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E
la vendeu tudo que podia vender, fechou WEB
a conta no banco, desfez contratos,
cancelou plano de telefone, entregou revistabicicleta.com.br
todos os trabalhos... Foi ficando cada vez
mais leve e livre. Era a hora de ter a coragem de digital.revistabicicleta.com.br
fazer o que realmente queria fazer, ir em busca
de significados para sua pergunta: “o que é
que eu quero saber de verdade?” Esta é Juliana
Hirata, bióloga brasileira que está na estrada revista.bicicleta
com o projeto Entre Extremos das Américas.
Viajando sozinha de bicicleta, ela quer conhecer
as Américas e os americanos, visitar importantes
unidades de conservação e estudar a relação
revistabicicleta
das pessoas com essas áreas. No artigo de capa
desta edição, Juli conta sobre suas aprendizagens
nessa experiência de imersão pela América. E
você, o que quer saber de verdade? Temos muitas
revibicicleta
inspirações, nesta edição, para encorajá-lo a ir
em busca de suas próprias respostas. Aproveite a
leitura.
+revistabicicleta
Viva Bicicleta!
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banca.revistabicicleta.com.br
EXPEDIENTE
Revista Bicicleta, com periodicidade mensal, é
publicada pela Ecco Editora
38
26 O MANIFESTO CYCLE CHIC
34 PLANEJAMENTO X TEMPO
38 INSPIRADO PELA FÉ
Aos 39 anos, Marcelo Graciano tem se tornado uma
inspiração a mais para milhares de jovens que estão pelas
pistas de ciclismo de todo o país.
56 REGRAS DE CONDUTA EM UM
PELOTÃO DE CICLISMO
60 DIVULGANDO AS BICICLETAS
E TRICICLOS DE CARGA
DO RIO PARA O MUNDO
62 LANTERNE ROUGE
O último dos melhores do mundo.
72
68 SPECIALIZED CONSTRÓI SUPER
TRILHA DE MTB NO BRASIL
72 NA IMENSIDÃO
DOS OLHARES DE
JULIANA HIRATA
88 PEDALA CORINTHIANS
O primeiro Grupo de Pedal brasileiro vinculado a um clube.
96 SERRAS E MONTANHAS
DE TIRAR O FÔLEGO
96
Qual delas você encararia?
106 WS CRUISER
A “Harley-Davidson” brasileira movida a pedal
40%
© DIVULGAÇÃO
Dos ciclistas que participam de grupos
de pedal, também utilizam a bicicleta
como meio de transporte, segundo
pesquisa realizada pela Ciclocidade,
Bike é Legal e Sesc Santo André, com
997 respostas on-line.
20 MIL
Bicicletas, em média, caem todo ano
NA SOLA
nos canais de Amsterdã e precisam
ser pescadas com um barco com
uma garra hidráulica que efetua esse
serviço desde 1960.
DO PÉ
A espanhola Luck, especializada em
sapatos de ciclismo personalizados
2,6 MIL
Cadastros em apenas três meses de
sob encomenda, desenvolveu um novo operação foi o número alcançado pelo
sistema de potenciômetro integrado Bike Kids, projeto de compartilhamento
no sapado para medir a potência da de bicicletas infantis em Santos – SP.
pedalada e otimizar o desempenho do
ciclista. Conectado através de vários
chips no sapato, o computador de
bordo registra com precisão milimétrica
a cadência, velocidade, frequência
US$ 1
cardíaca e a potência em watts gerados
em cada pedalada. A transmissão dos BILHÃO
É a cifra prometida para investimentos
dados é feita via Bluetooth. A imagem
em infraestrutura cicloviária pelo
do sapato com o solado aberto e cheio
recém-eleito prefeito de Londres,
de chips é realmente impressionante! Sadiq Khan, nos próximos cinco anos.
O investimento, que equivale a US$ 22
por pessoa ao ano, é comparável ao
que investe Amsterdam e Copenhague.
CERVEJA
© DIVULGAÇÃO “REPOSITORA”
PARA CICLISTAS
A cervejaria holandesa “à Bloc” apresentou
recentemente uma grata novidade: a Superprestige
Bicycle Beer, uma cerveja pensada para o público
ciclista que, aliás, é grande na Holanda. Semi-
artesanal, a Superprestige é uma cerveja blond ale
não filtrada, com 4,9% de teor alcoólico, e seu principal
diferencial é possuir minerais alpinos com excelentes
características de hidratação e recuperação pós-treino.
Rica em proteínas, sais minerais e vitamina B, esta é
uma boa maneira de revigorar após o pedal!
A GRANDE
VOLTA
A segunda edição da ultramaratona A Grande Volta
acontecerá entre os dias 18 a 29 de julho de 2017.
São 1.078 km em 11 dias consecutivos de pedal e
mais de 20 mil metros de ascensão, serpenteando
as fascinantes serras da região sudeste brasileira.
A organização considera esta ultramaratona como
“o maior desafio radical de MTB das Américas, um
pedal para quem não tem juízo”. A largada acontece em
Búzios (RJ), pequena península com mais de 20 praias de
águas cristalinas. Depois, os ciclistas entram em Minas Gerais,
rumo às montanhas de Ibitipoca. De origem tupi-guarani, Ibitipoca – junção dos
termos ybytyra (pedra) e pok (explode) - significa montanha que explode. O grande
afloramento de quartzito na região atrai tempestades elétricas, o que rendeu o nome
ao local. Por fim, depois de uma passagem também pelo estado de São Paulo, os
ciclistas retornam ao Rio de Janeiro, finalizando a ultramaratona em Paraty, cidade
que encanta por sua beleza, marcada pelo encontro do azul-turquesa do Oceano
Atlântico com o verde da Mata Atlântica intocada, e por sua história, traduzida
em inúmeras estradas velhas do caminho do ouro. Além da alta quilometragem e
altimetria, A Grande Volta possui um percurso fascinante e desafiante para o MTB.
PARA
BRINCAR E
APRENDER
A companhia norte-americana
Fisher-Price, especializada
em brinquedos para crianças,
anunciou o lançamento de uma
bicicleta ergométrica inteligente
com uma proposta bastante
tecnológica e interessante.
Enquanto a criança se exercita,
quatro diferentes aplicativos sincronizados
com a velocidade de pedalada e focados em
educação são mostrados na tela de um tablet,
smartphone ou televisão, conectados via Bluetooth.
Indicada para crianças de três a seis anos, a Think & Learn Smart Cycle foi
desenvolvida com a ideia de oferecer à criança um tempo de tela sem culpa, e
os pais podem monitorar o tempo que a criança se exercitou e sobre o que ela
aprendeu. Com lançamento previsto para o segundo semestre de 2017, o preço
deve ficar em torno de US$ 150, e os aplicativos serão vendidos a US$ 5.
© ROBERTO FURTADO
ROTA
DOS
FARÓIS
Está para financiamento coletivo no site Vakinha.com.br
a produção fotográfica da “Rota dos Faróis”, que abrange
todo o litoral gaúcho, de Torres ao Chuí. A rota de mais
de 600 km será executada em aproximadamente 10 a 14
dias em bicicleta, registrando os faróis e o meio ambiente,
contribuindo também para a geração de consciência
ecológica. Quem está à frente desta empreitada é o
fotojornalista Roberto Furtado, também conhecido
como Andarilho, autor do blog bikesdoandarilho.
com e colaborador da Revista Bicicleta. Com vasta
experiência em coberturas fotojornalísticas no mundo da
bicicleta, incluindo desde eventos de longa distância até
importantes feiras de negócio do mercado em questão,
Furtado é antes de tudo um apaixonado pela bicicleta e
pelas conexões que ela é capaz de proporcionar.
