sanguinis) do nascimento. O Brasil previstos em lei e na Constituição. Para os estrangeiros
adotou os dois critérios no Artigo 12 da CF/88, com as se- originários de países de língua portuguesa, a Constituição
guintes regras: exige como requisito apenas 1 ano ininterrupto de resi-
dência no Brasil e idoneidade moral. Para os estrangeiros
1.2.1.1. Nascimento no território (jus solis) originários de outros países, os requisitos estão previstos
no Artigo 65 da Lei Federal n.º 13.445/17 (Lei de Migração),
Segundo o Artigo 12, I, a, da CF/88, são brasileiros natos e são, cumulativamente: a) ter capacidade civil, segundo a
todos os nascidos na República Federativa do Brasil, isto lei brasileira; b) comunicar-se em língua portuguesa; c) não
é, no território brasileiro, ainda que os pais sejam estran- possuir condenação penal ou estar reabilitado, nos termos
geiros, desde que estes (pais estrangeiros) não estejam no da lei, e d) ter residência em território nacional por, no mí-
Brasil a serviço de seu país de origem. A CF/88, portanto, nimo, 4 anos ininterruptos. Conforme o Artigo 66 da Lei de
adotou o critério do jus solis, mas não de forma absolu- Migração, este prazo de 4 anos de residência será reduzido
ta, fazendo uma ressalva para os filhos de pais estrangei- para, no mínimo, 1 ano, se o naturalizando: (i) tiver filho bra-
ros que estejam no Brasil a serviço de seu país de origem. sileiro; ou (ii) tiver cônjuge ou companheiro brasileiro e não
É o caso, por exemplo, de filhos de embaixadores ou de estar dele separado legalmente ou de fato no momento de
membros de carreira diplomática. Nesta hipótese, embo- concessão da naturalização; ou (iii) tiver prestado ou poder
ra tenham nascido no território brasileiro, eles não serão prestar serviço relevante ao Brasil, ou, ainda, (iv) recomen-
brasileiros natos, o que não os impede de naturalizar-se dar-se por sua capacidade profissional, científica ou artística.
brasileiros, desde que atendam aos requisitos necessários
para tanto. 1.2.2.2. Naturalização extraordinária

1.2.1.2. Vínculo sanguíneo (jus sanguinis) Prevista no Artigo 12, II, b, da CF/88, a naturalização ex-
traordinária é o processo pelo qual o estrangeiro de qual-
Segundo o Artigo 12, I, b e c, da CF/88, também são bra- quer nacionalidade com residência permanente no país
sileiros natos os nascidos fora do território brasileiro, isto há mais de 15 anos ininterruptos e sem condenação penal
é, no exterior, filhos de pai brasileiro OU de mãe brasileira pode naturalizar-se brasileiro, desde que requeira a nacio-
(vínculo sanguíneo ou hereditário), desde que: a) qualquer nalidade brasileira. Neste caso, a Constituição considera
dos pais, sendo brasileiros, estejam no exterior a serviço do que o estrangeiro radicado no Brasil há mais de 15 anos
Brasil; OU b) sejam registrados no exterior em repartição faz jus à nacionalidade brasileira em razão do vínculo que
brasileira competente quando do seu nascimento, OU c) possui com o Estado brasileiro, pelo tempo de residência,
venham residir no Brasil e, depois de atingida a maioridade, bastando que requeira tal condição, desde que não tenha
optem, em qualquer tempo, pela nacionalidade brasileira. condenação penal.
Isto será feito por meio da ação de opção de nacionalida-
de, prevista no Artigo 63 da Lei Federal n.º 13.445/17 (Lei
de Migração). A CF/88, portanto, também adotou o critério FIQUE ATENTO!
do jus sanguinis, prevendo estas três hipóteses de esta-
belecimento da nacionalidade originária aos nascidos no Uma leitura equivocada das alíneas a e b
exterior em razão do vinculo sanguíneio do nascimento, ou do inciso II do Artigo 12 da CF/88 pode
seja, da ascendência hereditária (filhos de pai brasileiro ou erroneamente levar a crer que, para a
de mãe brasileira). naturalização, a Constituição exige 1 ano
ininterrupto de residência para os estrangeiros
de países de língua portuguesa e 15 anos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

1.2.2. Nacionalidade derivada (naturalizada)


para os demais. Mas não confunda! A alínea a
Aqueles que não nasceram brasileiros segundo os crité- trata da naturalização ordinária, cujo prazo de
rios da nacionalidade originária podem naturalizar-se, ad- residência exigido é de 1 ano para estrangeiros
quirindo a nacionalidade de forma derivada pelo processo de países de língua portuguesa e 4 anos para
de naturalização. A CF/88 prevê dois tipos de naturalização: os demais estrangeiros (prazo este previsto na
a ordinária e a extraordinária. Segundo os Artigos 71 a 73 Lei de Migração), podendo ser reduzido para
da Lei Federal n.º 13.445/17 (Lei de Migração), que regu- 1 ano nas hipóteses legais. Já a alínea b trata
lamenta a matéria, em ambos os casos, o estrangeiro deve da naturalização extraordinária, concedida aos
apresentar o pedido de naturalização conforme as regras estrangeiros de qualquer nacionalidade que
estabelecidas pelo órgão competente do Poder Executivo, tenham residência no país há mais de 15 anos
sendo cabível recurso em caso de denegação. Se o pedi- ininterruptos e não tenham condenação penal,
do for deferido, o ato de naturalização será publicado no desde que o requeiram.
Diário Oficial, após o que a naturalização produzirá efeitos.

11
1.2.2.3. Outros tipos de naturalização mesma o faça, como fez. São 4 as distinções constitucio-
nais entre brasileiros natos e naturalizados: a) extradição
Além da naturalização ordinária e extraordinária, a Lei (Artigo 5º, LI, da CF/88) - o brasileiro nato não pode ser
Federal n.º 13.445/17 (Lei de Migração) prevê, em seu Arti- extraditado; o naturalizado pode ser extraditado apenas
go 64, III e IV, outros dois tipos de naturalização: a especial em 2 hipóteses: crime comum praticado antes da natura-
e a provisória. Conforme o Artigo 68 da Lei de Migração, a lização OU comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
naturalização especial poderá ser concedida ao estrangeiro entorpecentes e drogas afins, conforme regulado em lei;
que: a) seja cônjuge ou companheiro, há mais de 5 anos, b) cargos privativos de brasileiros natos (Artigo 12, §3º, da
de integrante do Serviço Exterior Brasileiro em atividade CF/88) – TEMA BASTANTE COBRADO! Só podem ser ocu-
ou de pessoa a serviço do Estado brasileiro no exterior; OU pados por brasileiros natos os seguintes cargos: Presiden-
b) seja ou tenha sido empregado em missão diplomática te da República, Vice-Presidente da República, Presidente
ou em repartição consular do Brasil por mais de 10 anos da Câmara dos Deputados, Presidente do Senado Federal,
ininterruptos. Conforme o Artigo 70 da Lei de Migração, a Ministro do Supremo Tribunal Federal, Ministro da Defesa,
naturalização provisória poderá ser concedida ao migran- membro de carreira diplomática e oficial das Forças Arma-
te criança ou adolescente que tenha fixado residência em das; c) composição do Conselho da República (Artigo 89 da
território nacional antes de completar 10 anos de idade, Constituição) – na composição do Conselho da República,
podendo ser convertida em definitiva se houver pedido ex- órgão superior de consulta da Presidência da República, a
presso do naturalizando no prazo de 2 anos após atingida Constituição faz uma reserva de vaga para 6 brasileiros na-
a maioridade. tos, com idade superior a 35 anos, sendo 2 nomeados pelo
Presidente da República, 2 eleitos pelo Senado Federal e 2
1.3. Equiparação de direitos entre brasileiros e por- eleitos pela Câmara dos Deputados. Assim, os brasileiros
tugueses naturalizados só poderão integrar o Conselho da República
na condição de líderes da maioria e da minoria na Câmara
O §1º do Artigo 12 da CF/88 estabelece: “aos portu- dos Deputados ou no Senado Federal ou, ainda, de Minis-
gueses com residência permanente no País, se houver re- tro da Justiça, cargos cujo preenchimento não é exclusivo
ciprocidade em favor de brasileiros, serão atribuídos os de brasileiro nato; d) propriedade de empresa jornalística
direitos inerentes ao brasileiro, salvo os casos previstos ou de radiodifusão (Artigo 222 da CF/88) – a propriedade
nesta Constituição.” Trata-se da chamada equiparação de de empresa jornalística e de radiodifusão sonora e de sons
direitos por reciprocidade, segundo a qual os portugueses e imagens é privativa de brasileiros natos OU naturalizados
residentes no Brasil têm os mesmos direitos dos brasileiros há mais de 10 anos. Além disso, somente os brasileiros na-
naturalizados, caso isto também seja garantido aos brasi- tos OU naturalizados há mais de 10 anos poderão exercer
leiros residentes em Portugal. Como a Constituição traz al- a gestão das atividades destas empresas e estabelecer o
gumas distinções entre brasileiros natos e naturalizados, os conteúdo da sua programação.
direitos reservados aos brasileiros natos estão excluídos da
regra de equiparação, em razão da cláusula “salvo os casos
previstos nesta Constituição”. O Decreto n.º 3.927/01, que #FicaDica
promulga o Tratado de Amizade, Cooperação e Consulta
entre Brasil e Portugal, contém as regras aplicáveis à equi- Os cargos de Vereador, Deputado Federal,
paração de direitos por reciprocidade. Segundo ele, o exer- Deputado Estadual, Senador, Governador,
cício dos direitos próprios dos cidadãos do país em que Prefeito e Ministro da Justiça, entre outros,
residem, pelos brasileiros em Portugal e pelos portugueses podem ser ocupados por brasileiros natos
no Brasil, não acarreta a perda da nacionalidade de origem OU naturalizados. Os que são privativos de
(Artigo 13.1). Além disso, ainda que estejam sob regime brasileiros natos são APENAS os descritos no
de equiparação, os portugueses no Brasil e os brasileiros Artigo 12, §3º, da CF/88. Logo, apenas a função
em Portugal não poderão prestar serviço militar no país de de PRESIDENTE da Câmara dos Deputados
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

residência (Artigo 19) e a extradição somente poderá ser ou do Senado Federal é que é reservada aos
efetivada se requisitada pelo país de origem (Artigo 18). A brasileiros natos, podendo qualquer brasileiro
equiparação de direitos termina com a perda da naciona- (nato ou naturalizado) ser Deputado Federal
lidade ou com a cessação da autorização de permanência ou Senador.
no país (Artigo 16).

1.4. Vedação de distinções legais entre brasileiros 1.5. Perda da nacionalidade brasileira
natos e naturalizados
Em seu Artigo 12, §4º, a CF/88 estabelece duas hipó-
O §2º do Artigo 12 da CF/88 estabelece: “a lei não po- teses de perda da nacionalidade brasileira: a) caso haja o
derá estabelecer distinção entre brasileiros natos e natu- cancelamento da naturalização por sentença judicial, em
ralizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição.” virtude de atividade nociva ao interesse nacional (Artigo
Portanto, a Constituição proíbe que a lei crie distinções en- 12, §4º, I). Esta hipótese só se aplica aos brasileiros natu-
tre brasileiros natos e naturalizados, mas permite que ela ralizados. Neste caso, será possível a reaquisição da nacio-

12
nalidade brasileira somente por meio da anulação da sen- c) brasileiro naturalizado desde que opte, em qualquer
tença em ação rescisória; e b) caso o brasileiro (nato ou tempo, depois de atingida a maioridade, pela nacionali-
naturalizado) adquira outra nacionalidade (Artigo 12, §4º, dade brasileira.
II). Esta é a regra, para a qual existem duas exceções: (i) se d) brasileiro nato, bastando que venha a residir na Repúbli-
a nacionalidade adquirida for reconhecida como originária ca Federativa do Brasil.
pela lei estrangeira, isto é, se o próprio país estrangeiro e) brasileiro nato se Maria estiver, na Alemanha, a serviço
reconhece em sua legislação que aquele cidadão tem di- da República Federativa do Brasil.
reito à sua nacionalidade de forma originária, ou seja, em
razão do nascimento (pelos critérios do jus solis ou do jus Resposta: Letra E. Segundo o Artigo 12, I, a e b, da
sanguinis). Neste caso, o brasileiro ficará com ambas as CF/88, são brasileiros natos os nascidos no estrangeiro,
nacionalidades (dupla nacionalidade ou polipatria); OU (ii) de pai ou mãe brasileiros, se: (i) o pai brasileiro ou a mãe
caso a lei estrangeira imponha a naturalização ao brasileiro brasileira estiver no exterior a serviço do Brasil, OU (ii)
residente em seu território como condição para a sua per- forem registrados em repartição brasileira competente
manência ou para o exercício de direitos civis. Neste caso, no exterior, OU (iii) venham a residir no Brasil e, depois
como o brasileiro adquiriu outra nacionalidade por impo- de atingida a maioridade, optem pela nacionalidade
sição da lei estrangeira, não perderá a brasileira, ficando brasileira. A única alternativa que contém de forma cor-
com as duas (dupla nacionalidade ou polipatria). Não se reta uma destas 3 hipóteses é a E.
encaixando em quaisquer das exceções, o brasileiro que
adquirir voluntariamente outra nacionalidade, perderá a 2. (TRT-MS - 24ª Região – Técnico Judiciário Nível Mé-
brasileira, podendo, se cessada a causa, readquiri-la ou ter dio – FCC- 2017). Silmara, brasileira naturalizada, verificou
o ato que declarou a perda revogado, conforme definido a Constituição Federal brasileira a respeito de possível ex-
pelo órgão competente do Poder Executivo (Artigo 76 da tradição de brasileiro naturalizado. Assim, constatou que,
Lei de Migração). dentre os direitos e deveres individuais e coletivos, está
previsto que
1.6. Apatria
a) nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
Os apátridas, também denominados heimatlos, são os em caso de crime comum, praticado antes ou depois da
indivíduos que não têm nacionalidade. Embora possam naturalização, ou de comprovado envolvimento em mi-
ocorrer, a configuração de casos de apatria é rara atual- lícia armada e grupos guerrilheiros.
mente, sobretudo em razão do Artigo 15 da Declaração b) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele naturalizado
Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão e do Artigo ou não, consta em diversas hipóteses taxativas do artigo
20 da Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto 5º da Carta Magna.
de San Jose da Costa Rica), que prevêem, respectivamente, c) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele naturalizado
que todo homem tem direito a uma nacionalidade e, se ou não, somente poderá ocorrer em caso de compro-
não tiver direito a outra, pelo menos a do Estado em cujo
vado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes
território tenha nascido.
e drogas afins.
d) nenhum brasileiro será extraditado, salvo o naturalizado,
1.7. Polipatria
em caso de crime comum, praticado antes da naturaliza-
ção, ou de comprovado envolvimento em tráfico ilícito
A polipatria se caracteriza pela assunção de mais de
de entorpecentes e drogas afins, na forma da lei.
uma nacionalidade por um mesmo indivíduo, chamado
e) a extradição de qualquer brasileiro, seja ele naturalizado
polipátrida. Isto ocorre se os critérios adotados pelas legis-
lações de dois ou mais países reconhecerem a sua naciona- ou não, somente poderá ocorrer em caso de compro-
lidade a um mesmo cidadão, permitindo que ele mantenha vado envolvimento em tráfico ilícito de entorpecentes e
vínculos com outros Estados. drogas afins, envolvimento em milícia armada e grupos
guerrilheiros e prática de ato de terrorismo.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Resposta: Letra D. Segundo o Artigo 5º, LI, da CF/88,


EXERCÍCIO COMENTADO o brasileiro nato não poderá ser extraditado; já o na-
turalizado somente poderá ser extraditado em caso de
1. (TJSP - Escrevente Técnico Judiciário Nível Médio – crime comum, praticado ANTES da naturalização, ou em
VUNESP-2017). Maria, brasileira, estava grávida quando caso de comprovado envolvimento em tráfico ilícito de
viajou para a Alemanha. Em virtude de complicações de entorpecentes e drogas afins, conforme regulado em lei.
saúde, seu bebê nasceu antes do tempo, quando Maria
ainda estava na Alemanha. Considerando apenas os dados
apresentados, pode-se afirmar que, nos termos da Consti-
tuição Federal, o filho de Maria será considerado
a) brasileiro nato, pois Maria é brasileira.
b) brasileiro nato, bastando que o pai do bebê também
seja brasileiro, nato ou naturalizado.

13
3. (UNESP – Assistente Administrativo Nivel Médio – Além do plebiscito, do referendo e da iniciativa popular
VUNESP-2017). Conforme estabelece a Constituição Fe- das leis, a ação popular, prevista no art. 5º, LXXIII, da CF,
deral, são dois exemplos de cargos públicos privativos de também é um instrumento da democracia direta.
brasileiro nato:
1.1. Plebiscito e referendo
a) de Ministro do Supremo Tribunal Federal e de oficial das
Forças Armadas. Através do plebiscito e do referendo, o povo é chamado
b) de Deputado Federal e de Presidente da República. a decidir sobre determinado assunto de interesse do Esta-
c) de Senador da República e de Ministro de Estado da De- do, por meio de votação. O Estado fica vinculado à decisão
fesa. popular, devendo seguir o quanto decidido nas urnas. O
d) de Deputado Federal e de Deputado Estadual. plebiscito e o referendo são, portanto, formas de consulta
e) de Vereador e da carreira diplomática. popular, por meio das quais o Estado remete ao povo a
decisão final sobre determinado questão. A diferença entre
Resposta: Letra A. Só podem ser ocupados por brasi- eles está no momento em que a consulta é feita: no plebis-
leiros natos os cargos de: Presidente da República, Vi- cito, a consulta é prévia, isto é, é feita antes de o Estado to-
ce-Presidente da República, Presidente da Câmara dos mar qualquer decisão; no referendo, a consulta é posterior,
Deputados, Presidente do Senado Federal, Ministro do ou seja, o Estado primeiro adota uma medida e, depois,
Supremo Tribunal Federal, Ministro da Defesa, membro consulta se o povo concorda ou não com ela. Um exem-
de carreira diplomática e oficial das Forças Armadas (Art. plo de plebiscito foi o que ocorreu em 1993, por expressa
12, §3º, CF/88). Os demais cargos (deputado federal ou previsão do art. 2º do Ato das Disposições Constitucionais
estadual, senador e vereador, entre outros) podem ser Transitórias (ADCT), ocasião em que o povo foi consultado
ocupados por brasileiros natos OU naturalizados. sobre a forma de governo (monarquia ou república) e o
sistema de governo (presidencialismo ou parlamentaris-
mo). Decidiu-se, em votação popular, pela manutenção da
DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS. DOS DI- forma republicana e do sistema presidencialista, adotados
REITOS POLÍTICOS (ARTIGO 14 DA CF) pelo texto originário da Constituição de 1988. Em 2005,
houve um referendo sobre o Estatuto do Desarmamento.
FIQUE ATENTO! O povo foi chamado às urnas para decidir se deveria ser
mantido ou não um artigo desta lei que proibia o comércio
Este é um assunto bastante cobrado nas de armas de fogo e munição no território nacional. A deci-
provas. Recomenda-se a leitura atenta do são popular foi pela rejeição deste dispositivo legal, permi-
artigo 14 da CF. tindo-se, portanto, o comércio de armas de fogo no Brasil.
A competência para convocar o plebiscito e para autorizar
o referendo é do Congresso Nacional, nos termos do art.
1. Instrumentos da democracia direta 49, XV, da CF.

A Constituição de 1988 adotou um sistema híbrido de 1.2. Iniciativa popular das leis
democracia, denominado Democracia Participativa, con-
forme estabelece Parágrafo único de seu art. 1º: “Todo A iniciativa popular das leis é a possibilidade de o povo
poder emana do povo que o exercerá diretamente, nos propor de projetos de lei diretamente às Casas Legislativas,
termos desta Constituição, ou através de representantes sem o intermédio dos parlamentares. Os projetos de lei de
eleitos”. A Democracia Participativa reúne, portanto, a De- iniciativa popular tramitam normalmente e, se aprovados,
mocracia Representativa, sistema no qual o povo exerce dão origem a leis de iniciativa popular. A iniciativa popular
o poder de forma indireta, por meio de representantes das leis pode se dar em todas as esferas legislativas, ou
eleitos (Presidente da República, Governadores de Estado, seja, federal, estadual, distrital ou municipal, respeitados os
Prefeitos, parlamentares etc.), e a Democracia Direta, em
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

seguintes requisitos: a) projeto de lei de iniciativa popular


que o exercício do poder pelo povo se dá de forma direta, federal: deve ser subscrito (assinado) por no mínimo 1% do
independentemente de representantes. Em seu art. 14, I a eleitorado nacional, distribuído por no mínimo cinco Es-
III, a Constituição relaciona os chamados instrumentos da tados da Federação, com a assinatura de no mínimo três
democracia direta, que são os mecanismos por meio dos décimos por cento (3/10% ou 0,3%) dos eleitores de cada
quais o povo exerce diretamente o poder: Estado (art. 61, §2°, da CF); b) projeto de lei de iniciativa
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio popular estadual: os requisitos serão estabelecidos em lei,
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual conforme prevê o art. 27, §4º, da CF, devendo-se respeitar
para todos, e, nos termos da lei, mediante: o mínimo de 1% de assinaturas dos eleitores do respectivo
I – plebiscito; Estado, em razão do princípio da simetria com o centro; c)
II – referendo; projeto de lei de iniciativa popular municipal: deve ser as-
III – iniciativa popular. sinado por no mínimo 5% do eleitorado do Município (art.
29, XIII, da CF); d) projeto de lei de iniciativa popular distri-
tal: deve ser regulado na Lei Orgânica do Distrito Federal,

14
respeitando-se o mínimo de 1% de assinaturas dos eleito- 2.2. Capacidade eleitoral passiva (direito político
res do Distrito Federal, em razão do princípio da simetria passivo)
com o centro. A lei da ficha limpa (Lei Complementar n. A capacidade eleitoral passiva é o direito à elegibilida-
135/2010) é um exemplo de norma originada de projeto de de, ou seja, o direito de ser votado, de concorrer a cargos
lei de iniciativa popular. eletivos.

1.3. Ação popular 2.2.1. Requisitos

É a ação judicial que pode ser proposta por qualquer A Constituição estabelece, em seu art. 14, §3º, os se-
cidadão para a anulação de ato lesivo ao patrimônio pú- guintes requisitos ao exercício do direito político passivo:
blico, à moralidade administrativa, ao meio ambiente e ao Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
patrimônio histórico e cultural, nos termos do art. 5º, LXXIII, universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
da CF. Através desta ação, qualquer do povo poderá reque- para todos, e, nos termos da lei, mediante:
rer ao Poder Judiciário a anulação de atos ilegais e lesivos (...)
ao patrimônio público e social. A legitimidade para propo- § 3º São condições de elegibilidade, na forma da lei:
situra da ação popular é exclusiva do cidadão, qualidade I – a nacionalidade brasileira;
que decorre da capacidade eleitoral ativa (direito político II – o pleno exercício dos direitos políticos;
ativo), ou seja, da condição de eleitor. Deste modo, nem III – o alistamento eleitoral;
o Ministério Público nem qualquer pessoa jurídica podem IV – o domicílio eleitoral na circunscrição;
propor a ação popular, como estabelece a Súmula n. 365 V – a filiação partidária;
do STF: “Pessoa jurídica não tem legitimidade para propor VI – a idade mínima de:
ação popular.”. a) trinta e cinco anos para Presidente e Vice-Presidente
da República e Senador;
2. Direitos políticos b) trinta anos para Governador e Vice-Governador de
Estado e do Distrito Federal;
Os direitos políticos, regulados nos arts. 14 a 16 da CF, c) vinte e um anos para Deputado Federal, Deputado
incluem: a) o direito ao alistamento eleitoral e voto, ou seja, Estadual ou Distrital, Prefeito, Vice-Prefeito e juiz de paz;
o direito de tornar-se eleitor e de votar, chamada capaci- d) dezoito anos para Vereador.
dade eleitoral ativa ou direito político ativo, e b) o direito
de ser votado, de ser eleito, chamada capacidade eleitoral Deste modo, para concorrer a cargos eletivos, exige-se:
passiva ou direito político passivo. a) a nacionalidade brasileira: nata ou naturalizada,
exceto para os cargos que só podem ser ocupados
2.1. Capacidade eleitoral ativa (direito político ativo) por brasileiros natos, previstos no art. 12, §3º, da CF
(Presidente e Vice-Presidente da República; Presi-
A capacidade eleitoral ativa ou direito político ativo dente da Câmara dos Deputados e do Senado Fede-
consiste no direito ao alistamento eleitoral (emissão do tí- ral; Ministro do Supremo Tribunal Federal; membro
tulo de eleitor) e ao voto. Nos termos do art. 14, §§1º e 2º, de carreira diplomática; oficial das Forças Armadas e
da CF, o exercício dos direitos políticos ativos é: a) obriga- Ministro da Defesa);
tório: para maiores de 18 anos; b) facultativo: para analfa- b) o pleno exercício dos direitos políticos, que não po-
betos; maiores de 70 anos e pessoas entre 16 e 18 anos, e dem, portanto, estar suspensos ou perdidos; c) o
c) proibido: para estrangeiros, conscritos durante o período alistamento eleitoral, ou seja, a condição de eleitor
do serviço militar obrigatório e menores de 16 anos: (direito político ativo);
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio d) o domicílio eleitoral na circunscrição em que se pre-
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual tende candidatar;
para todos, e, nos termos da lei, mediante: e) a filiação partidária e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(...) f) a idade mínima de: (i) 35 anos para os cargos de Pre-


§ 1º O alistamento eleitoral e o voto são: sidente, Vice-Presidente da República e Senador; (ii)
I – obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 30 anos para os cargos de Governador e Vice-Gover-
II – facultativos para: nador de Estado e do Distrito Federal; (iii) 21 anos
a) os analfabetos; para os cargos de Prefeito e Vice-Prefeito Municipal,
b) os maiores de setenta anos; Deputado Federal, Estadual, Distrital e Juiz de Paz;
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. e (iv) 18 anos para o cargo de Vereador. O §8º do
§ 2º Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros mesmo art. 14 prevê que o militar não conscrito no
e, durante o período do serviço militar obrigatório, os serviço militar obrigatório pode se candidatar, desde
conscritos. que atenda aos seguintes requisitos:

Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio


universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
para todos, e, nos termos da lei, mediante:

15
(...) 2.3. Ação de impugnação de mandato eletivo
§ 8º O militar alistável é elegível, atendidas as seguintes
condições: A Constituição prevê nos §§10 e 11 de seu art. 14 que o
I – se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- mandato eletivo poderá ser impugnado judicialmente nos
tar-se da atividade; casos de abuso do poder econômico, fraude ou corrupção,
II – se contar mais de dez anos de serviço, será agregado devendo a ação ser proposta no prazo de 15 dias contados
pela autoridade superior e, se eleito, passará automati- da diplomação, tramitando em segredo de justiça. O autor
camente, no ato da diplomação, para a inatividade. será responsabilizado se a propositura da ação se der de
forma temerária ou com manifesta má-fé:
2.2.2. Inelegibilidade Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio
universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual
O art. 14, §4º, da CF, estabelece que são inelegíveis os para todos, e, nos termos da lei, mediante:
analfabetos e os inalistáveis, que, portanto, não podem se (...)
candidatar a cargos eletivos. Inalistáveis são aqueles que, § 10 O mandato eletivo poderá ser impugnado ante a
segundo o art. 14, §2º, da CF, não podem alistar-se como Justiça Eleitoral no prazo de quinze dias contados da
eleitores, que são os estrangeiros e, durante o período do diplomação, instruída a ação com provas de abuso do
serviço militar obrigatório, os conscritos. O §7º do mesmo poder econômico, corrupção ou fraude.
art. 14 da CF também considera inelegíveis as seguintes § 11 A ação de impugnação de mandato tramitará em
pessoas: segredo de justiça, respondendo o autor, na forma da lei,
§ 7º São inelegíveis, no território de jurisdição do titular, se temerária ou de manifesta má-fé.
o cônjuge e os parentes consanguíneos ou afins, até o
segundo grau ou por adoção, do Presidente da Repúbli-
ca, de Governador de Estado ou Território, do Distrito Fe-
deral, de Prefeito ou de quem os haja substituído dentro EXERCÍCIO COMENTADO
dos seis meses anteriores ao pleito, salvo se já titular de
mandato eletivo e candidato à reeleição. À luz da CF, julgue o item que se segue acerca dos direitos
O §9º do art. 14 da CF prevê que, além destes, outros e dos partidos políticos.
casos de inelegibilidade poderão ser previstos em lei com-
plementar: 1. (COFECI - Auxiliar Administrativo - Nível Médio –
§ 9º Lei complementar estabelecerá outros casos de ine- Quadrix – 2017)
legibilidade e os prazos de sua cessação, a fim de pro- Considere-se que João tenha dezoito anos de idade com-
teger a probidade administrativa, a moralidade para pletos, Carlos seja analfabeto e Maria tenha dezessete anos
exercício de mandato considerada vida pregressa do de idade. Dessa forma, é correto afirmar que o voto seja
candidato, e a normalidade e legitimidade das eleições obrigatório para João, proibido para Carlos e facultativo
contra a influência do poder econômico ou o abuso do para Maria.
exercício de função, cargo ou emprego na administração
direta ou indireta. ( ) CERTO ( ) ERRADO
A Lei Complementar n. 135/2010 (lei da ficha limpa) re-
gula tal matéria. Resposta: Errado. Conforme o art. 14, §1º, da CF, o voto
é obrigatório para maiores de 18 anos, caso de João;
2.2.3. Reeleição dos chefes do poder executivo facultativo para analfabetos, caso de Carlos, e faculta-
tivo para que tem entre 16 e 18 anos de idade, caso de
O art. 14, §5º, da CF, prevê a possibilidade de uma única Maria.
reeleição subsequente para os Chefes do Poder Executivo
nas esferas federal, estadual, distrital e municipal e daque- 2. (TRF/5ª REGIÃO – Técnico Judiciário - Nível Médio –
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

les que os sucederam ou substituíram durantes seus man- FCC – 2017)


datos: “§ 5º O Presidente da República, os Governadores Fiona e Gael são irmãos, filhos de pai e mãe estrangeiros
de Estado e do Distrito Federal, os Prefeitos e quem os que há muitos anos fixaram residência no Brasil. Fiona é a
houver sucedido, ou substituído no curso dos mandatos primogênita, sete anos mais velha que o irmão, nasceu em
poderão ser reeleitos para um único período subsequen- Portugal, mas se naturalizou brasileira; Gael, o caçula, nas-
te.”. Além disso, o §6º do mesmo art. 14 da CF exige que ceu em terras brasileiras. No dia de seu aniversário de 30
os ocupantes destes cargos renunciem aos seus mandatos anos, Gael anunciou seu desejo de candidatar-se ao cargo
até seis meses antes da eleição para que possam concorrer de Presidente da República, nas eleições de 2018, e de ter
a outros cargos eletivos: “§ 6º Para concorrerem a outros sua irmã como Vice. Fiona, entretanto, disse que pretende
cargos, o Presidente da República, os Governadores de Es- candidatar-se a Governadora do Estado em que residem.
tado e do Distrito Federal e os Prefeitos devem renunciar Considerando apenas as informações fornecidas, presentes
aos respectivos mandatos até seis meses antes do pleito.”. os demais requisitos, à luz da Constituição Federal, Gael

16
a) poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da Repú- § 3ºOs Estados podem incorporar-se entre si, subdividir-
blica; Fiona não poderá candidatar-se ao de Vice-Pre- -se ou desmembrar-se para se anexarem a outros, ou
sidente da República, mas poderá candidatar-se ao de formarem novos Estados ou Territórios Federais, me-
Governadora do Estado. diante aprovação da população diretamente interessa-
b) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da Re- da, através de plebiscito, e do Congresso Nacional, por
pública; Fiona poderá candidatar-se tanto ao cargo de lei complementar.
Vice-Presidente da República quanto ao de Governado- § 4ºA criação, a incorporação, a fusão e o desmembra-
ra do Estado. mento de Municípios, far-se-ão por lei estadual, dentro
c) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da do período determinado por Lei Complementar Federal,
República; Fiona não poderá candidatar-se ao cargo de e dependerão de consulta prévia, mediante plebiscito, às
Vice-Presidente da República, tampouco ao de Governa- populações dos Municípios envolvidos, após divulgação
dora do Estado. dos Estudos de Viabilidade Municipal, apresentados e
d) não poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da publicados na forma da lei.
República; Fiona não poderá candidatar-se ao cargo de Art. 19. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Fede-
Vice-Presidente da República, mas poderá candidatar-se ral e aos Municípios:
ao de Governadora do Estado. I - estabelecer cultos religiosos ou igrejas, subvencioná-
e) poderá candidatar-se ao cargo de Presidente da Repú- -los, embaraçar-lhes o funcionamento ou manter com
blica; Fiona poderá candidatar-se tanto ao cargo de Vi- eles ou seus representantes relações de dependência ou
ce-Presidente da República quanto ao de Governadora aliança, ressalvada, na forma da lei, a colaboração de
do Estado. interesse público;
II - recusar fé aos documentos públicos;
Resposta: Letra D. Embora seja brasileiro nato, Gael III - criar distinções entre brasileiros ou preferências en-
tem apenas 30 anos, sendo que a CF exige a idade míni- tre si.
ma de 35 anos para concorrer ao cargo de Presidente da
República. Fiona é brasileira naturalizada e tem 37 anos, CAPÍTULO II
não podendo candidatar-se ao cargo de Vice-Presidente DA UNIÃO
da República, privativo de brasileiros natos, embora pos-
sa concorrer ao cargo de Governadora, para o qual a CF Art. 20. São bens da União:
exige nacionalidade brasileira (nata ou naturalizada) e I - os que atualmente lhe pertencem e os que lhe vierem
idade mínima de 30 anos. a ser atribuídos;
II - as terras devolutas indispensáveis à defesa das fron-
teiras, das fortificações e construções militares, das vias
federais de comunicação e à preservação ambiental, de-
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO. DA OR- finidas em lei;
GANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA. III - os lagos, rios e quaisquer correntes de água em ter-
DA UNIÃO. DOS ESTADOS FEDERADOS. DO renos de seu domínio, ou que banhem mais de um Esta-
DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. do, sirvam de limites com outros países, ou se estendam
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. DISPOSI- a território estrangeiro ou dele provenham, bem como
ÇÕES GERAIS. DOS SERVIDORES PÚBLICOS. os terrenos marginais e as praias fluviais;
DOS MILITARES DOS ESTADOS, DO DISTRI- IV as ilhas fluviais e lacustres nas zonas limítrofes com
TO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS. outros países; as praias marítimas; as ilhas oceânicas e
as costeiras, excluídas, destas, as que contenham a sede
de Municípios, exceto aquelas áreas afetadas ao serviço
público e a unidade ambiental federal, e as referidas no
art. 26, II; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº
TÍTULO III
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

46, de 2005)
DA ORGANIZAÇÃO DO ESTADO V - os recursos naturais da plataforma continental e da
CAPÍTULO I zona econômica exclusiva;
DA ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINISTRATIVA VI - o mar territorial;
VII - os terrenos de marinha e seus acrescidos;
Art. 18. A organização político-administrativa da Repú-
VIII - os potenciais de energia hidráulica;
blica Federativa do Brasil compreende a União, os Esta-
IX - os recursos minerais, inclusive os do subsolo;
dos, o Distrito Federal e os Municípios, todos autônomos,
X - as cavidades naturais subterrâneas e os sítios arque-
nos termos desta Constituição.
ológicos e pré-históricos;
§ 1ºBrasília é a Capital Federal.
XI - as terras tradicionalmente ocupadas pelos índios.
§ 2ºOs Territórios Federais integram a União, e sua cria-
§ 1º É assegurada, nos termos da lei, aos Estados, ao
ção, transformação em Estado ou reintegração ao Esta-
Distrito Federal e aos Municípios, bem como a órgãos da
do de origem serão reguladas em lei complementar.
administração direta da União, participação no resulta-
do da exploração de petróleo ou gás natural, de recursos

17
hídricos para fins de geração de energia elétrica e de ou- XV - organizar e manter os serviços oficiais de estatísti-
tros recursos minerais no respectivo território, platafor- ca, geografia, geologia e cartografia de âmbito nacional;
ma continental, mar territorial ou zona econômica ex- XVI - exercer a classificação, para efeito indicativo, de
clusiva, ou compensação financeira por essa exploração. diversões públicas e de programas de rádio e televisão;
§ 2º A faixa de até cento e cinqüenta quilômetros de lar- XVII - conceder anistia;
gura, ao longo das fronteiras terrestres, designada como XVIII - planejar e promover a defesa permanente con-
faixa de fronteira, é considerada fundamental para de- tra as calamidades públicas, especialmente as secas e
fesa do território nacional, e sua ocupação e utilização as inundações;
serão reguladas em lei. XIX - instituir sistema nacional de gerenciamento de re-
Art. 21. Compete à União: cursos hídricos e definir critérios de outorga de direitos
I - manter relações com Estados estrangeiros e participar de seu uso; XX - instituir diretrizes para o desenvolvi-
de organizações internacionais; mento urbano, inclusive habitação, saneamento básico
II - declarar a guerra e celebrar a paz; e transportes urbanos;
III - assegurar a defesa nacional; XXI - estabelecer princípios e diretrizes para o sistema
IV - permitir, nos casos previstos em lei complementar, nacional de viação;
que forças estrangeiras transitem pelo território nacio- XXII - executar os serviços de polícia marítima, aeropor-
nal ou nele permaneçam temporariamente; tuária e de fronteiras;
V - decretar o estado de sítio, o estado de defesa e a XXIII - explorar os serviços e instalações nucleares de
intervenção federal; qualquer natureza e exercer monopólio estatal sobre a
VI - autorizar e fiscalizar a produção e o comércio de pesquisa, a lavra, o enriquecimento e reprocessamento,
material bélico; a industrialização e o comércio de minérios nucleares e
VII - emitir moeda; seus derivados, atendidos os seguintes princípios e con-
VIII - administrar as reservas cambiais do País e fiscali- dições:
zar as operações de natureza financeira, especialmente a)toda atividade nuclear em território nacional somente
as de crédito, câmbio e capitalização, bem como as de será admitida para fins pacíficos e mediante aprovação
seguros e de previdência privada; do Congresso Nacional;
IX - elaborar e executar planos nacionais e regionais de b)sob regime de permissão, são autorizadas a comercia-
ordenação do território e de desenvolvimento econômi- lização e a utilização de radioisótopos para a pesquisa e
co e social; usos médicos, agrícolas e industriais;
X - manter o serviço postal e o correio aéreo nacional; c)sob regime de permissão, são autorizadas a produção,
XI - explorar, diretamente ou mediante autorização, comercialização e utilização de radioisótopos de meia-
concessão ou permissão, os serviços de telecomunica- -vida igual ou inferior a duas horas;
ções, nos termos da lei, que disporá sobre a organização d)a responsabilidade civil por danos nucleares indepen-
dos serviços, a criação de um órgão regulador e outros de da existência de culpa;
aspectos institucionais; XXIV - organizar, manter e executar a inspeção do tra-
XII - explorar, diretamente ou mediante autorização, balho;
concessão ou permissão: XXV - estabelecer as áreas e as condições para o exercí-
a)os serviços de radiodifusão sonora, e de sons e imagens; cio da atividade de garimpagem, em forma associativa.
b)os serviços e instalações de energia elétrica e o apro- Art. 22. Compete privativamente à União legislar sobre:
veitamento energético dos cursos de água, em articula- I - direito civil, comercial, penal, processual, eleitoral,
ção com os Estados onde se situam os potenciais hidro- agrário, marítimo, aeronáutico, espacial e do trabalho;
energéticos; II - desapropriação;
c)a navegação aérea, aeroespacial e a infra-estrutura III - requisições civis e militares, em caso de iminente
aeroportuária; perigo e em tempo de guerra;
d)os serviços de transporte ferroviário e aquaviário entre IV - águas, energia, informática, telecomunicações e ra-
diodifusão;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

portos brasileiros e fronteiras nacionais, ou que transpo-


nham os limites de Estado ou Território; V - serviço postal;
e)os serviços de transporte rodoviário interestadual e in- VI - sistema monetário e de medidas, títulos e garantias
ternacional de passageiros; dos metais;
f)os portos marítimos, fluviais e lacustres; VII - política de crédito, câmbio, seguros e transferência
XIII - organizar e manter o Poder Judiciário, o Ministério de valores;
Público do Distrito Federal e dos Territórios e a Defenso- VIII - comércio exterior e interestadual;
ria Pública dos Territórios; IX - diretrizes da política nacional de transportes;
XIV - organizar e manter a polícia civil, a polícia militar X - regime dos portos, navegação lacustre, fluvial, marí-
e o corpo de bombeiros militar do Distrito Federal, bem tima, aérea e aeroespacial;
como prestar assistência financeira ao Distrito Federal XI - trânsito e transporte;
para a execução de serviços públicos, por meio de fundo XII - jazidas, minas, outros recursos minerais e metalurgia;
XIII - nacionalidade, cidadania e naturalização;
próprio;
XIV - populações indígenas;

18
XV - emigração e imigração, entrada, extradição e ex- XI - registrar, acompanhar e fiscalizar as concessões de
pulsão de estrangeiros; direitos de pesquisa e exploração de recursos hídricos e
XVI - organização do sistema nacional de emprego e minerais em seus territórios;
condições para o exercício de profissões; XII - estabelecer e implantar política de educação para a
XVII - organização judiciária, do Ministério Público do segurança do trânsito.
Distrito Federal e dos Territórios e da Defensoria Pública Parágrafo único. Leis complementares fixarão normas
dos Territórios, bem como organização administrativa para a cooperação entre a União e os Estados, o Distrito
destes; Federal e os Municípios, tendo em vista o equilíbrio do
XVIII - sistema estatístico, sistema cartográfico e de ge- desenvolvimento e do bem-estar em âmbito nacional.
ologia nacionais; Art. 24. Compete à União, aos Estados e ao Distrito Fe-
XIX - sistemas de poupança, captação e garantia da deral legislar concorrentemente sobre:
poupança popular; I - direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico
XX - sistemas de consórcios e sorteios;
e urbanístico;
XXI - normas gerais de organização, efetivos, material
II - orçamento;
bélico, garantias, convocação e mobilização das polícias
III - juntas comerciais;
militares e corpos de bombeiros militares;
XXII - competência da polícia federal e das polícias rodo- IV - custas dos serviços forenses;
viária e ferroviária federais; V - produção e consumo;
XXIII - seguridade social; VI - florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natu-
XXIV - diretrizes e bases da educação nacional; reza, defesa do solo e dos recursos naturais, proteção do
XXV - registros públicos; meio ambiente e controle da poluição;
XXVI - atividades nucleares de qualquer natureza; VII - proteção ao patrimônio histórico, cultural, artístico,
XXVII – normas gerais de licitação e contratação, em turístico e paisagístico;
todas as modalidades, para as administrações públicas VIII - responsabilidade por dano ao meio ambiente, ao
diretas, autárquicas e fundacionais da União, Estados, consumidor, a bens e direitos de valor artístico, estético,
Distrito Federal e Municípios, obedecido o disposto no histórico, turístico e paisagístico;
art. 37, XXI, e para as empresas públicas e sociedades de IX - educação, cultura, ensino, desporto, ciência, tecno-
economia mista, nos termos do art. 173, § 1°, III; logia, pesquisa, desenvolvimento e inovação; (Redação
XXVIII - defesa territorial, defesa aeroespacial, defesa dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015)
marítima, defesa civil e mobilização nacional; X - criação, funcionamento e processo do juizado de pe-
XXIX - propaganda comercial. quenas causas;
Parágrafo único. Lei complementar poderá autorizar os XI - procedimentos em matéria processual;
Estados a legislar sobre questões específicas das maté- XII - previdência social, proteção e defesa da saúde;
rias relacionadas neste artigo. XIII - assistência jurídica e Defensoria pública;
Art. 23. É competência comum da União, dos Estados, do XIV - proteção e integração social das pessoas portado-
Distrito Federal e dos Municípios: ras de deficiência;
I - zelar pela guarda da Constituição, das leis e das ins- XV - proteção à infância e à juventude;
tituições democráticas e conservar o patrimônio público; XVI - organização, garantias, direitos e deveres das po-
II - cuidar da saúde e assistência pública, da proteção e lícias civis.
garantia das pessoas portadoras de deficiência; § 1ºNo âmbito da legislação concorrente, a competência
III - proteger os documentos, as obras e outros bens de da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais.
valor histórico, artístico e cultural, os monumentos, as § 2ºA competência da União para legislar sobre normas
paisagens naturais notáveis e os sítios arqueológicos; gerais não exclui a competência suplementar dos Esta-
IV - impedir a evasão, a destruição e a descaracteriza- dos.
ção de obras de arte e de outros bens de valor histórico, § 3ºInexistindo lei federal sobre normas gerais, os Es-
artístico ou cultural; tados exercerão a competência legislativa plena, para
V -proporcionar os meios de acesso à cultura, à educação, atender a suas peculiaridades.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

à ciência, à tecnologia, à pesquisa e à inovação;(Redação § 4ºA superveniência de lei federal sobre normas gerais
dada pela Emenda Constitucional nº 85, de 2015) suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for con-
VI - proteger o meio ambiente e combater a poluição em trário.
qualquer de suas formas;
VII - preservar as florestas, a fauna e a flora; CAPÍTULO III
VIII - fomentar a produção agropecuária e organizar o DOS ESTADOS FEDERADOS
abastecimento alimentar;
IX - promover programas de construção de moradias e a Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas
melhoria das condições habitacionais e de saneamento Constituições e leis que adotarem, observados os princí-
básico; pios desta Constituição.
X - combater as causas da pobreza e os fatores de mar- § 1º São reservadas aos Estados as competências que
ginalização, promovendo a integração social dos setores não lhes sejam vedadas por esta Constituição.
desfavorecidos;

19
§ 2º Cabe aos Estados explorar diretamente, ou median- CAPÍTULO IV
te concessão, os serviços locais de gás canalizado, na DOS MUNICÍPIOS
forma da lei, vedada a edição de medida provisória para
a sua regulamentação. Art. 29. O Município reger-se-á por lei orgânica, votada
§ 3º Os Estados poderão, mediante lei complementar, em dois turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e
instituir regiões metropolitanas, aglomerações urbanas aprovada por dois terços dos membros da Câmara Muni-
e microrregiões, constituídas por agrupamentos de mu- cipal, que a promulgará, atendidos os princípios estabe-
nicípios limítrofes, para integrar a organização, o plane- lecidos nesta Constituição, na Constituição do respectivo
jamento e a execução de funções públicas de interesse Estado e os seguintes preceitos:
comum. I - eleição do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Vereadores,
Art. 26. Incluem-se entre os bens dos Estados: para mandato de quatro anos, mediante pleito direto e
I - as águas superficiais ou subterrâneas, fluentes, emer- simultâneo realizado em todo o País;
gentes e em depósito, ressalvadas, neste caso, na forma II - eleição do Prefeito e do Vice-Prefeito realizada no
da lei, as decorrentes de obras da União; primeiro domingo de outubro do ano anterior ao término
II - as áreas, nas ilhas oceânicas e costeiras, que estive- do mandato dos que devam suceder, aplicadas as regras
rem no seu domínio, excluídas aquelas sob domínio da do art. 77, no caso de Municípios com mais de duzentos
União, Municípios ou terceiros; mil eleitores;
III - as ilhas fluviais e lacustres não pertencentes à União; III - posse do Prefeito e do Vice-Prefeito no dia 1º de ja-
IV - as terras devolutas não compreendidas entre as da neiro do ano subseqüente ao da eleição;
União. IV - para a composição das Câmaras Municipais, será
Art. 27. O número de Deputados à Assembléia Legisla- observado o limite máximo de:
tiva corresponderá ao triplo da representação do Esta- a)9 (nove) Vereadores, nos Municípios de até 15.000
do na Câmara dos Deputados e, atingido o número de (quinze mil) habitantes;
trinta e seis, será acrescido de tantos quantos forem os b)11 (onze) Vereadores, nos Municípios de mais de
Deputados Federais acima de doze. 15.000 (quinze mil) habitantes e de até 30.000 (trinta
§ 1º Será de quatro anos o mandato dos Deputados Es- mil) habitantes;
taduais, aplicando- sê-lhes as regras desta Constituição c)13 (treze) Vereadores, nos Municípios com mais de
sobre sistema eleitoral, inviolabilidade, imunidades, re- 30.000 (trinta mil) habitantes e de até 50.000 (cinquenta
muneração, perda de mandato, licença, impedimentos e mil) habitantes;
incorporação às Forças Armadas. d)15 (quinze) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 2º O subsídio dos Deputados Estaduais será fixado por 50.000 (cinquenta mil) habitantes e de até 80.000 (oi-
lei de iniciativa da Assembléia Legislativa, na razão de, tenta mil) habitantes;
no máximo, setenta e cinco por cento daquele estabele- e)17 (dezessete) Vereadores, nos Municípios de mais de
cido, em espécie, para os Deputados Federais, observado 80.000 (oitenta mil) habitantes e de até 120.000 (cento e
o que dispõem os arts. 39, § 4º, 57, § 7º, 150, II, 153, III, vinte mil) habitantes;
e 153, § 2º, I. f)19 (dezenove) Vereadores, nos Municípios de mais de
§ 3º Compete às Assembléias Legislativas dispor sobre 120.000 (cento e vinte mil) habitantes e de até 160.000
seu regimento interno, polícia e serviços administrativos (cento sessenta mil) habitantes;
de sua secretaria, e prover os respectivos cargos. g)21 (vinte e um) Vereadores, nos Municípios de mais
§ 4º A lei disporá sobre a iniciativa popular no processo de 160.000 (cento e sessenta mil) habitantes e de até
legislativo estadual. 300.000 (trezentos mil) habitantes;
Art. 28. A eleição do Governador e do Vice-Governador h)23 (vinte e três) Vereadores, nos Municípios de mais
de Estado, para mandato de quatro anos, realizar-se-á de 300.000 (trezentos mil) habitantes e de até 450.000
no primeiro domingo de outubro, em primeiro turno, e (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes;
no último domingo de outubro, em segundo turno, se i)25 (vinte e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais
houver, do ano anterior ao do término do mandato de de 450.000 (quatrocentos e cinquenta mil) habitantes e
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

seus antecessores, e a posse ocorrerá em primeiro de ja- de até 600.000 (seiscentos mil) habitantes;
neiro do ano subseqüente, observado, quanto ao mais, o j)27 (vinte e sete) Vereadores, nos Municípios de mais
disposto no art. 77. de 600.000 (seiscentos mil) habitantes e de até 750.000
§ 1ºPerderá o mandato o Governador que assumir outro (setecentos cinquenta mil) habitantes;
cargo ou função na administração pública direta ou indi- k)29 (vinte e nove) Vereadores, nos Municípios de mais
reta, ressalvada a posse em virtude de concurso público e de 750.000 (setecentos e cinquenta mil) habitantes e de
observado o disposto no art. 38, I, IV e V. (R até 900.000 (novecentos mil) habitantes;
§ 2ºOs subsídios do Governador, do Vice-Governador e l)31 (trinta e um) Vereadores, nos Municípios de mais de
dos Secretários de Estado serão fixados por lei de inicia- 900.000 (novecentos mil) habitantes e de até 1.050.000
tiva da Assembléia Legislativa, observado o que dispõem (um milhão e cinquenta mil) habitantes;
os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I. m)33 (trinta e três) Vereadores, nos Municípios de mais
de 1.050.000 (um milhão e cinquenta mil) habitantes e
de até 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes;

20
n)35 (trinta e cinco) Vereadores, nos Municípios de mais e)em Municípios de trezentos mil e um a quinhentos mil
de 1.200.000 (um milhão e duzentos mil) habitantes e de habitantes, o subsídio máximo dos Vereadores correspon-
até 1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) derá a sessenta por cento do subsídio dos Deputados Es-
habitantes; taduais;
o)37 (trinta e sete) Vereadores, nos Municípios de f)em Municípios de mais de quinhentos mil habitantes, o
1.350.000 (um milhão e trezentos e cinquenta mil) habi- subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a setenta
tantes e de até 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) e cinco por cento do subsídio dos Deputados Estaduais;
habitantes; VII - o total da despesa com a remuneração dos Vereado-
p)39 (trinta e nove) Vereadores, nos Municípios de mais res não poderá ultrapassar o montante de cinco por cento
de 1.500.000 (um milhão e quinhentos mil) habitantes da receita do Município;
e de até 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi- VIII - inviolabilidade dos Vereadores por suas opiniões, pa-
tantes; lavras e votos no exercício do mandato e na circunscrição
q)41 (quarenta e um) Vereadores, nos Municípios de do Município;
mais de 1.800.000 (um milhão e oitocentos mil) habi- IX - proibições e incompatibilidades, no exercício da ve-
tantes e de até 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos reança, similares, no que couber, ao disposto nesta Cons-
mil) habitantes; tituição para os membros do Congresso Nacional e na
r)43 (quarenta e três) Vereadores, nos Municípios de Constituição do respectivo Estado para os membros da
mais de 2.400.000 (dois milhões e quatrocentos mil) ha- Assembléia Legislativa;
bitantes e de até 3.000.000 (três milhões) de habitantes; X - julgamento do Prefeito perante o Tribunal de Justiça; (
( XI - organização das funções legislativas e fiscalizadoras
s)45 (quarenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de da Câmara Municipal;
mais de 3.000.000 (três milhões) de habitantes e de até XII - cooperação das associações representativas no plane-
4.000.000 (quatro milhões) de habitantes; jamento municipal;
t)47 (quarenta e sete) Vereadores, nos Municípios de XIII - iniciativa popular de projetos de lei de interesse es-
mais de 4.000.000 (quatro milhões) de habitantes e de pecífico do Município, da cidade ou de bairros, através de
até 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes; manifestação de, pelo menos, cinco por cento do elei-
u)49 (quarenta e nove) Vereadores, nos Municípios de torado;
mais de 5.000.000 (cinco milhões) de habitantes e de XIV - perda do mandato do Prefeito, nos termos do art.
até 6.000.000 (seis milhões) de habitantes; (Incluída pela 28, parágrafo único.
Emenda Constitucional nº 58, de 2009) Art.29-A.O total da despesa do Poder Legislativo Munici-
v)51 (cinquenta e um) Vereadores, nos Municípios de pal, incluídos os subsídios dos Vereadores e excluídos os
mais de 6.000.000 (seis milhões) de habitantes e de até gastos com inativos, não poderá ultrapassar os seguintes
7.000.000 (sete milhões) de habitantes; percentuais, relativos ao somatório da receita tributária e
w)53 (cinquenta e três) Vereadores, nos Municípios de das transferências previstas no § 5o do art. 153 e nos arts.
mais de 7.000.000 (sete milhões) de habitantes e de até 158 e 159, efetivamente realizado no exercício anterior:
8.000.000 (oito milhões) de habitantes; e I - 7% (sete por cento) para Municípios com população de
x)55 (cinquenta e cinco) Vereadores, nos Municípios de até 100.000 (cem mil) habitantes;
mais de 8.000.000 (oito milhões) de habitantes; II - 6% (seis por cento) para Municípios com população
V - subsídios do Prefeito, do Vice-Prefeito e dos Secretários entre 100.000 (cem mil) e 300.000 (trezentos mil) habi-
Municipais fixados por lei de iniciativa da Câmara Munici- tantes;
pal, observado o que dispõem os arts. 37, XI, 39, § 4º, 150, III - 5% (cinco por cento) para Municípios com popula-
II, 153, III, e 153, § 2º, I; ção entre 300.001 (trezentos mil e um) e 500.000 (qui-
VI - o subsídio dos Vereadores será fixado pelas respectivas nhentos mil) habitantes;
Câmaras Municipais em cada legislatura para a subse- IV - 4,5% (quatro inteiros e cinco décimos por cento) para
qüente, observado o que dispõe esta Constituição, obser- Municípios com população entre 500.001 (quinhentos
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vados os critérios estabelecidos na respectiva Lei Orgânica mil e um) e 3.000.000 (três milhões) de habitantes;
e os seguintes limites máximos: V - 4% (quatro por cento) para Municípios com popula-
a)em Municípios de até dez mil habitantes, o subsídio má- ção entre 3.000.001 (três milhões e um) e 8.000.000 (oito
ximo dos Vereadores corresponderá a vinte por cento do milhões) de habitantes;
subsídio dos Deputados Estaduais; VI - 3,5% (três inteiros e cinco décimos por cento) para
b)em Municípios de dez mil e um a cinqüenta mil habi- Municípios com população acima de 8.000.001 (oito mi-
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá lhões e um) habitantes.
a trinta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; § 1o A Câmara Municipal não gastará mais de setenta
c)em Municípios de cinqüenta mil e um a cem mil habi- por cento de sua receita com folha de pagamento, inclu-
tantes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a ído o gasto com o subsídio de seus Vereadores.
quarenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; § 2o Constitui crime de responsabilidade do Prefeito Mu-
d)em Municípios de cem mil e um a trezentos mil habitan- nicipal:
tes, o subsídio máximo dos Vereadores corresponderá a I - efetuar repasse que supere os limites definidos neste
cinqüenta por cento do subsídio dos Deputados Estaduais; artigo;

21
II - não enviar o repasse até o dia vinte de cada mês; ou § 1ºAo Distrito Federal são atribuídas as competências le-
III - enviá-lo a menor em relação à proporção fixada na gislativas reservadas aos Estados e Municípios.
Lei Orçamentária. § 2ºA eleição do Governador e do Vice-Governador, obser-
§ 3o Constitui crime de responsabilidade do Presidente vadas as regras do art. 77, e dos Deputados Distritais coin-
da Câmara Municipal o desrespeito ao § 1o deste artigo. cidirá com a dos Governadores e Deputados Estaduais, para
Art. 30. Compete aos Municípios: mandato de igual duração.
I - legislar sobre assuntos de interesse local; § 3ºAos Deputados Distritais e à Câmara Legislativa aplica-
II - suplementar a legislação federal e a estadual no que couber; -se o disposto no art. 27.
III - instituir e arrecadar os tributos de sua competência, § 4ºLei federal disporá sobre a utilização, pelo Governo do
bem como aplicar suas rendas, sem prejuízo da obrigato- Distrito Federal, das polícias civil e militar e do corpo de
riedade de prestar contas e publicar balancetes nos pra- bombeiros militar.
zos fixados em lei;
IV - criar, organizar e suprimir distritos, observada a le- SEÇÃO II
gislação estadual; DOS TERRITÓRIOS
V - organizar e prestar, diretamente ou sob regime de
concessão ou permissão, os serviços públicos de interesse Art. 33. A lei disporá sobre a organização administrativa
local, incluído o de transporte coletivo, que tem caráter e judiciária dos Territórios.
essencial; § 1ºOs Territórios poderão ser divididos em Municípios,
VI - manter, com a cooperação técnica e financeira da aos quais se aplicará, no que couber, o disposto no Ca-
União e do Estado, programas de educação infantil e de
pítulo IV deste Título.
ensino fundamental;
§ 2ºAs contas do Governo do Território serão submetidas
VII - prestar, com a cooperação técnica e financeira da
ao Congresso Nacional, com parecer prévio do Tribunal
União e do Estado, serviços de atendimento à saúde da
de Contas da União.
população;
§ 3ºNos Territórios Federais com mais de cem mil habi-
VIII - promover, no que couber, adequado ordenamento
tantes, além do Governador nomeado na forma desta
territorial, mediante planejamento e controle do uso, do
Constituição, haverá órgãos judiciários de primeira e se-
parcelamento e da ocupação do solo urbano;
gunda instância, membros do Ministério Público e defen-
IX - promover a proteção do patrimônio histórico-cultu-
sores públicos federais; a lei disporá sobre as eleições para
ral local, observada a legislação e a ação fiscalizadora
a Câmara Territorial e sua competência deliberativa.
federal e estadual.
Art. 31. A fiscalização do Município será exercida pelo
Poder Legislativo Municipal, mediante controle externo,
CAPÍTULO VI
e pelos sistemas de controle interno do Poder Executivo
DA INTERVENÇÃO
Municipal, na forma da lei.
Art. 34. A União não intervirá nos Estados nem no Dis-
§ 1ºO controle externo da Câmara Municipal será exer-
trito Federal, exceto para:
cido com o auxílio dos Tribunais de Contas dos Estados
I - manter a integridade nacional;
ou do Município ou dos Conselhos ou Tribunais de Con-
II - repelir invasão estrangeira ou de uma unidade da
tas dos Municípios, onde houver.
Federação em outra;
§ 2ºO parecer prévio, emitido pelo órgão competente
III - pôr termo a grave comprometimento da ordem pú-
sobre as contas que o Prefeito deve anualmente prestar,
blica;
só deixará de prevalecer por decisão de dois terços dos
IV - garantir o livre exercício de qualquer dos Poderes
membros da Câmara Municipal.
nas unidades da Federação;
§ 3ºAs contas dos Municípios ficarão, durante sessenta
V - reorganizar as finanças da unidade da Federação que:
dias, anualmente, à disposição de qualquer contribuinte,
a)suspender o pagamento da dívida fundada por mais
para exame e apreciação, o qual poderá questionar-lhes
de dois anos consecutivos, salvo motivo de força maior;
a legitimidade, nos termos da lei.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

b)deixar de entregar aos Municípios receitas tributárias


§ 4ºÉ vedada a criação de Tribunais, Conselhos ou ór-
fixadas nesta Constituição, dentro dos prazos estabele-
gãos de Contas Municipais.
cidos em lei;
VI - prover a execução de lei federal, ordem ou decisão
CAPÍTULO V
judicial;
DO DISTRITO FEDERAL E DOS TERRITÓRIOS
VII - assegurar a observância dos seguintes princípios
SEÇÃO I
constitucionais:
DO DISTRITO FEDERAL
a)forma republicana, sistema representativo e regime
Art. 32. O Distrito Federal, vedada sua divisão em Muni-
democrático;
cípios, reger- se-á por lei orgânica, votada em dois turnos b)direitos da pessoa humana;
com interstício mínimo de dez dias, e aprovada por dois c)autonomia municipal;
terços da Câmara Legislativa, que a promulgará, atendidos d)prestação de contas da administração pública, direta
os princípios estabelecidos nesta Constituição. e indireta.

22
e)aplicação do mínimo exigido da receita resultante I - os cargos, empregos e funções públicas são acessíveis
de impostos estaduais, compreendida a proveniente de aos brasileiros que preencham os requisitos estabeleci-
transferências, na manutenção e desenvolvimento do dos em lei, assim como aos estrangeiros, na forma da lei;
ensino e nas ações e serviços públicos de saúde. II - a investidura em cargo ou emprego público depende
Art. 35. O Estado não intervirá em seus Municípios, nem de aprovação prévia em concurso público de provas ou
a União nos Municípios localizados em Território Fede- de provas e títulos, de acordo com a natureza e a com-
ral, exceto quando: plexidade do cargo ou emprego, na forma prevista em
I - deixar de ser paga, sem motivo de força maior, por lei, ressalvadas as nomeações para cargo em comissão
dois anos consecutivos, a dívida fundada; declarado em lei de livre nomeação e exoneração;
II - não forem prestadas contas devidas, na forma da lei; III - o prazo de validade do concurso público será de até
III – não tiver sido aplicado o mínimo exigido da receita dois anos, prorrogável uma vez, por igual período;
municipal na manutenção e desenvolvimento do ensino e IV - durante o prazo improrrogável previsto no edital de
nas ações e serviços públicos de saúde; convocação, aquele aprovado em concurso público de
IV - o Tribunal de Justiça der provimento a representação provas ou de provas e títulos será convocado com prio-
para assegurar a observância de princípios indicados na ridade sobre novos concursados para assumir cargo ou
Constituição Estadual, ou para prover a execução de lei, emprego, na carreira;
de ordem ou de decisão judicial. V - as funções de confiança, exercidas exclusivamente
Art. 36. A decretação da intervenção dependerá: por servidores ocupantes de cargo efetivo, e os cargos
I - no caso do art. 34, IV, de solicitação do Poder Legis- em comissão, a serem preenchidos por servidores de car-
lativo ou do Poder Executivo coacto ou impedido, ou de reira nos casos, condições e percentuais mínimos previs-
requisição do Supremo Tribunal Federal, se a coação for tos em lei, destinam-se apenas às atribuições de direção,
exercida contra o Poder Judiciário; chefia e assessoramento;
II - no caso de desobediência a ordem ou decisão judiciá- VI - é garantido ao servidor público civil o direito à livre
ria, de requisição do Supremo Tribunal Federal, do Supe- associação sindical;
rior Tribunal de Justiça ou do Tribunal Superior Eleitoral; VII - o direito de greve será exercido nos termos e nos
III - de provimento, pelo Supremo Tribunal Federal, de limites definidos em lei específica;
representação do Procurador-Geral da República, na hi- VIII - a lei reservará percentual dos cargos e empregos
pótese do art. 34, VII, e no caso de recusa à execução de públicos para as pessoas portadoras de deficiência e de-
lei federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional finirá os critérios de sua admissão;
nº 45, de 2004) IX - a lei estabelecerá os casos de contratação por tempo
IV - (Revogado pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) determinado para atender a necessidade temporária de
§ 1ºO decreto de intervenção, que especificará a ampli- excepcional interesse público;
tude, o prazo e as condições de execução e que, se cou- X - a remuneração dos servidores públicos e o subsídio
ber, nomeará o interventor, será submetido à apreciação de que trata o § 4º do art. 39 somente poderão ser fixa-
do Congresso Nacional ou da Assembléia Legislativa do dos ou alterados por lei específica, observada a iniciativa
Estado, no prazo de vinte e quatro horas. privativa em cada caso, assegurada revisão geral anual,
§ 2ºSe não estiver funcionando o Congresso Nacional ou sempre na mesma data e sem distinção de índices;
a Assembléia Legislativa, far-se-á convocação extraordi- XI - a remuneração e o subsídio dos ocupantes de car-
nária, no mesmo prazo de vinte e quatro horas. gos, funções e empregos públicos da administração dire-
§ 3ºNos casos do art. 34, VI e VII, ou do art. 35, IV, dis- ta, autárquica e fundacional, dos membros de qualquer
pensada a apreciação pelo Congresso Nacional ou pela dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
Assembléia Legislativa, o decreto limitar-se-á a suspen- dos Municípios, dos detentores de mandato eletivo e dos
der a execução do ato impugnado, se essa medida bas- demais agentes políticos e os proventos, pensões ou ou-
tar ao restabelecimento da normalidade. tra espécie remuneratória, percebidos cumulativamente
§ 4ºCessados os motivos da intervenção, as autoridades ou não, incluídas as vantagens pessoais ou de qualquer
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

afastadas de seus cargos a estes voltarão, salvo impedi- outra natureza, não poderão exceder o subsídio mensal,
mento legal. em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
aplicando-se como limite, nos Municípios, o subsídio do
CAPÍTULO VII Prefeito, e nos Estados e no Distrito Federal, o subsídio
DA ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA mensal do Governador no âmbito do Poder Executivo, o
SEÇÃO I subsídio dos Deputados Estaduais e Distritais no âmbito
DISPOSIÇÕES GERAIS do Poder Legislativo e o subsidio dos Desembargado-
res do Tribunal de Justiça, limitado a noventa inteiros e
Art. 37. A administração pública direta e indireta de vinte e cinco centésimos por cento do subsídio mensal,
qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distri-
em espécie, dos Ministros do Supremo Tribunal Federal,
to Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios de
no âmbito do Poder Judiciário, aplicável este limite aos
legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e
membros do Ministério Público, aos Procuradores e aos
eficiência e, também, ao seguinte:
Defensores Públicos;

23
XII - os vencimentos dos cargos do Poder Legislativo e do § 1ºA publicidade dos atos, programas, obras, serviços
Poder Judiciário não poderão ser superiores aos pagos e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
pelo Poder Executivo; educativo, informativo ou de orientação social, dela
XIII - é vedada a vinculação ou equiparação de quais- não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que
quer espécies remuneratórias para o efeito de remune- caracterizem promoção pessoal de autoridades ou ser-
ração de pessoal do serviço público; vidores públicos.
XIV - os acréscimos pecuniários percebidos por servidor § 2ºA não observância do disposto nos incisos II e III
público não serão computados nem acumulados para implicará a nulidade do ato e a punição da autoridade
fins de concessão de acréscimos ulteriores; responsável, nos termos da lei.
XV - o subsídio e os vencimentos dos ocupantes de car- § 3ºA lei disciplinará as formas de participação do usu-
gos e empregos públicos são irredutíveis, ressalvado o ário na administração pública direta e indireta, regu-
disposto nos incisos XI e XIV deste artigo e nos arts. 39, § lando especialmente:
4º, 150, II, 153, III, e 153, § 2º, I; I - as reclamações relativas à prestação dos serviços pú-
XVI - é vedada a acumulação remunerada de cargos pú- blicos em geral, asseguradas a manutenção de serviços
blicos, exceto, quando houver compatibilidade de horá- de atendimento ao usuário e a avaliação periódica, ex-
rios, observado em qualquer caso o disposto no inciso XI: terna e interna, da qualidade dos serviços; (II - o acesso
a)a de dois cargos de professor; dos usuários a registros administrativos e a informações
b)a de um cargo de professor com outro técnico ou cien- sobre atos de governo, observado o disposto no art. 5º,
tífico; X e XXXIII;
c)a de dois cargos ou empregos privativos de profissio- III - a disciplina da representação contra o exercício ne-
nais de saúde, com profissões regulamentadas; gligente ou abusivo de cargo, emprego ou função na
XVII - a proibição de acumular estende-se a empregos e administração pública.
funções e abrange autarquias, fundações, empresas pú- § 4ºOs atos de improbidade administrativa importarão
blicas, sociedades de economia mista, suas subsidiárias, a suspensão dos direitos políticos, a perda da função pú-
e sociedades controladas, direta ou indiretamente, pelo blica, a indisponibilidade dos bens e o ressarcimento ao
poder público; erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
XVIII - a administração fazendária e seus servidores fis- da ação penal cabível.
cais terão, dentro de suas áreas de competência e juris- § 5ºA lei estabelecerá os prazos de prescrição para ilícitos
dição, precedência sobre os demais setores administra- praticados por qualquer agente, servidor ou não, que cau-
tivos, na forma da lei; sem prejuízos ao erário, ressalvadas as respectivas ações
XIX – somente por lei específica poderá ser criada autar- de ressarcimento.
quia e autorizada a instituição de empresa pública, de § 6ºAs pessoas jurídicas de direito público e as de direi-
sociedade de economia mista e de fundação, cabendo à to privado prestadoras de serviços públicos responderão
lei complementar, neste último caso, definir as áreas de pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem
sua atuação; a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o res-
XX - depende de autorização legislativa, em cada caso, ponsável nos casos de dolo ou culpa.
a criação de subsidiárias das entidades mencionadas no § 7ºA lei disporá sobre os requisitos e as restrições ao ocu-
inciso anterior, assim como a participação de qualquer pante de cargo ou emprego da administração direta e in-
direta que possibilite o acesso a informações privilegiadas.
delas em empresa privada;
§ 8ºA autonomia gerencial, orçamentária e financeira dos
XXI - ressalvados os casos especificados na legislação,
órgãos e entidades da administração direta e indireta po-
as obras, serviços, compras e alienações serão contrata- derá ser ampliada mediante contrato, a ser firmado entre
dos mediante processo de licitação pública que assegu- seus administradores e o poder público, que tenha por ob-
re igualdade de condições a todos os concorrentes, com jeto a fixação de metas de desempenho para o órgão ou
cláusulas que estabeleçam obrigações de pagamento, entidade, cabendo à lei dispor sobre: (Incluído pela Emen-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

mantidas as condições efetivas da proposta, nos termos da Constitucional nº 19, de 1998)


da lei, o qual somente permitirá as exigências de qua- I - o prazo de duração do contrato;
lificação técnica e econômica indispensáveis à garantia II - os controles e critérios de avaliação de desempenho,
do cumprimento das obrigações. direitos, obrigações e responsabilidade dos dirigentes;
XXII - as administrações tributárias da União, dos Es- III - a remuneração do pessoal.”
tados, do Distrito Federal e dos Municípios, atividades § 9ºO disposto no inciso XI aplica-se às empresas públicas
essenciais ao funcionamento do Estado, exercidas por e às sociedades de economia mista, e suas subsidiárias,
servidores de carreiras específicas, terão recursos prio- que receberem recursos da União, dos Estados, do Distrito
ritários para a realização de suas atividades e atuarão Federal ou dos Municípios para pagamento de despesas
de forma integrada, inclusive com o compartilhamento de pessoal ou de custeio em geral.
de cadastros e de informações fiscais, na forma da lei § 10.É vedada a percepção simultânea de proventos de apo-
ou convênio. sentadoria decorrentes do art. 40 ou dos arts. 42 e 142 com
a remuneração de cargo, emprego ou função pública, ressal-

24
vados os cargos acumuláveis na forma desta Constituição, XVII, XVIII, XIX, XX, XXII e XXX, podendo a lei estabele-
os cargos eletivos e os cargos em comissão declarados em cer requisitos diferenciados de admissão quando a na-
lei de livre nomeação e exoneração. tureza do cargo o exigir.
§ 11.Não serão computadas, para efeito dos limites remu- § 4ºO membro de Poder, o detentor de mandato eleti-
neratórios de que trata o inciso XI do caput deste artigo, vo, os Ministros de Estado e os Secretários Estaduais e
as parcelas de caráter indenizatório previstas em lei. Municipais serão remunerados exclusivamente por sub-
§ 12.Para os fins do disposto no inciso XI do caput des- sídio fixado em parcela única, vedado o acréscimo de
te artigo, fica facultado aos Estados e ao Distrito Federal qualquer gratificação, adicional, abono, prêmio, verba
fixar, em seu âmbito, mediante emenda às respectivas de representação ou outra espécie remuneratória, obe-
Constituições e Lei Orgânica, como limite único, o sub- decido, em qualquer caso, o disposto no art. 37, X e XI.
sídio mensal dos Desembargadores do respectivo Tribu- § 5ºLei da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos
nal de Justiça, limitado a noventa inteiros e vinte e cinco Municípios poderá estabelecer a relação entre a maior e
centésimos por cento do subsídio mensal dos Ministros do a menor remuneração dos servidores públicos, obedeci-
Supremo Tribunal Federal, não se aplicando o disposto do, em qualquer caso, o disposto no art. 37, XI.
neste parágrafo aos subsídios dos Deputados Estaduais e § 6ºOs Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário publi-
Distritais e dos Vereadores. carão anualmente os valores do subsídio e da remune-
Art. 38. Ao servidor público da administração direta, au- ração dos cargos e empregos públicos.)
tárquica e fundacional, no exercício de mandato eletivo, § 7ºLei da União, dos Estados, do Distrito Federal e
aplicam-se as seguintes disposições: dos Municípios disciplinará a aplicação de recursos or-
I - tratando-se de mandato eletivo federal, estadual ou çamentários provenientes da economia com despesas
distrital, ficará afastado de seu cargo, emprego ou função; correntes em cada órgão, autarquia e fundação, para
II - investido no mandato de Prefeito, será afastado do aplicação no desenvolvimento de programas de quali-
cargo, emprego ou função, sendo-lhe facultado optar dade e produtividade, treinamento e desenvolvimento,
pela sua remuneração; modernização, reaparelhamento e racionalização do
III - investido no mandato de Vereador, havendo com- serviço público, inclusive sob a forma de adicional ou
patibilidade de horários, perceberá as vantagens de seu prêmio de produtividade.
cargo, emprego ou função, sem prejuízo da remunera- § 8ºA remuneração dos servidores públicos organizados
ção do cargo eletivo, e, não havendo compatibilidade, em carreira poderá ser fixada nos termos do § 4º.
será aplicada a norma do inciso anterior; Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da
IV - em qualquer caso que exija o afastamento para União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios,
o exercício de mandato eletivo, seu tempo de serviço incluídas suas autarquias e fundações, é assegurado re-
será contado para todos os efeitos legais, exceto para gime de previdência de caráter contributivo e solidário,
promoção por merecimento; mediante contribuição do respectivo ente público, dos
V - para efeito de benefício previdenciário, no caso de servidores ativos e inativos e dos pensionistas, observa-
afastamento, os valores serão determinados como se dos critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atu-
no exercício estivesse. arial e o disposto neste artigo.
§ 1ºOs servidores abrangidos pelo regime de previdência
SEÇÃO II de que trata este artigo serão aposentados, calculados os
DOS SERVIDORES PÚBLICOS seus proventos a partir dos valores fixados na forma dos
§§ 3º e 17:
I - por invalidez permanente, sendo os proventos propor-
Art. 39. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
cionais ao tempo de contribuição, exceto se decorrente
nicípios instituirão conselho de política de administra-
de acidente em serviço, moléstia profissional ou doença
ção e remuneração de pessoal, integrado por servidores
grave, contagiosa ou incurável, na forma da lei;
designados pelos respectivos Poderes.
II - compulsoriamente, com proventos proporcionais ao
§ 1ºA fixação dos padrões de vencimento e dos demais
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tempo de contribuição, aos 70 (setenta) anos de idade,


componentes do sistema remuneratório observará: ou aos 75 (setenta e cinco) anos de idade, na forma de
I - a natureza, o grau de responsabilidade e a complexi- lei complementar;
dade dos cargos componentes de cada carreira; III - voluntariamente, desde que cumprido tempo mínimo
II - os requisitos para a investidura; de dez anos de efetivo exercício no serviço público e cinco
III - as peculiaridades dos cargos. anos no cargo efetivo em que se dará a aposentadoria,
§ 2ºA União, os Estados e o Distrito Federal manterão observadas as seguintes condições:
escolas de governo para a formação e o aperfeiçoamen- a)sessenta anos de idade e trinta e cinco de contribuição,
to dos servidores públicos, constituindo-se a participa- se homem, e cinqüenta e cinco anos de idade e trinta de
ção nos cursos um dos requisitos para a promoção na contribuição, se mulher;
carreira, facultada, para isso, a celebração de convênios b)sessenta e cinco anos de idade, se homem, e sessenta
ou contratos entre os entes federados. anos de idade, se mulher, com proventos proporcionais
§ 3ºAplica-se aos servidores ocupantes de cargo público ao tempo de contribuição.
o disposto no art. 7º, IV, VII, VIII, IX, XII, XIII, XV, XVI,

25
§ 2ºOs proventos de aposentadoria e as pensões, por § 12Além do disposto neste artigo, o regime de previ-
ocasião de sua concessão, não poderão exceder a remu- dência dos servidores públicos titulares de cargo efetivo
neração do respectivo servidor, no cargo efetivo em que observará, no que couber, os requisitos e critérios fixados
se deu a aposentadoria ou que serviu de referência para para o regime geral de previdência social.
a concessão da pensão. § 13Ao servidor ocupante, exclusivamente, de cargo em
§ 3ºPara o cálculo dos proventos de aposentadoria, por comissão declarado em lei de livre nomeação e exone-
ocasião da sua concessão, serão consideradas as remu- ração bem como de outro cargo temporário ou de em-
nerações utilizadas como base para as contribuições do prego público, aplica-se o regime geral de previdência
servidor aos regimes de previdência de que tratam este social.
artigo e o art. 201, na forma da lei. § 14A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municí-
§ 4ºÉ vedada a adoção de requisitos e critérios diferen- pios, desde que instituam regime de previdência com-
ciados para a concessão de aposentadoria aos abrangi- plementar para os seus respectivos servidores titulares
dos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos de cargo efetivo, poderão fixar, para o valor das aposen-
termos definidos em leis complementares, os casos de tadorias e pensões a serem concedidas pelo regime de
servidores: que trata este artigo, o limite máximo estabelecido para
I - portadores de deficiência; os benefícios do regime geral de previdência social de
II - que exerçam atividades de risco; que trata o art. 201.
III - cujas atividades sejam exercidas sob condições es- § 15.O regime de previdência complementar de que tra-
peciais que prejudiquem a saúde ou a integridade física. ta o § 14 será instituído por lei de iniciativa do respectivo
§ 5ºOs requisitos de idade e de tempo de contribuição se- Poder Executivo, observado o disposto no art. 202 e seus
rão reduzidos em cinco anos, em relação ao disposto no§ parágrafos, no que couber, por intermédio de entidades
1º, III, “a”, para o professor que comprove exclusivamente fechadas de previdência complementar, de natureza pú-
tempo de efetivo exercício das funções de magistério na blica, que oferecerão aos respectivos participantes pla-
educação infantil e no ensino fundamental e médio. nos de benefícios somente na modalidade de contribui-
§ 6ºRessalvadas as aposentadorias decorrentes dos car- ção definida.
gos acumuláveis na forma desta Constituição, é vedada § 16Somente mediante sua prévia e expressa opção, o
a percepção de mais de uma aposentadoria à conta do disposto nos§§ 14 e 15 poderá ser aplicado ao servidor
regime de previdência previsto neste artigo. que tiver ingressado no serviço público até a data da pu-
§ 7ºLei disporá sobre a concessão do benefício de pensão blicação do ato de instituição do correspondente regime
por morte, que será igual: de previdência complementar.
I - ao valor da totalidade dos proventos do servidor faleci- § 17.Todos os valores de remuneração considerados para
do, até o limite máximo estabelecido para os benefícios do o cálculo do benefício previsto no § 3° serão devidamen-
regime geral de previdência social de que trata o art. 201, te atualizados, na forma da lei.
acrescido de setenta por cento da parcela excedente a este § 18.Incidirá contribuição sobre os proventos de aposen-
limite, caso aposentado à data do óbito; ou tadorias e pensões concedidas pelo regime de que trata
II - ao valor da totalidade da remuneração do servidor este artigo que superem o limite máximo estabelecido
no cargo efetivo em que se deu o falecimento, até o li- para os benefícios do regime geral de previdência social
mite máximo estabelecido para os benefícios do regime de que trata o art. 201, com percentual igual ao esta-
geral de previdência social de que trata o art. 201, acres- belecido para os servidores titulares de cargos efetivos.
cido de setenta por cento da parcela excedente a este § 19.O servidor de que trata este artigo que tenha com-
limite, caso em atividade na data do óbito. pletado as exigências para aposentadoria voluntária es-
§ 8ºÉ assegurado o reajustamento dos benefícios para tabelecidas no § 1º, III, a, e que opte por permanecer
preservar-lhes, em caráter permanente, o valor real, em atividade fará jus a um abono de permanência equi-
conforme critérios estabelecidos em lei. valente ao valor da sua contribuição previdenciária até
§ 9ºO tempo de contribuição federal, estadual ou mu- completar as exigências para aposentadoria compulsó-
nicipal será contado para efeito de aposentadoria e o ria contidas no § 1º, II.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tempo de serviço correspondente para efeito de dispo- § 20.Fica vedada a existência de mais de um regime
nibilidade.
próprio de previdência social para os servidores titulares
§ 10 A lei não poderá estabelecer qualquer forma de
de cargos efetivos, e de mais de uma unidade gestora
contagem de tempo de contribuição fictício.
do respectivo regime em cada ente estatal, ressalvado o
§ 11Aplica-se o limite fixado no art. 37, XI, à soma total
disposto no art. 142, § 3º, X.
dos proventos de inatividade, inclusive quando decor-
§ 21.A contribuição prevista no § 18 deste artigo incidirá
rentes da acumulação de cargos ou empregos públicos,
apenas sobre as parcelas de proventos de aposentado-
bem como de outras atividades sujeitas a contribuição
ria e de pensão que superem o dobro do limite máximo
para o regime geral de previdência social, e ao mon-
tante resultante da adição de proventos de inatividade estabelecido para os benefícios do regime geral de previ-
com remuneração de cargo acumulável na forma desta dência social de que trata o art. 201 desta Constituição,
Constituição, cargo em comissão declarado em lei de li- quando o beneficiário, na forma da lei, for portador de
vre nomeação e exoneração, e de cargo eletivo. doença incapacitante.

26
Art. 41. São estáveis após três anos de efetivo exercício República: a primeira como chefe de Estado e a se-
os servidores nomeados para cargo de provimento efeti- gunda como chefe de governo. Trata-se de um ente
vo em virtude de concurso público. autônomo e central.
§ 1º O servidor público estável só perderá o cargo: União ≠ Federação: união é a congregação dos esta-
I - em virtude de sentença judicial transitada em julgado; dos-membros. Federação é a reunião dos entes fe-
II - mediante processo administrativo em que lhe seja derados, leia-se, união, estados-membros, municí-
assegurada ampla defesa; pios e DF.
III - mediante procedimento de avaliação periódica de -Estados-membros: resultado da descentralização do
desempenho, na forma de lei complementar, assegurada poder político; são partes autônomas do Estado
ampla defesa. Federal. Podem ter sua própria constituição, desde
§ 2ºInvalidada por sentença judicial a demissão do ser- que analisados os limites traçados pelo texto da lei
vidor estável, será ele reintegrado, e o eventual ocupan- maior. Cada estado-membro tem competência para
te da vaga, se estável, reconduzido ao cargo de origem, estruturar seus poderes – sem interferência federal.
sem direito a indenização, aproveitado em outro cargo A saber:
ou posto em disponibilidade com remuneração propor- -Legislativo: art. 27 / - Executivo: art. 28 / - Judiciário:
cional ao tempo de serviço. art. 125
§ 3ºExtinto o cargo ou declarada a sua desnecessidade, -Municípios: passaram a integrar a estrutura da federa-
o servidor estável ficará em disponibilidade, com remu- ção com a CF/88 que lhes garantiu plena autonomia.
neração proporcional ao tempo de serviço, até seu ade- Alguns pontos merecem análise no tocante a parti-
quado aproveitamento em outro cargo. cipação dos municípios na estrutura da federação. O
§ 4ºComo condição para a aquisição da estabilidade, é primeiro ponto é que nenhuma federação fez esse
obrigatória a avaliação especial de desempenho por co- tipo de inclusão; o segundo ponto é a ausência de
missão instituída para essa finalidade. participação nacional, uma vez que vereadores não
participam das assembleias legislativas. Por fim, caso
1. Introdução afrontem a indissolubilidade do pacto federativo, não
poderão sofrer intervenção federal, apenas estadual.
-Princípio Federativo: descentralização do poder. Uma -Forma de organização: Lei Orgânica – votada em dois
ordem jurídica central e outras ordens jurídicas parciais, de turnos com interstício de 10 dias com aprovação de
forma que a primeira abarca todos os indivíduos que se 2/3 da Câmara Municipal. O legislativo, composto
encontrem no território do Estado Nacional, e as outras, os por vereadores, tem a quantidade prevista na CF/88.
sujeitos que se achem na circunscrição dos entes federados. A faixa de habitantes no município corresponderá ao
número de vereadores.
2. Estado Federado -Distrito Federal: local no qual os órgãos do Poder Fe-
deral possam se estabelecer e apresentar as diretri-
-Segundo Jellinek, citado por Nathália Masson, zes governamentais ora pertinentes a toda a fede-
federalismo por ser entendido como a unidade na ração, ora relacionadas somente à União. É um ente
pluralidade. É a reunião, feita por uma constituição, de federativo autônomo, com capacidade de auto-or-
entidades políticas autônomas unidas por um vínculo ganização. Possui atribuições legislativas (tanto de
indissolúvel. estado-membro como de município) e judiciárias.
Características -Territórios federais: antes da CF/88 eram assemelha-
- Descentralização no exercício do poder político; dos aos estados-membros. Com a novel constituição
- Auto-organização os antigos territórios se tornaram estados-membros
- Auto-governo (Roraima e Amapá). Atualmente não existem territó-
- Auto-administração rios; mas, se criados fossem, não passaram de unida-
- Indissolubilidade do vínculo federativo; des descentralizadas de administração.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Rigidez Constitucional; -Formação de novos estados-membros e municípios


- Existência de um Tribunal Constitucional -Inadmissibilidade do direito à secessão
-Formação de novos estados-membros (possibilidades):
3. Federalismo pelo CF/88
4. Requisitos para incorporação, subdivisão ou
É o primeiro princípio da CF/88. Trata-se, inclusive, de desmembramento:
cláusula pétrea. Compreende a seguinte divisão: União,
estados-membros, Distrito Federal e municípios. -Consulta a população interessada (plebiscito): tanto
-União: “União é o ente central da federação, possui to- da população da área desmembrada como da área
tal autonomia em relação às demais entidades fede- remanescente. Somente a manifestação da maioria
radas e concentra um grande volume de atribuições permitirá que o processo dê sequência;
administrativas, legislativas e tributárias enunciadas -Oitiva assembleias legislativas envolvidas (parecer opi-
ao longo do texto constitucional”. Presença de duas nativo – não vincula o CN): fornecimento de detalha-
personalidades: ambas representadas pelo Pres. da mento técnico;

27
-Aprovação do Congresso Nacional expedindo-se Lei complementar;
-Formação de novos municípios (possibilidades):
-Edição de lei complementar federal fixando o período em que poderá ocorrer a mudança;
-Aprovação de Lei ordinária apresentando a viabilidade municipal;
-Consulta a população interessada (plebiscito), não podendo ser substituída por outra espécie de consulta;
-Aprovação de lei ordinária estadual.
-Vedações Constitucionais
-Estabelecer cultos religiosos ou embaraçar o funcionamento de igrejas.
-Entes federados não podem adotar oficialmente uma religião.
-Repartição de competências

Trata-se de elemento fundamental do federalismo. A descentralização propõe que cada ente federado pode disciplinar
determinados comandos e, por conta disso, necessária a repartição de competências. A temática se alicerça ao princípio da
preponderância dos interesses.
- Técnicas de Repartição
Sistema Americano: (modelo adotado no Brasil) – prevê competências taxativas da União e os remanescentes ao estado;
como nossos municípios também são entes autônomos, estes também recebem atribuições.
Sistema canadense: a atribuição taxativa fica voltada aos estados, reservados aqueles da União.
Sistema indiano: enumeração exaustiva de atribuições para todos os entes da federação. Constituição robusta, prolixa
ao extremo. Muitos artigos.
Técnicas de efetivação
-Repartição horizontal: Constituição Federal delega a cada ente atribuições que lhe sejam próprias, particulares. Distri-
bui, portanto, a cada um, o que é seu; a cada entidade, matéria específica de sua competência. (competências privativas e
exclusivas)
-Repartição vertical: distribuição de competências exercidas em conjunto. (competências comuns e concorrentes).
-Das competências

As competências podem ser divididas em duas espécies. São as chamadas competências não legislativas (são compe-
tências políticas e administrativas) e as legislativas (autorização para legislar). A saber, em formato esquematizado:

#FicaDica
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

- Da união: - exclusivas: art. 21


- privativas: art. 22 (cunho legislativo)
- comuns: art. 23 (dispostas para todos os entes da federação)
- concorrentes: art. 24
Competências exclusivas (art. 21) dão a ideia da necessidade de fazer algo (organizar / administrar). Estão todas organi-
zadas em verbos. Por serem indelegáveis (intransferíveis), devem ser necessariamente prestadas pela União. Ex: “organizar”,
“manter”, “emitir”, “conceder”.
Obs: dos incisos I ao V do art. 21 apresentam-se as competências pelas quais a União representa o Estado brasileiro
internacionalmente. Exemplo:
- Manter relações com Estados estrangeiros.
- Assegurar a defesa nacional.

28
- Declarar guerra e celebrar a paz.
Outros destaques (segundo Nathália Masson) das competências mais importantes:
Inciso I – União representa a República Federativa no Brasil na esfera internacional. Porém, União e RFB são pessoas
jurídicas distintas. A primeira, de direito público interno; a segunda, de direito público externo.
Inciso X – compete a União a manutenção do serviço postal e correio aéreo nacional.
Inciso XI – disciplinar e prestar serviços de telecomunicação.
Inciso XII “a” – obrigatoriedade de irradiação da voz do Brasil.

Competências privativas (art. 22): se tratam de temas em que a União irá legislar. Os incisos iniciam sempre com subs-
tantivos. Ao contrário das exclusivas, estas podem ser delegáveis, inclusive com autorização expressa no art. 22, parágrafo
único. Importante aduzir que essa modalidade de competência pode ser transferida e não cedida pela União; é possível
aos estados-membros legislarem sobre temas dentre os assuntos principais de competência da União, sempre que a estes
forem feitas delegações.

Exemplo:
-Estado do Maranhão edita lei estadual dando prioridade no andamento processual em litígios que apresente mulher
vítima de violência doméstica. Referida lei foi declarada inconstitucional por vício formal, já que invadida competência
privativa da União.
-Estado do Paraná editou lei que obrigava empresas comerciantes de GLP a pesarem os botijões na frente do consu-
midor e abater eventual irregularidade. Referida lei julgada inconstitucional pelo STF, por vício formal, já que compete
privativamente a União legislar sobre recursos energéticos.
-Estado de Santa Catarina teve lei estadual declarada inconstitucional, pois proibia veiculação de propaganda de medi-
camentos. Como a competência para legislar sobre propaganda comercial é privativa da União, não poderia ter o estado-
-membro legislado.
-Requisitos para delegação:
-Formal: apenas a União pode efetuar a delegação por meio de lei complementar.
-Material: a delegação não será voltada para legislar sobre toda a matéria, mas sim alguns temas afetos ao tema.
-Implícito: a delegação não pode privilegiar um ou outro ente da federação; a delegação deverá ser para todos – prin-
cípio da isonomia.

Competências comuns (art. 23) serão cumpridas pela União e demais entes federados. São atribuições exercitadas por
todos os entes concomitantemente; podem ser intituladas “cumulativas”, uma vez que não há limites prévios estipulados
para o cumprimento delas, isto é, a atuação de um ente não inviabiliza ou restringe a atuação dos demais. Por conta de
serem comuns, ideal que se faça pelo legislativo federal a normatização das matérias que podem ser alvo de conflitos entre
os entes. Em havendo o conflito, o STF irá analisar mediante os critérios de preponderância dos interesses.
Exemplos:
-Zelar pela guarda da Constituição e das leis, das instituições democráticas e patrimônio público.
-Cuidar da saúde, da assistência pública.
-Proteger documentos, obras e outros bens de valor histórico.
-Proteger o meio ambiente e combater a poluição.
-Preservar as florestas, fauna, flora.

Competência concorrente (art. 24) – verificação explícita do chamado federalismo de cooperação (marble cake): ve-
rifica-se para a União competências legislativas concorrentes, pertencentes ao ente em estudo em concorrência com os
Estados-membros e o Distrito Federal. Ao contrário das “comuns” que são cumulativas, a competência concorrente é “não
cumulativa”, pois existem limitações expressas à atuação dos entes, ou seja, as tarefas são previamente definidas.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A União deverá fazer a normatização geral e os estados-membros fazer a sua complementação (competência comple-
mentar), adequando-a a sua realidade. Se a União não fizer, os estados poderão fazer (competência suplementar). Caso o
estado-membro tenha feito pela inércia da União e esta depois resolva fazer, prevalecerá a norma da união pela superve-
niência da norma geral federal; isso não significa que a lei estadual será revogada, mas sim suspensa a sua eficácia no que
for contrária a lei federal.
Exemplos:
-Legislar sobre florestas, caça, pesca, fauna, conservação da natureza. Em âmbito federal presente a Lei dos Crimes am-
bientais (Lei 9605/98) e no âmbito estadual, como no Rio Grande do Sul, lei dispondo sobre essa temática.
-Dos estados-membros

29
Competem aos estados-membros e DF as atribuições que não são reservadas, posto que vedadas à União. Conforme doutrina,
trata-se de uma atuação bastante esvaziada em virtude da existência de diversas atribuições já previstas para a União.
-Materiais exclusivos (art. 25§1º) são as matérias remanescentes; aquelas não enumeradas pelo art. 21 e/ou de interesse local.
-Legislativas privativas: poderão legislar sobre matérias que não tenham sido previstos nem para a União nem para os
municípios, ou que sejam vedadas pela CF/88.
-Atenção! Competência legislativa tributária expressa: art. 155. Tratam-se dos impostos com possibilidade de regula-
mentação pelos estados-membros e DF.

5. Municípios

Competência não legislativa: - Comum (art.23)


- Exclusiva (art. 30 III a IX)
Competência legislativa: - Elaborar Lei Orgânica (art. 29 caput)
-Legislar assunto de interesse local (art. 30 I)
-Suplementar (art. 30 II)
-Elaborar plano diretor (art. 182 §1º)
-Tributária (art. 156).
-Competência do Distrito Federal: este ente da federação acumula competências voltadas aos estados-membros e aos muni-
cípios, posto que não é apenas reconhecido como estado ou como município. Ao ente serão atribuídas as competências
legislativas reservadas aos Estados e Municípios (art. 32, § 1°, CF/88) e a competência tributária dos Municípios (art. 147 CF/88).

Competências (Nathália Masson)


(i) editar sua própria Lei Orgânica;
(ii) exercer a competência legislativa remanescente (e as eventuais enumeradas) dos Estados-membros;
(iii) exercer a eventual competência legislativa delegada pela União;
(iv) exercer a competência legislativa concorrente-suplementar (complementar e supletiva) com os Estados-membros;
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

(vi) exercer a competência legislativa enumerada dos Municípios; e


(vii) exercer a competência legislativa suplementar dos Municípios.

30
3. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPE ÓRGÃO: EMAP
PROVA: CONHECIMENTOS BÁSICOS - CARGOS DE
EXERCÍCIOS COMENTADOS NÍVEL MÉDIO. No que se refere à organização dos po-
deres, julgue o item que segue. A criação de cargo público
1. APLICADA EM: 2018BANCA: VUNESP ÓRGÃO: PC- federal é matéria que cabe ao Congresso Nacional dispor,
-BAPROVA: INVESTIGADOR DE POLÍCIA. Imagine que mas depende da sanção do presidente da República.
a Câmara Municipal da Cidade X aprovou projeto de lei
dispondo sobre interesses das comunidades indígenas lo- ( ) CERTO ( ) ERRADO
calizadas em seu território. Nesse caso, partindo das regras
constitucionais sobre a repartição de competências, é cor- Resposta: Certo. Nos termos do art. 48 X, Cabe ao Con-
reto afirmar que a lei é gresso Nacional, com a sanção do Presidente da Repúbli-
ca, não exigida esta para o especificado nos arts. 49, 51
a) inconstitucional sob o prisma formal, já que se trata de e 52, dispor sobre todas as matérias de competência da
competência legislativa concorrente entre União, Esta- União, especialmente sobre criação, transformação e ex-
dos e Distrito Federal a regulamentação de qualquer tinção de cargos, empregos e funções públicas, observado
matéria relativa às populações indígenas. o que estabelece o art. 84, VI, b.
b) inconstitucional sob o prisma formal, já que se trata de
competência legislativa privativa da União tratar sobre 4. APLICADA EM: 2018BANCA: CESPE ÓRGÃO: PGM
as populações indígenas. - MANAUS - AM PROVA: PROCURADOR DO MUNICÍ-
c) inconstitucional sob o prisma formal, já que a matéria é PIO. Conforme regras e interpretação da CF, julgue o item
de competência exclusiva dos Estados membros e Dis- subsequente, relativo a autonomia municipal e intervenção
trito Federal. de estado-membro em município.Da capacidade de auto-
d) constitucional, uma vez que, por se tratar de nítido in- -organização municipal decorre a constatação de que o
teresse local, a competência é privativa dos Municípios. estado-membro não pode ingerir na autonomia organiza-
e) constitucional, já que se trata de interesse local e re- tória do município, o que confere a este a possibilidade de
gional, de modo que compete aos Estados membros, ordenar internamente, inclusive por meio de lei orgânica,
Distrito Federal e Municípios, de forma comum, legislar sem a necessidade de anuência do respectivo governo es-
sobre a questão. tadual.

Resposta: Letra B. Nos termos do art. 22 XIV, compete ( ) CERTO ( ) ERRADO


privativamente à União legislar sobre populações indí-
genas. Resposta: Certo. Os entes da federação são indepen-
dentes e autônomos entre si. Tem por característica au-
2. APLICADA EM: 2018BANCA: VUNESPÓRGÃO: PRE- to-organização, autogoverno e auto-administração. É o
FEITURA DE BAURU - SPPROVA: PROCURADOR JU- que dispõe o art. 18 e também o art. 29, segundo o qual,
RÍDICO Município reger-se-á por lei orgânica, votada em dois
Considerando as competências dos Municípios previstas turnos, com o interstício mínimo de dez dias, e aprovada
na Constituição Federal, é correto afirmar que seria incons- por dois terços dos membros da Câmara Municipal, que
titucional a Lei do Município que a promulgará, atendidos os princípios estabelecidos nesta
Constituição, na Constituição do respectivo Estado e os
a) fixasse o horário de funcionamento dos estabelecimen- seguintes preceitos.
tos comerciais, o que não abrangeria os bancos.
b) estabelecesse alíquotas progressivas para o Imposto
Predial e Territorial Urbano – IPTU, destinadas a assegurar DA SEGURANÇA PÚBLICA.
o cumprimento da função social da propriedade urbana.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

c) desvinculasse o reajuste dos servidores públicos munici-


pais dos índices federais de correção monetária.
CAPÍTULO III
d) instituísse contribuição, na forma de respectiva lei muni-
DA SEGURANÇA PÚBLICA
cipal, para o custeio do serviço de iluminação pública.
e) impedisse a instalação de estabelecimentos comerciais
Art. 144, CF. A segurança pública, dever do Estado, direi-
do mesmo ramo em uma determinada área.
to e responsabilidade de todos, é exercida para a preser-
vação da ordem pública e da incolumidade das pessoas
Resposta: Letra E. A ordem econômica, fundada na va-
e do patrimônio, através dos seguintes órgãos: [...]
lorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem
A segurança tem um duplo aspecto na Constituição Federal,
por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
a saber, o aspecto de direito e garantia individual e coletivo, por
ditames da justiça social, observados, dentre outros, o
estar prevista no caput, do artigo 5º, da Constituição Federal
seguinte princípio: livre concorrência.
(ao lado do direito à vida, da liberdade, da igualdade, e da
propriedade), bem como o aspecto de direito social, por estar

31
prevista no artigo 6º, da Constituição Federal. A segurança do Artigo 144, § 6º, CF. As polícias militares e corpos de
caput, do artigo 5º, CF, todavia, se refere à “segurança jurídica”. bombeiros militares, forças auxiliares e reserva do Exér-
Já a segurança do artigo 6º, CF, se refere à “segurança pública”, cito, subordinam-se, juntamente com as polícias civis,
a qual encontra disciplinamento no artigo 144, da Constituição aos Governadores dos Estados, do Distrito Federal e dos
da República. Territórios”. Sendo que, nos termos do artigo 42, CF, “os
Ademais, enquanto a Lei Fundamental pátria preceitua que membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
a educação e a saúde são “direitos de todos e dever do Estado”, Militares, instituições organizadas com base na hierar-
fala, por outro lado, que a segurança pública, antes mesmo de quia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito
ser direito de todos, é um “dever do Estado”. Com isso, isto é, Federal e dos Territórios. § 1º Aplicam-se aos militares
ao colocar a segurança pública antes de tudo como um dever dos Estados, do Distrito Federal e dos Territórios, além
do Estado, e só depois como um direito de todos, denota o do que vier a ser fixado em lei, as disposições do art. 14,
compromisso dos agentes estatais em prevenir a desordem, e, § 8º; do art. 40, § 9º; e do art. 142, §§ 2º e 3º, cabendo
consequentemente, evitar a justiça por próprias mãos. a lei estadual específica dispor sobre as matérias do art.
Neste prumo, no art. 144, caput, da Constituição Federal, 142, § 3º, inciso X, sendo as patentes dos oficiais conferi-
se afirma que “a segurança pública, dever do Estado, direito e das pelos respectivos governadores. § 2º Aos pensionis-
responsabilidade de todos, é exercida para a preservação da tas dos militares dos Estados, do Distrito Federal e dos
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do patrimônio Territórios aplica-se o que for fixado em lei específica do
[...]”. Conforme enumera o próprio artigo 144, CF em seus respectivo ente estatal.
incisos, os órgãos responsáveis pela garantia da segurança Artigo 144, § 7º, CF. A lei disciplinará a organização e o
pública, compondo sua estrutura, são: polícia federal; polícia funcionamento dos órgãos responsáveis pela segurança
rodoviária federal; polícia ferroviária federal; polícias civis; e pública, de maneira a garantir a eficiência de suas ati-
polícias militares e corpos de bombeiros militares. vidades.
Os parágrafos do artigo 144 regulamentam cada um Artigo 144, § 8º, CF. Os Municípios poderão constituir
destes órgãos que devem garantir a segurança pública, com guardas municipais destinadas à proteção de seus bens,
suas respectivas competências: serviços e instalações, conforme dispuser a lei.
Artigo 144, § 1º, CF. A polícia federal, instituída por lei Artigo 144, § 9º, CF. A remuneração dos servidores po-
como órgão permanente, organizado e mantido pela liciais integrantes dos órgãos relacionados neste artigo
União e estruturado em carreira, destina-se a: será fixada na forma do § 4º do art. 39. 
I - apurar infrações penais contra a ordem política e Artigo 144, § 10, CF. A segurança viária, exercida para
social ou em detrimento de bens, serviços e interesses a preservação da ordem pública e da incolumidade das
da União ou de suas entidades autárquicas e empresas pessoas e do seu patrimônio nas vias públicas: 
públicas, assim como outras infrações cuja prática te- I - compreende a educação, engenharia e fiscalização
nha repercussão interestadual ou internacional e exija de trânsito, além de outras atividades previstas em lei,
repressão uniforme, segundo se dispuser em lei; que assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urba-
na eficiente; e 
II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal
drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem preju- e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades
ízo da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas executivos e seus agentes de trânsito, estruturados em
respectivas áreas de competência; Carreira, na forma da lei.
III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuá-
ria e de fronteiras; Destaca-se o papel da polícia federal (artigo 144, § 1o,
IV - exercer, com exclusividade, as funções de polícia ju- IV, CF) e das polícias civis (artigo 144, § 4o, CF) de exercer a
diciária da União. política judiciária. Segundo Nucci, “o nome polícia judiciária
Artigo 144, § 2º, CF. A polícia rodoviária federal, órgão tem sentido na medida em que não se cuida de uma atividade
permanente, organizado e mantido pela União e estru- policial ostensiva (típica da Polícia Militar para a garantia da
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

segurança nas ruas), mas investigatória, cuja função se volta a


trulhamento ostensivo das rodovias federais. colher provas para o órgão acusatório e, na essência, para que
Artigo 144, § 3º, CF. A polícia ferroviária federal, órgão o Judiciário avalie no futuro”. Cabe à Polícia Judiciária investigar
permanente, organizado e mantido pela União e estru- infrações penais pelos instrumentos que a lei oferecer, como
turado em carreira, destina-se, na forma da lei, ao pa- o termo circunstanciado e o inquérito policial, fornecendo
trulhamento ostensivo das ferrovias federais.  fundamentos para a persecução penal dos delitos.
Artigo 144, § 4º, CF. Às polícias civis, dirigidas por de-
legados de polícia de carreira, incumbem, ressalvada a
competência da União, as funções de polícia judiciária e
a apuração de infrações penais, exceto as militares.
Artigo 144, § 1º, CF. Às polícias militares cabem a polícia
ostensiva e a preservação da ordem pública; aos corpos
de bombeiros militares, além das atribuições definidas
em lei, incumbe a execução de atividades de defesa civil.

32
I - polícia federal;
#FicaDica II - polícia rodoviária federal;
III - polícia ferroviária federal;
Estado de defesa – serve para preservação IV - polícias civis;
ou restabelecimento em locais restritos e V - polícias militares e corpos de bombeiros militares.
determinados da ordem pública e da paz § 1º A polícia federal, instituída por lei como órgão per-
social que estejam ameaçados por grave manente, organizado e mantido pela União e estruturado
instabilidade institucional ou calamidade de em carreira, destina-se a:
grande proporção; I - apurar infrações penais contra a ordem política e social
Estado de sítio – serve para casos de grave ou em detrimento de bens, serviços e interesses da União
comoção nacional, ineficácia do estado de ou de suas entidades autárquicas e empresas públicas, as-
defesa e estado de guerra. Há requisitos sim como outras infrações cuja prática tenha repercussão
de especificidade quanto ao tempo, áreas interestadual ou internacional e exija repressão uniforme,
abrangidas e medidas coercitivas que podem segundo se dispuser em lei;
ser adotadas. II - prevenir e reprimir o tráfico ilícito de entorpecentes e
Forças Armadas – possuem a finalidade de drogas afins, o contrabando e o descaminho, sem prejuízo
defender a pátria, a Constituição, a lei e a da ação fazendária e de outros órgãos públicos nas res-
ordem, sendo compostas por Marinha, Exército pectivas áreas de competência;
e Aeronáutica. III - exercer as funções de polícia marítima, aeroportuária
Segurança Pública – exercida para a preservação e de fronteiras; I
da ordem pública e da incolumidade das V - exercer, com exclusividade, as funções de polícia judi-
pessoas e do patrimônio. ciária da União.
§ 2º A polícia rodoviária federal, órgão permanente, orga-
nizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo
das rodovias federais.
EXERCÍCIO COMENTADO § 3º A polícia ferroviária federal, órgão permanente, orga-
nizado e mantido pela União e estruturado em carreira,
1. (PC/SC - Agente de Polícia - ACAFE/2014) destina-se, na forma da lei, ao patrulhamento ostensivo
Consoante o art. 144 da Constituição Federal, “a seguran- das ferrovias federais.
ça pública, dever do Estado, direito e responsabilidade de § 4º - às polícias civis, dirigidas por delegados de polí-
todos, é exercida para a preservação da ordem pública e da cia de carreira, incumbem, ressalvada a competência da
incolumidade das pessoas e do patrimônio”. União, as funções de polícia judiciária e a apuração de
Nesse sentido, todas as alternativas estão corretas, exceto a: infrações penais, exceto as militares.
§ 5º às polícias militares cabem a polícia ostensiva e a
a) Entre as funções da polícia federal, instituída por lei como preservação da ordem pública; aos corpos de bombeiros
órgão permanente, está a de exercer, com exclusividade, militares, além das atribuições definidas em lei, incumbe
as funções de polícia judiciária da União. a execução de atividades de defesa civil.
b) Os Municípios poderão constituir guardas municipais § 6º As polícias militares e corpos de bombeiros milita-
destinadas à proteção de seus bens, serviços e instala- res, forças auxiliares e reserva do Exército, subordinam-se,
ções, conforme dispuser a lei. juntamente com as polícias civis, aos Governadores dos
c) Às polícias civis, dirigidas por delegados de polícia de Estados, do Distrito Federal e dos Territórios.
carreira, incumbem, ressalvada a competência da União, § 7º A lei disciplinará a organização e o funcionamento
as funções de polícia judiciária e a apuração de infrações dos órgãos responsáveis pela segurança pública, de ma-
penais, inclusive as militares. neira a garantir a eficiência de suas atividades.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

d) A segurança pública é exercida através da polícia federal, § 8º Os Municípios poderão constituir guardas municipais
da polícia rodoviária federal, polícia ferroviária federal, destinadas à proteção de seus bens, serviços e instalações,
polícias civis, polícias militares e corpos de bombeiros conforme dispuser a lei.
militares. § 9º A remuneração dos servidores policiais integrantes
e) Aos corpos de bombeiros militares, além das atribuições dos órgãos relacionados neste artigo será fixada na forma
definidas em lei, incumbe a execução de atividades de do § 4º do art. 39.
defesa civil. § 10. A segurança viária, exercida para a preservação da
ordem pública e da incolumidade das pessoas e do seu
Resposta: Letra C”. Vale colacionar o inteiro teor do arti- patrimônio nas vias públicas:
go 144, CF: “A segurança pública, dever do Estado, direito I - compreende a educação, engenharia e fiscalização de
e responsabilidade de todos, é exercida para a preserva- trânsito, além de outras atividades previstas em lei, que
ção da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do assegurem ao cidadão o direito à mobilidade urbana efi-
patrimônio, através dos seguintes órgãos: ciente; e

33
II - compete, no âmbito dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, aos respectivos órgãos ou entidades executivos
e seus agentes de trânsito, estruturados em Carreira, na forma da lei”. Conforme grifo, as infrações penais militares não se
incluem na competência da polícia civil, restando a alternativa “C” incorreta.

2. (Prefeitura de Cuiabá/MT - Procurador Municipal - FCC/2014)


Dentre as medidas passíveis de adoção na vigência do estado de sítio decretado em caso de comoção grave de repercussão
nacional, NÃO se inclui a possibilidade de

a) restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à


liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão.
b) restrição relativa à difusão de pronunciamentos de parlamentares, efetuados em suas casas legislativas, ainda que tenha
sido liberada pela mesa respectiva.
c) busca e apreensão em domicílio.
d) detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns.
e) suspensão da liberdade de reunião.

Resposta: Letra B”. Quanto às medidas que podem ser adotadas na vigência de estado de sítio, prevê a Constituição:
“Art. 139, CF. Na vigência do estado de sítio decretado com fundamento no art. 137, I, só poderão ser tomadas contra as
pessoas as seguintes medidas:
I - obrigação de permanência em localidade determinada;
II - detenção em edifício não destinado a acusados ou condenados por crimes comuns;
III - restrições relativas à inviolabilidade da correspondência, ao sigilo das comunicações, à prestação de informações e à
liberdade de imprensa, radiodifusão e televisão, na forma da lei;
IV - suspensão da liberdade de reunião;
V - busca e apreensão em domicílio;
VI - intervenção nas empresas de serviços públicos;
VII - requisição de bens.
Parágrafo único. Não se inclui nas restrições do inciso III a difusão de pronunciamentos de parlamentares efetuados em
suas Casas Legislativas, desde que liberada pela respectiva Mesa”. Com efeito, pelo que se denota dos grifos, as hipóteses
descritas nas alternativas “A”, “C”, “D” e “E” encontram disciplina nos incisos II a V do artigo 139, CF, ao passo que a hipótese
da alternativa “B” é expressamente vedada no parágrafo único do mesmo.

3. (TJ/PA - Juiz de Direito Substituto - VUNESP/2014)


Segundo o que estabelece o texto constitucional em relação às forças armadas, é correto afirmar que

a) o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transita-
da em julgado, será submetido a julgamento por Tribunal Militar e só perderá o posto e a patente se for julgado indigno
do oficialato ou com ele incompatível.
b) o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena privativa de liberdade superior a um ano, por sentença transitada
em julgado, será submetido a julgamento por Tribunal Militar e só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível.
c) a sindicalização é direito do militar, sendo vedada a greve.
d) o militar, mesmo em serviço ativo, pode estar filiado a partidos políticos, exceto os Comandantes da Marinha, Exército
e Aeronáutica.
o oficial condenado na justiça comum, por sentença trane) sitada em julgado, perderá automaticamente o posto e a pa-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tente.

Resposta: “Letra A”. Consoante ao artigo 142, §3º, VI, CF, “o oficial só perderá o posto e a patente se for julgado indigno
do oficialato ou com ele incompatível, por decisão de tribunal militar de caráter permanente, em tempo de paz, ou de tri-
bunal especial, em tempo de guerra”; ainda, o 142, §3º, VII, CF: “o oficial condenado na justiça comum ou militar a pena
privativa de liberdade superior a dois anos, por sentença transitada em julgado, será submetido ao julgamento previsto no
inciso anterior”.

34
CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA. DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES. DA ORGANIZA-
ÇÃO DOS PODERES. DO PODER LEGISLATIVO. DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. DAS COMPETÊNCIAS
DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA. DO PODER EXECUTIVO. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS. DAS ATRIBUI-
ÇÕES DO GOVERNADOR DO ESTADO. DO PODER JUDICIÁRIO. DAS DISPOSIÇÕES GERAIS. DA JUS-
TIÇA MILITAR. DO MINISTÉRIO PÚBLICO. AS PROCURADORIAS. DA DEFENSORIA PÚBLICA. DA
SEGURANÇA PÚBLICA.

DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES.

