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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Benjamim António Alaije

ANÁLISE DO DIREITO DE SUCEDER DO ACOLHIDO NA


FAMÍLIA DE ACOLHIMENTO

Nampula, 2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

FACULDADE DE DIREITO

Benjamim António Alaije

ANÁLISE DO DIREITO DE SUCEDER DO ACOLHIDO NA


FAMÍLIA DE ACOLHIMENTO

Projecto de monografia a ser


entregue na FADIR como
requisito para elaboração do
trabalho de fim de curso.
Supervisora: docente Rute Dos
Santos.

Nampula, 2023
Índice
1. Tema....................................................................................................................................1

2. Delimitação do tema............................................................................................................1

3. Problematização..................................................................................................................1

3.1. Problema......................................................................................................................2

4. Hipótese...............................................................................................................................2

5. Justificativa..........................................................................................................................2

6. Objectivos............................................................................................................................3

6.1. Geral.............................................................................................................................3

6.2. Específicos...................................................................................................................3

7. Metodologia.........................................................................................................................3

7.1. Tipo de estudo..............................................................................................................3

7.2. Técnicas de colecta de dados.......................................................................................3

8. Embasamento teórico..........................................................................................................4

8.1. Noções gerais sobre Família de acolhimento...............................................................4

8.2. Requisitos relativos à família de acolhimento.............................................................6

8.3. Requisitos relativos ao menor......................................................................................6

8.4. Direitos sucessórios......................................................................................................6

9. Cronograma.........................................................................................................................8

Bibliografia.................................................................................................................................9
1. Tema
ANÁLISE DO DIREITO DE SUCEDER DO ACOLHIDO NA
FAMÍLIA DE ACOLHIMENTO

2. Delimitação do tema
O tema Análise do direito de suceder do acolhido na família de acolhimento tem o
seu enquadramento no Direito Privado, relativamente na disciplina do Direito da Família e
direito das Sucessões, uma vez que incide sobre um instituto jurídico que é regulamentado
pela Lei de Família e Lei das Sucessões.

3. Problematização
O acolhimento familiar é uma alternativa à colocação de crianças em instituições
que não asseguram as necessidades de cuidado individualizado dos menores e que não
conseguem transmitir o mesmo afecto e estabilidade emocional que uma família pode
proporcionar. Por isso, o acolhimento familiar passará a ser a medida preferencial e a ideia é
que a institucionalização seja apenas para casos excepcionais, como o de crianças com
deficiência profunda que obriguem a cuidados especializados permanentes. Nos termos do
número 1 do artigo 390 da lei de família, família de acolhimento é um meio alternativo de
suprir o poder parental, proporcionado ao menor órfão, filho de pais incógnitos, abandonado
ou desamparado a integração numa família que o recebe e trata como filho. Ainda no mesmo
artigo, afirma que a inserção do menor em família de acolhimento só é decreta pelo tribunal
competente, verificada a impossibilidade de adopção ou de constituição da tutela. Importa
referir que o acolhido, mesmo não sendo um menor gerando no seio da família de
acolhimento, também o direito sucessório permanece dentro da sua esfera jurídica, ou seja,
como uma prerrogativa estabelecida por lei. É relevante dizer que tanto na família de
acolhimento assim como ao acolhido ambos incide sobre eles certos requisitos ditos como
cumulativos, plasmados nos artigos 301 e 392 todos da lei de família. Impertinente é, falar de
direito de família sem também falar de direito de sucessão. A luz do numero 1 do artigo da
Lei das sucessões, sucessão é o chamamento de uma ou mais pessoas a ingressar nas relações
jurídicos – patrimoniais de que era titular uma pessoa falecida e a consequente transferência
dos direitos e obrigações desta. Perante isto, é do douto jurídico que o acolhido mantém todos
os direitos sucessórios relativamente a família natural, independentemente de poder ser

1
chamado a suceder aos cônjuges ou companheiros da união de facto da família de
acolhimento.

3.1. Problema

O número 2 do artigo 395 da LF prevê que o acolhido é chamado à sucessão dos cônjuges ou
dos companheiros da união de facto da família de acolhimento como herdeiro legítimo. Mas
não é claro em relação a classe de sucessíveis a que pertence.
O número 3 do artigo 395 da LF, diz que o direito a suceder caduca se à data da abertura da
sucessão o acolhido tiver atingido a maioridade civil. De acordo com isso coloca-se a seguinte
questão de partida: quid iuris se o acolhido tendo atingido a maioridade civil tiver sido
declarado inabilitado?

