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RESUMO DA UNIDADE

A presente unidade intitulada Políticas e Legislação para Educação no Sistema


Prisional faz parte do curso de Pós-Graduação em Gestão do Sistema Prisional. O
objetivo da disciplina será descortinar elementos relativos à promoção da educação
nos estabelecimentos prisionais, notadamente para as pessoas privadas de sua
liberdade. Primeiramente, será feita uma análise da conjuntura brasileira do sistema
penal, a seguir serão analisadas as normas relativas ao direito à educação no
ordenamento nacional. O segundo capítulo versará sobre as estruturas técnica e
administrativa da educação no sistema prisional, perpassando as diretrizes,
recomendações e órgãos que compõem a política de educação nas prisões. Por fim,
serão analisadas algumas das políticas públicas nacionais para a educação no
sistema prisional.

Palavras-chave: Sistema prisional brasileiro; Legislação; Políticas públicas para


educação.

POLÍTICAS E LEGISLAÇÃO PARA


EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
SUMÁRIO
RESUMO DA UNIDADE.........................................................................................................1
SUMÁRIO .................................................................................................................................2
APRESENTAÇÃO DO MÓDULO .........................................................................................3
CAPÍTULO 1 - A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL I ........................................5
1.1 ANÁLISE DA CONJUNTURA BRASILEIRA .........................................................7
1.2 OS DIREITOS DOS JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO
DE LIBERDADE EM RÇÃO À EDUCAÇÃO – LEGISLAÇÕES NACIONAIS ............. 14
CAPÍTULO 2 - A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL II .................................... 20
2.1 DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES PARA A OFERTA DE EDUCAÇÃO
PARA JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE NOS
ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS ................................................................................ 20
2.2 ÓRGÃOS QUE COMPÕEM A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NAS PRISÕES 23
2.3 ARTICULAÇÃO ENTRE AS DIVERSAS ASSITÊNCIAS SOCIAIS
DESTINADAS ÀS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE ..... 27
2.4 O TRABALHO NO CONTEXTO PRISIONAL .................................................... 32
CAPÍTULO 3 - POLÍTICAS NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO NO SISTEMA
PRISIONAL .................................................................................................................. 35
3.1 EJA ........................................................................................................................... 38
3.2 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO ............................................................. 40
3.3 PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO E DO MATERIAL DIDÁTICO ............. 41
3.4 PROGRAMA NACIONAL BIBLIOTECA DA ESCOLA (PNBE) ...................... 42
3.5 PRONASCI.............................................................................................................. 43
3.6 PRONATEC ............................................................................................................ 44
3.7 PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO ................................................. 45
3.8 PROJOVEM URBANO .......................................................................................... 45
3.9 PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA (RENAFOR) ......................... 46
3.10 MODELO DOMICILIAR DE ENSINO.................................................................. 46
CONSIDERAÇÕES FINAIS ................................................................................................ 51
REFERÊNCIAS..................................................................................................................... 52

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APRESENTAÇÃO DO MÓDULO

O presente módulo é intitulado Políticas e Legislação para Educação no


Sistema Prisional e tem como objetivo central percorrer os mandamentos que
norteiam o oferecimento de educação dentro dos estabelecimentos prisionais
brasileiros.
Antes de tudo, nos parece oportuno demonstrar a realidade da população
prisional brasileira, seja traçando seu perfil, seja demonstrando a situação fática em
que se encontra cumprindo suas penas.
Isto porque a falta de acesso a um conjunto de direitos sociais parece estar
associada com a criminalidade, por conseguinte, com o acesso à justiça e ao
encarceramento.
Desta maneira, os imperativos legais de oferecimento de assistências sociais,
nas mais diversas formas, desde o oferecimento de educação, como a oferta de
saúde, acompanhamentos psicológico, jurídico, dentre outros, são mais do que
necessários para permitir a ressocialização de alguém condenado à privação de
liberdade.
Mais do que qualquer coisa, a disposição desses serviços são mandamentos
expressos da lei, ou seja, independem da mera convicção ou motivação pessoal dos
agentes penitenciários, não implicam nos objetivos políticos da administração
penitenciária ou mesmo do Estado em um determinado momento histórico. Essas
assistências são letra da lei e assim sendo, devem ser cumpridas para garantir a
dignidade humana, acima de tudo.
Porém, a realidade ainda segue distante do plano ideal, por isso, começamos a
unidade percorrendo um breve panorama da conjuntura atual do sistema prisional
brasileiro, no geral, depois, focando em questões educacionais. Buscando saber
qual era o grau de escolaridade das pessoas privadas de liberdade e a porcentagem
de pessoas estudando enquanto cumprem penas.
Em um segundo momento será demonstrado algumas legislações pátrias que
versam sobre o direito à educação de pessoas privadas de liberdade.
No segundo capítulo, vamos ver as diretrizes e recomendações para a oferta
de educação para jovens e adultos em situação de privação de liberdade nos

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estabelecimentos prisionais, os órgãos que compõem a política de educação nas
prisões e demonstraremos a importância das ações articuladas entre os diversos
campos das assistências sociais.
O terceiro e último capítulo será uma exposição das mais diversas políticas
públicas nacionais para a educação no sistema prisional. Na verdade, muitas delas
são voltadas à educação em geral, mas possuem aplicabilidade própria para o
campo da privação da liberdade. São alguns exemplos de políticas que serão
estudadas: o Programa Brasil Alfabetizado, o Programa Nacional do Livro Didático, o
PRONASCI, o PRONATEC, entre outras.
Desejamos a todos um ótimo estudo!

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CAPÍTULO 1 - A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL I

A educação é um direito humano, e isso também é válido para as pessoas na


prisão. Contudo, a realidade neste terreno é diferente. Em todo o mundo, até hoje,
os encarcerados não têm acesso ou esse ocorre de forma limitada à educação e,
mais raramente, à boa educação. A educação é um pré-requisito essencial para o
sucesso da reabilitação e da reintegração social e oferece uma perspectiva real de
um futuro sem crime para os encarcerados.
Na melhor das hipóteses, a educação prisional pode abrir oportunidades,
esclarecer as pessoas, ampliar seus horizontes e construir sua autoconfiança. Pode
aumentar a conscientização sobre as opções, dando-lhes uma escolha real de uma
vida longe do crime. A educação pode abrir os meios legítimos de alcançar o
sucesso.
A educação na prisão é, para alguns, uma segunda chance de apreender as
habilidades e competências sociais que precisarão para serem reintegrado. Mas, há
um problema: a educação é oferecida em uma instituição que, por sua própria
natureza, isola ainda mais muitos que já estão excluídos na sociedade. O
aprisionamento aumenta a distância entre essas pessoas e a sociedade em geral e
marca de maneira a agravar sua exclusão social.
A educação é, portanto, um aspecto-chave do importante papel reabilitador das
prisões e tem, mesmo que muitas vezes, indireto papel a desempenhar em muitos
outros processos de reabilitação em que um prisioneiro pode se envolver enquanto
estiver na prisão. Não é apenas um meio de manter o prisioneiro ocupado.
A educação tem a capacidade de formar um trampolim no caminho para a
inclusão de prisioneiros que, frequentemente, enfrentam exclusão social antes de
entrarem na prisão, bem como depois que saem. Ao proporcionar ambientes
positivos de aprendizagem, as prisões podem apoiar seus reclusos a fazer bom uso
de sua sentença, a suprir lacunas em seus aprendizado e habilidades, para melhorar
sua empregabilidade e mudar suas atitudes pessoais e percepções - incluindo o
desenvolvimento de novas percepções e atitudes que podem ajudá-los a entender
as razões e consequências de suas ações.

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Todos esses fatores podem reduzir suas chances de reincidência. Além disso,
o acesso à educação é um direito humano fundamental. No entanto, as prisões
costumam ser ambientes de aprendizado negativos - ou ambientes para
aprendizado negativo - e existe o risco de uma sentença de prisão realmente
agravar a fatores associados à reincidência. Desafios atualmente enfrentados pelo
pessoal da prisão e educadores são múltiplos. Isso inclui a diversidade e o perfil em
constante mudança da população carcerária; a necessidade de acompanhar as
mudanças na educação básica e sistemas de treinamento; e a adoção de novas
tecnologias para a aprendizagem, que apresenta desafios particulares em relação a
questões de segurança no ambiente prisional. Ao mesmo tempo, no contexto de
uma crise econômica e mercados de trabalho cada vez mais competitivos, mais do
que nunca, os presos precisam adquirir habilidades e competências para melhorar
sua empregabilidade.
A oferta da educação no sistema penitenciário é um direito que deve ser
assegurado pelo Estado, mesmo porque a composição das prisões brasileiras é, em
grande medida, feita por pessoas carentes de um conjunto de políticas sociais. A
desigualdade social é emblemática no encarceramento brasileiro.
Por isso, antes de entrarmos detidamente nas legislações e políticas sociais
voltadas à educação é imprescindível compreender o contexto das prisões
brasileiras. Quem são os detentos? Qual sua idade, escolaridade, raça, etc. Apenas
a partir de um olhar geral para a estrutura brasileira do cenário penal que poderemos
traçar algumas conclusões sobre o assunto e assim orientar as ações.
As prisões ou cárceres surgem p necessidade humana de um meio punitivo de
manutenção da paz e da convivência entre seus pares, de modo que em tempos
remotos, a privação de liberdade é apenas uma passagem ou espera da real
punição, geralmente a morte por execução, desta feita, o encarceramento não tinha
viés de sanção.
Em Roma, a prisão não faz parte do cumprimento de pena, apenas à espera do
julgamento, pois em tal sociedade, as punições eram em sua maioria, os castigos
físicos e/ou pecuniários (CARVALHO FILHO, 2015, p. 20).

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Chegando à Grécia Antiga, temos o encarceramento como forma coercitiva de
pagamentos de dívidas e dificuldade à fuga, bem como seu comparecimento perante
a corte.
Na idade média é que temos o sentido de penitenciária sendo formado por
meio da Igreja Católica, muito pelo sentido que se deu em virtude das penitências,
em que os monges e frades eram submetidos em decorrência de seus pecados,
sendo necessária muita penitência e proximidade com Deus para redimi-los.
Fora da Igreja Católica, mais precisamente nos feudos, as punições eram das
mais atrozes e cruéis possíveis, normalmente passando por amputações, roda,
fogueira e, principalmente, a guilhotina, que fez desencadear a Revolução Francesa
como forma de diminuir o poder dos soberanos e sua elite feudal. (CARVALHO
FILHO, p. 20).
Com o passar dos séculos, a pena de morte foi gradativamente sendo
substituída p pena privativa de liberdade, gerando grande quantidade de
penitenciárias e levando este tema ao mundo jurídico e político. Vale lembrar que
não se tem dado atenção ao cumprimento da pena privativa de liberdade em etapas
dispostas numa progressão. Para Shecaria (2010) este sistema tem contribuído para
uma melhoria sensível da motivação dos jovens internos em tarefas formativas,
culturais e escolares. A pena deve recair sobre quem praticou o crime e somente
sobre ele. Não se deve punir igualmente, o furto e o roubo.

