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DIREITO PENAL I

Prof. Maurilo Miranda Sobral Neto


maurilosobral@gmail.com
DIREITO PENAL I
• Noções Introdutórias
• Ações  Conflitos Sociais  Que se resolvem de forma
comum (Institucionalizada).

Obs: Mas essas ações quando pensadas de forma isoladas,


possuem significados sociais distintos.
DIREITO PENAL I

O delito não existe sociologicamente se


dispensarmos da solução institucional
comum.
SP: mulher que roubou pote de manteiga é
condenada

“A Justiça condenou a empregada doméstica Angélica Aparecida Souza, 19 anos, a quatro anos de
prisão em regime semi-aberto por ter tentado roubar um pote de manteiga no dia 16 de novembro de
2005, no Jardim Maia, em São Paulo.

De acordo com o jornal Diário de S.Paulo, ela afirmou que o ato foi causado por desespero, porque ela
não aguentava ver o filho de 2 anos passar fome. Angélica entrou no mercado e foi surpreendida pelo
dono, Dadiel de Aráujo, com o pote de 200 gramas de manteiga escondida no boné.
A polícia foi acionada e Angélica passou 128 dias na cadeia de Pinheiros. Seu advogado, Nilton José de
Paula, pediu liberdade provisória por quatro vezes, mas todas foram negadas. Ele recorreu ao Supremo
Tribunal de Justiça, alegando que sua cliente não tinha antecedentes. Depois de quatro meses, Angélica
foi libertada. Mas agora, foi condenada a cumprir pena em regime semi-aberto.”
SELETIVIDADE
SELETIVIDADE
Perfil de Adolescentes a partir do Recorte
Racial na FUNASE.
Caso de Rafael Braga
A via punitiva é a única forma de solução de
conflitos?

• “ações conflitivas de gravidade e significado social muito diversos se resolvem por


via punitiva institucionalizada, mas nem todos os que a realizam sofrem essa
solução, e sim unicamente uma ação, e sim unicamente uma minoria ínfima deles,
depois de um processo de seleção que quase sempre seleciona os mais pobres;
outras ações conflitivas se resolvem por outras vias institucionalizadas e outras
carecem de solução institucional; a solução punitiva (eliminatória ou retributiva) é
somente uma alternativa que exclui a possibilidade das outras formas de resolver
os conflitos ( reparatória, terapêutica, conciliatória). Como se não bastasse isso, as
ações que abrem a possibilidade de solução penal de maior gravidade são
cometidas pelos próprios Estados que institucionalizam tais soluções.”
(ZAFFARONI, 2012)
• Nestas condições, têm-se total impressão de que “ o delito” é uma construção
destinada a cumprir certa função sobre algumas pessoas e acerca de outras, e
não uma realidade social individualizável. “
CONTROLE SOCIAL - SISTEMA PENAL –
DIREITO PENAL
A via punitiva é a única forma de solução de conflitos?

Como a gente pode compreender o controle social:

• Controle social: difuso (meios de massa, medicina, educação)

• Institucionalizado - não punitivo


• Punitivo – formalmente não punitivo ou com discurso não punitivo ( práticas
psiquiátricas, institucionalização de velhos)
• Realmente punitivo – formalmente punitivo ou com discurso punitivo ( sistema
penal)
SISTEMA PENAL

Conceito: “Chamamos “sistema penal” ao controle social punitivo


institucionalizado, que na prática abarca a partir de quando se detecta ou
supõe detectar-se uma suspeita de delito até que se impõe e executa uma
pena, pressupondo uma atividade normativa que cria a lei que institucionaliza
o procedimento, a atuação dos funcionários e define os casos e condições para
esta atuação.” ( ZAFFARONI; PIERANGELI, 2013)
SISTEMA PENAL

