Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
5.1 Introdução:
Vamos analisar alguns assuntos relativos à via permanente que são afetados pelo trem,
quer pela capacidade de tração e frenagem de suas locomotivas, quer pelo peso por eixo e
base rígida das locomotivas e vagões e velocidade.
A grade da via, composta por dormentes, fixações fixas e elásticas, placas de apoio e
trilhos, pode se deslocar se houver muito esforço trator ou frenagem dinâmica concentrados
na cabeça do trem em curva.
O peso por eixo das locomotivas atuais é de 32,5 t e solicita mais os trilhos do que o
peso por eixo dos vagões (30 t/eixo) e também necessita de maior altura de lastro.
Quanto maior for a velocidade do trem, maior será o impacto sobre os trilhos, exigindo
um maior perfil de trilho.
5.2.1 Introdução:
Se os esforços transversais não forem absorvidos totalmente pela via, poderá ocorrer
uma flambagem como mostrado na figura 5.1.
1
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Nosso objetivo será calcular a resultante dos esforços transversais que tendem a deslocar
a via.
Na figura 5.2 vemos a atuação da resultante dos esforços transversais forçando a via para
a direita e está sendo contida pelo ombro do lastro, pelo dormente e pelas fixações do trilho.
Esforço
Transversal
Resistência lateral da
grade
H3: causada pelos esforços de frenagem (em descida) ou tração (em subida).
2
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
se a via suportará os esforços envolvidos. Este parâmetro “α” deverá ficar entre 0 e 1,43,
sendo este o valor máximo ainda seguro. Geralmente fica na faixa de 0,85 a 1,43.
∑
(5.1)
( ) ( )
Sentido da Força:
Magnitude da Força:
A força do componente transversal (Py) de uma locomotiva em uma curva é dada por:
(5.2)
(5.3)
(5.4)
3
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Vamos aplicar a equação (5.4) para a superelevação teórica hpt (pesos iguais sobre
os trilhos interno e externo) e para a superelevação real hpr da curva:
( )
(5.5)
(5.6)
( ) ( ) (5.7)
(5.8)
Sendo:
4
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Caso a superelevação real seja maior do que a teórica, “I” será negativo e, por
conseguinte, H1 também, indicando que seu sentido será para dentro da curva.
(5.9)
( ) (5.10)
Sendo:
H1: (tf)
V: velocidade (km/h)
( ) ( )
( ) (5.11)
Como o trem não trafega em velocidade constante e a curva não tem um valor
constante de raio e de superelevação, aparece uma força H2 dada por uma fórmula
empírica que procura caracterizar estas condições.
5
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Sentido da Força:
Magnitude da Força:
(5.12)
Sendo:
H2: tf.
V: velocidade (km/h)
Sentido da Força:
- para fora da curva: esforço de frenagem dado pelo freio dinâmico usado durante a
descida.
Magnitude da Força:
Na figura 5.3 podemos ver que o ângulo formado entre as duas direções é δ. Sendo
Et o esforço trator disponível nos engates, temos:
( ) (5.13)
6
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Et
δ/2 Vagão
Et
H3
Locomotiva
( ) (5.14)
O valor de Et poderá ser o esforço trator (Et) para rebocar a composição ou a força
do freio dinâmico total (FD) do trem.
- Para o cálculo do esforço trator necessário usamos as equações do capítulo 1, item 1.7:
( ) ( ) ( )
ou
Sendo:
μ: aderência roda-trilho.
7
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Fator de conversão: ( ) ( ) ( )
Sendo:
η: rendimento (0,9).
- Cálculo do ângulo δ:
O ângulo δ na figura 5.4 corresponde a 180ᵒ-Ω da dedução que será feita a seguir.
8
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
equação (1.43)
( )
(5.15)
( ) ( )
(5.16)
( ) ( )
As únicas incógnitas que temos são: (α + β) e (α’ + β’), que podem ser calculadas
por:
( ) ( )
(5.17)
( ) ( )
9
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Obs: Convém lembrar que o ângulo é obtido em radianos e para obter em graus é
necessário multiplicar por (180ᵒ/π).
