Você está na página 1de 30

www.sescsp.org.

br/ead
Olá!

Este é o seu material de apoio para o curso Li-


bras: Descobrindo a Língua de Sinais, da plata-
forma EAD Sesc Digital.

O curso e seu conteúdo complementar foram


pensados com muito carinho por uma equipe
formada por pessoas surdas e ouvintes. São elas:
Fábio de Sá e Nayara Silva, artistas, performers e
educadores surdos; Karla e Kátia Fiorante, tradu-
toras, intérpretes e consultoras de Libras ouvintes.

Este material serve para que você possa revisar


os assuntos que aprendeu durante as videoau-
las, com um pouco mais de aprofundamento e
referências de leitura para seguir descobrindo
a Libras.

Além disso, por meio de links e QR codes você


pode rever os vocabulários aprendidos no curso
e, com o guia de atividades, pode repetir, sozi-
nho ou com outras pessoas, os diálogos apresen-
tados nas videoaulas.

Vamos lá?

www.sescsp.org.br/ead 1
O QUE É LIBRAS?

A Libras é a Língua Brasileira de Sinais, é a língua


natural dos surdos e apresenta estrutura e re-
gras gramaticais próprias. É considerada natural
porque surge “espontaneamente da interação
entre pessoas e porque, devido a sua estrutura,
permite a expressão de qualquer conceito e de
qualquer significado decorrente da necessidade
comunicativa e expressiva do ser humano” (BRI-
TO et al., 1998).

Ela possui um canal comunicativo visual-gestu-


al, enquanto a Língua Portuguesa possui um ca-
nal oral-auditivo.

A língua de sinais é um sistema linguístico legíti-


mo que independe das línguas orais e preenche
de forma eficaz as necessidades de comunica-
ção do ser humano, por ser dotada de comple-
xidade e expressividade tanto quanto as línguas
orais. Por meio dela, o indivíduo surdo é capaz de
expressar qualquer assunto de seu interesse ou
conhecimento.

Ela não é uma língua universal. Por isso, da mes-


ma forma que os ouvintes em países diferentes se
comunicam em línguas diferentes (italiana, ingle-
sa, portuguesa etc.), os indivíduos surdos, inseridos
em “culturas surdas”, apresentam suas próprias
línguas, com características e estruturas peculia-
res. Portanto, há muitas línguas de sinais diferen-
tes, como a LSF (Língua de Sinais Francesa) e a ASL
(Língua de Sinais Americana), entre outras.

IDENTIDADE E CULTURA SURDA

Pensando identidade como algo mutável nas


sociedades complexas, podemos realizar um pa-
ralelo com a questão dos surdos, percebendo-os

www.sescsp.org.br/ead 2
como indivíduos que transitam em diferentes
formas de uma identidade surda, sendo, portan-
to, mais adequado, pensarmos em identidades
surdas, no plural, conforme explica a pesquisa-
dora e militante surda, Gladis Perlin (2011).

O que se quer ao reivindicar uma identidade, no


caso dos surdos, é poder fazer parte da vida so-
cial, tendo, porém, sua diferença marcada exa-
tamente para ser respeitada. A apreensão das
coisas é diferente, a língua é diferente e os resul-
tados disso são diferentes. Não há como respei-
tar essa diferença sem conhecê-la minimamen-
te, sem se tornar sensível a ela, o que significa
perceber a si mesmo e ao outro em sua alteri-
dade, isto é, como pessoas com formas distintas
de apreensão do mundo e linguagem, o que im-
plica em diferentes formas de compreensão de
ideias e expressão de pensamento.

COMUNICAÇÃO COM SURDO POR MEIO


DA ESCRITA

É de fundamental importância a aprendizagem


da escrita da língua portuguesa para os surdos,
pois esta é uma maneira de se comunicarem
com a comunidade ouvintista.

O professor também precisa aprender a língua


de sinais para ensinar o português para o surdo,
pois este precisa da Libras para aprender o por-
tuguês. O processo de ensino e aprendizagem,
de todas as disciplinas, numa perspectiva bilín-
gue, é muito melhor para o surdo. Sabe-se que o
conteúdo só atinge significado se ligado à exis-
tência real, relacionado à vida social do aluno.
Sendo assim, os conteúdos programáticos deve-
riam ser repensados para o surdo.

O surdo precisa de um currículo adaptado às suas


necessidades, precisa de apostilas e livros adap-

www.sescsp.org.br/ead 3
tados. Não há progresso do surdo utilizando-se a
mesma metodologia usada com do ouvinte. Essa
atitude não leva em consideração a sua diferen-
ça linguística e cultural. Na verdade, ela corrobora
com a desigualdade social, mantendo a diferença
entre surdos e ouvintes. É uma violência simbólica.

