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ENSAIO - HISTÓRIA ECONÔMICA GERAL E DO BRASIL

RODRIGO SAMPAIO DE JESUS

1– Com bases nos textos e materiais discutidos até o momento comente


sobre os debates acerca das funções econômicas nas sociedades pré-
modernas.
As “economias” nas sociedades pré-modernas seguem fluxos de
desenvolvimento distintos, mas existe algumas singularidades que tem a função
de ponte sobre o tempo ligando diferentes eras e perspectivas de sociedades
com características para definirmos como atividades produtivas de caráter
“econômico”.

Primeiro tento explicar o porquê do uso de aspas em relação ao termo


“econômico” quando abordamos conceitos econômicos em relação a sociedades
pré-modernas acredito que seja necessário fazer algumas distinções. Pois a
economia que conhecemos, mais detidamente a economia moderna tem sua
delimitação no tempo e seus fenômenos característicos para ser, o que é, no
presente momento, acredito que o termo que se adeque de forma mais plausível
a discussão seja a classificação “pre-econômica” para sociedades pré-
modernas, parece redundante, mas a história é dividida a partir de revoluções e
mudanças estruturais que são criadas a partir de pontos de rupturas sociais que
nós conduzem a uma nova “era”, o velho Karl Marx (1818-1883), já dizia algo
próximo disso “Que as revoluções são a locomotiva da história”¹.

Feito essa pequena delimitação, os traços característicos presente ao


longo da história que possa ligar as pontes das civilizações pré-modernas, é o
mais puro e simples enraizamento da “pré-economia” nas relações sociais pré-
modernas. Aqui não coloco que todas as sociedades pré-modernas era idênticas
nas suas estruturas enquanto sociedade, para trabalhar o enraizamento da “pré-
economia”, me aproprio do excerto do filósofo Karl Polanyi (1886 -1964), quando
em seu livro “A Grande Transformação” perpassa sobre “A economia enraizada
nas sociedades pré-modernas” uma discussão histórico econômica e
antropológica acerca da constituição das relações pré-econômicas, nas
sociedades pré-modernas, a partir do “status” social do homem enquanto pilar
econômico da sociedade, por este motivo, tento distinguir no começo desse
ensaio sobre as distinções do conceito de economia quando trata -se em relação
as sociedades diversas no tempo, pois o papel do “homem” ganham diferentes
dimensões, a cada sociedade estudada.

A desagregação das relações mercantis, e as comunidades enquanto


núcleo de convivência social formado por laços consanguíneo são um dos pilares
para Polanyi, que define a “economia” enraizada em grupos pré-modernos.
Definições essas para sociedades pré-alfabetizadas, quando se avança no
tempo encontramos novos agrupamentos sociais que caracterizamos como
sociedade, por exemplo a sociedade romana caracterizada por uma “economia”
que não se distinguia de outras “economias” da antiguidade, sendo fechada e de
características centrada para suprir-se diante das diversas guerras, sejam elas
internas ou guerra de expansão, tendo como pilar principal da formação da
“economia” romana a agricultura, agricultura essa de similaridade com todas as
sociedades pré-modernas a agricultura de subsistência de baixo uso
tecnológico, o segundo pilar da “economia” romana seria o artesanato/comércio,
atividade de baixa expressão social, quase que uma subclasse da sociedade,
pois era a terra que trazia status, sendo o status social nas sociedades pré-
modernas o delimitador do ser que tú és, e do que pode tornar-se.

As características da economia romana são particulares de sua época,


mas não ponde se negar as bases da construção de uma economia pré-
capitalista de limitada inovação social e tecnológica, seja para o cultivo ou para
o desenvolvimento humano e uma estrutura de estado socialmente estratificada
e voltada para o financiamento do corpo militar do império.

Seguindo o fluxo do tempo a terceira sociedade pré-moderna é diferente


na organização enquanto estrutura social em relação a escravidão forçada, mas
o trabalho do homem não deixa de ser explorado, faço um comentário breve
acerca da “pré-economia” da alta idade média, pós queda da última cidade
romana, surge uma nova era conhecida como a Idade Média. Aqui falamos sobre
o feudalismo, sistema de organização social e econômico resultante da transição
do sistema escravista da Europa “romana” para o sistema de servidão coletivo,
suas funções “econômicas” são de extrema similaridade com a “economia”
romana, centrada para o auto abastecimento, e um número grande e um número
de vassalos para suprir os desejos do senhor da terra detentor do status “divino”
do direito da terra.

A terra sendo o elo de definição do que seja a estrutura de sociedade, a


agricultura rudimentar e de subsistência, trabalho manufatureiro puramente
artesanal e pouco valoroso. Por fim, as funções pré-econômicas das sociedades
pré-modernas, são em sua maioria relações desagregadas pautadas mais pelo
caráter social em objetivo único da constituição de um “status” do homem
perante a sociedade.

