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UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE

FACULDADE DE DIREITO

CRÉDITO DOCUMENTÁRIO: IMPLICAÇÕES JURÍDICAS E


IMPACTOS NAS RELAÇÕES DE COMÉRCIO EXTERIOR

STHEFAN FERRARI NEGRAES CONSORTE

MONOGRAFIA DE CONCLUSÃO DO CURSO DE

STHEFAN FERRARI NEGRAES CONSORTE

Orientadora: Profª. Ms. Thaís Cíntia Cárnio

São Paulo, 03 de abril de 2014.


CRÉDITO DOCUMENTÁRIO: IMPLICAÇÕES
JURÍDICAS E IMPACTOS NAS RELAÇÕES DE
COMÉRCIO EXTERIOR

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como parte das atividades para obtenção do
título de Bacharel, do curso de Direito da
Faculdade de Direito da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.

Profª. Orientadora: Thaís Cíntia Cárnio


São Paulo, 2014
Autoria: Sthefan Ferrari Negraes Consorte
Título: Crédito Documentário: Implicações Jurídicas e Impactos nas Relações de Comércio
Exterior

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como parte das atividades para obtenção do
título de Bacharel, do curso de Direito da
Faculdade de Direito da Universidade
Presbiteriana Mackenzie.

Os componentes da banca de avaliação, abaixo listados,


consideram este trabalho aprovado.

Nome Titulação Assinatura Instituição

Data da aprovação: ____ de _____________________ de ________.


Resumo
O presente trabalho tem o intuito de expor e consolidar os diversos
entendimentos doutrinários acerca do contrato bancário de crédito documentário,
bem como seus efeitos nas esferas jurídicas e comerciais. Devemos ressaltar o fato
de que o contrato de crédito documentário surge de uma carência inerente à relação
de compra e venda internacional, dado o fato de que por diversos fatores não existe
uma plena confiança das partes no momento da concretização de uma relação de
compra e venda, momento no qual o Banco exercerá papel essencial para garantir a
relação contratual, funcionando como uma força vinculante entre as partes.
Podemos classificar como objetivo principal do trabalho em pauta, estabelecer as
relações que são criadas pelo contrato de crédito documentário, quais as
responsabilidades jurídicas provenientes de tal relação e qual serão os impactos
deste instrumento na esfera do Comércio Exterior.

Palavras-chave: Direito Bancário e Comercial, Contratos Bancários, Crédito


Documentário, Carta de Crédito, Comércio Exterior.
Abstract
The present dissertation has the purpose to expose and consolidate the various
understandings concerning the Documentary Letter of Credit, as well as its effects in
the commercial and Law spheres. It is important to highlight that the Documentary
Letter of Credit was developed from a need inherent to the international purchase
and sale relation, given the fact that, for various factors, a mutual trust between the
parties in the moment of the establishment of the purchase and sale relation does
not exist, at this moment the Bank shall exert an essential role to guarantee the rela-
tion, acting as a binding force to the parties. We can classify as the main purpose of
the dissertation hereby discussed, to establish the relations created by the Docu-
mentary Letter of Credit, which legal responsibilities originates from such relations
and which are the impacts of this instrument in the Foreign Trade sphere.

Key Words: Banking and Commercial Law, Banking Contracts, Documentary


Credit, Letter of Credit, Foreign Trade.
Sumário
1 Introdução ............................................................................................................. 07
2 Origem do Crédito Documentário ....................................................................... 09
2.1 Primeiras Aparições ........................................................................................................ 09
2.2 Desenvolvimento Temporal .............................................................................................................. 10
2.3 Usos e Costumes ............................................................................................................................. 11
2.4 A Lex Mercatoria e sua Corelação com o Crédito Documentário .................................................... 12
3 Natureza Jurídica e Legislação Aplicável .......................................................... 14
3.1 A Natureza Jurídica do Crédito Documentário ............................................................... 14
3.2 As UCPs e as Demais Legislações Aplicáveis aos Créditos Documentários.................. 17
3.2.1 A UCP 600 ..................................................................................................................................... 17
3.2.2 O Código Civil Brasileiro e a UCP 600 .......................................................................................... 19
4 Conceito ................................................................................................................ 22
4.1 Modalidades .................................................................................................................. 23
5 Os Personagens do Crédito Documentário ....................................................... 26
6 Considerações finais ........................................................................................... 29
7 Anexo A – Modelo de Crédito Documentário Standard ..................................... 33
8 Anexo B – Modelo de Crédito Documentário Swift ........................................... 42
1 Introdução
Em meio ao fomento do mercado financeiro que hoje é pauta das maiores
discussões de âmbito internacional, e a crescente demanda emergente das relações
de comércio internacional, fica em destaque qual a forma regulatória destes meios
comerciais e qual meio prático utilizado para garantir o negócio, e ainda, qual deve
ser a legislação aplicável a tais relações de comércio.
Neste conturbado cenário internacional que surge o Crédito Documentário, que
tem como objetivo principal garantir a realização do negócio internacional, que em
sua maioria tem valores monetários extremamente expressivos, por meio de uma
terceira parte que atuará como uma força vinculante entre as duas partes contrantes
principais para que seja cumprida a obrigação de forma clara e concreta. Este
terceiro será a instituição financeira, o Banco, que virá ao auxílio do exportador e
importador para garantir o bom cumprimento daquela relação contratual que possui
expressivo valor monetário, e por muitas vezes, recai sobre mercadorias que são
essenciais para o funcionamento e/ou produção do importador do produto, se não
houvesse tal garantia, e mais, se por algum motivo o negócio viesse a não ser
cumprido além do prejuizo monetário referente ao pagamento da mercadoria, ficaria
também o prejuízo do desfalque de produção do importador.
Fica claro, mesmo com esta breve sumarização do que é o Crédito
Documentário, que esta forma de Carta de Crédito (“L/C”) funciona como uma
vinculadora dos grandes negociadores internacionais, é por conta dela que o atual
crescimento econômico internacional teve o desenvolvimento que pudemos ver à
olhos nus nos últimos anos, e sem a sua existência o desenvolvimento das relações
internationais ficaria muito mais restrito e embarreirado, sem o escopo e
desenvoltura que tanto necessitava.
Contudo, apesar de sua imensa importância para o mercado internacional, a sua
existência é relativamente recente, quando tratamos de legislação e regularização
para o estabelecimento da relação contratual, tal fator munido da expectativa de que
o comércio internacional é um meio extremamente propício à insegurança entre as
partes, fez com que o Crédito Documentário tivesse sua evolução legislativa de
forma notavelmente rápida e que foi, ao longo dos anos, se aprimorando, tendo
como base para o seu desenvolvimento os usos e costumes comerciais bancários.
Tal fato pode ser expressamente comprovado pela própria nomenclatura da
8

legislação pertinente a regulamentação e utilização do Crédito Documentário em


âmbito internacional Uniform Customs and Pratice for Documentary Credits – UCP
600 (Regras e Usos Uniformes Relativos a Créditos Documentários) elaborada pela
CCI – Câmara de Comércio International – instituição que tem como principal
objetivo regulamentar as diversas formas de Carta de Crédito, institutos estes que
serão tratados no desenvolver desta pesquisa.
No mais, devemos ressaltar que na ótica brasileira o Crédito Documentário é um
instituto muito novo, e que não recebeu o escopo e desenvolvimento doutrinário
nacional que lhe cabe, ficando limitado a divagações doutrinárias diversas que
tentam de forma complexa e afoita definir aquilo que há muito já foi estabelecido em
um âmbito internacional, especialmente pelo fato de muitas das decisões que
surgem de divergências dos Créditos Documentários serem resolvidas por meio da
Arbitragem, e mais, muitas das Câmaras Arbitrais que acabam por solucionar tais
conflitos não se encontram em território brasileiro, mesmo que uma das partes
envolvidas seja de tal nacionalidade, dificultando, portanto, o desenvolvimento de
entendimentos doutrinários pátrios acerca do tema.
Este trabalho pretende deixar explícito os diversos entendimentos acerca do
Crédito Documentário, bem como expor, de forma clara e expressa, as suas
modalidades, partes, forma, impactos e problemáticas, adentrando no campo das
relações de comércio exterior, mas sem ignorar o fator principal desta dissertação,
qual a abrangência jurídica das normativas relativas ao Crédito Documentário e até
onde sua aplicabilidade pode ser resguardada pelo sistema jurídico brasileiro.
9

2 Origem do Crédito Documentário

2.1 Primeiras Aparições


A primeira aparição do Contrato de Crédito Documentário, propriamente dito, é
relativamente recente e nos remete ao começo do século passado, contudo, a sua
verdadeira origem de forma derivada é considerada incerta, existindo certa
divergência quanto à sua real origem no ramo Comercial.
De acordo com a ilustre doutrinadora Lígia Maura Costa1, o Crédito
Documentário tem a sua origem datada a partir das relações comerciais que os
antigos fenícios e gregos mantinham, e dadas tais relações houve a necessidade de
se estabeler uma forma de cumprimento aos negócios que elaboravam, surgindo daí
a primeira forma, rústica, e não muito complexa, de Crédito Documentário.
Para Nelson Abrão, a primeira aparição de uma forma análoga ao Crédito
Documentário atual remonta as antigas Commercial Letter of Credit (Carta de
Crédito) que surgem da demanda de uma forma regulatória de comércio na Idade
Média, mais especificadamente das atividades dos merchant bankers existentes em
Londres, durante o século XVIII conforme verificamos no desenrolar de sua obra
A origem do crédito documentado “remonta à atividade dos merchant
bankers, os quais operavam em Londres já no sécula XVIII, intrometendo-se
nos negócios de importações, com o obrigar-se perante o vendedor
estrangeiro, na vez e lugar do comprador nacional, por meio de cartas
(commercial letters of credit), que representavam uma adaptação da carta
de pagamento, que intervinha no contrato de câmbio, à assim chamada
2
carta dos viajantes (traveller’s letter of credit) já em uso na Idade Média.
Podemos estipular que realmente é incerta a sua real origem, contudo a sua
necessidade sempre foi essencial para a manutenção do comércio internacional, e
mais, sempre foi essencial para que as relações internacionais estabelecidas entre
entes privados tivesse, na medida do possível, uma chance de sucesso maior, afinal
o negócio precisa ser concretizado e quanto maior a distância entre as partes, maior
será a dificuldade para tal.

