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ANÁLISE DO DESENVOLVIMENTO DE MOÇAMBIQUE E DESAFIOS

BASEADO NO IDH

Felício Luciano Sine


feliciosine@gmail.com
Mestrando Desenvolvimento Económico Regional e Local – UCM
Faculdade de Gestão de Turismo e Informática
Economia de Desenvolvimento
Proposta de Tema
Docente: Tamar Ali, MSc

RESUMO

O presente artigo faz análise do desenvolvimento de Moçambique e desafios baseado no índice de


Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH é uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. O IDH
combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: a longevidade, a educação e a renda.
Moçambique mantém-se em atraso com relação aos indicadores-chave de desenvolvimento humano e social.
O número de pessoas que vivem em condições de extrema pobreza aumentou, a esperança de vida continua
baixa, continua a ter um dos níveis mais baixos de sucesso escolar no mundo, disparidade de regionais de
desenvolvimento. Foi utilizado o método de pesquisa bibliográfica em diversas fontes, sites oficiais, artigos,
relatórios, teses. Moçambique possui desafios de incrementar a renda per capita potenciando a actividade
agrária, turística, capitalizar dividendos de exploração mineira; reduzir mortalidade infantil, controlar doenças
e expandir serviços de edução, melhoria da qualidade.

Palavras Chaves: IDH, Desenvolvimento, Humano.

ABSTRACT

This article analyzes Mozambique's development and challenges based on the Human Development Index
(HDI). The HDI is a general, synthetic measure of human development. The HDI combines three basic
components of human development: longevity, education, and income. Mozambique lags behind on key
human and social development indicators. The number of people living in extreme poverty has increased, life
expectancy remains low, it continues to have one of the lowest levels of educational attainment in the world,
regional disparity in development. We used the method of bibliographic research in various sources, official
websites, articles, reports, theses. Mozambique faces the challenge of increasing per capita income by
strengthening agricultural and tourism activities, capitalizing on mining dividends, reducing infant mortality,
controlling diseases and expanding education services and improving quality.

Key-words: HDI, Development, Human.


1. INTRODUÇÃO

O presente artigo faz análise do desenvolvimento de Moçambique e desafios baseado no índice de


Desenvolvimento Humano (IDH). O IDH combina três componentes básicos do desenvolvimento
humano: a longevidade, a educação e a renda. A partir dele, e observando as características de cada
país com base em seus aspectos históricos, culturais, econômicos e sociais, surge a seguinte
questão: as informações fornecidas pelo IDH conseguem exprimir claramente os esforços públicos e
privados na determinação dos componentes considerados básicos ao desenvolvimento de uma
nação (Dalberto, Ervilha, Bohn, & Gomes, 2015).
Desenvolvimento nada mais é que crescimento que inclui incrementos positivos no produto e na
renda transformando-se na satisfação nas mais diversificadas necessidades humanas tais como:
educação, Saúde, habitação, transporte, alimentação, entre outros (Oliveira, 2002).
Moçambique está e tem estado num estado de subdesenvolvimento crónico. Mais de 65% da
população (19 milhões de pessoas) vive em condições de extrema pobreza (menos de USD 1,90 por
dia) e a maior parte do país não tem acesso a infra-estruturas básicas (água, saneamento e
electricidade). O país tem uma das mais baixas esperanças de vida no mundo (situa-se no 173º lugar
num total de 186), tem um grande problema de doenças transmissíveis com taxas de mortalidade
persistentemente elevadas, e tem o terceiro mais baixo sucesso escolar no mundo (Porter, Bohl,
Kwasi, Donnenfeld, & Cilliers, 2017).
o surgimento do IDH influenciou a temática sobre o desenvolvimento em todo o mundo, deslocando
a discussão, tanto sobre criação de indicadores quanto sobre conceito de desenvolvimento, de uma
esfera estritamente econômica para um âmbito mais político e social (Kieling, 2014).
Segundo Kieling (2014), o IDH nasceu como uma forma de instrumentalizar e capacitar as pessoas e
seus governantes avaliar o progresso e a realidade social, e a definir prioridades para políticas de
intervenção e realizar comparações entre diferentes regiões. Porém, desde sua criação, uma série de
críticas e debates em relação à sua metodologia vêm influenciando uma permanente revisão e
refinamento do índice, conforme observado nos Relatórios de Desenvolvimento Humano
posteriores a 1990.
Moçambique conheceu progressos significativos em muitas áreas do desenvolvimento humano nos
últimos 20 anos. O crescimento económico foi, em média, de 7%, a esperança de vida melhorou em
mais de 10 anos, taxa bruta de matrícula no ensino primário aumentou quase 60%, e a produção
agrícola aumentou 50% ao longo deste período. Embora este progresso tenha melhorado a vida de
alguns moçambicanos, não se traduziu em crescimento e desenvolvimento inclusivos para uma
grande parte da população (Porter, Bohl, Kwasi, Donnenfeld, & Cilliers, 2017).

