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Discente: Nirza Deise Lopes Sinoia

II REVISÃO DA LITERATURA TEÓRICA E EMPÍRICA

2.1 Enquadramento teórico

Tanto os demógrafos quanto os economistas e acadêmicos em geral sentem que a sociedade


atual se caracteriza por uma distribuição espacial de injustiças sócio ambientais e
econômico-culturais. Portanto, constitui-se consenso, entre os especialistas, em matéria de
desenvolvimento humano a constatação de que, vivemos em um mundo de extraordinárias
desigualdades de oportunidades, tanto no interior dos países quanto entre eles.

2.2 Contextualização

2.2.1 Crescimento Economico

Nas últimas décadas, Moçambique foi uma das economias da África Austral que assistiu a
taxas de crescimento económico elevadas comparativamente aos outros países da região. Em
média, a economia cresceu em cerca de 7,3% ao ano (2003-2015).

2.2.2 Desigualdade

Segundo Lamas (2005) afirma "a desigualdade acontece de diversas formas e deve ser
concebida como multidimensional. Deve-se reconhecer a natureza multidimensional da
desigualdade e considerar as suas possíveis dimensões" (p. 34).

Tradicionalmente, o grau de desigualdade na distribuição de renda entre a população de um


país tem sido medido pelo índice de Gini – medida de dispersão relativa que varia de 0 a 1
em que o valor 0 corresponde à situação em que todos os indivíduos recebem a mesma renda
e o valor 1 corresponde à situação em que toda a renda é apropriada por um só indivíduo
(Castel-Branco, 2011, p. 39).

Por sua vez Lamas (2005) sustenta que, a desigualdade nas capacidades, ou nas
oportunidades de vida, para utilizar um conceito clássico, podem ser consideradas como uma
soma de recursos e ambientes. Ambos são pertinentes à capacidade de conquistar feitos e
realizações às quais se tenha motivos para dar valor. Mas, enquanto os recursos podem ser
distribuídos individualmente, os ambientes indicam a ausência ou presença de contextos de
acesso e de possibilidades de escolha.

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Em Rousseau (1753) assume-se que na espécie humana existem duas espécies de
desigualdade:

 uma por ele definida como sendo natural ou física, considerando que foi estabelecida
pela natureza, e que consiste na diferença das idades, saúde, das forças do corpo e
das qualidades do espírito, ou da alma;
 que se pode chamar de desigualdade moral ou política, porque depende de uma
espécie de convenção, e que foi estabelecida ou, pelo menos, autorizada pelo
consentimento dos homens. Consiste esta, nos diferentes privilégios de que gozam
alguns com prejuízo dos outros, como ser mais ricos, mais honrados, mais poderosos
do que os outros, ou mesmo fazerem-se obedecer por eles.

Porem a desigualdade assume diferentes ângulos. Não há dúvidas que a desigualdade é um


tema vasto, múltiplo e complexo, como todos os outros que dizem respeito à vida social.
Portanto, não há outro recurso para respeitar a sua complexidade e relevância senão
simplificá-lo, reduzi-lo a “fatias” analíticas, privilegiando ângulos específicos. A presente
pesquisa analisa a desigualdade do ponto de vista sócio-económico, analisando a
desigualdade económica e do desenvolvimento humano

2.2.3 Pobreza

Considerando que a pobreza é um fenómeno multidimensional, e o seu combate não se


circunscreve apenas nos elementos da pobreza absoluta, ela estende-se ao conceito mais
abrangente: “Impossibilidade por incapacidade, ou por falta de oportunidade de indivíduos,
famílias e comunidades de terem acesso a condições mínimas, segundo as normas básicas da
sociedade” (Crespon & Gurovitz, 2002, p. 34).

O conceito de pobreza é controverso e complexo, podendo variar de acordo com as


características económicas, geográficas e sociais de cada país. Por pobreza entende-se a
negação de oportunidades de escolhas básicas para o desenvolvimento humano. A existência
de linhas de pobreza pode constituir um instrumento útil para os formuladores de políticas.
Contudo, os critérios de definição das linhas de pobreza não são consensuais.

Os métodos ou os critérios de definição da pobreza podem influenciar os resultados em


termos do número de pobres, a imagem do Governo junto da opinião pública, assim como
decisões políticas a adaptar.

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Em função da realidade socioeconómica de cada território, existem diferentes metodologias
de medição da pobreza. A União Europeia considera que um indivíduo está em situação de
pobreza quando ele que detém um rendimento abaixo de 60% do rendimento médio dos
agregados familiares do respetivo país.

Por sua vez, o Banco Mundial define três linhas de pobreza de acordo com o nível de
desenvolvimento ou de rendimento dos países. A primeira linha de pobreza, formulada
especificamente para países de baixa renda, está definida em 1,90 USD/dia (por paridade de
poder de compra). A segunda linha de pobreza é de 3,20 USD/dia e inclui os países de renda
média-baixa e, por último, a linha de pobreza de 5,50 USD/dia dirige-se para os países de
renda média-alta.