1
COSTA, Lígia Maura, O crédito documentário e as novas regras e usos uniformes da câmara de
comércio internacional, São Paulo: Saraiva, 1994, p. 1.
2
ABRÃO, Nelson, Direito Bancário, 14ª Ed. ver. atual e ampl. pelo Desembargador Carlos Henrique
Abrão, São Paulo: Saraiva, 2011, p. 181.
10

Mas na realidade, o fato que se torna mais claro a partir da análise destes
pontos, é neste contexto e desta real necessidade de existir uma forma regulatória
internacional para garantir que a relação negocial que vem à surgir se concretize,
que surgem as primeiras formas de Crédito Documentário.

2.2 Desenvolvimento Temporal


Com o desenrolar das décadas, e a evolução das relações de comércio
internacional, surge também uma demanda para reinventar o sistema contratual e
seguratório das relações de compra e venda de produtos em âmbito internacional.
De tal demanda os antigos institutos da Commercial Letter of Credit, citada pelo
professor Abrão, começam a se desenvolver e adentrar na intrínseca complexidade
da relação internacional e iniciou o longo processo de criação e elaboração do que
hoje conhecemos como Crédito Documentário (também conhecido como Carta de
Crédito).
Para que possamos localizar o momento histórico que promoveu tal fomento do
Mercado Internacional, acima mencionado, devemos nos remeter ao início do século
passado, no desenrolar da Primeira Guerra Mundial, momento este que pudemos
evidenciar um grande impacto nas relações comerciais ao redor do mundo, não só
como efeitos da Guerra em si, mas também como a própria evolução das relações
comerciais e nos sistemas de trocas que surgiram da necessidade que emanava do
mercado. Munido a todos estes fatores, esta época foi alvo de uma grande evolução
tecnológica que acabou por acelerar o comércio e proporcionar novas formas e
produtos que foram rapidamente implantamos no mercado internacional.
Válido ressaltar, neste momento, que não existe divergência doutrinária quanto
ao surgimento do Crédito Documentário moderno, fato este passificado pela
doutrinadora Lígia Maura Costa em sua obra:
Alguns autores afirmam que o crédito documentário é um derivado da antiga
carta de crédito existente entre os fenícios, babilônios, os assírios, ou, ainda
os gregos. Outros consideram que devemos procurar suas origens na antiga
carta de crédito medieval do século XII. Todavia, tanto uns como os outros
são unânimes em afirmar que a versão moderna de crédito documentário
3
surgiu no início desse século. (g.n.)

3
COSTA. op. cit. p.1
11

Fato é que a relação entre fluxo comercial e a necessidade regulatória foi


essencial para que houvesse a evolução do sistema comercial internacional e das
relações de comércio internacionais, e neste contexto que o Crédito Documentário
surge como uma forma de final pacificar, na medida do possível, as relações de
comércio internacional.

2.3 Usos e Costumes


Posto o desenvolvimento do Crédito Documentário e o início de sua incidência
nas relações de comércio internacional é necessário pontuar a sua forma
regulatória, e como se deu sua formação não num contexto histórico, mas sim em
relação ao seu desenvolvimento jurídico.
Primeiramente, devemos deixar aqui expresso que o contrato de compra e
venda, negócio que veio à originar a necessidade do Crédito Documentário,
normalmente envolve valores e partes contratuais que muito custam em criar uma
confiança cega na boa-fé da parte contrária, logo, se mostrava necessário algum
novo elemento, uma nova parte contratual, que de certa forma estabelecesse um
vínculo extra por entre as partes do contrato de compra e venda principal. Desta
necessidade, inerente ao cumprimento do negócio jurídico que aqui é discutido, que
o Crédito Documentário, surge como uma forma de fornecer esse novo indíviduo
que vem para garantir o cumprimento da obrigação do contrato, sendo este novo
indíviduo uma Instituição Financeira.
Contudo, apesar do instituto inovador que surge a partir destas práticas e
evoluções jurídico-econômicas, foram se criando costumes que eram utilizados para
a realização destas práticas que aos poucos foram absorvidos pelo mercado
internacional e rapidamente se tornaram comuns às grandes negociadoras do
século XIX.
No desenrolar da década de 20, foi criado um movimento internacional que
visava unificar e uniformizar, por fim, as normas e costumes bancários utilizados
para a elaboração dos contratos de Crédito Documentário, sendo tal uniformização
feita por meio dos usos e costumes utilizados à época, é muito claro e notório que
os usos e costumes são considerados há muito uma fonte de direito, sendo
exaustiva a aparição de tal definição na doutrina pertinente, porém é válido ressaltar
12

que Miguel Reale4 deixa explicita tal definição e incidência dos usos e costumes
como forma de fonte do Direito.
Neste contexto que temos a aparição das primeiras formas regulatórias oficiais
do Crédito Documentário, instituto este que se originou exclusivamente de usos e
costumes internacionais quanto à elaboração e limites das responsabilidades das
partes desta nova forma de contrato.

2.4 A Lex Mercatoria e sua Correlação com o Crédito


Documentário
Devemos pontuar, de forma à complementar a estruturação história do Crédito
Documentário, o conceito da Lex Mercatoria e sua incidência dentro das relações de
comércio internacional, bem como a sua relação intrínseca com o Crédito
Documentário.
Notório o fato de que a Lex Mercatoria é há muito objeto de discussões,
especialmente em âmbito acadêmico, quanto a sua existência ou não e se existiria
um vinculo normativo – proveniente da Lex Mercatoria – que viria por regular
determinadas práticas mercantis em relações de comércio especificas que
acabaram por emergir de ações repetitivas e costumeiras desenvolvidas por tais
“mercados” que foram se solidificando com o passar dos anos, são estes os usos e
costumes que foram abordados com mais afinco no ponto 2.3 deste capítulo.
Partindo destes pressupostos podemos citar, de forma a auxiliar no entendimento
das origens da Lex Mercatória a passagem da Profª. Odete Maria de Oliveira:
Os portos constituíam sedes de centros de comércio onde tradicionalmente
organizavam-se contratos de vendas, fixavam-se condições de mercado,
ocupavam-se com as convergências de preços dos produtos entre as
regiões, o que veio a originar um tipo de comércio transfronteiriço e a criar
serviço bancário para financiar esse tipo de comércio, daí surgindo o
sistema normativo que ficou conhecido como Lex Mercatoria e que buscava
5
consolidar base jurídica internacional para o comércio .

4
O termo fonte do direito deve indicar somente os processos de produção da norma jurídica,
vinculados a uma estrutura do poder, o qual, diante de fatos e valores, opta por dada solução
normativa e pela garantia do seu cumprimento. Segundo Reale, a estrutura de poder é um requisito
essencial ao conceito de fonte. A luz deste conceito, quatro são as fontes do direito: o processo
legislativo, a jurisdição (poder judiciário), os usos e costumes jurídicos e o poder negocial. REALE,
Miguel, Lições Preliminares de Direito, 19ª Ed., São Paulo: Saraiva.
5
DALRI JÚNIOR, Arno. & OLIVEIRA, Odete Maria de. (Org.) Direito Internacional Econômico em
Expansão: Desafios e Dilemas. Ijuí: Ed. Unijuí, 2003.
13

Neste sentido, podemos verificar que o surgimento da Lex Mercatoria se trata da


evolução comercial europeia que veio por exigir praticas regulamentadoras para as
relações de troca que abordaravam todo o continente europeu, em tais relações
foram se solidificando os usos e costumes que acabaram por cercear toda relação
de consumo praticada dentro da Europa e acaba por estabelecer o que passamos a
conhecer como Lex Mercatoria.
Tendo em mãos uma definição básica do que é a Lex Mercatoria nos resta
explanar qual a sua real relação com o Crédito Documentário e qual o seu papel na
evolução deste instituto. Para tanto é imporante citar o Illmo. Prof. Dr. Cláudio
Finkelstein em seu artigo “A Famigerada Lex Mercatoria”:
Para que não paire dúvida sobre a existência, ou não, da lex mercatoria,
nada melhor do que a apresentação de alguns exemplos de sua aplicação
prática. O crédito bancário é um típico exemplo de lex mercatoria. Sua
normatizão ocorreu por meio da Câmara Internacional de Comércio, que
elaborou as UCPs, regulação essa que decorreu dos usos e costumes
internacionais. O mesmo se pode dizer dos chamados Incoterms – regras
oficiais da Câmara Internacional de Comercio para a interpretação de
termos comerciais –, elaborados em 1936 e atualizados frequentemente.
Trata-se de uma regulamentação das principais cláusulas contratutais
utilizadas no comércio internacional, novamente resultante dos usos e
6
costumes comerciais. (g.n.)
Podemos verificar, neste pequeno trecho extraído do referido artigo, que a Lex
Mercatoria está diretamente ligada à origem dos textos regulatórios do crédito
documentário, e por consequência do Crédito Documentário, uma vez que foi por
intermédio dela que a International Chamber of Commerce (“ICC”) elaborou as
UCPs – material que será estudado mais afundo no decorrer desta dissertação –
que vieram a regulamentar, por fim, as práticas bancárias internacionais e
consequentemente nos dias atuais, através da UCP 600, o contrato de Crédito
Documentário.

6
FINKELSTEIN, Cláudio. A Famigerada Lex Mercatoria. Consulex: Revista Jurídica, v. 16, n. 381, p.
42-43, dez./2012.
14

3 Natureza Jurídica e Legislação Aplicável


Para que possamos entender com mais afinco qual o propósito do Crédito
Documentário, e ainda, para uma melhor compreensão de seu conceito doutrinário
é necessário que analisemos a sua natureza jurídica, e que encontremos suas
principais problemáticas neste quesito. A natureza jurídica de um instituto tão
essencial para o comércio internacional quanto o Crédito Documentário é essencial
para que seja possível determinar com maior propriedade qual será sua aplicação e
estabelecer os seus limites.
Ademais, é necessário que deixemos aqui uma breve análise daquilo que pode
ser considerado como a legislação aplicável para os Créditos Documentários, sendo
que esta é uniformemente estabelecida pelas UCPs que são elaboradas, publicadas
e atualizadas pela Câmara Internacional de Comércio (“ICC”). Legislação esta que
iremos estudar mais afundo no desenvolver deste capítulo.

