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Paulo Stein | Photography

A cada click, uma historia 1


A Cada Click, uma História


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Fotografias de Paulo Stein
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Photographs By Paulo Stein

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O Inicio da Jornada...





Paulo Stein
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POR TRÁS DAS LENTES

Vive em Brasília - DF, capital do Brasil planejada pelo
renomado urbaninista Lúcio Costa e com obras do renomado
arquiteto Oscar Niemeyer.

A paixão pela fotografia começou como hobby e, com o
passar dos anos, se tornou uma das suas habilidades.

Teve a oportunidade de viajar por belas cidades do Brasil e de
outros países espalhados pelos quatro cantos do mundo e,
através de uma visão mais artística, pode capturar belas
imagens que podem ser transformadas em quadros
decorativos.

Com o olhar também voltado para "revelar emoções", o
fotógrafo Paulo Stein realiza ensaios e casamentos, buscando
a beleza das expressões naturais advindas do momento
fotografado. Valoriza a espontaneidade das pessoas,
buscando sempre revelar emoções e capturar a essência de
momentos especiais.

Paulo Stein em Toronto Afinal, a fotografia é interessante quando ela nos diz algo,
quando passa algum sentimento. Um sorriso, um olhar, uma
brincadeira, por exemplo, precisam convencer, não podem
parecer artificiais.

Para acompanhar mais de perto, siga Paulo Stein nas redes
sociais:
Instagram: @paulosteinphotography
Facebook: facebook.com/paulosteinphotography
E-mail: paulosteinphotography@gmail.com


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Para a minha esposa Larissa, que tornou a Paulo Stein possível. Ela me
encorajou a mergulhar fundo na fotografia e, até hoje, me ajuda a superar meus
limites.
Para o meu filho Enzo, que traz alegria e felicidade a nossa família.
Para os meus pais, que sempre me apoiaram, sem nunca falhar.

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Já reparou como é raro ver fotógrafos de paisagens pelo Brasil?
Quando viajo, me deparo com inúmeros colegas... A competição
pelos melhores locais e pontos de vista é grande, e é essa disputa
que torna a fotografia tão interessante.

Infelizmente, quando viajo pelo Brasil, raramente encontro outra
pessoa com uma câmera e um tripé. Temos um país tão belo, mas
que ainda é muito pouco fotografado. Sempre me pergunto o
porquê dessa triste realidade.

Creio que é tão incomum encontrar fotógrafos (profissionais ou
amadores), dedicados a fotografar nossas belas paisagens, pois a
fotografia como forma de arte é pouco conhecida em nosso país.

Pensando nisso, resolvi fazer este e-book, contando um pouco de
minhas aventuras (junto com minha amada esposa).

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O intuito é ensinar um pouco de fotografia, mostrando sempre as
configurações da cãmera que utilizei para fazer as fotos.

Espero, com isso, contribuir para a difusão dessa bela forma de arte,
despertando o interesse pela fotografia no coração dos leitores. Não tenho
grandes pretensões... Na verdade, se conseguir despertar tal emoção em 1 ou 2
corações já considerarei minha missão cumprida (ao menos por enquanto).

Aqueles que gostarem do livro, poderão acompanhar meu trabalho mais de
perto através do facebook - paulosteinphotography ou de meu site
www.paulostein.com

Um grande abraço a todos,


Paulo Stein

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Outros livros da Paulo Stein | Photography disponíveis em:

www.paulostein.com


1 - Uma Jornada Pelo Mundo
Acompanhe nossas aventuras pelo mundo atráves de lindas fotografias

2- Introduçao a Fotografia
Um curso completo, muito bem ilustrado com minhas melhores fotos, que
vai despertar o amor por esta forma de arte, te ensinar como controlar uma
cãmera e, o mais importante, como fazer belas composições.


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Tudo começou com a encomenda de um cliente. O ano era 2015 e esse
cliente fazia questão de foto dos Ipês de Brasília. Assim, ele me procurou
perguntando se eu não tinha alguma fotografia. Infelizmente, eu não tinha,
pois nunca havia visualizado um Ipê bonito, em um local adequado. Todas as
árvores que eu encontrava estavam em locais cheios de fios elétricos, com
pistas e prédios por perto.

A temporada de Ipês daquele ano se acabou, e esse cliente veio me procurar
posteriormente. Então, tive que lhe dizer que não havia conseguido
nenhuma foto, mas prometi que, no ano seguinte, resolveria esse problema.

Em 2016, durante a temporada de Ipês, fiz uma pesquisa detalhada pela
cidade, e novamente cheguei aquela velha conclusão de que não havia
ângulo interessante.

