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Curso Básico

de LIBRAS
(180 horas)
Módulo 1

Profª Especialista Roberta Granchi Dias Heinzl


Profª Especialista Roberta Granchi Dias Heinzl

Graduada em Pedagogia
Especialista em LIBRAS e Educação de Surdos
Especialização em Educação Especial
Pedagoga da Escola de Educação Especial Joilda Marra
Pozzi - APAE - Pirassununga –SP
Docente da FATECE - Faculdade de Tecnologia, Ciências e
Educação
Sumário

1 Os surdos e sua história, da antiguidade aos dias atuais................................................... 3


1.1 A História da Educação dos Surdos ........................................................................... 3
1.1.1 Da Antiguidade até a Idade Média ...................................................................... 3
1.1.2 Idade Moderna .................................................................................................... 4
1.1.3 Idade Contemporânea ........................................................................................ 4
1.2 No Brasil ..................................................................................................................... 5
1.3 Alfabeto Manual: Datilologia ....................................................................................... 6
1.4 Alfabeto Manual........................................................................................................... 7
1.5 Os Números ............................................................................................................... 8
1.6 Escola ......................................................................................................................... 9
1.7 Cada pessoa tem um sinal ......................................................................................... 15
1.8 Atividades ................................................................................................................... 16
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1 OS SURDOS E SUA HISTÓRIA, DA ANTIGUIDADE AOS DIAS ATUAIS

A educação dos surdos variava de acordo com a concepção que se tinha deles em cada
época da história. O tratamento oferecido a pessoa surda esteve diretamente relacionado aos
fatos que marcaram a história da humanidade, bem como os valores e crenças mantidos pela
comunidade em cada época. Os surdos, que por muito tempo foram vistos como incapazes,
por não se fazerem entender e não serem entendidos dentro da sociedade, da família e da
escola onde estão inseridos, dificultou ainda mais a comunicação.
Partindo disso, foram levantados alguns pontos importantes para que possamos enten-
der como essa inclusão ocorre, ou deveria ocorrer, da melhor forma possível.

1.1 A História da Educação dos surdos

1.1.1 Da Antiguidade até a Idade Média

No Egito, os surdos eram adorados como se fossem deuses, sendo temidos e adorados
pela população. Na China, eram lançados ao mar; em Esparta, eram jogados dos altos dos
rochedos, em Atenas, eram rejeitados e abandonados em praças públicas ou em campos. Os
surdos eram vistos como seres incompetentes, não tinham almas, por isso, não poderiam ser
considerados imortais, porque esses cidadãos não podiam falar em sacramentos.
Para os Gregos e os Romanos, o surdo não era considerado humano, pois a fala era
resultado do pensamento. Logo, quem não pensava não era humano. Não tinha direito a testa-
mentos, à escolarização e a frequentar os mesmos lugares que os ouvintes.
Até o século XII, os surdos eram privados até mesmo de se casarem. Sócrates (399-470
a.C.) afirmava que os surdos tinham que usar gestos. Hipócrates (377-460 a.C.), pai da medici-
na, pensava que os fluídos formados no cérebro escoavam pelo canal auditivo e formava puru-
lência no ouvido. Aristóteles (384-322 a.C.) considerava os surdos também mudos, e acredita-
va que a linguagem dava condição de humano para o indivíduo, sendo o surdo considerado
não humano se não tivesse a linguagem. Considerava o ouvido como órgão mais importante
para a educação, o que contribuiu para que o surdo fosse visto como incapacitado para receber
qualquer instrução naquela época.
Santo Agostinho (354-430 a.C.) acreditava que aqueles que tinham filhos surdos esta-
vam a pagar os seus pecados. Defendia que os surdos poderiam aprender e transmitir conheci-
mentos através dos gestos, que seriam equivalentes à fala para a salvação da alma. A Igreja
Católica teve papel fundamental na discriminação no que se refere às pessoas com deficiência,
já que para ela o homem foi criado à "imagem e semelhança de Deus", os que não se encaixa-
vam neste padrão eram postos à margem, não sendo considerados humanos, eram marginali-
zados.
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1.1.2 Idade Moderna

