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Resumo
Este artigo tem como objetivo principal identificar por meio da análise realizada por
pesquisadoras em relação a Política Nacional de Alfabetização as implicações dessa política
na formação de professores alfabetizadores. Na busca em responder ao objetivo anunciado
e ao problema de pesquisa: o que as pesquisadoras apontam sobre a PNA e a relação com
a formação dos professores alfabetizadores? Para tanto, selecionamos três textos do dossiê:
“Política Nacional de Alfabetização em Foco: olhares de Professores e Pesquisadores" da
Revista Brasileira de Alfabetização no ano de 2019. Por meio de uma análise crítica pautada
na Teoria Histórico-Cultural, consideramos que os artigos analisados apontam a posição
política, epistemológica e social de professores pesquisadores contribuindo para pensar com
seriedade e compromisso a formação de professores alfabetizadores.
1. Introdução
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Utilizamos “professores e pesquisadores” em acordo ao título do dossiê apresentado.
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Graduanda do curso de pedagogia pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). E-
mail: alissa.soares@ufms.br
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Ressaltamos que a análise foi com base no que as autoras de cada artigo
tomaram como importante para analisar a partir do documento - PNA, como conceitos,
temas e problemas que constam no documento e nos permite refletir sobre o processo
de alfabetização tendo como preocupação a formação inicial e continuada de
professores alfabetizadores.
Para elaboração deste trabalho nos apoiamos na abordagem histórico-cultural,
cuja vertente crítica nos possibilita pensar o contexto social em que se encontra o
professor, sujeito ativo no processo de formação e de atuação frente à publicação do
documento PNA no ano de 2019.
Como aluna do curso de Pedagogia e possível professora, para adentrar uma
sala de aula de crianças em processo de alfabetização, busco as poucas memórias
que tenho da minha infância e, consequentemente, da minha fase de alfabetização,
pouco resta de lembranças, mas tomei a decisão de escrever sobre alfabetização
quando fiz a disciplina “Alfabetização e letramento”, ministrada pela Professora Lilian
Cristina Caldeira, no ano de 2019.
Ao participar dessa disciplina questionei-me se seria capaz de alfabetizar, pois
percebi que não era um processo tão simples como eu pensava, pois envolve teorias,
metodologias e as especificidades do processo de alfabetização, de espaço e tempo
a ser considerado. A partir dessa inquietação nasce o desejo de compreender o que
pauta o documento selecionado para esta pesquisa.
Posto isso, o presente artigo está organizado em quatro seções: a Política
Nacional de Alfabetização: o que o documento apresenta?; Formação de professores
em interface à alfabetização: pontos de reflexão; metodologia e análises.
Tendo como foco um único método para efetivar a alfabetização, nos faz refletir,
pois ainda na graduação sempre somos lembrados da importância de não focar
somente em um único método, pois cada aluno está em uma fase de desenvolvimento,
além de ter uma especificidade. Portanto, utilizar somente um método como forma de
alfabetização pode trazer implicações no processo de alfabetizar. Segundo Leal
(2019)
Há muitas evidências de estudos mostrando que é necessário ajudar
as crianças, jovens e adultos a entender o funcionamento do SEA, que
é mais que usar habilidades fonológicas, e desenvolver outras
habilidades de leitura e escrita, igualmente complexas, como as de
elaborar inferências, na leitura, e as de gerar e monitorar o processo
de produção de texto escritos (LEAL, 2019, p. 3).
os rumos das políticas educacionais impactam na prática dos professores, pois não
se trata de qualquer documento, mas sim, de um documento que está norteando o
ensino e a aprendizagem da alfabetização das crianças brasileiras.
O caderno da PNA (2019) menciona que a alfabetização deve visar um
desenvolvimento integral da criança, isto é, desenvolver os aspectos físicos,
cognitivos, sociais, morais, emocionais e linguísticos, assumindo a necessidade de
utilizar práticas multissensoriais, além disso ressalta que é preciso encontrar um meio
que estimule a aprendizagem, a atenção, os conhecimentos musicais e artísticos, bem
como um ambiente de caráter lúdico e proporcionador de momentos de leitura com a
família e as bibliotecas na escola.
De acordo com o exposto, pode-se afirmar que a criança que convive em
ambiente leitor contribui para a sua alfabetização, no entanto não podemos deixar de
afirmar que é papel da escola garantir que a sua alfabetização seja consolidada.
Mas é importante frisar que nem todas as famílias brasileiras têm condições de
usufruir de tempos de leitura com os seus filhos, pois trabalham em tempo integral e
às vezes nem consegue comprar um livro para ler com o seu filho, pois todo o salário
é destinado às necessidades básicas.
Além disso, a PNA (2019) assume o professor como agente central da
alfabetização, de modo que a valorização da carreira docente e o aprimoramento da
formação inicial e continuada dos docentes, baseado nas evidências científicas,
tornam-se elementos fundantes desse processo.
Porém, o mesmo documento enfatiza que a alfabetização deve ser dotada de
um único método. O que vai na contramão de estudiosos que apontam
[...] a alfabetização deve estar estreitamente ligada a processos
educativos desenvolventes que cumpram seu papel de instrução das
convenções da língua e da comunicação, como uma condição para a
integração de todos na vida social e profissional, promovendo
humanização das funções psíquicas em sua conversão em funções
culturais, isto é, superiores. (DANGIÓ; MARTINS, 2018, p. 59).
