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Graduação em Direito
Banca Examinadora:
Professor(a) Orientador(a)______________________________________________
Agradeço primeiramente aos seres de luz que me guiam nesta jornada terrena e me
auxiliam em todos os âmbitos de minha vida.
Agradeço a meus pais por depositarem sua confiança e esforços em mim e que hoje
podem ver o resultado de minha dedicação.
Sou grato ainda, a todo o curso de Direito de minha universidade e todos os docentes
que fizeram parte desse degrau da escada que me levará ao sucesso.
Resumo
Tratando-se de um modelo de negócio insustentável e criminoso, as pirâmides
financeiras prometem rendimentos bastante chamativos, sendo que o sustento desses
rendimentos depende da adesão constante de novos investidores para que se possa
dar continuidade ao ciclo de ganhos prometidos. A insustentabilidade ou
“desmoronamento” da pirâmide se dá a partir do momento que a quantidade de
pessoas aderindo à proposta se torna insuficiente para bancar os rendimentos dos
membros antigos. Diante disso, a presente dissertação, destrincha os aspectos
jurídicos que recaem sobre o modelo de negócio inidôneo que são as pirâmides
financeiras, não sem antes conceituar do que se tratam, verificando sua evolução
histórica, bem como casos emblemáticos que se apresentam na atualidade. O texto
visa orientar e prevenir o leitor, para que este saiba como identificar as características
das pirâmides financeiras e, as prerrogativas legais para exercer a defesa de seus
interesses.
Palavras-chave: Pirâmides Financeiras. Promessa de rendimento. Modelo
insustentável de negócio. Aspectos jurídicos das pirâmides financeiras.
Abstract
Dealing with a model of unsustainable and criminal business model, the financial
pyramids promises very impressive returns, and the sustenance of these incomes
depends on the constant adhesion of new investors to this cycle of gain. The
unsustainability or "collapse" of the pyramid begins on the moment that the numbers
of investors becomes insufficient to support older memberships. Having saying that,
the dissertation unravels the legal aspects that falls on this illegal model of business,
that are the financial pyramids, but not before a discussion to conceptualize what they
are about, checking their historical evolution as well as emblematic cases that we have
in the present. This text guide and prevent the reader how to knows identify the
characteristics to the financial pyramid, and become aware of your prerogatives and
knows what are yours legal rights to defend your interests.
Keywords: Financial Pyramids. Yield promise. Unsustainable business model. Legal
aspects of financial pyramids.
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO
2. REFERENCIAL TEÓRICO: Registros históricos das pirâmides financeiras até a
atualidade e seus desdobramentos jurídicos .................................................. 15
2.1 A ascensão das pirâmides financeiras na história até os tempos atuais 15
2.2 Análise literária ....................................................................................... 33
2.3 Análise da legislação.............................................................................. 21
2.4 Aspectos jurídicos das pirâmides financeiras ......................................... 37
2.5 Análise jurisprudencial ........................................................................... 37
2.6 CVM como órgão regulador ................................................................... 37
2.7 Projeto de lei .......................................................................................... 37
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS .......................... Erro! Indicador não definido.
REFERÊNCIAS .............................................................................................. 54
1. INTRODUÇÃO
Sendo assim, do ponto de vista normativo, não há uma tipologia criminal acerca
das Pirâmides financeiras. O artigo 2ª, inciso IX da Lei 1.521/51, que dispõe acerca
dos crimes contra a economia popular de forma genérica, não cita expressamente
acerca do crime de pirâmide financeira, como se pode notar, mas permite o
enquadramento da conduta nele:
[...]
IX - obter ou tentar obter ganhos ilícitos em detrimento do povo ou de
número indeterminado de pessoas mediante especulações ou processos
fraudulentos ("bola de neve", "cadeias", "pichardismo" e quaisquer outros
equivalentes);
CF/88 - Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer
natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXIX - não há crime sem lei anterior que o defina, nem pena sem prévia
cominação legal;
23
CP - Anterioridade da Lei - Art. 1º - Não há crime sem lei anterior que o defina.
Não há pena sem prévia cominação legal. (Redação dada pela Lei nº 7.209,
de 11.7.1984). (BRASIL, 1988).
