Você está na página 1de 68

Cadernos de Extensão: Direitos Humanos e Cidadania

P R O G R A M A D E D I R E I TO S H U M A N O S D A FA C U L D A D E D O S G U A R A R A P ES

1
Responsáveis Institucionais –
Faculdade dos Guararapes
Direção Acadêmica Regional
Pierre Lucena Rabonni

Direção da Acadêmica de Qualidade


Vanessa Pereira Piasson Maziero

Direção de Extensão
Raniere Rodrigues dos Santos
Ficha Editorial – Coordenação
de Extensão
Direção de Pesquisa e Iniciação Científica
José Vergolino
Elaboração
Direção de Pós Graduação Regina Célia A. S. Barbosa
Maria Isabel Viana Raniere Rodrigues dos Santos

Revisão
Gabriela Ramos do Nascimento Bispo

Editoração
Arthur Felipe Dias da Silva

2
Apresentação
É com muita satisfação que a Coordenação de Extensão da Faculdade dos Guararapes preparou a coletânea
intitulada “Cadernos de Extensão” da qual faz parte um conjunto de informações acerca das atividades de extensão que são
desenvolvidas e implementadas nos ambientes acadêmico e administrativo da instituição.

Buscou-se incentivar e disseminar informações e conhecimentos relevantes para a sociedade em sua mais ampla integração,
por meio de valores e práticas inerentes ao que se defende como necessário aos tempos atuais, assim, em 2015, a coletânea
dos Cadernos de Extensão possui as seguintes temáticas:

1.Extensão e Sociedade – Uma Contribuição da Faculdade dos Guararapes

2.Comportamento Ético e Responsabilidade Social

3.Sustentabilidade e Educação Ambiental

4.Diversidade e Relações Étnico-Raciais

5.Direitos Humanos e Cidadania

6.Cultura e Patrimônio – Uma Apreciação ao Jaboatão dos Guararapes

3
Nossa maior preocupação é poder expandir os saberes para os mais diversos espaços existentes, que o estudante, o
professor e o profissional que trabalha na instituição possam compartilhar cada vez mais um ambiente de instrução e
aprendizado, onde a constância e propósitos valorativos sejam contínuos e atinjam a todos em seus mais diversos
espaços.
Neste caderno, incentivamos a preocupação com a compreensão voltado aos Direitos Humanos e a Cidadania no
contexto brasileiro e mundial. Se destacam as principais necessidades da sociedade contemporânea ao que concerne
o exercício da cidadania, ou seja, o respeito e direito de ir e vir das pessoas.
Os Direitos humanos estabelecem princípios e valores morais quanto as provocações relativas a uma melhor
educação que permitam-nos mudanças e avanços sociais impactantes, ou seja igualdade de direitos, deveres e
oportunidades, garantindo a dignidade as pessoas e melhor convivência em relação as suas grandes diferenças, bem
como maior participação democrática entre os povos.

4
Sumário
1. Diretrizes Nacionais para Educação em Direitos Humanos

2. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação em Direitos Humanos

3. Direitos Humanos: Preocupação com a dignidade da pessoa Humana

4. Raízes do Conceito

5. Evolução Histórica

6. Gerações dos Direitos Humanos

7. Discussão sobre o Papel do Estado Democrático

8. A Concepção contemporânea de direitos humanos

9. A Existência de uma Normatividade Internacional sobre os Direitos Humanos

10. A Declaração dos Direitos Humanos

11. Os limites da Declaração

12. O Direito Internacional dos Direitos Humanos

13. A Declaração de Viena

14. Os Tratados Internacionais mais importantes do Sistema Global de Proteção dos Direitos
Humanos

15. Linha do tempo dos Direitos Humanos – Temas Contemporâneos

5
DIREITOS HUMANOS
Profª Regina Célia A. S. Barbosa
Filósofa, Mestra em Ciência Política (UFPE)
Doutoranda em Direito, Justiça e Cidadania (U.C. Portugal)
Diretrizes
Nacionais
para
Educação em
Direitos
Humanos
As Diretrizes Curriculares
Nacionais para...
EDUCAÇÃO EM DIREITOS HUMANOS
Ainda neste contexto, idêntica conclusão emerge da análise dos itens
relativos às Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação em
Direitos Humanos, cujos princípios devem, inclusive, nortear a gestão e
a definição das políticas institucionais.
A Educação em Direitos Humanos, um dos eixos fundamentais do direito à educação,
refere-se ao uso de concepções e práticas educativas fundadas nos Direitos Humanos e
em seus processos de promoção, proteção, defesa e aplicação na vida cotidiana e
cidadã de sujeitos de direitos e de responsabilidades individuais e coletivas.
A Educação em Direitos Humanos, com a finalidade de promover a educação para a
mudança e a transformação social, fundamenta-se nos seguintes princípios: dignidade
humana; igualdade de direitos; reconhecimento e valorização das diferenças e das
diversidades; laicidade do Estado; democracia na educação; transversalidade, vivência
e globalidade; sustentabilidade socioambiental.
A Educação em Direitos Humanos, de modo transversal, deverá ser considerada na
construção dos Projetos Político-Pedagógicos (PPP); dos Regimentos Escolares; dos
Planos de Desenvolvimento Institucionais (PDI); dos Programas Pedagógicos de Curso
(PPC) das Instituições de Educação Superior; dos materiais didáticos e pedagógicos; do
modelo de ensino, pesquisa e extensão; de gestão, bem como dos diferentes processos
de avaliação.
4ª Geração
O direito ao acesso e aos
resultados do uso das novas
tecnologias.

