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RESUMO
ABSTRACT
Inclusive education imposes on all education professionals the challenge of providing quality
education to all students. In this context, the pedagogue has a prominent position, inasmuch as
this professional acts in the articulation of the entire pedagogical process of the school, defining
the strategies to meet the educational needs of all students. Despite the legal and social taxation
of inclusive education in Brazil, the process of inclusion took place in many schools without
proper preparation in terms of physical, structural and preparation of the teams to receive these
students and enable a quality training. In this scenario of challenges, it was up to the pedagogue
to adapt to the new reality and articulate with the school the best tools for the adequate
attendance to this new demand. Given the indispensable role of the pedagogue in this process,
the present study aimed to evaluate the role played by the pedagogue in the process of
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consolidation of the inclusive school, in addition to reflecting on the main public policies in the
country related to the issue of school inclusion, the role of Training of the pedagogue to act in
the inclusive school and also the challenges and pedagogical possibilities to offer a quality
education to all the students. For this, a bibliographic review research was carried out, with the
respective survey of the main works and existing studies related to the inclusive school and the
role of the pedagogue in this process. This research allowed to conclude that the inclusion of
the students in the regular school is not an easy task and requires of all the professionals the
sensitivity of understanding the possible difficulties and limitations of these students. As a way
of overcoming these difficulties, the inclusive school must operate through a pedagogical
project built collectively and conducted daily by the pedagogue who will guide directing on the
development to be achieved by the school.
1. INTRODUÇÃO
Para tanto, este estudo consiste numa pesquisa de revisão bibliográfica, com o
respectivo levantamento das principais obras e estudos existentes relacionados a escola
inclusiva e ao papel do pedagogo frente a este processo. Foram pesquisadas as principais
produções bibliográficas relacionadas ao tema, bem como as bases de dados de artigos
científicos (SciELO e BIREME), teses e dissertações (Capes, Domínio Público, Unicamp, entre
outras) produzidos no Brasil no período de 2000 a 2015, utilizando-se como descritores os
seguintes termos: educação inclusiva; pedagogia na educação inclusiva; papel do pedagogo na
escola inclusiva.
2. DESENVOLVIMENTO
exclusão escolar, beneficiando não somente os alunos com necessidades especiais, mas todos
aqueles inseridos no sistema educacional.
O ponto de partida para a análise das políticas públicas brasileiras relacionadas a
inclusão escolar será a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB, que é considerada um
dos mais importantes princípios legais do processo de inclusão escolar no Brasil. Promulgada
no ano de 1996, a LDB “dispõe sobre todos os aspectos do sistema educacional, dos princípios
gerais da educação escolar às finalidades, recursos financeiros, formação e diretrizes para a
carreira dos profissionais do setor.” (ALVES, 2012, p. 18)
Ela define a educação especial como sendo uma modalidade de educação escolar,
oferecida preferencialmente dentro da rede regular de ensino, destinada a alunos que
apresentem necessidades especiais. (BRASIL, 1996)
Carvalho (2002) pontua, contudo, que a LDB estabelece como educação especial aquela
oferecida a pessoas com deficiências diversas, incluindo a deficiência mental, motora, sensorial,
física, entre outras, incluindo ainda os portadores de distúrbios de desenvolvimento e os
indivíduos superdotados. Este autor alerta que esta base legal tende a confundir a deficiência
com patologia e também as limitações como algo que impede uma vida normal em sociedade
por parte deste indivíduo.
Ainda na LDB, encontra-se definida a obrigatoriedade do Estado em oferecer serviços
de apoio especializado na escola regular como forma de atender as necessidades especiais
destes alunos. Seu texto contempla ainda que seja assegurado aos alunos com necessidades
educacionais especiais o estabelecimento de um currículo, métodos, recursos e organização
definidos de forma específica para atendimento a suas necessidades. (BRASIL, 1996)
Nesta lei, a temática da educação especial, que até então não vinha recebendo maior
destaque frente ao conjunto das políticas públicas do Brasil, recebeu um destaque relevante com
a reserva de um capítulo exclusivo para abordagem do tema. Isso sinalizou que a educação
inclusiva passaria a ser incorporada efetivamente como um dos focos de atuação governamental
no contexto das políticas educacionais.
