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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CAMPUS WEST SHOPPING

PROJETO DE EXTENSÃO:

ESCOLA DE PAZ

ANNE QUINTANILHA GUAN

CARLOS EDUARDO BRANDÃO RIBEIRO

DENISE DE FRANÇA DO NASCIMENTO

FELIPE BASTOS DOS SANTOS

GABRYELLE FERREIRA DA S. PAIVA

GRAZIELA DE MACEDO GONÇALVES

LAURA MACIEL RODRIGUES

RAFAEL PECIN

RAQUEL DE MOTTA LEMOS

ROSA CRISTINA DA CONCEIÇÃO COSTA

TRACEY ANNE SUCCI CAMERON

PROFESSOR(A) ORIENTADOR(A): ANA CLAUDIA VASCONCELOS

RIO DE JANEIRO

2023

DIAGNÓSTICO E TEORIZAÇÃO
1. PARTES ENVOLVIDAS

Esse projeto surge como condição posta pela disciplina “Psicologia, Ética e Direitos
Humanos”, que compõe o currículo do curso de Psicologia da Universidade Estácio de Sá,
ministrada neste segundo semestre de 2023 pela professora Ana Claudia de Jesus
Vasconcelos (CRP 05/46942), que é a orientadora da proposta. Na tabela I abaixo, seguem
algumas informações sobre os graduandos que compõem o coletivo responsável por essa
proposta:

Tabela I – Dados dos graduandos

alunos Matrícula da Contato


UNESA

Anne Quintanilha Guan 202304150915 (21) 965694583

Carlos Eduardo Brandão Ribeiro 202308254235 (21) 971319851

Denise De França Do Nascimento 202303921896 (21) 996460789

Felipe Bastos Dos Santos 202308635751 (21) 992133971

Gabrielle Ferreira Da S. Paiva 202302281281 (21) 969380831

Graziela De Macedo Gonçalves 202302902782 (21) 997874088

Laura Maciel Rodrigues 202304249687 (21) 998794367

Rafael Pecin 202202478491 (21) 982681176

Raquel De Motta Lemos 202309982005 (21) 983518100

Rosa Cristina Da Conceição Costa 201903045851 (21) 965597217

Tracey Anne Succi Cameron 202303572051 (22) 981811372

A proposta pedagógica é realizar uma ação de campo, em contato com a sociedade, dentro
das limitações impostas a graduandos em psicologia e com objetivos consonantes aos
preceitos teóricos desenvolvidos pela disciplina. Na reunião inicial, quando o grupo debateu
sobre as possibilidades, chegou-se ao consenso de que uma ação de utilidade social seria
aquela voltada para a divulgação e promoção dos direitos humanos à luz do debate ético,
assim como a promoção e a divulgação da ciência psicológica de forma responsável e
voltada ao combate à desinformação. Ademais, acreditamos que os alunos do ensino médio
regular, na faixa etária entre 15 e 18 anos, seriam os mais beneficiados por essa ação, já
que esse período da adolescência é uma etapa de desenvolvimento com muitas
transformações e grande potencial para o engajamento mais profundo com o mundo que
nos cerca. Assim sendo, a proposta será realizada com 3 turmas do Ensino Médio Regular
noturno, do Colégio Estadual Freire Allemão, uma unidade escolar da rede estadual de
ensino do Rio de Janeiro. Esse colégio funciona em um prédio compartilhado com outra
unidade escolar da rede municipal da capital (E.M. Almirante Saldanha e está localizado na
Avenida Cezário de Melo, nº4180, no bairro de Campo Grande. O público alvo da ação são
alunos das turmas 1001, 2001 e 3001, moradores das adjacências, somando um
quantitativo total estimado entre 90 e 100 alunos (No presente momento essa unidade
escolar passa por transformações em sua base de matrículas com a exclusão e inserção de
alunos, apresentando assim rotatividade e variabilidade do quantitativo total de alunos).

