Journal of Research in Special Educational Needs  Volume 16  Number s1  2016 524–529

doi: 10.1111/1471-3802.12181

FORMAC ~ DO PROFESSOR E EDUCAC

ß AO ~
ß AO

INCLUSIVA: ANALISE 
DOS CONTEUDOS DOS
CURSOS DE PEDAGOGIA DA UNESP
Rosimar Bortolini Poker1, Juliana Jeronymo Fernandes2 and Suzilene Colantonio3
1
~o Especial, FFC - Unesp. OBEDUC/CAPES; 2Graduanda do Curso de Pedagogia
Docente do Departamento de Educacß a
da FFC/Unesp. Bolsista OBEDUC/CAPES; 3Professora da rede pu blica de ensino. Bolsista OBEDUC/CAPES

~o inicial do professor, Conteu

Palavras-chave: Formacßa ~o
do curricular do curso de Pedagogia, Inclusa
educacional, Curso de Pedagogia.

1996 coloca a escola em lugar de destaque, com o obje-

No Brasil, o modelo educacional vigente, respal- tivo de garantir a todos os alunos, o seu pleno desenvolvi-
dado pela legislac ßa~ o nacional, se baseia na mento, promovendo o exercıcio de cidadania, deixando
educac ~ o inclusiva. Tal fato exige transformac
ßa ~ es
ßo claro que a classe regular e, preferencialmente, o lugar em
urgentes na formac ßa~ o dos professores que pre-
que todos devem realizar seu processo de escolarizacß~ao.
cisam deter novos conhecimentos para ensinar
toda a diversidade, usando estrate  gias, recursos e
metodologias diferenciadas. Assim, a pesquisa A educacß~ao inclusiva passa a constituir-se em um
pretendeu conhecer e analisar os conteu  dos das princıpio do trabalho educativo frente aos alunos com
disciplinas dos cursos de Pedagogia da Universi- necessidades educacionais especiais exigindo dos sistemas
dade Estadual Paulista, Unesp, verificando se educacionais a garantia de que todos os alunos:
atendem a  s novas exige ^ ncias deflagradas pela
~ o. Foram analisados os conteu
inclusa  dos das disci- (. . .) aprendam juntos, sempre que possıvel indepen-
plinas obrigato  rias que tratavam diretamente de dente das dificuldades e das diferencßas que apresen-
temas relacionados com a inclusa ~ o. Os resultados tem. Estas escolas devem reconhecer e satisfazer as
demonstraram que ha  conteu  dos a respeito da
necessidades diversas de seus estudantes, adaptando-
educac ßa~ o inclusiva que sa ~ o recorrentes nos difer-
 tambe  m, grande quantidade de
se aos varios estilos e ritmo de aprendizagem, de
entes cursos e, ha
 dos diferenciados que constam de poucos modo a garantir um bom nıvel de educacß~ao para
conteu
cursos. Constatou-se a urge ^ ncia de se discutir, todos (a)s, por meio de currıculos adequados, de boa
pensar e eleger os conteu  dos fundamentais que organizacß~ao escolar, de estrategias pedagogicas e de
devem ser garantidos nos cursos de Pedagogia utilizacß~ao de recursos e cooperacß~ao com as respecti-
propiciando, a todo professor, uma formac ~o
ßa vas comunidades (UNESCO, 1994).
suficientemente capaz para atuar na perspectiva
educacional inclusiva. A educacß~ao inclusiva aponta uma possibilidade de trans-
formacß~ao do sistema educacional e, para tanto, e
necessario e imprescindıvel, uma mudancßa na formacß~ao
de professores. Isso porque o foco central da escola inclu-
Introducß~ao siva e a aprendizagem do aluno garantida pela forma
O nascimento da educacß~ao inclusiva esta historicamente diferenciada do professor ensinar seus alunos que, a partir
ligado ao direito das pessoas com defici^encia de reali- desse novo paradigma, passa a usar estrategias, recursos,
zarem sua educacß~ao nos ambientes regulares de ensino adaptacß~oes que atendem as diferentes necessidades educa-
(UNESCO, 1999; Rodrigues, 2008). No Brasil, desde cionais do aluno. Nesta escola, o conhecimento articulado
1990, a educacß~ao inclusiva vem sendo implementada pelo a experi^encia, permite o desenvolvimento do pensamento
governo federal e, sua expans~ao, esta atrelada a movimen- crıtico, que se traduz em “estar consciente do poder do
tos em defesa da melhoria da qualidade na educacß~ao. Isso conhecimento para a producß~ao da vida material, social,
pode ser constatado pela atual legislacß~ao nacional que sus- existencial da humanidade”, “assim como em assumir na
tenta e subsidia a organizacß~ao das polıticas publicas no acß~ao educativa, a capacidade de produzir novas formas de
paıs que foi direcionada pelo movimento internacional que humanizacß~ao” (Pimenta, 1999, p. 22).
defende a proposta de educacß~ ao para todos, como a apre-
sentada na Declaracß~ao de Salamanca (1994). A nova Lei Por conseguinte, os professores dever~ao sentir-se sempre
de Diretrizes e Bases da Educacß~ao Nacional (LDB) de desafiados a trabalhar com postura e etica e profissional,