Foi no século XVI, na Espanha, que iniciou as experiências educacionais com crianças
surdas. Girolano Cardamo (1501-1576), médico, contradiz o sábio Aristóteles teorizando que a
audição e o uso da fala não são essenciais à compreensão das ideias e que a surdez é mais
uma barreira à aprendizagem do que uma condição mental.
Pedro Ponce de León (1520-1584), monge, dedicou-se à educação de crianças surdas
da nobreza. O seu método incluía a datilologia, a escrita e a fala. Aos alunos falavam-se por
meio de gestos e escrita e pedia-se que respondessem de forma oral. Ponce de León é consi-
derado o primeiro professor de surdos na história. Ele conseguiu demonstrar a falsidade das
crenças existentes até aquele momento sobre os surdos. E sua fama é motivada principalmen-
te pelo interesse das famílias nobres que seus dependentes pudessem ter acesso ao direito de
herança, foi reforçando o reconhecimento do surdo como capaz, sendo a força do poder econô-
mico da nobreza o peso considerável como impulsionador do oralismo que começava a se
estabelecer e que se estenderia até os dias atuais.
Juan Pablo Bonet (1579-1633) demonstra, pela primeira vez, o alfabeto em Língua de
Sinais (datilologia). Johann Konrad Amman (1698-1774), médico, foi importante no movimento
oralista que estabelecia a crença na possibilidade de fala do indivíduo. O seu livro foi a semente
para a construção do modelo para a educação do surdo em nível institucional. Interessa-se
pelo ensino de surdos e descobre que eles podem sentir as vibrações da voz quando colocava
as mãos na garganta enquanto ensinava. Também utilizava os sinais e o alfabeto digital como
instrumento para atingir a fala, abandonando-os quando não consideravam mais necessários.
Jean Itard (1704-1838), primeiro médico a interessar-se pelo estudo da surdez, realizou
procedimentos para erradicar a surdez: aplicava cargas elétricas nos ouvidos, usava sangues-
sugas para perfurar o tímpano, colocava cateteres nos ouvidos – medicalização da surdez.

1.1.3 Idade Contemporânea

Na contemporaneidade iniciou uma rivalidade grande entre os métodos oralistas e ges-


tuais, pois acreditavam que os surdos deveriam ser iguais aos ouvintes.
Laurent Clerc (1785-1869), surdo, e Thomas Gallaud (1787-1851), foram os responsá-
veis pela introdução dos sinais e pela educação institucionalizada para surdos nos Estados
Unidos.
Alexander Grahan Bell (1847-1922), em 1871, foi para os EUA ensinar o método de
pronúncia desenvolvido por seu pai. No ano seguinte Bell abriu sua própria escola para surdos
e depois se tornou professor da Universidade de Boston. Com o seu trabalho conheceu Gardi-
ner, um advogado e empresário, cuja filha, Mabel, tinha ficado surda aos quatro anos, em con-
sequência de uma escarlatina. Ela já era adolescente quando Graham Bell começou a treiná-la
falar, com bons resultados. Em 1875, Bell e Mabel ficaram noivos e se casaram anos depois.
Em 1880, com o Congresso de Milão (Itália), a história dos surdos adquire grandes
proporções. Nesta ocasião fora decidido, pelos educadores de surdos, discutir e avaliar a
importância de três métodos rivais: Língua de Sinais, Oralista e Mista.
Alexander Grahan Bell teve grande influência neste congresso, pois era professor oralis-
ta. Após o congresso, as maiorias dos países adotaram o método oral nas escolas para surdos
proibindo oficialmente a língua de sinais e então começou uma longa e sofrida batalha do povo
surdo para defender o direito linguístico cultural.
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1.2 No Brasil