SEÇÃO VII
DOS SERVIDORES PÚBLICOS MILITARES

Art. 46 - São servidores militares estaduais os integrantes da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, cuja disciplina
será estabelecida em estatuto próprio.
§ 1º - As patentes, com prerrogativas, direitos e deveres a elas inerentes, são asseguradas em plenitude aos oficiais da
ativa, da reserva ou reformados, sendo-lhes privativos os títulos, postos e uniformes militares.
§ 2º - Os postos e as patentes dos oficiais da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar são conferidos pelo Governa-
dor do Estado, e a graduação dos praças, pelo Comandante-Geral da Polícia Militar e pelo Comandante-Geral do Corpo
de Bombeiros Militar, respectivamente.
§ 3º - O servidor militar estadual em atividade que tomar posse em cargo público civil permanente será transferido para
a reserva, na forma da lei, salvo quando se tratar de um cargo de professor ou privativo de profissional de saúde com
profissão regulamentada, sendo assegurada a acumulação desde que haja compatibilidade de horários e não ultrapasse
20 (vinte) horas semanais.
§ 4º - O servidor militar estadual da ativa que aceitar cargo, emprego ou função pública temporária, não eletiva, ainda
que da administração indireta, ficará agregado ao respectivo quadro e, enquanto permanecer nessa situação, só poderá
ser promovido por antiguidade, contando-se-lhe o tempo de serviço apenas para aquela promoção e transferência para a
reserva, sendo, depois de 02 (dois) anos de afastamento, contínuos ou não, transferido para a inatividade.
§ 5º - O servidor militar estadual condenado na Justiça comum ou militar à pena privativa de liberdade superior a 02 (dois)
anos, por sentença transitada em julgado, será excluído da Corporação.
§ 6º - O oficial da Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar só perderá o posto e a patente se for julgado indigno do
oficialato ou com ele incompatível, nos termos da lei, mediante Conselho de Justificação, cujo funcionamento será regu-
lado em lei, e por decisão da Justiça Militar, salvo na hipótese prevista no parágrafo anterior.
§ 7º - A lei estabelecerá as condições em que o praça perderá a graduação, respeitado o disposto na Constituição Federal
e nesta Constituição.
§ 8º - Quando a sanção disciplinar, por transgressão de natureza militar, importar em cerceamento de liberdade, será
cumprida em área livre de quartel.

Os policiais militares e os bombeiros militares são os servidores militares do Estado da Bahia.


Suas patentes, isto é, seus diferentes postos distribuídos no grau hierárquico, são asseguradas aos oficiais da ativa, da reser-
va ou reformados. É de competência do Governador conferi-las. Também é de competência do Governador conferir os postos.
Quanto aos militares de categoria inferior, os praças, cabe aos Comandantes-Gerais atribuir gradações.
Quando toma posse em cargo civil, o militar é transferido para reserva. Exceção: cargo de professor ou de profissional da
saúde com jornada compatível e limitada a 20 horas.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Se o servidor aceitar cargo, emprego ou função pública diversa, ficará afastado das funções militares e agregado ao quadro
da instituição. Contudo, o tempo de serviço continua contando e é possível buscar a promoção na carreira militar por antigui-
dade (não por merecimento) pelo prazo de dois anos. Após dois anos, é afastado.
Exclui-se da corporação o servidor militar condenado na Justiça comum ou militar à pena privativa de liberdade superior
a 02 (dois) anos. Trata-se de hipótese que opera automaticamente, não necessitando de decisão da Justiça Militar e nem de
manifestação do Conselho de Justificação. Nos demais casos, para a perda do posto ou da patente será necessária a caracte-
rização de uma destas situações.

Art. 47 - Lei disporá sobre a isonomia entre as carreiras de policiais civis e militares, fixando os vencimentos de forma
escalonada entre os níveis e classes, para os civis, e correspondentes postos e graduações, para os militares.
§ 1º - O soldo nunca será inferior ao salário mínimo fixado em lei.
§ 2º - (Revogado)

35
Fixa-se no artigo 47 a isonomia de vencimentos para po- c) pela Consolidação das Leis do Trabalho — CLT.
liciais militares e policiais civis. d) por Decreto do Poder Executivo.
e) pelo Estatuto dos Servidores Públicos Federais, por ser
Art. 48 - Os direitos, deveres, garantias, subsídios e van- instituição criada pela Constituição Federal.
tagens dos servidores militares, bem como as normas
sobre admissão, acesso na carreira, estabilidade, jornada Resposta: Letra B. Disciplina o artigo 48 da Constituição
de trabalho, remuneração de trabalho noturno e extra- Estadual: “Art. 48 - Os direitos, deveres, garantias, subsí-
ordinário, readmissão, limites de idade e condições de dios e vantagens dos servidores militares, bem como as
transferência para a inatividade serão estabelecidos em normas sobre admissão, acesso na carreira, estabilidade,
estatuto próprio, de iniciativa do Governador do Estado, jornada de trabalho, remuneração de trabalho noturno
observada a legislação federal específica. e extraordinário, readmissão, limites de idade e condi-
§ 1º - O servidor militar estadual é elegível, atendidas as ções de transferência para a inatividade serão estabele-
seguintes condições: cidos em estatuto próprio, de iniciativa do Governador
I - se contar menos de dez anos de serviço, deverá afas- do Estado, observada a legislação federal específica”. O
tar-se da atividade; Estatuto próprio em questão encontra-se na Lei Estadual
II - se contar mais de dez anos de serviço, será agregado nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (ESTATUTO DOS
e, se eleito, passará automaticamente, no ato da diplo- POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DA BAHIA).
mação, para a inatividade, com os proventos proporcio- A, C, D e E. Por exclusão, estão incorretas.
nais ao tempo de serviço.
§ 2º - (Revogado)
#FicaDica
O Estatuto próprio em questão encontra-se na Lei Esta-
dual nº 7.990, de 27 de dezembro de 2001 (ESTATUTO DOS A clássica divisão em três Poderes – Executivo,
POLICIAIS MILITARES DO ESTADO DA BAHIA). Legislativo e Judiciário – se reproduz no âmbito
Frisa-se que o servidor militar é elegível: caso tenha me- do Estado da Bahia, conforme se denota pelos
nos de 10 anos de serviço e se afaste da atividade; ou caso termos do título IV da Constituição estadual.
tenha mais de 10 anos de serviço e se passar para a inati-
vidade.
TÍTULO IV
Art. 49 - (Revogado) DA ORGANIZAÇÃO DOS PODERES
CAPÍTULO I
DO PODER LEGISLATIVO
#FicaDica SEÇÃO I
DA ASSEMBLEIA LEGISLATIVA
Transferência para reserva: posse em cargo civil
(exceto: cargo de professor ou de profissional
Art. 66 - O Poder Legislativo é exercido pela Assembleia
da saúde com jornada compatível e limitada a
Legislativa, com sede na Capital do Estado, constituída
20 horas);
de Deputados eleitos pelo sistema proporcional para um
Afastamento das funções – até 2 anos há
mandato de quatro anos.
agregação ao quadro, depois de 2 anos
§ 1º - O número de Deputados corresponderá ao triplo
desagrega do quadro: aceitar cargo, emprego
da representação do Estado na Câmara dos Deputados;
ou função pública diversa.
atingido o número de trinta e seis, será acrescido de tan-
Exclusão da corporação: condenação na Justiça
tos quantos forem os Deputados Federais acima de doze.
comum ou militar à pena privativa de liberdade
§ 2º - A alteração do número de Deputados não vigorará
superior a 02 (dois) anos.
na Legislatura em que for fixada.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Art. 67 - A Assembleia Legislativa, no primeiro ano da


Legislatura, reunir-se-á em sessões preparatórias, a
partir de 1º de fevereiro, para posse de seus membros
EXERCÍCIO COMENTADO e eleição da Mesa, para um mandato de 02 (dois) anos,
vedada a recondução para o mesmo cargo na eleição
(PM-BA - Aspirante da Polícia Militar - CONSULTEC - imediatamente subsequente, dentro da mesma Legisla-
2010) Os Policiais Militares do Estado da Bahia somente tura.
devem ter acesso ao quadro por meio de concurso público. § 1º - As sessões marcadas para essas datas serão trans-
O seu vínculo empregatício é regido: feridas para o primeiro dia útil subsequente, quando re-
caírem em sábados, domingos ou feriados.
a) pela Constituição Estadual. § 2º - A sessão legislativa não será interrompida sem a
b) por Estatuto próprio, aprovado por Lei específica — Lei aprovação dos projetos de lei relativos às diretrizes orça-
n° 7.990/2001. mentárias e ao orçamento anual.

36
§ 3º - A Assembleia Legislativa, no primeiro ano da Le- SEÇÃO II
gislatura, reunir-se-á em sessões preparatórias, a partir DAS COMPETÊNCIAS DA ASSEMBLÉIA LEGISLATIVA
de 1º de fevereiro, para posse de seus membros e eleição
da Mesa, para um mandato de 02 (dois) anos, vedada a Art. 70 - Cabe à Assembleia Legislativa, com a sanção do
recondução para o mesmo cargo na eleição imediata- Governador, legislar sobre todas as matérias de compe-
mente subsequente, dentro da mesma Legislatura. tência do Estado, especialmente sobre:
§ 4º - Por motivo de conveniência pública e deliberação I - plano plurianual, diretrizes orçamentárias e orça-
da maioria absoluta de seus membros, poderá a Assem- mentos anuais;
bleia Legislativa reunir-se, temporariamente, em qual- II - planos e programas estaduais e setoriais de desen-
quer cidade do Estado. volvimento econômico e social;
§ 5º - A convocação extraordinária da Assembleia Legis- III - transferência temporária da sede de Governo;
lativa, limitadas as deliberações à matéria para a qual IV - limites do território estadual e bens do domínio do
for convocada, vedado o pagamento de parcela inde- Estado, bem como criação, fusão, incorporação, des-
nizatória em valor superior ao do subsídio mensal, far- membramento e extinção de Municípios e fixação de
-se-á: seus limites;
I - pelo seu Presidente, em caso de decretação de inter- V - operações de crédito, dívida pública e emissão de
venção federal no Estado ou deste em Município, e para títulos do Tesouro;
posse e compromisso do Governador e Vice-Governador VI - criação, transformação e extinção de cargos, empre-
do Estado; gos e funções públicas e fixação dos respectivos venci-
II - Pelo Governador do Estado, pelo Presidente da As- mentos ou remunerações;
sembleia ou a requerimento da maioria dos Deputados, VII - organização administrativa, judiciária, do Ministé-
em caso de urgência ou interesse público relevante. rio Público, das Procuradorias, da Defensoria Pública e
§ 6º - Não poderá ser realizada mais de uma sessão dos Tribunais de Contas;
ordinária por dia. VIII - organização, fixação e modificação do efetivo da
Polícia Militar e do Corpo de Bombeiros Militar, observa-
Art. 68 - Salvo disposição constitucional em contrário, a das as diretrizes estabelecidas em lei federal;
Assembleia Legislativa funcionará em sessões públicas, IX - criação, estruturação e competência das Secretarias
com a presença de um terço, no mínimo, de seus mem- de Estado e demais órgãos e entidades da Administra-
bros e suas deliberações serão tomadas por maioria de ção Pública direta e indireta;
votos, presente a maioria absoluta de seus membros. X - autorização para alienar ou gravar bens imóveis do
Estado;
Art. 69 - (Revogado) XI - concessão para exploração de serviços públicos;
XII - direito tributário, financeiro, penitenciário, econô-
O Legislativo Federal brasileiro adota um sistema bica- mico e urbanístico;
meral, contando com uma casa representativa do Povo e XIII - juntas comerciais;
uma casa representativa dos Estados-membros. No caso, a XIV - custas dos serviços forenses;
Câmara dos Deputados desempenha um papel de represen- XV - produção e consumo;
tação do povo; ao passo que o Senado Federal é responsável XVI - proteção ao patrimônio natural, histórico, cultural,
pela representação das unidades federadas da espécie Esta- artístico, turístico e paisagístico;
dos-membros. Juntas, as duas casas compõem o Congresso XVII - educação, cultura, ensino e desporto;
Nacional. XVIII - criação, funcionamento e processo de Juizados de
Já na esfera estadual, o sistema é unicameral, isto é, ape- Pequenas Causas;
nas um órgão desempenha as funções do Legislativo: a As- XIX - procedimentos em matéria processual;
sembleia Legislativa. A sede fica em Salvador. A legislatura XX - previdência social, proteção e defesa à saúde;
tem a duração de quatro anos, ao passo que uma sessão XXI - proteção e integração social das pessoas portado-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

legislativa tem duração de um ano, sendo esta dividida em ras de deficiência;


dois períodos legislativos cada qual com duração de 6 meses. XXII - organização, garantias, direitos e deveres das po-
Por seu turno, o Deputado Estadual tem mandato equivalen- lícias civis;
te a uma legislatura (4 anos). XXIII - direitos da infância, da juventude e da mulher;
A sessão pública pode ser instalada com pelo menos 1/3 XXIV - concessão de auxílios aos Municípios e autoriza-
dos membros. Contudo, para que nesta sessão se delibere ção para o Estado garantir-lhes empréstimos.
sobre matérias, é preciso a presença de metade mais um dos
membros (maioria absoluta). Havendo quórum para instala- Art. 71 - Além de outros casos previstos nesta Constitui-
ção, o quórum de deliberação será o de maioria dos presen- ção, compete privativamente à Assembleia Legislativa:
tes (maioria simples). I - dispor sobre seu Regimento Interno, polícia e serviços
administrativos de sua secretaria, inclusive seus órgãos
de consultoria, assessoramento jurídico e representação
judicial, para defesa de suas prerrogativas e interesses
específicos;

37
II - eleger sua Mesa Diretora para um mandato de 02 XX - autorizar o Estado a contrair ou garantir operações
(dois) anos, vedada a recondução para o mesmo cargo de crédito, internas ou externas, inclusive sob a forma de
na eleição imediatamente subsequente, dentro da mes- títulos do Tesouro;
ma Legislatura; XXI - autorizar a consulta plebiscitária;
III - criar, transformar ou extinguir cargos, empregos e XXII - mudar temporariamente sua sede;
funções dos seus serviços, na sua administração direta, XXIII - convocar, inclusive por deliberação de maioria
autárquica ou fundacional, bem como fixar e modificar, absoluta de suas comissões, Secretário de Estado e Pro-
mediante lei de sua iniciativa, as respectivas remunera- curadores Gerais do Estado e da Justiça e dirigentes da
ções, observados os parâmetros estabelecidos na lei de administração indireta, para que prestem informações,
diretrizes orçamentárias; pessoalmente, no prazo de trinta dias, importando em
IV - conhecer do veto e sobre ele deliberar; crime de responsabilidade ausência sem justificação
V - autorizar o Governador e o Vice-Governador do Es- adequada;
tado a se ausentarem do País e do Estado, por período XXIV - dar posse ao Governador e ao Vice-Governador e
superior, respectivamente, a quinze e trinta dias; conhecer da renúncia de qualquer deles;
VI - aprovar e suspender a intervenção estadual nos XXV - apreciar em votação secreta a indicação de inte-
Municípios e solicitá-la para o Estado; grantes de órgãos colegiados, conforme determinar a lei;
VII - sustar os atos normativos do Poder Executivo, exce- XXVI - promover periodicamente a consolidação dos
dentes do poder regulamentar; textos legislativos, com a finalidade de tornar acessível
VIII - fixar, por lei de sua iniciativa, o subsídio do Gover- ao cidadão a consulta às leis;
nador, do Vice-Governador e dos Secretários de Estado, XXVII - suspender a eficácia de ato normativo estadual
observado o que dispõe a Constituição Federal; ou municipal declarado inconstitucional em face desta
IX - julgar as contas prestadas pelo Governador, até ses- Constituição, por decisão definitiva do Tribunal de Jus-
senta dias do recebimento do parecer prévio do Tribunal tiça do Estado;
de Contas do Estado, e apreciar os relatórios sobre exe- XXVIII - (Revogado).
cução dos planos de governo; XXIX - deliberar sobre censura a Secretário de Estado,
X - proceder às tomadas de contas do Governador, por maioria absoluta de votos;
quando não apresentadas nos prazos estabelecidos nes- XXX - aprovar previamente contratos a serem firmados
ta Constituição; pelo Poder Executivo, destinados a concessão e permis-
XI - julgar as contas anualmente prestadas pelo Tribu- são para exploração de serviços públicos, na forma da
nal de Justiça, pelo Tribunal de Contas do Estado e pelo lei.
Tribunal de Contas dos Municípios, realizando, periodi-
camente, inspeções auditoriais; Competência legislativa: controle do orçamento público do
XII - fiscalizar e controlar os atos do Poder Executivo, Estado; matérias de interesse regional; criação/fusão/incorpo-
inclusive os da administração indireta; ração/desmembramento/extinção de Municípios; organização
XIII - autorizar convênios, convenções ou acordos a se- administrativa do Estado; controle de efetivo de segurança pú-
rem celebrados pelo Governo do Estado com entidades blica (PM/CBM); divisão das competências administrativas em
de direito público ou privado e aprovar, sob pena de nu- Secretarias; questões sobre bens e serviços públicos estaduais;
lidade, os que, por motivo de urgência ou de interesse matérias direito tributário, financeiro, penitenciário, econômico
público, forem efetivados sem autorização, a serem en- e urbanístico, além de procedimentos, entre outras.
caminhados nos dez dias subsequentes à sua celebração; Demais funções: além da atividade propriamente legis-
XIV - solicitar a intervenção federal para assegurar o li- lativa, a Assembleia desempenha um papel de controle do
vre funcionamento da instituição; Executivo e do Judiciário, consoante ao Sistema de Pesos
XV - processar e julgar o Governador, o Vice-Governador e Contrapesos instituído pela Separação de Poderes, o que
e os Secretários de Estado nos crimes de responsabilidade; envolve, entre outros aspectos, apreciação da prestação de
XVI - indicar, após arguição pública, cinco dos sete mem- contas e deliberação sobre cargos e remuneração destes.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

bros dos Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios,


em votação secreta e por maioria absoluta de votos, na
forma de seu regimento; #FicaDica
XVII - apreciar, mediante votação secreta decidida por
maioria absoluta de votos, a indicação pelo Governador Sistema bicameral – Federal – Congresso
do Estado de Desembargador do Tribunal de Justiça, Juiz Nacional = Câmara dos Deputados + Senado
do Tribunal de Alçada, de dois integrantes de cada Tri- Federal
bunal de Contas e do Procurador Geral do Estado; Sistema unicameral – Estadual – Assembleia
XVIII - deliberar sobre a destituição do Procurador Geral Legislativa
de Justiça e do Defensor Público-Geral do Estado, por Em ambos sistemas, além da típica função
maioria absoluta, antes do término de seu mandato; de legislar, o Legislativo tem o papel de
XIX - editar decretos legislativos e resoluções que serão controle do Executivo e do Judiciário – pesos e
regulados no Regimento Interno da Assembleia Legis- contrapesos ou checks and balances.
lativa;

38
§ 3º - O Governador e Vice-Governador eleitos tomarão
posse em 1º de janeiro do ano subsequente ao de sua
EXERCÍCIO COMENTADO eleição.

(AL-BA - Técnico de Nível Superior - Economia - FGV - Art. 101 - O Governador e o Vice-Governador tomarão
2014) Segundo a Constituição Estadual, cabe à Assembleia posse em sessão da Assembleia Legislativa, prestando
Legislativa do Estado da Bahia legislar sobre as seguintes o seguinte compromisso: “Prometo manter, defender e
matérias de competência do Estado: cumprir a Constituição Federal e a do Estado, observar
I. operações de crédito, dívida pública e emissão de títulos as leis, promover o bem geral do povo baiano e sustentar
do Tesouro; a integridade e a autonomia do Estado da Bahia”.
II. autorização para alienar ou gravar bens imóveis do Es- § 1º - O Vice-Governador substituirá o Governador, no
tado; caso de impedimento, e suceder-lhe-á, no de vaga.
III. exploração de jazidas, minas e outros recursos minerais, § 2º - O Vice-Governador, além de outras atribuições
além da indústria metalúrgica. que lhe forem conferidas por lei complementar, auxiliará
Assinale: o Governador, sempre que por ele convocado para mis-
sões especiais.
a) se somente a afirmativa I estiver correta.
b) se somente a afirmativa III estiver correta. Art. 102 - Em caso de impedimento do Governador e do
c) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas. Vice-Governador, ou de vacância dos respectivos cargos,
D. se somente as afirmativas I e III estiverem corretas. serão sucessivamente chamados ao exercício da chefia
E. se somente as afirmativas II e III estiverem corretas. do Poder Executivo, o Presidente da Assembleia Legisla-
tiva e o Presidente do Tribunal de Justiça.
Resposta: Letra C. I e II. Disciplina a Constituição da § 1º - Vagando os cargos de Governador e Vice-Gover-
Bahia em seu artigo 70: “Cabe à Assembleia Legislati- nador, far-se-á eleição noventa dias depois de aberta a
va, com a sanção do Governador, legislar sobre todas última vaga.
as matérias de competência do Estado, especialmente § 2º - Ocorrendo a vacância nos últimos dois anos do
sobre: [...] V - operações de crédito, dívida pública e mandato governamental, a eleição para ambos os car-
emissão de títulos do Tesouro; [...] X - autorização para gos será feita trinta dias depois da última vaga, pela As-
alienar ou gravar bens imóveis do Estado”. Respectiva- sembleia Legislativa, na forma da lei.
mente, os incisos V e X correspondem aos itens I e II. § 3º - Em qualquer dos casos previstos nos parágrafos
III. Está errado porque é competência privativa da União anteriores, os eleitos deverão completar o período dos
legislar sobre exploração de jazidas, minas e outros re- seus antecessores.
cursos minerais, de acordo com o artigo 22, XII da CF. § 4º - Se a Assembleia Legislativa não estiver reunida,
será convocada por seu Presidente, dentro de cinco dias,
a contar da vacância.
CAPÍTULO II
DO PODER EXECUTIVO Art. 103 - Implicará renúncia ao cargo a não-assunção
SEÇÃO I pelo Governador ou Vice-Governador até trinta dias
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS após a data fixada para a posse, salvo motivo de força
maior.
Art. 99 - O Poder Executivo é exercido pelo Governador
do Estado, com o auxílio dos Secretários de Estado. Art. 104 - O Governador e Vice-Governador não pode-
rão, sem licença da Assembleia Legislativa, ausentar-se
Art. 100 - A eleição do Governador e do Vice-Governa- do País e do Estado, por período superior, respectivamen-
dor do Estado, para mandato de quatro anos será rea- te, a quinze e trinta dias, sob pena de perda do mandato.
lizada no primeiro Domingo de outubro, em primeiro
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

Parágrafo único - O Governador perderá o mandato se:


turno, do ano anterior ao do término do mandato dos I - assumir outro cargo ou função na Administração
seus antecessores. Pública direta ou indireta, ressalvada a posse em virtude
§ 1º - Serão considerados eleitos Governador e Vice- de concurso público, observado o que dispõe o art. 28,
-Governador os candidatos que, registrados por parti- §1º, da Constituição Federal;
do político, obtiverem a maioria absoluta de votos, não II - não tomar posse, salvo motivo de força maior, na
computados os em branco e os nulos. data fixada ou dentro da prorrogação concedida pela
§ 2º - Se nenhum candidato alcançar maioria absoluta Assembleia Legislativa;
na primeira votação, far-se-á nova eleição, a se realizar III - for condenado por crime comum ou de responsabi-
no último Domingo de outubro, em segundo turno, do lidade;
ano anterior ao do término do mandato de seus ante- IV - perder ou tiver suspensos os direitos políticos;
cessores, concorrendo os dois candidatos mais votados, V - não reassumir, salvo motivo de força maior, o exercí-
considerado eleito o que obtiver a maioria dos votos vá- cio do cargo, até trinta dias depois de esgotado o prazo
lidos. da licença concedida.

39
Art. 104-A - Cessada a investidura no cargo de Governa- VII - enviar mensagem à Assembleia Legislativa, no iní-
dor do Estado, quem o tiver exercido pelo tempo mínimo cio de cada sessão legislativa, expondo a situação eco-
de 4 (quatro) anos ininterruptos ou 5 (cinco) intercala- nômica, financeira, administrativa, política e social do
dos fará jus, a título de pensão especial, a um subsídio Estado;
mensal e vitalício igual à remuneração do cargo, desde VIII - decretar e fazer executar a intervenção no Municí-
que tenha contribuído para a previdência oficial por, no pio, na forma desta Constituição;
mínimo, 30 (trinta) anos. IX - celebrar ou autorizar convênios, na forma da lei;
§ 1º - Caso o beneficiário venha a exercer mandato ele- X - prestar as informações solicitadas pelos Poderes Le-
tivo, ser-lhe-á assegurado, durante o exercício, o direito gislativo e Judiciário, nos casos e prazos fixados em lei;
de opção pela percepção da pensão especial ou do sub- XI - enviar à Assembleia o Plano Plurianual, o Projeto
sídio do mandato. de Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Proposta do Or-
§ 2º - Lei de iniciativa da Assembleia Legislativa estabe- çamento anual;
lecerá uma estrutura de apoio para os ex-Governadores XII - decretar as situações de emergência e estado de
que façam jus ao benefício previsto no caput deste ar- calamidade pública;
tigo. XIII - prover e extinguir cargos públicos estaduais, na
forma da lei;
O Poder Executivo tem por função principal a de admi- XIV - convocar extraordinariamente a Assembleia Legis-
nistrar a coisa pública, gerindo o patrimônio estatal em prol lativa, nos casos previstos nesta Constituição;
do interesse comum da população. Na esfera federal, este XV - prestar, anualmente, à Assembleia Legislativa, den-
papel é desempenhado pelo Presidente da República e por tro de quinze dias após a abertura da sessão legislativa,
seu Vice-Presidente, com auxílio dos Ministros de Estado. Na as contas referentes ao exercício anterior;
esfera estadual, o papel é do Governador com seu Vice-Go- XVI - solicitar intervenção federal;
vernador, auxiliados pelos Secretários de Estado. XVII - contrair empréstimos externos ou internos e fazer
O governador é eleito nos mesmos moldes e na mesma operações ou acordos externos de qualquer natureza,
eleição que o Presidente da República: em primeiro turno, no após autorização da Assembleia Legislativa, observada
1º domingo de outubro; em segundo turno, se não atingir a a Constituição Federal;
maioria no primeiro, no último domingo de outubro. XVIII - representar aos Tribunais contra leis e atos que
Ocorrendo impedimento temporário de exercício do car- violem dispositivos da Constituição Federal e desta
go pelo Governador, lhe sucede o Vice-Governador e, no im- Constituição;
pedimento deste, o chefe do legislativo (Presidente da As- XIX - dispor sobre a organização e o funcionamento dos
sembleia) e o chefe do judiciário (Presidente do TJBA), nesta órgãos da administração estadual, na forma da lei;
ordem. XX - exercer o comando supremo da Polícia Militar e
Ocorrendo vacância definitiva do cargo de Governador, do Corpo de Bombeiros Militar, promover seus oficiais e
será sucedido pelo Vice-Governador. Vagando ambos car- nomeá-los para os cargos que lhe são privativos;
gos, serão convocadas novas eleições, que serão diretas caso XXI - exercer outras atribuições previstas nesta Consti-
a vacância ocorra nos dois primeiros anos e indiretas caso tuição.
ela ocorra nos dois últimos, cabendo ao eleito completar o
mandato.
#FicaDica
SEÇÃO II Poder Executivo – exerce tipicamente a
DAS ATRIBUIÇÕES DO GOVERNADOR DO ESTADO função de administrar a coisa pública, mas
eventualmente tem papéis de controle do
Art. 105 - Compete privativamente ao Governador do Legislativo e do Judiciário (ex.: controla o
Estado: Legislativo ao sancionar, promulgar, vetar
I - representar o Estado, na forma desta Constituição e e publicar as leis) – Seu representante é o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

da lei; Governador do Estado, substituído em sua


II - exercer, com auxílio dos Secretários de Estado, a dire- ausência pelo Vice-Governador.
ção superior da administração estadual;
III - nomear e exonerar os Secretários de Estado e o Pro-
curador Geral do Estado;
IV - iniciar o processo legislativo na forma e nos casos
previstos nesta Constituição; EXERCÍCIO COMENTADO
V - sancionar, promulgar, vetar, fazer publicar as leis e,
para sua fiel execução, expedir decretos e regulamentos; (AL-BA - Técnico de Nível Superior - Economia - FGV -
VI - nomear Desembargadores, o Procurador-Geral de 2014) Leis de iniciativa do Poder Executivo estabelecerão:
Justiça, o Defensor Público-Geral, os Conselheiros dos I. Plano plurianual.
Tribunais de Contas do Estado e dos Municípios, na for- II. Diretrizes orçamentárias.
ma desta Constituição. III. Orçamentos anuais.

40
Está(ão) correto(s): bendo ao Presidente do Tribunal, que proferir a decisão
exequenda, determinar o pagamento segundo as pos-
a). I e II, somente. sibilidades do depósito e autorizar, a requerimento do
b) I e III, somente. credor e exclusivamente para o caso de preterição do seu
c) II, somente. direito de precedência, o sequestro da quantia necessá-
d) III, somente. ria à satisfação do débito, assegurando-se à atualização
e) I, II e III. monetária indexador oficial, pré-estabelecido, a ser apu-
rado na época do pagamento.
Resposta: Letra E. Nos termos da Constituição do Esta- Precatório é o instrumento pelo qual o Poder Judiciário
do da Bahia, especificamente de seu artigo 159, “leis de requisita, à Fazenda Pública, o pagamento a que esta te-
iniciativa do Poder Executivo estabelecerão: nha sido condenada em processo judicial. Grosso modo,
I - plano plurianual; é o documento pelo qual o Presidente de Tribunal, por
II - diretrizes orçamentárias; solicitação do Juiz da causa, determina o pagamento
III - orçamentos anuais”. de dívida da União, de Estado, Distrito Federal ou do
Município, por meio da inclusão do valor do débito no
orçamento público.
CAPÍTULO III
DO PODER JUDICIÁRIO Art. 112 - (Revogado)
SEÇÃO I
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS Art. 113 - O Tribunal de Justiça poderá constituir órgão
especial, com o mínimo de onze e o máximo de vinte e
Art. 110 - São órgãos do Poder Judiciário: cinco membros, para o exercício das atribuições admi-
I - o Tribunal de Justiça; nistrativas e jurisdicionais do Tribunal Pleno.
II - o Tribunal de Alçada;
III - os Tribunais do Júri; Art. 114 - Os julgamentos, em todos os órgãos do Poder
IV - os Juízes de Direito; Judiciário, serão públicos e fundamentadas as suas de-
V - o Conselho de Justiça Militar; cisões, sob pena de nulidade, podendo a lei, somente se
VI - os Juizados Especiais; o interesse público o exigir, limitar a presença, em deter-
VII - os Juizados de Pequenas Causas; minados atos, às partes e seus advogados, ou somente
VIII - os Juizados de Paz. a estes.

Art. 111 - o Poder Judiciário goza de autonomia admi- Art. 115 - Os subsídios dos Magistrados serão fixados
nistrativa e financeira. mediante lei de iniciativa do Poder Judiciário, não po-
§ 1º - O Tribunal de Justiça elaborará a proposta orça- dendo ser superior a noventa e cinco por cento do sub-
mentária do Poder Judiciário, ouvidos os outros Tribu- sídio mensal dos Ministros dos Tribunais Superiores, ob-
nais de segunda instância, dentro dos limites estipulados servando a diferença entre uma e outra categoria, que
conjuntamente com os demais Poderes, na lei de Dire- não pode ser superior a dez por cento ou inferior a cinco
trizes Orçamentárias, encaminhando-a à Assembleia por cento, obedecido, em qualquer caso, o que dispõe o
Legislativa. art. 93, V, da Constituição Federal.
§ 2º - Durante a execução orçamentária, o numerário § 1º - Os Magistrados sujeitam-se aos impostos gerais,
correspondente à dotação do Poder Judiciário será re- incluindo o de renda, e aos impostos extraordinários,
passado, ao menos, em duodécimos, até o dia vinte de bem como aos descontos fixados em lei.
cada mês, sob pena de responsabilidade. § 2º - A aposentadoria dos magistrados e a pensão de
§ 3º - Os pagamentos devidos pela Fazenda Estadual seus dependentes serão revistas segundo os mesmos ín-
ou Municipal, em virtude de condenação judicial, serão dices dos subsídios daqueles em atividade, observado o
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

feitos exclusivamente na ordem cronológica de apresen- que dispõe a Constituição Federal.


tação dos precatórios e à conta dos respectivos créditos,
proibida a designação de casos ou pessoas nas dotações Art. 116 - O Estado organizará sua Justiça, segundo o
orçamentárias e nos créditos adicionais abertos para disposto na Constituição Federal, observados os seguin-
este fim, à exceção dos de natureza alimentar. tes princípios:
§ 4º - É obrigatória a inclusão, no orçamento das entida- I - ingresso na carreira, no cargo inicial de Juiz substitu-
des de direito público, de verba necessária ao pagamen- to, através de concurso público de provas e títulos, com
to de seus débitos constantes de precatórios judiciários, a participação da Ordem dos Advogados do Brasil, em
apresentados até 1º de julho, data em que terão atuali- todas as suas fases, respeitada, nas nomeações, a ordem
zados seus valores, fazendo-se o pagamento até o final de classificação;
do exercício seguinte. II - promoção de entrância para entrância, alternada-
§ 5º - As dotações orçamentárias e os créditos abertos mente, por antiguidade e merecimento, atendidas as
serão consignados ao Poder Judiciário, recolhendo-se as seguintes normas:
importâncias respectivas à repartição competente, ca-

41
a) na apuração da antiguidade, o Tribunal de Justiça Artigo 95, CF. Os juízes gozam das seguintes garantias:
somente poderá recusar o Juiz mais antigo, pelo voto I - vitaliciedade, que, no primeiro grau, só será adquiri-
de dois terços de seus membros, conforme procedimento da após dois anos de exercício, dependendo a perda do
próprio, repetindo-se a votação até fixar-se a indicação; cargo, nesse período, de deliberação do tribunal a que o
b) é obrigatória a promoção do juiz que figure por três juiz estiver vinculado, e, nos demais casos, de sentença
vezes consecutivas ou cinco alternadas em lista de me- judicial transitada em julgado;
recimento; II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi-
c) aferição de merecimento pelos critérios de presteza e co, na forma do art. 93, VIII;
segurança no exercício da jurisdição, comprovação de III - irredutibilidade de subsídio, ressalvado o disposto
residência na sede da respectiva comarca e frequência nos artigos 37, X e XI, 39, § 4º, 150, II, 153, III, e 153, §
e aproveitamento em cursos reconhecidos de aperfeiço- 2º, I.
amento;
d) a promoção por merecimento pressupõe dois anos de a) Vitaliciedade – trata-se da garantia de que o magis-
exercício na respectiva entrância e integrar o Juiz a pri- trado não perderá o cargo a não ser em caso de sen-
meira quinta parte da lista de antiguidade desta, salvo tença judicial transitada em julgado. Nos primeiros dois
se não houver com tais requisitos quem aceite o lugar anos de exercício, não se adquire a garantia da vitali-
vago; ciedade, de modo que caberá a perda do cargo mesmo
III - instituição de cursos oficiais de preparação e aper- em caso de deliberação do tribunal ao qual o juiz estiver
feiçoamento de Magistrados como requisitos para in- vinculado.
gresso e promoção na carreira; b) Inamovibilidade – o magistrado não pode ser transfe-
IV - o Juiz titular residirá na respectiva comarca; rido da comarca ou seção na qual é titular e nem mesmo
V - o ato de remoção, disponibilidade ou aposentado- de sua vara, salvo motivo de interesse público, exigindo-
ria de Magistrado, por interesse público, fundar-se-á em -se no caso decisão por voto da maioria absoluta do
decisão, pelo voto de dois terços do Tribunal de Justiça, respectivo tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça,
assegurada ampla defesa; assegurada ampla defesa.
VI - nenhum Juiz poderá ser promovido ou removido c) Irredutibilidade de subsídio – o subsídio do magistra-
sem atestado da Corregedoria Geral da Justiça de que, do não pode ser reduzido, mas é necessário observar o
na Vara em que é titular, não existe processo concluso respeito aos limites de teto e demais limites financeiros
sem decisão e requerimento sem despacho; e orçamentários fixados na Constituição.
VII - observância da ordem cronológica de vacância no Prossegue o artigo 95 estabelecendo vedações aos juízes
provimento dos cargos de Juiz de Direito, nas entrâncias no exercício de suas funções ou em decorrência dele.
de 1º grau, tendo as Comarcas de maior período vago
precedência sobre as demais; Art. 118 - Aos magistrados é vedado:
VIII - o Juiz promovido ou removido só deixará a Vara I - exercer, ainda que em disponibilidade, outro cargo ou
em que é titular com a efetiva posse do novo titular. função, salvo uma de magistério;
II - receber, a qualquer título ou pretexto, custas ou par-
Art. 117 - Aos Magistrados são asseguradas as seguintes ticipação em processo;
garantias: III - dedicar-se a atividade político-partidária.
I - vitaliciedade, que no primeiro grau só será adquirida
após dois anos de exercício, dependendo a perda do car- Art. 119 - O Poder Judiciário funcionará ininterrupta-
go, nesse período, de deliberação do Tribunal de Justiça, mente, vedada a instituição de férias coletivas.
e, nos demais casos, de sentença judicial transitada em § 1º - O Tribunal de Justiça organizará sistema de plan-
julgado; tão de modo que, aos sábados, domingos e feriados, fun-
II - inamovibilidade, salvo por motivo de interesse públi- cionem Juízes em todo Estado, para conhecimento de
co, observado o que dispõe a Constituição Federal; mandado de segurança e habeas-corpus.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

III - irredutibilidade de subsídio, com a ressalva de que § 2º - Nas Comarcas de mais de uma Vara, os Juízes
trata o art. 95, III, da Constituição Federal. não poderão gozar férias no mesmo período.

Art. 120 - O habeas-corpus e o mandado de segurança


#FicaDica serão sorteados imediatamente à sua apresentação e re-
metidos ao julgador no mesmo dia, independentemente
As garantias da magistratura encontram do prévio pagamento da taxa judiciária e custas.
previsão no caput do artigo 95 da
Constituição Federal, sendo elas vitaliciedade, Art. 121 - A cada Município corresponderá uma comar-
inamovibilidade e irredutibilidade de subsídio. ca, dependendo a sua instalação de requisitos e condi-
ções instituídos por lei de organização judiciária.

[...]

42
SEÇÃO VI a) V, F, F.
DA JUSTIÇA MILITAR b) V, V, F.
c) V, F, V.
Art. 128 - A justiça Militar é exercida: d) F, V, V.
I - em primeiro grau, pelo Conselho de Justiça Militar; e) V, V, V.
II - em segundo grau, pelo Tribunal de Justiça, a quem
cabe decidir sobre a perda do posto e da patente dos Resposta: Letra A. Disciplina o artigo 110, CEBA: “são
oficiais, e sobre a perda da graduação dos praças. órgãos do Poder Judiciário: I - o Tribunal de Justiça; II - o
§ 1º - A constituição, o funcionamento e as atribuições Tribunal de Alçada; III - os Tribunais do Júri; IV - os Juí-
do Conselho de Justiça atenderão às normas da Lei de zes de Direito; V - o Conselho de Justiça Militar; VI - os
Organização Militar da União. Juizados Especiais; VII - os Juizados de Pequenas Causas;
§ 2º - A lei estadual poderá criar, mediante proposta do VIII - os Juizados de Paz”.
Tribunal de Justiça, o Tribunal de Justiça Militar. A primeira afirmação é verdadeira porque o artigo 110,
A Justiça Militar Estadual tem competência para proces- VIII, CEBA elenca os Juizados de Paz como órgãos do
sar e julgar os policiais militares e bombeiros militares Poder Judiciário do Estado da Bahia.
nos crimes militares definidos em lei. Os crimes milita- A segunda afirmação é falsa porque embora o artigo
res estão definidos no Código Penal Militar, CPM, e nas 106, II, CEBA de fato assim preveja, o enunciado pede
Leis Militares Especiais. Deve-se observar, que por força que o candidato responsa conforme o artigo 110, CEBA,
de disposição constitucional a Justiça Militar Estadual o qual nada diz a respeito desta matéria.
tem competência apenas e tão somente para julgar os A terceira afirmação é falsa porque embora o artigo 155,
militares estaduais, que são os integrantes das Forças 2o, CEBA de fato assim preveja, o enunciado pede que o
Auxiliares (Polícias Militares e Corpos de Bombeiros Mi- candidato responsa conforme o artigo 110, CEBA, o qual
litares). nada diz a respeito desta matéria.
A Justiça Militar Federal e Estadual possui organização
judiciária semelhante, com algumas particularidades. A
1 ª instância da Justiça Militar denomina-se Conselho de CAPÍTULO IV
Justiça, que tem como sede uma auditoria militar.
DAS FUNÇÕES ESSENCIAIS À JUSTIÇA E DA SEGU-
A 2 ª instância da Justiça Militar Estadual nos Estado de
RANÇA PÚBLICA
São Paulo, Rio Grande do Sul e Minas Gerais, é exercida
SEÇÃO I
pelo Tribunal de Justiça Militar que possui competência
DO MINISTÉRIO PÚBLICO
originária e derivada para processar e julgar os recursos
provenientes das auditorias militares estaduais. Nos de-
Art. 135 - O Ministério Público é instituição permanente,
mais Estados-membros da Federação, a 2ª instância da
essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-
Justiça Militar é exercida por uma Câmara Especializada
do Tribunal de Justiça em atendimento ao Regimento -lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático
Interno e Lei de Organização Judiciária” . e dos interesses sociais e individuais indisponíveis.
§ 1º - O Ministério Público Estadual é exercido:
I - pelo Procurador Geral de Justiça;
#FicaDica II - pelos Procuradores de Justiça;
III - pelos Promotores de Justiça;
Primeiro grau – Conselho de Justiça Militar IV - pelas Curadorias Especializadas.
Segundo grau – Tribunal de Justiça. § 2º - São princípios institucionais do Ministério Público
a unidade, a indivisibilidade e a independência funcio-
nal, gozando os seus membros das garantias de vitali-
ciedade, inamovibilidade e irredutibilidade de subsídios,
nos termos do que dispõe o art. 128, §5º, I, c, da Consti-
EXERCÍCIO COMENTADO
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

tuição Federal.
§ 3º - Lei complementar, cuja iniciativa pode ser do Pro-
(TJ-BA - Atendente Judiciário - CEFET-BA - 2006) Ten- curador Geral de Justiça, estabelecerá a organização, as
do-se em vista o Art. 110 da Constituição do Estado da atribuições e o Estatuto do Ministério Público, observa-
Bahia, é correto afirmar: das as disposições da Constituição Federal.
( ) Os Juizados de Paz são órgãos do Poder Judiciário.
( ) Os atos do governador que atentem contra o livre exer- Art. 136 - Ao Ministério Público é assegurada autonomia
cício dos Poderes Legislativo e Judiciário, dos Tribunais de administrativa e funcional, cabendo-lhe:
Contas do Estado e dos Municípios, do Ministério Público I - propor ao Poder Legislativo a criação, transforma-
e dos Poderes dos Municípios constituem crimes de res- ção e extinção de seus cargos de carreira e os dos servi-
ponsabilidade. ços auxiliares, bem como a política remuneratória e os
( ) A aposentadoria dos magistrados e a pensão de seus de- planos de carreira, inclusive a fixação e alteração dos
pendentes serão revistas segundo os mesmos índices dos respectivos subsídios e remunerações, observados os cri-
subsídios daqueles em atividade. térios estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias;

43
II - elaborar seu Regimento Interno; VII - proteger o menor desamparado, zelando pela sua
III - praticar atos de provimento, promoção e remoção, segurança e seus direitos, encaminhando-o e assistindo-
bem como de aposentadoria, exoneração e demissão de -o junto aos órgãos competentes;
seus membros e servidores, na forma da lei; VIII - exercer o controle externo da atividade policial,
IV - eleger os integrantes dos órgãos da sua administra- requisitar diligências, receber inquéritos e inspecionar
ção superior; as penitenciárias, estabelecimentos prisionais, casas de
V - elaborar sua proposta orçamentária; recolhimento compulsório de qualquer natureza e quar-
VI - organizar suas secretarias, os serviços auxiliares das téis onde existam pessoas presas ou internadas;
Procuradorias, Promotorias de Justiça e as Curadorias IX - fiscalizar os estabelecimentos que abriguem idosos,
Especializadas, inclusive a do meio ambiente. menores, incapazes e deficientes, bem como, de modo
Parágrafo único - Aos membros do Ministério Público, geral, hospitais e casas de saúde;
junto aos Tribunais de Contas, aplicam-se as disposições X - requerer aos Tribunais de Contas a realização de au-
desta Seção, pertinentes a direitos, vedações e forma de ditoria financeira em Prefeituras, Câmaras Municipais,
investidura. órgãos e entidades da administração direta ou indireta,
do Estado e dos Municípios;
Art. 137 - Ao Ministério Público aplicam-se os seguintes XI - funcionar junto às comissões de inquérito do Poder
preceitos: Legislativo por solicitação deste;
I - ingresso na carreira mediante concurso público de XII - fiscalizar as fundações e as aplicações de verbas
provas e títulos, assegurada a participação da Ordem destinadas às entidades assistenciais;
dos Advogados do Brasil em sua realização e observada XIII - defender judicialmente os direitos e interesses das
a ordem de classificação nas nomeações; populações indígenas;
II - promoção voluntária por antiguidade e merecimen- XIV - atuar junto aos Tribunais de Contas.
to, de entrância a entrância e de entrância mais elevada
para o cargo de Procurador, aplicando-se, no que cou- Art. 139 - Aos membros do Ministério Público Estadual
ber, as regras adotadas para o Poder Judiciário;
é vedado:
III - indicação do Procurador Geral de Justiça, dentre os
I - receber, a qualquer título e sob qualquer pretexto,
integrantes da carreira com o mínimo de dez anos na
honorários, percentagens ou custas processuais;
Instituição, através de lista tríplice elaborada mediante
II - exercer a advocacia;
voto de todos os seus membros, no efetivo exercício de
III - participar de sociedade comercial, na forma da lei;
suas funções, para nomeação pelo Governador do Es-
IV - exercer, ainda que em disponibilidade, qualquer ou-
tado;
tra função pública, salvo uma de magistério;
IV - garantia de mandato de dois anos do Procurador
V - exercer atividade político-partidária, salvo exceções
Geral de Justiça, cuja destituição, antes de findar-se este
período, somente poderá ocorrer pelo voto da maioria previstas na lei.
absoluta da Assembleia Legislativa, mediante votação
secreta; O Ministério Público desempenha um papel importan-
V - residência obrigatória na Comarca da respectiva lo- tíssimo frente ao Poder Judiciário e, por isso, o artigo 127,
tação. caput da Constituição Federal o considera essencial à função
jurisdicional do Estado e o coloca como instituição perma-
Art. 138 - Compete ao Ministério Público: nente.
I - promover, privativamente, a ação penal pública na O papel institucional, também descrito no caput do ar-
forma da lei; tigo 127, envolve alguns aspectos, aqui estudados com base
II - zelar pelo efetivo respeito dos Poderes Públicos e dos no entendimento de Mazzilli :
serviços de relevância pública aos direitos assegurados a) Defesa da ordem jurídica – fazer valer o ordenamento
na Constituição Federal e nesta Constituição, promo- jurídico pátrio, buscar a efetividade na aplicação de
suas normas, eventualmente, utilizar-se de princípios
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

vendo as medidas necessárias à sua garantia;


III - promover o inquérito civil e a ação civil pública, para constitucionais para buscar a efetividade da própria
proteção do patrimônio público e social, do meio am- Constituição quanto aos direitos sem regulamenta-
biente e de outros interesses difusos e coletivos; ção extensa. O Ministério Público funciona como um
IV - promover a ação de inconstitucionalidade e a repre- guardião da lei e da ordem, fazendo com que ela seja
sentação para fins de intervenção do Estado, nos casos cumprida, notadamente nos casos em que interesses
previstos nesta Constituição; da coletividade ou de indivíduos hipossuficientes es-
V - conhecer de representação por violação de direitos tão em jogo.
humanos e sociais, por abuso de poder econômico e ad- Neste sentido, o Ministério Público não atua em todos os
ministrativo, e dar-lhe curso junto ao órgão competente; casos em que há violação da lei, ou seja, em que há desres-
VI - requisitar procedimentos administrativos, informa- peito à ordem jurídica – existe prestação jurisdicional sem
ções, exames, perícias e vista de documentos a autori- Ministério Público. Nos casos mais graves de violação da or-
dades da administração direta e indireta, promovendo dem jurídica o Ministério Público atua, o que o constituinte
ainda as diligências que julgar necessárias; define como toda situação em que está em jogo o interesse

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social ou o interesse indisponível. Então, a defesa da ordem pendência funcional e por conta do próprio modelo
jurídica depende da lei violada, pois ela deve pertencer ao de federação adotado pelo Brasil – trata-se de hie-
campo de atuação do Ministério Público. rarquia exclusivamente administrativa, na atividade-
b) Defesa do regime democrático – O Ministério Público -meio.
pode existir sem a democracia, num regime autori- É fácil falar em unidade e indivisibilidade num Estado
tário, mas somente há efetiva autonomia e indepen- unitário, onde o Ministério Público só tem um chefe. No Bra-
dência do Ministério Público no regime democráti- sil, cada um dos Ministérios Públicos tem o seu chefe. A ver-
co. A manutenção da ordem jurídica e do sistema dade é que o constituinte brasileiro se inspirou na doutrina
democrático é condição para a paz e a liberdade francesa, aplicável a um Estado unitário, e a incorporou à
das pessoas, ou seja, do interesse social, razão pela Constituição Federal sem se atinar para as consequências
qual é papel do Ministério Público defender o regi- práticas do conceito.
me democrático. Os direitos garantidos na Consti- b) Indivisibilidade – a rigor, significaria dizer que o Mi-
tuição Federal são a base da democracia instituída nistério Público seria uma única instituição e os seus
na República brasileira e cabe ao Ministério Público membros poderiam se substituir por possuírem as
garantir o respeito a estes direitos. Ex.: fiscalização mesmas competências. Este conceito da doutrina
do processo eleitoral, coibição de violações aos di- francesa não pode ser transportado para o contex-
reitos fundamentais, buscar o respeito aos direitos to jurídico-constitucional brasileiro. Afinal, existem
das minorias, etc. vários Ministérios Públicos e o membro de um não
c) Defesa dos interesses sociais e individuais indispo- pode exercer a atribuição do membro de outro – um
níveis – Mazzilli aprofunda o tema: “Os direitos di- Ministério Público não pode se imiscuir na compe-
fusos compreendem grupos menos determinados tência do outro.
de pessoas (melhor do que pessoas indeterminadas, Como a finalidade do Ministério Público é uma só – servir
são antes pessoas indetermináveis), entre as quais ao interesse público – pode-se afirmar a unidade e a indivi-
inexiste vínculo jurídico ou fático preciso. São como sibilidade enquanto uma característica institucional. Como
feixe ou conjunto de interesses individuais, de objeto instituição, o Ministério Público é uno e indivisível. No sen-
indivisível, compartilhados por pessoas indeterminá- tido orgânico, é incorreto afirmar a unidade e a indivisibili-
veis, que se encontram unidas por circunstâncias de dade.
fato conexas. [...] Coletivos, em sentido estrito, são Trata-se de um órgão com uma só chefia e uma só fun-
interesses transindividuais indivisíveis de um grupo ção dentro de cada órgão do Ministério Público (MPU, MPT,
determinado ou determinável de pessoas, reunidas MPE, MPM, MPDFT) – este é o verdadeiro sentido de unidade
por uma relação jurídica básica comum. [...] Em sen- e indivisibilidade.
tido lato, os direitos individuais homogêneos não c) Independência funcional – É a liberdade de escrita e
deixam de ser também interesses coletivos. Tanto os fala na tomada dos atos institucionais. A indepen-
interesses individuais homogêneos como os difusos dência funcional é uma prerrogativa conferida aos
originaram-se de circunstâncias de fato comuns; en- membros do Ministério Público que deve coexistir
tretanto, são indetermináveis os titulares de interes- com a unidade e a indivisibilidade. Questiona-se até
ses difusos e o objeto de seu interesse é indivisível; já que ponto a hierarquia decorrente da unidade e da
nos interesses individuais homogêneos, os titulares indivisibilidade limita a independência funcional, afi-
são determinados ou determináveis, e o objeto da nal, os próprios conceitos de unidade e de indivisi-
pretensão é divisível), isto é, o dano ou a responsa- bilidade não são absolutos. Na prática, a unidade e
bilidade se caracterizam por sua extensão divisível a indivisibilidade são opostas à independência fun-
ou individualmente variável entre os integrantes do cional.
grupo)”. Não obstante, o Ministério Público tem autonomia fun-
Por seu turno, os princípios institucionais do Ministério cional e administrativa:
Público encontram-se no artigo 127, §1º da Constituição Fe- a) Autonomia funcional – Para que um órgão tenha auto-
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

deral: nomia funcional é preciso que “reúna, em torno de si,


três pressupostos básicos, quais sejam, uma lei, con-
Artigo 127, §1º, CF. São princípios institucionais do Mi- forme os ditames da Constituição, que o institua ju-
nistério Público a unidade, a indivisibilidade e a indepen- ridicamente; uma própria dotação orçamentária, que
dência funcional. seja a ele designada; e uma função específica que seja
por ele desempenhada, isto é, uma função peculiar” .
Explica Mazzilli : b) Autonomia administrativa – A autonomia administra-
a) Unidade – Se tem chefia, uma pessoa que está na tiva significa a soma de poderes da pessoa ou enti-
cabeça da estrutura institucional, tem-se unidade. dade para administrar os seus próprios negócios, sob
Sendo assim, unidade institucional relaciona-se ao qualquer aspecto, consoante as normas e princípios
princípio hierárquico. Se existe hierarquia, existe o institucionais de sua existência e dessa administra-
poder de avocar, delegar e designar (no Brasil, es- ção. Neste sentido, o poder conferido ao Ministério
tes poderes são limitados). Contudo, evidente que a Público de elaborar sua própria proposta orçamen-
hierarquia não tem força absoluta por conta da inde- tária.

45
SEÇÃO II
#FicaDica DAS PROCURADORIAS
- Papel institucional: Art. 140 - A representação judicial e extrajudicial, a
1o Defesa da ordem jurídica consultoria e o assessoramento jurídico do Estado, de suas
2o Defesa do regime democrático autarquias e fundações públicas competem à Procuradoria
3o Defesa dos interesses sociais e individuais Geral do Estado, órgão diretamente subordinado ao Gover-
indisponíveis nador.
- Princípios institucionais:
1o Unidade Art. 141 - A Procuradoria Geral do Estado será dirigida
2o Indivisibilidade por um Procurador Geral, nomeado em comissão, pelo
3o Independência funcional – inclui autonomia Governador, dentre cidadãos maiores de trinta e cinco
funcional e administrativa. anos, de notável saber jurídico e reputação ilibada, de-
pois de aprovada a escolha pela Assembleia Legislativa.

Art. 142 - A carreira de Procurador, a organização e o


EXERCÍCIO COMENTADO funcionamento da Procuradoria Geral do Estado serão
disciplinados em Lei Complementar, dependendo o in-
gresso na carreira de classificação em concurso público
(MPE-BA - Promotor de Justiça Substituto - MPE-BA - de provas e títulos, com participação da Ordem dos Ad-
2018) Em relação às regras estabelecidas para o Ministério vogados do Brasil em todas as suas fases.
Público na Constituição do Estado da Bahia, é correto afir- § 1º - Os cargos de Procurador da Fazenda Estadual que
mar que: estejam atualmente ocupados ficam transformados nos
de Procurador do Estado, passando a integrar o quadro
a) fiscalizar os estabelecimentos que abriguem idosos, da Procuradoria Geral do Estado, deles automaticamen-
menores, incapazes e deficientes, bem como, de modo te acrescidos nas classes correspondentes.
geral, hospitais e casas de saúde constitui uma das atri- § 2º - Aos Procuradores da Fazenda Estadual, que pas-
buições do Ministério Público. sam a integrar a carreira de Procurador do Estado, nas
b) cabe ao Ministério Público propor ao Poder Legislativo a respectivas classes, fica assegurado o exercício das fun-
aprovação do seu Regimento Interno, bem como a cria- ções de representação judicial, consultoria e assessora-
ção, transformação e extinção de seus cargos de carreira mento jurídico do Estado em matéria tributária, salvo
e dos serviços auxiliares. opção do Procurador em sentido diverso, observado o
c) o mandato do procurador-geral de Justiça é de dois interesse do serviço público.
anos, podendo ocorrer a sua destituição antes de findar-
-se esse período pelo voto de dois terços da Assembleia Art. 143 - Os subsídios dos cargos de Procurador do Es-
Legislativa. tado serão fixados com diferença não superior a dez por
d). é defeso ao membro do Ministério Público funcionar cento, e inferior a cinco por cento, de uma classe para
junto às comissões de inquérito do Poder Legislativo. outra, observado o que dispõe o art. 39, § 4º, da Consti-
e) cabe ao Ministério Público defender os direitos e interes- tuição Federal.
ses das populações indígenas, vedada a atuação judicial
em demandas que envolvam demarcações de terra. A Procuradoria do Estado desempenha o papel de repre-
sentar judicialmente e extrajudicialmente o Estado, prestan-
Resposta: Letra A. Fiscalizar os estabelecimentos que do ainda consultoria e aconselhamento jurídico, tanto na
abriguem idosos, menores, incapazes e deficientes, bem Administração Direta quanto na Indireta em relação às au-
como, de modo geral, hospitais e casas de saúde consti- tarquias e fundações públicas.
tui uma das atribuições do Ministério Público, eis que se
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

O chefe da Procuradoria do Estado é o Procurador Geral


insere no campo da defesa de interesses sociais e indivi- do Estado. O cargo é comissionado, cabendo ao Governa-
duais indisponíveis. dor indicar o ocupante, exigida aprovação pela Assembleia
B. Nos termos do artigo 136, II, CEBA, o Regimento Inter- Legislativa. O indicado deve ser maior de 35 anos e possuir
no não precisa ser aprovado pela Assembleia. notável saber jurídico e reputação ilibada.
C. Nos termos do artigo 137, IV, CEBA, a destituição de- Já os integrantes da Procuradoria do Estado, isto é, seus
pende de voto da maioria absoluta da Assembleia. membros, devem ingressar por concurso público de provas
D. É atribuição, conforme artigo 138, XI, CEBA. e títulos.
E. Nos termos do artigo 138, XIII, CEBA, pode defender
todos interesses inerentes à população indígena, o que
inclui demarcação de terras.

46
efeito, o Defensor Público é um advogado, mas que deve se
#FicaDica limitar ao exercício das atribuições institucionais a ele con-
feridas, submetendo-se a um regime de dedicação exclusiva.
Procuradoria do Estado – representação A Lei Complementar nº 80, de 12 de janeiro de 1994, or-
jurídica do Estado – O chefe, Procurador Geral, ganiza a Defensoria Pública da União, do Distrito Federal e
é indicado pelo Governador e aprovado pela dos Territórios e prescreve normas gerais para sua organiza-
Assembleia; os membros ingressam mediante ção nos Estados, e dá outras providências. Sendo assim, con-
concurso público. fere-se liberdade para a devida regulamentação no âmbito
dos Estados-membros, pois cada qual irá instituir a sua De-
fensoria Pública, guardada uma relação de compatibilida-
SEÇÃO III
de com a normativa mínima prevista na Lei Complementar
DA DEFENSORIA PÚBLICA
nº 80/1994. Neste sentido, o texto constitucional assegura
a autonomia funcional e administrativa, além da iniciativa
Art. 144 - A Defensoria Pública é instituição essencial à
orçamentária, a cada uma das Defensorias Públicas insti-
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a orien-
tuídas.
tação jurídica e a defesa, em todos os graus, dos neces-
sitados.
§ 1º - À Defensoria Pública é assegurada a autonomia #FicaDica
funcional, administrativa e a iniciativa de sua proposta
orçamentária dentro dos limites estabelecidos na Lei de Papel institucional: orientação jurídica e defesa
Diretrizes Orçamentárias, cujo encaminhamento com- dos necessitados (hipossuficientes), além da
pete ao Defensor Público-Geral. defesa de interesses difusos e coletivos.
§ 2º - A Defensoria Pública promoverá, em juízo ou fora Ingresso na carreira: o cargo de Defensor
dele, a defesa dos direitos e das garantias fundamentais Público deve ser preenchido por concurso
de todo cidadão, especialmente dos carentes, desempre- público de provas e títulos, sendo que o
gados, vítimas de perseguição política, violência policial chefe da Defensoria Pública, o Defensor Geral,
ou daqueles cujos recursos sejam insuficientes para cus- deve ser indicado em listra tríplice dentre
tear despesas judiciais. os integrantes da carreira e escolhido pelo
§ 3º - Na prestação da assistência jurídica aos necessita- Presidente da República.
dos, a Defensoria Pública contará com a colaboração da
Ordem dos Advogados do Brasil, pelas suas comissões
respectivas.

Art. 145 - Lei Complementar organizará a Defensoria EXERCÍCIO COMENTADO


Pública em cargos de carreira, providos na classe inicial,
mediante concurso público de provas e títulos, dentre
(DPE-BA - Defensor Público - CESPE - 2010) Acerca da
brasileiros, bacharéis em direito, inscritos regularmente
DP, de acordo com a CF, e da atuação da DP no estado da
na Ordem dos Advogados do Brasil.
Bahia, julgue o item seguinte.
§ 1º - O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Go-
A Constituição estadual incumbiu à Defensoria Pública do Es-
vernador e escolhido, dentre os integrantes da carreira
tado da Bahia a promoção, em juízo ou fora dele, da defesa
com mais de 35 anos de idade, de lista tríplice composta
dos direitos e das garantias fundamentais de todo cidadão,
pelos candidatos mais votados pelos Defensores Públi-
especialmente dos servidores públicos estaduais processa-
cos, no efetivo exercício de suas funções.
dos, civil ou criminalmente, no regular exercício do cargo.
§ 2º - Aos integrantes da carreira de Defensor Público é
assegurada a garantia da inamovibilidade e vedado o
exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. ( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

A Defensoria Pública, colocada no texto constitucional Resposta: “Errado”. Disciplina o artigo 144, § 2º, Cons-
como instituição permanente e essencial à função jurisdicio- tituição estadual: “A Defensoria Pública promoverá, em
nal do Estado, tem sua função institucional descrita no caput juízo ou fora dele, a defesa dos direitos e das garantias
do artigo 134 da Constituição Federal: orientação jurídica, fundamentais de todo cidadão, especialmente dos ca-
promoção dos direitos humanos e defesa dos interesses in- rentes, desempregados, vítimas de perseguição política,
dividuais dos mais necessitados e coletivos como um todo. violência policial ou daqueles cujos recursos sejam insu-
São princípios institucionais da Defensoria Pública a uni- ficientes para custear despesas judiciais”. Embora pos-
dade, a indivisibilidade e a independência funcional, os mes- sa fazer a defesa de servidores públicos estaduais pro-
mos que regem o Ministério Público. cessados, civil ou criminalmente, este não é seu papel
É conferida a garantia da inamovibilidade aos membros principal, mas sim a defesa de vítimas de perseguição
da Defensoria Pública, ao mesmo tempo em que é vedado política e violência policial e de pessoas com recursos
o exercício da advocacia fora das atribuições do cargo. Com insuficientes para custear despesas judiciais.

47
SEÇÃO IV Art. 148-A - O Corpo de Bombeiros Militar da Bahia,
DA SEGURANÇA PÚBLICA força auxiliar e reserva do Exército, organizado com base
na hierarquia e disciplina, é órgão integrante do siste-
Art. 146 - A segurança pública, dever do Estado, direito e ma de segurança pública, ao qual compete as seguintes
responsabilidade de todos, é exercida para preservação atividades:
da ordem pública e da incolumidade das pessoas e do I - defesa civil;
patrimônio. II - prevenção e combate a incêndios e a situações de
§ 1º - Lei disciplinará a organização e funcionamento pânico;
dos órgãos responsáveis pela segurança pública cujas III - busca, resgate e salvamento de pessoas e bens a
atividades serão concentradas num único órgão de ad- cargo do Corpo de Bombeiros Militar;
ministração, a nível de Secretaria de Estado, de modo a IV - instrução e orientação de bombeiros voluntários,
garantir sua eficiência. onde houver;
§ 2º - Os Municípios poderão constituir guardas munici- V - polícia judiciária militar, a ser exercida em relação a
pais destinadas à proteção de seus bens, serviços e ins- seus integrantes, na forma da lei federal.
talações, na forma da lei. Parágrafo único - O Corpo de Bombeiros Militar da
§ 3º- Os órgãos de segurança pública, além dos cursos Bahia será comandado por oficial da ativa da Corpora-
de formação, realizarão periódica reciclagem para aper- ção, do último posto do Quadro de Oficiais Bombeiros
feiçoamento, avaliação e progressão funcional dos seus Militares, nomeado pelo Governador.
servidores.
§ 4º - Os órgãos de segurança pública serão assessora- A Segurança Pública é dever do Estado, mas não apenas
dos e fiscalizados pelo Conselho de Segurança Pública, dele. É também dever e responsabilidade da sociedade, de
estruturado na forma da lei, guardando-se proporciona- todas pessoas. Seu propósito é a preservação da ordem pú-
lidade relativa à respectiva representação. blica e da incolumidade (proteção contra violação de bens
§ 5º - (Revogado) jurídicos) das pessoas e do patrimônio.
§ 6º - A polícia técnica será dirigida por perito, cargo Polícia Civil: polícia judiciária + apuração de infrações
organizado em carreira, cujo ingresso depende de con- penais (exceto militares, pois a PM e o CBM exercem polícia
curso público de provas e títulos. judiciária quanto aos seus membros). Dirigida por Delegado
de carreira. Os Delegados ingressam na carreira mediante
Art. 147 - À Polícia Civil, dirigida por Delegado de car- concurso público de provas e títulos, para o qual se exige o
reira, incumbem, ressalvada a competência da União, as grau de bacharel em Direito.
funções de polícia judiciária e a apuração de infrações Polícia Militar: polícia ostensiva de segurança + polícia
penais, exceto as militares. judiciária militar + garantia do poder de polícia às institui-
Parágrafo único - O cargo de Delegado, privativo de ções que o possuem. Comandada por oficial da ativa, que
bacharel em direito, será estruturado em carreira, de- ocupe o último posto da carreira, nomeado pelo governador.
pendendo a investidura de concurso de provas e títulos, Corpo de Bombeiros Militar: defesa civil + prevenção e
com a participação do Ministério Público e da Ordem combate a incêndios e a situações de pânico + busca, res-
dos Advogados do Brasil. gate e salvamento de pessoas e de bens + instrução e orien-
tação de bombeiros voluntários + polícia judiciária militar.
Art. 148 - À Polícia Militar, força pública estadual, insti- Guardas Municipais: instituídas no âmbito de Municípios
tuição permanente, organizada com base na hierarquia para proteger seus bens, serviços e instalações.
e disciplina militares, competem, entre outras, as seguin-
tes atividades:
I - polícia ostensiva de segurança, de trânsito urbano #FicaDica
e rodoviário, de florestas e mananciais e a relacionada
No âmbito do Estado da Bahia, a Segurança
com a prevenção criminal, preservação e restauração da
Pública é exercida pela Polícia Civil, pela Polícia
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

ordem pública;
Militar e pelo Corpo de Bombeiros Militar. Os
II e III - (Revogados)
órgãos atuam no âmbito dos Municípios, mas
IV - a polícia judiciária militar, a ser exercida em relação
isso não impede que estes criem suas Guardas
a seus integrantes, na forma da lei federal;
Municipais.
V - a garantia ao exercício do poder de polícia dos ór-
gãos públicos, especialmente os da área fazendária, sa-
nitária, de proteção ambiental, de uso e ocupação do
solo e do patrimônio cultural.
Parágrafo único - A Polícia Militar, força auxiliar e re-
serva do Exército, será comandada por oficial da ativa
da Corporação, do último posto do Quadro de Oficiais
Policiais Militares, nomeado pelo Governador.

48
EXERCÍCIO COMENTADO HORA DE PRATICAR!

(CBM-AL - Aspirante do Corpo de Bombeiros - CESPE 1. (FAPESP - Procurador - VUNESP/2018)


- 2017) Tendo em vista que a Emenda Constitucional nº Assinale a alternativa correta a respeito do Constituciona-
18, editada em 1998, atribui aos militares um regime cons- lismo.
titucional próprio, distinto do regime aplicável aos demais
servidores públicos, julgue o item subsequente, acerca das a) Os primeiros textos constitucionais emanaram como
disposições legais e doutrinárias aplicáveis aos agentes pú- consequência de manifestações populares que reivindi-
blicos militares. cavam direitos sociais a serem prestados pelo Estado.
A Constituição Federal de 1988 define a hierarquia e a dis- b) Na Antiguidade Clássica há registros de importantes
ciplina como bases organizacionais da polícia militar e do traços do surgimento do constitucionalismo, todavia, na
corpo de bombeiros. Idade Média, denominada Idade das Trevas, houve uma
regressão histórica do constitucionalismo.
c) Os pactos forais ou cartas de franquia, destinados a ga-
( ) CERTO ( ) ERRADO
rantir determinados direitos individuais da população,
ainda que timidamente, foram documentos importantes
Resposta: “Certo”. O artigo 42, CF/88, dispõe que “os
e reconhecidamente os primeiros do constitucionalismo
membros das Polícias Militares e Corpos de Bombeiros
a ter o caráter da universalidade.
Militares, instituições organizadas com base na hierar-
d). As Constituições Norte-Americana de 1789 e a Francesa
quia e disciplina, são militares dos Estados, do Distrito
de 1801 são os marcos históricos e formais do consti-
Federal e dos Territórios”. No mesmo sentido, discipli-
tucionalismo moderno, resultados da influência do so-
nam os artigos 148 e 148-A da Constituição do Estado
cialismo e da contraposição ao iluminismo, deflagrados
da Bahia.
pelo liberalismo clássico.
e) O totalitarismo constitucional, com forte conteúdo so-
cial, e o dirigismo comunitário, que busca expandir e
propagar a proteção aos direitos humanos, são expres-
sões ligadas à concepção doutrinária do constituciona-
lismo contemporâneo.

2. (TRT - 15ª Região - Técnico Judiciário - Área Adminis-


trativa - FCC/2018)
À luz da organização político-administrativa do Estado bra-
sileiro, na qual prevalece a autonomia das entidades fede-
rativas,

a) a autonomia baseia-se na existência de uma única esfera


governamental atuante sobre a população, em um mes-
mo território.
b) a Constituição Federal prevê mecanismos de proteção
do sistema federativo, tais como a repartição de com-
petências administrativas e legislativas entre os entes
federados.
c) a Constituição Federal prevê a possibilidade de institui-
ção de regiões metropolitanas por iniciativa legislativa
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

dos municípios limítrofes interessados na associação.


d) a autonomia é assegurada a todos os entes sob os as-
pectos administrativo e fiscal, cabendo, no entanto, so-
mente à União a autonomia legislativa.
e) a soberania, na qualidade de poder supremo consistente
na capacidade de autodeterminação do ente federado,
cabe à União e aos Estados membros.

49
3. (PC-PI - Perito Criminal - Engenharia Civil - NUCE- 6. (TRT 8ª Região - Analista Judiciário - Área Judiciária
PE/2018) - CESPE/2016) Acerca das finanças públicas, da ordem eco-
Acerca da forma e sistema de governo, chefia de estado e nômica e financeira, da reforma agrária, do sistema financei-
chefia de governo, assinale a alternativa CORRETA. ro nacional e da ordem social, assinale a opção correta de
acordo com a CF.
a) Atualmente, o Brasil adota a República como sistema de
governo. a) O sistema financeiro nacional regula-se por leis com-
b) No Parlamentarismo, as funções de Chefe de Estado e plementares, salvo no que se refere à participação de
de Chefe de Governo não são exercidas por uma única capital estrangeiro nas instituições financeiras, que será
pessoa. regulada por tratados internacionais.
c) No Presidencialismo, as funções de Chefe de Estado e b) É direito fundamental da pessoa humana o direito ao
Chefe de Governo encontram-se nas mãos de uma única meio ambiente ecologicamente equilibrado, cabendo
pessoa, qual seja, o Presidente da República; esta forma ao Estado e à coletividade a garantia desse direito.
de governo é a prevista na Constituição Brasileira. c) O texto constitucional atribui ao Congresso Nacional
d) O Brasil é uma República Presidencialista, e seus gover- a competência para fiscalizar a emissão de moeda no
nantes são eleitos indiretamente pelo povo. país, exclusivamente pelo Banco Central, nos termos de
e) A Monarquia é uma forma de governo em que há uma lei complementar.
participação direta do povo na escolha dos governantes. d) O concessionário dependerá de autorização ou conces-
são do proprietário do solo para a exploração de jazidas
4. (PC-SP - Delegado de Polícia - VUNESP/2018) e demais recursos minerais, cabendo ao proprietário
É correto afirmar que o Federalismo participação nos resultados da lavra.
e) A alienação ou a concessão de terras públicas com área
a) representa uma forma de Estado que possui um centro superior a dois mil e quinhentos hectares para fins de
único dotado de capacidade legislativa, administrativa e reforma agrária dependerá de prévia aprovação do
política, que é direcionado às unidades locais e regio- Congresso Nacional.
nais.
b) representa um sistema de governo, que analisa as rela- 7. (PC-PI - Delegado de Polícia Civil - NUCEPE/2018)
ções de poder existentes no âmbito da federação. Dentre as alternativas abaixo, assinale a que contém os
c) ocorreu no Brasil por meio de um movimento centrífuga princípios da ordem econômica:
(por segregação).
d) ocorreu no Brasil mediante um movimento centrípeta a) soberania nacional, propriedade privada, livre iniciativa e
(por agregação). tratamento favorecido a empresas brasileiras de sócios
e) representa uma forma de governo, que leva em consi- nacionais;
deração a quantidade de titulares que estão no poder. b) soberania nacional, defesa do consumidor, livre concorrên-
cia, propriedade privada, função social da propriedade.
5. (DPE-AM - Assistente Técnico de Defensoria - Assis- c) livre concorrência e da concessão de garantias pelas en-
tente Técnico Administrativo - Tabatinga - FCC/2018) tidades públicas.
Entre os princípios que informam a elaboração dos orça- d) hierarquização e a verticalidade.
mentos, conforme estabelecido pela Constituição Federal, e) livre concorrência e predominância do interesse do ente
insere-se o princípio da não afetação ou não vinculação, estatal.
que apresenta, como uma de suas expressões a f) constitucional, pois o direito à intimidade não pode ser in-
vocado pelos agentes públicos, adstritos que estão, em
a) impossibilidade de oferecimento à União, como garan- todos os atos de sua vida, ao princípio da publicidade.
tia, de produto de imposto do ente garantidor.
b) vedação à instituição de fundos de despesa com receitas 8. (TST – ANALISTA JUDICIÁRIO – TAQUIGRAFIA – CES-
PE – 2017) À luz da Constituição Federal, processo disciplinar
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

provenientes de taxas e outros tributos.


c) proibição de vinculação de produto de imposto da com- em face de magistrado poderá:
petência do próprio ente a órgão ou fundo da Adminis- I. ser revisto, de ofício, pelo Conselho Nacional de Justiça, des-
tração correspondente. de que julgado há menos de um ano.
d) possibilidade de desvinculação de percentual da recei- II. acarretar a perda do cargo, nos três primeiros anos de exer-
ta destinada à Saúde, para aplicação em despesa com cício, mediante deliberação do Tribunal a que o juiz estiver
Educação, a critério do ente federado. vinculado.
e) impossibilidade de oferecimento, pelos Estados, de re- III. acarretar sua aposentadoria, por interesse público, me-
cursos oriundos da participação em impostos da União diante decisão por voto da maioria absoluta do respectivo
como garantia a empréstimos. Tribunal ou do Conselho Nacional de Justiça.
Está correto o que consta APENAS em

50
a) I. 13. (DPE-BA - Defensor Público - CESPE - 2010) Acerca
b) II. da DP, de acordo com a CF, e da atuação da DP no estado
c) I e III. da Bahia, julgue o item seguinte.
d) I e II. O defensor público-geral do estado da Bahia é escolhido e
e) II e III. nomeado pelo governador do estado, entre os integrantes
da carreira com mais de 35 anos de idade, constantes de
9. (TCM-BA – AUDITOR ESTADUAL DE INFRAESTRUTU- lista sêxtupla elaborada pelo Conselho Superior da Defen-
RA – CESPE – 2018) No que se refere às funções essenciais à soria Pública.
justiça, é correto afirmar que:
( ) CERTO ( ) ERRADO
a) a defesa dos denominados interesses sociais e individuais
indisponíveis cabe à advocacia pública. 14. (PM-BA - Soldado da Polícia Militar - IBFC - 2017)
b) o Ministério Público dos estados é integrante do Ministé- Assinale a alternativa correta sobre a Defensoria Pública
rio Público da União. nos termos da Constituição do Estado da Bahia:
c) a Advocacia-Geral da União é a instituição responsável
pela representação judicial da União, não possuindo com- a) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Governa-
petência para representá-la extrajudicialmente. dor e escolhido, dentre os integrantes da carreira com
d) os procuradores dos estados são servidores públicos con- mais de 35 anos de idade, de lista tríplice composta pe-
cursados incumbidos da função de representação judicial los candidatos mais votados pelos Defensores Públicos,
e consultoria jurídica às respectivas unidades federadas. no efetivo exercício de suas funções.
e) a Defensoria Pública, por estar vinculada à procuradoria b) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Governa-
estadual, encontra-se sujeita às mesmas regras funcionais dor e escolhido, dentre os integrantes da carreira com
e administrativas estabelecidas pelo procurador-geral. mais de 30 anos de idade, de lista tríplice composta pe-
los candidatos melhor classificados no Concurso Público
10. (EFAZ-RS – AUDITOR DO ESTADO-BLOCO II – CES- específico para a função de Defensor Público-Geral.
PE – 2018) A ação constitucional que tem o cidadão como c) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presidente
legitimado ativo e que objetiva defender interesse difuso da Ordem dos Advogados do Brasil e escolhido, dentre
para anular ato lesivo ao patrimônio público, à moralidade os integrantes da carreira com mais de 35 anos de idade,
administrativa, ao meio ambiente e ao patrimônio histórico e de lista tríplice composta pelos candidatos mais votados
cultural denomina-se: pelos Advogados, no efetivo exercício de suas funções.
a) mandado de segurança. d) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presidente
b) habeas data. do Tribunal de Justiça e escolhido, dentre os integrantes
c) habeas corpus. da carreira com mais de 25 anos de idade, de lista trípli-
d) ação civil pública. ce composta pelos candidatos melhor classificados no
e) ação popular. Concurso Público específico para a função de Defensor
Público-Geral.
11. (TRE-BA – TÉCNICO JUDICIÁRIO – ÁREA ADMINIS- e) O Defensor Público-Geral será nomeado pelo Presidente
TRATIVA – CESPE – 2017) A Constituição Federal de 1988 da Ordem dos Advogados do Brasil e escolhido, dentre
estabelece que “todo o poder emana do povo”, que pode os integrantes da carreira com mais de 30 anos de idade,
exercê-lo diretamente. Nesse sentido, o instrumento consti- de lista tríplice composta pelos candidatos mais votados
tucional que materializa uma consequência advinda do prin- pelos Defensores Públicos e Promotores de Justiça, no
cípio invocado é o(a): efetivo exercício de suas funções ou em afastamento.
a) plebiscito.
b) filiação partidária.
NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

c) greve.
d) alistamento militar.
e) livre expressão da atividade intelectual.

12. (PGE-BA - Procurador do Estado - CESPE - 2014)


Julgue o item que se segue, com base nas disposições da
Constituição do Estado da Bahia.
O procedimento de emenda constitucional previsto no tex-
to da Constituição baiana obedece ao princípio da simetria.

( ) CERTO ( ) ERRADO

51
ANOTAÇÕES
GABARITO

1 E __________________________________________________
2 B ___________________________________________________
3 B ___________________________________________________
4 C
___________________________________________________
5 C
6 B ___________________________________________________

7 B ___________________________________________________
8 C ___________________________________________________
9 D
___________________________________________________
10 E
___________________________________________________
11 A
12 CERTO ___________________________________________________
13 ERRADO ___________________________________________________
14 A
___________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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52
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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53
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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54
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Precedentes históricos, Direito Humanitário, Liga das Nações e Organização Internacional do Trabalho (OIT)................. 01
A Declaração Universal dos Direitos Humanos/1948.................................................................................................................................. 05
Convenção Americana sobre Direitos Humanos/1969 (Pacto de São José da Costa Rica) (arts. 1° ao 32)............................ 06
Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (arts. 1° ao 15)........................................................................... 18
Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos/1966 (arts. 1° ao 271)............................................................................................. 19
Ocorre que, muito antes desta situação ocorrer, é pos-
PRECEDENTES HISTÓRICOS, DIREITO HU- sível dizer que já existiam os direitos de cada pessoa em
MANITÁRIO, LIGA DAS NAÇÕES E ORGA- razão de sua condição humana. De forma singela, eram
NIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO conhecidos como direitos naturais, ou seja, aquele que ad-
(OIT). vém da própria natureza da pessoa e não de um reconhe-
cimento por meio de uma lei.
Assim, atualmente, direitos humanos são todos aqueles
Conceituar direitos humanos parece fácil, afinal, todos direitos dos quais o indivíduo faz jus e que são reconhe-
sabem descrever quais seriam estes direitos e mais ainda, cidos tanto no âmbito do país de sua origem, quanto in-
saberiam explicar o que significam. ternacionalmente. Incluem, dentre estes, o direito à vida, à
No entanto, o conceito de direitos humanos foi construí- liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, dentre
do ao longo dos tempos, razão pela qual se torna necessário outros. No Brasil, são denominados pela doutrina como di-
abordar alguns aspectos referentes à sua evolução histórica. reitos fundamentais e previstos no art. 5º, da CF.
À princípio, é possível dizer que os direitos humanos, Porém, embora com denominações diferentes, é certo
tamanha sua importância, decorrem da dignidade inerente que estes direitos diante de sua importância devem ser ga-
a cada ser humano. rantidos a todos os cidadãos, sejam eles nacionais ou es-
Porém, será que o indivíduo sempre foi detentor de di- trangeiros e estejam em seu país de origem ou no exterior.
reitos decorrentes de sua condição humana?
Certamente a preocupação em se garantir direitos míni-
mos às pessoas foi uma consequência do final da II Guerra #FicaDica
Mundial. Considera-se que a guerra encerrou-se em se- Direitos humanos são os direitos de cada indi-
tembro de 1945. víduo reconhecidos em seu país e em âmbito
Neste mesmo ano, foi criada a Organização das Nações internacional.
Unidas (ONU), por meio da Carta da ONU, exatamente na
data de 24-10-1945. Trata-se de uma organização interna-
cional que foi criada pela junção de diversos países que
reuniram-se com o objetivo de buscar a paz mundial e pro- EXERCÍCIO COMENTADO
mover o desenvolvimento das nações.
Diante dos horrores da guerra que resultou em inúme- 1. (Bombeiro Militar-RO –Soldado- FUNCAB – 2009)
ras mortes e devastação de diversos territórios, a ONU sur- Com relação ao histórico de formação dos Direitos Hu-
giu como uma fonte de esperança e um compromisso sério manos no contexto global, é possível afirmar que tais atos
das nações em garantir que as pessoas tivessem respeita- ganharam grande relevância a partir de 1945, após a 2ª
dos seus direitos mínimos, pudessem ter seu direito à vida Guerra Mundial, uma vez que:
e à liberdade respeitados, bem como outros decorrentes
da dignidade que deve ser garantida a todos. a) as nações em todo o mundo assistiram a uma série de
Assim, é possível definir como um marco importante na barbáries e violações de direitos humanos que revela-
elaboração do conceito de direitos humanos o ano de 1948 ram a necessidade da criação de um efetivo sistema de
que foi aquele em que a ONU proclamou a Declaração Uni- proteção internacional desses direitos;
versal dos Direitos Humanos. b) as nações em todo o mundo passaram por um longo pe-
ríodo de depressão econômica que as fez refletir sobre
o sistema de proteção de direitos humanos proposto
#FicaDica pelas nações vencedoras da guerra;
O marco inicial dos direitos humanos foi a Car- c) foi criada a Organização das Nações Unidas(ONU), que
ta da ONU e a Declaração Universal dos Direi- impulsionou o sentimento nacionalista daquelas nações
tos Humanos. destruídas, ajudando-as a se reerguerem;
Recomenda-se àqueles que interessados so- d) foi criada a Organização das Nações Unidas(ONU)que
bre a história da ONU e que queiram infor- tratou de organizar a entrada de empresas transnacio-
mações mais detalhadas a respeito do marco nais americanas em território europeu, garantindo mais
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

inicial dos direitos humanos, acessar a referi- empregos para a população carente do velho continen-
da página no endereço<https://nacoesunidas. te;
org/conheca/>. e) o fracasso do nazismo na Alemanha e do fascismo na
Itália revelaram as fragilidades do modelo socialista que
fora implementado por essas nações durante a 2ª Gran-
Antes, porém, de serem positivados, estes direitos já de Guerra Mundial.
existiam.
Vale destacar que quando se fala em direito positivo se Resposta: Letra A - Conforme visto, com o fim da 2ª
refere àquele direito que foi incluído em um documento es- Guerra Mundial e diante de todas as consequências havi-
crito, tornando-se uma lei, após um processo legislativo e das em virtude de um período tão sangrento e de tantas
que diante desta condição, deverá ser respeitado por todos. perdas, houve a necessidade de união das nações de for-

1
ma a se chegar numa forma de garantir direitos mínimos comum. Henri Dunant, o idealizador do Comitê dos Cinco,
aos indivíduos, que deveriam ser respeitados por todos foi à falência e, por medo de comprometer-se a imagem
para buscar a paz mundial e evitar um novo massacre. da instituição, optou-se pela adoção de um novo nome, o
Assim, logo em outubro de 1945 foi assinada a Carta da Comitê Internacional da Cruz Vermelha.
ONU e a partir daí, foram pensados os direitos humanos. O Direito Internacional Humanitário visa regular a assis-
tência às vítimas dos conflitos armados e reduzir a violência
inerente à guerra, protegendo, fundamentalmente, os não
DIREITO HUMANITÁRIO, LIGA DAS NAÇÕES E OR- combatentes e os combatentes fora de combate.
GANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO Os princípios do Direito Internacional Humanitário
compreendem, dentre outros: universalidade; imprescri-
O processo de internacionalização dos direitos huma- tibilidade; neutralidade; não discriminação; humanidade;
nos tem antecedentes no pré-Primeira Guerra Mundial, transnacionalidade; inalienabilidade, irrenunciabilidade e
especificamente pelo surgimento do Direito Humanitário, indisponibilidade; e responsabilidade (pelo qual o Estado
e no pós-Primeira Guerra Mundial, notadamente, pela cria- e os indivíduos, militares ou civis, são os responsáveis pela
ção da Liga das Nações e da Organização Internacional do aplicação das normas de Direito Humanitário).
Trabalho com o Tratado de Versalhes de 1919. O Direito Humanitário protege tanto militares como ci-
Os três – Direito Humanitário, Liga das Nações e Orga- vis, protegendo fundamentalmente as seguintes categorias
nização Internacional do Trabalho – são os chamados an- de pessoas: os feridos; os doentes; os náufragos; os prisio-
tecedentes de internacionalização dos Direitos Humanos. neiros de guerra; os civis; o pessoal do serviço de saúde e
Consideram-se antecedentes da internacionalização por- dos serviços de socorro (“pessoal sanitário”); os religiosos,
que todos são iniciativas cujo âmbito territorial não mais militares ou civis; e os jornalistas. Protege também os mor-
era localizado num país, possuindo o componente inter- tos. Sobretudo, protege os não combatentes e os comba-
nacional. tentes fora de combate.
Assim, lançaram bases para a futura internacionalização O “Movimento Internacional da Cruz Vermelha e do
dos direitos humanos, que apenas ganha forma no pós-Se- Crescente Vermelho” é formado pelo Comitê Internacional
gunda Guerra Mundial. Neste sentido, o Direito Humani- da Cruz Vermelha, pela Federação Internacional da Cruz
tário até hoje permanece como uma vertente de proteção Vermelha e do Crescente Vermelho e pelas Sociedades Na-
da pessoa humana, cujo papel é desempenhado notada- cionais da Cruz Vermelha e do Crescente Vermelho. Todas
mente pela Cruz Vermelha; a Liga das Nações é o embrião as organizações que formam o Movimento da Cruz Ver-
da Organização das Nações Unidas; a Organização Inter- melha são privadas, sem fins lucrativos e são organizadas
nacional do Trabalho é hoje uma das principais agências segundo o Direito interno dos Estados onde se encontram.
especializadas da Organização das Nações Unidas, a qual O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é uma en-
foi incorporada . tidade privada, de direito suíço, que se destaca como a princi-
pal entidade responsável pela aplicação do Direito Humanitá-
rio no mundo. Apesar de privado, o CICV conta também com
#FicaDica personalidade jurídica de Direito Internacional Público, seus
integrantes gozam de privilégios e imunidades diplomáticos.
Antecedentes da internacionalização dos direi-
O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) não é
tos humanos:
uma ONG, tratando-se de entidade sui generis, de cará-
- Direito Humanitário (1863)
ter privado, mas reconhecida e com funções atribuídas por
- Liga das Nações (1919)
tratados. O CICV lembra também que conta com privilégios
- Organização Internacional do Trabalho (1919)
e imunidades para que possa exercer suas funções, reco-
nhecidos por tratados celebrados com Estados soberanos,
por leis internas ou por tribunais nacionais e internacionais.
1. Direito humanitário O Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) é com-
petente para cuidar da assistência à pessoa nos conflitos
A gênese do Direito Internacional Humanitário tem armados e por ocasião de catástrofes ou tragédias, naturais
relação direta com o trabalho desenvolvido pelo cidadão
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

ou não; para velar pela aplicação do Direito Humanitário


suíço Henri Dunant a partir da Batalha de Solferino, que por parte dos Estados; e para intermediar negociações en-
resultou na fundação do “Movimento da Cruz Vermelha” tre os Estados em matéria de Direito Humanitário.
(1863) e na celebração, em 1864, do primeiro tratado de As normas das Convenções de Genebra não se aplicam
Direito Internacional Humanitário: a Convenção para a Me- aos conflitos armados não internacionais, isto é, de violên-
lhoria da Sorte dos Feridos e Enfermos dos Exércitos em cia armada prolongada dentro de um Estado, à exceção
Campanha (atual Convenção de Genebra I). O Direito Inter- do art. 3º, comum às quatro Convenções, com o seguin-
nacional Humanitário é também conhecido como “Direito te teor: “No caso de conflito armado que não apresente
Humanitário” e “Direito de Genebra”. um caráter internacional e que ocorra no território de uma
Originalmente, o Comitê Internacional da Cruz Verme- das Altas Potências contratantes, cada uma das Partes no
lha era conhecido como Comitê dos Cinco, pois reunia cin- conflito será obrigada a aplicar pelo menos as seguintes
co grandes nomes do empresariado suíço com esta causa disposições:

2
1) As pessoas que tomem parte diretamente nas hos- semelhante, foi formada a Liga das Nações. Mas os inúme-
tilidades, incluídos os membros das forças armadas ros tratados e compromissos firmados fora do âmbito da
que tenham deposto as armas e as pessoas que te- Liga das Nações já mostravam a fraqueza da instituição,
nham sido postas fora de combate por doença, feri- embora a princípio ela tenha correspondido às esperanças
mento, detenção ou por qualquer outra causa, serão, depositadas. A Liga das Nações promoveu o isolamento
em todas as circunstâncias, tratadas com humanida- de grandes países como a Rússia, além de fundar-se num
de, sem nenhuma distinção de caráter desfavorável tratado internacional altamente prejudicial a países perde-
baseada na raça, cor, religião ou crença, sexo, nas- dores .
cimento ou fortuna, ou qualquer critério análogo. O Tratado de Versalhes, que instituiu a Liga das Nações,
Para este efeito, são e manter-se-ão proibidas, em foi um dos principais motivos para a instituição do regime
qualquer ocasião e lugar, relativamente às pessoas nazista alemão, já que a Alemanha nunca se conformou
acima mencionadas: por ter sido obrigada a assinar uma confissão de culpa e
a) As ofensas contra a vida e integridade física, espe- a se sujeitar ao pagamento de uma vultuosa indenização.
cialmente o homicídio sob todas as formas, as mu- Após o final da 2ª Guerra Mundial percebeu-se que o obje-
tilações, os tratamentos cruéis, torturas e suplícios; tivo da Liga das Nações não tinha sido atingido e a organi-
b) A tomada de reféns; zação estava fadada ao fracasso.
c) As ofensas à dignidade das pessoas, especialmente A Liga das Nações funcionou de 1920 a 1946, dissolvida
os tratamentos humilhantes e degradantes; na sua 21ª sessão e tendo seus bens transferidos à Organi-
d) As condenações proferidas e as execuções efetua- zação das Nações Unidas – ONU, encerradas as contas da
das sem prévio julgamento, realizado por um tribu- comissão de liquidação em 1947. A Liga das Nações pos-
nal regularmente constituído, que ofereça todas as suía dois organismos autônomos, a Organização Interna-
garantias judiciais reconhecidas como indispensáveis cional do Trabalho - OIT, criada pelo Tratado de Versalhes,
pelos povos civilizados. e a Corte Permanente de Justiça Internacional - CPJI, cujo
estatuto foi elaborado em 1920, as quais remanescem, em-
2) Os feridos e doentes serão recolhidos e tratados. Um bora a segunda com outra nomenclatura e estatuto , sendo
organismo humanitário imparcial, como a Comissão hoje conhecida como Corte Internacional de Justiça – CIJ.
Internacional da Cruz Vermelha, poderá oferecer os É correto afirmar que a Liga das Nações é o embrião
seus serviços às Partes no conflito. As Partes no con- da Organização das Nações Unidas, embora ideologica-
flito esforçar-se-ão também por pôr em vigor por mente estas organizações pouco se aproximem. A Liga das
meio de acordos especiais todas ou parte das restan- Nações pretendeu ser um restrito clube de vitoriosos da
tes disposições da presente Convenção. A aplicação Primeira Guerra, aos quais incumbiria o papel de zelar pela
das disposições precedentes não afetará o estatuto paz no mundo e de impedir que os perdedores voltassem
jurídico das Partes no conflito”. a atentar contra ela, de forma que se fundou na bifurcação
gerada pela guerra e assim se pretendia manter.
Já a Organização das Nações Unidas funda-se em ideá-
#FicaDica rio muito diferente do da Liga das Nações, pois se perce-
beu que o estabelecimento de uma organização interna-
Direito humanitário – Direito de Genebra – Co- cional restrita a países vitoriosos, prejudicando de maneira
mitê Internacional da Cruz Vermelha – Prote- notável os perdedores, poderia servir de motivação para
ção de civis e militares no contexto de conflitos outros incidentes contrários à paz mundial. Foi o que acon-
armados, prioritariamente internacionais.) teceu com a Liga das Nações, que não conseguiu evitar a
2ª Guerra Mundial. Desta forma, a ONU surge com a pre-
tensão de se tornar uma organização universal, agregando
2. Liga das nações o maior número de países e nações possível, ao depositar
sua fé no poder das relações diplomáticas de dirimirem
A Sociedade das Nações ou Liga das Nações foi uma conflitos antes mesmo que ganhem força.
organização internacional, idealizada em 1919, em Versa-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

lhes, nos subúrbios de Paris, onde as potências vencedoras 3. Organização Internacional do Trabalho – OIT
da Primeira Guerra Mundial (Inglaterra, França e Estados
Unidos) se reuniram para negociar um acordo de paz. “A Organização Internacional do Trabalho (OIT) é a
Além da divisão entre os vencedores que dificultava a agência das Nações Unidas que tem por missão promover
paz, os vencidos se recusavam a assinar os injustos trata- oportunidades para que homens e mulheres possam ter
dos impostos, com a Alemanha tentando ludibriar as de- acesso a um trabalho decente e produtivo, em condições
terminações do Tratado de Versalhes, assim como Áustria, de liberdade, equidade, segurança e dignidade.
Hungria, Bulgária e Turquia. No final das contas, todos as- O Trabalho Decente, conceito formalizado pela OIT em
sinaram seus tratados . 1999, sintetiza a sua missão histórica de promover opor-
Quando do final da 1ª Guerra Mundial acreditava-se tunidades para que homens e mulheres possam ter um
que os princípios liberais democráticos haviam triunfado trabalho produtivo e de qualidade, em condições de liber-
de uma vez por todas e que não aconteceria outro evento dade, equidade, segurança e dignidade humanas, sendo

3
considerado condição fundamental para a superação da de Genebra para Montreal, no Canadá. Em 1944, os dele-
pobreza, a redução das desigualdades sociais, a garantia gados da Conferência Internacional do Trabalho adotaram
da governabilidade democrática e o desenvolvimento sus- a Declaração de Filadélfia que, como anexo à sua Consti-
tentável. tuição, constitui, desde então, a carta de princípios e obje-
O Trabalho Decente é o ponto de convergência dos tivos da OIT. Esta Declaração antecipava em quatro meses
quatro objetivos estratégicos da OIT: o respeito aos direi- a adoção da Carta das Nações Unidas (1946) e em quatro
tos no trabalho (em especial aqueles definidos como fun- anos a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948),
damentais pela Declaração Relativa aos Direitos e Princí- para as quais serviu de referência. Reafirmava o princípio
pios Fundamentais no Trabalho e seu seguimento adotada de que a paz permanente só pode estar baseada na justiça
em 1998: (i) liberdade sindical e reconhecimento efetivo social e estabelecia quatro ideias fundamentais, que cons-
do direito de negociação coletiva; (ii)eliminação de todas tituem valores e princípios básicos da OIT até hoje: que o
as formas de trabalho forçado; (iii) abolição efetiva do tra- trabalho deve ser fonte de dignidade, que o trabalho não é
balho infantil; (iv) eliminação de todas as formas de discri- uma mercadoria, que a pobreza, em qualquer lugar, é uma
minação em matéria de emprego e ocupação), a promoção ameaça à prosperidade de todos e que todos os seres hu-
do emprego produtivo e de qualidade, a extensão da pro- manos tem o direito de perseguir o seu bem estar material
teção social e o fortalecimento do diálogo social. em condições de liberdade e dignidade, segurança econô-
A OIT foi criada em 1919, como parte do Tratado de mica e igualdade de oportunidades.
Versalhes, que pôs fim à Primeira Guerra Mundial. Fundou- No final da guerra, nasce a Organização das Nações
-se sobre a convicção primordial de que a paz universal e Unidas (ONU), com o objetivo de manter a paz através do
permanente somente pode estar baseada na justiça social. diálogo entre as nações. A OIT, em 1946, se transforma em
É a única das agências do Sistema das Nações Unidas com sua primeira agência especializada.
uma estrutura tripartite, composta de representantes de Em 1969, ano em que comemorava seu 50º aniversá-
governos e de organizações de empregadores e de traba- rio, a OIT recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ao apresentar
lhadores. A OIT é responsável pela formulação e aplicação o prestigioso prêmio, o Presidente do Comitê do Prêmio
das normas internacionais do trabalho (convenções e reco-
Nobel ressaltou que ‘a OIT tem uma influência perpétua
mendações).
sobre a legislação de todos os países’ e deve ser considera-
As convenções, uma vez ratificadas por decisão sobera-
da ‘a consciência social da humanidade’.
na de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento
A OIT desempenhou um papel importante na definição
jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT
das legislações trabalhistas e na elaboração de políticas
e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde
econômicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do
sua primeira reunião.
século XX” .
Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, rea-
lizada em 1919, a OIT adotou seis convenções.
A primeira delas respondia a uma das principais reivin-
dicações do movimento sindical e operário do final do sé- #FicaDica
culo XIX e começo do século XX: a limitação da jornada de
Tanto a Liga das Nações quanto a Organização
trabalho a 8 diárias e 48 semanais. As outras convenções
Internacional do Trabalho surgem com o Trata-
adotadas nessa ocasião referem-se à proteção à materni-
do de Versalhes, firmado em 1919, que colocou
dade, à luta contra o desemprego, à definição da idade mí-
fim à Primeira Guerra Mundial
nima de 14 anos para o trabalho na indústria e à proibição
do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos.
Albert Thomas tornou-se o primeiro Diretor-Geral da OIT.
[...]
Em 1932, depois de haver assegurado uma forte pre-
EXERCÍCIO COMENTADO
sença da OIT no mundo durante 13 anos, Albert Thomas
faleceu. Seu sucessor, Harold Butler, teve que enfrentar o
problema do desemprego em massa, produto da Grande (DPE-SE - Defensor Público - CESPE - 2012) Com relação
ao direito humanitário, assinale a opção correta:
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Depressão. Nesse contexto, as convenções já adotadas


pela OIT ofereciam um mínimo de proteção aos desem-
pregados. a) O direito humanitário, a criação da Liga das Nações e
Durante seus primeiros quarenta anos de existência, a a criação da Organização Internacional do Trabalho são
OIT consagrou a maior parte de suas energias a desenvol- apontados pela doutrina como antecedentes históricos
ver normas internacionais do trabalho e a garantir sua apli- do moderno direito internacional dos direitos humanos.
cação. Entre 1919 e 1939 foram adotadas 67 convenções e b) A afirmação histórica dos direitos humanos não repre-
66 recomendações. A eclosão da Segunda Guerra Mundial sentou mudança na perspectiva da doutrina clássica so-
interrompeu temporariamente esse processo. bre o objeto de regulação do direito internacional, ten-
Em agosto de 1940, a localização da Suíça no coração do as prescrições internacionais de proteção à pessoa
de uma Europa em guerra levou o novo Diretor-Geral, John humana sido plenamente inseridas no âmbito da nor-
Winant, a mudar temporariamente a sede da Organização matização das relações entre Estados soberanos.

4
c) O direito internacional humanitário, como conceito Art. 1
abrangente, abarca, ao mesmo tempo, a proteção dos Todos os seres humanos nascem livres e iguais em dig-
direitos humanos dos refugiados e os direitos huma- nidade e direitos. São dotados de razão e consciência e
nos em tempos de paz, não alcançando, porém, as dis- devem agir em relação uns aos outros com espírito de
posições de proteção aos combatentes postos fora de fraternidade.
combate por captura ou ferimento durante a guerra, por
serem tais prescrições típicas matérias de jus in bello. Art. 2
d) O direito humanitário não abrange as prescrições liga- 1. Todo ser humano tem capacidade para gozar os di-
das à proteção dos civis durante a guerra. reitos e as liberdades estabelecidos nesta Declaração,
e) A doutrina não estabelece qualquer diferença substan- sem distinção de qualquer espécie, seja de raça, cor,
cial entre as expressões direitos humanos e direito hu- sexo, língua, religião, opinião política ou de outra natu-
manitário, servindo ambas à designação do mesmo con- reza, origem nacional ou social, riqueza, nascimento, ou
junto de regras voltadas à proteção da pessoa humana, qualquer outra condição.
tanto no plano nacional quanto no internacional. 2. Não será também feita nenhuma distinção fundada
na condição política, jurídica ou internacional do país
Resposta: Letra A. O direito humanitário se refere ex- ou território a que pertença uma pessoa, quer se trate
clusivamente às limitações das situações de guerra, pro- de um território independente, sob tutela, sem governo
tegendo principalmente civis, bem como evitando o uso próprio, quer sujeito a qualquer outra limitação de so-
de armamentos mais gravosos que o necessário. Antes berania.
de se falar em direitos humanos internacionalizados e
universais, se falou em direito humanitário. Hoje, direito São ainda estabelecidos pela DUDH, o direito à vida, à
humanitário e direitos humanos convivem e se comple- liberdade e à igualdade; a proibição da escravidão; à pre-
mentam enquanto duas das vertentes internacionais de sunção de inocência daqueles acusados por um delito e a
proteção da pessoa humana. necessidade de serem submetidos a um julgamento pú-
B. Apenas pela observância dos antecedentes da inter- blico, sendo asseguradas todos os meios necessários para
nacionalização e pela consideração da atual dimensão sua defesa.
do Direito Internacional dos Direitos Humanos é possí- Abordam ainda o direito de propriedade; de liberdade
vel afirmar que a doutrina clássica do Direito Internacio- de reunião; direito ao trabalho e livre escolha de emprego;
nal passou por mudanças. direito à instrução gratuita pelo menos nos dois primei-
C. O Direito dos Refugiados corresponde a uma verten- ros graus (elementares e fundamentais); direito de acesso
te autônoma de proteção da pessoa humana, ao passo à cultura.
que o Direito Humanitário se restringe às situações de Conforme se verifica a DUDH estabelece tanto direitos
conflito armado. e garantias individuais (direito à vida; à liberdade; à igual-
D. Abrange tanto a proteção de militares quanto de civis. dade; direito às garantias de julgamento) quando direitos
E. Direitos Humanos possuem maior abrangência que o sociais (direito ao trabalho; direito de propriedade).
Direito Humanitário, este restrito a situações de conflito Verifica-se ainda que a DUDH influenciou de forma di-
armado. reta a elaboração das Constituições que vigoram no âmbi-
to interno dos Estados-membros, cabendo aqui, destacar-
mos no âmbito nacional, a Constituição Federal de 1988.
A DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS Importa constar que por ter sido decorrente de uma
Resolução, a doutrina discutia se havia força de lei ao do-
HUMANOS/1948.
cumento.
Prevalece que diante de sua extrema importância, um
mero formalismo não pode ter o condão de retirar sua for-
A Declaração Universal dos Direitos Humanos é o do- ça vinculante a todos os Estados, de forma que prevaleça o
cumento internacional de maior relevância para os direitos cumprimento efetivo dos direitos humanos.
humanos. Foi adotada e proclamada pela Assembleia Geral
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

da ONU em 10.12.1948 por meio da Resolução 217 A III.


Em seu conteúdo estabelece direitos civis, políticos, so-
ciais, econômicos e culturais que devem ser garantidos a
todas as pessoas.
Foi por meio da DUDH que a dignidade da pessoa hu-
mana foi alçada como fundamento de todos os demais di-
reitos que compõe o documento.
Seu conteúdo é dividido em trinta artigos.
Os arts. 1º e 2º determinam o seguinte:

5
PARTE I
CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREI- DEVERES DOS ESTADOS E DIREITOS PROTEGIDOS
TOS HUMANOS/1969 (PACTO DE SÃO JOSÉ CAPÍTULO I
DA COSTA RICA) (ARTS. 1° AO 32). ENUMERAÇÃO DE DEVERES

Artigo 1. Obrigação de respeitar os direitos


CONVENÇÃO AMERICANA SOBRE DIREITOS HUMA-
NOS 1. Os Estados Partes nesta Convenção comprometem-
-se a respeitar os direitos e liberdades nela reconhecidos
(Assinada na Conferência Especializada Interamericana e a garantir seu livre e pleno exercício a toda pessoa
sobre Direitos Humanos, que esteja sujeita à sua jurisdição, sem discriminação
San José, Costa Rica, em 22 de novembro de 1969) alguma por motivo de raça, cor, sexo, idioma, religião,
opiniões políticas ou de qualquer outra natureza, origem
PREÂMBULO nacional ou social, posição econômica, nascimento ou
qualquer outra condição social.
Os Estados americanos signatários da presente Con- 2. Para os efeitos desta Convenção, pessoa é todo ser
venção, humano.

Reafirmando seu propósito de consolidar neste Conti- Artigo 2. Dever de adotar disposições de direito in-
nente, dentro do quadro das instituições democráticas, um terno
regime de liberdade pessoal e de justiça social, fundado no
respeito dos direitos essenciais do homem; Se o exercício dos direitos e liberdades mencionados no
artigo 1 ainda não estiver garantido por disposições le-
Reconhecendo que os direitos essenciais do homem gislativas ou de outra natureza, os Estados Partes com-
não derivam do fato de ser ele nacional de determinado prometem-se a adotar, de acordo com as suas normas
Estado, mas sim do fato de ter como fundamento os atri- constitucionais e com as disposições desta Convenção,
butos da pessoa humana, razão por que justificam uma as medidas legislativas ou de outra natureza que forem
proteção internacional, de natureza convencional, coadju- necessárias para tornar efetivos tais direitos e liberdades.
vante ou complementar da que oferece o direito interno
dos Estados americanos; CAPÍTULO II
DIREITOS CIVIS E POLÍTICOS
Considerando que esses princípios foram consagrados
na Carta da Organização dos Estados Americanos, na De- Artigo 3. Direito ao reconhecimento da personalida-
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e na de jurídica
Declaração Universal dos Direitos do Homem e que foram
reafirmados e desenvolvidos em outros instrumentos inter- Toda pessoa tem direito ao reconhecimento de sua per-
nacionais, tanto de âmbito mundial como regional; sonalidade jurídica.

Reiterando que, de acordo com a Declaração Universal


dos Direitos do Homem, só pode ser realizado o ideal do Artigo 4. Direito à vida
ser humano livre, isento do temor e da miséria, se forem
criadas condições que permitam a cada pessoa gozar dos 1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua vida.
seus direitos econômicos, sociais e culturais, bem como Esse direito deve ser protegido pela lei e, em geral, desde
dos seus direitos civis e políticos; e o momento da concepção. Ninguém pode ser privado da
vida arbitrariamente.
Considerando que a Terceira Conferência Interameri- 2. Nos países que não houverem abolido a pena de
cana Extraordinária (Buenos Aires, 1967) aprovou a incor- morte, esta só poderá ser imposta pelos delitos mais
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

poração à própria Carta da Organização de normas mais graves, em cumprimento de sentença final de tribunal
amplas sobre direitos econômicos, sociais e educacionais e competente e em conformidade com lei que estabeleça
resolveu que uma convenção interamericana sobre direitos tal pena, promulgada antes de haver o delito sido come-
humanos determinasse a estrutura, competência e proces- tido. Tampouco se estenderá sua aplicação a delitos aos
so dos órgãos encarregados dessa matéria, quais não se aplique atualmente.
3. Não se pode restabelecer a pena de morte nos Esta-
Convieram no seguinte: dos que a hajam abolido.
4. Em nenhum caso pode a pena de morte ser aplica-
da por delitos políticos, nem por delitos comuns conexos
com delitos políticos.