Outra característica relacionada às diferenças en-


tre a Libras e a língua portuguesa reflete um pro-
blema de concordância nominal, muito comum
no caso de estrangeiros aprendendo a língua
portuguesa ou uma segunda língua qualquer.

Enquanto um falante nativo do português não


tem problema nenhum com artigo, a escrita do
surdo demonstra a dificuldade em lidar com a
classe gramatical dos artigos da língua portu-
guesa. Este é apenas um dos infinitos exemplos
de dificuldades encontradas pelos surdos em re-
lação à escrita.

Sabe-se que a Libras reflete a cultura e a identi-


dade surda. É por meio dela que a pessoa com
surdez se desenvolve e consegue se comunicar
plenamente. A intervenção familiar é de extrema
relevância no desenvolvimento do surdo para o
seu desenvolvimento psicossocial e educacional.

Cria-se a falsa imagem de que a inclusão é um


sucesso, mas o surdo precisa de uma educação
que respeite a sua diferença linguística, e a ora-
lização acaba se fazendo presente nos espaços
escolares.

DEAFHOOD

Nascido em 1952, na Inglaterra, Paddy Ladd é um


dos maiores estudiosos e pesquisadores da comu-
nidade surda. Foi ele quem criou e desenvolveu o
conceito de deafhood, que trata da afirmação e
reconhecimento dos surdos de forma positiva, aju-

www.sescsp.org.br/ead 4
dando na ressignificação do “ser surdo”.

A obra de Paddy Ladd traz um novo conceito


para definir os estudos surdos, a comunidade
surda, a cultura surda e a valoração individu-
al da pessoa surda no mundo. O autor propõe
uma nova visão acadêmica na análise cultural. O
conceito de deafhood estabelecido em sua obra
procura ser abrangente e não limitador, ser mais
verdadeiro e próximo da realidade e da riqueza
cultural da comunidade surda e da Língua de Si-
nais, abrangendo um universo maior de variáveis
consideráveis na pesquisa e nos estudos surdos.

Lei 10.436/2002

A lei nº 10.436 – Lei de Libras, embora tenha


sido publicada em 2002, começou a ser desen-
volvida no ano de 1993, por meio de um projeto
de lei. Nesse projeto, o grande intuito era conce-
der para a Língua Brasileira de Sinais o reconhe-
cimento como língua oficial no Brasil.

É importante ter em mente que a Libras em


nada tem relação com a Língua Portuguesa, já
que as línguas de sinais possuem regras próprias
e estrutura diferenciada.

Esse é um dos motivos pelos quais o reconheci-


mento da Libras é tão importante, possibilitan-
do o avanço quanto ao ensino dessa língua de
sinais.

DICAS PARA COMUNICAÇÃO COM A


PESSOA SURDA

Separamos algumas dicas simples, que podem


ser colocadas em prática no contato diário com
pessoas surdas, que gostam de se comunicar e
se sentem valorizadas quando veem o esforço

www.sescsp.org.br/ead 5
das pessoas em tentar conversar com elas de to-
das as formas. Confira essas dicas e pratique:

• Fale de frente.
• Use frases curtas.
• Seja expressivo.
• Não altere o tom de voz.
• Tente a comunicação escrita.
• Demonstre interesse e tenha paciência.
• Não jogue objetos na pessoa surda para
chamá-la, apenas dê um leve toque em seu
ombro ou acene para chamar sua atenção.

TECNOLOGIA ASSISTIVA

Tecnologias assistivas são definidas como um


conjunto de conhecimentos interdisciplinares,
artefatos, métodos e serviços que auxiliam as
atividades de vida diária e a participação de pes-
soas com deficiência (PcD), incapacidades ou
Fonte: Subsecretaria mobilidade reduzida, com desígnio de prover
Nacional de Promoção dos autonomia, independência, qualidade de vida e
Direitos da Pessoa com inclusão social. Essas tecnologias podem reduzir
Deficiência, do Comitê de barreira enfrentada por profissionais da saúde
Ajudas Técnicas. Tecnologia no atendimento dessa população e a utilização
Assistiva. Brasília (DF): desse recurso, muitas vezes, torna-se essencial
CORDE; 2009. 138 p. para efetivação de estratégias educativas.

