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1. RESUMO
As economias actuais dos países africanos têm readequado suas políticas internas com vista a
atracção do Investimento Directo Estrangeiro (IDE), devido a ideia de que o mesmo promove
o desenvolvimento económico. Moçambique tem se destacado na atracção do fluxo do IDE
mas o nível de discussões em relação a impacto na economia aumentam na mesma proporção
que consequências de ser um país pobre aumentam.
Adicionalmente, enquanto os países pobres acrescentam seus esforços incansáveis na busca
pelo IDE com vista a melhoria de vida das populações os investidores e respectivas empresas
transaccionais seleccionam criteriosamente onde investir, com vista a garantir a acumulação
privada de capital.
Embasada na abordagem qualitativa, o presente pesquisa classifica-se como documental e
para o efeito foram usados fontes primárias como artigos científicos, teses, jornais e revistas,
relatórios e demais documentos.
As bibliografias constituem a base para a busca de teorias diversas pelo que pelos dados
disponíveis verifica-se que por vários factores existe uma disparidade entre os níveis de fluxo
de IDE conseguidos e o desenvolvimento económico propriamente esperado. Recomenda-se
porém que políticas públicas sejam traçadas com vista a capitalização do IDE atraído, para
que haja proporções adequadas na aplicação do IDE.
ABSTRACT
The current economies of African countries have readjusted their internal policies in order to
attract Foreign Direct Investment (FDI), due to the idea that it promotes economic
development. Mozambique has excelled in attracting the flow of FDI but the level of
discussions regarding the impact on the economy increases in the same proportion as the
consequences of being a poor country increase. Additionally, while poor countries add their
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tireless efforts in the search for FDI aimed at improving the lives of the populations,
investors and their respective transactional companies carefully select where to invest, with a
view to guaranteeing the private accumulation of capital. Based on the qualitative approach,
the present research is classified as documentary and for this purpose primary sources such
as scientific articles, theses, newspapers and magazines, reports and other documents were
used. The bibliographies constitute the basis for the search for different theories, so from the
available data it is verified that for several factors there is a disparity between the levels of
FDI flow achieved and the economic development expected. It is recommended, however,
that public policies are designed with a view to capitalizing the FDI attracted, so that there
are adequate proportions in the application of FDI.
2. INTRODUÇÃO
O Investimento Directo Estrangeiro (IDE) é considerado como sendo um importante
impulsionador do desenvolvimento económico, na medida em que ajuda a estabelecer ponto
equilíbrio entre o investimento actual na economia e o investimento necessário para sustentar
o desenvolvimento económico, assumido assim um papel fundamental no processo de
desenvolvimento socioeconómico dos países emergentes.
Por falta de recursos financeiros para fazer investimentos de longo prazo, a maioria dos
países africanos, incluindo Moçambique vêm o IDE como forma de suprir esta necessidade e
fomentam estratégias na buscam desesperada pelo IDE com vista a reduzir ou eliminar o
problema do desemprego, incrementar suas exportações, introduzir novos produtos de
exportação, obter melhorias tecnológicas, aumentar o rendimento per capita, entre outros
ganhos.
Porém, acordo com UNDP (2022) apesar de Moçambique atrair muito IDE, os níveis de
desenvolvimento económico e social e de distribuição de riquezas, são bastante baixos a nível
Mundial, chegando ao quarto país mais pobre do Mundo para um total de 191 países,
Assim, considerando os dados acima, surge a seguinte questão de partida: Se Moçambique
consegue atrair o fluxo IDE, seja devido a disponibilidade de recursos naturais ou pelos
incentivos fiscais, por quê é que os níveis de desenvolvimento económico continuam
baixos?
Desta forma, o presente artigo tem por objectivo geral entender qual é o contributo do IDE no
desenvolvimento económico de Moçambique.
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Como objectivos específicos, procura, primeiro entender o estado actual dos índices de
desenvolvimento económico de Moçambique e, em segundo lugar entender a relação entre
estes índices e os níveis de IDE recebidos por Moçambique.
Constitui motivação para este estudo, o facto de o autor ter verificado de que apesar de existir
megaprojectos e empresas transaccionais que capitalizam o IDE, o desenvolvimento
económico que tanto se almeja está a quem das espectativas.