Embora ela traga consigo algumas deficiências no que tange a definição do público a
que se destina a modalidade de educação especial, inegavelmente a LDB representou um
importante avanço em relação as leis anteriores que tratavam do tema ao implantar de forma
oficial os termos Educação Inclusiva e necessidades especiais dentro das políticas públicas de
educação no país. (ALVES, 2012)
Em 2001 foi instituído pelo Conselho Nacional de Educação as Diretrizes Nacionais
para a Educação Especial na Educação Básica, através da Resolução CNE/CEB nº. 002/2001.
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Entre outros aspectos, essas diretrizes estabeleceram que o atendimento escolar dos alunos com
necessidades especiais deve ter “início na educação infantil, [...] assegurando-lhes os serviços
de educação especial sempre que se evidencie, mediante avaliação e interação com a família e
a comunidade, a necessidade de Atendimento Educacional Especializado (AEE).”
(BARRETTA, 2013, p. 54)
O estabelecimento dessas diretrizes pode ser considerado um avanço significativo na
perspectiva da universalização do ensino e na atenção à diversidade na educação brasileira pois
define a obrigatoriedade na matrícula desses alunos, cabendo as escolas organizarem-se para
garantir um adequado atendimento aos alunos portadores de necessidades especiais. (BRASIL,
2001b)
Dessa forma, as Diretrizes Nacionais para a Educação Especial na Educação Básica
foram importantes ao afirmar que não caberia ao aluno com necessidades especiais adaptar-se
às condições oferecidas pela escola e sim motivar a criação de um espaço inclusivo nestas
instituições.
Continuando o processo de mudanças no que tange as reformas na Educação Básica
brasileira, foi instituído no ano de 2008 novas Diretrizes Nacionais para a Educação Especial,
estabelecida através da publicação da Resolução CNE/CEB nº. 004/2009 que em consonância
com o disposto na Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação
Inclusiva de 2008, definiu que os sistemas de ensino regular deveriam realizar a matrícula dos
alunos portadores de deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas
habilidades/superdotação em classes comuns do ensino regular. Esse documento também
orientou o estabelecimento do atendimento educacional especializado na Educação Básica
oferecido em “salas de recursos multifuncionais ou em centros de Atendimento Educacional
Especializado da rede pública ou de instituições comunitárias, confessionais ou filantrópicas
sem fins lucrativos”. (BARRETTA, 2013, p. 55)
Por fim, entre as iniciativas legais que compõem atualmente o arcabouço das políticas
públicas para Educação Inclusiva no Brasil, destaca-se o Plano Nacional de Educação – PNE,
do ano de 2014, que trouxe como uma de suas metas,
Nota-se, portanto, que existe no Brasil uma diversificada base legal que garante o
processo de inclusão dos portadores de necessidades especiais dentro do sistema regular de
ensino. Isso faz com que o desafio que propõe seja o de inserir efetivamente estes alunos dentro
de uma escola que seja verdadeira inclusiva e que ofereça todas as condições para um pleno
desenvolvimento educacional destes alunos.
A legislação referente ao assunto é clara, deve haver serviços de apoio especializado. Devem-
se buscar estes profissionais por parte das escolas públicas para que a inclusão possa avançar.
A referida lei, no artigo 59, também determina que deve haver (BRASIL, 1996):
Vê-se que a lei aponta para o ideal, o qual não se verifica na prática. Entretanto o ideal
deve ser buscado. Todos os esforços devem convergir para a lei se cumprir. Cada ser humano
é único e deve ser educado conforme suas condições.
Até mesmo aos casos de superdotação deve haver um olhar e um atendimento
diferenciado. Deve-se promover a educação inclusiva e valorizar a essência do ser humano.
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Dessa forma, é possível pensar que os professores que trabalham diretamente com
turmas de alunos tão diferenciados deveriam ter uma formação mais adequada a estas
necessidades, deveriam ser contemplados com cursos de especialização para atenderem melhor
o seu alunado e, sem dúvida deveriam ser bem melhor remunerados para fazerem planejamentos
tão diversificados que atendam bem a todos estes alunos.
Para Cavalcante (2005, p. 43): “o trabalho na sala multimeios dá aos alunos
instrumentos para participar da vida na sala de aula e fora da escola”.
De acordo com Rotta (2006, p.19) podemos perceber que:
O fato de uma criança ser especial torna usualmente necessário que os pais
tomem mais decisões do que seria o caso com uma criança normal e, em
muitos casos, é difícil decidir o que será melhor para a criança. E, por vezes,
são decisões muito difíceis que determinam o andamento de suas vidas.