“Acredito no potencial deste roteiro”, diz Furtado, “desde
que era criança eu sonhava caminhar em direção ao sul
no litoral. Não sei bem de onde nasceu isto, mas eu sonhei
muitas vezes com este trajeto e depois de adulto visitei
diversos trechos e constatei que há lugares diferentes e
bonitos para serem explorados. Há histórias... há cultura
local, há riqueza natural, fauna, flora, endêmicas! Traçar
um caminho para aqueles que também desejam viajar por
belas paisagens... como na maior praia do mundo, não
seria pra lá de especial? Falamos de dezenas de faróis,
naufrágios, parques naturais, etc. Conto com a ajuda
de todos para conseguir materializar este projeto que
objetiva conscientizar as pessoas sobre este belo litoral
com potencial turístico e que deve ser protegido. Eu vou
mostrar muito... não perde!”
Para contribuir com o projeto, acesse
revistabicicleta.com.br/rb/d8s.
ROLÊ
Fotos Reprodução
VOLTA
E MEIOS
O documentário Volta & Meios apresenta seis pessoas que, nos últimos 20 anos,
decidiram partir do Brasil, através de cinco meios de transporte diferentes, com
um desejo: dar a volta ao mundo. De veleiro, carro, moto, bicicleta ou carona, eles
retornaram meses ou anos depois com fortes experiências e ensinamentos na
bagagem. O cicloturista Antonio Olinto é um dos entrevistados neste documentário
independente, que pode ser acessado em revistabicicleta.com.br/rb/d8m
FEITO
A MÃO
Zé Mário, da Sem Raça Definida, oferece
neste vídeo uma pequena amostra do dia a
dia da produção handmade das peças SRD.
Os produtos em couro são a essência da
marca de Zé, que é uma das referências em
acessórios feitos a mão para ciclistas no
Brasil.
Acesse em revistabicicleta.com.br/rb/d8n
Fotos Reprodução
2º PEDAL
FREE
FORCE
No dia 11 de dezembro de
2016, aconteceu a segunda
edição do Pedal Free Force.
Foi um dia muito especial,
em que cerca de 1.500
ciclistas pedalaram juntos
CICLOS
por Pomerode – SC e O curta-metragem Ciclos, documentário
confraternizaram com outras lançado recentemente, acompanha a
1.500 pessoas depois do rotina de um grupo de ciclistas em São
evento. O vídeo desta festa do
ciclismo pode ser visualizado Paulo. Produzido pela Vice em parceria
em com o Itaú, Ciclos mostra como o simples
revistabicicleta.com.br/rb/d8q uso da bicicleta mudou a vida de três
paulistanos: a advogada Lorena Garrido, a
empresária Carolina Ikeda e o professor e
ativista Eduardo Magrão. O documentário
completo está disponível gratuitamente
no canal do Itaú no Youtube, em
revistabicicleta.com.br/rb/d8p
30 REVISTA BICICLETA
CICLOTURISMO
Texto e Fotos
Antônio Olinto
PLANEJAMENTO
TEMPO
Apaixonado por cicloturismo que sou, costumo enfatizar as vantagens de
uma viagem de bicicleta. Entretanto, devo reconhecer que, viajando em uma
velocidade natural, ou seja, numa velocidade em que temos a possibilidade de
absorver todas as nuances do mundo ao nosso redor, necessitamos de mais
tempo do que quando utilizamos um veículo automotor.
Q
uanto mais restrito o tempo, o perfil altimétrico do caminho, pavimen-
maior a necessidade de planejar. to, pontos de abastecimento, etc. Tantas
O cicloturista só pode planejar informações geralmente só podem ser
bem sua viagem com informação de encontradas em guias de cicloturismo
qualidade, o que é raro. especializados, ou em alguns circuitos
consagrados de cicloturismo.
Mais que saber quantos quilômetros
existem entre uma cidade e outra, é im- Quem pretende viajar de bicicleta deve
portante saber suas capacidades físicas, treinar antes utilizando um odômetro
34 REVISTA BICICLETA
bem calibrado, pois só assim saberá, cavalo que trabalha no campo neces-
com certeza, suas capacidades diárias sita de folga a cada quatro ou cinco
de deslocamento. de trabalho duro. Mesmo que leve em
equilíbrio seu pedalar, e que não esteja
Caso não tenha informação de qualida- assim tão cansado, o dia de folga serve
de sobre o percurso que pretende fazer, para ser preenchido pelo imprevisto que,
planeje com folga: guarde energia para o a rigor, deve acontecer em uma viagem
final do dia e para o dia seguinte, carre- de bicicleta.
gue água e comida sobressalente.
Em minha volta ao mundo nunca tive
Pense sempre que seu treinamento diá- informações de qualidade; de toda for-
rio geralmente ocorre em condições ide- ma, seguia um planejamento anual, pois
ais, que não correspondem à realidade sabia que deveria evitar ser pego pelo in-
de uma viagem com todo o equipamento verno em grandes altitudes ou latitudes,
sobre a bike. Em viagens mais longas, ou chegar a uma região no começo da
quando a empolgação dos primeiros temporada das chuvas. Havia também
dias passa, e enquanto não chega a em- um planejamento mensal onde pesava
polgação pela concretização da viagem, muito as datas de visto dos países em
bate um desânimo que pode ser facil- que estava, e dos que iria entrar e/ou
mente curado com um dia de descanso. onde poderia consegui-las. Meu cálculo
de deslocamento rondava os 2.000 km
Em viagens de mais de uma semana, por mês, dependendo do relevo da região
conte pelo menos um dia de folga para e das atrações que desejava ver. Desta
cada cinco de pedal, afinal, mesmo um forma, deixava o dia a dia bastante flexí-
Estrada Real,
Minas Gerais.
Encontro com
viajante japonês no
meio do deserto.
36 REVISTA BICICLETA
SUPERAÇÃO
© ALEXANDRE_CAPPI
Therbio Felipe entrevista Marcelo Graciano
38 REVISTA BICICLETA
INSPIRADO
PELA FÉ!
Aos 39 anos, Marcelo Graciano tem se tornado uma
inspiração a mais para milhares de jovens que estão
pelas pistas de ciclismo de todo o país.
N
atural de São José dos Durante a recuperação e até mesmo
Campos-SP, Marcelo Graciano, nos dias de hoje, uma série de pessoas
comerciante residente em São perguntam sobre o caso, e ele, com
Francisco Xavier-SP, passou por um muita sinceridade, diz que nunca parou
momento bastante crítico que acarretou para pensar tanto a respeito, pois
em uma mudança de vida absoluta em percebeu que as pessoas que estavam
1998. Ao colidir de moto frontalmente à sua volta dando apoio ajudaram
com um automóvel, Marcelo teve imensamente para que ele nem mesmo
um trauma grave no braço. Após 25 se desse por conta de que estava
dias internado no hospital tentando deficiente.
recuperar as condições do braço, veio a
notícia que ninguém gostaria de receber: Ele nos conta: “entendo que se Deus
seu braço seria amputado. escolhe determinadas pessoas para
viver com uma dificuldade ou deficiência
Marcelo comenta que esta mudança é por que somos capacitados para
radical de vida está bem assimilada. passar alguma motivação adiante para
40 REVISTA BICICLETA
"HOJE A BIKE FAZ PARTE
100% DA MINHA VIDA E
NÃO PRETENDO PARAR
TÃO CEDO."
© GUSTAVO EPIFANIO
KEVLAR
A SUPER FIBRA
Já ouviu falar em Kevlar? Talvez não. Mas já ouviu falar em
colete à prova de bala, certo? Então, de certa forma, você
ouviu falar em Kevlar. Como não é qualquer fibra que aguenta
um tiro, sem dúvida essa é uma fibra especial da qual se tem
feito coisas incríveis.
