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Universidade Católica de Moçambique

Faculdade de Ciências Sociais e Políticas

Curso de licenciatura em Administração Publica

Cadeira: Administração Pública Comparada

3ºAno

Tema:

A Globalização e a Reforma Administrativa

Discentes:

Hafiza Adamo

Neusa Bové

Nito

Quelimane, Agosto de 2023


A Globalização e a Reforma Administrativa

Trabalho de Carácter avaliativo a ser entregue na


Faculdade de Ciências Sociais e Politicas na
Cadeira de Administração Pública Comparada
leccionada por:

Docente: Kátia Coelho

Quelimane, Agosto de 2023

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Índice

1.Introdução ................................................................................................................................ 3

1.1.Delimitação dos Objectivos .................................................................................................. 4

1.1.1.Geral .................................................................................................................................. 4

1.1.2.Específicos ......................................................................................................................... 4

1.2.Metodologia .......................................................................................................................... 4

2.A globalização e a reforma administrativa .............................................................................. 5

2.1.Globalização ......................................................................................................................... 5

2.2.A reforma administrativa ...................................................................................................... 7

2.3.A nova faceta da administração pública (administração globalizada) ................................. 7

2.4.Importância da globalização no estudo da administração pública comparada ..................... 9

2.4.1.Avaliando as reformas da gestão pública: uma perspectiva internacional ...................... 11

2.5.A reforma administrativa nos países da SADC em especial: Mauricias, Botswana, ......... 12

2.5.1.A SADC: uma organização de cooperação e não de integração ..................................... 12

2.5.1.1.Implicações para os Países da SADC ........................................................................... 13

2.5.1.2.Promoção do comércio nos país de SADC ................................................................... 14

2.5.2.A reforma administrativa de Mauricias ........................................................................... 15

2.5.3.A reforma administrativa de Botswana ........................................................................... 16

2.5.4.A reforma administrativa de Guiné Bissau...................................................................... 17

2.5.5.A reforma administrativa de África de Sul ...................................................................... 18

3.Conclusão .............................................................................................................................. 19

4.Referencias bibliográficas ..................................................................................................... 20

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1.Introdução

O presente trabalho aborda sobre A globalização e a reforma administrativa. As reformas


administrativas chegaram à maioria dos países do mundo impelidas pelo Consenso de
Washington. Nessa orientação, em especial para os países em desenvolvimento latino-
americanos, o Banco Mundial, em 1997, já ressaltava a importância das capacidades
burocráticas para o desenvolvimento.

A implantação dessas reformas foi realizada por etapas. Para a teoria da path-
dependent (dependência de caminhos), os processos passados tendem a influenciar o presente.
Assim, instituições herdadas condicionam fortemente os caminhos a serem tomados,
determinando, inclusive, a persistência de arranjos institucionais pouco eficientes.

A nova onda de reformas do sector público em África constitui, hoje, um testemunho claro da
importância do Estado no desenvolvimento nacional. Muitas nações africanas aceitaram, em
princípio, a mudança para o paradigma do crescimento centrado no sector privado; mas é
igualmente reconhecido que um sector público ineficaz e improdutivo afecta negativamente o
alcance deste objectivo.

Vários estados africanos têm usado as técnicas de gestão do mercado e do sector privado, no
que é geralmente referido como o paradigma da nova gestão pública (NGP), para introduzir
reformas na administração estatal. A aplicação cada vez maior da abordagem da NGP tem
colocado os sistemas de administração e gestão pública em África no centro de discussões e
levantado uma série de questões conflituosas.

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1.1.Delimitação dos Objectivos

Segundo Andrade (1997:26), “toda pesquisa deve ter objectivos claros e definidos, pois assim
torna mais fácil conduzir a investigação”. Os objectivos podem ser gerais e específicos
(particulares). Assim, o estudo resultante deste projecto vai ser guiado pelos seguintes
objectivos:

1.1.1.Geral

 Compreender a globalização e a reforma administrativa.

1.1.2.Específicos

 Conceptualizar globalização, reforma administrativa;


 Descrever importância da globalização no estudo da administração pública comparada;
 Explicar a reforma administrativa nos países da SADC em especial: Mauricias,
Botswana, Guiné Bissau e África do Sul.

1.2.Metodologia

Para qualquer trabalho científico quer teórico assim como prático há necessidade de se basear
em métodos e técnicas de pesquisa para a materialização do mesmo, é a partir deste ponto de
visto, que o grupo, para o processo de realização, melhoramento e aperfeiçoamento deste
trabalho baseou-se em fontes bibliográficas, tais como: dissertações, monografias, artigos,
revistas. Portanto, todos os manuais electrónicos como físico explorados estado patentes na
página de referência.