Para construir a cidadania, urge que o professor utilize outros métodos e traga
à baila discussões que despertem em seus alunos tanto ou mais interesse que
a TV. As novas tecnologias empregadas pedagogicamente estão à disposição
do professor. Da internet à sucata, muito se pode utilizar para envolver o aluno
e discutir com ele questões contemporâneas condizentes com os problemas
que enfrenta no dia-a-dia, que se relacionam com sua capacidade de melhor
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Estas afirmações baseados no autor se referem a alunos em geral. Mas sem dúvida se
aplicam a alunos com necessidades especiais, e para estes casos com muito mais ênfase devem
ser buscadas, pois como afirma o mesmo autor: “quando há o esforço real, a tentativa
continuada de fazer o melhor, o melhor acaba acontecendo.” (CHALITA, 2001, p. 92)
alunos que apresentam algum tipo de dificuldade na escola, uma vez que o foco do trabalho da
escola inclusiva é o da diversidade. (FERREIRA; GUIMARÃES, 2003)
Isso remete a necessidade da efetivação das políticas públicas de educação especial
existentes no país. Isso porque a simples constituição de uma política pública educacional para
assistência ao aluno com necessidades especiais, ainda que bem definida e com um conteúdo
bem estabelecido e formulado, não garanti a efetivação de práticas educativas que irão
contribuir para uma educação de qualidade para esses alunos.
Carvalho (2009) propõe que a efetivação dessas políticas demanda da superação das
barreiras existentes, rompendo com os antigos paradigmas de segregação e de estigmatização a
que este grupo encontra-se exposto.
Neste sentido, a efetivação das políticas públicas de inclusão escolar pode ser obtida
através da adoção de estratégias e alternativas pedagógicas consistentes que permitam uma
melhoria no processo inclusivo nas instituições escolares.
À luz de todas as legislações vigentes, verifica-se a necessidade do estabelecimento de
ações de maior amplitude e sejam voltadas para o efetivo atendimento educacional
especializado, com a adoção de novas estratégias educacionais. Reis (2012) propõe como
alternativas pedagógicas para a escola inclusiva a criação das salas de recursos multifuncionais,
estabelecimento de programas de formação continuada para professores contemplando os
conteúdos da educação especial, um processo de formação de gestores, educadores e demais
profissionais da escola com vista ao desenvolvimento de as práticas para uma educação
inclusiva; realização de todas as adaptações arquitetônicas necessárias nos prédios escolares
para acolhimento dos alunos com necessidades especiais, criação de núcleos de acessibilidade
nas instituições públicas e privadas de educação superior, entre tantas outras possibilidades
educativas.
Torna-se portanto urgente que o sistema educacional brasileiro supere o desafio
qualitativo de aumentar o número de alunos com necessidades especiais matriculados e assuma,
definitivamente, a direção da qualificação da educação oferecida a esses alunos. Isso somente
ocorrerá quando concluir-se a perspectiva de uma escola inclusiva, direcionada para a cidadania
global, plena e livre de preconceitos, que reconheça que a educação encontra-se baseada “na
aceitação das diferenças e na valorização do indivíduo independentemente dos fatores físicos e
psíquicos”. (SILVA, 2009, p. 27)
Mesmo com avanços legais no que tange ao papel das instituições regulares em receber
os alunos portadores de necessidades especiais, observa-se que ainda existem diversos fatores
que dificultam a inserção desses alunos no contexto regular de ensino.
Ainda que muitos já tenham conseguido ter acesso a escola, nota-se que poucos são
incluídos e que efetivamente se desenvolvem de maneira satisfatória. Isso torna ainda mais
difícil a sua evolução no processo de aprendizagem, além de reduzir as suas chances de inclusão
social.
Para Mantoan e Prieto (2006) a escola regular ainda encontra-se bastante divergente em
relação às proposições inclusivas, procurando se manter afastada dessa perspectiva. Isso tem
feito com que muitos alunos, para garantir a sua inclusão, acabe por adaptar-se aos moldes
estabelecidos pela escola.
Desta forma, pode-se perceber que a matrícula do aluno em uma instituição de ensino
regular por si só não garante uma educação inclusiva, sendo então fundamental refletir sobre
um modelo de escola que possa oferecer as condições essenciais a uma inclusão efetiva do
aluno portador de necessidades especiais.
