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OS JOGOS PEDAGÓGICOS NA MATEMÁTICA: UMA

ANÁLISE DAS ESTRATÉGIAS DE ENFRENTAMENTO À


EVASÃO ESCOLAR

SILVA, Paulo Roberto Oliveira Licenciando em matemática no Centro Universitário


Internacional Uninter

SOBRENOME, Nome do Professor orientador convidado (o nome do professor Corretor


deve ser colocado após a primeira postagem e correção)

RESUMO
Esse artigo tem como objetivo analisar a importância dos jogos educacionais no
controle da evasão escolar, principalmente no que tange às práticas
pedagógicas de ensino-aprendizagem interativa no contexto escolar. Para a
construção da pesquisa foram realizadas análises dos dados educacionais do
ministério da educação, no que concerne aos números da evasão escolar no
país, com a finalidade de obter os resultados a fim de alcançar os objetivos
pretendidos na pesquisa. Nessa perspectiva, esse artigo está alicerçado em
bases teóricas de autores como: FREIRE (2003), LOPES (2014), e CAMPOS
(2002). Como forma de alcançar os objetivos traçados, utilizamos como
metodologia de revisão bibliográfica, o que consistiu na elaboração de um
corpus de análise a partir da coleta de dados da evasão escolar no Brasil
disponibilizado pelo ministério da educação, além dos dados fornecidos pelo
instituto brasileiro de geografia e estatística e em seguida, foram feitas análises
de literaturas sobre os jogos no ensino da matemática e também para inserir o
pesquisador no contexto da pesquisa. Como resultado das análises
encontramos: apesar das discussões atuais empreendidas em torno da
problemática subscrita, ainda torna-se emergente rediscuti-la, dentro de
diferentes esferas sociais e educacionais, destacando a relação entre evasão
escolar e as práticas pedagógicas significativas como foco deste artigo. Nesse
aspecto, consideramos que, apesar das inúmeras discussões feitas em torno da
evasão escolar, ainda é perceptível um alto número de discentes que desistem
do processo de escolarização, o que analisamos como resultado do baixo
investimento em políticas públicas de educação, aliado às práticas pedagógicas
mecanicistas. A despeito dessa conjuntura, estimamos os jogos educacionais
como um instrumento pedagógico que pode auxiliar no desenvolvimento de
práticas pedagógicas significativas no ensino-aprendizagem, tornando-se uma
medida paliativa no controle da evasão escolar e como uma ferramenta
importante para auxiliar o ensino de matemática.

Palavras-chave: Evasão escolar. Matemática . Jogos educacionais.


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1. Introdução

O contexto escolar é construído por diferentes sujeitos sociais, o que permite


compreender a escola como um espaço dinâmico, interativo e dialógico. Nessa
perspectiva, o entrecruzamento de vozes que permeiam tal espaço é constituído de
tensões sociais, o que põe a escola como um espaço de unificação e amplificação das
vozes para a participação individual e coletiva em diversas práticas sociais. Desse modo,
compreendemos a educação como um instrumento de empoderamento social, a partir da
promoção da igualdade, da justiça social e da participação coletiva na sociedade.
Considerando os múltiplos fatores sociais que permeiam o espaço, sendo a evasão
escolar, o desestímulo dos discentes e as problemáticas de cunho social e psicológico,
afetam as instituições educacionais públicas. No âmbito do ensino, é flagrante que a
maior problemática centra-se no ensino de língua portuguesa e matemática reduzido aos
métodos formalistas e tradicionalistas de ensino, traduzidas em atividades mecânicas,
falhas e pouco reflexivas, culminando no engajamento reduzido da turma com as
atividades propostas. Em matemática as práticas pedagógicas de ensino-aprendizagem
são voltadas a aprendizagem de competências básicas, como por exemplo as quatro
operações, o que converge as aulas de matemáticas em práticas mecanicistas de ensino-
aprendizado, resultado dos processos históricos (colonização) e da intervenção dos
grandes conglomerados econômicos na educação, reverberando na construção de um
ensino instrumentalista. (BRASIL, 1998).
Na matemática, observamos um problema que vem desde o ensino fundamental,
no qual os alunos não são incentivados a aprender a “base” da matemática desde a
divisão, multiplicação, até as primeiras funções e equações. Essa falta de “estímulo” faz
com que os estudantes cheguem no ensino médio sem saber as competências
necessárias para a sua progressão.
Corroborando com tais argumentos, consideramos que a adolescência é o período
mais delicado na vida de todo indivíduo, marcada pela transição entre o término da fase
infantil ao começo da preparação para a vida adulta, constituída de diversos impasses
onde cada jovem aprende a ordem de situações é normal que o adolescente comece a se
envolver com outras pessoas que compartilhem de seus pensamentos, ideologias e

