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Resumo
O presente artigo visa analisar os desafios e oportunidades impostas pelos objectivos de desenvolvimento do milénio
ao sistema de educação primário a nível dos serviços provinciais de educação e desenvolvimento humano de Cabo
Delgado. A educação é uma actividade proposital direcionada para atingir determinados objectivos, como transmitir
conhecimentos ou promover habilidades e traços de carácter. Esses objectivos podem incluir o desenvolvimento da
compreensão, racionalidade, bondade e honestidade. Trata-se de um estudo que seguiu uma abordagem
qualitativa. Usou-se como técnica ou instrumentos de recolha de dados, a pesquisa bibliográfica e a pesquisa
documental. Os resultados obtidos nos dados analisados mostram que ainda existem muitos desafios por lidar a
nível dos serviços provinciais de educação e desenvolvimento humano de Cabo Delgado, de forma objectiva, refere-
se ao acesso à escola e o processo de aprendizagem., Modelo distorcido de formação de docentes, Falta de
investimentos generalizados e inovação, Desinteresse por parte dos alunos e Participação das famílias na vida
escolar.
Abstrat
This article aims to analyze the challenges and opportunities imposed by the millennium development goals on the
primary education system at the level of provincial education and human development services in Cabo Delgado.
Education is a purposeful activity aimed at achieving certain goals, such as imparting knowledge or promoting skills
and character traits. These goals may include developing understanding, rationality, kindness and honesty. This is a
study that followed a qualitative approach. Bibliographic and documentary research was used as a technique or
instruments for data collection. The results obtained from the analyzed data show that there are still many
challenges to be dealt with at the level of the provincial services of education and human development of Cabo
Delgado, objectively, referring to access to school and the learning process., Distorted model of training of teachers,
Lack of widespread investment and innovation, Lack of interest on the part of students and Participation of families
in school life.
Em setembro de 2000, líderes de 189 países se reuniram na sede da Organização das Nações
Unidas (ONU), em Nova Iorque, para adotar a Declaração do Milênio das Nações Unidas. Nesse
documento, as nações reiteram sua crença na organização e em um mundo mais pacífico,
próspero e justo. Além disso, listam os valores considerados fundamentais para o mundo no
século 21: Liberdade, Igualdade, Solidariedade, Tolerância, Respeito pela natureza e
Responsabilidade compartilhada. Entre os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, há um
total de 18 metas que devem ser alcançadas, em sua maioria, até 2015. Essas metas são
monitoradas e avaliadas através de 48 indicadores que utilizam dados de 1990 dos países como
linha de base. O ponto em analise neste artigo é referente a Educação básica de qualidade para
todos que consiste em garantir que, até 2015, todas as crianças, de ambos os sexos, terminem
um ciclo completo de ensino básico.
Já em 1975 o decreto nº12/75 definiu que a escolaridade primária era obrigatória, universal e
gratuita. O avanço do sistema fez-se sobretudo pelo forte aumento quantitativo dos que
frequentam o ensino básico, pelo alargamento do acesso ao ensino secundário e ao ensino
superior. Atualmente 70%da população em idade escolar frequenta a escola e pretende-se no
período de 2010 a 2015 alfabetizar um milhão de pessoas, alterando a atual taxa de
analfabetismo de 48,1% para 30% (ALI:2010).
O Ministério da Educação através do INDE tem levado a cabo estudos sobre a qualidade do
sistema educativo, nomeadamente implementando um Projeto de avaliação educacional-
assente na comparação do desempenho dos alunos em português, matemática e ciências da
natureza e na análise da situação profissional e condições de vida dos professores em distritos
das três regiões. Um desses estudos, levado a cabo em 1999 nas províncias de Maputo, Zambézia
e Cabo Delgado, evidenciou que mais de metade dos alunos da sexta classe -fim da primaria -não
alcançaram as competências básicas previstas nas três áreas disciplinares e os resultados
diminuíram de sul para norte.
O INDE apresentou desafios e razões explicativas para a diversidade dos resultados: a qualidade
dos professores, os recursos da escola nomeadamente a existência de carteiras, livros escolares
e giz (em 1999 nas províncias de Cabo Delgado e Zambézia somente 20% a 30% dos alunos se
sentavam em carteiras, enquanto em Maputo província e cidade acima dos 80% dos alunos
tinham carteiras), o uso em família da língua portuguesa.
