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1.1INTRODUÇÃO..........................................................................................................................2
1.1Objetivo geral..........................................................................................................................3
1.2Objetivos específicos..............................................................................................................3
2.METODOLOGIA.........................................................................................................................3
2.1Tipo de pesquisa......................................................................................................................4
2.2Área de abrangência................................................................................................................4
3A FORMAÇÃO DO ESTADO.....................................................................................................4
3.3Estado Grego...........................................................................................................................9
3.4Estado Romano.....................................................................................................................10
3.5Estado Medieval....................................................................................................................11
3.6Estado Moderno....................................................................................................................12
Conclusão......................................................................................................................................16
REFERÊNCIAS............................................................................................................................17
1.INTRODUÇÃO
As últimas décadas têm sido pródigas no que se refere às tentativas de descrever e explicar as
diversas transformações de conceitos de soberania. Cada vez mais, essa questão tem sido
necessária para a interação dos países no mundo globalizado, e com a interdependência
estatal quanto às questões sociais, ecológicas entre tantos outros fatores.
A globalização – e o conseqüente desenvolvimento das telecomunicações e dos transportes
convencionais – tem, ao mesmo tempo, unido o mundo numa economia global única e
provocado a difusão de todo tipo de informação, com rapidez simplesmente impensável há
50 anos. Esse cenário tem impacto de forma direta na transformação do Estado e
principalmente no exercício de poder.
O conceito de soberania sempre causou e ainda causa muitas divergências, em referência aos
avanços da tecnologia e das informações que ultrapassam as fronteiras de um território,
principal elemento soberano.
Os conceitos dados à soberania se encontram em fase de constantes mudanças, visto que os
paradigmas vivenciados pela sociedade têm sofrido diversas alterações com a interação dos
países e a necessidade de tratados e acordos internacionais, em função do meio ambiente, a
aceleração da economia e tantos outros fatores que têm requerido colaboração mútua entre os
Estados.
Diante de todos esses fatores de mutação, as nações, principalmente após a Segunda Guerra,
procuram consenso entre si, em busca da paz e do bem-estar da sociedade internacional. Essa
unanimidade que se procura é gerenciada pelos Organismos Internacionais, e em busca da
unificação econômica há também o surgimento de Blocos Econômicos, nos quais se encontra
de maneira clara a soberania estatal em processo de mutação.
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Com a situação de novos paradigmas, de novos conceitos, é necessário que a compreensão
sobre a soberania esteja clara, para que se possa obter o entendimento da nova sociedade
internacional em um mundo globalizado e que cada vez mais procura soluções para melhor
relacionar-se no cenário econômico e social.
1.1Objetivo geral
1.2Objetivos específicos
2.METODOLOGIA
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2.1Tipo de pesquisa
A presente monografia será realizada de forma qualitativa, que conforme Vergara (2000
p.48) “é o estudo sistematizado desenvolvido com base em material publicado em livros,
revistas, jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível ao público em geral”
Quanto aos meios de investigação, será uma pesquisa documental e bibliográfica.
Conforme Bervian (1996), a pesquisa bibliográficas é o meio de formação por excelência.
2.2Área de abrangência
Esta pesquisa está relacionada na área de Comércio Exterior, no âmbito de relações sociais
internacionais.
Os dados coletados para a formação desta pesquisa ocorrerão via acesso à internet, leitura ao
material bibliográfico pertinente aos especialistas acerca do assunto, bem como à coleta de
dados de outras monografias no mesmo âmbito.
3A FORMAÇÃO DO ESTADO
Os homens primitivos há mais de um milhão e meio de anos atrás, viviam de forma diferente dos
dias atuais seguindo o relato de arqueólogos e antropólogos. A partir do XX milênio a.C,
formou-se o início de uma civilização. Para garantir seu território, os homens pré-históricos que
estabeleceram as primeiras aldeias esforçaram-se muito e evoluíram no campo das descobertas,
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nessa fase o homem exercia seu direito natural, seu livre arbítrio, visto que não havia normas
institucionais para que pudessem seguir. Com o passar do tempo, os homens obtiveram a
necessidade de formação de grupos sociais, deixando de viver só para viver em grupo, foram
gerando conflitos internos e houve a quebra da imunidade.