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2.A globalização e a reforma administrativa

Bandeiria de Mello (2007) diz que “a globalização não pode ser, de uma parte, demonizada
como um necessário e inevitável propagador de uma única ideologia tal como o neoliberalismo
e suas decorrentes e novas formas de exclusão e segmentações sociais” (p.66). Mas isto, por
outra parte, também não leva a querer saudar este novo contexto mundial como o fim da historia
e o triunfo definitivo do liberalismo de mercado. Com efeito, o que se desenha é uma nova
realidade propícia, tanto à possibilidade de uma consolidação do regime de mercado como novo
poder soberano em escala global a impor as regras do jogo econômico, político e cultural,
quanto a um projeto, efetivamente emancipatório cujo terreno de ação nunca antes se mostrou
tão apto para a abertura de canais de informação e de troca de experiências, idéias, políticas de
auxílio não governamental e mobilização social como o exemplificam fenômenos díspares tais
como a internet, a proliferação de ONG(s) e os fóruns mundiais de debates, dentre outros.

2.1.Globalização

O fenômeno da globalização, que vem caracterizando a economia internacional desde meados


da década de 70, ou, como prefere François Chesnais (1996), a "mundialização do capital", tem
sido interpretado de diferentes maneiras. O termo adquiriu um sem-número de sentidos, que
mais confundem do que esclarecem seu real significado. Entre os equívocos mais correntes,
situa-se a visão da globalização como um processo exclusivamente econômico. Trata-se de uma
simplificação, pois o processo de globalização não se resume a uma dinâmica puramente
econômica, senão que se trata de um fenômeno multidimensional, que obedece a decisões de
natureza política. Em outros termos, a economia não se move mecanicamente, independente da
complexa relação de forças políticas que se estruturam em âmbito internacional, através da qual
se tecem os vínculos entre economia mundial e economias nacionais.

Segundo Mello (1999), a revolução das comunicações e da tecnologia tornou o mundo, de certa
forma, menor, aproximando os países e permitindo maior troca de informações e experiências
de toda ordem. A redução das distâncias geográficas, em razão desses avanços tecnológicos e
do primado da informação célere, foi sofrendo uma profunda intensificação, assumindo ares de
marcha eminentemente econômica. A esse fenômeno de expansão de interesses das sociedade
humanas tem-se denominado "globalização" , cujo efeito de maior marca é a influência de um
país ou grupo de países sobre outro.

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A globalização não é um fenômeno novo na história, tendo assumido, ao longo do tempo,
diferentes conotações. '" A globalização já foi cultural, pelo poder do exemplo, como se deu no
mundo helênico; foi política, pelo poder da espada, como no mundo romano; foi econômica,
pelo poder das riquezas, como no mundo ibérico dos descobrimentos e religiosa, pelo poder da
fé, como no mundo cristão." O movimento globalizador dos nossos dias, entretanto, não só é
mais amplo como mais profundo, posto que fruto da .. Era do Conhecimento" , através da qual
indivíduos, grupos, sociedades e Estados interagem de forma cada vez mais próxima em virtude
do apurado desenvolvimento científico e tecnológico. Reflexo desse jogo de influência é o
infindável número de reformas estatais que se vêm operando por diversos países do mundo.
Incontáveis Estados subdesenvolvidos e em desenvolvimento vêm, sob o pálio da globalização,
desestatizando suas economias e promovendo profundas reformas tributárias e administrativas.

Podemos dizer que, com o processo da globalização, também vão surgir outras rupturas
institucionais nas estruturas jurídicas e políticas legadas pelo Estado liberal, no século XIX, e
pelo Estado social, no século XX. As rupturas mais importantes, segundo José Eduardo Faria
(1998), são:

1. Mundialização da economia, mediante a internacionalização dos mercados de insumo,


consumo e financeiro, rompendo com as fronteiras geográficas clássicas e limitando
crescentemente a execução das políticas cambial, monetária e tributária dos Estados
nacionais;
2. Desconcentração do aparelho estatal, mediante a descentralização de suas obrigações, a
desformalização de suas responsabilidades, a privatização de empresa públicas e a
"deslegalização" da legislação social;
3. Internacionalização do Estado, mediante o advento dos processos de integração
formalizados pelos blocos regionais e pelos tratados de livre comércio e a subseqüente
revogação dos protecionismos tarifários, das reservas de mercado e dos mecanismos de
incentivos e subsídios fiscais;
4. Desterritorialização e reorganização do espaço da produção, mediante a substituição das
plantas industriais rígidas surgidas no começo do século XX, de caráter "fordista", pelas
plantas industriais "flexíveis", de natureza "toyotista", substituição essa acompanhada
pela desregulamentação da legislação trabalhista e pela subseqüente "flexibilização" das
relações contratuais;
5. Fragmentação das atividades produtivas nos diferentes territórios e continentes, o que
permite aos conglomerados multinacionais praticar o comércio interempresa, acatando

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seletivamente as distintas legislações nacionais e concentrando seus investimentos nos
países onde elas lhes são mais favoráveis;
6. Expansão de um direito paralelo ao dos Estados, de natureza mercatória (" lex
mercatoria"), como decorrência da proliferação dos foros de negociação
descentralizados estabelecidos pelos grandes grupos empresariais."

Segundo o aludido autor, tais rupturas - detonadas em grande parte, repita-se, pelo processo de
globalização, que, em última linha, provoca a interdependência dos Estados, influindo na
definição das políticas públicas internas destes - respondem pela crise atual do Estado do tipo
nacional, indicando que os mecanismos econômicos, sociais e jurídicos de regulação, postos
em pé há um século, já não mais funcionam.