3ª Geração
Os direitos dos povos ou da
solidariedade

2ª Geração
Os direitos de igualdade

1ª Geração
Os direitos a Liberdade

Raízes do Conceito
Princípios de
Convivência e ideia
de humanidade
DIREITOS HUMANOS
Preocupação com a dignidade da pessoa Humana

O conceito de abrangência mundial concepção contemporânea de


direitos humanos = Declaração Universal dos Direitos do Homem
de 1948 e reiterada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena
de 1993.

PONTOS DE PARTIDA

1) DIREITOS DO HOMEM – JUSNATURALISMO – QUESTÕES DE GÊNERO


2)DIREITOS FUNDAMENTAIS – PLANO CONSTITUCIONAL/ UNIVERSALIDADE
3) DIREITOS HUMANOS – PLANO INTERNACIONAL
Os direitos fundamentais e os direitos humanos não se diferem
apenas pelas suas abrangências geográficas, mas também pelo grau
de concretização positiva que possuem, ou seja, pelo grau de
concretização normativa. (PÉREZ-LUÑO)

Direitos Fundamentais estão duplamente positivados, pois atuam


no âmbito interno e no âmbito externo, possuindo maior grau de
concretização positiva,

Direitos Humanos estão positivados apenas no âmbito externo,


caracterizando um menor grau de concretização positiva. - vinculado
ao âmbito externo, e, portanto com abrangência internacional.
Princípios de Convivência de Justiça e a própria Ideia Humana

Código de Hamurabi /Os Profetas Judeus/Buda, Confúcio


Os Gregos e os Romanos/O Cristianismo

Imagens da Internet
1 EVOLUÇÃO HISTÓRICA: PERÍODO AXIAL

substituição do saber mitológico da tradição pelo saber lógico da razão e as


religiões tornaram-se mais éticas e menos rituais ou fantásticas.

O ser humano passa a ser considerado como ser dotado de liberdade e razão em
sua igualdade essencial, não obstante as múltiplas diferenças de sexo, raça,
religião ou costumes sociais.

São Tomas de Aquino - dignitas humana, afirmando que “(...) a dignidade é inerente ao
homem, como espécie; e ela existe in actu só no homem enquanto indivíduo (...)” (Melina
Girardi FACHIN)

Contratos feudais escritos nos quais o rei comprometia-se a respeitar os direitos de seus
vassalos. Portanto, não afirmavam direitos humanos, mas direitos de estamentos.

Reforma Religiosa ocorreu uma importante ruptura nessa ligação, da qual foi reivindicado o
primeiro direito fundamental - o da liberdade religiosa.
No sentido moderno, o nascimento da lei escrita
cria uma regra geral e uniforme que diz que
todos os indivíduos que vivem numa sociedade
organizada ficam sujeitos a ela.
Com o advento da modernidade surgem outras
concepções de pessoa, e consequentemente de
direitos humanos e de direitos fundamentais.
1776: as teorias contratualistas e a laicidade do
direito natural.
o jusnaturalismo racionalista: todos
os seres humanos desde sua própria
natureza possuem direitos naturais que
emanam de sua racionalidade, como
um traço comum a todos os homens, e
que esses direitos devem ser
reconhecidos pelo poder político
através do direito positivo.
o contratualismo (séc. XVIII): as
normas jurídicas e as instituições
políticas não podem conceber-se como
o produto do arbítrio dos governantes,
senão como resultado do consenso da
vontade popular. (PÉREZ-LUÑO)
A passagem do Estado absoluto ao Estado
liberal da modernidade - limites ao exercício do
poder político.
John Locke, ao final do século XVIII –
precursor no reconhecimento de direitos naturais e
inalienáveis do homem. O indivíduo possui direito e
está primeiro lugar em relação ao Estado.
Os direitos humanos deixam de ser exclusivos
das elites sob a denominação de direitos do
homem - “são uma conquista de uma classe
emergente como dona do poder econômico e que
se torna dona também do poder político”
(ALMEIDA, na leitura de Melina Girardi FACHIN)
a visão ética kantiana - a dignidade da pessoa
humana resulta do fato de que, pela sua vontade
racional, só a pessoa vive em condições de
autonomia, isto é, como ser capaz de guiar-se
pelas leis que ele próprio edita.
Declaração dos Direitos do
Declaração dos Direitos Humanos de 1948
Homem e do Cidadão de 1789
Primeira Dama dos Estados Unidos, Eleanor Roosevelt segura exemplar em
francês da Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH).

