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FACULDADE DE DIREITO
“TRABALHO DE CAMPO”
Código: 31210503
Código: 31210503
Direito no ISCED.
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1.1.Objetivos
1.2.Objectivo geral
O presente trabalho tem como objetivo principal apresentar e discorrer sobre a Evolução
histórica do Contencioso Administrativo Moçambicano.
1.3.Objectivo específico
1.4.Metodologia
O presente trabalho teve como metodologia uma pesquisa bibliográfica e exploratória, onde
com auxílio da internet buscou-se manuais com intuito de ter uma visão nítida dos principais
aspetos inerentes ao tema, e com a leitura minuciosa do material adquirido no portal Google
académico, foi possível compilar o presente estudo
1.5.Referencial teórico
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2. CAPITULO II: REVISAO LITERARIA DO TRABALHO DE CAMPO
2.1.Evolução histórica do Contencioso Administrativo Moçambicano
O contencioso administrativo caracteriza-se por uma evolução dinâmica e por uma propensão
para adquirir contornos singulares em cada uma das ordens jurídicas nacionais que o receberam.
Assim, o aparecimento e a evolução do contencioso administrativo em cada país acaba por
espelhar o crescimento do país em si, e em Moçambique estas duas realidades – o aparecimento
e evolução do contencioso administrativo; e a evolução da história do país em geral – podem
ser divididas em dois períodos: uma fase colonial e uma fase pós-colonial. A coincidência não
é, no entanto, total. Em termos históricos o período colonial termina em 1975, porém a
influência do colonialismo no direito irá sentir-se até à reforma de 2001, com a aprovação da
Lei sobre o Processo Administrativo Contencioso. Antes de 1675, existia em Moçambique um
género específico de governo denominado de “Capitania”. Estas Capitanias eram colónias,
administradas por concessão, em que o Estado procedia a uma delegação de poderes soberanos
no descobridor. Não havia nesta época nenhum tribunal administrativo. A única garantia
contenciosa que existia era a figura do “ouvidor” que aplicava um “direito privado”. Os juízes
locais estavam submissos à autoridade dos capitães, o que, evidentemente, restringia a sua
independência e a execução das suas decisões. Mais do que através de garantias contenciosas,
os eventuais problemas administrativos eram resolvidos através de garantias graciosas.
Este código foi substituído em 1842 pelo código de Costa Cabral que foi aplicado ao Ultramar
e se pode dizer constituir o início da introdução, em Moçambique, de um sistema de
administração executivo em que um órgão específico – tribunal administrativo – se encarrega
da resolução de litígios administrativos através de regras processuais próprias. Noutras
palavras, foi com a aplicação do Código de 1942 que foi importado em Moçambique o sistema
de administração executiva. A influência da metrópole na justiça administrativa moçambicana
dura para lá da aprovação da Portaria que, em 1856, marca o nascer de um Direito Processual
Administrativo Contencioso em Moçambique.
Algumas das características deste diploma que me parece importante salientar são:
Com a independência de Moçambique em 1975, é instituída uma democracia popular que visa
a edificação de uma sociedade socialista em que a Administração verá reforçada a sua
capacidade de ação e em que haverá o cuidado de respeitar a legalidade da administração.
Voltando à RAU há-que dizer que esta reforma não acompanha, no entanto, as necessidades
sentidas pelo amadurecimento de uma moderna jurisdição administrativa e a própria RAU
acaba por sofrer uma reforma em 2001 com a Lei de 9/2001 de 7 de Julho sobre o Processo
Contencioso Administrativo. A reforma de 2001 contribui para simplificar as relações tanto
contenciosas como não contenciosas “suscetíveis de se estabelecer entre os administrados,
utentes dos serviços públicos e particulares em geral, e as administrações do Estado ao nível
central e local e administrações autárquicas.” Podemos então concluir, sem qualquer tipo de
dúvida, que Moçambique é um país com regime administrativo em que a Administração Pública
está sujeita a normas jurídicas diversas das do Direito Privado e onde existe uma jurisdição
administrativa especializada.
Não se pode conceber uma administração sem litígio, seja esse o fruto de conflitos internos ou
a consequência de actividades suscetíveis de prejudicar os particulares. Mas pode-se conceber
modos de resolução de litígios administrativos ou não jurisdicionais (e particularmente sem a
intervenção de qualquer jurisdição administrativa ou jurisdicional), por um lado, e na ausência
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de uma jurisdição privativa e original do contencioso administrativo, por outro lado.
