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UNIP - UNIVERSIDADE PAULISTA

INSTITUTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS E COMUNICAÇÃO – ICSC


CIÊNCIAS ECONÔMICAS

RENAN SOUZA

O NÍVEL DE SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A


MACROECONOMIA BRASILEIRA

SÃO PAULO – SP
2022
RENAN SOUZA

O NÍVEL DE SPREAD BANCÁRIO NO BRASIL E SUA RELAÇÃO COM A


MACROECONOMIA BRASILEIRA

Trabalho de conclusão de curso apresentado


como um dos requisitos para aprovação na
disciplina de Projeto de monografia do curso de
Ciências Econômicas da Universidade Paulista
– UNIP, sob orientação da profª Drª Camila
Ugino.

SÃO PAULO – SP

2022
RESUMO

Uma das grandes questões que envolvem o setor bancário da atualidade, quando
pensamos em sua relação com o crescimento econômico de um país
(principalmente em desenvolvimento), é como o spread é definido, ou quais
influências ele recebe para ser fixado, já que é através dos bancos que a
intermediação financeira apoia o fomento de crédito que ajuda diretamente não só
no aquecimento da economia como um todo, através de investimentos diversos,
mas também na manutenção de importantes políticas monetárias dentro da
macroeconomia. O presente estudo possui como objetivo geral analisar o spread,
sua decomposição e relações de causalidade para manutenção elevada buscando
elencar fatores macroeconômicos, relacionando o histórico econômico do país com
o desenvolvimento bancário e compreendendo assim as possíveis causas do porquê
o Brasil possui um dos maiores spreads bancários do mundo afetando
negativamente nossa economia como um todo. Para tanto, como metodologia sera
utilizada a pesquisa bibliográfica baseada na literatura sobre o tema. O spread
bancário brasileiro é um dos mais altos de todo o mundo, mesmo ao ser comparado
com spreads de países emergentes, semelhantes ao Brasil. Pode ser citado como
um dos fatores que levam a isso a inadimplência. Nota-se que países emergentes
como o Brasil possuem spreads maiores que em países desenvolvidos, o que se
deve aos fatores macroeconômicos como as crises político-econômicas e a
dificuldade de retomada do crescimento e desenvolvimento econômico, o que afeta
o risco de crédito fazendo com que haja aumento nas taxas de empréstimos.

Palavras-chave: spread; fatores macroecômicos; economia.


ABSTRACT

One of the major issues surrounding the banking sector today, when we think about
its relationship with the economic growth of a country (mainly in development), is how
the spread is defined, or what influences it receives to be fixed, since it is through of
banks that financial intermediation supports the promotion of credit that directly helps
not only in heating up the economy as a whole, through various investments, but also
in maintaining important monetary policies within the macroeconomy. The present
study has the general objective of analyzing the spread, its decomposition and
causality relationships for high maintenance, seeking to list macroeconomic factors,
relating the country's economic history with banking development and thus
understanding the possible causes of why Brazil has one of the highest spreads
banks in the world negatively affecting our economy as a whole. For that, as a
methodology, bibliographic research based on the literature on the subject will be
used. The Brazilian banking spread is one of the highest in the world, even when
compared to spreads in emerging countries, similar to Brazil. It can be cited as one of
the factors that lead to this default. It is noted that emerging countries such as Brazil
have higher spreads than in developed countries, which is due to macroeconomic
factors such as political-economic crises and the difficulty of resuming economic
growth and development, which affects credit risk, causing there is an increase in
borrowing rates.

Keywords: spread; macroeconomic factors; economy.


SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO.................................................................................................................................6
2 SPREAD BANCARIO.....................................................................................................................7
2.1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.........................................................................................7
2.2 DETERMINANTES DO SPREAD BANCÁRIO.......................................................................10
2.3 ESTUDOS SOBRE SPREAD BRASILEIRO...........................................................................17
3 A RELAÇÃO DOS BANCOS COM A ECONOMIA..................................................................24
3.1 DEPÓSITOS COMPULSÓRIOS...............................................................................................24
3.2 REDESCONTO...........................................................................................................................27
3.3 CRÉDITO.....................................................................................................................................28
3.4 RELAÇÃO PIB/CRÉDITO..........................................................................................................29
4 A ECONOMIA BRASILEIRA NOS ANOS 1990 E 2000..........................................................31
4.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO A PARTIR DA DÉCADA DE 90......31
4.2 CENÁRIO DO MERCADO BANCÁRIO A PARTIR DA DÉCADA DE 90............................33
5 NIVEL DE SPREAD NO MUNDO................................................................................................37
5.1 NÍVEIS DE SPREAD BRASILEIRO.........................................................................................37
5.2 SPREAD MUNDIAL....................................................................................................................38
5.3 SOLUÇÕES PROPOSTAS.......................................................................................................41
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.........................................................................................................43
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS..............................................................................................44
1 INTRODUÇÃO

Uma das grandes questões que envolvem o setor bancário da atualidade,


quando pensamos em sua relação com o crescimento econômico de um país
(principalmente em desenvolvimento), é como o spread é definido, ou quais
influências ele recebe para ser fixado, já que é através dos bancos que a
intermediação financeira apoia o fomento de crédito que ajuda diretamente não só
no aquecimento da economia como um todo, através de investimentos diversos,
mas também na manutenção de importantes políticas monetárias dentro da
macroeconomia.
O Spread Bancário é composto por receitas e custos, estabelecendo uma
relação entre taxas de captação e aplicação dos recursos, considerando ainda
despesas que possam afetar o resultado da operação de forma direta.
No Brasil o spread bancário se dá por aspectos macroeconômicos, tendo
estudos de modelos matemáticos que tratam da relação com os também aspectos
microeconômicos. Os spreads constituem-se em transferência de lucros, quanto
maior o spread maior sera a margem de lucro e a transferência de renda intersetorial
e com isso menor a eficiência da intermediação financeira em um determinado país,
maiores são os lucros dos bancos em comparação ao lucro de outros setores da
economia.
O presente estudo possui como objetivo geral analisar o spread, sua
decomposição e relações de causalidade para manutenção elevada buscando
elencar fatores macroeconômicos, relacionando o histórico econômico do país com
o desenvolvimento bancário e compreendendo assim as possíveis causas do porquê
o Brasil possui um dos maiores spreads bancários do mundo afetando
negativamente nossa economia como um todo. Para tanto, como metodologia sera
utilizada a pesquisa bibliográfica baseada na literatura sobre o tema.
2 SPREAD BANCARIO

O sistema financeiro nacional tem um importante papel no desenvolvimento e


crescimento econômico, buscando trazer maior liquidez, alternativas de operações e
instrumentos financeiros, além de oferecer vantagens como alocação eficiente dos
recursos, mitigação de riscos e de perdas, gestão de risco e conciliações de prazos
dos participantes do mercado.
Neste sentido, o presente capítulo aborda o Sistema Financeiro Nacional, o
spread bancário em seus elementos e estudos sobre spread brasileiro.