3.1 A Natureza Jurídica do Crédito Documentário


Inicialmente devemos deixar claro aqui existe uma dificuldade ao primeiro
analisarmos a natureza jurídica daquilo que vem a ser o Crédito Documentário,
inicialmente por se tratar de um instituto relativamente novo dentro de nosso
ordenamento jurídico moderno, especialmente para o brasileiro, e justamente por tal
motivo passou a existir uma certa divagação doutrinária acerca desta temática e um
ponto comum entre tais definições dificilmente acabava por ser estabelecido.
Aqui a Illm. Doutrinadora Ligia Maura Costa volta a nos fornecer uma importante
conceituação doutrinária e vem questionar toda essa divagação doutrinária que o
Crédito Documentário juntamente das Cartas de Crédito (“L/C”) acabam sendo
vitimas:
Em geral, e particularmente em direito, as idéias tradicionais são quase
sempre inadequadas às inovações que acompanham o desenvolvimento da
vida contemporânea e à multiplicação das transações comerciais
internacionais. Por mais paradoxal que isto possa parecer, o fato de duas
coisas pareceram semelhantes, poderem ser utilizadas para o mesmo fim,
serem dificeis de se distinguir uma da outra, não significa que se tratem de
uma mesma coisa e que não haja diferenças entre elas que, por mais sutis,
não sejam menos importantes. É perigoso todo raciocínio analógico quando
a técnica analisada é semelhante, embora distinta da uma instituição já
7
conhecida.

7
COSTA, op. cit. p. 135.
15

Daqui conseguimos extrair que o Crédito Documentário é um instituto


completamente independente e inovador, apesar de muitos quererem compará-lo
com os demais instituto contratuais existentes é necessário que o tratemos com
cautela e nos fixemos apenas em sua estruturação individual, não querendo mesclar
tal instituto com os demais que possam se apresentar como semelhantes.
Contudo, mesmo existindo de fato tal divergência sobre a natureza jurídica do
Crédito Documentário, existem aqueles que conseguiram determina-lá partindo da
análise comparativa entre o direito brasileiro e diretivas estrangeiras que se
assemelham à nossa.
Nesse sentido devemos citar Hilário de Oliveira, que em sua brilhante tese de
doutorado8, consegue expor a natureza jurídica trilareal dos Créditos
Documentários, onde existe uma análise intrínseca entre as vendas sobre
documentos – Crédito Documentário – e o trinômio mercadoria, papéis comerciais e
moeda. Tal relação passou a criar três fases negociais para os créditos
documentários confirmados e para as L/Cs, sendo tais fases expostas por Hilário de
Oliveira da seguinte forma:
a) A fase preparatória é reconhecida pelos contratos preliminares, pelo
dever de diligência e fidelidade em que as partes negociam os termos e
condições para o fechamento da venda, assim compreendendo a
confirmação do pedido e todos os momentos contratuais que antecedem a
abertura do crédito irrevogável [comprador-vendedor].
b) A fase dúplice da abertura do crédito documentário e emissão da
carta de crédito, pela sua “fattispecie” é direcionada aos momentos
contratuais e cartulários, referendados pelos bancos integrantes da
negociação [comprador-banco]. Nesta fase o importador procura o seu
banco, formaliza a proposta de abertura do crédito, oferece garantias
fidejussórias ou moeda em espécie para posterior emissão da carta de
crédito que é encaminhada ao seu beneficiário, por swift transmitido ao
banco avisador.
c) E por sua vez, a fase de execução é identificada em números
cláusulos na apresentação da carta de crédito acompanhada de papéis
[comerciais e financeiros], que comprovam o efetivo desembaraço aduaneiro
da mercadoria e determinam a pronta exibilidade dos recursos na moeda
9
negociada [banco negociador-banco reembolsador].
Aqui podemos perceber que o Crédito Documentário e a L/C são produzidas e
originadas de uma relação contratual trifásica que necessita do cumprimento de
fases preliminares para que possa ser finalmente concluída. É de essencial

8
DE OLIVEIRA, Hilário – Os créditos documentários, as cartas de crédito e os usuais instrumentos
financeiros do comércio internacional. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica, 2005.
9
DE OLIVEIRA, Hilário op. cit. p. 126
16

importância que cada uma dessas fases contratuais seja cumprida para que possa
ser originado o Crédito Documentário e para que este possa se fazer cumprir no
âmbito legal.
Partindo destas premissas, devemos novamente analisar aquilo que nos foi
exposto por Hilário de Oliveira, agora em um novo trecho:
Mais uma vez, não é demasiado afirmar que alicerçado em natureza jurídica
trilaretal: i) os créditos documentários surgem da bilateralidade de propostas
contratuais apresentadas pelo importador e sua aceitabilidade pelo banco
emissor; ii) já na fase subsequente, a partir da emissão e apresentação da
carta de crédito pertinente pela sua exibilidade e poder de saque do novo
proprietário dos recursos (o banco negociador), estes novos instrumentos
creditícios transmudam-se de natureza, agora com a primazia da realidade
cartulária são reconhecidos como títulos causais; iii) aí está a sua
trilateralidade jurídica [decorrente da bilateralidade do contrato antecedente
10
e irreverente exibilidade unilateral, encontrada na carta de crédito]. (g.n.)
Aqui finalmente temos de uma forma clara e explicíta a origem da natureza
trilateral do Crédito Documentário, é uma forma derivada entre a relação
estabelecida inicialmente entre as partes, para que esta se desenvolva pela emissão
do instrumento contratual de fato, sendo ele a carta de crédito, dependendo da sua
apresentação para que o saque possa ser realizado, tal relação e emissão
novamente é dependente daquele conteúdo documental que é inerente ao Crédito
Documentário. A junção destas relações vem por formar a complexa e
extremamente elaborada natureza jurídica que existe nos Crédito Documentários e
nas L/Cs.
Em suma, devemos deixar claro que ainda existe uma certa divagação
doutrinária acerca da natureza jurídica do Crédito Documentário, contudo, é
essencial que analissemos tal relação contratual como algo único e exclusivo, não
tentando confudí-la com aquelas que já nos são há muito conhecidas. No mais,
existem aqueles que conseguiram determinar uma natureza jurídica condizente e fiel
àquilo que o Crédito Documentário vem apresentar e expor ao mundo Jurídico,
demonstrando que existe uma natureza jurídica trilateral extremamente complexa e
elaborada junto desta forma contratual.

3.2 As UCPs e as Demais Legislações Aplicáveis aos

10
DE OLIVEIRA, Hilário op. cit. p. 129
17

Créditos Documentários
Partindo para outro ponto que é de essencial importância para que possamos
entender o que é o Crédito Documentário e como se dá a sua manutenção no
mundo jurídico prático, devemos analisar quais são as legislações pertinentes ao
Crédito Documentário e como se dá a sua aplicação em um contexto internacional e
até mesmo nacional.
Aqui devemos deixar claro que dada à natureza das partes que compõem a
relação contratual do Crédito Documentário, em sua grande maioria, tratam-se de
partes em locais distintos do mundo, e mais, por muitas vezes acabam se
deparando com dispositivos legais e processuais nacionais incompatíveis. Desta
caracteristica surgiu uma necessidade de uma normatização internacional imparcial
e efetiva, para a regulamentação das relações contratuais firmadas por meio do
Crédito Documentário, afinal, este é o principal meio de comércio internacional
utilizado na atualidade.
Partindo desta premissa devemos expor aqui do que se trata a nova UCP
(Costumes e Práticas Uniformes relativos a Créditos Documentários) 600 e como se
dá a sua utilização no mundo prático jurídico, ademais, devemos verificar como sua
aplicação é apurada em território brasileiro quando confrontada ao Código Civil
Brasileiro, que via de regra, deveria ser o tomo a ser seguido para as relações
contratuais estabelecidas por partes brasileiras.

3.2.1 A UCP 600


Com a nova forma de como as relações internacionais vem se desenvolvendo, e
levando em conta que a legislação aplicável para os casos de contratos e demais
relações jurídicas, firmadas no âmbito internacional, sofriam de uma carência
legislativa e isto, consequentemente, provocava um enorme conflito quanto à
eventuais litigios que vinham a surgir destas relações jurídicas.
Surgiu então a necessidade de uma padronização da legislação para os
negócios firmados sob a égide internacional, suprida por uma iniciativa da ICC –
International Chamber of Commerce – para criar uma norma que vinha finalmente
estabelecer padrões e diretrizes normativas que os Créditos Documentários
deveriam seguir quando da sua formação.
18

Ademais, vale citar que para a Carta de Crédito ser análisada sob a égide da
UCP 600 e suas normas, é necessário que no contrato esteja expressamente
disposto que aquele instrumento encontra-se sujeito às regras e normativas
expostas pela UCP 600, logo, podemos de pronto verificar que é completamente
optativa sua adoção, tornando-a apenas um instrumento de “conselho” para aqueles
que vierem a firmar novos contratos de Crédito Documentário:
“Artigo 1º
Aplicação da UCP
Os Costumes e Práticas Uniformes relativos a Créditos Documentários,
Revisão 2007, Publicação nº 600 da CCI são as regras a serem aplicadas a
todo Crédito Documentário (“crédito”) (inclusive, na medida em que forem
aplicáveis, a qualquer Carta de Crédito Standby) sempre que o texto do
instrumento de crédito expressamente indicar que o respectivo crédito está
sujeito a estas regras, às quais estarão vinculadas todas as partes
envolvidas, exceto modificação ou exclusão expressa constante do referido
11
instrumento.” (g.n.)
Apesar de tal normativa não ter força de Lei, especialmente para nós brasileiros,
e necessitar da vontade expressa das partes no contrato em aderir a tal normativa,
ela costuma ser adotada e seguida a risca por aqueles que vem a firmar os
contratos de Crédito Documentário, tal fato se dá, especialmente, como uma
consequencia da forma de resolução de litigios proveniente da relação desenvolvida
pelo Crédito Documentário, esta que acaba por ser a arbitragem.
Por este simples fator, de enorme relevância para o entendimento deste
assunto, acaba por ser de conveniência das partes contratuais e até uma forma de
facilitar todo o processo litigioso, que se assuma como legislação principal para a
resolução daquele que vir a ser o ponto de ebulição do conflito proveniente do
Crédito Documentário, uma normativa internacional, elaborada e prontamente
análisada por aqueles que dominam o conteúdo que vem a ser disposto naquela
normativa. Impedindo, por muitas vezes, que as partes venham a se prejudicar por
conta de uma legislação de determinado Estado que possa ter principios e
aplicações contrários àquilo que o Crédito Documentário vêm resguardar.
Ademais, importante citar que a UCP 600 vem regular não somente quem serão
as partes da relação contratual, ou como se dará a interpretação do contrato de
Crédito Documentário, mas também desde os requisitos minimos de sua

11
DEL CARPIO, Rômulo Francisco Vera – Carta de Crédito e UCP 600 : (comentada) / Rômulo
Francisco Vera Del Carpio – São Paulo : Aduaneiras, 2008. p. 15
19

formação/estruturação, a até como se dará a embarcação da mercadoria que vem a


ser objeto do contrato.
Por fim, podemos estabelecer e reconhecer que a UCP 600 é um instrumento
essencial para que o contrato de Crédito Documentário possa ter seu cumprimento
da forma mais fiel possível, seguindo as normativas internacionais, e tentar atingir a
maior minimização de litigios inerentes à tal relação possíveis.