O chefe da delegação soviética Andrei Gromyko assina a Carta da ONU


na Conferência Internacional de São Francisco, em 26 de junho de 1945
(Foto: AFP)
 Declaração da Virgínia (1776)
 Declaração dos Direitos do Homem do Cidadão (França - 1789)
- Direitos da Liberdade - Igualdade – Segurança – Propriedade -
Direitos de votar (homens) - Direitos individuais
O princípio do satyagraha, frequentemente traduzido como "o caminho da verdade" ou "a busca da verdade",
também inspirou gerações de ativistasdemocráticos e anti-racismo, incluindo Martin Luther King
Jr. e Nelson Mandela. Freqüentemente Gandhi afirmava a simplicidade de seus valores, derivados da
crença tradicional hindu: verdade (satya) e não-violência (ahimsa). (1869-1948)
2 CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DOS DIREITOS
HUMANOS A PARTIR DA DECLARAÇÃO UNIVERSAL
DOS DIREITOS HUMANOS

CONSTRUÇÃO AXIOLÓGICA - fruto da nossa história


(passado e presente) - espaço simbólico de luta e ação
social.
A CONCEPÇÃO CONTEMPORÂNEA DE DIREITOS
HUMANOS
Declaração Universal dos Direitos Humanos de 1948 e
reiterada pela Declaração de Direitos Humanos de Viena
de 1993
ORIGEM: fruto do movimento de internacionalização dos
direitos humanos - a partir do pós-guerra, como resposta
às atrocidades e aos horrores cometidos durante o
nazismo.
No dia 28 de agosto
de 1963, Martin
Luther King foi o
último a discursar no
evento conhecido
como Marcha de
Washington pelo
Trabalho e pela
Liberdade. Ele
1929-1968
defendeu a igualdade
de direitos para todos
diante de cerca de
250 mil pessoas.
DISCUSSÃO SOBRE O PAPEL DO ESTADO DEMOCRÁTICO

Norberto Bobbio, “sem direitos do homem reconhecidos e


protegidos não há democracia; sem democracia não existem as
condições mínimas para a solução pacífica de conflitos”.
Flávia Piovesan, a concepção contemporânea de direitos
humanos “unidade indivisível, interdependente e inter-
relacionada, na qual os valores da igualdade e liberdade se
conjugam e se completam”.
DISCUSSÃO SOBRE O PAPEL DO ESTADO DEMOCRÁTICO

Por sua vez, esta concepção inovadora aponta duas


importantes consequências:
revisão da noção tradicional de soberania absoluta do
Estado, que passa a sofrer um processo de
relativização, na medida em que são admitidas
intervenções no plano nacional em prol da proteção
dos direitos humanos; isto é, transita-se de uma
concepção “hobbesiana” de soberania centrada no
Estado para uma concepção “kantiana” de soberania
centrada na cidadania universal
Celso LAFER, na leitura de Flávia PIOVESAN e na
cristalização da ideia de que o indivíduo deve ter
direitos protegidos na esfera internacional, na condição
de sujeito de Direito.
DISCUSSÃO SOBRE O PAPEL DO
ESTADO DEMOCRÁTICO

DIREITOS HUMANOS
“são um conjunto mínimo de direitos
necessário para assegurar uma vida do ser
humano baseada na liberdade e na
dignidade” (...) “hoje são considerados
direitos humanos todos os direitos
fundamentais, assim denominados por
convenções internacionais ou por normas
não convencionais, quer o conteúdo dos
mesmos seja de primeira, segunda ou
terceira geração”. (ANDRÉ DE CARVALHO RAMOS)
O Estado democrático de direito é um
conceito que designa qualquer Estado que
se aplica a garantir o respeito das
liberdades civis, ou seja, o respeito pelos
direitos humanos e pelas garantias
fundamentais, através do estabelecimento
de uma proteção jurídica. Em um estado
de direito, as próprias autoridades
políticas estão sujeitas ao respeito das
regras de direito.
A Concepção contemporânea de direitos humanos, a qual é
marcada pela

universalidade - possui extensão universal, pois basta possuir condição


de pessoa para ser titular de direitos. Portanto, o ser humano é visto
como um ser essencialmente moral com unicidade existencial e
dignidade.

◦ A proteção internacional dos direitos humanos tem como


objetivo: a proteção ao indivíduo sem se preocupar com a sua
nacionalidade ou com o país de sua origem.

◦ O processo de universalização dos direitos humanos permitiu a


formação de um sistema internacional de proteção destes direitos, o qual
é composto por tratados internacionais de proteção que refletem a
consciência ética contemporânea compartilhada pelos Estados, levando
em consideração que instituem um consenso internacional acerca de
temas centrais de direitos humanos com o objetivo de salvaguardar
parâmetros protetivos mínimos, o chamado “mínimo ético irredutível”
concepção contemporânea de
direitos humanos, a qual é marcada pela

2) Indivisibilidade: tendo em vista que a


garantia dos direitos civis e políticos é condição
para a observância dos direitos sociais,
econômicos e culturais e vice-versa. Dessa
maneira, quando um deles é violado, os demais
também o são. Dessa forma, os direitos
humanos são vistos como uma unidade
indivisível, interdependente e inter-relacionada,
capaz de conjugar o catálogo de direitos civis e
políticos ao catálogo de direitos sociais,
econômicos e culturais.
Pode-se afirmar, portanto, que num
contexto global, a proteção dos direitos
humanos torna-se essencial para a
convivência dos povos na comunidade
internacional, a qual é alcançada pela
afirmação dos direitos humanos como
agenda comum mundial, levando os
Estados a estabelecerem projetos comuns,
e, assim, poder superar as animosidades
geradas pelas crises políticas e
econômicas.
CARACTERÍSTICAS DA CONCEPÇÃO
CONTEMPORÂNEA DE DIREITOS HUMANOS
(Flávia Piovesan)

