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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Breve Historial das Práticas Pedagógicas

Arlete António Nhantumbo


Código:708239296

Licenciatura em ensino de matemática

Práticas pedagógicas

Beira, junho 2023


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
INSTITUTO DE EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA

Breve Historial das Práticas Pedagógicas

Trabalho científico a ser submetido


na universidade católica de
moçambique, como requisito
parcial para aprovação na cadeira de
práticas pedagógicas

Licenciatura em ensino de matemática

Práticas pedagógicas

Beira, junho de 2023


Índice

Introdução ....................................................................................................................................... 2

Objetivos ......................................................................................................................................... 3

Desenvolvimento ............................................................................................................................ 4

A prática dos professores ao longo dos anos 1970 aos dias atuais ............................................. 4

Conceito da pedagogia segundo vários autores .............................................................................. 7

Conceito de práticas pedagógicas segundo vários autores ........................................................... 10

Objeto de estudo das práticas pedagógicas ................................................................................... 12

Importância das práticas pedagógicas no PEA ............................................................................. 13

Metodologia .................................................................................................................................. 14

Conclusão...................................................................................................................................... 15

Referências bibliográficas ............................................................................................................. 16


Introdução

O papel que o professor exerce na sociedade atual está alicerçado a uma constante busca por
conhecimento e qualificação profissional. Nesse sentido, o objetivo principal dessa busca por
conhecimento é a reflexão sobre os processos de aprendizagem dos alunos. Com todas as
mudanças que vêm ocorrendo na sociedade, as metodologias de ensino também precisam se
adequar a essas mudanças, sendo que quando a sociedade muda, os sujeitos pertencentes a ela
também passam por esse processo. Sendo assim, os professores precisam estar em um trilhar
permanente em busca de melhores estratégias que torne o processo de aprender muito mais
significativo. Diante disso, com base em Saviani (2019) fazemos uma retomada histórica sobre as
pedagogias hegemônicas que marcaram os anos de 1970 até os dias atuais a fim de
compreendermos como se deu o processo de aprender a aprender dos professores ao longo dos
anos. Através de uma pesquisa bibliográfica, objetivamos dialogar sobre a transição das teorias
tradicionais para as renovadoras baseadas na formação continuada de professores.

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Objetivos

O objetivo geral desta pesquisa é dialogar sobre a transação das teorias tradicionais para as
renovadoras (um breve historial das práticas pedagógicas)

Como objetivos científicos temos os seguintes:

 Conceituar a pedagogia na perspetiva de vários autores


 Conceituar as práticas pedagógicas segundo vários autores
 Estudar a importância das práticas pedagógicas no PEA

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Desenvolvimento

A prática dos professores ao longo dos anos 1970 aos dias atuais

Nos anos de 1970 para os anos de 1980 a prática do professor, segundo Saviani (2019) estava
centrada em ideias escolanovistas, sendo que os cursos voltados à educação sofriam forte
influência progressista naquela época. Para o professor, o aluno era o centro do processo educativo,
o qual se daria em torno das relações estabelecidas entre professor e aluno, mas também esperava
contar com assessoramento de especialistas das ciências humanas ligadas a educação, biblioteca
de classe, laboratórios e materiais didáticos variados. Seu ideal era que sua sala tivesse poucos
alunos para que a relação com eles fosse mais próxima. Vivia em uma utopia, pois ao chegar na
escola encontrou algo muito diferente, “descobriu que isso tudo não passava de luxo reservado a
raríssimas escolas” (SAVIANI, 2019, p. 115). A atividade docente exigia do professor que ele
tivesse práticas tradicionais, voltadas à transmissão de conteúdo. No entanto, a sua formação
versava por práticas totalmente opostas, práticas que consistiam em trazer em cena o conhecimento
do aluno e a relação com práticas sociais. “Não compreendia bem o que se passava, então ele se
revoltava, se desanimava. Havia, porém, um calendário a ser cumprido, era preciso dar as aulas,
desincumbir-se de algum modo da tarefa que lhe fora atribuída” (SAVIANI, 2019, p. 115).

