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Da Ressocialização do Apenado
DISCIPLINA
SOCIOLOGIA E OS ASPECTOS DA
SEGURANÇA PÚBLICA
CONTEÚDO
Ressocialização do Apenado
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Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Da Ressocialização do Apenado
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Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Da Ressocialização do Apenado ----------------------------------------------------------------------- 4
1.1 Papel do Agente Penitenciário na Ressocialização ------------------------------------------------------------- 6
1.2 Lei de Execução Penal--------------------------------------------------------------------------------------------------- 9
1.3 Educação e Cultura ---------------------------------------------------------------------------------------------------- 11
1.4 Trabalho ------------------------------------------------------------------------------------------------------------------ 13
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1 Da Ressocialização do Apenado
Para que o apenado possa ser devidamente reintegrado na sociedade, é necessário
que haja preparação para a vida em sociedade, que lhe sejam transmitidos valores
sociais e conscientização da importância do trabalho e da educação. Assim, a proposta
de ressocialização do apenado envolve tentar compreender as razões que o levaram
a cometer o delito e conceder-lhe o apoio e as oportunidades necessárias para
reintegrá-lo a sociedade, para que ele possa ser conduzido à mudança, e reconstruir
a sua moral e a sua vida com dignidade após deixar o sistema prisional.
A prisão não pode deixar de fabricar delinquentes. Fabrica-os pelo tipo de vida que os reclusos
são obrigados a levar: quer estejam isolados nas celas, quer lhes seja imposto um trabalho
inútil, para os quais não encontrarão emprego, é, de qualquer modo, não “pensar no homem
em sociedade; é criar uma existência contranatura inútil e perigosa”; [...] A prisão fabrica
também delinquentes ao impor constrangimentos violentos aos reclusos; destina-se a aplicar
as leis e a ensinar o respeito por estas; ora, todo o seu funcionamento se desenrola segundo
o modo do abuso de poder. Arbitrariedade da administração: ”O sentimento de injustiça que
um prisioneiro sofre é uma das causas que mais lhe podem tornar indomável o caráter. Quando
se vê assim vítima de sofrimentos que a lei não ordenou nem previu, entra num estado habitual
de ira contra tudo aquilo que o rodeia; em todos os agentes de autoridade, só vê carrascos; já
não acredita ter sido culpado: acusa a própria justiça” (FOUCAULT, 2013).
Corrobora o pensamento atual do jurista Guilherme Nucci (2018), que afirma que
“quem entra no sistema carcerário, hoje, em muitos Estados, trilha um caminho repleto
de ilegalidades, praticados pelo próprio poder público – o maior fomentador da
“faculdade do crime” –, retornando ao convívio social muito pior do que quando
ingressou.”
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pois como discorre Foucault, ‘”a prisão torna possível, ou melhor, favorece a
organização de um meio de delinquentes, solidários entre si, hierarquizados, dispostos
a todas as cumplicidades futuras”, nesse sentido a associação de um número muito
grande de condenados faria da prisão um “clube antissocial” que promove a educação
para o crime do jovem que cumpre sua primeira pena.
O primeiro desejo que nele vai nascer será aprender com os habilidosos como escapar aos
rigores da lei; a primeira lição decorrerá da lógica estrita dos ladrões, que os leva a verem a
sociedade como uma inimiga; a primeira moral será a delação, a espionagem honrada nas
nossas prisões; a primeira paixão que nele se excita irá assustar a jovem natureza por aquelas
monstruosidades que terão nascido nos calabouços e que a pena se recusa a nomear (…).
Rompeu, agora, com tudo o que o ligava à sociedade (L’Almanach populaire de la France, 1839).