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conflitos, nascendo então os grupos e tribos. Segundo Feixa, C. (1988), citado por
CHEILA, MIRIAM e SHEILA (2010) “Esses grupos formam subculturas, identificadas com
diferentes estilos, muitas vezes impulsionadas por preferências estéticas e musicais, mas
também fortemente relacionadas à realidade social que as circunda.”
Na situação atual, em que a sociedade encontra-se sendo testemunha de uma
descomunal onda de protestos e reivindicações em nome daqueles que se calaram por
anos, vivenciando uma maior visibilidade aos grupos minoritário, em sua grande maioria
aqueles tidos como marginalizados, os jovens que ao redor do mundo são os mais
passivos a empenhar-se em grandes revoluções são hoje protagonistas na tentativa de
mudar a realidade em que estão inseridos.
Aliado a isto, com a emergência tecnológica no cenário moderno atual e o
crescente aumento do uso das redes sociais, ficou cada vez mais instantâneo e natural a
inserção desses jovens nesses agrupamentos. Adjunta a todas essas circunstâncias, a
escola também possui papel significativo nesta incorporação, já que funciona como um
lugar provedor de interação e responsável por grande parte do desenvolvimento cidadão
dos alunos.
Apesar disso, parte desta responsabilidade é limitada e a instituição não consegue
fixar totalmente o que se propõe a fazer tendo que lidar com o alto nível de desinteresse
dos estudantes, a desvalorização dos professores e até mesmo com sua herança em
alguns casos arcaica ao se relacionar com determinados tabus.
Considerando as discussões subscritas, a respeito dos impactos da evasão escolar
nas instituições educacionais, este artigo intenta tecer discussões acerca da utilização de
jogos pedagógicos na matemática, enquanto ferramenta pedagógica de enfrentamento à
evasão escolar. Nessa perspectiva de análise, problematizamos questões de cunho social
e pedagógico que inserem-se paulatinamente na temática posta em pauta de reflexão.
Consoante a proposta deste artigo, figura-se duas problemáticas gerais e específicas de
discussões, sendo-as: Quais os impactos da evasão escolar nas instituições educacionais
brasileiras? Como a utilização de recursos pedagógicos digitais nas aulas de matemática
influenciam na consolidação de um ensino significativo, apresentando-se como
alternativa para conter a evasão escolar?