Com a aprovação da Lei n° 5.692, de 11 de agosto de 1971, o pensamento pedagógico


tecnicista passou a orientar a política educacional do Estado. No que tange o papel do professor,
ele deveria ser eficaz e produtivo, visando alcançar o máximo de resultados que conseguisse tendo
o mínimo de gastos. Já na segunda metade da década de 1970, uma nova tendência ganhou espaço:
a “crítico-reprodutivista”. Desse modo, a educação passaria a ter forte relação com a sociedade, de
modo a reproduzir as relações sociais existentes, e o professor era o agente propulsor desta
reprodução.

Já que a escola reproduzia as relações sociais vigentes por meio da formação da força de trabalho
e da inculcação da ideologia dominante, sua função era garantir a exploração dos trabalhadores e
reforçar e perpetuar a dominação capitalista. O professor não era, pois, outra coisa senão um agente
da exploração, porta-voz dos interesses dominantes, lacaio da burguesia (SAVIANI, 2019, p. 117).

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O professor não tinha como rebater a essas críticas, mesmo não aceitando-as. A grande questão
era: como ele, professor, se sentindo uma vítima da exploração ser o próprio agente que reproduz
a exploração? Sendo assim, um forte desgosto pairou sobre seus pensamentos, cogitando a ideia
de largar a profissão.

A chama do professor passou a ser reacendida ao longo da década de 1980, pois se percebia
um caminho que apontava para uma educação crítica e transformadora. Essa educação se
configurava nos ideais de Paulo Freire, na chamada “pedagogia libertadora”. Como esses ideais
vinham na contramão da estrutura dominante da sociedade daquela época, esse movimento não
teve força suficiente para se impor.

Já em meados de 1990, as práticas pedagógicas ainda precisam ser eficientes e produtivas, no


entanto, o professor não necessita mais seguir um planejamento engessado. Um marco relevante
nesse período é o incentivo ao aperfeiçoamento profissional dos professores, ou seja, um “eterno
processo de aprender a aprender” (SAVIANI, 2019, p. 118). A partir daí passaram a surgir cursos
de atualização ou reciclagem, que visavam aspectos singulares e segmentados da prática docente.
Esses cursos rápidos, sanavam a demanda do professor para dar prosseguimento em sua
qualificação para o exercício docente. Como produto disso, há a “descrença no saber científico e
a procura por ‘soluções mágicas’” (SAVIANI, 2019, p. 119). Essa utopia em torno de soluções
prontas para problemas cotidianos, que são advindos de cursos aligeirados de capacitação
profissionais, cria na escola uma “cultura escolar” que por fim acarreta num desprestígio
profissional e na desvalorização da cultura já constituída.

Desde 1990 até os dias atuais percebe-se que essa “cultura escolar” citada por Saviani (2019)
vem a cada dia crescendo mais. É um estigma que se perpetua ano após ano, a cultura da
desmotivação e da “vala comum”, onde o professor que está motivado a possibilitar aos alunos
formas mais significativas de aprendizagem acaba por se contaminar por essa cultura impregnada
na escola. Percebe-se que a profissão de professor, ao longo da história, foi marcada por um
dualismo de concepções, em razão disso: uma sociedade que presa por uma elite dominante e
deposita na educação e no professor a função de reproduzir um sistema de classes desiguais.

Sendo assim, Saviani (2019) destaca que nos dias atuais as correntes pedagógicas que mais
estão sendo utilizadas podem ser separadas em duas tendências: as tradicionais e as renovadoras.
O quadro a seguir sintetiza os dois grupos e sua principal característica.

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Tendência Teorias Objetivo
Teoria sobre a prática Tradicionais Ensino
Teoria à prática Renovadoras Aprendizagem
Fonte: Elaborado pela autora a partir de Saviani (2019)

As duas teorias citadas no quadro acima nos fazem refletir sobre uma possível afirmação:
arriscamo-nos a dizer que podemos estar em uma transição entre o modelo tradicional de ensino
para um modelo renovador, que descentra o conhecimento do professor, traz a figura do aluno
como sujeito do seu processo de aprendizagem e busca o desenvolvimento integral do mesmo.

