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Proposta Curricular para

Educação de Jovens e Adultos


Município de Açailândia, MA

Construção no Âmbito do Programa Educação de Jovens


e Adultos Profissionalizante – EJA Pro

Secretaria Municipal de Educação de Açailândia


Fundação Vale
Associação AlfaSol
Município De Açailândia, MA
Sumário

Apresentação 5

Introdução 6

I. Bases legais 7

II. Diagnóstico da EJA 8


II. 1. Metas e estratégias no PNE e no PME 8
II.2. Escolas, gestores, professores e alunos da EJA 11

III. Fundamentação teórica e objetivos da Educação de Jovens e Adultos 14


III.1. Aspectos de uma educação progressista 14
III.2. Educação e trabalho para uma formação integral 16

IV. Organização e produção do conhecimento escolar 24


IV. 1. Identificação dos temas e subtemas 24
IV. 3. Planejamento integrado via temáticas 26

V. Organização do trabalho pedagógico 29

Anexo 30

Referências 34
Município De Açailândia, MA
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Apresentação
A Fundação Vale tem a Educação como um dos principais pilares de sua atuação social, com base na
premissa de que o ensino gratuito e de qualidade é um direito de todos os cidadãos.
O Brasil, no âmbito da Educação de Jovens e Adultos (EJA), passou nas últimas décadas por um proces-
so de amadurecimento que provocou uma transformação na compreensão sobre as questões que en-
volvem essa modalidade de ensino. Dentre elas, a defesa do direito de todos à educação ao longo da
vida e o reconhecimento da identidade de jovens e adultos como sujeitos de aprendizagem.
Nesse contexto, a Fundação Vale considera fundamental contribuir para a estruturação da Educação de
Jovens e Adultos, principalmente nos municípios localizados nas áreas próximas às operações da Vale,
possibilitando o retorno aos estudos de pessoas que, por diversas questões sociais, evadiram da escola
regular. Além disso, educar para o fortalecimento do Estado Democrático de Direito e a construção de
uma sociedade justa, equitativa e democrática fazem parte dos objetivos da Fundação.
A elaboração do currículo da Educação de Jovens e Adultos no seu município, realizada com a partici-
pação dos profissionais da educação que atuam nessa modalidade de ensino, em parceria com a Fun-
dação Vale e a AlfaSol, integra os esforços para o fortalecimento da EJA.
Esperamos que esse documento contribua para que os gestores e educadores da Educação de Jovens
e Adultos desenvolvam estratégias que levem à redução da evasão escolar e à desconstrução de este-
reótipos, valorizando os saberes e as trajetórias pessoais desses alunos.
Fundação Vale

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Município De Açailândia, MA

Introdução
Esta Proposta Curricular foi construída no âmbito do projeto Educação de Jovens e Adultos Profissionali-
zante – EJA Pro, que tem como objetivo geral apoiar a rede pública de ensino na estruturação da oferta
dessa modalidade e contribuir para a integração da Qualificação Profissional Inicial à EJA.
Todas as informações colhidas sobre a situação da EJA no município foram consideradas para a construção
da Proposta Curricular, tais como os dados relativos às metas dos Planos Nacional de Educação e Municipal
de Educação; levantamento nas escolas da EJA que temos e a EJA que queremos; levantamento dos saberes
dos professores e gestores em relação a essa modalidade; perfil socioeconômico e cultural dos alunos.
As discussões e reflexões sobre esta Proposta foram fundamentadas pelas bases legais e conceituais relativas
à educação básica e à modalidade de EJA. Estes estudos aconteceram nos encontros de formação ocorridos
ao longo do projeto envolvendo gestores, professores e equipe técnica da Secretaria Municipal de Educação.
Esse processo envolveu momentos de ação, reflexão e ação em que os educadores levaram para a es-
cola atividades relativas aos temas da Proposta a serem desenvolvidas com os alunos. O resultado des-
sas atividades foi socializado e incorporado como subsídio para definir, de forma coletiva, a Organização
do Conhecimento e do Trabalho Pedagógico desta Proposta Curricular.

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I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

I. Bases legais
A construção da Proposta Curricular para a Educação de Jovens e Adultos (EJA) de Açailândia, MA, com-
preende, inicialmente, olhar essa modalidade à luz dos avanços tanto legais quanto pedagógicos des-
de a Lei nº 9.394/96 (Lei de Diretrizes e Bases).
Por que essa lei é considerada um marco para a EJA? Por dois motivos: Primeiramente, porque a EJA
deixou de ser compreendida como suplência e passou a ser considerada modalidade da educação bá-
sica, desencadeando amplas possibilidades de organização curricular. Segundo, o art. 5º define que o
acesso à educação básica como obrigatório e direito público subjetivo, podendo qualquer cidadão,
grupo de cidadãos, associação comunitária, organização sindical, entidade de classe ou outra legal-
mente constituída e, ainda, o Ministério Público, acionar o poder público para exigi-lo (redação dada
pela Lei nº 12.796, de 2013).
Em termos legais essa mudança se concretizou na Resolução CEB nº 1/2000, que estabeleceu as Diretri-
zes Nacionais da EJA, e no Parecer nº 11 do Conselho Nacional de Educação sobre as Diretrizes Curricu-
lares Nacionais da EJA.
De acordo com esse parecer, a EJA passou a ter as seguintes funções: a) a função reparadora, que signi-
fica o direito a uma escola de qualidade. Para isso, a EJA necessita ser pensada com um modelo peda-
gógico próprio. Essa função também deve possibilitar a construção de oportunidades concretas de ga-
rantia da presença dos jovens e dos adultos na escola; b) a função equalizadora, que tem o objetivo de
reparar os efeitos da exclusão do sistema de ensino sofrido pelos trabalhadores ao longo desses anos.
Uma das alternativas é garantir mais vagas para esses novos alunos e novas alunas, demandantes de
uma nova oportunidade de equalização; c) a função que se refere à atualização de conhecimentos por
toda a vida é denominada de permanente; e, finalmente, d) a função qualificadora, aquela que faz um
apelo às instituições de ensino e pesquisa para que assumam a produção em EJA.
Procurando, ainda, reafirmar o direito das pessoas jovens e adultas à educação, a Lei nº 9.394/96 (LDB),
em seu art. 37, no § 3º define que: “A educação de jovens e adultos deverá articular-se, preferencialmen-
te, com a educação profissional, na forma do regulamento”. A Lei nº 11.741, de 16 de julho de 2008, al-
tera dispositivos da Lei no 9.394/96, para redimensionar, institucionalizar e integrar as ações da educa-
ção profissional técnica de nível médio, da educação de jovens e adultos e da educação profissional e
tecnológica. Destacamos o art. 39, que orienta que a educação profissional e tecnológica, no cumpri-
mento dos objetivos da educação nacional, se integre aos diferentes níveis e modalidades de educação
e às dimensões do trabalho, da ciência e da tecnologia.
Os avanços legais respaldaram várias experiências de construção de projetos pedagógicos próprios pa-
ra a EJA. Esta Proposta Curricular está articulada a esses princípios legais e ainda reafirma as funções re-
paradora e equalizadora dessa modalidade em relação aos direitos das pessoas jovens e adultas e está
em consonância com as metas do Plano Nacional de Educação (PNE 2014-2024) e do Plano Municipal
de Educação de Açailândia (PME 2014-2024).

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Município De Açailândia, MA

II. Diagnóstico da EJA


Para a construção do diagnóstico da EJA foram levantados os dados, tanto em relação às metas e estra-
tégias do do Plano Nacional de Educação (2014-2024) e do Plano Municipal de Educação (2014-2024)
quanto aos sujeitos envolvidos nessa modalidade, como alunos, professores e gestores (escolares e mu-
nicipais). Para os sujeitos foram analisadas as seguintes dimensões: elevação da escolaridade dos alunos
e do desenvolvimento da política pública educacional e crescimento pessoal e profissional de gestores
e professores. Foi possível observar aspectos significativos em diversos indicadores, bem como os limi-
tes e os principais entraves que um plano de ações deveria contemplar.
Inicialmente vamos conhecer o diagnóstico em relação aos Planos.