• A estrutura básica de grupos que compõem o Sistema Penal: O policial,


Judicial e o Executivo.
Os discursos do Sistema
Penal
•Discurso Judicial -> Retribuição e
Ressocialização.
•E o discurso criminológico crítico?
O discurso do Sistema Penal
• Nesse sentido um ponto comum que prevalece nesses discursos é que os discursos tradicionais
discursos jurídicos, criminológico, policial, penitenciário, judicial e político proclamam o fim e a
função preventiva do sistema penal. Isto pode ser entendido de dois sentidos: o sistema penal teria
uma função preventiva tanto “especial” como “geral”, isto é, por um lado buscaria a “ressocialização”
do apenado, e por outro, advertiria aos demais sobre a inconveniência de imitar o delinquente.
• A criminologia ( que é a ciência que estuda os discursos criminais) sobretudo uma criminologia dotada
e caráter crítico que é um ramo da criminologia chamada de criminologia crítica, no que diz respeito
ao primeiro, nos últimos anos se tem posto em evidência que os sistema penais, em lugar de
“prevenir” futuras condutas delitivas, se convertem em condicionantes de ditas condutas, ou seja, de
verdadeiras ‘carreiras criminais”. Becker e outros autores descreveram a forma em que opera o
etiquetamento do labelling, como se produz uma “ profecia que se auto-realiza”, como se amplia o
âmbito da violência mediante a segregação que reforça a assunção de um “rol desviado”, por parte de
pessoas com personalidade geralmente lábil 9ª auto-identidade desviada), como a segregação
institucional gera o fenômeno de prisionização e despersonalização, como o processo de
marginalização costumar iniciar-se na própria infância e projetar-se até o futuro, como a
criminalização limita as possibilidades laborais.
• Assim, está visto que não limita muito as possibilidades laborais de certos profissionais condenados,
mas limita muito a de outras pessoas. Há uma clara demonstração de que não somos todos
igualmente “vulneráveis” ao sistema penal, que costuma orientar-se por “estereótipos” que recolhem
os caracteres dos setores marginalizados e humildes, que a criminalização gera fenômeno de rejeição
do etiquetado como também daquele que se solidariza ou contata com ele, de forma que a
segregação se mantém na sociedade livre. A posterior perseguição por parte das autoridades com rol
de suspeitos permamententes, incrementa a estigmatização social do criminalizado.
Realidade do Sistema Carcerário
Mais de 180 presos aguardam em delegacias ou
carros da polícia na Região Metropolitana de
Porto Alegre
• Mais de 180 presos estão em delegacias ou aguardam vagas em penitenciárias dentro de
carros da polícia em Porto Alegre e na Região Metropolitana. Segundo o diretor do
Departamento de Polícia Metropolitana (DPM), Fábio Motta Lopes, a situação mais crítica
ocorre em Canoas, onde estão 60 presos. Na sexta-feira (14), 72 pessoas estavam no
local.
• O levantamento, segundo Motta, é do começo da tarde deste sábado (15). Entretanto, a
situação não mudou durante a tarde porque, conforme o delegado, não há serviço de
plantão para transferência de presos. "Pode até ter se agravado.“Em Porto Alegre, há 16
presos em duas delegacias de Pronto Atendimento (DPPAs). Do total, 10 estão na 2ª DPPA,
que fica no Palácio da Polícia, onde se concentra a chefia da Polícia Civil.
• Em Gravataí há 35 presos, enquanto em São Leopoldo estão 20 apenados (veja lista
completa abaixo).
• O diretor do DPM observa que, além dos 183 presos em delegacias ou viaturas, há 86
pessoas no Instituto Pio Buck, para onde foram levados os apenados que estavam
no Trovão Azul, desativado no final de maio.
• A situação vem sendo recorrente na Região Metropolitana, devido à superlotação do
sistema carcerário. (Jornal O Globo, 15/07/2017)
Superlotação

• O sistema prisional do estado de Pernambuco é o mais superlotado do Brasil, de acordo com o


Ministério da Justiça.1 Em agosto de 2015, o sistema abrigava quase 32 mil presos em
instalações projetadas para cerca de 10.500.2 A realidade é ainda pior do que o indicado pelos
números oficiais. Dois diretores de presídio disseram à Human Rights Watch que, em ao menos
duas prisões, as autoridades contabilizam leitos improvisados pelos detentos como vagas
oficiais.3 No Presídio de Iguarassu, mesmo contando-se esses leitos improvisados, as
autoridades reconhecem que há menos de uma vaga disponível para cada sete presos.4 De
acordo com o direito internacional e a legislação brasileira, presos provisórios devem ser
mantidos em espaços separados de presos condenados,5 mas, em Pernambuco, todos
permanecem juntos. Os presos são mantidos em pavilhões, que consistem normalmente de
vários conjuntos de celas e um pátio com portões, cercados pelos muros externos da prisão. As
celas dentro de cada pavilhão não são trancadas e algumas não possuem nem mesmo porta.
Superlotação