Com isso, resta nítida a falta que faz a expressa e literal tipificação das
pirâmides financeiras como crime no dispositivo contido no artigo 2ª, inciso IX da Lei
1.521/51, ocasionando assim uma certa “brecha” na lei, que possibilita a
argumentação de aplicação de analogia in malam partem por parte da defesa do então
réu.
Entretanto, o poder decisório fica a cargo do juízo que irá julgar o caso concreto,
bem como a análise de enquadramento ou não do dispositivo supracitado. O que torna
tudo isso mais complexo, é que desde o início das atividades das pirâmides
financeiras, geralmente as empresas piramideiras se utilizam de artifícios para
dificultar futuras investigações, utilizando meios para afastar a responsabilidade ou
mascarar sua atividade para que não seja afetada por tipificação penal.
Com isso, na maioria dos casos observa-se que não se tem informações
concisas acerca do modus operandi utilizado pela empresa, no que diz respeito em
como de fato se dá o rendimento dos valores aplicados. Em sua maioria, as empresas
piramideiras alegam que seus proventos se dão a partir da exploração de ativos
financeiros, produtos, serviços etc., fornecendo informações rasas sobre estes ou
nenhuma informação, bem como em relação as informações gerais sobre a empresa,
a origem dos proventos, seus donos e até mesmo sua sede.
Tudo isso na tentativa de dificultar o enquadramento dos crimes que
futuramente recairão, objetivando se eximir das penas previstas e até atrapalhando
oportunas investigações.
Outro ponto importante que deve ser levado em conta no dispositivo contido no
artigo 2ª, inciso IX da Lei 1.521/51, é acerca do crime contido neste artigo ser
considerado como infração de menor potencial ofensivo, ou seja, se enquadrando na
mesma classificação dos crimes de injuria, calúnia, difamação etc., haja vista que de
acordo com este conceito, todos os crimes que a lei comine pena não superior a 2
anos, todas as contravenções penais e os crimes, qualquer que seja a pena privativa
de liberdade, que possuírem previsão alternativa de pena de multa serão
considerados infrações de menor potencial ofensivo.
No caso em tela, como se pode observar, a pena prevista para aqueles que
forem enquadrados na conduta criminosa tipificada no dispositivo será de detenção
de 6 meses a 2 anos, e multa, de dois mil a cinquenta mil cruzeiros.
À título de comparação, com uma breve análise de outros dispositivos legais,
presume-se que a referida pena além de desatualizada (por se referir a moeda não
mais utilizada no país há bastante tempo) tem sua dosimetria de detenção um tanto
quanto branda, haja vista que, por exemplo, na Lei nº 7.492, De 16 De Junho De 1986,
que dispõe acerca dos Crimes Contra O Sistema Financeiro Nacional em seus
primeiros artigos disposto é previsto:
Art. 27-E. Atuar, ainda que a título gratuito, no mercado de valores mobiliários,
como instituição integrante do sistema de distribuição, administrador de
carteira coletiva ou individual, agente autônomo de investimento, auditor
independente, analista de valores mobiliários, agente fiduciário ou exercer
qualquer cargo, profissão, atividade ou função, sem estar, para esse fim,
autorizado ou registrado junto à autoridade administrativa competente,
quando exigido por lei ou regulamento:
[...]
[...]
Art. 2º Promover, constituir, financiar ou integrar, pessoalmente ou por
interposta pessoa, organização criminosa:
Pena - reclusão, de 3 (três) a 8 (oito) anos, e multa, sem prejuízo das penas
correspondentes às demais infrações penais praticadas.
[...]
Estelionato
Nesta mesma toada do referido artigo, observa-se que ainda pode-se haver a
incidência de um de seus parágrafos, o qual:
Fraude eletrônica
(ii) Ação de Execução, no tema que aqui se trata, na maioria das vezes uma Execução
de contrato. Essa ação costuma ser mais célere, haja vista que já um direito
predisposto em que as partes anuíram reciprocamente. Nesta ação objetiva-se o
cumprimento das cláusulas contratuais, no prazo e condições estipuladas. Neste
prisma, por haver direito pré-constituído, é fundada em título com obrigação certa,
líquida e exigível, onde a referida ação é mais célere por pular toda a fase de
conhecimento partindo diretamente com a execução. Tal ação está prevista no
livro II a partir do Art. 771 do CPC.