II. 1. Metas e estratégias no PNE e no PME


Em relação à Meta 81 e aos indicadores2 8A, 8B, 8C e 8D, Açailândia está abaixo da média nacional e tam-
bém em relação à meta Brasil, conforme tabela abaixo:
Tabela I – Indicadores 8A, 8B, 8C e 8D

Sul
Indicadores Brasil Nordeste Maranhão Mara- Açaílândia Meta
Brasil
nhense

8A
Escolaridade média da 9,8 anos 9,0 anos 8,7 anos 7,7 anos 8,2 anos 12 anos
população de 18 a 29 anos.

8B
Escolaridade média da
população de 18 a 29 anos 7,8 anos 7,4 anos 7,4 anos 5,8 anos 6,7 anos 12 anos
residente em área rural.

8C
Escolaridade média da
população de 18 a 29 anos 7,8 anos 7,1 anos 6,9 anos 6,1 anos 6,8 anos 12 anos
entre os 25% mais pobres.

8D
Razão entre a escolaridade
média da população 92,2% 96,7% 97,9% 87,4% 89,8% 100%
negra e da população não
negra de 18 a 29 anos.

1 Essa meta tem como objetivo elevar a escolaridade média da população a partir de dezoito anos, de modo a alcançar, no
mínimo, dez anos de estudos no último ano de vigência deste PME, para negros, populações do campo, comunidade em geral e
dos vinte e cinco por cento mais pobres, e igualar a escolaridade média com vistas à redução da desigualdade social.
2 Fonte: Estado, Região e Brasil IBGE/Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) 2013/Fonte: Município e Mesorregião
IBGE/Censo Populacional 2010.

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I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

A meta prevê que até 2023 essa população deverá ter, no mínimo, dez anos de estudos e igualar a es-
colaridade média com vistas à redução da desigualdade social.
Para atingir esse objetivo foram propostas as seguintes estratégias:
8.3. Estimular a diversificação curricular, integrando a formação à preparação para o mundo do traba-
lho, estabelecendo inter-relação entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da tecno-
logia e da cultura e cidadania, adequando à organização do tempo e do espaço pedagógico.
8.5. Apoiar os Centros Familiares de Formação por alternância na oferta de cursos de Ensino Funda-
mental com qualificação social e profissional, na perspectiva da agricultura familiar, da agropecuá-
ria, do meio ambiente e de outras áreas de interesse dos segmentos populacionais considerados.
Em relação à Meta 93, Açailândia ainda tem muitos desafios, conforme podemos observar na tabela abaixo.
Tabela II – Indicadores 9A e 9B

Sul
Indicadores Brasil Nordeste Maranhão Mara- Açaílândia Meta
Brasil
nhense

9A
Taxa de alfabetização da 91,5% 83,1% 80,2% 83,1% 82,3% 93,5%
população de 15 anos ou
mais de idade.

9B
Taxa de analfabetismo
funcional da população de 29,4% 40,8% 42,8% 37,4% 33,4% 15,3%
15 anos ou mais de idade.

Como visto na tabela II, essa Meta tem como objetivo, até 2020, alcançar 93,5% na taxa de alfabetização
da população com 15 anos ou mais e, até o final da vigência deste PME, superar o analfabetismo e redu-
zir para 15,3% a taxa de analfabetismo funcional.
Para tanto foram definidas as seguintes estratégias:
9.13. Fomentar as tecnologias educacionais e de inovação das práticas pedagógicas que assegurem a alfa-
betização, a partir de realidades diferenciadas do ponto de vista linguístico que favoreçam a melhoria
do fluxo escolar e as aprendizagens dos alunos, segundo as diversas abordagens metodológicas.
9.14. Instituir currículos adequados às especificidades dos educandos da EJA, incluindo temas que valo-
rizem os ciclos e fases da vida e promover a inserção no mundo do trabalho e da participação social.
9.18. Desenvolver e garantir políticas para os educadores e educandos da modalidade EJA, visando ao
aperfeiçoamento da prática pedagógica que possibilite a construção de novas estratégias de en-
sino e uso das tecnologias da informação.

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Município De Açailândia, MA

A Meta 10 tem como objetivo oferecer, no mínimo, 25% das matrículas de Educação de Jovens e Adul-
tos na forma integrada à Educação Profissional, no Ensino Fundamental. Em relação a essa Meta, Açai-
lândia superou o objetivo proposto, conforme tabela abaixo.
Tabela II I– Indicador 10

Sul
Indicadores Brasil Nordeste Maranhão Mara- Açaílândia Meta
Brasil
nhense

Indicador 10 – Percentual
de matrículas de educação
de jovens e adultos na 1,7% 2,9% 1,6% 0,8% 29,6% 25%
forma integrada à
educação profissional.

Mas ainda é necessário adequar os arcos profissionais à realidade local e assegurar a permanência e
continuidade dos estudos. Para atingir esses objetivos as estratégias propostas foram:
10.1. Expandir as matrículas na Educação de Jovens e Adultos, garantindo a oferta pública de Ensino Fun-
damental e Médio integrado à formação profissional, em parcerias, de modo a articular a formação
inicial e continuada de trabalhadores com a educação profissional, objetivando a elevação do nível
de escolaridade do trabalhador, assegurando condições de permanência e conclusão de estudos.
10.8. Fomentar a integração da educação de jovens e adultos com a educação profissional, compatível
com as necessidades produtivas e com os planos de desenvolvimento do Estado e do Município,
observando as características do público da EJA, considerando as especificidades das populações
itinerantes e do campo.
10.9. Estimular a diversificação curricular da EJA, articulando a formação à preparação para o mundo do
trabalho e estabelecendo inter-relação entre teoria e prática, nos eixos da ciência, do trabalho, da
tecnologia e da cultura e cidadania, de forma a organizar o tempo e o espaço pedagógico ade-
quados às características desses alunos.
10.11. Fomentar a formação continuada de docentes das redes públicas que atuam na EJA articulada à
educação profissional.
10.12. Implementar formas de reconhecimento de saberes dos jovens e dos adultos trabalhadores, a se-
rem considerados na articulação curricular dos cursos de formação inicial e continuada.

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Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

II.2. Escolas, gestores, professores e alunos da EJA


As escolas do município de Açailândia já possuíam Projeto Político Pedagógico em que a EJA estava
contemplada. As ações se direcionaram então para a atualização e melhoria do documento, de acordo
com as necessidades dessa modalidade.
Os gestores, em sua maioria, não tinham conhecimento das especificidades da EJA e, por isso, houve
certa resistência a apoiarem o desenvolvimento da modalidade.
Quanto aos professores, estes possuíam experiência na modalidade, mas havia pouco aprimoramento
da base conceitual, metodológica e teórica para atuação na EJA. Muitos pontuavam a modalidade como
“fraca”, traçando o comparativo com o “ensino regular” e não considerando suas especificidades.
Em relação aos educandos, o perfil levantado foi o seguinte: a maioria é do sexo feminino, 52%. 83% de-
finiram-se como negros e pardos e 96% são da Região Nordeste. Em relação à idade, estão concentra-
dos em duas faixas etárias: 46% até 20 anos – isso reafirma a nova configuração do público da EJA e
35%, entre 31 a 40 anos ou mais. A maioria é composta por solteiros e, em relação ao mundo do traba-
lho, se concentram em duas áreas: serviços gerais e serviços domésticos.