6
5. Não se deve impor a pena de morte a pessoa que, no d. o trabalho ou serviço que faça parte das obrigações
momento da perpetração do delito, for menor de dezoito cívicas normais.
anos, ou maior de setenta, nem aplicá-la a mulher em
estado de gravidez. Artigo 7. Direito à liberdade pessoal
6. Toda pessoa condenada à morte tem direito a solicitar
anistia, indulto ou comutação da pena, os quais podem 1. Toda pessoa tem direito à liberdade e à segurança
ser concedidos em todos os casos. Não se pode executar pessoais.
a pena de morte enquanto o pedido estiver pendente de 2. Ninguém pode ser privado de sua liberdade física,
decisão ante a autoridade competente. salvo pelas causas e nas condições previamente fixadas
pelas constituições políticas dos Estados Partes ou pelas
Artigo 5. Direito à integridade pessoal leis de acordo com elas promulgadas.
3. Ninguém pode ser submetido a detenção ou encarce-
1. Toda pessoa tem o direito de que se respeite sua inte- ramento arbitrários.
gridade física, psíquica e moral. 4. Toda pessoa detida ou retida deve ser informada das
2. Ninguém deve ser submetido a torturas, nem a penas razões da sua detenção e notificada, sem demora, da
ou tratos cruéis, desumanos ou degradantes. Toda pes- acusação ou acusações formuladas contra ela.
soa privada da liberdade deve ser tratada com o respeito 5. Toda pessoa detida ou retida deve ser conduzida, sem
devido à dignidade inerente ao ser humano. demora, à presença de um juiz ou outra autoridade au-
3. A pena não pode passar da pessoa do delinquente. torizada pela lei a exercer funções judiciais e tem direito
4. Os processados devem ficar separados dos condena- a ser julgada dentro de um prazo razoável ou a ser posta
dos, salvo em circunstâncias excepcionais, e ser subme- em liberdade, sem prejuízo de que prossiga o processo.
tidos a tratamento adequado à sua condição de pessoas Sua liberdade pode ser condicionada a garantias que as-
não condenadas. segurem o seu comparecimento em juízo.
5. Os menores, quando puderem ser processados, de- 6. Toda pessoa privada da liberdade tem direito a recor-
vem ser separados dos adultos e conduzidos a tribunal
rer a um juiz ou tribunal competente, a fim de que este
especializado, com a maior rapidez possível, para seu
decida, sem demora, sobre a legalidade de sua prisão ou
tratamento.
detenção e ordene sua soltura se a prisão ou a detenção
6. As penas privativas da liberdade devem ter por fina-
forem ilegais. Nos Estados Partes cujas leis prevêem que
lidade essencial a reforma e a readaptação social dos
toda pessoa que se vir ameaçada de ser privada de sua
condenados.
liberdade tem direito a recorrer a um juiz ou tribunal
competente a fim de que este decida sobre a legalidade
Artigo 6. Proibição da escravidão e da servidão
de tal ameaça, tal recurso não pode ser restringido nem
1. Ninguém pode ser submetido a escravidão ou a servi- abolido. O recurso pode ser interposto pela própria pes-
dão, e tanto estas como o tráfico de escravos e o tráfico soa ou por outra pessoa.
de mulheres são proibidos em todas as suas formas. 7. Ninguém deve ser detido por dívidas. Este princípio
2. Ninguém deve ser constrangido a executar trabalho não limita os mandados de autoridade judiciária com-
forçado ou obrigatório. Nos países em que se prescreve, petente expedidos em virtude de inadimplemento de
para certos delitos, pena privativa da liberdade acompa- obrigação alimentar.
nhada de trabalhos forçados, esta disposição não pode
ser interpretada no sentido de que proíbe o cumprimen- Artigo 8. Garantias judiciais
to da dita pena, imposta por juiz ou tribunal competen-
te. O trabalho forçado não deve afetar a dignidade nem 1. Toda pessoa tem direito a ser ouvida, com as devidas
a capacidade física e intelectual do recluso. garantias e dentro de um prazo razoável, por um juiz ou
3. Não constituem trabalhos forçados ou obrigatórios tribunal competente, independente e imparcial, estabe-
para os efeitos deste artigo: lecido anteriormente por lei, na apuração de qualquer
a. os trabalhos ou serviços normalmente exigidos de acusação penal formulada contra ela, ou para que se
determinem seus direitos ou obrigações de natureza ci-
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

pessoa reclusa em cumprimento de sentença ou resolu-


ção formal expedida pela autoridade judiciária compe- vil, trabalhista, fiscal ou de qualquer outra natureza.
tente. Tais trabalhos ou serviços devem ser executados 2. Toda pessoa acusada de delito tem direito a que se
sob a vigilância e controle das autoridades públicas, e presuma sua inocência enquanto não se comprove le-
os indivíduos que os executarem não devem ser postos à galmente sua culpa. Durante o processo, toda pessoa
disposição de particulares, companhias ou pessoas jurí- tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias
dicas de caráter privado; mínimas:
b. o serviço militar e, nos países onde se admite a isen- a. direito do acusado de ser assistido gratuitamente por
ção por motivos de consciência, o serviço nacional que a tradutor ou intérprete, se não compreender ou não falar
lei estabelecer em lugar daquele; o idioma do juízo ou tribunal;
c. o serviço imposto em casos de perigo ou calamidade b. comunicação prévia e pormenorizada ao acusado da
que ameace a existência ou o bem-estar da comunidade; e acusação formulada;

7
c. concessão ao acusado do tempo e dos meios adequa- de crenças, bem como a liberdade de professar e divul-
dos para a preparação de sua defesa; gar sua religião ou suas crenças, individual ou coletiva-
d. direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de mente, tanto em público como em privado.
ser assistido por um defensor de sua escolha e de comu- 2. Ninguém pode ser objeto de medidas restritivas que
nicar-se, livremente e em particular, com seu defensor; possam limitar sua liberdade de conservar sua religião
e. direito irrenunciável de ser assistido por um defensor ou suas crenças, ou de mudar de religião ou de crenças.
proporcionado pelo Estado, remunerado ou não, segun- 3. A liberdade de manifestar a própria religião e as pró-
do a legislação interna, se o acusado não se defender ele prias crenças está sujeita unicamente às limitações pres-
próprio nem nomear defensor dentro do prazo estabe- critas pela lei e que sejam necessárias para proteger a
lecido pela lei; segurança, a ordem, a saúde ou a moral públicas ou os
f. direito da defesa de inquirir as testemunhas presentes direitos ou liberdades das demais pessoas.
no tribunal e de obter o comparecimento, como teste- 4. Os pais, e quando for o caso os tutores, têm direito a
munhas ou peritos, de outras pessoas que possam lançar que seus filhos ou pupilos recebam a educação religiosa
luz sobre os fatos; e moral que esteja acorde com suas próprias convicções.
g. direito de não ser obrigado a depor contra si mesma,
nem a declarar-se culpada; e Artigo 13. Liberdade de pensamento e de expressão
h. direito de recorrer da sentença para juiz ou tribunal
superior. 1. Toda pessoa tem direito à liberdade de pensamento
3. A confissão do acusado só é válida se feita sem coa- e de expressão. Esse direito compreende a liberdade de
ção de nenhuma natureza. buscar, receber e difundir informações e idéias de toda
4. O acusado absolvido por sentença passada em jul- natureza, sem consideração de fronteiras, verbalmente
gado não poderá ser submetido a novo processo pelos ou por escrito, ou em forma impressa ou artística, ou por
mesmos fatos. qualquer outro processo de sua escolha.
5. O processo penal deve ser público, salvo no que for 2. O exercício do direito previsto no inciso precedente
necessário para preservar os interesses da justiça. não pode estar sujeito a censura prévia, mas a respon-
sabilidades ulteriores, que devem ser expressamente fi-
Artigo 9. Princípio da legalidade e da retroatividade xadas pela lei e ser necessárias para assegurar:
a. o respeito aos direitos ou à reputação das demais
pessoas; ou
Ninguém pode ser condenado por ações ou omissões
b. a proteção da segurança nacional, da ordem pública,
que, no momento em que forem cometidas, não sejam
ou da saúde ou da moral públicas.
delituosas, de acordo com o direito aplicável. Tampouco
3. Não se pode restringir o direito de expressão por vias
se pode impor pena mais grave que a aplicável no mo-
ou meios indiretos, tais como o abuso de controles ofi-
mento da perpetração do delito. Se depois da perpetra-
ciais ou particulares de papel de imprensa, de frequên-
ção do delito a lei dispuser a imposição de pena mais
cias radioelétricas ou de equipamentos e aparelhos usa-
leve, o delinquente será por isso beneficiado.
dos na difusão de informação, nem por quaisquer outros
meios destinados a obstar a comunicação e a circulação
Artigo 10. Direito a indenização de idéias e opiniões.
4. A lei pode submeter os espetáculos públicos a censura
Toda pessoa tem direito de ser indenizada conforme a prévia, com o objetivo exclusivo de regular o acesso a
lei, no caso de haver sido condenada em sentença pas- eles, para proteção moral da infância e da adolescência,
sada em julgado, por erro judiciário. sem prejuízo do disposto no inciso 2.
5. A lei deve proibir toda propaganda a favor da guer-
Artigo 11. Proteção da honra e da dignidade ra, bem como toda apologia ao ódio nacional, racial ou
religioso que constitua incitação à discriminação, à hos-
1. Toda pessoa tem direito ao respeito de sua honra e ao tilidade, ao crime ou à violência.
reconhecimento de sua dignidade.
2. Ninguém pode ser objeto de ingerências arbitrárias
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Artigo 14. Direito de retificação ou resposta


ou abusivas em sua vida privada, na de sua família, em
seu domicílio ou em sua correspondência, nem de ofen- 1. Toda pessoa atingida por informações inexatas ou
sas ilegais à sua honra ou reputação. ofensivas emitidas em seu prejuízo por meios de difusão
3. Toda pessoa tem direito à proteção da lei contra tais legalmente regulamentados e que se dirijam ao públi-
ingerências ou tais ofensas. co em geral, tem direito a fazer, pelo mesmo órgão de
difusão, sua retificação ou resposta, nas condições que
Artigo 12. Liberdade de consciência e de religião estabeleça a lei.
2. Em nenhum caso a retificação ou a resposta eximirão
1. Toda pessoa tem direito à liberdade de consciência e das outras responsabilidades legais em que se houver
de religião. Esse direito implica a liberdade de conservar incorrido.
sua religião ou suas crenças, ou de mudar de religião ou

8
3. Para a efetiva proteção da honra e da reputação, toda Artigo 18. Direito ao nome
publicação ou empresa jornalística, cinematográfica, de
rádio ou televisão, deve ter uma pessoa responsável que Toda pessoa tem direito a um prenome e aos nomes de
não seja protegida por imunidades nem goze de foro seus pais ou ao de um destes. A lei deve regular a forma
especial. de assegurar a todos esse direito, mediante nomes fictí-
cios, se for necessário.
Artigo 15. Direito de reunião
Artigo 19. Direitos da criança
É reconhecido o direito de reunião pacífica e sem ar-
mas. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às Toda criança tem direito às medidas de proteção que a
restrições previstas pela lei e que sejam necessárias, sua condição de menor requer por parte da sua família,
numa sociedade democrática, no interesse da segurança da sociedade e do Estado.
nacional, da segurança ou da ordem públicas, ou para
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e
Artigo 20. Direito à nacionalidade
liberdades das demais pessoas.
1. Toda pessoa tem direito a uma nacionalidade.
2. Toda pessoa tem direito à nacionalidade do Estado
Artigo 16. Liberdade de associação em cujo território houver nascido, se não tiver direito a
outra.
1. Todas as pessoas têm o direito de associar-se livre- 3. A ninguém se deve privar arbitrariamente de sua na-
mente com fins ideológicos, religiosos, políticos, econô- cionalidade nem do direito de mudá-la.
micos, trabalhistas, sociais, culturais, desportivos ou de
qualquer outra natureza. Artigo 21. Direito à propriedade privada
2. O exercício de tal direito só pode estar sujeito às res-
trições previstas pela lei que sejam necessárias, numa 1. Toda pessoa tem direito ao uso e gozo dos seus bens.
sociedade democrática, no interesse da segurança na- A lei pode subordinar esse uso e gozo ao interesse social.
cional, da segurança ou da ordem públicas, ou para 2. Nenhuma pessoa pode ser privada de seus bens, salvo
proteger a saúde ou a moral públicas ou os direitos e mediante o pagamento de indenização justa, por motivo
liberdades das demais pessoas. de utilidade pública ou de interesse social e nos casos e
3. O disposto neste artigo não impede a imposição de na forma estabelecidos pela lei.
restrições legais, e mesmo a privação do exercício do di- 3. Tanto a usura como qualquer outra forma de explora-
reito de associação, aos membros das forças armadas e ção do homem pelo homem devem ser reprimidas pela
da polícia. lei.

Artigo 17. Proteção da família Artigo 22. Direito de circulação e de residência

1. A família é o elemento natural e fundamental da 1. Toda pessoa que se ache legalmente no território de
sociedade e deve ser protegida pela sociedade e pelo Es- um Estado tem direito de circular nele e de nele residir
tado. em conformidade com as disposições legais.
2. É reconhecido o direito do homem e da mulher de 2. Toda pessoa tem o direito de sair livremente de qual-
contraírem casamento e de fundarem uma família, se quer país, inclusive do próprio.
tiverem a idade e as condições para isso exigidas pe- 3. O exercício dos direitos acima mencionados não pode
las leis internas, na medida em que não afetem estas o ser restringido senão em virtude de lei, na medida in-
princípio da não-discriminação estabelecido nesta Con- dispensável, numa sociedade democrática, para prevenir
venção. infrações penais ou para proteger a segurança nacional,
3. O casamento não pode ser celebrado sem o livre e a segurança ou a ordem públicas, a moral ou a saúde
pleno consentimento dos contraentes. públicas, ou os direitos e liberdades das demais pessoas.
4. Os Estados Partes devem tomar medidas apropria- 4. O exercício dos direitos reconhecidos no inciso 1 pode
das no sentido de assegurar a igualdade de direitos e a também ser restringido pela lei, em zonas determinadas,
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

adequada equivalência de responsabilidades dos cônju- por motivo de interesse público.


ges quanto ao casamento, durante o casamento e em 5. Ninguém pode ser expulso do território do Estado do
caso de dissolução do mesmo. Em caso de dissolução, qual for nacional, nem ser privado do direito de nele entrar.
serão adotadas disposições que assegurem a proteção 6. O estrangeiro que se ache legalmente no território de um
necessária aos filhos, com base unicamente no interesse Estado Parte nesta Convenção só poderá dele ser expulso
e conveniência dos mesmos. em cumprimento de decisão adotada de acordo com a lei.
5. A lei deve reconhecer iguais direitos tanto aos filhos 7. Toda pessoa tem o direito de buscar e receber asilo
nascidos fora do casamento como aos nascidos dentro em território estrangeiro, em caso de perseguição por
do casamento. delitos políticos ou comuns conexos com delitos políticos
e de acordo com a legislação de cada Estado e com os
convênios internacionais.

9
8. Em nenhum caso o estrangeiro pode ser expulso ou ciais e sobre educação, ciência e cultura, constantes da
entregue a outro país, seja ou não de origem, onde seu Carta da Organização dos Estados Americanos, refor-
direito à vida ou à liberdade pessoal esteja em risco de mada pelo Protocolo de Buenos Aires, na medida dos
violação por causa da sua raça, nacionalidade, religião, recursos disponíveis, por via legislativa ou por outros
condição social ou de suas opiniões políticas. meios apropriados.
9. É proibida a expulsão coletiva de estrangeiros.
CAPÍTULO IV
Artigo 23. Direitos políticos SUSPENSÃO DE GARANTIAS, INTERPRETAÇÃO E
APLICAÇÃO
1. Todos os cidadãos devem gozar dos seguintes direitos
e oportunidades: Artigo 27. Suspensão de garantias
a. de participar na direção dos assuntos públicos, direta-
mente ou por meio de representantes livremente eleitos; 1. Em caso de guerra, de perigo público, ou de outra
b. de votar e ser eleitos em eleições periódicas autênti- emergência que ameace a independência ou segurança
cas, realizadas por sufrágio universal e igual e por voto do Estado Parte, este poderá adotar disposições que, na
secreto que garanta a livre expressão da vontade dos medida e pelo tempo estritamente limitados às exigên-
eleitores; e cias da situação, suspendam as obrigações contraídas
c. de ter acesso, em condições gerais de igualdade, às em virtude desta Convenção, desde que tais disposições
funções públicas de seu país. não sejam incompatíveis com as demais obrigações que
2. A lei pode regular o exercício dos direitos e oportu- lhe impõe o Direito Internacional e não encerrem discri-
nidades a que se refere o inciso anterior, exclusivamente minação alguma fundada em motivos de raça, cor, sexo,
por motivos de idade, nacionalidade, residência, idioma, idioma, religião ou origem social.
instrução, capacidade civil ou mental, ou condenação, 2. A disposição precedente não autoriza a suspensão
por juiz competente, em processo penal. dos direitos determinados seguintes artigos: 3 (Direito
ao reconhecimento da personalidade jurídica); 4 (Direito
Artigo 24. Igualdade perante a lei à vida); 5 (Direito à integridade pessoal); 6 (Proibição da
escravidão e servidão); 9 (Princípio da legalidade e da
Todas as pessoas são iguais perante a lei. Por conseguin-
retroatividade); 12 (Liberdade de consciência e de reli-
te, têm direito, sem discriminação, a igual proteção da
gião); 17 (Proteção da família); 18 (Direito ao nome);
lei.
19 (Direitos da criança); 20 (Direito à nacionalidade) e
23 (Direitos políticos), nem das garantias indispensáveis
Artigo 25. Proteção judicial
para a proteção de tais direitos.
1. Toda pessoa tem direito a um recurso simples e rápi- 3. Todo Estado Parte que fizer uso do direito de suspen-
do ou a qualquer outro recurso efetivo, perante os juízes são deverá informar imediatamente os outros Estados
ou tribunais competentes, que a proteja contra atos que Partes na presente Convenção, por intermédio do Se-
violem seus direitos fundamentais reconhecidos pela cretário-Geral da Organização dos Estados Americanos,
constituição, pela lei ou pela presente Convenção, mes- das disposições cuja aplicação haja suspendido, dos mo-
mo quando tal violação seja cometida por pessoas que tivos determinantes da suspensão e da data em que haja
estejam atuando no exercício de suas funções oficiais. dado por terminada tal suspensão.
2. Os Estados Partes comprometem-se:
a. a assegurar que a autoridade competente prevista Artigo 28. Cláusula federal
pelo sistema legal do Estado decida sobre os direitos de
toda pessoa que interpuser tal recurso; 1. Quando se tratar de um Estado Parte constituído
b. a desenvolver as possibilidades de recurso judicial; e como Estado federal, o governo nacional do aludido
c. a assegurar o cumprimento, pelas autoridades com- Estado Parte cumprirá todas as disposições da presente
petentes, de toda decisão em que se tenha considerado Convenção, relacionadas com as matérias sobre as quais
exerce competência legislativa e judicial.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

procedente o recurso.
2. No tocante às disposições relativas às matérias que
CAPÍTULO III correspondem à competência das entidades componen-
DIREITOS ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS tes da federação, o governo nacional deve tomar ime-
diatamente as medidas pertinente, em conformidade
Artigo 26. Desenvolvimento progressivo com sua constituição e suas leis, a fim de que as au-
toridades competentes das referidas entidades possam
Os Estados Partes comprometem-se a adotar providên- adotar as disposições cabíveis para o cumprimento des-
cias, tanto no âmbito interno como mediante coopera- ta Convenção.
ção internacional, especialmente econômica e técnica, a 3. Quando dois ou mais Estados Partes decidirem cons-
fim de conseguir progressivamente a plena efetividade tituir entre eles uma federação ou outro tipo de associa-
dos direitos que decorrem das normas econômicas, so- ção, diligenciarão no sentido de que o pacto comunitário

10
respectivo contenha as disposições necessárias para que PARTE II
continuem sendo efetivas no novo Estado assim organi- MEIOS DA PROTEÇÃO
zado as normas da presente Convenção.
CAPÍTULO VI
Artigo 29. Normas de interpretação ÓRGÃOS COMPETENTES

Nenhuma disposição desta Convenção pode ser inter- Artigo 33


pretada no sentido de:
a. permitir a qualquer dos Estados Partes, grupo ou pes- São competentes para conhecer dos assuntos relaciona-
soa, suprimir o gozo e exercício dos direitos e liberdades dos com o cumprimento dos compromissos assumidos
reconhecidos na Convenção ou limitá-los em maior me- pelos Estados Partes nesta Convenção:
dida do que a nela prevista; a. a Comissão Interamericana de Direitos Humanos, do-
b. limitar o gozo e exercício de qualquer direito ou liber- ravante denominada a Comissão; e
dade que possam ser reconhecidos de acordo com as leis b. a Corte Interamericana de Direitos Humanos, dora-
de qualquer dos Estados Partes ou de acordo com outra vante denominada a Corte.
convenção em que seja parte um dos referidos Estados;
c. excluir outros direitos e garantias que são inerentes CAPÍTULO VII
ao ser humano ou que decorrem da forma democrática COMISSÃO INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMA-
representativa de governo; e NOS
d. excluir ou limitar o efeito que possam produzir a De-
claração Americana dos Direitos e Deveres do Homem e Seção 1 — Organização
outros atos internacionais da mesma natureza. Artigo 34

Artigo 30. Alcance das restrições A Comissão Interamericana de Direitos Humanos com-
por-se-á de sete membros, que deverão ser pessoas de
As restrições permitidas, de acordo com esta Conven- alta autoridade moral e de reconhecido saber em maté-
ção, ao gozo e exercício dos direitos e liberdades nela ria de direitos humanos.
reconhecidos, não podem ser aplicadas senão de acordo
com leis que forem promulgadas por motivo de interes- Artigo 35
se geral e com o propósito para o qual houverem sido
estabelecidas. A Comissão representa todos os membros da Organiza-
ção dos Estados Americanos.

Artigo 31. Reconhecimento de outros direitos Artigo 36

Poderão ser incluídos no regime de proteção desta 1. Os membros da Comissão serão eleitos a título pes-
Convenção outros direitos e liberdades que forem reco- soal, pela Assembleia Geral da Organização, de uma lis-
nhecidos de acordo com os processos estabelecidos nos ta de candidatos propostos pelos governos dos Estados
artigos 76 e 77. membros.

CAPÍTULO V 2. Cada um dos referidos governos pode propor até três


DEVERES DAS PESSOAS candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de
qualquer outro Estado membro da Organização dos Es-
Artigo 32. Correlação entre deveres e direitos tados Americanos. Quando for proposta uma lista de
três candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacio-
1. Toda pessoa tem deveres para com a família, a comu- nal de Estado diferente do proponente.
nidade e a humanidade.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

2. Os direitos de cada pessoa são limitados pelos direitos Artigo 37


dos demais, pela segurança de todos e pelas justas exi-
gências do bem comum, numa sociedade democrática. 1. Os membros da Comissão serão eleitos por qua-
tro anos e só poderão ser reeleitos uma vez, porém o
mandato de três dos membros designados na primeira
eleição expirará ao cabo de dois anos. Logo depois da
referida eleição, serão determinados por sorteio, na As-
sembleia Geral, os nomes desses três membros.
2. Não pode fazer parte da Comissão mais de um nacio-
nal de um mesmo Estado.

11
Artigo 38 Interamericano de Educação, Ciência e Cultura, a fim de
que aquela vele por que se promovam os direitos decor-
As vagas que ocorrerem na Comissão, que não se de- rentes das normas econômicas, sociais e sobre educação,
vam à expiração normal do mandato, serão preenchidas ciência e cultura, constantes da Carta da Organização
pelo Conselho Permanente da Organização, de acordo dos Estados Americanos, reformada pelo Protocolo de
com o que dispuser o Estatuto da Comissão. Buenos Aires.

Artigo 39 Artigo 43

A Comissão elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à Os Estados Partes obrigam-se a proporcionar à Comis-
aprovação da Assembleia Geral e expedirá seu próprio são as informações que esta lhes solicitar sobre a ma-
regulamento. neira pela qual o seu direito interno assegura a aplica-
ção efetiva de quaisquer disposições desta Convenção.
Artigo 40
Seção 3 — Competência
Os serviços de secretaria da Comissão devem ser de-
sempenhados pela unidade funcional especializada que Artigo 44
faz parte da Secretaria-Geral da Organização e devem
dispor dos recursos necessários para cumprir as tarefas Qualquer pessoa ou grupo de pessoas, ou entidade
que lhe forem confiadas pela Comissão. não-governamental legalmente reconhecida em um ou
mais Estados membros da Organização, pode apresen-
Seção 2 — Funções tar à Comissão petições que contenham denúncias ou
queixas de violação desta Convenção por um Estado
Parte.
Artigo 41
Artigo 45
A Comissão tem a função principal de promover a ob-
servância e a defesa dos direitos humanos e, no exercício
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito
do seu mandato, tem as seguintes funções e atribuições:
do seu instrumento de ratificação desta Convenção ou
a. estimular a consciência dos direitos humanos nos po-
de adesão a ela, ou em qualquer momento posterior,
vos da América; declarar que reconhece a competência da Comissão
b. formular recomendações aos governos dos Estados para receber e examinar as comunicações em que um
membros, quando o considerar conveniente, no sentido Estado Parte alegue haver outro Estado Parte incorrido
de que adotem medidas progressivas em prol dos di- em violações dos direitos humanos estabelecidos nesta
reitos humanos no âmbito de suas leis internas e seus Convenção.
preceitos constitucionais, bem como disposições apro- 2. As comunicações feitas em virtude deste artigo só po-
priadas para promover o devido respeito a esses direitos; dem ser admitidas e examinadas se forem apresentadas
c. preparar os estudos ou relatórios que considerar con- por um Estado Parte que haja feito uma declaração pela
venientes para o desempenho de suas funções; qual reconheça a referida competência da Comissão. A
d. solicitar aos governos dos Estados membros que lhe Comissão não admitirá nenhuma comunicação contra
proporcionem informações sobre as medidas que adota- um Estado Parte que não haja feito tal declaração.
rem em matéria de direitos humanos; 3. As declarações sobre reconhecimento de competência
e. atender às consultas que, por meio da Secretaria-Ge- podem ser feitas para que esta vigore por tempo indefi-
ral da Organização dos Estados Americanos, lhe formu- nido, por período determinado ou para casos específicos.
larem os Estados membros sobre questões relacionadas 4. As declarações serão depositadas na Secretaria-Geral
com os direitos humanos e, dentro de suas possibilida- da Organização dos Estados Americanos, a qual enca-
des, prestar-lhes o assessoramento que eles lhe solicita- minhará cópia das mesmas aos Estados membros da
rem; referida Organização.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

f. atuar com respeito às petições e outras comunicações,


no exercício de sua autoridade, de conformidade com o Artigo 46
disposto nos artigos 44 a 51 desta Convenção; e
g. apresentar um relatório anual à Assembleia Geral da 1. Para que uma petição ou comunicação apresentada
Organização dos Estados Americanos. de acordo com os artigos 44 ou 45 seja admitida pela
Comissão, será necessário:
Artigo 42 a. que hajam sido interpostos e esgotados os recursos da
jurisdição interna, de acordo com os princípios de direito
Os Estados Partes devem remeter à Comissão cópia dos internacional geralmente reconhecidos;
relatórios e estudos que, em seus respectivos campos, b. que seja apresentada dentro do prazo de seis meses, a
submetem anualmente às Comissões Executivas do Con- partir da data em que o presumido prejudicado em seus
direitos tenha sido notificado da decisão definitiva;
selho Interamericano Econômico e Social e do Conselho

12
c. que a matéria da petição ou comunicação não esteja posto na petição ou comunicação. Se for necessário e
pendente de outro processo de solução internacional; e conveniente, a Comissão procederá a uma investigação
d. que, no caso do artigo 44, a petição contenha o nome, para cuja eficaz realização solicitará, e os Estados interes-
a nacionalidade, a profissão, o domicílio e a assinatura sados lhes proporcionarão todas as facilidades necessárias;
da pessoa ou pessoas ou do representante legal da enti- e. poderá pedir aos Estados interessados qualquer infor-
dade que submeter a petição. mação pertinente e receberá, se isso lhe for solicitado,
2. As disposições das alíneas a e b do inciso 1 deste ar- as exposições verbais ou escritas que apresentarem os
tigo não se aplicarão quando: interessados; e
a. não existir, na legislação interna do Estado de que se f. pôr-se-á à disposição das partes interessadas, a fim de
tratar, o devido processo legal para a proteção do direito chegar a uma solução amistosa do assunto, fundada no
ou direitos que se alegue tenham sido violados; respeito aos direitos humanos reconhecidos nesta Con-
b. não se houver permitido ao presumido prejudicado venção.
em seus direitos o acesso aos recursos da jurisdição in-
2. Entretanto, em casos graves e urgentes, pode ser reali-
terna, ou houver sido ele impedido de esgotá-los; e
zada uma investigação, mediante prévio consentimento
c. houver demora injustificada na decisão sobre os men-
do Estado em cujo território se alegue haver sido cometi-
cionados recursos.
da a violação, tão somente com a apresentação de uma
Artigo 47 petição ou comunicação que reúna todos os requisitos
formais de admissibilidade.
A Comissão declarará inadmissível toda petição ou co-
municação apresentada de acordo com os artigos 44 ou Artigo 49
45 quando:
a. não preencher algum dos requisitos estabelecidos no Se se houver chegado a uma solução amistosa de acor-
artigo 46; do com as disposições do inciso 1, f, do artigo 48, a
b. não expuser fatos que caracterizem violação dos di- Comissão redigirá um relatório que será encaminhado
reitos garantidos por esta Convenção; ao peticionário e aos Estados Partes nesta Convenção
c. pela exposição do próprio peticionário ou do Estado, e, posteriormente, transmitido, para sua publicação, ao
for manifestamente infundada a petição ou comunica- Secretário-Geral da Organização dos Estados America-
ção ou for evidente sua total improcedência; ou nos. O referido relatório conterá uma breve exposição
d. for substancialmente reprodução de petição ou co- dos fatos e da solução alcançada. Se qualquer das partes
municação anterior, já examinada pela Comissão ou por no caso o solicitar, ser-lhe-á proporcionada a mais am-
outro organismo internacional. pla informação possível.

Seção 4 — Processo Artigo 50


Artigo 48 1. Se não se chegar a uma solução, e dentro do prazo
que for fixado pelo Estatuto da Comissão, esta redigirá
1. A Comissão, ao receber uma petição ou comunica- um relatório no qual exporá os fatos e suas conclusões.
ção na qual se alegue violação de qualquer dos direitos Se o relatório não representar, no todo ou em parte, o
consagrados nesta Convenção, procederá da seguinte acordo unânime dos membros da Comissão, qualquer
maneira:
deles poderá agregar ao referido relatório seu voto em
a. se reconhecer a admissibilidade da petição ou comu-
separado. Também se agregarão ao relatório as exposi-
nicação, solicitará informações ao Governo do Estado ao
ções verbais ou escritas que houverem sido feitas pelos
qual pertença a autoridade apontada como responsável
interessados em virtude do inciso 1, e, do artigo 48.
pela violação alegada e transcreverá as partes pertinen-
2. O relatório será encaminhado aos Estados interessa-
tes da petição ou comunicação. As referidas informações
dos, aos quais não será facultado publicá-lo.
devem ser enviadas dentro de um prazo razoável, fixado
3. Ao encaminhar o relatório, a Comissão pode formular
pela Comissão ao considerar as circunstâncias de cada
caso; as proposições e recomendações que julgar adequadas.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

b. recebidas as informações, ou transcorrido o prazo fi-


xado sem que sejam elas recebidas, verificará se existem Artigo 51
ou subsistem os motivos da petição ou comunicação. No
caso de não existirem ou não subsistirem, mandará ar-
quivar o expediente; 1. Se no prazo de três meses, a partir da remessa aos
c. poderá também declarar a inadmissibilidade ou a im- Estados interessados do relatório da Comissão, o assun-
procedência da petição ou comunicação, com base em to não houver sido solucionado ou submetido à deci-
informação ou prova supervenientes; são da Corte pela Comissão ou pelo Estado interessado,
d. se o expediente não houver sido arquivado, e com o aceitando sua competência, a Comissão poderá emitir,
fim de comprovar os fatos, a Comissão procederá, com pelo voto da maioria absoluta dos seus membros, sua
conhecimento das partes, a um exame do assunto ex- opinião e conclusões sobre a questão submetida à sua
consideração.

13
2. A Comissão fará as recomendações pertinentes e fi- Artigo 55
xará um prazo dentro do qual o Estado deve tomar as
medidas que lhe competirem para remediar a situação 1. O juiz que for nacional de algum dos Estados Partes
examinada. no caso submetido à Corte, conservará o seu direito de
3. Transcorrido o prazo fixado, a Comissão decidirá, pelo conhecer do mesmo.
voto da maioria absoluta dos seus membros, se o Estado 2. Se um dos juízes chamados a conhecer do caso for
tomou ou não medidas adequadas e se publica ou não de nacionalidade de um dos Estados Partes, outro Es-
seu relatório. tado Parte no caso poderá designar uma pessoa de sua
escolha para fazer parte da Corte na qualidade de juiz
CAPÍTULO VIII ad hoc.
CORTE INTERAMERICANA DE DIREITOS HUMANOS 3. Se, dentre os juízes chamados a conhecer do caso,
nenhum for da nacionalidade dos Estados Partes, cada
Seção 1 — Organização um destes poderá designar um juiz ad hoc.
4. O juiz ad hoc deve reunir os requisitos indicados no
Artigo 52 artigo 52.
5. Se vários Estados Partes na Convenção tiverem o mes-
1. A Corte compor-se-á de sete juízes, nacionais dos Es- mo interesse no caso, serão considerados como uma só
tados membros da Organização, eleitos a título pessoal Parte, para os fins das disposições anteriores. Em caso de
dentre juristas da mais alta autoridade moral, de reco- dúvida, a Corte decidirá.
nhecida competência em matéria de direitos humanos,
que reúnam as condições requeridas para o exercício Artigo 56
das mais elevadas funções judiciais, de acordo com a lei
do Estado do qual sejam nacionais, ou do Estado que os O quorum para as deliberações da Corte é constituído
propuser como candidatos. por cinco juízes.
2. Não deve haver dois juízes da mesma nacionalidade.
Artigo 57
Artigo 53
A Comissão comparecerá em todos os casos perante a
1. Os juízes da Corte serão eleitos, em votação secre- Corte.
ta e pelo voto da maioria absoluta dos Estados Partes
na Convenção, na Assembleia Geral da Organização, de Artigo 58
uma lista de candidatos propostos pelos mesmos Esta-
dos. 1. A Corte terá sua sede no lugar que for determina-
2. Cada um dos Estados Partes pode propor até três do, na Assembleia Geral da Organização, pelos Estados
candidatos, nacionais do Estado que os propuser ou de Partes na Convenção, mas poderá realizar reuniões no
qualquer outro Estado membro da Organização dos Es- território de qualquer Estado membro da Organização
tados Americanos. Quando se propuser uma lista de três dos Estados Americanos em que o considerar convenien-
candidatos, pelo menos um deles deverá ser nacional de te pela maioria dos seus membros e mediante prévia
Estado diferente do proponente. aquiescência do Estado respectivo. Os Estados Partes na
Convenção podem, na Assembleia Geral, por dois terços
Artigo 54 dos seus votos, mudar a sede da Corte.
2. A Corte designará seu Secretário.
1. Os juízes da Corte serão eleitos por um período de 3. O Secretário residirá na sede da Corte e deverá assistir
seis anos e só poderão ser reeleitos uma vez. O mandato às reuniões que ela realizar fora da mesma.
de três dos juízes designados na primeira eleição expira-
rá ao cabo de três anos. Imediatamente depois da referi- Artigo 59
da eleição, determinar-se-ão por sorteio, na Assembleia
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Geral, os nomes desses três juízes. A Secretaria da Corte será por esta estabelecida e fun-
2. O juiz eleito para substituir outro cujo mandato não cionará sob a direção do Secretário da Corte, de acordo
haja expirado, completará o período deste. com as normas administrativas da Secretaria-Geral da
3. Os juízes permanecerão em funções até o término Organização em tudo o que não for incompatível com a
dos seus mandatos. Entretanto, continuarão funcionan- independência da Corte. Seus funcionários serão nome-
do nos casos de que já houverem tomado conhecimen- ados pelo Secretário-Geral da Organização, em consulta
to e que se encontrem em fase de sentença e, para tais com o Secretário da Corte.
efeitos, não serão substituídos pelos novos juízes eleitos.
Artigo 60

A Corte elaborará seu estatuto e submetê-lo-á à apro-


vação da Assembleia Geral e expedirá seu regimento.

14
Seção 2 — Competência e funções consultá-la, no que lhes compete, os órgãos enumera-
dos no capítulo X da Carta da Organização dos Estados
Artigo 61 Americanos, reformada pelo Protocolo de Buenos Aires.
2. A Corte, a pedido de um Estado membro da Organi-
1. Somente os Estados Partes e a Comissão têm direito zação, poderá emitir pareceres sobre a compatibilidade
de submeter caso à decisão da Corte. entre qualquer de suas leis internas e os mencionados
2. Para que a Corte possa conhecer de qualquer caso, instrumentos internacionais.
é necessário que sejam esgotados os processos previstos
nos artigos 48 a 50. Artigo 65

Artigo 62 A Corte submeterá à consideração da Assembleia Geral


da Organização, em cada período ordinário de sessões,
1. Todo Estado Parte pode, no momento do depósito do um relatório sobre suas atividades no ano anterior. De
seu instrumento de ratificação desta Convenção ou de maneira especial, e com as recomendações pertinentes,
adesão a ela, ou em qualquer momento posterior, decla- indicará os casos em que um Estado não tenha dado
rar que reconhece como obrigatória, de pleno direito e cumprimento a suas sentenças.
sem convenção especial, a competência da Corte em to-
dos os casos relativos à interpretação ou aplicação desta Seção 3 — Procedimento
Convenção.
2. A declaração pode ser feita incondicionalmente, ou Artigo 66
sob condição de reciprocidade, por prazo determinado
ou para casos específicos. Deverá ser apresentada ao Se- 1. A sentença da Corte deve ser fundamentada.
cretário-Geral da Organização, que encaminhará cópias 2. Se a sentença não expressar no todo ou em parte a
da mesma aos outros Estados membros da Organização opinião unânime dos juízes, qualquer deles terá direito
e ao Secretário da Corte. a que se agregue à sentença o seu voto dissidente ou
individual.
3. A Corte tem competência para conhecer de qualquer
caso relativo à interpretação e aplicação das disposições
Artigo 67
desta Convenção que lhe seja submetido, desde que
os Estados Partes no caso tenham reconhecido ou re-
A sentença da Corte será definitiva e inapelável. Em caso
conheçam a referida competência, seja por declaração
de divergência sobre o sentido ou alcance da sentença, a
especial, como preveem os incisos anteriores, seja por
Corte interpretá-la-á, a pedido de qualquer das partes,
convenção especial.
desde que o pedido seja apresentado dentro de noventa
dias a partir da data da notificação da sentença.
Artigo 63
Artigo 68
1. Quando decidir que houve violação de um direito ou
liberdade protegidos nesta Convenção, a Corte determi- 1. Os Estados Partes na Convenção comprometem-se a cum-
nará que se assegure ao prejudicado o gozo do seu direi- prir a decisão da Corte em todo caso em que forem partes.
to ou liberdade violados. Determinará também, se isso 2. A parte da sentença que determinar indenização com-
for procedente, que sejam reparadas as consequências pensatória poderá ser executada no país respectivo pelo
da medida ou situação que haja configurado a violação processo interno vigente para a execução de sentenças
desses direitos, bem como o pagamento de indenização contra o Estado.
justa à parte lesada.
Artigo 69
2. Em casos de extrema gravidade e urgência, e quando
se fizer necessário evitar danos irreparáveis às pessoas,
a Corte, nos assuntos de que estiver conhecendo, poderá A sentença da Corte deve ser notificada às partes no
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

tomar as medidas provisórias que considerar pertinen- caso e transmitida aos Estados Partes na Convenção.
tes. Se se tratar de assuntos que ainda não estiverem
submetidos ao seu conhecimento, poderá atuar a pedido CAPÍTULO IV
da Comissão. DISPOSIÇÕES COMUNS

Artigo 64 Artigo 70

1. Os Estados membros da Organização poderão con-


sultar a Corte sobre a interpretação desta Convenção ou 1. Os juízes da Corte e os membros da Comissão gozam,
de outros tratados concernentes à proteção dos direi- desde o momento de sua eleição e enquanto durar o seu
tos humanos nos Estados americanos. Também poderão mandato, das imunidades reconhecidas aos agentes di-

15
plomáticos pelo Direito Internacional. Durante o exercício em vigor logo que onze Estados houverem depositado
dos seus cargos gozam, além disso, dos privilégios diplo- os seus respectivos instrumentos de ratificação ou de
máticos necessários para o desempenho de suas funções. adesão. Com referência a qualquer outro Estado que a
2. Não se poderá exigir responsabilidade em tempo al- ratificar ou que a ela aderir ulteriormente, a Convenção
gum dos juízes da Corte, nem dos membros da Comis- entrará em vigor na data do depósito do seu instrumen-
são, por votos e opiniões emitidos no exercício de suas to de ratificação ou de adesão.
funções. 3. O Secretário-Geral informará todos os Estados mem-
bros da Organização sobre a entrada em vigor da Con-
Artigo 71 venção.

Os cargos de juiz da Corte ou de membro da Comissão Artigo 75


são incompatíveis com outras atividades que possam
afetar sua independência ou imparcialidade conforme o Esta Convenção só pode ser objeto de reservas em con-
que for determinado nos respectivos estatutos. formidade com as disposições da Convenção de Viena
sobre o Direito dos Tratados, assinada em 23 de maio
Artigo 72 de 1969.

Os juízes da Corte e os membros da Comissão perce- Artigo 76


berão honorários e despesas de viagem na forma e nas
condições que determinarem os seus estatutos, levando 1. Qualquer Estado Parte, diretamente, e a Comissão
em conta a importância e independência de suas fun- ou a Corte, por intermédio do Secretário-Geral, podem
ções. Tais honorários e despesas de viagem serão fixados submeter à Assembleia Geral, para o que julgarem con-
no orçamento-programa da Organização dos Estados veniente, proposta de emenda a esta Convenção.
Americanos, no qual devem ser incluídas, além disso, as 2. As emendas entrarão em vigor para os Estados que
despesas da Corte e da sua Secretaria. Para tais efeitos, ratificarem as mesmas na data em que houver sido de-
a Corte elaborará o seu próprio projeto de orçamento positado o respectivo instrumento de ratificação que
e submetê-lo-á à aprovação da Assembleia Geral, por corresponda ao número de dois terços dos Estados Par-
intermédio da Secretaria-Geral. Esta última não poderá tes nesta Convenção. Quanto aos outros Estados Partes,
nele introduzir modificações. entrarão em vigor na data em que depositarem eles os
seus respectivos instrumentos de ratificação.
Artigo 73
Artigo 77
Somente por solicitação da Comissão ou da Corte, con-
forme o caso, cabe à Assembleia Geral da Organização 1. De acordo com a faculdade estabelecida no artigo 31,
resolver sobre as sanções aplicáveis aos membros da Co- qualquer Estado Parte e a Comissão podem submeter
missão ou aos juízes da Corte que incorrerem nos casos à consideração dos Estados Partes reunidos por ocasião
previstos nos respectivos estatutos. Para expedir uma da Assembleia Geral, projetos de protocolos adicionais a
resolução, será necessária maioria de dois terços dos vo- esta Convenção, com a finalidade de incluir progressiva-
tos dos Estados Membros da Organização, no caso dos mente no regime de proteção da mesma outros direitos
membros da Comissão; e, além disso, de dois terços dos e liberdades.
votos dos Estados Partes na Convenção, se se tratar dos 2. Cada protocolo deve estabelecer as modalidades de
juízes da Corte. sua entrada em vigor e será aplicado somente entre os
Estados Partes no mesmo.
PARTE III
DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS Artigo 78

CAPÍTULO X 1. Os Estados Partes poderão denunciar esta Convenção


ASSINATURA, RATIFICAÇÃO, RESERVA, EMENDA,
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

depois de expirado um prazo de cinco anos, a partir da


PROTOCOLO E DENÚNCIA data da entrada em vigor da mesma e mediante aviso
prévio de um ano, notificando o Secretário-Geral da Or-
Artigo 74 ganização, o qual deve informar as outras Partes.
2. Tal denúncia não terá o efeito de desligar o Estado
1. Esta Convenção fica aberta à assinatura e à ratifica- Parte interessado das obrigações contidas nesta Con-
ção ou adesão de todos os Estados membros da Organi- venção, no que diz respeito a qualquer ato que, podendo
zação dos Estados Americanos. constituir violação dessas obrigações, houver sido come-
2. A ratificação desta Convenção ou a adesão a ela tido por ele anteriormente à data na qual a denúncia
efetuar-se-á mediante depósito de um instrumento de produzir efeito.
ratificação ou de adesão na Secretaria-Geral da Organi-
zação dos Estados Americanos. Esta Convenção entrará

16
CAPÍTULO XI DECRETO No 678, DE 6 DE NOVEMBRO DE 1992
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Promulga a Convenção Americana sobre Direitos Hu-
Seção 1 — Comissão Interamericana de Direitos Hu- manos (Pacto de São José da Costa Rica), de 22 de novem-
manos bro de 1969

Artigo 79 O VICE-PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no exercício do


cargo de PRESIDENTE DA REPÚBLICA , no uso da atribui-
Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral ção que lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e 
pedirá por escrito a cada Estado membro da Organiza- Considerando que a Convenção Americana sobre Direitos
ção que apresente, dentro de um prazo de noventa dias, Humanos (Pacto de São José da Costa Rica), adotada no
seus candidatos a membro da Comissão Interamericana âmbito da Organização dos Estados Americanos, em São
de Direitos Humanos. O Secretário-Geral preparará uma José da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, entrou
lista por ordem alfabética dos candidatos apresentados em vigor internacional em 18 de julho de 1978, na forma
e a encaminhará aos Estados membros da Organização do segundo parágrafo de seu art. 74;
pelo menos trinta dias antes da Assembleia Geral se- Considerando que o Governo brasileiro depositou a
guinte. carta de adesão a essa convenção em 25 de setembro de
1992;  Considerando que a Convenção Americana sobre
Artigo 80 Direitos Humanos (Pacto de São José da Costa Rica) entrou
em vigor, para o Brasil, em 25 de setembro de 1992 , de
A eleição dos membros da Comissão far-se-á dentre os conformidade com o disposto no segundo parágrafo de
candidatos que figurem na lista a que se refere o artigo seu art. 74;
79, por votação secreta da Assembleia Geral, e serão de-
clarados eleitos os candidatos que obtiverem maior nú- DECRETA:
mero de votos e a maioria absoluta dos votos dos repre-
sentantes dos Estados membros. Se, para eleger todos os Art. 1° A Convenção Americana sobre Direitos Humanos
membros da Comissão, for necessário realizar várias vo- (Pacto de São José da Costa Rica), celebrada em São José
tações, serão eliminados sucessivamente, na forma que da Costa Rica, em 22 de novembro de 1969, apensa por
for determinada pela Assembleia Geral, os candidatos cópia ao presente decreto, deverá ser cumprida tão in-
que receberem menor número de votos. teiramente como nela se contém.
Art. 2° Ao depositar a carta de adesão a esse ato inter-
Seção 2 — Corte Interamericana de Direitos Huma- nacional, em 25 de setembro de 1992, o Governo brasi-
nos leiro fez a seguinte declaração interpretativa: “O Gover-
no do Brasil entende que os arts. 43 e 48, alínea d , não
Artigo 81 incluem o direito automático de visitas e inspeções in
loco da Comissão Interamericana de Direitos Humanos,
Ao entrar em vigor esta Convenção, o Secretário-Geral as quais dependerão da anuência expressa do Estado”.
solicitará por escrito a cada Estado Parte que apresente, Art. 3° O presente decreto entra em vigor na data de sua
dentro de um prazo de noventa dias, seus candidatos a publicação.
juiz da Corte Interamericana de Direitos Humanos. O
Secretário-Geral preparará uma lista por ordem alfabé- Brasília, 6 de novembro de 1992; 171° da Independên-
tica dos candidatos apresentados e a encaminhará aos cia e 104° da República.
Estados Partes pelo menos trinta dias antes da Assem- ITAMAR FRANCO 
bleia Geral seguinte. Fernando Henrique Cardoso

Artigo 82
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

A eleição dos juízes da Corte far-se-á dentre os candi-


datos que figurem na lista a que se refere o artigo 81, por
votação secreta dos Estados Partes, na Assembleia Geral,
e serão declarados eleitos os candidatos que obtiverem
maior número de votos e a maioria absoluta dos votos dos
representantes do Estados Partes. Se, para eleger todos os
juízes da Corte, for necessário realizar várias votações, se-
rão eliminados sucessivamente, na forma que for determi-
nada pelos Estados Partes, os candidatos que receberem
menor número de votos.

17
e mortes. Em consequência, em 1948 formalizou-se um
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS documento escrito que estabeleceu direitos humanos,
ECONÔMICOS, SOCIAIS E CULTURAIS dentre eles, individuais, culturais, econômicos e sociais
(ARTS. 1° AO 15). com o objetivo de garantir a sobrevivência em condi-
ções mínimas de dignidade.
Este documento é de extrema relevância, pois, a partir
O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais daí, diversos outros tratados e convenções foram escri-
e Culturais (PIDESC) foi aprovado pela XXI Sessão da As- tos, sempre mantendo os ideais da Declaração Universal
sembleia-Geral das Nações Unidas, em 19 de dezembro de dos Direitos Humanos.
1966.
O Brasil apresentou ratificação ao Tratado, tendo sido 2. (SEJUS-CE – Agente Penitenciário – Nível Médio –
referido pacto aprovado pelo Congresso Nacional por UECE – 2011) Ainda com relação à interpretação da Carta
meio do Decreto Legislativo nº 226 de 12-12-1991. das Nações Unidas, é correto afirmar-se que
Neste Tratado, são previstos: direito ao trabalho (art.
6º); direito à remuneração justa e igualitária entre homens a) o propósito das Nações Unidas é manter a paz e a segu-
e mulheres, direito ao descanso, férias remuneradas e rança internacional bem como promover e estimular o
duração razoável da jornada de trabalho (art. 7º); direito respeito aos direitos humanos.
à previdência social (art. 9º); licença-maternidade (art. 10); b) cada Membro do Conselho de Segurança da ONU terá
direito à saúde (art. 12); direito à educação (art. 13); direito dois representantes.
à participação na vida cultural do Estado (art. 15). c) os Membros das Nações Unidas não prestarão assistên-
Denota-se assim, que os direitos são bastante seme- cia mútua para a execução das medidas determinadas
lhantes aos previstos na Constituição Federal Brasileira. pelo Conselho de Segurança.
De forma semelhante à prevista no PIDCP, os Estados d) a Assembleia da ONU reunir-se-á em sessões semestrais
que tenham ratificado o Tratado, devem apresentar rela-
tórios que serão encaminhados ao Secretário-Geral da Resposta: Letra A - A Carta das Nações Unidas criou a
ONU em que serão apresentadas as medidas tomadas no Organização das Nações Unidas com o objetivo primor-
cumprimento e respeito aos direitos mencionados no do- dial de manter a paz mundial e segurança internacional.
cumento. Conforme visto, o contexto histórico advém do perío-
O Secretário enviará cópias destes relatórios para o do Pós-Segunda Guerra Mundial. Assim, as nações pre-
Conselho Econômico e Social que farão a devida análise. tendiam unir-se para manter a paz após um período de
grandes perdas para a humanidade. Para tanto, a Carta
traz em seu teor diversos direitos humanos mínimos que
devem ser respeitados e promovidos pelas nações para
EXERCÍCIOS COMENTADOS garantir a sobrevivência com dignidade decorrente da
condição humana peculiar a todos.
1. (SJC-SC – Agente de Segurança Sócioeducativo – Ní-
vel Superior – FEPESE –2014)Assinale a alternativa correta 3. (Polícia Militar-BA – Soldado da Polícia Militar – Nível
acerca da Declaração Universal dos Direitos Humanos. Médio – FCC – 2012) O direito à autodeterminação, de
acordo com o Pacto Internacional dos Direitos Econômicos,
a) Tem sua aplicação restrita às vítimas da Segunda Grande Sociais e Culturais, consiste no direito que
Guerra.
b) Apesar de seu texto ter sido elaborado pelo sistema na- a) todos os povos têm de determinar livremente seu es-
zista, hoje tem aplicação universal. tatuto político, assegurando livremente seu desenvolvi-
c) A Declaração Universal dos Direitos Humanos tem como mento econômico, social e cultural.
objeto principal as disputas comerciais. b) toda pessoa tem de desfrutar de um nível de vida ade-
d) O texto foi proclamado após o término da Segunda quado para si próprio e para sua família, inclu­sive quan-
Guerra Mundial e serviu de inspiração para a elaboração to á alimentação, vestimenta e moradia.
de diversos textos constitucionais.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

c) toda pessoa tem de ganhar a vida mediante um trabalho


e) A Declaração Universal dos Direitos Humanos pouco in- livremente escolhido ou aceito.
fluenciou os demais países, uma vez que foi criada ex- d) toda pessoa tem de gozar de condições de trabalho
clusivamente para combater o chamado “eixo nazista”da justas e favoráveis, sem qualquer distinção por motivo
Segunda Guerra Mundial. de raça. cor, sexo, língua, religião, opinião política ou de
qualquer outra natureza.
Resposta: Letra D - Conforme visto, com o final da e) toda família tem, como núcleo natural e funda­mental da
Segunda Guerra Mundial houve a criação da ONU por sociedade, de receber do Estado a mais ampla proteção
meio da Carta das Nações Unidas em 1945. A partir daí, e assistência.
os Estados se uniram e passaram a pensar em medidas
que deveriam vigorar com o objetivo maior de manter
a paz mundial após um período de grande devastação

18
Resposta: Letra A - O direito à autodeterminação está Após a comunicação do descumprimento, os dois Es-
previsto no artigo 1º da Parte I do Pacto Internacional tados envolvidos terão prazo de seis meses para resolução
dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais. Lá está de- do conflito de forma pacífica entre si. Se, transcorrido este
finido que trata-se do direito que todos os povos têm de prazo, não se chegar a uma conclusão, qualquer um dos
determinar livremente seu estatuto político e assegurar dois poderá submeter a controvérsia ao Comitê.
também de forma livre seu desenvolvimento econô-
mico, social e cultural. Este direito advém da soberania 1. Protocolo Facultativo
que é uma garantia dos Estados de, mesmo ratificando
tratados internacionais e mantendo relações com outras Em 16-12-1966 foi editado o Protocolo Facultativo cujo
nações, poderá manter suas regras internas definidas objetivo foi estabelecer a possibilidade de que fossem
conforme o interesse daquela nação. apresentadas petições individuais por pessoas que ale-
guem ser vítimas de violações de algum dos direitos ou
garantias previstas no PIDCP.
Para que seja admissível referida petição, existem dois
PACTO INTERNACIONAL DOS DIREITOS CI-
requisitos que devem ser preenchidos, quais sejam:
VIS E POLÍTICOS/1966 (ARTS. 1° AO 271).
- devem ser esgotados previamente todos os recursos
internos disponíveis.
O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos foi
adotado pela XXI Sessão da Assembleia Geral da ONU em Este requisito poderá ser dispensado apenas na hipó-
16-12-1996. tese de ter transcorrido excesso de prazo para julgamento
O Brasil apresentou ratificação ao Tratado, tendo sido interno pelo Estado, de processo em que discuta uma vio-
referido pacto aprovado pelo Congresso Nacional por lação de direito.
meio do Decreto Legislativo nº 226 de 12-12-1991. - a questão apenas poderá ser submetida a este órgão
O Pacto tem por objetivo garantir a todos, os direitos internacional e não a outras instâncias internacionais.
civis e políticos inerentes aos indivíduos em virtude de sua
condição de pessoa humana. Cabe ainda dizer que não podem ser apresentadas de-
Ao todo, o documento apresenta cinquenta e três arti- núncias anônimas.
gos, dentre os quais direitos e garantias como: igualdade Atualmente, são admissíveis, além de petição pela pró-
entre homens e mulheres no exercício de seus direitos civis pria vítima, a apresentação por meio de um representante
e políticos (art. 3); direito à vida e de não ser dela privado ou mesmo organizações ou entidades que apoiem a causa.
de forma arbitrária (art. 6). Após a apresentação da petição, o Estado denunciado
Estabelece ainda que ninguém poderá ser submetido é chamado para se manifestar por escrito, tendo um prazo
a qualquer forma de tortura ou escravidão (art. 8); direito de seis meses para tanto.
à liberdade e garantia de que ninguém será encarcerado Em seguida, o Comitê de Direitos Humanos analisará a
arbitrariamente (art. 9). petição da denúncia e a defesa do Estado, proferindo uma
Também está previsto no Pacto, a garantia de qualquer decisão que poderá ser no sentido de reconhecimento da
indivíduo que se ache em um território de poder nele tran- violação ou mesmo na determinação que o denunciado
sitar livremente e escolher sua residência (art. 12). tome medidas para reparar o dano.
Garante ainda o Pacto, que qualquer indivíduo terá o Ocorre, porém, que esta decisão não é vinculante, po-
direito ao reconhecimento de sua personalidade jurídica dendo apenas ser publicada no Relatório da Assembleia da
(art. 16) e direito a liberdade de pensamento, consciência ONU apresentado anualmente.
e religião (art. 18). Eventual descumprimento ou omissão constituiria uma
Ademais, o Pacto prevê uma forma de monitorar os Es- espécie de vergonha ou conduta reprovável em desfavor
tados-membros quanto à observância e cumprimento dos do Estado perante a comunidade internacional.
direitos reconhecidos pelo tratado. Vale mencionar que anualmente o Brasil apresenta rela-
Este monitoramento ocorre por meio da análise de re- tórios sobre a adoção de medidas que tenham sido efetiva-
latórios que serão analisados por um Comitê previsto no das pelo país e possam ser consideradas como um avanço
art. 28 do Pacto, que será composto por dezoito membros. perante os demais Estados-membros.
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

Caberá ao Comitê, sempre que entender necessário,


solicitar que os Estados-membros apresentem relatórios
sobre o cumprimento das disposições nele previstas.
Ainda, necessário dizer que existe no Pacto, a possibi-
lidade de que um Estado-membro comunique ao Comitê
que outro Estado está deixando de cumprir os direitos e
garantias previstos no tratado.
O art. 41 descreve o procedimento. Porém, é indispen-
sável, para o recebimento da denúncia, que o Estado con-
tra quem se reclama, também declare reconhecer a com-
petência do Comitê de Direitos Humanos.

19
ANOTAÇÕES
HORA DE PRATICAR!

1. (PRF - Policial Rodoviário Federal - CESPE - 2013) Jul- __________________________________________________


gue o item.
A aplicação das normas de direito internacional humanitá- ___________________________________________________
rio e de direito internacional dos refugiados impossibilita a
aplicação das normas básicas do direito internacional dos ___________________________________________________
direitos humanos. ___________________________________________________

( ) CERTO ( ) ERRADO ___________________________________________________

___________________________________________________
2. (OAB - Exame de Ordem Unificado X - Primeira Fase
- FGV - 2013 - Adaptada) Sobre o sistema global de pro- ___________________________________________________
teção dos Direitos Humanos, julgue o item: ___________________________________________________
O Direito Humanitário, a Organização Internacional do Tra-
balho e a Liga das Nações são considerados os principais ___________________________________________________
precedentes do processo de internacionalização dos di-
reitos humanos, uma vez que rompem com o conceito de ___________________________________________________
soberania, já que admitem intervenções nos países em prol
___________________________________________________
da proteção dos direitos humanos.
___________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
___________________________________________________

3. (Instituto Rio Branco - Diplomata - Prova 1 - CES- ___________________________________________________


PE - 2018) Julgue o item a seguir, acerca do direito inter-
nacional dos direitos humanos e do direito internacional ___________________________________________________
humanitário. ___________________________________________________
A proteção a civis em conflitos armados é regra absolu-
ta de direito internacional humanitário e deve prevalecer ___________________________________________________
mesmo nos períodos em que civis venham a engajar-se di-
retamente em hostilidades. ___________________________________________________

___________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
___________________________________________________

___________________________________________________
GABARITO ___________________________________________________

___________________________________________________
1 CERTO
2 CERTO ___________________________________________________
3 ERRADO ___________________________________________________
NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

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20
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITOS HUMANOS

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21
ANOTAÇÕES

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22
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Administração pública: conceito e princípios................................................................................................................................................. 01


Poderes administrativos. ........................................................................................................................................................................................ 07
Atos administrativos. Conceito. Atributos. Requisitos. Classificação. Extinção.................................................................................. 12
Organização administrativa. Órgãos públicos: conceito e classificação. Entidades administrativas: conceito e espécies.
Agentes públicos: espécies. .................................................................................................................................................................................. 17
Regime jurídico do militar estadual: Estatuto dos Policiais Militares do Estado da Bahia (Lei estadual nº 7.990, de 27 de
dezembro de 2001)................................................................................................................................................................................................... 41
Lei estadual nº 13.201, de 09 de dezembro de 2014 (Reorganização a Polícia Militar da Bahia)............................................. 42
os administrados. Há uma forte relação entre a im-
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA: CONCEITO E pessoalidade e a finalidade pública, pois quem age
PRINCÍPIOS por interesse próprio não condiz com a finalidade do
interesse público.

C) Moralidade: a Administração impõe a seus agentes


2.1 Conceito de Administração Pública o dever de zelar por uma “boa-administração”, bus-
cando atuar com base nos valores da moral comum,
Administração Pública é uma expressão que pode com- isso é, pela ética, decoro, boa-fé, e lealdade. A mo-
portar pelo menos dois sentidos: na sua acepção subjeti- ralidade não é somente um princípio, mas também
va e formal, a Administração Pública confunde-se com a requisito de validade dos atos administrativos.
pessoa de seus agentes, órgãos, e entidades públicas que
exercem a função administrativa. Já na acepção objetiva e D) Publicidade: a publicação dos atos da Administra-
material da palavra, podemos definir a administração pú- ção promove maior transparência e garante eficácia
blica (alguns doutrinadores preferem colocar a palavra em erga omnes. Além disso, também diz respeito ao
letras minúsculas para distinguir melhor suas concepções), direito fundamental que toda pessoa tem de obter
como a atividade estatal de promover concretamente o in- acesso a informações de seu interesse pelos órgãos
teresse público. estatais, salvo as hipóteses em que esse direito po-
nha em risco a vida dos particulares ou o próprio Es-
Também podemos dividir, na acepção material, em tado, ou ainda que ponha em risco a vida íntima dos
administração pública lato sensu e stricto sensu. Em sen- envolvidos.
tido amplo, abrange não somente a função administrati-
va, como também a função política, incluindo-se nela os E) Eficiência: Implementado pela reforma administra-
órgãos governamentais. Em sentido estrito, administração tiva promovida pela Emenda Constitucional nº 19
pública envolve apenas a função administrativa em si. de 1988, a eficiência se traduz na tarefa da Adminis-
tração de alcançar os seus resultados de uma forma
2.2 Princípios da Administração Pública célere, promovendo melhor produtividade e rendi-
mento, evitando gastos desnecessários no exercício
Os princípios que regem a atividade da Administração de suas funções. A eficiência fez com que a Admi-
Pública são vastos, podendo estar explícitos em norma nistração brasileira adquirisse caráter gerencial, ten-
positivada, ou até mesmo implícitos, porém denotados do maior preocupação na execução de serviços com
segundo a interpretação das normas jurídicas. Além disso, perfeição ao invés de se preocupar com procedi-
os princípios administrativos podem ser constitucionais, ou mentos e outras burocracias. A adoção da eficiência,
infraconstitucionais. todavia, não permite à Administração agir fora da lei,
não se sobrepõe ao princípio da legalidade.
2.2.1. Princípios Constitucionais

São os princípios previstos no Texto Constitucional,


mais especificamente no caput do artigo. 37. Segundo o 2.2.2 Princípios Infraconstitucionais
dispositivo: “A administração pública (observe que o tex-
to legal não fez questão de colocar a expressão em letras Os princípios administrativos não se esgotam no âm-
maiúsculas, embora esteja claramente dissertando sobre a bito constitucional. Existem outros princípios cuja previsão
entidade que exerce a função administrativa) direta e in- não está disposta na Carta Magna, e sim na legislação in-
direta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do fraconstitucional. É o caso do disposto no caput do artigo
Distrito Federal e dos Municípios obedecerá aos princípios 2º da Lei nº 9.784/1999: “A Administração Pública obede-
de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e cerá, dentre outros, aos princípios da legalidade, finalidade,
eficiência e, também, ao seguinte:”. Assim, esquematica- motivação, razoabilidade, proporcionalidade, moralidade,
mente, temos os princípios constitucionais da: ampla defesa, contraditório, segurança jurídica, interesse
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

público e eficiência”.
A) Legalidade: fruto da própria noção de Estado de
Direito, as atividades do gestor público estão sub- Convém, então, detalhar esses princípios de origem le-
missas a forma da lei. A legalidade promove maior gal.
segurança jurídica para os administrados, na medida
em que proíbe que a Administração Pública pratique 2.2.2.1 Princípio da Autotutela
atos abusivos. Ao contrário dos particulares, que po- Alguns concursos utilizam também o nome “princípio
dem fazer tudo aquilo que a lei não proíbe, a Admi- da sindicabilidade” para designar a autotutela, que diz
nistração só pode realizar o que lhe é expressamente respeito ao controle interno que a Administração Pública
autorizado por lei. exerce sobre os seus próprios atos. Isso significa que, ha-
vendo algum ato administrativo ilícito ou que seja inconve-
B) Impessoalidade: a atividade da Administração Pú- niente e contrário ao interesse público, não é necessária a
blica deve ser imparcial, de modo que é vedado ha- intervenção judicial para que a própria Administração anu-
ver qualquer forma de tratamento diferenciado entre le ou revogue esses atos.

1
vado) deva ser protegido e amparado pela legislação, isso
#FicaDica não impede que o Poder Público possa proibir a construção
projetada em terreno onde se situa um prédio tombado. A
Anulação é o procedimento que tem por ob-
preservação daquele local, como patrimônio histórico, é de
jetivo retirar um ato ilícito, por ser considera- interesse público.
do uma afronta a lei. A anulação possui efeito
retroativo, ataca a validade do ato até o mo- 2.2.2.3 Princípio da Motivação
mento da sua concepção (eficácia ex tunc). A
revogação, por sua vez, é a forma de desfazer Também pode constar em outras obras como “princípio
um ato válido, perfeito e legítimo, mas que por da obrigatória motivação”. Trata-se de uma técnica de con-
trazer certa inconveniência, não é mais útil ou trole dos atos administrativos, o qual impõe à Administra-
oportuno. Não tem efeito retroativo, não po- ção o dever de indicar os pressupostos de fato e de direito
dendo atingir as situações advindas antes da que justificam a prática daquele ato. A fundamentação da
revogação (eficácia ex nunc). prática dos atos administrativos será sempre por escrito.
Possui previsão no art. 50 da Lei nº 9.784/1999: “Os atos
administrativos deverão ser motivados, com indicação dos
Não havendo necessidade de recorrer ao Poder Judiciário, fatos e dos fundamentos jurídicos, quando (...)”; e também
quis o legislador que a Administração possa, dessa forma, no art. 2º, par. único, VII, da mesma Lei: “Nos processos
promover maior celeridade na recomposição da ordem ju- administrativos serão observados, entre outros, os critérios
rídica afetada pelo ato ilícito, e garantir maior proteção ao de: VII - indicação dos pressupostos de fato e de direito
interesse público contra os atos inconvenientes. que determinarem a decisão”. A motivação é uma decor-
rência natural do princípio da legalidade, pois a prática de
Segundo o disposto no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: “A um ato administrativo fundamentado, mas que não esteja
Administração deve anular seus próprios atos, quando ei- previsto em lei, seria algo ilógico.
vados de vício de legalidade, e pode revogá-los por motivo Convém estabelecer a diferença entre motivo e motiva-
de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos ção. Motivo é o ato que autoriza a prática da medida admi-
adquiridos”. A distinção feita pelo legislador é bastante nistrativa, portanto, antecede o ato administrativo. A moti-
oportuna: ele enfatiza a natureza vinculada do ato anula- vação, por sua vez, é o fundamento escrito, de fato ou de
tório, e a discricionariedade do ato revogatório. A Admi- direito, que justifica a prática da referida medida. Exemplo:
nistração pode revogar os atos inconvenientes, mas tem o na hipótese de alguém sofrer uma multa por ultrapassar
dever de anular os atos ilegais. limite de velocidade, a infração é o motivo (ultrapassagem
do limite máximo de velocidade); já o documento de noti-
A autotutela também tem previsão em duas súmulas ficação da multa é a motivação. A multa seria, então, o ato
do Supremo Tribunal Federal. Súmula nº 346: “A Adminis- administrativo em questão.
tração Pública pode declarar a nulidade de seus próprios Quanto ao momento correto para sua apresentação,
atos”. Súmula nº 473: “A administração pode anular seus entende-se que a motivação pode ocorrer simultaneamen-
próprios atos, quando eivados de vícios que os tornam ile- te, ou em um instante posterior a prática do ato (em res-
gais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los, peito ao princípio da eficiência). A motivação intempesti-
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados va, isso é, aquela dada em um momento demasiadamente
os direitos adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a posterior, é causa de nulidade do ato administrativo.
apreciação judicial”. A utilização do verbo “poder” nas duas
súmulas está incorreta: o certo seria dizer que a Adminis- 2.2.2.4 Princípio da Finalidade
tração deve anular os seus próprios atos.
Sua previsão encontra-se no art. 2º, par. único, II, da Lei
2.2.2.2 Princípio da Supremacia do Interesse Público nº 9.784/1999. “Nos processos administrativos serão ob-
servados, entre outros, os critérios de: II - atendimento a
Esse princípio advém da própria autotutela administra- fins de interesse geral, vedada a renúncia total ou parcial
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tiva. Diz respeito a atuação estatal que, quando age em de poderes ou competências, salvo autorização em lei”. O
vista de algum interesse imediato, o seu fim último deve princípio da finalidade muito se assemelha ao da prima-
zia do interesse público. O primeiro impõe que o Admi-
ser sempre almejar o interesse público, que é a vontade de
nistrador sempre aja em prol de uma finalidade específica,
toda população brasileira, no seu coletivo. Para atingir os
prevista em lei. Já o princípio da supremacia do interesse
seus objetivos, a supremacia do interesse público garante público diz respeito à sobreposição do interesse da cole-
diversas prerrogativas à Administração, de modo a facilitar tividade em relação ao interesse privado. A finalidade dis-
a sua atuação, sobrepondo-se ao interesse dos particula- posta em lei pode, por exemplo, ser justamente a proteção
res. ao interesse público.
O interesse privado, por mais que seja protegido e te- Com isso, fica bastante clara a ideia de que todo ato,
nha garantias jurídicas (sobretudo os direitos fundamentais além de ser devidamente motivado, possui um fim espe-
individuais, dispostos nos incisos do art. 5º da CF/1988), cífico, com a devida previsão legal. O desvio de finalidade,
deve se submeter ao interesse coletivo. Exemplificando: ou desvio de poder, são defeitos que tornam nulo o ato
por mais que o direito à propriedade privada (interesse pri- praticado pelo Poder Público.

2
2.2.2.5 Princípio da Razoabilidade Há centralização quando o exercício das competências
administrativas é realizado por uma única pessoa jurídica,
Agir com razoabilidade é decorrência da própria noção como ocorre quando a União, os Estados, Municípios e o
de competência. Todo poder tem suas correspondentes Distrito Federal agem para exercer suas respectivas fun-
limitações. O Estado deve realizar suas funções com coe- ções. A descentralização, por sua vez, é a técnica em que a
rência, equilíbrio e bom senso. Não basta apenas atender Administração Pública atribui suas competências à pessoas
à finalidade prevista na lei, mas é de igual importância o jurídicas autônomas, criadas por ela própria para esse fim.
como ela será atingida. É uma decorrência lógica do prin- É considerada um princípio fundamental da própria Admi-
cípio da legalidade. nistração, nos termos do art. 6º, III, do Dec-Lei nº 200/67.
Dessa forma, os atos imoderados, abusivos, irracionais Na descentralização, costuma-se utilizar com bastante
e incoerentes, são incompatíveis com o interesse públi- frequência o termo entidade. Nos termos do art. 1º, § 2º, II,
co, podendo ser anulados pelo Poder Judiciário ou pela da Lei nº 9.784/1999: “Para os fins desta Lei, consideram-
própria entidade administrativa que praticou tal medida. -se: II – entidade - a unidade de atuação dotada de per-
Em termos práticos, a razoabilidade (ou falta dela) é mais sonalidade jurídica”. Entidade da Administração, assim, é
aparente quando tenta coibir o excesso pelo exercício do qualquer pessoa jurídica autônoma cujo serviço público foi
poder disciplinar ou poder de polícia. Poder disciplinar tra- outorgado pela entidade federativa, isso é, pelas pessoas
duz-se na prática de atos de controle exercidos contra seus jurídicas de Direito Público interno (União, Estados, Muni-
próprios agentes, isso é, de destinação interna. Poder de cípios, Distrito Federal, etc.). Os membros federais, nesses
polícia é o conjunto de atos praticados pelo Estado que casos, realizam apenas uma tarefa de controle e fiscaliza-
tem por escopo limitar e condicionar o exercício de direitos ção do serviço prestado pela entidade outorgada. O con-
individuais e o direito à propriedade privada. junto de pessoas jurídicas autônomas criadas pelo próprio
Estado para atingir determinada finalidade denomina-se
2.2.2.6 Princípio da Proporcionalidade Administração Indireta ou Descentralizada.
Se as entidades são dotadas de personalidade jurídica
própria, elas têm responsabilidade pelos danos e prejuízos
O princípio da proporcionalidade tem similitudes com
causados por seus agentes públicos, podendo responder
o princípio da razoabilidade. Há muitos autores, inclusive,
judicialmente pela prática desses atos.
que preferem unir os dois princípios em uma nomenclatura
As entidades da Administração Indireta podem ter per-
só. De fato, a Administração Pública deve atentar-se a exa-
sonalidade jurídica de Direito Público ou de Direito Priva-
geros no exercício de suas funções. A proporcionalidade
do. Tal diferença é bastante relevante no que diz respeito
é um aspecto da razoabilidade voltado a controlar a justa ao procedimento de criação dessas entidades autônomas.
medida na prática de atos administrativos. Busca evitar ex- As pessoas jurídicas de direito público são criadas por
tremos, exageros, pois podem ferir o interesse público. lei (art. 37, XIX, da CF/1988), e a sua personalidade jurídica
Segundo o art. 2º, par. único, VI, da Lei nº 9.784/1999, advém no momento em que tal legislação entra em vigor
deve o Administrador agir com “adequação entre meios e no âmbito jurídico, não havendo necessidade de registro
fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e san- em cartório.
ções em medida superior àquelas estritamente necessárias As pessoas jurídicas de direito privado, todavia, são
ao atendimento do interesse público”. Na prática, a pro- autorizadas pela lei (art. 37, XX, da CF/1988), ou seja, a
porcionalidade também encontra sua aplicação no exercí- legislação deve permitir que ela exista, para que o Poder
cio do poder disciplinar e do poder de polícia. Executivo regulamente suas funções mediante a expedição
Esses não são os únicos princípios que regem as rela- de decretos. Sua personalidade jurídica, dessa forma, está
ções da Administração Pública. Porém, escolhemos trazer condicionada ao seu registro em cartório.
com mais detalhes os princípios que julgamos ser mais São pessoas jurídicas de Direito Público membros da
característicos da Administração. Isso não quer dizer que Administração Indireta: as autarquias, as fundações públi-
outros princípios não possam ser estudados ou aplicados a cas, agências reguladoras e associações públicas. São pes-
esse ramo jurídico. A Administração também está submissa soas jurídicas de Direito Privado: as empresas públicas, as
ao princípio da responsabilidade, ao princípio da seguran- sociedades de economia mista, as fundações governamen-
ça jurídica, ao princípio do contraditório e ampla defesa, ao tais com estrutura de pessoa jurídica de Direito Privado, as
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

princípio da isonomia, entre outros. subsidiárias, e os consórcios públicos de Direito Privado.


2.3 Centralização e Descentralização
2.3.1 Autarquias
Estudar a organização administrativa é matéria impor- As autarquias são pessoas jurídicas de Direito Público
tantíssima que pode cair em diversas provas com o intui- interno, criadas por legislação própria, que tem por esco-
to de forçar o candidato a cair em uma “pegadinha”. Por po exercer as funções típicas da Administração Pública.
isso, é imprescindível saber as diferentes entidades que Seu conceito também encontra-se disposto no art. 5º, I,
integram a Administração Pública como um todo. O De- do Dec-Lei nº 200/1967: “Para os fins desta lei, considera-
creto-Lei nº 200/1967 é a legislação que dispõe sobre a -se: I - Autarquia - o serviço autônomo, criado por lei, com
organização administrativa, além de estabelecer diretrizes personalidade jurídica, patrimônio e receita próprios, para
para a Reforma Administrativa. executar atividades típicas da Administração Pública, que
A Administração, para executar suas funções e expedir
requeiram, para seu melhor funcionamento, gestão admi-
seus atos, dispõe de duas técnicas distintas: a desconcen-
nistrativa e financeira descentralizada.”
tração, e a descentralização.

3
2.3.1.1 Características principais das autarquias:
FIQUE ATENTO!
Pelo conceito legal, podemos destacar algumas carac- Curioso é o caso da Ordem dos Advogados do
terísticas próprias das autarquias. Brasil (OAB). A princípio, a OAB possui as ca-
A) Pessoa Jurídica de Direito Público: isso significa, em racterísticas de uma autarquia profissional ou
termos gerais, que às autarquias não são aplicáveis corporativa, dado seus objetivos de proteger
as regras de Direito Privado. os interesses de todos os advogados do país.
B) Criação dependente de Lei específica: o surgimento Porém, no julgamento da ADI nº 3.026/2006,
da personalidade jurídica da autarquia advém com a o STF decidiu por retirar a natureza autárquica
redação de uma Lei cuja matéria seja somente a cria- da OAB, alegando que, por não possuir per-
ção da referida autarquia (art. 37, XIX, da CF/1988).
sonalidade jurídica de Direito Público, é enti-
C) Autonomia gerencial, patrimonial e orçamentária: ter
dade independente, não possui nenhum vín-
autonomia significa que as autarquias não possuem
culo com a Administração Pública, apesar de
relação de hierarquia com a Administração Direta,
tendo patrimônio próprio e funções típicas que não exercer função institucional. Sendo assim, para
se confundem com os demais entes da Federação. todos os efeitos, o mais correto é afirmar que
Não significa, todavia, que não são independentes a OAB não é autarquia!
de seus entes, podendo sofrer fiscalização destes no
exercício de suas atividades.
2.3.2 Fundações Públicas
D) Regime estatutário: os membros da autarquia ocu-
pam cargos públicos. A contratação pelo regime ce- As fundações públicas são consideradas espécies de
letista, isso é, nos termos da CLT, somente é admitida autarquias, possuindo diversas características similares.
em casos excepcionais. Fundação pública é, nos termos do art. 5º, IV, do Dec-Lei
E) Responsabilidade objetiva: não há necessidade de nº 200/1967: “a entidade dotada de personalidade jurídica
demonstração de culpa para as autarquias serem de direito privado, sem fins lucrativos, criada em virtude de
responsáveis pela prática de atos de seus agentes. autorização legislativa, para o desenvolvimento de ativida-
A Administração Direta responde apenas subsidiaria- des que não exijam execução por órgãos ou entidades de
mente pela prática dos atos danosos, caso a autar- direito público, com autonomia administrativa, patrimônio
quia careça de condições patrimoniais para reparar próprio gerido pelos respectivos órgãos de direção, e fun-
os danos causados. cionamento custeado por recursos da União e de outras
fontes.”. A Funai, Funasa, o IBGE, são alguns exemplos de
2.3.1.2 Classificação fundações públicas.
Pelo conceito disposto na legislação, percebe-se que
A doutrina tende a classificar as autarquias nos seguin- o referido Decreto-Lei dispõe serem as fundações como
tes grupos: entidades com personalidade jurídica de Direito Privado.
I - Administrativas: são as autarquias comuns, apresen- Tal conceituação não foi recepcionada pela Constituição de
tam regime jurídico ordinário. Exemplo: Instituto 1988 que, em seu art. 37, XIX, decidiu não fazer tal distin-
Nacional de Seguridade Social (INSS). ção: “somente por lei específica poderá ser criada autarquia
II - Especiais: possuem maior autonomia em relação e autorizada a instituição de empresa pública, de sociedade
as autarquias administrativas devido a presença de de economia mista e de fundação, cabendo à lei comple-
certas características, como a presença de dirigentes mentar, neste último caso, definir as áreas de sua atuação”.
com mandato fixo. Podem se subdividir em: b.1) es- Dessa forma, concluímos que as fundações podem
peciais stricto sensu (Banco Central); e b.2) agências ser tanto de Direito Público como de Direito Privado, de-
reguladoras (Anatel, Anvisa). pendendo do que a lei instituidora da fundação delimitar
III - Corporativas: são as corporações profissionais, que quanto as suas competências. Todavia, importante frisar
promovem o controle e a fiscalização de categorias que, mesmo as fundações de regime jurídico privado deve
profissionais. Exemplos: Crea, CRO, CRM. obediência às normas públicas, e não à legislação civil.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

IV - Fundacionais: são as fundações públicas, entidades 2.3.3 Agências Reguladoras


que arrecadam patrimônio para o cumprimento de
um objetivo específico. Exemplos: Funai, Procon, Fu- O surgimento das agências reguladoras possui fortes
nasa. relações com a época das privatizações na segunda meta-
V - Territoriais: são as autarquias de controle da União, de dos anos 1990. Neste contexto, as agências reguladoras
também denominadas territórios federais (art. 33 da foram introduzidas, sobretudo pelas ECs nos 8 e 9, ambas
CF/1988). A atual Constituição aboliu os territórios de 1995, para atuar como órgãos reguladores, fiscalizado-
federais remanescentes. res e controladores da iniciativa privada, que passaram a
VI - Associativas: são as autarquias criadas pelo resulta- desenvolver as tarefas originalmente atribuídas ao Estado.
do de uma celebração de consórcio público, também Alguns exemplos de agências reguladoras: Aneel, Anatel,
denominadas associações públicas. Se o contrato de Ancine, ANP, entre outros.
consórcio público envolver múltiplos entes da Fe-
deração, tais autarquias podem ser transfederativas. 2.3.3.1 Características
Exemplo: associação criada entre União, Estados e
Municípios para a construção de um teatro.

4
As agências reguladoras também são autarquias sob
um regime especial, se diferenciando das autarquias co- 2.3.5 Empresas Estatais. Empresas públicas e socie-
muns em dois aspectos: dades de economia mista
A) Estabilidade: os dirigentes das agências reguladoras
não podem ser exonerados por qualquer motivo, Empresas do Estado são as pessoas jurídicas de Direito
ao contrário das autarquias, em que seus dirigentes Privado pertencentes à Administração Indireta. São duas:
atuam em cargos de comissão. Assim, os dirigentes as empresas públicas, e as sociedades de economia mista.
das agências têm maior proteção contra o desliga-
mento forçado, promovendo maior estabilidade no
2.3.5.1 Características das empresas estatais
exercício de seu cargo.
B) Mandato fixo: os dirigentes não possuem cargo vi-
talício. Mas a existência de mandato fixo garante As empresas públicas e as sociedades de economia
também maior estabilidade no seu cargo, visto que mista apresentam características em comum:
ele tem prazo determinado para se encerrar. A dura- A) Atuação na prestação de serviços públicos ou no de-
ção dos mandatos pode variar dependendo de cada senvolvimento de atividade econômica: as empresas
agência, podendo ser de 3 anos como na Anvisa, 4 exploradoras de atividade econômica geralmente re-
anos como na Aneel, ou até 5 anos como na Anatel. cebem menor controle pela Administração, embora
também apresentem certas desvantagens, como não
2.3.3.2 Classificação ter imunidade a impostos, e seus bens não tem natu-
reza pública, podendo ser penhorados.
As agências reguladoras podem ser classificadas:
I - Quanto à sua origem: a) agências federais; b) esta- B) Sofrem controle pelo Tribunal de Contas da União:
duais; c) municipais; d) distritais. bem como do Poder Judiciário, no que couber.
II - Quanto à atividade preponderante: a) agências de
serviço, que exercem as funções típicas; b) agências de C) Contratação de bens e serviços mediante prévia lici-
polícia, que exercem fiscalização das atividades econô- tação: a licitação é processo utilizado a fim de pro-
micas; c) agências de fomento, que ajudam a desenvol- mover uma competição justa com as empresas pri-
ver o setor privado; d) agências de uso de bens públicos. vadas do mesmo setor. Tal imposição não é exigida
III - Quanto à previsão constitucional: a) agências com para as empresas públicas e sociedades de economia
referência constitucional (a Anatel tem previsão no art. mista exploradoras de atividade econômica.
21, XI, da CF/1988); b) agências sem referência constitu-
cional, são a grande maioria. D) Obrigatoriedade de realização de concurso público:
IV - Quanto ao instante de sua criação: a) agências de
trata-se de uma forma de avaliar os melhores fun-
primeira geração (1996 a 1999) na época das privatiza-
ções; b) de segunda geração, de 2000 a 2004; c) de ter- cionários dentro de um grupo seleto de candidatos.
ceira geração, que adveio com as agências pluripoten-
ciárias (2005 em diante), exercendo múltiplas funções E) Contratação de pessoal pelo regime celetista: seus
simultaneamente. membros são denominados empregados públicos,
salvo as hipóteses de contratação para cargo comis-
2.3.4 Associações públicas sionado. É também vedada a acumulação de cargos,
empregos ou funções públicas.
A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios
são os entes responsáveis pela regulamentação dos con- F) Impossibilidade de decretar sua falência: nos termos
sórcios públicos e dos convênios de cooperação, autori- do art. 2º, I, da Lei nº 11.101/2005.
zando a gestão associada de serviços públicos, bem como
a transferência total ou parcial de encargos, serviços, pes-
soal e bens essenciais à continuidade dos serviços transfe-
ridos (art. 241 da CF/1988).
Essas pessoas jurídicas autônomas, criadas pelos entes
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

federados, e que tem por objeto medidas de mútua coope-


ração, denominam-se consórcios públicos. Os consórcios
públicos são disciplinados pela Lei nº 11.107/2005. Uma
das características mais distintas dos consórcios é a possi-
bilidade deles possuírem natureza de Direito Público ou de
Direito Privado.
Consórcios de Direito Privado obedecem às normas da
legislação civil. Possuem regime celetista, embora não pos-
sam ter fins lucrativos. Por isso, não integram a Administra-
ção Pública. Já os consórcios de direito público são as asso-
ciações públicas propriamente ditas, podendo ser inclusive
transfederativas se integrarem todas as esferas das pessoas
consorciadas (federal, estadual, municipal).

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pois pressupõe a ausência completa de distribuições de
FIQUE ATENTO! tarefas entre suas repartições internas, havendo uma forte
O Tribunal de Contas é instituto criado para concentração de poderes em uma única pessoa jurídica de
exercer controle e fiscalização contábil, finan- Direito Público.
ceira e orçamentária dos membros do Estado Na desconcentração, todavia, há a repartição das atri-
e da Administração Pública Direta e Indireta. buições entre os órgãos públicos pertencentes a uma mes-
Apesar de seu nome, o Tribunal de Contas não ma pessoa jurídica, por isso sua vinculação hierárquica. Di-
integra o Poder Judiciário. Na realidade, a dou- fere-se da descentralização justamente nesse aspecto: os
trina têm suas divergências quanto à matéria, órgãos públicos, ao contrário das autarquias, fundações,
embora a grande maioria admite que o Tribu- etc, não tem personalidade jurídica própria, e por isso, não
nal de Contas seja vinculado ao Poder Legis- possuem a mesma autonomia dos entes descentralizados,
lativo, na forma do art. 71 da CF/1988. Apesar permanecendo vinculados hierarquicamente ao Estado.
dessa discussão, inegável é a sua autonomia Muito importante para a desconcentração é a noção
na medida que ajuda o Congresso Nacional no de órgão público. Nos termos do art. 1º, § 2º, I, da Lei nº
exercício de controle externo dos membros do 9.784/1999, órgão público é “a unidade de atuação inte-
Estado. grante da estrutura da Administração direta e da estrutura
da Administração indireta”. Assim, podemos definir órgão
As empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito público um núcleo de competências do Estado, sem perso-
Privado, cuja criação depende de autorização legal. Sua nalidade jurídica própria. Por ser órgão despersonalizado,
personalidade é concedida pelo registro de seus atos cons- não pode integrar no polo ativo ou passivo das ações que
titutivos em cartório, com a totalidade de seu capital públi- objetivam a reparação de danos causados pelo exercício
co, e regime organizacional livre (art. 5º, II, do Dec-Lei nº da Administração, devendo a pessoa jurídica a que o órgão
200/1967), podendo ser organizadas como sociedade anô- pertence ser acionada em tais hipóteses.
nima, ou de responsabilidade limitada, ou ainda sociedade São exemplos de órgãos públicos: os Ministérios da
por comandita de ações. São empresas públicas: o Banco União, as secretarias estaduais, as Prefeituras e Subprefei-
Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), turas, os Tribunais, as Casas Legislativas, entre outros. To-
a Caixa Econômica Federal (CEF), e a Empresa Brasileira de dos esses órgãos, somados à União, os Estados, Municípios
Infraestrutura Aeroportuária (Infraero). e o Distrito Federal, compõem a denominada Administra-
As sociedades de economia mista tem seu conceito ção Direta, ou Centralizada.
legal previsto no art. 5º, III, do Dec-Lei nº 200/1967. São
pessoas jurídicas de direito privado, cuja criação também 2.4.1 Classificação
depende de autorização legal e registro em cartório, pos-
sui a maioria de seu capital público, e devem ser obriga- Em relação às modalidades de desconcentração, a dou-
toriamente organizadas como sociedades anônimas. São trina tende a classificar a desconcentração em três espécies
sociedades de economia mista: Petrobrás, Banco do Brasil, distintas:
Eletrobrás. A) Desconcentração territorial ou geográfica: é aquela
Percebemos algumas diferenças entre as empresas pú- em que todos os órgãos recebem as mesmas com-
blicas e as sociedades de economia mista. A primeira diz petências em relação à matéria, a diferença encon-
respeito ao capital constitutivo: enquanto que nas empre- tra-se apenas nas regiões em que devem atuar. É o
sas públicas, todo o seu capital deve ser público (o Dec-Lei caso da Delegacias de Polícia.
nº 200/1967 dispõe que seu capital deve advir totalmente B) Desconcentração material ou temática: é a que distri-
“da União”, mas admite-se também o capital de origem es- bui as competências administrativas tendo em vista
tadual e municipal), as sociedades de economia mista ad- a especialização de cada órgão em um assunto es-
mitem a presença do capital de origem privada, mas pelo pecífico. Exemplo: o Ministério da Cultura da União.
menos 50% mais uma de suas ações com direito a voto C) Desconcentração hierárquica ou funcional: o ele-
devem pertencer ao Estado. Além disso, outra diferença mento diferenciador é a relação de subordinação
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

relevante é em relação à forma de sua organização: as so- e hierarquia entre os órgãos públicos. Exemplo: os
ciedades de economia mista devem obrigatoriamente ter a tribunais administrativos possuem subordinação em
estrutura de sociedade anônima, trata-se de disposição le- relação aos órgãos de primeira instância.
gal do próprio Dec-Lei nº 200/1967. As empresas públicas,
por sua vez, não sofrem essa imposição, podendo adotar a
estrutura que desejar.

2.4 Concentração e Desconcentração

São técnicas utilizadas para o exercício de competências


administrativas, mediante órgãos públicos despersonaliza-
dos e vinculados hierarquicamente aos entes da Federação.
A concentração é caso raríssimo na nossa Administração,

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1.2 Poder Discricionário
EXERCÍCIO COMENTADO
Poder discricionário é o poder que o legislador, ao de-
1. (Prefeitura-SP – Auditor Fiscal do Município – FCC limitar a competência da Administração Pública, confere
– 2007) A organização administrativa brasileira tem como também uma margem de liberdade para que o agente pú-
blico possa escolher, diante da situação jurídica, qual o ca-
característica a: minho mais adequado, ou qual a melhor forma de solução
daquela desavença. A lei não impõe um único comporta-
a) Não previsão de estruturas descentralizadas. mento como no poder vinculado: ela delega ao administra-
b) Personificação de entes integrantes da Administração dor a faculdade de avaliar a melhor solução para cada caso.
indireta. Garantir margem de liberdade não significa que o adminis-
c) Ausência de relações de hierarquia. trador deve agir fora da lei, pois a discricionariedade não
d) Ausência de mecanismos de coordenação e de controle o permite estar acima da legislação. Além disso, o poder
finalístico. discricionário também pode sofrer controle pelo Poder Ju-
e) Inexistência de entidades submetidas a certas regras de diciário, exceto quando a questão for referente ao mérito
direito privado. dos atos discricionários, cuja competência é exclusiva da
própria Administração.
Resposta: Letra B
1.3 Poder Regulamentar
Impossível dizer que não há relações de hierarquia e su-
bordinação na organização administrativa. É o caso dos O poder regulamentar consiste na possibilidade do
órgãos públicos. Já os entes das Administração Indireta Chefe do Poder Executivo de cada entidade da Federa-
possuem, sim, personalidade jurídica própria, seus bens ção de editar atos administrativos gerais, abstratos ou
e patrimônio não se confundem com os membros fe- concretos, expedidos para dar fiel cumprimento à lei. Seu
derativos. Porém, sofrem controle de fiscalização pelo fundamento legal encontra-se disposto no art. 84, IV, da
Poder Público que lhe concedeu suas competências. CF/1988: “Compete privativamente ao Presidente da Repú-
blica: IV - sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem
como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execu-
ção”. Por ser de competência exclusiva do Chefe do Poder
PODERES ADMINISTRATIVOS Executivo, é indelegável a qualquer subordinado. Embora
o texto constitucional faça menção somente ao Presidente
da República, o referido poder pode ser exercido, por sime-
tria, pelos Governadores e Prefeitos.
1. Poderes da Administração
Uma das palavras chave do poder regulamentar é “re-
gulamento”. Trata-se de ato administrativo que tem por
A Administração Pública deve cumprir suas atribuições escopo estabelecer detalhes e diretrizes quanto ao modo
constitucionais, por imposição legal. Para tanto, o exercício de aplicação dos dispositivos legais, dando maior concre-
de suas funções depende de certas prerrogativas, ou Pode- tude aos comandos gerais e abstratos presentes na legis-
res, conferidos pela legislação. Esses poderes são conside- lação. Não se confunde com o decreto, que é outro ato
rados instrumentos de trabalho. Significa dizer que esses administrativo que introduz o regulamento em si. Decreto
poderes-deveres são instrumentais, utilizados pela Admi- representa a forma do ato administrativo, enquanto o re-
nistração com o objetivo maior de promover a supremacia gulamento representa seu conteúdo.
do interesse público. Ambos os decretos e regulamentos são atos em posi-
O estudo dos poderes da Administração Pública, assim, ção de inferioridade em relação as leis e, por isso, não são
é de extrema importância para verificar quais são os seus capazes de criar direitos e obrigações aos particulares sem
limites de atuação. Para tanto, a doutrina costuma dividir fundamento legal. Suas funções primordiais, no entanto, são
a redução da margem de interpretação das normas, pois se
esse poder conferido à Administração em seis vertentes:
um decreto dispõe qual é a forma mais correta de aplicação
poder vinculado; poder discricionário; poder disciplinar; da lei, esta perde um pouco de seu caráter geral e abstra-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

poder hierárquico; poder de polícia; e poder regulamentar. to, seu campo de discricionariedade é reduzido a uma única
forma válida de aplicação no âmbito jurídico. Por isso, o po-
1.1 Poder Vinculado der regulamentar apresenta natureza vinculada.
Existem diversas espécies de regulamentos administra-
Poder vinculado é aquele em que a lei atribui determi- tivo:
nada competência ao administrador, delimitando todos os
A) Regulamentos administrativos ou de organização: são
aspectos de sua conduta, o qual deve compulsoriamente aqueles que disciplinam questões internas de estru-
seguir a forma prevista na lei, não havendo qualquer mar- turação e funcionamento da Administração Pública,
gem de liberdade para que o agente público escolha a me- bem como as relações jurídicas de sujeição especial
lhor forma de cumprir suas funções. Os atos praticados no do Poder Público perante particulares. Exemplo: regu-
exercício do poder vinculado são denominados atos vin- lamento que disciplina organização e funcionamento
culados. da administração federal (art. 84, VI, a, da CF/1988).

7
B) Regulamentos habilitados ou delegados: em alguns 1.4 Poder hierárquico
países, há a possibilidade do Poder Legislativo de-
legar ao Executivo a disciplina de matérias reserva- Poder hierárquico é o poder que dispõe o Executivo para
das privativamente à lei, havendo uma transferência organizar e distribuir as funções de seus órgãos, bem como
de competência legislativa. Tais regulamentos não ordenar e rever a atuação de seus agentes, estabelecendo
são admitidos no direito administrativo brasileiro. uma relação de subordinação entre o servidores do seu qua-
dro de pessoas. As relações de hierarquia são características
C) Regulamentos executivos: são os regulamentos únicas, existem somente no âmbito do Poder Executivo, isso
comuns, expedidos sobre matéria disciplinada é, não existe hierarquia entre órgãos do Poder Legislativo e
pela legislação, permitindo a fiel execução da nor- do Judiciário. Além disso, importante frisar que não existe
ma legal. É a hipótese do art. 84, IV, da CF/1988. poder hierárquico entre membros da Administração Indire-
ta, pois estes são entidades autônomas, que não se subordi-
D) Regulamentos autônomos: são os que dispõem so- nam aos entes que o criaram. Pela hierarquia, há a imposição
bre tema não disciplinado pela legislação. Há um ao subalterno da estrita obediência às ordens e instruções
conjunto de temas que a norma constitucional reti- legais superiores, além de definir a responsabilidade de cada
rou da competência do Poder Legislativo e atribuiu um de seus agentes e órgãos públicos.
sua disciplina ao Poder Executivo. A EC nº 32/2001 Quanto às suas características, diz-se que o poder hierár-
elenca dois temas que só podem ser disciplinados quico é interno e permanente. Interno é o poder que atinge
por decreto expedido pelo Presidente da República: apenas os próprios membros da Administração, não tem o
a organização da administração federal; e a extinção condão de atingir as relações dos particulares. É também um
de funções e cargos vagos e não ocupados. poder permanente, porque não é exercido de modo esporá-
dico e episódico, como o que acontece no poder disciplinar.
Do poder hierárquico são decorrentes certas faculdades
EXERCÍCIO COMENTADO implícitas ao superior, tais como dar ordens e fiscalizar o
seu cumprimento, delegar e avocar atribuições, bem como
1. (Câmara de Belo Horizonte-MG – Consultor Legisla-
rever atos de seus inferiores.
tivo – CONSULPLAN – 2018) Considerando os conceitos
A delegação é a transferência temporária de competên-
de abuso de poder, excesso de poder e desvio de poder,
cia administrativa de seu titular, a outro órgão ou agente
assinale a afirmativa em que a hipótese apresentada está
público subordinado à autoridade outorgante (delegação
corretamente identificada com a espécie de uso indevido
vertical), ou fora da sua linha hierárquica (delegação ho-
do poder:
rizontal). O art. 12 da Lei nº 9.784/1999 dispõe do mesmo
modo: “Um órgão administrativo e seu titular poderão, se
a) Excesso de poder – “o servidor deixa, propositadamente,
não houver impedimento legal, delegar parte da sua com-
de praticar um ato de sua competência, estando presen-
petência a outros órgãos ou titulares, ainda que estes não
te o dever de agir”.
lhe sejam hierarquicamente subordinados, quando for
b) Desvio de poder – “remoção de um servidor, para outro
conveniente, em razão de circunstâncias de índole técnica,
setor, como medida disciplinar pela prática de infração
social, econômica, jurídica ou territorial”. Essa transferência
administrativa”.
de competência é sempre provisória, o que significa que
c) Desvio de poder – “a demissão de um servidor improbo,
pode ser revogada a qualquer tempo.
realizada por sua chefia imediata, sendo tal competência
A regra geral é sempre a delegabilidade das com-
da autoridade máxima”.
petências. Todavia, a própria legislação (art. 13 da Lei nº
d) Excesso de poder – “qualquer forma de abuso de poder
9.784/1999) assevera três matérias que não podem ser de-
ou desvio de poder perpetrada por agente público no
legadas. Assim, são indelegáveis: a edição de ato de caráter
exercício de suas funções”.
normativo, pois constituem-se em regras gerais aplicáveis
a todos os órgãos, incompatível com a delegação; a deci-
Resposta: Letra B. são em recursos administrativos, para evitar que a mesma
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Alternativa A está incorreta pois o excesso de poder autoridade possa julgar o mesmo processo mais de uma
pressupõe uma ação de agente que praticou conduta vez pela delegação; e as matérias que forem consideradas
fora de sua competência, não uma omissão. Alternativa de competência exclusiva do órgão ou autoridade.
C está incorreta pois trata-se de hipótese de excesso de A avocação encontra-se disposta no art. 15 da Lei nº
poder. Alternativa D está errada pois o abuso de poder é 9.784/1999. Consiste na possibilidade da autoridade com-
gênero, do qual o excesso de poder é espécie. petente de chamar para si a competência de um agente ou
órgão subordinado. Trata-se de medida excepcional e tem-
porária, e somente pode ser realizada dentro da mesma
linha hierárquica, o que significa que a avocação só pode
ser vertical, não se admite a avocação horizontal.
Por fim, a revisão é a capacidade de rever os atos dos
inferiores hierárquicos, apreciando todos os seus aspectos
para a análise de sua manutenção ou invalidação. É somen-

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te possível a revisão de atos praticados pelos órgãos públi- contratados pela Administração Pública. Todavia, distin-
cos e agentes subordinados hierarquicamente. gue-se do poder hierárquico na medida em que é não-per-
Para as entidades da Administração Indireta, existe ape- manente, isso é, só será aplicado apenas se e quando o ser-
nas uma forma de controle fiscalizatório e finalístico de vidor cometer infração funcional. Percebe-se, então, que o
seus atos, o qual denomina-se supervisão ministerial, que poder disciplinar apresenta caráter punitivo e sancionador,
não tem relação com o poder hierárquico. A supervisão enquanto o poder hierárquico advém da simples obediên-
ministerial não admite a revisão dos atos praticados pelas cia dos subalternos para com a entidade detentora deste
autarquias, fundações, e demais entidades da Administra- poder. A discricionariedade do poder disciplinar traduz-se
ção Indireta. na possibilidade da Administração em poder escolher qual
a punição mais apropriada para cada caso, isso é, ela possui
certa margem de liberdade para o seu exercício.
EXERCÍCIO COMENTADO Os servidores públicos que cometerem qualquer infra-
ção no exercício de suas funções estão sujeitos às seguin-
1. (PC-SP – Escrivão de Polícia - VUNESP – 2018) Os tes penalidades, dispostas no art. 127 da Lei nº 8.112/1990:
poderes de comando, de fiscalização e revisão de atos advertência; suspensão; demissão; cassação de aposenta-
administrativos, assim como os poderes de delegação e doria ou disponibilidade; destituição de cargo em comis-
avocação de competências são expressão do poder admi- são; e destituição de função comissionada. A aplicação de
nistrativo: qualquer uma dessas penalidades depende de prévio pro-
cesso administrativo, respeitada a garantia de contraditório
e ampla defesa, sob pena de nulidade da sanção.
a) de autotutela.
b) hierárquico.
c) disciplinar.
d) de polícia judiciária. EXERCÍCIO COMENTADO
e) de polícia.
1. (PC-PI – Agente de Polícia Civil – NUCEPE - 2018) Para
Resposta: Letra B. que a Administração Pública possa exercer suas funções,
Alternativa A está errada pois a autotutela não é poder, se faz necessário que seja dotada de poderes, a fim de que
mas uma característica própria da Administração Pública organize e cumpra o seu planejamento. Assim, marque a
de rever os próprios atos sem a necessidade de inter- alternativa correta em relação aos Poderes Administrativos:
venção judicial. Alternativa C está incorreta pois poder
disciplinar sempre pressupõe a prática de uma infração
a) Poder hierárquico ocorre quando há a faculdade de pu-
por um agente público (característica sancionadora).
nir internamente as infrações funcionais dos servidores.
Alternativas D e E estão incorretas porque o poder de
b) Poder hierárquico é o de que dispõe o Executivo para
polícia é, em regra, exercido contra os particulares, e
organizar e distribuir as funções de seus órgãos, estabe-
não dentro da esfera da Administração. Lembre-se que
lecendo a relação de subordinação entre o servidores do
a delegação e a avocação são elementos característicos
seu quadro de pessoal.
do poder hierárquico.
c) Poder regulamentar tem como objetivo ordenar, coorde-
nar, controlar e corrigir as atividades administrativas, no
âmbito interno da Administração Pública.
d) Poder Revisional é o poder de avocar, delegar ou con-
1.5 Poder disciplinar
ferir a outrem, da própria Administração Pública, seus
poderes originais.
O poder disciplinar consiste na faculdade da Adminis- e) Poder hierárquico deve detalhar a lei para sua correta
tração de punir seus agentes, nas hipóteses em que estes execução, ou de expedir decretos autônomos sobre ma-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tenham cometido alguma infração de ordem funcional. téria de sua competência ainda não disciplinada por lei.
Correlato com o poder hierárquico, mas não se confunde É um poder inerente do Chefe do Executivo.
com o mesmo. No poder hierárquico, a Administração Pú-
blica distribui e escalona as suas funções executivas. Já no
Resposta: Letra B.
uso do poder disciplinar, a Administração simplesmente
Alternativa A está errada, pois na verdade ela descre-
controla o desempenho de funções e a conduta de seus
ve hipótese do poder disciplinar. Alternativa C está in-
servidores, responsabilizando-os pelas faltas porventura
correta porque ela descreve as características do poder
cometidas.
hierárquico. Alternativa D está incorreta pois o poder
Em relação as suas características, o poder disciplinar é
revisional diz respeito à capacidade da Administração
interno, não-permanente ou temporário, e discricionário.
de rever seus próprios atos, é intrínseco ao poder hie-
Assim como o poder hierárquico, a imposição de sanções
rárquico. Alternativa E está incorreta pois, na verdade,
pela Administração não se aplica aos particulares, somente
descreve as características do poder regulamentar.
a seus próprios servidores, salvo as hipóteses destes serem

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1.7 Poder de polícia Para o seu exercício, a Administração Pública deve re-
gular a prática dos atos ou a abstenção de fatos. Em regra,
A expressão “poder de polícia” pode ser interpretada o poder de polícia manifesta-se em obrigações negativas,
de duas maneiras: em um sentido amplo, corresponde a ou de não fazer, impostas aos particulares, limitando a es-
qualquer limitação estatal à liberdade e propriedade pri- fera de atuação dos seus direitos. Excepcionalmente, pode
vada, de origem administrativa ou legislativa. Há também também manifestar-se mediante obrigações positivas ou
o poder de polícia em sentido restrito, mais utilizado pela de fazer, como é o caso da imposição da função social da
doutrina, que engloba apenas as restrições impostas pelas propriedade ao dono do imóvel, disposta no art. 5º, XXII,
limitações administrativas, excluindo as limitações de or- da CF/1988.
dem legal. Em sentido restrito, envolve atividades adminis- O poder de polícia se manifesta pela expedição de atos
trativas de fiscalização e condicionamento da esfera priva- normativos, como é o caso das regras sobre o direito de
da de interesses, em prol da coletividade. construir, ou por meio de atos concretos, como a obtenção
O poder de polícia tem grande destaque no exercício de licença para a reforma de um imóvel, cujo interesse é
das funções da Administração moderna, junto com a pres- exclusivo do particular (proprietário do imóvel, no caso).
tação de serviços públicos e o fomento à iniciativa privada. Por fim, convém ressaltar a finalidade do poder de polí-
Porém, essas duas funções representam uma atuação esta- cia, qual seja, agir em prol do interesse público. Por isso, o
tal ampliativa, enquanto que o poder de polícia representa Estado deve conciliar os direitos individuais, com o interes-
uma atuação restritiva do Estado, limitando a liberdade e a se da coletividade. Tal finalidade é típica da Administração
propriedade individual em favor do interesse público. Pública, pois tem como fundamento o princípio sistêmico
da primazia do interesse público sobre o privado.
O art. 78 do Código Tributário Nacional (CTN) tem seu Quanto a sua natureza jurídica, é entendimento ma-
conceito legal de poder de polícia: joritário que o poder de polícia é discricionário. Na dou-
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da ad- trina, muitos autores costumam definir poder de polícia,
ministração pública que, limitando ou disciplinando direito, utilizando-se a expressão “faculdade que o Estado possui
interesse ou liberdade, regula a prática de ato ou absten- de impor limites...”. Isso quer dizer que não apresenta ca-
ção de fato, em razão de interesse público concernente à racterísticas de obrigação legal, mas de uma permissão.
segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina A escolha sobre qual método utilizar para o exercício do
da produção e do mercado, ao exercício de atividades eco- referido poder, e quando, compete somente à própria Ad-
nômicas dependentes de concessão ou autorização do Po- ministração Pública.
der Público, à tranquilidade pública ou ao respeito à pro- Porém, vale ressaltar as hipóteses de obtenção de licen-
priedade e aos direitos individuais ou coletivos. ça. A licença é ato administrativo relacionado ao poder de
Diante de tudo que foi exposto, podemos conceituar polícia, que apresenta previsão legal para a sua obtenção,
poder de polícia como a atividade da Administração Pú- tratando-se por isso, de ato vinculado. Com isso, podemos
blica, com fundamento na lei e na supremacia geral, que afirmar que a manifestação do poder de polícia pode ocor-
consiste na imposição de limites à liberdade e à proprieda- rer mediante a expedição de atos no exercício da compe-
de dos particulares, regulando a prática desses atos, ou a tência discricionária da Administração, ou por meio de atos
abstenção dos mesmos, manifestando-se por meio de atos vinculados, com a devida previsão legal. O poder de polí-
normativos ou concretos, tudo isso em benefício do inte- cia também é indelegável, uma vez que pressupõe a posi-
resse público. ção de superioridade de quem o exerce, não podendo ser
Ao dizer que trata-se de atividade da Administração Públi- transferido a particulares (art. 4º, III, da Lei nº 11.079/2004).
ca, procuramos enfatizar a concepção stricto sensu do poder A concepção do poder de polícia abrange muito mais
de polícia, que não se confunde com as limitações à liberdade do que a simples promoção de segurança pública. Toda-
e ao direito de propriedade impostas pelo legislador. Por ser via, imprescindível destacar as atividades estatais de pre-
atividade da Administração, deve ser exercido, respeitando os venção e repressão da criminalidade sob a ótica do poder
princípios da razoabilidade e proporcionalidade. de polícia. Assim, costuma-se dividir a atuação do Estado
A fundamentação legal é outro aspecto importante do para promoção da segurança pública em duas categorias
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

poder de polícia, uma vez que a lei condiciona o exercício de “polícias” distintas: a polícia administrativa, e a polícia
de determinadas atividades à obtenção de licenças ou con- judicial.
cessões pelo Poder Público. O legislador deve, então, ela- A polícia administrativa tem um caráter preventivo. Isso
borar os requisitos necessários para o exercício do poder significa que a sua atuação deve ocorrer antes da práti-
de polícia pelo Estado. ca do crime, tendo por finalidade evitar a sua ocorrência.
O poder de polícia tem por objeto a imposição de li- Submete-se às regras de Direito Administrativo. No Bra-
mitações à liberdade e propriedade dos particulares, ins- sil, a polícia administrativa é exercida pela Polícia Militar
tituindo condições capazes de compatibilizar seu exercício e os vários órgãos de fiscalização de diversas áreas, como
às necessidades de interesse público. Tais imposições tam- saúde, educação, trabalho, previdência e assistência social.
bém podem ser aplicadas ao Estado. Isso significa que até A polícia administrativa protege os interesses primordiais
mesmo o Poder Público pode ter suas liberdades e pro- da sociedade ao impedir comportamentos individuais que
priedades sofrerem limitações em face das necessidades possam causar prejuízos maiores à coletividade.
do interesse público. A polícia judiciária, por sua vez, apresenta caráter re-

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pressivo. Sua atuação ocorre após a constatação do crime. Abuso de poder pode se manifestar no exercício das
Após a ocorrência do crime, deve a polícia judiciária abrir funções administrativas sob duas formas: pelo excesso de
um processo de investigação em busca da autoria e mate- poder, e pelo desvio de finalidade. Excesso de poder é a
rialidade do crime. Sua razão de ser é a punição dos infra- hipótese de uso irregular dos poderes administrativos pelo
tores. Rege-se pelas regras de Direito Processual Penal. Ela qual a autoridade competente ou não, pratica algum ato
incide sobre pessoas, ao contrário da polícia administrativa, desrespeitando os limites impostos, exorbitando o uso
que age sobre a atividade das pessoas. A polícia judiciária de suas faculdades administrativas. Ao exceder sua com-
é exercida pelas corporações especializadas, denominadas petência legal, o agente responsável age com exageros e
Polícia Civil e Polícia Federal. desproporcionalidade, o que torna o ato praticado por ele
absolutamente inválido. Mas o excesso de poder admite
convalidação, ou seja, há hipóteses em que se pode corrigir
EXERCÍCIO COMENTADO vício cometido no ato preservando sua eficácia, dependen-
do do caso concreto.
1. (TJ-AL – Analista Judiciário – FGV – 2018) Poder de
Desvio de finalidade, por sua vez, é vício do ato admi-
polícia pode ser conceituado como uma atividade da Ad-
ministração Pública que se expressa por meio de seus atos nistrativo, praticado sempre por autoridade competente,
normativos ou concretos, com fundamento na supremacia que tem por fim diverso daquele previsto, explícita ou im-
geral do interesse público para, na forma da lei, condicio- plicitamente, nas regras de competência da legislação (art.
nar a liberdade e a propriedade individual, mediante ações 2º, par. único, e, da Lei nº 4.717/1965). A finalidade diversa
fiscalizadoras preventivas e repressivas. não macula os requisitos essenciais dos atos administra-
De acordo com ensinamentos da doutrina de Direito Ad- tivos (competência, objeto, forma, motivo), mas tende a
ministrativo, são características ou atributos do poder de macular o ato, tornando-o nulo. O único caminho possível
polícia: para esse ato é a anulação, ou seja, não há possibilidade
de convalidação. O desvio de finalidade pode ocorrer tanto
nas condutas comissivas, em seu campo de atuação, quan-
a) a hierarquia, a disciplina e a legalidade.
b) a imperatividade, a delegabilidade e a imprescritibilida- to nas condutas omissivas, isso é, quando o agente público
de. se abstém de realizar tarefa legalmente imposta.
c) a discricionariedade, a autoexecutoriedade e a coercibi- Exemplos de desvio de finalidade são bastante comuns
lidade. na Administração Pública brasileira: a construção de estra-
d) a indelegabilidade, a hierarquia e o respeito às forças de da cujo trajeto foi elaborado com objetivo de valorizar a
segurança pública. propriedade rural de um governador; a transferência de
e) a imposição da força policial, a voluntariedade e a dis- servidor público para outro Estado apenas para ficar longe
ciplina. da filha do delegado de polícia da cidade, a nomeação de
réu em ação penal a cargo público para obter foro privile-
giado e transferir seu processo para o STF, etc. Percebe-se
Resposta: Letra C.
Lembre-se que, como regra geral, o poder de polícia é que, em todos os casos, há a sobreposição de um interes-
função da Administração que atinge os particulares, o se particular sobre o interesse da coletividade: os agentes
que a diferencia do poder hierárquico e disciplinar. O estatais, dessa forma, praticam atos visando obter alguma
poder de polícia não precisa de prévia autorização do vantagem pessoal, para eles mesmos ou para outrem, con-
Poder Judiciário (autoexecutoriedade). Não há relação cretizando, assim, o desvio de finalidade.
de hierarquia, embora o Poder Público utilize-se de for-
ça física (coercibilidade) para impor limitações aos direi-
tos e liberdades dos particulares. A Administração pos-
sui margem de liberdade para escolher a melhor forma EXERCÍCIO COMENTADO
de impor tais limites (discricionariedade).
1. (IF-GO – Assistente em Administração – CS-UFG – 2017)
Os poderes administrativos são outorgados aos agentes do
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Poder Público para que exerçam suas funções no intuito de


3.8 Abuso de Poder: hipóteses atender aos interesses da coletividade. A conduta abusiva
dos administradores públicos pode decorrer de duas fontes:
Quando o agente público exerce adequadamente suas quando o agente atua fora dos limites de sua competência ou
competências, atuando em conformidade com a legislação,
quando o agente, embora dentro de sua competência, afas-
sem excessos ou desvios, diz-se que ele faz uso regular do
ta-se do interesse público que deve nortear todo o desem-
poder. Entretanto, havendo hipóteses de exercício de com-
petências fora dos limites legais, visando apenas interes- penho administrativo. As duas fontes de conduta abusiva do
ses alheios, trata-se de clara hipótese de uso irregular do Poder Público são conhecidas, respectivamente, como:
poder, também denominado abuso de poder. O abuso de
poder, além de causar a invalidade do ato, constitui em a) poder regulamentar e excesso de poder.
ilícito ensejador de responsabilidade pela autoridade com- b) improbidade administrativa e desvio de poder.
petente que causou danos com seu uso irregular. c) desvio de poder e excesso de poder.
d) excesso de poder e desvio de poder

11
Resposta: Letra D. tes para o desempenho de suas funções. Quando o agente
O excesso de poder é a hipótese de uso irregular dos po- atua fora dos limites da lei, diz-se que cometeu ato nulo
deres administrativos pelo qual a autoridade, competen- por excesso de poder. É, por isso, sempre um ato vincula-
te ou não, pratica algum ato desrespeitando os limites do. A competência possui certas características próprias, a
impostos, exorbitando o uso de suas faculdades admi- saber: obrigatória, intransferível, irrenunciável, imodificável,
nistrativas. Já o desvio de poder configura-se quando o imprescritível e improrrogável. Obrigatória porque repre-
agente, ao invés de perseguir a finalidade prevista em lei senta um dever do agente público. Irrenunciável porque o
(em atendimento ao interesse público), acaba praticando agente público não pode abrir mão de sua competência.
ato com fim diverso, seja para obter uma vantagem pe- Imprescritível, porque a competência perdura ao longo do
cuniária para si ou para outrem, ou para prejudicar um tempo, ela não caduca. Improrrogável significa dizer que se
terceiro considerado seu desafeto. é competente hoje, continuará sendo sempre, exceto por
previsão legal expressa em sentido contrário. Intransferível,
ou inderrogável, é a impossibilidade de se transferir a com-
ATOS ADMINISTRATIVOS. CONCEITO.
petência de um para outro, por interesse das partes.
ATRIBUTOS. REQUISITOS. CLASSIFICAÇÃO. No entanto, essas características não vedam a possi-
EXTINÇÃO bilidade de delegação ou avocação, quando prevista em
lei. Por isso, pode-se dizer também que a delegabilidade
é outra característica da competência. Porém, atente-se ao
1. Atos Administrativos
disposto no art. 13 da Lei nº 9.784/1999: “Não podem ser
objeto de delegação: I - a edição de atos de caráter norma-
1.1 Conceito de ato administrativo
tivo; II - a decisão de recursos administrativos; III - as ma-
térias de competência exclusiva do órgão ou autoridade”.
Tudo que praticamos nas nossas vidas podem ser con-
Alguns atos, então, não podem ser delegados a outras au-
siderados atos. Mas, para o Direito, os atos são aqueles
toridades, principalmente se tais atos são de competência
capazes de produzir efeitos jurídicos. E, assim como as
exclusiva do agente público.
pessoas na vida privada, a Administração Pública também
Objeto é o conteúdo do ato, ou o resultado que pre-
pratica atos, que são capazes de produzir efeitos jurídicos
tende ser almejado pela prática do ato administrativo. Todo
diversos.
ato administrativo tem por objeto a criação, modificação,
Os atos administrativos são as manifestações de von-
ou comprovação de situações jurídicas concernentes a
tade da Administração Pública que objetivam adquirir, res-
pessoas, bens, ou atividades sujeitas ao exercício do Poder
guardar, transferir, modificar, extinguir e declarar direitos
Público. É através dele que a Administração exerce seu po-
ou impor obrigações aos particulares ou a si própria. Isso
der, concede um benefício, aplica uma sanção, declara sua
significa que a Administração, antes mesmo de iniciar sua
vontade, estabelece um direito do administrado, etc. Pode
atuação, deve expedir uma declaração que exprime a sua
não estar previsto expressamente na legislação, cabendo
vontade de realizar o referido ato.
ao agente competente a opção que seja mais oportuna e
Importante frisar o caráter infra legal dos atos adminis-
conveniente ao interesse público. A definição de objeto do
trativos, pois imprescindível é a submissão da Administra-
ato administrativo trata-se, por isso, de ato discricionário.
ção Pública, seus agentes e órgãos à soberania popular. O
A forma é o modo através do qual se exterioriza o ato
ato administrativo, dessa forma, deve estar previsto em lei,
administrativo, é seu revestimento. O desrespeito à forma
e seu conteúdo não pode ser contrário à lei (contra legem),
do ato acarreta na sua nulidade. Trata-se de ato vinculado,
mas complementar a ela, isso é, deve estar conforme a lei
quando exigida por Lei, e discricionário quando a sua es-
(secundum legem).
colha couber ao próprio agente público. Em regra, os atos
administrativos são sempre exteriorizados por escrito, mas
1.2 Requisitos dos atos administrativos
podem também ser orais, gestuais, ou até mesmo expedi-
dos por máquinas. O art. 22 da Lei nº 9.784/1999 determina
Os requisitos ou elementos dos atos administrativos é
que “os atos do processo administrativo não dependem de
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

matéria com grande divergência doutrinária. A maioria dos


forma determinada senão quando a lei expressamente a
concursos públicos ainda adota a concepção mais clássica
exigir”.
dos requisitos dos atos administrativos e, por isso, daremos
O motivo é a circunstância de fato ou de direito que de-
maior destaque a ela. De modo geral, a corrente clássica,
termina ou autoriza a prática do ato, isso é, a situação fática
defendida por autores como Hely Lopes Meirelles, tende
que justifica a realização do ato. Situação de fato é o con-
a atribuir aos atos administrativos cinco requisitos para a
junto de circunstâncias que motivam a realização do ato;
sua formação, utilizando como inspiração o preceito legal
questões de direito é a previsão legal que leva à realização
disposto no art. 2º da Lei nº 4.717/1965. São eles: a) com-
do ato. Pode ser tanto requisito vinculado como discricio-
petência, b) objeto, c) forma, d) motivo, e e) finalidade.
nário, dependendo do comando legal imposto aos agen-
Competência diz respeito à capacidade do agente pú-
tes. O motivo será vinculado quando a lei expressamente
blico para o exercício dos atos administrativos. É requisito
obrigar o agente a agir de uma certo modo, como na hi-
de validade, haja vista que, no Direito Administrativo, a lei é
pótese de lançamento tributário (o fiscal da Receita não
quem estabelece as competências atribuídas a seus agen-
tem direito de escolha, se deve ou não fazer o lançamento).