Segundo Porter, Bohl, Kwasi, Donnenfeld & Cilliers (2017), Moçambique mantém-se em atraso com
relação aos seus pares nos indicadores-chave de desenvolvimento humano e social. O número de
pessoas que vivem em condições de extrema pobreza aumentou em mais de 5 milhões desde 1995,
o número de pessoas sem acesso a água e a saneamento melhorados aumentou em quase 4 milhões
e em mais de 7 milhões, respectivamente, e Moçambique continua a ter um dos níveis mais baixos
de sucesso escolar no mundo.
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

2.1. ORIGEM DO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)

o Índice de Desenvolvimento Humano foi desenvolvido pelo economista paquistanês Mahbub ul


Haq, com a colaboração e inspiração do pensamento do economista Amartya Sen. Sua primeira
apresentação aconteceu em 1990, no primeiro Relatório de Desenvolvimento Humano do Programa
das Nações Unidas para o Desenvolvimento, agência líder da rede global de desenvolvimento da
ONU, que trabalha principalmente pelo combate à pobreza e pelo Desenvolvimento Humano. Criado
para oferecer um contraponto ao Produto Interno Bruto (PIB) per capita, que considera apenas a
dimensão econômica do desenvolvimento (Prearo, Maraccini, & Romeiro, 2003).
Segundo Torres, Ferreira & Dini (2003), o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), que se propôs a
verificar o nível de desenvolvimento de um país utilizando-se de indicadores de desempenho. O IDH,
assim, passou a ser o mais conhecido cálculo do desenvolvimento humano.
Desde a construção do IDH, os estudos daí decorrentes podem ser classificados em três grupos: o
primeiro se refere àqueles que buscam entender e justificar a construção metodológica do índice; o
segundo explora o papel do IDH na explicação de questões específicas relacionadas ao
desenvolvimento humano em diversas regiões do mundo; e, por fim, o terceiro grupo busca
aumentar a aplicabilidade do IDH, mediante incorporação de outras dimensões na estrutura de
cálculo (Arcelus, Sharma, & Srinivasan, 2003).
Segundo Kieling (2014), a criação do Índice de Desenvolvimento Humano constituiu, assim, um
marco no movimento dos indicadores, pois, a partir dele, diversos outros indicadores sintéticos
foram criados. Além disso, o surgimento do IDH influenciou a temática sobre o desenvolvimento em
todo o mundo, deslocando a discussão, tanto sobre criação de indicadores quanto sobre conceito de
desenvolvimento, de uma esfera estritamente econômica para um âmbito mais político e social.
O IDH nasceu como uma forma de instrumentalizar e capacitar as pessoas e seus governantes a
avaliar o progresso e a realidade social, e a definir prioridades para políticas de intervenção e realizar
comparações entre diferentes regiões. Porém, desde sua criação, uma série de críticas e debates em
relação à sua metodologia vêm influenciando uma permanente revisão e refinamento do índice,
conforme observado nos Relatórios de Desenvolvimento Humano posteriores a 1990. Desta
maneira, aparecem ao longo dos anos propostas e iniciativas de aprimoramento da metodologia,
como, por exemplo, através de sua desagregação, para tornar possível a identificação de
desigualdades entre diferentes grupos da população dentro um mesmo país (Kieling, 2014).
A construção do IDH está baseada em uma aproximação da redução de desigualdades. Quer dizer, o
desenvolvimento não é medido a partir do crescimento de uma variável, mas da redução da
distância entre a variável e o seu máximo valor possível. Deste modo, é dada uma maior importância
aos objetivos difíceis de serem alcançados (Bueno, 2007).