1.1 ANÁLISE DA CONJUNTURA BRASILEIRA

Uma reflexão crítica acerca da política carcerária brasileira deve passar,


obrigatoriamente, por uma análise das conjunturas política e histórica do país. Mais
do que isso, em uma nação em que o sistema democrático e a valorização da
dignidade humana, enquanto princípios norteadores da constituição demoraram a
ser reconhecidos. A dispensa de uma observação histórica leva à omissão de
fundamentos que permeia as tendências e escolhas do legislador no atual sistema
normativo.
Desta feita, a análise dos conflitos históricos internos do país possibilita uma
postura do Estado, no que tange à adoção de políticas criminais e de repressão que

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coadunam em um encarceramento da população. A sociedade sempre incumbiu aos
governantes o dever de encontrar os inimigos sociais e tratá-los como tal, do que
dispensar tratamento do cidadão. Trata-se da discutida política do Direito Penal do
Inimigo, que fora vislumbrada acima, sendo condutora da política carcerária
brasileira. Ou seja, trata-se de um processo histórico de apontar e afastar da
sociedade aqueles que podem ofertar um grau de periculosidade.
Com o advento da Carta Magna, o constituinte optou por um processo
integrado de políticas sociais que viabilizam a inclusão do indivíduo na sociedade.
Portanto, o processo penitenciário é repensando a partir de liames que colocam a
ressocialização do indivíduo como meta do Estado.
Em linhas gerais, com base na doutrina e na jurisprudência, as reivindicações
dos povos incidem sobre a justiça existente, requerendo perante as crises uma
resposta rápida aos mais fragilizados pelo sistema econômico, que geralmente estão
na base da pirâmide. Desta forma, podemos citar os acordos internacionais em que
o país é signatário, refletindo expressamente na Lei de Execução Penal (LEP/84),
em seus artigos 1° e 11°.
Todos estes aspectos práticos consideram os critérios de eficiência e
economicidade, sobretudo no poder Judiciário. Nestes termos, há de se abordar a
participação ativa de diversos setores, sobretudo, das entidades familiares, na
formação do indivíduo, haja vista que o texto constitucional, no artigo 5° trata
também da responsabilidade solidária no cumprimento desta cláusula inerente ao
contrato social, conforme prevê a LEP/84, art. 4º, dispositivo recepcionado pela
Carta Magna vigente.
Assim, a referida lei de execução, quando comparada com o sistema
carcerário, ainda carece de efetividade em alguns pontos. Estas lacunas são
oriundas, principalmente, da gestão de algumas unidades prisionais, à medida que
não é possível individualizar cada apenado, diante dos muitos que ainda
permanecem mesmo depois de cumprida a sua pena, considerando a quantidade de
processos a serem julgados.
Trata-se de uma condição de marginalização e precarização da vida, que vai
de encontro aos parâmetros estabelecidos com o advento da CFRB/88 e que, por
muitas vezes, é tratada, por segmentos da sociedade, como forma de “educar” o

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detento, através de uma experiência prática de exclusão, para uma não
transgressão futura. Desta feita, o martírio em cárcere quando não esquecido pelos
segmentos populacionais, é justificado a partir de um discurso de parte essencial do
sistema punitivo.
De acordo com o Conselho Nacional de Justiça, em 2019, existiam 2.608
estabelecimentos prisionais no Brasil, com a capacidade de 423.421 vagas.
O Brasil é um dos países do mundo que mais prendem, ocupando a 26°
posição nos dados do World Prison Brief, dados que são feitos pelo Institute for
Criminal Policy Research, da Universidade de Londres. Considerando o número
bruto de presos, o Brasil ocupa a terceira posição nos países do mundo que mais
prendem.
A figura 1 traz um estudo sobre a taxa de aprisionamento:

Figura 1: Taxa de aprisionamento

Fonte: Monitor da Violência, Globo, 2019

O Brasil também figura como um dos países do mundo que mais apresentam
superlotação carcerária. Assim, a figura 2 demonstra um contexto de superlotação
carcerária.

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Figura 2: Dados de superlotação

Fonte: Raio X do Sistema Prisional, Globo, 2019

Segundo levantamento do Portal de Notícias G1, em 2019 os presídios


nacionais apresentavam cerca de 69,3% de presos acima da capacidade do
sistema. O déficit de vagas é maior nos estados de Pernambuco, Roraima, Distrito
Federal, Mato Grosso do Sul e Goiás, que apresentam um déficit de vagas acima
dos 100%, como mostra no gráfico abaixo, do Conselho Nacional de Justiça.
Dentro do sistema prisional, cerca de 12,6% dos presos têm acesso aos
estudos, representando 92.945 presos que têm acesso à educação. A maior parte d
nos estados do Piauí e Paraná, onde mais de 30% da população carcerária tem
acesso a algum tipo de educação. Assim, a figura 3 demonstra os seguintes dados:

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Figura 3: Número de presos que estudam

Fonte: Raio X do Sistema Prisional, Globo.com, 2019

De toda a população carcerária, aproximadamente, 75% dos presos não


chegaram a cursar o ensino médio. Deste número, cerca de 4% são analfabetos e
apenas 1% chegou a concluir o ensino superior, dados que demonstram como a
educação é fundamental para evitar o aumento da população carcerária.
Em relação aos presos, que trabalham, o número é menor se comparado com
o percentual dos presos que estudam. Aproximadamente 18,9% dos presos
trabalham o que representa 139.511 presos. Os estados de Sergipe, Mato Grosso,
Mato Grosso do Sul e Paraná figuram com os maiores percentuais de presos que
trabalham, representando mais de 30% do percentual total de presos.
Entender o perfil dos presos no sistema carcerário nacional é fundamental para
o pensamento dos métodos para auxiliar em sua ressocialização na sociedade.
Segundo o INFOPEN (2020), as mulheres representam um pouco mais de 5% da
população carcerária. Sendo, o estado de Roraima o que mais possui presas
mulheres. Do total de presos, 51% possuem entre 18 e 29 anos, o que permite
entender que existem muitos jovens encarcerados e com um grande potencial para
a ressocialização.

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Assim, a figura 4 detalha a taxa de trabalho por detentos:

Figura 4: Número de presos que trabalham

Fonte: Raio X do Sistema Prisional, Globo.com, 2019

Quanto à faixa etária, a figura 5 demonstra uma variabilidade.

Figura 5: Faixa etária da população carcerária

Fonte: Politize!, 2017

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Em relação ao perfil étnico-racial da população carcerária, quase 62% de todo
o universo de presos é composto por negros, pretos e pardos. O que por si só já
demonstra que as desigualdades que acontecem na realidade nacional, refletem no
sistema carcerário. Nas regiões Norte e Nordeste, o número de presos negros,
pretos e pardos está acima dos 80%, e a região Sul apresenta o menor índice com
aproximadamente 33% dos detentos com estas características étnico-raciais (Ver
figura 6).
Figura 6: Identificação étnico-racial

Fonte: Politize!, 2017

Diante de todos esses elementos é, portanto, imperioso para a gestão do


sistema prisional levar em conta o contexto das prisões no Brasil, em que existe um
encarceramento da pobreza e das faltas de oportunidades, enquanto problemática
da estrutura estatal.
O fato da esmagadora maioria da população carcerária ter a mesma origem
étnico-racial, ser proveniente de camadas menos favorecidas, não ter tido acesso à
educação e outros bens e serviços básicos não é mera coincidência. Ao passo que,
no mesmo país, impera um sentimento de impunibilidade diante de crimes que
envolvam pessoas de setores mais favorecidos, crimes de corrupção, de lavagem de
dinheiro, etc.

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Existe um abismo na forma com que a justiça se concretiza para as pessoas a
depender de seu status social, isso fica sempre mais evidente, quando se trata do
direito penal.
Por todas as razões expostas, a tentativa de buscar a ressocialização por meio
da pena privativa de liberdade, no termos atuais, está cada vez mais desafiadora.
De toda forma, este não é um objetivo secundário do modelo prisional, pelo
contrário, a garantia da dignidade humana é principal quando da aplicação da pena
e isso só é possível por meio da efetivação das políticas assistênciais como a
educação.

1.2 OS DIREITOS DOS JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO


DE LIBERDADE EM RÇÃO À EDUCAÇÃO – LEGISLAÇÕES NACIONAIS

Os termos do direito à educação das pessoas privadas de liberdade estão


dispostos na Lei de Execução Penal (LEP), Lei 7.210 de 1984, que é o diploma mais
importante quando se trata da individualização e aplicação de penalidades no Direito
Penal.
A lei é anterior à Constituição Federal de 1988, mas segue o entendimento de
oferecer educação a todas as pessoas.
O artigo 5º da CF preleciona que:

Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,


garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no país a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade. (BRASIL, 1988).

Portanto, o direito subjetivo à educação, que está positivado no artigo 205 da


CF, independe do fato da pessoa estar, ou não, em situação de privação de
liberdade. O Estado não fica desobrigado do seu dever de promover o acesso à
educação, mesmo perante as pessoas que estejam cumprindo pena, especialmente,
àqueles que não obtiveram acesso em idade oportuna.
Retornando às disposições específicas da LEP sobre a educação, vamos
repassar algumas das orientações mais relevantes.
Dos ditames do artigo 17, depreende-se que a assistência educacional
compreenderá a instrução escolar e a formação profissional do preso e do internado.

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Ou seja, para além do acesso à educação básica é preciso pensar em formas como
esse detento poderá ser realocado no mercado profissional.
A Seção V da LEP disciplina a Assistência Educacional. Na verdade, dentro do
Capítulo II da Lei, intitulado Da Assistência, entende-se que a assistência à
população carcerária é um dever do Estado, estendível ao egresso, e poderá se
concretizar na figura de assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e
religiosa.
Como o artigo menciona destacadamente sobre a assistência educacional,
poderá compreender tanto a formação profissional, como a própria instrução escolar.
É importante ressaltar que, muitas vezes, a educação no sistema carcerário é
focada somente para o viés da profissionalização, como único meio para a
ressocialização. Entretanto, como já visto, muitos estão cumprindo penas derivam
de uma estrutura prévia de exclusão social, em que faltou contato, até mesmo com a
educação básica. Logo, a educação dentro do sistema prisional não pode ser focada
tão somente à profissionalização, mas também à instrução.
Mais detalhadamente, os artigos a seguir designam como deverá ser efetivada
a educação no sistema penal:

Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolar e a


formação profissional do preso e do internado.
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema
escolar da Unidade Federativa.
Art. 18-A. O ensino médio, regular ou supletivo, com formação geral ou
educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em
obediência ao preceito constitucional de sua universalização. (Incluído p Lei
nº 13.163, de 2015)
§ 1o O ensino ministrado aos presos e as presas integrar-se-á ao sistema
estadual e municipal de ensino e será mantido, administrativa e
financeiramente, com o apoio da União, não só com os recursos destinados
à educação, mas pelo sistema estadual de jus tiça ou administração
penitenciária. (Incluído p Lei nº 13.163, de 2015)
§ 2o Os sistemas de ensino oferecerão aos presos e às presas cursos
supletivos de educação de jovens e adultos. (Incluído p Lei nº 13.163, de
2015)
§ 3o A União, os Estados, os Municípios e o Distrito Federal incluirão em
seus programas de educação à distância e de utilização de novas
tecnologias de ensino, o atendimento aos presos e às
presas. 7.627 (Incluído p Lei nº 13.163, de 2015)
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de
aperfeiçoamento técnico.
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à
sua condição.
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com
entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam
cursos especializados.

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Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada
estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de
reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos.
Art. 21-A. O censo penitenciário deverá apurar: (Incluído p Lei nº 13.163, de
2015)
I - o nível de escolaridade dos presos e das presas; (Incluído p Lei nº
13.163, de 2015)
II - a existência de cursos nos níveis fundamental e médio e o número de
presos e presas atendidos; (Incluído p Lei nº 13.163, de 2015)
III - a implementação de cursos profissionais em nível de iniciação ou
aperfeiçoamento técnico e o número de presos e presas atendidos;
(Incluído p Lei nº 13.163, de 2015)
IV - a existência de bibliotecas e as condições de seu
acervo; (Incluído p Lei nº 13.163, de 2015)
V - outros dados relevantes para o aprimoramento educacional de presos e
presas. (BRASIL, 1984, p. 01).