2.1 SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL

Quando se trata do estudo das finanças, pode-se dividi-los em quatro áreas


básicas: finanças corporativas, investimentos, instituições financeiras e finanças
internacionais. Neste estudo, de acordo com a temática abordada, serão
apresentados os conceitos atinentes as instituições financeiras. (GALVÃO, 2008).
De acordo com Gropelli (2002, p. 239), o primeiro deles se refere ao mercado
financeiro. O objetivo do mercado financeiro é intercambiar operações monetárias
entre investidores e tomadores de recursos, englobando as transações como “as
obrigações emitidas por agentes deficitários ou por intermediários financeiros que
busquem canalizar recursos para eles”. Além disso, “consiste em conjunto de
instituições e instrumentos destinados a oferecer alternativas de aplicação e
captação de recursos financeiros” (ANDREZO, 2007, p. 01).
Dentro do conceito do mercado financeiro encontra-se o Sistema Financeiro
que pode ser compreendido como um conjunto de instituições e operações que
norteiam os recursos monetários e seu fluxo, que ocorre entre os agentes
econômicos. Trata-se de um mercado de emprestadores e tomadores de
empréstimos, com a transferência de recurso entre estes agentes (MELLAGI,
ISHIKAWA, 2003).
Quando se trata do sistema financeiro brasileiro, conta-se com o Sistema
Financeiro Nacional instituído pela Lei da Reforma Bancária em 1964 e pela Lei de
Mercado de Capitais em 1965, momento em que foram criados o Conselho
Monetário Nacional (CMN) e o Banco Central do Brasil (BACEN).
O Sistema Financeiro Nacional engloba instrumentos, mecanismos, órgãos e
instituições voltados ao investimento de setores que possuem recursos financeiros
superavitários e sua transferência destes recursos a deficitários, além disso,
prestam-se serviços de cobrança de títulos, arrecadação de tributos, ordens de
pagamento, entre outros (TAMER, 1991).
Pela Lei 4.595/1964 foi instituído o Conselho Monetário Nacional (CMN),
sendo ele o órgão responsável por expedir diretrizes gerais para o correto
funcionamento do Sistema Financeiro Nacional. Dentre as funções do CMN estão a
regulamentação do valor interno e externo da moeda, orientação a captação e
aplicação dos recursos das instituições financeiras, zelar pela liquidez e solvência
das instituições financeiras, entre outros (BRASIL, 1964).
Pela mesma lei, foi criado o Banco Central do Brasil (Bacen), tendo como
principal função executar as ordens do CMN e garantir o poder de compra da moeda
nacional, zelando pela liquidez da economia, promovendo o permanente
aperfeiçoamento do sistema financeiro nacional (BRASIL, 1964).
As instituições financeiras ou bancos múltiplos são relacionados ao Bacen,
podem ser públicos ou privados e realizam operações de crédito por meio de uma
das seguintes carteiras de negócios: arrendamento mercantil e de crédito, comercial,
financiamento e investimento, crédito imobiliário, investimento e desenvolvimento.
Para uma instituição financeira ser configurada como um banco múltiplo, a mesma
deve contar com pelo menos duas das carteiras acima citadas, devendo uma delas
ser, obrigatoriamente, de investimento ou comercial (BACEN, 2017).
Ainda conforme o Bacen (2017), além dos bancos múltiplos, fazem parte do
sistema financeiro, sendo, também, atrelados ao Bacen, os bancos comerciais que
tem como objetivo proporcionar ao comércio, à indústria, as empresas prestadoras
de serviços, as pessoas físicas e terceiros em geral os recursos necessários para o
seu financiamento.
A Intermediação Financeira refere-se as atividades realizadas pelas
instituições financeiras e que se relacionam agentes econômicos superavitários e
deficitários, em que as instituições tomam emprestado capital sobrando e
emprestam as instituições que estão passando por necessidades. Trata-se de uma
relação de oferta e demanda de capital, realizada pelo intermediador que é a
instituição financeira.
Agentes econômicos podem ser pessoas físicas, jurídicas e governos, nesse
contexto instituições superavitárias são aquelas que possuem fluxo de caixa positivo
e deficitárias são aquelas que possuem fluxo de caixa negativo (ASSAF NETO,
2018).
As instituições financeiras podem ser credoras ou devedoras de crédito,
atuando em operações ativas e passivas, tendo a função de contribuir para que se
tenha a expansão do nível de investimento e oferta de bens e serviços,
consequentemente contribuem com o crescimento econômico.
A transferência de capital entre os agentes superavitários e deficitários pelos
intermediários financeiros proporciona a geração de riqueza nacional. A relação de
transferência de capital pode ser vista na Figura a seguir:

Figura 1: Operações De Intermediação Financeira

Fonte: Assaf Neto (2018)

Existe a intermediação financeira denominada de desintermediação em que a


instituição financeira possui participação indireta no que se refere aos agentes
econômicos, este tipo de intermediação ocorre em operações de longo prazo,
conforme Assaf Neto (2018).
Os agentes econômicos superavitários e deficitários poderiam de forma direta
relacionar-se, entre tanto, precisam de instituições mediadoras para o oferecimento
de ferramentas para a mensuração de remuneração e ainda de cálculos de risco, de
modo a mitigar os riscos sobre o capital investido.
O risco de crédito que os bancos tem frente aos clientes que tomam os
empréstimos faz com que haja aumento na taxa de juros sobre o valor emprestado,
criando assim uma diferença entre as taxas do spread bancário.
O Spread bancário neste contexto, refere-se a diferença da taxa de captação
de recursos pela taxa de aplicação, sendo utilizado como indicador de eficiência do
custo de intermediação financeira, conforme cita Junior et. al. (2018).
O spread bancário pode ser calculado em sua forma bruta e líquida.
 Spread bancário Bruto: diferença da taxa de captação pela taxa de aplicação
de recursos
 Spread bancário líquido: cálculo do Spread Bruto menos as tributações,
inadimplência e despesas operacionais.
Silva e Pirtouscheg (2015) evidenciaram a participação de fatores micro e
macroeconômicos na composição do spread bancário brasileiro. Os fatores
macroeconômicos para serem utilizados na composição do spread bancário devem
considerar o contexto econômico do país e do mercado financeiro como um todo.
Pereira (2018) cita que spreads bancários elevados são capazes de
promover o crescimento econômico do país e com isso afetar a capacidade de
investimento e de consumo nacional.

2.2 DETERMINANTES DO SPREAD BANCÁRIO

Os spreads são a diferença entre os juros dos empréstimos concedidos pelos


bancos e os juros pagos por estes na captação de recursos. Pela intermediação, em
termos contábeis, não se tem a geração de valor, se tem apenas a transferência do
valor captado pelos lucros do setor produtivo. Quando a taxa média de lucro
financeiro for menor que a taxa média das atividades produtivas se tem uma
contribuição sustentável do sistema financeiro ao crescimento econômico.
Para a análise do spread bancário podem ser utilizadas diversas abordagens,
variando de acordo com a origem das informações, a abrangência da amostra dos
bancos e a definição das taxas de intermediação financeira. Na variável orgiem
podem ser classificadas em ex-ante ou ex-post, no caso da ex-ante considera-se as
taxas de juros estabelecidas pelos bancos antes de a intermediação bancária
efetivamente ocorrer e na spread ex-post se tem como base os resultados contábeis
das instituições financeiras, por meio da análise de margens de intermediação. No
caso do Brasil a metodologia mais adequada é a ex-post pois nela se tem dados
mais consistentes.
Na análise ex-ante ou nominal, calcula-se a variação da taxa de juros no
momento da captação de recursos (𝑟𝐷) e a taxa de juros nominal que será cobrada
dos tomadores de empréstimos (𝑟𝐿), divulgadas pelos bancos centrais a partir das
informações de operações bancárias, incorporando uma lógica expectacional na
análise (SILVA, 2015).
A abordagem ex-post está centrada na análise contábil de instituições
bancárias, baseando-se no resultado efetivo entre as receitas de intermediação
financeira e de custos de captação para um determinado período (DANTAS, 2011).
A redução do spread ex-post pode ocorrer pela diminuição de receita
relacionada ao aumento da inadimplência, não significando que se teve
necessariamente uma melhoria.
As abordagens ex-ante e ex-post apresentam diferenças no que se refere ao
grau de importância dos componentes e a metodologia de decomposição pois no
spread ex-ante os aprimoramentos metodológicos do BCB resultam em aumento da
importância da inadimplência e diminuição para a margem líquida e no caso do
spread ex-post, as adaptações metodológicas incorporam elementos de despesa e
receita que implicam numa medida maior de spread bancário, podendo resultar em
maior resíduo do banco, conforme destaca Leal (2006).
Em uma economia estável é importante que se tenham operações de oferta e
demanda de crédito, permitindo a ocorrência de condições necessárias de
crescimento em diversos setores e viabilizando os processos de investimentos, além
disso, atuam no PIB, balança de pagamentos e na demanda agregada.
A inadimplência gera instabilidade no sistema de concessões de crédito, a
taxa real de juros mais volátil decorre da falta de confiança do mercado na
economia nacional, reduz a margem de lucro dos bancos e estabelece spreads a
níveis cada vez maiores em virtude das elevações no risco de se realizar transações
no sistema financeiro.
Cita Tiryaki et al. (2017) que em situações de grande inadimplência se faz
necessária a intervenção governamental, suavizando os juros e os spreads
bancários, pois afetam negativamente as liberações de crédito e ainda as
expectativas de investidores dos mercados internacionais no que se refere à
economia nacional.
No âmbito da economia nacional as taxas de juros e sua influência no
mercado de títulos e no spread bancário são objeto de discussões, pois estas
desempenham inumeros papéis na economia, dentre eles, de acordo com Nakano
(2002) podem ser citados:
 Redução nos níveis de demanda para que se possa ter controle
inflacionário;
 Aplicação do limite para a desvalorização do câmbio evitando assim a
inflação de custo;
 Motivação de novos investidores do mercado externo a investirem em
ativos do Brasil e assim favorecer a balança de pagamentos do país;
 Interesse de investidores internos e externos pela aquisição de títulos
que financiem a dívida pública brasileira;
 Controle do déficit comercial através das manipulações na demanda
interna nacional.
 Manutenção da taxa de inflação em uma meta pré-estabelecida.

