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Gestão Pedagógica

para Gestores da
Alfabetização
Módulo

2 O processo de alfabetização da criança


Fundação Escola Nacional de Administração Pública

Presidente
Diogo Godinho Ramos Costa

Diretor de Desenvolvimento Profissional


Paulo Marques

Coordenador-Geral de Produção de Web


Carlos Eduardo dos Santos

Equipe
Maria Virgínia Morais Garcia (Conteudista, 2020)
Thaís de Oliveira Alcantara (Coordenador, 2020)
Paula Alves Tavares (Planejador Educacional, 2021)
Andréia Santiago de Oliveira (Designer Instrucional, 2021)
Marcos Inácio S. de Almeida (Revisão de texto, 2021)
Danielle Alves de Oliveira Tabosa (Implementação Moodle, 2021)
João Paulo Albuquerque Cavalcante (Diagramação e produção gráfica, 2021)

Curso produzido em Brasília 2021.


Desenvolvimento do curso realizado por meio de parceria entre Enap e Funape.

Enap, 2021

Enap Escola Nacional de Administração Pública


Diretoria de Educação Continuada
SAIS - Área 2-A - 70610-900 — Brasília, DF

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Sumário
Unidade 1 – Alfabetizando nos anos iniciais............................................................................5
Referências..................................................................................................................................11

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2
Módulo
O processo de alfabetização da criança

Olá!

Desejamos boas-vindas ao Módulo 2 do curso Gestão Pedagógica para Gestores da Alfabetização.


É um prazer ter você como participante e auxiliá-lo na construção do seu conhecimento acerca
desse tema.

Neste módulo abordaremos sobre a criança na educação infantil nos dois primeiros anos do
Ensino Fundamental, ele possui:

Unidade 1 – Alfabetizando nos anos iniciais

Desejamos um excelente estudo!

Unidade 1 – Alfabetizando nos anos iniciais


Ao final desta unidade, você será capaz de reconhecer as teorias e práticas que
orientam os profissionais na introdução da criança ao mundo da escrita – alfabetização
e literacia.

Em 2019, o Ministério da Educação lançou a Política Nacional de Alfabetização (PNA), com o


objetivo de melhorar e elevar a qualidade da alfabetização e combater o analfabetismo em todo
o país.

Segundo os resultados da Avaliação Nacional da Alfabetização (ANA), publicados em 2016,


abordados no caderno da PNA, a insuficiência em leitura pelos alunos do 3º Ano é de 54,73%
enquanto a insuficiência em escrita é de 33,95%. Com isso, o país está muito aquém da meta nº
5 estabelecida no Plano Nacional de Educação (PNE), que consiste em alfabetizar as crianças até
o final do 3º Ano do Ensino Fundamental.

O não saber ler traz muitos outros prejuízos para a criança, tais como reprovação, distorção
idade/série, abandono e evasão. E se não bastasse só isso, também há números expressivos de
analfabetos funcionais, condição das pessoas que possuem habilidades limitadas de leitura e
compreensão de texto.

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Então, podemos nos perguntar: o que fazer? Como alfabetizar? Partir de onde
ou do quê?

Segundo o caderno da PNA, países que melhoraram a alfabetização nas últimas décadas
fundamentaram suas políticas públicas nas evidências mais atuais das ciências cognitivas, em
especial, da ciência cognitiva da leitura.

Fonte: Elaborado pelo Autor

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Mas... o que é alfabetização?

A seguir, serão apresentados vários conceitos, de diferentes autores, que buscam definir os
motivos para este termo ser tão importante.

Fonte: Elaborado pelo Autor

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De acordo com o Caderno da PNA, um indivíduo alfabetizado é capaz de decodificar e codificar
qualquer palavra em sua língua. Mas a aquisição dessa habilidade não é um fim em si mesmo.
O objetivo é fazer com que se torne capaz de ler e escrever palavras e textos com autonomia e
compreensão.

Ler com precisão e fluência e escrever palavras dentro e fora de textos é apenas o começo de um
caminho que deve ser consolidado por meio de atividades que estimulem a leitura e a escrita
de textos cada vez mais complexos. O objetivo é que o indivíduo se torne capaz de usar essas
habilidades com independência e proficiência para aprender, transmitir e até produzir novos
conhecimentos.

Os primeiros estudos sobre literacia ocorreram em meados de 1980 (na década de 1970 já existia
uma preocupação com os níveis de alfabetização em alguns países europeus e nos Estados
Unidos), quando o International Adult Literacy Survey (1994) procurava descrever e comparar os
níveis de literacia em diferentes países.

De acordo com D’Ambrósio (2005), as estratégias de ensino estão centradas nos conceitos de
Literacia, Materacia e Tecnoracia, cujas definições são:

Fonte: Elaborado pelo Autor

Segundo o Caderno da PNA, desde 1980, muitos países têm adotado a perspectiva da educação
baseada em evidências científicas com o propósito de melhorar os indicadores educacionais e
garantir a qualidade de educação para todos.

Basear a alfabetização em evidências de pesquisas não é impor um método, mas propor que
programas, orientações curriculares e práticas de alfabetização sempre tenham em conta os
achados mais robustos das pesquisas científicas.

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A ciência cognitiva da leitura pode auxiliar no aprofundamento da compreensão do processo
de alfabetização, pois se ocupa especialmente dos processos linguísticos, cognitivos e cerebrais
envolvidos na aprendizagem e no ensino das habilidades de leitura e de escrita e procura
responder a perguntas fundamentais, tais como: “Como aprendemos a ler? Como funciona o
cérebro de quem está aprendendo a ler? Algo nele muda?” (DEHAENE, 2011; SARGIANI; MALUF,
2018).