Então me veio uma ideia na cabeça: afinal, o que importa nos Ipês? A
conclusão foi óbvia: suas flores é claro! Assim, fui até o Ipê mais bonito que
encontrei, deitei no chão e cliquei a foto. O Resultado foi este belo Ipê
Amarelo da página anterior.

Depois da primeira fotografia, não consegui mais parar...

Ipê Amarelo: 24mm - ISO 100, f 8.0, 1/160s
Ipê Rosa: 24mm - ISO 100, f 7.1, 1/50s
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Já havia ido várias vezes fotografar a famosa ponte JK em Brasília, mas nunca
havia conseguido um resultado satisfatório. Decepcionado, resolvi analisar
melhor o que não me agradava nas fotos que eu estava tirando. Percebi que as
fotos eram muito comuns. Eu precisava de um ângulo novo, inusitado e que
fosse novidade!

Resolvi apelar para o Google Earth (um dos maiores amigos dos fotógrafos), e
passei a buscar outros pontos de vista. Quando encontrei esse lugar (era uma
tarde de sábado), aprontei meu equipamento, chamei minha esposa e fomos
correndo para lá (tamanha era a vontade de fazer esta foto).

As adversidades foram muitas... Fomos devorados pelos mosquitos (prometi
nunca mais voltar sem calça e manga comprida), o céu não estava genial (pois
era seca e Brasília ardia em chamas) e, pra piorar, não havia levado lanterna
(tivemos que fazer uma bela caminhada no escuro para voltar ao carro).
Mas, no fim, valeu a pena... Este é um dos meus locais preferidos em Brasília!
Não posso dizer o mesmo da minha esposa (que até hoje está traumatizada
com os mosquitos).

Em termos de composição, utilizei a pista como linha guia (para guiar os olhos
por toda a foto). A parte mais iluminada da pista (canto inferior direito) e a
ponte estão localizadas nos terços inferior e superior respectivamente
(obdecendo assim a “regra dos terços”).

Ponte JK: 74mm - ISO 50, f 13.0, 8s
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Sempre que estou em uma cidade e vejo um ponto turístico que me interessa,
fico pensando que, se fosse morador daquela cidade, visitaria aquele local o
tempo todo. Ocorre que, nem sempre, damos valor aquilo que podemos obter
com facilidade.

A Catedral de Brasília é um dos principais pontos turístico de nossa cidade, um
dos mais belos também. Passo por ela todos os dias e sempre gosto do que
vejo. Contudo, tirando algumas excursões da época de escola, nunca havia
entrado no templo.

Um belo dia, resolvi ir até lá para ver se conseguia fazer alguma foto que
transmitisse a essência daquele lugar. Devo admitir que fiquei impressionado
com o que vi. Um templo completamente diferente de todos os demais,
incrivelmente belo e grandioso.

Após mais de 1 hora no local, pensando em como traduzir aquele local em
imagens, decidi que deveria incluir os anjos, lindas esculturas suspensas por
cabos de aço, na composição final.

Minha idéia foi dar a impressão que os anjos estão descendo do céu, para
encontrar o espectador. Creio que esta foi a intensão do artista ao criar as
esculturas (e espero a ter representado com sucesso).

Anjos: 12mm - ISO 100, f 8.0, 1/25s
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Era noite de super lua, um fenômeno raro, e eu não queria perder a foto de
maneira alguma. Com a ajuda de aplicativos específicos, vi que a lua ia nascer
logo atrás do Congresso Nacional. Me aprontei e fui para lá.

Cheguei cedo, arrumei o tripé, fiquei um longo tempo esperando, testando
diferentes composições, na esperança de que a lua fosse nascer exatamente
acima da Câmara dos Deputados.

Ocorre que o dia estava nublado e a lua nunca apareceu. Desapontado, já
estava desmontando o tripé e me preparando para guardar o equipamento,
quando olhei pra trás e vi este belo pôr do sol.

Tive que dar uma boa corrida para chegar a um local em que nada interferisse
na vista, mas, com certeza, valeu a pena.

Na foto, a Esplanada dos Ministérios e a Torre de TV ocupam o terço inferior,
dando mais enfase para o lindo céu. A simetria entre o lado esquerdo e direito
traz estabilidade para a foto e os ministérios criam uma linha guia (que aponta
para a Torre de TV e para as cores do por do sol).

Pôr do Sol em Brasília: 35mm - ISO 100, f 11.0, 6s

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Outra noite de super lua. Neste dia, um amigo do Candango Fotoclube me
disse que a lua nasceria logo atrás do Palácio do Planalto. Corremos para lá,
torcendo que, desta vez, as nuvens não atrapalhassem.

