Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
TEORIAS DO LETRAMENTO
E PRÁTICAS SOCIAIS DA
LEITURA E ESCRITA
02
A categoria educação é foco de discussão no tema 3, que propicia
elementos para uma reflexão acerca de sua responsabilidade diante dos desafios
da atualidade e os pertencentes à sua origem e trajetória.
O tema 4 apresenta algumas proposições sobre o conceito de escola e sua
função na sociedade atual, e, para concluir este primeiro estudo, aborda-se no tema
5 as questões relativas aos sujeitos e aos processos de aprendizagem. De forma
sintética, nele são descritas as principais teorias de aprendizagem na
intencionalidade de elencar elementos que contribuam para o aprimoramento da
prática docente.
Enfim, esta aula objetiva, de modo geral, contextualizar a
Educação brasileira elencando suas fragilidades e apontando possibilidades de
superação, na intencionalidade de subsidiar a compreensão do conceito de
letramento.
Como objetivos específicos, trabalha as categorias de análise de cultura,
educação, escola e aprendizagem, as quais fundamentam a educação brasileira.
CONTEXTUALIZANDO
03
Tabela 1 – Anos iniciais do Ensino Fundamental
04
caótica em que se situa o ensino brasileiro? Essa realidade se perpetua nas escolas
desde seu surgimento no Brasil? Que possibilidades a escola pública está
oferecendo aos brasileiros? Qual sentido a educação brasileira representa na
sociedade atual?
05
causou certa instabilidade na configuração e no direcionamento do trabalho
escolar.
A escola pensada para a educação de pessoas civilizadas, no decorrer do
tempo, vai assumindo novas responsabilidades, porém, sob uma mesma
estrutura, o que a caracteriza de modo contraditório. Para Senna (2012),
Daí resulta que o aluno brasileiro permite-se, isto sim, preparar-se para
o trabalho, incorporando o mínimo possível da educação que a escola
lhe impunha. Assim foi que o brasileiro tornou-se um leitor da escrita,
mas não formou uma sociedade leitora de textos escritos, o que significa
dizer que dominou a tecnologia da escrita, mas não a transferiu para
suas práticas sociais, nas quais a oralidade ainda prevalece como uma
08
forma de resistência à interferência da cultura europeia na “alma” do
povo. (Senna, 2012, p. 42)
TEMA 2 – CULTURA
09
intelectual destituídas de conteúdo e sentido. O que se consegue imitar,
desde a época colonial, foi apenas o aspecto formal do modelo cultural.
Um sistema cultural, deslocado de sua matriz para instalar-se
alienadamente, apenas como produto, em meio a outras circunstâncias,
gera formas de comportamento que se apresentam e se transmitem por
meio de símbolos vazios de significado. A cópia do aspecto meramente
formal foi a característica dominante da cultura intelectual transplantada
desde a época da colonização do Brasil. (Romanelli, 2007, p. 22)
TEMA 3 – EDUCAÇÃO
010
com os sujeitos envolvidos e os objetivos pensados. Portanto, o que as diferencia
é a intencionalidade que lhe dá sentido.
Sob esse ponto de vista, fica evidente que a Educação, no modo mais
complexo, não é responsabilidade exclusiva da escola, e sim, deve ser entendida
como uma prática de vida social, que não pode ser transferida para um único
segmento da sociedade como tem sido feito nos últimos anos. A escola tem sim
sua expressiva responsabilidade na Educação dos sujeitos, porém não é seu
dever único. Sua prioridade deve permear sobre a formação dos indivíduos com
relação aos conhecimentos historicamente constituídos pelo ser humano.
A especificidade da educação está definida por seu objeto: identificação
dos elementos culturais necessários à constituição da humanidade em cada ser
humano e à descoberta das formas adequadas ao atingimento desse objetivo.
Dessa forma, a educação configura-se em trabalho, intencional, com um fim a
atingir. Trabalho voltado à formação, cujo produto não se separa do ato de
produção, considerado de segunda natureza, cultural, histórico.
No entanto, para alcançar essa intencionalidade do trabalho educativo, faz-
se necessário organizar as condições de sua realização pensando nas ações que
visam dar sistematicidade ao trabalho pedagógico, evitando ao máximo que se
efetive de forma espontânea, eventual, improvisada.
Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, Lei 9.394/1996, em seu
art. 1.º, a educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida
familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e nas organizações da sociedade civil, bem
como nas manifestações culturais.
Portanto, a educação, antes de tudo, é um direito de todos, mas para além
do acesso deve ser garantida sua qualidade segundo princípios que sustentem a
formação humana em sua plenitude, potencializando as capacidades que o
indivíduo possui no sentido de promover e melhorar sua própria existência e a
realidade social em que vive, contribuindo para a transformação da sociedade de
modo que ela se torne cada vez melhor.