Sexo - Raça/Cor

65%

52%
48%

17% 18%

Masculino Feminino Branco Preto Pardo

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Município De Açailândia, MA

origem

96%

2% 1% 1% 0%

Região Região Região Região Região


Norte Nordeste Centro-Oeste Sudeste Sul

idade

46%

21%
10% 14%
9%

Até 20 20 a 25 26 a 30 31 a 40 Mais de
anos anos anos anos 40 anos

estado civil

53%

37%

1% 8%

Casado(a) Solteiro(a) Viúvo(a) Outros

12
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III. Fundamentação teórica


e objetivos da Educação
de Jovens e Adultos
Juntamente com os gestores da rede municipal de Açailândia, foi feita uma reflexão sobre os resultados
apresentados do perfil dos educandos, da sistematização de suas necessidades de vida e das diretrizes
da EJA construídas com os educadores, desde 2012.
Para uma definição sobre a concepção de currículo e de educação profissional que deverá orientar a propos-
ta curricular da EJA no município, inicialmente, foram levantados os conhecimentos dos gestores participan-
tes acerca da concepção de currículo escolar e das práticas de currículo desenvolvidas na EJA do município.
Para aprofundar essa discussão foram estudadas as várias tendências educacionais, relacionando-as
com as concepções orientadoras das experiências apresentadas pelo grupo de gestores.
Após essa discussão, foi decidido que a concepção Crítica Social dos Conteúdos, definida como uma te-
oria que busca compreender a realidade histórica e social, a fim de tornar possível o papel mediador da
educação no processo de transformação social, e a concepção Libertadora, que compreende que a
educação tem um papel primordial de transformação da sociedade, e que se inicia já nas relações so-
ciais estabelecidas em seu campo, fundamentariam a organização e produção do conhecimento esco-
lar, na perspectiva de uma educação emancipadora e de uma formação integral.

III.1. Aspectos de uma educação emancipadora


O educando jovem e também o adulto trazem necessariamente uma experiência de vida e e um apren-
dizado. No entanto, são comuns na EJA propostas de ensino em que se considera exclusivamente o re-
ferencial do conteúdo escolar a ser ensinado. Essa perspectiva quase sempre é acompanhada de uma
concepção de aprendizagem mecanicista e cumulativa, desconsiderando tanto o processo de constru-
ção do conhecimento como as histórias pessoais dos sujeitos envolvidos no processo pedagógico, uma
espécie de currículo condensado e facilitado para “estes que não souberam aprender na hora certa”.
Na EJA tem se reproduzido, em todos os seus aspectos, os programas e até as estratégias e materiais di-
dáticos utilizados na educação de crianças e adolescentes, geralmente numa concepção conteudista e
disciplinar de educação, na qual a aprendizagem supõe a acumulação e se dá por disciplinas ou maté-
rias escolares. Como se existisse, pois, um currículo “oficial” historicamente estabelecido3 e que, em par-
te, está reproduzido nos programas escolares e manifestos nos livros didáticos.
Essa imagem da educação convencional é referência para educadores e educandos que tendem a reprodu-
zi-la. A crítica a esse modelo supõe a definição de conteúdos a serem estudados articulados aos político-so-
ciais mais gerais dos jovens e adultos trabalhadores e aos interesses específicos do grupo de estudo.

3 Oficial aqui entendido como hegemônico.

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Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Por outro lado, o debate em torno das estratégias pedagógicas, de como encontrar formas criativas de
ensinar, e não do conteúdo mesmo do ensino, mostra que a discussão se limita a outro modo de ensi-
nar, mas continua com o mesmo objeto que já se ensinava.
A educação de jovens e adultos não deve ser pensada como um processo de recuperação de algo que
tenha sido perdido ou que não foi aprendido no momento adequado. Tampouco deve seguir os mes-
mos critérios e referenciais da educação de crianças e adolescentes. O adulto não volta à escola para
aprender o que deveria quando criança, a busca pela escola é para o aprendizado referente às necessi-
dades e ao seu momento atual de vida.
O papel fundamental da escolarização deve, portanto, contribuir para a formação de sujeitos que investi-
guem, que descubram, que articulem, que aprendam, em suma, que a partir de objetos conhecidos e vi-
vidos do mundo, estabeleçam uma nova relação entre eles. Para isso, cabe à escola oferecer ao estudante
o convívio constante e progressivo com os conhecimentos sistematizados que ampliem seu universo de
referência, e sua capacidade de elaborar e agir sobre o mundo. É na convivência com o conhecimento for-
mal e na prática diária de construção de seu conhecimento, por meio da confrontação de sua experiência
imediata com o saber científico, que o aluno pode desenvolver-se social e intelectualmente.
Importante ressaltar que a construção do conhecimento exige informação, mas essa construção não se sub-
mete à informação, apenas a pressupõe. Portanto não é possível pré-estabelecer qual a informação necessá-
ria. Um programa informativo define-se em função dos interesses das partes envolvidas, que incluem tanto
os aspectos objetivos – as necessidades e finalidades socialmente estabelecidas – quanto os aspectos subje-
tivos – as necessidades de cada indivíduo, não as confundindo com vontade imediata ou gosto pessoal.
Não há razão, portanto, para reproduzir, num processo de educação de jovens e adultos, a estrutura e os con-
teúdos de ensino da educação tradicional. Então, se outros conteúdos são possíveis – mesmo considerando
os referenciais históricos –, já não há porque sustentar o princípio das disciplinas. O estudo e o aprendizado
não se definem em função desta ou daquela matéria, mas dos temas estabelecidos como importantes.
Não se trata de negar as áreas de saber, mas de tomá-las como referências possíveis à medida que avan-
ça o próprio processo de estudo. Para compreender, por exemplo, as razões do desemprego, implica
conhecer e estudar economia, política, história, geografia; ler, fazer anotações, cálculos, gráficos, tabelas,
etc., implica planejar o próprio trabalho e, se o processo pedagógico considerar a intervenção como
uma dimensão intrínseca da própria formação (como se supõe que deva ser na EJA), implica planejar
ações, fazer registros e avaliações. Como se pode ver, outra é a relação que se estabelece entre os sujei-
tos e o conhecimento (BRITTO, 1997).
Paulo Freire (1997) adverte que ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para sua
produção e que quanto mais criticamente se exerça a capacidade de aprender tanto mais se constrói a “curio-
sidade epistemológica”. Não há dúvida que se propõe aqui outra concepção de educação e de educador.
Deve ficar claro que essa proposta de educação de jovens e adultos trabalhadores não é uma tentativa
de simplificar ou banalizar o ensino. Trata-se de, como ensina Paulo Freire, reconhecer objetivamente a
ideia de que educador e educando aprendem um com o outro e que, vá ficando cada vez mais claro
que, embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é formado forma-se
e forma ao ser formado.

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Município De Açailândia, MA

A solução não pode, sob o argumento de que o professor não sabe ou é isso que os alunos querem, ser
uma proposta de ensino autoritária e alienante, mas sim, como defendia Paulo Freire (1997), insistir que
ensinar “exige a presença de educadores e de educandos criadores, instigadores, inquietos, rigorosa-
mente curiosos, humildes e persistentes”. Assim, a educação possibilita que homens e mulheres este-
jam redescobrindo, por meio de diversas abordagens, óticas e dimensões, o que já sabiam, e aprenden-
do o que não conheciam.
A competência técnico-científica e o rigor do educador no desenvolvimento do seu trabalho não são
incompatíveis com a amorosidade necessária às relações educativas. A prática pedagógica implica a
aceitação do novo, a rejeição da discriminação, a reflexão crítica sobre a prática, com rigor metodológi-
co e investigativo, como também a participação no espaço escolar, com o aprofundamento da relação
escola-comunidade e a democratização da gestão.
Essa prática deve ser desenvolvida na perspectiva de que educadores e educandos atuem na realidade
em que vivem, transformando-a conforme as demandas apresentadas e tendo como referência princí-
pios éticos e humanizadores.
Assim, a educação jamais é neutra, contém uma intencionalidade, pressupõe escolhas, estejamos ou
não conscientes delas, referentes aos conteúdos, às metodologias, à avaliação, à comunicação, à convi-
vência. Dependendo das decisões, ou seja, das escolhas que fazemos, a educação pode ser conserva-
dora, contribuindo para a manutenção da organização e da dinâmica social, ou emancipadora, na qual
o conhecimento tem a função de motivar e impulsionar a ação transformadora, educador e educando
entendendo a realidade como modificável e a si mesmos capazes de modificá-la.
Quando trabalhadores jovens e adultos decidem retornar às salas de aula, precisam enfrentar obstácu-
los e preconceitos, muitas vezes presentes neles mesmos, ou na sociedade. Mesmo assim, buscam a su-
peração em função de um enorme desejo de aprender. Por isso, precisam ser acolhidos de forma que
permaneçam em sala de aula. Diante disso, o diálogo é condição para o conhecimento: planejar ações
principalmente valorizando seus conhecimentos construídos ao longo das experiências de vida, as su-
as formas de expressão cultural, suas condições emocionais e de trabalho. Além disso, as metodologias
utilizadas devem proporcionar um ensino comprometido com aprendizagens significativas, que real-
mente façam parte da vida dos educandos, levando sempre em consideração suas necessidades e seus
anseios. Para isso, é fundamental conhecer suas histórias de vida, o que desejam e não desejam, em que
mundo querem viver, o que gostariam de preservar, criar ou transformar, ou seja, ter um diagnóstico
dos saberes, das vivências e dos sonhos dos alunos.