Processos de universalização e
internacionalização destes direitos,
compreendidos sob o prisma de sua
indivisibilidade”
Dessa maneira, os Estados têm a obrigação legal de
promover e respeitar os direitos e liberdades
fundamentais, não se limitando à sua jurisdição
reservada.
A intervenção da comunidade internacional deve ser
aceita de forma subsidiária em face da emergência
de uma cultura global que objetiva fixar padrões
mínimos de proteção dos direitos humanos.
O Conselho Econômico e Social das Nações Unidas (16 de
fevereiro de 1946), estabeleceu que ao ser criada a
Comissão de Direitos Humanos os seus trabalhos se
desenvolveriam em três etapas:

1ª) era necessário elaborar uma declaração de direitos


humanos, de acordo com o disposto no artigo 55 da Carta das
Nações Unidas
2ª) Em seguida, deveria ser produzido “um documento
juridicamente mais vinculante do que uma mera declaração”,
ou seja, um tratado ou convenção internacional e;
3ª) E, finalmente, era preciso criar “uma maquinaria adequada
para assegurar o respeito aos direitos humanos e tratar os
casos de sua violação”.
A primeira etapa foi concluída pela Comissão de
Direitos Humanos em 18 de junho de 1948, com
um projeto de Declaração Universal de Direitos
Humanos, aprovado pela Assembleia Geral das
Nações Unidas em 10 de dezembro do mesmo
ano.
Já a segunda etapa somente se completou em
1966, com a aprovação de dois pactos, um sobre
direitos civis e políticos, e outro sobre direitos
econômicos, sociais e culturais.
E com relação à terceira etapa, ainda não foi
completada.
A EXISTÊNCIA DE UMA NORMATIVIDADE
INTERNACIONAL SOBRE OS DIREITOS HUMANOS

a lógica da supremacia
do indivíduo, como ideal
do direito internacional e
a lógica realista, da
busca da convivência e
cooperação pacífica
entre os povos, capaz de
ser encontrada através do
diálogo na proteção de
direitos humanos.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos
• Sistema de normas, procedimentos e instituições internacional
desenvolvidos para executar esta concepção e promover o
respeito dos direitos humanos em todos os países, portanto, no
âmbito mundial.

Alguns anos depois, foram adotados dois Pactos


Internacionais pela Assembleia Geral da ONU e postos à
disposição dos Estados para ratificação, são eles:
O Pacto Internacional de Direitos Civis e Políticos (aprovado em
1966 e entrou em vigor em 23 de março de 1976)
Completado por dois protocolos facultativos, um deles instituiu o
direito de petição individual que entrou em vigor dia 23 de março
de 1976 e o outro vedou a pena de morte que entrou em vigor 11
de julho de 1991.
Pacto Internacional de Direitos Econômicos, Sociais e
Culturais, o qual foi aprovado em 1966 e entrou em vigor em 3 de
janeiro de 1976.
Esse conjunto de documentos expedidos pela ONU recebe o nome de
Carta Internacional dos Direitos Humanos devido à origem
comum, o caráter dito universal e a abrangência das espécies de
direitos mencionados nos textos.
Manifestantes dos direitos humanos com máscaras em Cebu, Filipinas, no Dia dos Direitos Humanos, 10 de dezembro de 2006 (© Eugene Hoshiko/AP Images)
reconhecida pela comunidade internacional e
A Declaração Universal dos baseada na dignidade e na igualdade de todos
os membros da família humana tem o grande
Direitos Humanos mérito de ser o primeiro instrumento legal a
reunir um conjunto de princípios que
incorporam os direitos e a liberdade do ser
humano. Desde sua adoção, a Declaração
serve como modelo para instituições
nacionais, leis, políticas e prática de governos
que protegem os direitos humanos. Tem
instrumentos para prover inúmeros pontos de
referência a tribunais internacionais,
parlamentos, governos, advogados e
instituições não governamentais. Muitos
desses instrumentos tornaram-se parte do
direito internacional comum, unindo assim
todos os Estados, quer sejam signatários de
convenções multilaterais de direitos humanos.
Assim, o que começou como uma
proclamação, não exatamente de união, de
direitos humanos e liberdade tem, pelo menos
em certos aspectos, adquirido, por meio de
práticas do Estado, o status de lei universal.
Kofi ANNAN
A Declaração dos Direitos Humanos
Representa a culminância de um processo ético iniciado com: Declaração de
Independência dos Estados Unidos, Declaração dos Direitos do Homem e do
Cidadão e a Revolução Francesa
Não apresenta força de lei
natureza jurídica vinculante
Influente instrumento jurídico e político do século XX
Princípio geral do direito internacional
Código de atuação e de conduta para os Estados integrantes da comunidade
internacional
A Declaração dos Direitos Humanos
Exerce impacto nas ordens jurídicas nacionais, na medida
em que os direitos nela previstos têm sido incorporados por
Constituições nacionais
Fonte para decisões judiciais nacionais (quando necessário)
Amplitude, pois compreende um conjunto de direitos e
faculdades sem as quais um ser humano não pode
desenvolver sua personalidade física, moral e intelectual
Universalidade, tendo em vista que é aplicável a todas as
pessoas de todos os países, raças, religiões e sexos, seja
qual for o regime político dos territórios no quais incide.
Ordem pública mundial fundada no respeito à dignidade
humana, ao consagrar valores básicos universais. (FLÁVIA
PIOVESAN)
Com a declaração de 1948, tem início uma terceira e última
fase, na qual a afirmação de direitos é, ao mesmo tempo,
universal e positiva:
universal no sentido de que os destinatários dos princípios nela
contidos não são apenas os cidadãos deste ou daquele Estado, mas
todos os homens;
positiva no sentido de que põe em movimento um processo cujo final
os direitos do homem deverão ser não mais apenas proclamados ou
apenas idealmente reconhecidos, porém efetivamente protegidos até
mesmo contra o próprio Estado que os tenha violado.(NORBERTO
BOBBIO)
OS LIMITES DA DECLARAÇÃO
“A Declaração de 1948 vem, desta forma, consolidar uma
„ética universal‟, na medida em que consagra „um consenso
sobre valores de cunho universal a serem seguidos pelos
Estados‟” (Flávia PIOVESAN complementa, na leitura de
Marco Antônio GUIMARÃES).
Todavia, é possível destacar o fato de que apesar dos
princípios e objetivos dos direitos fundamentais estarem
positivados em documentos próprios, não há uma forma
efetiva de controle e de punição no caso de
descumprimento, o que permite aos países infringirem tais
normas, tendo em vista que não serão punidos,
caracterizando assim um dos motivos que não estimulam a
preocupação e cumprimento dos dizeres relacionados a tais
documentos.
3. CONCEPÇÃO PÓS-CONTEMPORÂNEA DOS DIREITOS
HUMANOS INAUGURADA PELA DECLARAÇÃO DE VIENA