A inadimplência refere-se ao descumprimento de uma obrigação de caráter


financeiro, tal como ocorre com o não pagamento de um bem, serviço ou contrato
até o seu prazo de vencimento. A inadimplência é um dos componentes utilizados
pelo sistema bancário nacional para a determinação do spread praticado pelas
instituições bancárias, sendo proporcional uma elevação na taxa média de
inadimplência e a elevação no spread e uma redução indica a redução no spread.
No que se refere ao endividamento dos agentes econômicos estes podem ser
classificados em três grupos:
 Hedge: agentes que conseguem quitar seus débitos graças ao fluxo de
caixa de seus projetos de investimento;
 Especulativos: conseguem quitar suas obrigações ao realizarem a
rolagem de suas dívidas, dessa forma saldam os juros de suas dívidas
mas necessitam de novos empréstimos para saldarem o principal;
 Ponzi: não possuem rendimentos suficientes para saldarem os juros de
suas dívidas e nem o principal, conforme Tiryaki, Gavazza, Andrade e
Mota (2017).

Quando se tem predomínio de Hedge a economia se encontra


financeiramente robusta e quando há predomínio dos tipos Especulativo ou Ponzi a
economia fica fragilizada, pois ocorre a elevação dos níveis de insolvência
(TIRYAKI, GAVAZZA, ANDRADE; MOTA, 2017).
Observa-se que as expectativas dos agentes econômicos sobre a situação
econômica e sua exposição ao risco alteram o nível de inadimplência. Quando há
otimismo nas expectativas há um comportamento mais arriscado e o pessimismo
reduz a atividade de crédito.
Em uma abordagem pós-keynesiana a inadimplência acompanha os ciclos
econômicos de forma que o aumentos na renda tende a elevar a inadimplência, já
em uma abordagem novo-keynesiana a inadimplência seria um reflexo da situação
econômica, elevando-se durante momentos de crise e recessões e se retraindo em
momentos que se tenha a expansão econômica., conforme Tiryaki, Gavazza,
Andrade e Mota (2017).
A inadimplência é uma variável relevante para definição do spread bancário,
havendo uma relação de causalidade entre eles, porém não é o único componente
na determinação final do mesmo.
O Sistema Especial de liquidação e custódia- Selic existe desde 1979 tendo
sido criada pelo Banco Central e pela Associação Nacional das Instituições do
Mercado Aberto tendo como objetivo “operar com títulos públicos de emissão do
BACEN e do Tesouro Nacional” (ASSAF NETO, 2003 p. 107).
O Selic atua na liquidação e controle financeiro das operações de compra e
venda de títulos públicos além de manutenção da custódia escritural e física. Refere-
se a taxa de juro por dia útil oriunda das negociações que envolvem títulos públicos
(FORTUNA, 2008).
A taxa Selic refere-se a taxa básica de juros da economia do Brasil. Por suas
características é considerada como sendo uma taxa livre de risco da economia,
sendo basilar para a formação dos juros presente no mercado brasileiro (ASSAF
NETO, 2003).
De acordo com o Banco Central (2014) a taxa Selic refere-se a “taxa média
ajustada dos financiamentos diários apurados no Sistema Especial de Liquidação e
de Custódia (Selic) para títulos federais”.
A taxa Selic é determinada em reuniões periódicas do Copom e para o seu
cálculo são levados em consideração os “financiamentos diários relativos às
operações registradas e liquidadas no próprio Selic e em sistemas operados por
câmaras ou prestadores de serviços de compensação e de liquidação” (BANCO
CENTRAL, 2014).
A alteração da taxa Selic possui efeitos macroeconômicos, podendo ser
destacados o impacto sobre o consumo, dívida pública e o crédito. Quando se tem a
elevação na taxa de juros se tem menor consumo e investimento, aumento na dívida
pública em virtude do maior prêmio de risco pelos títulos públicos, aumento nas
taxas de juros cobradas pelos bancos comerciais. Dessa forma, impactam em
mudanças na magnitude do spread cobrado pelos bancos (PIMENTEL, 2018).
Uma das influências observadas pela Selic sobre os spreads são as Letras
Financeiras do Tesouro que possuem rentabilidade vinculada à Selic. Quando a taxa
Selic estiver em alta as Letras Financeiras do Tesouro terão sua rentabilidade
ampliada. Nas elevações na taxa básica de juros se tem o estimulo por parte dos
bancos na elevação dos prêmios de risco pelas operações de crédito, conforme
Pimentel (2018).
A taxa Selic possui impacto significante sobre as variações sofridas pelo
spread, uma vez que a taxa básica de juros tem papel balizador das demais taxas
de juros praticadas na economia do Brasil.
Os depósitos compulsórios ou recolhimentos compulsórios são ferramentas
que o BCB possui na manutenção da estabilidade financeira e controle inflacionário
do Brasil. No que se refere a dinâmica do spread bancário os efeito dos depósitos
compulsórios quanto maior as taxas de depósitos compulsórios cobradas maior é o
spread. Os bancos possuem a obrigatoriedade de depositar parte dos depósitos das
categorias à vista, a prazo, recursos de depósitos e garantias e depósitos de
poupança junto ao BCB (VAQUEIRO, 2012).
Nota-se que há uma relação positiva esperada entre depósitos compulsórios
ou recolhimentos compulsórios e o spread. Os depósitos compulsórios possuem
grande impacto no que se refere a diferença entre a taxa de captação paga pelos
bancos comerciais e a taxa de empréstimo cobrado (VAQUEIRO, 2012).
De acordo com o Art. 16 do: CTN Art. 16 “Imposto é o tributo cuja obrigação
tem por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte” (BRASIL, 1966).
No entendimento de Fabretti (2009) imposto é aquele instituído em lei, devido
independente da atividade do contribuinte, .não vinculado a nenhuma prestação da
administração púublica ao Ssujeito Passivo.
Os Impostos podem ser de competência privativa da União ou dos Estados ou
dos Municípios ou do Distrito Federal, conforme Art. 153 àa 156 da CF/88. Os
impostos de competência de cada um dos entes serão demonstrados no Quadro 1:

Quadro 1: Competência Tributária


União Art. 153:
I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou valores
mobiliários;
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar
Art. 154. A União poderá instituir:
I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo anterior, desde
que sejam não-cumulativos e não tenham fato gerador ou base de cálculo
próprios dos discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordinários,
compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais serão suprimidos,
gradativamente, cessadas as causas de sua criação.
Estados e DF Art. 155:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de
serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que
as operações e as prestações se iniciem no exterior
III - propriedade de veículos automotores
Municípios Art. 156:
I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de bens imóveis,
por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre imóveis, exceto os de
garantia, bem como cessão de direitos a sua aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II, definidos
em lei complementar
Fonte: Constituição Federal de 1988, adaptado pelo autor, 2022