(iii) Medida Cautelar, que objetiva prevenir, conservar ou defender direitos. Utilizada
em diversas hipóteses, mas muito comum para solicitar o bloqueio de bens da
parte contrária, com o objetivo de evitar a dilapidação de patrimônio e conseguir
garantir que em caso de sucesso na ação, a parte contrária consiga adimplir com
sua obrigação. Para isso, é necessário que seja demonstrado o periculum in mora
(perigo na demora) e o fumus boni iuris (sinal do bom direito), para que o juízo
venha deferir e conceder a medida liminar. O dispositivo que regula o instrumento
da Medida cautelar, está previsto no art. 301 do CPC, assim transcrito:
Art. 828. O exequente poderá obter certidão de que a execução foi admitida
pelo juiz, com identificação das partes e do valor da causa, para fins de
averbação no registro de imóveis, de veículos ou de outros bens sujeitos a
penhora, arresto ou indisponibilidade.
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza,
garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
[...]
(BRASIL, 1988).
§ 1° (Vetado).
(iii.v) Da indenização por danos morais: à luz do CDC, no mesmo artigo 6º citado
anteriormente, o Código de Defesa do Consumidor prevê a indenização por danos
morais, quando constatados os danos morais, ao consumidor ofendido, dispondo
o seguinte:
(iv) Da indenização por danos morais à luz do Código Civil: Como base, antes mesmo
da aplicação do CDC, o CC institui a tipificação do dano moral e o dever de
indenizar, nos artigos 186, 187 e 927. Neste prisma, com a breve análise dos
artigos, percebe-se que de forma dedutiva pode-se enquadrar o dano moral sofrido
por uma pessoa vítima de uma pirâmide financeira, considerando que para o
doutrinador Carlos Roberto Gonçalves, “Dano moral é o que atinge o ofendido
como pessoa, não lesando seu patrimônio. É lesão de bem que integra os direitos
da personalidade, como a honra, a dignidade, intimidade, a imagem, o bom nome
etc., como se infere dos art. 1º, III, e 5º, V e X, da Constituição Federal, e que
acarreta ao lesado dor, sofrimento, tristeza, vexame e humilhação” (GONCALVES,
2009, p.359). Neste prisma, podemos constatar no Código Civil:
Art. 187. Também comete ato ilícito o titular de um direito que, ao exercê-lo,
excede manifestamente os limites impostos pelo seu fim econômico ou social,
pela boa-fé ou pelos bons costumes.
Art. 927. Aquele que, por ato ilícito (arts. 186 e 187), causar dano a outrem,
fica obrigado a repará-lo.
Com isso, verifica-se que o tema tratado abrange diversos dispositivos dos
ordenamentos jurídicos pátrios, sendo mais os quais objetivam reprimir os infratores
e amparar os lesados.
1
Ante a expressa revogação da EIRELI por meio do art. 41 da Lei nº 14.195/2021, esta fora mencionada em
virtude da sua relevância enquanto existiu.
35
1 – Execução do contrato
Esse documento pode ser usado para iniciar uma ação de execução,
que tem um tempo de duração muito menor comparado a outras ações
possíveis, garantindo um resultado mais rápido e efetivo na busca pelo
dinheiro depositado.
2
Lei 8.078/1990: Art. 28. O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em
detrimento do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato ilícito ou violação
dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será efetivada quando houver falência, estado de
insolvência, encerramento ou inatividade da pessoa jurídica provocados por má administração.
Lei 10.406/2002: Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber
intervir no processo, desconsiderá-la para que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam
estendidos aos bens particulares de administradores ou de sócios da pessoa jurídica beneficiados direta ou
indiretamente pelo abuso.
2 – Averbação premonitória
Através desse ato, caso alguém compre o bem que teve a certidão
registrada não poderá alegar desconhecimento, tornando ineficaz, inclusive,
a alienação, que certamente é fraudulenta.
(…)
5 – Ação de conhecimento
Essa ação é indicada para quem não tem o contrato com a empresa,
deve ser utilizado em último caso, pois é o procedimento mais longo para
poder receber.
Com isso, observa-se que o investidor atingido pelo golpe financeiro, possui
diversos procedimentos para ressarcir a quantia subtraída, dependendo das
condições do seu caso concreto. Cabendo até mesmo, um pleito ou ação apartada
com pedido de indenização por danos morais, considerando que a pessoa que sofrera
com o golpe tenha tido grande desgaste emocional, descaso e angústia, situação as
quais são tipificadas como atos ilícitos que com a análise do juízo responsável, poderá
acarretar a condenação da empresa ao pagamento de indenização por danos morais
causados ao investidor.
