Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
ABSTRACT
The main objective of this article is to present a literary review on the formation of the teachers of Brazilian Sign
Language, which is based on the works of Carvalho (2004), Miranda (2016), Santos (2015), among others. It is a
fact, therefore, Education is the right of all and the duty of the State and the family, with the support of the whole
society. Thus, it is understood that the participation of these teachers is fundamental to the process of inclusion of
deaf students, but this process is not limited to the work of this professional. In this work, divided into three stages,
a review of the history of the Brazilian Sign Language is brought up, as well as discussing, in the light of theorists,
how the Libras professional can work in the school context.
KEYWORDS: Brazilian Sign Language, Inclusion, Teacher Education.
1
Licenciada em Geografia. Pós-graduanda em Libras com Docência no Ensino Superior. E-mail:
kezealvesalmeida@gmail.com
2
Licenciada em Letras; Mestra em Ciências da Educação. Pós-graduanda em Libras com Docência no Ensino
Superior. E-mail: nayanequeiroz46@gmail.com
3
Licenciada em Letras. Especialista em Língua Portuguesa e Literatura. Pós-graduanda em Libras com Docência
no Ensino Superior. E-mail: silvete.vitoria71@gmail.com
4
Professora Doutoranda de Pós-graduação em Educação Em Ciências e Matemática através da REAMEC Rede
Amazônica de Educação em Ciências Matemática. Mestre do programa de Pós-Graduação em Educação e Ciências
na Amazônia, Graduada em Pedagogia, especialização em Psicopedagogia, Educação Inclusiva e Libras.
Professora da Universidade do Estado do Amazonas. E-mail: keilamoedo@hotmail.com
Considerações Iniciais
A temática abordada neste artigo surge de inquietações durante nossa formação
pedagógica e continuada a respeito do processo de inclusão de alunos surdos nas escolas
consideradas regulares. Dessa forma, o presente artigo objetiva discorrer sobre a formação e os
desafios que o professor de Libras terá no contexto da escola regular, analisando a sua
formação, pontuando os principais desafios concernentes a essa área, bem como indicar passos
de como esta participação pode ser feita para otimizar o processo ensino-aprendizagem dos
alunos com esta condição.
Justificamos assim a pesquisa por entender-se que incluir alunos surdos na escola
requer mais do que o apoio do profissional de Libras, já que formação dos demais professores
para lidar com as especificidades da comunidade surda é algo de extrema significação para que
a aprendizagem dos alunos com esta condição se consolide, tornando-se um desafio constante
a todos os envolvidos.
Além disso, consideramos que a motivação principal para a composição deste estudo,
apesar dos desafios encontrados no contexto da pandemia, é incentivar o professorado que
deseja formar-se nessa área a buscar constante aperfeiçoamento, de modo que possam tornar-
se participantes ativos no processo de inclusão de alunos surdos em sala de aula, dada a
relevância de seu fazer profissional.
Procedimentos Metodológicos
Sobre a pesquisa delineada no presente estudo, trata-se de um artigo de revisão literária,
fundamentado em estudos de autores que já abordaram o tema da formação do professor de
Libras.
A princípio, pretendíamos apresentar um estudo de caso com entrevistas pelo Google
Meet com professores de Libras que atuam na rede pública de ensino. No entanto, devido a
contratempos e à impossibilidade de execução do plano inicial, optamos pela pesquisa
bibliográfica.
Constituindo-se em uma pesquisa de caráter qualitativo que, de acordo com Bogdan &
Biklen (1994), visa refletir um diálogo entre as experiências do pesquisador e as atitudes dos
sujeitos da pesquisa, o presente estudo foi desenvolvido através de estudos bibliográfico, bem
como materiais disponíveis em internet a respeito da temática da formação de professores de
Libras.
Diretrizes Legais e Históricas do Ensino de Libras
Conforme o que prediz a Constituição de 1988, em seu artigo 255, a Educação é direito
de todos e dever do Estado e da família, com o apoio de toda a sociedade. No que compete à
escola pública, em qualquer esfera, esta deve promover o ensino e a permanência de toda a
população que dela necessite, sem distinção de qualquer espécie, promovendo o respeito à
diversidade e as especificidades, dentre as quais podemos englobar o aluno surdo e a Língua
Brasileira de Sinais (doravante Libras).
Quando nos atemos ao ensino-aprendizagem de alunos surdos dentro da perspectiva da
escola pública, consideramos importante a presença e a participação de um profissional cujo
trabalho tem como base a interação entre surdos e ouvintes em sala de aula: o professor de
Libras. Para Miranda et. al. (2016), o trabalho do professor-intérprete (como é assim conhecido
tal profissional) é imprescindível para que os alunos surdos possam não somente interagir, mas
aprender a Língua Portuguesa na vertente escrita.
Afinal de contas, o que defina o que é surdez? O Decreto nº 5.626/2005 prediz que a
pessoa surda é aquela que, por não possuir a capacidade de ouvir, compreende e interage com
o mundo por meio da visão. O decreto estabelece, em seu artigo 1º, que a surdez é a “perda
bilateral, parcial ou total, de quarenta e um decibéis (dB) ou mais, aferida por audiograma nas
frequências de 500Hz, 1.000Hz, 2.000Hz e 3.000Hz” (BRASIL, 2005).