Sobre as dependências dos presídios, a lei determina que as instalações


disponham de condições necessárias para oferecer as assistências obrigatórias,
como se lê abaixo:

Art. 83. O estabelecimento penal, conforme a sua natureza, deverá contar


em suas dependências com áreas e serviços destinados a dar assistência,
educação, trabalho, recreação e prática esportiva.
§ 1º Haverá instalação destinada a estágio de estudantes
universitários. (Renumerado p Lei nº 9.046, de 1995)
§ 2° Os estabelecimentos penais destinados a mulheres serão dotados de
berçário, onde as condenadas possam cuidar de seus filhos, inclusive
amamentá-los, no mínimo, até 6 (seis) meses de idade. (Redação dada p
Lei nº 11.942, de 2009)
§ 3° Os estabelecimentos de que trata o § 2o deste artigo deverão possuir,
exclusivamente, agentes do sexo feminino na segurança de suas
dependências internas. (Incluído p Lei nº 12.121, de 2009).
§ 4° Serão instaladas salas de aulas destinadas a cursos do ensino básico
e profissionalizante (Incluído p Lei nº 12.245, de 2010)
§ 5o Haverá instalação destinada à Defensoria Pública. (BRASIL, 1984, p.
01).

Entretanto, a superlotação dos estabelecimentos prisionais acaba por ser um


entrave para a própria realização de todas as atividades pretendidas para buscar a
finalidade da pena. O que faz com que a matéria de gestão do sistema prisional seja
ainda mais atual no contexto que se apresenta.
Além dessas determinações, vale destacar a Lei 12.433/2011, oriunda da
consolidação da Súmula 341/2007 do STJ (a frequência a curso de ensino formal é
causa de remição de parte do tempo de execução de pena sob regime fechado ou
semiaberto).

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
Na Seção IV da LEP se disciplinam as possibilidades de remição da pena, ou
seja, o abatimento do montante do período de cumprimento de pena, de forma que a
condenação pode vir a ser diminuída para alcançar o livramento condicional.
No artigo 126 estão dispostos tanto o trabalho, como forma de remir a pena,
como o estudo – que foi a novidade trazida p Lei 12.433 de 2011. O texto da lei ficou
com a seguinte redação:

Art. 126. O condenado que cumpre a pena em regime fechado ou


semiaberto poderá remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de
execução da pena. (Redação dada p Lei nº 12.433, de 2011).
§ 1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão
de: (Redação dada p Lei nº 12.433, de 2011)
I - 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo, em 3
(três) dias;(Incluído p Lei nº 12.433, de 2011)
II - 1 (um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho.(Incluído p Lei nº
12.433, de 2011)
§ 2o As atividades de estudo a que se refere o § 1o deste artigo poderão
ser desenvolvidas de forma presencial ou por metodologia de ensino a
distância e deverão ser certificadas pelas autoridades educacionais
competentes dos cursos frequentados.(Redação dada p Lei nº 12.433, de
2011)
§ 3º A remição será declarada pelo Juiz da execução, ouvido o Ministério.
§ 3o Para fins de cumulação dos casos de remição, as horas diárias de
trabalho e de estudo serão definidas de forma a se
compatibilizarem. (Redação dada p Lei nº 12.433, de 2011)
§ 4o O preso impossibilitado, por acidente, de prosseguir no trabalho ou
nos estudos continuará a beneficiar-se com a remição. (Incluído p Lei nº
12.433, de 2011)
§ 5o O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3
(um terço) no caso de conclusão do ensino fundamental, médio ou superior
durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo órgão
competente do sistema de educação. (Incluído p Lei nº 12.433, de 2011)
§ 6o O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o
que usufrui liberdade condicional poderão remir, p frequência a curso de
ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução da
pena ou do período de prova, observado o disposto no inciso I do §
1o deste artigo. (Incluído p Lei nº 12.433, de 2011)
§ 7o O disposto neste artigo aplica-se às hipóteses de prisão cautelar.
(Incluído p Lei nº 12.433, de 2011)
§ 8o A remição será declarada pelo juiz da execução, ouvidos o Ministério
Público e a defesa. (BRASIL, 1984, p. 01).

No que diz respeito aos estudos, nos termos do artigo 127:


 1 (um) dia de pena a cada 12 (doze) horas de frequência escolar -
atividade de ensino fundamental, médio, inclusive profissionalizante, ou
superior, ou ainda de requalificação profissional - divididas, no mínimo,
em 3 (três) dias;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
 As atividades de estudo poderão ser desenvolvidas de forma presencial
ou por metodologia de ensino a distância e deverão ser certificadas pelas
autoridades educacionais competentes dos cursos frequentados.
 O tempo a remir em função das horas de estudo será acrescido de 1/3
(um terço) no caso de conclusão dos ensinos fundamental, médio ou
superior durante o cumprimento da pena, desde que certificada pelo
órgão competente do sistema de educação.
 O condenado que cumpre pena em regime aberto ou semiaberto e o que
usufrui liberdade condicional poderá remir, pela frequência em curso de
ensino regular ou de educação profissional, parte do tempo de execução
da pena ou do período de prova.
Outro documento normativo que merece destaque é o decreto nº 7.626, de 24
de novembro de 2011, que institui o Plano Estratégico de Educação no âmbito do
Sistema Prisional (PEESP).
Este decreto federal tem finalidade de ampliar e qualificar a oferta de educação
nos estabelecimentos penais engloba a Educação Básica, Educação de Jovens e
Adultos, Educação Superior, Educação Profissional e Tecnológica e proporciona a
reintegração social da pessoa em privação de liberdade por meio da educação.
Dentre os objetivos, destacam-se as atividades integradas entre os entes federados
nas áreas de educação e de execução penal, contribuindo para a universalização da
educação no Sistema Prisional Brasileiro (ALMEIDA; SANTOS, 2016, p. 916).
São diretrizes do PEESP, nos termos do artigo 3º:

I - promoção da reintegração social da pessoa em privação de liberdade por


meio da educação;
II - integração dos órgãos responsáveis pelo ensino público com os órgãos
responsáveis p execução penal; e
III - fomento à formulação de políticas de atendimento educacional à criança
que esteja em estabelecimento penal, em razão da privação de liberdade de
sua mãe.

Compõem os objetivos do PEESP, nos termos do artigo 4º:

I - executar ações conjuntas e troca de informações entre órgãos federais,


estaduais e do Distrito Federal com atribuições nas áreas de educação e de
execução penal;
II - incentivar a elaboração de planos estaduais de educação para o sistema
prisional, abrangendo metas e estratégias de formação educacional da
população carcerária e dos profissionais envolvidos em sua implementação;

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III - contribuir para a universalização da alfabetização e para a ampliação da
oferta da educação no sistema prisional;
IV - fortalecer a integração da educação profissional e tecnológica com a
educação de jovens e adultos no sistema prisional;
V - promover a formação e capacitação dos profissionais envolvidos na
implementação do ensino nos estabelecimentos penais; e
VI - viabilizar as condições para a continuidade dos estudos dos egressos
do sistema prisional.

O Plano deve ser coordenado e executado pelos Ministérios da Justiça e da


Educação, inclusive tendo suas despesas vinculadas às dotações orçamentárias de
cada um desses órgãos, nos limites estipulados pelo poder executivo. Então, acaba
sendo um documento que fica à mercê do interesse político de um determinado
governo colocá-lo em prática.
Por fim, um último documento a trazer à colação é a Lei 12.852, de 5 de agosto
de 2013, que institui o Estatuto da Juventude e dispõe sobre os direitos dos jovens,
os princípios e diretrizes das políticas públicas de juventude e o Sistema Nacional de
Juventude – SINAJUVE, usualmente conhecida como o Estatuto da Juventude.
O documento, dentre uma série de outras disposições, demonstra em suas
diretrizes gerais a preocupação em:

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CAPÍTULO 2 - A EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL II

Neste segundo capítulo, vamos nos debruçar sobre as orientações para a


educação voltada ao sistema prisional.
Focaremos nas disposições técnicas e objetivas para buscar efetivar a
educação neste setor, bem como compreender os órgãos componentes da
Administração Penitenciária e suas respectivas atribuições.

2.1 DIRETRIZES E RECOMENDAÇÕES PARA A OFERTA DE EDUCAÇÃO


PARA JOVENS E ADULTOS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE
NOS ESTABELECIMENTOS PRISIONAIS

Uma das primeiras questões que se coloca em termos da promoção da


educação no sistema prisional, refere-se à necessidade de organizar os
procedimentos para este feito.
Primeiramente, é necessário que sejam definidos os procedimentos para o
fluxo de acesso à educação (MELO, 2016, p. 308). Desde logo, é necessário que se
faça a identificação dos anseios e que se trace o perfil da população prisional de
cada unidade, efetuando a matrícula dos alunos, a certificação e o desligamento.
Sem que se garanta a eficiência nestes passos iniciais, será impossível efetivar
o direito à educação e promover o aumento das taxas de escolarização da
população prisional. Feito isso, são necessárias instruções mais técnicas, voltadas à
prática do estudo.
Então, após a realização da matrícula, os alunos deverão ser informados sobre
a sala de aula em que as atividades serão ministradas, bem como a forma de
transporte, os horários, de que maneira será realizado o controle da frequência, as
formas de avaliação e a certificação. Os alunos também deverão ser munidos com o
material escolar necessário para as práticas que forem exercer.
Os alunos privados de liberdade não poderão ser prejudicados devido às
ausências decorrentes das necessidades impostas p sua condição (audiências,
saídas temporárias, revistas, procedimentos internos, assistências jurídica, médica
ou quaisquer outras).

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Todo procedimento escolar deve ser registrado, notadamente aqu que se
referem à desistência, abandono, transferência de unidade prisional, soltura ou
desligamento. Nestes casos, o registro deve ocorrer nos sistema da adminstração
penitenciária e no sistema oficial do ensino.
Quando se fala no oferecimento de educação no sistema prisional, também
poderá ser educação não escolar e/ou educação de ensino superior ou pós-
graduação.
 Educação não escolar – são atividades além das atividades escolares,
como cursos de informática ou idiomas.
 Ensino superior e pós-graduação – no caso de presos com a escolaridade
completa, deve-se buscar alternativas para permitir a continuidade de
estudos no ensino superior ou na pós-graduação, por exemplo, por meio
da implantação de pólos de educação a distância ou semipresencial.
A oferta da educação será responsabilidade compartilhada entre a
administração penitenciária e os órgãos gestores da educação. Cabe a estes, no
âmbito dos estados, assegurar seu financiamento, o fornecimento de material
apropriado, a designação de corpo docente e de supervisores, a certificação por
conclusão de séries/níveis de escolaridade (MELO, 2016, p. 311).
A promoção da educação nos estabelecimentos prisionais deverá seguir as
mesmas diretrizes e normas aplicadas para a educação de jovens e adultos (EJA).
Finalmente, o documento do Ministério da Justiça (MELO, 2016, p. 313)
estabele como recomendações à promoção da educação dentro do sistema prisional
as seguintes determinações:

No âmbito da Educação: Discussão e boração de Projetos Político-


Pedagógicos para Educação nas Prisões, bem como incentivo e apoio para
o desenvolvimento dos projetos próprios de cada escola/estabelecimento
prisional. Criação de cargo de docentes em estabelecimentos prisionais nas
carreiras do magistério, com concurso próprio, plano de carreira e incentivo
à pesquisa e continuidade de estudos.Criação de cargos específicos na
carreira de oficial de execução penal dos estados, para exercício das
funções no setor de educação, com definição de perfil adequado, curso
superior e remuneração condizente. Instituição de norma estadual que
assegure a oferta dos turnos matutino, vespertino e noturno de oferta das
atividades escolares, articulando-a com outras assistências e direitos
previstos e respeitando a carga horária e a forma de organização curricular
estabelecidos nos Planos Estaduais de Educação nas Prisões. (MELO,
2016, p. 13).