Essas premissas fundamentam a possibilidade da existência de modalidades de resolução do
contencioso administrativo lato sensu antes do próprio surgimento de tribunais especiais
encarregados de dirimir litígios administrativos segundo um direito próprio distinto do direito
privado. Essas possibilidades teóricas existiram de facto no âmbito da administração colonial
antes de 1832.2.
Assim, o estudo do direito francês, numa perspetivo histórico, permitirá perceber melhor a
lógica deste sistema (a) que influenciou, nesta primeira parte do Século XIX, a ordem jurídica
administrativa de Portugal (b).
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Portugal, esta “importação” foi concretamente realizada no séc. XIX com a aprovação da
Reforma Administrativa de Mouzinho da Silveira em 1832.
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3. CAPITULO III: O NOVO CONTENCIOSO ADMINISTRATIVO (2001)
A observação atenta do Direito Comparado demonstra que nos últimos vinte anos houve uma
corrente convergente em termos de reformas do Contencioso Administrativo. Portugal,
Espanha, França, Alemanha, Argentina, entre outros países, realizaram profundas reformas das
normas contenciosas administrativas para responder às necessidades de evolução das formas de
actuação da Administração Pública e do próprio relacionamento Administração/Administrado.
Na verdade, Moçambique não podia permanecer afastado desta corrente. Além do comando
legal que impunha uma reforma legal nesta matéria (artigo 46.º da Lei n.º 5/92, de 6 de Maio),
o direito colonial herdado não se adequava às novas realidades do país. A RAU apresentava
dificuldades na sua aplicação, designadamente quanto à necessária celeridade processual e a
melhor proteção dos direitos subjetivos dos administrados. Além disso, as profundas alterações
às atribuições do Tribunal Administrativo, no contencioso administrativo, consagradas pela Lei
n.º 5/92, de 6 de Maio, nomeadamente, a introdução de figuras e institutos jurídicos até então
inexistentes no quadro legal, implicava uma imperiosa necessidade de se reformular o direito
processual, de modo a que o direito substantivo fosse melhor agilizado ou servido.
Pelos motivos anteriormente salientados, uma reforma profunda era necessária. No princípio
do ano de 1996, o Governo solicitou ao Tribunal Administrativo que estudasse a elaboração de
um Anteprojeto de Legislação Contenciosa Administrativa. O Presidente do Tribunal
Administrativo, sensível a este interesse, decidiu constituir um Grupo de Trabalho encarregado
de refletir sobre os grandes eixos da reforma e de apresentar um Anteprojeto de Reforma do
Contencioso Administrativo. O referido Grupo de Trabalho elaborou a sua metodologia de
trabalho e apresentou, em debate público, o resultado do seu trabalho. Por sua vez, o Governo
aprovou o Projeto do Código de Contencioso Administrativo e a Assembleia da República
aprovou a Lei sobre o Contencioso Administrativo (Lei n.º 9/2001, de 7 de Julho).
Foi esta Lei que efetivamente realizou a profunda reforma do Contencioso Administrativo
Moçambicano.
3.2.Metodologia de trabalho
O Grupo de Trabalho decidiu estabelecer, no início da sua actividade, os princípios que deviam
nortear o seu trabalho e a sequência das tarefas a realizar. Na sua sessão de 11 de Novembro de
1997, o Grupo de Trabalho aprovou a proposta de metodologia de trabalho apresentada na
referida sessão.
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3.3.O debate público
A divulgação pública do Anteprojeto da Reforma do Processo Administrativo Contencioso teve
lugar, em Maputo, no dia 14 até 18 de Setembro de 1998. Este evento inscrevia-se no programa
de actividades do Grupo de Trabalho na perspetiva de apresentar a economia geral do
Anteprojeto da Reforma do Processo Administrativo Contencioso e recolher as contribuições,
observações e sugestões úteis para melhorar a sua redação. Numerosas personalidades de
diversos sectores do aparelho judicial assim como vários representantes de instituições do
Estado foram convidadas e participaram, efetivamente, nos debates. A apresentação da
Reforma do Processo Administrativo Contencioso seguiu a própria estrutura do Anteprojeto:
Capítulo I - Disposições Gerais, Capítulo II – Recurso Contencioso, Capítulo III – Impugnação
de Normas, Capítulo IV – Intimação para Informação, Consulta de Processo ou Passagem de
Certidão, Capítulo V – Acções, Capítulo VI – Meios Processuais Acessórios, Capítulo VII –
Conflitos de Jurisdição, de Competência e de Atribuições, Capítulo VIII – Recursos
Jurisdicionais, Capítulo IX – Processo Executivo, Capítulo X – Arbitragem e Capítulo XI
Disposições Finais e Transitórias. Pode-se sistematizar o conjunto das intervenções em torno
de dois pôlos201: Em primeiro lugar, algumas intervenções eram fundamentalmente pedidas
de esclarecimentos dirigidos aos apresentadores dos capítulos do Anteprojeto sobre algumas
disposições destes; em segundo lugar, questões de fundo surgiram em relação a algumas
vertentes fundamentais do Anteprojeto.