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acolhendo os alunos que demonstrem qualquer tipo de
limitacß~ao ou defici^encia. Seu papel e de organizador da
interacß~ao do aluno com o objeto do conhecimento, ent~ao,
cabe a ele, conceber a tarefa de educar com uma med-
iacß~ao para que toda atividade realizada seja significativa e
estimule o potencial do aluno com o trabalho desen-
volvido cooperativamente.
Segundo o Artigo 24 da Convencß~ao sobre os Direitos das
pessoas com Defici^encia (UNESCO, 2006), cabe ao
Estado a responsabilidade pela reforma nos programas de
formacß~ao de professores tanto no ^ambito geral como no
^ambito da educacß~ao especial. Os sistemas de formacß~ao
devem assumir o desenvolvimento de uma atitude inves-
tigativa, onde a reflex~ao seja estrategia indispensavel para
a melhoria do ensino e que oferecßa experi^encias reais de
observacß~ao e de praticas criativas e inovadoras.
Neste sentido, a formacß~ao do professor deve ser pau-
tada em uma nova concepcß~ao sobre o que e ensinar e
o que e aprender, agregando conhecimentos com ati-
tudes e compromissos em direcß~ao ao desenvolvimento
de valores inclusivos compreendendo o sentido da equi-
dade que favorece a promocß~ao e o atendimento das
particularidades de todo o alunado. Tal mudancßa na
formacß~ao e sugerida pelas Diretrizes Curriculares
Nacionais para o Curso de Pedagogia, vigente desde
2006, que ressalta que os futuros professores precisam
ter conhecimento sobre a polıtica de educacß~ao inclusiva
compreendendo suas implicacß~ oes organizacionais e
pedagogicas.
Oliveira (2004) afirma que a proposta de uma educacß~ao
inclusiva caracteriza-se como uma nova possibilidade de
reorganizacß~ao dos elementos constituintes do cotidiano
escolar, uma vez que, para tornar-se inclusiva e atender
as diferencßas de seus alunos, ha de se pensar num novo
projeto pedag ogico: “flexıvel, aberto, din^amico” (Oliveira,
2004, pp. 79-80).
Assumir, portanto, uma proposta emancipat oria do projeto
polıtico pedag
ogico de escola, requer que os educadores e
a equipe pedag ogica conhecßam a realidade social em que
atuam, compreendam seus determinantes, o que implica
em um novo modelo de formacß~ao inicial de professores.
Para Garcia, construir um projeto polıtico pedagogico,
nessa perspectiva inclusiva, exige:
(. . .) reorientar radicalmente o currıculo, em todos os
seus aspectos, desde a organizacß~ ao das turmas, a
escolha de cada professor ou professora para cada
grupo de alunos, o hor ario de aula, a selecß~
ao dos
conte udos culturais que na escola ganham o nome de
conte udos pedag ogicos, a escolha dos materiais
did aticos, das metodologias e did aticas, ao tipo de
relacß~ ao que se d~ao na sala de aula e no espacßo fora
da sala de aula, a relacß~ ao da escola coma as famılias
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dos alunos e com a comunidade circundante e ate a
repensar a avaliacß~ao em suas consequ^encias nas
vidas dos alunos. (Garcia, 2003, p. 8).
Diante do exposto verifica-se que e importante compreen-
der de que forma os cursos de pedagogia est~ao sendo
organizados, que conteudos est~ao sendo desenvolvidos
para preparar os futuros professores para atuar nesta
escola inclusiva.
Objetivos
• Conhecer e analisar os conteudos dos cursos de Peda-
gogia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) rela-
cionados diretamente com a educacß~ao inclusiva,
presentes nos planos de ensino das disciplinas obri-
gatorias.
• Identificar quais conteudos relacionados com a
educacß~ao inclusiva s~ao recorrentes, a carga horaria e as
formas utilizadas pelos diferentes cursos de Pedagogia
para desenvolv^e-los.
Metodologia
Inicialmente, foram coletadas as grades curriculares e os
planos de ensino das disciplinas obrigatorias dos seis Cur-
sos de Pedagogia da Universidade Estadual Paulista
(Unesp), a saber: curso de Araraquara, Bauru, Marilia,
Presidente Prudente, Rio Claro e S~ao Jose do Rio Preto.
Posteriormente, foram identificados as disciplinas e os
conteudos que tratavam diretamente de temas relaciona-
dos com a educacß~ao inclusiva. A partir daı, fez-se uma
analise qualitativa dos planos de ensino verificando-se
quais conteudos sobre educacß~ao inclusiva s~ao desenvolvi-
dos, a recorr^encia deles nos cursos e, ainda, a forma
como s~ao desenvolvidos.
Resultados
Apos analisar os planos de cada um dos seis cursos de
pedagogia da Unesp foram encontrados os seguintes
dados:
Unidades da Unesp que oferecem o curso de Pedagogia e
quantidade de disciplinas que tratam de conteudos rela-
cionados diretamente com a educacß~ao inclusiva:
S~ao
Jose do
Unidades Presidente Rio Rio
da Unesp Araraquara Bauru Marılia Prudente Claro Preto
Quantidade de 1 3 5 2 4 1
disciplinas
Dos cursos analisados, apenas Marılia, tem cinco disci-
plinas que tratam diretamente de conteudos relacionados
com a educacß~ao inclusiva. O curso de Rio Claro tem
quatro e, os cursos de Bauru, Araraquara, Presidente
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Prudente e S~ao Jose do Rio Preto, tem entre uma e tr^es