Após uma agradável espera, jogando papo fora e arrumando o equipamento,
percebemos que as nuvens estavam mais uma vez tapando a lua.
De qualquer forma, já havíamos tido muito trabalho para desistir. Assim,
optamos por aguardar, para ver se a tímida lua se mostraria, mesmo que por
alguns instantes.

Foi justamente este o caso... A lua apareceu por detrás das nuvens e, logo em
seguida, se escondeu. Foi o suficiente para 2 fotos e nada mais. Mas não posso
reclamar...A lua estava linda e a foto ficou incrível.

Creio que este é um dos aspectos mais interessantes da fotografia: mesmo com
todo o planejamento possível, nunca sabemos o que nos espera, e a mãe
natureza sempre consegue nos surpreender.

Optei por uma composição minimalista, em preto e branco, para dar enfase a
bela arquitetura do palácio e a lua (que naquele momento estava exatamente
sobre a capela).

Super Lua em Brasília: 55mm - ISO 400, f 8.0, 2s

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A travessia das sete quedas é uma das atrações mais interessantes do Parque
Nacional Chapada dos Veadeiros. Uma linda trilha, com 24km, que é feita em 2
dias (ao fim do primeiro, dorme-se em um camping, próximo da bela cachoeira
das sete quedas).

Durante o primeiro dia de passeio, estava tão cansado, devido ao sol e a
intensidade da trilha, que quase não consegui fazer fotos e, as poucas que fiz,
não prestaram.

No segundo dia, com a trilha mais curta e o sol mais amigável, consegui
perceber essa bela vista do morro da baleia. Um ângulo inusitado, dado que
poucas pessoas se aventuram por essas bandas.

Optei por utilizar um grande espaço vazio sobre a foto, dando enfase a
imensidão da paisagem e a bela formação de nuvens. A conversão em preto e
branco ajudou a direcionar a atenção para a formação de montanhas, omitindo
a cor verde clara da grama.

A melhor vista da Chapada dos Veadeiros: Panorâmica com 3 fotos, 70mm - ISO
160, f 13.0, 1/250s

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Minha foto mais premiada e campeã de vendas. Claro que esta foto tem um
grande valor sentimental, não apenas pelo feedback que recebo, mas também
pela dificuldade que foi em obtê-la.

Apesar de viajar muito pro Rio de Janeiro, tenho poucas fotos de lá, pois
dedico a maior parte do tempo a família, praia e agua de coco (nem sempre
nesta ordem). Contudo, desta vez estava fazendo o ensaio da minha
sobrinha... Percorremos o rio tirando algumas fotos e, ao final, fomos para o
Botafogo Shopping descansar e comer alguma coisa.

Na praça de alimentação, percebi que havia um mirante, com uma alta parede
de vidro, de onde se podia ver toda a Bahia de Guanabara. Rapidamente
peguei a camera, corri até lá, subi no vidro (torcendo para que ele não
quebrasse) e comecei a sacar fotos feito um doido (pois sabia que o segurança
iria me retirar dali a qualquer momento).

Foi o que ocorreu... Mas não havia problema, pois já havia conseguido o que
queria!

A foto apresenta uma certa simetria e a luz que incendiava o Pão de Açucar
naquele momento ajudou a dar enfase a esta bela formação rochosa.

Rio – Cidade Maravilhosa: Panorâmica HDR com 21 fotos, 23mm - ISO 100, f
9.0, variando de 1/40s a 1/160s

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Com certeza uma das fotos mais difíceis que já tirei (e quase que me saiu uma
das mais caras). Tudo começou com um convite para fotografar um casamento
em Macapá, que eu aceitei na hora, pois seria a oportunidade de conhecer a
floresta e o rio amazonas...

No dia dessa foto, eu e minha família fomos até a Ilha de Santana para conhecer
a maior árvore daquela região. Nos disseram que se travava de uma Sumaúma,
a maior espécie da Amazônia, e que era uma “jovem” de quase 400 anos. Na
trilha para conhecer esta gigante, encontramos o primeiro contratempo. As
chuvas haviam transformado o chão da floresta em uma piscina, com agua até
o tornozelo (quem adorou foi meu filho de 8 anos, que estava se achando o
Indiana Jones).

Pois bem, tirar fotos de florestas nunca é fácil, pois o excesso de informação
(galhos, folhas, raízes e etc..) poluem demais a fotografia. Para piorar, não
conseguia ver onde pisava por conta da agua. Decidi que queria tirar foto
apenas das gigantescas raízes da Sumaúma... Para isso, me distanciei um pouco
da árvore. No processo, cai em um buraco, que me cobriu até a cabeça. Molhei
tudo o que tinha (celular, carteira e etc). Só a câmera ficou seca!

