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A DISCIPLINA DE ORGANIZAÇÃO DO TRABALHO PEDAGÓGICO OBSERVADA POR

MEIO DO ESTÁGIO NO CURSO DE FORMAÇÃO DE DOCENTES

KASTELIJNS, Fabiana Andrea Barbosai


DIAS, Ani Karolineii
SANTOS, Suziane dosiii
Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG)
Eixo 1: Formação inicial de professores da Educação básica
fabianaabk@uol.com.br

Introdução

O presente trabalho visa trazer um relato de experiência de egressos do curso de


Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG acerca da prática
pedagógica vivenciada por ocasião da realização do estágio curricular obrigatório nas
disciplinas pedagógicas do Ensino médio, no ano de 2015.
Sabe-se que o curso de Pedagogia no Brasil tem como função, a partir das Diretrizes
Curriculares Nacionais, publicadas em 2006, em seu artigo 2º, a “[...] formação inicial
para o exercício da docência na Educação Infantil e nos anos iniciais do Ensino
Fundamental, nos cursos de Ensino Médio, na modalidade Normal, e em cursos de
Educação Profissional na área de serviços e apoio escolar, bem como em outras áreas
nas quais sejam previstos conhecimentos pedagógicos.” (BRASIL, 2006), tendo como
base a docência.
Segundo o artigo 6º. das referidas Diretrizes, os cursos de Pedagogia devem
contemplar três núcleos formativos:

Art. 6º A estrutura do curso de Pedagogia, respeitadas a diversidade


nacional e a autonomia pedagógica das instituições, constituir-se-á de:
I - um núcleo de estudos básicos que, sem perder de vista a diversidade
e a multiculturalidade da sociedade brasileira, por meio do estudo
acurado da literatura pertinente e de realidades educacionais, assim
como por meio de reflexão e ações críticas [...]
II - um núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos voltado às
áreas de atuação profissional priorizadas pelo projeto pedagógico das
instituições e que, atendendo a diferentes demandas sociais,
oportunizará, entre outras possibilidades:
a) investigações sobre processos educativos e gestoriais, em diferentes
situações institucionais: escolares, comunitárias, assistenciais,
empresariais e outras;
b) avaliação, criação e uso de textos, materiais didáticos, procedimentos
e processos de aprendizagem que contemplem a diversidade social e
cultural da sociedade brasileira;
c) estudo, análise e avaliação de teorias da educação, a fim de elaborar
propostas educacionais consistentes e inovadoras;
III - um núcleo de estudos integradores que proporcionará
enriquecimento curricular e compreende participação em:

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a) seminários e estudos curriculares, em projetos de iniciação científica,
monitoria e extensão, diretamente orientados pelo corpo docente da
instituição de educação superior;
b) atividades práticas, de modo a propiciar vivências, nas mais diferentes
áreas do campo educacional, assegurando aprofundamentos e
diversificação de estudos, experiências e utilização de recursos
pedagógicos;
c) atividades de comunicação e expressão cultural.

Assim, visando contemplar o terceiro eixo, ou seja, de estudos integradores e os


estágios obrigatórios, as disciplinas Estágio Curricular Supervisionado nas Disciplinas
Pedagógicas do ensino médio e Seminário Avançado das Disciplinas Pedagógicas do
Ensino Médio, componentes da matriz curricular do 4º. Ano do curso de Pedagogia da
referida Universidade, buscam aproximar o acadêmico da realidade do ensino médio no
Brasil, seu histórico, dualismo e, no caso específico da Universidade Estadual de Ponta
Grossa, do curso de Formação de Docentes em nível médio.
O acadêmico do curso de Pedagogia da referida instituição tem 34 horas entre
observação e intervenção no campo de estágio, a fim de aproximar-se da dinâmica de
trabalho neste nível de ensino, bem como dos desafios e peculiaridades deste. Como
trabalham de forma articulada, as experiências vistas em estágio são compartilhadas e
subsidiadas através de referencial específico nos seminários realizados semanalmente.
Assim, pode-se afirmar que nesta prática se entende o estágio como movimento
que traz para o curso a possibilidade de articulação entre as teorias postas, debatidas e
refletidas e a realidade com toda sua historicidade, conflitos e desafios, uma vez que é
fundamental propiciar aos acadêmicos momentos para que exercitem a profissão
escolhida, seja em diferentes níveis de ensino, seja na gestão dos espaços escolares.
Portanto,