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Como possibilidade de resposta aos problemas traçados, discursivamente
nomeada de hipóteses, sugerimos: A evasão escolar decorre, de forma geral, de
problemas de ordens sociais e governamentais que se entrecruza aos contextos
educacionais, o que corrobora nos crescentes números de desistência de discentes da
educação básica. No que concerne às problemáticas sociais, consideramos as
desigualdades sociais como um fator preponderante para elevação dos índices, já no que
tange aos fatores governamentais, destacamos a precarização das instituições públicas e
o baixo investimento em recursos educacionais, como consequentes razões da evasão
escolar.
Diante das discussões mobilizadas anteriormente, a evasão escolar nas instituições
públicas figura como uma discussão urgente, principalmente, no que tange ao
questionamento das problemáticas que cerceiam tal questão, o que colabora na criação
de políticas públicas de fortalecimento da educação, além da implementação de práticas
pedagógicas refreamento a problemática subscrita.
O estudo da gamificação na educação, dos multiletramentos e do ensino-
aprendizagem significativo reveste-se de um olhar crítico para as práticas educacionais de
relativização e naturalização da evasão escolar, apontando estratégias e metodologias
pedagógicas para o favorecimento do ensino-aprendizagem. Nesse aspecto, os estudos
explicitados anteriormente fornecem bases teóricas para o intercâmbio com outras áreas
do conhecimento como, por exemplo, os estudos tradicionais e contemporâneos em
práticas pedagógicas de ensino na pós-modernidade, o que figura, neste artigo, como
uma possibilidade de integração entre dois aspectos teóricos.
Dessa forma, pretende-se com este estudo, ampliar as discussões acerca da
utilização de jogos como ferramenta pedagógica para o controle da evasão escolar,
contribuindo para os estudos que pautam as questões subscritas. Além dos motivos
expostos, pretende-se tornar este estudo público, para torná-lo base na elaboração de
políticas públicas educacionais, além de ser um material de apoio no desenvolvimento de
práticas educacionais consoantes ao estudo aqui tensionado.
Com vista ao alcance dos objetivos trilhados, desenvolvemos uma pesquisa de
abordagem qualitativa do tipo bibliográfica, através da observação do pesquisador em
campo.

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2. Metodologia

Para a construção desse trabalho foi utilizado uma abordagem metodológica


qualitativa, com o objetivo de refletir criticamente acerca dos dados apresentados no
corpus de pesquisa.
Deste modo, essa pesquisa foi elaborada entre os meses de Novembro de 2021 e
Janeiro de 2022, a partir de uma revisão de literatura dos principais autores que versam
acerca da temática subscrita. A revisão de literatura, segundo Feldens (1981), a”[...] pode
ser considerada como uma pequena contribuição para a construção de uma teoria em
uma determinada área.”(FELDENS, 1981, p. 1198). Nessa perspectiva, as considerações
teóricas desse artigo foi desenvolvida a partir das discussões teóricas tecidas em torno da
pesquisa, a partir das literaturas pertinentes ao assunto.
Nesse sentido, a pesquisa qualitativa, segundo Bogdan (1987), é defendida
como :
“A pesquisa qualitativa tem o ambiente natural como fonte direta dos dados e o
pesquisador como instrumento-chave; 2º) A pesquisa qualitativa é descritiva; 3º)
Os pesquisadores qualitativos estão preocupados com o processo e não
simplesmente com os resultados e o produto” (BOGDAN, 1987, p.128).
Desse modo, a pesquisa qualitativa é definida, segundo Gerhardt e Silveira
(2009), como um conjunto de técnicas interpretativas-reflexivas que buscam
compreender os fenômenos evidenciados no corpus, nesse sentido o autor afirma que:
Na pesquisa qualitativa, o cientista é ao mesmo tempo o sujeito e o objeto de
suas pesquisas. O desenvolvimento da pesquisa é imprevisível. O conhecimento
do pesquisador é parcial e limitado. O objetivo da amostra é de produzir
informações aprofundadas e ilustrativas: seja ela pequena ou grande, o que
importa é que ela seja capaz de produzir novas informações. (GERHARD,
SILVEIRA, 2009, p.32)

Nessa perspectiva, a pesquisa qualitativa é utilizada neste trabalho para refletir


acerca dos fenômenos evidenciados nos dados analisados, o que resulta na compreensão
de diferentes contextos situacionais da evasão escolar e da possibilidade da utilização de
jogos educacionais no ensino da matemática, como um suporte pedagógico.
Nessa conjuntura, a pesquisa qualitativa potencializa o “contato direto com a
comunidade participante”, isso permite que um elo de “construção e desconstrução”
seja criado entre o pesquisador e as pesquisas que está analisando.