Como:
Ω = (α+β) + (α’+β’)
Podemos obter:
δ = 180ᵒ-Ω (5.18)
( ) (5.19)
Sentido da Força:
Magnitude da Força:
( ) (5.20)
Sendo:
H4: (tf)
Po: esforço longitudinal devido à variação de temperatura (tf).
l: comprimento da barra do trilho (m).
R: raio da curva (m).
10
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Obs: A equação (5.20) está trabalhando com ângulo em radiano. Para trabalhar com
ângulo em graus, deve-se multiplicar por (180ᵒ/π) o termo dentro dos parênteses do
seno, e que, se dividido por 2, dará 28,6.
(tf) (5.21)
Onde:
(tf) (5.22)
S: área da seção transversal do trilho (cm²).
ΔT: variação de temperatura (ᵒC).
R: 5.000 kgf/trilho = 5 tf/trilho.
(tf) (5.23)
11
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Equação (5.23): ( )
( )
Onde:
( )
( )
(5.24)
90ᵒ-α/2
H4
R
R
12
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Da figura 5.6:
( ) ( )
( )
(5.25)
(m) (5.26)
( ) (tf) (5.27)
( ) (m) (5.28)
13
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Seu valor depende da temperatura neutra (Tn) em que foi procedida a fixação dos
trilhos. Para valores extremos de temperatura (Tmáx e Tmín), a temperatura neutra deve
estar em torno de:
(ᵒc) (5.29)
Figura 5.7: (a) Flambagem da via permanente ; (b) junta topada (sem folga).
Medições de folgas das juntas e temperaturas dos trilhos, em diversas épocas do ano
e algumas vezes ao dia, precisam ser feitas com o objetivo de regularizar as juntas para
um mesmo valor e para uma mesma temperatura neutra.
Geralmente dá para se considerar a temperatura neutra como sendo:
Desta forma, ( ) ( )
∑ (tf) (5.30)
( ) ( ) ( ) (5.31)
14
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
De grande importância é o sentido de cada força. A tabela 5.1 nos dá os sentidos das
forças para cada situação e seu respectivo sinal, sendo positivo para fora da curva e
negativo para dentro da curva.
Para calcular o esforço transversal em subida devemos considerar todas as forças
apontando para dentro da curva e em descida todas apontando para fora da curva, que
são as situações mais críticas a serem analisadas.
15
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
(5.32)
( )
Primeiramente, faz-se uma planilha para o cálculo das forças, considerando o menor
raio do trecho e fazendo variar a rampa desde 0,10 % até a rampa máxima do trecho (de
0,10 em 0,10%), para encontrar o ponto em que α atinge 1,43. Este ponto determina a
rampa máxima possível para o trem analisado.
Se esta rampa estiver acima da rampa máxima do trecho, a grade resistirá ao esforço
transversal imposto pelo trem. Se a rampa estiver abaixo da existente no trecho então
deverá ser feita outra planilha em que se coloca a rampa máxima do trecho e se faz
variar o raio de curva a partir de um valor alto e vai sendo reduzido de 50 m em 50 m. O
raio em que o α atingir 1,43, é o menor raio admitido para a rampa máxima do trecho.
Faz-se uma nova planilha em que se fixam o pior par raio/rampa do trecho e se varia
a resistência longitudinal (p) dentro da faixa dada por bitola. No ponto em que α atingir
1,43 ou menos fica definido o valor a ser alcançado para a resistência longitudinal da
via.
16
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Dados:
Trecho: Rio Vermelho – Corupá => bitola métrica.
Rampa: 3%.
Raio de Curva: 86 m.
Trem subindo com 4 G22UB e 60 vagões HFD vazios.
Velocidade: 25 km/h.
Coeficiente de aderência da locomotiva: μ = 0,213.
( )
( )
( )
( )
( )
( )
( )
17
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( )
( )
(kgf) (5.33)
2. Cálculo do ângulo δ:
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )
c) Cálculo de δ:
( )
18
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( )
( )
Precisamos calcular Po e l.