46 REVISTA BICICLETA
F
ibras! Fibras fazem e hoje é uma das empresas mais
maravilhas. Ou, no caso de admiradas do setor químico. Nylon,
Kevlar, o ser humano faz Lycra, Teflon e Nomex são outras
maravilhas com as fibras. marcas registradas da DuPont.
Já falamos algumas vezes a palavra
fibra, então é melhor termos um Acreditamos que o ponto mais legal da
conceito básico do que é uma fibra. história do Kevlar foi quem o inventou:
você provavelmente espera o nome de
As fibras são materiais muito finos e um químico famoso, mas não foi esse
alongados, que podem ser fiadas para o caso do Kevlar. Quem o inventou
se transformarem em fios e cordas, ou foi uma química, a estadunidense de
dispostas em mantas para produzirem origem polonesa Stephanie Kwolek!
coisas como papel ou tecidos. As Ela nasceu em 31 de julho de 1923
bicicletas de fibra de carbono, por e acabou na indústria química ‘por
exemplo, são feitas com fibras acaso’. Seu objetivo era ser médica, e
trançadas. para conseguir dinheiro suficiente para
se matricular na escola de medicina,
Podem ser retiradas diretamente
entrou num trabalho ‘temporário’ na
da natureza, podem ser artificiais –
indústria química.
usando matéria-prima natural – ou
sintéticas, usando produtos químicos Stephanie descobriu o Kevlar em 1965,
como matéria-prima. A fibra em aos 42 anos de idade, e ao longo da
questão, o poderoso Kevlar, é uma sua carreira ganhou vários prêmios por
fibra sintética. seu trabalho em química de polímeros.
Em 1994 entrou para o Salão da Fama
ORIGEM de Inventores (National Inventors Hall
O Kevlar é uma marca registrada da of Fame). Infelizmente, em 18 de junho
DuPont, uma empresa americana de 2014, Stephanie faleceu aos 90
que foi fundada em julho de 1802 anos de idade.
(isso mesmo, experiência é o que
não falta!) pelo francês Eleuthère APLICAÇÃO
Irénée du Pont (aposto que você leu O Kevlar é uma fibra sintética muito
fazendo biquinho). Originalmente era leve e resistente – inclusive ao calor,
uma fábrica de pólvora, mas acabou sete vezes mais resistente que o aço.
conhecida por liderança no campo O uso do Kevlar é amplo: vai de linhas
de pesquisa em ciência e tecnologia de pesca até coletes à prova de bala.
48 REVISTA BICICLETA
Stephanie Kwolek. © DUPONT / REPRODUÇÃO JALOPNIK.COM
Texto e Fotos
Paulo de Tarso / Sampa Bikers
50 REVISTA BICICLETA
FERNANDO
DE NORONHA
Arquipélago de Fernando de Noronha pertence ao estado brasileiro de
Pernambuco e é formado por 21 ilhas, numa extensão de 26 km², tendo uma
principal - a maior de todas - também chamada "Fernando de Noronha"
-, como única ilha habitada. As demais estão contidas na área do Parque
Nacional Marinho e são desabitadas, só podendo ser visitadas com licença
oficial do Ibama. Em 2002, recebeu o título de Patrimônio Mundial da
Humanidade, concedido pela Unesco.
52 REVISTA BICICLETA
EDIÇÃO DIGITAL 03 JANEIRO - FEVEREIRO 2017 53
COMO CHEGAR
Duas companhias aéreas (Azul e Gol) têm
voos regulares saindo de Recife (1 h 20 min
de viagem) e Natal (55 minutos de viagem).
Para quem gosta do mar, há a opção dos
cruzeiros marítimos e embarcações parti-
culares.
VIAGEM
Todos os voos para a ilha saem exclusiva-
mente de Recife ou de Natal. Se você está
em outro estado ou país, terá que pegar
um avião para uma dessas cidades e de-
pois pegar outro para Noronha.
QUANDO IR
Há duas estações predominantes: a seca,
que vai de setembro a fevereiro, e a chu-
vosa, com precipitações ocasionais, de
março a agosto. A temperatura tem pouca
variação durante o ano, mantendo uma
média de 28°C, com muito sol e uma brisa
refrescante.
TAXA DE
PRESERVAÇÃO AMBIENTAL
Além de ser uma das viagens mais caras,
o governo de Pernambuco ainda cobra
taxa de permanência na ilha. Esta taxa foi
criada em 1989 pelo governo do estado de
Pernambuco, e deve ser paga por todos os
visitantes que chegam à ilha. Do valor arre-
cadado, 50% é investido em recolhimento,
reciclagem e envio do lixo ao continente -
cerca de 70% do lixo de Noronha é produzi-
do em função da atividade turística. Os ou-
tros 50% são investidos, obrigatoriamente,
em Noronha com implantação e melhoria
da infraestrutura da ilha. Menores de cinco
anos não pagam. No entanto, se, por aca-
so, você sair antes do período programado
e já tenha pago, terá direito à restituição
da diferença antes de embarcar para o
continente. Da mesma forma, se resolver
prolongar a visita, o valor referente aos
dias a mais será cobrado no dia do embar-
que. E o pagamento pode ser feito à vista,
cheque, cartões de crédito, dólar etc.
INFORMAÇÕES
www.ilhadenoronha.com.br
54 REVISTA BICICLETA
observação de golfinhos, surf, passeios bicicletas para todos os ilhéus.
de barco, de bugue... e agora de bike!
Estive lá no lançamento desse projeto
Mas o que não pode ficar de fora do
roteiro de jeito nenhum é um mergulho juntamente com a amiga Renata Falzoni
de cilindro, pois estamos falando de um e tivemos a oportunidade de pedalar um
dos melhores lugares do mundo para a pouco pela ilha e conhecer de bicicleta
prática desse esporte. Mas prepare seu as maravilhas desse paraíso. De bicicle-
bolso, tudo lá é muito, mas muito caro. ta pedalamos na parte histórica da ilha,
na Vila de Nossa Senhora dos Remédios,
Parte da ilha é cortada pela menor BR do passando pelo Palácio de São Miguel,
Brasil, a 363, com apenas 7 km. Onde, ruínas dos antigos presídios e Igreja de
pelo tamanho da ilha, em minha opinião, Nossa Senhora dos Remédios, passando
atualmente circulam muitos carros. Mas depois por três belas praias. Pedalamos
felizmente isso pode começar a mudar também até a Praia do Sancho, que cos-
com um projeto patrocinado pelo Itaú tuma frequentar a lista de praias mais
e apoiado pelo governo do estado de bonitas do país. Percorremos a Praia
Pernambuco, com a implantação de bici- do Leão, a Praia do Atalaia, Cacimba do
cletas para empréstimo para os turistas. Padre, e na Baía dos Porcos curtimos
Isso mesmo! Empréstimo, sem custo as piscinas naturais que se formam
algum. São bicicletas mountain bikes, entre as pedras. E para encerrar com
perfeitas para a ilha, porque subida é o chave de ouro curtimos um belo pôr do
que não falta lá, e na maioria das praias sol na Praia da Conceição. Tudo isso de
o acesso é por trilhas, algumas técnicas, bicicleta! Lembrando que os golfinhos
somente para quem está acostumado fazem o show na Baía dos Golfinhos.
a pedalar e estradinhas de terra com
muitas pedras entre subidas e descidas. Os problemas sociais não são muito
Nesse primeiro instante serão dois pon- diferentes de seus irmãos nordestinos.
tos para pegar as bikes. É só chegar e Mas os noronhenses vivem felizes. Tal-
pegar as bicicletas que estiverem dispo- vez porque não há violência e nem de-
níveis e depois devolver. E em um futuro semprego. Mas talvez seja porque vivem
bem próximo será realizada a doação de em Fernando de Noronha.
