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NOTA:9.8
RESUMO:
O presente trabalho tem como tema a acessibilidade e socialização: os desafios da pessoa surda
em locais públicos e propõe uma pesquisa embasada em discussão teórica e tem como objetivo
analisar como ocorre essa acessibilidade e a socialização, buscando identificar através de
embasamentos teóricos os desafios enfrentados e suas principais causas Como bases teóricas
temos autores como NUNES(2018),ALMEIDA(2012)CARVALHO(1997)os quais respaldam
a pesquisa ser classificada em qualitativa, de âmbito bibliográfico. O que se observa diante do
trabalho realizado é que apesar de tantos avanços e muitas batalhas travadas em prol da
legitimação da LIBRAS muito ainda precisa ser feito para que a mesma seja solidificada no
contexto social de maneira que não fique limitada apenas a comunidade surda, mas assuma sua
posição de língua oficial brasileira e se faça presente no cotidiano das pessoas de modo geral.
Para isso, é necessário que se crie ações as quais venham ser subsidiadas por políticas públicas
contundentes e eficazes, que usem a língua de sinais como meio de divulgação de uma cultura
caracterizada e enraizada pela comunidade surda a qual se desenvolve em seus diversos
aspectos e mesmo de maneira lenta e tímida cresce e precisa ter seu desenvolvimento
expandido, principalmente nos locais públicos presentes no cotidiano não só de surdos mas
também de ouvintes, e assim a LIBRAS assumirá de fato o papel de segunda língua oficial do
Brasil.
Palavras chave: Acessibilidade. Socialização. Pessoa surda
ABSTRAT
1
Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado do Amazonas, pós graduanda em Libras com Docência
Superior pela FACIBRA E-mail:rocharosa560@gmai.com
2
Graduada em Pedagogia pela Universidade Uniasselvi, pós graduanda em Libras com Docência Superior pela
FACIBRA E-mail:macleankeith4@gmail.com
3
Graduada em Educação Física-pela Universidade Federal do Amazonas, pós-graduanda em Libras
com Docência Superior pela FACIBRA E-mail: Sidenisegomes1991@gmail.com
4
Professora Doutoranda de Pós-graduação em Educação Em Ciências e Matemática através da REAMEC Rede
Amazônica de Educação em Ciências Matemática. Mestre do programa de Pós-Graduação em Educação e
Ciências na Amazônia, Graduada em Pedagogia, especialização em Psicopedagogia, Educação Inclusiva e Libras.
Professora da Universidade do Estado do Amazonas. E-mail: keilamoedo@hotmail.com
The present work has as its theme accessibility and socialization: the challenges of the deaf
person in public places and proposes a research based on theoretical discussion and aims to
analyze how this accessibility and socialization occurs, seeking to identify through theoretical
bases the challenges faced and its main causes As theoretical bases we have authors such as
name and year, name and year name and year name and year which support the research to be
classified in qualitative, of bibliographic scope, What is observed in view of the work done is
that despite so many advances and many battles fought for the legitimation of LIBRAS much
still needs to be done for it to be solidified in the social context so that it is not limited to the
deaf community, but assumes its position as an official Brazilian language and makes itself
present in the daily lives of people. people in general. For this, it is necessary to create actions
which will be subsidized by strong and effective public policies, which use sign language as a
means of disseminating a culture characterized and rooted by the deaf community which
develops in its various aspects and even in a slow and timid way it grows and needs to have its
development expanded, especially in public places present in the daily life not only of the deaf
but also of listeners, and so LIBRAS had in fact taken on the role of Brazil's second official
language.
Keywords: Accessibility. Socialization. Deaf person
INTRODUÇÃO:
FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
1-LIBRAS no contexto histórico
A LIBRAS desde os tempos mais antigos mesmo não possuindo as características atuais
já era utilizada como ferramenta de comunicação, o que permitia ao indivíduo expressar seus
sentimentos e emoções. No ano 3 AEC, foi registrado na Bíblia sagrada, no livro de Lucas
1:13,18-22,59-64, o uso de uma forma de língua de sinais para se comunicar com o sacerdote
Zacarias que havia ficado temporariamente incapacitado de falar.
As primeiras referências de pessoas surdas são encontradas também no povo Hebreu,
por meio da Lei Hebraica, na antiguidade. Naquela época, eles eram adorados como deuses,
servindo de mediadores entre deuses e Faraós do Egito. Acredita-se que esse tratamento mais
humano oferecido pela sociedade hebraica ocorria em grande parte devido a religião da época.