Além de plenamente possível a realização de denúncia de uma pirâmide
financeira por meio do site do Ministério Público Federal, sendo que o próprio órgão
disponibiliza uma cartilha de como identificar uma pirâmide para auxiliar o
denunciante.
2225880-10.2022.8.26.0000
2190204-98.2022.8.26.0000
1005591-47.2017.8.26.0157
Comarca: Cubatão
2170425-60.2022.8.26.0000
EMENTA
6. Revisão da dosimetria.
EMENTA
Entretanto, o tribunal que possui maior peso nas disposições acerca do tema
atualmente, é o STJ, dispondo sobre assuntos de grande relevância e dirimindo
questões complexas que englobam os esquemas piramideiros.
Em um dos julgados, o ministro Reynaldo Soares da Fonseca analisa a
caracterização das pirâmides financeiras, especificamente no Conflito de
Competência nº 146.153, conforme trecho extraído:
[...]
III. Dispositivo
Tendo como principal argumento, a defesa alegou que a pena ora fixada na
sentença, fora desproporcional pleiteando o cabimento de Acordo de Não Persecução
49
Penal (ANPP), bem como a concessão de ordem para redução da pena ao patamar
mínimo disposto legalmente.
Ante o exposto, nego seguimento ao habeas corpus (art. 21, § 1º, RISTF).
(BRASÍLIA, 2022).
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
BRASIL, STF. Ministro Gilmar Mendes mantém prisão de sócio do “faraó dos
bitcoins”. 2022. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/noticias/verNoticiaDetalhe.asp?idConteudo=485076&ori=1.
> Acesso em 10 de junho 2022.
BRASIL, STJ. Os quatro lados de um projeto de ruína: as pirâmides financeiras
segundo a jurisprudência do STJ. 2022. Disponível em:
<https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/2022/18092022
-Os-quatro-lados-de-um-projeto-de-ruina-as-piramides-financeiras-segundo-a-
jurisprudencia-do-STJ.aspx.> Acesso em 08 de setembro 2022.
BRASIL, STJ. Sem indícios de ofensa a interesse da União, cabe à Justiça estadual
julgar caso de pirâmide financeira. 2020. Disponível em:
<https://www.stj.jus.br/sites/portalp/Paginas/Comunicacao/Noticias/30072020-
Sem-indicios-de-ofensa-a-interesse-da-Uniao--cabe-a-Justica-estadual-julgar-
caso-de-piramide-financeira-
.aspx#:~:text=Segundo%20o%20colegiado%2C%20a%20jurisprud%C3%AAncia,d
e%20compet%C3%AAncia%20da%20Justi%C3%A7a%20estadual.> Acesso em
11 de julho 2022.
BRASILIA. STF. Habeas Corpus 213.911 Rio De Janeiro. Relator: min. Gilmar
mendes. 06 de abril de 2022. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15350588994&ext=.pdf>
Acesso em 10 de agosto 2022.
57
BRASILIA. STF. Habeas Corpus 205.064 Minas Gerais. Relator: min. Alexandre de
moraes. 06 de agosto de 2021. Disponível em:
<https://portal.stf.jus.br/processos/downloadPeca.asp?id=15347255115&ext=.pdf>
Acesso em 10 de agosto 2022.
INFOMONEY, Bernard Madoff, criador da maior fraude financeira dos EUA, morre
aos 82 anos. 2021. Disponível em:
<https://www.infomoney.com.br/mercados/bernard-madoff-criador-da-maior-
fraude-financeira-dos-eua-morre-aos-82-anos/> Acesso em 10 de junho 2022.
MENDES, Regina Vieira e SILVA, Rubens Alves da. Pirâmide financeira: uma
revisão bibliográfica. 2020. Disponível em:
<https://www.boletimjuridico.com.br/artigos/direito-penal/4687/piramide-financeira-
revisao-bibliografica.> Acesso em 08 de setembro 2022.
RIBEIRO, William. Pirâmide financeira: tudo o que você precisa saber, mas
ninguém te conta. São Paulo: FGV, 2016. Disponível em: dinheirama.com. Acesso
em 08 de setembro 2022.