SPEED
REGRAS DE
CONDUTA
EM UM PELOTÃO
DE CICLISMO
R
ecordo-me de certa A um primeiro olhar,
vez estar assistindo realmente pode parecer que
a uma prova do Pro seja assim. O que poucos
Tour e um parente me sabem é que ciclismo é um
questionar: “como você pode esporte coletivo, onde as
gostar de assistir a isso. É equipes traçam estratégias
muito sem graça. Um ciclista para superar os adversários
passa todo o tempo na frente e que dificilmente um atleta
e no último minuto aparece vence uma prova sem a
um lá do fundo que não andou participação da equipe.
na frente em momento algum
e vence. Emocionante mesmo A melhor definição que já ouvi
é futebol”. é que ciclismo é um jogo de
56 REVISTA BICICLETA
© DANIEL GEIGER / MERIDA DIVULGAÇÃO
DICAS
Algumas dicas ainda podem ser dadas Nunca utilize fones de ouvido dentro do
para contribuir para a segurança de todos pelotão.
aqueles que pedalam em grupo.
Não fique tirando fotos dentro do
Seja responsável por aquele que vem pelotão.
logo atrás de você. Sinalize buracos,
pessoas, carros estacionando, animais Em dias de chuva, periodicamente,
na pista, sujeira e qualquer coisa que seja pressione levemente os freios para que a
necessário desviar ou transpor. sapata de freio encoste levemente sobre o
aro, mantendo-o livre de água, óleo e areia.
Nunca faça movimentos bruscos do
tipo: frear, mudar de direção ou acelerar Em velódromos, normalmente os
bruscamente. revezamentos acontecem com aberturas
pelo lado direito, e a ultrapassagem é feita
Cuidado ao pedalar de pé. O simples fato pelo lado esquerdo.
de ficar de pé faz com que sua bicicleta
diminua a velocidade fazendo com que Na estrada, isso varia de acordo
quem venha atrás toque na sua roda. com a direção do vento. Em treinos, é
Sempre que for pedalar de pé, aumente sua importante lembrar que as ultrapassagens
velocidade, evitando que a bike corra para respeitam a ordem de circulação de vias,
trás. ultrapassagens pela esquerda e abrir
passagem pela direita.
Ao invés de utilizar os freios, abra para
a lateral do pelotão expondo-se ao vento, Procure respeitar o ritmo do grupo. Nas
pare de pedalar e levante o corpo. A própria descidas e subidas, aumente a velocidade
resistência do ar irá frear sua bike. gradualmente para não abrir demais o
grupo. Lembre-se de que todos revezando
Nunca mude repentinamente de faixa. andam mais que alguns fazendo força.
Quando for se alimentar ou beber água, Uma boa distância entre sua roda
vá para as bordas ou para o fundo do dianteira e a roda traseira do ciclista da
pelotão. frente é entre 25 e 50 cm, sendo que 25
cm é a distância mínima de segurança
Levante a mão e se afaste do pelotão em para uma rápida reação a um possível
caso de problemas mecânicos, movimento brusco do ciclista “que está
puxando”, e 50 cm é normalmente o limite
Evite deixar que a sua roda dianteira fique máximo para o “vácuo” eficiente.
paralela à roda traseira do ciclista à frente.
Nesse caso, se você se assustar com algo E por fim explore os sentidos: ouça, fale,
e por reflexo desviar rapidamente, vai cair e converse, sinalize, grite, incentive, espere,
provocar um “strike no pelotão”. reveze.
58 REVISTA BICICLETA
Acesse revistabicicleta.com.br/rb/bg9 cercado de ciclistas por todos os lados.
e assista ao vídeo, que elucida algumas
É fascinante a adrenalina da velocidade
técnicas para pedalar em grupo vencendo
a resistência do vento e proporcionando e raciocínio que precisamos ter.
um ganho de velocidade com o menor
esforço possível. É como se cada um fosse Para se ter uma noção, o ciclista da
a engrenagem de uma grande máquina frente é o que rompe o vento, e o simples
chamada pelotão.
fato de estar colado na sua roda traseira
proporciona uma economia de energia
de até 30%, mas o preço que se paga por
isso é a falta de visibilidade do que vem
xadrez em alta velocidade. pela frente. Assim é necessário confiar
completamente nos sinais daquele que
Só quem já andou dentro de um pelotão pedala na sua frente, sendo que esses
sabe bem a emoção que é. Mas não vá gestos são repetidos de um a um até
pensando que é fácil estar a 40, 50, 60 chegar ao último ciclista do pelotão.
e às vezes até a 70 km/h a menos de
15 cm da roda do ciclista da frente e Boas pedaladas.
© DANIEL GEIGER / MERIDA DIVULGAÇÃO
TRANSPORTE ATIVO
DIVULGANDO AS BICICLETAS
E TRICICLOS DE CARGA DO
RIO PARA O MUNDO
A
Transporte Ativo esteve com a participação de especialistas de
presente no Congresso do TRB transporte do mundo inteiro.
(Transportation Research Board),
o maior congresso da pesquisa de As bicicletas e triciclos de carga
têm uma longa tradição no Rio de
transporte mundial, que aconteceu de 8
Janeiro. Em 1935, um artigo do Jornal
a 11 de janeiro em Washington DC. Os
de Esportes reportou que o C.R.
dados sobre as bicicletas e triciclos de
Flamengo organizou a “Prova Popular
carga do Rio de Janeiro, recolhidos em de Tricycles,” que contou com a
2014 e 2015 num projeto da Transporte participação de dezenas de empresas
Ativo em parceria com o ITDP e 73 concorrentes. Um artigo publicado
Brasil, foram a base para o trabalho 35 anos depois no Jornal do Brasil
apresentado no congresso, que conta falou sobre o uso dos triciclos no Rio
Acesse o PDF
sobre o Estudo.
goo.gl/Oohui1
60 REVISTA BICICLETA
de Janeiro, diz que as empresas
conseguiam reduzir os seus custos
de entrega em até 80% com estes
veículos.
62 REVISTA BICICLETA
Gerhard Schönbacher entrega a lanterna
vermelha para Bernard Hinault.
64 REVISTA BICICLETA
Vim Vansevenant segura uma
lanterna vermelha.
© NATHALIE MAGNIEZ / AFP
66 REVISTA BICICLETA
© REPRODUÇÃO DELCAMPE.NET
Texto / Fotos
Specialized / Divulgação
SPECIALIZED
CONSTRÓI SUPER TRILHA
DE MTB NO BRASIL
A Specialized inaugurou sua primeira trilha no Zoom Bike Park em
Campos do Jordão – SP. Há alguns meses, Ned Overend, atleta
Specialized que é considerado um dos maiores mountain bikers de
todos os tempos, e que participa de competições desde a década de
1980, veio ao Brasil e se apaixonou pelo Zoom Bike Park.
68 REVISTA BICICLETA
A
Specialized inaugurou sua de uma montanha e segue até a parte
primeira trilha no Zoom mais baixa da propriedade, e tem como
Bike Park em Campos do missão ser a trilha mais desafiadora,
Jordão – SP. Há alguns mais longa e divertida do Brasil.
meses, Ned Overend, atleta Specialized
que é considerado um dos maiores A inauguração foi feita aproveitando
mountain bikers de todos os tempos, o Training Camp Specialized 2017,
e que participa de competições desde evento exclusivo para o treinamento e
a década de 1980, veio ao Brasil e se divulgação dos atletas e embaixadores
apaixonou pelo Zoom Bike Park. que representarão a marca neste ano.