III.2. Educação e trabalho para uma formação integral


O diagnóstico é o primeiro passo do processo ensino-aprendizagem. É o momento em que o educador
vai conhecer o grupo de educandos, a sua leitura de mundo e o conhecimento prévio sobre o contexto
em que eles vivem. A partir das próprias histórias dos educandos e junto com eles é possível promover
uma reflexão sobre um conjunto maior de relações que afetam a todos e refletir sobre questões atuais do
processo histórico e sobre a maneira como se inserem nele.
Nessa perspectiva, o fazer pedagógico requer abordar os conteúdos não com um fim em si mesmos,
mas articulados aos conhecimentos trazidos pelos educandos, suas problemáticas, desafios e potencia-

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Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

lidades, visando promover o estudo sobre a realidade, seja aquela na qual estão inseridos mais imedia-
tamente, seja a realidade social como um todo.
Assim, os conhecimentos acumulados historicamente são trabalhados de forma integrada à realidade concre-
ta e a esta realidade percebida como um todo orgânico, estruturado, no qual não se pode entender um ele-
mento, um aspecto, uma dimensão, sem que se entenda, ao mesmo tempo, a sua relação com o conjunto.
Trata-se antes de construir um projeto de educação integral que supere propostas pedagógicas restritas ao
mero treinamento de habilidades, ou absorção de conteúdos desenvolvidos de forma instrumental e frag-
mentada. Deve estar fundado na visão de seres humanos que se constituem historicamente, como produ-
tores de bens, de cultura e de conhecimento e concebem o trabalho como atividade pela qual transfor-
mam a natureza e vão se constituindo como sujeitos históricos. Um projeto que tenha como princípio edu-
cativo o trabalho, base da construção de conhecimentos historicamente acumulados, e que considere as
múltiplas dimensões dos sujeitos e a compreensão dos processos históricos. (BÁRBARA, 2001)
A proposta de educação integral pressupõe uma ação transformadora, portanto, de cooperação entre
os sujeitos e necessariamente dialógica. Para tanto, a participação dos educadores e educandos em to-
do o processo pedagógico é fundamental.
Participação é algo que se aprende, principalmente praticando, vivenciando, e ela está diretamente re-
lacionada à forma como organizamos o espaço e o tempo educacionais; ao tempo reservado para os
encontros entre os diferentes segmentos (educadores, educandos, familiares, membros da comunida-
de...) para construir, acompanhar e avaliar coletivamente a ação educativa; à preocupação com a orga-
nização de espaços favoráveis à socialização das informações e tomada de decisões coletivas; à concep-
ção de conhecimento; à forma como são selecionados os conteúdos e as metodologias de ensino-
-aprendizagem; à concepção de educador subjacente à prática – relação educador e educando; à for-
ma como se criam e são reproduzidos os valores e saberes; às práticas que são valorizadas e às vozes
que são silenciadas no cotidiano (quem fala, quem ouve, quem concebe, quem executa, quem avalia,
quem é avaliado, o que é avaliado, por que e quem é avaliado); à forma como tratamos as culturas das
diversas etnias, os grupos oprimidos (a mulher, a classe trabalhadora, os grupos indígenas, as pessoas
em situação prisional etc.), à sua própria autonomia e à do educando.
Essa fundamentação teórica está em consonância com objetivos gerais e específicos da Proposta Cur-
ricular de EJA4, que serão apresentados a seguir:
Objetivos gerais

■ Dominar instrumentos básicos da cultura letrada, que lhes permitam melhor compreender e atuar
no mundo em que vivem.
■ Ter acesso a educação básica articulada com a educação profissional, assim como a outras oportu-
nidades de desenvolvimento cultural.
■ Incorporar-se no mundo do trabalho compreendendo as suas formas de organização e participan-
do na distribuição da riqueza produzida.

4 Objetivos pautados na Educação para jovens e adultos: ensino fundamental: proposta curricular - 1º segmento / coordenação e
texto final (de) Vera Maria Masagão Ribeiro. São Paulo: Ação Educativa; Brasília: MEC, 2001.

17
Município De Açailândia, MA

Valorizar a democracia, desenvolvendo atitudes participativas.


Compreender seu papel no cuidado e na educação das crianças, no âmbito da família e da comunidade.

Conhecer e valorizar a diversidade cultural brasileira; respeitar diferenças de gênero, geração, raça/

etnia e credo, fomentando atitudes de não discriminação.


Fortalecer a confiança na sua capacidade de aprendizagem, valorizar a educação como meio de

desenvolvimento pessoal e social.


Reconhecer e valorizar os conhecimentos científicos e históricos, assim como a produção literária e

artística como patrimônios culturais da humanidade.


Exercitar sua autonomia pessoal com responsabilidade, aperfeiçoando a convivência em diferentes

espaços sociais.

Objetivos específicos das áreas do conhecimento do 1º segmento (1ª e 2ª etapa)


Linguagens

Valorizar a língua como veículo de comunicação e expressão das pessoas e dos povos.

Respeitar a variedade linguística que caracteriza a comunidade dos falantes da Língua Portuguesa.

Expressar-se oralmente com eficácia em diferentes situações, interessando-se por ampliar seus

recursos expressivos e enriquecer seu vocabulário.


Dominar o mecanismo e os recursos do sistema de representação escrita, compreendendo

suas funções.
Interessar-se pela leitura e pela escrita como fontes de informação, aprendizagem, lazer e arte.

Desenvolver estratégias de compreensão e fluência na leitura.


Buscar e selecionar textos de acordo com suas necessidades e interesses.


Expressar-se por escrito com eficiência e de forma adequada a diferentes situações comunicativas,

interessando-se pela correção ortográfica e gramatical.


Analisar características da Língua Portuguesa e marcas linguísticas de diferentes textos, interessan-

do-se por aprofundar seus conhecimentos sobre a língua.


Conhecer, fruir e analisar criticamente diferentes práticas e produções artísticas e culturais do seu

entorno social e em diferentes sociedades, em distintos tempos e espaços, respeitando as diferen-


ças de etnia, gênero, sexualidade e demais diversidades.
Compreender as diferentes relações entre as artes visuais, a dança, o teatro e a música e suas

práticas integradas, inclusive aquelas possibilitadas pelo uso das tecnologias.


Vivenciar a estética e a expressividade ressignificando os espaços da escola e fora dela por meio

das artes visuais, da dança, da música e do teatro.

18
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Matemática

Valorizar a Matemática como instrumento para interpretar informações sobre o mundo, reconhe-

cendo sua importância em nossa cultura.


Apreciar o caráter de jogo intelectual da Matemática, reconhecendo-o como estímulo à resolução

de problemas.
Reconhecer sua própria capacidade de raciocínio matemático, desenvolver o interesse e o respeito

pelos conhecimentos desenvolvidos pelos companheiros.


Comunicar-se matematicamente, identificando, interpretando e utilizando diferentes linguagens e

códigos.
Intervir em situações diversas relacionadas à vida cotidiana, aplicando noções matemáticas e

procedimentos de resolução de problemas individual e coletivamente.


Vivenciar processos de resolução de problemas que comportem a compreensão de enunciados,

proposição e execução de um plano de solução, a verificação e comunicação da solução.


Reconhecer a cooperação, a troca de ideias e o confronto entre diferentes estratégias de ação

como meios que melhoram a capacidade de resolver problemas individual e coletivamente.


