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Este documento é cópia do original, assinado digitalmente por DENIEL RODRIGO BENEVIDES DE QUEIROZ, protocolado em 10/10/2019 às 12:43 , sob o número WFPA19705696292
PREFEITURA DE MANAUS
PROCURADORIA GERAL DO MUNICÍPIO

Para conferir o original, acesse o site https://esaj.tjsp.jus.br/pastadigital/pg/abrirConferenciaDocumento.do, informe o processo 1023314-66.2018.8.26.0053 e código 80203C9.
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUÍZ DE DIREITO DA 9ª VARA DE FAZENDA PÚBLICA DA
COMARCA DE SÃO PAULO/SP

Processo nº 1023314-66.2018.8.26.0053
Requerente: Banco Nacional Volkswagen S/A e outro
Requerido: Município de Manaus e outros

O MUNICÍPIO DE MANAUS, já qualificado nos autos, por meio de seus Procuradores


ao final subscritos, nos termos do artigo 75, inciso III, e do artigo 103, do Código de Processo Civil – CPC,
nos autos da ação de consignação em pagamento ajuizada por BANCO NACIONAL VOLKSWAGEN S/A e
CONSÓRCIO NACIONAL VOLKSWAGEN – ADMINISTRADORA DE CONSÓRCIO LTDA., igualmente
qualificadas no feito, vem, respeitosamente, perante Vossa Excelência, com fulcro no parágrafo 1º, do
artigo 1.009, do CPC, apresentar

CONTRARRAZÕES À APELAÇÃO

interposta em face da douta sentença de fls. 2563/2565, que acertadamente


extinguiu o feito sem resolução do mérito, solicitando desde logo que sejam as presentes contrarrazões
juntadas aos autos e posteriormente remetidas ao egrégio Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo
para processamento e julgamento, pelas razões de fato e de direito ora alinhavadas.

1. DA SÍNTESE FÁTICA.

Trata-se de ação de consignação em pagamento proposta por Banco Volkswagen S/A,


em face do Município de Manaus e de outros cerca de cento e cinquenta Municípios réus,
originariamente proposta na 9ª Vara de Fazenda Pública da Comarca de São Paulo.

Avenida Brasil, n. 2971, Compensa I, CEP 69036-110, Manaus/AM. Telefone: (92) 3625-8048. www.manaus.am.gov.br.
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Em breve resumo, segundo as apelantes, o pleito consiste na incerteza que se
apresenta em relação a qual pessoa jurídica de direito público deverão recolher e pagar o Imposto Sobre
Serviço (ISS), uma vez que a novel Lei Complementar nº 157/16 teria modificado os termos de
recolhimento do imposto previstos no art. 3º da Lei Complementar nº 116/03. Essa celeuma não é
exclusiva dessa requerente, sendo múltiplos os pedidos já ajuizados por outros interessados no Supremo
Tribunal Federal, a fim de que a corte dirimisse a controvérsia de competência do tributo.

Ocorre que, em sede de decisão liminar, nos autos da Ação Direta de


Inconstitucionalidade nº 5.835/DF, o STF já definiu pela suspensão da eficácia da LC 157/16, estando em
plena aplicação e eficácia, enquanto isso, a redação anterior da LC 116/03. Nesse contexto, em sede de
primeiro grau, o pleito foi extinto sem resolução do mérito, nos termos do art. 485, VI, por
(acertadamente) ter o MM. Juízo a quo entendido que as partes requerentes carecem de interesse
processual, visto não haver qualquer incerteza jurídica sobre a questão, posto que a medida cautelar no
STF está vigente e claramente decidiu pela aplicação da lei anterior até decisão final.

Inconformadas com a decisão, as partes opuseram embargos de declaração, os quais


foram conhecidos, mas, por não ter o juízo considerado ocorrida qualquer hipótese de omissão,
contradição, obscuridade ou erro material, não foram providos.

Por fim, as partes interpuseram apelação perante a 18ª Câmara de Direito Público do
Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, pleiteando a reforma da decisão, e em sede de tutela de
urgência, requereram a possibilidade de efetuar consignação em pagamento, com depósitos mensais e
periódicos, o que foi deferido em sede de decisão monocrática.

Entretanto, tais pleitos não merecem prosperar e a tutela antecipada merece


revogação, pelas razões a seguir delineadas.

2. DO MÉRITO RECURSAL.

2.1 DA AUSÊNCIA DE INTERESSE DE AGIR

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Acertadamente, o MM. Juízo a quo entendeu que a ação carece de uma de suas condições, a
saber, interesse/necessidade. Em verdade, as apelantes pretendem justificar a consignação em
pagamento do ISSQN incidente sobre suas operações sob a falsa premissa de que pairaria dúvida quanto
ao Município credor do tributo, em virtude da alteração promovida pela LC n. 157/2016 no art. 3º da LC
116/2003.