2.2.A reforma administrativa

Cademartori (2002) afirma que “a reforma administrativa, no seu sentido mais comum, é o
processo de transformação de atitudes, funções, sistemas, procedimentos e estruturas
administrativas das dependências e entidades do Governo para torná-las compatíveis com a
estratégia de desenvolvimento e fortalecer a capacidade executiva do Estado em um contexto
de planeamento” (p.56). Apesar das diferenças existentes entre reforma do Estado e reforma
administrativa, não podemos esquecer que o processo de reforma do Estado é um processo
político, pois redefine as relações do Estado com a sociedade, reconfigurando as relações de
poder.

Conseqüentemente, a reforma administrativa também é um processo político, por ter


implicações nas relações de poder. Em países em que há condições para uma mudança real nas
relações de poder, a reforma administrativa pode representar uma transformação mais profunda
e não apenas mais um projeto de modernização burocrática. Embora haja múltiplos
determinantes na reforma administrativa, a confluência de interesses divergentes e
contraditórios à reforma administrativa gera uma ampla variedade de possibilidades de
redesenho das relações entre Estado e sociedade, mudanças na institucionalidade do setor
público e alteração de práticas gerenciais e administrativas. (Mello, 1999.

2.3.A nova faceta da administração pública (administração globalizada)

Bandeiria de Mello (2007) afirma que “o principal desafio com que se depara um novo modelo
administrativo nesse novo contexto mundial, reside em como pacificar, mobilizar e controlar

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forças sociais que, como foi observado, apresentam novas formas de segmentação ao mesmo
tempo em que são superadas as velhas barreiras sociais” (p.65). A diferença entre a velha e a
nova Administração Pública está em que, nos modelos políticos baseados na soberania nacional,
a administração se exercia integrando linearmente os conflitos, isto significava que ela se
organizava como um aparato de poder coeso a fim de que pudesse reprimi-los, normalizando a
vida social e com isto, alcançando o desiderato do Poder Público (paz social, ordem pública ou
segurança das relações jurídicas), ou seja, o equilíbrio de forças que interagiam entre os espaços
criados entre o Poder Público e a Sociedade.

Contrariamente a isso, na Administração Pública Imperial ou globalizada, o seu modelo é


fragmentário, pois visa integrar conflitos, não pela via de um aparato de poder coerente que
equalize as relações sociais e sim através da exploração das diferenças que estes cada vez mais
aprofundam.

Por ser assim, esta nova Administração Pública não mais responde ao modelo hegeliano, típico
da modernidade, o qual estabelecia uma clara divisão entre a Sociedade Civil, tida como o reino
da atuação, produção e circulação econômica e o Estado como unidade política e de atuação
judiciária e administrativa e com isto, apoiava-se nas mediações entre essas instâncias através
da sociedade burguesa a qual, então, assumia um papel de centralidade econômica e cultural da
vida social. Também não mais responde ao modelo weberiano de administração racional
centrada na contínua mediação temporal e sob um prisma de legitimidade da atividade política
e administrativa através da legalidade. Tais características começam a ser substituídas pela
diretriz que determina que a administração de fins políticos tende a ser separada dos meios
burocráticos, ao contrário do modelo descrito por Weber que tendia a tornar coerentes, meios
burocráticos e fins políticos, (Moreira Neto, 1999).

No atual modelo, conforme nos diz Moreira Neto (1999), a lógica da atividade linear operada
na relação meios (função pública) – fins (objetivo ou finalidade pública) é substituída por uma
lógica diferencial e multifuncional atendendo as especificidades de cada situação social ou
grupo com que se travam relações.

Como exemplo disso, pode-se observar que a Administração Pública abandona o seu papel de
mero executor e representante de órgãos políticos centralizados, tornando-se mais autônoma na
medida em que passa a interagir através de acordos e atos unilaterais com os diversos grupos
sociais, já sejam de comércio, de trabalhadores, étnicos, religiosos e mesmo do crime
organizado na constante tentativa de liberdade de ação frente aos demais poderes estatais,

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muitas vezes, através de leis que garantam uma flexibilização cada vez maior nos mecanismos
de controle legislativo a priori sobre os atos do Poder Público ou por normas até mesmo
desconformes com a Constituição desde que possam assegurar essa maior liberdade de ação
conferida a unidades autônomas, conforme se verá adiante.

