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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA (UFU)


INSTITUTO DE ARTES (IARTE) - CAMPUS SANTA MÔNICA
LÍNGUA BRASILEIRA DE SINAIS - LIBRAS I
Profa. Dra. Marisa Pinheiro Mourão

RESUMO SOBRE A HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO DE SURDOS

MARCIEL DOMINGUES FERREIRA JUNIOR 1

A priori, faz-se interessante notar que o ser humano, enquanto organismo vivo e
dinâmico, sofre diversas (trans)formações pelo decurso do tempo, oportunidade que isso é
perceptível tanto numa perspectiva intrinsecamente biosocioantropologica, como,
psicofilosofica. Nesse caso, observando pelo prisma da comunidade surda, e considerando a
necessidade nata de comunicação, é possível compreender que o ser humano, a partir do
momento que encontra um obstáculo em sua comunicação, tende a contorná-lo de diversas
formas afim de que se alcance um ponto convergente entre aqueles que se encontram.

Entretanto, para os Surdos, isso não foi tão simples, ao passo que, num primeiro
momento, as pessoas surdas eram consideradas seres imponentes para o desenvolvimento
intelectual ante a impossibilidade de florescer habilidades voltadas para as funções oral-
auditivas, o que desencadeou, às pessoas surdas, em vários contextos socioculturais, diversas
restrições e cerceamentos de direitos básicos, inclusive o de serem consideradas cidadãs.

Essa concepção reducionista, da surdez, voltada para capacidade de aprendizagem para


o contexto escolar, não prosperou, pois, já no início do XVI, houve uma racionalização pela
sociedade, em que compreendiam ser possível os Surdos a aprenderem, escrever, falar e a
compreender a língua oral. Todavia, é justamente nesse último ponto que se travou,
incessantemente, uma luta, pois, se de um lado a sociedade reconhecia o Surdo como um “igual”
- de ser racional -, de outro, negava quaisquer outras formas de comunicação, sendo defendido,
portanto, a necessidade de os Surdos se adequarem àqueles denominados de ouvintes, de modo
a alcançar, o tanto quanto, a similitude de habilidades de uma pessoa ouvinte.

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Bacharel em Direito pela Faculdade Quirinópolis (FAQUI). Pós-graduando em Educação e Diversidade pelo
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de Santa Catarina (IFSC). Pós-Graduando em Direito Penal e
Processo Penal pelo Instituto Elpidio Donizetti (IED). Pós-Graduando em Direito Constitucional pelo Instituto
Elpidio Donizetti (IED). Graduando do curso de Teatro pelo Instituto de Artes (IARTE) da Universidade Federal de
Uberlândia (UFU). Endereço Eletrônico: marcieldominguesferreirajunior@gmail.com
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Com isso, houve obrigatoriedade do desenvolvimento de leitura labial e da fala oralizada


por pessoas surdas, ocasião que a língua de sinais, por um momento, foi proibida de ser
utilizada, em prol, do uso da língua oral. É nesse ponto que se nota, então, a corrente ideológica
“clínico-terapêutico”, em que percebe a surdez como uma “deficiência auditiva” ligada ao grau
da perda auditiva pelo surdo, situação em que esse deveria ser “normalizado”.

Em oposição a essa corrente, há outra, mais racional e menos hegemônica, voltada para
uma perspectiva socioantropológica, em que, também compreende a surdez como uma
deficiência, porém, entende-a como uma diferença que se constitui a partir de uma vivência
visual-gestual, como uma variante da comunicação humana, semelhante a qualquer outra
variação linguística da língua oral. Nesse sentido, não seria o caso de negar, e, sim, aceitar o
papel de Surdo e de cidadão, com plenas capacidades para exercícios da vida civil na sociedade.

Contudo, apesar dessas conquistas, não há como negar a existência das recorrentes
dificuldades encontradas por pessoas Surdas em várias situações cotidianas. Principalmente no
âmbito escolar, em que alunos Surdos acabam por não deter de amplo desenvolvimento de
sociabilidade e aprendizagem, dado a dificuldade, não dos Surdos se comunicarem com as
pessoas ouvintes – dado que se trata de algo que os afligem por força maior -, mas de as pessoas
ouvintes – embora sejam dotadas da capacidade de aprender a língua de sinais - não terem a
capacidade de comunicação com os Surdos. Isso é mais evidente quando, por exemplo, falta
um interprete na aula e o aluno não tem como continuar na aula, por não ter, muitas vezes, a
acessibilidade pelos professores e/ou colegas da turma, para explicar-lhe o conteúdo.

Nesse caso, considerando as propostas educacionais (Oralismo, Comunicação Total e


Bilinguismo) pelo contexto brasileiro, defende-se o ideal do bilinguismo, que compreende a
Libras como uma língua autentica, própria e natural das crianças surdas, e a língua portuguesa
como instrumento de acesso ao conhecimento artístico, cientifico e cultural, permeada pela
Língua de Sinais. Contudo, compreende-se ainda não ser o suficiente, por isso, como condições
necessárias para a inclusão do aluno Surdo de forma a respeitar as diferenças dele, entende-se
ser necessário o ensino da Libras nas escolas, desde o ensino fundamental, como língua
necessária para a satisfação de direitos relativos a diversidade, inclusão e de acessibilidade a
todos, inclusive, daqueles que são ouvintes e que, provavelmente, comunicar-se-ão com Surdos.

REFERÊNCIAS

MOURÃO, Marisa Pinheiro. Língua Brasileira de Sinais – Libras. 2. ed. Uberlândia:


Universidade Federal de Uberlândia/Universidade Aberta do Brasil, 2018, p. 19-53.

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