Você está na página 1de 11

INSTITUTO DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA

FACULDADE DE DIREITO

Curso de Licenciatura em Direito

Os critérios de distinção entre o Direito Público e Direito Privado

Vicente Bernardo Alfredo

Quelimane

2023
Índice
Introdução............................................................................................................................................... 3

Globalização e Ciência Política ................................................................................................................ 4

Globalização ............................................................................................................................................ 4

Ciência Política ........................................................................................................................................ 7

Interdisciplinaridade da Ciência Política ................................................................................................. 8

Filosofia ............................................................................................................................................... 8
Renascimento e Modernidade............................................................................................................ 8
Sociologia ............................................................................................................................................ 8
Ciências Jurídicas................................................................................................................................. 9
Economia ............................................................................................................................................ 9
História ................................................................................................................................................ 9
Psicologia ............................................................................................................................................ 9
Conclusão .............................................................................................................................................. 10

Bibliografia ............................................................................................................................................ 11
3

Introdução

O termo Globalização é normalmente utilizado a propósito de um conjunto de transformações


socioeconómicas que vêm atravessando as sociedades contemporâneas em todos os cantos do
mundo. Tais transformações constituem um conjunto de novas realidades e problemas que
parecem implicar acrescidas dificuldades e novos desafios para os trabalhadores e a acção
sindical. Considerando que o conhecimento constitui um instrumento fundamental para a
intervenção social.

Partindo dessa ideia de que política implica autoridade ou governo, vários cientistas políticos
buscaram definir Ciência Política como uma disciplina que se dedicaria ao estudo da
formação e da divisão do poder (DAHL, 1970).

Em outras palavras, estando a política associada à ideia de poder, Ciência Política poderia ser
definida, de forma geral, como aquele campo disciplinar encarregado do estudo científico do
fenómeno do poder.
4

Globalização e Ciência Política

Falar de Globalização remete para um conjunto de transformações económicas, políticas,


sociais e culturais que se fazem sentir a nível mundial.

Nas suas formas mais visíveis, estas transformações estão frequentemente associadas a
inovações tecnológicas. As novidades tecnológicas, e a velocidade a que estas ocorrem no
mundo contemporâneo, contribuem para crer que a globalização constitui um fenómeno
completamente novo.

Partindo dessa ideia de que política implica autoridade ou governo, vários cientistas políticos
buscaram definir Ciência Política como uma disciplina que se dedicaria ao estudo da
formação e da divisão do poder (DAHL, 1970). Em outras palavras, estando a política
associada à ideia de poder, Ciência Política poderia ser definida, de forma geral, como aquele
campo disciplinar encarregado do estudo científico do fenómeno do poder. Considerando-se
que a afirmação anterior é correta e que a Ciência Política se dedica ao estudo da formação e
da divisão do poder, há necessidade de estabeleceu conceito de poder.

Globalização

Vamos começar afirmando que não existe explicação consensual para o fenómeno
globalização, de modo que Held e McGrew (2001) identificam duas grandes linhas de
argumentação:

De um lado, os que a consideram um fenómeno histórico real e significativo – os globalistas,


de outro, aqueles que a concebem como uma construção ideológica – os céticos.

Para Anderson (1995), com o processo de globalização e a consequente desregulamentação


financeira da economia capitalista mundial houve uma inversão do investimento de capital:
do capital produtivo para o capital financeiro. Observa-se, cada vez mais, um deslocamento
do capital, da esfera da produção para o espaço dos mercados financeiros, os quais, graças ao
constante processo de sofisticação tecnológica e globalização da economia, circulam por todo
o mundo na busca de segurança e rentabilidade. (FIORI, 1995; FIORI; TAVARES, 1993)

Para os autores, tal dualismo, mesmo sendo simplista, é válido se utilizado como tipo ideal.
Os céticos, segundo Held e Mcgrew (2001), têm como ponto de partida a seguinte questão:
“O que é global na globalização?” Para eles, só teria sentido falar de globalização, se por esse
conceito se abordasse um fenómeno realmente universal (com validade para todo o mundo).
5

Na ausência de universalidade, faltaria delimitação clara e precisa para o conceito. Enfim,


para os críticos, na inexistência de referenciais geográficos claros, fica impossível distinguir o
que é regional do que seria realmente global.

