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MATERIAL DIDÁTICO
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................ 3
UNIDADE 1 – OS DIREITOS FUNDAMENTAIS .................................................................................... 6
1.1 TEORIA DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS.............................................................................................. 6
1.2 AS DECLARAÇÕES UNIVERSAIS DOS DIREITOS E OS TRATADOS INTERNACIONAIS ................................ 9
1.3 AS DIMENSÕES/GERAÇÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ............................................................... 16
1.3.1 DIREITOS À PRESTAÇÃO JURÍDICA ............................................................................................... 21
1.3.2 DIREITOS A PRESTAÇÕES MATERIAIS ........................................................................................... 22
1.3.3 DIREITOS FUNDAMENTAIS DE PARTICIPAÇÃO................................................................................ 24
1.3.4 DIMENSÕES DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS ................................................................................. 24
UNIDADE 2 – DIREITOS E GARANTIAS INDIVIDUAIS E COLETIVOS E O REGIME JURÍDICO
DOS MILITARES .................................................................................................................................. 27
UNIDADE 3 – OS MILITARES NA SOCIEDADE – TRATAMENTO DIFERENCIADO ....................... 33
UNIDADE 4 – O ESTADO DEMOCRÁTICO DE DIREITO E A SEGURANÇA PÚBLICA.................. 45
UNIDADE 5 – PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS (PNEDH) .............. 52
UNIDADE 6 – PRINCÍPIOS NORTEADORES DA EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS............. 60
UNIDADE 7 – METODOLOGIAS DE EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS ................................. 68
UNIDADE 8 – EIXOS TEMÁTICOS PARA CONSTRUÇÃO DA CIDADANIA .................................... 72
UNIDADE 9 – OS DIREITOS DAS MINORIAS ÉTNICAS E RACIAIS ................................................ 79
UNIDADE 10 – POLÍTICAS DE RECONHECIMENTO/AÇÕES AFIRMATIVAS ................................ 84
REFERÊNCIAS ..................................................................................................................................... 95
INTRODUÇÃO
Pois bem, nosso caminho passa necessariamente por uma introdução aos
direitos fundamentais, a evolução das declarações e dos tratados internacionais, as
dimensões/gerações desses direitos.
Em segundo lugar, deixamos claro que este módulo é uma compilação das
ideias de vários autores, incluindo aqueles que consideramos clássicos, não se
tratando, portanto, de uma redação original.
Bulos (s.d. apud ABREU, 2010) afirma que os direitos humanos além de
fundamentais são inatos, absolutos, invioláveis, intransferíveis, irrenunciáveis e
imprescritíveis, porque participam de um contexto histórico, perfeitamente
delimitado. Não surgiram à margem da história, porém, em decorrência dela, ou
melhor, em decorrência dos reclamos da igualdade, fraternidade e liberdade entre os
homens. Homens não no sentido de sexo masculino, mas no sentido de pessoas
humanas. Os direitos fundamentais do homem, nascem, morrem e extinguem-se.
Não são obra da natureza, mas das necessidades humanas, ampliando-se ou
limitando-se a depender do influxo do fato social cambiante.
Assim sendo, a positivação dos direitos humanos, dando origem aos direitos
fundamentais, é a nítida amostra da consciência de um determinado povo de que
certos direitos do homem são de tal relevância que o seu desrespeito inviabilizaria a
sua própria existência do Estado. Aliás, ninguém mais nega, hoje, que a vigência de
direitos humanos independe do seu reconhecimento constitucional, ou seja, de sua
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a) brasileiros natos;
b) brasileiros naturalizados;
e) qualquer pessoa que seja alcançada pela lei brasileira (pelo ordenamento
jurídico brasileiro).
outros são destinados apenas aos brasileiros natos (direito à não extradição,
direito de ocupar determinados cargos públicos).
exemplo, pessoas jurídicas têm direito ao devido processo legal, mas não à
liberdade de locomoção, ou à integridade física.
Por outro lado, é pacífico que pessoas jurídicas não possuem direito à
liberdade de locomoção. Justamente por isso é que em favor delas não se pode
impetrar habeas corpus (pois esse é um remédio constitucional que protege apenas
a liberdade de locomoção: art. 5º, LXVIII) (CAVALCANTE FILHO, 2010).
