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CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO EM LIBRAS
Aluno:
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CURSO DE
ALFABETIZAÇÃO EM LIBRAS
MÓDULO II
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MÓDULO II
6 HISTÓRIA DO SURDO
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Há ainda a concepção de Aristóteles, que entendia a educação possível
somente por meio da audição. Desse modo, nenhum surdo seria capaz de aprender
nada.
Os dados históricos sobre a surdez são escassos nos primórdios da
humanidade. Somente no início da era Moderna (século XVI) começamos a ter
subsídios sobre a surdez.
Com o nascimento de Jesus, Filho de Deus para os cristãos, a teologia
ocidental no tratamento com o diferente mudou bruscamente. Eles, que quase
sempre eram considerados minorias linguísticas e culturais, não eram mais
considerados impuros e nem carregavam mais sobre si o castigo de seus pecados.
Segundo Jesus, todos seriam filhos de Deus, amados pelo Pai, não pelo que
poderiam ter, ser ou fazer, mas pelo que eram: seres humanos.
Não se pode dizer que a partir daí o problema tenha desaparecido e nem
que o preconceito tenha sido superado, entretanto, o que se sabe é que o homem
não conseguia mais anestesiar sua consciência, pois, a religião não endossava e a
moral exigia um tratamento de certo modo mais humano.
Mesmo assim as mudanças vieram gradativamente por meio da vivência e
não por normas impostas e sistematicamente cumpridas.
Segundo Santo Agostinho, filósofo e teólogo cristão, a fé somente seria
obtida por meio da “captação” do sermão. Para ele, surdos ou deficientes mentais
não poderiam crer, porque a fé vem pelo sermão, da palavra falada. Para os
defensores de Santo Agostinho a língua de sinais com que se comunicavam fazia às
vezes da palavra falada e dessa forma eles teriam acesso aos ensinamentos de
Jesus, tal e qual um ouvinte. Mas, seu pensamento sobre o assunto, talvez nunca
venhamos saber.
No final da Idade Média ocorreram avanços e retrocessos, porém, as
atrocidades contra surdos e pessoas diferentes continuaram a existir.
Até o século XV, os surdos eram considerados primitivos e sem
possibilidade de serem educados. A partir do século XVI surgem os primeiros
pedagogos para surdos, principalmente na França, Espanha, Inglaterra e Alemanha.
Podemos citar alguns: Rudolphus Agrícola, Girolano Cardano, Pedro Ponce
de Leon, Juan Pablo Bonet e Abade Charles-Michel de l'Épée.
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FIGURA 14
A B
FONTE: A) Disponível em: <ttp://deafkrause.de/deaf-history/alphabet/pedro-ponce-de-leon-1.html>.
B) Disponível em: <http://www.sul21.com.br>. Acesso em: 03/01/2013
Esse período que agora parece uma espécie de época áurea na história dos
surdos testemunhou uma rápida criação de escolas para surdos em todo o
mundo civilizado; a saída dos surdos da negligência e da obscuridade; sua
emancipação e cidadania; a rápida conquista de posições de eminência e
responsabilidade – escritores, engenheiros, filósofos e intelectuais surdos
antes inconciliáveis tornaram-se subitamente possíveis.
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Na filosofia oralista busca-se a integração da criança surda na comunidade
de ouvintes desenvolvendo a língua oral. Desse modo, a surdez passa a ser uma
deficiência que deve ser minimizada por meio da estimulação auditiva.
O surdo para viver em sociedade deveria “ouvir” e “falar” (com o uso de
aparelhos auditivos e com o uso de técnicas de leitura labial) por meio de exaustivos
exercícios, ficando a comunicação escrita por último recurso. Para que fosse aceito
pelo grupo social o surdo deveria então “superar” o defeito de nascença.
A oralização passou a ser então o principal objetivo da educação do surdo.
O ensino de outras disciplinas escolares ficou em segundo plano, gerando um
período de queda no nível de escolarização dos surdos.
O oralismo dominou o mundo até a década de 60, quando Willian Stokoe
publicou o artigo “Sign Language Structure: Na Outline Of the usual Communicaton
System of the American Deaf”, demonstrando que a língua de sinais usada pelos
americanos, é uma língua com todas as características das línguas orais.