No mundo moderno, o homem desde que nasce e durante toda a sua existência, faz parte
simultânea ou sucessivamente, de diversas instituições ou sociedades, formadas por indivíduos
ligados pelo parentesco, por interesses materiais ou por objetivos espirituais (AZAMBUJA,
1997). Sendo assim, o homem sempre busca viver em sociedade, que pode ser definida como um
grupo de pessoas em busca de um objetivo ou bem comum, cabendo a ele escolher seu grupo
social, com exceção da família e do Estado. Porém, ao alcançar sua maioridade de acordo com a
legislação vigente do seu país, sua tutela é liberta. Conforme Azambuja, “da Tutela do Estado o
homem não se emancipa jamais, estando sujeito às suas normas desde o seu nascimento até seu
óbito” (1997, p. 4).
Rosseau, em O Contrato Social, menciona que a família é a mais antiga das sociedades, e
também a única natural, isento da obediência devida ao pai, isento estes os cuidados que requer a
infância, todos ficam independentes, se continuam a viver unidos, não é natural, mas sim
voluntariamente, e só por convenção, a própria família se mantém (2002, p. 24).
A família, assim, é o primeiro conceito de sociedade, uma fundamentação para a sociedade
política, sendo que todos nascem iguais e livres, apenas por direito natural alienam a sua
liberdade. Porém, o indivíduo ao nascer, adquire com o Estado um contrato social tácito,
abdicando sua liberdade natural e adquirindo a liberdade civil, transferindo ao Estado sua
soberania.
Muitos confundem a formação da sociedade com a formação do Estado, o que não deveria
ocorrer. A sociedade é formada por um grupo de pessoas que compartilham o mesmo objetivo,
constituindo uma comunidade. O Estado nasce com um agrupamento de pessoas em território
fixo, que obtendo um líder, forma um Estado.
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Quando as sociedades primitivas, compostas já de inúmeras famílias, possuindo uma autoridade
própria que as dirigia, se fixaram num território determinado, passaram a constituir um Estado.
Esta nasce, portanto, com o estabelecimento das relações permanentes e orgânica entre os três
elementos: a população, a autoridade ou poder político e o território. (AZAMBUJA, 1997, p.
107).
Embora seja difícil determinar a data e os motivos da origem de formação do Estado, visto que
há inúmeros pensamentos sobre o assunto, pode-se considerar a idéia de Estado político que
começa a ser formada com a delimitação territorial, enfatizado durante a Guerra dos Trinta Anos.
A afirmativa anterior não quer dizer que antes não havia Estado, mas apenas a partir da Guerra
dos Trinta Anos, que começou a ser definido seu conceito de forma expressa.
O Estado Moderno surge no final do século XVI, juntamente com o conceito de Soberania,
sendo esse decorrente da necessidade de neutralizar um contexto de instabilidade política,
econômica e social presente no final da Idade Média.
A instabilidade gerada, dentre outros fatores, pela disputa constante entre o poder temporal, do
rei e o poder espiritual, da Igreja, agravada ainda pela descentralização do poder entre barões,
condes, duques e outros. O Estado moderno surge a partir de longo processo como uma síntese
histórica que remonta ao século XVI com a Paz de Augusburgo (1555). No entanto, conforme
Reis (2000) foi com a Paz de Vesfália (1648) que a estatalidade foi uniformizada, reconhecida e
formalizada.
Hobbes (1651) começa tratando na segunda parte do Leviatã, sobre "as causas, geração e
definição de um Estado", resumindo o que havia explicitado na primeira parte de sua obra.
Afirma que o fato de os homens quererem sair daquelas condições precárias em que viviam em
conseqüência do estado da natureza, fugindo da guerra em busca da paz (primeira lei natural) é o
que daria origem ao Estado.
O conceito de Estado foi firmado no fim da Guerra dos Trinta anos com o Tratado de
Vestfália, onde passou a ter importância nas questões sociais internacionais. O Estado obteve
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seus inúmeros conceitos e transformações no decorrer da história. Para muitos autores, o
Estado, assim como a sociedade, sempre existiu.