4. Hipótese

 Solução seria a criação de uma norma que clarificasse definitivamente a questão


patente;
 Outra solução seria, a remoção do artigo do número 3 do artigo 395, na tentativa de
salvaguarda aquilo que são direitos fundamentais do menor.
 Revisão.

Para caso em questão, como melhor hipótese seria a remoção da alínea f) do artigo 34º da Lei
de Família, sob forma de salvaguardar e garantir a execução da lei de promoção dos direitos
da criança aprovado pela lei nº 7 /2008 de 9 de Julho.

5. Justificativa
O tema tem um interesse na sociedade na medida em que qualquer que seja o
estudo que visa proteger os interesses dos sujeitos menos privilegiados na comunidade em
geral, a nível social, cultural etc, mostram-se ser de grande importância se atentarmos ao facto
de que perante a lei todo cidadão é igual e goza do mesmo direito de oportunidades. A
necessidade de escolha do presente tema dá-se em razão do desafio que este representa na
actualidade, mas acima de tudo pela importância que o mesmo tem na sociedade
contemporânea buscando uma coerência e unidade legislativa entre uma norma geral (Lei das
Sucessões). Este tema é importante a nível académico e também releva grande contributo ao
nível social e jurídico.
2
6. Objectivos
6.1. Geral
 Analisar o regime sucessório do acolhido face a família de acolhimento.

6.2. Específicos
 Debruçar sobre conceito e fundamentos da família de acolhimento;
 Enquadrar o acolhido na classe de sucessíveis;
 Trazer o regime de caducidade do direito de suceder do acolhido na família de
acolhimento;
 Relatar sobre capacidade sucessória do acolhido;

7. Metodologia
Pretendo realizar esta pesquisa de forma bibliográfica e documental, onde
utilizarei como fonte os manuais, assim como os diplomas legais que regulam a matéria de
família de acolhimento e sucessão, respectivamente a Lei de Família e Lei das Sucessões,
assim como a consulta a dicionários e a pesquisa a internet com o devido cuidado e rigor.
Empregando o método dedutivo para a partir dos elementos pesquisados poder chegar a uma
resposta sobre as motivações que obstam a que se utilize as formas mais eficazes de resolução
de conflito optando as pessoas pelo judiciário.
7.1. Tipo de estudo
A pesquisa é do tipo investigação, pois o nosso objectivo é a obtenção de uma solução a um
problema prático. Este tipo de estudo permite que haja um envolvimento entre o pesquisador e
o objecto da pesquisa. Esta pesquisa visa analisar as possíveis teorias existentes sobre o
problema e em descobrir respostas para o problema específico.
7.2. Técnicas de colecta de dados
As técnicas de pesquisa são os instrumentos específicos que o pesquisador utiliza para chegar
aos seus objectivos com a pesquisa. As técnicas usadas para o presente trabalho foram a
análise da legislação da matéria sucessória e consulta da bibliografia relacionada, a utilização
de várias técnicas de recolha de dados (triangulação), na mesma pesquisa, só acaba
enriquecendo ainda mais o estudo.

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8. Embasamento teórico
8.1. Noções gerais sobre Família de acolhimento
Nos termos do número 1 do artigo 390 da LF, A família de acolhimento é um
meio alternativo de suprir o poder parental, proporcionando ao menor órfão, filho de pais
incógnitos, abandonado ou desamparado a integração numa família que o recebe e trata como
filho, ressalvadas as especificidades constantes na presente subsecção1.
O acolhimento familiar é uma das medidas de promoção dos direitos e de
protecção das crianças e jovens em perigo2.
O “acolhimento familiar consiste na atribuição da confiança da criança ou do
jovem a uma pessoa singular ou a uma família”. A pessoa singular ou a família devem estar
habilitadas para o efeito. Esta medida “visa a integração da criança ou do jovem em meio
familiar e a prestação de cuidados adequados às suas necessidades e bem-estar e a educação
necessária ao seu desenvolvimento integral”. O acolhimento familiar é uma forma de auto-
organização e apoio.
As crianças podem viver com outras famílias, mediante decisão das entidades
competentes. O acolhimento familiar3, “baseia-se no pressuposto de que a criança tem a
necessidade e o direito de viver num espaço familiar personalizado, que as instituições, muitas
vezes sobrelotadas, não podem proporcionar”. Tradicionalmente, os grupos sociais têm
recorrido a esta medida, para dar resposta às situações críticas ou difíceis que surgem. Para
além da diversidade de modalidades usadas, a educação da criança tem sido, um trabalho
partilhado, pelos adultos que cooperam na prestação de cuidados. Constituía, pois, um recurso
das redes informais, familiares e de vizinhança. A acessibilidade e disponibilidade são
dificultadas pelo quadro das transformações sociais. Configuraram os meios urbanos e
industriais das sociedades ocidentais modernas, caracterizados pela migração,
desenraizamento e nuclearização das famílias. O acolhimento familiar é uma resposta social
especialmente útil, de apoio à criança e à família, e desenvolvido através de um serviço 4. Esta
modalidade de apoio às famílias mais desfavorecidas é um recurso social. Está disponível a
todas as famílias que, temporariamente, estejam impedidas de desempenhar normalmente as
suas funções5.

