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Minicurso Gratuito – CEI – 21 de novembro de 2022

A execução penal na jurisprudência e perspectivas para o sistema


prisional

18h30 – Patrick Cacicedo – “A atuação da defesa na execução penal e a jurisprudência”


19h – Priscilla Placha Sá – “Um olhar sobre o encarceramento feminino no Brasil
19h30 – Valdirene Daufemback – “Perspectivas para o sistema prisional brasileiro e os desafios
de gestão”
20h – Caio Paiva – “Direitos humanos das pessoas presas e a nova opinião consultiva da Corte
Interamericana” Mediação da mesa – André Giamberardino

1) Priscilla Placha Sá – “Um olhar sobre o encarceramento feminino no Brasil

• Perspectiva de gênero
• Levantamento penitenciário em relação às mulheres em situação da prisão.
• Não abrange o âmbito da LGBTQUIA; apenas perspectiva da cisgênero
• Dados consolidados em 2015 pela 1ª vez, relativos até o ano de 2014 – população feminina
da prisão – demonstrou o aumento vertiginoso da população carcerária de mulheres – Brasil
oscilando em 4º lugar (China, EUA e Rússia)
• INFOPEN mulheres de 2015 – lei de drogas (política dual: usuário; política da redução de
danos; traficante; política norte-americana de guerra às drogas)
• 3 delitos respondem pela maioria da população carcerária masculina: roubo, furto e drogas
– 71% para os três
• População feminina: 70% só de lei de drogas (tráfico)
• Letalidade envolvendo agentes públicos – criminologia já estuda – a guerra às drogas é
muito mais letal do que o próprio comércio de drogas
• Mapa da violência: letalidade significativa de 60 a 62 homicídios por ano envolvendo um
grupo social muito parecido com a população masculina carcerária
• Mulheres – pós lei de drogas: salta de 9000 mulheres para aproximadamente 35000
mulheres – seja pelo envolvimento pretérito afetiva, por parentalidade, companheirismo ou
por dívida
• A prisão foi feita por homens para homens
• O tarefa de cuidar é exclusivamente do mundo feminino – maternidade e lactação
• Presos que menstruam – leitura interessante
• HCs coletivos:
• HC 143641 STF – relator Lewandvsk discutiu e debateu a possibilidade do âmbito de justiça
brasileira internalizasse em suas decisões o regamento internacional das regras de Bangcock –
regras específicas para mulheres – protagonismo do próprio Brasil em sua feitura, mas careceu
de internalização; estabeleceu a possibilidade de prisão domiciliar para gestantes puerperas e
lactantes e q tenham sob sua responsabilidade, pessoas de até 12 anos ou com deficiência
• Superveniência do Marco legal da 1ª infância – instrumento próximo a edição das Regras
de Bangcock
• HC 165704 STF (DPU) – perspectiva do exercício da parentalidade, abrangendo pais e
responsáveis
• Regra de observância de DH: seria desnecessário comprovar o referido exercício
• População LGBTQUIA: 1º lugar na letalidade desse púbico – medida cautelar em tramite no
STF tentando fazer valer os Princípios de Yogiakarta
• Opinião consultiva – pessoas em especial vulnerabilidade de pessoas em situação de prisão
(29/22)

2) Patrick Cacicedo – “A atuação da defesa na execução penal e a jurisprudência”

• Movimento jurisprudencial, em especial no STJ na matéria criminal, que vem mudando a