A Educação é um direito de todos, porém, tal direto foi alcançado a partir de muitas
discussões que, por sua vez, geraram leis que endossam e defendem a inclusão de alunos surdos
em sala de aulas regulares. A Lei 10.436/2005, também conhecida como a “Lei de Libras”,
capítulo III, artigos 4º e 5º, outorga que a formação dos professores dessa área é diferenciada,
dependendo do nível em que esteja atuando.
Professores de Libras que atuam na Educação Infantil e Ensino Fundamental I (1º ao 5º
ano), segundo o artigo 5º, devem ter formação em Pedagogia ou Normal Superior. Já os
professores que atuam com Libras no Ensino Fundamental II (6º ao 9º ano) e Ensino Médio
devem possuir formação em Letras (Língua Portuguesa e/ou Libras). Em ambos os casos, os
docentes devem ter cursos de proficiência na área, já que, para atuarem no contexto do
bilinguismo, devem possuir conhecimentos linguísticos e pedagógicos de ambas as línguas.
Professores formados em outras licenciaturas podem atuar como intérpretes de Libras?
Essa mesma Lei supracitada não possui nenhum artigo, inciso ou parágrafo que os proíba.
Entretanto, o artigo 7º preconiza que, no caso em que não haja professores com graduação na
área, a pós-graduação em Libras é aceita, desde que seja complementar a um curso de
Licenciatura, tanto em Pedagogia quanto em outras áreas (BRASIL, 2005).
No que se refere à presença da Libras na formação de professores, o artigo 3º do Decreto
nº 5.626/2005 elucida que essa língua deve ser inserida como disciplina curricular obrigatória
nos cursos de formação de professores em todas as licenciaturas e nos cursos de
Fonoaudiologia, em todas as universidades, sejam públicas ou privadas.
Com todo esse suporte legal em mão, espera-se que os professores tenham uma base de
como saber lidar com o alunado surdo. Santos (2015), na contramão do que prediz a Lei de
Libras, suscita que, caso haja a falta de um professor-intérprete em sala de aula, muitos
docentes, senão a maioria, não saberão lidar com alunos surdos, já que não possuem
formação/capacitação para atender a esse público.
É importante que os alunos surdos, assim como quaisquer outros alunos, em qualquer
contexto, tenham oportunidades em sua vida escolar. Porém, para que a inclusão seja de fato
concretizada para os alunos com essa condição, é importante que haja não somente a presença
de professores-intérpretes, mas também uma prática pedagógica com planejamento
contextualizado, uma vez que, se não houver planejamento e diálogo entre os docentes, o
aprendizado dos alunos será prejudicado. Por isso, o planejamento executado coletivamente
torna-se necessário para que haja um bom resultado em qualquer contexto de sala de aula.
Agora, no que se refere ao aprendizado de alunos surdos, como este pode ser
consolidado? É o que discutiremos no próximo tópico.
Considerações finais
Sabemos, pois, que, graças às constantes lutas e debates, a Educação Inclusiva se firmou
como política, sendo ela presente em legislações de nível federal, estadual e municipal.
Hoje, para que estejamos comprometidos com um fazer educacional de qualidade, o
governo e os sistemas escolares devem oferecer uma educação que atenda às necessidades
coletivas e individuais de todas as crianças, jovens e adultos, fundamentada no direito à
educação que todos possuem, independente da condição socioeconômica, cultural ou de
desenvolvimento.
Os sistemas de ensino, em todas as esferas, devem matricular todos os alunos, sem
qualquer restrição, cabendo às escolas organizarem-se para o atendimento aos educandos com
necessidades educacionais especiais, assegurando-lhes as condições necessárias para uma
aprendizagem de qualidade. E, para que realmente aconteça a inclusão e não somente a
integração, é preciso que todos estejam envolvidos no processo, sem esquecer que há obstáculos
a serem superados todos os dias.
Quando o professor tem o real compromisso com o aprendizado de seus alunos, este
observa as dificuldades que são mais frequentes no cotidiano escolar. No caso dos alunos
surdos, suas maiores dificuldades de comunicação são amenizadas com a presença de
professores de Libras no ambiente, pois é este profissional que serve como elo entre o alunado
e os demais participantes da escola.
É mais do que comprovado que as pessoas surdas são inteligentes, criativos e
autônomas, porém, falam outra língua – uma língua de base visuo gestual. Desta forma, a
comunicação com os alunos surdos, dentro do contexto de sala de aula, não é tão fácil quanto
muitos professores pensam. Faz-se necessária a formação docente capacitada para poder
desenvolver um bom trabalho e despertar neste alunado o interesse pelo crescimento intelectual.
Para atender as necessidades dos alunos surdos, é preciso que a escola e os professores
titulares não esperem apenas que o professor de Libras resolva tudo, mas que reestruture seu
projeto, seu currículo, metodologia de ensino e avaliação, criando um fazer educativo para a
diversidade, oferecendo aos alunos maiores chances de aprendizagem, ou seja, promovendo a
acessibilidade.
A inclusão é um processo complexo, que precisa ser mais discutido pelos atores
envolvidos. Portanto, a escola precisa fazer uma inclusão responsável, não apenas para
obedecer a uma lei. A ideia de esperar que a escola fique pronta para receber as crianças com
deficiência deve ser refutada, pois a escola não pode mais fechar as suas portas para diversas
formas de ser e de aprender.
REFERÊNCIAS