Unidades da
disciplinas que tratam explicitamente desses conteudos. Unesp Disciplinas Relacß~ao de conteudos
Isso demonstra que, mesmo que de forma diferenciada, os
Bauru - Educacß~ao Aspectos historicos e conceituais
cursos est~ao buscando se adequar as novas exig^encias
provenientes da atual polıtica educacional. Alguns inclusiva. do processo de inclus~ao;
optaram por oferecer disciplinas especıficas com con- -Introducß~ao ao Caracterizacß~ao das
teudos diretamente vinculados com as quest~ oes propostas ensino da defici^encias, Altas habilidades
pelo modelo inclusivo de escola, outros, diferentemente, Lıngua e condutas tıpicas; Polıtica de
desenvolvem esses novos conte udos nas disciplinas ja
brasileira de atendimento ao aluno com NE;
existentes na grade. Nestes casos, a quest~ao que precisa
Sinais. Concepcß~oes de currıculo
ser analisada e se os conte
udos relacionados diretamente
com a educacß~ao inclusiva, de fato, est~ao sendo tratados -Pratica de considerando a diversidade do
de forma adequada. ensino e aluno com NE; Ed. inclusiva e
coordenacß~ao a acß~ao educativa;
Unidades da UNESP que oferecem o curso de Pedagogia pedagogica.* Conhecimento da cultura e
e carga horaria das disciplinas que tratam de conteudos
identidade surda; Base
relacionados diretamente com a educacß~ao inclusiva:
linguıstica e lexical em
LIBRAS; Estrategias de
S~ao
Jose do reproducß~ao e aquisicß~ao de
Unidades Presidente Rio Rio novos sinais.
da Unesp Araraquara Bauru Marılia Prudente Claro Preto
Marılia -Fundamentos da Pressupostos epistemol
ogicos,
Carga 60h 204h 270h 150h 240h 60h
educacß~ao polıticos e legais da inclus~ao;
Horaria
inclusiva. Documentos Nacionais e
-Lıngua internacionais que
Brasileira de fundamentam a Ed. Inclusiva;
Os dados referentes a carga horaria das disciplinas
demonstram grande discrep^ancia entre os cursos. Os Sinais. Inclus~ao no Brasil; Conceito
que t^em o menor n umero de disciplinas s~ao os que -Desenho de escola inclusiva e NEE;
apresentam uma carga horaria, tambem menor, que trata universal, Adequacß~ao curricular;
sobre esse tema. E o caso dos cursos de Araraquara, Acessibilidade Construcß~ao social das
Presidente Prudente e S~ao Jose do Rio Preto que pos- e Adaptacß~oes. diferencßas; Capacidade
suem carga horaria entre 60h e 150h. Quanto aos cur-
-Diversidade, funcional e demanda
sos de Rio Claro, que tem tr^es disciplinas, e Bauru,
que tem quatro, ficam numa situacß~ao intermediaria, pois Diferencßa e ambiental; Acessibilidade e
dedicam uma carga horaria entre 240h e 204h ao tema. Defici^encia. inclus~ao; Diversidade como
Ja, o curso de Marılia, com cinco disciplinas, totaliza -Currıculo e as patrim^onio natural da
270h. Necessidades humanidade; Individuo X
Educacionais coletivo; Diversidade e
Relacß~ao de disciplinas e respectivos conteudos direta-
Especiais. diferencßas; Conceito de
mente relacionados com a educacß~ao inclusiva:
defici^encia; Mecanismos de
exclus~ao e estigma; Processos
Unidades da
Unesp Disciplinas Relacß~ao de conteudos sociais de inclus~ao e exclus~ao;
Araraquara - Educacß~ao Fundamentos da Educacß~ao Historico da educacß~ao
especial. especial; Conceituacß~ao de especial; Paradigmas de
defici^encia e estigma; Historia atendimento ao aluno com
da Educacß~ao especial; Inclus~ao defici^encia; Ed. Especial na
e Necessidades Especiais perspectiva de ed. inclusiva; O
(NE); Altas habilidades; A papel da LIBRAS;
criancßa com dificuldades Comunicacß~ao em LIBRAS;
emocionais; Educacß~ao e Aspectos conceituais e
profissionalizacß~ao do aluno estruturais de LIBRAS;
com NE; Informatica e Arte Currıculo na escola inclusiva.
aplicada a Educacß~ao especial.