De acordo com Sánchez (2005) para que uma escola possa se caracterizar como
inclusiva ela deve ser capaz de assumir um papel social a partir do compromisso da busca pela
igualdade, através da qual todos são tratados num contexto de dignidade e respeito. Cabe então
a escola propiciar que as diferenças e desigualdades existentes sejam transformadas para se
obter a partir desta atuação, uma sociedade mais justa e sem preconceitos, onde todas as
crianças com necessidades educacionais especiais ou outros tipos de dificuldades encontrem a
plena condição de usufruir ao máximo de seu processo educacional.
Contudo, quando se considera uma escola inclusiva, é necessário que ocorra adaptações
que favoreçam a criação de alternativas que permitam a implantação de práticas didáticas. Faz-
se necessário em muitos casos que ela se submeta a adaptações em sua estrutura física e
arquitetônica, além de uma maior flexibilização de seu currículo, capacitação de sua equipe
docente, revisão de métodos de trabalho e ainda um estreitamento na relação com a família dos
alunos. (MANTOAN, 2006)
Em relação a proposta curricular para uma escola inclusiva, Krebs (2006) afirma que
este deve sofrer adaptações para o atendimento as necessidades distintas dos alunos. Essas
adaptações podem ser sugeridas pelos professores, a partir de suas experiências práticas e o
conhecimento que possui em relação as necessidades de cada aluno.
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O foco principal da escola inclusiva deve ser proporcionar aos alunos um aprendizado
sólido, além da aquisição de competências e habilidades que os permitam um desenvolvimento
pessoal e cidadão.
Nesse tipo de escola deve ser ofertado aos alunos um ambiente estimulador e que
permita a eles desenvolver ao máximo as suas potencialidades. Para Oliveira (2003), a adesão
a um modelo inclusivo exige da escola a adesão a um processo de reorganização de todo o
cotidiano escolar, devendo pautar-se num projeto político-pedagógico que possibilite a crítica
e a reflexão e ainda que garanta a participação da comunidade escolar.
No contexto da escola inclusiva, o aluno é considerado o sujeito de direito e foco
central de toda ação educacional. Assim, de acordo com Aranha (2004), o objetivo central da
ação educacional junto a este aluno é o de garantir a sua caminhada no processo de
aprendizagem e ainda a construção das competências necessárias para o exercício pleno da
cidadania.
Para se fazer uma escola inclusiva, o espaço escolar deve representar um palco para a
diversidade, oferecendo aos alunos a construção de relações sociais e a evolução da
aprendizagem de todos os seus integrantes, incluindo os alunos portadores de necessidades
especiais. Isso faz com que a escola se constitua num ambiente de convivência e onde seus
alunos aprendam os conteúdos adequados para todos aqueles que se encontram na mesma faixa
etária (GLAT; BLANCO, 2007).
A ideia da escola inclusiva traz consigo a necessidade de um ambiente aconchegante,
onde exista uma interação constante de pessoas, sem que exista qualquer tipo de diferença ou
preconceito. Desta forma, estabelecer uma escola inclusiva não significa simplesmente colocar
pessoas com necessidades especiais dentro da escola. A inclusão de fato somente ocorre quando
se dá o devido tratamento a todos. Para isso é fundamental o apoio de todos os envolvidos no
processo educacional, desde a diretoria, que tem papel fundamental na construção da escola
inclusiva, passando também por toda a equipe pedagógica e demais funcionários da escola,
garantindo assim um processo participativo e dinâmico onde todos irão ser valorizados e
contribuirão na consolidação na efetiva inclusão. (SÁNCHEZ, 2005)
Freitas (2009) acrescenta que o grande desafio da escola comum não é apenas a inclusão
de pessoas com deficiências, mas sim a necessária transformação de sua totalidade pedagógica,
uma vez que a escola inclusiva propõe uma grande diversidade de alunos.
Na realidade atual da educação brasileira, garantir um atendimento especializado e
qualificado aos alunos com necessidades educacionais especiais ainda constitui um importante
desafio. Para que a escola possa oferecer o acesso a todos os conteúdos educacionais, a escola
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reestruturar seu sistema de ensino, permitindo que se consiga meios para responder as
necessidades de cada um dos seus alunos, atuando verdadeiramente na forma inclusiva.
(MANTOAN, 2006).