12
Situação diversa é a do pedido de demissão de servidor c) exigibilidade;
público no caso de incontinência pública (art. 132, V, da Lei d) autoexecutoriedade; e
nº 8.112/1990), hipótese em que a autoridade competente e) tipicidade.
tem maior liberdade para avaliar se a demissão é realmente
ato necessário ou não, dependendo do caso concreto. A presunção de legalidade, significa que todo ato ad-
Não se confunde motivo com motivação. Esta é a jus- ministrativo é considerado válido no âmbito jurídico, até
tificativa para a realização de determinado ato. O motivo surgir prova em contrário. Se, pelo princípio da legalidade,
ocorre em momento anterior a prática do ato, enquanto ao Administrador só cabe fazer o que a lei permite, então
que a motivação, por ser uma série de explicações que presume-se que o fez respeitando a lei. Nosso Direito ad-
justificam a expedição do ato, ocorre sempre em momen- mite duas formas de presunção: presunção juris et de jure
to posterior. Assim, todo o ato tem seu motivo, mas nem que significa “de direito e por direito”, é presunção abso-
sempre é expedido adjunto com a motivação, que nada luta, que não admite prova em contrário. Temos também
mais é do que a exteriorização dos motivos. a presunção juris tantum, resultante do próprio direito e,
Finalidade é o objetivo a ser almejado pela prática da- embora por ele estabelecida com verdadeira, admite pro-
va em contrário. A presunção dos atos administrativos é
quele ato administrativo. Em muitos casos, o objetivo al-
juris tantum. A presunção atinge todos os atos, inclusive
mejado é a proteção do interesse público. Sempre que o
aqueles praticados pela Administração com base no direito
ato for praticado tendo em vista o interesse alheio, será
privado. Qualquer que seja o ato, se praticado pela Adminis-
nulo por desvio de finalidade. tração Pública, será presumidamente legítimo e verdadeiro.
A imperatividade, compreendida também como coerci-
bilidade, os atos administrativos se impõem aos destinatá-
EXERCÍCIO COMENTADO rios, independentemente de sua concordância, outorgan-
do-lhes deveres e obrigações. A imperatividade garante ao
1. (DPE-AM – Assistente Técnico – FCC – 2018) Desvio Poder Público a capacidade de produzir atos que geram
de poder é a denominação de um dos possíveis vícios que consequências perante terceiros. A justificativa da criação
acometem os atos administrativos, implicando invalidade. unilateral, ainda que contra a vontade dos administrados,
Referido vício relaciona-se diretamente ao elemento: dos atos administrativos é o Poder coercitivo do Estado,
também denominado Poder Extroverso. Esse não é um atri-
buto comum a todos os atos, mas tão somente aos que im-
a) objeto, também conhecido como conteúdo do ato.
põem obrigações aos administrados. Assim, não têm essa
b) forma, que diz respeito às formalidades essenciais à exis-
característica os atos que outorgam direitos (autorização,
tência do ato. permissão, licença), bem como aqueles meramente admi-
c) finalidade do ato, podendo, também, estar vinculado à nistrativos (certidão, parecer).
competência. A exigibilidade consiste no atributo que permite à Ad-
d) pressuposto fático, que leva à inexistência do ato. ministração Pública aplicar sanções aos particulares por
e) motivos de fato, em razão, no Brasil, da teoria dos moti- violação da ordem jurídica, sem a necessidade de recorrer
vos determinantes. ao processo judicial, que é demasiado longo e repleto de
solenidades. A exigibilidade permite ao Administrador apli-
Resposta: Letra C. car as sanções administrativas, como multas, advertências,
e interdição de estabelecimentos comerciais.
Desvio de poder é hipótese de vício de ato administrati-
A autoexecutoriedade permite que a Administração Pú-
vo praticado com finalidade diversa daquela legalmen-
blica possa realizar a execução material de seus atos. A ex-
te prevista. Por haver uma sobreposição de interesses
pressão “auto” advém do fato de que o Poder Público não
particulares do agente público em face do interesse pú- necessita de autorização judicial para desconstituir a situa-
blico, trata-se de ato inválido, sujeito a anulação com ção irregular e violadora da ordem jurídica, o que a difere
efeitos retroativos. da exigibilidade, que não tem o condão de, por si só, des-
constituir a irregularidade do ato, apenas pune o infrator.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Para tanto, necessita da presença de dois requisitos: a pre-


1.3 Atributos dos atos administrativos visão legal, como nos casos de Poder de Polícia; e o caráter
de urgência, a fim de preservar o interesse coletivo. Assim,
Atributos são as características dos atos administra- não há necessidade de intervenção judicial nas hipóteses
tivos, que os distinguem dos demais atos jurídicos, pois de: apreensão de mercadorias contrabandeadas, na demo-
lição de construção irregular, na interdição de estabeleci-
estão submetidos ao regime jurídico administrativo. Essas
mento comercial irregular, entre outros. Todavia, afirmar
características traduzem em prerrogativas concedidas à
que a execução independe de manifestação do Judiciário
Administração Pública para que ela possa atender de ma-
não significa dizer que escapa do controle judicial. Poderá
neira adequada às necessidades da população. ser levado ao crivo, mas somente a posteriori, depois de
A doutrina mais moderna faz referência a cinco atribu- seu cumprimento, se houver provocação da parte interes-
tos distintos: sada. As medidas judiciais mais adequadas para contestar
a) presunção de legitimidade e veracidade; a força coercitiva administrativa são o mandado de segu-
b) imperatividade; rança e o habeas data (art. 5º, LXIX e LXVIII, da CF/1988).

13
A tipicidade diz respeito à necessidade de respeitar as por uma única pessoa, bem como a decisão adminis-
finalidades específicas delimitadas pela lei, para cada espé- trativa do Conselho de Contribuintes do Ministério
cie de ato administrativo. Dependendo da finalidade que da Fazenda, que expressa vontade única apesar de
o Poder Público almeja, existe um ato definido em lei. A ser órgão colegiado, são exemplos de atos simples.
lei deve sempre estabelecer os tipos de atos e suas con- B) Atos complexos: são aqueles que se formam pela
sequências, promovendo ao particular a garantia de que união de várias vontades, isso é, que necessitam da
a Administração Pública não fará uso de atos inominados, manifestação de vontade de dois ou mais órgãos
sem tipificação, que impõe obrigações cuja previsão legal diferentes para a sua formação. Enquanto todos os
não existe. É um atributo que deriva do próprio princípio órgãos competentes não se manifestarem da forma
da legalidade. devida, o ato não estará perfeito.
C) Atos compostos: é aquele que advém de manifesta-
#FicaDica ção de apenas um órgão. Porém, para que produza
efeitos, depende da aprovação, visto, ou anuência de
A tipicidade é característica marcante da ex- outro ato, que o homologa, como condição para a
propriação de bens particulares pelo Poder executoriedade daquele ato. Costuma-se afirmar que
Público. É o caso de desapropriação adminis- o ato posterior é acessório do anterior, pois a mani-
trativa, hipótese em que o Poder Público tem festação do segundo ato não possui a mesma maté-
a prerrogativa de tirar da esfera de alguma ria do primeiro: ele apenas complementa a aplicação
pessoa física a titularidade sobre bem imóvel, deste. Exemplo: a nomeação de servidor público, que
transformando-o em bem público. Para tanto, deve sempre anteceder a sua aprovação em concur-
deve realizar um procedimento envolvendo so público.
aspectos mais complexos, como a declaração
de utilidade ou necessidade pública (art. 5º, 3- Quanto aos destinatários:
XXIV, da CF/1998), bem como a necessidade A) Atos gerais: são o conjunto de regras de caráter
de prévia indenização ao particular que teve abstrato e impessoal. Seus destinatários são mui-
seu bem expropriado, em pecúnia (art. 182, § tos, mas unidos por características em comum, que
3º, da CF/1988). os faz destinatários do mesmo ato. Para produzirem
seus efeitos, já que externos, devem ser publicados
na imprensa oficial. Exemplos: os editais de concurso
1.4 Classificação dos atos administrativos público, as instruções normativas.
B) Atos coletivos: são aqueles expedidos a um grupo
Atos administrativos existem dos mais variados tipos. definido de destinatários. É o caso, por exemplo, de
Para efeitos didáticos, costuma-se dividir e agrupá-los, for- alteração de horário de funcionamento de uma repar-
mando-se uma verdadeira classificação desses atos. Por- tição pública. Tal ato, evidentemente, somente é do in-
tanto, passemos a analisar as diversas modalidades de atos teresse daqueles funcionários. A publicidade é atendi-
administrativos, observando os seguintes critérios: da apenas com a comunicação dos interessados, visto
que é um ato interno da Administração Pública.
1- Quanto ao grau de liberdade C) Atos individuais: são aqueles destinados a apenas um
A) Atos vinculados: são aqueles praticados pela Admi- único destinatário. Exemplo: a promoção de um deter-
nistração Pública sem nenhuma liberdade de atuação. minado servidor público. A exigência da publicidade
A lei define todas as margens de sua conduta. Ha- depende somente da comunicação do interessado, não
vendo vício no ato vinculado, pode-se pleitear a sua há necessidade de publicação pelo Diário Oficial.
anulação e não a revogação, pois trata-se de vício de
legalidade. É o caso, por exemplo, da concessão de 4- Quanto aos efeitos:
aposentadoria para o contribuinte beneficiário. A) Atos constitutivos: são aqueles que geram uma nova
B) Atos discricionários: a lei também estabelece uma situação jurídica aos destinatários. Pode ser pela ou-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

série de regras para a prática de um ato, mas deixa torga de um novo direito, como permissão de uso
certo grau de liberdade ao agente público, que po- de bem público, ou a imposição de uma obrigação,
derá optar por um entre vários caminhos igualmente como estabelecer um período de suspensão.
válidos. Há uma avaliação subjetiva prévia à edição B) Atos declaratórios: são aqueles que afirmam uma si-
do ato. É o caso das permissões para o uso de bem tuação já existente, seja de fato ou de direito. Não
público. cria, transfere ou extingue situação jurídica, apenas
a reconhece. É o caso da expedição de uma certidão
2- Quanto à formação de vontade: de tempo de serviço.
A) Atos simples: são aqueles que nascem da manifes- C) Atos modificativos: são os que tem capacidade de
tação de vontade de apenas um órgão, seja ele uni- alterar a situação já existente, sem que seja extinta.
pessoal (formado só por uma pessoa) ou colegiado Todavia, não tem o condão de criar direitos e obriga-
(composto por várias pessoas). O ato que altera o ho- ções. Exemplo: a alteração do horário de atendimen-
rário de atendimento da repartição pública, emitido to da repartição

14
D) Atos extintivos: também denominados atos descons- Resposta: Letra E.
titutivos, são aqueles que põem termo a um direito No caso mencionado, é evidente que o interesse pelo
ou dever pré-existentes. Exemplo: a demissão de ser- porte de arma é somente do particular. A análise das
vidor público. condições, nesse caso, estão submetidas aos requisitos
de conveniência e oportunidade (“aspectos subjetivos
5- Quanto ao objeto: do requerente”). Não se trata de ato vinculado, logo,
A) Atos de império: são aqueles praticados pela Admi- jamais poderia ser a licença. A autorização é ato admi-
nistração em posição de superioridade perante os nistrativo discricionário e precário pelo qual a Adminis-
particulares, como na imposição de multa por infra- tração autoriza o particular a exercer determinada ativi-
ção administrativa. dade que seja de seu interesse.
B) Atos de gestão: são expedidos pela Administração,
em posição de igualdade em relação aos administra-
dos. É o caso da alienação de bem público.
1.5 Espécies de atos administrativos:
C) Atos de expediente: são atos internos, elaborados
por autoridade subalterna, que não tem capacidade
Os atos administrativos tipificados pela legislação bra-
decisória. Exemplo: numeração dos autos no proces-
so judicial. sileira são diversos. Por isso, também é utilizado, para fins
didáticos, uma sistematização dos atos administrativos. A
6- Quanto à exequibilidade: doutrina divide os atos administrativos previstos da legis-
A) Atos perfeitos: são aqueles que completaram seu lação em cinco espécies distintas:
processo de formação, e estão prestes a produzir
seus efeitos. Perfeição não se confunde com valida- A) Atos normativos: são aqueles que apresentam co-
de, pois um ato válido pode não ser obrigatoriamen- mandos gerais e abstratos para o cumprimento da
te perfeito. lei. Alguns autores, inclusive, chegam a considerar
B) Atos imperfeitos: são os que ainda não completaram tais atos “leis em sentido material”. São atos nor-
seu processo de formação, e por isso mesmo, não mativos: os decretos e regulamentos; as instruções
estão aptos a produzirem efeitos. Atos imperfeitos normativas; os regimentos; as resoluções; e as deli-
geralmente necessitam de outro ato que o homo- berações.
logue. B) Atos ordinatórios: correspondem a manifestações
C) Atos pendentes: são aqueles que se sujeitam a con- internas da Administração Pública decorrentes do
dição ou termo para começar a produzir efeitos. Seu poder hierárquico, estabelecendo regras de funcio-
ciclo de formação está concluído, porém depende namento de seus órgãos internos e regras de condu-
ainda de um evento para tornar-se apto a produzir ta de seus agentes. Tais atos não podem disciplinar
efeitos. as condutas dos particulares. São atos ordinatórios:
Os critérios apresentados não são exaustivos: há outras as instruções; as circulares; os avisos; as portarias; os
formas de classificação dos atos administrativos ado- ofícios; as ordens de serviço; os despachos; entre ou-
tadas por diversos autores. Escolhemos apresentar tros.
aqueles que têm mais chances de aparecer em uma C) Atos negociais: são aqueles que manifestam a von-
questão de concurso público. tade da Administração em consonância com o in-
teresse dos particulares. Exemplos: a licença, a au-
torização, a permissão, a concessão, a aprovação, a
EXERCÍCIO COMENTADO homologação, a renúncia, etc. Os atos negociais po-
dem ser vinculados (licença) ou discricionários (au-
1.(TRT-PE – Técnico Judiciário – FCC – 2018) Um particu-
lar interessado em obter porte de arma solicitou à Admi- torização), definitivos ou precários, sendo passíveis
nistração consentimento para tanto. Nesta hipótese, a ma- de revogação pelo Poder Público a qualquer tempo.
nifestação positiva da Administração, que demanda análise A característica especial desses atos é que eles não
disciplinam direitos, e sim interesses dos particulares.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de aspectos subjetivos do requerente, consistirá em um ato


administrativo: D) Atos enunciativos: também denominados “atos de
pronúncia”, são aqueles que certificam, ou atestam a
a) unilateral e vinculado, que faculta o uso, sem restrições, existência de uma situação jurídica peculiar. Tais atos
quando o particular preencher as condições objetivas possuem caráter predominantemente declaratório.
necessárias e previstas em lei. São atos enunciativos: as certidões; os atestados; os
b) vinculado, de natureza bilateral, que se denomina licen- pareceres; etc.
ça. E) Atos punitivos: como o próprio nome supõe, são os
c) discricionário e precário, que se denomina licença e se atos que aplicam sanções aos particulares, ou aos
fundamenta no poder disciplinar. servidores que pratiquem condutas irregulares, nos
d) discricionário, mas não precário, bilateral, podendo de- termos da lei. São atos punitivos: as multas, as inter-
nominar-se licença ou autorização, indistintamente. dições; e a destruição de coisas.
e) unilateral, discricionário e precário, que se denomina au-
torização.

15
B) Extinção ipsu iure pelo desaparecimento da pes-
soa ou objeto: os atos administrativos podem dizer respei-
EXERCÍCIO COMENTADO to a pessoas, ou coisas. Desaparecendo um desses elemen-
tos, o ato extingue-se automaticamente, pois perdeu a sua
1. (AL-RS – Analista Legislativo – FUNDATEC – 2018)
utilidade. As pessoas “desaparecem” com seu falecimento,
Considerando o entendimento da clássica e majoritária
como a morte de servidor público que receberia promoção;
doutrina administrativista, quanto às espécies de atos ad-
e as coisas com a sua ruína ou destruição, como o desaba-
ministrativos, é incorreto afirmar que:
mento de prédio que recebeu licença para a sua reforma.
C) Extinção por renúncia: ocorre quando o próprio
a) A instrução normativa pode ser classificada como ato beneficiário abre mão da situação proporcionada pelo ato
administrativo negocial. administrativo. É o caso da exoneração de cargo público a
b) O alvará é ato administrativo que formaliza o consenti- pedido do seu ocupante.
mento da administração pública para o exercício de ati- D) Retirada do ato: é a forma mais importante de ex-
vidades pelos particulares. tinção dos atos administrativos, para os concursos públi-
c) O parecer é considerado ato administrativo que exte- cos. É a extinção que se dá pela expedição de um segundo
rioriza manifestação técnica de caráter opinativo, salvo ato, elaborado para extinguir ato administrativo anterior
previsão legal em contrário. a ele. Comporta cinco modalidades, que serão vistas com
d) O regimento interno é ato administrativo normativo. maiores detalhes: revogação, anulação, cassação, caduci-
e) As certidões podem ser classificadas como atos adminis- dade, e contraposição.
trativos enunciativos.
Revogação é a extinção de ato administrativo que en-
contra-se perfeito e apto a produzir seus efeitos, praticado
Resposta: Letra A.
pela própria Administração Pública, fundada em razões de
A instrução normativa é modalidade de ato normativo,
conveniência e oportunidade, sempre almejando a prote-
que apresenta comandos gerais e abstratos para o fiel
ção do interesse público. Nessa hipótese, ocorre uma causa
cumprimento da lei. Os atos negociais, por sua vez, são
superveniente, que altera o juízo de conveniência e opor-
aqueles que manifestam uma declaração de vontade do
tunidade sobre a permanência de ato discricionário, obri-
Poder Público coincidente com a pretensão do particu-
gando a Administração a expedir um segundo ato capaz
lar, visando à concretização de negócios jurídicos públi-
de revogar esse ato anterior. O conceito de revogação tem
cos ou à atribuição de certos direitos ou vantagens ao
previsão no art. 53 da Lei nº 9.784/1999: “A Administração
interessado.
deve anular seus próprios atos, quando eivados de vício de
legalidade, e pode revogá-los por motivo de conveniência
1.6 Invalidação dos atos administrativos ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos”. So-
bre o mesmo assunto, a Súmula nº 473, do STF: “A admi-
Os atos administrativos possuem um ciclo de vida. Eles nistração pode anular seus próprios atos, quando eivados
são criados, começam a produzir efeitos, e depois de um de vícios que os tornam ilegais, porque deles não se origi-
tempo, desaparecem. Vamos analisar com mais detalhes nam direitos; ou revogá-los, por motivo de conveniência
justamente o desaparecimento dos atos administrativos, ou oportunidade, respeitados os direitos adquiridos, e res-
embora seja preferível utilizar o termo “extinção” (ou “inva- salvada, em todos os casos, a apreciação judicial”.
lidação”) dos atos administrativos. Por tratar-se de questão de mérito, a revogação somen-
Para melhor compreensão do tema, a doutrina utiliza- te pode ser decretada pela própria Administração Pública.
-se de uma sistematização das formas de extinção dos atos É, também, decorrência do princípio da autotutela: a Ad-
administrativos. A principal divisão que deve ser feita é em ministração Pública tem competência para anular e revo-
relação a produção de efeitos: existem atos administrativos gar seus atos, sendo descabido a manifestação do Poder
eficazes, e atos ineficazes. Quando ineficaz, o ato pode ser Judiciário nos atos administrativos discricionários. A revo-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

extinto pela retirada, ou pela sua recusa pelo beneficiário. gação é elaborada pela mesma autoridade que praticou o
Tratando-se de atos eficazes, há quatro formas de distinção ato principal. O ato revocatório é sempre secundário, cons-
dos atos administrativos: titutivo e discricionário. Seu objeto será sempre o ato ad-
A) Extinção ipsu iure pelo cumprimento dos efeitos: é ministrativo ou a relação jurídica anterior perfeita e eficaz,
a extinção que ocorre pelo cumprimento integral dos efei- destituído de qualquer vício. A revogação atinge somente
tos do ato administrativo. É a extinção natural esperada por os atos discricionários: para os atos vinculados, a medida
todo ato administrativo. Pode ocorrer mediante: a.1) esgo- cabível é a anulação.
tamento do conteúdo, como a vacinação de enfermos após Por fim, em relação a seus efeitos, a revogação não
expedição de ordem de entrega das vacinas; a.2) execução pode atingir as situações jurídicas do passado. Isso signifi-
da ordem, como o guinchamento de veículo; a.3) imple- ca que a revogação produz efeitos futuros, não retroativos,
mento de condição resolutiva ou termo final, como o prazo ou ex nunc. Há a possibilidade do particular, que se sentiu
final para renovação da CNH. prejudicado com a referida medida, ingressar em juízo com
pedido de indenização contra a Administração.

16
A anulação é a extinção de ato administrativo defeituoso, pois carece de legalidade, podendo ser expedido pela Admi-
nistração Pública, ou até mesmo pelo Poder Judiciário. A anulação deriva do próprio princípio da legalidade e autotutela.
Também possui fundamento no art. 53 da Lei nº 9.784/1999, bem como na Súmula nº 473, do STF. A anulação realizada pela
própria Administração ocorre mediante a expedição de ato anulatório. Suas características principais são: é ato secundário,
constitutivo, e vinculado. Tanto a Administração como o Poder Judiciário podem decretar a anulação de ato administrativo.
Outra característica importante é o prazo definido pelo caput do art. 54 da Lei nº 9.784/1999: “O direito da Administração
de anular os atos administrativos de que decorram efeitos favoráveis para os destinatários decai em cinco anos, contados
da data em que foram praticados, salvo comprovada má-fé”. O prazo decadencial de cinco anos é atributo exclusivo da
anulação.
Por fim, em relação a seus efeitos, importante frisar que o ato nulo (aquele que carece de legalidade), tem o seu defeito constata-
do desde a sua concepção. Por isso, a anulação deve desconstituir os efeitos desde a data da prática daquele ato. Podemos afirmar,
então, que a anulação possui efeito retroativo, ou ex tunc. Em regra, não gera ao particular direito à indenização pela anulação de
ato ilegal, salvo se comprovar ter sofrido dano anormal para ocorrência, do qual não tenha participado.
Cassação são as hipóteses em que o administrado deixa de preencher condição necessária para a permanência da refe-
rida vantagem. Exemplo: habilitação da CNH cassada por pessoa enferma.
A caducidade, também denominada decaimento, consiste na modalidade de extinção de ato administrativo em con-
sequência de norma jurídica superveniente, a qual impede a permanência da situação anteriormente consentida. Como
não pode produzir efeitos automaticamente, é necessária a prática de um ato secundário, determinando a extinção do ato
decaído. Exemplo: perda do direito de comercializar em área que passa a ser considerada exclusivamente residencial.
Contraposição é o modo de extinção que ocorre com a expedição de um segundo ato, fundado em competência diver-
sa, cujos efeitos são contrapostos aos do ato inicial. É uma espécie de revogação praticada por autoridade distinta da que
expediu o ato inicial. Exemplo: nomeação de um funcionária anteriormente exonerado de seu cargo.

EXERCÍCIO COMENTADO
1. (SEFAZ-RS – Auditor do Estado – CESPE – 2018) Determinado prefeito exarou ato administrativo autorizando o uso de
bem público em favor de um particular. Pouco tempo depois, lei municipal alterou o plano diretor, no que tange à ocupa-
ção do espaço urbano, tendo proibido a destinação de tal bem público à atividade particular.
Nessa situação hipotética, o referido ato administrativo de autorização de uso de bem público extingue-se por

a) revogação.
b) anulação.
c) contraposição.
d) caducidade.
e) cassação.
Resposta: Letra D.
Pela leitura do enunciado, podemos perceber que a extinção da referida autorização de uso de bem público se deu
pela edição de lei municipal que alterou o plano diretor da cidade. A única hipótese cabível é a caducidade, por ser
justamente hipótese de extinção de ato administrativo devido a norma jurídica superveniente que altera, ou impede a
permanência da situação jurídica anterior.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA. ÓRGÃOS PÚBLICOS: CONCEITO E CLASSIFICAÇÃO.


ENTIDADES ADMINISTRATIVAS: CONTO E ESPÉCIES. AGENTES PÚBLICOS: ESPÉCIES.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ATOS

Organizações são instituições, sejam elas de personalidade jurídica ou física, privada ou pública, nas quais, pessoas que
compartilham de objetivos em comum, conseguem, por meio da execução de diversos procedimentos, embasados em
processos decisórios, atingir um resultado dentro da proposta que originou a criação dessa organização.
São vários os modelos de organização, porém, independente do modelo que possua, todas elas possuem três diferentes
níveis de gestão, conforme veremos na figura a seguir, como nos ensina Idalberto Chiavenato.

17
Idalberto Chiavenato

HABILIDADES GERENCIAIS

Como já sabemos, a organização existe em função de um objetivo e, para que esse objetivo seja desenvolvido de fato,
precisamos nos ater à questão dos níveis de hierarquia e às competências e habilidades gerencias, de que forma isso é
representado na teoria, na prática e no comportamento individual de cada profissional envolvido na administração.
Para compreender a habilidade ideal para cada situação a dividimos em três classes:

1. Níveis Hierárquicos

Conforme a figura acima nos mostra, existem basicamente três níveis hierárquicos dentro de uma organização, que são
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

divididos em:

Nível Estratégico (ou Nível Institucional)

Nível responsável por elaborar as estratégias organizacionais, desenvolvendo o planejamento estratégico da


empresa. Em geral, esse nível é assumido por presidentes e alta direção da empresa, sendo que esses devem possuir,
principalmente, habilidades conceituais.

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Nível Tático (ou Nível Intermediário)

Este nível é assumido pelos gerentes e coordenadores, pelas características que possui, é um nível departamen-
tal, no qual seus integrantes necessitam apresentar habilidades humanas, com potencialidade de motivação e liderança
para com os integrantes do nível operacional.

Nível Operacional

Neste nível observaremos os supervisores direcionando as funções e, para tal, estes necessitam de habilidades
técnicas por trabalharem de forma mais ligada à produção

Essa divisão precisa ser a mais clara e definida possível dentro da organização, de forma que cada um tenha pleno co-
nhecimento do seu papel e responsabilidade, desenvolvendo suas competências de forma eficaz e alinhada.
Com base nos três níveis acima citados, veremos a seguir um quadro demonstrativo descritivo e relacional desses níveis.

NÍVEIS
CARACTERÍSTICAS
ESTRATÉGICO TÁTICO OPERACIONAL
Unidade, Departa-
Abrangência Instituição Setor, Equipe
mento
Presidência, Alto Coordenação, Líder
Área Diretoria, Gerência
Comitê Técnico
Perfil Visão, Liderança Experiência, Eficácia Técnica, Iniciativa
Horizonte Longo Prazo Médio Prazo Curto Prazo
Foco Destino Caminho Passos
Planos de ação, pro-
Diretrizes Visão, Objetivo Processos, atividades
jetos
Abrangente, Gené-
Conteúdo Amplo, mas sintético Específico, Analítico
rico
Determinar, Definir, Executar, manter,
Ações Projetar, Gerenciar
orientar Controlar, analisar
Aplicações especí-
Software Painel de Controle Planilha
ficas NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Fonte: Marcio D’Ávila

2. As Principais Habilidades Gerenciais

A principais habilidades gerenciais são:


• Planejamento e Organização: o gerente deverá possuir a capacidade de planejar e organizar suas próprias atividades
e as do seu grupo, estabelecendo metas mensuráveis e cumprindo-as com eficácia.
• Julgamento: o gerente deverá ter a capacidade de chegar a conclusões lógicas com base nas evidências disponíveis.
• Comunicação Oral: um gerente deve saber se expressar verbalmente com bons resultados em situações individuais e
grupais, apresentando suas ideias e fatos de forma clara e convincente.
• Comunicação Escrita: é a capacidade gerencial de saber expressar suas ideias clara e objetivamente por escrito.
• Persuasão: o gerente deve possuir a capacidade de organizar e apresentar suas ideias de modo a induzir seus ouvintes
a aceitá-las.

19
• Percepção Auditiva: o gerente deve ser capaz de cap- 3.2 Conhecimento (Saber Fazer)
tar informações relevantes, a partir das comunicações orais
de seus colaboradores e superiores. O conhecimento é essencial para a realização dos pro-
• Motivação: importância do trabalho na satisfação pes- cessos da organização. De acordo com o nível de conheci-
soal e desejo de realização no trabalho. mento de um gerente, existe o essencial, aquele que todo
• Impacto: é a capacidade de o gerente criar boa im- profissional deve saber, como dominar os procedimentos,
pressão, captar atenção e respeito, adquirir confiança e conceitos e informações necessárias ao funcionamento da
conseguir reconhecimento pessoal. empresa; e aquele mais específico, em que é necessário
• Energia: é a capacidade gerencial de atingir um alto analisar os indivíduos e o contexto de trabalho.
nível de atividade (Garra).
• Liderança: é a capacidade de o gerente levar o grupo 3.3 Habilidades (Saber como Fazer)
a aceitar ideias e a trabalhar atingindo um objetivo espe-
Quando utilizamos o conhecimento da melhor forma,
cífico.
ele se torna uma habilidade. O conceito de habilidade é
variado. De acordo com alguns autores, para que um admi-
Para alguns autores, podemos resumir as habilidades
nistrador possa conquistar uma posição de destaque, bem
necessárias para o desenvolvimento eficiente e eficaz na como saber administrar, define-se a existência das seguin-
administração em: tes habilidades:
• Técnicas - funções especializadas e ligadas ao trabalho
1. Conhecimento – estar a par das informações necessá- operacional;
rias para poder desempenhar com eficácia as suas funções. • Conceituais - compreender a totalidade, ou seja, ter
visão da empresa como um todo;
2. Habilidade – esta podem ser divididas em: • Humanas - cultivar bons relacionamentos, sendo um
líder eficaz e eficiente.
• Técnicas (Funções especializadas)
• Administrativas (compreender os objetivos organiza- ESTRUTURA ORGANIZACIONAL
cionais)
• Conceituais (compreender a totalidade) Falar em estrutura organizacional é falar da forma como
• Humanas (Relações Humanas), Políticas (Negociação). as atividades e os recursos (de todos os tipos) serão orga-
nizados para atingir o objetivo da organização, ou seja, “a
3. Atitude e Comportamento – sair do imaginário e co- forma como serão alocados os recursos financeiros, ma-
locar em prática, fazer acontecer. Maneira de agir, ponto de teriais, humanos e todos os demais, dentro da divisão de
referência para a compreensão da realidade. tarefas, departamentos e cargos.”
De acordo com Chiavenato, a estrutura garante a to-
3. As três dimensões da competência talidade de um sistema e permite sua integridade, assim
são as organizações, diversos órgãos agrupados hierarqui-
As competências são formadas por três dimensões: camente, os sistemas de responsabilidade, sistemas de au-
atitude, conhecimento e habilidade. Cada dimensão é in- toridade e os sistemas de comunicações são componentes
dependente, mas ambas estão interligadas. O desenvolvi- estruturais.
mento das competências está na aprendizagem individual Existem vários modelos de organização e, esses, vários
níveis de influência, podendo esses níveis ser estratégicos
e coletiva. (Tommas Durand)
ou táticos, sendo ambos muito importantes para a manu-
tenção do controle organizacional.
3.1 Atitude (Querer Fazer)
As Organizações formais possuem uma estrutura hie-
rárquica com suas regras e seus padrões, em que, por meio
Ter atitude e ações é fazer acontecer. São competên- de seus organogramas, apresentam uma estrutura definida
cias que permitem as pessoas interpretarem e julgarem a e dimensionada, facilitando a autonomia interna, agilizan-
realidade e a si próprias. Na área gerencial, veja algumas
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do o processo de desenvolvimento de produtos e servi-


atitudes que se destacam: ços. Elas apresentam cinco características básicas, a saber:
divisão do trabalho, especialização, hierarquia, amplitude
• Saber ouvir; administrativa e racionalismo da organização formal. Para
• Automotivação; atender a essas características que mudam de acordo com
• Autocontrole; as organizações, “a organização formal pode ser estrutura-
• Dar e receber feedback; da por meio de três tipos: linear, funcional e linha-staff, de
• Resolução de problemas; acordo com os autores clássicos e neoclássicos”.
• Determinação; As organizações fazem uso do organograma que me-
• Proatividade; lhor representa sua realidade e, dentro de qualquer or-
• Honestidade e ética nos negócios etc. ganograma, considerar as diversidades de informações é
muito importante, é preciso estar atento para sua relevân-
cia na tomada de decisões. É necessário avaliar a qualidade
da informação e saber aplicar em momentos oportunos.

20
Para o desenvolvimento de sistemas de informação, há que se definir qual informação e como ela vai ser mantida no
sistema, deve haver um estudo no organograma da empresa verificando assim quais os dados e quais os campos vão ser
necessários para essa implantação. Cada empresa tem suas características e suas necessidades, e o sistema de informação
se adéqua à organização e aos seus propósitos.
Outro aspecto relevante na estrutura organizacional são as pessoas, tanto que, ao analisar a teoria das necessidades
de Maslow, observamos que as pessoas são sujeitos presentes em todos os níveis; conforme demonstrado na teoria, em
primeiro na base da pirâmide vêm as necessidades fisiológicas, como: fome, sede sono, sexo; depois ele nomeia segurança
como o segundo item mais importante, estabilidade no trabalho, por exemplo; logo depois necessidades afetivo-sociais,
como pertencer a um grupo, ter amigos, família; necessidades de status e estima, aqui podemos dar como exemplo a
necessidade das pessoas em ter reconhecimento, por seu trabalho por seu empenho; no topo Maslow colocou as neces-
sidades de autorrealização, em que o indivíduo procura tornar-se aquilo que ele pode ser, explorando suas possibilidades.
O raciocínio de Viktor Frankl, “vontade de sentido”, também é coerente, ele nos atenta para o fato de que nem sempre
a pirâmide de Maslow ocorre em todas as escalas de uma forma sequencial, de acordo com ele, o que nos move é aquilo
que faz com que nossa vida tenha sentido, nossas necessidades aparecem de forma aleatória, são nossas motivações que
nos levam a agir. Os colaboradores são estimulados, fazendo o que gostam, as pessoas alocam mais tempo nas atividades
em que estão motivadas. Sendo assim, um funcionário trabalhando em uma determinada tarefa pode sentir autorrealização
sem necessariamente ter passado por todas as escalas da pirâmide. Mas o que é realização para um não é realização para
todas as pessoas. O ser humano é insaciável, quando realiza algo que desejou intensamente, logo cobiçará outras coisas.
Posto isso, concluímos que o comportamento das pessoas nas organizações afeta diretamente na imagem, no sucesso
ou insucesso da mesma, o comportamento dos colaboradores refletem seu desempenho.
Outro elemento presente na estrutura organizacional é o líder.
Esses são importantes no processo de sobrevivência no mercado, Lacombe descreveu que o líder tem condição de
exercer função, tarefa ou responsabilidade quando é responsável pelo grupo.
Um líder precisa ser motivado, competente, conseguir conquistar e conhecer as pessoas, ter habilidades e intercalar
objetivos pessoais e organizacionais.
A definição de como será a relação entre as linhas diretivas e a equipe pode causar impactos nos resultados obtidos pela
organização, por exemplo, no processo de centralização a tomada de decisões é unilateral, deixando os colaboradores tra-
vados, sem poder de opinião, enquanto no processo de descentralização existe maior estímulo por parte dos funcionários,
podendo opinar eles se sentem parte ativa da empresa.
Como vimos, a estrutura organizacional é uma composição de vários elementos e aspectos que, ao serem colocados em
prática, podem proporcionar um processo mais adequado de administração, por meio de resultados como vemos abaixo:

• Clareza na identificação de tarefas;


• Melhor gestão do tempo e de recursos;
• Alinhamento entre objetivos e desempenho;
• Melhor clima organizacional;

Benefícios de uma estrutura adequada:

• Identificação das tarefas necessárias;


• Organização das funções e responsabilidades;
• Informações, recursos e feedback aos empregados;
• Medidas de desempenho compatíveis com os objetivos;
• Condições motivadoras. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

21
ESTRUTURA FORMAL E INFORMAL

Toda empresa possui dois tipos de estrutura: formal e informal.

Estrutura Formal

• Como já vimos acima, trata-se de uma estrutura deliberadamente planejada e formalmente representada, em
alguns aspectos pelo seu organograma.
• Tem ênfase a posições em termos de autoridades e responsabilidades;
• É estável;
• Está sujeita a controle;
• Está na estrutura;
• Tem Líder formal;
• É representada pelo organograma da empresa e seus aspectos básicos;
• É reconhecida juridicamente de fato e de direito;
• É estruturada e organizada.

Estrutura Informal
• Surge da interação social das pessoas, o que significa que se desenvolve espontaneamente quando as pessoas
se reúnem. Representa relações que usualmente não aparecem no organograma.
• São relacionamentos não documentados e não reconhecidos oficialmente entre os membros de uma organiza-
ção que surgem inevitavelmente em decorrência das necessidades pessoais e grupais dos empregados.
• Está nas pessoas;
• Sempre existirão;
• A autoridade flui na maioria das vezes na horizontal;
• É instável;
• Não está sujeita a controle;
• Está sujeita aos sentimentos;
• Tem Líder informal;
• Desenvolve sistemas e canais de comunicação.

1. Elaboração da estrutura organizacional


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Não é estática;
• É representada graficamente pelo organograma;
• É dinâmica;
• Deve ser delineada de forma a alcançar os objetivos institucionais;
• (Delinear = Criar, aprimorar);
• Deve ser planejada.

1.1 O Planejamento deve estar voltado para os seguintes objetivos:

• Identificar as tarefas físicas e mentais que precisam ser desempenhadas;


• Agrupar as tarefas em funções que possam ser bem desempenhadas e atribuir sua responsabilidade a pessoas ou
grupos;
• Proporcionar aos empregados de todos os níveis:
• Informação;

22
• Recursos para o trabalho;
• Medidas de desempenho compatíveis com objetivos e metas;
• Motivação.

2. Desenvolvimento, implantação e avaliação de estrutura organizacional.

No desenvolvimento considera-se:
• Seus componentes;
• Condicionantes;
• Níveis de influência;
• Níveis de abrangência.

A implantação / ajuste se dá com:


• Participação dos funcionários;
• Motivação.

A avaliação se aplica:
• Quanto ao alcance dos objetivos;
• Quanto à influência dos aspectos formais e informais.
3. Componentes da estrutura organizacional

Sistema de Responsabilidade que é constituído por:


• Departamentalização;
• Linha e assessoria;
• Especialização do trabalho.

Sistema de autoridade que é constituído por:


• Amplitude administrativa ou de controle;
• Níveis hierárquicos;
• Delegação;
• Centralização/descentralização.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

23
Sistema de comunicações (Resultado da interação das unidades organizacionais), constituída por:
• Quanto ao alcance dos objetivos;
• Quanto à influencia dos aspectos formais e informais;
• O que;
• Como;
• Quando;
• De quem;
• Para quem.
4. Condicionantes da estrutura organizacional.

Fator humano
• A empresa funciona por meio de pessoas, a eficiência depende da qualidade intrínseca e do valor e da integra-
ção dos homens que ela organiza.
• Ao desenvolver uma estrutura organizacional, deve-se levar em consideração o comportamento e o conheci-
mento das pessoas que irão desempenhar funções.
• Não podemos nos esquecer da MOTIVAÇÃO.

Fator ambiente externo


• Avaliação das mudanças e suas influências

Fator sistema de objetivos e estratégias


• Quando os objetivos e estratégias estão bem definidos e claros, é mais fácil organizar. Sabe-se o que se espera
de cada um.

Fator tecnologia
• Conhecimentos;
• Equipamentos.

Destacamos, ainda, sobre a implantação da estrutura organizacional, que três aspectos devem ser considerados, quais
sejam:
A mudança na estrutura organizacional.
• O processo de implantação;
• As resistências que podem ocorrer.

Para atender as características do mundo moderno, as tendências organizacionais atuais se caracterizam por:
• Cadeias de comando mais curtas (enxugar níveis hierárquicos);
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Menos unidade de comando (a subordinação ao chefe está sendo substituída pelo relacionamento horizontal em
direção ao cliente);
• Maior responsabilidade e autonomia às pessoas;
• Ênfase nas equipes de trabalho;
• Organizações estruturadas sobre unidades autônomas e autossuficientes, com metas e resultados a alcançar;
• Info-estrutura (permite uma organização integrada sem necessariamente estar concentrada em um único local);
• Preocupação maior com o alcance dos objetivos e metas do que com o comportamento variado das pessoas;
• Foco no negócio básico e essencial (enxugamento e terceirização visando a reorientar a organização para aquilo que
ela foi criada);
• As pessoas deixam de ser fornecedoras de mão de obra para serem fornecedoras de conhecimentos capazes de agre-
gar valor ao negócio.

24
TIPOS DE ORGANIZAÇÃO

Podemos classificar organizações em tradicionais e contemporâneas e veremos os principais modelos.


Entre as Estruturas Tradicionais, temos as Organizações Linear, Funcional e Linha Staff, conforme veremos abaixo.

1. Organização Linear

A denominação “linear” indica que entre o superior e os subordinados existem linhas diretas e únicas de autoridade e
de responsabilidade.

2. Organização Funcional

Nesse tipo de organização, aplica-se o princípio funcional ou princípio da especialização das funções para cada tarefa.
Princípio funcional separa, distingue e especializa: é o germe do staff.

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

25
3. Organização Linha-Staff

Resulta da combinação dos tipos linear e funcional, objetivando equilibrar o melhor dos dois e corrigir desvantagens
apresentadas por eles.
É hoje o tipo organizacional mais adotado.
Na organização linha-staff, temos dois órgãos distintos: órgão de execução (linha) e órgão de apoio (staff).
Principais Funções do Staff
• Serviços: atividades especializadas, como compras, pessoal, pesquisa, informática, propaganda, contabilidade etc.
• Consultoria e assessoria: assistência jurídica, organização e métodos etc.
• Monitoramento: acompanhar e avaliar determinada atividade ou processo.
• Planejamento e controle: planejamento e controle orçamentário, controle de qualidade etc.

Já no conceito de Estruturas Contemporâneas temos as estruturas com base em projetos e as estruturas matriciais.

4. Estrutura com Base em Projetos

Advém de desenvolvimento de projeto com um grupo de atividades com tempo de duração pré-definido e profissionais
contratados especificamente para cada projeto.
Utilizado quando:
• Existem muitas pessoas/organizações interdependentes;
• Planos sujeitos a mudanças;
• Dificuldade de prognósticos;
• Exigência do cliente;
• Estrutura organizacional rígida.
• Para montar uma estrutura com base em projetos, a empresa precisa:
• Definir as funções do projeto;
• Montar a estrutura organizacional (organograma do projeto);
• Definir as atribuições das funções (responsabilidades e autoridades);
• Alocar pessoal.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

26
5. Organização Matricial

Tipo de estrutura mista, indicada para organizações que desenvolvem projetos, mas que também adotam as estruturas
divisional, funcional, staff entre outras, fazendo uso de diversas tecnologias. NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

TIPOS DE DEPARTAMENTALIZAÇÃO

Departamentalização: trata-se da divisão do trabalho por especialização dentro da estrutura organizacional da empre-
sa. É o agrupamento de acordo com um critério específico de homogeneidade, das atividades e correspondente recursos
(humanos, financeiros, materiais e equipamentos) em unidades organizacionais.
A forma de departamentalizar deve corresponder à configuração que a organização pretende trabalhar, podendo esta
adotar mais de uma forma de departamentalização.

27
1. Departamentalização por Funções

2. Departamentalização por Produto


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

28
3. Departamentalização Territorial

Tal grupamento permite a uma divisão focalizar as necessidades singulares de sua área, mas exige coordenação e con-
trole da administração de cúpula em cada região.

4. Departamentalização por Cliente

NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

29
5. Departamentalização por Processo ou Equipamento

6. Departamentalização por Projeto

7. Departamentalização de Matriz
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

30
8. Departamentalização Mista

É o tipo mais frequente, cada parte da empresa deve ter a estrutura que mais se adapte à sua realidade organizacional.

8.1 A melhor forma de departamentalizar

Para evitar problemas na hora de decidir como departamentalizar, pode-se seguir certos princípios:

• Princípio do maior uso – o departamento que faz maior uso de uma atividade deve tê-la sob sua jurisdição.
• Princípio do maior interesse – o departamento que tem maior interesse pela atividade deve supervisioná-la.
• Princípio da separação e do controle – as atividades do controle devem estar separadas das atividades controladas.
• Princípio da supressão da concorrência – eliminar a concorrência entre departamentos, agrupando atividades corre-
latas no mesmo departamento.

Outro critério básico para departamentalização está baseado na diferenciação e na integração, são:
• Diferenciação, cujo princípio estabelece que as atividades diferentes devem ficar em departamentos separados. A
diferenciação ocorre quando:

• O fator humano é diferente


• A tecnologia e a natureza das atividades são diferentes
• Os ambientes externos são diferentes,
• Os objetivos e as estratégias são diferentes.
• Integração – Quanto mais atividades trabalham integradas, maior razão para ficarem no mesmo departamento. O
Fator de integração é:
• Necessidade de coordenação.

ORGANIZAÇÃO ADMINISTRATIVA

ADMINISTRAÇÃO DIRETA E INDIRETA

CENTRALIZAÇÃO, DESCENTRALIZAÇÃO, CONCENTRAÇÃO E DESCONCENTRAÇÃO

A compreensão da administração pública se faz em dois aspectos:


• Sentido subjetivo: inclui as atividades destinadas à satisfação do interesse público (exceto as legislativas e judiciais),
serviços públicos, poder de polícia, fomento e intervenção direta na economia.
• Sentido Objetivo: conjunto de unidades administrativas, dotadas ou não de personalidade jurídica que tem por finali-
dade executar as atividades acima referidas.

O Estado pode, para realizar a sua função administrativa, organizar-se administrativamente da forma e modo que me-
lhor lhe aprouver, sujeito apenas às limitações e princípios constitucionais.
No Brasil, a organização administrativa se dá por meio da Administração Direta e da Administração Indireta, podendo
realizar sua função de forma centralizada, descentralizada, concentrada ou desconcentrada.
Veremos agora como se dá a organização administrativa no âmbito da União e, na sequência, as formas de realizar a
função administrativa.
ADM DIRETA: composta de órgãos públicos despersonalizados
ADM INDIRETA: composta de entidades jurídicas dotadas de personalidade jurídica própria.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

1.Administração Direta

A Administração Pública não é propriamente constituída de serviços, mas, sim, de órgãos a serviço do Estado, na gestão
de bens e interesses qualificados da comunidade, o que nos permite concluir que, no âmbito federal, a Administração direta
é o conjunto dos órgãos integrados na estrutura administrativa da União.
Administração Direta possui poderes políticos e administrativos, eis que é responsável pela formulação de políticas
públicas.

1.1 Órgãos Públicos

Órgãos Públicos são centros de competência instituídos para o desempenho de funções estatais por meio de seus
agentes, cuja atuação é imputada à pessoa jurídica a que pertencem.

31
Características dos Órgãos: 2. Administração Indireta
• Não têm personalidade jurídica;
• Expressam a vontade da entidade a que pertence FIQUE ATENTO!
(União, Estado, Município);
• São meio instrumento de ação destas pessoas jurídi- A expressão "Administração Indireta", que
cas; doutrinariamente deveria coincidir com "Ad-
• Dotados de competência, que é distribuída por seus car- ministração Descentralizada", desta se afasta
gos. parcialmente. Por isto, ficaram fora da catego-
rização como Administração indireta os casos
1.2 Administração Direta Federal em que a atividade administrativa é prestada
por particulares, "concessionários de serviços
A Administração direta Federal é dirigida por um órgão públicos", ou por "delegados de função ou ofí-
independente, supremo e unipessoal, que é a Presidência cio público".
da República, e por órgãos autônomos também, unipes-
soais, que são os Ministérios, aos quais se subordinam ou A Administração indireta é o conjunto de entes (perso-
se vinculam os demais órgãos e entidades descentraliza- nalizados) que, vinculados a um Ministério, prestam servi-
ços públicos ou de interesse público.
das. A Administração Indireta, via de regra, possui somente
poderes administrativos, eis que não lhe cabe, em tese, for-
1.3 Administração Direta Estadual mular políticas públicas. O Banco Central é uma exceção a
essa regra.
A Administração direta Estadual acha-se estruturada
em simetria com a Administração Federal, atenta ao man-
damento constitucional de observância aos princípios esta- Em síntese, a administração federal compreende:
belecidos na mesma, pelos Estados-membros, e às normas I – A administração direta, que se constitui dos serviços
complementares, relativamente ao atendimento dos princí- integrados na estrutura administrativa da Presidência da
pios fundamentais adotados pela Reforma Administrativa. República e dos Ministérios;
II – A administração indireta, que compreende as se-
guintes categorias de entidades, dotadas de personalidade
jurídica própria:
1.4 Administração Direta Municipal a) Autarquias;
b) Fundações públicas;
A administração direta municipal é dirigida pelo Pre- c) Agências reguladoras;
feito, que, unipessoalmente, comanda, supervisiona e d) Agências executivas;
coordena os serviços de peculiar interesse do Município, e) Empresas públicas;
auxiliado por Secretários municipais, sendo permitida, ain- f) Sociedades de economia mista.
da, a criação de autarquias e entidades estatais visando à
descentralização administrativa.
Todas as entidades da administração indireta estão su-
jeitas:
1.5 Administração Direta do Distrito Federal • À necessidade da lei, para a sua criação;
• Aos princípios da administração pública;
Ao Distrito Federal são atribuídas as competências le- • À exigência de concurso público para admissão do
gislativas reservadas aos Estados e Municípios; entretanto, seu pessoal;
não é nenhum nem outro, constituindo uma entidade esta- • À licitação para suas contratações.
tal anômala, ainda que se assemelhe mais ao Estado, pois
tem Poderes Legislativo, Judiciário e Executivo próprios. São todas criadas por meio de Lei:
Pode, ainda, organizar seu sistema de ensino, instituir o re- • A autarquia;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

gime jurídico único e planos de carreira de seus servidores, • As Empresas Públicas, as Sociedades de economia
arrecadar seus tributos e realizar os serviços públicos de mista e as Fundações;
sua competência. • Subsidiárias das referidas entidades.

2.1 Pessoas Jurídicas de Direito Público

a) Autarquias
Entidades autárquicas são pessoas jurídicas de Direito
Público, de natureza meramente administrativa, criadas
por lei específica, para a realização de atividades, obras ou
serviços descentralizados da entidade estatal que as criou
(desempenham atividade típica da entidade estatal que a
criou).

32
As autarquias são criadas para desempenharem ativi- público, para realizar atividades de interesse da Adminis-
dades típicas da administração pública e não atividades tração instituidora nos moldes da iniciativa particular, po-
econômicas. O nosso direito positivo limitou o seu desem- dendo revestir qualquer forma e organização empresarial.
penho desde o Decreto-Lei 200. Ex.: ECT, CEF, CAESB etc.
O que caracteriza a empresa pública é seu capital ex-
Funcionam e operam na forma estabelecida na lei ins-
clusivamente público, de uma só ou de várias entidades,
tituidora e nos termos de seu regulamento. As autarquias
mas sempre capital público. Sua personalidade é de Di-
podem desempenhar atividades econômicas, educacionais,
reito Privado e suas atividades se regem pelos preceitos
previdenciárias e quaisquer outras outorgadas pela entida-
comerciais. É uma empresa, mas uma empresa estatal por
de estatal-matriz, mas sem subordinação hierárquica, sujei-
excelência, constituída, organizada e controlada pelo Poder
tas apenas ao controle finalístico de sua administração e da
Público.
conduta de seus dirigentes.
Difere da autarquia e da fundação pública por ser de
b) Fundações Públicas personalidade privada e não ostentar qualquer parcela de
poder público; distingue-se da sociedade de economia
São pessoas jurídicas de direito público, com caracterís- mista por não admitir a participação do capital particular.
ticas patrimoniais, criadas mediante autorização legal para Qualquer das entidades políticas pode criar empresa
desenvolver atividades que não sejam, obrigatoriamente, pública, desde que o faça por lei específica (CF, art. 37, IX); a
típicas do Estado. empresa pública pode ter forma societária econômica con-
Características: vencional ou especial; tanto é apta para realizar atividade
econômica como qualquer outra da competência da enti-
• Equiparam-se às autarquias; dade estatal instituidora; quando explorar atividade econô-
• Têm persona lida de jurídica de direito público; mica, deverá operar sob as normas aplicáveis às empresas
privadas, sem privilégios estatais. Em qualquer hipótese, o
• Base patrimonial. regime de seu pessoal é o da legislação do trabalho.
O posicionamento das Fundações Públicas sempre foi O patrimônio da empresa pública, embora público por
variado. Hoje, com o advento da CF/1988, foi encerrada origem, pode ser utilizado, onerado ou alienado na forma
essa dubiedade de posicionamento quando determina que regulamentar ou estatutária, independentemente de au-
a Fundação Pública é submetida ao regime da administra- torização legislativa especial, porque tal autorização está
ção indireta. implícita na lei instituidora da entidade. Daí decorre que
todo o seu patrimônio – bens e rendas – serve para garantir
As Fundações Públicas foram equiparadas às Autar- empréstimos e obrigações resultantes de suas atividades,
quias. Possuem personalidade jurídica de direito público. sujeitando-se à execução pelos débitos da empresa, no
mesmo plano dos negócios da iniciativa privada, pois, sem
Hoje, não mais existe justificativa para se manter a dife-
essa igualdade obrigacional e executiva, seus contratos e
rença entre as Fundações e as Autarquias.
títulos de crédito não teriam aceitação e liquidez na área
c) Agências Reguladoras empresarial, nem cumpririam o preceito igualizador do §
São autarquias especiais, assim consideradas por serem 1º do art. 173 da CF.
destinadas a realizar regulação e fiscalização sobre as ati-
vidades das concessionárias de serviços públicos. Ex.: ANA- g) Sociedades de Economia Mista
TEL, ANEEL, ANA etc. As sociedades de economia mista são pessoas jurídicas
de Direito Privado, com participação do Poder Público e de
d) Agências Executivas particulares no seu capital e na sua administração, para a
São pessoas jurídicas de direito público, galgadas a realização de atividade econômica ou serviço de interesse
essa qualificação por apresentarem um planejamento es- coletivo outorgado ou delegado pelo Estado. EX: BB, PE-
tratégico para melhora na prestação de serviços públicos e TROBRÁS etc.
no emprego de recursos públicos. O objeto da sociedade de economia mista tanto pode
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Firmam com o Estado um contrato de gestão, pelo qual ser um serviço público ou de utilidade pública como uma
se comprometem a atingir metas pré-estabelecidas. Caso atividade econômica empresarial.
não as atinja, podem vir a perder a qualificação conseguida. A forma usual de sociedade de economia mista tem
As Agências Executivas são autarquias que vão desem- sido a anônima, obrigatória para a União, mas não para as
penhar atividades de execução na administração pública, demais entidades estatais.
desfrutando de autonomia decorrente de contrato de ges- Na extinção da sociedade, seu patrimônio, por ser pú-
tão. É necessário um decreto do Presidente da República, blico, reincorpora-se no da entidade estatal que a instituíra.
reconhecendo a autarquia como Agência Executiva. Ex.: A sociedade de economia mista não está sujeita a falên-
INMETRO. cia, mas seus bens são penhoráveis e executáveis e a en-
e) Pessoas Jurídicas de direito privado criadas pelo Esta- tidade pública que a instituiu responde, subsidiariamente,
do: Empresas Públicas pelas suas obrigações.
Empresas públicas são pessoas jurídicas de Direito Pri- • Fundações de Direito Privado criadas pelo Estado: são
vado criadas por lei específica, com capital exclusivamente pessoas jurídicas governamentais de direito privado, sem

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fins lucrativos, com características patrimoniais, destinadas, não obrigatoriamente a desenvolver atividades típicas do Esta-
do. Ex.: Fundação Getúlio Vargas; IBGE.

Vejamos agora as formas de realização da função administrativa: “descentralização”, “centralização”, “concentração” e


“desconcentração”.

Descentralização
• Quando a entidade estatal exerce a função administrativa, porém, não diretamente, e sim de forma indireta,
por meio de entidades administrativas que se cria para esse fim específico e que integrarão a sua Administração
Pública indireta (são as autarquias, fundações governamentais, empresas públicas, sociedade de economia mista e
consórcios públicos).

Centralização
• Quando a função administrativa é realizada e exercida por pessoa ou pessoas distintas do Estado, é desempe-
nhada diretamente pela própria entidade estatal (União, Estados, Distrito Federal e Municípios), por meio de seus vários
órgãos e agentes públicos. Nessa forma de atuação, temos a Administração Pública direta.

Concentração
• Quando há uma transferência das atividades dos órgãos periféricos para os centrais temos a concentração, ou
seja, a função administrativa é exercida no âmbito interno de cada entidade (política ou administrativa), por apenas um
órgão público, sem qualquer divisão.

Desconcentração
• Quando a função administrativa é exercida também no âmbito interno de cada entidade (política ou adminis-
trativa), porém por mais de um órgão público, que divide competências.

#FicaDica
Não confunda DESCENTRALIZAÇÃO com DESCONCENTRAÇÃO.
Analisemos: Ambas representam formas de distribuição de competências, porém, com aspectos distintos:
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

CULTURA ORGANIZACIONAL

A cultura organizacional tem por finalidade conceituar os valores e as crenças de uma organização, gerando um enten-
dimento consciente e coletivo sobre a mais indicada e adequada forma de se comportar dentro da organização, gerando
um ajuste quase que automático na interação entre os indivíduos, ressaltando-se que não necessariamente essa cultura
esteja formalmente instituída, pois, em alguns casos, esses valores são compartilhados entre as pessoas, habitualmente,
sem que haja um regra formal que a leve a agir dessa forma.
Entre os benefícios que a cultura organizacional pode trazer à organização, podemos citar:

34
• Vantagem competitiva derivada de inovação e serviço ao cliente;
• Maior desempenho dos empregados;
• Coesão da equipe;
• Alto nível de alinhamento na busca da realização de objetivos.

A cultura organizacional tem como base algumas características básicas que, em conjunto, capturam a essência
de uma organização:

• Inovação e assunção de riscos: o grau em que os funcionários são estimulados a inovar e assumir riscos.
• Atenção aos detalhes: o grau em que se espera que os funcionários demonstrem precisão, análise e atenção aos de-
talhes.
• Orientação para os resultados: o grau em que os dirigentes focam mais nos resultados do que nas técnicas e nos pro-
cessos empregados para seu alcance.
• Orientação para as pessoas: o grau em que as decisões dos dirigentes levam em consideração o efeito dos resultados
sobre as pessoas dentro da organização.
• Orientação para as equipes: o grau em que as atividades de trabalho são mais organizadas em termos de equipes do
que de indivíduos.
• Agressividade: o grau em que as pessoas são competitivas e agressivas em vez de dóceis e acomodadas.
• Estabilidade: o grau em que as atividades organizacionais enfatizam a manutenção do status quo em contraste com
o crescimento.

1. Tipos de cultura:

• Culturas adaptativas: Caracterizam-se pela sua maleabilidade e flexibilidade e são voltadas para a inovação e a mudan-
ça. São organizações que adotam e fazem constantes revisões e atualizações, em suas culturas adaptativas se caracterizam
pela criatividade, inovação e mudanças. De um lado, a necessidade de mudança e a adaptação para garantir a atualização e
modernização; de outro, a necessidade de estabilidade e permanência para garantir a identidade da organização. O Japão,
por exemplo, é um país que convive com tradições milenares ao mesmo tempo em que cultua e incentiva a mudança e a
inovação constantes.
• Culturas conservadoras: Caracterizam-se pela manutenção de ideias, valores, costumes e tradições que permanecem
arraigados e que não mudam ao longo do tempo. São organizações conservadoras que se mantêm inalteradas como se
nada tivesse mudado no mundo ao seu redor.
• Culturas fortes: Seus valores são compartilhados intensamente pela maioria dos funcionários e influencia comporta-
mentos e expectativas.
• Culturas fracas: São culturas mais facilmente mudadas. Como exemplo, seria uma empresa pequena e jovem, como
está no início, é mais fácil para a administração comunicar os novos valores, isto explica a dificuldade que as grandes cor-
porações têm para mudar sua cultura.

2. Componentes da cultura

A cultura representa a maneira como a organização visualiza a si própria e seu ambiente. Seus principais componentes
são os artefatos, valores compartilhados e pressuposições básicas.
Vejamos os níveis dos componentes da Cultura Organizacional de acordo com o nível de superficialidade, sendo do
mais superficial ao mais profundo.

• Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível.


NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

• Padrões de comportamento: as regras que criam um comportamento linear e padronizado.


• Valores compartilhados: não são visíveis, estão enraizados nas pessoas, pois esses valores têm relevância tal que defi-
nem as razões pelas quais as pessoas fazem ou deixam de fazer algo.
• Pressuposições básicas: trata-se de crenças inconscientes, sentimentos e pressuposições básicas que regem o pensa-
mento e o comportamento das pessoas. Este é o nível mais profundo da cultura organizacional.
Diante do exposto, temos que a cultura organizacional representa a compreensão que as pessoas envolvidas na organi-
zação enxergam as características da cultura desta, gerando uma sinergia que potencializa a boa convivência interpessoal.

CLIMA ORGANIZACIONAL

Segundo Chiavenato (1994), o clima organizacional influencia a motivação, o desempenho humano e a satisfação no
trabalho. Ele cria certos tipos de expectativas cujas consequências se seguem em decorrência de diferentes ações. As pes-
soas esperam certas recompensas, satisfações e frustrações na base de suas percepções do clima organizacional. Essas
expectativas tendem a conduzir à motivação.

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O clima organizacional pode ser visto, também, como competentes que contribuam com os resultados desejados
um conjunto de fatores que interferem na satisfação ou (CAMPELLO; OLIVEIRA, 2004). Daí a preocupação das em-
descontentamento no trabalho. Entende-se por fatores presas em avaliar o clima organizacional.
de satisfação aqueles que demonstram os sentimentos Os profissionais de recursos humanos juntamente com
mais positivos do colaborador em relação ao trabalho, tais os líderes da organização devem sempre analisar o clima
como: a realização, o reconhecimento, o trabalho em si, organizacional buscando todas as informações possíveis
a responsabilidade e o progresso. Por fatores de descon- que possam estar influenciando no resultado dos colabo-
tentamento, temos aqueles que contribuem com uma co- radores, tais como preocupações, insatisfações, sugestões,
notação negativa, do ponto de vista do colaborador, tais
dúvidas e inseguranças. Baseado nessas informações po-
como: as políticas e administração, a supervisão, o salário e
as condições de trabalho. de-se fazer um planejamento voltado para a melhoria das
Quando existe um bom clima organizacional, a ten- condições de trabalho tendo em vista, além da satisfação
dência é que a satisfação das necessidades pessoais e pro- do colaborador, o aumento da produtividade do mesmo.
fissionais sejam realizadas, no entanto, quando o clima é Avaliar o clima organizacional não compete apenas aos
tenso, ocorre frustração destas necessidades, provocando profissionais de recursos humanos, mas sim a todas as pes-
insegurança, desconfiança e descontentamento entre os soas engajadas no processo. Pode-se fazer essa constata-
colaboradores. ção pois pessoas que estão diretamente ligadas às áreas
Na opinião de Chiavenato (1994, p.53), “o clima orga- ou aos setores a serem avaliados podem analisar com uma
nizacional é favorável quando proporciona satisfação das margem mais segura como é e como pode ser melhora-
necessidades pessoais dos participantes, produzindo ele- do o desempenho dos colaboradores para o cumprimento
vação do moral interno. É desfavorável quando proporcio- dos objetivos da organização.
na frustração daquelas necessidades”. Muitas empresas fazem pesquisa de clima interno com
Clima organizacional pode ser definido também como o objetivo de levantar e atuar nos aspectos mais significa-
um conjunto de variáveis que busca identificar os aspec- tivos identificados na pesquisa, onde são definidas quatro
tos que precisam ser melhorados, em busca da satisfação e frentes de ação para análise, a seguir descritas:
bem-estar dos colaboradores.
Para Bennis (1996, p.6), “clima significa um conjunto de
• Desempenho e avaliação: critérios claros de avaliação
valores ou atitudes que afetam a maneira pela qual as pes-
soas se relacionam umas com as outras, tais como sinceri- dos funcionários;
dade, padrões de autoridade, relações sociais, etc.”. • Desenvolvimento de pessoas: recrutamento interno,
Clima organizacional é um conjunto de causas que in- treinamento mais alinhado às metas;
terferem no ambiente de trabalho. As causas podem variar • Integração: forma de maior integração entre as pes-
de acordo com os níveis culturais, de comunicação, econô- soas, áreas, unidades, com o propósito de maior entrosa-
micos e psicológicos dos indivíduos. mento e fortalecimento do banco como um todo;
Pode-se, ainda, definir clima organizacional como sen- • Processo decisório: tornar o processo decisório mais
do uma visão fotográfica que retrata as percepções mais ágil, deixando-o menos burocrático em alguns momentos,
negativas ou positivas dos indivíduos, que pode ser afetada facilitando decisões e realização de negócios.
por fatores internos ou externos. Estes itens mostram como um bom clima de trabalho
O clima é em geral influenciado pela cultura da orga- influencia diretamente nos negócios e resultados de uma
nização, embora alguns fatores como políticas organiza- organização.
cionais, formas de gerenciamento, lideranças formais e
informais, atuação da concorrência e influências governa- 2. Clima organizacional, motivação e comprometi-
mentais também possam alterá-lo. mento
Pode-se também definir clima organizacional como
um conjunto de valores, ou seja, aquilo que identificar os De acordo com Davis e Newstrom (1998), o comporta-
colaboradores como seres humanos, suas raças, culturas, mento organizacional integra quatro elementos distintos:
crenças. Essas diferenças culturais devem ser reconhecidas pessoa, estrutura, tecnologia e ambiente. Isso envolve con-
como importante nas organizações, pois mostra a visão de ceitos fundamentais sobre a natureza das pessoas e das
cada um em relação ao ambiente de trabalho. organizações, ou seja, como os colaboradores estão prepa-
O conceito de clima organizacional é muito abrangente
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rados para o desempenho de suas funções, seu crescimen-


e complexo, pois busca sintetizar numerosas percepções, to e desenvolvimento para atingirem níveis mais altos de
atitudes e sentimentos em um número limitado de dimen- competência, criatividade e realização, face à importância
sões, numa tentativa de mensuração.
dos mesmos serem os recursos centrais em qualquer orga-
nização e qualquer sociedade.
1. Avaliação do clima organizacional
Então, o comportamento organizacional deve criar pro-
A avaliação do clima organizacional é necessária a fim dutividade nas organizações. Aí se inclui conhecimento,
de que a organização tenha parâmetros para buscar me- habilidade, atitude e motivação. A motivação faz, segundo
lhorias no ambiente interno corrigindo problemas que Davis e Newstrom (1998), o colaborador adquirir capaci-
possam estar causando insatisfação dos colaboradores dade.
prejudicando a produtividade dos mesmos e os resultados É importante, para todo o esse processo ocorrer de for-
da organização. O clima organizacional reflete, também, a ma normal, que as empresas gerem condições que moti-
capacidade da empresa para atrair e reter colaboradores vem os colaboradores a um melhor desempenho, ou seja,

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criem um clima organizacional que facilite o trabalho para A área de recursos humanos costuma conduzir essas
alcançar os resultados pretendidos. pesquisas e, em geral, elas são validadas e ¨apadrinhadas¨
Motivação, segundo Ferreira (1999, p. 1371), é o “con- pelo principal executivo, que tem nos resultados uma ferra-
junto de fatores psicológicos (conscientes ou inconscien- menta de diagnóstico e de marketing para o planejamento
tes) de ordem fisiológica, intelectual ou afetiva, os quais da empresa.
agem entre si e determinam a conduta de um indivíduo”. Os resultados de uma pesquisa de clima podem ser co-
Logo, o comportamento organizacional deve prover locados no mercado como uma forte ferramenta para atrair
condições para criar produtividade nas organizações, fazer profissionais, como mostram, por exemplo, algumas publi-
com que os fatores que atuam sobre a motivação dos co- cações especializadas no setor.
laboradores estejam presentes. Se a empresa não tem uma filosofia para tratar o clima
Mattar e Ferraz (2004) citam que as empresas sabem de forma corporativa e coordenada, o gestor pode fazê-lo
o valor e a importância de obter e manter o comprometi- em seu grupo, prestando atenção às reações das pessoas,
mento de seus colaboradores. Colaboradores comprometi- ¨medindo a temperatura¨ e analisando constantemente
dos propiciam maior eficiência e eficácia. Porém, os autores os fatores de impacto do negócio com seu próprio estilo
comentam que nem sempre é fácil conseguir esse com- de gestão. Dentro de uma empresa que não cuida institu-
prometimento por parte dos colaboradores. O mercado cionalmente de seu ambiente interno, uma área que atue
atualmente exige das empresas uma alta competitividade, com esses aspectos terá certamente índices mais altos de
e as mesmas desejariam o comprometimento de seus co- satisfação e menor rotatividade, obtendo melhores resul-
laboradores para atingirem essa maior produtividade, com tados. Mas isso pode não ser suficiente para mudar toda
qualidade nos serviços e, assim, obterem um crescimento a empresa.
sustentável. Leal (2001) afirma que a empresa pode definir seu clima
Na era da informação, o maior patrimônio de uma em- ideal se levar em consideração fatores como estratégias,
presa é o seu contingente intelectual, ou seja, as pessoas, valores e processos internos. O gestor também pode fa-
e o grande diferencial está na capacidade que ela tem de zer de sua área um ambiente melhor ou pior para se tra-
atrair, motivar e manter este patrimônio para obter melho- balhar, se comparado com outras áreas da empresa. Para
res resultados (MATTAR; FERRAZ, 2004).
isso, outro conjunto de fatores que deve estar sempre em
Entretanto, considerando que as pessoas têm necessi-
pauta e sendo bem administrado inclui: desenvolvimento
dades específicas de autorrealização profissional e pessoal,
da equipe, construção e divulgação dos objetivos da área,
essa tarefa torna-se cada vez mais difícil.
qualidade e rapidez de decisões, integração e comunica-
A necessidade de incentivar e manter o comprometi-
ção, autonomia e suporte para a realização das atividades,
mento das pessoas levou as empresas a desenvolver pes-
administração dos conflitos, informações sobre a empresa,
quisas sobre perfil dos colaboradores, forma de gestão,
perspectiva de crescimento profissional e imagem da sua
liderança, motivação entre outras, analisando que ações
devem ser feitas implantadas para obtenção de maiores área para outras da empresa.
resultados, conforme Mattar e Ferraz (2004). Para Chiavenato (1994), o gerente pode criar e desen-
volver um melhor clima organizacional por meio de inter-
3. O papel do gestor no clima organizacional venções no seu estilo gerencial, no sistema de administrar
pessoas, na questão da reciprocidade, na escolha do seu
Para Leal (2001), o ambiente organizacional é a percep- pessoal, no projeto de trabalho de sua equipe, no treina-
ção que os funcionários têm da empresa. É o resultado do mento de sua equipe, no seu estilo de liderança, nos es-
conjunto das políticas, sistemas, processos, valores e dos quemas de motivação, na avaliação da equipe e, sobretu-
estilos gerenciais presentes na empresa. O clima interno do, nos sistemas de recompensas e remuneração.
é o combustível para a melhora ou a piora dos resultados A outra fase para a manutenção do clima organizacio-
do negócio. Hoje, as empresas querem e precisam olhar nal é um trabalho mais localizado e focado, em que o ges-
de frente para essa relevante variável e atuar na gestão do tor compõe um plano em conjunto com seus profissionais,
clima. cumprindo-o com o envolvimento e a participação de to-
dos. A gestão de clima, em síntese, é uma gerência dos fa-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

A primeira etapa, após se conhecer a percepção das


pessoas, é a elaboração de uma pesquisa para se saber tores ambientais, de relacionamento e resultados, em que
onde e em quais aspectos pode-se melhorar. A partir de devem ser cuidados os aspectos de comunicação e valores
então, criam-se ações em busca de um ambiente melhor e para que a área e a empresa tenham visibilidade, atrativi-
com mais qualidade, o que naturalmente levará a melhores dade e um grande poder de retenção. A manutenção e a
resultados. atração de bons profissionais e de talentos potenciais são
Realizar uma pesquisa de clima organizacional é traba- um dos grandes prêmios das empresas que cuidam e se
lhoso, além de demandar alguns cuidados fundamentais atêm às questões ambientais do trabalho.
para o sucesso, como metodologia de pesquisa, confiden-
cialidade de informações etc. Na opinião de Leal (2001), al- 4. Ambiência organizacional
guns fatores que costumam impactar de forma positiva ou
negativa são: estrutura, remuneração, imagem da empresa, A Gestão da Ambiência contempla a identificação dos
estilo gerencial, clareza de objetivos e saúde financeira da fatores que influenciam a cultura organizacional, desenvol-
empresa. vimento e implementação de planos de ação que estimu-

37
lem o comprometimento dos colaboradores, assim como a complementam (um local mais colaborativo). Além disso a
quantificação do valor percebido pela empresa. camaradagem é sinônimo de chefias e gerências equilibra-
Ruy Shiosawa, presidente do Great Place to Work das e respeitosas com os funcionários.
(GPTW), responsável pela pesquisa “100 melhores empre- “Outro indicador é o de confiança. Ambientes confiá-
veis são aqueles onde os indivíduos se sentem respeitados,
sas para se trabalhar”, diz que: creem nos valores da empresa e têm maior sensação de
Um melhor ambiente de trabalho atrai talentos e, mais imparcialidade dos processos implementados no ambiente
importante, retêm esses talentos no longo prazo. Uma de trabalho”, aponta.
maior da preocupação com as pessoas dentro da empresa De acordo com Chiavenato (2015), o clima organizacio-
– e a percepção desse cuidado da empresa por parte dos nal varia ao longo de um continuum, que vai, desde um
funcionários – não apenas se reverte em um bom ambien- clima favorável e saudável, até um clima desfavorável e
te de trabalho, mas também em melhores indicadores de negativo. Entre esses dois extremos, existe um ponto inter-
mediário: o clima neutro.
saúde econômica da empresa. É necessário ter uma visão sistêmica dos extremos des-
Um bom ambiente de trabalho não se reflete apenas te fenômeno, e uma das mais importantes intervenções
em uma maior felicidade interna da empresa e em um para levantamento de dados destas variáveis é a pesquisa
maior comprometimento (ou engajamento) do profissio- de Clima Organizacional, na qual podemos mostrar pontos
nal. Impacta a saúde mental e física do trabalhador e os importantes para obtenção de diagnósticos mais precisos
ambientes externos ao trabalho (como no ambiente fami- de pesquisa de clima. São eles: divulgar amplamente o pú-
liar). Os resultados dos números mais “frios” também são blico-alvo que haverá pesquisa de clima; aplicar as amos-
tras em fontes confiáveis, livres de vícios de procedimento,
positivos, claro. Empresas com boa ambiência laboral, ao ou articulações internas; utilizar consultorias externas ou
que tudo comprova, são mais rentáveis. independentes, aumentando a credibilidade e confiabili-
dade dos dados; alinhar o processo ao nível gerencial e
5. O valor da qualidade executivo, imprescindível o acompanhamento destas lide-
ranças; focar em objetivos factuais, após a identificação do
Moraes aponta que: público para a amostra, ter objetivos claros e segmentos;
aplicar questionários reduzidos, concisos, ter o foco em
atributos importantes, desenvolvido no projeto principal;
Empresas onde os indicadores de Clima Organizacional divulgar amplamente os resultados, manter clareza nos
são superiores aos 80% de suporte organizacional e 70% procedimento; desenvolver um plano de ação, planejando
de engajamento têm uma produtividade até 20% superior novas etapas utilizando dados obtidos; e desenvolver pe-
em comparação com outras empresas com indicadores riodicamente os estudos, fenômenos como Clima Organi-
menores. As vendas essas empresas também caminham zacional são cíclicos.
em par com os indicadores. Uma tendência positiva no cli- Os gestores contemporâneos compreenderão que tra-
tar do fenômeno clima interno como estratégia de gestão
ma ambiente profissional pode quadruplicar as vendas de torna-se fundamental para o alcance de grandes resulta-
uma empresa. dos, market share, diferencial competitivo, sobrevivência
Observando-se o ranking das “100 melhores empresas” em cenário de retração e depressão econômica, resiliência
e seus resultados na Bolsa de Valores, aponta Shiosawa, organizacional, sinergia, alinhamento executivo e grande
é possível ver a mesma tendência: elas são até 3 vezes gerador de satisfação interna.
mais rentáveis que empresas com piores indicadores de Em ambientes organizacionais ruins, predomina-se a
ambiente de trabalho. O “turnover” – o comparativo en- desmotivação, alta rotatividade de funcionários, ausência
de integração, absenteísmo, conflitos, falta de objetivos
tre contrações e demissões – nessas empresas também é coletivos, falta de comprometimento das pessoas com ne-
menor. Levando-se em conta que toda contratação de um gócio da empresa, ausência de transparências na gestão,
funcionário tem como reflexo um investimento por parte comunicação deficiente, custos financeiros imensuráveis e
da empresa com cursos e treinamentos, por exemplo, um falta de respeito ao ser Humano.
menor “turnover” é garantia de maior manutenção desse A felicidade em um ambiente empresarial resulta em
investimento no profissional. pessoas produtivas, geradores de resultados, buscando
melhores posições hierárquicas, comunicando ao público
Nós observamos 3 itens que podem explicar esse suces- externo o lado positivo da organização. O resultado finan-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

so. ceiro do empreendimento está totalmente conectado ao


Primeiro é o sentimento de orgulho que os funcioná- clima organizacional, e faz-se necessário que seus fatores
rios sentem do lugar onde trabalham. Profissionais sentem estejam incorporados aos princípios modernos da gestão
orgulho da empresa quando são respeitados e percebem estratégica da empresa e que todos dentro da organização
que elas não são apenas mais um número. Elas trabalham tenham a responsabilidade de sua implementação, desde
a alta administração, gerentes, líderes, supervisores, enfim,
para continuar nesses ambientes e recomendam para ou-
todos os integrantes deste time.
tros profissionais conhecidos. Isso quer dizer um ‘turnover’
menor e a atração de mais talentos (profissionais gabarita- Fonte e texto adaptado de: Elias Nova, Jerônimo Men-
dos). (SHIOSAWA) des, Carlos William de Carvalho, Julio Cesar S. Santos e Ra-
fael Telch Flores.
Em segundo lugar, completa o especialista, está o “nível Disponível em: <www.fap-pb.edu.br>; <ww.administrado-
de camaradagem” dentro da empresa. Isso é um indica- res.com.br>;
dor de que os times formados no ambiente de trabalho se <www.eniorodrigo.wordpress.com>.

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1. Agentes Públicos titucionalmente, como a condenação mediante sentença
judicial transitada em julgado, a instauração de processo
Nas lições de Celso Antônio Bandeira de Mello, são administrativo disciplinar, ou a não aprovação em avaliação
agentes públicos as pessoas que exercem uma função pú- periódica de desempenho (art. 41, § 1º, da CF/1988). Para
blica, ainda que em caráter temporário ou sem remunera- tanto, o servidor tem o dever de cumprir o período conhe-
ção. Trata-se de uma expressão ampla e genérica, uma vez cido como estágio probatório, que visa aferir se o servidor
que engloba todos aqueles que, dentro da organização da possui aptidão e capacidade para o desempenho do car-
Administração Pública, exercem determinada função pública. go de provimento efetivo no qual ingressou por força de
Assim, podemos dizer que agente público é gênero, o concurso público. A Emenda Constitucional nº 19 alterou
qual comporta diversas espécies, como os agentes políti- o prazo do estágio probatório, antes de 24 meses (art. 20
cos, os agentes militares, os servidores públicos estatutá- da Lei nº 8.112/1990), para o período de 3 anos. Passado o
rios, os empregados públicos, os agentes honoríficos, en- referido período, o servidor aprovado adquire estabilidade
tre outros. Por isso, vamos especificar cada um deles com no referido cargo. A estabilidade dos cargos públicos se
maiores detalhes. configura em uma grande vantagem, pois é uma garantia
para o indivíduo de que permanecerá no seu cargo, rece-
1.1 Espécies de Agentes Públicos, Poderes e Prerro- bendo todas as gratificações e vencimentos que tem direi-
gativas to, independentemente das grandes mudanças no cenário
político-econômico do país, que geram crises e grande nú-
Os agentes políticos possuem como característica prin- mero de desemprego na esfera privada.
cipal o fato de exercerem uma função pública de alta di- Dentre os cargos públicos, ainda, há aqueles que são
reção do Estado. Seu ingresso é feito mediante eleições, e vitalícios, que trazem ainda mais vantagens pelo fato de
atuam em mandatos fixos, os quais têm o condão de ex- seu estágio probatório ser menor, de 2 anos (é de 3 anos
tinguir a relação destes com o Estado de modo automático para os cargos não-vitalícios), bem como a sua perda se
pelo simples decurso do tempo. Percebe-se, dessa forma, dar apenas mediante sentença condenatória transitada em
que a sua vinculação com o Estado não é profissional, mas julgado. São vitalícios os cargos de Magistratura, do Tri-
estatutária ou institucional. São agentes políticos os par- bunal de Contas, e os cargos dos membros do Ministério
lamentares, o Presidente da República, o prefeitos, os go- Público. Além da estabilidade, é também assegurado aos
vernadores, bem como seus respectivos vices, ministros e servidores estatutários alguns direitos trabalhistas (art. 39,
Estado e secretários. § 3º, da CF/1988), como: a) salário mínimo, b) remuneração
Os agentes militares constituem uma categoria a parte de trabalho noturno superior ao diurno, c) repouso sema-
dos demais agentes políticos, uma vez que as instituições nal remunerado, d) férias remuneradas, e) licença à ges-
militares possuem fortes bases fundamentadas na hierar- tante, etc.
quia e na disciplina. Apesar de também apresentarem vin- Diferentemente do que ocorre com os servidores, os
culação estatutária, seu regime jurídico é disciplinado por empregados públicos são contratados mediante regime
legislação especial, e não àquela aplicável aos servidores celetista, isso é, com aplicação das regras previstas na Con-
civis. São agentes militares os membros das Polícias Mi- solidação das Leis do Trabalho (CLT). Trata-se de uma vin-
litares e dos Corpos de Bombeiros militares dos Estados, culação contratual. A contratação de empregados públicos
Distrito Federal e Territórios, bem como os demais milita- se dá, em regra, pelas pessoas jurídicas de direito privado
res ligados ao Exército, Marinha, e Aeronáutica. Algumas integrantes da Administração Indireta (empresas públicas,
características que merecem destaque são: a proibição de sociedades de economia mista, consórcios, etc). Além dis-
sindicalização dos militares, a proibição do direito de gre- so, o ingresso de tais pessoas também depende da sua
ve, e a proibição à filiação partidária. aprovação em concurso público. O regime dos emprega-
É considerado servidor público o agente contratado dos públicos é menos protetivo do que o regime estatu-
pela Administração Pública, direta ou indireta, sob o regi- tário. Isso se deve ao fato de que os empregados públicos
me estatutário, sendo selecionado mediante concurso pú- não gozam da estabilidade que os servidores possuem. Ao
blico, para ocupar cargos públicos, possuindo vinculação serem empossados, os empregados passam por um perío-
com o Estado de natureza estatutária e não-contratual. De do de experiência de 90 dias. Todavia, mesmo após esse
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

modo geral, podemos dizer que a Constituição Federal de período, os empregados públicos podem ser dispensados.
1988 apresenta dois tipos de regimes para os agentes esta- A diferença dos empregados públicos para com os de-
tais: o regime estatutário ou de cargos públicos, e o regime mais consiste no fato de que a sua demissão será sempre
celetista ou de empregos públicos. Os servidores públicos motivada, após regular processo administrativo, admitin-
são contratados pelo regime estatutário, enquanto os em- do-se contraditório e a ampla defesa. Importante lembrar
pregados públicos são contratados pelo regime celetista, que, para a Administração Pública, a motivação de seus
que muito se assemelha com as regras contidas na CLT.
atos, bem como o tratamento impessoal, e a finalidade pú-
O regime dos cargos públicos é disciplinado pela Lei
blica são princípio norteadores de sua atuação. Uma de-
Federal nº 8.112/1990, também conhecida como Estatuto
missão imotivada de um empregado público seria absolu-
do Servidor Público, atribuindo a eles uma série de poderes
e prerrogativas. Uma prerrogativa que merece destaque no tamente inadmissível nessas condições.
regime de cargos públicos é a aquisição de estabilidade.
A estabilidade permite que o servidor não possa ser des-
ligado de suas funções, salvo as hipóteses previstas cons-

39
Resposta: Errado.
As Organizações formais possuem uma estrutura hierár-
EXERCÍCIO COMENTADO quica com suas regras e seus padrões, em que, por meio
de seus ORGANOGRAMAS, apresentam uma estrutura
1. (UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018) As- definida e dimensionada.
sinale, dentre as alternativas a seguir, aquela que não cons- A departamentalização não é representação e sim um
titui causa de demissão do servidor público, nos termos da aspecto da estrutura horizontal.
Lei n°. 8.112/90:
4. (STJ – CESPE – 2018) Com relação a características das
a) Utilizar recursos materiais da repartição em serviços ou organizações formais modernas, tipos de estrutura organi-
atividades particulares zacional; natureza, finalidades e critérios de departamenta-
b) Quando não satisfeitas as condições do estágio probatório. lização, julgue o próximo item.
c) Receber presente de qualquer espécie, em razão de suas A estrutura matricial prejudica a coordenação porque difi-
culta a comunicação e diminui a flexibilidade.
atribuições.
d) Proceder de forma desidiosa. ( ) CERTO ( ) ERRADO
e) Inassiduidade habitual.
Resposta: Errado.
Como vimos em nosso conteúdo, a estrutura matricial
Resposta: Letra B. apresenta como vantagem: “Desenvolvimentos de um
A letra A está incorreta, pois a utilização de recursos ma- forte e coeso trabalho de equipe e metas de projetos”,
teriais da repartição para atividades particulares é cau- o que só é possível se existir um canal de comunicação
sa de demissão do servidor público (art. 117, XVI, Lei nº positivo e eficiente.
8.112/1990). A letra C está incorreta, pois receber propina,
comissão, presente ou vantagem de qualquer espécie, em 5. (TRT-7ª REGIÃO – CE – CESPE – 2017) Ao transferir,
razão de suas atribuições é causa para demissão do servi- por contrato, a execução de atividade administrativa para
dor (art. 117, XII, idem). A letra D está incorreta pois pro- uma pessoa jurídica de direito privado, a União se utiliza
ceder de forma desidiosa é causa de demissão do servidor do instituto da:
público (art. 117, XII, idem). A letra E está incorreta, pois a
a) desconcentração.
inassiduidade habitual é causa de demissão do servidor b) outorga.
público (art. 132, III, idem). c) descentralização.
d) concentração.

2. (TCE-PB – CESPE – 2018) Entre as características das Resposta: Letra C.


organizações formais modernas, destacam-se: Alternativa A – Errada – a desconcentração ocorre âmbi-
to interno de cada entidade (política ou administrativa),
a) resistência às mudanças, o individualismo e a relação de porém por mais de um órgão público, que divide com-
antagonismo. petências.
b) flexibilidade nas atribuições e responsabilidades, o ra- Alternativa B – Errada – a outorga transfere titularidade,
porém, o exercício refere-se à transferência de execução
cionalismo e a amplitude administrativa. da atividade apenas.
c) relação de coesão, a especialização e a colaboração es- Alternativa C – Correta.
pontânea. Alternativa D – Errada – na concentração a função ad-
d) divisão do trabalho, a especialização e as regras implí- ministrativa, é exercida no âmbito interno de cada enti-
citas. dade (política ou administrativa), por apenas um órgão
e) hierarquia, o racionalismo e a especialização. público, sem qualquer divisão.
Resposta: Letra E.
Como visto em nosso conteúdo, as organizações for- 6. (CGM DE JOÃO PESSOA-PB – CESPE – 2018) Acerca da
mais (organizações clássicas ou neoclássicas) apresen- organização da administração direta e indireta, centraliza-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tam cinco características básicas, quais sejam: divisão do da e descentralizada, julgue o item a seguir.
trabalho, especialização, hierarquia, amplitude adminis- É possível a constituição de fundação pública de direito
trativa e racionalismo. público ou de direito privado para a exploração direta de
atividade econômica pelo Estado, quando relevante ao in-
3. (STJ – CESPE – 2018)Com relação a características das teresse público.
organizações formais modernas, tipos de estrutura organi-
zacional, natureza, finalidades e critérios de departamenta- ( ) CERTO ( ) ERRADO
lização, julgue o próximo item.
A estrutura organizacional é a configuração vertical e hori-
zontal de tarefas, autoridade e cargos, e sua representação Resposta: Errado.
é feita por meio da departamentalização. A fundação pública tem em seu objeto uma atividade de
interesse social, sem fins lucrativos, portanto, não pode-
( ) CERTO ( ) ERRADO rá exercer atividade econômica.

40
7. (TER-TO – CESPE – 2017) Consideram-se entes da ad- deixam de fazer algo.
ministração direta: Pressuposições básicas: trata-se de crenças inconscien-
tes, sentimentos e pressuposições básicas que regem o
a) as entidades vinculadas ao ministério em cuja área de pensamento e o comportamento das pessoas. Este é o
competência estiver enquadrada sua principal atividade. nível mais profundo da cultura organizacional.
b) as entidades da sociedade civil qualificadas como orga-
nização social. 10. (TRT 8ª REGIÃO-PA E AP – CESPE – 2017) No que
c) as autarquias. concerne à gestão de cultura organizacional, assinale a op-
d) os serviços integrados na estrutura administrativa da ção correta.
Presidência da República e dos ministérios.
e) as fundações públicas
a) A socialização visa a adaptar os novos funcionários à
cultura dominante de uma organização, de modo que
Resposta: Letra C.
os valores, as convicções e os costumes organizacionais
Alternativa A – Errada – trata-se de administração indi-
não sejam despropositadamente desorganizados.
reta
b) Entre os traços de cultura comuns às organizações pú-
Alternativa B – Errada – trata-se de terceiro setor
blicas, incluem-se a alta suscetibilidade do ambiente a
Alternativa C – Errada – trata-se de administração indi-
turbulências, a insegurança em relação aos termos de
reta
manutenção do vínculo profissional e a desvalorização
Alternativa D – Certa.
dos padrões formais de trabalho.
Alternativa E – Errada – trata-se de administração indi-
c) As práticas de seleção adotadas em concursos, geral-
reta
mente compostas de testes de conhecimento, consti-
tuem iniciativas orientadas exclusivamente para a ma-
8. (STJ – CESPE – 2018) Julgue o seguinte item, relativo à
nutenção dos traços culturais das organizações públicas.
gestão de clima e cultura organizacionais.
d) A cultura de uma organização não pode ser notada em
Em uma cultura organizacional forte, os valores essenciais
registros documentais; apenas pelo convívio com os tra-
da organização são intensamente acatados e amplamente
balhadores é que se identificam os traços distintivos de
compartilhados pelos colaboradores.
uma organização.
e) Nas organizações públicas, as ações da alta liderança
tendem a exercer menos impacto na cultura organiza-
( ) CERTO ( ) ERRADO
cional dado o caráter temporário das funções e dos car-
gos ocupados por esses líderes.
Resposta: Certo.
Resposta: Letra A.
Como sabemos, cultura forte é um dos quatro tipos de
Alternativa B: Errada – na verdade é perceptível a estabi-
cultura e, por meio desse tipo, valores são compartilha-
lidade e equilíbrio, visto que uma das vantagens desses
dos intensamente pela maioria dos funcionários e in-
profissionais concursados é a estabilidade, salvo casos
fluencia comportamentos e expectativas.
específicos.
Alternativa C: Errada – não é finalidade de concursos a
9. (TER-TO – CESPE – 2017) Os componentes da cultu-
manutenção de traços culturais, mas sim uma forma de
ra organizacional que englobam as crenças e os princípios
seleção de profissionais com conhecimentos criteriosos
que orientam as decisões estratégicas da organização são
e em conformidade com as funções disponibilizadas.
definidos como:
Alternativa D: Errada – a cultura organizacional possui
aspectos visíveis e invisíveis, tais como, respectivamente,
a) símbolos. artefatos e pressuposições básicas.
b) missão Alternativa E: Errada – as ações e comportamentos da
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) slogan. alta liderança representam elementos significativos dentro


d) marca. da formação cultural das organizações públicas e privadas.
e) valores.

Resposta: Letra E. REGIME JURÍDICO DO MILITAR ESTADUAL:


A cultura organizacional apresenta os seguintes compo- ESTATUTO DOS POLICIAIS MILITARES DO
nentes: ESTADO DA BAHIA (LEI ESTADUAL Nº 7.990,
Artefatos: o mais superficial, visível e perceptível. DE 27 DE DEZEMBRO DE 2001).
Padrões de comportamento: as regras que criam um
comportamento linear e padronizado
Valores compartilhados: não são visíveis, estão enraiza- Prezado candidato, visto o tamanho e formato do ma-
dos nas pessoas, pois, esses valores tem relevância tal terial solicitado o disponibilizamos em nosso site para con-
que definem as razões pelas quais as pessoas fazem ou sulta na íntegra: www.novaconcursos.com.br/retificacoes

41
VII - promover e executar pesquisa, estatística e análise
LEI ESTADUAL Nº 13.201, DE 09 DE DEZEM- criminal, com vistas à eficácia do planejamento e ação
BRO DE 2014 (REORGANIZAÇÃO A POLÍCIA policial militar;
MILITAR DA BAHIA).
VIII - garantir o exercício do poder de polícia aos órgãos
públicos, especialmente os da área fazendária, sanitária,
LEI Nº 13.201 DE 09 DE DEZEMBRO DE 2014 de proteção ambiental, de uso e ocupação do solo e do
patrimônio cultural;

REORGANIZA A POLÍCIA MILITAR DA BAHIA, DIS- IX - atender à convocação, inclusive mobilização, do Go-
PÕE SOBRE O SEU EFETIVO E DÁ OUTRAS PROVIDÊN- verno Federal em caso de guerra externa ou para preve-
CIAS. nir ou reprimir grave perturbação da ordem ou ameaça
de sua irrupção, subordinando-se à Força Terrestre para
O GOVERNADOR DO ESTADO DA BAHIA, faço saber emprego em suas competências específicas de polícia
que a Assembleia Legislativa decreta e eu sanciono a se- militar e como participante da Defesa Interna e da De-
guinte Lei: fesa Territorial, na forma da legislação específica;

X - instruir e orientar, na forma da lei federal, as guardas


Capítulo I municipais se assim convier à Administração do Estado e
DA FINALIDADE E COMPETÊNCIAS dos respectivos Municípios;
Art. 1º À Polícia Militar da Bahia - PMBA, órgão em re- XI - instaurar o inquérito policial militar;
gime especial de Administração Direta, nos termos da
Lei nº 2.428, de 17 de fevereiro de 1967, da estrutura XII - instaurar sindicâncias, processos disciplinares su-
da Secretaria da Segurança Pública, que tem por fina- mários e processos administrativos disciplinares para
lidade preservar a ordem pública, a vida, a liberdade, o apurar transgressões disciplinares atribuídas aos poli-
patrimônio e o meio ambiente, de modo a assegurar, ciais militares, sem prejuízo do disposto no § 1º do art.
com equilíbrio e equidade, o bem-estar social, na forma 57 desta Lei;
da Constituição Federal e da Constituição do Estado da
Bahia, compete:
XIII - realizar vistorias e inspeções em estruturas e edi-
ficações utilizadas para eventos públicos, com vistas à
I - executar, com exclusividade, ressalvadas as missões
segurança publica;
peculiares às Forças Armadas, o policiamento ostensivo
fardado, planejado pelas autoridades policiais militares
XIV - exercer outras competências necessárias ao cum-
competentes, a fim de assegurar o cumprimento da lei, a
primento da sua finalidade institucional.
preservação da ordem pública e o exercício dos poderes
§ 1º O Comando Supremo da Polícia Militar é exercido
constituídos; pelo Governador do Estado, na forma da Constituição
II - exercer a missão de polícia ostensiva de segurança, Estadual.
de trânsito urbano e rodoviário, de proteção ambiental,
guarda de presídios e instalações vitais, além do rela- § 2º A Polícia Militar, para fins de emprego nas ações de
cionado com a prevenção criminal, justiça restaurativa, preservação da Ordem Pública, fica sujeita à vinculação,
proteção e promoção aos direitos humanos, preservação orientação, planejamento e controle operacional do ór-
e restauração da ordem pública; gão responsável pela Segurança Pública, sem prejuízo
da subordinação administrativa ao Governador do Es-
III - atuar de maneira preventiva, como força de dissua- tado, na forma da Constituição Federal e da legislação
são em locais ou áreas específicas, onde se presuma ser federal específica.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

possível a perturbação da ordem, mediando conflitos e


gerenciando crises em segurança pública; § 3º Para cumprimento das suas funções institucionais,
caberá à Polícia Militar:
IV - atuar de maneira repressiva, em caso de perturba- I - realizar a seleção, recrutamento, formação, aperfei-
ção da ordem, precedendo o eventual emprego das For- çoamento, capacitação, desenvolvimento profissional e
ças Armadas, e exercer a atividade de repressão criminal cultural de seus servidores;
especializada;
II - promover e executar as atividades de ensino, pesqui-
V - exercer a função de polícia judiciária militar, na for- sa e extensão dos seus servidores.
ma da lei;
Art. 2º A Polícia Militar é regida pelos seguintes princí-
VI - promover e executar ações de inteligência, de forma pios institucionais:
integrada com o Sistema de Inteligência, na forma da
lei; I - hierarquia militar;

42
II - disciplina militar; II - Órgãos de Direção Geral:

III - legalidade; a) Comando-Geral:


1. Gabinete do Comando-Geral;
IV - impessoalidade; b) Subcomando-Geral:
1. Gabinete do Subcomando-Geral;
V - moralidade;
2. Centro de Gestão Estratégica;
VI - transparência; 3. Companhia Independente de Comando e Serviços;

VII - publicidade; III - Órgãos de Direção Estratégica:

VIII - efetividade; a) Comando de Operações Policiais Militares;


b) Comando de Operações de Inteligência;
IX - eficiência;
IV - Corregedoria da Polícia Militar;
X - ética;

XI - respeito aos direitos humanos; V - Órgãos de Direção Tática:

XII - proteção e promoção à dignidade da pessoa hu- a) Comandos de Policiamento Regionais;


mana; b) Comando de Policiamento Especializado;

XIII - profissionalismo; VI - Órgãos de Direção Administrativa e Logística:

XIV - unidade de doutrina; a) Departamento de Planejamento, Orçamento e Ges-


tão:
XV - interdisciplinaridade;
1. Centro Corporativo de Projetos;
XVI - autonomia institucional. b) Departamento de Pessoal;
c) Departamento de Apoio Logístico:
Art. 3º A Polícia Militar promoverá os meios necessários 1. Centro de Material Bélico;
para difundir a importância do seu papel institucional, 2. Centro de Arquitetura e Engenharia;
de forma a viabilizar o indispensável nível de confiabili- d) Departamento de Modernização e Tecnologia;
dade da população, inclusive através do estabelecimen- e) Departamento de Auditoria e Finanças;
to de canais de comunicação permanentes com a socie- f) Departamento de Comunicação Social;
dade civil organizada.
Art. 4º A Polícia Militar será comandada por Oficial da VII - Órgãos de Direção Setorial:
ativa da PMBA, do último posto do Quadro de Oficiais
Policiais Militares, nomeado pelo Governador do Estado.
a) Departamento de Polícia Comunitária e Direitos Hu-
Parágrafo Único. Os atos de nomeação e exoneração do manos;
Comandante-Geral da Polícia Militar deverão ser simul- b) Departamento de Promoção Social;
tâneos. c) Departamento de Saúde:
1. Hospital da Polícia Militar;
Art. 5º O Subcomandante-Geral será nomeado pelo Go- 2. Odontoclínica da Polícia Militar;
vernador do Estado, dentre os Coronéis da ativa, perten- 3. Juntas Militares Estaduais de Saúde;
cente ao Quadro de Oficiais Policiais Militares. d) Instituto de Ensino e Pesquisa:
1. Centro de Educação Física e Desportos;
Parágrafo Único. O Subcomandante-Geral é o substituto
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

imediato do Comandante-Geral nos seus impedimentos.


VIII - Órgãos de Execução do Ensino:

a) Academia de Polícia Militar;


Capítulo II
b) Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças
DA ORGANIZAÇÃO
Policiais Militares:
1. Batalhões de Ensino, Instrução e Capacitação;
Art. 6º A Polícia Militar tem a seguinte estrutura básica:
c) Colégios da Polícia Militar;
I - Órgãos Colegiados:
IX - Órgão de Execução Operacional:
a) Alto Comando;
a) Unidades Operacionais Policiais Militares;
b) Colégio de Coronéis;
X - Ouvidoria.

43
§ 1º O quantitativo das Unidades que compõe a estrutu- Art. 11 O Gabinete do Comando-Geral tem por finali-
ra organizacional da Polícia Militar da Bahia passa a ser dade prestar assistência ao Comandante-Geral em suas
o constante do Anexo I desta Lei. atribuições técnicas e administrativas e nas relações de
interesse da Polícia Militar, com órgãos e instituições dos
§ 2º A fixação da estrutura interna das Unidades Poli- Poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, em âmbito
ciais Militares e a fixação de suas competências serão Federal, Estadual e Municipal, do Ministério Público, dos
definidas em Regimento Interno, aprovado por Decreto Tribunais de Contas e de Organismos Internacionais.
do Governador do Estado.
Parágrafo Único. O Gabinete do Comando-Geral será
chefiado por um Oficial da ativa da Corporação do úl-
Art. 7º O Alto Comando da Polícia Militar tem a seguinte
timo posto do QOPM, de livre escolha do Comandante-
composição: -Geral.
I - o Comandante-Geral da Polícia Militar, que o presi- Art. 12 O Subcomando-Geral, órgão de direção geral
dirá; das atividades da Polícia Militar, tem por finalidade as-
sessorar o Comando-Geral na elaboração da política e
II - o Subcomandante-Geral da Polícia Militar; estratégia institucional, na integração e coordenação
dos sistemas da Polícia Militar, bem como na supervi-
III - o Comandante de Operações Policiais Militares; são, controle e avaliação das atividades administrativas
e operacionais.
IV - o Comandante de Operações de Inteligência;
Parágrafo Único. O Subcomando-Geral é representado
V - o Corregedor-Chefe; pelo Subcomandante-Geral, com funções de liderança,
assessoramento estratégico, fiscalização e manutenção
VI - o Diretor do Departamento de Planejamento, Orça- da disciplina.
mento e Gestão;
Art. 13 O Gabinete do Subcomando-Geral tem por fina-
lidade prestar assistência ao Subcomandante Geral da
VII - o Diretor do Departamento de Pessoal;
Polícia Militar em suas atribuições técnicas e adminis-
trativas.
VIII - o Diretor do Departamento de Apoio Logístico;
Parágrafo Único. O Gabinete do Subcomando-Geral
IX - o Diretor do Departamento de Modernização e Tec- será chefiado por um Oficial da ativa da Corporação, do
nologia. penúltimo posto do QOPM, de livre escolha do Subco-
mandante-Geral.
Art. 8º Ao Alto Comando compete assessorar o Coman- Art. 14 O Centro de Gestão Estratégica tem por fina-
do-Geral na formulação das diretrizes da política ins- lidade assessorar o Subcomando-Geral na formulação,
titucional da Polícia Militar e as estratégias para a sua proposição e atualização, em nível de direção geral, das
consecução, bem como deliberar sobre o Plano Estraté- políticas, diretrizes, normas e padrões de procedimen-
gico da Polícia Militar e os conflitos de atribuições entre tos que permitam à Corporação alcançar seus objetivos
as suas unidades. estratégicos, bem como acompanhar a implementação
dos projetos estratégicos da Instituição.
Art. 9º O Colégio de Coronéis, órgão consultivo e propo-
sitivo, convocado e presidido pelo Comandante-Geral, é Art. 15 A Companhia Independente de Comando e Ser-
constituído pelos Coronéis da ativa, quando no exercício
viços tem por finalidade exercer as atividades adminis-
dos cargos privativos do posto de Coronel previstos no
trativas e de segurança do Quartel do Comando Geral
Quadro de Organização da Polícia Militar, tendo como
- QCG.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

finalidade a análise e discussão sobre assuntos de rele-


vante interesse da Corporação, ressalvada a competên-
Art. 16 O Comando de Operações Policiais Militares tem
cia do Alto Comando.
por finalidade planejar, coordenar, controlar e supervi-
sionar as atividades de polícia ostensiva, de acordo com
Art. 10 O Comando-Geral, órgão diretivo superior e es-
tratégico, tem por finalidade planejar, dirigir, executar, as necessidades de preservação da ordem pública, bem
avaliar, deliberar e controlar as atividades da Polícia Mi- como supervisionar as atividades realizadas pelos Co-
litar da Bahia. mandos de Policiamento e pelas Unidades Operacionais,
no que concerne à eficiência nas missões de policiamen-
Parágrafo Único. O Comando-Geral é representado pelo to ostensivo.
Comandante-Geral, com funções de liderança, articula-
ção institucional e estratégia, e tem precedência funcio- Parágrafo Único. O Comando de Operações Policiais Mi-
nal e hierárquica sobre todo efetivo policial militar. litares tem a seguinte estrutura:

44
I - Comando de Policiamento Regional da Capital - b) Companhias Independentes de Polícia Militar;
Atlântico: c) Companhia Independente de Policiamento Tático;

a) Batalhões de Polícia Militar; XI - Comando de Policiamento Especializado:


b) Companhias Independentes de Polícia Militar; a) Batalhões Especializados de Polícia Militar;
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; b) Esquadrões de Polícia Militar;
c) Companhias Independentes de Policiamento Especia-
II - Comando de Policiamento Regional da Capital - Baía lizado;
de Todos os Santos: d) Companhias Independentes de Polícia de Guarda;
e) Companhias Independentes de Proteção de Polícia
a) Batalhões de Polícia Militar; Ambiental;
f) Companhias Independentes de Policiamento Rodovi-
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; ário;
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; g) Companhia Independente de Polícia Fazendária;
h) Grupamento Aéreo da Polícia Militar;
III - Comando de Policiamento Regional da Capital -
Central: XII - Batalhão de Polícia de Reforço Operacional.

a) Batalhões de Polícia Militar; Art. 17 O Comando de Operações de Inteligência tem


por finalidade planejar, coordenar, executar, fiscalizar,
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; controlar, articular, supervisionar e gerenciar as ativi-
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; dades de inteligência policial, no âmbito do Sistema de
Inteligência da Polícia Militar - SINPOM, dentro do ter-
IV - Comando de Policiamento da Região Metropolitana ritório baiano, bem como assessorar o Alto Comando da
de Salvador - RMS: Corporação nos assuntos de cunho estratégico, tático e
operacional que lhes forem confiados, além de se inter-
a) Batalhões de Polícia Militar; -relacionar com os demais órgãos estaduais de inteli-
gência e do Sistema Brasileiro de Inteligência - SISBIN.
b) Companhias Independentes de Polícia Militar;
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; Art. 18 O Departamento de Planejamento, Orçamento e
Gestão tem por finalidade elaborar o planejamento das
V - Comando de Policiamento da Região Leste: políticas públicas e estratégias institucionais, planejar,
orientar e executar a programação orçamentária e a
a) Batalhões de Polícia Militar; consolidação dos planos, programas, projetos, acompa-
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; nhamento, gestão e atividades governamentais, no âm-
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; bito da Polícia Militar da Bahia - PMBA.
Art. 19 O Centro Corporativo de Projetos tem por finali-
VI - Comando de Policiamento da Região Norte: dade a identificação, seleção, alinhamento, priorização
e gerenciamento do portfólio dos processos e projetos
a) Batalhões de Polícia Militar; estratégicos da Polícia Militar, em conformidade com
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; a orientação do Comando-Geral da Corporação, bem
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; como prestar apoio e suporte aos Escritórios Setoriais e
Seções de Gerenciamento de Projetos da Instituição.
VII - Comando de Policiamento da Região Oeste:
Art. 20 O Departamento de Pessoal tem por finalidade
a) Batalhões de Polícia Militar; planejar, coordenar, controlar e executar as atividades
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; de administração de pessoal da Polícia Militar.
c) Companhia Independente de Policiamento Tático;
Art. 21 O Departamento de Apoio Logístico tem por fi-
VIII - Comando de Policiamento da Região Sul: nalidade planejar, coordenar, controlar e executar as ati-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

vidades de logística e de patrimônio da Polícia Militar.


a) Batalhões de Polícia Militar;
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; Art. 22 O Centro de Material Bélico tem por finalida-
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; de planejar, coordenar, controlar, assessorar, armazenar,
manutenir, distribuir e recolher material bélico, avalian-
IX - Comando de Policiamento da Região Sudoeste: do e atestando as atividades da Corporação no que con-
cerne a esse equipamento.
a) Batalhões de Polícia Militar;
b) Companhias Independentes de Polícia Militar; Art. 23 O Centro de Arquitetura e Engenharia tem por
c) Companhia Independente de Policiamento Tático; finalidade apoiar as unidades gestoras na construção,
ampliação, reforma e recuperação das instalações físi-
X - Comando de Policiamento da Região da Chapada: cas da Polícia Militar, com custo estimado até o limite de
valor para licitação na Modalidade Tomada de Preços.
a) Batalhões de Polícia Militar;

45
Art. 24 O Departamento de Modernização e Tecnologia Art. 34 A Odontoclínica da Polícia Militar tem por fina-
tem por finalidade planejar, coordenar, executar e con- lidade prestar atendimento, em nível ambulatorial, nas
trolar as atividades de tecnologia da informação e tele- diversas especialidades odontológicas.
comunicações, promovendo a elevação da qualidade de
serviços e das atividades da Polícia Militar, em estreita Art. 35 As Juntas Militares Estaduais de Saúde têm por
articulação com os órgãos estaduais de tecnologia da finalidade avaliar a adequação ao perfil profissiográfico
informação e telecomunicações. dos candidatos aos processos de recrutamento e seleção
de ingresso nas carreiras da Polícia Militar, avaliar a ca-
Art. 25 A Corregedoria da Polícia Militar tem por finali-
pacidade laborativa dos militares estaduais, bem como
dade assistir o Comandante-Geral e o Subcomandante-
revisar os processos relativos aos militares estaduais em
-Geral da Polícia Militar no desempenho de suas atribui-
ções constitucionais, políticas e administrativas, realizar situação de inatividade e emitir diagnóstico sobre as
a atividade correicional, zelando pela justiça e disciplina limitações temporárias ou definitivas destes servidores
dos integrantes da PMBA, bem como gerenciar as ativi- para o exercício da atividade policial militar.
dades dos segmentos de correição descentralizados nas
Organizações Policiais Militares. Art. 36 O Instituto de Ensino e Pesquisa tem por finali-
dade planejar, dirigir, controlar, avaliar e fiscalizar as ati-
Art. 26 Os Comandos de Policiamento Regionais têm por vidades de ensino, pesquisa e cultura da Polícia Militar,
finalidade planejar, coordenar, executar, avaliar e con- emitindo diretrizes educacionais para as organizações a
trolar as atividades operacionais policiais militares nas ele tecnicamente subordinadas.
regiões sob sua responsabilidade.
Art. 37 O Centro de Educação Física e Desportos tem
Art. 27 O Comando de Policiamento Especializado tem por finalidade planejar, executar, implementar e contro-
por finalidade planejar, coordenar, executar, avaliar e lar a educação física, o desporto e a defesa pessoal na
controlar as atividades operacionais especializadas em Corporação.
todo Estado da Bahia.
Art. 38 A Academia de Polícia Militar, Instituição de En-
Art. 28 O Departamento de Auditoria e Finanças tem
sino Superior de Segurança Pública, tem por finalidade
por finalidade proceder à análise e ao controle da gestão
promover a formação, capacitação, aperfeiçoamento,
das Unidades integrantes da estrutura da Polícia Militar
da Bahia, exercendo o acompanhamento da execução especialização e educação continuada de Oficiais da
orçamentária, financeira, patrimonial e de contabilidade Polícia Militar e de outras instituições da área de Defesa
da PMBA. Social e de Segurança Pública.
Art. 29 O Departamento de Comunicação Social tem por Art. 39 O Centro de Formação e Aperfeiçoamento de
finalidade promover o fluxo de informações de caráter Praças Policiais Militares tem por finalidade promover
interno e externo, na área de comunicação social, bem a formação, capacitação, aperfeiçoamento, especializa-
como apoiar, tecnicamente, as Unidades da sua área de ção e educação continuada dos Quadros de Praças da
atividade. Polícia Militar e de outras instituições da área de Defesa
Social e de Segurança Pública.
Art. 30 O Departamento de Polícia Comunitária e Direi-
tos Humanos tem por finalidade desenvolver e divulgar Art. 40 Os Batalhões de Ensino, Instrução e Capacitação
as políticas de policiamento comunitário e de direitos têm por finalidade planejar, coordenar e exercer as ati-
humanos da PMBA. vidades de formação, instrução, capacitação e aperfei-
çoamento, de forma regionalizada, com subordinação
Art. 31 O Departamento de Promoção Social tem por ao Centro de Formação e Aperfeiçoamento de Praças
finalidade planejar, coordenar, controlar e executar as Policiais Militares.
atividades de promoção social da Polícia Militar.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 41 Os Colégios da Polícia Militar têm por finalidade


Art. 32 O Departamento de Saúde tem por finalidade planejar, estabelecer e executar as atividades necessá-
planejar, coordenar, controlar e executar as atividades rias para a oferta de ensino fundamental e médio.
de promoção, prevenção, tratamentos médico e odonto-
lógico, reabilitação e recuperação dos agravos à saúde Art. 42 As Unidades Operacionais Policiais Militares, su-
dos integrantes da Polícia Militar e dos seus dependen- bordinadas aos seus respectivos Comandos, na forma do
tes. parágrafo único do art. 16 desta Lei, têm por finalidade
a execução das missões de polícia ostensiva, dentro de
Art. 33 O Hospital da Polícia Militar tem por finalida- suas especialidades, e terão atuação em todo o Estado
de dirigir as atividades médico-hospitalares, no nível de da Bahia ou em região definida em regulamentação.
atenção à saúde secundária e terciária, aos pacientes § 1º As Unidades Operacionais Policiais Militares com-
atendidos ambulatorialmente ou em regime de interna- preendem:
ção hospitalar.