A forma como o estágio é concebido e desenvolvido traduz as


características do projeto pedagógico do curso, de seus objetivos,
interesses e preocupações formativas e traz a marca do tempo histórico
e das tendências pedagógicas adotadas pelo grupo de docentes
formadores e das relações organizacionais do espaço acadêmico ao
qual está vinculado. Traduz ainda a marca dos professores que o
orientam, dos conceitos e das práticas por eles adotados (PIMENTA;
LIMA, 2004, p.113).

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Por ocasião da realização do referido estágio, em uma turma de onze alunas do 4o.
período noturno do curso de formação de docentes, a professora regente solicitou que a
temática a ser trabalhada pelas estagiárias nas oito horas destinadas à docência fosse a
Organização do Trabalho Pedagógico (OTP). Tal disciplina, integrante da matriz curricular
do curso técnico de Formação de Docentes, visa proporcionar aos alunos, futuros
professores, todo o embasamento necessário sobre a Educação Nacional, englobando
toda a questão didático-pedagógico de uma instituição escolar, partindo de questões
pertinentes que estão presentes na própria legislação, Lei de Diretrizes e Bases da
Educação Nacional - LDBEN 9.394/96, que estrutura toda a organização do trabalho
pedagógico, incumbindo alguns papéis aos docente.

Para embasar este relato, foram utilizados autores como Frigotto (2005),
Gasparin (2014), Imbernón (2005) e Saviani (2009), destacando a importância da
disciplina de OTP, o que esta proporciona e agrega aos alunos, futuros professores, bem
como as experiências vivencias no curso de formação de docentes, as quais sào
fundamentais para a formação do futuro pedagogo.
Assim, para dar segmento ao relato desta experiência, o trabalho está
estruturado da seguinte forma: primeiramente contemplando “A Organização do Trabalho
Pedagógico frente à Sociedade Atual”, fundamentando a educação como integrante e
mantenedora do sistema capitalista. Posteriormente mencionamos “A Disciplina de
Organização do Trabalho Pedagógico e sua importância na Formação Docente”, como
um meio de se romper com essa perspectiva, visando buscar uma educação pautada na
qualidade e no atendimento a todos os sujeitos, independente das suas classes. Por fim,
o último item diz respeito ao Relato da experiência vivenciada no estágio.

A Organização do Trabalho Pedagógico frente à Sociedade Atual

Desde a gênese da educação brasileira, esta reforça os interesses do Estado


frente à sociedade como um todo, desde sua organização até a manutenção de uma
sociedade desigual. A ordenação do trabalho pedagógico reflete a organização da
sociedade em que estamos inseridos. A educação não se exila da concepção capitalista,
na qual apenas a elite é a detentora dos saberes intelectuais e as classes dominadas a
produção de mão de obra. (GASPARIN, 2014).
Para Gasparin (2014, p. 5), “nesta estrutura capitalista, a escola não se orienta
diretamente para o trabalho material, mas para a gestão do trabalho, reproduzindo a
divisão do trabalho manual e intelectual presente na sociedade global”.