Esse conhecimento produzido historicamente e que, ao ser ensinado,
possibilita elaborar novos ou aperfeiçoá-los, que precisa ser cautelosamente
planejado e ordenado de forma a garantir seu amplo acesso, o que se refere não
somente a levar a informação, mas explorar esse conhecimento de forma que
possa ser apropriado e devidamente compreendido por todos. Esse acesso, em
seu sentido mais completo, compreende sua inserção e também seu
011
entendimento, e se configura como um dos grandes desafios da educação, ou
seja, pensar nos processos educativos remete-nos a pensar na responsabilidade
do professor e sua reconfiguração diante da nova realidade, bem como a entender
o aluno e seus processos de aprendizagem.
TEMA 4 – ESCOLA
012
começo para possíveis transformações. A escola precisa deixar de ser um
depositário de sujeitos que a família e a sociedade não deram conta de educar, a
qual os responsáveis delegam a tarefa de formar sujeitos para uma urbanidade
civilizada. É preciso superar esse caráter que não atende mais às demandas
dessa sociedade, bem como se despir urgentemente do caráter enciclopedista
que se concretizou com as ideias iluministas, pois isso também perdeu o sentido
no atual contexto.
Prioritariamente, o sentido da escola e da educação precisam ser definidos
de forma única, bem como a ambiguidade que cerceia o campo educacional
precisa ser claramente discutida e redefinida entre os diversos setores da
sociedade para que cheguem a um objetivo comum. Desse modo, a partir dele,
permite-se equidade de condições, bem como que se reestabeleçam ações
verdadeiramente concretas para intervir e melhorar a educação pública no país,
proporcionando seu acesso a todos os brasileiros sem distinção étnica, de classe
social ou de qualquer espécie.
As condições que foram estabelecidas historicamente e que se enraizaram
de forma predominante nas escolas, pautadas em uma perspectiva de educação
distinta conforme a classe a que se dirige, precisam ser emergencialmente
extintas, pois diante da nova configuração de sociedade estabelecida na pós-
modernidade, essa divisão não atende mais às demandas atuais, e sim contribui
para reforçar as desigualdades presentes na sociedade advindas do modo de
produção capitalista. A escola, devido à sua função emancipatória, deve superar
a visão de sociedade cindida em classes desiguais, discriminatória, injusta e
acima de tudo desumanizada. A escola, nesses modelos reprodutores de matéria-
prima para a exploração do trabalho humano, é também um projeto social
esvaziado de conteúdo e consciência social, o qual contribui para que as
condições de vida das pessoas permaneçam da mesma forma. Como Frigotto
(2017, p. 20) afirma:
014
Desse modo, fica explícito o papel da escola, bem como sua finalidade
histórica e cultural na sociedade. Soares (2010, p. 32) também afirma que a escola
assume historicamente a responsabilidade pelo desenvolvimento de um processo
pedagógico específico, que, entendido como processo de trabalho humano, pode
ser definido como uma atividade orientada para determinado fim, a “atualização
histórico-cultural do homem”, a transmissão de conhecimentos, informações e
valores.
016
contemplando o todo e as partes desse processo educativo em um movimento
dialético em que ambos se constituem de forma complementar.
A educação se constitui a partir de uma análise complexa e é considerada
como um ato intencional, que possibilita ao ser humano, se pensada dentro de
uma concepção crítica, sua emancipação. É indissociável elaborar propostas de
ensino que reverberem em uma práxis pedagógica que ofereça aos indivíduos
conhecimentos suficientes para utilizá-los como ferramenta necessária na
realização de qualquer trabalho que venha a ser desempenhado na realidade.
Isso pode ser traduzido na verdadeira responsabilidade do professor, que de
forma convicta deve proporcionar os instrumentos necessários para a apropriação
dos saberes historicamente constituídos, e que podem de forma muito satisfatória
intervir nas condições de vida dos indivíduos.
Esses instrumentos tornam-se acessíveis mediante uma aprendizagem
significativa, relevante, implicando um processo de aculturação, configurando-se
em uma aprendizagem que se concretiza na medida que se efetiva diante de sua
aproximação com a realidade. Porém, essa compreensão parece caminhar para
um campo um pouco delicado, pois o entendimento perpassa pela ambiguidade
entre os problemas relativos ao enfoque que se estabelece no âmbito das
questões de como o aluno aprende ou na relação que ele estabelece com seu
contexto. Nas palavras de Sacristán e Gomez (1998, p. 95) “o problema não é
tanto como aprender, mas sim como construir a cultura da escola em virtude de
sua função social e do significado que adquire como instituição dentro da
comunidade social.”
Essa análise conduz para duas possibilidades que se efetivam no contexto
escolar: uma delas se configura, ainda no pensamento de Sacristán e Gomes
(1998), na concretização da cultura social da comunidade, em que os problemas,
os conflitos e os interesses, bem como as alternativas e as propostas de
intervenção estejam explicitamente expostos e abertos de forma consciente.
Outra possibilidade cerceia no seu contrário, ou seja, constrói artificialmente um
grupo que distorce ou relativiza os problemas para dar lugar a um conhecimento
descontextualizado, que prioriza os conceitos prontos, acabados, fragmentados,
enciclopedistas, com valores universais, porém, nulos na intervenção social. Para
os autores
FINALIZANDO
019
REFERÊNCIAS
020