Existe uma gama de autores (como Fábio Konder Comparato, João Baptista
Herkenhoff, dentre outros defensores de que o fato de não existirem freios ao Poder,
não quer dizer que não existiram as ideias) que sustentam que os direitos
1 Questão de concurso: Cespe/TRE-MT/Técnico/2010: “O dano moral, que atinge a esfera íntima da vítima,
agredindo seus valores, humilhando e causando dor, não recai sobre pessoa jurídica”.
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Sarlet (2007, p. 33) entende como pacífico que os direitos fundamentais não
surgiram na antiguidade, porém é notória a influência do mundo antigo nos direitos
fundamentais por meio da religião e da filosofia, que colaboraram na concepção
jusnaturalista de que o ser humano, pelo simples fato de existir, já é detentor de
direitos fundamentais; esta fase costuma ser denominada pela doutrina como “pré-
história” dos direitos fundamentais.
Pérez Luño (1995 apud SARLET, 2007) chama de antecedentes dos direitos
fundamentais, os documentos que, de alguma forma, colaboraram para a
elaboração das primeiras ideias dos direitos humanos presentes nas declarações do
século XVIII, talvez o principal documento a ser referenciado seja a Magna Charta
Libertatum, assinada na Inglaterra, em 1215, pelo Rei João Sem-Terra. Cabe
ressaltar que esse pacto não passou de mero referencial para as futuras
elaborações dos direitos humanos, pois, neste pacto, apenas os nobres receberam
prerrogativas, deixando a população em segundo plano, ou seja, na verdade, foi um
documento imposto ao Rei pelos barões feudais ingleses.
Rezek (1996, p. 14) define tratado como “[...] todo acordo formal concluído
entre sujeitos de direito internacional público, e destinado a produzir efeitos
jurídicos”.
[...] são acordos formais, eis que, à moda do que acontece com os contratos
no direito interno, demandam eles uma concordância de vontades, o que os
distingue do ato jurídico unilateral.
Souza (2006) e Araújo (2009) são alguns dos estudiosos que trabalharam
sobre a teoria de Jellinek, a qual pressupõe que o indivíduo pode encontrar-se de
quatro modos, diante do Estado, disso derivando direitos e deveres diferenciados.
Tomando como base a teoria dos quatro status, depuram-se os três grupos
de Direitos Fundamentais mais destacados, quais sejam, os direitos de defesa
(direitos de liberdade), os direitos a prestações (direitos cívicos) e os direitos de
participação (observe que o status subjectionis identifica deveres do indivíduo).
Caberá, então, aos órgãos políticos, indicar qual a medida a ser adotada
para proteger os bens jurídicos abrigados pelas normas definidoras dos direitos
fundamentais.
Guarde...
Caberá, então, aos órgãos políticos, indicar qual a medida a ser adotada
para proteger os bens jurídicos abrigados pelas normas definidoras dos direitos
fundamentais.
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Os princípios da hierarquia e da disciplina, ínsitos na seara militar (artigo 142, caput da CRFB/88) e
necessários à estrutura organizacional miliciana, são dotados, na sua axiologia, de menor intensidade
daqueles conferidos aos direitos e garantias fundamentais do homem, não chegando, assim, a ponto
de retirar a validade plena e imediata destes. Os militares, conquanto insertos numa estrutura
administrativa própria, são, antes de tudo, cidadãos cujos direitos e garantias estão amplamente
assegurados em nosso direito constitucional. (TRF3. RHC - Petição de recurso ordinário em habeas
corpus - 526. Processo: 200261030000036/ SP. Órgão Julgador: Quinta Turma. Relatora: Juiza
Suzana Camargo. DJU 27/09/2005).
Constitucional. Administrativo. Militar. Atividade científica. Liberdade de expressão independente de
censura ou licença. Garantia constitucional. Lei de hierarquia inferior. lnafastabilidade. Processo
administrativo disciplinar. Transgressão militar. Inexistência, Falta de justa causa. Punição anulada.
