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Quanto custa um preso no Brasil? - Politize!

Caderno: Maioridade Penal


Criada em: 19/04/2019 22:09
URL: https://www.politize.com.br/quanto-custa-preso-no-brasil/

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QUANTO CUSTA UM PRESO NO


BRASIL?

A recente crise carcerária brasileira trouxe à tona uma antiga preocupação: o


alto custo que se tem para manter este problemático sistema, que pouco
consegue atingir seu objetivo inicial: a ressocialização dos condenados.
Quanto custa um preso no Brasil? De onde vem esse dinheiro? Como reduzir
esse gasto? A resposta para essas e outras perguntas sobre os custos do
sistema penitenciário brasileiro você confere a seguir.

Se preferir, ouça nosso episódio de podcast sobre esse assunto!

#044 - Quanto custa um preso no Brasil?

00:00 11:12

QUANTO CUSTA CADA PRESO?


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O sistema prisional é uma estrutura cara em todo o mundo, que se torna


ainda mais custosa em países pouco desenvolvidos, onde os recursos
financeiros são priorizados para áreas ligadas diretamente ao crescimento
econômico, como educação e infraestrutura, além de outros setores
prioritários, como a saúde.

Segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a média nacional de custo


por preso é de R$ 2.400. Os custos refletem gastos com sistema de
segurança, contratação de agentes penitenciários e outros funcionários,
serviços como alimentação e compra de vestuário, assistência médica e
jurídica, entre outros.

Mas esse valor é altamente variável conforme a estrutura da unidade


prisional, sua finalidade (para presos provisórios, definitivos, unidades
masculinas ou femininas, entre outros) e também de acordo com a região do
país.

Nas penitenciárias federais, administradas pelo Departamento Penitenciário


Nacional (Depen), o governo gasta R$ 3.472,22 por cada preso nas quatro
unidades geridas. O custo é bastante superior ao gasto nos cinco estados
com as maiores populações carcerárias do país, que juntos representam mais
de 60% dos presos brasileiros.

Segundo o Ministério da Justiça, esse valor se justifica porque as unidades


federais contam com maiores investimentos no sistema de vigilância e
oferecem encarceramento individual, ao contrário da maior parte dos
presídios brasileiros, que enfrentam graves problemas de superlotação. Além
disso, pode-se incluir o salário dos agentes prisionais federais (entre 5 mil
e 7 mil reais), e gastos com uniforme e assistência médica, odontológica e
jurídica.

Confira quanto algumas unidades federativas gastam por cada um de seus


presos:

Paraná: em 2016, o custo mensal de um preso no Paraná aumentou


12,5% em relação ao valor do início do mesmo ano, chegando a R$
3.016,40. O valor disponibilizado pelo estado foi de R$ 620,6 milhões no
ano, 22% a menos do que o necessário para arcar com todos os custos do
sistema.

Bahia: segundo o secretário de Administração Penitenciária e


Ressocialização da Bahia, Nestor Duarte Neto, o custo de um preso no
estado é cerca de R$ 3 mil.

Pernambuco: o custo de um preso fica em torno de R$ 3,5 mil ao mês.


São Paulo: é o estado com maior população carcerária no país,
apresentando um custo médio de R$ 1.450 por preso.

Amazonas: o custo de um preso supera a média nacional, chegando a R$


4.112, sem levar em conta os investimentos realizados pelo próprio estado.
Os presídios no Amazonas são administrados pela empresa Umanizzare e
seus gastos superam até mesmo os das unidades penitenciárias federais.

É preciso lembrar que os custos do sistema penitenciário não levam em conta


somente o gasto diretamente com a manutenção dos presos, mas também o
custo referente à construção de novas unidades.

Anunciada pelo Ministério da Justiça em 2013, a quinta penitenciária federal


no Brasil está em processo de construção e sua finalização é prevista para
outubro de 2017. Contendo 208 vagas (o mesmo que as outras penitenciárias
federais) o valor total da obra será de R$ 39 milhões.

Além disso, o Governo Temer anunciou a construção de mais cinco presídios


federais, que custarão entre R$ 40 milhões e R$ 45 milhões, além da
liberação de R$ 150 milhões para a instalação de bloqueadores de celulares
nos presídios.

DE ONDE VEM TODO ESSE


DINHEIRO?
O montante destinado à manutenção do sistema prisional vem do Fundo
Penitenciário, que pode ser nacional ou estadual.

O Fundo Penitenciário Nacional (Funpen) é gerido pelo Departamento


Penitenciário Nacional (Depen) e foi criado pela Lei Complementar nº 79 de
1994, com a finalidade de proporcionar recursos e meios para a
modernização e o aprimoramento do sistema penitenciário brasileiro.

O Funpen é constituído de recursos provenientes das dotações


orçamentárias, custas judiciais recolhidas em favor da União, arrecadação
dos concursos de prognósticos, recursos confiscados ou provenientes da
alienação dos bens perdidos em favor da União, multas de sentenças penais
condenatórias com trânsito em julgado, fianças quebradas ou perdidas, e
rendimentos decorrentes da aplicação de seu patrimônio.

Os recursos do Fundo Penitenciário são aplicados sobretudo em:

construção, reforma e ampliação de unidades penais;

formação, aperfeiçoamento e especialização do serviço penitenciário;

aquisição de material permanente, equipamentos e veículos


especializados;

formação educacional e cultural dos presos; e

programas de assistência jurídica aos presos carentes.