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
Um último adendo merece ser feito em rção à qualificação profissional como
forma de oferta de educação nas prisões.
Diante da necessidade de todas as pessoas de se atualizarem, de
conseguirem acompanhar as inovações tecnológicas que despontam todo o tempo,
de acompanharem os diversos processos produtivos e conseguirem se adequar a
este contexto, a qualificação profissional é um imperativo para quem está em
liberdade civil, imagine só àqu que estão em privação de liberdade.
Por isso, se trata de uma alternativa que inclusive consegue compaginar
educação e trabalho e se apresenta como uma estratégia para a tão complexa
ressocialização.
Em termos procedimentais, será basicamente igual ao já descrito para a
educação de jovens e adultos, a diferença é que deverão ser direcionadas questões
para identificar a formação e o perfil profissional da pessoa.
As recomendações neste contexto são as seguintes (MELO, 2016, p. 324 e
325):

A. que os gestores de educação nos estabelecimentos prisionais


mantenham um diagnóstico permanentemente atualizado acerca das
demandas por qualificação da população prisional em cada
estabelecimento;
B. que os estabelecimentos prisionais mantenham contatos permanentes
com as escolas profissionalizantes de sua região, especialmente, Senai,
Senac, Sest/Senat, Senar e Sebrae, de modo a articular a captação de
vagas e a facilitar a organização de cursos;
C. que os gestores de educação nos estabelecimentos prisionais articulem
com as escolas profissionalizantes as áreas e cursos demandados,
facilitando a indicação dos cursos nos momentos de pactuação estadual ou
federal para oferta de vagas.
D. borar a listagem de alunos interessados, de acordo com demandas,
interesse e vínculos entre perfil de profissionalização do aluno e cursos
oferecidos (parte integrante do Projeto Singular Integrado); E. divulgar as
vagas disponíveis e realizar a seleção dos candidatos, conforme critérios
objetivos, a saber: a) adequação do aluno à vaga, com base no perfil de
qualificação profissional borado no plano individual de desenvolvimento; b)
lapso temporal, calculado conforme a proximidade do ganho de liberdade
civil, desde que esta se dê após a conclusão do curso; c) articulação entre o
curso oferecido e atuação do aluno em atividade laboral dentro da unidade
(ou fora, nos casos de regime semiaberto).
É de se ressaltar que a oferta de cursos de qualificação profissional são
provenientes de parcerias entre a administração penitenciária e
organizações ofertantes deste tipo de ensino, que, geralmente, são as
unidades de ensino que integram o Sistema “S”. (MELO, 2016, p. 325).

A estes sistemas de matrículas parceiros recaem as seguintes


responsabilidades (MELO, 2016, p. 326):

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 Garantir a inclusão do aluno na turma ofertada;
 Garantir a formação das turmas de alunos e a designação do corpo
docente para os cursos realizados no estabelecimento prisional;
 Garantir o controle de frequência escolar;
 Assegurar seus direitos frente aos processos de avaliação e certificação.

2.2 ÓRGÃOS QUE COMPÕEM A POLÍTICA DE EDUCAÇÃO NAS PRISÕES

Parece-nos relevante relembrar que a educação é um tema de interesse a


todos os níveis administrativos da federação, por isso, não é difícil encontrar um
ógão integrante do sistema educativo
Por isso, vale demonstrar o funcionamento genérico, por exemplo, do Ministério
da Educação (figura 7).

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Figura 07: Estrutura organizacional da educação nacional

Fonte: adaptado de Ministério da Educação, 2019

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Da mesma sorte, parece ser relevante demonstrar um modelo de estrutura da


educação em âmbito municipal (figura 7).
Demonstrar essas outras entidades, instâncias e órgãos vinculados à educação
é interessante, pois sempre podem, de alguma maneira - a depender do contexto,
da atividade que se pretenda promover, uma necessidade que se almeje suprir em
um determinado estabelecimento prisional - por meio de parcerias, por meio de
contatos com entidades que estejam geograficamente mais próximas, ser um canal
de comunicação e, de repente, acabar por conseguir promover ações pontuais, em
situações que, porventura, uma medida governamental de larga escala esteja em
falta.
Conhecer o funcionamento da máquina pública como um todo é sempre uma
mais valia para uma boa gestão, para conseguir encontrar meios, alternativas e
saídas para situações que, infelizmente, podem não ser as ideais.
Focando agora nos órgãos que se dedicam à política da educação nos
estabelecimentos prisionais, destacamos o próprio estabelecimento prisional; a
administração penitenciária e o órgão gestor da educação (MELO, 2016, p. 313-
315).
Cada um d exerce funções essenciais à promoção da educação para pessoas
em privação de liberdade e passaremos a analisar essas funções detidamente, com
base no documento do Ministério da Justiça para a Gestão do Sistema Prisional
(MELO, 2016, p. 313-315).
Rtivamente à promoção da educação, é responsabilidade do estabelecimento
prisional (MELO, 2016, p. 313 e 314):
 orientar os detentos ao longo do processo de inclusão;
 realizar um levantamento das demandas de escolarização e de interesses
por educação não escolar;
 realizar a matrícula dos alunos após a inclusão;
 garantir os espaços, horários e rotina de fluxos, com controle de trânsito e
acesso à escola;
 garantir o acesso e controle de entrada dos profissionais de educação nas
unidades prisionais;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 realizar e manter o registro de frequência de alunos para remição de


pena;
 incluir informações no sistema da Administração Penitenciária
(SISDEPEN);
 justificar as ausências dos alunos, que sejam relacionadas a motivos
próprios da rotina prisional, comunicado de transferência, abandono,
soltura ou desligamento;
 arquivar documentos escolares no prontuário;
 inserir em atividades de educação não escolar, conforme interesses de
cada aluno;
 registrar participação e acompanhar as atividades de educação não
escolar;
 organizar, inscrever, realizar atividades preparatórias para exames
públicos, como ENEM e divulgar os resultados.
A seu turno, são tidas como funções da administração penitenciária (MELO,
2016, p. 314) para a promoção da educação as seguintes intenções:
 negociar com Ministério da Educação sobre a realização de exames
públicos (ENEM, ENCCEJA e outros);
 divulgar, inscrever e viabilizar a participação de alunos nos programas de
acesso ao ensino superior (SISU, PROUNI e outros);
 articular com o Poder Judiciário para obtenção de autorização para
estudos fora da unidade prisional para pessoas em regime semiaberto;
 articular estudos fora da unidade prisional para alunos com aprovação
em programas de acesso ao ensino superior (ENEM, ENCCEJA e outros);
 promover oferta de ensino superior nos estabelecimentos prisionais.
Por fim, ao órgão gestor da educação recaem as responsabilidades abaixo
citadas (MELO, 2016, p. 315):
 garantir a oferta de educação básica em seus diferentes níveis,
respeitando as Diretrizes Curriculares Nacionais da Educação Básica.
 Elaborar, com a administração penitenciária, Planos Estaduais de
Educação nas Prisões e Projeto Político-Pedagógico;

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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 Promover a chamada pública de matrículas e garantir as matrículas a


qualquer tempo.
 criar cargos para profissionais de educação, exclusivos para o exercício
da docência no sistema prisional, inseridos na carreira do magistério;
 garantir a designação/alocação de corpo docente e supervisores de
ensino, mediante chamada pública, com formação continuada para o
exercício da atividade profissional em prisões;
 realizar o controle de frequência e de atividades dos profissionais de
educação;
 garantir os recursos físicos, financeiros e materiais;
 garantir a realização de processos avaliativos e de certificação por
elevação de escolaridade, bem como exames supletivos.

2.3 ARTICULAÇÃO ENTRE AS DIVERSAS ASSITÊNCIAS SOCIAIS


DESTINADAS ÀS PESSOAS EM SITUAÇÃO DE PRIVAÇÃO DE LIBERDADE

Como já mencionado anteriormente, às pessoas em situação de privação de


liberdade devem ser garantidas assistências em diversos âmbitos de suas vidas,
para que possam alcançar os objetivos da pena, bem como consigam se
ressocializar na sociedade ao final do cumprimento da sentença, diminuindo as
taxas de reincidência criminal.
Com este escopo, nos termos do artigo 10 da Lei de Execução Penal, podemos
ler que :
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado,
objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em
sociedade.
Parágrafo único. A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
I - material;
II - à saúde;
III -jurídica;
IV - educacional;
V - social;
VI – religiosa (BRASIL, 1984, p. 01).

Já no que tange ao auxílio material, a citada norma estabelece que:

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Art. 12. A assistência material ao preso e ao internado consistirá no


fornecimento de alimentação, vestuário e instalações higiênicas.
Art. 13. O estabelecimento disporá de instalações e serviços que atendam
aos presos nas suas necessidades pessoais, além de locais destinados à
venda de produtos e objetos permitidos e não fornecidos p Administração.
(BRASIL, 1984, p. 01).

Portanto, cabe ao Estado tutr o preso, nos limites da lei, garantindo sua
integridade e dignidade humana para, por um lado, prevenir o crime e, por outro,
prepará-lo para o retorno à sociedade.
Entretanto, não poderá haver a imposição de um tipo de assistência sobre a
outra. Ou seja, os estabelecimentos prisionais não podem focar todos os seus
esforços para oferecer apenas educação para os detentos e mantê-los em situações
degradantes de higiene e humanidade. Não parece razoável oferecer uma excelente
educação para pessoas que estejam doentes e sem acesso a médicos, medicação,
tratamentos, etc.
A LEP/84 determina que cabe ao Estado a assistência ao encarcerado, no que
tange aos aspectos materiais; higiene; vestuário; alimentação; saúde, jurídica;
educacional; social, entre outros. No que tange à prestação da saúde, a garantia
deve viabilizar as condições de higienes pessoal e ambiental. Assim, o art. 14º,
determina que:

A assistência à saúde do preso e do internado de caráter preventivo e


curativo, compreenderá atendimento médico, farmacêutico e odontológico.§
2º Quando o estabelecimento penal não estiver aparelhado para prover a
assistência médica necessária, esta será prestada em outro local, mediante
o
autorização da direção do estabelecimento.§ 3 Será assegurado
acompanhamento médico à mulher, principalmente no pré-natal e no pós-
parto, extensivo ao recém-nascido. (BRASIL, 1984, p.01).