Recurso provido. I - A Constituição Federal, à luz do princípio da supremacia constitucional, encontra-
se no vértice do ordenamento jurídico, e é a Lei Suprema de um País, na qual todas as normas
infraconstitucionais buscam o seu fundamento de validade. II - Da garantia de liberdade de expressão
de atividade científica, independente de censura ou licença, constitucionalmente assegurada a todos
os brasileiros (art. 5°, IX), não podem ser excluídos os militares em razão de normas aplicáveis
especificamente aos membros da Corporação Militar. Regra hierarquicamente inferior não pode
restringir onde a Lei Maior não o fez, sob pena de inconstitucionalidade. III - Descaracterizada a
transgressão disciplinar pela inexistência de violação ao Estatuto e Regulamento Disciplinar da
Polícia Militar de Santa Catarina, desaparece a justa causa que embasou o processo disciplinar,
anulando-se em consequência a punição administrativa aplicada. III - Recurso conhecido e provido.
(STl RMS 11.587/SC, Rel. Ministro Gilson Dipp, Quinta Turma, julgado em 16/09/2004, DJ
03/11/2004, p. 206).
Por outro lado, o art. 142 da CRFB/88 dispõe serem as Forças Armadas
organizadas com base na hierarquia e na disciplina, princípios essenciais e
indispensáveis à própria existência de tais instituições. Logo, os militares,
obrigatoriamente, devem se sujeitar à rigorosa disciplina e ao estrito acatamento à
hierarquia militar, sob pena de responsabilização na esfera disciplinar ou penal,
como preceitua a própria Constituição (art. 5°, LXI).
Ademais, como destaca IVAN BARBOSA RIGOLIN (2006, p. 211), não seria
razoável a Constituição, além de enfeixar um grande universo de institutos civis
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como faz, também pretender abarcar o todo particular e diverso mundo dos militares;
tal não é papel para a Constituição, mas efetivamente para a lei e para os
regulamentos infralegais, que de resto existem em volume nada desprezível.
Portanto, agiu bem a Carta Política ao remeter à lei o disciplinamento do regime
jurídico dos militares (art. 142, § 3°, X, da CRFB/88).
b) salário-família;
e) licença-paternidade;
142, § 3°, VIII, da Carta Maior, a ele não faz alusão (Ver Súmula Vinculante 6 do
STF).
I - plebiscito;
II - referendo;
serviço ativo; como agregado) remonta à Constituição de 1946 (art. 138, parágrafo
único), repetindo-se na de 1967 (art. 145, parágrafo único) e na de 1969 (art. 150, §
1°).
14, § 8°, incs. I e II, da CRFB/88. Voto vencido. Diversamente do que sucede ao
militar com mais de dez anos de serviço, deve afastar-se definitivamente da
atividade o servidor militar que, contando menos de dez anos de serviço, pretenda
candidatar-se a cargo eletivo (STF – Pleno – Rec. Ext. 279.469/RS – Rel. Min.
Maurício Correa – Relator para o acórdão Min. Cezar Peluso – j. em 16.03.2011 –
Dje 20.06.2011).
A garantia nesse caso, é muito mais do dignificante cargo (Oficial das Forças
Armadas) do que de cada brasileiro nato de um modo geral, já que o oficialato
pressupõe o cumprimento de uma série de requisitos estabelecidos pela lei, por
parte dos interessados (ASSIS, 2012).
o direito de greve;
Armadas e Forças Auxiliares: 13° salário (inc. VII); salário-família (inc. XII); férias
anuais remuneradas com um terço a mais que o salário normal (inc. XVII); licença
maternidade de 120 dias (inc. XVIII); licença paternidade de 05 dias (inc. XIX); e
assistência gratuita aos filhos e dependentes até 06 anos em creches e pré-escola
(inc. XXV).
A origem desse estado de divergência insinua que grande parte dos litígios
não resolvidos na instância administrativa pode estar sendo influenciado também
pelo nível de escolaridade alcançado pelos sargentos, aliado ao ambiente
acadêmico em que são formados os dois grupos: os oficiais, sob regime disciplinar
rígido durante praticamente as 24 horas do dia, têm contatos fora dos portões da
Academia apenas nos licenciamentos de fim de semana. Os sargentos, por outro
lado, salvo quando estão de serviço e pernoitam no quartel, mantém contato diário
com o mundo dos paisanos. Ou seja, oficiais têm como foco prioritário o aprendizado
e ao seu redor uma atmosfera permanentemente voltada para a obediência; os
sargentos respiram o ar da liberdade que estimula a pesquisa, a controvérsia e o
diálogo (ARRUDA, 2007, p. 43).