Valeu a pena. Uma foto desafiante que, rapidamente, se tornou uma de minhas
preferidas.

Sumaúma Gigante: Panorâmica com 6 fotos, 27mm - ISO 400, f 4.0, 1/25s a mão
livre.
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Antes de chegar em San Francisco, eu já sabia duas coisas. A primeira é que eu
queria tirar uma foto da Golden Gate. A segunda, é que eu queria fotografar
este lindo prédio antigo.

Como todas as fotos que encontrei deste prédio eram feitas a partir da rua,
planejei fazer algo diferente. Aluguei um quarto no hotel que fica exatamente
na frente do prédio, na expectativa de conseguir algum local com uma boa
vista...

Foi então que raparei na escada de incêndio do hotel, que ficava perfeitamente
posicionada para o que eu queria fazer. Abri a janela, fui para a escada e
comecei a fotografar. Claro que não demorou muito até que o staff do hotel
aparecesse para avisar que aquele era um local proibido (juro que não sabia, e
até hoje não sei se foi má vontade ou se realmente eu não poderia estar ali).

Minha intenção nessa foto era pegar o rastro dos carros de ambos os lados do
hotel e, para isso, tive que fazer uma longa exposição. Na verdade, fiz várias,
pois, por se tratar de um cruzamento, era normal que no meio da foto algum
carro parasse, estragando o rastro de luz.

Esta foto em particular foi feita a partir de 2 exposições, uma pegando os carros
da direita e outro os da esquerda.

Noites de San Francisco: 2 Exposições, 25mm - ISO 100, f 11.0, 15s.

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Como disse anteriormente, uma das coisas que eu mais queria fazer em San
Francisco era fotografar a danada da Golden Gate. No entanto, queria algo
novo, algo diferente das milhões e milhões de fotos da famosa ponte que
aparecem em qualquer busca do google.

Neste dia, o pôr do sol foi especialmente bonito, e pedi que minha esposa
caminhasse em direção a torre de sustentação dos cabos, de modo a adicionar
um ponto de interesse na foto. A idéia inicial era usar um tripé, visando borrar
os carros e possibilitando o uso de um ISO baixo.

Contudo, o constante trafego de carros fez com que a ponte tremesse demais,
impossibilitando exposições longas. O jeito foi aumentar o ISO, segurar a
câmera o mais estável possível e tirar várias fotos (na esperança de que alguma
delas não tremesse).

Na foto, utilizei a pista como linha guia (para guiar os olhos até a torre) e dividi
o frame em 3 (2 partes do belo céu rosa e 1 parte de chão/pista).

Golden Gate: 24mm - ISO 500, f 5.6, 1/15s a mão livre.

Pagina anterior: Por do sol na Golden Gate


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Uma das viagens mais frias, chuvosas e divertidas que já fiz. Assim foi minha
primeira visita ao Canada. Esta foto, feita em Quebec, apresenta o luxuoso hotel
Chateau Frontenac durante os últimos minutos de luz do dia.

Após um passeio pela Citadelle, resolvi subir a muralha para ver se conseguia
uma bela vista da cidade. Dito e feito... A paisagem era linda, com o maravilhoso
hotel e o rio a sua frente. Faltavam alguns minutos para o pôr do sol. Então,
passei a torcer para que este não fosse um daqueles fins de tarde cinzentos (por
conta do excesso de nuvens).

Desde o início, sabia que queria fazer uma panorâmica, pois o sol estava muito
a direita da imagem. Contudo, isso me trazia um problema: um imenso espaço
vazio no canto direito da foto. Alguma coisa tinha que estar lá (eu pensei). Foi
quando escutei o barulho da chaminé de um barco. Naquele instante, não tive
dúvidas: rapidamente me aprontei e saquei esta foto.

Utilizei uma abertura pequena, para ter boa profundidade de campo, e
aumentei o ISO, para não tremer a foto.

Chateau Frontenac – Panorâmica com 5 fotos: 60mm - ISO 400, f 10, 1/80s a
mão livre.

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Durante nossa estadia em Quebec, eu quis surpreender minha esposa com um
voo de balão de ar quente. Nunca havíamos feito um e achei que seria uma
excelente aventura para nossas férias.

Foi uma experiencia magnifica! Uma dessas coisas que a gente nunca
esquece... A sensação de estar acima das nuvens, a adrenalina liberada por
aquele medo que temos de experimentar coisas novas, enfim, uma experiencia
muito mais completa do que eu havia imaginado.

Com toda essa expectativa, é claro que não poderia deixar de levar a máquina
fotográfica... Durante o võo, me mantive atento, a procura de padrões na
vegetação abaixo.