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Nessa conjuntura é criado uma pedagogia da construção que coloca o
pesquisador em contato direto com o problema a ser pesquisado, fazendo com ele tenha
que adaptar o seu método para a melhor maneira. Com olhar teórico-metodológico
adotado, consideramos, dentro dos limites epistemológico, está pesquisa como inédita,
justificada pela capacidade teórica de transdisciplinar de aliar diferentes olhares teóricos,
para que possamos comprovar objetivos escolhidos e apresentar a importância da
utilização dos jogos para diminuir a evasão escolar.

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3. Revisão bibliográfica/ Estado da arte

3.1 A evasão escolar no Brasil: o que os números dizem


O cenário da evasão escolar no Brasil pode ser compreendido a partir do censo do
instituto brasileiro de geografia e estatística, o IBGE, nos anos entre 2017 a 2020.
Conforme os dados averiguados e disponibilizados pelo instituto, os jovens com intervalo
de idade entre 6 a 10 anos, representam um percentual médio de 68% de crianças que
frequentam regularmente as instituições escolares, e possuem competências básicas
para o nível. Obstante a esses dados, o percentual de jovens com idades entre 11 à 15
anos, representa uma média de 86%.
Ao pesquisarmos sobre a taxa do grau de escolaridade entre adolescentes até os
17 anos, podemos ver que menos que 87,2% estão no mesmo nível e entre eles, apenas
68,4% desses jovens estão na série ideal para a sua idade, isso se torna mais preocupante
ainda, pois estamos falando de pré universitários que deveriam estar preparados para
entrar na universidade com uma idade ideal. Porém essa porcentagem representa que
temos aproximadamente 2 milhões de adolescentes que estão atrasados para se formar e
entrar no mercado de trabalho. Através desses dados apresentados pelo IBGE, podemos
ver que esses estudantes continuaram se atrasando no decorrer dos anos.
Tal fato denuncia uma realidade preocupante de evasão, revelando a urgência de
medidas que favoreçam o desenvolvimento pleno destas pessoas para que consigam ter
acesso e se sintam motivadas a frequentar espaços escolares com uma educação pública
e de qualidade. Esse público apresenta, além dos altos índices de evasão escolar,
dificuldades em escrever e compreender gêneros simples, como, por exemplo, um
bilhete. O cenário educacional subscrito aponta para um crescente número de
analfabetismo funcional, considerando que, atualmente, cerca de 39 milhões de
brasileiros são registrados com a problemática subscrita.
Dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC), mostram que no intervalo
do ano de 2004 a 2012 o número de pessoas analfabetas vem entrando em uma ordem

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decrescente, considerando que a porcentagem de 11,5% caiu para 8,7%. E é importante
frisar que a maior parte desse aumento do número de pessoas com letramento
suficiente, está localizada no Norte e Nordeste.
3.2 As heranças da escola ocidental moderna.
Guacira Lopes Louro (2014) em seu livro Gênero, sexualidade e educação,
reconhece o papel separatista que a escola ocidental moderna perpetuou através dos
anos. A academia sempre foi responsável por exercer ações discriminatórias e
hierárquicas externas e internamente, distinguia os que faziam parte dela e os que não
faziam, os mais pobres dos mais ricos, as meninas dos meninos. Aos poucos a instituição
ia construindo uma educação absolutamente separatista aos seus sujeitos impondo aos
seus alunos modelos a serem seguidos e reconhecidos.
Toda essa factual conjuntura através das décadas resulta hoje na maioria dos
casos em um ambiente hostil capaz de sutilmente moldar as identidades sociais dos
estudantes, estabelecendo uma única postura admissível que deve ser seguida por todos
consumando em uma abolição de toda e qualquer individualidade, construído dessa
forma o que a autora conceitua como Corpos escolarizados. Porém, é Importante
salientar também que todo indivíduo humano é passível a negação e rejeição de
imposições de terceiros, principalmente os adolescentes que estão em uma fase de suas
vidas onde os questionamentos, a insubmissão e o sentimento de revolta são comuns.
Guacira Lopes (2014) evidencia o cuidado que devemos ter em observar e
questionar ações banais que passam despercebidas dentro do contexto escolar, como a
separação dos meninos e meninas para a realização de atividades, brincadeiras,
brinquedos e comportamentos que interferem negativamente para a luta
contemporânea da igualdade de gêneros. Infelizmente a instituição além de correr contra
o tempo para aprender a lidar melhor com essas demandas tem também que começar a
dedicar um cuidado e atenção maior às problemáticas que ultrapassam as questões
binárias de gênero.
[...] Dispostas/os a implodir a idéia de um binarismo rígido nas relações de gênero,
teremos de ser capazes de um olhar mais aberto, de uma problematização mais
ampla (e também mais complexa), uma problematização que terá de lidar,
necessariamente, com as múltiplas e complicadas combinações de gênero,
sexualidade, classe, raça, etnia. LOPES (2014, p.69)