A ciência cognitiva da leitura afirma que, ao contrário do que supõem certas teorias, a
aprendizagem da leitura e da escrita não é natural, nem espontânea. Não se aprende a ler como
se aprende a falar. A leitura e a escrita precisam ser ensinadas de modo explícito e sistemático,
evidência que afeta diretamente a pessoa que ensina (DEHAENE, 2011). Por isso, os professores
também estão entre os principais beneficiados desse ramo da ciência.

Então, como as crianças aprendem a ler e a escrever?

Fonte: Elaborado pelo Autor

No início do processo de alfabetização, a criança acredita que a escrita é uma forma diferente
de desenhar as coisas. A criança associa a escrita à imagem que conhece e ao tamanho. Se você
colocar duas palavras juntas, uma grande que represente algo pequeno e uma palavra pequena
que represente algo grande, com certeza ela irá trocar. A palavra pequena representará o que for
pequeno e a palavra grande representará o que for grande. A criança ainda não entende que a
escrita representa a fala, o som, e não o objeto.

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É por meio do ensino explícito da consciência fonológica, conhecimento alfabético, fluência em
leitura oral, desenvolvimento de vocabulário, compreensão de textos e produção de escrita que
se dará, propriamente, a aquisição das habilidades fundamentais para a alfabetização.

No próximo módulo, vamos aprofundar esses conceitos.

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Referências
BRASIL. Decreto nº 9.765, de 11 de abril de 2019. Institui a Política Nacional de Alfabetização.
Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2019-2022/2019/decreto/D9765.
htm> Acesso em: 09 out. 2020.

BRASIL. Lei nº 11.274, de 6 de fevereiro de 2006. Altera a redação dos Arts. 29, 30, 32 e 87 da
Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996, que estabelece as diretrizes e bases da educação
nacional, dispondo sobre a duração de 9 (nove) anos para o ensino fundamental, com matrícula
obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
ccivil_03/_ato2004-2006/2006/lei/l11274.htm> Acesso em: 09 out. 2020.

BRASIL. Lei nº 13.005 de 25 de junho 2014. (PNE). Aprova o Plano Nacional de Educação – PNE
e dá outras providências. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-
2014/2014/lei/l13005.htm> Acesso em: 09 out. 2020.

BRASIL. Ministério da Educação. Política Nacional de Alfabetização (PNA). Brasília: MEC, SEALF,
2019. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/images/banners/caderno_pna_final.pdf>.
Acesso em: 09 out. 2020.

BRASIL. Secretaria de Educação Básica. Diretoria de Apoio à Gestão Educacional. Pacto Nacional
pela Alfabetização na Idade Certa. Interdisciplinaridade no ciclo de alfabetização. Caderno de
Apresentação / Ministério da Educação, Secretaria de Educação Básica, Diretoria de Apoio à
Gestão Educacional. Brasília, 2015.

CLUBE da Mafalda. Disponível em: <http://clubedamafalda.blogspot.com/> Acesso em: 09 out.


2020.

CURRÍCULO Referência de Minas Gerais. Minas Gerais, CONSED/SEE/UNDIME, 2019.


Disponível em: <http://www2.educacao.mg.gov.br/images/documentos/20181012%20%20
Curr%C3%ADculo%20Refer%C3%AAncia%20de%20Minas%20Gerais%20vFinal.pdf> Acesso em:
20 jul. 2020.

DOCUMENTO Temático 4. Alfabetização infantil, fluência de leitura e competências linguísticas.


Rede Nacional de Ciência para Educação (CpE), 2016. Disponível em: < http://cienciaparaeducacao.
org/wp-content/uploads/2016/12/Conte%C3%BAdo-Livreto-4.compressed.pdf > Acesso em: 09
out. 2020.

GLOSSÁRIO CEALE. Termos de Alfabetização, Leitura e Escrita para educadores. Livro didático de
alfabetização. Disponível em: <https://bit.ly/2IiDFNU> Acesso em: 09 out. 2020.

KOCHHANN, Luiz Eduardo. O papel da família no letramento e na alfabetização. In: Desafios da


Educação, 30 out 2019. Disponível em: <https://desafiosdaeducacao.grupoa.com.br/familia-
politica-alfabetizacao/> Acesso em: 09 out. 2020.

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MARQUEZ, Nakita Ani Guckert Silvano; ROSA, Juliane Dutra da. A leitura: dos microprocessos
aos macroprocessos, uma relação complementar. Letras de Hoje, v. 52, n. 2, p. 154-161, abr/jun,
2019.

ODY, Magnus Cesar; VIALI, Lori. Alfabetização, letramento e literacia: da aquisição e das
habilidades de leitura, de escrita e de cálculo, à utilização de suas competências na estatística e
na probabilidade. Trabalho apresentado VII CIBEM, 2013, [Montevideo]. Disponível em: < http://
repositorio.pucrs.br/dspace/handle/10923/11853> Acesso em: 09 out. 2020.

SCHUVETER, Márcia Aparecida. O processo de alfabetização e o projeto político-pedagógico


em escolas de ensino fundamental. 2009. Dissertação (Mestrado em Educação) – Instituto de
Biociências do Campus de Rio Claro, Universidade Estadual Paulista, São Paulo, 2009. Disponível
em: <https://repositorio.unesp.br/handle/11449/90055> Acesso em: 09 out. 2020.

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