Segundo Reis (2001, p. 16), “os tratados de Vestfália representaram a consolidação de uma
ordem mundial constituída exclusivamente pelos governos dos Estados, que teriam liberdade
absoluta para governar um espaço nacional”.
A denominação de Estado foi dada pela primeira vez no livro de Maquiavel em 1513.
Mas, independentemente de quando houve uma denominação de Estado, ou um conceito real
para o mesmo, é impossível negar que sua existência se deu na formação de grupos e um
líder que os regessem em um território fixo.
Afirma Azambuja ao se tratar do pensamento, que o Estado surge com o vencimento de um
povo pelo outro:
Ora, todo grupo social que atingiu essa fase possui já, de tempos imemoriais, uma
organização própria, possui uma autoridade que o dirige, uma hierarquia complexa: é Um
Estado. Quem tenha sempre a noção presente de Estado, formado pela síntise dos três
elementos, território população e autoridade independente, somente poderá encontrar na
sociologia, mesmo na sociologia dos adeptos a origem violenta do Estado, a confirmação
evidente e refutável que esses autores tentam provar a origem de uma instituição no
momento em que querem vê-la formar-se. (1997, p.105)
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Estado: Conjunto de poderes políticos de uma nação; governo. Divisão territorial de
certos países. Nação politicamente organizada.
País: Região, território, Pátria, terra. Território habitado por uma coletividade, com
designação própria: nação.
Nação: Agrupamento de seres, geralmente fixos em um território, ligados pelas origens,
tradições, costumes, etc., e em geral por uma língua; povo. O povo de um território
organizado politicamente sob um único governo.
O Estado não se confunde, pois, nem com as Sociedades em particular, nem com as Sociedades
em geral. Os seus objetivos são de ordem e defesa social, e diferem dos objetivos de todas as
demais organizações. Para atingir essa finalidade, que pode ser resumida no conceito de bem
público, o Estado emprega diversos meios, que variam conforme as épocas, os povos, os
costumes e a cultura. Mas o objetivo é sempre o mesmo, e não se confunde com nenhuma outra
instituição. (AZAMBUJA, 1997, p.5)
Muitos conceitos são dados a estes termos nos livros desse assunto. Dallari (2005, p.51) diz que
o Estado só pode ser aplicado com propriedade à sociedade política dotada de certas
características bem definidas. É imprescindível que se obtenha a exata compreensão do conceito
de Estado, visto que é necessário para o entendimento do fenômeno da soberania, e não há
Estado perfeito sem soberania.
Estado Antigo designa os tipos de Estados existentes nas antigas civilizações do Oriente (que
existiam nos territórios dos países atualmente denominados Irã, Iraque, Síria e outros) ou
mediterrâneas (Egito, Creta). O Estado Antigo é também chamado oriental ou teocrático e suas
principais características são a natureza unitária e a religiosidade. Conforme Dallari (2005, p.62),
“Quanto à presença do fato religioso, é tão marcante que muitos autores entendem que o Estado
desse período pode ser qualificado como Estado Teocrático”.
Aos povos existentes nesse período, o Estado aparece sempre como uma unidade, não
admitindo divisões, eram constituídos pela força da guerra e pelas armas. Afirma Azambuja
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(2003) que o povo não tinha uma concepção do que realmente era o Estado, pois os filósofos da
época não se preocupavam com o aspecto de vida social. O território nesse período não era
definido, visto que, o que constituíam suas limitações eram as vitórias ou derrotas decorrentes da
guerra. O Estado nesse período também não possuía raças únicas, reuniam povos diferentes que
eram conquistados para escravidão, que também caracteriza conseqüência da guerra.
A única forma conhecida de governo era a monarquia, e o poder era exercido em nome dos
deuses titulados pelo povo, ou seja, a sociedade e a política eram totalmente dominadas pela
religião, isso refletia na concentração de poderes em uma única pessoa, militar, judicial e
sacerdotal. “O Estado é teocrático no sentido Religioso, o poder é Deus, e exercido por um
Deus.” (AZAMBUJA, 2003, p. 138).
Conforme Menezes (1993, p. 107), “A influência dominante foi a religiosa, as idéias que
prevaleceram, foram criadas, sustentadas e destruídas pelos sacerdotes.” Não existia assim, a
separação do pensamento político e o religioso, e também a moral, a filosofia, provinha do poder
do rei e de sacerdotes.