Como vista a compreender as diversas dimensões do conceito de pobreza e realizar


comparações a nível internacional, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento
(PNUD) tem utilizado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH).

O IDH considera três dimensões do desenvolvimento humano, nomeadamente,

i) longevidade (medida pela esperança de vida à nascença);


ii) conhecimento (medido por uma combinação da taxa de alfabetização de adultos e taxa
de escolaridade – combinado do nível primário, secundário e superior);
iii) padrão de vida decente (medido pelo PIB real per capita, em dólares de paridade de
poder de compra) (UNDP, 1997, p. 14).

2.2.4 Pobreza de consumo em Moçambique – disparidades regionais

De acordo com a quarta avaliação de pobreza e bem-estar em moçambique, a região Norte


do país, rica em recursos naturais, tem a maior percentagem de pobres (59,6%), contrastando
com a região Sul (influenciada pela economia da capital e pela integração na RAS), onde a
percentagem de pobres é de 36,2% (ver gráfico 7). Os resultados revelam desigualdades
históricas, mas também uma tendência histórica de favorecimento dos centros urbanos, em
especial do grande Maputo, em termos de investimento e de políticas públicas, o que tem
reproduzido desigualdades regionais (Feijó, 2017).

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2.4. Desafios e Oportunidades para o desenvolvimento

A economia nacional apresenta um potencial considerável no sector primário, impulsionado


pela existência de recursos naturais, e o desafio é o desenvolvimento de indústrias que
permitam uma exploração sustentável destes recursos, garantido a sua transformação e
adição de valor no território nacional.

A diversificação da economia nacional constitui a base para um crescimento mais


abrangente e sustentável. O País precisa ampliar e diversificar a indústria para além dos
recursos minerais e hidrocarbonetos através da criação de parques industriais nas zonas com
potencial de exploração agrícola, pesqueira e florestal, bem como, aproveitar o potencial
faunístico, energético e turístico.

2.5 Situação socioeconómica em Moçambique

Incidência da Pobreza e Desigualdade, por Província da região norte do país, Urbano - Rural
e Nacional de 2002 – 2020

Áreas Incidência da Pobreza Desigualdade (Gini)


geográficas
2002-03 2010-11 2019-20 2002-03 2010-11 2019-20

Niassa 70.6 52.1 31.9 0.36 0.36 0.43

Cabo Delgado 57.4 63.2 37.4 0.44 0.44 0.35

Nampula 68.9 52.6 51.7 0.36 0.36 0.42

2.6 Revisão Empírica


O crescimento económico e pobreza não é significativamente algo que o seu estudo iniciou
agora, pois, vários estudos foram desenvolvidos em prol do entendimento destes espetos.
Como já ressaltado, a literatura que especifica a relação entre desigualdade de renda e
crescimento econômico apresenta distintos resultados. Alguns estudos que denotam a
existência de relação positiva concluem que a mesma se dá através da taxa de poupança,
levando em consideração que a taxa de poupança da parcela da população mais rica é
superior em relação à população mais pobre, a redistribuição de renda reduz o ritmo de
crescimento econômico.

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Analisar as desigualdades de desenvolvimento regional em Moçambique é o fator de
pobreza a que se encontra votada a maioria da população. A região norte do país, com
abundantes recursos naturais, comporta um alto nível de pobreza absoluta. Estratégias e
políticas sociais ativas e reativas devem ser adotadas para a promoção da justiça e equidade
sociais.

Entretanto, um estudo desenvolvido por Candini (2016) sobre análise das estratégias a
análise aqui delineada concentra-se no caso particular em que se tem uma equação de
regressão onde a taxa média de crescimento do PIB per capita é uma função do nível de
desigualdade de renda no tempo inicial e de um conjunto de variáveis determinantes do
crescimento.

Referencias bibliográficas

Banco Mundial, B., S/D. GDP per capita. [Online] Available at:
https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.PCAP.CD [Acedido em 10/9/2019].

Candini, T. R. (2016). Análise das estratégias de economia e Desafios de Industrialização


em Moçambique, Texto inédito. Monografia Licenciatura. Universidade Católica
de Moçambique. Tete, Moçambique. Recuperado em
http://197.235.10.115:8080/jspui/bitstream/123456789/187/1/AP%20-%20Treva
%20Candini.pdf

Castel-Branco, C. N. (2011). Moçambique no Índice de Desenvolvimento Humano:


Comentários. Maputo, Moçambique: Instituto de Estudos Sociais e Económicos
(IESE).

Crespo, A. P. A. Gurovitz, E. (2002) A pobreza como um fenômeno multidimensional. São


Paulo, Brasil: Fundação Getúlio Vargas.

Lamas, B. (2005). Aumenta a desigualdade mundial, apesar do crescimento económico.


Minas, Brazil ‫ ׃‬Conjuntura internacional

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