Entender esta matéria ajudará ao leitor a ter ferramentas para repensar nas novas direcções
que se devem assumir para que haja proporções entre o IDE e o desenvolvimento económico.
Para esta pesquisa, optou-se por uma abordagem qualitativa, que segundo Lakatos e Marconi
(2003), é baseado na interpretação dos fenómenos observados e no significado que carregam,
ou no significado atribuído pelo pesquisador, dada a realidade em que os fenómenos estão
inseridos.
Quanto aos objectivos a pesquisa é exploratório pois, segundo Fontenelle (2022), tem por
objectivo aumentar a compreensão de um fenómeno ainda pouco conhecido, ou de um
problema de pesquisa ainda não perfeitamente delineado. Os procedimentos usados são
embasados nos documentos e bibliografias, que avivaram o referencial teórico.
A pesquisa documental e bibliográfica que Fontenele (2022) destaca de que usa como fontes
documentos que não tenha carácter científico mas que contenha informação sobre um facto,
fenómeno ou acontecimento. Lakatos e Marconi (2003) afirmam que a pesquisa bibliográfica,
ou de fontes secundárias, abrange toda bibliografia já tornada pública em relação ao tema de
estudo, desde publicações avulsas, boletins, jornais, revistas, livros, pesquisas, monografias,
teses, material cartográfico etc., até meios de comunicação orais.
3. ENQUADRAMENTO TEÓRICO
3.1. DESENVOLVIMENTO ECONÓMICO
Segundo Souza N. d (2009), o desenvolvimento económico tem por objectivo melhorar a
condição de vida das populações, apesar dos elevados índices de analfabetismo, surtos de
fome e consequentemente dos níveis altos de mortalidade, por mutas vezes provocadas por
epidemias associadas a higiene.
Outro sim, Souza e Spinola (2017), afirma que desenvolvimento económico constitui um
processo guiado com objectivo de alcançar um bem maior para a sociedade, como riqueza,
prosperidade, progresso técnico, crescimento económico, bem-estar, sustentabilidade,
liberdade etc.
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Retaliativo a Moçambique, o The World Bank (2022) afirma que apesar de ter uma das
economias que mais cresceu na África Subsariana entre os 2000 à 2015, a criação de
emprego, redução da pobreza e acumulação de capital humano foram limitadas, com a maior
parte da riqueza gerada beneficiando secções limitadas da economia, os serviços básicos na
saúde e educação são prestados de forma irregular em todo o país, levando ao tribalismo e
aos males que neles advêm.
Desta forma, entende-se por desenvolvimento económico, como referido por ambos autores,
por um processo de mudanças qualitativas, na estrutura da economia, que conduzem a
melhoria do bem-estar das pessoas.
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Por outro lado, Moçambique teve o IDH de 1,44% entre os anos de 2010 e 2019, 2,71% de
2000 a 2010 e 3,07 de 1990 a 2000. Estes dados mostram a depreciação do IDH década pois
década.
A evolução negativa do IDH de Moçambique principalmente nos últimos 3 anos, tem como
factor principal o decréscimo da esperança média de vida à nascença em quase em 2 anos.
Analisando o PIB per capita, segundo Tribunal Administrativo de Moçambique (2020),
Moçambique regista uma tendência de crescimento populacional ao longo dos últimos cinco
anos, chegando a superar em 0,7%, e o PIB apresentou uma tendência decrescente. Estas
divergência de PIB e população, contribuiu para o agravamento das condições de vida, com o
PIB per Capita a decrescer de 600,77 Dólares, em 2015, para 416,86 Dólares em 2016.
Apesar de ter registado uma melhoria nos anos de 2017, 2018 e 2019, com o registo de
453,13 Dólares, 508,44 Dólares e 523,98 Dólares, na mesma ordem, continua abaixo do nível
de 600,77 Dólares, alcançado em 2015, no início do quinquénio.
