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Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |

Da Ressocialização do Apenado

DISCIPLINA
SOCIOLOGIA E OS ASPECTOS DA
SEGURANÇA PÚBLICA

CONTEÚDO

Ressocialização do Apenado
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Da Ressocialização do Apenado

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Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Da Ressocialização do Apenado ----------------------------------------------------------------------- 4
1.1 Papel do Agente Penitenciário na Ressocialização ------------------------------------------------------------- 6
1.2 Lei de Execução Penal--------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
1.3 Educação e Cultura ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
1.4 Trabalho ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 13

2 Assistência Social para Reintegração --------------------------------------------------------------- 15


2.1 Aspectos Negativos da Falta de Ressocialização -------------------------------------------------------------- 16

3 Exemplo Prático de Modelo de Ressocialização-------------------------------------------------- 17


4 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 18
5 Referências Bibliográficas ------------------------------------------------------------------------------ 19

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1 Da Ressocialização do Apenado
Para que o apenado possa ser devidamente reintegrado na sociedade, é necessário
que haja preparação para a vida em sociedade, que lhe sejam transmitidos valores
sociais e conscientização da importância do trabalho e da educação. Assim, a proposta
de ressocialização do apenado envolve tentar compreender as razões que o levaram
a cometer o delito e conceder-lhe o apoio e as oportunidades necessárias para
reintegrá-lo a sociedade, para que ele possa ser conduzido à mudança, e reconstruir
a sua moral e a sua vida com dignidade após deixar o sistema prisional.

Foucault, já em 1975, observava o caráter corrompido do sistema prisional da época,


não muito distante do que observamos em algumas instituições atuais. Segundo
relata, ao citar pensadores do século XIX – Ch. Lucas (1836); F. Bigot Préameneu (1819);
e o jornal La Fraternité (1842):

A prisão não pode deixar de fabricar delinquentes. Fabrica-os pelo tipo de vida que os reclusos
são obrigados a levar: quer estejam isolados nas celas, quer lhes seja imposto um trabalho
inútil, para os quais não encontrarão emprego, é, de qualquer modo, não “pensar no homem
em sociedade; é criar uma existência contranatura inútil e perigosa”; [...] A prisão fabrica
também delinquentes ao impor constrangimentos violentos aos reclusos; destina-se a aplicar
as leis e a ensinar o respeito por estas; ora, todo o seu funcionamento se desenrola segundo
o modo do abuso de poder. Arbitrariedade da administração: ”O sentimento de injustiça que
um prisioneiro sofre é uma das causas que mais lhe podem tornar indomável o caráter. Quando
se vê assim vítima de sofrimentos que a lei não ordenou nem previu, entra num estado habitual
de ira contra tudo aquilo que o rodeia; em todos os agentes de autoridade, só vê carrascos; já
não acredita ter sido culpado: acusa a própria justiça” (FOUCAULT, 2013).

Corrobora o pensamento atual do jurista Guilherme Nucci (2018), que afirma que
“quem entra no sistema carcerário, hoje, em muitos Estados, trilha um caminho repleto
de ilegalidades, praticados pelo próprio poder público – o maior fomentador da
“faculdade do crime” –, retornando ao convívio social muito pior do que quando
ingressou.”

Nesse sentido, vemos que o problema do encarceramento em massa, da superlotação


das prisões não é o único fator que deve ser debatido no intento de solucionar um
problema que vai além do número de pessoas presas no mesmo estabelecimento,

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pois como discorre Foucault, ‘”a prisão torna possível, ou melhor, favorece a
organização de um meio de delinquentes, solidários entre si, hierarquizados, dispostos
a todas as cumplicidades futuras”, nesse sentido a associação de um número muito
grande de condenados faria da prisão um “clube antissocial” que promove a educação
para o crime do jovem que cumpre sua primeira pena.