70 REVISTA BICICLETA
ENTREVISTA
72 REVISTA BICICLETA
NA
IMENSIDÃO
DOS
OLHARES
DE JULIANA
HIRATA
Integrada ao ambiente que estuda, defende e promove, ela vai sem medo. Uma
observadora atenta do mundo, da vida e dos personagens. Em meio a posts
relevantes nas mídias sociais, Juli sorri como um sol, tanto referência quanto
reverência à cultura de origem. Ela produz um dos conteúdos de ciclonautas
mais celebrados pela Internet, e mais que tudo, entrega inferências de um
olhar observador, estudioso e propositivo. Nós temos seguido, ainda que no
sentido virtual, seu cotidiano. Sobram aprendizagens quando paramos alguns
minutos diante daquilo que compartilha conosco. E ela vai, silenciosamente,
polinizando saberes nos Extremos das Américas! Não perseguimos seus passos
e pedaladas, apenas, seguimos. Ousamos não falar de roteiros, mas de uma
experiência em perspectiva. Como somos colegas de área do conhecimento,
foi muito interessante interagir e aprender com ela. A seguir, transcrevemos na
íntegra nosso diálogo com Juliana Hirata.
74 REVISTA BICICLETA
EDIÇÃO DIGITAL 03 JANEIRO - FEVEREIRO 2017 75
76 REVISTA BICICLETA
humano) eu não poderia estar mais Busco entender nossa identidade como
imersa na ideia de vida como propriedade latino-americanos, mas também como
emergente! uma única América. Até aqui, tenho mais
perguntas do que respostas, e por isso
T Sua pergunta essencial foi “que eu continuo perguntando, perguntando e
quero saber de verdade? ”, antes de partir. ouvindo, ouvindo. De novo a bike é o
E, possivelmente, este foi o seu ponto transporte perfeito para isso.
de partida pessoal que descreveu as
possíveis trajetórias para ir ao encontro T As unidades de conservação têm uma
das possíveis respostas. Vamos a um série de papéis em relação à proteção
dos elementos fundamentais do seu da biodiversidade local e do seu entorno
projeto Extremos das Américas: conhecer ainda pouco reconhecido pelo senso
a América e os americanos. Poderia, comum. De fato, quais as principais
por favor, falar das descobertas neste diferenças e semelhanças que você
aspecto? encontrou visitando e estudando estas
áreas protegidas? Quantas e quais foram
J Estou vivendo o final da primeira até o momento?
etapa do projeto, a América do Norte. O
México está sendo o contraponto latino- J Estou saindo da área das unidades de
americano dos últimos dois países que conservação mais antigas do mundo. O
passei, o Canadá e os Estados Unidos. parque Yellowstone, criado em 1872, até
Acho que será a partir daqui que vou hoje enfrenta desafios para a conservação
experimentar diferenças maiores. de espécies e conflito com atividades
Toda nossa história como povo latino- humanas na borda do parque.
americano se diferencia sensivelmente da
do Canadá e Estados Unidos. Basicamente, o modelo de áreas
protegidas dos Estados Unidos foi
Ainda estou em um estado de fronteira, a referência na criação de unidades de
Baixa Califórnia, mas já estou surpresa em conservação do mundo todo e o Canadá
conhecer um pouco da história da fronteira copiou o modelo em quase todos os
entre Estados Unidos e México, que desde aspectos (inclusive pelas semelhanças
sempre se mostrou conflituosa. Em 1836, culturais e geográficas). O montante
depois de um longo período de conflitos, o investido em unidades de conservação
Texas foi incorporado aos Estados Unidos. nos Estados Unidos é algo invejável e o
Dez anos depois, ou seja, em 1846, teve investimento é realmente convertido em
início a guerra entre os dois países que melhorias consistentes no sistema de
culminou com o México cedendo uma conservação das áreas protegidas.
grande parte do seu território no Norte,
onde hoje são os estados da Califórnia, A maior parte do dinheiro investido vai
Nevada, Utah, Novo México e parte do para melhorias de infraestrutura, o que
Arizona, Colorado e Wyoming. Nosso torna os parques acessíveis a qualquer
desconhecimento sobre essa história é tipo de usuário. Assim, de famílias a
vergonhoso. aventureiros, os parques são um espaço
78 REVISTA BICICLETA
EDIÇÃO DIGITAL 03 JANEIRO - FEVEREIRO 2017 79
Por exemplo, no Joshua Tree, se tem única visita. É feito em cada contato. Os
informações, técnicos (especialistas) e parques nacionais dos Estados Unidos,
livros voltados para o deserto e a evolução durante a temporada, têm uma extensa
dos ambientes ao longo do tempo. No lista de atividades para todos os públicos e
Parque Yellowstone cada núcleo tem todos, sem exceção, possuem um auditório
uma vocação própria, o Mammoth é mais ao ar livre onde palestras são ministradas
voltado para fauna e história do parque e pelos guarda-parques (que também são
o Old Faithfull é voltado para a geologia. pesquisadores). Uma noite, assisti uma
No Canadá, essa identidade não é tão das palestras no Yellowstone sobre a
marcante e nos parques brasileiros que história da reintrodução e monitoramento
conheci, também não. das matilhas de lobos dentro do parque.
No final, enquanto conversava com a
T Das unidades de conservação que você guarda parque (que é bióloga e especialista
veio a conhecer até agora, qual delas você em canídeos), vi várias pessoas enxugando
destacaria positivamente no tocante à as lágrimas, de emoção.
relação com as comunidades do entorno?
Que políticas encontrou que tenham como O maior exemplo, na minha opinião,
objetivo formar o sujeito ecológico e qual é o Yellowstone. Os conflitos com a
o contributo delas para a conservação da comunidade do entorno (uma área também
biodiversidade vegetal, especificamente? chamada de Grande Yellowstone) são
tão intensos e envolvem tantas questões
J Nos Estados Unidos e Canadá, as culturais, políticas, religiosas e econômicas
unidades de conservação formam que historicamente atraiu muitos
importantes polos turísticos. No geral, pesquisadores. O volume e qualidade das
as comunidades do entorno têm uma pesquisas surtiram efeitos benéficos para
porcentagem relevante da economia todos. Hoje, duas grandes instituições de
diretamente ligada aos parques. pesquisa, a Greater Yellowstone Coalition
e a Yellowstone Association Institute,
O trabalho voluntário é também uma via promovem e organizam pesquisa e cursos
de mão dupla. Os parques dependem dentro e sobre o parque.
de voluntários para trabalhos diversos e
os voluntários, por sua vez, são agentes Os conflitos existem, mas o conhecimento
importantes na disseminação do respeito traz maturidade e, no caso do Yellowstone,
e cultura dentro dos parques. Conheci um todos os atores já se conhecem e estão
voluntário no Glaciar National Park que habituados a isso, daí a tarefa de se
trabalha há 27 verões no parque! Essa sentar e pensar em soluções de maneira
conexão não é nada desprezível. democrática é mais tranquila.
80 REVISTA BICICLETA
EDIÇÃO DIGITAL 03 JANEIRO - FEVEREIRO 2017 81
J Quando converso com um técnico maior protagonismo indígena que visitei
dentro dos parques faço duas perguntas até o momento e o centro de visitantes
principais: “o que, na sua opinião, faz dessa mistura conhecimento tradicional com o
unidade de conservação um sucesso?”, e, científico de maneira muito harmônica e
“qual é o maior problema dessa unidade de complementar. É um exemplo a ser seguido
conservação?”. No Canadá e nos Estados por toda a América, na minha opinião.
Unidos, nenhum dos técnicos apontou
problemas com grupos sociais. T Você pertence a um pequeno, porém,
corajoso grupo de mulheres brasileiras
Eles apontam, em geral, problemas que estão pelas estradas do mundo com
menores com caçadores e acidentes suas bikes, sendo a diferença neste
com fogo, mas nada significativo. Porém, mundo antigo aonde ainda vivem maiorias
quando você olha o todo, o tamanho, machistas. No tocante a sentir-se segura
fragmentação e isolamento das áreas e não ser alvo para violência de qualquer
protegidas naturais é alarmante. Os últimos natureza, a América do Norte trouxe que
30 anos foram especialmente drásticos. percepções?