De (5.24):
ΔT = 35 – 0 = 35ᵒC.
S = 47 cm².
R = 5 tf.
p = 3 kgf/cm.
Para o cálculo de “l” usaremos a equação (5.28):
( )
( ) ( )
( )
19
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
5. Cálculo do α:
De (5.32):
> 1,43
( )
As forças H1, H2 e H4 teriam que ser zeradas, pela melhoria da qualidade da via e
variação mínima de temperatura para que o valor de α ficasse próximo de 1,43:
α = 10,286/7,083 = 1,45
Não sendo possível atingir um nível ótimo de qualidade na via teria que ser
reduzida a tração na cabeça para três locomotivas e colocar a última para
tracionar no último quarto do trem, ou seja, depois do vagão número ¾ . 60 = 45.
Com isto, consegue-se aliviar o esforço transversal sobre a via.
5.3.1 Introdução:
Para o dimensionamento do trilho é muito importante o conhecimento do
comportamento mecânico da via permanente frente às ações introduzidas pelas
locomotivas e vagões em movimento.
As deformações impostas sobre a via permanente estão relacionadas com muitas
variáveis, tais como:
- elementos da via com rigidez muito diferente;
- resistências do lastro e da plataforma muito variáveis;
- existência de locomotivas e vagões com características diferentes;
- diferenças de velocidade.
O dimensionamento do trilho baseia-se em solicitações produzidas por forças
estáticas concentradas e isoladas e na direção vertical, o que não corresponde à
realidade, pois as solicitações são dinâmicas e tridimensionais. Para atenuar isto, será
introduzido um coeficiente de impacto que procurará aproximar a força estática vertical
de seu valor real.
20
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Desde o início das investigações no século XIX, para análise dos esforços atuantes
nos elementos constituintes da via, pode-se separar as teorias em dois grupos:
- estudos realizados considerando o trilho como uma viga apoiada, de maneira contínua
e uniforme – via longitudinal => Winkler (1867).
- estudos realizados considerando o trilho como uma viga contínua, com apoios
(dormentes) equidistantes – via transversal => Zimmermann (1888).
No século XIX, dois tipos de apoios para os trilhos eram usados: longitudinais e
transversais. No longitudinal, os trilhos eram continuamente suportados ao longo de seu
comprimento; nos apoios transversais, os trilhos eram suportados por dormentes
espaçados. A via longitudinal, por deficiências, teve seu uso diminuído.
21
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
O
r α
A B
l
Figura 5.10: Viga bi-apoiada. Figura 5.11: Comprimento do arco e curvatura.
(5.34)
c) Cálculo da Curvatura:
̂ ̂
y
M1 Δϕ
Δs
M
Mo s
ϕ ϕ + Δϕ
x
22
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Curvatura no ponto M: | | | |
sendo ( ) (5.35)
(5.36)
( )
( ) ( ) √ ( ) (5.37)
( )
(5.38)
√ ( ) * ( ) +
Figura 5.12: Inclinação (ϴ) e deslocamento (y) da linha elástica de uma viga.
( )
(5.39)
23
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
𝑙 𝑙𝑜 𝑠 𝑥
𝜀
𝑙𝑜 𝑥
(5.40)
(5.41)
Sendo:
ζ: tensão de flexão (kgf/cm²).
M: momento fletor (kgf.cm).
E: módulo de elasticidade (kgf/cm²)
I: momento de inércia (cm4)
O produto EI é denominado de Rigidez à Flexão.
Igualando a equação (5.39) com a (5.40), obtemos:
(5.42)
(5.43)
24
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
e) Linha Elástica:
(5.44)
* ( ) +
A equação (5.44) é uma equação diferencial não linear de segunda ordem. Fornece a
forma exata da linha elástica. Os deslocamentos (y) da viga ocorrem apenas devido à
flexão.
A inclinação da linha elástica (dy/dx) será muito pequena e, por isto, (dy/dx)² será
considerado desprezível.
