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O TRABALHO COM A LITERATURA INFANTIL NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL: pontuações para se pensar a prática do professor de Língua


Portuguesa

Francisco da Costa e Silva Neto1


Izabel Arraes Neta2

Introdução

Neste texto, propomos um diálogo sobre a Literatura Infantil e suas


implicâncias para o desenvolvimento das crianças nos anos iniciais do Ensino
Fundamental representa uma questão crucial, principalmente, no que diz respeito ao
desenvolvimento da formação de leitores, visto que a literatura infantil é uma arte
fundamental na construção do conhecimento humano. Além disso, também não
podemos deixar de lado as dificuldades que os professores das séries iniciais
enfrentam quanto à sua prática docente, no que diz respeito à falta de formação
continuada e à falta de recursos pedagógicos para diversificar a sua metodologia de
ensino, o que reflete diretamente no processo de ensino e aprendizagem das
crianças. Por essa razão pontuamos a relevância de debater sobre este tema e
resgatar reflexões teóricas que os pesquisadores desse tema têm apresentado
como contribuição.
Seguimos, então, a seguinte problemática: quais as implicações e
contribuições da Literatura Infantil na formação de leitores nos anos iniciais do
Ensino Fundamental? Assim, nosso objetivo é discutir acerca das implicações da
Literatura Infantil para a formação de leitores nas séries iniciais do Ensino
Fundamental. O interesse pelo tema surgiu diante de vivenciar na prática e de
testemunhar a dificuldade de muitas professores(as), do Ensino Fundamental dos
anos iniciais, ao trabalhar a literatura infantil em sala de aula.

1
Aluno do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí, campus Amílcar
Ferreira Sobral – CAFS, em Floriano – PI. E-mail: fneto101@gmail.com
2
Graduanda do curso de Licenciatura em Pedagogia da Universidade Federal do Piauí, campus
Amílcar Ferreira Sobral – CAFS, em Floriano – PI. E-mail: izabearrais@ufpi.edu.br
Como referencial teórico, utilizamos Coudry (2001); Silva (2008); Frantz
(2011); Moreira (2010), entre outros, assim como também algumas diretrizes
curriculares nacionais de ensino. O referencial teórico está subdividido em dois
subtópicos, em que o primeiro faz uma reflexão acerca do surgimento da literatura
infantil e uma reflexão sobre o que diz as diretrizes curriculares nacionais de ensino
a respeito do tema, o segundo discute acerca das implicações da literatura infantil
para a formação de leitores, por fim fazemos as considerações finais, seguidas das
referências.
Quanto ao processo metodológico, o presente estudo trata-se de uma
pesquisa bibliográfica baseada em análise de dados secundários que busca verificar
as implicações da Literatura Infantil para o desenvolvimento da formação de leitores
de crianças de 8 e 9 anos de idade dos anos iniciais do Ensino Fundamental. De
acordo com Lima, (2003, p. 3), a pesquisa científica tem o potencial de levantar
dados que podem embasar o conhecimento sobre uma determinada realidade que
se pretende estudar, no qual “[...] contribui de maneira singular para o
desenvolvimento de uma ou mais respostas ao problema suscitado pelo
pesquisador”.