O primeiro desejo que nele vai nascer será aprender com os habilidosos como escapar aos
rigores da lei; a primeira lição decorrerá da lógica estrita dos ladrões, que os leva a verem a
sociedade como uma inimiga; a primeira moral será a delação, a espionagem honrada nas
nossas prisões; a primeira paixão que nele se excita irá assustar a jovem natureza por aquelas
monstruosidades que terão nascido nos calabouços e que a pena se recusa a nomear (…).
Rompeu, agora, com tudo o que o ligava à sociedade (L’Almanach populaire de la France, 1839).

Além deste fator, além da implementação de políticas de segurança pública, além de


investimentos para garantia dos direitos fundamentais do cidadão, do acesso concreto
à saúde, educação, saneamento básico, trabalho e dignidade, são necessárias ações
que possibilitem ao apenado descobrir uma forma diferente de viver daquela que o
levou a praticar o delito, educação e condições que forneçam a ele o retorno a
sociedade.

Conforme explica Jock Young, é equivocado pensar a sociedade como uma estrutura
simples, pois é, na verdade, uma “entidade interativa complexa em que toda a
intervenção social particular só pode ter um efeito limitado em outros eventos sociais,
e o cálculo desse efeito é sempre difícil”. Isso significa dizer que são diversos os fatores
que afetam a taxa de criminalidade, por exemplo, “pelos níveis de controle informal
na comunidade, por padrões de emprego, tipos d educação infantil, o clima cultural,
moral e político, o nível de crime organizado, os padrões de uso de drogas ilícitas”,
entre outros. Além disso, cada fator pode ser percebido e transformado no tempo
pela interpretação humana, por exemplo, a mesma sentença para determinado crime
pode ser entendida como justa por uns e ao mesmo injusta por outros, que poderão
usar esse fator como um gatilho de ressentimento contra a sociedade e,
consequentemente à vingança contra a sociedade que o puniu. Percebemos essa
correlação em diversos níveis da sociedade.

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1.1 Papel do Agente Penitenciário na Ressocialização

Existe um papel fundamental do Estado e dos agentes penitenciários por meio dos
quais o interesse do Estado é perseguido nesse processo de ressocialização. A
ressocialização só é viável quando encaminhamos para um tratamento digno do
indivíduo, quando o tratamos com respeito. A regeneração deve ser do corpo e do
espírito.

Anteriormente, vimos dentro da história do sistema penitenciário que a prisão deixou


de ser um meio e passou a ser a própria pena. Antes, o condenado era emprisionado
enquanto aguardava a sua condenação, que podia ser o enforcamento, a guilhotina,
o açoite em praça pública, entre outras penas cruéis. Ou seja, a prisão era um lugar
temporário, transitório; hoje o indivíduo vai para a prisão com uma finalidade, o
encarceramento é a própria pena. A finalidade primordial é retirá-lo de circulação por
ter feito algo que ameaça a ordem social e, em segundo lugar, para que ele possa
receber amparo para que aceite a punição e não saia dessa reclusão nutrido pela
vontade de se vingar da sociedade que o colocou lá e volte para as vias que o levaram
ao cárcere em primeiro lugar.

Conforme a Resolução 3027/04-SEAP, ao agente penitenciário cabe, primeiramente,


“efetuar a segurança da Unidade Penal em que atua, mantendo a disciplina. Vigiar,
fiscalizar, inspecionar, revistar e acompanhar os presos ou internados, zelando pela
ordem e segurança deles, bem como da Unidade Penal.” Dentre outras atribuições
que garantem a segurança, da Unidade Penal e dos presos, constam também as de
ressocialização, tais como, participar das propostas para definir a individualização da
pena e tratamento objetivando a adaptação do preso e a reinserção social e atuar
como agente garantidor dos direitos do preso, prestando assistência e
encaminhando-os, sempre que necessário, para atendimento nos diversos setores.

Contudo, a forma como os agentes penitenciários entendem a ressocialização é


elemento essencial para conduzir um ambiente que a propicie. Conforme mostra
Bernardes (2021), em pesquisa sobre a ressocialização de reeducandos de Santa
Catarina, na qual entrevistou 18 agentes do sistema penitenciário do Estado, que, “a
primeira percepção que se apresenta, muito pincelada pelos entrevistados, foi a de

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que a ressocialização significa a reinserção do preso à sociedade, isso traz um


pensamento mais amplo sobre o caminho até a conclusão desse processo” (p. 105).