2.4.Importância da globalização no estudo da administração pública comparada

Observa-se, tendo como divisor a década de 1980, que o mundo caminhou de uma
administração pública comparada clássica ou tradicional para uma nova administração pública.
Esta última, apoiada na denominada middle-range theory foi estimulada pela necessidade de
encontrar respostas para problemas como: eficiência, eficácia, efetividade, legitimidade
democrática, impacto das tecnologias da informação na administração, entre outros e por
avanços em uma série de disciplinas ligadas à teoria organizacional, ciência política e economia
(neo-institucionalismo e public choice). A partir dessas novas idéias procurou-se abandonar a
generalização e aproveitar o grande número de informação publicada sobre a administração
pública dos mais diferentes países no mundo. A administração pública comparada deve ser
entendida aqui como o domínio do saber que compara padrões de administração pública entre
diferentes Estados-nação. Nesse sentido, busca estudar as semelhanças e diferenças entre várias
unidades de análise, nos níveis da organização, da gestão e da política (no sentido dado ao termo
anglo-saxônico policy), com o propósito de se criar uma base de conhecimento
institucionalizado que possa auxiliar a tomada de decisão (Guess, 1998:535; Heredia e
Schneider, 2003).

Para alguns autores, como por exemplo, Caiden (1994:45), essa tendência a olhar para outras
realidades traz ainda vantagens científicas já que, ao se adotar uma perspectiva comparativa e
global, evita-se o erro de tecer generalizações apenas com base no estudo de uma realidade
administrativa restrita (a administração pública dos EUA, por exemplo). Registre-se que existe
uma tendência de que os problemas que muitos países possuem são comuns aos demais, para
os quais também se poderão encontrar soluções semelhantes. Assim, despesa pública elevada
na economia, baixo nível de eficiência, eficácia e efetividade na administração pública, o
crescente nível de insatisfação dos cidadãos com a qualidade dos serviços prestados pela
administração pública, são problemas inerentes a quase todos os países. Nesse sentido, a
utilização do método comparativo nos estudos que visam à resolução desses problemas poderá
ser bastante útil na busca de resolver esses problemas comuns.

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O estudo de qualquer faceta da Administração Pública, sobretudo quando tal envolver uma
perspectiva temporal ou comparações internacionais, requer a definição do que se entende por
Setor Público. Com efeito, um conceito demasiado restrito, apenas a Administração Central,
por exemplo, é vulnerável a divisões diferentes de tarefas entre Administração Central, regional
e local nos vários países. Por outro lado, um conceito demasiado lato, incluindo as empresas
públicas, por exemplo, torna o indicador ou indicadores que se utilizar sensível à dimensão e
estrutura do setor empresarial do Estado e a operações de privatização.

Para dar um conteúdo o mais possível preciso e não arbitrário, alguns países têm definido o
Setor Público compreendendo as unidades institucionais que têm por finalidade principal a
produção de serviços não comercializáveis destinados à satisfação de necessidades coletivas
e/ou efetuam operações de redistribuição do rendimento e do patrimônio nacional. Os recursos
destas unidades provêm principalmente de impostos e contribuições sociais obrigatórias, que
incidem sobre os outros setores e instituições residentes, recebidos por via direta ou indireta.
De acordo com esta definição estão integrados no Setor Público:

1. A Administração Central, incluindo o Estado em sentido restrito e os organismos que


dele dependem diretamente (Fundos e Serviços Autônomos);
2. A Administração estadual e municipal, incluindo as Autarquias Locais e os Serviços
Autônomos da Administração Local.

Embora não coincidente com a definição acima e não sendo isenta de polêmica quanto a sua
inclusão no Setor Público, podem considerar-se ainda as Instituições Particulares sem Fins
Lucrativos, que incluem os organismos dotados de personalidade jurídica que produzem
principalmente serviços não comercializáveis e cujos recursos provêm, em geral, de aportes
feitos pelo Estado ou pelas autarquias. Esta é a única via para obter informação estatística
consistente e efetuar comparações internacionais. As Constituições normalmente não adotam
um conceito de Administração Pública. No entanto, não deixam de estar subjacentes às suas
disposições as tradicionais concepções orgânica e material de Administração Pública
reconduzidas, respectivamente, ao conjunto dos órgãos dotados de poderes de autoridade
pública que asseguram em nome da coletividade a satisfação das necessidades coletivas e à
atividade desenvolvida para essa satisfação.

A idéia de que a Administração Pública constitui uma realidade complexa tem tradução quando
se comete ao Governo a direção da Administração direta do Estado, a superintendência na

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Administração indireta e a tutela na Administração autônoma. Assim, os diversos componentes
da Administração Pública ficam subordinados ao Governo, o qual é designado não só como
órgão de condução da política geral do país como também órgão superior da Administração
Pública. Estão integrados no Estado, aqui tomado no seu sentido mais amplo enquanto
expressão máxima da organização política do País, as pessoas coletivas públicas, quer de base
territorial, quer de base institucional.

2.4.1.Avaliando as reformas da gestão pública: uma perspectiva internacional

Para Pollitt e Bouckaert (2000), a tarefa de avaliar as reformas da gestão pública numa
perspectiva internacional é um exercício científico difícil e problemático. Para os autores cinco
problemas parecem emergir: a unidade de análise para uma comparação internacional é menos
óbvia do que parece. Níveis de governo são diferentes de setores e de instrumentos e processos
específicos. A unidade de sentido é o segundo problema, pois pode ser que uma agência não
seja uma agência. A ausência e a qualidade dos dados, além das séries temporais constituem
outro conjunto de problemas. A multiplicidade de critérios para se definir a reforma e a
imponderabilidade da mudança é um outro problema metodológico. Por fim, desenham um
quadro rústico e classificam os esforços de reforma em termos de quatro estratégias principais
(quatro Ms): manter, modernizar, “mercadificar” e minimizar.