Utilizar habitualmente procedimentos de cálculo mental e cálculo escrito (técnicas operatórias),

selecionando as formas mais adequadas para realizar o cálculo em função do contexto, dos
números e das operações envolvidas.
Desenvolver a capacidade de realizar estimativas e cálculos aproximados e utilizá-la na verificação

de resultados de operações numéricas.


Medir, interpretar e expressar o resultado utilizando a medida e a escala adequadas, de acordo com

a natureza e a ordem das grandezas envolvidas.


Aperfeiçoar a compreensão do espaço, identificando, representando e classificando formas

geométricas, observando seus elementos, suas propriedades e suas relações.


Coletar, apresentar e analisar dados, construindo e interpretando tabelas e gráficos.

Estudos da Sociedade e da Natureza

Problematizar fatos observados cotidianamente, interessando-se pela busca de explicações e pela


ampliação de sua visão de mundo.


Reconhecer e valorizar seu próprio saber sobre o meio natural e social, interessando-se por enri-

quecê-lo e compartilhá-lo.
Conhecer aspectos básicos da organização política do Brasil, os direitos e deveres do cidadão,

identificando formas de consolidar e aprofundar a democracia no país.


Interessar-se pelo debate de ideias e pela fundamentação de seus argumentos.

19
Município De Açailândia, MA

Buscar informações em diferentes fontes, processá-las e analisá-las criticamente.


Interessar-se pelas ciências e pelas artes como formas de conhecimento, interpretação e expressão

dos homens sobre si mesmos e sobre o mundo que os cerca.


Inserir-se ativamente em seu meio social e natural, usufruindo racional e solidariamente de seus recursos.

Valorizar a vida como bem pessoal e coletivo; desenvolver atitudes responsáveis com relação à

saúde, à sexualidade e à educação das gerações mais novas.


Reconhecer o caráter dinâmico da cultura, valorizar o patrimônio cultural de diferentes grupos

sociais, reconhecer e respeitar a diversidade étnica e cultural da sociedade brasileira.


Observar modelos de representação e orientação no espaço e no tempo, familiarizando-se com a

linguagem cartográfica.
Compreender as relações que os homens estabelecem com os demais elementos da natureza e

desenvolver atitudes positivas com relação à preservação do meio ambiente, analisando aspectos
da Geografia do Brasil.
Compreender as relações que os homens estabelecem entre si no âmbito da atividade produtiva e

o valor da tecnologia como meio de satisfazer necessidades humanas, analisando aspectos da


História do Brasil.

Objetivos específicos das áreas do conhecimento do 2º segmento (3ª e 4ª etapa)


Linguagens

Utilizar a linguagem na escuta e na produção de textos orais e na leitura e produção de textos


escritos, de modo a atender a múltiplas demandas sociais, responder a diferentes propósitos


comunicativos e expressivos e considerar as diferentes condições de produção do discurso.
Utilizar a linguagem para estruturar a experiência e explicar a realidade, operando sobre as repre-

sentações construídas em várias áreas do conhecimento.


Analisar criticamente os diferentes discursos, inclusive o próprio, desenvolvendo a capacidade de

avaliação dos textos.


Conhecer e valorizar as diferentes variedades do português, procurando combater o preconceito

linguístico.
Reconhecer e valorizar a linguagem de seu grupo social como instrumento adequado e eficiente

na comunicação cotidiana, na elaboração artística e mesmo nas interações com pessoas de outros
grupos sociais que se expressem por meio de outras variedades.
Desenvolver a possibilidade de compreender e expressar, oralmente e por escrito, opiniões,

valores, sentimentos e informações.


Entender a comunicação como troca de ideias e de valores culturais, sendo estimulado a prosse-

guir os estudos.

20
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Comparar suas experiências de vida com as de outros povos.


Identificar, no universo que o cerca, as línguas estrangeiras que cooperam nos sistemas de comuni-

cação, percebendo-se como parte integrante de um mundo plurilíngue e compreendendo o


papel hegemônico que algumas línguas desempenham em determinado momento histórico.
Reconhecer que o aprendizado de uma ou mais línguas lhe possibilita o acesso a bens culturais da

humanidade construídos em outras partes do mundo.


Adquirir consciência linguística e consciência crítica dos usos que se fazem da língua estrangeira

que está aprendendo.


Utilizar outras habilidades comunicativas de modo a poder atuar em situações diversas.

Experimentar e explorar as possibilidades de cada linguagem artística.


Compreender e utilizar a arte como linguagem, mantendo uma atitude de busca pessoal e/ou

coletiva, articulando a percepção, a imaginação, a emoção, a investigação, a sensibilidade e a


reflexão ao realizar e fruir produções artísticas.
Experimentar e conhecer materiais, instrumentos e procedimentos artísticos diversos em Arte

(artes visuais, dança, música, teatro), de modo a utilizá- los em trabalhos pessoais, identificá-los e
interpretá-los na apreciação e contextualizá-los culturalmente.
Identificar, relacionar e compreender a arte como fato histórico contextualizado nas diversas

culturas, conhecendo, respeitando e podendo observar as produções presentes no entorno, assim


como as demais do patrimônio cultural e do universo cultural e natural, identificando a existência
de diferenças nos padrões artísticos e estéticos de diferentes grupos.
Observar as relações entre a arte e a leitura da realidade, refletindo, investigando, indagando, com

interesse e curiosidade, exercitando a discussão, a sensibilidade, argumentando e apreciando arte


de modo sensível.
Identificar, relacionar e compreender os diferentes âmbitos da arte, do trabalho e da produção dos artistas.

Matemática

Identificar os conhecimentos matemáticos como meios para compreender e transformar o mundo


à sua volta.
Fazer observações sistemáticas de aspectos quantitativos e qualitativos da realidade, estabelecen-

do inter-relações entre eles, utilizando o conhecimento matemático (aritmético, geométrico,


métrico, algébrico, estatístico, combinatório, probabilístico).
Selecionar, organizar e produzir informações relevantes, para interpretá-las e avaliá-las criticamente.

Resolver situações-problema, sabendo validar estratégias e resultados, desenvolvendo formas de


raciocínio e processos, como intuição, indução, dedução, analogia e estimativa, utilizando concei-
tos e procedimentos matemáticos, bem como instrumentos tecnológicos disponíveis.

21
Município De Açailândia, MA

Comunicar-se matematicamente, ou seja, descrever, representar e apresentar resultados com


precisão e argumentar sobre suas conjecturas, fazendo uso da linguagem oral e estabelecendo
relações entre ela e diferentes representações matemáticas.
Estabelecer conexões entre temas matemáticos de diferentes campos e entre esses temas e

conhecimentos de outras áreas curriculares.


Interagir com seus pares de forma cooperativa, trabalhando coletivamente na busca de soluções

para problemas propostos, identificando aspectos consensuais ou não na discussão de um assun-


to, respeitando o modo de pensar dos colegas e aprendendo com eles.

Estudos da Sociedade e da Natureza

Compreender a ciência como um processo de produção de conhecimento e uma atividade


humana, histórica, associada a aspectos de ordem social, econômica, política e cultural.


Compreender a natureza como um todo dinâmico, e o ser humano, em sociedade, como agente

de transformações do mundo em que vive, com relação essencial com os demais seres vivos e
outros componentes do ambiente.
Identificar relações entre conhecimento científico, produção de tecnologia e condições de vida, no

mundo de hoje, sua evolução histórica, e compreender a tecnologia como meio para suprir necessi-
dades humanas, sabendo elaborar juízo sobre riscos e benefícios das práticas científico-tecnológicas.
Compreender a saúde pessoal, social e ambiental como bem individual e coletivo que deve ser

promovido pela ação de diferentes agentes.


Saber combinar leituras, observações, experimentações e registros para coleta, comparação entre

explicações, organização, comunicação e discussão de fatos e informações.


Estabelecer relações entre a vida individual e social, identificando relações sociais em seu próprio

grupo de convívio, na localidade, na região e no país, relacionando-as com outras manifestações,


em outros tempos e espaços.
Situar acontecimentos e localizá-los em uma multiplicidade de tempos.

Reconhecer que o conhecimento histórico é parte do conhecimento interdisciplinar.


Compreender que as histórias individuais são partes integrantes de histórias coletivas.