A partir daí surgiram várias pesquisas sobre o assunto. Esse fato aliado à
insatisfação de vários educadores com o oralismo trouxe a língua de sinais de volta
às salas de aula.
Em 1968, Roy Holcon dá origem à Comunicação Total. Tal método trata dos
processos comunicativos ocorridos entre surdos e surdos e entre surdos e ouvintes
e há a preocupação com a aprendizagem da língua oral. Enfatiza a necessidade de
se considerar aspectos cognitivos, emocionais e sociais que devem caminhar junto à
aprendizagem da língua oral.
Na década de 80, a filosofia do Bilinguismo surge trazendo a ideia de que o
surdo deve primeiramente adquirir a Língua de Sinais (considerada sua língua
materna e natural). Somente como segunda língua deveria ser ensinada a língua
oficial do país na forma escrita. A ótica do Bilinguismo é focar a surdez como uma
diferença linguística, e não como uma deficiência a ser normalizada por meio da
reabilitação (visão oralista).
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7 ABORDAGENS DE ENSINO NA EDUCAÇÃO DA PESSOA COM SURDEZ
Na antiguidade e quase toda a Idade Média a ideia que se tinha era que os
indivíduos surdos não eram educáveis.
No início do século XVI começaram a admitir a possibilidade de que
procedimentos pedagógicos proporcionassem ao surdo o aprendizado, sem
considerar o fato um “milagre” ou algo sobrenatural.
Pedagogos que se dispuseram a trabalhar com surdos estavam
apresentando alguns resultados. O objetivo deles era desenvolver o pensamento de
seus alunos surdos para que eles adquirissem conhecimentos e pudessem
comunicar-se com o mundo ouvinte. Utilizavam a língua falada como estratégia, em
meio a outras, tentando com isso alcançar os objetivos. Também trabalhavam em
segredo, sem trocar experiências com outros pedagogos.
Na época, famílias nobres e influentes que tinham um filho surdo
contratavam os serviços de professores/preceptores para que ele não ficasse
privado da fala e consequentemente dos direitos legais, que eram subtraídos
daqueles que não falavam. O espanhol Pedro Ponce de Leon é reconhecido
historicamente como o primeiro professor de surdos.
Na tentativa de educar os surdos, além da atenção que se dava a fala, a
escrita também era considerada como papel fundamental. Alfabetos digitais eram
inventados pelos professores e utilizados para que o aluno, que não podia ouvir a
língua falada pudesse visualizar. O trabalho inicial era de leitura e escrita e evoluía
para leitura labial e articulação das palavras.
Evidentemente que os surdos que se beneficiavam desse atendimento
pedagógico eram aqueles que pertenciam às famílias abastadas, os demais em
geral não tinham nenhuma atenção especial e, é possível que vivessem em grupos
e que tenham desenvolvido algum tipo de língua de sinais para se comunicarem.
Por volta desse período começaram a surgir propostas educacionais.
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7.1 ORALISMO
FIGURA 15
Escola na Grécia - oralismo – “espelho” para treinamento labial. FONTE: Disponível em:
<http://www.notisurdo.com.br/noticias/antonio21.html>. Acesso em: 03/01/2013
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Sinais e alfabeto digitais são proibidos, recomenda-se que a comunicação
seja feita pela via auditiva e pela leitura orofacial.
Por quase um século essa abordagem não foi questionada, embora a
maioria dos surdos profundos não desenvolvesse a fala satisfatoriamente, conforme
era exigido pelos ouvintes.
Essa filosofia educacional desencadeava um atraso global no desenvolvido,
que resultava em falta de estímulo e evasão escolar. Os alunos frequentavam a
escola mais para aprender a falar do que propriamente para receber os conteúdos
escolares.
Houve o incremento do uso de próteses, mesmo assim, os métodos eram
basicamente treinamentos de fala, desvinculados de contextos dialógicos
propriamente ditos.
Por volta de 1960, surgiram alguns estudos sobre a língua de sinais utilizada
pelas comunidades surdas. Apesar da proibição, era natural encontrarem em
escolas ou instituições de surdos a comunicação por sinais de modo velado.
