Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Sociologia Aplicada
DISCIPLINA
SOCIOLOGIA E OS ASPECTOS DA
SEGURANÇA PÚBLICA
CONTEÚDO
Sociologia Aplicada
www.cenes.com.br | 2
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sociologia Aplicada
Sumário
Sumário------------------------------------------------------------------------------------------------------------- 3
1 Sociologia Aplicada --------------------------------------------------------------------------------------- 4
2 História da Instituição Penal --------------------------------------------------------------------------- 6
3 Sistemas Prisionais --------------------------------------------------------------------------------------- 12
3.1 Sistema Pensilvânico, Filadélfico ou Celular -------------------------------------------------------------------- 13
3.2 Sistema Auburniano-------------------------------------------------------------------------------------------------- 13
3.3 Sistemas Progressivas ------------------------------------------------------------------------------------------------ 14
3.3.1 Sistema Progressivo Inglês ------------------------------------------------------------------------------------------------------ 14
3.3.2 Sistema Progressivo Irlandês --------------------------------------------------------------------------------------------------- 15
3.4 Sistema de Correção – Sistema de Elmira ----------------------------------------------------------------------- 15
3.5 Sistema de Montesinos ---------------------------------------------------------------------------------------------- 16
3.6 Sistema Borstal --------------------------------------------------------------------------------------------------------- 16
4 Sistemas Prisionais no Brasil -------------------------------------------------------------------------- 17
4.1 Penitenciárias ----------------------------------------------------------------------------------------------------------- 18
4.2 Colônias agrícolas, industriais e similares ----------------------------------------------------------------------- 19
4.3 Casa do Albergado ----------------------------------------------------------------------------------------------------- 19
4.4 Cadeia Pública ---------------------------------------------------------------------------------------------------------- 20
5 Conclusão --------------------------------------------------------------------------------------------------- 20
6 Referências ------------------------------------------------------------------------------------------------- 20
www.cenes.com.br | 3
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sociologia Aplicada
1 Sociologia Aplicada
A Sociologia é uma ciência que surgiu em meados do século XIX, no decurso de
intenso processo de urbanização do Mundo Moderno, buscando desvendar e explicar
as estruturas e os processos sociais, bem como os dilemas fundamentais e a
complexidade que decorriam da nova realidade que permeava as forças produtivas e
as relações sociais. Tem, assim, como objeto de análise todo aspecto que constitui a
sociedade, tais como a economia, política, cultura, recursos, e as relações entre os
sujeitos e os objetivos que buscam alcançar e os resultados que advém desses
processos.
Alguns teóricos que podem ser citados e que marcaram esse período são,
inicialmente, os filósofos Herbert Spencer e Auguste Comte, com o pensamento
positivista, os quais entendiam os fenômenos sociais não como resultado da interação
do homem na sociedade, mas sim por leis naturais que independem da intervenção
das pessoas. Na outra base encontramos filósofos, historiadores e cientistas sociai,
com o pensamento dialético, como Max Weber, Karl Marx, Friedrich Engels, entre
outros, compreendendo os fatos sociais como produtos ou resultados das ações das
pessoas de diferentes grupos, classes ou segmentos sociais.
Contudo, foi Émile Durkheim (1858 – 1917), em fins do século XIX e início do século
XX, que contribuiu significativamente para a instauração da sociologia como disciplina
científica no meio acadêmico, por isso é considerado um dos pais da sociologia
aplicada. Durkheim defendeu a existência de um objeto exclusivamente sociológico,
distinto das demais áreas, chamando- o de “fato social”. Segundo Celso Castro,
Durkheim defende que os fatos sociais “existem “fora” das consciências individuais,
sendo-lhes exteriores e antecedendo-as. Seu substrato é a sociedade, ou partes dela.
Além disso, essa espécie de consciência pública ou coletiva exerce um poder de
coerção que se impõe, de maneira mais ou menos perceptível, aos indivíduos”
(CASTRO, 2014, p. 27).
Ele acreditava que este objeto demandava um método específico para seu tratamento
e uma disciplina autônoma para compreender o seu funcionamento, propondo que
fossem estudados em suas especificidades e diversidades e delimitados para melhor
situá-los no campo do conhecimento. Neste sentido, a sociologia é também
www.cenes.com.br | 4
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sociologia Aplicada
compreendida como uma área da ciência humana, pois estuda os fatos sociais pelo
viés da ciência, aplicando-se métodos científicos, como os métodos quantitativos ou
qualitativos na sua análise.