A perda ou suspensão dos direitos políticos está prevista no art. 15, IV, da
CRFB/88.
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A Portaria 147, de 16.02.2004, do Ministério da Defesa regulamenta o estabelecimento de convênios para
prestação do Serviço Alternativo ao Serviço Militar, concede dispensa do Serviço Alternativo ao Serviço Militar
aos atuais eximidos e dá outras providências.
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02.04.1976, revista pelas Leis Constitucionais 1/82, 1/89, 1/92 e 1/97, art. 276 e
seus incisos).
Apesar disso, deve-se ter em conta que o Estado de Direito não é o mesmo
que Estado Legal, haja vista que este constitui o Estado do império da lei herdado
da Revolução Francesa, o qual dava preponderância ao Parlamento e aos eleitos
pelo sufrágio universal no sistema político e de elaboração de normas.
Posteriormente, a doutrina submeteu a lei ao Direito e confiou o Estado de Direito ao
controle do Judiciário (DALLARI, 2001).
Além deste princípio, há outros que também devem ser observados. São
eles: o princípio da constitucionalidade; o princípio democrático; o sistema de
direitos fundamentais; o princípio da justiça social; o princípio da igualdade; o
princípio da divisão dos poderes; e, o princípio da segurança jurídica. Esses
princípios, dispersos pela Constituição, concretizam a ideia nuclear do Estado de
Direito, i. e., de sujeição do poder a princípios e regras jurídicas que garantem às
pessoas e cidadãos liberdade e igualdade perante a lei, além de segurança.
coletivamente, nos mais diversos setores onde está o homem, onde ele deseja se
realizar como, por exemplo, nas áreas econômica e social.
E por isso que, no entender desse autor, esses objetivos fundamentais estão
relacionados entre si e apresentam-se numa hierarquia de importância ou
permanência. Isso significa que o objetivo mais premente monopoliza a consciência
e tende automaticamente a organizar a mobilização das diversas faculdades do
organismo. As necessidades menos prementes ficam reduzidas ao mínimo, sendo
esquecidas ou negadas (Maslow, 1980, p. 365 apud JESUS, 2011, p. 57).
A política de segurança pública só fará algum sentido desde que haja uma
verdadeira política interna bem definida, sincronizada e coordenada, e que as
discussões sobre ela sejam pragmáticas, pois assim serão considerados não
apenas o êxito e o fracasso dos efeitos desejados, mas também os efeitos colaterais
não desejados, mas necessariamente causados. E, sendo pragmática, a política de
segurança pública deve convencer-se do fato de que a criminalidade, mesmo a
médio prazo, vai continuar existindo. Nessa política, deve estar classificada a forma
de respeito, proteção e promoção dos direitos humanos (HASSEMER, 1993).
violações nas questões sociais, impondo-se, como imperativo, romper com a cultura
oligárquica que preserva os padrões de reprodução da desigualdade e da violência
institucionalizada.
Para que esse processo ocorra e a escola possa contribuir para a educação
em direitos humanos, é importante garantir dignidade, igualdade de oportunidades,
exercício da participação e da autonomia aos membros da comunidade escolar.
só com a sua capacidade crítica, mas também com uma postura democratizante e
emancipadora que sirva de parâmetro para toda a sociedade (PNEDH, 2007).
Olguin (2008) pondera que são várias as respostas e que estas podem ser
agrupadas em duas grandes categorias. De um lado estão todas aquelas que
podem denominar-se de incorporação dos conteúdos. Estas consideram que é
suficiente a inclusão desta temática em alguma das disciplinas existentes, ou, no
máximo, o estudo de uma disciplina específica, para que os educandos logrem os
objetivos que, sobre este aspecto, orientam a ação do sistema educativo.
a.1 Uma participação ativa, que é a que têm os sujeitos que participam da
execução de uma atividade, sendo a mais difundida e a que implica em menor
compromisso pessoal; sem ela seria praticamente impossível a vida em sociedade.
aceite, como adequada, mais uma alternativa, de maneira a não criar situações
rígidas.
necessário que os docentes analisem sua prática em classe à luz dos direitos
humanos e realizem uma profunda autocrítica de suas convicções) (OLGUIN, 2008).