Questionar sua realidade, identificando problemas e possíveis soluções, conhecendo formas


político-institucionais e organizações da sociedade civil que permitam atuar sobre a realidade.


Valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade social.

Valorizar o direito de cidadania dos indivíduos, dos grupos e povos, como condição para fortalecer

a democracia, respeitando-se as diferenças e lutando contra as desigualdades.


Construir um conjunto de conhecimentos referentes a conceitos, procedimentos e atitudes, que

permita aos jovens e adultos conhecerem o mundo atual em sua diversidade, favorecendo a
compreensão de como as paisagens, os lugares e os territórios se constroem.
22
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Compreender que cidadania também é o sentimento de pertencer a uma realidade na qual as


relações entre a sociedade e a natureza formam um todo integrado do qual todos são membros
participantes, afetivamente ligados, e pelo qual são responsáveis e historicamente comprometidos
com valores humanísticos.
Construir referenciais que possibilitem uma participação propositiva e reativa nas questões socio-

ambientais que acontecem na localidade e em espaços mais distantes.


Conhecer o funcionamento da natureza em suas múltiplas relações, de modo a compreender o

papel das sociedades na construção do território, da paisagem e do lugar.


Compreender que as melhorias das condições de vida, os direitos políticos, os avanços tecnológi-

cos e as transformações socioculturais são conquistas ainda não usufruídas por todos os seres
humanos e, dentro de suas possibilidades, empenhar-se em democratizá-las.
Compreender a importância das diferentes linguagens (gravuras, músicas, literatura, dados estatís-

ticos, documentos de diferentes fontes) na leitura da paisagem, tornando-se capaz de interpretar,


analisar e relacionar diversas informações sobre o espaço.
Utilizar a linguagem gráfica para obter informações e representar a espacialidade dos fenômenos

geográficos.
Valorizar o patrimônio sociocultural e ambiental, respeitando a sociodiversidade e reconhecendo tais

patrimônios como direitos dos povos e indivíduos e elementos de fortalecimento da democracia.

23
Município De Açailândia, MA

IV. Organização e produção


do conhecimento escolar
IV. 1. Identificação dos temas e subtemas
A nova organização do conhecimento escolar se iniciou com a identificação de temáticas e a elabora-
ção da rede de subtemas, incluindo a articulação dos conteúdos propedêuticos com os conteúdos da
educação profissional, de forma integrada.
Para a identificação das temáticas foram realizadas as seguintes ações:
a) Sistematização do perfil dos alunos e análise com os educadores dos aspectos
socioeconômico e cultural.
b) Levantamento, por sala de aula, construído coletivamente, das necessidades de vida
dos educandos da EJA.
c) Sistematização, com os educadores, das necessidades de vida dos alunos, articulando-as
com os dados do perfil.
d) Identificação, com os educadores, das temáticas relativas às informações coletadas pelas ações
anteriores.
e) Construção de categorias e elaboração das redes temáticas, que dariam origem à construção da
proposta curricular.

As temáticas definidas foram:

Temática: Educação e Trabalho


Educação: base de tudo / Trabalho: vida digna
Conhecimento (Informação e Tecnologia)
Leitura de mundo e futuro
Oportunidades de trabalho (ter uma boa profissão)

Temática: Saúde e Qualidade de Vida


Saúde da criança e do adulto (cuidados com a saúde, envelhecer com saúde)
Alimentação saudável e a importância do sono
Roupas adequadas (vestuário)
Beleza
Esporte, Lazer, Viagens

Temática: Família
Conceito de família (diferentes organizações familiares)
A importância da família para a educação dos filhos
24
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Religião > problematizar > história das religiões e outras expressões culturais
Consumo: diferentes conceitos

Temática: Políticas Públicas


Política e Ética
Educação de qualidade (estudo, formação específica para o campo, escolas novas)
Segurança (segurança para o cidadão, policiamento)
Terra, reforma agrária
Política econômica (mercado de trabalho)
Meio ambiente e sustentabilidade
Moradia digna

Cabe ressaltar que os subtemas serão trabalhados de acordo com as situações significativas vivencia-
das no momento pelos educandos.
Abaixo segue um exercício de planejamento sobre a temática Educação e Trabalho, elaborado por profes-
sores, gestores e técnicos, fruto do processo formativo desencadeado pelo Programa EJA Pro em 2015.

Temática: Educação e Trabalho

Situações Questões Conhecimentos/


Subtemas Objetivos Gerais
Significativas Geradoras Conteúdos

• Necessidade de • Falta uma educação • Educação como • Estimular os alunos a • Trabalho, sociedade e
trabalhar para de qualidade por meio de transforma- valorizarem o cidadania.
sobreviver. parte do estado? ção social. conhecimento. • A função da escola.
• Perda de oportunidade • Quais são as • Leitura de mundo, • Reconhecer o • Mundo globalizado.
por falta de qualifica- desigualdades da realidade. trabalho como
ção. sociais, econômicas e princípio educativo. • Mercado de trabalho.
• Educação como
• Domínio de atividade raciais? processo de • Ampliar as oportuni- • Processo de
prática. Deficiência na • Há desigualdade na desenvolvimento dades de acesso e industrialização em
escrita. Educação em relação integral. permanência na sala Açailândia.
• Retorno à sala de aula à cidade e ao campo? • Trabalho profissional de aula. • A história da
em busca de • Quais motivos no campo. • Manter o homem no agricultura e avanços
conhecimento e certifi- levaram à escolha da campo, com nas técnicas de
• Escoamento da produção.
cação. profissão? Quais produção do qualidade de vida.
• Importação de predominam na campo. • Compreender a • Políticas Públicas para
trabalhadores em cidade? E na classe? realidade do Educação.
Motivos de pre- • Mercado de trabalho
Açailândia. em Açailândia. mercado de trabalho • História de vida.
dominância? em Açailândia.
• Migração do homem • Outras formas de • Direitos do trabalho,
do campo para a • Quais outras • Identificar o perfil
possibilidades de produção em CLT.
cidade. Açailândia. profissional dos
trabalho na cidade? alunos. • Constituição Federal.
• Produção agrícola • Políticas públicas de
rudimentar sem um • Voltar a estudar só • Levantar as necessi- • Pesquisas: estatística,
para ter uma educação em gráficos, textos
retorno satisfatório. Açailândia. dades de trabalho,
oportunidade de além de empregos, informativos.
• Falta de orientação trabalho? • Futuro.
técnica para os em Açailândia. • Leitura e interpreta-
agricultores. • Conhecer as políticas ção textual.
públicas em relação à • Produção textual.
educação.

25
Município De Açailândia, MA

IV. 2. Construção do planejamento integrado


Algumas premissas devem ser consideradas na realização do planejamento:
■ A partir de situações significativas vividas pelos educandos, é possível a compreensão da realidade
pelas diversas áreas do conhecimento, viabilizando uma leitura mais ampla e mais crítica dessa
realidade.
■ Os conhecimentos (conteúdos) vinculados às áreas de conhecimento precisam estar em relação
com a temática, subtemas e questões geradoras.
■ Os objetivos específicos das áreas do conhecimento, tratados no item III.2, precisam refletir a
participação dos alunos no processo pedagógico e sua atuação mais autônoma no mundo em
que vivem.
■ Os conhecimentos específicos da educação profissional precisam estar integrados aos temas
abordados e aos conteúdos das áreas de conhecimento.
■ O planejamento deve ser realizado coletivamente e de forma interdisciplinar.
■ O planejamento não é fixo, devendo estar sempre em construção, já que as situações significativas
vivenciadas pelos alunos serão sempre distintas para cada grupo, em cada bimestre e ano letivo,
mesmo se for a mesma temática e, eventualmente, forem os mesmos subtemas.
O percurso proposto para o planejamento será exemplificado a partir da temática Educação e Trabalho.
Para a construção do planejamento, o primeiro momento compreende uma escuta ativa das situações
significativas vividas pelos educandos. É essencial proporcionar uma escuta acolhedora por meio
de atividades que estimulem os alunos a trazerem suas experiências pessoais. A partir de suas histórias
de vida, será possível levantar situações significativas do contexto, aquelas vivenciadas fortemente pelo
grupo a ponto de influenciarem o seu cotidiano. No caso da temática Educação e Trabalho, uma situa-
ção significativa poderia ser: O retorno à sala de aula em busca de conhecimento e certificação.
Deve-se observar não só as necessidades desse contexto, mas também suas potencialidades, sob
aspectos variados – político, econômico, cultural, ambiental, entre outros.
Da análise das histórias de vida, da inter-relação dos relatos dos educandos, de informações e das
impressões coletadas, propõe-se identificar, com a turma, as situações mais significativas vividas por
eles, incluindo a dimensão pessoal (como as pessoas lidam e percebem as as situações que vivem) e a
dimensão social (como as situações se evidenciam na localidade). É necessária a permanente relação
entre a parte e o todo social, entre as estruturas macrossociais nacionais e internacionais.
Para a elaboração do planejamento, faz-se necessário problematizar as situações significativas, explici-
tando e dimensionando os subtemas propostos. É preciso evidenciar uma rede de relações que
expressam questões para uma compreensão mais aprofundada e abrangente dessas situações.
Essas questões geradoras dão continuidade à problematização, elas geram os conteúdos que serão
trabalhados para analisar e compreender a realidade implícita na temática e as situações significativas
vividas pelos educandos. No caso da Educação e Trabalho, uma das questões geradoras apontada foi:
Voltar a estudar só para ter uma oportunidade de trabalho?