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A organização didática do trabalho pedagógico ainda privilegia essa estrutura
capitalista, que muitas vezes favorece as classes dominantes e continua a excluir as
demais, consideradas como meras mantedoras da sociedade. Conforme Frigotto

Aqui, novamente, cabe uma crítica – sem tréguas – ao projeto


pedagógico dominante, que vincula a educação básica ao mercado e à
pedagogia do capital, pedagogia das competências e da
empregabilidade. [...] Cabe, ao contrário, afirmar uma concepção de
educação básica (fundamental e média) pública, laica, unitária, gratuita e
universal, centrada na ideia de direito subjetivo de cada ser humano.
Uma educação plurilateral, tecnológica ou politécnica, formadora de
sujeitos autônomos e protagonistas da emancipação humana
(FRIGOTTO, 2005, p. 26).

Assim, existem dilemas que predominam a formação de professores, entre estes


aquele centrado nos conteúdos, e outro, no aspecto pedagógico didático. Há uma
atenção maior aos conteúdos específicos, sendo deixadas em segundo plano as
exigências pedagógicas, tornando-o ocioso e favorável à perda da qualidade educativa,
contribuindo, assim, para a construção de uma sociedade cada vez mais desigual.
Contudo, sabemos que esses dois aspectos deveriam estar articulados e integrados no
processo de formação de professores (SAVIANI, 2009).
Tendo como base esses aspectos, uma organização do trabalho pedagógico
(OTP) bem estruturada e que rompa com essa influência do modelo capitalista,
impregnado na educação, precisa ser conivente com apontamentos postos na Lei de
Diretrizes e Bases da Educação (LDBEN 9394/96) em seu Artigo 13, que institui o papel
dos professores de participar da elaboração do projeto político pedagógico da instituição
em que estão inseridos, a fim de se efetivar a gestão democrática, realizar planejamento
de aulas, elaborar avaliações. Aqui, consideramos que esses aspectos devem e precisam
ser pensados na realidade da sala de aula que se tem, considerando suas
particularidades, caso isso não ocorra, a educação se torna falha e mera mantenedora de
desigualdades sociais, já que contribui para o fracasso de seus alunos, que nada
poderão fazer para mudar sua realidade.
Diante disso, é essencial que os futuros professores que vêm sendo formados,
tanto em cursos de nível médio (Formação de Docentes) como em cursos superiores
(Licenciatura em Pedagogia), tenham essa matéria em suas matrizes curriculares, pois
esta é de suma importância já que o trabalho docente é, como aponta Zabala (1998),
repleto de intencionalidade e visa atingir objetivos de aprendizagem.

A Disciplina de Organização do Trabalho Pedagógico e sua importância na


Formação Docente

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Considerando a realidade educativa apresentada, a Disciplina de OTP se faz
importante no sentido de apresentar essa problemática nos cursos de Formação de
Docentes, visto que é a partir dessa que os professores organizarão seu trabalho e a
condução de suas aulas.
A Disciplina de OTP faz parte do quadro das disciplinas que integram o curso em
nível médio de Formação de Docentes e tem por intenção oferecer conteúdos que dão
embasamento ao futuro docente, na compreensão do sentido da Educação Nacional, de
sua estrutura administrativa e pedagógica. Na década de 1990, a disciplina era
trabalhada focando a estrutura e o funcionamento do 1º Grau e da Didática Geral, mas
atualmente seu objeto de estudo é a legislaçãoões e as políticas públicas que
regulamentam o trabalho pedagógico na Educação Básica, pautados na LDBEN
9.394/96, e as práticas envolvidas no cotidiano escolar, ou seja, na organização do
trabalho pedagógico (MELLO, 2011).
Tendo em vista uma educação de qualidade, a organização
do trabalho pedagógico deve articular teoria e a prática, através de observações,
participações e ações no campo de prática de formação, fundamentada nas disciplinas
curriculares.
A disciplina pretende, através dos estudos sobre a Organização do Trabalho
Pedagógico, abordar as funções da escola e do professor, levando o aluno, futuro
docente, a estabelecer as relações de inúmeras temáticas com a prática de formação. As
temáticas perpassam desde os assuntos sobre planejamento escolar, à elaboração do
Projeto Político Pedagógico e às leis que fundamentam a educação e o fazer docente.
Cabe à disciplina de OTP fazer com que os conceitos cotidianos ascendam aos
conceitos científicos para que se tornem científicos também, e o trabalho de possibilitar
que os conceitos científicos desçam aos cotidianos para que se tornem científicos no
cotidiano, através da mediação do professor, este é o processo pedagógico, a didática
necessária para a escola atual. (GASPARIN, 2007).
Foi nessa disciplina que realizamos nossas observações e intervenções, que
serão relatadas a seguir.