Conforme explica Jock Young, é equivocado pensar a sociedade como uma estrutura
simples, pois é, na verdade, uma “entidade interativa complexa em que toda a
intervenção social particular só pode ter um efeito limitado em outros eventos sociais,
e o cálculo desse efeito é sempre difícil”. Isso significa dizer que são diversos os fatores
que afetam a taxa de criminalidade, por exemplo, “pelos níveis de controle informal
na comunidade, por padrões de emprego, tipos d educação infantil, o clima cultural,
moral e político, o nível de crime organizado, os padrões de uso de drogas ilícitas”,
entre outros. Além disso, cada fator pode ser percebido e transformado no tempo
pela interpretação humana, por exemplo, a mesma sentença para determinado crime
pode ser entendida como justa por uns e ao mesmo injusta por outros, que poderão
usar esse fator como um gatilho de ressentimento contra a sociedade e,
consequentemente à vingança contra a sociedade que o puniu. Percebemos essa
correlação em diversos níveis da sociedade.
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Existe um papel fundamental do Estado e dos agentes penitenciários por meio dos
quais o interesse do Estado é perseguido nesse processo de ressocialização. A
ressocialização só é viável quando encaminhamos para um tratamento digno do
indivíduo, quando o tratamos com respeito. A regeneração deve ser do corpo e do
espírito.
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O autor destaca, retomando Barqueiro (2017), entretanto, que por definição, o termo
ressocialização significa “inserção em sociedade”, “voltar a pertencer, a fazer parte de
uma sociedade” ou “tornar a socializar-se”. Mas os termos “socialização” e “socializar”
e “social” têm significados distintos. “Socialização é um ato de pôr em sociedade, já
socializar é tornar social, socializar e social significa da sociedade ou relativo a ela”.
Assim, “Pode-se depreender do termo “socializar” como uma tentativa de corrigir um
criminoso que praticou um crime que rompe com o contrato social, o que o torna não
sociável”.
Além disso, estão presentes a ideia da “mudança do ser”, segundo a qual o sistema
prisional seria capaz de tornar o preso uma pessoa melhor, e a ideia de que isso
implicaria na não reincidência e, por fim, a necessidade de dar condições de trabalho,
educação e saúde a todos, pois muitas vezes os presos mostram interesse nessas
atividades, contudo não há vagas suficientes. Nesse sentido, os agentes penitenciários
demonstram compreender a ineficiência do sistema, a falta de infraestrutura e
condições que realmente propiciam a ressocialização.
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Contudo, é importante salientar que a garantia dos direitos dos agentes penitenciários
também é essencial para que esse processo se desenvolve eficazmente. Conforme
aponta Arlindo da Silva Lourenço (2010), ao fazer um relato sobre o mundo
profissional dos Agentes de Segurança Penitenciária, “de seu espaço de vida no
interior do cárcere”, retoma Edith Seligmann-Silva (1994) para explicar que
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[...] os Agentes de Segurança Penitenciária (ASP) sofrem com a pena de reclusão, muito
embora não sejam eles os prisioneiros. Atrás dos muros ou das grades de uma prisão,
funcionários adoecem, ou morrem, de forma silenciosa e sem grandes alardes: transtornos de
humor e transtornos neuróticos, dificuldades para dormir ou respirar, frustração profissional,
alta insatisfação nas tarefas, dificuldades em manter um relacionamento conjugal satisfatório
e até mesmo suicídios. O espaço de vida do ASP no interior do cárcere é algo que limita as
possibilidades de desenvolvimento pessoa e de grupo” (LOURENÇO, 2010, p. 203).
A Lei de Execução Penal também possui como parte integrando do seu escopo a
ressocialização do apenado, conforme destaca Vânia de Oliveira Sequeira elucida que:
A Lei de Execução Penal defende um tratamento prisional que deve propiciar a reeducação e
a ressocialização do preso. O sistema penal trabalha com a ideia da reabilitação do preso; esse
é o discurso oficial que legitima o aprisionamento. Acredito que precisemos discutir essas
concepções e suas raízes ideológicas, porque a reinserção por meio da exclusão é uma
incoerência a ser decifrada, já que não acredito que a prisão seja um fracasso (SEQUEIRA, 2006,
p. 01).
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não é apenas para benefício do condenado, mas para a toda sociedade que vai
receber o egresso.