Com o objetivo de contribuir para a concretização do direito da saúde do


apenado, o Conselho Nacional de Justiça (CNJ), em 2016, lançou o Programa de
Ações Intersetoriais de Assistência à Saúde e de Assistência Social para o Sistema
Prisional (PAISA) cujo objetivo é promover ações de saúde a comunidade prisional
levando em consideração as questões pertinentes da vida em cárcere.
Para a concretização das ações, o PAISA tem como diretrizes de ações: a
universalização do acesso à saúde das pessoas privadas de liberdade; saúde das
mulheres privadas de liberdade; ações terapêuticas aplicáveis à pessoa com

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transtorno mental em conflito com a lei; indicador CNJ de fiscalização e


monitoramento da dignidade humana.
A saúde do apenado, enquanto uma política de saúde e concebida a partir dos
ditames da saúde pública, só foi disciplinada efetivamente quase 20 anos depois da
promulgação da CFRB/88. Ademais, ainda esbarra em vários limites para a
concretização, principalmente quando do notório déficit da concretização da saúde
como um todo. Ou seja, o apenado, em regra, já adentra ao sistema sem ter
recebido, de fato, o atendimento necessário para a concretização de uma real
qualidade de vida.
Outro documento normativo, cuja finalidade é a concretização do direito
fundamental do preso, é a Resolução nº 4, de 5 de outubro de 2017, do Ministério
Da Justiça e Cidadania, que normatiza o fornecimento de produtos de higiene e
asseio ao encarcerado. Outro aspecto que merece destaque é que a referida lei
reconhece o direito diferenciado para presos que tenham patologias ou doenças
mentais. Tal como, estabelece que a reposição deve ser periódica, observando as
necessidades de cada unidade prisional.
Todavia, conforme o Ministério da Saúde, um dos problemas fundamentais
para a efetivação de políticas públicas voltadas à saúde das pessoas privadas de
liberdade é a superação das dificuldades impostas p própria condição de
confinamento. Assim, as limitações do ambiente, as condições de insalubridade e a
falta de estrutura física são condicionantes para a concretização das ações de saúde
voltadas ao apenado.
Por fim, é fundamental relembrar, contudo, que a escolha relacionada à criação
e à implementação de um plano de saúde específico para o sistema penitenciário só
foi objeto de deliberação por parte do poder público, mais de quinze anos após o
reconhecimento da saúde como direito de todos. Tal como, para a consecução de
um atendimento qualificado, a equipe deve ser formada por profissionais das
múltiplas áreas e levando em consideração o número e as necessidades da
população prisional.
Com isso, o que queremos frisar é a importância de coordenar os esforços para
promover um conjunto de ações que capacite as pessoas privadas de liberdade a
viverem com dignidade. Os esforços direcionados apenas à educação não são

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suficientes, assim como não são suficientes fora de um estabelecimento prisional,


dentro de um estabelecimento prisional, não seria diferente. Somente assim a
educação poderá começar a ter algum efeito na vida das pessoas.
Como já exaustivamente analisado, o Brasil encarcera, principalmente,
pessoas que não tiveram acesso a muitas dessas políticas sociais; sujeitos que
viveram e vivem à margem do sistema.
Está na lei que a correção inclui também oferecer oportunidade para estes,
finalmente, conseguirem acesso a novas realidades. Porém, o tratamento desumano
e humilhante que vigora no país, dentro dos próprios estabelecimentos prisionais,
acaba sendo um desserviço à segurança pública, pois incita ainda mais o crime.
Tendo exposto o argumento, acreditamos que é necessária uma atuação
conjunta de diversas perspectivas assistênciais para lograr êxito e que se possa
fazer valer a lei e as disposições constitucionais.
Dessa forma, uma política para a educação nunca poderá vir
desacompanhada. Por exemplo, é importante buscar saber os motivos que fizeram
com que os alunos não frequentassem a escola em idade apropriada; ou o motivo
do abandono e do desinteresse. Investigar se existe alguma dificuldade de
aprendizado ou apenas falta de conteúdo.
Outro assunto que precisa ser enfrentado dentro dos presídios é a
dependência química, notadamente em jovens. Os vícios afetam diretamente a
cognição, logo, é imprescindível encarar a realidade das pessoas que podem ter
esse tipo de problema.
Para além das questões estruturais, as diferentes assistências sociais podem
se coordenar no sentido de promover diferentes ações, como é o caso da
qualificação profissional, que engloba educação e trabalho simultaneamente.
Por meio do ensino técnico e, às vezes, até da própria oportunidade de exercer
algum ofício, as pessoas ocupam seu tempo de forma produtiva e se qualificando
para ter oportunidades reais no mundo laboral, quando saírem da privação de
liberdade em que estão inseridas, além de terem o direito à remição da pena,
conforme forem exercendo essas atividades.

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
31

A única questão é que, muitas vezes, o ensino tecnicista e profissionalizante é


priorizado em detrimento de uma educação mais abrangente, o que acarreta alguns
problemas também, de ordens moral, ética, etc.
De toda forma, não é possível se distanciar da realidade das pessoas, e o
estudo reflete o objetivo central de encontrar um bom emprego. No caso, os cursos
profissionalizantes cumprem esse papel, de forma mais imediatista. Todavia, o
acesso à educação como um direito subjetivo é algo maior e mais abrangente do
que isso.
A promoção da educação se coordena também com a promoção da cultura nos
estabelecimentos prisionais, e isso pode ocorrer das mais diversas formas.
Logo na entrevista inicial deve-se procurar saber quais são os interesses
pessoais e a experiência prévia, muitas vezes, dentre os próprios dentetos já podem
existir pessoas aptas a desenvolverem trabalhos voltados à produção e
disseminação cultural.
As possibilidades são diversas e não precisam ser estanques, podem mudar de
tempos em tempos, conforme os interesses, aptidões pessoais e talentos das
pessoas privadas de liberdade. Apenas para ilustrar com alguns exemplos práticos
de manifestações culturais dentro das prisões, citamos: teatro, pintura, círculos de
cinema/vídeo, produção de cinema/vídeo, atividades de produção musical, aulas de
música, grupos de dança, aulas de dança, hip hop (rap, break e grafite),
aprendizagem de técnicas de artesanato, leitura ou produção de poesias, produção
de jornais ou informativos, dentre outras (MELO, 2016, p. 334).
No contexto cultural é importante integrar a população prisional por meio do
reconhecimento das experiências prévias e visualizar de que forma as próprias
pessoas podem desenvolver processos educativos nas suas áreas de
conhecimento.
Esse tipo de metodologia empodera as pessoas privadas de liberdade, gera um
sentimento de valorização dos seus conhecimentos próprios, mobiliza os recursos já
exixtentes no próprio estabelecimento prisional, dentre diversas outras vantagens,
são práticas que efetivamente podem contribuir para a ressocialização.

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Uma outra ação relevante no contexto da privação de liberdade é o incentivo à


leitura, em locais que conseguiram consolidar políticas públicas neste sentido, o
hábito de leitura acaba sendo superior do que o da população brasileira.
Além disso, o fomento de educação, cultura, leitura, podem ser formas de
remição da pena junto ao Judiciário.
Diante de tudo isso, queremos frisar a importância de ações coordenadas para
que qualquer tipo de assistência social consiga demonstrar sucesso e, realmente,
impactar positivamente a vida das pessoas privadas de liberdade.

2.4 O TRABALHO NO CONTEXTO PRISIONAL

O trabalho é categoria central da sociedade. No contexto carcerário, o trabalho


é símbolo de honra e dignidade para o homem, além de ser fonte de renda para o
seu próprio sustento e de sua família. Diante de tais fatos, deve-se levar em
consideração a magnitude que os efeitos da prática de atividades laborais podem
causar quando atuam em um contexto específico, onde é fundamental que se
alcance o ideal de ressocialização e ajuste, como é o caso das penitenciárias.
Com o advento da LEP/84, o legislador traçou as diretrizes para o trabalho do
apenado enquanto um direito que lhe assiste. Trata-se, portanto, de um instrumento
legal que viabiliza para além de uma garantia normativa, uma vez que, possibilita a
reintegração social e contribuição para o processo de (re)emancipação daquele que
deixa o cárcere.
Ademais, é preciso a compreensão de que a prática trabalhista possibilita o
desenvolvimento de uma educação profissional. Ou seja, ao passo que o apenado
consegue ter uma fonte de renda para sua família, também desenvolve e especializa
um saber técnico. Desta forma:

O estímulo às atividades produtivas é apontado como fator de combate ao


ócio nas prisões, evitando problemas de disciplina, abrindo a possibilidade
de aprendizado de uma profissão e, assim estimulando que o preso se
integre de maneira positiva na sociedade (WOLF, 2005, p. 132).

Desta forma, a LEP/84 estabelece, no art. 28, que o trabalho do condenado,


como dever social e condição de dignidade humana, terá finalidade educativa e

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produtiva. Ou seja, qualquer que seja a atividade que venha a ser desenvolvida pelo
apenado deverá respeitar sua integridade física e psíquica.
Neste sentido:

o trabalho do preso „é imprescindível por uma série de razões: do ponto de


vista disciplinar, evita os efeitos corruptores do ócio e contribui para manter
a ordem; do ponto de 39 vista sanitário é necessário que o homem trabalhe
para conservar seu equilíbrio orgânico e psíquico; do ponto de vista
educativo o trabalho contribui para a formação da personalidade do
indivíduo; do ponto de vista econômico, permite ao recluso de dispor de
algum dinheiro para suas necessidades e para subvencionar sua família; do
ponto de vista da ressocialização, o homem que conhece o ofício tem mais
possibilidades de fazer vida honrada ao sair em liberdade‟. (FABRINI &
MIRABETE, 2018, p. 92).

A LEP/84, ainda em seu art. 28,§ 1º, ratifica que todas as normas de saúde e
segurança do trabalho sejam garantidas ao trabalhador apenado ao afirmar que:
aplicam-se à organização e aos métodos de trabalho as precauções relativas à
segurança e à higiene.
Outro importante efeito do desenvolvimento de atividades laborais, pelo
apenado, é a possibilidade de conversão da jornada de trabalho em remissão da
pena. Assim, estabelece a LEP/84, em seu art. 126:

o condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá


remir, por trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena. §
1o A contagem de tempo referida no caput será feita à razão de: (...)II – 1
(um) dia de pena a cada 3 (três) dias de trabalho (BRASIL, 1984, p.01, grifo
nosso).

Conforme destaca Rogério Greco (2011), a sociedade não concorda,


infelizmente, pelo menos à primeira vista, com a ressocialização do condenado. O
estigma da condenação, carregado pelo egresso, o impede de retornar ao normal
convívio em sociedade.
Assim, atentado para a possível exploração do trabalhador do preso, torna-se
imprescindível a legitimação dos direitos deste tipo de trabalho, sendo válido
ressaltar que a Lei de Execução Penal somente preconiza a parte da execução
penal. Desta forma, faz-se necessária a utilização da Constituição da República
Federativa do Brasil, a fim de suplementar aquela que em seu contexto trata
estritamente da execução da pena privativa de liberdade, sendo omissa em vários
aspectos quanto aos direitos do trabalhador preso, recepcionando somente mínimos

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direitos, chegando ao ponto de negar aplicação da Consolidação das Leis do


Trabalho (FERREIRA, 2006, p.23).
Nesse sentido tem-se nas palavras de poucos, como no caso, Ferreira (2006,
p.31), a confirmação da necessidade desta legitimação da proteção constitucional
garantida a todos os trabalhadores não está, expressamente ou implicitamente,
excluída no tocante ao preso trabalhador, seja p particularidade da prisão, seja por
fato outro derivado da perda desta liberdade. Há de se convir que a devida
valorização do trabalhador preso é também o caminho para ressocialização. A
harmonização dentro do mínimo constitucionalmente estabelecido, respeitando a
pessoa do preso como trabalhador e, por isso mesmo, sujeito de direitos
condizentes com direito do trabalhador que é garantia da dignidade humana
(FERREIRA, 2006, p. 25).
Quem quer que o caminho ressocializante passe pelo trabalho, há de querer
que este trabalho seja dotado de meios, sua valorização dentro do mínimo
legalmente estabelecido, respeitando a pessoa do preso enquanto trabalhador e, por
isso mesmo sujeito a direitos condizentes aquela finalidade (ALVIM, 1991, p.32).
Diante de que se declarou até o momento, é de suma importância o incentivo ao
trabalho prisional dentro das condições constitucionalmente estabelecidas, para que
a partir destas perspectivas possa o preso, ao sair do sistema prisional, reintegrar-se
ao meio social. (FERREIRA, 2006, p.110.)
A Constituição Federal no seu artigo 170 dispõe que :

"a ordem econômica, fundada na valorização do trabalho e na livre


iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os
ditames da justiça social". O trabalho sempre esteve inserido na vida da
sociedade. (BRASIL, 1988).

Assim, o artigo 39 do Código Penal garante que o trabalho do preso será


sempre remunerado, sendo-lhe garantidos os benefícios da Previdência Social.”.