A equação (5.44) ficará da seguinte forma:
=> (5.45)
A rigidez à flexão (EI) será constante ao longo do comprimento da viga (x), pois
tem o mesmo material (E) e a mesma seção transversal (I):
( ) (5.46)
Obs: o sinal (-) significa que, quando M(x) for positivo, y(x) será negativo.
O esforço cortante é dado por:
( )
( ) ( ) (5.47)
( ) (5.49)
Onde:
25
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Figura 5.14: Viga continuamente apoiada sobre uma base elástica e submetida a uma
carga vertical.
p (x) = C. y(x) (5.51)
Sendo:
C: parâmetro da base do apoio longitudinal.
“C” é chamado de coeficiente de lastro ou coeficiente de Winkler. Seu valor
depende da natureza e da composição do lastro e do solo.
( ) (5.52)
26
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Obs: W = I ; η = y; χ = bC.
( ) (5.53)
Para facilitar a resolução da equação (5.53), o termo entre parênteses será igualado a
4
4β :
√ (5.54)
Mais adiante será visto que, fisicamente, β é o inverso de “L”, comprimento da linha
elástica.
(5.55)
(5.56)
(5.57)
√ * ( ) ( )+ (5.58)
n = 4; ρ = 4β4 ; ϴ = π ; k = 0,1,2,3.
√ * ( ) ( )+
√ √
√ * + √ * + ( )
( )
27
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( ) ( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( ) ( )
( )
Lembrando que ( )
Fazendo as operações algébricas necessárias:
( ) ( ) (5.59)
y
x
Q V
x
Q/2 Q/2
( )
2. => No ponto de aplicação da carga Q, y é máximo e o ângulo é zero.
Obs: ∑
( ) ( ) ( )
( ) ( ) ( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
( )
( ) ( )
( )
( ) ( ) (5.62)
( )
( )
( )
( )
( )
( ) ( )
( )
(5.63)
( )
(5.64)
29
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( ) (5.65)
( ) (5.66)
( ) ( )
( ) (5.67)
* ( )+
( )
Lembrando a (5.54):
( )
( ) (5.68)
Sendo:
√ equação (5.54)
30
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Com as equações (5.68) e (5.69) podemos calcular o perfil do trilho necessário para
uma dada solicitação de carga (Q), fazendo:
(5.70)
Sendo:
5.3.4 Trilho como viga contínua com apoios equidistantes - Via transversal:
31
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
b'
Figura 5.17: Transformação do apoio longitudinal para apoio transversal.
(5.71)
Onde:
A
lap
(5.72)
32
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
√ (5.73)
a) Dados:
a.1) Dormente:
h’=
l’ =
b' =
(m)
33
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
l’ = Bv + 2.o
(5.74)
a.2) Trilho:
34
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Segundo Shramm:
Notar que, quanto menor for a tensão admissível selecionada, maior será a
segurança da linha. Ver equação (5.70).
35
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
O que permitirá calcular o peso por eixo (4 eixos - vagão), sendo 20.000 kgf/eixo
para manga D e 30.000 kgf/eixo para manga T.
( ) (5.75)
Sendo:
(kgf) (5.76)
Como visto na equação (5.71), a área de apoio total “A” é dada pela largura do
dormente (b’) vezes o comprimento do apoio (lap). Este comprimento (lap) é dado por
duas vezes “o”, equação (5.74).
Usaremos um coeficiente de segurança “υ” que será menor do que 1, para diminuir
um pouco a área de apoio, o que exigirá um perfil de trilho um pouco maior:
(cm²)
36
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
* + (cm²) (5.77)
√ (cm)
(kgf.cm)
Para x = br (cm):
( )
37
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Q Q
x=0 x = br
(5.78)
(cm³)
Um exemplo de tabela de trilho pode ser visto na tabela 5.5 para o TR 37. A região
marcada mostra os módulos de resistência que estão abaixo do mínimo suportável para
determinadas condições operacionais: velocidade, peso por eixo e demais condições.
38
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Dados:
Trilho: TR 37.
Velocidade: 40 km/h.
Diâmetro da roda: 29,25 in.
Peso por eixo: 18,75 tf.
