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Prisional
Disciplina: Perspectivas do direito penal e justiça restaurativa
Professor: Dr. Rômulo Palitot
Mestrando: Bruno Vieira de Oliveira Lavôr
Cenário prisional precursor do
pensamento privatizante
◦ Superlotação (encarceramento em massa)
◦ Más condições dos presídios (falta de higiene, má alimentação, saúde precária,
etc)
◦ Violação de direitos humanos (torturas, maus-tratos, abusos sexuais)
◦ Rebeliões, motins e violência
◦ Organizações criminosas controlando a massa carcerária
Cenário prisional precursor do
pensamento privatizante
◦ Populismo criminológico (clamor popular por mais repressão para combater a
insegurança)
◦ Repercussão midiática (medo generalizado)
◦ Alto custo per capita para manutenção dos presos
◦ Falta de interesse do Estado em investir em políticas públicas relacionadas à
execução da pena
◦ Baixo índice de ressocialização (estigma de ex-detento)
Estado de Coisas Inconstitucional
◦ STF. Plenário. ADPF 347 MC/DF, Rel. Min. Marco Aurélio, julgado em 9/9/2015
(Info 798);
◦ O Estado de Coisas Inconstitucional ocorre quando....
• verifica-se a existência de um quadro de violação generalizada e sistêmica de
direitos fundamentais,
• causado pela inércia ou incapacidade reiterada e persistente das autoridades
públicas em modificar tal conjuntura,
• de modo que apenas transformações estruturais da atuação do Poder Público e a
atuação de uma pluralidade de autoridades podem modificar a situação
inconstitucional .
Estado de Coisas Inconstitucional
◦ O STF reconheceu que o sistema penitenciário brasileiro vive um "Estado de Coisas
Inconstitucional", com uma violação generalizada de direitos fundamentais dos
presos;
◦ Penas cruéis e desumanas (dupla penalização);
◦ A responsabilidade por essa situação deve ser atribuída aos três Poderes (Legislativo,
Executivo e Judiciário), tanto da União como dos Estados-Membros e do Distrito
Federal;
◦ A ausência de medidas legislativas, administrativas e orçamentárias eficazes
representa uma verdadeira "falha estrutural" que gera ofensa aos direitos dos presos,
além da perpetuação e do agravamento da situação;
◦ Assim, cabe ao STF o papel de retirar os demais poderes da inércia, coordenar ações
visando a resolver o problema e monitorar os resultados alcançados
LEVANTAMENTO DO DEPARTAMENTO PENITENCIÁRIO
NACIONAL - 11º CICLO – INFOPEN
jul-dez 2021
“As prisões privadas tiveram papel importante durante um período difícil, mas o tempo
mostrou que elas têm desempenho inferior se comparadas às nossas instalações -
administradas pelo governo. Os presídios privados não oferecem o mesmo nível de
serviços correcionais, programas e recursos, não apresentam redução significativa de
custos e não mantêm o mesmo nível de segurança e proteção” (Sally Yates,
subsecretária de Justiça)
(...)
(...)
É possível a privatização total do sistema
prisional brasileiro?
◦ Obstáculo constitucional e legal:
- Diante do caráter jurisdicional da atividade de execução da pena estabelecido pela
LEP, seria inconstitucional a delegação da jurisdição e do poder punitivo ao setor
privado;
- A CF garante a inafastabilidade da jurisdição, veda juízo ou tribunal de exceção e
prevê que somente a autoridade competente é capaz de processar e sentenciar uma
pessoa (art. 5º, XXXV, XXXVII e LIII);
- A segurança pública é dever do Estado (art. 144 da CF), o que obsta a delegação, ainda
que indiretamente, do núcleo essencial dos serviços correlacionados à segurança no
sistema prisional.
É possível a privatização total do sistema
prisional brasileiro?
◦ Obstáculo ético: é antiético uma empresa privada lucrar com o sofrimento alheio,
sendo imoral a privatização das prisões, vez que privilegia o lucro em detrimento dos
interesses e do bem-estar dos reclusos (mercantilização do preso). Assim, a única
coação moralmente válida seria aquela imposta pelo Estado através da execução de
penas;