Essa garantia é muito importante para reintegração, para o amparo, para que se cuide
do indivíduo certificando-se de que fique em local específico e adequado enquanto
procura emprego e que tenha condições de custear sua própria vida, principalmente
frente às resistências dentro da própria sociedade. Afinal, esse indivíduo ficou isolado
e afastado do ambiente social ao qual está de volta agora e o estigma social sobre ele
o acompanhará em todos as esferas da sociedade.
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nesses últimos anos, o governo e a sociedade passaram a entender a pena e a prisão em função
de objetivos e metas educacionais e não mais como meros instrumentos de controle social, de
punição e de segregação. A Educação é a mais eficiente ferramenta para alavancar o
crescimento pessoal. É tão importante que assume o status de Direito Humano fundamental,
pois deve ser vista como parte integrante da dignidade humana e aquilo que contribui para
ampliá-la como conhecimento, saber e discernimento (PARANÁ, 2015, p. 11).
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Esta resolução determina, ainda, que a oferta de educação para as pessoas privadas
de liberdade em estabelecimentos penais seja associada a ações complementares de
“cultura, esporte, inclusão digital, educação profissional, fomento à leitura e
programas de implantação, recuperação e manutenção de bibliotecas” destinadas ao
atendimento desses indivíduos. Além disso, será financiada com as fontes de recursos
públicos, tais como o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica
e de Valorização dos Profissionais da Educação (FUNDEB).
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Para além de constatar previsões legais que garantem ao preso o direito à educação,
o grande desafio é tornar esse direito uma realidade, por meio de práticas
pedagógicas que tornem a escola dentro da prisão um “espaço socializador,
respeitoso e desprovido de ações discriminatórias e violentas” (PARANÁ, 2015).
1.4 Trabalho
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para que o trabalho prisional realmente constitua uma estratégia de ressocialização, deve-se
basear em ações concretas, e não somente num discurso ideológico; deve levar em conta,
principalmente, os aspectos referentes ao desenvolvimento pessoal dos apenados, utilizando
e aprimorando sua capacidade de percepção, bem como suas habilidades, para a resolução de
problemas complexos e de serem criativos e inovadores, dentro de um processo real de
trabalho (LEMOS; MAZZILLI; KLERING, 1998).
Nenhuma prisão é boa e útil o suficiente para essa finalidade [reintegração social], mas existem
algumas piores do que outras. Estou me referindo a um trabalho de diferenciação valorativa
que parece importante para individualizar políticas de reformas que tornem menos prejudiciais
essas instituições à vida futura do sentenciado. Qualquer iniciativa que torne menos dolorosas
e danosas à vida na prisão, ainda que ela seja para guardar o preso, deve ser encarada com
seriedade quando for realmente inspirada no interesse pelos direitos e destino das pessoas
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Depreendemos, com isso, que apesar de todo o aparato teórico existente em relação
ao tema da reintegração, para que ela ocorra efetivamente, é necessário que o Estado
preste todo o auxílio necessário, tal como material educacional, jurídico, assim como
suporte à saúde física e mental, para que possam estar preparados para enfrentar a
vida fora do cárcere, conscientes das dificuldades que lhes serão impostas.
→ assistência material.
→ assistência à saúde,
→ assistência jurídica
→ assistência educacional
→ assistência social
→ assistência religiosa
A assistência está prevista na Seção II da Lei de Execução Penal (Lei n. 7.210/84), art.
10 ao 27. Já no art. 41, averiguamos quais são os direitos do preso ou interno, os quais
estão associados à assistência. São eles:
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→ Previdência Social;
→ constituição de pecúlio;
→ proporcionalidade na distribuição do tempo para o trabalho, o descanso e a
recreação;
→ exercício das atividades profissionais, intelectuais, artísticas e desportivas
anteriores, desde que compatíveis com a execução da pena;
→ assistência material, à saúde, jurídica, educacional, social e religiosa;
→ proteção contra qualquer forma de sensacionalismo;
→ entrevista pessoal e reservada com o advogado;
→ visita do cônjuge, da companheira, de parentes e amigos em dias determinados;
→ chamamento nominal;
→ igualdade de tratamento salvo quanto às exigências da individualização da
pena;
→ audiência especial com o diretor do estabelecimento;
→ representação e petição a qualquer autoridade, em defesa de direito;
→ contato com o mundo exterior por meio de correspondência escrita, da leitura
e de outros meios de informação que não comprometam a moral e os bons
costumes.