Vale ressaltar que, conforme afirma Freitas (2009), por mais que a ideia de uma escola
inclusiva ainda pareça algo utópico, ela é perfeitamente possível e viável, desde que se tenha o
devido cuidado na implementação deste processo. Para que ela ocorra, é necessário dedicação
e investimento nas mais distintas partes envolvidas no processo educacional.
A partir das reflexões apresentadas, é possível perceber que a construção de uma escola
inclusiva representa um processo que exige profundas transformações no contexto educacional
e, por essa razão, necessita que ocorram transformações na prática das relações sociais, atitudes
e ideias, conduzindo a um novo paradigma educacional onde todos possam usufruir de um
ensino de qualidade e que supere todas as barreiras da diferença.
A leitura deste texto sobre legislação especifica para inclusão vê-se o ideal. Mas, nas
escolas em geral, isto não acontece ou ocorre de uma forma muito limitada com poucos
profissionais especializados, pouquíssimos recursos para atender os alunos de inclusão e turmas
com muitos alunos, com diferentes tipos de necessidades especiais e com professores sem
formação adequada.
Segundo Oliveira (2001) o profissional pode tanto prevenir algumas desadaptações
como corrigir ou minimizar algumas dificuldades por meio de uma intervenção eficaz. E, ainda,
“na escola ocorre a intervenção, cujo objetivo central é aprendizagem de conteúdos
selecionados como importantes para a vida futura da criança no mundo social a que ela
pertence.” (SOUZA, 2008, p.114).
Na Constituição Federal de 1988 pode ser destacada a seguinte referência:
Conforme Chalita (2001, p. 106), “todos são iguais perante a lei, sem distinção de
qualquer natureza, garantindo-se a todos a inviolabilidade do direito a vida e a igualdade.”
Inúmeras são as providências políticas, administrativas, e financeiras a serem tomadas, para
que as escolas, sem discriminações de qualquer natureza, acolham a todas as crianças. Segundo
a Declaração de Salamanca:
Conforme afirma Spencer (apud CHALITA, 2001, p. 65): “devemos nos lembrar que a
finalidade da educação é formar seres aptos para governar a si mesmos e não para ser
governados pelos outros.”
Até aqui diversos autores foram citados e até mesmo leis foram mencionadas.
Certamente muitas outras publicações discutiriam e provavelmente poderiam repetir o assunto;
não falta literatura sobre o tema. Porém, a farta teoria está longe de ser implementada na prática.
Então chega-se à conclusão que o atendimento educacional especializado é deficitário nas
escolas públicas. Está muito longe de atender as crianças com necessidades especiais. Ética que
confira igualdade a todos continua sendo uma interminável discussão. Na prática há muito que
se fazer para o atendimento educacional ocorrer de fato.
Conforme afirma Machado (2008, p.140):
Esta é uma questão bastante delicada, esta ajuda que deveria ser intensificada para
crianças com necessidades especiais deixa a desejar. As famílias geralmente não tem estrutura
para dar o suporte necessário devido a várias limitações, desde a aceitação da criança,
dificuldades financeiras para tratamentos especializados e falta de acesso a atendimento público
especializado, entre outras limitações.
Prieto (2006, p. 63) afirma que: “os professores devem ser capacitados pelos respectivos
sistemas públicos de ensino aos quais estão afiliados ou pela parceria dos mesmos com
instituições formadoras de professores.” Os professores, entretanto não tem a formação
adequada para tratar todos os alunos de inclusão que recebem; sua formação ainda é
predominantemente pelos currículos tradicionais e os sistemas públicos de ensino oferecem
capacitação ampla e deficitária.
De acordo com Carvalho (2006, p. 26):
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Na referência acima também se percebe que a inclusão deve alcançar a todos, mas cada
pessoa é única, com seus limites e possibilidades. Na educação como um todo, há situações que
a escola não sabe resolver, constata-se que educadores e diferentes teóricos tentam apontar
caminhos e soluções, porém numa proporção maior vão surgindo dificuldades e novos desafios,
pois na verdade a sociedade toda passa por grandes mudanças, com novas regras e leis, as quais
exigem adaptação por parte das pessoas.
Ao longo da história conhecimento evolui; “não há conhecimento estático, tudo está em
constante transformação e é preciso que se acompanhem as mudanças no conhecimento para
que não envelheça com ele.” (CHALITA, 2001, p. 195). Seria oportuno assimilarmos que o
aprender a aprender se renova e não envelhece nunca.