O autor destaca, retomando Barqueiro (2017), entretanto, que por definição, o termo
ressocialização significa “inserção em sociedade”, “voltar a pertencer, a fazer parte de
uma sociedade” ou “tornar a socializar-se”. Mas os termos “socialização” e “socializar”
e “social” têm significados distintos. “Socialização é um ato de pôr em sociedade, já
socializar é tornar social, socializar e social significa da sociedade ou relativo a ela”.
Assim, “Pode-se depreender do termo “socializar” como uma tentativa de corrigir um
criminoso que praticou um crime que rompe com o contrato social, o que o torna não
sociável”.

Além disso, estão presentes a ideia da “mudança do ser”, segundo a qual o sistema
prisional seria capaz de tornar o preso uma pessoa melhor, e a ideia de que isso
implicaria na não reincidência e, por fim, a necessidade de dar condições de trabalho,
educação e saúde a todos, pois muitas vezes os presos mostram interesse nessas
atividades, contudo não há vagas suficientes. Nesse sentido, os agentes penitenciários
demonstram compreender a ineficiência do sistema, a falta de infraestrutura e
condições que realmente propiciam a ressocialização.

Outro aspecto importante levantado nessa pesquisa diz respeito à consciência do


preconceito sofrido pelo egresso do sistema penal e a falta de políticas públicas de
apoio ao trabalho para o ex-detento.

O pesquisador conclui que todos os agentes entrevistados concordam com a


ressocialização e destacam fatores que interferem nesse processo e outros que podem
auxiliá-los na conquista dessa meta. No grupo de fatores que favorecem a
ressocialização destacam: a) educação; b) valores; c) controle de vícios (drogas); d)
engajamento por parte dos agentes, presos e da sociedade; e) políticas públicas de
estado; e f) estudos na área de ressocialização.

Já no grupo de fatores que interferem no processo de ressocialização destacam: a) o

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ambiente externo (local de moradia do preso); b) trabalho repetitivo; c) estrutura física


das unidades prisionais (condições para a ressocialização); d) falta de vontade por
parte do interno; e) facções criminosas; e f) preconceito social com os egressos.

Nesse sentido, o agente penitenciário exerce um papel fundamente no processo de


ressocialização, uma vez que “configuram em representantes do Estado no tratamento
direto com o reeducando”, além de serem os responsáveis por fazer acontecer as
políticas para o sistema prisional, efetuam todas as movimentações necessárias, “ele
tira o preso da cela e leva para a aula, ele leva o professor até à sala de aula, ele dá
segurança ao professor, ele cuida das oficinas de trabalho, dá segurança ao mestre de
oficina, ele cuida do detento nas áreas de trabalho”.

Contudo, é importante salientar que a garantia dos direitos dos agentes penitenciários
também é essencial para que esse processo se desenvolve eficazmente. Conforme
aponta Arlindo da Silva Lourenço (2010), ao fazer um relato sobre o mundo
profissional dos Agentes de Segurança Penitenciária, “de seu espaço de vida no
interior do cárcere”, retoma Edith Seligmann-Silva (1994) para explicar que

Algumas atividades humanas tipicamente reconhecidas como de trabalho, pela própria


natureza destas, trazem ou ensejam cargas psíquicas extremamente elevadas para os sujeitos
que as executam. Essas cargas psíquicas, em muito superior à capacidade particular de quem
trabalha em suportá-las, contribuem para a desorganização ou desajustes internos das
pessoas. Após um período determinado de exercício profissional em alguns ambientes
precarizados, perigosos e insalubres, os funcionários sucumbem à nocividade presente nas
tarefas e no ambiente profissional (LOURENÇO, 2010, p. 41).