perspectiva, após anos de decisões anti-garantistas, a matéria.
• Esse movimento tem mérito de alguns ministros, mas se insere em um âmbito mais
complexo.
• Essas alterações foram fruto de movimentos estratégicos que tem em comum um fator, o
qual consiste em trazer as dores/injustiças/ a materialidade das mazelas do sistema legal
criminal (prefere esse termo do q sistema de justiça criminal)
• Não se trata de meras disputas de interpretações da lei; de mera adoção de posição
jurídica; mera opção de interpretação;
• Elas na verdade são frutos de lutas no campo jurídico que se fizeram por meio de levar o
resultado das injustiças penais para os tribunais; Não se tratou de pegar um papel e se
convenceu pela opinião A…
• Atuações estratégicas de levar as mazelas do sistema penal para os tribunais, o q se tornou
exitoso. Por exemplo, o movimento jurisprudencial no caso do reconhecimento, o qual por
décadas e décadas não sofria nenhuma interpretação mais garantista ou consentânea com os
direitos fundamentais;
• O movimento levou uma sucessão de casos de gritantes injustiças não só para os tribunais,
mas para a opinião pública; Art. 226 do CPP; Injustiças que destruíram vidas em razão de
reconhecimentos realizados em desconsideração à norma legal;
• Colocar na mesa dos ministros se eles continuariam a legitimar decisões injustas, fundadas
em razões racistas; se essas interpretações continuariam a destruir vidas humanas;
• Da mesma forma, outras decisões foram sendo tomadas nesse ponto comum de trazer as
mazelas
• Outra virada jurisprudencial é a questão da abordagem q deixava escancarada a prática
racista das polícias e corroboradas pelos profissionais da justiça; viés racista do sistema penal;
• Ex: guardas municipais relacionadas às abordagens
• Ex: prisão domiciliar das mães; estender a regra do CPP tmbm para a execução penal das
condenadas; ou seja, trazemos a materialidade da prisão e o destino de uma criança nas mãos
dos ministros; consequências materiais e não idealistas;
• Ex: Corte IDH e as condições do encarceramento; contagem das penas no Instituto Plácido
de Sá Carvalho; consequências de se impor uma pena cruel e degradante (a qual nem deveria
existir); contagem em dobro da pena
• Movimento mais marcante no campo do processo penal e começa a encaminhar para
aexecução penal, campo que representa a maior violação de DH que se tem notícia (as
prisões)
• A DPE atua na execução penal quase de forma exclusiva, notadamente em razão das
entradas nas prisões e nos deveres de inspecionar os presídios e trazer a materialidade para os
debates jurídicos, gerando nesse intercambio jurisprudencial
• Falta de vagas no semi-aberto e no ponto de vista concreto não se consegue resolver; ou
seja, é preciso lutar estrategicamente até quando tem decisão favorável; porque tambm não
traz a contagem em dobro tmbm para os casos que ultrapassam os dias de alteração dos
regimes (situação de ilegalidade)
• Exame criminológico: os tribunais legitimam algo tãio absurdo e autoritário q os são;
naturalizam
• Faltas disciplinares e consequências tmbm naturalizadas e que muitas vezes são mais
graves q as consequências do próprio crime
• A naturalização da inobservância dos direitos, a exemplo dos atrasos dos pedidos da JEP
• Prisão mediante tortura convertida em prisão preventiva (inconcebível que se mantenha)
• Esses últimos pontos precisam adentrar nesse movimento de materialização das mazelas e
a execução penal tem q pegar esse bonde capitaneado pelo processo penal

3) Valdirene Daufemback – “Perspectivas para o sistema prisional brasileiro e os


desafios de gestão”

• Gestão da política pública de punição


• Infopen ou Sidepen: em 1990, 90 mil pessoas presas; 2020, 700 mil presos; crescimento
de 531%- o que tmbm deveria ter crescido 500% em custeio, servidores; em 1990 a política
pública era mais equacionável do q em 2020
• Até 2016: 4º lugar, em seguida ultrapassamos a Rússia e ficamos em 3º, atrás da China e
EUA
• Os estabelecimentos prisionais em 21 anos teve um aumento de 350% de vagas, mas a
qualidade…
• Quadro de superlotação – governo: necessidade de aumentar vagas; Mas será que é só
isso? Questiona-se o uso da PPL;
• Ideias que não ajudaram a reverter esse cenário – Lei de Drogas – distinção entre usuários
e traficantes – aumento da pena do trafico; a partir de 2006 essa curva aumento demais;
• Dinâmicas sociais e culturais na cidade; o usuário incomoda o comerciante, o morador, o
transeunte e a necessidade de tirá-lo de circulação os levou ao cárcere como traficantes
• Ideias que não ajudaram a reverter esse cenário: lei de medidas cautelares; PRD;
monitaração eletrônica; mentalidade punitiva, classista e racista faz com q a malha punitiva só
cresça
• Cultura de punição do populismo penal legislativo: justificativa simplória, irrazoável;
motivados por caso concreto como forma de projeção legislativa
• Como o executivo gere essa punição? Essa ação da gestão da punição ficou muito tempo
sem nome; a 1ª casa de correção é de 1850; por um tempo a igreja se responsabilizou por
convento de mulheres criminosas; república – disputa de saberes entre o sistema de justiça
(judiciário), mas delega pra justiça a sua legalização; judiciário garantista e legal, polícia
punitivista e repressiva
• Política penal: conjunto de serviços penais executados pelos servidores, desde a porta de
entrada (audiência de custódia) até a gestão de saída, voltado pro sujeito e prevenção geral
(segurança social)
• Soluções:
• Numerus clausus (ROIG)
• Justiça restaurativa
• Responsabilidade legislativa para a matéria criminal – mais tempo de pessoas na prisão
representa mais custo pro Estado; PAC aumentou demanda de vagas e custeio