3.2.2 O Código Civil Brasileiro e a UCP 600


Importante que agora tratemos de uma temátiva que tem importante relevância
para nosso direito pátrio, como se dá a resolução de litigios, quando estas fogem do
meio arbitral e acabam por parar em cortes brasileiras para sua solução.
Neste sentido, de pronto devemos ressaltar que são rarissímos os casos em que
litigios originários das relações de contratação de Crédito Documentário vêm a
aparecer em cortes brasileiras, porém, quando tais litigos vêm a recair sob estas
existe uma prerrogativa inicial, especialmente de iniciativa do STJ, para que sejam
análisadas normas específicas para àquela relação contratual, no caso em estudo,
tais normas seriam as UCPs, que em sua edição atual – como dito anteriormente –
encontram-se com a numeração 600.
Contudo, apesar de existir tal iniciativa de se respeitar àquela que vem a ser a
legislação internacional regente da relação contratual, existe ainda a necessidade
de analisarmos o nosso Código Civil – que vem a regular relações contratuais
pátrias – tentando aplicá-lo ao Crédito Documentário e provocando um possível
conflito entre as duas normas.
Tais normativas não devem ser confundidas, mesmo que desafiadas em um
mesmo conflito, é importante que o magistrado consiga separar aquilo que surge de
uma relação internacional e necessita de uma legislação específica para tal, não
contaminada por precedentes e princípios que são exclusivos de determinado país,
como – querendo ou não – é o caso de nosso Código Civil.
A legislação pátria de um país, tende por muitas vezes, a criar beneficios para
seus residentes e mesmo que não o faça é muito mais simples para que o residente
daquele Estado, acostumado com àquela legislação, manipule o contrato a seu
favor sem que a parte contrária o perceba.
Por fim, é necessário que tomemos um breve momento para analisarmos o
Recurso Especial 885.674 RJ do STJ, que sabiamente trata do assunto:
20

“Comercial. Recurso especial. Operação de importação de mercadorias.


Carta de crédito documentário. Análise das regras específicas relacionadas
a tal forma de crédito. 'Brochura 500' da Câmara de Comércio Internacional.
Limitação da responsabilidade do banco confirmador à análise formal dos
documentos requeridos para o pagamento ao exportador. Prevalência da
interpretação que confere maior segurança às operações internacionais. - O
crédito documentário é utilizado em operações internacionais de comércio.
Além da relação entre o importador e o exportador, envolve uma instituição
financeira que garante o pagamento do contrato por intermédio de uma carta
de crédito. Na prática, o banco emitente da carta de crédito é procurado por
um cliente com o objetivo de efetuar o pagamento a um terceiro,
beneficiário, ou, ainda, autorizar outro banco a fazer o pagamento ou a
negociar. Precedente. - Como importante instrumento de fomento às
operações internacionais de comércio, ao crédito documentário costuma-se
atribuir as qualidades relativas à irrevogabilidade e à autonomia. Assim, uma
eventual mudança posterior de idéia do tomador do crédito (importador)
quanto à realização do negócio é irrelevante, pois, para que o banco
confirmador honre seu compromisso perante o exportador, basta que este
tenha cumprido os requisitos formais exigidos anteriormente pelo
importador, salientando-se, ainda, que o banco sequer participa do contrato
de compra e venda. - Na presente hipótese, o importador condicionou o
pagamento à apresentação, pelo exportador, do boleto de embarque da
mercadoria, a ser realizado antes de determinada data. A data do
embarque, assim, foi erigida a requisito formal, a ser verificado antes do
pagamento. Ocorre que, segundo o importador, o exportador apresentou um
certificado de embarque ideologicamente falso, pois inverídica a data ali
inserida. Em conseqüência, sustenta o importador que o pagamento foi
indevido. - Nos termos da doutrina que trata dessa operação mercantil, a
análise a ser realizada pelo banco, no sentido de verificar se está presente o
dever de pagar ao importador, é limitada ao aspecto formal dos documentos
exigidos. Em uma análise estrita, o certificado de embarque apresentado
não contém nenhum vício aparente. A alegada falsidade na aposição de
data pretérita não se confunde com algum defeito formal perceptível de
plano. - O pretendido dever de não honrar a carta de crédito, na presente
hipótese, significa atribuir ao banco a obrigação de realizar um verdadeiro
juízo de valor sobre documento formalmente autêntico, de modo a
desconsiderar seu aspecto formal exterior, privilegiar elementos fáticos que
lhe são externos e concluir, em uma investigação em última instância
verdadeiramente policial, que houve a prática de um ilícito grave. Recurso
12
especial provido.” (g.n.)
Podemos verificar neste acórdão que a terceira turma do STJ tratou a relação
contratual proveniente do Crédito Documentário com muita cautela e sabedoria,
adotando como principal instrumento legislativo aplicável para tal contrato a então
vigente UCP 500. Contudo, apesar da Min. Nancy Andrighi promover tal decisão
baseada, em um primeiro momento, exclusivamente na UCP 500 para solucionar a

12
STJ – Resp: 885674 RJ 2006, Relatora: Min. NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 07/02/2008
– T3
21

lide, devemos nos remeter ao Voto-Vista do Min. Ari Pargendler referente à tal
processo:
Ao efetuar o pagamento do valor equivalente ao do depósito em garantia (fl.
38, itens 10/11) a instituição financeira assumiu o risco do ressarciamento
desse valor à segunda autora, já que não atentou para a anterior
comunicação daquela rescição contratual. Há de responder, pois, por sua
negligência e descontrole organizacional (art. 159, do Código Civil), não
podendo impor a irrevogabilidade do ajuste. Deveria fazê-lo, ademais, na
13
forma requerida na inicial da ação cautelar. (g.n.)
Aqui podemos verificar o breve lapso onde se esquecem da aplicação da UCP
500 para o caso prático em questão e passa o legislador a aplicar sanções e
obrigações provientes do Código Civil Brasileiro.
Este assunto ainda é muito debatido, e não se tem atualmente uma precedência
pacífica para este conflito legislativo, especialmente pelo fato de existirem tão
poucas relações litigiosas que envolvam os contratos de Crédito Documentário nas
cortes brasileiros, restando à abitragem a maioria das resoluções destes conflitos.
Nos resta aguardar e observar na esperança de um entendimento pacífico acerca
de qual deve ser a legislação aplicável para este caso e se continuarão as UCPs à
prevalecerem para quando da análise destes conflitos.

13
STJ – Resp: 885674 RJ 2006, Relatora: Min. NANCY ANDRIGHI, Data de Julgamento: 07/02/2008
– T3
22

4 Conceito
Após a análise de todos os conceitos e institutos estudados acima, devemos
agora nos focar em mais um importante e essencial aspecto dos Créditos
Documentários sendo este a sua conceituação doutrinária.
Para tanto, podemos nos voltar ao conceito que foi exposto pelo doutrinador
Celso Marcelo de Oliveira, onde ele define como contrato de Crédito Documentário:
Contrato financeiro pelo qual a Instituição Financeira emissoria em
conformidade com as instruções de seu cliente ordenante se compromete a
efetuar o pagamento ao beneficiário contra a entrega de documentos
14
representativos dos bens objeto de uma operação comercial internacional.
Podemos ainda citar a diferenciação e definição, entre crédito e contrato, que é
exposta no corpo da UCP 600 em seu art. 4º:
Artigo 4º
Crédito vs. Contratos
a) Um crédito, por sua própria natureza, é uma transação separada do
contrato de compra e venda ou outro no qual possa estar fundamentado. O
contrato em questão não interessa nem vincula aos bancos, de modo
algum, quer conste ou não qualquer referência a ele no instrumento de
crédito. Como consequência, o compromisso do banco de honrar; negociar
ou satisfazer qualquer outra obrigação nos termos do instrumento de crédito
não está sujeito a reivindicações ou defesas por parte do requerente em
decorrência de suas relações com o Banco Emitente ou com o
15
Beneficiário...
Importante que este artigo seja levado em consideração para que possamos
evitar eventuais confusões entre o contrato em si e o crédito bancário que foi
disponibilizado pelo banco envolvido na relação contratual principal. São institutos
diferentes e devem ser tratados como tal.
No mais, quanto ao contrato de Crédito Documentário, a partir da análise
conceitual exposta acima, podemos verificar que trata-se de uma obrigação
condicionada onde será necessário a apresentação de documentos específicos para
que a relação contratual seja finalizada e o pagamento realizado, onde tais
documentos representarão as mercadorias envolvidas na relação fornecendo à
parte os direitos sobre o pagamento.
De outra parte, devemos destacar a figura representada pelo banco nesta
relação contratual, ele entra na relação como um garantidor do negócio jurídico, ele

14
OLIVEIRA, Celso Marcelo de – Teoria Geral dos Contratos: Tratado de Direito Bancário. Campinas :
LZN Editora, 2002, p. 333
15
DEL CARPIO, Rômulo Francisco Vera, op. cit. p. 25
23

virá à se comprometer a satisfazer a obrigação do tomador do crédito, criando uma


nova segurança ao beneficiário e ao cumprimento do contrato.
Podemos, inclusive, visualizar a assertiva de que o banco, nesta relação
contratual, tem uma importância essencial para que este instituto contratual fosse
considerado válido, e mais, que este instituto fosse adotado tão vastamente pelas
relações comerciais internacionais. Neste sentido, devemos, novamente, visualizar
aquilo que foi exposto por Ligia Maura Costa:
A intervenção do banqueiro numa operação de crédito documentário é
caracterizada pela neutralidade absoluta, a qual elimina os riscos,
assegurando solidez necessária à instituição de crédito. De fato, o banco é o
intermédio em quem comprador e vendedor “vão confiar para vencer a
16
desconfiança recíproca.
Verificamos que o contrato de Crédito Documentário é um instituto exclusivo,
que não tem suas características mescladas com outros institutos contratuais,
tornando então sua aplicação e adoção únicos e específicos.
Ainda devemos considerar que o banco é parte essencial para a formação deste
instuto contratual, sendo ele quem irá garantir a relação e tornar-lá válida e
verossímil, criando interesse de particulares para que estes venham à contratar
desta forma e ter sua relação negocial garantida por uma instituição financeira, que
por muitas vezes, consta de renome internacional e conduta ilibada quanto à
realização destes contratos.