Ainda que a administração das unidades prisionais seja responsabilidade dos


estados federativos (com exceção das prisões federais), os altos custos do
sistema penitenciário dificultam a administração desses
estabelecimentos sem apoio do Governo Federal.

Sozinhos, os estados não conseguem arcar com todos os custos do sistema,


e por isso, parte dos recursos do Funpen são repassados aos Fundos
Penitenciários Estaduais (Funpes), que devem ser usados para
financiamento de vagas e assistência ao preso e ao egresso.

Mas os fundos estaduais não dependem somente dos recursos do Funpen,


ainda que essa seja a maior parte da verba. Eles contam com
outras arrecadações, como doações, multas decorrentes de sentenças
penais, fianças quebradas ou perdidas, parcela descontada da remuneração
do trabalho dos detentos, parte da receita da venda de bens produzidos nas
unidades penais do estado, entre outros.

O QUE PODE SER FEITO PARA


REDUZIR ESTES CUSTOS?
Em meio a discussões sobre a situação do sistema carcerário, surgem
sugestões de alternativas que poderiam reduzir os custos com esse sistema,
algumas delas já em prática em alguns lugares do país. Confira quais são:

1) Pena alternativa por monitoramento eletrônico

As principais finalidades desta medida são diminuir a superlotação carcerária


e reduzir os gastos com o sistema penitenciário. O Mato Grosso do Sul já
utiliza este sistema em presos provenientes dos regimes fechado, semiaberto
ou aberto. Com essa alternativa à prisão, os condenados são colocados em
liberdade controlada via tornozeleiras eletrônicas, evitando que se
distanciem ou se aproximem de locais predeterminados e em certos horários.
Com o sistema, é possível fazer controle do custodiado 24 horas por dia.
Essa iniciativa reduziu, no Mato Grosso do Sul, o custo do preso de R$ 1.700
para R$ 230.

2) Presos pagarem por suas despesas

Um projeto de lei do senador Waldemir Moka (PMDB-MS) propõe alterar a Lei


de Execução Penal (LEP) para determinar que cada presos contribua com o
Estado para custeio de suas despesas na unidade prisional. O preso que não
possuir recursos próprios para esse ressarcimento deverá trabalhar para
compensá-los.

O senador defende que a própria LEP já prevê que parte da remuneração do


trabalho do preso seja destinada ao Estado para ressarcimento de despesas
e que somente transferindo aos presos os custos por seu Contudo, alguns
advogados defendem a inconstitucionalidade do projeto pois, se aprovada, a
lei prejudicará os mais pobres além de condicionar os presos ao trabalho
forçado. Além disso, os advogados afirmam que a medida não resolverá o
problema do sistema carcerário, já que a imensa maioria dos presos é
composta por pessoas sem condições financeiras de arcar com os custos de
suas despesas.

3) Audiências de Custódia

É um projeto do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) em parceria com o


Ministério da Justiça que objetiva a rápida apresentação do preso a um juiz
nos casos de prisão em flagrante. Estima-se que ainda hoje 40% dos presos
no Brasil sejam presos provisórios (que ainda não foram julgados). Muitos
desses presos acabam sendo inocentados ou poderiam cumprir penas
alternativas ao regime fechado. As estimativas do CNJ são de que a adesão
de todos os estados brasileiros ao projeto poderá gerar uma economia de R$
4,3 bilhões aos cofres públicos.

4) Programas de remição de pena

Prevista na Lei de Execução Penal (LEP), a remição de pena através do


trabalho e estudo busca reduzir a superlotação carcerária e ressocializar o
preso para o retorno à vida em sociedade. O investimento nesse tipo de
programa reduz os custos porque o preso cumpre menos tempo de pena na
prisão e porque, ao atingir o objetivo de ressocialização, menor será a taxa de
reincidência dos condenados.

Saiba mais sobre a remição de pena através de atividades educacionais.

CONCLUSÃO
A crise em que se encontra o sistema penitenciário brasileiro demanda
soluções que consigam não só reduzir a grave superlotação das unidades
penais, mas também os altos custos que esse ineficiente sistema gera para a
sociedade.

Além dos chamados custos ponderáveis de aprisionamento, aqueles


diretamente calculados com bases em gastos com alimentação, água,
energia, saúde, entre outros, são preocupantes também os custos
imponderáveis de aprisionamento, decorrentes das falhas
na ressocialização e da violência gerada pelo próprio sistema prisional.

As falhas no processo de ressocialização colocam o condenado em um ciclo


de exclusão e violência, onde a grande maioria deles retorna à criminalidade
ao não encontrar novas oportunidades na vida social, acarretando custos que
não podem ser tão facilmente medidos. Isso também amplia o gasto dos
recursos financeiros dos estados e da União, que poderiam ser diminuídos se
a reincidência não fosse alta.

Além disso, a indisponibilidade de dados sobre os custos do sistema


carcerário prejudica a formulação de políticas públicas que podem ajudar a
resolver o problema. O Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária
(CNPCP) determina que todos os estados e o Distrito Federal devem
informar, mensalmente ao Depen, os custos com as atividades prisionais.

Todavia, como o Ministério da Justiça não aplica sanções aos gestores pelo
descumprimento dessa regra, muitos deles acabam não passando as
informações com a frequência que deveriam, dificultando a análise da real
situação do sistema prisional brasileiro e consequentemente a elaboração de
medidas para reverter este cenário.

Publicado em 14 de fevereiro de 2017. Última atualização em 31 de março de 2017.


Isabela Souza

Estudante de Ciências Sociais da Universidade Federal de


Santa Catarina (UFSC) e assessora de conteúdo do Politize!.

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