O autor afirma que a atividade profissional exercida em instituições prisionais evolvem


fatores agravantes para a saúde dos agentes, tais como risco à vida ou à integridade
física; “permanente e intenso autocontrole emocional e elevada responsabilidade com
vidas humanas”; além de estarem constantemente lidando com situações de
“confinamento e tensas relações grupais, situações de controle e disciplina
rigidamente hierarquizadas e situações de intensa ambiguidade ou de dilemas
inconciliáveis: cuidar, tratar, regenerar e reeducar em oposição a punir, vigiar, castigar,
controlar e disciplinar outros seres humanos”.

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Assim, devemos considerar a posição do agente penitenciário também como parte


desse reduto de exclusão social e ver ser assegurado a eles remuneração adequada,
treinamento e formação continuada e, aqui, novamente, são necessárias políticas
públicas que melhorem as condições dos espaços prisionais, equipando-os com as
ambiências e ferramentas necessárias, salas de aula, oficinas de trabalhos, ventilação,
iluminação adequada para a ressocialização do apenado e para a garantia de que o
agente penitenciário poderá executar sua função em um ambiente tão insalubre.

Lourenço apresenta a seguinte conclusão em sua pesquisa, a qual deixamos para


reflexão:

[...] os Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) sofrem com a pena de reclusão, muito
embora não sejam eles os prisioneiros. Atrás dos muros ou das grades de uma prisão,
funcionários adoecem, ou morrem, de forma silenciosa e sem grandes alardes: transtornos de
humor e transtornos neuróticos, dificuldades para dormir ou respirar, frustração profissional,
alta insatisfação nas tarefas, dificuldades em manter um relacionamento conjugal satisfatório
e até mesmo suicídios. O espaço de vida do ASP no interior do cárcere é algo que limita as
possibilidades de desenvolvimento pessoa e de grupo” (LOURENÇO, 2010, p. 203).

1.2 Lei de Execução Penal

A Lei de Execução Penal também possui como parte integrando do seu escopo a
ressocialização do apenado, conforme destaca Vânia de Oliveira Sequeira elucida que:

A Lei de Execução Penal defende um tratamento prisional que deve propiciar a reeducação e
a ressocialização do preso. O sistema penal trabalha com a ideia da reabilitação do preso; esse
é o discurso oficial que legitima o aprisionamento. Acredito que precisemos discutir essas
concepções e suas raízes ideológicas, porque a reinserção por meio da exclusão é uma
incoerência a ser decifrada, já que não acredito que a prisão seja um fracasso (SEQUEIRA, 2006,
p. 01).

Nesse sentido, a Lei de Execução Penal – LEP também é um instrumento de preparação


para o retorno do recluso ao convívio social, conforme dispõe o art. 1º “a execução
penal tem por objetivo efetivar as disposições de sentença ou decisão criminal e
proporcionar condições para a harmônica integração social do condenado e do
interno”. Contudo, é necessário que a sociedade entenda que o cumprimento da lei

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não é apenas para benefício do condenado, mas para a toda sociedade que vai
receber o egresso.

A orientação proveniente da Lei de Execução Penal - LEP é de reintegração do


indivíduo à vida em liberdade, o que envolve, se necessário, prover alojamento e
alimentação ao egresso, em estabelecimento adequado, pelo prazo de dois meses,
podendo ser esse prazo prorrogado uma única vez, comprovada a necessidade por
declaração social de empenho na obtenção de emprego. Assim considerado “o
liberado definitivo, pelo prazo de 1 ano a contar da saída do estabelecimento; e o
liberado condicional, durante o período de prova”.

Essa garantia é muito importante para reintegração, para o amparo, para que se cuide
do indivíduo certificando-se de que fique em local específico e adequado enquanto
procura emprego e que tenha condições de custear sua própria vida, principalmente
frente às resistências dentro da própria sociedade. Afinal, esse indivíduo ficou isolado
e afastado do ambiente social ao qual está de volta agora e o estigma social sobre ele
o acompanhará em todos as esferas da sociedade.