26
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

A partir dessa questão geradora, explicitando o porquê dos múltiplos aspectos que envolvem a
temática Educação e Trabalho, os subtemas a serem desenvolvidos foram:
■ Educação como meio de transformação social.
■ Educação como processo de desenvolvimento integral.
A problematização das situações significativas, a identificação das questões geradoras e subtemas
poderão acontecer em cada turma ou na escola como um todo. A partir da visão de cada área do conhe-
cimento, busca-se responder às questões geradoras. Cada área do conhecimento vai questionar por que,
para que e como seu componente poderá contribuir para responder à(s) questão(ões) colocada(s).
Desvelando os níveis de compreensão que os educandos têm das situações que vivem no cotidiano e
inserindo-as em totalidades mais abrangentes, o grupo compreenderá melhor sua própria realidade. É
dentro dessa relação, realidade local e contexto universal que se buscam, dentre os conhecimentos
historicamente construídos e sistematizados, os que servem para responder às questões postas
pela realidade, e, compreendendo-a melhor, os educandos terão maiores condições de intervenção.
Os objetivos gerais serão desenvolvidos a partir da finalidade ou do propósito que se espera ao debater
e estudar tais questões sobre o tema. É importante que fique bastante claro aonde se deseja chegar ao
final desse processo de trabalho e eleger, dentre os objetivos específicos de aprendizagem, aqueles a
serem desenvolvidos na turma no período.
Para trabalhar os conhecimentos em relação às questões geradoras, subtemas e objetivos gerais e
específicos, serão planejadas atividades de aprendizagem de forma interdisciplinar. Os conteú-
dos devem ser pesquisados em diferentes fontes, tais como livros, internet, jornais, revistas, entre
outros. Coletar dados, sistematizá-los e analisá-los permitirá uma visão abrangente da realidade.
Algumas sugestões: registros sistematizados que representem a história local (expressos através de
cartazes, folhetins, notícias em jornais, diários etc.); vídeos, fotografias, desenhos, peças de teatro, de
marionetes, lendas conhecidas pelos educandos e pela comunidade, bem como a compreensão que
delas eles fazem; descrição de um dia de trabalho, histórias de vida, depoimentos de histórias de
moradores da região, entrevistas, questionários, coleta de dados na vizinhança; conhecer a prática
pedagógica que os educandos trazem consigo, pedindo que relatem como foram aprendendo; textos
para leitura e reflexão; filmes que desencadeiem discussões; murais, varais; utilização de gráficos e
tabelas; leitura de textos literários.
O registro das informações, impressões e análises poderá ser feito em diferentes suportes: álbuns de
fotografias, livros de recortes, vídeos, registros de gráficos, depoimentos, síntese de discussões etc.
Registros resultantes da ação pedagógica.
A construção do planejamento, em cada temática, implica, portanto, na relação entre as situações
significativas, os subtemas, as questões geradoras, o para quê? (objetivos gerais e específicos) e o
como (atividades de aprendizagem). Ou seja, cada área do conhecimento vai apontar como e com
quais conhecimentos/conteúdos estará compondo, interdisciplinarmente, com as outras áreas, no
sentido de responder às questões geradoras e desenvolver os subtemas e os objetivos.
Desta forma, todo o quadro do planejamento estará interligado (segue exemplo), e é imprescindível que
esteja, já que por meio dele será possível desenvolver todo o trabalho com os educandos em sala de aula.

27
Planejamento Integrado

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Situações Questões Objetivos de Atividades de Aprendizagem
Significativas Geradoras Objetivos Gerais Conteúdos Aprendizagem
da Turma e Subtemas
Retorno à sala de aula em Voltar a estudar só para Estimular os alunos a Educação como Intervir em situações Registro das histórias de vida dos
busca de conhecimento e ter uma oportunidade valorizarem o conheci- direito. diversas relacionadas à educandos.
certificação. de trabalho? mento. Globalização. vida cotidiana, aplicando Depoimentos sobre a prática pedagógica
• Educação como meio Reconhecer o trabalho noções matemáticas e que os educandos trazem, pedindo que
Novas formas de procedimentos de
de transformação como princípio organização do relatem como foram aprendendo.
social. educativo. resolução de problemas
trabalho. individual e coletivamente. Problematização das situações relatadas
• Educação como Reconhecer a importân- pelos educandos e levantamento de
Município De Açailândia, MA

processo de desen- cia da permanência na Utilizar habitualmente questões a serem estudadas.


volvimento integral. sala de aula. procedimentos de cálculo
mental e cálculo escrito Leitura de textos para reflexão sobre as
(técnicas operatórias), questões.
selecionando as formas Exibição de filmes que desencadeiem
mais adequadas para discussões sobre os conceitos de
realizá-lo cálculo, em educação e trabalho.
função do contexto, dos
números e das operações Investigação sobre a história da
envolvidas. educação e das formas de organização
do trabalho.
Expressar-se em diferen-
tes situações por meio da Mapeamento da região e levantamento
oralidade e da escrita. das potencialidades locais.
Desenvolver estratégias Utilização de gráficos e tabelas sobre os
de compreensão e dados pesquisados.
fluência na leitura. Análise dos dados sobre a distinção
Buscar e selecionar textos entre trabalho e emprego.
de acordo com suas Reflexão sobre o trabalho como
necessidades e interesses. princípio educativo.
Observar modelos de
representação e orienta-
ção no espaço e no
tempo, familiarizando-se
com a linguagem
cartográfica.
Buscar informações em
diferentes fontes,
processá-las e analisá-las
criticamente.
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

V. Organização do trabalho
pedagógico
Proposta de organização
Como base para o currículo, estão as quatro temáticas construídas coletivamente junto aos professo-
res, gestores, técnicos e alunos da Educação de Jovens e Adultos do município de Açailândia:
■ Educação e Trabalho
■ Saúde e Qualidade de Vida
■ Família
■ Políticas Públicas

A dinâmica de trabalho escolar será organizada a partir das temáticas trabalhadas durante os quatro
anos do ensino fundamental da Educação de Jovens e Adultos, perfazendo o ciclo completo do
Ensino Fundamental.
Proposta de trabalho:
■ Uma temática por bimestre
■ Quatro temáticas por ano
■ Situações significativas específicas para cada bimestre e ano de trabalho
■ Subtemas e questões geradoras definidos de acordo com as necessidades de cada turma, também
em cada bimestre e ano de trabalho
■ A presente organização do trabalho pedagógico nas escolas aplica-se tanto para professores de
primeiro segmento quanto para aqueles de segundo segmento.
■ Para o segundo segmento, a organização será por área de conhecimento: Linguagens, Matemática,
Ciências Sociais e da Natureza
■ A organização do tempo para atuação dos professores em sala de aula nas escolas terá seu dese-
nho e aprovação no conselho municipal, no ano letivo de 2016, devendo complementar a presen-
te proposta

29
Município De Açailândia, MA

Anexo
Regimento das escolas municipais de Açailândia

SUBSEÇÃO II
ENSINO FUNDAMENTAL
Art.26. O Ensino Fundamental está estruturado com duração de 09 (nove) anos na forma regular e, na
modalidade de Jovens e Adultos, com duração de 04 (quatro) anos.