O Quadro 1 trata da competência tributária de cada um dos entes federativos


conforme a Constituição Federal, conforme Oliveira (2003) o imposto é uma
obrigação que só pode ser exigido da sociedade pelos entes atribuídos pela
Constituição Federal, como União, Estados, Municípios e Distrito Federal e visa ao
financiamento das despesas de interesse geral, a cargo desses entes.
As operações de crédito que são realizadas pelas instituições bancárias
possuem impactos tributários no momento da concessão do crédito, durante a
operação do crédito e na percepção de inadimplência por parte dos tomadores
(BACCHMI, 2017)
Na concessão de crédito, financiamentos e empréstimos incide IOF, um
tributo extrafiscal que sofre oscilação dependendo do posicionamento econômico do
governo, buscando com isso desacelerar a tomada de crédito com a elevação do
tributo ou uma redução desta taxa quando se quer a elevação na busca por este tipo
de crédito (BACCHMI, 2017).
Nas operações de crédito incide o IRPJ e CSLL sobre o lucro líquido e o
PIS/COFINS sobre a receita dos bancos. Há ainda a Provisão para Devedores
Duvidosos que visa o controle nas contas a receber, gerando um impacto fiscal para
os bancos por serem registradas como débitos, por gerar despesa e redução no
resultado contábil.
O pagamento de tributos nas operações de crédito gera um custo aos bancos,
elevando as tarifas cobradas a eles na concessão de crédito aos seus clientes,
aumentando a diferença entre as tarifas cobradas pelos empréstimos realizados e os
juros pagos pela captação de recursos, ou seja, aumentando o spread. Entretanto,
dentre todos os componentes do spread os impostos não são tão impactantes
quanto a outros determinantes.
As despesas administrativas são componentes do spread bancário no Brasil.
As despesas administrativas são caracterizadas como sendo os custos incorridos
pelas instituições bancárias na realização de operações de créditos. As despesas
administrativas são os gastos rotineiros e recorrentes que incidem sobre as
instituições bancárias, para que possam operar e oferecer seus serviços, tais como
despesas como os gastos com pessoal, serviços terceirizados, gastos com pessoal,
marketing, entre outros.
Tratam-se as despesas de um custo operacional e que afetam a definição do
spread pelos bancos, porém não são as variações mais significativas no spread.
Configuram-se como sendo mais um custo que compõe as operações de captação e
concessão de crédito (BATISTA, 2020).
Os custos não podem ser compreendidos como sendo os principais fatores
que influenciam a determinação do spread, pois referem-se a componentes variáveis
de acordo com os bancos, podendo sofrer variação de reduzir ou elevar seus custos
operacionais a depender dos interesses da instituição bancária.
A margem líquida identifica a rentabilidade dos bancos com base em
empréstimos, financiamentos e rendimento de títulos, para seu cálculo pode ser
utilizada a seguinte fórmula: ML = Lucro Líquido / Resultado Bruto das
Intermediações Financeiras (BATISTA, 2020).
A margem líquida dos bancos é um dos componentes mais importantes
dentro da composição do spread, mostrando a capacidade que um banco possui de
gerar lucros, auferindo se as receitas obtidas superam seus custos ao ponto de ser
rentável. Se tem a diferença entre quanto os bancos recebem de juros por
concederem empréstimos e o quanto pagam aos agentes por captarem recursos.
A margem líquida afeta de forma positiva os níveis de spread, com uma maior
lucratividade dos bancos e aumento nos níveis de spread por outro lado, a
diminuição na margem líquida diminuiria os níveis de spread.

2.3 ESTUDOS SOBRE SPREAD BRASILEIRO

Souza (2007) dividiu o comportamento do spread em três etapas, sendo


que a primeira refere-se ao indicador ao longo do tempo, a segunda a uma
abordagem estrutural que visa estimar os componentes do indicador, como
tributos, custos administrativos e o não pagamento e ainda a terceira quando se
tem as determinantres fundamentadas na pesquisa dos impactos quantitativos
sobre as margens financeiras via alterações em variáveis distintas.
Afanasieff, Lhager e Nakane (2001) baseado em Ho e Saunders (1981)
utilizaram um modelo econométrico de dois estágios, a fim de obter os
determinantes fundamentais do spread bancário brasileiro e consequentemente
identificar quais fatores micro ou macroeconômicos possuem maior influência no
indicador. Identificaram os autores que a taxa Selic, a taxa de inflação e a
atividade econômica possuem influência relevante na determinação do indicador,
havendo relevância das variáveis macroeconômicas sobre as microeconômicas.
Em alteração deste estudo no ano de 2002 Afanasieff, Lhager e Nakane
obtiveram outros resultados, com a utilização de variáveis distintas, tais como
prêmio de risco e impostos indiretos.
Silva, Oreiro e Paula (2007) utilizando dados de séries temporais em um
modelo de Vetores Autorregressivos identificaram que a taxa de juros e inflação
são os principais fatores que determinam a composição do indicador no país. Os
autores consideraram apenas as circunstâncias macroeconômicas, em total
detrimento das microeconômicas.
Alencar, Leite e Ferreira (2007) analisaram a volatilidade do câmbio
levando em consideração fatores institucionais e macroeconômicos e investigaram
a relação entre variáveis macroeconômicos e o spread bancário, entre os anos de
1999 e 2005. Observaram os autores a relevância estatística da volatilidade do
câmbio e dos juros com impactos positivos dessa forma comprovando a presença
importante dos fatores de risco na determinação do spread bancário.
Bignotto e Rodrigues (2005) objetivaram identificar o impacto de fatores de
risco e custo da intermediação de crédito na diferença entre as taxas de
captação e empréstimo de 87 instituições brasileiras no período de 2001 e 2004.
Foram apontadas como variáveis testadas e confirmadas estatisticamente
relevantes: risco de crédito, custos administrativos, tarifas ligadas a prestação de
serviços, risco de juros, Selic e taxa de recolhimento obrigatória, liquidez, tamanho
do banco, market-share e inflação.
Oliveira e Carvalho (2007) objetivaram em uma concepção pós- keynesiana
expor que os juros altos afetam os custos de intermediação por meio da análise da
influência da taxa de juros de referência da economia sobre a margem das
instituições financeiras. De acordo com os autores elevadas taxas básicas de juros
na economia acarretam em um elevado prêmio de risco demandado pelas
instituições financeiras para a realização de outras operações de crédito.
O Banco Central do Brasil- BCB no Relatório de Economia Bancária de
2018 trata o spread bancário como sendo derivado da decomposição do custo de
crédito. De acordo com o relatório são os principais indicadores de definição do
spread a inadimplência, despesas administrativas, tributos e FGC e margem
financeira.

Ainda, no referido relatório o BCB tratou da relação entre concentração,


concorrência e custo de crédito no mercado nacional, identificando que spreads
bancários para empresas estão mais ligados à concorrência do que com
concentração bancária em si, por outro lado, a elevação somente deste indicador
não é suficiente para reduzir o spread de forma relevante.
Silva, Ribeiro e Modenesi (2016) analisaram o impacto de variáveis
macroeconômicas na determinação do spread bancário. No seu estudo analisaram
135 bancos que operaram no mercado brasileiro entre 2003 a 2011. O modelo
adotado pelos autores foi de variável dependente, sendo explicada por meio de três
vetores: Market share do banco, específicas de bancos e macroeconômicas e ainda
uma variável dependente defasada.
Os autores apontam ainda um conjunto das variáveis idiossincráticas e ainda
as hipóteses para explicação do modelo, conforme segue:
Market Share: Ativos Totais: participação de mercado de cada instituição
bancária, relacionando o total de seus ativos e o total de ativos do sistema. Na
hipótese acreditam os autores que haja uma relação positiva entre a participação de
mercado e a margem líquida de juros.
Market Share 2: Operações de Crédito: participação de ativos de crédito das
instituições bancárias em relação ao total de operações de crédito do mercado. Na
hipótese acreditam os autores que se tenha a participação de todos os bancos no
mercado de crédito e que esta participação esta relacionada de forma positiva com o
spread.
Eficiência: relação entre as receitas de intermediação financeira e de serviços
e as despesas administrativas. Os autores apontam a hipótese de que há uma
relação ambígua do spread com o indicador de eficiência.
Risco de Crédito: as instituições bancárias tem maior chance de possuirem
contratos de crédito não honrados e ainda cobram taxas de juros maiores sobre os
empréstimos. Assim na hipotése dos autores há uma relação positiva do spread e o
nível do risco de crédito.
Custo de captação: relação entre os custos de captação da instituição
financeira (capital de terceitos) e o spread.
Índice de Basiléia: mede a variação na carteira de ativos de crédito de um
banco frente a taxa de juros e ainda a necessidade de capital do banco. Assim na
hipotése dos autores quanto maior a necessidade de capital maior o spread.
Liquidez: relação entre os ativos totais de intermediação financeira e os
depósitos totais. Assim na hipotése dos autores há uma relação negativa entre a
liquidez e o spread bancário.
Ainda, citam os autores às variáveis macroeconômicas expectacionais, sendo
descritas na sequência:
Taxa Selic: de acordo com a hipótese dos autores o spread bancário está
positivamente relacionado com o nível da taxa Selic.
Inflação: de acordo com a hipótese dos autores o Índice de Preços ao
Consumidor Amplo que mede a taxa de inflação e reduz o rendimento real de
contratos fixados nominalmente, possui uma relação positiva com o spread.
PIB: nos momentos de expansão econômica e elevação do PIB se tem um
aumento na demanda por crédito seguido de uma maior remuneração esperada
pelos bancos e quando há estagnação econômica existe um risco maior dos
tomadores de crédito não honrarem seus compromissos. Dessa forma, de acordo
com os autores a hipótese da correlação do PIB com o spread é inconclusiva.
Expectativa de inflação: as decisões dos agentes econômicos são tomadas
levando em consideração as expectativas sobre o comportamento futuro dos níveis
de inflação. De acordo com a hipótese dos autores, da mesma forma que na
inflação, há uma relação positiva da expectativa de inflação com o spread bancário.
Juros futuros: de acordo com a hipótese dos autores quanto maior for o
prêmio de liquidez maior será o spread bancário.
Capitalização bolsa: relação entre o valor de mercado das empresas listadas
na BOVESPA e o PIB. De acordo com a hipótese dos autores a variável
capitalização da bolsa é positivamente relacionada ao nível de spread.
Volatilidade da taxa de câmbio: as captações dos bancos ocorre no exterior,
elevando o risco cambial. De acordo com a hipótese dos autores o risco cambial é
relacionado positivamente com o spread bancário (SILVA; RIBEIRO; MODENESI,
2016).
Silva, Ribeiro e Modenesi (2016), por fim, identificaram que quanto maior a
carteira dos bancos maior é a tendências das instituições cobrarem menores
spreads, IPCA é uma variável importante na determinação do spread e e com ele
possui relação positiva, elevação na taxa básica de juros amplia o spread cobrado
pelos bancos, quanto maior for o risco de câmbio ao qual as firmas bancárias estão
expostas maiores serão os spreads cobradas para compensar perdas futuras e
ainda expectativas positivas sobre o comportamento da bolsa tendem a elevar o
spread. Sendo assim, as variáveis macroeconômicas são relevantes para a
discussão da determinação do spread bancário nacional.
Dantas, Medeiros e Capelletto (2012) em estudo realizaram buscaram
identificar as variáveis determinantes do spread bancário no Brasil. Para tanto
utilizaram uma perspectiva ex post, ou seja, seus efeitos após a realização das
operações de crédito.
Dantas, Medeiros e Capelletto (2012) trazem a distinção entre análise ex ante
e ex post, sendo o que a determina a origem da informação. A análise ex ante
refere-se as informações medidas a partir das decisões de precificação das taxas
de captação de empréstimos pelos bancos e já a ex post refere-se as informações
efetivamente geradas nas operações de crédito e os custos de captação
empregados.
Os autores utilizam-se de 3 formas de abordagem para a análise do spread,
sendo elas:
 Evolução: avalia a medida ao longo do tempo;
 Estrutura: estima os componentes do spread bancário;
 Determinantes: analisa os efeitos quantitativos sobre o spread
advindos de outras variáveis. Sendo esta a abordagem adotada por
Dantas, Medeiros e Capelletto (2012).