4.1 Modalidades
Além da conceituação formal do que é o instituto do Crédito Documentário, que
foi apresentada acima, devemos pontuar que existem determinadas modalidades
que definem os diferentes tipos de contrato, sendo eles17:
(a) Revogável
O Crédito Documentário revogável é todo aquele que poderá, como sua
nomenclatura já sugere, ser alterado ou revogado a qualquer momento, sem que
seja necessário aviso prévio algum ao beneficiário, conforme pontuado na obra de
Arnaldo Rizzardo:
O primeiro (crédito documentário revogável) pode ser modificado ou
cancelado a qualquer momento, sem que a necessidade de um anterior

16
VAUSSER, M. e MARIN, X. apud. COSTA, p.2
17
BULGARELLI, Waldírio. Contratos Mercantis. 14. Ed. São Paulo: Atlas, 2001. pág. 236
24

aviso beneficiário. Ou seja, é possível a modificação ou a revogação sem


18
acordo ou o aviso do beneficiário ou vendedor das mercadorias.
Contudo, devido a insegurança que esta modalidade fornece ao exportador,
ela está entrando em desuso pois poderá o contrato ser cancelado ou alterado
unilateralmente sem aviso prévio algum, logo às vésperas do embarque da
mercadoria já preparada.
A única possibilidade que ainda resta para a utilização da modalidade
revogável recai sob as empresas que integram um mesmo grupo financeiro, em
especial as multinacionais, pois aqui não irá existir um risco financeiro-economico às
partes quando rescindindo o contrato unilateralmente, pois tal ato já será esperado e
bem planejado pela diretoria do grupo antes de ser realizado.
(b) Irrevogável
Esta é a modalidade mais usual de Crédito Documentário dentro do cenário
de comércio internacional19, é nesta modalidade que teremos a instituição financeira
como uma parte interveniente na relação contratual, pois ele irá garantir o
compromisso de pagamento uma vez que seja realizada a entrega dos documentos
pertinentes.
Ademais, ele não poderá ser alterado ou cancelado sem o consentimento de
todas as partes envolvidas na relação, uma mera aceitação parcial de uma alteração
contratual não surtirá efeitos sem a concordância de todas as demais partes
intervenientes interessadas.20
Nesta modalidade temos uma maior segurança ao exportador, pois ele terá a
certeza que o contrato não poderá ser cancelado a qualquer momento sem o seu
consentimento, e também fornece uma maior garantia de pagamento pois o banco
entrará na relação contratual como um garantidor deste. Ademais fornece uma
menor flexibilidade ao tomador, pois este não mais poderá cancelar o contrato
quando bem lhe convir.
Aqui teremos duas subdivisões daqueles que vem a ser o crédito irrevogável,
sendo eles o crédito irrevogável confirmado e o crédito irrevogável não-confirmado,
para que possamos melhor entendê-los podemos utilizar a definição dada por
Arnaldo Rizzardo:

18
RIZZARDO, Arnaldo. Contratos de crédito bancário. p. 99
19
BARROSO, op. cit., p. 82.
20
MELLO, op. cit., p. 58
25

Para a confirmação do crédito exige-se a existência de um segundo banco,


que será mandatário ou correspondente daquele que abre o crédito. O
banco emissor autoriza ou solicita a um outro banco para confirmar o crédito
irrevogável. Caso confirme, o banco intermediário se torna compromissado
a satisfazer o crédito, podendo o exportador agir contra ele se não houver a
satisfação do crédito. Por outras palavras, o banco intermediário se
compromete, frente ao vendedor, a atender a obrigação assumida pelo
banco que abriu o crédito.
Crédito não-confirmado (sic) considera-se aquele em que o banco se limita
tão unicamente a notificar a abertura do crédito a seu beneficiário. Não se
verifica o empenho direto ao banco correspondente, mas a função do banco
intermediário se restringe em levar ao conhecimento do beneficiário que foi
aberto um crédito a seu favor por um determinado banco, e dentro de certas
21
condições.
Em suma, podemos determinar que o Crédito confirmado trata-se de uma
nova promessa em relação ao compromisso original que foi firmado, pois haverá a
ratificação de um outro banco para com aquela relação, reassegurando a obrigação
do banco emitente de pagar, aceitar saques, comprar/negociar os saques e demais
obrigações, sem direito de regresso contra o beneficiário.
Já o Crédito não-confirmado ocorre quando o banco notificador não assume
nenhuma obrigação para aquela relação comercial, somento o banco emissor
responde perante o beneficiário.

21
RIZZARDO, op. cit., p. 100
26

5 Os Personagens do Crédito Documentário


Nas relações que são estabelecidas nos contratos de Crédito Documentário,
teremos ordinariamente – em suas formas mais simples – apenas três personagens
participantes, sendo eles: o tomador do crédito, o beneficiário e finalmente o
banqueiro22.
Contudo, em suas formas mais complexas, o contrato em questão apresenta
diversos novos personagens que terão papeis extremamente especificos para que
este seja finalizado e todas as suas obrigações sejam devidamente cumpridas. Será
no próprio diploma legal da UCP 600, em seu art. 2º, que teremos as suas
respectivas definições, sendo tais partes: (a) Banco Emissor (Issuing Bank); (b)
Banco Notificador (Advising Bank); (c) Banco Confirmador ou Avalista (Confirming
Bank); (d) Banco Negociador (Negotiating Bank); (e) Banco Pagador (Reimbursing
Bank); (f) Beneficiário ou Exportador (Beneficiary); e (g) Requerente ou Importador
(Applicant).
O texto original da UCP 600 e de seu art. 2º, em sua publicação oficial pela
International Chamber of Commerce (“ICC”), segue com a seguinte redação:
UCP 600 - Article 2
Definitions
For the purpose of these rules:
Advising bank means the bank that advises the credit at the request of the
issuing bank.
Applicant means the party on whose request the credit is issued.
Banking day means a day on which a bank is regularly open at the place at
which an act subject to these rules is to be performed.
Beneficiary means the party in whose favour a credit is issued.
Complying presentation means a presentation that is in accordance with
the terms and conditions of the credit, the applicable provisions of these
rules and international standard banking practice.
Confirmation means a definite undertaking of the confirming bank, in addi-
tion to that of the issuing bank, to honour or negotiate a complying presenta-
tion.
Confirming bank means the bank that adds its confirmation to a credit upon
the issuing bank's authorization or request.
Credit means any arrangement, however named or described, that is irrevo-
cable and thereby constitutes a definite undertaking of the issuing bank to
honour a complying presentation.
Honour means:
a. to pay at sight if the credit is available by sight payment.
b. to incur a deferred payment undertaking and pay at maturity if the credit is
available by deferred payment.

22
COSTA, op. cit., p. 02
27

c. to accept a bill of exchange ("draft") drawn by the beneficiary and pay at


maturity if the credit is available by acceptance.
Issuing bank means the bank that issues a credit at the request of an appli-
cant or on its own behalf.
Negotiation means the purchase by the nominated bank of drafts (drawn on
a bank other than the nominated bank) and/or documents under a complying
presentation, by advancing or agreeing to advance funds to the beneficiary
on or before the banking day on which reimbursement is due to the nominat-
ed bank.
Nominated Bank means the bank with which the credit is available or any
bank in the case of a credit available with any bank.
Presentation means either the delivery of documents under a credit to the
issuing bank or nominated bank or the documents so delivered.
Presenter means a beneficiary, bank or other party that makes a presenta-
tion.
Podemos tão logo verificar que há uma preocupação para que se estabeleça os
termos e as partes que integram o contrato de Crédito Documentário, para que
então não haja confusão no momento de interpretação pelas partes.
Vale ressaltar que na obra de Rômulo Francisco Vera Del Carpio temos as suas
exposições e reflexões sobre os termos que são objeto do art. 2º da UCP 600,
especialmente quanto às partes que integram esta forma contratual, e por conta de
sua definição se torna mais facil de assimilar e conferir personalidade individual a
cada um desses personagens contratuais:
Issuing Bank (Banco emitente), também conhecido como Opening Bank,
que fornece em favor do exportador as garantias bancárias da Carta de
Crédito.
Advising Bank (Banco Avisador) é o banco na praça do exportador que
transmite ou avisa ao exportador a chegada do Crédito Documentário, sem
nenhuma responsabilidade quanto ao conteúdo, entregando o documento ao
Beneficiary devidamente autenticado mediante a conferência do chamado
Test Key mantido com o Issuing Bank.
Negotiating Bank (Banco Negociador) também conhecido como Paying
Bank, é o banco autorizado pelo Issuing Bank a pagar, aceitar ou negociar
os documentos da Carta de Crédito apresentados pelo exportador.
Confirming Bank (Banco Confirmador) é o banco normalmente estabelecido
fora do país do Issuing Bank, que assume o compromisso junto ao
Beneficiary de pagar o valor da Carta de Crédito em nome do Issuing Bank,
sob qualquer circunstância em caso de impedimento por motivos do risco-
país ou risco-banco. Em outras palavras, é o avalista do Issuing Bank.
Reimbursing Bank (Banco Reembolsador) é o caixa do Issuing Bank que
efetuará o reembolso do valor da Carta de Crédito, desde que seja
23
devidamente autorizado pelo Banco Emitente.
Nesta breve explanação fornecida por Del Carpio podemos verificar que cada
um dos bancos envolvidos na relação contratual apresenta características

23
DEL CARPIO, op. cit., p. 18-19
28

extremamente específicas e exercem papéis igualmente necessários para o fiel


cumprimento da obrigação contratual estabelecida pela Carta de Crédito, é
importante que verifiquemos a todo momento quais são os bancos envolvidos na
relação para que estes não sejam confundidos e acabe por existir alguma forma de
cobrança indevida junto destes.
Em seguida, retorna Del Carpio com uma breve e concisa definição de quem
seriam o Applicant e o Beneficiary nesta relação:
Applicant (Tomador), também conhecido como requerente, opener, buyer ou
importador, geralmente cliente do Issuing Bank.
24
Beneficiary (Exportador), também conhecido como seller.
Apesar de curta a definição promovida por Del Carpio, fica muito claro
estabelecer quem seriam estes personagens na relação contratual, pois estes serão
os pilares de formação da relação – em uma comparação ao contrato de compra e
venda ordinário, seriam estes o comprador e o vendedor, respectivamente – pois
serão estes que irão até o banqueiro para que este possa ingressar como parte
interveniente da relação contratual em questão.