Held e McGrew (2001), ao analisar a posição dos cépticos, sustentam que eles, em geral,
constroem um modelo abstracto sobre o que seria a economia global ou a cultura global e
comparam-no com a realidade.

Descartam, por completo, qualquer pretensão descritiva ou explicativa para o conceito. Em


vez de globalização, defendem que uma definição mais válida das tendências atuais seria
através dos termos “internacionalização”, isto é, laços crescentes entre economias ou
sociedades nacionais essencialmente distintas, e “regionalização” ou “triadização”, ou seja, o
agrupamento geográfico de trocas económicas e sociais transfronteiriças (HELD; MCGREW,
2001, p. 15)

Assim, segundo a perspectiva dos céticos, o discurso sobre a globalização seria


primordialmente uma construção ideológica que ajuda a legitimar e justificar o projecto
neoliberal. Nesse aspecto, o conceito de globalização funcionaria como um “mito
necessário”, em que os governos e políticos disciplinam seus cidadãos para que eles
satisfaçam os requisitos do mercado global. (HELD; MCGREW, 2001, p. 15)

A visão globalista, sempre segundo Held e McGrew (2001), não considera esse fenómeno
apenas como uma ideologia. Segundo essa perspectiva, existiriam mudanças substantivas que
estariam ocorrendo na organização social e que precisariam de um conceito que possibilitasse
a sua compreensão.

As evidências desse fenómeno estariam, por exemplo, na internacionalização das empresas


capitalistas e na valorização dos problemas ambientais como problemas globais.

“Em vez de conceber a globalização como um fenómeno exclusivamente económico, a


análise globalista confere um status equiparável a outras dimensões da actividade social”.
(HELD; MCGREW, 2001, p. 16)

As diferenças entre as duas perspectivas dão-se praticamente em todas as esferas em que o


mundo contemporâneo é analisado.
6

O Quadro 1 resume o debate.

Céticos Globalistas
1. Conceitos Internacionalização, não-globalização, Um só mundo, moldado por
regionalização fluxos, movimentos e redes
sumamente extensos,
intensivos e rápidos através
das re-giões e dos
continentes
2. Poder Predomina o Estado nacional, Desgaste da soberania, da
intergovernamentalismo autonomia e da legitimidade
do Estado, declínio do
Estado-nação, aumento do
multilateralismo
3. Cultura Ressurgimento do nacionalismo e da Surgimento da cultura
identidade nacional popular global, desgaste das
identidades políticas fixas,
hibridização
4. Economia Desenvolvimento de blocos regionais, Capitalismo global,
formação de grupos (triadização), novo informacional, economia
imperialismo transnacional, nova divisão
regional do trabalho
5. Desigualdade Desfasagem crescente entre o norte e o Desigualdade crescente nas e
sul, conflitos de interesse entre as sociedades, desgaste
irreconciliáveis das antigas hierarquias
6. Ordem Sociedade Internacional de Estados, Gestão global em camadas
persiste inevitavelmente o conflito entre múltiplas, sociedade civil
os Estados, gestão internacional e global, organização política
geopolítica, comunitarismo global, cosmopolitismo
Quadro 1: Diferenças entre as perspectivas dos céticos e dos globalistas sobre a globalização
Fonte: Held e McGrew (2001, p. 92)

Como se pode observar globalistas e céticos têm concepções completamente diferenciadas da


globalização e os argumentos tendem a refutar-se mutuamente. Porém, numa análise mais
7

detida das duas perspectivas, pode-se identificar alguns pontos que são praticamente
consensuais entre elas. Para Held e McGrew (2001), os dois lados admitiram que:

 Houve aumento, nos últimos anos, da interligação económica nas e entre as regiões;
 A competição global desafia as velhas ordens e gera novas desigualdades de riqueza,
poder e status;
 Alguns problemas políticos, como a lavagem de dinheiro e a questão ambiental,
fogem da esfera de responsabilidade das tradicionais instituições dos governos
nacionais;
 Houve expansão da gestão internacional nos planos regionais e global – por exemplo,
os blocos económicos regionais (MERCOSUL e União Europeia) e a Organização
Mundial do Comércio (OMC).

Ciência Política

Desde os filósofos e pensadores gregos os fatos relativos ao governo da sociedade humana


vêm sendo objecto de estudos, mas a concepção de uma ciência particular, nesse campo, é
mais recente.

O que a política grega acrescenta aos outros Estados é a referência à cidade, ao colectivo da
polis, ao discurso, à cidadania, à soberania, à lei” (MAAR, 1994, p. 30).

Na modernidade, Maquiavel foi um dos principais responsáveis por dar à política uma certa
autonomia, sendo considerado por isso como o pai da ciência política, procurando estudar e
conhecer a verdade efectiva dos fatos, adoptando um referencial mais compatível com as
exigências atuais que os de Aristóteles.

O objecto da Ciência Política ainda é o de Aristóteles. Mas a Ciência Política de hoje


pressupõe orientação metodológica e objectividade de pesquisa compatíveis com as
exigências da ciência moderna.

A ciência política é a teoria e prática da política e a descrição e análise dos sistemas políticos,
das organizações e dos processos políticos e do comportamento político. Envolve o estudo da
estrutura (e das mudanças de estrutura) e dos processos de governo, os sistemas políticos, as
diferentes formas de governo como a democracia, o processo eleitoral, a soberania e divisão
de poderes (executivo, legislativo e judiciário) e muitos outros.
8

O estudo da realidade política não é tarefa que caiba apenas a uma área do conhecimento. Por
suas raízes históricas, comprovadamente filosófica, sociológica e jurídica, podemos falar de
uma vinculação directa entre a Ciência Política e a Filosofia, a Sociologia, a Ciência do
Direito, a própria História, e as demais ciências sociais (teóricas e aplicadas). Para a
compreensão dos fatos e fenómenos políticos, não podemos prescindir de uma abordagem
interdisciplinar e transdisciplinar da realidade.

Interdisciplinaridade da Ciência Política

Filosofia

Sócrates, os Sofistas, Platão e Aristóteles

O contexto histórico grego: reformas legislativas, o governo de Péricles, consolidação da


democracia.

Os dois primeiros grandes sistematizadores do pensamento político, Platão e Aristóteles, entendiam


a política referente ao estudo da polis, suas estruturas, instituições, constituição. É de Aristóteles a
ideia de que a política é a ciência “maior”, ou a mais importante do seu tempo, preocupado com um
governo capaz de garantir o bem-estar geral (o bom governo) da sociedade.

Renascimento e Modernidade

“Pareceu-me mais conveniente ir em busca da verdade extraída dos fatos e não à imaginação
dos mesmos, pois muitos conceberam repúblicas e principados jamais vistos ou conhecidos
como tendo realmente existido” (Maquiavel. O Príncipe, cap. XV).

Sociologia

O fenómeno político é um fato social por excelência, segundo a definição durkheimiana

Há uma esfera comum de estudo e pesquisa entre a Ciência Política e a Sociologia Política:
grupos, classes sociais, instituições, opinião pública, os regimes políticos, as ideologias, as
utopias etc.

