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GRUPO
Aluno: Wagner
Orientador:
BELO HORIZONTE
2021
RESUMO
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ABSTRACT
The present research sought to analyze the Brazilian prison system, opposing
punishment with the detainee 's recovery, understanding the reality that surrounds
him currently. It was emphasized that the Brazilian prison system has several factors
that make it ineffective in the resocialization. Gradually the penalty of deprivation of
freedom was inserted as a form of condemnation, but in a precarious way and
without guaranteed rights to the condemned. If today they have rights guaranteed by
the legal institution, in practice the same is not observed. Measures are needed to
deal with such problems, such as criminal intervention only in more serious cases,
alternatives to minor offenses, and a greater humanization of the prison system by
guaranteeing detainees their rights. The methodology adopted was bibliographic
research and professional experience. Concluding that the work proved to
fundamental to analyze the prision system and understand the role of the agentes
involved in this contexto.
1. INTRODUÇÃO
2. METODOLOGIA
O Direito Penal, de acordo com Benetti (1996), até o século XVIII, foi marcado
por penas desumanas, mas não utilizando a privação de liberdade como penalidade,
mas como custodia, garantindo que o acusado não pudesse fugir e para que
houvesse tempo para a produção de provas por meio de tortura. Com isso, o
acusado aguardava o julgamento privado de liberdade e posteriormente, a pena,
sendo o encarceramento um meio, mas não o fim da punição.
Nascimento (2003) aponta que, durante a Idade Média, castelos, fortalezas,
conventos e mosteiros eram tidos como prisões, onde criminosos eram aprisionados
para cumprir pena privativa de liberdade, a qual foi autorizada pela Igreja, buscando
que os criminosos pudessem meditar, arrependendo-se do crime praticado e
reconciliando-se com Deus. A prisão não era vista como pena, mas um
encarceramento do indivíduo em cavernas subterrâneas, túmulos, fossas, torres e
calabouços, sendo caracterizada como uma pena pior do que a execução, pois o
prisioneiro encontrava-se em total abandono. A pena aplicada não era reconhecida
como caráter preventivo e com finalidade de ressocialização do detento, mas
apenas como prisão para puni-lo, embora de forma não eficaz.
De acordo com Oliveira (1996):
Até 1830 no Brasil, segundo Oliveira (1996), não existia um Código Penal
próprio, já que o país ainda era uma colônia portuguesa, submetendo-se às
Ordenações Filipinas, que apontava para crimes e penas que deveriam ser
aplicados através do seu Livro V. Previam-se morte, penas corporais, confisco de
bens, multa e humilhação pública, mas não cerceamento ou privação de liberdade.
Porém, em 1824, a Nova Constituição iniciou uma reforma no sistema punitivo
brasileiro. As penas de açoite, tortura, ferro quente e outras penas cruéis foram
abolidas, determinando que as cadeias devessem ser seguras, limpas, arejadas e
com separação de réus, conforme a natureza de seus crimes. A abolição das penas
cruéis não foi plena, pois escravos ainda estavam sujeitos a elas.
Oliveira (1996) aponta ainda que, em 1830, o Código Criminal do Império
introduziu no Brasil a pena de prisão em duas formas, a prisão simples e a prisão
com trabalho. Esse Código Criminal atentava que a pena de prisão deveria ter papel
predominante no rol das penas, mas que se mantivessem as penas de morte, não
escolhendo nenhum sistema penitenciário específico, deixando livre o regulamento a
ser seguido pelos governos provinciais.
Para Miotto (1992), no ano de 1850 e 1852 as Casas de Correção do Rio de
Janeiro e de São Paulo, respectivamente, foram inauguradas, gerando um debate
quanto aos sistemas penitenciários estrangeiros, com uma preocupação em gerar
um ambiente favorável para o cumprimento das penas previstas no Código de 1890,
sendo escolhido o Sistema de Auburn para ambas as instituições carcerárias,
contendo oficinas de trabalho, pátios e celas individuais.
Porém, Miotto (1992) explica que já se percebia escassez de
estabelecimentos próprios para o cumprimento das penas previstas no Código de
1830 desde a sua promulgação. Com o novo Código de 1890, a maioria dos crimes
previa pena de prisão celular, envolvendo trabalhos dentro da prisão, mas não
existiam estabelecimentos adequados e um número de vagas bem menor do que o
de detentos.
Verificava-se, segundo Leal (2001), a necessidade de instituições adequadas
para o cumprimento das penas desde o Código Penal de 1890, mas apenas em
1905 foi aprovada uma lei para substituição da antiga penitenciária e a construção
de uma nova, a Penitenciária do Estado, capaz de comportar 1.200 detentos,
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não são restritas aos muros dos presídios, pois muitas delas são levadas para a
sociedade pelos servidores penitenciários, bem como pelos parentes dos presos e
com as visitas íntimas, propagando diversas moléstias. Segue o mesmo autor,
afirmando que:
Mesmo com todos esses dispositivos legais, Foucault (2004) esclarece que o
aparato oferecido pelo Estado para prevenir e punir delitos se mostra ineficaz,
apontando para a necessidade de encontrar e solucionar pontos de deficiência para
se alcançar os objetivos propostos pelos estabelecimentos penitenciários. Um
sistema prisional debilitado eleva a violência, diminuindo a possibilidade de
recuperação do preso, gerando medo e insegurança para a sociedade. Além disso,
o aumento da criminalidade gera maiores gastos com segurança e saúde pública,
necessitando de maior policiamento. Assim, o dinheiro público que poderia ser
utilizado em prol da população, passa a ser utilizado para remediar os efeitos da má
administração prisional.