1
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 22/2019 de 11 de Dezembro. Lei da família.
2
BEVILÁCQUA, C. Direito de Família. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2006, pág. 67.
3
DELGADO, Paulo “Acolhimento Familiar”, Lisboa, 2007, pág. 21.
4
MARTINS, Paula Cristina. “O acolhimento familiar como resposta de protecção à criança sem suporte
familiar adequado”, Lisboa, 2005, pág. 123.
5
Idem. Pág. 123.
4
Os Estados Unidos da América e o Reino Unido foram os países que mais cedo e
com maior clareza optaram pelo acolhimento familiar. A colocação de crianças em casa de
famílias que lhes garantissem a satisfação das necessidades básicas, e a preparação para o
exercício de uma profissão. Isto em troca da sua prestação como escudeiros ou serventes. É
uma prática relativamente comum nos Estados Unidos da América, sobretudo desde a guerra
colonial. As famílias abastadas do Oeste americano eram pagas para criarem crianças
provenientes do Este6. A necessidade de prevenir a ocorrência de abusos e a
instrumentalização da criança, levou a revisões sucessivas desta medida. As necessidades da
criança quando não podem ser satisfeitas de forma adequada, no seio da família, e o
atendimento residencial é considerado uma solução excessiva ou inadequada, o acolhimento
familiar pode ser vantajoso. Configura-se como uma resposta em alternativa mais
normalizada7. Após a II Guerra Mundial, alteraram-se os serviços de protecção à infância,. O
modelo anglo-saxónico de acolhimento familiar foi adoptado pela maior parte dos países
europeus, com adaptações às especificidades. Nos Estados Unidos da América e Reino Unido,
em 1980, são promulgadas duas leis. Incluem a maior parte das recomendações dos
especialistas em protecção infantil e familiar, e resultam da reflexão crítica sobre os
resultados da formalização do sistema de acolhimento familiar, onde as lacunas se identificam
claramente8. Em Espanha, há registo de acolhimento familiar desde 1937. A designação de
colocação familiar é substituída pela expressão acolhimento familiar de crianças abandonadas.
A partir do ano de 1948, os Tribunais Tutelares de Menores são investidos de competência,
para atribuir a confiança judicial das crianças a pessoas, famílias ou sociedades tutelares. A
confiança, na década de 70, passou a ser usada nas situações de guarda e custódia. A família
de origem não perdia os seus direitos sobre a criança. A família de acolhimento detinha
apenas a guarda e custódia, até que a própria família ou uma instituição residencial assumisse
o seu cuidado. O acolhimento familiar ganha contornos mais claros em Espanha, no final da
década de 70, pela precisão dos seus mecanismos administrativos e legais, variáveis nas
diferentes comunidades autónomas, níveis relativamente baixos, comparados com outros
países europeus9.

6
MARTINS, Paula Cristina. “O acolhimento familiar como resposta de protecção à criança sem suporte
familiar adequado”, Lisboa, 2005, pág. 123.
Idem. Pág. 123.
7
Ibidem. Pág. 128.
8
MARTINS, Paula Cristina. “O acolhimento familiar como resposta de protecção à criança sem suporte
familiar adequado”, Lisboa, 2005, pág. 123.
9
Idem. pág. 123.
5
8.2. Requisitos relativos à família de acolhimento
A luz do artigo 391 da LF Constituem requisitos para a integração do menor que:
a) a família de acolhimento tenha a necessária estabilidade emocional e as condições
financeiras mínimas; b) um dos cônjuges ou dos companheiros da união de facto da família de
acolhimento tenha mais de vinte e cinco anos de idade; c) ambos os cônjuges ou
companheiros da união de facto acordem no acolhimento do menor no seio da sua família e,
quando apenas um deles tiver providenciado pela integração do menor não estando separados
judicialmente de pessoas e bens, o consentimento do outro cônjuge deve ser manifestado de
forma expressa; d) os filhos dos cônjuges ou dos companheiros da união de facto da família
de acolhimento, sendo maiores de doze anos, aceitem a integração do menor estranho, no seio
da sua família, para com eles ser criado e educado em igualdade de circunstâncias10.