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Toda essa diversidade existente na sociedade também se faz presente dentro da
escola, no entanto lamentavelmente não significa que todas elas sejam abraçadas nesse
ambiente. Essa herança discriminatória ainda é perceptível até o momento atual, é
preciso romper com todas imposições veladas que se disseminam pela educação formal.
3.3 As diferentes identidades que compõem o espaço escolar: As dificuldades e
perspectivas.
Ainda no livro Gênero, Sexualidade e Educação, Guacira Lopes (2014) discorre que
ainda nos dias atuais a instituição escola dentro de suas dependências tende a possuir
atitudes discriminatórias contra a homossexualidade e/ou qualquer outra situação que
fuja de seus domínios, geralmente costuma negar que dentro dela possam existir casos
que fujam as relações binárias de gênero. Para a autora, negar a existência de alunos
homossexuais pode ser entendido como uma tentativa de “eliminá-los” para evitar uma
fuga das normas já estabelecidas.
Toda a negação por parte da instituição, acaba, consequentemente,
estabelecendo um ambiente prejudicial para aqueles que não se vêem como parte igual
daquele grupo, culminando em uma potencial evasão escolar.
A negação dos/as homossexuais no espaço legitimado da sala de aula acaba por
confiná-los ás gozações e aos insultos dos recreios e dos jogos, fazendo com que,
deste modo, jovens gays, lésbicas só possam se reconhecer como desviantes,
indesejados ou ridículos. LOPES (2014, p.72)

Atividades dentro da escola que trabalhe inclusão de gênero de forma igualitária,


são de máxima importância para a construção sadia de cidadãos capazes de lidar melhor
com as diferenças do outro.
Em oposição ao que é dito por aqueles que defendem a proibição das discussões
de gênero no contexto escolar, não somente aqueles alunos não heterossexuais serão
beneficiados, mas como também todos os outros, meninas aprenderam mais cedo como
resistir ao machismo e as limitações que lhe são predispostas simplesmente por serem
meninas. Como afirma Guacira Lopes “[...] Muitos professores e professoras atuam, ainda
hoje, com uma expectativa de interesses e desempenhos distintos entre seus grupos de
estudantes.”
Guacira cita uma importante pesquisa etnográfica realizada pela pesquisadora
Barrie Thorme (1993) onde a mesma certifica que existem milhares de situações e jogos
que promovem uma rivalidade entre meninos e meninas, além de ratificar também que a
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escola favorece esse tipo de situação, estabelecendo uma separação ainda maior das
relações diretas entre grupos com alunos de gêneros diferentes.
Todo esse cuidado pela escola em se manter uma possível “normalidade”,
disseminando as exceções, prezando por uma heterossexualidade predominante, mesmo
que impostas subjetivamente acaba acorrentando inúmeras vezes traumas difíceis de
serem superados por essas minorias que são prejudicadas. Porém é importante salientar
que não é possível separar totalmente essa realidade da escola. Guacira Lopes defende a
ideia de que “a sexualidade está na escola porque ela faz parte dos sujeitos, ela não é
algo que possa ser desligado ou algo do qual alguém possa se despedir.”
Vale destacar também que quando se silencia essas vozes é muito mais fácil
induzir aos alunos heterossexuais o julgamento contra o diferente, Lopes aponta mais
uma autora, Maírtin Mac An Ghaill (1996) após analisar o comportamento de alguns
estudantes meninos concluiu que a eles eram empregados subjetivamente pelo seu
gênero “formas contraditórias de heterossexualidade compulsória, misoginia e
homofobia” julgavam e tratavam como diferente gays e mulher.
Portanto, o estudo de questões de gêneros dentro da escola contribui para a
formação dos alunos em um geral, principalmente para as mulheres e homossexuais que
terão um alicerce maior para resistir a todas opressões que sofrem diariamente.
Transformar a escola em um lugar que julga e renega as diferenças é o mesmo que
contribuir para as inúmeras injustiças e violências contra as minorias.