2.2. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO (IDH)

Para a realização de seus cálculos, o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) considera fatores
como uma vida longa, acesso ao conhecimento e o padrão de vida de uma população, medindo
assim, o progresso de uma nação a partir de três dimensões (Prearo, Maraccini, & Romeiro, 2003).
Segundo Prearo, Maraccini & Romeiro (2003), na dimensão renda, observa-se o padrão de vida de
uma sociedade. Por meio dela temos acesso às necessidades básicas e a possibilidade de escolhas
genuínas de padrões de vida. Para mensurar a riqueza de uma nação, utiliza-se o indicador Renda
Nacional per capita, no conceito da paridade do poder de compra. Na dimensão longevidade,
espera-se que o desenvolvimento humano aconteça a partir da redução da morte prematura e do
acesso a saúde de qualidade para o alcance do mais alto padrão de saúde física e mental. A unidade
de medida observada para cálculo da dimensão é a esperança de vida ao nascer. Na dimensão
educação, o desenvolvimento traz como objetivo principal o acesso ao conhecimento, que é visto
como essencial para o bem-estar dos indivíduos por orientar as pessoas de modo que consigam
tomar decisões sobre seus futuros. Para o cálculo dessa dimensão, são utilizadas duas variáveis: a
média de anos de escolaridade e os anos de escolaridades esperados.

Figura 1 – Componentes do Índice de Desenvolvimento Humano


Fonte: (UNDP, 1990).

Assim, de acordo com o Relatório da UNPD (1990), o Índice de Desenvolvimento Humano era
construído em três etapas. O primeiro passo consistia em definir as medidas de privação que um
país sofre em relação a cada uma das três variáveis básicas – expectativa de vida ( 𝑋 ),
escolaridade (𝑋 ) e o logaritmo do PIB real per capita (𝑋 ). Os valores máximos e mínimos eram
determinados para cada um dos três parâmetros e a medida de privação de um país consistia na
diferença entre tais valores extremos, limitados em uma amplitude de 0 e 1.
A partir de 2010, entretanto, o cálculo do IDH sofreu algumas modificações, ainda que permaneça
fazendo uso das mesmas variáveis em sua análise. a medida é estimada em duas partes. A
primeira delas consiste na ordenação dos valores máximos observados e mínimos fixados pelo PNUD
(20 anos para a expectativa de vida, zero para as variáveis educacionais e $ 100 para a renda
nacional per capita) (UNPD, 2011).
O IDH é uma medida geral, sintética, do desenvolvimento humano. Ele não abrange todos os
aspectos econômicos do desenvolvimento e serve somente para apontar em que setores um país
deve reunir esforços para melhorar o bem-estar e a prosperidade de seus habitantes. Com o passar
dos anos, o indicador do desenvolvimento humano acabou se tornando uma referência mundial
(UNPD, 2007).
Segundo a UNPD (2007), a classificação geral das nações é o resultado da somatória das estatísticas
avaliadas pelo PNUD, apenas uma parte do relatório de desenvolvimento humano. Além do
“ranking” propriamente dito, o relatório faz uma análise crítica dos desafios enfrentados pela
sociedade para promover e garantir o desenvolvimento humano.
Segundo Prearo, Maraccini & Romeiro (2003), a mesma forma que os governos aplicam medidas
sistemáticas em diversos aspectos da economia, alcançando desde a empregabilidade até taxas de
poupança para o crescimento, eles também devem recolher uma variedade de medidas que reflitam
avaliações subjetivas das vidas dos indivíduos para atingir percepções de desenvolvimento social.
Além disso, esse conhecimento ajuda na educação de cidadãos sobre as escolhas que afetam suas
vidas. Tal entendimento justifica-se no sentido de propiciar, por exemplo, aos administradores
públicos, tomadas de decisão mais eficazes, uma vez que o bem-estar subjetivo pode completar as
informações disponíveis e orientar políticas alternativas.

2.3. CRÍTICAS AO ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

Streeten (1994), afirma que o IDH simplifica o problema da concentração econômica do bem-estar
humano, haja vista que nele existem dificuldades de não comparabilidade no tempo e no espaço,
além de erros de mediação e viés.
Mais do que isso, Mahlberge e Obersteiner (2001) identificaram duas correntes de críticas ao IDH,
que ainda estão relacionadas com aquelas feitas à renda nacional como forma de valorar o bem-
estar. A primeira delas questiona a escolha dos indicadores que compõem o índice, enquanto o
segundo grupo de pesquisadores afirma que o IDH falha em medir a real condição de vida de uma
sociedade, uma vez que importantes aspectos do desenvolvimento não são levados em
consideração, tais como a situação ambiental, distribuição de renda e estabilidade política.