Diante desse estigma as condutas do egresso continuam sendo criminalizadas, por


mais que não configurem delito, pois o sistema dificilmente acredita que ele esteja
recuperado, as empresas evitam contratá-lo e a sociedade evita usufruir da prestação
do seu serviço. A esse respeito, Alessandro Baratta defende que

O cuidado crescente que a sociedade punitiva dispensa ao encarcerado depois do fim da


detenção, continuando a seguir sua existência de mil modos visíveis e invisíveis, poderia ser
interpretado como a vontade de perpetuar, com a assistência, aquele estigma que a pena
tornou indelével no indivíduo. A hipótese de Foucault, da ampliação do universo carcerário à
assistência aténs e depois da detenção, de modo que este universo esteja constantemente sob
o foco de uma sempre mais científica observação, que se torna, por seu turno, um instrumento
de controle e de observação de toda a sociedade, parece, na realidade, muito próxima da linha
de desenvolvimento que o sistema penal tomou na sociedade contemporânea. Este novo
“panopticon” tem sempre menos necessidade do sinal visível (os muros) da separação para
assegurar-se o perfeito controle e a perfeita gestão desta zona particular de marginalização,
que é a população criminosa” (BARATTA, 2011, 187).

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Assim, a LEP dá algumas provisões quanto às ações necessárias para fomentar a


ressocialização, como veremos a seguir.

1.3 Educação e Cultura

A educação, no âmbito penal, abjetiva a reestruturação do desviante como pessoa e


é garantida pela Lei de Execução Penal, compreendendo, além da instrução escolar, a
formação profissional do preso e do internado. Conforme estabelece o art. 18 da LE`P,
“o ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade
Federativa”, enquanto o “ensino médio, regular ou supletivo com formação geral ou
educação profissional de nível médio, será implantado nos presídios, em obediência
ao preceito constitucional de sua universalização”.

Com o objetivo de garantir aos presos o seu ingresso ao conhecimento e também


facilitar a sua entrada no mercado de trabalho, são implantadas nas unidades
prisionais a escola de alfabetização. Conforme expõe o plano estadual de educação
no sistema prisional do Paraná,

nesses últimos anos, o governo e a sociedade passaram a entender a pena e a prisão em função
de objetivos e metas educacionais e não mais como meros instrumentos de controle social, de
punição e de segregação. A Educação é a mais eficiente ferramenta para alavancar o
crescimento pessoal. É tão importante que assume o status de Direito Humano fundamental,
pois deve ser vista como parte integrante da dignidade humana e aquilo que contribui para
ampliá-la como conhecimento, saber e discernimento (PARANÁ, 2015, p. 11).

A Resolução n. 2, de 19 de maio de 2010, do Conselho Nacional de Educação (CNE)


determina que cada Estado da Federação elabore o seu plano estadual de educação
nas prisões, que será analisado juntamente com o projeto político pedagógico a partir
dos dispositivos da Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB – Lei n.º 9.394/1996) e
da Lei de Execução Penal (LEP – Lei n.º 7.210/1984), conforme estabelece o art. 2º
desta lei: “As ações de educação em contexto de privação de liberdade devem estar
calcadas na legislação educacional vigente no país, na Lei de Execução Penal, nos
tratados internacionais firmados pelo Brasil no âmbito das políticas de direitos
humanos e privação de liberdade, devendo atender às especificidades dos diferentes
níveis e modalidades de educação e ensino e são extensivas aos presos provisórios,

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condenados, egressos do sistema prisional e àqueles que cumprem medidas de


segurança”.

Esta resolução determina, ainda, que a oferta de educação para as pessoas privadas
de liberdade em estabelecimentos penais seja associada a ações complementares de
“cultura, esporte, inclusão digital, educação profissional, fomento à leitura e
programas de implantação, recuperação e manutenção de bibliotecas” destinadas ao
atendimento desses indivíduos. Além disso, será financiada com as fontes de recursos
públicos, tais como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB).

Nesse sentido, as atividades educacionais são divididas em atividades formais e


complementares, consistindo as primeiras em ensino fundamental, médio e superior,
em cursos técnicos e capacitação profissional e as segundas nos programas de
redução de pena por meio de projetos de leitura, esporte e outras atividades de lazer
e cultura. A remissão de pena foi instituída no art. 126 da Lei de Execução Penal: “O
condenado que cumpre a pena em regime fechado ou semiaberto poderá remir, por
trabalho ou por estudo, parte do tempo de execução da pena.”