No estudo que fizeram sobre 10 países, Pollitt e Bouckaert (2000) encontraram fortes evidências
das diferenças nacionais. Constatam que a new public management (NPM) pode ter afetado
muitos países, mas alguns teriam sido afetados de forma mais profunda. Observa-se que mesmo
aqueles países que estão bastante influenciados por ela tendem a adaptá-la de forma quase
individual, para produzir receitas nacionais diversas. Essas diferenças são preocupantes, pois
países distintos têm diferentes pontos de partida, com histórias diversas, e seguem trajetórias
distintas. Uma maneira de classificar os esforços de reforma é pensar em termos das quatro
principais estratégias que qualquer um pode usar. Elas são:

 Manter — conservar a máquina administrativa tal como ela é, mas ajustar e equilibrar
sempre que possível;
 Modernizar — realizar as mudanças mais fundamentais nas estruturas e processos, por
exemplo, mudando a orientação do processo orçamentário de insumo para produto;
criando novos tipos de organização do setor público, como agências autônomas;
modificando o contrato de trabalho dos servidores públicos etc.;

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 Mercantilizar — introduzir mecanismos de mercado (market-type mechanisms —
MTMs) no setor público, acreditando que eles vão gerar eficiência e melhor
desempenho (OCDE, 1993);
 Minimizar — reduzir o setor estatal tanto quanto possível, fazendo o máximo uso da
privatização e da contratação externa. Os ativos públicos são vendidos, e as atividades
anteriormente desempenhadas por servidores públicos são oferecidas aos setores
comerciais e voluntários.

2.5.A reforma administrativa nos países da SADC em especial: Mauricias, Botswana,


Guiné Bissau e África do Sul

De acordo com Awortwi (2006:163) em África, muitos países adoptaram os novos conceitos e
práticas na esperança de que as experiências dos países desenvolvidos pudessem ser facilmente
e com sucesso replicadas noutras regiões. Infelizmente, os resultados de três gerações de
reformas administrativas e do sector público mostraram mais fracassos que sucessos. Quando
os especialistas locais e estrangeiros se reúnem para diagnosticar os muitos fracassos registados
em África, o consenso que emerge é o de que muitas vezes os factores sociais, culturais e
políticos do continente, incluindo os sistemas de valores, constituem as principais razões para
o fracasso dos esforços de reforma.

Em geral, a África tem feito progressos positivos na melhoria do clima geral de investimento.
As instituições relevantes nos Estados Membros da SADC e, em especial, os Ministérios
responsáveis pela promoção do desenvolvimento industrial e do comércio, que são os guardiões
principais da agenda de industrialização, devem usar estes importantes ganhos como
“plataforma de lançamento” para uma melhoria contínua do clima de investimento. Neste
contexto, esta actividade do programa procura capacitar as respectivas instituições dos Estados
Membros na formulação de políticas e estratégias orientadas para os principais componentes
do “ambiente propício” na formulação de políticas e estratégias orientadas para os principais
componentes do “ambiente propício”, (Bohanes, 2005).

2.5.1.A SADC: uma organização de cooperação e não de integração

Bohanes (2005) diz que a SADC é uma vasta organização de coordenação, de harmonização de
políticas, de planos, de programas, de estratégias e de projectos. Esta natureza tem implicações
nos seus métodos de trabalho e na sua estrutura jurídico-organizativa. No que concerne aos
métodos de trabalho, pode-se dizer que esses não são muito diferentes daqueles vigentes na

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época da vigência da SADCC. Coordenam-se as políticas nacionais com mais ou menos
sucesso. O Protocolo de cooperação no domínio da Energia da SADC de 24 de Agosto de 1996
materializa claramente esta da SADC de 8 de Setembro de 1997 constitui um bom exemplo
disto: troca-se informações; promovem-se políticas e a harmonização de medidas
administrativas e legislativas em matéria penal e civil (este Protocolo nem trata sequer de
Direito económico ou Comercial) ou aduaneiras, mas nenhum desses instrumentos contribuem
para se integrar verdadeiramente.

Na prática, o objectivo predominante da SADC, é o de fomentar relações multilaterais de mera


cooperação entre os Estados Membros, na esfera da actividade económica correspondente
apenas a uma parte do objecto material da organização que é muito mais rico (manutenção da
paz, segurança, democracia, cultura, etc...). No que diz respeito à estrutura jurídico-organizativa
da SADC, esta não reflecte nenhuma limitação à soberania dos Estados Membros. Os
mecanismos organizativos apenas desenvolvem relações horizontais de simples coordenação
das soberanias estaduais. Os Estados Membros ainda desempenham um papel primordial na
vida da SADC. Por exemplo, não há nenhuma previsão da intervenção directa da SADC na
ordem interna dos Estados Membros. Por isso, as suas decisões e deliberações têm como
destinatários os próprios Estados Membros e nunca os seus sujeitos internos, particularmente o
indivíduo. Ou seja, o Estado Membro interpõe-se entre a SADC e a sua ordem interna. As
decisões ou deliberações dos órgãos da SADC não têm efeito directo sobre os nacionais dos
Estados Membros nem sobre as respectivas administrações. Com efeito, se os protocolos são
aprovados pela Cimeira sob recomendação do Conselho, estes são sujeitos à ratificação dos
Estados Membros 82 o que significa que apesar desta decisão da Cimeira, o efeito directo é
ainda inexistente nas ordens jurídicas internas dos Estados Membros. Em resumo, não há
transferência de poderes soberanos dos Estados Membros para a SADC, (Gonçalves Pereira &
De Quadros, 2000).