São utilizados como tecnologia assistiva para


pessoas surdas:

• despertadores que, ao invés de tocarem


sons altos, vibram para despertar no horário
programado;
• aparelhos auditivos;
• notificações por flashes e luzes ao invés de
sons (campainhas e babás eletrônicas);
• intérpretes e tradutores de língua de sinais;
• Internet, redes sociais, aplicativos de video-
conferência;
• transcrição instantânea (live transcribe)

www.sescsp.org.br/ead 6
CODA – DODA

CODAS
As línguas de sinais são línguas naturais utiliza-
das pelas comunidades surdas. No Brasil, a Li-
bras foi instituída como meio de comunicação
legal das comunidades surdas brasileiras, como
vimos, através de uma lei do ano de 2002. Os fi-
lhos ouvintes de pais surdos começaram a ser
referidos como “codas” por causa da criação da
organização internacional CODA (Children of
Deaf Adults).

Segundo a linguista e coda Ronice Quadros


(2017), codas são crianças ou adultos filhos de
pais surdos. Esses sujeitos estão naturalmente
expostos a dois mundos diversos: o mundo dos
surdos e o mundo dos ouvintes. Os codas com-
partilham a experiência de crescerem em famí-
lias que utilizam uma língua de herança em casa
que é, muitas vezes, diferente daquela utilizada
fora do ambiente familiar, na maioria da socie-
dade. Podemos chamá-los de bilíngues, pois os
codas transitam desde muito cedo nesses dois
mundos e aprendem as línguas desses dois am-
bientes linguísticos.

DODAS
Famílias surdas ou "filhos surdos de pais surdos",
os chamados "doda", são uma minoria. Cerca de
5% a 10% das crianças surdas nascem de pais
surdos, enquanto os restantes 90% a 95% de to-
das as crianças surdas nascem de pais ouvintes.
Isso significa que cerca de 90% dos pais surdos
dão à luz filhos ouvintes (chamados de "coda"),
enquanto cerca de 90% de todos os filhos surdos
nascem de pais ouvintes, ou seja, a comunidade
surda consiste principalmente de crianças sur-
das de famílias ouvintes.

www.sescsp.org.br/ead 7
EXPRESSÕES FACIAIS E CORPORAIS

Diversos sinais além dos padrões da Libras, têm


como aspecto distintivo a expressão facial. Nesse
contexto, apresenta-se como meio de transmitir
certa ideia ou alterar totalmente o seu significa-
do em face da expressão facial usada.

Alguns tipos de expressões faciais e seus signifi-


cados:

- Expressão afirmativa: configura-se pela neu-


tralidade facial ao transmitir a mensagem.
- Expressão indicativa de interrogação: con-
siste no franzimento das sobrancelhas com
uma leve inclinação da cabeça para cima.
- Expressão de exclamação: assim como na
interrogação, há uma leve inclinação da ca-
beça para cima e para baixo.
- Expressão de negação: esse tipo pode va-
riar, ou seja, sendo incluído o sinal de “não”
no sentido real de negação, ou com a utiliza-
ção de gesto distinto do sinal de não.
- Expressão de negação e interrogação: con-
siste no franzimento das sobrancelhas junta-
mente com a inclinação da cabeça indicando
negação.

Verifica-se que, para que a língua de sinais seja


utilizada com melhor eficácia, se faz necessária a
adequação da expressão corporal com a ideia a
ser repassada, sendo esse aspecto um dos mais
relevantes para o uso da Libras, uma vez que,
os sinais são criados com base em parâmetros,
combinando em muitos casos o movimento das
mãos com determinada parte do corpo. Dessa
forma, é importante a percepção da expressão
corporal para que não sejam cometidos enga-
nos na transmissão da mensagem.

A expressão facial apresenta como função essen-


cial expressar emoções de afeto, como alegria e

www.sescsp.org.br/ead 8
raiva, entre outros.

Ainda que o entendimento de certos sinais pos-


sa somente ser comprometido pela falta da ex-
pressão facial relacionada, existem alguns sinais
que alguns podem significar uma mensagem
totalmente diferente pela falta da adequada ex-
pressão facial.

CLASSIFICADORES

Classificadores são maneiras que as pessoas uti-


lizam para descrever a realidade das coisas que
estão ao seu redor, ficando muito próximos da
mímica.

Eles possibilitam ao falante uma comunicação


muito mais fluida, pois permitem que o emissor
expresse aquilo que está sendo dito com uma
enorme gama de detalhes.

Os classificadores em Libras são sinais que aju-


dam a resumir nossas ideias e têm como inten-
ção descrever pessoas, animais, objetos e verbos.
As ações que estão acontecendo são descritas
por meio da expressão corporal.

Usar os classificadores durante uma conversa


em Libras permite adicionar uma enorme rique-
za de detalhes ao diálogo, além de trazer maior
fixação do assunto e ser uma maneira mais di-
vertida de desenvolver determinado tema, tor-
nando ainda mais fácil de compreender o signi-
ficado de algo.