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Unidades da
Unesp Disciplinas Relacß~ao de conteudos
Presidente -Psicologia da Criancßas com NE; Diversidade
Prudente Criancßa de 0 a como desafio; Preconceito na
6 anos * escola; O papel do professor
-Libras, TICs* frente as novas tecnologias e a
inclus~ao escolar; O
computador no contexto
escolar e mudancßas de
paradigma na escola
inclusiva.
Rio Claro -Psicologia da Dificuldades de aprendizagem;
aprendizagem * Contribuicß~oes da psicologia
-Polıtica para compreender as
educacional dificuldades de aprendizagem;
brasileira I* Direito a educacß~ao e a
- Dimens~oes cidadania; Diferenciais ao
psicossociais do acesso e sucesso no sistema
cotidiano escolar; Historia da
escolar * defici^encia; Causas e tipos de
-Fundamentos defici^encia; Desmistificando as
da educacß~ao defici^encias; O deficiente na
inclusiva sociedade; Aprendizagem e o
deficiente; Inclus~ao /
integracß~ao; Multiculturalidade
e diversidade; Necessidades
especiais no processo ensino-
aprendizagem; Diferencßas e
preconceitos.
S~ao Jose do - T
opicos de Fundamentacß~ao legal das
Rio Preto educacß~ao polıticas de inclus~ao escolar;
inclusiva. Teorias que sustentam as
polıticas de inclus~ao
educacional; Saberes que
justificam a exclus~ao e a