Esta foto foi feita em um momento em que o balão se aproximou um pouco do
chão. Percebi que havia uma linha de árvores dividindo uma fazenda da outra.
Vi que aquela era uma excelente oportunidade para fazer uma foto abstrata e
minimalista, utilizando a simetria dos campos.

A terra vista de cima: 70mm - ISO 560, f 7.1, 1/60s a mão livre.


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Dizem que basta ir uma vez a Toscana para se apaixonar. Comigo não foi
diferente. Fui para la pela primeira vez em 2014 e, desde então, tenho voltado
todos os anos.

Não sei o que me encanta mais, se são as paisagens de tirar o folego, a comida
que nos faz engordar felizes ou os vinhos (principalmente os tintos de uva
Sangiovese).

De qualquer forma, sempre que vou para lá tenho a certeza de que voltarei
cheio de histórias e fotos incríveis.

Esta foto foi feita em uma estrada de chão, perto da pequena cidade de San
Quirico D’Orcia. Utilizei a estrada para criar um ponto de fuga na imagem,
guiando os olhos das pessoas através de toda a foto.

Optei por não seguir a “regra dos terços”, pois acima das nuvens que aparecem
na foto o céu estava limpo e sem nenhum ponto de interesse. As flores
vermelhas nos lados da estrada formam um belo elemento estético e ajudam
a compor a fotografia.

Caminhos da Toscana: 70mm - ISO 100, f 8.0, 1/100s.

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Mais uma foto do belo Val d´Orcia, uma das regiões mais fotografadas da
Itália. Para chegar até esse campo de trigo, tivemos que pegar uma pequena
estrada de chão...

O que mais me chamou atenção nesta paisagem foi não apenas o belo
campo, mas a estradinha que sobe o morro a direita do foto. Para melhorar, o
céu estava muito bonito (com esses raios de luz descendo sobre a paisagem).

Na foto, utilizei uma abertura pequena, para poder ter foco do início ao fim da
imagem. Optei ainda por dar mais ênfase para o céu, permitindo que este
ocupasse 2/3 da exposição.

Paisagem Toscana: 32mm - ISO 100, f 14.0, 1/60s.


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Durante toda nossa estadia no belo Val d´Orcia, podíamos ver uma curiosa
formação montanhosa, com uma torre no topo. Aquela cena me chamou a
atenção e, desde o inicio, soube que queria fazer uma foto dela.

Contudo, não conseguia achar nenhum ângulo interessante, pois a montanha
estava muito afastada dos locais que tinhamos visitado.

Em nosso último dia naquela área, decidimos visitar o vilarejo de Bagno
Vignone, famoso por seus banhos termais que datam da época do império
romano.

Para minha surpresa, o vilarejo ficava em uma montanha ao lado de Rocca
D´Orcia, e de lá, tínha uma visão privilegiada da torre.

Para melhorar ainda mais, o céu apresentava um lindo padrão de nuvens...
Não demorou muito para que eu percebesse que ia precisar de uma
teleobjetiva (para dar ênfase a torre e as nuvens).

Na foto, deixei as nuvens ocupando a maior parte do frame, pois elas eram a
principal atração da cena.

Rocca d´Orcia: 240mm - ISO 100, f 8.0, 1/1000s.

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Ao lado da charmosa San Quirico d´Orcia fica o famoso Belvedere, um mirante
com uma vista privilegiada do Val d´Orcia. Contudo, o que o Belvedere tem de
lindo, também tem de desafiador, pois, por ser um dos locais mais fotografados
do mundo, é extremamente difícil fazer uma foto original.

Tinha uma foto em mente: nascer do sol, com o vale coberto por neblina. Por 3
dias, eu e minha esposa acordamos cedo (cedo mesmo, as 5:00 da manhã), para
poder tirar a foto planejada. Por 2 dias, fomos surpreendidos por um clima
ruim, cheio de nuvens e sem nascer do sol. Contudo, a paciência é a maior
virtude que um fotógrafo pode ter. Assim, no terceiro dia, apesar do céu
nublado, o sol nos fez uma breve visita. Apesar de não ter a neblina que eu
almejava (o que significa que terei que voltar lá algum dia para fazer a tão
desejada foto), aproveitei o momento e saquei essa foto.

Na foto, eu queria ter deixado a casa (que aparece a esquerda da foto) um
pouco mais para a direita. Contudo, o local tinha muitas arvores e era difícil
achar um ponto de vista muito diferente. Então tive que optar por essa
disposição.

Na composição desa foto, dado que meu foco principal eram os lindos morros
que caracterizam o Val d´Orcia, optei por deixar o céu ocupando uma pequena
parte da minha foto.

Amanhecer no Belvedere: 70mm - ISO 100, f 9.0, 1/400s.