46
I - Batalhões de Polícia Militar, responsáveis por planejar, VII - Companhias Independentes de Polícia de Guarda,
coordenar e executar as atividades de polícia ostensiva responsáveis por executar as atividades de guarda e pre-
em suas respectivas áreas de responsabilidade territo- servação da ordem nos estabelecimentos penais do Es-
rial, sob coordenação e acompanhamento técnico dos tado, bem como da escolta de presos da PMBA;
respectivos Comandos de Policiamento;
VIII - Companhias Independentes de Polícia de Proteção
II - Batalhões Especializados de Polícia Militar, compre- Ambiental, responsáveis por missões de policiamento
endendo: ostensivo ambiental nas respectivas áreas especiais de
responsabilidade, bem como em apoio às demais Uni-
a) Batalhão Especializado de Polícia Turística, responsá- dades Operacionais;
vel por planejar, coordenar e executar as atividades de
policiamento turístico; IX - Companhias Independentes de Policiamento Rodo-
viário, responsáveis pela execução das missões de poli-
b) Batalhão Especializado de Policiamento de Eventos,
ciamento de trânsito e escolta de dignitários, na malha
responsável por planejar, coordenar e executar as mis-
rodoviária estadual, bem como de apoio às demais Uni-
sões específicas de policiamento em eventos;
dades Operacionais;
c) Batalhão de Polícia de Choque, responsável por pla-
nejar, coordenar e executar as atividades de preservação X - Companhia Independente de Polícia Fazendária, res-
da ordem pública, constituindo-se, ainda, numa tropa ponsável por planejar, coordenar, controlar e executar
de reação do Comando-Geral, especialmente instruída as atividades de policiamento fazendário no Estado da
e treinada para as missões de apoio às outras Unidades Bahia;
Operacionais;
d) Batalhão de Polícia de Guarda, responsável por pla- XI - Esquadrões de Polícia Montada, responsáveis pela
nejar, coordenar e executar as atividades de guarda e execução das atividades de policiamento ostensivo
preservação da ordem nos estabelecimentos penais do montado, missões especiais e apoio às demais Unidades
Estado, bem como da escolta de presos; Operacionais da PMBA;
e) Batalhão de Polícia Rodoviária, responsável por pla-
nejar, coordenar e executar as missões de policiamento XII - Esquadrões de Motociclistas, responsáveis pela exe-
de trânsito e escolta de dignitários, na malha rodoviária cução das atividades de policiamento de trânsito, de
estadual e nas demais, quando conveniado, bem como escolta de dignitários e de apoio às demais Unidades
de apoio às demais Unidades Operacionais; Operacionais;
XIII - Grupamento Aéreo da Polícia Militar, responsável
f) Batalhão de Operações Policiais Especiais, responsá- pela execução do apoio do vetor aéreo às atividades de
vel por planejar, coordenar e executar o atendimento de preservação da ordem pública e de policiamento osten-
ocorrências de alta complexidade e intervenções de alto sivo.
risco, constituindo-se, ainda, numa tropa de reação do
Comando-Geral; § 2º As Bases Comunitárias de Segurança constituem
bases operacionais que têm por finalidade executar as
III - Batalhão de Polícia de Reforço Operacional, res- atividades de policiamento ostensivo em seus respecti-
ponsável por planejar, coordenar e dirigir o emprego do vos setores de responsabilidade territorial, subordinadas
efetivo da atividade meio da PMBA em reforço às ativi- aos Comandos das respectivas Unidades Operacionais,
dades de polícia ostensiva, em estreita ligação com os de forma integrada às ações da comunidade e dos de-
respectivos órgãos; mais órgãos públicos.
IV - Companhias Independentes de Polícia Militar, res-
§ 3º As Organizações Operacionais Especializadas da
ponsáveis por executar as atividades de polícia ostensiva
Polícia Militar, Batalhões, Esquadrões, Companhias Es-
em suas respectivas áreas especiais de responsabilidade
pecializadas e Grupamento Aéreo têm por finalidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

territorial, sob coordenação e acompanhamento técnico


dos respectivos Comandos de Policiamento; a execução das missões de polícia ostensiva, dentro de
suas especialidades, e terão atuação em todo o Estado
V - Companhias Independentes de Policiamento Tático, da Bahia ou região definida em regulamentação.
responsáveis pela execução de missões de policiamento
ostensivo tático nas respectivas áreas especiais de res- § 4º A Organização Policial Militar, com autonomia ad-
ponsabilidade, bem como em apoio às demais Unidades ministrativa, é a que dispõe de organização e meios para
Operacionais; exercer plena administração própria e tem competência
para praticar todos os atos administrativos decorrentes
VI - Companhias Independentes de Policiamento Espe- da gestão de pessoas e de bens do Estado.
cializado, responsáveis pela execução de missões de po-
liciamento ostensivo especializado nas respectivas áreas Art. 43 A Ouvidoria tem por finalidade receber denún-
especiais de responsabilidade, bem como em apoio às cias, reclamações e representações de atos desabonado-
outras Unidades Operacionais; res, bem como proceder ao registro de atos abonadores

47
referentes à conduta dos integrantes da Corporação e ingressarem no Quadro a partir da data da publicação
críticas ao seu regular desempenho na prestação de ser- desta Lei, competindo-lhe o exercício de atividades ope-
viços, funcionando em estreita articulação, com as Ou- racionais e administrativas da Corporação, incluindo o
vidorias Setoriais. Comando e Chefia de subunidades.

Capítulo III Parágrafo Único. O maior grau hierárquico do Quadro


DA REGIONALIZAÇÃO E DO DESDOBRAMENTO de Oficiais Especialistas Policiais Militares é o Posto de
Tenente Coronel.
Art. 44 A ação policial militar dar-se-á em todo território
do Estado, de forma regionalizada, por meio de planeja- Art. 51 O Quadro de Oficiais Auxiliares Policiais Milita-
mento e acompanhamento dos Comandos de Operações res - QOAPM é composto por Oficiais existentes no seu
Policiais Militares e sob as diretrizes do Comando-Geral. Quadro, competindo-lhe o exercício de atividades ope-
racionais e administrativas da Corporação, incluindo o
Art. 45 O desdobramento das regiões em áreas, áreas Comando e Chefia de subunidades.
especiais, subáreas e setores será estabelecido em con-
formidade com as necessidades e características fisio- Parágrafo Único. O maior grau hierárquico do Quadro
gráficas, psicossociais, políticas e econômicas, ficando de Oficiais Auxiliares Policiais Militares é o Posto de Ma-
autorizado o Comandante-Geral da Polícia Militar a jor.
adotar as providências neste sentido.
Art. 52 O Quadro de Praças Policiais Militares - QPPM é
Capítulo IV composto de Praças integrantes da Corporação, respon-
DO PESSOAL sáveis pelas atividades da Polícia Militar.

Art. 46 O efetivo da Polícia Militar será distribuído nos Art. 53 A estrutura de cargos em comissão da Polícia
seguintes Quadros: Militar da Bahia é a prevista no Anexo II desta Lei.

I - Oficiais: Art. 54 O Quadro de Funções Privativas do Posto de Co-


ronel da Polícia Militar da Bahia é o previsto no Anexo
a) Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM; III desta Lei.
b) Quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Militar/Médico
- QOSPM/Médico; Art. 55 O efetivo ativo da Polícia Militar da Bahia é fixado
c) Quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Militar/Odon- em 44.392 (quarenta e quatro mil trezentos e noventa e
tólogo - QOSPM/Odontólogo; dois) servidores policiais militares estaduais, distribuídos
d) Quadro de Oficiais Especialistas Policiais Militares - em Postos e Graduações, conforme o Anexo IV desta Lei.
QOEPM;
e) Quadro de Oficiais Auxiliares Policiais Militares - QO- Parágrafo Único. As vagas previstas nesta Lei, decorren-
APM; tes do aumento do efetivo, serão preenchidas em razão
da oportunidade e conveniência da Administração.
II - Praças:
Art. 56 A distribuição do quantitativo do efetivo da ativa
a) Quadro de Praças Policiais Militares - QPPM. da Polícia Militar da Bahia no Quadro Organizacional
será definida por Portaria do Comandante-Geral da Po-
Art. 47 O Quadro de Oficiais Policiais Militares - QOPM lícia Militar.
é composto de Oficiais integrantes da Corporação, res-
ponsáveis pelas atividades da Polícia Militar. Capítulo V
DAS ATRIBUIÇÕES DOS TITULARES DE CARGOS EM
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 48 O Quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Militar/ COMISSÃO


Médico - QOSPM/Médico é composto por todos os Ofi-
ciais Médicos integrantes da Corporação, sendo respon- Art. 57 Aos titulares dos cargos em comissão, além do
sável pela atividade médica da Polícia Militar. desempenho das atividades concernentes aos Sistemas
Estaduais, definidos em legislação própria, cabe o exer-
Art. 49 O Quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Mili- cício das atribuições gerais e específicas a seguir enu-
tar/Odontólogo - QOSPM/Odontólogo é composto por meradas:
todos os Oficiais Odontólogos integrantes da Corpora-
ção, sendo responsável pela atividade odontológica da I - Comandante-Geral da Polícia Militar:
Polícia Militar.
a) promover a administração geral da Polícia Militar, em
Art. 50 O Quadro de Oficiais Especialistas Policiais Mi- estrita observância às disposições normativas da Admi-
litares - QOEPM é composto por todos os Oficiais que nistração Pública Estadual;

48
b) exercer a representação política e institucional da Po- coordenação no âmbito da Polícia Militar, em assuntos
lícia Militar, promovendo contatos e relações com au- que envolvam articulação intersetorial;
toridades e organizações de diferentes níveis governa- h) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplina-
mentais; res sumários e processos administrativos disciplinares,
c) auxiliar o Secretário da Segurança Pública em assun- conforme lei específica;
tos compreendidos na área de competência da Polícia i) desempenhar outras tarefas compatíveis com suas
Militar; atribuições, por determinação do Comandante-Geral;
d) promover o controle e a supervisão das Unidades su-
bordinadas; III - Corregedor-Chefe:
e) delegar competências e atribuições ao Subcomandan-
te-Geral; a) propor ao Comandante-Geral da Polícia Militar as
f) decidir, em despacho motivado e conclusivo, sobre as- medidas necessárias à apuração de denúncias, envol-
suntos de sua competência; vendo pessoal policial-militar e civil da Corporação;
g) autorizar a abertura de processos licitatórios, homolo- b) encaminhar ao Comandante-Geral da Polícia Militar
gando-os, dentro dos limites de sua competência, e rati- relatórios mensais de dados estatísticos das apurações
ficar as dispensas ou declaração de inexigibilidade, nos em andamento e solucionadas na Corporação;
termos da legislação específica, das contratações diretas c) pronunciar-se, dentro dos limites das suas atribuições,
inerentes ao limite permitido em ato normativo; nos feitos investigatórios realizados na Corporação;
h) delegar atribuição aos gestores internos para autori- d) elaborar e submeter à apreciação do Comandante-
zar a abertura de processos licitatórios; -Geral da Polícia Militar normas de orientação e padro-
i) aprovar a programação a ser executada pela Polícia nização dos feitos investigatórios praticados no âmbito
Militar e pelas Unidades a ela subordinadas, a proposta da Corporação;
orçamentária anual e as alterações e ajustes que se fize- e) assessorar o Comandante-Geral da Polícia Militar na
rem necessários; tomada de decisões, no que concerne à justiça e discipli-
na dos integrantes da Corporação;
j) expedir Portarias e atos normativos sobre a organiza-
f) encaminhar ao Comandante-Geral da Polícia Militar,
ção administrativa interna da Polícia Militar;
com relatório e parecer conclusivo, os autos dos proces-
k) apresentar, anualmente, relatório analítico das ativi-
sos que tenham por objeto o resultado das correições e
dades da Corporação;
outros processos correicionais, propondo as medidas que
l) promover reuniões periódicas de coordenação entre os
julgar necessárias;
diferentes escalões hierárquicos da Polícia Militar;
g) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplina-
m) atender requisições e pedidos de informações do
res sumários e processos administrativos disciplinares,
Poder Judiciário, do Poder Legislativo e do Ministério conforme lei específica;
Público, ouvindo previamente a Procuradoria Geral do h) atender aos pedidos de informações da Corregedoria-
Estado, se houver questão jurídica a ser esclarecida; -Geral da Secretaria da Segurança Pública;
n) atender aos pedidos de informações da Corregedoria-
-Geral da Secretaria da Segurança Pública em assuntos IV - Comandante de Operações Policiais Militares:
da competência daquele órgão;
o) instaurar e decidir sindicâncias, processos disciplina- a) planejar, coordenar, supervisionar e controlar, em
res sumários e processos administrativos disciplinares, todo o território estadual, as atividades de polícia osten-
ressalvado o disposto no § 1º deste artigo; siva, de acordo com as necessidades de preservação da
p) exercer outras atribuições que lhe sejam delegadas; ordem pública;
b) supervisionar as atividades realizadas pelos Coman-
II - Subcomandante-Geral da Polícia Militar: dos de Policiamento e Unidades Operacionais no que
concerne à eficiência nas missões de policiamento os-
a) auxiliar o Comandante-Geral; tensivo;
b) dirigir, organizar, orientar, controlar e coordenar as
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá-


atividades da Polícia Militar, conforme delegação do rios e processos administrativos disciplinares, decidindo
Comandante-Geral; conforme lei específica;
c) assessorar o Comandante-Geral nas atividades de ar-
ticulação interinstitucional e com a sociedade, nos as- V - Comandante de Policiamento:
suntos relativos à Corporação;
d) substituir o Comandante-Geral nos seus afastamen- a) cumprir as missões de polícia ostensiva, determina-
tos, ausências e impedimentos, independentemente de das pelo Comandante de Operações Policiais Militares
designação específica; no que concerne à coordenação, controle e supervisão
e) submeter à consideração do Comandante-Geral os das atividades desenvolvidas pelas Unidades Operacio-
assuntos que excedem à sua competência; nais sob sua responsabilidade;
f) auxiliar o Comandante-Geral no controle e supervisão b) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá-
das Unidades subordinadas; rios e processos administrativos disciplinares, decidindo
g) participar e, quando for o caso, promover reuniões de conforme lei específica;

49
VI - Assistente Militar do Comando-Geral: a) substituir o Diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa
em seus impedimentos eventuais;
a) chefiar o Gabinete do Comando-Geral; b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
b) planejar, organizar, coordenar, controlar e preparar nadas pelo Diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa;
o suporte necessário ao Comandante-Geral da Polícia c) auxiliar o Diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa no
Militar; planejamento e coordenação das atividades, bem como
c) realizar a segurança pessoal do Comandante-Geral no exame e encaminhamento dos assuntos de sua com-
da Polícia Militar e de seus familiares; petência;
d) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá- d) exercer outras atribuições que lhe forem delegadas;
rios e processos administrativos disciplinares, decidindo
conforme lei específica; XIII - Diretor Adjunto de Departamento:

a) substituir o Diretor de Departamento em seus impe-


VII - Diretor do Instituto de Ensino e Pesquisa:
dimentos eventuais;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
a) planejar, controlar e fiscalizar as atividades de ensino
nadas pelo Diretor de Departamento;
e pesquisa da Corporação, elaborando diretrizes da po- c) auxiliar o Diretor de Departamento no planejamento,
lítica institucional de educação para as organizações a supervisão, coordenação e execução das atividades, bem
ele tecnicamente vinculadas; como no exame e encaminhamento dos assuntos de sua
b) propor estudos e pesquisas que viabilizem a melhoria competência;
da qualidade de ensino; d) exercer outras atribuições que lhe forem delegadas;
c) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá-
rios e processos administrativos disciplinares, decidindo XIV - Subcomandante de Operações de Inteligência:
conforme lei específica;
a) substituir o Comandante de Operações de Inteligên-
VIII - Diretor de Departamento: cia em seus impedimentos eventuais;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
a) planejar, controlar e fiscalizar as atividades previstas nadas pelo Comandante de Operações de Inteligência;
para o seu Departamento; XV - Assessor Especial:
b) propor estudos e pesquisas que viabilizem a melho-
ria das competências do Departamento, elaborando di- a) assessorar diretamente o Comandante-Geral e o Sub-
retrizes da política institucional relativas a sua área de comandante-Geral da Polícia Militar em assuntos relati-
atuação; vos a sua especialização;
c) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá- b) elaborar pareceres, notas técnicas, minutas e infor-
rios e processos administrativos disciplinares, decidindo mações solicitadas pelo superior;
conforme lei específica; c) executar a elaboração de planos, programas e proje-
tos relativos às funções da Corporação;
IX - ao Comandante de Operações de Inteligência cabe d) assessorar os órgãos e entidades vinculados ao Co-
promover as atividades de inteligência no âmbito da Po-
mando-Geral, em assuntos que lhes forem determina-
lícia Militar e instaurar sindicâncias, processos discipli-
dos pelo Comandante-Geral;
nares sumários e processos administrativos disciplinares,
decidindo conforme lei específica;
XVI - Subcomandante de Policiamento:
X - ao Diretor de Ensino cabe promover a formação, a
capacitação e a especialização de militares estaduais da a) substituir o Comandante de Policiamento em seus
Bahia e de servidores de outras instituições da área de impedimentos eventuais;
segurança pública e instaurar sindicâncias, processos b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
nadas pelo Comandante de Policiamento;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

disciplinares sumários e processos administrativos disci-


plinares, decidindo conforme lei específica; c) auxiliar o Comandante de Policiamento no planeja-
mento, supervisão, coordenação e execução das ativida-
XI - Subcomandante de Operações Policiais Militares: des, bem como no exame e encaminhamento dos assun-
tos de sua competência;
a) substituir o Comandante de Operações Policiais Mili- d) exercer outras atribuições que lhes forem delegadas;
tares em seus impedimentos;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema- XVII - Corregedor Adjunto:
nadas pelo Comandante de Operações;
c) auxiliar o Comandante de Operações no planejamen- a) substituir o Corregedor-Chefe nos seus afastamentos
to e na coordenação das atividades; temporários e impedimentos eventuais;
d) exercer outras atribuições que lhe forem delegadas; b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
nadas pelo Corregedor-Chefe;
XII - Diretor Adjunto do Instituto de Ensino e Pesquisa: c) auxiliar o Corregedor-Chefe no planejamento, super-

50
visão, coordenação e execução das atividades; convenientes, na promoção, integração e no desenvol-
d) realizar o exame e encaminhamentos dos assuntos de vimento técnico e interpessoal da respectiva equipe de
sua competência e exercer outras atribuições que lhes trabalho;
forem delegadas;
XXV - Diretor do Colégio da Polícia Militar:
XVIII - ao Coordenador de Saúde cabe coordenar as
ações de saúde a serem implementadas na Corporação; a) estabelecer e executar normas e diretrizes adminis-
trativas no âmbito de todo o estabelecimento de ensino;
XIX - Diretor Adjunto: b) administrar recursos financeiros destinados, recebidos
ou adquiridos pelo estabelecimento, através de diversas
a) substituir o Diretor em seus impedimentos eventuais; fontes;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema- c) formular estratégias e conteúdos que venham a con-
nadas pelo Diretor; duzir o corpo discente à observância e ao cumprimento
c) auxiliar o Diretor no planejamento, supervisão, coor- da disciplina, bem como estruturação de atividades es-
denação e execução das atividades, bem como no exame pecíficas e inerentes a uma escola militar;
e encaminhamento dos assuntos de sua competência; d) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá-
d) exercer outras atribuições que lhes forem delegadas; rios e processos administrativos disciplinares, decidindo
conforme lei específica;
XX - Ouvidor:
XXVI - ao Comandante de Batalhão e ao Comandante
a) receber denúncias, reclamações e representações de de Grupamento cabem coordenar, supervisionar, contro-
atos desabonadores de servidores da Polícia Militar; lar e executar as atividades de polícia ostensiva em suas
b) proceder ao registro de atos positivos, referentes à respectivas áreas de responsabilidade territorial ou em
conduta dos integrantes da Corporação e críticas ao seu conformidade com a especialização, em articulação com
os respectivos Comandos de Policiamento, bem como
regular desempenho na prestação de serviços, funcio-
instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumários
nando em estreita articulação com a Ouvidoria-Geral
e processos administrativos disciplinares, decidindo con-
do Estado e Ouvidorias Setoriais da Instituição;
forme lei específica;
XXI - Assistente Militar I:
XXVII - Subcomandante de Grupamento Aéreo:
a) assistir o Subcomandante-Geral em assuntos de natu-
reza técnica e administrativa; a) substituir o Comandante de Grupamento Aéreo em
b) articular-se, por determinação do Subcomandante- seus impedimentos eventuais;
-Geral, com Unidades da Corporação; b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
c) promover a segurança pessoal do Subcomandante- nadas pelo Comandante de Grupamento Aéreo;
-Geral e de seus familiares; c) auxiliar no planejamento e na coordenação das ati-
vidades, bem como no exame e encaminhamento dos
XXII - ao Comandante de Grupamento Aéreo cabe co- assuntos de sua competência;
ordenar, supervisionar, controlar e executar as ativida- d) exercer outras atribuições que lhes forem delegadas;
des de polícia ostensiva nas suas áreas de abrangência
territorial, bem como instaurar sindicâncias, processos XXVIII - ao Chefe de Núcleo cabe programar, orientar,
disciplinares sumários e processos administrativos disci- supervisionar, controlar e avaliar os trabalhos a cargo do
plinares, decidindo conforme lei específica; respectivo Núcleo, apoiando os Comandantes Regionais
na utilização de recursos humanos, materiais e finan-
XXIII - ao Assessor de Comunicação Social cabe planejar, ceiros necessários ao bom andamento das atividades
promover, controlar, executar e acompanhar as ativida- administrativas dos Comandos Regionais e suas Orga-
des de marketing e endomarketing da Polícia Militar, nizações Policiais Militares subordinadas;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

viabilizando o levantamento de informações para a exe-


cução dos trabalhos de cobertura jornalística de interes- XXIX - ao Comandante de Aeronave cabe planejar e
se da Polícia Militar da Bahia; executar os voos, observando as normas de segurança
de voo;
XXIV - Coordenador I e Coordenador Técnico:
XXX - Diretor Adjunto do Colégio da Polícia Militar:
a) programar, orientar, supervisionar e avaliar os traba-
lhos a cargo da respectiva Unidade; a) substituir o Diretor do Colégio da Polícia Militar em
b) cumprir e fazer cumprir as diretrizes, normas e pro- seus impedimentos eventuais;
cedimentos técnicos, administrativos e financeiros para b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
maior eficiência e aperfeiçoamento dos programas, pro- nadas pelo Diretor do Colégio da Polícia Militar, auxi-
jetos e atividades sob sua responsabilidade; liando-o no planejamento e na coordenação das ativi-
c) propor ao superior imediato as medidas que julgar dades;

51
c) realizar o exame e encaminhamento dos assuntos de nadas pelo Comandante de Companhia;
sua competência; c) auxiliar no planejamento e coordenação das ativida-
d) exercer outras atribuições que lhes forem delegadas; des;
d) realizar o exame e encaminhamento dos assuntos de
XXXI - Subcomandante de Batalhão: sua competência;
e) exercer outras atribuições que lhes forem delegadas;
a) substituir o Comandante de Batalhão em seus impe-
dimentos eventuais; XXXVII - ao Comandante de Companhia cabe coorde-
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema- nar, supervisionar, controlar e executar as atividades
nadas pelo Comandante de Batalhão; de polícia ostensiva, em suas respectivas subáreas de
c) auxiliar no planejamento e na coordenação das ati- responsabilidade territorial ou em conformidade com a
vidades; especialização, em obediência aos respectivos Coman-
d) realizar o exame e encaminhamento dos assuntos de dantes de Batalhões;
sua competência;
e) exercer outras atribuições que lhes forem delegadas; XXXVIII - Subcomandante de Esquadrão:

XXXII - Comandante de Esquadrão: a) substituir o Comandante de Esquadrão em seus impe-


dimentos eventuais;
a) executar as atividades de polícia ostensiva em suas b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema-
respectivas áreas de responsabilidade territorial ou em nadas pelo Comandante de Esquadrão;
conformidade com a especialização, em articulação com c) auxiliar no planejamento e na coordenação das ati-
os respectivos Comandos de Policiamento e acompa- vidades;
nhamento técnico do Comando de Operações Policiais d) realizar o exame e encaminhamento dos assuntos de
Militares; sua competência;
b) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá- e) exercer outras atribuições que lhe forem delegadas;
rios e processos administrativos disciplinares, decidindo
conforme lei específica; XXXIX - ao Comandante de Base Comunitária de Segu-
rança cabe executar as atividades de policiamento os-
XXXIII - Comandante de Companhia Independente: tensivo em seus respectivos setores de responsabilidade
territorial, em articulação com os respectivos Comandos
a) coordenar, supervisionar, controlar e executar as ati- de Área ou Comandos de Área Especial;
vidades de polícia ostensiva em suas respectivas áreas
de responsabilidade territorial ou em conformidade com XL - ao Mecânico de Voo cabe efetuar inspeções pré-
a especialização, em articulação com os respectivos Co- vias e posteriores aos voos, corrigindo as discrepâncias,
mandos de Policiamento; quando ocorrerem;
b) instaurar sindicâncias, processos disciplinares sumá-
rios e processos administrativos disciplinares, decidindo XLI - ao Tripulante Operacional cabe executar, com ex-
conforme lei específica; clusividade, as missões operacionais de policiamento aé-
reo, em apoio às atividades policiais militares em terra;
XXXIV - Coordenador II:
XLII - ao Coordenador III cabe coordenar projetos e ativi-
a) coordenar, orientar, controlar, acompanhar e avaliar a dades designados pelo seu superior imediato;
elaboração e execução de programas, projetos e ativida-
des compreendidos na sua área de competência; XLIII - ao Secretário Administrativo I cabe preparar o ex-
b) assessorar e assistir o dirigente em assuntos pertinen- pediente e a correspondência, sob sua responsabilidade
tes à respectiva Unidade; e coordenar e executar as tarefas que lhes sejam come-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

c) propor medidas que propiciem a eficiência e o aper- tidas pelo seu superior imediato.
feiçoamento dos trabalhos a serem desenvolvidos;
§ 1º O Comandante-Geral da Polícia Militar é respon-
XXXV - Ao Assessor de Comunicação Social I cabe coor- sável, em nível de administração direta, perante o Go-
denar, executar, controlar e acompanhar as atividades vernador do Estado, pela administração e emprego da
de comunicação social da Polícia Militar, em estreita ar- Corporação.
ticulação com o órgão competente;
§ 2º O Subcomandante-Geral da Polícia Militar terá
XXXVI - Subcomandante de Companhia Independente: precedência funcional e hierárquica sobre os demais in-
tegrantes da Corporação, exceto sobre o Comandante-
a) substituir o Comandante de Companhia Independen- -Geral.
te em seus impedimentos eventuais;
b) fiscalizar o cumprimento de normas e diretrizes ema- § 3º O Governador do Estado poderá, em casos de excep-

52
cional relevância, avocar a atribuição prevista no inciso Art. 62 Os 1º, 2º, 3º, 9º, 10º, 13º e 21º Batalhões de
I, alínea “o”, deste artigo, e redirecioná-la, a seu critério, Polícia Militar passam a exercer atividades de Ensino,
ao Secretário da Segurança Pública. Instrução e Capacitação, mantidas as suas respectivas
numerações originais, e a atividade de policiamento os-
§ 4º Os ocupantes de cargos em comissão da Polícia Mi- tensivo comunitário das áreas de policiamento dos 10º
litar da Bahia poderão exercer outras atribuições ineren- e 13º Batalhões de Polícia Militar passa a ser executada
tes aos respectivos cargos, necessários ao cumprimento por Companhias Independes de Polícia Militar.
de suas competências.
Art. 63 A Polícia Militar observará o Regulamento In-
Capítulo VI terno e de Serviços Gerais do Exército (R1) e o Regula-
DAS DISPOSIÇÕES GERAIS E TRANSITÓRIAS mento de Continências, Honras e Sinais de Respeito das
Forças Armadas (R2), o primeiro com as modificações
Art. 58 Constituem Comissões Permanentes da Polícia necessárias às peculiaridades da PMBA e o último com
Militar, que se regem por legislação específica: as adaptações relacionadas com os Poderes do Estado,
ficando delegada competência ao Comandante-Geral
I - Conselho de Mérito da Polícia Militar; para editar, no prazo de 90 (noventa) dias, por Portaria,
o Regulamento Interno e de Serviços Gerais, o Regula-
II - Comissão de Promoção de Oficiais da PMBA; mento de Continências, Honras, Sinais de Respeito e Ce-
rimonial Militar Estadual e o Regulamento de Uniformes
III - Comissão de Promoção de Praças da PMBA; da Polícia Militar da Bahia.

IV - Comissão Permanente Revisional do Regulamento Art. 64 Ficam criadas, na estrutura da Polícia Militar da
de Uniformes da PMBA. Bahia, as seguintes unidades:

Parágrafo Único. Eventualmente, a critério do Coman- I - o Departamento de Promoção Social;


dante-Geral, poderão ser criadas outras Comissões, des-
tinadas a realizar estudos específicos. II - o Departamento de Polícia Comunitária e Direitos
Humanos;
Art. 59 O Conselho de Mérito da Polícia Militar, de ca- III - o Departamento de Auditoria e Finanças;
ráter permanente, tem por finalidade apreciar, analisar,
julgar e deliberar sobre as propostas de concessão de IV - o Comando de Policiamento da Região Sudoeste;
comendas, que se rege por legislação específica.
V - o Comando de Policiamento da Região da Chapada;
Art. 60 As Comissões de Promoção, de caráter perma-
nente, têm por finalidade organizar, apreciar, analisar, VI - o Batalhão Especializado de Policiamento de Even-
julgar e deliberar sobre todas as fases do processo de tos;
promoções dos militares do Estado da Bahia, que se rege
por legislação específica, bem como solicitar pronuncia- VII - Batalhão Especializado de Polícia Turística;
mento à Procuradoria Geral do Estado, quando houver
questão jurídica relevante. VIII - o Batalhão de Operações Policiais Especiais;

Parágrafo Único. Além das promoções ordinárias, por IX - 02 (dois) Esquadrões de Polícia Montada, com sede
antiguidade e por merecimento, o disposto no caput nos Municípios de Feira de Santana e Itabuna;
deste artigo se aplica às promoções em ressarcimento
de preterição, post mortem e por bravura, e aos recursos X - 02 (dois) Esquadrões de Motociclistas com sede no
delas decorrentes. Município de Feira de Santana e Vitória da Conquista;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

Art. 61 A Comissão Permanente Revisional do Regula- XI - 02 (duas) Companhias Independentes de Polícia de


mento de Uniformes da PMBA, de caráter permanente, Guarda com sede nos Municípios de Feira de Santana e
tem por finalidade apreciar, analisar, julgar e deliberar Itabuna;
sobre questões atinentes ao Regulamento de Uniformes
XII - 17 (dezessete) Companhias Independentes de Po-
da PMBA, conforme legislação específica.
lícia Militar;
Parágrafo Único. Caberá à Comissão Permanente Re-
XIII - 03 (três) Companhias Independentes de Policia-
visional do Regulamento de Uniformes da PMBA emitir
mento Especializado;
parecer sobre a similaridade das fardas e uniformes uti-
lizados pelas Guardas Municipais e empresas de segu-
XIV - 06 (seis) Companhias Independentes de Policia-
rança, conforme a legislação específica.
mento Tático, subordinadas diretamente, cada uma, aos

53
Comandos de Policiamento da Região Norte, Sul, Leste, II - símbolo DAS-2C: 02 (dois) cargos de Assessor Espe-
Oeste, Chapada e Sudoeste; cial, 01 (um) cargo de Assistente Militar I, 01 (um) cargo
de Comandante de Grupamento Aéreo, 01 (um) cargo
XV - 01 (uma) Companhia Independente de Polícia Fa- de Subcomandante de Operações Policiais Militares, 01
zendária; (um) cargo de Subcomandante de Operações de Inte-
ligência, 11 (onze) cargos de Subcomandante de Poli-
XVI - 01 (uma) Companhia Independente de Comando ciamento, 02 (dois) cargos de Diretor Adjunto, 01 (um)
e Serviços; cargo de Corregedor Adjunto, 08 (oito) cargos de Diretor
Adjunto de Departamento, 01 (um) cargo de Ouvidor, 01
XVII - 05 (cinco) Colégios da Polícia Militar; (um) cargo de Diretor Adjunto do Instituto de Ensino e
Pesquisa, 04 (quatro) cargos de Coordenador I e 01 (um)
XVIII - 06 (seis) Núcleos de Gestão Administrativa e Fi- cargo de Coordenador de Saúde;
nanceira, subordinados, cada um, aos Comandos de Po-
liciamento da Região Norte, Sul, Leste, Oeste, Chapada III - símbolo DAS-2D: 03 (três) cargos de Comandante
e Sudoeste; de Batalhão, 01 (um) cargo de Subcomandante de Gru-
pamento Aéreo, 14 (quatorze) cargos de Coordenador
XIX - o Centro de Gestão Estratégica; Técnico, 08 (oito) cargos de Diretor do Colégio da Polícia
Militar, 12 (doze) cargos de Comandante de Aeronaves e
XX - o Centro Corporativo de Projetos;
09 (nove) cargos de Chefe de Núcleo;
XXI - o Centro de Arquitetura e Engenharia;
IV - símbolo DAS-3: 08 (oito) cargos de Diretor Adjunto
do Colégio da Polícia Militar, 03 (três) cargos de Subco-
XXII - o Centro de Educação Física e Desportos;
mandante de Batalhão, 04 (quatro) cargos de Coman-
dante de Esquadrão, 44 (quarenta e quatro) cargos de
XXIII - o Centro de Material Bélico.
Coordenador II e 30 (trinta) cargos de Comandante de
§ 1º As Companhias Independentes de Polícia Militar, Companhia Independente;
criadas neste artigo, ficarão sediadas nos Municípios,
conforme distribuição abaixo: V - símbolo DAI-4: 30 (trinta) cargos de Subcomandante
a) 83ª CIPM - Barreiras; de Companhia Independente, 15 (quinze) cargos de Co-
b) 84ª CIPM - Barreiras; mandante de Companhia, 04 (quatro) cargos de Subco-
c) 85ª CIPM - Luís Eduardo Magalhães; mandante de Esquadrão, 34 (trinta e quatro) cargos de
d) 86ª CIPM - Formosa do Rio Preto; Comandante de Base Comunitária de Segurança e 32
e) 87ª CIPM - Teixeira de Freitas; (trinta e dois) cargos de Coordenador III;
f) 88ª CIPM - Alcobaça;
g) 89ª CIPM - Mucuri; VI - símbolo DAI-5: 01 (um) cargo de Secretário Admi-
h) 90ª CIPM - Riachão do Jacuípe; nistrativo I.
i) 91ª CIPM - Capim Grosso;
j) 92ª CIPM - Vitória da Conquista; Art. 66 Ficam extintos, na estrutura de cargos em comis-
k) 93ª CIPM - Maracás; são da Polícia Militar da Bahia, os seguintes cargos:
l) 94ª CIPM - Caetité;
m) 95ª CIPM ? Catu; I - símbolo DAS-2B: 01 (um) cargo de Coordenador de
n) 96ª CIPM - Sobradinho; Missões Especiais e 03 (três) cargos de Comandante de
o) 97ª CIPM - Irará; Policiamento Regional da Capital;
p) 98ª CIPM - Ipirá;
q) 99ª CIPM - Amargosa. II - símbolo DAS-2C: 03 (três) cargos de Diretor;
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

§ 2º As Companhias Independentes de Policiamento III - símbolo DAS-2D: 01(um) cargo de Comandante de


Especializado ficam localizadas nas Regiões Noroeste, Grupamento Aéreo, 01 (um) cargo de Coordenador Ad-
Central e Chapada. junto, 01 (um) cargo de Subcomandante de Operações
Policiais Militares, 01 (um) cargo de Corregedor Adjunto,
Art. 65 Ficam criados, na estrutura de cargos em comis- 06 (seis) cargos de Subcomandante de Policiamento, 03
são da Polícia Militar da Bahia, os seguintes cargos em (três) cargos de Subcomandante de Policiamento Regio-
comissão: nal da Capital, 10 (dez) cargos de Diretor Adjunto e 01
(um) cargo de Assistente Militar II;
I - símbolo DAS-2B: 01 (um) cargo de Diretor do Instituto
de Ensino e Pesquisa, 02 (dois) cargos de Diretor de Ensi- IV - símbolo DAS-3: 12 (doze) cargos de Comandante
no, 01 (um) cargo de Diretor de Departamento, 05 (cin- de Aeronaves.
co) cargos de Comandante de Policiamento e 01 (um)
cargo de Comandante de Operações de Inteligência; Art. 67 Ficam alteradas as denominações das seguintes
unidades:

54
I - a Coordenadoria de Missões Especiais passa a deno- nível superior, devidamente reconhecido pelo Ministério
minar-se Comando de Operações de Inteligência; da Educação, é facultado o direito de transferirem-se
para o Quadro de Oficiais Especialistas Policiais Milita-
II - o Departamento de Ensino passa a denominar-se res - QOEPM.
Instituto de Ensino e Pesquisa;
§ 1º O direito de transferência de que trata o caput deste
III - o Departamento de Planejamento passa a deno- artigo deverá ser formalizado por requerimento junta-
minar-se Departamento de Planejamento, Orçamento e mente com a apresentação de cópia do diploma de nível
Gestão; superior até 31 de dezembro de 2020.

IV - o Batalhão de Apoio Operacional passa a denomi- § 2º Será composta uma Comissão, por Portaria do Co-
nar-se Batalhão de Polícia de Reforço Operacional. mando-Geral, para avaliar o cumprimento dos requisi-
tos estabelecidos para a opção.
Art. 68 Ficam extintas, na estrutura organizacional da
§ 3º Esta transferência será feita em caráter irretratá-
Polícia Militar da Bahia, as seguintes unidades:
vel, e a situação funcional dos transferidos será regida,
exclusivamente, pelas normas legais e regulamentares
I - o Departamento de Finanças; inerentes ao novo Quadro.
II - a Auditoria; Art. 74 Os atuais ocupantes do Quadro de Oficiais de
Saúde da Polícia Militar com formação médica ou mé-
III - o Serviço de Valorização Profissional - SEVAP. dica veterinária e com formação em odontologia passa-
rão a integrar respectivamente o Quadro de Oficiais de
Art. 69 Ficam extintas, na estrutura organizacional da Saúde da Polícia Militar/Médico - QOSPM/Médico e o
Polícia Militar da Bahia, o Comando de Operações de Quadro de Oficiais de Saúde da Polícia Militar/Odontó-
Bombeiros Militares, o Centro de Atividades Técnicas logo - QOSPM/Odontólogo.
de Bombeiros Militares, o Comando Regional de Ope- Parágrafo Único. Após o enquadramento de que trata o
rações de Bombeiros Militares da Região Metropolitana caput deste artigo fica extinto o Quadro de Oficiais de
de Salvador - RMS, o Comando Regional de Operações Saúde da Polícia Militar.
de Bombeiros Militares do Interior e os Grupamentos de
Bombeiros Militares, Unidades referentes ao Corpo de Art. 75 Fica o Poder Executivo autorizado a promover, no
Bombeiros Militar. prazo de 90 (noventa) dias, os atos necessários:
Art. 70 Ficam extintos, na estrutura de cargos em comis- I - à expedição dos atos normativos indispensáveis a sua
são da Polícia Militar da Bahia, 02 (dois) cargos de Co-
aplicação;
mandante Regional de Operações de Bombeiros Milita-
res, símbolo DAS-2C, 01 (um) cargo de Diretor, símbolo
II - às modificações orçamentárias que se fizerem neces-
DAS-2C, 03 (três) cargos de Subcomandante de Opera-
ções de Bombeiros Militares, símbolo DAS-2D, e 01 (um) sárias ao cumprimento do disposto nesta Lei, respeita-
cargo de Diretor Adjunto, símbolo DAS-2D, referentes ao dos os valores globais constantes do Orçamento.
Corpo de Bombeiros Militar.
Art. 76 Fica revogada a Lei nº 9.848, de 29 de dezembro
Art. 71 Ficam remanejados, da estrutura de cargos em de 2005.
comissão da Polícia Militar da Bahia, para o Corpo de
Bombeiros Militar da Bahia - CBMBA, 01 (um) cargo Art. 77 Esta Lei entra em vigor 60 (sessenta) dias da data
de Comandante de Operações de Bombeiros Militares, de sua publicação.
símbolo DAS-2B, 15 (quinze) cargos de Comandante
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

de Grupamento, símbolo DAS-2D, 15 (quinze) cargos PALÁCIO DO GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA, em 09


de Subcomandante de Grupamento, símbolo DAS-3, 31 de dezembro de 2014.
(trinta e um) cargos de Coordenador II, símbolo DAS-3, e
15 (quinze) cargos de Comandante de Subgrupamento,
símbolo DAI-4.

Art. 72 A partir de 31 de dezembro de 2020, o Quadro


de Oficiais Auxiliares Policiais Militares - QOAPM será
extinto à medida que ocorrer a vacância dos respectivos
postos, sendo vedados, a partir desta data, novos ingres-
sos.

Art. 73 Aos Oficiais do Quadro de Oficiais Auxiliares


Políciais Militares - QOAPM, portadores de diploma de

55
4. (PC-SP – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP –
2018) Lei estadual que vede a realização de processo sele-
HORA DE PRATICAR! tivo para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e pe-
las entidades do poder público estadual fere o princípio da:
1. (PC-AC – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – 2017)
Quanto aos temas órgão público, Estado, Governo e Admi- a) eficiência.
nistração Pública, é correto afirmar que: b) legalidade.
c) impessoalidade.
a) governo democraticamente eleito e Estado são noções d) segurança jurídica.
intercambiáveis para o Direito Administrativo. e) continuidade do serviço público.
b) um órgão público estadual pode ser criado por meio de
Decreto do Chefe do Poder Executivo Estadual ou por 5.(PC-BA – INVESTIGADOR DE POLÍCIA – VUNESP –
meio de Portaria de Secretário de Estado, desde que edi- 2018) Se um determinado agente público se vale de uma
tada por delegação do Governador. competência que lhe é legalmente atribuída para praticar
c) fala-se em Administração Pública Extroversa para frisar a um ato válido, mas que possui o único e exclusivo objetivo
relação existente entre Administração Pública e seu cor- de prejudicar um desafeto, é correto afirmar que tal condu-
po de agentes públicos. ta feriu o princípio da:
d) a Administração Pública, sob o enfoque funcional, é re-
presentada pelos agentes públicos e seus bens. a) finalidade, que impõe aos agentes da Administração o
e) o órgão público é desprovido de personalidade jurídica. As- dever de manejar suas competências obedecendo rigo-
sim, eventual prejuízo causado pela Assembleia Legislativa rosamente à finalidade de cada qual.
do Estado do Acre deve ser imputado ao Estado do Acre. b) supremacia do interesse público sobre o interesse priva-
do, que é princípio geral de direito inerente a qualquer
sociedade.
2. (POLÍCIA FEDERAL – AGENTE DE POLÍCIA FEDERAL
c) razoabilidade, pelo qual o Administrador, na atuação
– CESPE – 2018) Acerca da organização da administração
discricionária, terá de obedecer a critérios aceitáveis do
pública brasileira, julgue o item subsequente.
ponto de vista racional, com o senso normal.
Sob a perspectiva do critério formal adotado pelo Brasil, so-
d) proporcionalidade, já que a Administração não deve to-
mente é administração pública aquilo determinado como tal
mar medidas supérfluas, excessivas e que passem do es-
pelo ordenamento jurídico brasileiro, independentemente da
tritamente necessário à satisfação do interesse público.
atividade exercida. Assim, a administração pública é compos-
e) motivação, porque a Administração deve, no mínimo,
ta exclusivamente pelos órgãos integrantes da administração
esclarecer aos cidadãos aos razões pelas quais foram to-
direta e pelas entidades da administração indireta.
madas as decisões.

( ) CERTO ( ) ERRADO
3. (PC-PE – DELEGADO DE POLÍCIA – CESPE – 2016) 6. (PC-PI – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – NUCEPE – 2018)
Considerando os princípios e fundamentos teóricos do di- São, respectivamente, princípios da administração pública
reito administrativo, assinale a opção correta. que propiciam: a) conhecimento público dos atos adminis-
trativos, oportunizado a utilização de mecanismos de con-
a) As empresas públicas e as sociedades de economia mis- trole, quando necessários à adequação do ato ao contexto
ta, se constituídas como pessoa jurídica de direito priva- da legalidade e da moralidade; e b) atos administrativos
do, não integram a administração indireta. com conteúdo impessoal e que visam alcançar não a sa-
b) Desconcentração é a distribuição de competências de tisfação de interesses pessoais ou privados, mas estejam
uma pessoa física ou jurídica para outra, ao passo que sempre voltados ao alcance coletivo:
descentralização é a distribuição de competências den-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

tro de uma mesma pessoa jurídica, em razão da sua or- a) moralidade e publicidade.
ganização hierárquica. b) legalidade e impessoalidade.
c) publicidade e impessoalidade.
c) Em decorrência do princípio da legalidade, é lícito que o
d) impessoalidade e eficiência.
poder público faça tudo o que não estiver expressamen- e) moralidade e legalidade.
te proibido pela lei.
d) A administração pública, em sentido estrito e subjetivo, 7. (PC-SC – COMISSÁRIO DE POLÍCIA – ACAFE – 2008)
compreende as pessoas jurídicas, os órgãos e os agen- Analise as alternativas a seguir e assinale a correta:
tes públicos que exerçam função administrativa.
e) No Brasil, por não existir o modelo da dualidade de jurisdição a) Os órgãos da Administração Pública classificam-se, em
do sistema francês, o ingresso de ação judicial no Poder Ju- relação à posição ocupada na escala administrativa, em
diciário para questionar ato do poder público é condiciona- independentes, autônomos, superiores e subalternos.
do ao prévio exaurimento da instância administrativa. São exemplos de órgãos independentes os Ministérios
e as Secretarias de Estado e de Município.

56
b) Direito Administrativo pode ser conceituado como o a) A administração não pode anular seus próprios atos,
conjunto harmônico de princípios jurídicos que regem quando eivados de vícios que os tornem ilegais.
os órgãos, os agentes e os atos administrativos pratica- b) Não viola o princípio da presunção de inocência a ex-
dos nessa condição, com o intuito de realizar concreta, clusão de certame público de candidato que responda a
direta e imediatamente os fins desejados pelo Estado. inquérito policial ou ação penal sem trânsito em julgado
c) A doutrina, que forma o sistema teórico de princípios da sentença condenatória.
aplicáveis, e a jurisprudência, que reflete a aplicação ob- c) Segundo Hely Lopes Meirelles, o princípio da impessoa-
jetiva desses princípios, são consideradas as fontes pri- lidade, referido na CF/1988 (Art. 37, caput), nada mais é
márias do Direito Administrativo. que o clássico princípio da finalidade, o qual impõe ao
d) O cargo público pertence ao agente público, de modo administrador público que só pratique o ato para atingir
que o Estado não pode suprimi-lo ou alterá-lo sem que o objetivo indicado expressa ou virtualmente pela nor-
haja violação ao direito daquele.
ma de direito, de forma impessoal.
d) Segundo o jurista Alexandre de Moraes, o princípio da
8. (PC-AC – AGENTE DE POLÍCIA CIVIL – IBADE – 2017)
Quanto ao conceito de Direito Administrativo, às responsa- moralidade é o que impõe à administração pública di-
bilidades dos servidores públicos civis, aos atos administra- reta e indireta e a seus agentes a persecução do bem
tivos, ao controle da Administração Pública e ao processo comum, por meio do exercício de suas competências
administrativo regido pela Lei n° 9.784/1999, é correto o de forma imparcial, neutra, transparente, participativa,
que se afirma em: eficaz, sem burocracia e sempre em busca da qualida-
de, primando pela adoção dos critérios legais e morais
a) O administrado tem o direito de ser tratado com respei- necessários para melhor utilização possível dos recur-
to pelas autoridades e servidores. Contudo, este direito sos públicos, de maneira a evitarem-se desperdícios e
não implica na possibilidade de exigência da Adminis- garantir-se maior rentabilidade social.
tração, pelo administrado, de um dever de facilitação do e) Os atos administrativos não são passíveis de controle de
exercício de seus direitos. mérito, bem como de legalidade pelo Poder Judiciário.
b) O Direito Administrativo é um conjunto de regras e
princípios que confere poderes desfrutáveis pelo Esta- 11. (PC-MA – ESCRIVÃO DE POLÍCIA CIVIL – CESPE –
do para a consecução do bem comum e da finalidade 2018) A conduta do agente público que busca o melhor
pública. Esta concepção, portanto, não compreende desempenho possível, com a finalidade de obter o melhor
deveres da Administração em favor dos administrados resultado, atende ao princípio da:
que, para este ramo do direito, são objetos da relação
jurídico administrativa. a) eficiência.
c) Os servidores públicos civis podem, como regra, ser res- b) legalidade.
ponsabilizados, de modo concomitante, nas esferas civil, c) impessoalidade.
criminal e administrativa. d) moralidade.
d) O Poder Judiciário não pode praticar atos administrati- e) publicidade.
vos, mas apenas atos da administração.
e) O controle da Administração Pública no Brasil é realizado
por meio do sistema do contencioso administrativo. 12. (PC-SP – ESCRIVÃO DE POLÍCIA – VUNESP – 2018) A
9. (PC-ES – MÉDICO LEGISTA – FUNCAB – 2013) No Di- razoável duração do processo e o emprego de meios que
reito Administrativo contemporâneo, a expressão que de- assegurem a celeridade na sua tramitação são assegura-
fine o núcleo diretivo do Estado, alterável por eleições e dos, a todos, no âmbito administrativo e revelam direito
responsável pela gerência dos interesses estatais e pelo fundamental que tem por conteúdo os princípios da:
exercício do poder político é:
a) moralidade e reserva legal.
a) Administração Pública. b) nova gestão pública e razoabilidade.
b) Governo. c) isonomia e eficiência.
c) Poder Público. d) legalidade e publicidade.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) Controladoria. e) impessoalidade e indisponibilidade do interesse público.


e) Gerência Fiscal.
13. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) De
10.(PC-RS – DELEGADO DE POLÍCIA BLOCO II – FUNDA- acordo com a jurisprudência do STF e do STJ, é correto afir-
TEC – 2018) O artigo 37 da Constituição Federal de 1988 mar que o servidor em desvio de função:
lista os princípios inerentes à Administração Pública, que
são: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e a) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido
de fato e à remuneração correspondente a partir daque-
eficiência. A incumbência desses princípios é dar unidade
le ato.
e coerência ao Direito Administrativo do Estado, contro-
b) tem direito ao reenquadramento para o cargo exercido
lando as atividades administrativas de todos os entes que
de fato, se houver previsão legal, além da remuneração
integram a federação brasileira. Tendo por base essa ideia correspondente a partir daquele ato e indenização cor-
inicial, assinale a alternativa correta. respondente às diferenças remuneratórias relativas ao
período pretérito.

57
c) não tem direito às diferenças de vencimentos de um ( ) O vencimento do cargo efetivo, acrescido das vanta-
e outro cargo, porque vedado ao Judiciário conceder gens de caráter permanente, é irredutível.
equiparação ou aumento de vencimentos com base na ( ) Mediante autorização do servidor ou judicial, poderá
isonomia. haver consignação em folha de pagamento em favor
d) tem direito às diferenças de vencimentos de um e outro de terceiros, a critério da administração e com repo-
cargo a título de indenização, mantido, porém, no cargo sição de custos, sendo certo que o total de consigna-
efetivo. ções facultativas não excederá a 50% (cinquenta por
cento) da remuneração mensal.
( ) Nenhum servidor receberá remuneração inferior ao
14. (TRT2-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018) De
salário mínimo.
acordo com a Lei no 8.112/1990, como medida cautelar e
( ) O vencimento, a remuneração e o provento não se-
a fim de que o servidor não venha a influir na apuração da rão objeto de arresto, sequestro ou penhora, ainda
irregularidade, a autoridade instauradora do processo dis- que nos casos de prestação de alimentos resultante
ciplinar poderá determinar o seu afastamento do exercício de decisão judicial.
do cargo, pelo prazo de até 60 dias, sem prejuízo da remu- ( ) Além do vencimento, poderão ser pagas ao servi-
neração. Ocorrendo o término desses 60 dias: dor vantagens, como as indenizações, gratificações
e adicionais.
a) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente,
ainda que não concluído o processo. a) F – V – V – F – V
b) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, b) F – F – V – V – F
findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não c) V – V – V – F – V
concluído o processo. d) V – F – V – F – V
c) o afastamento poderá ser prorrogado por igual prazo, e) V – V – F – F – V
findo o qual cessarão os seus efeitos, exceto se o pro-
cesso não tiver sido concluído, hipótese em que poderá 17. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FA-
ser prorrogado pelo prazo máximo de 180 dias. ZENDEIRO – CESPE – 2018) Em 2013, Maria foi aprovada
d) deverá o servidor retornar ao serviço imediatamente, ex- em concurso público para o cargo de analista da secre-
taria de saúde de um estado. Em 2014, ela foi nomeada,
ceto se o processo não tiver sido concluído, hipótese em
tomou posse e entrou em exercício. Terminado o período
que o afastamento poderá ser prorrogado pelo prazo de estágio probatório e realizada a avaliação especial de
máximo de trinta dias. desempenho de Maria, ela passou a ser servidora estável.
e) o afastamento poderá ser prorrogado por mais 180 dias, Em janeiro de 2018, o cargo ocupado por Maria foi extinto
findo o qual cessarão os seus efeitos, ainda que não por desnecessidade.
concluído o processo. Considerando-se as disposições constitucionais referentes
à administração pública e aos servidores públicos, é correto
afirmar que Maria
a) será reintegrada em novo cargo na secretaria de saúde
15.(UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018) do estado, recebendo remuneração equivalente ao car-
João de Oliveira, servidor público federal, investido no car- go extinto, por ser servidora estável.
go efetivo de Servidor Técnico-Administrativo em Educação b) deverá ser reconduzida para outro órgão do Poder Exe-
da UFAM há 1 (um) ano e 8 (oito) meses, pretende solicitar
cutivo, caso não haja outro cargo disponível em seu ór-
licença para acompanhar sua cônjuge, que foi deslocada
para outro ponto do território nacional. Conforme dispõe gão de origem, devendo receber remuneração equiva-
a Lei nº. 8.112/1990, é correto afirmar a esse respeito que: lente ao cargo extinto.
c) perderá a estabilidade, devendo realizar nova avaliação
a) O servidor não pode acompanhar o cônjuge, tendo em de desempenho para outro cargo na secretaria de saúde
vista que se encontra em estágio probatório do estado.
b) A licença será por prazo indeterminado e sem remune- d) ficará em disponibilidade, com remuneração proporcio-
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

ração. nal ao tempo de serviço, até seu adequado aproveita-


c) A licença será por prazo indeterminado e com remune- mento em outro cargo.
ração. e) será indenizada pela administração e aproveitada em
d) A licença será por prazo determinado e com remune- outro cargo disponível, com remuneração proporcional
ração. ao tempo de serviço.
e) A licença será por prazo determinado e sem remunera-
ção. 18. (TRT15-SP – TÉCNICO JUDICIÁRIO – FCC – 2018) A
Administração pública federal relaciona-se com seu pesso-
16. (UF-AM – PSICÓLOGO – COMVEST UFAM – 2018) A al por meio de distintos regimes, dentre os quais o estabe-
respeito dos direitos e vantagens assegurados ao servidor lecido pela Lei n° 8.112/1990, que é aplicável:
público federal na Lei nº. 8.112/90, analise as afirmativas,
identificando com “V” as verdadeiras e com “F” as falsas, a) ao servidor civil da Administração pública federal dire-
assinalando a seguir a alternativa que possui a sequência ta, autárquica e fundacional pública, investido em cargo
correta de cima para baixo: público.

58
b) aos empregados públicos e servidores da Administração b) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
pública federal direta e indireta, inclusive o temporário. por meio de recondução, desde que seja no mesmo car-
c) ao servidor civil e militar, investido ou não em cargo pú- go ou no resultante de sua transformação.
blico, desde que vinculado à Administração pública di- c) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
reta federal. por meio de reintegração, desde que o servidor não te-
d) ao servidor civil, empregado público, titular de cargo em nha completado 75 anos de idade, nos termos da Lei
comissão e temporário das pessoas jurídicas de direito 8.112/90.
público federal, em razão do regime jurídico único. d) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
e) a todos os servidores federais civis e aos servidores ci- por meio de reversão, independentemente de declara-
vis dos demais entes federativos e pessoas jurídicas de ção de insubsistência dos motivos da aposentadoria por
direito público a eles vinculadas, em razão do princípio junta médica oficial, nos termos da Lei 8.112/90.
federativo.
e) Há possibilidade de restabelecimento do vínculo ativo
por meio de reversão, desde que observada a declara-
19. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN-
DÁRIO – CESPE – 2018) Com relação à responsabilidade ção de insubsistência dos motivos da aposentadoria por
de servidor público que deixe de praticar indevidamente junta médica oficial, nos termos da Lei 8.112/90.
ato de ofício, assinale a opção correta:
22. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
a) Sanções penais e administrativas não poderão ser cumu- IDECAN – 2018) De acordo com a Lei 8.112/90, considera-
ladas, ainda que caracterizadas a materialidade e a auto- -se da família do servidor:
ria da conduta do servidor.
b) Servidor não poderá responder penal e administrativa- a) apenas o cônjuge e os filhos.
mente por um mesmo fato referente ao exercício irregu- b) somente os parentes de primeiro grau.
lar de suas funções. c) apenas os parentes de até segundo grau.
c) Servidor responderá criminalmente pela conduta apenas d) qualquer pessoa que viva às suas expensas e conste do
depois de concluído o processo administrativo referente seu assentamento individual.
à responsabilização. e) somente o cônjuge e os parentes consanguíneos ou
d) A responsabilidade administrativa de servidor pela prá- afins, até o segundo grau ou por adoção.
tica da infração em questão poderá ser afastada se hou-
ver absolvição criminal que negue a existência do fato
23. (SEAD-AP – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) O
ou a sua autoria.
agente público, empregado de uma sociedade de econo-
e) A responsabilidade administrativa do servidor pela con-
duta em questão não poderá ser afastada mesmo no mia mista, que se utilizou dos caminhões da empresa para
caso de absolvição criminal que negue a existência do fazer remoção de terra de terreno de sua propriedade no
fato ou a sua autoria. curso da construção de sua casa de veraneio:
20. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN- a) comete ato de improbidade, sob a modalidade que gera
DÁRIO – CESPE – 2018) Helena, servidora pública, reque- prejuízo ao erário, o que dispensa a prova de culpa, fi-
reu aposentadoria após ter cumprido os requisitos legais cando absorvida a responsabilidade funcional.
para tal. A aposentadoria foi concedida, mas Helena, por b) pode ser disciplinarmente punido, mediante regular
processo administrativo, não incidindo a lei de improbi-
ter tido ciência do interesse da administração pública em
dade por se tratar de empregado público, sujeito, por-
seu retorno, resolveu solicitar, depois de meses, o retorno
tanto, a regime celetista.
às atividades do cargo que desempenhara. c) incide em potencial responsabilidade criminal e civil, não
Nessa situação hipotética, Helena solicitou: se tipificando ato de improbidade em relação à pessoa
jurídica sujeita a regime jurídico de direito privado, salvo
a) readaptação. se demonstrado prejuízo ao capital social composto por
b) reversão. recursos públicos.
c) reintegração. d) comete ato de improbidade, em virtude de enriqueci-
d) recondução.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

mento ilícito, tendo em vista que as empresas estatais,


e) remoção. integrantes da Administração pública indireta, podem
ser sujeitos passivos daquela infração.
e) não se exime de responsabilidade administrativa, crimi-
21. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
nal e civil, mas a configuração de ato de improbidade
IDECAN – 2018) Determinado servidor federal, aposenta-
depende da comprovação de que o poder público con-
do por invalidez, teve o quadro clínico que comprometia corre com mais de 50% da receita anual da empresa.
seu desempenho e em razão do qual se aposentou inte-
gralmente superado. No que se refere ao possível restabe- 24. (IF-MT – DIREITO – IF-MT – 2018) Considerando a Lei
lecimento do vínculo funcional ativo com a Administração 8.112/1990, é correto afirmar:
Pública, assinale a alternativa correta:
a) Cargo público é o conjunto de atribuições e responsa-
a) Não há possibilidade de restabelecimento do vínculo ati- bilidades previstas em edital de concurso público que
vo por meio do instituto da reversão. devem ser cometidas a um servidor.

59
b) Cargo público é o conjunto de atribuições e competên- 28. (MPE-PE – TÉCNICO MINISTERIAL – FCC – 2018)
cias previstas na estrutura organizacional que devem ser A edição de um decreto municipal que, pretendendo in-
cometidas a um servidor. centivar a reciclagem de lixo, estabelece a concessão de
c) Cargo público é o conjunto de atividades previstas no prêmios aos moradores que conseguirem comprovar de-
Plano de Carreiras que devem ser cometidas a um ser- terminadas quantidades de seleção, coleta e entrega nas
vidor. oficinas especializadas, bem como estabelece multas para
d) Cargo público é o conjunto de atribuições e responsabi- aqueles que não o fizerem:
lidades previstas na estrutura organizacional que devem
ser cometidas a um servidor. a) configura expressão do poder normativo do ente públi-
e) Cargo público é a prestação de serviços gratuitos previs- co, na medida em que disciplina gestão de serviços pú-
tos na Constituição da República Federativa do Brasil de blicos de sua titularidade e o manejo de verbas públicas
1998 que devem ser cometidas a um servidor. disponíveis.
b) excede o poder normativo do município, que pode se
25. (CÂMARA MUNICIPAL DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS-
prestar apenas a disciplinar e explicitar a operacionaliza-
-SP – TÉCNICO LEGISLATIVO – VUNESP – 2018) A impo-
sição de uma multa ao motorista que desrespeita o sinal ção de disposições legais.
vermelho consiste em uma sanção decorrente do exercício, c) se insere no poder de polícia do ente, que pode instituir
pela Administração Pública, do Poder: e aplicar multas àqueles que descumprirem a disciplina
normativa editada pelo ente.
a) Hierárquico. d) configura excesso de poder normativo, já que extrapola
b) Vinculado. os limites materiais admitidos para os decretos autôno-
c) Discricionário. mos do Chefe do Executivo, ingressando em matéria de
d) Normativo. lei.
e) de Polícia. e) pode ser convalidado se restar comprovado que o inte-
resse público está presente, bem como que a população
26. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN- concorda com a instituição de prêmios e multas.
DÁRIO – CESPE – 2018) A responsabilização de servidor
público que tenha negado publicidade a atos oficiais terá
como fundamento os poderes: 29. (PGE-PE – PROCURADOR DO ESTADO – CESPE –
2018) À luz da jurisprudência dos tribunais superiores so-
a) disciplinar e hierárquico. bre o poder de polícia, o poder disciplinar, o poder nor-
b) de polícia e disciplinar. mativo e o dever de probidade na administração pública,
c) hierárquico e de polícia. assinale a opção correta:
d) regulamentar e de polícia.
e) hierárquico e regulamentar. a) Cabe aos conselhos regionais de farmácia, no exercício
27. (TJ-RN – JUIZ LEIGO – COMPERVE – 2018) Maria, es- do poder de polícia, licenciar e fiscalizar as condições
tudante do último período de direito, ouviu comentários de funcionamento dos estabelecimentos farmacêuticos.
de que o reitor de sua universidade não entregaria os di- b) O pagamento de multa resultante de autuação por
plomas para os concluintes do curso naquele ano, diante agente de trânsito não implica a desistência da discus-
da crise econômica nacional e do superlotado mercado de são judicial da infração.
trabalho jurídico. Intrigada com o conteúdo das fofocas, c) A configuração de ato de improbidade administrativa re-
Maria mandou mensagem de WhatsApp para o grupo da quer que haja enriquecimento ilícito ou danos ao erário.
turma e logo recebeu inúmeros links de notícias corrobo- d) A ocorrência do ato de improbidade administrativa, em
rando com o conteúdo dos comentários. O pavor, então, se regra, viabiliza a reparação por dano moral coletivo.
tornou generalizado naquela instituição de ensino superior. e) Em razão do poder disciplinar da administração públi-
Aflitos, os estudantes montaram comissão para pesquisar ca, é admissível que edital de concurso público proíba a
o tema e logo descobriram que a entrega de diplomas é participação de candidatos tatuados.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) ato discricionário, o que realmente permite tal postura 30. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
CESPE – 2018) No exercício da sua função, o analista de
do reitor, porém, sem inviabilizar o seu controle judicial.
controle externo:
b) ato discricionário, o que realmente permite tal postura
do reitor bem como inviabiliza o seu controle judicial.
a) poderá, motivadamente, invocar a reserva administrativa
c) ato vinculado, o que impede o reitor de se negar a en- do possível quando não puder fazer determinado em-
tregar tais documentos pelos motivos citados, fato que preendimento.
pode ser controlado em via judicial e também na esfera b) levará o ato administrativo à anulação caso o tenha rea-
administrativa. lizado com abuso de poder.
d) ato vinculado, o que impede o reitor de se negar a entre- c) terá de restituir diretamente o particular contra o qual
gar tais documentos pelos motivos citados, fato que não tiver cometido ato caracterizado como abuso de poder.
pode ser controlado em via judicial, mas, sim, na esfera d) tem a opção de utilizar ou dispensar o poder adminis-
administrativa. trativo para agir.

60
e) poderá renunciar, em caso concreto, ao poder-dever de 34. (SEFAZ-SC - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
agir na hipótese de omissão específica. AL – FCC – 2018) Dentre os poderes atribuídos à Adminis-
tração pública, o poder:
31. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
CESPE – 2018) O regulamento editado por autoridade a) regulamentar suscita maiores controvérsias, porque pas-
competente da administração pública, em atendimento a sível de ser atribuído à Administração direta, incluídas as
norma legal, para prover matéria reservada a lei é um re- entidades paraestatais, para o desempenho regular de
gulamento: suas funções executivas.
b) normativo não pode ser exercido pelos entes que inte-
a) subordinado. gram a Administração indireta, à exceção das agências
b) autônomo. reguladoras, por conta de sua independência e autono-
c) executivo. mia.
d) delegado. c) disciplinar é aplicável a todos os entes da Administração
e) independente. indireta, que se sujeitam à Administração central para
fins de processamento dos processos disciplinares ins-
32. (SEGEP-MA – AUXILIAR FISCALIZAÇÃO AGROPE- taurados contra seus servidores.
CUÁRIA – FCC – 2018) Entre os poderes administrativos, d) hierárquico pode implicar viés disciplinar, a exemplo da
pode-se citar o poder regulamentar, que apresenta, como apuração de infrações cometidas por servidores públi-
sua principal expressão: cos integrantes dos quadros da Administração direta.
e) de polícia pode ser delegado somente aos entes inte-
a) a concessão de autorizações e licenças a cidadãos para o
grantes da Administração indireta que tenham persona-
desempenho de atividades de interesse público.
b) a possibilidade de disciplinar, de forma autônoma por lidade jurídica de direito público, a exemplo das agên-
ato do Executivo, o regime jurídico de seus servidores. cias executivas no que concerne ao papel fiscalizador
c) a prática de atos materiais de organização do trabalho que exercem sobre a prestação de serviços públicos.
dos órgãos e entidades da Administração pública, como
distribuição de tarefas entre os servidores. 35. (SEDURB-PB – AGENTE DE CONTROLE URBANO –
d) a edição de decretos, no exercício de competência pri- IBADE – 2018) Considera-se a atividade da Administração
vativa do Chefe do Poder Executivo, para fiel execução Pública que, limitando ou disciplinando direito, interesse
de lei em vigor. ou liberdade, regula a prática de ato ou abstenção de fato,
e) a disciplina relativa à prestação de serviços públicos por em razão de interesse público concernente à segurança, à hi-
concessionárias e permissionárias, visando à sua regula- giene, à ordem, aos costumes, à disciplina da produção e do
ridade e modicidade tarifária. mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes
33. (SEFAZ-SC - AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU- de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilida-
AL – FCC – 2018) Atenção: A questão refere-se a Direito de pública ou ao respeito à propriedade e aos direitos indivi-
Administrativo II. duais ou coletivos. Tal conceito se refere ao poder:
Diante de um novo contrato firmado por uma autarquia,
o administrador precisava designar o servidor responsá- a) vinculado.
vel pela coordenação das tarefas inerentes à execução da b) regulamentar.
avença. Dentre os membros da equipe competente para a c) de polícia.
execução do contrato, nenhum dos servidores se dispôs d) discricionário.
a assumir a coordenação, o que levou o gestor público a
e) hierárquico.
designar, de ofício, aquele que tinha mais experiência no
setor. A atuação do administrador:
36. (UDESC – TÉCNICO UNIVERSITÁRIO DE SUPORTE –
a) se insere dentro do poder disciplinar que lhe é inerente, ten- UDESC – 2018) A lei permite à Administração Pública apli-
do em vista que a recusa dos servidores para a coordenação car penalidades às infrações funcionais de seus servidores,
sendo que a aplicação da punição, por parte do superior
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

do trabalho exigiu o sancionamento por parte da chefia.


b) é compatível como exercício do poder hierárquico, que hierárquico, é um poder-dever, pois se não o fizer incor-
implica o gerenciamento de tarefas e o sancionamento rerá em crime contra Administração Pública. Esta hipótese
discricionário diante da recusa dos servidores. refere-se ao exercício de poder:
c) é expressão do poder normativo, considerando que o
ato de designação do servidor para exercer as funções a) disciplinar
de coordenador não tem natureza de ato administrativo. b) discricionário
d) adequa-se ao desempenho do poder hierárquico, que c) hierárquico
abrange a possibilidade de designação, de ofício, de ta- d) punitivo do Estado
refas aos servidores integrantes do quadro, observado o e) de Polícia
respectivo âmbito de atuação.
e) está abrangida pelo poder de polícia em sentido am- 37.(MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO
plo, que também inclui o gerenciamento e limitação das – MPE-BA – 2018) Sobre a atuação das agências regula-
condutas dos servidores a ele subordinados. doras no funcionamento dos serviços públicos objetos de

61
concessão, permissão e autorização, a doutrina moderna 40. (SEAD-AP – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO – FCC –
vem abordando, de forma crescente, a denominada “Teoria 2018) Diante de um edital de licitação publicado, em rela-
da Captura”. ção ao qual foi divulgada notícia de restrição à competição:
A alternativa que contém situação indiciária da chamada
captura e admissível de aplicação da referida construção a) o Poder Judiciário, provocado ou de ofício, deve deter-
doutrinária, de modo a possibilitar o controle judicial de minar a suspensão do procedimento para prévio exame.
ato administrativo discricionário é: b) o Tribunal de Contas pode suspender o certame, para re-
gular exame prévio do edital, recomendando os ajustes
a) nomeação de dirigente de agência reguladora para um necessários para a regularização do instrumento convo-
mandato certo. catório.
b) norma de agência reguladora que amplia a proteção ao c) cabe aos potenciais interessados a impugnação do mes-
usuário consumidor, estabelecendo padrões técnicos de mo, não se admitindo revisão de ofício.
excelência a serem observados pelas concessionárias. d) é prescindível a suspensão do procedimento pela Admi-
c) fixação de período de quarentena para o ex-dirigente nistração, tendo em vista que o exame do instrumento
da agência reguladora, durante o qual está proibido de antes de conclusão do certame não pode interferir na
exercer atividade na iniciativa privada, dentro do setor possibilidade de sua anulação, que deve ser posterior à
ao qual estava vinculado. contratação.
d) nomeação para o Conselho Consultivo de agência regu- e) não é exigível do poder público a suspensão do proce-
ladora, nas vagas destinadas à representação de enti- dimento, tendo em vista que tanto o Poder Judiciário
dades voltadas aos usuários e à sociedade, de determi- quanto o Tribunal de Contas somente podem determi-
nadas pessoas que haviam ocupado cargo diretivo nas nar a retificação do certame em decisão final.
empresas concessionárias.
e) norma de agência reguladora que autoriza a cobrança
de bagagem despachada, com a finalidade devidamente 41. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
demonstrada de ensejar a redução do custo do serviço CESPE – 2018) No controle administrativo, o meio utili-
principal para a maioria dos usuários, os quais não usu- zado para se expressar oposição a atos da administração
fruíam de toda a franquia de bagagem antes oferecida. que afetam direitos ou interesses legítimos do interessado
é denominado

a) representação.
38. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI- b) fiscalização hierárquica.
TORIA – FCC – 2018) O Tribunal de Contas é competente c) pedido de reconsideração.
para: d) reclamação.
e) recurso administrativo.
a) apreciar a constitucionalidade de leis.
b) apreciar, para fins de registro, a legalidade das nomea- 42. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
ções para cargos de provimento em comissão. CESPE – 2018) Conforme a classificação das formas de
c) escolher, dentre os titulares do cargo de analista de con- controle administrativo, ao realizar auditoria de despesas
trole externo, um de seus Membros. efetuadas pelo Poder Executivo durante a execução do or-
d) julgar as contas do Governador do Estado de Pernam- çamento, o tribunal de contas exerce controle:
buco.
e) julgar as contas dos Prefeitos dos Municípios de Per- a) externo e posterior.
nambuco. b) interno e prévio.
c) interno e concomitante.
39. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI- d) interno e posterior.
TORIA – FCC – 2018) As decisões do Tribunal de Contas: e) externo e concomitante.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

a) perfazem coisa julgada, prejudicando a rediscussão da 43. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO –
questão no âmbito do Poder Judiciário, ainda que acerca MPE-BA – 2018) Com relação à responsabilidade civil do
de vício no devido processo. Estado pela guarda e segurança das pessoas submetidas a
b) que imputem débito têm força de título executivo, po- encarceramento, com base na jurisprudência do Supremo
dendo ser executadas em juízo. Tribunal Federal, analise as assertivas e identifique com V as
c) que determinem diretamente a sustação de execução verdadeiras e com F as falsas.
contratual não necessitam de comunicação ao Poder ( ) É de responsabilidade do Estado, nos termos do art.
Legislativo. 37, § 6º, da Constituição Federal, a obrigação de
d) podem ser revistas por apelação dirigida ao Poder Le- ressarcir os danos comprovadamente causados aos
gislativo. detentos custodiados em presídios, em decorrência
e) podem ser revistas por apelação dirigida ao Superior Tri- da falta ou insuficiência das condições legais de en-
bunal de Justiça. carceramento.

62
( ) O Estado responde pelos danos causados a detentos 45. (PC-AC – DELEGADO DE POLÍCIA CIVIL – IBADE –
em decorrência da insuficiência das condições legais 2017) Considerando os entendimentos jurisprudenciais do
de encarceramento, salvo os danos morais individu- Superior Tribunal de Justiça e do Supremo Tribunal Federal
ais decorrentes da superlotação carcerária, por ser relativos à responsabilidade civil do Estado, assinale a al-
um problema de estrutura do sistema prisional, de- ternativa correta.
pendente de providências de atribuição legislativa e
administrativa, podendo o Judiciário apreciar o dano a) Para a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, o
moral apenas em sua dimensão coletiva. Estado não responde civilmente por atos ilícitos pratica-
( ) Quanto à responsabilidade pelos danos causados aos dos por foragidos do sistema penitenciário, salvo quan-
detentos, em decorrência da superlotação carcerária, do os danos decorrem direta ou imediatamente do ato
a Corte Constitucional distingue o tratamento jurídi- de fuga. Também entende o Superior Tribunal de Justiça
co dado aos presos definitivos daquele conferido aos que o Estado pode responder civilmente pelos danos
provisórios, haja vista que esses últimos sujeitam-se causados por seus agentes, ainda que estes estejam am-
ao chamado risco social. parados por causa excludente de ilicitude penal.
( ) Trata-se de tema abrangido pelo art. 37, § 6º, da b) Segundo o Supremo Tribunal Federal, é obrigação do
Constituição Federal, preceito normativo autoaplicá- Estado ressarcir os danos, inclusive morais, comprova-
vel, que não se sujeita à intermediação legislativa ou damente causados aos detentos em decorrência da falta
ou insuficiência das condições legais de encarceramen-
à providência legislativa.
to. Para fundamentar esta tese, a Corte Excelsa invocou a
( ) O Estado não pode invocar a reserva do possível para
teoria do risco administrativo do tipo integral.
se eximir do dever de indenizar os danos pessoais
c) Conforme a jurisprudência do Supremo Tribunal Federal,
causados a detentos em estabelecimentos carcerá- o Estado não deve ser condenado a indenizar servido-
rios, salvo se comprovar a insuficiência de recursos res na hipótese de posse em cargo público determina-
financeiros para eliminar o grave problema prisional da por decisão judicial, sob fundamento de que deveria
globalmente considerado, dependente que é da de- ter sido investido em momento anterior, ainda que seja
finição e implantação de políticas públicas específi- comprovada situação de arbitrariedade flagrante. Para o
cas. Supremo Tribunal Federal, nas hipóteses de arbitrarie-
dade flagrante, a indenização deve ser substituída pelo
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para reconhecimento do tempo de serviço.
baixo, é d) Segundo o Supremo Tribunal Federal, caso um detento
a) V, F, F, V, F. seja encontrado morto nas dependências de estabele-
b) V, F, F, V, V. cimento penitenciário e seja comprovado que se tratou
c) V, V, F, V, V. de um suicídio, à luz da teoria do risco administrativo
d) F, V, V, F, F. entende-se que não há como se imputar qualquer res-
e) F, V, V, F, V. ponsabilidade ao Estado.
e) O Superior Tribunal de Justiça, em conflito com a juris-
44. (SEAD-AP – ANALISTA JURÍDICO – FCC – 2018) A prudência do Supremo Tribunal Federal, firmou entendi-
atuação do Estado e das pessoas jurídicas que integram a mento no sentido de que o Estado deve ser responsabi-
Administração indireta define a possibilidade de sua res- lizado civilmente caso o inquérito policial instaurado por
ponsabilização extracontratual. Dessa forma: delegado de polícia seja arquivado judicialmente após
pedido do Ministério Público.
a) somente as pessoas jurídicas de direito público respon-
dem objetivamente pelos danos causados aos adminis- 46. (MPE-PE – ANALISTA MINISTERIAL – ÁREA AUDI-
trados, desde que reste demonstrado o nexo de causali- TORIA – FCC – 2018) No estacionamento do Fórum de um
dade com a atuação dos agentes públicos. determinado município, um advogado colidiu com uma
b) as excludentes de responsabilidade não se aplicam viatura da polícia militar que estava no local para fazer o
quando se trata de dever de indenização decorrente de transporte de presos para audiência. Diante das avarias no
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

atuação lícita do Estado, porque os danos são consequ- veículo, o advogado ingressou com ação de indenização
ência indireta dos atos praticados dentro da legalidade. contra o Estado, fundamentando seu pedido na responsa-
c) não se pode invocar excludente de responsabilidade bilidade objetiva do Estado:
quando se tratar de responsabilidade extracontratual
das pessoas jurídicas prestadoras de serviço público se a) que prescinde de prova de culpa do agente público e da
forem integrantes da Administração pública indireta. demonstração de nexo de causalidade, desde que com-
d) a responsabilidade subjetiva pelos atos dos agentes pú- provados danos concretos.
blicos incide quando se tratar de omissão, de hipótese b) sendo inevitável a procedência do pedido, diante da
de culpa de terceiro ou da vítima. teoria da responsabilidade objetiva pura, que estabele-
e) a culpa exclusiva da vítima não interfere na conclusão ce responsabilidade do ente público pelos atos e fatos
acerca da responsabilização do poder público, porque ocorridos em imóveis públicos.
c) sendo possível ao Estado deduzir, em defesa, culpa ex-
incide a responsabilização objetiva, que se restringe à
clusiva da vítima, demonstrado que tenha sido o advo-
identificação de danos.
gado o exclusivo responsável pelo acidente.

63
d) que exige demonstração do nexo causai, suficiente para 49. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) As
conduzir à procedência, não admitindo excludentes de competências públicas revelam-se em duas faces, poder e
responsabilidade. dever, e
e) a ser julgada improcedente, considerando que a viatu-
ra envolvida no acidente estava em situação de estrito a) não exercidas pelo titular no prazo legal, devem ser avo-
cumprimento de dever legal, prevalecendo o princípio cadas por agente de igual ou superior nível hierárquico.
da supremacia do interesse público. b) seu efetivo exercício pode ser transferido pelo titular a
outro órgão ou agente de igual ou superior nível hierár-
47. (TJ-RS – JUIZ DE DIREITO SUBSTITUTO – FAURGS – quico, sem possibilidade de retomada e desde que a lei
2016) Sobre a responsabilidade civil tratada no parágrafo o preveja.
sexto do artigo 37 da Constituição Federal, assinale a alter- c) seu efetivo exercício pode ser delegado do superior hie-
nativa correta. rárquico ao subordinado, com possibilidade de retoma-
da pelo delegante e desde que a lei o preveja.
a) As pessoas jurídicas com personalidade de direito priva- d) como são estabelecidas com caráter de instrumentalida-
do prestadoras de serviços públicos, por terem nature- de para cumprir o interesse público, podem ser modifi-
za jurídica privada, não respondem por danos causados cadas de acordo com o juízo de conveniência e oportu-
por seus empregados nessa atividade segundo a norma nidade do superior hierárquico.
constante do parágrafo sexto do artigo 37 da Constitui-
ção Federal. 50. (TJ-SP – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) O
b) A responsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do princípio da autotutela administrativa é decorrência do
artigo 37 da Constituição Federal é aplicável somente princípio da legalidade e, a seu respeito, é correto afirmar:
às pessoas jurídicas de direito público que exercem as
atividades da administração pública direta. a) verificada a ilegalidade do ato, a Administração pode
c) As pessoas jurídicas de direito público e as de direito optar entre a anulação e a revogação, conforme a con-
privado prestadoras de serviços públicos responderão veniência de produção de efeitos ex tunc ou ex nunc,
pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causa-
respectivamente.
rem a terceiros, sendo assegurado o direito de regresso
b) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria Ad-
contra o responsável nos casos de dolo ou culpa.
ministração não depende de provocação do interessa-
d) Os danos causados a terceiros que impliquem em res-
do e não gera responsabilidade administrativa perante
ponsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do artigo
terceiros.
37 da Constituição Federal limitam-se aos danos pes-
soais quando acarretados exclusivamente pelos agentes c) a anulação do ato administrativo que tenha produzido
públicos, nessa qualidade e ocupantes efetivos de car- efeitos no campo dos interesses individuais não pres-
gos públicos do Poder Executivo. cinde de prévio contraditório que garanta o exercício da
e) O direito de regresso contra o responsável, em caso de defesa da legitimidade do ato por aqueles que serão por
responsabilidade civil prevista no parágrafo sexto do ar- ela atingidos.
tigo 37 da Constituição Federal, é assegurado somente d) a anulação do ato administrativo ilegal pela própria Ad-
em caso de dolo, excluída a culpa. ministração está imune ao controle jurisdicional.

48. (TRT6-PE – Analista Judiciário – FCC – 2018) Uma 51. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN-
autarquia estava edificando o prédio de sua nova sede. Du- DÁRIO – CESPE – 2018) Assinale a opção que apresenta o
rante as obras de fundação, as instalações de gasodutos atributo pelo qual determinados atos administrativos po-
existentes no subsolo foram perfuradas e houve abalos em dem ser executados direta e imediatamente pela própria
algumas construções vizinhas. Nesse caso: administração pública, independentemente de intervenção
do Poder Judiciário.
a) o ente público que criou a autarquia responde obrigato-
riamente e de forma solidária, em litisconsórcio necessá- a) presunção de legitimidade
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

rio, pelos danos a que esta tenha dado causa. b) imperatividade


b) a autarquia responde objetivamente pelos danos efeti- c) autoexecutoriedade
vamente causados, demonstrado o nexo de causalidade d) tipicidade
entre eles e a atuação daquele ente. e) presunção de veracidade
c) o ente público responde objetivamente e a autarquia,
em regresso, subjetivamente, no caso de haver dolo ou 52. (CRF-PE – ADVOGADO – INAZ DO PARÁ – 2018) “O
culpa de seus funcionários. desatendimento a qualquer das finalidades de um ato ad-
d) o ente público responde objetiva e exclusivamente pelos ministrativo – geral ou específica – configura vício insaná-
danos comprovados, demonstrado o nexo de causalida-
vel, com a obrigatória anulação do ato”. Marcelo Alexandri-
de, tendo em vista que a autarquia integra a Adminis-
no e Vicente Paulo, 2017, p. 540.
tração direta.
Ao vício de finalidade do ato administrativo é dado o nome
e) a autarquia responde subjetivamente pelos danos causa-
dos a terceiros, desde que haja a necessária demonstra- de:
ção de culpa, considerando a natureza jurídica do ente.

64
a) Excesso de poder. a) autoriza a revisão do ato administrativo por motivo de
b) Usurpador de função. interesse público, permitindo que o Judiciário avalie as
c) Desvio de poder. prioridades adotadas pelas políticas públicas ou progra-
d) Função de fato. mas de governo à luz dos princípios aplicáveis à Admi-
e) Avocação. nistração.
b) permite a anulação judicial de atos discricionários, quan-
53. (TER-PI – ANALISTA JUDICIÁRIO – CESPE – 2016) do identificada inexistência ou falsidade dos pressupos-
Um parecer exarado por servidor público integrante do de- tos de fato ou de direito declarados pela Administração
partamento jurídico de determinado órgão da administra- para edição do ato.
ção direta, que depende de homologação ainda pendente, c) aplica-se apenas em relação a atos vinculados, permitin-
de autoridade superior para ser validado, é um ato admi- do a sua invalidação quando ausentes os pressupostos
nistrativo classificado, quanto: fixados em lei para motivar a sua edição.
d) autoriza a revogação de atos administrativos quando
a) à formação da vontade, como complexo. verificado que a efetiva motivação do mesmo não foi o
b) à exequibilidade, como pendente. interesse público, mas sim o atingimento de fim ilícito
c) à função da administração, como de gestão.
ou imoral.
d) aos efeitos, como enunciativo.
e) permite a revisão do mérito do ato administrativo, com
e) à função da vontade, como propriamente dito.
a avaliação das razões de conveniência e oportunidade
54. (SEFAZ-RS – ASSISTENTE ADMINISTRATIVO FAZEN- que ensejaram a sua edição, salvo em relação aos dis-
DÁRIO – CESPE – 2018) Uma empresa privada foi outor- cricionários.
gada pela administração pública, por meio de contrato ad-
ministrativo, a prestar serviços de transporte público, de 57. (TRT1-RJ – TÉCNICO JUDICIÁRIO-ENFERMAGEM –
interesse de toda a coletividade. AOCP – 2018) Assinale a alternativa incorreta acerca dos
A referida outorga foi dada mediante: atos administrativos:

a) autorização. a) Imperatividade é o atributo pelo qual os atos adminis-


b) licença. trativos se impõem a terceiros, independentemente de
c) concessão. sua concordância.
d) permissão. b) Ao passo que o objeto é o efeito jurídico mediato que
e) avocação. o ato produz, a finalidade é o efeito imediato do ato
administrativo.
55. (TJ-MT – JUIZ SUBSTITUTO – VUNESP – 2018) Atos c) A autoexecutoriedade não existe em todos os atos admi-
administrativos negociais: nistrativos, sendo possível, quando expressamente pre-
vista em lei ou quando se tratar de medida urgente, que,
a) não são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, caso não adotada de imediato, possa ocasionar prejuízo
que atribui aos atos administrativos as características de maior ao interesse público.
unilateralidade, precariedade, imperatividade e sancio- d) Da presunção de veracidade decorre o efeito que, en-
natória. quanto não decretada sua invalidade, seja pela Adminis-
b) são aqueles que decorrem do exercício de função tipi- tração ou pelo Judiciário, o ato inválido produz efeitos
camente política do Poder Executivo, não suscetíveis de como se válido fosse.
controle interno ou externo. e) Consoante à teoria dos motivos determinantes, a vali-
c) decorrem do exercício de competência discricionária da dade do ato se vincula aos motivos indicados como seu
Administração Pública porque têm como pressuposto fundamento.
de existência, validade e eficácia, a verificação do preen-
chimento dos requisitos legais que autorizam sua edi- 58. (TJ-AM – Titular Serviços de Notas – IESES – 2018)
ção, não suscetíveis de controle externo. Atos administrativos eivados de vício de legalidade devem
ser ___________ pela própria administração.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

d) são aqueles praticados por entes paraestatais, no exer-


cício da função de intervenção do Estado no domínio
econômico. a) Anulados.
e) são admitidos pelo ordenamento jurídico nacional, in- b) Retificados.
clusive no exercício do poder de polícia, de que são c) Revogados.
exemplos os acordos setoriais e termos de compromis- d) Convalidados.
so firmados no âmbito da Política Nacional de Resíduos
Sólidos. 59. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO –
CESPE – 2018) Assinale a opção correta a respeito da ex-
56. (CÂMARA LEGISLATIVA DO DISTRITO FEDERAL – tinção de atos administrativos:
CONSULTOR TÉCNICO LEGISLATIVO – FCC – 2018) A
aplicação da Teoria dos Motivos Determinantes, para fins a) O ato administrativo será anulado caso o administrado
de controle da atuação da Administração pública pelo Po- deixe de atender condição necessária para permanência
der Judiciário: de uma vantagem.

65
b) O ato de delegação é revogável a qualquer tempo so- ( ) Em regra, não se assegura o contraditório e a ampla
mente por autoridade superior. defesa nos processos perante o Tribunal de Contas
c) O ato passível de revogação por conselheiro do TCE/MG da União que apreciam a legalidade da concessão
não apresenta vícios. inicial de aposentadoria, já que essa concessão é ato
d) O ato revocatório assinado por auditor do TCE/MG é complexo, salvo se a Corte de Contas demorar mais
primário e vinculado. de cinco anos para concluir a apreciação.
e) O ato anulatório determinado por conselheiro do TCE/ ( ) É legítima a exigência de depósito prévio para admis-
MG tem eficácia ex nunc. sibilidade de recurso administrativo.
( ) Para fins de assegurar a plenitude da ampla defesa
60. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – no processo administrativo disciplinar, deve-se ga-
CESPE – 2018) O ato administrativo adequado para se ins- rantir o direito à informação, à manifestação e à con-
tituir comissão encarregada de elaborar proposta de edital sideração dos argumentos manifestados, não impor-
tando em nulidade a simples ausência de advogado
de concurso público para provimento de vagas em cargos
constituído.
públicos é o(a):
A alternativa que contém a sequência correta, de cima para
a) alvará. baixo, é:
b) aviso.
c) resolução.
d) portaria.
e) decreto. a) F F V F V
61. (UF-ES – ECONOMISTA – UFES – 2018) Sobre o Proces- b) F F F F V
so Administrativo Federal regulado pela Lei nº. 9.784/1999, c) F V V F V
é incorreto afirmar: d) V F F V F
e) V V F V F
a) A Administração Pública deverá obedecer aos princípios
da motivação, da razoabilidade, da proporcionalidade e 63. (AGU – ANALISTA TÉCNICO-ADMINISTRATIVO –
da eficiência, entre outros. IDECAN – 2018) Analise as afirmativas a seguir:
b) O dever da autoridade competente de decidir recursos I - De acordo com a Lei 9.784/1999, em caso de risco
administrativos poderá ser objeto de delegação de com- iminente, a Administração Pública poderá motivada-
petência. mente adotar providências acauteladoras, desde que
o interessado tenha previamente se manifestado.
c) Nos processos administrativos, a Administração Pública
II - A desistência ou renúncia do interessado, conforme
deverá atuar segundo padrões éticos de probidade, de- o caso, não prejudica o prosseguimento do processo,
coro e boa-fé. se a Administração considerar que o interesse público
d) A Administração Pública deverá fazer a indicação dos assim o exige.
pressupostos de fato e de direito que determinarem a III - Os serviços de telecomunicações são todos de titu-
decisão por ela proferida. laridade da União, mesmo após as desestatizações
e) O administrado possui deveres perante a Administração ocorridas na década de 1990 e nos casos em que são
Pública, dentre os quais o dever de proceder com le- prestados por particulares.
aldade, urbanidade e boa-fé e o dever de não agir de
modo temerário. Assinale:

62. (MPE-BA – PROMOTOR DE JUSTIÇA SUBSTITUTO – a) se somente a afirmativa I estiver correta.


MPE-BA – 2018) Sobre o contraditório no regime jurídico b) se somente a afirmativa II estiver correta.
c) se somente a afirmativa III estiver correta.
administrativo e com base na jurisprudência dos tribunais
d) se somente as afirmativas I e II estiverem corretas.
superiores, analise as assertivas e identifique com V as ver- e) se somente as afirmativas II e III estiverem corretas.
dadeiras e com F as falsas.
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

64. (UF-RR – ASSISTENTE DE TECNOLOGIA DA INFOR-


( ) Em respeito ao contraditório e à ampla defesa, em MAÇÃO – UFRR – 2018) Quanto ao processo administrati-
processo administrativo disciplinar que possa impor vo, na Administração Pública Federal, assinale a alternativa
a pena de demissão, caso o servidor não constitua incorreta:
defensor técnico, a administração deverá nomear
advogado dativo para exercer a sua defesa técnica, a) As decisões adotadas por delegação devem mencionar
sob pena de nulidade, por ofensa à Constituição. explicitamente esta qualidade e considerar-se-ão edita-
( ) É inconstitucional a exigência de depósito prévio das pelo órgão delegado.
de dinheiro para admissibilidade de recurso admi- b) A autenticação de documentos exigidos em cópia pode-
nistrativo por violar a ampla defesa, sendo possível rá ser feita pelo órgão administrativo.
c) A competência é renunciável e não se exerce pelos ór-
a exigência de arrolamento de bens como garantia
gãos administrativos a que foi atribuída como própria
da administração para a preservação do patrimônio
por decreto.
público.

66
d) Quando for necessária a prestação de informações ou a c) Autoridade competente agirá com excesso de poder
apresentação de provas pelas pessoas diretamente inte- caso pratique ato administrativo com finalidade diversa
ressadas ou terceiros, serão expedidas intimações para do interesse público.
esse fim, mencionando-se data, prazo, forma e condi- d) O poder disciplinar, exercido quando um servidor come-
ções de atendimento. te falta funcional, é discricionário não só quanto à obri-
e) O processo administrativo pode iniciar-se de ofício ou a gatoriedade de punição, mas também quanto à seleção
pedido de interessado(a). e à aplicação da sanção.
e) Para o STJ, é possível a delegação de atos de fiscalização
65. (TCE-MG – ANALISTA DE CONTROLE EXTERNO – de sociedade de economia mista, mas não a delegação
CESPE – 2018) No controle administrativo, o meio utili- de atos de imposição de sanções a essas entidades.
zado para se expressar oposição a atos da administração
que afetam direitos ou interesses legítimos do interessado 68. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTADU-
é denominado: AL – FCC – 2018) A decisão administrativa proferida em
sede de processo administrativo, contra a qual não caibam
a) recurso administrativo. mais recursos:
b) representação.
c) fiscalização hierárquica. a) impede o exercício do poder de revisão dos atos pela
d) pedido de reconsideração. própria Administração pública, considerando a ocorrên-
e) reclamação. cia de trânsito em julgado.
66. (PGM-PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE b) admite revisão apenas pelo poder Judiciário, seja para
– 2018) A administração pública instaurou processo admi- anulação, seja para revogação, desde que fundada em
nistrativo contra determinado cidadão, para apurar suposta prejuízo ao interesse público.
irregularidade no uso de área pública verificada por fiscal. c) pode ser objeto de pedido de revisão pelo interessado,
No referido processo, será necessário expedir intimações sendo possível à Administração pública fazê-lo, obser-
para o administrado. vado o prazo prescricional.
Considerando essa situação hipotética, assinale a op- d) pode ser alterada apenas diante de fato novo e super-
ção correta, com base apenas nas disposições da Lei n.º veniente, como mitigação à coisa julgada administrativa.
9.784/1999: e) admite revisão pelo Tribunal de Contas, tanto para anu-
lação, quanto para revogação, independentemente de
a) A intimação deverá ser feita com antecedência mínima prazo prescricional, por se tratar de controle externo.
de cinco dias úteis em relação à data de comparecimen-
to. 69. (SEFAZ-SC – AUDITOR FISCAL DA RECEITA ESTA-
b) Em caso de desatendimento da intimação, serão presu- DUAL – FCC – 2018) Lei de determinado Estado exige do
midas verdadeiras as alegações de fato formuladas pela contribuinte que deposite o valor do tributo cobrado pela
administração. administração estadual, como pressuposto de admissibi-
c) A Lei determina expressamente que as intimações de- lidade do recurso administrativo cabível contra a decisão
verão ser realizadas por meio eletrônico, salvo absoluta que manteve o crédito tributário, proferida em sede de
impossibilidade. processo administrativo tributário. À luz da Constituição
d) A grafia dos nomes das partes não deve conter abrevia- Federal e da jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, a
turas, sob pena de nulidade do ato intimatório. exigência imposta pela lei estadual mostra-se:
e) Devem ser objeto de intimação os atos do processo que
resultem, para o administrado, em imposição de deve- a) inconstitucional, uma vez que apenas poderia ser impos-
res, ônus, sanções ou restrição ao exercício de direitos e ta por lei complementar editada pela União, competente
atividades. para estabelecer normas gerais em matéria de legislação
tributária.
67. (PGM-PB – PROCURADOR DO MUNICÍPIO – CESPE b) constitucional, sendo incompatível com a Constituição
– 2018) Acerca do processo administrativo, dos poderes- Federal apenas a exigência de pagamento de taxa para
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

-deveres da administração e do abuso de poder, assinale a o exercício do direito de petição aos poderes públicos
opção correta, com base na Lei n.º 9.784/1999, na doutrina em defesa de direitos ou contra ilegalidade ou abuso
de poder.
e na jurisprudência dos tribunais superiores:
c) constitucional, desde que o depósito do valor do tributo
seja restituído ao contribuinte no caso de ser provido
a) A Lei n.º 9.784/1999 trata de normas gerais do processo
seu recurso.
administrativo aplicáveis ao Poder Executivo federal, não
d) constitucional, uma vez que compete aos Estados editar
vinculando estados, municípios e Poderes Legislativo e
normas específicas em matéria de legislação tributária,
Judiciário quando do exercício de função administrativa.
tais como o estabelecimento de pressupostos de admis-
b) Autoridade competente para apreciar recursos adminis- sibilidade de recurso no âmbito do processo administra-
trativos poderá, em seu período de férias, delegar essa tivo tributário.
atribuição ao órgão colegiado hierarquicamente supe- e) inconstitucional, uma vez que contraria a garantia cons-
rior, em atenção aos princípios da eficiência e da impes- titucional da ampla defesa, que se aplica tanto ao pro-
soalidade. cesso judicial, quanto ao processo administrativo.

67
70. (UFTM – TÉCNICO EM ANATOMIA E NECROPSIA –
UFTM – 2018) Com base na Lei n. 9.784/99, assinale a al- GABARITO
ternativa correta:

a) Pode atuar em processo administrativo o servidor ou


autoridade que tenha participado ou venha a participar 1 E
como perito, testemunha ou representante, ou se tais 2 CERTO
situações ocorrem quanto ao cônjuge, companheiro ou 3 D
parente e afins até o quarto grau.
b) Os atos do processo administrativo não dependem de forma 4 C
determinada senão quando a lei expressamente a exigir. 5 A
c) As matérias de competência exclusiva do órgão ou auto-
6 C
ridade podem ser objeto de delegação.
d) É permitido arguir a suspeição de autoridade ou servidor 7 B
que tenha amizade íntima ou inimizade notória com al- 8 C
gum dos interessados ou com os respectivos cônjuges,
companheiros, parentes e afins até o segundo grau. 9 B
71. (UEM – ADVOGADO – UEM – 2018) Marque a alter- 10 C
nativa incorreta: 11 A
a) Não há qualquer impeditivo legal de que a comissão de 12 C
inquérito em processo administrativo disciplinar seja 13 D
formada pelos mesmos membros de comissão anterior 14 B
que havia sido anulada.
b) É obrigatória a intimação do interessado para apresentar 15 B
alegações finais após o relatório final de processo admi- 16 D
nistrativo disciplinar.
17 D
c) O acusado em processo administrativo disciplinar não
possui direito subjetivo ao deferimento de todas as pro- 18 A
vas requeridas nos autos. 19 D
d) Admite-se o uso de prova emprestada em processo ad-
20 B
ministrativo disciplinar, em especial a utilização de in-
terceptações telefônicas autorizadas judicialmente para 21 E
investigação criminal. 22 D
e) Não há perda de objeto de ação direta de inconstitucio-
nalidade (ADI), ainda que a norma objeto de controle 23 D
seja revogada, se ficar demonstrado que o conteúdo do 24 D
ato impugnado foi repetido, em sua essência, em outro 25 E
diploma normativo.
26 A
72. (UFSM – TÉCNICO EM ELETRICIDADE – UFSM – 2018) 27 C
A Lei nº 9.784 de 29 de janeiro de 1999 regula o processo 28 D
administrativo no âmbito da Administração Pública Fede-
ral. Nos termos desta lei, assinale a alternativa correta: 29 B
30 A
a) Nos processos administrativos, deverão ser observados
NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

31 D
os critérios de objetividade no atendimento do interes-
se público, vedada a promoção pessoal de agentes ou 32 D
autoridades. 33 D
b) A divulgação oficial dos atos administrativos não neces-
34 D
sitará observar qualquer hipótese de sigilo.
c) Autoridade é o servidor ou agente público dotado de 35 C
personalidade jurídica, e entidade é a unidade de atua- 36 A
ção dotada de poder de decisão.
d) Cabe aplicação retroativa de nova interpretação da nor- 37 D
ma administrativa, a fim de garantir o atendimento do 38 A
fim público. 39 B
e) O processo administrativo somente poderá iniciar-se de
ofício. 40 B

68
41 D ANOTAÇÕES
42 E
43 A
44 B ___________________________________________________
45 A ___________________________________________________
46 C
___________________________________________________
47 C
___________________________________________________
48 B
49 C ___________________________________________________
50 C ___________________________________________________
51 C
___________________________________________________
52 C
53 D ___________________________________________________

54 C ___________________________________________________
55 E ___________________________________________________
56 B
___________________________________________________
57 B
58 A ___________________________________________________
59 C ___________________________________________________
60 D
___________________________________________________
61 B
___________________________________________________
62 A
63 E ___________________________________________________
64 C ___________________________________________________
65 E
___________________________________________________
66 E
67 E ___________________________________________________

68 C ___________________________________________________
69 E ___________________________________________________
70 B
___________________________________________________
71 B
72 A ___________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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69
ANOTAÇÕES

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NOÇÕES DE DIREITO ADMINISTRATIVO

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70
ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Da aplicação da lei penal. Lei penal no tempo. Lei penal no espaço..................................................................................................................01


Do crime. Elementos. Consumação e tentativa. Desistência voluntária e arrependimento eficaz. Arrependimento posterior. Cri-
me impossível. Causas de exclusão de ilicitude e culpabilidade. Contravenção............................................................................................05
Imputabilidade penal.............................................................................................................................................................................................................11
Dos crimes contra a vida (homicídio, lesão corporal e rixa). Dos crimes contra a liberdade pessoal (ameaça, sequestro e cárcere
privado).......................................................................................................................................................................................................................................11
Dos crimes contra o patrimônio (furto, roubo, extorsão, apropriação indébita, estelionato e outras fraudes e receptação).....17
Dos crimes contra a dignidade sexual ...........................................................................................................................................................................23
Dos crimes contra a paz pública (quadrilha ou bando)...........................................................................................................................................26
Legislação esparsa: Lei federal n° 9.455, de 07 de abril de 1997 (Crimes de tortura)..................................................................................29
2. Caracteres
DA APLICAÇÃO DA LEI PENAL. LEI PENAL
NO TEMPO. LEI PENAL NO ESPAÇO O Direito Penal procura regular as relações entre o indi-
víduo e a sociedade, por este motivo é um âmbito do direi-
to público, e não privado. No momento da pratica delitiva,
nasce uma relação entre o delinquente e o Estado, o jus
INTRODUÇÃO AO DIREITO PENAL
puniendi, o qual significa o direito estatal de atuar sobre o
1. Conceito, caracteres e função do direito penal criminoso defendendo a sociedade.
O criminoso, em contrapartida, tem o direito de não ser
Conceito punido se o fato praticado não for previsto em lei.
O Direito Penal pode ser considerado como um “con- O Direito Penal ainda pode ser considerado uma ciência
junto de normas jurídicas que tem por objeto a determina- cultural, normativa, valorativa e finalista (NORONHA, 1978,
ção de infrações de natureza penal e suas sanções corres- p. 5).
pondentes (penas e medidas de segurança)” (BITENCOURT, a) É uma ciência cultural por pertencer à classe do dever
2010, p. 32). ser, enquanto a ciência natural diz sobre o ser.
Welzel conceitua o Direito Penal como uma parte do b) É uma ciência normativa por ter como objeto o es-
ordenamento jurídico que fixa as características da ação tudo da norma, o Direito positivo propriamente dito.
delitiva, vinculando-lhe penas e medidas de segurança O “dever ser” utiliza como mandamento a norma,
(WELZEL, 1987, p. 11). Mezger, por sua vez, considera o Di- com consequências jurídicas provindas do não cum-
reito Penal como “um conjunto de normas jurídicas que re- primento destas. De outro lado, vê-se as ciências
gulam o exercício do poder punitivo do Estado, associando causais-explicativas, as quais se preocupam com a
ao delito, como pressuposto, a pena como consequência” gênese do crime, as causas da criminalidade, numa
(MEZGER, 1946, p. 27-28). interação entre o crime, homem e sociedade, como,
Franz Von Liszt define o Direito Penal como sendo um por exemplo, a sociologia criminal e a criminologia
conjundo das prescrições emanadas pelo poder estatal que (BITENCOURT, 2010, p. 33).
ligam a conduta criminosa (crime) a pena, como mera con- c) É uma ciência valorativa, já que estabelece uma es-
sequência (LISZT, 1927, p.1). cala de valores, variando de acordo com o fato, ou
Assim, além de ser considerado um conjunto de normas seja, há uma valoração entre as transgressões, não se
estabelecidas por lei, que descrevem comportamentos so- valendo de mesma regra, valor para todas.
cialmente graves ou intoleráveis com suas respectivas pe- d) É uma ciência finalista por atuar em defesa da so-
nas, pode-se dizer que o Direito Penal é um instrumento ciedade, na busca pela proteção de bens jurídicos,
utilizado pelos detentores do Poder, que o aplicam seleti- como a vida, a integridade corporal, a honra, o pa-
vamente, de modo preferencial àqueles que os contrariam trimônio.
(BUSATO, 2015, p. 4).
Luiz Flávio Gomes (2007, p. 24) divide o conceito de Di- Considera-se também o Direito Penal como sendo uma
reito Penal em duas vertentes, sendo eles: ciência sancionadora, uma vez que protege a ordem jurídi-
a) conceito dinâmico e social: sendo um instrumento ca com sanções. Tem-se que o Direito Penal não cria bens
do controle social formal efetuado pelo Estado, me- jurídicos, mas os protege, deixando a criação para as outras
diante normas penais, que buscam punir com sacões áreas do Direito.
de particular gravidade condutas desviadas, visando Pondera-se, também, que às vezes o Direito Penal pode
assegurar a disciplina social e a convivência humana. ser constitutivo, como dito por Zaffaroni (1991, p. 57): “é
Considera-se dinâmico porque está vinculado a cada predominantemente sancionador e excepcionalmente
momento social, com base na cultura, alterando-se constitutivo”. Pelo caráter constitutivo, possibilita-se a pro-
com as mudanças sociais. teção de bens ou interesses não regulados em outras áreas
b) conceito estático e formal: Pode-se afirmar que o Di- do Direito, como, por exemplo, a omissão de socorro, os
reito Penal se basta em um conjunto de normas jurí- maus-tratos aos animais, as tentativas brancas (que não
dicas que definem condutas como infrações penais, produzem lesão com resultado) (BITENCOURT, 2010, p. 34).
associando a essas penas, medidas de segurança ou
outras consequências jurídicas, como indenização
#FicaDica
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

civil.
O Direito Civil regula o direito de proprieda-
Raúl E. Zaffaroni aponta que o Direito Penal “designa-se
de, ao passo que o Direito Penal protege a
– conjuntamente ou separadamente – duas coisas distintas:
propriedade de crimes, impondo sanções aos
1) O conjunto de leis penais, isto é, a legislação penal; ou
transgressores. Isso é o caráter sancionador.
2) o sistema de interpretação dessa legislação, ou seja, o
Lembre-se, de modo excepcional o Direito Pe-
saber do Direito Penal (ZAFFARONI, 1991, p. 41).
nal é constitutivo, constituindo algo que não
foi previsto por outro âmbito do Direito.