CARACTERÍSTICAS PRINCIPAIS DA DECLARAÇÃO


UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS (1948)
indivisibilidade que trata dos direitos relacionados ao
homem como um todo e a
universalidade, tendo em vista que tais direitos são
inerentes a qualquer ser humano.
Aprovada como resolução pela Assembleia Geral, tal
Declaração, possui, portanto, natureza jurídica de
resolução sem forma cogente no âmbito internacional.
Comissão de Direitos
Humanos - criação de um
documento que conferisse maior
efetividade aos princípios
definidos na Declaração
Universal dos Direitos Humanos
de 1948 no âmbito internacional.
A promulgação da Declaração
Universal dos Direitos
Humanos de 1948 – Viena
(1993) - Conferência Mundial
sobre Direitos Humanos, sob o
sistema da Organização das
Nações Unidas, na qual mais de
180 dos Estados-membros
presentes reafirmaram os termos
universais da Declaração dos
Direitos do Homem.
A Declaração de Viena, em
seu § 5°, afirma que: “todos os
direitos humanos são universais,
interdependentes e inter-
relacionados”.
A DECLARAÇÃO DE VIENA

No seu preâmbulo, a Declaração de Viena consagra as posições de princípio, como o


compromisso, sob os artigos 55 e 56 da Carta das Nações Unidas:
a Declaração Universal e os dois Pactos de Direitos Humanos, de tomar medidas para
assegurar maior progresso na observância universal dos direitos humanos, derivados
estes da dignidade e do valor inerentes da pessoa humana.
Ainda, invoca “o espírito de nossa época e as realidades de nosso tempo” a requererem
que todos os povos do mundo e os Estados-membros das Nações Unidas “se
redediquem à tarefa global” de promover e proteger todos os direitos humanos de modo
a assegurar-lhes gozo pleno e universal.
destaca o processo dinâmico e evolutivo da codificação dos instrumentos de direitos
humanos, que requer a pronta “ratificação universal” dos tratados de direitos humanos,
sem reservas e
reclama um maior fortalecimento da inter-relação entre democracia,
desenvolvimento e direitos humanos em todo o mundo, advogando a proteção universal
destes últimos sem imposição de condições.
A DECLARAÇÃO DE VIENA

A Declaração de Viena de 1993 exigiu da comunidade internacional, “ter em mente” particularidades


históricas, religiosas, nacionais e regionais na implementação dos direitos humanos universais.
Todo indivíduo humano, todo grupo humano, toda nação, todo Estado é particular, e possui uma história
particular e um caráter particular. (MICHAEL FREEMAN)
O imperativo do respeito pela pessoa humana, que é a base da doutrina dos direitos universais, exige de nós
“ter em mente” que todo indivíduo humano vive em grupos sociais e nações, e dentro da jurisdição dos
Estados, quando as soluções para os problemas práticos de implementação dos princípios dos direitos
humanos em circunstâncias sociais reais são trabalhadas.
Flávia PIOVESAN demonstra um aspecto importante ao considerar que
A Declaração Universal, de 1948, foi adotada por voto, com abstenções, num foro então composto por apenas
56 países, e se levarmos em conta que a Declaração de Viena é consensual, envolvendo 171 Estados, a maioria
dos quais eram colônias no final dos anos 40, entenderemos que foi em Viena, em 1993, que se logrou conferir
caráter efetivamente universal àquele primeiro grande documento internacional definidor dos direitos
humanos.
RESULTADO DA GLOBALIZAÇÃO DOS DIREITOS
DIREITOS DE 4ª FUNDAMENTAIS, NO SENTIDO DE UMA
GERAÇÃO OU UNIVERSALIZAÇÃO NO PLANO INSTITUCIONAL, QUE
CORRESPONDE, À FASE DE INSTITUCIONALIZAÇÃO
(4ª DIMENSÃO) DO ESTADO SOCIAL
DIREITOS À VIDA • DIREITOS A UMA VIDA SAUDÁVEL E EM
DIMENSÃO HARMONIA COM A NATUREZA
PLANETÁRIA • DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL
• BIOÉTICA
• DIREITOS A UMA VIDA
SAUDÁVEL, EM
•MANIPULAÇÃO GENÉTICA
HARMONIA COM A
NATUREZA
•BIOTECNOLOGIA E
• PRINCÍPIOS BIOENGENHARIA
AMBIENTAIS E DE
DESENVOLVIMENTO •DIREITOS ADVINDOS DA
SUSTENTÁVEL REALIDADE VIRTUAL
• CARTA DA TERRA OU
DECLARAÇÃO DO RIO
(1992)
DIREITO INTERNACIONAL DOS DIREITOS HUMANOS