Castro explica que embora a expressão “fato social” seja usada corriqueiramente para
se referir a quaisquer fenômenos que ocorrem no âmbito social, o objeto da sociologia
não se confunde com os da biologia ou psicologia, por exemplo, pois não abarca
todas as funções exercidas pelo homem cujo exercício interessa à sociedade, tais como
comer, dormir, raciocinar. O que há, segundo ele, é um grupo de fenômenos com
características bem distintas daquelas estudadas pelas outras ciências em toda
sociedade. Para explicar o fato social, na obra intitulada “As regras do método
sociológico” (1895) Durkheim relata:
Neste sentido, a sociologia aplicada propôs-se a explicar processos sociais que exigem
um tratamento específico, debruçando-se sobre o estudo da significação, história e
tendências regulares de determinadas organizações socioculturais. Assim, a sociologia
aplicada ao tema da segurança pública tem o atributo de conduzir uma reflexão acerca
da história da instituição penal e dos sistemas prisionais, buscando responder, dentre
outros, questionamentos que tangenciam a função da prisão, o motivo de sua
existência, o público a que é destinada e sua função finalista, ou seja, o objetivo
pretende atingir.
www.cenes.com.br | 5
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Dessa forma, iniciaremos este módulo falando sobre a história da instituição prisional.
Abordaremos nomes de grande destaque nesta esfera, tal como o filósofo Michel
Foucault, que escreveu em 1975 uma de suas obras mais conhecida, intitulada “Vigiar
e punir”, na qual faz uma análise do sistema prisional e da finalidade das instituições
prisionais, e que é, ainda hoje, constantemente usada como referência quando o
assunto é políticas voltadas para a questão prisional social. Além de Foucault,
apresentaremos ideias pensadas por outros estudiosos que tentaram compreender o
sistema prisional como um todo.
A sociedade vive dentro de uma ordem social estabelecida. Existe o delito, que é uma
infração de uma norma penal vigente, esse delito é cometido por alguém guiado por
algum motivo e, a partir desse delito cometido tem-se a instauração de inquérito que
visa apurar a autoria da materialidade e restabelecer a ordem social. Assim, em relação
à pessoa que cometeu o delito, associa-se a ideia de penitência, a ideia de que, de
alguma forma, essa pessoa precisa reaver à sociedade pelo ato cometido.
www.cenes.com.br | 6
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Muitas vezes, a opinião geral da sociedade é de que esse pagamento deve ser feito
“olho por olho, dente por dente”. Mas nós passamos por uma evolução de direitos.
www.cenes.com.br | 7
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
deixa de ser um espetáculo público feito para agradar a população, para que o
soberano reafirmasse o seu poder sobre a sociedade, e passa a acontecer em locais
específicos, em locais fechados, em cárceres, com o objetivo de fazer um indivíduo
refletir a respeito de sua conduta. Assim, no fim do século XVIII começam a surgir os
primeiros projetos do que viriam a ser as penas posteriormente.
Se já não é sobre o corpo que incide a penalidade nas suas formas mais severas, sobre o que
é que exerce então a sua força? A resposta dos teóricos – dos que, por volta de 1760, deram
início a um novo período que ainda não terminou – é simples, quase evidente. Parece estar
inscrita na própria pergunta. Como já não é o corpo, é a alma. À expiação infligida no corpo
deve suceder um castigo que atue profundamente sobre o coração, o pensamento, a vontade,
as disposições. Mably formulou definitivamente o princípio: “Que o castigo, se assim posso
dizer, atinja mais a alma que o corpo.” (FOUCALT, 2013).
www.cenes.com.br | 8
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
que existe uma inadequação que permeia essa esfera, e então escreve uma obra sobre
as condições das prisões na Inglaterra, na qual propõe uma série de mudanças, com
a ideia de criar estabelecimentos específicos. Conforme explica Bitencourt (2020):
A partir dessa nova visão que se tem sobre o cárcere, para a nova concepção
carcerária, com o objetivo de criar um ambiente em que realmente só a detenção
aconteça, e que não abarque outras finalidades. Ocorreu uma transferência na
finalidade. Antes o cárcere era um meio para a condenação, agora passa a ser a
finalidade, a própria punição.