Exemplificando a afirmação anterior, Arroyo (2000, p. 68) ao se referir ao artigo 2° da LDB


onde diz que: “a finalidade da educação é o pleno desenvolvimento do educando”, faz uma relação
sobre como os professores poderão desenvolver seu aluno plenamente e destaca algumas reações
dos professores, tais como “Nunca estudei desenvolvimento humano”, “Mal dou conta do meu
desenvolvimento, como posso dar conta dos outros?” e “E os conteúdos onde ficam? ”. O autor
traz um exemplo de como os professores ainda estão enraizados em ideias tradicionais de ensino.

Nesse mesmo sentido, Arroyo (2000, p. 77) faz uma retomada sobre a organização dos saberes na
escola. Nas palavras do autor, Essa tradição foi legitimando como conteúdos centrais e quase que
únicos da docência os saberes e competências fechados. As competências abertas ficaram por
conta das famílias, das igrejas, dos meios de comunicação, por conta dos processos difusores de
socialização.

A visão impregnada da escola como preparação para o mercado de trabalho, segundo o autor,
é originária de políticas e organizações sociais desde a constituição da instituição pública de
ensino. Entendia-se que na escola os alunos deveriam aprender os conteúdos que fazem parte da
construção de aspetos cognitivos do seu desenvolvimento, e ficaria para outras instituições sociais
o desenvolvimento de outros aspetos constituintes do nosso ser.

De acordo com Libâneo (1992) no ensino tradicional a autoridade do professor é a única que
prevalece, impedindo qualquer forma de comunicação entre professor e aluno durante a aula. Desta

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maneira, o professor é aquele que transmite o conteúdo e o aluno absorve, transformando-se em
uma aula onde a disciplina é uma imposição para assegurar a atenção e o silêncio. Constituindo-
se como um dos maiores educadores brasileiro, Paulo Freire (1980, p. 79) nos remete ao ensino
tradicional como uma educação “bancária”, sendo que é tarefa do professor “‘encher’ os alunos
do conteúdo da narração, conteúdo alheio à realidade, separado da totalidade que a gerou e poderia
dar-lhe sentido”.

Neste sentido, Freire (1980, p. 80) destaca que o que é ensinado aos alunos contêm contradições
com o que é vivenciado na realidade, e que estas mesmas contradições podem fazer com que os
alunos se posicionem contra a sua “domesticação”, comprometendo-se com a luta pela sua
libertação. Sendo assim, o mesmo autor destaca que o professor não pode esperar até que isso
aconteça, mas precisa estar comprometido desde o início com o pensamento crítico e pela procura
de humanização. Para que isso seja possível, o professor deve colocar-se ao nível dos alunos e ser
partícipe de suas relações.

A educação problematizadora está fundamentada sobre a criatividade e estimula uma ação e uma
reflexão verdadeiras sobre a realidade, respondendo assim à vocação dos homens que não são seres
autênticos senão quando se comprometem na procura e na transformação criadoras (FREIRE,
1980, p. 81).

Alguns questionamentos podem ser feitos com o exposto até aqui: Como fazer com que a escola
cumpra a função de desenvolver plenamente o seu aluno? Como acontecerá a transição entre uma
prática tradicional de ensino para uma prática renovadora? Como se dará esse processo para o
professor e para o aluno? Perguntas que servem de artimanha para interessantes reflexões.

Conceito da pedagogia segundo vários autores

O século XXI, segundo críticos e autores das várias linhas de pesquisa em ciências sociais
e humanas, é o século de conhecimento e as informações constituem-se como principal ferramenta
para a sobrevivência do ser humano. Segundo Santos (1995, p.15), “Esta é a era da pós-
modernidade, ou da informática, ou ainda, da midiatização”.

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A profusão de informações a que se tem acesso é espantosamente grande. Tudo gera informação.
Os meios áudio-visuais acenam com configurações novas, a cada momento, para que o ser humano
apreenda o mundo que o cerca. Além disso, as notícias que nos chegam vêm em tempo real, mesmo
que os fatos tenham acontecido do outro lado do planeta, ou mesmo, fora dele.