Os autores em seu estudo formularam 9 hipóteses, positivas e negativas,


todos em um perspectiva ex post, conforme segue:

Quadro 2: Hipótese de relação de spread com os seus fatores


Relação Elemento
Positiva Nível De Risco De Crédito Da Carteira De Cada Instituição Financeira;
Nível De Concentração Do Mercado De Crédito Do Sistema Financeiro
Nacional;
Taxa Básica De Juros Da Economia, A Selic;
Nível De Crescimento Da Economia, Representado Pela Variação Do
Produto Interno Bruto (PIB);
Risco De Mercado, Representado Pela Volatilidade Do Mercado De
Capitais;

Negativa Participação De Cada Instituição Financeira No Mercado De Crédito;


Proporção Das Despesas Administrativas Da Instituição Financeira Que É
Coberta Pelas Receitas De Serviços
Fonte: Dantas, Medeiros e Capelletto (2012).

Além disso, os autores citam outras duas hipóteses: bancos sob controle de
capital nacional registram maior spread bancário ex post que as instituições
estrangeiras e ainda bancos sob controle de capital estatal registram menor spread
bancário ex post que bancos privados.
Os autores utilizaram o seguinte modelo:
Após a aplicação do modelo dos autores Dantas; Medeiros e Capelletto
(2012) identificaram que as variáveis risco de crédito da carteira do banco,
participação relativa da instituição no setor bancário, nível de concentração do setor
bancário e nível de crescimento da economia apresentaram resultados significativos.
Dessa forma, no que se refere as hipóteses chegaram as seguintes conclusões:

 O risco de inadimplência tem peso importante na composição do spread


bancário;
 Bancos com maior carteira de crédito tendem a cobrar um spread menor;
 A Relação entre receitas e despesas de cada instituição não apresentou
resultado estatisticamente significante na amostra;
 Não houve a demonstração de diferença entre bancos de capital nacional e
aqueles de capital estrangeiro; ainda, não há evidências de que os bancos
com capital estatal registram spread menor do que os bancos de capital
privado
 Mudanças na Selic não tem impacto tão imediato sobre o spread ex post
como ocorre no caso do spread ex ante;
 A relação entre o PIB e o spread encontrado foi de sinal positivo;
 A Volatilidade trimestral móvel do retorno contínuo do Ibovespa não foi
estatisticamente relevante no spread.
Dantas, Medeiros e Capelletto (2012) concluiram por fim que a medida ex
ante se relaciona de maneira mais direta com variáveis de efeito imediato e que
spread ex post demonstra reflexo de variáveis mais estáveis.
3 A RELAÇÃO DOS BANCOS COM A ECONOMIA

O sistema bancário é de grande importância no que se refere ao crescimento


econômico, não sendo os bancos apenas intermediadoras financeiras, fornecendo
crédito e alimentando o crescimento e ainda no descenso do ciclo econômico
aumentando preferência pela liquidez e redução do volume de crédito, conforme a
abordagem pós-keynesiana. Neste sentido, este capítulo abordara instrumentos
utilizados pelos bancos tais como: depósitos compulsórios, redesconto, crédito e
Relação PIB/crédito.

3.1 DEPÓSITOS COMPULSÓRIOS

Os depósitos compulsórios referem-se a recolhimentos obrigatórios de


recursos realizados pela instituições financeiras junto ao Banco Central do Brasil,
sendo condierados como instrumentos de política monetária e de preservação da
estabilidade financeira (BCB, 2016).
Dente os efeitos dos depósitos compulsórios nas condições monetárias,
podem ser citados: influencia no multiplicador monetário, ampliando ou reduzindo o
volume de recursos que os bancos podem transformar em crédito para a economia;
levantamento da demanda previsível por reservas bancárias, a fim de facilitar a
fixação da taxa de juros
Os percentuais de recolhimento do depósito compulsório são definidos pelo
Banco Central visando a preservação da estabilidade e a solidez do Sistema
Financeiro do Brasil e com isso permite o crescimento do crédito.
No ano de 2021 os recolhimentos compulsórios atingiram o valor aproximado
de R$452 bilhões em julho de 2021, sendo que a maior participação pe de recursos
a prazo no valor de R$217 bilhões, encaixe de poupança no valor de $153 bilhões e
os Recursos à Vista no valor de R$ 82 bilhões.
No Gráfico é possível observar a evolução da participação das principais
modalidades de compulsório.
Gráfico 1: Recolhimento Compulsório em Espécie por Modalidade

Fonte: BCB, 2016

O percentual a ser recolhido é apurado pelo saldo da base durante o intervalo


de tempo denominado de período de cálculo. Já o recolhimento ocorre no período
de movimentação. Para o cálculo podem ser utilizados dois diferentes métodos, são
eles o contemporâneo e o defasado. No método contemporâneo os períodos de
movimentação e o de cálculo se sobrepõem e no método defasado o período de
movimentação somente se inicia após o período de cálculo, sendo que por este
método se tem maior eficiência ao poder identificar a necessidade diária de
reservas, conforme Carvalho et al. (2000).
O Banco Central do Brasil utiliza o o método defasado, e os bancos cumprem
o recolhimento compulsório através da média obtida das posições diárias de
depósito no decorrer do período de movimentação, havendo um valor mínimo do
exigível de compulsório diariamente, conforme Carvalho et al. (2000).
O Banco Central do Brasil divide as instituições financeiras em Grupo A e
Grupo B, sendo que cada um destes grupos grupo possui cinco dias úteis como
período de cálculo, mais cinco dias úteis como período de movimentação. Desta
forma, busca-se facilitar a fluidez do sistema financeiro, conforme Ribeiro e Barbosa
(2005). Na Figura a seguir se tem a representação da alternância entre o período de
movimentação e o período de cálculo entre os dois grupos de bancos.

Figura 2: Alternância entre o período de movimentação e o período de cálculo

Fonte: Ribeiro e Barbosa (2005, p 3).