Quando John Howard começa a pensar diferente, ele percebe que as instituições
prisionais não tinham mais condições de abrigar essa visão em relação a prisão, e
assim mudanças começam a acontecer. Apesar de não atingir mudanças significativas
na realidade penitenciária do seu país, suas ideias contribuíram muito para as teorias
posteriores.
Um ato possui utilidade se visa a produzir benefício, vantagem, prazer, bem-estar, e se serve
para prevenir a dor. Bentham considera que o homem sempre busca o prazer e foge da dor.
Sobre esse princípio fundamentou a sua teoria da pena. Uma das limitações que se pode
atribuir à teoria utilitária é que muitas vezes aquilo que proporciona alegria à maioria pode
não proporcioná-la à minoria. É muito difícil igualar os conceitos sobre o prazer (BITENCOURT,
2020).
www.cenes.com.br | 9
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Assim, Bentham era adepto a uma punição proporcional, que fosse severa, que
incluísse “alimentação grosseira e vestimenta humilhante” no intuito de trazer
mudanças no caráter e nos hábitos dos delinquentes, pois considerava que a
finalidade primária da punição era prevenir delitos semelhantes no futuro. Além disso,
mostrou a importância da arquitetura penitenciária ao elaborar suas ideias sobre o
“Panóptico” (1787). Neste modelo de penitenciária, a prisão seria uma estrutura
circular com as células em sua borda e no meio vazio se encontraria a Torre de Vigia,
sempre “onipresente”.
www.cenes.com.br | 10
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
O panóptico, de acordo com Jeremy Bentham, é a prisão circular, cujo centro vazio
comporta somente a torre de observação em 360 graus. Todos são vigiados pelo vigia
presente nessa torre. O regime prisional é severo e rigoroso, ou seja, a disciplina
dentro dos presídios deve ser severa, a alimentação deve ser grosseira, a vestimenta
deve ser humilhante. E a concepção de Jeremy Bentham, embora rigorosa e severa
era, na verdade, um avanço dentro das instituições, tendo em vista que era melhor se
ter vestimentas humilhantes, uma alimentação grosseira e um regime severo, do que
ir para a guilhotina. Desse modo, na visão social da época, isso já representava um
avanço dentro da perspectiva da instituição prisional.
Foucault refere-se ao panóptico em sua obra “Vigiar e Punir” como uma “figura
arquitetônica” da composição de um conjunto de técnicas e instituições que
“assumem a tarefa de avaliar, controlar e corrigir os anormais” que faz com que
aqueles dispositivos disciplinares originados pelo medo da peste funcionem também
em diversas outras instâncias como mecanismos do poder.
No fundo dos esquemas disciplinares, a imagem da peste vale para todas as confusões e
desordens; do mesmo modo, a imagem da lepra, do contacto a cortar, está no fundo dos
esquemas de exclusão.
Segundo o autor, não só as prisões que evoluíram conforme esse modelo, mas todas
as estruturas hierárquicas, nesse sentido Foucault enfatiza a questão da vigilância, de
sermos constantemente vigiados, constantemente observados para sermos punidos.
www.cenes.com.br | 11
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sistemas Prisionais
Essa visão é muito interessante, pois remete à ideia da evolução, mostrando que a
sociedade se regula por causa da vigilância.
Séc. XVIII
✓ Penas desumanas
✓ Penas Privativas de Liberdade
3 Sistemas Prisionais
Neste capítulo veremos alguns exemplos de sistemas carcerários na evolução histórica
da instituição prisional, que remonta ao final do século XVIII e início do século IX,
momento no qual surgiram, na cidade de Filadélfia, Pensilvânia, os primeiros presídios
caracterizados pelo sistema celular, também chamado de sistema pensilvânico ou
filadélfico. Trata-se de um sistema de reclusão total, no qual o preso ficava isolado do
mundo externo e dos outros presos em sua cela, que servia como local de repouso,
trabalho e lazer.
Observe que desde as teorias de John Howard e Jeremy Bentham, que introduziam a
evolução dos sistemas, impera a preocupação com a disciplina, com as regras e com
as estruturas formais e engessadas dentro de um rigoroso processo de vigilância. A
www.cenes.com.br | 12
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sistemas Prisionais
partir da transição do século XVIII para o século IX surgiram alguns outros sistemas. A
seguir, veremos uma breve descrição desses sistemas.