3.3Estado Grego
Estado Grego designa a reunião dos traços característicos dos Estados que existiram nas regiões
habitadas pelos povos helênicos. É considerado como fonte da democracia, embora isso não
tenha sido real e não chegou a ser um Estado democrático nos conceitos do direito Público
Moderno, visto que em Atenas mais da metade da população era escrava, os estrangeiros não
tinham direito político e as mulheres não tinham direito ao voto. O poder do Estado Grego não
era absoluto e nem unitário, uma vez que a elite que formava a sociedade política participava das
decisões do Estado. Conforme Menezes (1993), nesse período, as autoridades não obtinham mais
o caráter divino.
A principal característica do Estado Grego é a separação entre a religião e a política e também
a existência da polis, vocábulo grego que designa a cidade-Estado, que eram formadas por
pequenos burgos, formando uma cidade completa. A formação da polis, visava à auto-
suficiência, ou seja, abster-se de tudo que o povo necessitava.
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O ideal visado era a auto-suficiência, a autarquia, dizendo Aristotoles que a sociedade
constituída por diversos pequenos burgos, forma uma cidade completa, com todos os meios de
se abster por si, tendo atingido por assim dizer, e foi que se propôs. (DALLARI, 2005, p. 63-64)
A visão obtida por essa formação de Estado era de auto-suficiência, e essa situação obteve
fundamental importância na característica de cidade-estado. Em função dessa situação, Dallari
(2005) afirma que, através disso, dominaram outros povos sem precisar de extensões territoriais.
O processo de expansão territorial pelos romanos marca o período de transição do regime
republicano à formação e consolidação do Império Romano.
3.4Estado Romano
Estado Romano é que expressa as várias formas de governo que existiram em Roma, desde sua
fundação (considerada como tendo ocorrido em 753 a.C.) e a morte do Imperador Justiniano, em
565 a.C. Nessa fase, o Estado passa a fundamentar sua personalidade legal.
Separa-se a ética da política, institui-se uma teoria abstrata de Estado, distinto da sociedade em
geral, desenvolve-se a personalidade legal de Estado, em molde de soberania política, e como
poder criador da lei, distingue o Estado dos indivíduos, cada um tem direitos e deveres
diferentes, pois ainda que seja o Estado considerado fonte de todos os direitos, a autoridade
política procede em última análise, do povo. (MENEZES, 1993, p. 115).
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3.5Estado Medieval
Com a queda do império romano, deu-se a decadência do Estado na Europa Ocidental. Da antiga
Roma, somente o direito romano sobreviveu, tendo passado pelos conceitos germânicos, que era
baseada nos princípios do direito natural, na dignidade do homem, na liberdade individual, na
inviolabilidade da família, desconhecendo a personalidade jurídica do Estado, e todas as decisões
serem emanadas do direito natural e da ordem individual.
Fortemente fragmentado no feudalismo, o Estado Medieval basea-se na supremacia da lei,
sendo os usos, costumes e o direito natural, fontes principais do Direito. Essas leis eram inseridas
por Deus na consciência de cada indivíduo, sendo que um não faria a outro o que não queria para
si. Fundamentava-se na religiosidade (cristianismo) e na existência do feudalismo, que pode ser
considerada a fragmentação do poder.
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Os reis bárbaros, uma vez completada a dominação do território, distribuía aos seus chefes
guerreiros (considerado como chefe do Estado, porém, sem soberania), cargos e vantagens,
fragmentando o poder dentro do Estado. Em troca, os concessionários se comprometiam a
defender o território, prestar ajuda militar, pagar tributos e manter o princípio da fidelidade de
todos os súditos ao rei.
A essa idéia de Estado, contida nos grandes sistemas filosóficos medievais, opunha-se a noção
de Estado, a realidade. Os senhores e barões feudais não eram soberanos, nem os feudos eram
Estados, tomando esses termos na acepção que hoje tem. Um contrato ligava senhores e súditos,
e ambos tinham direitos e deveres tradicionais, em que última análise eram de essência
patrimonial. (AZAMBUJA, 2005, p. 144)
Essas parcelas de poder que eram outorgadas aos senhores feudais geraram múltiplas ordens
jurídicas e instabilidade política, econômica e social, encarecendo de intensa necessidade de
ordem, o que daria origem à criação do Estado Moderno.