Os classificadores em Libras podem ser divididos


em: 1) classificadores descritivos; 2) classificador
que especifica; 3) classificador de uma parte do
corpo; 4) classificador locativo 5) classificador se-
mântico; 6) classificador instrumental; 7) classifi-
cador do corpo; 8) classificador do plural; 9) clas-

www.sescsp.org.br/ead 9
sificador de elemento; 10) classificador de nome
e número.

INTÉRPRETE DE LIBRAS

O trabalho do tradutor/intérprete de Libras con-


siste em traduzir e interpretar da Língua Brasi-
leira de Sinais (Libras) para a língua portuguesa
oral ou escrita, e vice-versa dos sujeitos surdos e
ouvintes usuários da Libras.

Os profissionais trabalham em dupla, alternan-


do turnos de 20 minutos. Esse cuidado busca
resguardar a saúde do trabalhador e a qualidade
da interpretação.

A realidade demonstra que esse profissional atua


sem a devida formação. Apesar da regulamen-
tação da profissão através da lei nº 12.319/2010,
deparamo-nos com uma dura realidade: são
ínfimos os cursos no país voltados para a oferta
dessa formação.

Para ser intérprete, Sander (2000. p. 81) men-


ciona duas importantes condições: a formação
acadêmica e o ambiente linguístico. A primeira
enfatiza a necessidade de que a formação acon-
teça em nível de graduação e com estágios.
Em relação à segunda, o autor questiona: como
pode uma pessoa tornar-se intérprete sem nun-
ca ter convivido com o surdo?

Para Rosa (2005), conhecer a cultura permite ao


tradutor e intérprete intuir, reconhecer e experi-
mentar ou investigar os hábitos linguísticos e ex-
tralinguísticos que favorecem diretamente sua
prática interpretativa. É o nosso conhecimento de
mundo que nos ajuda para que, durante a inter-
pretação, a informação tenha sentido para o surdo.

Para exercer a atividade de um tradutor e intér-

www.sescsp.org.br/ead 10
prete, é preciso, além de conhecer a cultura sur-
da, compreender a especificidade da comunida-
de e obter o necessário conhecimento específico
da Língua de Sinais, sua estrutura morfológica,
sintaxe e semântica.

CAPACITISMO

O capacitismo é a discriminação da pessoa com


deficiência e que, em decorrência desta, é con-
siderada uma pessoa incapaz. O capacitismo,
assim, é uma manifestação de preconceito para
com as pessoas com deficiência, ao se pressu-
por que existe um padrão corporal ideal e a fuga
desses padrões torna as pessoas inaptas para as
atividades na sociedade. Essa padronização é
chamada corponormatividade.

A corponormatividade é um conceito que acom-


panha as discussões sobre as discriminações de
pessoas com deficiência, pois são considerados
corpos “normais” aqueles que não apresentam
deficiências, enxergando-se as deficiências
como falhas. Assim, um corpo sem deficiência
é considerado um padrão a ser seguido. Nesse
movimento, ocorre a discriminação da pessoa
com deficiência, pois ela é reduzida a sua condi-
ção de “deficiente”, o que é visto como ruim.

A prática do capacitismo atinge a pessoa com


deficiência de diferentes maneiras, como o aces-
so ao meio físico e a criação de barreiras para que
exerçam atividades independentemente; e tam-
bém há barreiras socioemocionais, que ocorrem
quando essas pessoas são tratadas como inca-
pazes, dependentes, sem vontade ou voz própria
para exprimir suas vontades. Tratar uma pessoa
deficiente de forma infantilizada, incapaz de
compreender o mundo, como um problema em
um serviço público por exigir acessibilidade, as-
sexualizada, inferior ou que deva ser medicada e

www.sescsp.org.br/ead 11
afastada do convívio comum dos demais cida-
dãos são exemplos de capacitismo.

VISUAL VERNACULAR

O visual vernacular (VV) é um termo especiali-


zado na área da literatura surda que representa
a arte sistematizada, uma criação visual estéti-
ca das línguas de sinais. Trata-se de uma forma
de articular os sinais, relacionando ao espaço os
classificadores e as técnicas de performance,
incorporando a representação dos objetos, ani-
mais e pessoas além das ações da mídia cine-
matográfica.