O sistema auburniano é o sistema que adota a regra do silêncio absoluto, por isso
também é conhecido como Silent System. Os detendo eram proibidos de conversar
entre si, só lhes era permitido trocar algumas palavras em voz baixa com os guarda,
desde que tivessem autorização prévia. No entanto, essa rigidez de silêncio acarretou
na criação de um sistema de comunicação entre os detentos, por meio de sinais com
as mãos ou de batidas nas paredes ou nos canos de água.
O trabalho era considerado um dos pilares do sistema auburniano. Neste sentido, não
bastava mais só a leitura da Bíblia para o condenado voltar para a sociedade, o
trabalho também passou a ser visto como um elemento essencial.
www.cenes.com.br | 13
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sistemas Prisionais
www.cenes.com.br | 14
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sistemas Prisionais
O sistema progressivo irlandês foi introduzido nas prisões da Irlanda pelo diretor
Walter Crofton, como uma forma aperfeiçoada do sistema progressivo inglês, com a
ideia de “prisões intermediárias”, um quarto período que o detendo deveria cumprir
antes de conquistar a liberdade condicional, caracterizado como um período em que
se testaria a aptidão do apenado para o regresso à sociedade.
Nesse período — que foi a novidade criada por Crofton — a disciplina era mais suave, e era
cumprido “em prisões sem muro nem ferrolhos, mais parecidas com um asilo de beneficência
do que com uma prisão”. Muitas vezes os apenados viviam em barracas desmontáveis, como
trabalhadores livres dedicando-se ao cultivo ou à indústria (BITENCOURT, 2020).
www.cenes.com.br | 15
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Sistemas Prisionais
Embora o reformatório admitisse apenas pessoas com idade entre 16 e 30 anos, que
cometiam crimes pela primeira vez e o sistema de seleção para admissão fosse muito
rigoroso, a superlotação chegou a três vezes mais que sua capacidade original,
atingindo, no ano de 1899, 1.500 reclusos para 500 celas. Assim, em 1915, o sistema
entra em decadência juntamente com outros sistemas existentes nos Estados Unidos.
Este é um dos primeiros registros de superlotação nos sistemas penitenciários.
O Sistema Montesinos foi criado pelo Coronel Manoel Montesino de Molina que
passou três anos preso em um estabelecimento prisional militar na França, após ser
capturado durante a Guerra da Independência (1800).
www.cenes.com.br | 16
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
detentos podiam ter maior contato com pessoas de fora. Por esse motivo, esse sistema
é considerado o embrião do regime penitenciário aberto. Não só os presos concebiam
aqueles espaço de moradia como uma prisão, como a ideia foi muito bem acolhida
pela comunidade, de modo que posteriormente, o Governo apoiou a implementação
de outras unidades com o mesmo perfil para jovens delinquentes.
Assim temos a evolução dos sistemas que acabaram contribuindo para nossa
concepção atual, contemporânea, dentro da história da instituição prisional. O Brasil
também passa por uma evolução dentro desse sistema nas nossas prisões que vinham
desde o período colonial, passando pelo século IX, chegando ao século XX, e à
situação contemporânea.
www.cenes.com.br | 17
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
4.1 Penitenciárias
www.cenes.com.br | 18
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
www.cenes.com.br | 19
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Conclusão
como crime doloso, se frustrar os fins da execução ou se, podendo não pagar a multa
cumulativamente aplicada”.
5 Conclusão
Neste módulo vimos um panorama geral da evolução dos sistemas prisionais no
ocidente e no Brasil e pudemos observar que a Sociologia aplicada ao sistema
carcerário ou ao entendimento das questões de segurança na sociedade procura
estudar hipóteses e soluções que possam ajudar na ressocialização do indivíduo e na
criação de um ambiente em que a ordem social possa ser reestabelecida.
6 Referências
BITENCOURT, C. R. Tratado de Direito Penal. – 26. ed. – São Paulo: Saraiva Educação,
2020.
www.cenes.com.br | 20
Sociologia e os Aspectos da Segurança Pública |
Referências
www.cenes.com.br | 21