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Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS): Uma Jornada Histórica e os Atuais Desafios

Tiago Tadeu de Almeida e Andréia Pereira

A comunicação por meio de sinais é uma prática que remonta aos primeiros hominídeos, no
período da Pré-História. Não existem indícios que comprovem como os surdos sobreviviam
nessa época, mas alguns estudiosos apontam que a surdez não afetava a vida do indivíduo
desde que ele tivesse resistência física para garantir sua sobrevivência. Outros estudiosos, no
entanto, apontam que a surdez poderia trazer certa exclusão social. Penso que além da
exclusão social a surdez podia sim representar fator preponderante na sobrevivência do
indivíduo no período da pré-história uma vez que não ouvir deixava o indivíduo ainda mais
vulnerável a predadores e outros humanos.

Já nas ditas civilizações clássicas, isto é, Grécia e Roma a exclusão social dos surdos era um
fato. Entre os gregos havia a crença de que os surdos eram incapazes de aprender, uma vez
que eles acreditavam que a aprendizagem estava muito relacionada com a fala e a linguagem.
Havia também uma opinião corrente de que os surdos eram seres castigados pelos deuses.

Enquanto isso, na Pérsia e no Egito, os surdos eram considerados seres abençoados porque
eram entendidos como enviados dos deuses, sendo capazes de comunicar-se diretamente com
os deuses unicamente pelo fato de serem surdos. Por isso, os surdos, nessas duas civilizações,
eram tratados com muito respeito, embora não tivessem nenhum tipo de educação formal.

Entre os hebreus encontra-se uma das menções mais antigas aos surdos de que se tem
conhecimento. A Torá, conjunto de cinco livros escritos por Moisés e que serviam de
ensinamento para os hebreus, fala, em “Levítico 19:14”, para que o surdo não seja
amaldiçoado, ou seja, esse texto hebraico pregava contra a discriminação dos surdos.

A comunicação por meio de uma língua de sinais é uma prática antiga na história da
humanidade, e já na Grécia Antiga havia relatos de pessoas que se comunicavam por sinais.
Historicamente, o surdo foi figura marginalizada e vítima de preconceito, mas, nos últimos
anos, uma série de medidas de inclusão têm sido realizadas no nosso país.

A história da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é intricada e repleta de desafios. Essa língua
desenvolveu-se a partir da fundação do Instituto Nacional de Educação de Surdos, no século
XIX, quando d. Pedro II convidou o francês Ernest Huet para ensinar surdos aqui.

A comunidade surda brasileira, ao longo dos séculos, enfrentou obstáculos para ter sua língua
reconhecida e respeitada. A LIBRAS, oficializada como língua em 2002, é fruto de uma luta pela
expressão linguística plena da comunidade surda.

No contexto educacional, a situação da LIBRAS é complexa. Embora haja avanços, ainda


persistem lacunas no ensino da língua. A formação de professores especializados é um desafio,
e a falta de intérpretes qualificados compromete o acesso pleno à educação. A inclusão de
LIBRAS como disciplina curricular obrigatória nas escolas ainda enfrenta resistência,
impactando a difusão e a compreensão dessa língua única.

O preconceito em relação à comunidade surda é uma realidade, embora tenha diminuído com
o tempo. Estereótipos persistem, prejudicando a aceitação plena da diversidade linguística. A
falta de compreensão sobre a surdez e a LIBRAS contribui para a perpetuação de atitudes
discriminatórias, ressaltando a importância da conscientização e da promoção de uma cultura
inclusiva.

A Língua Brasileira de Sinais (Libras) desempenha um papel crucial na vida dos surdos,
proporcionando-lhes uma forma de comunicação plena e independente. Aqui estão algumas
das principais razões pelas quais a Libras é importante para os surdos:

Comunicação Efetiva: A Libras permite que os surdos se expressem e compreendam


informações de maneira eficaz. Isso é vital para a comunicação diária, facilitando a interação
em diferentes contextos, como em casa, na escola, no trabalho e na sociedade em geral.
Desenvolvimento Linguístico: Assim como qualquer outra língua, a Libras é uma linguagem
completa, com gramática, sintaxe e vocabulário próprios. Para os surdos, aprender Libras
contribui para o desenvolvimento linguístico, o que é fundamental para o sucesso acadêmico e
profissional.
Inclusão Social: A Libras promove a inclusão social ao proporcionar aos surdos a capacidade de
participar ativamente em diferentes situações sociais. Isso contribui para a formação de
relacionamentos, o envolvimento em atividades culturais e esportivas, e a participação em
eventos comunitários.
Educação: O uso da Libras na educação é essencial para garantir que os surdos tenham acesso
ao conteúdo acadêmico de maneira efetiva. Professores e alunos surdos podem se comunicar
de forma mais eficaz, facilitando o aprendizado e a compreensão.
Acesso à Informação: A Libras é um meio vital para que os surdos tenham acesso à informação
em diferentes áreas, como saúde, direitos legais, notícias e entretenimento. Ela desempenha
um papel fundamental na quebra de barreiras de comunicação e no empoderamento dos
surdos.
Identidade Cultural: A Libras é uma parte integrante da cultura surda. Ao aprender e usar a
língua, os surdos fortalecem sua identidade cultural, contribuindo para uma maior
conscientização e aceitação da diversidade linguística e cultural.
Empoderamento: O domínio da Libras capacita os surdos a serem mais independentes e a
participarem plenamente na sociedade. Isso é essencial para o desenvolvimento pessoal e
profissional, permitindo que os surdos alcancem seus objetivos e contribuam de maneira
significativa para a comunidade.
Em resumo, a Libras desempenha um papel crucial na vida dos surdos, proporcionando-lhes as
ferramentas necessárias para uma comunicação eficaz, desenvolvimento linguístico, inclusão
social, acesso à informação e empoderamento. É um elemento fundamental na promoção da
igualdade e na construção de uma sociedade mais inclusiva e diversificada.

Os desafios para a educação de surdos no Brasil e no mundo são vastos. A falta de


acessibilidade em ambientes educacionais é um entrave significativo. Recursos como
intérpretes, legendas e material didático adaptado são essenciais para uma aprendizagem
efetiva. Além disso, a diversidade linguística no universo surdo demanda uma abordagem
educacional que respeite e valorize as peculiaridades culturais e linguísticas da comunidade.

No âmbito global, a cooperação entre países é fundamental para compartilhar melhores


práticas e promover políticas inclusivas. A criação de padrões internacionais para o ensino de
línguas de sinais pode contribuir para a uniformização de práticas pedagógicas, facilitando a
mobilidade e a inclusão de surdos em diferentes contextos educacionais.

Em suma, a trajetória da LIBRAS é marcada por conquistas e desafios. A conscientização sobre


a importância da língua e o combate ao preconceito são passos cruciais para garantir uma
educação inclusiva e de qualidade para a comunidade surda, não apenas no Brasil, mas em
todo o mundo.

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