No Brasil, a educação dos surdos começou a partir da visita do professor francês, surdo,
Ernest Huet, que a convite de D. Pedro II, em meados de 1855, veio ao Brasil e preparou um
programa que consistia em usar o alfabeto manual e a Língua de Sinais Francesa. Esse
programa apresentava documentos importantes para a educação dos surdos. Solicitou a D.
Pedro II um prédio para fundar uma escola, pois no Brasil ainda não havia uma escola que edu-
casse os surdos daquela época – o atual Instituto Nacional de Educação de Surdos – INES.
No dia 26 de setembro de 1857 foi fundado o Instituto Nacional dos Surdos-Mudos do
Rio de Janeiro, atual Instituto Nacional de Educação dos Surdos (INES), que durante muitos
anos era uma escola só para meninos Surdos, onde só poderiam ser utilizados naquele
momento o oralismo, o surdo tinha que falar, independentemente de ter condições para tal.
A filosofia oralista teve grande força no Brasil entre as décadas de 1960 e 1970. Com o
passar do tempo, passou a ser amplamente criticada, pois reduzia as possibilidades de trocas
sociais e de desenvolvimento linguístico e cognitivo entre os surdos e os ouvintes. Para Márcia
Goldfield (1997, p. 30-31): “O Oralismo visa a integração da criança com a surdez na comuni-
dade de ouvintes, dando-lhe condições de desenvolver a língua oral, no caso do Brasil, o portu-
guês dos ouvintes. O objetivo do Oralismo é fazer a reabilitação da criança surda em direção à
normalidade”.
Fernando Capovilla (2000, p. 102) acreditava que “o método oralista objetivava levar o
surdo a falar e a desenvolver a competência linguística oral, o que lhe permitiria desenvolver-se
emocional, social e cognitivamente do modo mais normal possível, integrando-se como um
membro produtivo do mundo dos ouvintes”.
Com o fracasso do Oralismo, surge a segunda fase, a filosofia educacional da “Comuni-
cação Total”. Ela consiste em um método que inclui todos os modelos linguísticos: gestos,
língua de sinais, fala, leitura orofacial, alfabeto manual, leitura e escrita, no início da década de
1970. Alcançou muitos simpatizantes nas décadas de 1970 e 1980. Logo depois passou a ser
criticada por não fazer uso adequado da língua de sinais na sua estrutura própria. O grande
problema é a mistura das duas línguas: a língua de sinais e a língua portuguesa, e que resultou
na prática do português sinalizado.
Na visão de Kelly Ciccone (1990, p. 19), “os profissionais que defendem a Comunicação
Total concebem o surdo de forma diferente dos oralistas: ele não é visto só como alguém que
tem uma patologia que precisa ser eliminada, mas sim como uma pessoa, e a surdez como
uma marca que repercute nas relações sociais e no desenvolvimento afetivo e cognitivo dessa
pessoa”.
Em 1980, surge o Bilinguismo, como proposta para a educação de surdos, defendendo
o aprendizado da língua sinalizada, que precede a língua oral nas comunidades surdas. Reco-
nhece a Língua de Sinais como primeira língua dos surdos.
Quando falamos em bilinguismo nos referimos a duas línguas. Em relação ao surdo
brasileiro: a Língua de Sinais (L1) e a Língua Portuguesa (L2). Somente após a aquisição da
L1, pode-se expor a criança ao ensino sistemático da L2, nas modalidades: oral ou escrita.
Vygotsky (1889, p. 66) defendia o ensino da fala como única forma de ascender o surdo
ao estado humano: “Ensinar o surdo a falar significa não só brindar-lhe com a possibilidade de
comunicar com pessoas, como desenvolver nele a consciência, o pensamento, a autoconsci-
ência. Esse é o retorno do surdo ao seu estado humano. ”
Após maior contato com os surdos, Vygotsky (1889, p. 190) muda sua forma de encarar
a "mímica" e passa a percebê-la como língua: “A luta da linguagem oral contra a mímica,
apesar de todas as boas intenções dos pedagogos, como regra geral, sempre termina com a
vitória da mímica, não porque precisamente a mímica do ponto de vista psicológico seja a
linguagem verdadeira do surdo-mudo, nem porque a mímica seja mais fácil, como dizem
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muitos pedagogos, senão porque a mímica é uma língua verdadeira em toda a riqueza de sua
importância funcional e a pronúncia oral das palavras formadas artificialmente está desprovida
de toda a riqueza vital e é só uma cópia sem vida da linguagem viva”.
No ano de 1994, em Salamanca na Espanha, representantes de mais de oitenta países
se reúnem e assinam a Declaração de Salamanca, um dos mais importantes documentos de
compromisso de garantia de direitos educacionais. Esse documento declara as escolas regula-
res inclusivas como o meio mais eficaz de combate à discriminação e ordena que as esco-
las devam acolher todas as crianças, independentemente de suas condições físicas, inte-
lectuais, sociais, emocionais ou linguísticas.
O Decreto Lei 5.626/05 regulamenta o art. 18 da Lei no 10.098, de 19 de dezembro de
2000, que estabelece normas gerais e critérios básicos para a promoção da acessibilidade das
pessoas portadoras de deficiência ou com mobilidade reduzida, e dá outras providências. O
Poder Público implementará a formação de profissionais intérpretes de escrita em braile,
línguas de sinais e de guias-intérpretes, para facilitar qualquer tipo de comunicação direta à
pessoa portadora de deficiência sensorial e com dificuldade de comunicação.
Foi com a Lei 10.436, de 24 de abril de 2002, que a LIBRAS (Língua Brasileira de Sinais)
passou a ser reconhecida como meio legal de comunicação e expressão de pessoas surdas.
Em 2010 foi promulgada a lei 12.319, em 1 de setembro, que regulamenta o exercício da profis-
são de Tradutor e Intérprete da Língua Brasileira de Sinais – LIBRAS.

