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Parnaíba
2022
1. A AUDIÊNCIA DE CUSTÓDIA
1.1-CONCEITO E PROCEDIMENTO
É importante ressaltar que neste momento não será avaliado o mérito, e toda e
qualquer pergunta que tenha em vista a produção de prova de mérito deverá ser
indeferida.
É sabido que, na Constituição Federal em seu artigo 5º incisos LXV e LXVI existe
a previsão de que a prisão deverá ser usada como ultima ratio, sendo medida
de natureza extrema, e que se deve priorizar a aplicação de outras medidas
cautelares que supram as necessidades de controle. Nesse mesmo sentido foi
promulgada em 2011 a lei 12.403 que vincula a atividade jurisdicional à utilização
da prisão preventiva apenas e unicamente em casos previstos em lei e somente
quando a situação fática não ensejar a aplicação de medidas cautelares.
Assim sendo, desde 2011, têm-se esperado, com expectativa, que houvesse
uma sensível diminuição da população carcerária, em especial, de presos
provisórios.
Ocorre que tal expectativa não se tem cumprido. Conforme dados apresentados
pelo próprio Conselho Nacional de Justiça, o Brasil é atualmente o país com a
4ª maior população carcerária no mundo, perfazendo um total de 996.223 presos
(dados atualizados em 14/12/2016), apresentando um crescimento exponencial
da população carcerária ano a ano sem nunca reduzir, sendo que no período de
1990 a 2013 o aumento foi de 507%.
1) Prisão em flagrante;
2) Apresentação do flagranteado à autoridade policial (Delegado de Polícia);
3) Lavratura do auto de prisão em flagrante;
4) Agendamento da audiência de custódia (se o flagranteado declinou nome de
advogado, este deverá ser intimado da data marcada; se não informou
advogado, a Defensoria Pública será intimada);
5) Protocolização do auto de prisão em flagrante e apresentação do autuado
preso ao juiz;
6) Entrevista pessoal e reservada do preso com seu advogado ou Defensor
Público;
7) Início da audiência de custódia, que deverá ter a participação do preso, do
juiz, do membro do MP e da defesa (advogado constituído ou Defensor Público);
8) O membro do Ministério Público manifesta-se sobre o caso;
9) O autuado é entrevistado (são feitas perguntas a ele);
10) A defesa manifesta-se sobre o caso;
11) O magistrado profere uma decisão que poderá ser, dentre outras, uma das
seguintes:
a) Relaxamento de eventual prisão ilegal (art. 310, I, do CPP);
b) Concessão de liberdade provisória, com ou sem fiança (art. 310, III);
c) Substituição da prisão em flagrante por medidas cautelares diversas (art. 319);
d) Conversão da prisão em flagrante em prisão preventiva (art. 310, II);
e) Análise da consideração do cabimento da mediação penal, evitando a
judicialização do conflito, corroborando para a instituição de práticas
restaurativas.
2. RELÁTORIO
A audiência de Custódia simulada ocorrera no dia 07 de Abril de 2022, na
Faculdade Uninassau, (Parnaíba - PI), em seu Núcleo de Prática Jurídica (NPJ),
contando com a ilustre presença do Juiz da Central de Custódia da Comarca de
Parnaíba, Dr. Georges Cobinia.
O caso se tratava de uma tentativa de homicídio. A audiência foi presidida
pela Juíza Ana Paula, Ministério Público Patrício, Advogado João Máximo,
Escrivão Paulo Afonso, Agentes Dimas e Pedro, Custodiado Paulo César e
Vítima Natalícia de Sousa Silva.
Quando a juíza perguntou sobre as circunstâncias da prisão, Paulo
respondeu que voltava da praia e que, ao chegar em casa , descobriu que alguns
de seus pertences haviam sido roubados e que estavam guardados no varal de
sua casa .Disse que tem um beco perto de seu quintal que lhe dava acesso à
rua , e que estavam roubando seus pertences através dele e disse ainda que o
varal pertencia a sua avó.
No entanto, o varal pertencia a Natalícia, esposa de seu pai , que veio
dizer que não havia levado as vestes do varal , provocando uma discussão entre
Natalícia e sua esposa.
Em seguida, Paulo relatou que, foi para casa e pegou uma faca de cortar
alimentos, e que Natalicia se aproximou dele, que no momento com muita raiva
acabou atingindo a mão dela, que após o fato jogou a arma no chão, pegou sua
bicicleta e saiu, por volta das 10:00 horas da manhã, e retornou às 14:00 horas,
momento o qual os policiais já estavam presentes em sua casa, e que o mesmo
foi apreendido em flagrante. Rela também que não sofreu nenhum tipo de
agressão por parte dos policiais, e que sua prisão fora comunicada a sua família.
A Juíza passou a palavra ao Ministério Público, que não fez nenhuma
pergunta ao custodiado, apenas deu seu parecer no sentido de que o custodiado
agiu por motivo fútil, que o mesmo é um risco para a ordem pública e para a
própria vítima e pediu a prisão preventiva de Paulo.
Seguida a Juíza passou a palavra ao Advogado, que requereu o
relaxamento da prisão conforme o artigo 5°, inciso LXV da Constituição Federal
e art. 312 e 310, I do Código de Processo Penal e com base também no Pacto
de São José da Costa Rica, requereu a liberdade provisória com fiança ou
medidas cautelares. Alegou também que o preso tem residência fixa, esposa e
filha menor de idade, e que o mesmo é o provedor do sustento da família.
Logo após escutar o Ministério Público e o Advogado, a Juíza proferiu a
decisão: Homologando o flagrante, não o transformando em prisão preventiva.
O custodiado será solto sem fiança, mediante medidas cautelares, bem como
monitoramento eletrônico através de tornozeleira eletrônica, terá que manter 200
metros de distância da vítima, não permanecer na rua após as 18:00 horas,
ficando restrito também frequentar bares e festas, e comparecer mensalmente a
juízo para informar e justificar suas atividades. Com isso a Juíza declarou
encerrada a audiência de Custódia simulada.
Por fim, o professor Antônio de Pádua passou a palavra ao Ilustre Juiz da
Central de Custódia da Comarca de Parnaíba, Dr. Georges, para que
despusesse de suas considerações, onde o mesmo comentou da sua
importância daquele momento o qual estávamos tendo a oportunidade de
simular uma audiência de custódia e trazer para nossa realidade a prática de
como funciona de fato. Falou a respeito da audiência de custódia, de como ele
a presidia no seu dia a dia, nos alertando de pontos extremamente importantes
e trazendo essa prática para mais próximo da nossa realidade através de suas
palavras e vivencia no Judiciário.
Encerrou, parabenizando os alunos, pois houve uma belíssima
encenação do caso, que foi reproduzida muito bem as diligencias ocorridas
durante a audiência de custodia, em especial, parabenizou a aluna Ana Paula
(que fez o papel da juíza), pela sua calma e controle em presidir a audiência.
REFERENCIAL TEÓRICO:
https://nadiainyt.jusbrasil.com.br/artigos/504150447/audiencia-de-
custodia-origem-conceito-e-seu-enquadramento-na-atual-sistematica-juridico-
processual-penal-brasileira