Relato da experiência vivenciada no estágio

Como parte integrante de nossas disciplinas do 4º e último ano de curso de


Licenciatura em Pedagogia, pela Universidade Estadual de Ponta Grossa (UEPG-PR),
realizamos o Estágio Curricular Supervisionado nas Disciplinas do Ensino Médio, em uma
turma do 4º período do curso técnico de Formação de Docentes na única instituição
pública de nossa cidade a oferecê-lo.

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Foi nossa primeira experiência com alunos em nível médio, onze no total, muitos
já atuantes e que retornaram aos bancos escolares a fim de concluir o Curso de
Formação de docentes na modalidade pós-médio, o que causou certo receio, visto que
nossa experiência de estágio sempre ocorreu na educação infantil e no ensino
fundamental I.
O primeiro empecilho foi relativo a relações interpessoais. Como já relatado, por
ocorrer no período noturno, muitos alunos trabalhavam o dia todo e demonstravam estar
muito mais interessados na certificação apenas, do que em aprofundar conhecimentos.
Além disso, olhavam-nos com certa desconfiança, pois éramos mais jovens que muitas
delas. No início foi difícil o contato e aproximação com essas alunas. Mas, aos poucos
fomos aproximando-nos de cada uma, sendo isso importante para o andamento da nossa
trajetória no decorrer do estágio. Infelizmente não atingimos todas as alunas, já que ainda
havia algumas descontentes com nossa presença, o que em alguns momentos
prejudicava o andamento de nossas aulas.
Ao observarmos o decorrer das aulas por quatro dias, todas da matéria de
Organização do Trabalho Pedagógico, pudemos perceber como a professora da
disciplina encaminhava suas aulas, bem como a postura assumida pela turma frente a
ela. Notamos que as aulas sempre eram ministradas da mesma maneira, a professora
somente discursava sobre a temática da aula, e as alunas pouco interesse
demonstravam.
Em relação a esse aspecto é necessário que o professor não fique preso
somente a métodos tradicionais de ensino, preso ao quadro negro, as apostilas, as
tarefas pré-estabelecidas. Paulo Freire já afirmava que “ensinar não é transferir
conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou sua
construção” (FREIRE, 2015, p. 47).
Nesse sentido, sabemos da importância do uso de diferentes metodologias por
parte do professor que deve considerar a aula como um espaço social e de profundas
relações interpessoais. Diante disso, é importante utilizar a criatividade em sala de aula,
já que essa contribui para a mudança da configuração de todo o processo ensino
aprendizagem. Martínez discorre que “pensar na criatividade como princípio fundante da
sala de aula supõe uma mudança paradigmática, uma verdadeira reviravolta na forma
dominante de ensinar e aprender” (MARTÍNEZ, 2008, p. 115).
Zabala (1998, p. 91) reafirma a importância do uso das diferentes metodologias
dentro de sala de aula, já que essas são carregadas de intenções e, portanto configuram
o tipo de participação dos protagonistas da situação didática. Por assim ser, a aula deve
ser constituída pela plasticidade de intervenções, ou seja, a diversidade de intervenções