Histórico e diretrizes curriculares de ensino

Os debates sobre a literatura infantil ganharam força em meados do


século XVIII, trazendo consigo uma preocupação com a infância que, até então, era
esquecida. Crianças e adultos conviviam igualmente, não existia um espaço infantil
distinto ou separado (SILVA, 2008). Ou seja, a criança naquela época não era vista
como alguém que precisava de uma atenção especial no seu processo de ensino-
aprendizagem e a partir daí começou a haver essa preocupação e a perceber esta
necessidade.
Segundo Frantz (2011), a história da literatura infantil brasileira iniciou-se
com o escritor Monteiro Lobato, o qual foi o primeiro autor que escreveu para as
crianças brasileiras histórias com reconhecimento literário. Pois, até então, a
literatura destinada às crianças era a literatura europeia clássica, tradicional,
traduzida ou adaptada para o idioma brasileiro. Com o passar dos anos, em 1921,
Monteiro Lobato publicou a obra que inaugurou a literatura infantil brasileira,
intitulada A menina do narizinho arrebitado. Diante de tal fato, a literatura infantil
começa a ganhar notoriedade e força nas concepções pedagógicas.
Sendo assim, o incentivo à literatura infantil é primordial na formação
leitora desde que aconteça de forma ativa e com uma busca de sentido para que
haja uma construção adequada de conhecimento. Pois, de acordo com os
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), (BRASIL, 2001) a leitura é considerada
como um processo, no qual o leitor realiza um trabalho ativo na construção de
significados do texto, sendo uma atividade que implica, necessariamente, atenção,
compreensão e interpretação, onde os sentidos começam a ser constituídos antes
da leitura propriamente dita.
Dessa forma, com o passar dos anos foram surgindo novas diretrizes
curriculares nacionais de ensino e aquelas, já vigentes, passando por discussões,
gerando novas atualizações. Como prova disso, podemos citar as Diretrizes
Curriculares Nacionais (DCN) publicadas no final dos anos de 1990 e atualizadas
em 2004, onde tinham finalidades distintas dos Parâmetros Curriculares Nacionais
(PCN). Também as determinadas pela Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional (LDB), no qual propuseram o conjunto de “princípios, fundamentos e
procedimentos capazes de orientar as escolas brasileiras na organização,
articulação, desenvolvimento e avaliação das suas propostas pedagógicas”, assim
descrito em resolução do Conselho Nacional de Educação (CNE).
No entanto, em 2014, o Plano Nacional da Educação (PNE) reafirmou
esta necessidade de definir diretrizes pedagógicas para a educação Básica e de
criar uma Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que orientasse a elaboração
dos currículos das escolas públicas e privadas de todo o Brasil (BRASIL, 2014).
Todavia, se estas leis vigentes forem colocadas em prática, implicar-se-á
positivamente no trabalho do professor, pois ele tem um norte a seguir e, além de
facilitar a sua prática docente, também favorecerá o processo de ensino
aprendizagem das crianças.
A BNCC reforça ainda mais que a Literatura Infantil pode ser vista como
uma porta de entrada para o universo maravilhoso da leitura. (BRASIL, 2018). Haja
visto a variedade de gêneros textuais que a compõem, como por exemplo: fábulas,
contos, mitos, lendas, adaptações de grandes clássicos da literatura mundial,
parlendas, trava-línguas, adivinhas, além de textos autorais narrativos e poéticos.
Tendo, assim, material riquíssimo repleto de histórias, memórias, diversidade
cultural, fantasia, encantamento e valores humanos.
Já na LDBEN 9.394/1996, além de nos mostrar as implicâncias desta
arte, também nos mostra a necessidade da formação docente para os professores
dos anos iniciais do Ensino Fundamental, visto que no artigo 4º afirma que o curso
de Pedagogia destina-se à formação de professores para exercer funções de
magistério na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino Fundamental. Mas,
nem sempre é o que acontece na atualidade, talvez pela falta de profissionais da
área ou até mesmo pela negligência profissional de quem está à frente deste
processo.
Mas, embora se todos os profissionais que ocupam esta área fossem
formados em Pedagogia, conforme prevê na lei 9.394/1996, só a graduação ainda
não seria o suficiente, pois a formação continuada é algo primordial na formação
docente, sendo necessário que aconteça de forma contínua para o professor, o qual
precisa desse apoio para melhor exercer o papel de mediador no âmbito da sua
profissão. Recentemente ocorreu algo positivo a respeito disso, que foram as novas
intervenções no currículo trazidas pela Resolução CNE/CP 2/2015, as quais definem
as Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação em nível Superior (cursos de
licenciatura, curso de formação pedagógica para graduados e cursos de segunda