1.3 Alfabeto Manual: Datilologia

A Datilologia é um recurso utilizado nas seguintes situações: quando não existe ou se


desconhece um equivalente pronto à palavra ou conceito na língua de sinais.
• Para nomes próprios.
• Para títulos de trabalhos.
• Para explicar o significado de um sinal para um ouvinte que conheça o alfabeto
manual.

Nesses casos, cada configuração de mão, ou seja, a posição dos dedos da mão corres-
ponde a uma letra do alfabeto.
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1.4 Alfabeto Manual – Datilologia


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1.5 Os Números
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1.6 Escola

Escola



Educação Infantil

 
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Pré Escola

 

Ensino



Ensino Fundamental

 
11

Série



Ensino Técnico

 

Ensino Superior

 
12

Faculdade


Pós Graduação

 

Especialização


13

Mestrado



Doutorado



Método


14
Metodologia



Planejamento



Fonte: CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D., 2001.


Imagens: ProDeaf Web
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1.7 Cada pessoa tem um sinal

Esse sinal é visto como um “batismo”, nas Comunidades Surdas, sendo próprio de cada
pessoa, como seu nome por exemplo. É dado por um surdo que de início precisará saber o
nome da pessoa, soletrado pelo alfabeto manual (datilologia), para que ele possa conhecer seu
nome no português. É antiético ser batizado por uma pessoa ouvinte. O surdo primeiramente
observa as características físicas, em seguida, os comportamentos marcantes e em determina-
dos casos o apelido da pessoa que irá sinalizar.
O sinal pessoal de cada pessoa é uma forma mais prática e visual para a identificação
das pessoas dentro das Comunidades Surdas. Para isso é necessário sabermos o Alfabeto
Manual – Datilologia e o sinal da LIBRAS – Língua Brasileira de Sinais referente a palavra
“nome”.

Nome


Fonte: CAPOVILLA, F. C.; RAPHAEL, W. D., 2001.
Imagens: ProDeaf Web
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1.8 Atividades

1) Observe o alfabeto manual e passe para o português.















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2) Relacione os sinais dos números com a escrita dos números.

(A) Tenho 30 anos. ( )

(B) Nasci no dia 15 de Agosto. ( )

(C) Vou para a praia no dia 13. ( )

(D) Faz 10 anos que me casei. ( )

(E) O número da minha casa é 19. ( )

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