24
DEL CARPIO, op. cit., p. 19.
29

6 Considerações Finais
Uma vez analisadas todas as circunstâncias, características, personagens e
condições do contrato de Crédito Documentário podemos classificá-lo como um
complexo e importante meio jurídico para a solução de problemáticas que são
inerentes às relações comerciais internacionais, quais sejam a falta de confiança
entre as partes que compõe o contrato e a dificuldade em estabalecer um meio
neutro de solução de eventuais ligitígios provenientes de tal relação.
Aquilo que virá a tornar o Crédito Documentário um instituto tão importante para
o comércio internacional, e até mesmo à relação jurídica internacional existente,
será a sua inovação em tornar o banqueiro uma parte interveniente nesta complexa
relação contratual, sendo ele o garantidor do negócio uma nova esfera de confiança
vira à surgir entre o Applicant e o Beneficiary e poderá então o negócio ser firmado
entre eles com confiança e sem maiores temores.
Outrossim devemos nos voltar ao fato de que a regulamentação internacional
promovida pela ICC – International Chamber of Commerce – é de vital importância
para a compreensão e manutenção das relações promovidas pelo Crédito
Documentário, é por meio das UCPs que conseguiremos determinar quando uma
parte agiu de forma correta em relação às suas obrigações, e ainda como se dará a
solução de enventuais conflitos provenientes desta forma de contrato. Existe
também a delimitação das responsabilidades tanto dos bancos envolvidos na
relação como também do Applicant e o Beneficiary.
Contudo, restará a problemática de qual seria a legislação aplicável no caso de
solução de litígios derivados dos contratos de Crédito Documentário estabalecidos
dentro de território brasileiro, será necessário adaptar as UCPs para nosso
ordenamento pátrio ou deveriamos aplicar a legislação do Código Civil brasileiro de
forma análoga ao caso prático. Ao analisarmos as decisões proferidas pelo Superior
Tribunal de Justiça – STJ – anteriormente foi possível verificar a existência de um
entendimento no sentido de que será sim necessário adaptar o texto legal da UCP
para o litígio proveniente da relação de Crédito Documentário, porém na mesma
corte também eclodiu o entendimento da necessidade de aplicar o disposto no
Código Civil brasileiro para a solução daquele litígio, demonstrando que ainda não
foi promovido um entendimento completamente pacífico acerca desta questão.
30

Porém é importante ressaltar que são muito poucos os casos que acabam por
recair sob os olhos do STJ, afinal, devido à natureza desta relação, quando surgir
um litígio acerca do caso, em sua maioria, estes serão dirigidos para a arbitragem.
Desta forma conseguimos impedir o favorecimento de uma das partes por utilizar-se
de sua legislação pátria uma vez que o outro não teria conhecimento algum desta,
podendo prejudicar-se de forma irreparável por conta deste fator, na arbitragem as
partes acordam a legislação que será utilizada e consequentemente acabam por
criar uma estabilidade jurídica entre elas na hora da solução do evetual litígio.
Finalmente podemos determinar que este é um instrumento indispensável para
o comércio internacional e será por meio dele que a relação contratual estabelecida
entre as partes seja devidamente cumprida, os meios de regulamentação
internacional do Crédito Documentário acabam por garantir a sua eficácia no mundo
jurídico e comercial, sem o Crédito Documentário as relações de
importação/exportação de produtos num escopo internacional seriam praticamente
impraticáveis atualmente, e este instrumento acaba por fazer o mercado financeiro e
as relações de comércio internacional girarem perfeitamente de forma a alimenar os
mercados que necessitam de um constantes giro comercial e negocial que envolva
a troca de mercadorias internacional, ou seja, as relações de importação e
exportação.
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Normas e Usos Uniformes relativos aos Créditos Documentados, elaborado em
Congresso realizado no México, em 1962.
Código Civil Brasileiro (Lei 12.441/11).
Revista de Direito Mercantil: São Paulo – Editora Malheiros.
33

Anexo A – Modelo de Crédito Documentário


Standard

CONTRATO DE ABERTURA DE CREDITO DOCUMENTARIO


PARA IMPORTACAO DE MERCADORIAS

I - BANCO:

BANCO S.A., corn sede na [endereço], Estado de [Estado], inscrito no CNPJ/MF


sob o n.° [Número], neste ato devidamente representado na forma de seu Estatuto
Social.

II- CLIENTE:
Razão Social:
CNPJ/MF:
Endereco:
CEP:
Cidade/Estado:

III - DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S):


Razão Social/Nome:
CNPJ/CPF/MF:
Endereco:
CEP:
Cidade/Estado:
Razão Social/Nome:
CNPJ/CPF/MF:
Endereco:
CEP:
Cidade/Estado:

IV - ESPECIFICACAO DO CREDITO DOCUMENTARIO:

1. Natureza: Irrevogavel
( ) confirmado
( ) transferivel
(x) nao confirmado
( x ) intransferivel

2. Transmisseio:
( ) telex —
( x ) Swift -

3. Banco Avisador:
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4. Banco Confirmador:

5. Nome e endereco do Beneficiario:

6. Valor da Carta de Credito em moeda estrangeira: US$ xxx.xxx,xx (valor por


extenso)

7. Incoterm: (x ) FOB ( ) CFR ( ) [outros]

8. Discriminação das Mercadorias:

9. Declaraceio/Licenca de Importaceio - Aditivos/Anexos: L/C Isenta

10. Fatura(s) proforma:

11. Beneficiario do Seguro:


( ) Banco
( x ) Cliente

12. Prazos:
a) Data Limite para Embarque:
b) Data de Vencimento da Carta de Credit° ("Expiry Date"):

13. Metodo de Transporte:


(x) Maritimo I ( x ) Aereo I ( ) Rodoviario I ( ) Ferroviario I ( ) Combinado:

14. Local de Recebimento da Mercadoria no Exterior:

15. Porto/Aeroporto de Embarque:

16. Porto/Aeroporto de Desembarque:

17. Local de Destino Final:

18. Embarques Parciais:


( ) Permitidos
( ) Proibidos

19. Transbordo:
( ) Permitido
( ) Proibido

20. Despesas no exterior: por conta do:


( ) Confirmacao ( ) Cliente ( ) Beneficiario
( ) Exame de Documentos ( ) Cliente ( ) Beneficiario
( ) Aviso ( ) Cliente ( ) Beneficiario
( ) Aceite ( ) Cliente ( ) Beneficiario
( ) (outras — discriminar) ( ) Cliente ( ) Beneficiario
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21. Condicties Especiais: "EMPRESA S.A. complies with the international sanction
laws and regulations issued by the United States of America, the European Union and
the United Nations (as well as local laws and regulations applicable to the issuing
branch) and in furtherance of those laws and regulations, EMPRESA S.A. has adopted
policies which in some cases go beyond the requirements of applicable laws and
regulations. Therefore EMPRESA S.A. undertakes no obligation to make any payment
under, or otherwise to implement, this letter of credit (including but not limited to
processing documents or advising the letter of - credit), if there is involvement by any
person (natural, corporate or governmental) listed in the USA, EU, UN or local
sanctions lists, or any involvement by or nexus with Cuba, Sudan, Iran or Myanmar, or
any of their governmental agencies."
"We shall remit proceeds on receipt of credit compliant documents at our counters
as per instructions."

22. Documentação Exigida para honrar/negociar a Carta


a. Saque(s): ( ) Sim ( ) No
a. I. Saque(s): ( ) A vista () dias apos a data de de Credito:
embarque ( ) a prazo.
( ) pago no destino, a ordem de Banco X a descricao das mercadorias .
b. ( ) Conhecimento de Embarque:
( ) Maritimo (B/L), limpo a bordo, marcado frete ( ) pre-pago Banco S/A.
( ) Aereo
( ) Rodoviario
( ) Ferroviario
( ) Outros (especificar)
b.1 I. Copias de Conhecimento de Embarque:
( ) jogo completo e 3 copias no negociaveis (B/L)
( ) 2/3 originais e 3 copias no negociaveis (AWB)
( ) originais e copias no negociaveis
c. ( ) Fatura comercial em 2 originais e 3 copias, contendo
d. Outros documentos: Certificate of Origin in 01 original issued by beneficiary.

V — CONDICOES ADICIONAIS

I. Prazo para contratacdo da operacao de cc?mbio:


( ) imediatamente apos o recebimento, pelo BANCO, do aviso de utilizacao da
Carta de Credito;
( ) ate dois dias uteis anteriores ao vencimento do saque, no caso de Carta de
Credito a prazo;

II. Encargos/Custos:
a. Comissao de 1,50% (urn virgula cinco por cento) sobre o valor da Carta de
Credit°.
a. I . Tipo:
( ) Flat ( x ) Anual ( ) outros
a.2. Forma de Pagamento:
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( ) em ____/_/ ( ) antecipada em / / ( ) postecipada em ___/_/_ ( x ) paga


trimestralmente postecipado ate o embarque, pro rata pela utilizacao da carta de
credit°. Na data de negociacao, antecipa todo o pagamento da comissao.
b. Tarifa de emissao da Carta de Credito (swift):
c. Tarifa por emenda (swift): US$ 50.00
1. Conta corrente do CLIENTE N.° XXXXX Agencia YYYY

VI — GARANTIAS

a. ( ) Penhor de direitos creditorios correspondente ao valor da Carta


de Credito, acrescido da margem de % ( por cento);
b. ( ) Penhor de duplicatas correspondente ao valor da Carta de
Credito, acrescido da margem de ____.% ( por cento);
c. ( ) Penhor de titulos representativos de aplicacoes financeiras
correspondente ao valor da Carta de Credito, acrescido da margem de ____ % ( por
cento).
d. ( ) Fianca a ser prestada por
e. ( x ) Penhor das acties que a XXXXXX, YYYYY detem na EMPRESA
S.A. Contrato de suporte dos acionistas da EMPRESA X S.A.

VII— CLAUSULAS CONTRATUAIS:

1. As partes acima nomeadas e qualificadas tern entre si justo e con-


tratado as condicaes para a abertura de uma carta de credit° conforme condicoes
especificadas no item IV do preambulo deste contrato (doravante denominada "Car-
ta de Credito"), em observancia as Regras e Usos Uniformes para Creditos Docu-
mentarios, aprovados pela Camara de Comercio Internacional (Revisao de 2007 -
Brochura 600). O CLIENTE declara expressamente conhecer e submeter-se ao
credit° regulamentado, bem como as eventuais alteracoes que vierem a integrar-
lhe, na vigencia deste contrato.

2. Pica estabelecido que o BANCO acatara, dentro do prazo de vali-


dade e ate o limite da Carta de Credito a ser emitida confortne as caracteristicas
acima, qualquer solicitacao de pagamento feita pelo Beneficiario ao correspondente
do BANCO no exterior, desde que cumpridas todas as formalidades e condicoes
estipuladas na Carta de Credito.
2.1. 0 CLIENTE, desde ja, considera legitimos e valiosos os documentos cita-
dos no item IV do preambulo, bem como todos os desembolsos que vierem a ser
efetuados pelo BANCO sob este contrato, como comprovacao inequivoca de sua
divida.