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Uma verdadeira obra de arte! A escadaria Bramante é uma das cenas mais belas
do museu do Vaticano e a principal razão de eu ter levado uma câmera neste
dia.

A escadaria é quase sempre fotografada de cima para baixo, gerando fotos
maravilhosas, mas, naquele dia, o museu estava muito cheio...Quando eu
tentava fotografar de cima para baixo, milhões de turistas apareciam na minha
foto, estragando um pouco da magia do local.

Ao descer, reparei que a escada era igualmente linda vista de baixo. Contudo,
existe um vaso alto exatamente no centro da escadaria, impedindo que eu me
posicionasse naquele local. O jeito foi colocar a câmera em “live view” (para
poder visualizar a foto a partir da tela da câmera), ficar na ponta dos pés,
colocar a câmera sobre o vaso, e disparar vários cliques.

Gosto particularmente do efeito abstrato, assim como da simetria que essa foto
apresenta. Naquele dia, o sol estava projetando um belo brilho sobre as laterais
de bronze da escada, o que gerou um interessante efeito na foto.

Neste tipo de composição, é muito importante prestar atenção na simetria. Se
a câmera não estiver exatamente no meio da foto, ou estiver um pouco
inclinada para um dos lados, a simetria deixará de existir, tirando grande parte
do impacto final.

A espiral: 18mm - ISO 320, f 5.0, 1/60s.
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Gosto de chamar este tipo de foto de “Captura de Momentos”. São fotos não
pousadas, que congelam momentos únicos. É verdade que esse tipo de foto
exige um pouco de sorte, mas o principal é a percepção e a agilidade do
fotografo em capturar tais situações.

Na foto, temos uma situação interessante: um casal que se posiciona em uma
das pontes de Veneza para colocar o cadeado do amor, um ato que simboliza o
amor inquebrável.

Neste dia, estava com minha esposa, me dirigindo ao local que havia
selecionado para fazer uma foto de algumas gondolas, quando me deparei
com essa cena. Não tive dúvidas, troquei rapidamente a lente da câmera,
registrei o momento e, em poucos instantes, o casal já havia ido embora. Mas
não tinha problema: aquele momento estava guardado para toda a
eternidade, tanto na memória deles quanto em minha câmera.

Esse é um bom exemplo da regra dos terços sendo posta em prática. A ponte
está localizada no terço inferior da foto e o casal, no terço inferior direito.
Utilizei ainda linhas guias (o canal e as janelas dos prédios) para guiar os olhos
até o casal. Por fim, posicionei os prédios a direita e a esquerda como moldura,
ajudando a isolar ainda mais o casal. A abertura utilizada nao foi a ideal, pois
não tive tempo de alterar (mas o momento e a composição compensaram).

Cadeado do Amor: 80mm - ISO 100, f 4.2, 1/200s.

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Vi uma foto parecida na parede de um restaurante de Veneza e amei a foto.
Imediatamente, me senti desafiado a fazer uma de qualidade igual ou melhor.

Naquele dia, passeamos por Veneza e eu mantive os olhos bem atentos aos
locais onde haviam muitas gondolas “estacionadas”, procurando o local ideal
para minha foto.

Em um dia que eu estava sem a cãmera (a pedido da minha esposa), avistei este
local que me chamou muita atenção (porque apresentava essa bela catedral ao
fundo, o que adicionava outro ponto de interesse a composição). Não me
restou outra alternativa: memorizei o local, para voltar depois, e voltei a passear
tranquilamente.

No dia seguinte, próximo do pôr do sol, voltei naquele local, desta vez com a
câmera em mãos, e tentei algumas composições diferentes. Esta foi a que mais
me agradou.

Na foto, podemos perceber a regra dos terços bem presente e os barcos
dispostos em linha adicionam estabilidade a imagem, criando uma
composição agradável aos olhos.

Barcos de Veneza: 42mm - ISO 800, f 7.1, 1/80s.


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Berna at Sunset

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Uma das minhas fotos favoritas, ganhou um local de destaque em nossa sala de
jantar. A história dessa foto é interessante por diversos motivos... Primeiro
porque eu havia feito um grande planejamento para tirar uma foto desse local,
que acabou não ficando como eu queria. Em segundo lugar, o clima não estava
favorável: era um dia com bastante vento, e fazia muito frio (a medida que o pôr
do sol se aproximava, ficava cada vez mais difícil se concentrar para tirar a foto).

Aguardamos mais de 2 horas pelo pôr do sol. Minha esposa não aguentou e foi
até o carro, enquanto eu continuei esperando. O resultado foi essa linda foto.