Como pode ser observado na Figura o grupo A inicia o período de cálculo na


primeira segunda- feira, enquanto o Grupo B inicia na primeira terça seu período de
movimentação. Os percentuais a serem recolhidos variam de acordo com o
instrumento de captação utilizado pelos bancos. Importa destacar que o não
cumprimentos dos saldos médios pelos bancos podem ser objeto de penalidades
legais além da incidência de custos financeiros.
3.2 REDESCONTO

O redesconto refere-se a operação de concessão de empréstimos pelo Banco


Central para bancos e instituições financeiras que estão em déficit econômico para a
manutenção de suas operações, sendo uma ferramenta de política monetária
utilizada para regular o nível de moeda circulante na economia nacional.
O redesconto também chamado de empréstimo de liquidez afeta a base
monetária e a oferta de moeda, impactando sobre o volume de empréstimos que o
BCB concede aos bancos. Estabelece-se a seguinte relação: a elevação de
empréstimos de desconto aumenta a base monetária e a queda nos empréstimos de
desconto resulta na redução da base monetária e da oferta por moeda, conforme
Hillbrecht (1999).
O BCB atua no volume de empréstimos de desconto de duas formas:
alterando o preço dos empréstimos ou afetando a quantidade de empréstimos
concedidos. Quando se tem a alteração na taxa redesconto no sentido de elevação
reduz-se o volume de empréstimos que os bancos buscam junto ao BCB, havendo
com isso uma contração na base monetária e na oferta por moeda. O aumento na
taxa de redesconto pode levar a elevação em outras taxas de juros de curto prazo,
uma vez que os bancos teriam que buscar recursos oriundos de outras fontes que
não o BCB. Por outro lado, com a diminuição na taxa os bancos buscariam mais
empréstimos junto ao ao BCB e com isso teria uma expansão da base monetária e
na oferta por moeda, conforme Hillbrecht (1999).
No que se refere a concessão de empréstimos, existem 3 tipos, são eles a
assistência de liquidez que tem por objetivo a solução de problemas relacionados
com a liquidez dos bancos de curto prazo; o crédito sazonal que auxilia a bancos
com problemas de créditos temporários e o crédito ampliado que concede créditos a
bancos que tenham passado por uma saída abrupta de depósitos, de acordo com
Mishkin (2000).
A principal vantagem do redesconto é auxiliar nos problemas de liquidez dos
bancos, por outro lado são citados como desvantagens o fato dos bancos terem
conhecimento de que há possibilidade de empréstimo por parte do BCB e por isso
decidam tomar mais atitudes de risco, aumentando a chance de perdas, além disso
o BCB não tem controle direto sobre o total do volume de recursos envolvidos,
conforme Hillbrecht (1999).
3.3 CRÉDITO

O Sistema Financeiro Nacional desenvolve operações de crédito, que


referem-se as operações de financiamentos e empréstimos que são concedidos
pelas instituições financeiras que integram o sistema.
De acordo com o Plano Contábil das Instituições do Sistema Financeiro-
COSIF as operações de crédito podem ser classificadas em:

 Empréstimos: operações sem um destino específico da aplicação dos seus


recursos;
 Títulos descontados: operações de desconto dos títulos financeiro;
 Financiamentos: operações com um destino especificado que requerem a
comprovação da aplicação dos seus recursos.

Além das operações citadas no COSIF existem diversas sub- modalidades,


de operações de crédito de recursos livres e de recursos direcionados, oriundas de
um cenário econômico de estabilidade econômica e com o mercado de crédito em
expansão no Brasil.
Na sub- modalidade de operações de crédito com recursos livres podem ser
citados os empréstimos em que as taxas de juros são negociadas livremente entre
as instituições financeiras e os tomadores. Dentro desta modalidade podem ser
citados: cheque especial, Hot Money, Crédito pessoal consignado, Crédito pessoal
não consignado, Aquisição de veículos, Aquisição de outros bens e Cartão de
credito, estes aplicados no caso da pessoa física. No caso da pessoa jurídica podem
ser citados o Desconto de duplicatas, Capital de giro, Conta garantida, Cheque
especial, Vendor, Compror, Aquisição de veículos, Adiantamentos sobre contratos
de câmbio, Financiamento à importação, Desconto de cheques, Leasing, Aquisição
de outros bens, dentre outros, conforme Fortuna (2005).
Os créditos com recursos direcionados por sua vez são os
empréstimos/financiamentos cujas taxas de juros ou recursos das operações são
definidas por normas governamentais, podendo ser citados o Crédito imobiliário,
Crédito rural, Capital de giro com recursos do Banco Nacional de Desenvolvimento
Econômico e Social.
As taxas de juros sofrem variação no mercado financeiro a depender do tipo
de produto e operação escolhidos, os componentes do Spread, custos das
operações, risco de inadimplência, margem de lucro dos bancos, dentre outros
fatores.

3.4 RELAÇÃO PIB/CRÉDITO

O mês de setembro de 2022 apresentou saldo total de crédito no Sistema


Financeiro Nacional em relação ao produto interno bruto de 55%. Ao se realizar o
cálculo do crédito como proporção do PIB se tem a importância do crédito no que
tange ao tamanho da economia. Em países em que se tem o crédito ditado pelo
mercado, a relação elevada demonstra a maturidade da disciplina do crédito no
processo de avaliação, na competição e na segurança jurídica das garantias, por
outro lado, se baixa beneficia a economia e o bem-estar social.
A figura a seguir traz a evolução do crédito como proporção do PIB ao longo
das últimas duas décadas no Brasil.

Figura 3: Relação PIB/crédito

Fonte: BCB, 2021


Para a avalição da relação entre o crédito e o PIB podem ser utlizados
diferentes instrumentos de crédito, tais como os empréstimos, financiamentos e
títulos de dívidas.

.
4 A ECONOMIA BRASILEIRA NOS ANOS 1990 E 2000

Pode-se dizer que a década de 90 foi marcada por profundas transformações


no âmbito nacional e internacional, o que se deve, entre outros fatores, as
modificações nas estruturas produtivas dos países. Ocorreu à universalização dos
padrões de consumo e de oferta de produtos nos diferentes países, intensificação do
comércio e dos investimentos em nível mundial.

4.1 DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO BRASILEIRO A PARTIR DA DÉCADA DE


90

Durante o período das décadas de 50 a 80 o Brasil adotou um estilo de


governo voltado ao desenvolvimento autárquico, centralizado na proteção
generalizada ao mercado interno, controle cambial, industrialização induzida em
virtude da substituição de importações e participação estatal na atividade
econômica.
Na década de 80 o Brasil passou por inúmeros problemas políticos e
econômicos levando este período a ser considerado como a década perdida para a
economia brasileira. Neste período houve uma grande baixa nos indicadores de
desempenho macroeconômicos.
No mesmo sentido na década de 90 se teve um baixo desempenho
macroeconômico no país, conforme os dados indicados por Pinheiro et al. (1999, p.
13).
Nos 10 anos de 1990 a 1999, o PIB terá crescido em média de 1,7% a.a.
(2,9% a.a. em 1980-1989), a inflação anual ficado em média em 278%
(272,5% em 1980-1989), a taxa de investimento média a preços
constantes de 1980 em 15,9% do PIB (18,2% do PIB nos anos 80), as
exportações crescido em média 4,5% a.a. (8,5% a.a. em 1980-1989), e a
taxa de desemprego ficado em média 5,7% (contra 5,4% na década
passada).

Por outro lado, mesmo apresentando um desempenho desfavorável a década


de 90 apresentou dados positivos como ntrole inflacionário, abertura e integração da
economia brasileira com o mercado externo e relativa estabilidade econômica.
Fernando Henrique Cardoso deu seguimento aos processos de abertura econômica
e de integração externa que haviam iniciado durante o governo Collor.
Fernando Henrique Cardoso revogou todas as medidas de favorecimento dos
capitais nacionais em face dos estrangeiros e privatizou a produção estatal com isso
mudando o relacionamento existente com os meios de produção. O papel do Estado
voltou-se ao impulsionamento do desenvolvimento econômico, definindo os locais
aos quais os fatores de produção deveriam ser alocados, deixando de ser apenas
seu foco na acumulação de capital para que se tenha a busca por uma maior
eficiência e produtividade (PINHEIRO, 1999).
O Brasil passava ainda por uma grande infação, que mesmo com diversos
planos de estabilização ainda se mantinha. Para Batista (1999) no processo
inflacionário o déficit público era considerado como sendo uma causa fundamental,
sendo possível o controle apenas com o equilíbrio das contas governamentais.
Pereira (1998) por sua vez, cita que a inflação da economia brasileira não era
baseada no déficit público, pois o mesmo havia sido zerado em 1990 e 1991.
A partir do final da década de 70 houveram diversas tentativas de
estabilização econômica e o controle inflacionário, indo desde políticas restritivas,
congelamentos de preços, taxas de juros e salários, perdas salariais, melhoras nos
indicadores macroeconômicos, superávites comerciais, dentre outros.
A moeda nacional nesse contexto desempenhava apenas a função de troca
de mercadorias não exercendo suas duas outras funções que era a de reserva de
valor e a de representante geral das mercadorias.
O programa de privatização introduzido no período Collor foi ampliado a partir
de 1995 voltando-se ao fim dos monopólios do setor público na área de infra-
estrutura e à iniciativa dos governos estaduais de desenvolver seus próprios
programas de privatização.
Na introdução do Plano Real a economia brasileira apresentava fatores
favoráveis como a alta liquidez internacional e das reservas cambiais permitindo a
estabilização de preços e as empresas a se tornarem mais eficientes, conforme cita
Baer (1996).
O Plano Real foi implantado de forma gradual e planejada, tendo duas
grandes etapas: ajuste fiscal emergencial de preparação da economia e criação de
um mecanismo de indexação progressivo a Unidade Real de Valor, vinculada ao
dólar, sendo que a cotação da moeda em vigor tinha aumento diariamente.
Dentre as principais medidas do ajuste fiscal podem ser citados o aumento
geral de impostos, corte nos investimento no pessoal e nos orçamentos das
empresas estatais e ainda direcionamento de 15% de todos os impostos
arrecadados para o recém-criado Fundo Social de Emergência (GIAMBIAGI et al.,
2016).
No ano de 1994 com o Plano Real foi possível o controle da hiperinflação,
com a redução do montante da dívida e estabilização, iniciando uma reparação do
PIB e dos rendimentos reais. Porém, em 1997 o ciclo de crescimento começou a
desacelerar, gerando uma nova crise e mudança no regime de câmbio em uma
busca do equilibrio das contas e crescimento da economia (GIAMBIAGI et al., 2016).
Na década seguinte notou-se o crescimento nacional, com uma série de
políticas mais voltadas ao crescimento. Na crise mundial de 2008 houve a redução
das taxas de juros, aumento de empréstimos, isenções fiscais, políticas industriais,
dentre outros.