Entretanto, o STF, nos autos da ADI nº. 5.835/DF, concedeu liminar suspendendo a eficácia do
artigo 1º da Lei Complementar 157/2016, na parte que modificou o artigo 3º, XXIII, XXIV e XXV, e os §3º
e §4º do artigo 6º da Lei Complementar 116/2003, além de ter determinado a suspensão da eficácia das
legislações locais editadas em complementação a essa norma, nos seguintes termos:

Diante de todo o exposto: a) com fundamento no art. 10, § 3º, da Lei


9.868/1999 e no art. 21, V, do RISTF, CONCEDO A MEDIDA CAUTELAR pleiteada,
ad referendum do Plenário desta SUPREMA CORTE, para suspender a eficácia
do artigo 1º da Lei Complementar 157/2016, na parte que modificou o art. 3º,
XXIII, XXIV e XXV, e os parágrafos 3º e 4º do art. 6º da Lei Complementar
116/2003; bem como, por arrastamento, para suspender a eficácia de toda
legislação local editada para sua direta complementação.

Assim, a r. sentença orientou-se bem ao extinguir o feito nos termos do artigo 485, inciso IV do
CPC/15, pois a suposta dúvida das Apelantes não subsiste, carecendo estas de interesse processual,
razão que impossibilita o prosseguimento do feito. É dizer, não há conflito de normas referentes à
competência para recolhimento do ISSQN: a decisão é clara quanto à suspensão da modificação,
devendo, portanto, observar-se unicamente a redação anterior da LC 116/2003. Ou seja, desde a
concessão da liminar, o imposto deve ser recolhido no local do estabelecimento prestador ou,
subsidiariamente, no local do seu domicílio, salvo exceções constantes nos incisos.

Nos termos do art. 164 do Código Tributário Nacional, a ação de consignação em pagamento é
cabível nos casos de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento de outro tributo ou

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de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação acessória (I); de subordinação do recebimento ao
cumprimento de exigências administrativas sem fundamento legal (II); ou de exigência, por mais de uma
pessoa jurídica de direito público, de tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador (III).

Assim, falta interesse de agir às Apelantes, por ausência de comprovação de resistência à sua
pretensão, pois a consignação em pagamento pressupõe a demonstração de recusa do credor
quanto ao recebimento do valor ofertado, o que não foi provado pelas Apelantes. Dessa forma,
mostra-se correta a extinção do processo sem resolução do mérito.

2.2 DA ILEGITIMIDADE DO MUNICÍPIO DE MANAUS

No caso da ação de consignação em pagamento, a legitimidade passiva recai sobre o ente


que se recusa ao recebimento do tributo, ou subordina seu recebimento a exigências sem fundamento
legal, ou, ainda, dos entes que exigem tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

Da análise dos autos, percebe-se claramente que as Apelantes não comprovaram a prática
de quaisquer dessas condutas pelo Município de Manaus. É dizer, não há a comprovação de qualquer
recusa ou exigência de tributo idêntico por este Município.

Da mesma forma, não merece guarida o fundamento de que há dúvida quanto ao ente em
favor do qual o tributo deve ser recolhido, conforme ressaltado alhures. Assim, é indevida a inclusão do
Município de Manaus no polo passivo da demanda, razão pela qual requer a exclusão deste Município.

3. DA NECESSIDADE DE LIMITAÇÃO DO LITISCONSÓRCIO.

Entretanto, caso Vossas Excelências entendam pela reforma da sentença e o


prosseguimento da ação, o que se admite apenas em prestígio ao debate, o litisconsórcio deve ser
limitado. Conforme ressaltado, esta ação de consignação em pagamento foi proposta em face de cerca
de 150 municípios, em claro exemplo de litisconsórcio passivo multitudinário. O art. 113 do CPC autoriza

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a formação de litisconsórcio facultativo, bem como dispõe que o Juiz poderá limitá-lo quanto ao
número de litigantes, quando este comprometer a rápida solução do litígio ou dificultar a defesa.

Demais disso, é cediço que a manutenção de muitos corréus pode dificultar não só o
processamento do feito e a defesa, mas o próprio desfecho da demanda. Bem por isso a limitação
ao litisconsórcio ativo facultativo deve ocorrer quando este constituir fator de tumulto processual,
como no presente caso.

A necessidade de limitação se justifica ao passo que o litisconsórcio, na presente


demanda, gera nítido tumulto processual, havendo, inclusive, confusão quanto às defesas apresentadas
pelos réus – há Municípios apresentando contestação, enquanto outros oferecem contrarrazões à
apelação, problema claramente gerado pela quantidade absurda de litisconsortes, que corrobora com o
erro das intimações: a exemplo da intimação deste Município, que se deu, equivocadamente, para
apresentar contestação.