Assim, a humanidade do século XXI caminha a passos apressados, sem muito tempo para a
contemplação e para a reflexão a cerca da de sua essência, de sua própria humanidade, visando um
conhecimento de si, do outro e do mundo que os cerca. Assim, as crianças e os jovens identificam-
se e constroem suas visões de mundo. Da mesma forma, todos os espaços se adaptam a esse ritmo
acelerado e colorido, incluindo nestes espaços, a escola.

A pedagogia, que está intrinsecamente ligada à escola e seus fazeres, vêm se modificando também.
Além dela, os pedagogos, ou professores, adequam-se, buscam novas metodologias e novas formas
de ensinar. Mas, a tarefa, em relação aos pedagogos não é simples e requer muito esforço, muito
estudo, muita vontade e muita dedicação.

O conhecimento da Pedagogia, seu entendimento enquanto instrumento e enquanto


ciência, se faz necessário para que se compreenda, também, sua aplicabilidade e especificidades.
Libâneo (2004), assim define Pedagogia:

Ao meu ver, a Pedagogia ocupa-se do fato, dos processos educativos,


métodos, maneiras de ensinar, mas antes disso, ela tem um significado
bem mais amplo, bem mais globalizante. Ela é um campo de
conhecimentos sobre a problemática educativa na sua totalidade e
historicamente e, ao mesmo tempo, uma diretriz orientadora da ação
educativa (LIBÂNEO, 2004, p.29-30).
Se tomarmos o pensamento do autor, entenderemos que a pedagogia é todo o método, o estudo, o
olhar, a sensibilidade, a organização, a estrutura com os quais a escola e o professor se munem
para a constituição dos processos educativos. Muito mais que apenas a metodologia pela qual se
ensina, a Pedagogia diz respeito à forma como se ensina e as visões de mundo que o professor, o
aluno e a escola têm e que devem estar imbricadas no processo de ensino-aprendizagem.

Para Libâneo (2004), ainda, a pedagogia traduz o estudo sistemático da educação e dos seus
processos, e deve ser entendido como pedagógico a finalidade da ação educativa, suas estruturas

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sócio-políticas que se estabelecem nas formas organizativas e metodológicas. Nesse sentido, o
autor define:
Educação é o conjunto das ações, processos, influências, estruturas, que
intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua
relação ativa com o meio natural e social, num determinado contexto de
relações entre grupos e classes sociais (LIBÂNEO, 2004, p.30).
Assim definida a educação, para o autor, a Pedagogia: “É uma prática social que atua na
configuração da existência humana individual e grupal, para realizar nos sujeitos humanos as
características de ‘ ser humano’(LIBÂNEO, 2004, p.30).

Dessa forma, pode-se dizer que a Pedagogia é a ciência que estuda e atua na esfera do ser
humano auxiliando-o na reflexão do seu existir, fazer e pensar. Então, a Pedagogia não está restrita
apenas, aos muros escolares, ela se estende para além deles e amplia-se, na medida em que a
educação, veloz e sem fronteiras configurada na sociedade atual, necessita humanizar as relações,
visto a impessoalidade fazer parte do cenário social atual.

Ghiraldelli Jr (2007), considera que:

A concepção que diz que a pedagogia é a parte normativa do conjunto de


saberes que precisamos adquirir e manter se quisermos desenvolver uma
boa educação, é mais ou menos consensual entre os autores que discutem
a temática da educação. Ela, a pedagogia, é aquela parte do saber que está
ligada à razão que não se resume à razão instrumental apenas, mas que
inclui a razão enquanto razoabilidade; a racionalidade que nos possibilita
o convívio, ou seja, a vigência da tolerância e, mesmo, do amor
(GHIRALDELLI JR, p.03).
Dessa forma, a Pedagogia atua em campos bem mais amplos do que os escolares, como já dito.
Pensando assim, ela se estende para os diversos segmentos sociais, como empresas, órgãos
governamentais, instituições e entidades, centros de reabilitação para dependentes químicos, e
campos da medicina, como fisioterapia, tratamento pós-cirúrgico, etc
Essa visão da extensão da Pedagogia amplia-se para a atuação do pedagogo. Andréa Cecília
Ramal (2007), considera que:

Nas empresas, a necessidade de manter a competitividade no mercado


exige desenvolver sempre novas competências nos funcionários. Nesse
campo, a tarefa do pedagogo é crucial, colaborando não só nos processos
de capacitação em serviço, como também na avaliação permanente que
permita diagnosticar as novas necessidades em função de cada contexto e

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os meios para gerá-las mais rapidamente nos grupos de trabalho
(RAMAL, 2007).
Para Moacir Gadotti (2003), a Pedagogia e o pedagogo, parecem estar surgindo como “a luz no
fim do túnel”, pois tratam e estudam o ser humano em seu todo, realizando o imbricamento entre
o ser humano, suas relações, seu meio e sua condição sócio-política.

Conceito de práticas pedagógicas segundo vários autores

Esta pesquisa foi construída em cima de teorias e metodologias que envolvem as práticas
pedagógicas na educação não formal e informal de acordo com diferentes autores nacionais e
internacionais. A questão das práticas pedagógicas nesse meio, abrangendo a educação básica
até o ensino superior. O histórico dessas práticas em Moçambique e no mundo.

O significado que a prática pedagógica possa assumir varia, isto é, consiste em algo que não
pode ser definido, apenas concebido, mudando conforme os princípios em que estiver baseada
a nossa ideia. A construção do conhecimento é vista como um processo realizado por ambos os
atores: professor e aluno. Esse tipo de relação pedagógica não é assimétrico, no sentido de que
ambos os lados: professor e aluno, ensinam e aprendem, construindo e reconstruído o
conhecimento juntos. O professor aprende com o aluno, ao pesquisar sua realidade, seu
desenvolvimento cognitivo e afetivo, enquanto o aluno aprende, por meio de um processo de
reconstrução e criação de conhecimentos daquilo que o professor sabe, tem para compartilhar.
(VERDUM, 2013).

Prática pedagógica é a união de teoria e prática no exercício de ensinar e apreender


conhecimento, na ação pedagógica. Essas práticas envolvem tomar consciência de todo
processo educativo e as ferramentas utilizadas pelos professores para que ele aconteça.

Ela envolve a reflexão dos professores acerca de seus saberes e deveres para o desenvolvimento
de uma boa prática pedagógica. Isso nos leva também a permear a nossa memória educativa.
Quais recortes são feitos das nossas realidades, da nossa relação com a escola, com o
conhecimento e com a vida de uma maneira geral.

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A trajetória pessoal de cada educador vai interferir na forma como ele entende e conduz essas
práticas pedagógicas na sala de aula. Isto é relevante para este artigo porque os avanços das
práticas devem acompanhar os avanços ocorridos na nossa sociedade como o uso da tecnologia,
trazendo a aquisição do conhecimento mais atraente e próxima da realidade dos alunos.

Prática Pedagógica pode assumir diferentes sentidos e significados conforme a perspectiva


teórico-epistemológica adotada.

Numa perspectiva positivista, pressupõe-se a existência de uma realidade única que pode ser
fragmentada em partes manipuláveis independentemente. Assim, só é considerado válido o
conhecimento fundamentado na realidade tal como a captamos através de nossos sentidos. Como
consequência, institui o valor do método científico e da medida estatística (CARR; KEMMIS,
1988). Logo, a teoria educativa é algo que se pode aplicar na prática; em uma palavra, a teoria
educativa se converte em ciência aplicada (CARR; KEMMIS, 1988, p.72). Esse enfoque
considera, portanto, que os princípios e as teorias podem orientar tanto o desenvolvimento de uma
técnica de ensino, como a solução de problemas relacionados à disciplina e ao controle da sala de
aula, à motivação e à avaliação. Nesse sentido, as teorias educativas devem se conformar às
normas e critérios científicos (CARR; KEMMIS, 1988, p.75) e, como tais, devem ser aplicadas.

A prática pedagógica, nessa perspectiva, é o resultado da aplicação de conhecimentos teóricos


extraídos de diferentes disciplinas científicas na resolução de problemas, percorrendo um caminho
no sentido da ideia à ação, dos princípios teóricos à prática.