4.2 CENÁRIO DO MERCADO BANCÁRIO A PARTIR DA DÉCADA DE 90

No ano de 1964 com a reforma financeira e a constituição do mercado de


capitais e do Banco Central criou-se uma nova estrutura do sistema financeiro.
Criou-se diversos mecanismos de captação e aplicação de recursos dos bancos
públicos e privados e consolidação do mercado de bancos, ou como se denomina
atualmente os bancos de varejo.
A partir disso, o sistema financeiro passou por três alterações fundamentais
desde então: reforma bancária de 1964-66, reforma em 1988, reforma em 1995.
A reforma bancária de 1964-1966 objetivou “estimular a poupança privada em
um ambiente inflacionário, no contexto de uma política gradualista de combate à
inflação, e, ao mesmo tempo, criar mecanismos de financiamento não-inflacionário
para o déficit do governo” (DE PAULA, 1998, p. 3).
Nesta reforma a proposta original implementava o sistema financeiro que
possuia características de três classificações de Zysman (1983), quais sejam:

 Modelo de financiamento sem intermediação, baseado em mercado de


capitais;
 Modelo de intermediação baseado em crédito público, via operações de
empréstimos;
 Modelo de intermediação privado.
O sistema financeiro em sua estrutura combina os três elementos da tipologia
de Zysman possuindo um mercado de capitais relativamente robusto, sistema de
crédito privado baseado em bancos comerciais que são orientados a financiar o
consumo de curto prazo no caso das pessoas físicas e capital de giro no caso das
pessoas jurídicas e ainda sistema de crédito público concentrado no BNDES para os
financiamentos e longo prazo e operações via mercado de capitais executadas pelo
BNDES-Participações S.A.
Dessa forma, as necessidades de curto prazo são atendidas por bancos
privados de varejo e no caso das necessidades de longo prazo se tem o
atendimento pelo mercado de capitais ou pelo sistema de crédito público.
Atualmente, se teve uma intensificação da especialização do segmento bancário em
nichos de mercados relativos as pessoas físicas e segmentos corporativos.
No ano de 1988 se teve uma segunda grande alteração no sistema bancário
brasileiro com a criação de bancos múltiplos. Esta reforma objetivou racionalizar o
sistema financeiro ainda reduzir os seus custos operacionais, além disso a geração
de “um funding mais estável para os bancos, através da fusão das diversas
instituições existentes em uma única instituição, com personalidade jurídica única”
(DE PAULA. 1998, p. 5).
Nos anos 80 muitos países passaram por crises em suas dívidas externas, o
que pode ser atribuido ao excesso de endividamento, dentre outros fatores. Nesse
período os Acordos de Basiléia1 visavam o monitoramento do sistema bancário e
financeiro, estipulando critérios de classificação de riscos operacionais e de crédito
além de avalancar as operação estipulando que o patrimônio líquido dos bancos
fosse de pelo menos 8% do total dos ativos.
Já nos anos 90 surgem novas versões dos Acordos de Basiléia que
determinavam que os bancos calculassem os indicadores de risco em diversas
modalidades operacionais. O Índice de Basileia- IB ou índice de solvência ou
solvabilidade refere-se a um indicador da capacidade das instituições financeiras em
cumprir suas obrigações de pagamento, estabelece a relação entre o capital próprio
do banco e o capital de terceiros. Para sua determinação se faz uma relação entre o
Patrimônio de Referência e o valor dos ativos ponderados pelo risco, usando a
seguinte fórmula: IB = PR / RWA, em que PR é o Patrimônio de Referência e o RWA

1
O Acordo de Basileia ou International Convergence of Capital Measurement and Capital Standards,
é um tratado firmado em 1988 na cidade de Basileia na Suiça, que foi criado objetivando a
regulamentação do funcionamento dos bancos e instituições financeiras, tendo sido ratificado por
mais de 100 países (REIS, 2018).
é o valor dos ativos ponderados pelo risco (JEHNIFFER, 2021).
O Banco Central do Brasil determina que para uma instituição financeira ser
considerada saudável deve ter um IB de no mínimo 11% e no máximo 50%, dessa
forma, por exemplo, a cada R$ 100,00 emprestados pelo banco, ele precisa ter pelo
menos R$ 11,00 (JEHNIFFER, 2021).
No ano de 1995 com a crise Mexicana e a estabilização dos preços
promovida pelo plano Real se teve a terceira alteração significativa do sistema
bancário, em um ambiente de instabilidade financeira internacional. Naquele período
houve uma grande alteração da participação do setor financeiro no PIB, sendo que
no ano de 1993 essa participação era de 15,6% caindo para 6,9% no ano de 1995
(CARVALHO, 2002).

O sistema bancário desenvolvia suas atividades nos segmentos de curto


prazo do mercado financeiro e direcionava seus recursos basicamente para
o financiamento do setor público, em detrimento da oferta de crédito ao
setor privado. Os títulos públicos se constituíram, assim, na base dos
elevados lucros bancários, seja na intermediação do dinheiro financeiro
(moeda indexada), seja na absorção da “transferência inflacionária” (mais
conhecido como os ganhos com o float), assegurando aos bancos ao
mesmo tempo liquidez e rentabilidade em seus negócios (DE PAULA, 1998,
p. 9).

Ainda, em 1995 o governo instaurou o Programa de Estímulo à


Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional visando
recuperar instituições financeiras em risco de insolvência. Nesse momento, os
bancos estavam sendo impactos por uma hiperinflação e uma onda de empréstimos
em atraso e em liquidação.
Dentre as medidas do Programa de Estímulo à Reestruturação e ao
Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional estavam o aumento da concentração
bancária e de garantias aos credores dos bancos, além da entrada de bancos
estrangeiros. Estas medidas levaram a uma onda de fusões e aquisições de bancos
de pequeno porte e públicos por bancos privados de maior porte, nacionais e
estrangeiros. Neste cenário, ocorreu uma redução do número de bancos por conta
da privatização e abertura, que perdurou até os anos iniciais da década de 2000.

Atualmente a rentabilidade dos bancos é oriunda das tarifas por serviços


prestados e spreads decorrentes da atividade de intermediação. Pela comparação
da rentabilidade do setor bancário com a dos setores produtivos se tem o nível de
eficiência da intermediação financeira e a transferências de rendas entre o setor
financeiro e produtivo.