Os factores acima contribuíram para o aumento dos níveis de desigualdade económica, bem
como para um crescimento menos inclusivo, concorrendo para o agravamento do nível de
vida da população, uma vez que as acções de políticas públicas consideradas como um dos
principais instrumentos de planificação estratégica nacional para, entre outros, reduzir as
desigualdades, estão ainda longe de acompanhar o rápido crescimento populacional, com a
provisão de condições de meios básicos como segurança alimentar, saúde, educação,
habitação, entre outros bens e serviços.
Relativamente a Educação, Franco (2017), afirma que devido ao compromisso demostrado
em relação à educação, Moçambique registou um aumento significativo no número de
ingressos ao ensino primário ao longo da última década.
Entretanto, prevalecem desafios relativamente a qualidade devido ao acesso a serviços de
aprendizagem precoce de qualidade (3 – 5 anos) que está em torno de 5%, 45% de taxa de
conclusão do ensino primário, 4,9% de crianças na 3ª classe que sabem ler, rácio professor-
aluno 60 para 1, absentismo dos professores e directores de 45%, tempo de ensino por dia 1
hora e 40 min, alunos com livros 69%, material básico de 74% e conhecimentos dos
professores de 29%.
Pota (2019), afirma que apesar dos desafios do Governo de Moçambique a taxa de
analfabetismo de adultos em continua alta, perto de 45%. O número de mulheres que não
sabe ler nem escrever é duas vezes superior ao dos homens. O analfabetismo é mais
prevalente nas áreas rurais, onde vivem 57% das pessoas não alfabetizadas, em comparação
com 23% que reside nas áreas urbanas.
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De acordo com os dados disponibilizados pela UNDP (2022), Moçambique apresenta
mortalidade em menores de 5 anos estimada em 71 a cada 1.000 nados vivos, a mortalidade
infantil está em torno de 53 a cada 1.000 nados vivos, a mortalidade neonatal em torno 27 em
cada 1.000 nados vivos, a mortalidade materna de 489 em cada 100.000 nascimentos, a
prevalência do HIV de 13,2%.
No que tange a esperança média de vida de Moçambique, em função dos dados
disponibilizados pelo Lusa (2019), registaram uma subida no valor de 58,9 para 60,2 anos. A
esperança média de vida das mulheres aproxima-se da dos homens, subindo de 61 para 63
anos
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
O IDE vem para Moçambique procurando factores de produção mais baratos, atraído pelos
recursos naturais abundantes. Os incentivos fiscais e a falta de políticas públicas adequadas
fazem com que as multinacionais que vêm capitalizar o IDE fiquem em total liberdade de
repatriar os seus lucros.
Moçambique não dispõe de empresas nacionais com vantagens de propriedade para explorar
recursos naturais. As multinacionais optam por contratar prestadores de serviços estrangeiros,
em detrimento dos nacionais, devido à baixa qualidade dos serviços nacionais e a falta de selo
de qualidade das empresas nacionais, fazem que com as multinacionais se estabeleçam em
Moçambique.
Apesar do sector extractivo ser o que mais cresceu, o seu contributo no PIB é baixo, em torno
de 4%, o que torna insignificante para o contributo no desenvolvimento económico. Porém o
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sector extractivo contribui para as exportações, uma vez que Moçambique assenta sua
economia no sector primário.
O IDE não tem trazido resultados muito positivos para a economia moçambicana, pois, não
tem fomentado transferência de tecnologia para as empresas nacionais devido a não
existência de políticas claras do governo moçambicano para que a riqueza gerada pela
exploração de recursos naturais não renováveis fomente o desenvolvimento da economia
nacional.
Outro factor importante é de que os megaprojectos pouco contribuem para reduzir a taxa de
desemprego em Moçambique e não contribuem para melhorar a situação do PIB per capita do
país que continua abaixo da média dos países da África Subsaariana.
Conclusivamente, pelo facto de Moçambique não ter uma estratégia clara e específica sobre
como os megaprojectos podem constituir uma ferramenta essencial para o desenvolvimento
económico e social, para o desenvolvimento industrial, diversificação da produção e
upgrading tecnológico das pequenas e médias empresas (PME) nacionais, faz com que os
níveis de pobreza sejam elevados, dando espaço para que as consequências nos diversos
sectores sejam negativamente destacáveis.
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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