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que devem ocorrer em aula, rompendo assim, com a concepção tradicional que tanto
aprisionam as aulas.
Consideramos, assim, a importância da variedade de metodologias e a
criatividade como um principio fundante para as aulas, que supõe uma mudança na
forma que se ministram as aulas, uma reviravolta na forma dominante de ensinar e
aprender (MARTÍNEZ, 2008).
Visto a grande importância da criatividade na prática do professor, devendo estar
presente nas suas aulas, considerando a relevância da criatividade como princípio
funcional da aula, refletindo na educação como um todo. Assim, “a educação, como
qualquer atividade humana, demanda criatividade para a sua evolução e seu
desenvolvimento, daí a necessidade de considerá-la como princípio importante na sala
de aula.” (MARTÍNEZ, 2008, p. 121).
Diante disso, para conseguirmos atingir nossos alunos devemos fazer algo que
lhes mobilize para a aprendizagem, para que as aulas não sejam espaços de exclusão e
os alunos se sintam desmotivados, sendo necessário uma aula agradável, buscando a
todo momento instigar esse aluno, trazendo-o para a aula, envolvendo sua participação e
interação. Podemos também partir do que nossos alunos gostariam de saber, ou seja, de
seus interesses, para que deixemos de dar aulas monótonas e sem interesse nenhum
para eles.
A proposta sugerida pela professora que ministrava as aulas foi que
trabalhássemos com os conteúdos referentes ao planejamento de aulas e avaliação do
ensino. Dessa forma, contemplando: Por que planejar? Como? Quais os documentos
legais que asseguram a importância do planejamento de sala de aula? O que é
avaliação? Por que avaliar? Importância da autoavaliação.
Ao compreender, como já exposto, que a OTP é um reflexo da concepção que o
professor tem do trabalho, da sociedade e do seu papel e do aluno neste movimento,
optamos por quebrar a rotina visualizada nas observações e trabalhar com algumas
metodologias ativas, buscando dar aos alunos o papel de protagonistas, tais como:
debates e rodas de conversa, apresentações de pequenos trabalhos, explosões de
ideias, entre outras.
Consideramos essa temática essencial no processo de formação de
professores, por ser um processo de decisão. O professor ao planejar sua aula deverá
levar em conta o ensino como algo multidimensional, dinâmico, mutável e complexo.
Cabe à disciplina de OTP esclarecer e aprofundar teoricamente esses aspectos, visto
que o planejamento de um professor representa sua concepção de ensino-aprendizagem.
Em nossas aulas frisamos que planejamento deve ser flexível partindo dos
conhecimentos prévios dos alunos, de suas experiências, tendo objetivos e metas claras,

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já que sem a clareza dessas, o planejamento perde sua função: nortear o trabalho
docente e dar possibilidades aos alunos (ALTHAUS; ZANON, 2010). Lembrando que
quando isso não ocorre, o trabalho docente assume uma postura de mantenedor de uma
sociedade desigual.
Algo que nos marcou e ficou como uma grande reflexão pessoal foi a falta de
embasamentos teóricos em alguns momentos. Ao serem propostas atividades que
exigiam maior associação entre a teoria e a prática, percebemos certo desinteresse, uma
vez que a turma como um todo priorizava as metodologias, as quais traziam subsídios
práticos para as urgências dos alunos naquele momento. Bem sabemos que a teoria é de
suma importância para a formação docente, já que possibilita a reflexão sobre a ação, o
que resulta em uma mudança da prática, a chamada práxis educativa.
Dourado (2015) destaca que a formação, nos cursos de formação de
professores, deve estar pautada em uma formação sólida e interdisciplinar, tanto para
profissionais que irão trabalhar com crianças, adolescentes, jovens e adultos, capaz de
em toda a sua prática pedagógica estabelecer relações teóricas e práticas. Assim, é de
grande importância que a formação dos professores esteja voltada em formar também o
professor pesquisador, sendo esse o eixo fundamental para que se busque meios para
melhorar o que acontece dentro da sala de aula, promovendo reflexões sobre a sua
prática, revendo e repensando suas ações, fundamentando isso por meios das teorias e
das pesquisas.
Neste contexto, a formação assume um papel que transcende o ensino
que pretende uma mera atualização científica, pedagógica e didática e
se transforma na possibilidade de criar espaços de participação, reflexão
e formação para que as pessoas aprendam e se adaptem para poder
conviver com a mudança e a incerteza (IMBERNÓN, 2011, p. 15).