licenciatura) e para a formação continuada.
Porém, mesmo com alguns profissionais das séries iniciais já possuindo a
segunda licenciatura ou até mesmo curso de especialização, ainda existe uma
carência muito grande de capacitações, como por exemplo: cursos de contações de
histórias e de oficinas de produção de recursos lúdicos que auxiliam diretamente na
prática do professor em sala de aula. Pois, nem todos os professores têm o domínio
desta prática, uma vez sabemos que ler e contar histórias é algo que requer
planejamento e preparo indo muito além de uma leitura convencional feita no dia -a -
dia.
Dessa maneira, um professor capacitado fará total diferença neste processo,
pois na concepção de Moreira (2010), a Educação institucionalizada precisa atender
a sociedade contemporânea sendo multicultural e possuidora de diferenças
relacionadas com a classe social, gênero, etnia, orientação sexual, cultura e religião,
que se expressam nas distintas esferas sociais, aspectos que também não podem
ser desconsiderados no discurso educacional. Ou seja, o aluno dos dias atuais
precisa ser colocado no centro do processo de ensino aprendizagem e este
processo precisa fazer sentido para que desperte o interesse e a vontade de
aprender deste sujeito.
As DCN’s trazem estas discussões de forma bem ampla. Mas, segundo
Libâneo (2010), é importante que os direitos sejam estabelecidos e efetivados, não
ficando apenas no discurso, logo, é preciso cuidar da formação docente e das
condições para a oferta da educação formal brasileira de qualidade. De tal modo,
entende-se que além da necessidade da efetivação das leis que regem a educação
nacional, também é fundamental que seja oferecido capacitações e condições de
trabalho para os professores, pois isto refletirá bastante no processo de ensino-
aprendizagem das crianças em formação leitora nos anos iniciais.
Uma vez que sabemos da importância que a leitura tem na vida do ser
humano, de acordo com a BNCC, a formação do leitor deve contribuir certamente
para sua participação em práticas sociais da cultura letrada, que, em sua
diversidade, permitirão o aluno apropriar-se progressivamente em diversos gêneros
textuais/ discursivos e estabelecer relações com outros, mas sempre consciente dos
sentidos que produz (BRASIL, 2018). Diante disso, compreende-se que esta prática
é essencial na vida da criança nos anos iniciais visto que estamos falando de um
indivíduo que está em pleno desenvolvimento e em construção de conhecimento.
No eixo leitura ensinar a ler, é levar o aluno tanto a reconhecer a
importância das culturas do escrito como também a interpretar imagens estáticas e
em movimento que constituem muitos gêneros digitais. Já no que diz respeito à
leitura literária, conforme a Base, deve perpassar pela compreensão de como a
literatura dialoga com a vida humana, da linguagem literária e sua profunda
construção estilística, do fato de como ela pode transcender tempo e espaço.
Sendo assim, Jolibert (2004) reforça esta ideia que as Diretrizes
Curriculares nos traz quando afirma que ler não consiste em combinar apenas letras
e sílabas, pois para ler não se trata de primeiro, fotografar e memorizar formas
(letras e sílabas) para depois combiná-las e mais tarde compreender o que se está
lendo, mas buscar ativamente um significado de um texto, relacionando com suas
necessidades interesses e projetos. Ou melhor, entende-se que o processo de
leitura nos anos iniciais deve ir além de conhecer letras e sílabas, pois ele precisa
fazer sentido e, somado a isso, o professor deve ter em mente que objetivo deseja
alcançar.
Assim, de acordo com as orientações pedagógicas do Referencial
Curricular para a Educação Infantil (Brasil, 1998) os professores deverão organizar a
sua prática de forma a promover em seus alunos: o interesse pela leitura de
histórias; a familiaridade com a escrita por meio da participação em situações de
contato cotidiano com livros, revistas, histórias em quadrinhos; escutar textos lidos,
apreciando a leitura feita pelo professor; escolher os livros para ler e apreciar. Ou
seja, planejar e organizar tudo isso é uma prática que requer preparo do professor,
pois incentivar o gosto e o prazer pela leitura é algo fundamental na vida das
crianças em séries iniciais.
Nessa perspectiva, é de extrema necessidade questionarmos sobre quais
as implicações da Literatura Infantil na formação de leitores nos anos iniciais. Pois
segundo as DCE, o papel do leitor é fundamental quando se trata de literatura e ao
mesmo tempo é necessário refletir também sobre a necessidade de formação
continuada para esses professores que estão trabalhando a literatura infantil em sala
de aula, que muitas vezes não têm nenhum preparo adequado para fazer o uso da
mesma e acabam dificultando o processo de ensino-aprendizagem dos seus alunos.