2. PROBLEMÁTICA IDENTIFICADA

O contato com a comunidade onde encontra-se o público alvo foi feito por
intermédio de um dos integrantes do grupo, graduando em Psicologia e Professor
da rede estadual de educação, Rafael Pecin (Mat. 09567496) que ministra aulas de
matemática para as turmas da EJA (Educação de Jovens e Adultos) dessa escola a
mais de 10 anos. De acordo com as informações coletadas pela própria escola, a
maioria dos alunos são moradores de áreas carentes, comunidades de ocupação
irregular e desordenada, bem como compõem famílias de baixa renda. Alguns já
exercem atividade econômica informal, alguns possuem famílias devastadas (com
ausência de pais) e alguns já são pais ou estão prestes a ser. A grande maioria
apresenta dificuldades de aprendizagem devido a carência de pré-requisitos e
muitos apresentam comportamentos considerados inadequados para o ambiente
escolar, caracterizados por indisciplina, desrespeito às regras, desrespeito aos
professores e funcionários, desrespeito aos outros alunos e propensão a desordem
e a violência. Acredita-se ainda que esses indivíduos carecem de reflexões
importantes acerca das próprias atitudes à luz da ética e como essas atitudes
podem causar sofrimento aos outros, e ainda, ao que foi percebido e observado,
eles desconhecem a Declaração Universal dos direitos Humanos e seus preceitos.
3. DEMANDA COMUNITÁRIA E JUSTIFICATIVA

O contato com o corpo discente e docente, que faz parte do cotidiano do


professor, nos levou a crer nos benefícios que essa proposta poderia trazer para
aquela comunidade escolar. Um desses benefícios é a contribuição que essa ação
pode oferecer à promoção de uma educação de paz anti-violência, tendo em vista
que o debate ético dos direitos humanos enunciados pela declaração universal
prezam pela defesa da dignidade humana. Nas palavras do próprio professor,

“É triste presenciar casos de bullying e agressões entre os alunos e como


alguns deles se comportam de forma negligente e omissa diante desses
casos, enquanto outros incentivam e se divertem às custas do sofrimento
alheio.Acredito que a informação e o amplo debate ético acerca dos
princípios dos direitos humanos fundamentais pode promover consciência e
mudanças rumo a uma escola de paz e por consequência uma sociedade
com menos violência”

A Declaração Universal dos Direitos Humanos discorre sobre a dignidade da pessoa


humana enquanto entidade dotada de direitos fundamentais. Em alguns de seus artigos,
vemos a defesa da integridade, a garantia a segurança, o respeito às diferenças, a
igualdade de direitos e que, em hipótese alguma, alguém poderá ser excluído e privado
desses direitos.

Em nosso país, a Lei nº 8069 de 13 de julho de 1990, que dispõe sobre o Estatuto
da Criança e do Adolescente, discorre sobre os direitos garantidos aos adolescentes como
seu acesso a educação, a promoção de sua saúde física e mental, a inviolabilidade de sua
integridade psíquica e moral, entre outros. O artigo 18 afirma, “É dever de todos velar pela
dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento
desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.”

O Conselho Federal de Psicologia, em sua Resolução n 10/2005, aprovou o Código


de Ética Profissional para psicólogos, que busca promover a reflexão sobre padrões de
conduta da categoria. Dentre os princípios fundamentais que regem o código, destacamos a
defesa e a promoção dos direitos humanos e a universalização do acesso à informação da
ciência psicológica, que norteiam as intenções e expectativas de nossas ações.

Assim sendo, considerando as demandas sociais identificadas na


comunidade do nosso público alvo, o regulamento interno posto a cada aluno da
escola no ato da matrícula, os prejuízos aos quais as vítimas de atos violentos são
submetidos, o que enuncia nossa constituição federal e os direitos humanos
fundamentais e inalienáveis é o que enuncia o código de ética profissional de nossa
futura categoria, consideramos nosso projeto justo e necessário e acreditamos nos
benefícios em potencial de sua realização.

4. OBJETIVOS

4.1. Objetivo Geral

Divulgar e promover a ciência psicológica e as atribuições dos Psicólogos, com


foco na ética e direitos humanos.

4.2. Objetivos específicos

4.2.1 – Promover a reflexão ética sobre as próprias ações no cotidiano;

4.2.2 – Compreender a ética como modo de ser e modo como se quer viver pelo
bem coletivo.

4.2.3 – Repensar ações que podem ferir o direito à dignidade humana;

4.2.4 – Repensar o Regimento Escolar à luz da ética e dos direitos humanos;

4.2.5 – Conhecer e refletir sobre os artigos 1º, 3º, 5º e 7º da Declaração


Universal dos Direitos Humanos

4.2.6 – Compreender de forma simples o que é a Psicologia.

4.2.7 – Conhecer algumas das atribuições de um psicólogo formado.

4.2.8 – Desconstruir e desmistificar conceitos equivocados acerca da ciência e


da profissão, advindas do senso comum.