Segundo o levantamento nacional de informações penitenciárias de junho de 2017, o


grau de escolaridade das pessoas privadas de liberdade no Brasil naquele momento
era de 0,04% de analfabetos; 51,35% com ensino fundamental incompleto; 13,15%
com o ensino fundamental completo; 14,98% com ensino médio incompleto; e
somente 9,65% com ensino médio completo.

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Figura 1 - Escolaridade das pessoas privadas de liberdade no Brasil


Fonte: Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias – Infopen, Junho/2017

Para além de constatar previsões legais que garantem ao preso o direito à educação,
o grande desafio é tornar esse direito uma realidade, por meio de práticas
pedagógicas que tornem a escola dentro da prisão um “espaço socializador,
respeitoso e desprovido de ações discriminatórias e violentas” (PARANÁ, 2015).

1.4 Trabalho

Até transformar-se em um direito, o trabalho prisional passou por diversos momentos


históricos, desde sua aplicação como trabalho forçado que caracterizava uma espécie
punitiva, cujo objetivo era trazer sofrimento ao preso, consistindo em um
agravamento à pena privativa de liberdade, e não pensados como uma possibilidade
de remissão da pena ou elemento ressocializador, como hoje é.

Atualmente, entende-se o trabalho como um importante instrumento para o alcance

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do objetivo de devolver à sociedade uma pessoa restaurada para ser reintegrada à


sociedade. O trabalho é entendido com uma forma de manutenção da dignidade do
indivíduo privado de liberdade, além de buscar trazer à luz disciplina e transformação
no comportamento e atitudes deles. Assim, os arts. 28 a 37 da Lei de Execução Penal
caracterizam o trabalho do condenado como um dever social e uma condição de
dignidade humana, com finalidade educativa e produtiva, isto é, de oferecer ao preso
uma profissão e qualificá-lo para o mercado de trabalho. Conforme apontam Lemos,
Mazzilli e Klering:

para que o trabalho prisional realmente constitua uma estratégia de ressocialização, deve-se
basear em ações concretas, e não somente num discurso ideológico; deve levar em conta,
principalmente, os aspectos referentes ao desenvolvimento pessoal dos apenados, utilizando
e aprimorando sua capacidade de percepção, bem como suas habilidades, para a resolução de
problemas complexos e de serem criativos e inovadores, dentro de um processo real de
trabalho (LEMOS; MAZZILLI; KLERING, 1998).

Como um incentivo necessário à ressocialização, a lei de execução penal prevê a


remissão de pena também por meio do trabalho: para um dia de pena são necessários
três dias de trabalho. Além disso, ao preso é concedida uma remuneração com valor
não inferior a 3/4 do salário mínimo, que poderá ser utilizada para cobrir despesas
pessoais ou despesas com o sustento da família, ou ainda para ressarcir ao Estado as
despesas realizadas com a manutenção do condenado. Parte desse valor deverá será
depositado em Caderneta de Poupança para ser entregue ao condenado quando
posto em liberdade.

Alessandro Baratta, um dos mais renomados estudiosos da criminologia crítica,


defende que nenhuma prisão é boa o suficiente para a finalidade de reintegração
social, contudo, apesar disso, a reintegração deve ser buscada apesar do ambiente
prisional, e uma das formas de tentar alcançá-la é tornar “menos precárias as
condições de vida no cárcere”. O autor explica:

Nenhuma prisão é boa e útil o suficiente para essa finalidade [reintegração social], mas existem
algumas piores do que outras. Estou me referindo a um trabalho de diferenciação valorativa
que parece importante para individualizar políticas de reformas que tornem menos prejudiciais
essas instituições à vida futura do sentenciado. Qualquer iniciativa que torne menos dolorosas
e danosas à vida na prisão, ainda que ela seja para guardar o preso, deve ser encarada com
seriedade quando for realmente inspirada no interesse pelos direitos e destino das pessoas

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Assistência Social para Reintegração

detidas e provenha de uma mudança radical e humanista e não de um reformismo tecnocrático


cuja finalidade e funções são as de legitimar através de quaisquer melhoras o conjunto do
sistema prisional (BARATTA, 1990)

Depreendemos, com isso, que apesar de todo o aparato teórico existente em relação
ao tema da reintegração, para que ela ocorra efetivamente, é necessário que o Estado
preste todo o auxílio necessário, tal como material educacional, jurídico, assim como
suporte à saúde física e mental, para que possam estar preparados para enfrentar a
vida fora do cárcere, conscientes das dificuldades que lhes serão impostas.