No Brasil, segundo Prudente (2009), a taxa de reincidência criminal é
bastante elevada, visto que não há reeducação buscando aprimoramento humano e
profissional e, quando o detento retorna ao convívio social, geralmente se envereda
novamente para o crime, constituindo um ciclo, já que quanto mais indivíduos se
prendem, mais presos em potencial se estão formando, mas com o diferencial de
que a prisão os aprimora para o crime.
Prudente (2009) aponta que, apesar de ser uma exigência para a
ressocialização, as atividades laborais e os cursos profissionalizantes estão longe de
ser uma realidade. No país, existe um esforço para aplicar e conscientizar sobre a
importância e necessidade de penas alternativas, mas, ainda assim, continuam
sendo uma exceção. Os crimes de menor gravidade, inclusive contra o patrimônio,
são punidos com prisão, havendo grande mistura entre os detentos.
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A educação nas prisões, de acordo com Kuehne (2013), tem como principal
finalidade qualificar o indivíduo para que o mesmo busque um futuro melhor ao
cumprir sua pena, pois o estudo é um requisito fundamental para entrar no mercado
de trabalho e a maioria dos detentos não possui ao menos o ensino fundamental
completo. Assim, a educação prisional, além de incentivar o detento a buscar novos
rumos, também é uma forma de diminuir os dias de pena a qual foi condenado.
Com o surgimento de novas normas penais, segundo Prudente (2009), fez
com que o Direito Penal passasse a tutelar os bens jurídicos pertencentes a outros
ramos do Direito, fazendo com que o princípio da intervenção mínima perca os seus
objetivos. Esse princípio observa que o legislador deixe de incriminar qualquer
conduta que não possua importância significativa para o Direito Penal e ao intérprete
incumbe a função de analisar se determinada situação pode ou não ser resolvida
com a atuação de outros ramos da ciência jurídica.
Com isso, Prudente (2009) afirma a necessidade de uma reforma no Direito
Penal, buscando o princípio da mínima intervenção, para que a pena privativa de
liberdade seja utilizada somente em casos onde não exista outra solução para a
proteção do bem jurídico, diminuindo o número de prisões desnecessárias e,
consequentemente, o aumento da população carcerária.
O desenvolvimento de políticas públicas, para Greco (2011) é um fator
importante para que o Estado possa oferecer uma execução de pena que busque
atender os objetivos da ressocialização do indivíduo. A escassez dessas políticas
constitui um problema que reflete fora e dentro das prisões, cuja solução deve
envolver as esferas estatais, criminais e penitenciárias.
Segundo Greco (2011), algumas medidas devem ser usadas pela política
pública criminal, como a ampliação das possibilidades da substituição da pena
privativa de liberdade pelas restritivas de direito ou multa; evitar prisões cautelares,
devendo ser impostas somente quando preencherem os requisitos necessários
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presentes na lei e não couberem medidas cautelares menos drásticas que o cárcere.
Para isso, é necessário o fomento do Poder Público para atender as necessidades
estruturais dos presídios, como local para que os detentos possam praticar
atividades físicas, estudar, trabalhar, fazer suas refeições e contar com uma cela
que atenda as características previstas na Lei de Execução Penal.
Buscando alternativas para amenizar a problemática que cerca o sistema
prisional brasileiro, a APAC (Associação de Proteção e Assistência aos
Condenados) surge, segundo Ottoboni (2001), como uma entidade civil e sem fins
lucrativos que visa recuperar e reintegrar os condenados ao mesmo tempo em que
protege a sociedade e atua como auxiliar do Poder Judiciário e Executivo.
Ottoboni (2001) explica que a APAC possui uma disciplina rígida como
filosofia, além do respeito, ordem, trabalho e envolvimento da família do condenado.
A entidade possui personalidade jurídica própria e atuar nos presídios buscando
trabalhar com a valorização humana usando de forte influência religiosa cristã, o que
faz com que se torne alvo de várias críticas. Porém, o objetivo principal é buscar a
humanização das prisões, sem que a finalidade punitiva seja abandonada e, assim,
evitar a reincidência no crime e proporcionar condições para que o detento se
recupere e se reintegre à sociedade.
As APAC’sforam criadas, segundo Ottoboni (2001), inicialmente no município
de São José dos Campos, no Estado de São Paulo, implantadas posteriormente, em
1986, no município de Itaúna, Minas Gerais. A FBAC (Federação Brasileira de
Assistência aos Condenados) é responsável por orientar, fiscalizar e assessorar a
aplicação do método da Associação de Proteção e Assistência aos Condenados,
buscando manter a unidade e uniformidade de seus projetos. A entidade foi
reconhecida pela ONU (Organização das Nações Unidas), surgindo a PFI
(PrisonFellowshipInternational), órgão consultivo para assuntos penitenciários,
responsável por divulgar e expandir o método APAC (Associação de Proteção e
Assistência aos Condenados) em outros países.
De acordo com a Cartilha APAC(2004), cada detento possui um custo
correspondente a quatro salários mínimos por mês, já na APACo custo é de um
salário e meio. O índice nacional de ex-detentos que voltam a praticar crimes é de
85%, enquanto que na APAC é menos de 9%. Com isso, a APACse mostra
inovadora, abrangendo várias propostas, como tratar o detento pelo nome,
valorizando-o como pessoa; optar por penas individuais; buscar a participação da
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7. RESULTADOS E DISCUSSÕES
8. CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
LEAL, C. Prisão: crepúsculo de uma era. Belo Horizonte. Del Rey, 2001.