Fundamentação teórica
Educação
Educação é uma prática social que visa ao desenvolvimento do ser humano, de suas
potencialidades, habilidades e competências. A educação, portanto, não se restringe à escola. A
educação é um direito de todos e visa ao pleno desenvolvimento humano por meio do processo
de ensino-aprendizagem. A educação é essencial para a formação do cidadão e transformação
da sociedade. Ela é a responsável pela multiplicação do conhecimento e pelo desenvolvimento
de habilidades úteis para a atuação do indivíduo em sua comunidade.
sistema de educação
de acordo com Castiano (2013) o sistema de educação são organizações complexas, instaladas
nos diferentes países, com o propósito de articular as diversas atividades voltadas para a
realização dos objetivos educativos das respectivas populações. Implicam, por via de regra, três
elementos: a) um conjunto de princípios, valores e finalidades que devem guiar as atividades
desenvolvidas; b) um ordenamento jurídico constituído pelas normas de funcionamento do
sistema que obrigam a todos os seus integrantes; c) uma rede de estabelecimentos de ensino
com os correspondentes órgãos de normatização, administração, controle, coordenação,
supervisão e avaliação.
Entre os oito Objetivos de Desenvolvimento do Milênio, há um total de 18 metas que devem ser
alcançadas, em sua maioria, até 2015. Essas metas são monitoradas e avaliadas através de 48
indicadores que utilizam dados de 1990 dos países como linha de base.
Metodologia
Para a realização deste artigo, optou-se pela pesquisa quantitativa porque “Pesquisa
quantitativa é a pesquisa científica na qual os resultados podem ser quantificados, diferindo
da pesquisa qualitativa. É fortemente influenciada pelo positivismo. Centrada na objetividade,
foca na análise de dados brutos, adotando instrumentos padronizados e neutros na recolha dos
dados, sendo geralmente constituída por amostras grandes e representativas da população, e
por isso os resultados são encarados como um retrato real de toda a população alvo da pesquisa”.
Para a recolha de informação optou-se a duas fontes que são a pesquisa bibliográfica e pesquisa
documental, que segundo Yin (2001) a etapa da colecta de dados, requer habilidades específicas
do pesquisador, treinamento e preparação, desenvolvimento de um roteiro e a condução de um
“estudo-piloto”.
De acordo com Michaliszyn e Tomasini (2005), a pesquisa bibliográfica tem por objectivo explicar
um problema a partir de obras de referências: livros, artigos científicos, documentos, etc. com
vista a dar suporte a todas as fases de pesquisa, pois, possibilita ao pesquisador consulta de obras
para a fundamentação teórica do estudo.
Na pesquisa documental são investigados documentos com o propósito de descrever e comparar
usos e costumes, tendências, diferenças e outras características. As bases documentais permitem
estudar tanto a realidade presente como o passado, com a pesquisa histórica (Cervo et al, 2007),
ou seja, na visão de Gil (2009) a pesquisa documental visa materiais que não recebem
tratamento. Optou-se pela pesquisa documental porque, na pesquisa documental são
investigados documentos com o propósito de descrever e comparar usos e costumes, tendências,
diferenças e outras características.
Para analisar a informação recolhida, optou-se pela análise de conteúdo, considerada como uma
das técnicas mais comuns nas investigações empíricas realizadas pelas diferentes ciências sociais
e humanas (Vala, 1986). A análise de conteúdo é uma técnica para ler e interpretar o conteúdo
de toda classe de documentos, que analisados adequadamente nos abrem as portas ao
conhecimento de aspectos e fenómenos da vida social de outro modo inacessíveis (Olabuenaga
& Ispizúa, 1989).
Definindo de uma forma directa que a metodologia activa possibilita ao aluno participar
ativamente do processo de aprendizagem. Consiste em um padrão de implantação e
desenvolvimento da aprendizagem; no uso de variadas ferramentas e plataformas da tecnologia
a serviço da educação, OLIVEIRA (2006). Contudo o professor tem um papel importante de
mediador e orientador deste processo, ele constrói etapas na busca da solução de problemas.
Para Freire (1998), o aluno necessita compreender-se como “sujeito também da produção do
saber”, e deve também perceber que “ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as
possibilidades para sua produção ou a sua construção” (FREIRE, 2002, p.25).
A sociedade civil tem vindo a intervir de forma a ajudar a colmatar alguns dos problemas que
persistem no sistema de ensino. Considerando o ensino primário verifica-se um forte contributo
das ONG e das igrejas na criação de infraestruturas nomeadamente em meios rurais, no
fornecimento de recursos materiais e na formação de professores em institutos privados. Tem
vindo também a ser criada a rede de escolinhas vocacionadas para o pré-escolar, pretendendo o
Estado introduzir experimentalmente o pré-escolar em Maputo província, Gaza, Tete , Nampula
e Cabo Delgado, assente numa gestão comunitária.