Em contrapartida, a prática que as alunas possuem, resultado do que é


oferecido pelo curso e por muitas já trabalharem em instituições de ensino, é algo muito
interessante de se observar. Estas possuem grandes habilidades e participam mais das
aulas quando lhes são oferecidas atividades de cunho prático, analisamos isso devido ao
fato de muitas chegarem cansadas de sua jornada de trabalho.
Consideramos que a prática e teoria necessitam estar articuladas tanto em
cursos de ensino superior como em cursos em nível médio, já que essas são a base dos
processos formativos. Tanto as teorias somente não dão conta de suprir as
especificidades educativas, como somente a prática também não. Em algum momento,
se não em todos, ambas precisam se encontrar e cabe aos professores essa articulação,
utilizando de uma reflexão profunda para tal.

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Considerações finais

Diante do que neste relato foi exposto, concluímos que a Organização do


Trabalho Pedagógico é fundamental para a construção de uma nova sociedade, já que
muitas vezes ele é reflexo de uma sociedade desigual e injusta, favorecendo apenas os
mais abastados e deixando a mercê, muitas vezes, as classes menos favorecidas.
A organização do trabalho docente reflete as concepções de ensino que são
assumidas. Diante disso é papel do professor fazer um planejamento condizente a sua
realidade de sala de aula e a que as Instituições de Ensino se organizem para favorecer
o ensino de todos.
O estágio realizado no curso de Formação de Docentes contribuiu
significativamente para nossa formação no sentindo de nos possibilitar uma nova visão
da escola, do ensino médio e de nosso papel enquanto formadoras de professores.
Concluímos que o referido curso por vezes peca por sua falta de embasamentos teóricos
e foca somente em questões práticas, desconsiderando essas como conceitos
articulados, ignorando que não há teoria sem prática e vice-versa.
Freire discursa sobre esse aspecto

Como professor num curso de formação docente não posso esgotar


minha prática discursando sobre a Teoria da não extensão do
conhecimento. Não posso apenas falar bonito sobre as razões
ontológicas, epistemológicas e politicas da Teoria. O meu discurso sobre
a Teoria deve ser o exemplo concreto, prático, da teoria. (FREIRE, 2015,
p. 47).

É fundamental a realização desses estágios para que muitas questões sejam


revistas, principalmente no sentido da qualidade da formação oferecida. A melhoria da
qualidade da educação inicia com uma formação de qualidade de seus profissionais
independente do nível em que esta ocorra.

REFERÊNCIAS

BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da


Educação Nacional. Diário Oficial da União, Brasília, 23 dez. 1996.

DOURADO, L. F. Diretrizes Curriculares Nacionais para a formação inicial e continuada


dos profissionais do magistério da Educação Básica: concepções e desafios. Educação
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273
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ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2007.

GASPARIN. J. L. Uma didática para a pedagogia histórico crítica. 4. ed. Campinas:


Autores Associados, 2007.

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IMBERNÓN, F. Formação docente e profissional: formar-se para a mudança e a


incerteza. Tradução de Silvana Cobucci Leite. 9. ed. v. 14. São Paulo: Cortez, 2011.

MARTÍNEZ, A. M. A criatividade como princípio funcional da aula: limites e possibilidades.


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FRIGOTTO, Gaudêncio e CIAVATA, Maria. A experiência do trabalho e a educação
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ZANON, D. P. ALTHAUS, M.T.M. Licenciatura em pedagogia: Didática 2. Ponta Grossa:


UEPG/NUTEAD, 2010.

274
i
Doutora em Educação pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná. Professora
Colaboradora do Departamento de Pedagogia da Universidade Estadual de Ponta Grossa.
ii
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa.
iii
Graduada em Pedagogia pela Universidade Estadual de Ponta Grossa. Professora da
Educação Infantil.

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