2.2. 0 CLIENTE e seu(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S) reconhecem, desde já,


como prova de seu debito, os saques, requisicoes, recibos e/ou ordens de pa-
gamento que emitirem ou assinarem, bem como qualquer lancamento efetuado pe-
lo BANCO, corn base no presente contrato. Desse modo, fica expressamente de-
terminada a liquidez da divida, compreendendo o calculo dos juros e das taxas e
comissoes que, corn o principal, formara'o o debit°.

3. Fica estabelecido que o BANCO e seus correspondentes nao assumirao


qualquer responsabilidade quanto aos seguintes fatos:
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a. correcao, validade ou legitimidade de qualquer documento relativo


a importacao;
b. especie, quantidade ou entrega de mercadoria que tais documen-
tos digam representar;
c. consequencias decorrentes de qualquer engano, atraso, mutilacao
ou omissao na transmissao de correspondencia telegrafica ou qualquer outra forma
de telecomunicacao, exceto quando causado por ato atribuido ao BANCO;
d. extravio de documentos, observadas as disposicoes do art. 35 das
Regras e Usos Uniformes para Creditos Documentarios, aprovados pela Camara
Internacional do Comercio (Revisao 2007 - Brochura 600).

4. Fica ainda estabelecido que se as mercadorias, quaisquer que sejam os mo-


tivos, nao chegarem ao domicilio do CLIENTE, este sera obrigado a fazer o pa-
gamento do valor devido ao BANCO desde que o BANCO esteja de posse do aviso
de debit° de seus correspondentes no exterior, relativo ao pagamento efetuado ao
beneficiario da Carta de Credito. 0 pagamento sera exigivel independentemente do
recebimento do valor do seguro contratado e identificado em campo pr6prio do item
IV do preambulo, bem como da entrega dos documentos de embarque, caso estes,
por qualquer eventual idade, no tenham sido recebidos pelo BANCO.

5. 0 CLIENTE liquidara as obrigacoes de principal e encargos, obrigando-se a


contratar corn o BANCO a operacao de cambio necessaria para o cumprimento das
obrigacoes assumidos no exterior, a taxa de venda da moeda estrangeira vigente
no mercado, com pagamento equivalente em moeda nacional, na data do respec-
tivo fechamento.
5.1 Na impossibilidade de se obter a taxa de cambio acima mencionada, sera
utilizada, para efeitos de conversa'o cambial, a taxa media de venda da moeda es-
trangeira, aplicavel a operacOes financeiras, conforme informada por outro orgao,
entidade ou associacao que entao venha a melhor refletir as condicOes praticadas
no mercado no dia das apuracoes.
5.2. Na hip6tese de o CLIENTE no contratar a operacao de cambio acima refer-
ida no prazo indicado no item V do preambulo, visando a liquidacao das obrigacoes
no exterior, o BANCO podera liquidar tal operacao em seu nome, na data aprazada,
ficando o CLIENTE responsavel pelo ressarcimento ao BANCO de todas as quanti-
as desembolsadas, observada a taxa de cambio praticada no dia da efetiva liq-
uidacao da operacao de cambio, bem como demais custos incorridos pelo BANCO,
incluindo-se custos de captacao da moeda estrangeira, despesas incorridas e com-
provadas pelo BANCO ou por seus correspondentes no exterior, a titulo de portes,
telegramas, telex, swift, comissoes, impostos e demais encargos por ocasiao da
negociacao da Carta de Credito no exterior.
5.3. Se, por falta de cobertura cambial, determinada por impedimento legal,
regulamentar ou qualquer outro motivo de forca major, no for possivel a efetivacao
das remessas ao exterior nas epocas prOprias, destinadas a atender os com-
promissos assumidos pelo BANCO no exterior, fica desde já ajustado que perman-
ecerao mantidas, de pleno direito, todas as obrigacties assumidas sob este contra-
to, ate a regularizacao dos debitos decorrentes da Carta de Credito.

6. Pela abertura da Carta de Credito, o CLIENTE obriga-se a pagar ao


BANCO, em moeda corrente nacional, a comissao prevista no item V do preambulo,
bem como obriga-se pelo pagamento do custo incidente em caso de emenda da
Carta de Credit°, indicado no mesmo item V, e pelos custos incorridos no exterior e
mencionados no item IV, conforme o caso.
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6.1. A apuracao do valor devido ao BANCO, a titulo de comissao pela


abertura da Carta de Credit°, dar-se-mediante conversao da moeda es-
trangeira para a moeda corrente nacional, utilizando-se a taxa de cambio
de venda informada pelo Banco Central do Brasil na data do respectivo
pagamento (obtida via SISBACEN), transacao PTAX 800, opcao 5, cotac-
oes para contabilidade.

7. 0 CLIENTE se responsabiliza, ainda, pela informacao ao BANCO


quanto ao enquadramento da mercadoria objeto da importacao na exigencia de li-
cenciamento no automatic° ou emissao de licenca de importacao anteriormente ao
embarque, de acordo corn a regulamentacao vigente do Banco Central do Brasil e o
respectivo codigo da Nomenclatura Comum do Mercosul (NCM).

8. 0 CLIENTE reconhece que, em razao de sancoes comerciais inter-


nacionais, o BANCO reservar-se ao direito de nao processar documentos e/ou efet-
uar pagamentos por conta da Carta de Credit° que: (i) evidenciem embarques ou
transbordos por quaisquer meios de transportes ou em portos e/ou aeroportos cujas
bandeira e/ou proveniencia sejam do Sudao, Ira, Cuba ou Myanmar; (ii) indiquem
quaisquer partes as quais, a epoca da negociacao dos respectivos documentos, es-
tejam sob sancoes norte-americanas ou europeias ou sejam de nacionalidade su-
danesa, iraniana, cubana ou birmanesa; ou (iii) evidenciem a importacao de merca-
dorias de origem sudanesa, iraniana, cubana ou birmanesa.

9. As partes reconhecem que a obrigacao do BANCO ern emitir a Carta


de Credit° esta condicionada a perfeita formalizacao, a exclusivo criterio do BAN-
CO, de todas as garantias exigidas do CLIENTE, do(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARI-
OS ou terceiro(s) garantidor(es), bem como a disponibilizacao de limite de credit°
ao CLIENTE, em montante no minimo equivalente ao valor da Carta de Credit°.

10. 0(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S) declara(m)-se solidariamente


responsavel(eis) corn o CLIENTE, em carater irrevogavel e irretratavel, por todas as
obrigacoes assumidas no presente contrato.

11. Os direitos/bens moveis e/ou imoveis, bem como a fianca, even-


tualmente entregues como garantias ao BANCO deverao ser documentados em in-
strumentos apartados, os quais, apOs assinados e rubricados pelas partes, passa-
rao a fazer parte integrante e complementar do presente contrato.

12. 0 BANCO podera, a qualquer tempo e a seu exclusivo criteria exigir


reforco das garantias constituidas pelo CLIENTE, notadamente nos casos de pen-
hora, arresto, sequestro ou qualquer medida administrativa ou judicial que venham
atingir tais garantias.

13. Fica o BANCO autorizado a debitar, nas datas dos respectivos pa-
gamentos, na conta corrente mencionada no item V do preambulo, todas as quanti-
as que forem devidas em decorrencia das obrigaceies assumidas neste contrato.

14. 0 BANCO podera considerar antecipadamente vencido o presente


contrato e exigir o total da divida dele resultante, bem como executar a(s) gar-
antia(s) oferecida(s) pelo CLIENTE, independentemente de aviso ou interpelacao
judicial ou extrajudicial, se ocorrer quaisquer dos seguintes eventos:
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a) descumprimento ou inadimplemento pelo CLIENTE de qualquer


obrigacao decorrente deste contrato ou do Instrumento de Penhor de Ac'Oes;
b) descumprimento ou inadimplemento pelo CLIENTE de qualquer
obrigacoes decorrente de outros contratos por ele firmados corn o BANCO ou corn
qualquer outra empresa, de forma direta ou indireta, ligada ao, controlada pelo ou
controladora do BANCO;
c) se o CLIENTE e/ou os DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S) sofrer(em)
legitimo protest° de titulos de credit° e/ou documentos representativos de divida de
sua emissao, aceite ou coobrigacao;
d) se o CLIENTE e/o o(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S) na'o refor-
car(em) ou substituir(em), em caso de perecimento, perda ou depreciacao, as gar-
antias constituidas fazendo-o dentro de no maxim° 10 (dez) dias que lhe for
designado pelo BANCO em cada oportunidade;
e) se o CLIENTE e/ou qualquer do(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S)
propor (propuserem) recuperacao judicial ou extrajudicial ou tenha(m) sua falencia
requerida ou decretada;
f) se o CLIENTE e/ou qualquer do(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S)
alienar(em), der(em) em garantia a terceiros ou constitua(m) qualquer especie de
Onus on gravame sobre quaisquer de seus bens ou direitos, sem previa e expressa
anuencia do BANCO;
g) a cessao ou venda de seu controle acionario, bem como a dis-
solucao ou suspensao das atividades do CLIENTE;
h) se a Petrobras Distribuidora S.A. ("BR") ceder ou transferir o Con-
trato de Contribuicao de Capital celebrado em 08/05/2008 entre a BR e Ellocin Bra-
sil ParticipacOes e Consultoria Empresarial — Ellobras Ltda., Genpower Energy
ParticipacOes Ltda e Genrent do Brasil Ltda., corn interveniencia da CLIENTE e do
BANCO (o "Contrato de Contribuicao de Capital"), ou as direitos e obrigacOes dele
decorrentes, exceto conforme au i permitido;
i) se a BR ceder ou transferir qualquer parte de sua participacao no
capital social da CLIENTE, exceto conforme expressamente permitido no Contrato
de Contribuicao de Capital;
j) se, durante a vigencia deste Contrato, a Uniao deixar de deter o
controle indireto da BR, conforme definido no artigo 116 da Lei no. 6.404 de 15 de
dezembro de 1976, seja pela alienacao ou diluicao, direta ou indireta, da proprie-
dade das acOes que representam o controle acionario da BR, seja por intermedio
da celebracao de contrato especifico para tal fim ou cuja implementacao acarrete
identico resultado;
k) se o Contrato de Contribuicao de Capital ou o contrato de
Promessa de Compra e Venda de AO-es e Outras Avencas celebrado em
08/05/2008 entre a BR e a Ellocin Brasil Participaceies e Consultoria Empresarial —
Ellobras Ltda., Genpower Energy Participac'Oes Ltda. e Genrent do Brasil Ltda.,
corn a interveniencia da CLIENTE ("Promessa de Compra e Venda") for alterado,
rescindido ou terminado sem a previa autorizacao do BANCO, ou se qualquer urn
deles for suspenso ou declarado invalid° ou inexequivel;
l) no caso de ocorrencia de um evento de inadimplemento nos ter-
mos do Contrato de Contribuicao de Capital ou da Promessa de Compra e Venda;
m) se ocorrer quaisquer das hipoteses de antecipacao legal de
vencimento previstas nos artigos 333 e 1425 do Codigo Civil.
40

15. Ocorrendo impontualidade no cumprimento das obrigacOes pecuniari-


as decorTentes deste contrato, sobre as quantias devidas incidirao, desde a data
do inadimplemento ate a data do efetivo pagamento: a) juros moratorios de 1% (urn
por cento) ao mes ou fracao; b) juros remuneratorios cobrados por dia de atraso,
calculados de acordo corn a taxa de juros, vigente na data do pagamento, praticada
pelo Banco em suas operacoes de credito, divulgada no site do BANCO e c) multa
moratoria de 2% (dois por cento).