3.4.Esclarecimentos
A locução “direitos subjetivos públicos“ (Artigo 2 do Anteprojeto) foi objeto de
esclarecimentos desde o início da referida sessão de trabalho; como defendeu um interveniente,
o direito subjetivo público “é o direito subjetivo do particular em relações de direito público”.
Com efeito, esta palavra permanece desconhecida da maior parte dos juristas privatistas em
geral, esses tendo apenas uma visão dos direitos subjetivos através do prismo do Direito
Privado. Todavia, é preciso realçar que, mesmo em alguns países que optaram pelo sistema de
administração executiva, o conceito teve dificuldades de penetrar – conscientemente ou
inconscientemente - no vocabulário dos estudiosos do Direito Administrativo. Um outro
exercício de explicação foi realizado em relação a noção de “tribunal incompetente” do Artigo
5 do Anteprojeto. O texto do Anteprojeto previa que em caso de a petição ser dirigida a tribunal
incompetente, o juiz deve, ex-ofício, providenciar a remissão da mesma ao tribunal competente,
evitando-se assim, demoras desnecessárias. Conexa a este esclarecimento, surgiu a questão dos
dois graus de instância dentro do Tribunal Administrativo. Foi também esclarecido que as
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diferentes instâncias correm perante as formações contenciosas do Tribunal Administrativo na
área do contencioso administrativo, isto é, o Plenário e a Primeira Secção. Os “processos
urgentes” foram também objeto de esclarecimentos no sentido de explicar que a sua distribuição
e tramitação processa-se de forma diferente dos restantes, justamente pelo facto de serem
urgente. Um interveniente pronunciou-se sobre a problemática da redução dos prazos prevista
na alínea a) do Artigo 141 do Anteprojeto. A intervenção foi no sentido de que não havia razão
para redução ali preconizada, pois o conflito de atribuições tem lugar entre autoridades
administrativas, sendo deste modo alheio ao particular que fica afetado pela redução de ditos
prazos. Assim, no entender do interveniente, este prazo devia ser alargado e não reduzido.
3.5.Questões de fundo
A primeira questão de fundo de real destaque era relacionada com a função do Ministério
Público no processo administrativo contencioso estabelecida no Artigo 16 do Anteprojeto. Um
considerável número de intervenientes não concordava com o princípio de o Ministério Público
assistir às conferências e ser ouvido, porque no seu entender, o Ministério Público age sempre
a favor da Administração. Assim, a sua presença e audição resulta na desigualdade das partes.
Outros, pelo contrário, defenderem uma posição oposta segunda a qual, a presença do
Ministério Público garante a legalidade, pois ele tem possibilidade, em momento anteriores, de
intervir conforme lhe convenha. Finalmente, algumas propostas radicais mas com fundamentos
pertinentes propuseram a extinção do Ministério Público e em seu lugar a Administração
representar o interesse público. Um debate aceso desenvolveu-se em torno do princípio da
confissão por falta de impugnação consagrada no Artigo 59 do Anteprojeto. Alguns
intervenientes socorrendo-se da exceção contemplada na alínea b) do Artigo 485 do Código de
Processo Civil, defenderem que tal princípio não será aplicável “quando o réu ou algum dos
réus for uma pessoa colectivas”.
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4. CAPITULO IV: A aprovação pela Assembleia da República ou história da
aprovação de uma falsa Lei e de um verdadeiro Código do Processo
Administrativo Contencioso
Nesta fase do debate sobre o Projeto de Reforma do Processo Administrativo Contencioso pela
Magna Assembleia é preciso distinguir a apreciação do Projeto pela Comissão dos Assuntos
Jurídicos, Direitos Humanos e de Legalidade que levantou questões específicas, do debate
propriamente dito no Plenário da Assembleia da República.
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5. CAPITULO V: CONCLUSÃO
• ___________ Nos Dez anos da Constituição, Imprensa nacional Casa da Moeda, Lisboa, 1986
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