1
3. Função Com base nesse princípio se retira a ideia de reeduca-
ção e reinserção social do criminoso (RAMIREZ, 1989, p.
É praticamente pacífica a idéia de que o Direito Penal 386).
tem como função a proteção dos bens jurídicos. O bem
jurídico violado deve possuir um sentido social próprio, an- e) Princípio da irretroatividade da lei penal: A norma
terior à norma, caso contrário, não é passível de proteção penal não deve retroagir, ou seja, um fato praticado
jurídica pelo Direito Penal. hoje não será alcançado por uma norma incrimina-
Pode-se ressaltar ainda que o Direito Penal tem papel dora criada daqui 2 anos, por exemplo. A exceção se
de preservar a ordem social, sendo, em último caso, pos- mostra quando a nova norma não for incriminadora,
sível empregar o instrumento coativo (pena ou medida de mas sim desincriminadora, ou seja, aceita-se a retro-
segurança), para os que não respeitarem os mandamentos atividade da lei penal nos casos em que ela favoreça
sociais. o acusado.
4. Princípios básicos do Direito Penal Exemplo 1: Fato (não criminoso) praticado em 2018 –
Lei criada em 2019 passa a incriminar o fato praticado em
São eles: 2018 – não se aplica essa nova lei (2019) no caso (2018),
a) princípio da legalidade; com base no princípio da irretroatividade.
b) princípio da intervenção mínima; Exemplo 2: Fato (criminoso por lei) praticado em 2018
c) princípio de culpabilidade; - em 2019 esse fato deixa de ser crime por conta de uma
d) princípio de humanidade; nova lei – como exceção a irretroatividade, deve-se retroa-
e) princípio da irretroatividade da lei penal; gir, já que a nova lei é mais benéfica ao acusado.
f) princípio da adequação social;
h) princípio da insignificância;
i) princípio da ofensividade; #FicaDica
j) princípio da proporcionalidade.
A retroatividade da lei penal é possível quando
a) Princípio da legalidade: Condiciona a atuação estatal a nova lei for mais favorável ao acusado.
no processo criminal, um limite formal, ou seja, deve-
-se aplicar a lei.
f) Princípio da adequação social: Em acordo com os en-
b) Princípio da intervenção mínima: Já que o princípio sinamentos de Welzel (1987, p. 83), somente pode
da legalidade impõe limites ao arbítrio estatal, mas tipificar condutas que tenham certa relevância social.
não impede o Estado de criar tipos penais desneces- Assim, há condutas que estão adequadas socialmen-
sários com sanções descabidas, utiliza-se a interven- te, ou seja, por conta do tempo deixam de ser consi-
ção mínima como outro vetor de limitação estatal. derados crimes.
Por ela, limita-se o poder incriminador do Estado, Exemplo: No caso do jogo do bicho, pode-se afasta a
prescrevendo que o Direito Penal pode ser utilizado aplicação da Lei Penal para o “apontador”, mantendo-se a
somente como última medida, ultima ratio. norma válida para punir o “banqueiro”, cuja ação e resulta-
Em planos práticos, caso outra forma de sanção (fora dos desvaliosos merecem a censura jurídica (BITENCOURT,
do âmbito penal) ou outro meio de controle social seja su- 2010, p. 51).
ficiente para a tutela do bem jurídico, recomenda-se a não
utilização do Direito Penal. h) Princípio da insignificância: Pode-se recordar que
Assim, concluí-se que o Direito Penal tem caráter sub- o princípio da insignificância foi pensado por Claus
sidiário. Roxin, na década de 60, a partir do princípio da ade-
quação social, anteriormente criado por Welzel. Era,
c) Princípio de culpabilidade: Em sua configuração prin- diante do pensamento de Roxin, necessário implan-
cipal, leia-se: não há crime sem culpa. Entretanto, tar no sistema penal princípios que excluíssem os da-
pode-se considerar que há três consequências mate- nos de pouca importância.
riais para essa frase: a) não há responsabilidade ob-
jetiva pelo simples resultado; b) a responsabilidade Assim, observa-se que “a tipicidade penal exige uma
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

penal é pelo fato e não pelo autor; c) a culpabilidade ofensa de alguma gravidade aos bens jurídicos protegidos,
é a medida da pena (BITERNCOURT, 2010, p. 47). pois nem sempre qualquer ofensa a esses bens ou interes-
ses é suficiente para configurar o injusto típico.” (BITEN-
d) Princípio da humanidade: Serve como freio para a COURT, 2018, p. 45).
aplicação de penas cruéis, como a prisão perpétua. Ou seja, somente se deve punir quando o crime apre-
O poder punitivo do Estado deve respeitar a dignida- sentar ofensas plausíveis para tal.
de da pessoa humana, não podendo aplicar sanções Tem-se que para a incidência do princípio da insignifi-
que lesionem o apenado de forma física ou psíquica. cância, como já asseverado pelo Supremo Tribunal Federal,
deve haver a presença de quatro vetores, compreendidos

2
por: a) a mínima ofensividade da conduta do agente; b) a Ou seja, a Política criminal estuda as formas de controle
nenhuma periculosidade social da ação; c) o reduzidíssimo da violência, da criminalidade, como política de lei e or-
grau de reprovabilidade do comportamento; e d) a inex- dem, tolerância zero, minimalistas, abolicionistas.
pressividade da lesão jurídica praticada O Direito Penal, por sua vez, deve ser compreendido
como uma ciência normativa, o qual visualiza a conduta
i) Princípio da ofensividade: É necessário que haja um como anormal e fixa uma pena/punição. A conduta, por
perigo concreto para se aplicar o Direito Penal, um meio de uma ação ou omissão, deve ser típica, antijurídica
dano a um bem jurídico previamente protegido. O e culpável, levando-se em consideração os ensinamentos
fato deve ser lesivo. da corrente causalista.
Lembra-se que o Direito Penal contempla, em alguns
casos, a figura da tentativa, já que houve um perigo con- #FicaDica
creto ao bem jurídico protegido.
Lembre-se, tanto o Direito Penal, quanto a Cri-
j) Princípio da proporcionalidade: A aplicação da pena minologia estudam o crime, porém com enfo-
deve ser proporcional com base no crime praticado, ques diferentes.
ou seja, um crime de menor potencial ofensivo não
pode ser punido com pena de reclusão em regime
inicial fechado, já que não se mostra proporcional tal #FicaDica
aplicação.
Em sentido amplo, a Criminologia estuda a ori-
5. Relação do Direito Penal com outros ramos do Direi- gem do crime (causas), o Direito Penal a deci-
to. dibilidade de conflitos e a Política Criminal as
formas de combate da violência.
Em relação aos outros ramos do Direito, o Direito Penal
tem o de aplicar sanções, de modo preventivo, ou com fi-
nalidade de restabelecer o controle social.
No Direito Administrativo, a Lei penal é aplicada através
dos agentes da administração, como Juiz, Promotor, Dele- EXERCÍCIO COMENTADO
gado, etc...
Quanto ao Direito Civil, tem-se que um mesmo fato 1.POLÍCIA FEDERAL – Agente de Polícia Federal – CES-
pode caracterizar um ilícito penal e uma obrigação de re- PE- 2014: No que se refere à aplicação da lei penal o item
paração civil, como visto em alguns crimes de transito. abaixo apresenta uma situação hipotética, seguida de uma
No que se refere ao Direito Empresarial, a Lei Penal pre- assertiva a ser julgada.
vê crimes em alguns casos, como os crimes falimentares. Sob a vigência da lei X, Lauro cometeu um delito. Em se-
Não obstante, no Direito do Trabalho há os crimes con- guida, passou a viger a lei Y, que, além de ser mais gravosa,
tra a Organização do Trabalho, dispostos no Código Penal revogou a lei X. Depois de tais fatos, Lauro foi levado a
que refletem no âmbito trabalhista. julgamento pelo cometimento do citado delito. Nessa situ-
Por fim, há, no âmbito tributário, os crimes de sonega- ação, o magistrado terá de se fundamentar no instituto da
ção fiscal, tutela penal. retroatividade em benefício do réu para aplicar a lei X, por
ser esta menos rigorosa que a lei Y.
6. Direito Penal, Criminologia e Política Criminal
( ) CERTO ( ) ERRADO
A criminologia se ocupa a pesquisar fatores físicos, so-
Resposta: Errado. A questão se refere à ultratividade e
ciais, psicológicos que inspiram o delinquente, a evolução
não retroatividade, ou seja, o juiz deveria fundamentar
do delito, as relações da vítima com o fato delituoso e as
no instituto da ultratividade. A lei anterior mais benéfi-
instâncias de controle social, abrangendo diversas discipli- ca continua em vigor para fatos ocorridos durante sua
nas criminais, como antropologia criminal, biologia crimi- vigência.
nal, sociologia criminal, política criminal, etc... (PENTEADO
FILHO, 2014, p. 27) 2. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia- CESPE-
As estatísticas originadas da criminologia servem para 2004: Roberval foi definitivamente condenado pela prática
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

orientar as políticas criminais, quanto à prevenção e à re- de crime punido com reclusão de um a três anos. Após
pressão criminal. o cumprimento de metade da pena a ele aplicada, adveio
Assim, tem-se que enquanto a criminologia cuida do nova lei, que passou a punir o crime por ele praticado com
estudo do delito, delinquente, vítima e controle social, de detenção de dois a quatro anos. Nessa situação, a lei nova
modo empírico e interdisciplinar, a política criminal, de não se aplicará a Roberval, tendo em vista que sua conde-
modo strictu sensu, consiste no programa de objetivos, nação já havia transitado em julgado.
métodos de procedimentos e de resultados pelos quais
autoridades fazem a prevenção e a repressão da criminali- ( ) CERTO ( ) ERRADO
dade. (ALBUQUERQUE, 2004, p. 1)

3
Resposta: Errado. A Lei penal que é mais benéfica pode Sobre o tempo do crime, devemos observar o disposto
ser aplicada, mesmo após o transito em julgado da sen- no art. 4º, do CP, e assim entender que existem três teorias:
tença penal condenatória. Deste modo, aplicar-se-á a a) Teoria da Atividade – O tempo do crime consiste no
detenção no lugar da reclusão, por ser mais benéfica. momento em que ocorre a conduta criminosa;
b) Teoria do Resultado – O tempo do crime consiste no
3. POLÍCIA FEDERAL – Agente Federal da Polícia Fede- momento do resultado advindo da conduta crimino-
ral- CESPE- 2004: Célio praticou crime punido com pena sa;
de reclusão de 2 a 8 anos, sendo condenado a 6 anos e c) Teoria da Ubiquidade ou Mista – O tempo do crime
5 meses de reclusão em regime inicialmente semi-aberto. consiste no momento tanto da conduta como do re-
Apelou da sentença penal condenatória, para ver sua pena sultado que adveio da conduta criminosa.
diminuída. Pendente o recurso, entrou em vigor lei que re- Também é necessário compreender a diferença entre
duziu a pena do crime praticado por Célio para reclusão de Lei Excepcional ou Temporária, contida no art. 3º, do CP.
1 a 4 anos. Nessa situação, Célio não será beneficiado com Lei excepcional é aquela feita para vigorar em épocas
a redução da pena, em face do princípio da irretroatividade especiais, como guerra, calamidade etc. É aprovada para
da lei penal previsto constitucionalmente. vigorar enquanto perdurar o período excepcional.
Lei temporária é aquela feita para vigorar por deter-
( ) CERTO ( ) ERRADO
minado tempo, estabelecido previamente na própria lei.
Assim, a lei traz em seu texto a data de cessação de sua
Resposta: Errado. A Lei penal retroagirá neste caso, vigência.
tendo em vista o benefício que trará para o réu. Lembra- Nessas hipóteses, determina o art. 3º do Código Penal
-se que a lei penal retroage mesmo que a sentença con- que, embora cessadas as circunstâncias que a determina-
denatória já esteja transitada em julgado. ram (lei excepcional) ou decorrido o período de sua dura-
ção (lei temporária), aplicam-se elas aos fatos praticados
durante sua vigência. São, portanto, leis ultrativas, pois re-
LEI PENAL NO TEMPO E ESPAÇO gulam atos praticados durante sua vigência, mesmo após
sua revogação.
A lei penal não pode retroagir, o que é denominado
No espaço, busca-se no art. 5º, do CP, a territorialidade.
como irretroatividade da lei penal. Contudo, exceção à nor-
Há várias teorias para fixar o âmbito de aplicação da
ma, a Lei poderá retroagir quando trouxer benefício ao réu.
norma penal a fatos cometidos no Brasil:
Em regra, aplica-se a lei penal a fatos ocorridos durante
a) Princípio da territorialidade. A lei penal só tem apli-
sua vigência, porém, por vezes, verificamos a “extrativida-
cação no território do Estado que a editou, pouco
de” da lei penal.
importando a nacionalidade do sujeito ativo ou pas-
A extratividade da lei penal se manifesta de duas ma-
sivo.
neiras, ou pela ultratividade da lei ou retroatividade da lei.
b) Princípio da territorialidade absoluta. Só a lei nacio-
Assim, considerando que a extra atividade da lei penal
nal é aplicável a fatos cometidos em seu território.
é o seu poder de regular situações fora de seu período de
c) Princípio da territorialidade temperada. A lei nacio-
vigência, podendo ocorrer seja em relação a situações pas-
nal se aplica aos fatos praticados em seu território,
sadas, seja em relação a situações futuras.
mas, excepcionalmente, permite-se a aplicação da lei
Quando a lei regula situações passadas, fatos anteriores
estrangeira, quando assim estabelecer algum trata-
a sua vigência, ocorre a denominada retroatividade. Já, se
do ou convenção internacional. Foi este o princípio
sua aplicação se der para fatos após a cessação de sua vi-
adotado pelo art. 5º do Código Penal: Aplica-se a lei
gência, será chamada ultratividade.
brasileira, sem prejuízo de convenções, tratados e re-
Em se tratando de extratividade da lei penal, observa-se
gras de direito internacional, ao crime cometido no
a ocorrência das seguintes situações:
território nacional.
a) “Abolitio criminis” – trata-se da supressão da figura
criminosa;
O Território nacional abrange todo o espaço em que o
b) “Novatio legis in melius” ou “lex mitior” – é a lei penal
mais benigna; Estado exerce sua soberania: o solo, rios, lagos, mares in-
Tanto a “abolitio criminis” como a “novatio legis in me- teriores, baías, faixa do mar exterior ao longo da costa (12
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lius”, aplica-se o principio da retroatividade da Lei milhas) e espaço aéreo.


penal mais benéfica. Para os efeitos penais, consideram-se como extensão
c) “Novatio legis in pejus” – é a lei posterior que agrava do território nacional as embarcações e aeronaves brasilei-
a situação; ras, de natureza pública ou a serviço do governo brasileiro
d) “Novatio legis incriminadora” – é a lei posterior que onde quer que se encontrem, bem como as aeronaves e
cria um tipo incriminador, tornando típica a conduta as embarcações brasileiras, mercantes ou de propriedade
antes considerada irrelevante pela lei penal. privada, que se achem, respectivamente, no espaço aéreo
correspondente ou em alto-mar

4
É também aplicável a lei brasileira aos crimes praticados
a bordo de aeronaves ou embarcações estrangeiras de pro- DO CRIME. ELEMENTOS. CONSUMAÇÃO E
priedade privada, achando-se aquelas em pouso no territó- TENTATIVA. DESISTÊNCIA VOLUNTÁRIA E
rio nacional ou em voo no espaço aéreo correspondente, e ARREPENDIMENTO EFICAZ. ARREPENDI-
estas em porto ou mar territorial do Brasil. MENTO POSTERIOR. CRIME IMPOSSÍVEL.
Por outro lado, temos a extraterritorialidade, contida no CAUSAS DE EXCLUSÃO DE ILICITUDE E CUL-
art. 7º, do CP. É a possibilidade de aplicação da lei penal bra- PABILIDADE. CONTRAVENÇÃO.
sileira a fatos criminosos ocorridos no exterior. Traça-se as
seguintes regras referentes à aplicação da lei nacional a fatos
ocorridos no exterior, embora cometidos no estrangeiro: O Brasil adotou, formalmente, a teoria bipartida do cri-
me. De acordo com a Lei de Introdução ao Código Penal,
Art. 7º - Ficam sujeitos à lei brasileira, embora cometi- crime é a infração penal a que a Lei comine pena de reclu-
dos no estrangeiro: são ou detenção e multa, alternativa, cumulativa ou isola-
I - os crimes: damente. Já contravenção é a infração a que a Lei comine
a) contra a vida ou a liberdade do Presidente da Repú- pena de prisão simples e multa, alternativa, cumulativa ou
blica; isoladamente.
b) contra o patrimônio ou a fé pública da União, do Dis- Entretanto, tal conceito é extremamente precário, ca-
trito Federal, de Estado, de Território, de Município, de bendo à doutrina seu desenvolvimento.
empresa pública, sociedade de economia mista, autar- O crime possui três conceitos principais, material, for-
quia ou fundação instituída pelo Poder Público; mal e analítico.
c) contra a administração pública, por quem está a seu a) Conceito material: crime seria toda a ação ou omissão
serviço; humana que lesa ou expõe a perigo de lesão bens ju-
d) de genocídio, quando o agente for brasileiro ou domi- rídicos protegidos pelo Direito Penal, ou penalmente
ciliado no Brasil; tutelados. De acordo com o STF, O CONCEITO MA-
II - os crimes: TERIAL DE CRIME É FATOR DE LEGITIMAÇÃO DO DI-
a) que, por tratado ou convenção, o Brasil se obrigou a REITO PENAL, pois, de acordo com ele, não será toda
reprimir; conduta que será penalmente criminalizada, mas
b) praticados por brasileiro; somente aquelas condutas mais relevantes (princípio
c) praticados em aeronaves ou embarcações brasileiras, da adequação social);
mercantes ou de propriedade privada, quando em terri- b) Conceito formal ou jurídico: é aquilo que a Lei chama
tório estrangeiro e aí não sejam julgados. de crime. Está definido no art. 1º da Lei de Introdu-
§ 1 Nos casos do inciso I, o agente é punido segundo ção do Código Penal. Crime é toda infração a que a
a lei brasileira, ainda que absolvido ou condenado no Lei comina pena de reclusão ou detenção e multa,
estrangeiro isolada, cumulativa ou alternativamente. De acordo
§ 2 Nos casos do inciso II, a aplicação da lei brasileira com este conceito, a diferença seria apenas quantita-
depende do concurso das seguintes condições: tiva, relativa à quantidade da pena;
a) entrar o agente no território nacional; c) Conceito analítico: aqui se analisa todos os elemen-
b) ser o fato punível também no país em que foi pratica- tos que integram o crime. Crime é todo fato típico,
do; c) estar o crime incluído entre aqueles pelos quais a antijurídico (é melhor utilizar o termo ilícito, apesar
lei brasileira autoriza a extradição; de não fazer tanta diferença, já que fica mais fácil
d) não ter sido o agente absolvido no estrangeiro ou não manejar o CP e as leis especiais quando há exclu-
ter aí cumprido a pena; dentes de ilicitude) e culpável (alguns autores não
e) não ter sido o agente perdoado no estrangeiro ou, por consideram a culpabilidade como elemento do cri-
outro motivo, não estar extinta a punibilidade, segundo me, e sim como pressuposto da pena). Apesar de ser
a lei mais favorável. indivisível, o crime é estudado de acordo com essas
§ 3º A lei brasileira aplica-se também ao crime cometido três características para facilitar sua compreensão.
por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil, se, reuni- Elas serão analisadas mais adiante, após vermos as
das as condições previstas no parágrafo anterior: classificações de crime existentes.
a) não foi pedida ou foi negada a extradição;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

b) houve requisição do Ministro da Justiça. A teoria do delito é uma das mais importantes para o
direito penal, pois ela traçara o caminho a ser verificado
para o correto enquadramento da ação praticada pelo au-
tor dentro do conceito de crime. Zaffaroni (1996) diz que a
teoria do delito preocupa-se em explicar o que é o delito e
quais são as suas características.
Atualmente, a teoria finalista da ação é a teoria do deli-
to que tem a maior aceitação entre os criminalistas, sendo
estudada e difundida por Welzel no século passado. Essa

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teoria trouxe grandes avanços ao direito penal ao corrigir pois somente é possível identificar qual era a pretensão
alguns pontos da teoria anterior, conhecida como cau- do legislador ao elaborar a lei, qual a finalidade e o âm-
salista. Em ambas, o estudo do fato criminoso passa a se bito de incidência da norma, ou mesmo se há causas de
preocupar primeiramente com a conduta praticada, sendo justificação ou escusas absolutórias neste tipo penal.
considerado um direito penal do fato. Segundo a teoria funcionalista, o Direito Penal deve se
A teoria causalista do delito foi elaborada em conjunto ocupar com as situações e casos excepcionais, isto é, com
por Franz Von Liszt e Ernest Beling. Segundo o Causalismo, a proteção dos bens jurídicos mais relevantes (ultima ra-
o crime deve ser entendido como uma lesão (ou perigo tio). Logo, entende-se que O Direito Penal possui um fim
de lesão) de um bem jurídico provocada por uma condu- social, portanto, todo conceito de crime deve ser feito em
ta. A partir desse entendimento nota-se que este sistema função da finalidade da pena.
constrói uma acepção formal e objetiva acerca do compor- A teoria geral do crime trata de todos os elementos
tamento humano tido como delituoso, pois se preocupa que compõe o fato criminoso.
principalmente com a constatação do nexo de causalidade
O crime é composto de três elementos básicos: fato tí-
do delito.
pico, antijurídico (ou ilícito) e culpável. Para fins didáticos,
Sob a influência do positivismo naturalista, Von Liszt
eles são estudados em separado, facilitando a compreen-
definiu ação como a inervação muscular produzida por
são do tema.
energias de um impulso cerebral, que comandadas pelas
leis da natureza, provoca uma transformação no mundo Parte da doutrina entende que o crime é apenas o fato
exterior. A ação é vista de uma forma puramente objetiva, típico e ilícito, considerando a culpabilidade como mero
causal e naturalista. Reconhece-se que toda ação se inicia pressuposto da pena. Não se coaduna, entretanto, tal en-
com a vontade, no entanto o conteúdo desta é irrelevante tendimento com o ordenamento e jurisprudência pátrios,
para a teoria causalista, bastando apenas a verificação da já que, por exemplo, se isso fosse verdade, o inimputável
relação causal entre o ato e o resultado, que é o crime pro- seria capaz de praticar crime, porém, sem pena. Como se
priamente dito. sabe, o inimputável (absolutamente) não pratica crime,
Porém, deve se ressaltar que a concepção clássica do justamente por estar ausente a culpabilidade.
delito também leva em consideração o aspecto subjetivo. É a possibilidade de através de sua estruturação, se ter
Isto porque, baseando-se no conceito analítico de crime condições de fiscalizar a aplicação do direito penal pelo
(ação típica, antijurídica e culpável), o Causalismo identifica poder judiciário. É através disto que se terá condição de
tanto elementos objetivos, representados pela tipicidade e afirmar que um sujeito não poderá responder por um fato,
pela antijuricidade, quanto um elemento subjetivo, a saber, porque é atípico; ou porque um sujeito não poderá res-
a culpabilidade (dolo ou culpa). ponder por um determinado fato, porque o praticou sob
A tipicidade se refere ao aspecto externo da ação e à o manto de um exercício regular de direito; ou porque o
subsunção desta à letra da lei. A antijuricidade, por sua vez, sujeito não poderá responder por determinado fato, por-
realiza uma valoração negativa da ação, identificando se a que o praticou sob o manto de um erro de proibição, que
conduta é realmente típica ou se há alguma causa de justi- afetou a culpabilidade.
ficação ou excludente de culpabilidade. Já a culpabilidade Por intermédio dessa estruturação que a sociedade
é concebida como uma relação psicológica entre a ação e tem condição de acompanhar e fiscalizar a aplicação cor-
o autor, sendo que a intensidade desse vínculo irá deter- reta do Direito Penal. Sem isso, nós teríamos uma aplica-
minar a forma de culpabilidade, como dolosa ou culposa. ção intuitiva pelos juízes, de difícil fiscalização. Então, cum-
A teoria finalista do crime foi desenvolvida por Hans pre uma função importante que é a de segurança jurídica.
Welzel. O conceito finalista opõe-se ao conceito causal de Fato Típico é denominado como o comportamento hu-
crime, especialmente no que tange a distinção proposta mano que se molda perfeitamente aos elementos cons-
pelo Causalismo entre a manifestação da vontade e o con- tantes do modelo previsto na lei penal.
teúdo da mesma. Para o finalismo toda ação possui uma A primeira característica do crime é ser um fato típico,
finalidade, logo o conteúdo da vontade é relevante para a descrito, como tal, numa lei penal. Um acontecimento da
definição de crime. vida que corresponde exatamente a um modelo de fato
O conceito funcionalista do delito foi elaborado por contido numa norma penal incriminadora, a um tipo.
Claus Roxin, em sua obra Política criminal e sistema jurí- Para que o operador do Direito possa chegar à con-
dico-penal. clusão de que determinado acontecimento da vida é um
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A teoria de Roxin opõe-se ao Causalismo de Liszt, uma fato típico, deve debruçar-se sobre ele e, analisando-o, de-
vez que este estabelece um sistema fechado de análise do compô-lo em suas faces mais simples, para verificar, com
crime e procura excluir da esfera do direito as dimensões certeza absoluta, se entre o fato e o tipo existe relação de
do social e do político. Em contrapartida, o Funcionalis- adequação exata, fiel, perfeita, completa, total e absoluta.
mo adota outro entendimento acerca do crime, pois reco- Essa relação é a tipicidade.
nhece que os problemas político-criminais são relevantes Para que determinado fato da vida seja considerado
para a teoria geral do delito. Aliás, para o funcionalismo típico, é preciso que todos os seus componentes, todos
a política criminal deve sempre ser observada quando se os seus elementos estruturais sejam, igualmente, típicos.
pretende enquadrar determinada conduta como delito,

6
Os componentes de um fato típico são a conduta hu- É necessário compreender a Teoria da Imputação Obje-
mana, a consequência dessa conduta se ela a produzir (o tiva. A Imputação Objetiva representa uma nova dogmática,
resultado), a relação de causa e efeito entre aquela e esta revolucionária em vários aspectos, que procura solucionar
(nexo causal) e, por fim, a tipicidade. de maneira concisa questões ainda sem resposta dentro do
Considera-se conduta a ação ou omissão humana cons- ordenamento jurídico-penal.
ciente e voluntária dirigida a uma finalidade. A teoria da imputação objetiva surge no mundo jurídico
A expressão resultado tem natureza equívoca, já que sob a doutrina de Roxin, que passa a fundamentar os estu-
possui dois significados distintos em matéria penal. Pode dos da estrutura criminal analisando os aspectos políticos
se falar, assim, em resultado material ou naturalístico e em do crime.
resultado jurídico ou normativo. Parte da doutrina entende que a teoria da imputação
O resultado naturalístico ou material consiste na modi- objetiva consiste na fusão entre a teoria causal, finalista e a
ficação no mundo exterior provocada pela conduta. Trata- teoria da adequação social, em contrapartida, sendo con-
-se de um evento que só se faz necessário em crimes ma- siderada também, conforme ilustrado, uma teoria nova e
teriais, ou seja, naquele cujo tipo penal descreva a conduta revolucionária que conceitua que no âmbito do fato típico,
e a modificação no mundo externo, exigindo ambas para deve-se atribuir ao agente apenas responsabilidade penal,
efeito de consumação. não levando em consideração o dolo do agente, pois este,
O resultado jurídico ou normativo reside na lesão ou é requisito subjetivo e deve ser analisado somente no que
ameaça de lesão ao bem jurídico tutelado pela norma pe- tange a imputação subjetiva.
nal. Todas as infrações devem conter, expressa ou impli- Esta teoria determina que não há imputação objetiva
citamente, algum resultado, pois não há delito sem que quando o risco criado é permitido, devendo o agente res-
ocorra lesão ou perigo (concreto ou abstrato) a algum bem ponder penalmente apenas se ele criou ou desenvolveu um
penalmente protegido. risco proibido relevante.
A doutrina moderna dá preferência ao exame do re- Assim, um resultado causado por um agente pode ser
sultado jurídico. Este constitui elemento implícito de todo imputado ao tipo objetivo se a conduta do autor cria um
perigo para um bem jurídico não coberto pelo risco per-
fato penalmente típico, pois se encontra ínsito na noção de
mitido e esse perigo também foi realizado no resultado
tipicidade material.
concreto.
O resultado naturalístico, porém, não pode ser menos-
Ilícito penal, é o crime ou delito. Ou seja, é o descumpri-
prezado, uma vez que se cuida de elementar presente em
mento de um dever jurídico imposto por normas de direito
determinados tipos penais, de tal modo que desprezar sua
público, sujeitando o agente a uma pena.
análise seria malferir o princípio da legalidade.
Na ilicitude penal, a antijuridicidade é a contradição en-
tre uma conduta e o ordenamento jurídico. O fato típico,
1. Nexo Causal, Relação de Causalidade ou Nexo de
até prova em contrário, é um fato que, ajustando-se a um
Causalidade tipo penal, é antijurídico.
Exclusão de ilicitude é uma causa excepcional que retira
Entende-se por relação de causalidade o vínculo que o caráter antijurídico de uma conduta tipificada como cri-
une a causa, enquanto fator propulsor, a seu efeito, como minosa (fato típico).
consequência derivada. Trata-se do liame que une a cau- Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
sa ao resultado que produziu. O nexo de causalidade in- I - em estado de necessidade;
teressa particularmente ao estudo do Direito Penal, pois, II - em legítima defesa;
em face de nosso Código Penal (art. 13), constitui requisito III - em estrito cumprimento de dever legal ou no exercí-
expresso do fato típico. Esse vínculo, porém, não se fará cio regular de direito.
necessário em todos os crimes, mas somente naqueles em Excesso punível
que à conduta exigir-se a produção de um resultado, isto Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
é, de uma modificação no mundo exterior, ou seja, cuida-se deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
de um exame que se fará necessário no âmbito dos crimes
materiais ou de resultado. A ação do homem será típica sob o aspecto criminal
Tipicidade, ao lado da conduta, do nexo causal e do quando a lei penal a descreve como sendo um delito. Numa
resultado constitui elemento necessário ao fato típico de primeira compreensão, isso também basta para se afirmar
que ela está em desacordo com a norma, que se trata de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

qualquer infração penal.


Deve ser analisada em dois planos: formal e material. uma conduta ilícita ou, noutros termos, antijurídica.
Entende-se por tipicidade a relação de subsunção entre Essa ilicitude ou antijuridicidade, contudo, consistente
um fato concreto e um tipo penal (tipicidade formal) e a na relação de contrariedade entre a conduta típica do autor
lesão ou perigo de lesão ao bem penalmente tutelado (ti- e o ordenamento jurídico, pode ser suprimida, desde de
picidade material). que, no caso concreto, estejam presentes uma das hipóte-
Trata-se de uma relação de encaixe, de enquadramento. ses previstas no art. 23, do CP: o estado de necessidade, a
É o adjetivo que pode ou não ser dado a um fato, conforme legítima defesa, o estrito cumprimento do dever legal ou o
ele se enquadre ou não na lei penal. exercício regular de direito.

7
O estado de necessidade e a legítima defesa são con- - de maneira consciente emprega um meio desnecessá-
ceituados nos artigos 24 e 25, do CP, merecendo destaque, rio ou usa imoderadamente o meio necessário;
neste tópico, apenas o estrito cumprimento do dever legal A legítima defesa fica afastada por excluído um dos
e o exercício regular de um direito, como excludentes da seus requisitos essenciais.
ilicitude ou da antijuridicidade. - após a reação justa (meio e moderação) por imprevi-
A expressão estrito cumprimento do dever legal, por si dência ou conscientemente continua desnecessaria-
só, basta para justificar que tal conduta não é ilícita, ainda mente na ação.
que se constitua típica. Isso porque, se a ação do homem
decorre do cumprimento de um dever legal, ela está de No terceiro agirá com excesso, o agente que intensifi-
acordo com a lei, não podendo, por isso, ser contrária a ca demasiada e desnecessariamente a reação inicialmen-
ela. Noutros termos, se há um dever legal na ação do autor, te justificada. O excesso poderá ser doloso ou culposo. O
esta não pode ser considerada ilícita, contrária ao ordena- agente responderá pela conduta constitutiva do excesso.
mento jurídico.
Um exemplo possível de estrito cumprimento do dever 3. Punibilidade
legal pode restar configurado no crime de homicídio, em
que, durante tiroteio, o revide dos policiais, que estavam A punibilidade é uma das condições para o exercício da
no cumprimento de um dever legal, resulta na morte do ação penal (CPP, art. 43, II) e pode ser definida como a pos-
marginal. Neste sentido - RT 580/447. sibilidade jurídica de o Estado aplicar a sanção penal (pena
O exercício regular de um direito, como excludente da ou medida de segurança) ao autor do ilícito.
ilicitude, também quer evitar a antinomia nas relações ju- A Punibilidade, portanto, é consequência do crime. As-
rídicas, posto que, se a conduta do autor decorre do exer- sim, é punível a conduta que pode receber pena.
cício regular de um direito, ainda que ela seja típica, não A imputabilidade é a possibilidade de atribuir a um
poderá ser considerada antijurídica, já que está de acordo indivíduo a responsabilidade por uma infração. Segundo
com o direito. prescreve o art. 26, do CP, podemos, também, definir a im-
Um exemplo de exercício regular de um direito, como putabilidade como a capacidade do agente entender o ca-
excludente da ilicitude, é o desforço imediato, emprega- ráter ilícito do fato por ele perpetrado ou, de determinar-se
do pela vítima da turbação ou do esbulho possessório, de acordo com esse entendimento.
enquanto possuidor que pretende reaver a posse da coisa É, portanto a possibilidade de se estabelecer o nexo en-
para si (RT - 461/341). tre a ação e seu agente, imputando a alguém a realização
A incidência da excludente da ilicitude, conduto, não de um determinado ato.
pode servir de salvo conduto para eventuais excessos do Quando existe algum agravo à saúde mental, os indiví-
autor, que venham a extrapolar os limites do necessário duos podem ser considerados inimputáveis – se não tive-
para a defesa do bem jurídico, do cumprimento de um de- rem discernimento sobre os seus atos ou não possuírem
ver legal ou do exercício regular de um direito. Havendo autocontrole, são isentos de pena.
excesso, o autor do fato será responsável por ele, caso res- Os semimputáveis são aqueles que, sem ter o discer-
tem verificados seu dolo ou sua culpa. Nesse sentido é a nimento ou autocontrole abolidos, têm-nos reduzidos ou
regra do parágrafo único do art. 23 do CP. prejudicados por doença ou transtorno mental.

1.1. Culpabilidade 4. Causas que excluem a imputabilidade

A Culpabilidade é um elemento integrante do conceito • doença Mental.


definidor de uma infração penal. A motivação e objetivos • desenvolvimento mental incompleto.
subjetivos do agente praticante da conduta ilegal. A culpa- • desenvolvimento mental retardado.
bilidade aufere, a princípio, se o agente da conduta ilícita • embriaguez completa proveniente de caso fortuito
é penalmente culpável, isto é, se ele agiu com dolo (in- ou força maior.
tenção), ou pelo menos com imprudência, negligência ou
imperícia, nos casos em que a lei prever como puníveis tais Doença mental é a perturbação mental ou psíquica de
modalidades qualquer ordem, capaz de eliminar ou afetar a capacidade de
entender o caráter criminoso do fato ou a de comandar a von-
2. O excesso Punível tade de acordo com esse entendimento. Importante esclarecer
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

que a dependência patológica, como drogas configura doença


Ao reagir à agressão injusta que está sofrendo, ou em mental quando retirar a capacidade de entender ou querer.
vias de sofrê-la, em relação ao meio usado o agente pode Desenvolvimento mental incompleto é o desenvolvi-
encontrar-se em três situações diferentes: mento que não se concluiu, devido à recente idade crono-
- usa de um meio moderado e dentro do necessário lógica do agente ou a sua falta de convivência na socieda-
para repelir à agressão; de, ocasionando imaturidade mental e emocional.
Haverá necessariamente o reconhecimento da legítima Os menores de 18 anos, em razão de não sofrerem san-
defesa. ção penal pela prática de ilícito penal, em decorrência da
ausência de culpabilidade, estão sujeitos ao procedimento
medidas sócio educativos prevista no ECA.

8
Desenvolvimento mental retardado é o incompatível As excludentes de ilicitude estão previstas no artigo 23
com o estágio de vida em que se encontra a pessoa, es- do Código Penal brasileiro. São elas: o estado de necessi-
tando, portanto, abaixo do desenvolvimento normal para dade, a legítima defesa, o estrito cumprimento do dever
aquela idade cronológica. Sua capacidade não correspon- legal e o exercício regular de direito.
de às experiências para aquele momento de vida, o que Estado de necessidade. Trata-se de uma excludente
significa que a plena potencialidade jamais será atingida. de ilicitude que constitui no sacrifício de um bem jurídi-
Os inimputáveis aqui tratados não possuem condições de co penalmente protegido, visando salvar de perigo atual e
entender o crime que cometeram.
inevitável direito próprio do agente ou de terceiro - desde
que no momento da ação não for exigido do agente uma
5. Critérios de aferição da inimputabilidade, pessoas
conduta menos lesiva. Nesta causa justificante, no mínimo
inimputáveis:
dois bens jurídicos estarão postos em perigo, sendo que
• Sistema Biológico: (Usado pela doutrina: Código Pe- para um ser protegido, o outro será prejudicado.
nal sobre menoridade penal) neste interessa saber Para que se caracterize a excludente de estado de ne-
se o agente é portador de alguma doença mental cessidade preenche dois requisitos: existência de perigo
ou desenvolvimento mental incompleto ou retardo, atual e inevitável e a não provocação voluntária do perigo
caso positivo é considerado inimputável. pelo agente. Quanto ao primeiro, importante destacar que
• Sistema psicológico: neste o que interessa é o so- se trata do que está acontecendo, ou seja, o perigo não
mente o momento da ação ou omissão delituosa, se é remoto ou incerto e além disso, o agente não pode ter
ele tinha ou não condições de avaliar o caráter cri- opção de tomar outra atitude, pois caso contrário, não se
minoso do fato e de orientar-se de acordo com esse justifica a ação. Enquanto o segundo requisito significa que
entendimento, ou seja, o momento da pratica do cri- o agente não pode ter provocado o perigo intencional-
me. A emoção não excluir a imputabilidade. E pessoa mente. A doutrina majoritária entende que se o agente cria
que comete crime, com integral alternação de seu a situação de perigo de forma culposa, ainda assim poderá
estado físico-psíquico responde pelos seus atos. se utilizar da excludente.
• Sistema biopsicológico: exige-se que a causa gera- Vale observar o tema abordado por Rogério Greco
dora esteja prevista em lei e que, além disso, atue
quanto ao estado de necessidade relacionado a necessida-
efetivamente no momento da ação delituosa, reti-
des econômicas. Trata-se de casos em que devido a gran-
rando do agente a capacidade de entendimento e
des dificuldades financeiras, o agente comete crimes em
vontade. Desta forma, será inimputável aquele que,
em razão de uma causa prevista em lei (doença men- virtude de tal situação.
tal, incompleto ou retardado), atue no momento da Conforme o doutrinador, não é qualquer dificuldade
prática da infração penal sem capacidade de enten- econômica que autoriza o agente a agir em estado de ne-
der o caráter criminoso do fato. cessidade, somente se permitindo quando a situação afete
sua própria sobrevivência. Como é o caso, por exemplo, do
Requisitos da inimputabilidade segundo o sistema pai que vendo seus familiares com fome e não sem con-
biopsicológico: dições de prover sustento, furta alimentos num mercado.
• Causal: existencial de doença mental ou de desen- É razoável que prevaleça o direito à vida do pai e de sua
volvimento incompleto ou retardado, causas previs- família ante ao patrimônio do mercado.
tas em lei. Legítima Defesa. O conceito de legítima defesa, esta
• Cronológico: atuação ao tempo da ação ou omissão que é a excludente mais antiga de todas, está baseado no
delituosa. fato de que o Estado não pode estar presente em todos os
• Consequencial: perda total da capacidade de enten- lugares protegendo os direitos dos indivíduos, ou seja, per-
der ou da capacidade de querer. mite que o agente possa, em situações restritas, defender
Somente há inimputabilidade se os três requisitos es- direito seu ou de terceiro.
tiverem presentes, sendo exceção aos menos de 18 anos, Assim sendo, a legítima defesa nada mais é do que a
regidos pelo sistema biológico. ação praticada pelo agente para repelir injusta agressão a
si ou a terceiro, utilizando-se dos meios necessários com
6. Excludentes de Ilicitude
moderação.
A formação da legítima defesa depende de alguns re-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Para que haja ilicitude em uma conduta típica, indepen-


quisitos objetivos. São eles:
dentemente do seu elemento subjetivo, é necessário que
a) Agressão injusta, atual ou iminente;
inexistam causas justificantes. Isto porque estas causas tor-
b) Direito próprio ou alheio;
nam lícita a conduta do agente.
c) Utilização de meios necessários com moderação.
As causas justificantes têm o condão de tornar lícita
uma conduta típica praticada por um sujeito. Assim, aquele
O elemento subjetivo existente na legítima defesa é a
que pratica fato típico acolhido por uma excludente, não
comete ato ilícito, constituindo uma exceção à regra que vontade de se defender ou defender direito alheio. Além
todo fato típico será sempre ilícito. de preencher os requisitos objetivos, o agente precisa ter o
animus defendendi no momento da ação. Se o agente des-

9
conhecia a agressão que estava por vir e age com intuito cular. Para que se caracterize a causa justificante, o agente
de causar mal ao agressor, não haverá exclusão da ilicitude precisa ter consciência de que pratica o ato em cumpri-
da conduta, pois haverá mero caso de coincidência. mento de dever legal a ele incumbido, pois, do contrário, o
Ponto bastante discutido entre os doutrinadores é o seu ato configuraria um ilícito. Trata-se do elemento subje-
que trata de ofendículos. Para alguns autores, constituem tivo desta excludente, que é a ação do agente praticada no
legítima defesa preordenada e para outros, exercício regu- intuito de cumprir ordem legal.
lar de direito, embora ambos se enquadrem na exclusão Ao tratar de coautores e partícipes, Fernando Capez
da antijuricidade da conduta. Ofendículos são aparatos que suscita uma questão interessante. Para ele, ambos não po-
visam proteger o patrimônio ou qualquer outro bem su- deriam ser responsabilizados, pois não como falar em ato
jeito a invasões, como por exemplo, as cercas elétricas em lícito para, e para o outro ilícito. Porém, se um deles desco-
cima de um muro de uma casa. A jurisprudência entende nhecer a situação justificante que enseja o uso a excludente
que todos os aparatos dispostos para defender o patrimô- de ilicitude, e age com propósito de lesar direito alheio,
nio devem ser visíveis e inacessíveis a terceiros inocentes, respondera pelo delito praticado, mesmo isoladamente.
somente afetando aquele que visa invadir ou atacar o bem Exercício regular do direito. Aquele que exerce um direi-
tutelado alheio. Preenchendo estes requisitos, o agente to garantido por lei não comete ato ilícito. Uma vez que o
não responderá pelos danos causados ao agressor, pois ordenamento jurídico permite determinada conduta, se dá
configurará caso de legítima defesa preordenada. Só serão a excludente do exercício regular do direito.
conceituados como exercício regular de direito quando le- O primeiro requisito exigido por esta causa justifican-
vados em consideração o momento de sua instalação. te é a existência de um direito, podendo ser de qualquer
Por fim, faz-se necessário analisar quando o agente de- natureza, desde que previsto no ordenamento jurídico. O
verá responder por excesso, em caso de legítima defesa. segundo requisito é a regularidade da conduta, isto é, o
São três as situações: a primeira refere-se à forma dolosa, a agente deve agir nos limites que o próprio ordenamento
segunda culposa e a última é aquela que se origina de erro. jurídico impõe aos direitos. Do contrário haveria abuso de
A primeira o agente tem ciência de que a agressão ces- direito, configurando excesso doloso ou culposo.
Também se faz necessário que o agente tenha conheci-
sou, mas mesmo assim, continua com sua conduta, lesan-
mento da situação em que se encontra para poder se valer
do o bem jurídico do agressor inicial. Neste caso, o agente
desta excludente de ilicitude. É preciso saber que está agin-
que inicialmente se encontra em estado de legítima defesa
do conforme um direito a ele garantido, pois do contrário,
e excede conscientemente seus limites, responderá pelos
subsistiria a ilicitude da ação. Fernando Capez traz o exem-
resultados do excesso a título de dolo. A segunda se con-
plo do pai que pratica vias de fato ou lesão corporal leve
figura quando o agente que age reagindo contra a agres-
contra seu filho, mas sem o intuito de correção, tendo den-
são, excede os limites da causa justificante por negligência,
tro de si a intenção de lhe ofender a integridade física. [6]
imprudência ou imperícia. O resultado lesivo causado deve Algumas situações são relevantes merecem ser mencio-
estar previsto em lei como crime culposo, para que o agen- nadas quanto ao alcance do exercício regular do direito. Uma
te possa responder. E a última, que é proveniente do erro, delas é a intervenção médica e cirúrgica. Seria incompreensí-
se configura no caso de legítima defesa subjetiva. Aqui, o vel considerar atos de médicos que salvam vidas como ilícitos.
agente incide em erro sobre a situação que ocorreu, su- Porém, para que haja exercício regular do direito, é necessário
pondo que a agressão ainda existe. Responderá por culpa, que exista a anuência do paciente, pois, do contrário, haveria
caso haja previsão e se for evitável. estado de necessidade praticado em favor de terceiro, poden-
Estrito cumprimento do dever legal. O agente que cum- do restar responsabilidade no âmbito civil.
pre o seu dever proveniente da lei, não responderá pelos
atos praticados, ainda que constituam um ilícito penal. Isto CAUSAS DE EXCLUSÃO DA CULPABILIDADE
porque o estrito cumprimento de dever legal constitui ou-
tra espécie de excludente de ilicitude, ou causa justificante. O Código Penal prevê causas que excluem a culpabi-
O primeiro requisito para formação desta excludente de lidade pela ausência de um de seus elementos, ficando o
ilicitude é a existência prévia de um dever legal. Este requi- sujeito isento de pena, ainda que tenha praticado um fato
sito engloba toda e qualquer obrigação direta ou indireta típico e antijurídico.
que seja proveniente de norma jurídica. Dessa forma, pode a) inimputabilidade: a incapacidade de entender o cará-
advir de qualquer ato administrativo infralegal, desde que ter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com
tenham sua base na lei. Também pode ter sua origem em esse entendimento.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

decisões judiciais, já que são proferidas pelo Poder Judiciá- • doença mental, desenvolvimento mental incompleto
rio no cumprimento de ordens legais. ou retardado (art. 26, do CP).
Outro requisito é o cumprimento estrito da ordem. Para • desenvolvimento mental incompleto por presunção
que se configure esta causa justificante, é necessário que o legal, do menor de 18 anos (art. 27, do CP).
agente se atenha aos limites presentes em seu dever, não • embriaguez completa, proveniente de caso fortuito
podendo se exceder no seu cumprimento. Aquele que ul- ou força maior (art. 28, § 1º, do CP).
trapassa os limites da ordem legal poderá responder por b) inexistência da possibilidade de conhecimento da ili-
crime de abuso de autoridade ou algum outro específico citude: erro de proibição (art. 21, do CP).
no código Penal. Por fim, o último requisito é a execução c) inexigibilidade de conduta diversa:
do ato por agente público, e excepcionalmente, por parti-

10
• coação moral irresistível (art. 22, 1ª parte do CP);
• obediência hierárquica (art. 22, 2ª parte, do CP).
DOS CRIMES CONTRA A VIDA (HOMICÍDIO,
LESÃO CORPORAL E RIXA). DOS CRIMES
CONTRA A LIBERDADE PESSOAL (AMEAÇA,
IMPUTABILIDADE PENAL. SEQUESTRO E CÁRCERE PRIVADO).

IMPUTABILIDADE
CRIMES CONTRA A PESSOA
A ausência de imputabilidade ocorre, como se sabe,
para menores de 18 anos de idade, doentes mentais ou 1. Teoria geral
pessoas com desenvolvimento mental incompleto ou re-
tardado. Entretanto, consta esclarecer que a embriaguez Os crimes contra a pessoa estão no início da parte es-
completa acidental (por força maior) e a patológica tam- pecial do Código Penal, sendo um título do Código Penal,
bém são excludentes de culpabilidade. Vejamos as modali- contendo capítulos e seções.
dades de embriaguez: O título “crimes contra a pessoa” tem os seguintes ca-
I- Embriaguez preordenada: Ocorre quando o agente se pítulos:
embriaga para praticar o crime. É uma causa agravante I- Crimes contra a vida;
de pena. II- Lesões Corporais;
II- Embriaguez voluntária ou culposa: Ocorre quando o III- Periclitação da vida e da saúde;
agente se embriaga por negligência ou por vontade pró- IV- Rixa;
pria. Neste caso, o agente responde pelo delito como se V- Crimes contra a honra;
estivesse sóbrio. VI – Crimes contra a liberdade individual.
III- Embriaguez acidental ou involuntária: Ocorre quan-
do o agente se embriaga por caso fortuito ou força Vejam-se, todos os crimes previstos neste título tem
maior (ex: desconhecendo ou não sabendo que estava como objeto a pessoa, sendo a vida, saúde, honra, liber-
ingerindo droga). dade etc...
Vejamos agora os crimes em espécie conforme dispos-
Em crime com embriaguez acidental completa, afasta- to no Código Penal.
-se a imputabilidade, excluindo-se a culpabilidade; sendo
embriaguez acidental incompleta, diminui-se de um terço TÍTULO I
a dois terços a pena. CRIMES CONTRA A PESSOA
IV- Embriaguez patológica: É considerada doença men- CAPÍTULO I
tal. Afasta-se a imputabilidade, excluindo-se a culpabili- CRIMES CONTRA A VIDA
dade por inimputabilidade.
Homicídio simples
1. Resumo Art. 121. Matar alguem:
Pena - reclusão, de seis a vinte anos.
Em caso de imputabilidade por doença mental ou de- Caso de diminuição de pena
senvolvimento mental incompleto ou retardado, a absolvi- § 1º Se o agente comete o crime impelido por motivo
ção do acusado será imprópria, podendo-se aplicar medi- de relevante valor social ou moral, ou sob o domínio de
da de segurança. violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação
Em caso de menoridade (art. 27 do CP), aplicar-se-á da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um
medida socioeducativa (adolescentes -ECA) terço.
Por fim, em caso de embriaguez acidental completa ou
patológica (que demonstra a incapacidade total do acusa- Homicídio qualificado
do), exclui-se a culpabilidade. § 2° Se o homicídio é cometido:
I - mediante paga ou promessa de recompensa, ou por
outro motivo torpe;
II - por motivo futil;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

III - com emprego de veneno, fogo, explosivo, asfixia,


tortura ou outro meio insidioso ou cruel, ou de que possa
resultar perigo comum;
IV - à traição, de emboscada, ou mediante dissimulação
ou outro recurso que dificulte ou torne impossivel a de-
fesa do ofendido;
V - para assegurar a execução, a ocultação, a impuni-
dade ou vantagem de outro crime:
Pena - reclusão, de doze a trinta anos.

11
Feminicídio (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) Pena - reclusão, de dois a seis anos, se o suicídio se con-
VI - contra a mulher por razões da condição de sexo suma; ou reclusão, de um a três anos, se da tentativa de
feminino: (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) suicídio resulta lesão corporal de natureza grave.
VII – contra autoridade ou agente descrito nos arts. Parágrafo único - A pena é duplicada:
142 e 144 da Constituição Federal, integrantes do siste- Aumento de pena
ma prisional e da Força Nacional de Segurança Pública, I - se o crime é praticado por motivo egoístico;
no exercício da função ou em decorrência dela, ou con- II - se a vítima é menor ou tem diminuída, por qualquer
tra seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo causa, a capacidade de resistência.
até terceiro grau, em razão dessa condição: (Incluído
pela Lei nº 13.142, de 2015) Infanticídio
Pena - reclusão, de doze a trinta anos. Art. 123 - Matar, sob a influência do estado puerperal, o
§ 2o-A Considera-se que há razões de condição de sexo próprio filho, durante o parto ou logo após:
feminino quando o crime envolve: (Incluído pela Lei nº Pena - detenção, de dois a seis anos.
13.104, de 2015)
I - violência doméstica e familiar; (Incluído pela Lei nº Aborto provocado pela gestante ou com seu con-
13.104, de 2015) sentimento
II - menosprezo ou discriminação à condição de mulher. Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir
(Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) que outrem lho provoque: (Vide ADPF 54)
Pena - detenção, de um a três anos.
Homicídio culposo Aborto provocado por terceiro
§ 3º Se o homicídio é culposo: (Vide Lei nº 4.611, de Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da
1965) gestante:
Pena - detenção, de um a três anos. Pena - reclusão, de três a dez anos.
Aumento de pena Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da ges-
§ 4o No homicídio culposo, a pena é aumentada de 1/3 tante: (Vide ADPF 54)
(um terço), se o crime resulta de inobservância de regra Pena - reclusão, de um a quatro anos.
técnica de profissão, arte ou ofício, ou se o agente deixa Parágrafo único. Aplica-se a pena do artigo anterior, se
de prestar imediato socorro à vítima, não procura dimi- a gestante não é maior de quatorze anos, ou é alienada
nuir as consequências do seu ato, ou foge para evitar ou debil mental, ou se o consentimento é obtido me-
prisão em flagrante. Sendo doloso o homicídio, a pena diante fraude, grave ameaça ou violência
é aumentada de 1/3 (um terço) se o crime é praticado
contra pessoa menor de 14 (quatorze) ou maior de 60 Forma qualificada
(sessenta) anos. (Redação dada pela Lei nº 10.741, de Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anterio-
2003) res são aumentadas de um terço, se, em consequência
§ 5º - Na hipótese de homicídio culposo, o juiz poderá do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo,
deixar de aplicar a pena, se as consequências da infra- a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são
ção atingirem o próprio agente de forma tão grave que duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém
a sanção penal se torne desnecessária. (Incluído pela Lei a morte.
nº 6.416, de 24.5.1977) Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico:
§ 6o A pena é aumentada de 1/3 (um terço) até a me- (Vide ADPF 54)
tade se o crime for praticado por milícia privada, sob o
pretexto de prestação de serviço de segurança, ou por Aborto necessário
grupo de extermínio. (Incluído pela Lei nº 12.720, de I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante;
2012) Aborto no caso de gravidez resultante de estupro
§ 7o A pena do feminicídio é aumentada de 1/3 (um ter- II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é prece-
ço) até a metade se o crime for praticado: (Incluído pela dido de consentimento da gestante ou, quando incapaz,
Lei nº 13.104, de 2015) de seu representante legal.
I - durante a gestação ou nos 3 (três) meses posteriores
ao parto; (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) CAPÍTULO II
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

II - contra pessoa menor de 14 (catorze) anos, maior de DAS LESÕES CORPORAIS


60 (sessenta) anos ou com deficiência; (Incluído pela Lei
nº 13.104, de 2015) Lesão corporal
III - na presença de descendente ou de ascendente da Art. 129. Ofender a integridade corporal ou a saúde de
vítima. (Incluído pela Lei nº 13.104, de 2015) outrem:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Induzimento, instigação ou auxílio a suicídio Lesão corporal de natureza grave
Art. 122 - Induzir ou instigar alguém a suicidar-se ou § 1º Se resulta:
prestar-lhe auxílio para que o faça: I - Incapacidade para as ocupações habituais, por mais
de trinta dias;

12
II - perigo de vida; § 12. Se a lesão for praticada contra autoridade ou agen-
III - debilidade permanente de membro, sentido ou fun- te descrito nos arts. 142 e 144 da Constituição Fede-
ção; ral, integrantes do sistema prisional e da Força Nacional
IV - aceleração de parto: de Segurança Pública, no exercício da função ou em de-
Pena - reclusão, de um a cinco anos. corrência dela, ou contra seu cônjuge, companheiro ou
§ 2° Se resulta: parente consanguíneo até terceiro grau, em razão dessa
I - Incapacidade permanente para o trabalho; condição, a pena é aumentada de um a dois terços. (In-
II - enfermidade incuravel; cluído pela Lei nº 13.142, de 2015)
III perda ou inutilização do membro, sentido ou função;
IV - deformidade permanente; CAPÍTULO III
V - aborto: DA PERICLITAÇÃO DA VIDA E DA SAÚDE
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Perigo de contágio venéreo
Lesão corporal seguida de morte Art. 130 - Expor alguém, por meio de relações sexuais
§ 3° Se resulta morte e as circunstâncias evidenciam ou qualquer ato libidinoso, a contágio de moléstia vené-
que o agente não quís o resultado, nem assumiu o risco rea, de que sabe ou deve saber que está contaminado:
de produzí-lo: Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. § 1º - Se é intenção do agente transmitir a moléstia:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Diminuição de pena § 2º - Somente se procede mediante representação.
§ 4° Se o agente comete o crime impelido por motivo
de relevante valor social ou moral ou sob o domínio de Perigo de contágio de moléstia grave
violenta emoção, logo em seguida a injusta provocação Art. 131 - Praticar, com o fim de transmitir a outrem
da vítima, o juiz pode reduzir a pena de um sexto a um moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de
terço. produzir o contágio:
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Substituição da pena
§ 5° O juiz, não sendo graves as lesões, pode ainda subs- Perigo para a vida ou saúde de outrem
tituir a pena de detenção pela de multa, de duzentos mil Art. 132 - Expor a vida ou a saúde de outrem a perigo
réis a dois contos de réis:
direto e iminente:
I - se ocorre qualquer das hipóteses do parágrafo an-
Pena - detenção, de três meses a um ano, se o fato não
terior;
constitui crime mais grave.
II - se as lesões são recíprocas.
Parágrafo único. A pena é aumentada de um sexto a
Lesão corporal culposa
um terço se a exposição da vida ou da saúde de ou-
§ 6° Se a lesão é culposa: (Vide Lei nº 4.611, de 1965)
trem a perigo decorre do transporte de pessoas para a
Pena - detenção, de dois meses a um ano.
prestação de serviços em estabelecimentos de qualquer
Aumento de pena natureza, em desacordo com as normas legais. (Incluído
§ 7o Aumenta-se a pena de 1/3 (um terço) se ocorrer pela Lei nº 9.777, de 1998)
qualquer das hipóteses dos §§ 4o e 6o do art. 121 deste
Código. (Redação dada pela Lei nº 12.720, de 2012) Abandono de incapaz 
§ 8º - Aplica-se à lesão culposa o disposto no § 5º do art. Art. 133 - Abandonar pessoa que está sob seu cuidado,
121.(Redação dada pela Lei nº 8.069, de 1990) guarda, vigilância ou autoridade, e, por qualquer mo-
Violência Doméstica (Incluído pela Lei nº 10.886, de tivo, incapaz de defender-se dos riscos resultantes do
2004) abandono:
§ 9o Se a lesão for praticada contra ascendente, descen- Pena - detenção, de seis meses a três anos.
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem § 1º - Se do abandono resulta lesão corporal de natu-
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo- reza grave:
-se o agente das relações domésticas, de coabitação ou Pena - reclusão, de um a cinco anos.
de hospitalidade: (Redação dada pela Lei nº 11.340, de § 2º - Se resulta a morte:
2006) Pena - reclusão, de quatro a doze anos.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. (Reda-


ção dada pela Lei nº 11.340, de 2006) Aumento de pena
§ 10. Nos casos previstos nos §§ 1o a 3o deste artigo, se § 3º - As penas cominadas neste artigo aumentam-se
as circunstâncias são as indicadas no § 9o deste artigo, de um terço:
aumenta-se a pena em 1/3 (um terço). (Incluído pela Lei I - se o abandono ocorre em lugar ermo;
nº 10.886, de 2004) II - se o agente é ascendente ou descendente, cônjuge,
§ 11. Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- irmão, tutor ou curador da vítima.
mentada de um terço se o crime for cometido contra III – se a vítima é maior de 60 (sessenta) anos (Incluído
pessoa portadora de deficiência.  (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 10.741, de 2003)
11.340, de 2006)

13
Exposição ou abandono de recém-nascido Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
Art. 134 - Expor ou abandonar recém-nascido, para Parágrafo único - Se ocorre morte ou lesão corporal de
ocultar desonra própria: natureza grave, aplica-se, pelo fato da participação na
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. rixa, a pena de detenção, de seis meses a dois anos.
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra-
ve: CAPÍTULO V
Pena - detenção, de um a três anos. DOS CRIMES CONTRA A HONRA
§ 2º - Se resulta a morte:
Pena - detenção, de dois a seis anos. Calúnia
Art. 138 - Caluniar alguém, imputando-lhe falsamente
Omissão de socorro fato definido como crime:
Art. 135 - Deixar de prestar assistência, quando possível Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou ex- § 1º - Na mesma pena incorre quem, sabendo falsa a
traviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo imputação, a propala ou divulga.
ou em grave e iminente perigo; ou não pedir, nesses ca- § 2º - É punível a calúnia contra os mortos.
sos, o socorro da autoridade pública:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. Exceção da verdade
Parágrafo único - A pena é aumentada de metade, se § 3º - Admite-se a prova da verdade, salvo:
da omissão resulta lesão corporal de natureza grave, e I - se, constituindo o fato imputado crime de ação pri-
triplicada, se resulta a morte. vada, o ofendido não foi condenado por sentença irre-
corrível;
Condicionamento de atendimento médico-hospita- II - se o fato é imputado a qualquer das pessoas indica-
lar emergencial (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). das no nº I do art. 141;
Art. 135-A. Exigir cheque-caução, nota promissória ou III - se do crime imputado, embora de ação pública, o
qualquer garantia, bem como o preenchimento prévio ofendido foi absolvido por sentença irrecorrível.
de formulários administrativos, como condição para o
atendimento médico-hospitalar emergencial: (Incluído Difamação
pela Lei nº 12.653, de 2012). Art. 139 - Difamar alguém, imputando-lhe fato ofensivo
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul- à sua reputação:
ta. (Incluído pela Lei nº 12.653, de 2012). Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa.
Parágrafo único. A pena é aumentada até o dobro se da Exceção da verdade
negativa de atendimento resulta lesão corporal de na- Parágrafo único - A exceção da verdade somente se ad-
tureza grave, e até o triplo se resulta a morte. (Incluído mite se o ofendido é funcionário público e a ofensa é
pela Lei nº 12.653, de 2012). relativa ao exercício de suas funções.

Maus-tratos Injúria
Art. 136 - Expor a perigo a vida ou a saúde de pessoa Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade
sob sua autoridade, guarda ou vigilância, para fim de ou o decoro:
educação, ensino, tratamento ou custódia, quer privan- Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
do-a de alimentação ou cuidados indispensáveis, quer § 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena:
sujeitando-a a trabalho excessivo ou inadequado, quer I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou
abusando de meios de correção ou disciplina: diretamente a injúria;
Pena - detenção, de dois meses a um ano, ou multa. II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra
§ 1º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra- injúria.
ve: § 2º - Se a injúria consiste em violência ou vias de fato,
Pena - reclusão, de um a quatro anos. que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se con-
§ 2º - Se resulta a morte: siderem aviltantes:
Pena - reclusão, de quatro a doze anos. Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
§ 3º - Aumenta-se a pena de um terço, se o crime é da pena correspondente à violência.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

praticado contra pessoa menor de 14 (catorze) anos. (In- § 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re-
cluído pela Lei nº 8.069, de 1990) ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Redação
CAPÍTULO IV dada pela Lei nº 10.741, de 2003)
DA RIXA Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído
pela Lei nº 9.459, de 1997)
Rixa
Art. 137 - Participar de rixa, salvo para separar os con- Disposições comuns
tendores: Art. 141 - As penas cominadas neste Capítulo aumen-
tam-se de um terço, se qualquer dos crimes é cometido:

14
I - contra o Presidente da República, ou contra chefe de Aumento de pena
governo estrangeiro; § 1º - As penas aplicam-se cumulativamente e em do-
II - contra funcionário público, em razão de suas fun- bro, quando, para a execução do crime, se reúnem mais
ções; de três pessoas, ou há emprego de armas.
III - na presença de várias pessoas, ou por meio que faci- § 2º - Além das penas cominadas, aplicam-se as corres-
lite a divulgação da calúnia, da difamação ou da injúria. pondentes à violência.
IV – contra pessoa maior de 60 (sessenta) anos ou por- § 3º - Não se compreendem na disposição deste artigo:
tadora de deficiência, exceto no caso de injúria. (Incluído I - a intervenção médica ou cirúrgica, sem o consen-
pela Lei nº 10.741, de 2003) timento do paciente ou de seu representante legal, se
Parágrafo único - Se o crime é cometido mediante paga justificada por iminente perigo de vida;
ou promessa de recompensa, aplica-se a pena em dobro. II - a coação exercida para impedir suicídio.

Exclusão do crime Ameaça


Art. 142 - Não constituem injúria ou difamação punível: Art. 147 - Ameaçar alguém, por palavra, escrito ou ges-
I - a ofensa irrogada em juízo, na discussão da causa, to, ou qualquer outro meio simbólico, de causar-lhe mal
pela parte ou por seu procurador; injusto e grave:
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
II - a opinião desfavorável da crítica literária, artística
Parágrafo único - Somente se procede mediante repre-
ou científica, salvo quando inequívoca a intenção de in-
sentação.
juriar ou difamar;
III - o conceito desfavorável emitido por funcionário pú-
Sequestro e cárcere privado
blico, em apreciação ou informação que preste no cum-
Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante se-
primento de dever do ofício.
questro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de 2002)
Parágrafo único - Nos casos dos ns. I e III, responde pela Pena - reclusão, de um a três anos.
injúria ou pela difamação quem lhe dá publicidade. § 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I – se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
Retratação companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
Art. 143 - O querelado que, antes da sentença, se retra- (Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
ta cabalmente da calúnia ou da difamação, fica isento II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
de pena. em casa de saúde ou hospital;
Parágrafo único. Nos casos em que o querelado tenha III - se a privação da liberdade dura mais de quinze dias.
praticado a calúnia ou a difamação utilizando-se de IV – se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
meios de comunicação, a retratação dar-se-á, se assim anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
desejar o ofendido, pelos mesmos meios em que se prati- V – se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído
cou a ofensa. (Incluído pela Lei nº 13.188, de 2015) pela Lei nº 11.106, de 2005)
Art. 144 - Se, de referências, alusões ou frases, se infere § 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
calúnia, difamação ou injúria, quem se julga ofendido natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
pode pedir explicações em juízo. Aquele que se recusa Pena - reclusão, de dois a oito anos.
a dá-las ou, a critério do juiz, não as dá satisfatórias,
responde pela ofensa. Redução a condição análoga à de escravo
Art. 145 - Nos crimes previstos neste Capítulo somente Art. 149. Reduzir alguém a condição análoga à de escra-
se procede mediante queixa, salvo quando, no caso do vo, quer submetendo-o a trabalhos forçados ou a jornada
art. 140, § 2º, da violência resulta lesão corporal. exaustiva, quer sujeitando-o a condições degradantes de
Parágrafo único. Procede-se mediante requisição do Mi- trabalho, quer restringindo, por qualquer meio, sua lo-
nistro da Justiça, no caso do inciso I do caput do art. 141 comoção em razão de dívida contraída com o emprega-
deste Código, e mediante representação do ofendido, no dor ou preposto: (Redação dada pela Lei nº 10.803, de
caso do inciso II do mesmo artigo, bem como no caso do 11.12.2003)
§ 3o do art. 140 deste Código. (Redação dada pela Lei nº Pena - reclusão, de dois a oito anos, e multa, além da
12.033. de 2009) pena correspondente à violência. (Redação dada pela Lei
nº 10.803, de 11.12.2003)
CAPÍTULO VI § 1o Nas mesmas penas incorre quem: (Incluído pela Lei
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE INDIVIDUAL nº 10.803, de 11.12.2003)


SEÇÃO I I – cerceia o uso de qualquer meio de transporte por parte
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE PESSOAL do trabalhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho;
(Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
Constrangimento ilegal II – mantém vigilância ostensiva no local de trabalho ou
Art. 146 - Constranger alguém, mediante violência ou se apodera de documentos ou objetos pessoais do traba-
grave ameaça, ou depois de lhe haver reduzido, por qual- lhador, com o fim de retê-lo no local de trabalho. (Incluído
quer outro meio, a capacidade de resistência, a não fazer pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)
o que a lei permite, ou a fazer o que ela não manda: § 2o A pena é aumentada de metade, se o crime é come-
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa. tido: (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003)

15
I – contra criança ou adolescente; (Incluído pela Lei nº Pena - detenção, de seis meses a dois anos, além da
10.803, de 11.12.2003) pena correspondente à violência.
II – por motivo de preconceito de raça, cor, etnia, religião § 2º - Aumenta-se a pena de um terço, se o fato é co-
ou origem. (Incluído pela Lei nº 10.803, de 11.12.2003) metido por funcionário público, fora dos casos legais,
ou com inobservância das formalidades estabelecidas
Tráfico de Pessoas (Incluído pela Lei nº 13.344, de em lei, ou com abuso do poder.
2016) (Vigência) § 3º - Não constitui crime a entrada ou permanência
Art. 149-A. Agenciar, aliciar, recrutar, transportar, trans- em casa alheia ou em suas dependências:
ferir, comprar, alojar ou acolher pessoa, mediante grave I - durante o dia, com observância das formalidades
ameaça, violência, coação, fraude ou abuso, com a finali- legais, para efetuar prisão ou outra diligência;
dade de: (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) II - a qualquer hora do dia ou da noite, quando algum
I - remover-lhe órgãos, tecidos ou partes do corpo; (In- crime está sendo ali praticado ou na iminência de o ser.
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 4º - A expressão «casa» compreende:
II - submetê-la a trabalho em condições análogas à de I - qualquer compartimento habitado;
escravo; (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigên- II - aposento ocupado de habitação coletiva;
cia) III - compartimento não aberto ao público, onde al-
III - submetê-la a qualquer tipo de servidão; (Incluído guém exerce profissão ou atividade.
pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) § 5º - Não se compreendem na expressão «casa»:
IV - adoção ilegal; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de I - hospedaria, estalagem ou qualquer outra habitação
2016) (Vigência) coletiva, enquanto aberta, salvo a restrição do n.º II do
V - exploração sexual. (Incluído pela Lei nº 13.344, de parágrafo anterior;
2016) (Vigência) II - taverna, casa de jogo e outras do mesmo gênero.
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos, e multa.
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) SEÇÃO III
§ 1o A pena é aumentada de um terço até a metade se: DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DE COR-
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) RESPONDÊNCIA
I - o crime for cometido por funcionário público no
exercício de suas funções ou a pretexto de exercê-las; Violação de correspondência
(Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) Art. 151 - Devassar indevidamente o conteúdo de cor-
II - o crime for cometido contra criança, adolescente ou respondência fechada, dirigida a outrem:
pessoa idosa ou com deficiência; (Incluído pela Lei nº Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
13.344, de 2016) (Vigência) Sonegação ou destruição de correspondência
III - o agente se prevalecer de relações de parentesco, § 1º - Na mesma pena incorre:
domésticas, de coabitação, de hospitalidade, de de- I - quem se apossa indevidamente de correspondência
alheia, embora não fechada e, no todo ou em parte, a
pendência econômica, de autoridade ou de superio-
sonega ou destrói;
ridade hierárquica inerente ao exercício de emprego,
Violação de comunicação telegráfica, radioelétrica ou
cargo ou função; ou (Incluído pela Lei nº 13.344, de
telefônica
2016) (Vigência)
II - quem indevidamente divulga, transmite a outrem
IV - a vítima do tráfico de pessoas for retirada do ter-
ou utiliza abusivamente comunicação telegráfica ou
ritório nacional. (Incluído pela Lei nº 13.344, de 2016)
radioelétrica dirigida a terceiro, ou conversação telefô-
(Vigência)
nica entre outras pessoas;
§ 2o A pena é reduzida de um a dois terços se o agente III - quem impede a comunicação ou a conversação
for primário e não integrar organização criminosa. (In- referidas no número anterior;
cluído pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vigência) IV - quem instala ou utiliza estação ou aparelho radio-
elétrico, sem observância de disposição legal.
SEÇÃO II § 2º - As penas aumentam-se de metade, se há dano
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DO DO- para outrem.
MICÍLIO § 3º - Se o agente comete o crime, com abuso de fun-
ção em serviço postal, telegráfico, radioelétrico ou te-
Violação de domicílio
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lefônico:
Art. 150 - Entrar ou permanecer, clandestina ou astu- Pena - detenção, de um a três anos.
ciosamente, ou contra a vontade expressa ou tácita de § 4º - Somente se procede mediante representação,
quem de direito, em casa alheia ou em suas depen- salvo nos casos do § 1º, IV, e do § 3º.
dências:
Pena - detenção, de um a três meses, ou multa. Correspondência comercial
§ 1º - Se o crime é cometido durante a noite, ou em lu- Art. 152 - Abusar da condição de sócio ou emprega-
gar ermo, ou com o emprego de violência ou de arma, do de estabelecimento comercial ou industrial para, no
ou por duas ou mais pessoas: todo ou em parte, desviar, sonegar, subtrair ou suprimir
correspondência, ou revelar a estranho seu conteúdo:

16
Pena - detenção, de três meses a dois anos. Pena - reclusão, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, e
Parágrafo único - Somente se procede mediante re- multa, se a conduta não constitui crime mais grave. (In-
presentação. cluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 4º Na hipótese do § 3o, aumenta-se a pena de um a
SEÇÃO IV dois terços se houver divulgação, comercialização ou
DOS CRIMES CONTRA A INVIOLABILIDADE DOS SE- transmissão a terceiro, a qualquer título, dos dados ou
GREDOS informações obtidos. (Incluído pela Lei nº 12.737, de
2012) Vigência
Divulgação de segredo § 5º Aumenta-se a pena de um terço à metade se o
Art. 153 - Divulgar alguém, sem justa causa, conte- crime for praticado contra: (Incluído pela Lei nº 12.737,
údo de documento particular ou de correspondência de 2012) Vigência
confidencial, de que é destinatário ou detentor, e cuja I - Presidente da República, governadores e prefeitos;
divulgação possa produzir dano a outrem: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. II - Presidente do Supremo Tribunal Federal; (Incluído
§ 1º Somente se procede mediante representação. (Pa- pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
rágrafo único renumerado pela Lei nº 9.983, de 2000) III - Presidente da Câmara dos Deputados, do Senado
§ 1º-A. Divulgar, sem justa causa, informações sigilosas Federal, de Assembleia Legislativa de Estado, da Câma-
ou reservadas, assim definidas em lei, contidas ou não ra Legislativa do Distrito Federal ou de Câmara Munici-
nos sistemas de informações ou banco de dados da pal; ou (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
Administração Pública:  (Incluído pela Lei nº 9.983, de IV - dirigente máximo da administração direta e indi-
2000) reta federal, estadual, municipal ou do Distrito Federal.
Pena – detenção, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e mul- (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
§ 2º  Quando resultar prejuízo para a Administração Ação penal (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vi-
Pública, a ação penal será incondicionada.  (Incluído gência
pela Lei nº 9.983, de 2000) Art. 154-B. Nos crimes definidos no art. 154-A, somen-
te se procede mediante representação, salvo se o crime
Violação do segredo profissional é cometido contra a administração pública direta ou
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de indireta de qualquer dos Poderes da União, Estados,
que tem ciência em razão de função, ministério, ofício ou Distrito Federal ou Municípios ou contra empresas
profissão, e cuja revelação possa produzir dano a outrem: concessionárias de serviços públicos. (Incluído pela Lei
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
nº 12.737, de 2012) Vigência
Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
presentação.
Invasão de dispositivo informático (Incluído pela Lei nº
12.737, de 2012) Vigência DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO
Art. 154-A. Invadir dispositivo informático alheio, co- (FURTO, ROUBO, EXTORSÃO, APROPRIA-
nectado ou não à rede de computadores, mediante
ÇÃO INDÉBITA, ESTELIONATO E OUTRAS
violação indevida de mecanismo de segurança e com
o fim de obter, adulterar ou destruir dados ou infor- FRAUDES E RECEPTAÇÃO).
mações sem autorização expressa ou tácita do titular
do dispositivo ou instalar vulnerabilidades para obter
vantagem ilícita: (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) O título II da parte especial do Código Penal conta com
Vigência 8 capítulos, sem seções. Os capítulos discorrem sobre os
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e mul- crimes de:
ta. (Incluído pela Lei nº 12.737, de 2012) Vigência I- Furto,
§ 1º Na mesma pena incorre quem produz, oferece, II- Roubo e Extorsão,
distribui, vende ou difunde dispositivo ou programa III- Usurpação,
de computador com o intuito de permitir a prática da IV – Dano,
conduta definida no caput. (Incluído pela Lei nº 12.737, V- Apropriação indébita,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

de 2012) Vigência VI- Estelionato e fraudes,


§ 2º Aumenta-se a pena de um sexto a um terço se da VII- Receptação e
invasão resulta prejuízo econômico. (Incluído pela Lei VIII- Disposições gerais.
nº 12.737, de 2012) Vigência
§ 3º Se da invasão resultar a obtenção de conteúdo Importante salientar que todos os crimes têm como
de comunicações eletrônicas privadas, segredos co- bem jurídico violado um patrimônio.
merciais ou industriais, informações sigilosas, assim
definidas em lei, ou o controle remoto não autorizado
do dispositivo invadido: (Incluído pela Lei nº 12.737, de
2012) Vigência

17
§ 2º - Não é punível a subtração de coisa comum fun-
#FicaDica gível, cujo valor não excede a quota a que tem direito
o agente.
O crime de latrocínio é qualificado pela mor-
te, sendo a finalidade do crime a subtração de CAPÍTULO II
bens da vítima. DO ROUBO E DA EXTORSÃO

Roubo
TÍTULO II Art. 157 - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para
DOS CRIMES CONTRA O PATRIMÔNIO outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa,
CAPÍTULO I ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à
DO FURTO impossibilidade de resistência:
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
Furto § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de
Art. 155 - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou
móvel: grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do cri-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. me ou a detenção da coisa para si ou para terceiro.
§ 1º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é § 2º A pena aumenta-se de 1/3 (um terço) até meta-
praticado durante o repouso noturno. de: (Redação dada pela Lei nº 13.654, de 2018)
§ 2º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a I – (revogado);(Redação dada pela Lei nº 13.654, de
coisa furtada, o juiz pode substituir a pena de reclusão 2018)
pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou II - se há o concurso de duas ou mais pessoas;
aplicar somente a pena de multa. III - se a vítima está em serviço de transporte de valores
§ 3º - Equipara-se à coisa móvel a energia elétrica ou e o agente conhece tal circunstância.
qualquer outra que tenha valor econômico. IV - se a subtração for de veículo automotor que venha
a ser transportado para outro Estado ou para o exte-
Furto qualificado rior; (Incluído pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 4º - A pena é de reclusão de dois a oito anos, e multa, V - se o agente mantém a vítima em seu poder, res-
se o crime é cometido: tringindo sua liberdade. (Incluído pela Lei nº 9.426, de
I - com destruição ou rompimento de obstáculo à sub- 1996)
tração da coisa; VI – se a subtração for de substâncias explosivas ou de
II - com abuso de confiança, ou mediante fraude, esca- acessórios que, conjunta ou isoladamente, possibilitem
lada ou destreza; sua fabricação, montagem ou emprego. (Incluído pela
III - com emprego de chave falsa; Lei nº 13.654, de 2018)
IV - mediante concurso de duas ou mais pessoas. § 2º-A A pena aumenta-se de 2/3 (dois terços): (Incluí-
§ 4º-A A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) do pela Lei nº 13.654, de 2018)
anos e multa, se houver emprego de explosivo ou de I – se a violência ou ameaça é exercida com emprego
artefato análogo que cause perigo comum. (Incluído de arma de fogo; (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
pela Lei nº 13.654, de 2018) II – se há destruição ou rompimento de obstáculo me-
§ 5º - A pena é de reclusão de três a oito anos, se a diante o emprego de explosivo ou de artefato análogo
subtração for de veículo automotor que venha a ser que cause perigo comum. (Incluído pela Lei nº 13.654,
transportado para outro Estado ou para o exterior. (In- de 2018)
cluído pela Lei nº 9.426, de 1996) § 3º Se da violência resulta: (Redação dada pela Lei nº
§ 6o A pena é de reclusão de 2 (dois) a 5 (cinco) anos se 13.654, de 2018)
a subtração for de semovente domesticável de produ- I – lesão corporal grave, a pena é de reclusão de 7
ção, ainda que abatido ou dividido em partes no local (sete) a 18 (dezoito) anos, e multa; (Incluído pela Lei nº
da subtração. (Incluído pela Lei nº 13.330, de 2016) 13.654, de 2018)
§ 7º A pena é de reclusão de 4 (quatro) a 10 (dez) anos II – morte, a pena é de reclusão de 20 (vinte) a 30 (trin-
e multa, se a subtração for de substâncias explosivas ta) anos, e multa. (Incluído pela Lei nº 13.654, de 2018)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

ou de acessórios que, conjunta ou isoladamente, possi-


bilitem sua fabricação, montagem ou emprego.(Incluí- Extorsão
do pela Lei nº 13.654, de 2018) Art. 158 - Constranger alguém, mediante violência ou
grave ameaça, e com o intuito de obter para si ou para
Furto de coisa comum outrem indevida vantagem econômica, a fazer, tolerar
Art. 156 - Subtrair o condômino, co-herdeiro ou sócio, que se faça ou deixar de fazer alguma coisa:
para si ou para outrem, a quem legitimamente a de- Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa.
tém, a coisa comum: § 1º - Se o crime é cometido por duas ou mais pessoas,
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. ou com emprego de arma, aumenta-se a pena de um
§ 1º - Somente se procede mediante representação. terço até metade.

18
§ 2º - Aplica-se à extorsão praticada mediante violência Esbulho possessório
o disposto no § 3º do artigo anterior. Vide Lei nº 8.072, II - invade, com violência a pessoa ou grave ameaça, ou
de 25.7.90 mediante concurso de mais de duas pessoas, terreno
§ 3o Se o crime é cometido mediante a restrição da ou edifício alheio, para o fim de esbulho possessório.
liberdade da vítima, e essa condição é necessária para § 2º - Se o agente usa de violência, incorre também na
a obtenção da vantagem econômica, a pena é de re- pena a esta cominada.
clusão, de 6 (seis) a 12 (doze) anos, além da multa; se § 3º - Se a propriedade é particular, e não há emprego
resulta lesão corporal grave ou morte, aplicam-se as de violência, somente se procede mediante queixa.
penas previstas no art. 159, §§ 2o e 3o, respectivamente.
(Incluído pela Lei nº 11.923, de 2009) Supressão ou alteração de marca em animais
Art. 162 - Suprimir ou alterar, indevidamente, em gado
Extorsão mediante sequestro ou rebanho alheio, marca ou sinal indicativo de pro-
Art. 159 - Sequestrar pessoa com o fim de obter, para priedade:
si ou para outrem, qualquer vantagem, como condição Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa.
ou preço do resgate: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90  (Vide
Lei nº 10.446, de 2002) CAPÍTULO IV
Pena - reclusão, de oito a quinze anos.. (Redação dada DO DANO
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990)
§ 1o Se o sequestro dura mais de 24 (vinte e quatro) ho- Dano
ras, se o sequestrado é menor de 18 (dezoito) ou maior Art. 163 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa alheia:
de 60 (sessenta) anos, ou se o crime é cometido por Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa.
bando ou quadrilha. Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 (Re-
dação dada pela Lei nº 10.741, de 2003) Dano qualificado
Pena - reclusão, de doze a vinte anos. (Redação dada Parágrafo único - Se o crime é cometido:
pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) I - com violência à pessoa ou grave ameaça;
§ 2º - Se do fato resulta lesão corporal de natureza gra- II - com emprego de substância inflamável ou explosi-
ve: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 va, se o fato não constitui crime mais grave
Pena - reclusão, de dezesseis a vinte e quatro anos.(Re- III - contra o patrimônio da União, de Estado, do Distrito
dação dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) Federal, de Município ou de autarquia, fundação públi-
§ 3º - Se resulta a morte: Vide Lei nº 8.072, de 25.7.90 ca, empresa pública, sociedade de economia mista ou
Pena - reclusão, de vinte e quatro a trinta anos. (Reda- empresa concessionária de serviços públicos;(Redação
ção dada pela Lei nº 8.072, de 25.7.1990) dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
§ 4º - Se o crime é cometido em concurso, o concorren- IV - por motivo egoístico ou com prejuízo considerável
te que o denunciar à autoridade, facilitando a libertação
para a vítima:
do sequestrado, terá sua pena reduzida de um a dois
Pena - detenção, de seis meses a três anos, e multa,
terços. (Redação dada pela Lei nº 9.269, de 1996)
além da pena correspondente à violência.
Extorsão indireta
Introdução ou abandono de animais em proprieda-
Art. 160 - Exigir ou receber, como garantia de dívida,
de alheia
abusando da situação de alguém, documento que pode
Art. 164 - Introduzir ou deixar animais em propriedade
dar causa a procedimento criminal contra a vítima ou
alheia, sem consentimento de quem de direito, desde
contra terceiro:
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. que o fato resulte prejuízo:
Pena - detenção, de quinze dias a seis meses, ou multa.
CAPÍTULO III
DA USURPAÇÃO Dano em coisa de valor artístico, arqueológico ou
histórico
Alteração de limites Art. 165 - Destruir, inutilizar ou deteriorar coisa tom-
Art. 161 - Suprimir ou deslocar tapume, marco, ou qual- bada pela autoridade competente em virtude de valor
artístico, arqueológico ou histórico:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

quer outro sinal indicativo de linha divisória, para apro-


priar-se, no todo ou em parte, de coisa imóvel alheia: Pena - detenção, de seis meses a dois anos, e multa.
Pena - detenção, de um a seis meses, e multa.
§ 1º - Na mesma pena incorre quem: Alteração de local especialmente protegido
Art. 166 - Alterar, sem licença da autoridade competen-
Usurpação de águas te, o aspecto de local especialmente protegido por lei:
I - desvia ou represa, em proveito próprio ou de outrem, Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
águas alheias;

19
Ação penal II – o valor das contribuições devidas, inclusive aces-
Art. 167 - Nos casos do art. 163, do inciso IV do seu sórios, seja igual ou inferior àquele estabelecido pela
parágrafo e do art. 164, somente se procede mediante previdência social, administrativamente, como sendo
queixa. o mínimo para o ajuizamento de suas execuções fis-
cais. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000)
CAPÍTULO V § 4o A faculdade prevista no § 3o deste artigo não se
DA APROPRIAÇÃO INDÉBITA aplica aos casos de parcelamento de contribuições
cujo valor, inclusive dos acessórios, seja superior àque-
Apropriação indébita le estabelecido, administrativamente, como sendo o
Art. 168 - Apropriar-se de coisa alheia móvel, de que mínimo para o ajuizamento de suas execuções fiscais.
tem a posse ou a detenção: (Incluído pela Lei nº 13.606, de 2018)
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
Apropriação de coisa havida por erro, caso fortuito
Aumento de pena ou força da natureza
§ 1º - A pena é aumentada de um terço, quando o Art. 169 - Apropriar-se alguém de coisa alheia vinda ao
agente recebeu a coisa: seu poder por erro, caso fortuito ou força da natureza:
I - em depósito necessário; Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa.
II - na qualidade de tutor, curador, síndico, liquidatário, Parágrafo único - Na mesma pena incorre:
inventariante, testamenteiro ou depositário judicial;
III - em razão de ofício, emprego ou profissão. Apropriação de tesouro
I - quem acha tesouro em prédio alheio e se apropria,
Apropriação indébita previdenciária (Incluído pela no todo ou em parte, da quota a que tem direito o
Lei nº 9.983, de 2000) proprietário do prédio;
Art. 168-A. Deixar de repassar à previdência social as
contribuições recolhidas dos contribuintes, no prazo Apropriação de coisa achada
e forma legal ou convencional: (Incluído pela Lei nº II - quem acha coisa alheia perdida e dela se apropria,
9.983, de 2000) total ou parcialmente, deixando de restituí-la ao dono
Pena – reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e mul- ou legítimo possuidor ou de entregá-la à autoridade
ta. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) competente, dentro no prazo de quinze dias.
§ 1o Nas mesmas penas incorre quem deixar de: (Inclu- Art. 170 - Nos crimes previstos neste Capítulo, aplica-
ído pela Lei nº 9.983, de 2000) -se o disposto no art. 155, § 2º.
I – recolher, no prazo legal, contribuição ou outra im-
portância destinada à previdência social que tenha CAPÍTULO VI
sido descontada de pagamento efetuado a segurados, DO ESTELIONATO E OUTRAS FRAUDES
a terceiros ou arrecadada do público; (Incluído pela Lei
nº 9.983, de 2000) Estelionato
II – recolher contribuições devidas à previdência social Art. 171 - Obter, para si ou para outrem, vantagem ilí-
que tenham integrado despesas contábeis ou custos cita, em prejuízo alheio, induzindo ou mantendo al-
relativos à venda de produtos ou à prestação de servi- guém em erro, mediante artifício, ardil, ou qualquer
ços; (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) outro meio fraudulento:
III - pagar benefício devido a segurado, quando as res- Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, de qui-
pectivas cotas ou valores já tiverem sido reembolsados nhentos mil réis a dez contos de réis.
à empresa pela previdência social. (Incluído pela Lei nº § 1º - Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor
9.983, de 2000) o prejuízo, o juiz pode aplicar a pena conforme o dis-
§ 2o É extinta a punibilidade se o agente, espontane- posto no art. 155, § 2º.
amente, declara, confessa e efetua o pagamento das § 2º - Nas mesmas penas incorre quem:
contribuições, importâncias ou valores e presta as in-
formações devidas à previdência social, na forma de- Disposição de coisa alheia como própria
finida em lei ou regulamento, antes do início da ação I - vende, permuta, dá em pagamento, em locação ou
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

fiscal. (Incluído pela Lei nº 9.983, de 2000) em garantia coisa alheia como própria;
§ 3o  É facultado ao juiz deixar de aplicar a pena ou
aplicar somente a de multa se o agente for primário e Alienação ou oneração fraudulenta de coisa própria
de bons antecedentes, desde que: (Incluído pela Lei nº II - vende, permuta, dá em pagamento ou em garantia
9.983, de 2000) coisa própria inalienável, gravada de ônus ou litigiosa,
I – tenha promovido, após o início da ação fiscal e antes ou imóvel que prometeu vender a terceiro, mediante
de oferecida a denúncia, o pagamento da contribuição pagamento em prestações, silenciando sobre qual-
social previdenciária, inclusive acessórios; ou (Incluído quer dessas circunstâncias;
pela Lei nº 9.983, de 2000)

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Defraudação de penhor Fraude no comércio
III - defrauda, mediante alienação não consentida pelo Art. 175 - Enganar, no exercício de atividade comercial,
credor ou por outro modo, a garantia pignoratícia, o adquirente ou consumidor:
quando tem a posse do objeto empenhado; I - vendendo, como verdadeira ou perfeita, mercadoria
falsificada ou deteriorada;
Fraude na entrega de coisa II - entregando uma mercadoria por outra:
IV - defrauda substância, qualidade ou quantidade de Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
coisa que deve entregar a alguém; § 1º - Alterar em obra que lhe é encomendada a quali-
dade ou o peso de metal ou substituir, no mesmo caso,
Fraude para recebimento de indenização ou valor de pedra verdadeira por falsa ou por outra de menor va-
seguro lor; vender pedra falsa por verdadeira; vender, como
V - destrói, total ou parcialmente, ou oculta coisa pró- precioso, metal de ou outra qualidade:
pria, ou lesa o próprio corpo ou a saúde, ou agrava as Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa.
consequências da lesão ou doença, com o intuito de § 2º - É aplicável o disposto no art. 155, § 2º.
haver indenização ou valor de seguro;
Outras fraudes
Fraude no pagamento por meio de cheque Art. 176 - Tomar refeição em restaurante, alojar-se em
VI - emite cheque, sem suficiente provisão de fundos hotel ou utilizar-se de meio de transporte sem dispor
em poder do sacado, ou lhe frustra o pagamento. de recursos para efetuar o pagamento:
§ 3º - A pena aumenta-se de um terço, se o crime é co- Pena - detenção, de quinze dias a dois meses, ou multa.
metido em detrimento de entidade de direito público Parágrafo único - Somente se procede mediante re-
ou de instituto de economia popular, assistência social presentação, e o juiz pode, conforme as circunstâncias,
ou beneficência. deixar de aplicar a pena.

Estelionato contra idoso Fraudes e abusos na fundação ou administração de


§ 4o Aplica-se a pena em dobro se o crime for cometi- sociedade por ações
do contra idoso.(Incluído pela Lei nº 13.228, de 2015) Art. 177 - Promover a fundação de sociedade por
ações, fazendo, em prospecto ou em comunicação ao
Duplicata simulada público ou à assembléia, afirmação falsa sobre a cons-
Art. 172 - Emitir fatura, duplicata ou nota de venda que tituição da sociedade, ou ocultando fraudulentamente
não corresponda à mercadoria vendida, em quanti- fato a ela relativo:
dade ou qualidade, ou ao serviço prestado. (Redação Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa, se o fato
dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990) não constitui crime contra a economia popular.
Pena - detenção, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos, e multa. § 1º - Incorrem na mesma pena, se o fato não constitui
crime contra a economia popular:  (Vide Lei nº 1.521,
(Redação dada pela Lei nº 8.137, de 27.12.1990)
de 1951)
Parágrafo único. Nas mesmas penas incorrerá aquêle
I - o diretor, o gerente ou o fiscal de sociedade por
que falsificar ou adulterar a escrituração do Livro de
ações, que, em prospecto, relatório, parecer, balanço
Registro de Duplicatas. (Incluído pela Lei nº 5.474. de
ou comunicação ao público ou à assembléia, faz afir-
1968)
mação falsa sobre as condições econômicas da socie-
dade, ou oculta fraudulentamente, no todo ou em par-
Abuso de incapazes
te, fato a elas relativo;
Art. 173 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, de
II - o diretor, o gerente ou o fiscal que promove, por
necessidade, paixão ou inexperiência de menor, ou da qualquer artifício, falsa cotação das ações ou de outros
alienação ou debilidade mental de outrem, induzindo títulos da sociedade;
qualquer deles à prática de ato suscetível de produzir III - o diretor ou o gerente que toma empréstimo à
efeito jurídico, em prejuízo próprio ou de terceiro: sociedade ou usa, em proveito próprio ou de terceiro,
Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa. dos bens ou haveres sociais, sem prévia autorização da
assembléia geral;
Induzimento à especulação
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

IV - o diretor ou o gerente que compra ou vende,


Art. 174 - Abusar, em proveito próprio ou alheio, da por conta da sociedade, ações por ela emitidas, salvo
inexperiência ou da simplicidade ou inferioridade men- quando a lei o permite;
tal de outrem, induzindo-o à prática de jogo ou aposta, V - o diretor ou o gerente que, como garantia de cré-
ou à especulação com títulos ou mercadorias, sabendo dito social, aceita em penhor ou em caução ações da
ou devendo saber que a operação é ruinosa: própria sociedade;
Pena - reclusão, de um a três anos, e multa. VI - o diretor ou o gerente que, na falta de balanço, em
desacordo com este, ou mediante balanço falso, distri-
bui lucros ou dividendos fictícios;

21
VII - o diretor, o gerente ou o fiscal que, por interposta § 4º - A receptação é punível, ainda que desconhecido
pessoa, ou conluiado com acionista, consegue a apro- ou isento de pena o autor do crime de que proveio a
vação de conta ou parecer; coisa. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
VIII - o liquidante, nos casos dos ns. I, II, III, IV, V e VII; § 5º - Na hipótese do § 3º, se o criminoso é primário,
IX - o representante da sociedade anônima estrangei- pode o juiz, tendo em consideração as circunstâncias,
ra, autorizada a funcionar no País, que pratica os atos deixar de aplicar a pena. Na receptação dolosa aplica-
mencionados nos ns. I e II, ou dá falsa informação ao -se o disposto no § 2º do art. 155.  (Incluído pela Lei nº
Governo. 9.426, de 1996)
§ 2º - Incorre na pena de detenção, de seis meses a § 6o Tratando-se de bens do patrimônio da União, de Es-
dois anos, e multa, o acionista que, a fim de obter van- tado, do Distrito Federal, de Município ou de autarquia,
tagem para si ou para outrem, negocia o voto nas deli- fundação pública, empresa pública, sociedade de eco-
berações de assembléia geral. nomia mista ou empresa concessionária de serviços pú-
blicos, aplica-se em dobro a pena prevista no caput des-
Emissão irregular de conhecimento de depósito ou te artigo. (Redação dada pela Lei nº 13.531, de 2017)
“warrant”
Art. 178 - Emitir conhecimento de depósito ou warrant, Receptação de animal
em desacordo com disposição legal: Art. 180-A. Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocul-
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. tar, ter em depósito ou vender, com a finalidade de pro-
dução ou de comercialização, semovente domesticável
Fraude à execução de produção, ainda que abatido ou dividido em partes,
Art. 179 - Fraudar execução, alienando, desviando, des- que deve saber ser produto de crime: (Incluído pela Lei
truindo ou danificando bens, ou simulando dívidas: nº 13.330, de 2016)
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa. Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. (In-
Parágrafo único - Somente se procede mediante queixa. cluído pela Lei nº 13.330, de 2016)

CAPÍTULO VII CAPÍTULO VIII


DA RECEPTAÇÃO DISPOSIÇÕES GERAIS

Art. 181 - É isento de pena quem comete qualquer dos


Receptação
crimes previstos neste título, em prejuízo: (Vide Lei nº
Art. 180 - Adquirir, receber, transportar, conduzir ou
10.741, de 2003)
ocultar, em proveito próprio ou alheio, coisa que sabe
I - do cônjuge, na constância da sociedade conjugal;
ser produto de crime, ou influir para que terceiro, de
II - de ascendente ou descendente, seja o parentesco
boa-fé, a adquira, receba ou oculte: (Redação dada
legítimo ou ilegítimo, seja civil ou natural.
pela Lei nº 9.426, de 1996)
Art. 182 - Somente se procede mediante representação,
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa. (Reda-
se o crime previsto neste título é cometido em prejuízo:
ção dada pela Lei nº 9.426, de 1996) (Vide Lei nº 10.741, de 2003)
I - do cônjuge desquitado ou judicialmente separado;
Receptação qualificada (Redação dada pela Lei nº II - de irmão, legítimo ou ilegítimo;
9.426, de 1996) III - de tio ou sobrinho, com quem o agente coabita.
§ 1º - Adquirir, receber, transportar, conduzir, ocultar, Art. 183 - Não se aplica o disposto nos dois artigos an-
ter em depósito, desmontar, montar, remontar, vender, teriores:
expor à venda, ou de qualquer forma utilizar, em pro- I - se o crime é de roubo ou de extorsão, ou, em geral,
veito próprio ou alheio, no exercício de atividade co- quando haja emprego de grave ameaça ou violência à
mercial ou industrial, coisa que deve saber ser produto pessoa;
de crime: (Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996) II - ao estranho que participa do crime.
Pena - reclusão, de três a oito anos, e multa. (Redação III – se o crime é praticado contra pessoa com idade
dada pela Lei nº 9.426, de 1996) igual ou superior a 60 (sessenta) anos. (Incluído pela Lei
§ 2º - Equipara-se à atividade comercial, para efeito do nº 10.741, de 2003)
parágrafo anterior, qualquer forma de comércio irregu-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

lar ou clandestino, inclusive o exercício em residência.


(Redação dada pela Lei nº 9.426, de 1996)
§ 3º - Adquirir ou receber coisa que, por sua natureza
ou pela desproporção entre o valor e o preço, ou pela
condição de quem a oferece, deve presumir-se obtida
por meio criminoso: (Redação dada pela Lei nº 9.426,
de 1996)
Pena - detenção, de um mês a um ano, ou multa, ou
ambas as penas. (Redação dada pela Lei nº 9.426, de
1996)

22
Assédio sexual (Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SE- 2001)
XUAL Art. 216-A. Constranger alguém com o intuito de obter
vantagem ou favorecimento sexual, prevalecendo-se o
agente da sua condição de superior hierárquico ou as-
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL cendência inerentes ao exercício de emprego, cargo ou
função.(Incluído pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
O título VI da parte especial do Código Penal prevê os Pena – detenção, de 1 (um) a 2 (dois) anos. (Incluído
crimes contra a dignidade sexual, dividindo-se em 7 capí- pela Lei nº 10.224, de 15 de 2001)
tulos, sendo esses: Parágrafo único. (VETADO)  (Incluído pela Lei nº 10.224,
I- Dos crimes contra a liberdade sexual, de 15 de 2001)
II- Dos crimes sexuais contra vulnerável, § 2o A pena é aumentada em até um terço se a vítima é
III- Do rapto, IV Disposições Gerais,
menor de 18 (dezoito) anos. (Incluído pela Lei nº 12.015,
V – Do lenocínio e do Tráfico de Pessoa para fim de
de 2009)
prostituição ou outra forma de exploração sexual,
VI- Do ultraje público ao pudor,
CAPÍTULO II
VII- Disposições Gerais.
DOS CRIMES SEXUAIS CONTRA VULNERÁVEL
Como o próprio nome do capítulo diz, são crimes con-
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
tra a dignidade sexual da pessoa.
Sedução
TÍTULO VI
Art. 217 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
DOS CRIMES CONTRA A DIGNIDADE SEXUAL 
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Estupro de vulnerável(Incluído pela Lei nº 12.015, de
CAPÍTULO I
2009)
DOS CRIMES CONTRA A LIBERDADE SEXUAL 
Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
libidinoso com menor de 14 (catorze) anos: (Incluído
pela Lei nº 12.015, de 2009)
Estupro 
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos. (Incluído
Art. 213. Constranger alguém, mediante violência ou
pela Lei nº 12.015, de 2009)
grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou
permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso: § 1o Incorre na mesma pena quem pratica as ações des-
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) critas no caput com alguém que, por enfermidade ou
Pena - reclusão, de 6 (seis) a 10 (dez) anos. (Redação deficiência mental, não tem o necessário discernimento
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) para a prática do ato, ou que, por qualquer outra cau-
§ 1o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza sa, não pode oferecer resistência. (Incluído pela Lei nº
grave ou se a vítima é menor de 18 (dezoito) ou maior 12.015, de 2009)
de 14 (catorze) anos: (Incluído pela Lei nº 12.015, de § 2o (VETADO) (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
2009) § 3o Se da conduta resulta lesão corporal de natureza
Pena - reclusão, de 8 (oito) a 12 (doze) anos. (Incluído grave: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos. (Incluído
§ 2o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº pela Lei nº 12.015, de 2009)
12.015, de 2009) § 4o Se da conduta resulta morte: (Incluído pela Lei nº
Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos (Incluído 12.015, de 2009)
pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta) anos. (Incluí-
Art. 214 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) do pela Lei nº 12.015, de 2009)

Violação sexual mediante fraude (Redação dada pela Corrupção de menores 


Lei nº 12.015, de 2009) Art. 218. Induzir alguém menor de 14 (catorze) anos a
Art. 215. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libi- satisfazer a lascívia de outrem: (Redação dada pela Lei
dinoso com alguém, mediante fraude ou outro meio que nº 12.015, de 2009)
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

impeça ou dificulte a livre manifestação de vontade da Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos. (Redação
vítima: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 6 (seis) anos. (Redação Parágrafo único. (VETADO). (Incluído pela Lei nº 12.015,
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) de 2009)

Parágrafo único. Se o crime é cometido com o fim de


obter vantagem econômica, aplica-se também multa.
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 216. (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009)

23
Satisfação de lascívia mediante presença de criança Ação penal
ou adolescente (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 225. Nos crimes definidos nos Capítulos I e II deste
Art. 218-A. Praticar, na presença de alguém menor de Título, procede-se mediante ação penal pública condicio-
14 (catorze) anos, ou induzi-lo a presenciar, conjunção nada à representação. (Redação dada pela Lei nº 12.015,
carnal ou outro ato libidinoso, a fim de satisfazer lascí- de 2009)
via própria ou de outrem: (Incluído pela Lei nº 12.015, Parágrafo único. Procede-se, entretanto, mediante ação
de 2009) penal pública incondicionada se a vítima é menor de 18
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 4 (quatro) anos. (Incluído (dezoito) anos ou pessoa vulnerável. (Incluído pela Lei nº
pela Lei nº 12.015, de 2009) 12.015, de 2009)

Favorecimento da prostituição ou de outra forma Aumento de pena


de exploração sexual de criança ou adolescente ou de Art. 226. A pena é aumentada: (Redação dada pela Lei
vulnerável. (Redação dada pela Lei nº 12.978, de 2014) nº 11.106, de 2005)
Art. 218-B. Submeter, induzir ou atrair à prostituição ou I – de quarta parte, se o crime é cometido com o concur-
outra forma de exploração sexual alguém menor de 18 so de 2 (duas) ou mais pessoas; (Redação dada pela Lei
(dezoito) anos ou que, por enfermidade ou deficiência nº 11.106, de 2005)
mental, não tem o necessário discernimento para a prá- II – de metade, se o agente é ascendente, padrasto ou
tica do ato, facilitá-la, impedir ou dificultar que a aban- madrasta, tio, irmão, cônjuge, companheiro, tutor, cura-
done: (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) dor, preceptor ou empregador da vítima ou por qualquer
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 10 (dez) anos. (Incluído outro título tem autoridade sobre ela; (Redação dada
pela Lei nº 12.015, de 2009) pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 1o Se o crime é praticado com o fim de obter vantagem III - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005)
econômica, aplica-se também multa. (Incluído pela Lei
nº 12.015, de 2009) CAPÍTULO V
§ 2o Incorre nas mesmas penas: (Incluído pela Lei nº DO LENOCÍNIO E DO TRÁFICO DE PESSOA PARA FIM DE 
12.015, de 2009) PROSTITUIÇÃO OU OUTRA FORMA DE 
I - quem pratica conjunção carnal ou outro ato libidino- EXPLORAÇÃO SEXUAL
so com alguém menor de 18 (dezoito) e maior de 14 (ca- (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
torze) anos na situação descrita no caput deste artigo;
(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Mediação para servir a lascívia de outrem
II - o proprietário, o gerente ou o responsável pelo local Art. 227 - Induzir alguém a satisfazer a lascívia de ou-
em que se verifiquem as práticas referidas no caput des- trem:
te artigo. (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009) Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 3o Na hipótese do inciso II do § 2o, constitui efeito obri- § 1o Se a vítima é maior de 14 (catorze) e menor de 18
gatório da condenação a cassação da licença de locali- (dezoito) anos, ou se o agente é seu ascendente, descen-
zação e de funcionamento do estabelecimento.(Incluído dente, cônjuge ou companheiro, irmão, tutor ou curador
pela Lei nº 12.015, de 2009) ou pessoa a quem esteja confiada para fins de educação,
de tratamento ou de guarda: (Redação dada pela Lei nº
CAPÍTULO III 11.106, de 2005)
DO RAPTO Pena - reclusão, de dois a cinco anos.
§ 2º - Se o crime é cometido com emprego de violência,
Rapto violento ou mediante fraude grave ameaça ou fraude:
Art. 219 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) Pena - reclusão, de dois a oito anos, além da pena cor-
respondente à violência.
Rapto consensual § 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-
Art. 220 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) -se também multa.

Diminuição de pena Favorecimento da prostituição ou outra forma de


Art. 221 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) exploração sexual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

2009)
Concurso de rapto e outro crime Art. 228. Induzir ou atrair alguém à prostituição ou ou-
Art. 222 - (Revogado pela Lei nº 11.106, de 2005) tra forma de exploração sexual, facilitá-la, impedir ou
dificultar que alguém a abandone: (Redação dada pela
CAPÍTULO IV Lei nº 12.015, de 2009)
DISPOSIÇÕES GERAIS Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa.
(Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 223 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) § 1o Se o agente é ascendente, padrasto, madrasta, ir-
Art. 224 -(Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) mão, enteado, cônjuge, companheiro, tutor ou curador,
preceptor ou empregador da vítima, ou se assumiu, por

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lei ou outra forma, obrigação de cuidado, proteção ou § 2º A pena é aumentada de 1/6 (um sexto) a 1/3 (um
vigilância: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) terço) se:Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos. (Redação I - o crime é cometido com violência; ouIncluído pela Lei
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) nº 13.445, de 2017 Vigência
§ 2º - Se o crime, é cometido com emprego de violência, II - a vítima é submetida a condição desumana ou de-
grave ameaça ou fraude: gradante.Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
Pena - reclusão, de quatro a dez anos, além da pena § 3º A pena prevista para o crime será aplicada sem pre-
correspondente à violência. juízo das correspondentes às infrações conexas. Incluído
§ 3º - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica- pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência
-se também multa.
CAPÍTULO VI
Casa de prostituição DO ULTRAJE PÚBLICO AO PUDOR
Art. 229. Manter, por conta própria ou de terceiro, esta-
belecimento em que ocorra exploração sexual, haja, ou Ato obsceno
não, intuito de lucro ou mediação direta do proprietário Art. 233 - Praticar ato obsceno em lugar público, ou
ou gerente: (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) aberto ou exposto ao público:
Pena - reclusão, de dois a cinco anos, e multa. Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa.
Rufianismo
Escrito ou objeto obsceno
Art. 230 - Tirar proveito da prostituição alheia, partici-
Art. 234 - Fazer, importar, exportar, adquirir ou ter sob
pando diretamente de seus lucros ou fazendo-se susten-
sua guarda, para fim de comércio, de distribuição ou de
tar, no todo ou em parte, por quem a exerça:
exposição pública, escrito, desenho, pintura, estampa ou
Pena - reclusão, de um a quatro anos, e multa.
qualquer objeto obsceno:
§ 1o Se a vítima é menor de 18 (dezoito) e maior de 14
Pena - detenção, de seis meses a dois anos, ou multa.
(catorze) anos ou se o crime é cometido por ascendente,
Parágrafo único - Incorre na mesma pena quem:
padrasto, madrasta, irmão, enteado, cônjuge, compa-
nheiro, tutor ou curador, preceptor ou empregador da I - vende, distribui ou expõe à venda ou ao público qual-
vítima, ou por quem assumiu, por lei ou outra forma, quer dos objetos referidos neste artigo;
obrigação de cuidado, proteção ou vigilância:(Redação II - realiza, em lugar público ou acessível ao público, re-
dada pela Lei nº 12.015, de 2009) presentação teatral, ou exibição cinematográfica de ca-
Pena - reclusão, de 3 (três) a 6 (seis) anos, e multa. (Re- ráter obsceno, ou qualquer outro espetáculo, que tenha
dação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) o mesmo caráter;
§ 2o Se o crime é cometido mediante violência, grave III - realiza, em lugar público ou acessível ao público,
ameaça, fraude ou outro meio que impeça ou dificulte a ou pelo rádio, audição ou recitação de caráter obsceno.
livre manifestação da vontade da vítima: (Redação dada
pela Lei nº 12.015, de 2009) CAPÍTULO VII
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 8 (oito) anos, sem prejuízo DISPOSIÇÕES GERAIS 
da pena correspondente à violência.(Redação dada pela (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Lei nº 12.015, de 2009)
Aumento de pena(Incluído pela Lei nº 12.015, de
Tráfico internacional de pessoa para fim de explo- 2009)
ração sexual (Redação dada pela Lei nº 12.015, de 2009) Art. 234-A. Nos crimes previstos neste Título a pena é
Art. 231. (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi- aumentada:(Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
gência) I – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
Art. 231-A. (Revogado pela Lei nº 13.344, de 2016) (Vi- II – (VETADO); (Incluído pela Lei nº 12.015, de 2009)
gência) III - de metade, se do crime resultar gravidez; e (Incluído
Art. 232 - (Revogado pela Lei nº 12.015, de 2009) pela Lei nº 12.015, de 2009)
IV - de um sexto até a metade, se o agente transmite à
Promoção de migração ilegal vitima doença sexualmente transmissível de que sabe ou
Art. 232-A. Promover, por qualquer meio, com o fim de deveria saber ser portador. (Incluído pela Lei nº 12.015,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

obter vantagem econômica, a entrada ilegal de estran- de 2009)


geiro em território nacional ou de brasileiro em país Art. 234-B. Os processos em que se apuram crimes defi-
estrangeiro:Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência nidos neste Título correrão em segredo de justiça. (Inclu-
Pena - reclusão, de 2 (dois) a 5 (cinco) anos, e multa. ído pela Lei nº 12.015, de 2009) 
Incluído pela Lei nº 13.445, de 2017 Vigência Art. 234-C. (VETADO).(Incluído pela Lei nº 12.015, de
§ 1º Na mesma pena incorre quem promover, por qual- 2009)
quer meio, com o fim de obter vantagem econômica, a
saída de estrangeiro do território nacional para ingres-
sar ilegalmente em país estrangeiro.Incluído pela Lei nº
13.445, de 2017 Vigência

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rigo, o que não significa dizer que o perigo seja exigido,
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA são coisas diversas. Há como descaracterizar a idoneidade
(QUADRILHA OU BANDO). em termos abstratos, e não concretos, como seria o caso.
Uma cédula de três reais pode expor a risco a fé pública?
Não, nem em abstrato.
(...)
Moeda Falsa (art. 289)
TÍTULO IX
Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda
DOS CRIMES CONTRA A PAZ PÚBLICA
metálica ou papel-moeda de curso legal no país ou no
estrangeiro:
Incitação ao crime
Pena - reclusão, de três a doze anos, e multa.
Art. 286 - Incitar, publicamente, a prática de crime:
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
A fabricação é ação conhecida como contrafação; nela,
Apologia de crime ou criminoso se insere materialmente o objeto em circulação. Já a altera-
ção pressupõe a existência de um suporte, o qual o agen-
Art. 287 - Fazer, publicamente, apologia de fato crimino-
te modifica de alguma forma, geralmente para que valha
so ou de autor de crime:
mais.
Pena - detenção, de três a seis meses, ou multa.
O bem jurídico protegido é a fé pública, ou seja, a segu-
Associação Criminosa rança da sociedade em relação à moeda, ao meio circulan-
te e à circulação monetária.
Art. 288. Associarem-se 3 (três) ou mais pessoas, para o Moeda de curso legal é aquela de recebimento obriga-
fim específico de cometer crimes: (Redação dada pela Lei tório, por força de lei, que não pode ser recusada no co-
nº 12.850, de 2013) (Vigência) mércio. Ela pode se referir tanto a moeda metálica quanto
Pena - reclusão, de 1 (um) a 3 (três) anos. (Redação dada ao papel-moeda. Se o aceite de outra moeda for meramen-
pela Lei nº 12.850, de 2013) (Vigência) te convencional, não restará caracterizado o crime (pode
Parágrafo único. A pena aumenta-se até a metade se haver, em tese, o estelionato).
a associação é armada ou se houver a participação
de criança ou adolescente. (Redação dada pela Lei nº O crime se consuma com a simples contrafação ou al-
12.850, de 2013) (Vigência) teração, sendo indiferente se houve ou não a efetiva intro-
Constituição de milícia privada (Incluído dada pela dução das moedas falsificadas em circulação; tampouco se
Lei nº 12.720, de 2012) exige dano a terceiro.
A ação penal é pública incondicionada, de competên-
Art. 288-A. Constituir, organizar, integrar, manter ou cia da Justiça Federal. Como o crime deixa vestígios, exi-
custear organização paramilitar, milícia particular, gru- ge-se prova pericial.
po ou esquadrão com a finalidade de praticar qualquer
dos crimes previstos neste Código: (Incluído dada pela Não se admite, predominantemente, a aplicação do
Lei nº 12.720, de 2012) princípio da insignificância, sendo irrelevante o número de
Pena - reclusão, de 4 (quatro) a 8 (oito) anos. (Incluído cédulas, seu valor ou o número de pessoas eventualmente
dada pela Lei nº 12.720, de 2012) lesadas.
Não se aplica o princípio da insignificância ao crime de
moeda falsa, pois se trata de delito contra a fé pública, logo
CRIMES CONTRA A FÉ PÚBLICA. não há que falar em desinteresse estatal à sua repressão
Os crimes contra a fé pública são crimes de perigo abs- Circulação de Moeda Falsa (art. 289, § 1º)
trato, porque neles o tipo não faz referência ao perigo. As- § 1º - Nas mesmas penas incorre quem, por conta pró-
sim, há de se questionar, por exemplo, o seguinte: alguém pria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, tro-
falsificou uma cédula, mas é uma cédula de três reais, exis- ca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulação
tiu o crime de falso de moeda? moeda falsa.
Poderia se levar a pensar que sim, o legislador não fala
que a moeda tenha que ser essencialmente corresponden-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

Nesse caso, não se exige que a moeda falsa seja a de


te a uma que exista. Mas a resposta seria não, inclusive a curso legal no país, podendo ser moeda estrangeira.
súmula 73 do STJ nos auxiliaria a dizer isto. A súmula 73 diz O autor pode ser qualquer pessoa, menos o autor
assim: o papel moeda grosseiramente falsificado não con- da falsificação. É um tipo subsidiário, podendo o agente
figura crime de moeda falsa, mas sim estelionato em tese, responder por uma destas condutas caso não seja determi-
de competência da JE. Qual o raciocínio que se emprega? nada a autoria da falsificação.
Malgrado seja um crime de perigo abstrato, a con- O tipo se caracteriza por ser misto alternativo. Eviden-
duta praticada não dispensa a idoneidade para a de- temente que se o agente falsifica a moeda e a faz circular,
monstração da possibilidade de o perigo acontecer. As responderá por um só crime, já que a circulação é mero
condutas têm que ter idoneidade suficiente a produzir pe- exaurimento.

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O agente precisa ter conhecimento da falsidade. Se ele Forma Qualificada (art. 289, § 3º)
recebe a moeda e a faz circular sem saber, não responde § 3º - É punido com reclusão, de três a quinze anos, e
pelo crime. multa, o funcionário público ou diretor, gerente, ou fiscal
Aliás, o dolo é algo muito difícil de se comprovar nesses de banco de emissão que fabrica, emite ou autoriza a
crimes. Isso porque o agente sempre nega a autoria, ale- fabricação ou emissão:
gando que desconhecia a falsidade. O juiz deve se atentar I - de moeda com título ou peso inferior ao determinado
para as máximas da experiência, para o modus operandi do em lei;
agente, a fim de captar a prática do crime. É o que ocorre, II - de papel-moeda em quantidade superior à autori-
por exemplo, quando o agente utiliza a moeda na calada zada.
da noite, com pessoas humildes, quando já tenha tentado § 4º - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz cir-
trocar a moeda anteriormente etc. Baltazar sugere que se cular moeda, cuja circulação não estava ainda autori-
atente para os seguintes dados: zada.

a) Quantidade de cédulas encontradas com o agente; Falsificação de Documento Público (art. 297)
b) Modo de introdução em circulação; Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
c) Existência de outras cédulas de menor valor em po- público, ou alterar documento público verdadeiro:
der do agente; Pena - reclusão, de dois a seis anos, e multa.
d) Verossimilhança da versão do réu para a origem das
cédulas; São requisitos da falsificação:
e) Grau de instrução do agente; a) Que ela seja idônea: é a falsificação apta a iludir,
f) Local onde guarda as cédulas. capaz de enganar qualquer pessoa normal; para a
jurisprudência, a falsificação grosseira não constitui
Trata-se de crime formal e de perigo abstrato, sendo crime, pois não é capaz de enganar as pessoas em
irrelevantes, para a consumação, a obtenção da vantagem geral. Poderia ser, no máximo, estelionato;
indevida para o agente ou de prejuízo para terceiros. b) Que tenha capacidade de causar prejuízo a alguém:
Disquete, cd, xerox etc. não são documentos. Documen-
Concurso de Crimes to é toda peça escrita que condensa o pensamento
Se o agente introduz em circulação várias cédulas ou de alguém, capaz de provar um fato ou a realização
moedas, no mesmo contexto, há crime único. de um ato de relevância jurídica.
Se ele introduz moedas em locais próximos, num mes-
mo contexto, há entendimento de ser crime único e crime Requisitos do Documento Público
continuado. a) Deve ser elaborado por agente público;
Se o agente obtém vantagem econômica indevida, O b) O agente público deve estar no exercício da função,
ESTELIONATO É ABSORVIDO PELO DELITO DE MOEDA FAL- tendo atribuição para tanto;
SA, por aplicação do princípio da consunção ou da espe- c) Deve obedecer às formalidades legais exigidas para a
cialidade. validade do documento.

Competência Pode um documento estrangeiro ser considerado pú-


É da Justiça Federal, já que afeta a fé pública da União, blico? Sim, desde que seja considerado público no país de
ainda que tenha por objeto moeda estrangeira. origem e que satisfaça os requisitos de validade previstos
A competência para processar e julgar esses crimes de no ordenamento brasileiro.
moeda falsa é da JF, desde que haja idoneidade, desde que
se trate de crime de moeda falsa. Documentos Públicos por Equiparação (art. 297, §
Se não houver idoneidade haverá o falso inócuo. A fi- 2º)
gura do falso inócuo, então, é aquela em que a falsificação Trata-se de documentos particulares que, pela sua im-
existiu, mas com as características dela não se apresenta portância, foram equiparados pela lei a documento públi-
capaz a iludir um número indeterminado de agentes. co. São eles:
a) Documentos emitidos por entidade paraestatal;
Forma Privilegiada (art. 289, § 2º) b) Título ao portador ou transmissível por endosso;
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

§ 2º - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, c) Livros mercantis;


moeda falsa ou alterada, a restitui à circulação, depois d) Testamento particular.
de conhecer a falsidade, é punido com detenção, de seis
meses a dois anos, e multa. Consumação e Tentativa
Adquirir a moeda falsa sem ter conhecimento do vício A consumação ocorre quando realizada a falsificação
não é crime. Entretanto, o é o fato de colocar novamente ou alteração. É um crime formal, bastando o resultado jurí-
em circulação após conhecer da falsidade. dico, sendo perfeitamente possível a tentativa.
Esse crime somente se consuma com a reintrodução da
moeda à circulação. Logo, é material, admitindo a tentativa.