Dentre os fatores que contribuem para que se tenha uma elevada margem
de intermediação dos bancos se tem os de ordem macroeconômica e dentre eles o
especial destaque para a taxa básica de juros. Há uma correlação positiva entre
taxa de juros e spread bancário frente a existência de títulos indexados à Selic na
carteira dos bancos, aumentando o custo de oportunidade de emprestar, fazendo
com que os bancos façam a incorporação de um auto prêmio de risco em seus
empréstimos (DE PAULA e PIRES, 2006).
5 NIVEL DE SPREAD NO MUNDO

5.1 NÍVEIS DE SPREAD BRASILEIRO

Costa (2020) realizou o estudo a fim de verificar o do spread bancário


nacional. Os dados utilizados para a análise do spread bancário nacional são do
período de março de 2011 ao mês de dezembro de 2019 e as variáveis
macroeconômicas quanto microeconômicas obtidas junto ao Banco Central do
Brasil, Bloomberg e Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística, conforme segue:

Quadro 3: Variáveis analisadas

Fonte: adaptado de Costa (2020)

Com a utilização do modelo, os resultados apontatam que todas as variáveis


possuem correlação positiva com o spread bancário. Os autores ainda, analisaram a
significância estatística de cada variável, a fim de determinar a relação de
causalidade entre os componentes do modelo e a variável. De acordo com os testes
dos autores, que inadimplência, IPCA e Selic possuem resultados estatisticamente
significantes. As demais variáveis investigadas não possuem relações causais.
A estabilidade macroeconômica é relevante na determinação do spread, a
matriz de risco dos bancos também desenvolve grande relevância, pois um menor
grau de adimplência da carteira de crédito faz com que as instituições pratiquem
maiores taxas de juros sobre os empréstimos concedidos.
O BCB no mês de junho de 2022 aponta no Brail o spread médio das
operações de crédito de 17,7 pontos porcentuais, um valor elevado para os padrões
internacionais. O BCB aponta ainda que na média dos anos de 2018 a 2020, 31,9%
do spread corresponde aos custos ligados à inadimplência, 29,6% se justificam
pelas despesas administrativas e 19,6% são formados por gastos com tributos e
com o Fundo Garantidor de Créditos. Ainda, a margem financeira dos bancos
corresponde a 18,9% do spread, ou seja, menos de um quinto do spread bancário.

.
5.2 SPREAD MUNDIAL

Conforme já dito anteriormente neste estudo o Brasil possui um dos maiores


spreads a nível mundial, quanto maior o valor do spread, maior o custo do crédito no
País, o que o coloca em um cenário crítico de desenvolvimento econômico. O
spread elevado dificulta a compra a prazo, o consumo e o setor produtivo.
Nota-se que o Brasil possui valores de spread muito mais elevados em
relação a média mundial.
Figura 4: Comparativo Spread Mundial e nacional

Fonte: Banco Mundial, 2021


Dados do ano de 2021 apontam que a nível mundial o Brasil fica na terceira
posição com um spread de 25,7%, estando a frente do Brasil apenas o Zimbábue
(37,4%) e Madagascar (34,5%).

Figura 5: Ranking mundial spread

Fonte: Banco Mundial, 2021

Zimbabue que é o pais com maior percentual de spread esta inserido em uma
crise econômica com uma hiperinflação, alto índice de desemprego, pobreza e uma
crônica escassez de combustíveis, alimentos e moedas estrangeiras. O banco
central do país aponta que em junho de 2022 mais que dobrou as taxas de juros
para auxiliar no controle da inflação que chegou a 200% no mês, sendo uma taxa
anual de inflação maior de 190% (THOMAS, 2022).
Zimbabue possui um PIB de 26,22 bilhões USD e um PIB per capita de
1.737,17 USD.
O segundo país é Madagascar, um dos países mais pobres do mundo, 70%
da população do país está abaixo da linha da pobreza e quase metade das crianças
menores de 5 anos sofrem de desnutrição, sendo o PIB de 14,64 bilhões USD e PIB
per capita de 514,91 USD.
O Brasil que é o terceiro maior spread possui PIB de 1,609 trilhão USD e PIB
per capita de 7.518,83 USD. Nota-se que o Brasil esta elencado no ranking
juntamente a países que possuem grandes dificuldades econômicas.

5.3 SOLUÇÕES PROPOSTAS

É sabido que o Brasil é um dos países que possui maior spread bancário, o
que se deve entre outros fatores a alta dos tributos e despesas, taxa de
inadimplência, e ainda a baixa disponibilidade de crédito, dentre outros fatores.O
fator baixa disponibilidade de crédito no país pode ocorrer por dois motivos
principais, são eles: altos déficits públicos e a instabilidade macroeconômica levando
a que se tenha uma percepção de incertezas no que se refere ao cenário econômico
brasileiro e consequentemente impactam nos níveis de juros praticados.
Douglas North vencedor do Prêmio Nobel de Economia cita o papel
fundamental das instituições na formação sócio econômica de um país, o que se vê
ni Brasil são diversas ineficiências institucionais, como na morosidade do sistema
judiciário brasileiro, além de decisões imparciais e falta de segurança jurídica. Frente
a esta imprevisibilidade as instituições financeiras voltam-se a concentração de suas
carteiras em devedores com menor risco de crédito, diminuindo a oferta de crédito,
ou ainda ofertando com uma taxa de juros significativamente mais alta. Os
Relatórios de Economia Bancária do Banco Central do Brasil citam a inadimplência
como sendo o maior componente dos spreads bancário brasileiro.
Neste cenário o Banco Central do Brasil (2018) lançou uma agenda com
diversas diretrizes, a Agenda BC+, que visa democratizar o sistema financeiro, com
a reforma instituicional e ampliação do acesso ao crédito para a população. O
objetivo principal da agenda é tratar de questões estruturais do próprio BCB e
também do SFN, as dividindo em 04 subtemas, são eles:
Figura 6: Subtemas

Fonte: BCB, 2018

O tema Mais Cidadania Financeira volta-se no aumento do nível de educação


financeira dos cidadãos, na bancarização” da população e da tomada de decisões
financeiras de forma consciente e responsável. Dente outras medidas, junto ao
Conselho Nacional de Justiça busca o aprimoramento da implementação da
mediação entre instituições financeiras e população para a resolução de conflitos
(BCB, 2018).
No tema Legislação Mais Moderna o BCB visa o aperfeiçoamento e
atualização da legislação bancária nacional, com maior autonomia operacional,
administrativa e orçamentária, transparência e alinhamento as melhores práticas
internacionais (BCB, 2018).
No tema SFN Mais Eficiente visa o fomento ao crescimento do Sistema
Financeiro Nacional, acompanhando as inovações tecnológicas e de uma forma
sustentável, além de aprimorar o relacionamento entre a população e as instituições
reguladoras (BCB, 2018).
No tema Crédito Mais Barato busca a redução do custo de crédito para o
tomador final, reduzindo o nível de inadimplência com a implementação do cadastro
positivo e da duplicata eletrônica e do fomenta da competição entre as instituições
financeiras (BCB, 2018).
A Agenda BC+ vista o estimulo a atividade financeira de uma forma
responsável e sustentável. Na temática Crédito Mais Barato o BCB busca melhoria
na indústria de cartões de crédito com a sua ampliação buscando que sejam mais
baratas e eficientes, estímulo à adimplência com a adoção e disseminação da
política do cadastro positivo (BCB, 2018).
A concentração bancária diminui a disponibilidade de crédito na economia e
eleva os spreads, porém não é o único fator, possui a concorrência maior impacto na
determinação dos spreads até mesmo que a concentração. Por outro lado, aponta o
BCB que muito embora a elevação dos spreads ocorra em virtude de um conjunto
de fatores, medidas que reduzam a inadimplência, medidas que aumentem a
capacidade de recuperação de garantias devem ser o foco na formulação de
políticas públicas que voltem-se a diminuição dos spreads (BCB, 2018).
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

O Brasil possui um alto spread bancário o que leva ao desenvolvimento de


múltiplos estudos buscando justificar o porque do elevado percentual deste
indicador. Os estudos tem levado em consideração fatores macroeconômicos como
a competitividade do setor bancário, PIB e PIB per capita, Selic, taxa de depósitos
compulsórios, concentração bancária, dentre outros fatores.
Por outro lado, alguns autores indicam a presença dos elementos
microeconômicos como é o caso da qualidade da carteira de crédito, taxa de
inadimplência, tributos incidentes sobre as instituições financeiras, nível de
provisões para perdas com devedores duvidosos, dentre outros fatores que
influenciam de forma diteta nos resultados dos bancos.
Nota-se que países emergentes como o Brasil possuem spreads maiores que
em países desenvolvidos, o que se deve aos fatores macroeconômicos como as
crises político-econômicas e a dificuldade de retomada do crescimento e
desenvolvimento econômico, o que afeta o risco de crédito fazendo com que haja
aumento nas taxas de empréstimos.
O spread bancário brasileiro é um dos mais altos de todo o mundo, mesmo ao
ser comparado com spreads de países emergentes, semelhantes ao Brasil. Pode ser
citado como um dos fatores que levam a isso a inadimplência.
O presente estudo não buscou exaurir a temática objeto de estudo, sendo
sugestão para estudos futuros o estudo do spread bancário no período da pandemia
do COVID-19 para comparar os seus efeitos sobre o spread.
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