REFERENCIAL TEÓRICO

Entendemos ética como uma reflexão moral das atitudes e ações humanas e, de
acordo com Figueiredo e Guilhem (2008), a ética “... constitui a parte da filosofia que se
ocupa com a reflexão sobre as noções e os princípios que fundamentam a vida moral.”, ao
mesmo tempo que consideram a moral como o conjunto das regras que regem nossas
vidas. O Código de Ética Profissional do Psicólogo de 1987, que foi revogado em 2005,
conceitua ética segundo Aristóteles, “um modo de ser”. Cabe ressaltar ainda que a ética
desse filósofo grego é chamada de ética das virtudes e do equilíbrio.
O Código de Ética Profissional do Psicólogo de 2005 traz, em sua apresentação, a
ideia de que ética não é regra mas, deve ser guiada pelo respeito ao sujeito humano e seus
direitos fundamentais. O que converge com o elucidado pela Declaração Universal dos
Direitos Humanos e por nossa Constituição Federal de 1988, que traz em seu primeiro
artigo, como um dos fundamentos do Estado, a dignidade da pessoa humana.

Conceituamos Psicologia como a ciência que estuda o ser humano, sua mente e
seus comportamentos e consideramos que o objetivo principal de um Psicólogo é ajudar
pessoas. Segundo Bock, Furtado e Teixeira, a Psicologia como ciência coleciona saberes
acerca da subjetividade humana e todo psicólogo dispõe de técnicas e conhecimentos para
auxiliar pessoas em sofrimento de causas psicoemocionais. Os autores afirmam (2023,
p.60),

Então, o psicólogo é um profissional que trabalha a partir dos


conhecimentos da Psicologia, dando visibilidade e inteligibilidade aos
aspectos subjetivos ou psicológicos, auxiliando em um processo de
mudanças ou transformações, quando aspectos da constituição do sujeito
tornam-se fonte de sofrimento ou quando há necessidade/interesse em sua
mudança. Poderíamos, de forma simplificada, mas com certeza didática,
afirmar que os psicólogos trabalham para auxiliar no processo de
ressignificar as experiências vividas, potencializando as pessoas como
agentes ativos e de transformação de si mesmos e do mundo.

Por fim, apresentamos algumas das áreas de atuação dos profissionais de


psicologia bem como algumas de suas atribuições, ainda como afirmam Bock, Furtado e
Teixeira: psicoterapeutas clínicos, psicólogos educacionais, psicólogos do trabalho ou
organizacional, psicólogos sociais e comunitários, psicólogos ambientais e de mediação de
conflitos, psicólogos da comunicação, etc. Esses autores afirmam (2023, p.65), “Psicólogos
podem atuar em qualquer lugar onde se queira dar atenção à sempre presente dimensão
subjetiva.”

PLANEJAMENTO DA PROPOSTA

A visita será feita por todos os integrantes do grupo, ou parte do grupo se houver
imprevistos, em apenas um dia a combinar com a direção. A ação planejada consiste em
uma roda de conversa, com duração máxima de 50 minutos, com grupos de no máximo 30
alunos por vez, dispostos em um círculo de cadeiras em alguma sala ou espaço adequado
que houver. O número total de grupos previstos é três e a duração total prevista da ação é
de 150 minutos. Os universitários se colocarão na roda, sentados entre os alunos, e
mediarão uma conversa sobre os temas enunciados anteriormente, pautados nos
referenciais teóricos já descritos. A mediação será feita por meio de perguntas iniciais e
norteadoras (vide possíveis perguntas na tabela II), e a conversa seguirá com base nas
possíveis respostas dos alunos. A intenção é, inicialmente, descobrir quais ideias eles já
possuem e a partir dessas promover a reflexão e desconstrução de possíveis enganos ou
equívocos que houverem. Também há a intenção de apresentar alguns artigos da
Declaração Universal dos Direitos Humanos de forma expositiva, com a leitura na integra,
seguida de questionamentos sobre o entendimento e as opiniões. A intenção nesse
momento e a reflexão sobre o respeito à dignidade humana e as implicações e impactos
que devem causar nas suas próprias atitudes.Vale ressaltar que o grupo de graduandos têm
plena ciência dos cuidados requeridos ao questionar e provocar a reflexão do público alvo e
não há nenhuma intenção de imposição de ideias, apenas o compartilhamento de conceitos
e definições provenientes de teorias científicas, prezando pelo respeito à crenças e valores
morais pessoais e familiares.

TABELA II – Possíveis perguntas norteadoras

01 Você sabe o que é a Ética? 1.1 – O que é ser ético?


1.2 – Você acredita que todas as pessoas agem
eticamente?
1.3 – O que pensa sobre o que seria um
comportamento ético?
02 Você conhece a Declaração 2.1 – Você conhece algum dos artigos da
Universal dos Direitos declaração?
Humanos? 2.2 – Qual é sua opinião sobre os direitos
universais?
2.3 – Você acha que o regimento escolar está
de acordo com essa Declaração?
03 Você sabe o que é a 3.1 – Você sabe o que um psicólogo faz
Psicologia? profissionalmente?
3.2 – Você sabe como um psicólogo pode
ajudar as pessoas?