2.5.1.1.Implicações para os Países da SADC

De acordo com Gonçalves Pereira & De Quadros (2000), o Programa de Modernização e


Melhoramento Industrial (IUMP) adoptado em 2009 tem como objectivo promover as cadeias
de valor regional em nove (9) sectores com três (3) sectores prioritários identificados como
processamento agro-alimentar; processamento de produtos minerais e farmacêuticos. A SADC
juntamente com a COMESA e a EAC também adoptaram o desenvolvimento industrial como

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um dos pilares subjacentes à cooperação regional no âmbito do Acordo do Tripartido. No
entanto, não há menção à industrialização/cooperação digital.

Há várias opções disponíveis para capitalizar nos benefícios apresentados pelos sectores não
tradicionais. Tudo o que é necessário é que as instituições responsáveis dentro da região da
SADC pensem de forma cuidadosa e sistemática. Por exemplo, devem ser exploradas as opções
para estabelecer “Centros de Chamadas” ou outros tipos de centros de TIC. Um bom estudo de
caso pode ser feito na Índia, onde foram criados “centros de chamadas” para todas as principais
empresas do Fortune 500 nos EUA. Os centros absorveram muitos jovens. No dia-a-dia, estes
centros lidam com todas as consultas telefónicas relacionadas com as empresas. Este modelo
de negócio pode ser replicado, modificado e adoptado para os países individuais da região da
SADC, como forma de lidar com um problema crescente do desemprego juvenil.

2.5.1.2.Promoção do comércio nos país de SADC

Esta actividade de programa procurará equipar os participantes, (isto é, instituições


governamentais, reguladores e operadores da indústria) com uma compreensão prática das
questões económicas e de desenvolvimento nos seus países, do ponto de vista do comércio. O
programa destacará "onde" e "como" é que o comércio pode contribuir para alcançar as
aspirações nacionais de desenvolvimento relacionadas à promoção industrial, por um lado, e
como é que as políticas e estratégias apropriadas podem ser desenvolvidas para promover a
competitividade industrial, por outro lado. A actividade do programa também complementa a
realização do Programa de Modernização e Melhoramento Industrial da SADC (IUMP) e
contribui para a realização dos objectivos das Estratégias de Desenvolvimento Industrial para
países individuais. Em especial, a actividade do programa contribuirá para atingir os seguintes
objectivos estratégicos:

 Melhorar a competitividade global das empresas baseadas nos Estados Membros;


 Promover o influxo de Investimentos do Estrangeiro (IDE);
 Criar condições que promovam a criação de empregos; e
 Promover e facilitar o desenvolvimento de competências e habilidades.

No olhar de Bohanes (2005), o comércio é vital para a economia geral da SADC - em termos
de tamanho, contribuição e ligações. O comércio pode desempenhar um papel crítico no
fornecimento de visões de desenvolvimento de países individuais na região. Um levantamento
da contribuição do comércio no passado e no presente para as economias nacionais sugere que

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é indispensável para qualquer estratégia de desenvolvimento. Mas seu potencial futuro
dependerá em grande parte das escolhas políticas de hoje e de amanhã. Há uma série de pontos
fortes que precisam ser aproveitados e uma série de restrições que precisam ser resolvidas. O
fortalecimento da capacidade dos países em desenvolvimento e países com economias em
transição de participar do comércio global está-se a tornar cada vez mais crítico para o
crescimento económico desses países. A aptidão das empresas nacionais comercializarem
internacionalmente depende cada vez mais de sua capacidade para entrar nas cadeias de valor
globais estabelecidas pelas corporações transnacionais. Por um lado, isso requer trabalhar no
lado da oferta, permitindo que as empresas produzam produtos com alto potencial de exportação
nas quantidades e ao nível de qualidade exigido pelos mercados. Por outro lado, exige a
comprovação da conformidade do mercado, permitindo que essas mesmas empresas garantam
que os seus produtos estejam em conformidade com os padrões internacionais relevantes, em
especial os requisitos do comprador privado e os requisitos técnicos.

2.5.2.A reforma administrativa de Mauricias

Polidano (2001:17) considera que as reformas administrativas tendem a falhar na


implementação. Sua análise comparada sugere que as estratégias e táticas de implementação
das reformas são variáveis e realmente importam para explicar o êxito ou fracasso das reformas
administrativas. Para ele, diferentes modelos de reformas seja a descentralização, a nova gestão
pública ou state capacity são igualmente propensos a falha.