3.4 A influência dos jogos na consolidação de atividades significativas


Ao analisarmos o cenário educacional, percebe-se métodos de ensino-
aprendizagem antagônicos, uma vez que, no âmbito de ensino, em sua totalidade, a
comparação é válida, mas não fundamental. Para se determinar as práticas pedagógicas
de ensino-aprendizagem, é de fundamental importância desenvolver estimular os
interesses dos educandos. Segundo Paulo Freire (2003, p.61) “É fundamental diminuir a
distância entre o que se diz e o que se faz, de tal forma que, num dado momento, a tua
fala seja a tua prática.”, ou seja, a aprendizagem ancora-se de uma forma substantiva,
para que possa ser internacionalizada de melhor forma pelo aprendiz, fazendo assim,
uma aprendizagem significativa.

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Corroborando com Moreira Antônio: A aprendizagem significativa é um processo,
por meio do qual, uma nova informação relaciona-se de maneira não literal e não
arbitrária a um aspecto relevante da estrutura do conhecimento do indivíduo.(MOREIRA,
M.A,1997 PARAFRASEANDO AUSUBEL (1982, P. 58).
É válido de comentário, que quando a aprendizagem parte de um conceito
primário e de interesse do aprendiz, nasce ali uma âncora de conhecimento sólido, do
qual se pode partir outras vertentes interdisciplinares do processo educacional.
Ao adentrarmos na ótica sociocultural e histórica, nos é revelado a importância de
considerar o desenvolvimento social e sua influência nas diferentes práticas pedagógicas
que permeiam o espaço escolar. No quesito histórico vemos a abordagem geocultural,
que inclui o aluno de maneira direta e indireta em todas as vertentes da globalização. Já
no quesito sociocultural, o aluno é ligado diretamente aos hábitos e costumes culturais
que estão inseridos nas práticas sociais.
Com o advento da globalização, a Web passou a ocupar um lugar de destaque nas
interações sociais, fazendo com que os professores pudessem ter acesso às diferentes
metodologias de seus colegas. Essa possibilidade faz com que os professores possam
ajudar os educandos a não mais associar a escola como um fator limitante, fator esse que
apenas os ensinam sobre como aprender a multiplicar e a resolver pequenos “problemas
de matemática" que é literalmente o foco que as escolas têm com os alunos das séries
iniciais do ensino fundamental.
Kubata et al. (2011, p.02) Corrobora com esse mesmo pensamento na citação
abaixo.
A postura do professor em sala de aula, bem como suas artimanhas em
articular o conteúdo teórico a ser ensinado com atividades mais
dinâmicas e uma abordagem moderna são, sem dúvida, pontos de
partida para a solução de problemas em sala de aula, tanto no sentido
disciplinar (comportamento do aluno) quanto no índice de rendimento
de conteúdos que serão aproveitados pelo estudante.