Concordamos com Araújo (2007), quando diz que é preciso entender que tal
forma de educação deve visar, também, ao desenvolvimento de competências para
lidar com: a diversidade e o conflito de ideias, as influências da cultura e os
sentimentos e emoções presentes nas relações do sujeito consigo mesmo e com o
mundo à sua volta.
apenas para uma pequena parcela da população, essa escola deve ser democrática,
inclusiva e de qualidade, para todas as crianças e adolescentes. Para isso, deve
promover, na teoria e na prática, as condições mínimas para que tais objetivos
sejam alcançados na sociedade.
Para a autora, citada anteriormente, os valores não são nem ensinados, nem
nascem com as pessoas. Eles são construídos na experiência significativa que as
pessoas estabelecem com o mundo.
Vejamos:
8.1 Ética
Como dizem Cortina e Martinez (2009, p. 9), nós filosofamos para encontrar
sentido para o que somos e fazemos e buscamos sentido para atender aos nossos
anseios de liberdade, pois consideramos a falta de sentido um tipo de escravidão.
Uma vez que a participação escolar autêntica une o esforço para intervir, a
escola precisa construir espaços de diálogo e de participação no dia-a-dia de suas
atividades curriculares e não-curriculares, de forma a permitir que estudantes,
docentes e a comunidade se tornem atores e atrizes efetivos, de fato, da construção
da cidadania participativa. Experiências como as das assembleias escolares, dos
grêmios estudantis e dezenas de outros modelos de práticas de cidadania, que vêm
sendo implementados em escolas públicas e privadas de todo o país, fornecem a
matéria-prima para que, de forma democrática, os conflitos cotidianos sejam
enfrentados nas escolas, permitindo a construção de valores de ética e de cidadania
por parte dos membros da comunidade que vivem dentro e no entorno escolar
(ARAÚJO, 2007).
8.3 Cidadania
Aprender a ser cidadão e a ser cidadã é, entre outras coisas, aprender a agir
com respeito, solidariedade, responsabilidade, justiça, não-violência, aprender a
usar o diálogo nas mais diferentes situações e comprometer-se com o que acontece
na vida coletiva da comunidade e do país. Esses valores e essas atitudes precisam
ser aprendidos e desenvolvidos pelos estudantes e, portanto, podem e devem ser
ensinados na escola.
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4 Relatório para a Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o Século XXI, 2 ed., São Paulo:
Cortez; Brasília: MEC/Unesco, 1999.
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Uma das bases fundamentais dos direitos humanos é o princípio que todos
os seres humanos nascem livres e iguais em dignidade e direitos. Discriminação e
perseguição com base na raça ou etnia são claras violações desse princípio. A
discriminação racial pode tomar muitas formas, desde a mais brutal e institucional
forma de racismo – o genocídio e o apartheid, até as formas mais encobertas por
meio das quais determinados grupos raciais e étnicos são impedidos de se
beneficiarem dos mesmos direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais
comuns a outros grupos da sociedade (GOMES, 2011).
Mas vamos aos direitos das minorias étnicas e raciais que são protegidos
por leis internacionais de direitos humanos como se segue:
As minorias étnicas e raciais têm direitos iguais e a lei deve ser igualmente
aplicada aos vários grupos civis, políticos, sociais e culturais. A maioria dos tratados
de direitos humanos (mesmo aqueles que não tratam especificamente da questão
racial ou étnica) contém provisões específicas contra a discriminação e exigem dos
Estados que apliquem os princípios da lei dos direitos humanos equanimemente a
todas as pessoas, independentemente de sua raça, religião, origem social, entre
outros.