De acordo com (Awortwi, 2006:173), “as Maurícias são uma pequena ilha com poucos recursos
naturais. É, portanto, fortemente depende de seus recursos humanos. Este activo muitíssimo
importante ajudou as Maurícias a superar as suas desvantagens naturais e transformar seu povo
em activos adicionais para o desenvolvimento económico do país” (p.55). As Maurícias
desenvolveram em uma economia diversificada. As suas taxas de crescimento anuais têm em
média entre 5 e 6 por cento desde a independência. Com uma renda per capita de mais de USD6,
700 em 2009, as Maurícias tornaramse um país de renda média elevada. A boa governação e
gestão económica foram cruciais par o sucesso das Maurícias ao longo das últimas três décadas.
Tem usado os seus recursos bem e os seus êxitos em matéria de desenvolvimento
socioeconómico são óbvios.

As Maurícias têm alcançado um crescimento sustentado desde a independência. Isto permitiu


ao país alcançar o estatuto de um país de renda média superior, desenvolver uma política social
decisiva para erradicar a pobreza extrema, e construir um estado de bem-estar. Protege grupos

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sociais vulneráveis, e as pessoas têm livre acesso à saúde e à educação em todos os níveis (desde
o pré-escolar ao ensino superior). Há um benefício básico de pensão para os idosos, pessoas
deficientes, viúvas e órfãos. Há também programas de apoio à renda, transporte público gratuito
e produtos de consumo subsidiados. Além de acesso universal e gratuito aos serviços públicos
e à protecção social universal, existe um regime de protecção social contributiva. Este cobre a
aposentadoria, acidentes de trabalho e do desemprego desde Fevereiro de 2009. Mauritius fez
estas realizações possíveis por meio de sua firme vontade colectiva para superar as dificuldades
inerentes a uma ilha que está longe dos centros de produção e consumo global, limitada na sua
área territorial e população, e dotada de poucos recursos naturais. O país tem gradualmente
adquirido a capacidade humana e institucional. Isto permitiu-lhe desenvolver uma visão para
planear o seu desenvolvimento económico e social, garantir a diversificação de sua base
económica, promover a sua autonomia, e estabelecer uma economia resistente. Maurícias está
determinada a desenvolver através da mobilização de seus próprios recursos. Por isso, procurou
e encontrou, o apoio internacional para lidar com os choques exógenos causados pela rescisão
dos múltiplos acordos multifibra e o abandono das preferências comerciais para o açúcar.

2.5.3.A reforma administrativa de Botswana

Polidano (1999) afirma que Botswana tornou-se independente em 1966 e, desde então, tem
crescido significativamente de um típico e desolado protetorado britânico para a condição de
um país de renda média, segundo as classificações económicas do Banco Mundial. Alguns
estudiosos e comentaristas políticos atribuíram isso a uma liderança estruturada, prudente e
cautelosa, a qual reconheceu que a adesão a fortes princípios nacionais e uma sólida base
económica são necessários para o desenvolvimento nacional. Os seguintes são esses princípios
em ordem de prioridade: democracia, desenvolvimento, autossuficiência, unidade e Botho
(humanidade).

Botswana é um dos maiores produtores de diamantes do mundo e é considerado uma das


economias que mais crescem no mundo. Além dos diamantes, a boa governança e a gestão
econômica resiliente contribuíram para torná-la uma economia de nível médio. Juntamente com
a ajuda do setor privado para impulsionar vários setores e investimentos, Botswana estabeleceu
reformas transformacionais com vistas a se tornar um país de alta renda até 2036. A maioria
das empresas internacionais que se expandem para regiões estrangeiras contrata parceiros locais
experientes para assistência na terceirização de processos de negócios, incluindo soluções de

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terceirização de empregos em que a equipe precisa ser contratada no país e paga de acordo,
(Polidano, 1999).

2.5.4.A reforma administrativa de Guiné Bissau

Rezende (2002, P.54). “Reformas representam um conflito permanente de valores sobre como
organizar a administração pública: competência neutra; representatividade e liderança
executiva”. Pois, as reformas administrativas envolvem elevados esforços para a transformação
das regras do jogo, e dependem da formação de complexas coalizões políticas e da viabilidade
de compromissos que dificilmente tendem a perdurar entre governos.

O processo de reformas da administração pública, iniciou-se a partir da independência,


sobretudo, com a criação da Lei nº 1/73, a qual dispõe que todas as legislações, o Estatuto do
Funcionalismo Ultramarino – EFU e outras legislações complementares que regem o
funcionamento da administração, são válidas, salvo se contrariarem o espírito de um estado
independente. Entretanto, uma das consequências imediatas do programa de Ajustamento
Estrutural, foi o abandono pelo Estado da economia socialista para a economia de mercado,
deixando o intervencionismo que dantes assumia para o Estado regulador e dá-se o pré-início
às privatizações das empresas públicas. Em 1990, a Lei Orgânica do Governo institui a
Secretaria de Estado da Reforma Administrativa que teve como principais actividades a recolha
de documentos, informações e estudos com o objectivo de obter um diagnóstico real dos
estrangulamentos da Administração Pública. Com esta lei o estado Guineense abandonou a
economia socialista para economia do mercado.

