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Universidade do Estado da Bahia - UNEB

Curso de Administração Pública


Disciplina: Relações Internacionais
Docente: Dea Carla Pereira Nery
Discentes: Ravena Hernandez e Renildo Barbosa
Pólo: Salvador

RESUMO

RELAÇÕES INTERNACIONAIS: UMA INTRODUÇÃO À EPISTEMOLOGIA DO


CONCEITO

OLIVEIRA, Raquel Bonow. Relações Internacionais: Uma introdução à


Epistemologia do Conceito. Universidade do Vale do Itajaí. São José. 2008

A globalização tornou-se ainda mais presente no mundo em decorrência dos


avanços tecnológicos, o que permitiu com que as relações entre as nações se
tornassem ainda mais próximas, estreitando as relações internacionais. É
fundamental que as relações internacionais sejam discutidas na academia, visto que
seus conceitos fazem parte de cursos superiores.
Para compreender o termo relações internacionais é necessário compreender
como os fatos se constituem antes do fenômeno. Os fatos acontecem no cotidiano e
podem ser verdadeiros ou falsos a depender da visão e interpretação individual de
cada indivíduo. No entanto, quando uma frase apresenta questão de valor não é
possível identificá-la como um fato.
Os fatos tornam-se fenômenos a partir do momento em que a pessoa toma
consciência e percebe os fatos. O fenômeno parece diante da consciência e é
compreendido nas ordens físicas e psíquicas. O pesquisador, ao selecionar e
escolher o fenômeno que irá estudar e pesquisar precisa dar um significado às
perguntas que irá fazer antes de começar a pesquisar. Para isso, é fundamental que
o método e a teoria estejam alinhados para dar fundamento ao fenômeno.
O método é utilizado para ordenar e enriquecer as pesquisas científicas, as
quais devem ser feitas com rigor e qualidade. Há duas abordagens de métodos que
podem ser utilizadas nas pesquisas científicas, o dedutivo e o indutivo. No método
dedutivo o raciocínio é valorizado e, até chegar as conclusões, são considerados o
ponto de partida da investigação. No método indutivo, as conclusões não ficam
restritas apenas na pesquisa inicial, uma vez que pode ser ampliada para outros
fenômenos, ou seja, outras pesquisas. Dessa forma, a indução parte do fato, ou
seja, fenômeno, no qual o pesquisador irá trabalhar, enquanto o dedutivo segue a
linha teórica.
A partir da escolha do fenômeno e do método que irá seguir, os cientistas e
pesquisadores buscam responder as perguntas elaboradas, compreendendo como
aconteceu os fatos e os motivos que levaram a tal. Dessa forma, consciente de que
fato e fenômeno estão interligados, a teoria explica o ponto de partida de
investigação do pesquisador.
A teoria é de suma importância para entender os fenômeno e responder as
lacunas existentes nos fenômenos, a partir dos quais é possível surgir novos
questionamentos que darão origem a novos fenômenos. Nesse sentido, para
compreender o fenômeno e as teorias utilizadas é necessário seguir um dos
métodos, seja o dedutivo ou o indutivo.
No que tange às Relações Internacionais, os pesquisadores realizam diversas
pesquisas e costumam seguir o método dedutivo. O conceito de Relações
Internacionais ainda é muito complexo para ser compreendido, no entanto, é
explicado a partir dos conceitos de relações e internacionais. A noção do conceito de
relações é muito genérico, podendo ser a forma como os objetos se relacionam
entre si, de toda forma é tratado como qualificativo para tornar-se mais específico. A
noção de internacional, por sua vez, significa as relações que ocorrem entre as
nações, no entanto, a ideia de internacional não atende todas as demandas
estudadas pelos estudiosos e pesquisadores dessa área.
No que tange à ideia de nação, entende-se todo espaço que tem
determinadas características, ou seja a língua, costumes, espaço, aspectos culturais
e religiosos. Entretanto, dentro da nação, a qual se constitui como Estado, os
aspectos culturais, religiosos e linguísticos podem ser heterogêneos, a depender de
como se constitui os povos do território.
Diante das especificidades da nação, o conceito de internacional é utilizado
por muitos pesquisadores e cientistas como interestatal, pois é possível estudar os