Visto isso, precisamos reformular a educação para que a organização educacional


amplie o seu “leque” de metodologias, transformando os espaços para que eles
desenvolvam um ambiente confortável e lúdico para os educandos, indo além das
imposições que aprendemos que temos que ensiná-los apenas os conteúdos abordados
no livro didático. Um desses métodos que podem transformar o ambiente escolar em um

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lugar atrativo e divertido é o uso de jogos educativos, como o xadrez e a dama, que
incentiva o uso da lógica e auxilia no ensino da matemática.
Neste sentido, o jogo ganha um espaço como a ferramenta ideal da
aprendizagem, na medida em que propõe estímulo ao interesse do aluno,
desenvolve níveis diferentes de experiência pessoal e social, ajuda a
construir suas novas descobertas, desenvolve e enriquece sua
personalidade, e simboliza um instrumento pedagógico que leva o
professor à condição de condutor, estimulador e avaliador da
aprendizagem. Ele pode ser utilizado como promotor de aprendizagem
das práticas escolares, possibilitando a aproximação dos alunos ao
conhecimento científico[...] (CAMPOS, 2002, p.48)

Através dessa citação, podemos ver que o jogo além de melhorar o aprendizado
ele também aproxima e incentiva os alunos a produzir conhecimento científico.

3.5 O processo interacionista da BNCC no ensino da matemática.


A BNCC é classificado como um documento de caráter normativo, que promove
integralmente a articulação das aprendizagens essenciais que os educandos necessitam
desenvolver no decorrer das etapas de ensino. Dessa forma, o documento orienta os
currículos educacionais das instituições de ensino, a partir do conjunto de ações
prioritárias aos educandos dentro do seu ciclo e da sua componente curricular,
contribuindo no desenvolvimento educacional e social dos sujeitos em diferentes esferas
da sociedade.
Conforme orienta as diretrizes da BNCC, as ações educacionais devem ser
regulamentadas a partir da percepção do aluno como um sujeito participativo,
investigativo e atuante em diversos contextos sociais, o que promove a efetiva
articulação entre o ensino e as necessidades requeridas na sociedade. Nessa perspectiva,
a BNCC orienta-se “[...] pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação
humana integral e à construção de uma sociedade justa, democrática e inclusiva”
( BRASIL, 2018, pág.7).
Considerando o olhar integrativo-contextualizado das práticas de ensino-
aprendizado, a base nacional comum curricular fundamenta-se pedagogicamente, em
termos teóricos, em modelos de ensino interacionista, o que advém da perspectiva de
interação contínua e dialógica dos educando nas práticas de ensino, o que requer a
utilização de metodologias educacionais que contemplem a reflexão, comparação e o

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questionamento dos alunos. Nesse aspecto, a teoria do desenvolvimento da
aprendizagem interacionista concebe uma estreita relação entre o sujeito e os fatores
sociais que circunda-o, a partir da correlação entre o indivíduo e o meio (PIAGET, 1966).
Nessa perspectiva, o ensino situa-se em uma educação integrada, a partir da
participação conjunta entre as demandas educacionais e sociais, dessa forma, a base
nacional comum curricular salienta que a educação deve acompanhar as transformações
da contemporaneidade a partir das necessidades que são requeridas na sociedade. Na
esteira dessa discussão, o documento afirma que:
No novo cenário mundial, reconhecer-se em seu contexto histórico e cultural,
comunicar-se, ser criativo, analítico-crítico, participativo, aberto ao novo,
colaborativo, resiliente, produtivo e responsável requer muito mais do que o
acúmulo de informações. Requer o desenvolvimento de competências para
aprender a aprender, saber lidar com a informação cada vez mais disponível, atuar
com discernimento e responsabilidade nos contextos das culturas digitais, aplicar
conhecimentos para resolver problemas[...]. (BRASIL, 2018, p. 14)