Sinalizar é uma arte visual em que se representa


a expressão corporal e pela qual se podem re-
presentar os tipos dos planos da linguagem ci-
nematográfica, para melhor fazer compreender
as cenas e enfatizar determinada informação ou
personagem. Bauman (2006) defende que os
autores surdos, em sua fluência na Libras, por
si só, expressam manifestações linguísticas que
permitem a observação de diferentes perspec-
tivas, que podemos chamar de cenas. Assim, es-
sas cenas podem apresentar os usos de vários
tipos de planos da linguagem cinematográfica,
imaginação do autor que os espectadores ima-
ginem a ação que os autores surdos em Libras.

A comunidade surda tem a subjetividade de


percepção visual, além do costume de expressar
e demonstrar o uso dos espaços da Libras, con-
tribuindo com a prática da percepção visual, do
imaginário e também a prática de expressar a
utilização de sinais nos usos dos espaços, como
as técnicas visuais cinéticas da forma de sinali-
zar em planos, ângulos, movimentos e edições.
Os aspectos imagéticos visuais da linguagem
cinematográfica têm diversos tipos de usos nas
sinalizações nos espaços e estilos narrativos, pois

www.sescsp.org.br/ead 12
são mais atraentes, como arte visual. As apresen-
tações de diferentes tipos de planos linguagem
cinematográfica tornam-se visíveis em Libras
sem a câmera, pois as produções visuais sinali-
zadas em Libras já apresentam uma linguagem
cinematográfica, que vai transmitindo diversas
sensações para os espectadores.

PARA PRATICAR

Atividades de treino

Aqui você pode praticar alguns diálogos vistos


nas videoaulas. Convide outras pessoas ou prati-
que sozinho, na frente do espelho.

Como pode ser feito: sugerimos que você reve-


ja os diálogos em questão nas videoaulas, pres-
tando atenção nos sinais e expressões usados.
Depois, utilize o roteiro a seguir como guia para
tentar recriar os diálogos por conta própria.

Inserimos, além dos diálogos, também as mar-


cações com pontos de exclamação e de inter-
rogação para que você possa treinar as expres-
sões não manuais em cada ponto da conversa.
As expressões não manuais nas línguas de sinais
incluem movimentos do corpo e expressões fa-
ciais. Podem desempenhar diferentes funções,
tais como diferenciar itens lexicais, participar da
construção sintática e contribuir com processos
de intensificação.

Antes de começar, confira algumas e o que cada


uma representa:

___?___
Expressão de interrogação

___!___
Expressão de exclamação

www.sescsp.org.br/ead 13
___(NÃO)___
Expressão negativa

___(SIM)___
Expressão positiva

___(PODE)___
Expressão afirmativa de aprovação

___(FELIZ)___
Expressão de felicidade

Diálogo - Aula 1 – Tempo: 00:10:41

Aqui você pode praticar alguns diálogos vistos


nas videoaulas. Convide outras pessoas ou prati-
que sozinho, em frente ao espelho.

Como pode ser feito: sugerimos que você reve-


ja os diálogos em questão nas videoaulas, pres-
tando atenção nos sinais e expressões usados.
Depois, utilize o roteiro a seguir como guia para
tentar recriar os diálogos por conta própria.

FABIO
___!___
Olá
___?___
Tudo bem

NAYARA
___!___
Sim
___?___
Você

FABIO
___!___
Estou bem/hoje libras eu aprender

www.sescsp.org.br/ead 14
NAYARA
___!___
Legal

___?___
Onde

FABIO
___!___
Computador videoaula Sesc / professor libras
ensinar

NAYARA
___?___
difícil
___?___
professor ouvinte

FABIO
___!___
fácil
___!___
professor surdo

NAYARA
___!___
uau eu quero aprender libras

FABIO
Vamos lá

Diálogo Aula 01 – Tempo 00:14:54

ALICY (ouvinte)
Olá. Como posso ajudar? (fala)

NAYARA
___(PODE)___

www.sescsp.org.br/ead 15
NAYARA
___!___
Pare / eu não ouvir
___?___
Você abaixar máscara

ALICY
___!___
Sim

___?___
Olá tudo bem
___?___
você surda

NAYARA
___(SIM)___
surda

ALICY
___!___
Sim
___?___
Seu nome

NAYARA
N-A-Y-A-R-A S-I-L-V-A

ALICY
Sim. Aguarde vou ligar. (fala) um momento.

NAYARA
Tá bom espero

Karla/Alicy (conversam entre si)


KARLA
___?___
Tudo bem
___!___
Bem-vinda
___?___
Sou dentista vamos

www.sescsp.org.br/ead 16
NAYARA
___(FELIZ)___
Expressão feliz

Diálogo Aula 02 – Tempo 00:17:20


EDVALDO (falando com gestos)
Olha a fruta, freguesa! Laranja madura! Melancia
doce! Vai querer o quê, freguesa?