→ atestado de pena a cumprir, emitido anualmente, sob pena da responsabilidade
da autoridade judiciária competente.
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Entendemos, com isso que, ou o Estado não tratou de providenciar o necessário para
a ressocialização do indivíduo, ou o indivíduo não recebeu ao longo do processo
aquilo que era necessário.
Contudo, aqueles que estão dentro do sistema carcerário não são esquecidos na
sociedade, pois cedo ou tarde voltam para ela, uma vez que não temos prisão
perpétua ou pena de morte no Brasil. E, uma vez de reintegrando a sociedade, se
reincidirem afetarão a coletividade, ameaçando a ordem social e voltando para o
sistema penitenciário.
No ano de 2020 372 empresas, públicas e privadas, foram contempladas pelo Selo
Nacional de Responsabilidade Social pelo Trabalho no Sistema Prisional – Resgata,
que é uma iniciativa promovida pelo Departamento Penitenciário Nacional “para
reconhecer as empresas, órgãos públicos e empreendimentos de economia solidária
que contratam pessoas presas e egressos do sistema prisional, incentivando e dando
visibilidade às organizações que colaboram com a reintegração de pessoas privadas
de liberdade no mercado de trabalho e na sociedade”. Os estados com maior número
de empresas certificadas foram Minas Gerais (179), Santa Catariana (100) e Paraná (22).
Segundo levantamento, no total foram contratados 16.750 presos e egressos do
sistema penitenciário.
Este foi o terceiro ciclo da premiação e contou com 432 instituições inscritas,
representando um aumento de 323% de organizações que receberam o selo desde o
primeiro ciclo. Em 2017 foram 112 instituições certificadas e em 2018, 198.
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Conclusão
4 Conclusão
São aspectos positivos aqueles que permitem tornar a sociedade mais segura. A
ressocialização vem com o intuito de trazer dignidade, de resgatar a autoestima do
detento, trazer condições para o amadurecimento da sua moral, trazer condições para
sua nova trajetória, abandonando aquilo que levou a essa prática, muitas vezes uma
educação defasada, uma família mal estruturada, uma comunidade mal estruturada,
uma escola mal preparada, que fez com que ele, nas suas atitudes, representasse a
falha ou a ausência do processo de socialização. Por isso a ressocialização é
importante.
Além disso, a declaração universal dos direitos do homem diz que todos os homens
nascem livres e iguais em dignidade e direitos e são dotadas de razão e consciência e
devem agir em relação uns aos outros com Espírito de fraternidade. Mas, logicamente,
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Referências Bibliográficas
se ele não aprendeu isso no seu processo social de formação educacional, ele vai
enfrentar problemas, e todo seu desdobramento será deficiente.
5 Referências Bibliográficas
BARATTA, Alessandro. Criminologia Crítica e Crítica do Direito Penal: introdução à
sociologia do direito penal. Tradução Juarez Cirino dos Santos, 6ª ed. Rio de Janeiro:
Revan, 2011.
BARATTA, Alessandro. Ressocialização ou controle social: Uma abordagem crítica
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<http://www.ceuma.br/portal/wp-content/uploads/2014/06/BIBLIOGRAFIA.pdf>.
Acesso em: 24 de jun. de 2021.
LOURENÇO, Arlindo da Silva. O espaço de vida do agente de segurança
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SIQUEIRA, Vania Conselheiro. Uma vida que não vale nada: prisão e abandono
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PARANÁ, Plano estadual de educação no sistema prisional do Paraná. Paraná:
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