2. Metodologia
Complementam que
Cientes dos problemas que a alfabetização enfrenta no Brasil,
sobretudo porque os resultados são associados à herança de
desigualdades sociais, também esperamos que a alfabetização seja
um direito de todos, ampliando o horizonte de expectativas dos
cidadãos e a participação de crianças, jovens e idosos na sociedade.
(FRADE, MONTEIRO, 2019, p.11).
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https://alb.org.br/abalf-associacao-brasileira-de/
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Definimos como critério para escolha dos artigos as inquietações que a PNA
traz para formação de professores alfabetizadores, uma vez que todos os textos têm
como objetivo analisar a Política Nacional de Alfabetização e suas consequências no
processo de alfabetização das crianças e jovens brasileiras e, portanto, na atuação,
formação e práticas dos professores alfabetizadores.
A leitura minuciosa dos artigos foi realizada à luz da teoria histórico-cultural,
para a compreensão do sujeito professor, abordagem que nos permite compreender
o sujeito em seu meio e as condições a ele impostas pela sociedade. Frente a
abordagem em questão as análises visam compreender os fatos em vista as
contradições e tensões que circulam o objeto em análise.
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SEA – Sistema de Escrita Alfabética.
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De acordo com a autora a PNA tenta ignorar todo avanço que houve a partir
do que foi publicado e compartilhado utilizando esses dois conceitos, e tenta afirmar
que o termo literacia é o mais correto e que esse termo é reconhecido
internacionalmente, mas se olharmos o significado deste termo podemos observar
que ele possui a mesma definição de alfabetização. Questões como estas interferem
na formação de futuros professores e de professores que já atuam, pois há um
retrocesso nas concepções já consolidadas.
Outro fator que é alvo da análise dessa autora são os Programas de
alfabetização familiar que segundo a sua análise, ao tratar de literacia familiar a PNA
se equivoca ao afirmar que esses programas vão evitar o fracasso escolar porque
foram feitos com base em evidência científica, ela afirma que são poucos os materiais
sobre o assunto fora do país e também aqui no Brasil, em escolas públicas e ressalta
um ponto negativo importante sobre essa inclusão das famílias na alfabetização de
seus filhos, onde o fracasso deles pode recair sobre os pais, e a ainda de acordo com
autora podendo criar uma falácia de desinteresse ou o êxito dos pais diante da
educação de seus filhos.
O terceiro texto:” Diálogos com o plano nacional de alfabetização (2019):
contrapalavras” das autoras Claudia Maria Mendes Gontijo, Janaína Silva Costa
Antunes, discutem as Empresas privadas/ privatização da educação e a relação com
a distorção idade/série. As autoras trazem um ponto bem importante que é a questão
da privatização da educação, como os políticos fazem para que as empresas privadas
recebam os seus milhões para “ajudar” na melhoria da educação e dos gráficos e
dados sobre esse problema que é o baixo alfabetismo.
As autoras ressaltam que essas empresas privadas não passam por nenhuma
avaliação para saber se realmente vão conseguir ajudar a suprir as necessidades da
educação naquele determinado momento. O estado tenta corrigir o problema da
correção do fluxo escolar contratando essas empresas privadas, mas não é o que
acontece, pois, as autoras mostram através de um gráfico que essas empresas estão
longe de conseguir resolver a distorção idade/série.
Além de evidenciar essa questão também mostram que as evidências
científicas/ progresso científico e metodológico revelam que os especialistas que
formularam o Plano Nacional de Alfabetização se equivocam muito quando o assunto
são as evidências científicas, não só as autoras deste artigo, mas as outras duas,
sendo a Sara Mourão Monteiro e a Telma Ferraz Leal que utilizamos para análise,
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5. Considerações finais
6. Referências
ALMEIDA, Fabiani Inês de; PIATTI, Célia Beatriz Política Nacional de Alfabetização
(PNA): implicações na formação do professor dos anos iniciais do ensino fundamental.
Revista Educação e Políticas em Debate – v. 10, n. 2, p. 634-650, mai./ago. 2021.
Disponível em: https://seer.ufu.br/index.php/revistaeducaopoliticas/article/view/60179
Acesso em Jun. de 2022.
FRADE, Isabel Cristina Alves da Silva; MONTEIRO, Sara Mourão. Dossiê: “Política
Nacional de Alfabetização em Foco: Olhares de Professores e Pesquisadores
Revista Brasileira de Alfabetização, v. 1, n. 10, 25 mar. 2020. Disponível em:
https://revistaabalf.com.br/index.html/index.php/rabalf/article/view/381 Acesso em
Jun. de 2022.
GONTIJO, Claudia Maria Mendes. M.; ANTUNES, Janaína Silva Costa. Diálogos
com o Plano Nacional de Alfabetização (2019): contrapalavras. Revista Brasileira
de Alfabetização, v. 1, n. 10, 25 mar. 2020. Disponível em:
https://revistaabalf.com.br/index.html/index.php/rabalf/article/view/371 Acesso em
Jun. de 2022.
LEAL, Telma Ferraz. Apontamentos sobre a Política Nacional de Alfabetização 2019.
Revista Brasileira de Alfabetização, v. 1, n. 10, 25 mar. 2020. Disponível em:
https://revistaabalf.com.br/index.html/index.php/rabalf/article/view/358 Acesso em
Jun. de 2022.
MORTATTI, Maria do Rosário Longo. Brasil, 2091: notas sobre a “Política Nacional
de Alfabetização”. In: Revista Olhares. Guarulhos. v. 7, n. 3. P. 17-51, nov. 2019.
Disponível em: https://periodicos.unifesp.br/index.php/olhares/article/view/9980
Acesso em: 10 mar. 2022
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