O que gosto da foto? Simples: as cores vibrantes, a iluminação vinda detrás
(que fez com que as árvores na parte inferior da foto adquirissem um certo
brilho), o maravilhoso pôr do sol (que mais parece ter saído de uma tarde de
verão que de um frio anoitecer de início de primavera). Quanto a composição,
procurei dar mais ênfase a cidade e ao rio, adicionando apenas a parte do céu
que estava realmente colorida.

Neste dia tive sorte de ser recepcionado por um céu tão belo. Podia ter sido
diferente (como já o foi em diversas ocasiões). Mas esses são os desafios e
contratempos que fazem da fotografia algo dinâmico e viciante.

Pôr do sol em Berna: Panorâmica com 6 fotos - 38mm - ISO 100, f 8.0, 1/50s.

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hohenschwangau at Sunset

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Esse foi um daqueles dias mágicos. Saímos da suíça e fomos até o castelo de
Neuschwanstein na Alemanha. Não dá para descrever a beleza do local.
Estando lá, é possível entender porque Wald Disney se inspirou neste castelo
para desenhar o famoso castelo da Cinderela.

Após fazermos o tour, resolvi subir a montanha que ficava atrás do castelo
para ver se conseguia um belo ponto de vista. Foi uma subida difícil. O chão
estava com neve e escorregadio, a subida era muito íngreme e, pra piorar,
estava frio e anoitecendo. Cerca de 1 hora após o inicio da subida, achamos
melhor parar por ali.

Não consegui um ângulo bonito de Neuschwanstein e tive que me contentar
com uma foto do castelo de Hohenschwangau.

A moral da história é que sempre devemos planejar com muito cuidado as
fotos. Apesar de ter pensado com bastante antecedência a respeito da
composição que queria, deixei de fazer o dever de casa e procurar na internet
onde eu deveria ir para tirar a foto.

De qualquer forma, o pôr do sol foi maravilhoso, e mais do que compensou a
árdua subida

Hohenschwangau: Panorâmica com 6 fotos - 46mm - ISO 100, f 14.0, 1/4s.

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Channels of Strassbourg
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Um bom exemplo de uma foto tirada ao acaso. No dia dessa foto, eu estava
caminhando em direção ao carro para voltar ao hotel, quando me deparei com
esse belo canal. Não tive dúvidas que era uma boa oportunidade para sacar a
minha máquina.
Rapidamente, comecei a imaginar como eu queria congelar aquela cena. Na
composição idealizada, eu queria colocar a árvore a esquerda, para servir de
moldura para a foto, e desejava que todo o cenario fosse refletido no canal (já
que a agua estava tão calma que quase parecia um espelho). Contudo, minha
lente não era ideal para esse tipo de foto, pois sua distância focal (zoom) era
grande demais para enquadrar tudo o que eu havia pensado.

Nesse momento, tive que tomar uma decisão rápida, já que, quando comecei
a registrar a cena, surgiu um barco de turistas (e se ele chegasse muito perto
arruinaria o reflexo no rio): disparei 6 fotos, pensando em fazer uma
composição quadrada...e eis o resultado!

O fato de a foto ter sido tirada próximo ao pôr do sol fez com que o céu
adquirisse uma bela coloração avermelhada.

Essa foto ganhou premio em um dos concursos que participei.

Canais de Estrasburgo: Panorâmica com 6 fotos - 24mm - ISO 100, f 11, 1/100s.

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Essa foto retrata bem o belíssimo anoitecer na bela capital da Hungria e ela não
foi tirada ao acaso...Como eu tinha pouquíssimo tempo em Budapeste, tendo
que dividir meu tempo entre fotografar e conhecer a bela arquitetura da
cidade, sua excelente culinária (muito semelhante a alemã, uma de nossas
preferidas) e seus maravilhosos vinhos, estudei antes da minha viagem alguns
pontos de interesse para fazer o registro... e essa ponte certamente foi um
deles.

Após passear todo o dia pela cidade, eu e minha esposa subimos um morro
para ter uma vista privilegiada da ponte, e esse foi o ângulo que conseguimos.

Na fotografia, a pista faz uma linha diagonal, atravessando toda a imagem, e
conectando os pontos mais belos da cidade.

Utilizei o ISO mais baixo o possível, assim como uma abertura pequena para
obter uma exposição longa. Isso fez com que os carros virassem linhas de luz,
que ajudam a guiar ainda mais os olhos do espectador. Outro efeito da longa
exposição foi borrar o rio e apagar todos os barcos que poluíam o visual da foto,
resultando em uma imagem mais limpa e agradável.