Atualmente percebe-se a complexidade de encontrar uma definição sobre a corrupção por


abranger vários campos de estudo. Porém de acordo com Fernandes, a corrupção significa
mudança ou desconfiguração de uma substancia no seu estado puro, além disso pode ser usado
para caráter de mal (Fernandes, 2009, p. 22 apud Cá et al, 2019). No caso da Administração
Pública, a corrupção é vista como sendo uma das ameaça ao sector, que atinge aos seus
servidores, ou seja recursos financeiros, patrimonial, e do seu desempenho e metas a serem
atingidas.

Para a redução de oportunidades as práticas de atos corruptos serão


concentradas esforços de luta contra esta endemia, como por exemplo, através
da simplificação de procedimentos, aumento da capacidade de controle a todos
os níveis com envolvimento direto do Sector Público, sector privado e
sociedade civil em geral. A redução do grau de impunidade serão adoptadas
medidas de fundo que passam pelo fortalecimento da capacidade operacional
do sistema judicial e pela revisão da legislação que rege as relações laborais

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entre o Estado e os funcionários e pela implementação de mecanismos judiciais
e extrajudiciais que penalizem com maior rigor os casos comprovados de
corrupção. Quanto ao sincretismo implícito nas relações entre corruptos e
corruptores, a aposta mais séria que se faz é na participação ativa e na vigilância
permanente da sociedade em geral e paralelamente será desenvolvido um
processo de capacitação e fortalecimento institucional das Organizações
nucleares para o combate à corrupção, designadamente as inspeções
administrativa, financeira e técnica do Sector Público incluindo-se as inspeções
no sector da legalidade e justiça. (Xavier, 2011, p.08, grifos meus).
No entanto, de acordo com a unidade de coordenação da reforma do Ministério da Função
Pública da Guiné-Bissau, na pessoa de José Braima Dafé (2015, p.02), não se pode pensar no
desenvolvimento sem uma boa administração. Ou seja, boa administração significa boa
governação, por isso, tem que haver bons quadros, com mentalidade organizada, alto sentido
de responsabilidade e alto sentido de Estado, porque um país sem administração forte é invadido
pela corrupção.

2.5.5.A reforma administrativa de África de Sul

A economia da África do Sul destaca-se como a maior do continente africano, com seu PIB
correspondendo, em 2009, a quase 20% do total do PIB de todo o continente. Ao longo do
período posterior à Segunda Guerra Mundial, o desempenho positivo da economia gerou uma
capacidade de consumo elevada, apesar de fortemente concentrada. Isto atraiu o capital
internacional industrial (instalaram-se indústrias automobilísticas, por exemplo), o que
diversificou e modernizou a economia. Esta economia foi altamente dinâmica nos anos 1950 a
1970. Pode-se constatar este desempenho pela variação da produtividade do trabalho (PIB por
trabalhador). A África do Sul enfrentou uma crise relacionada à dívida externa nos anos 1980,
além de sofrer os impactos da perda do papel de reserva internacional de valor do ouro. Por
outro lado, dificuldades e incertezas relacionadas ao período de transição do regime
segregacionista, com pressões internacionais, causaram um desempenho negativo no início da
década dos anos 1990.

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3.Conclusão

Ao findo deste trabalho, desprende-se que uma Reforma Administrativa visa melhorar a
Administração Pública de um dado país, sendo um processo gradual, integral e profundo. Ela
não é uma caminhada de um só passo, mas sim, uma estratégia global de adequação dos serviços
públicos, de forma que estes criem um ambiente institucional, de gestão e comportamental
favorável à implementação de reforma política, econômica e social. Relativamente a isto, a
reforma administrativa funciona em alinhar estrategicamente a administração pública com um
novo processo de gestão, com ênfase na ação administrativa, aliada à descentralização das ações
e à capacitação dos recursos humanos apoiada na tecnologia de informação.

Em África, muitos países adoptaram os novos conceitos e práticas na esperança de que as


experiências dos países desenvolvidos pudessem ser facilmente e com sucesso replicadas
noutras regiões. Infelizmente, os resultados de três gerações de reformas administrativas e do
sector público mostraram mais fracassos que sucessos. Quando os especialistas locais e
estrangeiros se reúnem para diagnosticar os muitos fracassos registados em África, o consenso
que emerge é o de que muitas vezes os factores sociais, culturais e políticos do continente,
incluindo os sistemas de valores, constituem as principais razões para o fracasso dos esforços
de reforma.

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4.Referencias bibliográficas

Awortwi. N. et al. (2006). Perspectivas Africanas: Sobre a Nova Gestão Pública – Implicações
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Cademartori, L. H. (2002). Direito Administrativo. Porto Alegre: Síntese.

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Rezende, C. F. (2002). Por que reformas administrativas falham? Revista Brasileira de


Ciências Sociais - Vol. 17.

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