A existência deste litisconsórcio multitudinário gera, ainda, prejuízos à celeridade


processual, tendo em vista que a Apelação foi interposta em 06/06/2018 e até a presente data (outubro
de 2019) não houve sequer a citação de todos os réus. A título de complementação, relembre-se que o
art. 231, §1º, do CPC, prevê o INÍCIO da contagem do prazo de contestação (defesa para a qual esse
Município foi intimado) depende da intimação de todos os réus. Ora, tirando por exemplo a presente
apelação, em que após 1 ano e 4 meses da interposição do recurso não foram todos os réus citados,
resta claro o prejuízo à celeridade do processo, motivo pelo qual requer o desmembramento da ação.

4. DA CONDENAÇÃO EM HONORÁRIOS.

Na sentença, não houve condenação em honorários porque não houve litígio, tendo em
vista que o Município não foi citado ou intimado para se manifestar: a consignação em pagamento foi
sumariamente extinta. Entretanto, neste momento, ao apresentar contrarrazões ao recurso de apelação

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do autor, o Município de Manaus passou a intervir no feito e houve a triangularização da relação
processual, sendo, portanto, devido o pagamento de honorários de sucumbência.

Em caso semelhante, envolvendo a União e o Município de Areial, o STJ decidiu


monocraticamente, com base na Súmula 568 daquela Corte, pelo cabimento da fixação de honorários
em favor da União1. Na ocasião, estipulou-se ser cediço que a fixação dos honorários advocatícios é
devida mesmo em casos de extinção do processo sem resolução do mérito, mediante a verificação da
sucumbência e aplicação do princípio da causalidade. Nesse sentido, também é a decisão recente do
TJDFT, consubstanciada no Acórdão 1146402, de Relatoria do Desembargador Sandoval Oliveira, cujo
voto se reproduz:

"(...) É certo que o novo Código de Processo Civil, ao considerar o trabalho


adicional realizado em grau de recurso, estabeleceu a majoração dos
honorários estabelecidos em primeiro grau (artigo 85, §11, do CPC). No caso
em tela, não houve fixação dos honorários pelo magistrado de origem, tendo
em vista a extinção do feito antes mesmo da perfectibilização da relação
processual. Porém, interposta a apelação pelo autor, o requerido foi
devidamente citado, tendo apresentado as devidas contrarrazões (...).
Portanto, em virtude da nova sistemática processual de considerar o trabalho
adicional elaborado em grau de recurso (v. artigo 85, §1º, in fine, do CPC) e,
diante do desprovimento da apelação, impõe-se a fixação da verba honorária
em favor do patrono do recorrido. (...)"

A partir da triangularização da relação processual, os honorários são devidos, o que desde já


requer.

5. DOS PEDIDOS.

Por todo o exposto, o Embargado MUNICÍPIO DE MANAUS requer seja a presente


apelação IMPROVIDA, nos termos da fundamentação, para fins de manter a respeitável decisão em
todos os seus termos.

1
REsp 1781376/PB. RELATORA: MINISTRA ASSUSETE MAGALHÃES. Em anexo.

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Subsidiariamente, caso seja provida a apelação, requer a exclusão do Município de
Manaus do polo passivo, ou, caso não se entenda pela exclusão do Município de Manaus, requer a
limitação do litisconsórcio.

Em qualquer hipótese, requer a condenação das apelantes em custas e honorários


advocatícios.

Termos em que pede deferimento.

PROCURADORIA DO CONTENCIOSO TRIBUTÁRIO/PGM, em Manaus (AM), 10 de


outubro de 2019.

ANTÔNIA MARÍLIA MARQUES DE FRANÇA Assinado Eletronicamente


Procuradora do Município de Manaus DENIEL RODRIGO BENEVIDES DE QUEIROZ
OAB/AM A1314 Procurador do Município de Manaus
Matrícula 134.214-2 A OAB/AM 7.391
Matrícula nº118.161-0A

JOSÉ LUIZ FRANCO DE MOURA MATTOS JÚNIOR


JANARY YOSHIZO KATO YOKOKURA Procurador do Município de Manaus
Procurador do Município de Manaus OAB/AM 5.517
OAB/AM 6.324 Matrícula n.º112.893-0B
Matrícula n.º114.373-5A

RODRIGO MONTEIRO CUSTÓDIO IVSON COÊLHO E SILVA


Procurador do Município de Manaus Procurador do Município de Manaus
Procurador-chefe da Procuradoria do OAB/AM A-550
Contencioso Tributário Matrícula n.º113.755-7A
OAB/AM 6.452
Matrícula nº 115.332-3A

Avenida Brasil, n. 2971, Compensa I, CEP 69036-110, Manaus/AM. Telefone: (92) 3625-8048. www.manaus.am.gov.br.

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