• Em uma das celas sem janelas da ala de "castigo e espera" do Presídio Juiz Antônio Luiz L. de Barros
(PJALLB), no Curado, não havia nenhum leito; à época da visita da Human Rights Watch, todos os 37 presos
que ali estavam dormiam no chão, sem colchões.8 Alguns permanecem nessas condições por mais de dois
meses, de acordo com representante da Ouvidoria da Secretaria de Justiça e Direitos Humanos do estado.9
Em outra cela da ala disciplinar do PAMFA há 6 leitos de cimento para 60 pessoas. Os presos naquela cela,
sem camisas por conta do intenso calor e umidade, vivem espremidos em meio de um cheiro insuportável
de suor, fezes e mofo. A maioria dorme no chão duro. Alguns dormem em redes, armadas umas por cima
das outras, até mesmo por cima do único vaso sanitário. Um dos presos, que tem de dormir sentado por
falta de espaço no chão, se amarra às barras das grades para não cair sobre os outros, relataram presos à
Human Rights Watch. Alguns deles disseram estar vivendo naquela cela, naquelas condições, por dois anos.
Em 01 de setembro de 2015, aquela mesma cela abrigava mais de cem homens, de acordo com uma ONG
local que a visitou naquela data.” (Human Rights Watch)
E o Direito Penal?

• 1) o conjunto de leis penais, isto é, a legislação penal;

• 2) 2) o sistema de interpretação desta legislação, isto é o saber penal;


Direito Penal

• O direito penal apresenta-se, por um lado, como um conjunto de normas jurídicas que tem
por objeto a determinação de infrações de natureza penal e suas sanções correspondentes
– penas e medidas de segurança. Por outro lado, apresenta-se como um conjunto de
valorações e princípios que orientam a própria aplicação e interpretação das normas penais.
Esse conjunto de normas, valores e princípios, devidamente sistematizados tem a
finalidade de tornar possível a convivência humana, ganhando aplicação prática nos casos
correntes, observando rigorosos princípios de justiça. Com esse sentido, recebem também
a denominação de Ciência Pena, desempenhando igualmente uma função criadora,
liberando-se das amarras do texto legal ou da dita vontade estática do legislador, assumindo
seu verdadeiro papel, reconhecidamente valorativo e essencialmente crítico, no contexto
da modernidade jurídica.
DIREITO PENAL

•Denominação? Direito Penal ou


Direito Criminal?
DIREITO PENAL

Objeto do Direito???
DIREITO PENAL

Qual o domínio do direito penal?


Público ou privado?
A missão X realidade do Sistema Penal

• Segundo a Dogmática: A missão do direito penal defender (a sociedade),


protegendo ( bens, ou valores, ou interesses), garantindo ( a segurança
jurídica ou a confiabilidade nela) ou Confirmando ( a validade das normas);
ser-lhe-à percebido o cunho propulsor, e a mais modesta de suas
virtualidades estará em resolver casos.
• O fins são de PENA -> SOCIEDADE.
DIREITO PENAL
• FONTES do Direito Penal.

• Espécies:
• A) De produção material ou substancial. (Art.22,I)
• B) Formal, de cognição ou de conhecimento:
• B.1) Imediata ------------------------------------- Leis : B.1.a - Leis Incriminadoras
• ----------------------------------------------------------------B.1.b – Leis Não Incriminadoras
• ----------------------------------------------------------------B.1.c – Leis Não Incriminadoras Permissivas
• ----------------------------------------------------------B.1.d – Leis não Incriminadoras Finais (Interpretativa)
• ----------------------------------------------------------B.1.d – Leis não incriminadoras Exculpantes
• B.2) Mediata:
• - Costumes
• - Princípios Gerais
• - Analogia****
LEI PENAL

• CARACTERÍSTICAS DA Lei Penal:


• exclusividade, anterioridade, imperatividade, generalidade, impessoalidade
LEI PENAL

• A Lei Penal: Completa e Incompleta!


Formas de Procedimento Interpretativo

• FORMAS DE PROCEDIMENTO INTERPRETATIVO



• Equidade: são postulados éticos que o juiz deve procurar a solução mais justa. Somente sendo permitido seu uso, quando
omissa a lei.

• Doutrina: é a atividade que os especialistas estudam, pesquisam e interpretam e comentam o direito.

• Jurisprudência: é a reiteração de decisões judiciais, interpretando as normas jurídicas e dando-lhes uniformidade de seu
entendimento.

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