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Concurso de Crimes etc. Na falsidade ideológica (ou pessoa) o vício incide sobre
a) Falsificação de documento público e estelionato: para as declarações que o objeto material deveria possuir, sobre
o STF, ambos os crimes coexistiriam, mas em concur- o conteúdo das ideias. Inexistem rasuras, emendas, omis-
so formal. Para o STJ: sões ou acréscimos. O documento, sob o aspecto material
b) Falsificação e uso de documento falso (art. 304): o é verdadeiro; falsa é a ideia que ele contém. Daí também
uso será absorvido, já que é mero pós fato impunível. chamar-se ideal
Isso, entretanto, se o falsário for a mesma pessoa que
usa o documento Requisitos para a Configuração, Conforme
Jurisprudência
Causas de Aumento de Pena (art. 297, 13º) A. Que a declaração tenha valor por si mesma: se a
§ 1º - Se o agente é funcionário público, e comete o cri- declaração tiver de ser investigada pela autoridade públi-
me prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de ca, não há crime (v.g., declaração de pobreza falsa). Nesse
sexta parte. sentido:
B. Que a declaração faça parte do objeto do docu-
Falsidade de Documento e Sonegação Fiscal mento: as declarações irrelevantes, como o endereço da
Nos crimes de sonegação fiscal há causas extintivas de testemunha num contrato, não caracterizam o crime
punibilidade, assim como também há o entendimento do
STF no sentido de que eles são sujeitos a uma condição Casuísticas
objetiva de punibilidade, que significa o esgotamento da A. Se alguém pega a assinatura de um amigo em uma
via administrativa. folha em branco e preenche como confissão de dívida, pra-
tica o crime de falsidade ideológica;
Falsificação de Documento Particular (art. 298) B. Pegar uma folha e falsificar a assinatura de outrem
Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento é falsidade material;
particular ou alterar documento particular verdadeiro: C. Se, em um B.O., o escrivão inserir fatos que não fo-
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa. ram narrados, haverá falsidade ideológica;
D. A cópia sem autenticação não pode ser considera-
O conceito de documento particular é dado por exclu- da documento para fins penais.
são. Particular é todo documento que não é público. São
exemplos: Elemento Subjetivo, Consumação e Tentativa
a) Cheque devolvido pelo banco: é documento par- O crime exige o especial fim de prejudicar direito ou
ticular, pois após devolvido o cheque, não mais criar obrigação, ou ainda, alterar a verdade sobre fato juri-
poderá ser transmitido por endosso. dicamente relevante.
b) Documento endereçado à autoridade pública: não é Na MODALIDADE OMISSIVA, consuma-se com a omis-
documento público, já que não foi feito por autori- são e não cabe tentativa.
dade pública. Na comissiva, ocorre quando o agente insere ou faz ter-
ceiro inserir, sendo a tentativa perfeitamente possível.
Falsidade Ideológica (art. 299)
Art. 299 - Omitir, EM DOCUMENTO PÚBLICO OU PAR- Causa de Aumento de Pena
TICULAR, declaração que dele devia constar, ou nele in- Parágrafo único - Se o agente é funcionário público, e
serir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsi-
devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar ficação ou alteração é de assentamento de registro civil,
obrigação ou alterar a verdade sobre fato juridicamente aumenta-se a pena de sexta parte.
relevante:
Pena - reclusão, de um a cinco anos, e multa, se o docu- Uso de Documento Falso (art. 304)
mento é público, e reclusão de um a três anos, e multa, Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados
se o documento é particular. ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302:
Pena - a cominada à falsificação ou à alteração.
Trata-se de um crime formal, bastando a possibilidade
de dano para ser punível. Trata-se de crime com preceito penal secundário reme-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

A falsidade ideológica é voltada para a declaração que tido.


compõe o documento, para o conteúdo do que se quer Fazer uso é utilizar documento falso como se verdadei-
falsificar. Nela, o documento é formalmente perfeito e ro fosse. O uso deve ser efetivo, não bastando mencionar
falso seu conteúdo intelectual. O agente declara e faz que possui o documento. Se o agente falsifica e usa docu-
constar no documento algo que sabe não ser verdadeiro. mento, há simplesmente progressão criminosa, e o uso se
Na falsidade material o vício incide sobre a parte exte- torna um post factum impunível.
rior do documento, recaindo sobre o elemento físico do Não haverá o crime se o documento for encontrado
papel escrito e verdadeiro. O sujeito modifica as caracterís- pela autoridade em revista pessoal do agente; se o docu-
ticas originais do objeto material por meio de rasuras, bor- mento é apresentado mediante solicitação ou exigência da
rões, emendas, substituição de palavras ou letras, números, autoridade policial, há controvérsia.

28
Competência
Se o documento utilizado for passaporte, a competên-
cia será da Justiça Federal do lugar onde apresentado:
HORA DE PRATICAR

Falsa Identidade (art. 307) 1. POLÍCIA FEDERAL – Agente de Polícia Federal – CES-
Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa iden- PE – 2014:
tidade para obter vantagem, em proveito próprio ou Com relação a crimes contra a pessoa, contra o patrimônio
alheio, ou para causar dano a outrem: e contra a administração pública, julgue o item que segue.
Pena - detenção, de três meses a um ano, ou multa, se o No crime de homicídio, admite-se a incidência concomi-
fato não constitui elemento de crime mais grave. tante de circunstância qualificadora de caráter objetivo
referente aos meios e modos de execução com o reco-
Trata-se de um delito formal e expressamente subsidiá- nhecimento do privilégio, desde que este seja de natureza
rio. subjetiva.
Identidade se refere às características que uma pessoa
possui capazes de a individualizarem na sociedade. Está li- ( ) CERTO ( ) ERRADO
gada intimamente à noção de estado civil.
A falsidade tem de ser idônea e deve haver relevância
jurídica na imputação falsa, capacidade de causar dano. 2. POLÍCIA FEDERAL – Agente de Polícia Federal – CES-
O silêncio não pode configurar falsa identidade, já que PE – 2004:
o crime é comissivo. Em cada um do item seguinte , é apresentada uma situação
hipotética, seguida de uma assertiva a ser julgada. 
Falsa Identidade e Autodefesa Ao sair de sua casa, dando marcha a ré no seu carro, Marcelo
Para concursos de Defensoria Pública, o preso em fla- não viu seu filho, que engatinhava próximo a um dos pneus
grante ou interrogado em juízo que se dá outro nome para traseiros do carro, e o atropelou. A criança faleceu em decor-
se eximir da condenação simplesmente exerce a autode- rência das lesões sofridas. Nessa situação, Marcelo praticou
fesa, em seu sentido mais amplo, aplicando-se o brocardo homicídio culposo, podendo o juiz deixar de aplicar a pena,
nemo tenetur se detegere. pois as conseqüências da infração atingem Marcelo de for-
Para o MP, evidentemente que não se trata de auto- ma tão grave que a sanção penal é desnecessária.
defesa, já que a conduta do agente é comissiva, tentando
enganar a autoridade pública, se afastando em muito do ( ) CERTO ( ) ERRADO
simples direito à não autoincriminação
3. POLÍCIA FEDERAL – Agente de Polícia Federal – CES-
PE – 2000:
Julgue o  seguinte  item.
LEGISLAÇÃO ESPARSA: LEI FEDERAL N° Considere a seguinte situação hipotética. 
9.455, DE 07 DE ABRIL DE 1997 (CRIMES DE Alfa, aproveitando que Gama encontrava-se dormindo,
TORTURA). com o intuito e escopo de poupá-lo de intenso sofrimento
e acentuada agonia decorrentes de doença de desate letal,
ceifou a sua vida. 
Prezado candidato, a lei referida será abordada ao Nesse caso, Alfa responderia por homicídio privilegiado-
longo do material de NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL -qualificado, eis que, impelido por motivo de relevante va-
E DE GÊNERO. lor moral, utilizou recurso que dificultou ou impossibilitou
a defesa do ofendido.

( ) CERTO ( ) ERRADO

4. POLÍCIA FEDERAL – Agente de Polícia Federal – CES-


PE – 2014:
Com relação a crimes contra a pessoa, contra o patrimônio
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

e contra a administração pública, julgue o item que segue.


Para a configuração do delito de apropriação indébita pre-
videnciária não é necessário que haja o dolo específico de
ter para si coisa alheia; é bastante para tal a vontade livre
e consciente de não recolher as importâncias descontadas
dos salários dos empregados da empresa pela qual res-
ponde o agente.

( ) CERTO ( ) ERRADO

29
5 POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE –
2013:
Três criminosos interceptaram um carro forte e domina- GABARITO
ram os seguranças, reduzindo - lhes por completo qual-
quer possibilidade de resistência, mediante grave ameaça 1 Certo
e emprego de armamento de elevado calibre. O grupo, en-
tretanto, encontrou vazio o cofre do veículo, pois, por erro 2 Certo
de estratégia, efetuara a abordagem depois que os valores 3 Certo
e documentos já haviam sido deixados na agência ban-
cária. Por fim, os criminosos acabaram fugindo sem nada 4 Certo
subtrair. Nessa situação, ante a inexistência de valores no 5 Errado
veículo e ante a ausência de subtração de bens, elementos 6 Errado
constitutivos dos delitos patrimoniais, ficou descaracteriza-
do o delito de roubo, subsistindo apenas o crime de cons- 7 Certo
trangimento ilegal qualificado pelo concurso de pessoas e 8 Errado
emprego de armas.

( ) CERTO ( ) ERRADO

6. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE –


2004:
Túlio constrangeu Wagner, mediante emprego de arma de
fogo, a assinar e lhe entregar dois cheques seus, um no
valor de R$ 1.000,00 e outro no valor de R$ 2.500,00. Nes-
sa situação, Túlio praticou crime de roubo qualificado pelo
emprego de arma de fogo.

( ) CERTO ( ) ERRADO

7. POLÍCIA FEDERAL – Agente de Polícia Federal – CES-


PE – 2014:
Com relação a crimes contra a pessoa, contra o patrimônio
e contra a administração pública, julgue o item que segue.
Considere a seguinte situação hipotética. 
Carlos praticou o crime de sonegação previdenciária, mas,
antes do início da ação fiscal, confessou o crime e declarou
espontaneamente os corretos valores devidos, bem como
prestou as devidas informações à previdência social. 
Nessa situação, a atitude de Carlos ensejará a extinção da
punibilidade, independentemente do pagamento dos dé-
bitos previdenciários.

( ) CERTO ( ) ERRADO

8. POLÍCIA FEDERAL – Delegado de Polícia – CESPE –


2004:
Mário, delegado de polícia, com o intuito de proteger um
NOÇÕES DE DIREITO PENAL

amigo, recusa-se a instaurar inquérito policial requisitado


por promotor de justiça contra o referido amigo. Nessa hi-
pótese, Mário praticou crime de desobediência.

( ) CERTO ( ) ERRADO

30
ÍNDICE

NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Constituição da República Federativa do Brasil (art. 1°, 3°, 4° e 5°). ..................................................................................................................01


Constituição do Estado da Bahia, (Cap. XXIII “Do Negro”)......................................................................................................................................02
Lei federal n° 12.288, de 20 de julho de 2010 (Estatuto da Igualdade Racial). ..............................................................................................03
Lei federal nº 7.716, de 5 de janeiro de 1989 (Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor) e Lei federal n°
9.459, de 13 de maio de 1997 (Tipificação dos crimes resultantes de preconceito de raça ou de cor). .............................................10
Decreto federal n° 65.810, de 08 de dezembro de 1969 (Convenção internacional sobre a eliminação de todas as formas de
discriminação racial)...............................................................................................................................................................................................................12
Decreto federal n° 4.377, de 13 de setembro de 2002 (Convenção sobre a eliminação de todas as formas de discriminação
contra a mulher). ....................................................................................................................................................................................................................18
Lei federal nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). ...............................................................................................................24
Código Penal Brasileiro (art. 140). ....................................................................................................................................................................................33
Lei federal n° 9.455, de 7 de abril de 1997 (Crime de Tortura). ............................................................................................................................33
Lei federal n° 2.889, de 1º de outubro de 1956 (Define e pune o Crime de Genocídio). ..........................................................................33
Lei federal nº 7.437, de 20 de dezembro de 1985 (Lei Caó). ................................................................................................................................35
Lei estadual n° 10.549, de 28 de dezembro de 2006 (Secretaria de Promoção da Igualdade Racial); alterada pela Lei estadual n°
12.212, de 04 de maio de 2011. ........................................................................................................................................................................................36
Lei federal nº 10.678, de 23 de maio de 2003, com as alterações da Lei federal nº 13.341, de 29 de setembro de 2016 (Referente
à Secretaria de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República)........................................................................36
tivação dos direitos. A Carta Magma ampliou a proteção
CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA FEDERATI- aos direitos fundamentais e por isso ficou conhecida como
VA DO BRASIL (ART. 1°, 3°, 4° E 5°). Constituição cidadã.
Os direitos e garantias fundamentais possuem aplicabi-
lidade imediata, isto é, a existência deles é suficientemente
1.1 Constituição da República Federativa do Brasil para produzirem os devidos efeitos. Eles estão tutelados no
de 1988 e os Princípios fundamentais. Título II da Constituição Federal, nos art. 5º ao 17. Ainda as-
sim, destaca-se que os direitos citados nesses artigos não
Na Magma Carta de 1988, os princípios fundamentais proíbem a existência de outros.
aparecem no Título I, o qual é composto por quatro artigos, O art. 5º é um dos artigos mais importantes do texto
sendo que, cada um desses dispositivos apresenta um tipo Constitucional, o qual protege a igualdade entre todos,
de princípio fundamental. tutelando os direitos coletivos e os direitos individuais
O art. 1º trata dos fundamentos da República Federativa nos seus 78 incisos. Vejamos alguns:
do Brasil, que são: a) A soberania; b) Cidadania; c) Digni- 1. homens e mulheres são iguais em direitos e obriga-
dade da pessoa humana; d) Valores sociais do trabalho e ções, nos termos desta Constituição;
da livre iniciativa; e o e) Pluralismo político. 2. ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer al-
Já o art. 2º trata do princípio da separação de Poderes, guma coisa senão em virtude de lei;
ou seja, que o poder Legislativa, Executivo e o Judiciário 3. ninguém será submetido a tortura nem a tratamento
são independentes (não precisa de um para o outro atu- desumano ou degradante;
ar) no entanto, devem ser harmônicos (um irá completar 4. é livre a manifestação do pensamento, sendo vedado
o outro). o anonimato;
O art. 3º, traz os objetivos fundamentais que são: a) 5. é assegurado o direito de resposta, proporcional ao
Construção de uma sociedade livre justa e solidária; agravo, além da indenização por dano material, moral
b) Garantir o desenvolvimento nacional; c) Erradicar a ou à imagem;
pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 6. é inviolável a liberdade de consciência e de crença,
sociais e regionais; e por último, e) promover o bem de sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e
todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto
e quaisquer outras formas de discriminação. e a suas liturgias;
Finalizando, o art. 4º traz os princípios nas relações in- 7. é assegurada, nos termos da lei, a prestação de assis-
ternacionais que são a independência nacional, preva- tência religiosa nas entidades civis e militares de inter-
lência dos direitos humanos, autodeterminação dos po- nação coletiva;
vos, não intervenção, igualdade entre os Estados, defesa 8. ninguém será privado de direitos por motivo de cren-
da paz, solução pacífica dos conflitos, repúdio ao terro- ça religiosa ou de convicção filosófica ou política, salvo
rismo e ao racismo, cooperação entre os povos para o se as invocar para eximir-se de obrigação legal a todos
progresso da humanidade e concessão de asilo político. imposta e recusar-se a cumprir prestação alternativa, fi-
Neste diapasão, muitos doutrinadores, classificam os xada em lei;
9. é livre a expressão da atividade intelectual, artísti-
princípios constitucionais em duas espécies:
ca, científica e de comunicação, independentemente de
I) Princípios político-constitucionais: são os que repre-
censura ou licença;
sentam decisões políticas fundamentais, conformadoras
10. são invioláveis a intimidade, a vida privada, a honra
de nossa Constituição, ou seja, os chamados princípios e a imagem das pessoas, assegurado o direito a indeni-
fundamentais, que preveem as características essenciais zação pelo dano material ou moral decorrente de sua
do Estado brasileiro. Exemplo: princípio da separação de violação;
poderes, o pluralismo político, dignidade da pessoa hu- 11. é livre a locomoção no território nacional em tempo
mana, dentre outros. de paz, podendo qualquer pessoa, nos termos da lei, nele NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
II) Princípios jurídico-constitucionais: esses princípios entrar, permanecer ou dele sair com seus bens;
são classificados como “gerais”, pois se referem à ordem 12. todos podem reunir-se pacificamente, sem armas,
jurídica nacional, os quais estão dispersos pelo texto em locais abertos ao público, independentemente de au-
constitucional. Exemplo: devido processo legal, do juiz torização, desde que não frustrem outra reunião ante-
natural, legalidade, dentre outros. riormente convocada para o mesmo local, sendo apenas
exigido prévio aviso à autoridade competente;
1.2 Direitos e garantias fundamentais; Direitos e de- 13. não há crime sem lei anterior que o defina, nem
veres individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de pena sem prévia cominação legal;
nacionalidade, direitos políticos, partidos políticos. 14. a lei penal não retroagirá, salvo para beneficiar o
réu;
Os direitos fundamentais são os direitos humanos po- 15. a lei punirá qualquer discriminação atentatória dos
sitivados na Constituição Federal de 1988, os quais devem direitos e liberdades fundamentais;
ser garantidos e protegidos pelo Estado. 16. a prática do racismo constitui crime inafiançável e
No tocante as garantias fundamentais, elas são uma imprescritível, sujeito à pena de reclusão, nos termos da
forma ou, até mesmo um instrumento, para garantir a efe- lei;

1
17. não haverá penas:
- de morte, salvo em caso de guerra declarada, nos
termos do art. 84, XIX; EXERCÍCIO COMENTADO
- de caráter perpétuo;
- de trabalhos forçados; 1. (CORE-BA – AGENTE – DÉDALUS CONCURSOS – 2018)
- de banimento; Assinale a alternativa que representa um dos objetivos fun-
- cruéis; damentais da República Federativa do Brasil:
18. são inadmissíveis, no processo, as provas obtidas por
meios ilícitos; a) Garantir o desenvolvimento nacional.
19. ninguém será considerado culpado até o trânsito em b) Manter a soberania.
julgado de sentença penal condenatória; c) Promover a dignidade da pessoa humana.
20. o civilmente identificado não será submetido a iden- d) Assegurar o pluralismo político.
tificação criminal, salvo nas hipóteses previstas em lei;
Resposta: Letra A
21. será admitida ação privada nos crimes de ação pú-
Em concordância com o Art. 3º Constituem objetivos
blica, se esta não for intentada no prazo legal; fundamentais da República Federativa do Brasil:
22. a lei só poderá restringir a publicidade dos atos pro- I - CONstruir uma sociedade livre, justa e solidária;
cessuais quando a defesa da intimidade ou o interesse II - GArantir o desenvolvimento nacional;
social o exigirem, DENTRE OUTROS. III - Erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as
Do art. 6º ao 11º, a Carta Magna trata dos direitos so- desigualdades sociais e regionais;
ciais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segu- IV - PROmover o bem de todos, sem preconceitos de
rança, a previdência social, a proteção à maternidade origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas
e à infância, a assistência aos desamparados, dando o de discriminação.
enfoque nos direitos dos trabalhadores.

Tanto os trabalhadores urbanos como os rurais tem o CONSTITUIÇÃO DO ESTADO DA BAHIA,


direito a seguro-desemprego, em caso de desemprego in- (CAP. XXIII “DO NEGRO”).
voluntário, fundo de garantia do tempo de serviço, salário
mínimo, fixado em lei, garantia de salário, décimo terceiro
salário, remuneração do trabalho noturno superior à do
diurno, salário-família para os seus dependentes, gozo de CAPÍTULO XXIII
férias anuais, licença à gestante, aposentadoria, proibição
DO NEGRO
de qualquer discriminação no tocante a salário e critérios
de admissão do trabalhador portador de deficiência, proi- Art. 286 - A sociedade baiana é cultural e historicamente
bição de distinção entre trabalho manual, técnico e inte- marcada pela presença da comunidade afro-brasileira,
lectual ou entre os profissionais respectivos, dentre outros. constituindo a prática do racismo crime inafiançável e
Quanto ao sindicalismo, ninguém será obrigado a fi- imprescritível, sujeito a pena de reclusão, nos termos da
liar-se ou a manter-se filiado a sindicato, é obrigatória a Constituição Federal.
participação dos sindicatos nas negociações coletivas de
trabalho, é vedada a dispensa do empregado sindicalizado Art. 287 - Com países que mantiverem política oficial de
a partir do registro da candidatura a cargo de direção ou discriminação racial, o Estado não poderá:
representação sindical e, se eleito, ainda que suplente, até
um ano após o final do mandato, salvo se cometer falta I - admitir participação, ainda que indireta, através de
grave nos termos da lei e etc. empresas neles sediadas, em qualquer processo licitató-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Ainda assim, importante informar que o Direito Coletivo rio da Administração Pública direta ou indireta;
compõe-se de direitos transindividuais de pessoas que se
conectam por uma relação jurídica, tendo base de si mes- II - manter intercâmbio cultural ou desportivo, através
mo ou com outro indivíduo, podendo as pessoas ser deter- de delegações oficiais.
minadas ou determináveis.
Art. 288 - A rede estadual de ensino e os cursos de for-
Isto é, os Direitos Coletivos abrange todo o grupo da
mação e aperfeiçoamento do servidor público civil e mi-
categoria que possuem uma relação jurídica já pré-existen- litar incluirão em seus programas disciplina que valorize
te ao dano ou a lesão, pois, esse direito irá tutelar esse a participação do negro na formação histórica da socie-
grupo que já subsiste ao prejuízo e não os que não se en- dade brasileira.
quadram na relação.
No tocante ao Direito Individual, estes são os interes- Art. 289 - Sempre que for veiculada publicidade estadu-
ses que têm a mesma origem e também a mesma causa. al com mais de duas pessoas, será assegurada a inclusão
Eles acontecem de acordo com uma mesma situação que de uma da raça negra.
se aplica a cada um individualmente, e, ainda que conte-
nham características “individuais”, no fim possuem origem Art. 290 - O Dia 20 de novembro será considerado, no
comum. calendário oficial, como Dia da Consciência Negra.

2
consequência do predomínio de uma concepção conflitua-
LEI FEDERAL N° 12.288, DE 20 DE JULHO DE lista global da sociedade, segunda a qual toda a vida social
2010 (ESTATUTO DA IGUALDADE RACIAL). é considerada como uma grande competição para a obten-
ção de bens escassos” (BOBBIO, 1997, p. 31).
Em outras palavras:
Aspectos gerais e objetivos da Lei (...) o princípio da igualdade de oportunidades, quando
elevado a princípio geral, tem como objetivo colocar todos
Após 10 anos de tramitação no Congresso Nacional, os membros daquela determinada sociedade na condição
mediante projeto de Lei nº 3.198/200, o Estatuto da Igual- de participar da competição pela vida, ou pela conquista
dade Racial nasce em 20 de julho de 2010, como forma da do que é vitalmente mais significativo, a partir de posições
Lei nº 12.288/2010, passando a vigorar após 90 dias de sua iguais. (BOBBIO, 1997, p. 31).
publicação. Para alcançar tal igualdade de condições, o alusivo Es-
A referida Lei, além de instituir o Estatuto da Igualdade tatuto considera como:
Racial, alterou as Leis nos 7.716, de 5 de janeiro de 1989, I - discriminação racial ou étnico-racial: toda distinção,
9.029, de 13 de abril de 1995, 7.347, de 24 de julho de 1985, exclusão, restrição ou preferência baseada em raça,
e 10.778, de 24 de novembro de 2003. cor, descendência ou origem nacional ou étnica que
Analisar-se-á a seguir o texto de lei. tenha por objeto anular ou restringir o reconheci-
Conforme artigo 1º do referido diploma legal, o Estatu- mento, gozo ou exercício, em igualdade de condi-
to destina-se a garantir à população negra a efetivação de ções, de direitos humanos e liberdades fundamentais
igualdade de oportunidades, a defesa dos direitos étnicos nos campos político, econômico, social, cultural ou
individuais, coletivos e difusos e o combate à discriminação em qualquer outro campo da vida pública ou priva-
e às demais formas de intolerância étnica. da;
Para melhor entendimento acerca da igualdade de II - desigualdade racial: toda situação injustificada de
oportunidades, deve-se observar a doutrina. diferenciação de acesso e fruição de bens, serviços
O princípio da igualdade é representante de modo ge-
e oportunidades, nas esferas pública e privada, em
ral de todo o ordenamento jurídico brasileiro e constitui
virtude de raça, cor, descendência ou origem nacio-
pedra angular do regime democrático. Assim, o legislador
nal ou étnica;
constituinte tratou a igualdade de forma especial e com
III - desigualdade de gênero e raça: assimetria existen-
robusta proteção, sendo diversas as manifestações sobre
te no âmbito da sociedade que acentua a distância
o tema no bojo constitucional, como exemplo o art. 3º, III
social entre mulheres negras e os demais segmentos
e IV; art. 5º, caput e I; art. 7º, XXX e XXXI; art. 39, § 3º; entre
sociais;
outros (MASSON, 2016, p. 246); (RAZABONI JUNIOR; LEÃO
IV - população negra: o conjunto de pessoas que se
JÚNIOR; SANCHES, 2018, p. 148).
Joaquim Barbosa revela que: autodeclaram pretas e pardas, conforme o quesito
(...) segundo esse conceito de igualdade, que veio para cor ou raça usado pela Fundação Instituto Brasileiro
dar sustentação jurídica ao Estado liberal burguês, a lei de Geografia e Estatística (IBGE), ou que adotam au-
deve ser igual para todos, sem distinções de qualquer es- todefinição análoga;
pécie. Abstrata por natureza e levada a extremos por for- V - políticas públicas: as ações, iniciativas e programas
ça do postulado da neutralidade estatal (uma outra noção adotados pelo Estado no cumprimento de suas atri-
cara ao ideário liberal), o princípio da igualdade perante a buições institucionais;
lei foi tido, durante muito tempo, como a garantia da con- VI- Ações afirmativa: os programas e medidas especiais
cretização da liberdade. Para os pensadores e teóricos da adotados pelo Estado e pela iniciativa privada para a
escola liberal, bastaria simples inclusão da igualdade no rol correção das desigualdades raciais e para a promo-
de direitos fundamentais para que a mesma fosse efetiva- ção da igualdade de oportunidades. NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
mente assegurada no sistema constitucional. (2007, p. 48).
Ao tratar de igualdade de oportunidades, assunto in- Como não poderia ser diferente, institui a Lei que é
trinsicamente ligado ao Estatuto da Igualdade Racial, como dever do Estado e da sociedade garantir a igualdade de
se vê no primeiro artigo da referida Lei, Noberto Bobbio oportunidades, reconhecendo a todo cidadão brasileiro,
ensina que por si mesmo e de forma abstratamente con- independentemente da etnia ou da cor da pele, o direito à
siderada, nada tem de particularmente novo, sendo que a participação na comunidade, especialmente nas atividades
igualdade de oportunidade não passa da aplicação da re- políticas, econômicas, empresariais, educacionais, culturais
gra de justiça numa situação na qual existem várias pessoas e esportivas, defendendo sua dignidade e seus valores re-
em competição para a obtenção de um único objetivo, ou ligiosos e culturais.
seja, um objetivo que só pode ser alcançado por um dos O Estatuto em questão, além de normas constitucionais
concorrentes (1997, p. 30). relacionadas aos direitos e garantias fundamentais, sociais,
econômicos e culturais, utiliza-se de diretriz político-jurídi-
Destaca-se que o que faz a importância do princípio ca para inclusão social de vítimas de desigualdades étnico-
da igualdade de oportunidades e que o torna inovador “é -raciais, com a valorização da igualdade étnica e o fortale-
o fato de que ele se tenha grandemente difundido como cimento da identidade nacional brasileira.

3
Para tal inclusão e valorização, a participação da popu- zação da Constituinte de 1988. O SUS, ferramenta para o
lação, em condição de igualdade de oportunidade, na vida cumprimento da Lei Orgânica de Saúde, dentro dos seus
econômica, social, política e cultural do País, deve ser pro- pressupostos de hierarquização e universalização, unificou
movida por meio de: o acesso da população a um sistema que abrange desde a
I - inclusão nas políticas públicas de desenvolvimento saúde básica, atenção primária e secundária, até a hospita-
econômico e social; lar de alta complexidade, proporcionando o acesso do in-
II - adoção de medidas, programas e políticas de ação divíduo a qualquer um desses níveis, com atendimento ge-
afirmativa; neralizado e especializado. Todas as patologias e doenças
III - modificação das estruturas institucionais do Estado estariam cobertas pelo SUS, e, por isso, tornou-se universal.
para o adequado enfrentamento e a superação das (MELO; COSTA; RAZABONI JUNIOR, 2018, p. 333)
desigualdades étnicas decorrentes do preconceito e O SUS é a principal política pública brasileira. O maior
da discriminação étnica; projeto público de inclusão social conhecido no mundo
IV - promoção de ajustes normativos para aperfeiçoar (SANTOS, 2007). É a formalização da conquista do direi-
o combate à discriminação étnica e às desigualdades to de todos à saúde e a única possibilidade de atenção
étnicas em todas as suas manifestações individuais, para milhões de brasileiros. É uma política pública definida
institucionais e estruturais; na Constituição Brasileira, a qual estabelece as ações e os
V - eliminação dos obstáculos históricos, socioculturais serviços públicos de saúde que formam uma rede e consti-
e institucionais que impedem a representação da di- tuem um sistema único (REIS; ARAÚJO; CECÍLIO, 2009). Ou
versidade étnica nas esferas pública e privada; seja, o SUS é a ferramenta que a Lei 8.080/1990 utiliza para
VI - estímulo, apoio e fortalecimento de iniciativas proporcionar universalidade e igualdade na saúde para to-
oriundas da sociedade civil direcionadas à promoção dos. (MELO; COSTA; RAZABONI JUNIOR, 2018, p. 335)
da igualdade de oportunidades e ao combate às de- Retornando ao estudo do Estatuto, no que se refere ao
sigualdades étnicas, inclusive mediante a implemen- Sistema Único de Saúde (SUS), esse prevê que a população
tação de incentivos e critérios de condicionamento e negra tem acesso universal e igualitário como os demais, a
fim de se alcançar a proteção, promoção e recuperação da
prioridade no acesso aos recursos públicos;
saúde de pessoas negras. Importante ressaltar que a saú-
VII - implementação de programas de ação afirmativa
de igualitária é responsabilidade dos órgãos e instituições
destinados ao enfrentamento das desigualdades ét-
públicas federais, estaduais, distritais e municipais, tanto da
nicas no tocante à educação, cultura, esporte e lazer,
administração pública direta, quanto da indireta.
saúde, segurança, trabalho, moradia, meios de co-
Diante do exposto acima, observa-se uma reafirmação
municação de massa, financiamentos públicos, aces- do direito fundamental social à saúde de forma igualitária
so à terra, à Justiça, e outros. para a população negra, a fim de resguardar essas pessoas
de qualquer forma de preconceito e discriminação, ato que
Ademais, importante ressaltar que os programas de seria atentatório aos direitos fundamentais.
ação afirmativa devem ser constituídos mediante políticas O conjunto de ações de saúde voltadas à população
públicas destinadas sempre a reparar as distorções, desi- negra constitui a Política Nacional de Saúde Integral da
gualdades sociais e outras práticas discriminatórias, tanto População Negra, organizada de acordo com as diretrizes
na esfera de instituições públicas, quanto privadas. abaixo especificadas:
Para a eficácia dos objetivos vistos acima, o Estatuto de I - ampliação e fortalecimento da participação de lide-
Igualdade Racial instituiu o Sistema Nacional de Promoção ranças dos movimentos sociais em defesa da saúde
da Igualdade Racial (Sinapir), o qual irá ser abordado em da população negra nas instâncias de participação e
momento posterior. controle social do SUS;
II - produção de conhecimento científico e tecnológico
A igualdade racial e os direitos fundamentais em saúde da população negra;
III - desenvolvimento de processos de informação, co-
Saúde municação e educação para contribuir com a redu-
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ção das vulnerabilidades da população negra.


O direito à saúde é um direito social, parte do rol taxa- Ademais, constituem objetivos da Política Nacional de
tivo do artigo 6º da Constituição Federal, de cunho pres- Saúde Integral da População Negra:
tacional, ou seja, eficácia positiva em sua maior parte, que I - a promoção da saúde integral da população negra,
deve ser garantido pelo poder público para qualquer pes- priorizando a redução das desigualdades étnicas e o
soa do povo. combate à discriminação nas instituições e serviços
Assim, o Estatuto da Igualdade Racial prevê em seu bojo do SUS;
que o direito à saúde da população negra será garantido II - a melhoria da qualidade dos sistemas de informação
pelo poder público mediante políticas universais, sociais e do SUS no que tange à coleta, ao processamento e
econômicas destinadas à redução do risco de doenças e de à análise dos dados desagregados por cor, etnia e
outros agravos. gênero;
Como ampliação da matéria, tem-se que a Lei III - o fomento à realização de estudos e pesquisas so-
8.080/1990 foi responsável ainda pela regulamentação bre racismo e saúde da população negra;
do Sistema Único de Saúde (SUS), que teve suas doutri- IV - a inclusão do conteúdo da saúde da população ne-
nas discutidas e especificadas na 8ª Conferência Nacional gra nos processos de formação e educação perma-
de Saúde, que aconteceu em 1986, às vésperas da reali- nente dos trabalhadores da saúde;

4
V - a inclusão da temática saúde da população negra I - resguardar os princípios da ética em pesquisa e
nos processos de formação política das lideranças de apoiar grupos, núcleos e centros de pesquisa, nos
movimentos sociais para o exercício da participação diversos programas de pós-graduação que desen-
e controle social no SUS. volvam temáticas de interesse da população negra;
II - incorporar nas matrizes curriculares dos cursos de
Por fim, ressalta-se que os moradores das comunida- formação de professores temas que incluam valores
des de remanescentes de quilombos serão beneficiários de concernentes à pluralidade étnica e cultural da socie-
incentivos específicos para a garantia do direito à saúde, dade brasileira;
incluindo melhorias nas condições ambientais, no sanea- III - desenvolver programas de extensão universitária
mento básico, na segurança alimentar e nutricional e na destinados a aproximar jovens negros de tecnologias
atenção integral à saúde. avançadas, assegurado o princípio da proporcionali-
Do direito à educação, à cultura, ao esporte e ao lazer dade de gênero entre os beneficiários;
A população negra tem direito a participar de ativida- IV - estabelecer programas de cooperação técnica, nos
des educacionais, culturais, esportivas e de lazer adequa- estabelecimentos de ensino públicos, privados e
das a seus interesses e condições, de modo a contribuir comunitários, com as escolas de educação infantil,
para o patrimônio cultural de sua comunidade e da socie- ensino fundamental, ensino médio e ensino técnico,
dade brasileira. para a formação docente baseada em princípios de
Os Entes Federativos e a União devem adotar: equidade, de tolerância e de respeito às diferenças
I - promoção de ações para viabilizar e ampliar o acesso étnicas.
da população negra ao ensino gratuito e às ativida-
des esportivas e de lazer; Por fim, o poder público estimulará e apoiará ações
socioeducacionais realizadas por entidades do movimen-
II - apoio à iniciativa de entidades que mantenham es- to negro que desenvolvam atividades voltadas para a in-
paço para promoção social e cultural da população clusão social, mediante cooperação técnica, intercâmbios,
convênios e incentivos, entre outros mecanismos, e princi-
negra;
palmente adotar programas de ação afirmativa, cabendo
III - desenvolvimento de campanhas educativas, inclu-
ao Poder Executivo federal a avaliação e acompanhamento
sive nas escolas, para que a solidariedade aos mem-
dos programas políticos de igualdade e de educação.
bros da população negra faça parte da cultura de
toda a sociedade;
Cultura
IV - implementação de políticas públicas para o fortale-
cimento da juventude negra brasileira.
Quanto à cultura, deve-se garantir o reconhecimento
das sociedades negras, clubes e as outras diversas formas
No que se refere à educação, direito fundamental so- de manifestação coletiva da população negra, com trajetó-
cial previsto no artigo 6º da Carta Magna, observa-se a ria histórica reconhecidamente comprovada, como patri-
necessidade de se estudar a história geral da África e da mônio histórico e cultura, fundamentado nos artigos 215 e
população negra no Brasil, obrigação essa imposta a todos 216 da Constituição Federal.
os estabelecimentos de ensino fundamental e médio, pú- Ademais, é assegurado aos remanescentes das comuni-
blicos e privados. dades dos quilombos o direito à preservação de seus usos,
Tal fato se faz como meio de resgatar a origem da po- costumes, tradições e manifestos religiosos, sob a proteção
pulação negra e relevar a importância que essa merece. do Estado.
Nesse sentido: “Os conteúdos referentes à história da po- Não obstante, o poder público incentivará a celebração
pulação negra no Brasil serão ministrados no âmbito de das personalidades e das datas comemorativas relaciona-
todo o currículo escolar, resgatando sua contribuição deci- das à trajetória do samba e de outras manifestações cultu- NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
siva para o desenvolvimento social, econômico, político e rais de matriz africana, bem como sua comemoração nas
cultural do País”. instituições de ensino públicas e privadas.
Nas datas comemorativas de caráter cívico, os órgãos Por fim, o poder público garantirá o registro e a pro-
responsáveis pela educação incentivarão a participação de teção da capoeira, em todas as suas modalidades, como
intelectuais e representantes do movimento negro para bem de natureza imaterial e de formação da identidade
debater com os estudantes suas vivências relativas ao tema cultural brasileira, nos termos do artigo 216 da Constitui-
em comemoração. ção Federal.
Não obstante, os órgãos federais, distritais e estaduais
de fomento à pesquisa e à pós-graduação poderão criar Esporte e lazer
incentivos a pesquisas e a programas de estudo voltados
para temas referentes às relações étnicas, aos quilombos e Importante esclarecer que o esporte pode estar asso-
às questões pertinentes à população negra. ciado à profissionalidade, porém pode também estar asso-
Em outro plano, porém não distante, tem-se que o Po- ciado ao lazer, direito fundamental social previsto no artigo
der Executivo federal, deve incentivar as instituições de en- 6º da Carta Maior brasileira.
sino superior em geral a: Neste sentido, a Lei 12.288/2010 prevê a necessidade,

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por parte do poder público, de se fomentar o pleno acesso Por fim, tem-se que o poder público adotará as medidas
da população negra às práticas desportivas, consolidando necessárias para o combate à intolerância com as religiões
o esporte e o lazer como direitos sociais. Assim, verifica-se de matrizes africanas e à discriminação de seus seguidores,
uma tentativa de ampliação do rol taxativo do artigo 6º da especialmente com o objetivo de:
Constituição Federal, no qual o legislador tenta incluir o I - coibir a utilização dos meios de comunicação social
esporte como direito fundamental social ligado ao lazer. para a difusão de proposições, imagens ou aborda-
A capoeira é reconhecida como desporto de criação gens que exponham pessoa ou grupo ao ódio ou ao
nacional, nos termos do artigo 217 da Constituição Fede- desprezo por motivos fundados na religiosidade de
ral. Assim, tem-se a ideia de que a atividade de capoeiris- matrizes africanas;
ta deve ser reconhecida em todas as modalidades em que II - inventariar, restaurar e proteger os documentos,
essa se manifesta, seja como esporte, luta, dança ou mú- obras e outros bens de valor artístico e cultural, os
sica, sendo livre o exercício em todo o território nacional. monumentos, mananciais, flora e sítios arqueológi-
Por fim, observa-se que a lei prevê que é facultativo cos vinculados às religiões de matrizes africanas;
o ensino da capoeira nas instituições públicas e privadas III - assegurar a participação proporcional de represen-
pelos capoeiristas e mestres tradicionais, pública e formal- tantes das religiões de matrizes africanas, ao lado da
mente reconhecidos. representação das demais religiões, em comissões,
conselhos, órgãos e outras instâncias de deliberação
Do direito à liberdade de consciência e de crença e ao vinculadas ao poder público.
livre exercício dos cultos religiosos
Como também previsto na Constituição Federal, o Es- Observa-se, assim, uma reafirmação do direito funda-
tatuto da Igualdade Racial prevê a inviolabilidade da liber- mental de liberdade de consciência e de crença praticada
dade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre pela população negra, clara tentativa de preservação e pro-
exercício dos cultos religiosos e garantida a proteção aos teção aos seus direitos fundamentais e culturais.
locais de culto e suas liturgias. Acesso à terra e à moradia adequada
Assim, o direito à liberdade de consciência e de crença Neste ponto, torna-se mais eficaz observar o texto de
e ao livre exercício dos cultos religiosos de matriz africana
lei, tendo em vista que o mesmo se faz mais auto-explica-
compreende:
tivo na ordem apresentada. Vejamos:
I - a prática de cultos, a celebração de reuniões relacio-
nadas à religiosidade e a fundação e manutenção,
Do Acesso à Terra
por iniciativa privada, de lugares reservados para tais
fins;
Art. 27. O poder público elaborará e implementará polí-
II - a celebração de festividades e cerimônias de acordo
ticas públicas capazes de promover o acesso da popula-
com preceitos das respectivas religiões;
III - a fundação e a manutenção, por iniciativa privada, ção negra à terra e às atividades produtivas no campo.
de instituições beneficentes ligadas às respectivas Art. 28. Para incentivar o desenvolvimento das ativida-
convicções religiosas; des produtivas da população negra no campo, o poder
IV - a produção, a comercialização, a aquisição e o uso público promoverá ações para viabilizar e ampliar o seu
de artigos e materiais religiosos adequados aos cos- acesso ao financiamento agrícola.
tumes e às práticas fundadas na respectiva religiosi- Art. 29. Serão assegurados à população negra a assis-
dade, ressalvadas as condutas vedadas por legisla- tência técnica rural, a simplificação do acesso ao crédito
ção específica; agrícola e o fortalecimento da infraestrutura de logística
V - a produção e a divulgação de publicações relacio- para a comercialização da produção.
nadas ao exercício e à difusão das religiões de matriz Art. 30. O poder público promoverá a educação e a
africana; orientação profissional agrícola para os trabalhadores
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

VI - a coleta de contribuições financeiras de pessoas negros e as comunidades negras rurais.


naturais e jurídicas de natureza privada para a ma- Art. 31. Aos remanescentes das comunidades dos qui-
nutenção das atividades religiosas e sociais das res- lombos que estejam ocupando suas terras é reconhecida
pectivas religiões; a propriedade definitiva, devendo o Estado emitir-lhes os
VII - o acesso aos órgãos e aos meios de comunicação títulos respectivos.
para divulgação das respectivas religiões; Art. 32. O Poder Executivo federal elaborará e desen-
VIII - a comunicação ao Ministério Público para aber- volverá políticas públicas especiais voltadas para o de-
tura de ação penal em face de atitudes e práticas de senvolvimento sustentável dos remanescentes das co-
intolerância religiosa nos meios de comunicação e munidades dos quilombos, respeitando as tradições de
em quaisquer outros locais. proteção ambiental das comunidades.
Art. 33. Para fins de política agrícola, os remanescentes
Não obstante, prevê o diploma legal que é assegurada das comunidades dos quilombos receberão dos órgãos
a assistência religiosa aos praticantes de religiões de matri- competentes tratamento especial diferenciado, assistên-
zes africanas internados em hospitais ou em outras institui- cia técnica e linhas especiais de financiamento público,
ções de internação coletiva, inclusive àqueles submetidos a destinados à realização de suas atividades produtivas e
pena privativa de liberdade. de infraestrutura

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Art. 34. Os remanescentes das comunidades dos quilom- I – As normas instituídas no referido Estatuto;
bos se beneficiarão de todas as iniciativas previstas nesta II - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar a
e em outras leis para a promoção da igualdade étnica. Convenção Internacional sobre a Eliminação de Todas as
Formas de Discriminação Racial, de 1965;
Da Moradia III - os compromissos assumidos pelo Brasil ao ratificar
a Convenção no 111, de 1958, da Organização Interna-
Art. 35. O poder público garantirá a implementação cional do Trabalho (OIT), que trata da discriminação no
de políticas públicas para assegurar o direito à mora- emprego e na profissão;
dia adequada da população negra que vive em favelas, IV - os demais compromissos formalmente assumidos
cortiços, áreas urbanas subutilizadas, degradadas ou em pelo Brasil perante a comunidade internacional.
processo de degradação, a fim de reintegrá-las à dinâ-
mica urbana e promover melhorias no ambiente e na O poder público promoverá ações que assegurem a
qualidade de vida. igualdade de oportunidades no mercado de trabalho para
Parágrafo único. O direito à moradia adequada, para a população negra, inclusive mediante a implementação de
os efeitos desta Lei, inclui não apenas o provimento ha- medidas visando à promoção da igualdade nas contrata-
bitacional, mas também a garantia da infraestrutura ções do setor público e o incentivo à adoção de medidas
urbana e dos equipamentos comunitários associados à similares nas empresas e organizações privadas.
função habitacional, bem como a assistência técnica e Assim, vejamos os mandamentos dos parágrafos conti-
jurídica para a construção, a reforma ou a regularização dos no artigo 39 da referida lei:
fundiária da habitação em área urbana. § 1o A igualdade de oportunidades será lograda me-
Art. 36. Os programas, projetos e outras ações governa- diante a adoção de políticas e programas de formação
mentais realizadas no âmbito do Sistema Nacional de profissional, de emprego e de geração de renda voltados
Habitação de Interesse Social (SNHIS), regulado pela Lei para a população negra.
no 11.124, de 16 de junho de 2005, devem considerar as § 2o As ações visando a promover a igualdade de opor-
peculiaridades sociais, econômicas e culturais da popu- tunidades na esfera da administração pública far-se-ão
lação negra. por meio de normas estabelecidas ou a serem estabele-
Parágrafo único. Os Estados, o Distrito Federal e os Mu- cidas em legislação específica e em seus regulamentos.
nicípios estimularão e facilitarão a participação de or- § 3o O poder público estimulará, por meio de incentivos,
ganizações e movimentos representativos da população a adoção de iguais medidas pelo setor privado.
negra na composição dos conselhos constituídos para § 4o As ações de que trata o caput deste artigo assegu-
fins de aplicação do Fundo Nacional de Habitação de rarão o princípio da proporcionalidade de gênero entre
Interesse Social (FNHIS). os beneficiários.
Art. 37. Os agentes financeiros, públicos ou privados, § 5o Será assegurado o acesso ao crédito para a peque-
promoverão ações para viabilizar o acesso da população na produção, nos meios rural e urbano, com ações afir-
negra aos financiamentos habitacionais. mativas para mulheres negras.
§ 6o O poder público promoverá campanhas de sensi-
Trabalho bilização contra a marginalização da mulher negra no
trabalho artístico e cultural.
Visto tanto no artigo 6º, quanto no artigo 7º e em ou- § 7o O poder público promoverá ações com o objetivo de
tras partes da Constituição Federal, o direito ao trabalho elevar a escolaridade e a qualificação profissional nos
constitui direito fundamental social de grande importân- setores da economia que contem com alto índice de ocu-
cia, intrinsecamente ligado à dignidade da pessoa humana, pação por trabalhadores negros de baixa escolarização.
compreendido pela:
“(...) qualidade intrínseca e distintiva reconhecida em Não obstante ao exposto acima, como meio de pro- NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
cada ser humano que o faz merecedor do mesmo respeito moção ao trabalho, o Conselho Deliberativo do Fundo de
e consideração por parte do Estado e da comunidade, im- Amparo ao Trabalhador (Codegat), deverá formular políti-
plicando, neste sentido, um complexo de direitos e deveres cas, programas e projetos voltados à inclusão da popula-
fundamentais que assegurem a pessoa tanto contra todo ção negra.
e qualquer ato de cunho degradante e desumano, como Ademais, as ações de emprego e renda, promovidas
venham a lhe garantir as condições existenciais mínimas por meio de financiamento para constituição e ampliação
para uma vida saudável, além de propiciar e promover sua de pequenas e médias empresas e de programas de ge-
participação ativa e co-responsável nos destinos da própria ração de renda, contemplarão o estímulo à promoção de
existência e da vida em comunhão com os demais seres empresários negros.
humanos”. (SARLET, 2007, p. 62) Por fim, observa-se que a lei prevê que o Poder Execu-
Assim, como não poderia ser diferente, o Estatuto de tivo federal poderá implementar critérios para provimento
Igualdade Racial tem como objetivo proteger também esse de cargos em comissão e funções de confiança destinados
direito fundamental social, implementando políticas volta- a ampliar a participação de negros, buscando reproduzir a
das a inclusão da população negra no mercado de traba- estrutura da distribuição étnica nacional ou, quando for o
lho, por meio do poder público, observando-se: caso, estadual, observados os dados demográficos oficiais.

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criados para a implementação das ações afirmativas
#FicaDica e o cumprimento das metas a serem estabelecidas.
Quanto à organização e competência do Sinapir, tem-se
O Poder Executivo federal PODERÁ implementar que o Poder Executivo federal deverá elaborar plano
os critérios acima descritos, não sendo assim nacional de promoção da igualdade racial, contendo
uma obrigação. as metas, princípios e diretrizes para a implementa-
ção da Política Nacional de Promoção da Igualdade
Dos meios de comunicação Racial (PNPIR).

Os meios de comunicações deverão valorizar a herança Deve-se, para isso, obedecer o disposto no artigo 49 do
cultural e a participação da população negra na historio Estatuto em pauta, que diz:
do País. Assim, na produção de filmes, programas de tele- § 1o A elaboração, implementação, coordenação, ava-
visão e peças publicitárias, dever-se-á adotar a prática de liação e acompanhamento da PNPIR, bem como a or-
conferir oportunidades de emprego para atores, figurantes ganização, articulação e coordenação do Sinapir, serão
e técnicos negros, sendo vedada toda e qualquer discrimi- efetivados pelo órgão responsável pela política de pro-
nação de natureza política, ideológica, étnica ou artística. moção da igualdade étnica em âmbito nacional.
Neste sentido, os órgãos e entidades da administração § 2o É o Poder Executivo federal autorizado a instituir
pública federal direta, autárquica ou fundacional, as em- fórum intergovernamental de promoção da igualdade
presas públicas e as sociedades de economia mista fede- étnica, a ser coordenado pelo órgão responsável pelas
rais deverão incluir cláusulas de participação de artistas ne- políticas de promoção da igualdade étnica, com o objeti-
gros nos contratos de realização de filmes, programas ou vo de implementar estratégias que visem à incorporação
quaisquer outras peças de caráter publicitário. da política nacional de promoção da igualdade étnica
Ressalta-se, porém, que tal mandamento do legislador nas ações governamentais de Estados e Municípios.
não se aplica para filmes e programas que abordem espe- § 3o As diretrizes das políticas nacional e regional de
cificidades de grupos étnicos determinados. promoção da igualdade étnica serão elaboradas por ór-
Por fim, observa-se o entendimento de que são práticas gão colegiado que assegure a participação da sociedade
de iguais oportunidades de emprego o conjunto de medi- civil.
das siste-máticas executadas com a finalidade de garantir a Os Poderes Executivos estaduais, distrital e municipais,
diversidade étnica, de sexo e de idade na equipe vinculada no âmbito das respectivas esferas de competência, po-
ao projeto ou ser-viço contratado. Conforme se observa, derão instituir conselhos de promoção da igualdade ét-
há uma ampliação, nesse ponto, da questão étnica, abran- nica, de caráter permanente e consultivo, compostos por
gendo também idade e sexo. igual número de representantes de órgãos e entidades
públicas e de organizações da sociedade civil represen-
Sistema nacional de promoção da igualdade racial tativas da população negra.
O Sinapir foi instituído pelo Estatuto de Igualdade Ra- Por fim, tem-se que o Poder Executivo deve priorizar o
cial como forma de organização e de articulação voltadas repasse dos recursos referentes aos programas e ativida-
à im-plementação do conjunto de políticas e serviços des- des previstas na Lei 12.288/2010, que devem ser destina-
tinados ao combate as desigualdades étnicas no País, que dos aos Estados, Distrito Federal e Municípios que tenham
deve ser prestado pelo Poder Público federal. criado conselhos de promoção da igualdade étnica.
Apesar de ser prestado pelo Poder Público federal, Das ouvidorias permanentes e do acesso à justiça e à
verifica-se a possibilidade de participação de Estados, do segurança
Distrito Federal e Municípios por meio de adesão. Não obs-
Verificando o texto exato da Lei, sem interpretações ex-
tante, o Poder Público federal deve incentivar a sociedade e
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

tensivas, observa-se que:


a iniciativa privada a participar do Sinapir.
Art. 51. O poder público federal instituirá, na forma da
Vista a introdução do Sistema nacional de promoção
lei e no âmbito dos Poderes Legislativo e Executivo, Ou-
da igualdade racial, analisar-se-á agora seu objetivos, quais
vidorias Permanentes em Defesa da Igualdade Racial,
são:
para receber e encaminhar denúncias de preconceito
I - promover a igualdade étnica e o combate às desi-
gualdades sociais resultantes do racismo, inclusive e discriminação com base em etnia ou cor e acompa-
mediante adoção de ações afirmativas; nhar a implementação de medidas para a promoção da
II - formular políticas destinadas a combater os fatores igualdade.
de marginalização e a promover a integração social Art. 52. É assegurado às vítimas de discriminação étnica
da população negra; o acesso aos órgãos de Ouvidoria Permanente, à De-
III - descentralizar a implementação de ações afirmati- fensoria Pública, ao Ministério Público e ao Poder Judi-
vas pelos governos estaduais, distrital e municipais; ciário, em todas as suas instâncias, para a garantia do
IV - articular planos, ações e mecanismos voltados à cumprimento de seus direitos.
promoção da igualdade étnica; Parágrafo único. O Estado assegurará atenção às mu-
V - garantir a eficácia dos meios e dos instrumentos lheres negras em situação de violência, garantida a as-
sistência física, psíquica, social e jurídica.

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Art. 53. O Estado adotará medidas especiais para coibir § 2o Durante os 5 (cinco) primeiros anos, a contar do
a violência policial incidente sobre a população negra. exercício subsequente à publicação deste Estatuto, os
Parágrafo único. O Estado implementará ações de res- órgãos do Poder Executivo federal que desenvolvem
socialização e proteção da juventude negra em conflito políticas e programas nas áreas referidas no § 1o deste
com a lei e exposta a experiências de exclusão social. artigo discriminarão em seus orçamentos anuais a par-
Art. 54. O Estado adotará medidas para coibir atos de ticipação nos programas de ação afirmativa referidos no
discriminação e preconceito praticados por servidores inciso VII do art. 4o desta Lei.
públicos em detrimento da população negra, observado, § 3o O Poder Executivo é autorizado a adotar as me-
no que couber, o disposto na Lei no 7.716, de 5 de janeiro didas necessárias para a adequada implementação do
de 1989. disposto neste artigo, podendo estabelecer patamares
Art. 55. Para a apreciação judicial das lesões e das ame- de participação crescente dos programas de ação afir-
aças de lesão aos interesses da população negra decor- mativa nos orçamentos anuais a que se refere o § 2o
rentes de situações de desigualdade étnica, recorrer- deste artigo.
-se-á, entre outros instrumentos, à ação civil pública, § 4o O órgão colegiado do Poder Executivo federal res-
disciplinada na Lei no 7.347, de 24 de julho de 1985. ponsável pela promoção da igualdade racial acompa-
nhará e avaliará a programação das ações referidas
Do financiamento das iniciativas de promoção da neste artigo nas propostas orçamentárias da União.
igualdade racial
Por fim, tem-se que sem prejuízo da destinação de re-
Na implementação dos programas e das ações cons- cursos ordinários, poderão ser consignados nos orçamen-
tantes dos planos plurianuais e dos orçamentos anuais da tos fiscal e da seguridade social para financiamento das
União, deverão ser observadas as políticas de ação afir- ações afirmativas:
mativa a que se refere o inciso VII do art. 4o do Estatuto
em questão, além de outras políticas públicas que tenham I - transferências voluntárias dos Estados, do Distrito
como objetivo promover a igualdade de oportunidades e a Federal e dos Municípios;
inclusão social da população negra, especialmente no que II - doações voluntárias de particulares;
tange a: III - doações de empresas privadas e organizações não
I - promoção da igualdade de oportunidades em edu- governamentais, nacionais ou internacionais;
cação, emprego e moradia; IV - doações voluntárias de fundos nacionais ou inter-
II - financiamento de pesquisas, nas áreas de educação, nacionais;
saúde e emprego, voltadas para a melhoria da quali-
V - doações de Estados estrangeiros, por meio de con-
dade de vida da população negra;
vênios, tratados e acordos internacionais.
III - incentivo à criação de programas e veículos de co-
municação destinados à divulgação de matérias rela-
Disposições gerais
cionadas aos interesses da população negra;
IV - incentivo à criação e à manutenção de microem-
No que se refere às disposições gerais, tem-se que o
presas administradas por pessoas autodeclaradas
Estatuto de Igualdade Racial trouxe diversas alterações em
negras;
V - iniciativas que incrementem o acesso e a permanên- outros diplomas legais, alterações essas dispostas nos arti-
cia das pessoas negras na educação fundamental, gos 60 à 64. Vejamos:
média, técnica e superior; Art. 60. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 7.716, de 1989, passam
VI - apoio a programas e projetos dos governos esta- a vigorar com a seguinte redação:
duais, distrital e municipais e de entidades da socie- “Art. 3o ........................................................................
dade civil voltados para a promoção da igualdade de Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por mo-
oportunidades para a população negra; tivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou pro- NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
VII - apoio a iniciativas em defesa da cultura, da memó- cedência nacional, obstar a promoção funcional.” (NR)
ria e das tradições africanas e brasileiras. “Art. 4o ........................................................................
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis-
Em continuação ao referido acima, deve-se analisar os criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do
parágrafos do artigo 56 da Lei, que ensina: preconceito de descendência ou origem nacional ou ét-
§ 1o O Poder Executivo federal é autorizado a adotar nica:
medidas que garantam, em cada exercício, a transpa- I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao
rência na alocação e na execução dos recursos necessá- empregado em igualdade de condições com os demais
rios ao financiamento das ações previstas neste Estatuto, trabalhadores;
explicitando, entre outros, a proporção dos recursos or- II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obs-
çamentários destinados aos programas de promoção da tar outra forma de benefício profissional;
igualdade, especialmente nas áreas de educação, saúde, III - proporcionar ao empregado tratamento diferencia-
emprego e renda, desenvolvimento agrário, habitação do no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao
popular, desenvolvimento regional, cultura, esporte e salário.
lazer. § 2o Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de

9
serviços à comunidade, incluindo atividades de promo-
ção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qual-
quer outra forma de recrutamento de trabalhadores, EXERCÍCIO COMENTADO
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia 1. (ANALISTA LEGISLATIVO – CÂMARA DOS DEPUTA-
para emprego cujas atividades não justifiquem essas DOS – CESPE – 2014) Julgue o item que segue, relativo
exigências.” (NR) aos crimes contra as pessoas com deficiência, aos crimes
Art. 61. Os arts. 3o e 4o da Lei nº 9.029, de 13 de abril de resultantes de preconceito de raça ou de cor e ao Estatuto
1995, passam a vigorar com a seguinte redação: da Igualdade Racial.
“Art. 3o Sem prejuízo do prescrito no art. 2o e nos dispo- De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, o fato de
sitivos legais que tipificam os crimes resultantes de pre- um empregado de estabelecimento comercial privado re-
conceito de etnia, raça ou cor, as infrações do disposto cusar atendimento a um cliente tão somente em razão de
nesta Lei são passíveis das seguintes cominações: este ser negro amolda-se a desigualdade racial e não a dis-
...................................................................................” (NR) criminação racial, pois caracteriza-se uma situação injusti-
“Art. 4o O rompimento da relação de trabalho por ato ficada de acesso a serviço privado em virtude de raça ou
discriminatório, nos moldes desta Lei, além do direito à origem étnica.
reparação pelo dano moral, faculta ao empregado optar
entre:
( ) CERTO ( ) ERRADO
...................................................................................” (NR)
Art. 62. O art. 13 da Lei no 7.347, de 1985, passa a vigo-
rar acrescido do seguinte § 2o, renumerando-se o atual Resposta: Errado
parágrafo único como § 1o: De acordo com o artigo 1º, inciso I da Lei 12.288/10 dis-
“Art. 13. ........................................................................ criminação racial ou étnico-racial é toda distinção, ex-
§ 1o ............................................................................... clusão, restrição ou preferência baseada em raça, cor,
§ 2º Havendo acordo ou condenação com fundamento descendência ou origem nacional ou étnica que tenha
em dano causado por ato de discriminação étnica nos por objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo
termos do disposto no art. 1o desta Lei, a prestação em ou exercício, em igualdade de condições, de direitos hu-
dinheiro reverterá diretamente ao fundo de que trata o manos e liberdades fundamentais nos campos político,
caput e será utilizada para ações de promoção da igual- econômico, social, cultural ou em qualquer outro campo
dade étnica, conforme definição do Conselho Nacional da vida pública ou privada.
de Promoção da Igualdade Racial, na hipótese de exten-
são nacional, ou dos Conselhos de Promoção de Igual-
dade Racial estaduais ou locais, nas hipóteses de danos LEI FEDERAL Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE
com extensão regional ou local, respectivamente.” (NR) 1989 (DEFINE OS CRIMES RESULTANTES DE
Art. 63. O § 1o do art. 1o da Lei nº 10.778, de 24 de PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR) E LEI
novembro de 2003, passa a vigorar com a seguinte re-
FEDERAL N° 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997
dação:
(TIPIFICAÇÃO DOS CRIMES RESULTANTES
“Art. 1o .......................................................................
§ 1º Para os efeitos desta Lei, entende-se por violência DE PRECONCEITO DE RAÇA OU DE COR).
contra a mulher qualquer ação ou conduta, baseada no
gênero, inclusive decorrente de discriminação ou desi-
gualdade étnica, que cause morte, dano ou sofrimento LEI Nº 7.716, DE 5 DE JANEIRO DE 1989.
físico, sexual ou psicológico à mulher, tanto no âmbito
público quanto no privado. Define os crimes resultantes de preconceito de raça ou
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

...................................................................................” (NR) de cor.


Art. 64. O § 3o do art. 20 da Lei nº 7.716, de 1989, passa
a vigorar acrescido do seguinte inciso III: O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
“Art. 20. ...................................................................... gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:
.............................................................................................
§ 3o ............................................................................... Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes re-
............................................................................................. sultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor,
III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas etnia, religião ou procedência nacional.
de informação na rede mundial de computadores.
...................................................................................” (NR) Art. 2º (Vetado).

Art. 3º Impedir ou obstar o acesso de alguém, devida-


mente habilitado, a qualquer cargo da Administração
Direta ou Indireta, bem como das concessionárias de
serviços públicos.
Parágrafo único. Incorre na mesma pena quem, por

10
motivo de discriminação de raça, cor, etnia, religião ou Pena: reclusão de um a três anos.
procedência nacional, obstar a promoção funcional. (In-
cluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 11. Impedir o acesso às entradas sociais em edifícios
Pena: reclusão de dois a cinco anos. públicos ou residenciais e elevadores ou escada de aces-
so aos mesmos:
Art. 4º Negar ou obstar emprego em empresa privada. Pena: reclusão de um a três anos.
§ 1º Incorre na mesma pena quem, por motivo de dis-
criminação de raça ou de cor ou práticas resultantes do Art. 12. Impedir o acesso ou uso de transportes públicos,
preconceito de descendência ou origem nacional ou ét- como aviões, navios barcas, barcos, ônibus, trens, metrô
nica: (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) ou qualquer outro meio de transporte concedido.
I - deixar de conceder os equipamentos necessários ao Pena: reclusão de um a três anos.
empregado em igualdade de condições com os demais
trabalhadores; (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Art. 13. Impedir ou obstar o acesso de alguém ao serviço
II - impedir a ascensão funcional do empregado ou obs- em qualquer ramo das Forças Armadas.
tar outra forma de benefício profissional; (Incluído pela Pena: reclusão de dois a quatro anos.
Lei nº 12.288, de 2010)
III - proporcionar ao empregado tratamento diferencia- Art. 14. Impedir ou obstar, por qualquer meio ou forma,
do no ambiente de trabalho, especialmente quanto ao o casamento ou convivência familiar e social.
salário. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) Pena: reclusão de dois a quatro anos.
§ 2º Ficará sujeito às penas de multa e de prestação de
serviços à comunidade, incluindo atividades de promo- Art. 15. (Vetado).
ção da igualdade racial, quem, em anúncios ou qual-
quer outra forma de recrutamento de trabalhadores, Art. 16. Constitui efeito da condenação a perda do cargo
exigir aspectos de aparência próprios de raça ou etnia ou função pública, para o servidor público, e a suspen-
para emprego cujas atividades não justifiquem essas são do funcionamento do estabelecimento particular
exigências. (Incluído pela Lei nº 12.288, de 2010) por prazo não superior a três meses.
Pena: reclusão de dois a cinco anos.
Art. 17. (Vetado).
Art. 5º Recusar ou impedir acesso a estabelecimento co-
mercial, negando-se a servir, atender ou receber cliente Art. 18. Os efeitos de que tratam os arts. 16 e 17 desta
ou comprador. Lei não são automáticos, devendo ser motivadamente
Pena: reclusão de um a três anos. declarados na sentença.

Art. 6º Recusar, negar ou impedir a inscrição ou ingresso Art. 19. (Vetado).


de aluno em estabelecimento de ensino público ou pri-
vado de qualquer grau. Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
Pena: reclusão de três a cinco anos. preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
Parágrafo único. Se o crime for praticado contra menor nacional.
de dezoito anos a pena é agravada de 1/3 (um terço). Pena: reclusão de um a três anos e multa.
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbo-
Art. 7º Impedir o acesso ou recusar hospedagem em los, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda
hotel, pensão, estalagem, ou qualquer estabelecimento que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de
similar. divulgação do nazismo.
Pena: reclusão de três a cinco anos. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come-
Art. 8º Impedir o acesso ou recusar atendimento em tido por intermédio dos meios de comunicação social ou
restaurantes, bares, confeitarias, ou locais semelhantes publicação de qualquer natureza:
abertos ao público. Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa.
Pena: reclusão de um a três anos. § 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá deter-
minar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste,
Art. 9º Impedir o acesso ou recusar atendimento em es- ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobe-
tabelecimentos esportivos, casas de diversões, ou clubes diência:
sociais abertos ao público. I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos
Pena: reclusão de um a três anos. exemplares do material respectivo;
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas,
Art. 10. Impedir o acesso ou recusar atendimento em televisivas, eletrônicas ou da publicação por qualquer
salões de cabeleireiros, barbearias, termas ou casas de meio; (Redação dada pela Lei nº 12.735, de 2012)
massagem ou estabelecimento com as mesmas finali- III - a interdição das respectivas mensagens ou páginas
dades. de informação na rede mundial de computadores.

11
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, Art. 3º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica-
após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do ção.
material apreendido. Art. 4º Revogam-se as disposições em contrário, espe-
cialmente o art. 1º da Lei nº 8.081, de 21 de setembro de
Art. 21. Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- 1990, e a Lei nº 8.882, de 3 de junho de 1994.
ção. Brasília, 13 de maio de 1997; 176º da Independência e
109º da República.
Art. 22. Revogam-se as disposições em contrário.

Brasília, 5 de janeiro de 1989; 168º da Independência e DECRETO FEDERAL N° 65.810, DE 08 DE DE-


101º da República. ZEMBRO DE 1969 (CONVENÇÃO INTERNA-
JOSÉ SARNEY CIONAL SOBRE A ELIMINAÇÃO DE TODAS
Paulo Brossard AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO RACIAL).

LEI Nº 9.459, DE 13 DE MAIO DE 1997. A CONVENÇÃO INTERNACIONAL SOBRE A ELIMI-


NAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE DISCRIMINAÇÃO
Altera os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janei- RACIAL.
ro de 1989, que define os crimes resultantes de precon-
ceito de raça ou de cor, e acrescenta parágrafo ao art. Os Estados Partes na presente Convenção,
140 do Decreto-lei nº 2.848, de 7 de dezembro de 1940.
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- Considerando que a Carta das Nações Unidas baseia-se
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: em principios de dignidade e igualdade inerentes a todos
Art. 1º Os arts. 1º e 20 da Lei nº 7.716, de 5 de janeiro de os seres humanos, e que todos os Estados Membros com-
1989, passam a vigorar com a seguinte redação: prometeram-se a tomar medidas separadas e conjuntas,
“Art. 1º Serão punidos, na forma desta Lei, os crimes re- em cooperação com a Organização, para a consecução de
sultantes de discriminação ou preconceito de raça, cor, um dos propósitos das Nações Unidas que é promover e
etnia, religião ou procedência nacional.” encorajar o respeito universal e observancia dos direitos
humanos e liberdades fundamentais para todos, sem dis-
“Art. 20. Praticar, induzir ou incitar a discriminação ou
criminação de raça, sexo, idioma ou religião.
preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência
Considerando que a Declaração Universal dos Direitos
nacional.
do Homem proclama que todos os homens nascem livres e
Pena: reclusão de um a três anos e multa. iguais em dignidade e direitos e que todo homem tem to-
§ 1º Fabricar, comercializar, distribuir ou veicular símbo- dos os direitos estabelecidos na mesma, sem distinção de
los, emblemas, ornamentos, distintivos ou propaganda qualquer espécie e principalmente de raça, cor ou origem
que utilizem a cruz suástica ou gamada, para fins de nacional nacional,
divulgação do nazismo. Considerando todos os homens são iguais perante a lei
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. e têm o direito à igual proteção contra qualquer discrimi-
§ 2º Se qualquer dos crimes previstos no caput é come- nação e contra qualquer incitamento à discriminação,
tido por intermédio dos meios de comunicação social ou Considerando que as Nações Unidas têm condenado
publicação de qualquer natureza: o colonialismo e todas as práticas de segregação e discri-
Pena: reclusão de dois a cinco anos e multa. minação a ele associados, em qualquer forma e onde quer
§ 3º No caso do parágrafo anterior, o juiz poderá deter- que existam, e que a Declaração sobre a Conceção de Inde-
minar, ouvido o Ministério Público ou a pedido deste, pendência, a Partes e Povos Coloniais, de 14 de dezembro
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

ainda antes do inquérito policial, sob pena de desobe- de 1960 (Resolução 1.514 (XV), da Assembléia Geral afir-
diência: mou e proclamou solenemente a necessidade de levá-las a
I - o recolhimento imediato ou a busca e apreensão dos um fim rapido e incondicional,
exemplares do material respectivo; Considerando que a Declaração das Nações Unidas so-
II - a cessação das respectivas transmissões radiofônicas bre eliminação de todas as formas de Discriminação Racial,
ou televisivas. de 20 de novembro de 1963, (Resolução 1.904 ( XVIII) da
§ 4º Na hipótese do § 2º, constitui efeito da condenação, Assembléia-Geral), afima solemente a necessidade de eli-
após o trânsito em julgado da decisão, a destruição do minar rapidamente a discriminação racial através do mun-
material apreendido.” do em todas as suas formas e manifestações e de asse-
Art. 2º O art. 140 do Código Penal fica acrescido do se- gurar a compreenção e o respeito à diginidade da pessoa
guinte parágrafo: humana,
“Art. 140. ................................................................... Convencidos de que qualquer doutrina de superiorida-
de baseada em diferenças raciais é cientificamente falsa,
...................................................................................
moralmente condenável, socialmente injusta e perigosa,
§ 3º Se a injúria consiste na utilização de elementos re-
em que, não existe justificação para a discriminação racial,
ferentes a raça, cor, etnia, religião ou origem:
em teoria ou na prática, em lugar algum,
Pena: reclusão de um a três anos e multa.”

12
Reafirmando que a discriminação entre os homens por Artigo II
motivos de raça, cor ou origem étnica é um obstáculo a
relações aminstosas e pacíficas entre as nações e é capaz 1. Os Estados Partes condenam a discriminação racial e
de disturbar a paz e a segurança entre povos e a harmonia comprometem-se a adotar, por todos os meios apropria-
de pessoas vivendo lado a lado até dentro de um mesmo dos e sem tardar uma política de eliminação da discrimi-
Estado, nação racial em todas as suas formas e de promoção de
Convencídos que a existência de barreiras raciais re- entendimento entre todas as raças e para esse fim:
pugna os ideais de qualquer sociedade humana, a) Cada Estado parte compromete-se a efetuar nenhum
Alarmados por manifestações de discriminação racial ato ou prática de discriminação racial contra pessoas, gru-
ainda em evidência em algumas áreas do mundo e por pos de pessoas ou instituições e fazer com que todas as
políticas governamentais baseadas em superioridade racial autoridades públicas nacionais ou locais, se conformem
ou ódio, como as políticas de apartheid, segreção ou se- com esta obrigação;
paração,
b) Cada Estado Parte compromete-se a não encorajar,
Resolvidos a adotar todas as medidas necessárias para
defender ou apoiar a discriminação racial praticada por
eliminar rapidamente a discriminação racial em, todas
uma pessoa ou uma organização qualquer;
as suas formas e manifestações, e a prevenir e combater
doutrinas e práticas raciais com o objetivo de promover o c) Cada Estado Parte deverá tomar as medidas eficazes,
entendimento entre as raças e construir uma comunidade a fim de rever as politicas governamentais nacionais e lo-
internacional livre de todas as formas de separação racial e cais e para modificar, ab-rogar ou anular qualquer disposi-
discriminação racial, ção regulamentar que tenha como objetivo criar a discrimi-
Levando em conta a Convenção sobre Discriminação nação ou perpetrá-la onde já existir;
nos Emprego e Ocupação adotada pela Organização in- d) Cada Estado Parte deverá, por todos os meios apro-
ternacional do Trabalho em 1958, e a Convenção contra priados, inclusive se as circunstâncias o exigerem, as me-
discriminação no Ensino adotada pela Organização das didas legislativas, proibir e por fim, a discriminação racial
Nações Unidas para Educação a Ciência em 1960, praticadas por pessoa, por grupo ou das organizações;
Desejosos de completar os princípios estabelecidos na e) Cada Estado Parte compromete-se a favorecer, quan-
Declaração das Naçõs unidas sobre a Eliminação de todas do for o caso as organizações e movimentos multi-raciais e
as formas de discriminação racial e assegurar o mais cedo outros meios proprios a eliminar as barreiras entre as raças
possível a adoção de medidas práticas para esse fim, e a desecorajar o que tende a fortalecer a divisão racial.
Acordaram no seguinte: 2) Os Estados Partes tomarão, se as circunstâncias o exi-
girem, nos campos social, econômico, cultural e outros, as
PARTE I medidas especiais e concretas para assegurar como con-
Artigo I vier o desenvolvimento ou a proteção de certos grupos
raciais ou de indivíduos pertencentes a estes grupos com
1. Nesta Convenção, a expressão “discriminação racial” o objetivo de garantir-lhes, em condições de igualdade, o
significará qualquer distinção, exclusão restrição ou pre- pleno exercício dos direitos do homem e das liberdades
ferência baseadas em raça, cor, descendência ou origem fundamentais.
nacional ou etnica que tem por objetivo ou efeito anular Essas medidas não deverão, em caso algum, ter a finali-
ou restringir o reconhecimento, gozo ou exercício num dade de manter direitos grupos raciais, depois de alcança-
mesmo plano,( em igualdade de condição), de direitos dos os objetivos em razão dos quais foram tomadas.
humanos e liberdades fundamentais no domínio político
econômico, social, cultural ou em qualquer outro dominio
Artigo III
de vida pública.
2. Esta Convenção não se aplicará ás distinções, exclu-
sões, restrições e preferências feitas por um Estado Parte Os Estados Partes especialmente condenam a segrega-
ção racial e o apartheid e comprometem-se a proibir e a NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
nesta Convenção entre cidadãos e não cidadãos.
3. Nada nesta Convenção poderá ser interpretado como eliminar nos territórios sob sua jurisdição todas as práticas
afetando as disposições legais dos Estados Partes, relativas dessa natureza.
a nacionalidade, cidadania e naturalização, desde que tais
disposições não discriminem contra qualquer nacionalida- Artigo IV
de particular.
4. Não serão consideradas discriminação racial as medi- Os Estados partes conenam toda propaganda e todas
das especiais tomadas com o único objetivo de assegurar as organizações que se inspirem em idéias ou teorias ba-
progresso adequado de certos grupos raciais ou étnicos ou seadas na superioridade de uma raça ou de um grupo de
de indivíduos que necessitem da proteção que possa ser pessoas de uma certa cor ou de uma certa origem ética ou
necessária para proporcionar a tais grupos ou indivíduos que pretendem justificar ou encorajar qualquer forma de
igual gozo ou exercício de direitos humanos e liberdades odio e de discriminação raciais e comprometem-se a ado-
fundamentais, contando que, tais medidas não conduzam, tar imediatamente medidas positivas destinadas a eliminar
em conseqüência, à manutenção de direitos separados qualquer incitação a uma tal discriminação, ou quaisquer
para diferentes grupos raciais e não prossigam após terem atos de discriminação com este objetivo tendo em vista
sidos alcançados os seus objetivos. os princípios formulados na Declaração universal dos di-

13
reitos do homem e os direitos expressamente enunciados i) direitos ao trabalho, a livre escolha de seu trabalho, a
no artigo 5 da presente convenção, eles se comprometem condições equitativas e satisfatórias de trabalho à proteção
principalmente: contra o desemprego, a um salário igual para um trabalho
a) a declarar delitos puníveis por lei, qualquer difu- igual, a uma remuneração equitativa e satisfatória;
são de idéias baseadas na superioridade ou ódio raciais, ii) direito de fundar sindicatos e a eles se filiar;
qualquer incitamento à discriminação racial, assim como iii) direito à habitação;
quaisquer atos de violência ou provocação a tais atos, diri- iv) direito à saúde pública, a tratamento médico, à pre-
gidos contra qualquer raça ou qualquer grupo de pessoas vidência social e aos serviços sociais;
de outra cor ou de outra origem técnica, como tambem v) direito a educação e à formação profissional;
qualquer assistência prestada a atividades racistas, incluive vi) direito a igual participação das atividades culturais;
seu financiamento; f) direito de acesso a todos os lugares e serviços desti-
b) a declarar ilegais e a proibir as organizações assim nados ao uso do publico, tais como, meios de transporte
como as atividades de propaganda organizada e qualquer hotéis, restaurantes, cafés, espetáculos e parques.
outro tipo de atividade de propaganda que incitar a discri-
minação racial e que a encorajar e a declara delito punivel Artigo VI
por lei a participação nestas organizações ou nestas ativi-
dades. Os Estados Partes assegurarão a qualquer pessoa que
c) a não permitir as autoridades públicas nem ás insti- estiver sob sua jurisdição, proteção e recursos efetivos
tuições públcias nacionais ou locais, o incitamento ou en- perante os tribunais nacionais e outros órgãos do Estado
corajamento à discriminação racial. competentes, contra quaisquer atos de discriminação racial
que, contraviamente à presente Convenção, violarem seus
Artigo V direitos individuais e suas liberdades fundamentais, assim
como o direito de pedir a esses tribunais uma satisfação ou
De conformidade com as obrigações fundamentais repartição justa e adequada por qualquer dano de que foi
enunciadas no artigo 2, Os Estados Partes comprometem- vitima em decorrência de tal discriminação.
-se a proibir e a eliminar a discriminação racial em todas
suas formas e a garantir o direito de cada uma à igualdade Artigo VII
perante a lei sem distinção de raça , de cor ou de origem
nacional ou étnica, principalmente no gozo dos seguintes Os Estados Partes, comprometem-se a tomar as medi-
direitos: das imediatas e eficazes, principalmente no campo de ensi-
a) direito a um tratamento igual perante os tribunais ou no, educação, da cultura e da informação, para lutar contra
qualquer outro orgão que administre justiça; os preconceitos que levem à discriminação racial e para
b) direito a segurança da pessoa ou à proteção do Es- promover o entendimento, a tolerância e a amizade entre
tado contra violência ou ou lesão corporal cometida que nações e grupos raciais e éticos assim como para propagar
por funcionários de Governo, quer por qualquer individúo, ao objetivo e princípios da Carta das Nações Unidas da De-
grupo ou instituição. claração Universal dos Direitos do Homem, da Declaração
c) direitos políticos principalemnte direito de participar das Nações Unidas sobre a eliminação de todas as formas
às eleições - de votar e ser votado - conforme o sistema de de discriminação racial e da presente Convenção.
sufrágio universal e igual direito de tomar parte no Gover-
no, assim como na direção dos assuntos públicos, em qual- PARTE II
quer grau e o direito de acesso em igualdade de condições, Artigo VIII
às funções públicas.
d) Outros direitos civis, principalmente, 1. Será estabelecido um Comitê para a eliminação da
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

i) direito de circular livremente e de escolher residência discriminação racial (doravante denominado “o Comitê)
dentro das fronteiras do Estado; composto de 18 peritos conhecidos para sua alta morali-
ii) direito de deixar qualquer pais, inclusive o seu, e de dade e conhecida imparcialidade, que serão eleitos pelos
voltar a seu país; Estados Membros dentre seus nacionais e que atuarão a
iii) direito de uma nacionalidade; título individual, levando-se em conta uma repartição geo-
iv) direito de casar-se e escolher o cônjuge; gráfica equitativa e a representação das formas diversas de
v) direito de qualquer pessoa, tanto individualmente civilização assim como dos principais sistemas jurídicos.
como em conjunto, à propriedade; 2. Os Membros do Comite serão eleitos em escrutínio
vi) direito de herda; secreto de uma lista de candidatos designados pelos Esta-
vii) direito à liberdade de pensamento, de consciência dos Partes, Cada Estado Parte poderá designar um candi-
e de religião; dato escolhido dentre seus nacionais.
viii) direito à liberdade de opinião e de expressão; 3. A primeira eleição será realizada seis meses após a
ix) direito à liberdade de reunião e de associação pa- data da entrada em vigor da presente Convenção. Três me-
cífica; ses pelo menos antes de cada eleição, o Secretário Geral
e) direitos econômicos, sociais culturais, principalmen- das Nações Unidas enviará uma Carta aos Estados Partes
te: para convidá-los a apresentar suas candidaturas no prazo

14
de dois meses. O Secretário Geral elaborará uma lista por O Comitê transmitirá, então, a comunicação ao Estado Par-
ordem alfabética, de todos os candidatos assim nomeados te interessado. Num prazo de três meses, o Estado destina-
com indicação dos Estados partes que os nomearam, e a tário submeterá ao Comitê as explicações ou declarações
comunicará aos Estados Partes. por escrito, a fim de esclarecer a questão e indicar as me-
4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma didas corretivas que por acaso tenham sido tomadas pelo
reunião dos Estados Partes convocada pelo Secretário Ge- referido Estado.
ral das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o quorum 2. Se, dentro de um prazo de seis meses a partir da data
será alcançado com dois terços dos Estados Partes, serão do recebimento da comunicação original pelo Estado des-
elitos membros do Comitê, os candidatos que obtiverem o tinatário a questão não foi resolvida a contento dos dois
maior número de votos e a maioria absoluta de votos dos Estados, por meio de negociações bilaterais ou por qual-
representantes dos Estados Partes presentes e votantes. quer outro processo que estiver a sua disposição, tanto um
5. a) Os membros do Comitê serão eleitos por um pe- como o outro terão o direito de submetê-la novamente
ríodo de quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos ao Comitê, endereçando uma notificação ao Comitê assim
membros eleitos na primeira eleição, expirará ao fim de como ao outro Estado interessado.
dois anos; logo após a primeira eleição os nomes desses 3. O Comitê só poderá tomar conhecimento de uma
nove membros serão escolhidos, por sorteio, pelo Presi- questão, de acordo com o parágrafo 2 do presente artigo,
dente do Comitê. após ter constatado que todos os recursos internos dispo-
b) Para preencher as vagas fortuítas, o Estado Parte, níveis foram interpostos ou esgotados, de conformidade
cujo perito deixou de exercer suas funções de membro do com os princípios do direito internacional geralmente re-
Comitê, nomeará outro períto dentre seus nacionais, sob conhecidos. Esta regra não se aplicará se os procedimentos
reserva da aprovação do Comitê. de recurso excederem prazos razoáveis.
6. Os Estados Partes serão responsáveis pelas despesas 4. Em qualquer questão que lhe for submetida, Comitê
dos membros do Comitê para o período em que estes de- poderá solicitar aos Estados-Partes presentes que lhe for-
sempenharem funções no Comitê. neçam quaisquer informações complementares pertinen-
tes.
Artigo IX 5. Quando o Comitê examinar uma questão conforme
o presente Artigo os Estados Partes interessados terão o
direito de nomear um representante que participará sem
1. Os Estados Partes comprometem-se a apresentar ao direito de voto dos trabalhos no Comitê durante todos os
Secretário Geral para exame do Comitê, um relatório sobre debates.
as medidas legislativas, judiciárias, administrativas ou ou-
tras que tomarem para tornarem efetivas as disposições da Artigo XII
presente Convenção:
a) dentro do prazo de um ano a partir da entrada em 1. a) Depois que o Comitê obtiver e consultar as infor-
vigor da Convenção, para cada Estado interessado no que mações que julgar necessárias, o Presidente nomeará uma
lhe diz respeito, e posteriomente, cada dois anos, e toda Comissão de Conciliação ad hoc (doravante denominada “
vez que o Comitê o solicitar. O Comitê poderá solicitar in- A Comissão”, composta de 5 pessoas que poderão ser ou
formações complementares aos Estados Partes. não membros do Comitê. Os membros serão nomeados
2. O Comitê submeterá anualmente à Assembléia Geral, com o consentimento pleno e unânime das partes na con-
um relatório sobre suas atividades e poderá fazer suges- trovérsia e a Comissão fará seus bons ofícios a disposição
tões e recomedações de ordem geral baseadas no exame dos Estados presentes, com o objetivo de chegar a uma
dos relatórios e das informaçõe recebidas dos Estados Par- solução amigável da questão, baseada no respeito à pre-
tes. Levará estas sugestões e recomendações de ordem ge- sente Convenção.
ral ao conhecimento da Assembleia Geral, e se as houver b) Se os Estados Partes na controvérsia não chegarem a
um entendimento em relação a toda ou parte da compo-
juntamente com as observações dos Estados Partes.
sição da Comissão num prazo de três meses os membros NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
da Comissão que não tiverem o assentimento do Estados
Artigo X Partes, na controvérsia serão eleitos por escrutinio secreto
entre os membros de dois terços dos membros do Comitê.
1. O Comitê adotará seu regulamento interno. 2. Os membros da Comissão atuarão a título individual.
2. O Comitê alegerá sua mesa por um período de dois Não deverão ser nacionais de um dos Estados Partes na
anos. controvérsia nem de um Estado que não seja parte da pre-
3. O Secretário Geral da Organização das Nações Uni- sente Convenção.
das foi necessários serviços de Secretaria ao Comitê. 3. A Comissão elegerá seu Presidente e adotará seu re-
4. O Comitê reunir-se-à normalmente na Sede das Na- gimento interno.
ções Unidas. 4. A Comissão reunir-se-a normalmente na sede nas
Nações Unidas em qualquer outro lugar apropriado que a
Artigo XI Comissão determinar.
5. O Secretariado previsto no parágrafo 3 do artigo 10
1. Se um Estado Parte Julgar que outro Estado igual- prestará igualmente seus serviços à Comissão cada ver que
mente Parte não aplica as disposições da presente Coven- uma controvérsia entre os Estados Partes provocar sua for-
ção poderá chamar a atenção do Comitê sobre a questão. mação.

15
6. Todas as despesas dos membros da Comissão serão 4. O órgão criado ou designado de conformidade com
divididos igualmente entre os Estados Partes na controvér- o parágrafo 2 do presente artigo, deverá manter um re-
sia baseadas num cálculo estimativo feito pelo Secretário- gistro de petições e cópias autenticada do registro serão
-Geral. depositadas anualmente por canais apropriados junto ao
7. O Secretário Geral ficará autorizado a pagar, se for Secretário Geral das Nações Unidas, no entendimento que
necessário, as despesas dos membros da Comissão, antes o conteúdo dessas cópias não será divulgado ao público.
que o reembolso seja efetuado pelos Estados Partes na 5. Se não obtiver repartição satisfatória do órgão criado
controvérsia, de conformidade com o parágrafo 6 do pre- ou designado de conformidade com o parágrafo 2 do pre-
sente artigo. sente artigo, o peticionário terá o direito de levar a questão
8. As informações obtidas e confrotadas pelo Comi- ao Comitê dentro de seis meses.
tê serão postas à disposição da Comissão, e a Comissão 6. a) O Comitê levará, a título confidencial, qualquer
poderá solicitar aos Estados interessados sde lhe fornecer comunicação que lhe tenha sido endereçada, ao conheci-
qualquer informação complementar pertinente. mento do Estado Parte que, pretensamente houver violado
qualquer das disposições desta Convenção, mas a identi-
Artigo XIII
dade da pessoa ou dos grupos de pessoas não poderá ser
revelada sem o consentimento expresso da referida pessoa
1. Após haver estudado a questão sob todos os seus
ou grupos de pessoas. O Comitê não receberá comunica-
aspectos, a Comissão preparará e submeterá ao Presidente
do Comitê um relatório com as conclusões sobre todas ass ções anônimas.
questões de fato relativas à controvérsia entre as partes e b) Nos três meses seguintes, o referido Estado subme-
as recomendações que julgar oportunas a fim de chegar a terá, por escrito ao Comitê, as explicações ou recomenda-
uma solução amistosa da controvérsia. ções que esclarecem a questão e indicará as medidas cor-
2. O Presidente do Comitê trasmitirá o relatório da Co- retivas que por acaso houver adotado.
missão a cada um dos Estados Partes na controvèrsia. Os 7. a) O Comitê examinará as comunmicações, à luz de
referidos Estados comunicarão ao Presidente do Comitê todas as informações que forem submetidas pelo Estado
num prazo de três meses se aceitam ou não, as recomen- parte interessado e pelo peticionário. O Comitê so exami-
dações contidas no relatório da Comissão. nará uma comunicação de peticionário após ter-se assegu-
3. Expirado o prazo previsto no paragrafo 2º do presen- rado que este esgotou todos os recursos internos disponí-
te artigo, o Presidente do Comitê comunicará o Relatório veis. Entretanto, esta regra não se aplicará se os processos
da Comissão e as declarações dos Estados Partes interessa- de recurso excederem prazos razoáveis.
das aos outros Estados Parte na Comissão. b) O Comitê remeterá suas sugestões e recomedações
eventuais, ao Estado Parte interessado e ao peticionário.
Artigo XIV 8. O Comitê incluirá em seu relatório anual um resumo
destas comunicações, se for necessário, um resumo das
1. Todo o Estado parte poderá declarar e qualquer explicações e declarações dos Estados Partes interessados
momento que reconhece a competência do Comitê para assim como suas próprias sugestões e recomedações.
receber e examinar comunicações de indivíduos sob sua 9. O Comitê somente terá competência para exercer as
jurisdição que se consideram vítimas de uma violação pelo funções previstas neste artigo se pelo menos dez Estados
referido Estado Parte de qualquer um dos direitos enun- Partes nesta Convenção estiverem obrigados por declara-
ciados na presente Convenção. O Comitê não receberá ções feitas de conformidade com o parágrafo deste artigo.
qualquer comunicaçõa de um Estado Parte que não houver
feito tal declaração. Artigo XV
2. Qualquer Estado parte que fizer uma declaração de
conformidade com o parágrafo do presente artigo, poderá
1. Enquanto não forem atingidos os objetivos da reso-
criar ou designar um órgão dentro de sua ordem jurídica
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

lução 1.514 (XV) da Assembléia Geral de 14 de dezembro


nacional, que terá competência para receber e examinar as
de 1960, relativa à Declaração sobro a concessão da inde-
petições de pessoas ou grupos de pessoas sob sua jurisdi-
pendência dos países e povos coloniais, as disposições da
ção que alegarem ser vitimas de uma violação de qualquer
presente convenção não restringirão de maneira alguma
um dos direitos enunciados na presente Convenção e que
o direito de petição concedida aos povos por outros ins-
esgotaram os outros recursos locais disponíveis.
trumentos internacionais ou pela Organização das Nações
3. A declaração feita de conformidade com o parágrafo
Unidas e suas agências especializadas.
1 do presente artigo e o nome de qualquer órgão criado
2. a) O Comitê constituído de conformidade com o
ou designado pelo Estado Parte interessado consoante o
parágrafo 1 do artigo 8 desta Convenção receberá cópia
parágrafo 2 do presente artigo será depositado pelo Esta-
das petições provenientes dos órgãos das Nações Unidas
do Parte interessado junto ao Secretário Geral das Nações
que se encarregarem de questões diretamente relaciona-
Unidas que remeterá cópias aos outros Estados Partes. A
das com os principios e objetivos da presente Convenção
declaração poderá ser retirada a qualquer momento me-
e expressará sua opinião e formulará recomedações sobre
diante notificação ao Secretário Geral mas esta retirada não
petições recebidas quando examinar as petições recebidas
prejudicará as comunicações que já estiverem sendo estu-
dos habitantes dos territórios sob tutela ou não autônomo
dadas pelo Comitê.
ou de qualquer outro território a que se aplicar a resolução

16
1514 (XV) da Assembléia Geral, relacionadas a questões 2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção
tratadas pela presente Convenção e que forem submetidas ou a ele aderir após o depósito do vigésimo sétimo instru-
a esses órgãos. mento de ratificação ou adesão esta Convenção entrará em
b) O Comitê receberá dos órgãos competentes da Or- vigor no trigésimo dia após o depósito de seu instrumento
ganização das Nações Unidas cópia dos relatários sobre de ratificação ou adesão.
medidas de ordem legislativa judiciária, administrativa ou
outra diretamente relacionada com os princípios e obje- Artigo XX
tivos da presente Convenção que as Potências Adminis-
tradoras tiverem aplicado nos territórios mencionados na 1. O Secretário Geral das Nações Unidas receberá e en-
alinea “a” do presente parágrafo e expressará sua opinião e viará, a todos os Estados que forem ou vierem a torna-se
fará recomendações a esses órgãos. partes desta Convenção, as reservas feitas pelos Estados
3. O Comitê incluirá em seu relatório à Assembléia um no momento da ratificação ou adesão. Qualquer Estado
resumo das petições e relatários que houver recebido de que objetar a essas reservas, deverá notificar ao Secretário
órgãos das Nações Unidas e as opiniões e recomendações Geral dentro de noventa dias da data da referida comuni-
que houver proferido sobre tais petições e relatórios. cação, que não aceita.
4. O Comitê solicitará ao Secretário Geral das Nações 2. Não será permitida uma reserva incompatível com o
Unidas qualquer informação relacionada com os objetivos objeto e o escopo desta Convenção nem uma reserva cujo
da presente Convenção que este dispuser sobre os terri- efeito seria a de impedir o funcionamento de qualquer dos
tórios mencionados no parágrafo 2 (a) do presente artigo. órgãos previstos nesta Convenção. Uma reserva será con-
siderada incompatível ou impeditiva se a ela objetarerm ao
Artigo XVI menos dois terços dos Estados partes nesta Convenção.
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer momen-
As disposições desta Convenção relativas a solução das to por uma notificação endereçada com esse objetivo ao
controvérsias ou queixas serão aplicadas sem prejuízo de Secretário Geral. Tal notificação surgirá efeito na data de
outros processos para solução de controvérsias e quei- seu recebimento.
xas no campo da discriminação previstos nos intrumentos
constitutivos das Nações Unidas e suas agências especia- Artigo XXI
lizadas, e não excluirá a possibilidade dos Estados partes
recomendarem aos outros, processos para a solução de Qualquer Estado parte poderá denunciar esta Conven-
uma controvérsia de conformidade com os acordos inter- ção mediante notificação escrita endereçada ao Secretário
nacionais ou especiais que os ligarem. Geral da Organização das Nações Unidas. A denúncia surti-
rá efeito um ano após data do recebimento da notificação
Terceira Parte pelo Secretário Geral.

Artigo XVII Artigo XXI


1. A presente Convenção ficará aberta à assinatura de Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Parte
todo Estado Membro da Organização das Nações Unidas relativa a interpretação ou aplicação desta Convenção que
ou membro de qualquer uma de suas agências especializa- não for resolvida por negociações ou pelos processos pre-
das, de qualquer Estado parte no Estatuto da Côrte Inter- vistos expressamente nesta Convenção, será o pedido de
nacional de Justiça, assim como de qualquer outro Estado qualquer das Partes na controvérsia. Submetida à decisão
convidado pela Assembléia-Geral da Organização das Na- da Côrte Internacional de Justiça a não ser que os litigantes
ções Unidas a torna-se parte na presente Convenção. concordem em outro meio de solução.
2. A presente Convenção ficará sujeita à ratificação e
os instrumentos de ratificação serão depositados junto ao Artigo XXII NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Secretário Geral das Nações Unidas.
Qualquer Controvérsia entre dois ou mais Estados Par-
Artigo XVIII tes relativa à interpretação ou aplicação desta Convenção,
que não for resolvida por negociações ou pelos processos
1. A presente Convenção ficará aberta a adesão de previstos expressamente nesta Convenção será, pedido de
qualquer Estado mencionado no parágrafo 1º do artigo 17. qualquer das Partes na controvérsia, submetida à decisão
2. A adesão será efetuada pelo depósito de instrumento
da Côrte Internacional de Justiça a não ser que os litigantes
de adesão junto ao Secretário Geral das Nações Unidas.
concordem em outro meio de solução.
Artigo XIX Artigo XXIII
1. Esta convenção entrará em vigor no trigéssimo dia
1. Qualquer Estado Parte poderá formular a qualquer
após a data do deposito junto ao Secretário Geral das Na-
momento um pedido de revisão da presente Convenção,
ções Unidas do vigésimo sétimo instrumento de ratificação mediante notificação escrita endereçada ao Secretário Ge-
ou adesão. ral das Nações Unidas.

17
2. A Assembléia-Geral decidirá a respeito das medidas a Art. 1º A Convenção sobre a Eliminação de Todas as
serem tomadas, caso for necessário, sobre o pedido. Formas de Discriminação contra a Mulher, de 18 de de-
zembro de 1979, apensa por cópia ao presente Decreto,
Artigo XXIV com reserva facultada em seu art. 29, parágrafo 2, será
executada e cumprida tão inteiramente como nela se
O Secretário Geral da Organização das Nações Unidas contém.
comunicará a todos os Estados mencionados no parágrafo Art. 2º São sujeitos à aprovação do Congresso Nacional
1º do artigo 17 desta Convenção. quaisquer atos que possam resultar em revisão da refe-
a) as assinaturas e os depósitos de instrumentos de ra- rida Convenção, assim como quaisquer ajustes comple-
tificação e de adesão de conformidade com os artigos 17 mentares que, nos termos do art. 49, inciso I, da Cons-
e 18; tituição, acarretem encargos ou compromissos gravosos
b) a data em que a presente Convenção entrar em vigor, ao patrimônio nacional.
de conformidade com o artigo 19; Art. 3º Este Decreto entra em vigor na data de sua
c) as comunicações e declarações recebidas de confor- publicação.
midade com os artigos 14, 20 e 23. Art. 4º Fica revogado o Decreto no 89.460, de 20 de
d) as denúncias feitas de conformidade com o artigo 21. março de 1984.
Brasília, 13 de setembro de 2002; 181o da Independên-
Artigo XXV cia e 114o da República.

1. Esta Conveção, cujos textos em chinês, espanhol, in- FERNANDO HENRIQUE CARDOSO
glês e russo são igualmente autênticos será depositada nos Osmar Chohfi
arquivos das Nações Unidas. Este texto não substitui o publicado no D.O.U. de
2. O Secretário Geral das Nações Unidas enviará cópias 16.9.2002
autenticadas desta Convenção a todos os Estados perten-
centes a qualquer uma das categorias mencionadas no pa- Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas
rágrafo 1º do artigo 17. de Discriminação contra a Mulher
Em fé do que os abaixos assinados devidamente auto-
rizados por seus Governos assinaram a presente Conveção Os Estados Partes na presente convenção,
que foi aberta a assinatura em Nova York a 7 de março de CONSIDERANDO que a Carta das Nações Unidas reafir-
1966. ma a fé nos direitos fundamentais do homem, na dignida-
de e no valor da pessoa humana e na igualdade de direitos
do homem e da mulher,
DECRETO FEDERAL N° 4.377, DE 13 DE SE- CONSIDERANDO que a Declaração Universal dos Di-
TEMBRO DE 2002 (CONVENÇÃO SOBRE A reitos Humanos reafirma o princípio da não-discriminação
ELIMINAÇÃO DE TODAS AS FORMAS DE e proclama que todos os seres humanos nascem livres e
DISCRIMINAÇÃO CONTRA A MULHER). iguais em dignidade e direitos e que toda pessoa pode
invocar todos os direitos e liberdades proclamados nessa
Declaração, sem distinção alguma, inclusive de sexo,
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, no uso da atribuição que CONSIDERANDO que os Estados Partes nas Conven-
lhe confere o art. 84, inciso VIII, da Constituição, e ções Internacionais sobre Direitos Humanos tem a obriga-
Considerando que o Congresso Nacional aprovou, pelo ção de garantir ao homem e à mulher a igualdade de gozo
Decreto Legislativo no 93, de 14 de novembro de 1983, de todos os direitos econômicos, sociais, culturais, civis e
a Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de políticos,
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Discriminação contra a Mulher, assinada pela República Fe- OBSEVANDO as convenções internacionais concluídas
derativa do Brasil, em Nova York, no dia 31 de março de sob os auspícios das Nações Unidas e dos organismos es-
1981, com reservas aos seus artigos 15, parágrafo 4o, e 16, pecializados em favor da igualdade de direitos entre o ho-
parágrafo 1o, alíneas (a), (c), (g) e (h); mem e a mulher,
Considerando que, pelo Decreto Legislativo no 26, de OBSERVANDO, ainda, as resoluções, declarações e re-
22 de junho de 1994, o Congresso Nacional revogou o ci- comendações aprovadas pelas Nações Unidas e pelas
tado Decreto Legislativo no 93, aprovando a Convenção Agências Especializadas para favorecer a igualdade de di-
sobre a Eliminação de Todas as Formas de Discriminação reitos entre o homem e a mulher,
contra a Mulher, inclusive os citados artigos 15, parágrafo PREOCUPADOS, contudo, com o fato de que, apesar
4o, e 16, parágrafo 1o , alíneas (a), (c), (g) e (h); destes diversos instrumentos, a mulher continue sendo ob-
Considerando que o Brasil retirou as mencionadas re- jeto de grandes discriminações,
servas em 20 de dezembro de 1994; RELEMBRANDO que a discriminação contra a mulher
Considerando que a Convenção entrou em vigor, para o viola os princípios da igualdade de direitos e do respeito da
Brasil, em 2 de março de 1984, com a reserva facultada em dignidade humana, dificulta a participação da mulher, nas
seu art. 29, parágrafo 2; mesmas condições que o homem, na vida política, social,
DECRETA: econômica e cultural de seu país, constitui um obstáculo ao

18
aumento do bem-estar da sociedade e da família e dificulta PARTE I
o pleno desenvolvimento das potencialidades da mulher Artigo 1
para prestar serviço a seu país e à humanidade,
PREOCUPADOS com o fato de que, em situações de Para os fins da presente Convenção, a expressão “dis-
pobreza, a mulher tem um acesso mínimo à alimentação, criminação contra a mulher” significará toda a distinção,
à saúde, à educação, à capacitação e às oportunidades de exclusão ou restrição baseada no sexo e que tenha por ob-
emprego, assim como à satisfação de outras necessidades, jeto ou resultado prejudicar ou anular o reconhecimento,
CONVENCIDOS de que o estabelecimento da Nova Or- gozo ou exercício pela mulher, independentemente de seu
dem Econômica Internacional baseada na eqüidade e na estado civil, com base na igualdade do homem e da mu-
justiça contribuirá significativamente para a promoção da lher, dos direitos humanos e liberdades fundamentais nos
igualdade entre o homem e a mulher, campos político, econômico, social, cultural e civil ou em
SALIENTANDO que a eliminação do apartheid, de todas qualquer outro campo.
as formas de racismo, discriminação racial, colonialismo,
neocolonialismo, agressão, ocupação estrangeira e domi- Artigo 2
nação e interferência nos assuntos internos dos Estados é
essencial para o pleno exercício dos direitos do homem e Os Estados Partes condenam a discriminação contra a
da mulher, mulher em todas as suas formas, concordam em seguir,
AFIRMANDO que o fortalecimento da paz e da seguran- por todos os meios apropriados e sem dilações, uma polí-
ça internacionais, o alívio da tensão internacional, a coope- tica destinada a eliminar a discriminação contra a mulher, e
ração mútua entre todos os Estados, independentemente com tal objetivo se comprometem a:
de seus sistemas econômicos e sociais, o desarmamento a) Consagrar, se ainda não o tiverem feito, em suas
geral e completo, e em particular o desarmamento nuclear constituições nacionais ou em outra legislação apropriada
sob um estrito e efetivo controle internacional, a afirmação o princípio da igualdade do homem e da mulher e asse-
dos princípios de justiça, igualdade e proveito mútuo nas gurar por lei outros meios apropriados a realização prática
relações entre países e a realização do direito dos povos desse princípio;
submetidos a dominação colonial e estrangeira e a ocupa- b) Adotar medidas adequadas, legislativas e de outro
ção estrangeira, à autodeterminação e independência, bem caráter, com as sanções cabíveis e que proíbam toda discri-
como o respeito da soberania nacional e da integridade minação contra a mulher;
territorial, promoverão o progresso e o desenvolvimento c) Estabelecer a proteção jurídica dos direitos da mu-
sociais, e, em conseqüência, contribuirão para a realização lher numa base de igualdade com os do homem e garantir,
da plena igualdade entre o homem e a mulher, por meio dos tribunais nacionais competentes e de outras
CONVENCIDOS de que a participação máxima da mu- instituições públicas, a proteção efetiva da mulher contra
lher, em igualdade de condições com o homem, em todos todo ato de discriminação;
os campos, é indispensável para o desenvolvimento pleno d) Abster-se de incorrer em todo ato ou prática de dis-
e completo de um país, o bem-estar do mundo e a causa criminação contra a mulher e zelar para que as autoridades
da paz, e instituições públicas atuem em conformidade com esta
TENDO presente a grande contribuição da mulher ao obrigação;
bem-estar da família e ao desenvolvimento da sociedade, e) Tomar as medidas apropriadas para eliminar a dis-
até agora não plenamente reconhecida, a importância so- criminação contra a mulher praticada por qualquer pessoa,
cial da maternidade e a função dos pais na família e na organização ou empresa;
educação dos filhos, e conscientes de que o papel da mu- f) Adotar todas as medidas adequadas, inclusive de
lher na procriação não deve ser causa de discriminação caráter legislativo, para modificar ou derrogar leis, regu-
mas sim que a educação dos filhos exige a responsabilida- lamentos, usos e práticas que constituam discriminação
de compartilhada entre homens e mulheres e a sociedade contra a mulher; NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
como um conjunto, g) Derrogar todas as disposições penais nacionais que
RECONHECENDO que para alcançar a plena igualdade constituam discriminação contra a mulher.
entre o homem e a mulher é necessário modificar o papel
tradicional tanto do homem como da mulher na sociedade Artigo 3
e na família,
RESOLVIDOS a aplicar os princípios enunciados na Os Estados Partes tomarão, em todas as esferas e, em
Declaração sobre a Eliminação da Discriminação contra a particular, nas esferas política, social, econômica e cultural,
Mulher e, para isto, a adotar as medidas necessárias a fim todas as medidas apropriadas, inclusive de caráter legisla-
de suprimir essa discriminação em todas as suas formas e tivo, para assegurar o pleno desenvolvimento e progres-
manifestações, so da mulher, com o objetivo de garantir-lhe o exercício e
CONCORDARAM no seguinte: gozo dos direitos humanos e liberdades fundamentais em
igualdade de condições com o homem.