Em uma dessas críticas, Hicks (1997) propõe uma forma alternativa que incorpora as
desigualdades de distribuição de renda, de educação e de longevidade na estrutura de cálculo do
IDH. Partindo de Índices de Gini, o autor combina as desigualdades medidas em um grupo de países
em desenvolvimento com os valores originais do IDH.
Pesquisadores como Mahlberge e Obersteiner (2001) afirmam que o IDH deve ser visto como um
movimento introdutório no sentido de prover às pessoas o interesse na grande coleção de
informações disponíveis nos bancos de dados internacionais. Klein (2001) completa o raciocínio
dizendo que o IDH é uma excelente fonte de informação para trabalhos futuros, ou seja, não pode
ser visto como um indicador final e único.
Em função das inúmeras críticas efetuadas e para aperfeiçoar a metodologia de cálculo do IDH, o
PNUD convidou novamente em 1998, Amartya Sen para que efetuasse alterações na fórmula de
cálculo, a partir das observações emitidas pelos críticos. Em 1999 o PNUD divulgou importantes
mudanças metodológicas no IDH, sendo que a principal se referia à sistemática de calcular a
dimensão renda “per capita” (Bueno, 2007).

3. METODOLOGIA
Para a concretização do presente trabalho optou-se pela pesquisa bibliográfica. Assim ʻʻ a pesquisa
bibliográfica é desenvolvida com base em material já elaborado, constituído principalmente de livros
e artigos científicos (Gil, 2002).

segundo o autor acima, ela é elaborada a partir de material já publicado, constituído principalmente
de: livros, revistas, publicações em periódicos e artigos científicos, jornais, boletins, monografias,
dissertações, teses, material cartográfico, internet, com a finalidade de entrar em contacto directo
com todo material já escrito sobre o assunto da pesquisa.
4. RESULTADOS

4.1. ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO MOÇAMBIQUE

Ao longo dos últimos 20 anos, Moçambique registou um crescimento médio anual do PIB de cerca
de 7% e registou progressos em vários indicadores de desenvolvimento. Desde 1995, o país
aumentou a expectativa de vida em 10 anos, aumentou taxa bruta de matrícula no ensino primário
de 66% para 105% e melhorou os rendimentos agrícolas em 50%. Apesar destas conquistas, o país
ainda fica muito aquém dos pares globais e regionais (Malawi, Tanzânia, Zâmbia e Zimbabué) em
quase todos os aspectos do desenvolvimento humano (Porter, Bohl, Kwasi, Donnenfeld, & Cilliers,
2017).
Segundo o autor acima, o crescimento e desenvolvimento económico de Moçambique não têm
conseguido acompanhar ocrescimento populacional. Nos últimos 20 anos, o número de pessoas que
vivem em condições de extrema pobreza aumentou 5 milhões e o número de pessoas sem acesso a
água e saneamento aumentou 3,8 milhões e 7,3 milhões, respectivamente. A IFs prevê que a
população de Moçambique continue a crescer a um ritmo acelerado, fazendo com que se torne mais
difícil para o Governo de Moçambique (GoM) alargar os serviços básicos.
O PIB real per capita de Moçambique aumentou de US$ 165 1996 para US$ 237 em 1998. Contudo,
o PIB real per capita da Cidade de Maputo aumentou de US$ 879 em 1996 para US$ 1.340 em 1998.
Isto significa que o PIB per capita da Cidade de Maputo é seis vezes maior do que a média nacional, e
11 a 12 vezes maior do que o PIB de províncias como Zambézia, Tete, Manica e Niassa. A província
de Niassa possui o menor PIB per capita, seguida imediatamente da Zambézia: US$ 120 e US$ 126,
em 1998, respectivamente (Francisco, 1999).
Segundo Porter, Bohl, Kwasi, Donnenfeld, & Cilliers (2017), a esperança de vida em Moçambique,
situando-se apenas nos 57,6 anos, é 4,5 anos inferior à média do país africano de baixos
rendimentos e 5,5 anos inferior à média dos seus pares regionais. Moçambique também tem um
nível de mortalidade infantil relativamente elevado com 59 mortes por 1 000 nados-vivos (em 2015).
Nível de educação de Moçambique é um dos mais baixos do mundo. O número médio de anos de
escolaridade (para adultos maiores de 15 anos) é de 2,5 anos, ocupando o 52º lugar em África (num
total de 54) e o 184º mundial (num total de 186). Apenas cerca de 50% da população adulta (com
mais de 15 anos) é alfabetizada, o que é 10 pontos percentuais inferior aos pares regionais,
ocupando o 170º no mundo. Menos de 30% da população adulta concluiu a escola primária e apenas
5% dos adultos completaram o ensino secundário (IMF, 2016)
Segundo Francisco (2000), Para o autor acima, Moçambique também mostra uma lacuna grave entre
o nível de escolaridade masculino e feminino. A escolaridade média (15+) é de 3,2 anos para os
homens e de apenas 1,9 anos para as mulheres. Mais uma vez, o problema decorre da matrícula e
sobrevivência na escola primária; apenas 86% das mulheres em idade escolar se matriculam na
escola primária (90% para os homens), apenas 32% das mulheres matriculadas chegam ao último
ano (34% para os homens) e apenas 70% das mulheres que completaram a escola primária avançam
para o primeiro ciclo do ensino secundário (67% para homens.
Segundo o autor acima, a disparidade entre a Cidade de Maputo e o resto do país é enorme. A
Cidade de Maputo, com um IDH igual a 0,605, é a única zona de Moçambique que se pode classificar
na categoria de desenvolvimento humano médio. Em termos regionais, quanto mais distante uma
região se encontra da Cidade de Maputo menor é o seu IDH. O valor do IDH da Cidade de Maputo é
1,8 vezes superior ao do resto do Sul, 2,3 vezes superior ao da região Centro, e 2,9 vezes maior do
que o IDH da região Norte.
4.2. DESAFIOS DE MOÇAMBIQUE ÍNDICE DE DESENVOLVIMENTO HUMANO