2 – O surgimento e desenvolvimento do capitalismo foi uma das principais


marcas fundantes do que em geral costumamos chamar de modernidade
europeias. Como tal, sua origem possuí múltiplas facetas e pode ser
observado por múltiplos autores. A partir disso, comente as diferentes
visões sobre o surgimento do capitalismo.
A discussão acerca das múltiplas facetas do capitalismo é um monólogo
longo e pouco assertivo. Se atendo a discussão em relação a três autores para
o desenvolvimento da resposta ao questionamento em questão, são eles
Fernand Braudel, Karl Marx e Marx Weber, são os três teóricos aqui abordados
em uma singela tentativa de responder sobre a origem do capitalismo.

Fernand Braudel (1902-1985), em seu livro Civilização Material, Economia


e Capitalismo, perpassa ao longo do capítulo “Capital, capitalista e capitalismo”
um levantamento histórico da epistemologia dos conceitos Capital, Capitalista e
Capitalismo. Levantamento denso e embasado em diferentes pontos para
fundamentação dos argumentos com objetivo de definição de cada conceito,
mas me atendo a discussão em questão sobre o caráter histórico da
epistemologia do conceito de “capitalismo” por Braudel, sendo a mais pura
expressão sintetizada na seguinte passagem “... O que chamarei de capitalismo,
isto é a apropriação do capital por uns com exclusão dos outros”², conceituação
breve, mas de definição precisa com características similares com as
perspectivas dos outros teóricos aqui abordados.
O Capitalismo para Braudel, tem características de uma função aritmética
sendo a soma de outros fatores que compõe a constituição do capitalismo,
fatores iniciais sendo o capital como originário para a concepção do sistema,
mas não sendo o único fator de constituição, para a formação das estruturas
capitalistas enquanto sistema, é indispensável a existência do “capitalista”,
sendo o ser “racional” possuidor do capital, com interesse em investir em
atividades produtivas com possibilidades de gerar excedentes produtivos para
acumulação, assim, sendo a gênese da constituição do capitalismo para
Braudel.

Tendo sido feita essa introdução acerca da constituição do capitalismo na


perspectiva de Braudel. Passamos para o teórico responsável em grande parte
pela definição teórica acerca do capitalismo enquanto sistema. Para Karl Marx
(1818-1883), o capitalismo só é percebido como sistema social e econômico a
partir da segunda metade do século XIX, em decorrência da revolução industrial
sendo fenômeno para além de mudanças econômicas, mas sim uma verdadeira
revolução social (das relações humanas e do homem com o trabalho).

A partir da revolução industrial, revolução que redefine o presente e a


história, redefine os conceitos de capital, capitalista e capitalismo, a partir do
“tempo” como definidor do valor do “homem” presente, mesmo que o capitalismo
seja uma construção do fluxo do tempo, a revolução industrial redefiniu de forma
permanente a concepção do que seja capitalismo. Marx expressa no Capital,
mais especificamente no capítulo “Assim da Chamada Acumulação Primitiva” o
seu cabedal teórico em relação a separação entre o trabalhador e o proprietário
do meio de produção como não apenas condição de organização do trabalho,
mas como condição sine qua non para existência do capitalismo enquanto
sistema, aqui reproduzo a passagem “O processo que cria a relação capitalista
não pode ser senão o processo de separação entre o trabalhador e a
propriedade das condições de realização de seu trabalho, processo que por um
lado, transforma em capital os meios sociais de subsistência e de produção e,
por outro, converte os produtores diretos em trabalhadores assalariados” .

Mas para chegar até esse ponto foi necessária a dissolução das
estruturas pré-capitalista nesse caso em específico as estruturas feudalistas,
sendo dissolvida ao longo do tempo por diferentes atos, contribuindo para
formação da sociedade capitalista. Sendo as transformações sociais e sua
relação com o trabalho, exemplo (de escravo para servo, de servo para
trabalhador assalariado), transformações essas do trabalho que para Marx são
motor indutor da “nova” concepção do capitalismo industrial.

A definição do conceito de capitalismo na perspectiva de Marx Weber


(1864-1920), se atenta em sua essência ao “Homem” e as suas vontades
enquanto ser dotado de suas liberdades. O capítulo “Espirito do Capitalismo”
sintetiza o pensamento de Weber, acerca da constituição do capitalista como
agente constituidor do capitalismo moderno, a discordância de Weber acerca do
pensamento simplórios sobre as vontades humanas é visível e quase palpável,
para Weber o capitalismo só é possível de definição a partir de cada um dos
seus elementos históricos, extraídos da realidade, e simplesmente o que se pode
ser extraído da realidade é mais clara expressão das vontades e dos desejos
dos homens enquanto ser dotado de liberdade, aqui o é o mais puro“ Espirito do
capitalismo” sendo a representação da (auri sacra fames), talvez não pelo
sentido de condenar a ambição do homem pelo prazer humano, mas pelo puro
utilitarismo das vontade do homem.

REFERÊNCIA
1 – Marx, Karl, 1818-1883 - Crítica e interpretação.
2- Braudel, Fernand, (1902-1985) – Capital, Capitalista, Capitalismo- pag. 205

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