segregacß~ao escolar; Etica que
sustenta as praticas de inclus~ao
escolar; Interesses polıticos no
processo de inclus~ao escolar;
Saberes que fundamentam as
praticas de inclus~ao escolar.
*Disciplinas em que so alguns conteudos, dentre os arrolados no plano
de ensino, tratavam de temas relacionados com a educacß~ao inclusiva.
Pode-se constatar que os cursos de Pedagogia que tratam
de forma mais aprofundada e ampliada a quest~ao da
educacß~ao inclusiva s~ao os de Bauru e Marılia com disci-
plinas em que s~ao desenvolvidos conte udos relacionados
a quest~ oricas, polıticas e conceituais da inclus~ao
oes hist
escolar, conceito de defici^encia, alem do currıculo e con-
hecimento a respeito da Libras. Entretanto, conteudos a
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respeito da tecnologia e da profissionalizacß~ao do defi-
ciente n~ao aparecem entre os conteudos arrolados.
No curso de Rio Claro, so uma dentre as quatro disci-
plinas que de alguma forma tratam da educacß~ao inclusiva,
foca integralmente essa quest~ao. Os conteudos do curso
s~ao abrangentes, gerais, seguindo uma vertente mais psi-
cologica sobre a inclus~ao. Ha uma ^enfase a respeito das
dificuldades de aprendizagem e aspectos psicobiol ogicos
do aluno. Conteudos relacionados com a Libras, a defi-
ci^encia, o currıculo, a polıtica e a historia da educacß~ao
inclusiva n~ao s~ao explicitamente tratados.
Ja, Presidente Prudente, com duas disciplinas que tratam
sobre a educacß~ao inclusiva, foca seus conteudos quase
que exclusivamente na quest~ao da tecnologia. Conte udos
sobre o preconceito e a diversidade s~ao tratados, mas
com menos ^enfase. A polıtica, os fundamentos filos
oficos,
conceito de defici^encia e a Libras, n~ao est~ao arrolados
entre os conteudos desenvolvidos.
Araraquara e S~ao Jose do Rio Preto tem uma unica disci-
plina no curso que trata explicitamente de conteudos rela-
cionados com a educacß~ao inclusiva. Nelas constata-se a
presencßa de conteudos sobre os fundamentos e a polıtica
da educacß~ao inclusiva, bem como sobre a quest~ao do
estigma e da exclus~ao. A carga horaria de ambas as disci-
plinas e igual porem, a de Bauru, abrange maior quanti-
dade de conteudos focando tambem as altas habilidades,
dificuldades emocionais, profissionalizacß~ao e a arte. Ape-
sar de todos esses temas serem importantes, e preciso
questionar se, de fato, e possıvel desenvolv^e-los devida-
mente com tal carga horaria. Outro aspecto a ser res-
saltado nestes dois cursos refere-se a aus^encia de
conteudos relacionados com a Libras e a tecnologia assis-
tiva.
Recorr^encia de conteudos diretamente relacionados com a
educacß~ao inclusiva nos Planos de Ensino dos cursos de
Pedagogia da Unesp
S~ao
Jose do
Presidente Rio Rio
Conteudos Araraquara Bauru Marilia Prudente Claro Preto
Mecanismos de X X X X X
exclus~ao:
estigma e
preconceito
Aspectos X X X X X
conceituais da
inclus~ao
Caracterizacß~ao das X X X
defici^encias e
da diversidade
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S~ao S~ao
Jose do Jose do
Presidente Rio Rio Presidente Rio Rio
Conte
udos Araraquara Bauru Marilia Prudente Claro Preto Conteudos Araraquara Bauru Marilia Prudente Claro Preto

Fundamentos X X X Acessibilidade e X
hist
orico- inclus~ao
filos
oficos Processos sociais X
Polıtica X X X de inclus~ao e
educacional exclus~ao.
inclusiva Paradigmas de X
Conceituacß~ao de X X X atendimento a
defici^encia / pessoa com
diversidade defici^encia
Hist
oria da X X X Educacß~ao especial X
educacß~ao na perspectiva
especial da educacß~ao
Educacß~ao, ensino X X X inclusiva
e aprendizagem Dificuldades de X
do aluno com aprendizagem
NEE Direito a educacß~ao X
Informatica e X X e cidadania e o
recursos de acesso ao
tecnologia sistema escolar
assistiva A etica e as X
Currıculo e X X praticas de
organizacß~ao da inclus~ao escolar
escola inclusiva
Altas Habilidades X X
Construcß~ao social X X Os conteudos mais recorrentes sobre educacß~ao inclusiva
da defici^encia / arrolados nos planos de ensino foram: Mecanismos de
diferencßa exclus~ao e Aspectos conceituais da inclus~ao. Outros con-
Cultura e X X
teudos presentes em metade dos cursos se referem a car-
identidade
acterizacß~ao e conceituacß~ao da defici^encia e da
diversidade; fundamentos historicos, polıticos e filos
oficos
surda
da educacß~ao inclusiva; historia da educacß~ao especial e
uıstica,
Base ling€ X X
quest~oes relacionadas ao ensino e aprendizagem do aluno
estrutural e
com NEE. Nenhum conteudo esteve presente em todos os
lexical da cursos de Pedagogia da Unesp, o que demonstra uma
Libras grande variabilidade e especificidade de conteudos pre-
Criancßa com X sentes nos diferentes cursos.
problema
emocional Tais dados demonstram que os cursos est~ao se adequando
Profissionalizacß~ao X a perspectiva educacional inclusiva, entretanto, essa diver-
do aluno com sidade de conteudos, e a diversidade de carga horaria, de
NEE
nome de disciplinas e de tratamento de conteudos entre
Arte aplicada a X
os diferentes cursos, de uma mesma universidade, demon-
stra que n~ao ha consenso sobre o conhecimento mınimo
educacß~ao
necessario que deve estar presente nos cursos.
especial
Legislacß~ao X
Cada curso foca aspectos diferenciados com abordagens
nacional e tambem diferenciadas. Alguns so tratam de quest~ oes
internacional filosoficas e polıticas muito gerais, outros, tratam de