DESAFIOS NO ÂMBITO DA MELHORIA DA RENDA

Actividade Agrária
A agricultura emprega mais de 67% da população e contribui com cerca de 22% do PIB (INE, 2019).
Essa atividade é praticada maioritariamente pelo setor familiar que ocupa cerca de 90% da área
arável em uso, produzindo em parcelas pequenas (em média abaixo de 2 ha), com baixo uso de
tecnologias modernas ou tecnologias não apropriadas as realidades desses agricultores (INE, 2019).
Desafios:
 Facilitar o acesso dos produtores aos tractores dos parques de máquinas;
 Construir regadios e pequenos sistemas de rega;
 Intensificar o programa de fomento pecuário e estruturar a cadeia de valor da avicultura;
 Reduzir as perdas pós colheitas e garantir mercado para a produção obtida.

Outros desafios:
 Financiar iniciativas locais de empreendedorismo com facilidades de reembolso;
 Fomentar a industrialização rural, sobretudo o agroprocessamento e processamento
pesqueiro;
 Intensificar a divulgação do potencial turístico muito diversificado existente no País, e
continuar a melhorar os serviços prestados;
 Capitalizar dividendos proveniente da exploração mineira e melhorar a quota de
percentagem de funcionários de nacionalidade Moçambicana envolvida nas actividades
mineiras.

DESAFIOS NO ÂMBITO DA MELHORIA DA LONGIVIDADE

 Continuar a trabalhar na expansão dos serviços de saúde para os pontos mais recônditos;
 Intensificar as campanhas de sensibilização dos partos institucional;
 Continuar com actividades de buscas consentidas, sensibilizando mães portadoras do
HIV/SIDA dos riscos da transmissão vertical;
 Intensificar campanhas de prevenção de doenças contra malária, HIV/SIDA, cardiovasculares
e cancerígenas.
 Criar campanhas de sensibilização de Jovens dos perigos do Álcool e tabagismos;
 Intensificar campanhas de segurança alimentar e nutricional.

DESAFIOS NO ÂMBITO DA MELHORIA DA EDUCAÇÃO

 Continuar a expandir escolas para zonas mais recônditas;


 Melhorar a capacitação dos professores de todos os níveis;
 Investir em pólos universitários voltados para áreas produtivas e tecnológicas;
 Continuar a promover a colocação dos professores nas zonas rurais;
 Intensificar campanhas contra casamentos prematuros de modo a reter raparigas nas
Escolas.
5. CONCLUSÃO

O IDH combina três componentes básicos do desenvolvimento humano: a longevidade, a educação e


a renda. A partir dele, e observando as características de cada país com base em seus aspectos
históricos, culturais, econômicos e sociais.
Moçambique possui baixa esperança de vida no mundo, tem um grande problema de doenças
transmissíveis com taxas de mortalidade persistentemente elevadas, e tem mais baixo sucesso
escolar no mundo.
Moçambique possui desafios de incrementar a renda per capita potenciando a actividade agrária,
turística, capitalizar dividendos de exploração mineira; reduzir mortalidade infantil, controlar de
doenças e expandir serviços de edução, melhoria da qualidade.
BIBLIOGRAFIA

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