Base rígida: 157,5 cm.
E = 2,1 . 106 kgf/cm².
ζ = 1.800 kgf/cm².
C = 5 kgf/cm³.
Quantidade de dormentes por km: 1.750.
Bitola: 1,000 m.
a) Cálculo do coeficiente de impacto: Ci
De (5.75):
De (5.76):
De (5.74):
De (5.77):
* +
39
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
De (5.73):
√ *( ) ( ) ( ) ( )+ ( )
De (5.68):
x = 0:
x = 157,5 cm:
( )
( ) ( )
De (5.78):
De (5.70):
O trilho TR 37 novo tem W = 149,1 cm³, portanto, como 116 cm³ está abaixo deste
valor, significa que o trilho novo suporta desgaste. Pela tabela 5.5 podemos ver que este
trilho admite, por exemplo, um desgaste horizontal de 11 mm e um vertical de 5 mm.
Depois, necessitará ser substituído.
A tabela 5.6 mostra os valores de W necessários para um dado trilho, peso por eixo,
velocidade, bitola e taxa de dormentação inservível. Observa-se que, à medida que se
eleva a velocidade e a taxa de dormentes inservíveis, o peso por eixo diminui para poder
manter o mesmo valor de W, caso contrário, teria que ter um W maior para suportar a
maior velocidade e/ou aumento do espaçamento entre dormentes.
40
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Vamos examinar 2 casos, um relativo à bitola métrica e outro relativo à bitola larga.
41
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
1. Composição Química:
1.1 Carbono:
42
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
1.2 Manganês:
A resistência à tração e o limite de escoamento sofrem um aumento de
aproximadamente 100 MPa para cada 1% de manganês.
- para 0,82% C e 1,30% Mn:
ζt = 90 . 0,82/0,1 + 100 . 1,3/1 = 738 + 130 = 838 MPa => 1.040 MPa.
ζe = 50 . 0,82/0,1 + 100 . 1,3/1 = 410 + 130 = 540 MPa => 608 MPa.
43
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( ) ( )
1.8 Hidrogênio:
Para evitar a fragilidade do trilho ao hidrogênio, o aço deve ter teor de hidrogênio
máximo de 2 ppm.
44
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
2. Propriedades Mecânicas:
Deformação no trilho
45
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
46
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Nos aços com mais de 0,40% C observa-se que, até 50ᵒC, o material se encontra no
patamar inferior de energia (região frágil), subindo progressivamente para temperaturas
maiores. Como a temperatura de operação do trilho normalmente encontra-se abaixo de
50ᵒC, uma queda de temperatura típica do inverno não deveria ter grandes
consequências na tenacidade ao impacto que já é baixa.
Em ensaio realizado foi obtido o valor de 4 J para a energia absorvida pelo trilho
desde 50ᵒC até 0ᵒC.
Pode-se definir também um valor mínimo para o K1C:
Tabela 5.9: Valores de K1C para trilhos.
Tipo de trilho por K1C min.*
Obs.
resistência (MPa.mm1/2)
Standard 38 Temperatura de 22 ± 2°C
Intermediária x A ser especificada pelo fabricante
Alta 32 Tabela 2 da norma prEN 13674-1
( * ) TENACIDADE MÍNIMA À FRATURA
Sendo:
Standard: σe/σt ≤ 0,52.
Intermediária: 0,52 < σe/σt ≤ 0,64.
Alta: σe/σt > 0,70.
Para o caso do trilho UIC 60 em análise, este estaria classificado como tendo
resistência intermediária (ζe/ζt = 0,58).
Demais considerações podem ser vistas na norma da ABNT NBR 7590.
2.3 Dureza:
( ) (5.80)
47
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
2.4 Conclusão:
48
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Outro ponto a considerar é o contato roda/trilho, que deve permitir que a roda fique
em contato com o trilho em até metade da largura do boleto, a fim de evitar escoamento
de material.
Sendo:
Pe = peso por eixo do veículo (tf).
Dr = diâmetro da roda em pés (ft).
Calculamos esta condição para as locomotivas e vagões e fizemos a tabela 5.12.