Direito Internacional Humanitário e o Direito Internacional dos Refugiados.


Na última década, constatou-se uma crescente preocupação da comunidade internacional
com as condições de vida em todos os países, e, por conseguinte, com a interação entre:
direitos humanos, democracia e desenvolvimento, conforme se depreende das seguintes
Conferências Mundiais das Nações Unidas realizadas:
a) Meio Ambiente e Desenvolvimento, Rio de Janeiro, 1992;
b) Direitos Humanos, Viena, 1993;
c) População e Desenvolvimento, Cairo, 1994;
d) Desenvolvimento Social, Copenhague, 1995;
e) Mulher, Beijing, 1995; e
f) Assentamentos Humanos, Istambul, 1996.
O Direito Internacional dos Direitos Humanos sustenta que o homem é sujeito tanto do
direito interno quanto do direito internacional, possuindo, em ambos casos, personalidade
e capacidade jurídica próprias.
Juntamente com a Declaração Universal de 1948, os
Pactos Internacionais de 1966 compõem a Carta
Internacional dos Direitos Humanos, ou International Bill
of Rights, que, por sua vez, inaugura o sistema global de
proteção desses direitos, ao lado do qual já se
vislumbravam os contornos dos sistemas regionais de
proteção: europeu, interamericano e africano.
OS TRATADOS INTERNACIONAIS MAIS IMPORTANTES DO
SISTEMA GLOBAL DE PROTEÇÃO DOS DIREITOS HUMANOS

O Pacto Internacional dos Direitos Civis e Políticos (1976)

O Pacto Internacional dos Direitos Econômicos, Sociais e Culturais (1976)

OUTRAS CONVENÇÕES INTERNACIONAIS DE DIREITOS HUMANOS

1 Convenção Internacional sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação Racial – 1965

2 Convenção sobre a Eliminação de todas as formas de Discriminação contra a Mulher – 1979

3 Convenção contra a Tortura e outros Tratamentos ou Penas Cruéis, Desumanas ou


Degradantes – 1984

4 Convenção sobre os Direitos da Criança - 1989

5 Tribunal Internacional Criminal Permanente e a Convenção para a Prevenção e Repressão do


Crime de Genocídio – 1948

Em 1998, na Conferência de Roma, foi aprovado o Estatuto do Tribunal Internacional Criminal Permanente,
de caráter independente e vinculado ao sistema das Nações Unidas, com sede em Haia, na Holanda.

Convenção Americana de Direitos Humanos (Pacto de San José da Costa Rica – 1969/1978)

Comissão Interamericana de Direitos Humanos - 1948.

Corte Interamericana - 1998


Ex-secretários-gerais das Nações Unidas

Ban Ki-moon (Coreia) – 2007 da República da Coreia, oitavo Secretário-Geral das Nações Unidas, traz
para o cargo 37 anos de experiência adquirida ao longo de uma carreira notável no Governo e na cena mundial. As
relações do Sr. Ban com a Organização das Nações Unidas remontam a 1975, quando foi funcionário da Divisão das
Nações Unidas do Ministério dos Negócios Estrangeiros do seu país. Em 2001-2002, como Chefe de Gabinete do
Presidente da Assembleia Geral, facilitou a rápida adopção da primeira resolução da sessão, que condenou os atentados
terroristas de 11 de Setembro, e tomou algumas iniciativas que visavam melhorar o funcionamento da Assembleia. Em
Setembro de 2005, na qualidade de Ministro dos Negócios Estrangeiros, desempenhou um papel preponderante na
consecução de um outro acordo histórico destinado a promover a paz e a estabilidade na Península da Coreia – a
adopção, quando das Conversações das Seis Partes, de uma declaração conjunta sobre a resolução da questão nuclear
norte-coreana.

Kofi Annan (Gana) – 1997/2006


Kofi Annan nasceu em Gana em 1937 e foi o sétimo secretário-geral das Nações Unidas. Annan ocupou o cargo por dez
anos, em dois mandatos consecutivos. Quando foi nomeado, ocupava o cargo de subsecretário-geral do Departamento de
Operações de Paz das Nações Unidas. Ele também foi representante especial do secretário-geral na antiga Iugoslávia e
enviado especial da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Antes de desempenhar estas funções, Annan serviu
às Nações Unidas em outros postos e dedicou mais de 30 anos de sua vida à Organização, trabalhando em lugares tão
diferentes como Addis Abeba (Etiópia), Cairo e Ismailia (Egito), Genebra (Suíça) e Nova York (Estados Unidos).