Considerando o desenvolvimento integral dos educandos e o caráter participativo


dos sujeitos, conforme postulado no documento normativo, no que tange ao ensino de
matemática essa perspectiva é voltada ao desenvolvimento do letramento matemático, a
partir da reflexão contínua e crítica do mundo a sua volta, como por exemplo, os
diferentes aspectos que envolvem uso de matemática que permeiam as esferas da
sociedade.
Deste modo, considera-se o potencial investigativa do aluno e sua capacidade de
questionar e intervir, relacionando-se ao intercruzamento em diferentes áreas do saber,
dessa forma, “ O conhecimento matemático é necessário para todos os alunos da
Educação Básica, seja por sua grande aplicação na sociedade contemporânea, seja pelas
suas potencialidades na formação de cidadãos críticos” (BRASIL, 2018, pág. 265).
A partir dessas considerações, o currículo de ciências da natureza em todos os
níveis de ensino, contempla os conteúdos essenciais de aprendizagem, conforme cada
etapa, deste modo, são subdivididas em unidades temáticas que são nomeadas como:
números; álgebra; geometría; grandezas e medidas; probabilidade e estatísticas. Essas
unidades gerais são inseridas nos conteúdos que são trabalhados no decorrer da
componente curricular matemática, considerando a perspectiva interacionista do ensino
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e a necessidade de prover espaços de investigação e questionamento, o que acompanha
as evoluções e as demandas do mundo.

4. Considerações finais

Mediante as discussões subscrita anteriormente, este artigo objetivou-se em


analisar a importância do uso de jogos pedagógicos como metodologia de
enfrentamento para combater a evasão escolar, visto que segundo os dados do instituto
Brasileiro de Geografia/ Estatística- IBGE mostra que o número de alunos que estão em
seres anteriores ao ideal de sua idade aumenta cada vez mais, se agravando e
acarretando a evasão escolar.
Falando ainda sobre a evasão escolar, podemos ver que é importante criar uma
estratégia que minimize a falta de interesse dos educandos, pois uma vez que
conseguimos adotar uma metodologia que aumente o interesse dos mesmo, logo
conseguimos criar um ambiente harmônico que facilita a “absorção” do conteúdo,
melhorando o aprendizado.
Consideramos a partir das reflexões empreendidas até aqui, que a evasão escolar
vem sendo ocasionada através de uma prática mecanicista que dificulta o aprendizado,
outro problema que podemos citar é a falta de investimentos na educação. Visto isso,
podemos utilizar os jogos pedagógicos como uma ferramenta que incentiva os
educandos a permanecerem na sala de aula e terem um melhor aproveitamento dos
conteúdos abordados nas aulas de matemática, pois uma vez que tornamos a aula
diversificada, saindo da monotonia da utilização do livro como único recurso, nós
minimizamos alguns prejuízos na educação.
Sendo assim, conseguimos chegar à reflexão que a utilização dos jogos como
método de ensino, melhora tanto a qualidade do ensino como ajuda na socialização e
camaradagem dos alunos, pois um dos princípios do jogo é a interação.

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Referências
BRASIL. Ministério da Educação. Base Nacional Comum Curricular. Brasília:

MEC/SEF, 2018.

BRASIL. Ministério da Educação Parâmetros Curriculares Nacionais: ciências. Secretaria


de Educação Fundamental. Brasília: MEC/SEF, 1998.

CAMPOS, Luciana; BORTOLOTO, T.; FELÍCIO, A. A PRODUÇÃO DE JOGOS


DIDÁTICOS PARA O ENSINO DE CIÊNCIAS E BIOLOGIA: UMA PROPOSTA PARA
FAVORECER A APRENDIZAGEM. BRASIL, 2002. Disponível em:
<http://www.unesp.br/prograd/PDFNE2002/aproducaodejogos.pdf> Acesso
em 24/03/2021.

FELDENS, M.G.F. comportamentos e alto rendimento educacional. 2011.


Disponível em: Acesso em 22/03/2021.
MOREIRA, M.A. e MASINI, E.A.F.S. (1982). Aprendizagem significativa: a teoria
de David Ausubel. São Paulo, Editora Moraes.
LOURO, Guacira Lopes. Gênero, sexualidade e educação. Uma perspectiva pós
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TRIPP, David. Pesquisa-ação: uma introdução metodológica. São Paulo, Educação e
Pesquisa, 2005.

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