Pode-se verificar que se faz necessário aumentar o diâmetro da roda, à medida que
se aumenta o peso por eixo de locomotivas e vagões.
Tabela 5.12: Cálculo da relação (Pe/Dr) para as locomotivas (6 eixos) e vagões (4 eixos).
49
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Como visto no item 5.3.5, são muitas variáveis que participam do cálculo do
módulo de resistência do trilho. Algumas são fixadas como, por exemplo, o valor da
tensão admissível a ser usada ζ e o coeficiente de lastro C.
Usando-se, por exemplo, ζ = 1.800 kgf/cm² e C = 5 kgf/cm³ no cálculo de W para
uma dada condição operacional (velocidade e peso por eixo), encontra-se um módulo de
resistência necessário que, quando comparado com o módulo do trilho fraturado no
local, conclui-se que este estava com o W dentro do permitido pela tabela.
Porém, quatro variáveis não foram consideradas adequadamente:
- Carga Dinâmica (Q): Se o acidente for em curva e o trem entrar em velocidade
diferente da velocidade de balanceamento, irá ocorrer que, as rodas de um lado do
vagão ficarão mais pesadas e as outras mais aliviadas. Caso seja o trilho de dentro que
tenha fraturado e a velocidade estava abaixo da velocidade de balanceamento, as rodas
pelo lado de dentro ficarão mais pesadas e consequentemente a carga por roda será
maior do que o peso bruto do vagão dividido por oito rodas. Para esta carga dinâmica
maior, haverá necessidade de um módulo W maior.
- Coeficiente de Lastro (C): Se o lastro estiver contaminado, com represamento de
água sobre a via, o coeficiente de lastro deveria ser menor do que 5 kgf/cm³, pois não
haverá suporte adequado para o trilho, e este terá de trabalhar mais (maior ciclo de
flexões), entrando em fadiga mais rapidamente.
- Espaçamento entre dormentes (d): Se existir uma elevada taxa de dormentação
inservível (por exemplo: 20%), embora haja 1.750 dormentes por quilômetro, para o
cálculo do espaçamento entre dormentes deverá ser considerado que só tem 1.400
dormentes por quilômetro. Exigirá um módulo de resistência bem maior.
- Tensão Admissível (σ): Se as condições operacionais forem elevadas, ou seja, alto
peso por eixo e alta velocidade, a tensão admissível a ser usada deveria ser menor do
que 1.800 kgf/cm². Por exemplo, 1.600 kgf/cm², por exigir uma via de melhor padrão.
Fazendo estas alterações no cálculo do módulo W necessário, este sempre acabará
sendo superior ao módulo do trilho fraturado.
Em razão do coeficiente de lastro ser tão importante para o cálculo do módulo W,
iremos detalhar o lastro no item 5.4.
- componente transversal:
c) Desbalanceamento:
= 0,118 ou 11,8 %
De (5.75):
De (5.76): (D=0%)
(D=11,8%)
De (5.74):
De (5.77): * ⁄
+
( )
51
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
para x = 0:
( ) ( )
para x = 0:
( ) ( )
De (5.70):
O trilho fraturado tinha Wf = 204 cm³. Para a situação favorável (0% de dormentes
inservíveis e 0% de desbalanceamento), o trilho não deveria fraturar, pois seu módulo é
maior do que o necessário (W1).
52
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Como a flecha na pior situação é maior, o trilho sob estas condições irá trabalhar
mais em cada ciclo de passagem do trem, diminuindo sua vida útil. Notar que, quanto
menor for coeficiente de lastro (C) maior será a flecha.
5.4.1 Introdução:
No estudo de dimensionamento do perfil do trilho entra uma variável denominada
de “coeficiente de lastro – C (kgf/cm³)”, que procura caracterizar o estado da via em
ruim, bom e excelente.
No cálculo do perfil do trilho usamos o valor de “C” que se refere a uma linha boa.
Porém, as linhas ferroviárias estão em diferentes condições. E este “C” deveria
variar de uma escala de 2,5 a 10 kgf/cm³.