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oes extremamente especıficas, em determinadas areas

quest~ Conflicts of interest
da educacß~ao especial que, talvez, n~ao sejam fundamentais Authors declare no Conflict of Interest for this article.
na formacß~ao do professor da classe comum.

Conclus~ ao
Address for correspondence
A implementacß~ao da educacß~ao inclusiva exige um compro- Rosimar Bortolini Poker,
misso social da Universidade, afinal, os cursos de Pedagogia Docente do Departamento de Educacao Especial,
precisam desenvolver conte udos capazes de promoverem FFC - Unesp. OBEDUC/CAPES,
n~ao so a reflex~ao, a compreens~ao sobre o significado da Email: poker@marilia.unesp.br
inclus~ao educacional como, tambem, a respeito da pratica
pedag ogica inclusiva. Assim, seria interessante que fossem
desenvolvidos temas relacionados com a concepcß~ao de defi-
ci^encia, os fundamentos filos oficos, polıticos, historicos e
Refer^encias
legais da educacß~ao inclusiva e, tambem, com o currıculo ~ DE SALAMANCA (1994)
DECLARAC ß AO
adaptado, o uso da tecnologia assistiva, a acessibilidade, a
Necessidades Educativas Especiais. In: Confer^encia
organizacß~ao do projeto pedag ogico na escola inclusiva e,
Mundial sobre NEE. Salamanca/Espanha: UNESCO.
sobre a caracterizacß~ao e conceituacß~ao das defici^encias.
Garcia, R. L. (2003) Desafios de uma escola que tenta
incluir numa sociedade excludente. In: Anais do II
Na conjuntura educacional vigente, que defende a
Seminario internacional Educacß~ao Intercultural, g^enero
educacß~ao de todos na escola regular, torna-se impre-
e Movimentos Sociais. Florianopolis, SC.
scindıvel que os cursos de Pedagogia garantam a todos os
Oliveira, A. A. S. (2004) ‘Formacß~ao de Professores em
futuros professores, essa gama de conte udos mınimos e
Educacß~ao Especial: a busca de uma direcß~ao.’ In: E. G.
necessarios que deveriam ser comuns. Do contrario, a for-
Mendes, M. A. Almeida & L. C. A. Williams (Org.)
macß~ao fica muito fragilizada, pois cada curso de propor
Temas em educacß~ao especial: avancßos recentes. S~ao
conteudos de acordo com seus interesses e suas possibili-
Carlos: EDUFSCar.
dades.
Pimenta, S. G. (1999) ‘Formacß~ao de professores: saberes
da doc^encia e identidade do professor.’ In: PIMENTA
Ja, quanto a forma como os conte udos s~ao trabalhados,
(org). Saberes pedagogicos e atividade docente. S~ao
ou seja, se em disciplinas exclusivas para o tratamento de
Paulo: Cortez.
temas sobre a educacß~ao inclusiva ou, em disciplinas ger-
Rodrigues, D. (2008) ‘Desenvolver a Educacß~ao Inclusiva:
ais, em que esses conte udos constituem algum dos topi-
dimens~oes do desenvolvimento profissional.’ Revista
cos a serem desenvolvidos, parece que n~ao constitui um
da Educacß~ao Especial, Brasılia, 4 (2), pp. 7–16.
problema. O importante e que, em todo curso, haja
UNESCO (1999) From Special Needs Education to
espacßo e condicß~ao para o desenvolvimento dos conteudos
Education for All. A Discussion Document. Tenth
considerados imprescindıveis para uma formacß~ao capaz
Steering Committee Meeting UNESCO Paris 30
de garantir ao futuro professor condicß~
oes para saber acol-
September - 1 October 1998. Unpublished manuscript.
her e ensinar toda diversidade de alunos.

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