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PETROLINA, PE
2018
As línguas de sinais: sua importância para os surdos
Segundo PEREIRA et al. (2011), a língua de sinais é a língua usada pela
maioria dos Surdos, na vida diária. É a principal força que une a comunidade
surda, o símbolo de identificação entre seus membros. É comum que se pense
que a língua de sinais é universal, fácil e de aprender e que permite a
comunicação entre povos diferentes, mas cada país tem sua língua de sinais,
como tem sua língua na modalidade oral. As línguas de sinais são modalidades
naturais, ou seja, nasceram ‘’naturalmente’’ nas comunidades surdas. Uma vez
que não se pode falar em comunidade universal, tampouco está correto falar
em língua universal. Outro aspecto a se considerar é que apesar dos surdos,
em certas situações, recorrerem ao uso da pantomima (uso do corpo e gestos
para se expressar) para se comunicar, a língua de sinais não se resume a isto
(Bellugi e Klima, 1979).
Uma retrospectiva histórica da educação de surdos permite constatar que,
pelo prisma do misticismo da educação egípcia, pela filosofia grega, pela
piedade cristã, pela necessidade de preservação e perpetuação da nobreza e
do poder, pelo desejo de unificação da língua pátria, pelos avanços da
medicina, da ciência e tecnologia, ou pelos interesses políticos, diferentes
concepções de surdez e de sujeito surdo permearam a escolha das
abordagens usadas na educação do surdo. A partir do século XVI observa-se
um esforço para educa-los. Começa, então, a história da educação dos surdos.
Eriksson (1998), pesquisador surdo sueco, refere três fases na história da
educação de surdos.
Na primeira fase (até 1760), as crianças surdas das famílias abastadas
eram ensinadas individualmente por tutores – geralmente, médicos e religiosos.
Como os professores queriam guardar segredo sobre métodos que usavam,
pouco se sabe sobre esse período. Na segunda fase (de 1760 a 1880), três
homens, desconhecidos entre si, fundaram escolas para surdos em diferentes
países da Europa. As crianças surdas passaram a ser escolarizadas, invés de
individualmente, como antes. A educação formal tem, então, seu início com
três diferentes princípios e propostas no que diz respeito à língua usada. Nesta
fase, com estes pensadores, havia quem defendia o método visual (uso de
gestos, sinais, do alfabeto e da escrita para a educação do surdo) ou o método
oral (acesso a língua falada por meio de leitura labial, amplificação do som e
expressão por meio da fala). A preferência pelo oralismo foi reconhecida no II
Congresso Internacional de Educação do Surdo, em Milão, na Itália, 1980. Por
fim, surge a terceira fase, a partir de 1980, em que o método oral tomou conta
de toda a Europa. De acordo com Marchesi (1991), durante o século XX até os
anos 1960, o método oral manteve uma posição dominante na Europa e na
América. Na década de 1960, os resultados insatisfatórios obtidos pelo
oralismo, levaram à adoção de uma abordagem que contemplasse os sinais na
educação de surdos, a comunicação total. Por fim, anos depois, o movimento
de reconhecimento da cultura, comunidade e identidade dos Surdos, além de
afirmar sua autenticidade por meio de trabalhos científicos, movimentos de
protesto e ações culturais, conseguiu mobilizar alguns responsáveis por sua
educação para que essa fosse reformulada. A nova proposta de trabalho
recebeu o nome de bilinguismo (duas línguas: a primeira, de sinais; e a
segunda, de preferência na modalidade escrita).
Por usar diferentes recursos, a língua de sinais desenvolveu-se
acompanhada de alguns mitos. Destacam-se: a universalidade da língua de
sinais, a realidade deve basear-se na palavra, os sinais são gestos glorificados,
as línguas de sinais são icônicas, as línguas de sinais só expressam conceitos
concretos e as línguas de sinais são agramaticais. Para a invalidez desses
mitos, se faz necessário um conhecimento mais profundo das línguas de sinais
e da comunidade surda. Nos últimos anos, observa-se um movimento de
mudança na concepção de surdez. Da concepção clínico patólogica, seguiu-se
a socioantropológica, ou seja, em vez de deficiência, a surdez começou a ser
percebida como diferença, caracterizada, sobretudo, como a forma de acesso
ao mundo, pela visão, invés de pela audição, como acontece com os ouvintes.
REFERÊNCIA:
PEREIRA, et al. Libras, conhecimento além dos sinais. 1 ed. São Paulo:
Pearson Prentice Hall. 2011.