16. Na hipotese do descumprimento de qualquer clausula ou condicao


estipulada neste contrato, o BANCO flea desde ja autorizado pelo CLIENTE a
promover a compensacao de sua divida, nos termos dos artigos 368 e 369 do
Codigo Civil, corn eventuais creditos que o mesmo tenha ou venha a se tornar titu-
lar junto ao BANCO, inclusive aplicaceies financeiras e aqueles decorrentes de ex-
cesso de garantias de outros contratos por ele firmados corn o BANCO, podendo o
BANCO proceder o resgate ou negociacao de quotas ou titulos em valor suficiente
para a liquidacao do saldo devedor decorrente deste contrato.

17. Correm por conta do CLIENTE todos e quaisquer tributos, (tais co-
mo Impost° de Renda, Impost° sobre Operacao de Cambio, Impost° de Importa-
cao), que incidam ou venham a incidir sobre esta operacao, ainda que o BANCO
seja o responsavel pelo recolhimento em seu proprio nome junto a autoridade fiscal
competente.

18. 0 nao exercicio pelo BANCO de qualquer dos direitos que lhe asse-
guram este contrato e a lei, nao constituira causa de alteracao ou novacao contra-
tual e no prejudicara o exercicio desses direitos em epocas subsequentes ou em
idantica ocorrencia posterior.

19. 0 CLIENTE e o(s) DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S) autorizam o


BANCO, em miter irrevogavel e irretratavel, durante a vigencia deste contrato: a) a
prestar todas as informacoes relativas a esta operacao a CENTRAL DE RISCO DE
CREDITO DO BANCO CENTRAL DO BRASIL; e b) consultar a qualquer tempo e
sempre que for necessario perante o Sistema CENTRAL DE RISCO DE CREDITO
DO BANCO CENTRAL DO BRASIL, todas e quaisquer informacoes pertinentes a
operacOes de credit° e garantias de responsabilidade do CLIENTE e/ou do(s)
DEVEDOR(ES) SOLIDARIO(S).

20. 0 CLIENTE declara para os devidos fins que a celebracao do


presente contrato nao esta relacionada a quaisquer finalidades que possam causar
danos sociais e tambem, a quaisquer finalidades e/ou projetos que no atendam rig-
orosamente a Politica Nacional de Meio Ambiente e as disposicoes das normas le-
gais e regulamentares que regem tal Politica.

21. Sao de responsabilidade do CLIENTE todas as despesas que


vierem a ser efetuadas pelo BANCO para constituicao, eficacia, seguranca, regu-
laridade e conservacao de seus creditos e de todas as garantias constituidas em
seu favor por forca deste contrato, inclusive as despesas corn registros em Carto-
rios de Titulos e Documentos, CartOrios de Registro de Imoveis, CartOrios de
Protestos, bem como as tarifas decorrentes das cobrancas dos titulos e direitos
creditorios objeto das garantias de penhor, ficando o BANCO autorizado, em
carater irrevogavel e irretratavel, a debitar todas as despesas mencionadas nesta
clausula da conta corrente do CLIENTE mencionada no item V do preambulo
deste contrato, na qual o CLIENTE se obriga a manter fundos suficientes e dis-
poniveis para acatar tais debitos.
41

22. As obrigacoes assumidas neste contrato deverao ser cumpridas no


endereco do BANCO indicado no item I do preambulo deste contrato, ou em outro
endereco que o BANCO informar ao CLIENTE.

23. Nos termos das Clausulas 10.01 do Contrato de Contribuicao de


Capital, os acionistas da CLIENTE realizaram uma estipulacao em favor da CLI-
ENTE, a quem ficou permitido exigir o cumprimento das obrigacOes de aportes ali
previstas, nos termos do artigo 436, paragrafo unico, do Codigo Civil. A CLIENTE
se obriga a emitir nesta data uma procuracao nos moldes do Anexo 1 em favor do
BANCO, outorgando poderes suficientes ao BANCO para demandar, em nome da
CLIENTE, as acionistas para o cumprimento de tais
obrigaceies. Referida procuracao devera permanecer em vigor ate a integral
quitacao de todas as obrigacoes previstas neste Contrato e na Carta de Credito.

24. A CLIENTE neste ato autoriza o BANCO a fornecer todas as infor-


macoes relativas a este Contrato e a Carta de Credit° a BR, bem como a copiar a
BR em todas as notificacties e comunicaceies encaminhadas a CLIENTE.

25. Fica eleito o foro da Comarca da Capital do Estado de Sao Paulo,


como unico competente para dirimir quaisquer pendencias relativas ao presente
contrato, ficando, contudo, assegurado ao BANCO, optar ao seu exclusivo criteria
pelo foro do domicilio de qualquer um dos signatarios.

E, por estarem assim justas e contratadas, assinam as panes o presente con-


trato em 02 (duas) vias de igual teor e para urn so efeito, em conjunto corn duas
testemunhas.

BANCO:
EMPRESA S.A.

CLIENTE:
EMPRESA S.A.

TESTEMUNHAS:

I. 2.
Nome: Nome:
CPF/MF CPF/MF:
42

Anexo B – Modelo de Crédito Documentário


Swift

Sample Letter of Credit—SWIFT Format

507 july 95 09:13 page: 2355 LP00

*** HARDCOPY msg id 0131-00010-00333 ***


RECEIVED FROM: IMPORTER’S COMMERCIAL BANK TAIPEI, TAIWAN

sent to :
SELLER’S U.S. COMMERCIAL BANK
INTERNATIONAL DIVISION
SAN FRANCISCO, CA

date : 07 july 95 time : 09.13 issue of a documentary credit **urgent**

:27 /sequence of total :1/1

:40a/form of documentary credit :IRREVOCABLE

:20 /documentary credit number :DOC.500

:31C/date of issue :950707 USA

:31D/date and place of expiry :950921 USA

:50 /applicant :IMPORTER’S COMPANY NAME


IMPORTER’S COMPANY ADDRESS
TAIWAN

:59 /beneficiary :EXPORTER’S COMPANY NAME


EXPORTER’S COMPANY ADDRESS
USA

:32B/currency code amount


currency code : USD US DOLLAR
amount : #100,000.00#

:39B/maximum credit amount :NOT EXCEEDING

:41D/available with/by-name, address :ANY BANK


BY NEGOTIATION

:42C/drafts at :SIGHT
43

:42D/drawee - name and address :IMPORTER’S COMMERCIAL BANK


TAIWAN

:43P/partial shipments :PROHIBITED

:43T/transshipment :PROHIBITED

:44A/on board/disp/taking charge :USA PORT

:44B/for transportation to :TAIWAN PORT

:44C/latest date of shipment :950831

:45A/descr goods and/or services :FUJI APPLES CIF TAIWAN

:46B/documents required :+COMMERCIAL INVOICE AND THREE COPIES.


+FULL SET CLEAN ON BOARD BILLS OF
LADING, MARKET FREIGHT PREPAID
CONSIGNED TO BUYER.
+INSURANCE CERTIFICATE.
+CERTIFICATE OF ORIGIN.
+USDA INSPECTION CERTIFICATE.

:47A/additional conditions :+ALL DRAFTS MUST INDICATE: DRAWN


UNDER IMPORTER’S COMMERCIAL BANK TAIWAN
LETTER OF CREDIT NUMBER DOC.500

:48 /period for presentation :DOCUMENTS ARE TO BE PRESENTED


WITHIN 21 DAYS AFTER SHIPMENT BUT WITHIN L/C
VALIDITY.
:49 /confirmation instructions :WITH

:78 /instructions to pay/acc/neg bk :ALL REQUIRED DOCUMENTS ARE TO BE


SENT TO IMPORTER’S COMMERCIAL BANK,
TAIPEI, TAIWAN IN ONE SET, VIA COURIER
CONFIRMING THAT ALL TERMS AND
CONDITIONS HAVE BEEN COMPLIED WITH.
DOCUMENTS ARE TO INCLUDE YOUR
SETTLEMENT INSTRUCTIONS.

:72 /sender to receiver information :THIS CREDIT IS SUBJECT TO THE


UNIFORM CUSTOMS AND PRACTICE FOR
DOCUMENTARY CREDITS ICC PUBLICATION
NO.500, 1993 REVISION.

-AUT/**** Authentication Result

*END
44

Swift Field Descriptions

Most letters of credit are issued by electronic means. The following is a list of the
fields in a SWIFT MT 700 message (Issuance of Documentary Letter of Credit). Only
a few fields are mandatory; most are optional and depend on the nature of the
transaction.

27 Sequence # (Page number within th4e total sequence)


40A Form of Documentary Credit (Irrevocable or Revocable)
20 Issuing bank’s reference number
31C Date of issue
31D Date and place of expiry
51A/D Applicant bank/applicant reference number
50 Applicant
59 Beneficiary
32B Currency code and amount
39A Percentage credit amount tolerance
39B Maximum credit amount
39C Additional amounts covered
41A/B Available with (bank)...by (payment, negotiation, acceptance)
42C Drafts at (sight, time, etc.)
42A Drawn on (what party)
42M Mixed payment details (part sight, part time)
42P Deferred payment details
43P Partial shipments (allowed or prohibited)
43T Transshipments (allowed or prohibited)
44A Loading on board/dispatch/taking in charge from/at...
44B For transportation to...
44C Latest date of shipment
44D Shipment period
45A Description of goods and/or services
46A Documents required
47A Additional conditions
71B Charges (which party pays)
48 Period for presentation (within L/C validity)
49 Confirmation instructions (with/without)
53A Reimbursement bank
78 Instructions to paying/accepting/negotiating bank
57A “Advise Through” Bank
72 Sender to receiver information

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