A fauna e flora estão ficando cada vez
mais confinadas às ilhas e geneticamente J Não me sinto corajosa, mas sei que
isso não é sustentável. Populações mais estar na estrada sozinha é um tipo de
sensíveis, como de caribous, nas Rochosas resistência. Não é comum ainda mas
Canadenses, e muitas aves migratórias está ficando cada vez mais comum. Uma
vistas no Alasca, já estão declinando a pesquisa do Ministério do Turismo do
olhos vistos. Brasil, no segundo semestre desse ano,
mostra que uma em cada sete mulheres
T Há uma forma muito peculiar entre as pretende viajar sozinha nos próximos seis
metodologias de unidades de conservação meses.
na América do Norte. Você poderia dar
destaque para alguma experiência que teve Ouço muitos questionamentos sobre
no Canadá, por exemplo, que você tenha estar sozinha na estrada e algumas vezes
ficado satisfeita enquanto pesquisadora? me culpabilizam por um eventual crime
que aconteça comigo (“você sabe que
J As pesquisas com glaciares e está se colocando em demasiado risco,
mudanças climáticas no Kluane National não sabe?”), e apesar de, no geral, ter me
Park são referência no mundo inteiro. São sentido bem segura em todos os sentidos
as maiores geleiras fora dos polos e são até aqui, foi no Canadá que, por ser mulher,
um importante indicador das mudanças me senti mais ameaçada.
climáticas. As pesquisas são prioridade
nessa área e ao mesmo tempo os estudos A Estrada 16, entre Prince Rupert e Prince
com comunidades indígenas seguem George, no Canadá, é conhecida também
muito consistentes. Cada vez mais se como Highway of Tears (ou estrada das
valoriza o conhecimento indígena e a lágrimas). Nessa estrada, dezenas de
cultura desses povos sem fazer disso mulheres foram assassinadas e uma
uma caricatura estanque. Foi a área com outra dezena está desaparecida. Os
82 REVISTA BICICLETA
SAIBA MAIS
julihirata
revistabicicleta.com.br/rb/d80
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84 REVISTA BICICLETA
EDIÇÃO DIGITAL 03 JANEIRO - FEVEREIRO 2017 85
logo. Foi aí que me dei conta, eu havia minutos, eu tinha três agentes em volta
escolhido estar ali! Era exatamente aquilo de mim me mostrando mapas de Baja
que eu queria viver. Em todo o mundo, era Califórnia com as melhores rotas e lugares
ali, o lugar que eu queria estar! (Link para o de descanso.
post completo aqui: revistabicicleta.com.
br/rb/d8t ) Estou em uma área bem turística ainda,
e sei das distorções que áreas assim
Tive medo de não conseguir, medo do frio, promovem, mas estou feliz de estar aqui.
medo dos ursos, mas sinto saudades e vira As pessoas param os seus trabalhos, ao
e mexe lembro da Dalton enquanto estou me verem passar, para acenar e desejar
pedalando. Quero voltar lá um dia. bom dia. Ganhei frutas, água e bênçãos
todos os dias que estou aqui.
T Juli, no momento em que você nos
cede esta entrevista, o México é a sua A religiosidade é outra marca. Não consigo
casa. Então, você deixa para trás um deixar de notar a função da fé na vida
conjunto de sistemas socioeconômicos desse povo e tem sido muito interessante
e socioambientais diferenciados para aprender tanto sobre uma história que eu
entrar no universo latino-americano. sei tão pouco.
Pode nos contar, até o momento, o que
mais lhe chamou a atenção no campo T Gostaríamos de deixar este espaço para
socioambiental no México? você dedicar uma mensagem às nossas
leitoras e leitores.
J Amei os Estados Unidos e Canadá.
Foi o início do projeto e a generosidade J Eu quero agradecer a qualidade dessa
das pessoas é incrível. Fiz bons amigos entrevista! Sou uma fã da revista e sei da
e ganhei um namorado, mas eu estava qualidade do material que vocês produzem.
ansiosa para entrar no México. Não sabia Aos leitores, os convido para acessar
direito por que, mas, ainda na fronteira, em as redes sociais a fim de acompanhar a
Tijuana, um agente alfandegário, muito viagem e se quiserem deixar um recadinho,
mal-encarado, sisudo, mão na arma e é sempre motivador receber mensagens.
camisa meio aberta veio falar comigo.
No dia 16 de janeiro, lancei a websérie
Parecia uma abordagem de fronteira,
Extremos das Américas, lá no canal “Juli
assim como eu tinha vivido na entrada dos
Hirata”, no Youtube. É uma websérie
Estados Unidos. Lá nos Estados Unidos,
documental, ou seja, conta a história da
o agente perguntou se eu tinha medo de
minha viagem desde o comecinho lá no
cachorro e eu respondi que não, então,
Alasca. Vou ficar muito feliz se vocês
ele trouxe um pastor alemão enorme para
puderem acompanhar.
farejar minha bagagem e sem dizer nada
se afastou. O agente mexicano chegou e E ela continua sua saga em direção aos
começou a me fazer perguntas, de onde interiores americanos, brilhando como um
eu era, de onde eu vinha, para onde eu ia, sol. Vai, Juli. Nós iremos contigo.
quanto a bike pesava e quanto de comida
eu estava carregando. Depois de alguns Viva a bicicleta, sempre. ␣
86 REVISTA BICICLETA
GRUPO DE PEDAL
PEDALA
CORINTHIANS
O PRIMEIRO GRUPO DE PEDAL BRASILEIRO
VINCULADO A UM CLUBE
Fundado em 2013, o Pedala Corinthians surgiu como uma proposta, na época, de fazer um
evento ciclístico com os associados. Desde sua origem, sempre foi voltado ao ciclismo de
inclusão, passeios por São Paulo e cicloviagens, sendo o primeiro grupo de ciclismo do Brasil
vinculado a um clube. No dia 17 de setembro de 2016, o Pedala Corinthians inaugurou seu
espaço nas dependências da agremiação que dispensa apresentações, é um dos clubes de
maior torcida, com um histórico inquestionável de conquistas, e com todo o peso e influência
a nível nacional que possui, demonstra a relevância atual da bicicleta abrindo espaço para o
ciclismo de uma maneira não competitiva.
Para conhecer mais sobre o trabalho do grupo, conversamos com Fábio Rente, assessor do
departamento que cuida da monitoria do grupo, desenvolvimento de eventos, prospecção e
desenvolvimento de novos apoiadores.
88 REVISTA BICICLETA
Quando e como surgiu o grupo Pedala nosso intuito é que nunca precisemos
Corinthians? A proposta da fundação de recursos oriundos do clube. O
vinculada ao clube veio do próprio Departamento Social é muito solícito
Corinthians? e parceiro, e sempre que precisamos
de algo interno é lá que encontramos
f O Pedala Corinthians foi fundado em colaboração, sendo na liberação de
14 de julho de 2013, com a iniciativa transportes, na divulgação de eventos
de um conselheiro do clube, Marco ou no desenvolvimento de novas ideias.
de Paula Souza, defendendo junto ao Só temos a agradecer ao Diretor do
departamento de esportes terrestres Social.
que seria muito interessante a criação
de um departamento de ciclismo dentro Quais são as principais ações do grupo?
do clube. A aprovação foi batalhada e E quais são os objetivos do Pedala
muitas vezes questionada. Depois de Corinthians ao realizar tais ações?
várias defesas, finalmente foi aprovada
a criação deste, e para conduzir o f Nosso principal foco é iniciar, incluir
departamento foi indicado um sócio que e passar os principais fundamentos
tinha mais de 20 anos com o ciclismo, da prática esportiva, não só voltado
Eduardo Caggiano. Este, por sua vez, para o aprimoramento, mas também
necessitaria de um par, pois “tocar” como atividade física. Ou seja, educar
o negócio sozinho seria difícil. Sendo os associados e os participantes a
assim, foi convidado a participar do como utilizar a bicicleta nas ruas, com
departamento o sócio e ciclista Carlos segurança e respeito, sempre levando
Ikeda, com experiência de 15 anos no em consideração o condicionamento
ciclismo, para assim dar sequência aos físico de cada um.
eventos.