Este coeficiente de lastro “C” está relacionado à altura de lastro, sublastro e tipo de
sub-leito.
A altura de lastro está relacionada a três importantes variáveis: peso por roda,
velocidade do trem e Índice de Suporte Califórnia (CBR).
Quando se tem intenção de aumentar o peso por eixo dos vagões e locomotivas, são
avaliados os seguintes itens relativos à via permanente:
- pontes e viadutos.
- taxa de dormentação de inservíveis.
- perfil do trilho.
Mas a altura do lastro não é reavaliada. O lastro precisa ser redimensionado para as
novas condições de solicitação. Não basta pensar apenas no aspecto de limpeza do lastro
(para garantir drenagem e nivelamento), mas também como suporte do trilho.
Acidentes por fratura de trilho têm ocorrido mesmo com trilhos de perfil adequado à
carga e velocidade, porém quando analisamos as condições do lastro, concluímos que
este não possui a altura necessária, não existe sublastro e o solo é argiloso, deixando o
lastro poluído, não mantendo nivelamento e afundando no sub-leito.
Solicitação
Figura 5.29: Os finos agem como elementos lubrificantes, reduzindo o atrito de contato
gerando perda de resistência ao corte.
O peso por eixo e a velocidade têm aumentado e o lastro precisa ser reavaliado
criteriosamente. Ele precisa estar limpo, completo e bem socado para suportar o
aumento das solicitações impostas à linha.
a) Sublastro:
- evitar a penetração do lastro na plataforma.
- aumentar a resistência do leito à erosão e à penetração da água.
- permitir elasticidade ao apoio do lastro.
54
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
b) Lastro:
- suficiente resistência aos esforços transmitidos pelos dormentes.
- possuir elasticidade para abrandar os choques.
- ter dimensões que permitam sua interposição entre os dormentes e abaixo deles,
preenchendo as depressões da plataforma e permitindo um perfeito nivelamento dos
trilhos.
- ser resistente aos agentes atmosféricos.
- ser permeável para permitir uma boa drenagem.
(a)
(b)
Figura 5.30: Lastro interposto entre os dormentes e abaixo deles não preencheu as
depressões. (a) espaço vazio ; (b) flexão do trilho quando é solicitado por uma roda.
Figura 5.31: Lastro bem socado interposto entre os dormentes e abaixo deles preencheu
completamente os espaços permitindo um perfeito nivelamento.
55
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Dimensionado em função do
subleito, do peso por eixo e
velocidade.
Talbot descobriu que as tensões eram mais concentradas abaixo dos apoios dos
trilhos e calculou a distribuição de tensões abaixo dos dormentes (figura 5.33).
Cada linha da figura 5.33 forma um bulbo de igual pressão. Pressões maiores estão
logo abaixo dos dormentes (po) e à medida que aumenta a profundidade (h) abaixo do
dormente, as pressões vão reduzindo (ph < po). Quanto menor for a magnitude destas
pressões melhor será para a via permanente, pois esta manterá o nivelamento e evitará o
bombeamento de finos.
56
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Bombeamento de finos
- bulbos de pressão
Figura 5.33: Distribuição das tensões abaixo dos dormentes em função da altura do
lastro.
57
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Porém, o valor obtido para este coeficiente sobre uma travessa não é o mesmo de
quando se aplica sobre várias travessas muito próximas umas das outras, conforme
ocorre na realidade.
58
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
(5.81)
Sendo:
K: rigidez vertical da via, kgf/mm (kN/mm).
Q: carga aplicada por roda, kgf (kN).
y máx: deformação máxima produzida no trilho, mm.
59
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( ) ( ) (5.82)
(5.83)
√ √
Isolando C:
√ ( ) (5.84)
√ ( ) (5.85)
60
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
E substituindo em (5.84):
√ (5.86)
E substituindo em (5.84):
√ (5.87)
61
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
ϴ: ângulo de espraiamento
Figura 5.35: Comparativo entre uma plataforma com baixa rigidez com uma com alta
rigidez.