8.3. Requisitos relativos ao menor


Nos termos do artigo 392 da LF, número 1. Constituem requisitos para a integração do menor
em família de acolhimento: a) apresentar vantagens para o bem - estar e desenvolvimento do
menor; b) ter o menor menos de dezasseis anos de idade; c) consentirem na integração os pais
naturais ou o ascendente que o tenha a seu cargo, desde que exerçam plenamente o poder
parental11.
Ainda o número 2 do artigo supramencionado. O consentimento dos pais ou do ascendente
não é exigível: a) se estiverem inibidos do poder parental; b) se o tribunal dispensar o
consentimento pelo facto de serem indignas as pessoas que o deveriam prestar ou destas terem
revelado desinteresse manifesto pelo menor; c) se houver grande dificuldade em obter o
consentimento12.

8.4. Direitos sucessórios


Nos termos do artigo 395, número 1. O menor mantém todos os direitos
sucessórios relativamente à família natural, independentemente de poder ser chamado a
suceder aos cônjuges ou companheiros da união de facto da família de acolhimento. O
número 2 diz que o acolhido é chamado à sucessão dos cônjuges ou dos companheiros da
união de facto da família de acolhimento como herdeiro legítimo. O número 3 advoga que o
direito a suceder referido no número 2 do presente artigo caduca se à data da abertura da
sucessão o acolhido tiver atingido a maioridade civil13.

10
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 22/2019 de 11 de Dezembro. Lei da família.
11
Idem.
12
Ibidem.
13
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 22/2019 de 11 de Dezembro. Lei da família.
6
7
Ordem Actividade Tempo Período

1 Revisão do tema 1 mês Outubro

2 Desenho das questões de 1 mês Outubro


partida

3 Revisão das referências 2 meses Outubro –


Novembro
bibliográficas
4 Discussão dos resultados 1 mês Dezembro

5 Entrega da monografia 1 mês Fevereiro

6 Defesa 1 mês Março

9. Cronograma

8
Bibliografia
 Legislação
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 22/2019 de 11 de Dezembro - Lei da família.
REPÚBLICA DE MOÇAMBIQUE, Lei n° 23/2019 de 23 de Dezembro. Lei das Sucessões.

 Doutrina

ASCENSÃO, José de Oliveira, Direito Civil Sucessões, 4a edição, Coimbra editora, 1989.
BATALHA, William dos Santos. Manual de Direito de Familia. 3ª. ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2010.
BEVILÁCQUA, C. Direito de Família. 7ª. ed. Rio de Janeiro: Freitas Bastos, 2006.
CAMPOS, Diogo Leite de, Lições de Direito da Família e das Sucessões, 2ª ed. Rev. e At.,
Del Rey, 2011.
DIAS, Maria Berenice apud GOMES, Orlado. Direito de Família. 14ª ed. Rio de Janeiro:
Forense, 2012.
LISBOA, Roberto Senise.Manual de direito civil, vol. 5: direito de família e das sucessões.
3ª ed. rev., actual, São Paulo : Editora Revista dos Tribunais, 2004.
MARCONI, Marina de Andrade e LAKATOS, Eva Maria, Metodologia de Trabalho
Científico, 7ª edição, São Paulo, 2011.
MARTINS, Paula Cristina. “O acolhimento familiar como resposta de protecção à criança
sem suporte familiar adequado”, Lisboa, 2005.
OLIVEIRA, Sílvio Luiz, Metodologia científica aplicada ao Direito, Editora Thomson, São
Paulo, 2002.
PRATA, Ana, Dicionário Jurídico, 5ª Edição, Editora Almedina, Lisboa, 2006.
SACRAMENTO, Luís Filipe, AMARAL, Aires José Mota do, Direito das Sucessões, 2a
edição, Livraria Universitária UEM, Maputo 1997.

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