Nosso objetivo sempre será a inclusão,
Após um ano de existência e pelas mobilidade, segurança, atenção total
proporções que o departamento ao ciclista, preservação do meio
tomou, foi necessário que o quadro ambiente, despertar em todos o trabalho
de assessores aumentasse, e diante em equipe, buscar sempre a ética e a
dos fatos, eu, Fábio Rente, juntamente transparência.
com o sócio Marcelo Romero, fomos
convidados a integrar o departamento. Além das ações diretas com nossos
Já se foram três anos e atualmente ciclistas, também desenvolvemos ações
este departamento é vinculado ao que visam a solidariedade, buscando
Departamento Social. sempre participar de campanhas de
agasalho, arrecadação de alimentos,
O Pedala Corinthians é campanhas de natal etc. Este
autossustentável, ou seja, todos os seus departamento já chegou a arrecadar em
recursos e verbas para eventos vêm torno de 2.000 agasalhos, quase 1.000
de parcerias e patrocinadores que nós, brinquedos e 1.500 kg de alimentos, que
assessores, buscamos externamente, e são distribuídos em asilos, associações
92 REVISTA BICICLETA
Sports. Além de proporcionar uma
grande festa, sorteamos vários brindes e PARA SABER MAIS
uma bike top.
Veja o vídeo da inauguração da sede
Como não temos fins lucrativos e do Pedala Corinthians.
revistabicicleta.com.br/rb/cph
buscamos sempre efetuar alguma ação
filantrópica, neste evento a exigência
para a entrega da nova camisa era a
doação de itens de higiene pessoal que se fazer, como já dito. As pessoas
e produtos de limpeza. No dia 25 precisam se conscientizar que há
de setembro de 2016, estivemos no espaço para todos e que a harmonia
Instituto Pró+Vida São Sebastião para entre ciclistas, motoristas e pedestres
efetuar a doação dos itens arrecadados pode existir.
na inauguração.
Por fim, deixe uma mensagem aos
Como você tem visto o crescimento leitores.
do uso da bicicleta em São Paulo e no
Brasil todo? f A bicicleta representa tudo aquilo
que buscamos em uma vida plena:
f Com muito bons olhos. Quando liberdade, saúde, locomoção, interação,
começamos a pedalar pelas ruas de amizade, sociabilidade. Uma vez escrevi
São Paulo, quase não se via grupos um texto no Pedala Corinthians que
pedalando. Com o passar dos anos, isso representa bem o que é ser ciclista,
foi tomando uma proporção enorme. o que é andar de bicicleta por aí:
Hoje, tranquilamente roda por São viajar é válido de qualquer forma, mas
Paulo, somente às terças, em torno de quando se vai de bike, a experiência é
25 grupos. E se for contar a semana totalmente inovadora. Os preparativos,
toda, podemos dizer que em torno de 75 a expectativa, a ansiedade do momento
grupos. tomam conta. Você viaja muito antes
de ter saído para o seu destino. Vá
O avanço da bicicleta em São
Paulo teve um fundamental apoio acompanhado, em grupo com mais
da prefeitura. Nos seus 416 km de dois ou três, mas o desafio é pessoal
ciclovias, há trechos muito bons, mas e isso te dará forças para enfrentar
também existem locais sem qualquer aquela subida interminável, as curvas
planejamento, que levam o ciclista do de uma serra, as retas que se perdem
nada a lugar nenhum, com locais ermos, no horizonte e por fim o destino que
sem segurança e sinalização. Mas foi aparece à sua frente. Pedale para você,
um começo e pode melhorar ainda mais. pois seu ritmo e sua determinação farão
Há muito o que se fazer. com que você aproveite cada minuto,
cada trecho e cada paisagem, que ficará
No geral, o Brasil está crescendo registrada em sua memória. Todo trajeto
ciclisticamente e temos muitas cidades de uma viagem é o que vale... O destino
com ótimas ciclovias, mas há muito o é somente a consequência! ␣
SERRAS E
MONTANHAS
DE TIRAR O FÔLEGO
Serras e montanhas são uma preferência quase unânime entre os ciclistas. Se não para
encarar o desafio de bicicleta, ao menos, para curtir o visual caprichosamente desenhado
pela natureza – com uma mãozinha humana para a construção dos caminhos. Conheça
estradas incríveis em montanhas e serras de tirar o fôlego! Qual delas você encararia?
96 REVISTA BICICLETA
© JONATHA JUNGE
12 284 1.220 m
de ganho altimétrico (Sai de 220
de 6 m x 3 m, com 30 cm de espessura e
fissuras iguais às de pistas de aeroportos.
A construção durou dois anos, de novembro
km curvas m e vai até 1.420 m de altitude) de 1984 a novembro de 1986.
3.500 m
de ganho altimétrico 64
(Sai de 1.000 m até 4.600 m) km
CENTENAS de curvas
+ NA AMÉRICA
10 99
1972, construir uma estrada
1.100 m
de ganho altimétrico
com picaretas e o manuseio
rudimentar de explosivos. O
resultado é o incrível túnel
km curvas (Sai de 200 m e vai até 1.300 m) escavado na montanha Taihang,
à beira de um penhasco de 120
metros de altura, com 1,2 km de
Na província de Hunan, na China, está uma das estradas mais sinuosas do comprimento, cinco metros de
mundo, conhecida também como Tongtian Avenue, ou Avenida para o Céu. altura e quatro metros de largura.
A Estrada de Tian Men Shan leva às escadas de Tian Men Mountain, com
999 degraus. A montanha tem um enorme buraco no meio e o único modo + NA ÁSIA
de chegar até lá é através da escadaria... Ou através do maior teleférico do
mundo, com 7.455 metros! ESTRADA
IROHA-ZAKA, JAPÃO
I-ro-ha são os três primeiros
caracteres das 48 sílabas do
antigo alfabeto japonês. Zaka
significa inclinação. Eis a
Estrada Iroha-Zaka, que sobe
as montanhas da Província de
Tochigi, na região de Nikko, no
Japão, com 48 curvas, cada uma
nomeada com uma das sílabas
desse alfabeto.
© TVORECXTRA / DEPOSITPHOTOS
BÔNUS
PASSO DE
KHARDUNG-LA
CAXEMIRA, ÍNDIA
Esta é a estrada transitável para
veículos mais alta do mundo,
tendo como ponto mais alto
incríveis 5.682 metros de altitude.
© LONGTAILDOG / DEPOSITPHOTOS
ÁFRICA
GARGANTA DO DADES
MARROCOS
30 km
O Vale (ou Garganta) do Dades situa-se no Alto Atlas, nas
maiores altitudes do norte da África. A rodovia que leva até o
vale é conhecida como a Estrada de Mil Kasbahs, com muitas
curvas fechadas, acompanhando o Rio Dades e serpenteando
aldeias e paisagens desérticas a cerca de 2.000 m de altitude.
Kasbahs são construções rústicas feitas com barro, varas e
troncos, parecidas com castelos e que, surpreendentemente,
resistem ao tempo e sobrevivem por milhares de anos. Essas
fortalezas eram construídas em lugares estratégicos do deserto,
nas rotas comerciais que as caravanas percorriam.