Numa perspetiva interpretativa, a realidade é construída socialmente pelo homem, ao dar


significado aos objetos, situações e experiências vividas. É o homem o verdadeiro criador do
conhecimento e da realidade e, nesse processo de construção, dá-se ênfase ao caráter intencional
da atividade humana.

Nessa visão, a prática se modifica mudando a maneira de compreendê-la. Essa nova compreensão
da prática possibilita que o indivíduo reconsidere crenças e atitudes inerentes à sua maneira de
pensar atual, sendo capaz de exercer uma influência prática. Assim, a relação teoria-prática é
entendida como uma troca bidirecional: a deliberação prática está informada não só pelas ideias,
mas também pelas exigências práticas de cada situação, uma vez que o juízo crítico e a mediação
do critério do ator são sempre indispensáveis.

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A prática pedagógica, nessa perspetiva, é o resultado de um processo que tem o seu início na
própria prática, informada tanto pela teoria como pela situação particular vivenciada pelo ator.

Numa perspectiva histórico-crítica ou dialética, a realidade é concebida como totalidade concreta,


como um todo que possui sua própria estrutura, que se desenvolve, que se vai criando. Portanto,
todos os fenômenos e acontecimentos que o ser humano percebe da realidade fazem parte de uma
totalidade, ainda que este não a perceba explicitamente. Assim, o conhecimento de fatos ou
conjunto de fatos da realidade é o conhecimento do lugar que esses fatos ocupam na totalidade da
própria realidade. E como a realidade não é transparente, para compreendê-la, é necessário captá-
la por dentro, em seus processos, em suas múltiplas relações. Ou seja, o pensamento histórico-
dialético resgata os princípios de especificidade histórica e de totalidade da realidade e, do ponto
de vista metodológico, busca apreender e analisar os acontecimentos, as relações e cada momento
como etapa de um processo, como parte de um todo (KOSIK, 1976).

A prática pedagógica, nessa perspectiva, é uma prática social e como tal é determinada por um
jogo de forças (interesses, motivações, intencionalidades); pelo grau de consciência de seus
atores; pela visão de mundo que os orienta; pelo contexto onde esta prática se dá; pelas
necessidades e possibilidades próprias a seus atores e própria à realidade em que se situam.
(CARVALHO; NETTO, 1994, p.59).

Objeto de estudo das práticas pedagógicas

Com o advento das tecnologias na educação, a escola segue empenhando-se a aperfeiçoar suas
práticas ao uso dos computadores presente nas unidades escolares. Sabe-se que a escola é o reflexo
das demandas da sociedade, assim como a sociedade é um reflexo do sistema educacional (PIVA,
2013), a introdução de computadores e/ou outros recursos tecnológicos, projetores, lousa digital e
dispositivos móveis na área educacional, está associado ao uso crescente destes recursos nas
atividades da sociedade.

Dentre os recursos utilizados, citamos o uso de Objetos de Aprendizagem (OA) que segundo Wiley
consiste em:

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[...] qualquer recurso digital que pode ser reutilizado para apoiar a aprendizagem e que podem ser
distribuídos pela rede, sob demanda, seja este pequeno ou grande. (WILEY, 2000, p.7)Para
Nascimento e Nobre (2009)

Apesar do OA preconizar “qualquer recurso digital”, podendo ser um documento ou uma


apresentação de slides, observa-se nos meios educacionais OAs comumente contendo
sofisticações, sendo mais elaborados, que possam ser implantados em ambientes da Web, podendo
até conter bancos de dados para avaliação e/ou perfis dos usuários. (NASCIMENTO e NOBRE,
2009)

Importante ressaltar que a presença dos recursos de tecnologias nas escolas, não garante seu uso
no desenvolvimento do processo de ensino e aprendizagem, assim como a qualidade deste uso.
Como ressalta Fávero (2012, p.37) tais tecnologias não podem e nem devem ser usadas apenas
para animar, divertir e atrair a atenção dos alunos, mas sim usadas pautandose pelo conceito da
tecnologia educacional de acordo com a Associação Brasileira de Tecnologia Educacional:

[...] uma opção filosófica, centrada no desenvolvimento integral do homem, inserido na dinâmica
da transformação social; concretiza-se pela aplicação de novas teorias, princípios conceitos e
técnicas num esforço permanente de renovação da educação (1982, p.17)

Considerando a importância da mediação no processo de ensino, como consequência do


planejamento e como tais questões estão diretamente ligadas às atividades escolares e ao
desenvolvimento escolar por meio das práticas pedagógicas propostas pelos professores, com base
nas contribuições de Vygotsky.