4) Caio Paiva – “Direitos humanos das pessoas presas e a nova opinião consultiva da
Corte Interamericana” Mediação da mesa – André Giamberardino

• Orientação Consultiva – OC nº 29/22 – Pessoas privas de liberdade – Corte IDH


• A opinião consultiva realiza uma espécie de controle de convencionalidade preventivo –
estabelece parâmetros importantes para que os atores de justiça criminal reorientem suas
atividades para os parâmetros a serem adotados;
• Tribunal europeu (46 juízes, permanente; a vítima pode processar diretamente sem passar
por nenhuma instituição como a CIDH) tem uma jurisprudencia mais extensa do q a Corte IDH
(7 juízes; períodos de funcionamento; CIDH faz uma filtragem de casos q levará à corte)
• Atuações marcantes de amicus curiaes
• A OC traz vários vulneráveis não só os abaixo;
• a) Finalidade da pena de prisão: Foto 1 – Finalidade essencial da PPL: reforma e
readaptação social dos condenados – limitar a atuação punitiva dos estados
• para a CORTE……
• a execução…
• interdependencia entre os direitos civis e politicos e os sociais
• b) Igualdade e não discriminação, enfoque diferenciado e interseccionalidade: (jus
cogens – norma imperativa, o Estado não precisa internalizar o tratado – costume
internacional qualificado, não admitem o Estado objetos persistente; Estado objetor
persistente – se opõe a um costume e esse costume não pode ser imposto ao Estado, sós
costumes internacionais admitem)
• Interseccionalidade: multiplicidade de fatores de vulnerabilidades; a prisão de uma mulher
nem sempre terá o mesmo impacto de uma mulher negra; a prisão de um homem não terá o
mesmo impacto que um homem gay; a prisão de uma mulher negra não terá o mesmo
impacto de uma mulher negra com deficiência; Daí o Estado deve planejar e executar políticas
públicas específicas
• é preciso……
• ONU criada em 11945; em 1955 – Regras mínimas para tratamento de prisioneiros – uma
das primeiras preocupações da ONU os DH das pessoas privadas de liberdade; tmbm no
sistema europeu, lá tmbm tem violação de DH e até mais graves (admissão de prisão
perpétua)
• Sempre que se falar em um DH deve se lembrar das pessoas presas – pessoas em
condições precárias saem embrutecidas – desumanização completa – quanto mais violações,
mais nascem organizações/facções criminosas – quanto mais facções, mais violência urbana –
direitos sociais na prisão são obrigatórios – direito à alimentação adequada
• Estado como garante – responsabilidade estatal
• c) Mulheres privadas de liberdade: não entende como um bebê pode ser criado na
prisão; ausência de recorte da perspectiva de gênero q leva a uma prisão exarcebada de
mulheres; Ex: HC coletivo da prisão domiciliar de mulheres – crítica discriminatória das
pessoas “vai engravidar só pra sair” – o homem está inserido em um contexto fora do lar –
tráfico de drogas da mulher dentro de casa: pequenos atos, porta de sobrevivência
• Dar à luz algemada é uma crueldade sem tamanho
• STJ não permitia cri/ad de visitar os pais na prisão, mas internação é prisão; STF divergiu e
disse q se adimte internação de adolescente não tem porque não permitir a visita aos pais
• d) LGBTI privados(as) de liberdade:

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