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f) Direito à assistência:
Com diz Candau (2007), este é nosso momento e nele temos de buscar, no
meio de tensões, contradições e conflitos, caminhos de afirmação de uma cultura
dos direitos humanos que penetre todas as práticas sociais e seja capaz de
favorecer processos de democratização, de articular a afirmação dos direitos
fundamentais de cada pessoa e grupo sociocultural, de modo especial os direitos
sociais e econômicos, com o reconhecimento dos direitos à diferença.
A luta por uma construção identitária pode ser compreendida sob o mesmo
enfoque de uma luta pelo reconhecimento, partindo-se da compreensão de que é a
consumação de valores comuns (partilhados) que permite a edificação de uma
concepção de si, como sujeito de dignidade e valor social.
Como diz Santos (2008), o debate atual sobre grupos sociais, identidades e
inclusão parece ser atualmente a engrenagem que move as lutas dos movimentos
sociais no Brasil. A dúvida perpassa apenas a forma com que as demandas devem
ser satisfeitas: uns defendem políticas distributivas; outros, políticas de
reconhecimento e representação. Enquanto que os adeptos da primeira baseiam
seu argumento na moral kantiana que, pressupondo neutralidade, seria o discurso
que mais se aproximaria da justiça, os defensores do reconhecimento justificam a
necessidade de observação das identidades dos grupos sociais, conceito próximo à
ética hegeliana.
e podem ser elaboradas e executadas pelo Estado e/ou pela iniciativa privada
de maneira compulsória ou espontânea.
México, Brasil, entre outros) com critérios variados como, por exemplo, casta,
deficiência física, descendência, etnia, gênero, nacionalidade, raça, entre outros.
(MAYA, 2014).
a Lei dos Dois Terços (5.452/1943) do governo Getúlio Vargas; onde 2/3 do
trabalhadores de uma empresa deveriam ter nacionalidade brasileira;
Guarde...
A ação afirmativa se diferencia das políticas puramente antidiscriminatórias
por atuar preventivamente em favor de indivíduos que potencialmente são
discriminados, o que pode ser entendido tanto como uma prevenção à discriminação
quanto como uma reparação de seus efeitos. Políticas puramente
antidiscriminatórias, por outro lado, atuam apenas por meio de repressão aos
discriminadores ou de conscientização dos indivíduos que podem vir a praticar atos
discriminatórios.
No site:
(http://gemaa.iesp.uerj.br/component/k2/itemlist/category/5.html?Itemid=56),
encontramos um mapa interativo das ações afirmativas no Brasil. Vale a pena
conferir.
PROGRAMA DEFINIÇÃO
Curso de Gestão de Políticas Criado a partir da experiência do GDE, tem como objetivo
Públicas em Gênero e Raça instrumentalizar as/os participantes para intervenção nos
(GPP-GeR) processos de concepção, elaboração, implementação,
monitoramento e avaliação dos programas e ações de forma
a assegurar a transversalidade e a intersetorialidade de
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REFERÊNCIAS
DESLANDES, Keila; LOURENÇO, Érika (orgs.). Por uma cultura dos Direitos
Humanos na Escola: princípios, meios e fins. Belo Horizonte: Fino Traço, 2011.
BELLINHO, Lilith Abrantes. Uma evolução histórica dos direitos humanos (2010).
Disponível em: http://www.unibrasil.com.br/arquivos/direito/20092/lilith-abrantes-
bellinho.pdf
CORTINA, Adela, MARTINEZ, Emílio. Ética. Trad. Ilvana Cobucci Leite. São Paulo:
Loyola, 2009.
CORTINA, Adela. O fazer ético: guia para a educação moral. São Paulo: Moderna,
2003.
COSTA NETO, Antônio Gomes da. A educação das relações étnico-raciais (2003-
2013): racismo, transparência e efetividade (2013). Disponível em:
http://www.educacaopublica.rj.gov.br/biblioteca/educacao/0412.html
MORAES, Alexandre de. Direitos humanos fundamentais: Teoria Geral. 4 ed. São
Paulo: Atlas, 2002.
REZEK, José Francisco. Direito internacional público. 6 ed. São Paulo: Saraiva,
1996.
SARLET, Ingo Wolfgang. A eficácia dos direitos fundamentais. 7 ed. rev. atual. e
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SILVA, Flávia Martins André da. Direitos fundamentais (2006). Disponível em:
http://www.direitonet.com.br