Já em outras regiões, diversos povos tiveram atitudes abusivas contra indivíduos surdos, na
China por exemplo os surdos eram lançados ao mar, os gauleses os sacrificavam a deuses, em
Esparta eram lançados dos altos dos rochedos e na Grécia eram considerados como seres
incompetentes.
Os romanos influenciados pela cultura grega consideravam os surdos como imperfeitos
e eram privados de seus direitos legais. Em Constantinopla, o tratamento dos surdos era
praticamente o mesmo, porém neste lugar realizavam algumas tarefas como o serviço de corte,
pajens das mulheres, ou como bobos, de entretenimento do sultão.
Tempos depois, Santo Agostinho pregava a ideia que pais de filhos surdos estavam
pagando por algum pecado que haviam cometido, acreditava ainda que os mesmos podiam
comunicar-se por meio de gestos, que, em equivalência a fala eram aceitos quanto a salvação
de sua alma. No período da Idade Antiga de acordo com (SILVA e CAMPOS 2014 pag.3)
Chegavam-se afirmar que se o homem foi criado a imagem e semelhança de Deus, e, a
pessoa que nascia com deficiência era “imperfeita”, por isso, não poderia dispor de
alma, portanto, não seria digna do reino dos céus; afirmavam inclusive, que tal pessoa,
provavelmente teria algum pacto com entes malignos.
Baseado neste contexto, podemos fazer uma análise em relação a vida cotidiana do surdo
nas sociedades passadas, que por preconceito e até mesmo por desconhecimento eram tratados
com atrocidades e dependendo do âmbito em que se encontravam eram tidos como seres
imperfeitos e consequentemente sem almas e portanto, não eram dignos do céu.
Na Idade Média os surdos eram praticamente excluídos da sociedade, fato este que
ocorria devido a várias crenças sociais e religiosas, as quais causavam grande interferência na
forma como os surdos eram tratados na época haja vista que em se tratando de pessoa com
surdez tudo era considerado anormal causando espanto e medo. Nesse período Jhon Bervely
um bispo inglês em 700 d.C. destacou-se como sendo o primeiro a ensinar uma pessoa surda a
se comunicar, por esse fato foi considerado por muitos o primeiro professor de surdo.
Na Idade Moderna, que se diferenciou pela primeira vez surdez e mudez e a expressão de
surdo-mudo deixou de ser a designação do surdo. O espanhol Pedro Ponce de Leon (1520 a
1584), monge beneditino, que fundou uma escola para surdos no Mosteiro de San Salvador em
Oña Burgos e desenvolveu o alfabeto manual que permitia ao estudante soletrar letra por letra.
No Brasil e no mundo a história dos surdos por muito tempo foi enredada pelo
silenciamento, onde ouvintes debatiam e decidiam a respeito de como surdo se comportaria e
qual ferramenta seria usada para que o mesmo fosse inserido na educação e consequentemente
tivesse sua inclusão social. Todo esse processo teve uma trajetória longa e por bastante tempo
foi ignorada.
No ano de 1857, D. Pedro II que de acordo com relatos históricos tinha uma grande
preocupação em atender as necessidades da população e com isso era considerado atuante nas
áreas da educação de projetos sociais e cultura convida o professor de surdos Ernest Huet, um
padre que já trabalhava com a educação dos surdos na Franca para fundar o Instituto Imperial
de Surdos-mudos, no Rio de Janeiro por meio da Lei n.839,de 26 de setembro de 1857,que mais
tarde por meio da Lei n.3.198,de 6 de julho a instituição se tornaria o Instituto Nacional de
Educação de Surdos(INES).
Graças ao trabalho Ernest Huet, foi fundada a primeira escola de surdos no Brasil. No
início essa escola recebeu o nome de Imperial Instituto Nacional de Surdos-Mudos, (onde teve
suas atividades iniciadas no dia 26 de setembro de 1857.NUNES (2018, p.17) enfatiza que:
Apesar de inicialmente não haver grande repercussão, com o tempo Imperial
Instituto de Surdos-Mudos foi aceito por parte da população ajudando no
processo educacional da pessoa surda do Brasil além de servir de referencial
para vizinhos que também procuravam o instituto a fim de aprender Libras e
levar aspectos da linguagem para a estruturação das línguas gestuais das
regiões vizinhas.