ALICY
___?___
Quanto-custa dúzia (gestos)

EDVALDO (fala)
Doze reais.

FÁBIO (fala)
Pode deixar que eu a atendo!

FÁBIO (libras)
Tudo bem?

ALICY
___!___
Sim

FÁBIO (libras)
Maçãs querer?

ALICY
___(SIM)___
Sim quero

FÁBIO (libras)
Mais alguma coisa?

ALICY
___?___
Quanto custa?

FÁBIO (libras)
1-2 “R” (REAL)

www.sescsp.org.br/ead 17
ALICY
___(SIM)___
Quero

FÁBIO (libras)
___?___
Mais alguma fruta

ALICY
___!___ ___(NÃO)___
Não/obrigada

FÁBIO (libras)
OK

ALICY
Feliz

Diálogo - Aula 02 – Tempo: 00:19:12

FÁBIO
M@ amiga presente-me-dar computador (clas-
sificador)

NAYARA
___!___
Legal
___!___
Isto computador caro conheço

FÁBIO
Verdade/Olha casa você e amigos vem ver com-
putador mexer

NAYARA
___?___
Pode levar lanche ou bala

FÁBIO
___!___
Bala não m@ casa tenho cheio-bala (classifica-
dor) / lanche

www.sescsp.org.br/ead 18
NAYARA
Ok combinado/Hora pode amigo trazer

FÁBIO
___(PODE)___
Trazer amigo/Hora 15:00

NAYARA
Ok

** O termo M@, usado no diálogo acima, se refere


aos pronomes meu/minha. Na Libras, a flexão de
gênero não ocorre em substantivos, adjetivos e
pronomes, e, em caso de seres animados, a mar-
cação do sexo se dá pela sinalização [homem] /
[mulher] seguida do sinal principal, tanto para
pessoas quanto para animais.

Diálogo Aula 3 – Tempo 00:23:52

EDVALDO (fala)
___?___
Você vontade comer o quê

ALICY
___!___
Macarrão molho queijo ralado delícia gostei isso

EDVALDO (fala)
___!___ ___!___
Vontade comer arroz feijão bife delícia

FÁBIO/GARÇOM (fala) para ALICY


Já escolheram os pratos? Querem fazer os pedidos?

ALICY
Já escolhi. Quero um macarrão ao sugo, por favor

FÁBIO/GARÇOM (fala) para EDVALDO


E qual o seu pedido?

www.sescsp.org.br/ead 19
EDVALDO
___?___
Sou surdo você saber libras

FÁBIO/GARÇOM (fala e usa gestos)


Aqui cardápio comer olha

EDVALDO
___!___
Isso

www.sescsp.org.br/ead 20
VOCABULÁRIOS

1 – Cumprimentos

Assista ao vídeo e revise as seguintes sinalizações:

OLÁ! BOA TARDE!


TUDO BEM? BOA NOITE!
TCHAU OBRIGADO(A)
QUAL O SEU NOME? DE NADA
BOM DIA!

Link:
https://youtu.be/Kt0lZNoRSGc

2 – Sentimentos

Assista ao vídeo e revise os seguintes sinais:

CONFUSO SACANA
FELIZ CANSADO
TRISTE BÊBADO
BRAVO ANGUSTIADO
ENVERGONHADO SOFRIMENTO
NERVOSO

Link:
https://youtu.be/svZTBw3607A

www.sescsp.org.br/ead 21
3 – Alimentos

Veja o vídeo e revise os sinais:

LANCHE CEBOLA
HAMBÚRGUER BANANA
MASSA MELANCIA
SALADA MAÇÃ
ARROZ LARANJA
FEIJÃO LIMÃO
BIFE MANGA
CARNE UVA
FRANGO MORANGO
CENOURA ABACATE
TOMATE ABACAXI
TEMPEROS CANA
SOPA

Link:
https://youtu.be/527_xIv67Iw

4 – Bebidas

Reveja os sinais no vídeo:

CAFÉ CAPUCCINO
LEITE CHOCOLATE QUENTE
ÁGUA COM GÁS SUCO
ÁGUA SEM GÁS CERVEJA
REFRIGERANTE

Link:
https://youtu.be/B2J9bM7C-g8

www.sescsp.org.br/ead 22
5 – Doces

Assista ao vídeo para revisar os sinais:

BOLO TORTA
BRIGADEIRO CHICLETE
SORVETE BALA
BOLACHA PUDIM
AÇÚCAR GELATINA

Link:
https://youtu.be/3fqWp9cOwLU

6 – Saúde

Assista ao vídeo para revisar os sinais:

MÉDICO PRESSA
DOR MACA
DOR DE CABEÇA REMÉDIO
HOSPITAL RECEITA MÉDICA
SAÚDE EXAME MÉDICO

Link:
https://youtu.be/z0GSE1IC1BQ

7 – LGBTQIAPN+

Assista ao vídeo para revisar os sinais:

DRAG QUEEN SEXUALIDADE


TRANS QUEER
TRAVESTI LGBTQIAPN+
LÉSBICA NÃO-BINÁRIO
GAY

Link:
https://youtu.be/bkVHyw6v4nA

www.sescsp.org.br/ead 23
8 – Sinais diversos

Vamos rever os sinais no vídeo:

PRECONCEITO LEITURA LABIAL


RAÇA ORALIZAÇÃO RÁPIDA
ETNIA CRIANÇA
NEGRO CONSCIÊNCIA
OPRESSÃO FILHO
RESPEITAR HOMEM
NÃO RESPEITAR MULHER
ESCRAVIZADOS DIVERSIDADE
ORGULHO FEMINISMO
REPRESENTATIVIDADE MACHISMO
HUMILHAR EMPODERAMENTO
PROTAGONISMO FOME
ASIÁTICO PEDIR
INDÍGENA MESA
CAPACITISMO EMPATIA
FAMÍLIA LUTA
VIDEOCONFERÊNCIA MANIFESTAÇÃO
ANDAR MINORIA LINGUÍSTICA
IMPORTANTE DIREITO
ACESSIBILIDADE SOCIEDADE
EMERGÊNCIA PERTENCIMENTO
QUEBROU PRIVILÉGIO
AVISAR CANETA
CONVERSAR PAPEL
CHAMAR EXPRESSÕES FACIAIS
LINGUÍSTICA NÚMEROS
LÍNGUA PORTUGUESA VALORES
ESCRITA NÃO PADRÃO PISCINA
PADRONIZAÇÃO AMIGO
LIBRAS CASA
BILINGUISMO CELULAR
INFERIORIDADE ÔNIBUS
ORALISMO INFORMAÇÃO

Link:
https://youtu.be/HpZlUP-uZzQ

www.sescsp.org.br/ead 24
BIBLIOGRAFIA

BAHAN, B. Face-to-Face Tradition in the Ame-


rican Deaf Community: Dynamics of the Teller,
the Tale, and the Audience. In: BAUMAN, D. L.,
NELSON, J. L. e ROSE, H. M. Signing the Body Po-
etic: Essays on American Sign Language Litera-
ture. 1. ed. Los Angeles: UC PRESS, 2006, cap. 2,
p. 21-50.

BRECAILO, Solange de Fátima. Expressão Facial


e Corporal na comunicação em LIBRAS. Dispo-
nível em: http://www.imap.curitiba.pr.gov.br/wp-
content/uploads/2014/03/apostila_curso_expres-
sao_corporal%20(1).pdf. Acesso em: 30 de março
de 2023.

BRITO et al. (org). Língua Brasileira de Sinais. In:


Brasil, SEESP. Brasília, 1998. v3.

BULL, Thomas. Deaf Family Issues: CODAS and


Identity (s/d). Disponível em: http://www.reach.
ca/shared_future/eng/bull.htm. Acessado em 30
de março de 2023.

CORRÊA, Y., VIEIRA, M. C., SANTAROSA, L. M. C.,


BIASUZ, M. C. V. (2014). Tecnologia Assistiva: a in-
serção de aplicativos de tradução na promoção
de uma melhor comunicação entre surdos e
ouvintes. RENOTE, 12(1), 1-10. Recuperado de: ht-
tps://seer.ufrgs.br/renote/article/view/49824

Children of Deaf Adults International Inc. Dis-


ponível em: https://www.coda-international.org/.
Acesso em 30 de março de 2023.

FELIPE, Tanya. Sistema de flexão verbal na Li-


bras: os classificadores enquanto marcadores
de flexão de gênero. In: Congresso Internacional
do INES, 2002, Rio de Janeiro. Anais do Congres-
so Internacional do INES, v. 1, 2002.

www.sescsp.org.br/ead 25
FERNANDES, S., & MOREIRA, L. C. (2014). Políti-
cas de educação bilíngue para surdos: o contex-
to brasileiro. Educar em Revista, ed. esp. (2),51-69.

FERREIRA-BRITO, Lucinda. Por uma gramática


de línguas de sinais. Rio de Janeiro, RJ: Tempo
Brasileiro, 1995.

GESSER, A. Libras: que língua é essa? Crenças e


preconceitos em torno da língua de sinais e da
realidade surda. São Paulo: Parábola, 2009.