O pioneiro trabalho de William C. Stokoe (1919 – 2000) revelou que as
línguas de sinais eram verdadeiras línguas, preenchendo em grande parte os
requisitos das línguas orais.
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escolares continuaram. Alguns casos bem-sucedidos, mas a maioria com resultados
acadêmicos muito abaixo do esperado.
Entre os surdos era possível desenvolver a língua de sinais propriamente
dita, e nos ambientes escolares havia um misto de sinais e língua oral.
Então, estudos sobre a língua de sinais foram cada vez mais apontando
para propostas educacionais alternativas que orientavam para uma educação
bilíngue.
7.3 BILINGUISMO
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Nesse modelo a língua de sinais deve ser introduzida o mais cedo possível e
prioritariamente à criança surda, ou seja, é desejável que ela tenha contato com
pessoas da comunidade surda para que seja aprendida.
A língua oficial do país será considerada a segunda língua (L2) e língua de
instrução, na modalidade oral e quando possível na modalidade escrita.
Nessa abordagem identificam-se duas vertentes:
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enfrentará obstáculos sérios para adquirir as informações desde o ambiente familiar,
escolar e social para o resto da vida.
O momento de protetizar o bebê, ou seja, de fazer adaptação dos aparelhos
de amplificação sonora individual (AASI) é sempre um período de angústia e
incerteza para os pais. Não basta que seja indicado e adquirido o melhor aparelho. É
necessário que os pais sejam ouvidos em suas expectativas e medos e orientados
em relação ao que poderão esperar em termos de resultados. Por conta de uma
falta de preparo e de atenção dos profissionais, muitos pais acreditam que a
colocação do aparelho irá realizar um verdadeiro milagre. Que a sua criança deixará
de ser surda e se transformará em ouvinte.
Quando esses pais não são devidamente orientados poderão passar por
momentos de decepção e frustração diante dos resultados observados. Isso trará
prejuízos ao desenvolvimento cognitivo e emocional da criança.
É necessário que se entenda que é um equipamento fundamental para a
criança surda Ele amplificará os sons do ambiente, possibilitando que a criança
perceba os sons, mas isso não irá modificar sua condição de pessoa surda na
sociedade. Ela precisará de atendimentos especializados, de empenho dos pais
para que percebam os sons que começará a emitir, assim como a linguagem que
estará desenvolvendo.
Será um trabalho incessante dos pais, porém, prazeroso, se esses se
posicionarem de forma receptiva, conscientes da importância e conhecendo a
realidade de sua criança.
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A partir dos dois ou três anos de idade a criança buscará cada vez mais
conhecer sobre o mundo, necessitará do convívio de crianças e adultos. Utilizando
sinais espontâneos, expressões faciais e que, mesmo não tendo desenvolvido a fala
significarão formas de comunicação.
Tendo iniciado a escolarização em creches ou instituições de educação
infantil ela começará a partilhar brincadeiras, conversas e o convívio com os
professores.
Os educadores, em contato com alunos nessa condição devem
compreender que a linguagem é adquirida naturalmente por meio da interação, a
fala é uma das manifestações de linguagem, assim como os sinais. A escrita, o
desenho, são formas de estabelecer a comunicação e possibilitar a representação
do pensamento.
Estimulação Precoce é um conjunto de atividades voltadas para a criança
surda com idade de zero a três anos e para sua família. Visa criar situações de
comunicação, que favoreçam a expressão e interação contínua da criança com
outras crianças e com o adulto. Um dos objetivos desse trabalho é estimular de
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forma global a criança a fim de que possa desenvolver-se de acordo com os padrões
e ritmos de qualquer criança.
Faz parte também desse momento a orientação aos familiares para que
atuem ativamente no processo de estimulação. Os fonoaudiólogos, professores e
demais profissionais que atendem a criança devem orientar os pais sobre as
atividades a serem realizadas e os objetivos a serem alcançados. Deverão sempre
ter como base do trabalho a afetividade, ludicidade, naturalidade, buscando em
situações cotidianas (atividades de vida diária) criar as possibilidades de interação
em que sejam adotadas estratégias que motivem a criança, sem forçá-la e nem
cansá-la. Trata-se de um trabalho contínuo e, portanto deve ser feito de modo a
proporcionar prazer à criança.