Este é um desafio aos professores em suas práticas pedagógicas, haja visto que suas aprendizagens
escolares não foram realizadas desta maneira, como se a escola fosse uma extensão do cotidiano
social, mas infelizmente ao contrário, como se a escola fosse um espaço para aprender, símbolos,
fórmulas e regras/conceitos. Pensamento matematicamente correto, mas destituído de sentido.
(MOYSÉS, 1997)

Importância das práticas pedagógicas no PEA

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A questão do fazer pedagógico tem sido bastante discutido pelos educadores preocupados,
sensíveis e comprometidos com a promoção expressiva dos seus alunos, na perspectiva de
favorecer o surgimento de atores autônomos, críticos e criativos na sociedade local e planetária.
Segundo FREIRE (1996, p.45) “o que importa, na formação docente, não é a repetição mecânica
do gesto, este ou aquele, mas a compreensão do valor dos sentimentos, das emoções, do desejo, da
insegurança a ser superada pela segurança do medo que, ao ser educado, vai gerando a coragem”.
A coragem do uso social do conhecimento como mecanismo de (re)construção do meio e dos
pensamentos que fazem emergir uma sociedade diferente, fomentadora das necessidades mais
urgentes de seus partícipes.

Portando, uma educação de qualidade está diretamente condicionada ao fato do professor


compreender que o seu fazer pedagógico é também determinante para desenvolver o intelecto dos
alunos e por via de conseqüências as dimensões sociais.

Metodologia

Este trabalho é resultado de uma pesquisa bibliográfica, trata-se de uma discussão a partir da
metodologia científica para estudantes no contexto universitário.

Para desenvolver-se este trabalho, foram feitas as pesquisas a respeito do tema a partir de
autores e pesquisadores na área. A pesquisa é de carácter bibliográfica, pois, é feita a partir de
levantamento de referências teóricas já analisadas, e publicadas por meios escrito e eletrónicos,
como livros e páginas de web sities.

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Conclusão

Com base em alguns autores (NÒVOA, GARCIA, FÁVERO, BENINCÁ) esse processo de
transição de ideias tradicionais de educação para ideias renovadoras (SAVIANI,2019) pode ser
realizado através de um processo chamado reflexão. «o objetivo primordial da reflexão no
ambiente escolar é, acima de tudo, formar cidadãos antônimos, rompendo com os modelos
tradicionais de educação. (FÁVERO, 2013)

Para isso, a aposta é a formação continuada de professores baseada na reflexão da prática


pedagógica através da análise do cotidiano escolar. A formação continuada quando considera os
saberes e ações advindo com a prática do professor na escola, traz momentos de potentes reflexões.
Sob esse ponto, NÒVOA (1997) aborda que os processos de reflexão têm de assumir papel
importante na formação do professore, consolidando um terreno profissional de autoformação
participada.

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Referências bibliográficas

 ARROYO. Miguel. Ofício de mestre: imagens e auto-imangens. 5. Ed. Protópolis: Vozes,


2000

 FÁVERO, Altair Alberto; FONTANA, Maire Josiana. Professor reflexivo: uma


integração entre teoria e prática. REI-Revista de educação do IDEAU. Instituto de
Desenvolvimento Educacional do Alto Uruguai. Janeiro, 2013

 FREIRE, P. Conscientização: teoria e prática da libertação. Uma introdução ao


pensamento de Paulo Freire. 3. Ed. São Paulo: Moraes, 1980

 LIBÂNEO, J. Democratização da escola pública. São Paulo, Loyola, 1992

 SAVIANI, Dermeval. Pedagogia histórico-crítico: quadragésimo ano- novas


aproximações. Campinas. Autores associados, 2019

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