diferentes fenômenos dentro da nação. Com isso, é possível compreender os
fenômenos dentro das relações internacionais a partir de ONGs, dos indivíduos, dos
Estados, das Organizações Internacionais e das empresas multi e transnacionais,
pois todas apresentam elementos diferentes que são vivenciados nas nações.
Os Estados, por sua vez, se constituem a partir de território, governo e
população, e desenvolvem as ações que serão de âmbito internacional. O Estado
apresenta um conjunto de representações e instituições administrativas que
englobam os aspectos políticos, nacional e social. Dentro do Estado existem as
diferenças governamentais, culturais e étnicas que são relações heterogêneas.
Diferentes dos Estados, as Organizações Não-Governamentais buscam reagir
diante da ineficácia dos Estados, e são de interesse das Relações Internacionais
porque propõe melhorar a nível internacional os aspectos culturais, sociais,
humanitários com o objetivo de favorecer a população.
As empresas multinacionais e transnacionais atuam nos países contribuindo
para o desenvolvimento da economia e gerando mão-de-obra, todavia, interferem
nas regras estabelecidas nos países quando lhes convém e são favoráveis.
As Organizações Internacionais atuam nos Estados como relações
internacionais secundárias e possuem órgãos e poderes próprios. Elas são
fundamentais para as Relações Internacionais porque fazem cooperação
internacionalmente com diversas áreas, a exemplo de saúde, paz, democracia e
segurança.
A contemporaneidade trouxe consigo visibilidade internacional a diversos
indivíduos em decorrência das suas ações sejam por questões humanitárias ou por
de nacionalidade. Muitos desses indivíduos ganharam destaques e suas ações e
pensamentos influenciam outros indivíduos ao redor mundo. Essa reação acontece
em decorrência da Relação Internacional, a partir da qual esses indivíduos ganham
destaque por meios dos fenômenos que, por sua vez, ocasionarão nas relações
internacionais.
As relações internacionais sempre foram discutidas sob a ótica do direito
internacional. Enquanto disciplina acadêmica, as Relações Internacionais surgiu
após a Primeira Guerra Mundial, com o objetivo de buscar respostas que poderiam
responder causas para as políticas e sociais. Quando surgiu a disciplina, os
pesquisadores Woodrow Wilson e Norman Angell, que seguiam a linha de
pensamento liberal, foram importantes para o processo de formação da disciplina.
Compreendem-se que as relações internacionais segue os conceitos liberais
e realismo. Os liberais propõem a mudança no sistema internacional, mas com
menos conflito, o que possibilitaria a democracia, o livre comércio e as instituições
internacionais. Contrapondo as ideias dos liberais, o realismo trouxe consigo a ideia
de que o Estado é guardião da ordem, das leis e precisa garantir a integridade física
dos indivíduos. Dentro das ideias do realismo, as relações internacionais estão
expostas pela figura do Estado, o qual deve manter a paz nas fronteiras e proteger
os cidadãos.
As ideias do realismo foram questionadas a partir das décadas de 1960 e
1970, quando ocorrem as descolonizações e os surgimentos de novos Estados, a
Guerra do Vietnã e as transformações na sociedade. Além do mais, a década de
1970 trouxe consigo os choques do petróleo, o qual mostrou e vulnerabilidade dos
países ocidentais. Nesse cenário de mudanças, o liberalismo ressurgiu denominado
de neoliberalismo, no entanto, o realismo impediu que o liberalismo conseguisse
analisar a situação política, social, econômica e os demais fatores que estavam em
evidência e em transformação naquele momento.
Diante de todos os debates e discussões, na disciplina de Relações
Internacionais, na década de 1980, os pesquisadores passaram ideias marxistas
que foram utilizadas como fundamentação teórica, enquanto outros pesquisadores
seguiam o construtivismo. Marx não realizou estudos direcionados para as relações
internacionais, mas discutia a noção de capitalismo. A partir de discussões marxistas
foi possível estabelecer conceitos de relações internacionais.