2 Assistência Social para Reintegração


Além da educação e do trabalho, a assistência ao preso e ao internado é importante
fator para a prevenção da reincidência ao crime e orientar o seu retorno à sociedade.
A assistência será pontuada do da seguinte forma:

→ assistência material.
→ assistência à saúde,
→ assistência jurídica
→ assistência educacional
→ assistência social
→ assistência religiosa

Os elementos para ressocialização são práticos, mas envolvem um trabalho árduo e


exigem muito investimento. Propostas de investimento poderiam incluir, por exemplo,
acesso a aulas por um sistema especial de educação a distância – EAD, que se
configuraria no acesso a condições que favoreçam a atuação do egresso na sociedade.

A assistência está prevista na Seção II da Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84), art.
10 ao 27. Já no art. 41, averiguamos quais são os direitos do preso ou interno, os quais
estão associados à assistência. São eles:

→ alimentação suficiente e vestuário;


→ atribuição de trabalho e sua remuneração;

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Assistência Social para Reintegração

→ Previdência Social;
→ constituição de pecúlio;
→ proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a
recreação;
→ exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
→ assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
→ proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
→ entrevista pessoal e reservada com o advogado;
→ visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
→ chamamento nominal;
→ igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da
pena;
→ audiência especial com o diretor do estabelecimento;
→ representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
→ contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura
e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons
costumes.
→ atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade
da autoridade judiciária competente.

2.1 Aspectos Negativos da Falta de Ressocialização

A reincidência é o principal indicador da deficiência de qualquer sistema de


atendimento jurídico-social.

Existem fatores que podem ser amplamente constatados em contextos de alta


criminalidade, os indivíduos que entram nas instituições podem apresentar certas
carências, que vão desde a falta de moradia digna, deficiência na qualificação
profissional, famílias desestruturadas, entre outros. Independentemente do tempo
que tenham passado sob os cuidados das instituições, ao saírem apresentam as
mesmas deficiências que originaram sua entrada no sistema. Nesse aspecto, o
indivíduo se torna um gasto para o Estado, porque volta a praticar os mesmos atos
que o levaram a privação de sua liberdade.

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Exemplo Prático de Modelo de Ressocialização

Entendemos, com isso que, ou o Estado não tratou de providenciar o necessário para
a ressocialização do indivíduo, ou o indivíduo não recebeu ao longo do processo
aquilo que era necessário.

Contudo, aqueles que estão dentro do sistema carcerário não são esquecidos na
sociedade, pois cedo ou tarde voltam para ela, uma vez que não temos prisão
perpétua ou pena de morte no Brasil. E, uma vez de reintegrando a sociedade, se
reincidirem afetarão a coletividade, ameaçando a ordem social e voltando para o
sistema penitenciário.

3 Exemplo Prático de Modelo de Ressocialização


Existem alguns modelos que funcionam e são realmente eficazes para a reintegração
dos presos. Um deles é o projeto de ressocialização do Governo de Santa Catarina,
que constam no site do Departamento de Administração Prisional – DEAP Santa
Catarina.

No ano de 2020 372 empresas, públicas e privadas, foram contempladas pelo Selo
Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional – Resgata,
que é uma iniciativa promovida pelo Departamento Penitenciário Nacional “para
reconhecer as empresas, órgãos públicos e empreendimentos de economia solidária
que contratam pessoas presas e egressos do sistema prisional, incentivando e dando
visibilidade às organizações que colaboram com a reintegração de pessoas privadas
de liberdade no mercado de trabalho e na sociedade”. Os estados com maior número
de empresas certificadas foram Minas Gerais (179), Santa Catariana (100) e Paraná (22).
Segundo levantamento, no total foram contratados 16.750 presos e egressos do
sistema penitenciário.