Implicações da literatura infantil para a formação de leitores

Nos primeiros anos de vida, a criança vive uma fase de descoberta muito
grande e estas vão gerando conhecimento dentro de si, no qual desenvolve tanto a
sua oralidade, a leitura, a escrita quanto o pensamento crítico e reflexivo do aluno. E
é partindo desse contexto que as implicâncias e contribuições da literatura infantil se
tornam tão crucial no processo de ensino-aprendizagem, uma vez que o uso da
leitura nos anos iniciais do Ensino Fundamental se torna tão necessário. Desse
modo, o uso adequado da literatura infantil nos anos iniciais implica diretamente de
forma positiva neste processo.
Nas palavras de Zilberman (1994, p. 22), a Literatura Infantil,

[...] sintetiza, por meio dos recursos da ficção, uma realidade, que
tem amplos pontos de contato com o que o leitor vive
cotidianamente. Assim, por mais exacerbada que seja a fantasia do
escritor ou mais distanciadas e diferentes as circunstâncias de
espaço e tempo dentro das quais uma obra é concebida, o sintoma
de sua sobrevivência é o fato de que ela continua a se comunicar
com o destinatário atual, porque ainda fala de seu mundo, com suas
dificuldades e soluções, ajudando-o, pois, a conhecê-lo melhor.

Sabendo que é nos anos iniciais que a criança tem seus primeiros
contatos com os livros, o incentivo para o desenvolvimento do hábito da leitura é
primordial nessa fase. Segundo Bamberger (1991), uma das implicações da
literatura infantil na formação de leitores é fazermos com que a criança tenha
sistematicamente uma experiência positiva com a linguagem, antes que as histórias
em quadrinhos, as revistas ilustradas e a torrente de imagens veiculadas pelos
meios de comunicação de massa tomem conta dela, visto que estaremos
promovendo o seu desenvolvimento como ser humano. No qual, entende-se a
importância de tornarmos esta prática prazerosa.
No entanto, trabalhar a literatura Infantil de forma lúdica implica
positivamente e faz toda diferença neste processo. A escritora Cecília Meireles
(1984) reforça esta ideia quando diz que a literatura infantil, em lugar de ser a que se
escreve para as crianças, deve ser a que as crianças leem com agrado. Perante
isso, compreende-se que a aprendizagem precisa ocorrer de forma autônoma e
prazerosa no qual a criança é livre para imaginar o mundo que quiser e, além disso,
criar livremente.
Neste cenário Bordini (1985, p. 27-28) chama a atenção ao apontar que
“os textos literários adquirem, no cenário educacional, uma função única, singular:
aliam à informação o prazer do jogo, envolvem razão e emoções numa atividade
integrativa, conquistando o leitor por inteiro e não apenas na sua esfera cognitiva”.
Sendo assim, a literatura infantil abre espaço para que o trabalho do professor traga
ludicidade e criatividade implicando, desse modo, no ato de estudar, tornando-o
prazeroso, o qual faz com que a criança se sinta estimulada a aprender.
Dessa maneira, é imprescindível o uso desta ciência nos anos iniciais do
Ensino Fundamental com as crianças, pois a partir dela os educandos têm o contato
com diferentes narrativas, histórias, contações e etc. Elementos estes que
constituem propostas contidas nos Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua
Portuguesa (1997) onde ressaltam o “Domínio da Língua oral e escrita, sendo
fundamental para a participação social efetiva, pois é por meio dela que o homem se
comunica, tem acesso à informação, expressa e define pontos de vista, partilha ou
constrói visões de mundo, produz conhecimento” (p.11). Melhor dizendo, os
Parâmetros Curriculares reforça mais uma vez a ideia de que o incentivo a leitura na
vida das crianças nos anos iniciais tem sua significância e implica certamente no seu
desempenho social.
Entretanto, sabemos que criar o hábito de trabalharmos a literatura de
forma lúdica e criativa diariamente, com foco principal na formação de leitores, não é
algo simples, porém é algo fundamental, pois implica positivamente no
desenvolvimento cognitivo, oral e imaginário da criança. Cadermartori (2017)
destaca ainda que, quando um adulto produz um livro para uma criança, se
manifestam ideias sobre o que os pequenos leitores devem ser e pensar, servindo
como instrumento de formação, concepção ideológica e dos conceitos que devem
ser adquiridos. Reforçando, assim, a necessidade da prática da leitura diariamente
em sala de aula.
Dessa forma, a leitura, além de implicar no desenvolvimento crítico e
reflexivo da criança, também influencia certamente no desenvolvimento emocional.
Pois, segundo Cunha (1974) “a literatura Infantil implica e quer influir em todos os
aspectos da educação do aluno. Assim, nas três áreas vitais do homem (atividade,
inteligência e afetividade) em que a educação deve promover mudanças de
comportamento, a Literatura Infantil tem meios de atuar”. Entende-se que a literatura
infantil é uma arte e enquanto arte é algo crucial na vida do sujeito, visto que implica
em um sentido na vida da criança, até mesmo no que diz respeito a afetividade.
Nesta óptica, Góes (2010, p.47) reforça mais uma vez este conceito sobre
a importância da leitura na vida da criança, quando afirma que o desenvolvimento da
leitura entre crianças implicará positivamente em um enriquecimento progressivo no
campo dos valores morais, da cultura, da linguagem e no campo racional. O hábito
da leitura ajudará na formação da opinião e de um espírito crítico, principalmente, a
leitura de livros que formam o espírito crítico, enquanto a repetição de estereótipos a
empobrece.
Assim, concordamos com Meireles (1994, p. 36) ao afirmar que:

A literatura infantil é o caminho que leva as crianças ao mundo da


leitura de maneira divertida, pois através de seu caráter mágico e
lúdico faz com que a atenção das crianças se volte a ela. Entretanto,
a escola muitas vezes não tem proporcionado aos seus alunos esse
caráter mágico e lúdico da literatura infantil. A leitura não é
apresentada à criança como algo belo e prazeroso, daí vem à má
formação de nossos leitores. Desta forma, teremos adultos que não
sentem prazer pela leitura e nem a adotam como uma prática social
indispensável. Cabe assim, aos professores essa árdua tarefa. Eles
precisam produzir atividades divertidas, desenvolver em suas aulas
metodologias diversificadas, fugindo assim de atividades rotineiras
que desligam os alunos do prazer pela leitura.

Sabemos que ler é reunir experiências de outras leituras e vivências para


atribuir significados e sentidos a um texto. Porque, quando somos capazes de
estabelecer relações entre o texto que temos à frente dos olhos e as nossas
experiências anteriores, é possível afirmar que existe compreensão. Ler é, portanto,
compreender (BISSOLI; CHAGAS, 2012). Ou seja, a leitura nos leva a ir de encontro
até mesmo com os nossos conhecimentos empíricos, nos quais enriquece o nosso
vocabulário e faz com que nos tornamos seres humanos críticos e reflexivos no
mundo ao qual pertencemos.
No entanto, o acesso à literatura transpõe a visão utilitária que a tem
apenas como um meio para a formação intelectual, devendo ser instituída como um
direito essencial na definição do ser e estar do sujeito no mundo (CANDIDO, 1995,
p. 173). Porém, ao contrário do que o autor defende, boa parte das escolas deixa
esta arte literária a desejar, não exercitando a prática literária diariamente ou
apresentando a literatura infantil para seus alunos como uma obrigação, através de
leituras corriqueiras sem nenhum objetivo em mente a alcançar e sem trazer junto
com ela práticas metodológicas inovadoras que façam com que despertem nos
alunos a vontade e o desejo em aprender.

Considerações Finais

O objetivo geral deste trabalho foi discutir os desafios e as implicações da


literatura infantil para a formação de leitores das séries iniciais do Ensino
Fundamental e a problemática residiu em propor reflexões acerca das implicações e
contribuições da Literatura Infantil na formação de leitores nas séries iniciais do
Ensino Fundamental.
Dessa forma, lançando mão dos autores que são referências na área,
observamos que a literatura infantil nos anos iniciais do ensino fundamental implica
diretamente no desenvolvimento da formação de leitores, uma vez que a leitura
ocupa na atualidade um papel essencial na vida das pessoas, no qual, a sua
aquisição deve ocorrer de fato diariamente de forma significativa.
Vimos que são vários fatores que implicam diretamente neste processo, e
são muitos os desafios para que se torne uma prática cotidiana em sala de aula,
podemos mencionar, por exemplo, as dificuldades históricas da educação brasileira,
principalmente, nas escolas públicas do país, em que existe a plena falta de
estrutura física nas escolas, ausência de acompanhamento e apoio familiar além de
uma enorme carência de capacitação continuada e acesso a recursos didáticos para
os professores de polivalência.

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