Numa instituição educacional percebe-se, então, que todos os profissionais devem estar
envolvidos para que a inclusão se concretize, mas na breve análise que se faz no presente
trabalho percebe-se que há esforços a favor da inclusão e também se constata as limitações para
que de fato a inclusão se efetive. Menciona-se a seguir mais alguns autores que se referem ao
importante papel da psicopedagogia em relação à questão. Como refere Souza (2008, p. 117) a
intervenção: “consiste em criar situações tais em que o aluno é chamado a agir mentalmente,
integrando suas ações em um sistema de coordenação e de composição operatórias”.
Então, o psicopedagogo intervém em favor de todos os alunos, mas é certo que seu papel
se volta principalmente para o aluno com dificuldades e transtornos, buscando ajudar e levar o
educando a estruturar o seu aprendizado. Na verdade, este profissional trabalha para otimizar o
aprendizado, procurando, se possível eliminar as dificuldade, a situação ideal é a que se busca.
De acordo com Souza (2008, p. 118):
Desejar, planejar, executar mudanças exige muito esforço e boa vontade, é necessário
empenho de todos, persistência e estudo. Para Chalita (2001, p. 93) “a mudança, que é fruto da
reflexão, enriquece e ensina”, possibilita crescimento e sempre se renova.
Jannuzzi (2012) relata que no Brasil os pedagogos tiveram atuação pioneira auxiliando
aos médicos na educação das pessoas com deficiência. Embora fosse rica em intensidade, a
atuação dos pedagogos na Educação Especial advém de uma formação prática e intuitiva
ocorrida nos primórdios da profissão, a partir da influência de conhecimentos em outras
disciplinas como da medicina e da psicologia.
Segundo Silva (2002), ao longo dos anos a proposta de formação do pedagogo sofreu
diversas alterações, com a reformulação na sua estrutura curricular e também em sua atuação
profissional. No que se refere a inserção da temática da educação inclusiva no contexto de
atuação do pedagogo destaca-se quatro períodos de transformações significativas.
O primeiro período, compreendido entre 1939 até 1972 diz respeito a regulamentação
da profissão de pedagogo em 1939, sendo que neste período o atendimento aos portadores de
necessidades especiais ainda ocorria, predominantemente, em instituições especializadas,
principalmente a Sociedade Pestalozzi e as Associações de Pais e Amigos dos Excepcionais –
APAEs, não existindo uma significativa preocupação com um efetivo suporte pedagógico a
estes alunos. (MAGALHÃES, 2002)
O segundo período, definido por Silva (2002) como o período de 1973 a 1977, foi
marcado pela substituição dos cursos de pedagogias por vários cursos e habilitações, atribuindo
ao pedagogo um papel voltado ao estudo da teoria, fundamentos e metodologia educacional.
Nesta fase a temática da educação especial começava a ganhar mais espaço no âmbito da
Pedagogia.
Com o aprofundamento das discussões acerca da função do pedagogo e a construção de
uma proposta de diretrizes curriculares para o Curso de Pedagogia, marcou o terceiro período
(1978 a 1999). Neste período a formação em Pedagogia para atuar junto a alunos com
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docentes para atuação junto aos alunos portadores de necessidades educacionais especiais: o
professor da classe comum capacitado e o professor especializado em educação especial. (CNE,
2001)
Jesus (2008) ressalta que essa especialização profissional do pedagogo para atuação
junto a esses alunos constitui num dispositivo de fortalecimento da qualidade do ensino
oferecido ao portador de necessidades especiais, na media em que ele permite ao profissional a
construção de novas alternativas de trabalho e assim a oferta de uma educação que atenda às
demandas destes alunos.
Um dos grandes problemas enfrentados pelas instituições regulares de ensino em
receber alunos portadores de necessidades especiais relatado em um estudo de Lustosa (2009)
é a falta de planejamento pedagógico. Desta forma, o planejamento de ações pedagógicas
adequadas para o atendimento às demandas específicas de alunos especiais na escola regular
compreendem uma das principais falhas no processo da inclusão escolar.
Isso reforça então a necessidade de uma formação acadêmica que ofereça todos os
conhecimentos necessários para que pedagogo possa atuar efetivamente junto as escolas.