Este foi o terceiro ciclo da premiação e contou com 432 instituições inscritas,
representando um aumento de 323% de organizações que receberam o selo desde o
primeiro ciclo. Em 2017 foram 112 instituições certificadas e em 2018, 198.

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Conclusão

Nas unidades prisionais de Santa Catarina, por exemplo, o último edital de


chamamento de parceria laboral interna publicado em maio de 2021 prevê um
número de 229 vagas para 301 de internos para duas unidades prisionais
(Penitenciária Sul – Masculino e Unidade Prisional Avançada de Imbituba).

Quanto aos valores e repasses financeiros, os parceiros privados pagarão a título de


remuneração, de no mínimo um salário-mínimo para cada reeducando, sendo
destinado 75% do produto da remuneração ao reeducando e 25% ao Fundo Rotativo
da Penitenciária Sul. Esta verba é destinada à unidade prisional para ser usada em
melhorias na infraestrutura, implantação de oficinas, entre outros.

Nesse sentido, o estado de Santa Catarina tornou-se um modelo em ressocialização


dos presos, pois o sistema investe em estrutura e planejamento para que os presos
trabalham durante o dia todo e estudem durante a noite. Conforme explicou o
secretário de Justiça e Cidadania de Santa Catarina, Leandro Antônio Soares Lima, ao
jornal da Globo, em entrevista, com essas atividades, “as tensões nas prisões são
aliviadas, diminui o risco de fuga, diminui o risco de motins ou rebeliões e também
diminui a reincidência criminal que é o retorno do criminoso ao crime”.

4 Conclusão
São aspectos positivos aqueles que permitem tornar a sociedade mais segura. A
ressocialização vem com o intuito de trazer dignidade, de resgatar a autoestima do
detento, trazer condições para o amadurecimento da sua moral, trazer condições para
sua nova trajetória, abandonando aquilo que levou a essa prática, muitas vezes uma
educação defasada, uma família mal estruturada, uma comunidade mal estruturada,
uma escola mal preparada, que fez com que ele, nas suas atitudes, representasse a
falha ou a ausência do processo de socialização. Por isso a ressocialização é
importante.

Além disso, a declaração universal dos direitos do homem diz que todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos e são dotadas de razão e consciência e
devem agir em relação uns aos outros com Espírito de fraternidade. Mas, logicamente,

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Referências Bibliográficas

se ele não aprendeu isso no seu processo social de formação educacional, ele vai
enfrentar problemas, e todo seu desdobramento será deficiente.

5 Referências Bibliográficas
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à
sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos, 6ª ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2011.
BARATTA, Alessandro. Ressocialização ou controle social: Uma abordagem crítica
da “reintegração social” do sentenciado, 1990. Disponível em:
<http://www.ceuma.br/portal/wp-content/uploads/2014/06/BIBLIOGRAFIA.pdf>.
Acesso em: 24 de jun. de 2021.
LOURENÇO, Arlindo da Silva. O espaço de vida do agente de segurança
penitenciária no cárcere: entre gaiolas, ratoeiras e aquários. 2010. Tese (Doutorado
em Psicologia Social) – Instituto de Psicologia da Universidade de São Paulo, São
Paulo, 2010.
SIQUEIRA, Vania Conselheiro. Uma vida que não vale nada: prisão e abandono
político-social. In: Psicologia: Ciência e Profissão, v. 26, n. 4, 2006
PARANÁ, Plano estadual de educação no sistema prisional do Paraná. Paraná:
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http://www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/EducacaoeTrabalho/Documentos/peespqu
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LEMOS, A. M; MAZZILLI, C.; KLERING, L. R. Análise do trabalho prisional: um estudo
exploratório. In. Revista de Administração Contemporânea, v. 2, n. 3, 1998. Disponível
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SANTA CATARINA dá exemplo em reabilitação de presidiários. GLOBO: Jornal
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