Na concepção de Marx, o Estado precisa garantir a segurança do capitalismo,
no qual os trabalhadores vendem a mão de obra e se comportam diante das leis do
Estado. Diante desse contexto, os pesquisadores da disciplina de Relações Sociais
acreditavam que as abordagens marxistas que contribuíam para as pesquisas e
discussões eram a dialética, desenvolvimento capitalista, materialismo da história e
compromisso com o socialismo.
No entanto, para Halliday (1999) (apud OLIVEIRA) as teorias marxistas
encontram dois problemas relacionados às relações internacionais, a primeira é o
caráter teleológico e a segunda é que a crença que o capitalismo entrará em crise e
o socialismo predominará na sociedade.
Enquanto parte dos pesquisadores seguiam as ideias marxistas, outros
pesquisadores da disciplina Relações Internacionais seguiam a o construtivismo. As
ideias construtivistas discutem que os indivíduos vivem no mundo e são
protagonistas e a sociedade é fruto das escolhas destes indivíduos. Diante das
relações internacionais, o construtivismo atua na lógica de que a sociedade
condiciona o comportamento dos indivíduos.
As relações internacionais entre os estados estão passiveis de conflitos,
todavia a cordialidade entre os Estados media esses conflitos, embora eles não
tenham a obrigação de manterem o bom relacionamento, haja vista que eles não
são controlados por nenhuma instância superior. Todavia, as alianças entre os
países promovem ajuda na promoção do bom relacionamento.
O plano interno de um Estado é baseado nos interesses de cada um.
Todavia, quando se trata de um relacionamento internacional, cada um busca
defender os seus interesses e é neste ínterim que os conflitos podem ocorrer entre
eles, neste sentido, se os custos dos conflitos são danosos, os Estados assumem a
posição que melhor lhe cabe.
O texto aborda que o conflito e a cooperação são juízos que andam juntos e,
que um não necessariamente é danoso, o outro não necessariamente é favorável,
pois o conflito por ajudar a mediar situações de forma que um lado ganhe, enquanto
a cooperação pode representar perda para outro.
O autor destaca que, para Safari, a mediação possui conflitos, visto que a sua
existência é em decorrência de impasses existentes. Deste modo, se a cooperação
seguir a linha de ajustes, pode ter acordos, todavia, se não, pode haver conflitos.
Diante disso, a cooperação se faz importante para as Relações Internacionais, pois
as relações entre os Estados são carregadas de conflitos. As relações internacionais
são, para o autor, carregadas de interesses, de forma que um depende do outro, de
forma que os Estados influenciam uns aos outros de acordo com os seus interesses.
O autor conclui afirmando as que Relações Internacionais são vistas a partir
de três ângulos: os fenômenos empíricos, a construção dos conceitos a partir de
diferentes teóricos através da compreensão da própria disciplina e os principais
conceitos desenvolvidos por diferentes autores, de modo que o conceito de relações
internacionais não pode ser definido exclusivamente pelo conceito puro de cada
palavra.
O termo “relações internacionais” deve ser analisado de acordo com diversos
prismas que implicam neste tipo de relação, inclusive da história das relações e das
políticas às quais elas são associadas, sendo, portanto, como sinônimo de políticas
internacionais. Desta forma, as políticas internacionais se caracteriza como um
conjunto de ações realizadas por atores que fazem parte das relações
internacionais, o que torna a Política Internacional uma disciplina que produz
conhecimento e, portanto, deve fazer parte do conhecimento científico.
Por se tratar das relações internacionais estabelecidas entre Estados, a
disciplina deve estar articulada e alinhada a outras ciências que tratam de
relacionamentos, a exemplo da Psicologia, Economia, dentre outras, pois as
relações internacionais estão sujeitas a todas essas ciências.

REFERÊNCIAS
OLIVEIRA, Raquel Bonow. Relações Internacionais: Uma introdução à Epistemologia
do Conceito. Universidade do Vale do Itajaí. São José. 2008

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