Em relação a formação do pedagogo para o atendimento aos alunos com necessidades
especiais, Silva (2010) sustenta a ideia de que a formação inicial oferecida nos cursos de
Pedagogia ainda não oferecem uma preparação mais específica que habilite este profissional
para atuar satisfatoriamente junto a uma escola inclusiva.
Para esta autora, ainda faz-se necessário uma maior aprofundamento teórico relacionado
à Educação Especial e Inclusiva para uma melhor fundamentação e ampliação das
possibilidades de atuação do pedagogo. Isso deve ocorrer como forma de garantir um adequado
preparo e o desenvolvimento das habilidades necessárias para contribuir efetivamente na
aprendizagem dos alunos com necessidades especiais dentro da escola inclusiva.
Contudo, é necessário ainda atentar-se para a afirmativa de Alves (2012) ao alertar que
a educação inclusiva não ocorre apenas com o investimento na formação dos educadores, sendo
necessário também que a escola esteja disposta a superar todas as barreiras existentes para
consolidação de uma educação inclusiva, uma vez que para o sucesso da inclusão, toda a
comunidade escolar deverá encontrar-se empenhada e aberta às mudanças que possibilitem o
avanço neste processo.
Sobre este aspecto, Silva (2010) afirma que essa tarefa de atuação junto aos demais
profissionais da escola, principalmente os professores, não se constitui num desafio alcançável
facilmente. Isso porque, segundo a autora, no contexto da educação atual, sobretudo em relação
ao processo de inclusão escolar, nota-se que muitos não tiveram acesso a uma formação de
qualidade e que tenham tido acesso a conhecimentos essenciais para o desenvolvimento pleno
de um processo de inclusão na escola.
Ainda assim, por mais que encontrem-se definidas as propostas didáticas e
metodológicas de ensino, o atendimento a alunos portadores de necessidades educativas
especiais faz que a prática exija do profissional uma maior embasamento teórico, uma vez que
este não necessitará de manuais para praticar a docência, uma vez que não existem regras
prontas e eficazes para todos os alunos.
Neste sentido, o grande desafio do pedagogo será preparar os professores a partir de um
contexto onde existem salas de aula heterogênea com alunos que aprendem de forma diferente
e, consequentemente, necessitam de um cuidado e atenção diferentes, independentemente se
possuem ou não algum tipo de deficiência. (SILVA, 2010)
Portanto, ainda que os profissionais da educação não apresentem-se devidamente
capacitados para atuar frente a inclusão, o pedagogo através de sua formação teórica
consistente, terá plenas condições de buscar alternativas de ensino dentro dos desafios e
especificidades dominantes nas escolas.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
de cada aluno, além de uma profunda reflexão quanto às pedagógicas implantadas na escola,
visando à oferta de respostas adequadas as necessidades de cada aluno.
Através da literatura consultada, foi possível perceber que atualmente a inclusão já
conseguiu conquistar algum espaço na comunidade escolar, embora ainda esteja muito distante
do ideal a ser alcançado, cuja meta é garantir a todas as crianças, incondicionalmente, uma
escola acolhedora e de qualidade.
Neste estudo, buscou-se compreender o papel do pedagogo frente aos desafios
enfrentados pela escola a partir da proposta de inclusão escolar. A partir da pesquisa realizada,
foi possível compreender que este profissional tem um papel fundamental para o sucesso do
processo inclusivo, uma vez que irá atuar como mediador e motivador de todas as mudanças
necessárias e ainda orientar a equipe escolar para a superação das dificuldades impostas neste
percurso.
Destaca-se porém que, conforme verificado em diversos estudos, apesar da importância
de atuação do pedagogo no processo de inclusão escolar, evidenciou-se que sua formação
acadêmica ainda carece de oportunizar um maior aprofundamento em relação ao tema,
permitindo que este possua todos os subsídios teóricos necessários para conduzir esse processo
nas escolas.
Por fim, a pesquisa permite afirmar que a escola inclusiva deve operar através de um
projeto pedagógico construído coletivamente e conduzido cotidianamente pelo pedagogo que
irá orientar direcionar quanto ao desenvolvimento a ser alcançado pela escola, sobretudo no que
tange ao reconhecimento de que uma escola inclusiva deve contar com salas de aula adequadas,
bibliotecas, espaço físico e todos os demais componentes devidamente preparados para a
efetivação da inclusão em seu espaço.
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