Os únicos recursos que serão necessários para execução dessa proposta


serão o espaço físico disponível na escola (auditório) e seu mobiliário (cadeiras).

RELATÓRIO GERAL
Inicialmente, em contato com a coordenadora pedagógica e diretor geral da
unidade escolar, a ação foi programada para ser realizada no dia 24 de outubro de
18h às 21h30. Contudo, devido a questões de segurança pública a escola não abriu
no dia agendado e a ação foi reagendada para o dia 31 de outubro no mesmo
horário. Nesse dia e horário, dez integrantes do grupo estiveram presentes para
participar da ação, foram recebidos pelos diretores da escola e encaminhados ao
espaço do auditório, onde a ação aconteceu. Primeiramente o grupo se reuniu no
auditório para preparar o espaço, dispor os assentos em uma circunferência, e para
acertar e combinar os últimos detalhes de como a ação seria executada. Não foi
possível iniciar a roda de conversa no horário planejado, pois não havia alunos na
escola. Também não foi possível realizar a ação em três momentos, pois o
quantitativo total dos três grupos previstos não passou de 33 alunos. Iniciamos a
roda de conversa poucos minutos após as 19h, com apenas 15 alunos e, enquanto
a ação já estava em andamento, os outros alunos foram chegando e se
acomodando no círculo. A escola possui três turmas de ensino médio regular, o
público-alvo inicial da ação, e quatro turmas de EJA, que foram convidadas a
participar da roda de conversa devido ao número muito baixo de alunos presentes
do regular, o que alterou a faixa etária do grupo participante para de 15 a 55 anos.
De última hora, o diretor solicitou a permissão para que os professores da unidade
também participassem, a permissão foi concedida e 5 professores estiveram
presentes durante a ação.

Após a acomodação de todos no círculo de cadeiras, o integrante do grupo,


que também é professor da unidade, iniciou a mediação da conversa se
apresentando e compartilhando os motivos pelos quais decidiu iniciar a graduação
em psicologia. Em seguida, deixou que os demais integrantes do grupo fizessem o
mesmo e, um a um, se apresentaram falando um pouco de si e dos motivos que os
levaram a fazer psicologia. Nesse momento, percebendo o interesse de alguns
alunos nos relatos dos universitários, o mediador tomou a iniciativa de prosseguir a
conversa adiantando alguns dos objetivos e deixou que os alunos fizessem
comentários e perguntas sobre a Psicologia e sobre a atuação dos profissionais
dessa área. Alguns alunos se envolveram ativamente na conversa, alguns outros se
demonstraram atentos a tudo que estava sendo dito, mas não se pronunciaram e,
infelizmente, alguns outros se demonstraram desinteressados e desatentos. Os
professores também participaram ativamente da conversa, inclusive trazendo seus
alunos para o debate e motivando-os a participar, o que o grupo concorda que foi
muito benéfico para a ação e a impressão geral foi de valorização e respeito da
nossa presença ali. Durante a conversa, os graduandos tiveram a oportunidade de
desmistificar e desconstruir alguns conceitos equivocados sobre a psicologia, como
por exemplo “o psicólogo é quem trata maluco”. Também foi possível compartilhar
informações importantes sobre as variadas áreas de atuação, além da psicoterapia
clínica, e algumas informações importantes sobre a atuação na clínica, na qual eles
se demonstraram mais interessados, como por exemplo o sigilo e as diferentes
abordagens. Após serem questionados, alguns alunos compartilharam experiências
de familiares e pessoas próximas que têm ou já tiveram contato com psicólogos, e
uma aluna em específico demonstrou interesse e intenção de buscar um
atendimento psicológico. Outro benefício da conversa foi a divulgação dos serviços
prestados pelo SPA da Estácio e a divulgação de um site, www.psymeetsocial.com,
feito por uma das professoras da unidade que também é funcionária da rede
municipal de saúde pública e afirmou ter encontrado atendimento psicológico
remoto a preços mais acessíveis. A conversa foi finalizada às 20h16min e não
houve tempo suficiente para abordarmos outros assuntos, assim sendo alguns
objetivos não foram atingidos. Ainda assim, o grupo se reuniu uma última vez após
o término da ação para debater a conclusão e decidir quais informações entrariam
no relatório, o sentimento comum foi de satisfação com a ação e com os objetivos
que foram atingidos. Após dispensamos os alunos, arrumamos o mobiliário do
espaço para sua configuração original e nos despedimos dos diretores.

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