Podemos fazer uma reflexão a partir deste texto a respeito do início do funcionamento
do instituto e de sua repercussão e o quanto demonstrava ser suficiente para aquela época onde
iniciava mesmo que de forma lenta e limitada caminhos para que o surdo fosse reconhecido
como alguém capaz de aprender e desenvolver suas habilidades mesmo que ainda de forma
restrita. Porém, era nítido que esse acontecimento marcava mudanças importantes no que se
refere ao desenvolvimento da LIBRAS.
A partir de então os surdos passaram a contar com o apoio de uma escola especializada
para a sua educação, onde se obteve a oportunidade de criar a Língua Brasileira de Sinais
(LIBRAS) que foi a mistura da língua de sinais francesa com os sistemas de comunicação já
usados pelos surdos das mais diversas localidades brasileiras
Em 1880, com a realização do Congresso de Milão na Itália que foi na verdade uma
conferência internacional de educadores de surdos. Reuniu educadores de várias partes do
mundo, que contou com a participação de mais 160 educadores e especialista os quais reuniram-
se entre 6 e 11 de setembro de 1880 para discutir os rumos da educação dos surdos e o melhor
método de ensino a ser utilizado na época.
Com a maioria composta por ouvintes optou-se pelo método do oralismo e dos doze
especialistas presentes apenas três defenderam o uso da língua gestual.
Foi divulgada a decisão final sobre a língua de sinais da educação escolar que
chocou todas as comunidades surdas dos países do mundo. Esta decisão refere-se
a rejeição das línguas de sinais nas escolas de surdos, focalizando apenas a língua
oral, e foi tomada durante o Congresso Internacional de Educação de Surdo, em
Milão em 1880, cujo objetivo era discutir a qualidade da Educação de Surdos e a
escolha do método mais adequado no ensino. Foi votado o método oral,
considerado superior ao método de sinais. (DINIZ,2010.p.21)
Estima-se que décadas pós ao Congresso de Milão o ensino da Língua de Sinais já estava
quase completamente erradicado das escolas. Com longos anos de luta deu-se início a um árduo
processo de rejeição das medidas tomadas no congresso e em julho de 2010,21º Congresso
Internacional de Educação de Surdos (sediado em Vancouver, Canadá) ocorreu uma votação
formal e todas as oito resoluções do Congresso de Milão foram rejeitadas.
A Língua Brasileira de Sinais voltou a ser utilizada novamente na educação dos surdos e
em 24 de abril de 2002, pela Lei nº10.436, houve o reconhecimento da LIBRAS como meio
legal de comunicação do país e isso foi resultado de ampla mobilização da comunidade surda
na luta pela ampliação de seus direitos e pelo desenvolvimento de políticas de inclusão.
Observa-se que ao longo desse processo a força da Língua Brasileira de sinais, suas ricas
características e componentes específicos fizeram da mesma um poderoso instrumento de
comunicação, sendo capaz de oferecer ao indivíduo surdo meios para que o mesmo desenvolva
sua capacidade e suas habilidades possibilitando a este ser beneficiado com o amplo
conhecimento humano.
Não existe sociedade igualitária, sem considerar a acessibilidade a qual vem garantir as
pessoas com deficiência ou mobilidade reduzida o direito e o acesso de forma independente a
todos os recursos disponíveis e utilizados por todos os cidadãos de maneira justa, estando a
mesma estritamente ligada ao direito de autonomia e independência tendo percepção da
existência do outro sem preconceito, estigmas e discriminações. Deste modo, as atitudes de
aniquilar qualquer ação preconceituosa é o que impulsiona a remoção de barreiras e com isso é
irrefutável ao indivíduo o seu acesso a todos os direitos básicos garantidos constitucionalmente.
CASTRO, e CARVALHO (2011, pag.15) afirmam que:
No passado, o preconceito contra os surdos foi algo muito forte e cruel, que
resultava, muitas vezes, na exclusão deles da sociedade, privando-os de direitos
básicos constitucionais. Especialmente os surdos que não desenvolviam a fala eram
mais prejudicados...embora não estejamos generalizando, é triste observar que,
mesmo hoje em dia, ainda haja certas atitudes preconceituosas por parte das
pessoas e até mesmo dos familiares de surdos. No tempo em que vivemos, alguns
chegam ao absurdo de achar que os surdos não são capazes de aprender ou que
possuem problemas mentais. E por pura ignorância, muitos sempre chamam os
surdos de mudos ou mudinhos...
Deste modo, devido a Língua de Sinais não ser reconhecida pela maioria dos ouvintes,
representa um grande desafio para os surdos principalmente no que diz respeito a comunicação,
pois a falta da mesma inviabiliza um atendimento humanizado. Então cabe as instituições
públicas e a sociedade proporcionar subsídios para que a inclusão social possa verdadeiramente
acontecer, do contrário devido à falta de comunicação o surdo acaba se isolando prejudicando
assim seu desenvolvimento.