KUBASKI, C; MORAES, V. P; O bilinguismo como


proposta educacional para crianças surdas; IX
Congresso Nacional de Educação-EDUCERE; III
Encontro Sul Brasileiro de Psicopedagogia; PU-
CPR, 2009.

Lei nº 10.436, de 24 de abril de 2002. Dispõe so-


bre a Língua Brasileira de Sinais – Libras e dá
outras providências. Diário Oficial da União. Dis-
ponível em: http://www.planalto.gov.br/cCivil_03/
LEIS/2002/L10436.htm

Melo, A. V. S. A formação e atuação do tradutor


intérprete de libras em sala de aula / Alda Valéria
Santos de Melo; orientação [de] Dra. Ilka Miglio
de Mesquita. Aracaju: UNIT, 2013.

MELLO, L. S.; CABISTANI, L. G. Capacitismo e lu-


gar de fala: repensando barreiras atitudinais. Re-
vista da Defensoria Pública do Estado do Rio
Grande do Sul, Porto Alegre, n. 23, p. 118–139, 2019.
Disponível em: https://revista.defensoria.rs.def.
br/defensoria/article/view/112. Acesso em: 30 de
março de 2023.

PACHECO, K. M. B.; ALVES, V. L. R. A história da


deficiência, da marginalização à inclusão social:
uma mudança de paradigma. Acta Fisiátrica,
São Paulo, v. 14, n. 4, p. 242- 248, 2007.

www.sescsp.org.br/ead 26
PEREIRA, M. C. C. (org). LIBRAS – conhecimen-
to além dos sinais. São Paulo: Pearson Prentice
Hall, 2011.

PERLIN, G. T. T. Identidades surdas. In: SKLIAR,


C. (org.). A surdez: um olhar sobre as diferenças.
Porto Alegre: Mediação, 1998, p. 51-73.

PIMENTA, Nelson. A tradução de fábulas se-


guindo aspectos imagéticos da linguagem ci-
nematográfica e da Libras. (Dissertação) Mes-
trado em Estudos da Tradução. Florianópolis:
Universidade Federal de Santa Catarina, 2012.

QUADROS, R. M.; KARNOPP, L. B. Língua de Si-


nais Brasileira: estudos linguísticos. Porto Ale-
gre: Artmed, 2004.

QUADROS, R. M. (orgs). Estudos Surdos I. Petró-


polis, RJ: Arara Azul, 2006. QUADROS, R. M.;

SCHMIEDT, Magali L. P. Ideias para ensinar por-


tuguês para alunos surdos. Brasília: MEC, SEESP,
2006.

QUADROS, R. M. Língua de Herança – Língua


brasileira de sinais. Porto Alegre: Penso, 2017.

ROSA, Andréa da Silva. Entre a visibilidade da


tradução de sinais e a invisibilidade da tarefa
do intérprete. Campinas: Unicamp, 2005. (Dis-
sertação de Mestrado em Educação).

SACKS, Oliver. Vendo Vozes: Uma viagem ao


mundo dos surdos. 5a. reimpressão. São Paulo:
Companhia das Letras, 2005.

SANDER, Ricardo. O Intérprete de Libras – Um


olhar Sobre a Prática Profissional. SEMINÁRIO
DESAFIOS PARA O PRÓXIMO MILÊNIO (2000,
Rio de Janeiro, RJ) - 19 a 20 de setembro de 2000
– INES p. 80-1.

www.sescsp.org.br/ead 27
SILVA, Maitê Maus da. (2016). Codas traduto-
res e intérpretes de língua de sinais brasileira:
percurso para o profissionalismo (Dissertação
de Mestrado). Universidade Federal de Santa
Catarina - UFSC, Florianópolis, SC, Brasil. Dispo-
nível em: https://repositorio.ufsc.br/xmlui/hand-
le/123456789/173667

THOMA, A. S. Surdos: esse “outro” de que fala a


mídia. In: SKLIAR, C. (Org.). A surdez: um olhar
sobre as diferenças. Porto Alegre: Mediação, 2011.
p. 121-136.

VIEIRA, S. Z. A produção narrativa em libras:


uma análise dos vídeos em língua brasileira de
sinais e da sua tradução intersemiótica a partir
da linguagem cinematográfica. Dissertação do
mestrado, UFSC, 2016.

www.sescsp.org.br/ead 28
Este material de apoio é parte do curso Libras:
Descobrindo a Língua de Sinais. A formação é
gratuita e está disponível na plataforma de educação
a distância do Sesc São Paulo: www.sescsp.org.br/ead

www.sescsp.org.br/ead

Você também pode gostar