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CAPÍTULO 3 - POLÍTICAS NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO NO SISTEMA


PRISIONAL

Neste tópico vamos abordar algumas das políticas públicas voltadas à


promoção da educação em estabelecimentos prisionais. Muitas delas são aplicadas
também no contexto geral da educação, porém, o enfoque principal será o de refletir
sobre a sua capacidade de atuação no contexto das pessoas privadas de liberdade.
Com o advento da Constituição Federal de 1988 (CFRB/88), o constituinte
elencou um rol exemplificativo dos direitos e garantias fundamentais. Dentre esses,
destaca-se a tutela aos direitos sociais, que são considerados direitos subjetivos e
podem ser exigidos para que se opere sua efetividade. Entretanto, não são
absolutos e, por esse motivo, é necessária a sua harmonização, de forma que esses
direitos sociais podem ser cumulados e são irrenunciáveis (RIBEIRO, 2016).
No mesmo sentido, Moraes (2007) esclarece que:

Direitos sociais são direitos fundamentais do homem, caracterizando-se


como verdadeiras liberdades positivas, de observância obrigatória em um
Estado Social de Direito, tendo por finalidade a melhoria de condições de
vida aos hipossuficientes, visando à concretização da igualdade social, e
são consagrados como fundamentos do Estado democrático, pelo art. 1º,
IV, da Constituição Federal (MORAES, 2017, p.195).

A tutela dos direitos sociais é um fenômeno mundial, quando do direito


comparado. Deve ser vista como o resultado histórico do processo de lutas de
classes. Ademais, ao reconhecer a relevância dos direitos dessa dimensão, o
Estado reconhece que sua finalidade é o bem estar social. Para Sarlet (2015):

Consagrando expressamente, no título dos princípios fundamentais, a


dignidade da pessoa humana como um dos fundamentos do nosso Estado
democrático (e social) de Direito (art. 1º, inc. III, da CF), o nosso
Constituinte de 1988 – a exemplo do que ocorreu, entre outros países, na
Alemanha -, além de ter tomado uma decisão fundamental a respeito do
sentido, da finalidade e da justificação do exercício do poder estatal e do
próprio Estado, reconheceu categoricamente que é o Estado que existe em
função da pessoa, e não o contrário, já que o ser humano constitui a
finalidade precípua, e não meio da atividade estatal. (SARLET, 2015, p.68).

Nessa perspectiva, a educação foi o primeiro direito social a ser elencado pelo
legislador constitucional, em seu art. 6º. Diante de sua importância, sua efetivação é
um dever do Estado, da Família e da Sociedade. Assim, o constituinte deixa claro

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que apenas com solidariedade e a colaboração de todos os entes sociais é que o


processo de educação alcançará sua plenitude. Dessa forma, a CFRB/88, art. 205
promulga que:

A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida


e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno
desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e
sua qualificação para o trabalho (BRASIL, 1988, p.01).

Como dever jurídico do Estado, originalmente o legislador preocupa-se com o


aspecto da qualidade do ensino e sua obrigação. Trata-se do reconhecimento do
ente público de garantir ao indivíduo o seu pleno desenvolvimento individual. Assim,
o legislador propicia a concretização da igualdade de oportunidades quando na
oferta do ensino público obrigatório.
Nesse sentido, Maliska (2001) afirma que:

Quanto ao direito à educação, uma situação que também caracteriza-o de


maneira especial em meio aos demais direitos sociais diz respeito à
qualidade do direito subjetivo público no ensino obrigatório. Portanto, nesse
aspecto, deve-se considerar que o Estado tem o dever, tem a obrigação
jurídica de oferecer e manter o ensino público obrigatório e gratuito. Trata-
se do mínimo em matéria de educação (MALISKA, 2001, p.154).

No que tange ao aspecto do ensino e da aprendizagem formais, diante da


função social do Estado, o legislador optou por ser um dever basilar do Estado.
Todavia, tal responsabilidade do Estado não foi uma inovação do sistema jurídico
pátrio, mas sim, um alinhamento da Carta Magna com os diversos documentos que
tratam da matéria dos direitos humanos. Nesse sentido, destaca-se a Declaração
Universal dos Direitos dos Homens (ONU, 2020), de 10 de dezembro de 1948, que,
em seu art. 26, promulga que:

Toda a pessoa tem direito à educação. A educação deve ser gratuita, pelo
menos a correspondente ao ensino elementar fundamental. O ensino
elementar é obrigatório. O ensino técnico e profissional dever ser
generalizado; o acesso aos estudos superiores deve estar aberto a todos
em plena igualdade, em função do seu mérito (ONU, 2020, p.01).

A Educação, portanto, é responsável p formação e transformação do homem,


fazendo-o desfrutar da liberdade e autonomia que lhe é devida. É um mecanismo
eficaz de inclusão e construção para a cidadania. Assim sendo, deve ser entendida

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como formativa contínua do indivíduo, no sentido de valorização da transformação


da realidade em que atua.
Trata-se, portanto, de um conjunto responsável pelo aperfeiçoamento do
indivíduo, mais do que isso, de um instrumento capaz de transformar as ações
sociais e possibilitar a concretização do princípio da igualdade em seu sentido
material. Destaca Garcia (2012) que:

A educação é um processo contínuo de informação e de formação física e


psíquica do ser humano para uma existência e coexistência: o individual
que, ao mesmo tempo, é social. A finalidade da educação consiste em
"formar para a liberdade que vem pelo conhecimento, p possibilidade de
opções ou alternativas; formar para a cidadania, a plenitude dos direitos e,
por último, formar para a dignidade da pessoa, princípio fundamental do
Estado brasileiro, conforme estabelece o art.1º da Constituição (GARCIA,
2012, p.23).

A educação, portanto, é um processo contínuo que tem como finalidade a


formação humana para sua plena integração na sociedade. É por assim dizer, um
conjunto de deveres do Estado para com o indivíduo. Diante disto, a Lei Diretrizes e
Bases da Educação (LDB), de 20 de dezembro de 1996, vai estabelecer as formas
de concretização no plano fático, a partir da criação de instrumentos normativos que
disciplinam a forma como o Estado, Família e Sociedade devem se organizar, a fim
de garantir a educação a todos. Assim, em seu art.1º, estabelece que:

A educação abrange os processos formativos que se desenvolvem na vida


familiar, na convivência humana, no trabalho, nas instituições de ensino e
pesquisa, nos movimentos sociais e organizações da sociedade civil e nas
manifestações culturais (BRASIL, 1990, p.01).

O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), em seu artigo 53, também


prevê a Educação como direito fundamental, ao apresentar que:

A criança e o adolescente têm direito à educação, visando ao pleno


desenvolvimento de sua pessoa, preparo para o exercício da cidadania e
qualificação para o trabalho, assegurando-se-lhes: I - igualdade de
condições para o acesso e permanência na escola; II - direito de ser
respeitado por seus educadores; III - direito de contestar critérios
avaliativos, podendo recorrer às instâncias escolares superiores; IV - direito
de organização e participação em entidades estudantis; V– acesso à escola
pública e gratuita próxima de sua residência. Parágrafo único. É direito dos
pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como
participar da definição das propostas educacionais (BRASIL, 1990, p.01).

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Assim, o ordenamento jurídico brasileiro, como pode ser constatado, possui


uma organização que viabiliza a proteção da educação como direito fundamental.
Todavia, seu caráter normativo não é suficiente para a real consolidação no plano
fático dependendo, necessariamente, de um conjunto de políticas públicas e sociais
que viabilize a construção de ambientes especializados e da formação de um
recurso humano especializado que seja capaz de atender a toda a demanda social.
Por fim, destaca que conforme a LDB/96, em seu art. 1, § a educação escolar
se desenvolve, predominantemente, por meio do ensino em instituições próprias. O
legislador garante que o Estado deve ofertar à sociedade instituições de ensino de
forma gratuita a todos. Ou seja, a família e a sociedade, diante do também dever de
educação, devem criar outras formas de ensino para além da quais ofertadas pelo
Estado.

3.1 EJA

EJA, abreviação de Educação para Jovens e Adultos está regulamentada p Lei


de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9.394/96. É dever do estado garantir a
educação para jovens e adultos que não tiveram as oportunidades educacionais
garantidas na idade adequada. Assim, como pode vir a ser os casos dos presos,
privados de liberdade e custodiados pelo Estado.
O estado deve garantir a educação dos presos de forma que seja garantida
uma reintregração social ao fim do cumprimento da pena. A LDB também diz que a
Educação de Jovens e Adultos (EJA) deve ser articulada com a Educação
Profissional (EP), com o intuito de formar jovens e adultos com aptidão para a
entrada no mercado de trabalho.

Art. 37. A educação de jovens e adultos será destinada àqueles que não
tiveram acesso ou continuidade de estudos nos ensinos fundamental e
médio na idade própria e constituirá instrumento para a educação e a
aprendizagem ao longo da vida. (Redação dada p Lei nº 13.632, de
2020)
§ 1º Os sistemas de ensino assegurarão gratuitamente aos jovens e aos
adultos, que não puderam efetuar os estudos na idade regular,
oportunidades educacionais apropriadas, consideradas as características do
alunado, seus interesses, condições de vida e de trabalho, mediante cursos
e exames.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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§ 2ºO Poder Público viabilizará e estimulará o acesso e a permanência do


trabalhador na escola, mediante ações integradas e complementares entre
si.
§ 3ºA educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmente,
com a educação profissional, na forma do regulamento. (BRASIL, 1984, p.
01)

Os objetivos para a Educação para Jovens e Adultos são resumidos,


permitindo entender que a grande meta deste programa é a universalização do
ensino para uma faixa etária da população que já devia ter concluído o seu percurso
educacional, criando mais oportunidades para estes jovens e adultos.
Logo, o ensino deverá obedecer os sequintes princípios:

Art. 3º O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios:


I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola;
II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o
pensamento, a arte e o saber;
III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas;
IV - respeito à liberdade e apreço à tolerância;
V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino;
VI - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais;
VII - valorização do profissional da educação escolar;
VIII - gestão democrática do ensino público, na forma desta Lei e da
legislação dos sistemas de ensino;
IX - garantia de padrão de qualidade;
X - valorização da experiência extraescolar;
XI - vinculação entre a educação escolar, o trabalho e as práticas sociais.
XII - consideração com a diversidade étnico-racial.
XIII - garantia do direito à educação e à aprendizagem ao longo da
vida. (BRASIL, 1984, p. 01)

A resolução número 48 de 02 de outubro de 2012 do Fundo Nacional de


Desenvcolvimento Economico (FNDE) prioriza no segundo artigo a expansão da
oferta do EJA para pessoas em unidades prisionais.

Art. 2° São objetivos da transferência de recursos financeiros para as novas


turmas de EJA:
I - ampliar as matrículas do ensino fundamental e médio na Educação de
Jovens e Adultos, na modalidade presencial;
ll contribuir para a expansão da oferta de Educação de Jovens e Adultos,
especialmente, aos egressos do Programa Brasil Alfabetizado, às
populações do campo, às comunidades quilombolas, aos povos indígenas e
às pessoas em unidades prisionais.
III - fortalecer a articulação e o compromisso dos entes federados com a
efetivação do ingresso, a permanência e a continuidade de estudo de
jovens e adultos nos sistemas de ensino; (BRASIL, 2012, p. 01).

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O EJA agrega os níveis de educação básica e proporciona às pessoas que não


tiveram acesso aos ensinos fundamental e médio na idade apropriada, permitindo
que s possam estudar e finalizar seus estudos. O EJA passou a ser o que
anteriormente era conhecido como “supletivo”, garantindo que os recém-
alfabetizados não voltem para uma condição inicial de aprendizado, e proporcione a
integração educacional desses jovens e adultos.
Como formato de ensino que abrange exatamente o perfil da população
carcéria, o EJA permite que os presos possam ser alfabetizados ou continuem seus
estudos até a finalização do ensino médio.