62
Ex-secretários-gerais das Nações Unidas

Boutros Boutros-Ghali (Egito) – 1992/1996


O egípcio Boutros Boutros-Ghali foi o sexto secretário-geral das Nações Unidas. Antes de ocupar o posto, foi vice-primeiro-
ministro de Relações Exteriores e anteriormente, ministro das Relações Exteriores de seu país. Ele também foi membro do
Parlamento egípcio e participou da secretaria do Partido Nacional Democrático em 1980. Até sua posse como secretário-geral
da ONU, foi também vice-presidente da Internacional Socialista. Durante quatro décadas, Boutros-Ghali participou de várias
reuniões sobre direito internacional, direitos humanos, desenvolvimento econômico e social, descolonização, a questão do
Oriente Médio, direito internacional humanitário, direitos das minorias étnicas e de outras minorias, sobre os não alinhados,
desenvolvimento na região do Mediterrâneo e sobre a cooperação afro-árabe. Em 1978, Boutros-Ghali participou da
negociação dos acordos de Camp David entre Egito e Israel, assinados em 1979.

Javier Pérez de Cuéllar (Peru) – 1982/1991


O secretário-geral Javier Pérez de Cuéllar serviu na função por dois mandatos consecutivos. Ele começou a trabalhar no
Ministério das Relações Exteriores do Peru em 1940 e iniciou sua carreira diplomática em 1944, servindo nas embaixadas do
Peru na França, Reino Unido, Bolívia, União Soviética, Suíça, Polônia, Venezuela e Brasil. Na ONU, foi membro da delegação
peruana na primeira sessão da Assembléia Geral, em 1946 e, durante quase uma década, representante permanente do Peru
nas Nações Unidas, respondendo pelo país também no Conselho de Segurança. Foi, ainda, representante especial do
secretário-geral no Chipre, subsecretário-geral da ONU para Assuntos Políticos Especiais e representante pessoal do secretário-
geral para o Afeganistão.

63
Ex-secretários-gerais das Nações Unidas

Kurt Waldheim (Áustria) – 1972/1981


Kurt Waldheim foi o quarto secretário-geral da ONU e também ocupou o cargo durante dez anos. Waldheim iniciou sua
carreira diplomática na Áustria em 1945 quando foi chefe do Departamento Pessoal do Ministério de Relações Exteriores e
Observador Permanente das Nações Unidas para a Áustria. Mais tarde tornou-se chefe da missão austríaca, quando a Áustria
foi admitida na ONU. Waldheim foi representante permanente da Áustria na ONU e presidente do Comitê sobre Usos
Pacíficos do Espaço Sideral e ocupou o posto de ministro das Relações Exteriores da Áustria. Depois de deixar o Governo, foi
eleito, por unanimidade, presidente do Comitê de Salvaguarda da Agência Internacional de Energia Atômica, e tornou-se
representante permanente da Áustria na ONU, cargo que manteve até ser eleito secretário-geral da ONU.

U Thant (Mianmar) – 1961/1971


U Thant foi escolhido para liderar o organismo internacional quando o secretário-geral Dag Hammarskjöld morreu durante um
acidente aéreo em setembro de 1961. Antes de ser eleito para o cargo, ocupou diversos postos na área de educação e foi
diretor de imprensa do Governo da Birmânia (hoje Mianmar) e secretário para o Governo da Birmânia no Ministério da
Informação. Na época de sua nomeação como secretário-geral interino das Nações Unidas, U Thant era representante
permanente da Birmânia nas Nações Unidas, com o status de embaixador. Durante sua carreira diplomática, U Thant serviu
várias vezes como conselheiro de primeiros-ministros da Birmânia.

64
Ex-secretários-gerais das Nações Unidas

Dag Hammarskjöld (Suécia) – 1953/1961


Dag Hjalmar Agne Carl Hammarskjöld foi o segundo secretário-geral da ONU e ficou no cargo entre abril de 1953 e setembro de
1961, quando morreu num acidente aéreo perto da fronteira da República Democrática do Congo com a Rodésia do Norte
(atual Zâmbia), durante um esforço de paz na região. Antes de iniciar sua carreira na ONU, foi conselheiro do Gabinete de
Problemas Econômicos e Financeiros e trabalhou no Ministério das Relações Exteriores da Suécia, onde era subsecretário
responsável por todas as questões econômicas, tornando-se vice-ministro das Relações Exteriores. Foi também delegado da
Conferência de Paris, em 1947, quando o Plano Marshall foi estabelecido. Foi vice-presidente da delegação sueca na Sexta
Sessão da Assembleia Geral da ONU em Paris, e presidente interino da delegação de seu país na Sétima Assembleia Geral em
Nova York.

Trygve Halvdan Lie (Noruega) – 1946/1952


Trygve Halvdan Lie foi o primeiro secretário-geral das Nações Unidas, cargo que ocupou de 1946 até 1952, quando deixou o
cargo. Na sua juventude, foi secretário nacional do Partido Trabalhista, ministro da Justiça, ministro de Comércio e Indústrias e
ministro de Abastecimento e Navegação de seu país. Durante a II Guerra Mundial, foi ministro das Relações Exteriores da
Noruega, cargo que ocupou diversas vezes. Lie liderou a delegação da Noruega na Conferência das Nações Unidas sobre
Organização Internacional em São Francisco, em abril de 1945, e foi eleito presidente da Comissão que elaborou as provisões do
Conselho de Segurança na Carta. Ele também foi presidente da delegação da Noruega na Assembleia Geral da ONU em Londres,
em janeiro de 1946.