SEÇÃO V
DAS MODALIDADES DE ENSINO
SUBSEÇÃO I
EDUCAÇÃO DE JOVENS E ADULTOS - EJA
Art. 44. A LDBEN nº 9.394/96 prevê que a Educação de Jovens e Adultos se destina àqueles que não
tiveram acesso ou não deram continuidade aos estudos no Ensino Fundamental e deve ser oferecida
gratuitamente, considerando as características, interesses, condições de vida e trabalho do cidadão.
Art. 45. As Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de Jovens e Adultos, resolução CNE / CEB
nº 1/2000, definem a Educação de Jovens e Adultos – EJA como modalidade da Educação Básica e
como direito do cidadão, afastando-se da ideia de compensação e suprimento e assumindo a de
reparação, equidade e qualificação, representando conquista e avanço.
Parágrafo único. A Educação de Jovens e Adultos, articulada com o Ensino Fundamental e integrada à
Educação Profissional deve acontecer atendendo à legislação específica em vigor desta modalidade
de ensino.
Art. 46. A Educação de Jovens e Adultos, no âmbito das escolas que compõem o Sistema Municipal
de Ensino, abrangerá:
I – Compreendendo as séries iniciais:
a) 1ª etapa – 1ª e 2ª série
b) 2ª etapa – 3ª e 4ª série
II – Compreendendo as séries finais:
a) 3ª etapa – 5ª e 6ª série
b) 4ª etapa – 7ª e 8ª série

30
I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

DAS FUNÇÕES
Art. 47. De acordo com o Parecer nº 11/2000 do Conselho Nacional de Educação sobre as Diretrizes
Curriculares Nacionais da EJA, essa modalidade de ensino deve desempenhar três funções:
I - função reparadora: corresponde ao reconhecimento da igualdade ontológica de todo e qualquer
ser humano de ter acesso a um bem real, social e simbolicamente importante. Para tanto, é
indispensável um modelo educacional que crie situações pedagógicas satisfatórias para atender às
necessidades de aprendizagem específicas de alunos jovens e adultos;
II - função equalizadora: relaciona-se à igualdade de oportunidades, que possibilite oferecer aos
indivíduos novas inserções no mundo do trabalho, na vida social, nos espaços da estética e nos
canais de participação. É uma possibilidade de efetivar um caminho de desenvolvimento a todas
as pessoas de todas as idades, permitindo a atualização dos conhecimentos, desenvolvimento de
habilidades, trocas de experiências e acesso a novas formas de trabalho e cultura;
III - função qualificadora: refere-se à educação permanente, tendo em vista a busca de uma sociedade
educada para a solidariedade, a igualdade e a diversidade.
Art. 48. Nas Diretrizes da EJA devem ser considerados o perfil dos alunos e sua faixa etária ao propor
um modelo pedagógico, de modo a assegurar:
I - equidade: corresponde à distribuição específica dos componentes curriculares, a fim de propiciar
um patamar igualitário de formação e restabelecer a igualdade de direitos e de oportunidades em
face do direito à educação;
II - diferença: identificação e reconhecimento da alteridade própria e inseparável dos jovens e de
adultos em seu processo formativo, da valorização do mérito de cada um e do desenvolvimento
de seus conhecimentos e valores.
DA MATRÍCULA
Art. 49. A matrícula nas turmas de Educação de Jovens e Adultos poderá ser feita, independentemen-
te da escolarização anterior, mediante avaliação que defina o grau de desenvolvimento e a experiên-
cia do educando, permitindo, assim, sua inscrição no segmento.
Art. 50. Na classificação do candidato considerar-se-ão o elemento idade e o desenvolvimento dos
objetivos de aprendizagem da Proposta Curricular para Educação de Jovens e Adultos – Município
de Açailândia, MA, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação de
Jovens e Adultos.
Art. 51. A idade mínima para ingresso dos alunos no Ensino Fundamental na modalidade Jovens e
Adultos é de 15 anos completos.
Parágrafo único - Fica vedada nas turmas de Educação de Jovens e Adultos a matrícula de crianças e adoles-
centes da faixa etária compreendida na escolaridade obrigatória, de 06 (seis) a 14 (quatorze) anos completos.
DA FREQUÊNCIA
Art. 52. O aluno da EJA deve ter frequência mínima de 75% do total de horas letivas para a sua aprova-
ção, apurada sobre o total da carga horária do período letivo.

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Município De Açailândia, MA

DA CARGA HORÁRIA
Art. 53. O currículo da EJA consta do documento Proposta Curricular para Educação de Jovens e
Adultos – Município de Açailândia, MA, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais para
a Educação de Jovens e Adultos.
A carga horária deverá corresponder, no mínimo, a 800 (oitocentas) horas de atividades, distribuídas
em, no mínimo, 200 (duzentos) dias letivos por ano.
§1º Para os anos iniciais do Ensino Fundamental, a duração deve ficar a critério do sistema de ensino.
§2º Para os anos finais do Ensino Fundamental, a duração mínima será de 1.600 horas.
Sugere-se que, para os alunos (sem alteração da atual carga horária e atribuição das aulas para o
professor), o horário seja organizado por áreas do conhecimento e não seja dividido por disciplinas,
sendo realizado o trabalho interdisciplinar por meio das temáticas da Proposta Curricular para Educa-
ção de Jovens e Adultos – Município de Açailândia, MA.
Sendo assim, a distribuição e organização das aulas no 1º e 2º segmentos se darão conforme o planeja-
mento das propostas de trabalho da turma em relação às temáticas, garantindo o desenvolvimento dos
objetivos gerais e dos objetivos específicos das áreas do conhecimento, definidos em cada planejamento.

Sugestão de organização por Áreas do Conhecimento para EJA 2º SEGMENTO

ÁREAS DO CONHECIMENTO CARGA HORÁRIA SEMANAL


Linguagens 6 horas-aula
Português: 4
Artes: 1
L. Inglesa: 1
Matemática 4 horas

Ciências Humanas e da Natureza 10 horas-aula


História: 3
Geografia: 3
Ciências: 3
E. R. ou Filosofia: 1
20 horas-aula de 45 m.

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I
Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Sugestão de Horário para EJA 2º SEGMENTO (poderá variar o dia da semana)

T 45’ T SEGUNDA TERÇA QUARTA QUINTA SEXTA


1º 3 horas-relógio Linguagens Matemática Ciências Linguagens Ciências
2º Humanas e e Ciências Humanas e
da Natureza Humanas e da Natureza

da Natureza

DA AVALIAÇÃO
Art. 54. A prática avaliativa da Educação de Jovens e Adultos deve ser pautada no desenvolvimento
dos objetivos gerais e dos objetivos de aprendizagem da Proposta Curricular para Educação de Jovens
e Adultos – Município de Açailândia, MA, em consonância com as Diretrizes Curriculares Nacionais
para a Educação de Jovens e Adultos.

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Município De Açailândia, MA

Referências
IBGE – INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. Síntese de indicadores sociais 2005. Rio
de Janeiro: 2006.
BRITTO, L. P. L. A sombra do caos: ensino de língua x tradição gramatical. Campinas: Mercado de Letras /
ALB, Campinas, 1997.
FREIRE, P. Pedagogia da autonomia. São Paulo: Cortez, 1997.
BARBARA, M. M. Educação integral: uma proposta em construção para além do mercado de trabalho.
http://portal.mec.gov.br/secretaria-de-educacao-continuada-alfabetizacao-diversidade-e-inclusao/
apresentacao
http://portal.mec.gov.br/component/content/article/194-secretarias-112877938/secad-educacao-
-continuada-223369541/13533-proposta-curricular

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Proposta Curricular Para Educação De Jovens E Adultos

Anotações

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