Concordando com a perspectiva de Stones (1984), a supervisão deve ser entendida como uma
visão aprofundada de facto para promoção do que se pretende construir e neste caso particular
a garantia da melhoria da qualidade do PEA.
Todavia, a actividade de supervisão em qualquer vertente, não deve ser tomada como absoluta,
porque, tratando-se de uma acção dependente de circunstâncias como é o caso da supervisão
integrada na DPEDH de Cabo Delgado, que surge por causa da insuficiência de recursos para a
sua realização, ela permitiu inovações no que se refere ao envolvimento de técnicos de diversas
áreas para fazer uma supervisão pedagógica que comprometeu a qualidade do PEA, vejamos:
Nesta perspectiva, para o acompanhamento do professor em exercício em prol da melhoria do
PEA, a DPEDH de Cabo Delgado, optou por constituir equipas de supervisão compostas por
quatro (4) técnicos (1 Pedagógico, 1 Recursos Humanos, 1Planificação e 1 área financeira). Com
esta equipa mista, a supervisão pedagógica foi denominada por supervisão integrada em nome
do uso racional dos recursos e nova estratégia/inovação.
A supervisão integrada é incumbida de trazer tudo o que tiver a ver com todos os campos do
Sector da Educação, desde os Serviços Distritais de Educação, Juventude e Tecnologia (SDEJT) à
escola/sala de aula.
Indo concretamente para a supervisão integrada, os técnicos constituintes das equipas criadas
pela DPEDH de Cabo Delgado, são munidos de termos de referência previamente elaborados e
incumbidos a intervir em todas as áreas, daí, a observação de uma supervisão pedagógica
comprometida não só por insuficiência de tempo, mas também, pela necessidade de apoio
pedagógico que os professores necessitam de facto.
Portanto, anualmente o Estado consegue construir 14.0004 salas do EP e 200 para o ensino
secundário. O ritmo de crescimento da população constitui um risco inviabilizador do projeto
educativo porque não é acompanhado no sector da educação por medidas estruturais eficazes
em termos de construção de escolas e, por isso, cerca de 70 mil alunos estudam ao relento (céu
aberto ou ar livre) e, no Plano Económico Social 2015-2019 fez-se a previsão de a construir de
1.027 salas de aulas (MOÇAMBIQUE, 2015, p. 34). Esta medida prevista no Plano Económico
Social não resolve o problema da insuficiência de infraestruturas escolares.
Segundo o Relatório Anual do Desenvolvimento Humano do Programa das Nações Unidas para o
Desenvolvimento, existem grandes disparidades no acesso do ensino primário entre as
diferentes províncias, derivadas das limitações de oferta de lugares no sistema (PNUD, 2000, p.
34).
Qualidade de ensino no ensino básico sistema de educação moçambicana a nível de DPEDH de
Cabo Delgado
Nota-se nesta ordem de ideia e conforme Castiano e Ngoenha (2013), o enfoque do Governo era
mais ou menos economicista sobre a qualidade da educação7 O princípio fundamental da visão
economicista da educação é que quanto mais dinheiro investido nas atividades educativas,
melhor seria a qualidade dos serviços oferecidos.
Considerações finais
Perante cenário atual educacional de aulas remotas, não existe mais espaços para resistência a
adaptação às ferramentas tecnologias, tanto professores quanto alunos necessitam passar por
momentos de superação, rompimento de barreiras, dedicando-se à nova modalidade de ensino
que estará presente nos contextos de sala de aula.
O sistema de educação em Moçambique tem uma das suas características oferecer uma
formação muito genérica. Mas, em contrapartida, a estrutura social do mercado do emprego e
os imperativos do desenvolvimento socioeconómico exigem para que a educação esteja voltada
ao saber-fazer do que ao saber-conhecer, isso constitui um desafio, e não menos importante o
ensino básico tem outros desafios como: a insuficiência no provimento de professores;
inadaptação dos currículos às atuais necessidades do mercado de trabalho, e orçamentos
insuficientes, de desistência de alunos nas escolas. É preciso criar um sistema que não seja
discriminatória e nem elitista.
Mas, para tal dever haver maior capacidade de diálogo entre os agentes e atores do sistema
nacional de educação moçambicana e é preciso um ajustamento de políticas educativas e que o
compromisso com a massificação tem que continuar na pauta (política), sem descurar o
investimento no ensino básico que pode possibilitar acesso epistémico.
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