65
Mensagem do Secretário-Geral para o Dia dos Direitos Humanos, 10 de dezembro de 2015
No meio de atrocidades em grande escala e abusos generalizados em todo o mundo, o Dia dos Direitos
Humanos deve reunir uma ação global mais concertada para promover os princípios intemporais que nos
comprometemos a salvaguardar.

No ano que assinala o 70º aniversário das Nações Unidas, podemos inspirarmo-nos na história do movimento
moderno dos direitos humanos, que emergiu da Segunda Guerra Mundial.

Nessa altura, o Presidente dos Estados Unidos da América, Franklin D. Roosevelt, identificou quatro liberdades
básicas que são direitos inatos de todas as pessoas: liberdade de expressão, liberdade de culto, liberdade de
viver sem carências e a liberdade de viver sem medo. A sua esposa, Eleanor Roosevelt, uniu forças nas Nações
Unidas com os campões dos direitos humanos de todo o mundo para consagrar a Declaração Universal dos
Direitos Humanos.

Os desafios extraordinários da atualidade podem ser analisados - e resolvidos- através da perspetiva destas
quatro liberdades.

PRIMEIRO: A liberdade de expressão, que é negada a milhões de pessoas e que está cada vez mais sob ameaça.
Temos de defender, preservar e expandir as práticas democráticas e o espaço para a sociedade civil. Isto é
essencial para uma estabilidade duradoura.

SEGUNDO: A liberdade religiosa. Em todo o mundo, terroristas usam a religião, traindo o espírito desta, para
matar em seu nome. Outros perseguem minorias religiosas e exploram o medo para ganhos políticos. Em
resposta, temos de promover o respeito pela diversidade com base na igualdade fundamental de todas as
pessoas e o direito à liberdade religiosa.

TERCEIRO: A liberdade de viver sem carências ainda assola uma grande parte da Humanidade. Os líderes
mundiais adotaram, em setembro, a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável com o objetivo de
erradicar a pobreza e permitir que todas as pessoas vivam em dignidade num planeta pacífico e saudável. Agora
temos de fazer o máximo possível para concretizar esta visão.

QUARTO: A liberdade de viver sem medo. Milhões de refugiados e pessoas internamente deslocadas são o
produto trágico da falha em cumprir esta liberdade. Desde a Segunda Guerra Mundial que o número de pessoas
forçadas a deixarem as suas casas não era tão grande. Estas pessoas fogem da guerra, violência e injustiça,
percorrendo continentes e atravessando oceanos, muitas vezes arriscando as suas vidas. Em resposta, não
podemos fechar as portas, mas sim abri-las e garantir o direito de todos à requesição de asilo, sem
discriminação. Os migrantes que tentam escapar da pobreza e da falta de esperança também devem usufruir
dos seus direitos humanos fundamentais.

Hoje reafirmamos o nosso compromisso em proteger os direitos humanos enquanto base do nosso trabalho.
Este é o espirito da Inicitiava da ONU “Human Rights up Front” que visa prevenir e responder a violações destes
direitos em grande escala.

66
Referências
BRASIL. Constituição 1988. Brasília: Senado, 1988.
_________. Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Plano Nacional de Educação em Direitos Humanos: 2006/ Comitê Nacional de Educação em Direitos Humanos. Brasília:
Secretaria Especial dos Direitos Humanos, Ministério da Educação, Ministério da Justiça, UNESCO, 2006. 56 p.
_________. Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.
Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH -3)/Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidência da República.
Brasília: SEDH/PR, 2010.
BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Rio de Janeiro: Campus, 1992.
CANÇADO TRINDADE, A. A. Para um relato da elaboração da Declaração e Programa da Ação de Viena. “Balanço dos
Resultados da Conferência Mundial dos Direitos Humanos: Viena, 1993”.
Revista Brasileira de Política Internacional n. 36, 1993, pp. 9-27.
CANDAU, Vera Maria. Experiências de Educação em Direitos Humanos na América Latina: o caso brasileiro. Rio de Janeiro,
Cadernos Novamérica n. 10, 2001.
DECLARAÇÃO UNIVERSAL DOS DIREITOS HUMANOS. In: COMPARATO, Fábio Konder. Afirmação Histórica dos Direitos
Humanos. São Paulo: Saraiva, 2003.
SACAVINO, Susana. Direitos Humanos à educação no Brasil: uma conquista para todos/ as?. In: SILVEIRA, Rosa Maria
Godoy; DIAS, Adelaide Alves; FERREIRA, Lúcia de Fátima G.; FEITOSA, Maria Luíza P. A. M.; ZENAIDE, Maria de Nazaré T.
(Orgs.). Educação em Direitos Humanos: fundamentos metodológicos. João Pessoa: Editora Universária, 2007.
SARMENTO, George. As gerações dos direitos humanos e os desafios da efetividade. Disponível em: . Acesso em: out.
2013.

Você também pode gostar