Anoitecer em Budapeste: 65mm - ISO 50, f 16, 1/10s

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Cape Town é muitas vezes chamada carinhosamente pelos brasileiros de Rio de
Janeiro da África, e é fácil entender o porquê deste apelido. A cidade é
realmente maravilhosa, o povo extremamente amigável e as praias, apesar de
bem geladas, são lindas e estão por todos os lados.

Para estas duas fotos, quis captar a essência da cidade, e para mim, isso exigia
compor o mar e as montanhas ao mesmo tempo. Tinha duas ideias em mente:
capturar os 12 apóstolos (a cadeia de montanhas que aparece nas 2 fotos
anteriores), e também a Table Mountain (montanha mais famosa, e que pode
ser vista a partir de qualquer ponto da cidade).

No dia anterior, eu e minha esposa havíamos alugado uma bicicleta e fizemos
um agradável passeio através de toda a costa, procurando os melhores lugares
para fotografar. Este lugar nos pareceu um dos melhores, e voltamos para ele
no dia seguinte.

Planejei uma panorâmica, e foi isso que fiz, contudo, reparei no chão uma
grama crescendo em forma de coração. Não resisti e fiz uma foto, dando ênfase
a este coração.

Eu amo Cape Town: 30mm - ISO 200, f 8, 1/80s.
Pôr do Sol em Cape Town: Panorâmica com 6 fotos - 70mm - ISO 160, f 5, 1/160s.

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Quem já foi a Cape Town certamente conhece a Lion´s Head, uma bela
montanha em forma de cone com 700 metros de altura. Foi para lá que eu e
minha esposa fomos, na expectativa de viver uma bela aventura e conseguir
ângulos inéditos da cidade.

Recomendo demais a escalada. É desafiante, sem ser perigosa ou
extremamente cansativa. Na trilha encontramos muitas famílias, crianças e
senhores de idade, ou seja, uma passeio para todos.

Essa foto foi feita quando estávamos no topo, esperando pelo pôr do sol. A vista
e a fotografia que capturamos com certeza compensou a dificuldade do
retorno (fizemos a descida no escuro, apenas com ajuda de lanternas).

Amo fotografar e os desafios que essa arte me proporciona... e se puder juntar
isso a um agradável passeio, com vistas maravilhosas, fica melhor ainda.

Table Mountain: Panorâmica com 6 fotos - 24mm - ISO 100, f 7.1, 1/200s.

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No dia dessa foto, acordamos cedo para fotografar o nascer do sol no início da
trilha da Lion´s Head (coisas que só um fotógrafo pensa em fazer durante as
férias). Planejei diversas panorâmicas da cidade e esta foi a que mais me
agradou (talvez por ter sido a mais espontânea).

No exato momento desse click, estava conversando com minha esposa quando
ouvi o carro chegando. Naquela hora, não pensei em fazer a foto... No entanto,
quando o carro apareceu, e percebi que se tratava de um lindo land rover, não
tive duvidas que ele ia se encaixar perfeitamente ao meu cenario (pois ele se
integrava perfeitamente aquela paisagem de montanhas). Assim sendo, pensei
rapidamente em uma composição, apontei a câmera e disparei a foto.

Explicando a composição realizada: o carro rústico nos dá uma sensação de
aventura e liberdade. As linhas da estrada guiam os olhos do espectador para o
carro e para o topo da Lion´s Head, logo atrás. A luz lateral nos dá cores
quentes, típicas do nascer e do pôr do sol, assim como as sombras bem
alongadas, que adicionam drama a composição.

Paisagens de Cape Town: 48mm - ISO 160, f 6.3, 1/100s.

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Esta é uma das primeiras fotos que eu tirei, e até hoje tenho um carinho
especial por ela. Neste dia, eu e minha esposa estávamos viajando pela Nova
Zelândia, indo em direção a geleira de Franz Joseph, quando resolvi parar o
carro e dar uma olhadinha na paisagem.

De onde estávamos, não dava para ver muita coisa, pois havia alguns arbustos
altos bloqueando a vista. Contudo, sabia que havia um lago logo depois.
Chamei minha esposa para me acompanhar, mas ela preferiu ficar no carro,
alegando que estava cansada e com frio.

Alguns segundos depois voltei com essa foto, mostrei pra ela na tela da
máquina. Demorou pra ela entender do que se tratava, achando que eu havia
feito algum “truque”. Quando ela percebeu que era real, nem precisei dialogar
muito para convence-la a sair do carro, vir comigo e ver essa cena de tirar o
folego.

Nesse foto, o lago esta completamente parado, sem nenhuma ondulação,
formando um espelho que reflete quase que perfeitamente a linda paisagem.

Paisagens da Nova Zelândia: 55mm - ISO 100, f 8, 1/400s.

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E a Jornada Continua...

Paulo Stein

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