3.6Estado Moderno
Pode-se afirmar que esse Estado Moderno passou por várias mutações, consoante o momento
histórico em qual o mundo se encontrava. Desse modo, podem se enquadrar dentre esse gênero
Estado Moderno as espécies: Estado Estamental, Estado Absoluto (presença da monarquia
absoluta e regras apenas se limitam pelo Direito Natural) e Estado de Direito.
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Esse absolutismo monárquico, caracterizado pela concentração de poderes do Estado, na
Pessoa dos soberanos, representava de qualquer sorte a conjunção das opiniões e das vontades
para fins comuns, para coexistência pacífica e coletiva, pela independência e engrandecimento
das nações e pela segurança universal. (MENEZES, 1993, p. 118)
Assim nasce a idéia de soberania popular, nascimento das constituições escritas, reconhecimento
dos direitos fundamentais e da separação dos poderes.
A Paz de Vestfália trouxe à Europa harmonia e inaugurou nova fase na história política daquele
continente, proporcionando aos Estados igualdade jurídica, com o que ficaram estabelecidas
bases sólidas de uma regulamentação internacional positiva. Essa igualdade jurídica definiu aos
Estados a característica de únicos atores nas políticas internacionais, eliminando o poder
religioso entre eles e conferindo aos mais diversos Estados a soberania e lhes outorgando o poder
de escolher sua economia, política e religião. Assim, os Estados consagraram um modelo da
soberania externa absoluta e iniciou-se uma ordem internacional caracterizada por nações com
poder supremo dentro de fronteiras territoriais estabelecidas e com independência no âmbito
externo.
Um pouco mais tarde, em 1789, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão trouxe
alguns caracteres da soberania que foram adotados por várias Constituições: unidade,
indivisibilidade, inalienabilidade e imprescritibilidade. “Alguns autores costumam ainda incluir
entre os atributos da soberania a inviolabilidade, outros ainda acrescentam a indelegabilidade”
(PAUPÉRIO, p. 29, 1958).
Quanto à unicidade, a soberania não pode ser múltipla, pois se existissem diversas soberanias,
dentro de um determinado Estado, não existiria soberania alguma.
A soberania é uma só, uma, integral e universal, não pode sofrer restrições de qualquer tipo,
salvo, naturalmente as que decorrem dos imperativos da convivência pacífica das nações
soberanas no plano de direito internacional. (MALUF, 1988, p. 145).
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O conceito de soberania, entretanto, sempre causou polêmica, devido à falta de unanimidade em
defini-lo (e por ser tão abstrato) e à disparidade que parece sempre ter existido entre o conceito
teórico e aquilo que pode suceder na prática. Essas disparidades parecem aumentar mediante a
um mundo cada vez mais tecnológico e globalizado. Diversos autores estudam o tema e
procuram alcançar um conceito que se adapte ao cenário atual, utilizando como base o que foi
expresso no início da formação conceitual clássica de soberania.
O termo soberania tem sido manipulado por estudiosos e governos para determinar diferentes
conceitos a depender dos interesses e dos atores envolvidos. Conforme Branco (1988, p. 142),
“A soberania é um termo que acompanha o feito do Estado, porque esta liga a organização
deste”. Assim, as mudanças ocorridas em âmbito estatal, reflete também no conceito da
soberania, e talvez por esse motivo há tantas divergências.
Em alguns momentos o conceito de soberania é tido como absoluto, em outros, como relativo, e,
ainda, como inexistente. É uma discussão complexa, analisando toda a transformação desde os
primórdios de seu surgimento até os tempos atuais. Esse conceito é relativamente moderno, tem
o surgimento na França, em decorrência de guerras entre o Rei da França e os barões feudais,
que buscavam internamente seus interesses territoriais confundidos então com o Estado e
consecutivamente com a soberania, e ainda buscavam o desligamento do poder do Santo Império
e do Papado.