3.2 PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO

O Programa Brasil Alfabetizado foi iniciado em 2003, tornando a alfabetização


de jovens e adultos como prioridade para a agenda educacional do Brasil. Este
programa passou a dar um importância à necessidade de alfabetização de jovens e
adultos como um dever do Estado, garantindo-a como direito de todos, como rege a
Constituição Nacional, e deixando de lado o pensamento anterior de que a
alfabetização de jovens e adultos devia ser uma ação compensatória e periférica.
Dessa forma, o governo passou a encarar o problema da não alfabetização de
cidadãos em idade que já deveriam estar alfabetizados como uma política pública, o
que permitiu a inclusão de vários novos programas acessórios para a realização das
ações previstas pelo programa.
O programa é uma parte integrante da política pública estabelecida no EJA,
permitindo que exista uma integração entre os sistemas estaduais, distritais e
municipais. Como uma das principais ações, este programa visa apoiar
tecnicamente e financeiramente projetos desenvolvidos para a educação de jovens e
adultos por entidades estaduais e municipais, desde que o objetivo destes
programas se encaixem nas políticas públicas do EJA e nas diretrizes estabelecidas
no Programa Brasil Alfabetizado.
:
OBJETIVOS - PROGRAMA BRASIL ALFABETIZADO
- criar oportunidade de alfabetização a todos os jovens, adultos e idosos
que não tiveram acesso ou permanência no ensino fundamental;
-promover com qualidade o acesso à educação de jovens, adultos e idosos
e sua continuidade no processo educativo;

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- mobilizar gestores estaduais e municipais para ampliar a oferta de


Educação de Jovens e Adultos — EJA,
- qualificar a oferta de alfabetização para jovens, adultos e idosos por meio
da implementação de políticas de formação, de distribuição de materiais
didáticos e literários, de incentivo à leitura e de financiamento.
(MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO, 2011).

O processo de alfabetização é essencial para a inserção no mercado de


trabalho, ajudando na ressocialização dos presos após o período de cumprimento da
pena. É importante lembrar que parte dos presos no sistema prisional não são
alfabetizados. E por vezes, a própria condição de privação de liberdade é o único
meio que possuem para serem alfabetizados e terem acesso à educação.
A Resolução/CD/FNDE nº 44, de 05 de setembro de 2012, no seu artigo 18,
estabelece diferenciação no pagamento dos voluntários que prestem serviços nos
estabelecimentos penais de pessoas em cumprimento de medidas socioeducativas.

Art. 18° A título de bolsa, o FNDE/MEC pagará aos voluntários cadastrados


e vinculados a turmas ativas no SBA os seguintes valores mensais:
Bolsa classe V: R$ 750,00 (setecentos e cinquenta reais) mensais para o
alfabetizador que atua em duas turmas ativas de estabelecimento penal ou
de jovens em cumprimento de medidas socioeducativas. (BRASIL, 2012)

3.3 PROGRAMA NACIONAL DO LIVRO E DO MATERIAL DIDÁTICO

O Programa Nacional do Livro e do Material Didático, também conhecido como


PNLD, é um programa que tem como objetivo principal tornar disponíveis livros
didáticos, pedagógicos e literários, além de outros materias que possam servir de
apoio à prática educativa. Este programa é destinado a escolas públicas de
educação básica dos sistemas federais, estaduais, municipais e distritais.
Abrangendo também instituições de educação infantil comunitárias e filantrópicas
sem fins lucrativos.
Segundo o decreto Nº 9.099, de 18 de julho de 2017, que dispõe sobre o
Programa Nacional do Livro e do Material didático, os objetivos principais do
programa são:
Art. 2° São objetivos do PNLD:
I - aprimorar o processo de ensino e aprendizagem nas escolas públicas de
educação básica, com a consequente melhoria da qualidade da educação;
II - garantir o padrão de qualidade do material de apoio à prática educativa
utilizado nas escolas públicas de educação básica;
III - democratizar o acesso às fontes de informação e cultura;
IV - fomentar a leitura e o estímulo à atitude investigativa dos estudantes;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
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V- apoiar a atualização, a autonomia e o desenvolvimento profissional do


professor; e
VI - apoiar a implementação da Base Nacional Comum Curricular. (BRASIL,
1999, p. 01).

As diretrizes estabelecidas no artigo terceiro deste decreto para o PNLD são as


seguintes:
Art. 3° São diretrizes do PNLD:
I - o respeito ao pluralismo de ideias e concepções pedagógicas;
II - o respeito às diversidades sociais, culturais e regionais;
III - o respeito à autonomia pedagógica das instituições de ensino;
IV - o respeito à liberdade e o apreço à tolerância; e
V - a garantia de isonomia, transparência e publicidade nos processos de
aquisição das obras didáticas, pedagógicas e literárias. (BRASIL, 1999, p.
01).

Inicialmente, o programa era conhecido como Programa Nacional do Livro


Didático, sendo então ampliado em sua nomenclatura como a inserção do material
didático, isto permitiu que o escopo do programa fosse expandido, incluindo outros
materias de apoio à educação, além dos livros didáticos e literários. Passando, logo,
a incluir obras pedagócicas, softwares e jogos educacionais, com o objetivo de
facilitar e dar novos instrumentos pedagógicos às instituições de ensino.
Esta política é essencial para as escolas e os centros que formam os presos
através do EJA, pois permite que os livros e materiais didáticos cheguem de forma
universalizada para os detentos que estão estudando, com o mesmo material
pedagógico que outro aluno em situação de não encarceramento estaria utilizando
no seu aprendizado.

3.4 PROGRAMA NACIONAL BIBLIOTECA DA ESCOLA (PNBE)

O Programa Nacional Biblioteca da Escola, também conhecido como PNBE


tem como foco fornecer obras didáticas, literárias e outras obras que possam se
encaixar no PNLD para as redes federais, estaduais, municipais e distritais de
ensino. O PNBE tem o intuito de ofertar esses materiais para a educação básica,
ensino fundamental, ensino médio e para a Educação de Jovens e Adultos (EJA).
Os livros são distribuidos a estes centros de ensino (escolas ou outros centros
de formação, como por exemplo, os centros de educação para presos) através do
PNBE, tendo o acervo constituído por livros de literatura, pesquisa, ou outras obras

Todos os direitos são reservados ao Grupo Prominas, de acordo com a convenção internacional de direitos autorais. Nenhuma
parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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que tenham matéria rtiva ao currículo nas áreas de conhecimento da educação


básica, permitindo então uma universalização do acesso às fontes de informação, e
criando um acervo para que os estudantes tenham um maior acesso aos livros e
materiais.
Dentro do processo de educação, a leitura é elemento importante para o aluno,
principalmente para alunos com pouco contato com livros, assim, é de extrema
importância que políticas como essa sejam adotadas pelos centros responsáveis
pelo EJA dos presos, permitindo assim meios alternativos que colaborem no
processo de ressocialização do preso.
O MEC, através de nota técnica, solicita que exista distribuição do acervo
literário para todas a unidades prisionais.

3.5 PRONASCI

O Programa Nacional de Segurança Pública com Cidadania, mais conhecido


como PRONASCI, foi desenvolvido pelo Ministério de Justiça com o principal
objetivo de criar políticas públicas e ferramentas que colaborassem para a
diminuição da violência no território nacional. É um programa bem amplo do ponto
de vista de segurança pública, visando desde a valorização de agentes de
segurança pública, ferramentas contra corrupção destes agentes até ações para
envolver a comunidade na prevenção da violência.
Este programa foi estabelecido pela Lei n. 11.707 de 2007, onde tratando-se
mais especificamente do sistema prisional, esta lei no seu segundo artigo,
estabelece o seguinte:

Artigo 2°
V - modernização das instituições de segurança pública e do sistema
prisional;
VI - valorização dos profissionais de segurança pública e dos agentes
penitenciários;
VII - participação de jovens e adolescentes, de egressos do sistema
prisional, de famílias expostas à violência urbana e de mulheres em
situação de violência;
VIII - ressocialização dos indivíduos que cumprem penas privativas de
liberdade e egressos do sistema prisional, mediante implementação de
projetos educativos, esportivos e profissionalizantes;

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parte deste material pode ser reproduzida ou utilizada, seja por meios eletrônicos ou mecânicos, inclusive fotocópias ou
gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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O próprio inciso VIII do artigo 2 desta lei prevê a ressocialização de detentos


e egressos dos sistemas prisionais através de projetos educativos, esportivos e
profissionalizantes. Os projetos propostos pelo PRONASCI têm como público-alvo
os jovens entre 15 e 24 anos, próximos de situação de criminalidade ou que já
estiveram em algum conflito com a lei, como presos ou egressos do sistema
prisional.
O PRONASCI foi responsável p implementação de diversos programas em
níveis nacionais, estudais e municipais criando projetos específicos que
contribuíssem para a reintegração dos presos e egressos do sistema prisional.
Além disto, o projeto bolsa formação tinha como objetivo a qualificação dos
profissionais do sistema de segurança pública, dentre os agentes penitenciários e
carcerários, possibilitando uma valorização deles. O projeto previa que estes
agentes receberiam uma bolsa formação para participação de cursos de
qualificação, de forma a torná-los profissionais mais bem preparados para as suas
tarefas.

3.6 PRONATEC

O PRONATEC ou Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e


Emprego, tem como objetivo a expansão, interiorização e democratização de cursos
técnicos e profissionais de nível médio, além de cursos de formações iniciais e
continuadas para trabalhadores.
O sistema prisional possui modalidades específicas do PRONATEC, que visam
a organização de cursos da Bolsa Formação realizados por instituição federais. As
ações do PRONATEC para o sistema prisional tiveram início em 2013, após um
Acordo de Cooperação Técnica estabelecido entre o Ministério da Educação e o
Ministério da Justiça, sendo inicialmente ofertadas 90 mil vagas para detentos e
egressos. Uma importante ação para inserir estes detentos ou egressos do sistema
prisional foi a criação da Bolsa Formação, que permitiu a oferta de vagas em cursos
técnicos e cursos de qualificação, criando mais uma alternativa para ressocialização
de detentos e egressos.

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gravações, ou, por sistemas de armazenagem e recuperação de dados – sem o consentimento por escrito do Grupo Prominas.
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Desde o momento do lançamento, o Ministério da Educação investiu mais de


36 milhões de reais no Pronatec Prisional. No ano de 2013, mais de 5 mil detentos
foram matriculados em cursos profissionalizantes do PRONATEC, e em 2014 esse
número aumentou para 20 mil detentos.

3.7 PROGRAMA BRASIL PROFISSIONALIZADO

O programa Brasil Profissionalizado foi iniciado em 2007, sendo uma iniciativa


do PRONATEC, com o objetivo de fortalecer o ensino médio, agregando a
qualificação profissional nas redes estaduais de educação.
Este programa permitiu que o Ministério da Educação pudessem investir na
melhoria ou na construção de escolas públicas de ensinos médio e profissional. Para
o sistema prisional, atuou diretamente no levantamento de espaço disponível para
contrução, reforma ou ampliação nas unidades prisionais, que permitissem a
realização de cursos profissionalizantes no ensino médio, atuando com o EJA.