O estudo do Estado e do fenómeno político constitui um dos pontos altos e culminantes da


obra de Max Weber. Em Weber encontramos estudos sobre as bases sociais em que o poder
repousa, investiga-se o regime político e a organização dos partidos, interrogam-se as formas
de legitimidade da autoridade.
9

Ciências Jurídicas

O Estado se explica pela unidade das normas de direito de determinado sistema de modo que,
quem elucidar o direito como norma, elucidará o Estado

Podemos falar de uma tríplice análise do Estado: o Estado como ideia (prisma filosófico),
como fato social (prisma sociológico) e fenómeno jurídico (prisma jurídico)

Economia

O conhecimento dos aspectos económicos em que se baseia a estrutura social são


fundamentais para a compreensão dos fenómenos políticos e das instituições pelas quais uma
sociedade se governa.

A importância do conhecimento dos aspectos económicos em que se baseia a estrutura social


é tal que, segundo Bonavides (2000, p. 54), sem o seu conhecimento: “dificilmente se poderia
chegar à compreensão dos fenómenos políticos e das instituições pelas quais uma sociedade
se governa”. Além disso, todo governo precisa de uma política económica em seu programa
de acção que determine, entre outras coisas, as metas económicas a serem atingidas (previsão
do PIB, por exemplo), um programa para lidar com a inflação, taxas de juros, política
cambial etc.

História

A História nos ajuda a entender a origem dos sistemas, das ideias e das doutrinas políticas do
passado

Psicologia

É possível ter uma compreensão satisfatória dos fatos sociais e, por concomitantemente, do
processo político, fora das motivações psicológicas?
10

Conclusão

Algumas perspectivas sobre a Globalização tendem a negar a possibilidade de intervir e


governar o processo. A Globalização surge como uma entidade sagrada, do domínio
estritamente económico, que existe de um modo independente da actuação dos homens e
mulheres e que deve ser aceite porque é inevitável. Nesta perspectiva a esfera política tende a
ser secundarizada tanto nas suas responsabilidades pelo actual curso do processo de
Globalização, como nas possibilidades de o regular ou alterar.

Enquanto na Filosofia a preocupação fundamental está na busca pelos fundamentos últimos


da política e na construção de modelos ideais de organização; na Ciência Política está
sobretudo na busca pelas explicações para a dinâmica de funcionamento dos sistemas
políticos, utilizando procedimentos próprios do método científico.
11

Bibliografia

 ABRÚCIO, Fernando Luiz. Reforma política e federalismo: desafios para a


democratização. In: BENEVIDES, M. V. et al. Reforma política e cidadania. São
Paulo: Fundação Perseu Abramo, 2003.
 ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir.
Pósneoliberalismo. São Paulo: Paz e Terra, 1995.
 ARRETCHE, Marta. Tendências no estudo sobre avaliação. In: RICO, Elizabeth de
Melo. Avaliação de políticas sociais: uma questão em debate. 3. ed. São Paulo:
Cortez, Instituto de Estudos Especiais, 2001.
 AVRITZER, Leonardo; ANASTÁSIA, Fátima. A reforma política no Brasil. Belo
Horizonte: Ed. UFMG, PNUD, 2006.
 AVRITZER, Leonardo; NAVARRO, Zander. (Org.). A inovação democrática no
Brasil. São Paulo: Cortez, 2003.
 BACHRACH, Peter; BARATZ, Morton. Poder e decisão. In: CARDOSO, Fernando
Henrique; MARTINS, Carlos Estevam. Política e Sociedade. São Paulo: Cia. Editora
Nacional, 1979. 1 v.
 BAQUERO, Marcello. A vulnerabilidade dos partidos políticos e a crise da
democracia na América Latina. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2001.
 BAQUERO, Marcello; PRÁ, Jussara Reis. A democracia brasileira e a cultura política
no Rio Grande do Sul. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2007.
 BENEVIDES, Maria Victória. A cidadania ativa: referendo, plebiscito e iniciativa
popular. São Paulo: Ática,1991.
 Https://www.sabedoriapolitica.com.br/ci%c3%aancia-politica/

Você também pode gostar