Durante muito tempo, a soberania foi confundida com o poder, mais precisamente com a
figura do Rei, podendo ser divida em soberania senhorial e a real, mais tarde o Rei começa a
figurar a titularidade de soberano. Conforme Dallari (2005, p. 49), “[...] o que verifica é que a
noção de soberania está sempre ligada a uma concepção de poder”. Dentre os diversos
surgimentos do conceito da teoria de soberania dentre os mais variados autores sobre o assunto,
Jean Bodin foi o primeiro autor a dar ao tema um tratamento sistematizado. Conforme Maluf
(1988) e Jean Bodin determinou que soberania do Rei é originária, ilimitada, absoluta, perpétua
em face de qualquer outro poder, temporal ou espiritual.
Com a internacionalização, a inovação e a globalização mudaram os paradigmas de muitos
conceitos e a teoria da soberania absoluta de Bodin não é mais aceita no contexto mundial. A
globalização afeta a soberania dos Estados no sentido de ser superior internamente e
independente externamente. Com a globalização, o poder do estado torna-se menos soberano,
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menos autônomo em função da interdependência e dos novos paradigmas que a globalização
trouxe à sociedade, afetando a uniformidade e intensidade do conceito de soberania anterior.
Aceitar a soberania como poder ilimitado e absoluto do Estado no seu território é não
vislumbrar as mudanças sofridas pelo conceito para adaptar-se à realidade jurídica e social. A
soberania será um conceito contemporaneamente válido se por ela entender-se a qualidade ou o
atributo da ordem estatal, que, embora exercida com limitações, não foi igualada a nenhuma
outra no âmbito interno e nem superada no externo.
Todavia o próprio Jean Bodin, teórico eminente, do absolutismo monárquico, como observou
Touchard, não se livrou de contradições quando admitia a limitação do poder de soberania,
pelos princípios inelutáveis do direito natural. (Maluf, 1988, p. 45)
O Estado é autônomo na medida em que é livre para decidir no âmbito do seu quadro de
competência; é independente, por não estar subordinado a nenhum outro Estado. Assim, a
liberdade estatal não é ilimitada para fazer o que desejar, sem nenhuma restrição. Conforme
Maluf (1988, p. 45), “a soberania é uma autoridade que não pode ser limitada por nenhum outro
poder”. A teoria da soberania exige de um Estado que ele respeite a soberania dos demais, pois
nenhum Estado tem o direito de alargar suas competências por decisão unilateral, sob pena de
atentar contra a soberania do outro.
Por todos os motivos elencados, propõe-se que a soberania não seja absoluta, todavia não se
pretende estabelecer o seu fim como um todo, mas, apenas, a qualidade de absoluta.
Jean Bodin considera o tema como um poder perpétuo e ilimitado, que tem como únicas
limitações a lei divina e a lei natural. A soberania é, para ele, absoluta dentro dos limites
estabelecidos por essas leis, que sendo contrariadas estarão entrando em conflito com Deus.
O Poder absoluto está relacionado em concentrar o poder completamente nas mãos dos
governantes, a soberania só é absoluta quando o povo se despoja de seu poder soberano e o
transfere ao governante que, para Bodin, é representante da divindade. “Molina embora
reconhecendo soberania constituída, ressaltou a existência de um poder maior exercida pelo povo
que dominou soberania constituinte.” (MALUF, 1988, p. 48)
Um terceiro critério é ainda avaliado por Bodin, é a integridade em exercer os contratos na
qual o príncipe celebra, pois ele deve respeitar seus acordos.
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Conclusão
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REFERÊNCIAS
AZAMBUJA, D. Teoria Geral do Estado. 36. ed. São Paulo: Globo, 1997.
BARROS, A.R. A Teoria da Soberania de Jean Bodin. São Paulo: Unimarco, 2001
BASTOS, C. R. Curso de teoria do Estado e ciência Política. 4 ed. São Paulo: Saraiva,
1999.
BECK, U. O que é globalização?. Tradução de André Carone, São Paulo: Paz e Terra,
1999.
BRANCO, C. Teoria Geral do Estado. São Paulo: Saraiva, 1988.
CERVO, A. L.; BERVIAN, P. A. Metodologia Cientifica. 4 ed. São Paulo: Makron
Books, 1996.
DALLARI, D. A. Elementos de Teoria Geral do Estado. 21. ed. São Paulo: Saraiva,
2000.
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