19
Artigo 4 Artigo 8

1. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropria-
de caráter temporário destinadas a acelerar a igualdade de das para garantir, à mulher, em igualdade de condições
fato entre o homem e a mulher não se considerará dis- com o homem e sem discriminação alguma, a oportuni-
criminação na forma definida nesta Convenção, mas de dade de representar seu governo no plano internacional e
nenhuma maneira implicará, como conseqüência, a manu- de participar no trabalho das organizações internacionais.
tenção de normas desiguais ou separadas; essas medidas
cessarão quando os objetivos de igualdade de oportunida- Artigo 9
de e tratamento houverem sido alcançados.
2. A adoção pelos Estados-Partes de medidas especiais, 1. Os Estados-Partes outorgarão às mulheres direitos
inclusive as contidas na presente Convenção, destinadas a iguais aos dos homens para adquirir, mudar ou conservar
proteger a maternidade, não se considerará discriminató- sua nacionalidade. Garantirão, em particular, que nem o
ria. casamento com um estrangeiro, nem a mudança de na-
cionalidade do marido durante o casamento, modifiquem
Artigo 5 automaticamente a nacionalidade da esposa, convertam-
-na em apátrida ou a obriguem a adotar a nacionalidade
Os Estados-Partes tornarão todas as medidas apropria- do cônjuge.
das para: 2. Os Estados-Partes outorgarão à mulher os mesmos
a) Modificar os padrões sócio-culturais de conduta de direitos que ao homem no que diz respeito à nacionalidade
homens e mulheres, com vistas a alcançar a eliminação dos dos filhos.
preconceitos e práticas consuetudinárias e de qualquer ou-
tra índole que estejam baseados na idéia da inferioridade PARTE III
ou superioridade de qualquer dos sexos ou em funções es- Artigo 10
tereotipadas de homens e mulheres.
b) Garantir que a educação familiar inclua uma com- Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
preensão adequada da maternidade como função social e priadas para eliminar a discriminação contra a mulher, a
o reconhecimento da responsabilidade comum de homens fim de assegurar-lhe a igualdade de direitos com o homem
e mulheres no que diz respeito à educação e ao desenvol- na esfera da educação e em particular para assegurarem
vimento de seus filhos, entendendo-se que o interesse dos condições de igualdade entre homens e mulheres:
filhos constituirá a consideração primordial em todos os a) As mesmas condições de orientação em matéria de
casos. carreiras e capacitação profissional, acesso aos estudos e
obtenção de diplomas nas instituições de ensino de todas
Artigo 6 as categorias, tanto em zonas rurais como urbanas; essa
igualdade deverá ser assegurada na educação pré-escolar,
Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropria- geral, técnica e profissional, incluída a educação técnica
das, inclusive de caráter legislativo, para suprimir todas as superior, assim como todos os tipos de capacitação pro-
formas de tráfico de mulheres e exploração da prostituição fissional;
da mulher. b) Acesso aos mesmos currículos e mesmos exames,
pessoal docente do mesmo nível profissional, instalações e
PARTE II material escolar da mesma qualidade;
Artigo 7 c) A eliminação de todo conceito estereotipado dos
papéis masculino e feminino em todos os níveis e em todas
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Os Estados-Partes tomarão todas as medidas apropria- as formas de ensino mediante o estímulo à educação mista
das para eliminar a discriminação contra a mulher na vida e a outros tipos de educação que contribuam para alcançar
política e pública do país e, em particular, garantirão, em este objetivo e, em particular, mediante a modificação dos
igualdade de condições com os homens, o direito a: livros e programas escolares e adaptação dos métodos de
a) Votar em todas as eleições e referenda públicos e ser ensino;
elegível para todos os órgãos cujos membros sejam objeto d) As mesmas oportunidades para obtenção de bolsas-
de eleições públicas; -de-estudo e outras subvenções para estudos;
b) Participar na formulação de políticas governamen- e) As mesmas oportunidades de acesso aos programas
tais e na execução destas, e ocupar cargos públicos e exer- de educação supletiva, incluídos os programas de alfabe-
cer todas as funções públicas em todos os planos gover- tização funcional e de adultos, com vistas a reduzir, com
namentais; a maior brevidade possível, a diferença de conhecimentos
c) Participar em organizações e associações não-go- existentes entre o homem e a mulher;
vernamentais que se ocupem da vida pública e política do f) A redução da taxa de abandono feminino dos estu-
país. dos e a organização de programas para aquelas jovens e
mulheres que tenham deixado os estudos prematuramen-
te;

20
g) As mesmas oportunidades para participar ativamen- Artigo 12
te nos esportes e na educação física;
h) Acesso a material informativo específico que contri- 1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
bua para assegurar a saúde e o bem-estar da família, incluí- priadas para eliminar a discriminação contra a mulher na
da a informação e o assessoramento sobre planejamento esfera dos cuidados médicos a fim de assegurar, em con-
da família. dições de igualdade entre homens e mulheres, o acesso a
serviços médicos, inclusive os referentes ao planejamento
Artigo 11 familiar.
2. Sem prejuízo do disposto no parágrafo 1o, os Es-
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro- tados-Partes garantirão à mulher assistência apropriadas
priadas para eliminar a discriminação contra a mulher na em relação à gravidez, ao parto e ao período posterior ao
esfera do emprego a fim de assegurar, em condições de parto, proporcionando assistência gratuita quando assim
igualdade entre homens e mulheres, os mesmos direitos, for necessário, e lhe assegurarão uma nutrição adequada
em particular: durante a gravidez e a lactância.
a) O direito ao trabalho como direito inalienável de
todo ser humano; Artigo 13
b) O direito às mesmas oportunidades de emprego,
inclusive a aplicação dos mesmos critérios de seleção em Os Estados-Partes adotarão todas as medidas apro-
questões de emprego; priadas para eliminar a discriminação contra a mulher em
c) O direito de escolher livremente profissão e empre- outras esferas da vida econômica e social a fim de assegu-
go, o direito à promoção e à estabilidade no emprego e rar, em condições de igualdade entre homens e mulheres,
a todos os benefícios e outras condições de serviço, e o os mesmos direitos, em particular:
direito ao acesso à formação e à atualização profissionais, a) O direito a benefícios familiares;
incluindo aprendizagem, formação profissional superior e b) O direito a obter empréstimos bancários, hipotecas
treinamento periódico; e outras formas de crédito financeiro;
d) O direito a igual remuneração, inclusive benefícios, c) O direito a participar em atividades de recreação,
e igualdade de tratamento relativa a um trabalho de igual esportes e em todos os aspectos da vida cultural.
valor, assim como igualdade de tratamento com respeito à
avaliação da qualidade do trabalho; Artigo 14
e) O direito à seguridade social, em particular em casos
de aposentadoria, desemprego, doença, invalidez, velhice 1. Os Estados-Partes levarão em consideração os
ou outra incapacidade para trabalhar, bem como o direito problemas específicos enfrentados pela mulher rural e o
de férias pagas; importante papel que desempenha na subsistência eco-
f) O direito à proteção da saúde e à segurança nas con- nômica de sua família, incluído seu trabalho em setores
dições de trabalho, inclusive a salvaguarda da função de não-monetários da economia, e tomarão todas as medidas
reprodução. apropriadas para assegurar a aplicação dos dispositivos
2. A fim de impedir a discriminação contra a mulher por desta Convenção à mulher das zonas rurais.
razões de casamento ou maternidade e assegurar a efetivi- 2. Os Estados-Partes adotarão todas as medias apro-
dade de seu direito a trabalhar, os Estados-Partes tomarão priadas para eliminar a discriminação contra a mulher nas
as medidas adequadas para: zonas rurais a fim de assegurar, em condições de igualdade
a) Proibir, sob sanções, a demissão por motivo de gra- entre homens e mulheres, que elas participem no desen-
videz ou licença de maternidade e a discriminação nas de- volvimento rural e dele se beneficiem, e em particular as
missões motivadas pelo estado civil; segurar-lhes-ão o direito a:
b) Implantar a licença de maternidade, com salário a) Participar da elaboração e execução dos planos de NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
pago ou benefícios sociais comparáveis, sem perda do em- desenvolvimento em todos os níveis;
prego anterior, antigüidade ou benefícios sociais; b) Ter acesso a serviços médicos adequados, inclusive
c) Estimular o fornecimento de serviços sociais de informação, aconselhamento e serviços em matéria de pla-
apoio necessários para permitir que os pais combinem as nejamento familiar;
obrigações para com a família com as responsabilidades c) Beneficiar-se diretamente dos programas de segu-
do trabalho e a participação na vida pública, especialmente ridade social;
mediante fomento da criação e desenvolvimento de uma d) Obter todos os tipos de educação e de formação,
rede de serviços destinados ao cuidado das crianças; acadêmica e não-acadêmica, inclusive os relacionados à
d) Dar proteção especial às mulheres durante a gravi- alfabetização funcional, bem como, entre outros, os bene-
dez nos tipos de trabalho comprovadamente prejudiciais fícios de todos os serviços comunitário e de extensão a fim
para elas. de aumentar sua capacidade técnica;
3. A legislação protetora relacionada com as questões e) Organizar grupos de auto-ajuda e cooperativas a fim
compreendidas neste artigo será examinada periodicamen- de obter igualdade de acesso às oportunidades econômi-
te à luz dos conhecimentos científicos e tecnológicos e será cas mediante emprego ou trabalho por conta própria;
revista, derrogada ou ampliada conforme as necessidades. f) Participar de todas as atividades comunitárias;

21
g) Ter acesso aos créditos e empréstimos agrícolas, aos h) Os mesmos direitos a ambos os cônjuges em maté-
serviços de comercialização e às tecnologias apropriadas, e ria de propriedade, aquisição, gestão, administração, gozo
receber um tratamento igual nos projetos de reforma agrá- e disposição dos bens, tanto a título gratuito quanto à tí-
ria e de reestabelecimentos; tulo oneroso.
h) gozar de condições de vida adequadas, particular- 2. Os esponsais e o casamento de uma criança não te-
mente nas esferas da habitação, dos serviços sanitários, da rão efeito legal e todas as medidas necessárias, inclusive as
eletricidade e do abastecimento de água, do transporte e de caráter legislativo, serão adotadas para estabelecer uma
das comunicações. idade mínima para o casamento e para tornar obrigatória a
inscrição de casamentos em registro oficial.
PARTE IV
Artigo 15 PARTE V
Artigo 17
1. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher a igualda-
de com o homem perante a lei. 1. Com o fim de examinar os progressos alcançados na
2. Os Estados-Partes reconhecerão à mulher, em maté- aplicação desta Convenção, será estabelecido um Comitê
rias civis, uma capacidade jurídica idêntica do homem e as sobre a Eliminação da Discriminação contra a Mulher (do-
mesmas oportunidades para o exercício dessa capacidade. ravante denominado o Comitê) composto, no momento da
Em particular, reconhecerão à mulher iguais direitos para entrada em vigor da Convenção, de dezoito e, após sua
firmar contratos e administrar bens e dispensar-lhe-ão um ratificação ou adesão pelo trigésimo-quinto Estado-Parte,
tratamento igual em todas as etapas do processo nas cor- de vinte e três peritos de grande prestígio moral e compe-
tes de justiça e nos tribunais. tência na área abarcada pela Convenção. Os peritos serão
3. Os Estados-Partes convém em que todo contrato ou eleitos pelos Estados-Partes entre seus nacionais e exer-
outro instrumento privado de efeito jurídico que tenda a cerão suas funções a título pessoal; será levada em conta
restringir a capacidade jurídica da mulher será considerado uma repartição geográfica eqüitativa e a representação das
nulo. formas diversas de civilização assim como dos principais
4. Os Estados-Partes concederão ao homem e à mulher sistemas jurídicos;
os mesmos direitos no que respeita à legislação relativa ao 2. Os membros do Comitê serão eleitos em escrutínio
direito das pessoas à liberdade de movimento e à liberda- secreto de uma lista de pessoas indicadas pelos Estados-
de de escolha de residência e domicílio. -Partes. Cada um dos Estados-Partes poderá indicar uma
pessoa entre seus próprios nacionais;
3. A eleição inicial realizar-se-á seis meses após a data
Artigo 16
de entrada em vigor desta Convenção. Pelo menos três
meses antes da data de cada eleição, o Secretário-Geral
1. Os Estados-Partes adotarão todas as medidas ade-
das Nações Unidas dirigirá uma carta aos Estados-Partes
quadas para eliminar a discriminação contra a mulher em
convidando-os a apresentar suas candidaturas, no prazo
todos os assuntos relativos ao casamento e às ralações
de dois meses. O Secretário-Geral preparará uma lista, por
familiares e, em particular, com base na igualdade entre
ordem alfabética de todos os candidatos assim apresen-
homens e mulheres, assegurarão:
tados, com indicação dos Estados-Partes que os tenham
a) O mesmo direito de contrair matrimônio; apresentado e comunica-la-á aos Estados Partes;
b) O mesmo direito de escolher livremente o cônjuge 4. Os membros do Comitê serão eleitos durante uma
e de contrair matrimônio somente com livre e pleno con- reunião dos Estados-Partes convocado pelo Secretário-Ge-
sentimento; ral na sede das Nações Unidas. Nessa reunião, em que o
c) Os mesmos direitos e responsabilidades durante o quorum será alcançado com dois terços dos Estados-Par-
casamento e por ocasião de sua dissolução; tes, serão eleitos membros do Comitê os candidatos que
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

d) Os mesmos direitos e responsabilidades como pais, obtiverem o maior número de votos e a maioria absoluta
qualquer que seja seu estado civil, em matérias pertinentes de votos dos representantes dos Estados-Partes presentes
aos filhos. Em todos os casos, os interesses dos filhos serão e votantes;
a consideração primordial; 5. Os membros do Comitê serão eleitos para um man-
e) Os mesmos direitos de decidir livre a responsavel- dato de quatro anos. Entretanto, o mandato de nove dos
mente sobre o número de seus filhos e sobre o intervalo membros eleitos na primeira eleição expirará ao fim de
entre os nascimentos e a ter acesso à informação, à educa- dois anos; imediatamente após a primeira eleição os no-
ção e aos meios que lhes permitam exercer esses direitos; mes desses nove membros serão escolhidos, por sorteio,
f) Os mesmos direitos e responsabilidades com respei- pelo Presidente do Comitê;
to à tutela, curatela, guarda e adoção dos filhos, ou insti- 6. A eleição dos cinco membros adicionais do Comitê
tutos análogos, quando esses conceitos existirem na legis- realizar-se-á em conformidade com o disposto nos pará-
lação nacional. Em todos os casos os interesses dos filhos grafos 2, 3 e 4 deste Artigo, após o depósito do trigésimo-
serão a consideração primordial; -quinto instrumento de ratificação ou adesão. O manda-
g) Os mesmos direitos pessoais como marido e mu- to de dois dos membros adicionais eleitos nessa ocasião,
lher, inclusive o direito de escolher sobrenome, profissão cujos nomes serão escolhidos, por sorteio, pelo Presidente
e ocupação; do Comitê, expirará ao fim de dois anos;

22
7. Para preencher as vagas fortuitas, o Estado-Parte cujo As Agências Especializadas terão direito a estar repre-
perito tenha deixado de exercer suas funções de membro sentadas no exame da aplicação das disposições desta
do Comitê nomeará outro perito entre seus nacionais, sob Convenção que correspondam à esfera de suas atividades.
reserva da aprovação do Comitê; O Comitê poderá convidar as Agências Especializadas a
8. Os membros do Comitê, mediante aprovação da As- apresentar relatórios sobre a aplicação da Convenção nas
sembléia Geral, receberão remuneração dos recursos das áreas que correspondam à esfera de suas atividades.
Nações Unidas, na forma e condições que a Assembléia
Geral decidir, tendo em vista a importância das funções do PARTE VI
Comitê; Artigo 23
9. O Secretário-Geral das Nações Unidas proporciona-
rá o pessoal e os serviços necessários para o desempenho Nada do disposto nesta Convenção prejudicará qual-
eficaz das funções do Comitê em conformidade com esta quer disposição que seja mais propícia à obtenção da
Convenção. igualdade entre homens e mulheres e que seja contida:
a) Na legislação de um Estado-Parte ou
Artigo 18
b) Em qualquer outra convenção, tratado ou acordo
internacional vigente nesse Estado.
1. Os Estados-Partes comprometem-se a submeter ao
Secretário-Geral das Nações Unidas, para exame do Comi-
tê, um relatório sobre as medidas legislativas, judiciárias, Artigo 24
administrativas ou outras que adotarem para tornarem Os Estados-Partes comprometem-se a adotar todas as
efetivas as disposições desta Convenção e sobre os pro- medidas necessárias em âmbito nacional para alcançar a
gressos alcançados a esse respeito: plena realização dos direitos reconhecidos nesta Conven-
a) No prazo de um ano a partir da entrada em vigor da ção.
Convenção para o Estado interessado; e
b) Posteriormente, pelo menos cada quatro anos e Artigo 25
toda vez que o Comitê a solicitar.
2. Os relatórios poderão indicar fatores e dificuldades 1. Esta Convenção estará aberta à assinatura de todos
que influam no grau de cumprimento das obrigações esta- os Estados.
belecidos por esta Convenção. 2. O Secretário-Geral das Nações Unidas fica designado
depositário desta Convenção.
Artigo 19 3. Esta Convenção está sujeita a ratificação. Os instru-
mentos de ratificação serão depositados junto ao Secretá-
1. O Comitê adotará seu próprio regulamento. rio-Geral das Nações Unidas.
2. O Comitê elegerá sua Mesa por um período de dois 4. Esta Convenção estará aberta à adesão de todos os
anos. Estados. A adesão efetuar-se-á através do depósito de um
instrumento de adesão junto ao Secretário-Geral das Na-
Artigo 20 ções Unidas.
1. O Comitê se reunirá normalmente todos os anos por Artigo 26
um período não superior a duas semanas para examinar
os relatórios que lhe sejam submetidos em conformidade 1. Qualquer Estado-Parte poderá, em qualquer mo-
com o Artigo 18 desta Convenção.
mento, formular pedido de revisão desta revisão desta
2. As reuniões do Comitê realizar-se-ão normalmente
Convenção, mediante notificação escrita dirigida ao Secre-
na sede das Nações Unidas ou em qualquer outro lugar
tário-Geral das Nações Unidas.
que o Comitê determine.
2. A Assembléia Geral das Nações Unidas decidirá so- NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Artigo 21 bre as medidas a serem tomadas, se for o caso, com res-
peito a esse pedido.
1. O Comitê, através do Conselho Econômico e Social
das Nações Unidas, informará anualmente a Assembléia Artigo 27
Geral das Nações Unidas de suas atividades e poderá apre-
sentar sugestões e recomendações de caráter geral basea- 1. Esta Convenção entrará em vigor no trigésimo dia
das no exame dos relatórios e em informações recebidas a partir da data do depósito do vigésimo instrumento de
dos Estados-Partes. Essas sugestões e recomendações de ratificação ou adesão junto ao Secretário-Geral das Nações
caráter geral serão incluídas no relatório do Comitê junta- Unidas.
mente com as observações que os Estados-Partes tenham 2. Para cada Estado que ratificar a presente Convenção
porventura formulado. ou a ela aderir após o depósito do vigésimo instrumento
2. O Secretário-Geral transmitirá, para informação, os de ratificação ou adesão, a Convenção entrará em vigor
relatórios do Comitê à Comissão sobre a Condição da Mu- no trigésimo dia após o depósito de seu instrumento de
lher. ratificação ou adesão.

23
Artigo 28 nais que envolvem a violência doméstica. Neste ponto é
esclarecedor, a partir do momento no qual explica de ma-
1. O Secretário-Geral das Nações Unidas receberá e en- neira suficiente e breve os papeis da autoridade policial,
viará a todos os Estados o texto das reservas feitas pelos do Ministério Público, do magistrado, dos advogados, da
Estados no momento da ratificação ou adesão. vítima e do agressor em se tratando de crimes no âmbito
2. Não será permitida uma reserva incompatível com o da relação familiar.
objeto e o propósito desta Convenção. Contribui ao destacar a importância da figura do tra-
3. As reservas poderão ser retiradas a qualquer mo- tamento psicológico e hospitalar do agressor, o que pode
mento por uma notificação endereçada com esse objetivo contribuir para o aumento de denúncias e para a diminui-
ao Secretário-Geral das Nações Unidas, que informará a ção da violência doméstica. De fato, muitas vezes a vítima
todos os Estados a respeito. A notificação surtirá efeito na deixa de fazer a denúncia porque o agressor é o responsá-
data de seu recebimento. vel pelo sustento do lar.
Por outro lado, é de se considerar que o artigo traz ape-
Artigo 29 nas a posição da autora no tocante à espécie de ação pe-
nal aplicável no caso de lesões corporais leves ou culposas
1. Qualquer controvérsia entre dois ou mais Estados- cometidas no âmbito da relação familiar. Para Dias, a ação
-Partes relativa à interpretação ou aplicação desta Con- penal em tais casos será sempre incondicionada, diante
venção e que não for resolvida por negociações será, a do afastamento da Lei n. 9.099/95. Referido entendimento
pedido de qualquer das Partes na controvérsia, submetida tem sido abarcado nas principais cortes brasileiras, inclusi-
a arbitragem. Se no prazo de seis meses a partir da data ve resultando em súmula do STJ:
do pedido de arbitragem as Partes não acordarem sobre a
forma da arbitragem, qualquer das Partes poderá subme- Súmula 542, STJ. A ação penal relativa ao crime de lesão
ter a controvérsia à Corte Internacional de Justiça mediante corporal resultante de violência doméstica contra a mulher
pedido em conformidade com o Estatuto da Corte. é pública incondicionada.
2. Qualquer Estado-Parte, no momento da assinatura
ou ratificação desta Convenção ou de adesão a ela, pode- Em que pesem as controvérsias, a Lei Maria da Penha
rá declarar que não se considera obrigado pelo parágrafo foi fundamental para uma mudança no modo pelo qual a
anterior. Os demais Estados-Partes não estarão obrigados sociedade encarava a violência doméstica contra a mulher,
pelo parágrafo anterior perante nenhum Estado-Parte que que muitas vezes era vista com indiferença. Anteriormen-
tenha formulado essa reserva. te, a denúncia da violência poucas vezes gerava a punição
3. Qualquer Estado-Parte que tenha formulado a reser- efetiva do agressor, o que levava aos constantes casos de
va prevista no parágrafo anterior poderá retirá-la em qual- reincidência.
quer momento por meio de notificação ao Secretário-Geral A Lei Maria da Penha trouxe instrumentos importantes
das Nações Unidas. para uma postura proativa do Estado perante o problema
da violência doméstica contra a mulher, dando-lhe instru-
Artigo 30 mentos de atuação mais eficientes para a realização da jus-
tiça em seu significado mais profundo, não apenas como a
Esta convenção, cujos textos em árabe, chinês, espa- aplicação fria e cega de regras, mas como instrumentos de
nhol, francês, inglês e russo são igualmente autênticos será mudança social em prol da emancipação do ser humano.
depositada junto ao Secretário-Geral das Nações Unidas.
Em testemunho do que, os abaixo-assinados devida- 1) Uma justificativa
mente autorizados, assinaram esta Convenção. A Lei Maria da Penha foi recebida pelos juristas com
desconfiança, constituindo objeto de várias críticas, que em
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

geral buscam desqualificá-la, suscitando dúvidas, apontan-


LEI FEDERAL Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE do erros, identificando imprecisões e até mesmo procla-
2006 (LEI MARIA DA PENHA). mando inconstitucionalidades, tudo isto servindo de moti-
vo para impedir sua efetividade.
No entanto, todas estas críticas apenas demonstram
Na abertura deste material, apresentamos um resumo uma injustificável resistência às mudanças na postura de
das considerações da doutrinadora Maria Berenice Dias1 enfrentamento da violência doméstica, que sempre foi alvo
sobre a Lei Maria da Penha. Se trabalho contribui por le- de absoluto descaso por parte do ordenamento jurídico,
vantar a discussão sobre a efetividade do referido diploma, principalmente a partir do momento no qual a lesão corpo-
demonstrando-a por meio de uma explicação detalhada ral leve passou a ser considerada como crime de pequeno
sobre o procedimento que deve ser seguido nas ações pe- potencial ofensivo (podendo os conflitos ser solucionados
de forma consensual). Além disso, tornou-se popular a pu-
1 DIAS, Maria Berenice. A efetividade da lei Ma- nição com o pagamento de cestas básicas, o que banalizou
ria da Penha. Revista Brasileira de Ciências Crimi- ainda mais a violência doméstica e a integridade física da
nais, São Paulo, n. 64, ano 14, p. 297-312, jan./fev. vítima. A Lei Maria da Penha veio para mudar esta pers-
2007. pectiva.

24
2) Os avanços crimes praticados com violência doméstica e familiar con-
A Lei Maria da Penha trouxe benefícios significativos e tra a mulher, não se aplica a Lei 9.099/95 (Precedente STF,
de efeito imediato. O maior avanço foi a criação dos Jui- HC 106.212/MS, Plenário, 24/03/2011);
zados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher - os artigos 12, I; 16 e 41 da Lei Maria da Penha foram
(JVDFM), com competência cível e criminal (artigo 14). interpretados conforme a Constituição para assentar a na-
O ideal seria que os JVDFM fossem instalados em to- tureza incondicionada da ação penal em caso de crime de
das as comarcas imediatamente, com especialistas (juízes, lesão corporal, praticado mediante violência doméstica e
promotores e defensores) no atendimento das demandas, familiar contra a mulher.
equipes de atendimento multidisciplinar integrada por
profissionais das áreas psicossocial, jurídica e de saúde (ar- 4) Competência
tigo 29) e serviço de assistência judiciária (artigo 34). No A violência doméstica está fora do âmbito dos Juizados
entanto, até que isto ocorra foi atribuída às Varas Criminais Especiais Criminais, e estes não poderão mais apreciar tal
competência cível e criminal (artigos 11 e 33), o que se jus- matéria. A instalação dos JDFM é imprescindível e deve ser
tifica diante do afastamento da aplicação da Lei 9.099/95 feita logo que possível.
(Juizados Especiais Cíveis e Criminais) (artigo 41). Destaca-se que cada denúncia de violência doméstica
Outro avanço se encontra no artigo 27, que garante à pode gerar duas demandas, porque tanto o expediente
vítima o acesso aos serviços da Defensoria Pública e à as- para a adoção de medidas protetivas de urgência quanto o
sistência judiciária tanto na fase policial como na judicial. inquérito policial são enviados pela autoridade policial ao
A Lei Maria da Penha criou ainda nova hipótese de pri- juiz e ao Ministério Público.
são preventiva, visando garantir a execução das medidas
de urgência (artigo 42). Com isso, a prisão preventiva dei- 5) Fase policial
xou de ser restrita aos crimes apenados com reclusão. Ela Anteriormente, o único meio de afastar o agressor do
pode ser decretada de ofício pelo juiz, a requerimento do lar era a ação cautelar de separação de corpos.
Ministério Público ou mediante representação da autorida- Com a Lei Maria da Penha, passaram a ser necessá-
de policial (artigo 20). rias diversas providências quando comunicada a violência
doméstica: registra-se a ocorrência, com oitiva da vítima
3) Sua constitucionalidade (artigo 12, I), oportunidade na qual esta é informada dos
Há quem sustente a inconstitucionalidade da lei, sob direitos e serviços disponíveis existentes (artigo 11, V), in-
dois argumentos principais: clusive medidas protetivas disponíveis (artigo. 12, §1°); a
a) afronta ao princípio da igualdade porque o homem vítima é encaminhada ao hospital com transporte seguro e
não pode ser sujeito passivo; acompanhamento para retirar seus pertences do lar (artigo
b) definição de competências, transbordando os limites 11); instaura-se o inquérito policial (artigo 12, VII); a polícia
da lei, porque tal definição deve ser feita pelo Poder Judi- toma por termo o pedido de medidas urgentes (artigo 12,
ciário. §1°), formalizando-se a representação na mesma ocasião
O primeiro argumento não se justifica porque, sob um (artigo 12, I); a autoridade policial pode solicitar a prisão do
aspecto histórico, a mulher sempre foi colocada em posi- agressor (artigo 20).
ção menos favorável que o homem, o que levou ao con- Para a busca de medidas protetivas faz-se necessária
texto de inferioridade e submissão que leva à violência somente a ouvida da ofendida, anexadas apenas as provas
doméstica, sendo, portanto, necessárias ações afirmativas que estiverem disponíveis e em sua posse (artigo 12, §2°).
para promover a efetividade do princípio da igualdade. Logo, não é preciso tomar depoimento do agressor ou de
Já o segundo deve ser afastado porque não é a primeira testemunhas e nem realizar exame de corpo de delito, pro-
vez que o legislador cria competências específicas (no caso, vidências que devem instruir exclusivamente o inquérito
estabeleceu a criação dos JVDFM e a competência cível e policial.
criminal das Varas Criminais até que esta ocorra) e, como No inquérito policial é determinada a realização do exa- NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
houve o afastamento da aplicação da Lei n. 9.099/95, a de- me de corpo de delito e outros que se fizerem necessários
finição de competência deixou de pertencer exclusivamen- (artigo 12, IV) e são colhidos os depoimentos do agressor e
te à esfera do Judiciário. das testemunhas (artigo 12, VI).
O STF julgou nas ADI 4424 e ADC 19:
- o artigo 1º da Lei é constitucional, logo ela não fere 6) Procedimento judicial
os princípios constitucionais da igualdade e proporciona- O pedido de medidas de urgência é encaminhado à
lidade (não é desproporcional ou ilegítimo o uso do sexo justiça em até 48 horas, quando é autuado e distribuído
como critério de diferenciação, visto que a mulher é emi- às Varas Criminais, enquanto não existir juízo especializado
nentemente vulnerável no tocante a constrangimentos fí- na comarca.
sicos, morais e psicológicos sofridos em âmbito privado); O juiz pode deferir medidas cautelares em sede de limi-
- o artigo 33 da Lei da mesma forma é constitucional, nar (tenham ela sido requeridas pela ofendida ou pelo Mi-
portanto, enquanto não forem organizados os Juizados de nistério Público ou não, conforme os artigos 12, III; 18; 19
Violência Doméstica e Familiar, compete às varas criminais e 19, §3°), designar audiência de justificação ou indeferi-las
o julgamento destas causas; de plano. Assim, o juiz pode determinar de ofício as medi-
- também é constitucional o artigo 44 da Lei, assim, aos das que entender de direito (artigos 20, 22, §4°, 23 e 24),

25
por exemplo, afastamento do agressor do lar, impedimen- Desta forma, não é possível falar em ação penal pú-
to de que este se aproxime da casa, vedação de comunica- blica condicionada à representação nas lesões corporais
ção com a família, suspensão de visitas, encaminhamento leves cometidas no âmbito das relações familiares, diante
da mulher e dos filhos a lugar seguro, fixação de alimentos do afastamento por lei posterior da lei que prevê nestes
provisórios ou provisionais, restituição de bens da ofendi- termos.
da, suspensão de procuração por esta outorgada ao agres- Além disso, o aumento da pena do delito de lesão
sor, proibição temporária da venda de bens comuns etc. corporal para 3 anos (artigo 44) afasta a possibilidade de
Para garantir a efetividade destas medidas, o juiz pode, aplicação de medidas de despenalização e suspensão con-
a qualquer momento, utilizar força policial (artigo 22, §3°) dicional do processo, somente cabíveis em delitos que te-
ou decretar a prisão preventiva do agressor (artigo 20). nham por pena mínima cominada igual ou inferior a 1 ano.
O magistrado pode, ainda, determinar a inclusão da O entendimento foi consolidado na súmula 542 do Su-
vítima em programas assistenciais (artigo 9°, §1°). À ofendi- perior Tribunal da Justiça: “A ação penal relativa ao crime
de lesão corporal resultante de violência doméstica contra
da é assegurado o acesso prioritário à remoção, se ela for
a mulher é pública incondicionada”.
funcionária pública, e, se trabalhar na iniciativa privada, a
manutenção do vínculo empregatício por até seis meses de
9) Necessidade de representação e possibilidade de
for necessário o afastamento do local de trabalho (artigo renúncia
9°, §2°). Pela Lei Maria da Penha, nos crimes de ação penal públi-
Deferida ou não a medida protetiva, é recomendável a ca condicionada, a vítima pode renunciar à representação
designação de audiência para se ouvir o agressor e para (artigo 16). Esta representação é tomada por termo pela
tentar resolver consensualmente os temas como guarda autoridade policial quando ela registra a ocorrência (artigo
dos filhos, regulamentação de visitas, definição dos ali- 12, I). No entanto, só há esta possibilidade nos delitos que
mentos. Realizado o acordo, prossegue o inquérito policial, o Código Penal classifica como de ação pública condicio-
pois o acordo não significa a renúncia à representação. Na nada à representação, por exemplo, nos crimes contra a
audiência estarão o Ministério Público (artigo 25) e as par- liberdade sexual e no de ameaça.
tes com seus advogados (artigo 27). A vontade de desistir deve ser comunicada pela ofen-
Após, esgota-se a atividade do JVDFM ou da Vara Cri- dida ao cartório da Vara na qual foi distribuída a medida
minal no tocante às medidas de urgência. Controvérsias protetiva de urgência, comunicando-se ao juiz que realiza-
quanto ao adimplemento do acordo no toante a matéria rá audiência, o mais rápido possível, na qual deverá estar
cível ou de Direito de Família devem ser discutidas nas va- presente o Ministério Público. Após a renúncia, deverá ha-
ras Cíveis ou de Família. ver comunicação à autoridade policial para que arquive o
O inquérito policial continua independente do defe- inquérito policial. Se o inquérito já tiver sido remetido ao
rimento de medida protetiva ou de acordo realizado em juízo, a extinção somente pode ocorrer até o recebimento
juízo, devendo ser remetido à justiça quando encerrado e da denúncia.
distribuído ao mesmo juízo que apreciou a medida caute-
lar, que será a este apensada. Em seguida, os autos serão 10) Dos delitos e das penas
remetidos ao Ministério Público para oferecimento de de- A Lei Maria da Penha não fez alterações relevantes no
núncia. Código Penal, limitando-se a aumentar a pena máxima e
diminuir a pena mínima do delito de lesão corporal: de seis
7) Ministério Público meses a um ano para de três meses a três anos. Além dis-
so, estabeleceu uma majorante (artigo 129, §9°, CP) e uma
A participação do Ministério Público é indispensável e
agravante (artigo 61, II, CP).
ele tem legitimidade para agir como parte, intervindo nas
Não deve ser considerado como de ação penal públi-
ações cíveis e criminais (artigo 25). Pode, ainda, exercer a
ca condicionada à representação os crimes de lesões cor-
defesa dos interesses e direitos transindividuais (artigo 37). porais leves ou culposas, diante do afastamento da Lei n.
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

Devem ser comunicadas ao promotor as medidas adotadas 9.099/95. Assim, são crimes de ação penal pública incondi-
(artigo 22, §1°), podendo ele requerer outras providências cionada, motivo pelo qual não é possível a renúncia ou a
ou a substituição das medidas (artigo 19), bem como a pri- desistência.
são do agressor (artigo 20). Não incidindo a Lei n. 9.099/95 também não há possibi-
Quando a vítima manifestar o interesse em desistir da lidade de suspensão condicional do processo, composição
ação, o Ministério Público deverá estar presente (artigo 16). de danos ou aplicação imediata de pena não-privativa de
liberdade. Neste sentido, reforça o artigo 17 da Lei Maria
8) A polêmica sobre o delito de lesão corporal da Penha.
A Lei n. 9.099/95 estabeleceu que a lesão corporal leve Igualmente, por conta do afastamento da Lei dos Juiza-
a lesão culposa são delitos de menor potencial ofensivo dos Especiais, não pode o Ministério Público propor tran-
(artigo 88), restando condicionadas à representação. Entre- sação penal ou aplicar imediatamente a pena restritiva de
tanto, não houve modificação no Código Penal. direito ou multa.
Já a Lei n. 11.340 (Lei Maria da Penha), em seu artigo 41, Entretanto, é possível a suspensão condicional da pena
afastou a aplicação da Lei n. 9.099/95 aos crimes praticados (artigo 77, CP) e a sua substituição por medida restritiva de
com violência doméstica e familiar contra a mulher, inde- direitos (artigo 43, CP), isto porque tais benefícios estão
pendente da pena prevista. previstos no Código Penal, aplicável na Lei Maria da Penha.

26
LEI Nº 11.340, DE 7 DE AGOSTO DE 2006. TÍTULO II
DA VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR CONTRA A
Cria mecanismos para coibir a violência doméstica e fa- MULHER
miliar contra a mulher, nos termos do § 8º do art. 226 da
Constituição Federal, da Convenção sobre a Eliminação de CAPÍTULO I
Todas as Formas de Discriminação contra as Mulheres e da DISPOSIÇÕES GERAIS
Convenção Interamericana para Prevenir, Punir e Erradicar
a Violência contra a Mulher; dispõe sobre a criação dos Jui- Art. 5o Para os efeitos desta Lei, configura violência do-
zados de Violência Doméstica e Familiar contra a Mulher; méstica e familiar contra a mulher qualquer ação ou
altera o Código de Processo Penal, o Código Penal e a Lei omissão baseada no gênero que lhe cause morte, lesão,
de Execução Penal; e dá outras providências. sofrimento físico, sexual ou psicológico e dano moral ou
O PRESIDENTE DA REPÚBLICA Faço saber que o Con- patrimonial: 
gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei: I - no âmbito da unidade doméstica, compreendida
como o espaço de convívio permanente de pessoas, com
TÍTULO I ou sem vínculo familiar, inclusive as esporadicamente
DISPOSIÇÕES PRELIMINARES agregadas;
II - no âmbito da família, compreendida como a comuni-
Art. 1o  Esta Lei cria mecanismos para coibir e prevenir dade formada por indivíduos que são ou se consideram
a violência doméstica e familiar contra a mulher, nos aparentados, unidos por laços naturais, por afinidade ou
termos do § 8o do art. 226 da Constituição Federal, da por vontade expressa;
Convenção sobre a Eliminação de Todas as Formas de III - em qualquer relação íntima de afeto, na qual o
Violência contra a Mulher, da Convenção Interamerica- agressor conviva ou tenha convivido com a ofendida, in-
na para Prevenir, Punir e Erradicar a Violência contra dependentemente de coabitação.
a Mulher e de outros tratados internacionais ratifica- Parágrafo único.  As relações pessoais enunciadas neste
dos pela República Federativa do Brasil; dispõe sobre a artigo independem de orientação sexual.
criação dos Juizados de Violência Doméstica e Familiar
contra a Mulher; e estabelece medidas de assistência e Art. 6o A violência doméstica e familiar contra a mulher
proteção às mulheres em situação de violência domés- constitui uma das formas de violação dos direitos hu-
tica e familiar. manos.

Art. 2o Toda mulher, independentemente de classe, raça, CAPÍTULO II


etnia, orientação sexual, renda, cultura, nível educacio- DAS FORMAS DE VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E FAMI-
nal, idade e religião, goza dos direitos fundamentais LIAR CONTRA A MULHER
inerentes à pessoa humana, sendo-lhe asseguradas as
oportunidades e facilidades para viver sem violência, Art. 7o São formas de violência doméstica e familiar con-
preservar sua saúde física e mental e seu aperfeiçoa- tra a mulher, entre outras:
mento moral, intelectual e social. I - a violência física, entendida como qualquer conduta
que ofenda sua integridade ou saúde corporal;
Art. 3o Serão asseguradas às mulheres as condições para II - a violência psicológica, entendida como qualquer
o exercício efetivo dos direitos à vida, à segurança, à conduta que lhe cause dano emocional e diminuição da
saúde, à alimentação, à educação, à cultura, à moradia, auto-estima ou que lhe prejudique e perturbe o pleno
ao acesso à justiça, ao esporte, ao lazer, ao trabalho, à desenvolvimento ou que vise degradar ou controlar suas
cidadania, à liberdade, à dignidade, ao respeito e à con- ações, comportamentos, crenças e decisões, mediante
vivência familiar e comunitária. ameaça, constrangimento, humilhação, manipulação, NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
§ 1o O poder público desenvolverá políticas que visem isolamento, vigilância constante, perseguição contumaz,
garantir os direitos humanos das mulheres no âmbito insulto, chantagem, ridicularização, exploração e limi-
das relações domésticas e familiares no sentido de res- tação do direito de ir e vir ou qualquer outro meio que
guardá-las de toda forma de negligência, discriminação, lhe cause prejuízo à saúde psicológica e à autodetermi-
exploração, violência, crueldade e opressão. nação;
§ 2o Cabe à família, à sociedade e ao poder público criar III - a violência sexual, entendida como qualquer con-
as condições necessárias para o efetivo exercício dos di- duta que a constranja a presenciar, a manter ou a par-
reitos enunciados no caput. ticipar de relação sexual não desejada, mediante intimi-
dação, ameaça, coação ou uso da força; que a induza
Art. 4o Na interpretação desta Lei, serão considerados os a comercializar ou a utilizar, de qualquer modo, a sua
fins sociais a que ela se destina e, especialmente, as con- sexualidade, que a impeça de usar qualquer método
dições peculiares das mulheres em situação de violência contraceptivo ou que a force ao matrimônio, à gravidez,
doméstica e familiar. ao aborto ou à prostituição, mediante coação, chanta-
gem, suborno ou manipulação; ou que limite ou anule o
exercício de seus direitos sexuais e reprodutivos;

27
IV - a violência patrimonial, entendida como qualquer IX - o destaque, nos currículos escolares de todos os ní-
conduta que configure retenção, subtração, destruição veis de ensino, para os conteúdos relativos aos direitos
parcial ou total de seus objetos, instrumentos de traba- humanos, à equidade de gênero e de raça ou etnia e
lho, documentos pessoais, bens, valores e direitos ou re- ao problema da violência doméstica e familiar contra
cursos econômicos, incluindo os destinados a satisfazer a mulher.
suas necessidades;
V - a violência moral, entendida como qualquer conduta CAPÍTULO II
que configure calúnia, difamação ou injúria. DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIO-
LÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR
TÍTULO III
DA ASSISTÊNCIA À MULHER EM SITUAÇÃO DE VIO- Art. 9o A assistência à mulher em situação de violência
LÊNCIA DOMÉSTICA E FAMILIAR doméstica e familiar será prestada de forma articula-
da e conforme os princípios e as diretrizes previstos na
CAPÍTULO I Lei Orgânica da Assistência Social, no Sistema Único de
DAS MEDIDAS INTEGRADAS DE PREVENÇÃO Saúde, no Sistema Único de Segurança Pública, entre
outras normas e políticas públicas de proteção, e emer-
Art. 8o A política pública que visa coibir a violência do- gencialmente quando for o caso.
méstica e familiar contra a mulher far-se-á por meio de § 1o  O juiz determinará, por prazo certo, a inclusão da
um conjunto articulado de ações da União, dos Estados, mulher em situação de violência doméstica e familiar no
do Distrito Federal e dos Municípios e de ações não-go- cadastro de programas assistenciais do governo federal,
vernamentais, tendo por diretrizes: estadual e municipal.
I - a integração operacional do Poder Judiciário, do Mi- § 2o  O juiz assegurará à mulher em situação de violên-
nistério Público e da Defensoria Pública com as áreas de cia doméstica e familiar, para preservar sua integridade
segurança pública, assistência social, saúde, educação, física e psicológica:
trabalho e habitação; I - acesso prioritário à remoção quando servidora públi-
II - a promoção de estudos e pesquisas, estatísticas e ca, integrante da administração direta ou indireta;
outras informações relevantes, com a perspectiva de II - manutenção do vínculo trabalhista, quando neces-
gênero e de raça ou etnia, concernentes às causas, às sário o afastamento do local de trabalho, por até seis
consequências e à frequência da violência doméstica e meses.
familiar contra a mulher, para a sistematização de da- § 3o  A assistência à mulher em situação de violência do-
dos, a serem unificados nacionalmente, e a avaliação méstica e familiar compreenderá o acesso aos benefícios
periódica dos resultados das medidas adotadas; decorrentes do desenvolvimento científico e tecnológico,
III - o respeito, nos meios de comunicação social, dos incluindo os serviços de contracepção de emergência,
valores éticos e sociais da pessoa e da família, de forma a profilaxia das Doenças Sexualmente Transmissíveis
a coibir os papéis estereotipados que legitimem ou exa- (DST) e da Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
cerbem a violência doméstica e familiar, de acordo com (AIDS) e outros procedimentos médicos necessários e
o estabelecido no inciso III do art. 1o, no inciso IV do art. cabíveis nos casos de violência sexual.
3o e no inciso IV do art. 221 da Constituição Federal;
IV - a implementação de atendimento policial especiali- CAPÍTULO III
zado para as mulheres, em particular nas Delegacias de DO ATENDIMENTO PELA AUTORIDADE POLICIAL
Atendimento à Mulher;
V - a promoção e a realização de campanhas educativas Art. 10.  Na hipótese da iminência ou da prática de vio-
de prevenção da violência doméstica e familiar contra a lência doméstica e familiar contra a mulher, a autorida-
mulher, voltadas ao público escolar e à sociedade em ge- de policial que tomar conhecimento da ocorrência ado-
ral, e a difusão desta Lei e dos instrumentos de proteção
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

tará, de imediato, as providências legais cabíveis.


aos direitos humanos das mulheres; Parágrafo único.  Aplica-se o disposto no caput deste
VI - a celebração de convênios, protocolos, ajustes, ter- artigo ao descumprimento de medida protetiva de ur-
mos ou outros instrumentos de promoção de parceria gência deferida.
entre órgãos governamentais ou entre estes e entidades
não-governamentais, tendo por objetivo a implementa- Art. 11.  No atendimento à mulher em situação de vio-
ção de programas de erradicação da violência domésti- lência doméstica e familiar, a autoridade policial deverá,
ca e familiar contra a mulher; entre outras providências:
VII - a capacitação permanente das Polícias Civil e Mili- I - garantir proteção policial, quando necessário, comu-
tar, da Guarda Municipal, do Corpo de Bombeiros e dos nicando de imediato ao Ministério Público e ao Poder
profissionais pertencentes aos órgãos e às áreas enun- Judiciário;
ciados no inciso I quanto às questões de gênero e de raça II - encaminhar a ofendida ao hospital ou posto de saú-
ou etnia; de e ao Instituto Médico Legal;
VIII - a promoção de programas educacionais que dis- III - fornecer transporte para a ofendida e seus depen-
seminem valores éticos de irrestrito respeito à dignidade dentes para abrigo ou local seguro, quando houver risco
da pessoa humana com a perspectiva de gênero e de de vida;
raça ou etnia;

28
IV - se necessário, acompanhar a ofendida para assegu- o processo, o julgamento e a execução das causas de-
rar a retirada de seus pertences do local da ocorrência correntes da prática de violência doméstica e familiar
ou do domicílio familiar; contra a mulher.
V - informar à ofendida os direitos a ela conferidos nesta Parágrafo único.  Os atos processuais poderão realizar-
Lei e os serviços disponíveis. -se em horário noturno, conforme dispuserem as nor-
mas de organização judiciária.
Art. 12.  Em todos os casos de violência doméstica e fa-
miliar contra a mulher, feito o registro da ocorrência, Art. 15.  É competente, por opção da ofendida, para os
deverá a autoridade policial adotar, de imediato, os se- processos cíveis regidos por esta Lei, o Juizado:
guintes procedimentos, sem prejuízo daqueles previstos I - do seu domicílio ou de sua residência;
no Código de Processo Penal: II - do lugar do fato em que se baseou a demanda;
I - ouvir a ofendida, lavrar o boletim de ocorrência e III - do domicílio do agressor.
tomar a representação a termo, se apresentada;
II - colher todas as provas que servirem para o esclareci- Art. 16.  Nas ações penais públicas condicionadas à re-
mento do fato e de suas circunstâncias; presentação da ofendida de que trata esta Lei, só será
III - remeter, no prazo de 48 (quarenta e oito) horas, ex- admitida a renúncia à representação perante o juiz, em
pediente apartado ao juiz com o pedido da ofendida, audiência especialmente designada com tal finalidade,
para a concessão de medidas protetivas de urgência; antes do recebimento da denúncia e ouvido o Ministério
IV - determinar que se proceda ao exame de corpo de Público.
delito da ofendida e requisitar outros exames periciais
necessários; Art. 17.  É vedada a aplicação, nos casos de violência
V - ouvir o agressor e as testemunhas; doméstica e familiar contra a mulher, de penas de cesta
VI - ordenar a identificação do agressor e fazer juntar básica ou outras de prestação pecuniária, bem como a
aos autos sua folha de antecedentes criminais, indican- substituição de pena que implique o pagamento isolado
do a existência de mandado de prisão ou registro de ou- de multa.
tras ocorrências policiais contra ele;
VII - remeter, no prazo legal, os autos do inquérito poli- CAPÍTULO II
cial ao juiz e ao Ministério Público. DAS MEDIDAS PROTETIVAS DE URGÊNCIA
§ 1o  O pedido da ofendida será tomado a termo pela
autoridade policial e deverá conter: Seção I
I - qualificação da ofendida e do agressor; Disposições Gerais
II - nome e idade dos dependentes;
III - descrição sucinta do fato e das medidas protetivas Art. 18.  Recebido o expediente com o pedido da ofen-
solicitadas pela ofendida. dida, caberá ao juiz, no prazo de 48 (quarenta e oito)
§ 2o  A autoridade policial deverá anexar ao documento horas:
referido no § 1o o boletim de ocorrência e cópia de todos I - conhecer do expediente e do pedido e decidir sobre as
os documentos disponíveis em posse da ofendida. medidas protetivas de urgência;
§ 3o  Serão admitidos como meios de prova os laudos ou II - determinar o encaminhamento da ofendida ao órgão
prontuários médicos fornecidos por hospitais e postos de de assistência judiciária, quando for o caso;
saúde. III - comunicar ao Ministério Público para que adote as
providências cabíveis.
TÍTULO IV
DOS PROCEDIMENTOS Art. 19.  As medidas protetivas de urgência poderão ser
concedidas pelo juiz, a requerimento do Ministério Pú- NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
CAPÍTULO I blico ou a pedido da ofendida.
DISPOSIÇÕES GERAIS § 1o  As medidas protetivas de urgência poderão ser con-
cedidas de imediato, independentemente de audiência
Art. 13.  Ao processo, ao julgamento e à execução das das partes e de manifestação do Ministério Público, de-
causas cíveis e criminais decorrentes da prática de vio- vendo este ser prontamente comunicado.
lência doméstica e familiar contra a mulher aplicar-se- § 2o  As medidas protetivas de urgência serão aplicadas
-ão as normas dos Códigos de Processo Penal e Proces- isolada ou cumulativamente, e poderão ser substituídas
so Civil e da legislação específica relativa à criança, ao a qualquer tempo por outras de maior eficácia, sempre
adolescente e ao idoso que não conflitarem com o esta- que os direitos reconhecidos nesta Lei forem ameaçados
belecido nesta Lei. ou violados.
§ 3o  Poderá o juiz, a requerimento do Ministério Público
Art. 14.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar ou a pedido da ofendida, conceder novas medidas prote-
contra a Mulher, órgãos da Justiça Ordinária com com- tivas de urgência ou rever aquelas já concedidas, se en-
petência cível e criminal, poderão ser criados pela União, tender necessário à proteção da ofendida, de seus fami-
no Distrito Federal e nos Territórios, e pelos Estados, para liares e de seu patrimônio, ouvido o Ministério Público.

29
Art. 20.  Em qualquer fase do inquérito policial ou da ins- § 3o  Para garantir a efetividade das medidas protetivas
trução criminal, caberá a prisão preventiva do agressor, de urgência, poderá o juiz requisitar, a qualquer mo-
decretada pelo juiz, de ofício, a requerimento do Minis- mento, auxílio da força policial.
tério Público ou mediante representação da autoridade § 4o  Aplica-se às hipóteses previstas neste artigo, no que
policial. couber, o disposto no caput e nos §§ 5o e 6º do art. 461
Parágrafo único.  O juiz poderá revogar a prisão preven- da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973 (Código de
tiva se, no curso do processo, verificar a falta de motivo Processo Civil).
para que subsista, bem como de novo decretá-la, se so-
brevierem razões que a justifiquem. Seção III
Das Medidas Protetivas de Urgência à Ofendida
Art. 21.  A ofendida deverá ser notificada dos atos pro-
cessuais relativos ao agressor, especialmente dos per- Art. 23.  Poderá o juiz, quando necessário, sem prejuízo
tinentes ao ingresso e à saída da prisão, sem prejuízo de outras medidas:
da intimação do advogado constituído ou do defensor I - encaminhar a ofendida e seus dependentes a pro-
público. grama oficial ou comunitário de proteção ou de aten-
Parágrafo único.  A ofendida não poderá entregar inti- dimento;
mação ou notificação ao agressor. II - determinar a recondução da ofendida e a de seus
dependentes ao respectivo domicílio, após afastamento
Seção II do agressor;
Das Medidas Protetivas de Urgência que Obrigam o III - determinar o afastamento da ofendida do lar, sem
Agressor prejuízo dos direitos relativos a bens, guarda dos filhos
e alimentos;
Art. 22.  Constatada a prática de violência doméstica IV - determinar a separação de corpos.
e familiar contra a mulher, nos termos desta Lei, o juiz
poderá aplicar, de imediato, ao agressor, em conjunto Art. 24.  Para a proteção patrimonial dos bens da so-
ou separadamente, as seguintes medidas protetivas de ciedade conjugal ou daqueles de propriedade particular
urgência, entre outras: da mulher, o juiz poderá determinar, liminarmente, as
I - suspensão da posse ou restrição do porte de armas, seguintes medidas, entre outras:
com comunicação ao órgão competente, nos termos I - restituição de bens indevidamente subtraídos pelo
da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de 2003; agressor à ofendida;
II - afastamento do lar, domicílio ou local de convivência II - proibição temporária para a celebração de atos e
com a ofendida; contratos de compra, venda e locação de propriedade
III - proibição de determinadas condutas, entre as quais: em comum, salvo expressa autorização judicial;
a) aproximação da ofendida, de seus familiares e das III - suspensão das procurações conferidas pela ofendida
testemunhas, fixando o limite mínimo de distância entre ao agressor;
estes e o agressor; IV - prestação de caução provisória, mediante depósi-
b) contato com a ofendida, seus familiares e testemu- to judicial, por perdas e danos materiais decorrentes da
nhas por qualquer meio de comunicação; prática de violência doméstica e familiar contra a ofen-
c) frequentação de determinados lugares a fim de pre- dida.
servar a integridade física e psicológica da ofendida; Parágrafo único.  Deverá o juiz oficiar ao cartório com-
IV - restrição ou suspensão de visitas aos dependentes petente para os fins previstos nos incisos II e III deste
menores, ouvida a equipe de atendimento multidiscipli- artigo.
nar ou serviço similar;
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

V - prestação de alimentos provisionais ou provisórios. Seção IV


§ 1o  As medidas referidas neste artigo não impedem Do Crime de Descumprimento de Medidas Proteti-
a aplicação de outras previstas na legislação em vigor, vas de Urgência Descumprimento de Medidas Prote-
sempre que a segurança da ofendida ou as circunstân- tivas de Urgência
cias o exigirem, devendo a providência ser comunicada
ao Ministério Público. Art. 24-A. Descumprir decisão judicial que defere medi-
§ 2o  Na hipótese de aplicação do inciso I, encontrando- das protetivas de urgência previstas nesta Lei:
-se o agressor nas condições mencionadas no caput e Pena – detenção, de 3 (três) meses a 2 (dois) anos.
incisos do art. 6o da Lei no 10.826, de 22 de dezembro de § 1o A configuração do crime independe da competência
2003, o juiz comunicará ao respectivo órgão, corporação civil ou criminal do juiz que deferiu as medidas.
ou instituição as medidas protetivas de urgência conce- § 2o Na hipótese de prisão em flagrante, apenas a auto-
didas e determinará a restrição do porte de armas, fi- ridade judicial poderá conceder fiança.
cando o superior imediato do agressor responsável pelo § 3o O disposto neste artigo não exclui a aplicação de
cumprimento da determinação judicial, sob pena de in- outras sanções cabíveis.
correr nos crimes de prevaricação ou de desobediência,
conforme o caso.

30
CAPÍTULO III Art. 32.  O Poder Judiciário, na elaboração de sua pro-
DA ATUAÇÃO DO MINISTÉRIO PÚBLICO posta orçamentária, poderá prever recursos para a cria-
ção e manutenção da equipe de atendimento multidis-
Art. 25.  O Ministério Público intervirá, quando não for ciplinar, nos termos da Lei de Diretrizes Orçamentárias.
parte, nas causas cíveis e criminais decorrentes da vio-
lência doméstica e familiar contra a mulher. TÍTULO VI
DISPOSIÇÕES TRANSITÓRIAS
Art. 26.  Caberá ao Ministério Público, sem prejuízo de
outras atribuições, nos casos de violência doméstica e Art. 33.  Enquanto não estruturados os Juizados de Vio-
familiar contra a mulher, quando necessário: lência Doméstica e Familiar contra a Mulher, as varas
I - requisitar força policial e serviços públicos de saúde, criminais acumularão as competências cível e criminal
de educação, de assistência social e de segurança, entre para conhecer e julgar as causas decorrentes da prática
outros; de violência doméstica e familiar contra a mulher, ob-
II - fiscalizar os estabelecimentos públicos e particula- servadas as previsões do Título IV desta Lei, subsidiada
res de atendimento à mulher em situação de violência pela legislação processual pertinente.
doméstica e familiar, e adotar, de imediato, as medidas Parágrafo único.  Será garantido o direito de preferência,
administrativas ou judiciais cabíveis no tocante a quais- nas varas criminais, para o processo e o julgamento das
quer irregularidades constatadas; causas referidas no caput.
III - cadastrar os casos de violência doméstica e familiar
contra a mulher. TÍTULO VII
DISPOSIÇÕES FINAIS
CAPÍTULO IV
DA ASSISTÊNCIA JUDICIÁRIA Art. 34.  A instituição dos Juizados de Violência Domésti-
ca e Familiar contra a Mulher poderá ser acompanhada
Art. 27.  Em todos os atos processuais, cíveis e criminais, pela implantação das curadorias necessárias e do servi-
a mulher em situação de violência doméstica e familiar ço de assistência judiciária.
deverá estar acompanhada de advogado, ressalvado o
previsto no art. 19 desta Lei. Art. 35.  A União, o Distrito Federal, os Estados e os Mu-
nicípios poderão criar e promover, no limite das respec-
Art. 28.  É garantido a toda mulher em situação de vio- tivas competências:
lência doméstica e familiar o acesso aos serviços de De- I - centros de atendimento integral e multidisciplinar
fensoria Pública ou de Assistência Judiciária Gratuita, para mulheres e respectivos dependentes em situação
nos termos da lei, em sede policial e judicial, mediante de violência doméstica e familiar;
atendimento específico e humanizado. II - casas-abrigos para mulheres e respectivos depen-
dentes menores em situação de violência doméstica e
TÍTULO V familiar;
DA EQUIPE DE ATENDIMENTO MULTIDISCIPLINAR III - delegacias, núcleos de defensoria pública, serviços
de saúde e centros de perícia médico-legal especializa-
Art. 29.  Os Juizados de Violência Doméstica e Familiar dos no atendimento à mulher em situação de violência
contra a Mulher que vierem a ser criados poderão con- doméstica e familiar;
tar com uma equipe de atendimento multidisciplinar, a IV - programas e campanhas de enfrentamento da vio-
ser integrada por profissionais especializados nas áreas lência doméstica e familiar;
psicossocial, jurídica e de saúde. V - centros de educação e de reabilitação para os agres-
sores. NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
Art. 30.  Compete à equipe de atendimento multidisci-
plinar, entre outras atribuições que lhe forem reservadas Art. 36.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu-
pela legislação local, fornecer subsídios por escrito ao nicípios promoverão a adaptação de seus órgãos e de
juiz, ao Ministério Público e à Defensoria Pública, me- seus programas às diretrizes e aos princípios desta Lei.
diante laudos ou verbalmente em audiência, e desen-
volver trabalhos de orientação, encaminhamento, pre- Art. 37.  A defesa dos interesses e direitos transindividu-
venção e outras medidas, voltados para a ofendida, o ais previstos nesta Lei poderá ser exercida, concorrente-
agressor e os familiares, com especial atenção às crian- mente, pelo Ministério Público e por associação de atu-
ças e aos adolescentes. ação na área, regularmente constituída há pelo menos
um ano, nos termos da legislação civil.
Art. 31.  Quando a complexidade do caso exigir ava- Parágrafo único.  O requisito da pré-constituição poderá
liação mais aprofundada, o juiz poderá determinar a ser dispensado pelo juiz quando entender que não há
manifestação de profissional especializado, mediante a outra entidade com representatividade adequada para
indicação da equipe de atendimento multidisciplinar. o ajuizamento da demanda coletiva.

31
Art. 38.  As estatísticas sobre a violência doméstica e Art. 45.  O art. 152 da Lei no 7.210, de 11 de julho de
familiar contra a mulher serão incluídas nas bases de 1984 (Lei de Execução Penal), passa a vigorar com a se-
dados dos órgãos oficiais do Sistema de Justiça e Segu- guinte redação:
rança a fim de subsidiar o sistema nacional de dados e “Art. 152.  ...................................................
informações relativo às mulheres. Parágrafo único.  Nos casos de violência doméstica con-
Parágrafo único.  As Secretarias de Segurança Pública tra a mulher, o juiz poderá determinar o comparecimen-
dos Estados e do Distrito Federal poderão remeter suas
to obrigatório do agressor a programas de recuperação
informações criminais para a base de dados do Ministé-
rio da Justiça. e reeducação.” (NR)

Art. 39.  A União, os Estados, o Distrito Federal e os Mu- Art. 46.  Esta Lei entra em vigor 45 (quarenta e cinco)
nicípios, no limite de suas competências e nos termos dias após sua publicação.
das respectivas leis de diretrizes orçamentárias, poderão
estabelecer dotações orçamentárias específicas, em cada Brasília,  7  de  agosto  de 2006; 185o da Independência
exercício financeiro, para a implementação das medidas e 118o da República.
estabelecidas nesta Lei.

Art. 40.  As obrigações previstas nesta Lei não excluem


outras decorrentes dos princípios por ela adotados. EXERCÍCIO COMENTADO
Art. 41.  Aos crimes praticados com violência doméstica
e familiar contra a mulher, independentemente da pena 1. (FMP/2017 - MPE-RO - Promotor de Justiça Substi-
prevista, não se aplica a Lei no 9.099, de 26 de setembro tuto) Em relação à Lei n. 11.340/2006 (Lei Maria da Penha),
de 1995. assinale a alternativa CORRETA.

Art. 42.  O art. 313 do Decreto-Lei no 3.689, de 3 de outu- a) Os crimes de ameaça e de lesões corporais leves pratica-
bro de 1941 (Código de Processo Penal), passa a vigorar dos no contexto de violência doméstica e familiar são de
acrescido do seguinte inciso IV: ação penal pública incondicionada.
“Art. 313.  ................................................. b) A mulher pode ser sujeito ativo de crime praticado no
................................................................
contexto de violência doméstica e familiar.
IV - se o crime envolver violência doméstica e familiar
contra a mulher, nos termos da lei específica, para ga- c) A ação penal no crime de lesões corporais leves é públi-
rantir a execução das medidas protetivas de urgência.” ca condicionada, segundo a jurisprudência do Supremo
(NR) Tribunal Federal.
d) Admite-se a aplicação da suspensão condicional do pro-
Art. 43.  A alínea f do inciso II do art. 61 do Decreto-Lei cesso aos autores de crimes praticados no contexto de
no 2.848, de 7 de dezembro de 1940 (Código Penal), pas- violência doméstica e familiar.
sa a vigorar com a seguinte redação: e) As medidas protetivas de urgência vigem durante o pra-
“Art. 61.  .................................................. zo decadencial da representação da vítima, ou seja, 6
................................................................. (seis) meses.
II - ............................................................
.................................................................
f) com abuso de autoridade ou prevalecendo-se de re- Resposta: Letra B.
lações domésticas, de coabitação ou de hospitalidade, A violência deve ser dirigida contra mulher, mas não
ou com violência contra a mulher na forma da lei es- necessariamente deve partir de homem, pois o deter-
pecífica; minante é o contexto da prática de violência – âmbito
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

........................................................... ” (NR) doméstico, familiar ou afetivo – e não quem a perpetrou.


A alternativa “a” está errada porque apenas o crime de
Art. 44.  O art. 129 do Decreto-Lei nº 2.848, de 7 de de- lesões é de ação incondicionada (estando “c” errada).
zembro de 1940 (Código Penal), passa a vigorar com as Não cabe suspensão condicional do processo e nem
seguintes alterações: transação penal (súmula 536, STJ). Não se fixa na lei pra-
“Art. 129.  ..................................................
zo mínimo e máximo de duração das medidas punitivas.
..................................................................
§ 9o  Se a lesão for praticada contra ascendente, descen-
dente, irmão, cônjuge ou companheiro, ou com quem 2. (VUNESP/2017 - TJ-SP - Psicólogo Judiciário) A Lei
conviva ou tenha convivido, ou, ainda, prevalecendo-se n° 11.340/2006, conhecida como Lei Maria da Penha, em
o agente das relações domésticas, de coabitação ou de casos de prática de violência doméstica contra a mulher,
hospitalidade:
Pena - detenção, de 3 (três) meses a 3 (três) anos. a) determina que seja delegada à mulher a responsabili-
.................................................................. dade pela entrega de intimações e notificações judiciais
§ 11.  Na hipótese do § 9o deste artigo, a pena será au- ao agressor.
mentada de um terço se o crime for cometido contra b) prevê a aplicação de penas ao agressor como multas e
pessoa portadora de deficiência.” (NR) distribuição de determinado número de cestas básicas.

32
c) limita-se à violência na relação homem-mulher, ignoran-
do os novos arranjos conjugais e familiares da contem- LEI FEDERAL N° 9.455, DE 7 DE ABRIL DE
poraneidade. 1997 (CRIME DE TORTURA).
d) prevê a restrição de visitas do agressor aos dependentes
menores, ouvida a equipe de atendimento multidiscipli-
nar ou serviço similar. Lei nº 9.455/1997 E suas alterações (crimes de tor-
e) ignora a violência patrimonial, por não implicar risco tura)
iminente à integridade física, moral ou psicológica da
mulher. Constitui crime de tortura constranger alguém com em-
prego de violência ou grave ameaça, causando-lhe sofri-
Resposta: Letra D mento físico ou mental:
Trata-se de previsão do art. 22, IV da Lei Maria da Penha. -com o fim de obter informação, declaração ou confis-
são da vítima ou de terceira pessoa.
3. (FUNDATEC/2017 - FHGV - Assistente Administrati- -para provocar ação ou omissão de natureza criminosa.
vo) Na interpretação da Lei nº 11.340/2006, serão conside- -em razão de discriminação racial ou religiosa.
rados os fins sociais a que ela se destina e, especialmente, Também constitui crime submeter alguém, sob sua
as condições peculiares das mulheres em situação de: guarda, poder ou autoridade, com emprego de violência
ou grave ameaça, a intenso sofrimento físico ou mental,
a) Vulnerabilidade. como forma de aplicar castigo pessoal ou medida de ca-
b) Incapacidade. ráter preventivo.
c) Violência doméstica e familiar. Na mesma pena incorre quem submete pessoa presa
d) Abandono. ou sujeita a medida de segurança a sofrimento físico ou
e) Risco e perigo. mental, por intermédio da prática de ato não previsto em
lei ou não resultante de medida legal.
Resposta: Letra C. Aquele que se omite em face dessas condutas, quando
Preconiza o art. 4o da Lei Maria da Penha: “Na interpre- tinha o dever de evitá-las ou apurá-las, incorre na pena de
tação desta Lei, serão considerados os fins sociais a que detenção de um a quatro anos.
ela se destina e, especialmente, as condições peculiares Se resulta lesão corporal de natureza grave ou gravíssi-
das mulheres em situação de violência doméstica e fa- ma, a pena é de reclusão de quatro a dez anos; se resulta
miliar”. morte, a reclusão é de oito a dezesseis anos.
A condenação acarretará a perda do cargo, função ou
emprego público e a interdição para seu exercício pelo do-
CÓDIGO PENAL BRASILEIRO (ART. 140). bro do prazo da pena aplicada.
O crime de tortura é inafiançável e insuscetível de graça
ou anistia.
O condenado por crime previsto nesta Lei, iniciará o
Injúria cumprimento da pena em regime fechado, salvo se o crime
for de submeter alguém, sob sua guarda, poder ou auto-
Art. 140 - Injuriar alguém, ofendendo-lhe a dignidade ridade, com emprego de violência ou grave ameaça, a in-
ou o decoro: tenso sofrimento físico ou mental, como forma de aplicar
Pena - detenção, de um a seis meses, ou multa. castigo pessoal ou medida de caráter preventivo.
§ 1º - O juiz pode deixar de aplicar a pena: O disposto nesta Lei aplica-se ainda quando o crime
I - quando o ofendido, de forma reprovável, provocou não tenha sido cometido em território nacional, sendo a
diretamente a injúria; vítima brasileira ou encontrando-se o agente em local sob NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
II - no caso de retorsão imediata, que consista em outra jurisdição brasileira.
injúria.

§ 2º Se a injúria consiste em violência ou vias de fato, LEI FEDERAL N° 2.889, DE 1º DE OUTUBRO


que, por sua natureza ou pelo meio empregado, se con- DE 1956 (DEFINE E PUNE O CRIME DE
siderem aviltantes: GENOCÍDIO).
Pena - detenção, de três meses a um ano, e multa, além
da pena correspondente à violência.
§ 3o Se a injúria consiste na utilização de elementos re- Define e pune o crime de genocídio.
ferentes a raça, cor, etnia, religião, origem ou a condição
de pessoa idosa ou portadora de deficiência: (Reda- Art. 1º Quem, com a intenção de destruir, no todo ou em
ção dada pela Lei nº 10.741, de 2003) parte, grupo nacional, étnico, racial ou religioso, como
Pena - reclusão de um a três anos e multa. (Incluído tal:
pela Lei nº 9.459, de 1997)

33
O elemento subjetivo é o dolo, que é específico, con- parto. / § 2° Se resulta: I - incapacidade permanente para
sistente na intenção de destruir, ou seja, fazer desapare- o trabalho; II - enfermidade incurável; III - perda ou inuti-
cer, exterminar, matar, extinguir, eliminar, desfazer, assolar lização do membro, sentido ou função; IV - deformidade
ou devastar, voltada a um todo ou parte de: permanente; V - aborto”. O tipo pode ser interpretado
- Grupo nacional - agrupamento de pessoas oriundas de forma ampla, indo além destas condutas expressas no
de uma mesma nação. Ex.: espanhóis, portugueses, brasi- Código Penal, por exemplo, enquadram-se atos de escra-
leiros. vidão, provocação de fome gerando desnutrição.
- Étnico - grupo com traços físicos e mentais seme-
lhantes, com cultura e tradição comuns. Ex.: indígenas, em Submissão a condição de existência capazes de ge-
seus diversos subgrupos, judeus. rar destruição
- Raça - grupo de descendentes de uma mesma sub-
divisão da espécie humana determinado por traços físicos Pena – reclusão, de dez a quinze anos.
(cor de pele, estrutura óssea, traços semelhantes). Ex.: ne- Refere-se à destruição de um povo ou nação pela de-
gros, arianos, escandinavos. nominada “morte lenta”, característica das ações de exter-
- Religioso – grupo com crença religiosa comum. Ex.: mínios que usualmente se realizam em etapas, por longos
católicos, umbandistas. períodos, visando causar o mais intenso sofrimento possí-
A partir do dolo específico, configuram genocídio as vel, atingindo não apenas o indivíduo, mas o grupo em si.
seguintes condutas: Enquadra-se no tipo a conduta de deportação, persegui-
ção e a detenção individual em guetos ou campos de con-
a) matar membros do grupo; centração, experimentos médicos cruéis, além de outras
b) causar lesão grave à integridade física ou mental de formas de privação de direitos fundamentais.
membros do grupo;
c) submeter intencionalmente o grupo a condições Impedimento ao nascimento
de existência capazes de ocasionar-lhe a destruição física
Pena – reclusão, de três a dez anos.
total ou parcial;
Trata-se do que se conhece como genocídio biológi-
d) adotar medidas destinadas a impedir os nascimen-
co, abrangendo atos como esterilização forçada, controle
tos no seio do grupo;
forçado de natalidade, mutilação dos órgãos sexuais, além
e) efetuar a transferência forçada de crianças do grupo
de, evidentemente, provocação de aborto.
para outro grupo;
Transferência forçada de crianças
Será punido:
Pena – reclusão, de um a três anos.
Com as penas do art. 121, § 2º, do Código Penal, no Consiste na conduta de transferir a criança do grupo
caso da letra a; ao qual pertence e inseri-la em nova coletividade recep-
Com as penas do art. 129, § 2º, no caso da letra b; tora incompatível com a cultura, o idioma e/ou religião do
Com as penas do art. 270, no caso da letra c; grupo de origem. Criança, para o Estatuto da Criança e do
Com as penas do art. 125, no caso da letra d; Adolescente, é o ser humano de até 12 anos incompletos.
Com as penas do art. 148, no caso da letra e;
Art. 2º Associarem-se mais de 3 (três) pessoas para
Homicídio prática dos crimes mencionados no artigo anterior:
Pena: Metade da cominada aos crimes ali previstos.
Pena – reclusão, de doze a trinta anos. Associação ao genocídio
Entende-se que o tipo abrange tanto a conduta direta, Trata-se de associação para o crime de genocídio,
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

consistente em efetivos atos de assassinato (ex.: disparo respondendo-se pelos dois crimes em concurso material
de armas de fogo, colocação em câmara de gás), quanto caso também se pratique a conduta do artigo 1o para a
a conduta indireta, consistente em destruição da infraes- qual se associou (as penas serão somadas), ou apenas
trutura e de outros sistemas vitais para a comunidade (ex.: pela associação caso não se concretize nem ao menos
destruição de plantações das quais a comunidade tira a modalidade tentada dos crimes do artigo 1o.
subsistência).
ATENÇÃO: Entende-se que as penas fixadas na me-
Lesão grave tade à cominada do delito configurado, não se aplicam
mais, havendo derrogação da lei anterior por lei posterior,
Pena – reclusão, de dois a oito anos.
eis que a Lei dos Crimes Hediondos (Lei no 8.072/1990)
Abrange-se tanto o que o Código Penal considera
em seu artigo 8º alterou a forma de punir crimes de as-
como lesão grave (art. 129, § 1o) quanto o que ele consi-
sociação em delitos hediondos, sendo que o genocídio é
dera como lesão gravíssima (art. 129, § 2o): “§ 1º Se resul-
elencado pela Lei de Crimes Hediondos como tal. Assim,
ta: I - incapacidade para as ocupações habituais, por mais
aplica-se a pena de reclusão por 3 a 6 anos para quem se
de trinta dias; II - perigo de vida; III - debilidade perma-
associar para um crime dessa natureza.
nente de membro, sentido ou função; IV - aceleração de

34
Art. 3º Incitar, direta e publicamente alguém a cometer 2. (IESES/2016 - TJ-PA - Titular de Serviços de Notas e
qualquer dos crimes de que trata o art. 1º: de Registros - Provimento - Adaptada) Julgue o item: O
Pena: Metade das penas ali cominadas. crime de Genocídio (Lei 2.889/56) é considerado equipara-
§ 1º A pena pelo crime de incitação será a mesma de do a hediondo.
crime incitado, se este se consumar.
§ 2º A pena será aumentada de 1/3 (um terço), quando
a incitação for cometida pela imprensa. ( ) CERTO ( ) ERRADO
Incitação ao genocídio
Trata-se da conduta de incitar outra pessoa a praticar R: Errado
algum dos crimes descritos no artigo 1o. Aplica-se a me- O parágrafo único do art. 1º da Lei de Crimes Hedion-
tade da pena do crime incitado caso não se consume dos (Lei no 8.072/1990) prevê o genocídio e o porte ou
o crime para o qual se dirigiu a incitação e a mesma posse ilegal de arma de fogo são crimes hediondos, não
pena do crime incitado caso se consume. Fixa-se causa equiparados a hediondos.
de aumento de 1/3 caso a incitação seja cometida pela
imprensa.
LEI FEDERAL Nº 7.437, DE 20 DE DEZEMBRO
Art. 4º A pena será agravada de 1/3 (um terço), no caso DE 1985 (LEI CAÓ).
dos arts. 1º, 2º e 3º, quando cometido o crime por go-
vernante ou funcionário público.
Fixa-se causa de aumento de pena de 1/3 pela natureza O PRESIDENTE DA REPÚBLICA, faço saber que o Con-
do sujeito ativo – se governante ou funcionário público. gresso Nacional decreta e eu sanciono a seguinte Lei:

Art. 5º Será punida com 2/3 (dois terços) das respectivas Art. 1º. Constitui contravenção, punida nos termos desta
penas a tentativa dos crimes definidos nesta lei. lei, a prática de atos resultantes de preconceito de raça,
Como regra, o Código Penal cria causa de diminuição de cor, de sexo ou de estado civil.
de pena aos crimes tentados – 1/3 a 2/3 (art. 14, CP).
Aqui, há exceção desta regra, de modo que na tentativa Art. 2º. Será considerado agente de contravenção o dire-
dos crimes descritos na lei se aplicará 2/3 da pena que tor, gerente ou empregado do estabelecimento que inci-
se aplicaria ao crime consumado. dir na prática referida no artigo 1º. desta lei.

Art. 6º Os crimes de que trata esta lei não serão conside- Das Contravenções
rados crimes políticos para efeitos de extradição.
A extradição não é possível para crimes políticos, mas Art. 3º. Recusar hospedagem em hotel, pensão, estala-
apenas para conexos com políticos. gem ou estabelecimento de mesma finalidade, por pre-
conceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil.
Art. 7º Revogam-se as disposições em contrário.
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
Rio de Janeiro, 1 de outubro de 1956; 135º da Inde- multa de 3 (três) a 10 (dez) vezes o maior valor de refe-
pendência e 68º da República. rência (MVR).

Art. 4º. Recusar a venda de mercadoria em lojas de qual-


quer gênero ou o atendimento de clientes em restauran-
EXERCÍCIO COMENTADO
tes, bares, confeitarias ou locais semelhantes, abertos ao
público, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
1. (INSTITUTO AOCP/2017 - DESENBAHIA - Técnico Es- estado civil.
criturário - Adaptada) Julgue o item: De acordo com a Lei
federal nº 2.889/1956 (Lei contra o genocídio), quem ado- Pena - Prisão simples, de 15 (quinze) dias a 3 (três) me-
tar medidas destinadas a impedir os nascimentos no seio ses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de
de grupo nacional, étnico, racial ou religioso com o intuito referência (MVR).
de eliminá-lo será incurso nas penas cominadas no art. 121
do Código Penal (homicídio). Art. 5º. Recusar a entrada de alguém em estabelecimen-
to público, de diversões ou de esporte, por preconceito de
( ) CERTO ( ) ERRADO
raça, de cor, de sexo ou de estado civil.

Resposta: Errado Pena - Prisão simples, de 15 (quinze dias a 3 (três) me-


A pena aplicável é do homicídio qualificado (art. 1o, Lei ses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de
nº 2.889/1956 c/c art. 121, § 2o, CP). referência (MVR).

35
Art. 6º. Recusar a entrada de alguém em qualquer tipo
de estabelecimento comercial ou de prestação de servi- LEI ESTADUAL N° 10.549, DE 28 DE
ço, por preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado DEZEMBRO DE 2006 (SECRETARIA DE PRO-
civil. MOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL); ALTERA-
DA PELA LEI ESTADUAL N° 12.212, DE 04 DE
Pena - prisão simples, de 15 (quinze) dias e 3 (três) me- MAIO DE 2011.
ses, e multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de
referência (MVR).
Prezado candidato, visto o formato e tamanho do ma-
Art. 7º. Recusar a inscrição de aluno em estabelecimento terial solicitado, indicamos que acesse o site https://go-
de ensino de qualquer curso ou grau, por preconceito de verno-ba.jusbrasil.com.br/legislacao/85395/lei-10549-06,
raça, de cor, de sexo ou de estado civil. no qual vai encontrar a lei na íntegra para sua consulta.
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e
multa de 1(uma) a três) vezes o maior valor de referên-
cia (MVR). LEI FEDERAL Nº 10.678, DE 23 DE MAIO DE
2003, COM AS ALTERAÇÕES DA LEI FEDE-
Parágrafo único. Se se tratar de estabelecimento oficial RAL Nº 13.341, DE 29 DE SETEMBRO DE 2016
de ensino, a pena será a perda do cargo para o agente, (REFERENTE À SECRETARIA DE POLÍTICAS
desde que apurada em inquérito regular. DE PROMOÇÃO DA IGUALDADE RACIAL DA
PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA)
Art. 8º. Obstar o acesso de alguém a qualquer cargo pú-
blico civil ou militar, por preconceito de raça, de cor, de
sexo ou de estado civil. Cria a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da
Igualdade Racial, da Presidência da República, e dá outras
Pena - perda do cargo, depois de apurada a responsabi- providências.
lidade em inquérito regular, para o funcionário dirigente Faço saber que o Presidente da República adotou a
da repartição de que dependa a inscrição no concurso de
Medida Provisória nº 111, de 2003, que o Congresso Na-
habilitação dos candidatos.
cional aprovou, e eu, Eduardo Siqueira Campos, Segundo
Art. 9º. Negar emprego ou trabalho a alguém em au- Vice-Presidente, no exercício da Presidência da Mesa do
tarquia, sociedade de economia mista, empresa con- Congresso Nacional, para os efeitos do disposto no art. 62
cessionária de serviço público ou empresa privada, por da Constituição Federal, com a redação dada pela Emenda
preconceito de raça, de cor, de sexo ou de estado civil. constitucional nº 32, combinado com o art. 12 da Resolu-
ção nº 1, de 2002-CN, promulgo a seguinte Lei:
Pena - prisão simples, de 3 (três) meses a 1 (um) ano, e Art. 1º Fica criada, como órgão de assessoramento ime-
multa de 1 (uma) a 3 (três) vezes o maior valor de refe- diato ao Presidente da República, a Secretaria Especial
rência (MVR), no caso de empresa privada; perda do car- de Políticas de Promoção da Igualdade Racial.
go para o responsável pela recusa, no caso de autarquia, Art. 2º (Revogado pela Lei nº 12.314, de 2010)
sociedade de economia mista e empresa concessionária Art. 3º O CNPIR será presidido pelo titular da Secretaria
de serviço público. Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial,
da Presidência da República, e terá a sua composição,
Art. 10. Nos casos de reincidência havidos em estabele-
competências e funcionamento estabelecidos em ato do
NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

cimentos particulares, poderá o juiz determinar a pena


Poder Executivo, a ser editado até 31 de agosto de 2003.
adicional de suspensão do funcionamento, por prazo
não superior a 3 (três) meses. Parágrafo único. A Secretaria Especial de Políticas de
Promoção da Igualdade Racial, da Presidência da Repú-
Art. 11. Esta lei entra em vigor na data de sua publica- blica, constituirá, no prazo de noventa dias, contado da
ção. publicação desta Lei, grupo de trabalho integrado por
representantes da Secretaria Especial e da sociedade ci-
Art. 12. Revogam-se as disposições em contrário. vil, para elaborar proposta de regulamentação do CN-
PIR, a ser submetida ao Presidente da República.
Brasília, 20 de dezembro de 1985; 164º da Indepen- Art. 4º Fica criado, na Secretaria Especial de Políticas
dência e 97º da República. de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da Re-
pública, 1(um) cargo de Secretário-Adjunto, código DAS
101.6. (Redação dada pela Lei nº 11.693, de 2008)
Art. 4º-A. Fica transformado o cargo de Secretário Es-
pecial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial no

36
cargo de Ministro de Estado Chefe da Secretaria Especial c) autoatribuição, com trajetória histórica própria, dota-
de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. (Incluído dos de relações territoriais específicas, com presunção
pela Lei nº 11.693, de 2008) de ancestralidade negra relacionada com a resistência à
Art. 5º Esta Lei entra em vigor na data de sua publica- opressão histórica sofrida.
ção. d) autoinserção racial com trajetória de defesa dos direitos
humanos e raciais e lutas históricas pela terra.
Congresso Nacional, em 23 de maio de 2003; 182º da e) autovalidação de injustiças raciais e inserção territorial
Independência e 115º da República. geral e a autodefesa da necessidade de reparação com a
política de inclusão racial.

4. (PROFESSOR DE EDUCAÇÃO BÁSICA – SEE-PB- IBA-


HORA DE PRATICAR! DE- 2017) No início de 2003, após debates em âmbito
nacional, houve alteração da Lei de Diretrizes e Bases da
1. (AUDITOR DO ESTADO – SEFAZ-RS- CESPE – 2018) Educação com a sanção da conhecida Lei n° 10.639, deter-
Instituído pelo Estatuto Nacional da Igualdade Racial – Lei minando que:
nº 12.288/2010 -, o Sistema Nacional de Promoção da
Igualdade Racial (SINAPIR) tem por objetivo: a) os conceitos de ancestralidade. luta. sedução, jogo e ter-
ritório devem ser evitados como pilares de uma ciência
africana.
a) iniciar a ação penal em face de atitudes e práticas de
b) os conteúdos referentes à história e cultura afro-brasi-
intolerância religiosa nos meios de comunicação e em
leira sejam ministrados no âmbito do Ensino Médio nas
quaisquer outros locais
áreas de educação artística.
b) formular políticas, programas e projetos voltados para c) fique a cargo de cada estabelecimento a inclusão do 20
a inclusão da população negra no mercado de trabalho. de novembro como “Dia Nacional da Consciência Negra.
c) descentralizar a implementação de ações afirmativas pe- d) seja obrigatório o ensino sobre história e cultura afro-
los governos estaduais, distrital e municipais. -brasileira nos estabelecimentos oficiais de ensino fun-
d) ratificar os compromissos assumidos pelo Brasil junto a damental.
organismos internacionais. e) nos estabelecimentos de Ensino Fundamental e Médio,
e) instituir os conselhos para a aplicação do Fundo Nacio- oficiais e particulares, seja obrigatório o ensino sobre
nal de Habitação de Interesse Social (FNHIS). história e cultura afro-brasileira.

2. (PROMOTOR DE JUSTIÇA – MPE-RR- CESPE – 2017) 5. (SEDF- CESPE – 2017)


De acordo com o Estatuto da Igualdade Racial, o estudo da Julgue o item a seguir com base no disposto na Resolução
história geral da África e da história da população negra do n.º 1/2012 do Conselho de Educação do DF.
Brasil é obrigatório nos estabelecimentos de ensino A cultura afro-brasileira e a indígena devem ser partes do
conteúdo obrigatório nos ensinos fundamental e médio,
a) infantil e fundamental. ministradas no âmbito de todo o currículo escolar.
b) fundamental e médio.
c) médio, apenas. ( ) CERTO ( ) ERRADO
d) infantil, fundamental e médio.
6. (TÉCNICO EM SEGURANÇA DO TRABALHO – EMBA-
3. (ANALISTA TÉCNICO DE POLÍTICAS SOCIAIS – MPOG- SA- IBFC-2015)
ESAF- 2012) O Programa Brasill Quilombola possui como Considerando as disposições da lei federal n° 12.288, de NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO
um dos instrumentos legais o Decreto n. 4.887, de 20 de 20/07/2010, que institui o Estatuto da Igualdade Racial, as-
novembro de 2003, que regulamenta o procedimento para sinale a alternativa correta sobre o que a referida lei consi-
identificação, reconhecimento, delimitação, demarcação e dera de forma precisa, desigualdade racial.
titulação das terras ocupadas por remanescentes das co-
munidades de quilombos. Define também, em seu artigo a) Assimetria existente no âmbito da sociedade que
segundo, que comunidades remanescentes de quilombo acentua a distância social entre mulheres negras e os de-
são grupos-étnicos segundo os critérios de: mais segmentos sociais.
b) Toda situação injustificada de diferenciação de aces-
a) prescrição de cidadania e igualdade racial baseados em so e fruição de bens, serviços e oportunidades, nas esferas
retifi cação extemporânea da Fundação Cultural Palma- pública e privada, em virtude de raça, cor, descendência
res. ou origem nacional ou étnica.
b) autodefinição racial e autoatribuição datada e atestada c) Toda distinção baseada em raça, cor, descendência
mediante laudo técnico certificado pela Secretaria Espe- ou origem nacional ou étnica que tenha por objeto anular
cial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial. exercício, em igualdade de condições, de direitos huma-
nos.

37
d) Toda exclusão ou preferência baseada em raça, cor, des-
cendência ou origem nacional ou étnica que tenha por ANOTAÇÕES
objeto anular ou restringir o reconhecimento, gozo ou
exercício, em igualdade de condições, de direitos huma-
nos e liberdades fundamentais. ___________________________________________________

___________________________________________________

GABARITO ___________________________________________________

___________________________________________________
1 C
___________________________________________________
2 B
3 C ___________________________________________________

4 E ___________________________________________________
5 CERTO ___________________________________________________
6 B
___________________________________________________

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NOÇÕES DE IGUALDADE RACIAL E DE GÊNERO

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ÍNDICE

NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

Dos crimes contra a autoridade ou disciplina militar: Motim. Revolta. Conspiração. Aliciação para motim ou revolta. .01
Da violência contra superior ou militar de serviço: Violência contra superior. Violência contra militar de serviço. Desres-
peito a superior. Recusa de obediência. Oposição à ordem de sentinela. Reunião ilícita. Publicação ou crítica indevida.
Resistência mediante ameaça ou violência...................................................................................................................................................... 01
Dos crimes contra o serviço militar e o dever militar: Deserção. Abandono de posto. Descumprimento de missão. Em-
briaguez em serviço. Dormir em serviço.......................................................................................................................................................... 01
Dos crimes contra a Administração Militar: Desacato a Superior. Desacato a militar. Desobediência. Peculato. Peculato-
-furto. Concussão. Corrupção ativa. Corrupção passiva. Falsificação de documento. Falsidade ideológica. Uso de docu-
mento falso. 4. Dos crimes contra o dever funcional: Prevaricação....................................................................................................... 05
DOS CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OUDISCIPLINA MILITAR: MOTIM. REVOLTA. CONSPI-
RAÇÃO. ALICIAÇÃO PARA MOTIM OU REVOLTA. DA VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR OU MILI-
TAR DE SERVIÇO: VIOLÊNCIA CONTRA SUPERIOR. VIOLÊNCIA CONTRA MILITAR DE SERVIÇO.
DESRESPEITO A SUPERIOR. RECUSA DE OBEDIÊNCIA. OPOSIÇÃO À ORDEM DE SENTINELA.
REUNIÃO ILÍCITA. PUBLICAÇÃO OU CRÍTICA INDEVIDA. RESISTÊNCIA MEDIANTE AMEAÇA
OU VIOLÊNCIA. DOS CRIMES CONTRA O SERVIÇO MILITAR E O DEVER MILITAR: DESERÇÃO.
ABANDONO DE POSTO. DESCUMPRIMENTO DE MISSÃO. EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO. DORMIR
EM SERVIÇO.

CRIMES CONTRA A AUTORIDADE OU DISCIPLINA MILITAR

1. Motim

Art. 149 - Reunirem-se militares ou assemelhados:


I - contra a ordem recebida de superior ou negando-se a cumpri-la;
II - recusando obediência a superior, quando estejam agindo sem ordem ou praticando violência;
III - assentindo em recusa conjunta de obediência, ou em resistência ou violência, em comum, contra superior;
IV - ocupando quartel, fortaleza, arsenal, fábrica ou estabelecimento militar, ou dependência de qualquer deles, hangar,
aeródromo ou aeronave, navio ou viatura militar, ou utilizando-se de qualquer daqueles locais ou meios de transporte.
para ação militar, ou prática de violência em desobediência à ordem superior ou em detrimento da ordem ou da disciplina
militar.
Pena - reclusão, de quatro a oito anos com aumento de um terço para os cabeças.

2. Revolta

Parágrafo único - Se os agentes estavam armados:


Pena - reclusão de oito a vinte anos com aumento de um terço para os cabeças.
A distinção entre o motim e a revolta é que no primeiro a reunião é sem armas e, no segundo, a condição para configura-
ção do delito é que o grupamento de militares esteja armado.
Sujeito ativo: crime plurissubjetivo, necessidade de no mínimo 2 militares. Exemplo, uma companhia que recebe ordem
para instrução ou outra atividade e, em vez de obedecê-la, dirige-se, sem ordem ou autorização, à sede do Comando para
apresentação de suas reivindicações.

FIQUE ATENTO!
A diferença entre a prática do motim e da revolta está no fato desta última os agentes estarem armados.

3. Violência Contra Superior

Art. 157 - Praticar violência contra superior:


Pena - detenção, de três meses a dois anos.
Sujeito ativo é o subordinado hierárquico.
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

A autoridade do superior hierárquico agredido é maculada perante o subordinado ou terceiros que tenham presenciado
ou tomado conhecimento do fato.
Violência = força física, próprio corpo ou objeto.
Exemplo: empurrão, bofetada, arrancar distintivo, bater com um objeto.
Pena - detenção, de 3 meses a 2 anos.
São formas qualificadas:
Se o superior é comandante da unidade a que pertence o agente ou oficial general:
Pena - reclusão, de três a nove anos.
Se a violência é praticada com arma, a pena é aumentada de um terço.

Conforme decisão do TJM/RS, o delito foi configurado no caso concreto em que o soldado que agride e ofende um cabo
comete violência contar superior, ainda que da agressão não resultem lesões corporais na vítima.

1
4. Violência Contra Militar de Serviço 7. Oposição à Ordem de Sentinela

Art. 158 - Praticar violência contra oficial de dia, de ser- Art. 164 - Opor-se às ordens da sentinela:
viço, ou de quarto, ou contra sentinela, vigia ou plantão: Pena - detenção, de seis meses a um ano, se o fato não
Pena - reclusão de três a oito anos. constitui crime mais grave.
Sujeito ativo poderá ser qualquer pessoa. Porém o su-
jeito passivo, como exige no tipo penal, deve ser Oficial Sentinela é o militar legalmente encarregado de guar-
de dia, Oficial de serviço ou Oficial de quarto, ou, ainda, dar, com ou sem arma, determinado lugar sob administra-
sentinela, vigia ou plantão.
ção militar, usando os acessórios que indiquem encontrar-
São formas qualificadas:
-se em serviço.
Se a violência é praticada com arma, a pena é aumen-
tada de um terço. O presente delito pode ser praticado por qualquer pes-
Se a violência resulta lesão corporal, aplica-se, além da soa.
pena da violência, a do crime contra a pessoa.
Se da violência resulta morte, a pena será de reclusão, 8. Reunião Ilícita
de 12 a 30 anos.
Quanto aos meios empregados pelo agente do delito, Art. 165 - Promover a reunião de militares, ou nela to-
o crime se apresenta com duas feições: cometido com mar parte, para discussão de ato de superior ou assunto
arma ou sem arma. atinente à disciplina militar:
Pena - detenção, de seis meses a um ano a quem pro-
Conforme decisão do TJM/RS, comete o crime descrito move a reunião, de dois a seis meses a quem dela parti-
no art. 158, § 3º, o militar que desfere, contra seu oficial de cipa, se o fato não constitui crime mais grave.
serviço, seis tiros de revólver, pelas costas, causando-lhe a
morte. A finalidade é a discussão de ato de superior ou assunto
atinente à disciplina militar.
5. Desrespeito a Superior Superior é o militar que, em virtude da função, exerce
autoridade sobre outro de igual posto ou graduação.
Art. 160 - Desrespeitar superior diante de outro militar:
Pena - detenções de três meses a um ano, se o fato não
constitui crime mais grave.
O desrespeito consiste na falta de consideração, de res- FIQUE ATENTO!
peito, de acatamento, praticada pelo subordinado na re- Não configura reunião ilícita ou qualquer ou-
lação com seu superior hierárquico, na presença de ou- tro fato típico quando a tropa deixa de cumprir
tro militar e desde que o fato não constitua crime mais operação militar sem ordem superior, impu-
grave. tando-se o fato ao comandante da tropa:
Conforme decisão do TJM/MG, o soldado que, com pa-
lavras insolentes e desdenhosas, desrespeita o cabo, na
presença de outros militares, fica incurso nas sanções do Art. 169. Determinar o comandante, sem ordem superior
artigo 160 do Código Penal Militar. e fora dos casos em que essa se dispensa, movimento de
O Parágrafo único do artigo em comento, traz circuns- tropa ou ação militar:
tância qualificadora, se o fato é praticado contra o co- Pena - reclusão, de três a cinco anos.
mandante da unidade a que pertence o agente, oficial
general, oficial de dia, de serviço ou de quarto, a pena é
aumentada da metade. CRIMES CONTRA O SERVIÇO E O DEVER MILITAR
6. Recusa de Obediência
1. Insubmissão
Art. 163 - Recusar obedecer à ordem do superior sobre
assunto ou matéria de serviço, ou relativamente a dever Art. 183 - Deixar de apresentar-se o convocado à in-
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

imposto em lei, regulamento ou instrução: corporação, dentro do prazo que lhe foi marcado, ou,
Pena - detenção, de um a dois anos se o fato não cons- apresentando-se, ausentar-se antes do ato oficial de in-
titui crime mais grave. corporação:
Pena - impedimento, de três meses a um ano.
A ordem que trata o presente artigo é a expressão da
vontade do superior dirigida a um ou mais subordinados O delito de insubmissão ocorre de duas formas: o alis-
determinados para que cumpram com uma prestação ou tado, após ter sido aprovado em todos os exames é con-
abstenção no interesse do serviço. Esta ordem deve ser im- vocado para o serviço militar e, não se apresenta na data
perativa, uma exigência para o subordinado; pessoal, diri- marcada, ou, apresenta-se e, antes de ter sido oficialmente
gida a um ou mais subordinados, descartando as ordens incorporado, se ausenta.
de caráter geral, que constitui transgressão disciplinar; e, Na mesma pena incorre quem, dispensado temporaria-
por fim, concreta, pois o cumprimento da ordem não deve mente da incorporação, deixa de se apresentar decorrido o
estar sujeito à apreciação do subordinado. prazo de licenciamento.

2
2. Criação ou Simulação de Incapacidade Física

Art. 184 - Criar ou simular incapacidade física, que inabilite o convocado para o serviço militar:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos.

A autolesão ou simulação dela, tem como objetivo específico fugir do serviço militar obrigatório, pune-se quando ocor-
re com a finalidade delituosa.

3. Deserção

Art. 187 - Ausentar-se militar, sem licença, da unidade em que serve, ou de lugar em que deve permanecer, por mais de
oito dias:
Pena - detenção, de seis meses a dois anos; se oficial, a pena é agravada.

Na mesma pena incorre o militar que:

I - não se apresenta no lugar designado, dentro de oito dias,, findo o prazo de trânsito ou férias;
II - deixa de se apresentar à autoridade competente, dentro do prazo de oito dias contado daquele em que termina ou
é cassada a licença ou agregação ou em que é declarado o estado de sítio ou de guerra;
III - tendo cumprido a pena, deixa de se apresentar dentro do prazo de oito dias;
IV- consegue exclusão do serviço ativo ou situação inatividade, criando ou simulando incapacidade.

A deserção é crime permanente e formal. Permanente porque a consumação se prolonga no tempo e somente cessa
quando o militar se apresenta ou é capturado. É formal porque se configura com a ausência pura e simples do militar, além
do prazo estabelecido em lei.
A deserção somente se consuma depois de transcorridos oito dias após a ausência do militar. Antes desse prazo não
haverá militar desertor e sim, militar ausente, que é definido como sanção disciplinar nos termos dos regulamentos de cada
força singular (Marinha, Exército e Aeronáutica) e das forças auxiliares (Polícia Militar e Bombeiro Militar).
A contagem do prazo de graça inicia-se no dia seguinte ao dia da verificação da ausência, enquanto o dia final é con-
tado por inteiro. Se, por exemplo, a ausência ocorreu no dia 13, inicia-se a contagem do prazo a zero hora do dia 14 e
consumar-se-á a deserção a partir de zero hora do dia 22.

NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

(FONTE: CARTILHA DO STM, 2013)

3
É considerado atenuante, se o agente se apresenta vo- O delito de embriaguez apresenta duas modalidades.
luntariamente dentro de oito dias após a consumação do A primeira o militar está em serviço e, nessa qualidade se
crime, a pena é diminuída de metade; e de um terço, se de embriaga. Caso ingira bebida alcoólica e não se embria-
mais de oito dias e até sessenta. gue, inexiste crime, assim como no caso de a embriaguez
E é considerado agravante especial se a deserção ocor- ocorrer fora do serviço, resolvendo-se nestas hipóteses
re em unidade estacionada em fronteira ou país estrangei- no âmbito disciplinar. A segunda modalidade, o militar se
ro, a pena é agravada de um terço. apresenta embriagado para prestar serviço para configurar
E, considera deserção especial: crime. Exige-se que o sujeito tenha ciência de que iniciaria
o serviço. É juridicamente impossível a tentativa.
Art. 190 - Deixar o militar de apresentar-se no momento É um crime propriamente militar por exigir a qualidade
da partida do navio ou aeronave, de que é tripulante, de militar do agente. Não tem correspondência na legisla-
ou da partida ou deslocamento da unidade ou força em ção penal comum. É crime contra o serviço militar e o dever
que serve. militar.
Pena - detenção, até três meses, se, após a partida ou Tutela o serviço e o dever militar. Crime de mão própria
deslocamento, se apresentar, dentro em vinte e quatro por não admitir concurso de pessoas. O sujeito ativo é a
horas, à autoridade militar do lugar, ou, na falta desta, instituição militar.
à autoridade policial, para ser comunicada a apresenta-
ção a comando militar da região, distrito ou zona. DORMIR EM SERVIÇO - ART. 203, DO COM
§ 1º - Se a apresentação se der dentro do prazo superior
a vinte e quatro horas e não excedente a cinco dias: Art. 203. Dormir o militar, quando em serviço, como
Pena - detenção, de dois a oito meses. oficial de quarto ou de ronda, ou em situação, ou, não
§ 2º - Se superior a cinco dias e não excedente a dez dias: sendo oficial, em serviço de sentinela, vigia, plantão às
Pena - detenção de três meses a um ano. máquinas, ao leme, de ronda ou em qualquer serviço de
§ 3º - Se tratar de oficial, a pena é agravada. natureza semelhante:
Pena - detenção, de três meses a um ano.
A deserção no momento da partida, denomina-se de-
Por ser crime contra o serviço militar e o dever militar,
serção instantânea porque decorre de ausência do militar,
a lei penal castrense pune o militar que é encontrado dor-
em determinado momento. Inexiste nessa espécie o prazo
mindo quando deveria estar alerta. Para não confundir com
de graça.
infrações ou transgressões disciplinares, a doutrina exige
que o fato demonstre a intenção de dormir, por exemplo,
ABANDONO DE POSTO - ART. 195, DO CPM
o militar alivia as peças de fardamento para ter conforto
e dormir, ou no caso de o militar deixar o local em que
Art. 195. Abandonar, sem ordem superior, o posto ou lu-
deveria permanecer e dormir em alojamento, mesmo que
gar de serviço que lhe tenha sido designado, ou a serviço próximo do posto de serviço.
que lhe cumpria, antes de terminá-lo: A doutrina ensina que o dormir é entendido como pe-
Pena - detenção, de três meses a um ano. gar no sono profundo de modo a não acordar facilmente. É
diferente cochilar, dormitar, que significa dormir levemen-
O abandono de posto é delito instantâneo, consuman- te.
do-se no exato momento em que o militar se afasta do Exige a vontade de dormir, o dolo. Fadiga, excesso de
local onde deveria permanecer. trabalho, ingestão de medicamento, afastam o dolo. Isso
significa que não há previsão deste crime na modalidade
Conforme decisão do Superior Tribunal Militar, confi- culposa. Juridicamente é impossível a tentativa.
gura-se o crime do art. 195, do CPM, o fato de o militar,
sem ordem superior, ausentar-se do posto, onde deveria
permanecer, em virtude de escala regular de serviço. O EXERCÍCIOS COMENTADOS
pouco tempo de vida militar e a primariedade do agente
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

não excluem a culpabilidade, tal a gravidade do crime, face 1. (PM-BA – SOLDADO DA POLÍCIA MILITAR – IBFC –
à segurança do quartel. 2017) Assinale a alternativa correta sobre a pena prevista
Crime militar próprio, pois é necessário que o sujeito para o crime de abandono de posto.
ativo seja militar da ativa. É crime de mão própria por não
admitir coautoria. O sujeito passivo é a instituição militar. a) Detenção, de seis meses a um ano diminuindo-se a pena
se o agente for oficial.
EMBRIAGUEZ EM SERVIÇO – ART. 202, DO COM b) Reclusão, de um a dois anos diminuindo-se a pena se a
agente exercia função de comando.
Art. 202. Embriagar-se o Militar, quando em serviço, ou c) Reclusão, de seis meses a um ano diminuindo-se a pena
apresentar-se embriagado para prestá-lo: se o agente é oficial.
Pena - detenção, de seis meses a dois anos. d) Reclusão, de um a dos anos diminuindo-se a peã se o
agente é oficial.
e) Detenção, de três meses a um ano.

4
Resposta: Letra E.
A pena cominada para o crime de abandono de posto DOS CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO
é de detenção, de três meses a um ano, sendo possível MILITAR: DESACATO A SUPERIOR. DESA-
verificar pela leitura do tipo penal que não há menção se CATO A MILITAR. DESOBEDIÊNCIA. PECU-
o fato é praticado por oficial ou comandante, também LATO. PECULATO-FURTO. CONCUSSÃO.
não apresenta qualificadoras ou causas de diminuição CORRUPÇÃO ATIVA. CORRUPÇÃO PASSI-
ou aumento de pena. VA. FALSIFICAÇÃO DE DOCUMENTO. FAL-
SIDADE IDEOLÓGICA. USO DE DOCUMEN-
2. (QT – QUADRO TÉCNICO DA MARINHA – MARINHA
TO FALSO. DOS CRIMES CONTRA O DEVER
DO BRASIL – 2014) Assinale a opção que NÃO correspon-
de a um Crime Contra o Serviço Militar e o Dever Militar,
FUNCIONAL: PREVARICAÇÃO.
previsto no Código Penal Militar.

a) Amotinamento. CRIMES CONTRA A ADMINISTRAÇÃO MILITAR


b) Insubmissão.
c) Deserção. 1. Desacato a Superior
d) Abandono de posto.
e) Embriaguez em serviço. Art. 298 - Desacatar superior, ofendendo-lhe a dignida-
de ou procurando deprimir-lhe a autoridade:
Resposta: Letra A. Pena - reclusão, até quatro anos, se o fato não constitui
O crime de embriaguez em serviço está contido no títu- crime mais grave.
lo “Abando de posto e outros crimes” no capítulo “dos
crimes contra o serviço militar e o dever militar”. Além É crime doloso devido à vontade livre e consciente de
de conhecer o tipo penal, deve-se identificar o que o proferir palavra ou praticar ato injurioso e, o especial fim
delito tutela. de agir está na finalidade de desprestigiar a autoridade do
superior hierárquico.
3. (PMMG – ASPIRANTE DA POLÍCIA MILITAR – PM-MG É crime militar próprio, sendo que exige do agente a
– 2016) condição especial de ser militar, mais que isso, de ser su-
Marque a alternativa CORRETA. Um militar que estando de bordinado da vítima.
serviço de sentinela no Quartel, posto fixo de observação Conforme decisão do TJM/MG, a utilização de palavras
avançada, em noite fria e chuvosa, após iniciar o serviço é de baixo calão, de desrespeito a superior hierárquico, ofen-
surpreendido por seu superior hierárquico, dentro do paiol dendo-lhe a dignidade diante de terceiros, deprimindo-lhe
de munição, afastado de seu posto, deitado e enrolado em a autoridade, caracteriza o crime de desacato a superior.
um espesso cobertor, à luz do Código Penal Militar (CPM), O Tribunal decidiu que comete o crime de desacato a
Decreto-Lei nº 1.001, de 21/10/1969, comente: superior, atentando contra a ordem administrativa militar,
o militar que, inconformado com as determinações rece-
a) Dormir em serviço, art. 203 do CPM. bidas, encara o superior, rogando-lhe palavras altamente
b) Descumprimento da missão, artigo 196 do CPM. ofensivas, em franco desafio à autoridade de que se acha
c) Abandono de posto, art. 195 do CPM. investido.
d) Recusa de obediência, art. 163 do CPM. A pena é agravada se o superior é oficial general ou
comandante da unidade a que pertence o agente.
Resposta: Letra A.
Narra-se o fato de o militar estar dormindo no momento 2. Desacato a Militar
em que deveria estar alerta. Verifica ainda que o militar
tem dolo, vontade de dormir, pelo fato de estar enrola- Art. 299 - Desacatar militar no exercício de função de
do em um espesso cobertor. Trata, portanto, de crime natureza militar ou em razão dela:
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

militar de dormir em serviço. Pena - detenção, de seis meses a dois anos, se o fato não
constitui outro crime.
Referências
ROSSETO, Enio Luiz. CPM Comentado. 2. ed. São Paulo: O agente ativo do delito pode ser qualquer pessoa,
Revista dos Tribunais, 2015. sendo necessário que este se encontre no exercício de fun-
NEVES, Cícero R. Coimbra. STREIFINGER, Marcello. Ma- ção militar ou que a ofensa se relacione com essa função.
nual de Direito Penal Militar. 2. ed. São Paulo: Saraiva, 2012.
NUCCI, Guilherme de Souza. CPM Comentado. 2. ed. 3. Desobediência
Rio de Janeiro: Forense, 2014.
Art. 301 - Desobedecer a ordem legal de autoridade mi-
litar.
Pena - detenção, até 6 meses.

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4. Ingresso Clandestino móveis, que se vale dessa função para receber vantagens
indevidas, facilitando ou dispensando exames, comete o
Art. 302 - Penetrar em fortaleza, quartel, estabelecimen- crime de corrupção passiva e são coautores aqueles que
to militar, navio, aeronave, hangar ou em outro lugar intermedeiam.
sujeito a administração militar, por onde seja defeso ou
não haja passagem regular, ou iludindo a vigilância de 7. Corrupção Ativa
sentinela ou de vigia.
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos, se o fato não Art. 309 - Dar, oferecer ou prometer dinheiro ou vanta-
constitui crime mais grave. gem indevida para a prática, omissão ou retardamento
de ato funcional:
5. Peculato Pena - reclusão, até oito anos.
Aumento de pena;
Parágrafo único - A pena é aumentada de um terço, se,
Art. 303 - Apropriar-se de dinheiro, valor ou qualquer
em razão da vantagem, dádiva ou promessa, é retardado
outro bem móvel, público ou particular, de que tem
ou omitido o ato, ou praticado com infração de dever fun-
posse ou detenção, em razão do cargo ou comissão, ou
cional.
desviá-lo em proveito próprio ou alheio:
Pena - reclusão de três a quinze anos. O sujeito ativo pode ser qualquer pessoa que, dá, ofe-
§1º - A pena aumenta um terço, se o objeto da apropria- rece ou promete dinheiro ou vantagem indevida. O servi-
ção ou desvio é de valor superior a vinte vezes o salário dor público, civil ou militar, também pode ser sujeito ativo,
mínimo. desde que esteja agindo como particular e despido de sua
qualidade funcional.
Primeiramente, protege-se a administração militar. Em O sujeito passivo, ao contrário do que se possa pensar,
segundo, e eventualmente, protege-se também o patrimô- não é o servidor público, mas, sim, a administração militar,
nio do particular, quando o objeto material lhe pertence. em favor da qual aquele opera na qualidade de seu agente.
O peculato somente pode ser praticado por funcionário Oferecer vantagem indevida a policial militar para que
público, militar ou civil. se omita quanto ao flagrante que presenciara caracteriza
o delito de corrupção ativa e ainda que o policial esteja
6. Corrupção Passiva fora de seu horário de trabalho e à paisana, pois, ao sur-
preender a prática de crime, age no cumprimento do dever
Art. 308 - Receber, para si ou para outrem, direta ou legal e nos limites de sua competência, conforme decisão
indiretamente, ainda que fora da função, ou antes de do TJSP.
assumi-la, mas em razão dela, vantagem indevida, ou
aceitar promessa de tal vantagem: 8. Falsificação de Documento
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
Aumento de pena. Art. 311 - Falsificar, no todo ou em parte, documento
§ 1º - a pena é aumentada de um terço, se, em conse- público ou particular, ou alterar documento verdadei-
quência da vantagem ou promessa, o agente retarda ro, desde que o fato atente contra a administração ou o
ou deixa de praticar qualquer ato de ofício ou o pratica serviço militar:
infringindo o dever funcional. Pena - sendo documento público, reclusão, de dois a seis
anos; sendo o documento particular, reclusão, até cinco
Diminuição de pena
anos.
§ 2º - se o agente prática, deixa de praticar ou retarda o
ato de ofício com infração de dever funcional, cedendo
A pena é agravada se o agente é oficial ou exerce fun-
a pedido ou influência de outrem.
ção em repartição militar.
Pena - detenção, de três meses a um ano.
Equipara-se a documento a, para os efeitos penais, o
disco fonográfico ou a fita ou fio de aparelho eletromag-
O sujeito ativo é o servidor, militar ou civil, que recebe
nético a que se incorpore declaração destinada à prova de
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

ou aceita a vantagem.
fato juridicamente relevante.
Para a consumação do crime não é imprescindível estar
O sujeito ativo pode ser tanto o militar quanto o civil,
o agente no exercício da função, já que a lei ressalva a hi-
desde que o fato atente contra as instituições militares.
pótese de a vantagem indevida ser recebida ainda que fora
O sujeito passivo é a administração militar.
da função, ou antes de assumi-la, mas sempre em razão
Para que configure o delito é imprescindível que a fal-
dela.
sificação seja idônea de iludir terceiro. Se é grosseira, per-
A corrupção passiva é delito formal, e consuma-se com
ceptível à primeira vista, inexiste o delito em face da ausên-
a simples solicitação, a não ser se esta é impossível de ser
cia de potencialidade lesiva do comportamento.
cumprida, ou seja, não esteja ao alcance da pessoa que é
O STM decidiu que pratica o crime de falsidade de do-
solicitada. Não admite tentativa.
cumento o militar que falsifica atestado médico com o ob-
O TJM/MG decidiu que militar, instrutor de auto escola
jetivo de conseguir prorrogação de licença para tratamento
em Unidade Militar, responsável pelo treinamento e exa-
de saúde.
mes de candidatos à habilitação para condução de auto-

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9. Falsidade Ideológica
EXERCÍCIOS COMENTADOS
Art. 312 - Omitir, em documento público ou particular,
declaração que dela devia constar, ou nele inserir ou fa- 1. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA –
zer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser UNB – CESPE – 2011)
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação Considere a seguinte situação hipotética.
ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante, O comandante de um batalhão do Exército, após a prisão
desde que o fato atente contra a administração militar de um suboficial por policiais civis, determinou a invasão
ou serviço militar: da delegacia de polícia, a fim de livrar o suboficial da cus-
Pena - reclusão, até cinco anos, se o documento é públi- tódia, considerada, por esse, como irregular. Apesar da de-
co; reclusão, até três anos, se o documento é particular. terminação do superior, não houve aquiescência da tropa,
que permaneceu aquartelada sem sujeição às ordens do
A falsidade documental pode ser de duas espécies: a comandante.
material e a ideológica. Aquela se revela no próprio docu- Nessa situação hipotética, a conduta do comandante ca-
mento, recaindo sobre elemento físico do papel escrito e racteriza a figura típica de movimentação ilegal de tropa e
verdadeiro. Esta não se revela em sinais exteriores da es- ação militar, sendo indiferente o cumprimento ou não da
crita, mas concerne ao conteúdo do documento. Na falsi- ordem emanada.
dade ideológica, inexistem rasuras, emendas, omissões ou
acréscimos, sendo falsa a ideia que o documento contém. ( ) CERTO ( ) ERRADO
O TJM/RS decidiu que policiais militares que, ao comu-
nicarem o encontro do veículo furtado, fazem constar, no Resposta: Certo.
boletim de ocorrência policial, que o veículo estava depe- O delito está contido no art. 169 do Código Penal Militar,
nado, valendo-se disso o proprietário do automóvel para que consiste em determinar o comandante, sem ordem
tentar fraudar a seguradora. superior e fora dos casos em que essa se dispensa, mo-
vimento de tropa ou ação militar, recai a imputabilidade
10. Prevaricação sobre o comandante da tropa.

Art. 319 - Retardar ou deixar de praticar, indevidamente, 2. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO – ÁREA JUDICIÁRIA –
ato de ofício, ou praticá-lo contra expressa disposição de UNB – CESPE – 2011)
lei, para satisfazer interesse ou sentimento pessoal: Sobre os crimes contra a administração pública, julgue os
Pena - detenção, de 6 meses a 2 anos. próximos itens.
I - Nos crimes de favorecimento pessoal e real, caso o
11. Condescendência Criminosa sujeito ativo seja ascendente ou descendente do cri-
minoso, fica isento de pena.
Art. 322 - Deixar de responsabilizar subordinado que II - A pessoa que exige para si vantagem a pretexto de
comete infração no exercício do cargo, ou, quando lhe influir em ato praticado por servidor público no exer-
falte competência, não levar o fato ao conhecimento da cício da função comete crime de tráfico de influên-
autoridade competente: cia. Caracteriza-se a exploração de prestígio quando
Pena - se o fato foi praticado por indulgência, detenção, a solicitação é feita a pretexto de influir, por exemplo,
até 6 meses; se por negligência, detenção até 3 meses. sobre juiz ou funcionário da justiça.
III - Caso o indivíduo X, servidor público, aceite dinheiro
oferecido pelo indivíduo Y para retardar o andamen-
FIQUE ATENTO! to de processo que tramita na vara onde X exerce
Há crimes que são praticados por particular suas funções, os dois deverão responder por corrup-
contra a administração militar e devem ter ção passiva, em concurso de pessoas.
atenção para não associar aos crimes contra a
administração militar, como é o caso do delito ( ) CERTO ( ) ERRADO
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

de tráfico de influência.
Resposta: Errado.
Art. 336. Obter para si ou para outrem, vantagem ou Favorecimento pessoal e real são crimes contra a admi-
promessa de vantagem, a pretexto de influir em militar nistração da justiça militar, e a isenção da pena é cabível
ou assemelhado ou funcionário de repartição militar, no quando quem presta o auxílio é ascendente, descenden-
exercício de função: te, cônjuge ou irmão do criminoso, somente no delito de
Pena - reclusão, até cinco anos. favorecimento pessoal.

7
7. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA –
UnB/CESPE – 2011)
HORA DE PRATICAR! Um adolescente com dezessete anos de idade que, convo-
cado ao serviço militar, após ser incorporado, praticar con-
1. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA – duta definida no CPM como crime de insubordinação pra-
UnB/CESPE – 2004) ticado contra superior será alcançável pela lei penal militar,
A legislação penal militar admite o uso, em situação es- a qual adotou, para os menores de dezoito e maiores de
pecial, de meios violentos por parte do comandante para dezesseis anos de idade, o sistema biopsicológico, em que o
compelir os subalternos a executar serviços e manobras reconhecimento da imputabilidade fica condicionado ao seu
urgentes, para evitar o desânimo, a desordem ou o saque. desenvolvimento psíquico.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

2. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA –


UnB/CESPE – 2004) 8. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA –
A embriaguez patológica recebe o mesmo tratamento que UnB/CESPE – 2004)
a embriaguez voluntária ou culposa no CPM, segundo o Se, no distrito da culpa de militar condenado, por crime
qual ambas isentam de pena o agente, por não possuir esta militar, ao cumprimento de pena privativa de liberdade de
consciência no momento da prática do crime. oito anos de reclusão, não houver penitenciária militar, a
execução da pena deverá ocorrer em estabelecimento civil
( ) CERTO ( ) ERRADO comum, ficando a sua execução a cargo do juízo de execu-
ções penais, sob a égide da legislação penal comum.
3. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA –
UnB/CESPE – 2004) ( ) CERTO ( ) ERRADO
É inimputável o agente que pratica o fato criminoso sem ca-
pacidade de entendimento e sem determinação, em razão de 9. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA –
doença mental, desenvolvimento mental incompleto ou retar- UnB/CESPE – 2004)
dado. Considere que decisão do conselho de justiça substitua a
pena privativa de liberdade imposta na sentença conde-
( ) CERTO ( ) ERRADO natória por tratamento ambulatorial, não obstante o réu
ter permanecido preso por sessenta dias e cumprido inte-
4. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA – gralmente a pena anteriormente fixada. Nessa situação, é
UnB/CESPE – 2004) incabível a decisão do conselho de justiça, mesmo diante
O CPM, ao estabelecer que aquele que, de qualquer modo, de incontestável demonstração da periculosidade do réu.
concorrer para o crime incidirá nas penas a este comina-
das, adotou, em matéria de concurso de agentes, a teoria ( ) CERTO ( ) ERRADO
monista.
10. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA
( ) CERTO ( ) ERRADO – UnB/CESPE – 2004)
Nos termos das disposições gerais do CPM, é cabível para
os crimes militares a cominação das penas privativas de li-
5. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA – berdade, restritivas de direitos e de multa, conforme tam-
UnB/CESPE – 2004) bém prevê o Código Penal comum.
O CPM estabelece que não se comunicam as condições ou
circunstâncias de caráter pessoal, exceto quando elemen- ( ) CERTO ( ) ERRADO
tares do crime, o que significa dizer que responde por cri-
me comum a pessoa civil que, juntamente com um militar,
NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

cometa, por exemplo, crime de peculato tipificado no CPM. 11. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA
– UnB/CESPE – 2004)
( ) CERTO ( ) ERRADO Considere que um militar em atividade se ausente de sua
unidade por período superior a quinze dias, sem a devida
autorização, sendo que, no decorrer de sua ausência, lei
6. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA – nova, mais severa e redefinindo o crime de deserção, en-
UnB/CESPE – 2004) tre em vigor. Nessa situação, será aplicada a lei referente
O CPM, ao adotar o princípio da participação de menor ao momento da conduta de se ausentar sem autorização,
importância, estabeleceu uma exceção à teoria monista do porquanto o COM determina o tempo do crime de acordo
concurso de agentes. com a teoria da atividade.

( ) CERTO ( ) ERRADO ( ) CERTO ( ) ERRADO

8
12. (STM – ANALISTA JUDICIÁRIO/ÁREA – JUDICIÁRIA
– UnB/CESPE – 2011) ANOTAÇÕES
A prescrição da ação penal militar, de regra, regula-se pelo
máximo da pena privativa de liberdade cominada ao crime,
possuindo natureza jurídica de causa extintiva da punibili- ___________________________________________________
dade. Entretanto, no crime de deserção, o sistema do CPM
configura duas hipóteses para a questão da prescrição, ora ___________________________________________________
aplicando a norma geral, ora estabelecendo norma espe-
___________________________________________________
cial, previstas igualmente no estatuto castrense.
___________________________________________________
( ) CERTO ( ) ERRADO
___________________________________________________

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GABARITO ___________________________________________________

1 CERTO ___________________________________________________
2 ERRADO ___________________________________________________
3 CERTO
___________________________________________________
4 CERTO
___________________________________________________
5 ERRADO
6 CERTO ___________________________________________________
7 CERTO ___________________________________________________
8 ERRADO
___________________________________________________
9 CERTO
10 CERTO ___________________________________________________
11 ERRADO ___________________________________________________
12 CERTO ___________________________________________________

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NOÇÕES DE DIREITO PENAL MILITAR

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ANOTAÇÕES

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