3.8 PROJOVEM URBANO

O Projovem Urbano tem como objetivo melhorar a escolaridade de pessoas


entre 18 e 29 anos, desde que estes saibam ler e escrever e não tenham concluído
o ensino fundamental, possibilitando que o percurso educacional seja feito através
do EJA, integrando a qualificação profissional, além de ações para promoção
comunitária da cidadania.
Como ação prevista, o projeto apoia técnica e financeiramente estados,
municípios e o Distrito Federal, para a criação de cursos que se encaixem no
Projovem Urbano. Além de ter como apoio bolsas de auxílio financeiro para o
jovenes atendidos. Este projeto foi criado p Lei 9.394 de 20 de dezembro de 1996.
Conforme a resolução n. 8 de 16 de abril de 2014:

considerando a necessidade de ampliar ações voltadas à elevação de


escolaridade de jovens de 18 a 29 anos nas unidades dos sistemas
prisionais, especialmente de jovens mulheres, devido ao crescente índice
populacional carcerário feminino no último triênio, segundo o Sistema de
Informações Penitenciárias do Ministério da Justiça (INFOPEN/MJ 2020);

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Já os art. 2º dispõe que:

Art. 2° O Projovem Urbano visa à promoção de ações para a elevação da


escolaridade, na forma de curso, para a qualificação profissional em nível
inicial e a participação cidadã de jovens com idade entre dezoito e 29 anos,
que saibam ler e escrever mas não tenham concluído o ensino fundamental.
Parágrafo único
Na oferta do Projovem Urbano, os entes federados deverão priorizar os
jovens:
VI jovens mulheres, quando houver oferta do Projovem Urbano nas
unidades dos sistemas prisionais, no caso dos estados,(INFOPEN/MJ
2020);

O art. 6º, por sua vez

Art. 6° Aos Entes Executores (EEx) do Projovem Urbano cabem as


seguintes responsabilidades:
XIV providenciar espaço físico adequado, obrigatoriamente nas escolas de
sua rede de ensino, para o funcionamento das turmas e dos núcleos do
Projovem Urbano; no caso de o Plano de Implementação incluir o
atendimento a jovens em unidades prisionais, articular-se com os órgãos
responsáveis pelas unidades prisionais para providenciar espaço físico
adequado ao funcionamento das turmas do Projovem Urbano;
(INFOPEN/MJ 2020);

3.9 PROGRAMA DE FORMAÇÃO CONTINUADA (RENAFOR)

O RENAFOR é um programa que visa a promoção da formação continuada


dos professores da educação básica, permitindo que existam novos meios para
oferta de cursos de forma simplificada, possibilitando a inserção de mais professores
no aperfeiçoamento da prática docente, elevando a qualidade da educação no país.
Do ponto de vista do sistema prisional, o RENAFOR incluiu servidores prisionais que
atuam na educação dos jovens e adultos do sistema carcerário nacional, permitindo
que estes possam ter uma de forma mais facilitidade e melhorando,
consequentemente, a oferta educacional para os detentos e egressos.

3.10 MODELO DOMICILIAR DE ENSINO

Um dos novos desafios contemporâneos é a busca por novos modelos de


ensino e educação que se adaptem às novas necessidades sociais. A LDB
estabeleceu, em seu art. 80, novas modalidades como: educação semipresencial e a

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distância, modelos que viabilizam novas opções diante dos modelos tradicionais de
ensino, uma vez que flexibilizam a metodologia tradicional da sala da aula.
Diante disso, o modelo de educação domiciliar vem a ser uma opção para
várias famílias brasileiras que possuem necessidades específicas, como as
dificuldades de deslocamento devido a particularidades geográficas e até mesmo
por limitações funcionais, ou ainda uma forma de exercício de sua liberdade de
escolhas em relação à metodologia de ensino oficial.
A Associação Nacional de Ensino Domiciliar (ANED) surge com objetivo da
difusão social do método domiciliar de educação. Dessa forma, define sua
finalidade:

Nossos associados estão espalhados por todo o território nacional e fizeram


a opção pelo ensino domiciliar por diversos motivos (ideológicos,
geográficos, religiosos, profissionais, etc.). Mas o que todos temos em
comum é a convicção de que cada pai e mãe possui a responsabilidade de
garantir a formação plena de seus filhos como seres humanos, e que essa
responsabilidade natural garante o direito de escolher qual tipo de instrução
será dada a essas crianças. (ANED, 2020, p.01).

Como a educação formal ocorre em instituições escolares, centrada no


conteúdo universalmente padronizado, a educação domiciliar é nitidamente uma
espécie de educação não formal alternativa ao modelo escolarizado de educação
(MOREIRA, 2017).
Ou seja, trata-se de qualquer situação em que os pais ou responsáveis
assumem responsabilidade direta sobre a educação das crianças em idade escolar,
ensinando-as em casa, ao invés de enviá-las ao sistema educacional público ou
privado (EDMONSON, 2008 apud BARBOSA, 2013).
No mesmo sentido, esclarece Moreira (2017):

Consiste na assunção pelos pais ou responsáveis do efetivo controle sobre


os processos instrucionais de crianças ou adolescentes. Para alcançar esse
objetivo, o ensino é, em regra, deslocado do ambiente escolar para a
privacidade da residência familiar. Isso não impede, porém que os pais ou
responsáveis, no exercício da sua autonomia, determinem que o ensino
seja realizado em parte fora da residência, por exemplo em cursos de
matérias específicas, como Matemática e Música (MOREIRA, 2017, p. 57).

Lembra ANED (2020) que não se trata de um método de ensino; não é a


utilização de um material didático específico; não é a prática de tirar uma criança da
escola ou uma ideologia/filosofia fechada. Nesse sentido, Celeti (2011) leciona:

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Que a escola seja um ambiente socializante não há dúvidas. Entretanto, os


críticos do homeschooling parecem tomá-la como o único ambiente
socializante. Mesmo que a escola não seja o único ambiente possibilitador
de socialização, não é claro o motivo de este ser o melhor e mais desejável.
A ideia existente é que crianças de famílias adeptas do homeschooling são
menos socializadas ou possuem dificuldade de comunicação. Pensa-se na
prática do ensino doméstico como sinônimo de prisão doméstica (CELETI,
2011, p.77).

Os pais da educação familiar não negam a escola ou sua legitimidade para


prestar o ensino, apenas reivindicam o seu direito de escolha e aceitam a supervisão
do aprendizado por parte do poder público (ANED, 2020). Quer seja na autorização,
quer na avaliação do aprendizado, quer na concessão dos títulos correspondentes,
será preciso a participação do Estado para chancelar a sua prática (ALEXANDRE,
2016).
A educação domiciliar é, portanto, um gênero da educação não formal, ou seja,
categoria de ensino que não segue um raciocínio específico. Portanto, baseia-se no
princípio da soberania educacional da família, no qual seu rudimento constitui-se na
liberdade de cada família determina como se dará a educação dos seus filhos
(MOREIRA, 2017).
É importante ressaltar que não há nenhum impedimento na combinação de
todas essas formas de ensino, a fim de buscar a educação plena daquele sujeito
(BARBOSA, 2013). Ao contrário, diante da noção de pluralismo na forma de
aprendizagem, torna-se mais uma opção para as famílias. Boudens (2002) leciona:

Alternativa de educação formal, ou, de ensino intencional e sistemático,


caracterizado pelo desenvolvimento do currículo escolar fora da escola, em
casa, com validade legal, desde que cumpridas as exigências mínimas
respeitantes a dias letivos, carga horária, programas de ensino, critérios de
avaliação do rendimento etc. (BOUDENS, 2002, p. 10).

Conforme Andrade (2015), o movimento educação domiciliar, também


chamado de homeschoolling, iniciou com relevância nos Estados Unidos e se
difundiu por vários países. No contexto brasileiro, a experiência teve com influência
de 102 pensadores e pastores americanos que, por terem contato com instituições
religiosas, acabavam por transmitir suas ideias a respeito da educação domiciliar
para os fiéis que, em seguida, repassavam para outras pessoas e assim por diante
(VIEIRA, 2006).

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No Brasil, não é considerado um modelo inovador. Conforme Faria Filho


(2011), no século XIX, o número de pessoas que se serviam da educação domiciliar
era maior do que aquelas da rede mantida pelo Estado. Assim, afirma o autor:

Não podemos considerar que apenas aqueles, ou aquelas, que


frequentavam uma escola fora do ambiente doméstico tinham acesso às
primeiras letras. Pelo contrário, temos indícios de que a rede de
escolarização doméstica, ou seja, de ensino e aprendizagem da leitura, da
escrita e do cálculo, mas sobretudo daquela primeira, atendia um número
de pessoas bem superior ao da rede pública estatal, [...] até bem avançado
o século XIX (FARIA FILHO, 2011, p.144-145, sic).

O interesse por esse modelo de educação também foi despertado em outros


tipos de famílias, fora do grupo protestante (ANDRADE, 2015). Inúmeros são os
motivos e razões de as famílias aderirem a esse modelo educacional, dentre:
sociais, acadêmicos, familiares, religiosos.
Ademais, o compromisso com o desenvolvimento integral dos filhos; a
instrução científica e preparação para a vida adulta; os valores e princípios cristãos;
a proteção da integridades física, moral, psíquica e espiritual dos filhos e o exercício
de um dever/direito fundamental foram as principais razões para que, no Brasil, os
pais escolhessem a educação domiciliar (NASCIMENTO, 2014).
Com o passar do tempo e a intensificação da vida urbana, o processo de
formação passou a ser institucionalizado. Atualmente, lembra Moreira (2017) que
quase não se educa mais em casa. O cotidiano das crianças brasileiras, de qualquer
nível socioeconômico, é marcado por uma divisão entre o espaço da escola
(reservado à educação) e o da casa (reservado basicamente aos cuidados
materiais, sendo o tempo livre quase totalmente preenchido p televisão).
As sociedades democráticas têm como característica fundamental o respeito
ao pluralismo com o consequente reconhecimento das diversas ordens jurídicas
setoriais e, por consequências, as educacionais (MOREIRA, 2017). O Modelo
familiar é visto como mais uma opção para a concretização do processo de ensino.
Ademais, é um instrumento de concretizar o processo de inclusão social quando nas
diferentes realidades e necessidades da sociedade brasileira.
Os principais benefícios para os pais são a vantagem de poder acompanhar de
perto o desenvolvimento escolar dos filhos e ter a oportunidade de ficar mais atentos
a possíveis problemas de aprendizagem (CENEDEZE et. al., 2015).

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Assim a família pode escolher uma determinada linha de ensino em uma


escola, também pode optar por ensinar os filhos em casa (CECCHERINI, 2020).
Outro aspecto positivo é que há um constante processo de estimulo de uma
aprendizagem diferente, baseada no autodidatismo e na atualização constante
(CECCHERINI, 2020).
Em ação ao espaço escolar, o modelo domiciliar, diante da focalização no
indivíduo, pode propiciar melhores rendimentos cognitivo e didático. César Santos,
um dos pioneiros na implementação do método em sua família no Brasil, destaca os
benefícios que este modelo proporciona aos seus filhos sobre o estudo para o
referido projeto de lei.
Por fim, destaca-se que nessa modalidade de educação a metodologia
possibilita, segundo as famílias, ampliar o ensino para além dos livros, através de
viagens ou passeios agradáveis, sem a necessidade de cumprir planos de aula ou
cronogramas (CENEDEZE et. al., 2015).

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O objetivo desta unidade foi apresentar um panorama geral da educação no


contexto da privação de liberdade, expondo a legislação que a disciplina, as
recomendações e diretrizes gerais a serem seguidas para sua aplicação.
Além disso, buscou-se revelar a importância dessa assistência social, uma vez
que, a esmagadora maioria das pessoas que cumpre pena no Brasil não teve
acesso sequer à educação básica.
No mais, demonstrou-se a preocupação em articular as ações assistenciais,
não bastando focar apenas em um aspecto, sendo imprescindível ofertar condições
dignas às pessoas privadas de liberdade em todos os setores de suas vidas.

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