Exemplos de ângulo de espraiamento para alguns tipos de solo:
- solos muito moles: ϴ < 40ᵒ;
- areias puras: ϴ ≈ 40ᵒ a 45ᵒ;
- argilas rígidas e duras: ϴ ≈ 70ᵒ;
- rochas: ϴ > 70ᵒ.
Exemplo 5.4: Considerando os dados do exemplo 5.3 (situação 1), pedimos calcular:
a) Coeficiente de lastro (C) em N/mm³.
b) Módulo de via (u) em MN/m².
c) Coeficiente de rigidez de apoio (keq) em N/mm.
Usaremos as equações (5.84), (5.86) e (5.87) para este cálculo. Como todas
dependem de K (rigidez vertical da via), calcularemos inicialmente o seu valor.
a) Rigidez vertical da via (K):
Equação (5.81):
Na tabela 5.13, segundo Birmann, o solo está na faixa final de plataforma argilosa e
começo da plataforma de cascalho, ou plataforma branda (macia).
b) Coeficiente de lastro (C):
( )
√ ( ) √ ( )( )
62
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( )
√ √ ( )
( )
( )
√ √ ( )
a) Equação Geral:
(5.88)
Sendo:
ph: pressão à profundidade “h” (kgf/cm²)
po: pressão na face inferior do dormente (kgf/cm²)
h: altura do lastro (cm)
α: 53,87
(5.89)
63
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Sendo:
P: carga sobre o dormente (kgf)
b: largura do dormente (cm)
c: distância do apoio no sentido longitudinal do dormente (cm)
bitola métrica: c = 70 a 80 cm.
bitola larga: c = 80 a 90 cm.
( ) (5.90)
(5.91)
Sendo:
Pr: peso por roda (kgf)
Ci: coeficiente de impacto (1,4). Pode-se usar a equação (5.75).
(5.92)
64
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
(5.93)
Sendo:
hL = altura do lastro (cm)
hSL = altura do sublastro (geralmente 20 cm).
( ) (5.94)
(5.95)
(kgf/cm²) (5.96)
Obs: Notar que p = 70,31 kgf/cm² para CBR = 100% (item 5.4.3).
Isolando “p” de (5.96):
p = 0,7. CBR (5.97)
Substituindo (5.97) em (5.95):
(5.98)
65
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
( )
Isolando hL:
√ ( ) (5.99)
Unidades:
n, α, Ci adimensionais
CBR: % (kgf/cm²)
d, br: m
b, c: cm
Pr: kgf
Vamos agora substituir os valores fixos para a bitola métrica e larga na equação
(5.99):
- Valores fixos para ambas as bitolas:
α: 53,87
n: 5,5
Ci: 1,4
( )
- Bitola Métrica:
c: 70 cm
b: 22 cm
√ (5.100)
Unidades:
hL: cm ; Pr: kgf ; CBR: % ; br: m.
66
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
√ (5.101)
Unidades:
hL: cm ; Pr: kgf ; CBR: % ; br: m.
( )
( ) (5.102)
√ ( ) (5.103)
O primeiro termo do lado direito da equação (5.103) se refere à altura do lastro total
(h).
67
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Calcular a altura do lastro e do sublastro, para uma via de bitola larga, passando
vagão HFT com 120 t, para as velocidades de 80 km/h e 60 km/h. A via tem 1750
dormentes por quilômetro. A plataforma tem um CBR de 20%.
a) Cálculo da altura do lastro: (hL)
- Para 80 km/h: usaremos a equação (5.98) – Ci = 1,46.
Pr = 120.000/8 = 15.000 kgf por roda.
√ ( )
√ ( )
√ ( )
√ ( )
68
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
69
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
Tabela 5.15: Alturas de lastro e sublastro, para as bitolas larga e métrica, considerando
30 t e 32,5 t/eixo e velocidades de 80 km/h e 60 km/h (larga) e 20 t e 25 t/eixo e
velocidades de 60 km/h e 40 km/h (métrica).
70
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
a) Plataforma:
71
Capítulo 5 Via Permanente Hungria
72