EUROPA
24,3
km (desde Prato)
75
curvas
1.808 m
de ganho altimétrico
(Sai de 950 m e vai até 2.758 m)
Cima Grappa
19,3 km
1.538 m de ganho altimétrico
(de 174 m até 1.712 m)
Monte Zoncolan
10,1 km
1.203 m de ganho altimétrico
(de 527 m até 1.730 m)
3 SUBIDAS DO
TOUR DE FRANCE
Col du Tourmalet
19 km
1.404 m de ganho altimétrico
( de 711 m a 2.115 m)
Mt Ventoux
21,8 km
1.598 m de ganho altimétrico
(de 314 m a 1.912 m)
Alpe d’Huez
13,8 km
1.127 m de ganho altimétrico
(de 723 m a 1.850 m)
3 SUBIDAS DA
VUELTA A ESPAÑA
Alto de l’Angliru
12,5 km
1.266 m de ganho altimétrico
(de 307 m a 1.573 m)
OCEANIA
SKIPPERS ROAD
NOVA ZELÂNDIA
22 km
Skippers Road fica ao lado de Skippers Canyon, que tem
uma queda vertical para o Rio Shotover, já conhecido
como “o rio mais rico do mundo”. As locadoras de carro
não permitem que seus veículos transitem nessa via
estreita e sem acostamento, à beira de precipícios de mais
de 180 metros. A via foi construída durante a corrida do
ouro, quando uma trilha precária era o único acesso para
a cidade de Skippers e os garimpos de Upper Shotover.
Construída entre 1883 e 1890, a Skippers Road foi
considerada uma grande obra de engenharia na época.
Um trecho de 3 km da via envolveu perfuração manual e
explosão de rochas para criar uma plataforma que fica 183
metros acima do Rio Shotover. Essa tarefa desafiadora
exigiu operários para suspender cordas acima do rio. A
estrada tem vista das Richardson Mountains a oeste e das
Harris Mountains a leste.
CONCEITO
WS CRUISER
A “HARLEY-DAVIDSON”
BRASILEIRA MOVIDA A PEDAL
Já pensou poder escolher uma bicicleta no estilo Cruiser, com o layout e as
cores que mais lhe agradam, ou até criar um projeto personalizado de bicicle-
ta naquele estilão retrô super exclusivo? É exatamente esta a proposta da WS
Cruiser, empresa catarinense que, desde 2012, produz praticamente de maneira
artesanal bicicletas com e sem auxílio elétrico e motorizadas.
As bicicletas da WS Cruiser são feitas sob en- de marchas Nexus, pneus 3.0 e custa cerca de
comenda, do jeito que o cliente quer. Segundo R$ 6.300,00.
Leandro, “dessa forma o cliente consegue algo
exclusivo, com o qual ele se identifica. É algo E a crise? Mais ajuda do que atrapalha, segundo
memorável para a vida toda”. A produção de o casal: “o aumento dos combustíveis fez com
uma bicicleta exige mão-de-obra em engenharia, que a procura por um meio de transporte mais
solda, pintura, montagem e embalagem, e quase econômico aumentasse, e acredito que isto refle-
tudo é feito de maneira artesanal. te para todo o mercado da bicicleta. Esperamos
que a crise que ainda deve permear todo o ano
Os projetos têm um custo, em média, de R$ de 2016 e talvez mais, traga a consciência de
1.500,00 a R$ 5.000,00 para as bicicletas con-
que a bicicleta é a melhor forma de economia
vencionais; de R$ 5.500,00 a R$ 15.000,00 para
e de bem-estar com o meio ambiente. Sendo
as bicicletas elétricas; e de R$ 6.000,00 a R$
assim, o mercado da bicicleta deve se manter
12.000,00 para as bicicletas motorizadas ou
mais firme que muitas outras áreas. Além da
réplicas de motos antigas, que fazem de 50 a 80
km por litro. “O mercado de bicicletas customi- crise momentânea que o Brasil atravessa, nosso
zadas no Brasil ainda é bem restrito e pouco co- pensamento com relação ao ciclismo é trabalhar
nhecido, mas tem crescido ano após ano”, revela com sustentabilidade, é plantar um presente que
Leandro, “e as pessoas que nos procuram geral- garanta a subsistência das novas gerações, num
mente são amantes de motocicletas, harleiros e planeta que pede socorro. Gostamos de pensar
pessoas que procuram um meio de transporte que semeamos a consciência para evitarmos
econômico sem perder o status. A vantagem de essa crise eminente e muito mais abrangente”.
realizar um projeto customizado é ter um produ-
to com o qual o cliente interage com a fábrica e Este poderia ser o novo “sonho”, protagonizado,
tem a certeza de que fica do jeito que se quer ou quem sabe, com um pouco de brasiliedade. ␣
precisa, com mais qualidade e melhor estetica-
mente do que os milhares de modelos iguais que
estão nas lojas”.
CONTATO
O modelo mais cobiçado atualmente é a WS WS Cruiser
Rock 350W, bicicleta elétrica com bateria de íon www.wscruiser.com.br
lítio que alcança cerca de 100 km de autonomia. wscruiser@wscruiser.com
O modelo possui suspensão dianteira, farol, cubo WhatsApp: 54 91869774
PEDALANDO
RUMO A UMA
VIDA MELHOR
Juntos, população e governo do Brasil podem
economizar cerca de R$ 88 bilhões por ano investindo
em ciclismo como meio de transporte e atividade
esportiva. E para cada R$ 1 investido no ciclismo existe
uma economia de R$ 4 no sistema de saúde, de acordo
com pesquisas científicas realizadas na Europa.
"RESUMINDO, O
BRASIL TEM UM
GRANDE POTENCIAL
DE CRESCIMENTO NO
CICLISMO COMO MEIO
DE TRANSPORTE E
ATIVIDADE FÍSICA."
REVISTA BICICLETA
AS
EA
FEMININA
PRESENÇA
BICICLETAS
B elas, todas são, porque beleza é um predicado que aprisionam em seu ser,
L eves, transitam por seus próprios caminhos com secretos movimentos irretocáveis,
e estes
E ncantos fazem desprender, em sua passagem, como pétalas levadas pelo vento, o
bem e o Bom da vida.
N ão havendo como manter-se inerte ou blindado a seus encantos. Não há nada que se
assemelhe a estas magníficas cria
F aço por onde, por fim, refletir que as bicicletas somente poderiam ser substantivos
femininos,
E que jamais poderíamos nos furtar de aprender com toda gama de saberes que as
Incrementando nossa dura tarefa que nos cabe, de buscar ser melhores, pouco a pouco.
N o campo das ideias ou na crueza do concreto cotidiano, elas estão aí, tornando nossa
existência mais linda,
DOS
BEM-VINDOS
CONFRONTOS
C
ompramos as bicicletas em e fascinantes. A China ao norte e a Índia,
Hanoi, a cidade mais intensa a oeste. Sudeste asiático. E não poderia
do mundo. Daquele privilégio ser diferente. A força destas referências,
que é “ame ou odeie”. misturadas, garante a exuberância e a
Privilégio. O que talvez excentricidade, quando do alto da nossa
fosse bicicleta um dia, hoje são milhões arrogância ocidental, juramos ser o
de pequenas motos e scooters que centro.
trafegam sem nenhuma regra, como um
enxame enfurecido de abelhas. Nenhum Nosso plano era partir da cidade de
acidente. Talvez as regras não fossem Sapa, norte do Vietnã e seguir para
tão óbvias quanto as nossas. Ou mais. oeste, beirando as montanhas de uma
Nossa lógica, inquestionável, posta em escarpa sudeste do Himalaia, Hoang
cheque na primeira rua. Negociamos Lien, atravessar o Laos e terminar
os preços escrevendo os números em em Chiang Mai, norte da Tailândia. A
um pedaço de papel. Duas bicicletas região que escolhemos pra começar
chinesas, com relações Shimino. nossa travessia já valia uma vida
inteira. Uma profusão inacreditável de
A Indochina é uma península que se cores e minorias éticas espalhadas
espreme entre dois universos poderosos pelas serras. Passamos cinco dias na