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sons da voz que irão possibilitar futuramente a compreensão de conversas
rotineiras.
Esse trabalho deve ser iniciado o mais cedo possível, mesmo que a criança
não utilize prótese auditiva. O desenvolvimento da função auditiva, pela maturação
das fibras nervosas se dá nos primeiros anos de vida.
Deve-se considerar o grau de deficiência auditiva da criança. Somente o
médico, por meio de exames irá diagnosticar o grau de perda e indicar o tipo de
aparelho a ser adaptado juntamente com a fonoaudióloga. Essa última deverá, além
de indicar acompanhar a adaptação, ajuste, confecção de moldes, enfim, dar todas
as orientações à família que irá ajudar a criança nessa fase.
É no lar que a criança poderá vivenciar melhor estas experiências,
relacionando o ruído com a fonte sonora e à situação em que ele se apresenta. Será
um trabalho gradativo, sendo modificado à medida que a criança apresentar
respostas aos estímulos recebidos (mais altos, mais baixos, sons próximos, se
distanciando, graves, agudos, etc.).
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8.3 ESTIMULAÇÃO DA LINGUAGEM
9 O PAPEL DA FAMÍLIA
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Entretanto, com a notícia da surdez, qual será a reação dos pais desta
criança?
Em geral um turbilhão de sentimentos se forma ao redor da nova realidade.
Sentimentos de pena, vulnerabilidade, ódio, confusão, rejeição e superproteção, que
podem ser divididos em:
Negação;
Resistência;
Afirmação;
Aceitação.
A sociedade costuma ter preconceito contra o que não conhece e que foge
aos padrões de normalidade impostos por ela mesma. A falta de conhecimento das
capacidades e potencialidades da pessoa surda gera preconceito na sociedade e
nos próprios pais, que agem de forma a discriminar a criança, com atitudes de
rejeição ou de superproteção.
Quando a criança é filha de pais ouvintes a comunicação não é estabelecida
de imediato, o que irá refletir em seu desenvolvimento. Os pais ouvintes em geral
esperam que seus filhos comecem a falar e que a língua de sinais não seja
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necessária. Por descobrir a surdez precocemente esperam que um tratamento seja
feito e que não haja comprometimentos linguísticos e cognitivos. Esperam ainda que
com a adaptação de aparelhos auditivos ele se torne um “ouvinte”.
A reação dos pais nunca é a mesma e depende de vários fatores:
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Somente com a assistência de profissionais competentes em diversas áreas
e de outras famílias, que tendo o mesmo problema possam dar apoio, transmitindo
experiências e prestando solidariedade é que esses pais poderão encontrar a
melhor forma de atender as necessidades de seu filho.
Os pais deverão buscar apoio psicológico e orientação para que se
descubram capazes de auxiliar e com disponibilidade para o aprendizado.
Em geral, pais que recebem orientação e demonstram alcançar
conhecimento e compreensão de si e de seus filhos surdos se mostram mais
preparados para encontrar soluções para esse desafio que se apresenta em suas
vidas.
A família será o agente modificador da realidade da criança, portanto, caberá
a ela:
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FIGURA 23
Embora a colocação de limites se torne algo difícil para alguns pais, que têm
atitudes de superproteção com aquele filho que tem uma deficiência, aconselha-se a
dar a ele um tratamento normal, para que ele desenvolva um comportamento
adequado socialmente. Isso evitará sentimentos de ciúmes dos irmãos e fará com
que a criança seja mais segura em suas decisões, pois, vivenciará mais
experiências necessárias ao seu processo evolutivo.
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10 O PAPEL DA ESCOLA E DO PROFESSOR
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Estrutura física;
Capacitação dos professores;
Recursos pedagógicos e tecnológicos;
Disposição da equipe em receber o aluno;
Currículo adequado;
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Adaptações necessárias;
Professor que domine a língua de sinais;
Intérprete de Libras.
Alguns pais optam pela escola para surdos e outros acreditam no trabalho
feito na escola regular. Seja qual for a escolha, é importante que:
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10.2 O PAPEL DO PROFESSOR
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