Nesse cenário a acessibilidade é um desafio para a comunidade surda pois, essa parcela
da população ainda enfrenta dificuldades para conseguir realizar atividades básicas do
cotidiano.
O decreto n.5.626, de 27 de dezembro de 2005, em seu at.26 explica que caberá ao
poder público, as empresas concessionárias dos serviços públicos e os órgãos da administração
pública federal, direta e indireta deverão garantir as pessoas surdas ou com deficiência auditiva
o efetivo e amplo atendimento.
A história da educação dos surdos, nos leva a fazer uma breve reflexão, pois, há
muitas dúvidas em relação a proposta curricular inclusiva.
Na trajetória de vida dos surdos, enquanto grupo minoritário, a surdez não pode ser
vista como um fenômeno dos tempos modernos, pois sempre existiu, mas passava despercebida
aos olhos das pessoas ouvintes, onde os mesmos eram considerados um sério problema para a
sociedade. De acordo com GODOI (2009), na Idade Média, as pessoas com certas dificuldades,
ou seja, deficiência inclusive auditiva, eram considerados possuídos por algo estranho, pois
faziam parte da classe excluída e afastados do convívio social.
A temática inclusão vem sendo debatida por vários pesquisadores e as ações efetivas
e as políticas públicas elaboradas para incluir todos na sociedade, porém não chega a atingir
seus verdadeiros objetivos. Temos como exemplo a inclusão dos alunos surdos nas escolas
regulares. Mesmo havendo uma legislação especifica para esse atendimento, o que se observa
é a grande luta de pessoas com essa deficiência em busca de seus direitos estabelecidos pela lei.
O autor Carvalho (1997, p.13) aponta que ‘‘Pessoas nascem com deficiência em todas
as culturas, etnias, níveis socio econômicos e sociais’’. Geralmente, em todos os tempos e
épocas, sabe-se que pessoas nascem ou tornam-se portadoras de certas deficiências como:
cegos, surdos, com limitações intelectuais ou físicas.
Observa-se que a pessoa surda apresenta características e sérios problemas que
merecem uma análise mais profunda. Esses fatores que determinam os problemas causados pela
surdez são muitos, mas que com a avaliação da própria realidade, é possível perceber as diversas
situações que rotulam a surdez e assim acabam por originar serias problemática acrescentando
as dificuldades enfrentadas para que possam manter-se com dignidade.
METODOLOGIA.
Visando otimizar esse trabalho, a pesquisa será de natureza qualitativa que de acordo com
Chizzotti (2006,p.79) “a abordagem qualitativa parte do fundamento que há uma relação
dinâmica entre o mundo real e o sujeito em uma interdependência viva entre o sujeito e o
objeto,um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito.”
Considerações finais
Esta pesquisa destaca estudos sobre a língua brasileira de sinais como elo primordial
de comunicação entre surdo e ouvinte como também conhecer um pouco da história do surdo
no Brasil, bem como estudo sobre as leis e diretrizes que dão garantia e direito ao atendimento
a pessoas com deficiência em especial ao surdo.
Sobre os aparatos legais que foi construído como legislação, decretos e portarias, não
podem tranquilizar a sociedade ouvinte, como se todas as questões acerca da temática
estivessem sido solucionadas. Infelizmente há uma grande necessidade de interpretes de libras
capacitados que muitas vezes são negligenciados pelas esferas Federal, Estadual e Municipal,
que muitas vezes não fazem valer os direitos da pessoa surda. Então, compete aos sistemas de
ensino ao organizar a educação especial numa perspectiva de educação inclusiva disponibilizar
as funções de instrutor, tradutor, interprete de libras e guia de interpretes.
Assim sendo, percebe-se ainda mais, a grande importância das políticas públicas
presente para que o sujeito surdo possa desfrutar de sua cidadania de maneira autônoma e eficaz,
tornando a sociedade mais inclusiva.
REFERÊNCIAS
BARCELOS, Ana Paula de; CAMPANTE, Renata Ramos. A acessibilidade como instrumento
de promoção de direitos fundamentais. São Paulo:Ed. Saraiva,2012.
CASTRO, Alberto Rainha de; Carvalho, Ilza Silva de. Comunicação por língua brasileira de
sinais: livro básico 3.ed-Brasília :SENAC:DF,2011.